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1 09 a 11 de dezembro de 2015 Auditório da Universidade UNIT Aracaju - SE DIAGNÓSTICO AMBIENTAL E GESTÃO DAS ÁGUAS URBANAS NO CANAL AIRTON TELES, LOCALIZADO EM ARACAJU NO ESTADO DE SERGIPE Jorge Luiz Sotero de Santana 1 , Cleverton Santos 2 , Max Almeida Leahy 3 1 Msc. Professor da Coordenação de Saneamento Ambiental CSA do Instituto Federal de Sergipe - IFS, e-mail: [email protected] 2 Graduando do Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental-IFS, e-mail: [email protected] 3 Graduando do Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental-IFS, e-mail: [email protected] Resumo A área de estudo do presente trabalho abrange cerca de 4,84 Km², formada pelas confluências dos Canais de águas pluviais das Avenidas Gentil Tavares e da Av. Visconde de Maracaju, formando um dos principais canais de águas pluviais da cidade, o canal de drenagem urbana da Airton Teles, estando o mesmo localizada na porção norte da cidade, tendo como referência o centro de Aracaju. O objetivo do Trabalho é o estudo integrado através de diagnóstico, do monitoramento ambiental e da gestão das águas urbanas da microbacia do Canal Airton Teles, localizado em Aracaju, no estado de Sergipe. Os métodos utilizados trabalho foi a identificação das características fisiográficas da microbacia, bem como a identificação, através de visitas técnicas, dos pontos críticos da área de drenagem do Canal Airton Teles, que pertence a bacia hidrográfica do rio Sergipe, no qual sofre intensos e relevantes processos de degradação ambiental, dentre eles a urbanização desenfreada, a impermeabilização do solo, as ligações clandestinas, e, principalmente, a obstrução de dispositivos de drenagem urbana como os bueiros, galerias e estrangulamentos de várias seções do próprio Canal. Dentre as consequências observadas e analisadas no trabalho, destacam- se as seguintes: a poluição, a contaminação devido aos despejos de esgotos domésticos, industriais e dos resíduos sólidos, bem como, e, principalmente, os alagamentos e as inundações ao longo da microbacia. Portanto, almeja-se no presente trabalho a identificação, o diagnóstico ambiental e a discussão destes pontos críticos de poluição, contaminação e das inundações da microbacia em questão, como resultado principal, afim de que sejam apresentadas as perspectivas e recomendações para recuperação ambiental das áreas de drenagem, bem como para o avanço da gestão das águas urbanas e da saúde pública no Canal da Avenida Airton Teles e nas demais bacias mestres da capital Aracaju, localizado no estado de Sergipe. Palavras-chave: drenagem urbana, inundações, águas pluviais

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09 a 11 de dezembro de 2015 Auditório da Universidade UNIT

Aracaju - SE

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL E GESTÃO DAS ÁGUAS URBANAS NO CANAL

AIRTON TELES, LOCALIZADO EM ARACAJU NO ESTADO DE SERGIPE

Jorge Luiz Sotero de Santana 1, Cleverton Santos 2, Max Almeida Leahy 3

1 Msc. Professor da Coordenação de Saneamento Ambiental – CSA do Instituto Federal de Sergipe - IFS, e-mail: [email protected] 2 Graduando do Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental-IFS, e-mail: [email protected]

3 Graduando do Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental-IFS, e-mail: [email protected]

Resumo

A área de estudo do presente trabalho abrange cerca de 4,84 Km², formada pelas confluências dos Canais de águas pluviais das

Avenidas Gentil Tavares e da Av. Visconde de Maracaju, formando um dos principais canais de águas pluviais da cidade, o

canal de drenagem urbana da Airton Teles, estando o mesmo localizada na porção norte da cidade, tendo como referência o

centro de Aracaju. O objetivo do Trabalho é o estudo integrado através de diagnóstico, do monitoramento ambiental e da gestão

das águas urbanas da microbacia do Canal Airton Teles, localizado em Aracaju, no estado de Sergipe. Os métodos utilizados

trabalho foi a identificação das características fisiográficas da microbacia, bem como a identificação, através de visitas técnicas,

dos pontos críticos da área de drenagem do Canal Airton Teles, que pertence a bacia hidrográfica do rio Sergipe, no qual sofre

intensos e relevantes processos de degradação ambiental, dentre eles a urbanização desenfreada, a impermeabilização do solo,

as ligações clandestinas, e, principalmente, a obstrução de dispositivos de drenagem urbana como os bueiros, galerias e

estrangulamentos de várias seções do próprio Canal. Dentre as consequências observadas e analisadas no trabalho, destacam-

se as seguintes: a poluição, a contaminação devido aos despejos de esgotos domésticos, industriais e dos resíduos sólidos, bem

como, e, principalmente, os alagamentos e as inundações ao longo da microbacia. Portanto, almeja-se no presente trabalho a

identificação, o diagnóstico ambiental e a discussão destes pontos críticos de poluição, contaminação e das inundações da

microbacia em questão, como resultado principal, afim de que sejam apresentadas as perspectivas e recomendações para

recuperação ambiental das áreas de drenagem, bem como para o avanço da gestão das águas urbanas e da saúde pública no

Canal da Avenida Airton Teles e nas demais bacias mestres da capital Aracaju, localizado no estado de Sergipe.

Palavras-chave: drenagem urbana, inundações, águas pluviais

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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento urbano se acelerou na segunda metade do século XX com a concentração da população em espaços

reduzidos, produzindo grande competição pelos mesmos recursos naturais (solo e água), comprometendo e destruindo parte da

biodiversidade. O meio formado pelo ambiente natural e pela população (socioeconômico urbano) é um espaço dinâmico que

gera um conjunto de efeitos interligados, que sem controle pode levar a cidade ao caos TUCCI, [1].

Aproximadamente 60% da água do planeta é captada em rios compartilhados por mais de um país. Logo, se não ocorressem

cooperação e integração Internacional teríamos problemas sérios e conflitos em diversos países. Portanto, se a cooperação não

existisse a questão do gerenciamento da escassez de recursos hídricos e das inundações em rios e bacias internacionais, bem

como em microbacia e sub-bacias urbanizadas seriam um sério problema de gestão das águas GRESH [2].

A área de estudo está situada no município de Aracaju com uma população estimada para 2015 de 632.744 habitantes, com

densidade demográfica de 3.140,65 hab/km² de acordo com o IBGE. Segundo o SNIS[3], a população abastecida é de 609.456

habitante, correspondente em 2013 a uma cobertura de 99,17%, já a população atendida para o esgotamento sanitário é de

207.379 habitantes, correspondente 33,74%.

Analisando um contexto histórico a urbanização ocorre como necessidade do desenvolvimento. É o exemplo do primeiro

mundo, em que o avanço industrial traz consigo a necessidade de urbanização, uma vez que mais pessoas se deslocam do

ambiente rural para a cidade realizando o processo civilizatório. Tal fato faz surgir o pensamento de que a cidade é mais que

um conjunto de casas, edifícios e indivíduos. É um lugar de trocas comerciais, de inter-relações pessoais, lugar para onde se

direcionam os fluxos materiais e imateriais.

Como o processo de urbanização se tornou bastante intenso é necessário que haja melhorias no saneamento das cidades,

nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que, saneamento é o controle de todos os fatores do meio

físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social. Logo, as medidas e

as ações mais adequadas para controle destes fatores consiste, no mínimo, em medidas estruturantes em abastecimento de água,

esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem urbana adequada, a fim de que se evitem ou minimizem as inundações.

Dentre as doenças relacionadas às inundações, ou seja, por contato da pele/mucosas com águas poluídas e contaminada

por esgoto humano ou por fezes ou urina de animais, destacam‐se como principais as seguintes: algumas verminoses

transmitidas pela pele (água ou solo contaminados), a esquistossomose (água contaminada e presença de determinadas espécies

de caramujo no seu ciclo de transmissão) e a leptospirose (águas, principalmente de enchentes, solo úmido ou vegetação,

contaminados pela urina de rato). A esquistossomose (descrita mais adiante) e a leptospirose são de notificação compulsória.

As verminoses somente são notificadas quando se manifestam por surtos.

A figura 1 está apresentado a área de contribuição do Canal Airton Teles, localizada na capital Aracaju do Estado de Sergipe,

situado na Região Nordeste do Brasil.

Fig. 1. Canal da Airton Teles – Município de Aracaju – Estado de Sergipe / Região Nordeste do Brasil.

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2. OBJETIVO

O objetivo do Trabalho é elaborar um estudo integrado do Canal de drenagem urbana Airton Teles, através do diagnóstico,

do monitoramento ambiental e da gestão das águas urbanas da microbacia, definindo estratégias para a gestão integrada do

Canal Airton Teles, localizado em Aracaju, no estado de Sergipe.

Os objetivos específicos podem ser sintetizados da seguinte forma: a) Desenvolver um levantamento dos dados primários e

secundários relacionados às águas urbanas junto às instituições das diversas esferas da administração, para a caracterização do

estado atual da gestão das águas urbanas; b) Realizar um diagnóstico de problemas relacionados às águas urbanas como fruto

de uma metodologia participativa e que incentive o diálogo entre os setores públicos responsáveis e relacionados à gestão

hídrica na cidade e entorno; c)Propor estratégias de longo prazo que propiciem o desenvolvimento da Gestão Integrada das

Águas Urbanas por meio da participação dos agentes locais e permitam a previsão de investimentos acordados com os decisores.

3. METODOLOGIA E MATERIAIS

A metodologia utilizada no trabalho consistiu na identificação das características fisiográficas da microbacia, através de

visitas técnicas e determinação dos pontos críticos da área de drenagem do canal, identificando assim alguns problemas de

gestão das águas urbanas do mesmo. Em razão da temática sugerida, o estudo tem caráter avaliativo e constitui em pesquisa

documental e bibliográfica, utilizando métodos descritivos, realizado através de três etapas. A primeira etapa constou de

levantamento de material bibliográfico através de livros, publicações científicas e fontes eletrônicas on-line sobre a temática

da drenagem urbana.

A área em questão abrange a microbacia de contribuição de 484 ha (hectares), ou seja, uma área de drenagem de 4,84 Km²,

formada pelas confluências dos Canais de águas pluviais das Avenidas Gentil Tavares e da Av. Visconde de Maracaju,

formando o canal de drenagem urbana da Airton Teles, estando o mesmo localizada na porção norte da cidade, tendo como

referência o centro de Aracaju. A microbacia em questão sofre com a urbanização desenfreada e a impermeabilização do solo,

responsável pela a obstrução de dispositivos de drenagem urbana como as bocas coletoras, os bueiros, as galerias e as travessias,

ocasionando estrangulamentos de várias seções do próprio Canal, gerando enchentes e inundações ao longo da microbacia da

Airton Teles.

Para caracterização dos aspectos fisiográficos da microbacia, bem como para melhor identificação, foram realizadas visitas

técnicas, determinando os pontos críticos da área de drenagem do Canal Airton Teles, que pertence a bacia hidrográfica do rio

Sergipe, no qual sofre intensos e relevantes processos de degradação ambiental, já citados que proporcionam inúmera

consequências em várias seções e localidades do Canal. A Figura 2. abaixo apresenta a área de drenagem urbana das águas

pluviais e as áreas de contribuições superficiais e subterrâneas do Canal Airton Teles.

Fig. 2. Canal da Airton Teles – Delimitação da Microbacia urbana

4

Segundo Gresh [2], a cooperação internacional e a integração são caso de sucessos e progressos nas bacias de Senegal,

localizada no continente africano. O mundo passa por um acelerado processo de urbanização. Nos países desenvolvidos, a

urbanização se intensifica em razão do crescimento da industrialização.

O Brasil vive hoje a consequência da urbanização intensa, na década de 30 do século XX, sobretudo a partir da implantação

de atividades industriais, a fim de substituição as importações. Para Santos [4], o Brasil foi durante muito tempo um grande

arquipélago formado por subespaços que evoluíram segundo lógica própria ditada em grande parte por suas relações com o

mundo exterior. As relações da urbanização sempre estão ligadas à industrialização, e a mesma provoca um impacto sobre o

urbano, com fortes mudanças na sociedade e no papel desempenhado por elas.

As águas superficiais escoam para as partes mais baixas do terreno, formando rios, sendo que as cabeceiras são formadas

por cursos d’ água que brotam em terrenos íngremes das serras e montanhas e, à medida que as águas descem, juntam-se a

outros rios maiores, aumentando a vazão. Serão considerados também termos como sub-bacia e microbacia. As sub-bacias são

áreas de drenagem dos tributários do curso d’água principal. Para definir sua área o autor utiliza-se de diferentes unidades de

medida.

Para Faustino [5], as sub-bacias possuem áreas maiores que 100 km² e menores que 700 km², já para MARTINS et al., [6],

as sub-bacias são áreas entre 20.000 ha e 30.000 ha. A área de estudo da microbacia do Canal de águas pluviais do Airton Teles

possui uma área contribuição de 484,0 ha (hectares).

A área mais elevada do microbacia está na porção norte da bacia no bairro Palestina com aproximadamente 60 m a cima do

nível do mar. Caracterizando o trecho como de maior velocidade de escoamento do canal de drenagem da Airton Teles. Já o

trecho sul está inserido em uma área mais plana, com uma elevação aproximada de 12 metros a cima do novel do mar, tem seu

início no bairro Pereira Lobo, onde uma parte foi coberta por estruturas e canalizações de concreto armado.

A Bacia Hidrográfica compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos

de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório. Segundo Tucci [7], também pode ser definida como um

conjunto de terras drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde

as águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no solo para formação de nascentes

e do lençol freático BARRELLA [8].

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, indicou que dentre os municípios que compõem a Região Metropolitana de

Aracaju - RMA, a capital é servida, em quase sua totalidade, com redes de drenagem de águas pluviais, sendo os serviços

ligados as secretarias municipais de obras e serviços públicos. Segundo Sergipe [8], nos municípios de Aracaju, Barra dos

Coqueiros e São Cristóvão, os sistemas implantados são do tipo separador absoluto. Apenas em Nossa Senhora das Dores o

sistema utilizado é do tipo combinado. A maioria dos municípios apresenta um sistema de drenagem do tipo microdrenagem,

que corresponde a parte da drenagem urbana que consiste na coleta, na condução e no lançamento final dos deflúvios

superficiais ou subterrâneos através de pequenas e médias galerias. Os destinos finais das águas pluviais são corpos hídricos

ou áreas livres públicas ou particulares SERGIPE [9].

O sistema de drenagem de águas pluviais em Aracaju é coordenado pela Empresa Municipal de Obras e Urbanização

(Emurb). A Emurb foi criada pela Lei n° 429/75 de 22 de setembro de 1975 que na época recebeu o nome de Empresa Municipal

de Urbanização, adotando a sigla Emurb. A empresa pública possui personalidade jurídica de direito privado, patrimônio

próprio e autonomia administrativa e financeira. Após a Lei n° 1.996/93 de 17 de junho de 1993, a Empresa Municipal de

Urbanização passou a denominar-se Empresa Municipal de Obras e Urbanização GIAU [10].

Lima e Zakia [11], acrescentam ao conceito geomorfológico da bacia hidrográfica, uma abordagem sistêmica. Para esses

autores as bacias hidrográficas são sistemas abertos, que recebem energia através de agentes climáticos e perdem energia através

do deflúvio, podendo ser descritas em termos de variáveis interdependentes, que oscilam em torno de um padrão, e, desta forma,

mesmo quando perturbadas por ações antrópicas, encontram-se em equilíbrio dinâmico. Assim, qualquer modificação no

recebimento ou na liberação de energia, ou modificação na forma do sistema, acarretará em uma mudança compensatória que

tende a minimizar o efeito da modificação e restaurar o estado de equilíbrio dinâmico.

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As Fig. 3. e 4. demonstram as Precipitações Média Anual e a Geomorfologia da microbacia do Canal Airton Teles.

Fig. 3. Precipitações – Agente climáticos que afetam a

Microbacia urbana do Canal Airton Teles

Fig. 4. Geomorfologia - Canal da Airton Teles – Hidrografia e

Delimitação da Microbacia urbana

Aborda-se ainda neste trabalho a estrutura organizacional da Política Estadual e municipal dos Recursos Hídricos, bem

como o planejamento, a fiscalização e o monitoramento ambiental e sua relação com os diversos atores da gestão. Apresenta-

se ainda o estado da arte de cada um dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos e da gestão das águas urbanas,

observando-se as perspectivas e recomendações paro monitoramento ambiental, bem como para o avanço da gestão das águas

urbanas no Canal da Avenida Airton Teles e das demais bacias mestres da capital Aracaju, localizada no Estado de Sergipe.

Portanto, dentre as consequências observadas e analisadas no referido diagnóstico e no presente trabalho, destacam-se as

seguintes: a poluição, a contaminação devido aos despejos de esgotos domésticos, industriais e dos resíduos sólidos, bem como,

e, principalmente, os alagamentos e as inundações ao longo da microbacia, que podem trazer sérios problemas de saúde pública.

Portanto, almeja-se no presente trabalho a identificação, o diagnóstico ambiental e a discussão destes pontos críticos de

poluição, contaminação e das inundações da microbacia em questão, como um dos resultados a serem obtidos, bem como

definições de estratégias para a gestão integrada do Canal Airton Teles, localizado em Aracaju, no estado de Sergipe.

Com o auxílio dos mapas no aspecto geoambiental do município de Aracaju, foram realizados análise dos dados

fisiográficos, como área da microbacia, perímetro, cobertura vegetal, uso e ocupação do solo, geomorfologia, precipitações,

retirando dados como, declividade, tipo de solo, vegetação local, uso e ocupação. Na segunda etapa, analisou-se a dinâmica

dos conjuntos e bairros inseridos na microbacia, com seus moradores através do trabalho de campo e visitas técnicas, onde

foram levantados os pontos críticos e identificados em mapas ambientais. A Figura 5. abaixo apresenta alguns pontos críticos

da área de drenagem e de contribuições superficiais, como a deposição de resíduos sólidos “lixo” e de estrangulamentos, ou

seja, obstruções das seções hidráulicas do Canal Airton Teles.

Fig. 5. Canal da Airton Teles – Delimitação da Microbacia urbana, estrangulamentos da seções e Deposição – ‘Lixo”

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Além destes aspectos, da metodologia e materiais, tem-se apresentados nos mapas as consequências da urbanização

desenfreada e da impermeabilização dos solos, responsável pela a obstrução de dispositivos de drenagem urbana como as bocas

coletoras, os bueiros, as galerias e as travessias, ocasionando estrangulamentos de várias seções do próprio Canal, gerando

como resultados os alagamentos e as inundações, que podem trazer sérios problemas de saúde pública relacionadas às doenças

de veiculação hídrica.

As Figuras 6. e 7. demonstram a poluição, a falta de planejamento, fiscalização e manutenção dos sistemas de esgotos e

dispositivos de drenagem, ocasionando contaminações e as inundações na microbacia do canal Airton Teles e de outras

Microbacias e sub-bacias da capita Aracaju, estado de Sergipe.

Fig. 6. Agente que afetam a Microbacia do Canal Airton Teles

– Extravasamentos de Esgotos sanitários – Companhia de

Saneamento de Sergipe - DESO, ligações Clandestinas e

Estrangulamentos das seções hidráulicas.

Fig. 7. Inundações - Canal da Airton Teles e outros canais de

Aracaju – Falta de Manutenção e Problemas de Ligações

clandestinas, dos extravasamentos de esgotos e de saúde pública

relacionadas às doenças de veiculação hídrica.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos estão presentados nos mapas a seguir, onde constam as localizações dos pontos críticos, devido aos

extravasamentos dos esgotos, dos resíduos sólidos e dos problemas de micro e macrodrenagem, aspectos relevantes no processo

de degradação ambiental, dentre eles a urbanização desenfreada, a poluição e a contaminação devido aos despejos de esgotos

domésticos, industriais, ligações clandestinas e a deposição dos resíduos sólidos.

Como os pequenos córregos e rios da Microbacia do Canal Airton Teles foram perdendo espaços para as edificações e a

infraestrutura rodoviária, diminuindo assim a largura de suas calhas e ao mesmo tempo que eram canalizados, passando a

receber além das precipitações e os escoamentos superficiais, aguas cinzas, esgotos e resíduos e entulhos variados da construção

civil e da sociedade em geral.

7

Nas Figuras 8. e 9. estão apresentados e localizados, como resultados, os mapas indicando os pontos críticos de degradação

ambiental, com as ligações clandestinas e as seções de interesse, onde se encontram os estrangulamentos e obstruções que

geram enchentes e inundações.

Fig. 8. Pontos críticos – Poluição e Contaminações que afetam a

Microbacia urbana do Canal Airton Teles.

Fig. 9. Seções de Interesse – Alagamentos e Inundações no Canal da

Airton Teles – Problemas de Saúde pública.

Na última etapa do Trabalho de pesquisa, os dados foram analisados e sistematizadas as informações, sendo apresentado

em mapa temáticos de identificação dos pontos críticos e de degradação ambiental, como o lançamento e extravasamentos de

esgotos sanitários, através das ligações clandestinas, bem como a deposição de resíduos sólidos “lixo” e os estrangulamentos

de seções hidráulicas que causam tanto a poluição, como a contaminação e inundações no canal da Airton Teles, aspectos estes

que causam sérios problemas de saúde pública.

De acordo com os mapas gerados e os pontos críticos localizados, almeja-se como resultado e como contribuição científica,

frutos deste trabalho, a propositura de uma metodologia participativa que incentive o diálogo e a maior interação entre os setores

públicos responsáveis, no tocante, as Secretarias Estaduais e Municipais de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, a Companhia

de Saneamento de Sergipe - DESO, demais órgãos públicos, Instituições de Ensino de Sergipe, Organizações e Entidades de

Classes como o Conselho de Engenharia de Sergipe - CREA/SE e a Ordem dos Advogados de Sergipe - OAB/SE, outras

entidades e demais atores envolvidos com a Gestão das Águas Urbanas e gestão dos recursos hídricos de Sergipe.

Segundo Debo [12], um dos principais aspectos no gerenciamento das águas urbanas e das inundações são as interações

entres os seus elementos chaves, como a área de drenagem, as declividades da microbacia, usos dos solos, cobertura do solo,

uso/ocupação, educação e envolvimento da sociedade e de outros atores, bem como os dispositivos de drenagem, a fim de se

evitar e/ou diminuir as inundações nas faixas marginais e no próprio canal de drenagem urbana.

Segundo pesquisas e trabalhos já realizados, tem que haver planos regulatórios para o gerenciamento eficiente das águas

urbanas, através de combinações e interações entre todos órgãos e atores envolvidos no gerenciamento dos recursos hídricos.

De acordo com Debo [12], há centenas trabalhos, relatórios e pesquisas sobre os vários aspectos para a redução das inundações

urbanas e proteção da saúde pública e segurança das populações.

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A Figura 10 abaixo apresenta as faixas marginais e áreas delimitadas onde se devem atuar a gestão eficiente das águas

urbanas e das inundações, segundo DEBO [12].

Fig. 10. Gerenciamento Eficiente, segundo DEBO, (1995). Faixas e Delimitações da Microbacia urbana.

Segundo Gresh [2], a cooperação internacional e a integração como já citado são casos de sucesso e progresso em gestão

de recursos hídricos, já citados nas bacias de Senegal, localizada no continente africano. Portanto, é de fundamental importância

que haja entre todos os órgãos e atores envolvidos no processo uma maior integração no gerenciamento e na gestão das águas

urbanas e internacionais.

Face ao exposto, as recomendações para o sucesso do gerenciamento e do progresso de drenagem urbana são as seguintes,

segundo Debo [12], nos quais podemos centrar esforços em: a) Educação e envolvimento da população; b) Financiamento de

obras e ações estruturantes; c) Planejamento e controle nas Microbacias e bacias em questão; d) Autoridades e atores focados

no meio ambiente; e e) Suporte técnico compatível com o desenvolvimento das localidades na região da micro e sub-bacias.

5. CONCLUSÕES

O trabalho de pesquisa e de campo possibilitou o conhecimento dos aspectos sócios ambientais do canal Airton Teles.

Apesar do crescimento desordenado da população e das suas diversidades sociais, bem como suas ações de degradação

ambiental encontradas tanto na microbacia como no próprio canal, estes, possuem seus sistemas de drenagem com uma

cobertura de sua totalidade. Os fundamentos da drenagem urbana moderna estão basicamente em: não transferir os impactos à

jusante, evitando a ampliação das cheias naturais, recuperar os corpos hídricos, buscando o reequilibro dos ciclos naturais

(hidrológicos, biológicos e ecológicos) e considerar a bacia hidrográfica como unidade espacial de ação.

Logo, como medidas de controle para as doenças relacionadas às inundações, ou seja, por contato da pele/mucosas com

águas poluídas e contaminada por esgoto humano ou por fezes ou urina de animais, tem-se que observar os fundamentos da

drenagem urbana sustentável. Portanto, o trabalho visou o estudo integrado do Canal de drenagem urbana Airton Teles, através

do diagnóstico, do monitoramento ambiental e da gestão das águas urbanas da microbacia, definindo estratégias para a gestão

integrada do Canal Airton Teles, localizado em Aracaju, no estado de Sergipe. No entanto, às restrições do presente trabalho

serão consideradas, devido a consolidação efetiva de dados primários e secundários, bem como participação efetiva de todos

atores envolvidos, afetando a eficiência plena da gestão das águas urbanas na microbacia, além da ausência de suporte técnico

adequado para a gestão das águas pluviais.

Face ao exposto, devemos propor planos regulatórios para o gerenciamento eficiente das águas pluviais, através de

combinações e interações entre todos órgãos e atores envolvidos no gerenciamento dos recursos hídricos. Portanto, com o dados

e informações obtidas no trabalho de pesquisa poderemos fornecer subsídios técnicos aos gestores e à sociedade organizada,

propondo estratégias de médio e longo prazo que propiciem a Gestão Integrada das águas urbanas do Canal Airton Teles,

assegurando a sociedade e aos recursos naturais, no tocante, dos recursos hídrico, um desenvolvimento sustentável compatível,

uma saúde pública adequada e uma melhor qualidade de vida para a populações de seu entorno.

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RECONHECIMENTOS

Agradeço ao Departamento de Pós-Graduação e à Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão – PROPEX do Instituto Federal

de Sergipe – IFS pela cooperação e instruções prestados no presente Trabalho de Pesquisa.

REFERÊNCIAS

[1] TUCCI, C. E. M. “Águas urbanas”, 2008, [email protected].

[2] GRESH. V.B. “Hydrologic word press in Senegal” 2013

[3] SNIS, Brasil. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental – SNSA. Sistema Nacional de Informações

sobre Saneamento - SNIS: Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos – 2013. Brasília: SNSA/MCIDADES, 2014.181 p. : il.

[4] SANTOS, M. “Espaço e sociedade”. Petrópolis: Vozes, 2009.

[5] FAUSTINO, J.” Planificación y gestión de manejo de cuencas”. Turrialba: CATIE, 1996. 90p.

[6] MARTINS, F.B. et al. Zoneamento Ambiental da sub – bacia hidrográfica do Arroio Cadena, Santa Maria (RS).

Estudo de caso. Cerne, Lavras, v.11, n.3, p.315-322, jul. /Set. 2005.

[7] TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2001.

[8] BARELLA, W. et al. “As relações entre as matas ciliares os rios e os peixes”. In: Rodrigues, r.r.; Leitão Filho; H.F. (Ed.). Matas ciliares:

Conservação e recuperação. 2.ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.

[9] SEMARH, SE. Relatório do Diagnóstico Qualitativo, “Gestão Integrada das Águas Urbanas em Aracaju-SE/Brasil”, 2010.

[10] GIAU. Estratégias para gestão integrada de águas urbanas Aracaju. World Bank, Integrated Urban Water Management Project.

Semarh-Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Sergipe, 2011.

[11] LIMA, W.P.; ZAKIA M.J.B. “Hidrologia de matas ciliares”. Matas ciliares: conservação e recuperação. 2.ed. São Paulo:

Editora da Universidade de São Paulo, 2000. p.33-43.

[12] DEBO, T. R. A. “Municipal storm water management”, 2003. Boca Raton: Lewes Publishers. 45, 335-341. 6:103-106.