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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE MACRODRENAGEM DOS RESERVATÓRIOS DE DETENÇÃO DA SUB-BACIA XIX-2 EM NATAL-RN BRUNO LOPES DA MATA DA FONSECA E SILVA NATAL/ DEZEMBRO 2018

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  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

    COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

    DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE MACRODRENAGEM DOS

    RESERVATÓRIOS DE DETENÇÃO DA SUB-BACIA XIX-2 EM

    NATAL-RN

    BRUNO LOPES DA MATA DA FONSECA E SILVA

    NATAL/ DEZEMBRO

    2018

  • 2

    BRUNO LOPES DA MATA DA FONSECA E SILVA

    DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE MACRODRENAGEM DOS RESERVATÓRIOS

    DE DETENÇÃO DA SUB-BACIA DE DRENAGEM XIX-2 EM NATAL-RN.

    Trabalho de Conclusão de Curso,

    apresentado à Universidade Federal do Rio

    Grande do Norte, como parte dos requisitos

    para obtenção do grau de Engenheiro

    Ambiental.

    Orientadora: Profº. Dra: Vanda Maria de Lira

    NATAL/ DEZEMBRO

    2018

  • 3

    BRUNO LOPES DA MATA DA FONSECA E SILVA

    DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE MACRODRENAGEM DOS RESERVATÓRIOS

    DE DETENÇÃO DA SUB-BACIA DE DRENAGEM XIXI-2 EM NATAL-RN.

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________

    Profª. Dsc: Vanda Maria de Lira

    (Orientadora - Membro Interno - UFRN)

    ______________________________________________

    Prof.Msc. Diego Souza de Oliveira

    (Examinador - Membro interno - UFRN)

    ______________________________________________

    Prof. Msc. Marcos André Capitulino de Barros Filho

    (Examinador - Membro externo - UNP)

    NATAL/ DEZEMBRO

    2018

  • 4

    FICHA CATALOGRÁFICA

  • 5

    “Porque não podemos deixar de falar o que temos visto e ouvido. Pois nele vivemos,

    nos movemos e existimos. ”

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus por tudo que tem feito em minha vida, apesar do meu não

    merecimento e entendo que tudo que possuo é fruto unicamente da sua abundante graça.

    Vivenciei vários milagres nesses anos e em especial na elaboração deste trabalho.

    A meu pai, que sempre me apoiou e se esforçou para que eu tive condições de

    alcançar uma qualificação e poder batalhar mais preparado, o senhor é muito importante

    para mim.

    À minha mãe que também, sempre se preocupou e sempre esteve junto, mesmo

    quando não pode estar presente fisicamente, obrigado por todo amor e incentivo e foi

    muito decisiva nessa reta final.

    À minha namorada Rafaella Bulhões, que esteve comigo diariamente na

    realização desse sonho. Que sempre se prontificou em me ajudar no que fosse

    necessário.

    À minha querida professora orientadora Vanda Lira, que quando pensei em

    desistir se apresentou como uma verdadeira mãe e acreditou que seria possível, mesmo

    diante das dificuldades. A senhora, além de agradecer preciso pedir perdão, por muitas

    vezes não acreditar em mim mesmo e por ser ausente.

    Meus agradecimentos аos eternos amigos que fiz, aos companheiros das

    madrugadas em claro estudando para as provas, principalmente, Pedro Régis, fazendo

    trabalhos, ao ponto em que nem o café mais conseguia nos manter acordados, a esses

    que se apresentaram como irmãos e irmãs e que com certeza fazem parte da minha

    formação е permaneceram presentes em minha vida.

    Aos amigos e irmãos da vida, que me acompanharam e apoiaram desde a entrada

    na Universidade até a este momento.

    Aos amigos da IBZONASUL, tanto os brasileiros e gregos, natalenses, os que

    voltaram de longe, e os que precisam traçar altos voos. Em especial a minha querida

    célula reticências (...), que me ensinaram nesses últimos dois anos a ser mais humano,

    entender mais o outro e também me permitir errar.

    In Memorian, aos eternos doutores Diogo Nóbrega, Guttemberg Martins e ao

    ilustre e inesquecível Cícero Onofre.

    A Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (SEMOV), na Pessoa

    do Geógrafo Uéliton Cabral da Silva, que mesmo sem saber me deu um grande presente

  • 7

    de aniversário a se dispor em ir comigo em cada reservatório, explicado passo a passo o

    seu funcionamento.

    A Anderson e Sérgio Pinheiro, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos

    Recursos Hídricos (SEMARH), que não mediram forças para me fornecer dados e

    contatos de outras pessoas que poderiam me ajudar.

    A todos que compõem a LR-Engenharia, que também com muita simplicidade

    me atenderam e estiveram disponíveis a responder cada um de meus questionamentos.

    A coordenação do curso na pessoa da Professora Joana Darc e da servidora Dacifran

    Carvalho, por toda disponibilidade em sempre ajudar da melhor forma possível.

    Aos queridos docentes Marcos Barros e Diego Souza de Oliveira, aos quais

    aceitaram compor a banca de avaliação deste trabalho e deixaram a sua contribuição de

    forma enriquecedora.

    Por fim, a todos que contribuíram de outras formas, que simplesmente torceram

    por mim e acreditaram que seria possível, meu muito obrigado.

  • 8

    RESUMO

    O processo de urbanização brasileiro e desenvolvimento das cidades ocorreu de forma

    desordenada e insustentável, tanto para as condições urbanas, como para o meio

    ambiente e para a saúde humana. A infraestrutura das cidades não conseguiu

    acompanhar o acelerado crescimento populacional, que necessitava de forma urgente,

    de melhorias nos sistemas urbanos de transporte, de abastecimento de água, de

    esgotamento sanitário, de drenagem urbana e de locais de moradia. Neste contexto, a

    fim de sanar essa problemática, surgem e ressurgem algumas técnicas de otimização dos

    sistemas de saneamento ambiental, sendo a drenagem urbana um importante pilar desse

    sistema. Os reservatórios de detenção das águas pluviais, são tecnologias de

    melhoramento do sistema de drenagem. Este trabalho objetiva avaliar o sistema de

    macrodrenagem dos reservatórios de detenção da sub-bacia de drenagem XIX-2 em

    Natal- RN, na região de Lagoinha, verificando o seu comportamento através de dados

    de precipitação dos últimos cinco anos, bem como avaliar o seu monitoramento com

    relação a sua manutenção física e o seu impacto na prevenção de inundações e cheias.

    Palavras-Chaves: águas pluviais, impacto ambiental, recarga do aquífero, lagoa de

    infiltração.

  • 9

    ABSTRACT

    The process of brazilian urbanization and development of cities was given in a

    disorderly and unsustainable way, both for urban conditions, for the environment and

    for human health. The city capital is not able to keep up with population growth, urgent

    maintenance needs, and improvement in urban transport systems, water supply, sewage,

    urban drainage and housing location. This context is a problem and surging and surging

    some technical techniques to environmental systems are conservation system, which

    must be important and higher system. Rainwater reservoirs are the technologies for

    improving the drainage system. This service aims at evaluating the macrodrainage

    system of the detention reservoirs of the drainage sub-basin XIX-2 in Natal-RN, in the

    Lagoinha region, with verification of its behavior through sequencing data of the last

    five years, as well as its evaluation monitoring of their physical measures and their

    impact on flood and flood prevention.

    Key words: rainwater, environmental impact, recharge of the aquifer, infiltration pond.

  • 10

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1- Divisão setorial do município de Natal quanto à drenagem pluvial……........24

    Figura 2 - Bacia de drenagem XIX, Natal/RN……...………………...................…......26

    Figura 3 - Localização dos reservatórios de detenção……..…................…….………..26

    Figura 4 - Micro bacia pertencentes a sub-bacia XIX-2…………………..........……....27

    Figura 5 - Proximidades do Reservatório de Detenção 01 (RD 01)................................30

    Figura 6 - Proximidades do Reservatório de Detenção 02 (RD 02)................................31

    Figura 7 - Proximidades dos Reservatórios de Detenção 03 e 04 (RD 03 e 04).............32

    Figura 8 - Proximidades do Reservatório de Detenção 05 (RD 05)................................33

    Figura 9 - Proximidades da Lagoa da Infiltração da Lagoinha…………………..….....33

    Figura 10- Precipitação mensal acumulada por mês, no período de 2013 a 2017,

    Natal/RN…………………………………….................................….....….34

    Figura 11- Evolução anual da precipitação entre Jan/2013 a Jul/2018 com volumes

    máximos e mínimos, Natal/RN…………......................................………...35

    Figura 12 - Precipitações mensais no ano de 2013, Natal/RN……..…….............…….36

    Figura 13 - Precipitações mensais no ano de 2014, Natal/RN…………...........……….37

    Figura 14 - Precipitações mensais no ano de 2015, Natal/RN……………………...….37

    Figura 15 - Precipitações mensais no ano de 2016, Natal/RN…………...................….38

    Figura 16 - Precipitações mensais no ano de 2017, Natal/RN……………………........38

    Figura 17- Precipitações mensais entre janeiro e julho do ano de 2018 –

    Natal/RN….......…………………………………………………….......….39

    Figura 18 - Evolução da precipitação entre Janeiro do ano de 2013 entre julho do ano de

    2018, Natal/RN….…...………................................................…………….40

    Figura 19 - Estação elevatória EE2…………………...........................................……..41

    Figura 20 - Ensaios de vazão do sistema de bombeamento……………………............42

    Figura 21-Projeto do percurso do escoamento por galerias e estações

    elevatórias…………...............................………................................……..43

    Figura 22 -Acúmulo de Resíduos sólidos e vegetação em reservatório de

    Natal/RN……..........................................................................…………….44

    Figura 23 - Ocorrência de erosão e elevação da vegetação no RD 01……..........……..46

    Figura 24 - Elevada vegetação no RD 01……..……………………......................…....46

    Figura 25 - Elevada vegetação no RD 02………......…………………..........................47

    Figura 26 - Elevada vegetação no RD 02…………………............................………....47

    Figura 27 - Presença de resíduos sólidos e elevada vegetação no RD 03……...............48

    Figura 28 - Presença de resíduos sólidos junto à entrada da bomba, além de apresentar

    elevada vegetação no RD 04……………………………….................…...49

    Figura 29 - Elevada vegetação no RD 05 e a presença de pessoas pescando…….........49

    Figura 30 -Lençol superficial do RD 05, com a presença de resíduos sólidos e

    vegetação elevada………….....……………………………………………50

  • 11

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Bacias localizadas na zona Norte de Natal……………................……....….25

    Tabela 2 - Bacias localizadas nas zonas Lestes, Oeste e Sul de Natal………................25

    Tabela 3 - Ensaio de permeabilidade na Lagoa de Infiltração entre as dunas de

    Lagoinha…....………………………………..................................…...…..41

    Tabela 4 - Resultado dos ensaios do sistema de bombeamento…………................…..42

  • 12

    SUMÁRIO

    1. Introdução………………………………………………………………….…….…..13

    2. Objetivos………………………………………………………………………..…....15

    2.1 Objetivo geral…………………………………………………………..…………..15

    2.2 Objetivos específicos……………………………………………………………….15

    3. Referencial Teórico…………………………………………………………...…......16

    3.1 Urbanização……………………………………..……………………………….....16

    3.2 A drenagem urbana e o manejo de águas pluviais…………………..........…….…..17

    3.3 Reservatórios de detenção………………………………….……………….….…..19

    3.4 Sistema de drenagem urbana de Natal/RN……………….…………………….…..20

    4. Material e Métodos…………………………………………………………..….…...23

    4.1 Material………………………………………………………………….………….23

    4.1.1 Caracterização da área de estudo…………………………………………….…...23

    4.2 Métodos………………………………………………………………………..…...28

    4.2.1 Reservatório de Detenção 01: RD 01 – Capim Macio…………………………...29

    4.2.2 Reservatório de Detenção 02: RD 02 – Capim Macio……………………….…..30

    4.2.3 Reservatórios de Detenção 03 e 04: RD 03 e 04 – Capim Macio…………....…..31

    4.2.4 Reservatório do Centro de Tradições Gaúchas – CTG ou RD 05 – Ponta

    Negra………………………………………………………………...……….…..32

    4.2.5 Lagoa de infiltração: Lagoinha – Ponta Negra…………………………………...33

    5. Resultados e Discussão……………………………………………………..………..34

    5.1 Análise da precipitação………………………….………………………………….34

    5.2 Análises anuais de precipitação…………………………………...………………..36

    5.3 Infiltração induzida em Lagoinha…………………………………………….…….40

    5.4 Sistema de bombeamento………………………..………………………………....41

    5.5 Limpeza pública dentro e no entorno dos reservatórios de detenção……....….…..44

    5.6 Sugestões para o melhoramento do serviço de limpeza dos dispositivos de

    drenagem.................................................................................…………..………...51

    6. Conclusões…………………………………………………………………...………52

    7. Referências Bibliográficas…………………………………………………………...55

  • 13

    1. Introdução

    As transformações do uso e ocupação do solo no meio urbano provocam além de

    impactos a população, impactos aos recursos hídricos, tanto com relação a infiltração da

    água precipitada, quanto a seu armazenamento; subterrâneo ou superficial.

    O crescimento populacional exige ampliação da infraestrutura das cidades,

    principalmente nos grandes centros urbanos, o que por sua vez exige cada vez mais um

    acompanhamento sustentável da infraestrutura urbana. Entre a primeira e meados da

    segunda década do século XXI, houve um forte crescimento da construção civil, o qual

    estimulou o desenvolvimento do crescimento vertical e impermeabilização do solo nas

    grandes cidades. O município de Natal-RN se caracteriza por ser uma região com alto

    potencial turístico, atraindo assim a atenção de investimentos de um capital estrangeiro,

    como também novos moradores que migraram de diversas cidades do país, como

    também de outros países, fortalecendo o mercado imobiliário. Em decorrência desse

    crescimento se tem como resultados impactos urbanísticos e de infraestrutura urbana, a

    exemplo da ineficácia dos serviços básicos de limpeza pública e de drenagem.

    A ineficiência desses sistemas gerada pelo excesso de impermeabilização e a

    ocupação irregular das áreas ribeirinhas concorrem para o agravamento das inundações,

    da contaminação dos mananciais por poluentes orgânicos e químicos carreados durante

    as chuvas e da retenção de água na superfície do solo, o que muitas vezes é agravada

    por falta de conhecimento dos gestores responsáveis pelas questões de drenagem urbana

    o que contribui diretamente para as suas tomadas de decisão.

    O sistema de drenagem urbana se destaca como um dos mais sensíveis aos

    problemas causados pela urbanização. O esgotamento das águas pluviais requer um

    estudo complexo e seu planejamento deve ser integrado às diretrizes de crescimento das

    cidades, em razão da interferência direta com os demais sistemas de saneamento básico,

    sob pena de perder a sua eficiência. Andrade Neto (2011) destaca que as interações da

    drenagem das águas pluviais com o sistema de limpeza pública, o manejo de resíduos

    sólidos e com as questões de controle de vetores, precisam ser mais bem estudadas.

    A gestão da drenagem urbana contém o manejo das águas pluviais no tempo e

    espaço, a fim de reduzir impactos à sociedade e ao ambiente. A visão moderna da

    gestão desenvolve a integração dos recursos hídricos na bacia hidrográfica e das águas

    urbanas, incluída a drenagem urbana (TUCCI, 2012).

  • 14

    As precipitações pluviométricas inconstantes e irregulares na cidade do Natal

    geraram inúmeros problemas de ordem urbanística, ambiental e sanitária, favorecendo a

    geração de graves riscos à vida e a saúde da população, em decorrência de inundações

    inesperadas, bem como da disseminação de diversas doenças.

    Os reservatórios de detenção e infiltração são estruturas abertas que constituem

    o sistema de macrodrenagem das águas pluviais urbanas. O objetivo dos reservatórios

    de detenção e infiltração é de reduzir os impactos hidrológicos, promovendo o aumento

    da capacidade de armazenamento de uma bacia, a qual possua um alto índice de

    impermeabilidade do solo.

    Normalmente secos durante as estiagens, os reservatórios de detenção são

    projetados para reter as águas durante e após o curto período de chuvas. Apesar de ser

    obrigada a instalação de extravasores nos reservatórios, a detenção da precipitação e

    volume de escoamento nos reservatórios potencializam o tempo de permanência da

    água, reduzindo significativamente as vazões que saem das sub-bacias, viabilizando as

    soluções de descarga por bombeamento, a fim de garantir a equalização das vazões.

    De acordo com Tucci (2007), os reservatórios de detenção e infiltração podem

    ser utilizados para o controle da vazão de pico ou máxima, amortecendo a vazão a

    jusante, controlando o volume escoado, os materiais sólidos e a erosão, e, como

    também, o controle da qualidade da água precipitada.

    O direito ao saneamento básico como previsto nos artigos 196 e 225 da

    Constituição Federal de 1988 (CF 88), equivale a um agrupamento de serviços,

    infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento, o qual está incluso a

    drenagem urbana e o manejo das águas pluviais. O reconhecimento do acesso ao

    saneamento básico como direito social, apresenta à drenagem de águas pluviais como

    elemento estruturante de efetivação dos direitos sociais, a fim de garantir um meio

    ambiente ecologicamente equilibrado.

    O conhecimento das alterações realizadas no solo decorrentes do uso e ocupação

    é importante para identificar o comportamento do escoamento na bacia, a fim de que

    permita a existência de um auxílio na produção de medidas para o desenvolvimento

    sustentável da região.

  • 15

    2. Objetivos

    2.1 Objetivo geral

    Avaliar as condições do sistema de macrodrenagem urbana e o manejo das águas

    pluviais da sub-bacia XIX-2 localizada no bairro de Capim-Macio, zona sul da cidade

    do Natal, levando em consideração os possíveis impactos socioeconômicos e

    ambientais.

    2.2 Objetivos específicos

    ● Analisar a estruturação espacial e demais características técnicas dos

    dispositivos de drenagem da sub-bacia de drenagem XIX-2, localizada na região

    urbana na zona sul de Natal;

    ● Abordar a importância da educação ambiental na gestão eficiente dos pilares do

    saneamento ambiental, com foco em sistema de drenagem urbana;

    ● Através de dados hidrológicos, analisar o comportamento das precipitações na

    região em estudo;

  • 16

    3. Referencial Teórico

    Urbanização

    Na busca por maior conforto, o homem sempre atuou como agente

    transformador do meio em que vive. Com o passar dos anos e aperfeiçoamento das

    técnicas, as mudanças passaram a ser mais significativas e beneficiadoras. Tais

    modificações propiciaram o crescimento da qualidade e da expectativa de vida que

    resultaram no crescimento populacional modificando todo o processo de urbanização

    das cidades (ONU, 1972).

    Para Botelho (1985), urbanizar inclui executar alterações no meio, como retirar

    considerável parte da cobertura vegetal do solo, abrir passagens e ruas, execução de

    cortes e aterros, construções de edificações, pavimentar ruas e permitir a habitação do

    local.

    A urbanização tem sido mais intensa nas últimas décadas em países emergentes,

    incluindo o Brasil e também constitui a causa de alguns conflitos enfrentados pelo

    homem. A falta de planejamento nos projetos e obras contribui para um crescimento

    desordenado, não permitindo às obras de infraestrutura acompanharem suas respectivas

    demandas.

    Tucci (2003) afirma que o desenvolvimento urbano altera a conFiguração da

    vegetação no solo, refletindo em mudanças também no ciclo hidrológico. Além disso, a

    impermeabilização por meio de coberturas, pisos, lajes, asfalto, reduz a infiltração do

    solo e potencializa o escoamento da água, exigindo maior capacidade de escoamento

    das seções. Ainda segundo o autor, o escoamento de águas pluviais pode causar

    enchentes e gerar impactos às áreas urbanas por meio de inundações de áreas ribeirinhas

    e inundações devido a urbanização, podendo estas acontecer isoladamente ou em

    conjunto. As enchentes aumentam a sua frequência e magnitude devido à

    impermeabilização, ocupação do solo e a construção da rede de condutos pluviais. O

    desenvolvimento urbano pode também produzir obstruções ao escoamento, como

    aterros e pontes, drenagens inadequadas e obstruções ao escoamento junto a condutos e

    assoreamento.

    Isso se traduz na completa mudança da conFiguração da bacia hidrográfica e do

    seu funcionamento hidrológico, já que modifica a taxa de infiltração do solo pela

    impermeabilização das vias urbanas, as seções de escoamento por meio da alteração da

  • 17

    conFiguração do espaço, a evapotranspiração pela remoção da cobertura vegetal e,

    principalmente, a vazão de escoamento também através da impermeabilização do solo.

    O mesmo acontece quanto às obras de drenagem: a urbanização acelerada é o

    principal fator que agrava as inundações nas cidades e aumenta a frequência e os níveis

    das cheias. A causa disso é a impermeabilização de grandes áreas das bacias

    hidrográficas e a ocupação de áreas próximas a corpos d’água (RAMOS et al., 1999).

    Em outras palavras, a água precipitada que originalmente infiltrará no solo,

    podendo alimentar aquíferos subterrâneos e superficiais, encontra o solo

    impermeabilizado, sendo forçada a escoar quase que em sua totalidade. Dessa maneira,

    a vazão de escoamento é aumentada e se dá origem às enchentes nos períodos de grande

    chuva, ou em locais onde a infraestrutura de drenagem ainda é precária.

    A inexistência ou a insuficiência de um sistema de drenagem podem levar à

    ocorrência de enchentes, erosões no terreno, desbarrancamentos, aumento da velocidade

    das águas prejudicando pavimentos, acúmulo de águas pela criação de pontos baixos,

    impedimento do escoamento natural das águas pelas edificações e assoreamento de

    corpos hídricos (BOTELHO, 1985).

    As inundações, além de provocarem perdas econômicas e oferecerem risco de

    graves acidentes (tais como afogamento e soterramento por deslizamento de terra) e

    perdas de vida, contaminam ambientes, água e alimentos por meio da veiculação hídrica

    de organismos patogênicos (TUCCI, 2003).

    De acordo com o SUS do Espírito Santo (Sistema Único de Saúde/ ES, 2004),

    nesses eventos, há surtos de doenças como febre tifoide, hepatite A, leptospirose e

    doenças diarreicas, que também findam em perda econômica por inabilitação

    temporária de mão-de-obra.

    A drenagem urbana e o manejo de águas pluviais

    Para os fundamentalistas da ideologia sanitarista do antigo paradigma, tudo que

    se movimenta (circula) e que gera massa, não se corrompe. Então a água, o ar, os

    resíduos, precisam circular. Em outras palavras, deve ser destinada para outro local, em

    um processo rápido e veloz, com a finalidade de garantir a higienização pública. Tucci

    (2001), afirma que esse processo ocorre em decorrência da falta de controle do espaço

    urbano, que produz efeito direto sobre a infraestrutura de água: abastecimento,

    esgotamento sanitário, águas pluviais (drenagem urbana e inundações ribeirinhas) e

    resíduos sólidos.

  • 18

    Atualmente, o antigo conceito sanitário-higienista ainda é aplicado

    erroneamente, gerando projetos inadequados, que possuem como filosofia escoar a água

    precipitada o mais rápido possível da área projetada. Esse critério aumenta em várias

    ordens de magnitude a vazão máxima, a frequência e o nível de inundação de jusante,

    (TUCCI, 2003).

    Tais fatores, conforme sugere o Manual da FUNASA (2007), dão origem a

    diversos problemas que afetam diretamente a qualidade de vida da população, seja no

    âmbito sanitário, econômico ou social. Para evitar tais problemas, as águas pluviais

    deverão ser drenadas e, como medida preventiva, deve-se adotar um sistema de

    escoamento eficaz que possa sofrer adaptações, para atender à evolução urbanística, que

    aparece no decorrer do tempo.

    O paradigma moderno associado aos sistemas de drenagem urbana, de acordo

    com Andrade Neto (2011) é o de retenção máxima da água pluvial nos locais de origem,

    evitando-se, assim, as frequentes ondas de cheia observadas.

    O manejo das águas pluviais urbanas apresenta dois sistemas clássicos de

    drenagem; a microdrenagem e macrodrenagem. Os sistemas são formados por um

    conjunto de obras e dispositivos que recebem parte do escoamento superficial de áreas

    afetadas pela urbanização com o objetivo de evitar a ocorrência de inundações. A

    macrodrenagem é definida pelo traçado das ruas, por fontes de deflúvios em que não se

    tem um escoamento natural preciso e o sistema de pequenas galerias composto de

    condutos e coletores de águas pluviais como as bocas de lobo. O sistema de

    macrodrenagem formado por canais abertos ou condutos de maiores dimensões tem a

    função de receber as águas pluviais dos sistemas de microdrenagem e conduzir essas

    águas a um corpo de água principal com capacidade para escoar todo o deflúvio gerado

    pela bacia de drenagem. Sistema que é projetado para comportar precipitações maiores

    que as da microdrenagem (TUCCI, 2005).

    Segundo Barros (1995) o sistema de drenagem urbana tem como objetivo

    assegurar o trânsito de pedestres e veículos, controlar as erosões, proteger as

    propriedades particulares localizadas em áreas sujeitas à erosão e/ou inundações e

    consequentemente os cidadãos contra os riscos provocados por elas, proteger

    logradouros e vias públicas, proteger e preservar obras, edificações e instalações de

    utilidade pública, localizadas em vias públicas e sujeitas à destruição pelas águas de

    chuva não controladas, proteger e preservar os fundos de vale e cursos d'água e eliminar

    a proliferação de doenças e de áreas insalubres.

  • 19

    As inundações trazem vários prejuízos à população, dentre eles, os de ordem

    sanitária e ambiental. Corpos hídricos receptores sofrem contaminação, impedindo que

    o equilíbrio que o equilíbrio natural seja restabelecido no meio aquático, em função do

    esgoto lançado nas redes de drenagem, devido às ligações clandestinas, e a elevada

    quantidade de resíduos sólidos e poluentes que seguem com o escoamento superficial

    das águas pluviais. Durante um evento pode ocorrer um extravasamento do sistema de

    drenagem, favorecendo a proliferação de vetores e expondo a população às doenças de

    veiculação hídrica (GURGEL, 2016).

    As águas precipitadas que não passarem por um sistema adequado de drenagem

    podem acarretar inúmeros prejuízos a população, além dos deslizamentos de terra, que

    recorrentemente viram notícias nas mídias digitais, como acontecido em Natal/RN

    durante a Copa de 2014, no Bairro de Mãe Luiza, e a afogamentos, com o que acabou

    por vitimar Klebson Nascimento, o qual enquanto tentava desobstruir uma boca de lobo

    próximo a sua residência, para evitar uma cheia na localidade, acabou sendo empurrado

    pela força da água para dentro da boca de lobo

    e em seguida para a galeria, onde não resistiu.

    Outros problemas, como perdas materiais, desabrigo de parte da população,

    proliferação de vetores, transbordo de rios, erosão, desbarrancamento e desgaste da

    infraestrutura e das ruas pavimentadas (buracos ou aumento da lâmina d’água), também

    são originados nas inundações e trazem consequências para a população. Essas

    consequências afetam a saúde e a economia da sociedade, e, por isso, é necessário evitar

    a ocorrência das enchentes e assim alguns projetos têm sido criados ou adaptados.

    Tucci (2003) fala que, no Brasil, a gestão pública não se preocupa com a

    prevenção de enchentes, pois, na maioria das vezes, o município espera que aconteça

    inundações para declarar calamidade pública, para então conseguir recursos a fundo

    perdido sem realizar concorrência pública.

    Reservatórios de detenção

    Devido à grande ênfase no antigo paradigma, que entendia que as águas pluviais

    deveriam ser afastadas o mais rápido possível, pode subentender que a ideia de construir

    reservatórios de detenção é nova. No entanto esse tipo de técnica é bastante antiga e no

    Brasil de acordo com (Tomaz, 2002) o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito em

    1925, projetou dois enormes reservatórios de detenção com cerca de um milhão de

  • 20

    metros cúbicos em cada, na cidade de São Paulo, apesar dos reservatórios não terem

    sido construídos.

    Torna-se necessário abordar outros pontos positivos da utilização dos

    reservatórios de detenção, tais como os benefícios de cunho ambiental e segurança das

    estruturas dos cursos d'água receptores. Deste modo, não tem a mesma intensidade de

    variação de vazões escoadas, conforme ocorre nos projetos em que são consideradas

    apenas as soluções de canalização. A função primeira das estruturas de armazenamento

    é a de retardar as águas precipitadas sobre uma determinada área, de maneira a

    favorecer a redução das vazões de pico de cheias em pontos a jusante. (São Paulo,

    1999).

    Os reservatórios de detenção são conjuntos de condutos e estruturas com função

    de armazenamento temporário no sistema de águas pluviais, possibilitando o

    amortecimento ou equalização do escoamento que segue para tal sistema (SILVEIRA,

    2002).

    Ainda segundo (Tomaz, 2002), reservatório de detenção pode ser aberto ou

    fechado e possui a utilidade de regular a vazão de saída num valor pretendido, de modo

    a amenizar os impactos a jusante da vazão de entrada e evitar problemas ocasionados

    por enchentes. Existem também os reservatórios de retenção que possuem a mesma

    função dos reservatórios de detenção, entretanto, eles conseguem armazenar a água por

    um tempo maior.

    De acordo com (Cardoso, 2015), a utilização de poços e valas de infiltração em

    conjunto com os dispositivos de detenção, podem ser utilizados para aumentar a

    eficiência do sistema, permitindo a obtenção de uma nova vazão de saída,

    possibilitando, assim, uma recarga do aquífero local e promovendo a otimização da

    equalização das vazões.

    Sistema de drenagem urbana de Natal/RN

    O domínio institucional da drenagem pode ser realizado por meio de legislação

    municipal, a partir da observância da legislação estadual que determina os padrões a

    serem mantidos nos municípios para que não sejam transferidos os impactos. É

    necessário que exista um planejamento conjunto com os municípios envolvidos para se

    obter uma otimização da funcionalidade de toda a bacia. Sendo assim, o município de

    Natal/RN, no âmbito legislativo, referente à drenagem urbana, conta com algumas

  • 21

    ferramentas, sendo estas: Plano diretor do Município, Plano Diretor de Drenagem

    Urbana e o Manual de Drenagem Urbana do Município.

    O Plano Diretor do Município de Natal foi instituído pela Lei Municipal

    Complementar nº 82, de 21 de junho de 2007. É o instrumento básico da política de

    desenvolvimento urbano sustentável do Município, bem como de orientação do

    desempenho dos agentes públicos e privados que atuam na produção e gestão do espaço

    urbano.

    No que diz respeito ao sistema de drenagem urbana, temos como destaque um

    dos critérios que assevera o cumprimento dos objetivos do Plano Diretor, no art. 3º,

    inciso II – “a distribuição equânime dos custos e benefícios das obras e serviços de

    infraestrutura urbana e a recuperação, para a coletividade, da valorização imobiliária

    decorrente dos investimentos públicos;”. Além disso, no art. 37, tem-se que: para

    empreendimentos e atividades de moderado e de forte impacto deverão apresentar

    Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV, ele deverá ser executado de forma a

    contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade, quanto à

    qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a

    análise de questões fundamentais, a qual se inclui a drenagem urbana.

    Um aspecto primordial referente à drenagem urbana é a limitação da taxa de

    impermeabilização (PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE NATAL, 2007).

    Que de acordo com o Art. 31, do plano diretor: “A Taxa de Impermeabilização

    máxima permitida no Município será de 80% (oitenta por cento) do lote e seu

    descumprimento constitui infração ambiental de natureza grave, sujeitando o infrator à

    penalidade de multa e à demolição da obra, além da determinação para reversão à

    situação anterior; sendo atendidas as normas processuais administrativas estabelecidas

    na legislação. ”

    Parágrafo Único - As águas pluviais que incidem em cada lote deverão ser

    infiltradas no próprio lote, através de infiltração natural ou forçada, admitindo-se

    dispositivo extravasor para o escoamento de precipitações atípicas, nos termos das

    licenças expedidas pelo órgão municipal de planejamento urbano e meio ambiente.

    Essa legislação está de acordo com a política atual de desenvolvimento da

    drenagem urbana no Brasil, que norteia o uso de medidas classificadas como de

    “impacto zero” no sistema de drenagem, ou seja; privilegiam a retenção da água na

    fonte, evitando a aceleração do escoamento a jusante, conforme estabelece o paradigma

    prevencionista (PREFEITURA DO NATAL, 2009).

  • 22

    Outra ferramenta de amparo ao sistema de drenagem de Natal/RN é o Plano

    Diretor de Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais da Cidade do Natal –

    PREFEITURA DO NATAL de 2009, que fornece subsídios técnicos e institucionais, a

    fim de reduzir os impactos das inundações no Município e criar as condições para uma

    gestão sustentável da infraestrutura de drenagem urbana.

    Conforme exposto no PPDMA, Prefeitura do Natal (2009), foram realizados

    inúmeros estudos, reuniões, consultas e audiências públicas que visam colher dados,

    informações, documentos e outros fatores (como planos diretores de drenagem de outras

    capitais do Brasil e de outros países) no intuito de realizar o melhor trabalho possível

    dentro do prazo estabelecido em contrato entre a Prefeitura do Natal e a L.R.

    Engenharia e Consultoria Ltda.

    O PPDMA, é um dos documentos básicos para a política de desenvolvimento

    urbano sustentável, que objetiva contribuir para a consolidação do meio urbano com a

    implementação de normas, regras, estudos e diretrizes que auxiliem nas tomadas de

    decisão do gestor público para a manutenção da infraestrutura existente e a implantação

    da infraestrutura necessária para o controle, manejo e convívio com as águas

    provenientes das precipitações pluviométricas (PREFEITURA DO NATAL, 2009).

    O Plano Municipal de Saneamento Básico do Município de Natal/RN (PMSB

    NATAL, 2014), no produto 02, que trata do diagnóstico do saneamento, o qual tem por

    subproduto, o diagnóstico da situação dos serviços de drenagem e manejo de águas

    pluviais urbanas da cidade do Natal, é uma ferramenta mais atualizada sobre o meio

    urbano e características presentes no sistema de drenagem.

    O subproduto permite obter uma análise crítica do Plano Diretor de Drenagem

    Urbana de Natal, a gestão dos recursos hídricos, por parte do município, o que engloba

    tanto à implantação de dispositivos e infraestrutura, quanto às projeções de demandas

    futuras, onde se deve adotar o pensamento prevencionistas para o manejo das águas

    pluviais.

  • 23

    4. Material e Métodos

    4.1 Material

    4.1.1 Caracterização da área de estudo

    O município de Natal, está localizado no litoral oriental do estado do Rio Grande

    do Norte, entre as coordenadas geográficas 5º 47’ 40” de latitude Sul, 35º 12’ 40” de

    longitude Oeste, a uma altitude média de 30,9 metros e área territorial de 170 km2, o

    que equivale a 0,32% da superfície estadual (IBGE, 2010).

    O clima do município de Natal, de acordo com a classificação global de Köppen,

    é do tipo As’, ou seja; tropical chuvoso, quente e úmido, caracterizado por verões secos

    e invernos bastante intensos. A temperatura diária varia entre 21,8ºC e 30,2ºC, com

    média diária de 24,4ºC e insolação mensal bastante elevada. A umidade relativa média

    anual do ar é de 79,3%, ventos com velocidade média de 4,4 m/s e intensidade de

    precipitação média anual superior a 1600 mm. (Barros et al., 2013;Silva et al., 2011;

    INMET, 2018).

    De acordo com (PREFEITURA DO NATAL, 2009), as chuvas na região

    metropolitana do município de Natal - RN, têm origem em sistemas hidro

    meteorológicos, tendo dois como principais influenciadores, os quais são: Zona de

    Convergência Intertropical (ZCIT) e Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).

    Contudo, as chuvas da região também sofrem a ação acentuada dos fenômenos El Niño

    (seca) e La Niña (chuva), que estão relacionados com as temperaturas do Oceano

    Pacífico e as Ondas de Leste relacionadas às temperaturas do Oceano Atlântico. As

    chuvas de longa duração correspondem a eventos de grande magnitude, agindo sobre

    grandes áreas, muitas vezes atingindo toda a região urbana de Natal. Outras vezes, são

    observadas chuvas locais ao longo do dia, provocadas pela ascensão de massas úmidas

    de ar, causando chuvas intensas de curta duração e localizadas.

    No Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais, o município está

    dividido em dois setores distintos pelo estuário do Rio Potengi (Prefeitura do Natal,2009).

    O Setor I que engloba com a Zona Norte e o Setor II onde estão inseridas as zonas

    Leste, Oeste e Sul como mostra a Figura 1.

    Figura 1- Divisão setorial do município de Natal quanto à drenagem pluvial.

  • 24

    Fonte: Prefeitura do Natal, 2009.

    O município de Natal, apesar de sua posição geográfica privilegiada, tendo em

    vista que se situa num platô com altitude média acima de 30 m em relação ao nível do

    mar e apresenta uma superfície territorial com formato triangular com perímetro

    banhado pelos Rios Potengi e Pitimbu e pelo mar em quase todo a sua extensão,

    apresenta-se com um sistema de drenagem natural muito deficiente, com pequenos

    cursos d’águas efêmeros que se desenvolvem na periferia da cidade. Essas

    características de relevo fazem com que a drenagem de Natal tenha aspectos muito

    peculiares, com dificuldades próprias para a implantação de sistemas eficientes de

    drenagem. A maioria das soluções adotadas nos últimos anos envolve a construção de

    sistemas de drenagem isolados, conectados a lagoas de acumulação e infiltração nos

    pontos mais baixos das bacias. A construção de lagoas de infiltração contribui para a

    recarga do aquífero do local, no entanto, requer grande espaço para a absorção dos

    volumes escoados; este é o principal fator restritivo deste tipo de solução, tendo em

    vista a disponibilidade atual limitada de terrenos para a construção das lagoas de

    acumulação (Prefeitura do Natal, 2009).

    O Plano de Drenagem atualizou a divisão das bacias existentes no município de

    Natal, tendo como critério de definição, o escoamento para os corpos d’águas

    receptores. Assim foram identificadas 20 (vinte) bacias, sendo 6 (seis) na Zona Norte de

  • 25

    Natal e 14 (quatorze) nas Zonas Leste, Oeste e Sul. Como apresentado nas Tabelas 1 e

    2, respectivamente.

    Tabela 1 – Bacias localizadas na zona Norte de Natal

    Fonte: Prefeitura do Natal, 2009.

    Tabela 2 – Bacias localizadas nas zonas Lestes, Oeste e Sul de Natal

    Fonte: Prefeitura do Natal, 2009.

    O sistema de drenagem de Natal apresenta 72 lagoas de drenagem distribuídas

    pela cidade. Entretanto, apesar da existência de um sistema de drenagem, muitos pontos

    da cidade sofrem com a ocorrência de alagamentos. No processo de formulação do

    Plano de Drenagem de Natal foram cadastrados 108 pontos críticos de alagamento,

    sendo 32 pontos críticos na Zona Norte, 20 pontos críticos na Zona Leste, 13 pontos

    críticos na Zona Oeste e 43 pontos críticos na Zona Sul (Prefeitura do Natal, 2009).

    A bacia XIX com área de 1.034 ha, está localizada na Zona Sul da cidade, a qual

    contempla os bairros Neópolis, Capim Macio e Ponta Negra. Com limites ao sul com o

    município de Parnamirim. É composta por cinco sub-bacias e doze lagoas conforme a

    Figura 2.

  • 26

    Figura 2 – Sub divisão da bacia de drenagem XIX, Natal/RN.

    Fonte: PREFEITURA DO NATAL, Prefeitura do Natal, 2009.

    Para a realização deste trabalho foram selecionados cinco reservatórios de

    detenção: Lagoa de Capim Macio RD 01, Lagoa de Capim Macio RD 02, Lagoa do

    Marinas RD 03, Lagoa do Marinas RD 04, Lagoa do Centro de Tradição Gaúcha –

    CTG, e a Lagoa da Lagoinha, que de acordo com (PREFEITURA DO NATAL, 2009),

    estão localizados na bacia XIX, a qual apresenta cinco sub-bacias e doze lagoas, estando

    a área de estudo limitada a sub-bacia XIX-2, como demonstra a Figura 3.

    Figura 03 – Localização dos reservatórios de detenção da sub-bacia XIX-2

    Fonte: Google Earth Pro, 2018

  • 27

    A sub-bacia XIX-2, situada em região de intensa urbanização da zona Sul do

    município de Natal, e, de acordo com dados fornecidos pela LR- Engenharia, a área

    apresenta quatro micro bacias fechadas (A, B, C e D), como representada pela Figura 4.

    O escoamento da água das micro bacias B e C é transportado para a micro bacia

    D ocorre por gravidade, enquanto que da micro bacia C para a micro bacia A é através

    de sistema de bombeamento; que por sua vez apresenta características favoráveis para o

    destino final da água escoada. Por situar-se em uma cota baixa, com média de

    aproximadamente 31 metros, essas áreas são mais susceptíveis ao acúmulo das águas

    pluviais, provocando transtornos, pois áreas mais adensadas, com a maior parte do solo

    impermeabilizado por construções e pavimentação asfáltica. O solo apresenta um perfil

    superior de profundidade menor do que 1,5 m, arenoso com baixo teor de argila e com

    presença de camadas desnificadas.

    De acordo com (Prefeitura do Natal, 2009), os terrenos dos parques das Dunas,

    da Cidade e do cordão de dunas de Lagoinha, são caracterizados por solos arenosos das

    coberturas de dunas preservadas como solos tipo A., no entanto, o solo de Lagoinha está

    classificado como solo tipo B e com capacidade de infiltração de 13 mm/h.

    Figura 04 – Micro bacia pertencentes a sub-bacia XIX-2.

    Fonte: LR- Engenharia, 2009.

    De acordo com os estudos realizados no (PDDMA, 2009) as propriedades

    hidrogeológicas da maioria das bacias de drenagem existentes no município de Natal é

  • 28

    de bacias de drenagem fechadas com solos permeáveis, as quais estimulam o destino

    final das águas do sistema para um processo de infiltração como elemento de drenagem,

    a partir da preservação de áreas de infiltração nos lotes e a construção de lagoas de

    captação e infiltração (Reservatórios de Detenção). Assim, após receber as águas do

    sistema de drenagem a recarga do aquífero é realizada.

    Estudos hidrogeológicos foram realizados pela LR- Engenharia, empresa

    responsável pela realização dos estudos e construção dos reservatórios, a qual no

    relatório da sub-bacia XIX-2, traz que a área de estudo, e mais especificamente onde

    está localizada a Lagoa de Infiltração (Lagoinha), formada sobre sedimentos eólicos

    representados por dunas fixas. Esses sedimentos predominantemente arenosos, finos e

    homogêneos, pouco siltosos, repousam sobre a continuidade do Grupo Barreira que, por

    sua vez, é constituído por uma sequência de areias de granulação grosseira a média, com

    intercalações esporádicas de lentes de argilas silto-arenosas que conferem ao sistema

    aquífero condições de semi confinamento.

    Os sedimentos dunares e o Grupo Barreiras funcionam como um único sistema

    aquífero, conhecido como sistema Dunas Barreiras, sendo isso possível, devido as

    características geológicas e estruturais anteriormente apresentadas, havendo uma

    comunicação hidráulica direta entre os sedimentos. Uma observação importante a ser

    feita, é a que o Aquífero Dunas Barreiras é o único pacote sedimentar de expressão

    geológica ocorrente em toda a costa potiguar, por isso, sendo a mais representativa fonte

    de água apropriada aos diversos usos humanos, a nível regional. Foi realizado um

    processo de sondagens mecânicas (SP-01, SP-02, SP-03 e SP-04), em que se verificou

    que os sedimentos eólicos possuem um baixo grau de compactação, formando assim,

    um colchão arenoso que funciona como uma grande esponja.

    Ainda com base nos dados das sondagens citadas, observou-se a ocorrência de um

    divisor de águas na região de localização da Lagoa de Infiltração, entre as dunas de

    Lagoinha. Nos ensaios de permeabilidade executados na área do projeto, chegou-se a

    valores dominantes da ordem de 10-3 cm/s tanto para a permeabilidade horizontal

    quanto para a vertical. Esse fato confirma a homogeneidade dos sedimentos superiores

    (LR Engenharia, 2009).

    O diagnóstico executado pelo Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo

    (IPT/SP) em 1982 (Relatório no 15795 – Estudo Hidrogeológico Regional Detalhado do

    Estado do Rio Grande do Norte) revelaram que na região o valor da transmissividade é

  • 29

    de 648 m²/dia, ao mesmo tempo que o coeficiente de armazenamento para condições

    não confinadas é da ordem de 3,7 x 10-3 (correspondendo a porosidade eficaz).

    4.2 Métodos

    Os mecanismos metodológicos utilizados neste trabalho foram a pesquisa

    descritiva e de observação. A pesquisa bibliográfica é de grande valia e eficácia ao

    pesquisador porque ela permite obter conhecimentos já catalogados em bibliotecas,

    editoras, internet e sua realização se dá em três etapas: identificação, localização e

    reunião sistemática dos materiais ou dos fatos (Barros & Lehfeld, 2013).

    Foram realizados levantamento bibliográfico sobre o tema, coleta de dados de

    precipitação e dados gerais sobre o projeto de drenagem da sub-bacia obtidos em

    secretarias municipais e estaduais, como também pela LR-Engenharia, sobre o projeto

    dos reservatórios, sua funcionalidade e características. Os dados de precipitação foram

    obtidos junto ao INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) no período de 01 de

    janeiro de 2013 a 30 de julho de 2018.

    O volume total precipitado na sub-bacia relacionado pela área, foi obtido através da

    seguinte expressão:

    VP = P x A (Eq. 01)

    Onde: VP – volume precipitado em m3;

    P – precipitação em mm;

    A – área total da sub-bacia em ha.

    Visitas in loco em 31/10/1994, em cada reservatório como também na lagoa de

    infiltração foram realizadas para registro e reconhecimento das atuais condições para

    análise de monitoramento e comparação dos dados obtidos, conforme descrição

    seguinte.

    4.2.1 Reservatório de Detenção 01: RD 01 – Capim Macio

    O reservatório de detenção 01, está localizado entre as Ruas Antônio Farache,

    Industrial João Motta e Ismael Pereira da Silva. Área de 31.949 m², volume útil de

    81.258 m³ e com 39,3% do volume total destinado para o volume reserva. Construído na

    cota de 30 m entre as coordenadas de latitude 5°51’39.98” S e longitude 35°11’54.14”

    W, com o escoamento feito por bombeamento. O reservatório recebe todo o escoamento

  • 30

    superficial da microbacia B, da Sub-bacia XIX-2, com uma área total de 50 ha. Figura

    5.

    Uma observação importante, que servirá para os demais reservatórios, é que o

    volume útil diz respeito a uma lâmina d’água máxima de 1,0 m abaixo do nível da rua,

    no entorno dos reservatórios. Compreendendo o volume excedente do nível máximo até

    o transbordamento efetivo dos reservatórios.

    Figura 5 – Proximidades do Reservatório de Detenção 01 (RD 01)

    Fonte: Google Earth Pro, 2018

    4.2.2 Reservatório de Detenção 02: RD 02 – Capim Macio

    O reservatório de detenção 02 localizado entre as Ruas Ênico Mônteiro,

    Industrial João Motta, Professora Dirce Coutinho e Rua Presbítero Porfírio Gomes da

    Silva. Com área de 12.088 m², volume útil de 38.906 m³ e com 31,1% do volume total

    destinado para o volume reserva. Construído na cota de 30 m, entre as coordenadas de

    latitude 5°51’52.97” S e longitude 35°11’38.1” W, com o escoamento feito por

    gravidade através de um sistema extravasor. O reservatório recebe todo o escoamento

    da microbacia C, da Sub-bacia XIX-2, com uma área total de 40 ha. Figura 6.

  • 31

    Figura 6 - Proximidades do Reservatório de Detenção 02 (RD 02)

    Fonte: Google Earth Pro, 2018

    4.2.3 Reservatórios de Detenção 03 e 04: RD 03 e 04 – Capim Macio

    Os reservatórios de detenção 03 e 04 localizados entre as Ruas José Wilson

    Cabral Barbalho, Francisco Maciel Costa e separados espacialmente pela Rua João

    Rodrigues da Silva. Área de RD 03 igual a 3.438 m², volume útil de 13.370 m³ e o RD

    04 com área de 4.014 m², com volume total de 14.703 m³. Ambos, construídos na cota

    de 29 m entre as coordenadas de latitude 5°52’1.25” S e longitude 35°11’20.06” W. O

    RD 03 recebe o volume escoado pelo RD 02, e através de vasos comunicantes que o

    liga ao o RD 04, o qual possui um sistema de bombeamento para a retirada do volume

    excedente. Além de apresentar uma subestação de fornecimento de energia elétrica para

    alimentação do sistema de bombeamento, o qual possui 6 conjuntos motor bombas. Os

    reservatórios recebem todo o escoamento da micro bacia D, da Sub-bacia XIX-2, com

    uma área total de 45 ha. Figura 7.

  • 32

    Figura 7 - Proximidades dos Reservatórios de Detenção 03 e 04 (RD 03 e 04)

    Fonte: Google Earth Pro, 2018

    4.2.4 Reservatório do Centro de Tradições Gaúchas – CTG ou RD 05 – Ponta

    Negra

    O reservatório de detenção 05 – localizado na Avenida Praia de Muriú, no

    Centro de Tradições Gaúchas. O qual possui área de 44.677 m², volume útil de 95.612

    m³ e com 23,4% do volume total destinado para o volume reserva, com uma cota de

    reservatório de 31 m, com cota máxima da lâmina d'água de 30 m e uma cota do fundo

    de 27 m. A cota de chegada da galeria que abastece o reservatório é de 28,585 m e com

    o nível do lençol freático acima do valor da cota de fundo, em praticamente todo o ano.

    Localizado entre as coordenadas de latitude 5°52’26.95” S e longitude 35°11’15.51”W.

    O reservatório recebe todo o volume escoado da microbacia A, da Sub-bacia XIX-2,

    com uma área de 108 ha, conforme Figura 8.

    Em caso de precipitações com volume excedente, será transportado o volume em

    excesso para a lagoa de infiltração, Lagoinha, a qual é o destino final do sistema de

    macrodrenagem.

  • 33

    Figura 8 - Proximidades do Reservatório de Detenção 05 (RD 05)

    Fonte: Google Earth Pro, 2018

    4.2.5 Lagoa de infiltração: Lagoinha – Ponta Negra

    Localizada entre as coordenadas de latitude 5°52’54.11” S e longitude

    35°11’14.72” W. A lagoa natural de infiltração da Lagoinha, a qual é o destino final das

    águas do sistema, que abastece o aquífero Dunas Barreiras. A lagoa possui uma área de

    58.747 m² e volume útil de 147.388 m³, e, possui uma cota de afloração de 30 m. Figura

    9.

    Figura 9 - Proximidades da Lago da Infiltração da Lagoinha

    Fonte: Google Earth Pro, 2018

  • 34

    5. Resultados e Discussão

    5.1 Análise da precipitação

    A Figura 10 apresenta os valores de precipitação mensal acumulada no período

    entre 01/01/2013 e 31/12/2017 no município de Natal-RN. A análise da precipitação e o

    conhecimento das séries históricas local são de grande importância para identificar o

    volume precipitado nos anos analisados e sua distribuição nos reservatórios avaliados.

    Figura 10 – Precipitação acumulada por mês, no período de 2013 a 2017, Natal/RN

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Os dados do ano de 2018 não foram inseridos no gráfico da Figura 10 já que no

    desenvolvimento deste trabalho só estão disponíveis os dados de precipitação em Natal,

    até o dia 30/07/2018; os quais, caso fossem incluídos, poderiam causar discrepâncias

    nos valores médios anuais.

    Observa-se que não houve chuvas com grande concentração volumétrica, como

    o evento intenso de precipitação acumulado apresentado no (PDDMA, 2009), o qual em

    16 dias acumulou uma precipitação maior do que 600 mm. Porém, é fácil perceber que

    os meses de maior incidência de chuva se encontram justamente no período que

    compreende as estações do outono e do inverno. Verifica-se que os meses de junho e

    julho apresentam maior índice de precipitação enquanto que os meses de menor

    incidência de precipitação são os meses das estações de primavera e verão, com exceção

    do mês de março que se destaca como o quarto mês com maior média de precipitação,

    atingindo um valor de 204,73 mm em cada ano.

  • 35

    A observação de uma série histórica e o conhecimento de como o evento

    estudado vem se comportando, é de fundamental importância para o desenvolvimento

    do diagnóstico. Dentre os anos observados, o ano de 2013 apresenta o maior volume

    precipitado em um mesmo ano, com valor total de 1.877,1 mm. O mês de maior

    intensidade de precipitação temporal foi o mês de junho de 2014 com uma precipitação

    acumulada de 540,4 mm mensal, inferior ao obtido no evento mais intenso de

    precipitações na cidade, como observado no PDDMA, 2009, o qual foi tomado como

    referência para fins de dimensionamento e estimativas dos sistemas de macro drenagens

    na bacia XIX-2 com área total de 243 ha e volume total igual 1.313.172 m3. No entanto,

    para uma precipitação acumulada de 600 mm, utilizada para dimensionamento, tem-se

    um volume de 1.458.000 m3.

    A Figura 11 mostra o comportamento da precipitação do período estudado, com

    o volume precipitado nos meses de maior e menor precipitação em cada ano, assim

    como o valor total precipitado no ano.

    Figura 11 – Evolução anual da precipitação entre Jan/2013 a Jul/2018 com volumes máximos e

    mínimos, Natal/RN.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Afirmar que a precipitação foi de 540,4 mm no mês junho de 2014 na sub-bacia

    em questão, com volume de cerca de 1.313.172 m3 em um mês, o que não deve ser

    suficiente para fazer com que o sistema entre em colapso, já que o mesmo foi

    dimensionado para receber precipitações de aproximadamente 1.458.000 m3 em 16 dias,

    sendo também o sistema dependente do coeficiente de infiltração do solo, visto que em

    um mês, o lençol consegue ter algumas variações de cota maior do que em 16 dias,

    devido a eventos de evaporação e evapotranspiração, equalizando assim a sua

  • 36

    capacidade de recebimento de volumes de água, o que pode influenciar na não

    ocorrência de inundações.

    5.2Análises anuais de precipitação

    A Figura 12 apresenta a precipitação do ano de 2013, primeiro ano de

    observação deste estudo, que apresentou uma precipitação total anual de 1.877,1 mm

    com média mensal de 156,43 mm, tendo como anteriormente observado na Figura 11, o

    ano de maior precipitação, com destaque para o mês de julho que apresentou uma

    precipitação acumulada de 430,6 mm, a qual não provoca um colapso ao sistema, já que

    esta precipitação ocorreu em um volume menor e distribuído em mais dias para o qual o

    sistema foi dimensionado.

    Figura 12 – Precipitações mensais no ano de 2013, Natal/RN.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Os valores precipitados no ano de 2014 estão apresentados na Figura 13,

    segundo ano de observação deste estudo, em que apresentou uma precipitação total

    anual 1.756 mm, com média mensal de 146,33 mm, ano que apresentou no mês de

    junho, o maior volume precipitado em um único mês de todo intervalo de estudo, sendo

    este de 540,4 mm. Todavia, apesar do alto valor precipitado o mesmo, não deve ser

    suficiente para que o sistema seja saturado, já que essa precipitação se deu em um

    volume menor e distribuída em mais dias do que, para o qual o sistema foi

    dimensionado com objetivo de absorver as vazões, sem que cause prejuízos a

    população, como inundações, por exemplo.

  • 37

    Figura 13 – Precipitações mensais no ano de 2014, Natal/RN

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    De acordo com a Figura 14 que apresenta a precipitação do ano de 2015, terceiro

    ano de observação deste estudo, em que se observa uma precipitação total anual de

    1.412,1 mm, com média mensal de 118,45 mm. Ano que apresentou no mês de junho a

    maior precipitação, chegando a 301,2 mm. Entretanto, essa precipitação acumulada é

    inferior à média para o mesmo no intervalo em estudo, como se pode verificar na Figura

    18. Volume esse, que certamente não foi suficiente para causar estresse no sistema de

    macrodrenagem das lagoas da sub-bacia XIX-2. Neste ano, ainda foi registrado em

    novembro, como o mês de menor intensidade em todo o período de estudo, com a

    precipitação acumulada de 0,4 mm.

    Figura 14 – Precipitações mensais no ano de 2015, Natal/RN

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    A Figura 15 apresenta os dados de precipitação do ano de 2016, quarto ano de

    observação deste estudo, apresentando uma precipitação total anual de 1.165 mm, com

  • 38

    média mensal de 97,08 mm. Sendo este, o ano mais seco do período analisado, o que

    certamente, não deve provocar alterações no sistema de macrodrenagem, visto que em

    nenhum dos meses a precipitação chegou a ser significativa para tal.

    Figura 15 – Precipitações mensais no ano de 2016, Natal/RN

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Os dados de precipitação do ano de 2017 estão apresentados na Figura 16

    referente ao quinto ano de observação deste estudo, que apresentou uma precipitação

    total anual de 1.655,5 mm, com média mensal de 137,96 mm. Ano que apresentou no

    mês de julho a maior precipitação, chegando a 414,3 mm. Essa precipitação acumulada,

    apesar de ser maior do que os dois anos anteriores, não deve ser satisfatória para causar

    perturbações no sistema, já que essa precipitação apresentou um volume menor e

    distribuição em mais dias para o qual o sistema foi dimensionado.

    Figura 16 – Precipitações mensais no ano de 2017, Natal/RN

    Fonte: Elaborado pelo autor.

  • 39

    A Figura 17 apresenta a precipitação do ano de 2018, sexto e último ano de

    observação deste estudo, que apresentou uma precipitação parcial anual, 1.573 mm,

    com média mensal de 137,96 mm. Precipitação considerada parcial, pois o ano em

    questão além de ainda está em curso, só possui dados divulgados até o dia 30/07/2018.

    O mês de abril até então, tem sido o mês de maior precipitação acumulada, 290,3 mm, o

    qual deve permanecer como o de maior precipitação, já que a análise da série histórica

    mostra que os meses seguintes a julho não vêm apresentando uma precipitação maior do

    que 242 mm, a qual foi registrada em agosto de 2013.

    O valor precipitado em abril de 2018, não foi satisfatório para causar alterações

    no sistema, já que essa precipitação se deu em um volume menor e distribuída em mais

    dias para o qual o sistema foi dimensionado.

    Figura 17 – Precipitações mensais entre janeiro e julho do ano de 2018 – Natal/RN

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    A evolução da precipitação em Natal-RN entre o mês de janeiro de 2013 a julho de

    2018 está apresentada na Figura 18.

  • 40

    Figura 18 – Evolução do precipitado total entre Janeiro do ano de 2013 e julho do ano de 2018,

    Natal/RN.

    Fonte: Elaborado pelo autor.

    Embora, a precipitação acumulada no ano de 2018 ainda esteja abaixo da média

    anual da série em estudo, faltando apenas 154 dias para concluir o ano, tendo em vista

    que o volume médio precipitado nos últimos 154 dias dos cinco anos anteriores, foi de

    281,66 mm, que somados aos 1.573 mm já precipitados neste ano, é possível estimar

    que o ano de 2018 será um dos mais chuvosos, dentre os analisados, sendo o valor total

    estimado de 1.854,6 mm, com precipitações ainda inferiores para que o sistema

    apresente situações críticas.

    5.3 Infiltração induzida em Lagoinha

    Segundo a LR-Engenharia (2009) a recarga induzida do aquífero Dunas-

    Barreiras que é realizada na lagoa de infiltração de Lagoinha provoca a elevação da

    superfície freática. Utilizando os parâmetros hidráulicos de transmissividade do aquífero

    e coeficiente de armazenamento ou de porosidade eficaz a uma taxa de infiltração de

    0,48 m/dia e tempo de infiltração de 25 dias equivale a um tempo de 15 dias para

    carregamento da lagoa e 10 dias para esvaziar; o que provoca uma elevação máxima de

    2,15 m da superfície freática, chegando a cota total máxima abaixo do fundo da lagoa de

    28,95 m a qual está localizada na cota 35 m.

    O reservatório de detenção 05 é o maior reservatório e o destino final do

    sistema, antes de Lagoinha. A divulgação dos dados de avaliação de permeabilidade

    fornecidos pela LR- Engenharia é importante, pois de acordo com a Tabela 3 a

    permeabilidade na profundidade de 4,0 m corresponde a um valor de 95,904 mm/dia. A

    taxa de infiltração da lagoa situada entre as dunas de Lagoinha é de 482,63 mm/dia, o

  • 41

    que corresponde à permeabilidade média dos ensaios efetuados na região da Lagoa,

    conforme dados da Tabela seguinte.

    Tabela 3 - Ensaio de permeabilidade na Lagoa de Infiltração entre as dunas de Lagoinha

    Ensaios Profundidade (m) Permeabilidade (cm/s)

    TP-01

    2 1,06E-003

    4 2,39E-004

    6 1,42E-004

    TP-02

    2 1,17E-003

    4 1,82E-004

    7 1,49E-004

    Fonte: LR-Engenharia, 2009.

    5.4 Sistema de bombeamento

    De acordo com o relatório do projeto de macrodrenagem para a sub-bacia XIX-

    2, em Capim Macio, elaborado pela LR-Engenharia em 2009 deveriam ser implantadas

    duas estações elevatórias denominadas EE1 e EE2 (Figura 19); cada uma composta com

    06 bombas, constituindo dois blocos com 03 bombas ligadas em paralelo, sendo essas

    bombas idênticas a fim de facilitar a manutenção.

    Figura 19 – Estação elevatória EE2

    Fonte: Capturado pelo autor.

  • 42

    Na Figura 20 e Tabela 4 podem-se identificar os pontos de funcionamento das

    bombas para as diversas situações de estação elevatórias (EE1 ou EE2) e cenários (1 e

    2), em que para a EE1 o cenário 01 consiste no bombeamento do RD 04 para o stand

    pipe1 01, localizado na Rua Major Jorge Martiniano e que destina para a Lagoa de

    infiltração da Lagoinha. Já para a EE2, o bombeamento é realizado do RD 05 (CTG),

    Figura 21, para a lagoa de Infiltração entre as dunas de Lagoinha.

    Já o cenário 02 consistiria no bombeamento do RD 04 para o stand pipe 02,

    localizado na Av. Engenheiro Roberto Freire, para a EE1, e para a EE2, seria do CTG

    para o stand pipe 02, localizado na Av. Engenheiro Roberto Freire.

    Figura 20 – Ensaios de vazão do sistema de bombeamento.

    Fonte: LR- Engenharia, 2009.

    Tabela 4 – Resultado dos ensaios do sistema de bombeamento.

    Condição Altura Manométrica (mca) Vazão m³/h

    EE 1 x Cenário 1 (EE1.1) 34,9 518,8

    EE 1 x Cenário 2 (EE1.2) 39,5 441,2

    EE 1 x Cenário 1 (EE2.1) 34,5 525,6

    EE 1 x Cenário 2 (EE2.2) 40,8 419,9

    Fonte: LR- Engenharia, 2009.

    1 Reservatório elevado com a estrutura de elevação embutida.

  • 43

    Figura 21 – Projeto do percurso do escoamento por galerias e estações elevatórias

    Fonte: LR- Engenharia, 2009.

    As estações elevatórias EE1 e EE2, segundo o projeto inicial, para condições

    excepcionais, ou seja, para o cenário 02, durante eventos com período de retorno

    superior a 10 anos o sistema deveria operar em paralelo, com destino para o sistema de

    drenagem da Via Costeira existente, duplicando a capacidade de bombeamento do

    sistema, onde no dimensionamento do sistema da sub-bacia XIX-2 se recomenda a

    implantação de um mini-emissário submarino, o qual não foi construído, resultado de

    uma ação civil pública de número 0011450-03.2008.4.05.8400 movida pelo Ministério

    Público e publicada no dia 11/12/2013, que trata como inadequada a construção

    obrigatória do mini-emissário submarino de águas pluviais, apesar de comprovada a

    ausência de capacidade poluidora do mesmo.

    O julgador da ação considerou duvidosa a execução técnica da estrutura, por

    acreditar que a utilização seria eventual e incerta, já que o mesmo, por só entrar em

    funcionamento em casos críticos, provocando assim um possível grande intervalo de

    desuso, o que acarretaria um oneroso e permanente plano de manutenção. Há também a

    probabilidade de degradações por incrustações nos dutos e difusores. O que o julgador

    do caso, considerou um investimento duvidoso no ponto de vista técnico, já que aos

    olhos do mesmo, a capacidade de retenção e infiltração dos reservatórios de detenção,

    vem sendo subutilizadas.

  • 44

    Em contrapartida tanto a SEMOV (Secretaria Municipal de Obras Públicas e

    Infraestrutura), quanto a LR-Engenharia (informação verbal), através de estudos de

    sondagem subterrânea, descobriram a existência de uma barreira geológica na região, a

    qual não deixa que a água de Lagoinha desça para o mar. Então Lagoinha é um

    manancial subterrâneo fechado e até o momento deste trabalho, já estamos em 8 anos de

    seca, o que significa que são 8 anos com precipitações no período de inverno abaixo da

    média.

    De acordo com estudos realizados pela empresa responsável, quando o lençol se

    encontra na cota de 30 m ele aflora, ocorrendo casos de chegar até a cota 32, 33 m.

    Atualmente, o manancial de Lagoinha hoje se encontra na cota 27 m. Por isso que ao

    passar pelos reservatórios, é fácil identificar que eles estão secos.

    Nos estudos pode se verificar que caso aconteça 1, 2 ou 3 anos de inverno

    intenso, o manancial de Lagoinha pode elevar-se, não tendo condições de receber essa

    água excedente, provocando inundação nos bairros de Ponta Negra, Capim Macio e

    nas proximidades do CTG, invadindo ruas e alguns conjuntos dentro da região do

    manancial.

    Por este motivo foi sugerido o mini emissário submarino, que em anos de seca

    as estações elevatórias iriam bombear apenas para Lagoinha, mas quando tivesse a

    ocorrência de anos de intenso inverno mandaria para o emissário. Deveria existir um

    bombeamento no RD 04 e RD 05, para o mar. Então, atualmente, só existe o sistema de

    bombeamento para Lagoinha, que de acordo com os órgãos responsáveis pela

    infraestrutura de drenagem da sub-bacia, não tem ocorrido problemas, pois não tem

    ocorrido eventos intensos de precipitação, mas caso aconteça um aumento de chuvas,

    certamente ocorrerão problemas.

    Além da não construção de um dispositivo extravasor, para aliviar as vazões

    excedentes, se verificou que no reservatório de detenção 05, no CTG, o sistema de

    bombeamento, atualmente, encontra-se com boa parte enterrado, devido ao

    assoreamento. E a subestação teve o seu sistema de fiação elétrica roubado, dado que na

    ocorrência de um evento de precipitação com chuvas acumuladas para um tempo de

    recorrência de 50 anos, tempo esse para o qual o sistema foi projetado, a estação

    elevatória do CTG não funcionará, o que certamente, irá causar inundações e diversos

    transtornos à população.

  • 45

    5.5 Limpeza pública dentro e no entorno dos reservatórios de detenção

    A expansão urbana e populacional da cidade do Natal nas últimas décadas

    trouxe por consequência o aumento da produção de resíduos sólidos industriais,

    orgânicos e os provenientes da construção civil, como restos de demolições, entre

    outros. Aumento este que necessariamente amplia a demanda de serviços da entidade

    responsável pela limpeza urbana municipal, que no caso vem a ser a Companhia de

    Serviços Urbanos de Natal (Urbana).

    De acordo com (Parkinson et al, 2003) a tendência atual é fortalecer nos planos

    municipais de saneamento básico e nos planos específicos de cada pilar do saneamento,

    a participação popular e a educação ambiental, encorajando a população local em três

    pontos principais: a participação do cidadão, a cooperação social e a integração das

    políticas urbanas.

    Nakazone (2005) chama a atenção para implantação de medidas de cunho não

    estruturais como exemplo a educação ambiental a fim de gerar o engajamento público

    na proteção das águas, pelo simples fato de incentivar a manutenção de suas próprias

    propriedades e a disposição correta do resíduo, ou seja; de certa forma estamos tratando

    da importância do trabalho integrado entre os pilares do saneamento básico. Entretanto,

    o que se tem observado nas lagoas da cidade do natal é o grande acúmulo de vegetação

    e resíduos sólidos (Figura 22).

    Segundo a Tribuna do Norte, (Junho 2018) as lagoas de captação próximas a

    áreas residenciais de Natal, acumulam lixo e vegetação ao redor e com o início da

    quadra chuvosa no litoral, as lagoas ganham maior volume e a tendência é de

    agravamento dos problemas. Logo, é preciso que a população seja educada quanto as

    consequências de enchentes.

    Figura 22 – Acúmulo de Resíduos sólidos e vegetação em reservatório de Natal/RN.

  • 46

    Fonte: Tribuna do Norte, Junho de 2018.

    Também foi verificado in loco pelo autor deste diagnóstico, que todos os

    reservatórios, objeto de estudo, estão em condições de abandono por parte da entidade

    municipal responsável, Urbana. Como mostram as Figuras 23 a 29.

    Figura 23 – Ocorrência de erosão e elevação da vegetação no RD 01

    Fonte: Capturada pelo autor, em 31/10/2018.

    Figura 24– Elevada vegetação no RD 01

    Fonte: Capturada pelo autor, em 31/10/2018.

  • 47

    Figura 25 – Elevada vegetação no RD 02

    Fonte: Capturada pelo autor, 09/07/2018

    Figura 26 – Elevada vegetação no RD 02

    Fonte: Capturada pelo autor, 09/07/2018

    De acordo com informações cedidas pela SEMOV e confirmadas pela LR-Engenharia,

    os reservatórios RD 01 e RD 02 foram projetados para que durante o período seco fossem

    utilizados como espaços recreativos de esporte e lazer, tal como uma quadra poliesportiva, e

  • 48

    esta é uma das razões desses reservatórios serem construídos com dois patamares em níveis

    diferentes.

    Entretanto, algumas variáveis do não uso dos reservatórios para esta finalidade,

    precisam ser abordadas, tais como:

    ● O crescimento excessivo de vegetação e a não realização da manutenção por

    responsabilidade do município, mas precisamente pela Urbana. Uma observação que

    precisa ser feita é que a maioria das fotos apresentadas da situação dos reservatórios foi

    feitas durante o período de seca, o qual deveria ser aproveitado para a realização da

    limpeza e manutenção dos reservatórios;

    ● A qualidade da informação prestada à população local de que tais reservatórios possuem

    essa finalidade;

    ● A região na qual os reservatórios estão localizados está cercada por condomínios

    residenciais, os quais em sua maioria já dispõem de uma estrutura física de esporte e

    lazer;

    ● A crescente violência e insegurança no município nos últimos anos corroboram para

    que crianças, adolescentes e jovens, ou demais membros da sociedade que pudessem vir

    à utilizar esse tipo de infraestrutura para esporte e lazer, busquem com mais frequência

    ambientes privados, fechados e que possam lhes fornecer maior segurança e conforto.

    Figura 27 - Presença de resíduos sólidos e elevada vegetação no RD 03

    Fonte: Capturada pelo autor, 31/10/2018

  • 49

    Figura 28 - Presença de resíduos sólidos junto a entrada da bomba,

    além de apresentar elevada vegetação no RD 04.

    Fonte: Capturada pelo autor, 31/10/2018

    Figura 29 - Elevada vegetação no RD 05 e a presença de pessoas pescando.

    Fonte: Capturada pelo autor, 31/10/2018

    A ampliação dos serviços de limpeza potencializa a problemática da deficiência

    da gestão da limpeza pública e resíduos sólidos no município, por consequência passa a

  • 50

    prejudicar o sistema interligado da microdrenagem (sarjetas, bocas de lobo, galerias,

    etc.) e da macrodrenagem (reservatórios de detenção e lagoa de infiltração), já que o

    escoamento superficial por meio das sarjetas e o escoamento subterrâneo por meio das

    bocas de lobo e galerias, encontram obstáculos físicos, tais como: resíduos de

    construção, podas, restos de madeira, móveis inaproveitáveis, vegetação, etc. Algumas

    dessas questões podem ser observadas na Figura 30 do RD 05. Os quais além de poder

    provocar obstrução de tubulações, podem trazer consigo, questões negativas referentes a

    estética, ao mau cheiro, ao crescimento de vegetação, sendo capaz de proliferar vetores

    e causar doenças.

    Figura 30 - Lençol superficial do RD 05,

    com a presença de resíduos sólidos e vegetação elevada.

    Fonte: Capturada pelo autor, 31/10/2018

    A ineficiência dos serviços referentes a limpeza dos dispositivos da micro e da

    macrodrenagem, fato que a LR-Engenharia, considera que podem ser atribuídos a:

    ● Escassez de agentes de limpeza pública destinados a essas funções;

    ● Ausência de formação técnica dos agentes de limpeza pública;

    ● Problemas construtivos nos sistemas;

    ● Presença volumosa de água servida em alguns pontos de drenagem

    superficial;

  • 51

    ● Alguns reservatórios apresentam taludes muito inclinados, além de não

    oferecerem condições de entrada de maquinário pesado (retroescavadeira,

    trator e caminhão basculante;

    ● Não disponibilidade de equipamentos mecânicos para limpeza e

    desassoreamento dos reservatórios;

    ● Deficiência na tentativa de um programa de educação ambiental para a

    população local e o esclarecimento do funcionamento e importância do

    sistema.

    5.6 Sugestões para o melhoramento do serviço de limpeza dos dispositivos

    drenagem:

    ● Construção de estruturas que facilitem a entrada e permanência de

    maquinário pesado e de seus operadores;

    ● Realização de capacitação, com equipes que forem destinadas aos serviços

    de limpeza dos reservatórios;

    ● Utilização de equipamentos tipo dragas de sucção e recalque, a fim de

    proceder com a remoção dos sedimentos no fundo, o que também pode ser

    uma medida de controle da fertilização interna de nutriente como fósforo e

    nitrogênio.

    Apesar de ter se passado 15 anos, aparenta não ter ocorrido muitas mudanças ao

    que TUCCI (2003) aborda sobre a forma do poder público pensar e a velocidade em

    agir. No Brasil, a gestão pública não se preocupa com a prevenção de enchentes, pois,

    na maioria das vezes, o município espera que aconteça inundações para declarar

    calamidade pública, para então conseguir recursos a fundo perdido sem realizar

    concorrência pública.

  • 52

    6. Conclusões

    Conclui-se que de acordo com as estatísticas, que quanto mais o tempo passa,

    mais nos aproximamos de uma chuva com um tempo de recorrência de 50 anos, para o

    qual o sistema foi inicialmente dimensionado. Ainda que esse evento de precipitação

    extremo não ocorra de imediato, contudo, caso haja uma sequência de 03 anos, de

    inverno com chuvas acima da média, a probabilidade de um colapso no sistema é muito

    grande, pois o nível do lençol elevará a cada ano.

    Durante o período avaliado neste trabalho não foi identificado nenhum caso de

    transbordamento nos reservatórios de detenção, fato que está relacionado ao longo

    período de seca e má distribuição da chuva na região Nordeste, o que não garante a total

    eficiência do sistema de macrodrenagem da sub-bacia XIX-2.

    Apesar das divergências quanto à viabilidade de construção do mini emissário

    submarino de águas pluviais, entre as secretárias municipais responsáveis por esta

    infraestrutura, como também a LR-Engenharia e o Ministério Público do Meio

    Ambiente, é de conhecimento, uma vez que, com a não construção do mini emissário, se

    faz necessário a realização de estudos e de adoção de medidas estruturais e não

    estruturais, com as devidas preocupações e rapidez que o caso em questão necessita.

    Na atualidade se estudam duas possíveis soluções para o extravasamento do

    excedente precipitado, que seriam: a Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do

    Norte (CAERN), instalar uma bateria de poços subterrâneos, para remover esse

    excedente, visto que, essa água subterrânea é de boa qualidade para o uso, pois, as

    dunas servem como um filtro natural muito eficiente. Mas isso possui um custo e não se

    sabe se a CAERN vai querer assumir. E a outra solução, seria através de uma adutora

    que transportaria essa água até o Rio Pitimbu, próximo a Cophab, Parnamirim. Nas

    proximidades existe uma lagoa, que faz divisa com o terreno da Barreira do Inferno,

    para qual a água seria bombeada e em seguida, teria um sistema que iria recalcar essa

    água para o Rio, o que também é uma solução bastante onerosa. Contudo, esses estudos

    são apenas para a concepção. É importante que haja agilidade na negociação de

    viabilidade de alguma solução. Na medida que no início de 2019, ocorrerá a mudança

    de governo, o que possivelmente causará mais um retardo a adoção das soluções. O que

    passará a ser uma viabilidade política, envolvendo o prefeito de Natal, a governadora

    eleita, os secretários das autarquias responsáveis e os representantes da CAERN.

  • 53

    É necessária uma participação maior da sociedade, enquanto fiscalizadora e

    mantenedora dos espaços e infraestruturas públicos, visto que a adoção de medidas

    estruturais e não estruturais, cresce à proporção que o desenvolvimento urbano da

    cidade aumenta. Vale salientar que a finalidade dessas iniciativas sociais deve ser,

    cobrar dos responsáveis as devidas ações para a solução e prevenção de não ocorrências

    de sobrecargas no sistema de macrodrenagem da sub-bacia XIX-2, o que caso não

    venha a ser executado, pode se tornar um grande potencializador da propagação de

    vetores transmissores de doenças.

  • 54

    7. Referências Bibliográficas

    ANDRADE NETO, C. O. de. Desenvolvimento Tecnológico. P. 350-419. In:

    REZENDE, S. (Org.). Panorama do Saneamento Básico do Brasil Vol. VII –

    Cadernos temáticos para o panorama do saneamento básico no Brasil. Brasília:

    Ministério das Cidades, 2011.

    BARROS, A. J. P. de; LEHFELD, N. A. S. Projeto de pesquisa: propostas

    metodológicas. 22° Edição - Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

    BARROS, J. D.; FURTADO, M.L.S.; COSTA, A.M.B.; MARINHO, G.S.; SILVA,

    F.M. (2013). “Sazonalidade do vento na cidade de natal/rn pela distribuição de

    weibull”. Sociedade e Território, Natal, v. 25, n. 2, ed. esp., p. 78-92.

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    São Paulo: Edgard Blücher, 1985.

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    na recarga de aquífero. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande

    do Norte, Natal, 2015.

    FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual de saneamento. 3. ed. rev. - Brasília:

    Fundação Nacional de Saúde, 2006. 408 p.

    GURGEL, G. M. Crescimento urbano e seus impactos no sistema de drenagem de

    uma bacia em Natal-RN, Natal-RN. 2016. 83f. Dissertação (Mestrado em Engenharia

    Sanitária) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN.

  • 55

    IBGE, Censo demográfico 1940-2010. Até 1970 dados extraídos de: Estatísticas do

    século XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2007 no Anuário Estatístico do Brasil, 1981, vol. 42,

    2010.

    INMET, Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em:

    . Acesso em, 30 de

    setembro de 2018.

    IPT/SP. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo. Disponível em:

    . Acesso em, 25 de Agosto

    de 2018.

    JUSTIÇA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Boletim 2013.000391 -