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www.cm-loures.pt facebook.com/Municipiode Loures Percurso cultural com duração aproximada de 2 horas 22 março 2015 | 10:00 Largo 4 Outubro O Aqueduto de Loures entra na povoa- ção vindo de sudoeste. Nasce no sub- solo onde recolhe água da nascente do Penedo, localizada no Planalto da Caldeira, ponto alto a meio cami- nho de Montemor. Até aos limites da povoação, descendo subterrâneo a perfurar a rocha ao longo do declive, o Aqueduto deixa-se adivinhar pela sucessão de estruturas paralelepipé- dicas que, em linha sinuosa, pontuam a encosta em direção a Loures. Estas claraboias permitem a ventilação e a entrada de luz nas galerias por onde a água corre, transportada em canal de pedra ou de tijolo. Ao aproximar-se das cotas mais bai- xas da vertente, o aqueduto ganha corpo e forma à superfície. Deixa de ser subterrâneo, assume a sua forma aparente sem beleza arquitetónica, mas com a monumentalidade ineren- te a uma obra hidráulica setecentista, de cariz funcional e utilitário. No interior da povoação, a galeria do aqueduto corre monotonamente agarrada ao chão, a espaços inter- rompida, por pequenos trajetos nova- mente subterrâneos. As mudanças de direção ao longo do caminho percorri- do pela água, até ao seu destino final, terão eventualmente razões de ordem geológica. A planta angulosa do único respiradouro do género, que subsiste na malha urbana da cidade, acom- panha a mudança de direção da ga- leria parcialmente subterrânea. Quando volta a irromper do chão, o aqueduto segue em linha reta até ao seu destino principal, o chafariz monu- mental do Largo 4 de Outubro. Este chafariz e outro construído nas Alvogas, em 1794, já desaparecido, permitiam remediar a dificuldade que, no séc. XVIII, a população dos lu- gares de Loures e das Alvogas tinham em aceder a água potável e em quan- tidade suficiente, sem terem de se deslocar até à Fonte das Almoínhas. Localizado junto à Estrada Real, o chafariz principal possuía, igualmen- te, um bebedouro para os animais que cruzavam a parte baixa da povoação. Para matar a sede às gentes deste lugar do Termo de Lisboa, bem como aos seus animais e aos viajantes de e para Lisboa, Malveira ou Mafra, o aqueduto e os chafarizes de Loures e de Alvogas foram mandados cons- truir no reinado de D. Maria I, a pedi- do da população dos lugares. As Certidões de Medição Geral que se fizeram no Lugar de Loures, em 1794 e 1795, a propósito da Obra do Aquedu- to (1794) e da Obra do Chafariz (1795), são assinadas pelo arquiteto Francis- co António Ferreira. Francisco António Ferreira ou Fran- cisco António Ferreira Cangalhas foi um dos arquitetos das Reais Obras de Águas Livres. Este arquiteto é bio- grafado por Sousa Viterbo no Diccio- nario Historico e Documental dos Ar- chitectos, Engenheiros e construtores portuguezes ou a serviço de Portugal (1889), por Walter Rossa no Dicionário da Arte Barroca em Portugal (1989) e por Joaquim Oliveira Caetano em D. João V e o Abastecimento de Água a Lisboa (1990). Em linha com o Dia Mundial da Água Aqueduto

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Page 1: Dia Mundial da Água Em linha com o Aquedutodo Aqueduto de Loures, envolvia a localização do actual Edifício 4 de Outubro, onde decorre a presente exposição Aquedutos de Portugal

www.cm-loures.ptfacebook.com/Municipiode Loures

Percurso cultural com duração aproximada de 2 horas

22 março 2015 | 10:00Largo 4 Outubro

O Aqueduto de Loures entra na povoa-ção vindo de sudoeste. Nasce no sub-solo onde recolhe água da nascente do Penedo, localizada no Planalto da Caldeira, ponto alto a meio cami-nho de Montemor. Até aos limites da povoação, descendo subterrâneo a perfurar a rocha ao longo do declive, o Aqueduto deixa-se adivinhar pela sucessão de estruturas paralelepipé-dicas que, em linha sinuosa, pontuam a encosta em direção a Loures. Estas claraboias permitem a ventilação e a entrada de luz nas galerias por onde a água corre, transportada em canal de pedra ou de tijolo.

Ao aproximar-se das cotas mais bai-xas da vertente, o aqueduto ganha corpo e forma à superfície. Deixa de ser subterrâneo, assume a sua forma aparente sem beleza arquitetónica, mas com a monumentalidade ineren-te a uma obra hidráulica setecentista, de cariz funcional e utilitário.

No interior da povoação, a galeria do aqueduto corre monotonamente agarrada ao chão, a espaços inter-rompida, por pequenos trajetos nova-mente subterrâneos. As mudanças de direção ao longo do caminho percorri-do pela água, até ao seu destino final, terão eventualmente razões de ordem geológica. A planta angulosa do único respiradouro do género, que subsiste na malha urbana da cidade, acom-panha a mudança de direção da ga-leria parcialmente subterrânea.Quando volta a irromper do chão, o aqueduto segue em linha reta até ao seu destino principal, o chafariz monu-mental do Largo 4 de Outubro.

Este chafariz e outro construído nas Alvogas, em 1794, já desaparecido, permitiam remediar a dificuldade que, no séc. XVIII, a população dos lu-gares de Loures e das Alvogas tinham em aceder a água potável e em quan-tidade suficiente, sem terem de se deslocar até à Fonte das Almoínhas. Localizado junto à Estrada Real, o chafariz principal possuía, igualmen-te, um bebedouro para os animais que cruzavam a parte baixa da povoação.

Para matar a sede às gentes deste lugar do Termo de Lisboa, bem como aos seus animais e aos viajantes de e para Lisboa, Malveira ou Mafra, o aqueduto e os chafarizes de Loures e de Alvogas foram mandados cons-truir no reinado de D. Maria I, a pedi-do da população dos lugares.

As Certidões de Medição Geral que se fizeram no Lugar de Loures, em 1794 e 1795, a propósito da Obra do Aquedu-to (1794) e da Obra do Chafariz (1795), são assinadas pelo arquiteto Francis-co António Ferreira.

Francisco António Ferreira ou Fran-cisco António Ferreira Cangalhas foi um dos arquitetos das Reais Obras de Águas Livres. Este arquiteto é bio-grafado por Sousa Viterbo no Diccio-nario Historico e Documental dos Ar-chitectos, Engenheiros e construtores portuguezes ou a serviço de Portugal (1889), por Walter Rossa no Dicionário da Arte Barroca em Portugal (1989) e por Joaquim Oliveira Caetano em D. João V e o Abastecimento de Água a Lisboa (1990).

Em linha com oDia Mundial da Água

Aqueduto

Page 2: Dia Mundial da Água Em linha com o Aquedutodo Aqueduto de Loures, envolvia a localização do actual Edifício 4 de Outubro, onde decorre a presente exposição Aquedutos de Portugal

Quinta da Vinha do Cardante (c. 1920). Em plano de fundo, vê-se uma construção com frestas horizontais, é o aqueduto de Loures.

Primeiras claraboias do aqueduto de Loures, desde a nascente, no Planalto da Caldeira, com a cida-de de Loures ao fundo. (2011)

Chafariz do aqueduto de Loures (c. 1930). Largo 4 de Outubro.

Troço aparente do aqueduto de Loures, com claraboia, no troço de aproximação à povoação de Loures, por sudoeste (2011).

Planta topográfica de Loures, 1889

Na transição do séc. XVIII para o séc. XIX, encanavam-se, para a Quinta, os sobejos da água do Chafariz do Aqueduto de Loures.

A Quinta de Feliciano António de Vasconcellos, fronteira ao Chafariz Principal do Aqueduto de Loures, envolvia a localização do actual Edifício 4 de Outubro, onde decorre a presente exposição Aquedutos de Portugal.

Em, José Sérgio Veloso d’Andrade, Memória sobre chafarizes, bicas, fontes e poços públicos de Lisboa, Belem e muitos Logares do Termo, Lisboa, 1851.