diagnóstico da pesca no litoral do estado do paraná

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DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ JOSÉ MILTON ANDRIGUETTO FILHO, PAULO DE TARSO CHAVES, CÉSAR SANTOS, SIDNEY ANTONIO LIBERATI RESUMO: O litoral do Paraná é constituído por sete municípios, com superfície pouco superior a 6.000 km² e população de 236.000 habitantes. Os pescadores distribuem-se em cerca de 60 vilas, rurais ou urbanas. A pesca sediada no estado é de pequena escala. Apenas os barcos camaroneiros, baseados no município de Guaratuba, constituem uma pescaria especializada e empresarial. A plataforma interna é dominada pela pesca de arrasto dos camarões sete-barbas e branco, este também capturado pela pesca de caceio (deriva) e pela pesca de gerival. O emalhe destaca-se entre as pescarias de peixe. Os tamanhos de malha variam comumente de 4,5 a 22 cm entre nós opostos, chegando a 60 cm para a captura de cações. Há uma grande diversidade de outras práticas, algumas de distribuição muito localizada: espinhel, cambau, lanços de rede, arrastão de praia, irico, cerco fixo e coleta de moluscos e crustáceos. A produção total anual tem oscilado entre 500 e 2.500 t. Paranaguá e Guaratuba respondem respectivamente por 26% e 64% dos desembarques, compostos de 27 tipos de recursos pesqueiros, correspondendo a 72 espécies. Nos últimos anos, moluscos, peixes e crustáceos representaram respectivamente 1%, 26% e 73% do desembarque total. O grupo dos crustáceos é amplamente dominado pelos camarões, cuja participação dificilmente ficou abaixo de 50%. Entre os peixes, destacam-se os Clupeidae e Sciaenidae. Os camarões respondem por cerca de 40% da receita total anual, que, em reais (R$) de 2002, oscilava entre 3,7 e 6,9 milhões no início dos anos 90. Os locais de desembarque são muito pulverizados. As empresas de pescado e os mercados municipais de Paranaguá e Guaratuba são os principais e concentram a primeira comercialização. Há mercados comunitários e desembarque de praia em várias localidades. O produto é revendido, sob várias apresentações, para Curitiba, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Os comerciantes locais nas vilas rurais constituem outra forma expressiva de escoamento da produção. Os principais tipos de embarcação são as canoas monóxilas, bateiras, botes e barcos, a maior parte de madeira. O número oficial mais recente é de 930 embarcações, relativamente estabilizado desde 1992, depois de uma queda marcada desde 1987. Um levantamento em 1995 indicou 749 embarcações motorizadas. O número total de pescadores registrados aumentou mais de 39% entre 1989 e 1996, chegando a 6.548. Atualmente, o número oficial, reconhecidamente subestimado, é da ordem de 4.200 pescadores. Naquele mesmo período, o número de pescadores filiados às colônias também aumentou, mas o declínio dos que se mantinham em dia foi mais intenso, recuperando-se em anos recentes para atingir pouco mais de 4.000 em 2002. Parece considerável o número de pescadores sem o registro profissional e filiação às colônias. Várias vilas e bairros têm associações de moradores com participação expressiva de pescadores. Quanto às relações de trabalho, predominam amplamente a informalidade e o clientelismo. As normas de manejo pesqueiro com repercussão no Paraná são o defeso do camarão, o licenciamento para o sete-barbas e a faixa reservada às embarcações de pequeno porte. Além da legislação pesqueira, várias normas de proteção ambiental se aplicam ao litoral do Paraná, limitando o uso de recursos florestais pelo pescador. Em relação ao apoio governamental, funcionaram recentemente os programas estaduais “Paraná 12 Meses”, de fomento ao setor primário, e “Baía Limpa”, eminentemente paternalista. O atual programa de subsídio ao óleo diesel para embarcações de pesca ainda não está funcionando no Paraná. Verificam-se duas grandes categorias de conflitos: aqueles internos ao setor, decorrentes do acesso livre e da competição entre escalas e modalidades de pesca; e os conflitos e contradições externos, como conflitos fundiários e desalojamento de pescadores, conflitos com órgãos de governo e ONGs em torno de restrições legais e problemas institucionais, além de conflitos de mercado. CARACTERÍSTICAS GERAIS AMBIENTE NATURAL Resumem-se aqui aquelas características ecológicas dos meios aquáticos do litoral do Paraná mais relevantes como contexto da atividade pesqueira. O texto baseia- se amplamente no artigo de Lana e colaboradores (2001) e, secundariamente, na compilação feita por Andriguetto Filho (1999), a não ser quando anotado diferentemente. O leitor é remetido a esses dois textos para as referências originais. Fisiograficamente, a zona costeira paranaense é recortada pelas baías de Paranaguá e Guaratuba. A Baía de Guaratuba, no extremo sul da zona costeira, é independente e consideravelmente menor e mais rasa do que a de Paranaguá, penetrando menos de 15 km no continente. A Baía de Paranaguá constitui um amplo estuário, geológica e geomorfologicamente complexo, compondo com a Baía de Iguape-Cananéia, no litoral sul de São Paulo, um grande sistema estuarino, com diversos corpos d’água interconectados. No Paraná, o sistema cobre 552 km 2 de espelho d’água mais 295,5 km 2 de áreas vegetadas inundadas (Noernberg et al., 2004) e se compõe das baías de Antonina e Paranaguá propriamente dita, de direção leste-oeste, 50 km de extensão, uma largura máxima de 7 km e 260 km 2 ; e das baías de Guaraqueçaba, Laranjeiras e Pinheiros, com orientação norte-sul, cerca de 30 km de comprimento, 13 km de largura e 200 km 2 (Figura 1). O sistema estuarino se conecta ao mar aberto através de

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A MBIENTE NATURAL J OSÉ M ILTON A NDRIGUETTO F ILHO , P AULO DE T ARSO C HAVES , C ÉSAR S ANTOS , S IDNEY A NTONIO L IBERATI Figura 1. Litoral do estado do Paraná: municípios, principais acessos e feições geográficas. Fonte: IPARDES, 1989. J.M.A NDRIGUETTO F ILHO , P.T.C HAVES , C.S ANTOS & S.A.L IBERATI 2

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DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

JOSÉ MILTON ANDRIGUETTO FILHO, PAULO DE TARSO CHAVES, CÉSAR SANTOS, SIDNEY ANTONIO LIBERATI

RESUMO: O litoral do Paraná é constituído por sete municípios, com superfície pouco superior a 6.000 km² e populaçãode 236.000 habitantes. Os pescadores distribuem-se em cerca de 60 vilas, rurais ou urbanas. A pesca sediada no estadoé de pequena escala. Apenas os barcos camaroneiros, baseados no município de Guaratuba, constituem uma pescariaespecializada e empresarial. A plataforma interna é dominada pela pesca de arrasto dos camarões sete-barbas e branco,este também capturado pela pesca de caceio (deriva) e pela pesca de gerival. O emalhe destaca-se entre as pescarias depeixe. Os tamanhos de malha variam comumente de 4,5 a 22 cm entre nós opostos, chegando a 60 cm para a capturade cações. Há uma grande diversidade de outras práticas, algumas de distribuição muito localizada: espinhel, cambau,lanços de rede, arrastão de praia, irico, cerco fixo e coleta de moluscos e crustáceos. A produção total anual temoscilado entre 500 e 2.500 t. Paranaguá e Guaratuba respondem respectivamente por 26% e 64% dos desembarques,compostos de 27 tipos de recursos pesqueiros, correspondendo a 72 espécies. Nos últimos anos, moluscos, peixes ecrustáceos representaram respectivamente 1%, 26% e 73% do desembarque total. O grupo dos crustáceos é amplamentedominado pelos camarões, cuja participação dificilmente ficou abaixo de 50%. Entre os peixes, destacam-se os Clupeidaee Sciaenidae. Os camarões respondem por cerca de 40% da receita total anual, que, em reais (R$) de 2002, oscilavaentre 3,7 e 6,9 milhões no início dos anos 90. Os locais de desembarque são muito pulverizados. As empresas depescado e os mercados municipais de Paranaguá e Guaratuba são os principais e concentram a primeira comercialização.Há mercados comunitários e desembarque de praia em várias localidades. O produto é revendido, sob váriasapresentações, para Curitiba, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Os comerciantes locaisnas vilas rurais constituem outra forma expressiva de escoamento da produção. Os principais tipos de embarcação sãoas canoas monóxilas, bateiras, botes e barcos, a maior parte de madeira. O número oficial mais recente é de 930embarcações, relativamente estabilizado desde 1992, depois de uma queda marcada desde 1987. Um levantamentoem 1995 indicou 749 embarcações motorizadas. O número total de pescadores registrados aumentou mais de 39%entre 1989 e 1996, chegando a 6.548. Atualmente, o número oficial, reconhecidamente subestimado, é da ordem de4.200 pescadores. Naquele mesmo período, o número de pescadores filiados às colônias também aumentou, mas odeclínio dos que se mantinham em dia foi mais intenso, recuperando-se em anos recentes para atingir pouco mais de4.000 em 2002. Parece considerável o número de pescadores sem o registro profissional e filiação às colônias. Váriasvilas e bairros têm associações de moradores com participação expressiva de pescadores. Quanto às relações de trabalho,predominam amplamente a informalidade e o clientelismo. As normas de manejo pesqueiro com repercussão no Paranásão o defeso do camarão, o licenciamento para o sete-barbas e a faixa reservada às embarcações de pequeno porte.Além da legislação pesqueira, várias normas de proteção ambiental se aplicam ao litoral do Paraná, limitando o uso derecursos florestais pelo pescador. Em relação ao apoio governamental, funcionaram recentemente os programas estaduais“Paraná 12 Meses”, de fomento ao setor primário, e “Baía Limpa”, eminentemente paternalista. O atual programa desubsídio ao óleo diesel para embarcações de pesca ainda não está funcionando no Paraná. Verificam-se duas grandescategorias de conflitos: aqueles internos ao setor, decorrentes do acesso livre e da competição entre escalas e modalidadesde pesca; e os conflitos e contradições externos, como conflitos fundiários e desalojamento de pescadores, conflitos comórgãos de governo e ONGs em torno de restrições legais e problemas institucionais, além de conflitos de mercado.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

AMBIENTE NATURAL

Resumem-se aqui aquelas características ecológicas dosmeios aquáticos do litoral do Paraná mais relevantescomo contexto da atividade pesqueira. O texto baseia-se amplamente no artigo de Lana e colaboradores(2001) e, secundariamente, na compilação feita porAndriguetto Filho (1999), a não ser quando anotadodiferentemente. O leitor é remetido a esses dois textospara as referências originais.

Fisiograficamente, a zona costeira paranaense érecortada pelas baías de Paranaguá e Guaratuba. A Baíade Guaratuba, no extremo sul da zona costeira, é

independente e consideravelmente menor e mais rasado que a de Paranaguá, penetrando menos de 15 kmno continente. A Baía de Paranaguá constitui um amploestuário, geológica e geomorfologicamente complexo,compondo com a Baía de Iguape-Cananéia, no litoralsul de São Paulo, um grande sistema estuarino, comdiversos corpos d’água interconectados. No Paraná, osistema cobre 552 km2 de espelho d’água mais 295,5km2 de áreas vegetadas inundadas (Noernberg et al.,2004) e se compõe das baías de Antonina e Paranaguápropriamente dita, de direção leste-oeste, 50 km deextensão, uma largura máxima de 7 km e 260 km2; edas baías de Guaraqueçaba, Laranjeiras e Pinheiros,com orientação norte-sul, cerca de 30 km decomprimento, 13 km de largura e 200 km2 (Figura 1). Osistema estuarino se conecta ao mar aberto através de

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três canais, com a entrada principal ao redor da Ilha doMel. A plataforma costeira adjacente, na área deabrangência do zoneamento marinho, é bastantehomogênea quanto a seu ambiente físico, comprofundidade inferior a 30 m e fundos arenosos.

O clima da região (Cfa) depende do deslocamentonorte-sul do giro anticiclônico semipermanente doAtlântico Sul e da passagem de massas polares frias,principalmente no inverno. Frentes frias de sudoestepara nordeste constituem a principal perturbaçãoatmosférica. Os ventos mais freqüentes são os de NE,com velocidade média de 4 m/s, mas tempestades desudeste podem chegar a 25 m/s. A estação chuvosatípica vai do final da primavera até o final do verão,com três vezes mais chuva do que a estação seca, dofim do outono ao fim do inverno.

O interior das baías é margeado principalmente pormarismas e manguezais, enquanto extensas praiasarenosas e algumas praias rochosas compõem a linhade costa exposta ao oceano. Na Baía de Paranaguá, osmanguezais ocupam a maior parte das zonas entremarés(186 km2). Marismas de Spartina alterniflora colonizamos baixios como faixas estreitas e descontínuas, com

até 50 m de largura, em frente aos manguezais. Cercade 100 espécies de macroalgas bênticas ocorrem naregião, principalmente em costões rochosos expostos enos manguezais. Condições ótimas de luminosidade enutrientes para o crescimento do fitoplâncton sãoencontradas nas áreas mesohalinas da baía.

O complexo estuarino da Baía de Paranaguá foiclassificado por Knopers et al. (1987) como um estuárioparcialmente misturado (tipo B), com heterogeneidadelateral – os gradientes laterais de salinidade, originadosdo aporte de água doce dos rios e canais de maré,formam microestuários nas porções de maior salinidadeda baía. A profundidade média é de 5,4 m, e o tempode residência de 3,5 dias. A salinidade e a temperaturamédias variam respectivamente de 12 a 29 e 23 a 30oCno verão e 20 a 34 e 18 a 25oC no inverno. As marés sãosemidiurnas, com desigualdades diurnas (em quadratura,pode haver até seis marés altas e baixas por dia). Em sizígia,a amplitude de maré vai de 1,7 m na embocadura a 2,7 mnas porções superiores. A amplitude média de maré é de2,2 m. O estado trófico varia de quase oligotrófico, nazona da desembocadura, durante o inverno, a eutróficodurante o verão, nas porções médias e superiores.

Figura 1. Litoral do estado do Paraná: municípios, principais acessos e feições geográficas. Fonte: IPARDES, 1989.

3 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

Nessas áreas, encontram-se os valores mais altos declorofila-α e nutrientes inorgânicos dissolvidos, durantea estação chuvosa. De um modo geral, ao longo doseixos leste-oeste e norte-sul da Baía de Paranaguá, hágradientes bem definidos de energia do ambientedeposicional, salinidade (9 a 34 ‰), pH, nitrogênio,fósforo, silício, transparência da água, seston, oxigêniodissolvido, clorofila, outros pigmentos, produtividadeprimária e profundidade (2 a 33 m), verificando-se asdiferenças mais acentuadas entre a Baía de Antonina eo restante do sistema. A distribuição no espaço e notempo da maioria das propriedades físico-químicas daágua se correlaciona bem com os gradientes de energiae salinidade, além de ser fortemente influenciada peloregime de chuvas, principalmente nas seções superiorese intermediárias da baía.

As baías de Antonina e de Paranaguá propriamente dita,a oeste, são francamente estuarinas, podendo serclassificadas como estuário homogêneo no inverno eestratificado no verão. O sedimento de fundo épredominantemente síltico-argiloso com manchas deareia, muito mal classificado, e com alto teor de matériaorgânica. Já a zona nerítica da Baía de Paranaguá, daIlha da Cotinga até a barra, caracteriza-se como umaárea de grande dinâmica e de mistura das águas dosestuários da Baía de Paranaguá e da Baía dasLaranjeiras na maré vazante. O fundo é de areia finabem selecionada. É nessa área que se verifica a maiorriqueza de espécies de peixes no complexo estuarino.

As demais células do complexo da Baía de Paranaguá(Baía das Laranjeiras, Baía de Guaraqueçaba e Baíados Pinheiros) são ambientes estuarinos menosconhecidos cientificamente. A última se comunica como estuário de Cananéia pelo Canal do Varadouro.Também pouco se conhece sobre as característicasoceanográficas da Baía de Guaratuba e da plataformacontinental, cujos fundos, até os 20 m, são constituídosde areia média a grossa bem classificada. A salinidadeda Baía de Guaratuba, à entrada, é alta e poucovariável, em torno de 30 a 32 ‰, e muito variável nofundo da baía, onde pode atingir valores de 1 a 31‰.

PANORAMA GERAL DA PESCA

O litoral do Paraná é constituído por sete municípios:Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos,Morretes, Pontal do Paraná e Paranaguá. A regiãoabrange uma superfície pouco superior a 6.000 km²entre o Oceano Atlântico e a Serra do Mar, abrigandouma população humana de 235.840 habitantes segundoo censo de 2000 (Figura 1). Existem hoje em todos osmunicípios, com exceção de Morretes, cerca de 60 vilas

de pescadores, rurais ou urbanas, no interior das baíase na frente oceânica. Essas vilas podem se apresentarde várias formas, desde pequenos povoadosexclusivamente pesqueiros, acessíveis somente porágua, até bairros urbanos. A presença de imigrantescatarinenses é forte, principalmente nas comunidadesdo município de Guaratuba. A Figura 2 apresenta alocalização e o tamanho estimado das vilas, segundolevantamento feito pelos autores. Foram identificadasoriginalmente 103 vilas, embora haja diversos outrosagrupamentos menores de pescadores em meio aotecido urbano da orla sul, nos municípios de Pontaldo Paraná, Matinhos e Guaratuba. Nas áreas urbanas,pôde-se verificar certo grau de dispersão, mas ospescadores, de um modo geral, apresentaram-seconcentrados no mesmo bairro ou vizinhança, ondenem toda a população é de pescadores. Constatou-se que 43 das 103 vilas desapareceram ou sofreramforte redução da população nas últimas décadas, o quesugere estarem em vias de desaparecer. O fenômenoacontece em todos os municípios do litoral.Inversamente, há uma dinâmica de concentraçãopopulacional em algumas vilas, especialmente embairros urbanos e nas entradas das baías.

O litoral do Paraná apresenta uma grande diversidadede modalidades de pesca, descritas em parte por Loyolae Silva et al. (1977), SPVS (1992a e b) e, maisrecentemente, por Andriguetto Filho (1999, 2002),Chaves (2002) e Chaves et al. (2002). De um modogeral, a pesca sediada no estado é de pequena escalaou “artesanal”, com uma produção ainda nãocorretamente avaliada, mas provavelmente deimportância mais regional e de menor expressão nocenário nacional. Segundo Paiva (1997), entre 1980 e1994, essa modalidade foi responsável por 92,2% daprodução desembarcada na região. Embarcaçõesindustriais procedentes de outros estados tambémoperam na costa paranaense, mas tais pescarias nãoserão abordadas aqui.

A Figura 3 procura mostrar a distribuição das principaispráticas de produção. Também estão localizados, comoelementos estruturais da atividade pesqueira, osprincipais pontos de desembarque de pescado e assedes das colônias e da extinta cooperativa de pesca.Além das constatações de pesquisa de campo, estemapa sintetiza as informações encontradas em Loyolae Silva e Nakamura (1975), Loyola e Silva et al. (1977),Corrêa et al. (1987), IPARDES, (1989), Rougeulle,(1989, 1993), Martin (1992) e SPVS (1992a e b). Osambientes de manguezal, estuário e nerít icocorrespondem, como se poderia esperar, a diferentesassociações ou bases de recursos.

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Figura 2. Litoral do estado do Paraná: zonas marítimas e vilas pesqueiras. Fontes: SUCAM – Superintendência de Campanhascontra a Malária, da FUNASA – Fundação Nacional de Saúde, dados de 1994; Andriguetto Filho, 1999, 2002; Chaves et al., 2002.

Figura 3. Litoral do estado do Paraná: sinopse da pesca. As zonas indicadas para os recursos de ocorrência geral correspondem agrandes espaços pesqueiros com associações semelhantes de recursos e práticas de pesca. Como indicado, outras práticas podemapresentar distribuição bastante localizada. Os pontos indicados para a frota de barcos correspondem aos portos de abrigo oufundeio permanente. A cooperativa de pesca não mais existe. Fontes: SPVS, 1992; Andriguetto Filho, 1999.

5 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

A plataforma interna, ao longo de toda a costa, édominada pela pesca de arrasto de camarão, a maisimportante em volume e valor, voltada para o sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri) e o branco (Litopenaeusschimitti). Dentre as pescarias de peixe, o fundeio paracienídeos e cações é o mais difundido e importante.Além dessas, há uma grande diversidade de práticas,algumas de distribuição mais localizada, com destaquepara a pesca do irico1 nas áreas mais setentrionais docomplexo da Baía de Paranaguá (baías de Laranjeirase Pinheiros), e a pesca de cerco fixo de taquaras naBaía dos Pinheiros e suas ligações com Baía dasLaranjeiras. Arrastos de praia para tainha e robaloocorrem ao longo da costa, embora não sejampraticados por todos os grupos de pescadores. Asatividades de coleta de moluscos (ostra e sururu) ecrustáceos (siri e caranguejo) são também significativas.O único segmento que se pode classificar de empresariale aquele que melhor se caracteriza como uma pescariaespecializada é o dos barcos arrasteiros de camarão,fortemente inserido no mercado, cujos proprietários,denominados de armadores, raramente executam apescaria eles mesmos. A frota está baseadaprincipalmente em Guaratuba, com portos também emParanaguá e Pontal do Paraná.

DESEMBARQUES

PONTOS DE DESEMBARQUE

Os locais de desembarque são pulverizados em todosos municípios como se poderia esperar, mas háexceções. No município de Guaratuba, seis ou sete“salgas” empresas de pescado do bairro de Piçarras maiso mercado municipal concentram os desembarques,aquelas principalmente de camarão, este principalmentede peixe. Há mercados comunitários em Brejatuba eCoroados, e também desembarque na praia nos bairrosde Caieiras e Brejatuba, usualmente já comprometidocom uns poucos comerciantes locais. Em Matinhos, omercado da associação de pescadores recebe a maiorparte do desembarque. Em Pontal do Paraná, apulverização é grande ao longo da praia. Todavia, háconcentração de desembarques, principalmente decamarão, no antigo porto de travessia para a Ilha doMel, enquanto um comerciante canaliza boa parte dos

desembarques de praia. Há também um caisaproveitado para desembarque de traineiras earrasteiros, inclusive de fora do estado, na área de Pontado Poço, já no interior da Baía de Paranaguá. Esse pontode desembarque parece importante, mas não foi objetode pesquisa e jamais foi considerado nas estatísticasoficiais. No município de Paranaguá, o desembarqueacontece no mercado municipal e em mais duas ou trêsgrandes empresas ou peixarias, com destaque para aHoshima e São Francisco. Boa parte da pescadesembarcada nas dezenas de vilas ribeirinhas à baíaacaba sendo escoada por uma daquelas vias na sededo município. Em Antonina, o pouco desembarquese concentra na Ponta da Pita e no mercado.Finalmente, em Guaraqueçaba, há também muitapulverização, mas uma boa parte do pescado acabaescoada pelas vias relatadas para Paranaguá. Umanotável exceção é o camarão-sete-barbas,desembarcado na vila de Superagüi, cozido e salgadolocalmente e escoado por São Paulo.

PRODUÇÃO E ESTATÍSTICAS

As informações apresentadas nesta seção foram obtidasda série histórica de estatísticas de desembarqueregistrada de 1975 a 1990 pela SUDEPE(Superintendência para o Desenvolvimento da Pesca)e de 1991 a 2000 pelo IBAMA. O diagnóstico deve sertomado com bastante reserva, uma vez que as estatísticassão pouco confiáveis. Não havendo espaço para umaanálise deste problema, cabe apenas comentar que,segundo os próprios técnicos do IBAMA, a cobertura dosdesembarques foi sempre insuficiente, além de oscilarde ano a ano, em parte porque a metodologia tambémnão foi consistente. Por exemplo, o desembarque nassalgas em Guaratuba, o mais importante do estado, nãofoi computado em todos os anos. Pontos importantescomo a Ponta do Poço e Superagüi, já citados, nuncaforam amostrados. O mesmo vale para as grandespeixarias e comerciantes.

A produção total de pescado registrada no Paraná temoscilado entre 500 e 2.500 t por ano (Figura 4). Operíodo de baixos desembarques entre 1982 e 1993 émais provavelmente um artefato de amostragem do queum reflexo da realidade. Corresponde, grosso modo,ao período de declínio da SUDEPE e à transferênciade suas funções para o IBAMA, entre 1989 e 1991.

1 O irico é o conjunto de larvas e juvenis iniciais de peixes e camarões, com grande dominância de larvas de manjuba, pescado na forma delanço ou cerco com rede de filó para ser salgado e seco. É destinado ao mercado nacional e mesmo internacional através de intermediáriospaulistas, e apreciado como aperitivo e base para culinária em geral.

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Nada indica que tenha havido f lutuaçõescorrespondentes de esforço e, como as variações seaplicam a quase todas as espécies de peixes ecrustáceos, uma explicação biológica exigiriaconsiderar um fenômeno ecossistêmico de grandeescala, afetando tanto os ambientes de baía quantoos de mar aberto.

Nos últimos três anos, para os quais os desembarquesforam discriminados por local, Paranaguá e Piçarras(município de Guaratuba) eram os portos principais,respondendo por 26% e 64% dos desembarques,respectivamente. Todavia, Guaraqueçaba contribuiumarcadamente para os desembarques de Xiphopenaeuskroyeri, sendo o principal ponto de desembarque para aespécie entre 1983 e 1993 (Figura 5). Os desembarquesnesse município devem estar bastante subestimadospelas estatísticas.

Como mostrado na Figura 6, nos últimos quatro anos deestatísticas, moluscos, peixes e crustáceos representaramrespectivamente 1%, 26% e 73% do desembarque total.Entre os peixes, Serranidae e Sciaenidae foram as famíliasmais comuns, cada uma representada por 12 espécies.Em termos de peso, as famílias Clupeidae e Sciaenidaeresponderam respectivamente por ½ e ¼ dodesembarque total de peixes. Cefalópodes representaram57% dos moluscos desembarcados, enquanto bivalvesrepresentaram 43%. A partição entre os principais gruposde recursos observada na Figura 6 provavelmentesuperestima a importância dos crustáceos, cuja produçãoé amplamente dominada pelos camarões branco e sete-barbas. De qualquer forma, sua participação em volumedificilmente deve cair abaixo de 50% do total dedesembarques controlados, representando umaproporção ainda maior em valor.

Figura 4. Evolução anual da produção de pescados desembarcados no litoral do estado do Paraná entre 1975 e 2000, em toneladas.Fonte: RGP/SUDEPE, depois IBAMA/Paranaguá.

Figura 5. Desembarque anual médio de pescado em toneladas no litoral do Paraná entre 1992 e 1994, segundo o local. Fonte:RGP/IBAMA/Paranaguá.

7 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

CLASSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO

RECURSOS

Pelo menos 200 espécies de peixes e 40 tipos larvaissão conhecidos para a Baía de Paranaguá (Corrêa,1987; FUNPAR, 1997). Os atributos bioecológicos dasespécies presentes nas estatísticas de desembarqueforam sumarizados nos anexos 1 e 2. Como nasestatísticas são registrados apenas os nomes vulgares,que às vezes abrangem várias espécies, consideraram-se todas as espécies pertinentes com distribuiçãogeográfica citada para a costa paranaense.

Os dados de desembarque reportaram 27 tipos derecursos pesqueiros. A partir desses tipos, puderam seridentificados 56 nomes populares, os quais representam72 espécies distribuídas em 19 famílias. Destas,destacam-se as famílias Serranidae e Sciaenidae, cadauma contribuindo com 12 possíveis espécies exploradasno litoral paranaense (anexo 1). O perfil de atributosbioecológicos dessas espécies pode ser sumarizadocomo segue:

• Estratégia de crescimento - 35 espécies (48%)apresentaram uma estratégia de crescimento médio;21 espécies (29%), crescimento lento, e 17 espécies,(23%) crescimento rápido.

• Comprimento máximo atingido (Lmax) – o Lmax

variou de 420 cm para o tubarão-martelo (Sphyrnalewini) a 9 cm para a manjuba (Anchoa parva). Maisespecificamente, 52 espécies (72%) apresentam Lmax

variando de 9 a 99 cm, 16 espécies (22%), de 100 a199 cm, e apenas 4 espécies (6%) apresentaram Lmax

maior que 200 cm.• Fontes de alimento – para as 72 espécies foram

registradas seis fontes alimentares, sendo que

destas destacam-se três: uma composta por peixese invertebrados, consumidos por 23 espécies (32%);outra somente por peixes, consumidos por 16espécies (22%), e a terceira, somente porinver tebrados, consumidos também por 16espécies (22%).

• Preferências de distribuição terra-mar – das 72espécies, 40 (55%) têm por preferência dedistribuição o ambiente estuarino-costeiro; 16(22%), o ambiente costeiro; 7 (10%), o ambientede plataforma; 7 espécies (10%), o ambientecosteiro-plataforma, e 2 espécies (3%) preferem oambiente estuarino.

• Preferências de distribuição na coluna d’água– neste item, 46 espécies (74%) têm preferênciapelo ambiente demersal; 24 espécies (33%), peloambiente pelágico e 2 espécies (3%) são bento-pelágicas.

• Ecossistema preferencial – ecossistema costeiro, 32espécies (44 %); plataforma interna recifal, 14 espécies(19%); estuário, 12 espécies (17%); plataforma externaarenosa, 5 espécies (7%); plataforma interna arenosa,3 espécies (4%); os ecossistemas estuarino costeiro,oceano pelágico e plataforma externa recifal cada umcom 2 espécies (3%).

• Tipo de arte ou pescaria predominante – 32espécies são capturadas pelas redes de arrasto defundo; 23 em rede de emalhe; 20 em linha de mão;20 em espinhel; 10 em rede de cerco; 5 em tarrafa e4 em artes de anzol.

PETRECHOS E PRÁTICAS

A pesca de camarões dirige-se, como já comentado, aobranco e ao sete-barbas e assume três formas: 1) arrastode fundo, 2) caceia (deriva) e 3) pesca de gerival.

Figura 6. Desembarque anual médio de pescado em toneladas no litoral do Paraná entre 1997 e 2000, segundo a natureza – peixes,moluscos ou crustáceos. Fonte: RGP/IBAMA/Paranaguá.

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O arrasto de fundo, de portas ou pranchas, épraticado fora das baías em diferentes escalas, deacordo com a autonomia e alcance da embarcação(Figuras 7 e 8). As embarcações menores (canoa,bateira/baleeira e bote) operam com apenas uma rede(eventualmente duas para os botes maiores), de 3 a4 braças de boca, e retornam diariamente, pescandofreqüentemente apenas pela manhã e desembarcandona praia, quase sempre em porto individual. Os barcosarrasteiros ou tangoneiros operam com duas redesde 6 ou 7 braças simultaneamente. O desembarqueexige cais, acontecendo normalmente diretamente nas“salgas” ou fábricas. As redes são diferentes para o

sete-barbas e o branco. Eventualmente, capturam-setambém o camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensise F. brasiliensis), o vermelho ou santana (Pleoticusmuelleri) e o barba-ruça (Artemesia longinaris). Asembarcações menores arrastam num raio de unspoucos quilômetros a partir de seu porto, enquantoos barcos trabalham ao longo de toda a costa.Teoricamente, os barcos poderiam trabalhar maisafastados da praia, mas, em função da distribuiçãodo recurso, quase todo o arrasto acontece aquém dastrês milhas. Na porção sul do litoral, a distânciamáxima de afastamento da costa varia, na média, de5 a 20 km.

Figura 7. Em cima, à esquerda: canoas monóxilas (“de um pau só”) a motor na praia de Brejatuba, município de Guaratuba.Algumas estão equipadas para arrasto de prancha de camarão-branco, outras para pesca de emalhe (fundeio). Acima: operação dedescarga de camarão-sete-barbas e detalhes do convés de um barco arrasteiro típico (107 HP, 8 t de porão, 11 m de comprimento).Piçarras, município de Guaratuba. À esquerda: gerival, arrastãozinho ou tarrafinha na posição em que opera. Este é o principalapetrecho para captura de camarões dentro das baías. Piassagüera, município de Paranaguá.

9 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

A pesca de caceio ou caceia é mais importante na orlaoceânica sul, entre Matinhos e Pontal do Sul, mastambém se pratica dentro da Baía de Paranaguá. O“arrastãozinho” é restrito ao interior das baías. As duasmodalidades são voltadas à captura do camarão-branco.O caceio consiste em deixar à deriva uma rede deemalhar, que pode ultrapassar os 2 km de extensão,com malha de 4,5 a 5 cm, presa à embarcação. Oarrastãozinho, tarrafinha, cambau ou gerival é umamodificação da tarrafa comum de arremesso para servircomo rede de arrasto de travessão, com cerca de 2 a 3braças de boca (Figura 7). A captura fica retida em umcapuz, facilmente substituível, cuja malha seleciona o

tamanho do camarão. Há dois tamanhos mais comunsde malha, 1,5 e 2,5 cm, o menor deles proibido. O usodo equipamento é extremamente difundido nas baíasparanaenses. É comum se encontrarem 40 a 50 canoaspescando de gerival num mesmo baixio, muito próximasentre si. Esse equipamento é notável pela extremafacilidade de confecção e uso e pela grandeacessibilidade ao recurso. Apesar de ser tecnicamenteuma rede de arrasto de travessão, o equipamento podeser usado facilmente a partir de uma canoa a remo,impulsionada pela maré, igualmente por homens,mulheres e crianças. Além disso, pode ser usado emqualquer profundidade e a qualquer hora.

Figura 8. Em cima, à esquerda: início de lanço de tainha em Pontal do Sul, Pontal do Paraná. A canoa vai estendendo a rede na águaà medida que avança para cercar o cardume. Há décadas atrás, a canoa seria maior, com seis tripulantes, sendo quatro remadores. Arede teria centenas de braças de comprimento e necessitaria de 40 a 60 pessoas para puxá-la da praia. Acima: cerco fixo de taquaras naBaía dos Pinheiros, município de Guaraqueçaba. À esquerda: o maior barco arrasteiro de camarão com porto no Paraná, no bairro dePiçarras, em Guaratuba. A embarcação entrou em operação ao final de 1997 (comprimento de 15 m, motor de 140 HP, porão de 16 t).

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A pesca paranaense é também caracterizada por umgrande número de pescadores não ou subapetrechados,que trabalham para os apetrechados em troca de umaparte da captura ou quinhão. No interior da baía, osquinhoeiros freqüentemente possuem um conjunto deapetrechos simples para a pesca de subsistência e algumacomplementação de renda. Esse conjunto consiste emuma canoa a remo (“de um pau só” ou piroga, termonão usado localmente), conjuntos de linha e anzol, umou mais gerivais e/ou pelo menos um pano de rede (20m) de malha de 4,5 a 5 cm para a pesca de caceio. Emmar aberto, os quinhoeiros parecem não ter apetrechos,trabalhando sempre como empregados.

Os pescadores que “têm pesca” podem ter maior oumenor variedade de equipamentos: uma ou maisembarcações a motor, usualmente da mesma categoria,redes de arrasto de portas ou pranchas e uma grandevariedade de redes retangulares para a prática defundeio (espera), caceio (deriva), cerco, cambau e lanço.Os tamanhos de malha variam geralmente de 4,5 a 22cm entre nós opostos, podendo chegar a 60 cm para acaptura de grandes cações (Tabela 1). As práticas maiscomuns são as pescas de fundeio e caceio, sendo asmalhas 7 a 12 cm as mais difundidas (pescadinha,sororoca e caçonetes). O uso da rede feiticeira, proibido,

é também ocasionalmente admitido, principalmentepara a captura da tainha. Os tamanhos de malharelatados são de 9 ou 10 cm para o pano central e 20 a24 cm para os panos laterais.

As redes de emalhe também podem ser adaptadas para oarrastão de praia ou “puxado” e para algumasmodalidades de pesca de cerco, caceio redondo e “lance”ou “lanço”. O caceio-redondo envolve a disposição darede em semicircunferência. Quando existe a produçãode estímulos sonoros (remo, motor) para a movimentaçãodos peixes de encontro à rede, a operação (restrita aosestuários) denomina-se “lance batido”. Outra variante é ocaracol, em que a canoa a motor, puxando a rede, executauma espiral de fora para dentro em torno de um cardume,estreitando o cerco progressivamente.

Outros equipamentos comuns, mas não generalizados,são os espinhéis, cercos fixos, rede de filó para amanjuba ou irico e redes de cerco para sardinha. Osespinhéis podem apresentar de 20 até 300 anzóis, sendodirigidos principalmente às espécies de fundo no interiordas baías. As principais espécies capturadas por essaarte são badejos, bagres, caranha, miragaia, garoupas,salteira, cações, corvina e pescadas. O cerco fixo é umaestrutura confeccionada com taquaras ou varas, emforma de paliçada, armada em estacas de madeira de

MALHA TIPO ESPÉCIES CAPTURADAS

1,5 Cambau Sardinha 4 e 4,5 Caceio Camarão-branco, parati 5 e 6 Caceio Camarão-branco, parati, pescadinha, robalinho 5 Fundeio Bagre, betara, parati, pescada-branca, pescadinha, tainha, tainhota 6 e 7 Fundeio Bagre, betara, caçonete, escrivão, maria-luíza, parati, pescada-branca, pescadinhas

galheteira e membeca, robalo, tainhota 5, 6 e 7 Cambau Parati, pescadinhas membeca e galheteira, robalo, tainhota 7 Caceio Betara, caçonete, parati, pescada-amarela, pescadinha-membeca, robalo, sororoca

(cavala), tainhota 7 e 8 Cerco Pescadinha, tainha, tainhota 8, 9, 10 e 11 Fundeio Bagre, cação, carapeva, corvina, parati, pescada-branca, pescadinhas membeca e

galheteira, robalo, salteira, tainha, tainhota, sororoca 9 e 10 Cambau Bagre, caratinga, linguado, perna-de-moça, pescada-olhuda, pescadinhas galheteira

e membeca, robalo, salteira, tainha 10 e 11 Caceio Pampo, salteira, sororoca 11 Cerco Tainha 12 Caceio Cação 12 e 13 Fundeio Bagre, cação, corvina, pescada-amarela, pescadinha, prejereba, robalo, salteira,

sororoca, tainha 14, 16 e 17 Fundeio Bagre, cação, calafate, corvina, linguado, paru, robalo, salteira, sororoca 18, 20 e 22 Fundeio Bagre, cação, corvina, linguado, miragaia, paru, pescada-amarela, pescada-

membeca, prejereba, raia, robalão 30, 35 Fundeio Cação, miragaia 40 e superiores Fundeio Cação

Tabela 1. Tamanhos de malha e espécies-alvo das redes de emalhe, cambau e cerco no litoral do Paraná, como declarados pelospescadores. O tamanho é dado em centímetros, medido entre nós opostos com a malha esticada.

11 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

mangue, cravadas no fundo e estendendo-seusualmente das margens do mangue até vários metrospara dentro de um canal ou baía e que funciona comoarmadilha ou curral para peixes (Figura 8). As principaisespécies capturadas são a tainha, o parati, robalos esardinha-charuto. A tarrafa também é comum, com 12diferentes tamanhos de malha, de 2 a 18 cm entre nósopostos, sendo muito usada na captura da tainha.

Apesar de quase todos se dedicarem à pesca do camarãoem alguma das suas modalidades, os pescadores doParaná não costumam ser especializados, masapresentar estratégias oportunistas de troca de

apetrechos ou de tamanhos de malha em função dasvariações na disponibilidade do recurso, principalmenteaquelas de natureza sazonal, como é o caso delinguados, cações e pescadas.

A Tabela 2 ilustra a composição qualitativa das capturassegundo o tipo de apetrecho para o litoral sul. Acomposição das capturas nos últimos anos pode serobservada na Tabela 3. Nossas observações e asdeclarações dos pescadores não corroboram a importânciados camarões barba-ruça e santana nas estatísticas, quepode-se dever a desembarques de embarcações de outrosestados nas salgas paranaenses.

ARTE DE PESCA CAPTURAS PRINCIPAIS

Arrasto Camarão-sete-barbas, camarão-pistola, camarão-branco, mistura*. Caceio comum

Camarão-branco, cavala ou sororoca (Scombridae), salteira ou guaivira (Carangidae), anchova (Pomatomidae), pescada, corvina, betara (Sciaenidae), paru (Ephippidae), cação (diversas famílias), tainha (Mugilidae), mistura*.

Caceio redondo Pescada, pescadinha, camarão, mistura, betara. Fundeio Linguado (Paralichthyidae), corvina, salteira, betara, cação, bagre (Ariidae), mistura. Tarrafa Tainha, parati (Mugilidae), garoupa (Serranidae), manjuba (Engraulididae), pescada, robalo

(Centropomidae), sardinha (Clupeidae). Gerival (=cambau) Camarão no interior das baías. Espinhel Badejo, garoupa (Serranidae), caranha (Haemulidae), bagres.

Tabela 2. Principais componentes das capturas profissionais, segundo a arte utilizada, conforme declarado pelas comunidades nolitoral sul do estado do Paraná. Em algumas categorias (ex.: pescada, camarões), várias espécies estão incluídas.

(*) Por mistura entende-se um aglomerado de espécies de pequeno porte e baixo valor comercial, freqüentementeservindo de alimento para o prório pescador: gerreídeos, carangídeos, alguns linguados, alguns cianídeos, etc.

Tabela 3. Composição específica dos desembarques entre 1997 e 2000 no litoral do Paraná.

Fonte: RGP/IBAMA/Paranaguá.

RECURSO DESEMBARQUE ANUAL MÉDIO (TON)

%

Camarão-sete-barbas 792 50,3

Camarão-santana 287 18,2

Sardinha-verdadeira 132 8,4

Camarão-branco 58 3,7

Camarão-barba-ruça 50 3,2

Pescadinha-real 32 2,0

Corvina 30 1,9

Guaivira 19 1,2

Sororoca 19 1,2

Pescada-branca 16 1,0

Outros Sciaenidae 14 0,9

Outros 127 8,1

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FROTA, ESFORÇO E RENDIMENTOS DA PESCA

Não há estatísticas sistemáticas ou quaisquer estudossobre o esforço de pesca propriamente dito no Paraná.Segundo o IBAMA, o número total de pescadoresregistrados para todo o litoral sofreu um aumentoimportante de mais de 39%, passando de 4.702 para6.548 entre 1989 e 1996. Em 1991, quando o númerooficial total para o litoral era de 5.379, os presidentesdas colônias de pesca de Guaraqueçaba, Paranaguá eAntonina estimavam que algo em torno de 5.000pessoas estivesse pescando apenas na Baía deParanaguá, pelo menos na safra do camarão (SPVS,1992a). Esses números podem estar inflacionados, poispode tratar-se apenas de uma estratégia de formalizaçãotrabalhista de não pescadores, em busca dos benefíciossociais previstos em lei. Atualmente, o número total depescadores do litoral com registro no DPA/SEAP-PR éda ordem de 4.200, com os maiores contingentes emGuaratuba, Guaraqueçaba e Paranaguá (Tabela 4).Estima-se que esse número ainda venha a aumentarem cerca de 30% à medida que pescadores com registroainda válido junto ao IBAMA se recadastrem junto àSecretaria. A população que depende da pesca éevidentemente bem maior. A partir de dados da FNS(Fundação Nacional de Saúde) de 1994, foi possívelestimar a população das vilas ribeirinhas rurais, quase queexclusivamente composta de pescadores e seus familiares.Trata-se da população diretamente envolvida com acaptura e as atividades e mercados imediatos na cadeiaprodutiva. Embora bastante grosseira, uma estimativaconservadora indica que aquela população era superior a11.000 pessoas. Note-se que esse valor pode estarsubestimado em pelo menos 10 a 20%, pois foramexcluídas do cálculo vilas pesqueiras populosas, como osbairros de Caieiras, Piçarras e Mirim no município deGuaratuba, e Vila Guarani em Paranaguá, assim comoquase todo o contingente de famílias de pescadores daorla oceânica de Pontal do Sul a Guaratuba.

Os principais tipos de embarcações de pesca do Paranásão apresentados na Tabela 5. Normalmente, asembarcações são de madeira, embora as haja de fibra.Na terminologia local, enquanto a canoa é “de um pausó”, as demais embarcações são “de tábua”. São poucasas estimativas do tamanho da frota. A Tabela 6 dá umaidéia da proporção e distribuição dos tipos deembarcações entre alguns municípios. As canoas a remosão restritas ao interior das baías, logo, mais numerosasem Guaraqueçaba e Paranaguá (Figura 8). Além de seuuso nas baías, as canoas a motor e bateiras são asembarcações preferidas nas praias abertas, onde épreciso vencer o “tombo” (arrebentação) para sair aomar (Figura 7). São as embarcações quase queexclusivas do município de Matinhos e tambémfreqüentes em Pontal do Paraná. As bateiras de fundochato, menores, são usadas para a pesca de fundeio ealgumas outras práticas no interior das baías. Botes ebarcos exigem porto mais abrigado, e o desembarquese faz em cais ou através de pequenas embarcações aremo (caíco ou bateirinha). Concentram-se emGuaratuba, com menor expressão em Paranaguá ePontal do Paraná (Figuras 7 e 8).

O número atual de embarcações de qualquer porteregistradas para a pesca junto ao IBAMA é de930. Esse número está relativamente estabilizadodesde 1992, depois de uma queda marcada entre1987 e 1992 (Figura 9). Os números do IBAMAtendem a superestimar o tamanho da frota, pois,provavelmente, incluem embarcações não mais ativasou existentes. Assumindo que botes e baleeirastenham sido incluídos nas demais categorias na Tabela6, o número total de embarcações motorizadaslevantado pela EMATER em 1995 seria de 749,inferior às 959 registradas no IBAMA. A SEAP-PR doParaná está elaborando um novo registro, que em2004 conta com cerca de 180 embarcações ativasbaseadas no estado.

A Figura 10 traz uma estimativa da EMATER paraos rendimentos pesqueiros paranaenses em 1995.Sua interpretação deve levar em conta que aunidade de esforço foi a embarcação. Em funçãoda pesca de barcos e outros atributos fisiográficos,econômicos e mesmo culturais, é de se esperar umrendimento notavelmente maior em Guaratuba. Noentanto, surpreende o desempenho de Matinhos,pois se trata essencialmente da mesma pesca que ade Pontal do Paraná. Adicionalmente, pelo menosem anos mais recentes, alguns barcos e botespassaram a operar nesse município, e nele sereproduzem alguns dos fatores da produtividade deGuaratuba, pelo que se esperariam rendimentos

MUNICÍPIO NÚMERO DE PESCADORES

Antonina 700

Guaratuba 900

Matinhos 215

Pontal do Paraná 365

Guaraqueçaba 1.096

Paranaguá 1.001

TOTAL 4.277

Tabela 4. Número de pescadores registrados no DPA/MAPA-PRpor município. O registro ainda está em processo, assim, osnúmeros para Antonina e Guaratuba são estimados.

13 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

1 Os tipos correspondem aos termos usados pelos pescadores locais. Cada tipo admite variantes, principalmente em funçãodo tamanho, em virtude de os termos não serem aplicados consistentemente pelos próprios pescadores, principalmente sede vilas diferentes. O termo baleeira, por exemplo, é aplicado às bateiras na Barra do Superagüi. No sul, barco e baleeirasão usados simultaneamente, a as bateiras nem sempre têm “duas proas”.

Tabela 5. Principais tipos de embarcações de pesca do Paraná e suas características.

Tabela 6. Número estimado de embarcações de pesca no litoral do Paraná.

Fonte: EMATER/PR (1995).

ainda maiores que os de Matinhos. As médias paraos demais municípios podem ser coerentes, apenaslembrando que em Paranaguá e Guaraqueçaba há

pescas costeiras de melhor rendimento, que sediluem na baixa produtividade geral da pesca deinterior de baía.

TIPO1

ATRIBUTO CANOA BATEIRA OU

BALEEIRA BOTE BALEEIRA OU BARCO

Construção Casco de seção transversal em U e proa quilhada em V, monóxilo, ou seja, feito a partir de um único tronco de árvore escavado. Pode ser dotado de borda ou saia.

Casco com fundo em V (com quilha) ou chato, de tábuas coplanares (lisas) ou imbricadas (escamadas); proa e popa agudos (bicudos), sem porão, convés ou casario.

Casco com quilha, de tábuas encaixadas de forma coplanar (lisa); popa chata, sem porão (“boca aberta”); quando dotado de casario, este se encontra à proa. Os menores podem ter fundo chato.

Casco com quilha, de tábuas coplanares (lisas), ou imbricadas (escamadas); popa chata. Sempre dotada de porão, convés e casario à ré (instalações para a tripulação no convés - cabine, cozinha, beliches).

Comprimento 6 a 8 m (máx. 10 m). Até 12 m de comprimento

De 7 até 12 ou mesmo 14 m

Acima de 12 m; podendo ultrapassar os 14 m.

Propulsão Remo, vela ou motor de centro, de 11 a 24 HP

Motor até 30 HP Motor até 36 HP Motor, usualmente acima dos 100 HP (alguns superiores a 150 HP).

Conservação de pescado

Usualmente nenhuma Nenhuma ou caixa de gelo

Nenhuma ou caixa de gelo Porão com gelo em barra ou escama

Capacidade Na casa das centenas de quilos

?? Até 2000 kg 8000 kg (até 16000)

Autonomia Pequena; volta ao porto diariamente.

Pequena; volta ao porto diariamente.

Pequena a média; volta ao porto diariamente ou viagens de poucos dias.

Grande; viagens de até duas semanas.

Tripulação 1 ou 2 1 ou 2 1 ou 2 3 ou 4 (até 6) Equipamentos Nenhum Pode ter guincho.

Nenhum eletrônico. Os maiores podem ter tangones e guincho. Eventualmente eletrônicos; principalmente rádio.

Tangones e guincho. Rádio, navegação e sonda; às vezes sofisticados.

Área de atuação A remo, no interior das baías. A motor, em todo o litoral, no mar e nas baías.

Em todo o litoral, principalmente em mar aberto.

Plataforma sul, de Barra do Saí até a Ilha do Mel.

Na plataforma, ao longo de toda a costa. Aportam no interior das baías.

MUNICÍPIO BATEIRA CANOA A REMO CANOA A MOTOR BARCOS TOTAL

Guaraqueçaba 50 380 140 2 572 Guaratuba 140 100 80 55 375 Matinhos 3 - 116 2 121 Paranaguá 10 449 147 4 610 TOTAL 203 929 483 63 1.678

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SOCIOLOGIA E ECONOMIA DA PESCA

ASPECTOS ECONÔMICOS

As estatísticas de preço e receita foram descontinuadaspelo IBAMA no início dos anos 90, e a informaçãodisponível é muito fragmentada, de sorte que pouco sepode dizer sobre a economia da pesca no Paraná. Asreceitas totais em reais (R$) de 2002 para os últimos anosem que o dado foi coletado são as seguintes: 1988 – R$6.898.993,00; 1991 – R$ 4.447.712,00 e 1992 – R$3.700.004,00. A Figura 11 procura dar idéia da

contribuição relativa dos recursos principais para a receitatotal, para os mesmos anos. Correspondentemente aogrande volume capturado, o camarão-sete-barbascontribuiu com quase um quarto da receita total. Ocamarão-branco sempre foi o recurso de maior valor porpeso, de sorte que a pesca de camarão como um todorespondeu por cerca de 40% da receita bruta. Embora, àépoca, a corvina correspondesse a 6% dos desembarquestotais contra os 2% atuais, sua grande participação nareceita total parece duvidosa, pois normalmente é umrecurso de baixo valor por peso. Finalmente, cabe destacara importância econômica do caranguejo de mangue.

Figura 9. Número total de embarcações a motor registradas no POCOF – IBAMA de Paranaguá entre 1985 e 1995. Fonte:IBAMA – POCOF Paranaguá.

Figura 10. Produção de pescados por município do litoral paranaense, em toneladas por ano, relativamente ao número de pescadorese ao número de embarcações. Fonte: EMATER/PR (1995).

15 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

As vias de primeira comercialização estão descritas comcerto detalhe em Andriguetto Filho (1999), para o conjuntodo litoral, e, em Chaves (2002), para o município deGuaratuba. Como já comentado em relação aos pontosde desembarque, há alguns atacadistas locais (salgas epeixarias) em alguns municípios. A Tabela 7 apresenta osmaiores. Há diversas outras peixarias de médio e pequenoporte, além de negócios informais. Todos, comumente,revendem o produto congelado, sob várias apresentações,para Curitiba, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do

Sul e Rio de Janeiro. O camarão, por exemplo, pode sairinteiro, descabeçado (cauda) ou descascado. Quase todasas empresas de Guaratuba dispõem de máquinasdescascadoras. A capacidade instalada declarada éconsiderável, sendo mais um indício de que osdesembarques são grandemente subestimados pelasestatísticas oficiais. Note-se que todas as empresas, comuma exceção, têm capacidade individual superior ao totalanual estimado de desembarques. Pelo menos uma dassalgas de Guaratuba exporta camarões diretamente.

EMPRESA MUNICÍPIO CAPACIDADE INSTALADA (t/ANO)

Hoshima & Cia Ltda Paranaguá 20.000 Pescados Pontal do Sul Pontal do Paraná 3.650 Impescal Ltda Guaratuba 36.500 Guarapesca Guaratuba 11.000 Pescados Dulce Guaratuba 400 Pescados Chico Guaratuba 7.300 Pescados Perez Guaratuba 7.300 Pescados J. Satiro Guaratuba 11.000 Pescados V. Fernandez Guaratuba 3.150 Total do Paraná - 100.300

Tabela 7. Principais empresas de processamento de pescado no litoral paranaense e respectivas capacidades de estocagem.

Fonte: SEAB/DERAL (1999).

Figura 11. Receita bruta média por recurso para os anos de 1988, 1991 e 1992, em reais (R$) de 2002. “Outros” são recursos quecontribuíram com menos de 1,2% da receita total. Fonte: RGP/IBAMA/Paranaguá.

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Outra forma provavelmente bastante expressiva deescoamento da produção é aquela feita peloscomerciantes locais nas vilas rurais e peixarias menoresnos bairros urbanos, que intermedeiam a venda daprodução para distribuidores e grandes consumidores,como restaurantes em Paranaguá, Curitiba, São Pauloe cidades do litoral catarinense. Muitas peixarias eatacadistas de Curitiba e estados vizinhos se abastecemdiretamente com alguns desses comerciantes, neste casousualmente levando o produto em gelo. Apenas emSuperagüi, como já apontado, existe uma atividadeimportante de salga de camarão, destinado a São Paulo,o que pode ter mudado nos últimos dois ou três anoscom o advento da energia elétrica na vila. O últimodestino é a venda direta ao mercado local e ao turista,principalmente no verão, pelos mercados comunitáriose um sem-número de peixarias e “bancas” espalhadasem todos os municípios.

Em todos os casos, salvo os de menor escala, hátambém a comercialização de pescados provenientesde outras localidades, principalmente de SantaCatarina e mesmo do exterior, como é o caso dosalmão de cultivo chileno.

ASPECTOS SOCIAIS

A evolução do número de pescadores filiados àscolônias entre 1989 e 1996 é apresentada na Figura12. Assim como o número de pescadores entãoregistrados junto ao IBAMA-PR, esse número tambémaumenta consideravelmente. Por outro lado, nomesmo período, o declínio dos que se mantêm emdia é ainda mais intenso, recuperando-se em anosrecentes (Figura 13). Os processos sociais subjacentes

a essas dinâmicas aparentemente contraditórias aindasão mal compreendidos no Paraná. A inadimplênciado início dos anos 90 pode ser associada a ummovimento de desprestígio e abandono das colônias,já que a conjuntura institucional trabalhista e deproteção aos recursos pesqueiros naquele períodoesvaziou sensivelmente seu papel. Por diversas razões,as colônias paranaenses, até hoje, não têm assumidonenhum papel na gestão pesqueira, nem diretamente,nem enquanto representação de categoria. A partir de1996, quando se inicia o pagamento do seguro-desemprego no Paraná, as colônias recuperam afunção de intermediárias entre o pescador e seusdireitos, e, como conseqüência, a inadimplência caifortemente (Figura 13). No Paraná, todos os processosde aposentadoria e benefícios (seguro-desemprego,auxílio-doença, salário-maternidade) hoje passampelas colônias, que aproveitam para exigir a filiaçãoe o pagamento das mensalidades em troca datramitação (Figura 14). Desta forma, o número defiliados em dia volta a se aproximar do número total,e o número de colônias continua aumentando noestado. No litoral, assim que o município de Pontaldo Paraná desmembrou-se do de Paranaguá, háalguns anos, inic iou-se o movimento para atransformação em colônia da associação depescadores já existente. Embora o processo não tenhasido concluído, a associação já está funcionando comocolônia, tendo satisfeito as exigências do Ministério doTrabalho. Por outro lado, nossas observações até omomento sugerem que é considerável o número depescadores, principalmente mais jovens, sem nemmesmo o registro profissional obrigatório e muitomenos filiação às colônias.

Figura 12. Número total de pescadores filiados às colônias de pesca em cada município do litoral do Paraná até março de 1996. Aescala da direita refere-se ao número total. Fonte: IBAMA – POCOF Paranaguá.

17 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

Além das colônias, cabe citar a existência de umapequena associação de pescadores em Paranaguá. Poroutro lado, várias vilas e bairros têm associações demoradores com participação expressiva, às vezesdominante, de pescadores, principalmente nosmunicípios de Paranaguá e Guaraqueçaba. Aorganização social tem sido estimulada pela EMATER epor ONGs e prefeituras no litoral, além de ser exigidapor lei para que alguns benefícios sejam concedidos,como é o caso do Programa Paraná 12 Meses (veradiante). Assim, embora não haja estudos formaisavaliando o grau de organização comunitária, é seguroafirmar que este não é negligenciável.

Quanto às relações de trabalho, predominamamplamente a informalidade e o clientelismo. As regrasde distribuição do quinhão variam com o sistema depesca (Andriguetto Filho, 2002), mas, diante dasmudanças sociais das últimas décadas, sempre levarama uma intensificação das relações clientelistas e àconcentração da renda nas vilas de pescadores(IPARDES, 1989; SPVS, 1992a; Andriguetto Filho, 1999;Borges et al., 2004). Atualmente, mesmo nos casos emque as frações da partilha são iguais, o proprietário dosequipamentos freqüentemente não trabalha. Na maiorparte dos casos, nas vilas não urbanas, os principaisproprietários dos equipamentos são também os

Figura 13. Número de pescadores em dia com as colônias de pesca em cada município do litoral entre 1989 e março de 1996, e emfevereiro de 2002. A escala da direita refere-se ao número total. Fonte: IBAMA – POCOF Paranaguá e colônias.

Figura 14. Número de pescadores que requereram o seguro-desemprego em 2001 e 2002 na época do defeso. Fontes: Folha deGuaratuba (28/3/02) e colônias.

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comerciantes locais, que intermedeiam a venda daprodução pesqueira para os distribuidores nos centrosurbanos maiores. Em uma grande vila do litoral norte,por exemplo, todo o camarão-sete-barbas e boa partedo branco são intermediados por apenas 3comerciantes, ex-pescadores, dois dos quais parentespróximos. É interessante notar que dois daquelescomerciantes ocupam ou já ocuparam cargos públicosno município. Ainda nas vilas não urbanas, os mesmosintermediários são freqüentemente os únicosdistribuidores locais de produtos industrializados. Écomum a venda pelo sistema “de caderneta”, querepresenta um endividamento permanente para osmembros da vila, mas também a garantia dasubsistência na entressafra. Finalmente, asembarcações motorizadas dos comerciantes tambémsão meios importantes de transporte, quando nãoúnicos, principalmente em casos de emergência. Nosbairros urbanos, a situação parece apresentar-seabrandada, mas de qualquer forma os atacadistas depescado ou “salgueiros” são proprietários dos maiorese melhores barcos, freqüentemente possuindo mais deum. Por outro lado, nem todos eram pescadores outinham tradição familiar pesqueira. No caso particularda pesca de barcos, a legislação que exige aformalização do embarque e desembarque dotripulante é freqüentemente desconsiderada para evitaro recolhimento de obrigações sociais.

POLÍTICAS PÚBLICAS

As normas de manejo pesqueiro que têm tidorepercussão no Paraná são aquelas referentes ao defesodo camarão, ao licenciamento para o sete-barbas e àfaixa reservada às embarcações de pequeno porte.

As espécies controladas são a sardinha e o camarão-sete-barbas. Segundo o IBAMA, o número de licençaspermanece inalterado desde 1998, mas não foi possíveldeterminar quantas estão em vigor. Os pescadoresdemandam novas licenças, e muitos estão trabalhandosem elas, reclamando das multas.

Quando de suas primeiras edições, o defeso sofreu forteoposição no Paraná. À medida que os resultados sefizeram sentir, principalmente sobre o camarão-brancoe particularmente a partir de 1998, quando os períodosforam diferenciados entre mar aberto e interior da baíae determinados com a participação dos pescadores, oinstrumento passou a contar com o apoio da classe. Odefeso no interior das baías dura dois meses, de 15 dedezembro a 15 de fevereiro. Em mar aberto, são trêsmeses, a partir de primeiro de março.

Uma normatização que tem sido bastante discutida desdeo início dos anos 90 refere-se à delimitação de faixascosteiras para o arrasto demersal conforme o tamanhodas embarcações. Em princípio, a portaria em vigorestabelece que os barcos pesqueiros, as embarcações demaior porte e alcance, arrastem apenas além das trêsmilhas. As demais embarcações não têm limitações. Emanos recentes, todavia, tem havido pressão para que olimite seja recuado para uma milha, e para que a pescade canoas seja limitada a uma milha (provavelmente paraque as redes de caceio não interfiram com o arrasto). Otrecho a seguir, tomado da edição de 28/9/01 da Folhade Guaratuba, revela os atores e conflitos:

“Barcos pesqueiros só após 3ª milha. A propostapara que embarcações de arrasto de camarão comcapacidade superior a 10 toneladas pudessem arrastarentre a 1ª e a 3ª milhas está paralisada. Representantesda Associação de Pescadores de Pontal do Paraná eColônia de Matinhos não aceitaram o limite de restriçãode uma milha para as canoas. Como não houveconsenso, a portaria não será modificada, valendo olimite da terceira milha. Pescadores de Guaratubachegaram a paralisar a travessia de ferry-boat parareivindicar a redução da 3ª para a 1ª milha.”

Cabe ainda citar que, já a partir do fim da década de 70,o arrasto de fundo e o cerco de sardinhas foram proibidospela SUDEPE no interior das baías, por demanda dopróprio setor pesqueiro, devido à suposta queda derendimentos que provocam em outras formas de pesca.

Em relação às linhas de apoio, têm funcionado osprogramas estaduais “Paraná 12 Meses”, de fomentoao setor primário em geral, e “Baía Limpa”,eminentemente paternalista. Adicionalmente, algumasprefeituras investiram na construção de mercados paracomercialização de pescados. O “Paraná 12 Meses”financia freezers, pequenos motores, apetrechos ebenfeitorias domésticas, como instalações sanitárias.Cada comunidade deve definir suas demandas juntocom a Emater. Todavia, o programa parece poucodivulgado e difundido no setor pesqueiro. O “BaíaLimpa” remunera o pescador para exercer trabalho decoleta de lixo em meio expediente durante três dias porsemana, período em que não deverá pescar. Oprograma esteve em andamento apenas nos municípiosde Guaraqueçaba, Guaratuba e Paranaguá. Aremuneração varia entre meio e um salário mínimo pormês, acrescido ou alternado com uma cesta básica.

O programa de subvenção federal e isenção do ICMSdo óleo diesel para embarcações de pesca ainda nãoestá funcionando no Paraná porque o governo do estadonão estabeleceu as regras para a isenção junto à

19 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

Secretaria da Fazenda. O DPA/MAPA já habilitou 84embarcações em 2002, mas o setor pesqueiro no estadonão tem exercido pressão para que o incentivo vigore; oque é um bom exemplo de sua passividade política.

Além da legislação pesqueira, as normas de proteçãoambiental em geral são particularmente importantes paraa atividade pesqueira no Paraná. Além das medidas deproteção para formações vegetais do Código Florestal,praticamente todo o arsenal jurídico de proteção ambientalbrasileiro e paranaense se aplica ao litoral do Paraná(Andriguetto-Filho, 1993; Cubbage et al., 1995). Emparticular, há mais de 14 Unidades de Conservaçãofederais e estaduais no litoral, embora a maioria existaapenas no papel. O atual quadro jurídico limita fortemente,pelo menos em tese, o uso de recursos florestais pelopescador, dificultando atividades como a construção decanoas e apetrechos. O mesmo vale para algumas situaçõesde pesca, notavelmente aquelas a que estão sujeitos ospescadores de mais baixa renda. A situação se abrandouum pouco nos últimos anos com o esvaziamento do assimchamado Decreto Mata Atlântica e com a liberação dacaça de autoconsumo. Essa atividade é amplamentepraticada pelos pescadores e aparenta ter importânciacomo fonte alimentar e de renda, pelo menos no litoralnorte (Andriguetto Filho et al., 1998).

CONFLITOS

Duas grandes categorias de conflitos podem serdistinguidas na pesca do litoral paranaense (AndriguettoFilho, 1999):

• Conflitos internos aos sistemas de produção pesqueira:decorrentes do acesso livre e da competição entreescalas e modalidades de pesca.

• Conflitos e contradições com o exterior: conflitosfundiários e desalojamento de pescadores, conflitos comórgãos de governo e ONGs em torno de restrições legaise problemas institucionais, pressão do mercado.

CONFLITOS INTERNOS AOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO PESQUEIRA

Os conflitos internos à pesca resultam da competiçãopelos recursos entre diferentes grupos de interesse ouescalas de pesca.

1. Conflito entre pescadores paranaenses e grandesbarcos de outros estados (“roseiros” ou arrasteiros decamarão-rosa, arrasteiros de porta e parelha parapeixes demersais e traineiras de sardinha). Estes sãoresponsabilizados pelos pescadores paranaenses, demenor escala, como degradadores ambientais,depletores dos recursos e destruidores de

equipamentos passivos de pesca, especialmente dasredes de fundeio. As traineiras freqüentemente pescamdentro da Baía de Paranaguá, apesar da proibição. Oconflito se intensifica porque as grandes embarcaçõesnão respeitam o limite de três milhas da costa, e seestende aos órgãos de fiscalização, que sãoresponsabilizados pelos pescadores locais.

2. Conflito entre os barcos arrasteiros de camarão locais eas demais modalidades de pesca de plataforma noParaná. Entre essas, a mais importante também é oarrasto de camarão pelas embarcações de menor porte,mas também a pesca de peixes com redes de fundeio ede camarão-branco com redes de caceio ou deriva. Esteconflito, de certa forma, reproduz o anterior no âmbitolocal. O problema se agrava porque não há categoriasdiscretas reconhecidas de embarcações de arrastosegundo o tamanho, e a legislação não explicita comclareza quais categorias devem respeitar o limite espacialde três milhas. Por outro lado, mesmo as embarcaçõesde maior alcance alegam que a produção de camarão-branco e sete-barbas além das três milhas éantieconômica. Não há estatísticas ou estudos para apoiara decisão. Este conflito é grave, como atestado pelassituações de ameaça armada entre grupos de pescadores(corte de cabos e ameaças com armas de fogo).

3. No caso particular da pesca seqüencial do camarão-branco, capturado em diferentes épocas enquantojuvenil, dentro das baías pelo pescador de menorescala, e, enquanto adulto, na plataforma pelosarrasteiros comerciais, estabelece-se uma competiçãodireta. O conflito é explicitado pelos pescadores demar aberto, que reclamam da perda de produçãodevido à captura de juvenis e adultos imaturos dentrodas baías. As opiniões são divididas, variando desdeo desdém pelos “artesanais” que usam o gerival, atéa solidariedade, pois “o pessoal de dentro tambémtem de sobreviver”. É preciso lembrar que a pescacom gerival é uma situação de livre acesso, inclusive anão pescadores, o que agrava a situação.

4. No plano institucional, verificam-se conflitos mais oumenos abafados em relação à função das colônias depescadores. De um lado, se aprofundam as divergênciaspolíticas entre os próprios pescadores em torno dacolônia, ou seja, estas deixam de ser fator de associaçãopara serem de cisão. Exemplo disso é a criação deassociações de pescadores independentes emParanaguá e em Pontal do Paraná, que têm sidoentidades mais ativas nas negociações com os órgãosde governo. De outro lado, os pescadores mais ligadosà colônia, ou os mais antigos, que a conheceram emperíodos melhores, se ressentem da perda, para ogoverno, de poder e autoridade para a auto-gestão.

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CONFLITOS E CONTRADIÇÕES COM O EXTERIOR

O conflito entre a proteção ambiental à biodiversidadecontinental e a pesca de menor escala manifesta-seprincipalmente no interior das baías, em particular nolitoral norte, em função das unidades de conservação.Do lado da “proteção” estão os órgãos ambientais eONGs ambientalistas, apoiadas pelo discurso político“ecológico” e pela opinião pública de Curitiba, quevaloriza a Mata Atlântica e a Serra do Mar pelos aspectosestéticos e preservacionistas.

Como seria de esperar, o mesmo conflito é mais intensoquando se trata das normas de proteção ao recursopesqueiro, embora não haja ONGs atuando nestaesfera. Os pescadores usualmente burlam as normas,pois as percebem como ineficazes e injustas. Noentanto, caem em contradição, pois executam práticasque eles próprios condenam em discurso, em particularo uso de malhas proibidas, a pesca com fisga à noite eo uso da rede feiticeira. Um aspecto relevante doconflito é que a grande maioria dos pescadores nãodiferencia os órgãos ambientais e suas atribuições(IBAMA, IAP – Instituto Ambiental do Paraná e BPFlo– Batalhão da Polícia Florestal, da Polícia Militar, quetem jurisdição também sobre a pesca).

Uma outra ordem de conflitos se expressa na pressãofundiária exercida sobre os pescadores em áreasurbanas, seja pela simples evolução do preço da terra(especulação imobiliária) e omissão governamental, sejapor iniciativas dos governos municipais para atenderaos interesses imobiliários e turísticos (e.g. medianteaumento de impostos). Como resultado, os pescadoresacabam por abandonar as áreas tradicionalmenteocupadas na orla marítima. É preciso lembrar que nasáreas urbanas os terrenos de marinha podem passardo Serviço de Patrimônio da União para a jurisdiçãodo município e serem regidos pelo Plano DiretorMunicipal. O desalojamento tem sido um dos fatorespara o abandono da pesca no Paraná. De qualquerforma, os desalojados freqüentemente acabam porocupar posses em áreas marginais de mangue e restinga,gerando problemas de favelização e infra-estruturaurbana. Um outro efeito independente da urbanizaçãoé a perda dos “portos” pesqueiros, ou seja, do acesso àorla pelos pescadores, problema particularmente graveno bairro de Piçarras, em Guaratuba.

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ANEXO 1

IDENTIFICAÇÃO DOS “TIPOS COMUNS” DESEMBARCADOS NO LITORAL DO PARANÁ.

TIPO NOME VULGAR FAMÍLIA ESPÉCIE Anchova Anchova Pomatomidae Pomatomus saltatrix Anequim Anequim Lamnidae Isurus oxyrinchus

Badejo-branco Epinephelus niveatus Badejo-amarelo Mycteroperca interstitialis Badejo-de-areia Mycteroperca microlepis Badejo-ferro Mycteroperca venenosa Badejo-quadrado Mycteroperca bonaci Badejo-mira Mycteroperca rubra

Badejo

Badejo-tigre

Serranidae

Mycteroperca tigris Bagre-amarelo Bagre-amarelo Cathorops spixii Bagre-cinza Bagre-cinza Netuma barba Bagre-urutu Bagre-urutu

Ariidae Genidens genidens

Azeiteiro Carcharhinus porosus Cação-frango Rhizoprionodon lalandei Cação Tubarão-martelo

Carcharhinidae Sphyrna lewini

Camarão-branco Penaeus schmitti Camarão-sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri Camarão-ferro Xiphopenaeus kroyeri

Camarão

Camarão-pistola

Penaeidae

Penaeus schmitti

Cavala Scomberomorus brasiliensis Scomberomorus cavalla Cavala

Sororoca Scombridae

Scomberomorus brasiliensis Corvina Corvina Sciaenidae Micropogonias furnieri

Garoupa-senhor-de-engenho Acanthistius brasilianus Garoupa-gato Alphestes afer Garoupa-pintada Epinephelus adscensionis Garoupa-verdadeira Epinephelus guaza

Garoupa

Garoupa-são-tomé

Serranidae

Epinephelus morio Oligoplites palometa Oligoplites saliens Guaivira Guaivira / Salteira Carangidae Oligoplites saurus Paralichthys triocellatus Paralichthys patagonicus Paralichthys isosceles Linguado Linguado Paralichthyidae

Paralichthys orbignyanus Anchoa lepidentostole Anchoa filifera Anchoa lyolepis Anchoa parva Anchoa spinifer Anchoa tricolor Anchoviella brevirostris

Manjuba Manjuba Engraulidae

Cetengraulis edentulus Oveva Oveva Sciaenidae Larimus breviceps

Menticirrhus americanus Papa-terra Betara / Papa-terra Sciaenidae Menticirrhus littoralis

Parati-guaçu Mugil curema Parati-olho-de-fogo Mugil gaimardianus

Mugil curvidens Mugil incilis

Parati Parati

Mugilidae

Mugil curema Paru Paru / Enxada Ephippidae Chaetodipterus faber Peixe-espada Peixe-espada Trichiuridae Trichiurus lepturus

Peixe-galo Selene setapinnis Peixe-galo Galo-de-penacho Carangidae Selene vomer Balistidae Balistes carolinensis

Aluterus heudelotti Aluterus monoceros Aluterus schoepfi Monacanthus ciliatus

Peixe-porco Peixe-porco Monacanthidae

Stephanolepis hispidus Pescada-galheteira Cynoscion microlepidotus Pescada-amarela Cynoscion acoupa Pescada-branca Cynoscion leiarchus Pescada-maria-mole Cynoscion striatus Pescada-cambucu Cynoscion virescens Pescada-membeca Macrodon ancylodon

Pescada

Pescada-banana

Sciaenidae

Nebris microps Sphyraena guachancho Pescada-bicuda Bicuda / Barracuda Sphyraenidae Sphyraena tome

Pescadinha Pescadinha Sciaenidae Isopisthus parvipinnis Centropomus parallelus Robalo Robalo Centropomidae Centropomus undecimalis

Sardinha-verdadeira Sardinha-verdadeira Clupeidae Sardinella brasiliensis Tainha Tainha Mugilidae Mugil liza

23 DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ

ANEXO 2

CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DESEMBARCADAS NO LITORAL DO PARANÁ POR SEUS ATRIBUTOS AMBIENTAIS – PRIMEIRA PARTE.

ESPÉCIE FAMÍLIA NOME

VULGAR LMAX

(CM) CRESCIMENTO FONTES DE

ALIMENTO DISTRIBUIÇÃO TERRA-MAR

Pomatomus saltatrix Pomatomidae Anchova 130 Médio Peixes Plataforma-Costeiro Isurus oxyrinchus Lamnidae Anequim 400 Lento Peixes Plataforma Carcharhinus porosus Carcharhinidae Azeiteiro 130 Lento Piscívoro Estuarino-Costeiro Mycteroperca interstitialis Serranidae

Badejo-amarelo 84 Lento Piscívoro Estuarino-Costeiro

Epinephelus niveatus Serranidae

Badejo-branco 120 Lento Piscívoro Costeiro-Plataforma

Mycteroperca microlepis Serranidae

Badejo-de-areia 145 Lento Peixes e crustáceos Estuarino-Costeiro

Mycteroperca venenosa Serranidae Badejo-ferro 100 Lento

Peixes e moluscos (lulas) Estuarino-Costeiro

Mycteroperca rubra Serranidae Badejo-mira 80 Lento Piscívoro Estuarino-Costeiro Mycteroperca bonaci Serranidae

Badejo-quadrado 150 Lento Peixes e crustáceos Estuarino-Costeiro

Mycteroperca tigris Serranidae Badejo-tigre 101 Lento Piscívoro Estuarino-Costeiro

Cathorops spixii Ariidae Bagre-amarelo 30 Rápido

Moluscos e crustáceos Estuarino-Costeiro

Netuma barba Ariidae Bagre-cinza 100 Lento Moluscos e crustáceos Estuarino-Costeiro

Genidens genidens Ariidae Bagre-urutu 35 Lento Detritos e invertebrados Estuarino-Costeiro

Menticirrhus americanus Sciaenidae

Betara / Papa-terra 50 Médio

Vermes e crustáceos Costeiro

Menticirrhus littoralis Sciaenidae

Betara / Papa-terra 48 Médio

Vermes e crustáceos Costeiro-Estuarino

Sphyraena guachancho Sphyraenidae

Bicuda / Barracuda 200 Lento Peixes e crustáceos Costeiro-Estuarino

Sphyraena tome Sphyraenidae Bicuda / Barracuda 45 Médio Peixes e crustáceos Costeiro-Estuarino

Rhizoprionodon lalandei Carcharhinidae Cação-frango 70 Lento Piscívoro Costeiro

Penaeus schmitti Penaeidae

Camarão-branco / pistola 24 Rápido Detritívoro Costeiro-Plataforma

Xiphopenaeus kroyeri Penaeidae

Camarão-ferro 14 Rápido Detritívoro Estuarino-Costeiro

Xiphopenaeus kroyeri Penaeidae

Camarão-sete-barbas 14 Rápido Detritívoro Estuarino-Costeiro

Scomberomorus cavalla Scombridae Cavala 184 Lento Piscívoro Costeiro-Plataforma Scomberomorus brasiliensis Scombridae

Cavala / Sororoca 125 Médio Piscívoro Costeiro-Plataforma

Micropogonias furnieri Sciaenidae Corvina 75 Médio

Crustáceos, poliquetos e moluscos Estuarino-Costeiro

Selene vomer Carangidae Galo-de-penacho 50 Médio Peixes e crustáceos Costeiro

Alphestes afer serranidae Garoupa-gato 33 Médio Crustáceos Costeiro Epinephelus adscensionis Serranidae

Garoupa-pintada 61 Lento

Caranguejos e peixes Costeiro-Plataforma

Epinephelus morio Serranidae Garoupa-são-tomé 125 Lento

Peixes e invertebrados Plataforma

Acanthistius brasilianus Serranidae

Garoupa-senhor-de-engenho 60 Médio Piscívoro Plataforma

Epinephelus guaza Serranidae Garoupa-verdadeira 120 Lento Piscívoro Costeiro-Plataforma

Oligoplites saliens Carangidae Guaivira / Salteira 50 Médio Peixes e crustáceos Costeiro-Estuarino

Oligoplites saurus Carangidae Guaivira / Salteira 50 Médio Peixes Estuarino-Costeiro

Oligoplites palometa Carangidae

Guaivira / Salteira 35 Médio

Peixes e crustáceos Costeiro-Estuarino

Paralichthys triocellatus Paralichthyidae Linguado 26 Médio

Crustáceos e peixes Plataforma

Paralich patagonicus Paralichthyidae Linguado 50 Lento Peixes Costeiro Paralichthys isosceles Paralichthyidae Linguado 30 Lento

Peixes e cefalópodes Costeiro

Paralichthys orbignyanus Paralichthyidae Linguado 88 Lento Peixes Costeiro-Estuarino

continua...

J.M.ANDRIGUETTO FILHO, P.T.CHAVES, C.SANTOS & S.A.LIBERATI 24

... continuação

ESPÉCIE FAMÍLIA NOME

VULGAR LMAX

(CM) CRESCIMENTO FONTES DE

ALIMENTO DISTRIBUIÇÃO TERRA-MAR

Anchoa lepidentostole Engraulidae Manjuba 11 Médio Plâncton Estuarino-Costeiro Anchoa filifera Engraulidae Manjuba 13 Médio Plâncton Costeiro Anchoa lyolepis Engraulidae Manjuba 12 Rápido Plâncton Costeiro Anchoa parva Engraulidae Manjuba 9 Rápido Plâncton Estuarino Anchoa spinifer Engraulidae Manjuba 24 Médio Plâncton e peixes Costeiro-Estuarino Anchoa tricolor Engraulidae Manjuba 11 Rápido Plâncton Estuarino-Costeiro Anchoviella brevirostris Engraulidae Manjuba 10 Rápido Plâncton Costeiro-Estuarino Cetengraulis edentulus Engraulidae Manjuba 16 Médio Plâncton Costeiro-Estuarino Larimus breviceps Sciaenidae Oveva 31 Médio Camarões Costeiro-Estuarino Mugil curvidens Mugilidae Parati 27 Médio Iliófago Costeiro Mugil incilis Mugilidae Parati 40 Médio Iliófago Estuarino-Costeiro

Mugil curema Mugilidae Parati-guaçu/ Parati 45 Médio Iliófago Estuarino

Mugil gaimardianus Mugilidae Parati-olho-de-fogo 45 Médio Iliófago Estuarino

Chaetodipterus faber Ephippidae Paru / Enxada 91 Médio

Invertebrados bênticos Costeiro-Estuarino

Trichiurus lepturus Trichiuridae Peixe-espada 234 Médio Peixes Costeiro-Estuarino

Selene setapinnis Carangidae Peixe-galo 60 Médio Peixes e crustáceos Costeiro

Aluterus heudelotii Monacanthidae Peixe-porco 35 Rápido Invertebrados bênticos Costeiro

Aluterus monoceros Monacanthidae Peixe-porco 76 Rápido Invertebrados bênticos Costeiro

Aluterus schoepfi Monacanthidae Peixe-porco 61 Rápido Algas Costeiro Balistes carolinenses Balistidae Peixe-porco 61 Rápido

Invertebrados bênticos Costeiro

Monacanthus ciliatus Monacanthidae Peixe-porco 20 Rápido Algas e crustáceos Plataforma Stephanolepis hispidus Monacanthidae Peixe-porco 28 Rápido

Invertebrados bênticos Costeiro-Estuarino

Cynoscion acoupa Sciaenidae Pescada-amarela 110 Médio

Camarões e peixes Estuarino-Costeiro

Nebris microps Sciaenidae Pescada-banana 40 Médio Camarões Costeiro

Cynoscion leiarchus Sciaenidae Pescada-branca 60 Médio

Camarões e peixes Estuarino-Costeiro

Cynoscion virescens Sciaenidae

Pescada-cambucu 115 Médio

Crustáceos e peixes Costeiro-Estuarino

Cynoscion microlepidotus Sciaenidae

Pescada-galheteira 92 Médio

Camarões e peixes Estuarino-Costeiro

Cynoscion striatus Sciaenidae Pescada-maria-mole 60 Médio

Camarões e peixes Costeiro-Estuarino

Macrodon ancylodon Sciaenidae

Pescada-membeca 45 Médio

Camarões e peixes Estuarino-Costeiro

Isopisthus parvipinnis Sciaenidae

Pescadinha; Tortinha 25 Médio Camarões Costeiro

Centropomus parallelus Centropomidae Robalo 72 Médio

Peixes e crustáceos Estuarino-Costeiro

Centropomus undecimalis Centropomidae Robalo 140 Médio

Peixes e crustáceos Estuarino-Costeiro

Sardinella brasiliensis Clupeidae

Sardinha-verdadeira 25 Rápido Plâncton Plataforma

Mugil liza Mugilidae Tainha 80 Rápido Iliófago Estuarino-Costeiro Mugil platanus Mugilidae Tainha 100 Rápido Iliófago Estuarino-Costeiro

Sphyrna lewini Carcharhinidae Tubarão-martelo 420 Lento

Peixes e Caranguejos Plataforma