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Teste de compreensão oral 1 O Pantufa Faminto e comprido, com os olhos meigos e tristes, um cão ainda jovem apareceu no recreio da escola, e dali não arredou pé. Logo se levantaram muitos pontos de interrogação. E até hoje ninguém foi capaz de descobrir de onde é que ele veio, nem quem era o dono. Mas há uma certeza: alguém o abandonou no dia da vacinação. Nesse dia, uma vez em cada ano, todos os cães da freguesia aparecem no largo para serem vacinados. Quase ninguém vem à escola. Os alunos gostam de trazer os cães para o largo e seguram-nos enquanto o veterinário lhes aplica uma injeção contra a raiva. Mas adiante, que não era disto que eu queria falar. Eu quero contar o que se passou com o Pantufa . Cão sem nome é como um carro sem pneus. Depois de muitos palpites, ficou assente que o bicho passava a ser Pantufa , por causa das patas peludas. Foi o Ricardo que se lembrou desse nome. – Coitadinho!, e como é que seria o nome dele antes de se chamar Pantufa ? – Isso agora não interessa – disse o Ricardo. – Falas bem… E se agora a gente começasse a chamar-te Bonifácio, tu gostavas? – disse eu. E toda a gente se riu. Mas tinha de ser assim. Um cão chamado Cão ainda piorava as coisas. E a partir dessa tarde o Pantufa esperava pacientemente as horas dos recreios para brincar com a moçarada. Pediam-lhe que os cumprimentasse e ele estendia a pata direita, todo contente. Agarravam-lhe as patas dianteiras e ele dançava como se fosse uma bailarina. O Zé ainda chegou a propor que o Pantufa também fosse para dentro da sala. Ele não perturbava ninguém, e sempre se distraía e estava mais protegido… E só não foi para dentro da sala porque a Manuela disse que ele cheirava um bocadinho mal. Todas as manhãs sentado na soleira da porta, com o rabo a 1 DIAL5 © Porto Editora

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Page 1: Dial5cp pg12 13

Teste de compreensão oral 1

O PantufaFaminto e comprido, com os olhos meigos e tr istes, um cão ainda jovem

apareceu no recreio da escola, e dal i não arredou pé.Logo se levantaram muitos pontos de interrogação. E até hoje ninguém foi

capaz de descobrir de onde é que ele veio, nem quem era o dono. Mas há uma certeza: alguém o abandonou no dia da vacinação.

Nesse dia, uma vez em cada ano, todos os cães da freguesia aparecem no largo para serem vacinados. Quase ninguém vem à escola. Os alunos gostam de trazer os cães para o largo e seguram-nos enquanto o veterinário lhes apl ica uma injeção contra a raiva.

Mas adiante, que não era disto que eu queria falar. Eu quero contar o que se passou com o Pantufa .

Cão sem nome é como um carro sem pneus. Depois de muitos palpites, f icou assente que o bicho passava a ser Pantufa , por causa das patas peludas. Foi o Ricardo que se lembrou desse nome.

– Coitadinho!, e como é que seria o nome dele antes de se chamar Pantufa?– Isso agora não interessa – disse o Ricardo.– Falas bem… E se agora a gente começasse a chamar-te Bonifácio, tu

gostavas? – disse eu.E toda a gente se r iu.Mas t inha de ser assim. Um cão chamado Cão ainda piorava as coisas.E a part ir dessa tarde o Pantufa esperava pacientemente as horas dos

recreios para brincar com a moçarada.Pediam-lhe que os cumprimentasse e ele estendia a pata direita, todo

contente.Agarravam-lhe as patas dianteiras e ele dançava como se fosse uma bai larina.O Zé ainda chegou a propor que o Pantufa também fosse para dentro da sala.

Ele não perturbava ninguém, e sempre se distraía e estava mais protegido…E só não foi para dentro da sala porque a Manuela disse que ele cheirava um

bocadinho mal.Todas as manhãs sentado na soleira da porta, com o rabo a abanar, o Pantufa

esperava os paparicos que os meninos lhe traziam, muito bem embrulhadinhos em folhas de papel: restos de queijo, ossos, pedacinhos de presunto gordo, massa, arroz…

O Pantufa fazia parte da escola, estava desenhado nas paredes da sala, modelado em barro, com o nome em textos.

Um dia o bicho não estava sentado na soleira da porta, com o rabo a acenar e as orelhas af i ladas.

Que grande tr isteza, que grande deceção!Onde se teria metido o nosso querido Pantufa?O mistério durou alguns dias.Depois soube-se que o Pantufa t inha sido atropelado pela carr inha do padeiro.

António Mota, O Lobisomem, Ed. Caminho, 1994

1 DIAL5 © Porto Editora

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Teste de compreensão oral

Nome _______________________________________ N.º_____ Turma_____ Data_________________

Avaliação ___________________________________________ Professor(a) ______________________

Título do texto ouvido: O Pantufa

Escolhe as afirmações corretas:

1. O Pantufa apareceu no recreio da escola ea. desapareceu rapidamente.b. nunca mais de lá saiu.c. voltou uns dias mais tarde.

2. Ninguém sabia a sua origem, mas havia uma certeza:a. alguém o deixara no recreio da

escola.b. alguém o abandonara nos

primeiros dias de aula.c. alguém o abandonara no dia das

vacinas.

3. No dia da vacinação dos cães quase ninguém vai à escola porquea. há uma festa no largo da

freguesia.b. os meninos gostam de

acompanhar os cães.c. a escola está fechada.

4. O cão passou a chamar-se Pantufa porquea. tinha umas patas peludas.b. parecia uma bola de pelo.c. usava pantufas.

5. Um aluno queria que o cão entrasse na sala de aula, porque o animala. fazia parte da escola.b. não incomodava ninguém.c. poderia fugir.

6. Todas as manhãs, o bicho esperava os meninos paraa. lhes mostrar as suas habilidades.b. brincar com a moçarada.c. comer o que eles traziam.

7. O Pantufa tornou-se uma “vedeta”, poisa. inspirou muitas atividades escolares.b. ajudava a dar as vacinas.c. tinha um nome engraçado.

8. Um dia o cão desapareceu porque tinha sidoa. levado pelos antigos donos.b. atropelado por um carro da polícia.c. atropelado pela carrinha do padeiro.

2 DIAL5 © Porto Editora