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DETERMINAÇÃO DO CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO, NO PERÍODO DE 1997 A 2002, PARA A AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS DIRETOS NO EXTERIOR POR EMPRESAS BRASILEIRAS Priscila Tavares Camacho Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto Coppead de Administração Mestrado em Administração Orientador: Celso Funcia Lemme, D.Sc. Rio de Janeiro, RJ – BRASIL 2003

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DETERMINAÇÃO DO CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO,NO PERÍODO DE 1997 A 2002, PARA A AVALIAÇÃO DE

INVESTIMENTOS DIRETOS NO EXTERIOR POREMPRESAS BRASILEIRAS

Priscila Tavares Camacho

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto Coppead de Administração

Mestrado em Administração

Orientador: Celso Funcia Lemme, D.Sc.

Rio de Janeiro, RJ – BRASIL2003

ii

DETERMINAÇÃO DO CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO, NO PERÍODO DE

1997 A 2002, PARA A AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS DIRETOS NO

EXTERIOR POR EMPRESAS BRASILEIRAS

Priscila Tavares Camacho

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto Coppead de

Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre.

Aprovada por:

- OrientadorProf. Celso Funcia Lemme, D.Sc.

Prof. Ricardo P. C. Leal, D.Sc.

Istvan K. Kasznar, PhD

Rio de Janeiro, RJ – BRASIL

2003

iii

Camacho, Priscila Tavares

Determinação do custo de capital próprio, no período de1997 a 2002, para a avaliação de investimentos diretos noexterior por empresas brasileiras. / Priscila Tavares Camacho. -Rio de Janeiro, 2003.

xv, 124 f.; il.

Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, Instituto COPPEAD de Administração, 2003.

Orientador: Celso da Funcia Lemme.

1. Internacionalização. 2.Custo de Capital. 3. CAPM Locale Global. 4. Investimento direto no exterior. I. Lemme, CelsoFuncia (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro.Instituto Coppead de Administração. III. Título.

iv

CAMACHO, Priscila Tavares. Determinação do custo de capital próprio, noperíodo de 1997 a 2002, para a avaliação de investimentos diretos noexterior por empresas brasileiras. Orientador: Celso Funcia Lemme. Rio de

Janeiro: UFRJ/ COPPEAD, 2003. Dissertação.

O estudo objetivou verificar se o custo de capital próprio utilizado na

avaliação de investimentos diretos no exterior por empresas brasileiras deve

ser maior que o empregado em projetos nacionais, em função dos riscos

envolvidos. A teoria financeira defende uma redução do custo de capital próprio

quando considerada a integração dos mercados. No entanto, é prática comum

em muitas empresas americanas adicionar um prêmio de risco às taxas de

desconto de projetos domésticos para a determinação do custo de

oportunidade de projetos internacionais. Tendo em vista as discordâncias

existentes, este estudo pretende verificar até que ponto a hipótese de

integração leva realmente a uma redução do custo do capital acionário das

empresas. Para isso, foi analisada uma amostra de 22 empresas brasileiras

com investimentos diretos em outros países.

v

Camacho, Priscila Tavares. Determinação do custo de capital próprio, noperíodo de 1997 a 2002, para a avaliação de investimentos diretos noexterior por empresas brasileiras. Orientador: Celso Funcia Lemme. Rio de

Janeiro: UFRJ/ COPPEAD, 2003. Dissertação.

The study has the main purpose to verify if the cost of equity of direct

investments in other countries made by Brazilian firms should be greater than

the one used on domestic projects, due to the risks involved. Finance theory

believes that market integration can reduce the cost of equity. Nevertheless,

most US companies add a risk premium to their domestic cost of capital in order

to find the opportunity cost of capital of their international projects. Taking this

into consideration, this study intends to find out if the hypothesis of integration

really leads to a reduction in the cost of equity of international firms. The data of

22 Brazilian companies with foreign direct projects were analyzed.

vi

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABECIP Associação Brasileira das Entidades de Crédito

Imobiliário e Poupança

ACFI Índice Global de ações do MSCI, composto por

mercados desenvolvidos e em desenvolvimento

ADR American Depositary Receipt

AMEX American Stock Exchange

APT Arbitrage Pricing Theory

APV Valor Presente Ajustado

BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo

CAPM Capital Asset Pricing Model

CDI Certificado de Depósitos Interbancários

COPOM Comitê de Política Monetária

FGV – 100 Índice de ações da Fundação Getúlio Vargas

IBOVESPA Índice de ações da BOVESPA

IBX Índice Brasil

IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

LMT Linha de Mercado de Títulos

M Carteira de Mercado

MSCI Morgan Stanley Capital International

MSCI-EUA Índice de ações dos Estados Unidos do MSCI

vii

NASDAQ Mercado de ações eletrônico

NuPIn Núcleo de Pesquisas em Internacionalização de

Empresas (Pronex/CNPq–Coppead/UFRJ)

NYSE New York Stock Exchange

PPC Paridade do Poder de Compra

PRONEX Programa de Apoio a Núcleos de Excelência

S&P 500 Índice das 500 maiores ações dos EUA

SELIC Sistema Especial de Liquidação e Custódia

SOMA Sociedade Operadora de Mercados Ativos

WACC Custo Médio Ponderado de Capital

WI Índice Global do MSCI composto por mercados

desenvolvidos

viii

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- Síntese dos fundamentos teóricos abordados na seção Revisão

de Literatura..…………………………………………………………………………47

ix

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Retornos reais anuais, em percentual, de ações e títulos de dívida,

no período de 1900 a 2000, segundo os estudos realizados em DIMSON;

MARSH; STAUNTON (2002)……………………………………………………….60

FIGURA 2 – Custos de capital acionário de empresas brasileiras, baseados na

metodologia do CAPM Local, utilizando o IBOVESPA e o IBX como “proxy” da

carteira de mercado e a poupança como taxa livre de risco………..…………..79

FIGURA 3 – Média dos custos de capital próprio de empresas brasileiras,

baseado na metodologia do CAPM Local, utilizando o IBOVESPA e o IBX como

“proxy” da carteira de mercado e a poupança como taxa livre de risco..……..80

FIGURA 4 – Custos de capital próprio de empresas brasileiras, baseado na

metodologia do CAPM Global Simples…………………………………..………..85

FIGURA 5 – Custos de capital próprio de empresas brasileiras, baseado na

metodologia do CAPM Global Simples……………………..……………………..86

FIGURA 6 – Média dos custos de capital próprio de empresas brasileiras

utilizando o CAPM Local (IBOVESPA e IBX), além dos custos de capital

acionário calculados a partir do CAPM Global Simples……..…………………..90

x

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Amostra final das empresas utilizadas neste estudo e o setor em

que atuam……………………………………………………………………………..52

TABELA 2 - Valores dos βi,xUS$ obtidos com base no método de conversão de

O’BRIEN (1999), com seus respectivos intervalos de confiança, R2 Ajustados e

p-values………………………………………………………………………...……..70

TABELA 3 - Valores dos betas obtidos com base no CAPM Local, utilizando o

IBOVESPA como “proxy” da carteira de mercado. As empresas encontram-se

distribuídas por setor.……………………………………………………………….75

TABELA 4 - Valores dos betas obtidos com base no CAPM Local, utilizando o

IBX como “proxy” da carteira de mercado.………………………………………..76

TABELA 5 - Valores dos custos de capital acionário de empresas brasileiras,

baseado na metodologia do CAPM Local, utilizando o IBOVESPA e o IBX como

“proxy” da carteira de mercado, a poupança (8,5%a.a.), como taxa livre de

risco, e um prêmio de risco de mercado de 6,0% a.a……………………………78

TABELA 6 - Valores dos betas obtidos baseado no CAPM Global Simples,

utilizando o World Index (WI) e o All Country Free Index (ACFI) do MSCI como

“proxy” da carteira de mercado.…………………………………..………………..82

TABELA 7 - Valores dos betas obtidos com base no CAPM Global Simples,

utilizando o All Country Free Index do MSCI como “proxy” da carteira de

mercado.……………………………………………………………………………....83

TABELA 8 - Valores dos custos do capital acionário de empresas brasileiras,

baseado na metodologia do CAPM Global Simples. O ACFI foi usado como

“proxy” da carteira de mercado e o “T-Bond” de 30 anos (4,4%a.a.) como taxa

livre de risco. O prêmio de risco de mercado foi de 4,45% a.a………………....84

xi

TABELA 9 – Valores dos betas e dos gamas obtidos com base no CAPM

Global de Dois Fatores, utilizando o All Country Free Index do MSCI como

“proxy” da carteira de mercado……………………………….……………………87

TABELA 10 – Diferença entre os valores dos custos do capital acionário de

empresas brasileiras obtidos a partir da metodologia do CAPM Local

(Poupança, IBOVESPA e IBX) e do CAPM Global Simples…………………….89

xii

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 - Relação de empresas do banco de dados fornecido pelo NuPIn,

classificada segundo a Revista Balanço Anual, da Gazeta Mercantil de julho de

2001, com o setor em ordem alfabética………………………………………….102

ANEXO 2 - Classificação dos setores de atividades econômicas. (Baseada na

Revista Balanço Anual da Gazeta Mercantil de julho/2001)…………………...104

ANEXO 3 - Descrição dos setores Agribusiness e Comércio. (Baseada na

Revista Balanço Anual da Gazeta Mercantil de julho/2001)…………………...106

ANEXO 4 - Descrição do setor Indústrias. (Baseada na Revista Balanço Anual

da Gazeta Mercantil de julho/2001)………………………………………………107

ANEXO 5 - Descrição do setor Serviços. (Baseada na Revista Balanço Anual

da Gazeta Mercantil de julho/2001)………………………………………………108

ANEXO 6 - Relação dos países onde as empresas brasileiras atuam

diretamente………………………………………………………………………….109

ANEXO 7 - Relação de países que compõe o MSCI World Index……………110

ANEXO 8 - Relação de países que compõe o MSCI All Country Free Index..111

ANEXO 9 – Ambev, Aracruz e Banco do Brasil: retornos aritméticos mensais,

em reais, entre abril de 1997 e março de 2002…………………………………112

ANEXO 10 – Bradesco, Duratex e Embraer: retornos aritméticos mensais, em

reais, entre abril de 1997 e março de 2002……………………………………...113

ANEXO 11 – Gerdau, Inepar e Iochpe: retornos aritméticos mensais, em reais,

entre abril de 1997 e março de 2002……………………………………………..114

xiii

ANEXO 12 – Ipiranga, Itau e Klabin: retornos aritméticos mensais, em reais,

entre abril de 1997 e março de 2002……………………………………………..115

ANEXO 13 – Marcopolo, Perdigão e Petrobras: retornos aritméticos mensais,

em reais, entre abril de 1997 e março de 2002…………………………………116

ANEXO 14 – Randon, Ripasa e Sadia: retornos aritméticos mensais, em reais,

entre abril de 1997 e março de 2002……………………………………………..117

ANEXO 15 – Unibanco, Vale e Votorantin: retornos aritméticos mensais, em

reais, entre abril de 1997 e março de 2002……………………………………...118

ANEXO 16 – Unibanco, Vale, Votorantin e Weg: retornos aritméticos mensais,

em reais, entre abril de 1997 e março de 2002.………………………………...119

ANEXO 17 – IBOVESPA e IBX: retornos aritméticos mensais, em reais, entre

abril de 1997 e março de 2002……………………………………………………120

ANEXO 18 – MSCI - All Country Free Index e MSCI - World Index: retornos

aritméticos mensais, em dólar americano, entre abril de 1997 e março de

2002………………………………………………………………………………….121

ANEXO 19 – Taxa de Câmbio R$/US$, entre março de 1997 a março de

2002.…………………………………………………………………………………122

ANEXO 20 – Rendimentos mensais da caderneta de poupança e da SELIC,

entre abril de 1997 e março de 2002.…………………………………………….123

ANEXO 21 – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), entre

abril de 1997 e março de 2002……………………………………………………124

xiv

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11.1 O PROBLEMA ........................................................................................... 11.2 OBJETIVOS............................................................................................... 21.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO........................................................................... 31.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.......................................................................... 6

2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 92.1 INTERNACIONALIZAÇÃO.............................................................................. 9

2.1.1 Definição .......................................................................................... 92.1.2 Os benefícios dos investimentos diretos no exterior ...................... 10

2.2 A IMPORTÂNCIA DO CUSTO DE CAPITAL NAS DECISÕES DE INVESTIMENTO... 112.3 CUSTO DE OPORTUNIDADE DE PROJETOS................................................. 13

2.3.1 Custo de capital da empresa e do projeto ...................................... 142.3.2 Os diferentes custos de capital nos métodos de cálculo do custo de

capital da empresa. ........................................................................ 152.4 MODELOS DE PRECIFICAÇÃO DE RISCO .................................................... 17

2.4.1 Importância..................................................................................... 172.4.2 Modelos Existentes ........................................................................ 17

2.5 CAPM................................................................................................... 192.5.1 Derivação do Modelo...................................................................... 192.5.2 As Controvérsias do Modelo .......................................................... 212.5.3 Dificuldade na Mensuração dos Parâmetros.................................. 222.5.4 Extensões do CAPM ...................................................................... 28

2.6 CAPM GLOBAL.................................................................................... 292.6.1 O Conceito de Integração e Segmentação dos Mercados ............. 292.6.2 Os diversos modelos existentes..................................................... 302.6.3 O efeito da integração dos mercados no custo de capital próprio:

perspectiva teórica ......................................................................... 382.6.4 Evidência empírica do impacto da integração no custo de capital . 392.6.5 Quão integrados estão os mercados de capitais na prática ........... 442.6.6 A diferença empírica entre modelos que precificam ou não o risco

cambial ........................................................................................... 462.7 SÍNTESE DA REVISÃO DE LITERATURA....................................................... 47

xv

3 METODOLOGIA ........................................................................................ 503.1 AMOSTRA............................................................................................... 513.2 COLETA DE DADOS ................................................................................. 53

3.2.1 Índices ............................................................................................ 533.2.2 Preços das Ações........................................................................... 553.2.3 Taxa Livre de Risco........................................................................ 55

3.3 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA................................................................. 563.3.1 Tratamento dos dados.................................................................... 563.3.2 CAPM Local ................................................................................... 573.3.3 CAPM Global Simples .................................................................... 623.3.4 CAPM Global de Dois Fatores ....................................................... 673.3.5 Comparação dos Resultados ......................................................... 69

3.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO.......................................................................... 71

4 RESULTADOS........................................................................................... 744.1 CAPM LOCAL ........................................................................................ 74

4.1.1 Parâmetros..................................................................................... 744.1.2 Custo do capital próprio.................................................................. 77

4.2 CAPM GLOBAL SIMPLES......................................................................... 814.2.1 Parâmetros..................................................................................... 814.2.2 Custo do capital próprio.................................................................. 83

4.3 CAPM GLOBAL DE DOIS FATORES........................................................... 864.3.1 Parâmetros..................................................................................... 86

4.4 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 88

5 CONCLUSÃO ............................................................................................ 91

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 95

7 ANEXOS .................................................................................................. 102

1 INTRODUÇÃO

1.1 O Problema

Assiste-se, hoje, no mundo inteiro a um processo de globalização

econômica, financeira e comercial caracterizado pelo crescimento do sistema

financeiro internacional, pela desregulamentação dos mercados e pelo

aumento do grau de liberdade das empresas.

Um volume crescente de capital acumulado é destinado às transações

financeiras, fruto da desregulamentação dos mercados financeiros. Segundo

SOLNIK (2000), em 1998, o valor total do mercado de ações em todo o mundo

chegou à marca de US$ 23.136 bilhões, vinte e seis vezes maior que em 1974,

quando era de US$ 892 bilhões.

O avanço da tecnologia de informação contribuiu também para o aumento

das transações realizadas por investidores em todo o mundo. O “turnover”

anual das ações, a nível global, cresceu cerca de 58 vezes em 23 anos,

partindo de US$ 186 bilhões, em 1974, e chegando a US$ 10.752 bilhões, em

1997, conforme SOLNIK (2000).

A liberdade conquistada pelas empresas se manifesta na mobilidade do

capital produtivo, na terceirização, nas operações de aquisições e fusões e no

crescente aumento da importância do comércio entre países. A globalização

remove as barreiras à livre circulação do capital, levando as empresas a definir

estratégias globais para a sua acumulação, como, por exemplo, investimentos

externos diretos.

As empresas que importam ou exportam seus produtos, que atuam

diretamente em outros países ou emitem títulos de dívida ou ações em

mercado internacionais são inevitavelmente afetadas pela economia global.

2

É fato que a globalização provocou mudanças no perfil de risco de muitos

investimentos e, naturalmente, nos seus retornos esperados. A volatilidade do

fluxo de receitas das empresas foi alterada, o que por sua vez levou a uma

variação no preço de suas ações e no custo do seu capital acionário. Medir a

intensidade dessa variação tornou-se, assim, um desafio importante para as

comunidades acadêmica e empresarial.

1.2 Objetivos

PETTIT et al (1999) afirmam que é prática padrão nas empresas

multinacionais americanas adicionar um prêmio de risco ao custo de capital

doméstico para se chegar às taxas de desconto de investimentos diretos no

exterior. Essas companhias acreditam que com isso estarão considerando o

risco político e econômico associado às operações em um ambiente estranho e

desconhecido: o internacional.

A teoria financeira, no entanto, revela que essa prática pode levar à

superestimação das taxas de desconto de projetos internacionais e,

conseqüentemente, à perda de boas oportunidades de investimentos.

PETTIT et al (1999) e SCHRAMM; WANG (1999) defendem que muitos

desses riscos envolvidos em projetos externos devem ser absorvidos através

de um ajuste nos fluxos de caixa e não por meio de um aumento no custo de

capital. Para os autores, somente os fatores que afetam o risco sistemático

devem ser refletidos no custo de capital.

EHRHARDT (1994) acrescenta que esses tipos de riscos podem ser

reduzidos ou mesmo eliminados através de hedges e seguros. Além disso, a

baixa correlação dos custos e da demanda entre os diferentes investimentos

internacionais leva a uma redução da volatilidade dos fluxos de receita das

empresas globalizadas.

3

De um modo geral, a teoria financeira defende a hipótese de redução do

custo de capital acionário das empresas a partir do momento que os mercados

vão se tornando cada vez mais integrados.

Tendo em vista as contradições existentes entre a prática nas empresas e a

teoria financeira quanto à avaliação de investimentos internacionais, este

trabalho procurou responder à seguinte pergunta: Considerando a integraçãodos mercados válida, a estimativa do custo de capital acionário utilizadaem investimentos diretos no exterior por empresas brasileiras deve sermaior que a empregada em projetos nacionais similares? Em outraspalavras, considerando que o mercado é razoavelmente integrado, écorreto adicionar um prêmio de risco ao custo de capital própriodoméstico utilizado em projetos no Brasil quando se pretende atuardiretamente no exterior, em projetos semelhantes?

Para o cálculo teórico das estimativas do custo de capital acionário das

empresas selecionadas para este estudo, serão utilizadas três extensões do

modelo CAPM: o Local, o Global Simples e o Global de Dois Fatores. O motivo

de se utilizar três modelos distintos é comparar os resultados obtidos,

confrontando a segmentação e a integração dos mercados.

A discussão presente, neste estudo, assume que o CAPM é o modelo de

precificação de risco correto para se estimar o custo de capital de uma

empresa. Portanto, este trabalho não tem como objetivo testar a metodologia

do CAPM e suas extensões, como também não visa fornecer uma estimativa

universalmente correta para o custo de capital dessas empresas.

1.3 Relevância do Estudo

BRIGHAM apud EHRHARDT (1994, p. 102), numa pesquisa de campo com

33 grandes empresas americanas, observou que cerca da metade delas

ajustava seu custo de capital para refletir as diferenças de risco.

Aproximadamente, 45% dos respondentes ajustavam suas taxas para as

4

diferentes divisões da empresa, 35% para os diferentes tipos de projetos e 23%

para os projetos individuais.

GITMAN; MERCURIO apud EHRHARDT(1994, p. 102), em uma pesquisa

de campo com uma amostra maior de empresas, observaram que dois terços

das empresas faziam ajustes com relação ao risco incorrido, com 59,9%

ajustando para projetos individuais. Entre estes, 39% faziam os ajustes nos

seus fluxos de caixa, 32% no custo de capital e 19,5% nos dois.

Pesquisas de campo como estas evidenciam a preocupação crescente de

muitas empresas americanas em avaliar cada um dos seus investimentos de

acordo com os riscos envolvidos. Apesar da inquietação com relação ao

assunto, nem sempre essas empresas conseguem ajustar corretamente os

seus projetos aos riscos.

Isso pôde ser evidenciado em uma outra linha de pesquisa, onde se

procurou esclarecer de que forma as empresas lidavam com essas questões e

se de fato atuavam conforme recomendado pela academia.

GRAHAM; HARVEY (2001), por exemplo, realizaram uma ampla pesquisa

de campo com 392 empresas americanas, em que procuraram avaliar

questões referentes ao custo, à estrutura de capital e à avaliação de

investimentos e projetos.

Muitas das empresas afirmaram utilizar o CAPM no cálculo do seu custo de

capital acionário. Entretanto, mais da metade delas disseram usar o custo de

capital da empresa para avaliar diferentes projetos, projetos estes que,

provavelmente, possuíam diferentes níveis de risco. Isso era uma evidência de

que muitos dos que responderam que utilizavam o CAPM não sabiam aplicá-lo

da maneira correta.

De um modo geral, estes estudos vieram mostrar a vontade de muitas

empresas americanas de avaliar seus investimentos de forma correta, mas, ao

mesmo tempo evidenciaram uma dificuldade em aplicar a teoria financeira.

5

Pesquisas de campo como estas são importantes para aproximar a teoria e

a prática na área de finanças. Os resultados obtidos podem ajudar tanto

acadêmicos e pesquisadores, como também executivos e praticantes da teoria

financeira. Muitos dos pesquisadores, por exemplo, podem desenvolver novas

teorias ou modificar seus pontos de vista. Por outro lado, muitas empresas

podem tirar proveito das recomendações acadêmicas que ainda não foram

implementadas pela maioria.

Infelizmente, conforme mencionado em LEAL; COSTA Jr; LEMGRUBERG

(2000, p. 15), “O tema de finanças corporativas no Brasil carece de

investigação adequada”. Foram destacados como temas básicos da área: os

estudos sobre o custo e a estrutura de capital de empresas brasileiras e a

emissão de debêntures e ações.

Além disso, é evidente a carência de pesquisas de campo com empresas

brasileiras, abordando assuntos como custo e estrutura de capital. EID Jr

(1996) é um dos poucos que se tem conhecimento. A sua pesquisa focou

basicamente nestes dois pontos. Dos 1.126 questionários enviados às

empresas do país somente 161 foram respondidos. Ao contrário das empresas

americanas, as brasileiras não seguem à risca a teoria financeira, conforme

indicado na pesquisa. Com relação ao CAPM, 26% dos respondentes alegaram

conhecê-lo, porém, através de perguntas mais específicas sobre o modelo,

percebeu-se um conhecimento superficial do assunto.

Em meio a esse ambiente, muitos profissionais brasileiros replicam o que é

feito em países como Estados Unidos, onde a pesquisa sobre o assunto é

definitivamente mais extensa, ou mesmo baseiam suas decisões em métodos

alternativos. Isso acaba levando, inevitavelmente, a erros de avaliação e a

perdas de boas oportunidades de investimentos.

Além da importância da avaliação de projetos ajustados ao risco e da falta

de pesquisas sobre o assunto no país, o enfoque que é dado ao ambiente

globalizado de hoje gera um valor especial ao estudo.

6

As empresas que buscam o mercado externo como uma alternativa de

investimento direto passam a enfrentar uma dificuldade adicional. Além da

complexidade habitual de avaliar os projetos da forma correta, ajustando-os

aos seus riscos específicos, os riscos envolvidos em um ambiente internacional

e a forma de tratá-los ainda são obscuros.

Uma contribuição ao cálculo do custo de capital acionário de empresas

brasileiras internacionalizadas pode auxiliar na avaliação de investimentos

diretos no exterior, evitando, assim, que boas oportunidades de projetos sejam

perdidas pela falta de conhecimento sobre sua valoração.

1.4 Delimitação do Estudo

O estudo será aqui delimitado no que se refere à forma de atuação no

exterior por parte da empresa, ao período de tempo em que o estudo se baseia

e ao objetivo da aplicação do CAPM nesta dissertação.

Uma empresa que decide atuar em mercados internacionais pode agir por

meio de dois diferentes tipos de processo. O primeiro consiste na ampliação

dos fornecedores e do mercado consumidor para fora dos limites territoriais

domésticos. Isso inclui atividades como a importação e a exportação de

matéria prima ou produtos acabados.

O segundo consiste no estabelecimento de subsidiárias em outros países

ou em investimentos diretos em ativos reais localizados no exterior. É

justamente este último aspecto que será abordado neste estudo.

Estaremos portanto calculando o custo de capital acionário de empresas

brasileiras que de fato possuem alguma atividade operacional no exterior. Essa

amostra de empresas foi escolhida a partir da base de dados do Núcleo de

Pesquisas em Internacionalização de Empresas (Pronex/CNPq–

Coppead/UFRJ) – NuPIn, em que constavam companhias com operação física

em outros países. Foram selecionadas, então, aquelas de capital aberto e as

7

que estivessem de acordo com a definição de empresa brasileira presente no

extinto Artigo 171 da Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de

outubro de 1988.

O intervalo de tempo em que se situa o estudo compreende o período de

abril de 1997 a março de 2002. Este período é particularmente especial por

englobar quatro grandes crises: da Ásia (1997), da Rússia (1998), do Brasil

(1999) e da Argentina (2001), além dos atentados terroristas em setembro de

2001. Certamente, o comportamento dos mercados e, conseqüentemente, o

retorno das ações foram influenciados por todos esses importantes

acontecimentos.

Além disso, este estudo parte do princípio que o CAPM é o modelo de

precificação de risco adequado para se estimar o custo de capital de uma

empresa, portanto, não tem como objetivo testar a metodologia do CAPM e

suas extensões, assim como não visa fornecer a estimativa correta para o

custo de capital dessas empresas. Esta dissertação visa, sim, comparar os

diferentes resultados obtidos a partir da aplicação dos modelos do CAPM.

A seguir, encontra-se a revisão de literatura organizada em sete capítulos.

No primeiro, será apresentada uma definição de internacionalização, além dos

possíveis benefícios gerados por ela. No segundo, será abordada a

importância do custo de capital nas decisões de investimento de uma empresa.

No terceiro, será exposto o conceito do custo de oportunidade de um projeto e

a forma como o custo de capital próprio se insere nos métodos de cálculo do

custo de capital de uma empresa. No quarto, serão apresentados os diferentes

modelos de precificação de risco existentes, sendo dado um enfoque especial

ao modelo CAPM, no quinto capítulo. Neste serão abordadas as controvérsias

do modelo CAPM, as dificuldades enfrentadas quando da sua aplicação e as

suas extensões. No sexto capítulo, antes de introduzirmos os modelos de

precificação de risco globais, serão colocados os conceitos de integração e

segmentação de mercados. E, posteriormente, serão apresentadas as

perspectivas teóricas e as evidências empíricas do impacto da integração dos

8

países no custo do capital acionário das empresas. No sétimo e último capítulo,

será apresentada uma síntese de toda literatura abordada.

9

2 REVISÃO DE LITERATURA

Ao longo desta seção será apresentada a teoria referente ao custo de

capital próprio de empresas internacionalizadas, abordando a sua relevância

na avaliação de projetos e os principais modelos de precificação de risco. Para

isso, serão apresentados conceitos fundamentais para um bom entendimento

do tema, como: internacionalização, integração e segmentação de mercados.

Serão apresentados, ainda, resultados de pesquisas importantes dentro da

área de finanças que certamente contribuirão para o nível global do trabalho.

2.1 Internacionalização

2.1.1 Definição

A internacionalização é um processo que leva à integração das economias

e das sociedades dos vários países do mundo, no que toca aos mercados

financeiros, à produção de mercadorias e serviços e à difusão de informações.

Para GUNDLACH; NUNNENKAMP (1996), a crescente interdependência

das economias ao redor do mundo é fruto do aumento do comércio e dos

fluxos de capitais e da progressiva cooperação tecnológica entre as empresas.

Tudo isso, somado à desregulamentação dos mercados financeiros, levou a

uma maior competição na economia mundial e a novas oportunidades de

investimentos.

KRUGMAN apud GUNDLACH; NUNNENKAMP (1996) lembra que um

aspecto particular da internacionalização é a possibilidade das empresas

alcançarem a fragmentação geográfica da sua cadeia de valor. Esse

movimento só foi possível graças à revolução da microeletrônica. A partir daí,

foram desenvolvidas tecnologias de produção e de distribuição de baixo custo

10

que tornaram viáveis o transporte internacional e a produção em diferentes

países.

Sobre esse aspecto, OLIVEIRA (2001) comenta que a internacionalização

tem tido um efeito significativo nas estratégias empresarias. Muitas companhias

têm se voltado ao mercado externo em busca dos benefícios prometidos pela

internacionalização.

Várias são as formas encontradas pelas empresas em busca da

internacionalização. A exportação de matérias primas ou produtos acabados,

por exemplo, é realizada através de envios diretos aos clientes no exterior ou

através de distribuidores localizados nos países receptores. Uma outra forma

utilizada é a transferência de know-how, mediante uma retribuição por parte da

empresa estrangeira. Por fim, os investimentos diretos podem ser feitos

mediante a construção de fábricas ou a implementação de empresas

equivalentes em mercados de especial interesse estratégico de forma a

aumentar a cobertura geográfica e a facilidade de penetração a nível mundial.

Como os investimentos diretos em mercados externos serão o foco deste

estudo, na próxima seção, serão descritos alguns dos benefícios desta forma

de internacionalização encontrados na literatura pesquisada.

2.1.2 Os benefícios dos investimentos diretos no exterior

PETTIT et al (1999) acreditam que existem dois principais motivos que

justificam o movimento de empresas em direção aos mercados internacionais.

De acordo com os autores, atualmente, o mercado de capitais pressiona as

empresas ao lhes exigir sinais de crescimento lucrativo no longo prazo. Dessa

forma, os investimentos diretos no exterior passam a fazer parte da estratégia

de muitas empresas, uma vez que esses movimentos representam novas

oportunidades de crescimento.

Um segundo benefício proveniente da atuação em mercados internacionais,

segundo os autores, se deve à redução do custo de capital acionário da

11

empresa por meio da redução do risco sistemático da carteira de seus

acionistas.

Neste caso em particular, a redução do custo de capital próprio só ocorrerá

se a diminuição da volatilidade de seus fluxos de caixa e lucros, proveniente do

estabelecimento de bases operacionais em diferentes países, for

acompanhada de uma redução no grau em que o preço de sua ação varia em

relação ao mercado.

Ainda conforme PETTIT et al (1999), a habilidade da empresa em

proporcionar indiretamente uma redução do risco de seus acionistas através da

diversificação internacional pode significar uma fonte importante de valor, caso

seus acionistas pareçam incapazes ou desinteressados em obter tal benefício

por conta própria. Muito embora JACQUILLAT; SOLNIK apud SOLNIK (2000) e

DADA; WILLIAMS apud SOLNIK (2000) tenham confirmado que o investimento

em ações de empresas multinacionais domésticas não é uma alternativa

melhor que a diversificação obtida pelo investimento em um portfólio de ações

internacionais.

Introduzido o cenário em que está inserido o presente estudo, podemos

prosseguir esclarecendo como o custo de capital se insere nas decisões de

investimento da empresa.

2.2 A Importância do Custo de Capital nas Decisões de

Investimento

Conforme observado por HORNE (1997), a criação de valor na empresa se

dá a partir de investimentos que forneçam um retorno além daquele exigido

pelo mercado pelo risco incorrido. A capacidade da empresa em gerar esses

excessos de retorno nos seus projetos está fortemente associada à estratégia

e à vantagem competitiva da empresa.

12

Segundo PORTER (1992), a estratégia competitiva é a busca de uma

posição competitiva favorável dentro de uma indústria e visa estabelecer uma

posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência

no setor.

Ainda conforme o autor, duas questões são essenciais na determinação da

rentabilidade e na escolha da estratégia competitiva de uma empresa. São

elas:

a) a atratividade da indústria em termos de rentabilidade a longo prazo e os

fatores que a determinam;

b) e os determinantes da posição competitiva relativa da empresa dentro

de uma indústria.

Já a vantagem competitiva:

“surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue

criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de

fabricação pela empresa. O valor é aquilo que os compradores

estão dispostos a pagar, e o valor superior provém da oferta de

preços mais baixos do que os da concorrência por benefícios

equivalentes ou do fornecimento de benefícios singulares que mais

do que compensam um preço mais alto”. PORTER (1992, p. 2)

Para que a empresa consiga, então, criar valor é preciso não só promover,

mas também identificar os projetos que ofereçam um excesso de retorno,

denominado pelos economistas de renda econômica. Para isso, é necessário

criar condições dentro da empresa para se alcançar uma vantagem competitiva

sustentável no longo prazo e mecanismos para se identificar a taxa de retorno

mínima aceitável em cada um dos projetos da empresa.

A partir do momento que a companhia consegue mensurar o risco

associado aos seus projetos e, conseqüentemente, o retorno mínimo exigido

13

por eles, passa a ser possível identificar as oportunidades em que se pode

alcançar uma renda econômica.

Tendo em vista a importância da determinação do custo de capital dos

investimentos da empresa na criação de valor e, conseqüentemente, na sua

sustentabilidade no longo prazo, será abordado a seguir o conceito que está

por trás do cálculo do custo de oportunidade de um projeto e como o custo de

capital próprio se insere nos métodos de cálculo do custo de capital da

empresa.

2.3 Custo de Oportunidade de Projetos

Conforme BREALEY; MYERS (2000) uma empresa deve descontar o fluxo

de caixa de um investimento pela taxa de retorno que os investidores esperam

obter em tal projeto. Para os autores, o verdadeiro custo de capital de um

investimento depende do risco do projeto e da forma com que a empresa

escolhe se financiar para realizá-lo.

HORNE (1997) menciona que a principal fonte de financiamento de uma

empresa é a emissão de títulos de dívida e ações, apesar de existirem outras

formas como opções, “leasing” e títulos conversíveis, por exemplo. O autor

acrescenta, ainda, que podemos pensar na taxa de desconto do projeto como

sendo o custo de se obter e ao mesmo tempo reter capital dos investidores.

Dessa forma, ainda de acordo com HORNE (1997), o retorno exigido num

projeto será uma combinação do custo dos diversos tipos de financiamento

adquiridos pela empresa, caso o projeto apresente o mesmo risco que os

atuais negócios da empresa. Neste caso, este custo será denominado de custo

de capital da empresa.

14

2.3.1 Custo de capital da empresa e do projeto

De acordo com BREALEY; MYERS (2000), muitas empresas utilizam os

seu custo de capital para descontar os fluxos de caixa de seus projetos. Essa

prática consiste em aceitar qualquer projeto, independente do seu risco,

contanto que ofereça um retorno acima do custo de capital da empresa.

Todavia, os autores destacam um problema existente nesta prática. O

projeto, por exemplo, pode não apresentar o mesmo perfil de risco da empresa.

Neste caso, a empresa estará exigindo o mesmo retorno tanto de projetos

arriscados como de seguros. A empresa poderá, com isso, rejeitar bons

projetos de baixo risco ou aceitar projetos ruins de alto risco.

Para os autores, cada projeto deveria ser avaliado pelo seu próprio custo de

oportunidade de capital, levando em consideração o seu perfil de risco e não o

risco do negócio da empresa como um todo.

Apesar dos problemas, BREALEY; MYERS (2000) ainda acreditam que o

cálculo do custo de capital da empresa tem sua importância na avaliação de

investimentos. Neste sentido, destacaram dois principais aspectos. Primeiro, o

custo de capital da empresa é considerado como a taxa de desconto correta

para aqueles projetos que possuem o mesmo risco que os negócios da

empresa. E segundo, mesmo que os novos projetos apresentem riscos

distintos ao da empresa, o seu custo de capital pode significar pelo menos um

bom ponto de partida.

Considerando a importância do custo de capital da empresa e a sua ampla

utilização, será abordado a seguir como os dois principais métodos de cálculo

do custo de capital da empresa, o WACC e o APV, se relacionam com os

custos das diversas formas de financiamento da empresa, em particular, o

custo de capital próprio.

15

2.3.2 Os diferentes custos de capital nos métodos de cálculo do

custo de capital da empresa.

2.3.2.1 Custo Médio Ponderado de Capital (WACC)

BREALEY; MYERS (2000) introduzem o WACC como um método bastante

utilizado em empresas no cálculo de seu custo de capital. Este método consiste

no cálculo da média ponderada dos custos de oportunidade marginal de cada

componente utilizado no financiamento da empresa. Como as empresas se

financiam de forma marginal para fazer um investimento em um novo projeto,

deve-se trabalhar também com um custo de capital marginal. Além disso, cada

um dos componentes é ponderado pelo seu valor de mercado.

Sendo assim, quando existem outras formas de financiamento diferentes do

capital próprio da empresa, o WACC é a taxa relevante em decisões de

investimento e não o retorno exigido pelos acionistas. Mesmo neste caso, o

custo de capital dos acionistas é uma taxa bastante importante no cálculo do

custo de capital empresa, uma vez que representa uma das parcelas da sua

estrutura de capital. Isso pode ser visualizado na relação a seguir:

VEr

VDTrWACC EcD ++++−−−−==== )1(

(1)

onde rD e rE representam, respectivamente, as taxas de retorno esperadas

pelos investidores nas dívidas e ações da empresa. D e E são o valor de

mercado corrente do capital de terceiros e próprio, e V é o valor total da

companhia (V = D + E). A taxa marginal de imposto sobre os rendimentos da

empresa, TC, é acrescentada à equação porque o custo da dívida é calculado

após os impostos.

16

2.3.2.2 Valor Presente Ajustado (APV)

O APV, método desenvolvido por Stewart C. Myers em 1974, é considerado

como uma alternativa ao uso do WACC no cálculo de custo de capital da

empresa. Baseado no método, o fluxo de caixa de um investimento é dividido

em duas partes: o fluxo de caixa operacional desalavancado e aquele

associado ao financiamento do projeto.

O valor presente líquido do investimento é calculado a partir do desconto de

cada uma das duas parcelas do fluxo de caixa. A primeira utiliza como custo de

oportunidade o retorno mínimo exigido pelo acionista nas ações

desalavancadas da empresa. Já a segunda parcela é descontada pelo custo de

capital de terceiros solicitado pela empresa.

Conforme mencionado, a determinação do custo de capital próprio é

bastante relevante tanto para aplicação do método do WACC como do APV.

Conseqüentemente, o cálculo do custo de capital acionário da empresa passa

a ser uma etapa essencial na avaliação de projetos e na sustentabilidade da

empresa.

O presente estudo não visa abordar o custo de capital de terceiros como

também não pretende se aprofundar no tema de custo de capital da empresa.

Seu objetivo é abordar em detalhe o custo de capital próprio de empresas

internacionalizadas. Para isso, foram aqui abordados a sua importância e o

lugar em que se insere nas decisões de investimento de uma empresa. Neste

sentido, na seção seguinte, iniciaremos a nossa abordagem sobre o tema custo

de capital próprio, foco deste estudo.

17

2.4 Modelos de Precificação de Risco

2.4.1 Importância

Ao se discutir o tema custo de capital próprio em empresas se faz

necessário abordar os diversos modelos de precificação de risco existentes.

Esses modelos são úteis na determinação do custo de capital próprio da

empresa, o que por sua vez pode levar ao custo de capital da companhia e de

seus projetos, caso estes possuam o mesmo perfil de risco que a empresa

como um todo.

A identificação dessa taxa de desconto, ou melhor, do retorno mínimo

exigido no projeto é extremamente relevante na determinação da viabilidade ou

não do investimento. A empresa não incorrerá em novos empreendimentos a

não ser que estes criem valor para ela, ou seja, forneçam um retorno além do

compatível com o custo de oportunidade do projeto.

O futuro da empresa no mercado está fortemente associado à escolha de

bons investimentos. Mas para isso, é preciso determinar as taxas de descontos

de seus projetos e, então, identificar aqueles que ofereçam um excesso de

retorno.

Tendo em vista a importância dos modelos de risco e retorno no cálculo do

custo de capital próprio e, conseqüentemente, nas decisões de investimentos

dentro de uma empresa, serão descritas a seguir as principais características

desses modelos, dando destaque especial ao CAPM, foco deste trabalho.

2.4.2 Modelos Existentes

A importância da medição do risco na avaliação de investimentos e o

surgimento dos modelos de gerenciamento de carteiras levaram ao

desenvolvimento de diversas teorias sobre como os ativos são precificados no

mercado em relação ao seu risco. Dentre os principais modelos de precificação

18

de risco podemos destacar o Modelo Fatorial, o Arbitrage Pricing Theory (APT)

e Capital Asset Pricing Model (CAPM).

SHARPE; ALEXANDER; BAILEY (1995) descrevem o Modelo Fatorial como

um modelo que busca capturar as principais forças econômicas que fazem os

preços dos ativos variar sistematicamente. Essas forças são chamadas de

fatores e geram variações em todos os preços dos ativos da economia, porém

em diferentes proporções em cada um deles.

Já o APT e o CAPM são considerados modelos de equilíbrio. Tais modelos

estimam o equilíbrio teórico dos preços dos ativos, dadas algumas premissas

acerca do mercado e do comportamento e expectativa do investidor.

O APT foi desenvolvido pelo Professor Stephen Ross, em 1976, e se

propõe a descrever uma estrutura de preços de ativos. O modelo considera

que os retornos dos ativos são influenciados por uma variedade de fatores, ao

contrário do CAPM que utiliza apenas um fator: o mercado. A mensagem

principal do APT é a de que a relação entre os retornos dos ativos e esses

fatores será linear desde que não haja oportunidades de arbitragem na

economia.

Como este trabalho está voltado ao uso do CAPM e suas extensões no

cálculo do custo do capital acionário de empresas, será dado um maior

enfoque a este modelo. A seguir será apresentada, então, uma descrição do

CAPM junto com as controvérsias existentes a seu respeito na literatura

financeira e as dificuldades de mensuração de seus parâmetros.

Posteriormente, serão brevemente citados dois exemplos de extensões do

CAPM, desenvolvidos a partir de modificações nas suas premissas originais. O

CAPM Global, considerado também como uma extensão do CAPM, é descrito

com mais detalhe na seção seguinte, uma vez que sua utilização faz parte do

objetivo principal deste trabalho.

19

2.5 CAPM

2.5.1 Derivação do Modelo

O CAPM é um modelo que, ao examinar o comportamento dos investidores

no mercado, procura descrever a relação de equilíbrio entre o risco e o retorno

dos ativos na economia. O modelo foi desenvolvido por William F. Sharpe e

John Lintner, em 1960, e é hoje exaustivamente descrito na literatura

financeira.

2.5.1.1 Premissas do Modelo

Como todo modelo, o CAPM é uma representação da realidade e, portanto,

se utiliza de algumas premissas para poder extrair a complexidade do ambiente

e focar nos elementos mais relevantes. Essas premissas são de certa forma

simplistas, mas necessárias para a construção do modelo, uma vez que trazem

maior viabilidade no tratamento matemático.

HAUGEN (2001), FABOZZI (1995) e SHARPE; ALEXANDER; BAILEY

(1995) citam as principais premissas do CAPM, que envolvem tanto o

comportamento e a expectativa dos investidores, como também algumas

particularidades do mercado:

a) os investidores escolhem seus portfólios baseados nas informações

de retorno e variância;

b) existe homogeneidade de expectativas entre os investidores, ou seja,

eles possuem expectativas iguais quanto ao retorno, à variância e à

covariância dos retornos dos ativos;

c) os investidores planejam seus investimentos para um mesmo

horizonte de tempo;

20

d) existe no mercado um investimento livre de risco e pode-se comprar

ou vender qualquer quantia do ativo a essa taxa de risco zero;

e) não existe entrave algum à livre circulação de informação e capital.

Em outras palavras, não existe nenhum custo de transação ao se

comprar ou vender um ativo, como também não são cobrados

impostos sobre dividendos, lucros ou ganhos de capital. Além disso,

todos os investidores no mercado têm acesso à mesma quantidade

de informação e não possuem restrições para vender a descoberto;

f) os investidores são racionais, aversos ao risco e aplicam a

ferramenta desenvolvida pelo Professor Harry Markowitz. Sendo

assim, todos os investidores e, conseqüentemente, a carteira de

mercado estão posicionados na fronteira eficiente.

2.5.1.2 Linha de Mercado de Títulos

A medida apropriada de risco no CAPM é a variância dos retornos, mas

somente aquela parcela que não pode ser diversificável. Esta parcela é

chamada de risco sistemático ou risco de mercado. O risco não diversificável é

medido através de uma estimativa beta e relacionado ao retorno esperado dos

ativos. A parte restante da variância do ativo é denominada de variância

residual e pode ser eliminada através da diversificação.

Essencialmente, o modelo afirma que o retorno esperado de um ativo ou

portfólio é igual à soma da taxa livre de risco e o seu prêmio de risco esperado.

Este, de acordo com o modelo, é igual ao produto entre o risco sistemático (β)

e a diferença do retorno da carteira de mercado e da taxa livre de risco.

iFMFi RRERRE ββββ])([)( −−−−++++==== (2)

SHARPE; ALEXANDER; BAILEY (1995) definem o portfólio de mercado (M)

como aquele composto de todos os ativos da economia, onde a proporção

investida em cada ativo corresponde ao seu valor agregado de mercado

21

relativo ao valor agregado de mercado de todos os ativos da economia. Os

autores lembram ainda que M é composto não só de ações ordinárias mas

também de outros tipos de investimentos, como por exemplo: títulos, ações

preferenciais, metais, obras de arte e até capital humano. Entretanto, na

prática, muitas pessoas restringem a carteira de mercado apenas às ações.

Esta relação entre o risco sistemático e o retorno esperado do ativo é

denominada de Linha de Mercado de Títulos (LMT). Esta é sempre linear e

positivamente inclinada. Nela estão representados todos os portfólios e os

títulos individuais da economia.

2.5.2 As Controvérsias do Modelo

Muito se tem discutido nas últimas duas décadas a respeito da

aplicabilidade do CAPM, ou seja, se o beta é uma boa medida de risco e se

está correlacionado ao retorno dos ativos.

Os primeiros testes empíricos que surgiram procuraram testar as

propriedades da LMT propostas pelo modelo – relação linear e positiva entre os

retornos dos ativos e seus respectivos betas.

BLACK; JENSEN; SCHOLES apud HAUGEN (2001) e FAMA-MACBETH

apud HAUGEN (2001) realizaram estes testes a partir de uma “proxy” da

carteira de mercado. Os resultados sugeriram não só que as propriedades

características da LMT existiam como também que o β parecia ser o único fator

que explicava as diferenças de retornos entre portfólios, o que dava suporte ao

modelo.

Porém, ROLL apud HAUGEN (2001) fez duras críticas aos primeiros testes

do CAPM, questionando sua validade. Para Roll a única forma de se testar o

modelo é verificando a eficiência da carteira de mercado. No entanto, como tal

carteira é composta de todos os ativos existentes no mundo, seria impossível

22

ter acesso a todos os retornos dos ativos que compõe tal carteira e, assim,

testar a sua eficiência.

Ainda segundo Roll, é verdade que se o portfólio de mercado é eficiente, a

relação do beta e dos retornos será perfeitamente linear e positiva. Porém, o

inverso não é sempre certo. Conseqüentemente, a validade do CAPM não

pode ser testada desta forma.

Mais recentemente, alguns testes vieram questionar se o beta é realmente

a melhor representação do risco de um ativo. FAMA; FRENCH apud

DAMODARAN (1997), por exemplo, não encontraram relação positiva entre os

betas e os retornos. E observaram, ainda, que outras variáveis, como tamanho

e valor contábil, explicavam melhor a diferença de retornos entre os ativos.

Vários outros testes surgiram contestando ou dando suporte aos resultados

obtidos pelos testes que invalidam o beta como uma boa medida de risco. O

que fica claro com isso, é que a academia ainda não chegou a uma posição

definitiva quanto à validade do modelo.

Apesar das constantes críticas ao CAPM, destaco um trecho que evidencia

o apoio à teoria e a sua ainda extensa utilização pelo mercado:

“Because of its simplicity, the CAPM is widely used, both in

the security industry and in corporate finance. (…) We recognize

that the market equilibration process is complex and that the CAPM

cannot give a precise measurement of the required return for a

particular company. Still the CAPM trade-off between risk and

return is a useful guide for approximating capital cost and allocating

capital to investment projects”. HORNE (1997, p. 76)

2.5.3 Dificuldade na Mensuração dos Parâmetros

A estimação do custo de capital acionário utilizando o CAPM apresenta três

componentes essenciais: a taxa livre de risco, o beta e o prêmio de risco do

23

mercado. Cada um destes parâmetros possui um conceito ex-ante, ou seja,

devem refletir as estimativas do investidor para o futuro.

Infelizmente, seus valores não estão disponíveis no mercado e por isso

devem ser estimados. Na prática, essa estimação pode ser obtida por meio de

dados históricos, assumindo que o que ocorreu no passado é uma boa

representação do que acontecerá no futuro, ou ainda, por meio de

prognósticos.

Existe uma série de controvérsias quanto à forma como cada um dos

parâmetros do modelo deve ser estimado. Essas questões são importantes,

uma vez que impactam nos resultados obtidos pelo modelo. Levando isso em

consideração, nesta seção, serão apresentadas algumas das dificuldades que

envolvem a estimação dos parâmetros do modelo.

2.5.3.1 O ativo livre de risco

Baseado na teoria financeira, o ativo livre de risco passível de ser aplicado

no modelo CAPM, deve apresentar algumas características importantes: (1) ser

tomado ou emprestado indistintamente por todos os investidores; (2) possuir

um desvio padrão dos seus retornos igual a zero e, conseqüentemente, um β

também igual a zero; (3) ter um retorno fixo e sem possibilidades de não

pagamento (“default”) em seu vencimento; e (4) ter seu prazo de vencimento

coincidente com o período do investimento em análise.

Obviamente, encontrar na economia um ativo com todas essas

características passa a ser uma tarefa impossível, o que leva muitos a procurar

aproximações no mercado capazes de substituí-lo da melhor forma possível.

De acordo com HORNE (1997), existe consenso que a taxa livre de risco

utilizada no CAPM possa ser a dos títulos do governo, como por exemplo, os

“Treasuries” nos EUA, que não apresentam risco de “default”.

24

Entretanto, o autor destaca que não há acordo entre investidores quanto ao

vencimento desses títulos. Diferentes maturidades podem levar a diferentes

resultados de retornos esperados, uma vez que, geralmente, títulos de longo

prazo possuem taxas superiores aos de prazos intermediários, que por sua

vez, são maiores que as de curto prazo. Segundo PETTIT; STERN STEWART

& CO (1999), a utilização dos títulos do governo tanto de curto como de longo

prazo possui pontos fracos e fortes.

Por outro lado, BOTH (1999) não acredita que títulos do governo sejam

livres de risco. O autor afirma que tais títulos apresentam sim diversos riscos,

como os de não pagamento, confiscos e hiperinflação; e adiciona o fato dos

títulos do tesouro americano poderem ser mais arriscados que o mercado de

ações, dependendo do horizonte de tempo escolhido. Os betas de títulos do

tesouro americano, por exemplo, calculados anualmente em um intervalo de 10

anos, ou mensalmente durante 5 anos, partiram de níveis insignificantes nos

anos 70, para valores entre 0,4 e 0,8, nos anos 90.

PETTIT; STERN STEWART & CO (1999) vão ao encontro de BOTH (1999)

quando afirmam que os retornos dos títulos de longo prazo do governo

americano têm tido uma correlação positiva com o retorno do mercado de

ações, desde 1950, o que significa que esses títulos possuem risco

sistemático. Os betas desses títulos variaram, por exemplo, de 0 a 0,44, nos

últimos 50 anos.

No caso do Brasil, SILVEIRA; BARROS; FAMÁ (2002) realizaram um

estudo acerca da adequação de algumas aproximações para a determinação

da taxa livre de risco no país. Segundo os autores, o título C-Bond mostrou-se

inadequado por possuir correlação estatisticamente significante com o

IBOVESPA, além de incorporar em seu retorno o pagamento pelo risco de

“default”. Já a caderneta de poupança, assim como os Certificados de

Depósitos Interbancários (CDI), mostraram-se condizentes com o conceito

teórico de taxa livre de risco, com correlação insignificante com os outros ativos

da economia e desvio padrão de retornos também desprezível.

25

2.5.3.2 O Beta

O risco sistemático é definido pelo modelo como a covariância esperada

entre o retorno do ativo e o mercado, dividida pela variância do retorno do

mercado. Tal parcela é chamada de fator beta teórico, β (ex-ante). Na prática, o

β é estimado baseado no grau em que a série de excessos de retornos

históricos do ativo varia com os excessos de retornos históricos do mercado.

Em termos estatísticos, ela é a porcentagem da variação do prêmio de risco do

ativo que pode ser explicada pela variação do prêmio de risco do mercado.

Neste caso, utiliza-se uma “proxy” da carteira de mercado e o resultado

encontrado é um beta histórico (ex-post).

De acordo com FABOZZI (1995), um dos maiores problemas na estimação

do beta está na sua variação ao longo do tempo. E para ele existem pelo

menos duas fontes de instabilidade.

A primeira está no seu uso como único fator de risco sistemático. De acordo

com FABOZZI (1995), modelos de multifatores têm mostrado que as ações

possuem diferentes fontes de risco sistemático. Sendo assim, qualquer fator

que pretenda agregar todas as fontes de risco sistemático que afetam o retorno

da ação tende a parecer instável, a medida que as demais variáveis de risco se

alteram.

BARTHOLDY; PEARE (2001) mostraram que, para algumas ações da

NYSE negociadas 95% do tempo, a habilidade do beta em explicar as

diferenças de retornos entre as ações em períodos subsequentes variava de

0,01% a 11,73% ao longo dos anos, e na melhor das hipóteses chegava a uma

média de 3%. O estudo evidenciou que mesmo em ótimas circunstâncias o

beta possuía pouco poder de explicação.

A segunda fonte de instabilidade do beta está na definição do intervalo de

tempo no qual os retornos serão medidos para a determinação dos betas.

Dependendo do intervalo de tempo escolhido pode-se chegar a resultados

distintos. Pode-se utilizar, por exemplo, tanto observações semanais dos

26

retornos ao longo de um ano, como também mensais ao longo de cinco anos.

Em ambos os casos obtém-se, praticamente, o mesmo número de

observações.

A questão está no fato da teoria não mencionar nada a respeito da

freqüência com que os retornos devem ser observados e também não

especificar o número de observações que deve ser utilizado. A única menção a

respeito do assunto vem da metodologia estatística empregada que diz que um

número maior de observações gerará um beta mais confiável estatisticamente.

Contudo, para isso deve-se assumir que as variáveis econômicas que afetam o

beta não variam ao longo do período escolhido.

A recomendação padrão usada por muitos serviços internacionais como,

por exemplo, Ibbotson e Economática, é a do uso de dados mensais durante

um período 60 meses e de um índice ponderado pelo valor de mercado.

Todavia, BARTHOLDY; PEARE (2001) evidenciam o reduzido número de

pesquisas que dão suporte a tal recomendação. Em seu artigo, os autores

procuraram avaliar os diversos métodos utilizados na estimação do beta,

usando diferentes frequências de dados, períodos e índices. BARTHOLDY;

PEARE (2001) chegaram à conclusão de que a estimativa mais eficiente do

beta é obtida por meio de uma série mensal de dados de cinco anos, porém

com um índice igualmente ponderado, ao contrário do que é recomendado.

Já para PETTIT; STERN STEWART & CO (1999), apesar do período de 60

meses ser o mais comumente aplicado, outros períodos podem ser mais

apropriados dependendo das circunstâncias. Os autores aconselham uma

avaliação qualitativa na escolha do trecho da história e da extensão da série de

retornos que será utilizada.

27

2.5.3.3 O Prêmio de Risco

Ao se estimar o prêmio de risco utilizando dados históricos é preciso levar

uma série de questões em consideração. Cada uma dessas questões pode ter

um impacto significativo no prêmio de risco obtido.

HORNE (1997) cita que as variações do prêmio de risco podem ser fruto do

tipo de média utilizada, aritmética ou geométrica, e da maturidade do ativo livre

risco, tendendo a valores mais elevados quando as taxas de risco zero são

mais baixas. Para WELCH (2000), as variações podem também ser

conseqüência do intervalo de tempo escolhido e da carteira de mercado

utilizada.

Há ainda os que questionam se os retornos passados são uma boa

previsão do futuro. Segundo STULZ (1999) o uso de séries históricas na

estimação do prêmio de risco é uma prática segura caso se acredite que o

prêmio de risco é relativamente estável ao longo do tempo.

Para BOTH (1999), é improvável que o prêmio de risco americano sobre

títulos de longo prazo tenha sido constante no tempo, já que o risco do

mercado de títulos de dívida dos EUA cresceu significativamente ao longo dos

últimos 20 anos, chegando a se igualar ao mercado de ações em algumas

vezes.

JAGANNATHAN; McGRATTAN; SCHERBINA (2001) vão ao encontro de

BOTH (1999) ao identificarem que o prêmio de risco americano vem

diminuindo, significativamente, nos últimos 30 anos. Isso significa que o prêmio

de risco calculado através de uma série longa de dados históricos pode não ser

mais uma boa estimativa para o futuro. Portanto, existem poucas razões para

se acreditar na estabilidade do prêmio de risco ao longo do tempo.

WELCH (2000) menciona que não existe uma definição precisa e nem uma

harmonia quanto à forma como o prêmio de risco deve ser computado e

aplicado. Em função disso, ele destaca a enorme discrepância que existe nas

28

estimativas dos prêmios de risco esperado, variando de -10% a +20%,

dependendo da maneira como for realizada a previsão.

Esta seção evidencia a dificuldade de se aplicar o CAPM, uma vez que uma

série de questões envolvendo a mensuração de seus parâmetros gera dúvidas

quanto à confiabilidade de seus resultados. Os praticantes do modelo devem

estar a par destes entraves e dos limites que estes impõem a qualquer

pesquisa empírica nesta área. Portanto, a cautela e o espírito crítico são

características essenciais de qualquer um ao avaliar os valores resultantes do

modelo.

A seguir, serão apresentados alguns modelos que foram gerados a partir do

CAPM e da alteração de algumas de suas premissas.

2.5.4 Extensões do CAPM

Muitas das premissas do CAPM não refletem a real situação econômica dos

mercados e o comportamento dos investidores. Neste sentido, com o intuito de

se criar modelos que estivessem mais de acordo com a realidade, muitos

estudiosos desenvolveram modelos alternativos a partir de modificações nas

premissas originais do CAPM. A versão zero-beta do CAPM, desenvolvida por

Fischer Black e o modelo de multifatores do CAPM de Robert Merton são

exemplos de tais tentativas.

Fischer Black acredita na validade do CAPM, porém, para ele, são

necessárias algumas modificações. Ele examinou o comportamento do modelo

na ausência de um ativo livre de risco e chegou a uma forma diferente do

original.

O modelo revisado supunha que se poderia construir um portfólio de beta

nulo capaz de substituir o ativo livre de risco. Este portfólio seria construído a

partir da combinação de diversos ativos de risco, num ambiente em que não

houvesse nenhuma restrição para a venda a descoberto.

29

Já Robert Merton adaptou o CAPM considerando outros fatores de risco,

além do mercado. Basicamente, o modelo diz que os investidores também

querem ser recompensados pelas outras fontes de risco a que estão sujeitos.

Os ativos devem, então, ser precificados com base nos prêmios de risco que

refletem a compensação exigida. O retorno esperado do modelo equivale ao

retorno esperado do CAPM original mais uma série de prêmios de riscos

referentes aos demais riscos envolvidos.

O CAPM Global é também considerado como uma extensão do CAPM

original. Porém, como um dos objetivos deste trabalho é calcular o custo de

capital acionário de empresas brasileiras com operação física no exterior

através da metodologia do CAPM Global, se faz necessário abordá-lo com

mais detalhe. Neste sentido, será apresentado, a seguir, uma revisão da

metodologia do CAPM Global, seguindo os moldes da revisão realizada em

LEAL (2000).

2.6 CAPM GLOBAL

2.6.1 O Conceito de Integração e Segmentação dos Mercados

Conforme SOLNIK (2000), um mercado é segmentado quando ativos que

possuem o mesmo risco são listados em diferentes mercados com preços

também distintos na moeda comum. A definição de mercado integrado dada

pelo autor vai ao encontro da definição de SCHRAMM; WANG (1999), em que

afirmam que um mercado é considerado integrado quando há livre circulação

de capital entre os países capaz de eliminar qualquer oportunidade de

arbitragem.

EHRHARDT (1994) define mercado segmentado como aquele em que os

preços dos ativos são definidos independentemente dos preços em outros

mercados financeiros. Isso significa que o investidor segmentado, que está

estimando os retornos no seu mercado, se comporta como se não tivesse

30

acesso a nenhuma informação de outros mercados internacionais. Por outro

lado, se os mercados são totalmente integrados, os preços são estabelecidos

por um conjunto de investidores que vêem o mundo como um mercado único.

2.6.2 Os diversos modelos existentes

Antes de introduzir os diversos modelos do CAPM Global se faz necessário

esclarecer do que consiste o modelo denominado pela literatura financeira de

CAPM Local. Dessa forma, pretende-se proporcionar uma clara diferenciação

entre as duas abordagens, local e global, já que ambas, particularmente, serão

desenvolvidas e aplicadas ao longo deste estudo.

2.6.2.1 CAPM Local

Conforme dito anteriormente, o portfólio de mercado M utilizado no modelo

original do CAPM é definido como aquele composto de todos os ativos da

economia.

STULZ (1995) introduz o CAPM Local partindo das premissas do CAPM

original. O autor, porém, acrescenta algumas características específicas com

relação ao mercado e, em particular, à definição da carteira de mercado

utilizada no modelo.

No CAPM Local, assume-se que o mercado é segmentado, ou seja, os

investidores locais não podem investir em mercados internacionais e, ao

mesmo tempo, os investidores internacionais estão proibidos de investir neste

mercado local. Conseqüentemente, a economia restringe-se somente ao país

em questão. A carteira de mercado passa a englobar, então, todos os ativos

deste país, e não os da economia como um todo.

Considerando que o país é isolado do restante do mundo, o prêmio de risco

de um ativo doméstico obtido a partir do CAPM Local apresenta uma relação

31

linear com o prêmio de risco da carteira de mercado local, conforme a equação

a seguir:

iDFDFiD RRERRE ββββ])([)( −−−−++++==== (3)

onde RF é a taxa livre de risco, βiD é a covariância entre o retorno da carteira de

mercado doméstico, RD, e o retorno do ativo, RiD, dividida pela variância do

retorno do mercado local.

Esclarecido o conceito em que se baseia o CAPM Local, podemos, agora,

introduzir o CAPM Global e suas diversas extensões.

2.6.2.2 CAPM Global Simples

Conforme STULZ (1995), ao contrário do CAPM Local, o CAPM Global

Simples considera o mercado doméstico completamente integrado aos demais

mercados do mundo. Neste caso, a carteira de mercado que minimiza a

variância dos investidores do mercado doméstico não é a carteira que abrange

os ativos deste país, mas sim os ativos de todos os países acessíveis a estes

investidores locais. Esta carteira de mercado é chamada de portfólio de

mercado global.

STULZ (1995) enfatiza que o portfólio de mercado global inclui mais ativos

que a carteira de mercado local, porém não inclui todos os ativos existentes no

mundo, como a carteira M definida no CAPM original. Os títulos negociados em

mercados fechados e, portanto, inacessíveis aos investidores domésticos

fazem parte do mercado mundial M, mas não pertencem à carteira de mercado

definida pelo CAPM Global Simples.

STULZ (1999) afirma que, num mercado integrado, investidores com

portfólios globais diversificados irão medir o risco individual dos ativos pela sua

contribuição à volatilidade da carteira global. Este risco é chamado de beta

global e é definido pela covariância entre o retorno do ativo e o retorno da

32

carteira de mercado global, dividida pela variância do retorno do mercado

global.

O retorno esperado de um ativo, E (RiG), se relaciona com o prêmio de risco

da carteira de mercado global, [E(RG) -RF], e seu risco sistemático, βiG,

segundo a equação a seguir:

iGFGFiG RRERRE ββββ])([)( −−−−++++==== (4)

STULZ (1995) lembra que o impacto das flutuações das taxas de câmbio

nos preços dos ativos é uma questão importante quando se trata de um

ambiente internacional. O CAPM Global Simples, descrito pelo autor, lida com

isso assumindo que os desvios da Paridade do Poder de Compra (PPC) não

são importantes o suficiente para afetar os preços dos ativos neste mercado

integrado.

Segundo SOLNIK (2000), a PPC sustenta que os movimentos na taxa de

câmbio devem ser completamente compensados pelo diferencial de inflação

entre os dois países. Tal relação pode ser expressa da seguinte forma:

0)](1[)](1[

SS

IEIE t

D

X ====++++++++

(5)

onde, E(IX) e E(ID) representam a inflação esperada internacional e doméstica,

respectivamente. S0 é a taxa de câmbio “spot” no início do período, ou melhor,

o preço de uma unidade da moeda local em moeda estrangeira, e St é a taxa

de câmbio “spot” no final do período.

SCHRAMM; WANG (1999) afirmam que, embora a PPC não seja válida no

curto prazo, um grande número de estudos sugere que no longo prazo (num

período além de 10 anos) a relação parece valer. Em outras palavras, existe

uma tendência da taxa de câmbio, que divergiu do valor estimado pela PPC,

convergir para tal valor em cerca de 10 anos ou mais.

33

Neste caso, considerando a PPC válida, não existem diferenças na

demanda por moedas entre os investidores e, conseqüentemente, o CAPM

Global Simples não precisa precificar o efeito das taxas de câmbio no cálculo

do custo de capital próprio. Este modelo, especificamente, será utilizado ao

longo deste estudo e nos auxiliará a responder à pergunta da dissertação.

O modelo que será brevemente apresentado na próxima seção também

considera a PPC válida. Dessa forma, o custo de capital acionário é obtido

somente em função do risco de mercado global, uma vez que este é

considerado integrado.

2.6.2.3 CAPM de Beta Duplo

STULZ (1995) introduz o modelo CAPM de Beta Duplo afirmando que, se o

mercado doméstico é integrado ao mercado global, o retorno esperado de um

ativo, E (RiGD ), quando calculado pelo CAPM Local, deve se relacionar com o

prêmio de risco da carteira de mercado doméstico, βDG [(E(RG) -Rf)], da

seguinte forma:

])([)( FGDGiDFiDG RRERRE −−−−++++==== ββββββββ (6)

onde βiD é a covariância entre o retorno do mercado doméstico e o retorno do

ativo, dividida pela variância do retorno do mercado doméstico. Já o βDG

representa o beta global do mercado doméstico, definido como a razão entre a

covariância do retorno do mercado global e o do mercado doméstico e a

variância do retorno do mercado global.

STULZ (1995) destaca que o prêmio de risco do mercado doméstico da

forma como foi representado na equação acima é correto quer o mercado seja

segmentado, quer seja integrado ao resto do mundo. O CAPM de Beta Duplo

permite que o portfólio global afete o custo de capital próprio do ativo somente

por meio do efeito que ele produzirá no prêmio de risco do mercado doméstico,

e não por meio do βiD.

34

O autor enfatiza, contudo, que o resultado do custo de capital próprio obtido

através deste modelo somente fornece o mesmo valor que o modelo do CAPM

Global Simples se a parcela do risco do ativo, que não é correlacionada com o

mercado doméstico, εID, também não se correlaciona com o mercado global. A

condição para que os resultados do CAPM de Beta Duplo e CAPM Global

Simples sejam equivalentes foi apresentada por STULZ (1995) e encontra-se a

seguir:

)(),(var

* 2G

GiDDGiDiG R

RiânciaCoσσσσ

εεεεββββββββββββ ++++==== (7)

onde, βiG e βDG representam os betas do ativo e do mercado doméstico com

relação à carteira de mercado global, respectivamente. βiD foi obtido através da

regressão dos retornos do ativo com os do mercado doméstico.

Isso significa que se uma empresa possui uma parte de seu risco

diversificável no ambiente doméstico mas não no global, seu custo de capital

obtido através do modelo de Beta Duplo fornecerá um valor menor do que o

obtido pelo CAPM Global Simples.

Devido a essa restrição, foi decidido não utilizar este modelo como

alternativa à aplicação do CAPM Global Simples no desenvolvimento do

presente estudo.

2.6.2.4 CAPM Global e Regional

Este modelo, introduzido em CLARE; KAPLAN apud IBBOTSON

ASSOCIATES (2001), parte do princípio que os mercados não são nem

totalmente segmentados nem totalmente integrados. Sendo assim, nem o

CAPM Local nem o Global Simples são apropriados nessas condições. Uma

alternativa razoável é acrescentar não só a interação do mercado doméstico

com o mercado global, mas também a sua interação com a região geográfica

em que o país está localizado.

35

Neste caso, o custo do capital acionário e os prêmios de risco de mercado

se relacionam da seguinte forma, de acordo com o modelo:

)()( RDRGDGFe PRPRRR ββββββββ ++++++++==== (8)

onde, Re representa o custo do capital próprio em um determinado país e RF a

taxa livre de risco. βDG e βDR representam o beta do mercado doméstico com

relação ao mercado global e mercado regional, respectivamente. PRG é o

prêmio de risco esperado no mercado global e PRR é a parte do ágio pelo risco

de mercado regional que não está sendo considerado pelo PRG.

Este modelo, particularmente, não será utilizado neste estudo, já que

iremos considerar o mercado totalmente integrado quando aplicarmos o CAPM

Global Simples.

Os modelos apresentados acima são exemplos de modelos que não

consideram o risco cambial como um fator relevante para o cálculo do custo de

capital acionário, uma vez que consideram a PPC válida. O CAPM Global de

Dois Fatores, que será descrito a seguir, é um exemplo de modelo que relaxa

esta premissa e leva em consideração o risco cambial na precificação do custo

de capital próprio, além do fator mercado.

2.6.2.5 CAPM Global de Dois Fatores: mercado global e risco cambial

SCHRAMM; WANG (1999) se baseiam nas seguintes premissas ao

utilizarem o CAPM Global com o risco de mercado e a surpresa cambial:

a) a PPC não é válida;

b) a taxa de inflação em cada país é constante;

c) e a taxa de câmbio segue um movimento aleatório.

Os autores se apoiaram em estudos que indicam que a PPC não é válida

no curto prazo ao estabelecerem a primeira premissa. Quanto à segunda, eles

36

assumem que a variação da inflação tem um efeito relativamente insignificante

na precificação do custo de capital próprio.

Tomando as três premissas em conjunto, os autores afirmam que uma

possível variação nos preços dos ativos não é contrabalançada pelos

movimentos na taxa de câmbio. Dessa forma, é preciso considerar o efeito do

risco cambial no cálculo do custo de capital acionário.

Pelo modelo, o retorno do ativo apresenta uma relação linear com o risco de

mercado e o risco cambial, segundo a equação a seguir:

γγγγββββ0

)(])([)(S

SFRRERRE ttiGFGFi

−−−−++++−−−−++++==== (9)

onde a primeira e a segunda parcela, do lado direito da equação, são

equivalentes àquelas do modelo do CAPM Global Simples. Já a terceira visa

mensurar o efeito da surpresa cambial no retorno esperado do ativo. Esta

parcela se repetirá na equação para cada moeda de efeito relevante na

estimação do custo de capital acionário de uma empresa.

O prêmio de risco cambial é representado pelo produto entre 0

)(S

SF tt −−−−

e a

sensibilidade do retorno do ativo em relação a uma apreciação ou depreciação

da taxa de câmbio, gama (γ). Os valores de β e γ vão depender das

características particulares de cada empresa.

Um outro modelo, introduzido por ROSS; WALSH apud MISHRA; O’BRIEN

(2001) também leva em consideração o risco cambial. Partindo do princípio que

é praticamente inviável levar em conta o risco cambial de todas as moedas que

influenciam o custo de capital acionário de uma empresa, os autores chegaram

a um modelo mais simplificado:

iXFXiGFGFi RRXERRERRE ββββββββ ])([])([)( −−−−++++++++−−−−++++==== (10)

As duas primeiras parcelas são iguais àquelas do CAPM Global Simples.

Com relação à terceira parcela, E(X) representa a taxa de retorno esperada em

37

um índice de moedas estrangeiras e RX é a composição das taxas livre de risco

das moedas presentes neste índice. A sensibilidade do retorno acionário de

uma empresa em relação às variações do índice de moedas e o diferencial de

taxas livre de risco é expressa pelo βiX.

Não iremos utilizar este último modelo de dois fatores já que estamos

considerando somente o dólar como moeda internacional relevante para o

cálculo do custo de capital acionário das empresas, o que não torna a

aplicação do modelo de SCHRAMM; WANG (1999) complexa. Sendo assim, a

partir deste momento quando mencionarmos CAPM Global de Dois Fatores

estamos nos referindo ao modelo de SCHRAMM; WANG (1999).

Apresentados os conceitos de segmentação e integração de mercados e

alguns dos modelos de precificação de risco em mercados integrados, pôde-se

perceber que antes de se estimar o custo de capital de uma empresa é

necessário julgar dois pontos importantes. São eles:

a) o mercado é segmentado ou integrado?

b) a PPC é válida, ou seja, o efeito do risco cambial no custo de capital

próprio da empresa deve ser precificado?

Tais questões se analisadas de forma errada podem levar a resultados

incorretos do custo de capital acionário e, conseqüentemente, a decisões de

investimentos equivocadas.

Baseado nisso, as seções seguintes pretendem mostrar em que a literatura

financeira vem contribuindo com relação ao efeito da integração no custo de

capital próprio, à evidência da integração dos mercados da atualidade e ao

poder de explicação de modelos que ignoram o efeito do risco cambial.

38

2.6.3 O efeito da integração dos mercados no custo de capital

próprio: perspectiva teórica

Antes de abordar o efeito da integração no custo de capital acionário, é

necessário considerar o impacto de uma carteira internacionalmente

diversificada no retorno acionário de uma empresa, sob a perspectiva do

investidor.

Um mercado perfeitamente integrado permite que investidores tenham livre

acesso aos títulos listados nos mercados internacionais. Como existem

evidências consideráveis de que os retornos entre os diferentes mercados são

pouco correlacionados, os investidores internacionais podem se beneficiar com

a diversificação das suas carteiras. Essa diversificação leva a um risco

significativamente menor do que aquele em uma carteira doméstica com o

mesmo nível de retorno esperado.

A implicação teórica disso é que a carteira de mercado doméstica não é

mais apropriada no contexto da fronteira eficiente de Markowitz, para um

mercado integrado. A definição apropriada da carteira de mercado afeta

diretamente o uso do CAPM e, conseqüentemente, o valor do custo do capital

próprio da empresa.

STULZ (1999) acredita que, de acordo com a teoria financeira, uma das

principais conseqüências da integração dos mercados é o aumento dos preços

das ações de empresas situadas em países tanto desenvolvidos quanto em

desenvolvimento. Essa elevação no valor das ações é resultado de uma

diminuição do custo de capital próprio.

Para o autor, tal redução se dá, principalmente, por dois motivos:

a) a oportunidade de diversificação em um mercado integrado;

b) e a melhoria no sistema de governança corporativa.

39

Este último caso é especialmente importante para as empresas de países

em desenvolvimento que passarão a receber um controle mais rigoroso por

parte dos investidores e das instituições especializadas. Este monitoramento,

por sua vez, oferece maior transparência ao mercado e gera uma maior

confiança dos investidores com relação à capacidade de criação de valor da

empresa.

Explicitada a posição da teoria financeira quanto ao efeito da integração no

custo de capital próprio, serão examinadas, a seguir, as evidências empíricas

sobre o assunto.

2.6.4 Evidência empírica do impacto da integração no custo de

capital

Nesta seção, serão descritos alguns testes que procuraram evidenciar o

efeito da integração no custo de capital próprio. Os testes apresentam-se

divididos em três partes: (1) aqueles que fizeram uso de portfólios de mercado

de diferentes países para observar o poder de previsão do CAPM Global; (2) os

que compararam os resultados entre CAPM Local e o Global, partindo da

premissa que o mercado é integrado e (3) os que fizeram uso dos estudos de

eventos.

2.6.4.1 O poder de previsão do CAPM Global

HARVEY apud STULZ (1999) usou os retornos históricos de 17 países

diferentes, entre 1970 e 1989, com o objetivo de diagnosticar o poder de

explicação do CAPM Global.

O prêmio de risco de cada país foi calculado segundo o modelo do CAPM

Global, por meio da multiplicação do prêmio de risco do mercado global pelo

beta do país em relação a tal mercado.

40

Segundo o estudo de Harvey, 14 dos 17 países obtiveram, mais tarde, um

retorno que era estatisticamente indistinguível daquele estimado pelo CAPM

Global, dando suporte ao modelo. Entretanto, o modelo falhou na previsão dos

retornos do Japão, Noruega e Áustria. No caso do Japão, o autor atribui a falha

aos elevados retornos das ações japonesas, nos anos 80, que levaram a uma

superestimação do prêmio de risco do país.

DESANTIS; GERARD apud STULZ (1999), utilizando métodos distintos de

Harvey, também deram suporte ao CAPM Global. O estudo utilizou os retornos

mensais de 8 países, entre 1970 e 1994.

BEKAERT; HARVEY apud STULZ (1999), ao contrário dos testes

anteriores, voltaram seus estudos à precificação das ações de mercados

emergentes. Os autores se basearam na hipótese de que quando um país se

torna mais integrado, seu custo de capital passa a depender mais de seu beta

em relação ao mercado global. Os resultados sugeriram o CAPM Global como

o modelo mais confiável na previsão dos retornos das ações desses países.

2.6.4.2 CAPM Local x CAPM Global

Com o intuito de se observar o efeito da integração no custo de capital,

SCHRAMM; WANG (1999) estimaram o custo de capital de 18 companhias por

duas formas diferentes:

a) assumindo o mercado segmentado e utilizando o CAPM local;

b) e considerando o mercado integrado usando o CAPM Global com

risco cambial.

Foram utilizados os retornos mensais entre os anos 1975 e 1997 do S&P

500 e MSCI, que representam uma “proxy” do mercado local americano e

global, respectivamente. Os resultados obtidos foram consistentes com o

esperado pela teoria. As médias dos betas e dos custos de capital das

41

empresas foram significativamente menores quando considerado o mercado

integrado.

Entretanto, quando analisados os resultados de cada empresa,

separadamente, os autores identificaram que algumas delas apresentavam

maiores custos de capital quando utilizado o CAPM Global.

SCHRAMM; WANG (1999) atribuíram esse fato à influência do fator risco

cambial presente no cálculo do custo de capital acionário em mercados

integrados. Caso este fator fosse ignorado no cálculo, observar-se-ia que os

custos de capital próprio dessas empresas também seriam menores em um

mercado integrado, se comparados aos resultados obtidos em um mercado

segmentado.

STULZ (1995) defende o uso do CAPM Global no cálculo do custo de

capital acionário de empresas cujas ações são negociadas num mercado de

capitais globalizado e integrado. O autor demonstrou por meio do caso da

Nestlé que o custo do capital acionário de uma empresa é afetado quando

utilizado o CAPM Local ou o Global. Assumindo a integração dos mercados, o

custo de capital próprio da Nestlé foi superestimado quando utilizado o CAPM

Local. Na análise de Stulz, o CAPM Local se baseou no índice de mercado

local suíço e o Global no MSCI.

MISHRA; O’BRIEN (2001) estimaram o custo do capital próprio de uma

ampla amostra de empresas listadas no mercado americano composta de

2.989 ações americanas e 118 ADRs, dos quais 70 eram de países

desenvolvidos e as demais de países emergentes.

Os autores utilizaram três modelos diferentes para estimar o custo do

capital acionário: o CAPM Local, o CAPM Global de um fator (índice de

mercado global) e o CAPM Global com um fator de risco adicional, o risco

cambial.

42

Os retornos mensais dos índices S&P 500 e MSCI, entre o período de 1995

e 1999, foram utilizados como os retornos do mercado local e global,

respectivamente. O “Major Currency Index”, que inclui moedas dos países que

compõe o G-10 e de outros países da Europa e o dólar australiano, por

exemplo, foi utilizado para a precificação do risco cambial. E finalmente, o “T-

Bond” americano foi usado com uma aproximação do ativo livre de risco.

O objetivo do estudo era comparar os resultados obtidos em cada modelo e

observar se as diferenças entre eles eram empiricamente significativas, tanto

para a amostra como um todo quanto para as ações avaliadas individualmente.

Nesta seção, serão abordados somente os resultados provenientes da

comparação entre o uso do CAPM Local e o Global Simples.

Segundo MISHRA; O’BRIEN (2001) a interpretação das diferenças de

resultados entre os modelos local e global fica a cargo de quem for aplicá-los.

Entretanto, para eles, a escolha dos modelos não leva a diferenças absolutas

significativas na média dos custos de capital acionário, embora para algumas

empresas, em particular, possa fazer, conforme também evidenciado nos

testes anteriores.

A estimativa do custo de capital próprio medido em dólar a partir do CAPM

Global diferiu, em média, 0,48% para as ações americanas, 0,76% para as

ADRs de países desenvolvidos e 0,57% para as de países emergentes. Cerca

de 14% das empresas americanas apresentaram uma diferença de pelo menos

1%. As indústrias que apresentaram as maiores diferenças foram as de

hardware (0,96%), serviços variados (0,70%) e serviços de engenharia e

administração (0,68%).

2.6.4.3 Estudos de eventos

STULZ (1999) argumenta que se a teoria estiver certa quanto ao impacto da

integração dos mercados no custo de capital próprio, este deveria estar

diminuindo desde o início da integração. No entanto, o autor argumenta que

43

devido à falta de estabilidade dos prêmios de risco, os testes, como os

mencionados anteriormente, que utilizam séries históricas para prever o futuro,

não serão capazes de capturar o efeito da globalização. Isso se dá uma vez

que os retornos passados irão sugerir um prêmio de risco acima daquele que

ocorre na prática.

Neste sentido, STULZ (1999) sugere uma forma alternativa para se

observar o efeito da integração no custo de capital acionário: o estudo de

eventos. Este método consiste em investigar o efeito de alguma forma de

liberalização do mercado no preço dos ativos.

A emissão de ADRs pode ser vista como um exemplo deste tipo de evento.

Neste sentido, vários estudos surgiram com o objetivo de investigar o impacto

da emissão de ADRs no custo de capital próprio da empresa.

FOERSTER; KAROLYI apud STULZ (1999) e MILLER apud STULZ (1999)

investigaram o comportamento do retorno de ações tanto no período em torno

do anúncio da emissão de ADR, quanto no período em que a emissão

realmente ocorreu. Ambos os estudos identificaram retornos positivos nestes

períodos, porém pequenos.

FOERSTER; KAROLYI apud STULZ (1999), por exemplo, examinaram a

emissão de 153 ADRs no NASDAQ, AMEX e NYSE, entre 1976 e 1992. Os

autores encontraram um retorno de 1,2% na semana da emissão, e para as 45

ADRs que se sabia a data do anúncio de emissão encontraram um retorno de

0,2% no dia do anúncio.

MILLER apud STULZ (1999) diferenciou as ADRs de países desenvolvidos

das de países emergentes. Os resultados obtidos confirmaram as expectativas

de que as ADRs de países emergentes apresentariam um retorno maior, uma

vez que seus mercados possuem mais barreiras para investimentos

internacionais. As ADRs dos países desenvolvidos apresentaram quase que a

metade do retorno obtido pelas ADRs dos países emergentes.

44

RODRIGUES (1999) se propôs a verificar qual o impacto da listagem de

ações brasileiras no exterior, através de ADRs, no grau de

segmentação/integração do mercado brasileiro, nas empresas listadas, nos

seus acionistas domésticos e no perfil de seus investidores. Para isso, o autor

aplicou a metodologia de estudo de eventos utilizando as séries de retornos de

40 empresas brasileiras abertas que emitiram ADRs no mercado norte-

americano, a partir de 1992. Foi utilizada, ainda, uma carteira formada pelas 20

ações mais líquidas, segundo critério da BOVESPA, e sem listagem no

mercado internacional.

As conclusões obtidas em RODRIGUES (1999) permitiram afirmar que, no

que diz respeito aos detentores de ações domésticas, a dupla listagem, ao

reduzir o risco e melhorar a liquidez no mercado doméstico, contribuiu para a

redução do custo de capital das empresas.

Até aqui a premissa utilizada foi a da integração dos mercados. Na seção

seguinte, questionaremos tal consideração, nos perguntando até que ponto

podemos considerar os mercados integrados.

2.6.5 Quão integrados estão os mercados de capitais na prática

STULZ (1999) destaca que desde os últimos 50 anos, as barreiras legais e

regulatórias presentes nos investimentos internacionais vêm desaparecendo

nos países desenvolvidos. E em particular, na última década, essas barreiras

também vêm diminuindo nos países emergentes.

Por outro lado, para SOLNIK (2000), embora os investimentos

internacionais venham crescendo rapidamente, eles ainda não estão

suficientemente difundidos em diversos países do mundo. Isso pode ser

explicado pela existência de uma percepção exagerada dos investidores com

relação aos limites impostos pelas barreiras aos investimentos internacionais.

Para o autor, tais limites devem ser investigados com cautela pelos

investidores e possivelmente relaxados, para que possam se beneficiar da

45

redução do risco obtida pela diversificação. As restrições freqüentemente

destacadas pelos investidores foram mencionadas pelo autor. São elas:

a) a falta de familiaridade com a cultura e o mercado de outros países;

b) as restrições impostas pela regulação de alguns países aos investidores

locais em relação ao montante máximo permitido alocado em

investimentos internacionais;

c) a falta de liquidez dos títulos e o perigo de controle do capital por parte

dos governos dos países estrangeiros;

d) e o custo mais elevado dos investimentos internacionais.

Para STULZ (1995) a evidência do grau de integração dos mercados é

obscura. É fato que as barreiras impostas aos investimentos internacionais

diminuíram nos últimos 25 anos e levaram a um aumento do número de ativos

estrangeiros presentes nas carteiras de investidores. Apesar disso, nota-se que

tais carteiras ainda não se diversificaram ao nível que se esperaria caso não

houvesse restrição alguma aos investimentos internacionais. O autor atribui o

fato à existência do “home bias”.

Por outro lado, o autor afirma que a literatura que avalia o retorno de ativos

nos diversos países constatou que a maioria dos ativos são precificados como

se o mercado fosse integrado.

Apesar de um crescente número de estudos indicar que os mercados vêm

se tornando integrados, SCHRAMM; WANG (1999) acreditam que considerar a

integração ou não dos mercados deve ser fruto da decisão particular de cada

analista.

Nesta seção debatemos a veracidade da integração do mercado na prática.

Na próxima seção, avaliaremos a viabilidade do uso do CAPM Global Simples

no cálculo do custo de capital acionário de uma empresa. Esta análise nos

46

indicará a necessidade ou não de se considerar o risco cambial na estimação

do custo de capital próprio.

2.6.6 A diferença empírica entre modelos que precificam ou não o

risco cambial

Embora existam evidências empíricas significativas de que a PPC é violada,

o que sustenta o uso de um modelo global que precifica o risco cambial, o

CAPM Global Simples é, claramente, mais fácil de se implementar. Sendo

assim, é preciso que nos perguntemos se existe diferença empírica significativa

entre os resultados provenientes destes dois modelos, capaz de compensar o

esforço adicional de se acrescentar mais um fator ao modelo.

DUMAS; SOLNIK apud SOLNIK (2000), por exemplo, não só observaram o

risco cambial como um fator de risco importante, como também rejeitaram os

modelos que não levam em conta este fator. Os testes realizados eram

condicionais, ou seja, partiam do pressuposto que os retornos dos ativos

variavam ao longo do tempo.

SCHRAMM; WANG (1999) mostram em seu estudo que o risco cambial não

pode ser ignorado e por isso deve ser incluído na estimativa do custo de capital

internacional.

Segundo os testes empíricos de MISHRA; O’BRIEN (2001), descritos com

mais detalhe anteriormente, a introdução do risco cambial no modelo do CAPM

Global Simples não gerou muito impacto na média do custo de capital próprio

para a amostra de ações americanas selecionada. Porém, para algumas ações

e indústrias específicas, as diferenças foram significativas. A estimativa do

custo de capital próprio medido em dólar, a partir dos dois modelos globais,

diferiu, em média, 0,61% para as ações americanas, 0,47% para as ADRs de

países desenvolvidos e 0,70% para as de países emergentes. Cerca de 14%

das empresas americanas apresentaram uma diferença de pelo menos 1,28%.

47

As indústrias que apresentaram as maiores diferenças foram as de mineração

(1,07%), equipamentos eletrônicos (0,83%) e serviços empresariais (0,80%).

Baseado nas evidências, o modelo do CAPM Global com a inclusão do

risco cambial pode trazer diferenças no valor do custo de capital acionário de

uma empresa, se comparado com os resultados do modelo que utiliza o

mercado como fator único.

2.7 Síntese da Revisão de Literatura

Ao longo deste trabalho, foi apresentada a teoria referente ao custo de

capital próprio de empresas internacionalizadas, abordando sua importância na

avaliação de projetos e os principais modelos de precificação de risco.

Além disso, foram apresentados os conceitos de integração e segmentação

de mercados, junto com as evidências empíricas do impacto da integração dos

países no custo do capital acionário das empresas.

No Quadro 1, é apresentado um breve panorama da teoria abordada no

estudo:

QUADRO 1 - Síntese dos fundamentos teóricos abordados na seção

Revisão de Literatura.

Definição

1. Interdependência dos mercados,GUNDLACH; NUNNENKAMP (1996).

2. Fragmentação da cadeia de valor,KRUGMAN apud GUNDLACH;NUNNENKAMP (1996).Internacionalização

Benefícios1. Oportunidades de crescimento e redução

do custo de capital, PETTIT et al (1999).

A importância do custo de capital nasdecisões de investimento

1. Capacidade de gerar excessos de retorno,HORNE (1997), PORTER (1992).

Modelos de precificação de risco1. Modelo de Fatores e APT, SHARPE;

ALEXANDER; BAILEY (1995).

48

Derivação1. Premissas, HAUGEN (2001), FABOZZI

(1995) e SHARPE; ALEXANDER; BAILEY(1995).

Ascontrovérsias

do modelo

1. Testes, BLACK, JENSEN; SCHOLES apudHAUGEN (2001), FAMA-MACBETH apudHAUGEN (2001), ROLL apud HAUGEN(2001) e FAMA; FRENCH apudDAMODARAN (1997).

CAPM

Dificuldade namensuração

dos parâmetros

1. Maturidade do ativo livre de risco, HORNE(1997).

2. Risco dos títulos públicos, BOTH (1999) ePETTIT; STERN STEWART & CO (1999).

3. Ativo livre de risco no Brasil, SILVEIRA;BARROS; FAMÁ (2002).

4. Instabilidade do beta, FABOZZI (1995).

5. Método de estimativa do beta,BARTHOLDY; PEARE (2001).

6. Variações do prêmio de risco, HORNE(1997) e WELCH (2000).

7. Instabilidade do prêmio de risco, BOTH(1999) e JAGANNATHAN; McGRATTAN;SCHERBINA (2001).

Integração eSegmentação

1. Definição, SOLNIK (2000) e SCHRAMM;WANG (1999)

CAPM GlobalModelos

1. CAPM Local e Global Simples, STULZ(1995) e STULZ (1999).

2. CAPM de Beta Duplo, STULZ (1995).

3. CAPM Global e Regional, CLARE; KAPLANapud IBBOTSON ASSOCIATES (2001)

4. CAPM de Dois Fatores: mercado global erisco cambial, SCHRAMM; WANG (1999) eROSS; WALSH apud MISHRA; O’BRIEN(2001).

49

CAPM GlobalEfeito da

Integração nocusto de capital

1. Perspectiva teórica, STULZ (1999).

2. Poder de previsão do CAPM Global,HARVEY apud STULZ (1999), DESANTIS;GERARD apud STULZ (1999) e BEKAERT;HARVEY apud STULZ (1999).

3. CAPM Local versus CAPM Global,SCHRAMM; WANG (1999) e MISHRA;O’BRIEN (2001)

4. Estudos de eventos, FOERSTER; KAROLYIapud STULZ (1999), MILLER apud STULZ(1999), RODRIGUES (1999)

5. O grau de integração dos mercados,SOLNIK (2000), STULZ (1995) e SCHRAMM;WANG (1999).

6. Diferença entre o CAPM Global Simples ede Dois Fatores (mercado e risco cambial),DUMAS; SOLNIK apud SOLNIK (2000) eMISHRA; O’BRIEN (2001).

Tendo sido abordado o estado da arte a respeito do cálculo do custo de

capital próprio de empresas com investimentos diretos no exterior, iniciaremos

a descrição da metodologia utilizada neste trabalho.

50

3 METODOLOGIA

Este trabalho teve como objetivo verificar se o custo do capital acionário

empregado em investimentos internacionais deve ser maior que o utilizado em

projetos nacionais, considerando o mercado integrado. Neste sentido, a

pesquisa se voltou, essencialmente, para a questão da avaliação de projetos

no exterior, trabalhando com uma amostra de empresas brasileiras que

possuem investimentos diretos em outros países.

Baseado na teoria financeira, o custo de capital próprio deveria diminuir

com a integração dos mercados, devido a uma série de fatores citados na

seção Revisão de Literatura.

Caso esse comportamento se confirme, tal evidência empírica vai de

encontro ao que é normalmente praticado por muitas empresas americanas: a

adição de um prêmio de risco às taxas de desconto de projetos domésticos

para a determinação do custo de oportunidade de projetos internacionais. Esse

comportamento é fruto da percepção de aumento do risco pela atuação em

mercados desconhecidos.

Para se alcançar o objetivo deste estudo, serão empregados dois modelos

de precificação de risco, o CAPM Local e Global Simples. As diferenças

observadas entre os seus resultados fornecerão uma indicação do efeito da

integração no custo de capital próprio de algumas empresas brasileiras. Além

disso, utilizaremos um terceiro modelo, o CAPM Global de Dois Fatores, com o

intuito de averiguar se a inclusão do risco cambial no modelo pode levar a

valores distintos dos calculados pelo CAPM Global Simples.

O restante do capítulo está estruturado de modo a explicitar todas as

questões relevantes e necessárias para a compreensão da metodologia

empregada neste estudo. Nas próximas seções, serão descritos a amostra

51

utilizada e o processo de coleta de dados executado. Em seguida, será descrita

a metodologia propriamente dita.

3.1 Amostra

Entende-se por empresa brasileira aquela constituída sob as leis brasileiras

e que tenha sua sede e administração no País, de acordo com o artigo 171 da

Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988. Este

foi revogado pela Emenda Constitucional no 6, de 15 de agosto de 1995. No

entanto, devido à falta de uma definição alternativa de empresa brasileira na

constituição, o artigo 171 foi tomado como base.

O tipo de amostragem utilizada é a não probabilística, escolhida segundo o

critério de acessibilidade. Foram selecionadas as empresas de capital aberto

pela facilidade de acesso às suas informações.

As empresas foram escolhidas a partir do banco de dados disponibilizado

pelo NuPIn. Este banco de dados é composto de empresas brasileiras com

participação física no exterior. Desta relação foram escolhidas aquelas:

a) presentes na Revista Balanço Anual, da Gazeta Mercantil de julho de

2001;

b) com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA);

c) consideradas brasileiras segundo a definição do antigo artigo 171, da

Constituição da República Federativa do Brasil.

A relação de empresas disponibilizada pelo NuPIn e classificada segundo a

Revista Balanço Anual, da Gazeta Mercantil de julho de 2001, encontra-se

disponível no Anexo 1. A classificação por setores utilizada está no Anexo 2 e

uma descrição mais detalhada de alguns dos setores está disponível entre os

Anexos 3 e 5.

Das 34 empresas que atendiam aos pré-requisitos acima, foram

selecionadas 22 delas, por apresentarem as ações de maior liquidez. O critério

52

utilizado, neste caso, foi a existência de todos os preços mensais das ações,

presentes no banco de dados da empresa Economática, entre o período de

janeiro de 1995 a março de 2002. A amostra final das empresas classificadas

segundo o setor em que atuam encontra-se na Tabela 1, a seguir. No Anexo 6,

estão apresentados os países em que cada uma dessas empresas está

presente.

TABELA 1 - Amostra final das empresas utilizadas neste estudo e o setor

em que atuam.

N Empresas Setor

1 Perdigão Agroindustrial S/A Agribusiness/ Alimentos/ Conglomerados alimentícios

2 Sadia S.A. Agribusiness/ Alimentos/ Conglomerados alimentícios

3 WEG Industriais S.A. – Exportadora Comércio/ Comércio Exterior/ Diversos

4 Banco do Brasil S.A. Finanças/ Bancos / Bancos estatais

5 Banco Bradesco S.A. Finanças/ Bancos/ Bancos privados

6 Banco Itaú S.A. Finanças/ Bancos/ Bancos privados

7 Unibanco - União de Bancos Brasileiros S.A. Finanças/ Bancos/ Bancos privados

8 Ambev - Companhia Brasileira de Bebidas Finanças/ Holdings

9 Randon Participações S.A Finanças/ Holdings10 Iochpe-Maxion S.A. Finanças/Holdings

11 Duratex S.A. Indústria/ Madeira e Móveis/Artefatos de madeira

12 Gerdau S.A. Indústria/ Metalurgia/ Aço

13 Companhia Vale do Rio Doce Indústria/ Mineração/ Ferrosos

14 Aracruz Celulose S.A. Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel

15 Indústrias Klabin de Papel e Celulose S/A Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel

16 Ripasa S.A. Celulose e Papel Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel

17 Votorantim Celulose e Papel S.A. Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel

18 Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga Indústria/ Petróleo e Gás/ Distribuidores de gás e combustível

19 Petróleo Brasileiro S.A. Petrobras Indústria/ Petróleo e Gás/ Extração e refino

20 Embraer-Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. Indústria/ Veículos de Autopeças/ Aviões, helicópteros ecomponentes

21 Marcopolo S.A. Indústria/ Veículos e Autopeças/ Carroçarias

22 Inepar S.A. Indústrias e Construções Serviços/ Construção/ Obras de infra-estrutura

As empresas Ambev, Randon Participações e Iochpe-Maxion foram

classificadas como “Holdings”, pela Revista Balanço Anual, da Gazeta

Mercantil de julho de 2001. Cabe destacar, no entanto, que estas empresas

53

não fazem parte de um mesmo setor. A Ambev, por exemplo, é uma empresa

de bebidas, que produz cervejas, refrigerantes, isotônicos, águas e chás. Já o

conglomerado de empresas Randon atua nos setores de implementos para o

transporte rodoviário de cargas, de fabricação de veículos e autopeças, e de

administração de grupos de consórcio. E a Iochpe-Maxion, que é atualmente

controladora de quatro empresas, atua nos segmentos de autopeças e

equipamentos ferroviários.

3.2 Coleta de Dados

3.2.1 Índices

Com a utilização do banco de dados da empresa Economática, foram

coletados os dados mensais dos índices IBOVESPA e IBX, em reais, que serão

utilizados como “proxy” do índice de mercado doméstico. O IBOVESPA é

composto das ações que, em conjunto, representaram 80% do volume

transacionado à vista nos últimos doze meses e que apresentaram, no mínimo,

80% de presença nos pregões no mesmo período. O índice apresenta ao todo

cerca de 50 empresas.

O IBX inclui as 100 ações mais negociadas na BOVESPA, em termos de

número de negócios e volume financeiro, ponderadas no índice pelo seu

respectivo número de ações disponíveis à negociação no mercado. O índice foi

fixado em 1.000 pontos na data de 28/12/1995, mas a sua divulgação só

ocorreu em 02/01/1997.

O índice FGV-100, da Fundação Getúlio Vargas, que é calculado com base

em uma carteira composta por 100 ações relacionadas nas bolsas brasileiras,

não inclui instituições financeiras nem estatais. Por este motivo, o seu uso foi

descartado, uma vez que a amostra utilizada no presente estudo inclui estatais,

como a Petrobras e o Banco do Brasil, e três instituições financeiras privadas:

Bradesco, Itaú e Unibanco.

54

A princípio, o período de janeiro de 1995 a março de 2002 seria escolhido

em função da estabilidade monetária conquistada no país após a

implementação do Plano Real em julho de 1994. Este ano, particularmente,

não seria utilizado por apresentar ainda taxas de inflação de dois dígitos. Tal

decisão teria como suporte as recomendações de PETTIT; STERN STEWART

& CO (1999), conforme Revisão de Literatura.

No entanto, uma vez escolhido o IBX como um dos índices representativos

do mercado doméstico, não poderíamos trabalhar com uma série de dados

com início em janeiro de 1995, já que o índice foi criado somente a partir de

dezembro de 1995. Neste sentido, optamos por seguir a prática padrão,

observada na Economática e Ibbotson, por exemplo, em que se trabalha com

um período de 60 meses. Sendo assim, o período utilizado no estudo foi de

abril de 1997 a março de 2002 (60 meses).

Foram coletados os dados mensais em função do curto intervalo de tempo

escolhido e da qualidade dos dados obtidos. Os dados anuais ou trimestrais

iriam gerar uma amostra pequena de dados. Por outro lado, os dados diários e

semanais poderiam adicionar ruídos à amostra, o que reduziria a qualidade

estatística das regressões dos dados.

Dois índices do Morgan Stanley Capital International (MSCI), o World Index

(WI) e o All Country Free Index (ACFI), foram coletados para serem utilizados

como “proxy” do índice de mercado global.

As séries de preços mensais, entre abril de 1997 e março de 2002, destes

índices foram encontradas no site do MSCI – www.mscidata.com. O WI teve

início em 1970 e é composto por 23 países, todos eles desenvolvidos. Já o

ACFI, que começou em 1988, é formado não só de países desenvolvidos,

como também de países em desenvolvimento, somando ao todo 49 países. A

relação dos países que constituem estes dois índices encontra-se nos Anexos

7 e 8, respectivamente.

55

Os índices globais do MSCI foram reportados em dólar e por isso refletem

as variações do câmbio de diversas moedas em relação ao dólar americano.

Somado a isso, os índices são calculados utilizando-se uma média aritmética

ponderada por capitalização de mercado. Os preços das ações que compõem

os índices são ajustados aos proventos e dividendos distribuídos ao longo do

período.

Foram coletadas, ainda, as séries de preços mensais, em dólar, dos índices

de mercado dos Estados Unidos do MSCI e do S&P 500, entre abril de 1997 e

março de 2002. Estes dados serão utilizados mais tarde no cálculo do prêmio

de risco do mercado global. As séries foram encontradas no site do MSCI –

www.mscidata.com e na Bloomberg, respectivamente.

3.2.2 Preços das Ações

Também com o auxílio da Economática, foram coletados os preços de

fechamento mensais das ações das empresas presentes na amostra, no

período de abril de 1997 a março de 2002. Os preços das ações foram

coletados em reais e dólar, ajustados aos proventos do período, inclusive aos

dividendos.

3.2.3 Taxa Livre de Risco

Para o cálculo das taxas livre de risco locais, foram utilizados os dados

mensais da taxa SELIC acumulada, coletados do banco de dados da

Economática, e os retornos mensais da caderneta de poupança, retirados da

Gazeta Mercantil e da Associação Brasileira das Entidades de Crédito

Imobiliário e Poupança (ABECIP), ambos entre o período de abril de 1997 e

março de 2002.

Para a estimativa da taxa livre de risco global, utilizaremos o rendimento

corrente mensal da taxa de “Treasury Bonds” de trinta anos para o último dia

útil de março de 2002, no banco de dados da Bloomberg.

56

Para o cálculo do prêmio de risco cambial no modelo do CAPM Global de

Dois Fatores, foi necessário coletar as séries de dados da cotação mensal de

fechamento do dólar e da taxa de juros americana. O dólar foi obtido na

Economática e o “Treasury Bill” de três meses no banco de dados da

Bloomberg, entre o período de abril de 1997 a março de 2002.

3.3 Descrição da Metodologia

3.3.1 Tratamento dos dados

Os três modelos aqui empregados exigem a determinação das séries de

retornos mensais das ações para o cálculo dos betas de cada empresa. O

processo de cálculo das taxas pode ser matematicamente representado pela

equação a seguir.

1

1 )(−−−−

−−−−−−−−====t

ttt P

PPR (11)

onde Rt é o retorno da ação no mês t e Pt e Pt-1 são os preços de fechamento

do mês t e t -1, respectivamente.

Deve-se lembrar que nas séries de preços coletadas já foram incorporados

os dividendos e os proventos, à medida que estes iam ocorrendo. Dessa

maneira, o retorno Rt reflete o efeito combinado da variação dos preços e do

fluxo de caixa proporcionado pelos dividendos.

Conforme exposto na Revisão de Literatura, antes de calcularmos o custo

de capital acionário de uma empresa devemos responder as seguintes

perguntas:

a) o mercado é segmentado ou integrado?

b) considerando o mercado integrado, o efeito do risco cambial no custo de

capital próprio da empresa deve ser precificado?

57

A importância de elucidarmos essas questões pode ser evidenciada por

SHAPIRO apud EHRHARDT (1994) que afirma que o índice de mercado que

será utilizado no modelo do CAPM irá depender do grau de integração do

mercado de capitais.

Além disso, DUMAS; SOLNIK apud STULZ (1995) mostraram que

pesquisas empíricas indicam o fator câmbio como um fator de risco importante

na determinação do retorno esperado dos ativos.

Cada um desses pontos será esclarecido nas próximas seções, onde serão

descritas as metodologias utilizadas nos três modelos empregados ao longo

deste estudo.

3.3.2 CAPM Local

Nesta etapa do trabalho, consideraremos o mercado brasileiro segmentado,

já que o objetivo é justamente verificar se existirão diferenças entre os custos

de capital acionário quando calculados em ambiente segmentado ou integrado.

Todos os cálculos foram feitos em moeda local, ou seja, em reais. Segundo

COPELAND; KOLLER; MURRIN (2002, p. 372), “O custo de capital deve ser

condizente com os fluxos de caixa que estão sendo descontados e expresso na

mesma moeda que eles”. Neste caso, a partir do momento que consideramos

as empresas segmentadas, estamos também considerando que seus fluxos

estejam expressos na moeda local, já que seus investimentos são todos feitos

dentro do país. Esse fato justifica o cálculo do custo de capital próprio em reais.

Nos baseamos também em EHRHARDT (1994) que afirma que, se

considerado o mercado segmentado, devemos utilizar uma taxa livre de risco

local e um índice de mercado doméstico no cálculo do custo de capital

acionário pelo modelo do CAPM Local. Por este motivo, as taxas livre de risco

escolhidas foram a taxa SELIC e o retorno da caderneta de poupança, e os

índices utilizados foram o IBOVESPA e o IBX.

58

3.3.2.1 Taxa Livre de Risco

Baseado em SILVEIRA; BARROS; FAMÁ (2002), os retornos da caderneta

de poupança e os Certificados de Depósitos Interbancários (CDI) foram os

ativos brasileiros que melhor se aproximaram da conceituação teórica de taxa

livre de risco do modelo CAPM.

Nós optamos por considerar o uso, neste estudo, do rendimento da

caderneta de poupança e da taxa SELIC, uma vez que segundo FORTUNA

(2001, p. 108): (...) “o custo do dinheiro de um dia negociado no mercado

interbancário (DI) é muito próximo do custo de troca das reservas bancárias

disponíveis lastreadas em títulos federais que ocorrem no mercado aberto

(SELIC) podendo, inclusive, ser uma referência para o custo do SELIC no dia

seguinte”.

Além disso, testando-se o comportamento da taxa SELIC com relação ao

mercado (índices IBOVESPA e IBX), por meio de uma regressão linear

simples, entre abril de 1997 e março de 2002, verificou-se não haver correlação

do mesmo com os demais ativos da economia. O β não se mostrou

significativamente diferente de zero, tanto no caso do IBOVESPA quanto do

IBX.

A taxa SELIC a ser considerada será de 18,5%a.a.. Este valor representa a

taxa de juros determinada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central

do Brasil (COPOM), na reunião em 20 de março de 2002. O rendimento anual

da caderneta de poupança a ser utilizado será de 8,5%a.a., obtido entre os

anos 2000 e 2002, quando os retornos mensais se mantiveram relativamente

estáveis. Em ambos os casos, estamos partindo do pressuposto de que estas

taxas se manterão no futuro.

É importante observar ainda que a empresa que investe hoje no longo

prazo não considera a SELIC como uma taxa livre de risco, devido ao seu valor

elevado e à grande influência exercida pelo governo sobre ela. Quem decide

investir no longo prazo provavelmente enxerga a estrutura a termo da taxa de

59

juros como uma curva de inflexão. Os que acreditam que a taxa SELIC se

manterá no futuro próximo são aqueles que adiam o projeto, na espera de uma

redução da taxa.

Ao longo do estudo, um dos ativos considerados aqui como livre de risco - a

caderneta de poupança ou a taxa SELIC - poderá ser preterido no cálculo final

do custo de capital próprio local, caso seja necessário.

3.3.2.2 Carteira de Mercado

O IBOVESPA e o IBX foram utilizados como “proxy” da carteira de mercado

local. O motivo de se usar dois índices de mercado foi obter uma faixa de

valores de betas e custos de capital acionário, o que vai ao encontro das

recomendações de COPELAND; KOLLER; MURRIN (2002), na avaliação do

custo de capital em mercados emergentes.

3.3.2.3 Beta

Pela teoria, o beta é obtido a partir da regressão dos prêmios de risco da

ação da empresa e do mercado. Entretanto, a regressão dos retornos totais

leva a resultados similares, conforme sugerido em IBBOTSON ASSOCIATES

(2001).

Pela metodologia tradicional, os betas das empresas foram estimados

fazendo-se uma regressão linear simples entre os retornos de cada ação e os

retornos de cada índice local. A partir daí foram obtidos dois valores distintos

de betas para os dois índices utilizados. Esses valores estão apresentados na

seção Resultados, junto com as respectivas estatísticas descritivas.

Como, provavelmente, não haveria alteração qualitativa nos resultados,

optamos por não realizar ajustes no cálculo dos betas.

60

3.3.2.4 Prêmio de Risco

Com relação ao prêmio de risco, COPELAND; KOLLER; MURRIN (2002)

sugerem utilizar uma série de dados mais longa possível. Infelizmente, a série

de dados de que dispomos para o Brasil é de um curto intervalo de tempo,

dada a recente estabilidade monetária brasileira. Neste caso, o método por

estimativas históricas poderia apresentar alguns problemas sérios.

Uma saída poderia ser a utilização de prêmios de risco americanos

sugeridos em livros textos de renome. No entanto, baseado nas evidências

expostas em DIMSON; MARSH; STAUNTON (2002), os prêmios variam de

país para país. Portanto, não poderíamos utilizar um prêmio de risco americano

para representar uma taxa brasileira, mesmo fazendo os ajustes necessários

para expressá-lo na moeda local (real). Na Figura 1, a seguir, encontram-se os

retornos reais de ações e títulos de dívida de diferentes países expostos em

seu estudo.

2,5 2,73,6 3,6 3,8

4,5 4,6 4,8 5,05,8 5,8

6,4 6,7 6,87,5 7,6

-2,2 -2,2

1,2

-1,0-1,6

2,51,5

2,8

1,3 1,11,8 1,6 1,4 1,1

2,4

-0,4

-4

-2

0

2

4

6

8

10

Bel Ita Ale Esp Fra Jap Din Irl Sui Ing Hol Can EUA AFS Aus Sue

Ações Títulos de dívida

FIGURA 1 – Retornos reais anuais, em percentual, de ações e títulos de

dívida, no período de 1900 a 2000, segundo os estudos realizados em

DIMSON; MARSH; STAUNTON (2002).

Uma melhor alternativa para o cálculo do prêmio de risco brasileiro é o

emprego do modelo de fluxo de caixa descontado. A utilização deste modelo

61

envolve uma série de vantagens, dentre elas: a simplicidade e a conseqüente

facilidade de aplicação, o uso de informações prospectivas e a geração de uma

estimativa de longo prazo.

O modelo de fluxo de caixa descontado, aplicado nesta etapa do estudo, foi

o modelo de Gordon e Shapiro de dividendos com crescimento constante. A

equação do modelo encontra-se a seguir:

gDIVRe ++++==== (12)

onde, Re é o rendimento real do mercado brasileiro, DIV é o rendimento dos

dividendos do mercado e g é a taxa de crescimento real dos lucros no infinito.

Baseado no exposto acima, o modelo de dividendos de crescimento

constante necessita de duas estimativas: o rendimento dos dividendos do

mercado brasileiro e a taxa de crescimento real dos lucros no infinito. Ambas

as estimativas foram obtidas a partir de LEAL (2002). Sendo assim, para a

primeira estimativa foi utilizada a média histórica do rendimento de dividendos

entre 1988 e 2000, de 3,62% a.a.. Já para segunda, que não pode ser maior

que a taxa de crescimento real da economia no longo prazo, foi utilizada a

média de crescimento real do PIB, no mesmo período, de 2,41% a.a..

Uma vez obtidas as duas estimativas necessárias para a aplicação do

modelo, chegamos a uma estimativa do rendimento real do mercado acionário

brasileiro de 6,03% a.a.. Para se chegar à estimativa do prêmio de risco do

mercado, basta subtrair a taxa de juros livre de risco real do rendimento real do

mercado. Este procedimento foi realizado utilizando tanto a série de retorno da

caderneta de poupança, como a da SELIC, ambos no período entre abril de

1997 e março de 2002. O índice de inflação escolhido foi o Índice Nacional de

Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A estimativa para o prêmio de risco do mercado, quando empregada a

poupança, ficou em 6,0% a.a., uma vez que a média do rendimento real anual

da caderneta de poupança foi zero, indo ao encontro de LEAL (2002). Já

62

quando usada a SELIC, o prêmio de risco do mercado ficou em -9,77%a.a.,

dado que a média do retorno real da SELIC foi de 15,80% a.a..

Um prêmio de risco de mercado negativo conflita com os princípios do

CAPM, uma vez que seus parâmetros devem possuir um conceito ex-ante,

refletindo, com isso, as expectativas do investidor para o futuro. Por esse

motivo, utilizaremos a caderneta de poupança como o ativo livre de risco e a

taxa de 6,0% a.a. como o prêmio de risco de mercado do modelo local.

Essa diferença significativa entre os retornos reais da taxa SELIC e da

caderneta de poupança mostra que na economia brasileira existem dois ativos

representativos de uma carteira de zero beta fornecendo retornos bastante

distantes. Isso pode ser fruto da segmentação do mercado brasileiro. Ao

contrário da caderneta de poupança, de acesso fácil a todos os investidores da

economia, os elevados retornos da taxa SELIC não podem ser obtidos por

todos com a mesma facilidade. SILVEIRA; BARROS; FAMÁ (2002) apontaram

três possíveis causas para a existência de tal anomalia no mercado brasileiro:

(1) o volume mínimo de recursos necessários para a aplicação em fundos

atrelados ao retorno da SELIC, o que impede que investidores com recursos

escassos tenham acesso a tais rendimentos; (2) a simples tradição da

caderneta de poupança como alternativa de investimento; e (3) a assimetria de

informação e desconhecimento das oportunidades do mercado por parte dos

investidores.

Os custos do capital acionário das empresas brasileiras que compõe a

amostra estão apresentados na seção Resultados, junto com os parâmetros do

modelo.

3.3.3 CAPM Global Simples

Stijn Claessens e Moon-Whoan Rhee relataram o seguinte trecho em um de

seus estudos:

63

“(…) os chamados países emergentes têm passado nos últimos

anos por um processo de abertura e de ajustes econômicos que os

tornou mais acessíveis e atraentes ao investimento estrangeiro”.

(…) “Na Europa e na América Latina, muitos países apresentam

pouca ou nenhuma restrição ao acesso de estrangeiros a seus

mercados e dão aos investidores estrangeiros status idêntico aos

investidores domésticos”. (CLAESSENS; RHEE apud COSTA Jr;

MENEZES; LEMGRUBERG, 2000,b, p. 56-57)

Mais especificamente em relação ao Brasil, Leal e Costa Jr. afirmam:

“Os resultados (…) indicam que tanto o mercado argentino quanto

o brasileiro passaram a integrar-se com o mercado norte-

americano a partir de 1994. (…) Em 1993, para o mercado

brasileiro, já havia indícios de integração”. (COSTA Jr; MENEZES;

LEMGRUBERG, 2000,c, p. 118)

Com base no que foi evidenciado acima, nestas duas fases seguintes do

estudo, admitiremos que a economia global se tornará, com o tempo,

totalmente integrada e que a maioria dos mercados emergentes se tornará

aberta e eficiente. Esta premissa permite a aplicação do CAPM Global para

estimar o custo de capital acionário de empresas internacionais. Nesta seção

em particular, não será considerado o efeito da precificação do risco cambial no

custo do capital acionário das empresas.

Além da consideração de que o mercado é integrado, é necessário destacar

que estamos calculando o custo do capital acionário de projetos internacionais.

Isso significa que algumas considerações adicionais terão que ser feitas com

relação à moeda em que serão efetuados os cálculos e ao tratamento que será

dado aos riscos particulares de cada país.

A respeito da avaliação de subsidiárias no exterior, Michael Ehrhardt faz o

seguinte relato:

64

“Your decision on whether to accept or reject a project should be

based on the cash flow of the project from the parent’s perspective,

not from the perspective of the subsidiary. (…)Therefore, the

present value of the project should be denominated in the parent’s

currency”. (EHRHARDT, 1994, p. 200)

A princípio, se considerarmos que as empresas brasileiras trabalham com

fluxos de caixa em reais, deveríamos chegar aos valores presentes líquidos

dos seus projetos internacionais também em reais. Com relação a isso, a

recomendação de EHRHARDT (1994) e COPELAND; KOLLER; MURRIN

(2002) é descontar o fluxo de caixa do projeto internacional na moeda local do

país em questão com uma taxa também local. Após o desconto converte-se

para a moeda da matriz pela taxa “spot”.

Esta recomendação também está associada à idéia de que deve existir

coerência entre o fluxo e a taxa de desconto. Esse aspecto pode ser observado

na orientação dada em COPELAND; KOLLER; MURRIN (2002, p. 393)

“Qualquer que seja o método escolhido para o cálculo do custo de capital,

certifique-se de que ele condiz com a maneira como se estima o fluxo de

caixa”.

Sendo assim, partindo do princípio de que os fluxos dos projetos

internacionais estão em dólares americanos, efetuamos os nossos cálculos do

custo de capital também nesta moeda.

Com relação aos riscos políticos e econômicos específicos de países onde

as empresas brasileiras atuam diretamente, fizemos uma premissa

complementar. Consideramos que muitos desses riscos são diversificáveis e

por isso, devem ser incluídos no fluxo de caixa e não na taxa de desconto.

3.3.3.1 Taxa Livre de Risco

Com relação à taxa de livre de risco, nos baseamos em um dos métodos

sugeridos em COPELAND; KOLLER; MURRIN (2002) para mercados

65

emergentes. Sendo assim, partimos da premissa de que o mercado é integrado

e que portanto a maioria dos investidores, inclusive os dos mercados locais,

tem acesso a uma taxa internacional livre de risco.

Neste caso, a taxa livre de risco global utilizada foi o rendimento corrente

anual da taxa de “Treasury Bonds” de 30 anos de 5,8% a.a. para o último dia

útil de março de 2002, no banco de dados da Bloomberg. Tal taxa é

praticamente igual à média histórica de 5,7% a.a. utilizada em IBBOTSON

ASSOCIATES (2001).

Muitos autores, como por exemplo em COPELAND; KOLLER; MURRIN

(2002) e IBBOTSON ASSOCIATES (2001), recomendam o uso de rendimentos

de títulos de longo prazo do tesouro americano como taxa livre de risco em

dólares, já que esta taxa se aproximaria da duração do fluxo de caixa das

empresas. Por outro lado, outros argumentam que taxas de longo prazo

incluem um prêmio de risco por horizonte de tempo e por isso não são

totalmente livres de risco.

Sendo assim, o procedimento realizado aqui foi o de subtrair este prêmio de

risco de horizonte de tempo do rendimento corrente dos títulos de longo prazo.

Usamos uma estimativa de 1,4% ao ano para o prêmio de risco de horizonte de

tempo, a partir da sua média histórica entre 1970 e 2000, conforme IBBOTSON

ASSOCIATES (2001).

Partindo de uma taxa do tesouro americano de 5,8% a.a. e subtraindo o

valor de 1,4%, chegamos a uma taxa livre de risco de 4,4% a.a..

3.3.3.2 Carteira de Mercado

O índice de mercado utilizado foi um índice global, o ACFI do MSCI,

conforme consenso na literatura financeira. O ACFI foi escolhido após uma

comparação com o WI, um índice também do MSCI.

66

A principal diferença entre os índices do MSCI é a composição dos países

em que se baseiam. O WI é formado quase que somente por mercados de

países desenvolvidos, já o ACFI é composto também pelos países emergentes.

Apesar da divergência entre eles, não foi constatada nenhuma diferença

significativa entre os betas das ações calculados a partir de cada um deles.

Estes betas e a diferença percentual entre eles encontram-se na seção

Resultados.

Neste caso, devido aos resultados, decidimos optar pelo índice ACFI, por

representar uma amostra maior dos mercados e, portanto, estar mais de

acordo com o conceito de carteira de mercado mencionado pela teoria.

3.3.3.3 Beta

Os betas das empresas brasileiras foram estimados fazendo-se uma

regressão linear simples entre os retornos em dólar de cada ação e os retornos

do índice global ACFI. O intervalo de tempo utilizado foi de abril de 1997 a

março de 2002. Os betas estão apresentados na seção Resultados, junto com

as respectivas estatísticas descritivas.

3.3.3.4 Prêmio de Risco

Foi mencionado anteriormente que o uso de prêmios de risco históricos vem

sendo contestado, uma vez que eles não são estáveis no tempo, mesmo

quando utilizadas séries históricas longas. Como, além disso, os índices

globais estão disponíveis apenas em curtos intervalos de tempo – o WI foi

iniciado em 1970 e ACFI em 1988 – decidimos utilizar uma estimativa

prospectiva fornecida por WELCH (2000) para o prêmio de risco americano e, a

partir daí, chegar ao prêmio de risco global.

WELCH (2000) elaborou uma pesquisa de opinião sobre o valor do prêmio

de risco de mercado entre acadêmicos e especialistas em finanças. E, ao final,

chegou a uma estimativa para o ágio pelo risco de mercado americano

67

mediano e geométrico de 4,5%a.a. para um horizonte de 30 anos, que foi o

valor aqui utilizado. Este valor vai ao encontro do que foi sugerido em

COPELAND; KOLLER; MURRIN (2002), de 4,5% a 5%a.a..

Para calcular o prêmio de risco do mercado global a partir de dados

americanos utilizamos a seguinte relação:

GlobalEUAEUA PRPR ××××==== ββββ (13)

onde, PREUA e PRGlobal representam os prêmios de risco americano e global. O

βEUA é a sensibilidade do mercado americano em relação ao mercado global.

O βEUA foi calculado por meio de uma regressão linear simples entre o

retorno do índice S&P 500 e do ACFI, no intervalo de tempo entre abril de 1997

e março de 2002. O uso do índice MSCI do mercado americano, sugerido em

STULZ (1995), foi utilizado como alternativa ao S&P, mas não houve qualquer

diferença no resultado do βEUA.

Utilizando um prêmio de risco do mercado americano de 4,5%a.a. e um

βEUA de 1,01, encontramos um ágio pelo risco de mercado global de 4,45%a.a..

Os custos de capital acionário das empresas brasileiras utilizando o CAPM

Global simples estão apresentados na seção Resultados.

3.3.4 CAPM Global de Dois Fatores

Ao contrário da seção anterior, o risco cambial será considerado aqui um

fator importante na avaliação do custo de capital próprio de empresas

integradas. O modelo empregado será aquele de SCHRAMM; WANG (1999)

descrito na Revisão de Literatura.

Serão mantidas as premissas feitas na seção anterior quanto à integração

dos mercados, à moeda em que serão efetuados os cálculos e ao tratamento

dado aos riscos específicos de cada país onde as empresas brasileiras atuam.

68

A taxa livre de risco, o índice e o prêmio de risco de mercado global

também serão os mesmos utilizados no CAPM Global Simples.

3.3.4.1 Beta e Gama

Os betas e os gamas das empresas brasileiras foram estimados fazendo-se

uma regressão múltipla entre as séries dos retornos de cada ação e do índice

global e a variação cambial. O intervalo de tempo utilizado foi de abril de 1997

a março de 2002. Os betas e os gamas estão apresentados na seção

Resultados, junto com a estatística descritiva.

3.3.4.2 Prêmio de Risco Cambial

Para o cálculo do prêmio de risco cambial foi utilizada a relação 0

)(S

SF tt −−−−

,

de acordo com o modelo exposto na Revisão de Literatura.

Como o valor de Ft não está disponível no mercado, foi necessário estimá-lo

através da paridade da taxa de juros. Segundo SOLNIK (2000), essa relação

afirma que o diferencial da taxa de juros deve ser igual à razão da taxa de

câmbio “forward” e “spot”:

D

F

rr

SF

++++++++====

11

0 (14)

onde, F e S0 representam a taxa de câmbio “forward” e “spot” e estão

expressos em US$/R$. rF e rD são as taxas de juros americana e brasileira,

respectivamente.

A taxa de juros americana utilizada foi o “Treasury Bill” de três meses e a

brasileira a taxa efetiva mensal da SELIC. O intervalo de tempo t foi de três

meses.

A média geométrica da série dos prêmios de risco cambial mensais, no

período de abril de 1997 a março de 2002, foi utilizada no cálculo do custo do

capital acionário das empresas. A média geométrica foi preferida, neste caso,

69

porque a média aritmética tende a desviar muito da geométrica, conforme

aumenta a variância da amostra. O valor encontrado para a média mensal do

prêmio de risco cambial foi de -0,7% a.m., com erro padrão elevado de 1,3%,

não sendo significativamente diferente de zero, de acordo com os resultados

do teste t, a um nível de significância de 5%. Tal resultado descarta a

introdução de tal variável ao modelo Global Simples e nos leva a desconsiderar

o modelo CAPM Global de Dois Fatores, já que provavelmente os resultados

dois modelos globais não serão qualitativamente distintos.

3.3.5 Comparação dos Resultados

Os resultados obtidos a partir do CAPM Global Simples estão expressos em

dólares americanos e por isso não são comparáveis aos resultados do CAPM

Local, expressos em moeda nacional. Para torná-los equiparáveis, utilizaremos

um método sugerido por O’BRIEN (1999).

O’BRIEN (1999) apresenta um método de conversão, em que o custo de

capital acionário de determinada ação em reais é igual ao seu custo de capital

próprio em dólares americanos, somados aos seguintes ajustes: (1) o

diferencial das taxas livre de risco brasileira e americana; (2) a sensibilidade do

câmbio ao prêmio de risco mundial e (3) a sensibilidade do retorno da ação em

dólares ao câmbio, conforme apresentado na fórmula a seguir:

(((( )))) (((( ))))$,

2$,

$$$$ 1 USxiG

USGx

USF

RF

USi

Ri PRRRRR ββββσσσσββββ −−−−××××++++××××−−−−−−−−++++==== (15)

onde, RiR$ e Ri

US$ é o retorno de determinada ação em reais e em dólares,

respectivamente; RFR$ é a taxa livre de risco do Brasil em reais e RF

US$ a taxa

livre de risco dos EUA em dólares. PRG é o prêmio de risco do mercado

mundial e σ2 é variância da taxa de câmbio US$/R$. O parâmetro βx,GUS$ é

estimado a partir da regressão da variação percentual mensal da taxa de

câmbio US$/R$ com o prêmio de risco do mercado mundial. Este último será

representado pela diferença entre o índice global ACFI e o rendimento mensal

da “Treasury Bill” dos EUA. E finalmente, o parâmetro βi,xUS$ é estimado por

meio da regressão do prêmio de risco de determinada ação – a diferença entre

70

o seu retorno mensal em dólares e o rendimento mensal da “Treasury Bill” dos

EUA – com a variação da taxa de câmbio mensal US$/R$.

Todos os parâmetros necessários para o cálculo do percentual de

conversão foram estimados no período entre abril de 1997 e março de 2002.

Para a taxa livre de risco do Brasil em reais, RFR$, foi utilizado o rendimento da

caderneta de poupança, de 8,5% a.a., e a taxa SELIC, de 18,5% a.a.. O RFUS$

foi de 4,4% a.a., o PRG de 4,45% a.a. e a σ2 de 3,75%. O valor encontrado

para o βx,GUS$ foi de 0,27, o que significa que uma variação de 10% no mercado

global pode ser associada a uma variação de 2,7% no valor em dólares do

Real. O βi,xUS$, específico de cada empresa, está apresentado na Tabela 2, a

seguir:

TABELA 2 - Valores dos βi,xUS$ obtidos com base no método de conversão

de O’BRIEN (1999), com seus respectivos intervalos de confiança, R2

Ajustados e p-values.

Empresas β 95%−β 95%−β 95%−β 95%− ββββ IX β 95%+β 95%+β 95%+β 95%+ R-2 Ajust P-Value β β β β

Perdigão 0,71 1,25 1,78 26,3% 0,00Sadia 0,69 1,17 1,65 28,0% 0,00Weg 0,48 0,90 1,32 22,7% 0,00Banco Brasil 0,98 1,58 2,18 31,1% 0,00Bradesco 0,94 1,55 2,17 29,3% 0,00Itaubanco 0,96 1,46 1,96 36,2% 0,00Unibanco 1,29 2,00 2,70 34,6% 0,00Ambev 0,37 0,84 1,30 16,7% 0,00Randon 0,45 1,13 1,80 14,6% 0,00Iochpe -0,21 0,74 1,70 2,3% 0,13Duratex 0,77 1,39 2,01 24,6% 0,00Gerdau 0,40 1,12 1,83 12,9% 0,00Vale -0,39 0,11 0,62 -1,4% 0,65Aracruz -1,91 -1,23 -0,55 17,0% 0,00Klabin -0,14 0,66 1,46 2,9% 0,10Ripasa -0,80 0,00 0,80 -1,7% 1,00Votorantin 0,09 0,76 1,44 6,5% 0,03Ipiranga 0,85 1,42 1,98 29,2% 0,00Petrobras 1,08 1,74 2,39 31,7% 0,00Embraer 0,65 1,46 2,26 17,1% 0,00Marcopolo 0,47 0,96 1,45 19,4% 0,00Inepar 1,00 1,88 2,76 22,7% 0,00

71

Apenas como ilustração, um βi,xUS$ de 1,46 da Embraer, por exemplo,

equivale dizer que, mantidas as demais variáveis constantes, uma apreciação

(depreciação) frente ao real de 10% levaria o retorno das ações da Embraer

em dólares a ser 14,6% maior (menor) do que se não houvesse nenhuma

mudança na taxa de câmbio. Já para a Aracruz, cujo βi,xUS$ foi de -1,23, uma

apreciação (depreciação) do dólar frente ao real de 10% levaria o retorno das

ações da Aracruz em dólares ser 12,3% menor (maior) do que se não

houvesse nenhuma mudança na taxa de câmbio.

Este último resultado não parece representar adequadamente a realidade,

já que a Aracruz exporta mais de 90% de sua produção. Além disso, quatro

empresas - Ripasa, Klabin, Vale e Iochpe - não obtiveram coeficientes

significativos e dentre as demais companhias foi observada uma média do R2a

de apenas 23%. Os resultados da regressão para estimar o coeficiente de

ajuste ao câmbio (βx,GUS$), foram igualmente fracos, com R2

a muito reduzido

(2,37%) e coeficiente não significativo, dado que seu p-value foi de 0,12.

Neste contexto, o método de O´BRIEN (1999) não nos pareceu adequado

para converter o custo de capital próprio global em reais. Neste caso, devido à

dificuldade de se prever a variação da taxa de câmbio e sua consequente

influência nos custos de capital acionário local e global, iremos supor que a

relação R$/US$ se manterá constante ao longo do tempo. Dessa forma,

poderemos comparar diretamente os custos de capital próprio calculados pelos

dois modelos: CAPM Local e Global.

3.4 Limitações do Estudo

Com relação à coleta de dados, a maior limitação refere-se não só ao

volume de dados disponível como também ao intervalo de tempo escolhido.

O reduzido volume de dados disponível é fruto do pequeno volume

financeiro diário da BOVESPA e do baixo número de empresas de capital

aberto no país. O mercado de capitais brasileiro é pequeno se comparado com

72

o de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Reino Unido. O volume

médio diário negociado na BOVESPA foi de US$ 265 milhões, em 2001, cerca

de 1% do volume médio diário negociado na NYSE. Além disso, o número de

empresas de capital aberto só neste mercado é quase 7 vezes maior que o

total de empresas brasileiras abertas.

Um maior volume de dados aumentaria ao mesmo tempo a precisão e a

confiabilidade estatística, uma vez que são grandezas diretamente

proporcionais ao tamanho da amostra.

A escolha de um intervalo de tempo entre abril de 1997 e março de 2002 se

deve, em parte, à estabilidade monetária alcançada no país após implantação

do Plano Real. O país saiu de patamares inflacionários mensais altíssimos para

valores bem menores e declinantes.

No entanto, este período é crítico por incorporar quatro grandes crises: a

crise da Ásia, da Rússia, do Brasil e da Argentina, em 1997, 1998, 1999 e

2001, respectivamente. Sem contar, ainda, com os atentados terroristas em

setembro de 2001. Todas essas crises influenciaram, significativamente, o

comportamento dos mercados o que, conseqüentemente, impactou no retorno

das ações.

Ainda com relação à coleta de dados, a indisponibilidade de parâmetros

compatíveis aos exigidos pelo CAPM como, por exemplo, taxas realmente

livres de risco, pode vir a comprometer os resultados obtidos pelo modelo.

Além disso, uma outra grande limitação é a instabilidade tanto dos níveis de

integração dos mercados no tempo quanto dos parâmetros empregados nos

modelos.

Segundo STULZ (1995) o grau de integração dos mercados variou

drasticamente ao longo do tempo. Com uma integração progressiva dos

mercados, espera-se uma redução no prêmio de risco em conseqüência da

crescente diversificação da carteira de mercado global. Isso significa que

73

quando usamos uma série relativamente longa de retornos de índices globais,

estamos trabalhando, ao mesmo tempo, com períodos onde os mercados eram

em grande parte segmentados e períodos onde existiam poucas barreiras aos

investimentos internacionais.

Cientes das limitações impostas pelo estudo, seguiremos à seção de

Resultados.

74

4 RESULTADOS

Os resultados aqui apresentados foram obtidos a partir da aplicação dos

modelos CAPM Local, Global Simples e Global de Dois Fatores. A amostra

utilizada foi composta por 22 empresas brasileiras com atuação direta em

outros países.

A seguir serão apresentadas as particularidades de cada modelo

juntamente com os resultados obtidos.

4.1 CAPM Local

4.1.1 Parâmetros

O rendimento da caderneta de poupança de 8,5% a.a. foi utilizado como

taxa livre de risco. O prêmio de risco de mercado foi de 6,0%, baseado no

modelo de Gordon e Shapiro. Os betas, que foram obtidos a partir das

regressões lineares simples dos retornos de cada ação com os índices de

mercado, IBOVESPA e IBX, estão apresentados nas Tabelas 3 e 4, a seguir,

junto com os seus respectivos p-values, intervalos de 95% de confiança e R2a

da regressão.

Conforme McCLAVE; BENSON; SINCICH (2001), o p-value resultante da

regressão nos responderá se o valor do beta fornecido é ou não

significativamente diferente de zero. Como a hipótese que está sendo testada é

a de que o β = 0, a um nível de significância de 5%, quando o p-value for

menor que 0,05 a hipótese é rejeitada. Isso significa que a um nível de

significância de 5% podemos afirmar que o β > 0, ou seja, que o retorno do

mercado contribui para a previsão do retorno da ação da empresa.

75

Ainda conforme os autores, outra forma de se averiguar a utilidade do

modelo linear usado na regressão é utilizar o R2 ou o R2 Ajustado (R2a). Ambos

os valores medem o percentual de contribuição do mercado na previsão do

retorno da empresa. Porém, o R2a possui a particularidade de levar em conta o

tamanho da amostra e o número de variáveis independentes. Dessa forma, ele

não pode ser forçado a chegar a 1 (um), apenas adicionando mais e mais

variáveis independentes ao modelo, o que lhe compete, conseqüentemente,

uma característica mais conservadora. Por este motivo, serão utilizados aqui os

valores de R2a.

TABELA 3 - Valores dos betas obtidos com base no CAPM Local, utilizando

o IBOVESPA como “proxy” da carteira de mercado. As empresas encontram-se

distribuídas por setor.CAPM Local/IBOV ββββ inf 95%95%95%95% ββββ ββββ sup 95%95%95%95% R 2 Ajust P-Value β β β β

Perdigão 0,19 0,45 0,71 16% 0,00Sadia 0,46 0,65 0,84 44% 0,00Weg -0,10 0,12 0,34 0% 0,29Banco Brasil 0,47 0,73 1,00 34% 0,00Bradesco 0,64 0,88 1,11 48% 0,00Itaubanco 0,65 0,81 0,97 63% 0,00Unibanco 0,79 1,06 1,33 50% 0,00Ambev 0,47 0,66 0,85 44% 0,00Randon 0,46 0,76 1,07 29% 0,00Iochpe -0,07 0,42 0,92 3% 0,09Duratex 0,30 0,59 0,89 21% 0,00Gerdau 0,84 1,11 1,38 53% 0,00Vale 0,42 0,73 1,04 27% 0,00Aracruz 0,43 1,06 1,68 15% 0,00Klabin 0,21 0,63 1,05 12% 0,00Ripasa 0,56 1,04 1,52 23% 0,00Votorantin 0,49 0,82 1,15 28% 0,00Ipiranga 0,36 0,61 0,86 28% 0,00Petrobras 0,87 1,07 1,27 65% 0,00Embraer 0,07 0,48 0,90 7% 0,02Marcopolo 0,06 0,31 0,56 8% 0,02Inepar 0,49 0,90 1,31 23% 0,00

76

TABELA 4 - Valores dos betas obtidos com base no CAPM Local, utilizando

o IBX como “proxy” da carteira de mercado.

CAPM Local/IBX ββββ inf 95%95%95%95% ββββ ββββ sup 95%95%95%95% R2 Ajust P-Value β β β β

Perdigão 0,24 0,51 0,79 18% 0,00Sadia 0,53 0,73 0,92 47% 0,00Weg -0,08 0,16 0,40 1% 0,18Banco Brasil 0,51 0,79 1,08 33% 0,00Bradesco 0,74 0,99 1,24 52% 0,00Itaubanco 0,74 0,91 1,07 68% 0,00Unibanco 0,91 1,20 1,48 55% 0,00Ambev 0,52 0,73 0,93 45% 0,00Randon 0,49 0,82 1,16 28% 0,00Iochpe -0,03 0,50 1,03 4% 0,06Duratex 0,37 0,68 1,00 24% 0,00Gerdau 0,91 1,21 1,50 53% 0,00Vale 0,47 0,80 1,14 27% 0,00Aracruz 0,46 1,13 1,81 15% 0,00Klabin 0,23 0,69 1,15 12% 0,00Ripasa 0,59 1,12 1,64 23% 0,00Votorantin 0,55 0,91 1,26 30% 0,00Ipiranga 0,40 0,67 0,94 29% 0,00Petrobras 1,01 1,21 1,41 71% 0,00Embraer 0,12 0,57 1,01 8% 0,01Marcopolo 0,08 0,35 0,62 9% 0,01Inepar 0,45 0,91 1,37 20% 0,00

De uma forma geral, o R2a foi maior para a maioria das empresas quando

utilizado o IBX como índice de mercado, com exceção do Banco do Brasil,

Randon, Aracruz, Ripasa e Inepar. A Weg e a Iochpe, em particular, foram as

únicas empresas em que não foi identificada uma relação linear entre o retorno

do mercado e o da ação, uma vez que os seus p-values ficaram, acima de

0,05, e os R2a não chegaram a 5%, tanto para o IBOVESPA quanto para o IBX.

Deve se destacar, ainda, os reduzidos R2a obtidos nas empresas Perdigão,

Aracruz, klabin e, especialmente, na Embraer (7,0% e 8,0%) e Marcopolo

(8,0% e 9,0%). Os maiores R2a foram das instituições financeiras privadas,

Itaubanco e Unibanco, e das empresas Gerdau e Petrobras.

Todas as empresas apresentaram betas maiores quando calculados com o

índice IBX. A Inepar apresentou a menor diferença relativa percentual entre os

77

betas, cerca de 1%. As maiores diferenças percentuais entre os betas foram

das empresas Embraer (18%) e Duratex (15%), desconsiderando aquelas que

não obtiveram betas significativos.

É importante destacar que os betas obtidos pelo CAPM Local, no Brasil, são

de uma forma geral fracos, devido principalmente à própria construção dos

betas locais. As grandes empresas do pregão obtém betas próximos de 1 (um),

enquanto as demais empresas ficam com betas próximos de zero. Esta

característica acaba, inevitavelmente, impactando nos custos de capital

próprio, obtidos pelo CAPM Local.

4.1.2 Custo do capital próprio

Baseado nos parâmetros mostrados acima, obtivemos os custos de capital

próprio das empresas, em reais. Estes valores, junto com os intervalos de

confiança, encontram-se na Tabela 5, a seguir. A Weg e a Iochpe foram

excluídas da tabela, uma vez que não apresentaram betas significativamente

diferentes de zero. As demais empresas encontram-se distribuídas por setor.

78

TABELA 5 - Valores dos custos de capital acionário, em R$, de empresas

brasileiras, baseado na metodologia do CAPM Local, utilizando o IBOVESPA e

o IBX como “proxy” da carteira de mercado, a poupança (8,5%a.a.), como taxa

livre de risco, e um prêmio de risco de mercado de 6,0% a.a..

CAPM Local/Poupança RR$ (95% -) RR$ (IBOV) RR$ (95% +) RR$ (95% -) RR$ (IBX) RR$ (95% +)

Perdigão 9,7% 11,2% 12,8% 9,9% 11,6% 13,2%Sadia 11,2% 12,4% 13,5% 11,7% 12,9% 14,0%Banco Brasil 11,3% 12,9% 14,5% 11,5% 13,3% 15,0%Bradesco 12,3% 13,8% 15,2% 13,0% 14,4% 15,9%Itaubanco 12,4% 13,3% 14,3% 13,0% 13,9% 14,9%Unibanco 13,2% 14,9% 16,5% 14,0% 15,7% 17,4%Ambev 11,3% 12,5% 13,6% 11,6% 12,9% 14,1%Randon 11,2% 13,1% 14,9% 11,4% 13,4% 15,4%Duratex 10,3% 12,1% 13,8% 10,7% 12,6% 14,5%Gerdau 13,5% 15,2% 16,8% 14,0% 15,7% 17,5%Vale 11,0% 12,9% 14,8% 11,3% 13,3% 15,3%Aracruz 11,1% 14,8% 18,6% 11,2% 15,3% 19,4%Klabin 9,7% 12,3% 14,8% 9,9% 12,6% 15,4%Ripasa 11,8% 14,7% 17,6% 12,1% 15,2% 18,3%Votorantin 11,4% 13,4% 15,4% 11,8% 14,0% 16,1%Ipiranga 10,7% 12,2% 13,7% 10,9% 12,5% 14,2%Petrobras 13,7% 14,9% 16,1% 14,6% 15,8% 17,0%Embraer 8,9% 11,4% 13,9% 9,2% 11,9% 14,6%Marcopolo 8,8% 10,4% 11,9% 9,0% 10,6% 12,2%Inepar 11,4% 13,9% 16,4% 11,2% 13,9% 16,7%

A diferença entre as duas colunas de custos do capital acionário, na Tabela

5, se deve unicamente aos betas utilizados. Para a primeira coluna foram

utilizados os betas baseados no IBOVESPA e para a segunda o IBX. Isso

justifica o fato dos custos do capital acionário calculados com os betas obtidos

a partir da carteira do IBX serem maiores do que os obtidos baseados no

IBOVESPA.

Com o intuito de facilitar a comparação entre os diferentes valores dos

custos de capital acionário obtidos acima, utilizando a metodologia do CAPM

Local, optamos por apresentá-los na Figura 2, da seguinte forma:

79

Custo de Capital Próprio (CAPM Local)

Perdigão

Sadia

BBItaubanco

Unibanco

Ambev

Randon

Duratex

Gerdau

Vale

Klabin

Ripasa

Votorantin

Ipiranga

Petrobras

Embraer

Marcopolo

Perdigão

BB

Bradesco

Itaubanco

Unibanco

Ambev

Randon

Duratex

Gerdau

Vale

Klabin

Ripasa

Votorantin

Ipiranga

Petrobras

Embraer

Marcopolo

BradescoInepar

Aracruz

Inepar

Sadia

Aracruz

10,0%

11,0%

12,0%

13,0%

14,0%

15,0%

16,0%

17,0%

Ibov IBX

``

FIGURA 2 – Custos de capital acionário, em R$, de empresas brasileiras,

baseado na metodologia do CAPM Local, utilizando o IBOVESPA e o IBX como

“proxy” da carteira de mercado e a poupança como taxa livre de risco.

Nota-se que as empresas pertencentes a um mesmo setor não convergiram

para um valor comum de custo de capital próprio. Era natural esperarmos

valores próximos entre as empresas de um mesmo negócio uma vez que, a

princípio, possuem perfis de risco semelhantes.

Na Figura 3 a seguir, estão apresentadas as médias dos custos de capital

acionário doméstico das empresas, utilizando o IBX e IBOVESPA como índice

de mercado.

80

Custo de Capital Próprio (CAPM Local)

Perdigão

Sadia

BB

Bradesco

Itaubanco

Unibanco

Ambev

Randon

Duratex

Gerdau

Vale

Aracruz

Klabin

Votorantin

Ipiranga

Petrobras

Embraer

Marcopolo

Inepar

Ripasa

10,0%

11,0%

12,0%

13,0%

14,0%

15,0%

16,0%

Média (ibov e Ibx)

FIGURA 3 – Média dos custos de capital próprio de empresas brasileiras,

baseado na metodologia do CAPM Local, utilizando o IBOVESPA e o IBX como

“proxy” da carteira de mercado e a poupança como taxa livre de risco.

Dentre as empresas do setor de papel e celulose, por exemplo, a Klabin foi

aquela que mais se distanciou das demais. Ela apresentou uma média de custo

de capital acionário de 12,5%, enquanto a Aracruz, Ripasa e Votorantin

obtiveram uma média de 15,1%, 15,0% e 13,7%, respectivamente. Ao mesmo

tempo, podemos perceber que não houve uma diferença expressiva entre os

custos de capital acionário de algumas empresas de setores de atuação

diferentes. De acordo com a figura acima, empresas que desempenham

atividades distintas e, portanto, de riscos também muito diferentes,

apresentaram custos de capital acionário praticamente iguais.

81

4.2 CAPM Global Simples

4.2.1 Parâmetros

Foram utilizados um prêmio de risco de 4,45% e uma taxa livre de risco de

4,40%. Os betas foram primeiramente calculados a partir de dois diferentes

índices, o WI e o ACFI. Após a comparação dos resultados, optamos por

utilizar somente o último índice.

Decidimos mostrar aqui os valores dos betas resultantes dos dois índices

do MSCI para, dessa forma, evidenciar o motivo pelo qual nos baseamos para

utilizar somente o ACFI.

Na Tabela 6, a seguir, encontram-se os betas obtidos a partir das

regressões dos retornos de cada ação com os dois índices de mercado do

MSCI, o WI e o ACFI. Além dos betas, estão também a diferença relativa

percentual entre eles e os p-values de cada um.

82

TABELA 6 - Valores dos betas obtidos baseado no CAPM Global Simples,

utilizando o World Index (WI) e o All Country Free Index (ACFI) do MSCI como

“proxy” da carteira de mercado.ACFI WI

ββββ P-Value β β β β ββββ P-Value β β β β (ACFI-WI)/ACFI

Perdigão 1,32 0,00 1,29 0,00 0,03Sadia 1,59 0,00 1,55 0,00 0,02Weg 0,22 0,49 0,19 0,56 0,13Banco Brasil 1,61 0,00 1,57 0,00 0,03Bradesco 1,74 0,00 1,70 0,00 0,02Itaubanco 1,75 0,00 1,72 0,00 0,01Unibanco 2,11 0,00 2,04 0,00 0,03Ambev 1,49 0,00 1,49 0,00 0,00Randon 1,87 0,00 1,85 0,00 0,01Iochpe 0,94 0,14 0,89 0,18 0,06Duratex 1,25 0,01 1,21 0,01 0,04Gerdau 2,41 0,00 2,35 0,00 0,02Vale 1,38 0,00 1,33 0,00 0,03Aracruz 1,54 0,00 1,51 0,00 0,01Klabin 1,73 0,00 1,68 0,00 0,03Ripasa 1,78 0,00 1,72 0,00 0,03Votorantin 1,53 0,00 1,49 0,00 0,03Ipiranga 1,06 0,02 1,02 0,02 0,04Petrobras 2,41 0,00 2,36 0,00 0,02Embraer 1,65 0,00 1,63 0,01 0,01Marcopolo 0,77 0,03 0,73 0,05 0,05Inepar 2,20 0,00 2,20 0,00 0,00

CAPM Global Simples

Desconsiderando as empresas que tiveram p-value maior que 0,05,

podemos perceber uma diferença pequena entre os betas de cada índice. Isso

é fruto da baixa capitalização de mercado dos países emergentes em relação

aos desenvolvidos. Pode-se notar, que para todas as empresas da amostra os

betas obtidos pelo ACFI foram maiores que os obtidos pelo WI. Isso faz

bastante sentido, uma vez que o mercado brasileiro está contido somente no

ACFI.

Como as diferenças dos βs entre as empresas de p-value menor ou igual a

0,05 não foi significativa, os cálculos dos custos do capital acionário se

basearam no ACFI por representar uma amostra maior dos mercados e estar

mais de acordo com a definição de carteira de mercado, mencionada na seção

Metodologia.

A seguir apresentamos, com mais detalhe, a estatística descritiva dos betas

obtidos através da regressão com o índice ACFI.

83

TABELA 7 - Valores dos betas obtidos com base no CAPM Global Simples,

utilizando o All Country Free Index do MSCI como “proxy” da carteira de

mercado.CAPM Global Simples/ACFI ββββ inf. 95%95%95%95% ββββ ββββ sup. 95%95%95%95% R-2 Ajust P-Value β β β β

Perdigão 0,57 1,32 2,07 16% 0,00Sadia 0,96 1,59 2,21 30% 0,00Weg -0,41 0,22 0,85 -1% 0,49Banco Brasil 0,75 1,61 2,48 18% 0,00Bradesco 0,88 1,74 2,61 21% 0,00Itaubanco 1,06 1,75 2,44 29% 0,00Unibanco 1,09 2,11 3,13 21% 0,00Ambev 0,93 1,49 2,05 32% 0,00Randon 1,03 1,87 2,72 24% 0,00Iochpe -0,33 0,94 2,21 2% 0,14Duratex 0,36 1,25 2,14 10% 0,01Gerdau 1,60 2,41 3,21 37% 0,00Vale 0,82 1,38 1,93 28% 0,00Aracruz 0,63 1,54 2,44 15% 0,00Klabin 0,75 1,73 2,71 16% 0,00Ripasa 0,83 1,78 2,73 18% 0,00Votorantin 0,69 1,53 2,38 17% 0,00Ipiranga 0,21 1,06 1,91 8% 0,02Petrobras 1,56 2,41 3,25 35% 0,00Embraer 0,56 1,65 2,74 12% 0,00Marcopolo 0,07 0,77 1,47 6% 0,03Inepar 1,00 2,20 3,40 17% 0,00

A Weg e a Iochpe foram as únicas empresas em que não foi observada

uma relação linear entre os retornos de suas ações e os do índice ACFI. Dentre

as demais, a Marcopolo, Ipiranga e Duratex foram as empresas que obtiveram

os menores R2a, 6%, 8% e 10%, respectivamente.

4.2.2 Custo do capital próprio

Na Tabela 8, estão apresentados os custos de capital próprio, em dólar,

para cada empresa. Deve-se destacar que a Weg e a Iochpe não conseguiram

rejeitar a hipótese do β = 0 e por isso foram excluídas.

84

TABELA 8 - Valores dos custos do capital acionário, em US$, de empresas

brasileiras, baseado na metodologia do CAPM Global Simples. O ACFI foi

usado como “proxy” da carteira de mercado e o “T-Bond” de 30 anos (4,4%a.a.)

como taxa livre de risco. O prêmio de risco de mercado foi de 4,45% a.a..

CAPM Global Simples/ACFI ReUS$ (95% -) ReUS$ ReUS$ (95% +)

Perdigão 7,0% 10,3% 13,6%Sadia 8,7% 11,5% 14,3%Banco Brasil 7,7% 11,6% 15,4%Bradesco 8,3% 12,1% 16,0%Itaubanco 9,1% 12,2% 15,3%Unibanco 9,2% 13,8% 18,3%Ambev 8,5% 11,0% 13,5%Randon 9,0% 12,7% 16,5%Duratex 6,0% 10,0% 13,9%Gerdau 11,5% 15,1% 18,7%Vale 8,0% 10,5% 13,0%Aracruz 7,2% 11,2% 15,3%Klabin 7,8% 12,1% 16,5%Ripasa 8,1% 12,3% 16,6%Votorantin 7,5% 11,2% 15,0%Ipiranga 5,3% 9,1% 12,9%Petrobras 11,4% 15,1% 18,9%Embraer 6,9% 11,7% 16,6%Marcopolo 4,7% 7,8% 11,0%Inepar 8,8% 14,2% 19,5%

Como o objetivo de facilitar a visualização dos diferentes valores dos custos

de capital acionário obtidos acima, utilizando a metodologia do CAPM Global

Simples, iremos apresentá-los na Figura 4 e 5, da seguinte forma:

85

Custo de Capital Próprio Global

Perdigão

Unibanco

Ambev

Duratex

Gerdau

Vale

Aracruz Votorantin

Ipiranga

Petrobras

Marcopolo

Inepar

BB

Ripasa

Sadia

Bradesco Itaubanco Klabin

Embraer

Randon

7,0%

8,0%

9,0%

10,0%

11,0%

12,0%

13,0%

14,0%

15,0%

16,0%

CAPM Global Simples

FIGURA 4 – Custos de capital próprio de empresas brasileiras, em US$,

baseado na metodologia do CAPM Global Simples.

Baseado na Figura 4, podemos perceber que as empresas do setor de

papel e celulose apresentaram custos de capital acionário próximos. Com

relação ao bancos privados, o Unibanco acabou se distanciando do Itaubanco

e Bradesco, que obtiveram custos de capital acionário praticamente iguais.

Por outro lado, de acordo com a Figura 5, a seguir, não se percebeu uma

diferenciação relevante entre os custos de capital próprio de algumas

empresas de setores distintos, que, por representarem atividades de risco

diferentes, não deveriam apresentar custos de capital próprio semelhantes.

86

Custo de Capital Próprio Global

Perdigão

Unibanco

Ambev

Duratex

Gerdau

Vale

Aracruz Votorantin

Ipiranga

Petrobras

Marcopolo

Inepar

BB

Ripasa

Sadia

Bradesco Itaubanco Klabin

Embraer

Randon

7,0%

8,0%

9,0%

10,0%

11,0%

12,0%

13,0%

14,0%

15,0%

16,0%

CAPM Global Simples

FIGURA 5 – Custos de capital próprio, em US$, de empresas brasileiras,

baseado na metodologia do CAPM Global Simples.

Deve-se destacar, ainda, que ao considerarmos a razão R$/US$ constante

ao longo do tempo, os resultados do modelo CAPM Local, expressos em reais,

passam a ser diretamente comparáveis aos resultados obtidos pelo CAPM

Global Simples, calculados em dólares americanos. Estes valores serão mais

tarde confrontados no capítulo Comparação de Resultados.

4.3 CAPM Global de Dois Fatores

4.3.1 Parâmetros

A taxa livre de risco e o ágio pelo risco de mercado foram os mesmos

utilizados no CAPM Global Simples. A média geométrica do prêmio de risco

cambial, calculada no período entre abril de 1997 e março de 2002, não foi

significativamente diferente de zero. Os betas e as sensibilidades ao risco

cambial (gamas) foram obtidos a partir das regressões lineares múltiplas entre

87

os retornos de cada empresa e do índice de mercado global, ACFI, e a

variação cambial. Seu valores estão apresentados na Tabela 9, junto com os

seus respectivos p-values, intervalos de 95% de confiança, R2a da regressão e

F-Test.

Segundo McCLAVE; BENSON; SINCICH (2001), em uma regressão

múltipla a melhor forma de se averiguar a utilidade do modelo, além de se

utilizar o R2a, é conduzir testes globais, testes que levem em conta todos

coeficientes angulares como, por exemplo, o F-Test. Nele a hipótese testada é

a de que todos os coeficientes angulares sejam nulos. Este teste será aqui

apresentado a um nível de significância de 5%, o que significa que quando o

valor do teste for menor que 0,05, a hipótese alternativa foi aceita, ou seja, pelo

menos um dos coeficientes é diferente de zero.

TABELA 9 – Valores dos betas e dos gamas obtidos com base no CAPM

Global de Dois Fatores, utilizando o All Country Free Index do MSCI como

“proxy” da carteira de mercado.CAPM Global 2 fatores/ACFI β 95%−β 95%−β 95%−β 95%− ββββ β 95%+β 95%+β 95%+β 95%+ γγγγ 95%- γγγγ γγγγ 95%+ R-2 Ajust F-test P-Value β β β β P-Value γ γ γ γPerdigão 0,52 1,29 2,05 -0,26 0,09 0,45 15% 0,00 0,00 0,60Sadia 0,92 1,56 2,20 -0,22 0,08 0,37 29% 0,00 0,00 0,60Weg -0,40 0,25 0,90 -0,38 -0,08 0,22 -2% 0,68 0,44 0,59Banco Brasil 0,72 1,61 2,50 -0,40 0,01 0,42 16% 0,00 0,00 0,98Bradesco 0,90 1,79 2,67 -0,53 -0,12 0,29 20% 0,00 0,00 0,56Itaubanco 1,08 1,78 2,49 -0,42 -0,09 0,24 29% 0,00 0,00 0,58Unibanco 1,03 2,08 3,12 -0,39 0,09 0,58 20% 0,00 0,00 0,70Ambev 0,90 1,48 2,05 -0,22 0,04 0,31 31% 0,00 0,00 0,75Randon 1,17 2,01 2,85 -0,75 -0,36 0,03 27% 0,00 0,00 0,07Iochpe -0,16 1,12 2,39 -1,05 -0,47 0,12 4% 0,10 0,08 0,12Duratex 0,26 1,17 2,07 -0,19 0,22 0,64 11% 0,02 0,01 0,29Gerdau 1,71 2,52 3,32 -0,66 -0,29 0,08 39% 0,00 0,00 0,13Vale 0,91 1,46 2,02 -0,50 -0,24 0,01 31% 0,00 0,00 0,06Aracruz 0,71 1,63 2,55 -0,69 -0,26 0,16 16% 0,00 0,00 0,22Klabin 0,79 1,79 2,79 -0,62 -0,16 0,30 16% 0,00 0,00 0,49Ripasa 1,14 2,03 2,92 -1,09 -0,68 -0,27 30% 0,00 0,00 0,00Votorantin 0,70 1,56 2,43 -0,48 -0,08 0,32 16% 0,00 0,00 0,68Ipiranga 0,19 1,06 1,93 -0,41 -0,01 0,40 7% 0,05 0,02 0,98Petrobras 1,58 2,44 3,31 -0,50 -0,10 0,30 34% 0,00 0,00 0,62Embraer 0,46 1,57 2,69 -0,30 0,21 0,73 12% 0,01 0,01 0,41Marcopolo 0,07 0,78 1,50 -0,37 -0,04 0,29 5% 0,10 0,03 0,82Inepar 0,99 2,22 3,46 -0,64 -0,07 0,50 16% 0,00 0,00 0,82

Como pode ser visto na Tabela 9, a Weg, a Iochpe e a Marcopolo foram as

únicas empresas em que a hipótese nula do F-Test não foi rejeitada, ou seja,

não foi identificada uma relação entre os retornos das suas ações com os do

88

mercado e/ou a variação cambial. A Weg e a Iochpe, particularmente, também

não conseguiram rejeitar a hipótese nula do teste t no CAPM Global Simples.

De um modo geral não foram constatadas diferenças significativas entre os

R2a quando calculados pelo CAPM Global Simples e de Dois Fatores. As

maiores diferenças percentuais foram da Randon (13%), Vale (11%), Ripasa

(66%) e Ipiranga (-20%). As três primeiras empresas obtiveram R2a maiores

quando calculados pelo CAPM Global de Dois Fatores.

Desconsiderando as empresas que obtiveram o F-Test acima de 0,05, as

maiores diferenças relativas percentuais entre os betas obtidos pelo CAPM

Global Simples e pelo CAPM Global de Dois Fatores foram observadas nas

empresas Vale, Aracruz, Randon, Duratex e Ripasa, com 6%, 6%, 7%, -7% e

14%, respectivamente. Para as demais empresas, o trabalho adicional de se

acrescentar mais uma variável ao modelo do CAPM Global Simples não foi

compensado.

Exceto no caso da Ripasa, todos os p-values dos gamas estiveram acima

de 0,05, ou seja, não se conseguiu rejeitar a hipótese de γ = 0. Além disso, a

média geométrica do prêmio de risco cambial não foi significativamente

diferente de zero. Por essas razões decidimos não utilizar as estimativas do

retorno das ações da amostra obtidas pelo CAPM Global de Dois Fatores, já

que o trabalho adicional de se acrescentar mais uma variável independente ao

modelo não trouxe qualquer melhoria no seu poder de explicação.

4.4 Comparação dos Resultados

Os resultados obtidos a partir do CAPM Global Simples, expressos em

dólares americanos, passam a ser comparáveis aos resultados do CAPM

Local, expressos em moeda nacional, a partir do momento em que supomos

que a relação R$/US$ é constante ao longo do tempo. Na Tabela 10, a seguir,

encontram-se os resultados obtidos pelo CAPM Local e pelo CAPM Global

Simples.

89

TABELA 10 – Diferença entre os valores dos custos do capital acionário de

empresas brasileiras obtidos a partir da metodologia do CAPM Local

(Poupança, IBOVESPA e IBX) e do CAPM Global Simples.

CAPM Local/Poupança CAPM Global SimplesRR$ (IBOV) RR$ (IBX) RR$ (ACFI)

Perdigão 11,2% 11,6% 10,3% -0,9% -1,3%Sadia 12,4% 12,9% 11,5% -0,9% -1,4%Banco Brasil 12,9% 13,3% 11,6% -1,3% -1,7%Bradesco 13,8% 14,4% 12,1% -1,6% -2,3%Itaubanco 13,3% 13,9% 12,2% -1,2% -1,8%Unibanco 14,9% 15,7% 13,8% -1,1% -1,9%Ambev 12,5% 12,9% 11,0% -1,4% -1,8%Randon 13,1% 13,4% 12,7% -0,4% -0,7%Duratex 12,1% 12,6% 10,0% -2,1% -2,6%Gerdau 15,2% 15,7% 15,1% 0,0% -0,6%Vale 12,9% 13,3% 10,5% -2,4% -2,8%Aracruz 14,8% 15,3% 11,2% -3,6% -4,1%Klabin 12,3% 12,6% 12,1% -0,2% -0,5%Ripasa 14,7% 15,2% 12,3% -2,4% -2,9%Votorantin 13,4% 14,0% 11,2% -2,2% -2,7%Ipiranga 12,2% 12,5% 9,1% -3,0% -3,4%Petrobras 14,9% 15,8% 15,1% 0,2% -0,7%Embraer 11,4% 11,9% 11,7% 0,4% -0,1%Marcopolo 10,4% 10,6% 7,8% -2,5% -2,8%Inepar 13,9% 13,9% 14,2% 0,3% 0,3%

Empresas RR$ (ACFI) - RR$ (IBOV) RR$ (ACFI) - RR$ (IBX)

Podemos observar que todas as empresas, exceto a Petrobras, Embraer e

Inepar, obtiveram custos de capital acionário locais maiores que os globais,

independente do índice de mercado local utilizado. No entanto, a amplitude das

diferenças entre os custos de capital próprio local e global diferiram entre as

companhias, como pode ser visto na Figura 6, a seguir:

90

Custo de Capital Próprio

Ipiranga3,2%

Marcopolo2,6%

Perdigão1,1%

Petrobras0,2%

Randon0,5%

Ambev1,6%

Ripasa2,6%

Klabin0,3%

Votorantin2,4%

Aracruz3,8%Vale

2,6%Duratex2,4%

Sadia1,1%

Gerdau0,3%

Bradesco2,0%

Itaubanco1,5%BB

1,5%

Embraer-0,1%

Inepar -0,3%

Unibanco1,5%

7,0%

8,0%

9,0%

10,0%

11,0%

12,0%

13,0%

14,0%

15,0%

16,0%

Média Local (Ibov e Ibx) Global Simples

FIGURA 6 – Média dos custos de capital próprio de empresas brasileiras

utilizando o CAPM Local (IBOVESPA e IBX) e custos de capital acionário

calculados a partir do CAPM Global Simples.

De acordo com a Figura 6, a Gerdau, Randon, Klabin, Petrobras, Inepar e

Embraer não apresentaram diferenças expressivas entre os seus custos de

capital próprio local e global. Por outro lado, as demais empresas

apresentaram juntas uma diferença média de 2,3%. A média do custo de

capital próprio local da Aracruz, por exemplo, ficou 3,8% acima do seu custo de

capital próprio global, a maior diferença entre as empresas.

91

5 CONCLUSÃO

Este estudo veio dar uma contribuição ao cálculo do custo de capital

acionário de empresas brasileiras que possuem investimentos diretos em

outros países, tendo por objetivo responder a seguinte pergunta:

considerando que o mercado é razoavelmente integrado, é corretoadicionar um prêmio de risco ao custo de capital próprio domésticoutilizado em projetos no Brasil quando se pretende atuar diretamente noexterior, em projetos semelhantes?

Para tal, foram utilizadas como ferramentas, para estimativa do custo de

capital acionário dessas empresas, três extensões do modelo CAPM: o Local, o

Global Simples e o Global de Dois Fatores – mercado e câmbio.

Apesar do que sugeriu STULZ (1995), o impacto das flutuações das taxas

de câmbio nos preços dos ativos teve que ser afastado das análises deste

estudo. Os resultados alcançados a partir do CAPM Global de Dois Fatores

foram desconsiderados, devido à falta de significância dos parâmetros obtidos

e à piora no poder de explicação do modelo global, após o acréscimo de mais

uma variável - a surpresa cambial.

Além disso, do total de vinte e duas empresas, duas, a Weg e a Iochpe,

tiveram que ser excluídas dos cálculos do custo de capital devido à falta de

significância das regressões nos três modelos empregados.

A partir da aplicação dos modelos, o estudo mostrou que para a maioria das

empresas da amostra não é correto adicionar um prêmio de risco ao custo de

capital próprio doméstico, aplicado em projetos no Brasil, para se chegar ao

custo de capital acionário utilizado em investimentos diretos no exterior.

Isso significa que empresas brasileiras podem estar perdendo boas

oportunidades de investimentos no exterior por exigirem taxas maiores que as

utilizadas no Brasil, por não considerarem de forma adequada a contribuição

92

do risco do projeto ao risco da carteira global. Uma avaliação incorreta acerca

dos riscos envolvidos em um projeto internacional, pode levar, em última

instância, a tomadas de decisões equivocadas às custas dos acionistas da

empresa.

Tais resultados foram ao encontro do que mostrou SCHRAMM; WANG

(1999) em sua pesquisa com uma amostra de 18 empresas. Os autores

observaram que as médias dos betas e dos custos de capital próprio das

empresas eram, significativamente, menores quando considerado o mercado

integrado.

Era esperado que os custos de capital próprio global fossem menores que

os custos locais, em função dos benefícios gerados pela diversificação. Muitos

dos riscos envolvidos em projetos externos como, políticos e econômicos,

devem ser absorvidos através de um ajuste nos fluxos de caixa e não por meio

de um aumento no custo de capital próprio.

No entanto, assim como em SCHRAMM; WANG (1999) e em MISHRA;

O’BRIEN (2001), constatamos que mercados integrados não significam

menores custos de capital próprio para todas as empresas. Nos casos da

Gerdau, Randon, Klabin, Petrobras, Inepar e Embraer, por exemplo, não foram

observadas diferenças expressivas entre seus custos de capital próprio local e

global. Para essas companhias pode não ser razoável considerar o custo de

capital próprio global menor que o custo de capital acionário local, quando se

pretende atuar no exterior.

É preciso destacar, ainda, que a aplicação do modelo CAPM de

precificação de ativos tem como norma a existência de uma taxa

verdadeiramente livre de risco e de uma carteira que englobe todos os ativos

com risco da economia. A impossibilidade de encontrarmos na economia estes

dois parâmetros fez com que utilizássemos ativos que possuíssem

características próximas ao proposto teoricamente. Neste sentido, os

resultados alcançados pelo CAPM devem ser vistos com cuidado, já que a

93

utilização de aproximações inadequadas pode levar a erros de interpretação e,

conseqüentemente, comprometer as conclusões obtidas.

Um outro aspecto agravante, com relação a esta questão, diz respeito às

taxas de juros existentes no Brasil. A forte participação do governo na

determinação dessas taxas, como é o caso da taxa SELIC, pode representar

um elemento complicador ao torná-las sem correspondência com as taxas de

uma economia de livre mercado.

Existem no país duas taxas representativas de uma carteira de zero beta, a

caderneta de poupança e a SELIC, porém tais taxas se apresentam bastante

distantes no que se refere ao retorno médio observado. A segmentação do

mercado brasileiro, fruto das barreiras existentes à livre migração entre as

diferentes taxas livre de risco do país, e a necessidade de uma política

econômica monetária restritiva, devido ao ambiente de controle orçamentário

em que vivemos, podem ter influenciado significativamente os resultados desta

dissertação.

O tamanho do mercado acionário brasileiro representou também um

aspecto limitador para a aplicação do CAPM nos moldes desta dissertação. Ao

contrário de MISHRA; O’BRIEN (2001), que conseguiram analisar 2.989 ações

americanas e 118 ADRs, este estudo trabalhou com uma amostra de apenas

22 empresas, o que inviabilizou a obtenção de conclusões tão representativas

quanto àquelas encontradas pelos autores citados.

Além disso, utilizamos, neste estudo, como referência, para a estimativa

dos custos de capital acionário, um intervalo específico de tempo, de abril de

1997 a março de 2002. É possível que utilizando um outro período os

resultados venham a ser diferentes.

No que se refere à sugestão para pesquisas futuras, um estudo mais

aprofundado das características específicas das vinte e duas empresas

selecionadas, apontando as moedas mais relevantes nos seus custos e

receitas, poderia levar a resultados diferentes dos obtidos nesta dissertação e

94

evidenciar outros aspectos importantes no âmbito da internacionalização de

empresas brasileiras.

Além disso, as dificuldades encontradas na aplicação do CAPM em países

emergentes, como o Brasil, por exemplo, evidencia a carência de teorias mais

adequadas às características particulares desses mercados.

É importante destacar ainda que este estudo mostrou apenas prévias

inferências sobre o custo de capital próprio utilizado por empresas brasileiras

que atuam no exterior, ficando até o momento um vasto campo de estudos a

ser explorado.

95

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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102

7 ANEXOS

ANEXO 1 - Relação de empresas do banco de dados fornecido pelo NuPIn,

classificada segundo a Revista Balanço Anual, da Gazeta Mercantil de julho de

2001, com o setor em ordem alfabética.

N Razão Social Setor

1 Chocolates Garoto S.A. Agribusiness/ Alimentos/ Chocolates, doces, balas ebiscoitos

2 Bunge Alimentos S.A. Agribusiness/ Alimentos/ Conglomerados alimentícios3 Perdigão Agroindustrial S/A Agribusiness/ Alimentos/ Conglomerados alimentícios4 Seara AlimentosS/A Agribusiness/ Alimentos/ Conglomerados alimentícios5 Sadia S.A. Agribusiness/ Alimentos/ Conglomerados alimentícios6 Agroceres Agricultura e Nutrição Animal LTDA. Agribusiness/ Alimentos/ Rações7 Citrosuco Paulista S.A. Agribusiness/ Bebidas e Fumo/ Sucos8 Cocomar LTDA Comércio/ Comércio Atacadista/ Cooperativas9 WEG Industriais S.A. - Exportadora Comércio/ Comércio Exterior/ Diversos

10 Unicafe Companhia de Comércio Exterior Comércio/ Comércio Exterior/ Produtos agrícolas ealimentos

11 Cotia Trading S.A. Comércio/ Comércio Exterior/ ProdutosIndustrializados

12 H Stern Comércio e Indústria S.A. Comércio/ Comércio Varejita/ Relojoarias, joalherias eóticas

13 Banco do Brasil S.A. Finanças/ Bancos / Bancos estatais14 Banco Bradesco S.A. Finanças/ Bancos/ Bancos privados15 Banco Itaú S.A. Finanças/ Bancos/ Bancos privados16 Unibanco - União de Bancos Brasileiros S.A. Finanças/ Bancos/ Bancos privados17 Ambev - Companhia Brasileira de Bebidas Finanças/ Holdings18 Randon Participações S.A Finanças/ Holdings19 TAM - Cia de Investimentos e Transportes Finanças/ Holdings20 Iochpe-Maxion S.A. Finanças/Holdings21 Grendene Sobral S/A. Indústria/ Couro e Calçados/ Calçados22 Calçados Beira Rio Indústria/ Couro e Calçados/ Calçados23 Natura Cosméticos S.A. Indústria/ Higiene e Limpeza/ Perfumarias24 Botica Comercial Farmacêutica LTDA. Indústria/ Higiene e Limpeza/ Perfumarias25 Politec LTDA. Indústria/ Informática e Tecnologia da Informação/

Diversos26 Datasul S.A. Indústria/ Informática e Tecnologia da Informação/

Software27 Duratex S.A. Indústria/ Madeira e Móveis/Artefatos de madeira28 Eucatex S.A. Indústria e Comércio Indústria/ Madeira e Móveis/Artefatos de madeira29 Embraco - Empresa Brasileira de Compressores S.A. Indústria/ Mecânica/ Bombas e Compressores30 Indústrias Romi Indústria/ Mecânica/ Máquinas-ferramenta31 Gerdau S.A. Indústria/ Metalurgia/ Aço32 Companhia Vale do Rio Doce Indústria/ Mineração/ Ferrosos33 Portobello S.A. Indústria/ Minerais Não Metálicos/ Cerâmicas,

porcelanas e louças34 Klabin kimberly S.A. Indústria/ Papel e Celulose/ Artefatos de papel35 Indústrias Klabin de Papel e Celulose S/A Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel36 Votorantim Celulose e Papel S.A. Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel37 Aracruz Celulose S.A. Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel38 Ripasa S.A. Celulose e Papel Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel39 Santher -Fábrica de Papel Santa Therezinha S.A. Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel40 Orsa Celulose Papel e Embalagens S.A. Indústria/ Papel e Celulose/ Celulose e papel

103

41 Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga Indústria/ Petróleo e Gás/ Distribuidores de gás ecombustível

42 Petróleo Brasileiro S.A. Petrobrás Indústria/ Petróleo e Gás/ Extração e refino43 Tigre S.A. Tubos e Conexões Indústria/ Plásticos e Borracha/ Artefatos e utilidades

de plástico44 Bunge Fertilizantes S.A. Indústria/ Química e Petroquímica/ Adubos,

fertilizantes e defencivos45 Artecola Indústria Química LTDA. Indústria/ Química e Petroquímica/ Diversos46 Petroflex Indústria e Comércio S.A Indústria/ Química e Petroquímica/ Produtos

petroquímicos47 Cia Hering Indústria/ Têxtil/ Artigos de vestuário48 Embraer-Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. Indústria/ Veículos de Autopeças/ Aviões,

helicópteros e componentes49 Marcopolo S.A. Indústria/ Veículos e Autopeças/ Carroçarias50 Busscar Onibus S.A. Indústria/ Veículos e Autopeças/ Carroçarias51 Randon S.A. Implementos e Sistemas Automotivos Indústria/ Veículos e Autopeças/ Carroçarias52 Sabó Sistemas Automotivos LTDA Indústria/ Veículos e Autopeças/ Diversos53 DHB Componentes Automotivos S.A. Indústria/ Veículos e Autopeças/ Partes, peças,

acessórios e componentes automotivos54 Tramontina Administração e Serviços LTDA Indústria/Metalurgia/ Diversos55 Hércules S/A Fábrica de Talheres Indústria/Metalurgia/ Diversos56 Aetna Seguros Privados S.A. Seguros/ Seguradoras57 Bradesco Seguros S.A. Seguros/ Seguradoras58 Amil Assistência Médica Internacional LTDA Seguros/ Seguradoras59 Fischer, América Comunicação Total LTDA Serviços/ Comunicações/ Agência de Publicidade60 Editora Abril S.A. Serviços/ Comunicações/ Editora de revistas61 Construtora Norberto Odebrecht S.A Serviços/ Construção / Construção pesada62 Construtora Queiroz Galvão S.A. Serviços/ Construção / Construção pesada63 Inepar S.A. Indústrias e Construções Serviços/ Construção/ Obras de infra-estrutura64 Localiza Rent a Car LTDA. Serviços/ Transporte e Logística/ Locação de veículos65 Gendai Japanese Fast Food e Lanches LTDA Serviços/ Turismo, Alimentação e Hospedagem/

Rastaurantes e refeições prontas

104

ANEXO 2 - Classificação dos setores de atividades econômicas. (Baseada

na Revista Balanço Anual da Gazeta Mercantil de julho/2001)

1. AGRIBUSINESS1.1. ALIMENTOS1.2. BEBIDAS E FUMO1.3. CANA, AÇUCAR E ÁLCOOL1.4. AGRICULTURA1.5. PECUÁRIA

2. COMÉRCIO2.1. VAREJISTA2.2. ATACADISTA2.3. DISTRIBUIDORES DE VEÍCULOS E AUTO-PEÇAS2.4. COMÉRCIO EXTERIOR2.5. FRANQUIAS

3. INDÚSTRIA3.1. PETRÓLEO E GÁS3.2. VEÍCULOS E AUTOPEÇAS3.3. METALURGIA3.4. QUÍMICA E PETROQUÍMICA3.5. ELETRODOMÉSTICOS3.6. INFORMÁTICA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO3.7. PAPEL E CELULOSE3.8. MINERAÇÃO3.9. TÊXTIL3.10. MINERAIS NÃO-METÁLICOS3.11. MECÂNICA3.12. HIGIENE, LIMPEZA E COSMÉTICOS3.13. ELÉTRICOS3.14. FARMACÊUTICOS3.15. PLÁSTICOS E BORRACHA3.16. ELETRÔNICOS3.17. CALÇADOS E COURO3.18. MADEIRAS E MÓVEIS

4. SERVIÇOS4.1. ENERGIA ELÉTRICA4.2. TELECOMUNICAÇÕES4.3. TRANSPORTE E LOGÍSTICA4.4. CONSTRUÇÃO4.5. COMUNICAÇÕES4.6. SANEAMENTO, LIMPEZA E DESENVOLVIMENTO URBANO4.7. SAÚDE4.8. SERVIÇOS ESPECIALIZADOS4.9. TURISMO, ALIMENTAÇÃO E HOSPEDAGEM4.10. ESPORTE E ENTRETENIMENTO4.11. ASSOCIAÇÕES DE CLASSE

105

5. FINANÇAS5.1. BANCOS5.2. FINANCEIRAS5.3. SOCIEDADE DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO5.4. CARTÕES DE CRÉDITO5.5. CONSÓRCIOS5.6. ADMINISTRADORAS DE VALE REFEIÇÃO5.7. FACTORING5.8. CORRETORAS DE MERCDORIAS5.9. CORRETORAS DE VALORES5.10. DISTRIBUIDORAS DE VALORES5.11. CAPITALIZAÇÃO5.12. SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL5.13. HOLDINGS

6. SEGUROS6.1. SEGURADORAS6.2. ATIVIDADES AUXILIARES DE SEGUROS6.3. PREVIDÊNCIA PRIVADA

106

ANEXO 3 - Descrição dos setores Agribusiness e Comércio. (Baseada na

Revista Balanço Anual da Gazeta Mercantil de julho/2001).

1 AGRIBUSINESS1.1 ALIMENTOS

Alimentos à base de frutasArroz, aveia, milho e féculasCafé - torrefação e solúvelChocolate, doces, balas e biscoitosConglomerados alimentíciosConservas em geralConservas de pescadoFrigoríficosLaticíniosMoinhos, massas e pãesÓleos vegetais e animaisRaçõesTemperos e condimentosDiversos

1.2 BEBIDAS E FUMOCervejasCigarros e FumosDestiladosOutras bebidasRefrigerantes e águasSucos DiversosVinho

1.3 CANA/ AÇUCAR E ÁLCOOLAçucarAçucar e álcool integradasÁlcoolCana

1.4 AGRICULTURACaféCereais e grãosCulturas diversasDesenvolvimento agrícolaFrutasReflorestamentoSementesDiversos

1.4 PECUÁRIAAves e ovosGado bovinoPescaSuínosDiversos

2 COMÉRCIO2.1 COMÉRCIO VAREJISTA

Farmácias e perfumariasInformática, papelaria e livrariasLojas de departamento eeletrodomésticosMaterial de construção, elétrico e deiluminaçãoMóveisMáquinas, ferramentas e ferragensRelojoarias, joalherias e óticasSupermercadosTecidos, confeções, armarinhos ecalçadosDiversos

2.2 COMÉRCIO ATACADISTAAlimentos, bebidas e ceraisCentrais de abastecimentoCooperativasDistribuidoras de açoInformática e telecomunicaçõesMadeira e material elétrico e decontruçãoMáquinas e ferramentasProdutos de papelProdutos farmacêuticos, de higiene elimpezaProdutos metalúrgicosProdutos químicosProdutos têxteis e de couroDiversos

2.3 DISTRIBUIDORES DE VEÍCULOS EAUTOPEÇASAutopeçasCaminhões e ônibusCarros, motos e utilitáriosPneusTratores, implementos e máquinasrodoviáriasDiversos

2.4 DISTRIBUIDORES DE VEÍCULOS EAUTOPEÇASLivrosRádio e TelevisãoRevistasServiços GráficosDiversos

2.5 COMÉRCIO EXTERIORProdutos agrícolas e alimentosProdutos industrializadosDiversos

2.6 FRANQUIASFranquias

107

ANEXO 4 - Descrição do setor Indústrias. (Baseada na Revista Balanço

Anual da Gazeta Mercantil de julho/2001).3 INDÚSTRIAS3.1 PETRÓLEO E GÁS

Derivados de petróleoDistribuidores de gás e combustívelExtração e refinoVarejistas de gás e combustível

3.2 VEÍCULOS E AUTOPEÇASAviões, helicópteros e componentesCarroçariasEstaleiros e componentes para barcosMontadoras de carro e motosMotores e componentesPartes, peças, acessóriosPneus- fabricação e recondicionamentoTrens e componentesDiversos

3.3 METLURGIAAçoAlumínio e artefatosArtefatos de açoCaldeirariaCobre e artefatosEmbalagensEstanho e artefatosEstruturas metálicas p/ a construção civilFerragens e ferramentasFerroMetais preciososOutros não ferrososPorcas e parafusosVálvulas e conexõesDiversos

3.4 QUÍMICA E PETROQUÍMICAAdubos, fertilizantes e defensivosProdutos petroquímicosQuímica finaTintas, vernizes e solventesDiversos

3.5 ELETRODOMÉSTICOSEletrodomésticos

3.6 INFORMÁTICA E TECNOLOGIA DAINFORMAÇÃOAutomaçãoBirôs de processamentoConsultoriasHardwareInternetSoftwareDiversos

3.7 PAPEL E CELULOSEArtefatos de papelCelulose e papelDiversos

3.8 MINERAÇÃOCarvãoFerrososMetais PreciososMinerais não metálicosNão-ferrososPesquisa e prospecçãoSalDiversos

3 INDÚSTRIAS3.9 TÊXTIL

Artigo de vestuárioCama, mesa e banhoFiação, tecelagem e confeçõesDiversos

3.10 MINERAIS NÃO-METÁLICOSCal, gesso, cimento e artefatosCerâmicas, porcelanas e louçasConcretagemLentes e óticaPedras, mármores e granitosVidros e cristaisDiversos

3.11 MECÂNICABombas e compressoresEquipamentos médico-dentáriosInstrumentos de medição e precisãoMáquinas e equipamentos pesadosMáquinas-ferramentaMáquinas e implentos agrícolasMáquinas industriaisMovimentação de pessoas e cargasRefrigeraçãoRelógios e cronômetrosDiversos

3.12 HIGIENE E LIMPEZAPerfumariasProdutos de higiene e limpezaDiversos

3.13 ELÉTRICOSCondutores elétricosGeração, transformação e transmissãode energiaIluminaçãoMotores e componentes elétricosDiversos

3.14 FARMACÊUTICOSProdutos farmacêuticos e veterinários

3.15 PLÁSTICOS E BORRACHAArtefatos e utilidades de plásticoArtefatos e utilidades de borrachaBrinquedosCanetas, lápis e utilidades de escritóriosDiversos

3.16 ELETRÔNICOSComponentes eletrônicosCopiadoras e máquinas para escritórioEquipamentos para rádo e televisãoTransmissão de dadosDiversos

3.17 COURO E CALÇADOSCalçadosCurtumeDiversos

3.18 MADEIRA E MÓVEISArtefatos de madeiraMóveisSerrarias Diversos

108

ANEXO 5 - Descrição do setor Serviços. (Baseada na Revista Balanço

Anual da Gazeta Mercantil de julho/2001).4 SERVIÇOS4.1 ENERGIA ELÉTRICA

Produção, transmissão e distribuição4.2 TELECOMUNICAÇÕES

Telefonia fixa e de longa distânciaTelefonia móvelTelemarketing e Call-centerTelemensagensDiversos

4.3 TRANSPORTES E LOGÍSTICAAdministradoras e rodoviasCorreiosDistribuidores de publicaçõesFerrovias e metrôLocação de veículosNavegaçãoOperadores logísticosServiços portuários e aeroportuáriosTerminais de carga e armazénsTransporte aéreoTransporte de cargaTransporte de cargas especiaisTransporte de passageiros urbano/rodoviárioDiversos

4.4 CONSTRUÇÃOAerofotogrametriaCohabsConstrução pesadaConstrutoras de conjuntos habitacionaisConsultoriasEdificações comerciais e residenciaisFundos ImobiliáriosImobiliárias e administraçãp predialIncorporadoras e construtorasIncorporadoras de shopping centerInstalações Elétricas, hidráulicas e de refrigeraçãoMontagens industriaisObras de infra-estruturaPavimentação e terraplenagemProjetos de arquitetura e engenhariaSolos e fundaçõesDiversos

4 SERVIÇOS4.5 COMUNICAÇÕES

Editoras de guias e catálogosEditoras de livrosEditoras de jornaisEditoras de revistasGráficasLaserRádioTelevisãoAgências de publicidadeAssessorias de imprensa e relações públicasDiversos

4.6 SANEAMENTO, LIMPEZA E DESENV. URBANOAgências de desenvolvimento urbanoÁgua e sanemantoLimpeza pública

4.7 SAÚDEHospitais, clínicas e laboratóriosPlanos de saúdeDiversos

4.8 SERVIÇOS ESPECIALIZADOSLimpeza e segurançaServiços especializados

4.9 TURISMO, ALIMENTAÇÃO E HOSPEDAGEMAgências de viagensHotéisPromoção de turismoRestaurantes e refeições prontas

4.10 ESPORTE E ENTRETENIMENTOEsporte e entretenimento

4.11 ASSOCIAÇÕES DE CLASSEAssociações de classe

109

ANEXO 6 - Relação dos países onde as empresas brasileiras atuam diretamente.

Empresas América Latina Europa Am. do Norte Africa ÁsiaAmbev - Companhia Brasileira de Bebidas Argentina

UruguaiVenezuela

Aracruz Celulose S.A. Panamá Suiça EuaBanco Bradesco S.A. Argentina Alemanha Eua JapãoBanco do Brasil S.A. Bolívia Eua China

Chile ÁustriaPeru Inglaterra

VenezuelaBanco Itaú S.A. Argentina Luxemburgo

PortugalCompanhia Brasileira de Petróleo Ipiranga Chile

Companhia Vale do Rio Doce Argentina Bélgica EuaDuratex S.A. Argentina

Embraer-Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. França Eua AustráliaInglaterra China

CingapuraGerdau S.A. Argentina Canadá

Chile EuaUruguai

Indústrias Klabin de Papel e Celulose S/A Argentina ItáliaInepar S.A. Indústrias e Construções Argentina

Iochpe-Maxion S.A. EuaMarcopolo S.A. Argentina Portugal África do Sul

ColombiaMéxico

Perdigão Agroindustrial S/A InglaterraPetróleo Brasileiro S.A. Petrobrás Argentina Inglaterra Eua Japão

BolíviaColômbia Angola

Cuba LíbiaEquador Nigéria

Guiné EquatorialPeru

VenezuelaRandon Participações S.A Argentina

Ripasa S.A. Celulose e Papel Inglaterra JapãoSadia S.A. Argentina Itália

ChileUruguai

Unibanco - União de Bancos Brasileiros S.A. Paraguai Inglaterra EuaLuxemburgo

Votorantim Celulose e Papel S.A. Holanda EuaWEG Industriais S.A. - Exportadora Alemanha

BélgicaArgentina França Eua Austrália

México Inglaterra JapãoVenezuela Itália

Suécia

110

ANEXO 7 - Relação de países que compõe o MSCI World Index.

N PAÍSES

1 Austrália2 Áustria3 Bélgica4 Canadá5 Dinamarca6 Finlândia7 França8 Alemanha9 Grécia

10 Hong Kong11 Irlanda12 Itália13 Japão14 Países Baixos15 Nova Zelândia16 Noruega17 Portugal18 Singapura19 Espanha20 Suécia21 Suiça22 Reino Unido23 Estados Unidos da América

111

ANEXO 8 - Relação de países que compõe o MSCI All Country Free Index.

N PAÍSES N PAÍSES

1 Argentina 26 Coréia2 Austrália 27 Malásia3 Áustria 28 México4 Bélgica 29 Marrocos5 Brasil 30 Países Baixos6 Canadá 31 Nova Zelândia7 Chile 32 Noruega8 China 33 Paquistão9 Colômbia 34 Perú

10 República Theca 35 Filipinas11 Dinamarca 36 Polônia12 Egito 37 Portugal13 Finlândia 38 Rússia14 França 39 Singapura15 Alemanha 40 África do Sul16 Grécia 41 Espanha17 Hong Kong 42 Suécia18 Hungria 43 Suiça19 Índia 44 Taiwan20 Indonésia 45 Tailândia21 Irlanda 46 Turquia22 Israel 47 Reino Unido23 Itália 48 Estados Unidos da América24 Japão 49 Venezuela25 Jordânia

112

ANEXO 9 – Ambev, Aracruz e Banco do Brasil: retornos aritméticos mensais, em

reais, entre abril de 1997 e março de 2002.

Data Ambev Aracruz Banco Brasil Data Ambev Aracruz Banco Brasilabr-97 4,78% 3,63% -6,59% out-99 7,42% -5,00% 10,64%mai-97 7,39% 10,01% 21,28% nov-99 -0,72% 3,16% 19,91%jun-97 5,53% 0,00% 36,36% dez-99 6,80% 11,73% 2,36%jul-97 0,00% 2,75% 0,78% jan-00 -4,81% -7,08% -2,58%

ago-97 -10,73% -0,89% -14,54% fev-00 -12,10% -9,34% 0,28%set-97 16,37% 0,90% 17,74% mar-00 26,42% -0,54% -14,52%out-97 -18,05% -24,55% -28,19% abr-00 -4,93% -3,89% -7,26%nov-97 6,52% -6,51% -15,59% mai-00 0,38% -11,40% -4,82%dez-97 2,04% -2,53% 5,10% jun-00 16,35% 13,20% 16,33%jan-98 2,67% 2,60% 21,21% jul-00 22,22% 9,91% -5,33%fev-98 10,39% 0,63% -2,00% ago-00 -2,41% -2,92% -3,32%

mar-98 3,65% 10,06% 35,71% set-00 11,92% -15,85% -0,36%abr-98 -14,42% 2,49% 18,66% out-00 4,93% -8,44% -5,83%mai-98 -10,07% -12,43% -7,41% nov-00 -2,58% -18,09% -8,39%jun-98 7,46% -16,13% -10,97% dez-00 14,43% 22,94% 1,69%jul-98 15,97% -14,62% 3,88% jan-01 18,89% 0,70% 31,72%

ago-98 -33,65% -30,63% -20,57% fev-01 -10,52% -5,59% -7,77%set-98 -14,73% 2,60% -19,05% mar-01 1,00% 6,30% -3,03%out-98 20,43% 29,11% -7,06% abr-01 6,53% 15,31% 9,27%nov-98 15,71% 22,55% 18,86% mai-01 -0,56% 30,16% -9,58%dez-98 -18,52% -28,00% -13,74% jun-01 0,94% 2,44% 33,74%jan-99 37,35% 222,22% -6,79% jul-01 -7,41% -5,24% -6,19%fev-99 9,22% -10,34% 14,68% ago-01 -2,88% 11,06% 9,39%

mar-99 4,81% -2,81% 8,15% set-01 -11,20% -9,95% -26,01%abr-99 -3,35% 15,60% 18,45% out-01 2,69% 20,60% 11,52%mai-99 11,02% 13,84% -10,60% nov-01 9,22% -8,96% 16,85%jun-99 15,36% 19,15% -6,08% dez-01 -0,83% -10,53% 15,26%jul-99 5,66% -13,01% -0,58% jan-02 -1,71% 7,67% -17,68%

ago-99 -2,87% 12,90% -10,23% fev-02 3,55% 16,39% 18,35%set-99 13,96% 3,90% 1,14% mar-02 -3,34% -6,12% 6,96%

113

ANEXO 10 – Bradesco, Duratex e Embraer: retornos aritméticos mensais, em reais,

entre abril de 1997 e março de 2002.

Data Bradesco Duratex Embraer Data Bradesco Duratex Embraerabr-97 0,69% -0,38% 13,60% out-99 4,06% 15,22% 20,37%mai-97 -2,84% 3,75% 9,15% nov-99 12,72% 13,21% -6,92%jun-97 27,22% 3,64% 41,94% dez-99 43,69% -5,83% 34,71%jul-97 9,81% 0,89% -14,55% jan-00 3,20% 22,14% -0,61%

ago-97 -7,98% 7,57% -4,79% fev-00 -12,92% -14,03% 1,12%set-97 7,07% 9,02% -10,61% mar-00 13,24% -3,25% 1,13%out-97 -28,92% -9,77% -6,88% abr-00 -8,12% -11,50% 17,39%nov-97 -1,06% -33,00% -22,82% mai-00 -6,57% -8,80% -12,17%dez-97 43,62% 9,45% 47,83% jun-00 27,56% 26,10% 24,81%jan-98 -19,00% -15,68% -11,76% jul-00 -0,71% 7,83% -1,41%fev-98 8,02% 15,52% 13,27% ago-00 8,34% 5,78% 29,00%

mar-98 22,56% 33,33% 8,89% set-00 -0,18% 0,78% 9,71%abr-98 -10,54% -12,50% 8,11% out-00 -22,61% -10,01% 0,00%mai-98 -10,37% -8,18% -7,50% nov-00 14,62% -8,77% -1,77%jun-98 2,80% 0,02% 10,81% dez-00 30,41% 5,77% 31,87%jul-98 4,47% 2,20% -8,78% jan-01 -3,12% 15,45% 13,46%

ago-98 -32,56% -26,88% -14,44% fev-01 -15,04% -4,69% -7,99%set-98 6,27% -21,21% -12,30% mar-01 1,68% -7,56% 14,66%out-98 -2,68% -22,27% -8,09% abr-01 7,23% 3,64% 8,42%nov-98 28,17% 64,10% 12,00% mai-01 -4,61% -9,30% 5,53%dez-98 -19,08% 3,12% 7,14% jun-01 2,28% -14,91% -7,02%jan-99 1,68% -6,00% -10,00% jul-01 -3,62% -7,93% -2,91%fev-99 20,50% 4,77% 7,41% ago-01 -1,18% 7,44% -24,09%

mar-99 12,64% 12,00% 23,45% set-01 -7,64% -14,12% -48,33%abr-99 -2,04% 8,52% -10,87% out-01 -3,27% 6,85% 39,17%mai-99 2,93% 18,99% 27,12% nov-01 10,58% 15,38% -5,47%jun-99 -2,57% 0,00% 54,24% dez-01 14,08% 5,33% 20,37%jul-99 -2,97% -2,15% 67,67% jan-02 -3,50% -1,92% 0,91%

ago-99 -11,49% -14,35% 5,77% fev-02 14,65% 8,82% -2,93%set-99 21,13% 19,02% 2,98% mar-02 6,62% 3,07% 19,07%

114

ANEXO 11 – Gerdau, Inepar e Iochpe: retornos aritméticos mensais, em reais, entre

abril de 1997 e março de 2002.

Data Gerdau Inepar Iochpe Data Gerdau Inepar Iochpeabr-97 0,07% 2,88% -3,78% out-99 17,67% 7,63% 32,05%mai-97 14,53% 68,75% 23,60% nov-99 7,65% 11,90% 13,79%jun-97 12,34% 54,32% 17,16% dez-99 29,25% 70,81% 19,45%jul-97 16,58% -3,20% -14,06% jan-00 4,17% -11,26% -5,71%

ago-97 -3,64% -9,09% -9,09% fev-00 -1,60% -3,73% 9,09%set-97 16,82% -0,91% 0,00% mar-00 -7,52% -26,82% -16,68%out-97 -31,60% -14,22% -4,50% abr-00 -4,18% 2,33% -34,32%nov-97 -10,00% -29,95% -8,07% mai-00 -4,86% -24,43% 4,06%dez-97 -9,03% -5,34% -16,85% jun-00 8,23% 5,48% 9,76%jan-98 -3,96% 7,26% -16,23% jul-00 6,73% 11,69% 3,33%fev-98 38,46% -0,75% -5,15% ago-00 11,16% 5,12% 4,30%

mar-98 18,33% 31,82% 46,55% set-00 -9,39% -13,94% 1,03%abr-98 4,69% 15,52% -7,06% out-00 -15,43% -15,42% -6,12%mai-98 -23,77% -29,46% -8,86% nov-00 -25,05% -24,62% -16,56%jun-98 -2,88% 9,42% -26,40% dez-00 18,88% 12,90% -7,57%jul-98 22,00% -5,30% -18,85% jan-01 25,21% 17,86% 8,99%

ago-98 -41,09% -23,08% -18,60% fev-01 -11,21% -21,52% 2,22%set-98 -10,43% -18,18% -0,03% mar-01 0,00% -5,41% 25,00%out-98 4,27% -11,11% 5,74% abr-01 6,26% -26,12% -4,35%nov-98 9,87% 8,75% -51,38% mai-01 -21,50% -21,55% -15,68%dez-98 -18,68% -19,54% -44,41% jun-01 12,87% 40,85% -4,31%jan-99 62,22% -24,29% 20,00% jul-01 -2,65% 7,50% -2,82%fev-99 -4,11% -7,55% 5,00% ago-01 -2,83% -4,65% 4,93%

mar-99 26,43% 8,16% -24,60% set-01 -17,58% -26,83% -25,41%abr-99 46,44% -7,33% 87,37% out-01 38,97% 5,33% 14,74%mai-99 4,05% -40,00% -26,97% nov-01 16,40% 18,99% -8,01%jun-99 9,38% -3,01% -0,77% dez-01 -2,73% -11,70% 5,26%jul-99 0,42% -9,07% 55,04% jan-02 14,48% -16,87% 13,30%

ago-99 0,00% 6,04% 55,05% fev-02 12,49% 1,45% -1,15%set-99 3,45% -9,16% 25,77% mar-02 10,73% 14,29% 5,36%

115

ANEXO 12 – Ipiranga, Itau e Klabin: retornos aritméticos mensais, em reais, entre

abril de 1997 e março de 2002.

Data Ipiranga Itau Klabin Data Ipiranga Itau Klabinabr-97 -1,49% 5,05% 12,27% out-99 18,86% 12,08% 2,01%mai-97 2,72% -4,24% -7,27% nov-99 20,92% 8,10% 20,39%jun-97 3,00% 9,77% 2,94% dez-99 3,37% 31,17% 20,97%jul-97 31,33% 6,42% 16,19% jan-00 -1,61% -18,67% 12,00%

ago-97 -21,88% -1,48% -19,67% fev-00 21,00% 11,57% -1,79%set-97 0,57% 13,22% -1,02% mar-00 -7,79% 10,38% -3,03%out-97 -9,09% -37,09% -12,00% abr-00 -5,66% -12,86% -0,56%nov-97 -13,75% 11,62% -29,41% mai-00 -5,00% 1,91% -1,27%dez-97 28,27% 25,29% -15,00% jun-00 -5,37% 15,34% -2,58%jan-98 -11,48% 2,28% -13,73% jul-00 6,18% 4,47% 19,21%fev-98 -0,67% 9,09% 9,09% ago-00 2,77% 5,76% -2,78%

mar-98 9,46% 9,39% 70,83% set-00 -1,81% -5,70% 0,57%abr-98 -8,02% 5,57% -11,81% out-00 -4,27% -9,40% -10,09%mai-98 -12,82% -10,96% -16,67% nov-00 -9,14% 1,07% -10,32%jun-98 -18,71% -3,56% -20,00% dez-00 -1,78% 25,56% 5,04%jul-98 -3,20% 16,78% -10,42% jan-01 5,72% 0,86% 1,37%

ago-98 -5,26% -34,51% -30,23% fev-01 -15,87% -8,23% -10,14%set-98 -17,22% 12,15% -33,33% mar-01 18,03% -1,41% -24,06%out-98 -14,09% 6,78% 10,00% abr-01 -5,27% 5,40% -4,27%nov-98 35,16% 15,64% -18,18% mai-01 0,31% 7,96% -20,21%dez-98 -15,45% -11,86% 27,78% jun-01 10,28% 5,81% 14,67%jan-99 22,39% 5,20% 69,57% jul-01 -9,55% -3,48% -5,81%fev-99 -3,66% 15,44% 0,00% ago-01 -14,83% -9,39% 0,00%

mar-99 41,27% 22,49% -2,56% set-01 -11,48% -3,11% -11,11%abr-99 -1,43% 1,22% 34,21% out-01 -3,77% 0,93% 18,06%mai-99 6,82% -1,04% 7,84% nov-01 8,78% 1,22% 16,47%jun-99 10,55% 4,09% 63,64% dez-01 2,23% 3,14% -1,01%jul-99 -1,96% -3,76% 4,44% jan-02 -3,73% -3,65% 20,77%

ago-99 -10,65% 2,70% -3,19% fev-02 12,12% 18,07% 8,70%set-99 19,65% 12,45% 12,09% mar-02 2,21% -2,55% 4,00%

116

ANEXO 13 – Marcopolo, Perdigão e Petrobras: retornos aritméticos mensais, em

reais, entre abril de 1997 e março de 2002.

Data Marcopolo Perdigão Petrobras Data Marcopolo Perdigão Petrobrasabr-97 -11,34% 12,12% 6,18% out-99 -1,04% 1,50% 8,19%mai-97 -11,42% 0,00% 14,54% nov-99 7,89% 25,93% 25,12%jun-97 -0,77% 15,91% 16,80% dez-99 6,35% -2,48% 18,40%jul-97 10,13% -3,14% 10,03% jan-00 -7,98% -11,85% -11,30%

ago-97 -10,38% -8,65% -19,15% fev-00 42,86% -11,97% 12,75%set-97 10,53% 0,45% 17,29% mar-00 -16,07% -1,96% 4,45%out-97 -10,51% -13,33% -34,29% abr-00 10,64% -20,00% -8,88%nov-97 -20,00% -7,69% 18,54% mai-00 8,85% -6,00% -2,58%dez-97 -0,33% -18,89% 7,41% jun-00 -1,06% 19,04% 30,07%jan-98 -4,55% -4,11% -8,05% jul-00 -4,64% 13,25% -14,09%fev-98 38,89% 28,57% 6,67% ago-00 -14,61% -0,79% 17,68%

mar-98 2,86% 4,75% 8,28% set-00 4,39% 19,92% -4,36%abr-98 19,44% 2,70% 7,01% out-00 -3,36% -11,94% -3,97%mai-98 -4,65% -23,68% -23,45% nov-00 -0,43% -7,58% -6,15%jun-98 -3,41% 0,00% -3,15% dez-00 4,79% 24,00% -3,62%jul-98 0,62% 19,47% 18,60% jan-01 7,83% 7,12% 19,07%

ago-98 -15,79% -25,88% -52,94% fev-01 4,84% 1,57% 0,73%set-98 -12,50% -8,73% 1,66% mar-01 -3,46% -7,41% -10,32%out-98 -19,62% 26,09% 22,96% abr-01 12,75% 6,67% 13,69%nov-98 4,67% -13,79% 14,00% mai-01 0,71% -15,62% 11,99%dez-98 10,00% 22,46% -19,88% jun-01 -3,16% -1,67% -9,72%jan-99 25,45% 2,70% -0,73% jul-01 -0,36% -4,01% 2,32%fev-99 0,72% 11,84% 18,46% ago-01 3,27% 8,43% 1,53%

mar-99 9,35% 10,59% 52,51% set-01 -4,93% -8,95% -6,73%abr-99 1,32% 9,57% 12,23% out-01 9,26% 17,08% 1,17%mai-99 5,19% 26,21% -5,84% nov-01 8,47% 6,76% -5,39%jun-99 29,01% -2,38% 9,35% dez-01 1,25% 3,30% 4,18%jul-99 -6,70% -8,00% -6,51% jan-02 5,73% 4,00% -5,96%

ago-99 -5,13% 2,17% -0,04% fev-02 14,29% 0,36% 16,63%set-99 3,78% 13,19% 11,67% mar-02 1,94% 2,56% 6,60%

117

ANEXO 14 – Randon, Ripasa e Sadia: retornos aritméticos mensais, em reais, entre

abril de 1997 e março de 2002.

Data Randon Ripasa Sadia Data Randon Ripasa Sadiaabr-97 6,35% 0,00% 16,67% out-99 37,50% 22,58% 0,00%mai-97 25,37% 3,13% 13,19% nov-99 15,15% 56,58% 11,72%jun-97 2,38% 51,52% 8,74% dez-99 13,16% 15,97% 14,69%jul-97 -8,14% 10,00% 12,50% jan-00 -6,98% -8,70% -8,01%

ago-97 -11,39% -3,64% -16,14% fev-00 0,00% 13,81% -5,41%set-97 8,57% -11,32% 4,81% mar-00 2,50% 0,75% -7,86%out-97 -34,21% -23,40% -26,61% abr-00 4,88% -19,40% -21,71%nov-97 -20,00% -2,78% -5,00% mai-00 2,33% 0,00% -10,89%dez-97 -10,00% 5,71% -3,95% jun-00 38,64% 16,14% 20,00%jan-98 0,00% -18,92% -12,33% jul-00 -8,20% 13,11% 1,00%fev-98 11,11% 3,33% 15,77% ago-00 23,21% 1,45% 7,41%

mar-98 22,50% 9,68% 16,67% set-00 -5,80% -5,00% -1,72%abr-98 22,90% 26,47% -3,57% out-00 -12,31% -15,04% -7,02%mai-98 -15,79% -20,93% -9,88% nov-00 -19,30% -10,00% -14,15%jun-98 -20,83% -11,76% -1,37% dez-00 4,35% 0,00% 27,47%jul-98 5,26% 10,00% -2,78% jan-01 6,25% 27,55% 18,10%

ago-98 -30,00% -33,33% -17,14% fev-01 -5,88% -12,00% -0,17%set-98 -14,29% -13,64% -13,79% mar-01 -4,17% -13,64% -7,52%out-98 -16,67% -10,53% 2,00% abr-01 -5,80% 6,32% -1,63%nov-98 -10,00% -17,65% 17,65% mai-01 4,76% -21,78% -3,31%dez-98 0,00% -14,29% 10,73% jun-01 2,27% 14,87% -4,27%jan-99 50,00% 150,00% 9,68% jul-01 8,89% -2,27% -3,57%fev-99 -14,81% -6,67% 7,35% ago-01 -0,19% 0,00% 7,69%

mar-99 26,09% 0,00% 9,59% set-01 -4,26% -6,98% -11,50%abr-99 6,90% 14,29% 20,00% out-01 -6,67% 18,75% 24,00%mai-99 3,27% 12,50% 16,67% nov-01 50,00% 17,31% 6,45%jun-99 -3,23% 25,00% -1,79% dez-01 0,00% 16,35% -5,30%jul-99 -3,33% 31,11% 4,55% jan-02 1,59% -1,65% 6,83%

ago-99 -13,79% 6,78% 3,29% fev-02 -3,13% 5,88% 3,23%set-99 -4,00% -1,59% 9,40% mar-02 12,90% 0,79% 0,00%

118

ANEXO 15 – Unibanco, Vale e Votorantin: retornos aritméticos mensais, em reais,

entre abril de 1997 e março de 2002.Data Unibanco Vale Votorantin Data Unibanco Vale Votorantinabr-97 -2,26% 14,72% 20,00% out-99 17,54% -5,16% -2,40%mai-97 -4,29% -12,73% -0,88% nov-99 10,30% 19,28% 12,96%jun-97 6,76% 0,68% 11,68% dez-99 32,56% 10,84% 28,90%jul-97 1,27% 20,64% -4,31% jan-00 8,15% 0,00% -28,92%

ago-97 -7,48% -10,56% -6,43% fev-00 10,04% -6,00% 3,37%set-97 5,43% 5,47% 4,81% mar-00 -12,30% 1,06% 5,76%out-97 -28,27% -20,49% -13,74% abr-00 -19,98% -5,89% -15,14%nov-97 22,94% -8,45% -8,78% mai-00 10,00% 1,79% 7,81%dez-97 33,72% 15,13% -10,42% jun-00 27,27% 11,87% 14,62%jan-98 -27,21% -3,34% -20,93% jul-00 -0,40% -3,34% 17,18%fev-98 19,69% 13,36% -2,94% ago-00 0,37% 0,00% -7,57%

mar-98 -1,03% 10,98% 45,45% set-00 -8,28% -5,89% 2,50%abr-98 7,01% 2,77% -8,33% out-00 -2,00% -4,97% -13,55%mai-98 -8,50% -11,48% -20,78% nov-00 -4,06% -10,68% -19,31%jun-98 -23,08% -3,77% 2,85% dez-00 20,21% 20,81% 13,04%jul-98 39,47% 4,35% -1,13% jan-01 8,24% 19,57% 13,27%

ago-98 -39,24% -32,85% -17,14% fev-01 -14,93% -0,36% -9,33%set-98 -18,75% 15,38% -17,24% mar-01 -7,84% 0,76% -2,67%out-98 2,56% 3,68% -12,50% abr-01 3,15% -3,96% 10,95%nov-98 55,00% -2,78% 23,81% mai-01 6,23% 11,98% 0,00%dez-98 -20,97% -11,43% 0,00% jun-01 2,89% -8,04% 13,11%jan-99 -9,65% 100,00% 76,92% jul-01 1,21% 0,72% -13,04%fev-99 0,00% -13,17% 2,17% ago-01 -8,57% -2,84% 24,17%

mar-99 42,86% -3,07% 16,60% set-01 -25,00% 2,92% -6,44%abr-99 18,33% 26,65% 53,28% out-01 15,06% 6,65% 15,93%mai-99 -7,04% -2,44% 10,71% nov-01 20,71% 2,35% -7,18%jun-99 -3,03% 11,54% 9,68% dez-01 2,00% 1,70% 7,72%jul-99 2,97% 1,72% -1,00% jan-02 0,83% -0,35% -4,23%

ago-99 -19,15% 24,34% 18,84% fev-02 6,79% 12,13% 13,09%set-99 7,62% -3,99% -2,67% mar-02 0,00% 0,43% 4,34%

119

ANEXO 16 – Unibanco, Vale, Votorantin e Weg: retornos aritméticos mensais, em

reais, entre abril de 1997 e março de 2002.

Data Unibanco Vale Votorantin Weg Data Unibanco Vale Votorantin Wegabr-97 -2,26% 14,72% 20,00% -19,83% out-99 17,54% -5,16% -2,40% 5,88%mai-97 -4,29% -12,73% -0,88% 31,18% nov-99 10,30% 19,28% 12,96% 14,44%jun-97 6,76% 0,68% 11,68% 21,31% dez-99 32,56% 10,84% 28,90% 9,17%jul-97 1,27% 20,64% -4,31% 2,42% jan-00 8,15% 0,00% -28,92% 1,82%

ago-97 -7,48% -10,56% -6,43% 18,69% fev-00 10,04% -6,00% 3,37% -3,57%set-97 5,43% 5,47% 4,81% -6,51% mar-00 -12,30% 1,06% 5,76% -14,81%out-97 -28,27% -20,49% -13,74% -9,64% abr-00 -19,98% -5,89% -15,14% -2,17%nov-97 22,94% -8,45% -8,78% -9,33% mai-00 10,00% 1,79% 7,81% 4,44%dez-97 33,72% 15,13% -10,42% 0,00% jun-00 27,27% 11,87% 14,62% 4,26%jan-98 -27,21% -3,34% -20,93% -0,76% jul-00 -0,40% -3,34% 17,18% 10,83%fev-98 19,69% 13,36% -2,94% 3,08% ago-00 0,37% 0,00% -7,57% 13,33%

mar-98 -1,03% 10,98% 45,45% 11,94% set-00 -8,28% -5,89% 2,50% 0,84%abr-98 7,01% 2,77% -8,33% 13,33% out-00 -2,00% -4,97% -13,55% -1,67%mai-98 -8,50% -11,48% -20,78% 0,00% nov-00 -4,06% -10,68% -19,31% 9,32%jun-98 -23,08% -3,77% 2,85% -11,76% dez-00 20,21% 20,81% 13,04% 3,32%jul-98 39,47% 4,35% -1,13% 9,07% jan-01 8,24% 19,57% 13,27% 1,54%

ago-98 -39,24% -32,85% -17,14% -6,25% fev-01 -14,93% -0,36% -9,33% 6,11%set-98 -18,75% 15,38% -17,24% -5,33% mar-01 -7,84% 0,76% -2,67% 7,91%out-98 2,56% 3,68% -12,50% -18,31% abr-01 3,15% -3,96% 10,95% 0,67%nov-98 55,00% -2,78% 23,81% 0,00% mai-01 6,23% 11,98% 0,00% 32,45%dez-98 -20,97% -11,43% 0,00% 3,45% jun-01 2,89% -8,04% 13,11% -7,70%jan-99 -9,65% 100,00% 76,92% 5,04% jul-01 1,21% 0,72% -13,04% 8,23%fev-99 0,00% -13,17% 2,17% 26,32% ago-01 -8,57% -2,84% 24,17% -11,58%

mar-99 42,86% -3,07% 16,60% 1,39% set-01 -25,00% 2,92% -6,44% 2,38%abr-99 18,33% 26,65% 53,28% -8,22% out-01 15,06% 6,65% 15,93% 7,56%mai-99 -7,04% -2,44% 10,71% 2,99% nov-01 20,71% 2,35% -7,18% 4,86%jun-99 -3,03% 11,54% 9,68% 8,70% dez-01 2,00% 1,70% 7,72% 3,48%jul-99 2,97% 1,72% -1,00% 13,63% jan-02 0,83% -0,35% -4,23% -1,03%

ago-99 -19,15% 24,34% 18,84% -3,61% fev-02 6,79% 12,13% 13,09% 3,13%set-99 7,62% -3,99% -2,67% 6,25% mar-02 0,00% 0,43% 4,34% 6,06%

120

ANEXO 17 – Ibovespa e IBX: retornos aritméticos mensais, em reais, entre abril de

1997 e março de 2002.

Data IBOVESPA IBX Data IBOVESPA IBXabr-97 10,37% 7,99% out-99 5,35% 5,82%mai-97 13,64% 9,41% nov-99 17,76% 16,10%jun-97 10,78% 10,93% dez-99 24,05% 22,70%jul-97 2,43% 4,08% jan-00 -4,11% -3,74%

ago-97 -17,58% -14,98% fev-00 7,76% 5,23%set-97 11,20% 10,27% mar-00 0,91% 2,10%out-97 -23,83% -24,42% abr-00 -12,81% -11,65%nov-97 4,54% 3,45% mai-00 -3,74% -2,20%dez-97 8,54% 8,47% jun-00 11,84% 13,41%jan-98 -4,67% -6,54% jul-00 -1,63% -1,71%fev-98 8,74% 7,73% ago-00 5,42% 6,70%

mar-98 13,02% 12,31% set-00 -8,17% -5,61%abr-98 -2,25% -0,69% out-00 -6,66% -5,20%mai-98 -15,68% -15,82% nov-00 -10,63% -8,18%jun-98 -1,71% -4,54% dez-00 14,84% 13,54%jul-98 10,63% 10,44% jan-01 15,81% 14,70%

ago-98 -39,55% -38,98% fev-01 -10,08% -7,41%set-98 1,87% -1,36% mar-01 -9,14% -6,25%out-98 6,89% 5,61% abr-01 3,32% 5,04%nov-98 22,48% 21,19% mai-01 -1,80% 1,79%dez-98 -21,40% -18,94% jun-01 -0,61% -1,46%jan-99 20,45% 17,02% jul-01 -5,53% -3,21%fev-99 9,04% 8,38% ago-01 -6,65% -4,51%

mar-99 20,04% 18,61% set-01 -17,17% -14,39%abr-99 6,11% 7,66% out-01 6,85% 6,19%mai-99 -2,30% -0,44% nov-01 13,79% 7,07%jun-99 4,84% 4,62% dez-01 5,00% 5,02%jul-99 -10,19% -7,48% jan-02 -6,30% -2,92%

ago-99 1,18% 1,41% fev-02 10,31% 11,36%set-99 5,13% 6,44% mar-02 0,40% -1,05%

121

ANEXO 18 – MSCI - All Country Free Index e MSCI - World Index: retornos

aritméticos mensais, em dólar americano, entre abril de 1997 e março de 2002.

Data WI ACFI Data WI ACFIabr-97 3,12% 3,03% out-99 5,09% 4,94%mai-97 6,03% 5,80% nov-99 2,71% 3,00%jun-97 4,85% 4,96% dez-99 8,00% 8,22%jul-97 4,48% 4,38% jan-00 -5,82% -5,50%

ago-97 -6,81% -7,15% fev-00 0,17% 0,23%set-97 5,30% 5,19% mar-00 6,81% 6,46%out-97 -5,39% -6,09% abr-00 -4,32% -4,59%nov-97 1,64% 1,39% mai-00 -2,63% -2,71%dez-97 1,09% 1,16% jun-00 3,27% 3,26%jan-98 2,66% 2,06% jul-00 -2,91% -3,04%fev-98 6,64% 6,70% ago-00 3,16% 3,00%

mar-98 4,10% 4,12% set-00 -5,41% -5,60%abr-98 0,86% 0,80% out-00 -1,77% -2,06%mai-98 -1,37% -2,04% nov-00 -6,17% -6,30%jun-98 2,26% 1,67% dez-00 1,51% 1,55%jul-98 -0,28% -0,11% jan-01 1,88% 2,47%

ago-98 -13,45% -14,15% fev-01 -8,55% -8,51%set-98 1,63% 1,83% mar-01 -6,73% -6,93%out-98 8,91% 8,98% abr-01 7,24% 7,10%nov-98 5,82% 5,94% mai-01 -1,49% -1,37%dez-98 4,77% 4,50% jun-01 -3,24% -3,19%jan-99 2,08% 1,92% jul-01 -1,39% -1,66%fev-99 -2,77% -2,64% ago-01 -4,95% -4,76%

mar-99 4,05% 4,36% set-01 -8,92% -9,26%abr-99 3,83% 4,19% out-01 1,85% 2,06%mai-99 -3,76% -3,66% nov-01 5,80% 6,02%jun-99 4,55% 4,85% dez-01 0,56% 0,85%jul-99 -0,41% -0,53% jan-02 -3,10% -2,82%

ago-99 -0,29% -0,24% fev-02 -1,00% -0,88%set-99 -1,08% -1,20% mar-02 4,24% 4,31%

122

ANEXO 19 – Taxa de Câmbio R$/US$, entre março de 1997 a março de 2002.

Data R$/US$ Data R$/US$mar-97 1,06 out-99 1,95 abr-97 1,06 nov-99 1,92 mai-97 1,07 dez-99 1,79 jun-97 1,08 jan-00 1,80 jul-97 1,08 fev-00 1,77

ago-97 1,09 mar-00 1,75 set-97 1,10 abr-00 1,81 out-97 1,10 mai-00 1,83 nov-97 1,11 jun-00 1,80 dez-97 1,12 jul-00 1,77 jan-98 1,12 ago-00 1,82 fev-98 1,13 set-00 1,84

mar-98 1,14 out-00 1,91 abr-98 1,14 nov-00 1,96 mai-98 1,15 dez-00 1,96 jun-98 1,16 jan-01 1,97 jul-98 1,16 fev-01 2,05

ago-98 1,18 mar-01 2,16 set-98 1,19 abr-01 2,18 out-98 1,19 mai-01 2,36 nov-98 1,20 jun-01 2,30 dez-98 1,21 jul-01 2,43 jan-99 1,98 ago-01 2,55 fev-99 2,06 set-01 2,67

mar-99 1,72 out-01 2,71 abr-99 1,66 nov-01 2,53 mai-99 1,72 dez-01 2,32 jun-99 1,77 jan-02 2,42 jul-99 1,79 fev-02 2,35

ago-99 1,92 mar-02 2,32 set-99 1,92

123

ANEXO 20 – Rendimentos mensais da caderneta de poupança e da SELIC, entre

abril de 1997 e março de 2002.

Data Poupança SELIC Data Poupança SELICabr-97 1,12% 1,66% out-99 0,73% 1,38%mai-97 1,14% 1,58% nov-99 0,70% 1,39%jun-97 1,16% 1,61% dez-99 0,80% 1,60%jul-97 1,16% 1,60% jan-00 0,72% 1,46%

ago-97 1,13% 1,59% fev-00 0,73% 1,45%set-97 1,15% 1,59% mar-00 0,73% 1,45%out-97 1,16% 1,67% abr-00 0,63% 1,30%nov-97 2,04% 3,04% mai-00 0,75% 1,49%dez-97 1,82% 2,97% jun-00 0,72% 1,39%jan-98 1,65% 2,67% jul-00 0,66% 1,31%fev-98 0,95% 2,13% ago-00 0,70% 1,41%

mar-98 1,40% 2,20% set-00 0,60% 1,18%abr-98 0,97% 1,71% out-00 0,63% 1,29%mai-98 0,96% 1,63% nov-00 0,62% 1,22%jun-98 0,99% 1,60% dez-00 0,60% 1,20%jul-98 1,05% 1,70% jan-01 0,64% 1,26%

ago-98 0,88% 1,48% fev-01 0,54% 1,02%set-98 0,95% 2,49% mar-01 0,67% 1,26%out-98 1,39% 2,94% abr-01 0,66% 1,19%nov-98 1,12% 2,63% mai-01 0,68% 1,34%dez-98 1,25% 2,40% jun-01 0,65% 1,27%jan-99 1,02% 2,18% jul-01 0,75% 1,44%fev-99 1,33% 2,38% ago-01 0,85% 1,60%

mar-99 1,67% 3,33% set-01 0,66% 1,32%abr-99 1,11% 2,35% out-01 0,79% 1,53%mai-99 1,08% 2,02% nov-01 0,69% 1,39%jun-99 0,81% 1,67% dez-01 0,70% 1,39%jul-99 0,79% 1,66% jan-02 0,76% 1,53%

ago-99 0,80% 1,57% fev-02 0,62% 1,25%set-99 0,77% 1,49% mar-02 0,68% 1,37%

124

ANEXO 21 – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), entre abril

de 1997 e março de 2002.

Data IPCA Data IPCAabr-97 0,90% out-99 1,20%mai-97 0,40% nov-99 1,00%jun-97 0,50% dez-99 0,60%jul-97 0,20% jan-00 0,60%

ago-97 0,00% fev-00 0,10%set-97 0,10% mar-00 0,20%out-97 0,20% abr-00 0,40%nov-97 0,20% mai-00 0,00%dez-97 0,40% jun-00 0,20%jan-98 0,70% jul-00 1,60%fev-98 0,50% ago-00 1,30%

mar-98 0,30% set-00 0,20%abr-98 0,20% out-00 0,10%mai-98 0,50% nov-00 0,30%jun-98 0,00% dez-00 0,60%jul-98 -0,10% jan-01 0,60%

ago-98 -0,50% fev-01 0,50%set-98 -0,20% mar-01 0,40%out-98 0,00% abr-01 0,60%nov-98 -0,10% mai-01 0,40%dez-98 0,30% jun-01 0,50%jan-99 0,70% jul-01 1,30%fev-99 1,10% ago-01 0,70%

mar-99 1,10% set-01 0,30%abr-99 0,60% out-01 0,80%mai-99 0,30% nov-01 0,70%jun-99 0,20% dez-01 0,70%jul-99 1,10% jan-02 0,50%

ago-99 0,60% fev-02 0,40%set-99 0,30% mar-02 0,60%