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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA TERRA E DO MAR - CTTMAR CURSO DE OCEANOGRAFIA DINÂMICA POPULACIONAL E PESCA DA CABRINHA PRIONOTUS PUNCTATUS (BLOCH, 1797) NO SUDESTE E SUL DO BRASIL ANDRE TONELLI DE SOUZA Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Oceanografia, como parte dos requisitos para obtenção do grau Oceanógrafo. Orientador: Dr. Paulo Ricardo Schwingel

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA TERRA E DO MAR - CTTMAR

CURSO DE OCEANOGRAFIA

DINÂMICA POPULACIONAL E PESCA DA

CABRINHA PRIONOTUS PUNCTATUS

(BLOCH, 1797) NO SUDESTE E SUL DO

BRASIL

ANDRE TONELLI DE SOUZA

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de

Oceanografia, como parte dos requisitos para

obtenção do grau Oceanógrafo.

Orientador: Dr. Paulo Ricardo Schwingel

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ii

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DINAMICA POPULACIONAL E PESCA DA

CABRINHA PRIONOTUS PUNCTATUS

(BLOCH, 1797) NO SUDESTE E SUL DO

BRASIL.

ANDRE TONELLI DE SOUZA

ITAJAÍ

NOVEMBRO DE 2012

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iii

À minha família. Minha mana, Andressa Tonelli de Souza, minha mãe

Ana Paula, e

ao patriarca JUAREZ, que apoiou e investiu incansavelmente (e orgulhosamente) o filho que a partir de então se torna um cientista do MAR.

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iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Dados da captura total (t) de Prionotus punctatus desembarcado nos Estados

da região sudeste e sul durante o período de 2001 a 20011. Fonte: IBAMA (2001-

07)/GEP (2008 -11)..........................................................................................................3

Figura 2. Dados de P. punctatus desembarcada no porto de Itajaí e Navegantes pelas

frotas de arrasto simples (AS), arrasto duplo (AD), arrasto de parelha (AP) e emalhe de

fundo (EMF), durante o período de 2000 a 2010. Fonte: GEP/UNIVALI.....................4

Figura 3. Mapa da região de estudo, compreendida entre latitudes 23° 00’ 00” S e 33°

58’ 00” S, com os pontos dos locais de coletas de P. punctatus durante o os anos de

2008 a 2011.....................................................................................................................6

Figura 4. Distribuição da frequência relativa e acumulada de P. punctatus desembarcada

nos portos de Itajaí e Navegantes durante o período agrupado de 1999 a 2012, capturada

na região sudeste e sul do Brasil....................................................................................14

Figura 5. a) Relação comprimento-peso de sexos grupados de P. punctatus na região

sudeste e sul do Brasil no período de 2008 a 2011, a.1) dispersão do resíduo da

diferença entre o peso estimado e o peso observado do sexos grupados de P.

punctatus................................................................................................................. .......15

Figura 6. a) Relação comprimento-peso das fêmeas de P. punctatus na região sudeste e

sul do Brasil no período de 2008 a 2011; b) Relação comprimento-peso dos machos de

P. punctatus na região sudeste e sul do Brasil no período de 2009 a 2011; c) Dispersão

do resíduo da diferença entre peso estimado e peso observado das fêmeas; d) Dispersão

do resíduo da diferença entre peso estimado e peso observado dos machos...............16

Figura 7. Comprimento de primeira maturação (L50) estimado para sexos agrupados de

P. punctatus na região sudeste e sul do Brasil no período de 2009 a 2011..................17

Figura 8. Comprimentos de primeira maturação (L50) estimado para fêmeas (a) e

machos (b) de P. punctatus na região sudeste e sul do Brasil no período de 2009 a

2011...............................................................................................................................18

Figura 9. Gráficos de relação entre peso das gônadas (g) e peso total do indivíduo (g)

em três estágios de maturação gonadal (I, II e III) das fêmeas de P. punctatus.........19

Figura 10. Valores médios do Índice Gonadossomático por estágios de maturação

gonadal das fêmeas de P. punctatus no sudeste e sul do Brasil durante o período

agrupado de 2008 a 2011. Barras verticais correspondem aos valores do intervalo de

confinça (±95%)...........................................................................................................20

Figura 11. Variação mensal do RGS 1 e RGS 2 de P. punctatus na região Sudeste/Sul do Brasil

entre o período agrupado de 2008 a 2011..........................................................................21

Figura 12. Variação mensal dos fatores de condição k e K' durante o período agrupado

de 2008 a 2011 de P. punctatus na região sudeste e sul do Brasil...............................22

Figura 13. Frequência relativa mensal dos estágios de maturação gonadal durante o

período agrupado de 2008 a 2011 para fêmeas (a) e machos (b). Valores entre ( )

representam o n amostral referente aos meses, e os valores acompanhados de * não

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v

foram avaliados para a descrição devido ao baixo n amostral

(n<10)..........................................................................................................................23

Figura 14. Variação mensal do comprimento médio e moda de P. punctatus

desembarcado pela frota de arrasto simples, durante o período agrupado de 2001 a 2012,

nos portos de Itajaí e Navegantes, SC.........................................................................25

Figura 15. Distribuição de comprimentos de P. punctatus capturadas pela frota de

arrasto simples na costa sudeste e sul do Brasil durante o período agrupado de 2001 a

2012.............................................................................................................................26

Figura 16. Variação mensal do comprimento médio e moda de P. punctatus

desembarcado pela frota de arrasto duplo durante o período agrupado de 1999 a 2012,

nos portos de Itajaí e Navegantes, SC.........................................................................28

Figura 17. Distribuição de comprimentos de P. punctatus capturadas pela frota de

arrasto duplo na costa sudeste e sul do Brasil durante o período agrupado de 1999 a

2012.............................................................................................................................29

Figura 18. Variação mensal do comprimento médio e moda de P. punctatus

desembarcado pela frota de Arrasto de Parelha nos portos de Itajaí e Navegantes,

durante o período agrupado de 1999 a 2012...............................................................31

Figura 19. Distribuição de comprimentos de P. punctatus capturadas pela frota de

arrasto de parelha na costa sudeste e sul do Brasil durante o período agrupado de 1999 a

2012.............................................................................................................................32

Figura 20. Variação mensal do comprimento médio e moda de P. punctatus

desembarcada pela frota de emalhe de fundo, durante o período agrupado de 2009 a

2012, nos portos de Itajaí e Navegantes, Santa Catarina.............................................34

Figura 21. Distribuição de comprimentos de P. punctatus capturadas pela frota de

emalhe de fundo na costa sudeste e sul do Brasil durante o período agrupado de 2009 a

2012.............................................................................................................................35

Figura 22. Dendograma das capturas mensais por petrechos de P. punctatus através da

análise de agrupamento pelo coeficiente de Bray-Curtis............................................36

Figura 33. Diagrama de ordenação das capturas mensais por petrecho resultante do

MDS () com um nível de stress = 0,06.(AS=arrasto simples, AD=arrasto duplo, AP=

arrasto de parelhas, EF= emalhe de fundo)................................................................37

Figura 24. Quadro com a produção mensal dos quatro petrechos analisados nesse estudo

durante o período acumulado de 2000 a 2012. Fonte: GEP/UNIVALI (2012)........42

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vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Número de indivíduos amostrados em laboratório (LAB) e na embarcação

(OBS), durante os anos de 2008 a 2011.........................................................................8

Tabela 2. Descrição estatística dos comprimentos de P. punctatus desembarcados por

mês, durante o período agrupado de 1999 a 2012, nos portos de Itajaí e Navegantes,

SC..................................................................................................................................13

Tabela 3. Descrição estatística dos comprimentos de P. punctatus desembarcados pela

frota de arrasto simples, durante o período agrupado de 2001 a 2012, nos portos de Itajaí

e Navegantes, SC..........................................................................................................24

Tabela 4. Estatística descritiva dos comprimentos de P. punctatus desembarcados pela

frota de arrasto duplo, durante o período agrupado de 1999 a 2012, nos portos de Itajaí e

Navegantes, SC.............................................................................................................27

Tabela 5. Estatística descritiva dos comprimentos de P. punctatus desembarcados pela

frota de arrasto de parelha, durante o período agrupado de 1999 a 2012, nos portos de

Itajaí e Navegantes, SC..................................................................................................30

Tabela 6. Estatística descritiva dos comprimentos de P. punctatus desembarcado pela frota de

emalhe de fundo, durante o período agrupado de 2009 a 2012, nos portos de Itajaí e Navegantes, SC. .........................................................................................................................................33

Tabela 7. Valor de R global e R estatístico obtidos através da análise de similaridade

(ANOSIM) para os diferentes petrechos que capturam P. punctatus.......................36

Tabela 8. Percentagem de similaridade (SIMPER) para os diferentes petrechos

indicando o quanto cada grupo contribuiu para a similaridade total do

petrecho..........................................................................................................................37

Tabela 9. Valores do comprimento de primeira maturação encontrados para P.

punctatus em diferentes regiões da costa brasileira....................................................38

Tabela 10. Valores dos coeficientes da relação comprimento-peso encontrados para P.

punctatus em diferentes regiões da costa brasileira. * valores correspondentes ao coef.

de correlação (r)............................................................................................................40

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viii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ....................................................... IIV

LISTA DE TABELAS ..................................................... VVI

RESUMO .......................................................................... X

1 INTRODUÇÃO ............................................................... 1

2 OBJETIVOS ................................................................... 5

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 5

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 5

3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................. 6

3.1 Àrea de estudo ................................................................................................ 6

3.2 Fonte de dados ............................................................................................... 7

3.3 Processamento dos dados ............................................................................ 10

4 RESULTADOS ............................................................. 12

4.1 composição de tamanhos no desembarque dos portos de Itajaí e

Navegantes ......................................................................................................... 12

4.2 relação comprimento-peso ............................................................................ 15

4.3 comprimento de primeira maturação ............................................................. 16

4.4 reprodução......................................................................................................18

4.5 DESEMBARQUE POR DIFERENTES MODALIDADES DE PESCA ................................. 24

4.5.1 arrasto simples ........................................................................................... 25

4.5.2 arrasto duplo .............................................................................................. 27

4.5.3 arrasto de parelha ...................................................................................... 30

4.5.4 emalhe de fundo......................................................................................... 33

4.6 ANALISE DE SIMILARIDADE ENTRE PETRECHOS ................................................... 36

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ix

5 DISCUSSÃO..................................................................38

6 CONCLUSÃO.................................................................44

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................45

8 APÊNDICE.....................................................................50

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x

RESUMO

Estudos sobre estrutura e dinâmica populacional de recursos pesqueiros são subsídios

para um bom entendimento e manejo de estoques em explotação. O objetivo do presente

estudo é conhecer aspectos da dinâmica populacional e da pesca de P. punctatus no sul

do Brasil a partir de dados de desembarque no Estado de Santa Catarina. A origem das

coletas foi por meio de Observadores Científicos e do Programa de Estatística Pesqueira

Industrial de Santa Catarina desenvolvido pelo Grupo de Estudos Pesqueiros da

Universidade do Vale do Itajaí (GEP/UNIVALI) (PEREZ et. al.,1998). A relação

comprimento-peso resultou em valores do coeficiente angular superiores a 3,

caracterizando a espécie com crescimento somático alométrico positivo. Os tamanhos

de primeira maturação estimados para sexos agrupados, machos, e fêmeas foram

respectivamente, 28,3cm, 29,72, e 25,3. Também foi possível analisar que P. punctatus

reproduz durante um longo período ao ano, sendo que a atividade reprodutiva diminui

no inverno. O recurso é capturado por diferentes frotas que atuam na plataforma do

sudeste-sul do Brasil, sendo que o arrasto duplo mostrou atuar intensamente sobre os

indivíduos juvenis da população.

Palavras chaves: Recursos pesqueiros, P. punctatus, plataforma sudeste-sul.

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1

1 INTRODUÇÃO

Os recursos pesqueiros são constituídos por unidades populacionais, cada uma

com suas características próprias e que reagem, em sua dinâmica, de maneira diferente a

variações no nível de predação, seja ela natural ou causada pela atividade pesqueira

(FONTELES-FILHO, 1989 apud LIMA, 2004). Csirke (1980) define a população como

a entidade viva composta por grupos de peixes da mesma espécie que ocupam um

espaço ou lugar comum, que tem um nível de organização e uma estrutura própria, e

que cada população se renova e se reproduz isoladamente de outras populações e que a

explotação de uma unidade populacional não tenha efeito em outras populações.

Prionotus punctatus, comumente chamada de “cabrinha”, sempre esteve

presente nas pescarias demersais da região sudeste e sul (HAIMOVICI e MENDONÇA,

1996.a, 1996.b; SEVERINO-RODRIGUES et. al., 2007). A espécie pertence à família

Triglidae, ordem Scorpaeniformes, ocorrendo desde a América Central (Belize e

Jamaica) até a Argentina. É um peixe com característica demersal bentônico, de porte

pequeno a médio, alcançando até 50 cm de comprimento. Habita plataformas

continentais e insulares dos mares tropicais e temperado quente, ocorrendo em

substratos de areia, lama, ou fundos de recifes, até a profundidade aproximada de 200

m, utilizando os raios livres da nadadeira peitoral para explorar o substrato à procura de

alimento (FIGUEIREDO e MENEZES, 1980; CARPENTER, 2002); sendo que sua

preferência alimentar é predominantemente composta por braquiuros e camarões,

seguidos por peixes, moluscos e cumáceos (TEIXEIRA e HAIMOVICI, 1989;

SOARES et al., 1998; MAGRO et al., 2000).

Trabalhos publicados sobre P. punctatus da costa brasileira, enfatizam

primariamente aspectos tróficos, e em segunda ordem aspectos populacionais e

ecológicos. Um dos primeiros trabalhos relacionado à espécie foi de Teixeira e

Haimovici (1989), que analisaram a distribuição, reprodução e hábitos alimentares da

espécie em conjunto com a espécie cogenérica P. nudigula na costa do Rio Grande do

Sul, e concluiram que P. punctatus é mais abundante, seu comprimento de primeira

maturação foi estimado em 26,2cm e que o período reprodutivo ocorre desde a

primavera até início do outono. Alguns trabalhos da região sudeste, como de Soares e

Alpebaum (1994) na plataforma de Ubatuba, São Paulo, estimaram a atividade

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2

alimentar diária de P. punctatus, inferindo que a espécie tem alimentação diurna com

tendência vespertina, e Rios (1995), estudou os aspectos reprodutivos da espécie, onde

estimou o L50 em 15,2cm, e concluiu que a espécie têm desovas parceladas durante o

ano, no qual sucessivos lotes com reduzido número de ovócitos são eliminados durante

o período de desova. Andrade (2004) fez um estudo para analisar os incrementos de

crescimento no otólito sagita da espécie, inferindo que as fêmeas têm o L∞ variando de

42 a 51cm e os machos de 36-43cm. Mais abrangentemente, com relação ao gênero,

algumas pesquisas recentes são encontradas na literatura. Na costa do México

(Atlântico), Lucano-Ramirez et al. (2005) estudou a reprodução de Prionotus ruscarius,

estimando o tamanho de primeira maturação dos machos (24,1cm) e das fêmeas (23,9) e

concluindo que o período reprodutivo vai de janeiro a maio; Raymundo-Huizar e

Lozano (2008) estudaram os hábitos alimentares da mesma espécie, sendo as principais

presas, os peneídeos, braquiuros e estomtópodos. Volpedo e Thompson (1996)

analisaram os parâmetros morfométricos do otólito sagita de P. nudigula na costa

argentina, e acrescentaram que a as fêmeas são mais pesadas que os machos e que o

crescimento entre os sexos é diferente.

No Brasil a pesca extrativista marinha é uma atividade de grande importância

socioeconômica, pois é fonte de trabalho direto e indireto. A produção brasileira no ano

de 2010 de acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA atingiu 536.455t,

sendo que o Estado de Santa Catarina foi o maior produtor com um total de 124.977t,

correspondendo aproximadamente a 23,2% do total produzido no país (MINISTÉRIO

DA PESCA E AQUICULTURA, 2012). Isso é favorecido pelo Estado possuir um dos

portos pesqueiro mais importante do país, o porto de Itajaí, que junto ao porto vizinho,

Navegantes, possui diversos locais de desembarques, beneficiamento e exportação de

pescado. No ano de 2010, estes dois portos contribuíram com 81,8% da produção

industrial de pescado do Estado (UNIVALI/CTTMar, 2011). As frotas que

desembarcam nos portos de Itajaí e Navegantes são compostas de diversas modalidades;

arrasto de parelhas, arrasto simples, arrasto duplo (tangones), rede de emalhar de fundo

e superfície, cerco, espinhel de meia água e de fundo, vara e isca-viva, linha de fundo, e

pargueiros (ANDRADE, 1998). Na região Sudeste/Sul, a cabrinha têm desembarques

em todos os Estados da região, destacadamente para RS, SC, SP, mostrando seu

aproveitamento nas capturas (Figura 1). Dentre estes, Santa Catarina revela ser o Estado

onde há o maior desembarque do pescado, sendo que em 2009 houve a maior produção

com 5.460t.

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3

Figura 1. Dados da captura total (t) de Prionotus punctatus desembarcado nos Estados da região sudeste

e sul durante o período de 2001 a 2011. Fonte: IBAMA (2001-07)/GEP (2008 -11).

Dados do programa de monitoramento da atividade pesqueira industrial no

sudeste e sul do Brasil para o ano de 2010 (UNIVALI/CTTMar 2011), revelam que a

cabrinha é capturada pelas modalidades de arrasto simples (2.552t), arrasto duplo

(1.282t), arrasto de parelha (203,5t), emalhe de fundo (732,5t) e espinhel de fundo

(0,69t), indicando que o recurso, em comparação aos demais capturados pelas frotas,

têm altas taxas de aproveitamento, estando como um dos principais explorado pela frota

de arrasto simples, onde a castanha é o recurso com maior captura (3.848t). Das frotas

pesqueiras atuantes sobre o recurso, o arrasto simples e o duplo são os mais

representativos na captura anual, sendo que continuamente a partir de 2003,

ultrapassaram o limiar de 1.000t de captura (Figura 2).

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

ton

ela

da

s (t)

anos

SC RS SP

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4

Figura 2. Dados de P. punctatus desembarcada no porto de Itajaí e Navegantes pelas frotas de arrasto

simples (AS), arrasto duplo (AD), arrasto de parelha (AP) e emalhe de fundo (EMF), durante o período de

2000 a 2010. Fonte: GEP/UNIVALI.

Segundo Jablonski (2004), o relatório do IBAMA no ano de 2000 sobre o estado

dos recursos demersais nas regiões Sudeste e Sul considera que os estoques da corvina,

pescada-olhuda, castanha, pescadinha, goete, abrótea, linguados, cação-anjo, cherne-

verdadeiro, batata, camarões e polvo encontram-se plenamente explotados ou com

indícios de sobre-explotação. A ampliação de informações favorece para um melhor

entendimento da organização estrutural e dinâmica das populações, onde a ciência

pesqueira se propõe a uma administração racional dos recursos em explotação em busca

de um desenvolvimento sustentável a fim de obter benefícios em tempos futuros,

associados à manutenção e perpetuação das espécies em explotação e da pesca.

Diante de sua relevante captura, investigações objetivando agregar informações

biológicas e populacionais se tornam necessárias para ampliar o conhecimento de

Prionotus punctatus, visando o acompanhamento de mudanças ou diferenças dos

aspectos inerentes ao organismo.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

tone

lada

s (t

)

anos

AS AD AP EMF

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5

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Estudar a estrutura populacional da cabrinha (Prionotus punctatus) capturada por

diferentes petrechos de pesca nas regiões sudeste e sul do Brasil e desembarcada nos

portos de Itajaí e Navegantes, Estado de Santa Catarina, Brasil.

2.2 Objetivos específicos

a) Analisar as distribuições de comprimentos da cabrinha desembarcada nos portos de

Itajaí e Navegantes;

b) determinar a relação comprimento-peso da espécie;

c) analisar o seu ciclo reprodutivo e determinar o tamanho de primeira maturação (L50);

d) verificar diferenças nas distribuições de comprimentos da cabrinha capturada por

diferentes petrechos de pesca

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6

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

A área de coleta das informações biológicas está compreendida na região

sudeste-sul do Brasil entre os paralelos de 23°12’00”S e 33°58’00”S, em profundidades

variando de 12 a 152 metros (Figura 1). A plataforma continental marinha da região

sudeste é extensa, sendo mais estreita nas proximidades de Cabo Frio-RJ (70km na

direção sudeste) e no Cabo de Santa Marta Grande-SC (96km), apresentando maior

largura sobre o embaiamento de São Paulo, ao largo de Santos-SP (230km)

(ZEMBRUSCKI, 1979). Na região sul, a plataforma se alarga até 140km em

Tramandaí-RS, o máximo de 170km na barra de Rio Grande-RS e 140km em frente ao

Chuí (33°48’S) (HAIMOVICI et. al., 2008).

Figura 3. Mapa da região de estudo, compreendida entre latitudes 23° 00’ 00” S e 33° 58’00”S, com os

pontos dos locais de coletas de P. punctatus durante o os anos de 2008 a 2011.

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7

De forma geral a plataforma têm largura média de 180km, e a quebra situa-se

entre 120 e 150 metros de profundidade ao norte de Santos, e em torno de 200 metros

ao sul (ZEMBRUSCKI, 1979).

A cobertura sedimentar da plataforma continental na região sudeste-sul tem dois

domínios bem definidos: um terrígeno, areia na parte interna e lama na parte média, e

outro carbonático, areia e/ou cascalho na parte externa. No litoral norte do Rio de

Janeiro ocorre lama junto à costa, e ao largo de Santos e Cabo de Santa Marta, o fundo é

de areia e estende-se até a borda daplataformacontinental(ZEMBRUSCKI,1979).

Com relação à hidrodinâmica, ao sul de Cabo Frio-RJ encontram-se três massas

d’água: Água Tropical (AT), com altas salinidades e temperaturas (>36,4 e >20° C),

Água Costeira (AC), de baixa salinidade e alta temperatura (34 e 24° C), e Água Central

do Atlântico Sul (ACAS), com baixas salinidades e temperaturas (<35 e <20° C)

(SILVEIRA et. al. 2000). A disposição dessas massas d’água varia sazonalmente e são

influenciadas principalmente pela Corrente do Brasil, que flui em direção ao sul, e pela

Convergência Subtropical, uma frente oceanográfica oriunda da convergência da

Corrente do Brasil e Corrente das Malvinas (HAIMOVICI et. al., 2008); no verão a

plataforma interna é ocupada pela AC que se mistura com a AT mais sobressalente ao

longo da plataforma e talude. Pelo fundo ocorre penetração da ACAS, induzida pelos

ventos de leste e nordeste, a qual pode aflorar formando camadas de termoclina sobre a

plataforma, com considerável variação de salinidade em perfil vertical. No inverno há

um recuo da ACAS, onde toda a plataforma interna é dominada pela AC desaparecendo

a estratificação vertical de temperatura e salinidade (SILVEIRA et. al. 2000).

3.2 FONTES DOS DADOS

Para o desenvolvimento do presente trabalho, exemplares de Prionotus

punctatus foram coletados durante o período de junho de 2008 a dezembro de 2011

(Tabela 1). Os indivíduos examinados foram provenientes da atividade pesqueira das

frotas de arrasto simples, arrasto duplo e de emalhe de fundo, que atuaram entre as

latitudes 23°12’00”S e 33°48’00”S. A origem das coletas foi por meio de Observadores

Científicos e do Programa de Estatística Pesqueira Industrial de Santa Catarina

desenvolvido pelo Grupo de Estudos Pesqueiros da Universidade do Vale do Itajaí

(GEP/UNIVALI) (PEREZ et. al.,1998).

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8

As amostragens provenientes das coletas feitas por Observadores Científicos

foram executadas por dois diferentes métodos: (1) após cada lance de pesca, os

organismos eram coletados aleatoriamente, acondicionados em sacos plásticos,

etiquetados e posteriormente armazenados (LAB) (Tabela 1); e (2) a bordo da

embarcação, os organismos tinham seu comprimento total (Ct) medido com ictiômetro e

as gônadas retiradas, sendo somente estas acondicionadas em sacos plásticos,

etiquetadas e conservadas no gelo, para posterior análise em laboratório (OBS),

ocorrendo desse modo para indivíduos grandes com valor comercial (Tabela 1). Após

cada lance, os observadores científicos registraram informações referentes à posição,

hora, profundidade e duração do arrasto ou imersão da rede (redes de emalhe).

Os dados de captura das modalidades de pesca são oriundos do monitoramento

de desembarque realizado pelo Grupo de Estudos Pesqueiros (GEP/UNIVALI). Em

cada desembarque monitorado, foi realizada a mensuração do comprimento total (Ct)

em centímetros de uma amostra aleatória de cerca de 250 indivíduos. Mais informações

sobre o monitoramento podem ser encontradas em Perez et. al. (1998).

Tabela 2. Número de indivíduos amostrados em laboratório (LAB) e na embarcação (OBS),

durante os anos de 2008 a 2011.

No laboratório, em cada exemplar foram feita as seguintes mensurações:

comprimento total (Ct) em centímetros, peso total (Pt) em gramas, e peso das gônadas

(Pg) em gramas, com reconhecimento do sexo e estágio de maturação gonadal. As

Mês LAB OBS LAB OBS LAB OBS LAB OBS

março - - 20 30 - - - - 20 30

abril - - 44 4 - - 8 36 52 40

maio - - 1 5 - - 43 44 44 49

junho 44 - 43 23 - - - - 87 23

julho 261 2 38 43 - - - - 299 45

agosto 4 5 52 22 10 1 - - 66 28

setembro 5 6 95 30 - - - - 100 36

outubro - - 28 - 2 - - - 30 -

novembro 12 14 19 - - - - - 31 14

dezembro 9 - 23 29 - - 17 - 49 29

68 80 778 294

Total geral 1072

Total 335 27 363 186 12 1

Total

LAB

Total

OBS

2008 2009 2010 2011

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9

gônadas que foram retiradas dos exemplares medidos a bordo das embarcações foram

pesadas (Pg) e identificadas quanto ao sexo e estágio de maturação. Os estágios foram

classificados mediante a escala elaborada por Vazzoler 1996, sendo representada em 4

estágios; I (imaturo), II (em maturação), III (maduro) e IV (esvaziado). Abaixo,

apresenta-se um quadro com as características das gônadas em cada estágio de

maturação gonadal.

Estágio Fêmeas Machos

I = Imaturo

Os ovários são filiformes, translúcidos,

de tamanho muito reduzido, colocados

bem junto da parede dorsal, sem sinais

de vascularização. Ocupam menos de

1/3 da cavidade celomática e não se

observam ovócitos a vista desarmada.

Ovidutos longos.

Os testículos são reduzidos,

filiformes e translúcidos,

colocados bem junto da parede

dorsal.

ІІ = Em maturação

Ovários exibem intensa rede capilar,

ocupam cerca de 1/3 a 2/3 da cavidade

celomática. A vista desarmada

observam-se grânulos opacos

(ovócitos) pequenos e médios.

Ovidutos mais curtos.

Testículos apresentam-se

desenvolvidos, com forma

lobulada.

Sua membrana rompe-se sob

certa pressão, eliminando

esperma leitoso e viscoso.

ІІІ = Maduro

Ovários túrgidos ocupam quase que

totalmente a cavidade celomática.

A olho nu observam-se ovócitos

grandes, opacos e /ou translúcidos,

cuja freqüência varia com o progresso

da maturação. Ovidutos encontram-se

ocupados por esses ovócitos. Ovócitos

hidratados e translúcidos indicam

desova iminente.

Os testículos apresentam-se

túrgidos, esbranquiçados,

ocupando grande parte da

cavidade celomática.

Com fraca pressão rompe-se sua

membrana, fluindo esperma,

menos viscoso que no estágio

anterior.

ІV = Esvaziado

Os ovários apresentam-se em

diferentes graus de flacidez, com

membranas distendidas e de aspecto

hemorrágico, ocupam menos de 1/3 da

Os testículos apresentam-se

flácidos, com aspecto

hemorrágico.

A membrana não se rompe sob

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10

cavidade celomática.

Observa-se poucos ovócitos (em

absorção) com aspecto de grumos

esbranquiçados. Existe semelhança

entre o estágio B e D, que se distingue

apenas pela presença de zonas

hemorrágicas.

pressão.

3.3 Processamento dos dados

A relação comprimento-peso foi calculada através da dispersão em gráfico dos

valores da variável peso, considerando esta como dependente das variáveis de

comprimento total. A relação foi estimada através do modelo potencial:

Pt= a.Ctb (KING, 1995),

onde Pt= peso total, Ct= comprimento total, a= coeficiente linear da regressão (fator de

condição), b= coeficiente angular de regressão (coef. de alometria). O ajuste das

variáveis foi realizado através do método dos mínimos quadrados; este considera o

desvio vertical de cada ponto real (observado) em relação ao proposto (estimado) e

define a linha de melhor ajuste, sendo esta resultante no menor valor para a soma dos

quadrados dos resíduos, para todos os valores (Yo – Ye) (ZAR, 2010). Para a resolução

do método, e encontrar os valores das variáveis que mais se adéquam ao modelo

estimado, foi utilizado o suplemento SOLVER do MicrosoftExcel®. Com a finalidade

de se obter a relação para sexos agrupados, foi feita análise de covariância (α= 0,05; gl=

n-1; e HO→ b1=b2; HA→ b1≠b2) no software STATISTICA 8.0®, para constatar se

existe diferença significativa entre os modelos ajustados por sexo.

No cálculo do comprimento de primeira maturação (L50), os indivíduos foram

distribuídos em classes de comprimento com amplitude de 2 centímetros. Em cada

classe foi determinado a proporção de maturos, identificados nos estágios III e IV de

maturação gonadal. A equação de modelo logístico utilizada para estimar o L50 foi:

P= 1/(1 + exp[ - r(L – L50)]) (KING, 1995),

onde P= proporção e/ou percentagem de maturos, r = variável correspondente à

inclinação da curva ajustada, L= classe de comprimento; L50 = comprimento de primeira

maturação (50% dos indivíduos estão iniciando a fase reprodutiva). O ajuste das

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11

variáveis da equação do L50 seguiram os mesmos passos para a relação comprimento-

peso.

Para avaliar o ciclo reprodutivo, foram utilizados a relação gonadossomática

(RGS1 e RGS 2) e os fatores de condição K (fator de condição total) e k’ (fator de

condição somático) (VAZZOLER, 1996), cujas equações são expressas como:

RGS 1= [Pg/Pt]. 100 K= Pt/ Ctb

RGS 2= [Pg/Pc]. 100 k’= Pc/ Ctb

Onde, Pt= peso total, Pg= peso das gônadas, Pc= peso do corpo (Pc= Pt – Pg) e Ct=

comprimento total. Também foi avaliada a frequência relativa dos estágios de

maturação gonadal mensalmente, sendo calculado como:

onde ΣEmg= somatório do nº de indivíduos no estágio (i); i= A, B, C, ou D,

ntotal= n° total de organismos amostrados no mês (j)

A análise da distribuição de comprimentos capturados baseou-se na

caracterização da moda, assimetria e curtose da distribuição, bem como o comprimento

médio mensal da amostra. Esses parâmetros foram calculados através do software

STATISTICA 8.0®.

Para analisar as possíveis relações existentes nos comprimentos de P. punctatus

capturada por diferentes frotas, e identificar semelhanças entre as modalidades de pesca

junto com seus referidos meses, foram aplicadas técnicas complementares de estatística

multivariada. Para essas análises os comprimentos foram subdivididos em três grupos,

T1, T2 e T3, onde cada grupo recebeu as seguintes amplitudes de comprimentos (cm),

T1<(L50-1), (L50-1)≤T2<(L50+3), (L50+3)≤T3. Assim, foi elaborada uma matriz com

todas as modalidades de pesca, seus respectivos meses de amostragem no desembarque,

atribuindo a estes, os referidos valores de frequência em cada grupo de comprimentos.

Esses valores foram transformados pela raiz quadrada, para reduzir a diferença escalar

entre as variáveis. Desse modo, foi feita a análise de agrupamento hierárquico

(CLUSTER), em conjunto com o escalonamento multidirecional (MDS) para

determinar os padrões de relacionamento entre as capturas mensais dos diferentes

petrechos. A análise unidirecional de similaridade, ANOSIM (CLARKE &

WARWICK, 1994), foi aplicada para testar a hipótese de diferenças quanto à

composição da captura entre os petrechos. Esse procedimento compara níveis médios de

F% = Σ Emg(i)

n total mês (j)

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12

similaridade dentro de grupos (T1, T2, T3) das amostras (petrechos). Depois, foi

aplicada a rotina de similaridade percentual (SIMPER) para determinar a contribuição

de cada grupo dentro dos petrechos. Para essas análise multivariadas foi utilizado o

software PRIMER 6 (CLARKE & WARWICK, 1994).

4 RESULTADOS

4.1 COMPOSIÇÃO DE TAMANHOS NO DESEMBARQUE DOS

PORTOS DE ITAJAÍ E NAVEGANTES

Nas frotas da pesca demersal operante nas regiões sudeste e sul, e que

desembarcam suas capturas nos portos de Itajaí e Navegantes, o arrasto simples, arrasto

duplo, arrasto de parelha, e o emalhe de fundo são as que têm explorado a população de

Prionotus punctatus. As informações de comprimentos desembarcados obtidas referem-

se a amostragens mensais ocorridas durante o período de 1999 a 2012 (APÊNDICE). A

descrição da composição de comprimentos fundamenta-se na análise de todas as

modalidades que capturam o recurso conjuntamente.

Nos meses agrupados durante todo o período, o comprimento médio de

Prionotus punctatus desembarcado não variou muito, estando sempre próximo aos

30cm de comprimento total (Tabela 2, Figura 4). A moda das distribuições mostra baixa

oscilação, alcançando o mínimo em março com 25cm, e o máximo em janeiro com

33cm, sendo valores próximos aos 30cm os predominantes que ocorrem durante o ano

inteiro (Tabela 2). Com relação à assimetria, a distribuição assimétrica positiva

prevalece em todos os meses, exceto em janeiro quando ocorre assimetria negativa

(Tabela 2). A curtose teve propriedades leptocúrticas em todos os meses, com

predominância unimodal nas distribuições (Tabela 2).

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13

Tabela 2. Descrição estatística dos comprimentos de P. punctatus desembarcados por mês,

durante o período agrupado de 1999 a 2012, nos portos de Itajaí e Navegantes, SC.

mês média (cm) mediana (cm) moda (cm) mínimo (cm) máximo (cm) desv. Pad. assimetria curtose

janeiro 30,43 31,0 33,0 16,0 44,0 5,30 -0,16 -0,50

fevereiro 30,73 30,0 29,0 15,0 48,0 5,33 0,17 -0,62

março 30,46 30,0 25,0 11,0 46,0 5,61 0,28 -0,74

abril 30,67 31,0 31,0 10,0 45,0 5,19 0,16 -0,60

maio 30,08 30,0 31,0 11,0 45,0 5,37 0,13 -0,56

junho 30,02 30,0 31,0 9,0 45,0 4,98 0,05 -0,29

julho 30,19 30,0 30,0 11,0 46,0 4,91 0,26 -0,42

agosto 30,13 30,0 29,0 10,0 46,0 5,00 0,23 -0,20

setembro 29,51 29,0 28,0 13,0 49,0 5,01 0,37 -0,25

outubro 30,07 30,0 27,0 15,0 47,0 5,19 0,28 -0,48

novembro 30,57 30,0 29,0 14,0 49,0 5,18 0,09 -0,16

dezembro 30,92 31,0 31,0 13,0 46,0 4,76 0,05 0,06

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14

Figura 4. Distribuição da frequência relativa e acumulada de P. punctatus desembarcada nos portos de Itajaí e Navegantes durante o período agrupado de 1999 a 2012, capturada na

região sudeste e sul do Brasil.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

janeiro

relativa

acumulada

n= 781

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

fevereiro

relativa

acumulada

n= 4534

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

março

relativa

acumulada

n= 6354

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

abril

relativa

acumulada

n= 6508

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

maio

relativa

acumulada

n= 8921

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

junho

relativa

acumulada

n= 9113

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

julho

relativa

acumulada

n= 8667

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

agosto

relativa

acumulada

n= 9336

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

setembro

relativa

acumulada

n= 9181

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

outubro

relativa

acumulada

n= 7660

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

novembro

relativa

acumulada

n= 8157

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

dezembro

relativa

acumulada

n= 4146

Freq

uênc

ia a

cum

ulad

a ( %

)Fr

equê

ncia

acu

mul

ada

( % )

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Classe de comprimento (cm) Classe de comprimento (cm)

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15

4.2 RELAÇÃO COMPRIMENTO-PESO

A relação comprimento-peso de P. punctatus, para ambos os sexos, foi obtida

utilizando os valores de 740 exemplares. A amplitude de comprimentos variou de 4,3 a

44,5cm, com média de 22,0 ± 9,21 cm, e peso variando de 0,75 a 1209,4g, com média

de 222,25g ± 245,12g. A relação calculada resultou em um bom ajuste entre as variáveis

comprimento e peso, r2

= 0,986 (coeficiente de determinação), sugerindo uma boa

aderência dos pontos empíricos ajustados à curva. A relação comprimento-peso para a

espécie ficou descrita pela seguinte equação: Pt= 0,0061 x Ct3,23

, a qual ajusta a relação

potencial entre as variáveis (Figura 5.a ). O coeficiente de alometria (b), que foi

calculado como sendo o valor de 3,23, indica um crescimento do tipo alométrico

positivo.

Figura 5. a) Relação comprimento-peso de sexos grupados de P. punctatus na região sudeste e sul

do Brasil no período de 2008 a 2011, a.1) dispersão do resíduo da diferença entre o peso estimado e

o peso observado do sexos grupados de P. punctatus.

O cálculo da relação comprimento-peso para as fêmeas foi realizado utilizando

584 exemplares, com amplitude de comprimentos variando de 4,3 a 44,5 cm, com

média de 20,37 + 9,54 cm, e peso variando de 0,75 a 1209,4 g, com média de 197,22 +

262,47 g. Para os machos, a relação foi estimada utilizando 518 exemplares (Figura 2),

com amplitude de comprimentos variando de 4,3 a 35,5 cm, com média 18,41 +7,81

cm, e peso variando de 0,75 a 597,2 g, e média de 125,96 + 149,46 g.

-200-175-150-125-100

-75-50-25

0255075

100125150175200

0 10 20 30 40 50

Re

síd

uo

(g

) (e

st -

ob

s)

Comprimento total (cm)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 10 20 30 40 50

Pe

so t

ota

l (g

)

Comprimento total (cm)

n= 740

r 2= 0,986

PT= 0,0061 x CT 3,23

a ) a.1 )

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16

Figura 6. a) Relação comprimento-peso das fêmeas de P. punctatus na região sudeste e sul do

Brasil no período de 2008 a 2011; b) Relação comprimento-peso dos machos de P. punctatus na região sudeste e sul do Brasil no período de 2008 a 2011; c) Dispersão do resíduo da diferença

entre peso estimado e peso observado das fêmeas; d) Dispersão do resíduo da diferença entre

peso estimado e peso observado dos machos.

A relação calculada através do modelo potencial também apresentou um bom

ajuste para ambos os sexos. O coeficiente de determinação (r2) das fêmeas foi de 0,985

e dos machos de 0,989. A relação comprimento-peso para as fêmeas da espécie ficou

descrita pela seguinte equação: Pt= 0,0071 x Ct 3,19

(Figura 6.a ). O valor do coeficiente

de alometria (b) calculado, 3,19, denota um tipo de crescimento alométrico positivo. A

equação da relação comprimento-peso obtida para os machos ficou descrita como: Pt=

0,0061 x Ct 3,22

(Figura 6.b), onde o valor do coeficiente de alometria (b) calculado,

3,22, também indica um crescimento de tipo alométrico positivo.

4.3 COMPRIMENTO DE PRIMEIRA MATURAÇÃO

O comprimento de primeira maturação, com base na distribuição da proporção

de indivíduos adultos (estágios III e IV) por classe de comprimento é apresentado na

Figura 7 e 8. Foram obtidos valores de L50, que corresponde ao comprimento em que

metade da população está iniciando a fase reprodutiva, para sexos agrupados, machos e

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 10 20 30 40 50

Pe

so t

ota

l (g

)

Comprimento total (cm)

fêmeasn= 584

r 2= 0,985

PT= 0,0071 x CT 3,19

-200-175-150-125-100

-75-50-25

0255075

100125150175200

0 10 20 30 40 50

Re

síd

uo

(g

) (o

bs

-e

st)

Comprimento total (cm)

a ) c )

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 10 20 30 40 50

Pe

so t

ota

l (g

)

Comprimento total (cm)

machosn= 518

r 2= 0,989

PT= 0,0061 x CT 3,22

-200-175-150-125-100

-75-50-25

0255075

100125150175200

0 10 20 30 40 50

Re

síd

uo

(g

) (o

bs

-e

st)

Comprimento total (cm)

b ) d )

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17

fêmeas. O tamanho de primeira maturação gonadal foi estimado em 28,3 cm (r2= 0,89)

para os sexos agrupados (Figura 1), 29,7 cm (r2= 0,97) para os machos e 25,3 cm (r

2=

0,86) para as fêmeas (Figura 2).

Figura 7. Comprimento de primeira maturação (L50) estimado para sexos agrupados de P.

punctatus na região sudeste e sul do Brasil no período de 2009 a 2011.

0

0,25

0,5

0,75

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

Pro

po

rção

de

mat

uro

s

Classes de comprimento (cm)

sexos agrupados

n = 678L50 = 28,3 cmr 2 = 0,89

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18

Figura 8. Comprimentos de primeira maturação (L50) estimado para fêmeas (a) e machos (b) de P. punctatus na região sudeste e sul do Brasil no período de 2009 a 2011.

4.4 REPRODUÇÃO

Na avaliação do período reprodutivo foram analisadas somente as fêmeas de

Prionotus punctatus, devido ao fato que o número de machos obtidos nas amostras foi

reduzido. Examinando a relação direta entre o peso das gônadas com o peso dos

indivíduos, constata-se que estas aumentam em peso à medida que o organismo matura,

0

0,25

0,5

0,75

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

Pro

po

rção

de

mat

uro

s

Classes de comprimento (cm)

machos

n = 209L50 = 29,72 cmr 2 = 0,97

0

0,25

0,5

0,75

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

Pro

po

rção

de

mat

uro

s

Classes de comprimento (cm)

fêmeas

n = 472L50 = 25,3 cmr 2 = 0,86

a )

b )

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19

ou seja, quanto mais pesado o indivíduo, maior e mais pesada também será sua gônada

(Figura 9). Ao observar essa relação do peso das gônadas para indivíduos no estágio II

de maturação, a mesma não apresenta uma relação direta com o peso total do organismo

(Figura 9.a). Por outro lado, essa relação é mais significativa quando analisado os

estágios III e IV, os quais caracterizam os indivíduos adultos.

Figura 9. Gráficos de relação entre peso das gônadas (g) e peso total do indivíduo (g) em três

estágios de maturação gonadal (II, III e IV) das fêmeas de P. punctatus.

0

10

20

30

40

50

60

70

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Peso

nad

as (g

)

Peso total (g)

estágio II

0

10

20

30

40

50

60

70

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Peso

nad

as (g

)

Peso total (g)

estágio III

r = 0,82

0

10

20

30

40

50

60

70

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Pes

o g

ôn

adas

(g)

Peso total (g)

estágio IV

r = 0,81

r = 0,56

a

b

c

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20

Para a análise do ciclo reprodutivo foi calculado o Índice Gonadossomático

(IGS) em cada estágio de maturação gonadal. O valor máximo encontrado do (IGS) foi

para o estágio III, correspondendo a 3,28% (±1,61%). Para os indivíduos que

desovaram, iniciando a fase do estágio IV (desovados), o IGS diminuiu para o valor de

2,87% (±1,75%). Os estágios I e II, que caracterizam os juvenis, alcançaram os menores

valores de IGS, com 0,22% (± 0,15%) e 0,87% (± 1,12%) respectivamente (Figura 10).

Figura 10. Valores médios do Índice Gonadossomático por estágios de maturação gonadal das

fêmeas de P. punctatus no sudeste e sul do Brasil durante o período agrupado de 2008 a 2011.

Barras verticais correspondem aos valores do intervalo de confinça (±95%).

Para a avaliação da sazonalidade reprodutiva foram analisadas um total de 351

fêmeas de Prionotus punctatus, com comprimento superior ao de primeira maturação,

L50= 25,3 (Figura 11), assim, o comprimento total das fêmeas examinadas variou de 26

cm a 44,5 cm. A Figura 11 mostra a variação temporal dos valores médios de RGS 1 e

RGS 2, entre os meses de março e dezembro durante o período agrupado de 2009 a

2011. A variação temporal desse índice expõe de melhor forma a época em que ocorre a

desova, ou seja, o período com o maior valor do RGS está associado com a maior

atividade reprodutiva. Os valores encontrados dos índices de RGS 1 e RGS 2 das

fêmeas mostraram um comportamento semelhante ao longo do tempo, entretanto, os

meses que apresentaram as relações mais baixas foram maio e junho, com valores

respectivos de 1,89 e 1,93 para RGS1, e 1,96 e 1,99 para RGS 2. No mês de abril, os

RGS’s mostraram valores mais altos, com 2,96 de RGS 1 e 3,09 de RGS 2, sendo

possivelmente neste mês um período de maturação gonadal mais intensa. No segundo

semestre do ano os índices apresentam valores superiores aos meses de maio e junho,

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

I II III IV

IGS

dio

(%

)

estágios de maturação gonadal

n= 17

n= 78

n= 249 n= 107

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21

porém com oscilações. Entre julho e dezembro, os valores de RGS 1 variou de 2,6 a

3,68, e RGS 2 de 2,7 a 3,84.

Figura 11. Variação mensal do RGS 1 e RGS 2 de P. punctatus na região Sudeste/Sul do Brasil

entre o período agrupado de 2008 a 2011.

Na intenção de identificar o período em que ocorre o evento reprodutivo também

foram examinados os fatores de condição k (fator de condição total) e K’ (fator de

condição somático). Pelas variáveis utilizadas para sua resolução, os fatores de condição

combinados elucidam o bem estar do organismo, o estado nutricional em conjunto com

suas reservas energéticas. Desse modo, o intervalo analisado durante os meses de março

a dezembro, no período agrupado de 2009 a 2011, mostrou que a variação temporal das

variáveis k e K’ se manifesta com pouca alteração significativa dos valores. As duas

variáveis resultaram em valores praticamente constantes, sendo que o mínimo

encontrado de k foi em dezembro com 0,00704, juntamente com o K’ que apresentou

0,0067. Os valores máximos encontrados para k e K’ foram de 0,0073 e 0,0071

respectivamente, ambos ocorrido no mês de abril (Figura 12).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

mar abr mai jun jul ago set out nov dez

RG

S ( %

)

meses

RGS 1

RGS 2

(34) (54) (39) (38) (59) (49) (50) (9) (16) (43 )

n= 351

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22

Figura 12. Variação mensal dos fatores de condição k e K' durante o período agrupado de 2008

a 2011 de P. punctatus na região sudeste e sul do Brasil.

A Figura 13 apresenta a frequência relativa dos estágios de maturação para

fêmeas e machos durante os meses de março a dezembro, no período agrupado de 2008

a 2011. Avaliando as fêmeas, os indivíduos que se encontraram no estagio IV de

maturação gonadal (desovado) (Figura 13.a) foram ocorrentes em todos os meses, com

maiores percentagens em abril e maio. Esse estágio de maturação sucede o evento de

desova, auxiliando assim nas evidências do período de maior atividade reprodutivaa. As

fêmeas no estágio III também foram encontradas durante todo o período, com maiores

percentuais nos meses de março, e de junho a dezembro, apontando que as fêmeas estão

hábeis a reproduzir durante o ano inteiro. Os indivíduos juvenis analisados,

representados pelos estágios I e II, ocorreram em menores percentuais em comparação

aos demais estágios e com pouca variação, sendo os meses no qual tiveram maior

representatividade, maio, junho, agosto e setembro com valores em torno de 20%.

A representação da frequência relativa mensal dos estágios de maturação para os

machos (figura 13.b), mostra de maneira geral, menores percentagens para o estágio IV

(espermiado). Dentre os meses amostrados, o estágio IV de maturação gonadal foi

registrado somente em maio e agosto, variando de 5 a 8%. Para o estágio III (maturo),

os meses de maiores percentuais de ocorrência foram julho e agosto. Os juvenis,

estágios I e II, foram praticamente constante em todo o período, sendo o percentual

mínimo no mês de agosto e dezembro com 20%, e os percentuais máximos nos meses

de maio e setembro.

0,005

0,0055

0,006

0,0065

0,007

0,0075

0,008

mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fato

r d

e C

on

diç

ão

meses

k

K'

(34) (54) (39) (38) (59) (49) (50) (9) (16) (43)

n= 391

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23

Figura 13. Frequência relativa mensal dos estágios de maturação gonadal durante o período agrupado de 2008 a 2011 para fêmeas (a) e machos (b. Valores entre ( ) representam o n

amostral referente aos meses, e os valores acompanhados de * não foram avaliados para a

descrição devido ao baixo n amostral (n<10).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fre

qu

ên

cia

machos

(1*) (1*) (20) (6*) (9*) (20) (24) (1*) (1*) (14)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fre

qu

ên

cia

fêmeas

IV

III

I e II

(35) (52) (48) (38) (60) (49) (51) (9*) (24) (43)

a)

b)

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24

4.5 DESEMBARQUE POR DIFERENTES MODALIDADES DE

PESCA

4.5.1 Arrasto simples

A composição de comprimentos de Prionotus punctatus desembarcada nos

portos de Itajaí e Navegantes da modalidade de arrasto simples, no período agrupado de

2001 A 2012 (APÊNDICE), mostrou valores de comprimento médio oscilando próximo

a classe de 31cm de comprimento total. O mês com o maior comprimento médio no

desembarque foi janeiro, com 33,9 cm, e o menor foi em julho com 30,8cm (Tabela 3,

Figura 14). A moda das distribuições mostrou maiores variações de amplitude, sendo

29cm a menor classe de comprimento, ocorrente em agosto e setembro, e a máxima de

33cm que ocorreu em janeiro (Tabela 3, Figura 15). Com relação à assimetria, grande

parte dos meses tiveram distribuições assimétricas positivas, no entanto, maio e junho,

tiveram assimetrias negativas (Tabela 3, Figura 15). A curtose com distribuição

leptocúrtica predominou em todos os meses do ano (Tabela 3, Figura 15).

Tabela 3. Descrição estatística dos comprimentos de P. punctatus desembarcados pela frota de

arrasto simples, durante o período agrupado de 2001 a 2012, nos portos de Itajaí e Navegantes, SC.

mês média (cm) mediana (cm) moda (cm) mínimo (cm) máximo (cm) desv. Pad. assimetria curtose

janeiro 33,90 34,0 33,0 26,0 41,0 3,35 0,03 -0,19

fevereiro 31,46 31,0 30,0 15,0 48,0 4,78 0,10 -0,41

março 31,95 32,0 32,0 16,0 46,0 4,57 0,13 -0,26

abril 31,66 32,0 32,0 16,0 45,0 4,49 0,13 -0,32

maio 31,37 32,0 32,0 13,0 45,0 4,94 -0,04 -0,31

junho 32,21 32,0 32,0 9,0 45,0 4,54 -0,20 0,25

julho 30,80 30,0 30,0 11,0 45,0 4,82 0,25 -0,15

agosto 31,61 31,0 29,0 17,0 46,0 4,74 0,29 -0,27

setembro 31,34 31,0 29,0 16,0 49,0 4,77 0,24 -0,30

outubro 32,48 32,0 32,0 19,0 47,0 4,71 0,14 -0,51

novembro 31,59 31,0 31,0 14,0 49,0 5,27 0,04 -0,16

dezembro 31,98 32,0 31,0 14,0 46,0 4,63 0,09 -0,23

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25

Figura 14. Variação mensal do comprimento médio e moda de P. punctatus desembarcado pela

frota de arrasto simples, durante o período agrupado de 2001 a 2012, nos portos de Itajaí e

Navegantes, SC.

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Com

prim

ento

(cm

)

meses

Arrasto simples

média

moda

L 50

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26

Figura 15. Distribuição de comprimentos de P. punctatus capturadas pela frota de arrasto

simples na costa sudeste e sul do Brasil durante o período agrupado de 2001 a 2012.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

fevereiro

relativa

acumulada

n= 2145

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

janeiro

relativa

acumulada

n= 149

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

março

relativa

acumulada

n= 2330

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

abril

relativa

acumulada

n= 2633

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

maio

relativa

acumulada

n= 2816

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

junho

relativa

acumulada

n= 3318

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

julho

relativa

acumulada

n= 2677

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

agosto

relativa

acumulada

n= 3313

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

setembro

relativa

acumulada

n= 2322

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

outubro

relativa

acumulada

n= 2401

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

novembro

relativa

acumulada

n= 3021

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

dezembro

relativa

acumulada

n= 2155

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Freq

uênc

ia a

cum

ulad

a ( %

)Fr

equê

ncia

acu

mul

ada

( % )

Classes de comprimento (cm) Classes de comprimento (cm)

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27

4.5.2.Arrasto duplo

A composição dos comprimentos de Prionotus punctatus desembarcada pela

modalidade de arrasto duplo nos portos de Itajaí e Navegantes, durante o período

agrupado de 1999 a 2012 (APÊNDICE), mostrou grande amplitude na variação do

comprimento médio durante os meses do ano. O mês de janeiro foi o que apresentou o

maior comprimento médio desembarcado, com 32,81 cm, e os meses de março, junho e

setembro foram os que apresentaram os menores valores de comprimento médio

desembarcado, na classe de 27 cm (Tabela 4, Figura 16). A moda se revelou menor que

o comprimento médio mensal, exceto em novembro. O menor valor da moda foi em

abril, classe de 24 cm, e os maiores foram em fevereiro, novembro e dezembro, na

classe de 29 cm de comprimento total (Tabela 4, Figura 16). Com relação à assimetria, a

assimetria positiva prevalece durante todo o ano, exceto em dezembro, no qual a

distribuição se torna assimétrica negativa, e janeiro, onde a distribuição é simétrica

(Tabela 4, Figura 17). A curtose se revela leptocúrtica durante todo o ano, menos em

dezembro, quando sua distribuição se torna platicúrtica (Tabela 4, Figura 17).

Tabela 4. Estatística descritiva dos comprimentos de P. punctatus desembarcados pela frota de arrasto duplo, durante o período agrupado de 1999 a 2012, nos portos de Itajaí e Navegantes,

SC.

mês média (cm) mediana (cm) moda (cm) mínimo (cm) máximo (cm) desv. Pad. assimetria curtose

janeiro 32,81 33,0 multiple 21,0 44,0 4,10 0,00 -0,15

fevereiro 29,65 29,0 29,0 19,0 44,0 5,40 0,20 -0,76

março 27,70 27,0 25,0 11,0 46,0 4,57 0,61 -0,07

abril 29,41 29,0 24,0 10,0 45,0 5,38 0,39 -0,49

maio 28,57 28,0 25,0 11,0 45,0 4,99 0,55 -0,04

junho 27,13 27,0 26,0 11,0 42,0 4,33 0,31 0,15

julho 28,74 28,0 25,0 15,0 44,0 4,60 0,46 -0,19

agosto 28,47 28,0 26,0 16,0 44,0 4,73 0,39 -0,11

setembro 27,42 27,0 26,0 13,0 43,0 4,28 0,48 0,13

outubro 28,19 28,0 27,0 16,0 43,0 4,62 0,40 -0,17

novembro 28,18 28,0 29,0 15,0 47,0 4,61 0,17 -0,02

dezembro 30,00 30,0 29,0 13,0 46,0 4,87 -0,16 0,30

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28

Em comparação do comprimento médio desembarcado com o comprimento de primeira

maturação, o arrasto duplo preponderantemente captura indivíduos com comprimentos

inferiores ao L50, exceto nos meses de janeiro, fevereiro e dezembro (Figura 16).

Figura 16. Variação mensal do comprimento médio e moda de P. punctatus desembarcado pela

frota de arrasto duplo durante o período agrupado de 1999 a 2012, nos portos de Itajaí e Navegantes, SC.

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Com

prim

ento

(cm

)

meses

Arrasto Duplo

média

moda

L50

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29

Figura 17. Distribuição de comprimentos de P. punctatus capturadas pela frota de arrasto duplo

na costa sudeste e sul do Brasil durante o período agrupado de 1999 a 2012.

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

janeiro

relativa

acumulada

n= 359

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

fevereiro

relativa

acumulada

n= 1363

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

março

relativa

acumulada

n= 2256

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

maio

relativa

acumulada

n= 3196

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

junho

relativa

acumulada

n= 2938

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

julho

relativa

acumulada

n= 3620

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

agosto

relativa

acumulada

n= 3778

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

setembro

relativa

acumulada

n= 3363

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

outubro

relativa

acumulada

n= 3153

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

novembro

relativa

acumulada

n= 2510

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

dezembro

relativa

acumulada

n= 1405

0

2

4

6

8

10

12

14

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

abril

relativa

acumulada

n= 2078

Freq

uênc

ia a

cum

ulad

a ( %

)Fr

equê

ncia

acu

mul

ada

( % )

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Classes de comprimento (cm) Classes de comprimento (cm)

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30

4.5.3.Arrasto de parelha

A composição de comprimentos de Prionotus punctatus desembarcada pela frota

de arrasto de parelha nos portos de Itajaí e Navegantes, durante o período agrupado de

1999 a 2012 (APÊNDICE), mostrou, assim como o arrasto duplo, grande amplitude no

comprimento médio mensal. O menor comprimento médio de desembarque foi em

janeiro, com 25,62 cm, e os maiores foram em julho e novembro na classe de 30 cm

(Tabela 5, Figura 18). A moda aparece em ascensão ao longo do ano, até o mês de

outubro, quando diminui para a classe de 26 cm, sendo este o mês com o mais baixo

valor modal (Tabela 5, Figura 18). A assimetria positiva prevaleceu em todos os meses,

exceto em agosto que se caracterizou com assimetria negativa (Tabela 5, Figura 19). A

curtose se mostrou platicúrtica nos meses de março, junho, agosto e setembro, no

restante do ano a distribuição tem característica leptocúrtica (Tabela 5, Figura 19).

Tabela 5. Estatística descritiva dos comprimentos de P. punctatus desembarcados pela frota de

arrasto de parelha, durante o período agrupado de 1999 a 2012, nos portos de Itajaí e

Navegantes, SC.

O arrasto de parelha revela uma alternância dos comprimentos médios

desembarcados em relação ao comprimento de primeira maturação. Durante o primeiro

semestre, o desembarque foi composto predominantemente por indivíduos inferiores ao

L50, e no segundo semestre os comprimentos médios desembarcados oscilaram em torno

do L50, se destacando o mês de outubro, onde a distribuição com assimetria positiva se

sobressaiu, prevalecendo fortemente indivíduos juvenis no desembarque.

mês média (cm) mediana (cm) moda (cm) mínimo (cm) máximo (cm) desv. Pad. assimetria curtose

janeiro 25,62 26,0 multiple 16,0 35,0 3,85 0,07 -0,53

fevereiro 27,11 27,0 27,0 20,0 39,0 3,60 0,48 -0,19

março 28,51 28,0 27,0 22,0 40,0 2,93 0,88 1,54

abril 28,55 28,0 27,0 13,0 43,0 3,99 0,36 0,07

maio 27,17 27,0 28,0 13,0 42,0 4,74 0,19 -0,03

junho 29,56 29,0 28,0 15,0 43,0 4,26 0,30 0,40

julho 30,28 30,0 29,0 15,0 46,0 4,42 0,24 -0,12

agosto 29,93 30,0 31,0 4,0 43,0 4,64 -0,03 0,45

setembro 28,67 29,0 30,0 16,0 44,0 4,09 0,28 0,29

outubro 28,58 28,0 26,0 15,0 44,0 4,83 0,63 -0,06

novembro 30,45 30,0 31,0 16,0 43,0 4,69 0,05 0,13

dezembro 28,79 29,0 29,0 20,0 41,0 3,56 0,23 0,13

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31

Figura 18. Variação mensal do comprimento médio e moda de P. punctatus desembarcado pela

frota de Arrasto de Parelha nos portos de Itajaí e Navegantes, durante o período agrupado de

1999 a 2012.

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Com

prim

ento

(cm

)

meses

Arrasto de Parelha

média

moda

L50

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32

Figura 19. Distribuição de comprimentos de P. punctatus capturadas pela frota de arrasto de parelha na costa sudeste e sul do Brasil durante o período agrupado de 1999 a 2012.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

janeiro

relativa

acumulada

n= 273

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

fevereiro

relativa

acumulada

n= 514

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

março

relativa

acumulada

n= 281

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

abril

relativa

acumulada

n= 1128

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

maio

relativa

acumulada

n= 1345

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

junho

relativa

acumulada

n= 1430

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

julho

relativa

acumulada

n= 1329

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

agosto

relativa

acumulada

n= 1774

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

setembro

relativa

acumulada

n= 2102

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

outubro

relativa

acumulada

n= 1246

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

novembro

relativa

acumulada

n= 1128

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

dezembro

relativa

acumulada

n= 340

Freq

uênc

ia a

cum

ulad

a ( %

)Fr

equê

ncia

acu

mul

ada

( % )

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Classes de comprimento (cm) Classes de comprimento (cm)

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33

4.5.4.Emalhe de fundo

O desembarque de P. punctatus pela modalidade de emalhe de fundo nos portos

de Itajaí e Navegantes, durante o período agrupado de 2009 a 2012 (APENDICE),

mostra pouca variação do comprimento médio. O menor valor verifica-se em dezembro,

com 29,86 cm de comprimento total, no restante do ano ocorrem valores ao redor da

classe de 33 cm (Tabela 6, Figura 20). A moda apresenta maiores variações de

comprimento ao longo do ano. Em março a moda é máxima, representada na classe de

40 cm de comprimento total, acompanhada da classe de 38 cm que ocorre em agosto e

setembro. As modas mínimas ocorrem em outubro e dezembro, com valores respectivos

de 30 e 29 cm (Tabela 6, Figura 20). A distribuição assimétrica negativa ocorre

predominantemente no ano, menos em novembro e dezembro quando a assimetria se

torna positiva (Tabela 6, Figura 20). Com relação à curtose, as distribuições apresentam

características leptocúrtica em todos os meses (Tabela 6, Figura 20).

Tabela 6. Estatística descritiva dos comprimentos de P. punctatus desembarcado pela frota de emalhe de fundo, durante o período agrupado de 2009 a 2012, nos portos de Itajaí e Navegantes,

SC.

mês média (cm) mediana (cm) moda (cm) mínimo (cm) máximo (cm) desv. Pad. assimetria curtose

janeiro

fevereiro 34,27 35,0 multiple 19,0 46,0 5,87 -0,51 -0,42

março 33,16 35,0 40,0 19,0 45,0 7,07 -0,36 -1,32

abril 33,14 35,0 36,0 18,0 44,0 6,09 -0,55 -0,78

maio 33,31 34,0 34,0 21,0 45,0 5,02 -0,45 -0,40

junho 31,48 32,0 31,0 18,0 43,0 4,75 -0,17 -0,58

julho 33,60 34,0 36,0 19,0 43,0 4,75 -0,50 -0,23

agosto 33,76 34,0 38,0 19,0 44,0 5,07 -0,34 -0,72

setembro 33,33 34,0 38,0 18,0 47,0 5,37 -0,34 -0,62

outubro 32,35 32,0 30,0 17,0 46,0 5,34 -0,07 -0,64

novembro 33,36 33,0 33,0 21,0 48,0 4,24 0,11 -0,32

dezembro 29,86 29,0 29,0 20,0 42,0 4,35 0,68 -0,06

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34

Figura 20. Variação mensal do comprimento médio e moda de P. punctatus desembarcada pela

frota de emalhe de fundo, durante o período agrupado de 2009 a 2012, nos portos de Itajaí e Navegantes, Santa Catarina.

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

meses

Emalhe de Fundo

média

moda

L50

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35

Figura 21. Distribuição de comprimentos de P. punctatus capturadas pela frota de emalhe de fundo na costa sudeste e sul do Brasil durante o período agrupado de 2009 a 2012.

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

fevereiro

relativa

acumulada

n= 512

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

março

relativa

acumulada

n= 1218

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

abril

relativa

acumulada

n= 932

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

maio

relativa

acumulada

n= 1564

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

junho

relativa

acumulada

n= 1263

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

julho

relativa

acumulada

n= 1041

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

agosto

relativa

acumulada

n= 471

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

setembro

relativa

acumulada

n= 1183

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

outubro

relativa

acumulada

n= 860

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

novembro

relativa

acumulada

n= 1086

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

dezembro

relativa

acumulada

n= 245

0

2

4

6

8

10

12

0

20

40

60

80

100

9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

janeiro

n= 0Fr

equê

ncia

acu

mul

ada

( % )

Freq

uênc

ia a

cum

ulad

a ( %

)

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Freq

uênc

ia r

elat

iva

( % )

Classe de comprimento (cm) Classe de comprimento (cm)

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36

4.6 Análise de Similaridade entre os petrechos

A análise de similaridade ANOSIM mostrou a existência de diferenças

estatísticas com relação aos comprimentos de captura dos diferentes petrechos que

atuam sobre a população de P. punctatus (valor de R Global=0,588; p= 0,1) (Tabela 6).

Com a análise de agrupamento foram identificados quatro grupos, considerando um

nível de corte de 80% de similaridade Bray-Curtis (Figura 22), sendo que a maior

similaridade foi relacionada com as modalidades de arrasto simples e emalhe de fundo

(R=0,783) (Tabela 6).

Tabela 7. Valor de R global e R estatístico obtidos através

da análise de similaridade (ANOSIM) para os diferentes

petrechos que capturam P. punctatus.

Figura 22. Dendograma das capturas mensais por petrechos de P. punctatus através da análise

de agrupamento pelo coeficiente de Bray-Curtis.

R global: 0,588

Grupos R p Permutações

AS,AD 0,731 0,1 999

AS,AP 0,629 0,1 999

AS,EF 0,783 0,1 999

AD,AP 0,384 0,2 999

AD,EF 0,764 0,1 999

AP,EF 0,383 0,1 999

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37

Através do índice de similaridade de Bray-Curtis, a análise de ordenamento

(MDS) dos grupos por petrecho (stress=0,06), representado na figura 23, posicionou os

quatro grupos distintamente, evidenciando a diferença destes com o estrato da

população que suas capturas incidem. No entanto, ocorreram sobreposições em alguns

meses entre o arrasto duplo e o arrasto de parelha. Isso pode ser em resposta a maior

contribuição do grupo T1 do arrasto duplo (AD) e do grupo T2 do arrasto de parelha

(AP) no cálculo da similaridade média de cada petrecho (Tabela 2).

Figura 23. Diagrama de ordenação das capturas mensais por petrecho resultante do MDS () com um nível de stress = 0,06.(AS=arrasto simples, AD=arrasto duplo, AP= arrasto de parelhas,

EF= emalhe de fundo)

Tabela 8. Percentagem de similaridade (SIMPER) para os diferentes petrechos indicando o quanto cada grupo contribuiu para a similaridade total do petrecho.

AS 94,52 25,79 36,5 37,71

AD 88,9 38,78 33,78 27,44

AP 79,78 37,62 38,95 23,44

EMF 83,07 25,41 30,43 44,16

Similaridade

média

percentagem de

contribuição T1

percentagem de

contribuição T2

percentagem de

contribuição T3Petrecho

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38

5 DISCUSSÃO

Segundo Akçakaya (1999), uma população é um grupo de indivíduos da mesma

espécie, distribuída de forma contínua e ocorrendo em uma área específica. Em relação

as populações de peixes que estão sujeitas a serem capturadas pela pesca, se faz

necessário um acompanhamento científico com o propósito de se ter um conhecimento

do estado atual das populações explotadas ou potencialmente explotáveis, para assim

contribuir num futuro gerenciamento de tal recurso. Para Rounsefell (1975), em um

manejo eficiente de uma pescaria, alguns dos fatores mais importantes para entender

são: o atual tamanho ou uma estimativa da abundância relativa da população, a idade e

composição de tamanho da população, a idade (tamanho) de maturação e as taxas de

mortalidade por pesca e causas naturais. No presente estudo, analisando a estrutura de

Prionotus punctatus foi possível estimar que a espécie matura com 28,3cm (Tabela 8).

Estudos anteriores com a mesma espécie mostram o comprimento de primeira

maturação (L50) ao redor de 26,2cm (TEIXEIRA & HAIMOVICI, 1989) na costa do

Rio Grande do Sul, e 29,5cm na região Sudeste/Sul (ANDRADE, 2004), sendo estes

muito próximos ao comprimento encontrado no presente estudo. Estudo realizado por

Rios (1995), estimou o comprimento de primeira maturação em 15,2cm para P.

punctatus na plataforma de Ubatuba-SP. Porém, esse valor discrepante, em vista que os

três estudos comparativos com este (o presente e os elaborados por TEIXEIRA &

HAIMOVICI, 1989 e ANDRADE, 2004), inferem que Prionotus punctatus inicia a

maturação em comprimentos superiores a 25cm, não corroborando com a estimativa de

Rios 1995 para o litoral de São Paulo. Considerando que a cabrinha tem aumentado sua

participação nos desembarques de forma bem expressiva e que durante as últimas três

décadas foram estimados comprimentos de primeira maturação similares, pode-se

sugerir que o impacto da pesca sobre esse recurso pode ter permanecido constante neste

período, pois o aumento dos desembarques não reflete necessariamente um aumento da

biomassa removida do mar. Esse característica está associada ao fato da cabrinha ter

feito parte do rejeito durante longo período.

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39

Como você interpreta isso, supondo que em geral, quando se pensa numa

sobreexplotação de um recurso, uma das coisas que se observa é a redução de

tamanhos médios e também do tamanho de maturação?

Tabela 9. Valores do comprimento de primeira maturação encontrados para P. punctatus em

diferentes regiões da costa brasileira.

Em relação à época reprodutiva, P. punctatus demonstrou ter uma desova

contínua ao longo do ano, exceto durante o período de inverno, quando os valores de

RGS diminuem (Figura 11). Em paralelo, a análise da frequência relativa mensal dos

estágios de maturação (Figura 13), mostrou que a cabrinha se encontra nos estágios III e

IV em maior parte dos meses, com percentagens acima de 40%. Esses resultados

confirmam o esperado para a espécie, onde estudos pretéritos afirmam que sua

reprodução ocorre desde a primavera até o início do outono (TEIXEIRA &

HAIMOVICI, 1989), com época principal de desova nas imediações do verão

(ANDRADE, 2004). Devido ao fato de que no presente trabalho não ocorreram

amostragens em janeiro e fevereiro, meses de verão, é difícil determinar o período de

maior atividade reprodutiva, concluída por Andrade (2004). No entanto, considerando o

padrão de variação do RGS observado no presente estudo, identifica-se uma possível

tendência de ocorrerem maiores valores nos meses de verão, ou seja, o período com

maior atividade reprodutiva.

O tipo de crescimento somático do organismo está relacionado com o

incremento das proporções corporais durante seu ciclo de vida. Comparando o valor de

coeficiente de alometria dos machos (b= 3,22) e das fêmeas (b= 3,19) com o valor

referente para a isometria (b=3) (AGUILAR et. al. 1995), verifica-se que ambos os

sexos diferiram do valor igual a 3, caracterizando-os como alometria positiva. Essa

característica também foi observada para sexos agrupados (b= 3,23). Segundo Araújo e

Viventini (2001), os valores inferiores ou superiores a 3, como neste caso, indicam

autor (s) sexo L50 região

TEIXEIRA e HAIMOVICI 1989 agrupado 26,2 plataforma do Rio Grande do Sul

RIOS 1995 agrupado 15,2 plataforma interna de Ubatuba, SP

ANDRADE et. al. 2005 agrupado 29,5 plataforma da região Sudeste e Sul

macho 29,9

fêmea 25,6

agrupado 28,3

plataforma da região Sudeste e SulPRESENTE ESTUDO

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40

indivíduos que ao longo do crescimento, se tornam mais “longilíneos” ou “redondos”,

respectivamente. O coeficiente de regressão (inclinação do modelo ajustado), que é

positivo neste caso (b = 3,23), reflete que o peso total aumenta 3,23 vezes com cada

aumento de unidade de comprimento do indivíduo (KING, 1995).

Diante dos valores do coeficiente angular encontrado em estudos anteriores

(Tabela 10), observa-se a maior semelhança do valor encontrado no presente trabalho

com o determinado por Haimovici e Velasco (2000), b= 3,23 (para sexos agrupados), e

os valores para machos e fêmeas de 3,19 e 3,20, respectivamente, obtidos por Teixeira e

Haimovici (1989), ambos para P. puctatus capturados na plataforma do Rio Grande do

Sul. Entretanto, os resultados encontrados na literatura, com valores mais baixos em

comparação ao encontrado no presente estudo (Teixeira e Haimovici, 1989 para sexos

agrupados, Muto et al., 2000 e Andrade et al., 2005), podem estar relacionados com o

maior valor dos coeficientes lineares encontrados. Esses altos valores do coeficiente

linear podem compensar o valor reduzido do coeficiente angular, resultando em um

ajuste sub ou superestimado. Costa et al. (2004) afirmam que ao se comparar os valores

dos coeficientes a e b com pesquisas pretéritas, pode-se encontrar uma grande

variabilidade nas estimativas de parâmetros para a espécie em estudo, isto devido ao

fato de que a relação é muito afetada por fatores relacionados com a variabilidade

populacional e aos métodos de amostragem e estimação. Segundo o mesmo autor, em

confirmação com o trabalho de Haimovici & Velasco (2000), sempre que possível, a

relação deve ser calculada usando procedimentos de métodos não-lineares, onde, através

do método de transformação logarítmica dos valores, regressão linear, pode ocorrer a

sub ou superestimativa do modelo ajustado. Isso ocorre devido ao fato que as variáveis

relacionadas naturalmente interagem de um modo potencial, e o progressivo aumento

exponencial do peso em relação ao comprimento pode não ser refletida verdadeiramente

na dispersão dos valores através do método linear.

Tabela 10. Valores dos coeficientes da relação comprimento-peso encontrados para P.

punctatus em diferentes regiões da costa brasileira. (*) valores correspondentes ao coef. de

correlação (r).

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41

Com relação à pesca, as principais frotas que capturam P. punctatus são os

arrasteiros, simples, duplos, e de parelhas. Estas, devido ao modo de funcionamento,

têm características de baixa seletividade, capturando indivíduos de variados tamanhos,

compreendendo os juvenis e os adultos da população. A outra frota que captura P.

punctatus é a de emalhe. Essa modalidade de pesca tem como característica a maior

seletividade, devido ao modo passivo de operação, no qual a captura é decorrente do

emalhamento ou embolamento do peixe, dependendo do tipo de rede e de malha que

atua na pescaria.

Segundo Perez et al. (2007), as frotas de arrasteiros são as responsáveis pela

maior parcela da produção anual dos recursos demersais nas regiões sudeste-sul, sendo

que estas frotas, devido ao superdimensionamento, tem buscado o aproveitamento de

espécies acompanhantes, da diversificação de alvos e da expansão das áreas de atuação

para alcançar sua sustentação. A principal frota que desembarca P. punctatus é o arrasto

simples (Figura 2). Martins & Schwingel (2003) fizeram uma breve descrição da

dinâmica dessa frota na região sudeste-sul durante o período de 2000 a 2002, mas com

foco sobre as capturas de raia-viola (Rhinobatos percellens e R. horkelli). Nesse estudo,

enfatizaram que a frota de arrasto simples atua principalmente na região ao sul de

Imbituba-SC e em profundidades superiores a 100 metros. O estudo realizado por

Hamovici et al. (2008), nos anos de 2001 a 2002, sobre a distribuição de P. punctatus

ao longo da plataforma da região sudeste-sul revelou que a espécie tem as maiores

biomassas ao sul do cabo de Santa Marta, bem como o peso médio dos indivíduos

aumenta proporcionalmente com o aumento de latitude, e que as maiores biomassas

foram encontradas entre as isóbatas de 100 e 149 metros

Com relação ao arrasto de parelhas, segundo o levantamento de Perez et. al.

(2007) para o período de 1997 a 1999, a frota de Itajaí atuou em profundidades mínimas

e máximas ao redor de 24,8m e 38,1m, respectivamente, sendo que as profundidades

autor (s) sexo a b r região

macho 4,15E-06 3,1908 0,98*

fêmea 4,02E-06 3,2023 0,99*

agrupado 8,19E-06 3,073 0,97*

HAIMOVICI e VELASCO 2000 agrupado 3,24E-06 3,2374 0,967 plataforma do Rio Grande do Sul

MUTO et. al. 2000 agrupado 7,54E-06 3,095 0,98 plataforma interna de São Sebastião, SP

ANDRADE et. al. 2005 agrupado 1,26E-06 3,009 0,96 plataforma da região Sudeste e Sul

macho 6,10E-03 3,22 0,98

fêmea 7,10E-03 3,19 0,98

agrupado 6,10E-03 3,23 0,98

TEIXEIRA e HAIMOVICI 1989

PRESENTE ESTUDO

plataforma do Rio Grande do Sul

plataforma da região Sudeste e Sul

2

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42

máximas de operação foram frequentes nos meses de inverno entre Chuí e Rio Grande.

No presente estudo, analisando os comprimentos de P. punctatus desembarcados por

esta frota, ficou evidente a captura sobre indivíduos juvenis, principalmente no primeiro

semestre, assim como nos meses de setembro e outubro (Figura 18). As maiores

produções ocorrem nos meses de junho a novembro (Figura 24), período em que o

tamanho médio dos indivíduos capturados está ao redor do comprimento de primeira

maturação. No entanto, suas produções nos meses de março e abril alcançaram

patamares elevados (Figura 24), ocorrendo no período em que a frota atua sobre

indivíduos com tamanhos inferiores a 28cm.

Figura 24. Quadro com a produção mensal dos quatro petrechos analisados nesse estudo durante o período acumulado de 2000 a 2012. Fonte: GEP/UNIVALI (2012).

No estudo da dinâmica das frotas de arrasteiros de Santa Catarina para o período

de 1997 a 1999, Perez et al. (2007) verificaram que a frota de arrasto duplo opera nas

profundidades mínimas e máximas de 37,4 metros e 53,1m, respectivamente. Em

menores profundidades, realizam lances durante a primavera e em áreas de pesca da

plataforma do Rio Grande do Sul, e os lances em maiores profundidades são realizados

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Ton

ela

da

s (t

)

Arrasto simples

0

500

1000

1500

2000

2500

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Ton

ela

da

s (t

)

Arrasto duplo

0

50

100

150

200

250

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Ton

ela

da

s (t

)

Arrasto de parelha

0

50

100

150

200

250

300

350

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Ton

ela

da

s (t

)

Emalhe de fundo

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43

em áreas ao norte de Santos-SP. Os comprimentos de P. punctatus desembarcados nos

portos de Itajaí e Navegantes revelam que a mesma captura indivíduos juvenis,

demonstrando exercer elevado impacto sobre o estoque da espécie. Salvo nos meses de

verão, suas capturas ocorrem sobre indivíduos inferiores ao comprimento de primeira

maturação, sendo considerável sua distribuição com modas assimétricas negativas nos

meses de março, abril e maio (Figura 16). Essa frota tem as maiores capturas nos meses

de junho a outubro, especialmente no período julho-setembro (Figura 24). A produção

anual da frota de arrasto duplo se estabilizou em 1.500t anuais a partir de 2006 (Figura

2). Esses valores de captura anual do arrasto duplo são mais relevantes que o arrasto de

parelha, visto que sua captura anual é inferior a 500t (Figura 2), e essa frota, apesar de

capturar juvenis, encontra-se em declínio na região sudeste-sul (PEREZ et. al., 2007),

devido ao alto custo de operação. Essas duas modalidades, por incidirem intensamente

sobre os indivíduos imaturos da população, podem exercer a sobrepesca de

recrutamento, no qual a captura excessiva de juvenis acarreta na redução de indivíduos

com probabilidade de se reproduzirem ao menos uma vez, e consequentemente diminuir

a taxa de regeneração da biomassa do estoque.

A pesca de emalhe de fundo que captura P. punctatus, atua com diferentes

tamanhos de malha, ocasionando uma seletividade diferente com relação aos

comprimentos capturados pela frota. Pesquisa realizada por Pio (2011), analisando a

pesca industrial de emalhe de fundo em Santa Catarina durante o período de 2001 a

2008, mostrou que os tamanhos de malhas no qual ocorrem capturas efetivas de P.

punctatus são as de 90, 100, 110 e 120 mm (distância entre nós opostos). As

embarcações que utilizam esse petrecho operam em diferentes regiões no Sudeste/Sul

do Brasil. As que utilizam malhas de 110mm atuam na plataforma continental de São

Paulo até Santa Catarina, tendo como alvo a castanha (Umbrina canosai) e a corvina

(Micropogonias furnieri). Enquanto as embarcações que operam com malhas de 90,

100, e 120mm atuam na plataforma interna e externa do sul do Rio de Janeiro até o sul

do Rio Grande do Sul, sendo os recursos-alvo os mesmo da frota que efetua na pescaria

com malha de 110mm. A produção anual de P. punctatus desembarcada pela frota de

emalhe de fundo alcança valores em torno de 500t, sendo que as maiores produções

ocorreram em 2006 e 2009 com capturas em torno de 700t (Figura 2). Estes anos são

coincidentes com elevadas capturas da frota de arrasto simples, que alcançaram

desembarques de 3.000t/ano. A produção de P. punctatus pelas frotas de arrasto simples

e emalhe de fundo ocorrem de forma semelhante ao longo dos meses, sendo os picos de

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44

produção entre agosto e dezembro, com a quantidade máxima ocorrendo para as

respectivas frotas em novembro (1.600t) e dezembro (580t) (Figura 2). Essa época de

maior captura para ambas as frotas, estão sincronizadas com o período de maior

intensidade reprodutiva da espécie, onde a biomassa removida da população pode

ocasionar um déficit de renovação do estoque, devido a redução de reprodutores, em

especial para o arrasto simples. Essa modalidade de arrasto captura quantidades de

biomassa superiores e de comprimento médio inferior ao emalhe de fundo, explorando

assim, indivíduos que provavelmente contribuíram com um número reduzido de eventos

reprodutivos, e assim, reduzindo o potencial de regeneração da população.

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45

6 CONCLUSÃO

1) A espécie P. punctatus tem crescimento somático alométrico positivo;

2) P. punctatus apresenta um período reprodutivo longo, cobrindo a maior parte do

ano;

3) Sobre o recurso pesqueiro P. punctatus na plataforma continental do sudeste e

sul do Brasil atuam diferentes frotas: as frotas de arrasto simples, arrasto duplo,

arrasto de parelha, e o emalhe de fundo. Essas frotas capturam estratos diferentes

de comprimento de indivíduos provocando impactos distintos sobre a população

da espécie.

4) O arrasto simples e o emalhe de fundo capturam indivíduos adultos de P.

punctatus, enquanto o arrasto de parelhas atua sobre indivíduos no início da fase

reprodutiva. A frota de arrasto duplo atua intensamente sobre a fração juvenil da

população.

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46

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8 APÊNDICE

Esforço amostral correspondendo ao número de dias que ocorreram o monitoramento

mensalmente nos portos de Itajaí e Navegantes para a frota de Arrasto Simples.

.Esforço amostral corespondendo ao número de dias que ocorreram o monitoramento

mensalmente nos portos de Itajaí e Navegantes para a frota de Arrasto Duplo.

AS 2001 2002 2003 2005 2008 2009 2010 2011 2012

jan 1

fev 2 2 2 2

mar 1 1 2 3 2

abr 3 2 3 2

mai 1 1 3 3 2 1

jun 1 3 3 2 2 1

jul 1 2 2 3 2

ago 1 2 3 4 3

set 1 1 2 2 2 2

out 2 4 2 1

nov 2 2 4 3 2

dez 1 2 2 2 1

AD 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2008 2009 2010 2011 2012

jan 1 1

fev 1 2 2 1

mar 2 1 3 1 1 1

abr 1 1 2 1 2 1

mai 1 4 1 1 2 1 1 1 1

jun 1 1 3 1 2 1 2

jul 3 3 3 2 2 1 1

ago 2 2 1 1 1 3 2 1 1

set 1 1 1 2 3 2 2

out 3 3 1 3 2 1

nov 1 3 2 3 1 1

dez 1 1 2 2

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Esforço amostral corespondendo ao número de dias que ocorreram o monitoramento

mensalmente nos portos de Itajaí e Navegantes para a frota de Arrasto de Parelhas.

Esforço amostral corespondendo ao número de dias que ocorreram o monitoramento

mensalmente nos portos de Itajaí e Navegantes

PAR 1999 2000 2002 2008 2009 2010 2011 2012

jan 1

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EMF 2009 2010 2011 2012

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