Este suplemento comercial faz parte integrante do Diário de Notícias de 16 de abril de 2012 e não pode ser vendido separadamente

Já pensou como seria a sua vida se não se conseguisse expressar vocalmente?

N ascemos com ela da mesma forma que nas -cemos, quase todos, com os cinco sentidos. Enquanto os olhos nos permitem ver e os ou -vidos nos permitem ouvir, a voz permite-nos

expressar o que nos vai na cabeça, na alma e no coração.Por fazer parte de nós, desde sempre, tendemos a

tomá-la como garantida e adotamos comportamentos que, com o passar do tempo, a vão enfraquecendo e prejudicando, sem que disso dermos conta.

Aproveite este Dia Mundial da Voz e, a partir de hoje, preste mais atenção àquela que o ajuda a comunicar com o mundo.

DIA MUNDIAL DA VOZ

VOZ DE OURO

EVENTOSPROGRAMA SOCIEDADE CIVIL NA RTP2 Entrevista Dr.  Ezequiel  Barro

HOSPITAL CUF DESCOBERTASWorkshop “A sua voz é muito importante” HOSPITAL DE CASCAIS Podemos mudar a sua voz CENTRO HOSPITALAR E UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA, EPEVenha conhecer a sua voz

HOSPITAL EGAS MONIZRastreio  da Voz 2012

HOSPITAL SANTA MARIA - LISBOAPrograma Dia Mundial  Voz 2012

2 > ESPECIAL VIDA SAUDÁVEL 16 de abril de 2012 16 de abril de 2012 16 de abril de 2012

FICHA TÉCNICAVida Saudável é uma edição da Unidade de Soluções Comerciais Multimedia da Controlinveste Media Textos APDP | Publicidade Luís Barradas (Diretor Comercial Diretos), Paulo Brunheim | Coordenação e edição Lara Loureiro | Textos Vera Galamba | Coordenação de Arte Paginação Patricia Coelho

A importância da prevenção

DIA MUNDIAL DA VOZ16 de abril

www.entnet.org/worldvoiceday

Não se Esqueçada Sua Voz

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O Dia Mundial da Voz chama a atenção para a problemática das patologias associadas à voz, laringe e cordas vocais

A comunicação oral é fundamental em 70% das pro�ssões e, nalgumas delas, como nos casos mais paradigmáticos dos pro -fessores, cantores e atores, a voz é o ins -

trumento de trabalho, razão para que todos os esfor -ços se dirijam no sentido da sua ótima conservação.

Nesse sentido, é importante ter em consideração que o tabaco é o principal fator que faz de Portugal o terceiro país da Europa com maior incidência do cancro da laringe. Anualmente surgem em Portugal cerca de mil casos e morrem mais de quatrocentas pessoas com esta doença, que afeta mais homens do que mulheres. Se associarmos o problema tabá -gico e o alcoolismo, aumentam, exponencialmente, os problemas da voz. Contudo, os problemas da voz podem ter várias origens e entre os fatores de risco para o cancro da laringe incluem-se a infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV) e o re�uxo gastrolaríngeo.

Um dos problemas recorrentes neste tipo de pa-tologia está associado ao facto de o diagnóstico ser, frequentemente, tardio. Mais de metade dos doentes surge nas primeiras consultas com sintomas com longa evolução e com tumores de grande dimen-são, muitas vezes com invasão ganglionar cervical. A não valorização dos sintomas, a negligência e, por vezes, a ignorância fazem com que o diagnóstico seja

tardio, diminuindo as taxas de cura e aumentando o grau das sequelas.

A marcha pré-terapêutica está atualmente faci-litada pela evolução dos meios diagnósticos ima -giológicos e pela observação panendoscópica, que despista os cancros múltiplos e de�ne com grande exatidão a extensão da doença, mas é necessário que o doente chegue mais cedo ao médico especia-lista para que as hipóteses de cura sejam maiores.

Tratando-se de um tumor cujo desenvolvimento está estreitamente relacionado com o consumo de tabaco (apenas 1% dos casos surge em não fumado -res) ou com o álcool-tabagismo, é importante alertar para a necessidade da observação especializada sempre que se trate de um doente com as seguintes características e fatores de risco: Sexo masculino, de idade entre os 60 e os 70 anos com hábitos tabági -cos ou álcool-tabágicos e com rouquidão arrastada (mais de duas semanas).

As alterações da voz correspon -dem, quase sempre, a lesões provocadas por esforços vocais para além dos limites tolerados (toda a laringe tem o seu limite para o esforço) e podem ser prevenidas com medidas de higiene vocal ou tratadas con-servadora ou cirurgicamente. Há casos, no entanto, em que outras causas estão na ori -gem do problema, como sejam algumas malformações con-génitas da laringe, paralisias depois de doenças virais ou de cirurgias no pescoço, voz de tonalidade demasiado aguda ou demasiado grave, presbi -fonia (alterações relacionadas com o envelhecimento), etc. Todas estas desconformidades poderão eventualmente ser cor-rigidas, depois de bem avaliadas, geralmente com técnicas cirúrgi-cas de complexidade simples ou moderada, tais como as tiroplas -tias ou as injeções com gordura ou silicone em micropartículas.

TENHA ATENÇÃO

(...) o tabaco é o principal fator que faz de Portugal o terceiro país da Europa com maior incidência do cancro da laringe.

O que são patologias  malignas  da laringe?

São tumores malignos que têm importância e levam à morte, se não forem tratados atempadamen-te. Mas existe uma percentagem grande de êxito, quando são dete-tados e tratados no início. São tu -mores agressivos, com crescimento rápido, que se espalham pelos gân -glios linfáticos do pescoço e, mais tarde, se generalizam à distância: pulmões, ossos, etc.

Porque são tão graves estas  pa-tologias?

Os tumores malignos das cor-das vocais, englobadas na laringe, em conjunto com os cancros brôn-quicos e os digestivos constituem uma parte importante da cancero-logia masculina e são de uma gra -vidade particular, por três razões. Primeiro, porque se localizam ao nível ou em grande proximidade de outras estruturas anatómicas e �siológicas de importância vital, muitas vezes gravemente alteradas pelo volume tumoral; os tratamen-tos implicados (cirurgia, radiotera -pia e quimioterapia), isoladamente ou combinados, alteram constan-temente e muitas vezes de forma irreversível as funções de relação (a fala, a deglutição, a respiração) que dependem destas estruturas complexas; depois, porque são, na maioria dos casos, carcinomas que produzem metástases, de grande agressividade locorregional. Final -mente, o terreno em que se desen-volvem habitualmente estes tumo-res explica a frequência da conco-mitância com segundas neoplasias e a ocorrência de doenças intercor-rentes, muitas vezes mortais.

Quais os sintomas  apresentados  e que considera ser corretamente avaliados  pelos pacientes?

Geralmente, é a rouquidão, que

se mantém mais de duas semanas, a qual deve ser avaliada por um pro�ssional, principalmente se se tratar de um fumador na casa dos 60/70 anos. Outro sintoma asso -ciado é a falta de ar, que acontece quando o tumor cresce demasia-do e obstrui a via aérea. A dor ao engolir, ou desconforto, principal-mente de apenas um dos lados, é outra das razões que deve levar o paciente ao médico. Infelizmente, os doentes não prestam atenção aos sinais de alerta e muitos têm, inclusivamente, medo de ir ao mé-dico e descobrir o que se passa. Por outro lado, o clínico geral não consegue ver a laringe, porque não dispõe dos instrumentos necessá -rios, e uma TAC não mostra um tu-mor pequeno, pelo que é impor-tante consultar um especialista.

Qual a importância do rastreio  para  deteção destes  tumores?

É complicado fazer um rastreio a nível nacional. Nas vezes em que isso foi feito foram descobertos muito poucos casos de tumores. O importante será fazê-lo em gru-pos de risco – fumadores crónicos, idosos, pro�ssionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho – estarem atentos aos sintomas e não os desvalorizarem.

Tratamento precoce é fundamentalOs cancros da laringe estão entre os tumores mais perigosos por se tratarem de patologias descobertas em estádio avançado, devido à desvalorização dos sintomas associados

PROF. DR. JOÃO OLIAS Membro da Comissão de Laringologia e Voz da SPORL | Diretor do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Cascais, especialista em patologias malignas da laringe

2 > ESPECIAL VIDA SAUDÁVEL

ESPECIAL VIDA SAUDÁVEL < 2 ESPECIAL VIDA SAUDÁVEL < 316 de abril de 2012 16 de abril de 2012 ESPECIAL VIDA SAUDÁVEL < 216 de abril de 2012 ESPECIAL VIDA SAUDÁVEL < 3

O que são patologias  benignas das cordas vocais?

As patologias benignas são todas aquelas que, a curto ou longo prazo, não trazem gran-des complicações graves ao do -ente, ou seja, aquelas que não se tornam malignas e que são, quase sempre, reversíveis. Esta -mos a falar, por exemplo, de nó -dulos nas cordas vocais, pólipos, quistos, etc., que são provocados pelo uso esforçado da voz resul -tante da atividade pro�ssional, de hábitos, de formas de vida, de in�amações, provocadas por re -�uxo ou por alergias entre outras.

Que sintomas  pode um paciente apresentar?

O sintoma mais importante é a disfonia, ou seja, a rouqui -dão. Outro sintoma associado a estas patologias é a dor ao en -golir, seja alimentos líquidos, sólidos ou até a própria saliva. Este é um sintoma que pode er-radiar para o ouvido e deve ser avaliado. Os outros sintomas são variados. Pode ser uma tos -se frequente ou um cansaço vo-cal (este está, também, associa -do à idade e ao envelhecimento). Quando se trata de uma patolo-

gia localizada às cordas vocais, normalmente o primeiro sintoma é a disfonia; e é importantíssimo que o paciente consulte o médico o mais depressa possível, porque há a tendência de desvalorizar este sintoma, mas ele pode ser indicador de outras patologias mais graves.

Estes  sintomas  podem ser desva-lorizados  pelo paciente ou ser con-fundidos com outras patologias  pelos médicos de clínica  geral?

A maior parte dos pacien-tes desvaloriza, é verdade, mas o médico de clínica geral está habilitado a avaliar estes sin -tomas e a medicar, ou encami -nhar para um especialista em otorrinolaringologia, até porque o diagnóstico da rouquidão exi-ge meios complementares de diagnóstico que são especí� -cos desta especialidade médica. Quais  os principais  erros  que as  pessoas  cometem em relação  à preservação  da voz e das cordas vocais?  

Existem vários e dos quais nem sempre nos apercebemos, mas os principais são o tabaco e o álcool, em particular as bebidas brancas. O

abuso vocal é outro dos erros mais frequentes. Re�ro-me àquelas pes -soas que falam por tudo e por nada, aos berros, em locais com muito barulho, mas também às pessoas que usam a voz na sua atividade pro�ssional – como os professores, os cantores, os atores, os jornalis -tas, etc. Estes têm, por exemplo, a chamada má colocação da voz, e um erro frequente entre os cantores é não estarem a usar corretamente a sua voz no sentido da sua coloca -ção, ou seja, um contralto estar a cantar soprano, por exemplo.

Por outro lado, a não hidrata -ção das cordas vocais durante a sua utilização, a frequência de am -bientes poluídos, a má alimentação e o não dormir convenientemente são outros dos erros que prejudi -cam a voz.

Prestar atenção ao corpo A SPORL aconselhaDesvalorizar sintomas pode agravar problemas de resolução simples

DRA. CECÍLIA DE ALMEIDA Membro da Comissão de Laringologia e Voz da SPORL | Diretora do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Santo António, no Porto, especialista em voz e patologias benignas das cordas vocais

• Beba muita água. A hidratação oral ajuda a manter as secreções �nas e �uidas, hidratando melhor as cordas vocais. A água é boa para a sua voz;

• Evite gritar ou berrar, já que estas são práticas abusivas que causam tensão exagerada nas cordas vocais;

• Faça um aquecimento das suas cordas vocais antes de um uso exagerado. Isto pode ser conseguido alternando sons graves e agudos, antes do esforço vocal;

• Use uma boa reserva respiratória. A ventilação é a base da força da voz. Deve-se inspirar fundo, tranquilamente, antes de começar a falar e deve-se inspirar novamente antes de �car quase sem reserva expiratória;

• Durante uma apresentação, ou discurso, use um microfone;

• Ouça a sua voz quando ela se queixa. Se está com alterações da voz deve inicialmente tentar repousar a voz. Se estas alterações são frequentes ou se estão presentes há algum tempo, consulte um otorrinolaringologista.

• Alterações da voz persistentes ou progressivas; • Dores de garganta persistentes ou ao engolir; • Di�culdade em respirar; dor nos ouvidos e massa(s)

palpável(eis) ao nível do pescoço.

SINAIS E SINTOMAS FREQUENTES DE PROBLEMAS VOCAIS

CONSELHOS PARA PRESERVAR A SUA VOZ EM BOA FORMA