diabete na escola 17 3-2012

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%HermesFileInfo:8-A:20120317: 8A JT CIDADE JORNAL DA TARDE SÁBADO, 17 . 3 . 12 Para o pediatraMarcelo Reibscheid, do Hospital e MaternidadeSão Luiz, é preciso incentivarque a criança participe dos procedimentos de controle da diabete. Isso para que, caso recebacuidados na escola, consi- ga avaliar seo procedimento está sendo feito comoo de costume. Nãohá uma idade para a crian- ça passar a ser responsável pelos cuidados. A nutricionista Maria Izabel Homem de Mello, da Asso- ciação de Diabetes Juvenil (ADJ), conta sua própria expe- riência enquanto diabética: “Fi- quei diabética com 1 ano e 9 me- ses.Com 6 anos, resolvi apren- der a fazer a aplicação”, lembra. Comoobjetivodepromover essaindependência,aADJpromo- veperiodicamenteumacampa- mentoparacriançasejovensdia- béticos.Elesaprendemtudoso- breautocuidadosemumaimer- sãonotema.Oencontroéorgani- zadoemparceriacomUnifespe reúne80criançasejovens,acom- panhadospor75profissionais– muitossãodiabéticostambém. “Elesaprendemmuito.Como sótemcriançasdiabéticas,eles sentem-sebeminseridos”,diz NicoleLagonegro,mãedeVitto- ria,de8anos.Hoje,elajácomeçaa manipularabombadeinsulinaea mediraglicemia.“Senãoapren- der,acriançanãopodesairdeca- sasemamãeporperto.” MARIANALENHARO [email protected] Quandocomeçouafrequentaraes- cola,com 1ano,JuliaEhrhard tinha acabado de receber o diagnóstico de diabete. A escola, a princípio, concordouemparticipardoscuida- dos especiais com a menina, que hoje tem 5 anos. Mas a mãe dela, a arquitetaCarolinaLima Fernandes Ehrhardt, notou que a filha sempre voltavadasaulascomníveisincom- patíveis de glicemia. Constatou que os funcionários não seguiam suas orientações e até deixavam a garota repetir o lanche. Julia, assim como centenas de crianças diabéticas do País, precisa de uma série de cuidados, como medições frequentes de glicemia, aplicaçõesdiáriasdeinsulinaecon- trole rigoroso da alimentação. A si- tuação é ainda mais importante no caso das escolas integrais, cada vez mais comuns, em que os alunos passam muito tempo no local. Mas nãoéfácil,dizem ospais,encontrar escolas que aceitem dividir com a família o controle da doença. “A gente vê um grande medo de se tornar responsável pelo controle desse aluno. Normalmente, a mãe acabaindoàescolanahoradointer- valo, mede a insulina, dá o lanche”, diz a nutricionista Maria Izabel Ho- mem de Mello, da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ). A endocri- nopediatra Denise Ludovico ob- serva que, mesmo se a criança não precisar medir a glicemia nas aulas, o colégio tem de redobrar a atenção e verificar qualquer sinal de hipoglicemia, que pode levar ao coma. Além disso, deve avisar aos pais sobre lanches diferentes. A família do garoto Igor Nunes Freires, de 9 anos, conta que tam- bémenfrentoudificuldades.Quan- dofoidiagnosticado com a doença, aos 7 anos, sua mãe, Sarah Rubia Nunes Baptista, explicou à escola a nova rotina. A professora que, no início anotava os valores da glice- mia no intervalo, com o tempo dei- xou de fazê-lo. Nas ocasiões em que Igor precisava receber insuli- na, Sarah tinha de ir ao colégio. Com o tempo, a professora de Igor passou a achar que os frequen- tes pedidos para ir ao banheiro eram mera desculpa para não fazer a tarefa. “Ele dizia que era uma ses- são de tortura ter que ficar seguran- do o xixi enquanto prestava aten- ção”, diz a mãe. Um dos sintomas da diabete é justamente ter muita sedeemaisvontadedeurinar.Além disso, como a escola proibia celula- res, Igor era impedido de avisar sua mãe sobre alterações de glicemia. Para evitar problemas como es- ses, os especialistas recomendam que, antes de matricular a criança, ospaisconversemcomacoordena- ção e verifiquem a disposição em colaborar. Mesmo quando a crian- ça adquire certa autonomia e aprende a medir a glicemia – o teste é feito por um aparelho portátil – é tarefa de um adulto fazer as contas paraverificara quantidadedeinsu- lina a ser injetada, levando em con- sideração a quantidade de carboi- drato ingerida a cada refeição. Hoje, tanto Julia quanto Igor en- contraram, finalmente, escolas que dão suporte às necessidades trazidas pela diabete. O colégio no- vodeIgor,porexemplo,aproveitou o caso para explicar aos alunos so- bre a doença. “Houve aceitação da turma toda. Eles sabiam o que era, isso foi importante para evitar pre- conceitos”, conta Sarah. A nova es- coladeJuliatambémabraçouacau- sa: a própria professora se encarre- ga de medir a glicemia. Já a professora Nicole Lagone- gro, mãe de Maria Vittoria, de 8 anos,teve sorteao escolher a escola da filha. “Disseram que tinham ou- tras crianças com restrição alimen- tar e que fariam de tudo para aju- dar”,elogia.A professoraassumiua função de controlar a glicemia e aplicar a insulina. Na hora do lan- che, as crianças comem dentro da sala para que haja mais controle e só depois vão para o pátio. :: Foram com as palavras do geó- grafoAzizNacib Ab’Saber, que des- creveu com precisão as paisagens brasileiras,queoPaíscomeçouaco- nhecer, há pouco mais de 60 anos, sua diversidade. Ao longo de déca- dasdepesquisa,oprofessordaUni- versidade de São Paulo elaborou teoriasfundamentaisparaoconhe- cimento dos aspectos naturais do Brasil, mantendo-se ativo até a vés- pera de sua morte, ontem, aos 87 anos, após um enfarte fulminante. Ab’Saber teve também papel de liderança no desenvolvimento de uma consciência conservacionista noPaís.ProfessoreméritodaFacul- dade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, foi um dos mais importantes estudiosos dageomorfologiabrasileira,desen- volvendo ao longo da carreira mais de 300 artigos de significativa rele- vância internacional. Presidente de honra, ex-presi- dente e conselheiro da Sociedade BrasileiraparaoProgressodaCiên- cia(SBPC),vinhavisitandoaentida- de com frequência nas últimas se- manaspara a preparação do tercei- rovolumedacoleçãoLeiturasIndis- pensáveis, ainda a ser publicado. Apesar da idade, o professor con- tinuava bastante ativo e polêmico. Em várias oportunidades se mos- troucontrárioaoalarmismoemtor- no do aquecimento global, refor- çandoque era necessárioconhecer seu aspecto natural. Recentemente também estava engajado contra as mudanças do Código Florestal no Brasil. “Era uma voz muito respeitada por to- dos os lados do debate”, comentou o biólogo da Unicamp Carlos Joly. É autor de muitos livros e, ao lon- godacarreira,recebeudiversosprê- mios, como o Prêmio Jabuti em Ciências Humanase Exatas e o Prê- mio Almirante Álvaro Alberto para CiênciaeTecnologia,doMinistério da Ciênciae Tecnologia. Deixa mu- lheretrêsfilhos.Oenterroseráreali- zado hoje, às 11h, no Cemitério da Paz, no Morumbi. :: GiovanaGirardieHertonEscobar MaritadosSantos – Dia 13, aos 77 anos, era filha de Maria Vitoria dos Santos e José Vir- turinodosSantos.DeixaosfilhosRoselyRe- giseRobertoRegis.OenterrofoinoCemité- rio da Saudade. HelenaGimpelHorvath– Dia12,aos74anos, erafilhadeMargaridaGimpeleGimpelJosef. DeixaafilhaMariaIsabel.Oenterrofoirealiza- donoCemitério daFreguesia doÓ. Hilda Justino dos Santos – Dia 12, aos 68 anos,erafilhadeMarcolinadeJesuseGabriel Justino dos Santos. Deixa os filhos Marcelo e Marcia.OenterrofoinoCemitérioSãoLuiz. Ivonete dos Santos Costa – Dia 12, aos 59 anos, era filha de Iraci dos Santos e Manoel Antonio dos Santos. Deixa os filhos Ailton e EmanuelAntonio.OenterrofoinoCemitério da Vila Formosa. MiriamDalvinoTeixeiraBarretodeAlmei- da–Dia13,aos51anos,erafilhadeMariaJosé Dalvino Teixeira e Nelson José Teixeira. Dei- xa os filhos Jackson, Anthony e Alessandra. O enterro foi no Cemitério Parque das Cere- jeiras. JoséNascimentoFilho–Dia12,aos88anos. DeixaosfilhosRosmeire,Weiderman, Rosan- gela, Ana Maria e José Roberto. O corpo foi transladadoparaoCrematóriodaVilaAlpina. Domingos Soares – Dia 12, aos 77 anos, era filho de Amelia Gonçalves e Manoel Soares Filho. Deixa o filho Angelo. O enterro foi no Cemitério do Araçá. Mauro Bezerra de Lima – Dia 12, aos 61 anos,erafilho de Euridice deLima Bezerra dos Santos e Antonio Bezerra dos Santos. Deixa os filhos Fabio e Ariane. O enterro foi no Cemitério São Pedro. MISSAS Annita Franceschini Cassiano – Amanhã, às12horas,naIgrejaSãoJosé,RuaDinamar- ca, 32, Jardim Europa (2 anos). ZavenderHaroutiounian–Amanhã,às11ho- ras,naIgrejaApostólicaArmêniaSãoJorge, Avenida Santos Dumont, 55 (6 anos). CEMITÉRIOISRAELITADOBUTANTÃ RozaMandelbaum– Amanhã, às 11 horas - S L - Q 260 - Sep. 9 (Matzeiva). PedroSilvaMelnick–Amanhã,às 11horas- S O - Q 343 - Sep. 203 (Matzeiva). LuciliadeLachmann – Amanhã, às 11 horas - S E - Q 170 - Sep. 104 (Matzeiva). JosePerez– Amanhã, às 11 horas - S R - Q 408 - Sep. 114 (Matzeiva). NelsonBeutel – Amanhã, às 11 horas - S R - Q 396 - Sep. 60 (Matzeiva). SarahAbramovich – Amanhã, às 11 horas - S D - Q 54 - Sep. 25 (Matzeiva). CEMITÉRIOISRAELITADOEMBU IdaGolubtchic – Amanhã, às 10h30 - S B - Q 16 - Sep. 6 (Matzeiva). SegundoopresidentedoSindica- to dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieesp), Benjamin Ribeiro da Silva, o ideal é queas escolas tenham enfermeiros ou médicos à disposição dos alu- nos para contemplar necessidades especiais como as dos diabéticos. Ele acrescenta que a escola tem por obrigação perguntar à família sobre todos os cuidados que a criança deve receber. “Nesta vida moderna, em que pais e mães tra- balham, muitos ficam em perío- do integral na escola e ela tem de se preparar para atender essas ne- cessidades”, diz Silva. Um projeto de lei em tramita- ção na Assembleia Legislativa proíbe a discriminação contra portadores de diabete nos estabe- lecimentos de ensino. Ele prevê queo corpo docente eos funcioná- rios se capacitem para atender às necessidadesdesses alunos. O tex- to já recebeu pareceres favoráveis da Comissão de Constituição Jus- tiça e Redação e da Comissão de Educação e Cultura. Atualmente, está pronto para votação. :: Os primeiros sinais da diabete são excesso de fome e de sede, au- mento da necessidade de urinar, perda de peso repentina, ocorrên- cia de náuseas e vômitos. A diabe- te que aparece na infância geral- menteéadotipo1,emqueoorga- nismo tem uma deficiência natu- ral na produção do hormônio in- sulina. Fabricado no pâncreas, ele é responsável por transformar a glicose ingerida em energia. Quando demora para ser identi- ficada, a diabete pode levar ao co- ma e até à morte. O menino Igor Nunes Freires, acometido pela diabete aos 7 anos, foi parar na UTI quando a diabete se manifes- tou pela primeira vez.Sua mãe, Sa- rah Rubia Nunes Baptista, conta que, naquela semana, ele tinha voltado a fazer xixi na cama, o que foi interpretado pela família co- mo um sinal de nervosismo devi- do às provas finais da escola. Em um dos últimos dias de aula, chegou a beber um galão de 20 li- tros sozinho. Sarah ligou para a médica, que pediu para ela levá- lo a uma consulta. Como ele não queria perder a festa de encerra- mento das aulas, a consulta foi marcada para o dia seguinte. Não deu tempo de esperar. Pela ma- drugada, Igor começou a vomitar e a urinar muito. Foi levado ao pronto-socorro e, de lá, foi direto para a UTI, onde ficou internado por três dias. “Ele já estava entran- do no quadro de coma diabético.” Quando diagnosticada precoce- mente, a doença não chega a esse ponto e os primeiros sintomas já cessam com a aplicação da dose certa de insulina. Mas, apesar das adaptações que a criança terá de fazer em sua rotina ao descobrir a doença, a vida dela não precisa ser cheia de restrições, garante a endocrinopediatra Denise Ludo- vico. “O que muda é que eles têm de fazer as glicemias capilares e têm de ter a alimentação saudá- vel, o que é recomendado para qualquer criança”, ressalta. Para ela, crianças emidade esco- lar podem adaptar os horários dos exames de glicemia e das apli- cações de insulina para os perío- dos em que estão fora da escola. “Eu acredito que é possível adap- tar a diabete à rotina do paciente e não ao contrário. Por mais que as criançasnão seincomodem em fa- zer esses procedimentos nas esco- las, elas acabam ficando diferente das outras”. A especialista acres- centa que é preciso desvincular a criança diabética do estigma de que tem de ser sempre vigiada e cercada de excessos de cuidado. :: Geógrafo Aziz Ab’ Saber Escolas não sabem lidar com a diabete OS CUIDADOS Pais de diabéticos devem incentivar a independência JT NETO/AE FALECIMENTOS Serviço 15º Congresso da Associação de Diabetes: evento voltado a pacientes e familiares Data: 24 e 25 de março, na Rua Voluntários da Pátria, 547. Gratuito Inscrições: www.acquacon.com.br/a dj2012/inscricoes/ MeninofoipararnaUTI:xixi nacamanãoeranervosismo >> Com deficiência na produção de insulina, o diabético tem de regu- lar a quantidade de glicemia no sangue e injetar o hormônio na quantidade certa para processar os alimentos. Sua rotina será: >> Teste de glicemia capilar: feito várias vezes ao dia, antes de cada refeição >> Contagem de carboidratos: de- ve contar a quantidade de carboi- drato ingerida em cada refeição >> Aplicação de insulina: segundo o resultado da glicemia e a quanti- dade de carboidrato ingerida, ele faz uma conta que indica a dose correta de insulina para injetar Foi um dos maiores geógrafos que o Brasil já teve. Seu profundo conhecimento da geografia e compromisso inabalável com o povo brasileiro foram fonte de inspiração para todos nós” LUIZINÁCIOLULADASILVA, EX-PRESIDENTE ANDRE LESSA/AE–27/04/2010 Pais relatam dificuldades em encontrar colégios que aceitem medir a glicemia e aplicar insulina ARQUIVO PESSOAL Morre o precursor do ambientalismo em SP Enterro será hoje, no Morumbi Saúde Antesdematriculara criançapaisdevem verificaradisposiçãodo colégioemcolaborar A escola de Maria Vittoria, de 8 anos, se dispôs a ajudar. A própria professora se responsabilizou pela tarefa de medir a glicemia e aplicar insulina Julia, 5 anos, passou por uma escola em que não havia controle sobre o que ela comia. No novo colégio, professores e funcionários são treinados todo ano Projetopedefuncionáriostreinados

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Page 1: Diabete na escola 17 3-2012

JT - SP - 8 - 17/03/12 8A - ESCALAPB ESCALACOR

%HermesFileInfo:8-A:20120317:

8A JTCIDADEJORNALDATARDESÁBADO, 17 .3. 12

ParaopediatraMarceloReibscheid,doHospitale

MaternidadeSãoLuiz,éprecisoincentivarqueacriançaparticipedosprocedimentosdecontroledadiabete.Issoparaque,casorecebacuidadosnaescola,consi-gaavaliarseoprocedimentoestásendofeitocomoodecostume.Nãoháumaidadeparaacrian-

çapassaraserresponsávelpeloscuidados.AnutricionistaMariaIzabelHomemdeMello,daAsso-ciaçãodeDiabetesJuvenil(ADJ),contasuaprópriaexpe-riênciaenquantodiabética:“Fi-queidiabéticacom1anoe9me-

ses.Com6anos,resolviapren-derafazeraaplicação”,lembra.Comoobjetivodepromover

essaindependência,aADJpromo-veperiodicamenteumacampa-mentoparacriançasejovensdia-béticos.Elesaprendemtudoso-breautocuidadosemumaimer-sãonotema.Oencontroéorgani-zadoemparceriacomUnifespereúne80criançasejovens,acom-panhadospor75profissionais–muitossãodiabéticostambém.“Elesaprendemmuito.Como

sótemcriançasdiabéticas,elessentem-sebeminseridos”,dizNicoleLagonegro,mãedeVitto-ria,de8anos.Hoje,elajácomeçaamanipularabombadeinsulinaeamediraglicemia.“Senãoapren-der,acriançanãopodesairdeca-sasemamãeporperto.”

[email protected]

Quandocomeçouafrequentaraes-cola,com1ano,JuliaEhrhardtinhaacabado de receber o diagnósticode diabete. A escola, a princípio,concordouemparticipardoscuida-dos especiais com a menina, quehoje tem 5 anos. Mas a mãe dela, aarquitetaCarolinaLimaFernandesEhrhardt,notou queafilhasemprevoltavadasaulascomníveisincom-patíveis de glicemia. Constatouque os funcionários não seguiamsuas orientações e até deixavam agarota repetir olanche.

Julia, assim como centenas decriançasdiabéticasdoPaís,precisade uma série de cuidados, comomedições frequentes de glicemia,aplicaçõesdiáriasdeinsulinaecon-trole rigoroso da alimentação. A si-tuação éainda mais importante nocaso das escolas integrais, cada vezmais comuns, em que os alunospassammuitotemponolocal.Masnãoéfácil,dizemospais,encontrarescolas que aceitem dividir com afamília ocontrole da doença.

“A gente vê um grande medo desetornarresponsávelpelocontroledesse aluno. Normalmente, a mãeacabaindoàescolanahoradointer-valo,medeainsulina,dáolanche”,dizanutricionistaMariaIzabelHo-mem de Mello, da Associação deDiabetes Juvenil (ADJ). A endocri-nopediatra Denise Ludovico ob-serva que, mesmo se a criançanão precisar medir a glicemia nasaulas, o colégio tem de redobrar aatenção e verificar qualquer sinalde hipoglicemia, que pode levarao coma. Além disso, deve avisaraos pais sobre lanches diferentes.

A família do garoto Igor NunesFreires, de 9 anos, conta que tam-bémenfrentoudificuldades.Quan-dofoidiagnosticadocomadoença,aos 7 anos, sua mãe, Sarah RubiaNunes Baptista, explicou à escola anova rotina. A professora que, noinício anotava os valores da glice-mianointervalo,comotempodei-xou de fazê-lo. Nas ocasiões emque Igor precisava receber insuli-na, Sarah tinha de ir ao colégio.

Com o tempo, a professora deIgorpassouaacharqueosfrequen-tes pedidos para ir ao banheiroerammeradesculpa para não fazer

a tarefa. “Ele dizia que era uma ses-sãodetorturaterqueficarseguran-do o xixi enquanto prestava aten-ção”, diz a mãe. Um dos sintomasda diabete é justamente ter muitasedeemaisvontadedeurinar.Alémdisso,comoaescolaproibiacelula-res, Igor era impedido de avisar suamãesobrealteraçõesdeglicemia.

Para evitar problemas como es-ses, os especialistas recomendamque, antes de matricular a criança,ospaisconversemcomacoordena-ção e verifiquem a disposição emcolaborar.Mesmo quando acrian-ça adquire certa autonomia eaprendeamediraglicemia–otesteé feito por um aparelho portátil – étarefa de um adulto fazer as contasparaverificaraquantidadedeinsu-linaaserinjetada,levandoemcon-sideração a quantidade de carboi-dratoingerida a cada refeição.

Hoje, tanto Julia quanto Igor en-contraram, finalmente, escolasque dão suporte às necessidadestrazidaspeladiabete.Ocolégio no-vodeIgor,porexemplo,aproveitouo caso para explicar aos alunos so-bre a doença. “Houve aceitação daturma toda. Eles sabiam o que era,isso foi importante para evitar pre-conceitos”, conta Sarah. A nova es-coladeJuliatambémabraçouacau-sa: a própria professora se encarre-gade medir a glicemia.

Já a professora Nicole Lagone-gro, mãe de Maria Vittoria, de 8anos,tevesorteaoescolheraescoladafilha.“Disseramquetinhamou-trascriançascomrestriçãoalimen-tar e que fariam de tudo para aju-dar”,elogia.Aprofessoraassumiuafunção de controlar a glicemia eaplicar a insulina. Na hora do lan-che, as crianças comem dentro dasala para que haja mais controle esó depois vão para opátio. ::

Foram com as palavras do geó-grafoAzizNacibAb’Saber,quedes-creveu com precisão as paisagensbrasileiras,queoPaíscomeçouaco-nhecer, há pouco mais de 60 anos,sua diversidade. Ao longo de déca-dasdepesquisa,oprofessordaUni-versidade de São Paulo elaborouteoriasfundamentaisparaoconhe-cimento dos aspectos naturais doBrasil,mantendo-seativoatéavés-pera de sua morte, ontem, aos 87anos,após um enfarte fulminante.

Ab’Saber teve também papel de

liderança no desenvolvimento deuma consciência conservacionistanoPaís.ProfessoreméritodaFacul-dade de Filosofia, Letras e CiênciasHumanas (FFLCH) da USP, foi umdos mais importantes estudiososdageomorfologiabrasileira,desen-volvendo ao longo da carreira maisde 300 artigos de significativa rele-vância internacional.

Presidente de honra, ex-presi-dente e conselheiro da SociedadeBrasileiraparaoProgressodaCiên-cia(SBPC),vinhavisitandoaentida-

de com frequência nas últimas se-manasparaapreparaçãodotercei-rovolumedacoleçãoLeiturasIndis-pensáveis, ainda a ser publicado.

Apesardaidade,oprofessorcon-tinuava bastante ativo e polêmico.Em várias oportunidades se mos-troucontrárioaoalarmismoemtor-no do aquecimento global, refor-çandoqueeranecessárioconhecerseu aspecto natural.

Recentemente também estavaengajado contra as mudanças doCódigo Florestal no Brasil. “Era

uma voz muito respeitada por to-dososladosdodebate”,comentouobiólogo da Unicamp Carlos Joly.

Éautordemuitoslivrose,aolon-godacarreira,recebeudiversosprê-mios, como o Prêmio Jabuti emCiênciasHumanaseExataseoPrê-mio Almirante Álvaro Alberto paraCiênciaeTecnologia,doMinistériodaCiênciaeTecnologia.Deixamu-lheretrêsfilhos.Oenterroseráreali-zado hoje, às 11h, no Cemitério daPaz, no Morumbi. ::GiovanaGirardieHertonEscobar

MaritadosSantos–Dia 13,aos77anos,erafilhadeMariaVitoriadosSantoseJoséVir-turinodosSantos.DeixaosfilhosRoselyRe-giseRobertoRegis.OenterrofoinoCemité-riodaSaudade.HelenaGimpelHorvath–Dia12,aos74anos,erafilhadeMargaridaGimpeleGimpelJosef.DeixaafilhaMariaIsabel.Oenterrofoirealiza-donoCemitériodaFreguesiadoÓ.Hilda Justino dos Santos – Dia 12, aos 68

anos,erafilhadeMarcolinadeJesuseGabrielJustinodosSantos.DeixaosfilhosMarceloeMarcia.OenterrofoinoCemitérioSãoLuiz.Ivonete dosSantosCosta – Dia 12, aos 59anos, era filha de Iraci dos Santos eManoelAntoniodosSantos. Deixaos filhosAiltoneEmanuelAntonio.OenterrofoinoCemitériodaVilaFormosa.MiriamDalvinoTeixeiraBarretodeAlmei-da–Dia13,aos51anos,erafilhadeMariaJosé

DalvinoTeixeiraeNelsonJoséTeixeira.Dei-xaosfilhosJackson,AnthonyeAlessandra.OenterrofoinoCemitérioParquedasCere-jeiras.JoséNascimentoFilho–Dia12,aos88anos.DeixaosfilhosRosmeire,Weiderman,Rosan-gela, AnaMaria e José Roberto. O corpo foitransladadoparaoCrematóriodaVilaAlpina.DomingosSoares –Dia 12, aos77anos, erafilho deAmelia Gonçalves eManoel Soares

Filho. Deixa o filhoAngelo. O enterro foi noCemitériodoAraçá.Mauro Bezerra de Lima – Dia 12, aos 61anos,erafilhodeEuridicedeLimaBezerradosSantoseAntonioBezerradosSantos.Deixa os filhos Fabio e Ariane. O enterrofoinoCemitérioSãoPedro.MISSASAnnita Franceschini Cassiano – Amanhã,às12horas,naIgrejaSãoJosé,RuaDinamar-

ca,32,JardimEuropa(2anos).ZavenderHaroutiounian–Amanhã,às11ho-ras,naIgrejaApostólicaArmêniaSãoJorge,AvenidaSantosDumont,55(6anos).CEMITÉRIOISRAELITADOBUTANTÃRozaMandelbaum–Amanhã,às11horas-SL-Q260-Sep.9(Matzeiva).PedroSilvaMelnick–Amanhã,às11horas-SO-Q343-Sep.203(Matzeiva).LuciliadeLachmann–Amanhã,às11horas-

SE-Q170-Sep.104(Matzeiva).JosePerez–Amanhã, às 11 horas - SR -Q408 - Sep. 114 (Matzeiva).NelsonBeutel–Amanhã, às 11 horas -SR -Q396 -Sep.60 (Matzeiva).SarahAbramovich–Amanhã,às11horas-SD-Q54-Sep.25(Matzeiva).CEMITÉRIOISRAELITADOEMBUIdaGolubtchic– Amanhã, às 10h30 - S B -Q 16 - Sep. 6 (Matzeiva).

SegundoopresidentedoSindica-todos Estabelecimentos de Ensinodo Estado de São Paulo (Sieesp),BenjaminRibeiro da Silva, o ideal équeasescolastenhamenfermeirosou médicos à disposição dos alu-nos para contemplar necessidadesespeciais como as dos diabéticos.

Ele acrescenta que a escola tempor obrigação perguntar à famíliasobre todos os cuidados que acriança deve receber. “Nesta vidamoderna, em que pais e mães tra-balham, muitos ficam em perío-do integral na escola e ela tem de

seprepararparaatenderessasne-cessidades”, diz Silva.

Um projeto de lei em tramita-ção na Assembleia Legislativaproíbe a discriminação contraportadoresdediabetenosestabe-lecimentos de ensino. Ele prevêqueocorpodocenteeosfuncioná-rios se capacitem para atender àsnecessidadesdessesalunos.Otex-tojá recebeu pareceres favoráveisda Comissão de Constituição Jus-tiça e Redação e da Comissão deEducação e Cultura. Atualmente,está pronto para votação. ::

Os primeiros sinais da diabetesão excessode fome e desede, au-mento da necessidade de urinar,perdadepesorepentina,ocorrên-ciade náuseas e vômitos.A diabe-te que aparece na infância geral-menteéadotipo1,emqueoorga-nismo tem uma deficiência natu-ral na produção do hormônio in-sulina. Fabricado no pâncreas,ele é responsável por transformara glicose ingerida em energia.

Quandodemoraparaseridenti-ficada, a diabete pode levar ao co-ma e até à morte. O menino IgorNunes Freires, acometido peladiabete aos 7 anos, foi parar naUTI quando a diabete se manifes-toupelaprimeiravez.Suamãe,Sa-rah Rubia Nunes Baptista, contaque, naquela semana, ele tinhavoltado a fazer xixi na cama, o quefoi interpretado pela família co-mo um sinal de nervosismo devi-do às provas finais da escola.

Emumdosúltimosdiasdeaula,chegou a beber um galão de 20 li-tros sozinho. Sarah ligou para amédica, que pediu para ela levá-lo a uma consulta. Como ele nãoqueria perder a festa de encerra-mento das aulas, a consulta foimarcada para o dia seguinte. Nãodeu tempo de esperar. Pela ma-drugada, Igor começou a vomitare a urinar muito. Foi levado aopronto-socorro e, de lá, foi diretopara a UTI, onde ficou internadoportrêsdias.“Elejáestavaentran-donoquadrodecomadiabético.”

Quandodiagnosticadaprecoce-mente, a doença não chega a esseponto e os primeiros sintomas jácessam com a aplicação da dosecerta de insulina. Mas, apesar dasadaptações que a criança terá defazer em sua rotina ao descobrir adoença, a vida dela não precisaser cheia de restrições, garante aendocrinopediatra Denise Ludo-vico. “O que muda é que eles têmde fazer as glicemias capilares etêm de ter a alimentação saudá-

vel, o que é recomendado paraqualquer criança”, ressalta.

Paraela,criançasemidadeesco-lar podem adaptar os horáriosdosexamesdeglicemiaedasapli-cações de insulina para os perío-dos em que estão fora da escola.“Eu acredito que é possível adap-taradiabeteàrotinadopacienteenão ao contrário. Por mais que ascriançasnãoseincomodememfa-zeressesprocedimentosnasesco-las,elasacabamficandodiferentedas outras”. A especialista acres-centa que é preciso desvincular acriança diabética do estigma deque tem de ser sempre vigiada ecercadadeexcessosdecuidado. ::

GeógrafoAzizAb’Saber

Escolasnãosabemlidarcomadiabete

OSCUIDADOS

Paisdediabéticosdevemincentivaraindependência

JT NETO/AE

FALECIMENTOS

Serviço15ºCongressodaAssociação

deDiabetes:eventovoltadoapacientesefamiliaresData:24e25demarço,naRuaVoluntáriosdaPátria,547.GratuitoInscrições:www.acquacon.com.br/adj2012/inscricoes/

MeninofoipararnaUTI:xixinacamanãoeranervosismo

>>Comdeficiêncianaproduçãodeinsulina,odiabéticotemderegu-laraquantidadedeglicemianosangueeinjetarohormônionaquantidadecertaparaprocessarosalimentos.Suarotinaserá:

>>Testedeglicemiacapilar:feitováriasvezesaodia,antesdecadarefeição

>>Contagemdecarboidratos:de-vecontaraquantidadedecarboi-dratoingeridaemcadarefeição

>>Aplicaçãodeinsulina:segundooresultadodaglicemiaeaquanti-dadedecarboidratoingerida,elefazumacontaqueindicaadosecorretadeinsulinaparainjetar

FoiumdosmaioresgeógrafosqueoBrasiljáteve.Seuprofundoconhecimentodageografiaecompromissoinabalávelcomopovobrasileiroforamfontedeinspiraçãoparatodosnós”

LUIZINÁCIOLULADASILVA,EX-PRESIDENTE

ANDRE LESSA/AE–27/04/2010

Paisrelatamdificuldadesemencontrarcolégiosqueaceitemmediraglicemiaeaplicarinsulina

ARQUIVO PESSOAL

MorreoprecursordoambientalismoemSP

Enterro seráhoje, noMorumbi

Saúde

Antesdematricularacriançapaisdevemverificaradisposiçãodocolégioemcolaborar

Aescola deMariaVittoria,de8anos, sedispôsa ajudar.Aprópria professorase responsabilizoupelatarefademedir aglicemiaeaplicar insulina

Julia,5 anos, passouporumaescolaemquenãohaviacontrolesobreo queela comia.Nonovocolégio,professorese funcionáriossão treinados todoano

Projetopedefuncionáriostreinados