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38 PO L I U R E T A N O - TECNOLOGIA & APLICAÇÕES DESMOLDANTES P ara cada sistema de poliuretano seja ele flexível, rígi- do, integral ou rígido, há um desmoldante específico. Através do sistema de poliuretano é possível iden- tificar o melhor desmoldante para cada tipo de aplicação. De acordo com Rafael dos Santos, assistente técnico da Stac Plastic (Diadema, SP), para sistemas de poliuretano fun- dido é aconselhável utilizar um desmoldante que não contenha em sua formulação um solvente de rápida evaporação. Dessa forma, consegue-se peças com brilho e diversas desmoldagens (efeito semipermanente) com apenas uma aplicação. “Em sistemas de poliuretano flexível indicamos um desmoldante isento de óleos ou qualquer outro tipo de veículo que não agrida a superfície. Quando um cliente faz uma solicitação de um desmoldante, é necessário saber todas as características da peça e do processo (se comporta produto inflamável), qual matéria-prima foi utilizada para a fabricação da espuma (componentes da espuma) e qual matéria-prima do desmoldante será compatível ou não com aquele componente que ele utiliza para que não ocorram agressões e permita um melhor desempenho tanto em des- moldagem, quanto no acabamento da peça”, ressaltou o assistente técnico da Stac Plastic. CARACTERÍSTICAS De acordo com Aloísio Spósito, gerente de produto da MCassab (São Paulo, SP), a principal função do desmoldan- te para poliuretano é a de promover uma boa desmoldagem da peça no molde e dar um ótimo acabamento superficial deste molde (copiar desenhos e texturas). Segundo o gerente de produto da MCassab, os desmoldan- tes mais utilizados, no Brasil, ainda são base solvente devido à facilidade de controle na aplicação, uma vez que evitam de- feitos na peça. Eles determinam, também, se uma peça integral skin terá aspecto fosco ou brilhante, se a pele superficial da espuma flexível apresentará células abertas ou fechadas e se a peça RIM ou RRIM trará um acabamento seco. “Os desmodantes para poliuretano desempenham um papel fundamental na produtividade do processo industrial de fabricação das peças, contribuindo para melhorar os índices de perda, reduzir os ciclos de máquina e otimizar a produção”, acrescentou Ana Clara Cordeiro, gerente de vendas da Chemtrend para o Hemisfério Sul (Valinhos, SP). “A escolha do melhor desmoldante é feita levando-se em conta as características de acabamento final e superficial da peça (com brilho ou fosco), se a peça será pintada ou não e se passará por algum tipo de preparação posterior para a pintura da superfície. Das condições do processo de produ- ção – tipo de molde com aquecimento ou não, temperatura de processo, tempo de injeção da peça após a aplicação do desmoldante, além da política ambiental e de segurança da empresa e várias outras variáveis. É neste momento que se pode optar por um desmoldante à base de solvente ou água com alto ou baixo sólidos ou mesmo um desmoldante com 100% de sólidos sem veículo (solvente ou água). No caso da indicação, se por um desmoldante base solvente, pode- se ainda optar por um solvente como veículo de maior ou menor inflamabilidade”, argumentou Spósito. “A utilização do veículo de desmoldagem (água ou solvente) depende do tipo de processo industrial e da peça que será fabricada, dentre outros vários aspectos que são considerados pelas empresas usuárias no momento de fazer a escolha da melhor opção de desmoldante para cada um dos casos específicos”, explicou Ana Clara. Segundo João Roberto de Jesus, gerente de desenvolvi- mento da Acmos do Brasil (Itapeva, MG), os desmoldantes mais usados para a produção de peças em poliuretano moldado ainda são os produtos chamados convencionais. Normalmente, formulações que contêm combinações de ceras, silicones, óleos naturais e sintéticos, dispersos em solventes ou água, Desmoldantes para poliuretano Os desmoldantes possuem como principais funções remover as peças dos moldes, determinar o acabamento, favorecer a pintura e facilitar a limpeza do molde. Conheça as tendências em desmoldantes para cada sistema de poliuretano disponíveis no mercado DESMOLDANTES Desmoldantes_PU41_02.indd 38 10/8/10 11:54 AM

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38 PO L I U R E T A N O - TECNOLOGIA & APLICAÇÕES

DESMOLDANTES

Para cada sistema de poliuretano seja ele flexível, rígi-do, integral ou rígido, há um desmoldante específico. Através do sistema de poliuretano é possível iden-

tificar o melhor desmoldante para cada tipo de aplicação.De acordo com Rafael dos Santos, assistente técnico da

Stac Plastic (Diadema, SP), para sistemas de poliuretano fun-dido é aconselhável utilizar um desmoldante que não contenha em sua formulação um solvente de rápida evaporação. Dessa forma, consegue-se peças com brilho e diversas desmoldagens (efeito semipermanente) com apenas uma aplicação.

“Em sistemas de poliuretano flexível indicamos um desmoldante isento de óleos ou qualquer outro tipo de veículo que não agrida a superfície. Quando um cliente faz uma solicitação de um desmoldante, é necessário saber todas as características da peça e do processo (se comporta produto inflamável), qual matéria-prima foi utilizada para a fabricação da espuma (componentes da espuma) e qual matéria-prima do desmoldante será compatível ou não com aquele componente que ele utiliza para que não ocorram agressões e permita um melhor desempenho tanto em des-moldagem, quanto no acabamento da peça”, ressaltou o assistente técnico da Stac Plastic.

CARACTERÍSTICAS De acordo com Aloísio Spósito, gerente de produto da

MCassab (São Paulo, SP), a principal função do desmoldan-te para poliuretano é a de promover uma boa desmoldagem da peça no molde e dar um ótimo acabamento superficial deste molde (copiar desenhos e texturas).

Segundo o gerente de produto da MCassab, os desmoldan-tes mais utilizados, no Brasil, ainda são base solvente devido à facilidade de controle na aplicação, uma vez que evitam de-feitos na peça. Eles determinam, também, se uma peça integral skin terá aspecto fosco ou brilhante, se a pele superfi cial da

espuma fl exível apresentará células abertas ou fechadas e se a peça RIM ou RRIM trará um acabamento seco.

“Os desmodantes para poliuretano desempenham um papel fundamental na produtividade do processo industrial de fabricação das peças, contribuindo para melhorar os índices de perda, reduzir os ciclos de máquina e otimizar a produção”, acrescentou Ana Clara Cordeiro, gerente de vendas da Chemtrend para o Hemisfério Sul (Valinhos, SP).

“A escolha do melhor desmoldante é feita levando-se em conta as características de acabamento final e superficial da peça (com brilho ou fosco), se a peça será pintada ou não e se passará por algum tipo de preparação posterior para a pintura da superfície. Das condições do processo de produ-ção – tipo de molde com aquecimento ou não, temperatura de processo, tempo de injeção da peça após a aplicação do desmoldante, além da política ambiental e de segurança da empresa e várias outras variáveis. É neste momento que se pode optar por um desmoldante à base de solvente ou água com alto ou baixo sólidos ou mesmo um desmoldante com 100% de sólidos sem veículo (solvente ou água). No caso da indicação, se por um desmoldante base solvente, pode-se ainda optar por um solvente como veículo de maior ou menor inflamabilidade”, argumentou Spósito.

“A utilização do veículo de desmoldagem (água ou solvente) depende do tipo de processo industrial e da peça que será fabricada, dentre outros vários aspectos que são considerados pelas empresas usuárias no momento de fazer a escolha da melhor opção de desmoldante para cada um dos casos específicos”, explicou Ana Clara.

Segundo João Roberto de Jesus, gerente de desenvolvi-mento da Acmos do Brasil (Itapeva, MG), os desmoldantes mais usados para a produção de peças em poliuretano moldado ainda são os produtos chamados convencionais. Normalmente, formulações que contêm combinações de ceras, silicones, óleos naturais e sintéticos, dispersos em solventes ou água,

Desmoldantes para poliuretano

Os desmoldantes possuem como principais funções remover as peças

dos moldes, determinar o acabamento, favorecer a pintura e facilitar a

limpeza do molde. Conheça as tendências em desmoldantes para cada

sistema de poliuretano disponíveis no mercado

DESMOLDANTES

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DESMOLDANTES

não exigem equipamentos especiais e são de fácil aplicação. Agentes demoldantes com tecnologias diferenciadas requerem cuidados especiais na sua aplicação. Apesar de oferecerem grandes avanços na; qualidade da peça, no processo produ-tivo, na realação custo benefício, na redução da emissão de “VOCs” ainda são vistos por muitos transformadores de moldados em PU com certo receio devido às difi culdades na sua implementação.

DESMOLDANTE BASE SILICONEAs vantagens do desmoldante base silicone se dá por

uma melhor desmoldagem e baixa formação de buildup (acúmulo de desmoldante no molde), copiando com exatidão a superfície do molde na peça final.

Os silicones são há muito conhecidos como excelentes agentes desmoldantes devido as características físicas e quími-cas desses materiais, como por exemplo inércia química, baixa tensão superfi cial, estabilidade térmica, poder lubrifi cante, fácil solubilização, etc. Por se tratar de um produto líquido, de fácil manuseio e incorporação em formulações desmoldantes, uma de suas principais vantagens, em solados, por exemplo é sua fácil aplicação e posterior limpeza dos moldes, bem como seu grande potencial desmoldante e adequado acabamento das peças. Porém, ao contrário do que muitos pensam, o controle dessa matéria-prima é mais rigoroso e pode causar grandes transtornos em peças coladas ou pintadas posteriormente”, ressaltou João Roberto, da Acmos do Brasil.

DESMOLDANTE BASE ÁGUAO desmoldante base água, além de ser um produto ecologica-

mente correto, possui as mesmas características dos desmoldantes base óleo e solvente, além de não serem infl amáveis e reduzem os riscos de acidentes, melhorando as condições de trabalho.

“Em desmoldantes base água é necessário ter uma condição de processo e aplicação mais controlada, desde a temperatura do molde, vazão de aplicação, treinamento do operador (evitar excessos) e limpeza de molde, devido à pro-dução, em alguns casos, de um resíduo no molde com maior dificuldade de remoção”, alertou Spósito, da MCassab.

De acordo com João Roberto, da Acmos do Brasil, os desmoldantes base água apesar de exigirem aplicações mais criteriosas, oferecem por outro lado, por não conterem solven-tes infl amáveis, grandes vantagens no ambiente de trabalho pela eliminação do grau de periculosidade para os operadores.

Para Rafael, da Stac Plastic, os desmoldantes devem ser aplicados da mesma forma em todos os casos. Se houver ex-cesso de desmoldante base água, a peça vai agredir, podendo entrar em colapso, prejudicando a formação da espuma.

“Há uma tendência no aumento do uso dos desmoldantes base água, apesar de vários processos ainda requererem a utilização de produtos base solventes”, disse Ana Clara.

DESMOLDANTES PARA CALÇADOSSegundo Spósito, da MCassab, com os desmoldantes

para calçados deve-se levar em conta qual o tipo de solado

(feminino, masculino, segurança, etc.) e o processo. Nos calçados femininos, o solado passa por um processo de pin-tura posterior à desmoldagem e, se o desmoldante utilizado não for apropriado para este processo, poderá interferir na adesão da tinta. Já no solado de segurança, não há a necessidade de pintura posterior, porém, este poderá ser mono ou bidensidade, tendo-se o cuidado do desmoldante bidensidade não interferir na adesão do poliuretano da sola e na entressola.

Também deverá ser levada em consideração as caracte-rísticas do processo, tipo de molde, temperatura de processo, tempo de injeção da peça após a aplicação do desmoldante, além da política ambiental e de segurança da empresa. Todas estas questões determinarão qual será o melhor des-moldante, tanto em termos econômicos e ambientais, para a empresa e para o processo em questão.

APLICAÇÃOSegundo Rafael, da Stac

Plastic, recomenda-se a apli-cação pulverizada (sistema air lix ou air less), que con-fere à peça uma melhor for-mação de fi lme antiaderente, ótimo acabamento, além da efi ciência na desmoldagem. Recomenda-se trabalhar com um desses sistemas a uma pressão de 2,5 bar e distância de 30 cm do molde. Para pe-ças mais técnicas, utiliza-se uma cera auxiliar, para o desmolde da peça (superfícies em que o desmoldante não consegue chegar com tanta efi ciência).

Em aplicações com desmoldantes base água, o equipamen-to é o mesmo, porém, há variação de pressão (vazão/min.). Utiliza-se mais ar do que o desmoldante em si, para que a névoa que se forma do desmoldante libere a água e para que o molde receba somente o princípio ativo do desmoldante.

Para Spósito, da MCassab, geralmente os desmoldantes são aplicados por spray na superfície do molde, mas dependendo da necessidade, também podem ser aplicados por pincel ou pano, sendo importante tomar cui-dado para não aplicá-lo em excesso. Caso isso aconteça, será neces-sário removê-lo, para

evitar algum tipo de defeito na peça devido à contaminação deste excesso na espuma (bolhas e manchas).

“Recomenda-se não utilizar o desmoldante em excesso, pois é prejudicial e, muitas vezes, ocorre o efeito inverso, causando difi culdade na desmoldagem”, acrescentou o técnico da Stac Plastic.

Sistema air lix: Alta efi ciência na desmoldagem

Sistema air less: Melhor formação de fi lme antiaderente e ótimo acabamento

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