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  • 7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae

    1/64Beleza que gera riqueza

    Indstria de Cosmticos

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    Presidente do Conselho Deliberativo NacionalLuiz Otvio Gomes

    Diretor-PresidentePaulo Tarciso Okamotto

    Diretor de Administrao e FinanasCsar Acosta Rech

    Diretor-TcnicoLuiz Carlos Barboza

    Gerente de Atendimento Coletivo - IndstriaMiriam Machado Zitz

    Coordenadora Nacional da Carteira de Projetos de Cosmticos

    Maria Regina Diniz Oliveira

    Gerente da Unidade de Marketing e ComunicaoLuiz Barreto

    ReportagemLetcia Borges Assis, Luciana de Oliveira Bezerra,Marilene de Freitas e Marlia Matias de Oliveira

    EdioRonaldo de Moura

    Projeto Grfico e DiagramaoErika Yoda

    Imagem de capaMrcia Gouthier/ASN

    FotoPoliane Torres da Silva

    (Funcionria da Lord Perfumaria)

    RevisoJora Furquim e Suely Touguinha

    Produo Editorial

    Tiragem2.000 exemplares

    ImpressoCoronrio Editora Grfica Ltda.

    Expediente

    agncia e assessoria de comunicao

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    Parcerias para odesenvolvimento

    o

    S E B R A E c o s m t i c o s

    Mrcia

    Gouthier/ASN

    Omercado brasileiro ocupa hoje uma

    posio privilegiada para um pas ain-da em desenvolvimento que precisa competir

    com concorrentes economicamente superio-

    res e que detm, principalmente, primazia tec-

    nolgica. O Brasil passou para o quarto lugar

    no rankingde consumo da indstria mundial

    de cosmticos, higiene pessoal e perfumaria e

    j faz parte da lista de gigantes como Estados

    Unidos, Japo, Frana e Alemanha.

    Do mercado nacional, as micro e pequenas empresas representam 98,9%

    do parque industrial brasileiro de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos.E o Sebrae, como conhecedor das necessidades e da importncia dos micro,

    pequenos e mdios empreendimentos, vem unindo esforos com diversas ins-

    tituies, a fim de ampliar o suporte tcnico e administrativo que possibilite

    o desenvolvimento da cadeia produtiva.

    Nos ltimos cinco anos, o empresariado brasileiro de pequenos negcios,

    ao perceber que os servios na rea da beleza ficaram mais diversificados e

    sofisticados e que estava em curso uma mudana social e comportamental na

    populao, passou a investir mais em equipamentos e tecnologia aproveitan-

    do tambm a rica biodiversidade do Pas. Com o Direcionamento Estratgico2006 a 2010, o Sistema Sebrae vem definindo suas diretrizes e prioridades de

    atuao e o setor de cosmticos vem sendo contemplado com a criao de

    tcnicas de gesto empresarial, inovao tecnolgica, alm do conhecimento

    sobre mercados interno e externo.

    Entre as diretrizes do Sistema Sebrae est a multiplicao de parcerias com

    instituies pblicas, privadas e do terceiro setor, com o objetivo de alavancar

    competncias, conhecimentos, mercados e recursos para as micro e pequenas

    empresas (MPE), o que possibilita o estmulo do esprito empreendedor das

    MPE e promove a competitividade e o desenvolvimento auto-sustentvel e de

    longa vida dos pequenos negcios, que a prpria misso do Sebrae.

    Da mesma forma que ningum vai para frente sem conhecimento, tam-

    bm verdade que a juno de esforos dos parceiros melhora sempre os re-

    sultados de um setor, fato que se materializa quando se celebra uma parceria

    entre Sebrae, Abihpec e ABDI.

    Paulo Okamotto

    Diretor-Presidente Sebrae-NA

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    SumrioAPRESENTAO INSTITUCIONAL3 Parcerias para o desenvolvimento (Paulo Okamotto)

    6 Beleza garantida (Luiz Carlos Barboza)

    7 Somar foras para buscar resultados (Miriam Zitz e Regina Diniz)

    PANORAMA ECONMICO

    8 Entrevista com Antnio Srgio Martins Mello, secretrio de Desenvolvimentoda Produo do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior

    10 Brasil conquista lugar no seleto clube da indstria de beleza

    12 Faturamento dobra em cinco anos

    14 Produtos made inBrazilganham mercado externo

    16 Micro e pequenas empresas contribuem para a expanso do setor

    18 Negcios que geram emprego acima da mdia

    20 Incluso social bate sua porta

    22 Governo federal contribui para aumentar competitividade

    PANORAMA TCNICO E REGULATRIO

    24 Desinformao e burocracia geram informalidade sanitria

    27 Parcerias pblico-privadas dinamizam o setor

    28 Consumidor exige boas prticas de fabricao

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    30 Como superar os gargalos tecnolgicos da indstria de cosmticos?

    32 Novas tecnologias: senha para o futuro

    36 Sebrae apia MPEs da indstria de beleza

    38 Indstria ecologicamente correta

    40 De olho nos hbitos do consumidor

    42 Show de novidades

    44 Apex abre as portas do mercado externo para as microe pequenas empresas do setor de cosmticos

    45 Sindicatos defendem micro e pequenas empresas

    CASOS DE SUCESSO

    46 Cheiro de bons negcios

    48 Diadema: capital nacional da indstria de cosmticos

    50 Vencer as desconfianas e apostar no mercado externo

    51 Unir para crescer

    52 O que que a Bahia tem?

    54 Produtos da Amaznia conquistam mercado internacional

    56 Empresas gachas lanam linha de exportao

    58 Pernambuco ganha espao no mercado de cosmticos

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    Beleza garantidaBele a arantida

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    Como dizia o poeta Vinicius de Moraes,beleza fundamental. Bons perfumes,formas e cores tambm. Dos cinco sentidos, oolfato aquele que nos conduz, de imediato,

    para nosso inconsciente, nos remete s mais

    ntimas e profundas sensaes de bem-estar e

    auto-estima. Mas isso no seria to estimulado

    se no existissem os cosmticos, que cumprem

    papel fundamental em nossa poca.

    Hoje, beleza, arte, design e moda fazem

    parte da indstria de cosmticos. Pensando nisso, a unio de foras entre a Agn-

    cia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Associao Brasileira da

    Indstria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmticos (Abihpec) e o Sebrae vai

    possibilitar mudana de patamar s empresas de pequeno porte do setor de cos-

    mticos, bem como fortalecer e expandir sua base industrial. Somente assim,

    os empresrios de micro e pequenos negcios desse setor tero condies de

    competir e ser bem-sucedidos em um cenrio to exigente e concorrente nos

    mercados interno e externo, onde o despreparo e o empirismo so fatais.

    A indstria de cosmticos setor estratgico para a economia, uma vez

    que oferece alta empregabilidade e extremamente dinmica e competitiva

    como produto de exportao. Por isso a unio entre Sebrae, Abihpec e ABDI

    tambm vai contemplar aes prioritrias, consolidando e otimizando as re-des de parceria nos planos nacional, estadual e local, alm de mudar a cultura

    do Sebrae em relao aos parceiros onde a concesso de recursos focada em

    investimentos orientados para resultados.

    O Sebrae trabalha para que a gesto das pequenas e microempresas de cos-

    mticos do Pas tambm tenha eficincia, conhecimento e modernidade. Por

    isso levanta a bandeira do acesso aos mercados da informao e da capacita-

    o dos empresrios, promovendo cursos, treinamentos, seminrios, palestras,

    consultorias e garantindo o acesso tecnologia. Isso s se concretiza porque

    o Sebrae, ao estabelecer alianas para mobilizar recursos, competncias e co-

    nhecimentos, segue uma de suas principais diretrizes estratgicas.

    A histria do Sebrae vem sendo escrita com muito planejamento e com-

    promisso com o crescimento do pas. Por tudo isso, o Sebrae , hoje, uma

    das principais agncias de desenvolvimento em funcionamento no Brasil e,

    indiscutivelmente, o mais significativo parceiro dos pequenos empreendimen-

    tos e, agora, parceiro de outros parceiros que, juntos, ampliaro foras para

    impulsionar ainda mais o setor de cosmticos.

    Luiz Carlos Barboza

    Diretor Tcnico Sebrae-NA

    MrciaGouthier/ASN

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    Somar foras parabuscar resultados

    aFotos:MrciaGouthier/ASN

    Em outubro de 2005, a atuao do Sistema Sebrae serestringia aos estados do Cear, Pernambuco e SoPaulo. Em menos de um ano, a essa carteira de projetosj envolve dez unidades da Federao e, em junho deste

    ano, assinamos um convnio com a Abihpec e a ABDI.

    Esse salto no se deu por acaso. O Brasil , atualmente,

    o quarto principal consumidor de produtos de higiene pes-

    soal, perfumaria e cosmticos, cujas exportaes cresceram

    120,7% nos ltimos cinco anos. Durante esse perodo, o

    setor registrou um crescimento mdio de 10,7% e uma

    grande capacidade de gerao de empregos.

    A deciso do Sebrae de investir na indstria da belezase deve, sobretudo, ao fato de que 98,9% do setor for-

    mado por micro e pequenas empresas (MPE), que enfren-

    tam uma srie de dificuldades como, por exemplo, a informalidade sanitria.

    A partir dessas indicaes, comeamos a trabalhar com capacitao e inova-

    o em Minas Gerais, retomamos o projeto no Rio de Janeiro e estamos somando

    esforos com nossos parceiros na Bahia. A estruturao do diagnstico e planeja-

    mento estratgico em Pernambuco se encontra em curso e, nos Estados de Gois

    e Rio Grande do Sul, realizamos a etapa das visitas tcnicas e de sensibilizao,

    que tambm devem ocorrer no Par e Paran a partir de outubro deste ano.

    Os passos que estamos dando visam aumentar a competitividade das MPE e

    contribuir para que o Pas conquiste a terceira posio no mercado mundial de cos-

    mticos. No temos dvida de que h ainda muito trabalho pela frente. por isso

    que durante a prxima Semana de Capacitao do Sistema Sebrae, em novembro,

    os coordenadores de projetos de cosmticos sero capacitados, em boas prticas

    de fabricao. A prioridade dada ao setor tambm pode ser medida pela deciso

    de escolhermos a indstria da beleza como o tema do Desafio Sebrae 2007.

    Mas, como os desafios so grandes, no podemos parar por a. Vamos in-

    vestir na articulao da indstria de cosmticos com os setores que compem

    a Cadeia da Moda: gemas e jias; txtil e confeces; couro e calados; eartesanato. Pretendemos, ainda, estreitar o relacionamento com as empresas

    que atuam na rea de plstico e de embalagens.

    A deciso de lanar essa revista em So Paulo na abertura da Cosmoprof

    Cosmtica a principal feira no Pas - no foi fortuita. Ela representa um marco

    da participao institucional do Sebrae nesse setor emergente e estratgico da

    economia nacional.

    Regina DinizCoordenadora Nacional da

    Carteira de Projetos de Cosmticos

    Miriam ZitzGerente da Unidade deAtendimento Coletivo Indstria

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    O

    Crescimentodinmico e geraodeempregos

    Ogoverno federal considera a indstria de produtos de higiene pes-soal, perfumaria e cosmticos importante devido a sua capacidadede articular o crescimento econmico com a criao de oportunida-des de trabalho. O secretrio de Desenvolvimento da Produo do Ministrio

    do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), Antnio SrgioMartins Mello, apresenta as polticas do MDIC para o setor e anuncia que oBNDES est estudando mecanismos para ampliar o acesso das pequenas, m-dias e microempresas a linhas de crdito com condies facilitadas. Ele con-firma tambm que a carga tributria est sendo reavaliada e defende investi-mentos em biotecnologia e nanotecnologia para aumentar o valor agregadoe aumentar a competitividade do produto brasileiro.

    DjacirAlmeida

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    Os indicadores da indstria demonstram que o se-

    tor vem tendo crescimento vertiginoso. Qual sua

    importncia para o parque industrial do Pas?

    Esse segmento muito importante por conta de

    seu crescimento dinmico nos ltimos anos e por seu

    papel social. O faturamento em reais cresceu cerca

    de 14% em 2005, o que, convertido em dlares, sig-

    nificou um crescimento surpreendente de quase 40%.

    Isso demonstra que o setor tem conseguido adaptar-se

    s circunstncias macroeconmicas, com um olho na

    ampliao do mercado interno e outro no incremento

    das exportaes. Por outro lado, as oportunidades de

    trabalho, englobando lojas de franquia, revendedores

    e profissionais de beleza, se aproximam da casa de 3

    milhes de empregos em todo Pas.

    Quais so as polticas especficas do MDIC para

    o setor de cosmticos?

    A Secretaria do Desenvolvimento da Produo,

    rgo do MDIC, criou o Frum de Competitividade

    da Cadeia de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosm-

    ticos h alguns anos. um mecanismo de dilogo

    permanente que procura equacionar e resolver os

    problemas, sobretudo estruturais, congregando o se-

    tor produtivo e atores governamentais como Anvisa,Secretaria da Receita Federal e nosso ministrio.

    O MDIC tem apoiado o setor por meio de progra-

    mas especficos. Nesse caso, existe um projeto de

    cooperao tcnica e financeira, a cargo da Apex-

    Brasil, assim como um convnio firmado recente-

    mente entre Sebrae, Associao Brasileira da Inds-

    tria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmticos

    (Abihpec) e Agncia Brasileira de Desenvolvimento

    Industrial (ABDI). O objetivo desse convnio a im-

    plantao do plano de desenvolvimento setorial decosmticos para incrementar a competitividade do

    setor. Alm desses programas, o MDIC tem-se empe-

    nhado pela racionalizao do tratamento tributrio

    federal dispensado ao setor e pela efetiva implanta-

    o do mecanismo de Reconhecimento Mtuo no

    mbito do Mercosul, o que facilitar ainda mais as

    exportaes de cosmticos.

    A carga tributria do setor muito alta e as in-

    dstrias esto sujeitas s mesmas normas regu-

    latrias da indstria qumica. O MDIC conside-

    ra adequado propor uma legislao especfica

    para o setor? Existe alguma iniciativa do governo

    federal nesse sentido?

    A carga tributria vem sendo reavaliada para cor-

    rigir determinadas distores. Isso ocorreu quando

    o IPI para dentifrcios, papel higinico e proteto-

    res solares foi zerado, pois havia consenso de que

    a medida beneficiava no apenas o setor produtivo

    como tambm a maioria da populao brasileira. A

    questo tributria tem sido equacionada na medida

    do possvel, ao mesmo tempo em que a Anvisa e o

    setor produtivo tm coordenado esforos para supe-rar problemas de ordem sanitria. Nesse sentido, a

    Cmara Setorial de Cosmticos, instalada pela An-

    visa em 2005, outro frum de discusso, do qual

    participa o MDIC, e que est voltado ao tratamento

    das especificidades do setor.

    A aplicao da biotecnologia e da nanotecnologia

    uma grande aposta do setor e algumas empre-

    sas j esto investindo fortemente nessas tecno-

    logias. Na viso do MDIC, qual a importncia daaplicao dessas novas tecnologias na indstria

    de cosmticos?

    A biotecnologia, amparada na biodiversidade brasi-

    leira, e a nanotecnologia podem dinamizar a gama de

    produtos da indstria de cosmticos, com maior agrega-

    o de valor e aumento da competitividade.

    Os investimentos exigidos pela indstria de cos-

    mticos so muito altos e somente as empresas

    de grande porte do setor esto aptas a fazer osaportes financeiros necessrios. O que o governo

    federal pretende fazer para contribuir com o cres-

    cimento das micro, pequenas e mdias empresas?

    O governo federal est estudando mecanismos, em

    particular no BNDES, que possam ampliar o acesso

    das micro, pequenas e mdias empresas a recursos

    financeiros com condies facilitadas.

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    OOmercado brasileiro ocupa hoje o quartolugar no consumo de produtos de higienee beleza, fazendo parte da lista de gigan-tes como Estados Unidos, Japo e Frana. Trata-se deposio privilegiada para um pas ainda em desen-

    volvimento, que precisa competir com concorrentes

    economicamente superiores e que detm, sobretudo,

    primazia tecnolgica.

    Foi a partir de meados da dcada de 90 que o de-senvolvimento do mercado nacional comeou a ga-

    nhar flego, seguindo o rastro da expanso do setor

    nos pases desenvolvidos. No Brasil, como em qual-

    quer parte do mundo, a vaidade e os modismos so as

    molas propulsoras dessa indstria.

    No incio deste ano, foi divulgado um estudo

    intitulado O Impacto Socioeconmico da Beleza

    1995 a 2004, solicitado pela Associao Brasi-

    leira da Indstria de Higiene Pessoal, Perfumaria e

    Cosmticos (Abihpec) e elaborado por professores

    da Faculdade de Economia da Universidade Fede-

    ral Fluminense. A pesquisa aponta que, nos Estados

    Unidos e no Canad, a expanso, principalmente

    do setor de higiene pessoal, foi alavancada nas d-

    cadas de 70 e 80. Os modismos lanados pelos di-

    versos movimentos sociais ocorridos na poca, es-

    pecialmente em relao aos cabelos, aceleraram o

    desenvolvimento da rea de prestao de serviosde beleza mais especificamente dos sales de be-

    leza e de novos produtos.

    De acordo com o estudo coordenado pela pro-

    fessora Ruth Dweck, no Brasil 30% da populao se

    preocupa com a aparncia o tempo todo, ndice que

    coloca os brasileiros na 7 posio entre os povos mais

    vaidosos do mundo. Esse dado um dos ingredien-

    tes da receita que faz da indstria brasileira de higiene

    pessoal, perfumaria e cosmticos um sucesso.

    Brasilconquistalugar noseleto clubeda indstria

    debeleza

    A indstria brasileira de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos mantmtaxa de crescimento mdio anual de 10,7% nos ltimos cinco anos.

    Tams Alajos

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    A Abihpec a principal entidade re-presentativa da indstria de higiene pes-

    soal, perfumaria e cosmticos, tanto nombito nacional como internacional.Fundada em 27 de abril de 1995, mantmestreitos vnculos com sindicatos repre-sentativos da rea, autoridades governa-mentais, unies econmicas internacio-nais e associaes congneres de outrospases. A Associao possui 330 empre-

    sas filiadas, sendo 20 de grande porte,50 de tamanho mdio, e 260 de microe pequeno porte. Em 2005, o nmero deassociados cresceu 12,5%.

    Na dcada de 80, as tecnologias inovadoras aplica-

    das pela indstria brasileira deram ao consumidor a pos-

    sibilidade do auto-servio, gerando novo impulso aos

    negcios do setor. Mas foi a partir dos anos 90, quando a

    aparncia comeou a se tornar motivo de preocupao

    cada vez maior, que o mercado iniciou um forte proces-

    so de consolidao. O desejo de se manter jovem faz

    dos homens e mulheres consumidores potenciais.

    Templos de beleza

    Desde ento, os templos de beleza ganham fora:

    os sales se sofisticaram, surgiram os day spas, as clnicas

    estticas... Tudo isso para que as pessoas se mantenham

    saudveis e belas. Com isso, a beleza deixa de ser atribu-to natural para se transformar em produto de consumo.

    O Brasil foi atingido por esses ventos que sopravam

    da Europa e dos Estados Unidos e, assim como no exte-

    rior, os servios na rea de beleza tambm ficaram mais

    diversificados e sofisticados. De um lado, a globalizao,

    que permite a disseminao de informaes e impulsiona

    o consumo e, de outro lado, a vaidade do povo brasileiro

    despertaram o potencial da indstria nacional de produ-

    tos de higiene e de beleza.

    Percebendo que estava em andamento uma mudan-

    a social e comportamental na populao brasileira, o

    empresariado investiu em equipamentos e tecnologia

    e teve perspiccia para assimilar o movimento do setor

    l fora e aplic-los aqui com inovaes e aproveitando

    a rica biodiversidade do Pas.

    Crescimento acima do PIB

    No perodo de 2001 a 2005, o setor cresceu a

    taxas percentuais cinco vezes superiores s do PIB

    nacional. Embora a indstria da beleza esteja em as-

    censo h dez anos, ela vem atingindo mdias de

    crescimento mais altas somente nos ltimos cinco

    anos. O setor cresceu 10,7%, enquanto o cresci-

    mento do PIB foi, em mdia, de 2,2% ao ano no

    mesmo perodo. Esse um crescimento real, um

    crescimento mdio deflacionado e composto, ouseja, j descontada a inflao do perodo, explica o

    presidente da Abihpec, Joo Carlos Basilio.

    MrciaGouthier/ASN

    Sales de belezainvestem emtcnicas sofisticadaspara tornar osclientes mais belose saudveis

    11

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    Os produtos de higienepessoal lideram as vendase so responsveis por 62%do faturamento.

    O segmento que mais vende o de higiene pes-

    soal, respondendo por 62% do total de faturamen-to, os cosmticos representam 25% e os perfumes,

    13%. Em 2005, o destaque de vendas foram os pro-

    dutos de perfumaria, que registraram alta de 17,6%

    em relao ao ano anterior.

    As razes para desempenho to positivo so de

    ordem econmica e comportamental. Os ganhos em

    produtividade em virtude dos investimentos em tecno-

    12

    As cifras comprovam o bom desempenho da

    indstria de higiene pessoal, perfumaria e cos-mticos. Juntas, as 1.415 empresas formaliza-

    das que compem o parque industrial do setor fecha-

    ram 2005 com um faturamento de R$ 15,4 bilhes. Isso

    mais que o dobro do que haviam faturado em 2000

    (R$ 7,5 bilhes). Em volume, foram vendidas mais de

    1,3 milho de toneladas de produtos, um crescimento

    de 9,3% em relao ao ano anterior.

    Faturamentodobraemcinco anos12

    MrciaGouthier/ASN

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    Joo Carlos Basilio,presidente da Abihpec:aumentar a produtividadee reduzir a carga tributria

    da indstria

    logia e reduo da carga tributria, tm resultado na

    queda de preos dos produtos. Estamos investindo em

    equipamentos modernos para aumentar a produo ecom isso temos conseguido repassar esses benefcios

    para o consumidor, em forma de preos mais baixos,

    afirma o presidente da Abihpec.

    Carga tributria em queda

    O peso dos impostos um dos problemas que mais

    afligem o setor, impedindo a queda nos preos e, con-

    seqentemente, o maior acesso dos consumidores.

    A carga tributria varia de produto para produto,

    mas o percentual mnimo de 48% e pode chegar a96%. Ao comprar, por exemplo, um sabonete, 48%

    do valor desse produto imposto. So 12,5% de PIS

    e Cofins, 18% de ICMS, 7% de IPI.

    por isso que os empresrios do setor vm se

    mobilizando para cobrar da Unio, dos governos

    estaduais e do Congresso Nacional e Assemblias

    Legislativas mudanas na legislao tributria pro-

    fundas e abrangentes. Alm de reduzir o peso dos

    impostos sobre a produo, eles tambm reivindi-

    cam a incluso de alguns produtos na lista da ces-ta bsica, entre eles os itens de higiene pessoal. A

    Abihpec prope tambm que o protetor solar passe

    a ser considerado equipamento de proteo indivi-

    dual. O esforo j rendeu resultados: houve redu-

    o na carga tributria que antes chegava a 154%.

    No entanto, a entidade considera que o peso dos

    impostos ainda continua muito alto.

    ArquivoAbihpec

    As receitas duplicaram e o volume de vendas superou a marca de 10%, em cinco anos.

    2000 2005 2006 (estimativa)

    Faturamento R$ 7,5 bilhes R$ 15,4 bilhes R$ 16 bilhes

    Vendas 1,18 milho de toneladas 1,3 milho de toneladas 1,4 milho de toneladas

    Faturamento e volume de vendas

    Os dados da Fundao e Instituto de Pesquisa Eco-

    nmica (Fipe) comprovam que os preos esto cain-

    do. O ltimo levantamento feito pela instituio indicaque entre 2005 e 2006 houve queda real de 0,8% nos

    preos dos produtos de higiene pessoal. No mesmo

    perodo, entre 2004 e 2005, registrou-se decrscimo

    de apenas 0,1%, mas, ainda assim, a tendncia de re-

    duo se manteve. Nos ltimos dois anos, observou-se

    queda nos preos dos produtos de higiene. Isso faz

    que haja maior penetrao de produtos nas classes C,

    D e E. A indstria est ganhando um novo consumi-

    dor, comemora a Abihpec.

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    OOsucesso no mercado interno se repete nas

    vendas para o exterior. A balana comercial

    da indstria brasileira de higiene pessoal,

    perfumaria e cosmticos tambm apresenta crescimen-

    to contnuo ao longo dos ltimos anos. Depois de sofrer

    um dficit de R$ 163 milhes em 1997, o setor conse-

    guiu reverter o quadro e, em 2005, atingiu um supervit

    de R$ 196,3 milhes.

    O faturamento com exportaes alcanou, em

    2005, US$ 407 milhes, contra os US$ 211 milhes

    gastos com importaes. No balano dos ltimos cin-

    co anos, de 2001 a 2005, houve crescimento acumu-

    lado de 120,7% nas vendas externas e queda de 4,1%

    na compra de produtos estrangeiros.

    No entanto, o Brasil ainda precisa importar inmeros

    itens, entre eles, embalagens de vidro com maior grau de

    sofisticao e insumos que no so fabricados no Brasil,

    como o caso do carboxipolimetileno, utilizado na fabri-

    cao de gel para cabelo. As empresas tambm recorrem

    a fornecedores externos para complementar a demanda

    interna de certas matrias-primas, a exemplo do leo de

    palmiste, utilizado por vrios segmentos da indstria.

    Os produtos de higiene oral lideraram as vendas para

    o mercado externo, representando US$ 112,7 milhes

    Produtos made inBrazilganham mercado externo

    A balana comercial do setor superou dficits do final dos anos 90 e exporta,atualmente, US$ 407 milhes para 130 pases. A meta do setor chegar aUS$ 1 bilho de vendas para o exterior nos prximos quatro anos.

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    Posio do Brasil no ranking mundial

    do total do faturamento. Em segundo lugar ficaram os

    sabonetes (US$ 93,2 milhes), seguidos dos produtos

    para cabelos (US$ 89,6 milhes) e dos descartveis com

    US$ 54,4 milhes. Outros produtos, como protetor solar,

    hidratantes para o corpo e rosto e maquilagem, tiveram,

    juntos, faturamento da ordem de US$ 57,6 milhes.

    Metas de exportao

    Se o cenrio atual j bom, as perspectivas parao futuro so timas. O setor projetava, para este ano

    de 2006, crescimento de 10% nas exportaes em re-

    lao ao ano passado. No entanto, os nmeros deste

    primeiro trimestre surpreenderam. Houve incremento

    de 31% nas vendas em relao ao mesmo perodo

    do ano passado. Com isso, o empresariado espera fe-

    char o ano com faturamento da ordem de US$ 500

    milhes. A meta de exportao chegar ao ano de

    2010 com um faturamento de US$ 1 bilho.

    Atualmente o setor exporta para 130 pases. Os

    pases da Amrica do Sul so o principal destino das

    exportaes (mais de 55% do faturamento). O res-

    tante das vendas se distribui pelos pases do Oriente

    Mdio, do Leste Europeu e da frica. O avano da

    indstria de cosmticos, higiene e perfumaria tam-

    bm contribui para movimentar a produo de outrossetores, como o qumico e o de embalagens. Ela re-

    presenta, atualmente, 6,5% do faturamento total da

    indstria qumica brasileira. O ltimo levantamento

    da Associao Brasileira da Indstria de Embalagens

    Flexveis (Abief), feito em 2002 e retroativo a 1982,

    indica que, em 20 anos, houve incremento significa-

    tivo na produo.

    2

    Desodorante Produtospara cabelo

    3

    Perfumaria

    3

    Produtosinfantis

    2 5

    Produtosmasculinos

    Higieneoral

    4

    Banho

    5

    Cosmticos(cores)

    7

    Pele

    9

    Rankinggeral 4

    BALANA COMERCIAL DO SETOR

    Ano Importaes Exportaes (US$) Saldo

    US$ % Crescimento US$ % Crescimento US$

    2001 199.533 -9.5 191.510 3.7 -8.022

    2002 152.284 -23.7 202.755 5.9 50.471

    2003 150.279 -1.3 243.888 20.3 93.610

    2004 156.830 4.4 331.889 36.1 175.059

    2005 211.380 34.8 407.668 22.8 196.288

    % Cresc. 2001/2005 -4.1 120.7

    Proteosolar

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    EElas no so as que vendem e faturam mais nomercado de beleza. Porm, as micro e pequenasempresas (MPE) representam 98,9% do parqueindustrial brasileiro de higiene pessoal, perfumaria e

    cosmticos, que rene 1.415 empresas devidamente

    registradas na Anvisa.

    A maior parte das empresas do setor fabrica produ-

    tos de higiene pessoal e o segmento de cosmticos e

    perfumaria conta com 701 estabelecimentos. O estado

    de So Paulo responde pelo maior nmero de indstrias

    (656), seguido do Rio de Janeiro (161), Paran (140), Rio

    Grande do Sul (109), Minas Gerais (97) e Gois (66).

    A forte presena das MPE revela elevado grau de na-

    cionalizao do nosso mercado e, por outro lado, ex-

    plicita a existncia de um filo com grande potencial

    de crescimento. A contribuio das pequenas empresas

    considerada essencial para o projeto de expanso da

    indstria da beleza. por isso que o Sebrae e a Abihpec

    apostam no fortalecimento e desenvolvimento do setor.

    Parcerias para o desenvolvimento

    As necessidades e a importncia dos micro, pequenas

    e mdias empresas levou a Abihpec a unir esforos com

    diversas instituies para dar suporte tcnico e adminis-

    trativo que possibilitem o desenvolvimento da cadeia

    produtiva. Desde 2001, a entidade desenvolve aes es-

    tratgicas em alguns estados do Pas, atuando na moder-

    nizao e no desenvolvimento de Ncleos Regionais.

    Micro e pequenasempresas

    contribuempara aexpanso do setor

    Sebrae, Abihpec e ABDI criam parcerias para fortalecer e alavancar a presenadas MPE na indstria de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos.

    AM

    7

    AC

    1 RO

    4

    RR

    0

    MT

    3

    MS

    5

    RS

    109

    SC

    38

    PR

    140

    SP

    656

    MG

    97

    GO

    66

    TO

    0BA

    23

    RJ - 161

    ES - 12

    SE - 4AL - 0

    AP

    1

    PI9

    CE

    32 RN - 3

    PB - 4PE - 25

    DF6

    PA

    6

    MA

    3

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    A Abihpec tambm firmou, no incio da dcada,

    uma parceria com a Apex-Brasil para criar o Plano Se-

    torial Integrado para o setor. O principal foco do pro-

    grama foi ajudar as empresas organizadas em Ncleos

    Regionais a conquistarem o mercado internacional.Em meados de 2005, uma aproximao entre a en-

    tidade e a Agncia Brasileira de Desenvolvimento In-

    dustrial (ABDI) resultou no Plano de Desenvolvimento

    Setorial (PDS) para o setor de cosmticos. O PDS foi o

    primeiro plano desenvolvido para a indstria de cos-

    mticos pela ABDI, responsvel pela gesto da Poltica

    Industrial, Tecnolgica e de Comrcio Exterior (PITCE).

    A proposta est inserida no macroprograma Indstria

    Fortee tem como objetivo alinhar a expanso do setor

    aos critrios da PITCE por meio de aes que permitamo acesso das empresas pesquisa e tecnologia.

    Multinacionais brasileiras

    Mario Salerno, diretor de Desenvolvimento Indus-

    trial da ABDI, conta que a Abihpec apresentou um pro-

    jeto bem estruturado e com contrapartida empresarial.

    Decidimos fechar a parceria com a entidade porque

    o setor tem uma prospectiva ascendente, relacionada

    com todas as aes estratgicas da poltica industrial.

    Ele tambm tem tudo a ver com nanotecnologia e bio-

    tecnologia e com a marca que o Estado brasileiro est

    cultivando no exterior como a biodiversidade, a jovia-

    lidade no estilo de vida, explica.

    O representante da ABDI destacou, ainda, o fato de

    muitas empresas brasileiras do setor estarem virando

    multinacionais, demonstrando que este um segmento

    em expanso no s no mercado interno, mas tambm

    no externo. O PDS pretende alavancar essas oportuni-

    dades. Vamos trabalhar para colocar o nome do Brasil

    no mundo dos cosmticos, para que, ao comprar um

    produto brasileiro, o estrangeiro saiba que est adqui-

    rindo um produto de qualidade, com tecnologia agre-

    gada, afirma Salerno.

    O projeto de desenvolvimento para o setor de cos-

    mticos deu um grande salto em outubro de 2005,

    quando o Sebrae Nacional foi convidado a integrar-

    se parceria da Abihpec com a ABDI. Juntas, as trs

    instituies estabeleceram estratgias que ampliam

    e intensificam o foco dos trabalhos que vm sendo

    feitos nos Ncleos Regionais.

    Sebrae quer fortalecer MPEs

    A Abihpec considera que a viabilidade do proje-to de expanso dos negcios da indstria de higie-

    ne pessoal, cosmticos e perfumaria depende dessa

    parceria. A ao de cada uma dessas entidades se

    complementam e as trs atuaro de forma integrada.

    Alm disso, a parceria com o Sebrae possibilitar

    estender nossas aes a todos os estados do Pas,

    explica Joo Carlos Basilio.

    A gerente da Unidade de Atendimento Coletivo

    Indstria do Sebrae Nacional, Miriam Zitz, avalia

    que o convnio amplia o foco de ao da institui-o. A parceria trar grande benefcios para que as

    mdias, micro e pequenas empresas possam cres-

    cer, agregar valor e gerar emprego, renda e divisas

    para o Pas, aposta Zitz. Ela tambm acredita que

    o trabalho conjunto poder mobilizar outros setores

    correlatos como qumica fina, embalagens, grfica,

    entre outros, para alavancar o setor.

    Arquivo ABDI

    Mario Salerno, diretorde DesenvolvimentoIndustrial da ABDI:fortalecimento,competitividade emodernizao do setor

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    Acapacidade de gerar empregos e postos de traba-lho uma das principais caractersticas da inds-tria cosmtica nacional. Nos ltimos 10 anos, aempregabilidade do setor vem registrando uma taxa de

    8,8% de crescimento mdio anual. Em 2005, a inds-

    tria da beleza contabilizou um contingente de aproxima-

    damente 3 milhes de trabalhadores, distribudos entre

    produo, administrao, comrcio, servios e vendas

    diretas (vide quadro Oportunidades de Trabalho).As indstrias empregam cerca de 58 mil trabalha-

    dores, enquanto as lojas de franquia contabilizam mais

    de 26 mil empregados. No h levantamento sobre o

    nmero de pessoas que trabalham no segmento de hi-

    giene, perfumaria e beleza em outras reas do comr-

    cio tradicional, como farmcias, lojas de departamento,

    supermercados e drogarias. Mas estima-se que seja um

    nmero elevado, na casa dos milhares, uma vez que

    existem 370 mil pontos de venda no Pas.

    Contudo, o setor de servios , sem dvida alguma, o

    maior empregador, j que absorve aproximadamente 1.125

    milho de pessoas que trabalham como manicures, pedicu-

    res, esteticistas, cabeleireiros em sales de beleza, clnicas

    de esttica, spas e outros tantos estabelecimentos existentes

    em todas as cidades do Pas.

    Recorde de contrataes

    Nos ltimos anos, enquanto a indstria, de uma formageral, tem demitido funcionrios, as empresas de cosm-

    ticos, higiene pessoal e perfumaria vm fazendo novas

    contrataes. A Federao das Indstrias de So Paulo

    (Fiesp) avaliou o desempenho de 47 segmentos industriais

    do estado em relao ao nvel de empregos no perodo

    de 10 anos (1994 a 2004) e confirmou essa tendncia.

    Tomando como base o ndice 100, o resultado do levanta-

    mento indicou o melhor desempenho, disparado, do setor

    de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos.

    Negciosquegeram emprego

    acima da mdia

    Alm de gerar riqueza e divisas, o setorapresenta taxas de empregabilidade

    recordes. As micro e pequenas empresasfuncionam como um dnamo da

    gerao de novos postos de trabalho.

    Divulgao

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    Enquanto a mdia geral do nvel de emprego

    da indstria paulista foi de 70,3%, na indstria cos-

    mtica o percentual chegou a 122%. Isso ocorreu

    porque a dinmica de gerao de empregos do setor

    cresce de forma progressiva. Em 2004, havia 54 mil

    empregados contratados pela indstria de cosmti-

    cos e, no ano seguinte, as empresas admitiram cercade 3 mil novos trabalhadores.

    Os dados apontados acima se referem apenas s

    empresas formalizadas e licenciadas pela Anvisa.

    Como a informalidade muito grande nesse setor,

    a Abihpec calcula que atuem no mercado informal

    um nmero de trabalhadores prximo ao existente

    no mercado formal. A maior parte da mo-de-obra

    da indstria da beleza est empregada na micro,

    pequena e mdia empresa. Esses empreendimentos

    tm uma capacidade fantstica de gerar oportunida-des de trabalho, ao contrrio das grandes indstrias,

    que possuem maquinrios de ltima gerao que re-

    duzem a quantidade de trabalhadores necessrios.

    A qualificao dos profissionais de servios e co-

    mrcio uma das prioridades da Abhipec. A idia

    formar profissionais qualificados para trabalhar em sa-

    les de beleza destinados s classes A e B e oferecer

    produtos nacionais nesses estabelecimentos. O objeti-

    vo dos empresrios conquistar o espao nas pratelei-

    ras tomadas por marcas importadas.

    A estratgia se justifica pelo fato de que as importaes

    de produtos de beleza giram, atualmente, em torno de R$

    400 milhes. O mercado domstico pode e deve abo-

    canhar essa fatia de consumo, pois da mesma forma que

    a indstria est em ascenso, temos de dar condies de

    crescimento ao setor de servios, raciocina Joo Carlos

    Basilio, presidente da Abihpec.J no comrcio tradicional, o setor est estudando a

    implantao de um conceito de atendimento usado na

    Europa. Como a qualificao dos profissionais de atendi-

    mento no Brasil ainda limitada, eles desconhecem, mui-

    tas vezes, informaes bsicas e essenciais para orientar o

    cliente e acabam por perder muitas vendas. Na Europa, os

    atendentes so profissionais especialistas em skin care (cui-

    dados com a pele) ou hair care(cuidados com o cabelo)

    e esto aptos a vender qualquer marca.

    esse mtodo que est incentivando o setor a de-

    senvolver aes voltadas para formar profissionais como

    atendentes. As indstrias esto buscando parceria com o

    comrcio varejista e com instituies de formao, a exem-

    plo do Senac, para adotar essa nova tendncia e melhorar

    o atendimento nos pontos de venda. Os empresrios apos-

    tam, ainda, que o sistema pode reduzir custos e aumentar

    o salrio dos profissionais. O consumidor tambm pode

    ganhar com o atendimento profissionalizado.

    OPORTUNIDADES DE TRABALHO

    1994 2005 Crescimento

    Produo e Administrao 30,1 54,5 81,1 %

    Lojas de Franquia 11 26,7 142,7 %

    Revendedoras Vendas Diretas 510 1.644,6 222,5 %

    Profissionais de Beleza 579 1.126,9 94,6 %

    TOTAL 1.130,10 2.852,70 135,60%

    Fontes: Abihpec, ABEVD, Fiesp, ABF, IBGE e Fundao Euclides da Cunha (FEC).

    Qualificao profissional

    JooFelcio

    Cursos do Senac: formar profissionais paramelhorar atendimento nos pontos de vendas

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    Aindstria de beleza tem dado uma contribui-o positiva para a incluso social. O setorvem demonstrando a capacidade de criar no-vas oportunidades e incorporar um grande nmero de

    profissionais. A revenda porta a porta um exemplo

    dessas novas oportunidades. Conforme dados de 2005,

    o segmento de venda direta composto majoritaria-

    mente por mulheres e rene um batalho de aproxi-madamente 1,6 milho de revendedoras, que ganham,

    em mdia, um salrio mnimo e meio por ms.

    O levantamento indica tambm a oferta de 400 mil

    novas vagas em dois anos. Muitas mulheres encontram

    nesse nicho uma forma no apenas de fugir do desem-

    prego e sustentar dignamente a famlia, mas tambm de

    ter renda extra que permita concretizar alguns sonhos,

    como comprar um carro ou pagar uma faculdade.

    A comodidade que o consumidor tem de receber o

    produto em casa, a possibilidade de ver e provar a mer-

    cadoria, alm de poder comprar produtos que no es-

    to disponveis no mercado tradicional, so os diferen-

    ciais que fazem com que a venda a domiclio apresente

    desempenho to satisfatrio e demonstre uma tendn-

    cia de crescimento cada vez maior. Segundos dados da

    Associao Brasileira de Empresas de Vendas Diretas(ABEVD), o segmento fechou o ano de 2005 com um

    volume de vendas da ordem de R$ 8,6 bilhes.

    Os lucros gerados por esse sistema levam as empre-

    sas a reforar as vendas por catlogos e investir cada

    vez mais no recrutamento de consultoras. Elas rece-

    bem treinamento e como incentivo, alm das comis-

    ses sobre o preo do produto, podem ganhar prmios

    por metas atingidas que vo desde eletrodomsticos

    Incluso socialbate sua porta

    O sistema de revenda porta a porta do setor de cosmticos realiza o sonhodo Pas: gerar milhares de emprego em curto espao de tempo.

    MrciaGouthier/ASN

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    at viagens, carros e casas. A Natura e a Avon lideram

    o mercado de venda direta no Brasil, tanto no nmero

    de revendedores quanto no volume de vendas. As duas

    empresas contratam 95% das mulheres que oferecem

    seus produtos porta a porta e respondem por 70% das

    vendas dessa modalidade de comercializao.

    O setor de prestao de servios tambm contri-bui para gerar oportunidades de trabalho e promo-

    ver a distribuio de renda no Pas. So muitas as

    pessoas que conseguem seu sustento e de suas fa-

    mlias trabalhando como esteticistas, cabeleireiras,

    manicures e pedicures em suas prprias casas ou na

    residncia dos clientes.

    A insero nesse mercado de trabalho mais aces-

    svel porque demanda um investimento relativamente

    baixo em cursos de formao e no exige alto grau de

    escolaridade. O tempo de treinamento de uma ma-nicure ou pedicure, por exemplo, de, no mximo,

    dois meses e o investimento em material de traba-

    lho pequeno. Assim como as revendedoras diretas,

    basta que elas gostem de se relacionar e conversar e

    tenham criatividade para gerenciar sua profisso. Isso

    o suficiente para gerar negcios e, em alguns casos,

    essas pessoas acabam desenvolvendo uma capacida-

    de empreendedora muito grande.

    Formao de opinio

    Essas profissionais tambm so responsveis pela

    gerao de lucros na indstria da beleza, uma vez

    que, alm de consumir os produtos do segmento,

    que so suas ferramentas de trabalho, contribuem

    para o surgimento de novos consumidores. Em razo

    disso o setor est trabalhando para fomentar a ativi-

    dade, por meio de cursos de qualificao profissio-

    nal, palestras e seminrios.

    A indstria de beleza tem potencial enorme para

    desenvolver a capacidade empreendedora das pes-

    soas, fator fundamental para elevar os nveis de in-

    cluso social diante dos nveis elevados de desem-

    prego. Uma vez que a oferta de emprego formal

    limitada, precisamos caminhar na direo de de-

    senvolver a capacidade empreendedora. As pessoas

    precisaro aprender a criar novas condies de so-

    breviver e o setor de cosmticos d essa oportunida-

    de. por essa razo que o governo federal considera

    o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos

    estratgico para o desenvolvimento do Pas, salien-

    ta Mario Salerno, diretor de Desenvolvimento Indus-

    trial da ABDI.

    Canais de comercializao

    Uma das grandes vantagens do setor em relao aoutras atividades industriais a possibilidade de dis-

    tribuir seus produtos por diversos canais. O principal

    meio o comrcio tradicional, que inclui lojas de ata-

    cado e de varejo, farmcias, drogarias, supermercados,

    entre outros.

    Algumas indstrias, no entanto, apostam em fran-

    quias, com lojas especializadas e personalizadas espa-

    lhadas por todo o Pas e at mesmo no exterior. Outras

    optam pelo sistema de venda direta, que vem crescen-

    do cada vez mais e contribuindo fortemente para a in-cluso social de muitas pessoas.

    Mais recentemente, a internet vem se destacando

    como um canal alternativo de distribuio dos pro-

    dutos. Segundo levantamento feito pela E-bit, empre-

    sa especializada em pesquisa e marketing on-line, as

    vendas virtuais de cosmticos e perfumes subiram de

    3%, em 2003, para 10%, em 2005. Existem hoje cerca

    de 90 sites de comercializao desses produtos.

    EnriqueMatute/ASN

    O Pas conta com 370 mil pontos de venda deprodutos de higiene pessoal, cosmticos e perfumaria

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    UUma das grandes conquistas da indstria de

    higiene pessoal, perfumaria e cosmticos

    foi a criao, em 2003, do Frum de Com-petitividade. Ele formado por representantes dos

    empresrios, trabalhadores e rgos governamentais

    e coordenado pelo Ministrio do Desenvolvimento,

    Indstria e Comrcio Exterior (MDIC). O mecanis-

    mo de discusso e planejamento de aes integradas

    tambm est presente em 14 outras cadeias produti-

    vas espalhadas por todo o Pas.

    Os fruns de competitividade fazem parte das

    estratgias da Poltica Industrial, Tecnolgica e de

    Comrcio Exterior (PITCE) e foram criados pelo gover-

    no federal para debater e estabelecer polticas para

    resolver os problemas que limitam a competitividadedas principais cadeias produtivas do Pas. Trata-se de

    local pblico de dilogo que envolve o setor privado,

    governo e a academia. A nossa proposta aproximar

    os elos da cadeia produtiva e eliminar os entraves para

    o crescimento da indstria, explica Zich Moiss J-

    nior, coordenador geral do Frum de Competitividade

    das Indstrias Qumicas, Plsticas e de Transformao.

    A deciso de se criar um Frum de Competitivi-

    dade do setor de cosmticos est diretamente rela-

    Governo federal contribui paraaumentar competitividade

    O setor includo na rota dos Fruns de Competitividade e os resultados jcomeam a aparecer: reduo de IPI, harmonizao de normas sanitriase implantao de boas prticas de fabricao.

    Jos Djacir Rodrigues de Almeida

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    cionada sua capacidade de gerao de emprego e

    renda e de alavancar exportaes. Queremos aca-

    bar com a pecha de que cosmticos uma indstria

    perifrica, defende Zich Moiss.

    A agenda de debates do Frum de Competitividade

    para o setor est focada no fomento s exportaes,

    na gerao de investimentos para ampliar e moderni-

    zar os elos da cadeia produtiva e no desenvolvimento

    tecnolgico, principalmente no que diz respeito utili-

    zao de insumos da biodiversidade. A harmonizao

    da legislao sanitria, tanto na Amrica do Sul como

    em todo o mbito internacional, e a incluso social,

    com gerao de novos postos de trabalho, qualificao

    profissional e distribuio de renda tambm so fatores

    de preocupao do frum.Para atingir esses objetivos, foram criados cinco

    grupos de trabalho (GT) que atuam de forma conjun-

    ta para diagnosticar as necessidades do setor, elaborar

    propostas e estabelecer estratgias e planos de ao.

    Balano e desafios

    A construo de parcerias com universida-

    des e centros de pesquisa para desenvolver novos

    produtos e formar mo-de-obra na rea de Recur-

    sos Humanos tambm faz parte da agenda. Desde2003, o Frum de Competitividade vem promo-

    vendo palestras e seminrios para discutir temas

    relacionados s dificuldades e oportunidades do

    setor como uso sustentvel da biodiversidade e

    proteo do meio ambiente, capacitao tecnol-

    gica e projetos sociais. A reduo do Imposto so-

    bre Produtos Industrializados (IPI) para protetor

    solar, o plano de exportaes elaborado pela Apex-

    Brasil e a harmonizao das normas sanitrias no

    mbito do Mercosul, entre outros, so resultados

    concretos das discusses.

    Segundo Zich Moiss, os desafios do frum so

    avanar nos marcos regulatrios, atrair investimentos,

    aumentar a capacidade de exportao e projetar as

    marcas dosplayersbrasileiros no mercado internacio-

    nal. Ele considera que, nesse contexto, o papel dasMPE a base de tudo. Como o ministro Furlan no

    se cansa de repetir, temos de comear pequeno para

    pensar grande, arremata o coordenador geral do

    Frum de Competitividade.

    GRUPOS DE TRABALHO

    GT 1 Comrcio Exterior Coordenado pela SecexGT 2 Investimentos Coordenado pelo BNDES

    GT 3 Capacitao Tecnolgica Coordenado pelo MCTGT 4 Regulao Coordenado pela AnvisaGT 5 Incluso Social Coordenado pela Abihpec

    Zich Moiss, coordenadordo Frum de Competitividade:o governo quer eliminar osentraves do crescimento daindstria de cosmticos

    EnriqueMatute/ASN

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    OOconsumidor no imagina a quantidade de

    normas que existem para se produzir um

    batom, perfume ou pasta de dente no Bra-

    sil. Independentemente do tamanho da empresa e

    do tipo de produto, as empresas tm de seguir regras

    rgidas durante o processo de produo. H exign-

    cias at mesmo para definir como a fbrica deve ser

    instalada e as condies de lanamento de um novo

    produto no mercado.

    Esses cuidados so necessrios tanto para preservar

    a sade do consumidor como garantir a proteo do

    meio ambiente. No entanto, uma grande quantidade

    de empresas no se enquadra nas normas regulatrias

    e, tampouco, so fiscalizadas pelos rgos de vigiln-

    cia. Apesar de alguns avanos, a informalidade sanit-

    ria continua predominando e este um dos problemas

    que o setor precisa superar.

    A falta de orientao aos empresrios estimula a

    ilegalidade. H muitas empresas bem-intencionadas,

    mas que no possuem informao. Muitas vezes uma

    pessoa faz uma frmula caseira que d certo, as pessoas

    comeam a comprar e o nmero de vendas aumenta.

    Desinformao e burocraciageraminformalidade sanitriaO Ministrio da Sade adverte: funcionar de forma ilegal, colocando produtosno mercado sem registro ou notificao, crime inafianvel. A Abihpec e aAnvisa procuram conscientizar o setor que a formalidade condio bsicapara expandir negcios e sobreviver no mercado.

    Fotos: Arquivo Anvisa

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    Desse modo, a empresa se organiza de qualquer jeito

    e vai seguindo numa informalidade natural, resume

    Joo Carlos Basilio, presidente da Abihpec.

    Alm do risco de priso, j que se trata de um crime

    inafianvel, trabalhar na informalidade traz desvanta-

    gens e impede a ampliao dos negcios e a sobrevi-

    vncia no mercado. por isso que uma das metas do

    setor trazer as empresas para a formalidade. As con-

    seqncias do esforo j esto aparecendo. Em 2001,

    apenas duas empresas estavam legalizadas na Bahia.

    Atualmente, outras 21 j foram registradas na Anvisa,

    alm de 12 em processo de regulamentao.

    A legislao especfica do setor est disponvel no site da Gerncia Geral de Cos-mticos da Anvisa (http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/index.htm). As informaessobre as Cmaras Tcnicas e Setoriais e as orientaes, inclusive com um passo-a-passo, sobre os procedimentos de notificao on-line tambm podem ser obtidas

    por meio da internet.O Guia de Avaliao para Segurana de Produtos Cosmticose o Guia de Estabili-

    dade de Produtos Cosmticosso outros documentos que podem ser consultados nosite. Os guias foram elaborados para ajudar os fabricantes a adequarem seus processosde fabricao de acordo com as exigncias legais para a regularizao dos produtos.

    Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa)

    Falta de recursos

    Segundo a Abihpec, a maior dificuldade para a

    instalao de uma empresa do setor so os trmi-

    tes burocrticos. Uma indstria do ramo de higiene

    pessoal precisa, inicialmente, solicitar autorizao

    junto Vigilncia Sanitria Estadual ou Municipal

    para entrar em funcionamento. S depois da libe-

    rao desses rgos que o processo segue para a

    aprovao definitiva da Anvisa.

    As Vigilncias Sanitrias (Visas) nos estados

    e municpios tm problemas estruturais e oquantitativo de tcnicos insuficiente para a

    demanda da rotina. A atividade de trabalho

    das unidades estaduais e municipais mui-

    to intensa, especialmente nos locais com

    maior concentrao de estabelecimen-

    tos industriais e de servios que

    apresentam algum tipo de risco

    sanitrio sade da populao.

    Josineire Sallum,gerente de Cosmticosda Anvisa: nossoobjetivo garantir asade do consumidore proteger o meioambiente

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    Os cosmticos so os produtos que apresen-

    tam o menor risco sanitrio. No entanto, as em-

    presas s podem comercializ-los aps a devida

    autorizao da Anvisa. Elas tambm precisam com-

    provar que os produtos so seguros e atendem aos

    requisitos tcnicos especficos, resume Josineire

    Sallum, gerente-geral de Cosmticos da Anvisa.

    Concentrao em So Paulo

    A grande maioria das indstrias sob controle da

    Anvisa est localizada em So Paulo. Para minimizar

    o problema no setor de cosmticos, as inspees tm

    sido realizadas conjuntamente pelos tcnicos do r-

    go federal e das Vigilncias estaduais ou municipais.

    Essa parceria tem sido muito importante na capacita-

    o, no nivelamento e na troca de experincias entre

    os tcnicos, afirma Josineire.As Visas estaduais, em parceria com a Anvisa,

    tambm esto capacitando servidores para atender

    especificamente s indstrias do setor. Um convnio

    firmado com a Vigilncia Sanitria do Estado de So

    Paulo treinou, em abril deste ano, 40 inspetores. A

    meta replicar a experincia em outros estados. A

    Anvisa tem participado, ainda, da anlise de rotula-

    gem dos produtos pelo Instituto Octvio Magalhes

    (Lacen) da Fundao Ezequiel Dias (Funed), que faz

    parte do programa de monitoramento de produtoscosmticos da Vigilncia Sanitria de Minas Gerais.

    A Abihpec reconhece que o sistema de sade como

    um todo carece de recursos e, por isso, precisa estabe-

    lecer prioridades, mas defende que preciso encontrar

    uma soluo para o problema, uma vez que o setor

    tambm importante para o Pas. Estamos trabalhan-

    do arduamente para sensibilizar os governos. Mais de

    60% do nosso faturamento est ligado higiene pesso-

    al e sabemos que os cuidados com o asseio uma for-

    ma de evitar doenas infecto-contagiosas. Felizmentetemos hoje uma parceria e uma integrao muito for-

    te com a Anvisa, que tem nos ajudado a minimizar

    os problemas, afirma Joo Carlos Basilio.

    ISO

    14025

    C

    IF A

    A ADE

    I O

    4414

    ss i i . AD

    UAL

    E

    ISO

    14040

    ER

    IF A

    QUA

    D D

    E

    Normas ISOAs normas da Srie ISO 14000 compem um conjunto de procedimen-

    tos e padronizaes aplicveis a sistemas de gesto, processos, produtos e

    servios. Embora no sejam obrigatrias, so fundamentais para garantir a

    competitividade no mercado nacional e internacional e ajudam a melho-

    rar a imagem da empresa.

    Em breve, devem entrar em vigor trs normas relacionadas a produto,

    que tm implicaes relevantes para o setor: ISO 14040 e14044 rela-

    tivas Avaliao do Ciclo de Vida do Produto (ACV) e a ISO 14025

    Rotulagem Ambiental Tipo III , que tem como base a ACV. A Abihpec vai

    promover palestras e seminrios em todo o Pas para discutir os impactos

    das normas que entraro em vigor.

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    Divulgao

    AAAbihpec e a Anvisa vm promovendo avanossucessivos e significativos na regulamentao decosmticos, que seguem as referncias interna-cionais. O marco dessa parceria foi a entrada do setor de

    cosmticos no Mercosul, em 1993. Alguns procedimen-

    tos comearam a ser desburocratizados como as normas

    sanitrias para a exportao e registro obrigatrio dos

    produtos, antes de serem lanados no mercado.

    O setor de cosmticos um dos que mais avanou

    na regulamentao tcnica no mbito do Mercosul. O

    desafio, agora, a implantao de acordos e a atuali-

    zao das normas.

    Em julho do ano passado, mais uma vitria foi con-

    quistada: as autoridades brasileiras aprovaram a ado-

    o Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cos-

    mticos (INCI) nos rtulos dos produtos. Desse modo,

    as empresas no precisam mais adequar as embalagensao idioma de cada pas, uma vez que a nomenclatura

    permite rastrear informaes de forma simples e preci-

    sa. Existe, atualmente, mais de nove mil ingredientes

    usados na fabricao de produtos cosmticos.

    O Instituto de Pesquisas Euromonitor estima que

    at 2010 o Brasil ser o terceiro maior mercado do

    mundo de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos,

    ficando atrs apenas dos EUA e do Japo. Diante dessa

    perspectiva, os empresrios do setor defendem que o

    governo brasileiro priorize a participao nos eventos

    internacionais que define as normas para o setor.

    Outra conquista da parceria foi a instituio do sis-

    tema de notificao on-line para cosmticos de grau 1

    (produtos cujas propriedades bsicas no apresentam

    nenhum risco ou restries de uso). Em vigor desde

    dezembro do ano passado, o novo procedimento ace-

    lera o lanamento do produto, que pode ser feito ime-

    diatamente aps o registro pela internet. No passado,

    o tempo de espera ficava em torno de 30 dias.

    Responsabilidade da indstria

    A gerente-geral de Cosmticos da Anvisa considera

    que o sistema traz vantagens, mas tambm exige uma

    maior responsabilidade dos fabricantes. Eles tambm

    precisam ter conhecimento aprofundado da legislao

    para que seus lanamentos atendam aos requisitostcnicos exigidos, adverte Josineire Sallum.

    Ela esclarece tambm que, com a eliminao da

    aprovao prvia para esta categoria de produtos, a An-

    visa est adotando uma postura mais direcionada ins-

    peo e ao monitoramento desses produtos no mercado.

    Estamos buscando uma maior interao com os envol-

    vidos no Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria, que

    so as Visas, e laboratrios oficiais, alm da elaborao

    de cartilhas eguidelines, conclui a gerente-geral.

    Parceriaspblico-privadas

    dinamizamo setor

    A mudana nos procedimentos para registro e lanamento de produtos e aadequao das normas sanitrias aos padres internacionais podem contribuir para

    o Brasil conquistar a posio de terceiro maior mercado mundial de cosmticos

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    OOs resultados positivos alcanados e as pers-

    pectivas favorveis no mercado externo so os

    frutos de um trabalho sistemtico com as em-presas. As aes no se limitam questo das exigncias

    sanitrias, mas aplicao de processos de boas prti-

    cas de fabricao e modernizao da planta industrial.

    Tambm fazem parte desse dever de casa a inovao dos

    produtos, o emprego de tecnologia e a incorporao de

    princpios ativos extrados da biodiversidade brasileira,

    diferencial em relao aos concorrentes internacionais.

    Mas, apesar do estgio avanado em relao s exign-

    cias internacionais, o parque industrial brasileiro ainda est

    em fase de aprendizagem. O setor tambm est aprenden-

    do que a insero de seus produtos no mercado externo

    no depende apenas demarketing, mas de conhecimentosobre suas peculiaridades culturais, sociais e ambientais.

    O domnio dos ingredientes que so usados nas fr-

    mulas dos produtos outro ponto fundamental. No

    basta dizer que o produto contm leo de andiroba, por

    exemplo, assim como uma srie de outros princpios

    ativos extrados da nossa biodiversidade, especialmente

    da selva amaznica. preciso ter conhecimentos que

    fundamentem a afirmao de que aquele leo vai trazer

    benefcios para o consumidor.

    Obedincia s normas sanitrias,explorao da biodiversidade, uso de

    novas tecnologias, conhecimento doshbitos do consumidor: tudo isso

    importante para ganhar competitividadee conquistar mercados.

    Consumidorexige boas

    prticasdefabricao

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    MrciaGou

    thier/ASN

    Investimentos em pesquisa

    Nos ltimos cinco anos, o volume mdio anual de investimentos do setor em ati-

    vidades inovativas foi de aproximadamente R$ 220 milhes. No entanto, s pouco

    mais de 30%, cerca de R$ 36,75 milhes, foram aplicados em pesquisa e desenvol-

    vimento, pois o restante foi direcionado para modernizao do parque industrial.A taxa mdia de investimento por empresa foi de R$ 1,5 milho, sendo apenas

    R$ 200 mil desse total destinados a atividades de pesquisa.

    Diante desse cenrio, a Abihpec comeou a implementar aes com os empre-

    srios para conscientiz-los da importncia de investir na inovao dos produtos e

    orient-los para o uso sustentvel da biodiversidade como forma de diferenciao.

    A entidade tambm quer desenvolver novas pesquisas para o setor e repass-las

    aos empresrios de pequeno porte.

    Investimentos do setor em atividades inovativas

    Investimentos em pesquisa e desenvolvimento R$ 36,75 milhes

    Investimentos para modernizao do parque industrial R$ 183,25 milhes

    Total R$ 220 milhes

    Novas tecnologias

    Outro desafio do setor avanar na aplicao de tecnologias de ponta que permitam

    a inovao e diferenciao dos produtos. Atualmente, o domnio da biotecnologia e dananotecnologia ltima palavra em desenvolvimento tecnolgico nos pases desenvol-

    vidos ainda privilgio de poucas empresas brasileiras de cosmticos, em funo,

    principalmente, do custo dos

    investimentos.

    O fato de as grandes empresas

    nacionais dominarem a biotec-

    nologia e a nanotecnologia po-

    sitivo, pois garante a construo

    de uma base competitiva para o

    setor. No entanto, a Abihpec de-

    fende que fundamental criar as

    condies para que os micro, pe-

    quenos e at mdios empreendi-

    mentos tenham acesso pesquisa

    e ao desenvolvimento, uma vez

    que no h recursos para investir

    em tecnologia.

    Divulgao

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    No existem solues mgicas e de curto pra-zo. A experincia internacional mostra que necessrio desenvolver aes estratgicasde mdio e longo prazos para modernizar a cadeia

    produtiva nacional e fomentar o desenvolvimento da

    nossa indstria. O governo federal aprendeu a lio e

    instituiu, em 2004, a Poltica Industrial, Tecnolgica e

    de Comrcio Exterior (PITCE).

    A PITCE, cuja articulao est sob responsabilidadeda Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial

    (ABDI), faz parte de um conjunto de aes estratgicas

    do governo para modernizar a cadeia produtiva nacio-

    nal e tem como pilares o desenvolvimento industrial

    e a inovao. Como gestora da Poltica Industrial, a

    ABDI definiu dois macroprogramas de ao.

    Um desses macroprogramas o Indstria Forte, volta-

    do para o desenvolvimento das diferentes cadeias produ-

    tivas, incluindo o desenvolvimento regional por meio dos

    arranjos produtivos locais (APL). O outro macroprograma,

    o Inova Brasil, tem aes destinadas a mobilizar empre-

    sas, univesidades, institutos de pesquisa e desenvolvimen-

    to tecnolgico, alm de entidades representativas do setor

    e rgos do governo, em torno do processo de inovao.

    A nfase na inovao se justifica pelo fato de que

    ela puxa o desenvolvimento e, para sustentar o desen-

    volvimento de longo prazo, so necessrias polticas es-

    pecficas, como o caso da Poltica Industrial e Tecno-lgica e de Comrcio Exterior, enfatiza Mario Salerno,

    diretor de desenvolvimento industrial da ABDI. Ele res-

    salta que o Pas tem um parque industrial diversificado,

    que fabrica produtos de qualidade reconhecida, mas

    falta agregar valor a esses produtos.

    De acordo com pesquisas do Ipea, apenas 2% das

    empresas brasileiras conseguem diferenciar produtos,

    o restante se dedica fabricao de produtos padro-

    nizados. A questo mudar o patamar competitivo

    Como superaros gargalostecnolgicosda indstria

    de cosmticos?o existem solu

    zo. A experinci.

    necessrio des

    Valter Campanato

    O governo federal criou a PolticaIndustrial, Tecnolgica e de Comrcio

    Exterior (PITCE). O Congresso Nacionaltambm fez a sua parte e aprovoua Lei da Inovao e a Lei do Bem.

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    dessas empresas, porque, nas cadeias internacionais

    de produo, as atividades de inovao so as que ten-

    dem a ficar com maior parte da renda. Quem no se

    insere no processo fica margem do desenvolvimen-

    to, alerta o representante da ABDI.

    Entre as aes da PITCE para modificar o cenrio

    atual esto includas mudanas no marco legal, conces-so de incentivos fiscais e abertura de linhas de crdi-

    tos, complementadas com investimentos para mudar a

    mentalidade dos empresrios por meio de seminrios e

    palestras. A palavra de ordem sensibilizar e mobilizar

    a sociedade para a questo da inovao.

    Muitas dessas aes j foram implementadas e os

    resultados podem ser conferidos na cartilha 2 Anos

    de PITCE, divulgada em maio deste ano. Entre outros

    avanos, o programa agilizou a regulamentao das

    Leis de Inovao e de Biossegurana, alm da sanopresidencial Lei do Bem.

    Reduo de impostos

    A Lei do Bem prev a reduo do PIS/Pasep e do

    Cofins para a compra de mquinas e equipamentos por

    empresas que exportam 80% de sua produo, e a dupli-

    cao do teto de faturamento mnimo para que as micro

    e pequenas empresas peam enquadramento no Simples.

    A Lei de Inovao, regulamentada em outubro de 2005,

    depois de quatro anos fora da pauta do Congresso Nacio-

    nal, e a Lei de Biossegurana tambm so de fundamen-

    tal importncia para o fomento das atividades de pesqui-

    sa e desenvolvimento no setor privado e fortalecimento

    do sistema de cincia e tecnologia nacional.

    A primeira estabelece dispositivos legais para o in-

    vestimento pblico em empresas privadas e permite,

    por exemplo, que pesquisadores instituam empresas

    para desenvolver atividades de inovao. J a segunda

    lei define as normas de segurana e os mecanismos

    de fiscalizao das atividades ligadas aos Organismos

    Geneticamente Modificados (OGM), alm de permitiras pesquisas com clulas-tronco embrionrias.

    Recursos para pesquisa

    O oramento do Ministrio da Cincia e Tecnologia

    (MCT) deste ano prev o investimento de cerca de R$ 250

    milhes na rea, dos quais R$ 70 milhes sero destina-

    dos ao subsdio de crditos para empresas que desejam

    investir em programas de inovao e o restante ser apli-

    cado em projetos de pesquisa e desenvolvimento. Alm

    disso, foi definido um modelo de gesto integrada para osFundos Setoriais, ligados ao Fundo Nacional de Desen-

    volvimento Cientfico e Tecnolgico (FNDCT).

    O novo sistema possibilita o direcionamento de

    mais de 60% dos recursos disponveis para novos

    investimentos dos fundos s aes alinhadas com as

    prioridades do governo. Somente em 2005, R$ 343

    milhes de recursos no-reembolsveis dos Fundos

    Setoriais foram destinados especificamente para as

    aes da PITCE. J os recursos reembolsveis, que re-

    presentam a concesso de crdito para projetos de ino-

    vao em empresas, somaram R$ 650 milhes, 80%

    dos quais foram para projetos da poltica industrial. Em

    2006, os fundos setoriais destinaro R$ 184 milhes

    para os projetos da PITCE.

    A Chamada Pblica lanada pelo Sebrae e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no final demaio de 2006, vai destinar R$ 35 milhes de recursos no-reembolsveis para financiar novos projetos de

    inovao. At 24 de agosto 109 empresas haviam encaminhado propostas e os organizadores esperavam

    receber outras 500 no encerramento do prazo de apresentao dos formulrios.

    O Programa de Apoio a Pesquisas em Empresas (Pappe) outro mecanismo criado pela Finep para finan-

    ciar o desenvolvimento tecnolgico nas empresas. Em 2005, 702 projetos aprovados pelo Pape foram finan-

    ciados com investimentos da ordem de R$ 75,9 milhes. Entre as 531 empresas envolvidas no projeto, 327

    so microempresas, 114 so pequenas, 74 so mdias e 16 so grandes.

    Sebrae e Finep apostam na inovao

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    Biotecnologia, nanotecnologia e energias reno-vveis. Esse o futuro da indstria de produtosde higiene pessoal, perfumaria e cosmticos noBrasil e no mundo. A empresa que no investir nas no-

    vas tecnologias estar, com toda certeza, condenada a

    perder o bonde da histria. Em tese, a questo parece

    simples, mas, na prtica, so outros quinhentos. Porisso, uma das linhas estratgicas de ao da PITCE

    focar nas atividades portadoras de futuro.

    O objetivo fazer que o parque industrial se cons-

    cientize da necessidade de explorar as riquezas natu-

    rais do Brasil de forma racional e passe a aplicar os

    processos tecnolgicos de ponta na formulao dos

    produtos. A ABDI, articuladora e promotora da PITCE,

    tambm quer atrair investimentos privados para de-

    senvolver produtos e processos biotecnolgicos, e fo-

    mentar a criao de parques tecnolgicos e centros de

    referncia em pesquisa e inovao.

    O Centro de Biotecnologia da Amaznia (CBA)

    faz parte desta estratgia. Sob a gesto da Associa-

    o de Biotecnologia da Amaznia (ABA), o centro

    foi criado em 2005 para estudar a biodiversidadeamaznica e desenvolver formas de aproveitamento

    sustentvel dos recursos naturais disponveis. Ele est

    localizado em uma rea de 12 mil m2e tem capaci-

    dade para receber 25 laboratrios, quatro unidades

    de apoio industrial e duas unidades de apoio tecno-

    lgico. O projeto est em plena execuo e at o mo-

    mento 11 laboratrios j foram instalados no local

    e vrios bolsistas foram contratados.

    Novas tecnologias:senha para o futuro

    Divulgao

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    Redes de pesquisa

    A PITCE prev, ainda, um forte estmulo ao fomento

    de pesquisas na rea da nanotecnologia. Uma parce-

    ria entre Finep, CNPq e Inmetro deflagrou dez novas

    redes de pesquisas, que se somaram aos 28 projetos

    de pesquisa em fase de execuo, sendo 19 deles con-duzidos por jovens pesquisadores, e os outros nove

    incluem pesquisas participativas com empresas. A po-

    ltica industrial tambm inclui o apoio a incubadoras

    em nanotecnologia e a trs laboratrios estratgicos

    em nanotecnologia: o Centro Brasileiro de Pesquisas

    Fsicas (CBPF), a Embrapa Instrumentao e o Centro

    Estratgico de Tecnologia do Nordeste (Cetene).

    A cooperao internacional no foi esquecida

    pela PITCE. O diretor de desenvolvimento industrial

    da ABDI lembra que cinco projetos em nanotecnolo-gia esto sendo desenvolvidos com o apoio da Fran-

    a. O Protocolo de Intenes entre Brasil e Argentina

    para a criao do Centro Bilateral de Nanotecnologia

    encontra-se em negociao.

    Mario Salerno destaca, ainda, as aes transversais

    da PITCE para o desenvolvimento de tecnologias de

    ponta. Segundo ele, a idia fazer um inventrio dos

    desafios dos sistemas pblicos e privados nacionais

    de inovao, articulando com os setores industriais

    questes relativas a atividades portadoras de futuro.

    A partir desse levantamento, sero elaborados planos

    setoriais, em rotas tecnolgicas para que alguns se-tores possam se preparar para o futuro. Queremos

    saber, por exemplo, o que o segmento de cosmti-

    cos tem a ver com nanotecnologia, biotecnologia e

    energias renovveis e como aproximar o setor dessas

    tecnologias, explica.

    Apoio s MPEs

    A ABDI vem mantendo dilogo intenso com os

    empresrios que investem em biotecnologia e nano-

    tecnologia para conhecer as demandas e definir osincentivos necessrios para atender s necessidades,

    sobretudo, das pequenas empresas do setor de cosm-

    ticos. O importante aproveitarmos a experincia das

    empresas com bases inovadoras, para aumentar o con-

    junto. Nanotecnologia para o setor de cosmticos no

    necessariamente cara, explica Salerno.

    A poltica industrial do governo federalpromove incentivos s pesquisas denanotecnologias aplicadas indstriade cosmticos

    Paul Quinlan

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    A biotecnologia e a nanotecnologia permitem o de-

    senvolvimento de novos materiais que imprimem ca-

    ractersticas diferenciadas aos produtos. A tendncia de que o uso desses recursos seja cada vez mais incor-

    porado produo. O lanamento de produtos mais

    eficazes e a adoo de processos produtivos menos

    nocivos ao meio ambiente so algumas das vantagens

    das novas tecnologias.

    A biotecnologia um processo tecnolgico que re-

    corre ao material biolgico de plantas e animais para

    fabricar produtos industriais. J a nanotecnologia tra-

    balha com a manipulao de tomos para desenvolver

    frmulas que no existem ou so produtos com carac-tersticas idnticas s matrias j existentes.

    So muitas as vantagens comparativas do Brasil

    no terreno da biotecnologia. O Pas possui biodiver-

    sidade riqussima, que beneficia e fornece grandes

    vantagens indstria cosmtica nacional em relao

    a outros pases. O fato de sermos donos da maior

    rea de preservao ambiental do planeta, com trs

    milhes de hectares de florestas certificadas, pos-

    suirmos a flora mais rica do mundo e contabilizar-

    mos a maior variedade de flores do planeta (50 mil

    espcies) contribui de forma significativa para o de-

    senvolvimento do setor.

    Com tanta riqueza, no por acaso que j exis-

    tem mais de mil produtos baseados na biodiversidade

    brasileira lanados no mercado. Todos os dias surgemnovas formulaes com princpios ativos de plantas,

    razes, gros e frutos que contribuem, por exemplo,

    para que um creme hidratante rejuvenesa uma pele

    maltratada pelo tempo ou que um xampu recupere

    cabelos danificados, sem contar os aromas variados e

    perfumados. So diferenciais, inclusive, que aguam o

    gosto dos consumidores de pases estrangeiros.

    Proteo do meio ambiente

    exatamente a biotecnologia que permite es-tudar as formas de processamento e aplicao dos

    princpios ativos dos organismos naturais nos mais

    diversos produtos. Na rea de nanotecnologia, em-

    bora com investimentos ainda tmidos e mais restri-

    tos s grandes empresas, j existem muitos produtos

    contendo partculas em escala nanomtrica (medida

    em milionsimos de milmetros).

    As novas formulaes tm qualidade e eficcia

    maiores. A nanotecnologia tambm possibilita, por

    exemplo, desenvolver componentes que sejam menos

    prejudiciais ao organismo humano e ao meio ambien-

    te sem perder a caracterstica principal do produto.

    Aplicaes das novas tecnologias no setor de cosmticos

    A riqueza da biodiversidadebrasileira combinada com a apli-cao da biotecnologia permite

    que o guaran seja transformadoem matria-prima de cosmticos

    Cleferson Comarela Barbosa Arqu

    ivo

    Abih

    pec

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    Higiene pessoal, perfumaria

    e cosmticos.

    O setor ganhou uma nova frmula:

    o apoio do Sebrae.

    www.sebrae.com.br

    Apoiar as micro e pequenas empresas de

    higiene pessoal, perfumaria e cosmticos

    uma questo prioritria para o Brasil.

    Uma prova disso o recente convnio

    firmado entre o Sebrae, a ABDI e a

    ABIHPEC. Uma parceria que visa de-

    senvolver aes integradas ao Plano de

    Desenvolvimento Setorial desse seg-

    mento, que hoje ocupa a quarta posio

    no mercado internacional e contribui,

    significativamente, para a economia do

    pas. O objetivo desenvolver toda a

    cadeia produtiva e tornar o setor mais

    competitivo, garantindo seu acesso

    tecnologia, s novas tendncias de produ-

    o e adequando-o s exigncias sanit-

    rias e de biodiversidade. O Sebrae acredi-

    ta muito nas micro e pequenas empre-

    sas. Afinal, so nos menores frascos que

    esto os melhores perfumes.

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    AAlavancar a indstria de cosmticos significaapoiar as micro e pequenas iniciativas. Osnmeros confirmam que 95% das 1.415 em-presas do setor no Brasil so constitudas por micro,

    pequenas e mdias empresas. Entretanto, eles s res-

    pondem por 28,3% do faturamento total dos negcios.

    Diminuir essa lacuna um dos desafios do Sebrae

    Nacional, que passou a atuar na indstria da beleza apartir de 2005.

    O que se observa na indstria de produtos de

    higiene pessoal, perfumaria e cosmticos se repete

    em outros setores. As pequenas empresas formam a

    grande maioria, so responsveis por notvel oferta

    de empregos, mas no possuem faturamento expres-

    sivo. No entanto, existe potencial de expanso signi-

    ficativo. O nosso objetivo potencializar e aumen-

    tar a participao das MPE no setor, afirma Miriam

    Zitz, gerente da Unidade de Atendimento Coletivo

    Indstria do Sebrae Nacional.

    Outro desafio importante manter a taxa de inovao

    no setor que, segundo o IBGE, de 89,66%. Isso significa

    que, de cada 100 empresas de cosmticos que lanaram

    um produto no ano passado, quase 90 devem modificar

    alguma coisa nas suas marcas neste ano. A gerente do

    Sebrae destaca que esse aspecto fundamental para amanuteno e o crescimento das empresas, pois o con-

    sumidor brasileiro est cada vez mais exigente: O elo da

    cadeia de cosmticos o elo do consumo. Pelo consumo

    se mantm as relaes das instituies como indstria

    e produo de insumos at os prestadores de servio.

    Levantamentos realizados pela Abihpec em alguns

    Ncleos Regionais indicam que grande parte das pe-

    quenas empresas no segue os princpios de boas pr-

    ticas de fabricao e controle. Alm disso, a escassez

    Sebraeapia

    MPEsda indstriade beleza

    Mrcia Gouthier/ASN

    Sebrae, Abihpec e ABDI assinam convnio para fortalecer a participao das micro e pequenas empresas na indstriade produtos de higiene, perfumaria e cosmticos

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    de profissionais capacitados e as dificuldades de ade-

    quao dos processos produtivos s normas vigentes

    so entraves decisivos para as MPEs. Diante dessa rea-

    lidade, como vencer esses desafios?

    Plano de Desenvolvimento SetorialO Plano de Desenvolvimento Setorial de Cosmti-

    cos (PDS) foi a alternativa encontrada pelo Sebrae para

    superar as dificuldades dos micro e pequenos empre-

    endimentos que atuam na cadeia produtiva da inds-

    tria da beleza. A gerente da Unidade de Atendimento

    ColetivoIndstria do Sebrae Nacional ressalta que o

    projeto de cooperao visa a conscientizar as peque-

    nas empresas sobre a importncia de se adotarem as

    boas prticas de fabricao e uma gesto empresarial

    profissional e moderna. Queremos tambm difundir asnoes de regularizao sanitria, uso sustentvel da

    biodiversidade brasileira, proteo do meio ambiente e

    produo mais limpa, acrescenta Miriam Zitz.

    Outro componente importante do Plano de Desen-

    volvimento Setorial so os programas de capacitao

    que fornecem orientaes para o registro das empresas

    na Anvisa, formulao de produtos e gerenciamento

    de custos. A gerente do Sebrae lembra que os semin-

    rios de Boas Prticas de Fabricao, as rodadas de dis-

    cusso sobre regulamentos internacionais e os eventossobre promoo comercial so outras ferramentas for-

    necidas para as empresas alavancarem seus negcios

    e aumentarem a competitividade do setor.

    A consultora de Desenvolvimento Industrial da ABDI,

    Jnia Casadei, lembra que uma das estratgias de ao

    do plano a gesto do conhecimento. Vamos fazer que

    cheguem s pequenas empresas, por meio de revistas e

    publicaes tcnicas com linguagem diferenciada, in-

    formaes que ajudem essas empresas a direcionar seus

    investimentos, mesmo que sejam pequenos, afirma.Na primeira etapa foram priorizados os estados de Mi-

    nas Gerais, Cear, Bahia e So Paulo porque j estavam

    mobilizados. Na seqncia, Gois, Pernambuco, Par,

    Paran, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e So Paulo

    Campinas e Ribeiro Preto tambm sero priorizados.

    A partir de visitas de sensibilizao do projeto se-

    ro desencadeadas aes de capacitao tcnica, ges-

    to de conhecimento, gerenciamento ps-consumo e

    produo mais limpa. Na ltima etapa, as unidades

    estaduais do Sebrae podero desenvolver projetos fina-

    lsticos, adensando, dessa forma, o PDS.

    O ponto de partida para viabilizar as aes estaduais

    o investimento na construo de parcerias locais. O

    leque dos parceiros do Sebrae nos estados inclui gover-

    nos estaduais, prefeituras municipais, agncias regionaisde fomento, organizaes representativas da indstria e

    do comrcio, alm de outras instituies que conheam

    a realidade local e possuam canais de dilogo com as

    pequenas e as microempresas do setor.

    Unio de expertises

    A parceria extremamente positiva porque une

    a experincia e a inteligncia das trs instituies. A

    Abihpec detm o conhecimento tcnico e a maior

    entidade representativa da classe empresarial do setor.J o Sebrae atua diretamente com as empresas de pe-

    queno porte e domina a metodologia de capacitao

    nas reas de gesto financeira, administrativa e merca-

    dolgica. A ABDI, por sua vez, est diretamente ligada

    gesto da execuo da poltica industrial do governo

    federal. Queremos realmente que as micro e peque-

    nas empresas deste setor possam aproveitar a chan-

    ce que est sendo dada por meio dessas parcerias,

    conclui Miriam Zitz.

    Eugnio Novaes/ASN

    Miriam Zitz:queremosaumentar aparticipaodas MPEs no setorde cosmticos

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    NNo basta se preocupar apenas com a belezados consumidores. A indstria de higienepessoal, perfumaria e cosmticos tambmtem de cuidar do meio ambiente. A Abihpec est con-

    vencida de que o setor deve ser ecologicamente corre-

    to e, por essa razo, lanou, em 2005, o Guia Tcnico

    Ambiental da Indstria de Higiene Pessoal, Perfumaria

    e Cosmticos por uma Produo + Limpa (P+L). O tra-balho foi feito em parceria com a Companhia de Tec-

    nologia e Saneamento Ambiental (Cetesb) de So Paulo

    e sua proposta conscientizar os empresrios do setor

    sobre a aplicao de boas prticas de fabricao.

    O objetivo do guia reduzir os riscos de aciden-

    tes ambientais e fornecer aos fabricantes informaes

    e orientaes tcnicas para melhorar e otimizar os

    processos de gesto e produo. O conceito de P+L

    novo, mas o tema bem conhecido por todos que

    defendem o desenvolvimento sustentvel e a preser-

    vao do meio ambiente. Trata-se de procedimentos,

    muitas vezes simples, que, incorporados ao dia-a-dia

    da produo industrial, podem melhorar a qualidade

    dos produtos e reduzir os custos.

    B-a-b da produo + limpa

    A cartilha apresenta o passo-a-passo para a adoodos critrios de P+L. So prticas que vo desde o cui-

    dado com a higiene pessoal dos funcionrios, passan-

    do pela manipulao de equipamentos, conservao

    de matrias-primas e reutilizao de recursos at pro-

    cessos mais complexos, como separao de resduos

    que podem comprometer o meio ambiente. O material

    ser distribudo para todos os associados da Abihpec e

    divulgado nos Ncleos Regionais assistidos pela parce-

    ria com a ABDI e o Sebrae.

    Indstriaecologicamente correta

    Adotar boas prticas de produo, reduzir o volume do lixo, investir na reciclagem,firmar convnio com prefeituras e associaes de catadores: os fabricantes decosmticos se conscientizam da importncia de proteger o meio ambiente.

    que Matute/ASN

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    S E B R A E c o s m t i c o s

    Projeto piloto em Santa CatarinaAps escolher Santa Catarina para inaugurar e testar o programa, a Abihpec montou uma parce-

    ria com a Fundao Banco do Brasil, cooperativas e o Senac e lanou, em abril deste ano, o projeto

    nos municpios de Blumenau, Florianpolis, Joinville, Lages e So Bento do Sul. A experincia sermuito rica, vamos divulgar e fazer um trabalho didtico de orientao sobre como reaproveitar asembalagens, explica Joo Carlos Basilio, presidente da Abihpec.

    O projeto prev, ainda, a divulgao de tcnicas apropriadas para a gesto de resduos slidos ea liberao de recursos para aquisio de equipamentos, como moedores e esteiras para a seleodo lixo. Os sistemas municipais de coleta seletiva j aderiram e oito associaes e cooperativas decatadores esto sendo capacitadas pelo Senac.

    A criao dos espaos e o fornecimento da infra-estrutura ne