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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE BIOCOMPÓSITO DE LÁTEX (BORRACHA NATURAL) E FIBRA DE CARNAÚBA LUIZA MARIA PINHEIRO DOS SANTOS NATAL/RN NOVEMBRO/2015

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Page 1: DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE BIOCOMPÓSITO DE … · ... Processo genérico de produção da borracha sintética ... quando a matriz de polímero vem de ... quando comparados

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE BIOCOMPÓSITO

DE LÁTEX (BORRACHA NATURAL) E FIBRA DE CARNAÚBA

LUIZA MARIA PINHEIRO DOS SANTOS

NATAL/RN

NOVEMBRO/2015

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UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Catalogação da Publicação na Fonte

Santos, Luiza Maria Pinheiro dos.

Desenvolvimento e caracterização de biocompósito de látex (borracha

natural) e fibra de carnaúba / Luiza Maria Pinheiro dos Santos. – Natal,

RN, 2015.

60 f. : il.

Orientador: Dr. José Ubiragi de Lima Mendes.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Mecânica.

1. Isolamento térmico – Dissertação. 2. Látex – Dissertação. 3.

Carnaúba – Dissertação. 4. Biocompósito – Dissertação. I. Mendes, José

Ubiragi de Lima. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.

Título.

RN/UF/BCZM CDU 66.045.3

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LUIZA MARIA PINHEIRO DOS SANTOS

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE BIOCOMPÓSITO

DE LÁTEX (BORRACHA NATURAL) E FIBRA DE CARNAÚBA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica (PPGEM/ CT/ UFRN), como parte dos requisitos necessário à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Dr. José Ubiragi de Lima Mendes

NATAL/RN

NOVEMBRO/2015

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DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE BIOCOMPÓSITO

DE LÁTEX (BORRACHA NATURAL) E FIBRA DE CARNAÚBA

Luiza Maria Pinheiro dos Santos

Orientador: Prof. Dr. José Ubiragi de Lima Mendes

Dissertação de mestrado defendida em 24 de novembro de 2015.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. José Ubiragi De Lima Mendes

Presidente da comissão

Prof. Dr. Luiz Cláudio Ferreira da Silva

Examinador interno

Prof. Dr. Natanaeyfle Randemberg Gomes dos Santos

Examinador externo

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RESUMO

O desenvolvimento de materiais compósitos abrange as mais diversas áreas

de aplicação. Dentre os compósitos, têm-se, especialmente, os materiais de origem

orgânica, que possuem maior potencial de biodegrabilidade e por isso têm

apresentado relevância e destaque no cenário contemporâneo de preservação

ambiental e desenvolvimento sustentável. Seguindo essa perspectiva de apelo

ecológico, foi desenvolvido um biocompósito com insumos naturais tipicamente

brasileiros. Esse compósito foi fabricado com látex (borracha natural) e fibra de

carnaúba, em diferentes proporções mássicas. As formulações variaram em 5%,

10%, 15% e 20% de fibra em relação à matriz. Esse material foi concebido visando

aplicação em sistemas de isolamento térmico, que requeiram proteção térmica de

superfícies e/ou redução de perda de energia térmica. Para tanto, o compósito foi

caracterizado através de ensaios térmicos de condutividade, calor específico,

difusividade e termogravimetria. Assim como, também foi caracterizado quanto aos

seus aspectos físico-mecânicos, através de ensaios de densidade, teor de umidade,

resistência à tração, dureza e análise por microscopia eletrônica de varredura

(MEV). A caracterização do material revelou que o compósito apresenta potencial de

isolamento térmico superior ao da borracha natural, que foi utilizada como

referência. E a formulação a 15% de fibra em relação a matriz foi a que apresentou

melhor desempenho. Dessa forma, o material compósito em questão apresenta-se

como alternativa viável e eficaz de concepção de novo material isolante térmico.

Palavras-chave: látex, carnaúba, biocompósito, isolamento térmico.

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ABSTRACT

The development of composite materials encompasses many different

application areas. Among the composites, it is had, especially, the materials of

organic origin, which have the greatest potential for biodegradability and so, have

been bringing relevance and prominence in the contemporary setting of

environmental preservation and sustainable development. Following this perspective

of ecological appeal, it was developed a biocomposite material with natural inputs

typically brazilian. This composite was made from latex (natural rubber) and

carnauba fiber in different mass proportions. Formulations had varied by 5%, 10%,

15% and 20% of fiber in relation the matrix. This material has been designed aiming

at application in thermal insulation systems, which requirethermal protection surfaces

and/or reduction of thermal energy loss. Therefore, the composite was characterized

by thermal conductivity testing, specific heat, thermal diffusivity and

thermogravimetry. As has also been characterized for their physical-mechanical, by

testing density, moisture content, tensile strength, hardness and scanning electron

microscopy (SEM). The characterization of the material revealed that the composite

presents a potential of thermal insulation higher than the natural rubber, that was

used as reference. And the formulation at 15% fiber in relation the matrix showed the

best performance. Thus, the composite material in question presents itself as a viable

and effective alternative for new thermal insulation material design.

Keywords: latex, carnauba, biocomposite, thermal insulation.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram para a realização desta dissertação.

Agradeço ao meu professor orientador, por toda paciência e atenção no

desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço aos colegas do Laboratório de Mecânica dos Fluidos, pelo apoio

técnico-científico, no decorrer desta jornada.

Agradeço aos amigos, que me incentivaram e contribuíram para esta vitória.

Agradeço aos meus familiares pelo amparo sentimental. Em especial,

agradeço a minha mãe, pelo apoio incessável e dedicação incansável à minha

formação. Ela é o maior exemplo de perseverança na busca do conhecimento e é a

melhor professora da escola da vida.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Classificação dos materiais compósitos ..................................................... 4 Figura 2 – Ciclo ideal de polímeros biodegradáveis .................................................... 6 Figura 3 – Quadro de dados de algumas fibras lignocelulósicas e suas origens ........ 8 Figura 4 – Microestrutura da borracha natural .......................................................... 10

Figura 5 – Extração de látex...................................................................................... 11 Figura 6 – Processo genérico de produção da borracha sintética ............................. 14 Figura 7 – Quadro de informações com alguns compósitos de borracha ................. 16 Figura 8 – Carnaubal ................................................................................................. 17 Figura 9 – Artesanato com palha de carnaúba ......................................................... 19

Figura 10 – Telhado de palha de carnaúba ............................................................... 20 Figura 11 – Papéis de fibra de carnaúba .................................................................. 21

Figura 12 – Revestimento de dutos ........................................................................... 22 Figura 13 – Classificação dos materiais isolantes mais utilizados ............................ 24 Figura 14 – Processo de obtenção da fibra de carnaúba .......................................... 28 Figura 15 – Etapa inicial do processo de fabricação dos compósitos ....................... 29

Figura 16 – Placas de borracha natural e do compósito em diferentes formulações 31 Figura 17 − Densímetro Gehaka, modelo DSL 910 .................................................. 32 Figura 18 − Determinador de umidade ID200 Marte ................................................. 32

Figura 19 − Máquina universal Shimadzu ................................................................. 33 Figura 20 – Durômetro (Máquina de Ensaio de Dureza) Kori ................................... 33

Figura 21 – Microscópio Hitachi TM3000 .................................................................. 34 Figura 22 – Relação de dados relativos à condutividade térmica ............................. 38 Figura 23 – Relação de dados relativos ao calor específico ..................................... 39

Figura 24 – Relação de dados relativos à difusividade térmica................................. 40 Figura 25 – Relação de valores calculados para difusividade térmica ...................... 41

Figura 26 – Curvas termogravimétricas .................................................................... 41 Figura 27 – Curvas de termogravimetria derivada .................................................... 42

Figura 28 – Superfície da palha da carnaúba ........................................................... 45 Figura 29 – Superfície do filme de látex/borracha natural ......................................... 46

Figura 30 – BN+FC5(a), BN+FC10(b), BN+FC15(c) e BN+FC20(d) ......................... 46 Figura 31 – Interface fibra/matriz BN+FC20 .............................................................. 48

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1 1.1. OBJETIVOS ................................................................................................... 2 1.1.1. Objetivo geral ................................................................................................. 2 1.1.2. Objetivos específicos ...................................................................................... 3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 4 2.1. MATERIAIS COMPÓSITOS ........................................................................... 4 2.1.1. Biocompósitos ................................................................................................ 5 2.1.1.1. Fibras lignocelulósicas .................................................................................... 7

2.2. BORRACHA ................................................................................................... 9 2.2.1. Borracha natural ........................................................................................... 10 2.2.1.1. Látex ............................................................................................................. 11

2.2.1.2. Vulcanização e cura da borracha ................................................................. 12

2.2.2. Borracha sintética ......................................................................................... 13 2.2.3. Compósitos de borracha ............................................................................... 14

2.3. CARNAÚBA .................................................................................................. 17 2.3.1. Cera de carnaúba ......................................................................................... 18

2.3.2. Palha de carnaúba........................................................................................ 18 2.3.3. Compósitos com carnaúba ........................................................................... 20

2.4. ISOLANTES TÉRMICOS .............................................................................. 23 2.4.1. Propriedades/características ........................................................................ 26

3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 28 3.1. MATÉRIAS-PRIMAS .................................................................................... 28 3.1.1. Fabricação .................................................................................................... 29

3.2. ENSAIOS ...................................................................................................... 30 3.2.1. Caracterização térmica ................................................................................. 30

3.2.2. Caracterização físico-mecânica .................................................................... 31

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 35

4.1. DENSIDADE ................................................................................................. 35 4.2. TEOR DE UMIDADE ..................................................................................... 36

4.3. CONDUTIVIDADE TÉRMICA ....................................................................... 37 4.4. CALOR ESPECÍFICO ................................................................................... 39 4.5. DIFUSIVIDADE TÉRMICA ............................................................................ 40

4.6. TERMOGRAVIMETRIA ................................................................................ 41 4.7. TRAÇÃO UNIAXIAL ...................................................................................... 43

4.8. DUREZA ....................................................................................................... 44 4.9. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA ........................................ 45 5. CONCLUSÃO............................................................................................... 49

6. SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................. 51 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52

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1. INTRODUÇÃO

O uso de insumos de origem natural, vegetal e animal, tem aplicação

diversa, especialmente no ramo de tecnologia dos materiais, envolvendo a produção

de compósitos para as mais variadas aplicações, desde artigos para decoração, até

elementos de alto desempenho.

Compósitos-verdes são considerados como a próxima geração de materiais

compósitos sustentáveis, e por isso, vêm ganhando muita atenção por parte da

indústria e de estudos acadêmicos (WANG et al., 2015).

Esses materiais usualmente referidos como verde, são definidos como

compósitos com materiais naturais de reforço: agentes orgânicos provenientes de

fontes renováveis e biodegradáveis, visando à substituição de cargas minerais-

inorgânicas e representando grande interesse na redução do uso de derivados do

petróleo e, em geral, constituindo uma utilização mais inteligente dos recursos

ambientais e financeiros (LA MANTIA; MORREALE, 2011).

O desenvolvimento de compósitos a partir de recursos renováveis é

imprescindível para o mundo contemporâneo, tendo em vista as oportunidades que

esses materiais oferecem para novas aplicações com a adição de valor

(SATYANARAYANA et al., 2009).

Os compósitos-verdes podem encontrar diversas aplicações industriais e

podem ser mais favoráveis ao meio ambiente, quando a matriz de polímero vem de

fontes renováveis e representam dessa forma, uma tendência no que cerne ao

desenvolvimento produtivo industrial sustentável (LA MANTIA; MORREALE, 2011).

Ao longo da última década, o uso de bioplásticos como substitutos

ambientalmente sensíveis, quando comparados aos plásticos regulares à base de

petróleo, tem impulsionado a implantação de projeto de produtos sustentáveis

(KARANA, 2012).

Mundialmente, o Brasil se destaca na produção de compósitos utilizando

fibras vegetais, destinada ao setor automobilístico, entretanto há que haver maior

incentivo ao desenvolvimento de compósitos em vários setores (SILVA et al., 2009).

Em geral, o uso de fibras lignocelulósicas em compósitos biodegradáveis

podem contribuir para gerar empregos, tanto rural, quanto em áreas urbanas, além

de ajudar a reduzir o desperdício, promovendo, dessa forma, um ambiente mais

saudável (SATYANARAYANA et al., 2009).

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Ultimamente, materiais de origem lignocelulósica têm sido aplicados como

cargas ou reforços, na produção de compósitos de borracha, de forma a diminuir a

utilização de carbon black (negro de fumo) e sílica (ZHOU et al., 2015).

Então, tendo que o potencial de produzir materiais através de recursos

vegetais, é bastante amplo no Brasil e tendo em vista a tendência expressiva do

apelo ecológico para desenvolvimento sustentável de materiais ecofriendly,

estabelece-se a concepção e caracterização de biocompósitos de borracha natural e

fibra da palha de carnaúba.

Foram fabricados compósitos de proporção mássica de 5%, 10%, 15% e

20% da fibra de carnaúba em matriz de látex. Esses compósitos foram concebidos a

fim de propor alternativa para utilização de revestimento de isolamento térmico,

através da utilização de insumos naturais típicos brasileiros. Dessa forma, tem-se

que a concepção desses materiais promove e incentiva o desenvolvimento

sustentável de produtos regionais que possuem aplicação extensiva, além das

fronteiras do mercado tradicional/local.

Para o desenvolvimento deste trabalho, apresenta-se inicialmente o

embasamento bibliográfico com conceitos, estudos e pesquisas envolvendo a

temática de materiais compósitos, isolantes térmicos, borracha e carnaúba. Em

seguida, tem-se a especificação de parâmetros de fabricação dos materiais e a

indicação dos métodos que foram utilizados para efetivar a caracterização desses

materiais. E então, são apresentados os resultados equivalentes às propriedades

físicas, térmicas e mecânicas dos compósitos.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo geral

Obtenção e análise de desempenho de biocompósito polimérico de matriz de

látex e carga lignocelulósica da palha de carnaúba em diferentes proporções

mássicas.

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1.1.2. Objetivos específicos

Produzir o compósito em quatro formulações: 5%, 10%, 15% e 20% de

massa de fibra em relação a matriz;

Indicar parâmetros razoáveis para fabricação do compósito,

especialmente, no que diz respeito a determinação do tempo de cura;

Avaliar o efeito das diferentes proporções do compósito em seus

desempenhos físicos, térmicos e mecânicos;

Investigar a morfologia do compósito;

Determinar a formulação mais viável para o fim proposto.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. MATERIAIS COMPÓSITOS

Nas últimas décadas, materiais compósitos que encontram aplicações

relacionadas às diversas áreas, tais como aeronáutica, marítima e industrial, tem

sido foco de vários trabalhos de pesquisa, que têm o intuito de desenvolver estudos

para aprimorar as características desses materiais, visando combinar alto

desempenho e facilidade de fabricação (TINÔ, 2014).

Compósitos constituem-se em duas fases distintas, em que há a existência

de matriz e fase dispersa. A matriz é definida como a fase contínua que envolve a

fase dispersa, que é designada como reforço (CALLISTER, 2005 apud RIUL, 2009).

A fase dispersa é responsável por suportar carga aplicada e define a classificação

dos compósitos em três categorias e algumas subdivisões, conforme indica a Figura

1 abaixo (DANIEL; ISHAI, 1994 apud CASTILHO, 2008).

Figura 1 – Classificação dos materiais compósitos

Fonte: DANIEL; ISHAI, 2005 apud CASTILHO, 2008.

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2.1.1. Biocompósitos

O desenvolvimento de biopolímeros e biocompósitos reforçados com fibras

naturais tem evoluído, significativamente, ao longo dos últimos anos devido as suas

características de processamento, biodegradabilidade, baixo custo, baixa densidade

e natureza renovável. Assim, o esforço para desenvolver esses tipos de materiais

tem se tornado um processo em constante evolução (FARUK et al., 2012).

Biocompósitos são materiais promissores em termos de sustentabilidade.

Visto que, a substituição da utilização de materiais petroquímicos por recursos

renováveis, apresenta diversas vantagens, tais como: menores emissões de gases

de efeito estufa, fechamento do ciclo de crescimento cíclico de matéria-prima para a

biodegradação, potencial de redução dos custos de produção e oportunidades de

crescimento na agricultura e indústria química (PATEL; NARAYAN, 2005 apud

DITTENBER; GANGARAO, 2012).

O termo biocompósito é aplicado a uma gama de materiais derivados, no

todo ou em parte, a partir de recursos de biomassa renovável. Este conceito de

materiais de base biológica tornou-se de fundamental importância devido à

necessidade de preservar o nosso meio ambiente. Para tanto, a revolução de

materiais, deste século, é representada pelos materiais verdes e tem-se que:

sustentabilidade, ciclo de vida (do berço ao túmulo) – cradle-to-grave design –,

ecologia industrial, eco-eficiência e química verde não são palavras recém-

inventados, mas sim que estabelecem os princípios que guiam a aplicação e o

desenvolvimento de uma nova geração de materiais (JOHN; THOMAS, 2008).

Polímeros naturais e biocompósitos foram conhecidos e utilizados pela

humanidade desde tempos antigos, no entanto, o uso destes polímeros da natureza

foi completamente ultrapassado no século XX pela explosão da utilização de

polímeros sintéticos (VILAPLANA et al., 2010).

Em contrapartida, durante os últimos 20 anos, o interesse na pesquisa em

biopolímeros e biocompósitos tem crescido como consequência das preocupações

ambientais e do esgotamento dos recursos fósseis. Isto pode ser demonstrado pelo

número crescente de patentes e publicações sobre os materiais biocompósitos

(SATYANARAYANA et al., 2009).

Materiais plásticos que tenham origem orgânica ou que sejam da origem de

mistura entre biomassa e petróleo são considerados no conceito de desenvolvimento

sustentável de biocompósitos poliméricos. Assim, tem-se que a matriz com

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biopolímeros, polímeros-verde e polímeros biodegradáveis é uma tendência e tais

polímeros, conforme indica a Figura 2, são os plásticos que possuem atividade

cíclica favorável ao equilíbrio ambiental (BRITO et al., 2011).

Figura 2 – Ciclo ideal de polímeros biodegradáveis

Fonte: BRITO et al.,2011.

Esses plásticos representam uma evolução espetacular, não só do ponto de

vista tecnológico, mas o mercado de biopolímeros, que tem registado um rápido

crescimento. (BLEDZKI, 2012).

Todos os polímeros naturais podem ser considerados como biopolímeros,

mas nem todos os biopolímeros são polímeros naturais, então há que se fazer a

distinção entre esses materiais, pois polímeros naturais são definidos como

materiais poliméricos sintetizados na natureza, tais como, celulose, amido e

proteínas, já alguns biopolimeros são de origem orgânica, porém não são

sintetizados naturalmente (VILAPLANA et al., 2014).

Compósitos reforçados com fibras naturais apresentam potencial de

biodegradação maior quando sujeita a aplicações ao ar livre em relação aos

compósitos com fibras sintéticas, devido a fatores como umidade, temperatura,

radiação ultravioleta e as atividades de micro-organismos (AZWA et al., 2013).

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A principal motivação para o desenvolvimento de biocompósitos foi e ainda é

o desenvolvimento de uma nova geração de compósitos reforçados com fibra, que

são compatíveis com o ambiente em termos de produção, uso e remoção, e,

portanto, biocompósitos reforçados com fibras naturais podem ser considerados

como sendo uma alternativa válida ou até mesmo superior para compósitos de fibras

sintéticas, devido à sua transformação em adubos, que pode servir como uma

solução eficaz para o problema de eliminação de resíduos de materiais que não são

biodegradáveis (GURUNATHAN et al., 2015).

Em geral, o interesse em compósitos de base biológica é crescente devido

aos benefícios ambientais, especialmente em produtos de base biológica puros, que

é o caso de compósitos de borracha reforçados com matérias lignocelulósicos, pois

ambos os componentes podem ser obtidos a partir de matérias renováveis (ZHOU et

al., 2015).

2.1.1.1. Fibras lignocelulósicas

As fibras naturais estão disponíveis, abundantemente, em todo o mundo, e

os materiais compósitos reforçados com essas fibras tem apresentado propriedades

que são adequadas para aplicações de engenharia, além do que, proporcionam a

redução da utilização de fibras sintéticas (SATHISHKUMAR et al., 2013).

Materiais compósitos reforçados com fibras naturais têm sido aplicados com

êxito em aplicações semi-estruturais, bem como aplicações estruturais (SHUBHRA

et al., 2010).

O campo de aplicação de biofibras encontra espaço em uma ampla gama de

indústrias e por isso, tem apresentado uma explosão de interesse, particularmente

no que se refere às suas propriedades comparáveis às de fibras de vidro em

materiais compósitos (JOHN; THOMAS, 2008).

Dando visibilidade para esse tipo de material, a Organização das Nações

Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO–ONU) declarou 2009 como o ano

internacional das fibras naturais. Esta iniciativa visou conscientizar e estimular a

utilização dessas fibras, através de incentivo às políticas governamentais de apoio

ao setor e às ações empresariais sustentáveis, para a exploração dessas matérias-

primas (SILVA et al., 2009).

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As fibras naturais, especialmente as de origem vegetal, são ocas e

constituídas de material lignocelulósico e por essa razão, essas fibras são melhores

isolantes térmicos e acústicos, além de possuírem, no campo de aplicação, menos

riscos ambientais e para a saúde quando comparadas as fibras sintéticas

(SATYANARAYANA et al., 2009).

Essas fibras são tradicionalmente utilizadas para diversos fins, tais como

cordas, telhados e ataduras, porém atualmente, observa-se a tendência da sua

utilização, na substituição de polímeros sintéticos por compósitos de fibra para o

setor automotivo, aeroespacial e de construção civil (SATHISHKUMAR et al., 2013).

As fibras vegetais (lignocelulósicas) são classificadas de acordo com a parte

de onde são extraídas, conforme indica o quadro a seguir, e tem-se que pode ser,

por exemplo, da folha, da semente, do fruto.

Figura 3 – Quadro de dados de algumas fibras lignocelulósicas e suas origens

Fibra Espécie Origem

Abacaxi Ananus comosus Folha

Algodão Gossypium sp Semente

Banana Musa indica Folha

Bambo Diversas Capim

Coco Cocos nucifera Fruto

Curauá Ananas erectifolius Folha

Cânhamo Cannabis sativa Caule

Juta Corchorus capsularis Caule

Linho Linum usitatissimum Caule

Madeira Diversas Tronco

Piassava Attalea funifera Folha

Quenafe Hibiscus cannabinus Caule

Rami Boehmeria nivea Semente

Sisal Agave sisilana Folha

Fonte: Adaptada de JOHN; THOMAS, 2008.

Quanto a sua estrutura, tem-se que as plantas são naturalmente compostas

por fibras de lignocelulose e estas fibras podem ser considerados como compósitos

que ocorrem naturalmente e consistem principalmente de fibrilas de celulose

incorporadas em matriz (resina) de lignina e hemicelulose (SATHISHKUMAR et al.,

2013). Sendo a celulose o polímero orgânico mais abundante na crosta terrestre e

seu teor em fibras vegetais varia, e, por exemplo, o teor de celulose da fibra de

algodão é cerca de 90% de sua composição e de madeira e outras plantas verdes é

de cerca de 40–50% (ZHOU et al., 2015).

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Além do material lignocelulósico, que compõe as fibras vegetais ser formado

predominantemente por lignina, hemicelulose e celulose, existe, em pequenas

proporções, a composição de proteínas, lipídeos (gorduras, óleos e ceras) e cinzas

(FENGEL; WEGENER, 1989 apud NAHUM JÚNIOR; FROLLINI, 2013).

As fibras lignocelulósicas possuem alta resistência elétrica, possibilidade de

reciclagem térmica (JOHN; THOMAS, 2008). E apesar de se constituírem

basicamente dos mesmos materiais, apresentam propriedades diferentes e essas

propriedades dependem do teor dos principais componentes (celulose, lignina,

hemicelulose), do grau de cristalinidade, dentre outros fatores, portanto, a ação

como reforço das lignocelulósicas pode variar em compósitos (RAZERA, 2006).

Essas fibras são bastante heterogêneas, devido ao tipo de solo, das

condições climáticas, dos fertilizantes utilizados, do tipo de colheita das folhas, dos

frutos e do caule dos vegetais (SANTOS, 2006).

Fibras vegetais apresentam manipulação mais segura e dessa forma

promovem melhores condições de trabalho em comparação com a manipulação de

reforços sintéticos, elas são também não-abrasivas, o que diminui o desgaste de

equipamentos utilizados para mistura e moldagem de compósitos, e isso pode

contribuir para reduções significativas de custos, além de que essas fibras são um

recurso renovável e a sua produção exige pouca energia (JOHN; THOMAS, 2008).

Apesar dessas vantagens, as fibras naturais e compósitos reforçados com tais fibras

têm demonstrado grande absorção de umidade e susceptibilidade de perda de

desempenho a longo prazo (MOKHOTHU; JOHN, 2015).

2.2. BORRACHA

A borracha é usada desde o desenvolvimento das antigas civilizações da

América, especialmente os olmecas, que são definidos como o “povo da borracha” e

cuja existência ocorreu no período de aproximadamente 1300 a.C.–1500 d.C.

(KOHJIYA; IKEDA, 2014).

Com base nas estatísticas do ano de 2014, aproximadamente, 30 milhões

de toneladas de borracha são produzidos, anualmente, sendo esse valor equivalente

a produção média de 40% de borracha natural e 60% de borracha sintética

(RUBBER STATISTICAL BULLETIN, 2015).

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10

2.2.1. Borracha natural

A borracha natural é tida como o quarto recurso natural mais importante da

sociedade contemporânea, depois do ar, da água e do petróleo (HISTORY

CHANNEL, 2004 apud CORNISH, 2014).

Dentre os polímeros convencionais, a borracha natural destaca-se por ser

oriunda de uma fonte renovável e desperta grande interesse na procura de novas

aplicações (GALIANI et al., 2007).

A borracha natural é polímero formado essencialmente pela unidade

estrutural cis-1,4-poliisopreno, mostrada na Figura 4 (PUSKAS et al., 2006).

Figura 4 – Microestrutura da borracha natural

Fonte: TANAKA, 1989 apud PUSKAS et al., 2006.

O termo "borracha (pencil eraser)” associado ao poli (cis-1,4-isopreno) foi

estabelecido por Edward Nairne e Joseph Priestley, devido a capacidade desse

material de apagar lápis (YIKMIS; STEINBÜCHEL, 2012).

Tem-se que a borracha natural é uma matéria-prima versátil com

propriedades químicas e físico-mecânicas peculiares (SHUBHRA et al., 2010). E é

indicado que nos dias de hoje, a borracha natural continue presente no nosso

desenvolvimento, alicerçando-o de forma sustentável (KOHJIYA; IKEDAY, 2014).

Estima-se que no ano 2020 o consumo de borracha natural será de 9,71 milhões de

toneladas e dessa forma, por ser imprescindível na manufatura de uma grande

quantidade de produtos, a borracha natural é apontada como indispensável na

produção de artigos essenciais para a humanidade, especialmente por ser um

material com boas propriedades isolantes e apresentar impermeabilidade tanto ao ar

quanto à água (MORENO et al., 2006).

A borracha (cis-1,4-poliisopreno) é um dos mais importantes polímeros

naturais produzidos pelos vegetais e é fonte para obtenção de mais de 40.000

produtos, incluindo mais de 400 utensílios médicos (MOOIBROEK; CORNISH, 2000

apud FORD, 2011).

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11

2.2.1.1. Látex

O látex pode ser natural ou sintético e a partir dele se tem uma gama de

produtos, que são obtidos a partir da formação de filme de látex, que é o processo

pelo qual uma dispersão aquosa de partículas poliméricas forma um material

polimérico contínuo (KEDDIE, 1997). Esse característico filme de látex possui

propriedades físicas interessantes quanto à elasticidade e adesividade

(SIMCHAREON et al., 2012).

O látex natural é definido como uma emulsão aquosa presente nos vasos

laticíferos das células parenquimatosas, peculiares de plantas laticíferas (PUSKAS

et al., 2006).

O látex pode ser extraído de, aproximadamente, 2000 espécies de plantas,

sendo a Hevea brasiliensis (seringueira) a de maior destaque, pois é responsável

pela origem de cerca de 99% de toda a borracha natural produzida no mundo

(MORENO et al., 2006). Especialmente o látex extraído da espécie Hevea

brasiliensis, constitui-se na fonte comercial de borracha natural brasileira e é

composto por aproximadamente 59% de água, 36% de borracha e 5% de outros

componentes como proteínas, lipídios e açúcares (BONNER; GALSTON, 1947 apud

SANSATSADEEKUL et al., 2011).

Esse látex é coletado através de processo, ilustrado na figura 6, chamado

sangria, que influencia diretamente nas características do látex extraído, pois suas

características dependem da frequência (periodicidade) com que o corte é

executado (RIPPEL; BRAGANÇA, 2009).

Figura 5 – Extração de látex

Fonte: FAMASUL, 2015.

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12

Polímeros de látex além de seus usos em formulações de tintas, adesivos,

aglutinantes, revestimentos de papel, acabamentos têxteis e produtos farmacêuticos,

(STEWARD et al., 2000) encontram aplicação mais diversas através de novas

combinação de materiais.

2.2.1.2. Vulcanização e cura da borracha

Materiais de borracha são amplamente usados em processos de produtos

de engenharia, entretanto, há pouca informação técnica, no que diz respeito aos

processos de cura da borracha, especialmente no ramo da engenharia térmica

(NOZU et al., 2008).

Para obter a formação de filme de látex existem várias técnicas, dentre as

quais, cita-se a secagem por evaporação e ordenação, assim como técnica não

invasiva, que inclui a transferência direta de energia não-radiativa e também tem-se

que vários fatores estão experimentalmente conhecidos por influenciar a formação

da película de látex: as condições ambientais; a presença de surfactantes,

plastificantes e pigmentos; e estrutura das partículas de látex (KEDDIE, 1997).

A formação de uma película de látex é proveniente da aglutinação

(coalescência; compactação; coesão por interdifusão de cadeia polimérica) de

partículas, que são normalmente mantidas afastadas por forças estabilizadoras

(eletrostática e/ou de repulsão), que resistem a forças e deformações internas,

estando em equilíbrio, o qual pode ser superado mediante a evaporação da parcela

de água (fase contínua) presente na composição do látex líquido (STEWARD et al.,

2000).

O látex de borracha natural (LBN) é utilizado industrialmente pelo processo

convencional de vulcanização que envolve adição de enxofre e calor (MARTINS,

2005).

O processo de vulcanização foi descoberto por Charles Goodyear e

tradicionalmente usa enxofre para alterar quimicamente a borracha, de forma que

promove ligações cruzadas entre cadeias de polímeros e dessa forma, melhora a

sua resistência a solventes e impede que a borracha se torne plástico e pegajoso

com o calor, ou frágil e inflexível com frio (GUISE-RICHARDSON, 2010).

Ou seja, a borracha em seu estado bruto tem característica de baixas

resistência e resiliência, o que lhe confere propriedades potencializadas são as

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ligação cruzadas, utilizando enxofre durante o processo de vulcanização, que resulta

em um material termofixo, flexível e durável (SULLIVAN; KRIEGER, 2002).

Vale ressaltar que as estruturas químicas que vão se formando durante a

cura da borracha podem ao mesmo tempo, aumentar algumas propriedades e

diminuir outras (KLINGENSMITH et al., 1995 apud TELES, 2000).

O processo de fabricação de produtos de borracha envolve reticulação ou

vulcanização, que é um processo químico e, por isso, envolve necessariamente

caracterização de parâmetros cinéticos, e a cinética de vulcanização (ou de cura)

depende do composto de fórmula, da temperatura e em alguns casos a pressão

(ARRILLAGA et al., 2007).

A borracha em forma vulcanizada apresenta excelente flexibilidade,

elasticidade, resistência à propagação de trincas e é utilizada na produção de vários

produtos (ZHOU et al., 2015). Devido essas características, envolvendo a

combinação excelente de propriedades, houve esforços para realização de pesquisa

e progressão sustentável para desenvolvimento de processos visando a sintetização

da borracha natural, mas até agora, esse objetivo não foi alcançado (PUSKAS et al.,

2006).

De acordo com Nozu et al. (2008), a produção de artigos de borracha de

grandes dimensões, apresenta limitações devido a baixa condutividade térmica da

borracha, que gera uma grande distribuição de energia calorífica no produto e dessa

forma não há cura uniforme, então foi desenvolvido um estudo acerca dessa

temática e a partir desse estudo, foi constatado que após cessada a exposição da

borracha a um aquecimento constante, o processo de cura é melhorado.

2.2.2. Borracha sintética

A indústria da borracha sintética surgiu na década de 1940, com o

crescimento da indústria petroquímica e os avanços na tecnologia de polímero,

juntamente com a escassez de borracha natural durante a segunda guerra mundial

(SULLIVAN; KRIEGER, 2002).

Mas, efetivamente, as borrachas sintéticas só foram produzidas depois de

1950, após o desenvolvimento de catalisadores estereoespecíficos (TANAKA;

SAKDAPIPANICH, 2001 apud SHAH et al. 2013).

Shah et al. (2013) indicaram que a borracha sintética é feita de matéria-

prima derivada do petróleo, carvão, petróleo, gás natural, e acetileno.

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Siemens (2013) indicou que a produção de borracha sintética ocorre

conforme processo genérico ilustrado na Figura 6.

Figura 6 – Processo genérico de produção da borracha sintética

Fonte: Adaptada de SIEMENS, 2013.

Na indústria da borracha sintética, se produz, por exemplo: a borracha

nitrílica (NBR), a borracha butílica (IIR), a borracha de butadieno estireno (SBR), a

borracha de polibutadieno (BR), a borracha de poliisopreno (IR), entre outras

(SIEMENS, 2013).

2.2.3. Compósitos de borracha

Nos últimos anos, os elastômeros reforçados com fibras têm recebido muita

atenção por parte da indústria de compósitos, devido à sua facilidade de

processamento e baixo custo juntamente com alta resistência (THAKUR, 2013).

Compósitos de borracha são amplamente utilizados em diversas aplicações, tais

como embalagens, mangueiras, pneus e correias (CHUNG et al., 2004).

Teles (2000) desenvolveu e avaliou compósitos de borracha com reforço de

cortiça e indicou que esse tipo de compósito é bastante empregado na indústria

automobilística.

Gwaily (2002) afirmou que compósitos de borracha são bem versáteis e

apresentam a vantagem de oferecer possibilidades variadas de fabricação em

diversas formas e produtos. E então, a partir dessa afirmação, desenvolveu e

constatou que compósito de borracha natural, com borracha de butadieno estireno e

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galena (minério de chumbo) pode ser utilizado como uma forma de proteção

(escudo) à radiação gama.

Chung et al. (2004) estudaram através de ensaios mecânicos, a adesão

interfacial do compósito de borracha com cabos de aço como reforço, que é em

geral, o principal material que compõe os pneus.

Ford (2011) por sua vez, propôs uma alternativa sustentável para

reaproveitamento de rejeitos industriais, no caso, raspas de pneu, que compuseram

compósitos ao serem implementadas a matriz de látex. Esses compósitos

revelaram-se adequados para fins de isolamento térmico.

Semelhantemente, Abdel Kader et al. (2012) também realizaram

caracterização termo-física de compósitos de borracha natural e resíduos de

borracha em diferentes concentrações, e apresentaram, dessa forma, uma

alternativa para reaproveitamento de resíduos e redução de custos na concepção de

materiais de bom desempenho para aplicações de isolamento térmico.

Ghedan e Hamza (2011) constataram que compósitos cerâmicos, de

concreto com adição de borracha, podem ser usados com eficácia em aplicações

que necessitam de propriedades de isolamento térmico.

Muhammad et al. (2011) avaliaram que a adição de borracha natural em

argamassa de cimento em altas temperaturas melhora (aumenta) a resistência

térmica do concreto.

Muhammad e Ismail (2012) estudaram um material compósito de concreto

com a adição de borracha modificada em diferentes proporção e submetidas a

diferentes ambientes ácido e sulfatado.

Santos (2012) estudou o efeito de partículas de borracha nas propriedades

físico-mecânicas de compósitos de matriz cimentícia para aplicações não-

estruturais.

Aliabdo et al. (2015) realizaram a caracterização de compósitos cerâmicos

com resíduo de borracha e observaram que aumento de teor de borracha em

concreto melhora as propriedades de isolamento térmico e de som desses

compósitos.

Mendes e Marinho (2002) mostraram que compósitos de látex, resina da

seringueira, com fibra da casca do coco, em forma de mantas, são materiais que

demonstraram a capacidade de isolamento térmico para faixa de temperatura entre

0ºC e 130ºC.

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Silva et al. (2009) revelaram que existem várias empresas brasileiras que

utilizam fibras de coco para a produção de materiais compósitos com látex.

Jacob et al. (2006) desenvolveram compósitos de borracha natural com

tecido de fibra de sisal e estudaram o desempenho desses compósitos, tendo a fibra

submetida a tratamentos superficiais.

Afiq e Azura (2013) indicaram que a adição de amido de sagu aumenta a

biodegradabilidade de compósito de película de borracha natural, em contrapartida,

provoca uma fragilidade nas propriedades físicas do material.

Pantamanatsopa et al. (2014) apresentaram caracterização mecânica de

compósitos-verdes de borracha com diferentes concentrações em massa de fibra de

juta tratadas e não-tratadas com ácido sulfúrico.

Também se tem que outros vários materiais lignocelulósicos já foram

associados à borracha para constituir novos compósitos (ZHOU et al., 2015), dentre

os quais, destacam-se os presentes na Figura 7, que segue:

Figura 7 – Quadro de informações com alguns compósitos de borracha

Enchimento Matriz Autores/Ano de

publicação

Madeira em pó

Borracha natural Borracha de etileno-propileno-dieno

Borracha de butadieno estireno Borracha de pneus inservíveis

Lin et al., 2004. Yamsaengsung e

Sombatsompop, 2009.

Pó de oliva Borracha nitrílica carboxilada Mousa et al., 2012.

Pó da casca de amendoim

Borracha natural Sareena et al., 2012.

Fibra de bambo Borracha natural Ismail et al., 2002.

Fibra de coco Borracha natural Haseena et al., 2007.

Geethamma et al., 2005.

Fibra de cânhamo Borracha natural

Borracha de partícula de pneu

Kakroodi et al., 2013. Osabohien e Egboh,

2008.

Fibra de sisal Borracha natural

Borracha de pneu Haseena et al., 2007.

Martins e Mattoso, 2004.

Fibra de juta Borracha natural Rahman et al., 2012.

Fibra de algodão Borracha natural Zeng et al., 2010.

Papel de jornal Borracha natural Borracha nitrílica

Nashar et al, 2004.

Celulose microcristalina

Borracha de butadieno estireno Borracha de polibutadieno

Bai e Li, 2009.

Fonte: Adaptada de ZHOU et al.,2015.

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2.3. CARNAÚBA

A carnaubeira é uma palmeira, classificada como pertencente à família

Palmae, gênero Copernicia e espécie Copernicia prunifera (QUEIROGA, 2013). O

conjunto de carnaubeiras, ilustrado na Figura 8, consiste no carnaubal.

Figura 8 – Carnaubal

Fonte: MARQUES, 2013.

Também chamada de carnaúba, esta espécie é conhecida como a “árvore

da vida”, definição controversa atribuída a Alexandre Von Humboldt (CASCUDO,

1964). Esta definição foi popularizada, pois se diz que na carnaubeira tudo é

aproveitado (EVANGELISTA, 2005).

Isto é, a definição é comumente atribuída a carnaúba com a justificativa de

que a planta oferece uma gama ampla de uso: desde as raízes que têm uso

medicinal, passando pelos frutos que são ricos em nutrientes para a ração animal.

Incluindo, o tronco como madeira de qualidade para a construção, assim como as

palhetas secas que são usadas na produção artesanal, fertilizante do solo,

revestimento de casas. E ainda, o fornecimento de cera de folhas jovens que é

utilizada no fabrico de velas, filmes plásticos e fotográficos, vernizes, lubrificantes,

fósforos, isoladores, cosméticos (MOTTA, 2012).

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No Rio Grande do Norte, o cultivo e exploração da carnaúba oferece

possibilidades de atividades econômicas mesmo durante o período de estiagem,

tratando-se, portanto de importante alternativa na composição da renda familiar das

comunidades rurais (CAVALCANTI, 2014).

2.3.1. Cera de carnaúba

O Brasil é o único país produtor de cera de carnaúba. Sendo o produto de

maior valor econômico da carnaúba, o material ceroso que reveste as folhas, é

usado na fabricação de cera, matéria-prima de inúmeros produtos industriais

(CARVALHO; GOMES, 2008). A cera de carnaúba é elemento de exportação para

vários países, sendo os principais: Estados Unidos, Japão, Alemanha, China,

Holanda e Itália. À título nacional, o consumo é estimado em torno de 20% da

produção e tem como os principais estados compradores: Rio Grande do Sul,

Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia (LIMA,

2011).

A cera da carnaúba, a partir de 1950, é usada como desmoldante na

indústria de compósitos. E desde então, essa cera é largamente utilizada até hoje,

particularmente em aplicações de moldagem por contato (SCOTT BADER, 2005).

Além dessa aplicação em compósitos, pode-se dizer que a cera de carnaúba é

bastante versátil e apresenta aplicações desde alimentícias e farmacêuticas, até

aplicações mecânicas de lubrificação.

2.3.2. Palha de carnaúba

A fibra da palha da carnaúba é composta, em percentagem média, por 58,04

± 4,49% de celulose; 14,02 ± 0,64% de hemicelulose; 19,03 ± 1,02% de lignina; 7,53

± 0,63% de umidade e 1,80 ± 0,47% de cinzas (CARVALHO, 2011).

Embora a temática acerca da aplicação de fibras vegetais seja extensa,

atesta-se uma lacuna quando se pesquisa sobre a fibra da palha da carnaúba.

Encontram-se explanações predominantemente, envolvendo apenas o seu uso,

relacionadas à confecção de produtos artesanais (FERNANDES, 2011).

Dentre os usos artesanais, tem-se os objetos tradicionalmente produzidos

por comunidades rurais na região do Vale do Açú, ilustrados pela Figura 9, que

constituem diversos produtos, tais como: esteiras, cestas, caixas e enfeites

decorativos.

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Figura 9 – Artesanato com palha de carnaúba

Fonte: CARNAÚBA VIVA, 2012.

Lavor et al. (2008) atestaram a eficiência de aplicação de esteiras da palha

da carnaúba in natura em revestimento de isolante térmico em galpões.

Santos (2010) revelou a importância da atividade extrativista de carnaúba

para confecção de vassouras e suas relações com a agricultura familiar,

especificamente no Piauí. A estrutura da produção artesanal de vassouras de

carnaúba foi analisada e constatou-se que suas relações com a agricultura familiar

contribuem para a comunidade local no que diz respeito a sustentabilidade

econômica, social e ambiental.

Góes (2013) propôs a utilização da palha da carnaúba in natura em

processos de adsorção de corantes como forma de agregar valores a este produto.

Neste estudo foi verificado que a palha é eficiente na remoção dos corantes têxteis

azul de metileno e cristal violeta, em de soluções aquosas.

O arquiteto Rosenbaum, em 2012, realizou o projeto “A Gente Transforma”,

uma iniciativa que usa o design para expor a alma brasileira, que tem como principal

objetivo inserir o artesanato no mercado de decoração e apresentar as

oportunidades para um novo negócio social. Este projeto foi apresentado, em 2013,

na São Paulo Fashion Week, principal semana evento de moda do país, e deu

visibilidade para o artesanato com a palha de carnaúba, através da criação de uma

coleção que estão presentes tabuleiros, bogoiós, tapetes, colchões e máscaras.

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O interesse que a palha de carnaúba desperta em arquitetos e construtores

é uma constante, especialmente em localidades muito visitadas por turistas

estrangeiros. A decoração de ambientes cobertos por telhados de folhas de

carnaúba (Figura 10), representa caráter rústico marcante, além de apresentar

conforto, pois as folhas de carnaúba – graças à sua exclusiva cobertura de cera –

resistem à chuva e ao sol e garantem o frescor do ambiente (JOHN, 2013).

Figura 10 – Telhado de palha de carnaúba

Fonte: JOHN, 2013.

2.3.3. Compósitos com carnaúba

Ao estudar a fibra proveniente da palha de carnaúba, Oliveira (2003)

estudou a possibilidade de fabricar polpa para a produção de papel artesanal.

Evangelista (2005) relatou a importância dessa atividade para renovação da

consciência ecológica e promover a cultura de valorização do papel reciclado

artesanal com fibras de carnaúba, com aproveitamento desse papel para criação

artística. Essa atividade é realizada pela Fundação Felix Rodrigues, localizada no

município de Pendências/RN.

No Ceará, o papel artesanal, a base de folhas de carnaúba, é baseada na

tecnologia desenvolvida pela UFRN, que vem sendo difundida pelo Instituto

CENTEC. A produção do papel artesanal representa para populações de baixa

renda: terapia ocupacional, realização artística, incentivo a capacidade

empreendedora e, principalmente, oportunidade de emprego e renda. Os papéis

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produzidos (Figura 11) possuem diferentes características e constituem-se em uma

alternativa promissora para o aproveitamento da palha de carnaúba, em novos

produtos como abajures, rosáceas, capas de agendas, caixas redondas e

quadradas, modelos de luminárias e arandelas, calendários, panôs, entre outros

(CÂMARA SETORIAL DA CARNAÚBA, 2009).

Figura 11 – Papéis de fibra de carnaúba

Fonte: CÂMARA SETORIAL DA CARNAÚBA, 2009.

A fim de reavivar a economia baseada no artesanato da palha da carnaúba e

obter uma nova forma de revestir dutos de vapor, foi desenvolvido o projeto de

compósito com a palha da carnaúba e obteve-se então, uma tecnologia

autenticamente norte-rio-grandense para revestir esses dutos (DUARTE, 2007).

Originalmente, os dutos eram revestidos com lâminas de alumínio, utilizadas para

fins de isolamento térmico, devido a ocorrência de temperaturas de até 200ºC

(FERNANDES, 2011).

A ideia do projeto constituiu-se na pintura de mantas (esteiras) da palha da

carnaúba, para protegê-las das intempéries e então aplicá-las nas linhas de vapor

como revestimento. Essa tecnologia é ilustrada na Figura 12. E a ideia foi aplicada e

já vem sendo útil à comunidade, em geral, há aproximadamente 11 anos

(PETROBRAS, 2014).

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Figura 12 – Revestimento de dutos

Fonte: Silvio Bezerra em ARANHA, 2008.

Tavares e Santos (2013) comprovaram mais uma aplicação sustentável de

compósitos com insumos da carnaúba. Através de implementação e difusão de

tecnologias de adensamento lignocelulósico (briquete) em substituição ao uso da

lenha nativa visando a redução significativa do desmatamento do bioma caatinga na

microrregião do baixo Açu. Os briquetes oriundos das biomassas vegetais de palha

de carnaúba apresentam grandes potenciais para o uso na geração de energia

térmica nos fornos existentes das cerâmicas da região e essas biomassas podem

ser utilizadas na fabricação de briquetes, tanto de forma individual, como misturadas

em blendas de diferentes composições, visando a manutenção de fabricação de

briquetes ao longo de todo o ano agrícola, apresentando uma maior regularidade

das características físico-térmicas dos mesmos.

Carvalho (2011) e Melo et al. (2012) apresentaram a concepção de materiais

compósitos biodegradáveis a partir da utilização de fibras de carnaúba, tratadas

quimicamente, como reforço em matriz de polihidroxibutirato (PHB).

Marques (2012) por sua vez, estudou as características de compósitos

obtidos pelo par pó de palha de carnaúba e quitosana. Estabeleceu que a melhor

composição desse tipo de material seria sem a realização de tratamento de

superfície da palha, constituindo dessa forma, uma maneira simples e eficaz de

fabricação de compósitos, sendo assim, uma boa alternativa para biomateriais.

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Costa et al. (2013) avaliou o desempenho de compósitos de matriz poliéster

reforçada com fibras aleatórias da palha da carnaúba, em diferentes concentrações

mássicas e constatou, através de ensaio de tração, que quanto menor o percentual

de fibra, melhor era a interface com a matriz e dessa forma, melhor era o

desempenho mecânico.

Souza (2014) apresentou um compósito polimérico com carga de fibra da

palha da carnaúba em resina ortoftálica. Esse material foi produzido para aplicação

estrutural de dispositivo (fogão) de concentração solar para o cozimento e

assamento de vários alimentos.

Batista (2014) promoveu avaliação da durabilidade das fibras de carnaúba

em compósitos cimentícios com adição de resíduo cerâmico.

Cavalcante et al. (2014) estudaram a curva de desidratação da fibra de

carnaúba para ser uma alternativa na preparação de compósitos destinados a

fabricação de pás eólicas, visto que um dos grandes problemas encontrados nos

dias atuais é o descarte após a vida útil das pás eólicas e uma alternativa para este

problema, é o desenvolvimento de compósitos provenientes de fibras vegetais e a

fibra de carnaúba se apresenta dentre as opções.

Praciano et al. (2014) seguindo a vertente de aplicação de compósitos nas

pás de geração de energia eólica, avaliaram as qualidades químicas e propriedades

mecânicas da fibra de carnaúba, visando substituir a fibra de vidro comumente

utilizada na produção das pás eólicas por compósitos de fibra de carnaúba e com

isso reduzir o impacto ambiental e o custo de produção.

2.4. ISOLANTES TÉRMICOS

Os isolantes térmicos são materiais utilizados em sistemas de climatização,

refrigeração, geração de vapor, tubulações, edificações, automóveis, equipamentos

de proteção, estufas e altos fornos, e que têm por finalidade economizar energia

através da minimização do processo de transferência de calor entre dois meios

(MENDES; MARINHO, 2002).

Borges (2009) relatou que o desperdício de energia é uma preocupação

contemporânea e a partir desse sentimento, partilhado entre os mais diversos

setores da sociedade, desenvolve-se a consciência da utilização racional da energia

e, portanto, ocorre a ampliação da demanda de aplicação de isolantes térmicos.

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De acordo com Mendes e Marinho (2002), há uma variedade de tipos de

isolantes térmicos disponíveis no mercado e dentre os mais comuns, podem ser

citados: a lã de vidro e a lã de rocha (ambas à base de fibras sintéticas), tecido de

amianto (à base de fibra mineral), poliuretano (PUR - à base de poliol) e policloreto

de vinila (PVC).

Papadopoulos (2005) propôs que os materiais isolantes podem ser

classificados de acordo com sua composição química ou a sua estrutura física,

portanto os materiais isolantes mais amplamente utilizados podem ser classificados

conforme indica a Figura 13 abaixo.

Figura 13 – Classificação dos materiais isolantes mais utilizados

Fonte: PAPADOPOULOS, 2005.

Ford et al. (2010) indicaram que a escolha do material adequado para uma

aplicação de isolamento térmica é realizada através de análises de propriedades

mecânicas, físicas e térmicas. Como não existe um material isolante ideal, a

comparação entre as opções disponíveis possibilita a escolha daquele que melhor

satisfaz ao princípio fundamental da engenharia: relação custo versus beneficio.

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25

Galvão (2012) ressaltou que existem muitos materiais classificados como

isolantes térmicos, e que para cada aplicação desses materiais, existem

especificações de acordo com o gradiente de temperatura, que pode ser, por

exemplo, o clima da região onde o isolante será utilizado.

Para estabelecer as especificações dos mais diversos isolantes térmicos,

embasa-se o fato de existir a necessidade de análises de desempenho térmico a

partir de protótipos experimentais, para constatar e quantificar a eficiência de

materiais isolantes, que tem o objetivo de reduzir ao máximo as trocas térmicas

indesejáveis, procurando manter constante a temperatura de um dado sistema

fechado (BORGES, 2009).

Neira (2005) evidenciou que as fibras vegetais vêm sendo consideradas

para fins de isolação térmica, uma vez que são leves, flexíveis, de baixo custo,

abundantes e apresentam uma estrutura micrográfica caracterizada por muitos

vazios, o que induz maior resistência térmica ao fluxo de calor.

Neira (2011) revelou que atualmente, o uso de esteiras de palha de

carnaúba, nos dutos da Petrobras que transportam vapor, é exemplo de aplicação

eficiente de fibras vegetais em sistemas de isolação térmica.

Segundo Gastão Cruls (1965) apud Seixas (2010), no Brasil, no século XIX,

blocos de gelo foram armazenados com serragem em depósitos subterrâneos e

conservados por aproximadamente cinco meses. Isto revela o potencial de

isolamento térmico da serragem (material lignocelulósico).

Dentro de faixas específicas de temperaturas, é possível utilizar fibras

naturais como isolante térmico em substituição ao produto convencional em diversas

aplicações na indústria e no comércio. As faixas de temperatura são limitadas pelo

tipo de fibra, sua resistência ao calor e aos esforços mecânicos (MENDES;

MARINHO, 2002).

Monteiro et al. (2012) ressaltaram que a estabilidade térmica de qualquer

compósito de fibra natural, do tipo lignocelulósica, pode impor limitações das

aplicações a temperaturas que provocam a degradação da estrutura orgânica das

fibras, portanto, em geral, as aplicações de recursos naturais em compósitos são

restritas termicamente a temperaturas em torno de 250ºC.

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26

2.4.1. Propriedades/características

Para aplicações como isolantes térmicos, ou sob condições nas quais boa

resistência a tensões térmicas é requerida, as propriedades físicas que determinam

a sua utilização são aquelas propriedades diretamente relacionadas com mudanças

de temperatura. Essas propriedades são importantes para todos os materiais,

independentemente do seu uso, mas especialmente para isolantes térmicos, são

críticas (SANTOS et al., 2004).

Santos et al. (2004) indicaram que para aplicações de isolantes térmicos, do

ponto de vista de cálculos térmicos, a condutividade térmica, a difusividade térmica e

o calor específico são as propriedades mais importantes de um material

potencialmente isolante térmico. Estas três propriedades estão relacionadas entre si

pela expressão:

𝑎 =𝑘

𝜌 ∙ 𝑐 (1)

Onde: 𝑎 = difusividade térmica (𝑚 𝑠2⁄ /); 𝑘 = condutividade térmica (𝑊 𝑚 ∙ 𝐾⁄ ),

ρ = densidade (𝐾𝑔 𝑚3⁄ ) e 𝑐 = calor específico (𝐽 𝐾𝑔 ∙ 𝐾⁄ ).

A difusividade térmica é uma propriedade do material que denota a razão

entre a capacidade de transferência de energia no material pela sua capacidade de

armazenamento e para materiais isolantes térmicos, essa propriedade

essencialmente possui um baixo valor, na ordem de centésimos (MENDES et al.,

2012).

Para estabelecer condições de conforto térmico, a difusividade é uma

propriedade que é relevante associada à caracterização de um material construtivo

(BARBOSA, 2014).

A condutividade térmica é considerada a propriedade térmica mais

importante de um isolante, pois especifica a capacidade que um dado material tem

de transferir energia térmica (VAN WYLEN; SONNTAG, 1976 apud FORD, 2011).

São considerados como isolantes térmicos apenas materiais com

condutividade térmica menor que 0,25 𝑊 𝑚 ∙ 𝐾⁄ (WANG, 1988 apud CRAVO, 2013).

Porém ocorre exceção em relação aos isolantes refletivos, que é o caso do alumínio,

que tem alta condutividade térmica, mas que também pode ser enquadrado na

categoria de isolante térmico, exclusivamente quando aplicado sob a forma

geométrica tipo sanfona, pois essa configuração coíbe a perda de calor (FORD,

2011).

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27

A condutividade térmica dos isolantes térmicos é afetada diretamente pela

espessura desse material, a sua massa especifica e tamanho das células do

material, assim como a umidade e temperatura do ambiente (MENDES, 2002 apud

GALVÃO, 2012).

A baixa condutividade térmica e o caráter fibroso da maioria dos materiais

orgânicos contribuem para aplicações de isolamento térmico, pois materiais

orgânicos naturais geralmente contêm uma capacidade de calor específico mais

elevada (KORJENIC et al., 2011).

O calor específico consiste na capacidade térmica específica e é a

propriedade característica do material que descreve a energia necessária para

induzir alteração na temperatura de uma unidade de massa do material (DAW,

2008).

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28

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A fim de investigar as propriedades do biocompósito e avaliar qual a forma

do material possuir melhor desempenho, foram fabricados, em moldes fechados,

protótipos com proporções em massa de 5%, 10%, 15% e 20% de fibra de carnaúba

em matriz de látex.

3.1. MATÉRIAS-PRIMAS

As palhas de carnaúba foram obtidas na região do Vale do Açu/RN.

Conforme indica a Figura 14, as palhas foram cortadas e em seguida, foram

moídas em moinho de facas, que pertence ao Laboratório de Nutrição Animal, da

UFRN e a partir de então foi obtida a fibra, que passou por uma peneira de 30 mesh.

Figura 14 – Processo de obtenção da fibra de carnaúba

(a) folha seca de carnáuba (b) palha cortada (c) fibra moída

O látex pré-vulcanizado fabricado pela empresa Kilatex, foi utilizado como

adquirido. Esse látex é definido como natural, concentrado com aditivos

vulcanizados e estabilizado com amônia; possui alta fluidez e seca a temperatura

ambiente; possui também índices de toxidez, pois antes de vulcanizado, o produto

exala vapores de amoníaco, que podem ser absorvidos por via respiratória.

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29

3.1.1. Fabricação

Para obtenção dos compósitos, optou-se por utilizar método de mistura

manual, conforme indica a Figura 15:

Figura 15 – Etapa inicial do processo de fabricação dos compósitos

(a) componentes (b) adição (c) agitação (d) mistura uniformizada

Foram realizadas proporções em massa de látex e de fibra da palha da

carnaúba, nas concentrações de 5%, 10%, 15% e 20% em massa de fibra em

relação à massa da matriz. Esses materiais foram misturados, nas devidas

proporções, constituindo, dessa forma, a primeira fase de fabricação dos

compósitos.

Após a mistura de componentes, as formulações dos compósitos foram

submetidas à cura por moldagem com aceleramento térmico, através de estufa com

circulação de ar, à 70ºC por 72, 48, 36 e 24 horas, respectivamente para os

compósitos de concentração 5%, 10%, 15% e 20%. Esses parâmetros foram

estabelecidos por ensaios preliminares, que mostraram que quanto maior o

percentual de fibra, menor é o tempo de cura do compósito.

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30

Ou seja, o material lignocelulósico, neste caso, pode ser apontado como um

agente acelerador de cura da borracha natural pré-vulcanizada.

Para que fossem realizados os ensaios de caracterização dos materiais,

foram necessários corpos-de-prova com duas formas. Então, foram fabricados dois

tipos de corpos-de-prova: cilíndricos e retangulares. Cilíndricos com 60 mm de

diâmetro e 80 mm de altura para viabilização de ensaio de caracterização térmica. E

retangulares, em forma de placas de 120 mm de comprimento por 100 mm de

largura e 4 mm de espessura, para realização dos ensaios físico-mecânicos.

A fim de estabelecer parâmetros comparativos, corpos-de-prova de borracha

natural sem adição de fibra também foram produzidos, em duas formas,

semelhantemente aos compósitos. Porém esses corpos-de-prova possuíram

particularidades no processo de fabricação, devido às características peculiares de

cura do látex pré-vulcanizado puro. Este processo de obtenção dos corpos-de-prova

de borracha natural foi realizado de forma lenta e gradual, através sucessivas

deposições de camadas, à medida que se obtinha a formação do filme contínuo e

firme de látex.

3.2. ENSAIOS

A realização da caracterização dos materiais se deu conforme requisitos

para se ter um bom isolante térmico. Então, o compósito foi caracterizado através da

investigação das propriedades de densidade, teor de umidade, condutividade

térmica, calor específico, difusividade térmica e resistência mecânica, através de

ensaios de tração e dureza Shore. Também foram empregadas as técnicas de

Termogravimetria (TG/DTG) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) para

analisar os materiais.

Os ensaios de densidade, teor de umidade, condutividade, calor específico,

difusividade, dureza e resistência a tração foram determinados por valores médios, a

partir de pelo menos 5 repetições de medidas.

3.2.1. Caracterização térmica

Os materiais, no formato de 5 corpos-de-prova cilíndricos, foram

caracterizados termicamente, quanto às suas propriedades térmicas de

condutividade, difusividade e calor específico, em 10 medidas.

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31

Além dessa caracterização, termicamente, os materiais foram submetidos a

ensaios para determinação da análise termogravimétrica.

As técnicas utilizadas para determinar as propriedades térmicas foram:

Ensaios térmicos de condutividade, difusividade e calor específico, no

Laboratório de Mecânica dos Fluidos/ UFRN, através de equipamento analisador

térmico (condutivímetro) KD2_Pro Decagon Devices, que possui sensor SH-1 de

agulhas térmicas duplas. Esse sensor funciona emitindo e recebendo calor da

amostra, proporcionando aquisição de dados referentes às propriedades térmicas,

em intervalo de tempo de 2 minutos e 30 segundos.

Especialmente, para esses ensaios de determinação de condutividade, calor

específico e difusividade, foram realizadas medidas relativas à fibra de carnaúba.

Termogravimetria: de acordo com os parâmetros indicados pela ASTM

E2550–11, através de equipamento de marca Netzsch STA 449F3, pertencente ao

Laboratório de Análise Térmica – DQ/CCET/UFRN. A faixa de temperatura utilizada

foi de 25 a 600°C e as razões de aquecimento na ordem de 10 ℃ ∙ 𝑚𝑖𝑛−1.

As análises de termogravimetria foram realizadas em amostras retiradas do

compósito após a fabricação. E esses ensaios termogravimétricos indicaram as

faixas de temperaturas em que os materiais sofrem degradação mássica.

3.2.2. Caracterização físico-mecânica

A caracterização físico-mecânica foi realizada, a partir dos corpos-de-prova

fabricados no formato de placas (Figura 16), que foram adaptados/ cortados, de

acordo com as devidas especificações de ensaio.

Figura 16 – Placas de borracha natural e do compósito em diferentes formulações

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32

Ensaio de determinação da densidade relativa dos materiais foi

realizado através de densímetro digital (Figura 17), pertencente ao Laboratório de

Mecânica dos Fluidos, UFRN. Esse ensaio foi realizado em corpos-de-prova com

dimensões de 25 x 25 mm e foi realizado com base nas indicações técnicas contidas

na norma ASTM D2395−14.

Figura 17 − Densímetro Gehaka, modelo DSL 910

Ensaio de medição de teor de umidade, através do equipamento

ilustrado na Figura 18. E os corpos-de-prova submetidos a esses ensaios tiveram

dimensões de 25 x 25 mm.

Figura 18 − Determinador de umidade ID200 Marte

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33

Esse ensaio foi realizado de forma análoga ao procedimento descrito na

norma ASTM D1348–94. E O cálculo para determinar o teor de umidade foi realizado

através da expressão:

% = [(M – D)/M] · 100 (2)

Onde: “M” é a massa inicial da amostra e “D” é a massa seca da amostra.

Ensaio de resistência mecânica à tração uniaxial ilustrado na Figura 19.

Este ensaio foi realizado no Laboratório de Metais e Ensaios Mecânicos (LABMEM-

DEMat-CT/UFRN), com base nas instruções técnicas da norma ASTM D412.

Figura 19 − Máquina universal Shimadzu

Ensaio de Dureza Shore A, fundamentado na norma ASTM D2240–05

e realizado através de durômetro mostrado na Figura 20, disponível no Laboratório

do Grupo de Estudos de Tribologia da UFRN. Esse ensaio foi realizado em corpos-

de-prova de dimensões de 60 x 50 mm

Figura 20 – Durômetro (Máquina de Ensaio de Dureza) Kori

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Análises por MEV, para avaliar a estrutura dos materiais. Essas

análises foram efetuadas em equipamento ilustrado na Figura 21, pertencente ao

Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura, UFRN – CT – DEMAT.

Figura 21 – Microscópio Hitachi TM3000

Essas análises foram realizadas em amostras do compósito após a

fabricação.

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35

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fim de quantificar a potencialidade do compósito para fins de isolamento

térmico, apresenta-se a caracterização dos materiais. Nesta caracterização, foram

utilizadas as siglas: BN (borracha natural); FC (fibra de carnaúba); BN+FC5,

BN+FC10, BN+FC15 e BN+FC20, para fazer referência ao compósito de borracha

natural e fibra de carnaúba nas proporções mássicas de 5%, 10%, 15% e 20% de

fibra em relação a matriz.

A caracterização é estabelecida e discutida/comparada à análise de

desempenho de materiais de origem semelhante, especialmente formados por

borracha e/ou materiais lignocelulósicos.

4.1. DENSIDADE

Foram realizadas medidas relativas à densidade dos materiais. Essas

medidas são mostradas na Tabela 1 e revelam que à medida que há aumento do

percentual de fibra, há uma diminuição proporcional da densidade para BN+FC5,

BN+FC10 e BN+FC15.

Tabela 1 – Dados relativos à densidade

Material Densidade/(Kg/m³)

BN 913

BN+FC5 872

BN+FC10 767

BN+FC15 694

BN+FC20 760

A partir da análise desses dados, observa-se que, conforme é previsto,

quando há adição de material lignocelulósico em matriz polimérica, tem-se a redução

da densidade do material. Porém, o compósito BN+FC20, não seguiu a tendência de

que quanto maior o percentual de fibra há diminuição proporcional da densidade do

compósito. Apenas ficou confirmada a característica comum dos compósitos

reforçados com fibra natural, de que a associação de fibra a matriz promove a

redução da densidade do material em relação à matriz sem reforços.

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36

Ganjyal et al. (2004) constataram comportamento semelhante ao aumento

de densidade de compósitos de espuma de amido e fibra de milho. Observaram que

com o aumento no teor de fibra, em concentrações acima de 10% de massa em

relação a matriz, houve dificuldade em manter a distribuição uniforme das fibras na

matriz e isto pode ter resultado na agregação de fibras em diferentes locais que

promoveram descontinuidades na matriz e consequentemente houve leve aumento

da densidade, de forma equivalente ao comportamento do compósito BN+FC20.

4.2. TEOR DE UMIDADE

O método relativo à determinação do teor de umidade presente nos

materiais baseia-se na perda do percentual úmido devido aumento de temperatura.

Na Tabela 2 são observados os resultados referentes ao ensaio de

determinação do teor de umidade dos compósitos. A análise dos teores de umidade

dos compósitos permite indicar que à medida que o percentual de material

lignocelulósico aumenta, o material absorve um maior teor de umidade, isso se deve

ao potencial hidrofílico característico das fibras vegetais.

Tabela 2 – Dados relativos ao teor de umidade

Material Teor de umidade/(%)

BN 0,8

BN+FC5 1,1

BN+FC10 1,2

BN+FC15 1,6

BN+FC20 2,0

Jacob et al. (2006) estudaram a absorção de água em compósito de

borracha natural e tecido de sisal e constataram que a afinidade a umidade de fibras

lignocelulósicas consiste em uma desvantagem na sua utilização em compósitos e

isto ocorre devido à presença de grupos de hidroxila nas unidades de celulose das

fibras, que permite que se formem pontes de hidrogénio com moléculas de água.

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37

Faruk et al. (2012) afirmaram que a natureza hidrofílica das fibras é uma

grande problema para os compósitos reforçados com fibras vegetais, devido a

natureza hidrófila das fibras naturais, porém ressaltaram que o teor de umidade

absorvido por um compósito de fibras naturais pode representar uma vantagem no

desempenho biológico do material. E desempenho biológico seria a característica de

relevância em relação ao potencial de biodegradação que o material possui.

Conforme foi definido por Brito et al. (2011): a degradação de um material orgânico

causada por atividade biológica, principalmente pela ação enzimática de micro-

organismos, consiste na sua capacidade de biodegradação.

Korjenic (2011) também afirmaram que materiais compósitos originários de

recursos orgânicos possuem uma maior sensibilidade à umidade, o que é

problemático se o material for exposto a um ambiente com umidade elevada, pois a

exposição excessiva à umidade pode causar corrosão biológica, isto é, degradação

por bactérias, fungos e bolores. Por esta razão, os materiais orgânicos fabricados

devem sempre ser separados de fontes de umidade, e se forem implementados, que

seja de forma em que haja a possibilidade de secagem rápida quando os materiais

absorverem muita umidade.

Mokhothu e John (2015) indicaram que a absorção de umidade em

compósitos de fibra natural é explicada principalmente pela ação capilar de

moléculas de água para dentro das aberturas e defeitos na fronteira entre as fibras e

a matriz por causa de ligação incompleta, ou pela existência de lacunas entre os

segmentos da matriz ou ainda devido a microfissuras do material ocasionadas pelo

processo de fabricação.

4.3. CONDUTIVIDADE TÉRMICA

Os dados relativos às medições da propriedade condutividade térmica dos

materiais são mostrados na Figura 22.

Esses dados revelaram que a adição de fibra de carnaúba em borracha

natural diminui a condutividade térmica e por isso incrementa o potencial de

isolamento térmico desse tipo de material.

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38

Figura 22 – Relação de dados relativos à condutividade térmica

Observa-se a clara contribuição da fibra na potencialização da borracha

como isolante. Pois, houve uma tendência acentuada a diminuição dos valores de

condutividade no compósito à medida que houve aumento do teor de fibra,

entretanto esse comportamento não apresentou linearidade e BN+FC15 foi o

material que apresentou menor valor de condutividade. E BN+FC20 apresenta valor

discordante da tendência observada, assim como observado para os valores de

densidade.

Ressalta-se que os valores para condutividade térmica dos materiais

BN+FC10, BN+FC15 e BN+FC20 são próximos e, portanto o menor valor de

BN+FC15 não o faz significantemente mais isolante térmico do que os demais.

Os dados apresentados estão coerentes para indicação desse compósito

como isolantes térmicos, conforme já dito por Wang (1988) apud Cravo (2013), que

para ser isolante térmico, o material deve apresentar condutividade térmica menor

que 0,25 𝑊 𝑚 ∙ 𝐾⁄ .

Esses resultados ratificam o potencial de isolamento térmico das fibras

vegetais, sobretudo quando compõem materiais compósitos, conforme é indicado

por Neira (2005, 2011).

De acordo com Borges (2009), o valor da massa específica é fator

fundamental na relação entre o calor e a capacidade calorífica e, portanto, materiais

com baixa massa específica apresentam, também, uma baixa condutividade térmica,

o que representa uma característica fundamental para um bom isolante térmico.

0,1995

0,1340

0,1718

0,1457 0,1431 0,1463

0,000

0,020

0,040

0,060

0,080

0,100

0,120

0,140

0,160

0,180

0,200

Co

nd

uti

vid

ad

e t

érm

ica/

(W/m

· K

)

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39

Essa relação é ratificada neste trabalho, pois o compósito BN+FC15 foi o que

apresentou menor valor de densidade e também menor condutividade térmica.

4.4. CALOR ESPECÍFICO

As medições relativas aos valores de calor específico dos materiais revelou

que essa propriedade não apresentou divergência significativa entre os valores, mas

observa-se, através da Figura 23, que por contribuição de FC, o calor específico do

compósito tem seu valor reduzido, quando comparado a BN.

Figura 23 – Relação de dados relativos ao calor específico

O calor específico é diminuído diretamente a medida que há o aumento no

percentual de fibra para BN+FC5, BN+FC10 e BN+FC15.

Já para BN+FC20, observa-se que o valor do calor específico não

acompanha a proporcionalidade de que quanto maior o percentual de fibra, menor o

calor específico.

Esse comportamento não acompanha a tendência, porém o valor relativo a

BN+FC20 é próximo aos demais valores do compósito nas outras

proporcionalidades. Tem-se ainda que esse comportamento é semelhante ao que

ocorre nas propriedades de densidade e condutividade térmica, onde constatou-se

que há relação entre tendência de proporcionalidade de quanto maior o aumento de

fibra, menor é o valor relativo a propriedade medida, apenas para BN+FC5,

BN+FC10 e BN+FC15.

1753

1484

1691 1647 1633 1662

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

Calo

r esp

ecíf

ico

/ (J

/Kg

·K)

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40

4.5. DIFUSIVIDADE TÉRMICA

Os valores medidos para difusividade térmica estão relacionados na Figura

24 e a partir deles é possível observar a não regularidade de valores das diferentes

formulações do compósito para essa propriedade.

Figura 24 – Relação de dados relativos à difusividade térmica

Mendes et al. (2012) indicaram que a difusividade térmica é uma

propriedade do material que denota a razão entre a capacidade de transferência de

energia no material pela sua capacidade de armazenamento, sendo característico

um baixo valor da mesma para os materiais isolantes térmicos. Então, seguindo

essa linha de pensamento e considerando essa propriedade isoladamente para o

compósito desenvolvido neste trabalho, tem-se que as formulações BN+FC10 e

BN+FC20 são os que apresentam melhores valores para serem indicados como os

que têm o maior potencial de isolamento térmico. Porém essa propriedade isolada

não define um isolante térmico.

Dada a irregularidade nos valores medidos para a difusividade térmica. E

tendo que a essa propriedade pode ser calculada pela relação entre a condutividade

térmica, a densidade e o calor específico, apresenta-se a Figura 25, mostrando os

valores calculados para essa propriedade, levando em consideração os valores

médios medidos neste trabalho. A partir dos diagramas de valores das Figuras 24 e

25, indica-se que não há exatidão, mas há concordância/coerência entre os valores

medidos e os calculados.

0,0E+00

2,0E-08

4,0E-08

6,0E-08

8,0E-08

1,0E-07

1,2E-07

1,4E-07

1,6E-07

Dif

usiv

idad

e t

érm

ica/

(m²

· s)

1,2X10−7

1,0X10−7 9,8 X10−8

1,1 X10−7

9,6 X10−8

0

1,2X10−7

1,6X10−7

1,0X10−7

8,0X10−8

6,0X10−8

4,0X10−8

2,0X10−8

1,4X10−7

1,6 X10−7

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41

Figura 25 – Relação de valores calculados para difusividade térmica

4.6. TERMOGRAVIMETRIA

A análise termogravimétrica de compósitos, que possuem fins de isolamento

térmico, é necessária para indicar a faixa de temperatura em que os materiais

podem ser aplicados sem sofrer degradação mássica. Essa análise se deu através

da relação entre o percentual de massa do compósito versus o aumento gradativo

de temperatura.

Analisando as curvas TG/DTG dos compósitos (Figuras 26 e 27), observa-se

que para todas as formulações, o comportamento termogravimétrico se assemelha.

Figura 26 – Curvas termogravimétricas

0,00E+00

2,00E-08

4,00E-08

6,00E-08

8,00E-08

1,00E-07

1,20E-07

1,40E-07

1,60E-07

Dif

usiv

idad

e t

érm

ica/

(m²

· s) 1,2X10−7

1,0X10−7 1,0X10−7 1,1X10−7 1,2X10−7

0

1,2X10−7

1,6X10−7

1,0X10−7

8,0X10−8

6,0X10−8

4,0X10−8

2,0X10−8

1,4X10−7

1,5X10−7

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 50 100150200250300350400450500550600

Massa %

Temperatura/(ºC)

BN

BN+FC5

BN+FC10

BN+FC15

BN+FC20

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42

Figura 27 – Curvas de termogravimetria derivada

Há discrepância no comportamento dos materiais BN+FC15 e BN+FC20,

inicialmente na faixa de 60ºC. Este fato pode ser justificado devido a maior

concentração de fibra e, portanto indica-se que essa perda de massa é devido à

característica hidrofílica, que em geral as fibras lignocelulósicas possuem.

A partir de 200ºC, observa-se que ocorre um comportamento comum a todas

as formulações, representando, dessa forma, uma tendência acentuada a perda de

massa. BN acompanha essa tendência, porém de forma mais sutil. Dessa forma,

tendo como referência o comportamento da BN, indica-se que a degradação sofrida

pelos compósitos nesse estágio, ocorre devido à contribuição do material

lignocelulósico da fibra nos compósitos.

À aproximadamente 350ºC, nota-se um declínio acentuado, especialmente,

na curva referente ao comportamento da BN, e também declínios mais amenos nas

curvas dos demais materiais. Em torno de 450ºC e 500ºC, na Figura 27, são

observados dois momentos de perda significativa de massa, por possível

contribuição do percentual de borracha natural que compõe o compósito.

Conforme relatam Monteiro et al. (2012), o ensaio termogravimétrico de

compósitos com fibras naturais revela essencialmente em etapas de decomposição:

a primeira inicia-se à temperaturas abaixo de 200ºC e essa sensível perda de massa

é atribuída à liberação de umidade, principalmente da superfície da fibra. Em torno

de 250°C e 365ºC, observa-se um declínio na curva, significando, respectivamente,

a degradação da hemicelulose e da celulose da fibra.

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

0 50 100150200250300350400450500550600

Deri

vad

a_m

assa/

%

Temperatura/ºC

BN

BN+FC5

BN+FC10

BN+FC15

BN+FC20

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43

Semelhantemente, observa-se que há familiaridade entre os resultados

termogravimétricos aqui apresentados e as curvas TG/DTG apresentadas por Osmar

et al. (2010), que analisaram o comportamento termogravimétrico de compósito com

borracha natural. Eles constataram as ocorrências de um primeiro grande pico de

perda de massa em torno de 390ºC e um segundo pico em 480ºC, significando

essencialmente a degradação do material por contribuição da borracha natural e

tendo assim, a representação do limite de resistência térmica da borracha.

Xue et al. (2010) avaliaram a modificação de borracha natural através de

processo envolvendo adição de bromo e relataram que através de análise

termogravimétrica, as curvas TG/DTG para borracha natural apresentam dois picos,

um em 360ºC e outro em 520ºC. Esse resultado é compatível com o apresentado na

Figura 27 para BN, significando que os resultados que foram obtidos aqui possuem

coerência e estão em concordância com outros trabalhos.

Azwa et al. (2013) indicaram que o ensaio termogravimétrico é amplamente

utilizado para estudar a degradação térmica de materiais compósitos de fibras

naturais e revelam que há ocorrência de decomposição precoce, observada por uma

baixa temperatura de início da degradação, o que implica numa menor estabilidade

térmica de desempenho térmico dos compósitos desse tipo.

4.7. TRAÇÃO UNIAXIAL

Conforme indica os valores da Tabela 3, o aumento na porcentagem de fibra

adicionada a matriz diminui a resistência à tração. Observa-se ainda que a adição de

fibra na borracha diminui a sua capacidade de deformação.

Tabela 3 – Dados relativos a resistência a tração dos materiais

Material Tensão de ruptura/(MPa) Deformação/(%)

BN 4,38 458

BN+FC5 3,03 343

BN+FC10 2,64 267

BN+FC15 2,30 164

BN+FC20 1,80 91

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De forma semelhante, Pantamanatsopa et al. (2014) relataram que a

resistência à tração foi diminuída a medida em que o teor de fibra foi aumentado em

compósitos de borracha reforçada com fibra de juta.

Afiq e Azura (2013) também indicaram que a resistência a tração dos

compósitos de matriz de látex (borracha natural) reforçados com carga de amido de

sagu, foram diminuídas à medida que foi aumentada a incorporação de sagu, em

relação às películas de látex natural.

4.8. DUREZA

As medidas de Dureza Shore realizadas revelam que a borracha natural sem

adição de esforços apresenta dureza 32±2 ShA.

A Tabela 4 indica os valores relativos à dureza dos materiais e a partir daí, é

possível observar-se a ocorrência de um aumento gradativo da dureza, à medida

que se aumenta a proporção em massa de fibra. Esse aumento não apresenta

linearidade, apenas tendência ao acréscimo de valor. Então, em relação a

resistência a penetração de material, BN tem o menor valor e o compósito BN+FC20

tem o maior valor.

Tabela 4 – Dados relativos a resistência a tração dos materiais

Material Dureza ShA

BN 32

BN+FC5 35

BN+FC10 40

BN+FC15 44

BN+FC20 53

Rattanasom et al. (2009) relataram que conforme esperado, a dureza é

aumentada notavelmente quando tem-se compósito de borracha natural com adição

de carga, que no caso foi de argila.

Abdel Kader et al. (2012) indicaram que a dureza de compósitos de borracha

natural reforçados com resíduos de borracha aumenta a medida em que aumento do

percentual de reforço.

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Pantamanatsopa et al. (2014) também indicaram que a dureza aumenta

significativamente com o aumento do teor de carga em compósito de borracha, isto

é, existe uma relação direta, que significa que quanto maior a quantidade de reforço

no compósito, maior será a dureza do material.

Semelhantemente, Garcia et al. (2015) observaram que o aumento de

aglomerado de couro incorporado a espuma de borracha natural,

melhora/incrementa a dureza do compósito.

4.9. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

A análise morfológica dos materiais, por intermédio da microscopia

eletrônica de varredura é realizada, a partir das imagens que foram obtidas dos

materiais que deram origem aos compósitos de látex reforçado com partículas de

fibra da palha da carnaúba, assim como, do compósito em si.

A superfície da palha de carnaúba, mostrada na Figura 28, apresenta leves

marcas irregulares e depressões amenas.

Figura 28 – Superfície da palha da carnaúba

Fernandes (2011) apresentou imagem semelhante e verificou que a

ocorrências de fibrilas, representadas por reentrâncias sutis, se deve a camada de

cera que é característica da folha da espécie.

A superfície da borracha, conforme mostra a Figura 29, é lisa, contínua e

apresenta transparência.

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Figura 29 – Superfície do filme de látex/borracha natural

De acordo com Steward et al. (2000), a transparência é característica do

filme formado pelo látex. E a partir dessa transparência, é possível observar que

existem pequenas e dispersas bolhas formadas no processo de cura do látex. Essas

bolhas estão sinalizadas por setas, na Figura 29.

Para o compósito em diferentes proporções, tem-se a Figura 30, onde são

apresentadas as imagens, que identificam os materiais através de suas

particularidades morfológicas.

Figura 30 – BN+FC5(a), BN+FC10(b), BN+FC15(c) e BN+FC20(d)

(a)

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47

Para BN+FC5, em detalhe na Figura 30(a), observa-se que a morfologia é

regular e permite identificação da fibra imersa na matriz.

(b)

(d)

(c)

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48

Para a amostra BN+FC10, em detalhe na Figura 30(b), tem-se que além da

identificação da fibra na matriz, há também irregularidade na formação da matriz.

Para BN+FC15, em detalhe na Figura 30(c), o compósito apresenta uma

estrutura em que nota-se a maior concentração/ dispersão de fibra.

E para BN+FC20, em detalhe na Figura 30(d), observa-se que a maior

agregação de fibras provoca imperfeições no material, devido pouca molhabilidade

da matriz para alta concentração de fibra. Isso é constatado através da Figura 31.

Figura 31 – Interface fibra/matriz BN+FC20

Observa-se que há irregularidade na estrutura e não há total adesão entre

os componentes. Portanto, pode-se indicar que houve saturação de fibra na matriz.

E essa estrutura irregular e sem homogeneização, reflete o comportamento

discrepante dessa formulação em relação às demais.

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5. CONCLUSÃO

A caracterização termo-física do biocompósito de fibra de carnaúba e

látex (borracha natural) demonstrou o potencial do compósito para ser indicado

como isolante térmico.

O processo de cura/fabricação de materiais com borracha natural

vulcanizada envolve a necessidade de implementação de energia ou de

aceleradores de processo. Para tanto, a adição de material lignocelulósico (fibra de

carnaúba) funcionou como acelerador de cura do látex e observou-se que o

compósito com maior percentual de fibra foi o que apresentou menor tempo de cura,

já a borracha natural e o compósito com menor percentual de fibra foram os

materiais que demandaram mais gasto de energia e tempo.

A adição de fibra de carnaúba incrementa a borracha natural,

reduzindo sua densidade;

À medida que houve aumento na concentração de fibra na matriz,

houve aumento da capacidade do compósito de absorver umidade.

O aumento de teor de fibra, até concentrações mássicas a 15%,

promove a melhoria na potencialidade de isolação térmica que a borracha natural

possui. E, portanto, o compósito com concentração a 15% de fibra foi o que

apresentou propriedades mais regulares, podendo ser indicado como um bom

isolante térmico;

Conforme análise termogravimétrica, o compósito demonstrou que

possui boa aplicabilidade em faixas de temperaturas até 200ºC, pois a partir dessa

temperatura, ocorre degradação de material;

Em relação ao ensaio de tração, o compósito apresentou menor

resistência a medida que houve aumento de teor de fibra;

Em relação à dureza, o compósito teve essa propriedade incrementada

proporcionalmente ao aumento de concentração da fibra na matriz;

As imagens de MEV revelaram que o compósito com concentração a

20% de fibra, apresenta maiores irregularidades morfológicas.

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Dadas estas constatações, indica-se que o compósito de látex com fibra de

carnaúba com concentração mássica a 15% de fibra em relação a matriz, é o que

apresenta comportamento mais razoável e melhor viabilidade para fins de

isolamento térmico.

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6. SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

Desenvolvimento de estudo do aspecto de biodegrabilidade dos

compósitos para confirmar se a adição de fibra na borracha promove a

implementação do caráter biodegradável da borracha natural;

Confecção de compósito com manta da fibra de carnaúba;

Estudo da influência da granulometria da fibra na fabricação do

compósito e nas suas propriedades físicas, térmicas e mecânicas.

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