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MAGAZINNeste momento, o PEC é uma das alternativas à insolvência. Este procedimento poderá trazer algumas vantagens à empresa que se encontre em situação de pré- insolvência, assim como aos seus credores. AGENDA A “Francal 2012 44.ª Feira internacional da moda em calçados e acessórios ” vai estar presente de 26 a 29 de junho no Anhembi Parque em São Paulo (Brasil). O prazo final para entrega da declaração de IRS é dia 31 de maio. ÍNDICE 1. DÍVIDAS Procedimento Extrajudicial de Conciliação 2. FROTA Amortização de despesas com aquisição 3. SOCIEDADES Regime de transparência fiscal 4. INTERNACIONAL Lucros de offshores 5. SUBSÍDIOS Passes escolares 6. VEÍCULOS Profissionais liberais podem deduzir? 7. FATURAÇÃO Requisitos legais 8. SUBSÍDIOS Baixa por doença Há alternativas à insolvência? Posso pedir um período de carência? Que opções legais tenho? GESTÃO GUIA 1 ANO 6 - 2012.05.23 Mais em www.dmeditores.com Insolvência Na maioria dos casos, a ação de insolvência leva inevitavelmente à liquidação do património do devedor e, consequentemente, ao encerramento da empresa em questão. O Código de Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE) foi recentemente revisto, de modo a quebrar esta inevitabilidade, sendo o grande objetivo desta revisão, a viabilização das empresas. Há alternativa à insolvência? O Procedimento Extrajudicial de Conciliação (PEC), encontra-se regulamentado na Resolução do Conselho de Ministros n.º 43/2011 de 25 de outubro, pode ser uma alternativa à insolvência. No entanto, tal procedimento só se pode aplicar a pessoas coletivas e não a singulares. Que empresas podem requerer o PEC? O PEC pode ser solicitado por empresas que se encontrem em condições de requerer judicialmente a sua declaração de insol- vência e por credores que tenham legitimidade para requerer a declaração de insolvência da empresa devedora. Condições Para requerer o PEC é necessário que se verifique que: i) os credores chamados correspondam a mais de 50% do passivo da empresa; ii) a empresa devedora prove que é economicamente viável e que está em situação de insolvên- cia; iii) não foi ultrapassado o prazo de 60 dias, previsto pelo Código de Insolvência e da Recuperação de Empresas para uma empresa apresentar insolvência, contados da data do conhecimento da situação de insolvência. Vantagens Em comparação com a situação de insolvência o PEC permite: i) suspen- são do dever de apresentação à insolvência; ii) obtenção de benefícios fiscais; iii) a possibilidade de conseguir um período de carência relativamente aos credores particulares; iv) relativamente aos credores públicos, embora não concedam carências de reembolso, podem aceitar uma redução dos juros vencidos e vincendos (a Segurança Social e as Finanças podem aceitar o pagamento até 150 prestações). Dica Conseguido o acordo, este aplica-se a todos os credores visto que embora só participem 50% dos maiores credores do devedor, os demais credores também acabam por ser participantes do PEC através do suprimento judicial. Quem faz a mediação? O PEC é mediado pelo IAPMEI visando facilitar a concretiza- ção de um acordo entre a empresa devedora e os seus credores mais significativos, permitindo que a empresa devedora tenha viabilidade para continuar a laborar. Consequentemente, compete a esta entidade promover as diligências e contactos necessários entre empresa e credores, mediando reuniões, sugerindo propostas e apresentando modelos negociais. Para o conseguir, o IAPMEI poderá requerer mais esclarecimentos aos intervenientes, podendo até socorrer-se de especialistas externos. PAG. 1/8

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A fim de o ajudar a efectuar uma óptima gestão de recursos, o guia quinzenal Dicas Magazine Gestão proporciona conselhos práticos, indicando soluções para os mais variados problemas de ordem jurídica e financeira.

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Page 1: Dicas Magazine Gestão 6 1

MAGAZIN€

Neste momento, o PEC é uma das alternativas à insolvência. Este procedimento

poderá trazer algumas vantagens à empresa que se encontre em situação de pré-

insolvência, assim como aos seus credores.

AGENDA

A “Francal 2012 —

44.ª Feira

internacional da moda

em calçados e

acessórios” vai estar

presente de 26 a 29

de junho no Anhembi

Parque em São Paulo

(Brasil).

O prazo final para

entrega da declaração

de IRS é dia 31 de

maio.

ÍNDICE

1. DÍVIDAS Procedimento

Extrajudicial de

Conciliação

2. FROTA Amortização de

despesas com aquisição

3. SOCIEDADES Regime de

transparência fiscal

4. INTERNACIONAL Lucros

de offshores

5. SUBSÍDIOS Passes

escolares

6. VEÍCULOS Profissionais

liberais podem deduzir?

7. FATURAÇÃO Requisitos

legais

8. SUBSÍDIOS Baixa por

doença

Há alternativas à insolvência? Posso pedir um período de

carência? Que opções legais tenho?

GESTÃO GUIA 1

ANO 6 - 2012.05.23

Mais em www.dmeditores.com

Insolvência Na maioria dos casos, a ação de insolvência leva inevitavelmente à

liquidação do património do devedor e, consequentemente, ao encerramento da

empresa em questão. O Código de Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE)

foi recentemente revisto, de modo a quebrar esta inevitabilidade, sendo o grande

objetivo desta revisão, a viabilização das empresas.

Há alternativa à insolvência? O Procedimento Extrajudicial de Conciliação (PEC),

encontra-se regulamentado na Resolução do Conselho de Ministros n.º 43/2011 de

25 de outubro, pode ser uma alternativa à insolvência. No entanto, tal procedimento

só se pode aplicar a pessoas coletivas e não a singulares.

Que empresas podem requerer o PEC? O PEC pode ser solicitado por empresas que

se encontrem em condições de requerer judicialmente a sua declaração de insol-

vência e por credores que tenham legitimidade para requerer a declaração de

insolvência da empresa devedora.

Condições Para requerer o PEC é necessário que se verifique que: i) os credores

chamados correspondam a mais de 50% do passivo da empresa; ii) a empresa

devedora prove que é economicamente viável e que está em situação de insolvên-

cia; iii) não foi ultrapassado o prazo de 60 dias, previsto pelo Código de Insolvência

e da Recuperação de Empresas para uma empresa apresentar insolvência, contados

da data do conhecimento da situação de insolvência.

Vantagens Em comparação com a situação de insolvência o PEC permite: i) suspen-

são do dever de apresentação à insolvência; ii) obtenção de benefícios fiscais; iii) a

possibilidade de conseguir um período de carência relativamente aos credores

particulares; iv) relativamente aos credores públicos, embora não concedam

carências de reembolso, podem aceitar uma redução dos juros vencidos e vincendos

(a Segurança Social e as Finanças podem aceitar o pagamento até 150 prestações).

Dica Conseguido o acordo, este aplica-se a todos os credores visto que embora só

participem 50% dos maiores credores do devedor, os demais credores também

acabam por ser participantes do PEC através do suprimento judicial.

Quem faz a mediação? O PEC é mediado pelo IAPMEI visando facilitar a concretiza-

ção de um acordo entre a empresa devedora e os seus credores mais significativos,

permitindo que a empresa devedora tenha viabilidade para continuar a laborar.

Consequentemente, compete a esta entidade promover as diligências e contactos

necessários entre empresa e credores, mediando reuniões, sugerindo propostas e

apresentando modelos negociais. Para o conseguir, o IAPMEI poderá requerer mais

esclarecimentos aos intervenientes, podendo até socorrer-se de especialistas

externos.

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Page 2: Dicas Magazine Gestão 6 1

Cálculo de amortizações Para se efetuar o apuramento das amortizações é necessá-

rio aplicar uma taxa definida na tabela constante do Decreto Regulamentar n.º

25/2009, de 14 de setembro. Neste documento encontram-se as Tabelas Específicas

com aplicação a cada tipo de empresa (ex. empresas de eletricidade, gás e água) e

as Tabelas Gerais com aplicação genérica a todo o tipo de empresas (ex. serviços,

industria e comércio).

Qual a taxa a aplicar a uma viatura ligeira de passageiros? Para o tipo de ativo fixo

tangível (imobilizado corpóreo) que são os veículos automóveis ligeiros e mistos, o

código a utilizar é o 2375, constante das Tabelas Genéricas, com uma taxa de 25%.

Consequentemente, este ativo é amortizável em 4 anos, o que significa que ao fim

de 4 anos estará completamente amortizado do ponto de vista fiscal.

O que mudou? Ao nível de taxa, para os automóveis ligeiros, nada mudou, mas ao

nível dos limites fiscalmente aceites e do modo de relevar o ativo, a mudança fiscal

(ao nível do CIRC) foi grande. Até 2009, o artigo 33.º do CIRC (reintegrações e

amortizações não aceites como custo), na alínea e) do n.º 1, previa como limite o

valor de €29.927,87, referente ao preço de aquisição ou reavaliação. Desde 2010, o

artigo 34.º do CIRC (anterior 33.º) deixou de estabelecer limites, remetendo a

fixação desses limites para regulamentação em Portaria do Ministério das Finanças.

Quais os limites atuais? Os valores máximos de amortizações foram assim definidos

na Portaria n.º 467/2010, de 07 de julho, mas ao contrário do que acontecia até

aqui, esta prevê também a data de aquisição das viaturas a partir da qual tem

aplicação diferentes limites. Desta forma, os limites criados foram: €40.000 para

veículos adquiridos em 2010; €45.000 para veículos exclusivamente elétricos e

€30.000 para os demais, todos adquiridos em 2011; €50.000 para veículos exclusi-

vamente elétricos e €25.000 para os demais, todos adquiridos a partir de 2012.

Exemplo 1 Uma empresa adquiriu, em 2009, duas viaturas por €40.000 cada. Tendo

ambos os veículos um valor de aquisição de €40.000, do ponto de vista contabilísti-

co, a amortização seria de €10.000 (€40.000 x 25%) para cada. No entanto, como as

viaturas de 2009 têm um valor máximo de aquisição de €29.927,87, o valor máximo

anual de amortização seria de €7.481,97 (€29.927,87 x 25%). Pelo que, o diferencial

não aceite fiscalmente, a regularizar no Modelo 22, é de: €10.000 (relevado contabi-

listicamente) - €7.481,97 (máximo admissível fiscalmente) = €2.518,03.

Exemplo 1a A empresa anterior adquiriu outra viatura, não elétrica, em 2011 pelo

mesmo valor das anteriores, €40.000. Aplicando a taxa dos 25%, do ponto de vista

contabilístico seriam amortizados €10.000 (40.000 x 25%), mas do ponto de vista

fiscal, como o máximo aceite é de €30.000, o valor máximo anual de amortização

seria €7.500 (€30.000 x 25%), logo €2.500 (€10.000 - €7.500) não são aceites

fiscalmente. Em 2012, com os dados anteriores, teríamos duas realidades distintas

no que diz respeito às amortizações fiscais: as viaturas de 2009 teriam um valor

fiscalmente aceite de €7.481,97 cada e a viatura de 2011 teria um valor fiscalmente

aceite de €7.500.

As deduções fiscais das amortizações de viaturas sofreram

alguma alteração? Os limites de amortização com impacto

fiscal dependem do ano de aquisição?

O facto de se encontrar determinado bem numa das Tabelas Específicas, não faz com

que se deva recorrer automaticamente a esse código. O bem a amortizar deve estar

contido na área específica da empresa em questão, caso contrário, tem que se

recorrer a uma das alíneas das Tabelas Genéricas.

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PAG. 2/8

FROTA

Page 3: Dicas Magazine Gestão 6 1

PAG. 3 www.dicasmagazine.com

Regime de transparência fiscal O regime de transparência fiscal, que se encontra

previsto no CIRC, imputa aos sócios de certas sociedades a matéria coletável da

mesma, determinada de acordo com as regras do IRC. A matéria coletável é integra-

da no rendimento tributável desses sócios em IRS e IRC, consoante o caso.

Quem pode usufruir? Podem ser abrangidas pelo regime de transparência fiscal as

sociedades: civis não constituídas sob forma comercial; de profissionais; de simples

administração de bens, cuja maioria do capital social pertença, direta ou indireta-

mente, durante mais de 183 dias do exercício social, a um grupo familiar, ou cujo

capital social pertença, em qualquer dia do exercício social, a um número de sócios

não superior a cinco e nenhum deles seja pessoa coletiva de direito público.

O que é uma sociedade de profissionais? Para o efeito da aplicação do regime de

transparência fiscal, uma sociedade de profissionais tem de ser constituída para o

exercício de uma única atividade profissional constante da lista anexa do artigo

151.º do CIRS, sendo que todos os sócios tem de ser profissionais dessa atividade e

exercer efetivamente essa atividade na sociedade.

Atenção Nesta situação, todos os sócios, quando considerados individualmente,

ficam abrangidos pela categoria dos rendimentos de trabalho independente (cat. B).

O que é uma sociedade de simples administração de bens? Uma sociedade de

simples administração de bens limita a sua atividade à administração de bens ou

valores mantidos como reserva ou para fruição ou compra de prédios para a

habitação dos seus sócios. Também se classifica deste modo a sociedade que,

conjuntamente exerça outras atividades e cujos rendimentos relativos a esses bens,

valores ou prédios atinjam, na média dos últimos 3 anos, mais de 50% da média,

durante o mesmo período, da totalidade dos seus rendimentos.

CASO APRESENTADO

No caso exposto é importante serem todos familiares? Uma vez que a atividade

exercida é a medicina, pois é uma clínica médica, não é importante que os sócios

sejam todos familiares. Os grupos familiares só relevam para o regime de transpa-

rência fiscal no caso das sociedades de simples administração de bens.

A clínica médica pode ser considerada como uma sociedade de profissionais? Para

que possa ser sociedade de profissionais a clínica tem de preencher três condições:

i) a sua atividade estar prevista na lista anexa ao artigo 151.º do CIRS; ii) todos os

sócios sejam profissionais dessa atividade, neste caso, todos médicos; iii) todos os

sócios exerçam essa atividade na sociedade. No caso apresentado, das três condi-

ções apenas a primeira é preenchida, pois o sócio farmacêutico não tem a mesma

atividade profissional (porque não é médico) e obviamente, não exerce tal ativida-

de na sociedade.

Não estamos abrangidos!? Visto não se encontrarem preenchidas todas as condi-

ções necessárias, esta sociedade não está abrangida pelo regime de transparência

fiscal.

Temos uma clínica médica com quatro sócios familiares: três

médicos e um farmacêutico. É verdade que com esta composição

a empresa não paga IRC, cabendo isso aos sócios?

As sociedades abrangidas pelo regime de transparência fiscal não pagam IRC mas

estão sujeitas às tributações autónomas das despesas não documentadas, despesas

de representação, encargos com viaturas e despesas com ajudas de custo tal como as

outras sociedades.

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ANO 6 N.º 1

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MINI-DICAS

As sociedades no

regime de

transparência fiscal

não pagam IRC,

incidindo a tributação

sobre o rendimento

dos respetivos sócios,

mesmo que não tenha

havido distribuição de

lucros.

Um grupo familiar é

constituído por

pessoas unidas por

vínculo conjugal ou

adoção e de

parentesco ou

afinidade na linha reta

ou colateral até ao

quarto grau, inclusive.

PAG. 3/8

SOCIEDADES

Page 4: Dicas Magazine Gestão 6 1

Imputação de lucros São imputados aos sujeitos passivos residentes em território

português os lucros obtidos por entidades não residentes sujeitas a regime fiscal

mais favorável, sempre que esses residentes em território nacional tenham, direta

ou indiretamente, mesmo que através de mandatário, fiduciário ou interposta

pessoa, pelo menos 25% das partes de capital, direitos de voto ou direitos sobre os

rendimentos ou os elementos patrimoniais dessas entidades. Se o capital da

entidade não residente for detido em mais de 50% por sócios residentes em

Portugal, basta que um tenha 10% nas condições acima descritas para que possam

ser-lhe imputados os lucros dessa entidade.

Atenção Esta imputação de lucros já se encontrava prevista mas o OE 2012 adicio-

nou a previsão da possibilidade de interposição de mandatários, fiduciários ou

outras pessoas na detenção da participação.

Onde declarar? A imputação dos lucros da entidade não residente deve ser feita no

quadro 07 do Modelo 22, acrescendo ao lucro tributável do sujeito passivo residen-

te. Essa imputação deve fazer-se no período de tributação do sujeito passivo de IRC

que inclua o termo do período de tributação da entidade não residente. O montante

imputado deve corresponder ao produto da percentagem detida direta ou indireta-

mente, mesmo através de mandatário, fiduciário ou interposta pessoa, pelo total de

lucros da entidade não residente deduzido do montante do imposto sobre o

rendimento incidente sobre esses lucros ou rendimentos a que houver lugar de

acordo com o regime fiscal aplicável no Estado de residência dessa entidade.

Exemplo Uma sociedade residente em Portugal detém 15% de uma entidade

sediada nas ilhas Palau e dois outros sócios residentes, pessoas singulares, detêm

indiretamente, através de interpostas pessoas, o capital restante. O lucro apurado

em 2011 foi de €100.000, não havendo lugar ao pagamento de qualquer imposto

nas ilhas Palau. Neste caso, a sociedade residente deve acrescer €15.000 no dito

quadro 07.

É obrigatório imputar imposto? Para que não haja lugar à obrigação de imputação

do imposto das sociedades não residentes é preciso que, cumulativamente:

1. os lucros da entidade não residente provenham em mais de 75% de atividade

agrícola ou industrial no território onde está estabelecida, ou, sendo atividade

comercial, não tenha como intervenientes residentes no território português ou

tendo-os, seja dirigida predominantemente ao mercado do território onde está

estabelecida;

2. a atividade principal da entidade não residente não consista na realização de

operações próprias da atividade bancária, operações relativas à atividade

seguradora quando os bens ou pessoas segurados não se situem no território

onde a entidade esteja estabelecida, operações relativas a partes de capital ou

outros valores mobiliários, a direitos da propriedade intelectual ou industrial, à

prestação de informações respeitantes a uma experiência adquirida no sector

industrial, comercial ou científico ou à prestação de assistência técnica, ou

locação de bens, exceto de bens imóveis situados no território de residência.

O OE 2012 reforçou as medidas de controle sobre os

rendimentos obtidos por offshores? E quanto à tributação?

Esta imputação de lucros não é aplicável quando a entidade não residente esteja

sediada em Estado membro da UE ou do Espaço Económico Europeu, desde que o

sujeito passivo demonstre que a sociedade foi constituída e funciona por razões

económicas válidas.

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ANO 6 N.º 1

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Já entrou em vigor o

Orçamento Retificativo

(Conselho de Ministros,

29 de março de 2012),

que limita a €1.000 os

pagamentos em

dinheiro que envolvam

relações comerciais

entre empresas e/ou

empresários em nome

individual.

Na prática, sempre que o

serviço exceder os

€1.000 o pagamento

terá de ser efetuado por

transferência bancária,

cheque nominativo ou

débito direto.

Esta alteração do limite

de €9.700 para €1.000

tem como objetivo

aumentar a

transparência, levando a

que a identificação do

destinatário do

pagamento seja mais

frequente.

PAG. 4/8

INTERNACIONAL

Page 5: Dicas Magazine Gestão 6 1

PAG. 5 www.dicasmagazine.com

Legislação Atualmente existem duas tipologias de passes para estudantes com 50%

de desconto sobre o preço base. A criação desses passes foi materializada pela

publicação do Decreto-Lei n.º 186/2008 para o passe [email protected] destinado a

aos estudantes do ensino não superior que tenham entre os 4 e 18 anos, e do

Decreto-Lei n.º 203/2009 para o passe [email protected] destinado a subsidiar os

estudantes que andem no ensino superior que tenham até 23 anos de idade.

A quem é dado o subsídio? Neste âmbito, existindo, por diploma legal, um desconto

de 50% sobre o produto vendido a determinados consumidores, as entidades

vendedoras têm que ser ressarcidas desse montante. Desta forma, compensando

financeiramente essas entidades pelos descontos de 50% dados aos estudantes, o

Estado atribuí um subsídio às empresas de transporte coletivo que o efetuem.

Como é calculado esse subsídio? Nos termos das Portarias n.º 982-A/2009 e n.º 982-

B/2009, os operadores de transporte são compensados em função dos descontos

dados, tendo em conta o preço pago pelo cliente e o que seria pago pelo passe

correspondente de tarifa inteira, ou de criança/estudante com desconto. Para

controlo destes descontos, a empresa de transporte deverá ter um registo informáti-

co com os passes de estudantes adquiridos no âmbito destes programas, ficando

esse registo disponível para controlo da entidade competente.

Dica Os pagamentos dos subsídios são efetuados mensalmente a cada operador.

Tributação A tributação das subvenções está prevista no artigo 16.º, n.º 5 do CIVA,

que estabelece que o valor tributável das transmissões de bens e das prestações de

serviços sujeitas a imposto inclui as subvenções diretamente conexas com o preço

de cada operação, considerando como tais as que são estabelecidas em função do

número de unidades transmitidas ou do volume dos serviços prestados e sejam

fixadas anteriormente à realização das operações.

Que subvenções estão abrangidas? O fisco considera que ficam abrangidas por esta

categoria de subvenções as indemnizações compensatórias destinadas a compensar,

por razões sociais ou derivadas de um sector económico, os baixos preços de venda

praticados (preços inferiores à normal rentabilidade da empresa subvencionada),

desde que, bem entendido, sejam estabelecidas com referência ao preço ou às

quantidades transmitidas.

Este subsídio é tributado em sede de IVA? No caso em concreto parece estar em

causa um subsídio de compensação de baixos preços praticados que será atribuído

em função dos descontos concedidos, ou seja, em função dos passes para estudan-

tes emitidos nos termos da legislação mencionada. Por consequência, e como

explicado anteriormente, o referido subsídio estará efetivamente sujeito a tributa-

ção em IVA nos termos da alínea c) do n.º 5 do artigo 16.º do CIVA.

Liquidação Como as compensações financeiras relativamente à venda destes passes

se referem à prestação de serviços continuados, sendo o respetivo cálculo e

pagamento feito mensalmente, o IVA deve ser liquidado também mensalmente com

base nesses apuramentos.

A nossa empresa de transporte de passageiros recebe subsídio

do Governo por só cobrar metade do valor do passe aos

estudantes com declaração da escola. Esse subsídio tem IVA?

Para que o estudante possa requerer o desconto tem de entregar, à empresa de

transportes subsidiada, o formulário para declaração de matrícula ou o formulário

para declaração de inscrição devidamente preenchido pela entidade de ensino não

superior ou superior, respetivamente.

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Os formulários a

entregar para requerer

desconto nos passes

4_18 e passes sub23

encontram-se

disponíveis na página

de internet do

Instituto da

Mobilidade e dos

Transportes

Terrestres.

Para efetuar o seu

download só tem de

visitar a página

www.imtt.pt e no

menu à esquerda

selecionar

FORMULÁRIOS >

PASSES 4_18 E SUB23.

PAG. 5/8

SUBSÍDIOS

Page 6: Dicas Magazine Gestão 6 1

Dedução Em principio, para efeitos do apuramento do imposto, os sujeitos passivos

de IVA podem deduzir, ao imposto incidente sobre as operações tributáveis que

fizeram, o IVA devido/pago pela aquisição de bens e serviços a outros sujeitos

passivos.

Condicionantes No entanto, só é dedutível o imposto devido ou pago: i) que seja

mencionado em faturas e documentos equivalentes passados em forma legal e que

estejam em nome e na posse do sujeito passivo; ii) que tenha incidido sobre bens

ou serviços adquiridos, importados ou utilizados pelo sujeito passivo para a realiza-

ção de transmissões de bens e prestações de serviços sujeitas a imposto e dele não

isentas.

Dica No caso das importações, o imposto deve ser mencionado no recibo de

pagamento de IVA que faz parte das declarações de importação.

Exclusões O artigo 21.º do CIVA exclui do direito à dedução, total ou parcialmente,

certas despesas com veículos, combustíveis, despesas de transporte e alimentação,

ainda que essas despesas estejam suportadas por documentos em forma legal e

digam respeito a bens e serviços utilizados para a realização de transmissões de

bens ou prestações de serviços sujeitas a imposto e não isentas. Desta forma, exclui

-se do direito à dedução o imposto contido nas despesas relativas à aquisição,

fabrico ou importação, à locação, à utilização, à transformação e reparação de

viaturas de turismo, de barcos de recreio, helicópteros, aviões, motos e motociclos.

Viaturas de turismo A lei considera viatura de turismo qualquer veículo automóvel,

com inclusão do reboque, que, pelo seu tipo de construção e equipamento, não seja

destinado unicamente ao transporte de mercadorias ou a uma utilização com

carácter agrícola, comercial ou industrial ou que, sendo misto ou de transporte de

passageiros, não tenha mais de nove lugares, com inclusão do condutor.

Então pode-se deduzir o IVA de um veículo de mercadorias? De uma leitura a

contrario sensu da definição fiscal de viatura de turismo parece concluir-se que,

regra geral, um veículo ligeiro de mercadorias, como tal identificado no livrete, não

é uma viatura de turismo sendo possível deduzir o IVA das despesas dessa viatura.

Qual é a interpretação do fisco? O fisco considera que não basta que um veículo

seja classificado no livrete como veículo de mercadorias para afastar a exclusão do

direito à dedução. Segundo o mesmo, é sempre necessário que, para além da

classificação constante do livrete, a conexão da utilização da viatura de mercadorias

com o tipo de operações tributáveis praticadas pelo sujeito passivo.

E quanto aos profissionais liberais? Sendo a atividade desenvolvida a de profissio-

nal liberal, existe um risco fiscal significativo na dedução do IVA de despesas

relacionadas com o veículo ligeiro de mercadorias. Com efeito, em informação

vinculativa sancionada com Despacho de 25 de março de 2009 (Processo D051

2009030), o fisco considerou não haver relação entre a atividade de TOC e o uso de

veículo de mercadorias, declarando não se poder deduzir o IVA de veículos de

mercadorias no caso de certas atividades de índole liberal.

Sou profissional liberal e tenho um veículo ligeiro de

mercadorias que uso nas deslocações necessárias da minha

atividade. Posso deduzir o IVA das despesas desse veículo?

Só se deve proceder à dedução do IVA de veículos ligeiros de mercadorias, utilizados

por profissionais liberais, se se estiver em condições de demonstrar a existência de

uma conexão entre a utilização do veículo e a atividade desenvolvida.

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GESTÃO

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MINI-DICAS

O Decreto-Lei n.º

65/2012, de 15 de

março, veio estabelecer

o regime jurídico de

proteção social, na

eventualidade de

desemprego, para os

trabalhadores

independentes que

prestem serviços a uma

entidade contratante da

qual dependem

economicamente.

O principal objetivo

deste documento legal é

estender aos

trabalhadores

independentes a

proteção no desemprego

da qual já usufruem os

trabalhadores por conta

de outrem.

PAG. 6/8

VEÍCULOS

Page 7: Dicas Magazine Gestão 6 1

PAG. 7 www.dicasmagazine.com

Tem de existir fatura e esta legalmente elaborada! O artigo 19.º do CIVA não deixa

margem para dúvidas informando que só é dedutível o imposto mencionado em

fatura ou documento equivalente. O n.º 6 do mesmo artigo acrescenta que tais

documentos têm forçosamente de cumprir com os requisitos do artigo 36.º do CIVA,

para que sejam legalmente considerados.

Que requisitos são esses? O n.º 5 do artigo 36.º do CIVA indica os requisitos para

que uma fatura seja considerada como legalmente emitida. Segundo este, o

documento deve ter obrigatoriamente a data e a sua emissão têm de obedecer a

numeração sequencial, ou seja, nunca se pode emitir documentos com data anterior

a outro documento emitido previamente.

Exemplo Se a fatura n.º 200 é de 01 de maio de 2012, a n.º 201 tem de ter data

igual ou posterior, nunca anterior.

Elementos das faturas Para além dos elementos de carácter identificativo dos

intervenientes, como sejam os nomes ou designações sociais, sede ou domicílio

fiscal e os números de identificação fiscal (NIF) do fornecedor ou prestador de

serviço e cliente, ainda devem constar da fatura as quantidades e as designações

usuais dos bens ou serviços em causa com a indicação da taxa do IVA aplicável.

Deverá ser também referido o preço líquido de IVA e o montante de imposto. No

caso de se tratar de bens ou serviços transmitidos por retalhistas, não há a necessi-

dade de evidenciar a base e o imposto, bastando apenas o preço final, com inclusão

do imposto e a taxa aplicável (art. 39.º CIVA). Nos casos de isenção é necessário

identificar a razão da não liquidação do imposto (alin. e), n.º 5, art. 36.º CIVA).

Dica Segundo o Oficio-Circulado n.º 30091/2006 de 05 de abril, o recurso a abrevia-

turas, devido à complexidade ou extensão do nome dos intervenientes, é aceite

como procedimento legal.

Esses dados são obrigatórios nas faturas de combustível? O Decreto-Lei n.º 521/85

de 31 de dezembro de 1985, no seu artigo 4.º prevê que, nos casos das faturas de

combustível não há necessidade de evidenciar o IVA. Posteriormente, o Oficio n.º

12354 dos Serviços do IVA, de 12 de fevereiro de 1988, estabeleceu que são

também dispensáveis nesses documentos todos os elementos referentes ao

adquirente, desde que tenha o NIF e a matrícula do veículo abastecido.

O fornecedor não vai entregar o IVA! Não se pode deduzir o imposto quando haja

conhecimento que o fornecedor não dispõe de adequada estrutura comercial para a

atividade declarada. Isto significa que, se o adquirente souber que o fornecedor não

quer entregar o IVA recebido ao Estado, então, não o pode deduzir.

Mas como é que eu posso ter essa informação? Não são raras as situações de

empresas que cessam a atividade e continuam a laborar, emitindo faturas com IVA

que não chega aos cofres do Estado. Tal ato poderá trazer dissabores aos clientes

que a elas recorrem e que deduzem o IVA das suas faturas. Para que tal não

aconteça, antes de qualquer transação, o adquirente deverá verificar o NIF do

fornecedor.

Quais são os requisitos a observar para que possa deduzir o IVA

de certa fatura? E se o meu fornecedor não pretender entregar

o imposto aos cofres do Estado?

É necessário cumprir com todos os formalismos referidos no artigo 36.º do CIVA para

que se possa exercer o direito à dedução do IVA presente em determinada fatura.

Contudo, as Finanças aceitam, em termos de identificação dos intervenientes na

fatura, que se possam usar abreviaturas no nome da empresa e que as faturas de

combustível possam conter apenas o NIF e a matrícula do veículo abastecido.

DICAS MAGAZINE

GESTÃO

ANO 6 N.º 1

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MINI-DICAS

Para verificar se

determinada empresa

se encontra em

atividade identifique,

na pagina de internet

ec.europa.eu/

taxation_customs/

vies/, o país e o

respetivo NIF da

empresa, também

conhecido por número

de IVA, e clique em

VERIFICAR.

PAG. 7/8

FATURAÇÃO

Page 8: Dicas Magazine Gestão 6 1

Subsídio de doença O subsídio de doença é uma prestação pecuniária atribuída para

compensar a perda de remuneração, resultante do facto do trabalhador estar

impedido temporariamente, por motivo de doença. Cabe à Segurança Social efetuar

o pagamento deste subsídio ao funcionário que está em baixa médica.

Certificação de doença O subsídio de doença só pode ser atribuído mediante

apresentação de Certificado de Incapacidade Temporária por Estado de Doença

(CIT). A doença tem assim que ser certificada em impresso próprio emitido pelos

serviços de saúde competentes do Serviço Nacional de Saúde, com exceção dos

serviços de urgência, confirmando a incapacidade do beneficiário e a natureza da

mesma, indicando também se se trata de uma baixa inicial ou de uma prorrogação

desta.

Atenção O CIT tem de ser enviado à Segurança Social no prazo de 5 dias úteis a

contar da data em que é emitido.

Requisitos Os trabalhadores por conta de outrem para terem direito a este subsídio

para além de terem de apresentar o CIT, têm de simultaneamente: i) ter trabalhado

e descontado durante 6 meses para a Segurança Social ou outro sistema de prote-

ção social que assegure um subsídio em caso de doença; ter trabalhado pelo menos

12 dias nos primeiros 4 meses dos últimos 6 anteriores à baixa.

Período de concessão O subsídio de doença é atribuído pelos períodos máximos de:

1.095 dias a trabalhadores por conta de outrem, trabalhadores marítimos e vigias

nacionais que trabalhem em barcos de empresas estrangeiras; 365 dias a trabalha-

dores independentes (a recibo verde ou empresários em nome individual) e bolsei-

ros de investigação científica.

Cessação do pagamento O pagamento do subsídio de doença cessa quando:

● for atingido o termo do período constante do CIT (vulgo baixa médica);

● durante o período de incapacidade tenha sido declarada a não subsistência da

doença pelos serviços de saúde competentes ou pela comissão de reavaliação;

● o beneficiário tenha retomado o exercício da atividade profissional, por se

considerar apto;

● o beneficiário tenha trabalhado durante a baixa, mesmo que não haja provas de

ter sido pago;

● o beneficiário não tiver apresentado justificação atendível para a ausência da

residência, ou falta a exame médico para que tenha sido convocado.

Subsídios de Natal e férias As prestações compensatórias relativas ao pagamento

dos subsídios de Natal e de férias só serão pagas pela Segurança Social se o

beneficiário, em consequência de doença subsidiada, não tenha direito ou os

mesmos não lhe tenham sido pagos pela entidade empregadora de acordo com o

estabelecido em regulamentação coletiva de trabalho ou outra fonte de direito

laboral.

Quanto tempo pode estar um funcionário em baixa por doença?

Cabe à minha empresa ou à Segurança Social efetuar o

pagamento do subsídio ao funcionário?

Relativamente à baixa de um trabalhador por conta de outrem, a Segurança Social é

obrigada a pagar o respetivo subsídio durante a totalidade do tempo de baixa fixado

pelo médico assistente, se este período não for superior aos 1.095 dias previstos na

lei.

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Responsáveis editoriais:

Tânia Marques, Gisela Franco

(coloque-nos a sua questão para

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Colab oradores pr inc ipa is : Henrique Nunes (Advogado), Sara Quaresma (Jurista), Lino Bailão (Revisor Oficial de Contas), Susana Machado (Jurista), Pedro Cruz (Consultor Fiscal), Nádia Marques (Jornalista) , Amélia Bailão (Advogada), Carlos Rosado (Técnico

Oficial de Contas)

PUBLICADO POR:

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