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Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar - Bairro: Cabral - CEP: 80540-400 - Fone: (41) 3210-1691 - www.jfpr.jus.br - Email: [email protected] PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA 5019825- 46.2017.4.04.7000/PR REQUERENTE: POLÍCIA FEDERAL/PR ACUSADO: FRANCISCO CARLOS DE ASSIS DESPACHO/DECISÃO Vistos em inspeção. 1. Trata-se de representação formulada pelo Delegado de Polícia Federal responsável pela denominada 'Operação Carne Fraca' (Inquérito Policial 5002816-42.2015.4.04.7000 - 136/2015-4-SR/PF/PR; Pedido de Prisão Preventiva 5002951- 83.2017.4.04.7000; Pedido de Quebra de Sigilo de Dados e/ou Telefônico nº 5062179-57.2015.4.04.7000) na qual requereu a prisão preventiva do indiciado FRANCISCO CARLOS DE ASSIS, bem como a realização de diligências de busca e apreensão nos endereços relacionados ao investigado. O Ministério Público Federal opinou favoravelmente ao pedido (evento 6). Asseverou a necessidade de prisão preventiva de FRANCISCO CARLOS DE ASSIS, para a garantia da ordem pública, da instrução criminal e diante do risco à aplicação da lei penal, e da busca e apreensão nos endereços a ele relacionados, porque comprovada a existência de documentação em seu poder. Essa é a síntese do que interessa. DECIDO. 2. Indícios de materialidade e autoria Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 14ª Vara Federal de Curitiba

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Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar - Bairro: Cabral - CEP: 80540-400 -Fone: (41) 3210-1691 - www.jfpr.jus.br - Email: [email protected]

PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA Nº 5019825-46.2017.4.04.7000/PRREQUERENTE: POLÍCIA FEDERAL/PRACUSADO: FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

DESPACHO/DECISÃO

Vistos em inspeção.

1. Trata-se de representação formulada peloDelegado de Polícia Federal responsável peladenominada 'Operação Carne Fraca' (Inquérito Policialnº 5002816-42.2015.4.04.7000 - 136/2015-4-SR/PF/PR;Pedido de Prisão Preventiva nº 5002951-83.2017.4.04.7000;  Pedido de Quebra de Sigilo de Dadose/ou Telefônico nº 5062179-57.2015.4.04.7000) na  qualrequereu a prisão preventiva do indiciado FRANCISCOCARLOS DE ASSIS, bem como a realização dediligências de busca e apreensão nos endereçosrelacionados ao investigado.

O Ministério Público Federal opinoufavoravelmente ao pedido (evento 6). Asseverou anecessidade de prisão preventiva de FRANCISCOCARLOS DE ASSIS, para a garantia da ordem pública, dainstrução criminal e diante do risco à aplicação da leipenal, e da busca e apreensão nos endereços a elerelacionados, porque comprovada a existência dedocumentação em seu poder.

Essa é a síntese do que interessa.

DECIDO.

2. Indícios de materialidade e autoria

Poder JudiciárioJUSTIÇA FEDERAL

Seção Judiciária do Paraná14ª Vara Federal de Curitiba

2. Indícios de materialidade e autoriadelitivas - fumus comissi delicti:

A investigação policial que deu origem àdenominada 'Operação Carne Fraca' (IPL nº  5002816-42.2015.4.04.7000) foi iniciada para apuração deirregularidades existentes no âmbito daSuperintendência Federal de Agricultura no Estado doParaná (SFA/PR) do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento/MAPA,  na qual estaria instaladaorganização criminosa formada por funcionáriospúblicos com atuação no Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento - Superintendência Regionaldo Paraná, aparentemente desde meados de 2007,  cujoobjetivo precípuo seria a obtenção pessoal de proveitosfinanceiros indevidos, que eram  integrados aosrespectivos patrimônios próprios e em nome deterceiros. A contrapartida seria o  exercício  de funçõespúblicas sem observância das prescrições legais.

Os indícios até então amealhados apontarampara a prática dos delitos de corrupção passiva (art. 317do CP), lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei 9.613/98) porparte dos fiscais do MAPA, e de um horizonte a perder devista de outros atos criminosos, como corrupção ativa(art. 333 do CP), fraude em licitação no bojo daSecretaria de Educação do Paraná (art. 90 da Lei8.666/93), além de adulteração/corrupção/falsificação deprodutos alimentícios (art, 272 do CP), emprego deprocesso proibido ou de substância não permitida (art.274 do CP), utilização de invólucro ou recipiente comfalsa indicação (art. 275, do CP), por parte dosresponsáveis legais das empresas envolvidas, tudo deconhecimento dos fiscais responsáveis, sendo que toda amecânica da relação entre servidores da AdministraçãoPública e empresários de indústrias agropecuárias emprincípio se amolda aos contornos de organizaçãocriminosa, prevista como crime pela Lei 12.850/13, art.2º.

A partir de então, surgiram novos elementosque, neste momento, são aptos a delinear os contornosda  rede de corrupção desenvolvida pela OrganizaçãoCriminosa composta por servidores da SuperintendênciaRegional do MAPA no Paraná, seus parentes, eempresários do ramo frigorífico, bem como por outrosque prestaram efetivo auxílio ao grupo. Angariaram-se

também indícios de que crimes semelhantes estariam

também indícios de que crimes semelhantes estariamocorrendo nos estados de Minas Gerais e Goiás, surgindoentão nas investigações a figura de FRANCISCOCARLOS DE ASSIS.

A participação de  FRANCISCO CARLOS DEASSIS, fiscal agropecuário e ex-SuperintendenteRegional do MAPA/Goiás, no esquema criminoso foidemonstrada da seguinte forma na decisão proferidaevento 43 do autos nº 5002951-83.2017.4.04.7000, na qualfoi determinada a sua condução coercitiva:

- Estados de Goiás e MG:

A investigação de servidores públicos efuncionários/sócios de empresas nos Estados de Goiáse Minas Gerais desenvolveu-se nesta circunscrição doParaná porque indícios de crimes da mesma estirpeforam verificados a partir da ligação dessas pessoascom RONEY NOGUEIRA DOS SANTOS, articulador dogrupo BRF junto a órgãos públicos, que, como já vistono Estado do Paraná, praticou, em tese, diversosdelitos contra a administração e saúde públicas, emcoautoria com os servidores da SuperintendênicaRegional do Paraná e suas descentralizadas.

Após a colheita das provas advindas da deflagraçãodesta fase da operação policial será reexaminada aquestão atinente à competência. Por ora, há elementosde conexão suficientes que justificam a concessão dasmedidas urgentes por este Juízo, permitindo a coleta ea preservação das provas. O desmembramento dainvestigação no estágio em que se encontra e aremessa a outros Juízos Federais poderia, a estaaltura, prejudicaria a colheita das provas, diante daiminente deflagração da operação Carne Fraca e oconsequente conhecimento da sua existência pelosenvolvidos em outros Estados da federação.

INVESTIGADOS:

- DINIS LOURENÇO DA SILVA, médico veterinário,funcionário público do MAPA (Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento), fiscal federalagropecuário exercendo a função de chefe doSIPOA/DDA/SFA-GO (Serviço de Inspeção de Produtosde Origem Animal/Divisão de DefesaAgropecuária/Superintendência Federal de Agriculturaem Goiás).

- FRANCISCO CARLOS DE ASSIS,  médico veterinário,

- FRANCISCO CARLOS DE ASSIS,  médico veterinário,fiscal federal agropecuário, ex-superintendente doSIPOA de Goiás;

- WELMAN PAIXÃO SILVA OLIVEIRA, médicoveterinário conveniado com o MAPA, atuando comofiscal agropecuário vinculado ao SIPOA/GO;

- JÚLIO CESAR CARNEIRO, atual Superintendente daSFA/GO.

1. DINIS LOURENÇO DA SILVA, FRANCISCOCARLOS DE ASSIS, WELMAN PAIXÃO SILVAOLIVEIRA, JÚLIO CESAR CARNEIRO - servidoresdo MAPA - e empresários/funcionários deempresas que com eles se relacionaram:

DINIS LOURENÇO DA SILVA é fiscal federalagropecuário do MAPA (Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento), exercendo a função dechefe do SIPOA/DDA/SFA-GO (Serviço de Inspeção deProdutos de Origem Animal/Divisão de DefesaAgropecuária/Superintendência Federal de Agriculturaem Goiás), função esta equivalente à ocupada pelainvestigada MARIA DO ROCIO NASCIMENTO naSuperintendência do Paraná.

O monitoramento das comunicações de DINISLOURENÇO DA SILVA foi autorizado no dia09/05/2016 (evento 229, dos autos de Pedido de Quebrade Sigilo de Dados nº 50621795720154047000) e tevecomo origem a captação de conversa de RONEYNOGUEIRA DOS SANTOS, da  empresa BRF, com seuassessor LUIZ GUARANÁ, na qual ambos tratam daentrega de uma caixa para DINIZ (Ac 03-D, evento123).

A relação de DINIS com a empresa BRF veio à tona apartir da negociação da suspensão da operação daunidade da empresa em Mineiros/GO, consoantediálogos captados, referidos abaixo.

Veja-se diálogo entre RONEY e DINIS, de Goiânia, peloqual o primeiro busca intervenção do segundo paratentar reverter uma suspensão de habilitação daunidade de Mineiros da empresa (81667984.WAV):

                                       

RONEY pede auxílio de outra pessoa do MAPA emGoiás, chamado 'doutor Francisco', vulgo Mineiro,para que exerça influência em DINIS para nãosuspenderem a habilitação da unidade de Mineiros,oferecendo alguma 'ajuda' se for o caso, como sempreajudou aquele interlocutor (81697405.WAV):

                                     

MINEIRO então ajuda RONEY  e conversa com DINIS,lhe pedindo em troca produtos da empresa e frangos.Ele tranquiliza RONEY, dizendo que DINIS é deconfiança, e que pode 'abrir a caixa de ferramentas'para ele. Pelo teor da conversa, bem se vê que a caixade ferramentas seriam as vantagens indevidasofertadas para corromper o servidor público e impedira suspensão da habilitação de unidade da sua empresa(81718791.WAV):

                                       

Após, RONEY telefona para DINIS, que já haviaconversado com 'dr. Francisco' e o tranquiliza,dizendo que daria um parecer desfavorável àsuspensão, mas o alertou para que buscasse manterum bom relacionamento pessoal com os fiscais doMAPA que supervisionam a empresa(81725285.WAV):

                                         

Claro está que é praxe de RONEY presentear osfuncionários do MAPA de Goiás FRANCISCO CARLOSDE ASSIS e DINIS LOURENÇO DA SILVA que atuam emseu favor, a fim de evitar fiscalização ou mesmoimpedimento dos serviços de unidades da suaempresa.

Segundo apurado, há funcionários do MAPA, como sevê das ligações com RONEY, que costumam receberpropina e deixar de cumprir suas obrigaçõesprofissionais, em contrapartida.

A negociata de RONEY com DINIS acerca dasatividades da empresa BRF em Mineiros/GO tevecontinuidade, sendo que ambos combinam deconversar pessoalmente, oferecendo RONEY auxílio ao chefe do SIPOA nas eleições municipais(81725285.WAV, 81746503, 81741482.WAV, 81758540.WAV, 81777880.WAV, 81801385.WAV):

                     

                                         

                    

                    

 

 

ANDRÉ, que apareceu no diálogo com RONEY acerca

ANDRÉ, que apareceu no diálogo com RONEY acercada 'coisa' que DINIS lhe pediu para solucionar, éANDRÉ BALDISSERA, diretor da BRF, e concordaplenamente em prestar apoio a DINIS em eleiçõesmunicipais, em troca dos favores requeridos pela BRF.

Em outra conversa no AC12, evento 397, ANDRÉ nova

R$ 300.000,00 como doação de campanha para oservidor referido:

“(...) RONEY: E o processo de Mineiros já falei hojecom a doutora MARIA CRISTINA, ela tá analisando.Até o LAERCIO me ligou hoje: "ah, RONEY, eu liguei lápra falar com a CRISTINA." Eu disse, não, deixe que eujá falei com ela. Aí ele ligou pra falar outra coisa lácom o doutor DINIS, já perguntou. Disse: "não, já tôanalisando". Só vamos, o ANDRÉ pediu pra mim umprazo, até o dia quinze tá aprovado. Então, dia quinzeé quinta feira, vamos ver se a gente consegue até dia15. Eu acredito que sim por que eles tão dandoprioridade nesse assunto.

ANDRÉ: Ela que disse isso?

RONEY: Quem?

ANDRÉ: A MARIA CRISTINA te falou dia quinze?

RONEY: Não. Tu que falou no e-mail. No e-mail que tumandou pra mim.

ANDRÉ: Não, é, que assim, cara, nós temos que voltara apimentar pra nós pegar esse. Tentar carregar aindaem setembro alguma coisa. Entendeu?

RONEY: Não, fechou. Só que assim, ó. Que é que eufalei pro, pro. Como o SIPOA mandou na sexta feira,hoje eles tão analisando o processo né. Então euacredito que hoje, até amanhã, eles já finalizam. Até euperguntei no e-mail, conversei com ela, se vai praBrasília, alguma coisa. Eu acredito que não, que oSIPOA já vai fazer a liberação. Eu acredito que atéquinta feira vai tá liberado. Até falei pro LAERCIO.

ANDRÉ: Eu posso voltar a apimentar e sai do regimeespecial?

RONEY: Sim, é, então aí eu falei pra eles assim, deixaeles analisar, tudo certinho. O pessoal de GOIÁS sãomuito gente boa, então.ANDRÉ: São muito gente boa, cara.

ANDRÉ: São muito gente boa, cara.

RONEY: Não adianta ficar botando muita pressão.

ANDRÉ: O DINIS (ininteligível). O que é que elepediu daquela vez lá?

RONEY: É ele pediu.

ANDRÉ: Pra apoiar ele no quê, cara?

RONEY: É, cara, mas não deu. Ele pediu pra gentetrezentos mil reais pra ajudar o cara quemantém ele lá em GOIÂNIA.

ANDRÉ: Putz. Aí é foda.

RONEY: Aí não dá, né. Eu não tenho.

ANDRÉ: Deus (ininteligível).

RONEY: Eu tive que enrolar. Enrolei lá um monte. Nãotem nem como, né.

ANDRÉ: Não. Daí não dá.

RONEY: Não dá ainda mais se a BRF, a se a lei nãotivesse mudado, a gente conseguiria. A gentesempre fez doação de campanha. Agora não temnem como, né. Com a FLÁVIA RIBAS aí no pé detodo mundo. Não dá. (risos)”

Além de apoio político, DINIS chega a pedir apoio deRONEY para que seu neto possa fazer um teste emclube de futebol, como se vê de conversa comWELMAN PAIXÃO  no AC 8-C, evento 297 e 305.:

O ex-Superintendente do MAPA em Goiás, FRANCISCOCARLOS DE ASSIS, a exemplo do que faz DANIELGONÇALVES no Paraná, atua como intermediário nocontato de RONEY da BRF com o atual ocupante docargo, DINIS, consoante demonstram os diálogosacostados no AC 07-C (81734631.WAV, 81816764.WAV,81817587.WAV, 81817670.WAV):

                     

Pelo teor do diálogo com a funcionária CAROLpercebe-se que a empresa BRF costuma ser achacadatambém por outros órgãos públicos para a liberaçãode documentos (81754295.WAV):

Pelos demais diálogos de RONEY, transcritos no AutoCircunstanciado 07-C, evento 251, AUTO4, verifica-seque ele tem função política dentro da empresa BRF,mantendo relações com as chefias dasSuperintendências Regionais de diversos Estados daFederação, buscando sempre realizar reuniões a fimde conciliar os interesses da empresa com possíveisinteresses pessoais dos servidores públicos, a quemgeralmente é oferecida alguma espécie de vantagemindevida, como pagamentos e financiamento decampanhas políticas para eles próprios ou seussupostos 'padrinhos' (e.g. 81818342.WAV). RONEYchega a intervir no afastamento e relotação defiscais/agentes agropecuários que lhe desagradam, porameaçarem as atividades da empresa.

Aos atos criminosos praticados por RONEY emconjunto com a chefia do MAPA no Paraná (MARIADO ROCIO, chefe do SIPOA, e DANIEL GONÇALVES,ex-Superintendente) somem-se também indícios queemergiram acerca de corrupção ativa com relação aoSIPOA de Goiás. No caso em tela, em decorrência dosúltimos períodos de monitoramento foram

identificados os servidores do SIPOA de GOIÁS

identificados os servidores do SIPOA de GOIÁSFRANCISCO CARLOS DE ASSIS e DINIS LOURENÇODA SILVA, como sendo aqueles que trataram comRONEY para viabilizar o impedimento da suspensãode uma das unidades da BRF e a movimentação defiscais, de modo afastar aqueles mais rígidos e nãoafetos ao sistema de troca de favores, estandocorroboradas as suspeitas levantadas acerca de taisfatos na decisão do evento 229.

(...)

1.2. FRANCISCO CARLOS DE ASSIS:

(1) Fato 1. No dia 09/05/2016 (evento 229 dos autos epedido de quebra) foi autorizado o início domonitoramento das comunicações de FranciscoCarlos de Assis, após ter sido interceptado diálogoentre este e Roney Nogueira dos Santos (gerente deRelações Institucionais da empresa BRF S/A), no qual,Roney pede a Francisco que converse com DinisLourenço da Silva para que a habilitação da unidadede Mineiros da BRF S/A não seja suspensa.

Em seguida, Francisco Carlos de Assis retorna aligação e diz já ter conversado com Dinis Lourençoda Silva e acertado tudo, ou seja, intermedia ocontato entre Roney Nogueira dos Santos e DinisLourenço da Silva, para que este deixe de praticarato de suspensão da unidade frigorífica de Mineirosda  BRF S/A, provavelmente, recebendo algumavantagem ilícita para tanto ((art. 317 , § 1º , do CódigoPenal):

(2) Fato 2. Ainda, em outra oportunidade foiinterceptada conversa em que Francisco Carlos deAssis relata ter recebido a quantia de R$ 5.000,00 pormês de uma empresa que ele chama de "JJZ", o queindica que pode ter praticado o delito de corrupçãopassiva (art. 317 , § 1º , do Código Penal), vejamos (p.258):

(3) Fato 3. Consta da decisão do evento 305, dos autosde pedido de monitoramento telefônico, menção aoenvolvimento de Francisco Carlos de Assis emnegócio aparentemente imobiliário (venda de um

imóvel pertencente a uma empresa de frigorífico), no

imóvel pertencente a uma empresa de frigorífico), noqual Dinis e Francisco receberiam valores altos atítulo de comissão de corretagem: 

Em diálogo travado em 23/05/2016 FRANCISCOquestionou o interlocutor quanto à dificuldade dedescontar um cheque de R$ 500.000,00 (quinhentos milreais). Nesse sentido é o diálogo constante do autocircunstanciado 8E - 82225625.WAV.

Dos diálogos  entre FRANCISCO e  DINIZ é possivelque o cheque a ser descontado estivesse relacionado à"comissão” referida nas conversas por DINIZLORENÇO DA SILVA (previsão inicial de recebimentopor cada um da importância de R$ 500.000,00, eposteriormente concretizada em R$ 300.000,00  paracada um).

Inequivocamente causa estranheza a realizaçãoconjunta de negócio de grande porte financeiro porcolegas de trabalho. Aparentemente, se trata daintermediação de venda de imóvel relacionado àempresas de frigorífico (fiscalizadas). Como referidospor DINIZ, os recursos seriam recebidos em nome deterceiro e destinados à compra de dólares. Essacircunstância, considerada conjuntamente àevidenciada conduta profissional irregular contumazdos investigados demonstra a  imprescindibilidade deserem esclarecidas as circunstâncias que justificam orecebimento da referida "comissão".

(4) Fato 4. Constou ainda da decisão do evento 343menção a diálogo interceptado em meados de agostode 2016 no qual Francisco Carlos de Assisaparentemente solicita propina a Mauro Suaidenproprietário da empresa Frigorífico Total (art. 317 , §1º , do Código Penal):

Neste último período monitorado (AC 10-D, evento335, auto5), FRANCISCO conversa com MAUROSUAIDEN, dono da empresa FRIGORÍFICO TOTAL S/A-CNPJ 12.184.079/0001-37, solicitando a ele 'aquelerestinho', certamente algum valor faltante da propinapaga pela empresa ao fiscal (83732873.WAV):

Na decisão seguinte (evento 378) consta queFrancisco Carlos de Assis comenta, em diálogointerceptado, ter recebido "frango" do FrigoríficoSuper Frango (art. 317 , § 1º , do Código Penal),vejamos:

Conforme manifestação anexada no evento 6, aautoridade policial representou pela conduçãocoercitiva de Francisco Carlos de Assis, bem comopela busca e apreensão de objetos em sua residência.

Considerando-se os fatos listados acima e osindícios da prática reiterada de condutas que sesubsumem ao delito de corrupção passivaentendo pertinentes as medidas pleiteadas(condução coercitiva e busca e apreensão).

Após o advento do relatório parcial doinquérito policial instaurado e como consequência dosindícios de autoria e materialidade coletados antes eapós a deflagração da fase ostensiva da apuração,  oMinistério Público Federal ofereceu denúncia nos autosde ação penal nº 50168790420174047000.

A exordial acusatória descreve, em síntese, queDINIS LOURENÇO DA SILVA, chefe do SIPOA/GO, entre28/04/2016 e 02/05/2016, obstou indevidamente o trâmitede proposta técnica de suspensão da habilitação daplanta industrial da pessoa jurídica BRF S/A, emMineiros-GO, cedendo a pedidos feitos pelo funcionárioda aludida empresa RONEY NOGUEIRA DOS SANTOS, pormeio de contatos telefônicos e de encontro pessoal, emtroca de pagamentos em dinheiro e de apoio político. Oassessor informal de Dinis e médico veterináriocontratado do MAPA/GO, WELMAN PAIXÃO SILVAOLIVEIRA, e o fiscal federal agropecuário FRANCISCOCARLOS DE ASSIS teriam ratificado junto a RONEY opedido de vantagens e apoio político, tendo RONEYobtido aval do diretor da BRF ANDRÉ LUIZ BALDISSERApara tanto.

Segundo relatou o MPF, FRANCISCO CARLOS DEASSIS intermediou os pleitos de RONEY e as solicitaçõesde vantagens de DINIZ, entre 30/04 e 05/05/2016,patrocinando assim interesses da empresa BRF perante ogestor público, e incentivando RONEY a oferecer-lhevantagens indevidas, pois DINIS seria propenso a taispráticas, participando ele também dos crimes decorrupção de DINIS.

Além disso, em 02/05/2016, FRANCISCO CARLOS

Além disso, em 02/05/2016, FRANCISCO CARLOSDE ASSIS, valendo-se de seu cargo de fiscal federalagropecuário, teria solicitado vantagem indevida, naforma de alimentos, para o funcionário da BRF RONEYNOGUEIRA DOS SANTOS, para si próprio e para DINIS,tendo RONEY se prontificado a entregar a vantagemindevida solicitada.

FRANCISCO e os mencionados denunciadosservidores públicos, por terem solicitado vantagensindevidas de funcionário da empresa BRF, RONEYNOGUEIRA DOS SANTOS, para, em troca, obstarindevidamente a suspensão do funcionamento ecertificação sanitária internacional da planta industrialda empresa BRF S/A em Mineiros-GO, sugerida pelafiscalização, em razão de várias irregularidadesapuradas no âmbito do processo administrativo SEI21020.001527/2016-69 (relatório 01/2010/2016),referentes à contaminação por salmonella, acabarampor incorrer na prática dos delitos previstos nos artigos317, §§ 1º e 2º do Código Penal (corrupção passiva, comaumento de pena devido ao fato de ter-se evitado aprática de ato de ofício, com infração de dever funcional,cedendo a pedido ou influência de outrem).

A denúncia foi recebida. O  denunciadoFRANCISCO CARLOS DE ASSIS não foi encontrado paraser citado no endereço apontado por ele mesmo comosendo  o de sua residência. O  oficial de justiçaresponsável pelo cumprimento da ordem foi atendidopor seu filho LUCAS, que forneceu o telefone do pai.Somente após contato via telefone, FRANCISCO foidevidamente citado (evento 73, cert6, da ação penal nº50168790420174047000).

No inquérito policial, quando da tentativa decumprimento dos mandados de condução coercitiva e debusca e apreensão no endereço apontado como sendo deFRANCISCO, em 17/03/2017, este também não foiencontrado no local, tendo o morador LUCAS COSTA DEASSIS afirmado que ele não residia mais naqueleendereço, o que acabou por frustrar a realização dasdiligências. Após, em 20/03/2007, FRANCISCOcompareceu espontaneamente para prestar declaraçõesna Polícia Federal, fornecendo o mesmo endereço noqual não havia sido encontrado. Dois dias antes, em18/03/2017, foram captados diálogos telefônicos com

autorização judicial em que FRANCISCO contou para sua

autorização judicial em que FRANCISCO contou para suanamorada/amante LUCIANA DE SOUZA MORAES quepicotou documentos e apagou conversas gravadas.

Tais fatos novos configuram, em tese, também odelito previsto no art. 2º, §1º,  da Lei 12.850/2013, porhaver indícios de que está FRANCISCO embaraçando ainvestigação de infrações penais envolvendoorganização criminosa.

Feito esse  registro, passo à análise dos pedidosde prisão preventiva e  de busca e apreensão.

3. PRISÃO PREVENTIVA:

Nos termos do artigo 313, I, do Código deProcesso Penal, os crimes dolosos apenados com penaprivativa de liberdade superior a 4 anos admitem aprisão cautelar.

A prisão preventiva deve ser decretada quandohouver a plausibilidade da acusação, por meio dapresença de indícios de materialidade delitiva e deautoria, nos termos da parte final do artigo 312 doCódigo de Processo Penal. Ou seja, é indispensável aexistência de um mínimo de elementos indicativos dequem seja  o autor ou autores do delito, sendodesnecessário o mesmo grau do que aquele exigido paraa prolação do decreto condenatório.

Por outro lado, a prisão preventiva devetambém ser calcada em ao menos um  dos motivosconstantes do art. 312 do Código de Processo Penal, quaissejam: garantia da ordem pública, garantia da ordemeconômica, conveniência da instrução criminal, ougarantia da aplicação da lei penal. Por força do art. 5º,XLI, e art. 93, IX, da Constituição Federal, a decisão deveapontar os elementos concretos ensejadores da medida.

Convém salientar que com o adventorelativamente recente de mudanças no Código deProcesso Penal firmou-se a idéia de que 'a prisãocautelar deve ocupar sua posição de extrema ratio daultima ratio' (GOMES, Luiz Flávio; MARQUES, Ivan Luís(coords.). Prisão e medidas cautelares: comentários à Lei12.403, de 4 de maio de 2011. São Paulo: Editora Revistados Tribunais, 2011, p. 26), tendo em vista a previsãoexpressa do art. 282, §6º, do CPP.

O conjunto de elementos trazidos aos autos

O conjunto de elementos trazidos aos autossinaliza a pertinência do pedido de prisão preventivaformulado pela Autoridade Policial em face deFRANCISCO CARLOS DE ASSIS

Ao dar cumprimento aos mandados  judiciaisquando da deflagração da Operação Carne Fraca, em17/03/2017, o investigado FRANCISCO CARLOS DE ASSISnão foi encontrado no endereço a ele relacionado, tendoo atual morador LUCAS COSTA DE ASSIS afirmado queele não residia mais ali  - Avenida C, Qd. 18, Lt 11,sobrado nº 01, bairro Jardim Goiás, CEP 74805-070,Goiânia/GO -, desde dezembro de 2016 (evento 1, anexos2 e 3: Auto Circunstanciado de Busca e Arrecadação -Equipe 163-GO).

Após contato telefônico, o investigado afirmou àequipe policial responsável que compareceriavoluntariamente até a SR/DPF/GO para ser ouvido, o queefetivamente ocorreu em 20/03/2017, tendo ele optadopor permanecer em silêncio (evento 1, anexo4).

Ocorre que o endereço fornecido porFRANCISCO no termo de declarações perante a PolíciaFederal - Avenida C, Qd. 18, Lt 11, sobrado nº 01, bairroJardim Goiás, CEP 74805-070, Goiânia/GO - é o mesmoanteriormente diligenciado, no qual a pessoa de LucasCosta de Assis afirmou que Francisco lá não reside.

Por outro lado, já no bojo da ação penal nº50168790420174047000, na qual foi denunciado porcorrupção passiva, FRANCISCO não foi encontrado paraser citado no mesmo endereço Avenida C, Qd. 18, Lt 11,sobrado nº 01, bairro Jardim Goiás, CEP 74805-070, sendoo oficial de Justiça recebido por pessoa de nome LUCASque disse ser seu filho - circunstância omitida quandoatendeu  a equipe policial para o cumprimento dosmandados de condução coercitiva e de busca eapreensão pouco mais de um mês antes -  e afirmouque FRANCISCO não se encontrava no local. Aosmoldes do ocorrido nas investigações, FRANCISCOcontatou o oficial de justiça para combinar o ato de suacitação (evento 73 da ação penal).

Se está diante, portanto, de situação deinveracidade das informações fornecidas peloinvestigado quanto ao seu endereço, e, por conseguinte,ao seu paradeiro.

Com essa manobra, FRANCISCO impediu o

Com essa manobra, FRANCISCO impediu ocumprimento do mandado de busca e apreensão em suaresidência, turbando o curso regular da deflagração daOperação e o andamento das investigações. Ainda,provavelmente instruiu seu filho LUCAS COSTA DEASSIS, a mentir  ou, ao menos, omitir informações àequipe policial, de modo a impedir a apreensão deprovas em sua residência dos crimes cometidos por eleou por seus comparsas corréus na ação penal referida ea sua própria localização precisa.

Há também indícios de que FRANCISCO teriadestruído  documentos, consoante diálogo captado em18/03/2017 - no dia seguinte da diligência frustrada decondução coercitiva- com Luciana de Souza Moraes, comquem aparentemente mantém relacionamento afetivo(evento 1, anexo5, 86734217.wav, captado em18/03/2017):

86734217.WAV:

Telefone do Alvo: 55(62)81910077 Telefone do Interlocutor: 62996742079 Data da Chamada:  18/03/2017 Hora da Chamada: 12:15

'LUCIANA: oi amor FRANCISCO: oi amor. Eu acabei de rasgar as coisaaqui. Rasguei tudo bem picotadinho. LUCIANA: ah tá FRANCISCO: nossa, eu tô com os dedo até doendo! LUCIANA: ah...mas arrumou tudo né? FRANCISCO: arrumei (...) FRANCISCO: (...) amor, eu achei aqui ó - treze do oitode dois mil e quinze, que eu saí de lá. Não, oito do setede dois mil e quinze. LUCIANA: ah tá. Eu falei...eu achava que era 2015, cêlembra? FRANCISCO: lembro

LUCIANA: cê falou não, é 2014. É 2015 né? FRANCISCO: foi julho de 2015 (...)'

Pelo teor do diálogo, não foi apenas umdocumento que FRANCISCO destruiu, mas cuidou depicar 'bem picadinho' uma quantidade considerável depapéis, a ponto de ficar com os dedos até doendo.

Ainda, no mesmo dia em que compareceuperante a autoridade policial - 20/03/2017-,   em novaligação para Luciana, FRANCISCO afirma a ela queestaria limpando todas as conversas - muitoprovavelmente de algum aplicativo ou programa debate-papo/conversas, envolvendo fatos referentes àsinvestigações (evento 1, anexo6, 86746071.wav, captadoem 20/03/2017):

86746071.WAV:

Telefone do Alvo: 55(62)81910077 Telefone do Interlocutor: 62996742079 Data da Chamada: 20/03/2017 Hora da Chamada: 20:34

'FRANCISCO: não, é porque ele num tá lá. Eu tôlimpando aquelas... eu tô limpando aquelas conversatudo que eu tenho aqui sabe? LUCIANA: quis conversa? FRANCISCO: não, que eu conversava com um pessoal,com outro... eu tô limpando tudo, sabe? LUCIANA: ahh (...)'

O teor das conversas apagadas certamentecomprometia a conduta de FRANCISCO, que, como se vêdo diálogo, cercou-se de cuidados para explicar ànamorada do que se tratavam tais conversas.

O aparelho celular do investigado não foiapreendido, por não ter sido localizado e tampoucoespontaneamente apresentado por ele na PolíciaFederal, o que pode ter gerado a destruição edesaparecimento de provas por parte de FRANCISCO.

Repiso, conforme já fiz constar no item 2 supra,

Repiso, conforme já fiz constar no item 2 supra,que, nas conversas interceptadas de FRANCISCO, ficouclaro, ao menos e até o momento, que:

-atuava em prol dos interesses da BRF,representada pelo seu amigo próximo RONEY, preso noâmbito da Operação Carne Fraca;

-intermediou o contato e a negociação entreRONEY e o chefe do SIPOA/GO, DINIZ, de modo ainfluenciá-lo a dar parecer desfavorável à suspensão dasatividades da planta industrial da BRF em Mineiros/GO;

- em troca dos favores, FRANCISCO pediu, emmais de uma oportunidade, que RONEY providenciassepara ele junto a IVAN costela suína e peças variadas defrango, assunto este comentado em conversa com suanamorada LUCIANA, que aparece nos novos diálogoscaptados;

- costumava receber uma renda extra dasempresas fiscalizadas, de até R$ 5.000,00.

Presente, portanto, o fumus comissi delictiautorizador da prisão preventiva.

Além disso, certo é que FRANCISCO tentouocultar-se e evadir-se deliberadamente do cumprimentodos mandados judiciais de condução coercitiva e debusca e apreensão, e, sabedor das investigaçõesenvolvendo sua pessoa, tomou providências rápidaspara destruir documentos e registros de conversas quepoderiam corroborar os fatos já apurados de corrupçãodos quais ativamente participou.

Calcada, portanto, a necessidade de segregaçãocautelar do investigado nos pressupostos deconveniência da instrução criminal e da garantia daaplicação da lei penal, porque há, efetivamente, indíciosda prática de atos voltados a atrapalhar e acinzentar asinvestigações, de maneira a inviabilizar a identificaçãode seu paradeiro pelos órgãos persecutórios ejurisdicionais, minimizar as provas até então colhidasem seu desfavor e a prejudicar o  real descortinamentodos fatos.

Forçoso concluir que, após tomar conhecimento

Forçoso concluir que, após tomar conhecimentoda sua condição de investigado na Operação CarneFraca, FRANCISCO CARLOS DE ASSIS, ex-Superintendente Regional do MAPA/GO, aproveitou pararapidamente exterminar documentos e dados quepoderiam reforçar a sua participação na organizaçãocriminosa, isso logo após seu comparecimento perante aautoridade policial e inteirar-se acerca dos fatosinvestigados.

Outrossim, a manobra de FRANCISCO e asmentiras contadas por seu filho à equipe policial em17/03/2017, possibilitou a ele desaparecer com provasreferentes a investigação criminal envolvendoorganização criminosa. Ainda que   se possa  verificar,após a instrução probatória, que dela não tenha feitoparte, sua atitude colaborou para embaraçar odescortinamento dos fatos com relação a   outrosmembros de organização criminosa, além de revelarestar o réu se ocultando.

A decretação da prisão preventiva deFRANCISCO decorre, assim, da necessidade de se evitarnova destruição de provas e a sua própria ocultaçãopessoal das Autoridades, na medida em que, até hoje,mesmo após o recebimento da denúncia e ter se tornadoréu em ação penal, sequer forneceu outro endereço emque possa, de fato, ser encontrado. O seu desprezo pelasinstituições é evidente, tanto quanto o desrespeito pelalealdade processual.

Há, por outro lado, fortes  indícios probatóriosque o conectam ao grande esquema criminoso instaladono MAPA/GO, conforme já referido  no item 1 acima,garantindo-se, assim, a instrução criminal e a aplicaçãoda lei penal. Demonstrou, também, com sua conduta deintermediador de interesses privados dentro doMAPA/GO, representar risco à ordem pública, casopermaneça solto.

Por fim, consigno que três dos crimes pelosquais ainda está sendo investigado FRANCISCO -corrupção passiva (CP, art. 317, caput), organizaçãocriminosa e  embaraço a investigação de infração penalque envolva organização criminosa (Lei nº 12.850/13, art.2º, §§ 1º e 4º, II) -  , tendo sido já sido instaurada açãopenal  pela prática do crime de corrupção passiva, são

apenados com pena de reclusão máxima superior a 4

apenados com pena de reclusão máxima superior a 4anos.  Além desses, agora se descortina  também apossibilidade das práticas de dois outros delitos:inutilização de documento (CP, art. 314) e obstrução dajustiça (art. 2º, §1º, da Lei 12.850/2013). 

Demonstrado, portanto, que a liberdade doinvestigado FRANCISCO CARLOS DE ASSIS acarretariscos consideráveis à ordem pública/econômica, à instrução criminal e à aplicação da lei penal.

  Evidentemente que todas as situações descritasdevem ser levadas em consideração neste quadranteinvestigatório, não como pré-julgamento ou antecipaçãode pena que o eventual e futuro processo-crime renderá,mas, sim, como parâmetro compatibilizatório dopostulado da não-culpabilidade com outro princípio deigual envergadura constitucional, qual seja, o princípioda justiça penal eficaz (STF - PSV 01; DJ 27.03.2009;Relator Min. Menezes Direito).

A tarefa do juiz criminal é, em situação como aque se apresenta agora, buscar o equilíbrio entre aproibição de excesso (garantismo penal negativo) e aproibição de proteção deficiente (garantismo penalpositivo). Ambos os princípios possuem assentoconstitucional e são desdobramentos do princípio daproporcionalidade na seara criminal. O primeirocaracteriza a proteção do indivíduo frente ao PoderEstatal, evitando-se o abuso (Ubermassverbot). Osegundo decorre da omissão do Estado para a proteçãodos direitos fundamentais de todos os integrantes dasociedade, inclusive os demais que não sejam ossuspeitos da prática de um crime (Untermassverbot). 

A tradução disso tudo é que ao juiz recai semprea obrigação de ponderar e decidir com serenidadeexaminando, à luz da situação concreta, a necessidadede segregação de um integrante da coletividade emcotejo com a garantia de incolumidade que todos osdemais possuem à vista dos riscos que o primeirorepresenta à segurança e à tranquilidade públicas.

Nesse sentido, o entendimento do TribunalRegional Federal da 4ª Região:

HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA.FRAUDES EM LICITAÇÕES. OPERAÇÃO PECÚLIO.PRISÃO PREVENTIVA. PRESSUPOSTOS E REQUISITOS.GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. CONVENIÊNCIA DAINSTRUÇÃO CRIMINAL. 1. Hipótese em que prisãopreventiva do paciente foi decretada para garantia daordem pública e por conveniência da instruçãocriminal, no âmbito de operação policial na qual seinvestiga associação criminosa cujo objetivo seriafraudar licitações em âmbito municipal. 2. Oselementos apontados na investigação são suficientes ademonstrar a existência do esquema delituosorelatado pela autoridade policial e os indícios deautoria em relação ao paciente, havendo evidênciasconcretas da materialidade delitiva e do esquemacriminoso desenvolvido em grau suficiente para adecretação da prisão. A análise do extenso acervoprobatório colhido na investigação, tais comointerceptações telefônicas, depoimentos e provadocumental, demanda exame aprofundado de provasque não é cabível na via eleita. 3. Prisão preventivaque se faz necessária para garantia da ordem pública,considerando-se, especialmente as evidênciasconcretas de que o paciente vinha praticando ilícitosreiteradamente, bem como que é apontado como umdos principais envolvidos no esquema criminosoinvestigado, agindo de dentro da prefeitura paraatingir os objetivos da organização criminosa. Assim,a necessidade da prisão cautelar para garantia daordem pública subsiste em relação ao paciente, hajavista que se mostra essencial para a desestruturaçãodo esquema criminoso e para evitar a reiteraçãodelitiva. 4. Mantém-se a medida também paragarantia da instrução criminal, tendo em vistaindícios de atuação no sentido de ocultar e adulterardocumentos relevantes para as investigações dos fatosrelacionados à área da saúde.

(TRF4, HC 5031761-53.2016.404.0000, SÉTIMATURMA, Relator MÁRCIO ANTÔNIO ROCHA, juntadoaos autos em 02/09/2016)

A jurisprudência do STJ segue a mesma linha deraciocínio:

RECURSO    ORDINÁRIO    EM  HABEAS  CORPUS. CONTRABANDO.  DESCAMINHO. ASSOCIAÇÃO   CRIMINOSA.   PRISÃO   PREVENTIVA.  PREENCHIMENTO    DOS REQUISITOS. GRAVIDADECONCRETA DO DELITO. NECESSIDADE DE GARANTIADA APLICAÇÃO  DA  ORDEM  PÚBLICA  E  DAINSTRUÇÃO CRIMINAL. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA VOLTADA  PARA  A  PRÁTICA  DE  CONTRABANDO  EDESCAMINHO. NECESSIDADE  DE  INTERROMPER  AS  ATIVIDADES DO  GRUPO. INDÍCIOS DE DESTRUIÇÃO  DE  PROVAS.CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. INVIABILIDADE. COAÇÃO ILEGAL NÃODEMONSTRADA. RECURSO DESPROVIDO. 1.  A  privação  antecipada da liberdade do cidadãoacusado de crime reveste-se  de  caráter  excepcional em  nosso ordenamento jurídico (art. 5º, LXI, LXV eLXVI, da CF). Assim, a medida, embora possível, deve estar  embasada em decisão judicial fundamentada(art. 93, IX, da  CF),  que  demonstre  a  existência daprova da materialidade do crime  e  a  presença deindícios suficientes da autoria, bem como aocorrência  de  um  ou  mais pressupostos do artigo312 do Código de Processo   Penal.   Exige-se,   ainda,  na  linha  perfilhada  pela jurisprudência  dominante deste  Superior  Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, que a decisão esteja pautada emmotivação concreta,  vedadas  considerações abstratas  sobre  a  gravidade do crime. 2.  Mostra-se  fundamentada  a prisão como forma degarantir a ordem pública  em  caso  no  qual  seconstata a existência de organização criminosa   

complexa,  voltada  para  a  prática  de  contrabando e descaminho,  e  estruturada  com  nítida divisão detarefas, alvo de operação  na  qual  foram apreendidas  cerca  de  18  toneladas  de mercadorias importadas  irregularmente,  com  valor  estimado deR$ 1.350.000,00 e 700 animais silvestres (canáriosperuanos). 3.  A  jurisprudência  desta  Corte  é  assente nosentido de que se justifica a decretação de prisão demembros de organização criminosa como forma deinterromper as atividades do grupo. 4.  São  circunstâncias  que  reforçam  a  necessidadeda segregação cautelar  o  fato  de o recorrenteapresentar personalidade ousada e destemor quanto àaplicação da lei penal, uma vez que, apenas quatrodias  após a apreensão de mercadorias, entrou emcontato com corréus para  planejar  nova  incursão criminosa,  bem como a existência de indícios dedestruição de provas. 5.  Condições subjetivas favoráveis não sãoimpeditivas à decretação da   prisão   cautelar,   caso  estejam    presentes  os  requisitos autorizadores dareferida segregação. Precedentes. 6. Recurso ordinário desprovido. (RHC 70.097/MS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DAFONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 14/02/2017,DJe 17/02/2017)

'2. A prisão preventiva é tida como um "malnecessário", somente se justificando quando existiremelementos suficientes que levem a crer que a liberdadedo acusado colocará em risco a conveniência dainstrução criminal, a aplicação da lei penal ou agarantia da ordem pública ou econômica. 3. Na hipótese dos autos, evidencia-se que o decreto deprisão preventiva apresenta fundamentação idônea,pois a custódia cautelar está fundada na garantia daordem pública - dada a periculosidade concreta do

grupo criminoso (milícia armada), que supostamentepraticava, reiteradamente, crimes graves, pondo emrisco, mormente pelo modus operandi, a segurança dacoletividade -, bem como no resguardo da instruçãoprocessual, diante da probabilidade de destruição deprovas e intimidações de testemunhas. 4. A segregação provisória revelou-se ser não apenas amedida mais adequada para a espécie, mas,sobretudo, a mais necessária, ante o resguardo daordem pública, já que buscou interromper ou diminuira atuação dos integrantes da quadrilha armadaconhecida como "grupo do Deco", inclusive comrelação ao ora paciente: apontado como o supostolíder da milícia, a qual atemorizava 13 (treze)comunidades carentes do bairro de Jacarepaguá/RJ. 5. Eventuais condições pessoais favoráveis do acusado(tais como primariedade, domicílio certo e trabalholícito) não se mostram aptos a obstaculizar a prisãoprocessual caso estejam presentes seus requisitos edemonstrada a sua imprescindibilidade. 6. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessaextensão, denegado'. (HC 209.006/RJ, Rel. Ministro VASCO DELLAGIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DOTJ/RS), SEXTA TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe12/03/2012)

Assim, está evidente a presença dos  requisitosprevistos no art. 312 do CPP consistente na necessidadeda decretação de prisão preventiva para a garantia daordem pública/econômica, para garantia da instruçãocriminal e assegurar a aplicação da lei penal.

Ressalvo que as outras medidas cautelaresprevistas no art. 319 do CPP, em que pesesejam  preferenciais em relação  à decretação dasegregação preventiva das investigadas, mesmo à luz doart. 282, §4º do CPP, revelam-se, nesse momento,inadequadas e completamente ineficazes para a garantia

da ordem pública/econômica,  garantia da  instrução

da ordem pública/econômica,  garantia da  instruçãocriminal e garantia da  aplicação da lei penal tendo emvista os fundamentos acima. 

Ante o exposto,  DECRETO A PRISÃOPREVENTIVA de FRANCISCO CARLOS DE ASSIS,qualificado na representação policial do evento 1, naforma da fundamentação, para a garantia à instruçãocriminal e garantia à aplicação da lei penal, na forma doart. 312 do CPP.

4. BUSCA E APREENSÃO:

A Autoridade Policial representou pelarealização de busca e apreensão nos endereçosresidenciais relacionados ao investigado, constantes nasua conta de luz e no seu depoimento perante aautoridade policial, e no endereço de sua namoradaLUCIANA DE SOUZA MORAES.

Como já exaustivamente exposto nesta decisão enaquela do evento 43 dos  autos nº50029518320174047000, os fatos investigados sãoextremamente graves e necessitam ser melhoresclarecidos o mais rapidamente possível.

Os indícios colhidos até o momento demonstramhaver fundadas razões quanto à prática de corrupção ecrimes correlatos por fiscais federais agropecuárioslotados no SIPOA/PR, SIPOA/GO e SIPOA/MG,empresários, seu prepostos, funcionários públicos,dentre outras pessoas.  Está evidenciado que servidoresspúblicos, em completo abuso do exercício da função,desempenharam ilegalmente suas atribuições, obtendofrequentemente proveitos pessoais e para terceiros.Dentre as irregularidades apuradas pode-se citar aausência da devida fiscalização em produtos de origemanimal; emissão irregular de certificados de liberaçãopara exportação; exigências e recebimento indevidos devantagens pecuniárias, produtos alimentícios e outrosfavores (p ex, lotação de servidores públicos no interessede empresas fiscalizadas); omissão de atuação inerenteao cargo público visando a obtenção de favores,vantagens e benefícios.

Há fundados indícios, assim, quanto à existênciade uma organização criminosa piramidal formada porfuncionários públicos com atuação no Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento -

Agricultura, Pecuária e Abastecimento -Superintendência Regional do Paraná, Goiás e MinasGerais,  seus parentes, e empresários do ramo frigorífico,bem como por outros que prestaram efetivo auxílio aogrupo cujo objetivo precípuo seria a obtenção pessoal deproveitos financeiros indevidos, aparentementeintegrados aos respectivos patrimônios em nome deterceiros, mediante exercício irregular de funçõespúblicas.

Registre-se que as investigações e a ação penalem que se tornou réu estão em pleno andamento e ébastante provável que outras fraudes sejam descobertasenvolvendo o investigado FRANCISCO. Do que se podeperceber até agora, FRANCISCO gozava de grandeinfluência entre as chefias do MAPA/GO e rpestavafavores a empresas privadas, exigindo e recebendo delasfavores, dinheiro e produtos cárneos em espécie. Em umcenário desses, detendo a mesma função há muitos anos,não é incomum que se logre deparar com outros crimespraticados.

Os indícios colhidos até o momento, emborarobustos, não são suficientes para delimitar porcompleto a extensão da participação de cada um dosenvolvidos nos fatos, identificar outros eventuaisenvolvidos e até mesmo exaurir a forma de atuaçãocriminosa do grupo. Há necessidade, portanto, de seremangariados elementos não somente para  amparar asinformações já coletadas por intermédio de meios menosofensivos à garantia constitucional da privacidade, mastambém para aferir a efetiva forma de atuação do grupode pessoas até o momento identificado.

Registro a gravidade das condutas perpetradaspelos investigados no intuito primordial deenriquecimento indevido. A atuação irregular deservidores públicos com atuação perante o MAPA trazrisco imensurável à população, à medida em quepossibilita e permite, com a aparente chancela estatal,que produtos impróprios para o consumo sejamcomercializados por toda a sociedade, inclusiveinternacional.

Desse modo, a busca e apreensão em endereçosrelacionados ao  investigado e também réu  é medidaindispensável para a coleta de elementos de convicção e,

aprofundamento da investigação, bem como para

aprofundamento da investigação, bem como parapropiciar a produção de outras provas que corroboremas já existentes, auxiliando na instrução do inquérito.

Acrescento, ainda, que a necessidade das buscasrequeridas nos endereços do investigado e de suanamorada se revelam de extrema importância, vistoque, como se vê dos documentos juntados pelaautoridade policial em anexo ao evento 1, FRANCISCOCARLOS DE ASSIS se evadiu de seu endereço residencial,onde seu filho LUCAS COSTA DE ASSIS informoufalsamente à equipe policial que FRANCISCO nãoresidia mais naquele local, com o deliberado intuito defrustrar o cumprimento do mandado de busca eapreensão e de destruir provas contra si e contraterceiros, sendo que, posteriormente, consoante diálogossupra, FRANCISCO revelou à sua namorada LUCIANAque já havia destruído os documentos em seu poder,bem como apagado registros de conversas (evento 1,anexos 2, 5 e 6).

Além disso, na ação penal nº50168790420174047000, o oficial de justiça certificouque, no endereço diligenciado pela Polícia federal, foiatendido outra vez por LUCAS, que identificou-se comofilho de Francisco, afirmando que seu pai não seencontrava em casa (evento 73 da AP).

O endereço já diligenciado foi declinado porFRANCISCO como sendo de sua residência, dois diasdepois do evento (evento 1, anexo 4), e, em seu cadastrode conta de luz na empresa de energia de Goiás - CELG -consta ainda outro endereço relacionado ao seu nome eCPF (Fazenda Caldas, n. 0, Zona Rural, Leopoldo deBulhões/GO.

Justificada, assim, a medida de busca nesses doisendereços.

Considerando que, desde antes da fase ostensivada Operação Carne Fraca, FRANCISCO confidenciava àsua namorada LUCIANA DE SOUZA MORAES (diálogostranscritos acima, no item 2) sobre as manobras ilegaisque realizava no MAPA/GO e sobre as vantagens por elerecebidas clandestinamente, bem como que, após adeflagração da Operação, o casal novamente conversou,desta vez sobre a destruição de provas e dados dos quaisela tinha pleno conhecimento, como visto dos novosdiálogos captados (evento 1, anexos 5 e 6), reputo

diálogos captados (evento 1, anexos 5 e 6), reputojustificada a busca e apreensão também em suaresidência, havendo indícios de que podem haverdocumentos e provas guardados em seu poder, quepoderão auxiliar na investigação.

Oportuna e imprescindível a realização debuscas destinadas a localizar e a apreender  quaisquerdocumentos, equipamentos eletrônicos e outrosmateriais que guardem relação com os crimesinvestigados nas residências do investigado, para aobtenção de outras provas que indiquem, de formaainda mais robusta, a materialidade e a autoria dosdelitos em questão.

Além disso, há grande possibilidade de estaremguardados nas residências dos investigados  valores emespécies oriundos dos recebimentos indevidos a título depropina paga pelas empresas, dado ser prática comum aguarda de valores em espécie para burlar eventualbloqueio judicial de contas bancárias em seu nome.

Portanto, a apreensão de tais valores,principalmente em patamares superiores aos quenormalmente podem ser encontrados em residênciaspara fazer frente aos gastos do dia-a-dia, também se faznecessária.

Posto isso, diante da imprescindibilidade dadiligência para o avanço da investigação, nos termos damanifestação ministerial, restrinjo a garantiaconstitucional prevista no artigo 5, XI, da ConstituiçãoFederal de 1988 e, com fundamento no disposto no art.240, § 1º, 'b', 'd', 'e' e 'h', do Código de Processo Penal,diante da representação constante do evento1,  DETERMINO A REALIZAÇÃO DE BUSCA EAPREENSÃO em face de FRANCISCO CARLOS DE ASSISe LUCIANA DE SOUZA MORAES - nos locais apontadosna manifestação policial do evento 1,  especificamentepara se angariarem elementos de prova relacionados àmaterialidade e autoria dos crimes objeto de apuração:

- Avenida C, Quadra 18, Lote 11, Sobrado 01,Jardim Goiás,  Goiânia, GO, CEP 74805 - 070 (endereçofornecido em oitiva realizada na SR/GO, em 20/03/17);

- FAZENDA CALDAS, n. 0, Zona Rural, Leopoldo

- FAZENDA CALDAS, n. 0, Zona Rural, Leopoldode Bulhões, GO (endereço constante no cadastro de contade luz da empresa de energia CELG, de Goiás);

- Rua Doutor Sebastiao Fleury Curado 02,Quadra 23, Apartamento 204, Lote 02, Setor CrimeiaLeste, CEP 74.660-180, Goiânia, GO (endereço deLUCIANA DE SOUSA MORAES, CPF 003.652.881-10, comquem o investigado/indiciado manteve os diálogos,acima mencionados).

Ressalvo que:

- devem ser apreendidos eventuais valores emespécie de montante superior a R$ 5.000,00 (cinco milreais) em moeda nacional, ou correspondente em moedaestrangeira, os quais devem ser posteriormentedepositados em conta(s) judicial(ais) vinculada(s) a estesautos e Juízo.

- relativamente aos veículos em nome deterceiros encontrados nos locais a serem diligenciados esobre os quais existam indícios de estarem relacionadosao delito de lavagem de dinheiro, deverá oportunamentea Autoridade Policial indicá-los de forma individualizadapara futura análise da necessidade de bloqueio e/ouapreensão. Ou seja, não deverão ser apreendidos nestemomento.

- as diligências deverão ser realizadas com ascautelas necessárias, em especial observância dodisposto no art. 5º, XI, da Constituição Federal de 1988, earts. 245 e 248, ambos do CPP, devendo este Juízo serprontamente comunicado acerca dos respectivosresultados, independentemente da análise do materialapreendido.

- na eventualidade de serem encontradoselementos que evidenciem a prática de delitos diversos enão conexos com aqueles investigados neste feito(encontro fortuito), deverão ser lavrados autos deapreensão e/ou de prisão em flagrante específicos, quedarão ensejo à instauração de novos inquéritos policiaisque deverão ser livremente distribuídos

- se necessário, ficam os agentes públicosencarregados de cumprir a presente ordem autorizadosa arrombar armários, portas, a apreender papéis,

documentos, objetos, mídias, CPUs, máquinas

documentos, objetos, mídias, CPUs, máquinasfotográficas, filmadoras, pen-drives, telefones,smarphones, tablets e quaisquer outros equipamentos emateriais que possam ter relação com a prática dosdelitos investigados;

- fica autorizado o acesso da Autoridade Policiala quaisquer bancos de dados, informatizados ou não,arrecadados quando do cumprimento do mandado debusca e apreensão, desde que relacionadas aos delitosora investigados, e a adotarem as demais medidasnecessárias para bem cumprir a ordem. Tendo em vistaa necessidade de se permitir que a Autoridade Policialatue em seu mister no sentido de identificar todos oscontornos das ações levadas a cabo, bem assim atotalidade dos envolvidos nos crimes, o destino dosvalores recebidos/pagos indevidamente, dentre outroselementos que poderão ser revelados a partir darealização da diligência, afasto desde logo os sigilos dosdados e das comunicações existentes nos equipamentosde informática, smartphones, aplicativos, celulares,computadores, dispositivos de armazenamento de mídiae de memória, computadores, bem assim quaisquerdocumentos apreendidos  em meio físico ou digital,estando a Autoridade Policial autorizada a acessá-los,periciá-los e elaborar relatórios sobre o que nelesencontrar;

- fica, ainda, a Autoridade Policial autorizada arealizar a extração eletrônica ou a apreensão física dosarquivos eletrônicos contendo as mensagens enviadas erecebidas através dos e-mails dos investigados, semprejuízo de outros dados armazenados nosequipamentos encontrados nas buscas que possam serdo interesse da investigação criminal.

- os bens apreendidos que não interessarem àinvestigação deverão ser imediatamente restituídos pelaautoridade policial, a teor do disposto no artigo 120 doCódigo de Processo Penal.

- fica dispensada a aposição de 'cumpra-se' pormagistrado lotado em Subseção Judiciária diversa da deCuritiba para o cumprimento dos mandados referentes alocais que não integrem a  Subseção Judiciária deCuritiba.

Fixo o prazo de 15 dias para cumprimento das

Fixo o prazo de 15 dias para cumprimento dasordens, devendo ser este Juízo prontamente comunicadoacerca dos respectivos resultados.

5. Para cumprimento desta decisão:

a) Expeça-se mandado de prisão preventiva emface de FRANCISCO CARLOS DE ASSIS. 

O mandado de prisão não deverá ser registradono BNMP - Banco Nacional de Mandados de Prisão antesda conclusão do procedimento pela autoridade policial,com a finalidade de assegurar o sigilo da medida, nostermos do § 2º, do art. 2º, da Resolução nº 137/2011 doCNJ, tendo em vista que o investigado já tem ciência desua condição de indiciado e denunciado em autos cujoscorreus encontram-se presos preventivamente.

b) Expeçam-se mandados de busca eapreensão, a serem cumpridos nos endereços indicadospela Autoridade Policial,  nos moldes determinados noitem 4 desta decisão, nos seguintes endereçosrelacionados ao investigado:

- Avenida C, Quadra 18, Lote 11, Sobrado 01,Jardim Goiás,  Goiânia, GO, CEP 74805 - 070 (endereçofornecido em oitiva realizada na SR/GO, em 20/03/17);

- FAZENDA CALDAS, n. 0, Zona Rural, Leopoldode Bulhões, GO (endereço constante no cadastro de contade luz da empresa de energia CELG, de Goiás);

- Rua Doutor Sebastiao Fleury Curado 02,Quadra 23, Apartamento 204, Lote 02, Setor CrimeiaLeste, CEP 74.660-180, Goiânia, GO (endereço deLUCIANA DE SOUSA MORAES, CPF 003.652.881-10, comquem o investigado/indiciado manteve os diálogos,acima mencionados).

c) Intime-se a Autoridade Policial para adoçãodas providências pertinentes.  Prazo: 1 dia.

d) Intime-se o Ministério Público Federal acercadesta decisão. Prazo: 1 dia.

e) Após certificado o cumprimento dosmandados de prisão e busca e apreensão:

e.1) traslade-se cópia desta decisão para os autos

5019825-46.2017.4.04.7000 700003352725 .V67 CAK© MJS

e.1) traslade-se cópia desta decisão para os autosdo inquérito policial nº 50028164220154047000 e pedidode prisão preventiva nº 50029518320174047000.

e.2) fica autorizado o acesso aos autos aosinvestigados e aos respectivos defensores, devendo serretirado o sigilo dos autos;

e.3) promova a Secretaria o registro do mandadode prisão no BNMP - Banco Nacional de Mandados dePrisão.

e.4) Intime-se a Autoridade Policial para queapresente, nos autos pertinentes, auto circunstanciadodos áudios do último período de interceptação telefônicaautorizada nos autos nº 5062179-57.2015.4.04.7000. Prazo: 15 dias.

f) Registro que eventuais pedidosrelacionados a  esta decisão deverão ser formuladosde forma autônoma, vinculados ao inquérito policiale a estes autos.

g) Nada sendo informado no prazo de 15 dias,intime-se a Autoridade Policial para se manifestar, em 2dias, acerca do cumprimento das medidas ora deferidas.

h) Cumprido o item 'e' supra, promova-se abaixa.

Documento eletrônico assinado por MARCOS JOSEGREI DA SILVA,Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 dedezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de marçode 2010. A conferência da autenticidade do documento estádisponível no endereço eletrônicohttp://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante opreenchimento do código verificador 700003352725v67 e do códigoCRC 91b6230f.

Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): MARCOS JOSEGREI DA SILVA Data e Hora: 18/05/2017 17:52:57