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carta convocatória Por una liderança que gera vida Suscitar a vitalidade do carisma e da missão marista, hoje Irmão Seán D. Sammon, FMS Em 7 de outubro de 2004 Festa de N. Sra. do Rosário

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carta convocatória

Por una liderançaque gera vida

Suscitar a vitalidade do carisma e da missão marista, hoje

Irmão Seán D. Sammon, FMSEm 7 de outubro de 2004Festa de N. Sra. do Rosário

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Seán D. Sammon SGPor uma liderança que gera vidaSuscitar a vitalidade do carisma e da missão maristahojeConferência Geral 2005 - Carta convocatóriaRoma, 07 de outubro de 2004

Título original inglês:Life-giving LeadershipFostering vitality in Marist life and ministry todayGeneral Conference 2005 - Letter of convocation

Tradução:Manoel Soares fms

Editor:Instituto dos Irmãos MaristasCasa GeralRoma, ITÁLIA

Redação e Administração:Irmãos MaristasPiazzale Marcelino Champagnat, 200144 Roma, ITÁLIATel. (39) 06 545171Fax. (39) 06 [email protected] www.champagnat.org

Diagramação e Fotolitos:TIPOCROM S.R.L.Via G.G. Arrivabene, 2400159 Roma, ITÁLIA

Impressão:C.S.C. GRAFICA, S.R.L.Via G.G. Arrivabene, 2400159 Roma, ITÁLIA

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O Caminho não Escolhido

Dois caminhos bifurcavam num bosque outonal,lamentando não poder seguir os doise sendo apenas um caminhante, indeciso,fiquei muito tempo parado a explorar, com o olhar,aquele que se perdia no fundo da mata.Então segui o outro, como sendo mais merecedorou tendo talvez melhor perspectiva,porque coberto de mato e querendo uso,embora os que por lá passaramos tenham percorrido de igual forma.E ambos se ofereciam nessa manhã,com suas folhas que passo nenhum pisou.Oh, guardei o primeiro para outro dia!Embora sabendo que todo caminho leva para longe,e duvidasse que algum dia pudesse aqui voltar.Direi isto suspirando,Daqui a muitos anos depois:Dois caminhos se separavam num bosque.E eu..., eu escolhi o menos percorrido:E isto faz toda a diferença.

Robert Frost

Nota do Trad. : É importante que o leitor conheça a priori a análise que o au-tor fazia sobre a tradução desse poema : “ A poesia, é aquilo que se perdeu durantea tradução. ” (R. Frost)

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CARTA CONVOCATÓRIA ÀCONFERÊNCIA GERAL, EM 2005

7 de outubro 2004Festa de N. Sra. do Rosário

Caros Irmãos Provinciais,Superiores de Distrito, Irmãos,e todos que amam o carisma deMarcelino Champagnat e o cul-tivam como um dom precioso.

O hábito de nos reunirmoscomo Irmãos, para discutir nos-sa vida, nossa missão e a orienta-ção futura do nosso Instituto, re-monta ao tempo do Fundador.Seus biógrafos nos lembramque, desde a crise das vocações,em 1822, Marcelino estabeleceuesse hábito de reunir os Irmãosmais experientes da comunidadepara aconselhar-se com eles.

O Fundador sabia, intuitiva-mente, que esse tipo de colabo-ração alimentava o espírito decaridade, encorajava a reflexão,a partilha, e conduzia a umamaior unidade. Todas essas coi-sas enchiam o Padre Champa-

gnat de grande alegria, quandoas encontrava nos seus irmãos.

É, pois, neste mesmo espíritoque eu escrevo, hoje, para convi-dar nossos Irmãos Provinciais enossos Superiores1 de Distritopara a nossa sétima Conferênciageral. O encontro acontecerá emColombo, Sri Lanka, de 5 a 30de setembro de 2005.

Nossas Constituições e Esta-tutos nos dizem que a Conferên-cia geral é uma assembléiaconsultiva que tem um duploobjetivo: Primeiramente, ela nosoferece a oportunidade de refor-çar a unidade no Instituto. Se-gundo, ela permite a todos quedela participam, a possibilidadede estudar questões de interessegeral e de propor soluções.

CARTA DE CONVOCAÇÃO

Esta carta está dividida emtrês partes. A primeira contémum breve histórico das Conferên-cias gerais passadas. Mesmo que

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1 Se os Estatutos do Distrito prevêem

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os Superiores gerais tenhamconvidado para estar em Roma,grupos de Provinciais e Super-iores de Distrito, antes do Vati-cano II, a estrutura que nós te-mos agora, e que chamamos deConferência geral, é um fenô-meno pós-conciliar.

A segunda parte da carta, Ex-pectativas, Desafios e Sinais dostempos, compõe o coração. Eu

lanço duas questões, às quais eumesmo respondo: Racionalmen-te, o que podemos esperar de umaConferência geral? (e), Quais sãoos desafios que nosso Institutodeve levar em conta, hoje?

Uma última parte, sobre a Li-derança marista, conclui esta car-ta de convocação. No apêndice,vocês encontrarão detalhes práti-cos que lhes ajudarão a se prepa-rar para a Conferência, além deinformações sobre o Sri Lanka.

Três séries de questões, pararefletir, estão distribuídas ao lon-go do texto. Elas ajudarão vocêsa conhecer as próprias reaçõesdurante a leitura desta carta. Éimportante reservar tempo e es-crever, sobre o papel, suas idéiase impressões; essas notas lhesserão úteis por ocasião das dis-cussões posteriores, que po-derão surgir sobre o conteúdoda carta. Dito isto, comecemoscom um breve histórico dasConferências gerais passadas.

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CONFERÊNCIAS GERAISANTERIORES

Mesmo que nosso Institutotenha tido sempre a tradição deconsultar, as Conferências geraisnão são uma prática muito anti-

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A Conferência geral é umaassembléia consultiva quenos oferece a oportunidade dereforçar a unidade noInstituto e permite a todosque dela participam, apossibilidade de estudarquestões de interesse geral ede propor soluções.

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ga. Este costume começou pra-ticamente quando o IrmãoCharles Raphaël e seu Conselhodecidiram convocar a Roma osresponsáveis do Instituto, porduas vezes: a primeira em 1961,e a segunda em 1965.

No final do Concílio Vatica-no II, os encontros de Provin-ciais e de Superiores de Distrito,com os membros da Adminis-tração geral, adotaram uma for-ma mais estruturada. O que nóschamamos hoje a Conferênciageral é um bom exemplo dessaevolução. Vejamos como esteencontro teve início e cresceu,segundo um modelo que nos éatualmente familiar.

a. Em 1971, o Irmão BasílioRueda e seu Conselho convoca-ram a primeira Conferência ge-ral. Ela durou 19 dias e foi aber-ta com uma mensagem intitula-da: Meditação, em alta voz, deum Superior geral a seus IrmãosProvinciais. Ela abordou as cin-co maneiras diferentes de enten-der a renovação marista.

Seguiu-se depois um tempointenso de trabalho. Aqueles

que estavam reunidos participa-ram de uma oficina de três dias,sobre dinâmica de grupo, e es-tudaram os cinco temas apre-sentados pelo Ir. Basílio, porocasião da sua mensagem deabertura. Durante o encontro, aexpressão missão ad gentes co-meçou a ser usada, assim comoas novas orientações para a for-mação. Finalmente, foi encora-jada a formação de grupos re-gionais e lingüísticos.

Para começar, os Provinciaisforam convidados a prepararum relatório, a partir das suasreflexões e esforços vividos du-rante o período de experimenta-ção, dado à vida religiosa, de-pois do Concílio.

b. Os participantes da 2a.Conferência geral, em 1974,concentraram seus esforços napreparação do próximo Capítu-lo geral. Objetivando a prepara-ção, os Provinciais foram convi-dados a reunir dados sobre asnumerosas experiências comu-nitárias e apostólicas, desenvol-vidas na sua Unidade Adminis-trativa.

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O método ver/julgar/agir foiutilizado pela primeira vez, du-rante essa Conferência. A reu-nião terminou com duasgrandes recomendações: umapara a Comissão preparatóriado Capítulo geral de 1976, e aoutra para o Superior geral e seuConselho, sobre o tema da reno-vação da vida marista.

c. A Conferência de outubrode 1979 durou duas semanas. Osparticipantes fizeram um esforçopara avaliar o progresso da reno-vação em suas Províncias. Emvista do futuro Capítulo geral de1985 e do trabalho para terminaro texto das nossas Constituições eEstatutos, o Conselho geral daépoca procurou assegurar-se deque o tema da experiência práti-ca dos irmãos, durante os últi-mos quinze anos de renovação,faria parte das discussões que es-tavam previstas.

Quem observar o trabalhodessa Conferência perceberáque os membros eram cada vezmais conscientes da necessidadede aprofundar o tema da identi-dade do Irmão Marista atual.

Isso ajuda, talvez, a explicar

o intenso espírito de oração quemarcou particularmente essaConferência geral. O horárioprevia uma hora de oração pes-soal e o Irmão Basílio dedicousua mensagem de encerramentoa este tema. Além do mais, umamanhã da Conferência foi reser-vada para o Fundador e umaoutra para Maria.

d. A quarta Conferência ge-ral, em 1982, se estendeu porquatorze dias. Os participantesdesejavam avaliar o período deexperiência, acorrido depois doConcílio Vaticano II, e encon-trar os meios para revitalizar oespírito apostólico que sempremarcou nossa vida de irmãos.Uma vez mais, o encontro foimarcado pelo espírito de ora-ção; a primeira hora de trabalhode cada dia era reservada à re-flexão pessoal e à oração.

e. A quinta Conferência geralcoincidiu com o 200°. aniversáriode nascimento do Fundador e o150°. aniversário da sua morte.Era também a primeira Confe-rência a acontecer fora de Roma.

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Os participantes se reuniram emVeranópolis, Brasil, em fins de se-tembro de 1989. O tema daConferência foi: “A Missão doIrmão Marista para o dia deamanhã.” Um pequeno grupo dejovens irmãos havia sido convida-

do para esse encontro, e perma-necerem até ao fim do mesmo.

f. A sexta Conferência geralvoltou a ser realizada em Roma,em 1997, após os assassinatosdos Irmãos Fabien Bisengimana,Gaspard Gatali, ChristopherMannion, Pierre-Canisius Nyi-linkindi, Étienne Rwesa, JosephRushigajiki, e Henri Vergès, em1994, e aqueles mais recentes, de1996, quando foram mortos os

Irmãos Miguel Angel Isla, Fer-nando de la Fuente, ServandoMayor e Julio Rodríguez.

Os membros da Conferênciaestavam decididos a tomar as de-cisões necessárias para a refunda-ção do nosso Instituto. A mensa-gem inaugural do Irmão Benitofoi um apelo incisivo para iniciar-mos esse processo. Essa mensa-gem veio a ser o objeto de suaprimeira Circular, intitulada: “Ca-minhar em paz, mas depressa.”

Em resumo, quatro elemen-tos-chave emergem dessa re-visão das Conferências gerais,depois do Vaticano II:

1. Encontramos no coraçãode cada Conferência um temaque teve um efeito importante edurável sobre nosso Instituto,pouco importando se ele tenhasido mencionado explicitamen-te ou não.

2. Ele foi fundamental para osucesso da Conferência e paraenvolver seus membros na suapreparação.

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Nós somos um Institutointernacional, há maisde um século, mas nemsempre nos comportamoscomo tal...

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3. Encontramos cinco etapaspara planejar e executar o tra-balho das Conferências ante-riores: estudo, consulta, planeja-mento, divulgação da informa-ção e avaliação.

4. Concedendo um espaçoprivilegiado à oração pessoal ecomunitária, dando o tempo eos meios necessários para asconversas informais e frater-nas, os organizadores conse-guiram fazer com que asConferências atingissem seusobjetivos, permitindo que osseus membros fossem os atoresde um momento determinante,no trabalho de liderança doInstituto.

Guardando esses quatropontos em nossa mente, volte-mos nossa atenção para as ex-pectativas da próxima Confe-rência e sobre os desafios que oInstituto deverá enfrentar.

PP AA RR TT EE II II

EXPECTATIVAS

Exatamente dentro de umano, no dia 7 de setembro de2005, nossa 7a. Conferência ge-ral fará parte já do passado. Noentanto, tudo o que dissermosdurante a sua realização, seráfundamentado sobre o que vo-cês e eu fazemos hoje. Queiram,pois, juntar-se a mim e aos mem-bros da comissão preparatória2,para organizar um encontro doqual nos recordaremos comoum momento determinante,nesses anos importantes de re-novação do nosso Instituto.

É bem verdade que umaConferência não é um Capítulogeral. Nela iremos encontrarmuitas atividades comuns àsConferências precedentes: umaalocução sobre a situação atualdo Instituto, relatórios das diver-

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2 Irmãos Luis Garcia Sobrado, Pedro Herreros, Mervyn Perera, Peter Rodney,Jean Ronzon.

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sas Comissões do Conselho, etc.Mas nada nos impedirá de in-cluir, na ordem do dia, outros as-suntos mais ambiciosos do queuma simples avaliação ou corre-ções feitas no meio do percurso.

O atual estilo de vida maristatambém pede que façamos isso.Nosso Instituto enfrenta atual-mente desafios para os quais nãotemos respostas claras e simples.Por exemplo, encontramos entrenós diferentes opiniões sobre as-suntos como a formação, a nature-za e essência do nosso apostolado,a regionalização e a reestrutura-ção, apenas para nomear alguns.

Nós também deveremos conti-nuar indo adiante, com coragem,porque temos sido agraciadoscom muitos sinais de esperança,particularmente durante estes úl-timos anos. Por exemplo, a partirde 1997, o número de irmãos,que cada ano fazem sua primeiraprofissão no Instituto, tem au-mentado progressivamente, e émaior do que o número daquelesque pedem dispensa dos votos.

Em seguida, a partir do Capí-tulo de 1985, iniciamos uma no-va fase de parceria marista com

os leigos. Grande é número da-queles que se engajaram conosconesse trabalho e que desenvolve-ram a convicção de que o caris-ma dado à Igreja através de Mar-celino, também lhes pertence.

Enfim, eu recebi mais de 300respostas à minha carta aos irmãosidosos. Todos os meus correspon-dentes, exceto dois, afirmam que,se fosse possível, eles viveriam no-vamente sua vida marista.

DESAFIOS

Esses sinais de vida e tantosoutros acontecimentos esperanço-sos no Instituto no decurso destesúltimos anos, deveriam todos nosencorajar e nos dar a força paraenfrentar os desafios que nos pa-recem hoje os mais evidentes.

Durante os períodos ante-riores de renovação da vida reli-giosa, encontrávamos regular-mente três características nessesInstitutos que se transforma-ram, com a graça de Deus. Pri-meiro, os membros desses gru-pos passaram por uma impor-tante conversão pessoal. Jesus se

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tornou verdadeiramente o cen-tro e a paixão de suas vidas.

Segundo, eles não somenteretomaram o carisma do seuFundador, mas também o puri-ficaram dos resíduos da história.Assim o carisma do grupo tor-nou-se mais adaptado para umnovo momento histórico.

Terceiro, os membros desses

grupos souberam ler os sinaisdos tempos, com audácia.

Se o primeiro elemento – cen-trar-se sobre Jesus e a Boa Nova– é essencial a todo processo derenovação, os outros dois sãotambém importantes. No entan-to, em uma época como a nossa,

quando o modelo de vida religio-sa exige mudanças, temos a ten-dência de colocar a ênfase sobrea necessidade de ler os sinais dostempos, mais do que reivindicaro carisma do fundador. O caris-ma é mais evidenciado em tem-pos de reforma. E hoje nós te-mos necessidade de certas mu-danças que poderíamos qualifi-car de revolucionárias.

Eu acredito que os cinco ape-los do último Capítulo geral re-fletem claramente os três elemen-tos que acabo de mencionar.Além do mais, eu creio que senós negligenciarmos os cinco si-nais dos tempos discutidos maisadiante, seremos deficientes emnosso trabalho de renovação e, fi-nalmente, seremos levados a trairo espírito do XX Capítulo geral.

SINAIS DOS TEMPOS

Primeiro, nós somos um Insti-tuto internacional, há mais deum século, mas nem sempre noscomportamos como tal. A diver-sidade caracteriza naturalmentetodo Instituto que seja assim tão

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Nós afirmamos aimportância da “missãoad gentes”, no entanto,este aspecto fundamentalde nossas vidas estáprogressivamenteperdendo sua força nessesúltimos anos.

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espalhado quanto o nosso. Estefato tem repercussões sobrenossa autocompreensão e o sen-tido que damos à identidade, àestima e à prática de nossa espi-ritualidade, à estrutura de nossavida comunitária, nossa missãoe nossos esforços em favor dospobres e dos jovens, e nossavisão sobre os programas de for-mação inicial e permanente.

Hoje, presentes em 76 países,nossos membros representamvárias culturas, línguas, expe-riências de fé, sistemas jurídicose concepções de mundo. Estasdiferenças são, freqüentemente,muito evidentes dentro de ummesmo país e de uma mesma

cultura. No entanto, a diversida-de não deveria corresponder auma falta de unidade, e nós de-veríamos também nos lembrarque a unidade é raramente al-cançada pela uniformidade.

Mesmo que um pouco vela-da, a crença errada de que cer-tas culturas seriam superiores aoutras persiste ainda no mundo.Infelizmente, essa atitude podetambém, por vezes, atingir a vi-da do nosso Instituto. E mesmoaqui, nós encontramos precon-ceitos em todas as culturas.

Isso gera, no entanto, incom-preensões e julgamentos inexa-tos sobre as intenções do outro.Continuar com esse modo de

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Orientações : Procure um lugar tranqüilo onde você possa re-fletir sobre o que leu até o momento. Faça as anotações que jul-gar importantes para discussões futuras. Depois, reflita sobre asquestões seguintes:

Considerando os frutos da próxima Conferência geral: a. Qual é a sua maior esperança ? Explique.b. Qual é o seu maior temor ? Explique.

Questões para refletir :Questões para refletir :

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ser nos colocaria em contradi-ção com o espírito de fraterni-dade e nos privaria da oportuni-dade de apreciar o caráter únicode cada cultura e sua contribui-ção para todos no Instituto.

É importante, pois, que nosperguntemos se hoje estamosprontos a assumir o risco deuma verdadeira diversidade,acreditando que é possível man-ter a unidade. Será que é possí-vel, você e eu, apreciarmos e re-speitarmos mais a natureza mul-ticultural do nosso Instituto e,mais importante ainda: somoscapazes de escutar-nos uns aosoutros sem preconceito? Esta-mos dispostos a fazer isso quan-do discutirmos sobre missão, es-piritualidade, parceria com osleigos, formação, uso evangélicodos bens e vida comunitária?

Um exemplo. Os temas daidentidade e da espiritualidadecativaram o coração dos partici-pantes do XX Capítulo geral.

Eles perceberam também a ne-cessidade de melhor defini-los.Mas nós fracassaremos nessaempreitada, a menos que aceite-mos de fazer avançar estes te-mas a partir de uma perspectivaque, não somente aceite as dife-renças, mas as respeite.

Com efeito, a palavra identi-dade pode assumir várias signi-ficações diferentes segundo asculturas. A mesma coisa pode-se dizer da nossa experiência deDeus, que varia de uma pessoapara outra, segundo nossos gru-pos de idade, nossas diversastradições e costumes.

Em 1978, durante uma brevealocução na Weston School ofTheology, o jesuíta Karl Rahnersugeriu que nossa Igreja enfren-taria um desafio semelhante emnosso tempo: passar de umaIgreja dominada pelo pensa-mento ocidental, para uma Igre-ja que tem uma perspectiva ver-dadeiramente católica.3

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3 Para saber mais sobre o assunto, ver: Karl Rahner, “Towards a FundamentalTheological Interpretation of Vatican II,” Theological Studies 40(4), December1979, e “Planning the Church of the Future,” Theology Digest 30(1), Spring 1982.

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Rahner comparava o desafioque enfrentamos hoje àqueledos primeiros cristãos, quandopassavam do mundo da Cristan-dade judia, voltado sobre elesmesmos, para aquele do Impé-rio romano. Essa mudança foidifícil para muitos; no entanto,vivificante para todos. Espera-mos que nosso próprio camin-har seja também fecundo.

Segundo, nós afirmamos aimportância da “missão adgentes”, no entanto, este aspectofundamental de nossas vidas estáprogressivamente perdendo suaforça nesses últimos anos. Aquitambém, a conseqüência dessasituação é evidente: um declíniodo espírito missionário quesempre marcou nosso Instituto.

Os biógrafos de Marcelinonos falam do seu ardente desejode tornar-se missionário e, senão fosse por razões de saúde ede obediência, ele teria sido umdeles. Ele era frágil de saúde eobedeceu ao Padre Colin quelhe pediu para continuar diri-gindo o Instituto que havia fun-dado. No entanto, desde a nos-sa fundação, numerosos Irmãos

deixaram seu país de origem pa-ra fazer ressoar a Palavra deDeus em novas terras.

Algumas vezes fomos mis-sionários sem que desejássemosisso. As leis Combes, aplicadasna França na aurora do últimoséculo, dispersaram perto de900 Irmãos por todas as regiõesdo mundo. Um número quaseigual de irmãos ficou na Françapara manter o Instituto, comoum recurso extraordinário aoserviço da evangelização naIgreja local.

Dito isto, devemos reconhe-cer que nosso espírito para amissão ad gentes tem necessida-de de ser reforçado em nossosdias. Ainda que no decurso dosúltimos anos tenhamos realiza-do novas fundações na Argélia,no Chade, Cuba, Timor Leste,Guiné Equatorial, no Haiti, emHonduras, na Hungria, na Libé-ria e Romênia, alguns desses es-forços sofreram contratempos.Alguns irmãos pouco prepara-dos, deixaram o Instituto; ou-tros se desencantaram. Mesmoque cada uma dessas missõescontinue existindo, sua vitalida-

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de futura e sua viabilidade de-penderão dos esforços de cadaum de nós.

A missão ad gentes assume,de mais a mais, um rosto novoem nosso Instituto: sem nossoapoio, algumas Províncias vãose apagar como um pequeno fo-

go. A reestruturação foi realiza-da para ajudá-las, mas uma aju-da adicional pode se tornar ne-cessária, incluindo também umaajuda de pessoal. Nossas Consti-

tuições e Estatutos são claros: asProvíncias têm a obrigação deassistir aquelas que estão em di-ficuldade.

Mesmo que uma próximacircular sobre a missão, as obrasdos Pequenos Irmãos de Maria, eos João Batista Montagne de hojeaborde certos aspectos damissão ad gentes, eu sugiro queesse tema seja um entre os quemerecem um estudo mais apro-fundado, na Conferência dopróximo ano.

Terceiro, mesmo que já ten-hamos discutido e escrito sobreesse assunto quase no final doVaticano II, a simplicidade devida e nosso apelo para servir ospobres continuam pedindo nos-sa atenção.

Em 1993, os capitulares en-viaram a seguinte mensagem aoInstituto: O Capítulo pede aoInstituto que se comprometa,prioritariamente, com os maispobres.4 Com isso, eles recorda-

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Não resta nenhuma dúvidaque sejamos chamados aviver a simplicidade.Também não temos maisnecessidade de acumularprovas: nós somoschamados neste momento, afazer a opção pelos pobres.

4 Atas do XIX Capítulo Geral, Mensagem do XIX Capítulo Geral a todos osIrmãos, n. 27, Roma, outubro de 1993.

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vam ao mesmo tempo umprincípio da mensagem evangé-lica, as palavras de vários papase os numerosos documentos doInstituto.

Durante os últimos 40 anos,nós nos esforçamos para melhorcompreender o que significa a sim-plicidade de vida e o serviço aospobres, nas numerosas e diversasculturas que compõem o Instituto.

Na busca desse intento, ostemperamentos muitas vezes seinflamaram, de maneira quemuitos guardam o sentimento deque seu trabalho não foi aprecia-do, enquanto outros manifesta-ram sua frustração face a umaaparente hesitação da suaProvíncia ou Distrito, em agir demaneira decisiva – alguns diriamprofética - nas questões relativasao apostolado e à comunidade.

Não resta nenhuma dúvidaque sejamos chamados a viver asimplicidade. Também não te-mos mais necessidade de acu-mular provas, enquanto religio-sos e irmãos de Marcelino, quepartilham seu carisma: nós so-mos chamados neste momento,a fazer a opção pelos pobres.

No entanto, não seremos ca-pazes de tornar visível essa im-portante dimensão de nossas vi-das, hoje, se não iniciarmos umareflexão franca e fraterna sobreessa questão

Enquanto Instituto, Provín-cias e Distritos, temos a respon-sabilidade de administrar nos-sos recursos para o bem damissão. Foi sobre isso que oespírito guiou os membros doúltimo Capítulo, quando eles es-tabeleceram o Fundo do XXCapítulo geral. Foi esse mesmoespírito que deu origem ao do-cumento sobre o uso evangélicodos bens, que continua ajudan-do os irmãos de várias Provín-cias e Distritos.

Em resumo, no Instituto,compreendemos de maneira di-ferente a simplicidade de vida eo serviço aos pobres. Essas dife-rentes concepções são muitasvezes determinadas pelas cir-cunstâncias de cada UnidadeAdministrativa, por vezes, tam-bém, pelas circunstâncias de vi-das individuais. O rosto dospobres difere de uma região pa-ra outra, de um país para outro

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e mesmo no interior de um mes-mo país. Assim, nós não pode-mos deixar de estudar esse temae, mais importante ainda, defazê-lo de maneira decisiva eprofética.

Quarto, mesmo que várias in-iciativas, boas e úteis, estejamsendo desenvolvidas para a for-mação inicial em certas regiõesdo Instituto, existe também dife-rentes opiniões e pontos de vistacontraditórios quanto à melhormaneira de realizar esse impor-tante trabalho.

Como eu já mencionei antes,depois de vários anos, o númerode irmãos que emitem seus pri-meiros votos tem sido regular-mente superior àquele dos quepedem dispensa. E isso é umaboa notícia.

Essa tendência, no entanto,não é uma realidade em todas aspartes do Instituto. Há Provín-cias que não têm recebido um sópostulante ou candidato, há vá-rios anos. O período de 12 mesesque reservamos, este ano, para odespertar das vocações, não ésenão um dos esforços realizadospara mudar essa situação.

Há, também, Províncias on-de os irmãos deixam o Institutopouco tempo depois da primei-ra profissão. Seguramente, seum jovem ou um candidatomais maduro foi aceito à primei-ra profissão, acredita-se, emprincípio, que ele tenha o po-tencial para vir a ser um bomirmão. Devemos, pois, identifi-car claramente as causas pelasquais os jovens irmãos partem etomarmos as medidas necessá-rias para remediar essa situação.

Eu percebo também que ho-je, no Instituto, entendemos aformação inicial de maneiras di-ferentes. Por exemplo, há umadiscordância de opinião quantoà formação teológica mais apro-priada para os candidatos e osjovens irmãos, quanto à influên-cia das ciências humanas na for-mação, quanto ao melhor meiogeográfico para uma casa de for-mação. Mesmo que tal situaçãoseja previsível, os grandes obje-tivos da formação devem ser re-speitados quando tomamos umadecisão.

Inicialmente, nossa primeiraidentidade de irmão é uma iden-

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Page 19: Por una liderança que gera vida - Marist Brothers · Por uma liderança que gera vida 6 A Conferência geral é uma assembléia consultiva que nos oferece a oportunidade de reforçar

tidade religiosa. Nossa prepara-ção teológica, durante a forma-ção, deveria ser, pois, estimulan-te, contemporânea e completa.Não podemos compreenderbem a cristologia, os sacramen-tos, a mariologia, a moral, as Es-crituras, os dogmas, o apostola-do dos jovens, a catequese, etc.,fazendo apenas uma série decursos rápidos. Pelo contrário,temos necessidade de um pro-grama completo que prepare osjovens irmãos a serem arautosda Palavra de Deus, hoje.

Vale também a pena que nósdiscutamos o papel das ciênciashumanas na formação. A psico-logia, a sociologia e a antropolo-gia têm acompanhado os reli-giosos e religiosas em seus pro-cessos de renovação.

A formação é essencialmenteum itinerário espiritual. Os can-didatos e os postulantes, e maistarde os noviços e os professostemporários, são envolvidosnum processo de discernimen-to. Eles devem ser capazes dedescobrir a vontade de Deus,em sua vida.

Dificilmente podemos imagi-

nar uma formação equilibradasem incluir a dimensão psicoló-gica da pessoa. Não somente osjovens irmãos, mas nós todosnecessitamos de uma com-preensão clara da nossa identi-dade pessoal, das motivaçõesque nos conduziram à vida reli-giosa e que nos ajudaram a per-severar, de uma apreciação denossa sexualidade e do conheci-mento da influência dos aconte-cimentos passados sobre nossavida atual.

No passado, pouco entendía-mos sobre a importância dasciências humanas em nossosprogramas de formação, e issopode causar, como de fato cau-sou, indizíveis sofrimentos a al-guns daqueles que viveram nos-so estilo de vida.

Nossa opinião quanto ao lu-gar onde devem ficar as casas deformação são muito diver-gentes, mesmo dentro de umamesma Província ou Distrito.Quando eu era jovem irmão emformação, vivi em diferentes co-munidades, o que ilustra bemesse aspecto.

Meu postulado e noviciado

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foram feitos numa granja emTyngsboro, Massachusetts. Lá,nós fazíamos nossos estudos deformação e um pouco de trabal-ho manual. Até hoje estou certode que não teria nenhuma difi-culdade para tirar leite de umavaca, limpar um galinheiro ouuma pocilga.

Ainda que Boston estivessesomente a 40 quilômetros aoNorte, nossos contatos com ou-tras pessoas, além dos nossoscompanheiros de postulantadoe noviciado eram tão raros, quepoderíamos dizer que vivíamosna lua. Isso para dizer quanto olugar era rural, isolado e livre detoda distração.

Em contrapartida, eu passeimeus três anos de profissãotemporária em uma comunida-de de inserção, no East Harlem,Nova Iorque. Durante essesanos a região era célebre pelotráfico de droga e pelo crime or-ganizado. Vários prédios, situa-dos na nossa rua, tinham sidoabandonados, roubados todosos objetos de valor e depois in-cendiados.

A maioria daqueles que com-

punham a comunidade ensinavanas escolas da Província da re-gião de Nova Iorque e trabalhá-vamos também com um grupocomunitário que reconstruía osedifícios do bairro. Minha lem-brança mais forte desses anos é

que, durante a maior parte dosinvernos, nós não tínhamos nemaquecimento nem água quente;uma situação difícil que par-tilhávamos com nossos vizinhos.

Eu não tenho a intenção dedefender nem essa nem aquelaconcepção, mas somente lem-brar que chegou o momento deavaliar completamente nossoprograma de formação, com umolhar positivo, e com o desejo

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Depois de vários anos, onúmero de irmãos queemitem seus primeirosvotos tem sidoregularmente superioràquele dos que pedemdispensa.

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de fazer, sendo necessário, osdevidos ajustes.

Quinto, enquanto irmãos eparceiros leigos maristas, nós co-meçamos um novo momento dahistória do Instituto e da suamissão. Vários se perguntam:“Onde estão as novas estruturas eo novo vocabulário necessário pa-ra nos ajudar a tratar dessas si-tuações?”.

Um pequeno grupo de lei-gos, homens e mulheres, foiconvidado para participar dosúltimos Capítulos gerais e daConferência de 1997. Sua pre-sença foi enriquecedora paraesses três encontros e serviu pa-ra lembrar, aos responsáveis,que a natureza e a missão donosso Instituto são mais amplas.

No final desses encontros, osirmãos participantes fizeramuma avaliação. A grande maio-ria disse que a presença dos par-ceiros leigos tinha sido um pas-so positivo. No que eu saiba,nenhuma avaliação escrita ofi-cial foi pedida aos leigos duran-te esses três encontros.

A participação dos leigos

nessas três reuniões foi um bominício, mas nós temos hoje ne-cessidade de algo mais. Primei-ramente, os grupos de leigos,homens e mulheres presentes,eram pouco numerosos e tin-ham sido escolhidos pelos Pro-vinciais e seus Conselhos, nasdiferentes regiões do Instituto.Por causa do tipo de reuniãodas diretivas de nossas Consti-tuições e Estatutos, a funçãodesses grupos era freqüente-mente limitada.

No Capítulo de 2001, algunsleigos presentes mencionaramde maneira informal que, aindaque sua presença nas reuniõesfosse um avanço positivo, novasestruturas seriam certamentenecessárias se nós fôssemos sé-rios, como Instituto, em relaçãoà parceria com os leigos. Pode-mos resumir esse desafio da se-guinte maneira: se vocês dese-jam ir adiante, ajudem-nos a nosorganizar de uma maneira quefavoreça uma representaçãomais efetiva e que permita umamelhor contribuição em nívellocal. É necessário criar estrutu-ras que favoreçam o diálogo

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neste nível, o que permitiria aformulação de propostas que se-riam enviadas para as reuniõesinternacionais, tais como oCapítulo geral e a Conferênciageral.

Esta recomendação me pare-ce sensata e eis porque, apósconsultar o Conselho geral, eudecidi de não convidar um pe-queno grupo de leigos para aConferência de Sri Lanka, dopróximo ano; mas antes, empreparação a essa reunião, es-crever a vocês para pedir quecoletem informações, idéias epropostas dos parceiros leigosda sua região, utilizando meiosidênticos ou semelhantesàqueles que vocês usam para osirmãos.

Encontros entre irmãos e lei-gos são comuns nos Distritos,Províncias e Regiões. Em outroslugares, encontros em pequenosgrupos ou/e questionários sãomais usados. Pouco importa omeio escolhido, mas venham àpróxima Conferência após ha-ver consultado anteriormente,não somente os irmãos da suasProvíncias ou Distritos, mas

também os parceiros leigos. Euespero assim proporcionar umaparticipação maior e mais ativados leigos em nosso Instituto etambém na Conferência.

Inspirados por esse mesmoprincípio, as Comissões daMissão e do Laicato do Consel-

ho geral preparou uma Assem-bléia internacional, dos irmãos eleigos, para 2007.

As palavras que acabo de di-zer sobre essas questões não sãoque uma introdução a umaconversa que deverá se prolon-gar durante os próximos meses.Estas não são decididamente asmelhores palavras e, estou certo,

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Chegou o momento deavaliar completamentenosso programa deformação, com umolhar positivo, e com odesejo de fazer, sendonecessário, os devidosajustes.

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que não são as últimas para pre-parar a Conferência.

Durante os próximos meses,quando o Conselho geral come-çar a rever os relatórios das visi-tas das Províncias, a avaliar no-vamente o trabalho que foi feitodurante as reuniões do Consel-ho geral ampliado, em todo o

Instituto, e que estará em conta-to direto com vocês, a fim demelhor conhecer as preocupa-ções atuais e os desafios que jul-garmos mais importantes, eu seique a pauta de nossa reunião to-mará forma sobre uma basemais sólida.

Hoje, ainda, eu gostaria de

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Orientações : Encontre um lugar aprazível e reserve o temponecessário para refletir sobre os cinco sinais dos tempos que aca-bo de descrever acima. Coloque por escrito suas reflexões parauso posterior. Depois, reflita sobre as seguintes questões:

1.Escolha um dos cinco sinais dos tempos mencionados an-teriormente como um dos seus temas de interesse ou dos

seus irmãos e parceiros leigos de suas Província e Distrito. Sefor o caso, qual (quais)? Queira explicar porque ele(s) lhe in-teressa(m).

2.Será que faltam sinais dos tempos nesta lista ? Se SIM,quais são e porque você os julga importantes ?

3.Entre os sinais dos tempos citados nesta carta, quais são osdois que, na sua opinião, deveriam ser tratados com ur-

gência? Por que você os coloca na cabeça da lista ?

Questões para refletir :Questões para refletir :

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lhes apresentar os assuntossobre os quais eu tenho mais meinteressado nesses últimos tem-pos, assuntos que eu creio quesejam importantes para o futurodo nosso Instituto e sua missão.

Voltarei sobre isso na últimaparte desta carta. Nossa Confe-rência geral é, como eu mencio-nei anteriormente, um encontrodos responsáveis do nosso Insti-tuto. Terminarei, pois, com al-gumas reflexões sobre liderançaem nosso Instituto, hoje.

PP AA RR TT EE II II II

POR UMA LIDERANÇAMARISTA HOJE

Harry Truman, Presidentedos Estados Unidos de 1945 a1953, disse uma vez que “umchefe é um homem que tem odom para fazer com que outrosrealizem o que não querem rea-lizar; e aprendam a gostar de

fazê-lo.” Se esta definição deTruman é exata, o chefe maiseficaz entre nós, hoje, é sem dú-vida, o Espírito Santo.

Eu creio que o mesmo Espíri-to teve um papel importante naeleição de cada um daqueles queassume uma responsabilidade,em nosso Instituto, atualmente.Se você é, pois, Provincial, Su-perior de Distrito ou Superior decomunidade local, que essa sejasua consolação: Deus escolheuvocê para dirigir. E seu “sim” emresposta à iniciativa de Deus foium ato de obediência. Deus lhepediu para fazer alguma coisapelo Reino e, realizando-a, vocêcoloca sobre seus ombros umaparte do fardo divino.5

Dessa forma, eu serei o pri-meiro a admitir que, em nossosdias, a liderança em nosso Insti-tuto não é uma tarefa fácil. UmProvincial me confiou recente-mente que, quando ele ouviu,no ano passado, o que os irmãosde sua Província esperavam de-

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5 Para desenvolver melhor essa idéia, ver: Howard Grey, sj, Comtemporary Re-ligious Leadership. Review for Religious, Set/Out 1997, 56(5), 454-467.

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le, concluiu que era chamado aser, ao mesmo tempo, um profe-ta e um bom administrador; aser espiritualmente ardente e aomesmo tempo hábil nas finan-ças; compassivo, mas capaz detomar decisões difíceis, teologi-camente cultivado e sensível àscausas da justiça; um homem deoração e cheio de idéias sobre amaneira de conduzir suaProvíncia e o Instituto neste sé-culo. Se você se sentiu superadodiante das exigências e respon-sabilidades para exercer a lide-rança hoje, fique tranqüilo, sa-bendo que ninguém possui a re-sposta final, mas somente Deus.

Sim, a direção que nós propo-mos e as soluções que nós encon-tramos são resultantes das nossastradições, da nossa oração, dasnossas reflexões e nossas consul-tas. Mas nós sabemos muito bemque elas carregam também a mar-ca humana dos nossos limites emedos. Então, por que nos sur-preendermos? Enquanto diri-gentes nós somos chamados a ca-minhar com Deus que nós nãovemos e que nem sempre conse-

guimos encontrá-lo. Nisso consis-te nossa forma de ascetismo.

O jesuíta Howard Grey nar-rou seus primeiros anos de sa-cerdócio. E lá encontrei uma li-ção, revelando o que se escondeno coração de uma liderança au-têntica.

Haviam pedido a Grey depregar um retiro para uma irmãidosa que se encontrava nas últi-mas etapas da esclerose múltipla.Ele descobriu nessa irmã umamulher espiritual, perspicaz esem a menor intenção de lamen-tar sua situação. A lição desse re-tiro chegou no dia seguinte.

Quando o padre foi saudar airmã, ela lhe disse: “Padre, vocêé ainda um homem muito jovem

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Enquanto irmãos eparceiros leigos maristas,nós começamos um novomomento da história doInstituto e da suamissão.

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e eu sou uma velha perto demorrer; nós nos encontramos,portanto, num bom momentopara receber conselhos. Quan-do era uma jovem irmã, eu pen-sava que era importante darminha cabeça a Deus; então, euestudei muito e fiz todos os cur-sos até chegar ao doutorado. Euvia a erudição como um camin-ho para chegar a Deus.

Mas alguns anos mais tarde,minha comunidade teve outrasnecessidades. Fui encarregadada administração de uma univer-sidade e me tornei assim res-ponsável por ela. Então eu pen-sava que o que Deus queria eramminhas mãos, minha habilidadepara realizar grandes coisas paraconstruir essa instituição.

“Agora, eis-me aqui! Eu lutopara me lembrar, para manterum copo com água na mão. Che-go à conclusão, agora mais doque nunca, que o que Deus de-sejava, ao longo da minha vida,era meu coração. Dê sua cabeçae suas mãos a Deus, mas acres-

cente também seu coração.”6

Eu diria que se nós devêsse-mos rezar, pedindo uma únicagraça, essa deveria ser para darnosso coração: a graça de amarnossos irmãos. Chame isso “gra-ça de estado”, chame-a comoquiser. O verdadeiro desafio deum chefe, hoje, e de tornar-seum homem mais afetuoso, ape-sar dos limites e dos riscos queisso implica.

Nossa missão é antes de tudoum trabalho do coração. Sim,nós fomos chamados a transmi-tir uma visão a nossos irmãos eaos nossos parceiros leigos,nestes tempos confusos e mutá-veis. Mas nós somos tambémchamados a levar nosso carinhoe atenção àqueles que caíram;ajudar aqueles que erraram aconfrontar-se consigo mesmos;encorajar os que se sentem aba-tidos e esgotados ao longo doseu caminho.

Nós só seremos capazes defazer isso, se tivermos consegui-do chegar a nos conhecer e a

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6 Ibid

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nos aceitar, com todos os nossosdons, mas também com todosos limites e nosso pecado.

Jesus podia falar aos dois co-rações decepcionados dos discí-pulos, no caminho de Emaús,porque seu coração tinha sidotambém aberto, sua fé colocadaà prova, sua esperança desafiadae seu amor ferido. Jesus sabia,

mais do que ninguém, que nãopoderia haver um Emaús sem acruz.7

Posso dizer que sempre fuium homem cheio de esperançaquanto ao futuro do nosso Insti-tuto e sua missão. Quem ousariadizer que a missão de anunciar aBoa-Nova de Deus, às crianças e

jovens, é hoje menos importantedo que no tempo do PadreChampagnat? Hoje, nossamissão pode ser realizada de di-ferentes maneiras, nas diversaspartes do mundo; mas tornar Je-sus conhecido e amado conti-nua sendo o centro do mandatoevangélico.

Eu estou também cheio deesperança pelo que vejo e escu-to a respeito dos esforços ence-tados para assegurar que oPadre Champagnat reconhece-ria seu Instituto hoje, se ele visi-tasse algumas das nossas comu-nidades. Marcelino amavaDeus, mas amava também seusirmãos. Em uma carta aos mem-bros de uma comunidade, eleescreveu: “Vocês estão bemconvencidos, ao menos deve-riam estar, que eu amo a todoscom ternura de pai. Quero, ar-dentemente desejo, que nós nosamemos uns aos outros comofilhos do mesmo Pai, que éDeus, da mesma mãe que é asanta Igreja. Enfim, para tudo

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Dê sua cabeça e suasmãos a Deus, masacrescente também seucoração...

7 Ibid.

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dizer em uma só palavra: Mariaé a Mãe de todos nós.”8

Não deveríamos ficar surpre-sos ao saber que, quando escre-via aos seus Irmãos, Marcelinoabordava com freqüência sobre acaridade. E como ele desejasse

desenvolver aquilo que esperavaencontrar em seus irmãos, oFundador encheu suas cartas deexpressões que revelam seuamor por todos os seus irmãos.Nós lemos, em uma das suas cir-culares que foi escrita paraconvidar os irmãos para um reti-ro: “Como é bom... pensar que,

dentro de poucos dias eu terei ograto prazer de, com o salmista,dizer a todos vocês, num grandeabraço: ‘Como é bom, como éagradável habitarem os Irmãosnuma mesma casa!’”9

Além disso, Irmão João Ba-tista nos diz que Marcelino eraafetivo não somente nas pala-vras, mas também nas ações. Elevisitava com freqüência nossosprimeiros irmãos, os consolava,os encorajava e via quais eramsuas necessidades. Sim, o gran-de desejo do Fundador de ver acaridade reinar entre nós, o le-vou a buscar todo tipo de razõese de meios para nos inculcar es-sa virtude.

Empenhemo-nos, pois, paranos reunirmos em Colombo, SriLanka, no próximo mês de se-tembro, levando em nossos co-rações esse mesmo espírito decaridade. Que a nossa viagempara o Leste venha a ser paranós uma nova Epifania! Que o

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O verdadeiro desafio deum chefe, hoje, e detornar-se um homemmais afetuoso, apesardos limites e dos riscosque isso implica.

8 Carta 168. 5 de janeiro de 1838 : ao Irmão Dénis, diretor em Saint-Didier-sur-Rochefort, Loire.

9 Carta 132. 12 de agosto de 1837 : Circular, para as férias.

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tempo que iremos viver juntosnos dê ainda mais razões paraacreditar que um novo dia sur-girá para nosso Instituto e suamissão, um dia onde essa cari-dade, que Marcelino tanto dese-jou, será uma forte evidência, eque o anúncio da Boa-Nova deJesus Cristo aos pobres e aos jo-vens não será jamais colocadoem dúvida!

Possam Marcelino e Maria

continuar a ser nossos compan-heiros hoje nos dias futuros.

Com toda a minha afeição e acerteza das minhas preces.

Ir. Seán D. Sammon, FMSSuperior Geral

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Orientações : Encontre um lugar tranqüilo onde você possarefletir, sem interrupção, sobre o que acabou de ler. Coloque porescrito suas reflexões que poderão lhe ser úteis em um momentode reflexão futuro. Depois, reflita sobre as seguintes questões:

1.Você poderia identificar uma experiência de liderança quefoi capaz de mudar seu coração?

2.Identifique, agora, uma experiência de liderança quedeixou você cheio de dúvidas e de questões, sobre você

mesmo e seu papel. Explique, por favor.

Questões para refletir :Questões para refletir :

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SOBRE A CONFERÊNCIA EM SRI LANKA

1. Chegue bastante antes do encontro, a fim de se ajustar aonovo fuso horário e poder começar os trabalho em boa forma.Planeje também sua partida para o dia seguinte ao término daConferência.

2. O clima de Sri Lanka é tropical ; você deve levar em contaas roupas que irá usar.

INFORMAÇÕES SOBRE SRI LANKA

História :Os Cingaleses chegaram ao Sri Lanka no fim do 6o. séc.

A.C., provavelmente provenientes do Norte da Índia. O Budismo foi introduzido por volta da metade do 3o. séc.

A.C., e uma grande civilização se desenvolveu nas cidades deAnuradhapura (reino entre –200 a 1000) e Polonnaruwa (1070a1200).

No XIV século, uma dinastia do Sul tomou o poder doNorte e estabeleceu o Reino dos Tâmeis. Ocupada pelos por-tugueses no século XVI e holandeses no século XVII, a ilhafoi cedida aos britânicos em 1796 e tornou-se colônia da co-roa em 1802. Ela foi unificada, sob o governo britânico, em1815.

O país tornou-se independente em 1948 sob o nome deCeilão. Este nome foi substituído por Sri Lanka, em 1972.

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As tensões entre Cingaleses e os Tâmeis resultaram emconfrontos violentos durantes os anos 80. Dezenas de milharesde pessoas foram mortas, numa guerra étnica, que continua in-cubada. Após duas décadas de combates, o governo e os Tigresda Libertação Tamil Eelam assinaram um cessar-fogo em de-zembro de 2001, com a ajuda da Noruega que intermediou asnegociações.

População : 19 905 165 habLínguas : Cinhala (língua oficial e nacional ) 74%, Tamil (lín-gua nacional) 18%, outras 8%.Definição de alfabetizado : 15 anos ou + sabendo ler e escre-ver.Taxa de alfabetização : 92,30%Religião : Budismo 70%, Hinduismo 15%, Cristianismo 8%,Islamismo 7% (1999)Esperança de vida : 72,89 anosMortalidade infantil : 14,78 (por 1000)

Grupos de idade :0-14 anos : 24,8% (homens 2 526 143 ; mulheres 2 414 876) 15-64 anos : 68,2% (homens 6 589 438 ; mulheres 6 976 487) 65 anos ou + : 7% (homens 655 636 ; mulheres 742 585) (est.2004)

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Notas pessoais:

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