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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE MACRODRENAGEM DOS
RESERVATÓRIOS DE DETENÇÃO DA SUB-BACIA XIX-2 EM
NATAL-RN
BRUNO LOPES DA MATA DA FONSECA E SILVA
NATAL/ DEZEMBRO
2018
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BRUNO LOPES DA MATA DA FONSECA E SILVA
DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE MACRODRENAGEM DOS RESERVATÓRIOS
DE DETENÇÃO DA SUB-BACIA DE DRENAGEM XIX-2 EM NATAL-RN.
Trabalho de Conclusão de Curso,
apresentado à Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como parte dos requisitos
para obtenção do grau de Engenheiro
Ambiental.
Orientadora: Profº. Dra: Vanda Maria de Lira
NATAL/ DEZEMBRO
2018
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BRUNO LOPES DA MATA DA FONSECA E SILVA
DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE MACRODRENAGEM DOS RESERVATÓRIOS
DE DETENÇÃO DA SUB-BACIA DE DRENAGEM XIXI-2 EM NATAL-RN.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Profª. Dsc: Vanda Maria de Lira
(Orientadora - Membro Interno - UFRN)
______________________________________________
Prof.Msc. Diego Souza de Oliveira
(Examinador - Membro interno - UFRN)
______________________________________________
Prof. Msc. Marcos André Capitulino de Barros Filho
(Examinador - Membro externo - UNP)
NATAL/ DEZEMBRO
2018
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FICHA CATALOGRÁFICA
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“Porque não podemos deixar de falar o que temos visto e ouvido. Pois nele vivemos,
nos movemos e existimos. ”
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por tudo que tem feito em minha vida, apesar do meu não
merecimento e entendo que tudo que possuo é fruto unicamente da sua abundante graça.
Vivenciei vários milagres nesses anos e em especial na elaboração deste trabalho.
A meu pai, que sempre me apoiou e se esforçou para que eu tive condições de
alcançar uma qualificação e poder batalhar mais preparado, o senhor é muito importante
para mim.
À minha mãe que também, sempre se preocupou e sempre esteve junto, mesmo
quando não pode estar presente fisicamente, obrigado por todo amor e incentivo e foi
muito decisiva nessa reta final.
À minha namorada Rafaella Bulhões, que esteve comigo diariamente na
realização desse sonho. Que sempre se prontificou em me ajudar no que fosse
necessário.
À minha querida professora orientadora Vanda Lira, que quando pensei em
desistir se apresentou como uma verdadeira mãe e acreditou que seria possível, mesmo
diante das dificuldades. A senhora, além de agradecer preciso pedir perdão, por muitas
vezes não acreditar em mim mesmo e por ser ausente.
Meus agradecimentos аos eternos amigos que fiz, aos companheiros das
madrugadas em claro estudando para as provas, principalmente, Pedro Régis, fazendo
trabalhos, ao ponto em que nem o café mais conseguia nos manter acordados, a esses
que se apresentaram como irmãos e irmãs e que com certeza fazem parte da minha
formação е permaneceram presentes em minha vida.
Aos amigos e irmãos da vida, que me acompanharam e apoiaram desde a entrada
na Universidade até a este momento.
Aos amigos da IBZONASUL, tanto os brasileiros e gregos, natalenses, os que
voltaram de longe, e os que precisam traçar altos voos. Em especial a minha querida
célula reticências (...), que me ensinaram nesses últimos dois anos a ser mais humano,
entender mais o outro e também me permitir errar.
In Memorian, aos eternos doutores Diogo Nóbrega, Guttemberg Martins e ao
ilustre e inesquecível Cícero Onofre.
A Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (SEMOV), na Pessoa
do Geógrafo Uéliton Cabral da Silva, que mesmo sem saber me deu um grande presente
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de aniversário a se dispor em ir comigo em cada reservatório, explicado passo a passo o
seu funcionamento.
A Anderson e Sérgio Pinheiro, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos
Recursos Hídricos (SEMARH), que não mediram forças para me fornecer dados e
contatos de outras pessoas que poderiam me ajudar.
A todos que compõem a LR-Engenharia, que também com muita simplicidade
me atenderam e estiveram disponíveis a responder cada um de meus questionamentos.
A coordenação do curso na pessoa da Professora Joana Darc e da servidora Dacifran
Carvalho, por toda disponibilidade em sempre ajudar da melhor forma possível.
Aos queridos docentes Marcos Barros e Diego Souza de Oliveira, aos quais
aceitaram compor a banca de avaliação deste trabalho e deixaram a sua contribuição de
forma enriquecedora.
Por fim, a todos que contribuíram de outras formas, que simplesmente torceram
por mim e acreditaram que seria possível, meu muito obrigado.
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RESUMO
O processo de urbanização brasileiro e desenvolvimento das cidades ocorreu de forma
desordenada e insustentável, tanto para as condições urbanas, como para o meio
ambiente e para a saúde humana. A infraestrutura das cidades não conseguiu
acompanhar o acelerado crescimento populacional, que necessitava de forma urgente,
de melhorias nos sistemas urbanos de transporte, de abastecimento de água, de
esgotamento sanitário, de drenagem urbana e de locais de moradia. Neste contexto, a
fim de sanar essa problemática, surgem e ressurgem algumas técnicas de otimização dos
sistemas de saneamento ambiental, sendo a drenagem urbana um importante pilar desse
sistema. Os reservatórios de detenção das águas pluviais, são tecnologias de
melhoramento do sistema de drenagem. Este trabalho objetiva avaliar o sistema de
macrodrenagem dos reservatórios de detenção da sub-bacia de drenagem XIX-2 em
Natal- RN, na região de Lagoinha, verificando o seu comportamento através de dados
de precipitação dos últimos cinco anos, bem como avaliar o seu monitoramento com
relação a sua manutenção física e o seu impacto na prevenção de inundações e cheias.
Palavras-Chaves: águas pluviais, impacto ambiental, recarga do aquífero, lagoa de
infiltração.
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ABSTRACT
The process of brazilian urbanization and development of cities was given in a
disorderly and unsustainable way, both for urban conditions, for the environment and
for human health. The city capital is not able to keep up with population growth, urgent
maintenance needs, and improvement in urban transport systems, water supply, sewage,
urban drainage and housing location. This context is a problem and surging and surging
some technical techniques to environmental systems are conservation system, which
must be important and higher system. Rainwater reservoirs are the technologies for
improving the drainage system. This service aims at evaluating the macrodrainage
system of the detention reservoirs of the drainage sub-basin XIX-2 in Natal-RN, in the
Lagoinha region, with verification of its behavior through sequencing data of the last
five years, as well as its evaluation monitoring of their physical measures and their
impact on flood and flood prevention.
Key words: rainwater, environmental impact, recharge of the aquifer, infiltration pond.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Divisão setorial do município de Natal quanto à drenagem pluvial……........24
Figura 2 - Bacia de drenagem XIX, Natal/RN……...………………...................…......26
Figura 3 - Localização dos reservatórios de detenção……..…................…….………..26
Figura 4 - Micro bacia pertencentes a sub-bacia XIX-2…………………..........……....27
Figura 5 - Proximidades do Reservatório de Detenção 01 (RD 01)................................30
Figura 6 - Proximidades do Reservatório de Detenção 02 (RD 02)................................31
Figura 7 - Proximidades dos Reservatórios de Detenção 03 e 04 (RD 03 e 04).............32
Figura 8 - Proximidades do Reservatório de Detenção 05 (RD 05)................................33
Figura 9 - Proximidades da Lagoa da Infiltração da Lagoinha…………………..….....33
Figura 10- Precipitação mensal acumulada por mês, no período de 2013 a 2017,
Natal/RN…………………………………….................................….....….34
Figura 11- Evolução anual da precipitação entre Jan/2013 a Jul/2018 com volumes
máximos e mínimos, Natal/RN…………......................................………...35
Figura 12 - Precipitações mensais no ano de 2013, Natal/RN……..…….............…….36
Figura 13 - Precipitações mensais no ano de 2014, Natal/RN…………...........……….37
Figura 14 - Precipitações mensais no ano de 2015, Natal/RN……………………...….37
Figura 15 - Precipitações mensais no ano de 2016, Natal/RN…………...................….38
Figura 16 - Precipitações mensais no ano de 2017, Natal/RN……………………........38
Figura 17- Precipitações mensais entre janeiro e julho do ano de 2018 –
Natal/RN….......…………………………………………………….......….39
Figura 18 - Evolução da precipitação entre Janeiro do ano de 2013 entre julho do ano de
2018, Natal/RN….…...………................................................…………….40
Figura 19 - Estação elevatória EE2…………………...........................................……..41
Figura 20 - Ensaios de vazão do sistema de bombeamento……………………............42
Figura 21-Projeto do percurso do escoamento por galerias e estações
elevatórias…………...............................………................................……..43
Figura 22 -Acúmulo de Resíduos sólidos e vegetação em reservatório de
Natal/RN……..........................................................................…………….44
Figura 23 - Ocorrência de erosão e elevação da vegetação no RD 01……..........……..46
Figura 24 - Elevada vegetação no RD 01……..……………………......................…....46
Figura 25 - Elevada vegetação no RD 02………......…………………..........................47
Figura 26 - Elevada vegetação no RD 02…………………............................………....47
Figura 27 - Presença de resíduos sólidos e elevada vegetação no RD 03……...............48
Figura 28 - Presença de resíduos sólidos junto à entrada da bomba, além de apresentar
elevada vegetação no RD 04……………………………….................…...49
Figura 29 - Elevada vegetação no RD 05 e a presença de pessoas pescando…….........49
Figura 30 -Lençol superficial do RD 05, com a presença de resíduos sólidos e
vegetação elevada………….....……………………………………………50
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Bacias localizadas na zona Norte de Natal……………................……....….25
Tabela 2 - Bacias localizadas nas zonas Lestes, Oeste e Sul de Natal………................25
Tabela 3 - Ensaio de permeabilidade na Lagoa de Infiltração entre as dunas de
Lagoinha…....………………………………..................................…...…..41
Tabela 4 - Resultado dos ensaios do sistema de bombeamento…………................…..42
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SUMÁRIO
1. Introdução………………………………………………………………….…….…..13
2. Objetivos………………………………………………………………………..…....15
2.1 Objetivo geral…………………………………………………………..…………..15
2.2 Objetivos específicos……………………………………………………………….15
3. Referencial Teórico…………………………………………………………...…......16
3.1 Urbanização……………………………………..……………………………….....16
3.2 A drenagem urbana e o manejo de águas pluviais…………………..........…….…..17
3.3 Reservatórios de detenção………………………………….……………….….…..19
3.4 Sistema de drenagem urbana de Natal/RN……………….…………………….…..20
4. Material e Métodos…………………………………………………………..….…...23
4.1 Material………………………………………………………………….………….23
4.1.1 Caracterização da área de estudo…………………………………………….…...23
4.2 Métodos………………………………………………………………………..…...28
4.2.1 Reservatório de Detenção 01: RD 01 – Capim Macio…………………………...29
4.2.2 Reservatório de Detenção 02: RD 02 – Capim Macio……………………….…..30
4.2.3 Reservatórios de Detenção 03 e 04: RD 03 e 04 – Capim Macio…………....…..31
4.2.4 Reservatório do Centro de Tradições Gaúchas – CTG ou RD 05 – Ponta
Negra………………………………………………………………...……….…..32
4.2.5 Lagoa de infiltração: Lagoinha – Ponta Negra…………………………………...33
5. Resultados e Discussão……………………………………………………..………..34
5.1 Análise da precipitação………………………….………………………………….34
5.2 Análises anuais de precipitação…………………………………...………………..36
5.3 Infiltração induzida em Lagoinha…………………………………………….…….40
5.4 Sistema de bombeamento………………………..………………………………....41
5.5 Limpeza pública dentro e no entorno dos reservatórios de detenção……....….…..44
5.6 Sugestões para o melhoramento do serviço de limpeza dos dispositivos de
drenagem.................................................................................…………..………...51
6. Conclusões…………………………………………………………………...………52
7. Referências Bibliográficas…………………………………………………………...55
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1. Introdução
As transformações do uso e ocupação do solo no meio urbano provocam além de
impactos a população, impactos aos recursos hídricos, tanto com relação a infiltração da
água precipitada, quanto a seu armazenamento; subterrâneo ou superficial.
O crescimento populacional exige ampliação da infraestrutura das cidades,
principalmente nos grandes centros urbanos, o que por sua vez exige cada vez mais um
acompanhamento sustentável da infraestrutura urbana. Entre a primeira e meados da
segunda década do século XXI, houve um forte crescimento da construção civil, o qual
estimulou o desenvolvimento do crescimento vertical e impermeabilização do solo nas
grandes cidades. O município de Natal-RN se caracteriza por ser uma região com alto
potencial turístico, atraindo assim a atenção de investimentos de um capital estrangeiro,
como também novos moradores que migraram de diversas cidades do país, como
também de outros países, fortalecendo o mercado imobiliário. Em decorrência desse
crescimento se tem como resultados impactos urbanísticos e de infraestrutura urbana, a
exemplo da ineficácia dos serviços básicos de limpeza pública e de drenagem.
A ineficiência desses sistemas gerada pelo excesso de impermeabilização e a
ocupação irregular das áreas ribeirinhas concorrem para o agravamento das inundações,
da contaminação dos mananciais por poluentes orgânicos e químicos carreados durante
as chuvas e da retenção de água na superfície do solo, o que muitas vezes é agravada
por falta de conhecimento dos gestores responsáveis pelas questões de drenagem urbana
o que contribui diretamente para as suas tomadas de decisão.
O sistema de drenagem urbana se destaca como um dos mais sensíveis aos
problemas causados pela urbanização. O esgotamento das águas pluviais requer um
estudo complexo e seu planejamento deve ser integrado às diretrizes de crescimento das
cidades, em razão da interferência direta com os demais sistemas de saneamento básico,
sob pena de perder a sua eficiência. Andrade Neto (2011) destaca que as interações da
drenagem das águas pluviais com o sistema de limpeza pública, o manejo de resíduos
sólidos e com as questões de controle de vetores, precisam ser mais bem estudadas.
A gestão da drenagem urbana contém o manejo das águas pluviais no tempo e
espaço, a fim de reduzir impactos à sociedade e ao ambiente. A visão moderna da
gestão desenvolve a integração dos recursos hídricos na bacia hidrográfica e das águas
urbanas, incluída a drenagem urbana (TUCCI, 2012).
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As precipitações pluviométricas inconstantes e irregulares na cidade do Natal
geraram inúmeros problemas de ordem urbanística, ambiental e sanitária, favorecendo a
geração de graves riscos à vida e a saúde da população, em decorrência de inundações
inesperadas, bem como da disseminação de diversas doenças.
Os reservatórios de detenção e infiltração são estruturas abertas que constituem
o sistema de macrodrenagem das águas pluviais urbanas. O objetivo dos reservatórios
de detenção e infiltração é de reduzir os impactos hidrológicos, promovendo o aumento
da capacidade de armazenamento de uma bacia, a qual possua um alto índice de
impermeabilidade do solo.
Normalmente secos durante as estiagens, os reservatórios de detenção são
projetados para reter as águas durante e após o curto período de chuvas. Apesar de ser
obrigada a instalação de extravasores nos reservatórios, a detenção da precipitação e
volume de escoamento nos reservatórios potencializam o tempo de permanência da
água, reduzindo significativamente as vazões que saem das sub-bacias, viabilizando as
soluções de descarga por bombeamento, a fim de garantir a equalização das vazões.
De acordo com Tucci (2007), os reservatórios de detenção e infiltração podem
ser utilizados para o controle da vazão de pico ou máxima, amortecendo a vazão a
jusante, controlando o volume escoado, os materiais sólidos e a erosão, e, como
também, o controle da qualidade da água precipitada.
O direito ao saneamento básico como previsto nos artigos 196 e 225 da
Constituição Federal de 1988 (CF 88), equivale a um agrupamento de serviços,
infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento, o qual está incluso a
drenagem urbana e o manejo das águas pluviais. O reconhecimento do acesso ao
saneamento básico como direito social, apresenta à drenagem de águas pluviais como
elemento estruturante de efetivação dos direitos sociais, a fim de garantir um meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
O conhecimento das alterações realizadas no solo decorrentes do uso e ocupação
é importante para identificar o comportamento do escoamento na bacia, a fim de que
permita a existência de um auxílio na produção de medidas para o desenvolvimento
sustentável da região.
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2. Objetivos
2.1 Objetivo geral
Avaliar as condições do sistema de macrodrenagem urbana e o manejo das águas
pluviais da sub-bacia XIX-2 localizada no bairro de Capim-Macio, zona sul da cidade
do Natal, levando em consideração os possíveis impactos socioeconômicos e
ambientais.
2.2 Objetivos específicos
● Analisar a estruturação espacial e demais características técnicas dos
dispositivos de drenagem da sub-bacia de drenagem XIX-2, localizada na região
urbana na zona sul de Natal;
● Abordar a importância da educação ambiental na gestão eficiente dos pilares do
saneamento ambiental, com foco em sistema de drenagem urbana;
● Através de dados hidrológicos, analisar o comportamento das precipitações na
região em estudo;
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3. Referencial Teórico
Urbanização
Na busca por maior conforto, o homem sempre atuou como agente
transformador do meio em que vive. Com o passar dos anos e aperfeiçoamento das
técnicas, as mudanças passaram a ser mais significativas e beneficiadoras. Tais
modificações propiciaram o crescimento da qualidade e da expectativa de vida que
resultaram no crescimento populacional modificando todo o processo de urbanização
das cidades (ONU, 1972).
Para Botelho (1985), urbanizar inclui executar alterações no meio, como retirar
considerável parte da cobertura vegetal do solo, abrir passagens e ruas, execução de
cortes e aterros, construções de edificações, pavimentar ruas e permitir a habitação do
local.
A urbanização tem sido mais intensa nas últimas décadas em países emergentes,
incluindo o Brasil e também constitui a causa de alguns conflitos enfrentados pelo
homem. A falta de planejamento nos projetos e obras contribui para um crescimento
desordenado, não permitindo às obras de infraestrutura acompanharem suas respectivas
demandas.
Tucci (2003) afirma que o desenvolvimento urbano altera a conFiguração da
vegetação no solo, refletindo em mudanças também no ciclo hidrológico. Além disso, a
impermeabilização por meio de coberturas, pisos, lajes, asfalto, reduz a infiltração do
solo e potencializa o escoamento da água, exigindo maior capacidade de escoamento
das seções. Ainda segundo o autor, o escoamento de águas pluviais pode causar
enchentes e gerar impactos às áreas urbanas por meio de inundações de áreas ribeirinhas
e inundações devido a urbanização, podendo estas acontecer isoladamente ou em
conjunto. As enchentes aumentam a sua frequência e magnitude devido à
impermeabilização, ocupação do solo e a construção da rede de condutos pluviais. O
desenvolvimento urbano pode também produzir obstruções ao escoamento, como
aterros e pontes, drenagens inadequadas e obstruções ao escoamento junto a condutos e
assoreamento.
Isso se traduz na completa mudança da conFiguração da bacia hidrográfica e do
seu funcionamento hidrológico, já que modifica a taxa de infiltração do solo pela
impermeabilização das vias urbanas, as seções de escoamento por meio da alteração da
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conFiguração do espaço, a evapotranspiração pela remoção da cobertura vegetal e,
principalmente, a vazão de escoamento também através da impermeabilização do solo.
O mesmo acontece quanto às obras de drenagem: a urbanização acelerada é o
principal fator que agrava as inundações nas cidades e aumenta a frequência e os níveis
das cheias. A causa disso é a impermeabilização de grandes áreas das bacias
hidrográficas e a ocupação de áreas próximas a corpos d’água (RAMOS et al., 1999).
Em outras palavras, a água precipitada que originalmente infiltrará no solo,
podendo alimentar aquíferos subterrâneos e superficiais, encontra o solo
impermeabilizado, sendo forçada a escoar quase que em sua totalidade. Dessa maneira,
a vazão de escoamento é aumentada e se dá origem às enchentes nos períodos de grande
chuva, ou em locais onde a infraestrutura de drenagem ainda é precária.
A inexistência ou a insuficiência de um sistema de drenagem podem levar à
ocorrência de enchentes, erosões no terreno, desbarrancamentos, aumento da velocidade
das águas prejudicando pavimentos, acúmulo de águas pela criação de pontos baixos,
impedimento do escoamento natural das águas pelas edificações e assoreamento de
corpos hídricos (BOTELHO, 1985).
As inundações, além de provocarem perdas econômicas e oferecerem risco de
graves acidentes (tais como afogamento e soterramento por deslizamento de terra) e
perdas de vida, contaminam ambientes, água e alimentos por meio da veiculação hídrica
de organismos patogênicos (TUCCI, 2003).
De acordo com o SUS do Espírito Santo (Sistema Único de Saúde/ ES, 2004),
nesses eventos, há surtos de doenças como febre tifoide, hepatite A, leptospirose e
doenças diarreicas, que também findam em perda econômica por inabilitação
temporária de mão-de-obra.
A drenagem urbana e o manejo de águas pluviais
Para os fundamentalistas da ideologia sanitarista do antigo paradigma, tudo que
se movimenta (circula) e que gera massa, não se corrompe. Então a água, o ar, os
resíduos, precisam circular. Em outras palavras, deve ser destinada para outro local, em
um processo rápido e veloz, com a finalidade de garantir a higienização pública. Tucci
(2001), afirma que esse processo ocorre em decorrência da falta de controle do espaço
urbano, que produz efeito direto sobre a infraestrutura de água: abastecimento,
esgotamento sanitário, águas pluviais (drenagem urbana e inundações ribeirinhas) e
resíduos sólidos.
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Atualmente, o antigo conceito sanitário-higienista ainda é aplicado
erroneamente, gerando projetos inadequados, que possuem como filosofia escoar a água
precipitada o mais rápido possível da área projetada. Esse critério aumenta em várias
ordens de magnitude a vazão máxima, a frequência e o nível de inundação de jusante,
(TUCCI, 2003).
Tais fatores, conforme sugere o Manual da FUNASA (2007), dão origem a
diversos problemas que afetam diretamente a qualidade de vida da população, seja no
âmbito sanitário, econômico ou social. Para evitar tais problemas, as águas pluviais
deverão ser drenadas e, como medida preventiva, deve-se adotar um sistema de
escoamento eficaz que possa sofrer adaptações, para atender à evolução urbanística, que
aparece no decorrer do tempo.
O paradigma moderno associado aos sistemas de drenagem urbana, de acordo
com Andrade Neto (2011) é o de retenção máxima da água pluvial nos locais de origem,
evitando-se, assim, as frequentes ondas de cheia observadas.
O manejo das águas pluviais urbanas apresenta dois sistemas clássicos de
drenagem; a microdrenagem e macrodrenagem. Os sistemas são formados por um
conjunto de obras e dispositivos que recebem parte do escoamento superficial de áreas
afetadas pela urbanização com o objetivo de evitar a ocorrência de inundações. A
macrodrenagem é definida pelo traçado das ruas, por fontes de deflúvios em que não se
tem um escoamento natural preciso e o sistema de pequenas galerias composto de
condutos e coletores de águas pluviais como as bocas de lobo. O sistema de
macrodrenagem formado por canais abertos ou condutos de maiores dimensões tem a
função de receber as águas pluviais dos sistemas de microdrenagem e conduzir essas
águas a um corpo de água principal com capacidade para escoar todo o deflúvio gerado
pela bacia de drenagem. Sistema que é projetado para comportar precipitações maiores
que as da microdrenagem (TUCCI, 2005).
Segundo Barros (1995) o sistema de drenagem urbana tem como objetivo
assegurar o trânsito de pedestres e veículos, controlar as erosões, proteger as
propriedades particulares localizadas em áreas sujeitas à erosão e/ou inundações e
consequentemente os cidadãos contra os riscos provocados por elas, proteger
logradouros e vias públicas, proteger e preservar obras, edificações e instalações de
utilidade pública, localizadas em vias públicas e sujeitas à destruição pelas águas de
chuva não controladas, proteger e preservar os fundos de vale e cursos d'água e eliminar
a proliferação de doenças e de áreas insalubres.
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As inundações trazem vários prejuízos à população, dentre eles, os de ordem
sanitária e ambiental. Corpos hídricos receptores sofrem contaminação, impedindo que
o equilíbrio que o equilíbrio natural seja restabelecido no meio aquático, em função do
esgoto lançado nas redes de drenagem, devido às ligações clandestinas, e a elevada
quantidade de resíduos sólidos e poluentes que seguem com o escoamento superficial
das águas pluviais. Durante um evento pode ocorrer um extravasamento do sistema de
drenagem, favorecendo a proliferação de vetores e expondo a população às doenças de
veiculação hídrica (GURGEL, 2016).
As águas precipitadas que não passarem por um sistema adequado de drenagem
podem acarretar inúmeros prejuízos a população, além dos deslizamentos de terra, que
recorrentemente viram notícias nas mídias digitais, como acontecido em Natal/RN
durante a Copa de 2014, no Bairro de Mãe Luiza, e a afogamentos, com o que acabou
por vitimar Klebson Nascimento, o qual enquanto tentava desobstruir uma boca de lobo
próximo a sua residência, para evitar uma cheia na localidade, acabou sendo empurrado
pela força da água para dentro da boca de lobo
e em seguida para a galeria, onde não resistiu.
Outros problemas, como perdas materiais, desabrigo de parte da população,
proliferação de vetores, transbordo de rios, erosão, desbarrancamento e desgaste da
infraestrutura e das ruas pavimentadas (buracos ou aumento da lâmina d’água), também
são originados nas inundações e trazem consequências para a população. Essas
consequências afetam a saúde e a economia da sociedade, e, por isso, é necessário evitar
a ocorrência das enchentes e assim alguns projetos têm sido criados ou adaptados.
Tucci (2003) fala que, no Brasil, a gestão pública não se preocupa com a
prevenção de enchentes, pois, na maioria das vezes, o município espera que aconteça
inundações para declarar calamidade pública, para então conseguir recursos a fundo
perdido sem realizar concorrência pública.
Reservatórios de detenção
Devido à grande ênfase no antigo paradigma, que entendia que as águas pluviais
deveriam ser afastadas o mais rápido possível, pode subentender que a ideia de construir
reservatórios de detenção é nova. No entanto esse tipo de técnica é bastante antiga e no
Brasil de acordo com (Tomaz, 2002) o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito em
1925, projetou dois enormes reservatórios de detenção com cerca de um milhão de
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metros cúbicos em cada, na cidade de São Paulo, apesar dos reservatórios não terem
sido construídos.
Torna-se necessário abordar outros pontos positivos da utilização dos
reservatórios de detenção, tais como os benefícios de cunho ambiental e segurança das
estruturas dos cursos d'água receptores. Deste modo, não tem a mesma intensidade de
variação de vazões escoadas, conforme ocorre nos projetos em que são consideradas
apenas as soluções de canalização. A função primeira das estruturas de armazenamento
é a de retardar as águas precipitadas sobre uma determinada área, de maneira a
favorecer a redução das vazões de pico de cheias em pontos a jusante. (São Paulo,
1999).
Os reservatórios de detenção são conjuntos de condutos e estruturas com função
de armazenamento temporário no sistema de águas pluviais, possibilitando o
amortecimento ou equalização do escoamento que segue para tal sistema (SILVEIRA,
2002).
Ainda segundo (Tomaz, 2002), reservatório de detenção pode ser aberto ou
fechado e possui a utilidade de regular a vazão de saída num valor pretendido, de modo
a amenizar os impactos a jusante da vazão de entrada e evitar problemas ocasionados
por enchentes. Existem também os reservatórios de retenção que possuem a mesma
função dos reservatórios de detenção, entretanto, eles conseguem armazenar a água por
um tempo maior.
De acordo com (Cardoso, 2015), a utilização de poços e valas de infiltração em
conjunto com os dispositivos de detenção, podem ser utilizados para aumentar a
eficiência do sistema, permitindo a obtenção de uma nova vazão de saída,
possibilitando, assim, uma recarga do aquífero local e promovendo a otimização da
equalização das vazões.
Sistema de drenagem urbana de Natal/RN
O domínio institucional da drenagem pode ser realizado por meio de legislação
municipal, a partir da observância da legislação estadual que determina os padrões a
serem mantidos nos municípios para que não sejam transferidos os impactos. É
necessário que exista um planejamento conjunto com os municípios envolvidos para se
obter uma otimização da funcionalidade de toda a bacia. Sendo assim, o município de
Natal/RN, no âmbito legislativo, referente à drenagem urbana, conta com algumas
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ferramentas, sendo estas: Plano diretor do Município, Plano Diretor de Drenagem
Urbana e o Manual de Drenagem Urbana do Município.
O Plano Diretor do Município de Natal foi instituído pela Lei Municipal
Complementar nº 82, de 21 de junho de 2007. É o instrumento básico da política de
desenvolvimento urbano sustentável do Município, bem como de orientação do
desempenho dos agentes públicos e privados que atuam na produção e gestão do espaço
urbano.
No que diz respeito ao sistema de drenagem urbana, temos como destaque um
dos critérios que assevera o cumprimento dos objetivos do Plano Diretor, no art. 3º,
inciso II – “a distribuição equânime dos custos e benefícios das obras e serviços de
infraestrutura urbana e a recuperação, para a coletividade, da valorização imobiliária
decorrente dos investimentos públicos;”. Além disso, no art. 37, tem-se que: para
empreendimentos e atividades de moderado e de forte impacto deverão apresentar
Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV, ele deverá ser executado de forma a
contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade, quanto à
qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a
análise de questões fundamentais, a qual se inclui a drenagem urbana.
Um aspecto primordial referente à drenagem urbana é a limitação da taxa de
impermeabilização (PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE NATAL, 2007).
Que de acordo com o Art. 31, do plano diretor: “A Taxa de Impermeabilização
máxima permitida no Município será de 80% (oitenta por cento) do lote e seu
descumprimento constitui infração ambiental de natureza grave, sujeitando o infrator à
penalidade de multa e à demolição da obra, além da determinação para reversão à
situação anterior; sendo atendidas as normas processuais administrativas estabelecidas
na legislação. ”
Parágrafo Único - As águas pluviais que incidem em cada lote deverão ser
infiltradas no próprio lote, através de infiltração natural ou forçada, admitindo-se
dispositivo extravasor para o escoamento de precipitações atípicas, nos termos das
licenças expedidas pelo órgão municipal de planejamento urbano e meio ambiente.
Essa legislação está de acordo com a política atual de desenvolvimento da
drenagem urbana no Brasil, que norteia o uso de medidas classificadas como de
“impacto zero” no sistema de drenagem, ou seja; privilegiam a retenção da água na
fonte, evitando a aceleração do escoamento a jusante, conforme estabelece o paradigma
prevencionista (PREFEITURA DO NATAL, 2009).
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22
Outra ferramenta de amparo ao sistema de drenagem de Natal/RN é o Plano
Diretor de Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais da Cidade do Natal –
PREFEITURA DO NATAL de 2009, que fornece subsídios técnicos e institucionais, a
fim de reduzir os impactos das inundações no Município e criar as condições para uma
gestão sustentável da infraestrutura de drenagem urbana.
Conforme exposto no PPDMA, Prefeitura do Natal (2009), foram realizados
inúmeros estudos, reuniões, consultas e audiências públicas que visam colher dados,
informações, documentos e outros fatores (como planos diretores de drenagem de outras
capitais do Brasil e de outros países) no intuito de realizar o melhor trabalho possível
dentro do prazo estabelecido em contrato entre a Prefeitura do Natal e a L.R.
Engenharia e Consultoria Ltda.
O PPDMA, é um dos documentos básicos para a política de desenvolvimento
urbano sustentável, que objetiva contribuir para a consolidação do meio urbano com a
implementação de normas, regras, estudos e diretrizes que auxiliem nas tomadas de
decisão do gestor público para a manutenção da infraestrutura existente e a implantação
da infraestrutura necessária para o controle, manejo e convívio com as águas
provenientes das precipitações pluviométricas (PREFEITURA DO NATAL, 2009).
O Plano Municipal de Saneamento Básico do Município de Natal/RN (PMSB
NATAL, 2014), no produto 02, que trata do diagnóstico do saneamento, o qual tem por
subproduto, o diagnóstico da situação dos serviços de drenagem e manejo de águas
pluviais urbanas da cidade do Natal, é uma ferramenta mais atualizada sobre o meio
urbano e características presentes no sistema de drenagem.
O subproduto permite obter uma análise crítica do Plano Diretor de Drenagem
Urbana de Natal, a gestão dos recursos hídricos, por parte do município, o que engloba
tanto à implantação de dispositivos e infraestrutura, quanto às projeções de demandas
futuras, onde se deve adotar o pensamento prevencionistas para o manejo das águas
pluviais.
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23
4. Material e Métodos
4.1 Material
4.1.1 Caracterização da área de estudo
O município de Natal, está localizado no litoral oriental do estado do Rio Grande
do Norte, entre as coordenadas geográficas 5º 47’ 40” de latitude Sul, 35º 12’ 40” de
longitude Oeste, a uma altitude média de 30,9 metros e área territorial de 170 km2, o
que equivale a 0,32% da superfície estadual (IBGE, 2010).
O clima do município de Natal, de acordo com a classificação global de Köppen,
é do tipo As’, ou seja; tropical chuvoso, quente e úmido, caracterizado por verões secos
e invernos bastante intensos. A temperatura diária varia entre 21,8ºC e 30,2ºC, com
média diária de 24,4ºC e insolação mensal bastante elevada. A umidade relativa média
anual do ar é de 79,3%, ventos com velocidade média de 4,4 m/s e intensidade de
precipitação média anual superior a 1600 mm. (Barros et al., 2013;Silva et al., 2011;
INMET, 2018).
De acordo com (PREFEITURA DO NATAL, 2009), as chuvas na região
metropolitana do município de Natal - RN, têm origem em sistemas hidro
meteorológicos, tendo dois como principais influenciadores, os quais são: Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT) e Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
Contudo, as chuvas da região também sofrem a ação acentuada dos fenômenos El Niño
(seca) e La Niña (chuva), que estão relacionados com as temperaturas do Oceano
Pacífico e as Ondas de Leste relacionadas às temperaturas do Oceano Atlântico. As
chuvas de longa duração correspondem a eventos de grande magnitude, agindo sobre
grandes áreas, muitas vezes atingindo toda a região urbana de Natal. Outras vezes, são
observadas chuvas locais ao longo do dia, provocadas pela ascensão de massas úmidas
de ar, causando chuvas intensas de curta duração e localizadas.
No Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais, o município está
dividido em dois setores distintos pelo estuário do Rio Potengi (Prefeitura do Natal,2009).
O Setor I que engloba com a Zona Norte e o Setor II onde estão inseridas as zonas
Leste, Oeste e Sul como mostra a Figura 1.
Figura 1- Divisão setorial do município de Natal quanto à drenagem pluvial.
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24
Fonte: Prefeitura do Natal, 2009.
O município de Natal, apesar de sua posição geográfica privilegiada, tendo em
vista que se situa num platô com altitude média acima de 30 m em relação ao nível do
mar e apresenta uma superfície territorial com formato triangular com perímetro
banhado pelos Rios Potengi e Pitimbu e pelo mar em quase todo a sua extensão,
apresenta-se com um sistema de drenagem natural muito deficiente, com pequenos
cursos d’águas efêmeros que se desenvolvem na periferia da cidade. Essas
características de relevo fazem com que a drenagem de Natal tenha aspectos muito
peculiares, com dificuldades próprias para a implantação de sistemas eficientes de
drenagem. A maioria das soluções adotadas nos últimos anos envolve a construção de
sistemas de drenagem isolados, conectados a lagoas de acumulação e infiltração nos
pontos mais baixos das bacias. A construção de lagoas de infiltração contribui para a
recarga do aquífero do local, no entanto, requer grande espaço para a absorção dos
volumes escoados; este é o principal fator restritivo deste tipo de solução, tendo em
vista a disponibilidade atual limitada de terrenos para a construção das lagoas de
acumulação (Prefeitura do Natal, 2009).
O Plano de Drenagem atualizou a divisão das bacias existentes no município de
Natal, tendo como critério de definição, o escoamento para os corpos d’águas
receptores. Assim foram identificadas 20 (vinte) bacias, sendo 6 (seis) na Zona Norte de
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Natal e 14 (quatorze) nas Zonas Leste, Oeste e Sul. Como apresentado nas Tabelas 1 e
2, respectivamente.
Tabela 1 – Bacias localizadas na zona Norte de Natal
Fonte: Prefeitura do Natal, 2009.
Tabela 2 – Bacias localizadas nas zonas Lestes, Oeste e Sul de Natal
Fonte: Prefeitura do Natal, 2009.
O sistema de drenagem de Natal apresenta 72 lagoas de drenagem distribuídas
pela cidade. Entretanto, apesar da existência de um sistema de drenagem, muitos pontos
da cidade sofrem com a ocorrência de alagamentos. No processo de formulação do
Plano de Drenagem de Natal foram cadastrados 108 pontos críticos de alagamento,
sendo 32 pontos críticos na Zona Norte, 20 pontos críticos na Zona Leste, 13 pontos
críticos na Zona Oeste e 43 pontos críticos na Zona Sul (Prefeitura do Natal, 2009).
A bacia XIX com área de 1.034 ha, está localizada na Zona Sul da cidade, a qual
contempla os bairros Neópolis, Capim Macio e Ponta Negra. Com limites ao sul com o
município de Parnamirim. É composta por cinco sub-bacias e doze lagoas conforme a
Figura 2.
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Figura 2 – Sub divisão da bacia de drenagem XIX, Natal/RN.
Fonte: PREFEITURA DO NATAL, Prefeitura do Natal, 2009.
Para a realização deste trabalho foram selecionados cinco reservatórios de
detenção: Lagoa de Capim Macio RD 01, Lagoa de Capim Macio RD 02, Lagoa do
Marinas RD 03, Lagoa do Marinas RD 04, Lagoa do Centro de Tradição Gaúcha –
CTG, e a Lagoa da Lagoinha, que de acordo com (PREFEITURA DO NATAL, 2009),
estão localizados na bacia XIX, a qual apresenta cinco sub-bacias e doze lagoas, estando
a área de estudo limitada a sub-bacia XIX-2, como demonstra a Figura 3.
Figura 03 – Localização dos reservatórios de detenção da sub-bacia XIX-2
Fonte: Google Earth Pro, 2018
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A sub-bacia XIX-2, situada em região de intensa urbanização da zona Sul do
município de Natal, e, de acordo com dados fornecidos pela LR- Engenharia, a área
apresenta quatro micro bacias fechadas (A, B, C e D), como representada pela Figura 4.
O escoamento da água das micro bacias B e C é transportado para a micro bacia
D ocorre por gravidade, enquanto que da micro bacia C para a micro bacia A é através
de sistema de bombeamento; que por sua vez apresenta características favoráveis para o
destino final da água escoada. Por situar-se em uma cota baixa, com média de
aproximadamente 31 metros, essas áreas são mais susceptíveis ao acúmulo das águas
pluviais, provocando transtornos, pois áreas mais adensadas, com a maior parte do solo
impermeabilizado por construções e pavimentação asfáltica. O solo apresenta um perfil
superior de profundidade menor do que 1,5 m, arenoso com baixo teor de argila e com
presença de camadas desnificadas.
De acordo com (Prefeitura do Natal, 2009), os terrenos dos parques das Dunas,
da Cidade e do cordão de dunas de Lagoinha, são caracterizados por solos arenosos das
coberturas de dunas preservadas como solos tipo A., no entanto, o solo de Lagoinha está
classificado como solo tipo B e com capacidade de infiltração de 13 mm/h.
Figura 04 – Micro bacia pertencentes a sub-bacia XIX-2.
Fonte: LR- Engenharia, 2009.
De acordo com os estudos realizados no (PDDMA, 2009) as propriedades
hidrogeológicas da maioria das bacias de drenagem existentes no município de Natal é
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de bacias de drenagem fechadas com solos permeáveis, as quais estimulam o destino
final das águas do sistema para um processo de infiltração como elemento de drenagem,
a partir da preservação de áreas de infiltração nos lotes e a construção de lagoas de
captação e infiltração (Reservatórios de Detenção). Assim, após receber as águas do
sistema de drenagem a recarga do aquífero é realizada.
Estudos hidrogeológicos foram realizados pela LR- Engenharia, empresa
responsável pela realização dos estudos e construção dos reservatórios, a qual no
relatório da sub-bacia XIX-2, traz que a área de estudo, e mais especificamente onde
está localizada a Lagoa de Infiltração (Lagoinha), formada sobre sedimentos eólicos
representados por dunas fixas. Esses sedimentos predominantemente arenosos, finos e
homogêneos, pouco siltosos, repousam sobre a continuidade do Grupo Barreira que, por
sua vez, é constituído por uma sequência de areias de granulação grosseira a média, com
intercalações esporádicas de lentes de argilas silto-arenosas que conferem ao sistema
aquífero condições de semi confinamento.
Os sedimentos dunares e o Grupo Barreiras funcionam como um único sistema
aquífero, conhecido como sistema Dunas Barreiras, sendo isso possível, devido as
características geológicas e estruturais anteriormente apresentadas, havendo uma
comunicação hidráulica direta entre os sedimentos. Uma observação importante a ser
feita, é a que o Aquífero Dunas Barreiras é o único pacote sedimentar de expressão
geológica ocorrente em toda a costa potiguar, por isso, sendo a mais representativa fonte
de água apropriada aos diversos usos humanos, a nível regional. Foi realizado um
processo de sondagens mecânicas (SP-01, SP-02, SP-03 e SP-04), em que se verificou
que os sedimentos eólicos possuem um baixo grau de compactação, formando assim,
um colchão arenoso que funciona como uma grande esponja.
Ainda com base nos dados das sondagens citadas, observou-se a ocorrência de um
divisor de águas na região de localização da Lagoa de Infiltração, entre as dunas de
Lagoinha. Nos ensaios de permeabilidade executados na área do projeto, chegou-se a
valores dominantes da ordem de 10-3 cm/s tanto para a permeabilidade horizontal
quanto para a vertical. Esse fato confirma a homogeneidade dos sedimentos superiores
(LR Engenharia, 2009).
O diagnóstico executado pelo Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo
(IPT/SP) em 1982 (Relatório no 15795 – Estudo Hidrogeológico Regional Detalhado do
Estado do Rio Grande do Norte) revelaram que na região o valor da transmissividade é
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de 648 m²/dia, ao mesmo tempo que o coeficiente de armazenamento para condições
não confinadas é da ordem de 3,7 x 10-3 (correspondendo a porosidade eficaz).
4.2 Métodos
Os mecanismos metodológicos utilizados neste trabalho foram a pesquisa
descritiva e de observação. A pesquisa bibliográfica é de grande valia e eficácia ao
pesquisador porque ela permite obter conhecimentos já catalogados em bibliotecas,
editoras, internet e sua realização se dá em três etapas: identificação, localização e
reunião sistemática dos materiais ou dos fatos (Barros & Lehfeld, 2013).
Foram realizados levantamento bibliográfico sobre o tema, coleta de dados de
precipitação e dados gerais sobre o projeto de drenagem da sub-bacia obtidos em
secretarias municipais e estaduais, como também pela LR-Engenharia, sobre o projeto
dos reservatórios, sua funcionalidade e características. Os dados de precipitação foram
obtidos junto ao INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) no período de 01 de
janeiro de 2013 a 30 de julho de 2018.
O volume total precipitado na sub-bacia relacionado pela área, foi obtido através da
seguinte expressão:
VP = P x A (Eq. 01)
Onde: VP – volume precipitado em m3;
P – precipitação em mm;
A – área total da sub-bacia em ha.
Visitas in loco em 31/10/1994, em cada reservatório como também na lagoa de
infiltração foram realizadas para registro e reconhecimento das atuais condições para
análise de monitoramento e comparação dos dados obtidos, conforme descrição
seguinte.
4.2.1 Reservatório de Detenção 01: RD 01 – Capim Macio
O reservatório de detenção 01, está localizado entre as Ruas Antônio Farache,
Industrial João Motta e Ismael Pereira da Silva. Área de 31.949 m², volume útil de
81.258 m³ e com 39,3% do volume total destinado para o volume reserva. Construído na
cota de 30 m entre as coordenadas de latitude 5°51’39.98” S e longitude 35°11’54.14”
W, com o escoamento feito por bombeamento. O reservatório recebe todo o escoamento
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30
superficial da microbacia B, da Sub-bacia XIX-2, com uma área total de 50 ha. Figura
5.
Uma observação importante, que servirá para os demais reservatórios, é que o
volume útil diz respeito a uma lâmina d’água máxima de 1,0 m abaixo do nível da rua,
no entorno dos reservatórios. Compreendendo o volume excedente do nível máximo até
o transbordamento efetivo dos reservatórios.
Figura 5 – Proximidades do Reservatório de Detenção 01 (RD 01)
Fonte: Google Earth Pro, 2018
4.2.2 Reservatório de Detenção 02: RD 02 – Capim Macio
O reservatório de detenção 02 localizado entre as Ruas Ênico Mônteiro,
Industrial João Motta, Professora Dirce Coutinho e Rua Presbítero Porfírio Gomes da
Silva. Com área de 12.088 m², volume útil de 38.906 m³ e com 31,1% do volume total
destinado para o volume reserva. Construído na cota de 30 m, entre as coordenadas de
latitude 5°51’52.97” S e longitude 35°11’38.1” W, com o escoamento feito por
gravidade através de um sistema extravasor. O reservatório recebe todo o escoamento
da microbacia C, da Sub-bacia XIX-2, com uma área total de 40 ha. Figura 6.
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31
Figura 6 - Proximidades do Reservatório de Detenção 02 (RD 02)
Fonte: Google Earth Pro, 2018
4.2.3 Reservatórios de Detenção 03 e 04: RD 03 e 04 – Capim Macio
Os reservatórios de detenção 03 e 04 localizados entre as Ruas José Wilson
Cabral Barbalho, Francisco Maciel Costa e separados espacialmente pela Rua João
Rodrigues da Silva. Área de RD 03 igual a 3.438 m², volume útil de 13.370 m³ e o RD
04 com área de 4.014 m², com volume total de 14.703 m³. Ambos, construídos na cota
de 29 m entre as coordenadas de latitude 5°52’1.25” S e longitude 35°11’20.06” W. O
RD 03 recebe o volume escoado pelo RD 02, e através de vasos comunicantes que o
liga ao o RD 04, o qual possui um sistema de bombeamento para a retirada do volume
excedente. Além de apresentar uma subestação de fornecimento de energia elétrica para
alimentação do sistema de bombeamento, o qual possui 6 conjuntos motor bombas. Os
reservatórios recebem todo o escoamento da micro bacia D, da Sub-bacia XIX-2, com
uma área total de 45 ha. Figura 7.
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32
Figura 7 - Proximidades dos Reservatórios de Detenção 03 e 04 (RD 03 e 04)
Fonte: Google Earth Pro, 2018
4.2.4 Reservatório do Centro de Tradições Gaúchas – CTG ou RD 05 – Ponta
Negra
O reservatório de detenção 05 – localizado na Avenida Praia de Muriú, no
Centro de Tradições Gaúchas. O qual possui área de 44.677 m², volume útil de 95.612
m³ e com 23,4% do volume total destinado para o volume reserva, com uma cota de
reservatório de 31 m, com cota máxima da lâmina d'água de 30 m e uma cota do fundo
de 27 m. A cota de chegada da galeria que abastece o reservatório é de 28,585 m e com
o nível do lençol freático acima do valor da cota de fundo, em praticamente todo o ano.
Localizado entre as coordenadas de latitude 5°52’26.95” S e longitude 35°11’15.51”W.
O reservatório recebe todo o volume escoado da microbacia A, da Sub-bacia XIX-2,
com uma área de 108 ha, conforme Figura 8.
Em caso de precipitações com volume excedente, será transportado o volume em
excesso para a lagoa de infiltração, Lagoinha, a qual é o destino final do sistema de
macrodrenagem.
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Figura 8 - Proximidades do Reservatório de Detenção 05 (RD 05)
Fonte: Google Earth Pro, 2018
4.2.5 Lagoa de infiltração: Lagoinha – Ponta Negra
Localizada entre as coordenadas de latitude 5°52’54.11” S e longitude
35°11’14.72” W. A lagoa natural de infiltração da Lagoinha, a qual é o destino final das
águas do sistema, que abastece o aquífero Dunas Barreiras. A lagoa possui uma área de
58.747 m² e volume útil de 147.388 m³, e, possui uma cota de afloração de 30 m. Figura
9.
Figura 9 - Proximidades da Lago da Infiltração da Lagoinha
Fonte: Google Earth Pro, 2018
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5. Resultados e Discussão
5.1 Análise da precipitação
A Figura 10 apresenta os valores de precipitação mensal acumulada no período
entre 01/01/2013 e 31/12/2017 no município de Natal-RN. A análise da precipitação e o
conhecimento das séries históricas local são de grande importância para identificar o
volume precipitado nos anos analisados e sua distribuição nos reservatórios avaliados.
Figura 10 – Precipitação acumulada por mês, no período de 2013 a 2017, Natal/RN
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os dados do ano de 2018 não foram inseridos no gráfico da Figura 10 já que no
desenvolvimento deste trabalho só estão disponíveis os dados de precipitação em Natal,
até o dia 30/07/2018; os quais, caso fossem incluídos, poderiam causar discrepâncias
nos valores médios anuais.
Observa-se que não houve chuvas com grande concentração volumétrica, como
o evento intenso de precipitação acumulado apresentado no (PDDMA, 2009), o qual em
16 dias acumulou uma precipitação maior do que 600 mm. Porém, é fácil perceber que
os meses de maior incidência de chuva se encontram justamente no período que
compreende as estações do outono e do inverno. Verifica-se que os meses de junho e
julho apresentam maior índice de precipitação enquanto que os meses de menor
incidência de precipitação são os meses das estações de primavera e verão, com exceção
do mês de março que se destaca como o quarto mês com maior média de precipitação,
atingindo um valor de 204,73 mm em cada ano.
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35
A observação de uma série histórica e o conhecimento de como o evento
estudado vem se comportando, é de fundamental importância para o desenvolvimento
do diagnóstico. Dentre os anos observados, o ano de 2013 apresenta o maior volume
precipitado em um mesmo ano, com valor total de 1.877,1 mm. O mês de maior
intensidade de precipitação temporal foi o mês de junho de 2014 com uma precipitação
acumulada de 540,4 mm mensal, inferior ao obtido no evento mais intenso de
precipitações na cidade, como observado no PDDMA, 2009, o qual foi tomado como
referência para fins de dimensionamento e estimativas dos sistemas de macro drenagens
na bacia XIX-2 com área total de 243 ha e volume total igual 1.313.172 m3. No entanto,
para uma precipitação acumulada de 600 mm, utilizada para dimensionamento, tem-se
um volume de 1.458.000 m3.
A Figura 11 mostra o comportamento da precipitação do período estudado, com
o volume precipitado nos meses de maior e menor precipitação em cada ano, assim
como o valor total precipitado no ano.
Figura 11 – Evolução anual da precipitação entre Jan/2013 a Jul/2018 com volumes máximos e
mínimos, Natal/RN.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Afirmar que a precipitação foi de 540,4 mm no mês junho de 2014 na sub-bacia
em questão, com volume de cerca de 1.313.172 m3 em um mês, o que não deve ser
suficiente para fazer com que o sistema entre em colapso, já que o mesmo foi
dimensionado para receber precipitações de aproximadamente 1.458.000 m3 em 16 dias,
sendo também o sistema dependente do coeficiente de infiltração do solo, visto que em
um mês, o lençol consegue ter algumas variações de cota maior do que em 16 dias,
devido a eventos de evaporação e evapotranspiração, equalizando assim a sua
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36
capacidade de recebimento de volumes de água, o que pode influenciar na não
ocorrência de inundações.
5.2Análises anuais de precipitação
A Figura 12 apresenta a precipitação do ano de 2013, primeiro ano de
observação deste estudo, que apresentou uma precipitação total anual de 1.877,1 mm
com média mensal de 156,43 mm, tendo como anteriormente observado na Figura 11, o
ano de maior precipitação, com destaque para o mês de julho que apresentou uma
precipitação acumulada de 430,6 mm, a qual não provoca um colapso ao sistema, já que
esta precipitação ocorreu em um volume menor e distribuído em mais dias para o qual o
sistema foi dimensionado.
Figura 12 – Precipitações mensais no ano de 2013, Natal/RN.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os valores precipitados no ano de 2014 estão apresentados na Figura 13,
segundo ano de observação deste estudo, em que apresentou uma precipitação total
anual 1.756 mm, com média mensal de 146,33 mm, ano que apresentou no mês de
junho, o maior volume precipitado em um único mês de todo intervalo de estudo, sendo
este de 540,4 mm. Todavia, apesar do alto valor precipitado o mesmo, não deve ser
suficiente para que o sistema seja saturado, já que essa precipitação se deu em um
volume menor e distribuída em mais dias do que, para o qual o sistema foi
dimensionado com objetivo de absorver as vazões, sem que cause prejuízos a
população, como inundações, por exemplo.
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37
Figura 13 – Precipitações mensais no ano de 2014, Natal/RN
Fonte: Elaborado pelo autor.
De acordo com a Figura 14 que apresenta a precipitação do ano de 2015, terceiro
ano de observação deste estudo, em que se observa uma precipitação total anual de
1.412,1 mm, com média mensal de 118,45 mm. Ano que apresentou no mês de junho a
maior precipitação, chegando a 301,2 mm. Entretanto, essa precipitação acumulada é
inferior à média para o mesmo no intervalo em estudo, como se pode verificar na Figura
18. Volume esse, que certamente não foi suficiente para causar estresse no sistema de
macrodrenagem das lagoas da sub-bacia XIX-2. Neste ano, ainda foi registrado em
novembro, como o mês de menor intensidade em todo o período de estudo, com a
precipitação acumulada de 0,4 mm.
Figura 14 – Precipitações mensais no ano de 2015, Natal/RN
Fonte: Elaborado pelo autor.
A Figura 15 apresenta os dados de precipitação do ano de 2016, quarto ano de
observação deste estudo, apresentando uma precipitação total anual de 1.165 mm, com
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média mensal de 97,08 mm. Sendo este, o ano mais seco do período analisado, o que
certamente, não deve provocar alterações no sistema de macrodrenagem, visto que em
nenhum dos meses a precipitação chegou a ser significativa para tal.
Figura 15 – Precipitações mensais no ano de 2016, Natal/RN
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os dados de precipitação do ano de 2017 estão apresentados na Figura 16
referente ao quinto ano de observação deste estudo, que apresentou uma precipitação
total anual de 1.655,5 mm, com média mensal de 137,96 mm. Ano que apresentou no
mês de julho a maior precipitação, chegando a 414,3 mm. Essa precipitação acumulada,
apesar de ser maior do que os dois anos anteriores, não deve ser satisfatória para causar
perturbações no sistema, já que essa precipitação apresentou um volume menor e
distribuição em mais dias para o qual o sistema foi dimensionado.
Figura 16 – Precipitações mensais no ano de 2017, Natal/RN
Fonte: Elaborado pelo autor.
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A Figura 17 apresenta a precipitação do ano de 2018, sexto e último ano de
observação deste estudo, que apresentou uma precipitação parcial anual, 1.573 mm,
com média mensal de 137,96 mm. Precipitação considerada parcial, pois o ano em
questão além de ainda está em curso, só possui dados divulgados até o dia 30/07/2018.
O mês de abril até então, tem sido o mês de maior precipitação acumulada, 290,3 mm, o
qual deve permanecer como o de maior precipitação, já que a análise da série histórica
mostra que os meses seguintes a julho não vêm apresentando uma precipitação maior do
que 242 mm, a qual foi registrada em agosto de 2013.
O valor precipitado em abril de 2018, não foi satisfatório para causar alterações
no sistema, já que essa precipitação se deu em um volume menor e distribuída em mais
dias para o qual o sistema foi dimensionado.
Figura 17 – Precipitações mensais entre janeiro e julho do ano de 2018 – Natal/RN
Fonte: Elaborado pelo autor.
A evolução da precipitação em Natal-RN entre o mês de janeiro de 2013 a julho de
2018 está apresentada na Figura 18.
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40
Figura 18 – Evolução do precipitado total entre Janeiro do ano de 2013 e julho do ano de 2018,
Natal/RN.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Embora, a precipitação acumulada no ano de 2018 ainda esteja abaixo da média
anual da série em estudo, faltando apenas 154 dias para concluir o ano, tendo em vista
que o volume médio precipitado nos últimos 154 dias dos cinco anos anteriores, foi de
281,66 mm, que somados aos 1.573 mm já precipitados neste ano, é possível estimar
que o ano de 2018 será um dos mais chuvosos, dentre os analisados, sendo o valor total
estimado de 1.854,6 mm, com precipitações ainda inferiores para que o sistema
apresente situações críticas.
5.3 Infiltração induzida em Lagoinha
Segundo a LR-Engenharia (2009) a recarga induzida do aquífero Dunas-
Barreiras que é realizada na lagoa de infiltração de Lagoinha provoca a elevação da
superfície freática. Utilizando os parâmetros hidráulicos de transmissividade do aquífero
e coeficiente de armazenamento ou de porosidade eficaz a uma taxa de infiltração de
0,48 m/dia e tempo de infiltração de 25 dias equivale a um tempo de 15 dias para
carregamento da lagoa e 10 dias para esvaziar; o que provoca uma elevação máxima de
2,15 m da superfície freática, chegando a cota total máxima abaixo do fundo da lagoa de
28,95 m a qual está localizada na cota 35 m.
O reservatório de detenção 05 é o maior reservatório e o destino final do
sistema, antes de Lagoinha. A divulgação dos dados de avaliação de permeabilidade
fornecidos pela LR- Engenharia é importante, pois de acordo com a Tabela 3 a
permeabilidade na profundidade de 4,0 m corresponde a um valor de 95,904 mm/dia. A
taxa de infiltração da lagoa situada entre as dunas de Lagoinha é de 482,63 mm/dia, o
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que corresponde à permeabilidade média dos ensaios efetuados na região da Lagoa,
conforme dados da Tabela seguinte.
Tabela 3 - Ensaio de permeabilidade na Lagoa de Infiltração entre as dunas de Lagoinha
Ensaios Profundidade (m) Permeabilidade (cm/s)
TP-01
2 1,06E-003
4 2,39E-004
6 1,42E-004
TP-02
2 1,17E-003
4 1,82E-004
7 1,49E-004
Fonte: LR-Engenharia, 2009.
5.4 Sistema de bombeamento
De acordo com o relatório do projeto de macrodrenagem para a sub-bacia XIX-
2, em Capim Macio, elaborado pela LR-Engenharia em 2009 deveriam ser implantadas
duas estações elevatórias denominadas EE1 e EE2 (Figura 19); cada uma composta com
06 bombas, constituindo dois blocos com 03 bombas ligadas em paralelo, sendo essas
bombas idênticas a fim de facilitar a manutenção.
Figura 19 – Estação elevatória EE2
Fonte: Capturado pelo autor.
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Na Figura 20 e Tabela 4 podem-se identificar os pontos de funcionamento das
bombas para as diversas situações de estação elevatórias (EE1 ou EE2) e cenários (1 e
2), em que para a EE1 o cenário 01 consiste no bombeamento do RD 04 para o stand
pipe1 01, localizado na Rua Major Jorge Martiniano e que destina para a Lagoa de
infiltração da Lagoinha. Já para a EE2, o bombeamento é realizado do RD 05 (CTG),
Figura 21, para a lagoa de Infiltração entre as dunas de Lagoinha.
Já o cenário 02 consistiria no bombeamento do RD 04 para o stand pipe 02,
localizado na Av. Engenheiro Roberto Freire, para a EE1, e para a EE2, seria do CTG
para o stand pipe 02, localizado na Av. Engenheiro Roberto Freire.
Figura 20 – Ensaios de vazão do sistema de bombeamento.
Fonte: LR- Engenharia, 2009.
Tabela 4 – Resultado dos ensaios do sistema de bombeamento.
Condição Altura Manométrica (mca) Vazão m³/h
EE 1 x Cenário 1 (EE1.1) 34,9 518,8
EE 1 x Cenário 2 (EE1.2) 39,5 441,2
EE 1 x Cenário 1 (EE2.1) 34,5 525,6
EE 1 x Cenário 2 (EE2.2) 40,8 419,9
Fonte: LR- Engenharia, 2009.
1 Reservatório elevado com a estrutura de elevação embutida.
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Figura 21 – Projeto do percurso do escoamento por galerias e estações elevatórias
Fonte: LR- Engenharia, 2009.
As estações elevatórias EE1 e EE2, segundo o projeto inicial, para condições
excepcionais, ou seja, para o cenário 02, durante eventos com período de retorno
superior a 10 anos o sistema deveria operar em paralelo, com destino para o sistema de
drenagem da Via Costeira existente, duplicando a capacidade de bombeamento do
sistema, onde no dimensionamento do sistema da sub-bacia XIX-2 se recomenda a
implantação de um mini-emissário submarino, o qual não foi construído, resultado de
uma ação civil pública de número 0011450-03.2008.4.05.8400 movida pelo Ministério
Público e publicada no dia 11/12/2013, que trata como inadequada a construção
obrigatória do mini-emissário submarino de águas pluviais, apesar de comprovada a
ausência de capacidade poluidora do mesmo.
O julgador da ação considerou duvidosa a execução técnica da estrutura, por
acreditar que a utilização seria eventual e incerta, já que o mesmo, por só entrar em
funcionamento em casos críticos, provocando assim um possível grande intervalo de
desuso, o que acarretaria um oneroso e permanente plano de manutenção. Há também a
probabilidade de degradações por incrustações nos dutos e difusores. O que o julgador
do caso, considerou um investimento duvidoso no ponto de vista técnico, já que aos
olhos do mesmo, a capacidade de retenção e infiltração dos reservatórios de detenção,
vem sendo subutilizadas.
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Em contrapartida tanto a SEMOV (Secretaria Municipal de Obras Públicas e
Infraestrutura), quanto a LR-Engenharia (informação verbal), através de estudos de
sondagem subterrânea, descobriram a existência de uma barreira geológica na região, a
qual não deixa que a água de Lagoinha desça para o mar. Então Lagoinha é um
manancial subterrâneo fechado e até o momento deste trabalho, já estamos em 8 anos de
seca, o que significa que são 8 anos com precipitações no período de inverno abaixo da
média.
De acordo com estudos realizados pela empresa responsável, quando o lençol se
encontra na cota de 30 m ele aflora, ocorrendo casos de chegar até a cota 32, 33 m.
Atualmente, o manancial de Lagoinha hoje se encontra na cota 27 m. Por isso que ao
passar pelos reservatórios, é fácil identificar que eles estão secos.
Nos estudos pode se verificar que caso aconteça 1, 2 ou 3 anos de inverno
intenso, o manancial de Lagoinha pode elevar-se, não tendo condições de receber essa
água excedente, provocando inundação nos bairros de Ponta Negra, Capim Macio e
nas proximidades do CTG, invadindo ruas e alguns conjuntos dentro da região do
manancial.
Por este motivo foi sugerido o mini emissário submarino, que em anos de seca
as estações elevatórias iriam bombear apenas para Lagoinha, mas quando tivesse a
ocorrência de anos de intenso inverno mandaria para o emissário. Deveria existir um
bombeamento no RD 04 e RD 05, para o mar. Então, atualmente, só existe o sistema de
bombeamento para Lagoinha, que de acordo com os órgãos responsáveis pela
infraestrutura de drenagem da sub-bacia, não tem ocorrido problemas, pois não tem
ocorrido eventos intensos de precipitação, mas caso aconteça um aumento de chuvas,
certamente ocorrerão problemas.
Além da não construção de um dispositivo extravasor, para aliviar as vazões
excedentes, se verificou que no reservatório de detenção 05, no CTG, o sistema de
bombeamento, atualmente, encontra-se com boa parte enterrado, devido ao
assoreamento. E a subestação teve o seu sistema de fiação elétrica roubado, dado que na
ocorrência de um evento de precipitação com chuvas acumuladas para um tempo de
recorrência de 50 anos, tempo esse para o qual o sistema foi projetado, a estação
elevatória do CTG não funcionará, o que certamente, irá causar inundações e diversos
transtornos à população.
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5.5 Limpeza pública dentro e no entorno dos reservatórios de detenção
A expansão urbana e populacional da cidade do Natal nas últimas décadas
trouxe por consequência o aumento da produção de resíduos sólidos industriais,
orgânicos e os provenientes da construção civil, como restos de demolições, entre
outros. Aumento este que necessariamente amplia a demanda de serviços da entidade
responsável pela limpeza urbana municipal, que no caso vem a ser a Companhia de
Serviços Urbanos de Natal (Urbana).
De acordo com (Parkinson et al, 2003) a tendência atual é fortalecer nos planos
municipais de saneamento básico e nos planos específicos de cada pilar do saneamento,
a participação popular e a educação ambiental, encorajando a população local em três
pontos principais: a participação do cidadão, a cooperação social e a integração das
políticas urbanas.
Nakazone (2005) chama a atenção para implantação de medidas de cunho não
estruturais como exemplo a educação ambiental a fim de gerar o engajamento público
na proteção das águas, pelo simples fato de incentivar a manutenção de suas próprias
propriedades e a disposição correta do resíduo, ou seja; de certa forma estamos tratando
da importância do trabalho integrado entre os pilares do saneamento básico. Entretanto,
o que se tem observado nas lagoas da cidade do natal é o grande acúmulo de vegetação
e resíduos sólidos (Figura 22).
Segundo a Tribuna do Norte, (Junho 2018) as lagoas de captação próximas a
áreas residenciais de Natal, acumulam lixo e vegetação ao redor e com o início da
quadra chuvosa no litoral, as lagoas ganham maior volume e a tendência é de
agravamento dos problemas. Logo, é preciso que a população seja educada quanto as
consequências de enchentes.
Figura 22 – Acúmulo de Resíduos sólidos e vegetação em reservatório de Natal/RN.
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Fonte: Tribuna do Norte, Junho de 2018.
Também foi verificado in loco pelo autor deste diagnóstico, que todos os
reservatórios, objeto de estudo, estão em condições de abandono por parte da entidade
municipal responsável, Urbana. Como mostram as Figuras 23 a 29.
Figura 23 – Ocorrência de erosão e elevação da vegetação no RD 01
Fonte: Capturada pelo autor, em 31/10/2018.
Figura 24– Elevada vegetação no RD 01
Fonte: Capturada pelo autor, em 31/10/2018.
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Figura 25 – Elevada vegetação no RD 02
Fonte: Capturada pelo autor, 09/07/2018
Figura 26 – Elevada vegetação no RD 02
Fonte: Capturada pelo autor, 09/07/2018
De acordo com informações cedidas pela SEMOV e confirmadas pela LR-Engenharia,
os reservatórios RD 01 e RD 02 foram projetados para que durante o período seco fossem
utilizados como espaços recreativos de esporte e lazer, tal como uma quadra poliesportiva, e
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esta é uma das razões desses reservatórios serem construídos com dois patamares em níveis
diferentes.
Entretanto, algumas variáveis do não uso dos reservatórios para esta finalidade,
precisam ser abordadas, tais como:
● O crescimento excessivo de vegetação e a não realização da manutenção por
responsabilidade do município, mas precisamente pela Urbana. Uma observação que
precisa ser feita é que a maioria das fotos apresentadas da situação dos reservatórios foi
feitas durante o período de seca, o qual deveria ser aproveitado para a realização da
limpeza e manutenção dos reservatórios;
● A qualidade da informação prestada à população local de que tais reservatórios possuem
essa finalidade;
● A região na qual os reservatórios estão localizados está cercada por condomínios
residenciais, os quais em sua maioria já dispõem de uma estrutura física de esporte e
lazer;
● A crescente violência e insegurança no município nos últimos anos corroboram para
que crianças, adolescentes e jovens, ou demais membros da sociedade que pudessem vir
à utilizar esse tipo de infraestrutura para esporte e lazer, busquem com mais frequência
ambientes privados, fechados e que possam lhes fornecer maior segurança e conforto.
Figura 27 - Presença de resíduos sólidos e elevada vegetação no RD 03
Fonte: Capturada pelo autor, 31/10/2018
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Figura 28 - Presença de resíduos sólidos junto a entrada da bomba,
além de apresentar elevada vegetação no RD 04.
Fonte: Capturada pelo autor, 31/10/2018
Figura 29 - Elevada vegetação no RD 05 e a presença de pessoas pescando.
Fonte: Capturada pelo autor, 31/10/2018
A ampliação dos serviços de limpeza potencializa a problemática da deficiência
da gestão da limpeza pública e resíduos sólidos no município, por consequência passa a
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prejudicar o sistema interligado da microdrenagem (sarjetas, bocas de lobo, galerias,
etc.) e da macrodrenagem (reservatórios de detenção e lagoa de infiltração), já que o
escoamento superficial por meio das sarjetas e o escoamento subterrâneo por meio das
bocas de lobo e galerias, encontram obstáculos físicos, tais como: resíduos de
construção, podas, restos de madeira, móveis inaproveitáveis, vegetação, etc. Algumas
dessas questões podem ser observadas na Figura 30 do RD 05. Os quais além de poder
provocar obstrução de tubulações, podem trazer consigo, questões negativas referentes a
estética, ao mau cheiro, ao crescimento de vegetação, sendo capaz de proliferar vetores
e causar doenças.
Figura 30 - Lençol superficial do RD 05,
com a presença de resíduos sólidos e vegetação elevada.
Fonte: Capturada pelo autor, 31/10/2018
A ineficiência dos serviços referentes a limpeza dos dispositivos da micro e da
macrodrenagem, fato que a LR-Engenharia, considera que podem ser atribuídos a:
● Escassez de agentes de limpeza pública destinados a essas funções;
● Ausência de formação técnica dos agentes de limpeza pública;
● Problemas construtivos nos sistemas;
● Presença volumosa de água servida em alguns pontos de drenagem
superficial;
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● Alguns reservatórios apresentam taludes muito inclinados, além de não
oferecerem condições de entrada de maquinário pesado (retroescavadeira,
trator e caminhão basculante;
● Não disponibilidade de equipamentos mecânicos para limpeza e
desassoreamento dos reservatórios;
● Deficiência na tentativa de um programa de educação ambiental para a
população local e o esclarecimento do funcionamento e importância do
sistema.
5.6 Sugestões para o melhoramento do serviço de limpeza dos dispositivos
drenagem:
● Construção de estruturas que facilitem a entrada e permanência de
maquinário pesado e de seus operadores;
● Realização de capacitação, com equipes que forem destinadas aos serviços
de limpeza dos reservatórios;
● Utilização de equipamentos tipo dragas de sucção e recalque, a fim de
proceder com a remoção dos sedimentos no fundo, o que também pode ser
uma medida de controle da fertilização interna de nutriente como fósforo e
nitrogênio.
Apesar de ter se passado 15 anos, aparenta não ter ocorrido muitas mudanças ao
que TUCCI (2003) aborda sobre a forma do poder público pensar e a velocidade em
agir. No Brasil, a gestão pública não se preocupa com a prevenção de enchentes, pois,
na maioria das vezes, o município espera que aconteça inundações para declarar
calamidade pública, para então conseguir recursos a fundo perdido sem realizar
concorrência pública.
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6. Conclusões
Conclui-se que de acordo com as estatísticas, que quanto mais o tempo passa,
mais nos aproximamos de uma chuva com um tempo de recorrência de 50 anos, para o
qual o sistema foi inicialmente dimensionado. Ainda que esse evento de precipitação
extremo não ocorra de imediato, contudo, caso haja uma sequência de 03 anos, de
inverno com chuvas acima da média, a probabilidade de um colapso no sistema é muito
grande, pois o nível do lençol elevará a cada ano.
Durante o período avaliado neste trabalho não foi identificado nenhum caso de
transbordamento nos reservatórios de detenção, fato que está relacionado ao longo
período de seca e má distribuição da chuva na região Nordeste, o que não garante a total
eficiência do sistema de macrodrenagem da sub-bacia XIX-2.
Apesar das divergências quanto à viabilidade de construção do mini emissário
submarino de águas pluviais, entre as secretárias municipais responsáveis por esta
infraestrutura, como também a LR-Engenharia e o Ministério Público do Meio
Ambiente, é de conhecimento, uma vez que, com a não construção do mini emissário, se
faz necessário a realização de estudos e de adoção de medidas estruturais e não
estruturais, com as devidas preocupações e rapidez que o caso em questão necessita.
Na atualidade se estudam duas possíveis soluções para o extravasamento do
excedente precipitado, que seriam: a Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do
Norte (CAERN), instalar uma bateria de poços subterrâneos, para remover esse
excedente, visto que, essa água subterrânea é de boa qualidade para o uso, pois, as
dunas servem como um filtro natural muito eficiente. Mas isso possui um custo e não se
sabe se a CAERN vai querer assumir. E a outra solução, seria através de uma adutora
que transportaria essa água até o Rio Pitimbu, próximo a Cophab, Parnamirim. Nas
proximidades existe uma lagoa, que faz divisa com o terreno da Barreira do Inferno,
para qual a água seria bombeada e em seguida, teria um sistema que iria recalcar essa
água para o Rio, o que também é uma solução bastante onerosa. Contudo, esses estudos
são apenas para a concepção. É importante que haja agilidade na negociação de
viabilidade de alguma solução. Na medida que no início de 2019, ocorrerá a mudança
de governo, o que possivelmente causará mais um retardo a adoção das soluções. O que
passará a ser uma viabilidade política, envolvendo o prefeito de Natal, a governadora
eleita, os secretários das autarquias responsáveis e os representantes da CAERN.
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É necessária uma participação maior da sociedade, enquanto fiscalizadora e
mantenedora dos espaços e infraestruturas públicos, visto que a adoção de medidas
estruturais e não estruturais, cresce à proporção que o desenvolvimento urbano da
cidade aumenta. Vale salientar que a finalidade dessas iniciativas sociais deve ser,
cobrar dos responsáveis as devidas ações para a solução e prevenção de não ocorrências
de sobrecargas no sistema de macrodrenagem da sub-bacia XIX-2, o que caso não
venha a ser executado, pode se tornar um grande potencializador da propagação de
vetores transmissores de doenças.
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7. Referências Bibliográficas
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55
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JUSTIÇA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Boletim 2013.000391 -