desigualdade tributÁria brasil, paraíso · proteção ao grande capital. página 3 o retrato da...

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www.bancariosbahia.org.br bancariosbahia bancariosbahia Filiado à O BANCÁRIO O único jornal diário dos movimentos sociais no país 33º CONECEF 30 DE JUNHO A 2 DE JULHO, EM SÃO PAULO Edição Diária 7237 | Salvador, quinta-feira, 22.06.2017 Presidente Augusto Vasconcelos DESIGUALDADE TRIBUTÁRIA Interior sofre com déficit de agências A infância e a pobreza no país Página 2 Página 4 O Brasil é mesmo o paraíso para os mais endinheirados. Enquanto o cidadão menos abastado trabalha durante o ano todo e perde boa parte Brasil, paraíso para os ricos do rendimento em impostos, sem retorno muitas vezes, os mais riscos têm isenção de tributos. Uma inversão. Proteção ao grande capital. Página 3 O retrato da pobreza no Brasil. Estudo mostra que 17 milhões de crianças até 14 anos habitam domicílios de baixa renda e 5,8 milhões vivem em situação de extrema pobreza

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Filiado à

O BANCÁRIOO único jornal diário dos movimentos sociais no país

33º CONECEF30 DE JUNHO A 2 DE JULHO, EM SÃO PAULO

Edição Diária 7237 | Salvador, quinta-feira, 22.06.2017 Presidente Augusto Vasconcelos

DESIGUALDADE TRIBUTÁRIA

Interior sofre com déficit de agências

A infância e a pobreza no país

Página 2

Página 4

O Brasil é mesmo o paraíso para os mais endinheirados. Enquanto o cidadão menos abastado trabalha durante o ano todo e perde boa parte

Brasil, paraíso para os ricos

do rendimento em impostos, sem retorno muitas vezes, os mais riscos têm isenção de tributos. Uma inversão. Proteção ao grande capital. Página 3

O retrato da pobreza no Brasil. Estudo

mostra que 17 milhões de crianças

até 14 anos habitam domicílios de baixa renda e 5,8 milhões

vivem em situação de extrema pobreza

o bancário• www.bancariosbahia.org.br Salvador, quinta-feira, 22.06.20172 BANCOS

Após ataques, moradores sofrem pois nem todasunidades são reabertasrEdAçã[email protected]

Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 Fundado em 4 de fevereiro de 1933

O BANCÁRIO

Caos nas agências do interior da Bahia

Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Augusto Vasconcelos. diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade.Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] responsável: rogaciano Medeiros - reg. MTE 879 drT-BA. Chefe de reportagem: rose Lima - reg. MTE 4645 drT-BA. repórteres: Ana Beatriz Leal - reg. MTE 4590 drT-BA e rafael Barreto - reg. SrTE-BA 4863. Estagiária em jornalismo: Bárbara Aguiar e Salete Maso. Projeto gráfico: Márcio Lima. Diagramação: André Pitombo. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.

O DESCASO dos bancos com a popula-ção continua. Na Bahia, diversas unidades prestam atendimento parcial e muitas estão fechadas em decorrência dos ataques. Para fazer simples transações, o cidadão precisa se deslocar quilômetros para outros muni-cípios. Um verdadeiro transtorno.

Em Novo Triunfo, por exemplo, a situa-ção é bem crítica. Os moradores estão sem agência bancária. A única unidade do Bra-desco que havia na cidade foi explodida em 16 de fevereiro e não reabriu mais. Em Ca-rinhanha, há apenas uma agência da Caixa em funcionamento. Quem não é cliente do banco precisa se deslocar para Malhada.

Mais transtornos em Cachoeira e Re-manso. Nos dois municípios, o Bradesco funciona parcialmente e nem sempre ope-rações como saques estão disponíveis. O mesmo problema sofre o cliente do Ban-

co do Brasil. As agências das duas cidades também foram explodidas e o cidadão tem de se virar, literalmente, para fazer transa-ção bancária. Um verdadeiro desrespeito.

Sindicato visita unidade bancária do Santander DIRETORES do Sindicato dos Bancários da Bahia estiveram no início da manhã de ontem, na agência do Santander da avenida Tancredo Neves, arrombada na madruga-da. Em decorrência do ataque, a unidade ficou fechada.

O atendimento ao público volta ao nor-mal somente quando houver segurança. A garantia foi dada pela gerência, depois de cobrada pelo Sindicato. Em visita ao local, o diretor da entidade Adelmo Andrade in-formou que equipamentos foram levados e outros danificados.

Também estiveram na agência os dire-tores Erivaldo Sales, Claudevir Costa e Pa-trícia Ramos, que antes participaram de reunião com funcionários de outras uni-dades, para tratar dos problemas do San-

O acordo dos bancários evita perdas salariais MICHEL Temer não poupa esforços para re-tirar direitos dos trabalhadores. No entan-to, mesmo com o panorama de retrocesso, durante a campanha salarial de 2016, os bancários conseguiram um acordo de dois anos que evita perdas salariais e garante au-mento real para a categoria neste ano.

Apesar dos altos lucros, os bancos não valorizam os funcionários. Ao contrário, o sistema financeiro, aliado de Temer, deseja obter mais vantagem à custa dos trabalha-dores. Um bom exemplo são a terceirização e o avanço digital, que fragilizam o traba-lhador e reduzem empregos. O resultado é a sobrecarga e a degradação das condições de trabalho e da saúde dos bancários.

tander, como a mudança arbitrária do pla-no de saúde, as demissões, o assédio moral e condições de trabalho.

Bancários garantiram aumento real neste ano

Em Cariranha, única agência do BB foi explodida

Agência do Santander, na avenida Tancredo Neves, foi arrombada. Sindicato cobrou que a agência só reabra quando houver segurança

joão ubaldo

o bancáriowww.bancariosbahia.org.br • Salvador, quinta-feira, 22.06.2017 3DESIGUALDADE TRIBUTÁRIA

Carga de impostos só pesa no bolso dos mais pobresrOSE [email protected]

Para os ricos, só mordomias

NO BRASIL, o cidadão distante do topo da pirâmide social tra-balha quase metade do ano só para pagar imposto. Enquanto isso, os ricos luxam e ainda con-tam com uma ajudinha do Esta-do. Os exemplos são muitos.

É sempre assim. Junto com o ano novo chegam também as contas. É o caso do IPVA (Im-posto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). Quem dá duro todos os dias para re-

ceber um salário rebaixado no fim do mês sabe o quanto faz falta aquele dinheirinho desti-nado ao imposto.

No outro lado da moeda, a elite tem muitas regalias, sem coçar o bolso. Donos de heli-cópteros, jatinhos, iates e lan-chas, por exemplo, são isentos de qualquer taxa anual seme-lhante ao IPVA.

De acordo com o Sindifisco, se, em 2013, os proprietários dos 903 helicópteros pagassem imposto, os governos estaduais poderiam arrecadar mais de R$ 2,7 bilhões. Hoje, certamente o valor seria maior, já que a frota ultrapassa os 2.100, a maior do mundo, segundo a Anac (Agên-cia Nacional de Aviação Civil).

O caso acima ilustra com clareza a injustiça do país e como problemas, muitos secu-

lares, poderiam ser resolvidos se o governo federal cobrasse de quem tem mais.

Taxar fortunas é a soluçãoO GOvERNO pode resolver muitos proble-mas do Brasil. Basta querer. Taxar as gran-des fortunas seria o começo. A proposta está no Plano Popular de Emergência, lan-çado pela Frente Brasil Popular. O impos-to, com alíquota anual variável entre 0,5% e 1%, incidiria sobre os proprietários de patrimônio líquido superior a 8 mil vezes o limite de isenção previsto no IR (Impos-to de Renda).

Vale destacar que a Constituição fe-deral já prevê a taxação, no entanto, por pressão das elites, ainda não foi regula-mentada e nem será. Isso porque o minis-

tro do STF, Alexandre de Moraes, indica-do por Michel Temer a mando do PSDB, extinguiu o pedido de regulamentação, feito pelo governador do Maranhão, Flá-vio Dino (PCdoB).

Países europeus com bons índices de igualdade social, como França, Suíça, No-ruega e Luxemburgo, adotam o tributo. Na América Latina, Uruguai e Argentina tam-bém são adeptos da taxação das grandes fortunas. Mas, no Brasil, as elites não que-rem igualdade e justiça. Quem paga é o ci-dadão pobre que trabalha boa parte do ano para sustentar o topo da pirâmide social.

Bancos caloteirosÉ IMPRESSIONANTE a cara de pau dos bancos com o débito total de R$ 1,3 bilhão que possuem com a Previdência. Na CPI (Co-missão Parlamentar de Inquérito) que inves-tiga pendências judiciais das empresas, repre-sentantes das organizações confirmaram as dívidas e ainda afirmaram que as pendências estão sendo questionadas na Justiça.

Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa defendem que parcelas do salário do trabalhador como auxílio-creche, vale trans-porte ou alimentação e terço constitucional de férias são verbas indenizatórias e não re-muneratórias, como diz a Receita Federal. Por isso, não pagam os impostos devidos.

São essas mesmas organizações, em es-pecial dos bancos privados, que defendem as reformas neoliberais de Michel Temer.

Impostos corroem a renda do brasileiro. País precisa de reforma tributária

Impostos sobre o capital parado serviriam para reduzir a dívida pública e financiar políticas sociais

heloíSa mendonça - g1

o bancário• www.bancariosbahia.org.br Salvador, quinta-feira, 22.06.20174

SAQUE

DESIGUALDADE SOCIAL

Quase 6 milhões estão nas situações mais graves no paísBárBArA [email protected]

Sem infância,sem esperança

AOS LEÕES Ao receber, na Rússia, a notícia de que a reforma trabalhista havia sido derrotada na Comissão de Assuntos So-ciais do Senado, Temer ficou profundamente irritado. Ele sabe que se fracassar na imposição da agenda do grande capital, será cortado em 12 pedaços e entregue aos leões. Afinal, para as elites pouco importa quem seja o presidente, ou melhor, o gerentão, o que conta é o sucesso do projeto neoliberal.

SEM EUFORIA A vitória das forças progressistas na Comis-são de Assuntos Sociais do Senado foi significativa, estimula a resistência popular, o apoio de Renan Calheiros pode ajudar a derrotar a reforma trabalhista no plenário, mas não é recomen-dável criar grandes expectativas. A tarefa é dificílima. O golpis-mo detém o controle absoluto das instituições.

NA FRAÇÃO Temer só continua na presidência por diver-gências entre as elites. Alguns setores acreditam que substituí-lo agora pode afetar as reformas e alegam que por enquanto ele tem conseguido tocá-las. Outros acham exatamente o contrário. Ou seja, que a impopularidade do presidente pode acabar inviabili-zando o projeto neoliberal. No fio da navalha.

NO ESCURO Fracasso total a viagem de Temer à Rússia. A presença do presidente do Brasil no país e o seminário de inves-timentos promovido pelo governo brasileiro nem sequer foram noticiados pela mídia russa. O único registro foi a visita proto-colar, bem rápida, ao presidente Vladimir Putin. Vergonhoso.

NA CHEGADA Se na Rússia passou invisível, na Noruega, considerado o maior doador internacional para projetos na Amazônia, Temer já começa apanhando na chegada. Há dois dias a mídia norueguesa bate forte no descontrole do desmata-mento no Brasil e o governo promete cobrar uma postura bra-sileira mais firme na política de preservação do meio ambiente.

MUITA LAMA O colunista Lauro Jardim, de O Globo, ga-rante que a tentativa de tirar Edson Fachin da relatoria das dela-ções da JBS é uma manobra em execução no Supremo Tribunal Federal para salvar Temer. O plano é colocar no lugar Alexandre de Moraes, indicado recentemente pelo próprio Temer. A ope-ração incluiria também a salvação de Aécio Neves (PSDB-MG), gravado cobrando propina de R$ 2 milhões à Friboi. Muita lama.

O RELATóRIO do Cenário da Infância e Adolescência no Brasil revela que 17 milhões de crianças até 14 anos vivem em domicílios de baixa renda. Ou seja, 40% das crianças brasileiras. O documen-to faz um panorama da situação infantil no país, divulgado pela Fundação Abrinq.

No total, 5,8 milhões vivem

na extrema pobreza, caracteri-zada quando a renda per capita é inferior a 25% do salário mí-nimo. As regiões Norte e Nor-deste apresentam as piores situ-ações. Mais da metade (60,6% e 54%, respectivamente) vivem com renda domiciliar per capita igual ou inferior a meio salário mínimo por mês.

Acerca do trabalho infantil, a situação também é precária. São quase 659 mil crianças e ado-lescentes ocupados em 2015 em comparação a 2014 e houve au-mento de 8,5 mil crianças de 5 a 9 anos exploradas. Mais de 60% são do Nordeste e do Sudeste.

PL garante bolsa para mãe pós-graduanda AS PóS-graduandas terão a bolsa de estudo mantida nos quatro meses em que estiverem gozando de licença materni-dade. A intenção é facilitar o desenvolvimento das pesqui-sas pelas mulheres que, por ventura, venham a engravidar durante o curso.

O projeto de lei 3012/2015 é da deputada federal Alice Por-tugal (PCdoB-BA) e foi apro-

vado na Câmara Federal, ter-ça-feira. Desde 2011, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Supe-rior) permite a extensão da bol-sa de estudos por quatro meses, se comprovado o afastamento temporário em virtude de parto durante a vigência da bolsa.

Agora, se o PL passar pelo Se-nado, as demais agências de fo-mento terão de fazer o mesmo.

No Brasil, 17 milhões de crianças vivem em domicílios de baixa renda

Projeto salvaguarda direitos das mulheres bolsistas da pós-graduação