beleza que gera riqueza_sebrae
TRANSCRIPT
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
1/64Beleza que gera riqueza
Indstria de Cosmticos
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
2/64
Presidente do Conselho Deliberativo NacionalLuiz Otvio Gomes
Diretor-PresidentePaulo Tarciso Okamotto
Diretor de Administrao e FinanasCsar Acosta Rech
Diretor-TcnicoLuiz Carlos Barboza
Gerente de Atendimento Coletivo - IndstriaMiriam Machado Zitz
Coordenadora Nacional da Carteira de Projetos de Cosmticos
Maria Regina Diniz Oliveira
Gerente da Unidade de Marketing e ComunicaoLuiz Barreto
ReportagemLetcia Borges Assis, Luciana de Oliveira Bezerra,Marilene de Freitas e Marlia Matias de Oliveira
EdioRonaldo de Moura
Projeto Grfico e DiagramaoErika Yoda
Imagem de capaMrcia Gouthier/ASN
FotoPoliane Torres da Silva
(Funcionria da Lord Perfumaria)
RevisoJora Furquim e Suely Touguinha
Produo Editorial
Tiragem2.000 exemplares
ImpressoCoronrio Editora Grfica Ltda.
Expediente
agncia e assessoria de comunicao
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
3/64
Parcerias para odesenvolvimento
o
S E B R A E c o s m t i c o s
Mrcia
Gouthier/ASN
Omercado brasileiro ocupa hoje uma
posio privilegiada para um pas ain-da em desenvolvimento que precisa competir
com concorrentes economicamente superio-
res e que detm, principalmente, primazia tec-
nolgica. O Brasil passou para o quarto lugar
no rankingde consumo da indstria mundial
de cosmticos, higiene pessoal e perfumaria e
j faz parte da lista de gigantes como Estados
Unidos, Japo, Frana e Alemanha.
Do mercado nacional, as micro e pequenas empresas representam 98,9%
do parque industrial brasileiro de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos.E o Sebrae, como conhecedor das necessidades e da importncia dos micro,
pequenos e mdios empreendimentos, vem unindo esforos com diversas ins-
tituies, a fim de ampliar o suporte tcnico e administrativo que possibilite
o desenvolvimento da cadeia produtiva.
Nos ltimos cinco anos, o empresariado brasileiro de pequenos negcios,
ao perceber que os servios na rea da beleza ficaram mais diversificados e
sofisticados e que estava em curso uma mudana social e comportamental na
populao, passou a investir mais em equipamentos e tecnologia aproveitan-
do tambm a rica biodiversidade do Pas. Com o Direcionamento Estratgico2006 a 2010, o Sistema Sebrae vem definindo suas diretrizes e prioridades de
atuao e o setor de cosmticos vem sendo contemplado com a criao de
tcnicas de gesto empresarial, inovao tecnolgica, alm do conhecimento
sobre mercados interno e externo.
Entre as diretrizes do Sistema Sebrae est a multiplicao de parcerias com
instituies pblicas, privadas e do terceiro setor, com o objetivo de alavancar
competncias, conhecimentos, mercados e recursos para as micro e pequenas
empresas (MPE), o que possibilita o estmulo do esprito empreendedor das
MPE e promove a competitividade e o desenvolvimento auto-sustentvel e de
longa vida dos pequenos negcios, que a prpria misso do Sebrae.
Da mesma forma que ningum vai para frente sem conhecimento, tam-
bm verdade que a juno de esforos dos parceiros melhora sempre os re-
sultados de um setor, fato que se materializa quando se celebra uma parceria
entre Sebrae, Abihpec e ABDI.
Paulo Okamotto
Diretor-Presidente Sebrae-NA
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
4/64
SumrioAPRESENTAO INSTITUCIONAL3 Parcerias para o desenvolvimento (Paulo Okamotto)
6 Beleza garantida (Luiz Carlos Barboza)
7 Somar foras para buscar resultados (Miriam Zitz e Regina Diniz)
PANORAMA ECONMICO
8 Entrevista com Antnio Srgio Martins Mello, secretrio de Desenvolvimentoda Produo do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior
10 Brasil conquista lugar no seleto clube da indstria de beleza
12 Faturamento dobra em cinco anos
14 Produtos made inBrazilganham mercado externo
16 Micro e pequenas empresas contribuem para a expanso do setor
18 Negcios que geram emprego acima da mdia
20 Incluso social bate sua porta
22 Governo federal contribui para aumentar competitividade
PANORAMA TCNICO E REGULATRIO
24 Desinformao e burocracia geram informalidade sanitria
27 Parcerias pblico-privadas dinamizam o setor
28 Consumidor exige boas prticas de fabricao
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
5/64
30 Como superar os gargalos tecnolgicos da indstria de cosmticos?
32 Novas tecnologias: senha para o futuro
36 Sebrae apia MPEs da indstria de beleza
38 Indstria ecologicamente correta
40 De olho nos hbitos do consumidor
42 Show de novidades
44 Apex abre as portas do mercado externo para as microe pequenas empresas do setor de cosmticos
45 Sindicatos defendem micro e pequenas empresas
CASOS DE SUCESSO
46 Cheiro de bons negcios
48 Diadema: capital nacional da indstria de cosmticos
50 Vencer as desconfianas e apostar no mercado externo
51 Unir para crescer
52 O que que a Bahia tem?
54 Produtos da Amaznia conquistam mercado internacional
56 Empresas gachas lanam linha de exportao
58 Pernambuco ganha espao no mercado de cosmticos
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
6/64
Beleza garantidaBele a arantida
6
S E B R A E c o s m t i c o s
Como dizia o poeta Vinicius de Moraes,beleza fundamental. Bons perfumes,formas e cores tambm. Dos cinco sentidos, oolfato aquele que nos conduz, de imediato,
para nosso inconsciente, nos remete s mais
ntimas e profundas sensaes de bem-estar e
auto-estima. Mas isso no seria to estimulado
se no existissem os cosmticos, que cumprem
papel fundamental em nossa poca.
Hoje, beleza, arte, design e moda fazem
parte da indstria de cosmticos. Pensando nisso, a unio de foras entre a Agn-
cia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Associao Brasileira da
Indstria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmticos (Abihpec) e o Sebrae vai
possibilitar mudana de patamar s empresas de pequeno porte do setor de cos-
mticos, bem como fortalecer e expandir sua base industrial. Somente assim,
os empresrios de micro e pequenos negcios desse setor tero condies de
competir e ser bem-sucedidos em um cenrio to exigente e concorrente nos
mercados interno e externo, onde o despreparo e o empirismo so fatais.
A indstria de cosmticos setor estratgico para a economia, uma vez
que oferece alta empregabilidade e extremamente dinmica e competitiva
como produto de exportao. Por isso a unio entre Sebrae, Abihpec e ABDI
tambm vai contemplar aes prioritrias, consolidando e otimizando as re-des de parceria nos planos nacional, estadual e local, alm de mudar a cultura
do Sebrae em relao aos parceiros onde a concesso de recursos focada em
investimentos orientados para resultados.
O Sebrae trabalha para que a gesto das pequenas e microempresas de cos-
mticos do Pas tambm tenha eficincia, conhecimento e modernidade. Por
isso levanta a bandeira do acesso aos mercados da informao e da capacita-
o dos empresrios, promovendo cursos, treinamentos, seminrios, palestras,
consultorias e garantindo o acesso tecnologia. Isso s se concretiza porque
o Sebrae, ao estabelecer alianas para mobilizar recursos, competncias e co-
nhecimentos, segue uma de suas principais diretrizes estratgicas.
A histria do Sebrae vem sendo escrita com muito planejamento e com-
promisso com o crescimento do pas. Por tudo isso, o Sebrae , hoje, uma
das principais agncias de desenvolvimento em funcionamento no Brasil e,
indiscutivelmente, o mais significativo parceiro dos pequenos empreendimen-
tos e, agora, parceiro de outros parceiros que, juntos, ampliaro foras para
impulsionar ainda mais o setor de cosmticos.
Luiz Carlos Barboza
Diretor Tcnico Sebrae-NA
MrciaGouthier/ASN
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
7/64
7
S E B R A E c o s m t i c o s
Somar foras parabuscar resultados
aFotos:MrciaGouthier/ASN
Em outubro de 2005, a atuao do Sistema Sebrae serestringia aos estados do Cear, Pernambuco e SoPaulo. Em menos de um ano, a essa carteira de projetosj envolve dez unidades da Federao e, em junho deste
ano, assinamos um convnio com a Abihpec e a ABDI.
Esse salto no se deu por acaso. O Brasil , atualmente,
o quarto principal consumidor de produtos de higiene pes-
soal, perfumaria e cosmticos, cujas exportaes cresceram
120,7% nos ltimos cinco anos. Durante esse perodo, o
setor registrou um crescimento mdio de 10,7% e uma
grande capacidade de gerao de empregos.
A deciso do Sebrae de investir na indstria da belezase deve, sobretudo, ao fato de que 98,9% do setor for-
mado por micro e pequenas empresas (MPE), que enfren-
tam uma srie de dificuldades como, por exemplo, a informalidade sanitria.
A partir dessas indicaes, comeamos a trabalhar com capacitao e inova-
o em Minas Gerais, retomamos o projeto no Rio de Janeiro e estamos somando
esforos com nossos parceiros na Bahia. A estruturao do diagnstico e planeja-
mento estratgico em Pernambuco se encontra em curso e, nos Estados de Gois
e Rio Grande do Sul, realizamos a etapa das visitas tcnicas e de sensibilizao,
que tambm devem ocorrer no Par e Paran a partir de outubro deste ano.
Os passos que estamos dando visam aumentar a competitividade das MPE e
contribuir para que o Pas conquiste a terceira posio no mercado mundial de cos-
mticos. No temos dvida de que h ainda muito trabalho pela frente. por isso
que durante a prxima Semana de Capacitao do Sistema Sebrae, em novembro,
os coordenadores de projetos de cosmticos sero capacitados, em boas prticas
de fabricao. A prioridade dada ao setor tambm pode ser medida pela deciso
de escolhermos a indstria da beleza como o tema do Desafio Sebrae 2007.
Mas, como os desafios so grandes, no podemos parar por a. Vamos in-
vestir na articulao da indstria de cosmticos com os setores que compem
a Cadeia da Moda: gemas e jias; txtil e confeces; couro e calados; eartesanato. Pretendemos, ainda, estreitar o relacionamento com as empresas
que atuam na rea de plstico e de embalagens.
A deciso de lanar essa revista em So Paulo na abertura da Cosmoprof
Cosmtica a principal feira no Pas - no foi fortuita. Ela representa um marco
da participao institucional do Sebrae nesse setor emergente e estratgico da
economia nacional.
Regina DinizCoordenadora Nacional da
Carteira de Projetos de Cosmticos
Miriam ZitzGerente da Unidade deAtendimento Coletivo Indstria
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
8/64
8
S E B R A E c o s m t i c o s
O
Crescimentodinmico e geraodeempregos
Ogoverno federal considera a indstria de produtos de higiene pes-soal, perfumaria e cosmticos importante devido a sua capacidadede articular o crescimento econmico com a criao de oportunida-des de trabalho. O secretrio de Desenvolvimento da Produo do Ministrio
do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), Antnio SrgioMartins Mello, apresenta as polticas do MDIC para o setor e anuncia que oBNDES est estudando mecanismos para ampliar o acesso das pequenas, m-dias e microempresas a linhas de crdito com condies facilitadas. Ele con-firma tambm que a carga tributria est sendo reavaliada e defende investi-mentos em biotecnologia e nanotecnologia para aumentar o valor agregadoe aumentar a competitividade do produto brasileiro.
DjacirAlmeida
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
9/64
9
S E B R A E c o s m t i c o s
Os indicadores da indstria demonstram que o se-
tor vem tendo crescimento vertiginoso. Qual sua
importncia para o parque industrial do Pas?
Esse segmento muito importante por conta de
seu crescimento dinmico nos ltimos anos e por seu
papel social. O faturamento em reais cresceu cerca
de 14% em 2005, o que, convertido em dlares, sig-
nificou um crescimento surpreendente de quase 40%.
Isso demonstra que o setor tem conseguido adaptar-se
s circunstncias macroeconmicas, com um olho na
ampliao do mercado interno e outro no incremento
das exportaes. Por outro lado, as oportunidades de
trabalho, englobando lojas de franquia, revendedores
e profissionais de beleza, se aproximam da casa de 3
milhes de empregos em todo Pas.
Quais so as polticas especficas do MDIC para
o setor de cosmticos?
A Secretaria do Desenvolvimento da Produo,
rgo do MDIC, criou o Frum de Competitividade
da Cadeia de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosm-
ticos h alguns anos. um mecanismo de dilogo
permanente que procura equacionar e resolver os
problemas, sobretudo estruturais, congregando o se-
tor produtivo e atores governamentais como Anvisa,Secretaria da Receita Federal e nosso ministrio.
O MDIC tem apoiado o setor por meio de progra-
mas especficos. Nesse caso, existe um projeto de
cooperao tcnica e financeira, a cargo da Apex-
Brasil, assim como um convnio firmado recente-
mente entre Sebrae, Associao Brasileira da Inds-
tria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmticos
(Abihpec) e Agncia Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI). O objetivo desse convnio a im-
plantao do plano de desenvolvimento setorial decosmticos para incrementar a competitividade do
setor. Alm desses programas, o MDIC tem-se empe-
nhado pela racionalizao do tratamento tributrio
federal dispensado ao setor e pela efetiva implanta-
o do mecanismo de Reconhecimento Mtuo no
mbito do Mercosul, o que facilitar ainda mais as
exportaes de cosmticos.
A carga tributria do setor muito alta e as in-
dstrias esto sujeitas s mesmas normas regu-
latrias da indstria qumica. O MDIC conside-
ra adequado propor uma legislao especfica
para o setor? Existe alguma iniciativa do governo
federal nesse sentido?
A carga tributria vem sendo reavaliada para cor-
rigir determinadas distores. Isso ocorreu quando
o IPI para dentifrcios, papel higinico e proteto-
res solares foi zerado, pois havia consenso de que
a medida beneficiava no apenas o setor produtivo
como tambm a maioria da populao brasileira. A
questo tributria tem sido equacionada na medida
do possvel, ao mesmo tempo em que a Anvisa e o
setor produtivo tm coordenado esforos para supe-rar problemas de ordem sanitria. Nesse sentido, a
Cmara Setorial de Cosmticos, instalada pela An-
visa em 2005, outro frum de discusso, do qual
participa o MDIC, e que est voltado ao tratamento
das especificidades do setor.
A aplicao da biotecnologia e da nanotecnologia
uma grande aposta do setor e algumas empre-
sas j esto investindo fortemente nessas tecno-
logias. Na viso do MDIC, qual a importncia daaplicao dessas novas tecnologias na indstria
de cosmticos?
A biotecnologia, amparada na biodiversidade brasi-
leira, e a nanotecnologia podem dinamizar a gama de
produtos da indstria de cosmticos, com maior agrega-
o de valor e aumento da competitividade.
Os investimentos exigidos pela indstria de cos-
mticos so muito altos e somente as empresas
de grande porte do setor esto aptas a fazer osaportes financeiros necessrios. O que o governo
federal pretende fazer para contribuir com o cres-
cimento das micro, pequenas e mdias empresas?
O governo federal est estudando mecanismos, em
particular no BNDES, que possam ampliar o acesso
das micro, pequenas e mdias empresas a recursos
financeiros com condies facilitadas.
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
10/64
10
S E B R A E c o s m t i c o s
OOmercado brasileiro ocupa hoje o quartolugar no consumo de produtos de higienee beleza, fazendo parte da lista de gigan-tes como Estados Unidos, Japo e Frana. Trata-se deposio privilegiada para um pas ainda em desen-
volvimento, que precisa competir com concorrentes
economicamente superiores e que detm, sobretudo,
primazia tecnolgica.
Foi a partir de meados da dcada de 90 que o de-senvolvimento do mercado nacional comeou a ga-
nhar flego, seguindo o rastro da expanso do setor
nos pases desenvolvidos. No Brasil, como em qual-
quer parte do mundo, a vaidade e os modismos so as
molas propulsoras dessa indstria.
No incio deste ano, foi divulgado um estudo
intitulado O Impacto Socioeconmico da Beleza
1995 a 2004, solicitado pela Associao Brasi-
leira da Indstria de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosmticos (Abihpec) e elaborado por professores
da Faculdade de Economia da Universidade Fede-
ral Fluminense. A pesquisa aponta que, nos Estados
Unidos e no Canad, a expanso, principalmente
do setor de higiene pessoal, foi alavancada nas d-
cadas de 70 e 80. Os modismos lanados pelos di-
versos movimentos sociais ocorridos na poca, es-
pecialmente em relao aos cabelos, aceleraram o
desenvolvimento da rea de prestao de serviosde beleza mais especificamente dos sales de be-
leza e de novos produtos.
De acordo com o estudo coordenado pela pro-
fessora Ruth Dweck, no Brasil 30% da populao se
preocupa com a aparncia o tempo todo, ndice que
coloca os brasileiros na 7 posio entre os povos mais
vaidosos do mundo. Esse dado um dos ingredien-
tes da receita que faz da indstria brasileira de higiene
pessoal, perfumaria e cosmticos um sucesso.
Brasilconquistalugar noseleto clubeda indstria
debeleza
A indstria brasileira de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos mantmtaxa de crescimento mdio anual de 10,7% nos ltimos cinco anos.
Tams Alajos
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
11/64
11
S E B R A E c o s m t i c o s
A Abihpec a principal entidade re-presentativa da indstria de higiene pes-
soal, perfumaria e cosmticos, tanto nombito nacional como internacional.Fundada em 27 de abril de 1995, mantmestreitos vnculos com sindicatos repre-sentativos da rea, autoridades governa-mentais, unies econmicas internacio-nais e associaes congneres de outrospases. A Associao possui 330 empre-
sas filiadas, sendo 20 de grande porte,50 de tamanho mdio, e 260 de microe pequeno porte. Em 2005, o nmero deassociados cresceu 12,5%.
Na dcada de 80, as tecnologias inovadoras aplica-
das pela indstria brasileira deram ao consumidor a pos-
sibilidade do auto-servio, gerando novo impulso aos
negcios do setor. Mas foi a partir dos anos 90, quando a
aparncia comeou a se tornar motivo de preocupao
cada vez maior, que o mercado iniciou um forte proces-
so de consolidao. O desejo de se manter jovem faz
dos homens e mulheres consumidores potenciais.
Templos de beleza
Desde ento, os templos de beleza ganham fora:
os sales se sofisticaram, surgiram os day spas, as clnicas
estticas... Tudo isso para que as pessoas se mantenham
saudveis e belas. Com isso, a beleza deixa de ser atribu-to natural para se transformar em produto de consumo.
O Brasil foi atingido por esses ventos que sopravam
da Europa e dos Estados Unidos e, assim como no exte-
rior, os servios na rea de beleza tambm ficaram mais
diversificados e sofisticados. De um lado, a globalizao,
que permite a disseminao de informaes e impulsiona
o consumo e, de outro lado, a vaidade do povo brasileiro
despertaram o potencial da indstria nacional de produ-
tos de higiene e de beleza.
Percebendo que estava em andamento uma mudan-
a social e comportamental na populao brasileira, o
empresariado investiu em equipamentos e tecnologia
e teve perspiccia para assimilar o movimento do setor
l fora e aplic-los aqui com inovaes e aproveitando
a rica biodiversidade do Pas.
Crescimento acima do PIB
No perodo de 2001 a 2005, o setor cresceu a
taxas percentuais cinco vezes superiores s do PIB
nacional. Embora a indstria da beleza esteja em as-
censo h dez anos, ela vem atingindo mdias de
crescimento mais altas somente nos ltimos cinco
anos. O setor cresceu 10,7%, enquanto o cresci-
mento do PIB foi, em mdia, de 2,2% ao ano no
mesmo perodo. Esse um crescimento real, um
crescimento mdio deflacionado e composto, ouseja, j descontada a inflao do perodo, explica o
presidente da Abihpec, Joo Carlos Basilio.
MrciaGouthier/ASN
Sales de belezainvestem emtcnicas sofisticadaspara tornar osclientes mais belose saudveis
11
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
12/64
12
S E B R A E c o s m t i c o s
Os produtos de higienepessoal lideram as vendase so responsveis por 62%do faturamento.
O segmento que mais vende o de higiene pes-
soal, respondendo por 62% do total de faturamen-to, os cosmticos representam 25% e os perfumes,
13%. Em 2005, o destaque de vendas foram os pro-
dutos de perfumaria, que registraram alta de 17,6%
em relao ao ano anterior.
As razes para desempenho to positivo so de
ordem econmica e comportamental. Os ganhos em
produtividade em virtude dos investimentos em tecno-
12
As cifras comprovam o bom desempenho da
indstria de higiene pessoal, perfumaria e cos-mticos. Juntas, as 1.415 empresas formaliza-
das que compem o parque industrial do setor fecha-
ram 2005 com um faturamento de R$ 15,4 bilhes. Isso
mais que o dobro do que haviam faturado em 2000
(R$ 7,5 bilhes). Em volume, foram vendidas mais de
1,3 milho de toneladas de produtos, um crescimento
de 9,3% em relao ao ano anterior.
Faturamentodobraemcinco anos12
MrciaGouthier/ASN
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
13/64
13
S E B R A E c o s m t i c o s
Joo Carlos Basilio,presidente da Abihpec:aumentar a produtividadee reduzir a carga tributria
da indstria
logia e reduo da carga tributria, tm resultado na
queda de preos dos produtos. Estamos investindo em
equipamentos modernos para aumentar a produo ecom isso temos conseguido repassar esses benefcios
para o consumidor, em forma de preos mais baixos,
afirma o presidente da Abihpec.
Carga tributria em queda
O peso dos impostos um dos problemas que mais
afligem o setor, impedindo a queda nos preos e, con-
seqentemente, o maior acesso dos consumidores.
A carga tributria varia de produto para produto,
mas o percentual mnimo de 48% e pode chegar a96%. Ao comprar, por exemplo, um sabonete, 48%
do valor desse produto imposto. So 12,5% de PIS
e Cofins, 18% de ICMS, 7% de IPI.
por isso que os empresrios do setor vm se
mobilizando para cobrar da Unio, dos governos
estaduais e do Congresso Nacional e Assemblias
Legislativas mudanas na legislao tributria pro-
fundas e abrangentes. Alm de reduzir o peso dos
impostos sobre a produo, eles tambm reivindi-
cam a incluso de alguns produtos na lista da ces-ta bsica, entre eles os itens de higiene pessoal. A
Abihpec prope tambm que o protetor solar passe
a ser considerado equipamento de proteo indivi-
dual. O esforo j rendeu resultados: houve redu-
o na carga tributria que antes chegava a 154%.
No entanto, a entidade considera que o peso dos
impostos ainda continua muito alto.
ArquivoAbihpec
As receitas duplicaram e o volume de vendas superou a marca de 10%, em cinco anos.
2000 2005 2006 (estimativa)
Faturamento R$ 7,5 bilhes R$ 15,4 bilhes R$ 16 bilhes
Vendas 1,18 milho de toneladas 1,3 milho de toneladas 1,4 milho de toneladas
Faturamento e volume de vendas
Os dados da Fundao e Instituto de Pesquisa Eco-
nmica (Fipe) comprovam que os preos esto cain-
do. O ltimo levantamento feito pela instituio indicaque entre 2005 e 2006 houve queda real de 0,8% nos
preos dos produtos de higiene pessoal. No mesmo
perodo, entre 2004 e 2005, registrou-se decrscimo
de apenas 0,1%, mas, ainda assim, a tendncia de re-
duo se manteve. Nos ltimos dois anos, observou-se
queda nos preos dos produtos de higiene. Isso faz
que haja maior penetrao de produtos nas classes C,
D e E. A indstria est ganhando um novo consumi-
dor, comemora a Abihpec.
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
14/64
14
S E B R A E c o s m t i c o s
OOsucesso no mercado interno se repete nas
vendas para o exterior. A balana comercial
da indstria brasileira de higiene pessoal,
perfumaria e cosmticos tambm apresenta crescimen-
to contnuo ao longo dos ltimos anos. Depois de sofrer
um dficit de R$ 163 milhes em 1997, o setor conse-
guiu reverter o quadro e, em 2005, atingiu um supervit
de R$ 196,3 milhes.
O faturamento com exportaes alcanou, em
2005, US$ 407 milhes, contra os US$ 211 milhes
gastos com importaes. No balano dos ltimos cin-
co anos, de 2001 a 2005, houve crescimento acumu-
lado de 120,7% nas vendas externas e queda de 4,1%
na compra de produtos estrangeiros.
No entanto, o Brasil ainda precisa importar inmeros
itens, entre eles, embalagens de vidro com maior grau de
sofisticao e insumos que no so fabricados no Brasil,
como o caso do carboxipolimetileno, utilizado na fabri-
cao de gel para cabelo. As empresas tambm recorrem
a fornecedores externos para complementar a demanda
interna de certas matrias-primas, a exemplo do leo de
palmiste, utilizado por vrios segmentos da indstria.
Os produtos de higiene oral lideraram as vendas para
o mercado externo, representando US$ 112,7 milhes
Produtos made inBrazilganham mercado externo
A balana comercial do setor superou dficits do final dos anos 90 e exporta,atualmente, US$ 407 milhes para 130 pases. A meta do setor chegar aUS$ 1 bilho de vendas para o exterior nos prximos quatro anos.
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
15/64
15
S E B R A E c o s m t i c o s
Posio do Brasil no ranking mundial
do total do faturamento. Em segundo lugar ficaram os
sabonetes (US$ 93,2 milhes), seguidos dos produtos
para cabelos (US$ 89,6 milhes) e dos descartveis com
US$ 54,4 milhes. Outros produtos, como protetor solar,
hidratantes para o corpo e rosto e maquilagem, tiveram,
juntos, faturamento da ordem de US$ 57,6 milhes.
Metas de exportao
Se o cenrio atual j bom, as perspectivas parao futuro so timas. O setor projetava, para este ano
de 2006, crescimento de 10% nas exportaes em re-
lao ao ano passado. No entanto, os nmeros deste
primeiro trimestre surpreenderam. Houve incremento
de 31% nas vendas em relao ao mesmo perodo
do ano passado. Com isso, o empresariado espera fe-
char o ano com faturamento da ordem de US$ 500
milhes. A meta de exportao chegar ao ano de
2010 com um faturamento de US$ 1 bilho.
Atualmente o setor exporta para 130 pases. Os
pases da Amrica do Sul so o principal destino das
exportaes (mais de 55% do faturamento). O res-
tante das vendas se distribui pelos pases do Oriente
Mdio, do Leste Europeu e da frica. O avano da
indstria de cosmticos, higiene e perfumaria tam-
bm contribui para movimentar a produo de outrossetores, como o qumico e o de embalagens. Ela re-
presenta, atualmente, 6,5% do faturamento total da
indstria qumica brasileira. O ltimo levantamento
da Associao Brasileira da Indstria de Embalagens
Flexveis (Abief), feito em 2002 e retroativo a 1982,
indica que, em 20 anos, houve incremento significa-
tivo na produo.
2
Desodorante Produtospara cabelo
3
Perfumaria
3
Produtosinfantis
2 5
Produtosmasculinos
Higieneoral
4
Banho
5
Cosmticos(cores)
7
Pele
9
Rankinggeral 4
BALANA COMERCIAL DO SETOR
Ano Importaes Exportaes (US$) Saldo
US$ % Crescimento US$ % Crescimento US$
2001 199.533 -9.5 191.510 3.7 -8.022
2002 152.284 -23.7 202.755 5.9 50.471
2003 150.279 -1.3 243.888 20.3 93.610
2004 156.830 4.4 331.889 36.1 175.059
2005 211.380 34.8 407.668 22.8 196.288
% Cresc. 2001/2005 -4.1 120.7
Proteosolar
8
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
16/64
16
S E B R A E c o s m t i c o s
EElas no so as que vendem e faturam mais nomercado de beleza. Porm, as micro e pequenasempresas (MPE) representam 98,9% do parqueindustrial brasileiro de higiene pessoal, perfumaria e
cosmticos, que rene 1.415 empresas devidamente
registradas na Anvisa.
A maior parte das empresas do setor fabrica produ-
tos de higiene pessoal e o segmento de cosmticos e
perfumaria conta com 701 estabelecimentos. O estado
de So Paulo responde pelo maior nmero de indstrias
(656), seguido do Rio de Janeiro (161), Paran (140), Rio
Grande do Sul (109), Minas Gerais (97) e Gois (66).
A forte presena das MPE revela elevado grau de na-
cionalizao do nosso mercado e, por outro lado, ex-
plicita a existncia de um filo com grande potencial
de crescimento. A contribuio das pequenas empresas
considerada essencial para o projeto de expanso da
indstria da beleza. por isso que o Sebrae e a Abihpec
apostam no fortalecimento e desenvolvimento do setor.
Parcerias para o desenvolvimento
As necessidades e a importncia dos micro, pequenas
e mdias empresas levou a Abihpec a unir esforos com
diversas instituies para dar suporte tcnico e adminis-
trativo que possibilitem o desenvolvimento da cadeia
produtiva. Desde 2001, a entidade desenvolve aes es-
tratgicas em alguns estados do Pas, atuando na moder-
nizao e no desenvolvimento de Ncleos Regionais.
Micro e pequenasempresas
contribuempara aexpanso do setor
Sebrae, Abihpec e ABDI criam parcerias para fortalecer e alavancar a presenadas MPE na indstria de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos.
AM
7
AC
1 RO
4
RR
0
MT
3
MS
5
RS
109
SC
38
PR
140
SP
656
MG
97
GO
66
TO
0BA
23
RJ - 161
ES - 12
SE - 4AL - 0
AP
1
PI9
CE
32 RN - 3
PB - 4PE - 25
DF6
PA
6
MA
3
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
17/64
17
S E B R A E c o s m t i c o s
A Abihpec tambm firmou, no incio da dcada,
uma parceria com a Apex-Brasil para criar o Plano Se-
torial Integrado para o setor. O principal foco do pro-
grama foi ajudar as empresas organizadas em Ncleos
Regionais a conquistarem o mercado internacional.Em meados de 2005, uma aproximao entre a en-
tidade e a Agncia Brasileira de Desenvolvimento In-
dustrial (ABDI) resultou no Plano de Desenvolvimento
Setorial (PDS) para o setor de cosmticos. O PDS foi o
primeiro plano desenvolvido para a indstria de cos-
mticos pela ABDI, responsvel pela gesto da Poltica
Industrial, Tecnolgica e de Comrcio Exterior (PITCE).
A proposta est inserida no macroprograma Indstria
Fortee tem como objetivo alinhar a expanso do setor
aos critrios da PITCE por meio de aes que permitamo acesso das empresas pesquisa e tecnologia.
Multinacionais brasileiras
Mario Salerno, diretor de Desenvolvimento Indus-
trial da ABDI, conta que a Abihpec apresentou um pro-
jeto bem estruturado e com contrapartida empresarial.
Decidimos fechar a parceria com a entidade porque
o setor tem uma prospectiva ascendente, relacionada
com todas as aes estratgicas da poltica industrial.
Ele tambm tem tudo a ver com nanotecnologia e bio-
tecnologia e com a marca que o Estado brasileiro est
cultivando no exterior como a biodiversidade, a jovia-
lidade no estilo de vida, explica.
O representante da ABDI destacou, ainda, o fato de
muitas empresas brasileiras do setor estarem virando
multinacionais, demonstrando que este um segmento
em expanso no s no mercado interno, mas tambm
no externo. O PDS pretende alavancar essas oportuni-
dades. Vamos trabalhar para colocar o nome do Brasil
no mundo dos cosmticos, para que, ao comprar um
produto brasileiro, o estrangeiro saiba que est adqui-
rindo um produto de qualidade, com tecnologia agre-
gada, afirma Salerno.
O projeto de desenvolvimento para o setor de cos-
mticos deu um grande salto em outubro de 2005,
quando o Sebrae Nacional foi convidado a integrar-
se parceria da Abihpec com a ABDI. Juntas, as trs
instituies estabeleceram estratgias que ampliam
e intensificam o foco dos trabalhos que vm sendo
feitos nos Ncleos Regionais.
Sebrae quer fortalecer MPEs
A Abihpec considera que a viabilidade do proje-to de expanso dos negcios da indstria de higie-
ne pessoal, cosmticos e perfumaria depende dessa
parceria. A ao de cada uma dessas entidades se
complementam e as trs atuaro de forma integrada.
Alm disso, a parceria com o Sebrae possibilitar
estender nossas aes a todos os estados do Pas,
explica Joo Carlos Basilio.
A gerente da Unidade de Atendimento Coletivo
Indstria do Sebrae Nacional, Miriam Zitz, avalia
que o convnio amplia o foco de ao da institui-o. A parceria trar grande benefcios para que as
mdias, micro e pequenas empresas possam cres-
cer, agregar valor e gerar emprego, renda e divisas
para o Pas, aposta Zitz. Ela tambm acredita que
o trabalho conjunto poder mobilizar outros setores
correlatos como qumica fina, embalagens, grfica,
entre outros, para alavancar o setor.
Arquivo ABDI
Mario Salerno, diretorde DesenvolvimentoIndustrial da ABDI:fortalecimento,competitividade emodernizao do setor
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
18/64
18
S E B R A E c o s m t i c o s
Acapacidade de gerar empregos e postos de traba-lho uma das principais caractersticas da inds-tria cosmtica nacional. Nos ltimos 10 anos, aempregabilidade do setor vem registrando uma taxa de
8,8% de crescimento mdio anual. Em 2005, a inds-
tria da beleza contabilizou um contingente de aproxima-
damente 3 milhes de trabalhadores, distribudos entre
produo, administrao, comrcio, servios e vendas
diretas (vide quadro Oportunidades de Trabalho).As indstrias empregam cerca de 58 mil trabalha-
dores, enquanto as lojas de franquia contabilizam mais
de 26 mil empregados. No h levantamento sobre o
nmero de pessoas que trabalham no segmento de hi-
giene, perfumaria e beleza em outras reas do comr-
cio tradicional, como farmcias, lojas de departamento,
supermercados e drogarias. Mas estima-se que seja um
nmero elevado, na casa dos milhares, uma vez que
existem 370 mil pontos de venda no Pas.
Contudo, o setor de servios , sem dvida alguma, o
maior empregador, j que absorve aproximadamente 1.125
milho de pessoas que trabalham como manicures, pedicu-
res, esteticistas, cabeleireiros em sales de beleza, clnicas
de esttica, spas e outros tantos estabelecimentos existentes
em todas as cidades do Pas.
Recorde de contrataes
Nos ltimos anos, enquanto a indstria, de uma formageral, tem demitido funcionrios, as empresas de cosm-
ticos, higiene pessoal e perfumaria vm fazendo novas
contrataes. A Federao das Indstrias de So Paulo
(Fiesp) avaliou o desempenho de 47 segmentos industriais
do estado em relao ao nvel de empregos no perodo
de 10 anos (1994 a 2004) e confirmou essa tendncia.
Tomando como base o ndice 100, o resultado do levanta-
mento indicou o melhor desempenho, disparado, do setor
de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos.
Negciosquegeram emprego
acima da mdia
Alm de gerar riqueza e divisas, o setorapresenta taxas de empregabilidade
recordes. As micro e pequenas empresasfuncionam como um dnamo da
gerao de novos postos de trabalho.
Divulgao
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
19/64
19
S E B R A E c o s m t i c o s
Enquanto a mdia geral do nvel de emprego
da indstria paulista foi de 70,3%, na indstria cos-
mtica o percentual chegou a 122%. Isso ocorreu
porque a dinmica de gerao de empregos do setor
cresce de forma progressiva. Em 2004, havia 54 mil
empregados contratados pela indstria de cosmti-
cos e, no ano seguinte, as empresas admitiram cercade 3 mil novos trabalhadores.
Os dados apontados acima se referem apenas s
empresas formalizadas e licenciadas pela Anvisa.
Como a informalidade muito grande nesse setor,
a Abihpec calcula que atuem no mercado informal
um nmero de trabalhadores prximo ao existente
no mercado formal. A maior parte da mo-de-obra
da indstria da beleza est empregada na micro,
pequena e mdia empresa. Esses empreendimentos
tm uma capacidade fantstica de gerar oportunida-des de trabalho, ao contrrio das grandes indstrias,
que possuem maquinrios de ltima gerao que re-
duzem a quantidade de trabalhadores necessrios.
A qualificao dos profissionais de servios e co-
mrcio uma das prioridades da Abhipec. A idia
formar profissionais qualificados para trabalhar em sa-
les de beleza destinados s classes A e B e oferecer
produtos nacionais nesses estabelecimentos. O objeti-
vo dos empresrios conquistar o espao nas pratelei-
ras tomadas por marcas importadas.
A estratgia se justifica pelo fato de que as importaes
de produtos de beleza giram, atualmente, em torno de R$
400 milhes. O mercado domstico pode e deve abo-
canhar essa fatia de consumo, pois da mesma forma que
a indstria est em ascenso, temos de dar condies de
crescimento ao setor de servios, raciocina Joo Carlos
Basilio, presidente da Abihpec.J no comrcio tradicional, o setor est estudando a
implantao de um conceito de atendimento usado na
Europa. Como a qualificao dos profissionais de atendi-
mento no Brasil ainda limitada, eles desconhecem, mui-
tas vezes, informaes bsicas e essenciais para orientar o
cliente e acabam por perder muitas vendas. Na Europa, os
atendentes so profissionais especialistas em skin care (cui-
dados com a pele) ou hair care(cuidados com o cabelo)
e esto aptos a vender qualquer marca.
esse mtodo que est incentivando o setor a de-
senvolver aes voltadas para formar profissionais como
atendentes. As indstrias esto buscando parceria com o
comrcio varejista e com instituies de formao, a exem-
plo do Senac, para adotar essa nova tendncia e melhorar
o atendimento nos pontos de venda. Os empresrios apos-
tam, ainda, que o sistema pode reduzir custos e aumentar
o salrio dos profissionais. O consumidor tambm pode
ganhar com o atendimento profissionalizado.
OPORTUNIDADES DE TRABALHO
1994 2005 Crescimento
Produo e Administrao 30,1 54,5 81,1 %
Lojas de Franquia 11 26,7 142,7 %
Revendedoras Vendas Diretas 510 1.644,6 222,5 %
Profissionais de Beleza 579 1.126,9 94,6 %
TOTAL 1.130,10 2.852,70 135,60%
Fontes: Abihpec, ABEVD, Fiesp, ABF, IBGE e Fundao Euclides da Cunha (FEC).
Qualificao profissional
JooFelcio
Cursos do Senac: formar profissionais paramelhorar atendimento nos pontos de vendas
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
20/64
20
S E B R A E c o s m t i c o s
Aindstria de beleza tem dado uma contribui-o positiva para a incluso social. O setorvem demonstrando a capacidade de criar no-vas oportunidades e incorporar um grande nmero de
profissionais. A revenda porta a porta um exemplo
dessas novas oportunidades. Conforme dados de 2005,
o segmento de venda direta composto majoritaria-
mente por mulheres e rene um batalho de aproxi-madamente 1,6 milho de revendedoras, que ganham,
em mdia, um salrio mnimo e meio por ms.
O levantamento indica tambm a oferta de 400 mil
novas vagas em dois anos. Muitas mulheres encontram
nesse nicho uma forma no apenas de fugir do desem-
prego e sustentar dignamente a famlia, mas tambm de
ter renda extra que permita concretizar alguns sonhos,
como comprar um carro ou pagar uma faculdade.
A comodidade que o consumidor tem de receber o
produto em casa, a possibilidade de ver e provar a mer-
cadoria, alm de poder comprar produtos que no es-
to disponveis no mercado tradicional, so os diferen-
ciais que fazem com que a venda a domiclio apresente
desempenho to satisfatrio e demonstre uma tendn-
cia de crescimento cada vez maior. Segundos dados da
Associao Brasileira de Empresas de Vendas Diretas(ABEVD), o segmento fechou o ano de 2005 com um
volume de vendas da ordem de R$ 8,6 bilhes.
Os lucros gerados por esse sistema levam as empre-
sas a reforar as vendas por catlogos e investir cada
vez mais no recrutamento de consultoras. Elas rece-
bem treinamento e como incentivo, alm das comis-
ses sobre o preo do produto, podem ganhar prmios
por metas atingidas que vo desde eletrodomsticos
Incluso socialbate sua porta
O sistema de revenda porta a porta do setor de cosmticos realiza o sonhodo Pas: gerar milhares de emprego em curto espao de tempo.
MrciaGouthier/ASN
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
21/64
21
S E B R A E c o s m t i c o s
at viagens, carros e casas. A Natura e a Avon lideram
o mercado de venda direta no Brasil, tanto no nmero
de revendedores quanto no volume de vendas. As duas
empresas contratam 95% das mulheres que oferecem
seus produtos porta a porta e respondem por 70% das
vendas dessa modalidade de comercializao.
O setor de prestao de servios tambm contri-bui para gerar oportunidades de trabalho e promo-
ver a distribuio de renda no Pas. So muitas as
pessoas que conseguem seu sustento e de suas fa-
mlias trabalhando como esteticistas, cabeleireiras,
manicures e pedicures em suas prprias casas ou na
residncia dos clientes.
A insero nesse mercado de trabalho mais aces-
svel porque demanda um investimento relativamente
baixo em cursos de formao e no exige alto grau de
escolaridade. O tempo de treinamento de uma ma-nicure ou pedicure, por exemplo, de, no mximo,
dois meses e o investimento em material de traba-
lho pequeno. Assim como as revendedoras diretas,
basta que elas gostem de se relacionar e conversar e
tenham criatividade para gerenciar sua profisso. Isso
o suficiente para gerar negcios e, em alguns casos,
essas pessoas acabam desenvolvendo uma capacida-
de empreendedora muito grande.
Formao de opinio
Essas profissionais tambm so responsveis pela
gerao de lucros na indstria da beleza, uma vez
que, alm de consumir os produtos do segmento,
que so suas ferramentas de trabalho, contribuem
para o surgimento de novos consumidores. Em razo
disso o setor est trabalhando para fomentar a ativi-
dade, por meio de cursos de qualificao profissio-
nal, palestras e seminrios.
A indstria de beleza tem potencial enorme para
desenvolver a capacidade empreendedora das pes-
soas, fator fundamental para elevar os nveis de in-
cluso social diante dos nveis elevados de desem-
prego. Uma vez que a oferta de emprego formal
limitada, precisamos caminhar na direo de de-
senvolver a capacidade empreendedora. As pessoas
precisaro aprender a criar novas condies de so-
breviver e o setor de cosmticos d essa oportunida-
de. por essa razo que o governo federal considera
o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos
estratgico para o desenvolvimento do Pas, salien-
ta Mario Salerno, diretor de Desenvolvimento Indus-
trial da ABDI.
Canais de comercializao
Uma das grandes vantagens do setor em relao aoutras atividades industriais a possibilidade de dis-
tribuir seus produtos por diversos canais. O principal
meio o comrcio tradicional, que inclui lojas de ata-
cado e de varejo, farmcias, drogarias, supermercados,
entre outros.
Algumas indstrias, no entanto, apostam em fran-
quias, com lojas especializadas e personalizadas espa-
lhadas por todo o Pas e at mesmo no exterior. Outras
optam pelo sistema de venda direta, que vem crescen-
do cada vez mais e contribuindo fortemente para a in-cluso social de muitas pessoas.
Mais recentemente, a internet vem se destacando
como um canal alternativo de distribuio dos pro-
dutos. Segundo levantamento feito pela E-bit, empre-
sa especializada em pesquisa e marketing on-line, as
vendas virtuais de cosmticos e perfumes subiram de
3%, em 2003, para 10%, em 2005. Existem hoje cerca
de 90 sites de comercializao desses produtos.
EnriqueMatute/ASN
O Pas conta com 370 mil pontos de venda deprodutos de higiene pessoal, cosmticos e perfumaria
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
22/64
22
S E B R A E c o s m t i c o s
UUma das grandes conquistas da indstria de
higiene pessoal, perfumaria e cosmticos
foi a criao, em 2003, do Frum de Com-petitividade. Ele formado por representantes dos
empresrios, trabalhadores e rgos governamentais
e coordenado pelo Ministrio do Desenvolvimento,
Indstria e Comrcio Exterior (MDIC). O mecanis-
mo de discusso e planejamento de aes integradas
tambm est presente em 14 outras cadeias produti-
vas espalhadas por todo o Pas.
Os fruns de competitividade fazem parte das
estratgias da Poltica Industrial, Tecnolgica e de
Comrcio Exterior (PITCE) e foram criados pelo gover-
no federal para debater e estabelecer polticas para
resolver os problemas que limitam a competitividadedas principais cadeias produtivas do Pas. Trata-se de
local pblico de dilogo que envolve o setor privado,
governo e a academia. A nossa proposta aproximar
os elos da cadeia produtiva e eliminar os entraves para
o crescimento da indstria, explica Zich Moiss J-
nior, coordenador geral do Frum de Competitividade
das Indstrias Qumicas, Plsticas e de Transformao.
A deciso de se criar um Frum de Competitivi-
dade do setor de cosmticos est diretamente rela-
Governo federal contribui paraaumentar competitividade
O setor includo na rota dos Fruns de Competitividade e os resultados jcomeam a aparecer: reduo de IPI, harmonizao de normas sanitriase implantao de boas prticas de fabricao.
Jos Djacir Rodrigues de Almeida
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
23/64
23
cionada sua capacidade de gerao de emprego e
renda e de alavancar exportaes. Queremos aca-
bar com a pecha de que cosmticos uma indstria
perifrica, defende Zich Moiss.
A agenda de debates do Frum de Competitividade
para o setor est focada no fomento s exportaes,
na gerao de investimentos para ampliar e moderni-
zar os elos da cadeia produtiva e no desenvolvimento
tecnolgico, principalmente no que diz respeito utili-
zao de insumos da biodiversidade. A harmonizao
da legislao sanitria, tanto na Amrica do Sul como
em todo o mbito internacional, e a incluso social,
com gerao de novos postos de trabalho, qualificao
profissional e distribuio de renda tambm so fatores
de preocupao do frum.Para atingir esses objetivos, foram criados cinco
grupos de trabalho (GT) que atuam de forma conjun-
ta para diagnosticar as necessidades do setor, elaborar
propostas e estabelecer estratgias e planos de ao.
Balano e desafios
A construo de parcerias com universida-
des e centros de pesquisa para desenvolver novos
produtos e formar mo-de-obra na rea de Recur-
sos Humanos tambm faz parte da agenda. Desde2003, o Frum de Competitividade vem promo-
vendo palestras e seminrios para discutir temas
relacionados s dificuldades e oportunidades do
setor como uso sustentvel da biodiversidade e
proteo do meio ambiente, capacitao tecnol-
gica e projetos sociais. A reduo do Imposto so-
bre Produtos Industrializados (IPI) para protetor
solar, o plano de exportaes elaborado pela Apex-
Brasil e a harmonizao das normas sanitrias no
mbito do Mercosul, entre outros, so resultados
concretos das discusses.
Segundo Zich Moiss, os desafios do frum so
avanar nos marcos regulatrios, atrair investimentos,
aumentar a capacidade de exportao e projetar as
marcas dosplayersbrasileiros no mercado internacio-
nal. Ele considera que, nesse contexto, o papel dasMPE a base de tudo. Como o ministro Furlan no
se cansa de repetir, temos de comear pequeno para
pensar grande, arremata o coordenador geral do
Frum de Competitividade.
GRUPOS DE TRABALHO
GT 1 Comrcio Exterior Coordenado pela SecexGT 2 Investimentos Coordenado pelo BNDES
GT 3 Capacitao Tecnolgica Coordenado pelo MCTGT 4 Regulao Coordenado pela AnvisaGT 5 Incluso Social Coordenado pela Abihpec
Zich Moiss, coordenadordo Frum de Competitividade:o governo quer eliminar osentraves do crescimento daindstria de cosmticos
EnriqueMatute/ASN
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
24/64
24
S E B R A E c o s m t i c o s
OOconsumidor no imagina a quantidade de
normas que existem para se produzir um
batom, perfume ou pasta de dente no Bra-
sil. Independentemente do tamanho da empresa e
do tipo de produto, as empresas tm de seguir regras
rgidas durante o processo de produo. H exign-
cias at mesmo para definir como a fbrica deve ser
instalada e as condies de lanamento de um novo
produto no mercado.
Esses cuidados so necessrios tanto para preservar
a sade do consumidor como garantir a proteo do
meio ambiente. No entanto, uma grande quantidade
de empresas no se enquadra nas normas regulatrias
e, tampouco, so fiscalizadas pelos rgos de vigiln-
cia. Apesar de alguns avanos, a informalidade sanit-
ria continua predominando e este um dos problemas
que o setor precisa superar.
A falta de orientao aos empresrios estimula a
ilegalidade. H muitas empresas bem-intencionadas,
mas que no possuem informao. Muitas vezes uma
pessoa faz uma frmula caseira que d certo, as pessoas
comeam a comprar e o nmero de vendas aumenta.
Desinformao e burocraciageraminformalidade sanitriaO Ministrio da Sade adverte: funcionar de forma ilegal, colocando produtosno mercado sem registro ou notificao, crime inafianvel. A Abihpec e aAnvisa procuram conscientizar o setor que a formalidade condio bsicapara expandir negcios e sobreviver no mercado.
Fotos: Arquivo Anvisa
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
25/64
25
S E B R A E c o s m t i c o s
Desse modo, a empresa se organiza de qualquer jeito
e vai seguindo numa informalidade natural, resume
Joo Carlos Basilio, presidente da Abihpec.
Alm do risco de priso, j que se trata de um crime
inafianvel, trabalhar na informalidade traz desvanta-
gens e impede a ampliao dos negcios e a sobrevi-
vncia no mercado. por isso que uma das metas do
setor trazer as empresas para a formalidade. As con-
seqncias do esforo j esto aparecendo. Em 2001,
apenas duas empresas estavam legalizadas na Bahia.
Atualmente, outras 21 j foram registradas na Anvisa,
alm de 12 em processo de regulamentao.
A legislao especfica do setor est disponvel no site da Gerncia Geral de Cos-mticos da Anvisa (http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/index.htm). As informaessobre as Cmaras Tcnicas e Setoriais e as orientaes, inclusive com um passo-a-passo, sobre os procedimentos de notificao on-line tambm podem ser obtidas
por meio da internet.O Guia de Avaliao para Segurana de Produtos Cosmticose o Guia de Estabili-
dade de Produtos Cosmticosso outros documentos que podem ser consultados nosite. Os guias foram elaborados para ajudar os fabricantes a adequarem seus processosde fabricao de acordo com as exigncias legais para a regularizao dos produtos.
Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa)
Falta de recursos
Segundo a Abihpec, a maior dificuldade para a
instalao de uma empresa do setor so os trmi-
tes burocrticos. Uma indstria do ramo de higiene
pessoal precisa, inicialmente, solicitar autorizao
junto Vigilncia Sanitria Estadual ou Municipal
para entrar em funcionamento. S depois da libe-
rao desses rgos que o processo segue para a
aprovao definitiva da Anvisa.
As Vigilncias Sanitrias (Visas) nos estados
e municpios tm problemas estruturais e oquantitativo de tcnicos insuficiente para a
demanda da rotina. A atividade de trabalho
das unidades estaduais e municipais mui-
to intensa, especialmente nos locais com
maior concentrao de estabelecimen-
tos industriais e de servios que
apresentam algum tipo de risco
sanitrio sade da populao.
Josineire Sallum,gerente de Cosmticosda Anvisa: nossoobjetivo garantir asade do consumidore proteger o meioambiente
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
26/64
26
S E B R A E c o s m t i c o s
Os cosmticos so os produtos que apresen-
tam o menor risco sanitrio. No entanto, as em-
presas s podem comercializ-los aps a devida
autorizao da Anvisa. Elas tambm precisam com-
provar que os produtos so seguros e atendem aos
requisitos tcnicos especficos, resume Josineire
Sallum, gerente-geral de Cosmticos da Anvisa.
Concentrao em So Paulo
A grande maioria das indstrias sob controle da
Anvisa est localizada em So Paulo. Para minimizar
o problema no setor de cosmticos, as inspees tm
sido realizadas conjuntamente pelos tcnicos do r-
go federal e das Vigilncias estaduais ou municipais.
Essa parceria tem sido muito importante na capacita-
o, no nivelamento e na troca de experincias entre
os tcnicos, afirma Josineire.As Visas estaduais, em parceria com a Anvisa,
tambm esto capacitando servidores para atender
especificamente s indstrias do setor. Um convnio
firmado com a Vigilncia Sanitria do Estado de So
Paulo treinou, em abril deste ano, 40 inspetores. A
meta replicar a experincia em outros estados. A
Anvisa tem participado, ainda, da anlise de rotula-
gem dos produtos pelo Instituto Octvio Magalhes
(Lacen) da Fundao Ezequiel Dias (Funed), que faz
parte do programa de monitoramento de produtoscosmticos da Vigilncia Sanitria de Minas Gerais.
A Abihpec reconhece que o sistema de sade como
um todo carece de recursos e, por isso, precisa estabe-
lecer prioridades, mas defende que preciso encontrar
uma soluo para o problema, uma vez que o setor
tambm importante para o Pas. Estamos trabalhan-
do arduamente para sensibilizar os governos. Mais de
60% do nosso faturamento est ligado higiene pesso-
al e sabemos que os cuidados com o asseio uma for-
ma de evitar doenas infecto-contagiosas. Felizmentetemos hoje uma parceria e uma integrao muito for-
te com a Anvisa, que tem nos ajudado a minimizar
os problemas, afirma Joo Carlos Basilio.
ISO
14025
C
IF A
A ADE
I O
4414
ss i i . AD
UAL
E
ISO
14040
ER
IF A
QUA
D D
E
Normas ISOAs normas da Srie ISO 14000 compem um conjunto de procedimen-
tos e padronizaes aplicveis a sistemas de gesto, processos, produtos e
servios. Embora no sejam obrigatrias, so fundamentais para garantir a
competitividade no mercado nacional e internacional e ajudam a melho-
rar a imagem da empresa.
Em breve, devem entrar em vigor trs normas relacionadas a produto,
que tm implicaes relevantes para o setor: ISO 14040 e14044 rela-
tivas Avaliao do Ciclo de Vida do Produto (ACV) e a ISO 14025
Rotulagem Ambiental Tipo III , que tem como base a ACV. A Abihpec vai
promover palestras e seminrios em todo o Pas para discutir os impactos
das normas que entraro em vigor.
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
27/64
27
S E B R A E c o s m t i c o s
Divulgao
AAAbihpec e a Anvisa vm promovendo avanossucessivos e significativos na regulamentao decosmticos, que seguem as referncias interna-cionais. O marco dessa parceria foi a entrada do setor de
cosmticos no Mercosul, em 1993. Alguns procedimen-
tos comearam a ser desburocratizados como as normas
sanitrias para a exportao e registro obrigatrio dos
produtos, antes de serem lanados no mercado.
O setor de cosmticos um dos que mais avanou
na regulamentao tcnica no mbito do Mercosul. O
desafio, agora, a implantao de acordos e a atuali-
zao das normas.
Em julho do ano passado, mais uma vitria foi con-
quistada: as autoridades brasileiras aprovaram a ado-
o Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cos-
mticos (INCI) nos rtulos dos produtos. Desse modo,
as empresas no precisam mais adequar as embalagensao idioma de cada pas, uma vez que a nomenclatura
permite rastrear informaes de forma simples e preci-
sa. Existe, atualmente, mais de nove mil ingredientes
usados na fabricao de produtos cosmticos.
O Instituto de Pesquisas Euromonitor estima que
at 2010 o Brasil ser o terceiro maior mercado do
mundo de higiene pessoal, perfumaria e cosmticos,
ficando atrs apenas dos EUA e do Japo. Diante dessa
perspectiva, os empresrios do setor defendem que o
governo brasileiro priorize a participao nos eventos
internacionais que define as normas para o setor.
Outra conquista da parceria foi a instituio do sis-
tema de notificao on-line para cosmticos de grau 1
(produtos cujas propriedades bsicas no apresentam
nenhum risco ou restries de uso). Em vigor desde
dezembro do ano passado, o novo procedimento ace-
lera o lanamento do produto, que pode ser feito ime-
diatamente aps o registro pela internet. No passado,
o tempo de espera ficava em torno de 30 dias.
Responsabilidade da indstria
A gerente-geral de Cosmticos da Anvisa considera
que o sistema traz vantagens, mas tambm exige uma
maior responsabilidade dos fabricantes. Eles tambm
precisam ter conhecimento aprofundado da legislao
para que seus lanamentos atendam aos requisitostcnicos exigidos, adverte Josineire Sallum.
Ela esclarece tambm que, com a eliminao da
aprovao prvia para esta categoria de produtos, a An-
visa est adotando uma postura mais direcionada ins-
peo e ao monitoramento desses produtos no mercado.
Estamos buscando uma maior interao com os envol-
vidos no Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria, que
so as Visas, e laboratrios oficiais, alm da elaborao
de cartilhas eguidelines, conclui a gerente-geral.
Parceriaspblico-privadas
dinamizamo setor
A mudana nos procedimentos para registro e lanamento de produtos e aadequao das normas sanitrias aos padres internacionais podem contribuir para
o Brasil conquistar a posio de terceiro maior mercado mundial de cosmticos
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
28/64
28
S E B R A E c o s m t i c o s
OOs resultados positivos alcanados e as pers-
pectivas favorveis no mercado externo so os
frutos de um trabalho sistemtico com as em-presas. As aes no se limitam questo das exigncias
sanitrias, mas aplicao de processos de boas prti-
cas de fabricao e modernizao da planta industrial.
Tambm fazem parte desse dever de casa a inovao dos
produtos, o emprego de tecnologia e a incorporao de
princpios ativos extrados da biodiversidade brasileira,
diferencial em relao aos concorrentes internacionais.
Mas, apesar do estgio avanado em relao s exign-
cias internacionais, o parque industrial brasileiro ainda est
em fase de aprendizagem. O setor tambm est aprenden-
do que a insero de seus produtos no mercado externo
no depende apenas demarketing, mas de conhecimentosobre suas peculiaridades culturais, sociais e ambientais.
O domnio dos ingredientes que so usados nas fr-
mulas dos produtos outro ponto fundamental. No
basta dizer que o produto contm leo de andiroba, por
exemplo, assim como uma srie de outros princpios
ativos extrados da nossa biodiversidade, especialmente
da selva amaznica. preciso ter conhecimentos que
fundamentem a afirmao de que aquele leo vai trazer
benefcios para o consumidor.
Obedincia s normas sanitrias,explorao da biodiversidade, uso de
novas tecnologias, conhecimento doshbitos do consumidor: tudo isso
importante para ganhar competitividadee conquistar mercados.
Consumidorexige boas
prticasdefabricao
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
29/64
29
S E B R A E c o s m t i c o s
MrciaGou
thier/ASN
Investimentos em pesquisa
Nos ltimos cinco anos, o volume mdio anual de investimentos do setor em ati-
vidades inovativas foi de aproximadamente R$ 220 milhes. No entanto, s pouco
mais de 30%, cerca de R$ 36,75 milhes, foram aplicados em pesquisa e desenvol-
vimento, pois o restante foi direcionado para modernizao do parque industrial.A taxa mdia de investimento por empresa foi de R$ 1,5 milho, sendo apenas
R$ 200 mil desse total destinados a atividades de pesquisa.
Diante desse cenrio, a Abihpec comeou a implementar aes com os empre-
srios para conscientiz-los da importncia de investir na inovao dos produtos e
orient-los para o uso sustentvel da biodiversidade como forma de diferenciao.
A entidade tambm quer desenvolver novas pesquisas para o setor e repass-las
aos empresrios de pequeno porte.
Investimentos do setor em atividades inovativas
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento R$ 36,75 milhes
Investimentos para modernizao do parque industrial R$ 183,25 milhes
Total R$ 220 milhes
Novas tecnologias
Outro desafio do setor avanar na aplicao de tecnologias de ponta que permitam
a inovao e diferenciao dos produtos. Atualmente, o domnio da biotecnologia e dananotecnologia ltima palavra em desenvolvimento tecnolgico nos pases desenvol-
vidos ainda privilgio de poucas empresas brasileiras de cosmticos, em funo,
principalmente, do custo dos
investimentos.
O fato de as grandes empresas
nacionais dominarem a biotec-
nologia e a nanotecnologia po-
sitivo, pois garante a construo
de uma base competitiva para o
setor. No entanto, a Abihpec de-
fende que fundamental criar as
condies para que os micro, pe-
quenos e at mdios empreendi-
mentos tenham acesso pesquisa
e ao desenvolvimento, uma vez
que no h recursos para investir
em tecnologia.
Divulgao
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
30/64
30
S E B R A E c o s m t i c o s
No existem solues mgicas e de curto pra-zo. A experincia internacional mostra que necessrio desenvolver aes estratgicasde mdio e longo prazos para modernizar a cadeia
produtiva nacional e fomentar o desenvolvimento da
nossa indstria. O governo federal aprendeu a lio e
instituiu, em 2004, a Poltica Industrial, Tecnolgica e
de Comrcio Exterior (PITCE).
A PITCE, cuja articulao est sob responsabilidadeda Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial
(ABDI), faz parte de um conjunto de aes estratgicas
do governo para modernizar a cadeia produtiva nacio-
nal e tem como pilares o desenvolvimento industrial
e a inovao. Como gestora da Poltica Industrial, a
ABDI definiu dois macroprogramas de ao.
Um desses macroprogramas o Indstria Forte, volta-
do para o desenvolvimento das diferentes cadeias produ-
tivas, incluindo o desenvolvimento regional por meio dos
arranjos produtivos locais (APL). O outro macroprograma,
o Inova Brasil, tem aes destinadas a mobilizar empre-
sas, univesidades, institutos de pesquisa e desenvolvimen-
to tecnolgico, alm de entidades representativas do setor
e rgos do governo, em torno do processo de inovao.
A nfase na inovao se justifica pelo fato de que
ela puxa o desenvolvimento e, para sustentar o desen-
volvimento de longo prazo, so necessrias polticas es-
pecficas, como o caso da Poltica Industrial e Tecno-lgica e de Comrcio Exterior, enfatiza Mario Salerno,
diretor de desenvolvimento industrial da ABDI. Ele res-
salta que o Pas tem um parque industrial diversificado,
que fabrica produtos de qualidade reconhecida, mas
falta agregar valor a esses produtos.
De acordo com pesquisas do Ipea, apenas 2% das
empresas brasileiras conseguem diferenciar produtos,
o restante se dedica fabricao de produtos padro-
nizados. A questo mudar o patamar competitivo
Como superaros gargalostecnolgicosda indstria
de cosmticos?o existem solu
zo. A experinci.
necessrio des
Valter Campanato
O governo federal criou a PolticaIndustrial, Tecnolgica e de Comrcio
Exterior (PITCE). O Congresso Nacionaltambm fez a sua parte e aprovoua Lei da Inovao e a Lei do Bem.
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
31/64
31
S E B R A E c o s m t i c o s
dessas empresas, porque, nas cadeias internacionais
de produo, as atividades de inovao so as que ten-
dem a ficar com maior parte da renda. Quem no se
insere no processo fica margem do desenvolvimen-
to, alerta o representante da ABDI.
Entre as aes da PITCE para modificar o cenrio
atual esto includas mudanas no marco legal, conces-so de incentivos fiscais e abertura de linhas de crdi-
tos, complementadas com investimentos para mudar a
mentalidade dos empresrios por meio de seminrios e
palestras. A palavra de ordem sensibilizar e mobilizar
a sociedade para a questo da inovao.
Muitas dessas aes j foram implementadas e os
resultados podem ser conferidos na cartilha 2 Anos
de PITCE, divulgada em maio deste ano. Entre outros
avanos, o programa agilizou a regulamentao das
Leis de Inovao e de Biossegurana, alm da sanopresidencial Lei do Bem.
Reduo de impostos
A Lei do Bem prev a reduo do PIS/Pasep e do
Cofins para a compra de mquinas e equipamentos por
empresas que exportam 80% de sua produo, e a dupli-
cao do teto de faturamento mnimo para que as micro
e pequenas empresas peam enquadramento no Simples.
A Lei de Inovao, regulamentada em outubro de 2005,
depois de quatro anos fora da pauta do Congresso Nacio-
nal, e a Lei de Biossegurana tambm so de fundamen-
tal importncia para o fomento das atividades de pesqui-
sa e desenvolvimento no setor privado e fortalecimento
do sistema de cincia e tecnologia nacional.
A primeira estabelece dispositivos legais para o in-
vestimento pblico em empresas privadas e permite,
por exemplo, que pesquisadores instituam empresas
para desenvolver atividades de inovao. J a segunda
lei define as normas de segurana e os mecanismos
de fiscalizao das atividades ligadas aos Organismos
Geneticamente Modificados (OGM), alm de permitiras pesquisas com clulas-tronco embrionrias.
Recursos para pesquisa
O oramento do Ministrio da Cincia e Tecnologia
(MCT) deste ano prev o investimento de cerca de R$ 250
milhes na rea, dos quais R$ 70 milhes sero destina-
dos ao subsdio de crditos para empresas que desejam
investir em programas de inovao e o restante ser apli-
cado em projetos de pesquisa e desenvolvimento. Alm
disso, foi definido um modelo de gesto integrada para osFundos Setoriais, ligados ao Fundo Nacional de Desen-
volvimento Cientfico e Tecnolgico (FNDCT).
O novo sistema possibilita o direcionamento de
mais de 60% dos recursos disponveis para novos
investimentos dos fundos s aes alinhadas com as
prioridades do governo. Somente em 2005, R$ 343
milhes de recursos no-reembolsveis dos Fundos
Setoriais foram destinados especificamente para as
aes da PITCE. J os recursos reembolsveis, que re-
presentam a concesso de crdito para projetos de ino-
vao em empresas, somaram R$ 650 milhes, 80%
dos quais foram para projetos da poltica industrial. Em
2006, os fundos setoriais destinaro R$ 184 milhes
para os projetos da PITCE.
A Chamada Pblica lanada pelo Sebrae e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no final demaio de 2006, vai destinar R$ 35 milhes de recursos no-reembolsveis para financiar novos projetos de
inovao. At 24 de agosto 109 empresas haviam encaminhado propostas e os organizadores esperavam
receber outras 500 no encerramento do prazo de apresentao dos formulrios.
O Programa de Apoio a Pesquisas em Empresas (Pappe) outro mecanismo criado pela Finep para finan-
ciar o desenvolvimento tecnolgico nas empresas. Em 2005, 702 projetos aprovados pelo Pape foram finan-
ciados com investimentos da ordem de R$ 75,9 milhes. Entre as 531 empresas envolvidas no projeto, 327
so microempresas, 114 so pequenas, 74 so mdias e 16 so grandes.
Sebrae e Finep apostam na inovao
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
32/64
32
S E B R A E c o s m t i c o s
Biotecnologia, nanotecnologia e energias reno-vveis. Esse o futuro da indstria de produtosde higiene pessoal, perfumaria e cosmticos noBrasil e no mundo. A empresa que no investir nas no-
vas tecnologias estar, com toda certeza, condenada a
perder o bonde da histria. Em tese, a questo parece
simples, mas, na prtica, so outros quinhentos. Porisso, uma das linhas estratgicas de ao da PITCE
focar nas atividades portadoras de futuro.
O objetivo fazer que o parque industrial se cons-
cientize da necessidade de explorar as riquezas natu-
rais do Brasil de forma racional e passe a aplicar os
processos tecnolgicos de ponta na formulao dos
produtos. A ABDI, articuladora e promotora da PITCE,
tambm quer atrair investimentos privados para de-
senvolver produtos e processos biotecnolgicos, e fo-
mentar a criao de parques tecnolgicos e centros de
referncia em pesquisa e inovao.
O Centro de Biotecnologia da Amaznia (CBA)
faz parte desta estratgia. Sob a gesto da Associa-
o de Biotecnologia da Amaznia (ABA), o centro
foi criado em 2005 para estudar a biodiversidadeamaznica e desenvolver formas de aproveitamento
sustentvel dos recursos naturais disponveis. Ele est
localizado em uma rea de 12 mil m2e tem capaci-
dade para receber 25 laboratrios, quatro unidades
de apoio industrial e duas unidades de apoio tecno-
lgico. O projeto est em plena execuo e at o mo-
mento 11 laboratrios j foram instalados no local
e vrios bolsistas foram contratados.
Novas tecnologias:senha para o futuro
Divulgao
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
33/64
33
S E B R A E c o s m t i c o s
Redes de pesquisa
A PITCE prev, ainda, um forte estmulo ao fomento
de pesquisas na rea da nanotecnologia. Uma parce-
ria entre Finep, CNPq e Inmetro deflagrou dez novas
redes de pesquisas, que se somaram aos 28 projetos
de pesquisa em fase de execuo, sendo 19 deles con-duzidos por jovens pesquisadores, e os outros nove
incluem pesquisas participativas com empresas. A po-
ltica industrial tambm inclui o apoio a incubadoras
em nanotecnologia e a trs laboratrios estratgicos
em nanotecnologia: o Centro Brasileiro de Pesquisas
Fsicas (CBPF), a Embrapa Instrumentao e o Centro
Estratgico de Tecnologia do Nordeste (Cetene).
A cooperao internacional no foi esquecida
pela PITCE. O diretor de desenvolvimento industrial
da ABDI lembra que cinco projetos em nanotecnolo-gia esto sendo desenvolvidos com o apoio da Fran-
a. O Protocolo de Intenes entre Brasil e Argentina
para a criao do Centro Bilateral de Nanotecnologia
encontra-se em negociao.
Mario Salerno destaca, ainda, as aes transversais
da PITCE para o desenvolvimento de tecnologias de
ponta. Segundo ele, a idia fazer um inventrio dos
desafios dos sistemas pblicos e privados nacionais
de inovao, articulando com os setores industriais
questes relativas a atividades portadoras de futuro.
A partir desse levantamento, sero elaborados planos
setoriais, em rotas tecnolgicas para que alguns se-tores possam se preparar para o futuro. Queremos
saber, por exemplo, o que o segmento de cosmti-
cos tem a ver com nanotecnologia, biotecnologia e
energias renovveis e como aproximar o setor dessas
tecnologias, explica.
Apoio s MPEs
A ABDI vem mantendo dilogo intenso com os
empresrios que investem em biotecnologia e nano-
tecnologia para conhecer as demandas e definir osincentivos necessrios para atender s necessidades,
sobretudo, das pequenas empresas do setor de cosm-
ticos. O importante aproveitarmos a experincia das
empresas com bases inovadoras, para aumentar o con-
junto. Nanotecnologia para o setor de cosmticos no
necessariamente cara, explica Salerno.
A poltica industrial do governo federalpromove incentivos s pesquisas denanotecnologias aplicadas indstriade cosmticos
Paul Quinlan
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
34/64
34
S E B R A E c o s m t i c o s
A biotecnologia e a nanotecnologia permitem o de-
senvolvimento de novos materiais que imprimem ca-
ractersticas diferenciadas aos produtos. A tendncia de que o uso desses recursos seja cada vez mais incor-
porado produo. O lanamento de produtos mais
eficazes e a adoo de processos produtivos menos
nocivos ao meio ambiente so algumas das vantagens
das novas tecnologias.
A biotecnologia um processo tecnolgico que re-
corre ao material biolgico de plantas e animais para
fabricar produtos industriais. J a nanotecnologia tra-
balha com a manipulao de tomos para desenvolver
frmulas que no existem ou so produtos com carac-tersticas idnticas s matrias j existentes.
So muitas as vantagens comparativas do Brasil
no terreno da biotecnologia. O Pas possui biodiver-
sidade riqussima, que beneficia e fornece grandes
vantagens indstria cosmtica nacional em relao
a outros pases. O fato de sermos donos da maior
rea de preservao ambiental do planeta, com trs
milhes de hectares de florestas certificadas, pos-
suirmos a flora mais rica do mundo e contabilizar-
mos a maior variedade de flores do planeta (50 mil
espcies) contribui de forma significativa para o de-
senvolvimento do setor.
Com tanta riqueza, no por acaso que j exis-
tem mais de mil produtos baseados na biodiversidade
brasileira lanados no mercado. Todos os dias surgemnovas formulaes com princpios ativos de plantas,
razes, gros e frutos que contribuem, por exemplo,
para que um creme hidratante rejuvenesa uma pele
maltratada pelo tempo ou que um xampu recupere
cabelos danificados, sem contar os aromas variados e
perfumados. So diferenciais, inclusive, que aguam o
gosto dos consumidores de pases estrangeiros.
Proteo do meio ambiente
exatamente a biotecnologia que permite es-tudar as formas de processamento e aplicao dos
princpios ativos dos organismos naturais nos mais
diversos produtos. Na rea de nanotecnologia, em-
bora com investimentos ainda tmidos e mais restri-
tos s grandes empresas, j existem muitos produtos
contendo partculas em escala nanomtrica (medida
em milionsimos de milmetros).
As novas formulaes tm qualidade e eficcia
maiores. A nanotecnologia tambm possibilita, por
exemplo, desenvolver componentes que sejam menos
prejudiciais ao organismo humano e ao meio ambien-
te sem perder a caracterstica principal do produto.
Aplicaes das novas tecnologias no setor de cosmticos
A riqueza da biodiversidadebrasileira combinada com a apli-cao da biotecnologia permite
que o guaran seja transformadoem matria-prima de cosmticos
Cleferson Comarela Barbosa Arqu
ivo
Abih
pec
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
35/64
35
S E B R A E c o s m t i c o s
Higiene pessoal, perfumaria
e cosmticos.
O setor ganhou uma nova frmula:
o apoio do Sebrae.
www.sebrae.com.br
Apoiar as micro e pequenas empresas de
higiene pessoal, perfumaria e cosmticos
uma questo prioritria para o Brasil.
Uma prova disso o recente convnio
firmado entre o Sebrae, a ABDI e a
ABIHPEC. Uma parceria que visa de-
senvolver aes integradas ao Plano de
Desenvolvimento Setorial desse seg-
mento, que hoje ocupa a quarta posio
no mercado internacional e contribui,
significativamente, para a economia do
pas. O objetivo desenvolver toda a
cadeia produtiva e tornar o setor mais
competitivo, garantindo seu acesso
tecnologia, s novas tendncias de produ-
o e adequando-o s exigncias sanit-
rias e de biodiversidade. O Sebrae acredi-
ta muito nas micro e pequenas empre-
sas. Afinal, so nos menores frascos que
esto os melhores perfumes.
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
36/64
36
S E B R A E c o s m t i c o s
AAlavancar a indstria de cosmticos significaapoiar as micro e pequenas iniciativas. Osnmeros confirmam que 95% das 1.415 em-presas do setor no Brasil so constitudas por micro,
pequenas e mdias empresas. Entretanto, eles s res-
pondem por 28,3% do faturamento total dos negcios.
Diminuir essa lacuna um dos desafios do Sebrae
Nacional, que passou a atuar na indstria da beleza apartir de 2005.
O que se observa na indstria de produtos de
higiene pessoal, perfumaria e cosmticos se repete
em outros setores. As pequenas empresas formam a
grande maioria, so responsveis por notvel oferta
de empregos, mas no possuem faturamento expres-
sivo. No entanto, existe potencial de expanso signi-
ficativo. O nosso objetivo potencializar e aumen-
tar a participao das MPE no setor, afirma Miriam
Zitz, gerente da Unidade de Atendimento Coletivo
Indstria do Sebrae Nacional.
Outro desafio importante manter a taxa de inovao
no setor que, segundo o IBGE, de 89,66%. Isso significa
que, de cada 100 empresas de cosmticos que lanaram
um produto no ano passado, quase 90 devem modificar
alguma coisa nas suas marcas neste ano. A gerente do
Sebrae destaca que esse aspecto fundamental para amanuteno e o crescimento das empresas, pois o con-
sumidor brasileiro est cada vez mais exigente: O elo da
cadeia de cosmticos o elo do consumo. Pelo consumo
se mantm as relaes das instituies como indstria
e produo de insumos at os prestadores de servio.
Levantamentos realizados pela Abihpec em alguns
Ncleos Regionais indicam que grande parte das pe-
quenas empresas no segue os princpios de boas pr-
ticas de fabricao e controle. Alm disso, a escassez
Sebraeapia
MPEsda indstriade beleza
Mrcia Gouthier/ASN
Sebrae, Abihpec e ABDI assinam convnio para fortalecer a participao das micro e pequenas empresas na indstriade produtos de higiene, perfumaria e cosmticos
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
37/64
37
S E B R A E c o s m t i c o s
de profissionais capacitados e as dificuldades de ade-
quao dos processos produtivos s normas vigentes
so entraves decisivos para as MPEs. Diante dessa rea-
lidade, como vencer esses desafios?
Plano de Desenvolvimento SetorialO Plano de Desenvolvimento Setorial de Cosmti-
cos (PDS) foi a alternativa encontrada pelo Sebrae para
superar as dificuldades dos micro e pequenos empre-
endimentos que atuam na cadeia produtiva da inds-
tria da beleza. A gerente da Unidade de Atendimento
ColetivoIndstria do Sebrae Nacional ressalta que o
projeto de cooperao visa a conscientizar as peque-
nas empresas sobre a importncia de se adotarem as
boas prticas de fabricao e uma gesto empresarial
profissional e moderna. Queremos tambm difundir asnoes de regularizao sanitria, uso sustentvel da
biodiversidade brasileira, proteo do meio ambiente e
produo mais limpa, acrescenta Miriam Zitz.
Outro componente importante do Plano de Desen-
volvimento Setorial so os programas de capacitao
que fornecem orientaes para o registro das empresas
na Anvisa, formulao de produtos e gerenciamento
de custos. A gerente do Sebrae lembra que os semin-
rios de Boas Prticas de Fabricao, as rodadas de dis-
cusso sobre regulamentos internacionais e os eventossobre promoo comercial so outras ferramentas for-
necidas para as empresas alavancarem seus negcios
e aumentarem a competitividade do setor.
A consultora de Desenvolvimento Industrial da ABDI,
Jnia Casadei, lembra que uma das estratgias de ao
do plano a gesto do conhecimento. Vamos fazer que
cheguem s pequenas empresas, por meio de revistas e
publicaes tcnicas com linguagem diferenciada, in-
formaes que ajudem essas empresas a direcionar seus
investimentos, mesmo que sejam pequenos, afirma.Na primeira etapa foram priorizados os estados de Mi-
nas Gerais, Cear, Bahia e So Paulo porque j estavam
mobilizados. Na seqncia, Gois, Pernambuco, Par,
Paran, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e So Paulo
Campinas e Ribeiro Preto tambm sero priorizados.
A partir de visitas de sensibilizao do projeto se-
ro desencadeadas aes de capacitao tcnica, ges-
to de conhecimento, gerenciamento ps-consumo e
produo mais limpa. Na ltima etapa, as unidades
estaduais do Sebrae podero desenvolver projetos fina-
lsticos, adensando, dessa forma, o PDS.
O ponto de partida para viabilizar as aes estaduais
o investimento na construo de parcerias locais. O
leque dos parceiros do Sebrae nos estados inclui gover-
nos estaduais, prefeituras municipais, agncias regionaisde fomento, organizaes representativas da indstria e
do comrcio, alm de outras instituies que conheam
a realidade local e possuam canais de dilogo com as
pequenas e as microempresas do setor.
Unio de expertises
A parceria extremamente positiva porque une
a experincia e a inteligncia das trs instituies. A
Abihpec detm o conhecimento tcnico e a maior
entidade representativa da classe empresarial do setor.J o Sebrae atua diretamente com as empresas de pe-
queno porte e domina a metodologia de capacitao
nas reas de gesto financeira, administrativa e merca-
dolgica. A ABDI, por sua vez, est diretamente ligada
gesto da execuo da poltica industrial do governo
federal. Queremos realmente que as micro e peque-
nas empresas deste setor possam aproveitar a chan-
ce que est sendo dada por meio dessas parcerias,
conclui Miriam Zitz.
Eugnio Novaes/ASN
Miriam Zitz:queremosaumentar aparticipaodas MPEs no setorde cosmticos
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
38/64
38
S E B R A E c o s m t i c o s
NNo basta se preocupar apenas com a belezados consumidores. A indstria de higienepessoal, perfumaria e cosmticos tambmtem de cuidar do meio ambiente. A Abihpec est con-
vencida de que o setor deve ser ecologicamente corre-
to e, por essa razo, lanou, em 2005, o Guia Tcnico
Ambiental da Indstria de Higiene Pessoal, Perfumaria
e Cosmticos por uma Produo + Limpa (P+L). O tra-balho foi feito em parceria com a Companhia de Tec-
nologia e Saneamento Ambiental (Cetesb) de So Paulo
e sua proposta conscientizar os empresrios do setor
sobre a aplicao de boas prticas de fabricao.
O objetivo do guia reduzir os riscos de aciden-
tes ambientais e fornecer aos fabricantes informaes
e orientaes tcnicas para melhorar e otimizar os
processos de gesto e produo. O conceito de P+L
novo, mas o tema bem conhecido por todos que
defendem o desenvolvimento sustentvel e a preser-
vao do meio ambiente. Trata-se de procedimentos,
muitas vezes simples, que, incorporados ao dia-a-dia
da produo industrial, podem melhorar a qualidade
dos produtos e reduzir os custos.
B-a-b da produo + limpa
A cartilha apresenta o passo-a-passo para a adoodos critrios de P+L. So prticas que vo desde o cui-
dado com a higiene pessoal dos funcionrios, passan-
do pela manipulao de equipamentos, conservao
de matrias-primas e reutilizao de recursos at pro-
cessos mais complexos, como separao de resduos
que podem comprometer o meio ambiente. O material
ser distribudo para todos os associados da Abihpec e
divulgado nos Ncleos Regionais assistidos pela parce-
ria com a ABDI e o Sebrae.
Indstriaecologicamente correta
Adotar boas prticas de produo, reduzir o volume do lixo, investir na reciclagem,firmar convnio com prefeituras e associaes de catadores: os fabricantes decosmticos se conscientizam da importncia de proteger o meio ambiente.
que Matute/ASN
-
7/24/2019 Beleza Que Gera Riqueza_Sebrae
39/64
39
S E B R A E c o s m t i c o s
Projeto piloto em Santa CatarinaAps escolher Santa Catarina para inaugurar e testar o programa, a Abihpec montou uma parce-
ria com a Fundao Banco do Brasil, cooperativas e o Senac e lanou, em abril deste ano, o projeto
nos municpios de Blumenau, Florianpolis, Joinville, Lages e So Bento do Sul. A experincia sermuito rica, vamos divulgar e fazer um trabalho didtico de orientao sobre como reaproveitar asembalagens, explica Joo Carlos Basilio, presidente da Abihpec.
O projeto prev, ainda, a divulgao de tcnicas apropriadas para a gesto de resduos slidos ea liberao de recursos para aquisio de equipamentos, como moedores e esteiras para a seleodo lixo. Os sistemas municipais de coleta seletiva j aderiram e oito associaes e cooperativas decatadores esto sendo capacitadas pelo Senac.
A criao dos espaos e o fornecimento da infra-estrutura ne