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Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Nutrição Josué de Castro Digestão in vitro e fermentação colônica de compostos fenólicos presentes no pão de goiaba Isabel Pinto Vieira Rio de Janeiro Abril, 2016

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Page 1: Digestão in vitro e fermentação colônica de compostos ... · Ao meu avô, dono do sorriso mais doce e os abraços mais gostosos. Sem saber, o maior estímulo nas manhãs para

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Ciências da Saúde

Instituto de Nutrição Josué de Castro

Digestão in vitro e fermentação colônica de

compostos fenólicos presentes no pão de goiaba

Isabel Pinto Vieira

Rio de Janeiro

Abril, 2016

Page 2: Digestão in vitro e fermentação colônica de compostos ... · Ao meu avô, dono do sorriso mais doce e os abraços mais gostosos. Sem saber, o maior estímulo nas manhãs para

DIGESTÃO IN VITRO E FERMENTAÇÃO COLÔNICA DE

COMPOSTOS FENÓLICOS PRESENTES NO PÃO DE GOIABA

Isabel Pinto Vieira

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Nutrição do

Instituto de Nutrição Josué de Castro, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Mestre em Nutrição.

Orientadora: Profa. Dr

a. Mariana Costa Monteiro

Rio de Janeiro

Abril de 2016

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DIGESTÃO IN VITRO E FERMENTAÇÃO COLÔNICA DE

COMPOSTOS FENÓLICOS PRESENTES NO PÃO DE GOIABA

Isabel Pinto Vieira

Orientadora: Profa. Dr

a. Mariana Costa Monteiro

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Nutrição do Instituto

de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Nutrição.

Aprovada por:

___________________________________________________

Profª Drª Mariana Costa Monteiro, DSc

Instituto de Nutrição Josué de Castro

Universidade Federal do Rio de Janeiro

___________________________________________________

Prof Dra. Eliane Fialho de Oliveira, DSc

Instituto de Nutrição Josué de Castro

Universidade Federal do Rio de Janeiro

___________________________________________________

Prof Dr. Leandro Araújo Lobo, DSc

Instituto de Microbiologia Paulo de Góes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

___________________________________________________

Prof Dra. Maria Lucia Mendes Lopes, DSc

Instituto de Nutrição Josué de Castro

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

Abril de 2016

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“Mas agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas,

porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas estarei

contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te

queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o

teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e a Seba em teu lugar. Visto que foste

precioso aos meus olhos, também foste honrado, e eu te amei, assim dei os homens por ti, e os

povos pela tua vida. Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua descendência desde o

oriente, e te ajuntarei desde o ocidente. (Isaías 43:1-18)

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A Deus.

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AGRADECIMENTOS

A Deus que simplesmente é.

Minha enorme gratidão à minha família que nesses últimos dois anos não foi apenas braço

direito, mas corpo inteiro. Minha base, meu suporte, meu socorro e meu auxílio. Aguentaram

(não sem muitos gritos) todo o meu desespero, minhas crises e tantas outras coisas que se não

fossem por eles, não teria chegado aqui hoje. Obrigada ainda é pouco.

Minha mãe, que em paralelo concluiu um doutorado e me deixou tão orgulhosa e ao mesmo

tempo, tão envergonhada. Meu primeiro exemplo na vida acadêmica, quem dera um dia ser

uma aluna tão boa quanto você. Enquanto isso entrego todos os meus esforços nesse trabalho

e dedico à ti que me deu forças e o exemplo de sempre se superar frente aos nossos desafios.

Mas, obrigada acima de tudo, por ter lutado por mim, diante do maior desafio da sua vida.

À minha avó, uma mulher para se admirar. Como não se inspirar em alguém que entrou na

vida acadêmica depois dos 50, desbancando mestrado e doutorado? Obrigada pelas palavras

sábias e todo o incentivo nos momentos mais difíceis. Crescer como “filha de vó” tem muitas

vantagens.

Ao meu avô, dono do sorriso mais doce e os abraços mais gostosos. Sem saber, o maior

estímulo nas manhãs para que os dias fossem mais tranquilos e o trabalho mais leve. Viver

nessa casa sem você não teria graça.

À Dalvinha, minha segunda mãe, que me ama e me mima como se eu tivesse saído do seu

próprio ventre. Muito obrigada pelo carinho, pelos muitos lanches e abraços nos momentos

em que eu mais precisei.

Aos meus amados tios, que mesmo de longe estiveram sempre na torcida. Aqueles que têm as

palavras certas para as horas ainda mais certas. Quem dera pudesse ser assim todos os dias.

Ao meu amor, Leo, que me acalma todos os dias e me ensina a viver de forma tão serena.

Obrigada pelo carinho e paciência, por me ouvir e tranquilizar apenas com um olhar.

Minhas amigas e irmãs de coração, Gabi e Clarinha, que às vezes de longe e outras de perto,

foram alento e paz pro meu coração. Dividimos uma vida juntas, e hoje divido também a

minha conquista com vocês.

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Às minhas irmãs inacianas, Belinha e Deia, de quem tanto me ausentei nesses dois anos, mas

não deixei de contar um só minuto. Obrigada por todos os nossos momentos de descontração,

pela amizade firme e conselhos valiosos. Essa vitória é nossa.

Às minhas irmãs de fé, que Deus colocou na minha história para caminharmos e crescermos

juntas, Didi, Rapha e Thais. Àquelas que me deram mais que um ombro amigo e abriram mão

de si para tantas vezes me edificar e lutar pela minha felicidade. Onde está o meu tesouro,

definitivamente também está o meu coração.

Aos grandes presentes de Deus na minha vida, que nos últimos anos foram rocha forte e

sólida para que eu pudesse me sustentar. Filipe, Bruninho, Laurinha, Bela e Nina. Obrigada

por todas as orações, partilhas, encontros e missas. Tudo posso com aqueles que me

fortalecem.

Às minhas grandes amigas, que tantas vezes me ouviram reclamar e tantas outras foram

válvula de escape dos meus estresses... Lu Santos, Lu Mesquita, Luaninha, Tati Pecly, Bia e

Bellinha. Vocês são essenciais e também fazem parte dessa história.

Às minhas amigas e colegas de profissão, SGs amadas. Muito obrigada pelo apoio, torcida e

companheirismo ao longo dos últimos anos. Aqui com certeza tem um pouquinho de cada

uma de vocês. E meu obrigada ainda mais atencioso à Ju Nigri, com quem divido não apenas

a pós e a sala, mas principalmente os meus sentimentos. Obrigada ainda, por dividir comigo o

seu sucesso profissional, me encorajando e impulsionando a seguir em frente.

Aos meus tios Ada e Fernanda que se dispuseram rapidamente a me ajudar no translado dessa

dissertação. Muito, muito, muito obrigada!

Ao meu sócio Vicente, que foi gentil e paciente especialmente nesses últimos meses. Sorte a

minha poder dividir um sonho com uma pessoa tão boa.

À minha primeira orientadora Lucia Andrade, pessoa e profissional que admiro muito e de

quem muito aprendi durante a graduação. E também à Vera Valente, que foi não apenas a mãe

da minha amiga, mas minha professora querida e grande incentivadora.

À minha companheira e “tutora” de mestrado, Tamirys. Muito obrigada, de coração, por toda

ajuda e competência. À Mabel, que me ajudou a dar os primeiros passos para que tudo

acontecesse. E também à Helena, muito querida e sempre prestativa. Tenho certeza que aqui

tem um grande mérito de vocês também.

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Aos meus companheiros de trabalho no laboratório no LBNA e seus docentes pela paciência e

presteza, me ajudando nas minhas análises e também distrações. Meu agradecimento e

admiração mais sinceros especialmente à Kim, André e Nívea que foram extremamente

atenciosos e carinhosos quando mais precisei.

Às meninas do LABAF, muito obrigada pela ajuda e incentivo. Agradeço especialmente

àquelas que tantas vezes me emprestaram os ouvidos e foram responsáveis por bons

momentos de descontração.

Aos professores e alunos do Laboratório de Biologia de Anaeróbios pela recepção e ambiente

de trabalho tão agradável. Com certeza um lugar para ser feliz.

Aos alunos do DAFFE, pelas muitas tardes partilhadas. Meu obrigada especial à Paola, que

foi não apenas uma grande estimuladora do meu trabalho, mas uma amiga que reconheci

nesse tempo.

À minha revisora, Maria Lucia Lopes, que mesmo doente e com o tempo corrido, nos deixou

grandes contribuições. E também a todos os membros da banca da defesa, que se dispuseram

a ler, corrigir e acrescentar ainda mais ao meu trabalho. Muito obrigada.

Aos meus doadores e potenciais o meu muito obrigada e reconhecimento desta difícil tarefa.

Nivea, André, Tamirys, Gabriel, Fê, Vicente, Flora, Hélio, Vanessa, Laís, Bela, Bia... Sem

vocês certamente esse trabalho não estaria pronto.

Por fim, à minha orientadora, a quem ainda me faltam palavras suficientes para agradecer. De

início, agradeço pela sua dedicação e sensibilidade, percebendo minhas limitações e

incentivando minhas competências. Obrigada ainda maior pela sua paciência sem limites e

por não ter desistido de mim. Obrigada pelo seu exemplo, tranquilidade e pela calma que

trouxe nos momentos de desespero. É um orgulho e um alívio muito grande saber que escolhi

não apenas uma professora, mas uma profissional que ama e se entrega ao que faz. Admiração

define.

“Não há no mundo exagero mais belo que a gratidão.” (Jean de la Bruyere)

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RESUMO

VIEIRA, ISABEL PINTO. Digestão in vitro e fermentação colônica de compostos fenólicos

presentes no pão de goiaba. Rio de Janeiro, 2016. Dissertação (Mestrado em Nutrição) –

Instituto de Nutrição Josué de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

2016.

DIGESTÃO IN VITRO E FERMENTAÇÃO COLÔNICA DE COMPOSTOS FENÓLICOS

PRESENTES NO PÃO DE GOIABA

Os compostos fenólicos são metabólitos secundários de plantas caracterizados pela

presença de um anel aromático, com um ou mais substituintes hidroxílicos. Evidências

recentes demonstram que o seu consumo pode exercer efeitos na redução da incidência de

câncer e doenças crônicas. É fundamental investigar o metabolismo dos compostos fenólicos

visto que a interação com constituintes da matriz alimentar pode afetar a sua bioacessibilidade

e consequentemente sua biodisponibilidade. Estima-se que cerca de 90% do total de

compostos fenólicos ingeridos seguem para o cólon, onde são extensamente metabolizados

pela microbiota intestinal. Os metabólitos gerados são então absorvidos, contribuindo para o

aumento da biodisponibilidade. Paralelamente, os pães têm sido utilizados como ferramenta

para incorporação de constituintes bioativos, principalmente por ser alimento básico,

amplamente consumido e de baixo valor nutricional. A incorporação de farinha de frutas tem

estimulado a comercialização de frutas desidratadas como ingredientes funcionais. Em virtude

do perfil de compostos voláteis e fenólicos, a goiaba pode ser aplicada na elaboração de

produtos alimentares com potencial funcional. A farinha de goiaba foi incorporada

parcialmente em substituição à farinha de trigo, em pães tipo forma, resultando no aumento de

aproximadamente três vezes nos teores de compostos fenólicos quando comparado ao pão

sem adição de farinha de goiaba. Nesse contexto, o presente trabalho objetiva investigar a

bioacessibilidade dos compostos fenólicos de um pão controle (PC) e um pão com a

substituição parcial de 30% da farinha de trigo pela de goiaba (PG) por meio de modelos de

digestão simulada in vitro e fermentação colônica ex vivo. Os pães foram caracterizados

quanto à composição centesimal e teores de compostos fenólicos solúveis e insolúveis por

cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). A digestão simulada in vitro dos pães

mimetizou as fases oral, gástrica e intestinal em condições controladas de pH, temperatura e

agitação. O metabolismo colônico dos compostos fenólicos foi investigado por meio da

incubação com fezes de voluntários sadios por até 72 horas. Os metabólitos gerados após as

etapas de digestão e fermentação foram analisados por CLAE. Os teores de compostos

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fenólicos do PG foram superiores aos do PC. Os resultados da digestão in vitro indicam que

os compostos fenólicos apresentam alta bioacessibilidade, sendo a do PC (574%) maior que a

do PG (393%). Dentre os compostos identificados, os ácidos gálico, 4-hidroxifenilacético e

benzoico apresentaram maior bioacessibilidade (acima de 150%), sugerindo que os mesmos

podem ser formados a partir de compostos mais complexos como as formas glicosiladas dos

flavonóis. Após a fermentação colônica, os compostos fenólicos do PC também apresentaram

maior bioacessibilidade (452%) quando comparado ao PG (257%). O contínuo aumento dos

metabólitos nesta etapa foi relacionado à metabolização dos compostos encontrados

inicialmente e da liberação da matriz alimentar, na qual muitos estavam sob a forma

insolúvel. Os resultados sugerem que ambos os pães têm compostos altamente bioacessíveis e

que as diferenças encontradas entre os pães podem estar relacionadas à forma insolúvel em

que os compostos foram encontrados no PG, além da interação entre os constituintes da

matriz alimentar.

Palavras-chave: bioacessibilidade, metabolismo, ácido gálico, ácido benzoico, ácido 4-

hidroxifenilacético.

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ABSTRACT

IN VITRO DIGESTION AND COLONIC FERMENTATION OF PHENOLIC

COMPOUNDS PRESENT IN GUAVA BREAD

Phenolic compounds are secondary metabolites of plants characterized by the presence

of an aromatic ring with one or more hydroxyl substituents. Recent evidence shows that its

consumption may have effects in reducing the incidence of cancer and chronic diseases. Since

interaction with constituents of the food matrix can affect their bioaccessibility and therefore

its bioavailability, it is essential to investigate the metabolism of phenolic compounds. It is

estimated that about 90% of ingested phenolic compounds follows into the colon where they

are extensively metabolized by intestinal microflora. Metabolites generated are then absorbed,

contributing to increased bioavailability. In parallel, breads have been used as a tool for

incorporation of bioactive components, especially because it is a basic food, widely consumed

and has low nutritional value. The incorporation of fruit flour has increased

commercialization of dehydrated fruits as functional ingredients. On account of the profile of

volatile and phenolic compounds, guava has high application in the preparation of food with

functional potential. The guava flour was incorporated partially replacing the wheat flour, bun

shape, resulting in an increase of approximately three times the phenolics content when

compared to bread without addition of guava flour. In this context, the present study aims to

investigate the bioaccessibility of phenolic compounds of control bread (CB) and bread

prepared with replacement of 30% wheat flour by guava flour (GB) through in vitro simulated

digestion and colonic fermentation ex vivo models. The breads were characterized for

chemical composition and the content of soluble and insoluble phenolic compounds by high-

performance liquid chromatography (HPLC). The in vitro simulated digestion mimicked oral,

gastric and intestinal phases under conditions of controlled pH, temperature and agitation. The

colonic metabolism of phenolic compounds was investigated by incubation with feces of

healthy volunteers for 72 hours. The metabolites originated after digestion and fermentation

steps were analyzed by HPLC. The contents of phenolic compounds were higher in GB than

CB. The in vitro digestion results indicate that the phenolic compounds have high

bioaccessibility, and the CB (574%) greater than that of GB (393%). Among the identified

compounds, gallic acid, benzoic acid and 4-hydroxyphenylacetic were those with the highest

bioaccessibility (over 150%), suggesting that they may be formed from more complex

compounds such as glycosylated forms of flavonols. After colonic fermentation, phenolic

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compounds of CB were also more bioaccessible (452%) when compared to GB (257%). The

ongoing increase of metabolites at this stage was related to the metabolism of compounds

found initially and the release of the food matrix, in which many of them were in the insoluble

form. The results suggest that the phenolic compounds of both breads were highly

bioaccessible and the differences between them can be related to the insoluble form in which

the compounds were found in GB, besides the interaction between the constituents of the food

matrix.

Keywords: bioaccessibility, metabolism, gallic acid, benzoic acid, 4-hydroxyphenylacetic

acid.

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TRABALHOS DECORRENTES DA PRESENTE DISSERTAÇÃO

Resumo submetido em congresso

REVORÊDO, T.; VIEIRA, I.; PERRONE, D.; MONTEIRO, M. Bioaccessibility of phenolic

compounds in jabuticaba residue and guava bread. In: 7th

International Conference on

Polyphenols and Health, 2015, Paris.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 20

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 23

2.1. Compostos fenólicos............. ........................................................................... 24

2.2. Bioacessibilidade e biodisponibilidade dos compostos fenólicos.................. 25

2.3. Modelo de digestão simulada in vitro.............................................................. 27

2.4. Fermentação colônica....................................................................................... 29

2.5. Goiaba ............................................................................................................. 31

2.6 Produtos de panificação enriquecida................................................................. 33

3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 35

3.1. Objetivo geral ................................................................................................. 36

3.2. Objetivos específicos ...................................................................................... 36

4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 37

4.1. Obtenção da farinha de goiaba........................................................................ 38

4.2 Elaboração dos pães ........................................................................................ 39

4.3. Determinação da composição centesimal .................................................... 40

4.4. Determinação do teor de compostos fenólicos ............................................. 41

4.4.1. Extração das amostras............................................................................. 41

4.4.2. Condições cromatográficas..................................................................... 42

4.5. Digestão simulada in vitro e fermentação colônica ex vivo........................ 43

4.5.1. Simulação da fase oral............................................................................. 43

4.5.2. Simulação da fase gástrica....................................................................... 43

4.5.3. Simulação da fase intestinal..................................................................... 44

4.5.4. Fermentação colônica ex vivo.................................................................. 44

4.5.5. Análise de compostos fenólicos e seus metabólitos............................... 47

4.6. Análise estatística............................................................................................. 47

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 48

5.1. Composição centesimal ................................................................................... 49

5.2. Perfil de compostos fenólicos........................................................................... 50

5.3. Digestão simulada in vitro ............................................................................... 54

5.3.1 Etapa oral................................................................................................. 54

5.3.1 Etapa gástrica........................................................................................... 54

5.3.1 Etapa intestinal......................................................................................... 60

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5.4. Fermentação colônica ex vivo 65

6. CONCLUSÕES....................................................................................................... 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 77

ANEXOS..................................................................................................................... 86

ANEXO A – INSTRUÇÃO PARA DOAÇÃO ESPONTÂNEA DE FEZES...... 87

ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO....... 88

ANEXO C – FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO DO PÃO CONTROLE.... 90

ANEXO D – FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO DO PÃO DE GOIABA.... 91

ANEXO E – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA

FRAÇÃO SOLÚVEL.............................................................................................

92

ANEXO F – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA

FRAÇÃO INSOLÚVEL ALCALINA...................................................................

93

ANEXO G – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA

FRAÇÃO INSOLÚVEL ÁCIDA...........................................................................

94

ANEXO H – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA

ETAPA GÁSTRICA DA DIGESTÃO IN VITRO..................................................

95

ANEXO I – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA ETAPA

GÁSTRICA DA DIGESTÃO IN VITRO.................................................

96

ANEXO J – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA ETAPA

INTESTINAL DA DIGESTÃO IN VITRO..............................................

97

ANEXO K – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA

ETAPA INTESTINAL DA DIGESTÃO IN VITRO...............................................

98

ANEXO L – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA

FERMENTAÇÃO COLÔNICA EX VIVO.............................................................

99

ANEXO M – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA

FERMENTAÇÃO COLÔNICA EX VIVO.............................................................

100

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANOVA Análise de Variância

AOAC Association of Official Analytical Chemists

bs Base seca

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CADEG Central de abastecimento do estado da Guanabara

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DAD Detector de arranjo de diodo

DCNT

DP

Doenças crônicas não-transmissíveis

Desvio padrão

FAPERJ Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

HPLC High Performance Liquid Chromatography

INJC Instituto de Nutrição Josué de Castro

IQ Instituto de Química

IMPPG Instituto de Microbiologia Professor Paulo Góes

LBNA Laboratório de Bioquímica Nutricional e de Alimentos

UFRJ

PC

PG

POF

RDC

UV

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Pão controle

Pão de goiaba

Pesquisa de orçamento familiar

Resolução da Diretoria Colegiada

Raios ultravioleta

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Revisão Bibliográfica

Figura 1. Estrutura química básica dos compostos fenólicos..................................... 24

Figura 2. Rota dos compostos fenólicos da dieta e seus metabólitos em seres

humanos .....................................................................................................

27

Material e métodos

Figura 1. Distribuição das goiabas fracionadas na bandeja....................................... 38

Figura 2. Farinha de goiaba................................................................................. 38

Tabela 1. Formulação para elaboração do pão controle e do pão de goiaba......... 39

Figura 3. Máquina automática de preparo dos pães.............................................. 40

Figura 4. Pão controle (PC) e pão de goiaba (PG)................................................ 40

Tabela 2. Programação do gradiente de concentração da fase móvel utilizada na

análise de compostos fenólicos nos pães................................................. 42

Tabela 3. Composição do fluido gástrico artificial.................................................. 43

Figura 5. Balões com nitrogênio realizando troca de atmosfera.......................... 44

Tabela 4. Composição do fluido intestinal artificial.................................................... 44

Tabela 5. Composição do meio rico em nutrientes utilizado para a diluição das fezes........ 45

Figura 6. Amostras sendo pipetadas na câmara de anaerobiose.......................... 46

Figura 7. Amostras posicionadas no agitador em temperatura ambiente............. 46

Resultados e discussão

Tabela 1. Teores de umidade, resíduo mineral fixo, proteínas, lipídeos e

carboidratos dos pães elaborados………………………………................

49

Tabela 2. Teores de compostos fenólicos solúveis e insolúveis (hidrólises alcalina

e ácida) nos pães..............................................................………………...

51

Figura 1. Distribuição do total de flavonoides e não flavonoides no pão controle e

no pão de goiaba.........................................................................................

52

Figura 2. Distribuição dos compostos fenólicos flavonoides e não flavonoides nas

frações solúvel e insolúvel..........................................................................

53

Figura 3. Teores totais de compostos fenólicos após a etapa gástrica da digestão

simulada in vitro do pão controle e pão de goiaba.....................................

55

Figura 4. Teores de compostos fenólicos após a etapa gástrica da digestão

simulada in vitro do pão controle e do pão de goiaba................................

57

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Figura 5. Teores totais de compostos fenólicos após a etapa intestinal da digestão

simulada in vitro do pão controle e do pão de goiaba................................

60

Figura 6. Teores de compostos fenólicos após a etapa intestinal da digestão

simulada in vitro do pão controle e do pão de goiaba................................

61

Figura 7. Variação absoluta dos teores de compostos fenólicos entre as etapas

intestinal e gástrica da digestão simulada in vitro do pão controle e pão

de goiaba.....................................................................................................

63

Figura 8. Teores totais dos compostos fenólicos após 4 h, 24 h, 48 h e 72 h de

fermentação colônica do pão controle ............................….......................

66

Figura 9. Teores dos compostos fenólicos após 4 h, 24 h, 48 h e 72 h de

fermentação colônica do pão controle e do pão de goiaba.........................

68

Figura 10. Teores dos compostos fenólicos após 4 h, 24 h, 48 h e 72 h de

fermentação colônica do pão controle e do pão de goiaba...............……..

70

Figura 11. Representação esquemática de via metabólica da quercetina-3-O-

rutinosídeo e quercetina do pão de goiaba...........................................……..

74

Figura 12. Representação esquemática de via metabólica da miricetina-3-O-

ramnosídeo e miricetina do pão de goiaba..........................................……..

75

Figura 13. Representação esquemática de via metabólica do ácido gálico do pão

controle e do pão de goiaba...............….................................................…..

76

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INTRODUÇÃO

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20

Os compostos fenólicos são metabólitos secundários de plantas e exercem diferentes

funções nos vegetais, tais como proteção contra herbívoros e infecção microbiana, atrativos

para polinizadores e demais espécies dispersoras de sementes e proteção aos raios

ultravioletas (UV). Eles são caracterizados pela presença de um anel aromático, com um ou

mais substituintes hidroxílicos, incluindo seus grupos funcionais (MANACH et al., 2004).

Evidências recentes têm demonstrado que o consumo de compostos fenólicos pode exercer

efeitos favoráveis na redução da incidência de câncer e doenças crônicas, como as

cardiovasculares, diabetes do tipo 2, função cognitiva prejudicada, os quais têm ocorrido com

frequência elevada (DEL RIO et al., 2013).

No entanto, para que tais efeitos benéficos sejam extrapolados para o organismo

humano é fundamental investigar o metabolismo dos compostos fenólicos. Diversos fatores,

tal como a interação de constituintes da matriz alimentar, podem afetar a bioacessibilidade e

consequentemente a biodisponibilidade dos compostos fenólicos (MANACH et al., 2004). É

estimado que cerca de 90 a 95% do total de compostos fenólicos ingerido segue diretamente

para o cólon, onde é extensamente metabolizado pela microbiota intestinal. Os metabólitos

gerados, geralmente de baixo peso molecular, são então absorvidos, o que contribui para o

aumento da biodisponibilidade dos compostos fenólicos (PIMPÃO et al., 2013; CARDONA

et al., 2013).

Nos últimos anos a bioacessibilidade e o metabolismo colônico dos compostos

fenólicos presentes em frutas, principal fonte dietética dos compostos fenólicos, têm sido

investigados (PÉREZ-VICENTE; GIL-IZQUIERDO; GARCÍA-VIGUERA, 2002; NEILSON

et al., 2009; FERNÁNDEZ; LABRA, 2013; HENNING et al., 2014; LIMA et al., 2014;

CORREA-BETANZO et al., 2014; SENGUL; SUREK; NILUFER-ERDIL, 2014;

SÁNCHEZ-PATÁN et al., 2015; KOSIŃSKA-CAGNAZZO et al., 2015; GUERGOLETTO

et al., 2016). No entanto, ainda são escassos os estudos acerca desses compostos presentes em

matrizes alimentares complexas, tais como os pães (GAWLIK-DZIKI et al., 2009; HILLER et

al., 2011; SZAWARA-NOWAK; BĄCZEK; ZIELIŃSKI, 2016).

Os produtos de panificação, em especial os pães, têm sido utilizados como ferramenta

para incorporação de constituintes bioativos, principalmente por ser considerado um alimento

básico e amplamente consumido por grande parte da população mundial e por possuir baixo

valor nutricional (RUPASINGHE et al., 2008; PENG et al., 2010; SUN-WATERHOUSE et

al., 2011; HOYE & ROSS, 2011; SIVAM et al., 2012; HOBBS et al., 2014; RODRIGUEZ-

MATEOS et al., 2014). A incorporação de farinha de frutas desidratadas tem sido o foco de

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grande parte dos estudos e tem estimulado a exploração comercial em larga escala de frutas

desidratadas como ingredientes funcionais (CHANG et al., 2016).

No que se refere à goiaba, recentemente em nosso grupo de pesquisa, foi elaborada

farinha de goiaba, que apresentou elevado potencial de aplicação na elaboração de produtos

alimentares com propriedade funcional em virtude do perfil de compostos voláteis e de

compostos fenólicos (NUNES et al., 2016). A farinha de goiaba foi incorporada, em

substituição à farinha de trigo, em pães tipo forma que tiveram boa aceitação, por potenciais

consumidores, bem como aumento, de cerca de três vezes, nos teores de compostos fenólicos

quando comparado ao pão sem adição de farinha de goiaba.

Apesar de os estudos apontarem para a viabilidade da elaboração de produtos de

panificação com farinha de frutas (HOYE; ROSS, 2011; HO; AZIZ; AZAHARI, 2013;

ALTUNKAYA et al., 2013; ALVES; PERRONE, 2015; NUNES et al., 2016), a

bioacessibilidade e o metabolismo colônico dos compostos fenólicos presentes no pão de

goiaba e no pão de controle elaborados no presente estudo ainda não foram investigados.

Portanto, torna-se relevante investigar as modificações ocorridas durante o processo de

digestão simulada in vitro bem como o metabolismo colônico dos compostos fenólicos

presentes nestes pães, como forma de avaliar o possível potencial funcional in vivo desse

alimento.

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2.1. Compostos fenólicos

Os compostos bioativos são constituintes não nutricionais que ocorrem em baixos

teores nos alimentos. Eles apresentam diversas formas tanto no que se refere à sua estrutura

química, quanto ao seu aspecto funcional, de acordo com o grupo em que se encontram

(KRIS-ETHERTON et al., 2002). Dentre estes, os compostos fenólicos, também chamados

polifenóis, representam uma das suas principais classes, não apenas do ponto de vista de

variedade, mas também dos avanços científicos relacionados à bioatividade (MURKOVIC,

2003; CADORNA et al., 2013). Já foram identificados mais de 8 mil compostos fenólicos,

variando entre moléculas simples até compostos altamente polimerizados (DEL RIO et al.,

2013).

Os compostos fenólicos são metabólitos secundários de plantas e podem exercer

diferentes funções nos vegetais, tais como proteção contra herbívoros e infecção microbiana,

atrativos para polinizadores e demais espécies dispersoras de sementes e proteção aos raios

ultravioletas (UV). Eles são caracterizados pela presença de um anel aromático, com um ou

mais substituintes hidroxílicos, incluindo seus grupos funcionais, e podem ser divididos em

duas subclasses: flavonoides e não-flavonoides. Os não-flavonoides são representados pelos

ácidos fenólicos (derivados dos ácidos hidroxibenzoicos e ácidos hidroxicinâmicos) e outras

subclasses, enquanto os flavonoides são representados pelas flavonas, flavononas, flavonóis,

isoflavonas, flavanóis e antocianidinas (MANACH et al., 2004) (Figura 1). Os flavonoides

são os polifenóis mais comumente presentes nos alimentos de origem vegetal e compreendem

mais de 5 mil compostos (KRIS-ETHERTON et al., 2002).

Figura 1. Estrutura química básica dos ácidos hidroxibenzoicos (A), dos ácidos

hidroxicinâmicos (B) e dos flavonoides (C) (Adaptado de MANACH et al., 2004).

Nos alimentos, os compostos fenólicos podem estar presentes nas formas solúveis e/ou

insolúveis (ACOSTA-ESTRADA; GUTIERREZ-URIBE; SERNA-SALDIVAR, 2014). De

maneira geral, os compostos fenólicos encontrados nas frutas e vegetais apresentam em sua

R3

R2

R1

OH

O

A

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R1

OH

O

B

O

C

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maior parte, na forma solúvel, enquanto os insolúveis representam aproximadamente 24% do

total de compostos fenólicos nessas matrizes alimentares (ADOM; LIU, 2002). Em

contrapartida, a maioria dos compostos fenólicos presentes nos grãos de cereais integrais são

encontrados na forma insolúvel, conjugados à componentes estruturais da parede celular,

como celulose, hemicelulose, lignina, pectina e proteínas (WONG, 2006).

Apesar de os compostos fenólicos estarem presentes em praticamente todos os

alimentos de origem vegetal, a sua ingestão dietética varia de acordo com o tipo de dieta e a

quantidade ingerida desses alimentos. A variabilidade das quantidades encontradas nos

vegetais é influenciada diretamente por fatores genéticos e condições de cultivo. Por exemplo,

os principais compostos fenólicos de cereais e legumes são os flavonoides, ácidos fenólicos e

taninos, enquanto os do vinho incluem os ácidos fenólicos, antocianinas, taninos e

flavonoides. Os mais abundantes em frutas são os flavonóis, ao passo que as oleaginosas são

também ricas em taninos (DEL RIO et al., 2013). Na dieta humana, as principais fontes

alimentares desses compostos são os alimentos de origem vegetal com destaque para as frutas,

devido à grande variedade e aos teores que apresentam (LIU, 2013).

Atualmente, tem-se investigado o papel protetor, frente a doenças crônicas não

transmissíveis, dos compostos fenólicos. Diferente das vitaminas, esses compostos fenólicos

não são essenciais para o bem-estar a curto prazo. No entanto, evidências recentes apontam

que o consumo moderado a longo prazo pode ser favorável para a redução da incidência de

algumas doenças como câncer, diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares, mal de

Alzheimer e catarata (DEL RIO et al., 2013; LIU, 2013; SILVA et al., 2014).

Estima-se que um terço das mortes causadas por câncer nos Estados Unidos poderiam

ser prevenidas por mudanças na alimentação. Isso sugere que as adequações na dieta e no

estilo de vida como, por exemplo, o aumento do consumo de frutas e vegetais e a ingestão

balanceada de carnes e folhas, são estratégias práticas e eficazes para reduzir a incidência de

doenças crônicas (LIU, 2013).

2.2. Bioacessibilidade e biodisponibilidade dos compostos fenólicos

O termo bioacessibilidade é definido como a quantidade de determinado composto que

é liberada da matriz alimentar e estará disponível para a absorção intestinal, sendo este o

primeiro fator limitante para a investigação da biodisponibilidade. Já o termo

biodisponibilidade refere-se à quantidade que determinado composto é digerido, absorvido, e

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estará circulante no organismo (PALAFOX-CARLOS; AYALA-ZAVALA; GONZALEZ-

AGUILAR, 2011).

Apesar de há muito se associar os compostos fenólicos de alimentos com benefícios à

saúde humana, somente nos últimos anos tem se discutido com maior ênfase a relação do seu

potencial bioativo e sua biodisponibilidade (AUGES et al., 2008; CROZIER; DEL RIO;

CLIFFORD, 2010; ALMINGER et al., 2014; BLANCAS-BENITEZ et al., 2014; WANG; HE;

CHEN, 2014). Sabe-se que nem todos os polifenóis são absorvidos com a mesma eficiência.

Eles são extensamente metabolizados pelas enzimas intestinais e hepáticas, além da

microbiota intestinal e os conhecimentos acerca de sua biodisponibilidade e metabolismo

devem ser avaliados de acordo com a atividade dos tecidos em que ocorrem (MANACH et

al., 2004). Após a ingestão, os compostos fenólicos são reconhecidos pelo nosso organismo

como xenobióticos e sua biodisponibilidade é relativamente menor quando comparada à dos

macro e micronutrientes (CADORNA et al., 2013).

Não obstante, de acordo com a complexidade e polimerização da estrutura desses

compostos, eles podem ser diretamente absorvidos no intestino delgado, ou alcançar o cólon

praticamente sem alterações. O metabolismo de compostos fenólicos se inicia no lúmen do

intestino delgado, onde estima-se que apenas de 5 a 10% do total ingerido seja absorvido.

Para que ocorra a absorção dos compostos fenólicos ligados a açúcares é necessário que

ocorra a desglicosilação dos mesmos (PALAFOX-CARLOS; AYALA-ZAVALA;

GONZÁLEZ-AGUILAR, 2011; CADORNA et al., 2013). Antes da passagem para a corrente

sanguínea, a forma aglicona pode ser metabolizada, formando metabólitos sulfatados,

glucuronidados e/ou metilados através da ação de enzimas. Ainda, alguns dos compostos

podem sofrer efluxo e voltar ao lúmen do intestino delgado. Uma vez na corrente sanguínea,

os metabólitos alcançam rapidamente o fígado, aonde sofrerão a metabolização de fase II,

podendo ser encaminhados aos seus sítios de ação ou voltar ao intestino delgado através da

bile (CROZIER; DEL RIO; CLIFFORD, 2010).

Os compostos fenólicos que não forem absorvidos no intestino delgado alcançam o

intestino grosso, onde a microbiota colônica clivará os compostos insolúveis e as agliconas

resultantes sofrerão fissão do seu anel aromático, levando à produção de moléculas menores,

como os ácidos fenólicos. Logo, estes poderão ser absorvidos ou excretados pelas fezes.

Quando absorvidos, podem alcançar o fígado pela veia portal, sítio em que possivelmente

passarão pela metabolização de fase II e, finalmente, entrarão na circulação sistêmica, sendo

distribuídos aos órgãos e/ou excretados na urina (Figura 2) (CROZIER; DEL RIO;

CLIFFORD, 2010; DEL RIO et al., 2010; CADORNA et al, 2013).

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Figura 2. Rota dos compostos fenólicos da dieta e seus metabólitos em seres humanos

(Adaptado de SCALBERT et al., 2002).

A microbiota colônica é, então, responsável pela extensiva metabolização dos

compostos fenólicos em uma grande variedade de metabólitos de baixo peso molecular,

tornando-os absorvíveis e, provavelmente, os responsáveis pelos efeitos benéficos à saúde.

Sabe-se também que as bactérias colônicas atuam de forma diferente de acordo com a

variação da composição da microbiota interindividual. Consequentemente, as suas variações

podem levar a diferenças na metabolização dos compostos. Além disso, o cenário pode ser

ainda mais complexo quando avaliamos a relação de vias entre microbiota e compostos

fenólicos, na qual ambos podem exercer influência mutuamente (CADORNA et al., 2013).

2.3. Modelo de digestão simulada in vitro

Embora os estudos in vivo, como por exemplo, estudos de intervenção com seres

humanos, sejam mais específicos para fornecer informações acerca da biodisponibilidade de

compostos fenólicos, os modelos de digestão simulada in vitro são considerados metodologias

importantes e úteis para estimar os eventos pré absortivos, tais como estabilidade e

bioacessibilidade de compostos bioativos dos alimentos (RODRÍGUEZ-ROQUE et al., 2013).

Adicionalmente, esses modelos têm sido usados como uma etapa prévia aos estudos com

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seres humanos por serem menos invasivos e dispendiosos (KAMILOGLU et al., 2014; LIMA

et al., 2014; PODESEDEK et al., 2014; RUBIÓ et al., 2014; VAN LOO-BOUWMAN et al.,

2014).

Os estudos de digestão simulada in vitro foram desenvolvidos para simular as

condições fisiológicas e a sequência de eventos que ocorre durante a digestão no trato

gastrointestinal humano. Nesses estudos são mimetizadas as condições físico-químicas que

ocorrem durante a digestão, considerando as três áreas do sistema digestório: boca, estômago

e intestino delgado. Suas principais características são a temperatura, a movimentação e a

composição química ou enzimática da saliva, do suco gástrico, do suco duodenal e da bile,

similares às do no organismo humano (FERNÁNDEZ-GARCÍA; CARVAJAL-LÉRIDA;

PÉREZ-GÁLVEZ, 2009; CORREA-BETANZO et al., 2014).

Muitas vezes os estudos de digestão simulada in vitro são preferíveis a estudos in vivo,

uma vez que estes podem ser facilmente afetados por diferenças em modelos humanos ou

animais e são muito mais complexos. Além disso, apresentam preço elevado e complicações

frente às questões éticas. Desta forma, destacam-se, entre as vantagens dos métodos in vitro,

a simplicidade, facilidade de aplicação e o baixo custo (SENGUL; SUREK; NILUFER-

ERDIL, 2014).

Uma importante questão a ser observada acerca dos ensaios in vitro é que diversos

modelos foram criados desde o primeiro, que foi descrito em 1981. A diversidade dificultou a

comparação dos resultados descritos na literatura e aumentou as chances de resultados

contraditórios. Os modelos empregados se diferenciam principalmente na inclusão de

diferentes estágios, nos tempos utilizados para a incubação, no pH (controlado ou não), na

natureza das enzimas digestivas e nas concentrações de eletrólitos e ácidos biliares. E, por

fim, enquanto a maioria dos estudos opera de forma estática, ou seja, com concentrações e

volumes fixos de materiais, enzimas e sais, alguns outros apresentam modelos dinâmicos que

mimetizam as mudanças contínuas das condições físico-químicas a fim de simular melhor a

passagem do bolo alimentar pelo trato digestório (ALMINGER et al., 2014).

Muitos fatores guiam a escolha do modelo in vitro a ser utilizado, sendo o mais

importante o objetivo final do estudo. Em alguns ensaios, o principal escopo é entender o

efeito da digestão simulada no trato gastrointestinal sobre certas classes de fitoquímicos. Em

estudos com pequeno número de amostras, a simulação em modelos dinâmicos e mais

profundos pode ser mais apropriada, visto que permite a mimetização de muitos efeitos do

trato digestório. Já em estudos de larga escala, com múltiplas amostras, um modelo estático e

mais simples pode ser mais apropriado. Em alguns casos, a função da digestão in vitro é

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providenciar amostras que sejam fisiologicamente relevantes para futuros estudos da

bioatividade de constituintes presentes em alimentos, como com a preparação de amostras que

possam ser inoculadas no cólon (ALMINGER et al., 2014).

De fato, diversos estudos avaliaram a estabilidade e a absorção de dietas ricas em

compostos fenólicos na parte inferior do trato gastrointestinal. Porém, o modo de digestão de

complexos macromoleculares presentes em matrizes alimentares são limitados e foram pouco

investigados, visto que a maioria dos estudos foca apenas nos compostos fenólicos isolados e

seus metabólitos, não considerando os possíveis efeitos da matriz alimentar no processo

digestivo (CORREA-BETANZO et al., 2014). Ou seja, dados acerca da interação entre os

compostos fenólicos e a matriz alimentar são escassos (SENGUL; SUREK; NILUFER-

ERDIL, 2014; ṤTANISAVLJEVIC et al., 2015). No entanto, sabe-se que a biodisponibilidade

dos compostos fenólicos é diretamente afetada por constituintes da matriz alimentar, como a

interação entre proteínas, carboidratos, fibras e lipídeos (ORTEGA et al, 2011; SENGUL;

SUREK; NILUFER-ERDIL, 2014; ṤTANISAVLJEVIC et al., 2015).

O total de compostos fenólicos ingeridos nem sempre reflete a quantidade disponível

para o organismo. Muitas vezes, apesar da grande quantidade presente no alimento ingerido,

pequena quantidade por porção de alimento ingerido (entre 0,5 e 1,0%) é de fato absorvida.

Porém, biotransformações envolvendo quebras catabólicas, metilação, deglicosilação, entre

outras, geram metabólitos, o que contribui para aumentar a biodisponibilidade dos compostos

fenólicos (DALL’ASTA et al., 2012; CADORNA et al., 2013). A bioacessibilidade destes

compostos parece ainda mais complexa devido às diferentes estruturas químicas e mudanças

durante a digestão e metabolização, que estão diretamente relacionadas à sua polaridade, peso

molecular, glicosilação e esterificação (KAULMANN et al., 2016).

Outro fator importante a ser levado em consideração sobre a biodisponibilidade de

polifenóis é o pH do ambiente. Foi observado previamente que o pH durante o processo

digestivo varia entre 1,7 na parte gástrica até 5,4 nas partes superiores e média do duodeno.

Ao final da digestão, o pH do duodeno retorna aos valores de jejum de 6,7 em

aproximadamente 4 horas (ṤTANISAVLJEVIC et al., 2015).

2.4. Fermentação colônica

O cólon é o maior segmento do intestino grosso, sendo este termo também muito

utilizado para se referir a todo o intestino grosso. Ele se estende do ceco, localizado ao final

do intestino delgado, passando pelo lado direito do abdomen (cólon ascendente), para o lado

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esquerdo (cólon transverso), descendo pelo lado esquerdo (cólon descendente) e depois se

flexionando (no cólon sigmóide) para se juntar ao reto. A função deste órgão é lubrificar os

produtos que serão excretados, absorver fluídos e sais remanescentes e armazenar as fezes até

o momento de sua excreção, além de ser um local extremamente ativo de fermentação,

produzindo diversos compostos que vão influenciar na fisiologia intestinal (Encyclopædia

Britannica, 2016; GUERGOLETTO et al., 2016). Este importante órgão habita um grande

número de microrganismos, os quais formam a microbiota colônica (MUÑOZ-TAMAYO et

al., 2010). A composição da microbiota interage em simbiose com o hospedeiro e é altamente

complexa, sendo governada pela idade, dieta, ambiente e filogenia (DALL’ASTA et al.,

2012). Ela representa um ecossistema, o qual contém três tipos de vida: bactéria, archaea e

eukarya. A maior comunidade reside no cólon, o qual aporta um ecossistema microbiano

altamente complexo, com aproximadamente 200 g de células vivas na concentração de 1012

microrganismos por grama de conteúdo intestinal. Além disso, apenas oito tipos de bactérias

foram identificadas no trato gastrointestinal, sendo elas classificadas em Firmicutes e

Bacterioidetes, que juntas formam mais de 90% da microbiota intestinal. O restante é

constituído de Actino bactérias, Proteobacteria, Verrucomicrobacteria e Cyanobacteria

(POSSEMIERS et al., 2011).

Essa comunidade microbiana é responsável pela quebra dos polissacarídeos dos

alimentos que não foram previamente digeridos, mediando muitos dos efeitos da alimentação

na saúde do intestino. A fermentação colônica gera vitaminas e co-fatores essenciais,

contribuindo com até 10% da energia de requerimento metabólico do organismo. Os

principais produtos da fermentação são os ácidos graxos de cadeia curta, hidrogênio e gás

carbônico (MUÑOZ-TAMAYO et al., 2010).

Como a microbiota colônica recebe uma larga diversidade de componentes

alimentares, parcialmente ou não digeridos, e abriga a excreção de produtos como nutrientes e

fontes de energia, o conjunto de genes de bactérias que codificam as enzimas metabólicas é

altamente diverso, a fim de garantir a sobrevivência em diferentes condições nutricionais.

Carboidratos, resistentes à digestão, conduzem a fermentação colônica e os produtos

resultantes, como ácidos graxos de cadeia curta, são considerados benéficos para o

hospedeiro. Em contrapartida, quando as proteínas são fermentadas, os produtos finais

incluem compostos tóxicos, como aminas e fenóis. Além dos carboidratos e proteínas, muitos

outros componentes, como os fitoquímicos ou contaminantes do ambiente também são

expostos a microbiota intestinal (POSSEMIERS et al., 2011).

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Em relação à sua ação sobre os compostos fenólicos, apesar de serem modificados e

absorvidos através do intestino delgado antes de entrar na circulação sistêmica, a maioria não

é eficientemente absorvido, e logo chega ao intestino grosso. Nele, a microbiota induz

transformações drásticas muito diferentes daquelas exercidas pelas enzimas intestinais e

hepáticas. A microbiota intestinal realiza reações químicas para modificar estruturas fenólicas

e permitir a absorção de uma gama de metabólitos de menor peso molecular. Isso porque as

enzimas microbianas podem hidrolisar glicosídeos, glucuronídeos, sulfatos, amidas, ésteres,

lactonas e operar na clivagem de anéis, redução, descarboxilação, desmetilação e

desidroxilação dos compostos fenólicos (DALL’ASTA et al., 2012).

2.5. Goiaba (Psidium guajava L.)

A goiaba (Psidium guajava L.) é uma fruta tropical nativa da América, pertencente à

família Myrtaceae largamente cultivada nas regiões tropicais e subtropicais (THUAYTONG;

ANPRUNG, 2011). Ela vem se tornando cada vez mais popular e pode ser consumida fresca

ou nas formas processadas, como em sucos, purês, geleias e gelatinas (PINO; BENT, 2013).

No entanto, a goiaba foi classificada pelo Global Research on Underutilised Crops como

fruta subutilizada, sendo necessárias pesquisas com o objetivo de desenvolver novas formas

de utilização (WILLIAMS; HAQ, 2000).

Como características físicas, a fruta apresenta o formato redondo ou oval e a casca

macia, com exceção de alguns cultivares que podem apresentar a casca mais áspera

(THUAYTONG; ANPRUNG, 2011). A coloração da casca é predominantemente verde

escura quando a fruta não está madura, tornando-se verde clara ao longo da maturação,

alcançando a cor verde amarelada quando já madura (ARAÚJO et al., 2015). A polpa pode

variar de acordo com o cultivar e o seu estado de maturação, entre branca e rosa e vermelha

(FLORES et al., 2015; ARAÚJO et al., 2015).

Do ponto de vista nutricional, a goiaba contém nutrientes, tais como vitaminas A e C,

presentes em quantidades de 3 a 6 vezes maiores do que em laranjas. Além disso, também

possui vitaminas B1, B2, B6, ferro, cálcio e fibra alimentar. A goiaba vermelha contém, ainda,

maior quantidade de licopeno quando comparada ao tomate e ao mamão papaia, importantes

fontes dietéticas desse constituinte (THUAYTONG; ANPRUNG, 2011). Diferentes

compostos fenólicos já foram relatados na goiaba vermelha, tanto sob a forma solúvel quando

insolúvel (NUNES et al., 2016; FLORES et al., 2015).

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Os teores de ácido ascórbico, carotenoides e compostos fenólicos na goiaba variam em

função do estágio de maturação, condições de cultivo, origem geográfica e condições de

colheita (ARAÚJO et al., 2015; VIEIRA et al., 2011). Adicionalmente, a metodologia de

extração e o tipo de solvente empregados também influenciam na quantificação dos

constituintes (VIEIRA et al., 2011). Amostras provenientes de frutas frescas podem

apresentar maiores teores de compostos fenólicos do que frutas que foram congeladas, em

virtude da danificação na estrutura celular provocada pelo congelamento, podendo levar a

degradação dos seus compostos (SHOFIAN et al., 2011).

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de goiabas vermelhas, sendo as

variedades mais cultivadas a Paluma e a Pedro Sato. No ano de 2014, de acordo com dados do

IBGE, a produção foi de 359.349 toneladas, com destaque ao crescimento intensivo das áreas

de cultivo de goiabeiras. São produzidas diferentes variedades voltadas para a indústria, como

por exemplo, “Paluma” e “Rica”, ou para consumo in natura, como as variedades “Sassaoka”

e “Pedro Sato”. Em geral, a produção da goiaba vermelha é maior do que a branca devido à

coloração mais demandada pela indústria de processamento e para consumo in natura

(HAIDA et al., 2015).

A goiaba é um fruto climatérico e apresenta alta taxa respiratória, possuindo curto

período de conservação e necessitando de rápida comercialização após a colheita (PEREIRA

et al., 2006). A sua vida útil é de aproximadamente 3 a 5 dias, o que depende da temperatura

ambiente e limita o período de transporte e estocagem. Logo, devido a alta perecibilidade as

perdas por deterioração podem chegar a 30% (HAIDA et al., 2015). Portanto, processamentos

tecnológicos podem ser essenciais para aumentar o tempo de vida útil e aumentar a

comercialização dessas frutas, possibilitando, também, o aproveitamento integral das mesmas

(LAGO, 2014).

Nesse contexto, se insere a aplicação de técnicas de conservação de alimentos que se

baseiam na remoção da água visando ampliar a vida de prateleira do produto e expandir suas

formas de utilização. Trabalhos publicados recentemente têm estimulado a exploração

comercial em larga escala de frutas desidratadas como ingredientes funcionais

(RUPASINGHE et al., 2008; ALTUNKAYA et al., 2013; HO; AZIZ; AZAHARI, 2013;

ALVES; PERRONE, 2015; CHANG; ALASALVAR; SHAHIDI, 2016). Os processos de

desidratação ocupam um lugar importante na indústria de alimentos há muitos anos e

diferentes tecnologias são utilizadas para a fabricação de produtos desidratados, com destaque

para a secagem em estufa e a liofilização. A secagem em estufa é um dos métodos mais

utilizados devido ao seu baixo custo. Além desse aspecto econômico, dados recentes do nosso

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grupo de pesquisa demonstraram que o processo de desidratação em estufa, quando

comparado ao processo de liofilização, promove aumento dos teores de compostos fenólicos

solúveis (NUNES et al., 2016), que são mais biodisponíveis no organismo humano

(ACOSTA-ESTRADA; GUTIERREZ-URIBE; SERNA-SALDIVAR, 2014).

2.6. Produtos de panificação enriquecidos

O pão é um alimento consumido no mundo inteiro e apresenta elevado valor

energético, além de uma composição nutricional expressiva para a alimentação e nutrição de

um indivíduo. Em muitos países, é considerado o alimento principal da refeição, podendo ser

consumido com algumas ou até mesmo em todas as preparações (HATHORN et al., 2008;

GAWLIK-DZIKI et al., 2009; ṤWIECA et al., 2014). No Brasil, essa matriz alimentar

também não é apenas um complemento às refeições, representando para muitas famílias de

baixa renda o elemento principal a fornecer energia (VASCONCELOS et al., 2006). De

acordo com os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), o consumo de pão de sal per

capita é de aproximadamente 53,0 g/dia, enquanto o pão integral apresenta consumo médio de

0,9 g/dia per capita.

Os ingredientes básicos que constituem o pão são farinha de trigo, sal e fermento, mas

atualmente muitos outros constituintes vêm sendo acrescentados a fim de aumentar a

diversidade e melhorar seus aspectos nutricionais e atrativos comerciais (LIN et al., 2009).

Segundo Gawlik-Dziki et al. (2009) as tentativas de enriquecimento de pães com ingredientes

ricos em compostos bioativos tem sido bastante visadas atualmente, dando destaque aos

compostos fenólicos. Além disso, o desenvolvimento de produtos de panificação é importante

não apenas para atingir benefícios fisiológicos, mas também a aceitação do consumidor em

termos de aparência, sabor e textura (ALTUNKAYA et al., 2013).

Muitos estudos têm sido desenvolvidos para a elaboração de produtos inovadores com

diferentes formulações visando a incorporação de constituintes alimentares de origem vegetal

como, por exemplo, pães com farinha de batata doce (HATHORN et al., 2008), casca de

cebola desidratada (GAWLIK-DZIKI et al., 2013), gengibre em pó (BALESTRA et al.,

2011), brotos de brócolis (GAWLIK-DZIKI et al., 2014), entre outros.

Em relação às frutas, pesquisadores têm buscado soluções para minimizar as perdas

pós-colheita ou melhorar o aproveitamento integral do alimento, incorporando parcialmente à

novas matrizes alimentares (O'SHEA; ARENDT; GALLAGHER, 2012). Nesse contexto,

diferentes farinhas de frutas, como a do pseudocaule de banana (HO; AZIZ; AZAHARI,

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2013), da casca de maçã (RUPASINGHE et al., 2008), de romã (ALTUNKAYA et al., 2013),

da semente de uva (HOYE; ROSS, 2011; PENG et al., 2010) e de manga (RAMÍREZ-

MAGANDA et al., 2015) já foram incorporadas em produtos de panificação.

As frutas desidratadas têm grande parte de suas características nutricionais e sensoriais

preservadas e, portanto, tornam-se passíveis de adição em diversos produtos alimentícios,

agregando valor nutricional e funcional e contribuindo para a comercialização de produtos

inovadores. Logo, o Brasil por ser o terceiro maior produtor mundial de frutas, possui grande

potencial no desenvolvimento e comercialização desses alimentos com altos teores de

compostos fenólicos.

De acordo com Lago (2014) a substituição parcial de farinha de trigo por farinha de

goiaba desidratada nas proporções de 10% e 20% na elaboração de pães promoveu aumento

do teor de compostos fenólicos proporcional ao percentual de farinha de fruta utilizada. Além

disso, considerou que houve uma perda de aproximadamente 16% na quantidade de

compostos fenólicos presentes em ambas as farinhas durante o processo de panificação. Em

outro estudo foi realizada a análise sensorial de pães com substituição parcial da farinha de

trigo por farinha de goiaba nas mesmas proporções e também 30%, apontando como resultado

boa aceitação de todos os pães, especialmente os dois com maior percentual de substituição

(MINUZZO, 2015).

Durante o processo de panificação diversas reações químicas acontecem, entre elas a

produção enzimática de açúcares, gelatinização, caramelização, coagulação e desnaturação

proteica, inativação do fermento, reação de Maillard entre outras. Todas são essenciais para

determinação dos atributos de qualidade (características sensoriais e valores nutricionais). Em

paralelo, enquanto alguns compostos são destruídos durante o processamento, diversos outros

podem ser originados (DZIKI et al., 2014).

O enriquecimento de produtos alimentícios e uma alternativa prática e econômica para

a melhora da qualidade dos alimentos. Entretanto, alguns fatores ainda não foram bem

estabelecidos, como a proporção dos valores a serem substituídos parcialmente e a

bioacessibilidade e biodisponibilidade dos compostos adicionados (DZIKI et al., 2014).

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OBJETIVOS

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3.1. Objetivo geral

Avaliar a bioacessibilidade e o metabolismo colônico dos compostos fenólicos

presentes em pão controle e pão elaborado com a substituição parcial de farinha de trigo por

farinha de goiaba.

3.2. Objetivos específicos

• Elaborar pão tipo forma controle e com substituição parcial de farinha de trigo por

30% de farinha de goiaba;

• Determinar a composição centesimal dos pães elaborados;

• Determinar os teores e o perfil de compostos fenólicos solúveis e insolúveis nos pães

elaborados;

• Investigar a bioacessibilidade dos compostos fenólicos dos pães elaborados em

condições de digestão simulada in vitro;

• Investigar o metabolismo colônico dos compostos fenólicos dos pães elaborados por

meio da incubação da fração final obtida no processo de digestão in vitro com pool

fezes de voluntários sadios.

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MATERIAL E MÉTODOS

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4.1. Obtenção da farinha de goiaba

As goiabas (Psidium guajava L.) maduras do cultivar Pedro Sato foram adquiridas no

mês de abril no Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara (CADEG, RJ). As frutas

foram transportadas até o laboratório, onde foram selecionadas, lavadas e sanitizadas em

solução de hipoclorito de sódio a 100 ppm durante 15 minutos. Após a higienização, as

goiabas inteiras foram fracionadas manualmente em cubos de aproximadamente 1 cm cubico,

distribuídas uniformemente em bandejas (Figura 1) e desidratadas em estufa com circulação

forçada de ar (330 drier, FANEM®) a 55 ºC durante 22 horas (Nunes et al., 2016).

Figura 1. Distribuição das goiabas fracionadas na bandeja.

Após a desidratação, as frutas foram moídas em moinho laboratorial (MF 10 Basic,

IKA®

) e peneiradas, para a obtenção das farinhas com granulometria de 20 mesh (Figura 2).

A farinha foi, então, acondicionada em sacos plásticos estéreis a vácuo e armazenadas a -20

°C até a o momento da elaboração dos pães. O rendimento médio das farinhas foi de 15% em

relação ao peso inicial das goiabas.

Figura 2. Farinha de goiaba desidratada.

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4.2. Elaboração dos pães

Os pães tipo forma foram elaborados no Laboratório de Bioquímica Nutricional e de

Alimentos de acordo com metodologia adaptada de Lago (2014). Para elaboração do pão

controle (PC) foi utilizada farinha de trigo e para elaboração do pão de goiaba (PG) a farinha

de trigo foi parcialmente substituída por 30% de farinha de goiaba. Os ingredientes utilizados

bem como as quantidades estão apresentados na Tabela 1. A ficha técnica de preparação

encontra-se no Anexos C e D.

Tabela 1. Formulação para elaboração do pão controle e do pão de goiaba.

Ingredientes Pão controle Pão de goiaba

Farinha de trigo (g) 300,0 210,0

Farinha de goiaba desidratada (g) - 90,0

Manteiga sem sal (g) 12,0 12,0

Açúcar cristal (g) 12,0 12,0

Sal (g) 6,0 6,0

Carboximetilcelulose (g) 3,7 3,7

Melhorador de Pães (g) 3,0 3,0

Fermento biológico (g) 3,0 3,0

Água (mL) 171,0 171,0

Os pães foram elaborados em máquina automática de preparo de pães (BK2000B,

Breadman®) (Figura 3) em duplicata de acordo com as condições estabelecidas no

equipamento: 3 horas e 13 minutos e coloração “medium”. Os ingredientes líquidos foram

adicionados primeiro e em seguida os ingredientes secos. Durante o processo de produção há

grande variação da temperatura, a qual se inicia entre 21 °C e 23 °C para a mistura e

homogeneização dos ingredientes, passando para 35 °C no descanso e fermentação da massa e

alcançando o valor de 140 °C na etapa de assamento dos pães. O tempo médio de cada uma

dessas etapas é de 30 minutos, 116 minutos e 47 minutos, respectivamente.

Após o preparo, os pães foram resfriados a temperatura ambiente (Figura 4),

fracionados, moídos em moinho laboratorial (A11 Basic, IKA®), acondicionados em sacos

plásticos estéreis a vácuo e armazenados a -20 ºC até o momento das análises.

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Figura 3. Máquina automática de preparo dos pães.

Figura 4. Pão controle (esquerda) e pão de goiaba (direita).

4.3. Determinação da composição centesimal

Os teores de umidade, resíduo mineral fixo, proteína, lipídeo e fibra dietética nos pães

controle e de goiaba foram determinados em triplicata de acordo com os métodos oficiais,

sendo considerado o fator de conversão de 6,25 para determinação dos teores de proteínas

(AOAC, 2000). Os teores de carboidratos foram calculados pela diferença entre 100% e a

soma das porcentagens de umidade, cinzas, proteína e lipídeos totais. O valor energético foi

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calculado a partir do conteúdo de lipídeos (9 kcal/g), proteínas (4 kcal/g) e carboidratos (4

kcal/g).

4.4. Determinação do perfil e dos teores de compostos fenólicos por cromatografia

líquida de alta eficiência (CLAE)

4.4.1. Extração das amostras

A extração dos compostos fenólicos solúveis e insolúveis no pão controle e no pão de

goiaba foi realizada em triplicata de acordo com metodologia adaptada de Dinelli et al.

(2011).

Para a extração dos compostos fenólicos solúveis as amostras (aproximadamente 1 g)

foram adicionadas de 20 mL de solução gelada etanol:água (80:20, v/v) por 10 minutos sob

agitação em vórtex. Posteriormente foram centrifugadas (2500 × g, 5 minutos, 10 ºC) (Sorvall

ST 16R, Thermo ScientificTM

). O sobrenadante foi coletado e o resíduo submetido ao mesmo

procedimento novamente. Os sobrenadantes foram coletados, reunidos, evaporados em

rotaevaporador (R-215, Büchi®) e o resíduo seco foi reconstituído com 10 mL de água Milli-

Q.

A extração dos compostos fenólicos insolúveis foi realizada a partir do resíduo da

extração dos compostos solúveis em duas etapas de hidrólise, sendo uma alcalina e a outra

ácida. Para a hidrólise alcalina, o resíduo obtido da extração anterior foi incubado com 12 mL

de água destilada e 5 mL de NaOH 10M sob agitação a temperatura ambiente e no escuro por

16 horas (IKA KS 4000i control). Em seguida o pH foi ajustado para 2, com a adição de HCl

concentrado, e a mistura extraída por 30 segundos com 15 mL de acetato de etila. Após

centrifugação (2500 × g, 5 minutos, 10 ºC) o sobrenadante foi coletado e o resíduo re-extraído

mais duas vezes. Os sobrenadantes foram reunidos, evaporados e o resíduo seco foi

reconstituído em 10 mL de solução metanol:água (80:20, v/v).

Para hidrólise ácida, o resíduo obtido após a hidrólise alcalina foi incubado com 2,5

mL de HCl concentrado a 85 ºC por 30 minutos. Após o resfriamento o mesmo processo de

extração com acetato de etila descrito para a hidrólise alcalina foi realizado.

Todos os extratos obtidos foram filtrados em membrana de éster de celulose de 0,45

µm (Millipore, Brasil) e armazenado a -20 ºC até o momento das análises por CLAE.

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4.4.2. Condições cromatográficas

A identificação e a quantificação dos compostos fenólicos foram realizadas por CLAE

em sistema Shimadzu® (Japão) que incluiu uma bomba quaternária LC-20AT, injetor

automático SIL-20AHT, detector de arranjo de diodos (DAD) SPD-M20A, sistema CBM-

20A como controlador e degaseificador DGU-20A5.

A separação cromatográfica dos analitos foi obtida utilizando-se uma coluna de CLAE

de fase reversa C18 (5 μm, 250 mm × 4,6 mm, Kromasil®). A fase móvel consistiu em uma

mistura de duas soluções: solução aquosa de ácido fórmico 0,3% (eluente A) e metanol

(eluente B). O eluente foi monitorado na faixa de 190 a 600 nm e o gradiente de concentração

da fase móvel foi programado de acordo com metodologia adaptada de Lago (2014),

utilizando-se fluxo de 0,8 mL/minuto (Tabela 2).

Tabela 2. Programação do gradiente de concentração da fase

móvel utilizada na análise de compostos fenólicos nos pães.

Tempo (min) Eluente A (%) Eluente B (%)

0,01 84,0 16,0

8,00 76,0 24,0

12,00 74,6 25,4

20,00 74,0 26,0

30,00 60,0 40,0

40,00 45,0 55,0

50,00 20,0 80,0

52,00 10,0 90,0

52,01 84,0 16,0

62,01 84,0 16,0

Os padrões externos, naringenina, rutina, miricetina, miricitrina, quercetina,

kaempferol e os ácidos gálico, siríngico, ferúlico, m-cumárico, p-cumárico, rosmarínico,

benzoico, salicílico, 3,4-dihidróxibenzoico e 4-hidroxifenilacético foram adquiridos da

Sigma-Aldrich (St Louis, MO) e injetados na forma de pool para a identificação dos mesmos

e para elaboração da curva de calibração. Os dados de integração foram adquiridos pelo

software LC Solution (Shimadzu Corporation®, version 1.25, 2009) e os resultados foram

expressos em mg do composto por 100 g em base seca (bs).

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4.5. Digestão simulada in vitro e fermentação colônica ex vivo

O procedimento de digestão in vitro teve como finalidade simular as etapas oral,

gástrica e intestinal da digestão baseadas na fisiologia humana. Foram testadas e otimizadas,

para os pães, as metodologias descritas por Oomen et al. (2003) e Fernández & Labra (2013).

A fermentação colônica foi realizada de acordo com adaptação de metodologia descrita por

Hu et al. (2004) e Mosele et al. (2015). Todas as etapas foram realizadas em triplicata.

4.5.1. Simulação da fase oral

Em frascos de vidro foram pesados aproximadamente 0,50 g dos pães e adicionados 2

mL de água e 3 mL de saliva humana, obtida por doação espontânea de uma voluntaria sadia.

Em seguida, os frascos foram incubados a 37 °C por 1 minuto sob agitação orbital a 260 rpm

(Sorvall ST 16R, Thermo ScientificTM

).

4.5.2. Simulação da fase gástrica

Nos frascos provenientes da fase oral foram adicionadas 2,5 mL de fluido gástrico

artificial com pepsina gástrica suína (Tabela 3) e o pH foi ajustado para 2,0 com HCl 6 M.

Em seguida, os frascos foram fechados com septo de borracha, a atmosfera foi modificada

pela introdução de nitrogênio com auxílio de um balão de gás conectado a uma seringa

(Figura 5). Os frascos foram incubados a 37 ºC por 2 horas sob agitação orbital a 260 rpm.

Tabela 3. Composição do fluido gástrico artificial (por 1000 mL de

solução).

Reagente Quantidade

NaCl (g) 5,50

NaH2PO4 (g) 0,54

KCl (g) 1,64

CaCl2 (g) 0,84

NH4Cl (g) 0,62

Glicose (g) 1,30

Uréia (g) 0,17

Mucina (g) 6,0

Albumina bovina (g) 2,0

HCl concentrado (mL) 16,6

Pepsina gástrica suína (g) 5,28

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Figura 5. Balões com nitrogênio realizando troca de atmosfera

4.5.3. Simulação da fase intestinal

Nos tubos provenientes da fase gástrica foi adicionado NaHCO3 1 M para o ajuste do

pH das amostras para 6,5. Em seguida, foram adicionados 2 mL de fluido duodenal artificial

contendo pancreatina suína, bile suína e albumina bovina (Tabela 4) com auxílio de uma

seringa para manter a anaerobiose do sistema reacional. Os frascos foram incubados a 37 ºC

por 2 horas sob agitação orbital a 260 rpm.

Tabela 4. Composição do fluido intestinal artificial (por 1000 mL de

solução).

Reagente Quantidade

NaCl (g) 13,50

CaCl2 (g) 0,41

NaHCO3 (g) 7,98

KH2PO4 (g) 0,12

KCl (g) 1,024

MgCl2 (g) 0,075

Uréia (g) 0,275

Pancreatina suína (g ou mg) 8,0

Bile suína (g) 50,0

Albumina bovina (g) 2,4

HCl concentrado (mL) 0,37

4.5.4. Fermentação colônica ex vivo

Voluntários

Seis voluntários saudáveis de ambos os sexos (02 homens e 04 mulheres) foram

recrutados para doação espontânea de fezes. As amostras de fezes foram reunidas em pool e

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utilizadas até duas horas após a sua obtenção. Os critérios para a inclusão dos voluntários

foram: idade entre 18 e 45 anos, índice de massa corpórea dentro da normalidade (18,5 a 24,9

kg/m2), funcionamento intestinal regular (de 1 evacuação a cada dois dias a 2 evacuações ao

dia), não apresentar doenças gastrointestinais e sem uso de suplementos nutricionais,

reguladores da flora intestinal, enzimas digestivas, probióticos, prebióticos, simbióticos,

antibióticos e antiácidos nos três meses anteriores a coleta das fezes. Além disso, os

voluntários foram orientados (ANEXO A) a realizar uma dieta isenta de frutas, bebidas

alcóolicas, pães e demais alimentos elaborados com farinha de trigo nos dois dias anteriores à

coleta das fezes.

O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital

Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ (N° 512.847). Todos os voluntários assinaram

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO B).

Condições experimentais

As fezes coletadas dos voluntários foram homogeneizadas em placas de Petri estéreis

e o pool foi constituído de 2,1 g de fezes de cada voluntário, totalizando 12,6 g, que foi

diluído em 250 mL de meio rico em nutrientes (meio complexo) (MCDONALD et al., 2013)

(Tabela 5).

Tabela 5. Composição do meio rico em nutrientes utilizado para a diluição

das fezes (por 1L de meio).

Reagente Quantidade (g)

Peptona 2,0

Extrato de levedura 2,0

NaHCO3 2,0

CaCl2 0,01

NaCl 0,1

Pectina 2,0

Xilana 2,0

Goma arábica 2,0

Amido de batata 5,0

Caseína 3,0

Inulina 1,0

O preparo da amostra foi realizado em câmara anaeróbica (Figura 6) e todos os

materiais utilizados passaram por um compartimento prévio onde ocorre a retirada do ar,

deixando-os no vácuo e passíveis de entrada na câmara. O pool de fezes (12,6 g) foi

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transferido da placa de Petri com auxílio de palito de madeira para tubo de ensaio e

adicionado ao meio (250 mL). A solução foi agitada manualmente por aproximadamente 3

minutos até que a coloração estivesse amarronzada. Em seguida as amostras provenientes da

etapa final da digestão in vitro foram dispensadas em tubos de ensaio e, então, foram

pipetados 10 mL da solução elaborada para cada um destes.

Figura 6. Amostras sendo pipetadas na câmara de anaerobiose.

Após a incubação em condições de anaerobiose e temperatura ambiente, os tubos

foram retirados da câmara de anaerobiose, vedados com filme parafilm, posicionados em

béquer e alocados no agitador orbital a 40 rpm a 37°C (Figura 7). Foram determinados 4

pontos de retirada: 4, 24, 48 e 72 horas.

Figura 7. Amostras posicionadas no agitador em temperatura ambiente.

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4.5.5. Análise de compostos fenólicos e seus metabólitos

Para investigação das etapas gástrica e intestinal da digestão simulada in vitro e da

fermentação colônica ex vivo, todas as análises foram realizadas em triplicatas. Além disso, os

experimentos foram paralelos e independentes, de maneira que somente alíquotas relativas à

etapa a ser investigada foram retiradas do sistema reacional. Assim, após as etapas de digestão

gástrica e intestinal, 4 h, 24 h, 48 h e 72 h após a incubação com o pool de fezes, o conteúdo

dos frascos foi transferido para tubos tipo Falcon, que foram centrifugados por 5 minutos a

2500 × g e os sobrenadantes foram coletados. Aos sobrenadantes obtidos em todas as etapas

da digestão e fermentação foi adicionado ácido tricloroacético 100% (5:1, v/v), a mistura foi

homogeneizada em vórtex e, em seguida, centrifugada por 10 minutos a 12100 × g. A alíquota

final foi filtrada em membrana de éster de celulose de 0,22 µm e armazenada a -20 °C até o

momento da injeção no sistema de CLAE, conforme descrito no item 4.4.2.

4.6. Análises estatísticas

Análises de estatística descritiva foram utilizadas para o cálculo de média e desvio

padrão. O efeito da substituição parcial de farinha de trigo por farinha de goiaba sobre a

composição centesimal e os teores de compostos fenólicos dos pães foi avaliado por teste t

não pareado. O efeito da matriz alimentar sobre a bioacessibilidade e o metabolismo colônico

dos compostos fenólicos foi investigado por análise de variância (Oneway ANOVA) com

pós-teste de Tukey. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software

GraphPad Prism®

para Windows, versão 5.04 (GraphPad Software, San Diego, CA). As

diferenças foram consideradas significativas quando p<0,05.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

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5.1. Composição centesimal

Os teores de umidade, resíduo mineral fixo, proteínas, lipídios e carboidratos do pão

controle (PC) e do pão elaborado com substituição parcial de farinha de trigo por farinha de

goiaba (PG) estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Teores de umidade, resíduo mineral fixo, proteínas, lipídeos e carboidratos

dos pães elaborados1.

Pão controle Pão de goiaba

Umidade (%) 30,4±0,04a 36,0±0,15

b

Resíduo mineral fixo (g/100 g)

2,7±0,04a 3,1±0,04

b

Proteínas (g/100 g)

13,4±0,6a

8,7±0,6b

Lipídeos (g/100 g)

3,7±0,1a

4,8±0,1b

Carboidratos (g/100 g) 52,5 50,5

Valor calórico (Kcal/100 g) 297 280 1Resultados expressos em base seca como média±DP de triplicatas. Letras diferentes

na mesma linha indicam diferença significativa entre os pães (Teste t não-pareado,

p<0,05).

Os teores de umidade dos pães elaborados estão de acordo com o preconizado pela

RDC n° 90 (BRASIL, 2000), que estabelece que o valor máximo de umidade em pães deve

ser de 38%. Lin et al. (2009) relataram teores de umidade semelhantes em pão de forma

branco (33%) e pão de forma enriquecido com trigo sarraceno (34%). Destaca-se que o

conteúdo de umidade é comumente utilizado como indicador da qualidade do alimento, sendo

extremamente importante que estes teores estejam dentro do adequado, visto que a

inadequação pode gerar impacto nas propriedades sensoriais, físicas e microbiológicas do

alimento (HATHORN et al., 2008).

A incorporação da farinha de goiaba ao pão promoveu o aumento dos teores de

resíduo mineral fixo (Tabela 1). De acordo com os padrões de identidade e qualidade

estabelecidos para farinha de trigo, o teor de resíduo mineral fixo na farinha não pode exceder

1,35% (BRASIL, 1996). Na farinha de goiaba utilizada no presente trabalho, valores

superiores a esse limite (4,1%) (LAGO, 2014) foram encontrados e, consequentemente

impactaram no aumento dos teores de resíduo mineral fixo no PG. Contrariamente, os teores

de proteína foram menores no PG quando comparados ao PC, fato atribuído aos maiores

teores de proteínas na farinha de trigo em relação à farinha de goiaba (Tabela 1).

O teor de lipídeos aumentou com a incorporação de farinha de goiaba utilizada na

formulação do pão (Tabela 1), o que pode estar relacionado à maior presença deste

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constituinte na farinha de goiaba em relação à farinha de trigo. Os valores calóricos foram

similares em ambos os pães e são similares à pães de forma comerciais.

Os teores de fibra dietética não foram investigados nos pães elaborados em virtude de

problemas analíticos encontrados ao longo das análises. No entanto, em estudo prévio do

nosso grupo de pesquisa, os teores de fibra no pão controle e em pães elaborados com

substituição parcial da farinha de trigo pela farinha de goiaba nas concentrações de 10% e

20%, foram avaliados, tendo sido observado o aumento dos teores de fibras de acordo com a

maior incorporação da farinha de goiaba (LAGO, 2014). Portanto, como os pães avaliados no

presente estudo foram elaborados com a mesma formulação e mesmos ingredientes utilizados

por Lago (2014), presume-se que o PG possua maior teor de fibra dietética quando comparado

ao PC.

5.2. Perfil e teor de compostos fenólicos

O perfil e os teores de compostos fenólicos do PC e do PG estão apresentados na

Tabela 2 de acordo com a fração em que foram encontrados. Além disso, os cromatogramas

dos compostos estão disponibilizados nos ANEXOS E a M.

Quatro compostos fenólicos foram identificados no PC (ácidos ferúlico, rosmarínico,

4-hidroxifenilacético e m-cumárico). No pão de goiaba, doze compostos fenólicos foram

identificados (ácidos ferúlico, rosmarínico, 4-hidroxifenilacético, gálico, siríngico, benzoico e

3,4-dihidroxibenzoico, e quercetina, quercetina-3-O-rutinosídeo, miricetina, miricetina-3-O-

ramnosídeo e kaempferol) (Tabela 2). O ácido 4-hidroxifenilacético foi o composto fenólico

majoritário no pão controle (69%), seguido pelo ácido ferúlico (28%). Em contrapartida, no

PG o ácido 4-hidroxifenilacético e a miricetina-3-O-ramnosídeo foram os majoritários e

corresponderam, respectivamente, a 31% e 23% do total de compostos fenólicos (Tabela 2).

Os teores totais de compostos fenólicos no PG (70,4 mg/100 g) foram cerca de 1,5

vezes maiores quando comparados aos do PC (45,9 mg/100 g) (Tabela 2). Similarmente,

outros autores também reportaram aumento dos teores de compostos fenólicos em produtos de

panificação incorporados de farinha de frutas (RUPASINGHE et al., 2008; HOYE; ROSS,

2011; SIVAM et al., 2011; SIVAM et al., 2012; HO; AZIZ; AZAHARI., 2013; RAMÍREZ-

MAGANDA et al., 2015).

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50

Tabela 2. Teores (mg/100 g) de compostos fenólicos solúveis e insolúveis (hidrólise

alcalina e ácida) no pão controle (PC) e no pão de goiaba (PG) 1.

Compostos Fração solúvel Fração insolúvel Solúvel + insolúvel

PC PG PC PG PC PG

Não flavonoides

Ácido gálico nd2 1,9±0,1

a nd 4,0±0,2

a nd 5,9±0,2

a

Ácido 4-hidroxifenilacético 31,5±0,2a 19,3±1,1

b 0,1±0,0

a 2,8±0,0

b 31,6±0,0

a 22,1±1,1

b

Ácido 3,4-dihidroxibenzoico nd nd nd 1,4±0,1a nd 1,4±0,1

a

Ácido ferúlico 0,4±0,0a 0,05±0,0

b 12,3±0,8

a 4,6±0,0

b 12,7±0,8

a 4,6±0,0

b

Ácido siríngico nd nd nd 1,0±0,1a nd 1,0±0,1

a

Ácido benzoico nd nd nd 10,2±0,3a nd 10,2±0,3

a

Ácido rosmarínico nd 0,2±0,0a 0,2±0,0

a 1,1±0,0

b 0,2±0,0

a 1,2±0,0

b

Ácido m-cumárico nd nd 1,4±0,1a nd 1,4±0,1

a nd

Total não flavonoides 31,9±0,2a 21,4±1,2

b 14,0±0,9

a 25,0±0,4

b 45,9±0,7

a 46,4±0,8

a

Flavonoides

Quercetina nd 0,3±0,0a nd 0,1±0,0

a nd 0,5±0,0

a

Quercetina-3-O-rutinosídeo nd 2,4±0,1a nd 4,4±0,0

a nd 6,8±0,1

a

Miricetina nd 0,4±0,0a nd nd nd 0,4±0,0

b

Miricetina-3-O-ramnosídeo nd 0,1±0,0a nd 15,9±0,1

a nd 15,9±0,1

a

Kaempferol nd 0,3±0,1a nd 0,1±0,0

a nd 0,4±0,0

a

Total flavonoides nd 3,5±0,1a nd 20,5±0,1

a nd 24,0±0,2

a

Total de compostos fenólicos 31,9±0,2a 24,9±1,3

b 14,0±0,9

a 45,5±0,3

b 45,9±0,7

a 70,4±1,1

b

1Resultados expressos em base seca como média±DP. Letras sobrescritas na mesma linha

dentro da mesma fração indicam diferença significativa entre os pães (teste t pareado,

p<0,05). 2nd = não detectado.

Nos dois pães elaborados os compostos fenólicos da classe dos não flavonoides foram

majoritários e representaram 100% do teor total de compostos fenólicos no PC e 66% no PG

(Figura 1), não havendo diferença significativa nesses teores entre os dois pães (Tabela 2).

Segundo Nunes et al. (2016), 76% do total de compostos fenólicos da farinha de goiaba

correspondem aos flavonoides, enquanto na farinha de trigo estes representam apenas 11%

(LAGO, 2014). Portanto, o elevado teor de flavonoides no pão de goiaba pode ser explicado a

partir do perfil de compostos fenólicos da farinha de goiaba adicionada.

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51

Pão controle Pão de goiaba0

20

40

60

80

100

120

Dis

trib

uiç

ão

de

co

mp

ost

os

fen

óli

co

s (%

)

Figura 1. Distribuição do total de flavonoides (■) e não flavonoides (■) no pão controle e no

pão de goiaba.

Nos alimentos, os compostos fenólicos estão presentes na forma solúvel e insolúvel, os

quais estão covalentemente ligados a componentes da parede celular por ligações ésteres

(liberados após hidrólise alcalina) ou por ligações glicosídicas (liberados após hidrólise

ácida). No presente trabalho quantificamos os teores de compostos fenólicos solúveis e

empregamos as hidrólises alcalina e ácida para quantificar os teores de compostos fenólicos

insolúveis.

Foram observados perfis distintos de distribuição dos compostos fenólicos nas frações

solúvel e insolúvel entre os pães elaborados. No PC os compostos fenólicos estão

majoritariamente presentes na fração solúvel, representando 69% do total de compostos

fenólicos, ao passo que, no PG, essa fração representou apenas 35% do total de compostos

fenólicos (Figura 2A).

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Figura 2. Distribuição dos compostos fenólicos (A), não flavonoides (B) e flavonoides (C)

nas frações solúvel (■) e insolúvel (■) no pão controle e no pão de goiaba.

Um estudo realizado anteriormente em nosso grupo de pesquisa, que avaliou os teores

de compostos fenólicos solúveis e insolúveis na farinha de trigo e na farinha de goiaba,

relatou que, em média, 79% do total de compostos fenólicos estão presentes sob a forma

insolúvel (LAGO, 2014; NUNES et al., 2016). Similarmente, outros autores também relatam

a maior presença dos compostos fenólicos sob a forma insolúvel na farinha de trigo refinada

(ADOM et al., 2003; DINELLI et al., 2011; OKARTER; LIU, 2010; RAGAEE et al., 2011).

Entretanto, os resultados observados no presente trabalho demonstram que, no pão

controle, os compostos fenólicos estão em sua maioria presentes sob a forma solúvel, o que

sugere a ocorrência de possíveis alterações ocasionadas durante a panificação (ṤWIECA et

al., 2014). Adicionalmente, apenas os compostos da classe dos não flavonoides (Figura 2B)

foram identificados no pão controle, que são mais encontrados no alimento sob a forma

solúvel (MANACH et al., 2004; JARDINI et al., 2010).

Pão controle Pão de goiaba0

20

40

60

80

100

AD

istr

ibu

ição

de

co

mp

ost

os

fen

óli

co

s (%

)

Pão controle Pão de goiaba0

20

40

60

80

100

B

Dis

trib

uiç

ão

de

não

-fla

vo

no

ides

(%)

Pão controle Pão de goiaba0

20

40

60

80

100

C

Dis

trib

uiç

ão

de

flavo

no

ides

(%)

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53

Os flavonoides foram encontrados apenas no pão de goiaba, principalmente na fração

insolúvel (Figura 2C). Esses resultados então de acordo com o perfil de distribuição dos

flavonoides em alimentos, os quais normalmente se encontram no pericarpo, ocorrendo

usualmente sob a forma conjugada (ABDEL-AAL; RABALSKI, 2013; MOTILVA et al.,

2013). Além disso, os dados encontrados corroboram os dados recentes do nosso grupo, que

demonstram o maior percentual de flavonoides na farinha de goiaba sob a forma insolúvel

(NUNES et al., 2016).

5.3. Digestão simulada in vitro

5.3.1 Etapa oral

A etapa oral da digestão simulada in vitro foi previamente analisada como parte teste

de estudos do nosso grupo e não apresentou diferença significativa no perfil de compostos

fenólicos encontrados em relação à etapa gástrica. Entretanto, de acordo com Alminger et al.

(2014) a etapa oral da digestão é importante ao avaliar alimentos ricos em carboidratos e,

portanto, optou-se por mantê-la em nossos ensaios, diferente de outros estudos nos quais esta

etapa não foi incluída (FOGLIANO et al., 2011; CHANDRASEKARA; SHAHIDI, 2012;

CORREA-BETANZO et al., 2014).

5.3.1 Etapa gástrica

Após a etapa gástrica da digestão, o teor total de compostos fenólicos observado no

PC (115,3 mg/100 g, bs) foi superior ao observado no PG (93,7 mg/100g, bs) (Figura 3).

Vale ressaltar que os teores de compostos fenólicos no PG foram superiores quando

comparados ao PC (Tabela 2). Os teores de compostos fenólicos observados após a etapa

gástrica equivalem, respectivamente, a 251% e 133% do teor inicial de compostos fenólicos

no PC e no PG. Após essa etapa da digestão, tais resultados sugerem que os compostos

fenólicos do PG apresentaram menor bioacessibilidade, quando comparados aos do PC, ou

que os mesmos foram metabolizados mais rapidamente.

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54

0

50

100

150

b

Total de compostos fenólicos

a

251%

133%

mg

/10

0 g

(b

s)

Figura 3. Teores totais (mg/100 g, bs) de compostos fenólicos após a etapa gástrica da

digestão simulada in vitro do pão controle (■) e do pão de goiaba (■). Letras diferentes

indicam diferença significativa entre os pães (Teste t não-pareado, p<0,05). Os valores

expressos sobre cada coluna equivalem ao teor percentual relativo ao encontrado nos

respectivos pães.

A menor bioacessibilidade dos compostos fenólicos do PG pode ser atribuída, dentre

outros fatores, aos maiores teores de fibra dietética. A interação dos compostos fenólicos com

constituintes da matriz alimentar pode influenciar diretamente na sua bioacessibilidade,

deixando os compostos fenólicos pouco solúveis nos fluidos gastrointestinais (ALMINGER et

al., 2014). Adicionalmente esses resultados podem estar relacionados com a forma (solúvel e

insolúvel) na qual os compostos fenólicos estão presentes nos dois pães estudados. Enquanto

no PC 69% do total de compostos fenólicos estavam presentes na forma solúvel, considerada

mais bioacessível, no PG apenas 35% dos compostos fenólicos estavam presentes nessa forma

(Tabela 2).

Estudos acerca da bioacessibilidade de compostos fenólicos em produtos de

panificação são escassos na literatura e os poucos que existem não fazem distinção entre as

etapas gástrica e intestinal da digestão in vitro (ṤWIECA et al., 2013; ṤWIECA et al., 2014).

No entanto, Liyana-Pathiana & Shahidi (2005) ao avaliar a bioacessibilidade dos compostos

fenólicos do trigo, um dos principais ingredientes dos pães elaborados, observaram aumento

da bioacessibilidade dos compostos fenólicos após a etapa gástrica da digestão in vitro. Tal

fato está associado à hidrólise, provocada pelo baixo pH, levando a ruptura das estruturas

químicas dos compostos fenólicos insolúveis (BAUBLIS; DECKER; CLYDESDALE, 2000).

No pão controle foram encontrados quatro compostos fenólicos (ácidos 4-

hidroxifenilacético, ferúlico, rosmarínico e m-cumárico). Destes, à exceção do ácido

rosmarínico, que estava presente em baixo teor no pão (0,4% do total de compostos fenólicos)

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(Tabela 2), todos os demais foram identificados após a etapa gástrica da digestão in vitro.

Além desses, outros dois compostos fenólicos foram identificados: os ácidos siríngico e

benzoico (Figura 4). No pão de goiaba, dos doze compostos fenólicos identificados (Tabela

2), somente os ácidos ferúlico e 3,4-dihidróxibenzoico e quercetina-3-O-rutinosídeo e

quercetina não foram observados após a etapa gástrica da digestão (Figura 4).

Os teores dos ácidos gálico, benzoico, m-cumárico e ferúlico após a etapa gástrica da

digestão in vitro foram superiores no PC quando comparado com o PG (Figura 4). Destes,

somente os teores dos ácidos ferúlico e m-cumárico foram superiores no PC (Tabela 2). Já os

teores dos ácidos siríngico e rosmarínico e da miricetina e miricetina-3-O-ramnosídeo foram

superiores no PG (Figura 4), todos esses estavam presentes em maior quantidade no PG em

comparação ao PC (Tabela 2).

Em ambos os pães os ácidos 4-hidroxifenilacético, benzoico e siríngico apresentaram

teores superiores no digerido em relação ao teor inicial nos pães (Figura 4). A

bioacessibilidade superior a 100% desses compostos sugere que os mesmos foram liberados

da matriz alimentar e/ou então metabolizados a partir de compostos fenólicos com estruturas

mais complexas (NØRSKOV et al., 2013). Da mesma forma, Liyana-Pathiana & Shadidi

(2005) relataram aumento significativo no conteúdo de compostos fenólicos após a etapa

gástrica da digestão de grão de trigo, sugerindo que os compostos fenólicos insolúveis podem

ser hidrolisados sob as condições empregadas na digestão gástrica.

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Figura 4. Teores (mg/100 g, bs) de compostos fenólicos após a etapa gástrica da digestão

simulada in vitro do pão controle (■) e do pão de goiaba (■). Letras diferentes letras para um

mesmo composto indicam diferença significativa entre os pães (Teste t não-pareado, p<0,05).

Os valores expressos sobre a coluna referente a cada composto equivalem ao teor percentual

relativo ao encontrado nos respectivos pães.

A elevada bioacessibilidade do ácido benzoico após a etapa gástrica da digestão

simulada de ambos os pães (Figura 4) podem ser justificados pelo fato de esse composto ser

formado a partir de diferentes compostos aromáticos, tais como a fenilalanina e a tirosina,

provenientes das proteínas, as quais também estão presentes nos pães (MATEO ANSON et

al., 2011). Adicionalmente, já foi reportado na literatura que o ácido benzoico é metabólito

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5179%

25%

a a

b

Áci

dom

-cum

áric

o

Áci

do sir

íngic

o

mg

/10

0 g

(b

s)

Áci

do fe

rúlic

o

Áci

do ro

smar

ínic

o0.00

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

2,5%

0,3%

a

a

mg

/10

0 g

(b

s)

Mir

icet

ina

Kae

mpfe

rol

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

16%0,6%

aa

Mir

icet

ina-

3-O-r

amnos

ídeo

135%a

mg

/10

0 g

(b

s)

Áci

do gá

lico

Áci

do 4-

hidro

xife

nilacé

tico

Áci

do ben

zoic

o0

20

40

60 155% 227%a

368%

a

59%

a a

b

b

mg

/10

0 g

(b

s)

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57

dos ácidos fenilpropiônico e ferúlico (MATEO ANSON et al., 2011). Além disso, o ácido

benzoico é estrutura básica de diferentes ácidos fenólicos como os ácidos gálico, vanílico,

siríngico, protocatecuico e p-hidróxibenzoico (MANACH, 2004; NØRSKOV et al., 2013).

Portanto, acredita-se que esse ácido possa ser obtido a partir da clivagem dos mesmos e

consequentemente ter os seus teores aumentados após essa etapa da digestão. Vale ressaltar

que alguns compostos fenólicos não foram avaliados na presente matriz alimentar devido à

indisponibilidade de padrões analíticos no laboratório e, portanto, não é possível afirmar a

ausência dos mesmos. Logo, compostos que poderiam resultar na elevação de teores do ácido

benzoico, por exemplo, podem não estar discriminados no presente trabalho.

O ácido gálico, que não estava presente no PC, foi observado após a etapa gástrica da

digestão simulada (Figura 4). Similar ao relatado para o ácido benzoico, o acido gálico pode

ter sido clivado de outros compostos fenólicos com estrutura mais complexa. Após a digestão

do PG, a bioacessibilidade do ácido gálico foi de 59% (Figura 4). Vale ressaltar que esse

composto foi identificado no PG estando presente em maior parte (69%) na fração insolúvel,

o que pode justificar sua menor bioacessibilidade.

Os ácidos ferúlico, m-cumárico e rosmarínico apresentaram baixa bioacessibilidade

em ambos os pães (até 25%) (Figura 4). Os resultados referentes ao ácido ferúlico

corroboram estudo prévio descrito na literatura, no qual foi avaliada a bioacessibilidade deste

composto em diferentes matrizes alimentares (aleurona, farelo de trigo, farinha de trigo

refinada, pão enriquecido com aleurona, pão enriquecido com padrão comercial de ácido

ferúlico e pão elaborado com farinha de trigo refinada). A bioacessibilidade do ácido ferúlico

de todas as amostras foi, em média, de 0,5%, à exceção do pão enriquecido com o padrão

comercial de ácido ferúlico, no qual foi observada maior bioacessibilidade (60%) (MATEO

ANSON et al., 2009). Adicionalmente, tal resultado demonstra o efeito da matriz alimentar na

bioacessibilidade do acido ferúlico.

Nos alimentos, o ácido ferúlico está principalmente conjugado a arabinoxilanas e à

parede celular de outros polissacarídeos, que são resistentes à digestão gástrica, o que pode

justificar a sua baixa bioacessibilidade (MATEO ANSON et al., 2009). De fato, em ambos os

pães, o ácido ferúlico está presente principalmente sob a forma insolúvel (98%, em média) e,

além disso, uma possível via metabólica deste ácido aponta a quebra de sua molécula original

e perda de hidroxilas, levando à formação de diferentes metabólitos, inclusive o ácido

benzoico (MATEO ANSON et al., 2011).

Dentre os flavonoides do PG, apenas a miricetina apresentou bioacessibilidade acima

de 100% (135%) (Figura 4). A quercetina e a quercetina-3-O-rutinosídeo não foram

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bioacessíveis após a etapa gástrica da digestão e a miricetina-3-O-ramnosídeo e o kaempferol

apresentaram baixa bioacessibilidade (até 16%). Esses resultados são diferentes dos relatados

por Vallejo et al. (2004), que estudaram a bioacessibilidade dos flavonoides presentes no

brócolis e apontaram não haver perdas, em relação aos teores no alimento, após a digestão

gástrica da digestão simulada. Entretanto, as divergências dos resultados podem estar

associadas às diferentes matrizes alimentares analisadas.

A não bioacessibilidade da quercetina e da quercetina-3-O-rutinosídeo pode ser

atribuída à forma na qual esses compostos estão presentes na matriz alimentar e/ou ao seu

metabolismo, que pode gerar diferentes metabólitos, inclusive os ácidos fenólicos. Ressalta-se

que a quercetina estava presente em baixos teores no PG (0,7% do teor total de compostos

fenólicos), o que pode justificar a sua ausência após a etapa gástrica. No que se refere a

quercetina-3-O-rutinosídeo, a mesma também estava presente em baixos teores no PG (9,7%

do teor total de compostos fenólicos), estando presente principalmente sob a forma conjugada

(65%). Adicionalmente, durante sua metabolização a quercetina-3-O-rutinosídeo poderia

sofrer desglicosilação gerando a quercetina. Esta, por sua vez, poderia sofrer fissão de seu

anel aromático, gerando o ácido 3,4-dihidroxifenilacético, o qual pode perder uma hidroxila e

formar os ácidos 3-hidroxifenilacético e 4-hidroxifenilacético (CROZIER; DEL RIO;

CLIFFORD, 2010; SERRA et al., 2012). A elevada bioacessibilidade do ácido 4-

hidroxifenilacético após a etapa gástrica da digestão do PG (227%) (Figura 4) poderia

também estar relacionada a essa possível rota de metabolização dos flavonoides.

Adicionalmente, outros flavonoides podem ser metabolizados e originar o ácido 4-

hidroxifenilacético (SERRA et al., 2012). Diferentes flavonoides, dos quais não havia

disponibilidade de padrões analíticos, já foram identificados na goiaba (NUNES et al., 2016;

FLORES et al., 2015).

5.3.1 Etapa intestinal

Diferente da etapa gástrica, não houve diferença significativa entre o teor total de

compostos fenólicos no PC (263,4 mg/100 g, bs) e no PG (276,7 mg/100 g, bs) nesta etapa da

digestão (Figura 5). Esses teores equivalem a 574% e 393%, respectivamente, do teor inicial

de compostos fenólicos do PC e do PG. Ainda assim, estes resultados corroboram os

observados após a etapa gástrica da digestão simulada, em que o PG apresenta novamente

menor bioacessibilidade ou mais rápida metabolização dos compostos fenólicos. É possível

também atribuir aos maiores teores de fibra dietética desta matriz alimentar ou então à forma

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na qual os compostos fenólicos estão presentes no PG (preferencialmente sob a forma

insolúvel), o que pode deixá-los pouco solúveis nos fluidos gastrointestinais (ALMINGER et

al., 2014).

Figura 5. Teores totais (mg/100 g, bs) de compostos fenólicos após a etapa intestinal da

digestão simulada in vitro do pão controle (■) e do pão de goiaba (■). Letras diferentes

indicam diferença significativa entre os pães (Teste t não-pareado, p<0,05). Os valores

expressos sobre cada coluna equivalem ao teor percentual relativo ao encontrado nos

respectivos pães.

Os resultados obtidos no presente estudo foram diferentes da expectativa, apontando

maior bioacessibilidade dos compostos fenólicos do PC em relação ao PG. O fato de a matriz

alimentar com o maior teor de compostos fenólicos apresentar menor bioacessibilidade pode

estar associado às diferentes interações entre os compostos provenientes da goiaba e a matriz

alimentar em questão (OZDAL; CAPANOGLU; ALTAY, 2013). Além disso, interações

entre compostos fenólicos e enzimas digestivas são conhecidas por modificar as propriedades

físico-químicas e estruturais desses compostos, o que, consequentemente, pode resultar em

redução da atividade enzimática e da bioacessibilidade (ṤWIECA et al., 2014).

Os compostos fenólicos identificados após a etapa gástrica da digestão in vitro estão

apresentados na Figura 6 e também foram observados após a etapa intestinal, à exceção do

ácido ferúlico no PC e do kaempferol e da miricetina-3-O-ramnosídeo no PG, que não foram

observados após essa etapa da digestão simulada. Além destes, a quercetina-3-O-rutinosídeo,

que não havia sido identificada após a etapa gástrica, foi encontrada no PG após a etapa

intestinal (Figura 6).

0

100

200

300

400

393%

a574%

a

Total de compostos fenólicos

mg

/10

0 g

(b

s)

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60

Figura 6. Teores (mg/100 g, bs) de compostos fenólicos após a etapa intestinal da digestão

simulada in vitro do pão controle (■) e do pão de goiaba (■). Letras diferentes letras para um

mesmo composto indicam diferença significativa entre os pães (Teste t não-pareado, p<0,05). Os valores expressos sobre cada coluna equivalem ao teor percentual relativo ao encontrado

nos respectivos pães.

Após a etapa intestinal da digestão apenas os teores do ácido 4-hidroxifenilacético

foram semelhantes entre os pães, ao passo que os teores dos ácidos benzoico, siríngico e m-

cumárico foram superiores no PC. No PG foram encontrados maiores teores de ácido gálico e

rosmarínico, além da presença dos flavonoides, encontrados apenas nesta matriz alimentar

(Figura 6).

Áci

do sirí

ngico

Áci

do ro

smar

ínic

o

0.0

0.5

1.0

1.5

19%

69%

a

b

a

a

4%

Áci

dom

-cum

áric

o

mg

/10

0 g

(b

s)

Mir

icet

ina

0.0

0.5

1.0

1.5

152%

0,2%

Mir

icet

ina-

3-O-r

amnos

ídeo

Quer

ceti

na-3-O

-ruti

nosídeo

15%

a

a

a

mg

/10

0 g

(b

s)

Áci

do gá

lico

Áci

do 4-

hidro

xife

nilacé

tico

Áci

do ben

zoic

o

0

40

80

120

160

200

240 610%973%

313%

a

470%

aa

a

bb

mg

/10

0 g

(b

s)

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61

O processo de digestão simulada in vitro foi realizado em duas etapas independentes.

Porém, os resultados apresentados após a etapa intestinal também representam parcialmente

aqueles obtidos na etapa gástrica da digestão simulada in vitro. Portanto, a fim de encontrar o

resultado mais fidedigno da etapa intestinal na bioacessibilidade dos compostos fenólicos dos

pães, faz-se necessário subtrair os teores de compostos fenólicos observados nesta segunda

etapa dos valores encontrados após a primeira. Esses cálculos foram realizados e estão

apresentados na Figura 7, que mostra a variação absoluta dos percentuais de

bioacessibilidade entre as etapas gástrica e intestinal.

Os ácidos ferúlico, m-cumárico e rosmarínico apresentaram variação relativamente

pequena após a etapa intestinal da digestão (Figura 7A). Vale ressaltar que esses foram os

compostos menos bioacessíveis em ambas as etapas da digestão simulada e que os mesmos

estavam presentes em baixos teores nos pães e a maior parte sob a forma insolúvel (Tabela

2). O ácido siríngico não apresentou o mesmo padrão de comportamento entre os pães.

Observou-se um aumento da sua bioacessibilidade após a etapa intestinal da digestão

simulada no PC, matriz na qual esse composto não tinha sido identificado, ao passo que sua

bioacessibilidade foi reduzida no PG (Figura 7A). Estes resultados podem ser justificados

pelo fato de este composto ter sido observado apenas na fração insolúvel do PG, ou seja,

ligado a componentes da parede celular por ligações mais difíceis de romper.

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62

Figura 7. Variação absoluta (mg/100 g, bs) dos teores de compostos fenólicos entre as etapas

gástrica e intestinal da digestão simulada in vitro do pão controle (■) e do pão de goiaba (■).

Os valores expressos em percentual sobre cada coluna equivalem a variação relativa à etapa

gástrica da digestão simulada in vitro.

A bioacessibilidade dos ácidos gálico e 4-hidroxifenilacético aumentou após a etapa

intestinal da digestão simulada (Figura 7B). Assim como na etapa gástrica, a

bioacessibilidade superior a 100% desses compostos sugere que os mesmos foram liberados

da matriz alimentar ou então metabolizados a partir de compostos fenólicos com estruturas

mais complexas (NØRSKOV et al., 2013). Sabe-se também que o ácido 4-hidroxifenilacético

Áci

do fe

rúlic

o

Áci

do ro

smar

ínic

o

Áci

do sirí

ngico

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

-6%

1,6%

-110%

Áci

dom

-cum

áric

o

-0,3%

A

Varia

ção

ab

solu

ta

(mg

/10

0 g

, b

s)

Mir

icet

ina

Kae

mpfe

rol

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

18%

15%

Mir

icet

ina-

3-O-r

amnos

ídeo

Quer

ceti

na-3-O

-ruti

nosídeo

-15%-0,4%

C

Varia

ção

ab

solu

ta

(mg

/10

0 g

, b

s)

0

50

100

150

200

323%

260%

Total de compostos fenólicos

D

Varia

ção

ab

solu

ta

(mg

/10

0 g

, b

s)

Áci

do gá

lico

Áci

do 4-

hidro

xife

nilacé

tico

Áci

do ben

zoic

o

-50

0

50

100

150

200

455%

411%

746%

-55%

B

Varia

ção

ab

solu

ta

(mg

/10

0 g

, b

s)

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63

pode ser um metabólito comum de diferentes compostos fenólicos encontrados nesta matriz

alimentar como, por exemplo, os flavonoides (CROZIER; DEL RIO; CLIFFORD, 2010;

SERRA et al., 2012).

O ácido gálico é o ácido fenólico mais comum dessa classe de compostos e ocorre

comumente na forma de complexos ésteres de açúcar, como os galotaninos (DEL RIO et al.,

2013). Portanto, a maior bioacessibilidade do ácido gálico no PG em relação ao PC (Figura

7B) pode estar associado à presença das galocatequinas na goiaba, composto não identificado

neste trabalho devido à ausência do padrão comercial no laboratório de análise, porém já

relatado em outro estudo (FLORES et al., 2015). Já foi observado na literatura que as

galocatequinas podem ser parcialmente hidrolisadas e formar ácido gálico (TAKAGAKI;

NANJO, 2015). Além disso, o aumento deste composto em ambos os pães também pode estar

associado à sua estrutura química, comum a diversos compostos como, por exemplo, a

miricetina e a miricetina-3-O-ramnosídeo.

A bioacessibilidade do ácido benzoico após a etapa intestinal da digestão do PC não

apresentou diferença significativa em relação à etapa gástrica (Figura 7B). Porém, ao

analisarmos no PG, observa-se redução da sua bioacessibilidade após a etapa intestinal da

digestão (Figura 7B), o que pode estar associado a elevação de outros compostos que podem

ser seus metabólitos, tais como o ácido gálico e o ácido 4-hidroxifenilacético.

Em relação aos flavonoides, presentes apenas no PG, houve um aumento significativo

dos teores da miricetina e da quercetina-3-O-rutinosídeo após a etapa intestinal em relação à

etapa gástrica, apontando que esses compostos foram mais bioacessíveis (Figura 7C).

Entretanto, houve redução da bioacessibilidade do kaempferol e da miricetina-3-O-

ramnosídeo após a etapa intestinal da digestão in vitro (Figura 7C).

O aumento da bioacessibilidade da miricetina após a etapa intestinal da digestão do

PG pode ser atribuída a desglicosilação da miricetina-3-O-ramnosídeo. A redução dos teores

desta forma glicosilada corrobora a hipótese sugerida. De acordo com a via metabólica destes

compostos, é possível ainda, que a miricetina e suas formas glicosiladas formem diferentes

metabólitos, como os ácidos 3-hidroxifenilacético e 4-hidroxifenilacético, justificando o

aumento deste último composto (SERRA et al., 2012).

A maior bioacessibilidade da quercetina-3-O-rutinosídeo pode ser justificada pela

liberação das formas glicosiladas de quercetina, as quais ocorrem no intestino com maior

eficiência do que as formas agliconas (MANACH et al., 2005). Alguns mecanismos pelos

quais a glicosilação facilita a absorção da quercetina foram propostos (HOLLMAN et al.,

1995; DAY et al., 2000). Entretanto, não foram aplicáveis à absorção da quercetina-3-O-

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rutinosídeo. A liberação deste flavonoide da matriz alimentar após a etapa intestinal pode

também estar associada à forma insolúvel em que foi mais encontrado no PG. Uma vez que a

etapa intestinal é a continuação da gástrica, pode haver maior liberação de compostos e

quebra de componentes da matriz alimentar.

Em relação ao teor total de compostos fenólicos em ambos os pães, os resultados

encontrados corroboram com demais estudos em que o teor total destes aumentou após a

etapa intestinal da digestão simulada (Figura 7D). Isso porque, sabe-se que o pH e o processo

de digestão resultam na hidrólise do amido, proteólise e liberação de compostos fenólicos de

sua forma conjugada e da parede celular de matriz alimentar. Este processo é muito

importante, uma vez que os nutrientes e não nutrientes estão na sua forma simples

(aminoácidos, ácidos graxos e açúcares simples) antes da absorção pela parede intestinal

(SZAWARA-NOWAK; BĄCZEK; ZIELIŃSKI, 2016).

5.4. Fermentação colônica ex vivo

As amostras do pool de fezes obtidas foram analisadas previamente à adição das

frações digeridas e cinco compostos fenólicos foram identificados (kaempferol e ácidos 4-

hidroxifenilacético, siríngico, benzoico e rosmarínico). Essas amostras foram consideradas

como controle. Os teores obtidos de compostos fenólicos foram descontados dos resultados

obtidos em cada tempo da fermentação colônica.

O perfil dos compostos fenólicos ao longo das 72 horas de fermentação foi

apresentado na Figura 8 e foi semelhante nos pães controle e de goiaba e, de maneira geral,

os teores totais de compostos fenólicos aumentaram ao longo das 72 horas de fermentação

colônica. Similar ao observado após as etapas gástrica e intestinal da digestão simulada in

vitro, a bioacessibilidade dos compostos fenólicos presentes no PC foi maior quando

comparada ao PG.

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65

Figura 8. Teores totais (mg/100 g, bs) dos compostos fenólicos após 4 h, 24 h, 48 h e 72 h de

fermentação colônica do pão controle (■) e do pão de goiaba (■). Os valores expressos sobre

cada ponto equivalem ao teor percentual relativo ao encontrado na etapa intestinal da digestão

simulada in vitro.

O aumento da bioacessibilidade dos compostos fenólicos após a fermentação pode

estar associado à presença de fibra dietética em ambos os pães. Segundo Nordlund, Aura e

Matilla (2012) esse componente alimentar carreia os compostos fenólicos até o cólon, onde

são liberados da matriz alimentar e, então, convertidos em metabólitos dos ácidos

fenilpropiônico, fenilacético e benzoico. A maior bioacessibilidade nesta etapa dos compostos

fenólicos presentes no PG pode ter ocorrido em virtude do maior teor de fibras alimentares

bem como pelo perfil de sua distribuição (preferencialmente sob a forma insolúvel), o que

dificulta a liberação desses compostos da matriz alimentar (ALMINGER et al., 2014).

Adicionalmente, Hiller et al. (2011) constataram que pães com maiores teores de fibra

alimentar promoveram diminuição da atividade de enzimas bacterianas fecais e,

consequentemente, redução da taxa de metabolização dos compostos fenólicos.

Além dessas hipóteses, outros estudos apontam para a possível interação (covalente e

não covalente) entre os compostos fenólicos de alimentos e a proteína do trigo (OZDAL;

CAPANOGLU; ALTAY, 2013; ṤWIECA et al., 2014), o que pode justificar a menor

bioacessibilidade dos compostos fenólicos do PG quando comparado ao do PC.

De outro pronto de vista, de acordo com Manach et al. (2004), os compostos fenólicos,

de maneira geral, não são absorvidos no intestino delgado e alcançam o cólon, permitindo que

a microbiota hidrolise as formas glicosídicas, gerando agliconas e, por fim, metabolizando-as

extensivamente em diversos compostos aromáticos de baixo peso molecular, tais como ácidos

hidroxifenilacéticos, hidroxifenilpropiônicos e fenilenteorolactonas. Em seguida, esses

compostos podem ainda ser metabolizados em diferentes derivados do ácido benzoico.

0 12 24 36 48 60 720

500

1000

1500

Tempo de fermentação (h)

272%

394%

467% 452%

124%

293%317%

257%

To

tal

de

com

po

sto

s fe

lico

s

(mg

/10

0 g

, b

s)

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66

No PC foram identificados cinco compostos fenólicos durante a fermentação colônica,

sendo eles: ácidos gálico, 4-hidroxifenilacético, siríngico, benzoico e rosmarínico. Já no PG,

foram identificados sete compostos fenólicos nesta etapa, sendo os mesmos seis encontrados

no PC e os flavonoides kaempferol e miricetina. No PC todos os compostos fenólicos

identificados nesta etapa, com exceção do ácido rosmarínico, foram também observados após

a etapa intestinal da digestão in vitro. No PG todos os compostos identificados nesta etapa

também foram identificados na etapa anterior, exceto o kaempferol. De maneira geral, os

compostos fenólicos apresentaram-se mais bioacessíveis, exceto os ácidos siríngico e a

miricetina.

Os resultados encontrados no presente trabalho corroboram a literatura, que aponta a

extensa metabolização dos compostos fenólicos encontrados em diferentes matrizes

alimentares, gerando especialmente os ácidos benzoico, gálico e 4-hidroxifenilacético

(MANACH et al., 2004; SANCHEZ-PÁTAN et al., 2015) (Figura 9).

No PC, o ácido gálico apresentou perfil diferente dos demais compostos identificados,

visto que teve uma redução significativa no tempo de 24 horas seguido de aumento dos teores

nos tempos seguintes (Figura 9A). Sánchez-Patán et al. (2015) ao estudar a fermentação

colônica de extrato de semente de uva notaram degradação do ácido gálico após 24 horas,

comportamento semelhante ao encontrado no presente trabalho, podendo indicar a degradação

e metabolização dos compostos provenientes da fase intestinal. Entretanto, os picos elevados

nos horários seguintes podem apontar para a metabolização de outros compostos que não

haviam sido liberados da matriz alimentar até então.

Pimpão et al. (2014) ao avaliar os metabólitos de compostos fenólicos na urina de

voluntários após a ingestão de um purê de frutas relataram que a absorção e a eliminação do

ácido gálico é rápida, sendo o pico dos metabólitos de fase II observados entre 2 e 4 horas. No

entanto, as formas conjugadas do ácido gálico ainda foram observadas na urina entre 8 e 24

horas após a ingestão do purê, sugerindo a degradação de compostos como ésteres de ácido

gálico, além da quebra de outros compostos fenólicos, como as antocianinas pela microbiota

colônica.

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67

Figura 9. Teores (mg/100 g, bs) dos compostos fenólicos após 4 h, 24 h, 48 h e 72 h de

fermentação colônica do pão controle (■) e do pão de goiaba (■). Os valores expressos sobre

cada ponto equivalem ao teor percentual relativo ao encontrado na etapa intestinal da digestão

simulada in vitro. Ácido gálico (A), ácido 4-hidroxifenilacético (B) e ácido benzoico (C).

No presente estudo, apesar da diferença na matriz alimentar, os resultados podem ter

justificativa semelhante, em que o ácido gálico continua a ser produzido e tem os seus teores

elevados devido à extensa metabolização dos compostos fenólicos presentes inicialmente nos

pães. No PG, os elevados teores de ácido gálico encontrados durante a fermentação colônica

(Figura 9A) podem ser justificados pela metabolização contínua das galocatequinas, já

relatadas na goiaba (FLORES et al., 2015) porém não identificadas neste estudo devido à

ausência de padrão comercial no laboratório de análise.

De forma semelhante, foi relatado por Mosele et al. (2015) que a degradação dos

galotaninos do Arbutus unedo continuou na presença da microbiota humana, gerando acúmulo

de ácido gálico nos primeiros estágios de fermentação. Os metabólitos microbianos dos

galotaninos do estudo em questão foram os ácidos gálico, protocatecuico e p-hidroxibenzoico.

0 12 24 36 48 60 720

200

400

600

800A

236%

360%

390%

345%

Tempo de fermentação (h)

146%

266%

211%

247%

Áci

do

4-h

idro

xif

enil

acé

tico

(m

g/1

00 g

, b

s)

0 12 24 36 48 60 720

100

200

300

400

Tempo de fermentação (h)

B

131%

561% 578%604%

90%230% 254%

64%

Áci

do

ben

zóic

o

(m

g/1

00 g

, b

s)

0 12 24 36 48 60 720

100

200

300

400

Tempo de fermentação (h)

C

1031%

322%

978%

1162%

590%

1220%

570%Áci

do

gáli

co

(m

g/1

00 g

, b

s)

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68

É possível também que estes outros metabólitos sejam gerados pelas galocatequinas, porém

não foram avaliados devido à ausência do padrão comercial no laboratório de análise.

A bioacessibilidade do ácido 4-hidroxifenilacético, aumentou durante a fermentação

colônica em ambos os pães, sendo esta maior no PC do que no PG (Figura 9B). A sua

bioacessibilidade atingiu maior percentual em 48 h e 24 h, respectivamente, após a incubação

com o PC e o PG. Após esses períodos foi observada uma redução na bioacessibilidade, que

se manteve superior a 200% em relação ao encontrado na etapa intestinal.

Os ácidos fenilacéticos são os principais metabólitos colônicos dos flavonóis, o que

pode justificar a sua elevada bioacessibilidade após a fermentação colônica. Entretanto, não

são apenas estes compostos que podem gerar os ácidos fenilacéticos como metabólitos, mas

também os derivados de ácido ferúlico e cafeico, por exemplo, o que poderia também

justificar o aumento da bioacessibilidade do 4-hidroxifenilacético no PC (Figura 9B)

(NORDLUND et al., 2012).

Os resultados encontrados para o ácido benzoico apontaram elevada bioacessibilidade

deste composto após a fermentação colônica (Figura 9C). Estes dados corroboram o descrito

na literatura, em que os derivados de ácido benzoico foram encontrados como o segundo

principal metabólito colônico do farelo de trigo, centeio e aveia (NORDLUND et al., 2012).

Além disso, os ácidos ferúlico e cafeico podem ser desesterificados a ácido 3-(3-hidroxifenil)-

propiônico e em seguida ser β-oxidado à ácido benzoico (NØRSKOV et al., 2013). Os

maiores teores deste composto no PC em relação ao PG podem também ser atribuídos a este

fato, visto que a primeira matriz alimentar possui maiores teores de farinha de trigo, bem

como de ácido ferúlico (Tabela 2).

O ácido rosmarínico apresentou elevada bioacessibilidade em ambos os pães, visto que

ultrapassou os 400% no PG e, no PC, esse composto não havia sido encontrado após a etapa

intestinal (Figura 10A). Este fato pode estar relacionado à forma em que esse ácido está

presente em ambas as matrizes alimentares, nas quais foi encontrado principalmente na fração

insolúvel.

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69

Figura 10. Teores (mg/100 g, bs) dos compostos fenólicos após 4 h, 24 h, 48 h e 72 h de

fermentação colônica do pão controle (■) e do pão de goiaba (■). Os valores expressos sobre

cada ponto equivalem ao teor percentual relativo ao encontrado na etapa intestinal da digestão

simulada in vitro. Ácido rosmarínico (A), ácido siríngico (B), kaempferol (C) miricetina (D).

No PG foram encontrados dois flavonoides após a fermentação colônica, sendo eles o

kaempferol e a miricetina (Figura 10 C e D), dos quais apenas a última havia sido

identificada após a etapa intestinal da digestão simulada in vitro. Os demais flavonoides

encontrados na última etapa da digestão (quercetina-3-O-rutinosídeo e miricetina-3-O-

ramnosídeo) não foram observados após a fermentação colônica. Ainda assim, a

bioacessibilidade dos flavonóides encontrados foi baixa (26% a 48%) (Figura 10D).

A identificação do kaempferol, que não estava presente após a digestão simulada in

vitro, pode estar relacionada a possível quebra de compostos fenólicos com estruturas

moleculares complexas como a isoharmetina-3-O-glicosídeo, composto não identificado no

presente estudo por falta de padrões analíticos no laboratório, porém já relatado na goiaba

(JOSLINE; SALIB; MICHAEL, 2004; FLORES et al., 2015). Du, Zhao e Xu (2014) ao

analisarem os metabólitos da isoharmetina-3-O-glicosídeo produzidos pela flora intestinal

0 12 24 36 48 60 720.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Tempo de fermentação (h)

A

414%563% 540% 537%

Áci

do

ro

smarí

nic

o

(m

g/1

00 g

, b

s)

0 12 24 36 48 60 720

1

2

3

4

Tempo de fermentação (h)

B

69%

224%

256%258%

15%48%

Áci

do

sir

íngic

o

(m

g/1

00 g

, b

s)

0 12 24 36 48 60 720.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

Tempo de fermentação (h)

C

Kaem

pfe

rol

(m

g/1

00 g

, b

s)

0 12 24 36 48 60 720.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Tempo de fermentação (h)

D

48%40%

26%

46%

Mir

icet

ina

(m

g/1

00 g

, b

s)

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70

encontraram cinco metabólitos e, entre eles, o kaempferol. As possíveis vias metabólicas para

este processo são desglicosilação, gerando isoharmetina, seguida de demetilação, formando o

kaempferol ou o processo inverso, ocorrendo uma demetilação, seguida de desglicosilação.

O fato de os flavonoides quercetina-3-O-rutinosídeo e miricetina-3-O-ramnosídeo

serem identificados após a etapa intestinal da digestão in vitro, e não após a fermentação

colônica pode ser justificado pela possível metabolização destes compostos a metabólitos de

baixo peso molecular, como os ácidos 3-dihidroxifenilacético e 4-hidróxifenilacético

(CROZIER; DEL RIO; CLIFFORD, 2010; SERRA et al., 2012), o que estaria de acordo com

o aumento da bioacessibilidade deste último após a fermentação colônica dos dois pães. De

acordo com Del Rio et al. (2011) uma possível via de transformação catalisada pelas bactérias

colônicas seria a desglicosilação da quercetina-3-O-rutinosídeo, levando a formação da

quercetina e consequente fissão do seu anel e a geração do metabólito 3,4-

dihidroxifenilacético. Por fim, este metabólito está passível de perder uma hidroxila e formar

o ácido 4-hidroxifenilacético. Do mesmo modo, é possível que a miricetina-3-O-ramnosídeo

encontrada no PG tenha também sofrido desglicosilação e por isso apenas a sua forma

aglicona tenha sido encontrada.

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71

CONCLUSÕES

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72

A caracterização do perfil de compostos fenólicos de ambos os pães foi relevante para

a compreensão dos resultados encontrados após as etapas de digestão in vitro e da

fermentação colônica. A forma (solúvel e/ou insolúvel) na qual os compostos fenólicos estão

presentes nos alimentos estudados parece ter influenciado sua bioacessibilidade e sua

fermentação colônica, sendo, em geral, os compostos fenólicos insolúveis menos

bioacessíveis. Apesar disso, os compostos fenólicos dos pães apresentaram elevada

bioacessibilidade.

Em sua maioria, os compostos fenólicos foram extensamente metabolizados nas etapas

de digestão simulada in vitro e também na fermentação colônica por ação da microbiota. Os

ácidos gálico, 4-hidroxifenilacético e benzoico apresentaram elevada bioacessibilidade após

as etapas de digestão in vitro e de fermentação, sugerindo que os mesmos são formados a

partir de reações de desglicosilação e desidroxilação, por exemplo, de compostos mais

complexos, tais como as formas glicosiladas dos flavonóis. Dentre os flavonoides, a

miricetina, identificada apenas no pão de goiaba, apresentou maior bioacessibilidade após a

etapa intestinal da digestão simulada (152%), sendo reduzida (em torno de 40%) após a

fermentação colônica. As vias metabólicas de alguns dos compostos fenólicos presentes nos

pães são apresentadas de maneira esquemática nas Figuras 11 a 13.

Os compostos fenólicos observados após a fermentação colônica podem exercer

efeitos benéficos locais bem como sistêmica, uma vez que podem ser reabsorvidos. Embora

os resultados in vitro e ex vivo observados no presente trabalho não possam ser diretamente

relacionados com as condições in vivo, esses dados fornecem evidências de que o pão pode

ser uma ferramenta útil para ser empregada para aumentar a ingestão dietética de compostos

fenólicos pela população.

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73

Figura 11. Representação esquemática da via metabólica da quercetina-3-O-

rutinosídeo e da quercetina presentes no pão de goiaba. As setas vermelhas e verdes

representam, respectivamente, diminuição e aumento dos compostos em comparação

com o pão de goiaba. As setas tracejadas representam possíveis vias metabólicas, já

descritas para outros alimentos, mas não observadas no presente trabalho. O símbolo

representa metabólitos já descritos na literatura, mas não identificados no

presente estudo.

% de variação: (-100/-75%) (-75/-50%) (-50/-25%) (-25/-0%)

o d

e g

oia

ba

Est

ôm

ag

oIn

test

ino

lon

Ácido 3,4-dihidroxifenilacético

Desglicosilação

Quercetina-3-O-rutinosídeo

OH

OH

O

O

O

OH

OH

Rutinose

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

OH

OH

O

O

O

OH

OH

Rutinose

Quercetina-3-O-rutinosídeo Quercetina

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

Quercetina

OH

OH

O

O

O

OH

OH

Rutinose

Quercetina-3-O-rutinosídeo

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

Quercetina

OH

OH

O

O

O

OH

OH

Rutinose

Quercetina-3-O-rutinosídeo

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

Quercetina

OH

OH

OH

O

Ácido 4-hidroxifenilacético

Fissão do anel C

Desidroxilação

OH

OH

O

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Figura 12. Representação esquemática da via metabólica da miricetina-3-O-

raminosídeo e da miricetina presentes no pão de goiaba. As setas vermelhas

representam diminuição dos compostos em comparação com o pão de goiaba. As setas

tracejadas representam possíveis vias metabólicas, já descritas para outros alimentos,

mas não observadas no presente trabalho.% de variação: (-100/-75%) (-75/-50%) (-50/-25%) (-25/-0%)

Pão d

e goia

ba

Miricetina

Est

ôm

ago

Inte

stin

oC

ólo

nOH

OH

OHO

O

O

OH

OHRaminose

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

OH

Miricetina-3-O-raminosídeo

Miricetina

OH

OH

OHO

O

O

OH

OHRaminose

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

OH

Miricetina-3-O-raminosídeo

Miricetina

OH

OH

OHO

O

O

OH

OHRaminose

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

OH

Miricetina-3-O-raminosídeo

Desglicosilação

OH

OH

OHO

O

O

OH

OHRaminose

Miricetina-3-O-raminosídeo Miricetina

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

OH

OH OH

O

OH

OH

Fissão do anel C

Ácido 3,4,5-trihidroxifenilacético

Desidroxilação

Ácido 4-hidroxifenilacético

OH

OH

O

Desglicosilação

Ácido gálico

OH

O

OH

OH

OH

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Figura 13. Representação esquemática da via metabólica do ácido gálico

presente no pão controle e no pão de goiaba. As setas vermelhas e verdes

representam, respectivamente, diminuição e aumento dos compostos em

comparação com os pães. As setas tracejadas representam possíveis vias

metabólicas, já descritas para outros alimentos, mas não observadas no

presente trabalho. % de variação:

(-100/-75%) (-75/-50%) (-50/-25%) (-25/-0%)

(100/125%) (125/150%) (150/200%) (>200%)

o d

e g

oia

ba

Est

ôm

ag

oIn

test

ino

Cólo

n

Ácido gálico

OH

O

OH

OH

OH

Ácido gálico

OH

O

OH

OH

OH

Ácido gálico

OH

O

OH

OH

OH

Ácido gálico

OH

O

OH

OH

OH

Galocatequinas

Desidroxilação

Ácido gálico

OH

O

OH

OH

OH

Pão co

ntro

le

OH

O

Ácido benzóico

Ácido gálico

OH

O

OH

OH

OH

Ácido gálico

OH

O

OH

OH

OH

Desidroxilação

OH

O

Ácido benzóico

Outros compostos fenólicos

com estrutura mais complexa

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85

ANEXOS

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ANEXO A – INSTRUÇÃO PARA DOAÇÃO ESPONTÂNEA DE FEZES

Instruções para doação espontânea de fezes

O doador não deve consumir os seguintes alimentos nas 48 horas precedentes à coleta:

- Pães;

- Alimentos à base de farinha de trigo (macarrão, pizza, massas em geral)

- Frutas em geral e seus derivados, (principalmente goiaba);

- Bebidas alcoólicas.

A coleta das fezes deve ser realizada necessariamente pela manhã e entregue o mais rápido

possível (até 2 horas depois).

Qualquer dúvida entrar em contato.

Muito obrigada pela sua colaboração.

Isabel Vieira

(21) 98667-7021 (telefone ou Whatsapp)

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ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto de Nutrição Josué de Castro

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Trabalho de pesquisa: “Digestão in vitro e fermentação colônica de compostos fenólicos

presentes no pão de goiaba”

Você está sendo convidado (a) a participar como voluntário (a) de uma pesquisa cujo objetivo

é investigar as mudanças que componentes naturalmente presentes no pão e em pão

enriquecido com farinha de goiaba sofrem quando em contato com fezes. Este estudo está

sendo realizado pela nutricionista e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição

(UFRJ), Isabel Pinto Vieira, sob orientação da Prof. Dra Mariana Monteiro do Instituto de

Nutrição da UFRJ.

Participando deste estudo, dois dias antes de uma coleta de fezes você será orientado a:

Não consumir frutas em geral e seus derivados (principalmente goiaba), pães em

geral, alimentos à base de farinha (pizza, macarrão, massas) e bebidas alcoólicas.

As fezes dos voluntários adultos serão coletadas e armazenadas em potes plásticos.

Todos os materiais para coleta e armazenamento das amostras lhe serão fornecidos

gratuitamente. Também serão solicitadas informações socioeconômicas (local onde mora,

renda familiar mensal) e relativas à sua saúde (hábitos alimentares e de estilo de vida,

histórico pessoal e familiar de doenças pré-existentes, uso de medicamentos, etc).

Esclarecemos que o procedimento de coleta de fezes não acarretará desconforto ou

riscos para você. Lembramos que é muito importante a lavagem das mãos com água e sabão

após a coleta das fezes para não adquirir ou transmitir nenhuma doença. Esclarecemos, ainda,

que não há benefício direto para o participante, e que você não terá despesas relacionadas à

pesquisa, nem retorno financeiro (por exemplo, para pagamento de transporte e alimentação).

A sua participação na pesquisa não é obrigatória e sua recusa não acarretará nenhum prejuízo.

Além disso, você poderá se retirar da pesquisa a qualquer momento, sem constrangimentos,

sem que isso lhe traga qualquer prejuízo ou penalização, sem necessidade de justificativa.

Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso direto com os responsáveis pela

pesquisa das seguintes formas:

Isabel Pinto Vieira - email: [email protected] – Telefone de contato: (21)

98667-7021

Prof. Mariana Costa Monteiro - email: [email protected] - Endereço: Av.

Carlos Chagas Filho, 373, Centro de Ciências da Saúde, bloco J, segundo andar, sala

16. Cidade Universitária. Rio de Janeiro. Telefone de contato: 3938-6449

Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Clementino

Fraga Filho/HUCFF/UFRJ – Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco, nº 255, sala 01D-46/1º

andar. Cidade Universitária/Ilha do Fundão. Rio de Janeiro. Telefone (21) 2562-2480, de

segunda a sexta-feira, das 8 às 15 horas ou através do email: [email protected].

Todos os dados fornecidos são considerados confidenciais, sendo totalmente garantido

o sigilo das informações e sua privacidade. Os dados não serão divulgados de forma a

possibilitar a sua identificação e os resultados obtidos neste trabalho serão divulgados em

revistas científicas da área.

Acredito ter sido suficientemente informado (a) a respeito das informações sobre o

estudo acima citado que li ou que foram lidas para mim.

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Eu discuti com a nutricionista Isabel Pinto Vieira sobre a minha decisão em participar

nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a

serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de

despesas e que tenho garantia de acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo

voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer

momento, sem penalidades ou prejuízos e sem a perda de atendimento nesta Instituição ou de

qualquer benefício que eu possa ter adquirido. Eu receberei uma cópia desse Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a outra ficará com o pesquisador responsável

por essa pesquisa. Além disso, estou ciente de que eu (ou meu representante legal) e o

pesquisador responsável deveremos rubricar todas as folhas desse TCLE e assinar na última

folha.

____________________ __________________ Rio de Janeiro, ____/____/____

Declaro obtive de forma apropriada e

voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido do voluntário para participação no estudo.

___________________ ___________________ Rio de Janeiro, ____/____/____

Nome do pesquisador

responsável

Assinatura do pesquisador

responsável

Nome do sujeito da

pesquisa

Assinatura do sujeito da

pesquisa

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ANEXO C – FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO DO PÃO CONTROLE

FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO NO : 1

PREPARAÇÃO: Pão de forma controle NO de PORÇÃO: 10

INGREDIENTES

UND PC PB

Quantidade

Total

(QT)

Custo

unitário

Custo

Total

Água L 0,0171 0,0171 0,171 - -

Manteiga sem sal Kg 0,0012 0,0012 0,012 R$0,03 R$0,36

Farinha de trigo Kg 0,03 0,03 0,3 R$2,95 R$0,89

Açúcar Kg 0,0012 0,0012 0,012 R$0,0029 R$0,03

Sal g 0,6 0,6 6,0 R$0,0019 R$0,01

CMC g 0,37 0,37 3,7 R$0,127 R$0,47

Melhorador g 0,3 0,3 3,0 R$0,203 R$0,61

Fermento biológico g 0,3 0,3 3,0 R$0,145 R$0,44

TÉCNICA DE PREPARO

1. Colocar todos os gêneros líquidos em temperatura ambiente no recipiente da máquina de pão;

2. Colocar em seguida os gêneros sólidos também em temperatura ambiente;

3. Fechar a máquina de pão e configurar o aquecimento médio durante 3 horas e 13 minutos.

Rendimento

Total

0,450 kg

Porção

(kg/ L)

0,045

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL

(Per capita)

Custo total: R$ 2,81 Custo porção: R$0,28 Glicídios (g) 23,63

COMENTÁRIO SENSORIAL DA PORÇÃO Proteínas (g) 6,03

Lipídeos (g) 1,66

COR Marrom claro VET (kcal) | porção

AROMA De pão

SABOR Característico 133,58

TEXTURA Macia

OBSERVAÇÕES

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ANEXO D – FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO DO PÃO DE GOIABA

FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO NO : 2

PREPARAÇÃO: Pão de goiaba NO de PORÇÃO: 10

INGREDIENTES

UND PC PB

Quantidade

Total

(QT)

Custo

unitário

Custo

Total

Água L 0,0171 0,0171 0,171 - -

Manteiga sem sal g 1,2 1,2 12,0 R$0,03 R$0,36

Farinha de goiaba g 0,9 0,9 90,0 R$0,028 R$2,52

Farinha de trigo Kg 0,021 0,021 0,21 R$2,95 R$0,62

Açúcar g 1,2 1,2 12,0 R$0,0029 R$0,03

Sal g 0,6 0,6 6,0 R$0,0019 R$0,01

CMC g 0,37 0,37 3,7 R$0,127 R$0,47

Melhorador g 0,3 0,3 3,0 R$0,203 R$0,61

Fermento biológico g 0,3 0,3 3,0 R$0,145 R$0,44

TÉCNICA DE PREPARO

1. Colocar todos os gêneros líquidos em temperatura ambiente no recipiente da máquina de pão;

2. Colocar em seguida os gêneros sólidos também em temperatura ambiente;

3. Fechar a máquina de pão e configurar o aquecimento médio durante 3 horas e 13 minutos.

Rendimento

Total

0,457 kg

Porção

(kg/ L)

0,046

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL

(Per capita)

Custo total: R$ 5,06 Custo porção: R$0,51 Glicídios (g) 22,73

COMENTÁRIO SENSORIAL DA PORÇÃO Proteínas (g) 3,92

Lipídeos (g) 2,16

COR Marrom avermelhado escuro VET (kcal) | porção

AROMA De goiaba

SABOR Levemente de goiaba 126,04

TEXTURA Pouco macia

OBSERVAÇÕES

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91

ANEXO E – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA FRAÇÃO

SOLÚVEL

Cromatograma do perfil de compostos fenólicos da fração solúvel do pão controle. Composto

identificado: ácido 4-hidroxifenilacético (1).

Cromatograma do perfil de compostos fenólicos da fração solúvel do pão de goiaba.

Composto identificado: ácido 4-hidroxifenilacético (1).

10.0 12.5 15.0 17.5 min

0

25

50

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

1

λ = 274 nm

7.5 10.0 12.5 15.0 min

0

25

50

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

1

λ = 274 nm

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92

ANEXO F – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA FRAÇÃO

INSOLÚVEL ALCALINA

Cromatograma do perfil de compostos fenólicos da fração insolúvel alcalina do pão controle.

Composto identificado: ácido ferúlico (1).

Cromatograma do perfil de compostos fenólicos da fração insolúvel alcalina do pão de

goiaba. Composto identificado: miricetina-3-O-ramnosídeo (1).

20.0 25.0 30.0 35.0 min

0

25

50

75

100

125mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

1

λ = 325 nm

λ = 355 nm

30 40 50 min

0

10

20

30

40mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

1

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93

ANEXO G – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA FRAÇÃO

INSOLÚVEL ÁCIDA

Cromatogramas do perfil de compostos fenólicos da fração insolúvel ácida do pão de goiaba.

Compostos identificados: ácido benzoico (1) e miricetina-3-O-ramnosídeo (2).

47.5 50.0 52.5 55.0 57.5 60.0 min

-500

-400

-300

-200

-100mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

λ = 230nm

1

20 30 40 50 min

0

10

20

30

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

2

λ = 355 nm

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ANEXO H – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA ETAPA

GÁSTRICA DA DIGESTÃO IN VITRO

Cromatogramas do perfil de compostos fenólicos da etapa gástrica da digestão in vitro do pão

controle. Compostos identificados: ácido gálico (1) e ácido 4-hidroxifenilacético (2).

5.0 7.5 min

0

100

200

300mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

1λ = 270 nm

7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 min

0

25

50

75

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

2

λ = 274 nm

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ANEXO I – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA ETAPA

GÁSTRICA DA DIGESTÃO IN VITRO

Cromatogramas do perfil de compostos fenólicos da etapa gástrica da digestão in vitro do pão

de goiaba. Compostos identificados: ácido 4-hidroxifenilacético (1) e ácido benzoico (2).

10.0 12.5 15.0 17.5 min

0

25

50

75

100

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

1

λ = 274 nm

47.5 50.0 52.5 55.0 57.5 60.0 min

-500

-250

0

250

500

750

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

2

λ = 230 nm

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ANEXO J – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA ETAPA

INTESTINAL DA DIGESTÃO IN VITRO

Cromatogramas do perfil de compostos fenólicos da etapa intestinal da digestão in vitro do

pão controle. Compostos identificados: ácido gálico (1) e ácido 4-hidroxifenilacético (2).

3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 min

0

100

200

300

400

500mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

1

λ = 270 nm

7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 min

0

25

50

75

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

2

λ = 274 nm

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ANEXO K – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA ETAPA

INTESTINAL DA DIGESTÃO IN VITRO

Cromatogramas do perfil de compostos fenólicos da etapa intestinal da digestão in vitro do

pão de goiaba. Compostos identificados: ácido gálico (1) e ácido 4-hidroxifenilacético (2).

5.0 7.5 10.0 min

0

50

100

150

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

1

λ = 270 nm

10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 min

0

25

50

75

100

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

2

λ = 274 nm

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ANEXO L – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA

FERMENTAÇÃO COLÔNICA EX VIVO

Cromatogramas do perfil de compostos fenólicos após 72 horas da fermentação colônica ex

vivo do pão controle. Compostos identificados: ácido 4-hidroxifenilacético (1), ácido siríngico

(2) e rosmarínico (3).

1

λ = 280nm

10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 min

0

50

100

150

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

2

3

λ = 330 nm

35.0 40.0 45.0 50.0 min

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

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99

ANEXO M – CROMATOGRAMAS DOS COMPOSTOS FENÓLICOS DA

FERMENTAÇÃO COLÔNICA EX VIVO

Cromatogramas do perfil de compostos fenólicos após 72 horas da fermentação colônica ex

vivo do pão de goiaba. Compostos identificados: miricetina (1), kaempferol (2) e rosmarínico

(3).

1

λ = 370 nm

45.0 50.0 55.0 min

0

1

2

3

4

5mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2

2

3

λ = 372 nm

42.5 45.0 47.5 min

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

mAU

0.0

25.0

50.0

75.0

kgf/cm2