diário - alram.pt · maria luísa de sousa menezes gonçalves ... em sede de discussão e...

33
Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 13 DE ABRIL Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes Ana Mafalda Figueira da Costa Sumário O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 29 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região interveio o Sr. Deputado Pedro Coelho (PSD), o qual respondeu a um pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos (PSD). Ainda neste período foram apreciados e votados os seguintes votos: - Voto de Pesar, subscrito pelo Partido Social-Democrata, “Pelo falecimento do Sr. Carlos Luís Amaral”. Após a intervenção do Sr. Deputado Ivo Nunes (PSD), submetido à votação, este voto foi aprovado por unanimidade; - Voto de Protesto, subscrito pelo Partido Comunista Português, “Contra a intervenção do FEEF e do FMI”. Intervieram a propósito os Srs. Deputados Leonel Nunes (PCP), André Escórcio (PS), Lopes da Fonseca (CDS/PP), Roberto Almada (BE), Jaime Filipe Ramos (PSD) e Roberto Vieira (MPT), tendo o mesmo, submetido à votação, sido rejeitado com os votos contra do PSD e CDS/PP, a abstenção do PND e os votos a favor do PS, PCP, BE e do MPT. PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciaram-se os trabalhos com a apreciação na generalidade de um projecto de decreto legislativo regional, da autoria do CDS/Partido Popular, que “Cria o Observatório do Turismo e Transportes Aéreos e Marítimos”, na qual intervieram, a diverso título, os Srs. Deputados Lino Abreu (CDS/PP), Roberto Almada (BE), Leonel Nunes (PCP), Victor Freitas (PS), Nivalda Gonçalves (PSD), Jaime Filipe Ramos (PSD) e Medeiros Gaspar (PSD). Este projecto, submetido à votação, foi rejeitado por maioria. - Foi igualmente rejeitado, por maioria, e após apreciação, o projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Gabinetes Técnicos Florestais na Região Autónoma da Madeira”, depois de cumpridas as disposições regimentais de auscultação dos parceiros sociais. Pronunciaram-se sobre o mesmo os Srs. Deputados Edgar Silva (PCP), Vicente Pestana (PSD), Lopes da Fonseca (CDS/PP), António Fontes (PND), Roberto Almada (BE), André Escórcio (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Vieira (MPT), João Carlos Gouveia (PS) e Jaime Filipe Ramos (PSD). A continuação da ordem de trabalhos ficou agendada para uma próxima Sessão Plenária. O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 12 horas e 53 minutos. IX Legislatura Número: 35 IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Upload: lengoc

Post on 22-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Região Autónoma da Madeira

Diário

Assembleia Legislativa

REUNIÃO PLENÁRIA DE 13 DE ABRIL

Presidente: Exmo. Sr. José Paulo Baptista Fontes

Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes

Ana Mafalda Figueira da Costa

Sumário

O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 29 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a

Região interveio o Sr. Deputado Pedro Coelho (PSD), o qual respondeu a um pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos (PSD).

Ainda neste período foram apreciados e votados os seguintes votos: - Voto de Pesar, subscrito pelo Partido Social-Democrata, “Pelo falecimento do Sr. Carlos Luís Amaral”. Após a

intervenção do Sr. Deputado Ivo Nunes (PSD), submetido à votação, este voto foi aprovado por unanimidade; - Voto de Protesto, subscrito pelo Partido Comunista Português, “Contra a intervenção do FEEF e do FMI”. Intervieram

a propósito os Srs. Deputados Leonel Nunes (PCP), André Escórcio (PS), Lopes da Fonseca (CDS/PP), Roberto Almada (BE), Jaime Filipe Ramos (PSD) e Roberto Vieira (MPT), tendo o mesmo, submetido à votação, sido rejeitado com os votos contra do PSD e CDS/PP, a abstenção do PND e os votos a favor do PS, PCP, BE e do MPT.

PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciaram-se os trabalhos com a apreciação na generalidade de um projecto de

decreto legislativo regional, da autoria do CDS/Partido Popular, que “Cria o Observatório do Turismo e Transportes Aéreos e Marítimos”, na qual intervieram, a diverso título, os Srs. Deputados Lino Abreu (CDS/PP), Roberto Almada (BE), Leonel Nunes (PCP), Victor Freitas (PS), Nivalda Gonçalves (PSD), Jaime Filipe Ramos (PSD) e Medeiros Gaspar (PSD). Este projecto, submetido à votação, foi rejeitado por maioria.

- Foi igualmente rejeitado, por maioria, e após apreciação, o projecto de decreto legislativo regional, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado “Gabinetes Técnicos Florestais na Região Autónoma da Madeira”, depois de cumpridas as disposições regimentais de auscultação dos parceiros sociais. Pronunciaram-se sobre o mesmo os Srs. Deputados Edgar Silva (PCP), Vicente Pestana (PSD), Lopes da Fonseca (CDS/PP), António Fontes (PND), Roberto Almada (BE), André Escórcio (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Vieira (MPT), João Carlos Gouveia (PS) e Jaime Filipe Ramos (PSD).

A continuação da ordem de trabalhos ficou agendada para uma próxima Sessão Plenária. O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 12 horas e 53 minutos.

IX Legislatura Número: 35

IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Page 2: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 2

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Bom dia, Sras. e Srs. Deputados. Façam o favor de ocupar os vossos lugares.

Estavam presente os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL-DEMOCRATA (PSD)

Agostinho Ramos Gouveia

Ana Mafalda Figueira da Costa

Bruno Miguel Velosa de Freitas Pimenta Macedo

Élvio Manuel Vasconcelos Encarnação

Gabriel Paulo Drumond Esmeraldo

Gustavo Alonso de Gouveia Caires

Ivo Sousa Nunes

Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos

Jaime Filipe Gil Ramos

José António Coito Pita

José Gualberto Mendonça Fernandes

José Jardim Mendonça Prada

José Lino Tranquada Gomes

José Luís Medeiros Gaspar

José Miguel Jardim Olival Mendonça

José Paulo Baptista Fontes

José Savino dos Santos Correia

Manuel Gregório Pestana

Maria do Carmo Homem da Costa de Almeida

Maria Rafaela Rodrigues Fernandes

Miguel José Luís de Sousa

Nivalda Nunes Silva Gonçalves

Orlando Evaristo da Silva Pereira

Pedro Emanuel Abreu Coelho

Rubina Alexandra Pereira de Gouveia

Rui Miguel Moura Coelho

Sara Aline Medeiros André

Sidónio Baptista Fernandes

Sónia Maria de Faria Pereira

Vicente Estêvão Pestana

PARTIDO SOCIALISTA (PS)

Jacinto Serrão de Freitas

João André Camacho Escórcio

João Carlos Justino Mendes de Gouveia

Lino Bernardo Calaça Martins

Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves Mendonça

Victor Sérgio Spínola de Freitas

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP)

Edgar Gomes Freitas Silva

Leonel Martinho Gomes Nunes CENTRO DEMOCRÁTICO SOCIAL/PP (CDS)

António Manuel Lopes da Fonseca

Lino Ricardo Silva Abreu BLOCO DE ESQUERDA (BE)

Roberto Carlos Teixeira Almada MOVIMENTO PARTIDO DA TERRA (MPT)

Roberto Paulo Ferreira Vieira PARTIDO DA NOVA DEMOCRACIA (PND)

António Henrique Baptista Fontes

Dispomos de quórum, vamos então iniciar os nossos trabalhos. Eram 9 horas e 29 minutos. E para uma intervenção no período antes da ordem do dia, dou a palavra ao Sr. Deputado Pedro Coelho do Grupo

Parlamentar do PSD.

Page 3: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 3

O SR. PEDRO COELHO (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, O regime democrático saído da Revolução de Abril, correspondeu a uma nova realidade na sociedade portuguesa

consagrada na Constituição da República, e que permitiu criar condições para os regimes autonómicos, ainda que no domínio das autonomias exista ainda um aprofundamento por realizar.

A Autonomia, e o poder Autonómico que propicia, apesar de ainda estar muito limitado pela República em alguns capítulos de matéria específica da Região, designadamente, na limitação do poder legislativo a que esta Assembleia está sujeita, na observância de Leis Gerais da República, cuja aplicabilidade à Região poderia resultar em melhores benefícios para os cidadãos, permitiu, desde então e durante estes anos, incrementar e introduzir profundas alterações de desenvolvimento, de bem estar e de qualidade de vida, em todas as áreas, económica, social e polit ica, em toda a realidade Madeirense e Porto-santense.

Com este surto de desenvolvimento, cujo projecto e estratégia de curto, médio e longo prazos foram responsável e diligentemente pensados e executados pelo Partido Social Democrata para o Futuro sustentável da Região, permitiu de facto dar confiança ao eleitorado da Madeira e Porto Santo, para que o Governo Regional e o PSD governassem a Madeira, há mais de 30 anos, com sucessivas e iniquívocas maiorias absolutas.

Ora a legitimação e a capacidade e competência para exercer o poder político num sentido exímio do dever público e de interesse colectivo tem levado a que o Dr. Alberto João Jardim como líder incontestável do PSD e do Governo Regional tenha, ao longo destas mais de três décadas, merecido a confiança deste Povo Sábio independentemente do seu estrato social a que pertencem, pela governação do sucesso e pela realização das grandes obras, sejam nos domínios económico, social e cultural, realizadas em toda a Madeira.

A longevidade da governação do PSD, com o Dr. Alberto João Jardim na presidência do executivo madeirense é uma clara manifestação e testemunho da firmeza e da confiança que os madeirenses lhe conferem, depositando-lhe toda a confiança e esperança na realização das suas necessidades e expectativas.

O PSD-Madeira nunca virou a cara à luta reivindicando o que é de direito da Região, e tem definido e imposto o seu constante desfio na dedicação e no trabalho, colocando sempre os interesses dos Madeirenses e Porto-santenses, acima de qualquer interesse individual, pessoal ou partidário. Colocou sempre os interesses da Madeira à frente dos interesses partidários.

Os factos têm provado que – por exemplo - em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do Estado, quando os interesses da Região não estão salvaguardados, e têm sido muitos, designadamente naqueles governos da responsabilidade do PS, os deputados eleitos pelo PSD/M têm votado contra os Orçamentos do Estado, muitas vezes votando de forma diferente do seu grupo parlamentar na Assembleia da República.

Isto tem acontecido sempre, em qualquer Governo da República, seja do PSD, do PS ou de coligação partidária, ao contrário das representações designadamente do PS. O interesse supremo da Madeira é sempre o objectivo e o limite último em causa.

A última votação do Orçamento de Estado para 2011, uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar contra o mesmo, é a salvaguarda dos interesses supremos da RAM. Este é o segredo do sucesso do PSD: A sua liderança carismática e o seu trabalho em prol do desenvolvimento desta Nobre Terra.

A verdade é que o PSD tem delineado sozinho o futuro dos Madeirenses e Porto-santenses, conforme os seus programas de governo aprovados e esmagadoramente sufragados nas urnas pelos eleitores.

Sozinho, porque da oposição não vêm ideias, inovação ou projectos que melhorem a vida dos Madeirenses e Porto-santenses. Nunca apresentam ideias novas e realizáveis.

Como parlamentar desta Casa, iniciando as minhas funções em 2007 e estando a cerca de 5 meses do terminus desta legislatura, é com muita tristeza e grande desilusão que avalio o trabalho de toda a oposição. Digo desilusão!!!. Sim desilusão, porque esperava que os Partidos da Oposição, enquanto também legítimos representantes do Povo, que lhes confiou o voto, trabalhassem em prol da Região.

A verdade é que a oposição é fraca. Não consegue crescer e inovar. Não tem ideias e o único objectivo é simplesmente derrotar o PSD-Madeira. Não são projectos políticos, projectos em prol da sociedade, são plataformas que afundam precocemente, convergências na acção que logo dão origem a divergências, ou seja, tudo projectos para derrubar o PSD e não projectos de desenvolvimento para as populações. Parece não interessar se a coligação mete partidos de extrema-direita com extrema-esquerda. O que os motiva e move é derrotar o PSD.

Exemplo paradigmático desta forma de fazer política é, como todos sabemos, as votações que acontecem nesta Casa. Será normal ver o CDS votar a favor de 95% das iniciativas apresentadas pelo PS?

Comentário do Sr. Lopes da Fonseca (CDS/PP). Será normal, o PS votar quase sempre ao lado do BE quando na República a situação é inversa? Será normal as iniciativas apresentadas por qualquer partido da oposição terem quase sempre a unanimidade dos

votos da mesma oposição, sendo que temos partidos que na teoria representam projectos diferentes nas suas matrizes ideológicas?

Certamente esta oposição é sui generis, acredito, mas assim não valoriza a democracia e o incremento do nosso processo autonómico.

Para provar que o que digo e que é factual propus-me hoje a caracterizar individualmente a oposição para que todos verifiquemos as suas fragilidades, as suas incoerências, as suas contradições e - sobretudo - o seu fraco desempenho nestes últimos quatro anos.

Uma voz do PSD:- Muito bem! O ORADOR:- Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Falemos do Partido Socialista da Madeira (…Sr. Deputado Victor Freitas). O Partido Socialista tem marcado na história o seu contributo na implementação do regime democrático em

Portugal.

Page 4: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 4

Um Partido que na esfera nacional já mereceu a confiança do Povo para governar os destinos de Portugal, mas que na Madeira teima em não se afirmar. Porquê pergunto?

Será porque o PSD-Madeira é um Partido forte, dinâmico, coeso e com obra ao longo de 30 anos. Acredito que sim. Mas também é verdade que em três anos, o PS-Madeira já experimentou duas lideranças, lideranças fracas, contestadas por dentro e que não trouxeram valor acrescentado nas suas propostas e objectivos para a Região Autónoma.

Este PS não é, na verdade, o mesmo partido que era representado por David Caldeira, Duarte Caldeira, Arq. Conceição, Rita Pestana, entre outros.

Os seus melhores quadros, os melhores, estarão sentados neste parlamento? Não acredito, nem posso acreditar que esta representação partidária, estes deputados, com todo o respeito que todos me merecem, são o melhor que o PS tenha para apresentar aos Madeirenses.

O melhor PS é aquele que apresenta em 2011, como timoneiro para dirigir e defender a Madeira e Porto Santo, aquele que foi o responsável e causador pela maior derrota eleitoral do Partido Socialista verificada em 2007?

É esta a mais-valia que o PS apresenta? O PS apresenta e continua a apresentar como alternativa de governação ao governo do PSD-Madeira liderado pelo

Dr. Alberto João Jardim, aquele que regista o pior score eleitoral, e se intitula como alternativa? Jacinto Serrão cresceu politicamente e mudou? Pensa de maneira diferente quanto aos interesses da Região?

Evoluiu responsavelmente, pergunto? Desde sempre e até há um mês atrás, era um indefectível de Sócrates e das suas políticas.

Serrão ajudou a aprovar a Lei n.º 1/2007 (LFR) que aprovou o garrote contra os Madeirenses. Ajudou a aprovar a Lei n.º 2/2007 (LFL) que penalizou as Autarquias Locais da Região Autónoma da Madeira.

Em 2008, enquanto deputado na Assembleia da República, não aprovou a proposta de alteração que foi aprovada nesta Casa para alterar a Lei das Finanças das Regiões Autónomas.

Apoiou ontem e apoia hoje Sócrates contra a Madeira e os Madeirenses. É de facto um vazio de ideias, de atitudes, de propostas, de projectos de desenvolvimento que permitam que a

Região Autónoma continue a crescer. Serrão ausculta os outros partidos da oposição, para criar plataformas e permitam-me a expressão “andaimes” que

nunca serviram nem servirão para nada. Tentou por exemplo, disfarçadamente, convidar o Coelho para iniciativas do Partido Socialista que nunca resultaram. Uma trapalhada contínua e cada uma é pior que a outra.

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Falemos do CDS O Centro Democrático e Social, vulgo CDS, partido do centro direita e marcadamente de ideologia cristã, defensor

da família como um dos pilares da sociedade já não existe.

Comentário do Sr. Lopes da Fonseca (CDS/PP).

Agora existe o Popular, ou o Populista, que meteu na gaveta a sua ideologia natural, a sua matriz cristã, social-democrata e se converteu ao liberalismo selvagem.

O SR. LOPES DA FONSECA (CDS/PP):- Já não é preciso dizer mais nada!

O ORADOR:- Muitos afirmam que o Partido Popular é um partido do chamado “Arco Autonómico”, mas a verdade, e convém nunca esquecer, e sempre que possível relembrar, que o PP esteve ao lado de Sócrates e contra a Madeira na Lei que - em 2007 - aprovou o garrote financeiro à Região, roubando aos Madeirenses cerca de 300 milhões de euros de 2007 até 2010. A esse respeito, Sr. Deputado, a abstenção para mim é igualmente votar a favor do que Sócrates aprovou e o Sr. Deputado sabe que isso que verdade. A esse respeito, o actual deputado José Manuel Rodrigues afirmou, em debate parlamentar, que o CDS teria se abstido, na votação final, porque salvaguardou os interesses da Região Autónoma dos Açores. Mas os nossos, os da Região Autónoma da Madeira? Os interesses da Madeira e dos Madeirenses do Porto Santo e dos Porto-santenses?

Por outro lado, o PP que muitas vezes se auto-intitula de Partido descentralizador votou novamente ao lado de Sócrates, lavando as mãos como Pilatos, na aprovação da Lei n.º 2/2007, de 15 de Janeiro, Lei das Finanças Locais, que é desigual, imparcial e injusta para os Municípios e Freguesias da Região Autónoma. Aliás, o grande objectivo da nova Lei das Finanças Locais, perpetuado por Sócrates e Teixeira dos Santos, no que diz respeito à Madeira, foi de facto, subtrair receitas fiscais à Região e a prova é que o IRS retido à Região Autónoma a mais de 7 milhões de euros.

A este respeito o PSD, na Assembleia da República, nunca teve ao seu lado o CDS sendo que ainda hoje os 5%, respeitantes ao IRS, não estão a ser transferidos para os onze municípios da Região. Ou seja, podemos afirmar que, por analogia, o CDS também é um dos responsáveis por este incumprimento e descriminação negativa dos municípios insulares. Situação que, como é do conhecimento público, será resolvida colocando o Estado em tribunal.

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados José Manuel Rodrigues, antigo pivot do telejornal da RTP Madeira e hoje deputado na Assembleia da República, na

sua primeira iniciativa parlamentar na Metrópole não se conteve em “enxovalhar” a Nossa Autonomia, que ainda não é plena, mas foi conquistada com muito esforço, sacrifício e empenho de muitos autonomistas. José Manuel Rodrigues levou para a Assembleia da República o dossier “Comunicação Social Regional”.

Lembremo-nos que José Manuel Rodrigues, enquanto parlamentar com assento nesta Assembleia Legislativa, muitas vezes afirmou que a nossa Autonomia permitia, dentro da nossa casa, resolver as nossas questiúnculas e disputas internas. Mas, a verdade, senhoras e senhores deputados, é que José Manuel Rodrigues, naturalmente também na procura de protagonismo político e ascensão na hierarquia metropolitana do partido, levou este dossier à Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República, onde, na sua análise e discussão, foram ouvidos diversos representantes de alguns órgãos de informação, onde o “alvo” precisamente a abater, já estava à partida identificado: O Jornal da Madeira.

Page 5: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 5

Assim, na minha modesta opinião, entendo que José Manuel Rodrigues ofendeu, em primeiro lugar, muitos Madeirenses e Porto-santenses fiéis leitores do Jornal da Madeira e, em segundo lugar, os eleitores do “saudoso” verdadeiro e genuíno CDS que se revêem na linha editorial do Jornal da Madeira, cujo título, convém lembrar, é pertença da Diocese do Funchal.

Agora José Manuel Rodrigues que subiu recentemente na estrutura dirigente do Partido está desligado da Madeira. Foi público que José Manuel Rodrigues prometeu que estaria presente no Parlamento Regional sempre que estivessem em causa decisões importantes, nomeadamente na discussão dos orçamentos regionais. Isso, apesar de ele ter expressamente prometido, nunca aconteceu!!!.

Pelo contrário, usando e fazendo jus à sua ascensão no partido, hoje, é curioso ver José Manuel ao lado de Paulo Portas em grande actividade política, na lavoura, nas feiras, e em festas na Metrópole e cada vez mais afastado e longe da Madeira e do Porto Santo.

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Falemos do Partido Comunista Português. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Oh, pá! O ORADOR:- O Partido Comunista Português, na Madeira, continua marcado pela histórica e pela teoria plasmada

nos livros de Karl Marx e Engels, sempre agarrado a teorias utópicas que todos os dias são desmascaradas pelos factos que se verificam nos países que teimam em manter as suas populações na miséria.

O PCP/Madeira é um partido que não evoluiu numa sociedade moderna e com outros paradigmas. Ainda não interiorizou, passadas que já foram algumas décadas, o significado da queda do Império Soviético e do Muro de Berlim.

Na Madeira, o Partido Comunista Português vive da demagogia fácil e oportunista e duma política de terra queimada.

Exemplo paradigmático dessa forma caricata e desprestigiante de fazer política foi a recente moção de censura que apresentou nesta casa. Julgo que uma moção de censura apresentada a cerca de sete meses do terminus desta IX Legislatura não faz nenhum sentido político, nem prático. Terá sido para marcar a agenda política após o desaire comunista verificado nas eleições presidenciais? Acredito que sim! A verdade é que esta moção tinha sido idealizada pelo grupo parlamentar do PCP que, na Assembleia da República, se preparava para “censurar” Sócrates e o seu Governo. No entanto, sabemos que os esquerdistas não são confiáveis entre eles, mesmo entre os apregoados e ditos camaradas, daí que o camarada Francisco Louçã tenha passado uma “rasteira” ao seu camarada Jerónimo, apresentando antecipadamente a moção no passado dia 10 de Março.

Perante esta infidelidade política, esta “ultrapassagem de última hora”, a tarefa dos comunistas locais foi, numa atitude primária e reveladora de falta de esforço, aproveitar o trabalho dos seus correligionários continentais, fazendo um simples «copy paste» ao texto original, mudando apenas e simplesmente, onde se lia no texto, “Governo da República” para “Governo Regional”.

No entanto, as cópias - as verdadeiras cópias - são feitas pelos meninos e meninas para “treinarem” a caligrafia e memorizarem as palavras. Estas são as únicas cópias que em alguma medida acrescentam algo ao conhecimento e aperfeiçoamento humano, porque pelo menos vão decorando. Em contraposição, o PCP/Madeira fez uma cópia, transpondo e plagiando do texto original, argumentos que são válidos para a República, mas que na Madeira não têm a mínima correspondência com a nossa realidade, cometendo faltas grosseiras e erros propositados para omitir a verdade.

Nesse extenso documento, o PCP fala em obras prometidas e não concretizadas, como se o Programa de Governo ainda não estivesse em conclusão, pois a legislatura ainda não terminou.

No entanto, repare-se nesta atitude coerente do PCP: vem para a praça pública pedir investimentos, pedir obra, pedir mais betão quando - em 2007 - votou contra a realização desses mesmos equipamentos.

Edgar Silva, conforme está escrito no Diário n.º 5, de 10 de Julho de 2007, afirmou que e passo a citar “O Programa de Governo não oferece dúvidas a quem defende uma política de desenvolvimento humano e de justiça social. Por isso, obviamente, vamos chumbá-lo”.

Estar na política, o exercício desta actividade pública que é prestigiante pois podemos, enquanto representantes das legítimas aspirações do Povo que nos elegeu, trabalhar em prol de uma sociedade melhor e mais justa, não se compadece com práticas que revelam falta de ética, pois é condenável andar a pedir obras que foram chumbadas pelos próprios.

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Falemos do Bloco de Esquerda Que dizer da postura e afirmação do Bloco de Esquerda e do seu deputado único na Região Autónoma da Madeira.

Acrescenta, tem-se constituído numa mais-valia ao nosso regime Autonómico? Acredito que este é mais um partido que na Madeira usou a “barriga de aluguer” BE, uma vez que a velhinha e

saudosa União Democrática e Popular estava em extinção. Temos a consciência que este Bloco de Esquerda na Madeira já não é o Partido de Paulo Martins e Guida Vieira.

Este Partido de Extrema-Esquerda não nasceu, à semelhança do BE no Continente, das elites esquerdistas e reaccionárias. Este Bloco de Esquerda, faz pela vida, luta para sobreviver.

É legítimo que queira sobreviver, mas seria também expectável que existissem nas suas estruturas directivas, ideias e “massa crítica” indispensáveis ao contributo que se deve dar, mas um contributo que seja positivo, que traga qualidade e melhorias para qualquer regime democrático.

É o partido das conferências de imprensa inócuas. Um Partido que usa e abusa da Comunicação Social para sobreviver. Veja-se, por exemplo, que no dia 6 de Abril, de manhã, a Associação Nacional de Farmácias ameaçava suspender as comparticipações nos medicamentos e nesse mesmo dia, à tarde, o Bloco de Esquerda, em conferência de imprensa, com o alto patrocínio da Comunicação Social, tentava alarmar uma vez mais a opinião pública.

Page 6: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 6

Um partido que quando a Taxa de Desemprego na Madeira aumenta 1 ponto percentual, faz alarido errado desse aumento. Mas, quando a mesma taxa, que é publicada trimestralmente pelo INE, desce, aí já existe manipulação por parte do Governo Regional.

Por outro lado, é público que o BE é um dos principais opositores à existência do Centro Internacional de Negócios. Por inúmeras vezes traz para o debate parlamentar e faz eco errado sobre as operações que existem na Zona Franca da Madeira. O Centro é um vector estratégico de desenvolvimento que deveria unir todos os parlamentares desta Casa. É nossa missão defender e estimular o seu crescimento. Se as negociações não forem retomadas certamente algumas das três mil pessoas que dependem da sua existência conheceram o drama do desemprego. É lamentável que aqueles que andam a denunciar aumentos milimétricos das taxas de desemprego, exemplificando como sendo este o resultado de políticas desastrosas do Governo Regional, são os mesmos que com as suas afirmações, com o seu ódio, com o seu rancor, são os primeiros a potenciar o crescimento do desemprego atacando cerca de três mil pessoas que directa ou indirectamente dependem da sobrevivência do Centro Internacional de Negócios.

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Falemos do PND Para os mais desatentos o PND nasceu na Madeira em 2007, elegendo um deputado. Um partido de extrema-

direita que não gosta de falar do 25 de Abril, mas já teve um deputado comunista; um partido de direita que não quer ouvir falar de apoios sociais; Um partido que nasceu num regime democrático, livre, aberto à diversidade de opiniões e de projectos políticos, mas que defende interesses particulares e individuais do passado, interesses que estiveram sempre presentes na ditadura, onde infelizmente a colonia era uma realidade.

A sua presença na Madeira e, em particular, nesta Assembleia marca, um período negro que está bem plasmado em alguns diários de algumas sessões desta Legislatura. São insultos, bandeiras suásticas, desrespeitos sistemáticos a esta Assembleia -1.º Órgão de Governo Próprio da Região Autónoma da Madeira - que marcaram algumas das primeiras páginas e noticiários nacionais que nos devem entristecer, pelo menos aqueles que amam a sua Terra.

Um Partido que teve e continua a ter a cobertura da Comunicação Social, pois parece que alguns órgãos de comunicação públicos continuam a privilegiar a palhaçada ao dever de informar de uma forma isenta e imparcial.

Os media estão e estiveram sempre prontos para filmar, fotografar e reproduzir textualmente as maiores barbaridades, mas nunca disseram nem escreveram que:

- Por exemplo, José Manuel Coelho que muitas vezes falava nos vencimentos dos políticos, foi o deputado mais bem pago desta Assembleia Legislativa, pois só disse asneiras, não apresentou soluções e nunca discutia o teor dos diplomas em análise?

- Será que os Madeirenses se revêem num Partido que defende o regresso ao passado e não projecta o futuro? - Será que os Madeirenses gostariam de saber – infelizmente a Comunicação Social não informa – que a única

iniciativa legislativa que o PND apresentou em 4 anos foi um projecto de resolução recomendando a construção de uma estátua de 30 metros do Dr. Alberto João Jardim?

- Será esta a forma correcta de fazer política que os Madeirenses, como pessoas inteligentes e trabalhadoras que são, aprovam para dirigir os seus destinos e dos seus filhos? Claro que não. A política é uma função nobre. Estar ao serviço dos outros, a defesa da coisa pública exige trabalho, respeito e responsabilidade.

Agora temos uma versão mais soft. Mais light, low-profile. Uma espécie de partido de denúncia. Pergunto: O que é um partido de denúncia?

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Para concluir, queria referir que o PSD-Madeira tem sido essencial e continua a ser muito importante para a defesa

dos interesses públicos, para o desenvolvimento e para alcançar os objectivos da Região Autónoma. Mesmo com a actual conjuntura de crise económica e financeira e com os PEC’s que agravaram a vida desta Região , aliado às consequências nefastas resultantes da Lei das Finanças Regionais e Finanças Locais impostas por Sócrates e Teixeira dos Santos, os nossos partidos da oposição aqui na Madeira e na Assembleia da República não têm feito o suficiente para salvaguardar os interesses da Região.

O Povo só pode mais uma vez contar com o PSD-Madeira, porque sabe que este partido com a sua liderança firme e forte, consegue resolver os problemas encontrando as soluções mais justas e eficazes.

Nas eleições Nacionais a se realizar em Junho, a Madeira deve votar em peso no PSD, na liderança de Pedro Passos Coelho para que Portugal finalmente consiga seguir em frente e reestruturar de vez o nosso desenvolvimento económico e social.

Na Madeira, as eleições em Outubro devem dar mais uma larga maioria ao PSD-Madeira, porque não podemos inverter o sentido do desenvolvimento que os sucessivos Governos Regionais, liderados pelo Dr. Alberto João Jardim, têm feito em prol da Região.

Os Madeirenses e os Portosantenses sabem que o líder do PSD, é um político responsável, um verdadeiro homem que nunca volta as costas ao dever e sabe assumir as suas responsabilidades, características essas, que nenhum líder dos partidos da oposição da Região têm, o que indica que os eleitores têm que continuar a votar no caminho do desenvolvimento e do sucesso.

Muito obrigado. Transcrito do original.

Vozes do PSD:- Muito bem! Aplausos do PSD.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. O Sr. Deputado tem 15 Srs. Deputados inscritos para pedidos de esclarecimento, mas só vamos ter tempo para ser

formulado um pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado. Tem a palavra o Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos, para um pedido de esclarecimento.

Page 7: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 7

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Coelho, deixe que lhe diga o seguinte: A sua intervenção caracterizou muito bem a nossa oposição, mas estou convencido que servirá pouco para alguma aprendizagem na nossa oposição. O estilo, a forma, o conteúdo que a oposição brindou a Madeira por mais de 30 anos, sem conteúdo programático, sem capacidade de ser alternativa, numa lógica apenas de acusação, de suspeição e sobretudo numa lógica do contra, é uma oposição do contra durante mais de 30 anos.

Disse o Sr. Deputado, e muito bem, que nunca aprovaram um Orçamento, nunca estiveram favoráveis a nenhuma obra, mas são os primeiros a ir ao exterior falar com a população e exigir mais obra ou então dizer que não há obra suficiente, como agora recentemente estamos a assistir da própria comunicação social.

É esta oposição desorientada, sem estratégia, sem rumo que quer ser alternativa na Madeira. E o Sr. Deputado, que faz parte de uma geração mais nova, eu pergunto: acha que é com este tipo de oposição e é

com estes dirigentes da oposição, que não sabem o que é renovação, que está o futuro da Madeira? Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Pedro Coelho para responder, tem a palavra. O SR. PEDRO COELHO (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos, como

disse na minha intervenção, disse que me entristecia esta oposição. E entristece-me, porque os partidos da oposição que estão aqui representados também mereceram a confiança do povo. Mas a verdade é que deviam ter projectos políticos para a Região Autónoma e não têm. O único projecto que os move é derrubar o PSD-Madeira. São plataformas, são andaimes, são convergências na acção, não interessa se é com o PND, não interessa que seja com o CDS, e é preciso que os madeirenses notem que a alternativa em 2011 do PS é representada por aquele que em 2007 teve o pior resultado do Partido Socialista, é aquele que em 2008, numa proposta saída desta Casa, além das Lei das Finanças Regionais, votou contra os madeirenses e os portosantenses.

Afirmam muitas vezes que o Dr. Alberto João Jardim está na Madeira há 30 anos e que tem merecido a confiança do povo. Então o PS apresenta em 2011 aquele que teve o pior resultado da história do PS na democracia?

Burburinho. Isto faz sentido? É este o partido, como disse, de David Caldeira, do Arquitecto Conceição, de Rita Pestana, é esse

o Partido Socialista desses antigos militantes do PS? Não é! E isso, Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos, isso entristece-me. E entristece-me, porque acho que uma oposição mais forte também era importante para a democracia e para o nosso regime autonómico. Mas a verdade é que o Povo da Madeira em Outubro só pode, infelizmente, mas só, só pode contar com o PSD-Madeira, porque é o único que mete sempre a Madeira à frente dos interesses partidários.

Muito obrigado. Burburinho. Vozes do PSD:- Muito bem!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Os restantes 14 pedidos de esclarecimento passam para a próxima Sessão Plenária. Portanto, solicito aos Srs. Deputados que registem os pedidos de esclarecimento para a próxima Sessão. Sras. e Srs. Deputados vamos passar à II parte do período antes da ordem do dia, e gostava de informar o Plenário

que a Mesa, atendendo ao sentido do voto de pesar pelo falecimento… Burburinho. Srs. Deputados, eu agradecia um pedacinho de silêncio. E, como estava a dizer, atendendo a que está na Mesa um voto de pesar do PSD pelo falecimento dum ex-

deputado aqui na Assembleia Legislativa da Madeira, a Mesa vai priorizar a discussão desse voto de pesar.

Consta do seguinte: Voto de Pesar

Fomos surpreendidos com a notícia do falecimento de Carlos Luís Amaral de Gouveia, antigo membro desta Assembleia Legislativa da Madeira.

Eleito Deputado pelo Conselho da Ribeira Brava, aí exerceu a sua actividade política e partidária, no âmbito do Partido Social-Democrata, defendendo com convicção e dignidade, os interesses do seu conselho até aos últimos dias da sua vida.

A tristeza do momento é, de certo modo, compensada pela imagem duma pessoa profundamente dedicada à Educação e ao Ensino como Professor, como Delegado Escolar e como Deputado.

Com este voto de Pesar, o Grupo Parlamentar do PSD exprime o seu pesar e apresenta as suas condolências à família.

Funchal, 12 de Abril de 2011 O Líder do Grupo Parlamentar do PSD-Madeira, Ass.: Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos.- Está em discussão, Srs. Deputados. Sr. Deputado Ivo Nunes para uma intervenção tem a palavra. O SR. IVO NUNES (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Srs. Deputados, eis-nos mais uma vez confrontados com o falecimento de uma pessoa conhecida, para muitos um

Page 8: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 8

amigo, e para muitos ainda um antigo colega que passou muitos dias da sua vida nesta Assembleia a trabalhar pelo bem da Região,

Como deputado eleito pela Ribeira Brava, defendeu sempre o seu concelho e os interesses do seu concelho e por isso era respeitado por todos.

Mas o Luís Amaral, além de deputado, era também professor. E foi no exercício dessa profissão que ocupou a maior parte da sua vida, distinguindo-se pela disponibilidade e pela dedicação aos seus alunos.

A educação era tema frequente das suas intervenções nesta Assembleia. Alguns de nós ainda o recordam. Ele falava da sua experiência como professor, da sua experiência como delegado escolar e falava como quem se sentia realizado e feliz na ajuda aos outros, ajuda aos alunos e ajuda aos colegas de profissão.

Por isso o recordamos neste momento, não apenas o Luís Amaral, Deputado, mas também o Luís Amaral, homem e professor. Em qualquer dos casos, recordamos alguém que serviu a causa pública e a comunidade onde viveu.

O Grupo Parlamentar do PSD, exprime o seu pesar e endossa as mais sentidas condolências aos seus familiares. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Obrigado, Sr. Deputado. Antes de colocar à votação este voto de pesar, eu quero transmitir que o Sr. Presidente da Assembleia Legislativa

da Madeira gostaria de estar aqui a presidir neste momento o Plenário, mas encontra-se a receber, em audiência, o novo Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas e, portanto, não pode estar aqui presente. Mas solicitou que transmitisse ao Plenário que gostaria de ver institucionalizado, que em casos de votos de pesar pelo falecimento de antigos deputados, colegas aqui no Plenário, fosse institucionalizado um minuto de silêncio.

Portanto, eu, após a votação deste voto de pesar, e se o voto naturalmente for aprovado, vamos guardar um minuto de silêncio pela memória do ex-deputado Carlos Luís Amaral de Gouveia.

Srs. Deputados, vamos votar então o voto de pesar. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. Muito obrigado. Vamos então guardar um minuto de silêncio. A Câmara guardou, de pé, um minuto de silêncio.

O Sr. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Srs. Deputados. Vamos passar à discussão do segundo voto, um voto de protesto, da autoria do Grupo Parlamentar do Partido

Comunista Português “Contra a intervenção do FEEF e do FMI” (Com certeza que é em Portugal). Consta do seguinte:

Voto de Protesto “Contra a intervenção do FEEF e do FMI”

O pedido de uma intervenção externa através do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) constitui uma gravíssima decisão para o interesse regional e nacional. É uma decisão ilegítima, tomada nas costas do Povo Português. Uma decisão que não resolve nenhum dos sérios problemas que nos afectam, em consequência de décadas de política de direita, antes os agrava largamente, no presente e no futuro.

Esta intervenção externa, esta ingerência que o Governo da República, com o apoio do PS, do PSD e do CDS-PP querem impor ao País, traz no bojo não só medidas mas também uma perspectiva de longo prazo. No imediato vão querer impor mais e mais restrições nos salários, nas pensões e nas reformas, vão atacar os direitos laborais, em particular no que toca aos despedimentos, à precariedade, à contratação colectiva, vão pretender eliminar ainda mais serviços e postos de trabalho na Administração Pública, acelerar e aumentar o programa de privatizações, entre muitas outras medidas. E todas estas medidas visam, a médio e longo prazo, tornar a economia regional e nacional mais dependente e mais atrasada, diminuir salários, pensões e despesas sociais, transferir mais e mais recursos públicos para o sector privado, eliminando direitos que são devidos à população.

É preciso sublinhar que para a RAM, as medidas que nos querem impor com o FMI e o FEEF terão uma extensão e uma dimensão profunda para o povo, com negativas consequências para a sua vida.

Querem alguns convencer o Povo de que este caminho que apresentam é o único, de que estas medidas são inevitáveis e de que não há saída se não entregar a país nas mãos do FEEF e FMI.

Estamos a viver momentos conturbados da nossa História colectiva. Mais uma vez, a exemplo de momentos históricos anteriores a grande burguesia regional e nacional não hesitou em maltratar os Portugueses, o País e a sua soberania para defender os seus interesses, os seus lucros. Não hesitou em entregar e vender o País para manter os seus privilégios. Não nos espanta, sempre foi assim, está na sua natureza.

Mas é preciso dizer que não é assim, que o Povo tem uma palavra a dizer. Se há lição que aprendemos com a nossa História é que quando a grande burguesia nacional desistiu de Portugal, capitulou perante os interesses e ameaças estrangeiras, foi o Povo, e sempre o Povo, que tomou corajosamente nas suas mãos a tarefa de defender os interesses de todos os portugueses, do direito ao nosso desenvolvimento económico e social e sobretudo à nossa soberania e independências nacionais.

Uma vez que o recurso à intervenção externa do FMI ou do FEEF apenas agrava problemas económicos e sociais, e não resolve a questão financeira e a especulação à volta dos juros, como se comprova não só já pelas situações da Grécia e da Irlanda, mas pela nossa própria situação, em que os juros continuam a elevados níveis, mesmo depois de anunciado o pedido de intervenção externa, deve, por isso, merecer o mais firme repúdio e a mais forte contestação a decisão do Governo da República de recorrer à intervenção externa, à ingerência, que atinge a nossa soberania e que quer limitar a decisão livre do Povo sobre o rumo do país.

Assim, a Assembleia Legislativa da RAM expressa o seu Voto de Protesto contra a intervenção externa do Fundo Europeu de Estabilização Financeira e do Fundo Monetário Internacional.

Page 9: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 9

Funchal, 12 de Abril de 2011 O Grupo Parlamentar do PCP na ALRAM Ass.: Leonel Nunes, Edgar Silva.-

Está em discussão, Srs. Deputados. Sr. Deputado Leonel Nunes para uma intervenção, tem a palavra. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Esta questão da vinda, para o nosso País, do Fundo Monetário Internacional, não é uma originalidade. E muitos,

com mais ou menos conhecimento, sabem os efeitos da passagem do FMI noutras alturas. Mas permitam-me que descodifique esta sigla “FMI”. E como dizia um simples trabalhador, o que é que para ele

representava o Fundo Monetário Internacional? O FMI, para esse trabalhador, representava: mais fome, mais miséria, mais impostos.

Julgamos que se adapta perfeitamente a esta sigla. O Fundo Monetário Internacional não nos vem ajudar, o Fundo Monetário Internacional vem ajudar-se a si próprio,

vem ajudar só os grandes interesses económicos da Europa, vem ajudar a Alemanha e a França e outros que fazem da especulação, fazem do lucro fácil, o seu dia-a-dia.

É o povo a apertar o cinto e são os banqueiros, esses sim, a engordarem de uma forma desmesurada. Não temos qualquer dúvida que muitas das medidas que vão ser tomadas com a passagem do FMI pelo nosso

País, e algumas serão drásticas ao ponto de se considerar já que não haverá soluções milagrosas, que eles, estarem ou não estarem, vamos continuar a apertar o cinto e vamos continuar na cauda da Europa.

É caso para perguntar: o que é que andaram então os nossos governantes a fazer? Há alguns que já lavam as mãos como Pilatos. O Senhor Sócrates dizia que não governava com o Fundo Monetário Internacional. Aí se foi, aí está, vai governar e até já diz que a base da negociação, a base para avançar é o PEC 4. O PEC 4 que o obrigou a demitir-se, porque não tinha condições para governar, e agora entende que é por aí que se começa a fazer e a pedir sacrifícios ao povo e aos trabalhadores portugueses.

Não há dúvida que de imediato vamos ter menos salário, vai haver congelamento de salários. Ainda ontem ouvi um Sr. Deputado no debate que fazíamos que dizia que não devíamos ser tão optimistas.

Sras. e Srs. Deputados, não se pode enganar os trabalhadores, não se pode dizer aos funcionários da Administração Pública que esperem, que contem com dias melhores…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …porque haverá centenas e milhares de despedimentos, as reformas vão baixar, as dificuldades vão-

se acentuar também na Região Autónoma da Madeira. Por isso, este voto de protesto.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado André Escórcio para uma intervenção, tem a palavra. O SR. ANDRÉ ESCÓRCIO (PS):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, há hoje uma situação que nos parece incontornável: os PEC’s,

todos juntos, seriam muito menos gravosos do que o pedido de ajuda internacional!

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Qual? O ORADOR:- As reformas no mercado de trabalho e o programa de privatizações, só acrescentará mais tragédia

social, aquela que nós já temos na Região. Foi isto que aconteceu na Grécia, foi isto que aconteceu e está a acontecer na Irlanda e vai acontecer em Portugal,

embora em menor escala. É esse o caminho do Fundo Monetário Internacional. O PSD, como maior partido da oposição, deveria ter estado mais preocupado com o País do que com o “pote”.

Porque a política não deve confinar-se a uma questão de benesses e de interesses. E temos presente que o FMI dos anos 70 e dos anos 80 não é o mesmo FMI de hoje. Os instrumentos de política

monetária e cambial são completamente diferentes. E quando eles falam em reformas estruturais, nós sabemos que isso corresponde a um mundo sem princípios e

sem valores, um mundo onde vive a desordem internacional… O FMI é apenas uma correia de transmissão dos grandes interesses internacionais. É lamentável que alguns se esqueçam que o Mundo está a passar por uma grave crise e que Portugal nunca

poderia ser um oásis nessa crise. Agora estamos certos que a Madeira pode e deve evitar os constrangimentos que vêm a caminho. Se sempre nos opusemos à aplicação cega na Madeira dos PEC’s, também somos contra esse eventual pacote

austero que nos vão impondo.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente. Mais do que obras a inaugurar, o governo regional terá de pensar nas pessoas e nas empresas que estão a passar

mal. Se o Presidente do Governo está aflito porque não tem dinheiro para as obras, tem um caminho, apresentar nesta

Assembleia um orçamento rectificativo e redistribuir o orçamento em função das prioridades. Transcrito do original.

Page 10: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 10

Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Lopes da Fonseca para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. LOPES DA FONSECA (CDS/PP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Srs. Deputados, ainda ontem o Sr. Ministro das Finanças anunciou publicamente que Portugal já

não teria dinheiro a partir de Maio. Burburinho. Ora, como é que é possível vir-se afirmar que não precisavam do FMI e que a culpa da vinda do FMI é da oposição,

se Portugal já não teria dinheiro a partir de Maio? Aliás, é o salvador. Provavelmente o FMI já devia de estar em Portugal há mais tempo. Com esta ida aos mercados a taxas de juro tão altas, perdemos milhões que dava para fazer a tal linha do TGV. E o PS ainda continua aqui a dizer que a oposição é que é culpada de vir o FMI!?

Burburinho. Meus senhores, haja seriedade. Gostemos ou não do FMI, ele está em Portugal há muito mais tempo do que aquilo

que se diz que está, porque são eles que têm os valores para Portugal: recessão, 1,5% para 2011; desemprego, 11,9% para 2011; défice orçamental, 5,4% para 2011; inflação, 2,4% para 2011. Ao contrário daquilo que o Governo Regional dizia.

Portanto, o FMI há muito que sabia desta situação. E eles não foram invasores, vieram porque os chamaram. E, já que estão cá, é preciso que haja uma concertação no sentido de minimizar a sua influência nas populações.

Mas, meus senhores, os três PEC’s juntos, provavelmente, se o FMI cá estive antes, as medidas já tinham sido diluídas na sociedade há muito tempo.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Roberto Almada para uma intervenção, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a entrada do FMI em Portugal é uma

calamidade. É uma calamidade que vai agravar a calamidade social que já se vive neste País, mas também nesta Região. Não nos esqueçamos que o Sr. Presidente do Governo Regional veio ainda hoje de manhã dizer que a Madeira não tinha dinheiro para mandar cantar um cego.

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Foi hoje de manhã! Burburinho. O ORADOR:- A Madeira já não tem dinheiro para mandar cantar um cego? Quando o Bloco de Esquerda e outras

forças políticas na Madeira diziam que a Região estava à beira da falência técnica, fomos zurzidos, fomos desmentidos categoricamente, fomos ridicularizados quando efectivamente era verdade, quando a Região já estava num beco sem saída!?

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desbarataram os recursos dos portugueses, o Governo da República desbaratou os recursos dos portugueses, o Governo Regional desbaratou os recursos dos madeirenses. Agora, chamam o FMI, abrem as portas, para não dizer outra coisa, ao FMI, e vêm dizer que a entrada do FMI é para salvar Portugal, para salvar a Região.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a entrada do FMI é para desgraçar os trabalhadores, a entrada do FMI…

Protestos do Sr. Jaime Filipe Ramos (PSD).

Não, não, quem conduziu a esta situação, foram os governos do PSD, do PS e do CDS/PP, que tiveram ao longo dos últimos 30 anos no Governo da República, são os governos destes partidos que são os culpados. Se há culpados pela entrada do FMI, é o PSD, o Partido Socialista e o CDS, de vez em quando.

Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vai haver congelamentos de salários, vai haver redução de salários, quiçá, vai haver ainda a retirada do 13.º e do 14.º mês…

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …efectivamente isto é uma calamidade social e por isso nós só podemos apoiar todas as iniciativas

que vão no sentido de condenar a entrada do FMI em Portugal.

Burburinho.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta iniciativa do PCP é uma iniciativa interessante: ataca aquele que alguém chamou, porque alguém chamou o FMI, o FMI não chegou a Portugal por sua iniciativa, o FMI foi chamado porque alguém, no desespero, chamou.

Agora, é preciso saber o porquê que chamou? Por qual é a responsabilidade que o fizeram? E eu pergunto: não é mais grave os três PEC’s do que se calhar a solução que o FMI vai apresentar para Portugal?

O PEC 4 iria resolver aquilo que o Ministro Teixeira dos Santos disse ontem, que a partir de Maio já não há mais dinheiro? O PEC 4 ia ser só mais um dos PEC’s, porque íamos chegar ao 5, ao 6, ao 7, ao 8, até afundar. E porquê?

Page 11: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 11

Porque existe um Primeiro-Ministro teimoso, que não quis apelar ao apoio externo, porque há mais tempo Portugal já não tinha dinheiro. Isto é a verdade! Mas pelo desespero, pela política da mentira, para enganar os portugueses, iludir os portugueses, continua a dizer: que a culpa é da oposição!

É uma vergonha ter em Portugal um político que não assume as suas responsabilidades, que esquece que em 16 anos teve 13 anos no poder, esquece-se que nesses 16 anos, 6 foi Primeiro-Ministro e ainda diz que não tem qualquer responsabilidade ao ponto que chegamos.

Isto é uma falta de seriedade e as pessoas que estão em casa sabem disto, as pessoas estão cansadas deste tipo de atitude, porque quem erra não assume os seus erros. Sabem o que é que isto faz lembrar? Isto faz lembrar um doente que bebeu demais, fumou demais, viciou-se demais, maltratou-se demais e alguém diz assim: agora acabou, tens que ir ao médico! E o médico dá-lhe a receita, vai ajudá-lo. Mas para alguns, a culpa é do médico! O FMI aqui é o médico que vai tratar o doente, mas para eles, a culpa não é de quem se maltratou, não é de quem governou mal, não é de quem estragou o País, a culpa agora é do médico que vai impor uma receita para a cura.

Portanto, Sras. e Srs. Deputado, esta atitude da parte do Partido Socialista é desespero, é desespero e aqui na Madeira é do desespero hilariante, porque a atitude do Presidente do Partido Socialista da Madeira é hilariante quando diz que a responsabilidade da política neo-liberal!

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Eu gostaria que o Sr. Deputado Jacinto Serrão um dia explicasse o que é para si o neo-liberalismo,

porque penso que o Sr. Deputado não sabe bem o que é o neo-liberalismo! E, portanto, Sras. e Srs. Deputados, termino, Sr. Presidente, sem querer abusar da sua paciência, a dizer: teimosia,

teimosia, é mesmo neste momento não haver dinheiro, ter levado o País à bancarrota, e ainda agora assumir a responsabilidade de pagar 100 milhões de euros de indemnização pela suspensão do TGV.

Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Roberto Vieira para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos nós sabemos que o FMI em Portugal vai trazer efeitos nefastos para as famílias. É o corte nas reformas, é o corte nos apoios sociais, é o corte nos salários.

Como dizia o Sr. Deputado Leonel, que foi referido por uma outra pessoa que a fome, a miséria e os impostos vão bater à porta de todos os portugueses.

Quem trouxe o FMI para Portugal foi o PS, foi o PSD e foi o CDS, têm que assumir essa responsabilidade e têm que assumir essa responsabilidade e o povo madeirense, concretamente o madeirense, porque estou a falar nesta Casa, tem que vos penalizar nas próximas eleições, as pessoas têm que saber que sois vós os responsáveis pela entrada do FMI.

Burburinho do PSD. O PSD podia, na altura que foram apresentados os PEC’s, ter travado nesta Casa estas medidas nefastas através

de uma autonomia que me parece que está podre e que hoje não é usada aqui na Região, poderia ter tratado de outra forma, não o fez e agora, com a entrada do FMI, vamos apertar o cinto, vamos avançar com o PEC 4 e quem perde são as famílias madeirenses, é o povo português e, como já referi, as pessoas devem dar o testemunho deste voto, deverão votar também no dia 5 de Junho contra esses três partidos.

Comentários do Sr. Jaime Filipe Ramos (PSD). Burburinho geral. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Srs. Deputados, a Mesa vai colocar à votação o voto de protesto

apresentado pelo Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português “Contra a intervenção do FEEF e do FMI”. Submetido à votação, foi rejeitado com 22 votos contra, sendo 20 do PSD e 2 do CDS/PP, 1 abstenção do PND e 7

votos a favor, sendo 4 do PS, 1 do PCP, 1 do BE e 1 do MPT.

Terminamos assim o período de antes da ordem do dia, vamos entrar na nossa ordem de trabalhos.

ORDEM DO DIA

Ponto 1. Leitura do ofício… Sr. Deputado Leonel Nunes, quer interpelar a Mesa? O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Sim, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Tem a palavra, Sr. Deputado. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. É o meu colega Edgar Silva que fará toda a argumentação em torno deste projecto. Já falei com os Srs. Deputados

do CDS, e se fosse possível passarmos, ou iniciarmos a discussão da nossa ordem de trabalhos hoje pelo 2.º ponto, nós agradeceríamos, porque dentro de alguns minutos voltará a estar aqui no hemiciclo o Edgar para discutir o 1.º ponto.

Page 12: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 12

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Srs. Deputados, o Sr. Deputado acabou de dizer que falou só com o Grupo Parlamentar do CDS. Os restantes grupos parlamentares têm alguma coisa a opor?

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- É para trocar? O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Exactamente. O ponto 1 passar a ponto 2… Diálogo entre os Deputados. Parece que há concordância entre os vários grupos parlamentares, portanto, passamos ao ponto 2 e o ponto 1

passa a 2. Sendo assim, ponto 2, apreciação e votação na generalidade do projecto de decreto legislativo regional do

CDS/Partido Popular, que “Cria o observatório do turismo e transportes aéreos e marítimos”. Está em discussão. Sr. Deputado Lino Abreu para uma intervenção, tem a palavra. O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, mais uma vez o CDS traz aqui a esta Casa, um

projecto que pensamos nós, e achamos, ser de grande importância para um sector vital da nossa economia. E é de grande importância, porque achamos que a Região, por ser uma Região turística, devia ter um instrumento

que avaliasse, que controlasse, que fosse capaz de criar uma bateria de indicadores capaz de avaliar a satisfação de quem nos visita. Não é aceitável, numa Região turística como a nossa, que não tem um observatório do turismo onde se possa fazer um levantamento necessário da satisfação de todos aqueles que nos visitam. E a Madeira precisava dum instrumento destes para ter e para saber que estratégia tinha que tomar nos próximos tempos em relação aos mercados emergentes e em relação ao turismo que queremos alcançar.

O observatório tinha por missão, monitorizar e promover a análise, a divulgação e o acompanhamento da actividade turística e os transportes, de forma a contribuir para um desenvolvimento sustentado no turismo da Região Autónoma da Madeira.

E este observatório tinha, como fundamental, os seguintes objectivos: Primeiro, conhecer, porque não somos capazes de reconhecer a falta de informação inexistente para construir um

sistema próprio de produção de estatística na área do turismo e dos transportes; Teria a função de avaliar, que infelizmente não temos uma avaliação concreta e objectiva de todos aqueles que nos

visitam, de uma forma adequada, para saber as necessidades de informação sentidas em todos os sectores do turismo;

Informar, a quem precisa de saber, os indicadores necessários do sector turístico na Região; Desenvolver níveis adequados de transmissão da informação relevante em tempo real aos agentes e aos

operadores no sector do turismo; Estudar, porque não sabemos, nem conhecemos, e não estudamos, de uma forma concreta, aqueles visitam e

aqueles que nos deixam após a sua visita; Monitorizar as necessidades de efectuar estudos sobre a realidade turística e de transportes de uma forma válida e

concreta; Monitorizar o mercado que nós queremos, informar e formar no mercado turístico de modo a contribuir de uma

forma quantificada, profissional a todos os agentes que intervêm. Sr. Presidente, Srs. Deputados, a Madeira neste momento não sabe o que vender, a Madeira por enquanto não

sabe o que vender lá fora. E a questão é pertinente, de capital importância, para o entendimento exacto de que produto temos que vender, de que opções temos que posicionar a Região em relação aos mercados na promoção e na comercialização, de modo a que sejamos capazes de ter um produto concreto para o nosso turismo na Região Autónoma da Madeira. E não conhecemos, porque não somos capazes de ter um instrumento com indicadores que nos possa ter uma estratégia concreta em relação ao mercado que queremos alcançar.

O observatório seria um instrumento de indicadores e de estatísticas e aconselhamento estratégico na sua área de actuação, indicando na preparação de indicadores de avaliação dos impactos da actividade turística.

Não é aceitável que a Região, após 34 anos, não tenha um instrumento que possa avaliar e quantificar de forma a termos uma estratégia mais subjacente e mais objectiva para termos os mercados que queremos alcançar.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Roberto Almada para uma intervenção, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nenhuma região insular poderá ter um

desenvolvimento continuado e sustentado sem uma aposta efectiva nos transportes que a liguem com e para o mundo. Mas sendo importante este observatório, mais que o observatório, julgamos nós, tem existido uma falta de querer

fazer, ou ousadia, por parte das entidades governamentais, para satisfazer as necessidades de mobilidade dos residentes e visitantes da Madeira: taxas aeroportuárias e portuárias elevadíssimas; negociações de/e para monopólios e preços das tarifas exorbitantes a tudo o que qualquer pessoa já consegue observar. Tudo ao contrário do que deveria ser o resultado do trabalho do Governo Regional.

No turismo caminha-se cada vez mais para a sazonalidade, mesmo com milhões em promoções e eventos que tardam em surtir efeitos. A culpa é das condições atmosféricas, das cinzas da Islândia, etc., etc..

A responsável governamental pela pasta do turismo fica toda contente com taxas de 70% durante uma semana ou semestre!

Risos do Sr. Deputado Roberto Vieira (MPT). Mais, pelo observatório para efectivamente fazer apenas relatórios, era preciso criar um secretário regional ou uma

secretária regional de um Governo Regional que apresentasse resultados nesta e noutras áreas.

Page 13: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 13

Contudo, esta proposta que aqui o CDS apresenta ao Plenário, não resolvendo todos os problemas, poderia ser um passo importante no sentido de dar um contributo para que o turismo e os transportes aéreos e marítimos na Região Autónoma da Madeira fossem olhados de outra forma pelo Governo Regional, que tem o dever e a obrigação de cuidar melhor deste sector, que é o sector do turismo.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Leonel Nunes para uma intervenção, tem a palavra. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sras. e Srs. Deputados, uma preocupação em relação a esta proposta de criar um observatório. Ainda ontem tivemos aqui uns teóricos a discutirem as razões dos observatórios, ou seja, a razão da não razão da

existência de uma observatório. E passo a ler: “O social-democrata Savino Correia acusou a oposição de, com a criação deste observatório, pretender ter influência junto das redacções e manipular a opinião pública”. O CDS quer manipular o turismo com este observatório!

Risos do Sr. Deputado Victor Freitas (PS). Burburinho. Sras. e Srs. Deputados, uma promessa pelo menos ele fez e cumpriu: duas páginas sobre o Parlamento! Cá está a influência que o Sr. Deputado Savino exerce sobre o Jornal da Madeira. Duas páginas! Burburinho. Sras. e Srs. Deputados, o problema é se o nosso turismo tem ou não importância para a nossa Região. Se o nosso

turismo, a hotelaria e todos os sectores e subsectores que aguardam melhores dias no turismo para continuarem a desenvolver a sua actividade, a assegurarem postos de trabalhos, a serem uma indústria (é um nome um pouco pomposo, chamar a hotelaria de “indústria”), mas continuar a ser a vanguarda de toda a nossa economia, porque a verdade é que quando o turismo está bem, muitas coisas estão bem na nossa terra, constrói-se novos hotéis, os trabalhadores podem ter salários razoáveis, os empresários não andam insatisfeitos, não encerram hotéis, não ficam com salários em atraso, não praticam preços de saldo, como acontece em muitas empresas aqui na Região Autónoma da Madeira, que é um autêntico escândalo, e esses preços de saldo sabemos muito bem da razão da prática desses preços de saldo, que tem a ver com as exigências que os tour operators colocam perante os preços elevadíssimos das taxas aeroportuárias e portuárias que depois é o produtor final que tem que sofrer essas consequências, mas a verdade é que em 30 anos nunca o sector da hotelaria passou por uma crise tão profunda.

Não será que isto justificava que criássemos um observatório, que fizéssemos uma discussão, que tentássemos encontrar alternativas?

Sras. e Srs. Deputados, sabemos que o mundo está numa crise política profunda, mas sabemos que esta crise profunda não toca por igual a todos, há países que ainda têm potencialidades, têm capacidade de furar, de passar por cima dessa crise e planificarem as suas férias.

Com as constantes instabilidades que existem nos países do Norte de África, com essas instabilidades de países que eram ontem países potenciais para acolher turistas e que hoje não têm, pois só malucos é que vão passar férias onde há guerra, nós podíamos ter essa possibilidade de ser o espaço em progressão, a progredir no sentido de apanhar estas franjas que deixaram de visitar outras localidades. Quer-nos parecer que este não tem sido o caminho seguido. Há hotéis que estão a encerrar as suas portas, há hotéis que utilizam… ainda este mês houve um hotel de utilizou, um hotel que já deve ter aqui na praça o seu nome há mais de 40 anos, utilizou esta fantasiosa forma de pôr trabalhadores na rua sem dizer que está a fazer o despedimento colectivo, pôs 38 trabalhadores no meio da rua sem dizer que está a fazer qualquer despedimento colectivo, vergou-os por um prato de lentilhas, pagou meia dúzia de euros para eles rescindirem o contrato, com esta garantia e também com o aconselhamento, o bom conselho sempre da Secretaria dos Recursos Humanos “Esteja descansado que nós vamos promover o subsídio de desemprego!”. É uma vergonha!

É proibido por lei, quem deixa de trabalhar receber subsídio de desemprego. E eu estou de acordo. Quem voluntariamente larga o seu posto de trabalho, não tem direito a desemprego. Mas aqui nesta terra faz-se tudo ao contrário, aconselha-se as pessoas a irem para o desemprego, porque depois, como não sai do Orçamento da Região, lá arranjaremos forma de atribuir o subsídio de desemprego. É isto que tem sido feito nalgumas localidades, enganando os trabalhadores. E é isto que se faz também no sector da hotelaria.

Sras. e Srs. Deputados, o problema é que também esta crise não pode ser centralizada aqui no coração da nossa ilha, no Funchal, ela estende-se pelas mais variadas localidades. O Porto Santo está a passar também por situações muito complicadas. A operacionalidade do aeroporto do Porto Santo, se fosse fazer uma fiscalização como deve ser… E não digo mais, porque tenho muito amor ao turismo, porque sei que às vezes algumas observações menos consistentes podem levar a outros caminhos. Mas tomem atenção, vejam o que é que se passa naquele aeroporto, porque de hoje para amanhã pode haver quem, de uma forma organizada, intervenha e constate que o aeroporto do Porto Santo não tem as condições para manter o espaço aberto.

Por estas e outras razões, pela necessidade que temos de continuar a manter este espaço, que é o turismo e a hotelaria, como uma vanguarda do desenvolvimento doutros espaços… ou não será verdade que poderia ser através da hotelaria que desenvolvêssemos outros subsectores tão importantes para o desenvolvimento da nossa Região? A piscicultura, a floricultura, os nossos hortícolas, se há mais hotéis, há mais construção civil… Qual é o sector que tem estas potencialidades? Qual é o sector que tem condições para crescer nos postos de trabalho?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Já concluo.

Page 14: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 14

Não há outro, não há outro! É por isso que este observatório, que não é a primeira vez que aqui vem à discussão, devia de merecer uma

especial atenção. E se o problema é a composição de mais um, ou menos outro, penso que isso em comissão seria ultrapassado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Victor Freitas para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quando foi inaugurado o aeroporto do Região Autónoma da Madeira no final do século passado, início do século XXI, abriu-se uma janela de esperança, houve discursos, existiram discursos em relação à Região Autónoma da Madeira e em relação ao turismo que não se vieram a concretizar. O 747 que aterrou naquele dia no aeroporto do Funchal era o maior avião do mundo na altura, nunca mais voltou à Região Autónoma da Madeira.

E naquele dia simbólico de inauguração traçou-se um cenário de leite e mel para a Região Autónoma da Madeira em termos turísticos, estratégia em termos turísticos, que daqui para frente seria completamente diferente, e o que é certo é que, desde a inauguração do Aeroporto Internacional do Funchal, o turismo tem passado maus dias e tem existido quedas acentuadas neste sector.

Existiu também nos últimos 10 anos um boom em termos de aumento do número de camas, através de um POT que tudo permitiu e deixou que se construísse sem planeamento, sem estratégia e sem garantir que existiam turistas para encher esses hotéis.

Abriu-se um novo rumo, ou um novo meio de transporte, que foi o transporte marítimo entre a Madeira e o Continente, Continente e a Madeira, o que seria também mais um meio de trazer para a Região Autónoma da Madeira mais turistas.

Só que perante estas três apostas - aeroporto, aumento do número de camas e ligações marítimas -, era de esperar que os nossos hotéis estivessem a abarrotar de turistas e que a Região em termos turísticos estivesse cada vez mais a crescer a nível das ocupações e do número de camas.

Por outro lado, também não percebemos qual foi esta estratégia, porque nós temos neste momento um cancro em termos turísticos na Região Autónoma da Madeira. Será que o insucesso do Colombo’s Resort no Porto Santo, não é um cancro para a Região Autónoma da Madeira em termos turísticos?

Será que as obras que se iniciaram e que ficaram a meio no Madeira Palácio, também não são um cancro para o nosso sector turístico na Região Autónoma da Madeira?

Será que aquele grande investimento, a Quinta do Lorde, que é um esqueleto de cimento na Ponta de São Lourenço, em que não se vende nenhum espaço, em termos turísticos, será que também não é um cancro para o nosso turismo?

E já agora, o que dizer do Savoy, do clássico Savoy, que foi abaixo, fez-se a base, lançou-se os alicerces e ele ali adormeceu e não cresce, não levanta e não se resolve aquele problema.

Burburinho. E não sabemos se aquilo que facto é para ficar ali adormecido, embevecido, a deixar o turismo a passar sem

barreiras no mar, ali através da Avenida. E estes quatro casos são dramáticos, são extremamente dramáticos para o turismo na Região Autónoma da

Madeira. Mas em relação a estes quatro sucessos do Governo do PSD, não dizem nada, estão calados. Em relação à estratégia que têm seguido a nível turístico, também não vemos nada. O que nós sabemos é que o

número de dormidas na Região Autónoma da Madeira tem vindo a baixar. Taxas aeroportuárias, um assunto que ninguém pode resolver e consegue resolver. O PSD continua com a sua

golden share na ANAM, na gestão dos aeroportos e depois remete para Lisboa a responsabilidade em relação às taxas, quando é aqui o Governo Regional que as fixas.

E, portanto, era importante que o PSD assumisse a necessidade de baixar as taxas aeroportuárias. Mas parece que não é esse o entendimento do PSD. Com a crise dos combustíveis, temos aí aumentos de taxas de

combustíveis, que, como nós sabemos, isto é uma situação que é para durar, não é conjuntural, porque se fosse conjuntural, a forma como temos visto a questão do combustível desde há 3 anos para cá, começou a ser estrutural, não conjuntural, apesar de existirem picos altos e picos baixos, o que é certo é que começamos a ter taxas de combustível nos transportes aéreos bastante altas e parece que são para continuar.

Burburinho na bancada do PSD. Burburinho. A União Europeia, e bem, quer lançar a taxa do carbono para diminuir a pegada humana e isso vai ter custos

também nos transportes aéreos e no turismo para a Região Autónoma da Madeira. E que tal se nós falássemos da promoção, da promoção turística para a Região Autónoma da Madeira? Não vale a

pena falar em relação à promoção, porque em relação à promoção, não existe, e os resultados dessa promoção não existem na Região Autónoma da Madeira em termos turísticos. Em 2009/2010, tivemos menos 8% de entradas na Região Autónoma da Madeira, menos 9% de dormidas; em termos de ganhos por quarto, o RevPar menos 11,5%; proveitos, menos 12,7% em 2010 face a 2009 e em 2009 já houve um queda acentuada também de cerca de 10% face a 2008.

Em 2009 e 2010 a Região Autónoma da Madeira perdeu 1 milhão e duzentas mil dormidas, 1 milhão e duzentas mil dormidas a menos na Região Autónoma da Madeira. São os números mais baixos da última década. E o que nós temos assistido nos últimos 2 anos é a uma queda acentuada do turismo na Região Autónoma da Madeira.

Page 15: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 15

E acho estranho que alguns continuem a afirmar, e parece que única estratégica que a gente sabe que o PSD tem é: a Madeira está à espera que exista um conflito internacional no Médio Oriente, uma crise política em qualquer ponto do mundo, para nós vermos crescer na Região Autónoma da Madeira o turismo 2, 3 e 4%.

Burburinho na bancada do PSD. E as bocas ali da bancada do PSD… porque é que não falam deste ano? Lá esta a estratégia do PSD: “Desgraça

alheia, sorte a nossa! Nós precisamos de desgraça por esse mundo para que a gente veja o nosso turismo crescer. Nós não confiamos nas nossas capacidades como promotores do turismo da Madeira e da qualidade turística do nosso destino. Nós estamos à espera que haja uma desgraça no Norte de África, no Médio Oriente, ou então na Europa, para que a Madeira veja crescer o seu número de turistas!”. É esta a estratégia do PSD.

E de facto é estranho. Os Srs. Deputados do PSD estavam ali a dizer: “Ah! Digam os números deste ano, digam os números deste ano. E 2011, 2011 como é que está? Pois está! À espera da desgraça alheia. A estratégia do PSD no Governo, portanto é, à espera da desgraça alheia para que nós subamos em termos turísticos o nosso número de dormidas!

Burburinho na bancada do PSD. Parece que é essa a vossa estratégia, porque o turismo na Região Autónoma da Madeira, aliado a outros sectores

como se tem visto, tem vindo em queda. Não é só o turismo, é a construção civil (e basta ver os números de desemprego), é os serviços, as lojas a fecharem. V. Exas. têm conhecimento desta realidade e sabem que isto está a acontecer na Região Autónoma da Madeira.

E, portanto, é natural que existisse da parte do Governo Regional do PSD a responsabilidade de ter estratégias de desenvolvimento para a Região Autónoma da Madeira e não tem! Desde a morte e o enterro das Sociedades de Desenvolvimento, que foi a última leva da vossa estratégia para o desenvolvimento regional, não têm mais nada. Em 36 anos criou-se o Centro Internacional de Negócios, todos os outros sectores já existiam. Entretanto, claro, as actividades tradicionais foram decrescendo, foi o único sector que criaram. Arranjaram as Sociedades de Desenvolvimento que seriam, digamos, a pedra basilar do século XXI em termos de desenvolvimento.

Dívidas, é o que temos em relação às Sociedades de Desenvolvimento! O SR. TRANQUADA GOMES (PSD):- O Estado não tem!? O ORADOR:- Créditos para pagar, responsabilidades para assumir, prejuízos ano a ano em relação às Sociedades

de Desenvolvimento. E eu pergunto: onde é que está a esperança, o sonho para os jovens madeirenses? Qual é a vossa estratégia em relação ao futuro? É manter o turismo como está? Os sectores da construção como estão? As Sociedades de Desenvolvimento como estão? A estratégia do PSD é manter tudo na mesma e depois deitar as culpas para Lisboa!

E não é de estranhar que o Sr. Presidente do Governo Regional tenha aplaudido a vinda do Fundo Monetário Internacional para a Região, aliás, julgo que foi a pessoa que mais desejou a vinda do Fundo Monetário Internacional para Portugal e para a Região por uma razão. V. Exas. colocaram a Madeira na falência, a Madeira está uma desgraça em termos financeiros, em termos económicos e termos sociais. As finanças do Governo Regional são uma porrada de dívidas para as gerações futuras pagarem. Eu não digo que é para a minha geração, até dou isto barato, que já sei que vou pagar, nem é para os nossos filhos, é para os netos e bisnetos dos madeirenses de hoje pagarem essa dívida. Porque V. Exas. foram irresponsáveis desde o momento que em 2000 foi pago parte substancial da dívida da Madeira, entraram numa loucura financeira de gastos atrás de gastos, de assumir compromissos atrás de compromissos e hoje a Região Autónoma da Madeira está no prego há espera do Fundo Monetário Internacional para salvar a Madeira, mas para salvar a carreira política do Dr. Alberto João Jardim que é o responsável da situação na Região, a todos os níveis e em termos financeiros, e que agora precisa do Fundo Monetário Internacional para resolver os problemas da Madeira.

Protestos. Pois, mas pode ele estar enganado, porque o Fundo Monetário Internacional pode não lhe dar a mão que ele

precisa, pode é dar uma régua de 5 buraquinhos, aquela que se usava noutros tempos para castigar quem tratou mal as finanças da Região Autónoma da Madeira e colocou a Região Autónoma da Madeira na actual situação económica e financeira.

Protestos do Sr. Jaime Filipe Ramos (PSD). Quanto ao turismo, penso que é um orgulho do Sr. Deputado, o que tem acontecido no turismo nos últimos anos.

Deve ser um orgulho! E é por isso que é necessário que não exista nenhum observatório. V. Exas. não querem observatório, V. Exas. não querem estatísticas, não querem dados e não querem que a oposição tenha uma palavra a dizer em relação ao turismo na Região Autónoma da Madeira.

A estratégia que V. Exas. têm vindo a trilhar em relação ao turismo tem dado maus resultados! E eu quero ver o PSD falar aqui sobre o turismo também, para ver que estratégia é essa e para nos percebermos

hoje, porque finalmente os madeirenses e os deputados da oposição vão perceber hoje qual é a estratégia do PSD para o turismo, que leva a que o turismo, cada vez mais, tenha menos turistas na Região e cada vez mais tenhamos menos proveitos com o turismo, cada vez mais tenhamos menos madeirenses empregados no sector turístico. Queremos ver essa estratégia, vamos estar atentos!

Protestos do PSD.

Page 16: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 16

Burburinho.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Nivalda Gonçalves para uma intervenção, tem a palavra.

A SRA. NIVALDA GONÇALVES (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em relação ao observatório aqui apresentado, gostaria de dizer que este observatório de facto não resolve nada, nem vai aumentar o número de turistas no mercado da Região Autónoma da Madeira, porque existem estudos, existem dados estatísticos e existem inquéritos, quer no aeroporto, quer na hotelaria.

Mas já que se falou aqui em tanta crise, gostaria de mostrar uma notícia que veio hoje em que diz que a procura pela Madeira aumentou 145%…

Protestos do Sr. Victor Freitas (PS).

A ORADORA:- …no mês de Março. E os Srs. Deputados esquecem quando os resultados positivos aparecem! Além disso, ontem saíram os resultados do mês de Fevereiro em relação ao turismo e Srs. Deputados mais uma

vez omitiram esses resultados. E já que alguns deputados nesta Casa gostam de comparar a Madeira aos Açores, e já que nós somos tanta desgraça na visão dos Srs. Deputados em relação ao turismo, mostro aqui a grande quantidade e grande qualidade que é o turismo na Madeira.

E se fizermos uma pequena comparação entre os dois destinos, podemos verificar que os Açores tiveram no mês de Fevereiro 38 mil turistas. A Madeira teve 329 mil turistas!

Protestos da oposição.

Burburinho.

Qual é a comparação e qual é a ordem de grandeza que se pode fazer entre estes dois destinos? E quando se critica a promoção do nosso destino Madeira, verificamos aqui, com estes números, que os Açores

têm 38 mil turistas e nós temos 329 mil turistas no mês de Fevereiro. Srs. Deputados, se há dúvida que o turismo é um sector importante para a Madeira, se há dúvida que nós

soubemos investir no turismo, estes números reflectem esse investimento. E quando se fala do crescimento do turismo não vamos esconder os resultados de Fevereiro, que mostram já uma

retoma dos nossos números de turistas entrados na Região Autónoma da Madeira. Em relação ao Açores, no mês de Fevereiro reduziu 7,7%; a Madeira reduziu apenas 0,4. E mostra claramente que

Lisboa e Madeira não apresentam alterações sensíveis no número de dormidas, sendo 0.4, enquanto que os restantes destinos evoluíram negativamente, de forma mais expressiva nos Açores, de 7,7, bem como no centro, de 5.5, Srs. Deputados. Mostra que a Madeira soube investir, soube tomar acções e que os resultados da retoma do nosso turismo começam a aparecer nas estatísticas, não foi necessário um observatório para termos estes dados, não foi necessário um observatório para conseguirmos retomar a nossa actividade turística.

E se hoje há necessidade de informar os nossos turistas, há mecanismos bem mais eficientes do que um observatório na Região Autónoma da Madeira. Existem mecanismos, como a Internet, como as redes sociais, em que a Região tem vindo a apostar e em que o número de compras de viagens para a Madeira tem vindo a aumentar via Internet e via reservas na Internet.

Burburinho.

E este observatório de facto não representa nenhuma estratégia para o turismo da Região. Estratégia sim, é apostar na promoção, como a Secretaria Regional do Turismo fez na última BTL em Lisboa, tendo sido reconhecida pela inovação, pela qualidade da apresentação que apresentou na BTL.

Também a liberalização que veio ajudar no aumento de turistas oriundos do País, que já é um dos principais mercados emissores de turistas da nossa Região.

A aposta no mercado de cruzeiros também com grande potencial. E a aposta na qualidade do serviço, quer do aeroporto, quer dos hotéis, quer dos serviços, é esta sim, uma

verdadeira estratégia do turismo da Região Autónoma da Madeira. Mas, Sr. Deputado Victor, esteve aí a falar e a ser a hipocrisia do PS nesta Casa, e esquece que foi o PS que

roubou o dinheiro à Madeira, o dinheiro que era dos madeirenses na negociação da Lei de Finanças das Regiões Autónomas da Madeira.

E, Sr. Deputado Victor, esse vosso acto de votar na Lei de Finanças das Regiões Autónomas veio apresentar o pior resultado de sempre do PS nesta Casa e veio fazer justiça a essa vossa tomada de atitude. E não venham agora com hipocrisias para aqui falar, porque o FMI entra em Portugal pela irresponsabilidade do Primeiro-Ministro, pela irresponsabilidade das mentiras do Engenheiro Sócrates que deixa o País no estado que deixa e só sai do Governo quando sabe que está na banca rota o País.

E por isso, não venha para aqui com hipocrisia, apresentar a sua hipocrisia, porque o PS, a continuar assim, possivelmente continuará a ser um partido pequeno nesta Casa e com justiça os madeirenses saberão ver quem são aqueles que trabalham pelos madeirenses.

Muito obrigada. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos para um pedido de esclarecimento, tem a

palavra.

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sra. Deputada Nivalda Gonçalves, eu sei que a Sra. Deputada Nivalda Gonçalves esforçou-se para explicar, e muito bem, o seu ponto de vista, mas como a Sra. Deputada sabe, tem que ter paciência. E como lhe peço paciência, vou-lhe pedir para repetir novamente alguns

Page 17: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 17

argumentos, para ver se aquela oposição consegue perceber novamente aquilo que transmitiu. Porque isto assim é a política na Madeira, por mais que a gente possa expor, por mais que a gente possa transmitir, por mais que a gente possa esclarecer, o que vamos assistir é que a oposição nada aprende!

Burburinho. A Sra. Deputada teve uma intervenção que versou um tema interessantíssimo, que este ano os Açores tiveram 38

mil passageiros e a Madeira 329 mil! Repare bem! Como é que é possível existir um partido nesta Casa que diz o seguinte: “Aprendam com os Açores.

Vejam o que se faz nos Açores. Está na hora de olhar para o modelo dos Açores!”. E eu pergunto: os Açores gastam 30 milhões em promoção, três vezes mais que a Região. Tudo para esse número que aí está?

Portanto, o que nós estamos aqui a dizer é, onde é que está a eficiência? Onde é que está a eficácia? Onde é que está o rigor? E onde é que está uma política com resultados? Porque se formos analisar uma política de resultados, certamente não é aquele que mais esbanja que poderá ser neste caso premiado.

Uma outra questão, Sra. Deputada. Quando se fala no observatório, eu pergunto: existe ou não existe hoje mecanismos na Madeira, na área do turismo, de envolver os agentes do turismo, de falar com esses mesmos protagonistas, que são aqueles que diariamente tentam trazer cada vez mais turistas para a Região? Ou será que era mais útil organizar-se com determinadas associações que todos nós já sabemos quem são, para que são e a quem interessa? Ou seja, estamos aqui a perder tempo a falar de turismo nesta questão do observatório, ou devíamos estar a discutir, sim, as verdadeiras razões de algum retrocesso em 2008 e de algum retrocesso em 2009 e 2010 no sector do turismo, que nós todos aqui dissemos que derivava de uma situação que era: mercados emissores? Curiosamente, fomos acusados, quando falávamos que eram os mercados emissores, que estávamos a pôr em piloto automático, que não queríamos ter estratégia, que não queríamos ter turismo! Mas eu ouço, quer o Secretário de Estado, quer o Secretário Regional dos Açores, a dizerem o mesmo, que o problema do País é que os mercados emissores ficaram sem poder de compra, o problema do País é que há uma crise nesses mercados!

E eu também gostaria de pegar numa última análise: Se este Verão que aí vem, que promete do ponto de vista do turismo da Madeira, que tem capacidades e há já expectativas do ponto de vista de companhias aéreas e isso tudo, se não se concretizar, sobretudo no turista nacional, também será culpa da Madeira? Será culpa da Madeira a falta de poder de compra dos portugueses no Continente? Será culpa da Madeira provavelmente as medidas que aí vêm?

Eu quero saber, Sra. Deputada, se é hora ou não de dizer nesta Casa onde é que estão as verdadeiras culpas, e aqueles que aqui infelizmente, em vez de contribuírem positivamente, só contribuem negativamente!

Muito obrigado. Vozes do PSD:- Muito bem! Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Nivalda Gonçalves para responder, tem a palavra.

A SRA. NIVALDA GONÇALVES (PSD):- Sr. Presidente, Sr. Deputado Jaime Filipe, de facto nesta Casa pode-se ter muitas vezes os mesmos argumentos, mas tenho ideia que os Srs. Deputados, alguns dos Srs. Deputados, se parecem com aqueles alunos que repetimos muitas vezes a mesma coisa e mesmo assim nem decoram, nem aprendem, nem ouvem, nem querem aprender e fazem de propósito para não ouvir os reais dados, omitem e apresentam partes do problema em pequenas estratégias que não representam o todo.

E por isso não vale a pena. Ou continuamos a repetir, mas sabemos que alguns ouvidos daquele lado fazem de conta que não ouvem os nossos argumentos!

Em relação à promoção dos Açores, de facto é incrível uma Região apostar tanto dinheiro na promoção, 30 milhões, e os resultados serem tão baixos. Mostra apenas que esse resultado dos Açores, ao contrário do que às vezes aqui se diz daquela Região Autónoma, que é uma maravilha de resultados, é um autêntico falhanço em termos de números de dormidas na Região Autónoma dos Açores.

E em relação aos mecanismos de observação dos nossos turistas, de facto não é preciso mais uma associação, não é de facto preciso mais um observatório, porque existem vários mecanismos de observação dos turistas. Existe a Direcção Regional de Estatística que elabora todos os elementos relacionados com a actividade turística; existe o INE, que acabei de apresentar aqui os resultados; existe a APRAM, que tem todos os dados relacionados com a actividade portuária; existe a ANAM, que tem todos os dados relacionados com os movimentos aeroportuários. E já agora, no mês de Março, já houve aumento no primeiro trimestre da entrada de passageiros e o mês de Março foi superior em 8.7 de entrada de passageiros. E tem também a associação de promoção que continua a desenvolver uma actividade de promoção e que tem também os dados contabilizados de todos os turistas entrados.

Em relação ao verão e à entrada de passageiros, de turistas a nível nacional, de facto temos algumas reticências, porque, com a crise que o País atravessa, com a irresponsabilidade e a culpa do Governo Socialista, que embora o Engenheiro Sócrates gosta de se fazer vítima e dizer que não é responsável…

Protestos do Sr. Victor Freitas (PS). …Sr. Deputado Victor, eu acho piada o Sr. Deputado, sabendo que é o Partido Socialista que lidera o Governo, que

fez a desgraça que fez, que tem os maus resultados orçamentais que tem no País, ainda consegue achar que não é o Governo Nacional que é o responsável.

Protestos do Sr. Victor Freitas (PS). Eu acho que o Sr. Deputado devia pelo menos saber assumir as suas responsabilidades e assumir a sua

Page 18: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 18

responsabilidade em termos da desgraça em que o País vive. E se o turismo de Portugal e o turismo da Madeira tem maus resultados, também se deve à má política do País e

do Engenheiro José Sócrates nesta área! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sras. e Srs. Deputados, vamos fazer o nosso intervalo. Eram 11 horas.

INTERVALO Assumiu a presidência o Sr. Presidente, José Miguel Jardim de Olival Mendonça. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Srs. Deputados, já dispomos de quórum, vamos retomar os nossos

trabalhos. Eram 11 horas e 34 minutos. Sr. Deputado Victor Freitas para uma intervenção, tem a palavra. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, fiquei espantado ao perceber que o

Deputado Jaime Filipe Ramos e a Deputada Nivalda Gonçalves afinal não conhecem a Madeira, nem os Açores, porque a comparação que aqui fizeram entre o turismo na Madeira e o turismo nos Açores, esquecem-se de um pequeno pormenor que é o facto da actividade principal da Madeira ser o turismo e nos Açores a principal actividade ser a agricultura.

E, portanto, não se pode comparar aquilo que não é comparável. Isto é a mesma coisa que querer comparar os turistas, com as vacas dos Açores. Não se pode comparar duas realidades completamente diferentes. Não tem qualquer lógica. Vai comparar as vacas dos Açores, com o turismo na Madeira? As actividades principais dos dois sítios não são comparáveis, não se pode confundir os dois patamares e foi isso que fizeram aqui, quiseram colocar nos Açores como principal actividade o turismo, sem colocar na Madeira como principal actividade a agricultura, para depois poderem fazer esse cruzamento de informação.

Protestos na bancada do PSD. Burburinho. E, portanto, é aí que está a vossa incoerência: é que não querem comparar aquilo que é comparável! E, portanto, em relação a isso, já vi que não conhecem a realidade da Madeira e dos Açores. Por outro lado, também nos últimos 2 anos, apesar da crise, e como disse o Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos, por

causa da crise até é capaz de vir menos turistas do Continente para a Madeira, mas o que é certo é que o turismo a nível nacional tem crescido, mesmo o ano passado e há 2 anos, ao contrário da Região Autónoma da Madeira, e o Continente não esteve à espera de uma crise no Norte de África ou no Médio Oriente para ver o seu turismo crescer. Ou seja, existe uma estratégia turística no Continente que não existe na Região Autónoma da Madeira!

E aquilo que eu ouvi hoje de manhã, às 8 da manhã e às 9 da manhã, a propósito de um livro chamado “Alberto João Jardim – a grande fraude” e as declarações ali proferidas, não contribuem em nada para que os turistas do Continente queiram vir para a Região Autónoma da Madeira.

E, portanto, acho escandaloso determinadas instituições que têm também responsabilidades em termos de turísticos, instituições privadas, não estou a falar de instituições públicas, que colocam determinados caminhos e seguem determinados caminhos que o único prejudicado nesta situação acaba sendo a Região Autónoma da Madeira, pela má imagem que dá junto dos turistas do Continente, que hoje nós sabemos tem um papel muito importante na ocupação hoteleira da Região Autónoma da Madeira.

O vosso programa de governo de 2007 criava ali umas linhas que eu até me identificava, nomeadamente com… O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Esgotou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …digamos, um ajardinar da Região Autónoma da Madeira, o embelezar da Região Autónoma da

Madeira que V. Exas. propuseram no sentido de tapar determinados impactos negativos da construção, para que não tivesse o impacto no turismo.

Em relação a isso, V. Exas. fizeram zero. E depois não se queixem do destino Madeira estar degradado em termos paisagísticos!

Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Lino Abreu para uma intervenção, tem a palavra. Burburinho. O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu fiquei perplexo quando ouvi a Sra. Deputada a

dizer que o observatório não fazia falta ao turismo, que o observatório nada traz de valor acrescentado ao turismo. Mas quando, no último fim-de-semana, no vosso congresso, os painéis que tiveram lá, houve oradores que

Page 19: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 19

disseram que o observatório era importantíssimo para o turismo, um ex-deputado vosso disse, e muito bem… O SR. LOPES DA FONSECA (CDS/PP):- O Lemos! O ORADOR:- O João Lemos disse que o observatório, e foi aplaudido, era importantíssimo para o turismo. E ele

tinha razão, porque não é aceitável, vindo da vossa bancada, dizer que o observatório é indispensável ao vosso turismo. O observatório é fundamental para o turismo, Sra. Deputada. E sabe porque é que é fundamental?

Protestos da Sra. Nivalda Gonçalves (PSD). Burburinho. Não. É necessário conhecer os turistas que não conhece, é necessário avaliar o turismo, é necessário ter a

capacidade de conhecer quem nos visita. E sabe porque é que a Sra. Deputada diz que não é necessário conhecer quem nos visita? Sabe porquê que a Sra. Deputada diz que não é necessário saber o grau de satisfação de quem nos visita? Porque não tem uma estratégia clara para o turismo da Madeira. Como é que pode vender um produto, sem conhecer o que vendeu? Como é que pode vender um produto, sem conhecer quem vai comprar? Como é que pode vender o seu produto, sem saber o mercado que quer atingir? Como é que pode vender um produto, sem ter a satisfação daqueles que nos visitam? Isto é incrível!

É por isso mesmo que não têm um programa concreto, objectivo, nem uma estratégia concreta para a promoção do turismo da Madeira com essas atitudes que têm da vossa parte e do Governo Regional, em não querer aceitar…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …a importância vital para conhecer e para avaliar aqueles que nos visitam a Madeira, porque sem

esse sentido, sem conhecerem aqueles que nos visitam, não são capazes de uma estratégia concreta de promoção do destino Madeira no exterior.

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Muito bem! Burburinho.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sra. Deputada Nivalda Gonçalves para uma intervenção, tem a palavra. A SRA. NIVALDA GONÇALVES (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vou começar por responder ao

Deputado Lino Abreu quando diz que nós não conhecemos os nossos turistas. Sr. Deputado, nós conhecemos os nossos turistas, sabemos quais são as suas origens, sabemos quais são os

seus gostos, sabemos quais são as suas preferências e sabemos qual é o perfil do produto preferido. E digo-lhe até que foi apresentado um estudo para saber o perfil do produto preferido e temos os resultados: A natureza é a principal preferência dos turistas, a segurança, o clima, o património cultural, as acessibilidades e a qualidade da prestação de serviços.

Protestos do Sr. Lino Abreu (CDS/PP). Se o Sr. Deputado quiser ouvir quais são as preferências dos nossos turistas, se calhar percebe qual é a razão da

não existência de um observatório. E por isso, Sr. Deputado, existem mecanismos, existem inquéritos e sabemos quais são aquelas vertentes que

mais os nossos turistas preferem, sabemos a origem e sabemos as idades, sabemos os dias médios que passam na Região, sabemos a qualidade e sabemos todos os percursos que fazem.

Burburinho.

Protestos do Sr. Lino Abreu (CDS/PP). Eu acabei de lhe dizer quais são!

Burburinho.

Protestos do Sr. Lino Abreu (CDS/PP). Se eu puder continuar, Sr. Presidente. Em relação ao turismo e em relação à comparação que fizemos aqui com os Açores, Sr. Deputado Victor, acredito

que o tenha incomodado, mas a diferença é que nos Açores a promoção turística custa o triplo do que gasta a Região Autónoma da Madeira. E por isso há subsídio para o turismo e há subsídio para todas as actividades dos Açores, nomeadamente para a agricultura. E como é que justifica que uma Região que aplica 30 milhões de euros no turismo, considera que o turismo não tem importância para a sua actividade económica e em que a agricultura é que tem a sua importância?

Em relação aos dados de Portugal, Sr. Deputado, em relação a Fevereiro, Portugal decresceu 0.4, igual à Madeira. Burburinho.

Page 20: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 20

Os Srs. Deputados não gostam de ouvir, porque não gostam de ouvir as verdades e nem querem aprender, nem querem ouvir os números, por isso são aqueles alunos que repetem, repetem e que nunca passam para não passarem a um estado mais desenvolvido de sabedoria.

E por isso, Sr. Deputado, nós estamos convictos que esta nossa retoma do turismo na Região Autónoma da Madeira em 2011 será uma ajuda para a retoma da economia, será uma ajuda para a retoma do emprego e uma ajuda para as famílias. E os Srs. Deputados só vêem aqui a parte negra das coisas e quando os números começam a recuperar começam a arranjar outras histórias para não aceitarem que a retoma do turismo está no terreno. E em 2011, esperamos que esta retoma seja positiva.

Burburinho geral. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Sr. Deputado Medeiros Gaspar para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sra. Deputada Nivalda, a Sra.

Deputada acabou de ouvir, e é de facto um esforço quase inglório o procurar mostrar evidências a uma oposição que não quer ouvir, mas o que eu lhe quero perguntar, Sra. Deputada, é se não acabou de ouvir o Deputado do Partido Socialista, que está a defender esta proposta a dizer (o Sr. Deputado Victor Freitas, não é por isso que está menos identificado) que é por causa de uma pseudo biografia que os turistas não vêm à Região Autónoma da Madeira!

Protestos do Sr. Victor Freitas (PS). Foi o que disse. Mais do que isso, ou seja, não só o Sr. Deputado dá demasiado crédito a uma pseudo biografia

como ainda por cima considera que isso vai interferir nas escolhas dos cidadãos portugueses que escolhem a Madeira como seu destino de férias. Estamos mesmo a ver os portugueses, quando estão no recato das suas casas na Internet à procura de propostas para passarem as suas férias, e quando surgem algumas propostas que são com viagem e estadia na Região Autónoma da Madeira e em que o miúdo diz: “Boa ideia pai. E se fossemos à Madeira?”. Diz logo: “Não, nem pensar, então isso é a terra daquele livro que fizeram. Então não te lembras? Por amor de Deus, meu filho, nem penses nisso!”.

Burburinho. Risos do PSD. Por amor de Deus! Isto é, Sra. Deputada, isto não é o absurdo dos absurdos de quem não tem mais argumento

para criticar o Governo Regional, de quem não tem mais argumento para criticar o Presidente do Governo Regional e que perante esta incompetência e incapacidade socorre-se de tudo para precisamente procurar dar credibilidade aos seus argumentos? E com essa procura de credibilidade ainda resvala mais para a falta de credibilidade.

Mas, Sra. Deputada, tenho pergunta. É que, Sra. Deputada, acabamos de ouvir o Deputado do Partido Socialista também dizer que os resultados que

acabou de apresentar eram uma opção política do Governo Regional de esperar pela desgraça dos outros. Comentário do Sr. Victor Freitas (PS). Oh! Sr. Deputado ouça que eu ainda não acabei. É que o Sr. Deputado também disse que, ao contrário disso…

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Não ouviu a declaração! O ORADOR:- …em Portugal Continental havia uma estratégia e opções claras. Ora, basta consultarmos qualquer página da Internet e meter “Bernardo Trindade mais Norte de África” e

encontramos logo esta declaração, que é a seguinte: “Portugal poderá beneficiar com instabilidade no Norte de África!”. Protestos do Sr. Victor Freitas (PS). Oh! Não, isto não é uma estratégia!? Só falta dizer que, ao contrário da Madeira, em Portugal Continental há uma

estratégia, que é provocar uma revolução no Norte de África para beneficiar o turismo de Portugal Continental. Só falta dizer isto, Srs. Deputados!

Vozes do PSD:- Muito bem!

Aplausos do PSD. O ORADOR:- E, portanto, se este for o caminho, eu de facto tenho que reconhecer, e peço que comente, se acha

que o Governo da Região Autónoma da Madeira deve chegar ao limite de promover a desordem, a instabilidade em outros países do Norte de África, para captar turismo para a Região Autónoma da Madeira, ou se isto é do domínio do surrealismo total e que só pode demonstrar, mais uma vez, como é incompetente a oposição que aqui temos?

Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sra. Deputada Nivalda para responder, tem a palavra.

Page 21: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 21

A SRA. NIVALDA GONÇALVES (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de facto pensar que a desgraça noutros países seja uma estratégia para Portugal por parte de um Secretário de Estado do Turismo deste País é uma situação incrível e felizmente a Madeira tem a sua estratégia, tem os seus turistas, tem a sua boa qualidade, tem a “Marca Madeira” no exterior e é com essa mais valia que nós apresentamos o nosso serviço aos nossos turistas e não estamos à espera das guerras e das guerrilhas no exterior.

Mas em relação ao Deputado Victor Freitas, e à questão de ninguém vir para a Madeira por causa dessa biografia, Sr. Deputado, penso que é a mesma coisa do que dizer que para Portugal não vem ninguém por causa do Engenheiro Sócrates, por causa do Sr. Ministro das Finanças e que apesar de existir uma desgraça de governantes neste País, apesar disso, continuam alguns turistas a vir a Portugal.

Mas eu gostava também de dizer, Sr. Deputado, que graças a Deus os nossos turistas, o nosso turismo não conhece a oposição desta Casa, que graças a Deus, o turismo não conhece o Deputado Victor Freitas, porque esse, sim, se se apresentasse ao turismo, não tínhamos qualquer turista a entrar aqui na Região Autónoma!

Burburinho. Vozes do PSD:- Boa! Muito bem! Aplausos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Vou colocar à votação o diploma que esteve em discussão. Submetido à votação, foi rejeitado com 22 votos contra do PSD e 10 votos a favor, sendo 3 do PS, 2 do PCP, 2 do

CDS/PP, 1 do BE, 1 do MPT e 1 do PND. Passamos ao ponto 2, antigo ponto 1, com a leitura do ofício da 7.ª Comissão Especializada e apreciação e votação

na generalidade do projecto de decreto legislativo regional da autoria do Partido Comunista Português intitulado “Gabinetes Técnicos Florestais na Região Autónoma da Madeira”, depois de cumpridas as disposições regimentais de auscultação de parceiros sociais.

A Sra. Secretária vai fazer o favor de proceder à leitura do ofício da 7.ª Comissão Especializada. Foi lido e consta do seguinte: Exmo. Senhor Chefe de Gabinete de Sua Exa. O Sr. Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira 2011/02/08 “Envio de diploma” Para o efeito e após audição por escrito nos termos do processo, não nos foi enviado qualquer parecer, junto envio

a V. Exa. o Projecto de Decreto Legislativo regional intitulado “Gabinetes Técnicos Florestais na Região Autónoma da Madeira” – PCP.

Com os melhores cumprimentos, O Presidente, Ass.: Savino Correia.-

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Secretária. Está em discussão. Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Edgar Silva.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta proposta que o nosso Grupo Parlamentar traz a este Parlamento, ela

integra-se naquele que é um ano particularmente destacado pelas medidas que se devem desencadear na defesa da floresta, neste ano internacional, na promoção e na defesa da floresta.

Nós, no que diz respeito à concretização de um conjunto de instrumentos de planeamento, de ordenamento e de defesa da floresta, face àquilo que está estipulado na legislação, enquanto lei de bases, enquanto instrumentos vinculativos para as políticas, enquanto medidas de política florestal, estamos efectivamente muito aquém de dar cumprimento àquelas medidas importantes na área da planificação e do ordenamento quanto à defesa da floresta. Porque a legislação prevê a criação, a elaboração dos planos regionais de ordenamento florestal e até hoje a Região Autónoma da Madeira não tem nenhum plano especificamente destinado ao ordenamento florestal.

A lei nacional prevê a existência, nomeadamente o Decreto-Lei n.º 254/2009, de 24 de Setembro, é também assim o que prevê toda a legislação em relação ao enquadramento das políticas fundamentais para o desenvolvimento da floresta, e prevê também a definição de uma estratégia regional para a defesa da floresta. Essa estratégia até agora não foi definida na Região, nem para a Região Autónoma da Madeira.

Prevê-se também a constituição do conselho consultivo florestal que até ao momento não existe, não foi criado na Região Autónoma da Madeira e, tal como não temos o Plano Regional de Ordenamento Florestal, tal como não temos a estratégia regional para a defesa da floresta, e da mesma forma que não está criado ainda o Conselho Consultivo Florestal, está também por criar na Região Autónoma da Madeira, a par de outros instrumentos para a defesa, planeamento e ordenamento florestal, está também por criar na Região este mecanismo que visa promover e defender a floresta que são os gabinetes técnicos que, de incidência municipal, deveriam ter como finalidade primeira a promoção de valores de iniciativas para a salvaguarda da floresta para a sua protecção.

Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se nas autarquias no Continente, boa parte dos municípios têm já instalados estes gabinetes técnicos, na Região Autónoma da Madeira em nenhum dos municípios está criado até ao

Page 22: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 22

momento este instrumento importante, esta mediação de intervenção na defesa da floresta. Na Região Autónoma da Madeira, este sector da política de intervenção está regionalizado, está regionalizada a

política na área florestal, mas isso não exclui, bem pelo contrário, traz responsabilidades acrescidas para a defesa da floresta e para que a entidade governamental regional possa estabelecer e deva urgentemente estabelecer parecerias com os municípios para o apoio logístico e técnico, para o adequado desenvolvimento das actividades, das competências inerentes à criação destes gabinetes.

É nesse sentido que nós aqui propomos que se crie, através desta forma de decreto legislativo regional, este processo de criação destes gabinetes em cada um dos municípios com o necessário apoio e articulação com o Governo Regional a vários níveis.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Vicente Pestana para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. VICENTE PESTANA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cá temos mais uma inutilidade legislativa, legislativa não, de proposta, não é legislativa, de proposta do Partido Comunista.

Como aqui há dias referi num diploma que estava no âmbito destas matérias, o Partido Comunista age como o “menino invejoso”, se aquele tem, eu também quero ter, independentemente de se justificar ou não justificar a necessidade desse instrumento.

E como referi também na altura, mas pelos vistos tenho que repetir agora, o Partido Comunista ignora todo o edifício jurídico que temos sobre esta matéria, que foi implementado no âmbito da autonomia regional, e vai beber à legislação nacional aquilo que lá existe, que na altura que foi implementada, até sabendo e conhecendo o que aqui na Madeira existia neste âmbito, excluiu a Madeira dessa legislação, ou seja, a nível nacional aceita-se…

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Essa conversa é nova!

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- A lei de bases exclui!

Burburinho.

O ORADOR:- Se têm tempo, eu também tenho. Deixem-me continuar, porque quando ouvi a justificação do promotor desta proposta, do proponente, eu estive atento e silencioso e agora também exijo que tenha o mesmo tratamento.

Burburinho.

Mas dizia eu, que a nível nacional o legislador reconheceu que a realidade política era diferente e também aquilo que já existia em termos de instrumentos jurídicos e operacionais eram os adequados à Região Autónoma da Madeira. Aliás, ainda há bem pouco tempo houve as jornadas florestais e em que foi reconhecido que a Madeira, neste âmbito (e eu estou a falar em termos de instrumentos jurídicos), a Madeira tinha ido à frente no que toca à questão da protecção dos arvoredos e da protecção da biodiversidade e do património natural.

Mas o Partido Comunista o que é que faz? Vai à legislação nacional, retira uma lei, que por acaso também se inspira em dois decretos-lei, e até posso dizer quais são, que são os Decretos-Lei n.ºs 124/2009 e 17/2009 (o Partido Comunista vem aqui falar de outra legislação que nada tem a ver com este assunto. Nada, não é bem assim, não é aí que esta lei da Assembleia da República vai beber aquilo que aqui está escrito), mas o Partido Comunista vai buscar a inspiração a esta lei, que também, por sua vez, não abrangeu, nem sequer propôs que fosse abrangida a Região Autónoma da Madeira e a Região Autónoma dos Açores, por reconhecer que a realidade era completamente diferente, e o que é que faz? Faz o plágio, faz o plágio, é mesmo plágio, da Lei n.º 20/2009 que estabelece as transferências das atribuições para os municípios de determinadas competências na área florestal. Ou seja, aquilo que o partido Comunista propõe aqui é uma perfeita inutilidade, porque está perfeitamente desenquadrado da realidade regional, faz tábua rasa de toda a legislação produzida nesta Casa, em que muita dela o próprio Partido Comunista votou favoravelmente quando aqui foi aprovada. e agora diz. numa alínea apenas, não se liga nada do que está feito e legislado ao nível da Região e passa a ser uma lei da Assembleia da República que ela própria admite que não se enquadra e que não serve a realidade regional.

Aqui está mais uma prova que o Partido Comunista copia por copiar, quer porque os outros têm, não tem em conta a autonomia regional e as suas vantagens e, portanto, o que quer é fazer aquilo que a nossa ordem de trabalhos demonstra, que é inundar a agenda desta Assembleia de pseudo propostas de decretos legislativos ou outros instrumentos, por forma a parecer que trabalhava muito, que é muito empenhado, que marca a agenda política regional, mas com isto não demonstra mais do que o seguinte, é que o Partido Comunista passou a ser o partido da cacofonia do descontentamento, ou seja, em tudo aquilo que alguém diga que não está bem por este ou por aquele motivo, há logo um instrumento legislativo apresentado pelo Partido Comunista, seja ele útil, ou inútil, mas não interessa, o que interessa é que ao fim do dia e durante o dia se ouça falar na comunicação social que o Partido Comunista apresentou. E depois, conteúdo? Quais são as vantagens? O que é que isso traz de novo? Zero! E muitas vezes, como é o caso deste, se fosse aprovado, seria altamente gravoso para a defesa do nosso património natural.

Vejam o conteúdo, se é que leram o diploma, analisem-no com toda a atenção, e vejam o que seria aprovar esta proposta de decreto legislativo regional e deitar no caixote do lixo tudo o que existe em termos de legislação regional sobre o nosso património florestal e sobre a forma como defendê-lo e seus instrumentos.

Muito obrigado.

Burburinho.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Lopes da Fonseca para uma intervenção, tem a palavra.

Page 23: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 23

O SR. LOPES DA FONSECA (CDS/PP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sras. e Srs. Deputados, nós consideramos que a matéria em causa, a substância, é uma matéria fundamental para

ser discutida nesta Região.

Burburinho do PSD.

A matéria em causa, a floresta, a reflorestação, aliás, uma notícia que vem ainda recentemente dizendo que foi adiada a reflorestação, isso é que nos preocupa, não é se o diploma é inócuo, ou se o diploma vai colidir com a questão dos diplomas regionais, isso é uma questão que já sabemos que é reiteradamente dita por V. Exas. desse lado, que tudo o que vem da oposição é inócuo, é inútil.

O que os Srs. Deputados estão a precisar é de uma cura da oposição…

Protestos dum Sr. Deputado do PSD.

…uma cura que passem a ouvir aquilo que a maioria depois teria para apresentar. E eu queria saber nessa altura se o Sr. Deputado viria para aqui dizer que aquilo que o senhor apresenta aos deputados, que seriam a maioria, era também uma inutilidade!? Eu gostava de saber é se o Sr. Deputado, no concelho de Santa Cruz, em que houve sem dúvida essa tal cura de humildade, onde a maioria deixou de o ter, que tem que lidar com a oposição, e as propostas da oposição em Santa Cruz são tidas como proposta úteis, propostas que são muito positivas para a população e, ao contrário do que os Srs. Deputados dizem aqui, que a oposição só apresenta, como esta manhã aqui ouvimos, inutilidades, inutilidades, vão dizer à Câmara de Santa Cruz, à oposição, para ver se essas inutilidades são assim consideradas pela maioria do PSD. O Sr. Deputado ainda por cima que representa o concelho de Santa Cruz devia de ter vergonha em dizer que a oposição só apresenta inutilidades. Inutilidades!? Não me estou a referir a este projecto…

Vozes do PSD:-. Aaaahhhh! Burburinho.

O ORADOR:- …mas noutras ocasiões, noutras ocasiões, ouvimos aqui esta manhã alguém dizer que a oposição só apresenta inutilidades nesta Casa. Apresenta inutilidades nesta Casa de tal maneira, que o projecto que nós aqui apresentamos do observatório foi aplaudido de pé num dos vossos painéis no congresso. O observatório apresentado pelo ex-deputado Lemos, que agora está proscrito, foi aplaudido de pé, e é um projecto idêntico ao nosso, que já é apresentado aqui há 3 anos.

Os senhores precisam de uma cura de humildade para passarem à oposição!

Protestos do PSD. Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado António Fontes para uma intervenção, tem a palavra. O SR. ANTÓNIO FONTES (PND):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, a minha intervenção é sobre inundação de

pluralismo florestal. E é esta: Jornal da Madeira de hoje. Sete textos e sete fotografias do Dr. Jardim; cinco do Vice-Presidente; quatro fotografias e textos sobre o Sr. Bispo do Funchal; duas páginas de insolvências de empresas; e na página 6, no que se refere a este Parlamento, uma fotografia do Sr. Deputado Savino Correia…

Vozes do PSD:- Aaaahhhh! Muito bem!

O ORADOR:- …uma grande fotografia do Sr. Deputado Medeiros Gaspar; outra fotografia do Sr. Deputado Agostinho Gouveia; uma fotografia do Sr. Deputado Pedro Coelho…

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Estou a ficar ciumento! O ORADOR:- Está aqui já, já ia dizer! …uma fotografa sua, do Sr. Deputado Filipe; e outra fotografia do Deputado Tranquada Gomes. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- E o pluralismo, o pluralismo? O ORADOR:- E nenhuma fotografia, nem mesmo nas fotografias de fundo, não aparece um deputado da oposição,

nem mesmo nas fotografias de fundo. E queria dizer mais! É este pluralismo que chamaria de “pluralismo florestal” que ontem falamos aqui, que consome

4 milhões de euros… O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- E a floresta? O ORADOR:- É esta a floresta! …consome 4 milhões de euros por ano, que segundo o último relatório do Tribunal de Contas, 33 milhões de

passivo.

Burburinho.

Page 24: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 24

E acabei de descobrir aqui, finalmente, uma notícia do PS. E onde é que ela vem, a notícia do PS? O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- E o Diário? Burburinho. O ORADOR:- Espere lá, espere lá! Onde é que vem a notícia do PS? Vem muito interessante, vem na boca pequena. E diz isto, que não sei o que é,

não faço a menor ideia: “Serrão foi acusado de agredir um militante”. E depois diz o outro, deve ser o boca grande: “Nem sequer lhe ensinaram que em nenhuma senhora se bate com uma flor”.

É isto o pluralismo de informação na Região Autónoma da Madeira! Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Roberto Vieira para uma intervenção, tem a palavra. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sendo esta uma proposta que vem em

defesa da floresta, o Partido da Terra vai votar favoravelmente, visto que é um partido ambientalista. É que a planificação e o ordenamento da floresta, foi referido nesta Casa, que não existe. E é verdade, não existe. Há falta de promoção desta floresta.

Achamos que a importância destes gabinetes vem com uma necessidade de há muitos anos e, se for aprovado por V. Exas., só peca por tardia.

Temos uma floresta quase abandonada, temos uma floresta quase totalmente incendiada, temos um cartaz turístico, hoje, no que diz respeito à floresta, quase inexistente.

Estes gabinetes poderiam efectivamente dar a resposta antes dos incêndios, antes dos problemas serem causados.

Não temos dúvida que se houvesse estes gabinetes, a descoordenação total que houve no combate aos incêndios era uma coisa que não acontecia. Aqui nós temos responsáveis e os grandes responsáveis, porque não planearam e porque não tinham estes gabinetes, é o Governo Regional, são as autarquias da Região, por não terem acessos de combate ao incêndio e meios adequados e planeamento que não existe neste Governo, nem na Secretaria que tutela as florestas.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado João Carlos Gouveia para uma intervenção, tem a palavra.

O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta iniciativa do Partido Comunista é extremamente positiva, aliás,

corresponde à coerência de um conjunto de propostas que o Partido Comunista tem apresentado aqui no Parlamento nesta temática da defesa do nosso património natural.

Ora, a contestação que é feita de imediato pelo PSD prende-se por uma razão muito simples: o Partido Comunista cometeu um grave crime, na lógica e na visão política do PSD, o Partido Comunista cometeu um grave crime, tomou como base, desculpem o pleonasmo, a lei de base nacional em termos de floresta.

Por outro lado, é claro para o partido do poder, e pelos discursos que ouvimos ontem e hoje, que tudo o que é da oposição, os deputados da oposição são todos analfabetos, não percebem nada do assunto e rejeitam por absoluto tudo aquilo que vem da oposição.

Curiosamente, aquilo que eu verifiquei ontem, e verifiquei hoje, é extraordinário. Ontem, foi para falarmos do Governo da República e do Primeiro-Ministro. E aí verificamos que os deputados da maioria são lestos na sua aprendizagem, daquilo que eu disse ontem, que é: na TVI 24, na RTPN, na SIC Notícias, são belíssimos alunos adultos de telescola. E quando falam da Região, quando falam da Região, aí são claros, ou diabolizam a posição. Curiosamente o Sr. Deputado que falou, eu pedi-lhe encarecidamente que estive cá porque eu gostava de fazer umas perguntas, ele saiu, o Sr. Deputado que estava aqui saiu, não sei porquê, não sei se tem medo da pergunta…

Protestos do PSD.

O ORADOR:- Não sei, parece que tem medo, porque fiz-lhe uma pergunta, um aparte, e penso que ele tem medo.

O SR. JAIME RAMOS (PSD): Medo? O ORADOR:- Parece que ele tem medo, penso que ele tem medo, porque ia-lhe fazer uma pergunta… Protestos do Sr. Jaime Ramos (PSD). Repare, a pergunta, e já que o Sr. Deputado não está cá, eu farei na mesma. Protestos do PSD. Eu farei na mesma. A questão é esta: se o Sr. Deputado, num regime de incompatibilidades, de uma forma de

relação directa com a bancada da frente, particularmente aqueles que mandam nesta Casa… Protestos do PSD.

Page 25: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 25

Era a questão das incompatibilidades, mas o Sr. Deputado não está, quando ele estiver eu falo! Mas a questão é esta. Ontem, os Srs. Deputados demonstraram que são bons alunos dos telejornais. E aquilo que

eu defendo, é que os Srs. Deputados falem da Madeira, ou em relação à Madeira…

Protestos do PSD.

Reparem! Os Srs. Deputados do PSD, quando falam da Madeira, só fazem oposição à oposição, só isso, fazem oposição à oposição, isto é, estão desligados da realidade!

Comentário do Sr. Agostinho Gouveia (PSD).

Burburinho.

Eu dou os parabéns ao Sr. Deputado Agostinho Gouveia, porque diz aquilo que lhe vai na alma: são separatistas e querem a independência!

Comentário do Sr. Agostinho Gouveia (PSD).

Burburinho.

Exactamente. E eu gosto. Eu prefiro que os Srs. Deputados falem aquilo que lhes vai na cabeça. E ontem o Sr. Deputado foi muito claro, foi muito claro, naquilo que pensa do nosso regime e aquilo que quer para o futuro, assim como o Sr. Deputado que hoje não está aqui presente e que fugiu…

O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Não fugiu!

Burburinho.

O ORADOR:- Fugiu, fugiu.

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Não, não, não!

Burburinho.

O ORADOR:- Então, ele que tem tempo, que volte, ele que tem 15 minutos, ele que volta! Mas que fugiu, repito, que fugiu, e que acabou o seu discurso depois de, vejam lá, elencar partido a partido da

oposição para fazer oposição a cada partido e aos seus dirigentes, acabando naquilo que todos os madeirenses estão à espera, que o Passos Coelho seja Primeiro-Ministro deste País!

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Claro! O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- O senhor também está! O ORADOR:- Não estou. Não estou. Burburinho na bancada do PSD. E não estou, por uma razão muito simples: é que o FMI não é como o Dr. Alberto João disse há dias e muito menos

como o Sr. Presidente da Associação de Autarcas disse. O Sr. Presidente do Governo está convencido que o FMI, chegando a Portugal, vem logo, está aberto logo um saquinho de dinheiro para a Região Autónoma da Madeira. E o Sr. Presidente da Associação de Autarcas, o Sr. Presidente do Porto Santo, está convencido que vai haver uma pequena sacolinha para os municípios da Região Autónoma da Madeira.

Isto parece, na verdade, quando nós falamos com os nossos familiares mais antigos, que perante isto o problema já está resolvido, que vai haver 85 mil milhões para Portugal.

Ora, é a este nível nós estamos! Agora, também o que eu ouço é que na verdade, se esse dinheiro viesse todo para a Região Autónoma da Madeira,

em 10 anos espatifavam o dinheiro todo e estávamos a contrair, estávamos na mesma situação! O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- O Sócrates diz que não é preciso dinheiro! O ORADOR:- Sobre o Sócrates, eu já disse o que tinha a dizer! O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- O que é que disse? Protestos do PSD. O ORADOR:- O que tinha a dizer já disse. Mas volto a reafirmar, e vou reafirmar: era bom… Comentário do Sr. José Prada (PSD). Se me permitir! E peço a todos os Srs. Deputados eleitos pelo Parlamento Regional, e nós vamos dar o exemplo do futuro, que

Page 26: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 26

mudando de Primeiro-Ministro é um erro para o PSD, para o PS e todos os partidos da oposição, se nós concentrarmos a nossas criticas, o nosso trabalho aqui, como se fossemos uma sucursal, tivéssemos uma arrecadação da Assembleia da República.

Portanto, nós temos é que nos concertar na Região Autónoma da Madeira e nós não vamos fazer aquilo que o PSD tem feito, porque se eventualmente houver uma mudança de Primeiro-Ministro no País, nós não vamos concentrar a nossa actividade…

Protestos do PSD. Garanto-vos que não vamos concentrar a nossa actividade, pelo menos neste Parlamento, contra o Governo da

República. Nós queremos assumir… Protestos do PSD. Burburinho. Nós, estando ou não estando, vou-me debater por isso, que na Madeira, e serei muito claro nisso, que na Madeira a

oposição, o PS e os outros partidos concentrem as suas energias na Região. E mais! Quero dizer-vos, em termos políticos e em termos regionais, nós temos que construir uma alternativa

política e digo, com todas as letras, de uma forma racional e pragmática, que a alternativa política na Região é à esquerda.

Protestos do PSD. É à esquerda a alternativa política na Região! De uma forma prática e pragmática. E a prova é que nós, no

congresso anterior, no congresso de Domingo… Protestos do PSD. Já vamos chegar lá, já vamos chegar lá! …afirmaram socialistas madeirenses que a mudança política na RAM é da inteira responsabilidade dos

madeirenses, e particularmente do Partido Socialista. A mudança política dos madeirenses que tem que ser feita! Protestos do PSD. Questionaram, os socialistas madeirenses, o papel dos partidos que defendem o socialismo democrático na Europa

e no mundo, face ao avanço galopante da política neoliberal em termos mundiais. Reclamam, os socialistas madeirenses, uma nova atitude e outras políticas consentâneas com a sua matriz ideológica, quando na República o Partido Socialista assume o poder e a governação.

Comentários do Sr. Medeiros Gaspar (PSD).

Burburinho. O problema é este, o problema do Sócrates e dos governos da República é este: é que o Continente, cada vez mais

o País se assemelha à Madeira. O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- O País o quê? Burburinho. O ORADOR:- Cada vez mais os partidos centrais, o PS e o PSD, vêem o Estado como sua propriedade. Cada vez

mais, cada vez mais, e eu não cito nomes, para não ser deselegante com ninguém, mas o Godinho, aquele senhor do BPN, o outro senhor que está em Cabo Verde, aquele que era das estradas, rimam com quem aqui na Madeira? Podem rimar com ramos, por exemplo.

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Quem? O ORADOR:- Essas palavras que eu disse todas, esses altos dirigentes do Plano Nacional, podem rimar aqui com

ramos. Isto é, a economia paralela que funciona na Madeira, as empresas público-privadas, então não está cada vez o País assemelhado à Madeira? Ou têm dúvidas?

O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- Diga coisas sérias. Você não brinque!

Burburinho. O ORADOR:- É muito sério o que eu estou a dizer! Cada vez mais, cada vez mais, aqueles senhores das obras, das grandes obras de construção civil, é que mandam

no País. Cada vez mais o País se assemelha à Região Autónoma da Madeira! Protestos do PSD.

Page 27: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 27

A questão é esta! E neste aspecto, eu não posso aceitar que uma iniciativa do Partido Comunista, rigorosa… O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Você nem leu!

O ORADOR:- …rigorosa, em que eu só discordo do ponto 5…

Protestos do PSD.

Vão ler o que está no ponto 5! O SR. JOSÉ PRADA (PSD):- O que é que diz o ponto 5? O ORADOR:- O que é que diz o ponto 5?

Risos do PSD.

Esperem! O que é que diz o ponto 5? Que o Governo Regional vai fazer contratos-programa com as câmaras. Ora, o Governo Regional, Sr. Deputado, com o devido respeito, é caloteiro para as câmaras. E só discordo, só

discordo do ponto 5, que é porque aí vem a belíssima, mas a peregrina situação que se vive na Região, onde o Governo do PSD trata as câmaras municipais como reles funcionários, trata os presidentes de câmara como pedintes, trata os presidentes de câmara como colonos, endividando as câmaras para fazer as suas obras e a sua campanha eleitoral, aí, onde há uma discordância, tenho dúvidas, sérias dúvidas que o Governo Regional fizesse um contrato-programa e cumprisse o contrato-programa. Aí eu tenho grandes dúvidas, Sr. Deputado, a dúvida que eu tenho é nesta iniciativa, porque no resto, eu quero elogiar os jovens madeirenses, as escolas, todos os serviços públicos, que têm promovido o ambiente.

Vozes do PSD:- Aaaahhhh! O ORADOR:- E se há mudança cultural, se há uma mudança cultural profunda na Região Autónoma da Madeira, é

devido à sensibilidade que as novas gerações têm para a causa do ambiente. Uma voz do PSD:- Isso é verdade! Burburinho. O ORADOR:- Isto é fundamental! Agora, eu não compreendo, se nós precisamos de sensibilizar todas as populações para a causa do ambiente, e

particularmente da floresta, é fundamental, e estou a falar até como autarca, que as câmaras municipais sejam envolvidas.

O SR. VICENTE PESTANA (PSD):- E podem fazê-lo! Porque não? O ORADOR:- Neste momento não podem fazê-lo, por uma razão muito simples: porque a organização do território

é feita – e eu não quero utilizar a expressão –…

Burburinho. Vozes do PSD:- Use, use! O ORADOR:- Não vou usar, não vou usar. …por um general que tem o seu comando, vou dizer que é um general que tem o seu comando. E quem manda no

pequeno território, a um milímetro das suas botas, é só ele e mais ninguém! O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Quem? O ORADOR:- Aquele que manda no território na Região Autónoma da Madeira! Burburinho. Quem manda nas florestas, e curiosamente ele até tem um braço armado… Burburinho. A única polícia regional, é a polícia florestal, e já demonstrou que é capaz de deitar abaixo um zepelim lá do PND! O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Deitou abaixo? O ORADOR:- Deitou abaixo. Dizia eu, pelo menos…

Page 28: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 28

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Vai provar isso?

O ORADOR:- Eu já disse isso há muito tempo. Eu já disse isso, já disse!

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Tem provas disso? O ORADOR:- Eu já disse. Quem tem que investigar é a polícia. Protestos do PSD. Burburinho. Mas posso acusar, posso acusar. E repare, que é o mesmo general, é o mesmo general que pôs, ao arrepio de

todas as normas de segurança e de humanidade, jovens na serra para um curso de formação.

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Qual foi o problema? O ORADOR:- Ah! Qual foi o problema? Morreram jovens, morreram jovens! Portanto, é a mesma personalidade. Burburinho. Ora, não pode haver promoção da floresta e sensibilização das populações, quando, perante esta lógica autoritária,

temos duas visões perante a floresta: “Se está na serra, deixar o mato a arder!”. Esta foi a ordem dada aos bombeiros de vários anos: “Se é mato, é deixar arder!”.

Comentário de um deputado do PSD. Está bem, obrigado, Sr. Deputado. Obrigado. O Sr. Deputado confirma que, “Se é mato, é deixar arder!”? Isso tem

sido a política regional! Comentário de um deputado do PSD.

O ORADOR:- Ah! Pronto! Sr. Deputado, muito obrigado, obrigado pela sua confirmação. A política regional tem sido esta: “Mato, deixar arder!”. O Sr. Deputado que já foi autarca… Protestos do PSD. Burburinho. Mas o mato, o mato madeirense não é um mato qualquer! Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, já esgotou os seus 16 minutos. O ORADOR:- E eu perguntava ao Sr. Deputado Edgar Silva o que é que acha da atitude, dos comportamentos do

Governo Regional, perante a causa do ambiente e do património natural, que é muito valioso? Obrigado. Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Jaime Filipe está inscrito para que efeito? O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Interpelação à Mesa.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Uma interpelação à Mesa. Sobre?

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- Sr. Presidente, há pouco, nas palavras do Sr. Deputado João Carlos Gouveia, fez referência a um colega deputado desta Casa, presumindo-se que esse Sr. Deputado tinha fugido do Plenário.

Que eu saiba, Sr. Presidente, a ausência de um deputado nesta Casa não implica fuga, a ausência do Sr. Deputado é um direito que assiste aos deputados, porque eu olho para a bancada do Partido Socialista e vejo muitas fugas, se for assim.

E, portanto, eu acho que tenho que aqui falar pela verdade e não pode passar para a opinião pública uma lógica de fuga um acto normal de um Plenário de entrada e saída dos deputados neste Parlamento.

E gostaria, Sr. Presidente, de saber se existe alguma figura regimental da fuga? Se o Sr. Presidente me pudesse esclarecer. É porque não fica bem-estar a dizer coisas deste tipo! Muito obrigado.

Page 29: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 29

O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Muito bem! Até o líder do PS está sempre…

O SR. JAIME FILIPE RAMOS (PSD):- …em fuga! Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Oh! Sr. Deputado, é uma figura de retórica, enfim, não tem nada…

porque não existe essa figura regimental, nem fuga para a frente, nem fuga para o lado, nem fuga para trás, não existe no Regimento. No Regimento os Srs. Deputados têm a liberdade de entrar e sair quando entendem do Plenário e não têm que se justificar perante a Mesa, nem perante ninguém das razões porque saem ou porque entram.

Comentário do Sr. João Carlos Gouveia (PS).

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Oh, Sr. Deputado, não vamos estar a arrastar esta conversa. Comentário do Sr. João Carlos Gouveia (PS).

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Eu já disse, Sr. Deputado. Eu penso que interpretei bem, é uma figura

de retórica! Sr. Deputado Vicente Pestana, tem a palavra. O SR. VICENTE PESTANA (PS):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu queria começar exactamente pelo fim, ou seja, pelas declarações

graves, irresponsáveis e perfeitamente descabidas, e ainda por cima do ex-líder, imagine-se, do maior partido da oposição. A que ponto é que chegou a oposição nesta terra!? Como é que é possível que um indivíduo, com este grau de irresponsabilidade, para não dizer outra coisa…

O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Acabe! Acabe! Burburinho. O ORADOR:- Oh! Sr. Deputado, aguarde, aguarde pela sua vez. …para não dizer outra coisa, vem aqui fazer as afirmações que aqui veio fazer sobre a única instituição, o único

órgão que temos aqui de polícia criminal. Oh! Sr. Deputado, eu conheço-o há muitos anos, julgava que o conhecia suficientemente bem, mas cada vez mais

me surpreende! Oh! Sr. Deputado, então o Sr. Deputado vem aqui fazer uma afirmação dessas, com que bases? Oh! Sr. Deputado, em que é que o Sr. Deputado se fundamenta para denegrir e para desautorizar… porque ao fim

e ao cabo, o que é que acontece? Quando se lança a dúvida, quando se lança uma blasfémia dessas, que é uma autêntica blasfémia, sobre uma instituição respeitável e que tanto tem feito, essa sim, que tanto tem feito pela defesa do nosso património…

O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Quem é respeitável? O ORADOR:- A polícia florestal, Sr. Deputado. Protestos do Sr. João Carlos Gouveia (PS). Oh! Sr. Deputado, quem é que aqui nesta terra, quem, há mais de 100 anos, defende intransigentemente o nosso

património natural, que não tenha sido a polícia florestal? Comentários do Sr. João Carlos Gouveia (PS). Tenha isso em atenção, porque inclusivamente… Comentários do Sr. João Carlos Gouveia (PS). Oh! Sr. Deputado, está bem? Está bem? Comentários do Sr. João Carlos Gouveia (PS). O ORADOR:- Não, eu pergunto-lhe. Está bem? O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Muito bem!

O ORADOR:- Sr. Deputado já falou, eu ouvi o que disse, e por isso estou indignado, estou escandalizado por ter

aqui nesta terra o ex-líder, o recente ex-líder do maior partido da oposição, com uma tal irresponsabilidade e com uma tal desfaçatez que não é digno, nem sequer de um comum dos cidadãos.

Comentário do Sr. João Carlos Gouveia (PS).

Page 30: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 30

Oh! Sr. Deputado, se tem algumas dúvidas, se tem algumas suspeitas, se tem alguns factos, diga-nos, mas não insinue, não ande a difamar uma instituição que é merecedora de todo o crédito, que tudo tem feito, cujos seus elementos, muitos se têm sacrificado pelas nossas serras para defender o nosso património natural, para o Sr. Deputado, que nunca deu carreira direita, Sr. Deputado, o senhor que nunca deu carreira direita, vem agora aqui difamar quem anda a trabalhar todo o dia e a toda a hora, de dia, de noite, de Verão e de Inverno, para proteger o nosso património natural!?

Comentários do Sr. João Carlos Gouveia (PS). Oh! Sr. Deputado, quem é o senhor? Qual é o seu passado? Qual é o seu presente? Burburinho. Mas vamos à questão que aqui nos traz, que é esta proposta do Partido Comunista. Eu penso que não há que perder muito mais tempo com isto, porque os Srs. Deputados… Comentário do Sr. João Carlos Gouveia (PS). Oh! Sr. Deputado, posso? Eu pergunto-lhe mais uma vez: está bem?

O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Muito bem!

O ORADOR:- Não parece! O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Muito bem!

O ORADOR:- A melhor defesa que foi feita aqui, sobre a inutilidade e o quão prejudicial podia ser esta proposta, foi dada pelo Sr. Deputado do CDS e foi dada por alguns dos Srs. Deputados que aqui a quiseram defender e até dizem que vão votar a favor. Ou seja, não disseram nada! Não se referiram sequer à proposta. E ainda bem que não se referiram, porque se a tivessem lido e a tivessem estudado, a única coisa que poderiam dizer, se quisessem ser honestos, é que isto é uma desonestidade absoluta, é de uma inutilidade absoluta e, como se isso não bastasse, ainda é prejudicial. E veja-se, por exemplo, o tempo que já perdemos aqui com esta inutilidade, entretanto as barbaridades que aqui já foram proferidas, e se calhar ainda aqui vamos, porque ainda vai continuar a festa.

Burburinho. Sr. Deputado João Carlos Gouveia, sabe o que é prejudicial para o nosso património natural? É esse tipo de

comportamentos, é esse tipo de difamação das nossas instituições, é o comportamento, por exemplo, do Partido Socialista ainda neste verão, no verão de 2010, que teve um comportamento…

Comentário do Sr. João Carlos Gouveia (PS).

Sr. Deputado, está bem? O Sr. Deputado está bem? Está bem? Não se acalma? Comentário do Sr. João Carlos Gouveia (PS). Burburinho. Já agora eu gostava de continuar. Quem é perfeitamente prejudicial à defesa do nosso património natural é exactamente o Partido Socialista, o maior

partido da oposição, que, perante os factos que se passaram, por exemplo, o ano passado, no verão, (já nem sequer falo dos outros, já estou habituado a tudo isso), mas o comportamento do maior partido da oposição foi a coisa mais escabrosa que vi até hoje. Srs. Deputados, foi tudo aquilo que quem tem responsabilidades governamentais, ou quem deseja aí chegar, não deve fazer, fez exactamente o contrário do que é aconselhável para quem tem responsabilidades públicas pode fazer, foi um autêntico incentivo a que se continuasse a incendiar as nossas serras. E eu repito aquilo que estou a dizer, e assumo todas as consequências daquilo que estou a dizer, que o comportamento do Partido Socialista, e de alguns partidos da oposição, foi um autêntico, e repito, autêntico incentivo a que se continuasse a incendiar as nossas serras!

Burburinho. Não é assim que se defende a floresta. Defende-se a floresta é com contenção, é com investimento na gestão

florestal e é isso que o Governo Regional tem feito. Sabem como? Deram aí o exemplo do Continente. Pois bem! É a própria “WWF” que, como eu referi aqui há dias, e volto a repetir, insiste que o investimento para evitar os incêndios florestais e os danos na floresta se faz ao nível da gestão florestal.

Pois bem! A média anual de investimento na gestão florestal pública a nível nacional é 8,6%; a média regional é 11,4%!

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Claro! Com os incêndios, não é de admirar! Burburinho.

Page 31: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 31

O ORADOR:- Oh! Sr. Deputado, a média de área ardida no Continente nos últimos 10 anos é o dobro, é o dobro do que se verificou aqui a nível regional, mas os Srs. Deputados continuam a dizer que lá é que se faz bem, aqui não se faz nada de jeito.

Srs. Deputados, e já agora, faço uma sugestão: para a próxima, limitem-se a discutir o diploma, e se não tiverem nada para dizer, pelo menos não façam afirmações aqui no Plenário, que só vem estragar o esforço que tem vindo a ser feito ao longo destes anos na defesa do nosso património florestal!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Edgar Silva, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos aqui perante uma argumentação no mínimo assombrosa. Diz o

PSD que a criação dos gabinetes técnicos para a protecção da floresta e de âmbito concelhio é prejudicial e corresponde a uma inutilidade.

Por todo o País os municípios criaram estes gabinetes técnico florestais. E porque razão é que todo o resto do País criou estes gabinetes técnico florestais, se eles são tão prejudiciais e completamente inúteis? E porque razão é que no resto do País existem os planos de ordenamento florestal e a Madeira não tem até hoje um plano de ordenamento florestal?

O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Planificação, zero!

O ORADOR:- Porque razão é que estão definidas estratégias regionais para a defesa da floresta nas sub-regiões no Continente e nos Açores e a Madeira não tem até hoje uma estratégia regional para a promoção e defesa da floresta? Porque que a Região não dispõe destes instrumentos, de planeamento e de ordenamento? E porque é que a Região, ao contrário do resto do País, enquanto os outros municípios estão a avançar, alguns já estão a reformular aperfeiçoando o funcionamento dos gabinetes técnicos, e porque que na Madeira não há um único para exemplo? É porque nós somos muito mais avançados do que o resto do mundo. Diz o PSD. Talvez seja! Mas precisamos de alguma humildade para reconhecer que, embora todo o resto do País tenha instrumentos na área do ordenamento, da planificação, da defesa da floresta, nós se calhar, mesmo estando a léguas do resto do mundo, talvez não fosse mal descentralizar as responsabilidades para podermos fazer ainda um pedacinho melhor do que o que já fazemos bem.

O SR. JOÃO CARLOS GOUVEIA (PS):- Muito bem! O ORADOR:- Não há nenhum argumento, não há um único argumento que faça sentido naquilo que foi

apresentado pelo PSD. Porque é que as autarquias do Continente são chamadas à responsabilização e as da Madeira não? Há alguma

razão para isso? Há algum fundamento? Expliquem-se. Porque é que as autarquias da Madeira são menos capazes, menos dotadas, menos hábeis, menos competentes?

Porquê? Por acaso os municípios da Região Autónoma da Madeira, em matéria de política florestal, são incompetentes, não têm meios, não têm possibilidades, não têm competências que outros têm no resto do País? Expliquem-nos porquê. Porque no resto do País esses gabinetes técnicos estão criados.

O Sr. Deputado João Carlos Gouveia colocou a questão em relação às políticas do ambiente e do ordenamento florestal. E eu acho que não é, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Carlos Gouveia, que na Madeira nós tenhamos menos competências, menos capacidades para o desenvolvimento de políticas na área ambiental, temos competências e poderes que resultam da autonomia, há é aqui, e particularmente neste sector da floresta, mas noutros também, uma grande dificuldade em assumir políticas de planificação e de ordenamento. E este é que é o grande problema. E mesmo naqueles instrumentos de planeamento e de ordenamento do território florestal em várias áreas, onde os instrumentos foram criados, nós temos dificuldades em implementar as medidas que decorrem desses instrumentos de planeamento. Mas na maior parte dos sectores e das áreas a Região Autónoma da Madeira tem sido muito retrógrada…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- …ainda na maior parte das situações tem uma aversão a tudo quando possa implicar planificar,

ordenar, cumprir regras. E este é que é o problema de fundo! Vozes da oposição:- Muito bem! O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Roberto Almada para uma intervenção, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este diploma que hoje estamos aqui a

discutir, da autoria do PCP, é, ao contrário, na perspectiva do Bloco de Esquerda, ao contrário do que diz o PSD, um diploma que faz todo o sentido. E faz todo o sentido, porque a própria Região e o Governo Regional não tem, não faz e não quer implementar no terreno uma verdadeira política da floresta madeirense. Um ordenamento florestal de fundo, acompanhado de uma prevenção sistemática, mas também sistémica da floresta, é fundamental.

E como não actua a montante, torna o processo de equilíbrio, de defesa e de preservação da floresta muito mais complexo, oneroso e desajustado da realidade física e natural regional, como aliás se viu no verão de 2010. A política regional para a floresta madeirense tem sido, pasme-se, deixar arder ou esperar que chova. E esta actuação, de deixar arder ou esperar que chova, é perfeitamente criminosa. Como o Sr. Deputado do PCP aqui disse, não existe uma política para a floresta, existem planos que deviam existir e não existem.

Page 32: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 32

E era bom que o PSD e o Sr. Deputado do PSD, por quem tenho muita consideração pessoal, mas que dissesse claramente onde é que estão esses planos, planos alguns deles que já foram inclusivamente anunciados com pompa e circunstância, e onde é que está essa política florestal do Governo Regional, que não se vê em lado nenhum?

É que é muito fácil vir para o Parlamento fazer intervenções, deter-se em vírgulas mal colocadas, ou em palavras mal escritas num diploma, mas não agarrar no âmago do diploma. E o que o diploma aqui propõe, é que trabalhemos no sentido de criar legislação que crie gabinetes técnicos florestais na Região Autónoma da Madeira. Mas se não é isto que é necessário para inverter a actual política suicida, diga-se em abono da verdade, política florestal do Governo Regional, que digam o que é que se tem que fazer, mas que se tem que fazer alguma coisa, tem, não se pode continuar a assobiar para o lado a fingir que estes problemas não existem, que não existem problemas na nossa floresta e a fingir que está tudo bem!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vamos votar favoravelmente, o Bloco de Esquerda vai votar favoravelmente este diploma, porque este diploma pode conter algumas imperfeições, como aqui já foi dito, mas tem o mérito, o mérito de pretender ser uma base de trabalho e o mérito de trazer à discussão uma matéria tão importante, tão essencial para a Região Autónoma da Madeira, como é a defesa da floresta. Não embarcamos na conversa…

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Termino já, Sr. Presidente. …daqueles que querem, a pretexto de uma vírgula mal colocada ou de um parágrafo mal construído, colocar em

causa aquelas que são pretensões sinceras de defesa da floresta da Madeira, que afinal de contas é património natural e património de todos nós, de todos os madeirenses e portosantenses.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Vicente Pestana, tem a palavra.

O SR. VICENTE PESTANA (PSD):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu não posso deixar passar sem…

O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Pode deixar! O ORADOR:- …responder a determinadas afirmações que aqui foram feitas e que fico sempre com a sensação

que, quando a oposição traz aqui estes supostos diplomas, a intenção nunca é, mas nunca, ou pelo menos sistematicamente não é, discutir o diploma em si, mas sim, à volta do diploma, dizer muita coisa, e sobre o diploma, nada dizer!

O Sr. Deputado Edgar pergunta: Mas porquê a razão que no Continente existem estes gabinetes técnicos florestais e aqui na Madeira não os querem?

Oh! Sr. Deputado, eu disse, e volto a dizer, que a realidade nacional nada tem a ver, mas nada tem a ver em termos florestais com o que se passa a nível regional. Eles nunca tiveram, nem têm, os instrumentos jurídicos locais adaptados às realidades locais que nós aqui temos, que nós fomos construindo ao longo do nosso regime autonómico.

O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Gabinetes feitos nas praias! Burburinho.

O ORADOR:- Por outro lado, é preciso ter em conta que muitos dos concelhos a nível nacional estão longe dos centros de decisão, não têm os meios, nem técnicos, nem até instrumentais, que nós temos aqui na Madeira, por ser uma Região concentrada e que está devidamente estudada, que tem um corpo técnico já adstrito à Direcção Regional de Florestas, ao Parque Natural e por aí fora.

E, portanto, aquilo que se justifica no Continente, que é de certa forma uma descentralização do Ministério da Agricultura, nomeadamente naquilo que diz respeito à área florestal, aqui esta questão foi sendo ultrapassada ao longo dos anos.

Burburinho. Srs. Deputados, veja-se o que tem sido dito ao longo destes anos, inclusivamente por responsáveis nacionais por

estas matérias, veja-se, por exemplo, os resultados obtidos, mesmo ao nível da questão dos incêndios, do património natural, da inventariação e do acompanhamento técnico aos municípios, aos proprietários florestais e à população em geral.

Esta realidade não se verifica a nível nacional. O que se verificou a nível nacional foi que o Ministério da Agricultura, sabendo que não podia estar a tratar das questões em Trás-os-Montes, no Algarve ou na Beira Interior, de uma forma eficaz, quis transferir essas competências, algumas das suas competências para as autarquias, ou seja, é de certa forma uma regionalização.

Agora, imagine-se isto: pegar nesta lei e transcrevê-la ipsis verbis, porque é disto que se trata, para um decreto legislativo regional, é de um absurdo sem nome. Isto não é uma questão de vírgulas, Sr. Deputado, é uma questão de coerência, é uma questão de correcção e que seria regredir cerca de 30 anos atrás.

O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Ou mais! O ORADOR:- Srs. Deputados, não tem qualquer relação a realidade nacional com a realidade regional e por isso

nós entendemos, e volto a repetir, que a aprovação deste diploma não faria qualquer sentido e, antes pelo contrário, haveria sobreposição de competências, haveria conflito de competências que não se justificam. E até posso perguntar

Page 33: Diário - alram.pt · Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves ... em sede de discussão e aprovação dos Orçamentos do ... uma vez mais demonstrou que a Missão do PSD, ao votar

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 35 IX Legislatura, IV Sessão Legislativa (2010/2011) Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Pág. 33

aos senhores que dizem que concordam com isto: e o quadro da Direcção Regional de Florestas? E as competências atribuídas ao corpo de polícia florestal? Ao próprio Serviço de Protecção Civil? Ficam como? É só dizer assim: “Tudo o que existe a nível regional fica para o canto!”. Agora o que aparece, é este diploma que, diga-se em abono da verdade, não acrescenta nada, apenas copia uma lei nacional de uma realidade que nada, mas mesmo nada, tem a ver com a Região Autónoma da Madeira e que, como eu disse logo desde o início, a própria legislação nacional, sabendo e tendo consciência que ao nível regional, tanto da Madeira, como dos Açores, aquela legislação não se podia aplicar porque não adequada, ela própria não excluiu as Regiões Autónomas dessa legislação, exactamente por reconhecer que nas Regiões Autónomas tinham instrumentos jurídicos próprios adequados às realidades regionais.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Vou colocar à votação o diploma. Submetido à votação, foi rejeitado com 22 votos contra do PSD, 3 abstenções, sendo 2 do CDS/PP e 1 do PND e 8

votos a favor, sendo 4 do PS, 2 do PCP, 1 do BE e 1 do MPT. Srs. Deputados, no uso das competências que o Presidente da Mesa tem, dou por concluídos os nossos trabalhos

de hoje. Eram 12 horas e 53 minutos. Faltaram à Sessão os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL-DEMOCRATA (PSD)

Jaime Pereira de Lima Lucas

Jorge Moreira de Sousa

Vasco Luís Lemos Vieira

PARTIDO SOCIALISTA (PS)

Carlos João Pereira

******