deus , c risto e caridade ano 126 • nº 2.154 • setembro...

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R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.154 • Setembro 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

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R$ 5,00

ISSN 1

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749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.154 • Setembro 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

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O Índice Geral da Revista Espírita é uma obra prática e muito útil; nela o leitor busca a palavra ou a expressão que lhe interessa, encontra os dados a seu respeito e passa a conhecer o pensamento de Allan Kardec e de seus contemporâneos sobre o assunto.

Formato: 14x21Páginas: 584

Central de Relacionamento: [email protected] • (21) 2187-8268/8272

Livraria Virtual: www.feblivraria.com.br • [email protected]

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 126 / Setembro, 2008 / N o 2.154

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação n

o121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-

cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

A comunicação dos Espíritos

Entrevista: Eduardo Dos Santos

O Espiritismo no Uruguai

Presença de Chico Xavier

Viagem histórica de Chico Xavier aos EUA e Europa –

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Esflorando o Evangelho

Liberdade – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperanto na Deutsche Welle – Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Centro

Seara Espírita

Uma perspectiva otimista (Capa) – Juvanir Borges de

Souza

Relacionamentos espirituais – Joanna de Ângelis

Rimas da Fraternidade – Cármen Cinira

Temperamento – Richard Simonetti

Visitas espíritas entre pessoas vivas –

Christiano Torchi

Os 140 anos de Cairbar Schutel – Orson Peter Carrara

A crucificação – Olavo Bilac

1o Encontro Nacional de Comunicação Social Espírita

Em dia com o Espiritismo – A Teoria de Tudo –

Marta Antunes Moura

Ética e Moral – Para a Cultura da Paz –

Adalgiza Campos Balieiro

Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –

A crucificação de Jesus – Haroldo Dutra Dias

O livro do espírito – Paulo Nunes Batista

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 39,00Número avulso R$ 5,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 35,00

Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mail: [email protected]

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Editorial

4 Reformador • Setembro 2008322

comunicação dos Espíritos com os homens sempre existiu. Os antropólo-

gos, com base em suas pesquisas, esclarecem que as religiões primitivas

surgiram do forte convívio dos homens com os Espíritos dos seus ances-

trais.

As revelações dos Espíritos superiores, trazidas ao mundo no seu devido tempo,

vêm contribuindo eficazmente para a evolução da Humanidade.

O Mosaísmo, que revelou os Dez Mandamentos da Lei de Deus, começou a surgir

com a manifestação de um Espírito através da “sarça ardente”, convocando Moisés

para ir ao Egito libertar o povo hebreu da escravidão.

O Cristianismo, por sua vez, começou a existir com a manifestação do Anjo

Gabriel anunciando a Maria de Nazaré que ela estava destinada a ser a mãe de

Jesus Cristo.

O Espiritismo iniciou a sua existência através do fenômeno mediúnico das mesas

girantes – utilizadas como instrumento de comunicação dos Espíritos com os

homens –, e teve a sua prática estudada, aplicada e continuada mediante diversas

formas, tais como: a psicografia, a psicofonia, a vidência, a materialização e outras.

O Espiritismo ensejou um contato mais consciente com a mediunidade, e pas-

sou-se a conhecer melhor esse fenômeno, regido pela lei de afinidade: relacionamo-

-nos e convivemos, consciente ou inconscientemente, com os Espíritos afinados

com os nossos pensamentos, sentimentos, ações e comportamentos.

Em decorrência das leis que a regem, a mediunidade é acessível a todas as pes-

soas, independentemente de seus princípios morais, religiosos ou não. E é para

torná-la realmente útil ao aprimoramento humano que o Espiritismo orienta:

A

A comunicaçãodos Espíritos

“[...] do meu espírito derramarei sobre toda carne; os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, vossos mancebos terão visões

e os vossos velhos sonharão sonhos.” – (Atos, 2:17.)

1“Conheça o Espiritismo, uma nova era para a Humanidade”, item Prática espírita. Ed. FEB.

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Umaperspectiva

om a presença da Revela-ção Espírita, neste mundo,há século e meio, com to-

das as suas verdades claramenteexpostas e comprovadas, Jesuscumprira sua promessa feitaquando esteve entre os homensde pedir ao Pai o envio deoutro Consolador para fi-car eternamente com oshabitantes deste planeta.

Compete a esse Con-solador reafirmar todosos ensinos e exemplosdeixados pelo Mestre,com o acréscimo de coi-sas e fatos novos, osquais não poderiam serentendidos em todas assuas significações e conse-qüências, pelas condições evolu-tivas dos habitantes do mundo deentão, que lhes impunham difi-culdades de compreensão insu-peráveis.

Atualmente, com o progresso

inegável de todas as condiçõesque caracterizam a vida na Ter-ra, apesar da diversidade das si-tuações e modos de vivência dos

povos, nações e indivíduos, ocor-re um fato inusitado, estranho,inexplicável, que passamos a fo-

calizar.Há um progresso inegável de

todas as ciências e a preocupa-ção generalizada com a instru-ção, em geral, para todas as ge-rações, nas escolas de diversos

níveis espalhadas por toda par-te.

As universidades, porsua vez, ocupam-se como ensino das ciências,sem exclusão dos siste-mas metafísicos engen-drados por pensadoreshumanos, além dos as-suntos religiosos e filo-

sóficos que nunca deixa-ram de existir.Todo esse complexo de

cultivo da sabedoria e do co-nhecimento humano é digno

de admiração, pelo bem que osprofessores proporcionam a mi-lhões de indivíduos, em todo omundo, ensejando-lhes o cultivoda inteligência e da razão.

CJU V A N I R BO R G E S D E SO U Z A

5Setembro 2008 • Reformador 323

Capa

otimista

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O que nos intriga nesse im-portante assunto é que, ao ladodos conhecimentos transmitidospelos mestres humanos sobretudo o que se refere à vida ma-terial, nosso mundo já dispõe deuma sabedoria e de experiênciasmais elevadas e transcendentes,desde os meados do século XIX,e que se destinam à reeducaçãodo homem, complementandocom novas informações e reali-dades o que ele desconhece eque são de suma importânciapara que encontre o sentido doque é a vida.

Os mestres humanos, emgrande parte, limitados em seusinteresses por tudo quanto é denatureza material, por isso mes-mo são privados da plenitudedas percepções e recursos queestão além da vida física, nãolhes permitindo o conhecimentodo Universo invisível e de suasleis.

Entretanto, desde a vinda doConsolador Prometido, repre-sentado pela Revelação Espírita,trazida pela Espiritualidade su-perior, tornou-se uma realidadeo intercâmbio com o mundo in-visível e desconhecido.

Para penetrar nesse mundo econhecer as leis que o regemtorna-se imprescindível o con-tato com seus habitantes, espe-cialmente aqueles que estãoprontos a nos atender e facilitarnosso conhecimento de fatos esituações por nós desconheci-dos.

São duas humanidades, emcondições diferentes de vida, que

se comunicam desde tempos ime-moriais, mas entre as quais, sóapós as explicações convincen-tes, proporcionadas pelos Espíri-tos superiores, através da Reve-lação Espírita, tornou-se possí-vel um relacionamento útil enormal, com especial proveitopara os menos esclarecidos. Écom a colaboração dos mestres,pensadores eminentes das duashumanidades, que os habitantesdo nosso mundo material têmalcançado verdades importantesaté então desconhecidas.

Desse modo, sem desconside-rar os cultores da sabedoria hu-mana, sempre úteis aos que que-rem alcançar melhores estágiosno desenvolvimento cultural nes-te mundo, há motivos relevan-tes para se dar o apreço necessá-rio às informações oriundas doplano espiritual, referentes aosensinamentos, às retificaçõesinterpretativas dos desvios e er-ros humanos sobre passagens daliteratura religiosa, e, sobretu-do, ao conhecimento da vida quese desdobra nas esferas espi-rituais, após a morte do corpofísico.

Nossos pensamentos e pontosde vista, num mundo profunda-mente comprometido com tudoo que é material, em contatopermanente com nossos senti-dos físicos, são influências per-manentes e poderosas sobrenosso ser que é, essencialmente,Espírito imortal.

A ação da matéria sobre os se-res humanos chega ao ponto de,em milhões de indivíduos, con-

vencê-los de que a vida do corpoé a única que existe e que o sertermina e se torna nada com amorte dos elementos físicos.

Essa é a conclusão final dasdoutrinas materialistas, niilistase positivistas, espalhadas pelomundo, com influências negati-vas sobre as organizações sociaise políticas de alguns povos, in-clusive da mais populosa naçãodo mundo atual.

As considerações acima ex-postas visam demonstrar que,apesar da grande realidade, dainegável necessidade do ensinonas escolas de todos os níveis,nas quais se transmitem desde osconhecimentos primários até asmais altas instruções sobre todasas ciências cultivadas no Planeta,os educadores, bem como os res-ponsáveis pelos governos, aindanão perceberam a enorme im-portância dos princípios e verda-des trazidos aos habitantes daTerra pelas nobres Inteligênciasdos mundos espirituais.

Essas realidades transmitidasaos homens, inicialmente atra-vés de um conjunto de obras or-ganizadas pelo missionárioAllan Kardec, que se valeu demédiuns especiais que recebe-ram as instruções de Espíritossábios, chegaram à Terra notempo oportuno escolhido peloGovernador espiritual deste pla-neta, nos meados do século XIX.

Nessas obras estão expostas ecomprovadas verdades transcen-dentes, até então desconhecidas

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pela Humanidade.Os princípios revelados pelos

Espíritos superiores, especial-mente na obra básica – O Livrodos Espíritos – são de tal impor-tância que modificam os concei-tos usuais adotados pelos ho-mens sobre a Verdade e a Vida.

Mostrando a incoerência dasdoutrinas materialistas, nas suasvariadas formas, retificam os des-vios das religiões e filosofias, noque elas apresentam de incoeren-te com os desígnios das leis deDeus e com os ensinos e exemplosde Jesus, o Mestre Incomparável.

Demonstrando a eternidadeda vida do Espírito e as leis divi-nas que devem ser obedecidaspara que ele chegue à perfeição,indicam, com clareza, a necessi-dade da multiplicidade das vivên-cias do ser espiritual em mun-dos materiais, com o objetivo deprogredir e de retificar os errosde outras existências.

Esse princípio da necessidadeda reencarnação demonstra, aomesmo tempo, a lei divina a ser-viço da evolução e do progressoindividual e o engano das reli-giões, ao ensinarem que a cria-

ção da alma ocorre no instantedo nascimento.

Aludimos, linhas acima, àsobras básicas da Doutrina Espí-rita, o Consolador prometido eenviado por Jesus e organizadapor Allan Kardec.

Entretanto, essas obras são detal natureza, pelas verdades querevelam e que interessam a todaa Humanidade, que foram des-dobradas em milhares de outrostrabalhos, de caráter científico,moral, religioso, histórico etc.por autores encarnados e pormestres espirituais da razão so-bre-humana, portadores de umaalta sabedoria, que impressionaas inteligências mais lúcidas eexigentes.

Nós, Espíritos encarnados, te-mos nossos pensamentos e nos-sa vida limitados pelos interes-ses materiais. Os vôos em buscado que é puramente espiritual,sem o auxílio dos amigos do In-visível, tornam-se muito difí-ceis, diante de um Universo re-gido por leis diferentes daquelas

que nos dirigem,criadas pelos ho-mens.

Para a penetração nos domí-nios do que nos é desconhecido,enquanto vivemos regidos porleis de um mundo material, co-mo o nosso, precisamos de guiase de pensadores eminentes dosdois planos, o material e o espiri-tual.

O alcance das grandes verda-des e o conhecimento das reali-dades que atingem a todos nós,que vivemos transitoriamente emum mundo atrasado, já se tornapossível, utilizando-se a granderede do ensino de todos os ní-veis do nosso planeta.

Para tanto, há necessidade dacolaboração dos mestres dosdois mundos, das duas humani-dades, para que se possa alcançaras verdades eternas das leis divi-nas, imutáveis, justas e perfeitas,sem a interferência dos pressu-postos das religiões, filosofias e ciências humanas, que não secoadunam com a verdade.

Os mestres do Espaço, admi-tidos a colaborar com os da Ter-ra, resolveriam os grandes pro-blemas da alma humana, de suaeternidade, de seu futuro e dequanto lhe diz respeito, tudo se

Capa

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intercâmbio entre os en-carnados e os desencar-nados é fenômeno natu-

ral que ocorre mesmo sem o co-nhecimento de uns, dos outrosou de ambos.

Em face da lei das afinidadesque vige em toda parte no Uni-verso, há uma identificação vi-bratória entre os seres humanosde ambos os planos da vida, co-mo conseqüência das suas aspi-rações, dos seus pensamentos, dasua conduta.

Por si mesmos sintonizam deforma consciente ou não osdeambulantes do veículo carnalcom aqueles que se despiram daindumentária orgânica.

Desvelados de que se encon-tram noutra dimensão mas nãodesintegrados como afirmavamos materialistas ou fixados emregiões definidas que os aguar-davam além da morte do corpo,como asseveram algumas dou-trinas religiosas, a mediunida-de proporcionou-lhes o imensocampo de que necessitam paracomunicar-se.

Graças a essa faculdade po-dem manter o relacionamentoostensivo com aqueles que fica-ram na retaguarda material,narrando-lhes as ocorrências deque participam, das dores e ale-grias que lhes caracterizam a es-tância espiritual, sobre os senti-mentos que os tipificam, fazen-do parte ativa da sociedade doplaneta terrestre.

Alguns podem ser considera-dos como as forças vivas e atuan-tes nos diversos fenômenos daNatureza, igualmente na condi-ção de protetores e guias espiri-tuais, amigos ou adversários dascriaturas humanas, sendo a de-nominada população invisívelmas presente.

Em número consideravelmen-te maior do que aqueles que for-mam as comunidades físicas,aguardam a oportunidade para orenascimento na carne, a fim dedarem curso ao processo de evo-lução a que todos se encontramdestinados.

Sofrem ou rejubilam-se, sãofelizes ou desventurados confor-

me as experiências vivenciadasquando estiveram no orbe, cons-tituindo-se exemplos, advertên-cias benéficas para aqueles quejornadeiam no mundo.

Suas lições de vida oferecemdiretrizes de segurança para quenão se repitam nos seres humanosas aflições que hoje padecem,nem os desencantos que lhesexornam o comportamento.

Porque se comprazem emmanter o intercâmbio com os en-carnados, merecem carinho e res-peito, no entanto, devem ser consi-derados de acordo com o seu nívelde evolução, nem como santos,nem como demônios, exceçãofeita aos missionários do amor eda caridade, sendo vistos como asalmas daqueles que partiram daTerra e continuam vinculados aoseu magnetismo.

Na Antigüidade eram tidos co-mo gênios e deuses, em razão doestágio em que se desenvolvia acultura.

A pouco e pouco, assumirama postura de guias benevolentesou de demônios vingativos dos

Relacionamentosespirituais

O

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povos, que os conduziam para obem ou para o mal, orientandoou punindo as criaturas.

Muitas vezes assumiram a con-dição divina, a fim de melhor in-duzir os povos ao crescimentointelecto-moral com vistas à feli-cidade que a todos está reservada.

Na Idade Média, em razão daignorância vigente em toda partee das superstições religiosas, pas-saram a ser denominados comoseres satânicos, perseguidos eodiados pelo obscurantismo per-verso e insano.

Com o advento da DoutrinaEspírita adquiriram a qualidadeque lhes é inerente, na condiçãode seres em processo de cresci-mento para Deus.

Diante deles, considera o pró-prio comportamento, esforçan-do-te moralmente para o aprimo-ramento interior, tendo em vistaque vieste do mundo espiritualpara o físico com objetivos rele-vantes, e que, ao deixares o cor-po, volverás ao Grande Lar con-duzindo os valores que amealha-res, tanto os edificantes quantoos perturbadores.

Desse modo, não os temasnem os deifiques. São teus ir-mãos do caminho de ascensãoque participam das tuas realiza-ções aprendendo e renovando--se continuamente.

Conscientizando-se dessa po-pulação que envolve a Terra, po-derás aprimorar as tuas percep-ções a fim de manteres contatomais lúcido e edificante com eles,

os teus irmãos espirituais, aju-dando-os se estão em sofrimentoou sendo ajudado, caso necessi-tes de apoio e inspiração.

Felizmente a sociedade alcan-çou um nível cultural e ético noqual pode compreender a reali-dade da Vida nas duas faces deque se constitui entre os sereshumanos: a física e a espiritual.

Sendo o berço a porta de en-trada no corpo, o túmulorepresenta a passagem desaída sem que se pro-duzam alterações sig-nificativas.

Cada Espírito é asoma das suas realiza-ções, através das quaisadquire sabedoria, am-pliando a capacidade dedesferir vôos auda-ciosos com asasas do desen-v o l v i m e n t ointelectual eafetivo: conhe-cimento eamor.

O conheci-mento é sempremais fácil de serconquistado, co-mo efeito do trei-namento mental,enquanto que o sen-timento de amor exi-ge maior esforço, emrazão de ser uma lutainterior, transformandoimpulsos perturbadores einstintos agressivos emmanifestações de afeto.

Como ainda existe a pre-

dominância da natureza animalem detrimento da espiritual nosseres humanos, o processo auto-iluminativo que decorre da con-quista da sabedoria é mais peno-so, no entanto, muito mais com-pensador.

Em cada passo, conseguem-seconquistas sutis e preciosas,dando significado psicológico àexistência, que a torna apeteci-

da, digna de experien-ciada, sem as cargas

ultrajantes dosconflitos internosnem dos proble-mas de relacio-

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namento, sempre geradores desofrimentos e angústias.

O contato com esses amigos es-pirituais trabalhará em favor datua libertação dos medos, das per-das, das expectativas afligentes.

Aprenderás, conforme o Ecle-siastes, que há tempo para se-mear e para o juízo assim comopara colher e realizar.

Trabalhando-te interiormen-te, fiel ao propósito da aquisiçãoda paz, não te afadigarás com ostormentos da ansiedade, que so-mente complicam o comporta-mento daquele que aspira pela con-quista da plenitude.

Esses amigos espirituais, comos quais te relacionarás, dimi-nuirão a tua solidão, preenchen-

do os espaços vazios da tua exis-tência com carinho e inspiraçãopara não desistires nunca de lu-tar pelo bem.

Constatando neles a sobrevi-vência ao fenômeno da morte,inusitada alegria te invadirá o serante a nova dimensão em que sedesenvolve a vida, estimulando--te a novas conquistas e renova-das atividades.

Viajor das estrelas, o Espíritoé de procedência divina, porta-dor de inesgotáveis recursos, quea ação dignificadora e o tempoirão desenvolvendo.

Avança, pois, com os teus re-lacionamentos espirituais, sele-cionando, pela conduta exem-plar, aqueles com os quais pode-

rás conviver de maneira útil, demaneira que, ao terminares ocompromisso terreno, sigas nadireção da Espiritualidade, en-quanto eles estarão vindo jorna-dear no corpo contando conti-go…

Narra Plutarco, o insuspeitohistoriador romano, que o gene-ral Brutus se encontrava num dosmuitos campos de batalha, emuma noite serena em que todosdormiam, quando, subitamente,apareceu-lhe um ser espiritual pa-voroso que lhe disse: – Eu sou oteu anjo mau e tu me verás pertoda cidade dos filipenses…

Brutus, aturdido, respondeu:– Está bem, pois eu ver-te-ei lá.

De imediato, o ser espiritualdesapareceu.

O general romano chamou osseus auxiliares e indagou sobreessa personagem, que ninguémtivera ocasião de ver.

Posteriormente, no ano 44a.C., estando na Macedônia, foivencido por Antônio e Otaviano,em sangrenta batalha na cidadede Filipos, e para evitar ser con-duzido como escravo e arrastadopelas ruas de Roma, atirou-secontra uma lança, encerrando aexistência física.

Sintoniza com Jesus, o Senhordos Espíritos, e Ele te guiará comsegurança em todos os camposde batalha da tua evolução espi-ritual.

Joanna de Ângelis

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11Setembro 2008 • Reformador 329

Reformador: O Movimento Espí-rita se estende por todo o Uruguai?Há quantos centros integrados àFederação?Eduardo: Nosso país, o Uruguai,tem uma superfície de 176.215km2, e é dividido em 19 departa-mentos, mas o conhecimento daDoutrina Espírita não chegou atodas as partes. Há centros espí-ritas legalmente constituídos emseis departamentos, dos quais 11são integrados à Federação. Mastemos notícia sobre a formaçãode outros grupos interessados emconhecer Espiritismo.

Reformador: Desde quando háMovimento Espírita no Uruguai, ecomo ele se desenvolve?Eduardo: No ano de 1937 a se-mente espírita chegou ao Uru-guai pelas mãos da pioneira Au-rora de los Santos, fundadora edirigente do Centro Espirita Ha-cia la Verdad, que veio a ser o pri-meiro Centro de nosso país, si-

tuado na Avenida General Flores,em Montevidéu. Desde então osespíritas uruguaios sentiram anecessidade de agregar uma es-trutura que lhes fortalecesse aexistente, permitindo um contatomais estreito e constante entre ir-mãos de ideal com o objetivo deintercambiar-se experiências,idéias e realizar atividades emconjunto, mantendo também umlaço fraterno entre os espíritas domundo inteiro, como aspiravaAllan Kardec. Assim, fundou-se aFederação Espírita Uruguaia nodia 25 de janeiro de 1987.

Reformador: Existe alguma pe-culiaridade no Movimento Espí-rita uruguaio?Eduardo: Nosso país, comuma população aproxi-mada de três mi-lhões e quatro-centos milhabitan-tes, tem

si-do um terreno difícil para a se-menteira dos conceitos espíritas.Sabemos também que o uruguaiotem rechaçado dogmas religio-sos, exteriorizações formais, con-ceitos sem fundamentos lógicos,em decorrência de seu agudo

ED U A R D O DO S SA N T O SEntrevista

O Espiritismono Uruguai

Eduardo Dos Santos, presidente da Federação Espírita Uruguaia,comenta sobre o desenvolvimento do Espiritismo em seu país

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espírito crítico e racionalista.Todavia, a Doutrina Espírita temuma proposta diferente das reli-giões tradicionais. Cremos que aDoutrina pode oferecer à nossasociedade respostas a todas asperguntas e dúvidas que o ser hu-mano possui quanto à sua vidaespiritual.

Reformador: Tem havido come-morações dos Sesquicentenários noUruguai?Eduardo: Sim, têm sido realiza-das comemorações nas diferentescasas espíritas do País, inclusive,contando-se com o apoio valio-síssimo de irmãos do Brasil.

Reformador: Há alguma ativida-de em andamento voltada para ostrabalhadores espíritas e para oestudo?Eduardo: Durante todo o ano rea-lizam-se várias atividades e, parauma melhor organização, o Paísfoi dividido em duas Coordena-dorias, a do Norte e a do Sul, oque tem dado grande impulso à tarefa de intercâmbio entre osespíritas e à divulgação da Doutri-na. A partir daí promovemos di-ferentes eventos, como seminá-rios, conferências e encontros,abrindo-se a oportunidade paraque todos possam participar,aproximando a Federação das di-ferentes regiões.

Reformador: Qual o relaciona-mento da Federação com o Conse-lho Espírita Internacional?Eduardo: A relação que nos uneao CEI é fraterna, solidária e de

orientação, de união e unificação,e destacamos o apoio que sempretemos recebido para os nossosprojetos.

Reformador: Alguma mensagemao leitor de Reformador?Eduardo: Agradeço o valioso mo-mento que me proporciona esteprecioso e valoroso meio de co-

municação para dizer aos segui-dores da Terceira Revelação,codificada por Allan Kardec, dagrande oportunidade que temos,no Planeta, de contribuir comnosso óbolo para levar o conheci-mento e a vivência espíritas. OEspiritismo é um farol que ilumi-na caminhos, guiando-nos para oencontro com a mensagem de

12 Reformador • Setembro 2008 330

Rimas da FraternidadeGuarda contigo o Amor Puro por senha No roteiro cristão,Ainda mesmo quando a amargura venha Sangrar-te o coração.

Quem procura no Cristo, cada dia,A bênção de viverSacrifica-se, ama e renuncia,No perdão por dever.

Que importam desventuras no caminho, No fel que nos invade,Se procurarmos no Celeste NinhoA luz da eternidade?

Tudo passa na Terra e a nossa glória, Na alegria ou na dor,É refletir na luta transitóriaA sublime vontade do Senhor.

Só aquele que ajuda, vida afora, Vence as trevas do mal,Marchando em busca da Divina Aurora Para a Vida Imortal.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Correio fraterno. 6. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2004. Cap. 8.

Cármen Cinira

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ntre junho e setembro de 1965, os médiunsFrancisco Cândido Xavier e Waldo Vieiraempreenderam viagem aos Estados Unidos,

Inglaterra, França, Itália, Espanha e Portugal.1 Naoportunidade, obtiveram livros, folhetos e filma-gens para o acervo da Exposição Espírita Perma-nente que então se montava na cidade de Uberaba(Minas Gerais, Brasil), como um departamento daComunhão Espírita Cristã.

Os médiuns permaneceram por mais tempo nosEstados Unidos, onde visitaram nove Estados eprocuraram entrar em contato com os Movimen-tos espíritas/espiritualistas existentes, vários delescom suas sedes chamadas “Templos Espiritualis-tas”. O Acampamento Espiritualista de Silver Bellefoi carinhosamente visitado pelos médiuns, ondeconstataram grande interesse pelas reuniões me-diúnicas e pessoas procedentes de mais de 20 Esta-dos. No dia 26/7/1965, assinaram contrato com aPhilosophical Library, de New York, para a publica-ção do livro Ideal Espírita em inglês, com o títuloThe World of the Spirit. Chico Xavier e Waldo Viei-ra estiveram na Biblioteca do Congresso, em Washing-ton; na Biblioteca Pública de New York; no localonde viveram as Irmãs Fox, cuja residência haviasido recentemente destruída por um incêndio; naBiblioteca da Organização das Nações Unidas(ONU), efetuando pesquisas de caráter espíritaligadas à estatística e à divulgação.

Entre as pessoas que mantiveram contatos maisdiretos com os médiuns visitantes: Salim J. Had-

dad, Newton Harrison, Srta. Maria Aparecida Gon-çalves, Srta. Hazel Morris (residente em Shereven-port, Louisiania, que traduzia o livro Paulo e Estê-vão); Victor Butler, e Luís Guerrero Ovalle, um dospioneiros do Espiritismo em Miami.

Uma das realizações marcantes durante a citadaviagem foi a fundação do Christian Spirit Center.2

O dirigente e um dos fundadores desta Instituição,Salim J. Haddad, relata que “em meados de 1965,em aposento de um arranha-céu de New York,quando visitávamos os nossos amigos FranciscoCândido Xavier e Dr. Waldo Vieira, surgiu a idéiado Christian Spirit Center, marcando sua fundaçãoa passagem dos dois dedicados médiuns pelas ter-ras norte-americanas”. Em seguida, Haddad escla-rece que a Instituição estabelecida em Elon Colle-ge, North Carolina, baseia-se na experiência espíri-ta do Brasil e sua atividade principal consiste natradução e distribuição de mensagens psicografa-das no Brasil, sendo a língua inglesa o veículo prin-cipal, mas também realizando para outras línguas,em menor escala.

No final da década de 1970, recebemos de ChicoXavier um pacote de mensagens vertidas para oárabe pela citada Instituição, o que gerou um episó-dio muito curioso que relatamos em livro de nossaautoria sobre o médium.3

Durante a estada nos EUA, os médiuns consegui-ram obter, para a Exposição Espírita Permanente deUberaba, cerca de 400 livros precursores de AllanKardec ou de interesse histórico para o Espiritis-

13Setembro 2008 • Reformador 331

E

Presença de Chico Xavier

Viagem histórica de

Chico Xavier aos EUA eEuropaAN T O N I O CE S A R PE R R I D E CA R V A L H O

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mo.Na Inglaterra, estiveram em Londres, onde visita-

ram o médium e escritor Maurice Barbanell e sua es-posa, ligados ao jornal Psychic News, e Charles K.Shaw, da Spiritualist Association of Great Britain.

Em Paris, os dois médiuns visitaram a Maisondes Spirites, o túmulo de Kardec no Cemitério doPère-Lachaise e mantiveram entrevistas com váriosespíritas. Estiveram também na histórica cidade deCarcassonne, cenário do romance Cristo Espera porTi, do Espírito Honoré de Balzac, psicografado por

Waldo Vieira.Na Itália, visitaram algumas

organizações e principalmente aredação da revista Luce e Ombra.

Foram também à Espanha ePortugal, embora com restriçõesde ação em virtude do regime po-lítico então dominante nos doispaíses. Neste último país, mantive-ram contatos com Isidoro Duar-te Santos, redator da revista Es-tudos Psíquicos.

A aludida viagem dos mé-diuns brasileiros gerou o livroEntre Irmãos de Outras Terras,publicado pela Federação Espíri-ta Brasileira, em 1966, e váriasvezes reeditado. O livro é dividi-do em duas partes: a primeirareúne mensagens recebidas emlíngua portuguesa nos EstadosUnidos e na Europa, assinadaspelos Espíritos André Luiz, Be-zerra de Menezes, Emmanuel,Hilário Silva, Irmão X, KelvinVan Dine e Valérium. Destaca-mos que o Espírito André Luizentrevista William James e Ga-briel Delanne, e o Espírito IrmãoX entrevista Horace Greeley.

Na segunda parte, foram sele-cionadas várias mensagens rece-bidas diretamente em inglês du-

rante a viagem dos referidos médiuns, assinadaspelos Espíritos Ernest O’Brien e Anderson.

Dessas mensagens psicográficas enfatizamos al-guns trechos muito interessantes e oportunos.

Nos textos de apresentação, o Espírito AndréLuiz alerta:

Varre de nossas almas qualquer pretensão de dou-

trinar os que tanto nos deram em teu nome e apóia-

-nos, por misericórdia, a projetada viagem com os

recursos de que nos julgues carecedores.4

14 Reformador • Setembro 2008 332

Foto de Chico Xavier e Waldo Vieira ao lado do túmulode Kardec no Cemitério do Père-Lachaise

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E o Espírito Emmanuel comenta:

Perante o mundo atormentado de hoje, pensa na

quota de amor que lhe devemos, através do Espi-

ritismo, que nos pede criterioso trabalho de sus-

tento e divulgação, em favor dos corações e das

consciências.

Todos temos obrigação e serviço a fazer.

Ninguém espera te transformes, de imediato, num

sol capaz de extinguir as trevas!...

Traze também o teu raio de luz.5

As referidas mensagensespirituais abordam orienta-ções para trabalhadores espí-ritas e para a vivência pessoal.

Em entrevista espiritualcom André Luiz, William Ja-mes (N. Y., 27/6/1965) fazoportunas considerações, in-clusive sobre a comunicaçãoentre os povos:

Sabemos que o pensamen-

to é o idioma universal; no

entanto, isso é realidade

imediata nos domínios da

indução ou da telepatia la-

boriosamente exercitada.

[...] Desse modo, os ami-

gos espirituais ligados aos

Estados Unidos, que aspi-

rem a ser ouvidos, sem delonga, no Brasil, devem,

de modo geral, estudar Português, e vice-versa.

Isso é claro no sistema regular de comunhão lin-

güística, porquanto o progresso ignora o milagre.6

James aborda mais algumas questões importantespara a atuação espírita, como:

Temos aprendido que não surgem construções es-

táveis ao impulso do improviso. A seara espírita

pede plantação de princípios espíritas. E não existe

plantação eficiente sem cultivadores dedicados.

Ampliemos a área de nosso concurso individual e

elevemos o nível de compreensão das nossas res-

ponsabilidades para com a obra do Espiritismo. Se

fazemos o que pensamos, só dispomos, em verda-

de, daquilo que fazemos. As leis do Universo são

justas. Cada companheiro, cada agrupamento e ca-

da país terão do Espiritismo o que dele fizerem.

Cremos seja possível sintetizar diretrizes para nós

todos no seguinte programa: sentir em bases de

equilíbrio, pensar com elevação, falar construtiva-

mente, estudar sempre e servir mais.6

Para os trabalhadores espíri-tas que vivem em outras terras,o Espírito Emmanuel orienta:

Situarás, enfim, o coração na pátria

que te reúne aos irmãos do mesmo

ideal e da mesma língua [...].

..........................................................

Aprende, pois, desde hoje, a banir

do teu dicionário a palavra “es-

trangeiro” e, em se referindo a al-

guém que haja nascido em clima

diverso, deixa que a fraternidade

te suba da alma aos lábios e dize

sinceramente “nosso irmão”.7

Referências:1ALVES, I. “Chico Xavier e Waldo Vieira

nos EE. UU. e na Europa”. In: Anuário

espírita 1966. Araras: Instituto de Difusão Espírita, 1966. p.

75-85.2HADDAD, Salim J. “O Christian Spirit Center”. In: Anuário espí-

rita 1971. Araras: Instituto de Difusão Espírita, 1971. p. 171-175. 3CARVALHO, Antonio C. Perri. “Chico Xavier”. In: O homem e a

obra. São Paulo: Edições USE, 1997. p. 34-35.4XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Entre irmãos de outras ter-

ras. Espíritos Diversos. Rio de Janeiro: FEB, 2004. “Em Homena-

gem aos Pioneiros”, p. 8.5Idem, ibidem. “Ante a Seara da Luz”, p. 10.6Idem, ibidem. Cap. 5, p. 28-30.7Idem, ibidem. Cap. 32, p. 110-111.

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hristian Friedrich SamuelHahnemann, nascido em10 de abril de 1755, na Sa-

xônia, um Estado alemão, foi ogenial idealizador da Homeopa-tia, hoje reconhecida como espe-cialidade médica em inúmerospaíses, inclusive no Brasil.

Suas fórmulas dinamizadasatuam no perispírito, onde se ori-gina a maior parte dos males hu-manos, conforme nos ensina aDoutrina Espírita.

Hahnemann desencarnou em 2de julho de 1843, aos 88 anos,após uma existência profícua,inteiramente devotada ao bemda Humanidade.

Tão notável foi esse mis-sionário da Medicina, queconquistou a honra de partici-par da Codificação da DoutrinaEspírita, a partir das primeirasexperiências de Kardec, em 1855,portanto apenas 12 anos após seuretorno à Espiritualidade.

Em 1863, Hahnemann transmi-tiu, em Paris, breve e importantemensagem, inserida no capítulo IX,item 10, de O Evangelho segundoo Espiritismo (Ed. FEB), que trans-crevo para apreciação do leitor:

Segundo a idéia falsíssima de quelhe não é possível reformar a suaprópria natureza, o homem se julgadispensado de empregar esforços pa-

ra se corrigir dos defeitos em que deboa vontade se compraz, ou que exi-giriam muita perseverança para se-rem extirpados. É assim, por exem-plo, que o indivíduo, propenso a en-colerizar-se, quase sempre se descul-pa com o seu temperamento. Em vezde se confessar culpado, lança aculpa ao seu organismo, acusandoa Deus, dessa forma, de suas pró-

prias faltas. É ainda uma conse-qüência do orgulho que se encontrade permeio a todas as suas imper-feições.

Indubitavelmente, temperamentoshá que se prestam mais que outrosa atos violentos, como há músculosmais flexíveis que se prestam melhoraos atos de força. Não acrediteis, po-rém, que aí resida a causa primordial

da cólera e persuadi-vos de que umEspírito pacífico, ainda que num cor-po bilioso, será sempre pacífico, e queum Espírito violento, mesmo numcorpo linfático, não será brando; so-mente a violência tomará outro ca-ráter. Não dispondo de um organis-mo próprio a lhe secundar a violência,a cólera tornar-se-á concentrada, en-quanto no outro caso será expansiva.

O corpo não dá cólera àquele quenão a tem, do mesmo modo que nãodá os outros vícios. Todas as virtu-des e todos os vícios são inerentes aoEspírito. A não ser assim, ondeestariam o mérito e a responsabili-

dade? O homem deformado nãopode tornar--se direito, porque oEspírito nisso não pode atuar;mas, pode modificar o que é do

Espírito, quando o quer com von-tade firme. Não vos mostra a expe-

riência, a vós espíritas, até onde é ca-paz de ir o poder da vontade, pelastransformações verdadeiramentemiraculosas que se operam sob asvossas vistas? Compenetrai-vos,pois, de que o homem não se con-serva vicioso, senão porque querpermanecer vicioso; de que aqueleque queira corrigir-se sempre o po-de. De outro modo, não existiria pa-ra o homem a lei do progresso.

Hahnemann aborda uma ques-tão vital: o temperamento, o con-junto dos traços psicológicos e

CRI C H A R D SI M O N E T T I

Temperamento

16 Reformador • Setembro 2008 334

Samuel Hahnemann

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morais que determinam a índoledo indivíduo, o seu modo de ser.

Por não aceitar a existência doEspírito – o ser pensante, que so-brevive à morte do corpo – as ciên-cias médicas e psicológicas ten-dem a situar o temperamento co-mo fruto de condições orgânicas.

A agressividade, a depressão, osuicídio, os transtornos mentais,os vícios, estariam relacionadoscom disposições neurocerebrais,como uma programação biológicaa influir nas iniciativas individuais.

Até os deslizes extraconjugaisentrariam nesse rol de calamida-des atribuídas à Biologia. Segun-do alguns cientistas, visando à per-petuação da espécie, nossos genescontrolariam nossas ações, indu-zindo-nos ao adultério, visto que,quanto maior a promiscuidade,maior a possibilidade de gerarprole numerosa.

Imagine, leitor amigo, a defesapara o adúltero processado pelamulher que deseja o divórcio:

– Senhor juiz, não tenho culpa!São os genes que me atormentam!Induzem-me a prevaricar!

No fundo tudo estaria relaciona-do com a genética, explicando atécomportamentos anti-sociais, co-mo roubo, assalto, assassinato, sui-cídio...

Diante do delegado:– Ah! Doutor, eu não queria ser

assaltante, mas é incontrolável,está na minha natureza. Das pro-fundezas de meu cérebro os neu-rônios repetem: Roubar! Roubar!Roubar!

Algo semelhante ocorre com ocomportamento vicioso.

Pretendem alguns cientistasque o bebum tem na estrutura ce-rebral determinada área ativada, aestimular a tendência para ovício.

Reclama o alcoólatra:– Meu cérebro é uma esponja

etílica! Se não o encharco de águaque passarinho não bebe, não medá sossego!

Hahnemann adverte que taisraciocínios são equivocados.

O temperamento é um atribu-to do Espírito.

E ainda que haja no corpo deter-minado arranjo genético que possaexercer certa influência, essa con-dição orgânica é efeito, não causa.

O corpo não determina; apenasexprime.

É o espelho do Espírito.O mesmo acontece com rela-

ção às doenças que, geralmente,refletem problemas espirituais.

No Espírito estão as causasmais freqüentes de nossos desa-justes físicos e psíquicos.

A depressão, por exemplo,pode ter um componente gené-tico, mas a origem do mal estáno Espírito que, ao reencarnar,imprime na estrutura física algode sua maneira de ser, resultantedas experiências do pretérito, com-binando no automatismo reencar-natório elementos hereditárioscompatíveis.

Devemos, sim, tratar dos efei-tos no corpo, buscando a Medici-na da Terra.

Mas é preciso, sobretudo, tratardas causas no Espírito, buscando a

Medicina do Céu. Esta relaciona-secom a atividade religiosa, a partir deconceitos de ordem moral que traba-lham em favor de nossa renovação.

Nesse particular, o Evangelho éo grande compêndio médico daAlma, com prescrições perfeitaspara mudar nossa maneira deagir, nosso temperamento, nossastendências.

Por falar nisso, leitor amigo,diante de problemas envolvendoânimo exaltado e agressivo, desa-venças e ressentimentos, doenças elimitações, pessimismo e desânimo,e tudo o mais que nos cause trans-tornos, você tem consultado oEvangelho?

Talvez não haja nada disso comvocê.

Se assim for, parabéns! Certa-mente houve engano das potesta-des celestes ao localizá-lo nestevale de lágrimas.

17Setembro 2008 • Reformador 335

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tema “Visitas espíritasentre pessoas vivas” éuma seqüência do estudo

sobre “O sono e os sonhos”, en-cartado no capítulo VIII, do LivroSegundo de O Livro dos Espíritos,sob o título “Emancipação da Al-ma”. Pelo sono o Espírito se des-dobra.1 Já os sonhos constituemas lembranças mais ou menos ní-tidas de fatos ocorridos durante osono, período em que o Espírito,freqüentemente, entra em conta-to com outros seres.

Os princípios analisados sob otítulo “O sono e os sonhos” seaplicam ao presente estudo, coma diferença de que, neste, o inter-

câmbio se dá entre os chamados“vivos”, isto é, entre encarnados.

Existe outra variedade do fenô-meno, menos freqüente, em que oEspírito encarnado, durante opróprio sono, visita outro encar-nado acordado, podendo o visi-tante ser ou não visto pelo visita-do. No caso de o visitante tornar-se visível ao visitado, o fenômenoé designado como “bilocação” ou“bicorporeidade”, espécie do gêne-ro “ubiqüidade”,2 que é a faculda-de de estar presente em todos oslugares ao mesmo tempo, naacepção do Dicionário Houaiss daLíngua Portuguesa.

Sendo o Espírito uma unidadeindivisível, a ele é impossí-

vel estar em dois oumais lugares si-

multaneamente,contudo, esta

indivisibili-dade não oimpede deirradiar seus

pensamentospara diversos

lados e poder as-sim manifestar-se

em muitos pontos,

sem se haver fracionado, comoacontece com a luz, que esparra-ma seus raios à sua volta. Entre-tanto, nem todos os Espíritos ir-radiam com a mesma potência. Acapacidade de irradiação está di-retamente ligada ao desenvolvi-mento de cada um.

Uma pessoa, encontrando-seadormecida, ou num estado deêxtase leve ou profundo, pode,em Espírito, semidesligado docorpo, aparecer, falar e mesmotornar-se tangível a outras pes-soas. E, de fato, poder-se-á com-provar que estava em dois lugaresao mesmo tempo. Só que em umlugar estava o corpo físico, noutroo Espírito revestido pelo seu peris-pírito, momentaneamente visívele tangível.

A bicorporeidade, embora sejaum acontecimento importante,tem sido ignorada por muitos, co-mo se fosse, sempre, produto daimaginação, impressão que é re-forçada pelo fato de que, na maio-ria das vezes, pouca ou nenhumalembrança guardamos do que sepassa durante o desdobramento,como elucida Gabriel Delanne.3

Isso demonstra o quanto desco-

Visitas espíritas entrepessoas vivas

OCH R I S T I A N O TO R C H I

18 Reformador • Setembro 2008 336

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nhecemos a própria natureza es-piritual e os nossos potenciais.

Segundo o Espírito André Luiz,em obra psicografada pelos mé-diuns Francisco Cândido Xavier eWaldo Vieira, ainda temos muitadificuldade para compreender osmecanismos das alterações da cor,densidade, forma, locomoção e ubi-qüidade do corpo espiritual (peris-pírito), por não dispormos, naTerra, de mais avançadas noçõesacerca da mecânica do pensamen-to.4

Kardec explica como se dá a bi-corporeidade, concluindo que,por mais extraordinário seja talevento, como todos os outros, seenquadra na “ordem dos fenôme-nos naturais, pois que decorre daspropriedades do perispírito[...]”.5

Indicamos para consulta o ter-ceiro volume da Revista Espírita –Jornal de Estudos Psicológicos –,março de 1860, editada pela FEB,no qual desponta uma experiênciarealizada por Kardec, promovidacom um encarnado (Dr. Vignal),membro da Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas, que foi invo-cado durante o sono, de cujoexemplar colhemos interessantesobservações comparativas entreas sensações de um “vivo” e de um“morto”, sobre as suas faculdadesde ver, ouvir e perceber as coisas,entre outras informações impor-tantes.6

Excetuando-se a bicorporeidade,assim como a visita entre encarna-dos e desencarnados, o encontrode pessoas encarnadas durante osono é também um fato bem cor-

riqueiro, do qual nem sempre nosdamos conta, como vimos, devidoà amnésia após o despertamentodo sono.

Gustave Geley (1865-1924),cientista renomado, ex-diretor doInstituto Metapsíquico de Paris,médico em Nanci, com base emsuas incansáveis pesquisas, assimconceituou morte e vida, fenôme-nos intrinsecamente ligados ao te-ma ora em estudo:

“A desencarnação é um proces-

so de síntese, síntese orgânica e

síntese psíquica.

A encarnação é um processo de

análise. É a subdivisão da cons-

ciência em faculdades diversas,

e do sentido único em sentidos

múltiplos, para facilitar seu

exercício e conduzir seu desen-

volvimento.” 7 (Grifos nossos.)

As circunstâncias que levam osEspíritos a se buscarem durante osono é algo semelhante ao que sedá na Terra, quando temos vonta-de de visitar nossos familiares, pa-rentes e amigos, com a diferençade que, nos encontros espirituais,estamos despojados da máscarado corpo de carne e, de certa for-ma, despojados dos papéis provi-soriamente executados na vida derelação social.

No estado do sono, o Espíritofica preso ao corpo por uma es-

19Setembro 2008 • Reformador 337

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pécie de fio condutor ou filamen-to,8 designado por Kardec como“rastro luminoso”9 ou “laço fluí-dico”,10 por meio do qual passamas impressões e as vontades da al-ma até o cérebro do encarnado.O mesmo processo se dá nas ou-tras formas de desdobramento,conscientes ou não, como no ca-so, por exemplo, dos fenômenosmediúnicos, em que o médiumempresta seu organismo físicopara as entidades se comunica-rem por meio da fala (psicofonia)ou pela escrita (psicografia). Por-tanto, os Espíritos que não apre-sentam esse laço ou cordão fluí-dico estão desencarnados.

Há vários relatos na literaturaespírita sobre a visita entre pes-soas vivas, durante o sono oudesdobramento, como, porexemplo, nos episódios narradospor Kardec em O Livro dos Mé-diuns,11 em especial os casos deSanto Afonso de Liguori e SantoAntônio de Pádua.

Estes dois últimos foram retira-dos, como diz Kardec, não daslendas populares, mas da históriaeclesiástica:

Santo Afonso de Liguori foi ca-

nonizado antes do tempo pres-

crito, por se haver mostrado si-

multaneamente em dois sítios

diversos, o que passou por mila-

gre.

Santo Antônio de Pádua estava

pregando na Itália [...] quando

seu pai, em Lisboa, ia ser supli-

ciado, sob a acusação de haver

cometido um assassínio. No

momento da execução, Santo

Antônio aparece e demonstra a

inocência do acusado. Com-

provou-se que, naquele instan-

te, Santo Antônio pregava na

Itália, na cidade de Pádua.12

No homem, a vida se apresentacomo se fosse uma moeda de duasfaces: a do corpo e a da alma, duasfases de uma só existência. Na pri-meira, o Espírito está constrangi-do pelo esquecimento em virtudedos laços carnais, sendo que a in-fluência da matéria é tão grandeque, muitas vezes, nem se dá con-ta de que é um Espírito imortal.Na segunda, vendo-se livre dos la-ços físicos, as faculdades do Espí-rito ampliam-se e, conforme o ca-so, ele pode ajuizar um poucomelhor da sua situação de serimortal, circunstância que influigrandemente nas suas decisões,durante a vigília.

Como a primazia é da alma,por preexistir e sobreviver ao cor-po, o Espírito, durante a encarna-ção, sente-se um “prisioneiro” ou“exilado” no organismo físico, ra-zão pela qual aproveita todas asbrechas ou os momentos de des-prendimento para se retemperarno mundo espiritual, onde se en-contra com os seus semelhantes,para os quais é atraído por afini-dades e por interesses acalentadosno íntimo, de acordo com o seuestágio evolutivo.

Aquele que se deu conta destarealidade, antes de se entregar aorepouso noturno, procure fazeruma prece, de modo a ter um re-pouso tranqüilo, oportunidadeem que poderá, nesses instantes

de liberdade, haurir forças e con-solo para continuar lutando pelopróprio progresso, “e, ao desper-tar, sentir--se-á mais forte contrao mal, mais corajoso diante da ad-versidade”.13

Referências:1MIRANDA, Hermínio C. Sobrevivência e

comunicabilidade dos espíritos. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2o02. Cap. 8, p. 161. Apud O

espiritismo de A a Z.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Evandro Noleto Bezerra. Ed. Co-

memorativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2006. Questões 88a, 92a e 137.3DELANNE, Gabriel. A alma é imortal. 8.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Primeira

Parte, cap. IV, item Algumas observações,

p. 112.4XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Evolução em dois mundos. Pelo Espírito

André Luiz. 25. ed. 1a reimpressão. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Segunda Parte, cap.

3, p. 216.5KARDEC, Allan. Obras póstumas. 40. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Primeira Parte,

Aparição de pessoas vivas. Bicorporeida-

de, item 32.6______. Revista espírita: jornal de estu-

dos psicológicos. Tradução de Evandro No-

leto Bezerra. Ano III (1860). 3. ed. 1a reim-

pressão. Rio de Janeiro: FEB, 2007. “Es-

tudo sobre o espírito de pessoas vivas”.7TIMPONI, Miguel. A psicografia ante os

tribunais: no seu tríplice aspecto: jurídico,

científico, literário. 6. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 1999. Capítulo “Na França”, p. 134.8XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Es-

pírito André Luiz. 59. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Cap. 33, p. 215-216.9KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 80.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Parte Se-

gunda, cap. VII, item 118, p. 163.

20 Reformador • Setembro 2008 338

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21Setembro 2008 • Reformador 339

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

Liberdade“Não useis, porém, da liberdade para dar ocasião à carne,

mas servi-vos uns aos outros pela caridade.”

– PAULO. (GÁLATAS, 5:13.)

m todos os tempos, a liberdade foi utilizada pelos dominadores da Terra. Emvariados setores da evolução humana, os mordomos do mundo aproveitam--na para o exercício da tirania, usam-na os servos em explosões de revolta e

descontentamento.Quase todos os habitantes do Planeta pretendem a exoneração de toda e qual-

quer responsabilidade, para se mergulharem na escravidão aos delitos de todasorte.

Ninguém, contudo, deveria recorrer ao Evangelho para aviltar o sublime princí-pio.

A palavra do apóstolo aos gentios é bastante expressiva. O maior valor da inde-pendência relativa de que desfrutamos reside na possibilidade de nos servirmos unsaos outros, glorificando o bem.

O homem gozará sempre da liberdade condicional e, dentro dela, pode alterar ocurso da própria existência, pelo bom ou mau uso de semelhante faculdade nasrelações comuns.

É forçoso reconhecer, porém, que são muito raros os que se decidem à aplicaçãodignificante dessa virtude superior.

Em quase todas as ocasiões, o perseguido, com oportunidade de desculpar, men-taliza represálias violentas; o caluniado, com ensejo de perdão divino, recorre àvingança; o incompreendido, no instante azado de revelar fraternidade e benevo-lência, reclama reparações.

Onde se acham aqueles que se valem do sofrimento, para intensificar o aprendi-zado com Jesus Cristo? onde os que se sentem suficientemente livres para conver-ter espinhos em bênçãos? No entanto, o Pai concede relativa liberdade a todos osfilhos, observando-lhes a conduta.

Raríssimas são as criaturas que sabem elevar o sentido da independência aexpressões de vôo espiritual para o Infinito. A maioria dos homens cai, desastrada-mente, na primeira e nova concessão do Céu, transformando, às vezes, elos de velu-

E

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 128.

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22 Reformador • Setembro 2008340

quele que foi cognomina-do O Bandeirante do Espi-ritismo, em face do seu

trabalho pioneiro no interior doEstado de São Paulo, nasceu em22 de setembro de 1868, portantohá 140 anos, no Rio de Janeiro.Depois de passagens por Itápolis ePiracicaba, no interior de São

Paulo, fixou-se em Matão, tor-nando-se seu primeiro Prefeito,1 efundou em 15 de julho de 1905o Centro Espírita Amantes da Po-breza; em 15 de agosto de 1905fundou o jornal O Clarim; poste-riormente, em 15 de fevereiro dede 1925, a Revista Internacional deEspiritismo, tradicionais publica-ções de circulação internacional.

Schutel foi pioneiro da di-vulgação espírita pelo rádio.Suas iniciativas humanitáriasem favor da coletividade, an-tes de tornar-se espírita, falambem da grandeza de seu cora-ção. Amava e socorria os po-bres, amparando-os material eespiritualmente, estendendo

sua atenção até mesmo paracom os animais.

Foi na vivência espírita, toda-via, que sua personalidade mos-

trou-se ainda mais grandiosa.Seus exemplos de amor ao próxi-mo e de dedicação ao estudo edivulgação do Espiritismo sensi-bilizaram o País e ultrapassaramas fronteiras do território nacio-nal. Escreveu inúmeros livros,entre eles o notável Parábolas eEnsinos de Jesus, que destaca, co-mo indica o próprio título, osensinos do Mestre da Humani-dade.

No mesmo marco do calendá-rio em que se comemora o ses-quicentenário da fundação daRevista Espírita e da SociedadeParisiense de Estudos Espíritas,por Allan Kardec, a família espí-rita internacional também podeassinalar as quatorze décadas donascimento de Cairbar de SouzaSchutel.

Seu trabalho, todavia, conti-nua. Embora sua desencarnaçãotenha ocorrido no dia 30 de janei-ro de 1938, antes de completar 70anos, sua Editora prossegue ativa,através das décadas, apesar de to-das as dificuldades encontradas,distribuindo luzes mediante suaspublicações mensais e livros que

Os 140 anos de

Cairbar SchutelA

OR S O N PE T E R CA R R A R A

1N. da R.: Segundo Zêus Wantuil (Gran-des Espíritas do Brasil – Ed. FEB, p. 255),“[...] Cairbar Schutel contribuiu de mo-do decisivo para que Matão subisse àcategoria de Município, tendo sido oprimeiro Presidente de sua Câmara Mu-nicipal (1889), cargo equivalente, emnosso tempo, a Prefeito”.

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edita.E não é só. Através dos mé-

diuns Francisco Cândido Xaviere Divaldo Pereira Franco, nossoSchutel trouxe também sua fir-meza doutrinária e o estímuloem mensagens instrutivas. Atual-mente, é conhecida sua atuaçãoem favor da expansão da Doutri-na Espírita.

Exemplo notável de dedica-ção, de persistência, de confian-ça na vida, de lucidez na impor-tância do pensamento espíritaem favor do equilíbrio e da se-renidade humana. Inspiraçãoque deve nortear os passos detodos aqueles que se dedicam àliderança e à divulgação espíritapela palavra ou pela escrita, es-pecialmente agora que os mo-dernos recursos da tecnologiase fazem tão presente.

Notemos, para encerrar, o queele escreveu em seu livro Mé-diuns e Mediunidades:2

[...] Os que têm o

dom da palavra,

falem, façam pa-

lestras públicas,

conferências; os que

têm o de escrever,

escrevam; e os que

não podem coorde-

nar idéias, copiem es-

critos doutrinários in-

sertos nas obras espíri-

tas e leiam por ocasião

das reuniões, que devem ser em

dias determinados e de portas

abertas, com entrada franca.

Não podemos compreender a

atitude de Centros Espíritas

que resumem seus deveres no

exercício de uma ou duas ses-

sões por semana, entre meia

dúzia de pessoas. “A luz não

deve ficar sob o alqueire”, é pre-

ciso que seja posta no velador.

Em reconhecimento ao exem-plo inspirador de Cairbar, as ins-tituições espíritas vão homena-g e á --lo, em promoção da USE-Matão,em evento programado para o dia21 de setembro de 2008, domin-go, reunindo as instituições noEncontro Cairbar Schutel, que

23Setembro 2008 • Reformador 341

2Op. cit. 10. ed. Matão (SP): Casa EditoraO Clarim. p. 93-94.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. 1a reim-pressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008. p. 409.

Olavo Bilac

Fita o Mestre, da cruz, a multidão fremente, A negra multidão de seres que ainda ama. Sobre tudo se estende o raio dessa chama, Que lhe mana da luz do olhar clarividente.

Gritos e altercações! Jesus, amargamente, Contempla a vastidão celeste que o reclama; Sob os gládios da dor aspérrima, derrama As lágrimas de fel do pranto mais ardente.

Soluça no silêncio. Alma doce e submissa,E em vez de suplicar a Deus para a injustiça O fogo destruidor em tormentos que arrasem,

Lança os marcos da luz na noite primitiva,E clama para os Céus em prece compassiva:“– Perdoai-lhes, meu Pai, não sabem o que fazem!...”

Revista Internacional de Espiritismo e jornal O Clarim

A crucificação

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A cidade de Goiânia sediou o 1o

Encontro Nacional de Comunica-ção Social Espírita, promovidopela Área de Comunicação SocialEspírita das Comissões Regionaisdo Conselho Federativo Nacionalda Federação Espírita Brasileira,efetivado nos dias 11, 12 e 13 dejulho, nas dependências doBristol Evidence Hotel, tendocomo anfitriã a Federação Espíri-ta do Estado de Goiás (FEEGO).

Integraram a Mesa de Aberturae fizeram saudações o vice-presi-dente da FEB Altivo Ferreira, osecretário-geral do CFN, AntonioCesar Perri de Carvalho, o presi-dente da Federação Espírita do Es-tado de Goiás, Weimar Muniz deOliveira, a Sra. Isabel Saraiva (deLeiria, Portugal) e o coordenadordo Encontro e da Área acima cita-da, Merhy Seba. Em seguida, An-tonio Cesar Perri de Carvalho de-senvolveu a palestra sobre o tema:“O papel da Comunicação SocialEspírita em relação ao Plano deTrabalho para o Movimento Es-pírita Brasileiro”.

Num ambiente fraterno, repre-sentantes de 17 Entidades Federati-vas Estaduais atuaram no evento eintercambiaram suas experiências.

O Encontro, sob o tema central“Novos Tempos, Novos Cami-nhos”, foi uma autêntica reuniãode trabalho. Ocorreram apresenta-

ções de vivências regionais: “Pro-grama radiofônico Infanto-Juve-nil” (Aurélio Prado, TO); “Cam-panha Imortalidade da Alma” (Fáti-ma Farias, PB); “Momento Espíri-ta – origem e desenvolvimento”(Maria Helena Marcon, PR); “Pro-moção do livro espírita com o jor-nal O Liberal” (Luís Lopes, PA);“TV: Criação, produção e veicula-ção de programa espírita” (IvanaLeal Raisky, GO); “Campanha OEvangelho no Lar e no Coração”(Merhy Seba e Luís Cláudio da Sil-va, SP). Também foram feitasapresentações sobre “Ações doConselho Espírita Internacional”(Antonio Cesar Perri de Carvalho)e “Comunicação Integrada aplica-da ao Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita Brasileiro” (MerhySeba).

Momentos significativos da pro-

gramação foram o estudo em grupoe as conclusões sobre a propostapara o Manual de Apoio da Área deComunicação Social Espírita. Estaproposta já vinha sendo discutidanas Reuniões das Comissões Re-gionais do CFN. Ao final, foi apro-vado o delineamento para o referi-do Manual e constituída uma co-missão de redação final, integradapor: José Ricardo do Canto Lírio(ES), Maria Ângela Coelho Mirault(MS), Maria Helena Marcon (PR),Limiro Besnosik (BA) e Merhy Se-ba, como coordenador.

Na noite de sábado (dia 12),houve um Momento de Arte.

Domingo (dia 13), pela manhã,ocorreram a Avaliação e o Encer-ramento do Encontro.

O evento contou com a pre-sença de equipe do Conselho Es-pírita Internacional, que expôs

1o Encontro Nacional de

Comunicação Social Espírita

Mesa de Abertura: palestra de Antonio Cesar Perri de Carvalho

24 Reformador • Setembro 2008342

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nome da teoria não deixade ser estranho: de tudo.Mas é o apelido que

renomados cientistas, no campoda Física, denominam a teoria“[...] que visa resumir em umúnico conjunto de equações a ori-gem e a natureza do cosmo, assimcomo as forças contidas nele”,1

esclarece o inglês RobertMattheus, físico--matemático-pesquisador e re-pórter científico. A teoria propõeunir o micro e o macrocosmo,sendo também denominada Teo-ria da Grande Unificação (TGU).

Essa união consiste em provar,na prática, o que os cálculos já re-velam: a existência de uma maté-ria primordial, encontrada tantono Universo quanto no átomo.Para demonstrá-la é preciso uniros métodos de estudo do Univer-so com os das partículas atômicas.O estudo do Universo tem comoreferência a Teoria da Relativida-de Geral, de Einstein, que explicaa origem e formação dos planetas,estrelas, galáxias, buracos negros,big bang, órbitas planetárias, forçada gravidade etc. O conhecimentodas partículas elementares, fun-damentado na Teoria quântica do

campo, fornece esclarecimentossobre moléculas, átomos, partícu-las atômicas (nêutrons, prótons eelétrons) e subatômicas (neutri-nos, quarks, leptons etc.).

A Teoria de Tudo representa,na atualidade, a busca pelo SantoGraal da Física Teórica, situaçãoque ainda provoca frustrações,como aconteceu com Albert Eins-tein, o qual, a despeito da menteprivilegiada que possuía, passouos 30 anos finais de sua últimareencarnação na vã tentativa decombinar a teoria quântica comas forças que atuam no Universo.Há muito investimento científicona Teoria de Tudo, acreditando-seque no futuro, não tão remoto,será possível identificar, de formaconcreta, esse elemento funda-mental, tendo em vista que o ma-cro e o microcosmo apresentamprofundas semelhanças entre si eque um reage sobre o outro. Istoestá comprovado pela Ciência.

No livro A Gênese, de Kardec,há informações sobre esse ele-mento material que origina osmundos e os corpos dos seres –matéria cósmica primitiva:

Há um fluido etéreo que enche

o espaço e penetra os corpos.

Esse fluido é o éter ou matéria

cósmica primitiva, geradora do

mundo e dos seres. São-lhes ine-

rentes as forças que presidiram

às metamorfoses da matéria,

as leis imutáveis e necessárias

que regem o mundo. Essas múl-

tiplas forças, indefinidamen-

te variadas segundo as combina-

ções da matéria, localizadas se-

gundo as massas, diversificadas

em seus modos de ação, segun-

do as circunstâncias e os meios,

são conhecidas na Terra sob os

nomes de gravidade, coesão, afi-

nidade, atração, magnetismo,

eletricidade ativa. Os movi-

mentos vibratórios do agente

são conhecidos sob os nomes de

som, calor, luz, etc. [...].

Ora, assim como só há uma

substância simples, primitiva,

geradora de todos os corpos,

mas diversificada em suas

combinações, também todas

essas forças dependem de uma

lei universal diversificada em

seus efeitos e que, pelos desíg-

nios eternos, foi soberanamen-

te imposta à criação [...].2

Na mesma obra consta que o

O

Em dia com o Espiritismo

A Teoria de TudoMA R T A AN T U N E S MO U R A

25Setembro 2008 • Reformador 343

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fluido cósmico universal entratambém na formação de outrosmundos:

[...] Em outros mundos, elas [as

forças] se apresentam sob ou-

tros aspectos, revelam outros

caracteres desconhecidos na

Terra e, na imensa amplidão

dos céus, forças em número in-

definito se têm desenvolvido

numa escala inimaginável, cuja

grandeza tão incapazes somos

de avaliar, como o é o crustá-

ceo, no fundo do oceano, para

apreender a universalidade dos

fenômenos terrestres.3

É importante destacar que, pa-ra a Ciência chegar à conclusão deque existe uma matéria primor-dial, cerca de 500 anos de pesqui-sas foram consumidos, computan-do-se apenas o tempo do Renas-centismo até os dias atuais. É algoextraordinário! Pode-se conside-rar marco inicial das investigaçõescientíficas, em relação à Teoria daGrande Unificação, as deduções doastrônomo italiano, Galileu Gali-lei (1564-1642) que, ao observar

imperfeições nas montanhas ecrateras da Lua, as fases do plane-ta Vênus e os satélites de Júpiter,concluiu que “os céus” (espaço si-deral) e a Terra possuem naturezasimilar. Isaac Newton (1643-1727), físico e matemático inglês,comprovou as hipóteses de Gali-leu, simplificando-as: os céus e aTerra têm a mesma natureza, esão governados pelas mesmas leisuniversais.

A Teoria da Unificação adqui-riu peso quando o físico escocêsJames Clerk Maxwell (1831-1879)demonstrou, na prática, a uniãode duas forças: o magnetismo e aeletricidade. Por meio de quatroequações, Maxwell desenvolveu oeletromagnetismo – cujos benefí-cios tecnológicos são inumeráveis– de forma notável, simples e ele-gante. Nos últimos 200 anos sur-giram outras contribuições.Exemplos: Teoria da RelatividadeGeral de Albert Einstein (1879-1955), e a Teoria Quântica do físi-co alemão Max Planck (1858-1947), um dos pilares da FísicaModerna, que iniciou a revolu-ção quântica ao demonstrar que

a energia se difunde em peque-nos pacotes chamados quantum.

O Espiritismo fornece boasreferências à Teoria de Tudo. EmO Livro dos Espíritos, por exem-plo, consta que a matéria é forma-da “de um só elemento primitivo.Os corpos que considerais sim-ples não são verdadeiros elemen-tos, são transformações da maté-ria primitiva”.4 Informa tambémque as diversas propriedades “sãomodificações que as moléculaselementares sofrem, por efeito dasua união, em certas circunstân-cias”.5 Os Orientadores da VidaMaior fecham brilhantemente oassunto quando, em resposta àquestão de Kardec de que “a mes-ma matéria elementar é suscetívelde experimentar todas as modifi-cações e de adquirir todas as pro-priedades” (destaque nosso),6 enfa-tizam: “Sim e é isso o que se deveentender, quando dizemos quetudo está em tudo!”.6

O Espírito André Luiz nos en-canta – não há palavra melhor –com as suas seguras explicações.Destacamos, a propósito, algunsexemplos, retirados aleatoria-

26 Reformador • Setembro 2008344

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mente de dois dos seus livros –Mecanismos da Mediunidade eNos Domínios da Mediunidade –para ilustrar o assunto:

Quanto mais investiga a Natu-

reza, mais se convence o ho-

mem de que vive num reino de

ondas transfiguradas em luz,

eletricidade, calor ou matéria,

segundo o padrão vibratório

em que se exprimam.

Existem, no entanto, outras

manifestações da luz, da eletri-

cidade, do calor e da matéria,

desconhecidas nas faixas da

evolução humana, das quais,

por enquanto, somente pode-

remos recolher informações

pelas vias do espírito.

....................................................

[...] a matéria quanto mais es-

tudada mais se revela qual feixe

de forças em temporária asso-

ciação [...].

Temo-lo [o homem], [...] por

viajante do Cosmo, respirando

num vastíssimo império de on-

das que se comportam como

massa ou vice-versa [...].

....................................................

[...] Identificando o Fluido Ele-

mentar ou Hálito Divino por

base mantenedora de todas as

associações da forma nos domí-

nios inumeráveis do Cosmo [...]

nas organizações e oscilações da

matéria, interpretaremos o

Universo como um todo de

forças dinâmicas, expressando

o Pensamento do Criador. [...]7

Da superestrutura dos astros à

infra-estrutura subatômica, tu-

do está mergulhado na substân-

cia viva da Mente de Deus, co-

mo os peixes e as plantas da

água estão contidos no oceano

imenso.

....................................................

[...] Vocês sabem que na pró-

pria ciência humana de hoje o

átomo não é mais o tijolo indi-

visível da matéria... que, antes

dele, encontram-se as linhas de

força, aglutinando os princí-

pios subatômicos [...].8

Eis como Emmanuel se pro-nuncia a respeito:

– As noções modernas da Física

aproximam-se, cada vez mais,

do conhecimento das leis uni-

versais, em cujo ápice repousa a

diretriz divina que governa to-

dos os mundos.

Os sistemas antigos envelhece-

ram. As concepções de ontem

deram lugar a novas deduções.

Estudos recentes da matéria vos

fazem conhecer que os seus ele-

mentos se dissociam pela análi-

se, que o átomo não é indivisí-

vel, que toda expressão material

pode ser convertida em força e

que toda energia volta ao reser-

vatório do éter universal. Com

o tempo, as fórmulas acadêmi-

cas se renovarão em outros

conceitos da realidade trans-

cendente, e os físicos da Terra

não poderão dispensar Deus

nas suas ilações, reintegrando a

Natureza na sua posição de

campo passivo, onde a inteli-

gência divina se manifesta.9

Observação: A quem se interessapelo assunto, mas não possui do-mínio de equações matemáticas efísicas, recomendamos três filmes,disponibilizados no mercado, nasboas livrarias e na Internet: a) Ateoria de tudo – lançado no ano pas-sado (o roteiro considera as possi-bilidades de a Ciência comprovara existência de Deus, ou apresen-tar evidências de sua existência);b) Quem somos nós – lançado em2006, o qual procura responder àsquestões, à luz da Física quântica:de onde viemos? que fazemosaqui? para onde vamos?; c) Somostodos um – lançado em 2004 (mos-tra como a Teoria de Tudo estápresente no cotidiano da vida).

Referências:1MATTHEWS, Robert. 25 grandes idéias:

como a ciência está transformando o

mundo. Tradução de José Gradel. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar, 2008. Cap. 5, p. 50.2KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de

Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Cap. VI, item 10, p. 129-130.3Idem, ibidem. Item 10, p. 130.4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Questão 30.5Idem, ibidem. Questão 31.6Idem, ibidem. Questão 33.7XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Me-

canismos da mediunidade. Pelo Espírito

André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2008. “Ante a mediunidade”, p. 21; cap.

1, p. 25; cap. 4, p. 47.8XAVIER, Francisco C. Nos domínios da

mediunidade. Pelo Espírito André Luiz.

34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 1,

p. 14; cap. 17, p. 199.

27Setembro 2008 • Reformador 345

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página eletrônica da emissora estatal alemã,DEUTSCHE WELLE, publicou, em 23 de ju-lho passado (http://www.dw-world.de/dw/

/article/0,2144,3499611,00.html), um texto sério eobjetivo a respeito da Língua Internacional Neutra,de que abaixo transcrevemos alguns trechos signifi-cativos, acrescentando-lhes comentários pertinen-tes:

Esperanto encontra nova popularidadeatravés da Internet

Em tempos de globalização, a Internet ajuda no res-

surgimento da língua planejada esperanto, conside-

rada morta por muitos. Em Roterdã, na Holanda,

esperantistas festejaram o centenário da Associação

Universal de Esperanto.

[...] ao se reunirem na cidade holandesa de Roterdã

para o Congresso Mundial de Esperanto, no último

final de semana, esperantistas não só celebraram o

ressurgimento do interesse pela língua como tam-

bém o fato de sua associação mundial completar

cem anos de existência – um pouco desgastada, mas

ainda em ação.

Não houve, efetivamente, qualquer tipo de “des-gaste” nas atividades da Universala Esperanto-Asocio (UEA) ao longo dos seus 100 anos de profí-cua existência. Seu prestígio foi sempre crescentecomo o provam, entre muitos outros fatos relevan-tes, as relações de estreita cooperação que ela man-tém com organizações internacionais como a ONU ea UNESCO.

A língua deve seu florescimento ao mundo online.

“A internet abriu novas possibilidades”, afirmou Bo-

ris--Antoine Legault, um dos líderes esperantistas na

América do Norte, acrescendo que o esperanto seria

uma ferramenta fantástica como língua-ponte na in-

ternet.

Seja em blogs e fóruns, seja em tutoriais online, a in-

ternet permitiu ao esperanto alcançar um público

maior que o habitual. Antes da web, aprender espe-

ranto significava, geralmente, encomendar um livro

de uma editora pouco conhecida ou talvez visitar

um dos empoeirados escritórios de esperanto que

ainda estão abertos em algumas grandes cidades.

Evidente exagero no que diz respeito ao aprendi-zado da língua antes do advento da web. Desde mui-

Esperanto naDeutsche Welle

AAF F O N S O SO A R E S

28 Reformador • Setembro 2008346

A FEB e o Esperanto

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to tempo o esperanto já era cultivado em inúmeras ci-dades de quase todos os países do Planeta, refletin-do-se essa ação em fecundas atividades regionais, na-cionais e mundiais, com destaque para o ensino doidioma através de diferentes métodos. A web, obvia-mente, estendeu consideravelmente o alcance de tãodiversificadas atividades.

É difícil estimar o número de pessoas que falam es-

peranto. De acordo com estimativas, o total varia de

algumas centenas de milhares a 2 milhões. Apesar

disso, foi freqüentemente anunciada a morte da lín-

gua, que soa como uma mistura de espanhol, latim

e um pouco de alemão. Mas os esperantistas for-

mam um grupo entusiasmado e determinado que

mantém sua língua viva.

O esperanto, não obstante o contradigam muitasvozes não tão bem esclarecidas, é uma língua vivaatravés da qual se expressa a vasta coletividade que apossui, que a usa, que a faz desenvolver-se, coletivi-dade que, por ser legitimamente internacional, temno esperanto o veículo adequado à manifestação desua cultura internacional. E o sentimento de pertinên-cia à Humanidade, dado pelo esperanto, em nada con-flita com os laços que prendem os homens às suas res-pectivas culturas nacionais e regionais. É por estarazão, entre outras, que o esperanto reune as condiçõespara ser a futura língua internacional de um mundoem vias de ingressar na fase universalista de evolução.

“[...] na década de 1920, o inglês começou a aumen-

tar a sua influência e a França tornou-se extrema-

mente sensível quando se tratava de questões lin-

güísticas”, disse Detlev Blanke, lingüista e pensador

de esperanto de Berlim.

[...] Mas esperantistas e lingüistas como Blanke sen-

tem que existe razão para um otimismo cauteloso

quanto ao futuro da língua. “Acho que, em conexão

com uma melhor compreensão entre as pessoas,

precisamos de uma política lingüística mais demo-

crática, algo que não temos no momento na

Europa”, disse Blanke, acrescendo que “nesse con-

texto, acredito que o interesse no modelo do espe-

ranto está crescendo”. Enquanto sua meta de se tor-

nar uma segunda língua universal parece ainda estar

bem longe, uma cultura pequena mas promissora

desenvolveu-se em torno da língua. Existe música

em esperanto, livros e até mesmo o que poderia ser

chamado de literatura, reconhecida oficialmente pe-

lo grupo de escritores do PEN Clube.1

Em breve, os britânicos estarão expostos como nun-

ca à língua. A empresa Littlewoods Direct está usan-

do esperanto num de seus anúncios de roupas na te-

levisão. “Sabemos que a maioria das pessoas que as-

sistirão ao comercial não compreenderá o que está

sendo dito, mas a língua é tão bonita e elegante quan-

to nossas roupas”, explicou o diretor de merchandi-

sing David Inglis, informando também que, para uma

melhor compreensão, foram acrescentadas legen-

das.

O esperanto se apresenta ao mundo como instru-mento concreto para a realização de um direito hu-mano fundamental, como claramente explicitado noArtigo II da Declaração Universal dos Direitos Hu-manos, adotada e proclamada por resolução da As-sembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezem-bro de 1948, o qual reza:

Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e

as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem

1N. da R.: Organização fundada em 1921, sediada em Londres,que congrega escritores de todo o mundo.

29Setembro 2008 • Reformador 347

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convivência ética é um atode opção, de liberdade e,conseqüentemente, de res-

ponsabilidade. Construímos espa-ços de convivência ética quandodesejamos compartilhar experiên-cias e assumimos as responsabilida-des desse compartilhamento. Estamaneira de conviver não pode serimposta por atos de convencimen-to racional, pois o espaço éticonão se apóia na razão ou emraciocínios. Muitas vezes, ficamosconfusos quando falamos de éticae moral, chegando mesmo, acompreendê--las num mesmoespaço conceitual. Embora a dife-rença entre ambas seja tênue, sãosignificativamente diferentes seusâmbitos operacionais.

Quando nos referimos ao com-portamento imoral, geralmentenos referimos ao não atendimentoàs regras, leis ou normas, acorda-das pelo senso comum, que orien-tam as relações entre pessoas deum determinado grupo. Nesse ca-so, a referência se deve ao fato de apessoa não obedecer às leis ou nãocumpri-las, podendo, portanto,ser punida por elas. O que se dese-ja neste âmbito de relacionamentosé a observância da lei para a garan-tia da ordem. O desrespeito à lei ou

normas preestabelecidas não podeser aceito, daí a pena. Neste espaçorelacional a “pessoa” não aparece.Aparece sua ação, que poderá serpunida, se representar ameaça aogrupo. Executamos a lei para puniro seu transgressor. O cumprimen-to da lei isenta-nos da responsabi-lidade, do prejuízo que podemoscausar ao outro quando a aplica-mos, afinal estamos apenas “cum-prindo a lei”. Quando punimos al-guém pela não observância à lei, apessoa não é, necessariamente, res-ponsabilizada pelo que fez e a suaaplicação serve apenas para devol-ver, ao grupo, a tranqüilidade ne-cessária a prosseguir vivendo emaparente segurança. Esta maneirade conduzir-se na vida impede oaprendizado, perpetuando as re-lações de transgressões que, nor-malmente, se consolidam e evo-luem para a agressão ostensiva.

Observamos que, neste âmbitorelacional, as normas e leis que ofe-recem sustentação à vida do gru-po estão acima das pessoas. As ex-plicações dadas aos nossos atossão cerzidas em coerências lógicasde pronta aceitação. Esta formade conviver favorece a impuni-dade e fragiliza, considera-velmente, as possibilidades

de aprendizado. Esse procedi-mento, via de regra, mantém a pes-soa num plano de ação inconscien-te, pois a separa de seu fazer, o queimpede o surgimento do espaçoreflexivo, já que seu procedimentoé determinado pela lei, o que amantém confortavelmente irres-ponsável pelo que faz.

As regras nos protegem e dar--lhes cumprimento é a nossa se-gurança. Proteção esegurança ,

Ética e Moral

AAD A L G I Z A CA M P O S BA L I E I R O

Para a Cultura da Paz

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condições mínimas para nossasobrevivência. Este tipo de com-portamento leva à obediência cegae, conseqüentemente, à anulaçãoda pessoa. As conseqüências dessaforma de proceder diluem-se nocoletivo e, na maioria das vezes, apessoa, sequer, toma conhecimen-to das suas conseqüências e põe-sea falar de “boas ações”, tornando-se, sistematicamente, “moralista”,ou seja, dá-se o direito de julgar osoutros sem qualquer tipo de envol-vimento com eles.

A moral é concebida, assim,como regras consensuais de condu-ta, definidas a priori, conservadas

transgeracional-mente, o quelhes conferegrande estabili-dade. Essas re-gras variamem função

de cada grupo, pois expressam asculturas, ou seja, usos e costumesde cada povo, garantindo--lhes, por seu caráter conservador,a estabilidade necessária para avida do grupo.

Podemos conceber, nummesmo espaço cultural, diferentesarranjos que orientam as relaçõesentre as pessoas. Nesse sentido,encontramos a moral familiar, amoral religiosa, a profissional, entreoutras, todas elas válidas e impor-tantes na sustentação dos diferentesmodos de convivência que identifi-cam cada cultura. Nenhum delesé mais certo que o outro. Moisés,por exemplo, editou um códigomoral para orientar e garantir aconservação de uma maneira de-sejável de convivência para o seupovo. Naquela oportunidade, aaceitação e cumprimento das leisresidiam no fato de elas terem sidoconcebidas e enviadas por Deus, ouseja, por alguém cuja autoridadejamais seria questionada, o que re-forçava o poder de Moisés sobre opovo, imposto pelo medo das pe-nalidades ao não-cumprimento dalei. Ainda hoje, já na pós-moderni-dade, embora dissimulados, pode-mos identificar procedimentos damesma natureza.

Ao nos referirmos ao compor-tamento ético-moral de um povo,provavelmente conotamos, comessa expressão, espaços relacio-nais onde regras de bem viverconstruíram espaços de convivên-cia diferentes daqueles regidos porleis e normas preestabelecidas.Intuímos que a simples agregaçãodo termo “ético” à “moral” sugere

um outro sentido, uma diferençanas relações por ele conotadas.Talvez a “ética” sempre tenhaestado presente nas relações, apa-recendo acanhadamente aqui eali, no entanto, pode não ter sidosentida como necessária. Desde quese instaurou a “idade da razão”, aética foi deixada de lado, pois tínha-mos a orientar nossa conduta a in-falibilidade da lógica racional e daargumentação por ela sustentada.Mas, essa época acabou ou estáacabando. A época da racionalida-de instrumental deu seus frutos, nãotão bons e sazonados quanto espe-rávamos, pois gerou miséria, mor-te, devastação do meio ambiente,guerra e destruição. É nesse cenáriomeio desolador que buscamosuma nova luz, uma pista que nosoriente. Penso que se não tivésse-mos errado o rumo, nossa históriaseria outra. Mas, a história só podeser contada depois de vivida. Essa énossa história.

Para nós, ocidentais, a alter-nativa de mudar o rumo danossa história talvez repouse emque o fato histórico tambémerrou.

Há dois mil anos, Jesus, cujaação buscava construir novos ali-cerces para a instalação de um rei-no de amor, de fraternidade e, ba-sicamente, de igualdade, entre tan-tas outras assertivas, proclamavasua máxima “ama teu próximocomo a ti mesmo” e com ela trou-xe à cena o parceiro olvidado,aquele a quem devemos o conheci-mento de nós mesmos, aquele de

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que a mente egoísta julgou nãonecessitar. Organizações eminen-temente políticas apropriaram-seprecocemente desse novo espaçode convivência sustentado pelaética emergente, desviando o rumode nossa possível história, e vejamno que deu. Estamos quase mor-rendo de tanto nos matar. Este fatonão é trivial.

Todavia, o que nos trouxeJesus que, de repente, dividiu aHistória em antes e depois dele?

Jesus instituiu “o outro” nasrelações humanas. E, quando apa-rece “o outro”, com os mesmosdireitos e deveres de qualquer um,surge o espaço ético nas relações.A ética não se sustenta por leisimpostas, mas simplesmente pelaaceitação do outro em sua plenalegitimidade. Esse fato desencadeiauma dinâmica corporal que recon-figura nosso âmbito relacional,evidenciando nossa naturezaemocional. Porquanto tenhamossido ensinados, ao longo de nossasvidas, que somos seres racionais,temos dificuldade em assumir nos-sas emoções, desconhecendo o fatode que são elas as responsáveis pelaimensa gama de variações de nos-sa conduta. Nós, seres humanos,não somos só seres racionais, somos,irredutivelmente, seres emocio-nais. Nossa conduta se explica nãopela razão, mas pela emoção. Aemoção que nos constitui, biolo-gicamente, é o amor, concebidocomo aceitação e respeito, queaprendemos a ter por nós mesmos,e que, ao longo de nossas experiên-cias, transferimos ao outro, o qual éo nosso “próximo” a quem deve-

mos amar. Esse é o maior de todosos aprendizados. Esse o grandemandamento. É no exercício desseaprendizado que podemos enten-der a ética, como resultando dessenovo espaço de relações inaugura-do por Ele. Não se constituindode regras impostas, mas aceitas noâmbito de nossas relações com ooutro, a ética nos torna responsá-veis pelo que fazemos. Somos cons-cientes, pois nesse espaço de con-vivência podemos refletir e pensarsobre as conseqüências de nossosatos. Sem reflexão não há responsa-bilidade. É disso que a ética nos fa-la.

Jesus, ao instituir o espaçoético nas relações humanas, nãose referiu a poucos entre muitos,mas a uma nova forma de convi-vência que deveria ser comparti-lhada por todos os humanos,independentemente da cultura. OMestre nos falou de “uma manei-ra de conviver” no respeito e naaceitação do outro, ou seja, falou-nos da convivência no amor, espaçolegítimo da convivência ética. Aética, concebida como “uma ma-neira de viver no respeito e aceita-ção do outro”, instala as bases daconvivência democrática. Jesus nosfalou de justiça, exortando a soli-dariedade, pois onde há carêncianão existe ética. A forma de convi-vência orientada pela ética, pro-posta por Jesus, é sustentada peloamor, fundamento da vida hu-mana, e que nela está presente emqualquer situação.

As relações humanas acontecemsempre a partir de uma base emo-cional, responsável pela natureza

dos espaços relacionais em que rea-lizamos nosso viver. É no emocio-nal que surgem tanto o amigoquanto o inimigo, não na razãoou no racional. Essas considera-ções podem ser identificadas naalternativa proposta por Jesus paraconstituirmos espaços relacionaisde “aceitação e de respeito” emcontraposição à cultura de nega-ção em que vivemos. A convivênciaética é uma forma de conviver noamor. Esta é a proposta até agoraolvidada. Sua aceitação se respon-sabilizará por mudanças estrutu-rais que configurarão novas formasde conviver, ajudando-nos a erra-dicar o egoísmo, decorrente deuma estrutura mental em que o ou-tro não é considerado.

A ética do amor expande, con-sideravelmente, o espaço relacio-nal, pois não se limita às particu-laridades de uma cultura. Ela ins-titui, por assim dizer, uma “cultu-ra” capaz de acolher as inúmerasdiferenças, pelo exercício do res-peito e aceitação de todas. As dife-rentes maneiras de viver são regi-das pela moral de cada povo, ouagrupamentos humanos. Todaslegítimas, podendo, no entanto,ser ou não, éticas.

A ética do amor precede, emsua natureza, a moral, porquantoresguarda a vida, garantindo-lherecursos de conservação e preva-lência. Quando falamos de éticana política, na religião, na econo-mia, nas relações internacionais,orientamo-nos pelo bem geral,recomendando a conservação, naconvivência, de elementos consti-tutivos de nossa espécie e que, por-

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s dados cronológicos maisimportantes da vida de Je-sus encontram-se nas nar-

rativas da infância (Mateus, 2; Lu-cas, 1:5, 2:1-40) e nas da Paixão(Mateus, 26-27; Marcos, 14-15;Lucas, 21-23; João, 13-19). Outrosdados relevantes podem ser encon-trados nos Evangelhos de Lucas eJoão (Lc., 3:1-2 e 23; Jo., 2:20).

Os historiadores do Cristianis-mo, porém, chamam a atenção pa-ra o fato de que os Evangelhos nãosão essencialmente obras de his-tória, no sentido atual da palavra.Os Evangelistas não pretendiamproduzir uma biografia comple-ta ou mesmo um sumário da vidade Jesus. Ao contrário, escreve-ram com a finalidade de transmi-tir o ensino do Mestre, os fatosprincipais da sua vida, de modo alegar à posteridade o testemunhoda fé.

Nesse sentido, é justo conside-

rar que os Evangelistas organiza-ram o material da tradição (orale/ou escrita) de acordo com umpropósito redacional. Compila-ram e organizaram as narrativassem se preocuparem com a or-dem histórica dos acontecimen-tos.

Assim, em se tratando de cro-nologia do Cristianismo Nascen-te, por vezes, é preciso contentar-se com o estabelecimento de in-tervalos temporais, dentro dosquais há maior probabilidade deocorrência de determinado fato.As limitações das fontes históricasdisponíveis justificam essa situa-ção.

Seguindo o relato dos Evange-listas, entre o nascimento de Je-sus e o início de seu ministériopúblico, houve um período de“cerca de trinta anos” (Lucas,3:23).

Considerando que seu nasci-

mento se deu no outono/invernodo ano 5 a.C.,2 é possível estabe-lecer que sua missão pública en-tre os homens desenvolveu-se entreos anos 25 e 45 d.C. O intervalo éexcessivamente extenso, e podeser reduzido com base em outrosdados.

Jesus foi crucificado quandoPôncio Pilatos era procurador daJudéia (TÁCITO, Anais, XV, 44;FLÁVIO JOSEFO, AntiguidadesJudaicas, XVIII, 63; Relato dosevangelistas), ou seja, entre 26 e 36d.C. Já conseguimos uma consi-derável redução no intervalo.

João Batista iniciou seu minis-tério no ano décimo quinto de Ti-bério César (Lucas, 3:1). Levan-

33Setembro 2008 • Reformador 351

O

Cristianismo Redivivo

História da Era ApostólicaA crucificação de Jesus

HA R O L D O DU T R A DI A S

“Para quem está familiarizado com a história antiga, não deve ser motivode perturbação o fato de que as principais datas na vida de Jesus sejam

apenas aproximadas. [...]”1

1MEIER, John P. Um judeu marginal:repensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio deJaneiro: Imago, 1993. p. 367.

2Consultar o artigo intitulado“Nascimento de Jesus”, publicado narevista Reformador, de junho de 2008, p.

3Alguns pesquisadores consideram, paracontagem dos quinze anos, o período emque Tibério César se tornou co-regente deAugusto, ao passo que outros recusam essemétodo de contagem asseverando que de-ve ser contabilizado apenas o período emque ele regeu sozinho, após a morte do im-perador. Visto que Augusto faleceu em 19de agosto de 14 d.C., a contagem deveria seiniciar após essa data.

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do-se em conta as divergências nafixação desta data,3 tal fato ocor-reu entre os anos 27 e 29 d.C.

Jesus, por sua vez, deu inícioao seu ministério público apósJoão Batista ter iniciado o seu.Computando-se um período ra-zoável de duração do ministériodo Cristo, o ano da sua morte,na opinião da maioria dos pes-quisadores, deve se situar entreos anos 29 e 34 d.C. Nesta, hou-ve uma redução drástica daqueleintervalo temporal inicialmenteproposto.

Sobre isso, julgamos oportunaa transcrição de pequeno trechosobre a crucificação encontradoem famoso dicionário bíblico:

[...] Dentre as tentativas feitas

para determinar o ano da cruci-

ficação, a mais frutífera tem si-

do feita com a ajuda da astro-

nomia. De conformidade com

todos os quatro evangelhos, a

crucificação teve lugar numa

sexta-feira; mas enquanto que

nos sinóticos essa sexta-feira é

15 de Nisã, em João é 14 de Ni-

sã. Portanto, o problema que

tem que ser solucionado com a

ajuda da astronomia, é o de de-

terminar em qual dos anos 26-

-36 d.C. é que 14 e 15 de Nisã

caíram numa sexta-feira. Mas,

visto que nos tempos neotesta-

mentários o mês judaico era lu-

nar, e o tempo de seu início era

marcado pela observação da lua

nova, esse problema é basica-

mente o de resolver quando a

lua nova se tornou visível. Estu-

dando esse problema, Fothe-

ringham e Schoch chegaram

cada qual a uma só fórmula

mediante cuja aplicação desco-

briram que 15 de Nisã caiu nu-

ma sexta-feira somente no ano

27 d.C., e que 14 de Nisã caiu

numa sexta-feira somente nos

anos 30 e 33. Visto que o ano de

27 como ano da crucificação

está fora de questão, a escolha

recai entre os anos 30 d.C. (7 de

abril) e 33 d.C. (3 de abril).

[...].4 (Grifo nosso.)

Portanto, usando todos os re-cursos e métodos da moderna

pesquisa histórica, pode-se afir-mar que a crucificação ocorreuno dia 7 de abril do ano 30 d.C.ou no dia 3 de abril do ano 33d.C.

A opção por qualquer dessasdatas não isenta o pesquisadorde responder a objeções funda-das. É nesse ponto da pesquisaque julgamos conveniente con-jugar esforço humano e revela-ção espiritual, numa operaçãochamada por Allan Kardec de “féraciocinada”.

Nesse sentido, dois textos en-contrados na obra psicográficade Francisco Cândido Xavierchamam nossa atenção:

Nos primeiros dias do ano 30,

antes de suas gloriosas mani-

festações, avistou-se Jesus com

5XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova.Pelo Espírito Humberto de Campos. 3. ed.especial. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap.

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4DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da bí-blia. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2006. p.

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o Batista, no deserto triste da

Judéia, não muito longe das

areias ardentes da Arábia [...].5

Aproximava-se a Páscoa no ano

33. Numerosos amigos de Pú-

blio haviam aconselhado a sua

volta temporária a Jerusalém, a

fim de intensificar os serviços

da procura do filhinho, no cur-

so das festividades que concen-

travam, na época, as maiores

multidões da Palestina [...].

....................................................

[...] De uma sala contígua ao

seu gabinete, notou que Públio

atendia a numerosas pessoas

que o procuravam particular-

mente, em atitude discreta; e o

interessante é que, segundo as

suas observações, todos expu-

nham ao senador o mesmo as-

sunto, isto é, a prisão inespera-

da de Jesus Nazareno – aconte-

cimento que desviara todas as

atenções das festividades da

Páscoa, tal o interesse desper-

tado pelos feitos do Mestre, em

todos os espíritos. [...]6

Assim, consoante a revelaçãoespiritual, pelas mãos do respei-tável médium Francisco Cândi-do Xavier, Jesus iniciou seu mi-nistério no ano 30 d.C. e foi cru-

6XAVIER, Francisco Cândido. Há dois milanos. Pelo Espírito Emmanuel. 48. ed. Riode Janeiro: FEB, 2007. Primeira Parte, cap.VIII, p. 144, 147 e 148.

7A festa da Páscoa começa no crepúsculoda sexta-feira (14 de Nisã), ou seja, no iní-cio do sábado (15 de Nisã), uma vez que osjudeus contavam o dia a partir das dezoitohoras. Essa festa durava uma semana, fin-dando no sábado seguinte (22 de Nisã).

35Setembro 2008 • Reformador 353

O livrodo espírito

PA U L O NU N E S BA T I S T A

á o livro de espírito, queencerra graça, chiste, hu-mor.

Conhecemos diversos livrosde Espíritos, ou seja, dados, me-diunicamente, por Espíritos de-sencarnados, via psicografia.

Existe O Livro dos Espíritos,base da Codificação Kardequia-na, composto com perguntasformuladas por Allan Kardec ecomentários deste às respostasdadas pelos Espíritos, através demédiuns.

Mas, além desses, talvez omais importante de todos sejao livro do espírito. Se não nosenganamos, Emmanuel, porChico Xavier, tem uma páginaantológica sobre tal “livro”. Co-meça mais ou menos assim:

“Tua vida é um livro queestás escrevendo...”

Sobre este último tema, tece-mos as seguintes considerações:

Que livro te poderá interessarmais que tua própria existência?

No livro de tua vida, cada se-gundo é uma letra. Cada minu-to é uma sílaba. Cada hora éuma palavra. Cada dia é umafrase. Cada semana é uma sen-tença. Cada quinzena é um pe-

ríodo. Cada mês é um capítulo.Cada ano é um volume...

Se quiseres, e és livre paraisso, podes fazer do teu livro doespírito um mero livro de espí-rito, que será pouco mais queuma piada.

Se desejares, podes ler livrosde Espíritos, ditados a médiunspor seres humanos que aqui dei-xaram o corpo físico.

Mas, se preferires, podesestudar O Livro dos Espíritos.Nele, aprenderás muito sobre averdade do mundo espiritual.

Todavia, só o teu livro do es-pírito, que estás escrevendo, éque decidirá sobre ti mesmo,porque é o livro de tua vida. Seo souberes compor com letrasde Luz e sílabas de Amor, pala-vras de Fé e frases de Esperança,sentenças de Paz e períodos deEqüidade em capítulos de Ver-dade e volumes de Sabedoria,estarás construindo o reino deDeus dentro de ti, único céu pa-ra onde vale a pena ir.

Pensa, pois, e escolhe e deci-de, que livro preferes ler, estu-dar, entender, viver. Tua vida, éum livro que ainda estás escre-vendo.

H

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36 Reformador • Setembro 2008354

urante reunião realizadano mundo espiritual, umjovem desencarnado deu

testemunho de importante expe-riência que teve em duas encar-nações. Na anterior, conviveucom colegas que enveredarampelo caminho das drogas e outroscomportamentos em desacordocom as leis morais e os costumessociais.

Ele não aprovava tal comporta-mento, mas não conseguiu in-fluenciá-los no sentido de muda-rem os rumos da própria vida.

Querendo mais uma vez aju-dar os jovens que agiam dessamaneira, preparou-se para novaencarnação e programou convi-ver com eles.

Moço ainda, e pobre, conse-guiu emprego numa lanchonete.Entre as pessoas que a freqüen-tavam havia muitos jovens queescolheram esse caminho turbu-lento, cheio de vícios, vida notur-na abusiva, conduta sexual ina-dequada, música agitada e alta,roupas e maquiagem exageradas...

Mantinha com todos relacio-

namento cordial.Certo dia, um jovem perten-

cente a esse grupo solicitou pe-queno desconto, além do autori-zado. Ele explicou que não podiaconcedê-lo. Com o estado deconsciência alterado pelos esti-mulantes que costumava ingerir,o moço teve uma reação violen-ta, agredindo-o. Como conse-qüência dos ferimentos, veio adesencarnar.

Nos comentários que se segui-ram ao seu relato, explicou que

aqueles jovens não eram recepti-vos a qualquer tipo de pondera-ção e somente acontecimentosque os chocassem poderiam des-pertá-los para refletirem sobreos valores mais elevados da vida.O fato levou uma parcela consi-derável desse grupo a meditar so-bre o comportamento que cos-tumava adotar.

Esclareceu que, como a finali-dade daquela encarnação foi cola-borar pela melhoria espiritual dosjovens, a violência que sofreu não

Sacrifíciopelo próximo

DUM B E R T O FE R R E I R A

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teve o objetivo de resgatar débitos.

O número de jovens que ado-tam tais comportamentos tem au-mentado. Nem todos se envolvemda mesma maneira: uns participamapenas por divertimento; outrospraticam todo tipo de excesso, semvalorizar a própria vida e a saúde.

De quando em quando, surgeuma nova moda; os nomes va-riam, todavia, há muitos pontoscomuns.

O hábito de ouvir música ex-cessivamente alta tem afetadoa audição; o abuso de álcool e oconsumo de drogas têm causa-do desequilíbrios vários, enfer-midades físicas, transtornos men-tais; episódios de irritabilidade eviolência não são incomuns; cri-mes têm sido cometidos; práticasexual liberal – precoce ou pro-míscua –, sem a devida respon-sabilidade, tem gerado gravesconseqüências, entre elas asdoenças sexualmente transmis-síveis, gravidez não planejada eabortos lamentáveis.

Há jovens que se comportamde maneira muito extrava-

gante, chegando a chocaralgumas pessoas e cri-

anças com suas

roupas e penteados exóticos.Pela sua conduta e modo de

vida, freqüentemente sofrem ainfluência dos Espíritos inferio-res, que lhes estimulam o com-portamento inadequado, extra-vagante.

Os que não mudam a direçãoda própria vida, a tempo, che-gam ao mundo dos Espíritos emsituação muito difícil; quantomais excessos cometem, pior asua condição.

Conscientes do mal que essesjovens fazem a si mesmos, Espí-ritos caridosos, como o do pre-sente relato, não hesitam em sa-crificar-se a fim de ajudá-los.

Para males tão preocupantescomo esses, o grande remédio é aeducação fundamentada no Evan-gelho; grande contribuição podedar o Espiritismo com os ensina-mentos dos Espíritos, que nosfornecem os elementos paracompreendermos a importânciada encarnação e do aproveita-mento do tempo na Terra. Es-truturar bem a família e dar for-mação religiosa segura para ascrianças e jovens – o Evangelhono lar e a evangelização no Cen-tro Espírita, entre outras medi-das – são recursos indispensá-veis.

À primeira vista, as doençasmais sérias e os acontecimentosque provocam sofrimentos maio-res, e que não resultam de impre-vidência, são expiatórios; toda-via, todos gozamos do livre-ar-bítrio de sacrificarmo-nos pelobem do próximo. Foi o que fezJesus. Como Espírito puro, Ele nãotinha débitos a resgatar; o seusofrimento teve, por objetivo, des-pertar a Humanidade para os val-ores morais e impulsionar-lhe oprogresso espiritual.

Ao longo dos séculos, Espíritostêm reencarnado, na condição demães ou outro grau de parentes-co, dispostos a sacrificarem-se,com a finalidade de ajudar algumente querido nas suas provas e ex-piações; da mesma forma, out-ros têm vindo à Terra, com osacrifício de si mesmos, paraauxiliar determinadascoletividades.

Grandes vantagenstiram os Espíritosque se sacrificam,porque impul-sionam suae v o l u ç ã oespiritual ea u mentam

37Setembro 2008 • Reformador 355

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Sessão de Abertura

No dia 20, às oito horas, ocor-reu a Sessão de Abertura, inicia-da pelo coordenador das Comis-sões Regionais, Antonio CesarPerri de Carvalho, sendo a preceproferida pela presidente da Fe-deração Espírita do Estado doEspírito Santo, Maria Lúcia Re-sende Dias Faria. Seguiram-se assaudações do presidente da FEB,Nestor João Masotti, e do presi-dente da União Espírita Mineira,Marival Veloso de Matos. Foidestacado que esta Reunião

ocorre coincidindo com o cente-nário de fundação da União Es-pírita Mineira.

O coordenador da Reuniãoapresentou a equipe da FEB econvidou os presidentes das Fe-derativas a apresentarem suasequipes. A reunião contou com aparticipação das sete EntidadesFederativas Estaduais da Região:César de Jesus Moutinho (Fede-ração Espírita do Distrito Fede-ral); Maria Lúcia Resende DiasFaria (Federação Espírita do Es-tado do Espírito Santo); AstonBrian Leão (Federação Espíritado Estado de Goiás); Luiza

Leontina Andrade Ribeiro (Fe-deração Espírita do Estado deMato Grosso); Maria Túlia Ber-toni (Federação Espírita de MatoGrosso do Sul); Marival Velosode Matos (União Espírita Minei-ra); Leila Ramos (Federação Es-pírita do Estado do Tocantins).

Em seguida, foi proferida pa-lestra sobre o tema “150 Anos deRevista Espírita e do 1o CentroEspírita do Mundo”, por An-tonio Cesar Perri de Carvalho.

Reunião dos Dirigentes

Ocorreu durante o sábado,

38 Reformador • Setembro 2008356

Conselho Federativo Nacional

Reunião da ComissãoRegional Centro

A Reunião da Comissão Regional Centro, em seu vigésimo segundo ano, desenvolveu-se nos dias 20, 21 e 22 de junho de 2008, na sede

da União Espírita Mineira, em Belo Horizonte

Mesa de Abertura: saudação do presidente Nestor Masotti

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dia 21. A direção dos trabalhoscoube ao coordenador das Co-missões Regionais, com a parti-cipação do secretário da Comis-são Regional Centro, AstonBrian Leão, do presidente daFEB, Nestor João Masotti, do vi-ce-presidente da FEB Altivo Fer-reira, e de Roberto Fuina Versia-ni, integrante da equipe da Se-c r e t a r i a --Geral do CFN.

Os dirigentes das Federativastrataram do tema: “Principaisnecessidades e dificuldades paraa estruturação e implantação doPlano de Trabalho pelas Federa-tivas”. Foram relatadas ações so-

bre: andamento de comemora-ções dos Sesquicentenários daRevista Espírita, e da SociedadeParisiense de Estudos Espíritas, edos 140 anos de A Gênese; a im-plementação do “Plano de Tra-balho para o Movimento Espíri-ta Brasileiro (2007-2012)”; ocurso de Capacitação Adminis-trativa de Dirigentes Espíritas; asCampanhas Família, Vida e Paz,com destaque para a Mobiliza-ção Nacional Em Defesa da Vida– Brasil Sem Aborto. Informou--se acerca do andamento das pro-vidências da Comissão de Estu-dos sobre a Arte Espírita (consti-tuída pelo CFN), e também fo-

ram recebidas sugestões para o3o Congresso Espírita Brasileiro,programado para 14 a 18 de abrilde 2010. Decidiu-se que o temapara a Reunião dos Dirigentesem 2009 será “Plano de Traba-lho: desenvolvimento e resulta-dos junto aos Centros Espíritas”,e que a próxima Reunião será emBrasília (DF), nos dias 15, 16 e17 de maio de 2009.

Reuniões Setoriais

Simultaneamente, realizaram--se as reuniões das Áreas especia-lizadas, todas elas com a partici-pação de trabalhadores dos Esta-

dos da Região: Atendimen-to Espiritual no Centro Es-pírita, Atividade Mediúni-ca, Comunicação Social Es-pírita, Estudo Sistemati-zado da Doutrina Espírita,Infância e Juventude, e Ser-viço de Assistência e Pro-moção Social Espírita.

Sessão Plenária

Ao final, na manhã dedomingo, houve uma reu-nião plenária desenvolvida

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Aspecto da Reunião dos Dirigentes

Participantes da Sessão de Abertura

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como mesa-redonda, dirigidapelo coordenador das ComissõesRegionais, com a participação dosecretário da Comissão RegionalCentro, Aston Brian Leão, dopresidente e do vice-presidenteda FEB, já citados, e dos presi-dentes das Federativas. O secre-tário da Comissão Regional e oscoordenadores de Áreas das Co-missões Regionais do CFN fize-ram uma apresentação sintéticaacerca do tema discutido e in-dicaram o tema para a próximareunião, seguindo-se a participa-

ção do Plenário com diversasmanifestações. Eis os relatos dostrabalhos realizados nas seguin-tes reuniões setoriais:

Reunião da Área do Atendi-mento Espiritual no Centro Espí-rita, coordenada por Maria EunyHerrera Masotti, com assessoriade Virgínia Roriz. Assunto dareunião: “Sistematização das ati-vidades da Área Espiritual”. Te-ma para a próxima reunião:“Sistematização da visita frater-na e da convivência fraterna”.

Reunião da Área da AtividadeMediúnica, coordenada por Mar-ta Antunes de Oliveira Moura,

com assesso-ria de EdnaMaria Fabro.Assunto dar e u n i ã o :“Elaboraçãode um rotei-ro sobre APrática Me-diúnica”. Te-ma para apróxima reu-nião: “Resul-tados da Di-

vulgação e Aplicação do Docu-mento Organização e Funciona-

mento da Reunião Mediúnica”.Reunião da Área da Comuni-

cação Social Espírita, coordenadapor Merhy Seba, com assessoriade Ivana Leal Raisky. Assunto dareunião: “Elaboração do Manualde Comunicação Social Espírita:análise das contribuições”. Temapara a próxima reunião: “Con-tribuição da Área de Comunica-ção Social Espírita ao Plano deTrabalho para o Movimento Es-pírita, no que se refere às Dire-trizes e Ação”. Informou-se so-bre o 1o Encontro Nacional deComunicação Social Espírita,programado para o período de11 a 13 de julho de 2008, emGoiânia.

Área do Atendimento Espiritual

Área da Comunicação Social Espírita

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Área da Atividade Mediúnica

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Reunião da Área do Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espírita,coordenada por Élzio Cornélio,representante da coordenadorada Área, a vice-presidente Cecí-lia Rocha. Assunto da reunião:“Rever as conclusões do II En-contro Nacional de Coordena-dores do ESDE; estabelecer osconteúdos para o III EncontroNacional de Coordenadores doESDE, previsto para julho de2008; continuar com o censo es-tatístico”. Tema para a próximareunião: “Elaboração de um Pla-no de Ação do ESDE Federati-vo”. Prestou-se informação so-bre o III Encontro Nacional deCoordenadores do ESDE, pro-

gramado para o período de 25 a27 de julho de 2008, na sede daFEB, em Brasília.

Reunião daÁrea daInfância e Ju-v e n t u d e ,coordenadapor Rute Ri-beiro, comassessoria deCirne Ferrei-ra. Assuntoda reunião:“ J u v e n t u d eEspírita”. Te-ma para apróxima reunião: “JuventudeEspírita”.

Reunião da Área do Serviço deAssistência e Promoção Social Es-pírita, coordenada por José Car-los da Silva Silveira, com asses-soria de Maria de Lourdes Perei-ra de Oliveira. Assunto da reu-nião: “Os resultados, na área doSAPSE, da execução do Plano deTrabalho para o Movimento Es-pírita Brasileiro”. Tema para apróxima reunião: “Apresen-tação de resultados, na Área doSAPSE, do ‘Plano de Trabalhopara o Movimento Espírita Bra-sileiro’, em especial a Capacita-

ção do Trabalhador do CentroEspírita e levantamento de da-dos para diagnóstico visando oEncontro Nacional que ocorreráem julho de 2010”.Sessão de Encerramento

Finalizando os trabalhos, ocor-reram manifestações de despedi-da dos presidentes das EntidadesFederativas Estaduais, do secretá-rio da Comissão Regional Centro,do coordenador das ComissõesRegionais e do presidente da FEB.O presidente da União Espírita Mi-

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Área da Infância e Juventude

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Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

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Seara Espírita

AME-SP: A Defesa da VidaA Associação Médico-Espírita de São Paulo pro-moveu uma série de seminários que abordaram arelação entre a ciência e a espiritualidade, tendocomo tema central “A defesa da vida desde o iní-cio e a questão dos anencéfalos”. No dia 9 deagosto, houve seminário nas dependências do AgeSeniors Center, em São Paulo, com a atuação deDécio Iandoli Jr., Durval Rezende Filho, IrvêniaPrada e Marlene Rossi Severino Nobre. Informa-ções: [email protected]

Distrito Federal: Seminário sobre Células--Tronco

No dia 3 de agosto, a Federação Espírita do DistritoFederal promoveu na sua sede, em Brasília, o Semi-nário Em Defesa da Vida, sobre o tema “Células--Tronco Embrionárias. Visão Jurídica, Científica eEspírita”. Atuaram como expositores: ClaúdioFonteles, subprocurador-geral da República; LeniseGarcia, presidente do Movimento Nacional da Cida-dania – Brasil Sem Aborto; Fabíola Zanetti, presi-dente da Associação Médico-Espírita do DistritoFederal. Informações: [email protected]

Tocantins: Jornada FederativaA cidade de Palmas sediou a Jornada Federativa daRegião Centro, promovida pela Federação Espíritado Estado do Tocantins, em sua sede, nos dias 2 e3 de agosto. Participaram do evento os representantesde centros espíritas das cidades de Palmas, Paraíso,Porto Nacional e Miracema, para a troca de expe-riências, característica básica dessas reuniões ordiná-rias, semelhantes às das Comissões Regionais doCFN. Atuaram como convidados Roberto FuinaVersiani e Edimilson Nogueira, da equipe daSecretaria--Geral do Conselho Federativo Nacionalda FEB.

Casa Espírita centenáriaO Centro Espírita João Batista, fundado emAmparo, Nova Friburgo (RJ), por Hortência Gripp,

no dia 2 de agosto de 1888, considerado o terceiromais antigo do Brasil, comemorou seus 120 anos deexistência e profícua atividade, com uma série depalestras, no período de 2 a 30 de agosto.

Filme sobre Divaldo Franco“Divaldo Franco – Humanista e Médium Espírita” éo nome do filme dirigido por Oceano Vieira deMelo, cujo lançamento direto, em DVD, ocorreu nasede histórica da Federação Espírita Brasileira(Avenida Passos, 30, Rio de Janeiro), em 27 dejunho. O filme aborda aspectos da vida e das ativida-des mediúnicas e doutrinárias de Divaldo no Brasil eno Exterior, e tem a duração de 85 minutos e mais de205 minutos de extras (dados históricos de interessepara o Movimento Espírita).

Associação Jurídico-EspíritaA recém-fundada Associação Jurídico-Espírita doEstado de São Paulo aprovou, no dia 14 de junho,o Estatuto Social e elegeu a primeira DiretoriaExecutiva e os Conselhos Deliberativo e Fiscal. Asduas assembléias foram realizadas na sede daUnião das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo (USE), que será a sede provisória da novelentidade, a qual já promoveu o Seminário EmDefesa da Vida e publicou matérias sobre oassunto em jornais leigos de grande circulação.Informações: [email protected]

São Paulo: 38a Semana Regional EspíritaA USE Regional de Franca (Órgão da União das So-ciedades Espíritas do Estado de São Paulo), promo-veu de 19 a 25 de julho a 38a Semana Regional Espí-rita. A “Semana” foi realizada simultaneamente em16 cidades da região, incluindo algumas em centrosespíritas de fazendas da zona rural. Aproximada-mente 30 expositores da USE visitaram os centrosespíritas para trocar experiências entre os partici-pantes e fizeram mais de 100 palestras sobre váriosassuntos. Informações: [email protected]

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