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19o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 199

DETERMINAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DE EFLUENTES DE REFINARIA DE PETRÓLEO EM DIVERSAS ETAPAS DE

TRATAMENTO PARA DAPHNIA SIMILIS

Murilo Damato(1) Biólogo pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Mestre em Ecologia pelo Departamento de Ecologia Geral da USP e Doutorando do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Pedro Alem Sobrinho Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, Engenheiro Sanitarista pela Faculdade de Higiene e Saúde Publica da USP, M. Sc. pela University of Newcastle upon Tyne (Inglaterra), Doutor pelo Depto. de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP, Prof. Titular do Depto de Eng. Hidráulica e Sanitária da EPUSP. Dione Mari Morita Engenheira Civil pela Universidade Mackenzie, Doutora pelo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP, Professor Doutora responsável pelo Laboratório de Saneamento “Prof. Lucas Moreira Garcez” do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da EPUSP.

Endereço(1): Escola Politécnica da Univ. de São Paulo - Av. Prof. Almeida Prado, trav. 2, no 271 - São Paulo - SP - CEP: 05508-900 - Brasil - Fax: (011) 818-5423 - e-mail: [email protected]. RESUMO Os organismos de água doce têm sido reconhecidos há muito como um grupo sensível a variações de parâmetros ambientais. Os critérios de qualidade da água para esses animais são derivados principalmente de testes de laboratório e, em escala muito menor, de ensaios realizados em campo.

Poucos são os trabalhos no Brasil que correlacionam a tratabilidade dos efluentes com sua toxicidade.

Os seguintes parâmetros físicos e químicos foram determinados: OD, DBO, DQO, alcalinidade, dureza, nitrogênio amoniacal, sulfetos, cloretos, cianeto, óleos e graxas, alumínio, arsênio, cádmio, cromo, cobre, ferro, chumbo, vanádio, zinco, fenóis, benzeno, tolueno, xileno, sólidos em suspensão totais.

Os testes de toxicidade aguda foram realizados com Daphnia similis. Constatou-se que os sistemas de flotação e de lodos ativados foram eficientes na remoção da toxicidade aguda. Verificou-se que o efluente final da refinaria da Petrobrás em nenhum momento apresentou toxicidade aguda para D. similis.

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Os principais agentes tóxicos presentes nos efluentes da refinaria de petróleo da Petrobrás foram DBO, cianeto e sólidos em suspensão totais. PALAVRAS-CHAVE: Efluentes, Daphnia , Petróleo, Refinaria e Toxicidade.

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INTRODUÇÃO Os peixes e invertebrados de água doce têm sido reconhecidos há muito como um grupo sensível a variações de parâmetros ambientais. Para WELCH (1980), os critérios de qualidade da água para esses animais são derivados principalmente de testes de laboratório e, em escala muito menor, de ensaios realizados em campo. Na década de 60, outras espécies de outros grupos taxonômicos começaram a ser utilizadas, como Daphnia magna e Daphnia pulex Apesar de os primeiros métodos de toxicologia aquática serem do final da década de 50, os trabalhos na América do Sul ainda são incipientes quando comparados aos da América do Norte e Europa. Poucas são as espécies de água doce da região neotropical que têm sua sensibilidade determinada. Essa falta de dados de parâmetros toxicológicos leva à necessidade de serem utilizados dados bibliográficos sobre a toxicidade de determinados efluentes em condições ambientais muito diferentes das encontradas no Brasil. Verifica-se, portanto, a necessidade da determinação dos níveis tóxicos de diversas substâncias em espécies nativas. Esses dados são de extremo interesse, tanto nos programas de agentes tóxicos, como na avaliação de possíveis impactos ambientais de substâncias tóxicas sobre a biota aquática e suas possíveis implicações na preservação do meio ambiente. O emprego de testes de toxicidade aguda para metais pesados presentes em efluentes industriais permite avaliar possíveis impactos que às vezes a simples caracterização físico-química da água não revela. Sabe-se que essa constatação isoladamente não é suficiente para se detectar a toxicidade das substâncias, uma vez que pode haver processos sinérgicos e antagônicos. Poucos são os trabalhos no Brasil que correlacionam a tratabilidade dos efluentes com sua toxicidade (GALVÃO et al; 1988 e QUAGLIA e QUADROS, 1995). A grande maioria dos trabalhos aborda principalmente a toxicidade do efluente final e seu possível impacto no corpo receptor. A determinação da toxicidade aguda com efluentes de refinarias de petróleo data da década de 60 na Universidade de Oklahoma. Estes estudos começaram empregando diversas espécies de peixes, sendo que os cladóceros passaram a ser mais utilizados nas décadas de 70 e 80. A maioria dos estudos visa apenas a determinação da toxicidade do efluente final, não sendo analisadas as etapas de tratamento necessárias para a redução da toxicidade. A análise da toxicidade dos efluentes de diversas fases do tratamento permite estabelecer quais são os possíveis agentes tóxicos e sua capacidade de passar pelo sistema de tratamento. Entre os sistemas biológicos os sistemas de lodos ativados são os que estão sendo empregados mais freqüentemente em refinarias dos Estados Unidos e Canadá. O estabelecimento de correlações entre as concentrações de compostos tóxicos presentes em águas residuárias e efluentes, e que são removidos na estação de tratamento de despejos

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industriais, com as respostas apresentadas pelos organismos indicadores nos ensaios biológicos com esses mesmos despejos é uma ferramenta muito útil que permite avaliar a remoção de cargas tóxicas. OBJETIVOS Os objetivos do presente trabalho são: Avaliar a remoção da toxicidade de efluentes de refinaria de petróleo após a passagem no flotador por ar induzido e sistema de lodos ativados. Determinar a toxicidade aguda de efluentes da bacia de equalizacão, flotador e final da refinaria de petróleo da Petrobrás para Daphnia similis.l Estabelecer possíveis correlações entre a toxicidade aguda e a presença de metais pesados, hidrocarbonetos aromáticos mononucleares, cianeto, sulfeto e amônia nas diversas fases do tratamento dos efluentes. MATERAIS E MÉTODOS Seleção dos Agentes Tóxicos e dos Testes No presente trabalho foram realizados ensaios de toxicidade nos efluentes de refinaria de petróleo. Foram selecionadas três etapas de tratamento para amostragem: a) efluente da bacia de equalizacão, b) efluente do flotador compacto por ar induzido, c) efluente final (efluente do sistema de lodos ativados). Efluentes da Refinaria de Petróleo Para o desenvolvimento de presente trabalho, foi selecionada uma refinaria de petróleo que possuía tratamento biológico. Optou-se pela refinaria de Capuava, situada no município de Mauá, São Paulo. A seleção dessa refinaria deveu-se à proximidade com o município de São Paulo, o que permitiu maior agilidade na realização dos ensaios e conseqüentemente maior confiabilidade na análise dos compostos voláteis. A refinaria da Petrobrás em Capuava é responsável pela produção de gasolina, querosene, diesel e solventes de borracha. Entre as diversas etapas de produção desses produtos estão: armazenagem de óleo cru e produtos, dessalga e fracionamento do óleo cru, craqueamento térmico e catalítico, refino de solventes e padronização. Descrição do Sistema de Tratamento de Águas Residuárias da Refinaria de Petróleo de Capuava - SP O sistema de tratamento da refinaria de Capuava é composto de um rolo coletor de óleo, de uma unidade de separação gravitacional API, (com tempo de detenção hidráulico de aproximadamente doze horas), da bacia de equalização (tempo de detenção de seis horas), do

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flotador por ar induzido, e do sistema de lodos ativados (tempo de detenção de dezenove horas). Parâmetros Determinados Os efluentes foram sempre amostrados no período noturno devido à necessidade das diversas amostras chegarem aos laboratórios no início de seu funcionamento para análise imediata. As amostragens dos efluentes foram realizadas semanalmente ou quinzenalmente na refinaria de petróleo de Capuava, no período de maio de 1994 a abril de 1995. Foram realizados cinco campanhas amostrais seguidas de ensaios com os efluentes da bacia de equalização, flotador e final. Foram realizados testes de toxicidade aguda para Daphnia similis. Os seguintes parâmetros físicos e químicos foram determinados: temperatura, pH, condutividade, OD, DBO, DQO, alcalinidade, dureza, nitrogênio amoniacal , sulfetos, cloretos, cianetos, óleos e graxas, alumínio, arsênio, cádmio, cromo, cobre, ferro, chumbo, antimônio, vanádio, zinco, fenóis, benzeno, tolueno, xileno, sólidos em suspensão voláteis e sólidos em suspensão totais Procedimento nos Testes de Toxicidade para Daphnia Similis O método para o desenvolvimento desses testes está baseado nas 17o e 18o ed. do "Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater" (APHA, 1989, 1992) e na norma da CETESB L5.018 (1991a). Análise Estatística Determinação da Toxicidade Aguda

Na avaliação da toxicidade aguda, determinou-se a CE(I)50 Daphnia similis. Nesse trabalho, empregou-se o métdodo de Sperman-Karber para a avaliação da toxicidade aguda de todas as espécies (HAMILTON, 1977). Para cálculo da CE(I)50 utilizou-se o programa computacional “LC50 Programs JS Pear test” (HAMILTON, 1977). Análise do Coeficiente de Correlação de Spearman

Os valores do coeficiente de correlação tendem a -1 ou a +1; não implicam necessariamente em causalidade, isto é, pode existir correlação sem existir uma relação causa efeito. A correlação será mais fraca quanto mais se aproximar do zero. Nesse trabalho foi empregado a correlação ordenada de Spearman, teste de associação não paramétrico, em que não é necessário assumir a normalidade dos dados. O programa computacional empregado foi o Sigmastat (JANDEL SCIENTIFIC COORPORATION, 1994). RESULTADOS

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Nessa série foram realizadas cinco amostragens nas quais foram realizadas ensaios de toxicidade aguda de efluentes da bacia de equalização, do flotador e final para Daphnia similis. Os resultados estão apresentados nas tabelas 1 a 6.

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Tabela 1 - Caracterização física, química e toxicológica nos efluentes da refinaria da Petrobrás Parâmetros

Efluente da bacia de equalização

Efluente do flotador Efluente final

DBO (mg de O2/L) 89 58 21 DQO (mg de O2/L) 549 291 97 Alcalinidade (mg de CaCO3/L) 80 79 91 Dureza (mg de CaCO3/L) 88 88 190 N-amoniacal (mg/L) 15,4 14,8 0,04 Sulfetos (mg/L) 2,8 2,1 2,6 Cloretos (mg/L) 101 104 124 Cianeto (mg/L) 0,062 0,038 0,007 O&G (mg/L) 871 572 448 Alumínio (mg/L) <1,00 <1,00 <1,00 Arsênio (mg/L) < 0,017 < 0,017 < 0,017 Cádmio (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cromo (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cobre (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Ferro (mg/L) 1,0 0,8 0,9 Níquel (mg/L) < 0,2 < 0,2 < 0,2 Chumbo (mg/L) < 0,2 < 0,2 < 0,2 Vanádio (mg/L) < 1,70 < 1,70 < 1,70 Zinco (mg/L) 0,6 0,5 0,3 Compostos fenólicos (mg/L) 1,9 1,3 < 0,001 Benzeno (µg/L) PI PI ND Tolueno (µg/L) 582 761 ND Xileno (µg/L) 1130 1250 ND SST (mg/L) 35 24 31 Daphnia similis CE(I)50, 48h (%)

1,01 (0,82-1,21)

4,81 (4,02-5,80)

NT

amostra 1 Tabela 2 - Caracterização física, química e toxicológica nos efluentes da refinaria da Petrobrás Parâmetros Efluente da bacia de

equalização Efluente do flotador Efluente final

DBO (mg O2/L) 124 73 35 DQO (mg de O2/L) 402 195 89 Alcalinidade (mg CaCO3/L) 104 101 77 Dureza (mg CaCO 3/L) 84 85 160 N-amoniacal (mg/L) 14,8 14,2 0,04 Sulfetos (mg/L) 2,7 2,7 2,5 Cloretos (mg/L) 103 104 127 Cianeto (mg/L) 1,50 2,17 0,045 O&G (mg/L) 126 67 22 Alumínio (mg/L) < 1,00 < 1,00 < 1,00 Arsênio (mg/L) < 0,017 < 0,017 < 0,017 Cádmio (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cromo (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cobre (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Ferro (mg/L) 1,1 0,8 1,1 Níquel (mg/L) < 0,2 < 0,2 < 0,2 Chumbo (mg/L) < 0,2 < 0,2 < 0,2 Vanádio (mg/L) < 1,70 < 1,70 < 1,70 Zinco (mg/L) 0,4 0,4 0,2 Compostos fenólicos (mg/L) 1,2 1,2 0,2 Benzeno (µg/L) ND ND ND Tolueno (µg/L) ND ND ND Xileno (µg/L) ND ND ND SST (mg/L) 40 23 24 Daphnia similis CE(I)50,48h (%)

1,02 (0,82-1,26)

1,70 (1,35-2,13)

NT

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amostra 2

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Tabela 3 - Caracterização física, química e toxicológica nos efluentes da refinaria da Petrobrás Parâmetros Efluente da bacia de

equalização Efluente do flotador Efluente final

DBO (mg O2/L) 182 72 18 DQO (mg O2/L) 534 244 73 Alcalinidade (mg CaCO3/L) 120 121 91 Dureza (mg CaCO 3/L) 115 106 183 N-amoniacal (mg/L) 15,0 15,0 1,2 Sulfetos (mg/L) 1,4 0,5 0,1 Cloretos (mg/L) 175 175 169 Cianeto (mg/L) 0,10 0,056 0,005 O&G (mg/L) 138 56 21 Alumínio (mg/L) < 1,00 < 1,00 < 1,00 Arsênio (mg/L) < 0,017 < 0,017 < 0,017 Cádmio (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cromo (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cobre (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Ferro (mg/L) 1,0 0,7 0,9 Níquel (mg/L) < 0,2 < 0,2 < 0,2 Chumbo (mg/L) < 0,2 < 0,2 < 0,2 Vanádio (mg/L) < 1,70 < 1,70 < 1,70 Zinco (mg/L) 0,6 0,4 0,2 Compostos fenólicos (mg/L) 1,6 1,4 < 0,001 Benzeno (µg/L) PI 111 ND Tolueno (µg/L) ND 179 ND Xileno (µg/L) ND 797 ND SST (mg/L) 74 33 16 Daphnia similis CE(I)50,48h (%)

0,41 (0,32-0,51)

2,97 (2,25-3,81)

NT

amostra 3 Tabela 4 - Caracterização física, química e toxicológica nos efluentes da refinaria da Petrobrás Parâmetros Efluente da bacia de

equalização Efluente do flotador Efluente final

DBO (mg O2/L) 297 69 29 DQO (mg O2/L) 745 270 89 Alcalinidade (mg CaCO3/L) 110 102 66 Dureza (mg CaCO 3/L) 89 100 167 N-amoniacal (mg/L) 19,0 17,0 0,02 Sulfetos (mg/L) 1,4 1,2 0,5 Cloretos (mg/L) 95 96 125 Cianeto (mg/L) 0,158 0,085 0,007 O&G (mg/L) 728 180 137 Alumínio (mg/L) < 1,00 < 1,00 < 1,00 Arsênio (mg/L) < 0,017 < 0,017 < 0,017 Cádmio (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cromo (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cobre (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Ferro (mg/L) 9,0 4,7 0,9 Níquel (mg/L) < 0,2 < 0,2 < 0,2 Chumbo (mg/L) < 0,2 < 0,2 < 0,2 Vanádio (mg/L) < 1,70 < 1,70 < 1,70 Zinco (mg/L) 1,5 0,6 0,5 Compostos fenólicos (mg/L) 1,2 1,0 < 0,001 Benzeno (µg/L) ND ND ND Tolueno (µg/L) ND ND ND Xileno (µg/L) ND ND ND SST (mg/L) 64 37 25 Daphnia similis CE(I)50,48h (%)

0,47 (0,37-0,64)

2,71 (2,11-3,33)

NT

amostra 4

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Tabela 5 - Caracterização física, química e toxicológica nos efluentes da refinaria da Petrobrás Parâmetros Efluente da bacia de

equalização Efluente do flotador Efluente final

DBO (mg O2/L) 253 81 15 DQO (mg de O2/L) 631 371 53 Alcalinidade (mg CaCO3/L) 208 199 40 Dureza (mg CaCO 3/L) 150 153 235 N-amoniacal (mg/L) 34,0 34,0 0,08 Sulfetos (mg/L) 1,9 1,1 0,3 Cloretos (mg/L) 63 98 291 Cianeto (mg/L) 0,154 0,127 0,007 O&G (mg/L) 135 128 119 Alumínio (mg/L) 1,10 1,38 <1,00 Arsênio (mg/L) 0,33 0,019 0,023 Cádmio (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cromo (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Cobre (mg/L) < 0,1 < 0,1 < 0,1 Ferro (mg/L) 4,0 3,0 0,8 Níquel (mg/L) < 0,2 <0,2 < 0,2 Chumbo (mg/L) < 0,2 < 0,2 < 0,2 Vanádio (mg/L) < 1,70 < 1,70 < 1,70 Zinco (mg/L) 1,2 0,9 0,3 Compostos fenólicos (mg/L) 2,5 1,9 < 0,001 Benzeno (µg/L) PI PI ND Tolueno (µg/L) PI PI ND Xileno (µg/L) ND ND ND SST (mg/L) 60 70 250 Daphnia similis CE(I)50,48h (%)

0,54 (0,44-0,69)

2,29 (1,73-3,02)

NT

amostra 5 Tabela 6 - Coeficientes de correlação entre a toxicidade aguda para D.similis e parâmetros presentes no efluente da bacia de equalização da refinaria de petróleo de Petrobrás

Parâmetros CE(I)50,48h Efluente da Bacia de Equalizaçã

CE(I)50,48h Efluente do Flotador

DBO -0,600 -0,800 DQO -0,400 0,300 N-amoniacal -0,300 0,000 Cloretos -0,100 0,308 Cianetos 0,300 -1,000 Ferro -0,051 -0,308 Zinco -0,564 -0,051 O&G 0,103 0,564 Compostos fenólicos -0,200 0,100 SST -0,900 0,000

DISCUSSÃO Os resultados dos testes de toxicidade revelaram que nas cinco amostragens no sistema de tratamento de efluentes da refinaria de petróleo da Petrobrás em Capuava, SP, houve remoção total da toxicidade aguda para Daphnia similis. A toxicidade aguda para D. similis no efluente da bacia de equalização situou-se entre 0,41% e 1,02%, enquanto no efluente do flotador

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situou-se entre 1,71% a 4,81%, não se detectando toxicidade no efluente final. Esse resultado é semelhante ao encontrado por CHAPMAN (1994), que verificou que os cladóceros possuem elevada sensibilidade a efluentes de refinaria de petróleo. BUIKEMA et al. (1976) verificou que D. magna podia ser 40 vezes mais sensível a efluentes de refinaria de petróleo do que uma espécie de truta Salmo gairdneri. DAS e KONAR (1988) verificaram que D. magna apresentou CE50,48h de 3,75% de efluentes de refinaria de petróleo. WESTLAKE et al. (1983) verificaram que a CE50,48h para Daphnia pulex foi de 76%. Os resultados não indicaram correlação significativa entre a toxicidade e a DBO nos testes realizados no efluente da bacia de equalização para D. similis. Para o efluente do flotador constatou-se, a presença de correlação (-0,800). Esse valor foi superior aos de BURKS (1985). O autor realizou análise de correlação com efluentes de nove refinarias americanas e não constatou a presença de correlação significativa entre a DBO e toxicidade aguda para Daphnia magna. Os resultados do efluente da bacia de equalização não indicaram correlação significativa entre a toxicidade e a concentração de cianeto nos testes realizados para D. similis. Foi constatada no efluente do flotador, a presença de correlação significativa entre as concentrações de cianeto e a CE(I)50 para D. similis (-1,000). Segundo a USEPA (1980), o cianeto é altamente tóxico para todas as formas de vida aquática e sua concentração em corpos d'água não deve ultrapassar 52 µg/L.. A análise dos resultados no efluente da bacia de equalização indicou correlação significativa entre a toxicidade e os sólidos em suspensão totais nos testes realizados para Daphnia (-0,900). No efluente do flotador, não se verificou a presença de correlação significativa entre as concentrações de sólidos em suspensão totais e a CE(I)50 para D. similis. A API (1986) avaliou a toxicidade de metais biodisponíveis em sólidos em suspensão totais em efluentes de refinarias de petróleo. Para esses autores, o zinco mostrou-se mais facilmente biodisponível causando toxicidade aguda em Daphnia magna. Os resultados obtidos com cromo não foram significativamente representativos nesta pesquisa, não havendo correlação entre as concentrações de cromo e de sólidos em suspensão totais. É possível verificar, portanto, que os agentes tóxicos presentes nos efluentes apresentam diferentes correlações em suas diversas etapas de tratamento. No efluente da bacia de equalização, verificou-se que os agentes tóxicos que apresentavam maior correlação com as CE(I)50 para D. similis, o parâmetro foi sólidos em suspensão totais. No efluente do flotador, os parâmetros que apresentaram correlação significativa foram cianeto e DBO. Não se constatou nenhuma toxicidade no efluente final. Esse fato deve-se às diferentes disponibilidades dos agentes tóxicos em cada fase do sistema de tratamento, não sendo possível generalizar quais são as substâncias predominantes que influenciam na toxicidade dos efluentes de refinarias de petróleo.

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DORRIS (1972) constatou que os principais metais encontrados em efluentes de refinaria foram cobre, zinco, chumbo, cromo, níquel, cádmio e ferro. O autor constatou que esses metais encontram-se na forma solúvel e particulada. PESSAH et al. (1973), analisando os resultados de toxicidade aguda em seis refinarias canadenses, concluíram que nem sempre era possível o estabelecimento da relação entre a toxicidade e os agentes químicos causadores. Os autores sugeriram que, entre os potencialmente tóxicos, estavam: amônia, cianetos, sulfetos, fenol e metais pesados. Para eles, o zinco foi o metal que apresentou as maiores concentrações. Alumínio, arsênio, vanádio e antimônio são os metais que são encontrados na maioria das refinarias canadenses e americanas (OME, 1990; SYLVESTRE, 1993). No presente estudo, os metais que se mostraram acima do limite de detecção foram o ferro e o zinco, sendo que na última campanha detectou-se a presença de arsênio e alumínio. Fica evidente que a toxicidade dos efluentes nas diversas fases de tratamento não está associada à toxicidade de um único elemento ou substância tóxica mas a um conjunto de compostos que interagem entre si, apresentando efeitos sinérgicos e antagônicos. Atualmente não é praticável a realização da avaliação dos efeitos sinérgicos de todos os compostos presentes nos efluentes. Além do mais deve-se considerar a toxicidade dos compostos metabolizados que são de difícil identificação. Assim os resultados dos testes de toxicidade com efluentes nas diversas fases de tratamento revelaram o efluente da bacia de equalização mostrou-se o mais tóxico, seguido pelo efluente do flotador, sendo que o efluente final nunca apresentou toxicidade aguda para D. similis. Esses resultados mostram a eficiência elevada desses equipamentos na remoção da toxicidade. CONCLUSÕES O sistema de tratamento de efluentes industriais da refinaria de petróleo de Capuava, SP, mostrou-se muito eficaz na remoção de cargas tóxicas. Verificou-se que o efluente final dessa refinaria, em nenhum momento do período estudado, apresentou toxicidade aguda para Daphnia similis. Os agentes tóxicos geralmente estiveram em concentrações muito baixas para provocarem isoladamente toxicidade aguda, o que sugere ações sinérgicas na toxicidade dos mesmos. Quanto menores forem as concentrações de substâncias tóxicas que provoquem esse efeito, mais difícil será o estabelecimento de sua relação com o efeito deletério sobre as espécies indicadoras. Do mesmo modo, torna-se difícil estabelecer a correlação entre a toxicidade e a concentração da maioria dos agentes tóxicos. Os principais agentes tóxicos presentes nos efluentes da bacia de equalização e do flotador da refinaria de petróleo da Petrobrás foram DBO, cianeto e sólidos em suspensão totais.

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