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Dezembro de 2011
BOLETIM DIÁRIO DO TEMPO
Sumário
1. BOLETIM DO TEMPO DIAGNÓSTICO - PROJETO CHUVA – GLM – VALE
DO PARAIBA ...................................................................................................................... 2
1.1 ANÁLISE DOS DADOS DOS INSTRUMENTOS DO PROJETO CHUVA-GLM – VALE DO
PARAÍBA ............................................................................................................................. 2
1.2 IMAGENS DE SATÉLITE .................................................................................................. 6
1.3 ESTIMATIVA DE PRECIPITAÇÃO POR SATÉLITE E CICLO DE VIDA DE SISTEMAS
CONVECTIVOS NO VALE DO PARAÍBA .................................................................................. 7
2. BOLETIM TÉCNICO DIAGNÓSTICO DO TEMPO PARA AS (CPTEC) ......... 8
2.1 NÍVEL 250 HPA ............................................................................................................. 8
2.2NÍVEL 500 HPA ............................................................................................................. 9
2.3 NÍVEL 850 HPA ........................................................................................................... 10
2.4 SUPERFÍCIE ................................................................................................................. 11
3. BOLETIM TÉCNICO PROGNÓSTICO DO TEMPO PARA AS (CPTEC) ...... 12
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1. BOLETIM DO TEMPO DIAGNÓSTICO - PROJETO CHUVA – GLM – VALE
DO PARAIBA
1.1 Análise dos dados dos instrumentos do Projeto CHUVA-GLM – Vale do
Paraíba
A atmosfera no dia 21 de dezembro de 2011 mostrou-se instável e com razoável
possibilidade de ocorrência de tempestade (Figura 1). Os índices de instabilidade K =
27°C e TT = 45 °C inferiram a provável ocorrência de tempestades dispersas ao longo
do dia. O conteúdo de água precipitável (PW) não apresentou valor elevado (1,95 cm),
enquanto a energia potencial disponível para convecção esteve em torno de 1556 J/kg,
corroborando moderada instabilidade nesse dia. A temperatura do ar esteve em torno
de 25.9°C. Observou-se ainda cisalhamento do vento em baixos níveis (800 hPa).
Figura 1. Perfil termodinâmico da atmosfera e perfil vertical do vento produzido a
partir da radiossondagem realizada no dia 21 de dezembro de 2011 as 12:00 UTC no
sítio do IAE. Em cor vermelha é representado à temperatura do ar (T), cor azul a
temperatura do ponto de orvalho (Td) e cor verde o perfil da parcela de ar.
Os perfis verticais horários da temperatura do ar, umidade relativa e densidade de
vapor proveniente do MP3000 são mostradas na Figura 2. O perfil de temperatura do
ar não apresentou grandes discrepâncias em relação ao dia anterior, mantendo máximo
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em torno de 300 K. Os perfis de umidade relativa e densidade de vapor apresentaram
decréscimo nos valores, principalmente acima de 2 km, os máximos foram iguais a
80% e 15 g/m³, respectivamente. O MP3000 não registrou precipitação nesse dia.
Figura 2. Perfil vertical horário da temperatura (K), umidade relativa (%) e densidade
de vapor (g/m3) proveniente do Radiômetro MP3000 para o dia 21 de dezembro de
2011 no sitio IEAv.
Um maior detalhamento dos ciclos diurnos da temperatura (°C), umidade relativa (%)
e pressão atmosférica (hPa) são mostradas na Figura 3. Observou-se um acréscimo no
valor máximo da temperatura (35°C), associado à diminuição no máximo de umidade
relativa (90%). A pressão apresentou máximo próximo de 935,5 hPa e mínimos de 932
e 934 hPa.
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A Figura 4 mostra a refletividade estimada pelo radar MRR no dia 21 de dezembro de
2011. Não se observou refletividade significativa nesse dia, inferindo a não ocorrência
de precipitação.
Figura 3. Ciclo diurno da temperatura (°C), umidade relativa (%) e pressão
atmosférica (hPa) em superfície para o dia 21 de dezembro de 2011 proveniente da
torre anemométrica no sítio IEAv.
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Em conformidade com o MRR, o radar banda X, instalado na UNIVAP, não detectou
aglomerados de refletividade na região do Vale do Paraíba no dia 21 de dezembro de
2011 (Figura não mostrada). Em contrapartida, o pluviômetro registrou taxa de
precipitação de 15 mm/h aproximadamente às 11 UTC (Figura 5). Por outro lado, os
disdrômetros Joss e Parsivel não registraram ocorrência de precipitação nesse dia
(Figuras não mostradas).
Figura 4. Perfil vertical horário de refletividade do Microwave Rain Radar (MRR)
para o dia 21 de dezembro de 2011 localizado no IEAV.
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Figura 5. Taxa de precipitação medida pelo pluviômetro (mm/h) para o dia 21 de
dezembro de 2011 no IEAv.
As redes de descargas elétricas Rindat e LMA não detectaram atividades elétricas
significativas durante o dia 21 de dezembro de 2011 (Figuras não mostradas). No
entanto, a rede Starnet detectou atividade elétrica fraca sobre a região leste do estado
de São Paulo entre 13 e 21 UTC, com máximo de 0,1 sferics/km²/hora às 21 UTC
(Figura não mostrada).
1.2 Imagens de Satélite
As imagens de satélite do dia 21 de dezembro de 2011 mostraram a ocorrência de
nebulosidade rasa sobre o oeste do estado de São Paulo entre 00 e 12 UTC (Figura 6a-
c). A partir das 18 UTC notou-se a presença de nuvens mais profundas sobre o oeste e
centro do estado de São Paulo, sendo observadas apenas nuvens rasas na região leste
do estado (Figura 6d).
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(a) (b)
(c) (d)
Figura 6. Imagens do satélite GOES-12 canal 4 infravermelho do dia 21 de dezembro
de 2011 às (a) 00:00 UTC, (b) 06:00 UTC, (c) 12:00 UTC e (d) 18:00 UTC. Fonte:
DSA/CPTEC/INPE.
1.3 Estimativa de precipitação por satélite e ciclo de vida de sistemas convectivos
no vale do Paraíba
O hidroestimador registrou precipitação de até 15 mm/dia sobre o norte do estado de
São Paulo no dia 21 de dezembro de 2011 (Figura 7). O algoritmo Fortracc detectou
sistemas convectivos atuando na região oeste do estado de São Paulo a partir das 18
UTC (Figura não mostrada).
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Figura 7. Acumulado diário de precipitação (mm/dia) proveniente do hidroestimador
para o dia 21 de dezembro de 2011.
Elaborado por Enrique Mattos em 20/12/2011
Atualizado por Jéssica Silva em 22/12/2011
2. BOLETIM TÉCNICO DIAGNÓSTICO DO TEMPO PARA AS (CPTEC)
Análise Sinótica: 20/12/2011-00Z
2.1 Nível 250 hPA
Na análise da carta sinótica de 250 hPa da 00Z do dia 21/12 observa-se o enfraquecimento
do padrão de bloqueio. Embora ainda haja uma bifurcação nos máximos de vento, o Jato
Subtropical está enfraquecido em torno do paralelo 23S e não configura um dipolo. A área
ciclônica contornada pelos máximos de vento tem centro em 39S/42W e deste estende-se o
cavado até o sul de MG, mantendo um alinhamento da nebulosidade entre a Amazônia e o
Sudeste. A Alta da Bolívia (AB) está centrada em 11S/62W. Este sistema tem uma
componente dinâmica, devido a onda que acoplou sua crista pelo sudoeste da AB e que
estende uma Crista pela Bolívia, norte e leste da Argentina e Uruguai, com reflexo em 500
hPa. Na área entre a AB e o cavado sobre o sul do Sudeste verifica-se significativa
difluência entre MT, centro-norte de GO e de MG. O Jato Polar está a sul desta área
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ciclônica, ambos os ramos Sul e Norte e que se encontram acoplados. O Jato Polar também
contorna uma onda baroclínica que atua no extremo sul do continente e a evolução desta
estará associada à importante mudança no tempo do centro-sul do Brasil. O Vórtice
Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) do tipo Palmer está centrado em 8S/28W.
Figura 8. Carta sinótica da América do Sul para o nível de 250 hPA às 00 UTC do dia 21
de de dezembro de 2011. Fonte: CPTEC/INPE.
2.2 Nível 500 hPA
Na análise da carta sinótica de 500 hPa da 00Z do dia 21/12, observa-se o reflexo da área
ciclônica que configura-se barotrópica e que predomina no Atlântico adjacente ao centro-
sul do Brasil e com centro de baixa em 40S/43W. Este sistema, já não tem um gradiente
significativo de temperatura e estende um cavado até o sul de MG, como em 250 hPa.
Sobre o Sul do país, tem-se um gradiente de temperatura com a isoterma de -13 graus
sobre o RS. Este ar frio em 500 hPa e as altas temperaturas em superfície geram uma
significativa termodinâmica, além disto, embebido no escoamento de sudoeste observa-se
uma onda curta com eixo entre sul do Paraguai e centro do RS. Um anticiclone está
centrado em 25S/76W e alinha uma área de alta pela Bolívia e Centro-Oeste do Brasil e
também estende uma crista entre o norte da Argentina e Uruguai. O aprofundamento da
onda baroclínica (representada por ventos fortes e gradiente de geopotencial) sobre o sul
do continente está claro, nesta área, tem-se intenso gradiente horizontal de temperatura
(entre -30 e -15 graus).
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Figura 9. Carta sinótica da América do Sul para o nível de 500 hPA às 00 UTC do dia 21
de dezembro de 2011. Fonte: CPTEC/INPE.
2.3 Nível 850 hPA
Na análise da carta sinótica de 850 hPa da 00Z do dia 21/12, observa-se o reflexo da área
de baixa pressão sobre o Atlântico com centro em torno de 39S/43W, estendendo um
cavado para o leste da Região Sudeste do Brasil. O padrão de confluência do fluxo de
vento tem predomínio para sul entre a Amazônia e nordeste da Argentina, indicando a
configuração do Jato de Baixos Níveis (JBN). Sobre o Sudeste já não se tem bem clara a
convergência dos ventos de noroeste, mas ainda observa-se uma confluência entre GO e
sul MG, indicando um sinal do canal de umidade, mantendo a Zona de Convergência de
Umidade (ZCOU), observada na carta de superfície. Por isso, a chuva diminuiu no interior
de MG e no ES, porém, ainda tem-se uma massa de ar instável nesta área. Uma crista
configura-se entre MS e nordeste da Argentina. A área baroclínica sobre o sul do
continente tem a isoterma de zero grau sobre o oeste e sul da Patagônia.
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Figura 10. Carta sinótica da América do Sul para o nível de 850 hPA às 00 UTC do dia
21 de dezembro de 2011. Fonte: CPTEC/INPE.
2.4 Superfície
Na análise da carta sinótica de superfície das 00Z do dia 21/12, observa-se a Zona de
Convergência de Umidade (ZCOU) posicionada entre RO e o ES estendendo-se pelo
Atlântico adjacente. Nota-se uma área de baixa pressão de 998 hPa sobre o noroeste da
Argentina (31S/67W). Este sistema deve intensificar os ventos do quadrante norte
fortalecendo o Jato de Baixos Níveis (JBN) que já começa a aparecer em 850 hPa.
Observa-se um cavado sobre o centro-leste da Argentina. Outro cavado pode ser visto
sobre a Província de Santa Cruz, e se acopla a o ramo frio de uma onda frontal, no
Atlântico, com ciclone em 48S/61W. A Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) atua
com núcleo de 1023 hPa posicionado a leste de 20W, fora do domínio desta figura. A Alta
Subtropical do Pacífico Sul (ASPS) possui núcleo de 1023 hPa centrado a oeste de 98 W,
também, fora do domínio desta figura. Este sistema continua emitindo pulsos
anticiclônicos em direção a costa central do Chile. A Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT) ondula entre 9N e 5N sobre o Pacífico e oscila entre 8N e 6N sobre o Atlântico.
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Figura 11. Carta sinótica da América do Sul para a superfície às 00 UTC do dia 21 de
dezembro de 2011. Fonte: CPTEC/INPE.
3. BOLETIM TÉCNICO PROGNÓSTICO DO TEMPO PARA AS (CPTEC)
O padrão de convergência de umidade bifurcado em 850 hPa ainda persistirá hoje (21/12).
Portanto, a instabilidade ainda estará alinhada entre as Regiões Norte e Sudeste do Brasil
(calor e umidade), porém com instabilidade também em parte do Sul do continente, onde
as temperaturas ainda deverão ficar em torno de 40 graus no oeste do RS e do PR. Esta
temperatura elevada em superfície e o núcleo frio, comentado na análise de 500 hPa,
deverão instabilizar causando temporais isolados, mas intensos com potencial para granizo
e ventos fortes entre sudoeste, centro e nordeste do RS e centro e leste de SC. A partir de
amanhã, quinta-feira, uma frente fria atuará entre Argentina e Uruguai. Sua atuação
mantém o calor sobre o Sul do Brasil e intensifica a convergência de umidade de noroeste
o que causará significativa instabilidade no centro-sul e leste do RS. Embora a ZCOU
tenha se desconfigurado o calor e a alta umidade ainda causarão pancadas de chuva nas
Regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte, MA e PI. A frente fria deverá se deslocar para o Sul
do Brasil, causando queda na temperatura máxima no sul do RS na sexta-feira (em torno de
10 graus) e mantendo as chuvas no Sul do Brasil, com potencial para temporais entre RS e
SC. No sábado este sistema deverá chegar ao sul de SP e a temperatura máxima deverá cair
em torno de 15 graus no centro do RS. Seu deslocamento intensifica a chance de pancadas
de chuva entre sul de MG, SP e PR. A queda de temperatura máxima no sul e leste de SP,
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deverá ser em torno de 8 graus no domingo. O modelo GFS mostra o sistema frontal
deslocando-se mais lentamente sobre SP entre sábado e domingo, em relação ao Eta,
dificultando a condição de nebulosidade, embora ambos indiquem as pancadas de chuva.
Elaborado pela Meteorologista Mônica Lima.
Informações disponíveis em: http://tempo.cptec.inpe.br/bol_tecnico.shtml
Acessado em: 21/12/2011