diagnóstico de conservação - museu do motor

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CURSO DE GRADUÇÃO EM MUSEOLOGIA DÉBORA COSTA MAJEWSKI GISELA TEXEIRA DE AGUIAR PATRÍCIA GABRIELA MACHADO BARBOSA SILVANA FERNANDES DE FRAGA DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO Trabalho realizado como requisito para obtenção de conceito final da disciplina de Conservação e Preservação de Bens Culturais, da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ministrada pela professora Dra. Jeniffer Alves Cuty PORTO ALEGRE 2014

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Trabalho para a disciplina de Conservação e Preservação de Bens Culturais da UFRGS, sobre Diagnóstico de Conservação do Museu do Motor da cidade de Porto Alegre, RS

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Page 1: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO

CURSO DE GRADUÇÃO EM MUSEOLOGIA

DÉBORA COSTA MAJEWSKI

GISELA TEXEIRA DE AGUIAR

PATRÍCIA GABRIELA MACHADO BARBOSA

SILVANA FERNANDES DE FRAGA

DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO

Trabalho realizado como requisito para obtenção de conceito final da disciplina de Conservação e Preservação de Bens Culturais, da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ministrada pela professora Dra. Jeniffer Alves Cuty

PORTO ALEGRE

2014

Page 2: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................3

1 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO ..............................................................................5

1.1.1 Histórico ............................................................................................................5 1.2 Acervo ...................................................................................................................7

2 DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO.....................................................................9

2.1 Ambiente organizacional .......................................................................................9

2.1.1Documentação ..................................................................................................12

2.1.2 Organização/Equipe .........................................................................................13

2.2 Ambiente Físico ...................................................................................................15

2.2.1 Macro ambiente ................................................................................................16

2.2.2 Médio ambiente ................................................................................................22

2.2.3 Micro ambiente ................................................................................................ 30

3 VALORAÇÃO DO ACERVO ..................................................................................33

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................38

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 41

ANEXOS .................................................................................................................. 43

Anexo 1 – Estatuto do Museu .................................................................................. 44

Anexo 2 – Registro Nacional do Museu ................................................................... 47

Anexo 3 – Registro Regional do Museu ....................................................................48

Anexo 4 – Livro tombo .............................................................................................. 49

Anexo 5 – Planta baixa do Museu ............................................................................ 55

Anexo 6 – Imagens do Museu do Motor ................................................................... 56

Anexo 7 – E-mail de apresentação para coordenação do Museu ............................59

Anexo 8 – Consulta atribuição valor do acervo com o coordenador docente ...........63

Anexo 9 – Consulta atribuição valor do acervo com o diretor do Museu ..................66

Anexo 10 – Comunicação professora Jeniffer Cuty ..................................................69

Page 3: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

3

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo realizar um estudo acadêmico em cumprimento

ao pré-requisito de avaliação da disciplina de conservação e preservação de bens

culturais voltados à Conservação Preventiva de uma instituição.

Neste trabalho, analisaremos o funcionamento do Museu do Motor através de

um mapeamento de seu funcionamento no tocante ao ambiente organizacional e

físico, com vistas à elaboração de um diagnóstico de conservação. Para tanto há

necessidade de conhecermos o meio ambiente do museu em um sentido amplo, do

macro ao micro ambiente, além de considerar todos os seus aspectos

organizacionais necessários a uma instituição cultural O ambiente organizacional

inclui a missão, funções, recursos e atividades institucionais do museu. Ambos são

em grande parte interdependentes e desempenham um papel relevante para que o

museu atinja sua função.

Para entendermos a trajetória do Museu o Motor, fez-se necessário

conhecermos o histórico, o acervo, as características, o funcionamento desta

instituição, suas especificidades, bem como algumas de suas limitações.

Nosso trabalho consistiu em visitas ao Museu do Motor, coleta de material e

informações, ensaio fotográfico, telefonemas, correspondências e e-mails aos

dirigentes do Museu além de reuniões de nosso grupo.

Enfrentamos diversas dificuldades para localizar bem como sistematizar as

informações já que as mesmas não estão facilmente disponíveis e concentram-se na

pessoa do diretor. Aliado a este fato, o prédio em que está localizado o Museu

encontra-se em reforma. Recentemente em nossa última visita constatamos que o

acervo da exposição permanente foi totalmente transferido para viabilizar as obras.

Page 4: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

4

Figura 1 - Imagem de parte da reforma do prédio

Reprodução: Ronaldo Milanez (2014)

Realizamos também um ensaio sobre a valoração do acervo do Museu do

Motor com vistas à implantação de um Programa de Gerenciamento de Riscos.

É importante salientar que o Museu do Motor integra a Rede de Museus da

UFRGS, conforme REMAM (2014, p.4),

A REMAM – Rede de Museus da UFRGS visa potencializar e qualificar a atuação museológica, ressaltando a valorização da memória de e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando como aglutinador dos diferentes espaços museais da Universidade, fomentando a articulação entre os mesmos, de modo a favorecer a mediação, parceria, intercâmbio de informações e incentivo à qualificação.

Figura 2 - Selo de vinculação do Museu do Motor ao REMAM

Reprodução: Débora Majewski (2014)

De acordo com Cuty (2010), a Rede de Museus é um projeto que busca

conhecer esses espaços museais, observando como se formam e se mantém seus

acervos, como se dá o trabalho de preservação e conservação, pesquisa e

comunicação museológica nos espaços internos da Universidade. O projeto é

coordenado pelo Museu da UFRGS e pelo Curso de Graduação em Museologia

dessa Universidade

Outro fato que merece destaque sobre este Museu é sua importância quanto

ao carácter pedagógico que o mesmo desempenha junto aos alunos da Engenharia

Mecânica – UFRGS uma vez que se trata de instituição de pesquisa discente. Além

disso é uma ferramenta poderosa no sentido de despertar nos alunos a importância

da educação patrimonial.

Page 5: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

5

1 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO

1.1 Histórico

A origem do Museu do Motor remonta ao ano de 1991, quando um grupo de

alunos do curso de engenharia mecânica da UFRGS se deparou com um lote de

motores abandonados da escola de engenharia que iriam ser sucateados. Entre

esses motores, estava um raro motor estacionário Otto, de 1894, único da marca em

funcionamento no Brasil.

De acordo com consulta realizada no site do Museu do Motor – que se

encontra desatualizado - foi ainda nos porões da escola, que estes estudantes

começaram a recuperar este e outros motores encontrados, como diversão e

aprendizado prático. Ao saberem que os motores e outros maquinários seriam

vendidos como ferro-velho, os alunos procuraram o então chefe do DEMEC,

Departamento de Engenharia Mecânica, Prof. Alberto Tamagna que apoiou o grupo

e autorizou o uso de uma sala do DEMEC para que servisse de local para o

acondicionamento destes objetos. Contando com doações de material e peças para

a reforma dos motores e, com o empenho dos alunos, conseguiram em 1º de

setembro de 1994, inaugurar oficialmente o Museu do Motor. De 1997 à 2003 teve

sua própria equipe, a “Otto Boys” que participava de competições nacionais e

construção de carros “tipo mini-baja”. O Museu do Motor, realizava também oficinas,

visitas agendadas com mediação, cursos de extensão, mostras e exposições, que

em função da reforma, estão prejudicadas.

Além de conservar, pesquisar e expor peças que contam a história da

evolução da tecnologia mecânica, o museu assumiu outros papéis que vão além do

conceito de museu universitário de tecnologia. O Museu foi a concretude de um

sonho de um grupo de alunos da década de 90 que lutou para preservar um acervo

com peças raras que remontam ao final do século XIX, começo do XX, e abrangem

até os dias atuais.

Embora a caracterização do Museu do Motor da UFRGS seja como um

museu universitário de tecnologia, o museu exerce um papel complementar no

sentido de suprir algumas lacunas que o ensino formal de graduação de engenharia

não contempla. Além disso é uma oportunidade para reforçar laços sociais,

Page 6: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

6

humanizar o ambiente acadêmico além de desenvolver uma importante consciência

de educação patrimonial.

O Museu do Motor está localizado no saguão principal da entrada da

Escola de Engenharia, e desempenha um papel importante de materializar um

passado nostálgico que não deve ser esquecido. Este presente que hoje se vivencia,

pavimenta um futuro de uma engenharia tecnológica moderna e eficiente. É

importante ter consciência que isso somente foi possível a partir de motores como

os constantes no acervo do Museu.

Neste sentido, citamos Polak (1989, p.12),

“a memória é uma atualização do passado ou a presentificação do passado, e é também o registro do presente que permanece como lembrança. A memória pode ser considerada uma evocação do passado. É a capacidade que o homem possui de reter e guardar o tempo que se foi salvando-o da perda total.’’

Em algumas das visitas realizadas por nosso grupo constatamos, o vínculo

afetivo que existe por parte dos alunos em relação ao Museu e ao seu diretor.

Alguns alunos já formados, estabelecidos em suas carreiras profissionais,

demonstram imenso carinho por este patrimônio, fazendo questão de visitar o

Museu, para reverenciar um passado, que está exposto no hall de entrada da Escola

de sua formação. Essas visitas se revestem de uma certa aura de saudosismo, além

de mobilizar conteúdos afetivos e simbólicos.

Figura 3 - Imagem do prédio do Museu do Motor – antiga Escola Parobé

Repdrodução: Ronaldo Milanez (2014)

Page 7: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

7

1.2 Acervo

O acervo do Museu do Motor é constituído de peças encontradas na Escola de

Engenharia, que estão arroladas no Livro Tombo, de doações de alunos,

professores e funcionários, mas que não estão devidamente documentados.

O grande destaque da coleção é o motor Otto de 1894, que, além de ser

exemplar único no Brasil, deu origem ao Museu. Esse motor estacionário, com Ciclo

de quatro tempos, além de ser uma verdadeira relíquia, representa a marca que

mudou o conceito dos motores utilizados até hoje na quase totalidade dos veículos

automotores no mundo. O motor Otto detém um grande valor simbólico na instituição

pesquisada.

Figura 3 - Imagem do Motor Otto Figura 4 - Imagem da Placa do Motor Otto

Reprodução: Silvana Fraga (2014) Repdrodução: Site do Museu do Motor (s/ ano)

O acervo do museu é composto por 38 peças tombadas (motores, periféricos de

motores e componentes/equipamentos automotivos). Possui, também, biblioteca,

hemeroteca, mapas, pôsteres didáticos, vídeos, etc., que estão disponíveis para

consulta.

Destacam-se ainda:

o Turbohélice em corte que equipava os aviões Electra II (da ponte aérea

Rio-São Paulo), doada pela VARIG;

o Motor em corte com acionamento por motor elétrico trifásico, para fins didáticos;

Page 8: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

8

o Miniaturas de motor V8 e rotativo Wankel, com acionamento elétrico, para demonstração;

o Motores do início do século XX;

o Primeiros motores produzidos pela indústria nacional, em meados dos

anos 50 e início dos 60;

Para fins didáticos o acervo do Museu do Motor foi dividido em sete

categorias:

1. Motores (como citado acima);

2. Periféricos de motores;

3. Componentes automotivos;

4. Equipamentos automotivos;

5. Equipamentos didáticos interativos;

6. Materiais bibliográficos:

a) Livros históricos;

b) Periódicos da área da mecânica (mais de 800 revistas datadas desde

1966);

c) Documentos administrativos;

d) Documentos didáticos (provas, apostilas, pôsteres didáticos);

e) Documentos históricos (mapas, plantas).

7. Material audiovisual (slides, microfilmes, fitas VHS, fotos, pôsteres visuais).

Também se pode dividir o mesmo em função de sua natureza física:

Acervo tridimensional

Acervo bibliográfico

Acervo audiovisual

O acervo encontra-se em razoável estado de conservação, inclusive com alguns

motores em condições de funcionamento. Vários outros aguardam restauração.

Cabe também destacar:

Page 9: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

9

A biblioteca e hemeroteca não estão organizadas;

Não foram localizadas fichas catalográficas dos motores e peças

tombadas;

Além das 38 peças tombadas existem vários outros motores passíveis de

tombamento

Não localizamos inventário atualizado.

2 DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO

O Museu é constituído por um universo de funções e atividades. Dentre essas

funções destacamos de acordo com (Noble, 1970, apud Mensch, 1992): coletar,

conservar, estudar, interpretar e exibir. Segundo o ICOM (1970), o Museu hoje não

é mais um simples depósito de objetos. Ele tem por missão adquirir objetos dentro

do programa específico de: pesquisa científica, educação, preservação e valorização

da herança nacional e internacional, natural e cultural.

Além do acervo, das exposições, da reserva técnica, especial atenção deve ser

dada ao inventário, documentação e gestão de coleções.

2.1 Ambiente organizacional

Ao nos referirmos ao ambiente organizacional é necessário que adentremos na

alma do museu e sua forma de gestão. Sabemos que um sistema de Gestão

eficiente não pode prescindir de um sistema de informações, portanto é fundamental

que busquemos apoio em outras áreas do conhecimento como a própria ciência da

informação. É o ambiente organizacional que abrigará toda a documentação

essencial para o bom funcionamento da instituição. A documentação museológica

representa um dos pilares fundamentais para a gestão dos museus e destina-se ao

tratamento da informação em todos os âmbitos, desde a entrada do objeto no museu

até a exposição, sendo mais do que um simples registro e controle – é um

instrumento importante de pesquisa museológica. A documentação exige um

continuado e incansável esforço de coleta, registro, classificação e organização de

tais documentos. Um museu que não mantém atualizadas e em bom estado as

informações relativas a seu acervo, deixa de cumprir uma de suas principais

funções, ou talvez a mais importante, que é a preservação de sua memória.

Page 10: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

10

Um sistema efetivo e organizado de informações constitui-se em uma

importante fonte de pesquisa científica, bem como um instrumento de transmissão

de conhecimento, no entanto apresenta inúmeras vulnerabilidades conforme afirma

Orna & Pettitt (apud FERREZ, 1994),

“Na média dos museus, a documentação, por si, não é prioritária, provavelmente porque é invisível. A documentação é produto de várias pessoas: registradores, curadores, conservadores, etc. Por isso, ela varia de acordo com os interesses profissionais, assim como com os pontos-de-vista pessoais dos indivíduos envolvidos. O resultado é que a documentação dos acervos é, geralmente, muito desigual e raramente integrada num sistema completo”. (p.2)

Cabe destacar que, dependendo do porte, das características, da natureza da

instituição a documentação varia, assumindo especificidades, para melhor atender

seu objeto.

Outro ponto importante que devemos conhecer refere-se aos dez agentes de

deterioração, conforme conteúdo abordado em aula, a fim de saber qual o impacto

dentro da instituição no caso de um bem (ou o próprio prédio que abriga o Museu)

sofrer degradação, deterioração. A partir do conhecimento da magnitude do risco em

relação ao percentual do valor do bem para o acervo é possível estabelecer

prioridades de gestão. Dentre esses agentes de deterioração, destacamos a

ocorrência do fenômeno “dissociação”, o qual é definido por Pedersoli e Mattos

(2013, p.67) como, “Dissociação: deficiência de organização, tornando a localização e

acesso ao bem ou as informações referentes ao mesmo dificultado ou inviável, ocasionando

perda de valor para o acervo.”

Figura 5 - Imagem de dissociação Figura 6 - Imagem de dissociação

Reprodução: Ronaldo Milanez (2014) Reprodução: Ronaldo Milanez (2014)

Page 11: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

11

Figura 7 - deterioração/ferrugem/motor exposto – área externa

Repdrodução: Ronaldo Milanez (2014)

No caso do Museu do Motor, constatamos que essa é uma área de muita

fragilidade, constituindo sua maior deficiência. Não foram encontrados os registros

catalográficos da biblioteca, da hemeroteca e de algumas peças do acervo. Além

disso, existem motores que nem sequer constam no Livro Tombo.

Inúmeros expedientes e “e-mails” (conforme anexos) foram enviados afim de

obtermos maiores informações a respeito do funcionamento da instituição.

Registramos também que o próprio site do Museu está desatualizado. Constatamos

que a trajetória do diretor do Museu confunde-se com a própria história da

instituição. Muito embora haja disponibilidade e boa vontade do mesmo existe um

problema crônico de gestão, que imaginamos não ser diferente dos demais Museus

da UFRGS. Em cada declaração, em cada ato, percebemos seu amor e

envolvimento com o Museu. Neste período de estudo e observações, percebemos

que a instituição opera e funciona graças ao trabalho voluntário de seu diretor. Este

possui um sólido conhecimento sobre o acervo e a história de cada objeto que

integra a instituição.

Para que o Museu do Motor afirme-se como um verdadeiro Museu há

necessidade que o mesmo seja reconhecido e profissionalizado. Diversas ações

podem ser implementadas, no entanto não está no objetivo deste trabalho apontá-

las.

Page 12: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

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2.1 .1 Documentação

De acordo com consulta ao site do IBRAM, verificamos que existem definições

importantes para o bom funcionamento dos Museus. Podem fazer parte do

regimento interno, por exemplo, a estrutura administrativa; as responsabilidades das

unidades; as atribuições de dirigentes e servidores; as regras de funcionamento de

órgãos colegiados; diretrizes sobre a associação de amigos; as disposições sobre o

público como horários, restrições à entrada, diretrizes para exercício das atividades

de segurança, vigilância e gestão de risco; regras para a cobrança de ingressos,

entre outros destacamos o que preconiza o IBRAM:

Regimento Interno: documento de organização interna do museu que traz as

definições importantes para o funcionamento da unidade. Podem fazer parte

do regimento interno, por exemplo, a estrutura administrativa; as

responsabilidades das unidades; as atribuições de dirigentes e servidores; as

regras de funcionamento de órgãos colegiados; diretrizes sobre a associação

de amigos; as disposições sobre o público como horários, restrições à

entrada, necessidade de agendamento de visita; diretrizes para exercício das

atividades de segurança, vigilância e gestão de risco; regras para a cobrança

de ingressos;

Plano Museológico: na Lei no 11.904/2009, o plano museológico é tratado em

seção específica e pode ser considerado bem detalhado, em relação a outros

aspectos técnicos igualmente presentes na legislação. Já no primeiro artigo

desta seção fica estabelecido que: “Art. 44. É dever dos museus elaborar e

implementar o Plano Museológico” Conceituado no artigo 45 como ferramenta

básica de planejamento estratégico, de sentido global e integrador,

indispensável para a identificação da vocação da instituição museológica para

a definição, o ordenamento e a priorização dos objetivos e das ações de cada

uma de suas áreas de funcionamento, bem como fundamenta a criação ou a

fusão de museus, constituindo instrumento fundamental para a

sistematização do trabalho interno e para a atuação dos museus na

sociedade. Abrange definições originadas no museu como a aplicação de

diretrizes estabelecidas pela entidade a qual esteja vinculado. O regimento é

importante por formalizar os procedimentos a serem seguidos e as

responsabilidades envolvidas, permitindo visibilidade e favorecendo a

Page 13: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

13

comunicação aos envolvidos. O decreto que regulamenta o Estatuto de

Museus define melhor a abrangência dos programas recomendados na lei.

Além destes programas, inclui a acessibilidade universal, sendo determinado

que os museus deverão ter ações efetivas que possibilitem adaptações das

suas sedes, se necessário, e conceba os seus programas, como os de

exposição, educativo-cultural, pesquisa e outros, de modo a contemplar os

mais diversos públicos e explicitar sua atuação nesta área em seus

programas ou constituir um programa específico.

Para Costa (2010), a documentação do museu deve ser constituída por:

a) Aquisição (coleta, doação, legado, empréstimo, compra e permuta);

b) Arrolamento;

c) Registro ou inventário;

d) Classificação;

e) Catalogação (fichas).

No tocante da documentação do Museu do Motor, registramos o que segue:

Estatuto do Museu – “Trata-se apenas de uma proposta sem data” (anexo n°

1);

Cadastro no SEM/RS em 2006 - (Sistema Regional de Museus – anexo n° 2);

Livro Tombo – Anexo 4, onde constam 38 motores tombados (anexo n° 4);

Obs.: Constatamos que vários motores não estão arrolados/registrados.

Política de descarte e aquisição (não identificado);

Plano museológico (não identificado);

Inventário (não identificado)

2.1.2 Organização/Equipe

O Museu do Motor é administrado por uma Comissão Discente e um

Coordenador Docente, sendo que essa função é desempenhada por um professor

do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade, no impedimento deste,

responderá pelo Museu o Chefe do Departamento de Engenharia Mecânica.

Page 14: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

14

De acordo com o coordenador docente, professor Pedro Barbosa, o Museu é

considerado comunitário por entender que sua gestão sempre teve participação

ativa dos estudantes do curso de Engenharia Mecânica da UFRGS. Em reunião

realizada com o coordenador transpareceu-nos que seu cargo é mais uma

formalidade do que efetivamente a função de uma coordenadoria.

É constituído de três seções:

SOR - Seção de Oficina e Restauração;

SAR - Seção de Arquivo e Registros;

SAP - Seção de Acervo e Patrimônio.

A Comissão Discente é formada por cinco alunos, regularmente matriculados na

graduação da Universidade (mínimo terceiro semestre), preferencialmente do curso

de Engenharia Mecânica, sendo os cargos assim distribuídos:

• Coordenador discente – Pedro Barbosa Mello

• Diretor – Júlio César Salgado Gaudioso

• Vice-Diretor

• Tesoureiro

• Chefe da Seção de Acervo e Patrimônio (Curador do Museu)

• Chefe da Seção de Arquivo e Registros

• Chefe da Seção de Oficina e Restauração

Atualmente a equipe de trabalho do Museu do Motor, é composta por

apenas duas pessoas: o diretor, engenheiro mecânico formado pela UFRGS, que

está no museu desde 2004 e um estagiário-bolsista de 20 horas semanais do curso

de engenharia mecânica.

Deve-se ressaltar que todas as tarefas/atividades do museu são cumpridas,

basicamente, pelo Diretor, sendo que os serviços de portaria, segurança e limpeza

dos espaços são exercidos por funcionários terceirizados pela Universidade. Fomos

informadas que o Museu não possuí recursos financeiros para sua manutenção

dependendo exclusivamente de verba destinada pelo Departamento de Engenharia

Mecânica.

O Museu conta ainda, esporadicamente com voluntários, estagiários,

bolsistas e assessores ligados à Universidade.

Page 15: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

15

2.2 Ambiente Físico

O objetivo do diagnóstico de ambiente físico é relacionar o acervo

museológico do Museu do Motor com os dez agentes de deterioração e suas

consequências frente a um gerenciamento inadequado.

Conforme Froner o diagnóstico é uma “ferramenta adaptável e flexível às

necessidades e condições institucionais; portanto deve ser aplicada visando a

implementação de uma política de preservação” (2008, p.4).

Identificar os riscos consiste em verificar os perigos, os agentes e os

mecânicos que podem causar danos e perdas de valor ao patrimônio, que parte de

uma detalhada inspeção do macro, médio e micro ambiente, a fim de estabelecer

quais sãos riscos, o que pode acontecer, quando, onde, como e por que. Para

melhor identificar e agrupar esses agentes é necessário contar uma equipe

interdisciplinar. Abaixo citamos os dez agentes:

Forças físicas: fadiga, manuseio incorreto, acidentes público, desastres

naturais;

Criminosos: vandalismo, roubo;

Fogo: através da combinação combustível, comburente e ignição e sua forma

de reação;

Água: vazamento, tempestades, granizo, inundações, lençóis freáticos;

Pragas: microrganismos, roedores, insetos aves e morcegos;

Poluentes: gases, poluentes particulados, produtos de limpeza;

Luz: ultravioleta, infravermelha, fontes naturais ou elétricas;

Temperaturas incorretas: oscilações bruscas;

Umidade relativa incorreta: U.R.I em combinação com temperaturas

inadequadas é um acelerador no processo hidro lítico;

Dissociação: deficiência de organização, ocasionando perda de valor ao

acervo.

A partir da identificação dos agentes, e um conhecimento prévio do acervo e

edifício do museu partiremos para uma análise de segurança ambiental no médio

ambiente, definindo assim, quais serão as medidas ativas e passivas a serem

tomadas.

Page 16: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

16

2.2.1 Macro ambiente

Utilizaremos a definição de Froner, na qual afirma que o macro ambiente

pode ser compreendido como o “situ”, o local em que se encontra localizada a

instituição.

Lembramos a importância de considerar o entorno da instituição. Para tanto

citamos Coelho (apud CUTY, 2012, p.109),

a paisagem representa uma expressão material e simbólica que a sociedade dá ao meio, e que para além de uma análise estrita das formas, faz-se necessário a busca pela substância da paisagem na relação entre forma e conteúdo, materialidade e representação, paisagem e imaginário coletivo. (LUCHIARI, 2001, p. 15-16)

Entorno

O Museu do Motor localiza-se no Campus central, no prédio da Engenharia

Mecânica, sito à Rua Sarmento Leite, 425, no Centro Histórico de Porto Alegre, está

em uma área movimentada, com um grande fluxo de veículos (pesados e

particulares) que causam trepidação bem como liberação de poluentes, gasosos

(CO2) e particulados (fumaça, poeira, mp10) que são transportados pelo ar,

liberado pelos veículos que circulam nas grandes Avenidas, Osvaldo Aranha e João

Pessoa, O Parque Farroupilha e a Rua Paulo Gama, estão localizados dentro do

perímetro de localização Museu.

Em consequência de fatores variados, oscilações climáticas e a dinâmica

de massas de ar que atuam diretamente na temperatura, chuvas e umidade relativa

do ar, existem uma variação no seu entorno que afetarão interna e externa no prédio

do Museu.

Observou-se que, seu elevado número de árvores facilita o aumento do

nível de umidade relativa do ar, e nos períodos de chuvas prolongadas provoca

alguns alagamentos, que ocorrem na ala norte (pátio interno) por haver um desnível

em relação ao resto da construção. O asfalto também é um fator para alagamentos

do prédio, pois acaba por criar uma área impermeável, não acontecendo uma

drenagem natural da água, que ficará a mercê dos esgotos e sua capacidade de

vazão.

Page 17: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

17

Figura 8 - Imagem área do campus central

Fonte: Google Maps. Acessado em 30 de maio de 2014.

Pluviometria

Nos períodos de chuvas prolongadas, que acontecem entre junho e setembro,

na cidade, como mostra tabela abaixo, a possibilidade de alguns alagamentos, é

corrente no Museu, o pátio interno da ala norte, possui um desnível em relação ao

resto da construção e sofre com alagamentos que atingem o interior do prédio. O

asfalto das avenidas João Pessoa e Osvaldo Aranha, deve ser considerado para

alagamentos do prédio, pois acaba por criar uma área impermeável, não

acontecendo assim, uma drenagem natural da água, que fica a mercê dos esgotos e

sua capacidade de vazão.

Page 18: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

18

De acordo com o 8º Distrito de Meteorologia, a média histórica da Precipitação Pluviométrica de Porto Alegre é de:

- Janeiro: 100,1mm

- Fevereiro: 108,6mm

- Março: 104,4mm

- Abril: 86,1mm

- Maio: 94,6mm

- Junho: 132,7mm

- Julho: 121,7mm

- Agosto: 140,0mm

- Setembro: 139,5mm

- Outubro: 114,3mm

- Novembro: 104,2mm

- Dezembro: 101,2mm

Figura 8 – Tabela de dados sobre o volume de chuva da cidade de Porto Alegre, RS. Fonte: Site do Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre da Prefeitura Municipal

O nivelamento entre pátio e térreo se faz necessária, assim como um sistema

de drenagem da água das chuvas, para evitar e bloquear os alagamentos vem

ocorrendo ao longo do tempo.

Figura 9 – Imagem do piso do Museu parcialmente alagado devido à chuva do dia 04/07/2014

Reprodução – Débora Majewski (2014)

Page 19: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

19

Figura 10 – Imagem da área externa do Museu parcialmente alagado devido à chuva do dia 04/07/2014

Reprodução – Débora Majewski (2014)

Temperatura e U.R.I

A cidade de Porto Alegre possui um clima subtropical úmido, e caracteriza-se

por grandes índices de flutuações de temperatura e U.R.I. Como podemos observar

através da tabela abaixo, temos uma temperatura média anual de 19,5º, variando

entre 2º a 39º, e uma umidade relativa média anual em torno de 76%.

Estas características climáticas influenciam o entorno em questão, pois

deixam os agentes livres para agirem, tanto negativamente como positivamente.

Umidade: causada ou por U.R elevada ou por chuvas, ela penetra no prédio

por capilaridade;

Vegetação: afeta também de maneira positiva, pois quanto mais árvores e

quanto mais velhas as mesmas, mais elas capturam dióxido de carbono

(CO2), liberadas pelos veículos que transitam, em contra partida, haverá um

aumento de U.R, causada pelo excesso de transpiração da vegetação dos

parques;

Poluentes particulados: conjunto de poluentes suspensos como a poeira,

gases, fumaça proveniente de combustão, que serão levados para dentro do

Museu através da abertura janelas e portas;

Page 20: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

20

Iluminação natural: incidência solar afetará o prédio e seu acervo.

Dados climatológicos para Porto Alegre

Mês Jan Fev Mar Abr Ma Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano

Temperatur

a máxima

registrada

(°C)

39,2 39 38,1 35,6 32,7 31,6 32,2 34,9 38 38,2 39 39,8 39,8

Temperatur

a máxima

média (°C)

30,2 30,1 28,3 25,2 22,1 19,4 20,3 20,4 21,8 24,4 26,7 29 24,8

Temperatur

a média

(°C)

24,6 24,6 23,1 19,9 16,9 14,3 14,4 15,2 16,8 19,1 21,2 23,3 19,5

Temperatur

a mínima

média (°C)

20,5 20,8 19,3 16,3 13 10,7 10,7 11,5 13,1 15 17 18,9 15,6

Temperatur

a mínima

registrada

(°C)

10,1 12,6 9,6 6,8 3 0,4 -0,2 0,3 2,2 5,8 8 10 -0,2

Precipitaçã

o (mm)

105,

9 99,2

104,

7 77,3 90

138,

4

118,

5

137,

1

142,

2

121,

3 92,4 93,4

1 320,

2

Dias de

chuva 9 8 8 7 8 9 9 9 10 9 8 7 101

Umidade

relativa (%) 71 74 75 77 81 82 81 79 78 74 71 69 76

Horas de

sol 239

208,

1

200,

7

180,

3

166,

1 136

148,

6

151,

1

151,

2

201,

9

216,

6

245,

2

2 244,

8

Page 21: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

21

Figura 11 – Tabela de dados sobre o clima da cidade de Porto Alegre, RS

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (médias climatológicas: período de 1961 a 1990;85

86

87

67

88

89

68

período dos recordes de temperatura: 1961 a 2013).80

81

Incidência Solar

Através da localização no Google Maps, percebemos que a entrada principal

do Museu está voltada para o Leste. As orientações, Leste e Oeste apresentam

características parecidas em relação à incidência dos raios solares, mas em horários

diferentes do dia.

As fachadas voltadas para o Leste recebem sol pela manhã, enquanto as

fachadas direcionadas para o Oeste, o sol bate à tarde, ambientes voltados para o

Oeste, no entanto, costumam ser mais quentes, já que o sol da tarde é mais intenso

e deixa o imóvel com temperaturas mais altas à noite, tanto no verão quanto no

inverno. Já no Sul o sol é sempre um problema, pois no inverno não incide com

força e no verão somente nas primeiras horas do dia, no hemisfério Sul. O sol do

Norte é o mais ideal, pois nosso inverno úmido, ele será o melhor durante todo o dia.

Com a construção do novo prédio da Engenharia, o prédio do Museu, será

sombreado, o que poderá aumentar a umidade na edificação. Já a coleção de

motores que se encontra no saguão não recebe radiação direta, sua conservação

não é influenciada por este fator.

Page 22: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

22

Figura 12 – Planta baixa do Museu do Motor

Fonte: Museu do Motor (s/ ano)

2.2.2 Médio ambiente

Prédio

O Museu ocupa o térreo do antigo prédio do Instituto Parobé, que inicialmente

cumpria a função de abrigar uma escola/internato, foi construído em 1928, tendo em

sua estrutura original três andares, o prédio já sofreu algumas intervenções para sua

preservação e atualmente passa pelo processo de adaptações para acessibilidade

Universal e melhorias nas instalações elétricas e hidráulicas, ainda sobre a

construção, ela possui paredes espessas e um pé direito alto, de 6m, o primeiro

andar e os dois próximos tem 4m, também há piso frio em todos os andares, e

aproximadamente 150 janelas que funcionam ora para ventilação, ora para

iluminação natural.

A pintura do prédio externa e interna fazem uma composição de rosa e azul

(clores claras), que também são facilitadores de reflexão solar, colaborando assim

para o controle de temperatura do predial.

Na área externa de convivência do prédio, há um número elevado de arvores,

principalmente ao sul, o que contribuem para uma elevação de umidade do ar, e

acidentes naturais, como queda de arvores e o sombreamento natural.

Além do acervo, o prédio continua mantendo sua função acadêmica, onde

aulas são ministradas regularmente.

Existe um pequeno jardim a Leste, na área externa, por onde se da o acesso

ao interior do prédio. Ao Sul, existem algumas arvores que fazem um leve

sombreamento. A calçada possuiu piso tátil e encontra-se em bom estado de

conservação. Observa-se também toda a fachada da entrada principal esta próximo

à calçada, sem nenhum tipo de grade ou muro, tornando-se vulnerável a

vandalismo, o que descaracteriza a arquitetura original. Também há um

estacionamento, e a Oeste foi construído um novo prédio da Universidade.

Page 23: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

23

Figura 13 – Imagem da entrada do Museu e na calçada o piso tátil

Reprodução: Débora Débora Majewski (2014)

Figura 14 – Imagem das grades em torno do Prédio do Museu

Reprodução: Débora Débora Majewski (2014)

Page 24: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

24

Luz

Conforme NBR 5413, a iluminância local é de 100 a 500 lux. Para materiais

resistentes como metais (maior parte do acervo Museu do Motor), é classificado

como pouco sensível. A iluminância é sem limite (geralmente 300 lux), mas esta

sujeito ao calor radiante, a reserva técnica deve manter uma luminosidade de 50 lux,

enquanto a sala para restaurações até 1000 lux, mas levando em consideração o

curto período de permanência das coleções nestes ambientes.

O Museu possui um sistema de iluminação variável, que conta com a luz

natural que entra através das muitas janelas, e pelo uso de lâmpadas fluorescentes

e incandescentes, dispostas de maneira aleatória, sem controle sobre a emissão de

radiações (UV e IR), níveis de iluminância e tempo de exposição dos objetos a

esses níveis.

O uso do Luxímetro (lúmen/m²) é recomendado para controle de radiações,

pois tanto a radiação visível como a invisível causa deterioração, podendo ser leves

ou irreversíveis, como por exemplo, a oxidação nos motores, periféricos e

equipamentos e acidificação ou ressecamento nos papeis, entre outros malefícios.

Umidade Interna e Temperatura

Observou-se que o elevado número de árvores aumenta o nível de umidade

relativa do ar, que já é alto durante o ano. A umidade penetra no prédio, através de

capilaridade causada por chuvas ou lençóis freáticos, vazamentos hidráulicos,

problemas nos telhado ou calhas entupidas.

Constatou-se a existência infiltrações e umidade nas paredes, a uma altura

aproximada de 1,50m do solo, o que pode ser de capilaridade causada pelas

chuvas. Tal constatação se deu pela formação de bolhas, perda pictórica e de

argamassa.

Aliado a isso existem modificações na temperatura causadas pela atividade

humana, tais como, limpeza do espaço, abertura de portas e janelas.

Recomendações:

Page 25: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

25

Que os sensores de U.R e T, estejam posicionados próximos às coleções,

para controle correto das oscilações. Observar para técnicos realizaram a

leitura dos gráficos em segurança;

Uso de material hidrofugantes nas paredes para fins de conservação e

proteção contra umidade;

No térreo, recomenda-se o uso de sistema mecânico para o controle da

temperatura através de ventiladores. Na reserva técnica existência de

desumificadores.

Instalações Hidráulicas

Constatou-se um vazamento junto à sala 101 de restauração, causado por

uma inundação no banheiro anexo a esta sala. A água que é um agente perigoso

não deveria estar próxima às coleções, pois os motores são compostos de ligas

metálicas, onde, embora os elementos químicos, como o ferro e cobre entre outros

se façam presentes, estão combinadas com diversos elementos de, que conferem

ampla variedade de propriedades físicas, químicas , bem como alterações em sua

estrutura original, podendo acarretar uma corrosão generalizada, localizada ou

seletiva, pois a velocidade de reação é extremante dependente da U.R.I e de

poluentes.

Em 2009, houve um sinistro entre o feriado de natal e o ano novo causado por

um curto circuito no ar condicionado (que ficou ligado no feriado), afetando a coleção

de livros raros, sobre mecânica, que datam do início do século XX.

Figura 15 – Sinistro no Museu

Page 26: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

26

Reprodução: Priscila Chagas Oliveira (2009)

Figura 16 – Sinistro no Museu

Reprodução: Priscila Chagas Oliveira (2009)

Figura 17 – Sinistro no Museu

Reprodução: Priscila Chagas Oliveira (2009)

Instalações Elétricas

Em conversa com o engenheiro responsável pelas novas adaptações do

prédio e em observações às instalações, constatou-se que as redes e a caixa central

estão sobrecarregadas. Com a maior demanda de energia, devido a aquisição de

novos equipamentos de ar condicionado para as salas de aula, elevador e material

didático (computadores e redes) para os web espaços, a rede antiga corre riscos de

ficar sobrecarregada.

Recomendações:

Page 27: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

27

Caso as caixas não sejam trocadas, existe risco de curto circuito ou incêndio,

acarretando danos irreversíveis ao acervo;

Manter extintores de incêndio adequados em local de fácil acesso, bem como

sinalização de saídas de emergência.

Ventilação/Filtração

Conforme o caderno de Conservação Preventiva 1, observou-se a importância

da qualidade do ar do prédio, bem como a necessidade de implementar-se um

sistema de ventilação adequado. No caso do Museu do Motor existe uma ótima

ventilação natural, devido à existência de 150 janelas (aproximadamente) com

vidros.

Por ser um prédio de paredes grossas, o Museu do Motor, possui alta inércia

térmica. No caso de abrir as janelas para ventilação pode não alterar a

temperatura, mas poderá influenciar na U.R.I;

Vidros verdes e filmes refletores de raios infravermelho os quais devem ser

aplicados diretamente sobre as portas e janelas.

Telhado e Calhas

O telhado possui características do início do século XX, como suas três

cúpulas de liga metálica de cobre. Essa técnica de usar metais flexíveis era para

facilitar o desenho arredondado das cúpulas, que seguiam somente um padrão

estético. Para manter o conforto térmico recebeu telhas de cerâmica e forro de

madeira, que funcionam como um colchão de ar natural. Observou-se que as telhas

e calhas devem receber manutenção periódica, pois não há infiltrações oriundas das

mesmas.

Recomenda-se para estabilizar o clima dentro do prédio, que se

mantenha um bom isolamento térmico, assim ele reduzirá o efeito do calor originado

pela irradiação solar.

Page 28: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

28

Fogo

O fogo é o inimigo de qualquer Museu, portanto todas as medidas de

segurança possíveis para combater os riscos de incêndio devem ser tomadas, já

que suas consequências podem ser irreversíveis.

A instituição não conta com um sistema de controle de incêndio. Não há

hidrantes próximo à calçada, nem mesmo extintores de incêndio. Não foram

observados detectores de fumaça, nem mangueiras de incêndio no térreo.

Um mapa de rota fuga (NBR10898) é pré-requisito obrigatório, para segurança

do público e funcionários que se encontram no prédio. Deve haver sinalização no

caminho de rota de fuga a ser seguido, caso haja necessidade de uma evacuação

urgente do local, a fim de evitar pânico e desordem, levando a acidentes graves.

O acesso ao prédio pelas brigadas de Incêndio, irá esbarrar em um ponto

crítico: as janelas do prédio são gradeadas, a portaria controla a porta lateral,

mantendo sempre chaveada. A porta principal é acessada pelos estudantes através

dos cartões, enquanto o público em geral somente entra com autorização dos

seguranças.

Os seguranças devem ter orientações especificas no caso de incêndio.

Observar acondicionamento dos materiais inflamáveis em lugares adequados, seguir

recomendações do corpo de bombeiros e evitar instalações elétricas inadequadas,

para manter o acervo, o prédio e o publico em segurança.

Manter extintores de incêndio sinalizados corretamente carregados e

adequados, a fim de facilitar o seu uso e acesso, levando em consideração alguns

aspectos como:

Tipo de agente extintor, em função do material combustível presente;

Área a ser protegida pelo extintor, em função do risco do local;

Distância máxima a percorrer até alcançar o extintor, em função do risco do

local;

Altura máxima e mínima de instalação;

Sinalização para fácil localização.

Page 29: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

29

Classe

A

Triângulo

verde

Sólidos, como madeira e

papel

Classe C Círculo azul

Incêndios de equipamentos elétricos

Segurança (Avaliação de Segurança – Ameças/Vulnerabilidade/Riscos)

“O Estatuto de Museus (lei nº 11.904) e o IBRAM (lei nº 11.906) determinam

que, os museus garantirão a conservação e a segurança de seus acervos”, (Artigo

21), bem como “dos usuários, dos respectivos funcionários e das instalações” (Artigo

23).

Constamos que: segurança do Museu do Motor e de todo o prédio é feita por

uma equipe terceirizada, que não possui treinamento adequado para este tipo de

Instituição. Isso ocorre em todos os Museus da Rede REMAN, o que cria uma

necessidade de um plano de prevenção de furtos ou roubos ou acidentes com as

coleções e público.

Diálogo entre o diretor, equipe do Museu (bolsistas) e segurança se faz

necessário para identificar riscos em destaque:

Medidas a serem tomadas em caso de desastres naturais como chuvas,

fumaça, controle da poluição através da abertura de portas e janelas e

eventual queda de árvores no entorno do prédio;

Contato para emergências médicas em caso de acidentes com visitantes ou

funcionários;

Monitoramento através de rondas e circuito de TV, para evitar vandalismo na

área expositiva e na edificação.

Page 30: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

30

Para uma segurança adequada, a administração do Museu deve possuir uma

gestão de políticas clara constante no plano museológico a ser implantada por toda

a equipe do Museu, de forma participativa.

2.2.3 Micro ambiente

De acordo com Rosado (2008), “A maneira correta de manusear, embalar e

transportar um determinado objeto museológico depende do conhecimento da sua técnica

de construção e da sua sensibilidade aos agentes de degradação.”.

Sala de Exposição

A Sala de Exposição, do Museu do Motor, se localiza no hall de entrada do

prédio da Faculdade de Engenharia. Por ser a entrada principal do prédio, há um

grande fluxo de pessoas que transitam por ali, entre estudantes, funcionários,

professores, visitantes.

Os motores ficam expostos nas laterais da escadaria que dá acesso ao outros

andares, dispostos sem nenhum tipo de ordem ou expografia específica. Nos

espaços atrás da escadaria, também estão distribuídos alguns motores, funcionando

o espaço, também, como depósito.

Os pontos de iluminação artificial não favorecem todos os ambientes

expositivos e a incidência de luz solar se dá pelas janelas localizadas na parte

frontal do prédio.

A rede elétrica é insuficiente para todo o ambiente expositivo, e muitos

motores não podem ser ligados por não existir uma fiação adequada que suporte a

voltagem necessária.

Os motores não apresentam nenhum tipo de identificação individual ou

número de incorporação fixadas neles e somente os que ficam nos dois primeiros

ambientes (ao lado da escadaria) possuem texto explicativo. Todo o acervo consta

no Livro Tombo da instituição, mas não possuem ficha catalográfica individualizada.

Page 31: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

31

Manuseio

Antes do manuseio, deve ser feita uma avaliação rigorosa do estado de

conservação da peça, para verificar sua estabilidade estrutural. (ROSADO)

O manuseio deve ser feito por pessoal qualificado, sempre em mais de uma

pessoa, com vestuário e luvas adequadas.

Acondicionamento

O armazenamento/armazenamento dos motores dever ser individual,

normalmente em madeira (caixas ou armações) e em função das grandes

dimensões e peso não devem ser empilhados.

Apenas duas peças possuem expositores, em acrílico, pois são relativamente

pequenos e compõem um circuito eletro-mecânico.

Os outros motores expostos ficam diretamente sobre o piso de ladrilhos e

algumas peças apresentam focos de oxidação (ferrugem) no piso e no próprio

motor. O ideal seria que fossem acondicionados em pedestais ou suportes, de

madeira ou metal, previamente construído sob medida, para evitar corrosões e o

desgaste do piso, pois, também, o prédio é um patrimônio a ser preservado.

Transporte

O transporte dos motores, normalmente é feito por empresas especializadas,

pois dependem de guindastes e guinchos, e caminhões que suportem o peso

excessivo.

Os acondicionamentos para o transporte são em caixas acolchoadas e o

manuseio das peças sempre em esteiras ou carrinhos próprios para transporte e

nunca arrastar uma peça, pois causa atritos com o piso e podem causar trepidações,

fraturas nas peças e perda de material.

Dada à importância do acervo, optamos por destacarmos no início do

trabalho. Neste tópico abordaremos apenas as coleções.

Page 32: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

32

Legenda:

1 Força Física

2 Furto/Vandalismo/Roubo

3 Fogo

4 Água

5 Pragas

6 Poluentes

7 UV/IR

8 Temperatura Incorreta

9 Umidade Incorreta

Page 33: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

33

10 Dissociação

●Sala de Exposição

●Sala Higienização/Reparos

Administração

Acervo Bibliográfico

Oficina

Banheiro

3 VALORAÇÃO DO ACERVO

Ao trabalharmos com gerenciamento de risco necessariamente temos que refletir

sobre o valor do acervo que compõe o Museu. Isso se deve fundamentalmente

porque risco está associado a custos e, portanto, exigirá por parte dos profissionais

envolvidos tomadas de decisão, escolhas a fazer, prioridades a elencar. Perguntas

como, quais os bens que deverão ser restaurados, onde os recursos deveram ser

aplicados, envolvem um profundo conhecimento do valor de nosso patrimônio.

Nesse sentido concordamos com Pedersoli e Mattos (2013) quando afirmam que

a dificuldade de atribuir valor ao patrimônio, reside em seu carácter subjetivo,

condicionado ao contexto cultural em que se encontra.

SÍMBOLO PROPORÇÃO INTENSIDADE

4

ALTA

2

MÉDIA

1

BAIXA

Page 34: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

34

Questões como estas devem nortear um estudo sólido e consistente de

atribuição de valor ao acervo de uma instituição, de acordo com Pedersoli e Mattos

(2013, p. 63), “quanto maior a clareza quando aos valores associados aos bens culturais,

melhores serão as condições de estimar perda de valor que poderiam sofrer [...]”.

Segundo estudos da área, podemos atribuir valor sob diversos aspectos de

um bem, como por exemplo, raridade, autenticidade, valor simbólico, valor histórico,

estado de conservação, valor educativo, valor rememorativo, entre outros. Em

consonância com Pedersoli e Mattos para atribuirmos valores ao patrimônio

devemos refletir sobre valor estético, social espiritual, econômico e histórico,

portanto reafirma sua característica subjetiva. De acordo com a carta de Veneza

(citada por Pedersoli e Mattos), a autenticidade é o principal atributo a ser

considerado em um estudo de atribuição de valor. Outra questão interessante para

reflexão refere-se ao fato de que ao atribuirmos valor a um

patrimônio/acervo/coleção, necessariamente estaremos pensando em seu reverso;

ou seja, a perda de valor e seu impacto sobre a instituição. Poderíamos fazer uma

analogia com o jogo da memória: o que lembrar, o que esquecer.

Abaixo, elencamos algumas características que poderão auxiliar em um

processo de valoração dos bens de uma instituição conforme Pedersoli e Mattos

(2013)

Constituição do bem;

Forma;

Antiguidade;

Estado de conservação;

Autoria;

Contexto físico e a relação com o sujeito.

Em nossas reflexões em grupo chegamos à conclusão que dada a

complexidade do processo de valoração de um acervo, devemos contemplar

diferentes olhares e pontos de vistas. Para o diretor do Museu, por exemplo, alguma

peça pode ter um valor inequívoco; no entanto, o público visitante pode ter outra

opinião, ancorando seus pressupostos em valores simbólicos e intangíveis.

Page 35: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

35

Queremos dizer com isto que, para nos aproximarmos de um valor próximo a

realidade deveu privilegiar diversas fontes, não nos restringindo apenas ao um olhar.

Metodologicamente, para atribuição de valor do acervo do Museu do Motor,

optamos por considerar três amostras, cujas fontes são:

Alunos da Engenharia Mecânica;

As próprias alunas do Curso de Museologia;

A coordenação/direção do Museu (conforme anexo n° 8).

Obs.: Inicialmente, acordamos com o diretor do Museu, realizar pesquisa junto a

uma amostra de alunos de engenharia mecânica, a ser indicada por ele. No entanto,

dadas as dificuldades encontradas e já relatadas anteriormente, não foi possível

viabilizar a amostra de alunos. Dessa forma, trabalhamos com apenas duas fontes

(pesquisadores e direção do Museu). Cabe destacar também que existem estudos

que valoram a própria edificação onde está abrigado o Museu. Esclarecemos que,

em nossa análise, não consideramos o valor do prédio.

TABELA DE VALORES

Elaboramos a seguinte tabela de valores considerando o acervo abaixo:

1. Amostra realizada pelas pesquisadoras/alunas

Motores ------------------------------------------------------------------------------- 80%

Motor Otto ---------------- 60%

Demais Motores --------- 20%

Periféricos /Componentes e Equipamentos automotivos --------------- 12%

Equipamentos didáticos interativos --------------------------------------------- 2%

Materiais bibliográficos e audiovisual ------------------------------------------- 6%

Total: -----------------------------------------------------------------------------------100%

Page 36: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

36

2. Amostra com a direção do Museu

Enviamos pesquisa para o coordenador discente e o diretor. Somente

recebemos resposta do coordenador (anexo n° 8), conforme segue:

Motor Otto ------------------------------------------------------------------------ 95%

Demais peças do acervo ------------------------------------------------------ 5%

Total: -------------------------------------------------------------------------------100%

60% 20%

12%

2% 6%

Acervo do Museu do Motor (pesquisadoras)

Motor Otto

Demais motores

Periféricos /Componentes eEquipamentos automotivos

Equipamentos didáticos interativos

Materiais bibliográficos eaudiovisual

Page 37: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

37

Muito embora este trabalho tenha como objetivo elaborar um diagnóstico de

conservação, julgamos importante destacar a importância da valoração do acervo

para que seja possível a implementação de um eficiente Gerenciamento de Risco

(plano ideal).

No quesito armazenamento, manuseio e conservação dos acervos, nos

deparamos com o ponto fraco da instituição. Não há um plano de conservação e

prevenção implantadas, por não haver disponibilidade de verba destinada a este

propósito. Também não se encontrou um plano de risco para as ameaças para as

coleções e edifício do Museu, provenientes de emergências naturais ou causadas

pela ação humana.

95%

5%

Acervo do Museu do Motor (direção)

Motor Otto

Demais peças do acervo

Page 38: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

38

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Realizar este trabalho foi um desafio para nosso grupo! Durante o decorrer do

semestre tivemos a oportunidade de conhecer a situação “ideal” em termos de

conservação e preservação, o que na realidade não conseguimos identificar em

nosso objeto de estudo: Museu do Motor.

Enfrentamos muitas dificuldades para obter as informações já que as mesmas

concentram-se na figura de uma única pessoa: seu diretor. Registramos também

que nossas observações não se revestem de caráter pessoal, ao contrário, o

coordenador sempre nos atendeu de forma disponível e solícita.

Além das dificuldades relatadas, nos deparamos com nossa inexperiência

frente a uma realidade prática muito distante de nossos conhecimentos teóricos. A

cada visita, a cada incursão, a cada e-mail era uma sucessão frustrante de “nãos”

(não tem, não possui). Esse fato, inicialmente, gerou-nos uma frustração e certo

desestímulo, além de termos sidos surpreendidas por uma reforma no transcorrer do

trabalho. Registramos que ficamos curiosas e otimistas em relação ao resultado da

reforma, uma vez que entendemos que o Museu ficará em melhores condições de

funcionamento.

No entanto, o exercício acadêmico foi rico em aprendizados. Relembramos

muitas vezes o que nossa professora insistia em repetir durante as aulas: que um

dos objetivos da disciplina era que desenvolvêssemos um olhar crítico, mais acurado

e detalhado, que sem os conhecimentos técnicos obtidos durante o semestre,

passariam desapercebidos.

Fatos como vazamentos, motores expostos a intempéries, falta de condições

mínimas de trabalho saltaram-nos aos olhos. Mas sem dúvida o que mais nos

impactou foi no tocante ao ambiente organizacional e a fragilidade em que se

encontra a documentação do Museu. Entendemos que há necessidade de

implementar algumas ações mínimas de gestão como: organização do acervo,

regularização da Reserva Técnica, inventario, catalogação, regularização do livro

tombo, descarte de alguns motores, para citar apenas algumas. Uma gestão

documental bem organizado é um facho de luz que fornece uma direção segura

sobre os caminhos que se deve trilhar. Nesse sentido é importante um sólido

conhecimento sobre gestão em Museus e sobre a documentação mínima necessária

Page 39: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

39

para que um patrimônio tão importante, como o que existe no Museu do Motor, seja

preservado e cumpra seu papel social.

Tais fatos serviram de alerta para a função de Museólogas, no tocante aos

desafios que enfrentaremos em nossa futura caminhada profissional.

Entendemos que o fato da instituição ser integrante da Rede de Museus da

UFRGS, é muito importante para seu futuro, já que existe linha de pesquisa que

contempla essa rede, assim como também o fato de que alguns alunos da

Museologia estagiarem nesta instituição, o que de uma forma ou outra contribui para

sua qualificação.

Também seria interessante conhecer e manter parcerias com museus da

mesma natureza, com o intuito de trocar experiências. Por sugestão da professora,

citamos o MAST – Museu de Astronomia, localizado na cidade do Rio de Janeiro.

Trata-se de uma instituição ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação –

MCTI. Outra parceria possível seria a aproximação junto ao Museu Militar de Porto

Alegre, dada pela similaridade de acervo (bens/equipamentos) que os mesmos

possuem.

No decorrer do semestre, também tivemos a preocupação de formalizar e

registrar nossos contatos com a instituição, o que de certa forma, comprovou o

quanto estávamos envolvidas com o tema, na busca incansável de informações e

maiores subsídios para embasar nossa avaliação.

No tocante as demais recomendações de melhoria, esclarecemos que as

mesmas estão inseridas ao longo do tópico ambiente organizacional (macro, médio

e micro ambiente).

Como o Museu desempenha um papel pedagógico e educacional junto à

comunidade acadêmica (Engenharia Mecânica), entendemos que deva ser instituído

um programa sistematizado que potencialize este papel, sensibilizando os alunos

para a importância da educação patrimonial.

Também é importante registrar que o trabalho em grupo exige dedicação e

envolvimento de todos. E acreditamos que todas nós, cada uma a sua maneira,

contribuiu para o resultado final.

Page 40: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

40

Nossa frustração descrita inicialmente transformou-se em desafio e foi

gratificante constatarmos que nosso esforço foi reconhecido na 1ª etapa do

exercício, quando obtivemos um excelente conceito.

Foi um excelente exercício acadêmico!

Page 41: Diagnóstico de Conservação - Museu do Motor

41

REFERÊNCIAS

<http://www2.portoalegre.rs.gov.br/ceic/default.php?p_secao=28> Acessado em: 07 de

junho de 2014, às 10:50.

<http//p.t wikipedia instituto Nacional de meteorologia> Acessado em: 07 de junho de 2014,

às 11:00.

<http//www.crato.org/chapadadoAraripe> Acessado em: 07 de junho de 2014, às 11:30.

ALVES. Jeniffer Cuty. A gente sempre pensou em termos de planejamento: a cultura da

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ANEXOS

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Anexo 1 – Estatuto do Museu

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Anexo 2 – Registro Nacional do Museu

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Anexo 3 – Registro Regional do Museu

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Anexo 4 – Livro Tombo

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Anexo 5 – Planta baixa do Museu

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Anexo 6 – Imagens do Museu do Motor, Reprodução Ronaldo Milanez (2014)

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Anexo 7 – E-mail de apresentação para coordenação do Museu (24/04/2014)

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Anexo 8 – Consulta sobre atribuição de valor do acervo com o coordenador

docente

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Anexo 9 – Consulta sobre atribuição de valor do acervo com o diretor do

Museu. E-mail inicial em 24 de abril, reiterado em 27 de maio “ambos” sem

resposta

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Anexo 10 – Comunicação a professora Jeniffer Cuty, sobre as dificuldades em

obter informações junto ao Museu