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Ministério do Meio Ambiente - MMA Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS AMAZÔNICOS AM / RO / MT Relatório Intertemático Consolidado – Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos Responsável Técnico: Maurício Silva CREA/SC: 075071-0

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Page 1: DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE … · físicos e bióticos da Unidade seguido de uma análise intertemática e da apresentação dos problemas identificados na

Ministério do Meio Ambiente - MMA

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO PLANO DE MANEJO DO PARQUE NACIONAL DOS

CAMPOS AMAZÔNICOS AM / RO / MT

Relatório Intertemático Consolidado – Plano de Manejo

do Parque Nacional dos Campos Amazônicos

Responsável Técnico: Maurício Silva

CREA/SC: 075071-0

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

2. MÉTODO ................................................................................................................... 5

3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-BIÓTICA ...................................................................... 9

4. ANÁLISE INTERTEMÁTICA .....................................................................................14

4.1 Caracterização dos Setores ...................................................................................14

4.2 Avaliação dos Setores ...........................................................................................16

5. PROBLEMAS IDENTIFICADOS ...............................................................................19

5.1 Desmatamento/Ocupação .....................................................................................19

5.2 Estradas Clandestinas ...........................................................................................20

5.3 Queimadas ............................................................................................................21

5.4 Hidrelétricas ...........................................................................................................27

5.5 Pesca Predatória ...................................................................................................29

5.6 Caça Clandestina ...................................................................................................30

5.6 Mineração ..............................................................................................................32

6. MATRIZ DE RELACIONAMENTO PROBLEMAS/SETORES .....................................35

7. POTENCIAIS PARA PROTEÇÃO ..............................................................................38

7.1 Ambientes diferenciados .........................................................................................38

7.2 Espécies importantes para conservação .................................................................38

8. RECOMENDAÇÕES DE MANEJO ............................................................................40

8.1 Linhas de Pesquisa .................................................................................................40

8.2 Operacional ............................................................................................................41

8.3 Estratégica ..............................................................................................................42

8.4 Zona de amortecimento e entorno ..........................................................................43

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................46

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Mapa de Distribuição das Unidades Amostrais Avaliadas Durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA Campos Amazônicos

Figura 02: Validação e Conferência de Áreas Queimadas de Cerrado Identificadas Durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA Campos Amazônicos

Figura 03: Sobreposição e Quantificação das Áreas Queimadas de Cerrado Identificadas Durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA Campos Amazônicos e Mapeadas usando o Sensoriamento Remoto

Figura 04: Mapa de Freqüência de Incêndios na Área de Cerrado

Figura 05: Lago da UHE Samuel (a) – durante o período de cheia (b) – durante o período de seca

Figura 06: Imagem do satélite Landsat apresentando desmatamento em APP na área de mineração da Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto

Figura 07: Mapa apresentando os setores segundo a amostragem da AER

Figura 08: Mapa apresentando as principais pressões na UC e entorno

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Nomenclatura de Identificação Adotada para os Locais Estudados Durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA CAMPOS AMAZÔNICOS

Tabela 02: Locais estudados durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA CAMPOS AMAZÔNICOS e os respectivos conceitos apresentados por cada tema para cada ponto

Tabela 03: Média dos resultados por setor considerando a média por setor classificado pela equipe de Ictiofauna

Tabela 04: Relacionamento entre os problemas e os setores amostrados durante a Avaliação Ecológica Rápida relacionando os problemas e os setores apresentando o grau de intensidade que os problemas impactam sobre os setores

LISTA DE FOTOS

Foto 01: Visão aérea das sinúsias apresentadas pelo Cerrado na área da unidade

Foto 02: Fogão improvisado para preparar carne de caça. Trilha do Igarapé Preto

Foto 03: Impacto da Mineração no interior da Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto

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Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos Relatório Final Consolidado

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1. Introdução

O presente relatório busca apresentar de maneira consolidada os resultados

do Diagnóstico Ambiental com vistas de subsidiar a elaboração do Plano de Manejo do

Parque Nacional dos Campos Amazônicos.

Além da apresentação dos resultados dos relatórios técnicos temáticos

divididos em Meio Físico, Qualidade da Água, Vegetação e Fauna subdividida em

Avifauna, Herpetofauna, Mastofauna e Ictiofauna, o presente relatório busca analisar

de maneira integrada os resultados a partir das unidades amostrais, setores e da

Unidade de Conservação (UC) como um todo, muitas vezes estrapolando a análise

para o entorno e região da UC.

Como forma de organizar e desenvolver os temas abordados pelas equipes

temáticas buscou-se apresentar inicialmente uma caracterização dos ambientes

físicos e bióticos da Unidade seguido de uma análise intertemática e da apresentação

dos problemas identificados na UC e seu entorno. Analisando estes resultados optou-

se pela construção de uma matriz relacionando os problemas com os setores da UC

como forma de ilustrar e pontualizar onde ocorrem tais problemas e com que

intensidade foram observados pelas equipes do Diagnóstico Ambiental. Por fim

buscou-se apresentar os potenciais para conservação tanto de ambientes como de

espécies que estão presentes na Unidade e servem como justificativa para sua efetiva

implantação, bem como, a apresentação das recomendações das equipes quanto ao

manejo futuro do Parque Nacional dos Campos Amazônicos.

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Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos Relatório Final Consolidado

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2. Método

O diagnóstico ambiental foi desenvolvido baseado na metodologia da Avaliação

Ecológica Rápida - AER, adaptada por Sobrevilla & Bath (1992) para o Programa de

Ciências para a América Latina e atualizada por Sayre et alii (2000), para a The Nature

Conservancy. Essa metodologia é desenvolvida para o cumprimento de objetivos bem

específicos como o de elaborar um diagnóstico ambiental para a instrução ao plano de

manejo de uma Unidade de Conservação.

Algumas adaptações locais foram implementadas nesta metodologia focando

aprimorar uma prévia leitura dos setores que foram discutidos nas reuniões prévias e

três reuniões técnicas de consolidação dos resultados realizadas durante a campanha

de campo.

Este método foi desenvolvido com o objetivo de se identificar eficientemente

áreas prioritárias para a conservação. A metodologia da AER inclui dados de

diferentes fontes e escalas como mapas, imagens de satélite e trabalhos de campo.

Desta forma, a AER realiza amostragem nos Sítios de Estudo em diferentes escalas,

em diferentes níveis de informação e integrando várias áreas de estudo (temas).

Sendo assim, as AER propõem equipes multidisciplinares para a realização dos

trabalhos e análises interdisciplinares para a interpretação de resultados. Geralmente

os resultados das AER são apresentados na forma de mapas e tabelas por estes

possibilitarem a visão espacial do trabalho em diferentes escalas, validados pela

checagem em várias etapas de verificação em campo.

Como objetivo geral teve-se produzir uma caracterização ambiental dos

ecossistemas existentes no Parque Nacional dos Campos Amazônicos e entorno.

Buscou-se ressaltar a existência de espécies animais e vegetais ameaçadas de

extinção. Esse procedimento embasou uma definição dos tipos ambientais existentes

na região estudada. Antecipando as atividades de campo foi realizado sobrevôo de

reconhecimento da área no dia 27 de maio de 2008, com o intuito de orientar as

atividades de campo e apresentar uma visão prévia da região de estudo aos

pesquisadores.

A campanha de campo foi realizada entre os dias 10 de novembro e 30 de

novembro de 2008 (início do período da cheia), quando foram amostrados 53 pontos

de observação denominados de Unidade Amostral (UA) em 5 sítios, com

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complementação através de observações oportunísticas sempre que um aspecto

relevante fosse detectado.

Para a definição dos sítios e pontos de observação, além de se procurar obter

uma amostragem em cada bacia hidrográfica, foram analisadas imagens orbitais

geradas por sensores remotos e mapas. Através dessa técnica foram escolhidos os

pontos de observação. Esses pontos estão dispostos no mapa 01 e tabela 01.

Os resultados de campo, bem como a forma como foram organizadas as

atividades e a caracterização inicial dos setores de amostragem estão explicitados no

relatório das atividades de campo denominado como “PRODUTO 2” desenvolvido por

Cecília Alarsa, coordenadora do levantamento em campo.

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Figura 1. Mapa de Distribuição das Unidades Amostrais Avaliadas Durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA Campos Amazônicos

Fonte: GALLO DE OLIVEIRA, 2008

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Tabela 1. Nomenclatura de Identificação Adotada para os Locais

Estudados Durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA Campos Amazônicos

Setor Nº UA Trilha Nome Trilha Identificação

I - Pousada Roosevelt

1 A Trilha da Pousada I-A1 2 A I-A2 3 B Trilha do Ouro I-A3 4 C Trilha do Ronca I-A4 5 D Trilha do Igarapé Preto I-A5 6 D I-A6 7 E Trilha EPE - margem direita I-A7 8 F Trilha EPE - margem esquerda I-A8 9 G Trilha do Barreiro I-A9

10 G I-A10 50 PI Base do Morcego PI-50 51 PI Antiga colocação de seringueiro PI-51 52 PI Base do Madeirinha PI-52

II - Fazenda Marcos

11 I Trilha da Lagoa II-I11 12 J

Trilha do Cerrado II-J12

13 J II-J13 14 J II-J14 15 H Trilha da Fazenda II-H15 16 K

Trilha do Areial II-K16

17 K II-K17 18 K II-K18

III - Ramal do Pito Aceso

19 L Trilha do Ramal dos Baianos III-L19 20 L III-L20 21 M Trilha da Serrinha III-M21 22 M III-M22 23 N Trilha do Pito Aceso III-N23

IV - Estrada do Estanho

24 O Trilha do Tio Guedes

IV-O24 25 O IV-O25 26 O IV-O26 27 P

Trilha dos Veados

IV-P27 28 P IV-P28 29 P IV-P29 30 P IV-P30 31 P IV-P31 53 Q

Trilha da Lagoa IV-P53

32 Q IV-Q32 33 Q IV-Q33 34 R

Trilha do Encontro dos Rios

IV-R34 35 R IV-R35 36 R IV-R36 37 R IV-R37 38 S

Trilha do Igarapé Taboca IV-S38

39 S IV-S39 40 S IV-S40

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Setor Nº UA Trilha Nome Trilha Identificação

V - Tabajara

41 T Trilha do Cutia

V-T41 42 T V-T42 43 T V-T43 44 U Trilha do PMFS V-U44 45 U V-U45 46 V Trilha do Alagamento V-U46 47 V V-V47 48 X Trilha do Igarapé Preto V-X48 49 X V-X49

Para a efetiva implantação das Unidades Amostrais em campo, foi definido

pela coordenação do Plano de Manejo que a equipe de vegetação, juntamente com

um representante da coordenação do Plano de Manejo, percorreria as trilhas antes

das outras equipes e faria a demarcação das Unidades Amostrais. Essa equipe

técnica selecionou trechos com ambientes antropizados e em bom estádio de

conservação, trechos de transição com o objetivo de identificar, na medida do

possível, os efeitos da antropização sobre o meio; e a associação com a variação dos

ambientes, ou seja, a transição entre as formações florestais, os cerrados e campos.

As outras equipes, percorreram a seguir essas Unidades Amostrais, realizando

observações e levantamentos.

Consideradas as UAs, cada grupo temático desenvolveu os relatórios

considerando os mesmos pontos amostrais. Desta forma, os resultados alcançados

permitem uma maior integração dos temas de forma a integrar as análises. Com a

utilização das mesmas UAs pode-se identificar quais os temas que estão sofrendo

intervenções positivas ou negativas advindas, muitas vezes, de uma mesma fonte,

permitindo a integração dos esforços para proteção, ou seja, pode-se identificar que

uma atividade de garimpo, por exemplo, além de alterar as condições físico-químicas

dos corpos d´água podem estar exercendo uma pressão de caça na região. Vale

ressaltar que os resultados de cada UA foram avaliados por cada grupo temático

estabelecendo um conceito que, após consolidação final, foi ajustado para cada UA.

Como resultado deste método tem-se a matriz integrada da situação ecológica

dos sítios servindo como indicador de preservação para o Parque, bem como,

identificação das causas de degradação e integração nas ações de proteção. Vale

ressaltar que dada as características diferenciadas de amostragem das equipes de

Ictiofauna e Qualidade da água, estas foram consideradas apenas para os setores em

que atuaram, não tendo assim um conceito para as mesmas UAs dos demais temas.

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3. Caracterização Físico-biótica (baseado nos relatórios temáticos do meio físico e meio biótico)

Não há como tratar do Parque Nacional dos Campos Amazônicos sem fazer

menção à Amazônia e ao seu processo evolutivo. A Grande cobertura florestal que

torna a Amazônia conhecida pelo mundo nem sempre esteve presente de maneira

dominante nesta porção setentrional da América do Sul.

Há cerca de 60 milhões de anos a América do Sul e a África estavam unidas,

quando se iniciou o processo de abertura do grande oceano Atlântico entre esses

continentes por meio da separação decorrente da deriva continental. Diferentemente

da África que sempre manteve contato com os continentes europeu e asiático, a

América do Sul manteve-se mais isolada, como uma ilha, iniciando um grande

processo de evolução que a difere das demais regiões equatoriais do mundo.

(MIRANDA, 2007).

Muito da fauna e flora presentes na região amazônica era compartilhada com a

África, porém, há 60 milhões de anos antes do presente a Amazônia apresentava-se

muito diferentemente de hoje. O principal canal fluvial desta região nem mesmo

desaguava no Atlântico, mas sim, no golfo de Guayaquil no Equador. Com o

soerguimento dos Andes toda a bacia Amazônica passou por um processo de

inversão dos sentidos dos seus canais fluviais. À medida que o continente deslocava-

se para Oeste, a placa tectônica passou a inclinar-se em direção ao proto-atlântico

fazendo com que a região se tornasse num grande pântano.

Neste período, cerca de 50 milhões de anos a. p., predominava na região um

grande mar interior, o Mar Pebas, que por cerca de 10 milhões de anos recebeu os

tributários de toda a porção norte e oeste da Amazônia. Com a evolução dos Andes

permanecendo, este grande mar interior foi sendo drenado em direção ao Atlântico

descaracterizando esta grande formação de deposição marinha que dominava boa

parte da Amazônia de hoje (MIRANDA, 2007).

Da antiga Savana à Floresta Equatorial esta região passou por transformações

em ambientes pantanosos, marinhos, estuarinos, de onde decorrem boa parte das

reservas de petróleo e gás, culminando na grande floresta pluvial do mundo e por

conseqüência a maior bacia de água doce do mundo.

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Esta formação sedimentar marinha de cerca de 50 milhões de anos apresenta-

se hoje como um dos substratos geológicos da região do PARNA Campos

Amazônicos, denominado como formação Palmeiral. Desta formação decorrem solos

extremamente arenosos e com pouca disponibilidade de nutrientes, não permitindo

assim que houvesse grande evolução da cobertura florestal onde ocorrem esses

solos. Estes afloramentos perfazem o maior enclave de vegetação herbácio-arbustiva

da calha direita do rio Amazonas na Amazônia Ocidental, neste caso caracterizada

com formações variadas de cerrado em diferentes estágios de sucessão e formações

de campinaranas características dessa região.

Estas formações comumente denominadas de campos são importantes

resquícios das paisagens que predominavam na Amazônia quando ainda estava unida

à África e de tão importantes ilustram o próprio nome do Parque. Além de formações

de campos o Parque ainda procura proteger grandes áreas de florestal equatorial,

mais precisamente formações de floresta ombrófila aberta e floresta ombrófila densa.

Assim o Parque se propõe a preservar e desenvolver cientificamente, além de

proporcionar o turismo ecológico, duas importantes fito-fisionomias que ilustram muito

bem o desenvolvimento e evolução da Amazônia.

Além das formações florestais o PARNA Campos Amazônicos apresenta-se

como importante região de recarga do lençol freático e das águas subterrâneas nesta

região. Estes pontos de afloramento da formação sedimentar Palmeiral que serve de

substrato para a região dos campos e campinaranas, apresentam uma drenagem

pouco eficiente permitindo uma alta absorção das águas precipitadas recarregando

este importante aqüífero confinado na formação Palmeiral (DELLA JUSTINA, 2009).

Esta região de recarga apresenta-se como grande mantedora do nível freático

e fluvial, visto que a região é caracterizada climaticamente por duas estações bem

definidas, uma chuvosa (novembro a março) e outra seca (maio a setembro). Durante

a estação seca a perenização dos canais principais se dão principalmente por afluxo

do lençol freático, visto que as médias de precipitação para a região nos meses de

junho e julho não passam de 5 mm de chuvas por mês, ou seja, praticamente não

chove na região nestes meses apresentando déficit hídrico entre junho e outubro.

(DELLA JUSTINA, 2009)

O PARNA Campos Amazônicos tem dentro de seus limites importantes

nascentes formadoras do rio Manicoré e muitas nascentes tributárias de outros

importantes rios da região como o Roosevelt, Guaribas, Madeirinha, Branco e

Machado. Como parte integrante da bacia hidrográfica do Rio Madeira contribui com

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inúmeros canais cuja qualidade das águas apresentam-se como ótimas, exceto o

Igarapé Preto que apresentou alterações advindas de atividades humanas na região.

(GOMES e PUPP, 2009).

Associada a esta hidrografia, apresenta uma ictiofauna característica da região

amazônica com espécies de alto valor comercial nos canais principais. A região

apresenta-se como de alto valor para piscosidade, evidenciada pela presença de

pousadas temáticas para esta atividade nos rios Machado e Roosevelt. Durante o

levantamento ictiofaunístico foram coletados 980 exemplares pertencentes a 188

espécies de peixes. Foram identificadas 165 espécies, ficando 23 táxons em processo

de identificação por especialistas em ictiologia. Os táxons identificados estão

distribuídos em 96 gêneros, 31 famílias e 8 ordens (GODOI, ARROLHO DA SILVA E

ROSA, 2009).

Verifica-se a presença de espécies com valor comercial de peixes ornamentais

que, segundo informações dos populares, não são aproveitadas economicamente

como lambaris, taboatás, acarás e cascudos. Apesar de nenhuma das espécies

coletadas estarem classificadas como ameaçadas de extinção, algumas espécies,

principalmente as de grande porte, encontram-se como potencialmente ameaçadas,

haja vista que relatos dos populares verificam que o porte dos peixes capturados tem

diminuído muito (GODOI, ARROLHO DA SILVA E ROSA, 2009).

Há cerca de 2,5 milhões de anos, a América do Norte e do Sul permaneciam

separadas. A partir de então, com a formação do Istmo do Panamá a América do Sul e

do Norte passaram a apresentar um “grande intercâmbio faunístico” antes limitado à

aves e morcegos. Juntamente com os animais vieram espécies da flora forçando

novas adaptações e competições na América do Sul e na Amazônia, mas o maior

impacto parece ter sido o da fauna com a extinção de boa parte da fauna de grande

porte, principalmente caracterizado pela competição de marsupiais carnívoros com os

recém-chegados e mais eficientes felinos (MIRANDA, 2007).

Como resultado deste intercâmbio, na região do Parque Nacional dos Campos

Amazônicos, pôde-se observar durante os 20 dias com atividades amostrais de

campo, 91 espécies, sendo 51 espécies de anfíbios e 40 de répteis. A maior parte da

herpetofauna registrada correspondeu a espécies amazônicas, sendo algumas com

ampla distribuição na Amazônia como também foram registradas diversas espécies

características de áreas abertas preservadas, características de Cerrado.

(BERNARDE e MACHADO, 2009)

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Várias espécies registradas de anuros, lagartos e serpentes são de caráter

estenóico, ou seja, não suportam alto grau de perturbação ou alteração ambiental,

algumas ocorrendo apenas dentro de florestas, outras somente dentro de campo e

savana natural e isso denota a importância do PARNA Campos Amazônicos, na

manutenção dessas populações. Ainda vale ressaltar uma atenção especial aos

crocodilianos e quelônios que são espécies cinegéticas e, por isso, afetadas por

pressões antrópicas. (BERNARDE e MACHADO, 2009)

A observação e levantamento indireto permitiu uma primeira identificação de 44

espécies de mamíferos de médio e grande porte, uma representatividade alta para a

região amazônica considerando que os estudos indicam a presença de cerca de 311

espécies de mamíferos para toda a região. Em relação a mastofauna observa-se no

PARNA Campos Amazônicos 09 espécies consideradas como especiais sendo: 02

primatas Chiropotes albinasus, Ateles chamek; 02 felinos Panthera onca, Puma

concolor; 01 Canídeo Atelocynus microtis (entrevista), 03 Mustelídeos Pteronura

brasiliensis, Lontra longicaudis, Mustela sp. (segundo entrevista) e 01 Cervídeo

Ozotocerus berzoarticus. (ABADE, D´AMICO e DE PAULA, 2009).

A presença de animais considerados como topo de cadeia, bem como, o

próprio comportamento dos mamíferos avistados na região dos campos indicam uma

situação de baixa pressão de caça no interior do parque demonstrando uma situação

de integridade dos ecossistemas da região alta, porém, conforme visitas e entrevistas

na região do entorno vê-se um crescente aumento na pressão sobre os grandes

felinos devido a predação de animais domésticos, por caça em algumas comunidades

do entorno, e a diminuição de habitats devido ao avanço do desmatamento,

decorrendo no baixo quantitativo de espécies identificadas no entorno. (ABADE,

D´AMICO e DE PAULA, 2009)

Já em relação à avifauna o Parque apresenta uma condição ímpar por abrigar

duas fitofisionomias bem distintas que acabam por apresentar uma maior abundância

no número de espécies de aves por estas estarem associadas geralmente a uma

única fitofisionomia. Corroborando a este fato tem-se também a condição de refúgio

ecológico exercido pela fitofisionomia do campo/campinarana que mantém estoques

avifaunísticos isolados de outras porções dessas formações características de outro

bioma brasileiro, o Cerrado. Esta condição de possível especiação atribui à avifauna

da região dos Campos uma situação especial para proteção e necessário

aprofundamento do conhecimento científico desta comunidade faunística. (CANDIDO

JR. e DAL´MASO)

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Além da condição especial das espécies da região de Campo o Parque

apresenta espécies de grande interesse para a conservação nas áreas de Floresta

Ombrófila, sendo algumas ameaçadas de extinção como o Gavião-Real Harpia

harpyja e o Mutum-Cavalo Pauxi tuberosa. (CANDIDO JR. e DAL´MASO)

A condição de ecótono na transição floresta-cerrado dá ao Parque Nacional

dos Campos Amazônicos uma condição especial de importância na conservação de

todo um conjunto de elementos físicos e biológicos que registram uma parte

importante da história da Amazônia.

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4. Análise Intertemática

4.1 Caracterização dos setores (baseado em BERNARDE e MACHADO, 2009)

O Setor I (Pousada do Rio Roosevelt) trata-se de áreas com predominância de

floresta amazônica (Floresta Ombrófila) e uma fauna caracteristicamente associada a

essa formação. As atividades humanas nesse setor (especialmente o ecoturismo)

geram impactos significativos sobre toda a fauna, especialmente a aquática, se não

forem respeitadas as áreas preservadas nesse local, não sendo realizadas mais

derrubadas de floresta. Essa área é interessante por abrigar uma fauna típica de

florestas e numa bacia hidrográfica relativamente pouco estudada em sua composição

faunística, onde pode-se encontrar ainda espécies não descritas pela ciência. A pesca

é explorada pelas pousadas ao longo do Rio Roosevelt como atrativo turístico e,

quando executadas orientadas pelos responsáveis pelas pousadas, de maneira geral,

têm sido de menor impacto, porém, ainda ocorrem incursões de grupos não

conduzidos pelas equipes das pousadas que, geralmente, agem de maneira predatória

na região.

Ainda no setor I temos os reflexos das atividades de mineração executadas no

interior da Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto, cujos resíduos acabam

carreados pelo Igarapé Preto que deságua no Rio Madeirinha e conseqüentemente no

Rio Roosevelt que corta no sentido Sul-Norte a porção mais oriental do Parque.

Já no Setor II (Fazenda Marcos) encontramos uma situação inversa do ponto

de vista ambiental e paisagístico. Temos extensas áreas de florestas que foram

transformadas em pastagens para gado e também áreas de queimadas. Aqui, trata-se

de uma situação onde as áreas de florestas se encontram com as de áreas abertas

naturais (campinaranas). A relevância dessa área destaca-se que esses enclaves

abrigam espécies associadas e restritas a essas formações abertas e podem também

conter formas desconhecidas. Devido a isso, as atividades antrópicas nesse setor

(incluindo na zona de amortecimento) devem ser controladas e monitoradas. Vale

ressaltar que este setor também apresentou áreas bem preservadas na margem

direita do Rio Roosevelt.

Muita pressão antrópica caracteriza o setor III (Ramal do Pito Aceso) devido as

estradas abertas que facilitam o acesso as áreas do Parque e de seu entorno,

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especialmente pela população humana concentrada na Vila de Santo Antônio do

Matupi nas margens da Transamazônica. Em relação às formações vegetais,

encontramos áreas de florestas e de cerrado, entretanto, com grande influência de

atividades humanas como desmatamento, retirada de madeira e queimadas. Temos

situações de florestas em diferentes estágios de regeneração após derrubada e

encontramos um contraste de espécies florestais e também de algumas oportunistas

de áreas abertas. Devido à grande atividade antrópica nesse setor, é necessário uma

atenção especial para impedir o desmatamento, corte de madeira ilegal e queimadas.

Pode-se dizer que o “coração” do Parque localiza-se no Setor IV (Estrada do

Estanho), pois ali se concentram as formações vegetais de cerrado bem

representadas, recobrindo grandes áreas e que dão nome a essa unidade de

conservação. A importância desse setor é a ocorrência dos campos em plena floresta

amazônica, separando por muito tempo formas típicas de áreas abertas de outras

áreas com a mesma característica, o que sugere-se que podem ter ocorrido vários

casos de especiação nesse isolamento. Encontramos aqui uma fauna associada

apenas ao cerrado, numa situação ímpar dentro Parque, espécies que só ocorrem

neste enclave. Destaca-se aqui que, apesar dessa importância e urgência para a

conservação desse setor, o mesmo encontra-se com impactos como a retirada de

vegetação natural resultante do antropismo de fazendas próximas e a de uma estrada

ilegal (Estrada do Estanho), além disso, a fragmentação do Parque pela exclusão da

faixa de 5 quilômetros de cada lado dessa estrada,dividindo seu território em três

blocos e isolando geneticamente populações animais e vegetais, pode comprometer a

efetividade da área protegida a longo prazo. Essa situação precisa ser urgentemente

avaliada e estudada para a ampliação da área do Parque para que o mesmo não seja

dessa forma fragmentado, evitando assim suas inerentes conseqüências genéticas e

eco-evolutivas.

No Setor V (Tabajara) encontramos um predomínio de áreas de floresta

ombrófila e a fauna associada a essa formação. Salienta-se aqui que trata-se de uma

área inserida em outra bacia (Rio Machado) e novamente encontramos uma situação

de pressão de atividades antrópicas devido ao setor madeireiro que é uma das

principais atividades e fonte de renda das populações dessa região. De uma forma

geral, essas áreas de florestas envolvendo áreas de campo (cerrado, savana, etc) é

de extrema importância para a vitalidade dessas formações abertas naturais. As

florestas funcionam como um tampão impedindo ou dificultando o acesso de espécies

eurióicas que se aproveitam de áreas desmatadas e podem invadir áreas abertas

nativas, prejudicando assim o equilíbrio dessas. Cabe ressaltar que esta região pode

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vir a sofrer alterações em seu ambiente resultantes de instalação de aproveitamento

hidrelétrico, uma vez que está em processo de licenciamento no IBAMA o

Aproveitamento Hidrelétrico Tabajara, com potência prevista de 350 MW e que afeta

diretamente o PARNA Campos Amazônicos, inundando cerca de 1.500 há de sua

área, da forma como está proposta atualmente.

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4.2 Avaliação dos setores

Tabela 2. Locais estudados durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA Campos Amazônicos e os respectivos conceitos apresentados por cada tema para cada ponto.

Setor Nº UA Trilha Nome Trilha Identificação Meio

Físico Vegetação Fauna Consolidado

Média Herpeto Avi Masto

I - Pousada Roosevelt

1 A Trilha da Pousada I-A1 4 3 4 3 3 3

2 A I-A2 4 3 3 3 3 3

3 B Trilha do Ouro I-A3 4 4 4 5 4

4 C Trilha do Ronca I-A4 3 3 4 4 5 3

5 D Trilha do Igarapé Preto I-A5 3 3 4 4 5 3

6 D I-A6 4 4 4 5 4

7 E Trilha EPE - margem direita I-A7 4 4 4 4 5 4

8 F Trilha EPE - margem esquerda I-A8 2 5 4 5 4

9 G Trilha do Barreiro I-A9 2 5 3 5 4

10 G I-A10 2 4 5 4

50 PI Base do Morcego PI-50 2 4 5 4

51 PI Antiga colocação de seringueiro PI-51 2 4 3

52 PI Base do Madeirinha PI-52 2 4 3

II - Fazenda Marcos

11 I Trilha da Lagoa II-I11 4 4 3 3 4

12 J Trilha do Cerrado

II-J12 4 4 5 4 3 4

13 J II-J13 5 5 5 4 3 5

14 J II-J14 5 5 5 4 3 5

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15 H Trilha da Fazenda II-H15 2 2 1 3 1 2

16 K Trilha do Areial

II-K16 3 3 4 4 2 3

17 K II-K17 3 3 5 4 2 3

18 K II-K18 4 4 5 4 2 4

III - Ramal do Pito Aceso

19 L Trilha do Ramal dos Baianos III-L19 4 4 4 3 2 4

20 L III-L20 4 4 4 3 2 4

21 M Trilha da Serrinha III-M21 2 3 1 3 1 2

22 M III-M22 2 3 1 3 1 2

23 N Trilha do Pito Aceso III-N23 2 3 2 3 2 2

IV - Estrada do Estanho

24 O Trilha do Tio Guedes

IV-O24 3 3 5 2 3

25 O IV-O25 4 3 3 5 3 4

26 O IV-O26 3 2 3 5 2 3

27 P

Trilha dos Veados

IV-P27 3 4 3 5 5 4

28 P IV-P28 3 5 4 5 5 4

29 P IV-P29 3 4 3 5 5 4

30 P IV-P30 4 4 4 5 5 4

31 P IV-P31 3 3 4 5 5 4

53 Q Trilha da Lagoa

IV-P53 3 3 5 3 3

32 Q IV-Q32 3 3 5 3 3

33 Q IV-Q33 3 3 5 4 4

34 R Trilha do Encontro dos Rios

IV-R34 3 3 3 4 2 3

35 R IV-R35 4 4 3 4 3 4

36 R IV-R36 4 4 2 4 1 3

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37 R IV-R37 3 3 2 3

38 S Trilha do Igarapé Taboca

IV-S38 3 4 4 4 3 4

39 S IV-S39 3 3 4 4 3 3

40 S IV-S40 3 3 4 4 3 3

V - Tabajara

41 T Trilha do Cutia

V-T41 4 5 4 3 4 4

42 T V-T42 4 5 4 3 4 4

43 V-T43 4 5 4 3 4

44 U Trilha do PMFS V-U44 5 5 4 3 5 5

45 U V-U45 4 4 3 3 4 4

46 V Trilha do Alagamento V-U46 4 4 4 5 4

47 V V-V47 4 5 4 5 5

48 X Trilha do Igarapé Preto V-X48 4 4 5 4 5 4

49 X V-X49 4 5 5 4 5 5

Conceitos: 1 – Péssimo, 2 – Regular, 3 – Bom, 4 - Muito Bom, 5 - Excelente

Tabela 3. Média dos resultados por setor considerando a média por setor classificado pela equipe de Ictiofauna

Setor Conceito I - Pousada Roosevelt 4

II - Fazenda Marcos 3 III - Ramal do Pito Aceso 3 IV - Estrada do Estanho 3

V - Tabajara 4

Conceitos: 1 – Péssimo, 2 – Regular, 3 – Bom, 4 - Muito Bom, 5 - Excelente

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5. PROBLEMAS IDENTIFICADOS

Uma grande gama de problemas foi identificada, com mais intensidade no

entorno do que propriamente no interior da Unidade de Conservação. Estes problemas

dificilmente ocorrem de maneira separada, geralmente estão agrupados ou ocorrendo

em conjunto como, por exemplo, a mineração e o garimpo que trazem consigo o

desmatamento, a retirada de madeira, a abertura de estradas e acessos, a introdução

de espécies exóticas, poluição dos rios e igarapés, alterações nos fluxos dos canais

com barramentos e caça e pesca predatória.

Como forma de melhor organizar estas atividades relatadas como problemas a

serem enfrentados na gestão do Parque Nacional dos Campos Amazônicos segue um

compêndio dos problemas encontrados e descritos nos relatórios temáticos da

Avaliação Ecológica Rápida e das discussões das oficinas.

5.1 Desmatamento/Ocupação

A principal conseqüência do desmatamento apontado pela equipe técnica do

Diagnóstico Ambiental é a fragmentação dos habitats. O desmatamento é muito mais

acentuado no entorno da Unidade, muitas vezes chegando ao seu limite. Os setores

III, IV e V são os mais atingidos pela expansão dos núcleos de povoamento na BR 230

(Transamazônica), a Vila de Santo Antônio do Matupi, na margem do rio Machado, a

Vila de Tabajara, adjacências de Machadinho D´Oeste e propriedades rurais ao longo

da estrada clandestina que liga a Vila de Três Fronteiras no norte do Mato Grosso à

BR 230 (estrada do estanho).

Os últimos desmatamentos identificados no interior do Parque ocorreram na

porção pertencente ao estado de Rondônia. Segundo dados do Programa de

Monitoramento de Áreas Especiais (ProAE) do Sistema de Proteção da Amazônia

(SIPAM) a Unidade apresenta um desmatamento total acumulado até 2008 de

6.548,70 hectares, sendo que entre 2007 e 2008 ocorreram 101,39 hectares todos na

porção rondoniense do Parque. Essa porção é afetada pelas tentativas constantes de

invasão e estabelecimento de fazendas pela Associação de Produtores Rurais do

Oeste de Machadinho – APROMAR.

Além da fragmentação o desmatamento ocorre associado a outras alterações

impactantes para o ecossistema local e regional por ocorrer associado a queimadas e

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Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos Relatório Final Consolidado

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introdução de espécies da flora e fauna exóticas à região. Foi relatada a predação por

espécies nativas (onça-parda e onça-pintada) de gado bovino e eqüino nestas regiões

de ocupação mais recente.

Os desmatamentos estão geralmente associados com a ocupação de terras

como forma de garantir o assentamento das famílias vindas de outras regiões, porém,

nem sempre associada à uma produção de subsistência. A ausência desse tipo

deprodução acaba tornando a condição de ocupação mais predatória por buscar um

uso mais intenso dos recursos ambientais por meio da caça e pesca predatória,

exploração ilegal de madeira e conseqüente conversão de áreas florestadas em pasto

para criação de gado que tem se tornado quase que uma unanimidade nas frentes de

ocupação na Amazônia Brasileira.

As comunidades que vivem no entorno, apesar de organizadas muitas vezes

em Associações de Produtores Rurais não recebem assistência técnica no trato das

atividades rurais, ficando muitas vezes a mercê de atividades ilegais como a extração

de madeira, apesar da área apresentar aproveitamentos orientados por manejo

sustentável aprovados pelas respectivas Secretarias de Meio Ambiente Estaduais.

A fragmentação dos habitas por conta do desmatamento acaba isolando

algumas espécies da fauna associadas à floresta ombrófila e/ou ampliando o contato

de espécies de áreas abertas com as exóticas introduzidas. A fragmentação, no caso

das aves, acaba por permitir que espécies externas à região possam acessar a região

dos campos, também caracterizada como área aberta, ou seja, não florestal. Essa

conexão pode acarretar uma competição desfavorável ás espécies dos campos

tornando importante o controle do desmatamento, principalmente na porção sul do

parque visto o grande corredor de desmatamento aberto no estado de Rondônia nas

últimas quatro décadas.

Já no caso dos mamíferos, principalmente os de grande porte, a proximidade

das propriedades tende a aumentar o contato dessas espécies com os habitantes

tornado-se uma ameaça tanto em condições de predação como de aumento da caça.

5.2 Estradas Clandestinas

As estradas abertas para garantir o acesso às áreas ocupadas no entorno do

Parque geralmente ocorrem de maneira espontânea, fomentadas principalmente pela

atividade madeireira na região. Como não seguem os trâmites legais para abertura

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acabam causando impactos significativos na região por desconsiderar a hidrografia e

dimensionar erroneamente os bueiros, quando presentes, causando o impedimento de

canais, além da própria passagem de veículos alterando até mesmo áreas de

nascentes.

Uma estrada importante para a região e causadora de grandes impactos é a

popularmente conhecida como Estrada do Estanho. Uma rodovia interestadual,

portanto de responsabilidade do Departamento Nacional e Infra-Estrutura (DNIT), mas

que segundo o órgão é desconhecida, de acordo com consulta oficial realizada pela

equipe da Unidade junto ao DNIT. Como desconhecida pode ser tratada como

clandestina uma vez que sua implantação não passou por Estudo de Viabilidade que

garanta obras de contenção ou correção. Trata-se de uma estrada que corta toda uma

região de nascentes por ter sido traçada sobre o divisor de águas da região. Esta

região é caracterizada por um solo extremamente arenoso que exposto ao fluxo de

veículos torna-se, em alguns trechos, um grande areal como constatado em campo.

Essa condição arenosa faz com que o percurso original freqüentemente seja

modificado adentrando sobre as formações ripárias às margens das nascentes, ou

seja, sobre as Áreas de Proteção Permanente, além de danificar outras áreas de

cerrado e campinaranas.

Por cortar uma área de abundante fauna terrestre é constante a presença de

animais atropelados pela ausência de passagens adequadas e pela imprudência dos

condutores. Além dos atropelamentos a presença dessa rodovia favorece à ocupação

de áreas às suas margens, bem como, a possibilidade de incêndios acidentais.

A garantia de acesso nesta região e a ligação da porção nordeste de Rondônia

com os povoados ao longo da Transamazônica aponta para uma ampliação dos

assentamentos humanos e todas as suas conseqüências anteriormente apresentadas,

bem como, o favorecimento de atividades ilegais como o garimpo em Unidades de

Conservação e retirada ilegal de madeira.

Além da Estrada do Estanho verificam-se muitos acessos no entorno em

direção aos limites do parque utilizados para penetração das ocupações e retirada de

madeira com significativos impactos para o interior da Unidade de Conservação.

Esses acessos ocorrem principalmente na região do Pito Aceso (Setor II) e na porção

mais ao sul do Parque (Setor V).

5.3 Queimadas

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As queimadas estão mais associadas às ações antrópicas na região,

principalmente ligadas à renovação de pastagens e abertura/limpeza de novas áreas

desmatadas. Pode-se dizer que o processo mais comum nos assentamentos humanos

na região segue uma seqüência de eventos com a extração seletivas das espécies

madeireiras de maior valor, derrubadas gerais com posterior corte raso e finaliza-se

com as queimadas para limpeza e renovação das pastagens para criação de gado.

Muitas dessas queimadas acabam fugindo do controle pelo mau

dimensionamento dos aceiros ou por serem executadas em condições de tempo

desfavoráveis, tornando-se uma ameaça principalmente à região dos campos, que

durante a estação seca fica muito favorável aos incêndios até mesmo pelo transporte

de brasas pelo vento advindas do entorno.

Uma explanação da ação do fogo foi apresentada por GALLO-DE-OLIVEIRA,

2009 e reproduzido a seguir:

A ação do fogo pode ser vista como mais um agente ecológico transformador

da paisagem. Desconhecendo a origem deste fogo, sendo natural ou antrópica,

vestigios de incêndios foram encontrados em todas as trilhas analisadas no Setor IV-

Estrada do Estanho, sendo as trilhas O, P, Q, R e S, respectivamente. Marcadas pelas

sub-formações do Cerrado, sendo elas, Cerradão, Campo Cerrado e Parque de

Cerrado.

Com estas evidencias constatadas, a aplicação de recursos e técnicas de

sensoriamento remoto se fez necessária para a melhor compreenção desta relação

fogo – vegetação.

Inicialmente, visualizando uma imagem do satélite CBERS 2, disponível em

http://www.dgi.inpe.br/CDSR/, de data compatível, juntamente com as informações de

focos de calor, disponíveis em http://www.dpi.inpe.br/proarco/bdqueimadas/, foi

possivel validar as informações colhidas durante o trabalho na unidade, identificando a

resposta espectral característica para as áreas queimadas de Cerrado, conforme

figura abaixo:

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Figura 2. Validação e Conferência de Áreas Queimadas de Cerrado Identificadas Durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA Campos Amazônicos

Pensando então no entendimento desta dinâmica, buscou-se imagens de

satelite de datas passadas, disponíveis também em http://www.dgi.inpe.br/CDSR. Do

catálogo foram selecionadas apenas a imagens que evidenciavam grande áreas

queimadas, cronologicamente distribuidas nos anos de 1973, 1975, 1979, 1980, 1988,

1991, 1997, 2005, 2006, 2007 e 2008.

Para todos este anos foram mapeados os polígonos com resposta espectral

reconhecida como áreas queimadas, sendo possivel quantificar, para cada ano, a área

queimada, gerando o mapa apresentado na figura seguinte:

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Figura 3. Sobreposição e Quantificação das Áreas Queimadas de Cerrado Identificadas

Durante o Diagnóstico Ambiental do Plano de Manejo do PARNA Campos Amazônicos e Mapeadas usando o Sensoriamento Remoto

Observando a figura acima é possivel fazer uma observação clara:

praticamente toda a área ocupada pelo Cerrado sofreu com a ação do fogo em algum

ano; e o gráfico mostra um aumento considerável em quantidade de área queimada

para as datas mais recentes, talvez influenciado pela dinâmica da ação antrópica na

região. Entretanto, não é possivel visualizar a contribuição de cada ano nesta análise.

Para buscar esta resposta, cada ano com poligonos prenchidos em preto, recebeu

uma porcentagem de transparencia de 91%, que se refere a distribuição da

porcentagem total visibilidade (100% visível ou aproximada 99%) para cada um dos 11

anos mapeados, tendo cada ano contribuindo com 9% de visibilidade, foi possivel a

elaboração do mapa de frequencia de incêndios, mostrado na figura abaixo:

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Figura 4. Mapa de Freqüência de Incêndios na Área de Cerrado

Agora, analisando as informações visuais trazidas por este mapa, é possivel

outra valiosa observação: identificação de áreas núcleos, onde provavelemente os

incendios se iniciam, se propagando com maior efeito sobre os interflúvios, queimando

vastos trechos. Cruzando este mapa com as informações de campo, é possivel

constatar que para as áreas onde os incêndios são mais frequentes ocorre a sub-

formação Parque de Cerrado, e já o Cerradão ocorre onde a ação do fogo é mais

branda, principalmente próximo ao leito de drenagem do terreno, caracterizando

florestas-de-galeria bem definidas. Portanto, é coerente afirmar que o fogo exerce

importante papel ecológico na modificação das fitofisomonias das áreas de Cerrado da

unidade, sendo as sub-formações Campo Cerrado e Parque de Cerrado fases da

sucessão ecológica natural da formação Cerrado. Gerando o mosaico vegetacional

registrado na seguinte foto aérea.

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Foto 1. Visão aérea das sinúsias apresentadas pelo Cerrado na área da unidade. Foto:

Ayslaner Gallo, 2009.

Não é possivel afirmar com clareza se a ação do fogo sobre estas áreas de

Cerrado é benéfica ou maléfica para sua conservação. Aparentemente esta ação é

necessária para a manutenção da paisagem, e consequentemente, de seus elementos

ecológicos. Hora isolando áreas, criando ilhas de vegetação florestada em meio as

formações herbáceas, propiciando a diferenciação genética das espécies envolvidas,

e hora conectando ambientes semelhantes, estimulando o fluxo gênico entre estas

comunidades. Por outro, o mal hábito antrópico de usar o fogo indiscriminadamente

pode alterar esta dinâmica de forma irremediável. A relação Fogo - Cerrado é muito

estudada para as regiões centrais do Brasil por diversos pesquisadores (Coutinho,

1977; Ottmar et alli, 2001). A mortalidade das espécies botânicas pela ação do fogo é

diferenciada na área de Cerrado, e também nas áreas de Campinarana, talvez

induzida pelo grau de flamabilidade, recorrência do fogo e de fatores históricos do uso

da terra (Miranda et alii, 1996). Martins et alii (2006) afirmam que para a região de

Humaitá os solos sob vegetação de campo e sob floresta possuem atributos químicos

semelhantes e mineralógicos idênticos. A ocorrência de solos com maior profundidade

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efetiva, com melhor drenagem e maior volume de armazenamento de água, em

associação à maior inclinação do horizonte plíntico no sentido do igarapé, aumentando

o fluxo de água nesta direção, favorece o aparecimento da vegetação de floresta,

enquanto que condições opostas a estas favorecem o aparecimento da vegetação de

campo. Entretanto toda a diferenciação ambiental registrada para a região do PARNA

Campos Amazônicos aumenta a relevância deste tema. (GALLO-DE-OLIVEIRA, 2009)

5.4 Hidrelétricas

A construção de hidrelétricas na Amazônia tem se mostrado como uma nova

alternativa aos recorrentes aumentos na demanda e no esgotamento dos

aproveitamentos hidrelétricos do restante do país. Movimentos populares contrários à

implantação de barragens tem se fortalecido principalmente no centro-sul do país, o

que tem feito com que as grandes construtoras busquem novos nichos procurando

obter o menor número de impedimentos possíveis para a implantação de tais

empreendimentos.

Nessa busca de novas áreas, regiões pouco habitadas como a de Tabajara são

vistas como uma forma de ampliar ou até mesmo implantar o desenvolvimento local e

regional, além dos investimentos tem-se ainda o discurso da geração de empregos,

renda e das compensações ambientais, mas como medir impactos sobre áreas pouco

conhecidas de empreendimentos novos que têm sido implantados sob uma nova ótica

de construção e sobre um ecossistema totalmente diferente dos até então explorados

por essa atividade?

As experiências com hidrelétricas na Amazônia geraram os casos mais

absurdos, foi assim em Balbina e Tucuruí com seus imensos lagos e geração pouco

eficiente. Apesar dos imensos impactos gerados por seus lagos gigantescos as

cidades correspondentes Manaus e Belém ainda dependem de uma matriz energética

de queima de combustíveis fósseis.

Experiência também mal sucedida foi a da Usina Hidrelétrica de Samuel no Rio

Jamari, região esta bem próxima de Tabajara. Nesta usina além de problemas com a

construção, erros de engenharia e impactos não previstos fizeram com que houvesse

transbordamento de bacias hidrográficas, corrigidas com a construção de imensos

diques de represamento, alteração no regime hídrico além do previsto e mudanças na

disponibilidade hídrica do lençol freático. Além disso o potencial de geração, quando

em operação, passou a ser bem menor do que foi previsto decorrente da sazonalidade

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climática e do comportamento hídrico diferenciado após a construção da usina. Como

resultado ficou uma área inundada que no período de seca torna-se uma grande área

aberta (conforme figura 05) pelo esvaziamento do lago alterando significativamente os

ecossistemas do entorno não adaptados a essa alterações no seu regime hídrico.

Figura 05 – Lago da UHE Samuel (a) – durante o período de cheia (b) – durante o período de seca

Uma alteração como esta na porção sul do Parque poderia colocar em contato

uma fauna diferenciada o com a grande região de campos até então isolada pela

floresta ombrófila presente nesta região. Esse contato pode levar grupos de aves,

répteis e peixes a migrarem para estas regiões de campos e passarem a competir

neste novo ecossistema.

Muitas espécies de peixes de água doce migram, algumas delas de forma

espetacular. A Piramutaba, no rio Amazonas, por exemplo, migra durante cerca de 5

meses da foz até a região da fronteira entre o Brasil e Peru numa distância de pouco

mais de 3.000 km para desovar. As migrações dos peixes podem ser bastante

complexas. A mais simples consiste no deslocamento dos adultos entre dois sítios

principais: o de alimentação e de reprodução. Algumas espécies apresentam

migrações mais complexas por incluírem um terceiro sítio: o de refúgio. A migração é

denominada reprodutiva quando ocorre em direção ao sítio de reprodução. A migração

alimentar ou trófica é aquela que ocorre em direção ao sítio de alimentação. A direção

da migração, se para jusante (descendente) ou para montante (ascendente), depende

das condições locais. A migração reprodutiva, por exemplo, pode tanto ser

descendente quanto ascendente. (GODOI, ARROLHO DA SILVA E ROSA, 2009).

a b

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Na Amazônia, as pessoas estão mais familiarizadas com a piracema, que é a

migração reprodutiva ascendente. Os peixes de piracema são muito importantes para

a nossa cultura e economia, pois a grande maioria dos peixes de valor para pesca é

de piracema como o surubim, o dourado, a curimba, o pacu, o jaú, a piramutaba, a

piraíba, a pirarara entre vários outros. Apesar de toda essa importância, a migração

dos peixes brasileiros de piracema é muito pouco conhecida. (GODOI, ARROLHO DA

SILVA E ROSA, 2009).

A construção de barragens ao longo dos rios Machado e Roosevelt é um grave

problema para os peixes migradores, o barramento constitui-se num obstáculo que

impede o livre deslocamento dos peixes entre os diversos sítios que eles utilizam

durante a vida, bem como modificam os diferentes ambientes (igarapés, nascentes,

pequenas lagoas, cachoeiras e corredeiras) propícios para a ocorrência de ictiofauna

específica destes habitats. Regiões de alta diversidade como as Cachoeiras do 27, 2

de Novembro, Cachoeiras do Roosevelt, Igarapé Preto, devem receber atenção

especial quando se trata da implantação de usinas hidrelétricas. (GODOI, ARROLHO

DA SILVA E ROSA, 2009).

Três áreas do PARNA Campos Amazônicos estão sendo alvos de projetos e

estudos para implantação de hidrelétricas, e todas afetariam diretamente a Unidade de

Conservação caso instaladas. A que está em processo mais adiantado é o AHE

Tabajara, no rio Machado, cachoeira São Vicente, próxima a vila de Tabajara, que

está em fase de licenciamento, e as outras duas propostas situam-se no rio Roosevelt,

cachoeiras do Inferninho e da Galinha, que fazem parte dos estudos de inventário

hidroelétrico da bacia do rio Aripuanã, em realização pela Empresa de Pesquisas

Energéticas – EPE.

5.5 Pesca predatória (Retirado de GODOI, ARROLHO DA SILVA E ROSA, 2009).

Um dos grandes atrativos dos rios Roosevelt e Machado, principalmente nos

seus trechos encachoeirados, é a pesca. Esta atividade é relatada desde a própria

visita do Presidente Norte-Americano Roosevelt ao Rio da Dúvida posteriormente

rebatizando o rio com o seu nome pela Comissão Rondon.

As informações obtidas com as entrevistas apontam que, não existem na área

do parque e entorno quaisquer trabalhos específicos com os pescadores profissionais

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ou amadores, apenas as propagandas feitas pelas pousadas para a pesca esportiva.

Durante o trajeto de um ponto de coleta a outro (Rio Roosevelt ao Rio Manicoré –

Setor II, Rio Machado – Setor V) foi impressionante o número de redes de espera,

espinhéis, anzóis de galho encontrados. Os pescadores transitam livremente no rio e

pescam em locais que naturalmente pela legislação seriam proibidos (entrada de

igarapés, corredeiras e cachoeiras), colocam malhadeiras deixando o rio como um

crochê e também espinheis e anzóis de galho em locais considerados “berço de

reprodução”. Segundo informações de pescadores e piloteiros não existe uma

organização nas colônias de pescadores tanto no Mato Grosso como em Rondônia e

Amazonas.

No rio Roosevelt (setores I e II) foi coletada uma grande quantidade de

piranhas, e não foram coletados ou observados peixes de maior porte como jaú,

pirarara, piraíba, indicando que houve sobrepesca destas espécies, mesmo que nas

pousadas da região são registrados através de fotos uma grande diversidade de

peixes.

São incipientes as pesquisas sobre a prática da pesca desportiva no Brasil,

existem relatos sobre esta atividade em sistemas de pesque-pague, mas na natureza

não se sabe ao certo quais as conseqüências da pesca esportiva para a ictiofauna de

um determinado ambiente. Desta forma, vale ressaltar que toda atividade ligada à

pesca (amadora, turística, profissional ou com fim a retirada de espécies ornamentais)

deve ser realizada de forma planejada, pois do contrário pode levar a exaustão dos

estoques pesqueiros e até mesmo a extinção de algumas espécies. Assim, os locais

próximos as nascentes, bem como os finais de corredeiras e cachoeiras devem ser

preservados das atividades pesqueiras, por serem frágeis em sua composição

faunística e possíveis berçários para várias espécies. Portanto as corredeiras,

cachoeiras, entradas de igarapés, lagoas e nascentes devem ser alvo prioritário para

fiscalização e aplicação das leis de pesca já existentes.

O compartilhamento de limites entre o Parque e duas Terras Indígenas faz com

que haja necessidade de uma aproximação junto a essas comunidades para a

identificação de potenciais atividades de pesca, bem como, a identificação dos locais

utilizados para pesca e os métodos utilizados para a atividade.

Acredita-se que com o Uso Público da Unidade essas questões possam ser

mais bem abordadas e alternativas mais próximas das realidades do turismo

sustentável para que estes estoques voltem a apresentar a exuberância evidenciada

nos relatos e nos memoriais fotográficos das pousadas possam ser desenvolvidas.

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5.6 Caça clandestina

O maior problema com a caça é que ela é direcionada para algumas espécies

somente, exercendo uma pressão muito alta sobre algumas espécies e de grau baixo

para outras. No caso específico da avifauna, as aves cinegéticas (mutuns, jacus e

inhambus, principalmente) são as mais rapidamente e intensamente caçadas,

provocando rapidamente o declínio das populações e sua subseqüente extinção.

(CANDIDO JR. e DAL´MASO)

Naturalmente, as espécies com maior chance de serem prejudicadas por essa

pressão são as espécies de interesse cinegético (jacus, mutuns, inhambus, patos,

etc.). Como as estradas são importante meio de entrada de caçadores clandestinos, é

possível que a estrada do estanho, no setor IV seja um dos principais pontos a serem

monitorados. (CANDIDO JR. e DAL´MASO)

O aumento da presença humana dentro da área do Parque, assim como o

aumento do fluxo de pessoas e de atividades em seu entorno estão associadas à

exploração de recursos alimentares de forma ilegal, podendo causar a extinção local

das espécies mais exploradas. Vestígios de caça foram encontrados em diversas

trilhas, assim como indícios da utilização da área para acampamento, pesca e estudo

de áreas de garimpo. (ABADE, D´AMICO e DE PAULA, 2009)

Na Trilha do Igarapé Preto foi visualizado um fogão improvisado (Figura 04) às

margens do rio Madeirinha, com penas de mutum espalhadas e carvão queimado. Na

mesma área resquícios de rede de pesca foram vistos, sendo a atividade praticada

durante a época de cheia. Essa área está próxima à terra indígena e relatos de caça

de primatas foram feitos por barqueiros que habitam a área há bastante tempo.

(ABADE, D´AMICO e DE PAULA, 2009)

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Foram encontrados acampamentos e cartuchos de espingarda, possivelmente

utilizados para caça. Essas áreas possuem uma população grande de ungulados, que

são os preferidos pelos caçadores. Durante as reuniões do diagnóstico

socioeconômico da Unidade, os indígenas das duas Terras Indígenas apontaram

como espécies mais caçadas por eles, a paca, a cutia, alguns primatas e os veados

"da floresta". Segundo eles, não há caça dos veados dos campos porque a carne

destes apresenta gosto ruim. (ABADE, D´AMICO e DE PAULA, 2009)

Vários estudos realizados na Amazônia têm demonstrado que mesmo a caça

de subsistência causa o declínio populacional de algumas espécies, principalmente as

mais sensíveis, como Tayassu pecari, Pecari tajacu e Tapirus terrestris (Bodmer et al.,

1997; Carrillo & Cuarón, 2000; Cullen et al., 2000). Como o uso da fauna pelos índios

é uma atividade relativamente fácil de ser acompanhada, essa atividade deve ser

monitorada e se necessário, re-orientada para evitar a depreciação dos recursos nas

Terras Indígenas vizinhas e consequentemente, no PARNA Campos Amazônicos.

(ABADE, D´AMICO e DE PAULA, 2009)

A ocorrência de predação de animais domésticos por carnívoros é um fator que

normalmente expõe esses animais à caça de retaliação, principalmente grandes

felinos. No Setor III foi registrado o relato de dois casos de predação recentes onde

uma onça-parda e uma onça-pintada teriam atacado fazendas e abatido cavalo e

Foto 02: Fogão improvisado para preparar carne de caça. Trilha do Igarapé Preto.

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novilhos. No Setor IV outro caso de predação de bezerros por onça-parda culminou na

caça e morte da onça. A falta de manejo adequado por parte dos criadores e a

habituação dos animais silvestres em caçar presas fáceis leva a um conflito de

proporções críticas para as espécies silvestres, normalmente culminando na sua morte

por receio de novos ataques e perdas econômicas. Com o aumento de fazendas no

entorno da unidade, conflitos tendem a acontecer, incorrendo em maior perseguição

aos grandes predadores. (ABADE, D´AMICO e DE PAULA, 2009)

Um barqueiro afirmou que um proprietário de terras próximo ao Setor I teria

caçado três antas, 11 veados e alguns porcos-do-mato, para venda na localidade de

Panelas. Esse é um número extremamente alto e reflete o grau de defaunação a que

as áreas do PARNA Campos Amazônicos podem estar expostas. Medidas de

fiscalização mais efetivas e restritivas devem ser adotadas. (ABADE, D´AMICO e DE

PAULA, 2009)

5.7 Mineração

A atividade de Mineração e Garimpagem está intimamente ligada a todos os

problemas acima citados, uma vez que abrem acessos, geram desmatamentos, os

acampamentos acabam sendo abastecidos com a caça e pesca, além dos resíduos

despejados nos rios e igarapés.

Uma das principais pressões antrópicas que qualquer corpo d’água pode sofrer

é a atividade garimpeira. Esta reflete substancialmente nos recursos hídricos

(qualidade e quantidade da água) e conseqüentemente em toda a fauna associada.

Sem contar na degradação humana da população envolvida nesta atividade. Verificou-

se toda a modificação da paisagem vegetal e da fisionomia do curso d’água nos

pontos 3, 4 e 26 (Igarapé Preto e Igarapé Gavião). Várias foram as vezes que durante

as coletas a equipe de ictiofauna escutou por moradores locais “aqui tem ouro”.

(GODOI, ARROLHO DA SILVA E ROSA, 2009)

O principal ponto de exploração desta atividade está localizado no interior da

Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto (Foto 02). Apesar da mineração estar

regimentada por uma legislação própria que exige a recomposição após o processo de

exploração, pode-se observar que a atual situação da área e o problemas trazidos

pela construção de acessos, migração de população e resíduos ultrapassam em muita

a recomposição da área.

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Foto 03 – Impacto da Mineração no interior da Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto (Foto: Maurício Silva, 2008)

Foram encontradas alterações advindas da busca de minerais ao longo de

diversos canais na região do Parque e constantes vistorias na busca de equipes de

pesquisa de minerais e pedras preciosas tornam-se necessárias como forma de

antecipar e coibir tais atividades visto que a região apresenta potenciais para minerais

de minério e pedras preciosas.

Em relação a fauna de répteis e anfíbios a mineração e o garimpo além de

impactar através da retirada completa da cobertura vegetal original, o que elimina as

condições micro-climáticas (abrigos, alimento, sítios de reprodução, dentre outros)

necessárias para a manutenção das espécies de anfíbios e répteis locais, impacta de

maneira maior através dos resíduos. Em atividades de mineração, diversas

substâncias tóxicas são utilizadas e os efeitos das mesmas sobre a fauna não é

somente local, pois pelo escoamento hídrico os efeitos se tornam alóctones.

(BERNARDE e MACHADO, 2009)

Por fim, a atividade mineradora quando abandonada abre espaço para a

atividade garimpeira, esta tão prejudicial quanto a anterior por ser executadas por

equipes menores, de maneira mais impactante em relação aos resíduos e

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desmatamentos de matas ciliares, mas principalmente, pela dificuldade de fiscalização

e punição dada a facilidade e mobilidade dessas equipes nas áreas de exploração.

Figura 06 – Imagem do satélite Landsat apresentando desmatamento em APP na área de mineração da Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto

2008

2009

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6. MATRIZ DE RELACIONAMENTO PROBLEMAS/SETORES

Desmatamento Queimada Estradas Clandestinas Pesca Caça Mineração/Garimpo Setor I BAIXA BAIXA BAIXA ALTA BAIXA BAIXA Setor II MÉDIA ALTA MÉDIA ALTA ALTA BAIXA Setor III ALTA ALTA ALTA BAIXA ALTA ALTA Setor IV ALTA ALTA ALTA BAIXA ALTA ALTA Setor V ALTA MÉDIA BAIXA ALTA ALTA BAIXA

Tabela 04 – Relacionamento entre os problemas e os setores amostrados durante a Avaliação Ecológica Rápida relacionando os problemas e os setores apresentando o grau de intensidade que os problemas impactam sobre os setores.

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Figura 07 – Mapa apresentando os setores segundo a amostragem da AER

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Figura 08 – Mapa apresentando as principais pressões na UC e entorno.

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7. Potenciais para proteção

Como o Parque Nacional dos Campos Amazônicos apresenta uma condição de

ecótono entre as duas principais fitofisionomias (Campo e Floresta) dispõe de um alto

potencial de proteção, tanto de espécies associadas a estas fitofisionomias como

ambientes específicos com grande valor ecológico para todo o ecossistema regional.

A seguir apresenta-se um compêndio destes ambientes e espécies que

ocorrem no Parque e necessitam de uma atenção especial quanto a sua proteção,

bem como, a geração de conhecimento sobre sua estrutura e função.

7.1

- Campinarana nos setores II, III e IV;

- O grande Enclave de Cerrado na sua totalidade, em parte interna ao Parque, em parte na zona de amortecimento do Parque;

- Solos arenosos fonte de recarga do lençol freático;

- Nascentes dos rios Branco, Machadinho e Igarapé Borrachudo (Manicoré), Marmelos

Ambientes diferenciados

7.2

Considerando os relatórios temáticos seguem abaixo um resumo com as

espécies importantes para a conservação por serem consideradas ameaçadas de

extinção, por tratar-se de uma espécie rara e/ou endêmica ou por estar submetida a

uma condição de pressão na região do Parque.

Espécies importantes para conservação

- Vegetação

Chelyocarpus cf. chuco palmeira até então não apresentando ocorrência nesta

parte da Amazônia Ocidental.

- Ictiofauna

Phractocephalus hemioliopterus (pirarara), Brachyplatystoma filamentosum

(piraíba) Potamotrygon (raias) e Electrophorus electricus (peixe-elétrico).

- Avifauna

Harpia harpyja (gavião-real) e o Pauxi tuberosa (mutum-cavalo).

[P1] Comentário: Tem uma lista de sp importantes no relatório, além dessa tem sp ainda não descritas, complementar

[P2] Comentário: Tem uma tabela no relatório com as espécies importantes, completar ou inserir a tabela

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- Mastofauna

Edentata:

Priodontes maximus (tatu-canastra) e Mymercophaga tridactyla (tamanduá-

bandeira).

Primates:

Chiropotes albinasus (cuxiú-preto), Ateles chamek (macaco-aranha), Lagothrix

cana (macaco-barrigudo) e Mico manicorensis (sagüi-de-manicoré).

Carnivora:

Atelocynus microtis (cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas), Speothos venaticus

(cachorro-do-mato-vinagre), Leopardus tigrinus (gato-do-mato-pequeno), Leopardus

pardalis (jaguatirica), Puma concolor (onça-parda, suçuarana, puma), Panthera onca

(onça-pintada), Mustela sp. (doninha, cachorrinho-do-rio), Lontra longicaudis (lontra) e

Pteronura brasiliensis (ariranha).

- Herpetofauna

Rhinella gr. granulosa, Dendropsophus sp., Scinax fuscomarginatus,

Leptodactylus labyrinthicus, Hoplocercus spinosus, Oxyrhopus rhombifer, Philodryas

sp., Pseudoboa nigra e Bothrops matogrossensis.

De maneira geral vale ressaltar também os crocodilianos e quelônios.

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8. Recomendações de Manejo

Como recomendações de manejo foram identificados, dentro dos relatórios

temáticos e das reuniões com os pesquisadores, os elementos mais relevantes e

atividades que estão apresentados como proposta para o manejo do Parque. Estes

elementos estão organizados segundo os seguintes tópicos: linhas de pesquisa,

operacional, estratégica e zona de amortecimento.

8.1 Linhas de pesquisa

Meio Físico

Monitorar o avanço das áreas com arenização e com erosões no PARNA

Campos Amazônicos e Zona de Amortecimento (ZA);

Realizar estudos do meio físico na bacia do rio Guariba e na área da Apromar;

Monitorar o avanço dos Garimpos e a qualidade de água advinda destes.

Monitorar o avanço do desmatamento na ZA.

Vegetação

Conhecimento aprofundado da flora da unidade

Estimular e agregar conhecimento técnico-científico sobre os ambientes e seus

elementos.

Obter dados e informações sobre a regeneração natural e espontânea, visando

a recuperação das áreas alteradas na região da unidade.

Ictiofauna

Desenvolver estudos ligados a dieta, biologia reprodutiva, distribuição e

taxonomia das espécies, mapeamento genético, visando identificar os aspectos

ecológicos ligados a ictiofauna, principalmente de espécies migratórias e de interesse

comercial.

Herpetofauna

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44

Conhecer as espécies de anfíbios e répteis escamados (lagartos e serpentes) e

sua corologia nos limites de abrangência do PARNA Campos Amazônicos.

Conhecer as espécies de quelônios e crocodilianos e sua corologia nos limites

de abrangência do PARNA Campos Amazônicos. Levantar dados sobre o

comportamento reprodutivo das espécies, tais como: local e época de desova.

Conhecer a herpetofauna e os diferentes aspectos da distribuição ecológica

(nicho ecológico) das mesmas nos limites de abrangência do PARNA Campos

Amazônicos. Levantar dados sobre a distribuição espaço-temporal e hábitos

alimentares, além de registros de interações intra e interespecíficas.

Conhecer a dinâmica populacional do lagarto Ameiva ameiva nos ambientes de

área aberta naturais e antrópicos dentro e nos limites de abrangência do PARNA

Campos Amazônicos. Levantar dados sobre a distribuição espaço-temporal e hábitos

alimentares, além de registros de interações intra e interespecíficas.

Realizar pesquisas biológicas (principalmente de natureza genética)

principalmente com as aves listadas no relatório temático.

Avifauna

8.2 Operacional

[P3] Comentário: Ele indica as pesquisas para as espécies especiais, e a necessidade de estudos genéticos com as sp de cerrado,importante aparecer aqui

Vegetação

Elaboração e criação do Sistema de Informações Geográficas (SIG) da

unidade;

Realizar treinamento dos funcionários da unidade para o uso de técnicas de

SIG (Sistema de Informações Geográfica) e Sensoriamento Remoto;

Realizar treinamento dos funcionários da unidade em técnicas de direção off

road, incluindo noções básicas de mecânica.

Instituir e capacitar grupos locais para atender as futuras demandas

relacionadas às atividades ecoturísticas da unidade.

Identificar, avaliar e caracterizar áreas florestais onde o Arvorismo pode ser

empregado como uma atividade ecoturística e até mesmo para a educação ambiental.

Livrar a unidade das espécies vegetais exóticas, principalmente as mais

agressivas e de menor relação trófica.

Instituir um grupo local de brigadistas remunerados, capacitados e atuantes.

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Ictiofauna

Realizar avaliações periódicas sobre a qualidade da água do Parque e entorno,

relacionando os parâmetros físico-químicos, metais pesados, poluentes advindos de

culturas agrícolas, pecuária e resíduos urbanos, bem como seus impactos na fauna

aquática.

Deve-se intensificar a fiscalização, regulamentando a pesca em todas as

modalidades, nos rios Roosevelt, Branco, Madeirinha e Machado, e proibir esta

atividade principalmente em locais de cachoeiras, corredeiras, entradas de igarapés e

lagoas, de acordo com legislação federal vigente.

Também deve ser criado um banco de dados com informações de focos de

incêndios e áreas mais suscetíveis ao fogo, levantando informações sobre os últimos

dez anos, isso facilita a prevenção e o planejamento de ações em áreas estratégicas

de ocupação humana.

Herpetofauna

Coibir a prática de desmatamentos e da retirada de madeira através do

processo de fiscalização.

Recuperar áreas do PARNA Campos Amazônicos que sofreram fortes

influências antrópicas e conseqüente destruição de habitats

Avifauna

Uma das mais importantes recomendações relativas à avifauna diz respeito à

atividade de observação de aves ou “birdwatching”, como é conhecida

internacionalmente. O “birdwatching” é considerado um tipo de ecoturismo bastante

estimulado em Unidades de Conservação pelo relativo baixo impacto, pequeno

investimento necessário e possibilidade de ser gerido pela população local (Goodwin

1996, King; Stewart 1996, Isaacs 2000). Além disso, o turista de “birdwatching” é

normalmente mais educado, possui poder aquisitivo maior e é mais preocupado com a

conservação do ambiente. Vale ressaltar a recomendação de normatização quanto ao

uso de “playback”, ou seja, a reprodução de cantos de pássaros como forma de

atração que pode acarretar problemas ambientais caso seja utilizada de maneira

inadequada ou em excesso.

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46

8.3 Estratégica

Vegetação

Garantir a conservação das espécies Mauritiella sp1 e Syagrus sp1,

possívelmente espécies novas para a ciência, registradas unicamente para os

ambientes de Campinarana da região da Trilha do Areial (Setor II - Fazenda do

Marcos) e na Trilha do Ronca (Setor I – Pousada Roosevelt) respectivamente.

Ictiofauna

Realizar levantamentos sobre as práticas e áreas ligadas a pesca esportiva e

amadora na região do PARNA Campos Amazônicos e entorno.

Herpetofauna

A conscientização das comunidades funciona como fator chave da mudança de

comportamentos perante a natureza, onde se preserva aquilo que se respeita e ama.

Levantar informações sobre os poluentes presentes na água dos rios Machado

e Roosevelt para saber do potencial risco de contaminação e conseqüentemente

efeitos sobre a fauna e a flora locais.

Fazer com que o PARNA Campos Amazônicos seja um contínuo ambiental,

garantindo os processos bio-ecológicos dentro e até fora dos seus limites.

8.4 Zona de Amortecimento e entorno

Avifauna

Estudos a respeito do impacto real causado pela implantação de hidrelétricas e

da capacidade de carga de alguns ambientes mais frágeis (como exemplificado item

6.2) devem ser priorizados

Meio Físico

Considerar os divisores de sub-bacias para a Zona de amortecimento dentro de limites

possíveis e administráveis.

Vegetação

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Desenvolver, junto à comunidade do entorno da UC, um guia prático com as

espécies vegetais nativas da região do PARNA Campos Amazônicos utilizadas no

cotidiano das populações do entorno.

Ponderar com elevada atenção os Planos de Manejo Florestal, localizados no

entorno da unidade.

Ictiofauna

Sugere-se a implantação de Centros de Estudos e Interpretação em pontos

estratégicos como a Comunidade Tabajara, Fazenda do Marcos, Pousadas,

aproveitando as estruturas já existentes. Estes Centros de Estudos podem concentrar

todos os dados referentes às pesquisas realizadas, bem como monitorar as atividades

desenvolvidas na região.

Na estrada do Estanho é necessário que o parque seja ampliado até as suas

margens e que o acesso a esta estrada seja monitorado, visando coibir o

desenvolvimento de atividades (garimpo, pecuária, agricultura, caça e pesca) que

possam prejudicar a integridade dos ambientes. Sugere-se também a ampliação de

áreas de nascentes (Igarapé Jatuarana, Rio Branco, Rio Manicoré, e limites até o rio

Guariba, entre outras), visando a conservação ou até recuperação destas importantes

áreas de manutenção dos sistemas hídricos.

Herpetofauna

As atividades de manejo florestal (PMFs) devem receber atenção especial no

que tange a sua liberação próximo às áreas de nascentes e em áreas próximas aos

ambientes de Cerrado e de Campinarana, pois poderiam (os PMFs) servir como

carreadores e ou corredores para espécies exóticas e oportunistas que poderiam, por

ali, adentrar às áreas abertas do PARNA Campos Amazônicos e competir com as

espécies locais.

O componente Avifauna tem como sugestão de envolvimento com as

comunidades do entorno o desenvolvimento do ecoturismo em suas várias vertentes,

com destaque aqui para a observação de aves na natureza (“birdwatching”). Embora

Avifauna

Monitoramento de pousadas e moradias, atividades de ecoturismo, caça

clandestina, atividades agrícolas e pecuárias na zona de amortecimento e efeitos do

garimpo.

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bons guias de campo para acompanhamento de ecoturistas de birdwatching não

sejam facilmente treinados, seus esforços são sempre recompensadores, porque esse

tipo de ecoturismo gera boa renda. Para o PARNA Campos Amazônicos, o ecoturismo

é uma atividade que preserva o meio ambiente e produz educação ambiental na

comunidade humana lindeira.

Pelo observado pela equipe de avifauna, as áreas com características

semelhantes às observadas na trilha P, onde observou-se a presença de espécies

arborícolas e de áreas abertas num espaço muito próximo com ocorrência de espécies

nunca antes observadas para esta área de ocorrência, devem ser consideradas

intangíveis no zoneamento da unidade. Muito cuidado deve ser tomado, do mesmo

modo, com áreas semelhantes ao observado na trilha K onde ocorrem espácies

apenas de área aberta.

Sugere-se a implantação e manutenção de dois centros de visitantes: um nas

proximidades do rio Roosevelt, buscando orientar o público das pousadas existentes,

e outro centro de visitantes na região da chamada “estrada do estanho”, por conta da

facilidade de acesso e das pressões existentes na região. Nesta região pode também

ser definida uma área para a administração do parque.

Com relação a áreas estratégicas e de expansão, é recomendável que o

parque seja ampliado para oeste, de modo a envolver toda a grande mancha de

vegetação natural não florestal que existe no sul do estado do Amazonas. Essa

expansão não só será mais condizente com o nome e objetivos deste parque nacional,

como também permitiria uma maior eficiência na proteção daquelas formações e biota

associada. Com isto em mente, fica o questionamento de qual teria sido a motivação

original para o desenho do parque como ele é hoje, uma vez que ele protege áreas a

leste que não são os campos amazônicos, enquanto boa parte desses campos

encontra-se a oeste sem a proteção de uma UC. Em que pese toda a burocracia e os

entraves legais para se realizar mudanças de tamanho vulto, seus gestores deveriam

considerar um redesenho da unidade.

A via de rodagem conhecida informalmente como “estrada do Estanho” merece

também uma cuidadosa análise, e que se considere incisivamente e necessidade de

incorporação de toda a área coberta por esta via (e também a faixa de exclusão hoje

existente nas proximidades do PARNA Campos Amazônicos) na área do parque. Essa

estrada significa hoje uma importante via de escoamento de minério clandestino e

possivelmente outras atividades ilícitas. Além disso, o fato dessa estrada existir

fraciona o parque em porções isoladas e de mais difícil manejo. Em termos de

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biodiversidade, essa estrada (e sua zona de exclusão) funciona como elemento

isolador de populações naturais e constitui uma via de acesso para caçadores

clandestinos, fogo acidental ou provocado, doenças e espécies exóticas. Todas essas

ameaças não são contrabalançadas por nenhuma vantagem que advenha da

presença da estrada e, portanto, esta equipe recomenda enfaticamente sua interdição

e incorporação desta área ao PARNA Campos Amazônicos.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABADE, Leandro A. dos S.; D´AMICO, Ana Rafaela; DE PAULA, Rogério C. 2009. Avaliação Ecológica Rápida para o Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos, Estado do Amazonas - Relatório Técnico Final do Componente Mastofauna. ICMbio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Relatório Técnico Não Publicado).

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Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos Relatório Final Consolidado

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