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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE FÍSICA Roney Junio de Portugal Determinação do Estado de Polarização da Luz Através do Formalismo de Stokes Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Física de Materiais. Orientador: Prof. Dr. Newton Martins Barbosa Neto Uberlândia 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE FÍSICA

Roney Junio de Portugal

Determinação do Estado de Polarização da Luz Através do Formalismo de Stokes

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Instituto de Física da Universidade Federal de

Uberlândia, como requisito parcial para obtenção

do título de bacharel em Física de Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Newton Martins Barbosa Neto

Uberlândia

2009

2

Roney Junio de Portugal

Determinação do Estado de Polarização da Luz Através do Formalismo de Stokes

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Instituto de Física da Universidade Federal de

Uberlândia, como requisito parcial para obtenção

do título de bacharel em Física de Materiais.

Uberlândia

2009

3

Dedico este trabalho à minha namorada Carolina,

aos meus pais e irmãos: Erlânia, José Maria, Roger

e Renato; aos amigos de graduação, ao Prof.

Newton e amigos de laboratório.

4

AGRADECIMENTOS

Devo agradecer primeiramente aos meus pais, José Maria e Erlânia pelos

conselhos e educação dados a mim, ao professor Newton M.B Neto por me orientar

e dedicar seu tempo à minha formação, aos meus irmãos Roger e Renato pelo

companheirismo, à minha namorada Carolina pela motivação e carinho, aos meus

colegas de graduação: Augusto (Azeitona), Augusto, André, Danillo, Luis Alexandre

(Calango), Marcio, Renato, Willian, em especial ao Erasto, pela ajuda de todos

quando sempre precisei e também à amizade, aos colegas de laboratórios Márcia,

Paulo, Roberto (Sirí), Sandra, Silésia e a todo o pessoal do Grupo de

Espectroscopia de Materiais (GEM).

5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 6

1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS ................................................................................ 8

1.1 – Descrição da luz pela teoria eletromagnética de Maxwell ................ 8

1.2 - Elipse de Polarização da onda eletromagnética ............................... 16

1.3 – Casos especiais de polarização ........................................................ 28

1.4 – Parâmetro de Stokes .......................................................................... 32

1.5 – Casos especiais de polarização da luz usando os parâmetros

de Stokes ................................................................................................ 37

2 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 40

2.1 – Aparato experimental para medir os Parâmetros

de Stokes ...................................................................................................... 40

2.2 – Técnica para mensurar os Parâmetros de Stokes .......................... 41

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 46

4 CONCLUSÕES..................................................................................................... 50

APÊNDICES ............................................................................................................. 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 54

6

INTRODUÇÃO

O estudo do comportamento da luz e de suas propriedades intriga a

humanidade desde os primórdios da civilização sendo os gregos, interessados em

desvendar os princípios que regem o funcionamento do mecanismo da visão, os

primeiros a fazê-lo [1]. Dentre os fenômenos associados à luz, observados ao longo

da história, os que estão relacionados à sua polarização, ou seja, os que expressam

a sua natureza vetorial estão entre os mais interessantes [2], uma vez que revelam

as propriedades da luz em sua completude (Intensidade, frequência, polarização).

Atualmente entendemos o comportamento dos fenômenos clássicos da luz

através do uso da teoria eletromagnética de Maxwell. Nesta, é demonstrado que a

luz não passa de um campo eletromagnético oscilante que se propaga no espaço e

no tempo numa direção perpendicular a direção de oscilação do campo elétrico e

magnético. De acordo com a teoria de Maxwell, a polarização da luz nada mais é do

que a direção de oscilação do vetor campo elétrico. Neste texto analisaremos

apenas os efeitos do campo elétrico da luz, por dois motivos: 1) uma vez obtidas as

características do campo elétrico obtêm-se as do campo magnético através de ,

onde é o vetor de propagação da luz [3] e 2) os efeitos do campo magnético sobre a

matéria dielétrica, e por sua vez desta sobre o campo , são desprezíveis para as

intensidades empregadas neste trabalho [3,4].

Na natureza, a luz pode ser encontrada em três estados gerais possíveis de

polarização, são eles: 1) luz totalmente polarizada; 2) luz parcialmente polarizada e

3) luz não polarizada. No primeiro, toda a luz presente no feixe apresenta um dos

possíveis estados de polarização [2,5], no segundo o feixe apresenta parte da luz

polarizada e parte não polarizada e por fim a luz não polarizada é aquela aonde a

oscilação do campo elétrico se da de forma completamente aleatória não possuindo

esta nenhum tipo de direção ou forma preferencial para a oscilação do campo

elétrico.

Uma das formas de tentarmos descrever o estado de polarização da luz, ou

seja, como oscila o campo elétrico da luz, é através de um formalismo denominado

→→→= EXkB→k→B

7

de elipse de polarização. Neste elimina-se o propagador temporal da fase do campo

elétrico e constrói-se com isso a forma geométrica que surge da oscilação do campo

elétrico. É como se uma fotografia da forma de oscilação do campo fosse adquirida

em cada instante. A forma mais geral possível obtida é uma elipse (daí o nome

elipse de polarização), sendo as formas particulares (polarização linear e circular)

obtidas a partir de configurações específicas de amplitudes e diferenças de fase das

componentes do campo elétrico [6]. Embora teoricamente consistente e elegante o

tratamento da elipse de polarização apresenta um inconveniente difícil de ser

transposto, que é o da impossibilidade de sua medida de forma direta. Tal fato é

conseqüência de ser a oscilação do campo elétrico da luz muito rápido de modo que

não existe na natureza nada que possa ser empregado para fazer tal tarefa.

No sentido de resolver este problema Sir George Gabriel Stokes formulou, em

1852, um tratamento onde descreve o estado de polarização da luz em termos de

quatro observáveis, todos obtidos a partir de medidas da intensidade do feixe. É

importante frisar que a grandeza medida em laboratórios de óptica é a intensidade

do feixe de luz que nada mais do que a média temporal do fluxo de energia do

campo eletromagnético [3,5].

Neste trabalho fazemos uma análise da teoria eletromagnética clássica da luz

juntamente com o formalismo de Stokes para a descrição do estado de polarização

da luz. Depois, apresentamos os resultados de um experimento desenvolvido onde

medimos estados de polarização de um feixe de luz já previamente conhecido com o

intuito de testar na prática o tratamento de Stokes. Além disso, mostramos que este

experimento é factível de ser implementado em laboratórios de ensino em óptica

onde experimentos relacionados às propriedades de polarização da luz são em geral

ausentes.

No nosso experimento empregamos um laser de He:Ne não polarizado dois

polarizadores de calcita lâminas de quarto de onda (633 e 543 nm) e um

fotodetector. Com estes somos capazes de gerar diferentes estados de polarização

na luz que são determinados pelo formalismo apresentado.

8

1 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS

1.1 Descrição da luz pela teoria eletromagnética de Maxwell

A onda eletromagnética tem uma característica peculiar que a diferencia das

ondas mecânicas. Ela se difere pelo fato de se propagar sem que haja um meio. As

equações de Maxwell descrevem perfeitamente, de maneira clássica este

comportamento ondulatório da luz. Ela é dada por quatro equações que unificam a

teoria eletromagnética:

1.1.1a

1.1.1b

1.1.1c

1.1.1d

Onde as equações são:

• 1.1.1a: Lei de Gauss;

0

.ερ=∇

→E

0=⋅∇→B

tBEx

∂∂−=∇

→→

JtEB 000 µεµ =

∂∂−×∇

9

• 1.1.1b: Lei de Gauss para o campo magnético evidenciando a ausência de

monopólo magnético;

• 1.1.1c: Lei da indução de Faraday;

• 1.1.1d: Lei de Ampere-Maxwell.

Além disso, temos que os termos das equações acima são: µ0 é a

permeabilidade magnética no vácuo; ε0 a constante dielétrica também no vácuo; ρ0 a

densidade de carga, nesse caso é nula por não haver carga no espaço em estudo; é

a densidade de corrente, também nula. Dessa forma, as equações de Maxwell no

vácuo ficam:

1.1.2a

1.1.2b

1.1.2c

1.1.2d

→J

0. =∇→E

0=⋅∇→B

Obj111

JtEB 000 µεµ =

∂∂−×∇

10

Para obter a equação da onda eletromagnética a partir das equações de

Maxwell é necessário o uso de algumas manipulações matemáticas. Primeiramente

aplica-se o operador rotacional na equação (1.1.2c):

1.1.3

Utilizando a propriedade em (1.1.3):

1.1.4

Da lei de Gauss, o termo é nulo. Também é preciso frisar que o operador

rotacional atua apenas sobre o campo , e não na derivada temporal, pois como se

trata de uma onda, os termos de posição são independentes dos termos do tempo.

Assim, a equação (1.1.4) fica na seguinte forma:

1.1.5

Obj113

Obj114

Obj115

( )tBEE

∂∂×− ∇=∇−∇∇ 2.

( )E.∇∇Obj118

Obj119

11

O operador rotacional aplicado em na equação (1.1.5) pode ser substituído

por (1.1.2d), resultando em uma equação da onda para o campo elétrico:

1.1.6

Usando o operador rotacional em (1.1.2d), da mesma forma que em

(1.1.3), obtêm-se uma equação de onda para o campo magnético na forma :

1.1.7

Fazendo analogia de (1.1.6) e (1.1.7) com uma equação diferencial para uma

onda em uma corda, as constantes µ0 e ε0 podem ser definidas:

1.1.8

Rearranjando (1.1.8):

Obj120

Obj121

Obj122

Obj123

Obj124

Obj125

12

1.1.9

Obtendo o valor de velocidade de propagação da onda eletromagnética a

partir dos valores experimentais das constantes µ0 e ε0, verifica-se que ele

corresponde ao valor obtido para a velocidade da luz no vácuo, desta forma, (1.1.9)

fica:

1.1.10

Agora, serão definidas outras variáveis que são importantes para descrever

qualquer tipo de onda. Estas variáveis são elementos físicos embutidos na equação

de onda.

1) Comprimento de onda: O comprimento de onda λ é a distância espacial que

separa dois pontos consecutivos que têm a mesma configuração espacial. [7].

O comprimento de onda pode ser definido como período espacial. Veja a

figura 1.1a:

Figura 1.1a – Esquematização espacial do comprimento de onda

Obj126

13

A unidade de medida do comprimento de onda no sistema internacional é o

metro (m).

2) Número de onda: o número de onda é um vetor direcionado para o sentido de

propagação da onda, ou seja, é o recíproco do comprimento de onda. Este é

definido como a razão de 2π pelo comprimento de onda. Veja equação

(1.1.11):

1.1.11

3) Período (T): É o intervalo tempo que separa dois pontos consecutivos de uma

onda com a mesma configuração temporal. [7]. Veja a figura 1.1b:

Figura 1.1b - Esquematização espacial do período

A unidade de medida do período no sistema internacional é o segundo (s).

Obj127

Obj128

14

4) Frequência e Freqüência Angular : a freqüência é o número de vezes que a

onda executa um período, já freqüência angular é a freqüência dada pela

razão de 2π pelo período. Vejam as equações (1.1.12) e (1.1.13):

1.1.12

1.1.13

A unidade de medida da Frequências no sistema internacional é o inverso do tempo

(s-1) para (1.1.12) e rad/s para (1.1.13).

Uma vez que as variáveis importantes para a onda são definidas, o próximo

passo é obter uma a solução da equação diferencial (1.1.6). É preciso salientar que

as ondas eletromagnéticas são compostas por duas grandezas vetoriais e ,

sendo estas os campos elétrico e magnético, respectivamente. Estes campos são

soluções da equação de onda podendo ser escritos na forma harmônica como:

1.1.14

1.1.15

Obj129

Obj130

( )trkEE .cos.0 ω−=

( )trkBB .cos.0 ω−=

15

Onde E0 e B0 são as amplitudes, o vetor de propagação, o vetor posição da

onda, a frequencia e por fim t o tempo. Desta forma, ao aplicar-se (1.1.14) e em

(1.1.6) obtêm-se:

1.1.16

Rearranjando (1.1.16):

1.1.17

Comparando a equação (1.1.17) com (1.1.10), obtêm-se outra equação para a

velocidade:

1.1.18

Usando as expressões (1.1.14) e (1.1.15) como condições de contorno para

as equações de Maxwell (1.1.2a), (1.1.2b), (1.1.2c) e (1.1.2d), obtêm-se

propriedades importantes para as ondas eletromagnéticas:

krω

200

2 k=εµω

00

1εµ

ω =k

kc ω=

16

• Equação (1.1.2a):

1.1.19

A equação (1.1.19) mostra que o produto escalar entre o campo elétrico pelo

vetor de onda é igual à zero. Então, pode-se dizer que o campo elétrico é

perpendicular ao vetor de onda.

• Equação (1.1.2b):

1.1.20

Analogamente à (1.1.19), a equação (1.1.20) mostra que o produto escalar entre o

campo magnético pelo vetor de onda é igual à zero. Dessa forma, conclui-se que o

campo magnético também é perpendicular ao vetor de onda.

• Equações (1.1.2c) e (1.1.2d):

1.1.21a

1.1.21b

As quais com o uso de (1.1.18) podem ser reescritas como:

0==∇ EkiE ..

E.k

0==∇ BkiB ..

Bk

EkkB ×= ˆω

BkkE ×= ˆω

17

1.1.22a

1.1.22b

As equações (1.1.22a) e (1.1.22b) demonstram que os campos elétricos e

magnéticos juntamente com vetor de onda são perpendiculares entre si. O vetor de

onda representa o vetor de propagação da onda eletromagnética. Os campos

elétricos e magnéticos oscilam em uma seção transversal, como está

esquematizada a figura 1.2. Também se pode dizer que há uma relação entre os

campos elétrico, magnético e o vetor de onda, podendo também afirmar que ambos

os campos oscilam em fase.

Figura 1.2 – Comportamento vetorial da onda eletromagnética

Desta forma, esta primeira seção explica de forma sucinta as propriedades

ondulatórias da luz num formalismo clássico e esclarece a forma que suas

componentes físicas se comportam.

EkcB ×= ˆ

BkcE ×= ˆ

18

1.2 Elipse de Polarização da onda eletromagnética

A elipse é um importante parâmetro físico e histórico usado na mecânica

clássica. Ela pode ser observada através da decomposição dos movimentos

oscilatórios mais gerais, tanto na diferença de amplitudes quanto na defasagem dos

movimentos. Com esta mesma analogia, as polarizações das ondas

eletromagnéticas podem ser tratadas com esta mesma física. O fato de usar a elipse

se deve por ser a figura geométrica que representa a forma mais geral da

superposição da onda eletromagnética.

Para demonstrar a equação da elipse para a onda eletromagnética é

necessário decompor o movimento em duas ondas transversais, sendo ambas

perpendiculares entre si. Pelo princípio da superposição, uma onda pode ser dada

pela combinação linear de duas ondas. Dessa forma, são tomadas as seguintes

equações com base nas equações (1.1.15):

1.2.1a

1.2.1b

Onde é o propagador da onda eletromagnética, E0x e E0y são as amplitudes, e são

as fases correspondentes às ondas citadas acima. Chamando o propagador da onda

( ) ( )zktEtzE xxx +−= .cos., ωδ0

( ) ( )zktEtzE yyy +−= .cos., ωδ0

zkt +− .ω xδ yδ zkt +−= .ωτ ( ) ( ) ( ) ( ) ( )bsenasenbaba −=+ coscoscos

19

eletromagnética de , e usando a relação trigonométrica em (1.2.1a) e (1.2.1b),

obtém-se:

1.2.2a

1.2.2b

Multiplicando (1.2.2a) por , e (1.2.2b) por :

1.2.3a

1.2.3b

Subtraindo (1.2.3a) por (1.2.3b), resulta na seguinte equação:

1.2.4

( ) τδδτ sensenEtzE

xxx

x −= coscos,0

( )τδδτ sensen

EtzE

yyy

y −= coscos,

0

ysenδ xsenδ

( )yxyxy

x

x sensensensensenEtzE δτδδδτδ ...cos.cos, −=

0

( )xyxyx

y

y sensensensensenEtzE

δτδδδτδ ...cos.cos,

−=0

( ) ( ) ( )xyxy

yy

x

x sensenE

tzEsen

EtzE δδτδδ −=− .cos

,,00

20

Analogamente, ao multiplicar (1.2.2a) por , e (1.2.2b) por , obtêm-se:

1.2.5a

1.2.5b

Subtraindo (1.2.5a) por (1.2.5b), resulta na seguinte equação:

1.2.6

Elevando (1.2.4) e (1.2.6) ao quadrado e somando ambos, obtêm-se:

1.2.7

yδcos xδcos

( )yxyxy

x

x sensenEtzE δτδδδτδ cos..cos.cos.coscos, −=

0

( )xyxyx

y

y sensenEtzE

δτδδδτδ cos..cos.cos.coscos,

−=0

( ) ( ) ( )xyxy

yy

x

x sensenE

tzEE

tzE δδτδδ −=− .cos,

cos,00

( ) ( )xyxyy

y

x

x

y

y

x

x senEE

EE

EE

EE δδδδ −=−−+ 2

002

0

2

20

2

2 cos

( )xy δδδ −=

21

Chamando , resulta a equação da elipse de polarização para a onda

eletromagnética:

1.2.8

Determinada a equação para a elipse descrita por (1.2.8), agora o próximo

passo é mostrar a forma geométrica de uma elipse para a onda eletromagnética.

Para isto, é necessário fazer o mínimo múltiplo comum de (1.2.8) e isolar o termo .

Assim, tem-se a equação:

1.2.9

Obtendo a raiz da equação (1.2.9):

1.2.10

Derivando a equação (1.2.10) em função de Ex para achar o máximo e o mínimo de

Ex:

( ) ( )δδ 2

002

0

2

20

2

2 senEE

EE

EE

EE

y

y

x

x

y

y

x

x =−+ cos

yE

( )( ) ( )( ) 02 220

2000

220 =−+− δδ senEEEEEEEEE xxyyxxyyx cos

( ) ( ) 21

220

0

0

0

0xx

x

y

x

xyy EE

EsenE

EEE

E −±=δδcos

22

1.2.11

Substituindo os valores de (1.2.11) em (1.2.10) para achar os valores de Ey para os

valores de Ex máximo e mínimo:

1.2.12

Analogamente, ao isolar Ex na equação (1.2.9):

1.2.13

Obtendo-se a raiz da equação (1.2.13):

1.2.14

Derivando a equação (1.2.14) em função de Ey para achar o máximo e o mínimo de

Ey:

δcosxx EE 0±=

yy EE 0±=

( )( ) ( )( ) 02 220

2000

220 =−+− δδ senEEEEEEEEE xyyxyxyxy cos

( ) ( ) 21

220

0

0

0

0yy

x

x

y

yxx EE

EsenE

EEE

E −±= δδcos

23

1.2.15

Substituindo os valores de (1.2.15) em (1.2.14) para achar os valores de Ex para os

valores de Ey máximo e mínimo:

1.2.16

Determinado os máximos e mínimos, agora é necessário esquematizar estes

valores e desenhá-los em uma figura de uma elipse. Observe a (figura 1.3) abaixo:

δcosyy EE 0±=

xx EE 0±=

24

Figura 1.3 – Representação dos máximos e mínimos na elipse de polarização da onda

eletromagnética: A - ,; B - ,; C - ,; D - , .

Determinados os máximos e mínimos da elipse de polarizada, o próximo

passo será determinar o ângulo de polarização , mostrada na figura 1.3. Dessa

forma, a figura 1.3 pode ser redesenhada da seguinte forma:

Figura 1.4 – Representação da elipse de polarização da onda eletromagnética. Escrevendo os

campos em x’ e y’ através da decomposição dos campos nos eixos x e y.

De acordo com a figura 1.4, os campos que oscilam no eixo x’ e y’ podem ser

descritos na seguinte maneira:

1.2.17a

1.2.17b

δcosxx EE 0= yy EE 0= xx EE 0= δcosyy EE 0= δcosxx EE 0−= yy EE 0−= xx EE 0−= δcosyy EE 0−=

ψ

( )'cos' δτ −= aE x

( )'cos' δτ −= bE y

25

Estas mesmas funções acima podem ser escritas na forma de decomposição

de oscilações dos campos elétricos nos eixos X e Y, como mostrada a figura 1.4.

Então, podem-se definir as seguintes equações:

1.2.18a

1.2.18b

Relacionando (1.2.17a) com (1.2.18a) e (1.2.17b) com (1.2.18b), e

escrevendo Ex como (1.2.2a) e Ey como (1.2.2b), sendo , pode-se obter a seguinte

relações:

1.2.19a

1.2.19b

ψψ senEEE yxx += cos'

ψψ cos' yxy EsenEE +−=

zkt +−= .ωτ

( ) ( )( ) ψδτδτ

ψδτδτδτδτsensensenE

sensenEsensena

yyy

xxx

−+−=−

coscoscos.coscos'.'coscos

0

0

( ) ( )( ) ψδτδτ

ψδτδτδτδτcoscoscos

coscos'cos'cos

yyy

xxx

sensenEsensensenEsensenb

−+−−=+±

0

0

τcos τsen

26

Igualando as equações que têm termos de e das equações (1.2.19a) e (1.2.19b),

obtêm-se quatros equações:

1.2.20a

1.2.20b

1.2.20c

1.2.20d

Elevando ao quadrado (1.2.20a) e (1.2.20b) e somando ambos, sendo :

1.2.21

ψδψδδ senEEa yyxx coscoscoscos 00 +=

ψδψδδ sensenEsenEasen yyxx 00 += cos'

ψδψδδ cos'cos yyxx senEsensenEb 00 −=±

ψδψδδ coscoscos' yyxx EsenEbsen 00 +=±

( )xy δδδ −=

δψψψψ coscoscos senEEsenEEa yxyx 0022

022

02 2++=

27

Da mesma forma, elevando ao quadrado (1.2.20c) e (1.2.20d) e somando ambos,

sendo :

1.2.22

Somando (1.2.21) com (1.2.22), se tem como resultado:

1.2.23

Dessa forma pode ser obtida a relação das amplitudes e das translações dos eixos

de oscilações x e y para os eixos x’ e y’. Também há outra relação que se deve

obter. Basta multiplicar (1.2.20a) por (1.2.20c) e (1.2.20b) por (1.2.20d), e depois

somar os resultados, consegue-se a seguinte relação:

1.2.24

( )xy δδδ −=

δψψψψ coscoscos senEEEsenEa yxyx 0022

022

02 2−+=

20

20

22yx EEba +=+

δsenEEab yx 00=±

ψ

28

Para conseguir definir a tangente do ângulo de polarização basta dividir

(1.2.20c) por (1.2.20a) e igualar por outra divisão de (1.2.20d) por (1.2.20b):

1.2.25

Rearranjando (1.2.25):

1.2.26

Portanto, com a equação (1.2.26) obtêm-se a tangente do ângulo de

polarização .

A última variável importante a ser obtida é a elipsidade. Esta corresponde o

quão elíptica é a luz, dada pelo ângulo . Consegue-se chegar até esta variável

através de algumas manipulações. Primeiramente deve-se dividir a equação (1.2.24)

pela a equação (1.2.23):

(1.2.27)

ψδψ 22 002

02

0 sEEsenEE yxyx coscos=−

20

20

00 22

yx

yx

EEsEE

tg−

=ψδ

ψcoscos

ψ

χ

20

20

0022

yx

yx

EEsenEE

baab

+=

+± δ

29

Para se obter a elipsidade, é preciso definir que:

1.2.28

Definida a elipsidade, o próximo passo é a manipulação do termo esquerdo da

equação (1.2.27):

1.2.29

O termo do lado direito da equação (1.2.29) pode ser reescrito:

1.2.30a

1.2.30b

1.2.30c

abtg ±=χ44

πχπ ≤≤−

22

221

baabba

ab

+±=

abBaAb

bB

aA

abba +=+=+ 22

aBbA

==

ba

ab

abba +=+ 22

30

Dessa forma, a equação (1.2.29) pode ser reescrita como:

1.2.31

Usando a definição (1.2.28) em (1.2.31), é possível obter a equação para a

elipsidade :

1.2.32a

1.2.32b

Utilizando a equação (1.2.32b) em (1.2.27), obtém-se:

1.2.33

ba

abba

ab

+±=

+± 1

22

χχ

tgtgba

ab1

122

+±=

χχ

χχ

cossen

tgtgba

ab =+

±=+

±1

122

20

20

00

yx

yx

EEsenEE

sen+

χχ cos

xsenxxsen cos22 =

31

Ao multiplicar a equação (1.2.33) por dois em ambos os lados,obtém-se a

elipsidade. É importante frisar que é usada a relação trigonométrica :

1.2.34a

1.2.34b

Por fim, com a obtenção das equações (1.2.11), (1.2.12), (1.2.15), (1.2.16),

(1.2.26) e (1.2.34b), é possível caracterizar a polarização da luz através da teoria

eletromagnética clássica. O desenvolvimento das equações para determinar a

polarização da luz é possível devido ao uso do princípio da superposição. Concluído

o desenvolvimento da teoria de polarização da luz, a próxima seção determinará os

casos especiais de polarização da luz, sendo estes, determinados pela defasagem

de cada componente do campo.

1.3 Casos especiais de polarização

Descrita a elipse de polarização de uma forma completa, é interessante

demonstrar os casos particulares de polarização da luz. Tomando a equação (1.2.8),

esta dada pela elipse de polarização eletromagnética, pode-se determinar os casos

particulares de polarização com a equação(1.2.8):

• Luz linearmente polarizada horizontal, (E0y = 0):

20

20

0022

yx

yx

EEsenEE

sen+

χχ cos

20

20

0022

yx

yx

EEsenEE

sen+

χ

32

Figura 1.5a – Esquema da luz horizontalmente polarizada.

Há oscilação apenas na direção do eixo x.

• Luz linearmente polarizada vertical, (E0x = 0):

Figura 1.5b – Esquema da luz verticalmente polarizada.

Há oscilação apenas na direção do eixo y.

Obj228Obj229

33

• Luz linearmente polarizada, ( ou ):

Figura 1.5c – Esquema da luz linearmente polarizada.

Usando as condições acima na equação (1.2.8) :

1.3.1

Rearranjando:

1.3.2

De (1.3.2) obtém-se a relação:

1.3.3

( ) ( )δδ 2

002

0

2

20

2

2 senEE

EE

EE

EE

y

y

x

x

y

y

x

x =−+ cos

( ) ( )δδ 2

002

0

2

20

2

2 senEE

EE

EE

EE

y

y

x

x

y

y

x

x =−+ cos

( ) ( )δδ 2

002

0

2

20

2

2 senEE

EE

EE

EE

y

y

x

x

y

y

x

x =−+ cos

34

A equação (1.3.3) mostra os campos com dependência linear de um com relação

ao outro. Dentro deste caso de luz linearmente polarizada há outro caso

interessante. Se E0x = E0y, obtém-se a luz linearmente polarizada à +45° ou à

-45°.

• Luz elipticamente polarizada, (,):

Usando as condições acima em (1.2.8):

1.3.4

A equação (1.3.4) mostra a relação elíptica entre os campos elétricos, basta

haver uma diferença de fase de 90° ou 270°.

• Luz circularmente polarizada, (, ; E0x = E0y = E0):

Obj233Obj234

( ) ( )δδ 2

002

0

2

20

2

2 senEE

EE

EE

EE

y

y

x

x

y

y

x

x =−+ cos

Obj236Obj237

35

Figura 1.5d – Esquema da luz elipticamente polarizada.

Usando as condições acima na equação (1.2.8):

1.3.5

Este caso é um caso particular da luz elipticamente polarizada, possui a mesma

defasagem dos campos aliado com as amplitudes iguais.

Portanto, esta seção demonstrou os casos possíveis de polarização da luz,

que podem ser em geral: linearmente polarizada, elipticamente polarizada e

circularmente polarizada. Assim, consegue-se de forma elegante determinar como a

luz polarizada se comporta. Porém, não é uma tarefa fácil determinar

experimentalmente a forma da polarização da luz com este formalismo. A próxima

seção será determinante para descrever o Parâmetro de Stokes, sendo esta, a

teoria que permite determinar experimentalmente a polarização da luz.

1.4 Parâmetros de Stokes

( ) ( )δδ 2

002

0

2

20

2

2 senEE

EE

EE

EE

y

y

x

x

y

y

x

x =−+ cos

36

Nas seções anteriores foram desenvolvidos os formalismos à partir da teoria

ondulatória dos campos eletromagnéticos, e a descrição Elipse de Polarização da

onda eletromagnética, sendo este, um método que permite descrever o estado de

polarização da luz. Porém, experimentalmente este método é inviável. Não se pode

utilizar desta ferramenta devido à oscilação do campo eletromagnético da luz ser

extremamente rápido, da ordem de 10-15s, indetectável a qualquer sistema de

aquisição de dados. Sendo assim, se torna impossível obter a “foto” da polarização

da luz para cada período de oscilação.

Partindo deste argumento, Sir George Gabriel Stokes elaborou um método

utilizando outras variáveis para determinar o estado de polarização da luz. Estas

variáveis são conhecidas como Parâmetros de Stokes. Elas podem ser obtida por

uma grandeza mensurável experimentalmente, isto por que este método independe

do período de oscilação do campo elétrico da luz. Os Parâmetros de Stokes

podem ser obtidos simplesmente através da medida da intensidade da luz [6]. Para

determinar os parâmetros de Stokes, deve-se primeiramente partir da equação da

Elipse de Polarização para a onda eletromagnética (1.2.8). Através desta equação,

tomam-se as médias temporais dos campos elétricos:

1.4.1

onde:

1.4.2a

( ) ( )δδ 2

002

0

2

20

2

2 senEE

EE

EE

EE

y

y

x

x

y

y

x

x =−+ cos

( ) ( )zktEtzE xxx +−= .cos., ωδ0

( ) ( )zktEtzE yyy +−= .cos., ωδ0

37

1.4.2b

Note que as médias temporais dos campos elétricos ao quadrado são proporcionais

à intensidade da luz. Rearranjando (1.4.1) ao multiplicar por 4E0xE0y:

1.4.3

Determinando as médias temporais de (1.4.3) :

1.4.4a

1.4.4b

1.4.4c

Substituindo (1.4.4a), (1.4.4b) e (1.4.4c) em (1.4.3):

( ) ( )δδ 2

002

0

2

20

2

2 senEE

EE

EE

EE

y

y

x

x

y

y

x

x =−+ cos

Obj243

Obj244

Obj245

( ) ( )δδ 2

002

0

2

20

2

2 senEE

EE

EE

EE

y

y

x

x

y

y

x

x =−+ cos

38

1.4.5

Somando e subtraindo o lado direito de (1.4.5) por:

1.4.6a

ou:

1.4.6b

Através da equação (1.4.6b) são extraídos os parâmetros de Stokes:

1.4.7a

1.4.7b

Obj247

Obj248

Obj249

Obj250

Obj251

Obj252

39

1.4.7c

1.4.7d

Já com o formalismo do parâmetro de Stokes (1.4.6b) pode ser escrita da

seguinte forma:

1.4.8

Note que o termo S0 da equação (1.4.8) é proporcional à intensidade total da

onda eletromagnética [8]. Os termos S1, S2, S3, são componentes de polarização

inseridos na intensidade total da luz, ou seja, quanto mais a luz é polarizada, maior é

a influencia destes termos na intensidade.

É possível relacionar os parâmetros de Stokes com as equações que

caracterizam o estado de polarização dada pela seção 1.2:

• Equação (1.2.26) – Tangente do ângulo de polarização :

1.4.9

Obj253

Obj254

ψ

Obj256

40

• Equação (1.2.34b) – Elipsidade :

1.4.10

Com os parâmetros de Stokes, define-se a grandeza denominada de grau de

polarização:

1.4.11

Onde Ipol é a intensidade de polarização, e Itot a intensidade total. Da equação

(1.4.11) se observa que quanto mais P tende a um, mais polarizada é a luz, quanto

mais tende a zero, menos polarizada é a luz.

Definida tangente do ângulo de polarização (1.4.9), elipsidade (1.4.10), e o

grau de polarização (1.4.11), é possível obter o estado de polarização da luz apenas

com sua intensidade.

1.5 Casos especiais de polarização da luz usando os parâmetros de Stokes

Obj257

20

20

0022

yx

yx

EEsenEE

sen+

χ

Obj259

41

Demonstrado todo o formalismo do Parâmetro de Stokes na seção 1.4, é

interessante esclarecer como aplicá-los. Por isso, a exemplo da seção 1.3, esta

seção tem o papel de demonstrar casos particulares da polarização da luz. Com as

equações (1.4.7), são obtidos os parâmetros S0, S1, S2, S3, para estes casos

especiais.

Luz linearmente polarizada horizontal – E0y = 0:

1.5.1a

1.5.1b

1.5.1c

1.5.1d

P = 1 χ = 0 ψ = 0

Luz linearmente polarizada vertical – E0x = 0:

Obj260

Obj261

Obj262

Obj263

Obj264

42

1.5.2a

1.5.2b

1.5.2c

1.5.2d

P = 1 χ = 0 ψ = 0

Luz linearmente polarizada à +45°– E0x = E0y = E0 e :

1.5.3a

S1=2E02 1.5.3b

1.5.3c

Obj265

Obj266

Obj267

Obj268

Obj269

Obj270

Obj271

43

1.5.3d

P = 1 χ = 45º ψ = 0

Luz linearmente polarizada à -45° – E0x = E0y = E0 e :

1.5.4a

S1=2E02 1.5.4b

1.5.4c

1.5.4d

P = 1 χ = -45º ψ = 0

Obj272

Obj273

Obj274

Obj275

Obj276

44

Luz circularmente polarizada – E0x = E0y = E0 e :

1.5.5a

1.5.5b

1.5.5c

S3=2E02 1.5.5d

P = 1 χ = 0 ψ = 45º

Luz elipticamente polarizada – e :

1.5.6a

1.5.6b

Obj277

Obj278

Obj279

Obj280Obj281

Obj282

Obj283

Obj284

45

1.5.6c

1.5.6d

Onde A, B, C, D podem assumir diversos valores positivos ou negativos, depende da

forma da polarização da luz elíptica.

Portanto, esta seção demonstrou os casos possíveis de polarização da luz,

que podem ser em geral: linearmente polarizada, elipticamente polarizada e

circularmente polarizada. Dessa forma, consegue-se de forma prática determinar

apenas com a intensidade como a luz polarizada se comporta, contando com auxílio

das equações (1.4.7), (1.4.8), (1.4.9), (1.4.10) e (1.4.11) é possível esquematizar o

estado de polarização.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Aparato experimental para medir os Parâmetros de Stokes

Desenvolvida a teoria necessária para medir os efeitos de polarização da luz,

descrevemos nesta seção o procedimento empregado na obtenção dos parâmetros

de Stokes. A técnica emprega: um defasador de onda de (lâmina de λ/4), um

polarizador de calcita e um fotodetector, todos disposto em série de acordo coma

figura 2.1:

Obj285

Obj286

46

Figura 2.1 – Esquema da disposição experimental para determinar os parâmetros de Stokes.

A Lâmina de onda tem o papel de defasar a onda eletromagnética, ou seja,

alterar a fase da luz. Ela faz com que apareça uma diferença de fase de entre as

componentes perpendiculares do campo elétrico da luz [9]. Veja o Apêndice I para

esclarecer a física do Defasador.

O polarizador é um elemento óptico que diminui campos elétricos

privilegiando a oscilação da luz numa certa direção. Em outras palavras este opera

como um atenuador anisotrópico [10]. Veja o Apêndice II para esclarecer a física do

polarizador.

Por fim, o fotodetector tem o papel de obter o valor da intensidade da luz. Ele

é ligado a um voltímetro que transforma a intensidade luminosa em voltagem, sendo

que a variação da voltagem é proporcional à intensidade da luz.

2.2 Técnica para mensurar os Parâmetros de Stokes

Obj287

47

Para entendermos o procedimento de medida, o primeiro passo é

considerarmos um par de campos elétricos oscilantes perpendiculares entre si:

2.2.1a

2.2.1b

De acordo com a seção 2.1, a onda ao passar pela lâmina defasa a

componente x do seu campo elétrico de com relação à componente na direção y.

Portanto podemos reescrever as componentes do campo como:

2.2.2a

2.2.2b

Após o defasador o feixe atinge o polarizador, o qual privilegia a oscilação

numa certa direção pré-definida. Este então assume a forma genérica

Obj288

Obj289

Obj290

Obj291

Obj292

Obj293

48

esquematizada pela figura 2.2, com a mesma inclinação da direção atenuadora do

polarizador:

Figura 2.2 – Esquema da composição do campo elétrico da luz após passar pelo polarizador.

De acordo com a figura 2.2, o campo elétrico E pode ser decomposto em:

2.2.3a

ou:

2.2.3b

Obj294

Obj295

49

O campo emergente do polarizador (equação 2.2.3b) atinge o fotodetector

que mede sua intensidade. O sinal medido nada mais é do que o módulo quadrado

da equação 2.2.3b, sendo matematicamente descrito por:

2.2.4

A qual pode ser reescrita como

2.2.5

Através do uso das seguintes relações trigonométricas:

2.2.6a

2.2.6b

2.2.6c

Obj296

Obj297

Obj298

Obj299

Obj300

50

Agora é preciso relacionar a equação (2.2.5) com os parâmetros de Stokes.

Isto é possível através da forma complexa dos parâmetros de Stokes, que são

dados por:

2.2.7a

2.2.7b

2.2.7c

2.2.7d

onde i é um número imaginário. Substituindo nas equações (2.2.7) os campos

elétricos definidos em (2.2.1) obtêm-se a expressão final para a intensidade:

2.2.8

Observe que a equação da intensidade (2.2.8) é uma expressão que tem

dependência com relação aos ângulos e , sendo que o primeiro é o ângulo de

Obj301

Obj302

Obj303

Obj304

Obj305

Obj306Obj307Obj308Obj309

51

inclinação da direção atenuadora do polarizador em relação ao eixo x, e o segundo a

defasagem da onda que causada pela lâmina de onda. Portanto, variando apenas os

parâmetros e se consegue modificar a intensidade da luz, criando-se uma relação

de causa e efeito de onde podemos inferir os parâmetros de Stokes.

Partindo desse pressuposto, é possível obter os parâmetros de Stokes S0, S1,

S2, S3 para ângulos específicos. Veja a abaixo algumas relações dos ângulos e com

relação à intensidade, obtidos a partir da equação (2.2.8).

2.2.9a

2.2.9b

2.2.9c

2.2.9d

Observe que o ângulo nas equações (2.2.9) são apenas 0° e 90°. Para o

valor de = 0° não há o defasador no aparato experimental. Já o ângulo de 90°

corresponde a presença de uma lâmina de quarto de onda específica para o

comprimento de onda estudado (veja Anexo I).

Obj310Obj311

Obj312

Obj313

Obj314

Obj315

Obj316Obj317

52

Resolvendo o sistema de equações (2.2.9), obtêm-se os parâmetros de

Stokes em função das intensidades obtidas para as diferentes configurações de

intensidades:

2.2.10a

2.2.10b

2.2.10c

2.2.10d

Finalmente com as equações (2.2.10) os valores dos Parâmetros de Stokes

são obtidos apenas com intensidade da luz a partir apenas de duas variantes e .

Com isso, este experimento é bastante simples e demonstra um grande potencial de

aplicabilidade em laboratórios de ensino de óptica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção apresentamos e discutimos resultados obtidos com o intuito de

verificarmos a validade do formalismo de Stokes. Para tal, foram montados

experimentos onde empregamos: um laser He:Ne (λ = 633nm) não polarizado,

Obj318

Obj319

Obj320

Obj321

Obj322Obj323

53

polarizadores de calcita, lâmina de ¼ de onda para 543 nm e 633 nm, polarizador e

fotodetector. É importante especificar que o laser não polarizado um polarizador de

calcita e a lâmina de λ/4 são empregados na obtenção de luz em diversos estados

de polarização possíveis. Já o segundo polarizador de calcita a lâmina de onda em

633 nm e o fotodetector são empregados no sistema de manipulação e detecção da

luz visando à obtenção dos parâmetros de Stokes.

Todos os experimentos foram realizados com a disposição em série dos

componentes ópticos de acordo com necessidades específicas, seguindo a idéia

básica da figura 2.1. Num primeiro experimento fizemos com que o feixe proveniente

do laser de He:Ne não polarizado incidisse diretamente no conjunto lâmina de 633

polarizador e fotodetector. Variando a configuração de θ e φ de acordo com o

descrito no capítulo 2, obtivemos:

Tabela 3.1 – Dados obtidos da luz não polarizada:

Polarizador Lamina ¼ de onda

Sinal(Unid. Arb.)

θ = 0 Ф = 0 4,5θ = 90° Ф = 0 4,5θ = 45° Ф = 0 4,5θ =45°

Ф = π/2 4,5

Relacionando os dados da tabela 3.1 com as equações (2.2.10), obtêm-se os

resultados para os parâmetros de Stokes da luz não polarizada:

S0 = 9 S1 = 0 S2 = 0 S3 = 0 3.1

Os resultados acima indicam que a luz é completamente não polarizada

apresentando apenas componentes relacionadas a intensidade (S0), como deveria

ser.

54

Para obtenção de um feixe linearmente polarizado colocamos um polarizador

na direção horizontal (atenuação paralela à mesa do laboratório) entre o laser e a

lâmina de ¼ de onda. Os resultados obtidos estão listados na tabela 3.2 conforme

as equações (2.2.10):

Tabela 3.2 – Dados obtidos da luz linearmente polarizada na direção horizontal:

Polarizador Lamina ¼ de onda

Intensidade

θ = 0 Ф = 0 4,6θ = 90° Ф = 0 0θ = 45° Ф = 0 2,3θ =45°

Ф = π/2 2,3

Relacionando os dados da tabela 3.2 com as equações (2.2.12), obtêm-se os

resultados para os parâmetros de Stokes da luz que passa pelo polarizador:

S0 = 4,6 S1 = 4,6 S2 = 0 S3 = 0 3.1

Referentes aos dados de (3.2), consegue-se obter o angulo de polarização ,

elipsidade e a polarização P, dada pelas equações (1.4.9), (1.4.10), (1.4.11):

3.2

Deste modo, é correto afirmar que a luz é linearmente polarizada

horizontalmente, o que é indicado pelo valor positivo de S1 e pelos valores nulos dos

ângulos de polarização e elipsidade (veja seção 1.5). Além disso o fator P indica

uma luz 100% polarizada como esperado.

Obj324Obj325

Obj326

20

20

0022

yx

yx

EEsenEE

sen+

χObj328

55

Para testarmos o nosso procedimento com um feixe de luz elipticamente

polarizado inserimos a lâmina de quarto de onda para 543 nm logo após o primeiro

polarizador inserido previamente para polarizar o feixe do laser de He:Ne.Veja a

figura 3.1 que contém a disposição experimental com a inserção da lâmina de ¼

onda de 543nm:

Figura 3.1 – Esquema da disposição experimental para determinar os parâmetros de Stokes para

uma luz elipticamente polarizada.

Os resultados obtidos estão demonstrados na tabela 3.3 conforme as

equações (2.2.12) para o experimento esquematizado na figura 3.1:

Tabela 3.3 – Dados obtidos da luz que passa pela lamina de ¼ de onda de 543nm.

Polarizador Lamina ¼ de onda

Intensidade

θ = 0 Ф = 0 4,2θ = 90° Ф = 0 0,5θ = 45° Ф = 0 0,8θ =45°

Ф = π/2 3,3

56

Relacionando os dados da tabela 3.3 com as equações (2.2.10), obtêm-se os

resultados para os parâmetros de Stokes da luz que passa pelo polarizador:

S0 = 4,7 S1 = 3,7 S2 = -3,1 S3 = 1,9 3.3

Referentes aos dados de (3.3), consegue-se obter o angulo de polarização ,

elipsidade e a polarização P, dada pelas equações (1.4.9), (1.4.10), (1.4.11):

3.4

Com os resultados obtidos por (3.4) é correto afirmar que a luz é

elipticamente polarizada. Isto porque se obtêm valores para: ângulo de polarização ;

elipsidade . O fator polarização P é aproximadamente um, o que indica que a lâmina

de ¼ de onda de 543 nm apenas transforma a luz linearmente polarizada em luz

elipticamente polarizada não despolarizando-a.

Baseado nas variáveis obtidas a partir dos parâmetros de Stokes, podemos

esboçar a configuração da elipse de polarização desse feixe:

Obj329Obj330

Obj331

20

20

0022

yx

yx

EEsenEE

sen+

χObj333

Obj334Obj335

Obj336

57

x

y

X’

Y’

Figura 3.2 – Elipse de polarização da luz após passar pela lâmina de ¼ de onda de 543 nm.

Observe que através dos parâmetros e que são obtidos através dos

parâmetros de Stokes é possível obter a “foto” do tipo de polarização da luz. Como

foi dito, a tangente de representa a relação do tamanho de “a” com “b” da elipse,

dada pela equação (1.2.28), e o parâmetro que determina a inclinação da elipse é

dada pela equação (1.2.26). Dessa forma, conclui-se que esta técnica pode ser

utilizada para caracterizar qualquer tipo de luz polarizada.

4 CONCLUSÕES

Este trabalho visa determinar experimentalmente o estado de polarização da

luz usando o formalismo de Stokes. Depois da descrição de toda a teoria e métodos,

verificou-se que o experimento proposto obteve um bom resultado, confirmando a

validade experimental para obter os parâmetros de Stokes. Foram efetuados três

experimentos.

No primeiro investigamos o estado de polarização da luz de um feixe não

polarizado onde obtivemos que o formalismo de Stokes é capaz de descrevê-lo

totalmente através do parâmetro S0 que é relacionado à intensidade da luz. Alias,

Obj337

Obj338Obj339Obj340Obj341

58

esta é uma das grandes vantagens do formalismo de Stokes sobre os demais (e.g.

formalismo de Jones, elipse de polarização etc).

No segundo experimento, investigamos o estado de polarização de um feixe

linearmente polarizado na direção horizontal. Para isto inserimos um polarizador de

calcita à frente da nossa fonte luminosa. Os resultados indicaram uma luz 100%

polarizada na direção paralela ao plano da mesa óptica (direção horizontal), o que é

evidenciado pelo comportamento do parâmetro S1.

Num terceiro experimento geramos um feixe de luz elipticamente polarizada

através da inserção de uma lâmina quarto de onda para 543 nm logo após o

primeiro polarizador. Os resultados indicaram um feixe elipticamente polarizado e

através dos parâmetros de Stokes fomos capazes de obter a disposição da elipse de

polarização desse feixe.

Por fim, realizadas as medidas e confirmado os resultados, concluímos que a

técnica proposta tem um grande potencial para ser empregada em experimentos de

laboratórios de ensino de física devido à sua simplicidade e eficiência. Vale frisar que

existe, em nosso instituto, uma carência de experimentos em laboratórios de óptica

que explicitam o caráter vetorial da luz via manifestação de efeitos de polarização.

APÊNDICES

I – Defasador [9]

Considere os campos elétricos em x e em y abaixo:

IaObj342

59

Ib

Considere a figura Ia como um defasador com um campo elétrico decomposto

em x e y :

Figura Ia – Representação esquemática de um defasador [ 9]

Usando a condição de contorno da figura Ia quando a onda atinge z = 0 até z=d nas

equações Ia e IB:

Ic

Id

Ie

If

Obj343

Obj344

Obj345

Obj346

Obj347

60

As diferenças entre as componentes emergentes são :

Ig

Para diferença de fase de :

Ih

Ou seja, o produto da distância d com diferenças entre os índices de refração deve

ser um quarto do comprimento de onda.

II – Polarizador

Um polarizador é um elemento óptico que atenua as componentes ortogonais

de um feixe óptico desigualmente, isto é, um atunuador anisotrópico. [10].

Dado os fatores px e py coeficientes de atenuação das amplitudes no

polarizador, os campos elétricos antes e após o polarizador podem ser dados:

• Antes – Ex e Ey

• Depois do polarizador –

Obj348

Obj349

Obj350

61

E’x = pxEx

E’y = pyEy

Portanto, os coeficientes de atenuação px e py que determina a característica do

polarizador.

REFERÊNCI AS BIBLIOGRÁFIC AS

[1] A.A. Silva, “Crônicas da Luz: Uma breve história da óptica”, Tese de

monografia apresentada ao Instituto de Física da Universiade Federal de Uberlândia

(2006).

[2] G. R. Fowles, “ Introduction to Modern Optics”, Dover Publications Inc. New

York Second edition.

[3] Roald. K. Wangsness, “Eletromagnetic Fields”,John Wiley & Sons,Inc. New

York, Second edition.

[4] S.L.Oliveira,S.C.Rand, “Intense Nonlinear Magnetic Dipole Radiation at

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[5] E.Hechet, “Óptica”, Fundação Calouste Gulbenkian,Lisboa, Segunda edição.

[6] E. Collet, “Polarized Light: Fundamentals and Applications”, Marcel Dekker

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[7] K. D. Machado, “Teoria do Eletromagnetísmo”, editora UEPG, Ponta Grossa,

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[8] D. J. Griffiths, “Introduction to electrodynamics”, Pearson Addison Wesley

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[9] S. C. Zilio, “Óptica moderna: Fundamentos e aplicações” em

http://www.if.sc.usp.br/~fotonica/ebook/e-book1.php

[10] P. Alliprandini-Filho, “Efeitos de ordenamento na polarização da luz emitida

por filmes de polímeros semicondutores”. Dissertação de mestrado apresentada ao

Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (2007).