desenvolvimento de um processo oxidativo … · 2018-07-24 · 2 desenvolvimento de um processo...

142
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE FURG ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS EQA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA TECNOLÓGICA E AMBIENTAL PPGQTA DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe 0 E RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS EM MEIO AQUOSO TESE DE DOUTORADO Bruno de Souza Guimarães Rio Grande - RS, Brasil 2016

Upload: others

Post on 29-May-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS – EQA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA TECNOLÓGICA E AMBIENTAL – PPGQTA

DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe

0 E RADIAÇÃO UV-C

PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS EM MEIO AQUOSO

TESE DE DOUTORADO

Bruno de Souza Guimarães

Rio Grande - RS, Brasil

2016

Page 2: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

2

DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe

0 RADIAÇÃO UV-C PARA

DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS EM MEIO AQUOSO

por

Bruno de Souza Guimarães

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química

Tecnológica e Ambiental, Linha de Pesquisa Química Analítica

Ambiental e Química de Processos Oxidativos Avançados, da

Universidade Federal do Rio Grande (FURG, RS), como requisito

parcial para obtenção do grau de DOUTOR EM QUÍMICA

Orientador: Prof. Dr. Ednei Gilberto Primel

Rio Grande, RS, Brasil

2016

i

Page 3: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

3

Universidade Federal do Rio Grande – FURG

Escola de Química e Alimentos

Programa de Pós-Graduação em Química Tecnológica e

Ambiental

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese de Doutorado

DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 E RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO

DE COMPOSTOS ORGÂNICOS EM MEIO AQUOSO

elaborada por Bruno de Souza Guimarães

como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Química

Comissão Examinadora

Prof. Dr. Ednei Gilberto Primel (Orientador - Presidente)

Profª. Drª. Cristina Benincá

Prof. Dr. Tito Roberto Sant’Anna Cadaval

Profª. Drª. Liziara da Costa Cabrera

Prof. Dr. Daniel Arsand

Rio Grande, 30 de agosto de 2016.

ii

Page 4: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

4

AGRADECIMENTOS

Ao meu pai, Walter, minha fonte de inspiração na busca incessante por

ser um homem melhor, um exemplo de vida, pelo amor e zelo, por ter me

ensinado que o homem não leva nada desse mundo, além da experiência de

vida adquirida, das aprendizagens, amizades, sobretudo o estudo, ou seja, a

essência daquilo que somos. Em fim por tudo que me ensinou durante o tempo

em que estivemos juntos neste plano, obrigado por tudo pai.

A minha mãe, Vera Lúcia, que na falta de meu Pai soube ser mãe e pai

ao mesmo tempo, pela vida, pela educação, pelo apoio, pelo amor e carinho,

por perdoar os meus erros, por acreditar em mim.

Ao meu irmão, Lucas, amigo e companheiro, pelo incentivo, pelo apoio

incondicional.

A minha esposa e filhos, Ana Catarina, Nícolas e Ísis, pelo

companheirismo de todos os momentos, pelo incentivo. Pela compreensão nos

momentos em que estive ausente, por conta de horas de estudo. Enfim,

obrigado por tudo, pois essa conquista não é só minha, é nossa. Amo vocês.

Ao Prof. Dr. Ednei Gilberto Primel, pela oportunidade, pela orientação,

pelo seu apoio, incentivo e compreensão em todos os momentos, pela amizade

cultivada no decorrer desses últimos anos.

Ao Prof. Dr. Daniel Arsand, pela participação no exame de qualificação

e na defesa da tese, e pelas suas valiosas sugestões e contribuição para o final

deste estudo.

A Profª. Drª. Liziara Cabrera, pela participação na defesa da tese, e

pelas suas valiosas sugestões e contribuições.

A Profª. Drª. Cristina Benincá, pela participação no exame de

qualificação e pelas valiosas sugestões na defesa da tese e contribuição para o

final deste estudo, além de todo saber compartilhado durante o período em que

participou das atividades do LACOM.

iii

Page 5: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

5

Ao Prof. Dr. Tito Roberto Sant’Anna Cadaval pela participação no

exame de qualificação e na defesa da tese, e pelas suas valiosas sugestões e

contribuição para o final deste estudo.

Aos meus colegas e amigos do LACOM, com os quais convivi nestes

últimos anos, os quais contribuíram de diversas formas na minha formação,

bem como no desenvolvimento deste trabalho, muito obrigado a todos. Ana

Laura, Ana Victoria, Augusto, Antoniele, Bruno Meira, Cátia, Elisane,

Felipe, Gabriela, Gabriel, Jair, Jean, Liziane, Marcos, Maristela, Renata e

Sergi.

Aos colegas do PPGQTA, pelos momentos compartilhados e estudo

durante o doutorado.

Aos professores do PPGQTA, pelos ensinamentos e por contribuírem

na minha formação.

À FURG, pela oportunidade e pelo ensino gratuito e de qualidade.

À CAPES e ao PPGQTA pelas bolsas de estudo.

iv

Page 6: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

6

RESUMO

DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 E RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS EM

MEIO AQUOSO

AUTOR: BRUNO DE SOUZA GUIMARÃES ORIENTADOR: PROF. Dr. EDNEI GILBERTO PRIMEL

Atualmente, sabe-se que os contaminantes orgânicos, estão presentes nos diversos compartimentos ambientais devido à intensa atividade antrópica. Dos compartimentos ambientais, a contaminação dos recursos hídricos afeta diretamente a vida dos seres vivos. Neste cenário, resíduos químicos laboratoriais e industriais, agrotóxicos, fármacos, produtos de higiene pessoal, dentre outras substâncias orgânicas, apresentam elevado fator de risco para a qualidade dos recursos hídricos, pois estes compostos geralmente são tóxicos e não biodegradáveis. Sendo assim, diversos estudos realizados atualmente têm apontado à contaminação dos recursos hídricos por alguma dessas substancias na região Sul do Estado do Rio Grande do Sul. Diante deste cenário, fica evidente, que um dos maiores desafios nos dias atuais é a eliminação de uma parte significativa dessa contaminação a qual é causada por esses compostos orgânicos, os quais geralmente são tóxicos e não biodegradáveis. O processo clássico de oxidação biológica falha na eliminação de compostos tóxicos, bem como de contaminantes orgânicos recalcitrantes. Além disso, os processos físico-químicos, como a adsorção em carvão ativado, floculação, e a filtração por membranas, apenas transferem esses contaminantes de fase, sem que ocorra a sua destruição. Sendo assim, surge a necessidade da adoção de técnicas que possam ser destrutivas a essas espécies. O emprego dos Processos Oxidativos Avançados surge como um caminho alternativo para diminuir e eliminar os resíduos desses contaminantes orgânicos. Portanto, teve-se como objetivo neste trabalho propor o desenvolvimento de um novo sistema para a degradação de resíduos de compostos orgânicos em meio aquoso empregando o resíduo de limalha de ferro como fonte de ferro zero, peróxido de hidrogênio, e radiação eletromagnética ultravioleta. Para tanto, foi desenvolvido e confeccionado um reator fotoquímico para ser empregado nas reações de oxidação de dois sistemas modelos, um composto pelos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina e o outro pelos compostos nimesulida, epoxiconazol, tebuconazol, propilparabeno e metilparabeno, além disso, também foi realizada a oxidação de resíduos de fase móvel de HPLC. O reator fotoquímico desenvolvido possui uma área de 832 cm2 e apresenta intensidade fotônica de 4,93x1017 fótons s-1. Através da aplicação das condições otimizadas do processo (2g de limalha de ferro, pH 2 com radiação UV e tempo de reação de 150 min) obtiveram-se os seguintes resultados: 95% de mineralização do sistema modelo composto pelos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina, 98% de mineralização dos sistema modelo formado pela mistura dos compostos nimesulida, epoxiconazol, tebuconazol, propilparabeno e metilparabeno e 48,93% de mineralização do resíduo de fase móvel de HPLC.

Palavras-chave: Limalha de ferro, Processos Oxidativos Avançados,

Degradação.

v

Page 7: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

7

ABSTRACT

DEVELOPMENT OF OXIDATIVE PROCESS EMPLOYING ZERO-VALENT

IRON AND UV-C FOR THE DEGRADATION OF ORGANIC COMPOUNDS IN

AQUEOUS MEDIA

AUTHOR: BRUNO DE SOUZA GUIMARÃES

ADVISOR: EDNEI GILBERTO PRIMEL

Water pollution, contaminations and shortages are problems generating concerning

with respect to ground and fresh water quality. Many activities, such as economic

growth, worldwide technological, industrial and agricultural development, and pollution

growth, result in the contamination, pollution and deterioration of water resources. In

this scenario, chemical and laboratory wastes, pesticides, personal care products,

pharmaceuticals and other substances can threaten the quality of water resources,

because they are generally toxic and non-biodegradable. Recent studies have reported

the risk of water contamination by pesticides in Sothern Brazil and detected pesticides

in ground, surface and drinking waters. In this context, finding a method to reduce the

impact of these pollutants is of great relevance. Among the methods reported to

remove organic pollutants from water, the advanced oxidation processes (AOP’s) are

the most investigated. AOP’s can be considered appropriate alternatives for treating

waters with pesticides, pharmaceuticals and other organic substances. These

processes can oxidize and mineralize a wide variety of organic compounds by

generating water, carbon dioxide and inorganic ions or forming more biodegradable

products. Therefore, this study aims to develop and optimize an efficient process using

swarf a residual of the metallurgical industry (zero-valent iron), hydrogen peroxide and

UV-C radiation to degrade three different aqueous wastes. This process was optimized

to degrade an aqueous solution with two pesticides (bentazone and pyraclostrobin); the

best removal conditions were 2 g swarf, pH 2.0, UV-C radiation and 150 min reaction

time. Under these conditions, a mineralization of 95% was obtained. Furthermore,

these same conditions were used to degrade a miscellaneous with five compounds

(nimesulide, propylparaben, methylparaben, epoxiconazole and tebuconazole) and

HPLC waste. The process yielded an excellent degree of mineralization, with 98% and

48,93%, respectively.

Keywords: Swarf, Advanced Oxidation Processes, Degradation

vi

Page 8: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

8

Lista de Figuras

Figura 1 – esturtura química dos agrotóxicos selecionados. .................... 22

Figura 2 – estrutura química dos contaminantes emregentes

selecionados. .................................................................................................. 25

Figura 3 – Esquema do reator desenvolvido e do processo Fe0/H2O/UV

otimizado para a degradação dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina

e posteriormente aplicado para degradação da miscelânea de compostos

orgânicos e resíduos de fase móvel. ............................................................ 36

Figura 4 – materiais empregados na confecção e desenvolvimento do

reator fotoquímico .......................................................................................... 50

Figura 5 – curva analítica para determinação de ferro total dissolvido .... 55

Figura 6 – Estrutura química dos agrotóxicos selecionados ..................... 64

Figura 7 – Estudo comparativo entre o processo Fe0/H2O2/UV e Fe0/H2O2,

a) eficiência de degradação bentazona e b) eficiência de degradação

piraclostrobina (condições experimentais: 5 mmol L-1 de H2O2, pH 2,0, 2,0

g de limalha de ferro, temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo

de reação de 60 min). Barras indicando RSD%. .......................................... 65

Figura 8 – Diagrama de Pareto, efeitos significativos observados para os

agrotóxicos bentazona (a) e piraclostrobina (b). Linha vertical no

diagrama define o nível de 90% de confiança. ............................................ 68

Figura 9 – Avaliação da adsorção dos agrotóxicos na limalha de ferro

(condições experimentais: sem UV, H2O2 e acidificar, tempo de 60 min,

temperatura de 25 °C e agitação de 200 rpm). ............................................. 71

Figura 10 – Avaliação do efeito da radiação UV frente ao processo

Fe0/H2O2/UV, a) eficiência de degradação bentazona e b) eficiência de

degradação piraclostrobina (condições experimentais: 5 mmol L-1 de

H2O2, pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro, temperatura de 25 °C, agitação de

200 rpm e tempo de reação de 60 min). Barras indicando RSD%. ............. 72

Figura 11 – Diagrama de Pareto, efeitos observados para os agrotóxicos

bentazona (a), piraclostrobina (b) mineralização (c). Linha vertical no

diagrama define o nível de 95% de confiança. ............................................ 74

Figura 12 – Superfície de resposta (interações entre as variáveis

significativas). ................................................................................................ 77

Figura 13 – Avaliação da degradação e mineralização dos agrotóxicos

pelo processo Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de

limalha de ferro, temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de

reação de 150 min). ........................................................................................ 79

vii

Page 9: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

9

Figura 14 – Concentração de carbono orgânico total durante a realização

do processo Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de

limalha de ferro, temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de

reação de 150 min). ........................................................................................ 79

Figura 15 – Avaliação da mineralização durante a realização do processo

Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro,

temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de reação de 150 min).

81

Figura 16 – Comportamento cinético para mineralização dos agrotóxicos,

(condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro, temperatura

de 25 °C , agitação de 200 rpm e radiação UV). ........................................... 82

Figura 17 – Ajuste do modelo de pseudo segunda ordem (valores preditos

x valores reais). Condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de

ferro, temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de reação de

150 min. ........................................................................................................... 82

Figura 18 – Produtos de degradação sugeridos para o agrotóxico

piraclostrobina. .............................................................................................. 85

Figura 19 – Produtos de degradação sugeridos para o agrotóxico

bentazona. ....................................................................................................... 86

Figura 20 – Curva analítica empregada para determinação de ferro total

dissolvido........................................................................................................ 87

Figura 21 – Crescimento celular de D. communis frente exposição à

efluente bruto e tratado. Dados expressos em média ± erro padrão. ........ 88

Figura 22 – Estrutura química dos compostos orgânicos selecionados .. 91

Figura 23 – Eficiência de degradação da miscelânea de compostos

orgânicos pelo processo Fe0/H2O/UV (condições experimentais: pH 2,0,

2,0 g de limalha de ferro, temperatura de 25 °C e agitação de 200 rpm). .. 92

Figura 24 – Eficiência de mineralização da miscelânea de compostos

orgânicos pelo processo Fe0/H2O/UV (condições experimentais: pH 2,0,

2,0 g de limalha de ferro, temperatura de 25 °C e agitação de 200 rpm). .. 93

Figura 25 – Concentração de carbono orgânico total obtido mediante

degradação da miscelânea de compostos orgânicos pelo processo

Fe0/H2O/UV (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro,

temperatura de 25 °C e agitação de 200 rpm). ............................................. 93

Figura 26 – Avaliação da mineralização durante a realização do processo

Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro,

temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de reação de 150 min).

95

viii

Page 10: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

10

Figura 27 – Crescimento celular de D. communis frente exposição à

efluente bruto e tratado. Dados expressos em média ± erro padrão. ........ 96

Figura 28 – Avaliação da concentração de carbono orgânico total obtido

pela oxidação do resíduo de fase móvel durante a realização do processo

Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro,

temperatura de 25 °C e agitação de 200 rpm). ........................................... 100

Figura 29 – Crescimento celular de D. communis frente exposição à

efluente bruto e tratado. Dados expressos em média ± erro padrão. ...... 101

vix

Page 11: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

11

Lista de Tabelas

Tabela 1: Potenciais Padrão de eletrodo para algumas semi-reações ...... 12

Esquema 1 – Sistemas típicos de processos oxidativos avançados ........ 15

Tabela 2: Propriedades físico-químicas dos agrotóxicos selecionados

para o estudo .................................................................................................. 23

Tabela 3: Condições empregadas para a detecção dos agrotóxicos por

LC-ESI-MS/MS ................................................................................................. 39

Tabela 4: Condições empregadas para a detecção dos compostos por LC-

ESI-MS/MS ....................................................................................................... 41

Tabela 5: Valores utilizados no Planejamento Fatorial Fracionado 25-2 .... 67

Tabela 6: Matriz do Planejamento Fatorial Fracionado 25-2 ........................ 67

Tabela 7: Valores utilizados no Planejamento Experimental Fatorial

Completo 22 .................................................................................................... 73

Tabela 8: Matriz do Planejamento Experimental Fatorial Completo 22 ...... 73

Tabela 9: ANOVA dos principais efeitos do modelo para taxa de

mineralização (SS: soma quadrática; df: graus de liberdade; MS: média

quadrática; F: teste de Fisher). ..................................................................... 75

Tabela 10: Comparação entre os valores observados e os valores

preditivos ........................................................................................................ 76

Tabela 11: Comparação entre os valores observados para os diferentes

resíduos após tratamento pelo processo Fe0/UV ...................................... 103

x

Page 12: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

12

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AOPs – Processos Oxidativos Avançados, do inglês Advanced Oxidation Processes

C18 – sílica modificada com hidrocarboneto linear C18, octadecilsilano

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

COT – Carbono Orgânico Total

d.i. – diâmetro interno

E0 – Potencial padrão de eletrodo

ESI – Ionização por Electrospray, do inglês Electrospray Ionization

ESI- – Ionização por Electrospray no modo negativo, do inglês Electrospray

Ionization Negative Mode

ESI+ – Ionização por Eletrospray no modo positivo, do inglês Electrospray

Ionization Positive Mode

eV – elétron-Volt

FAAS - Espectrometria de Absorção Atômica com Chama, do inglês Flame

Atomic Absorption Spectrometry

HPLC – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, do inglês High Performance

Liquid Chromatography

ICP-MS – Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado, do

inglês Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometer

kH = Constante de Henry

Koc – Coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo

Kow – Coeficiente de partição octanol-água

LC-ESI-MS/MS - Cromatografia Líquida acoplada a Fonte de Ionização por

Electrospray acoplada à Espectrometria de Massas tandem Espectrometria de

Massas, do inglês Liquid Chromatography with Electrospray Ionization with

Mass Spectrometry tandem Mass Spectrometry

m/z – razão massa-por-carga

MRM – Monitoramento de múltiplas reações, do inglês Multiple Reaction

Monitoring

MS – Espectrometria de Massas, do inglês Mass Spectrometry

HO• – Radical Hidroxila

p.a. – grau pró-análise

Pa – Pascal (unidade de pressão)

xi

Page 13: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

13

pH – potencial hidrogeniônico

pKa – potencial de dissociação ácida

PTFE – politetrafluoretileno

QqQ – triplo quadrupolo

RSD – Desvio Padrão Relativo, do inglês Relative Standard Deviation

t1/2 – tempo de meia-vida

TR – tempo de reação

UV – ultravioleta

xii

Page 14: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

14

Lista de Apêndices

Apêndice 1– Sugestões para trabalhos futuros...............................................120

Apêndice 1 – Produção científica referente ao trabalho..................................120

Apêndice 2 – Curvas analíticas bentazona e piraclostrobina..........................122

Apêndice 3 – Curvas analíticas determinação iônica......................................123

xiii

Page 15: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

15

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2

CAPÍTULO 2

2.1 HIPÓTESE .................................................................................................. 7

2.2 OBJETIVOS ................................................................................................ 8

2.2.1 Geral ........................................................................................................................... 8

2.2.2 Específicos .................................................................................................................. 8

CAPÍTULO 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 11

3.1 Processos Oxidativos Avançados .................................................................................. 11

3.1.1 Sistema Fe0/H2O2/UV ......................................................................................................................... 15

3.2 Seleção dos compostos de interesse a serem degradados ............................................. 18

3.2.1 Agrotóxicos ........................................................................................................................................ 18

3.2.2 Contaminantes emergentes .............................................................................................................. 24

3.2.3 Resíduo de fase móvel de HPLC ........................................................................................................ 25

CAPÍTULO 4

4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 29

4.1 Instrumentação ........................................................................................................... 31

4.2 Reagentes, solventes e materiais .................................................................................. 32

4.3 Preparo das soluções analíticas (solução padrão) .......................................................... 34

4.4 Preparo das soluções estoque dos agrotóxicos comerciais para degradação .................. 35

4.5 Preparo das soluções estoque de metilparabeno, propilparabeno e nimesulida para

degradação ....................................................................................................................... 35

4.6 Análise Estatística ........................................................................................................ 35

4.7 Determinação de Ferro total dissolvido ........................................................................ 37

4.7.1 Preparo da solução estoque .............................................................................................................. 37

4.7.2 Preparo da solução trabalho ............................................................................................................. 37

4.7.3 Preparo da amostra para determinação do ferro total dissolvido .................................................... 37

4.8 Determinação de Carbono Orgânico Total (COT) ........................................................... 38

4.9 Condições do sistema cromatográfico LC-ESI-MS/MS para determinação dos agrotóxicos

bentazona e piraclostrobina ............................................................................................... 38

4.9.1 Separação Cromatográfica ................................................................................................................ 38

4.9.2 Detecção por espectrometria de massas .......................................................................................... 39

4.9.3 Elucidação dos prováveis produtos de degradação .......................................................................... 40

xiv

Page 16: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

16

4.10 Condições do sistema cromatográfico LC-ESI-MS/MS para determinação dos compostos

pertencentes à miscelânea ................................................................................................ 40

4.10.1 Separação Cromatográfica .............................................................................................................. 40

4.10.2 Detecção pelo espectrômetro de massas tandem .......................................................................... 41

4.11 Condições do sistema cromatográfico para de determinação de íons com detector por

condutividade ................................................................................................................... 42

4.11.1 Método empregado para a determinação de ânions ...................................................................... 42

4.11.2 Preparo da fase móvel empregada para a determinação de ânions ............................................... 42

4.11.3 Preparo da solução de regeneração do supressor .......................................................................... 43

4.12 Curva Analítica ........................................................................................................... 43

4.13 Amostragem .............................................................................................................. 43

4.13.1 Ferro total dissolvido ....................................................................................................................... 43

4.13.2 Carbono orgânico total .................................................................................................................... 43

4.13.3 LC-ESI-MS/MS .................................................................................................................................. 44

4.13.4 Determinação de íons por cromatografia iônica ............................................................................. 44

4.14 Teste de Fuga com minhocas (Ensaio de toxicidade) .................................................... 45

4.15 Ensaio de Toxicidade com microalgas ................................................................. 46

4.15.1 Cultivo de microalgas ..................................................................................................... 46

4.15.2 Desenho experimental ................................................................................................... 46

4.15.3 Análise de densidade ..................................................................................................... 47

CAPÍTULO 5

5.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................ 49

5.1.1 Confecção e desenvolvimento do reator fotoquímico para o processo Fe0/H2O2/UV ... 49

5.1.1.1 Actinometria (método de avaliação da intensidade UV) ............................................................... 51

5.1.1.2 Síntese do K3[Fe(C2O4)] 3.H2O......................................................................................................... 51

5.1.1.3 Determinação da concentração de Fe2+

gerado no procedimento ................................................ 52

5.1.1.4 Procedimento recomendado para o uso do K3[Fe(C2O4)] 3.H2O como actinômetro ..................... 52

5.1.2 Avaliação da composição da limalha de ferro ............................................................. 53

5.1.2.1 Determinação de Ferro por Espectrometria de Absorção Atômica com Chama ........................... 53

5.1.2.2 Análises por Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado ............................ 53

5.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 54

5.2.1 Confecção e desenvolvimento do Reator fotoquímico ................................................ 54

5.2.1.1 Determinação da área do reator fotoquímico ............................................................................... 54

5.2.1.2 Actinometria (método de avaliação da intensidade UV) ............................................................... 54

5.3 Avaliação da composição da Limalha de Ferro .............................................................. 56

CAPÍTULO 6 - OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO Fe0/H2O2/UV

6.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO

Fe0/H2O2/UV PARA DEGRADAÇÃO DO SISTEMA MODELO FORMADO

PELOS AGROTÓXICOS BENTAZONA E PIRACLOSTROBINA ................... 59

6.1.1 Avaliação da potencialidade do processo (Fe0/H2O2/UV) ............................................ 59

6.1.1.2 Estudo comparativo entre o processo Fe0/H2O2/UV e Fe

0/H2O2 .................................................... 60

xv

Page 17: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

17

6.1.1.3 Otimização do processo desenvolvido para a degradação dos agrotóxicos bentazona e

piraclostrobina ........................................................................................................................................... 60

6.1.1.3.1 Planejamento Experimental Fatorial Fracionado 25-2

.................................................................. 60

6.1.1.3.2 Avaliação do efeito da radiação UV frente ao processo Fe0/H2O2/UV ........................................ 61

6.1.1.3.3 Avaliação da adsorção dos agrotóxicos na limalha de ferro ....................................................... 61

6.1.1.3.4 Planejamento Experimental Fatorial Completo 22 ...................................................................... 62

6.1.1.4 Degradação dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina sob condições ótimas ......................... 63

6.1.1.2 Avaliação do perfil cinético ..................................................................................... 63

6.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 64

6.2.1 Estudo comparativo entre o processo Fe0/H2O2/UV e Fe0/H2O2 ................................... 65

6.2.2 Otimização do processo desenvolvido para a degradação dos agrotóxicos bentazona e

piraclostrobina .................................................................................................................. 66

6.2.2.1 Considerações acerca da variável [H2O2] ........................................................................................ 69

6.2.2.2 Considerações acerca das variáveis tempo de reação e massa de limalha de ferro ...................... 70

6.2.2.3 Avaliação da adsorção dos agrotóxicos na limalha de ferro .......................................................... 70

6.2.2.4 Considerações acerca da variável UV ............................................................................................. 71

6.2.3 Avaliação do efeito da radiação UV frente ao processo Fe0/H2O2/UV .......................... 72

6.2.4 Planejamento Experimental Fatorial Completo 22 ...................................................... 72

6.2.4.1 Validação do modelo sugerido ....................................................................................................... 75

6.2.5 Eficiência de degradação e mineralização dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina

empregando as condições escolhidas ................................................................................. 78

6.2.5.1 Acompanhamento da formação de íons empregando IC com detecção por condutividade ......... 80

6.2.5.2 Cinética de mineralização dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina....................................... 81

6.2.5.3 Elucidação dos prováveis produtos de degradação para os agrotóxicos bentazona e

piraclostrobina ........................................................................................................................................... 82

6.2.2.6 Determinação de ferro total dissolvido remanescente ao processo oxidativo ........... 87

6.2.2.7 Testes de toxicidade ............................................................................................... 87

CAPÍTULO 7 - APLICABILIDADE DO PROCESSO: DEGRADAÇÃO DO

SISTEMA MODELO MISCELÂNEA DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

7.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA DEGRADAÇÃO DA

MISCELÂNEA DE COMPOSTOS ORGÂNICOS ............................................ 90

7.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 90

7.2.1 Degradação do sistema modelo composto pela miscelânea de compostos orgânicos .. 90

7.2.1.1 Acompanhamento da formação de íons empregando cromatografia iônica com detecção por

condutividade ............................................................................................................................................. 93

CAPÍTULO 8 - APLICABILIDADE DO PROPCESSO: DEGRADAÇÃO DOS

RESÍDUOS DE FASE MÓVEL

8.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA DEGRADAÇÃO DOS

RESÍDUOS DE FASE MÓVEL ........................................................................ 98

8.1.1 Oxidação do resíduo de fase móvel de HPLC .............................................................. 98

xvi xvi

Page 18: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

18

8.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 98

8.2.1 Oxidação do resíduo de fase móvel de HPLC .............................................................. 98

CAPÍTULO 9

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 103

CAPÍTULO 10

10.1 CONCLUSÕES ...................................................................................... 106

10.2 REFERÊNCIAS ...................................................................................... 109

xvii

Page 19: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

___________________________________________

Page 20: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

2

1. INTRODUÇÃO

A presença dos mais diversos contaminantes orgânicos no compartimento

ambiental, ar, água e solo é fruto da intensa atividade humana. Decorrente do

crescimento econômico e do desenvolvimento tecnológico, industrial e agrícola,

os quais, juntamente conduzem à contaminação, poluição e deterioração dos

recursos naturais (OTURAN et al., 2011; BARBOSA et al., 2014; DALTON et

al., 2014; JEWANI et al., 2015). Dos compartimentos ambientais, a

contaminação da água afeta diretamente a vida dos seres vivos, uma vez que

todas as atividades humanas necessitam do suprimento deste liquido vital.

Os recursos hídricos atuam como integradores dos processos

biogeoquímicos de qualquer região. Desta forma, quando contaminantes

orgânicos, como os agrotóxicos, por exemplo, são aplicados, os recursos

hídricos superficiais e subterrâneos, são os principais destinos dessas

substancias (RIBEIRO et al., 2007).

Neste contexto, agrotóxicos, fármacos, produtos de higiene pessoal,

corantes alimentícios e têxteis, entre outras substancias orgânicas,

representam um elevado fator de risco para a qualidade dos recursos hídricos,

pois estes compostos geralmente são tóxicos e não biodegradáveis

(GUIMARÃES et al., 2014; GUIMARÃES et al., 2016).

Diversos estudos têm apontado à contaminação dos recursos hídricos por

alguma dessas substancias na região Sul do Estado do Rio Grande do Sul.

CALDAS e colaboradores relataram a detecção em concentrações de ng L-1 de

cinco agrotóxicos (atrazina, carbofurano, clomazona, epoxiconazol e

tebuconazol), dois anti-incrustantes (diurom e irgarol), dois conservantes (metil-

parabeno e propil-parabeno) e dois fármacos (mebendazol e nimesulida) em

água superficial e potável (CALDAS et al., 2013), além disso, também foram

detectados os agrotóxicos carbofurano, clomazona e tebuconazol em água

subterrânea todos em nível de concentração de μg L-1 (CALDAS et al., 2010).

DEMOLINER e colaboradores apontaram a detecção dos seguintes

agrotóxicos: irgarol, diurom, imazetapir, imazapic, fipronil, clomazona,

Page 21: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

3

tebuconazol, atrazina e simazina em níveis de μg L-1 em águas superficial e

potável (DEMOLINER et al., 2010).

Diante deste cenário, fica evidente, que um dos maiores desafios nos dias

atuais é a eliminação dessa contaminação a qual é causada por esses

compostos orgânicos, os quais geralmente são tóxicos e não biodegradáveis.

Os sistemas de remediação mais utilizados são baseados em um pré-

tratamento através de processos físico-químicos, como por exemplo, adsorção

em carvão ativado, filtração em membranas, coagulação e precipitação

empregando agentes químicos, seguido de tratamento biológico, como por

exemplo, lodo ativado (PEREIRA e FREIRE, 2005). O processo físico-químico,

adotado como uma etapa previa de tratamento permite certa remoção dos

contaminantes. No entanto, os compostos não são eliminados, são apenas

transferidos de fase, sem que ocorra a sua destruição, pois são transferidos do

meio aquoso para o meio sólido (OTURAN et al., 2011; MARTÍN et al., 2010;

HERMOSILLA et al., 2009; PEREIRA e FREIRE, 2005). Além disso, cabe

salientar que o produto resultante desses tratamentos necessita de uma

técnica suplementar para a eliminação dos compostos retidos (OTURAN et al.,

2011; MARTÍN et al., 2010; HERMOSILLA et al., 2009; ARRUDA et al., 2007).

O processo clássico de oxidação biológica, como por exemplo, o tratamento

por lodo ativado, é considerado como um dos processos biológicos de

degradação mais eficientes. Porem esse processo clássico de oxidação falha

na eliminação de compostos tóxicos, bem como de contaminantes orgânicos

recalcitrantes. Compostos organoclorados e nitroaromáticos, por exemplo, não

são degradados, ao invés disso, são adsorvidos pelo lodo (PEREIRA e

FREIRE, 2005), formando assim um passivo que necessita de adequada

disposição. Ademais, este processo apresenta outras desvantagens, tais como:

limitação quanto à composição do efluente, faixa de pH, grande produção de

lodo e necessidade de uma grande área para implementação.

Alguns estudos têm demonstrado que a remediação de águas superficiais e

efluentes contaminados por compostos orgânicos empregando estas

tecnologias clássicas é, por muitas vezes, incompleta (KHETAN e COLLINS,

2006; STACKELBERG et al., 2007). Sendo assim, surge a necessidade da

Page 22: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

4

adoção de técnicas que possam ser destrutivas a essas espécies. O emprego

de processos artificiais de degradação, tais como os Processos Oxidativos

Avançados (AOPs, do inglês Advanced Oxidation Processes), surgem como

um caminho alternativo para diminuir e eliminar os resíduos desses

contaminantes orgânicos (UMAR et al., 2016; MUNOZ et al., 2015; KALLEL et

al., 2009).

Os AOPs são tecnologias de oxidação fundamentadas na geração do

radical hidroxila (HO•), um forte e não seletivo oxidante (potencial padrão +2,8

V). A elevada reatividade do radical hidroxila torna os AOPs capazes de oxidar

e mineralizar uma infinidade de substratos orgânicos, conduzindo à formação

de produtos mais biodegradáveis e, até mesmo, à formação de água, dióxido

de carbono e íons inorgânicos (GUIMARÃES et al., 2016; UMAR et al., 2016;

MUNOZ et al., 2015; GUIMARÃES et al., 2014).

Recentemente, muitos pesquisadores têm relatado a elevada eficiência dos

AOPs na degradação de contaminantes orgânicos persistentes tais como

agrotóxicos, fármacos, corantes, cosméticos e produtos de higiene pessoal,

hidrocarbonetos entre outros (BEHIN et al., 2015; CAVALCANTE et al., 2015;

GONG et al., 2015; MONTEAGUDO et al., 2015; VELEGRAKI et al., 2015;

CHOI et al., 2014; FARD et al., 2013; BATOEVA e SIZYKH, 2012; GRČIĆ et

al., 2012).

Dentre os AOPs destacam-se o processo Fenton clássico, bem como os

processos Fenton modificados, os quais utilizam Fe0, Fe3+ e radiação

eletromagnética ultravioleta (UV) como precursores para geração de radical

HO•, devido a sua elevada eficiência para degradação e mineralização de

substratos orgânicos, bem como, fácil manipulação e adaptação.

Levando em conta a existência de uma infinidade de contaminantes

orgânicos presentes nas mais variadas matrizes aquáticas, bem como, a sua

elevada persistência à destruição frente ás tecnologias clássicas de remoção,

teve-se como objetivo neste trabalho propor o desenvolvimento de um novo

sistema para a degradação de resíduos de compostos orgânicos em meio

aquoso empregando o resíduo de limalha de ferro como fonte de ferro zero

Page 23: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

5

(Fe0), peróxido de hidrogênio (H2O2), e radiação eletromagnética ultravioleta

(UV-C).

Page 24: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

6

CAPÍTULO 2 HIPÓTESE E OBJETIVOS

____________________________________________________________

Page 25: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

7

2.1 HIPÓTESE

Acredita-se que o desenvolvimento de um processo oxidativo empregando

Fe0 e radiação UV-C em meio aquoso seja capaz de promover a oxidação e

mineralização de diferentes resíduos.

Page 26: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

8

2.2 OBJETIVOS

Tem-se como objetivos deste trabalho:

2.2.1 Geral

Propor o desenvolvimento de um novo sistema para a degradação de

diferentes resíduos de compostos orgânicos em meio aquoso

empregando o resíduo de limalha de ferro como fonte de ferro zero,

peróxido de hidrogênio, e radiação eletromagnética UV-C.

2.2.2 Específicos

Fazer um reaproveitando dos resíduos (limalha de ferro) gerados pela

indústria metalúrgica da cidade de Rio Grande;

Desenvolver um sistema de simples manipulação, acessível, de fácil

compreensão, economicamente viável e sustentável;

Desenvolver e otimizar um sistema empregando ferro zero, peróxido de

hidrogênio e radiação UV-C;

Desenvolver e confeccionar um reator para ser empregado no processo

Fe0/UV;

Acompanhar e propor uma rota de degradação dos compostos por LC-

ESI-MS/MS;

Utilizar um método cromatográfico empregando cromatografia de íons

com detecção por condutividade para determinação de Fluoreto, Cloreto,

Nitrato e Sulfato;

Determinar a composição da limalha de ferro empregando ICP-MS e

FAAS;

Determinar ferro total dissolvido usando método espectrofotométrico UV-

VIS;

Determinar o carbono orgânico total (COT);

Adequar modelos matemáticos visando à otimização do processo

proposto utilizando o software STATISTICA;

Avaliar o perfil cinético do processo Fe0/UV;

Page 27: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

9

Otimizar o processo Fe0/UV para realizar a degradação dos agrotóxicos

bentazona e piraclostrobina;

Aplicar o processo Fe0/UV otimizado para degradação de uma

miscelânea de contaminantes orgânicos;

Aplicar o processo Fe0/UV otimizado para oxidação de resíduos de fase

móvel de HPLC.

Page 28: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

10

CAPÍTULO 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

______________________________________________________________

Page 29: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

11

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Processos Oxidativos Avançados

Atualmente, os AOPs têm surgido como uma excelente alternativa para

tratamento de efluentes contaminados por compostos orgânicos, tendo se

mostrado extremamente eficientes no tratamento de águas subterrâneas e

superficiais, bem como de solos contaminados (DEVI et al., 2009;

ANTONOPOULOU et al., 2014). Em parte, esse merecido destaque, deve-se a

sua elevada eficiência na degradação de inúmeros compostos orgânicos,

sobretudo em razão da sua elevada eficiência de degradação frente a

substratos orgânicos resistentes, além do baixo custo operacional (JARDIM et

al., 2005; MELO et al., 2009).

Os AOPs são processos de oxidação, fundamentados na geração do radical

hidroxila (HO•), um forte oxidante, o qual em quantidade suficiente permite à

rápida e indiscriminada degradação de uma infinidade de compostos orgânicos,

levando à formação de compostos intermediários mais biodegradáveis, ou até

mesmo gerando substâncias inócuas, tais como dióxido de carbono, água e

íons inorgânicos oriundos de heteroátomos (mineralização) (WALLING, 1975).

O radical HO• pode ser gerado através de diversos processos, os quais podem

ser classificados como sistemas homogêneos ou heterogêneos, isso conforme

a presença ou não de um catalisador sobre a forma sólida. Além disso, os

AOPs podem ser assistidos sob irradiação eletromagnética ultravioleta (UV)

(GLAZE et al., 1987; ANTONOPOULOU et al., 2014).

O radical HO• é uma espécie química que apresenta elevado potencial

padrão de redução (Eo), configurando-se como um forte agente oxidante.

Sendo assim, o radial HO• é um dos radicais livres mais reativos, além de um

dos oxidantes mais poderosos. Isso se comprova mediante a Tabela 1, a qual

mostra os potenciais de redução de inúmeras espécies químicas que são mais

oxidantes que oxigênio (O2). O radical HO• pode, ainda, ser gerado através de

diversas reações envolvendo oxidantes fortes, tais como: ozônio (O3) e

peróxido de hidrogênio (H2O2), semicondutores como, dióxido de titânio (TiO2)

e irradiação eletromagnética UV (ANTONOPOULOU et al., 2014; BOKARE e

Page 30: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

12

CHOI, 2014; MONTEAGUDO et al., 2015; MUNOZ et al., 2015; RIBEIRO et al.,

2015).

Tabela 1: Potenciais Padrão de eletrodo para algumas semi-reações

Reação Redox E° (EPH) / VOLT, 25 °C

2H+ + 2e- H2(g) 0,000

F2(g) + 2e- 2F- 2,870

.OH + H+ + 2e- H2O 2,800

O3 + 2H+ + 2e- O2 + H2O 2,070

H2O2 + H+ + 2e- H3O2+ 1,760

MnO4- + 4H+ + 3e- MnO2 + 2H2O 1,680

HClO2 + 3H+ + 4e- Cl- + 2H2O 1,570

MnO4- + 8H+ + 5e- Mn2+ + 4H2O 1,490

HOCl + H+ + 2e- Cl- + H2O 1,490

Cl2(g) + 2e- 2Cl- 1,360

Sn2+ + 2e- Sn(s) 0,136

Cr2O72- + 14H+ + 6e- 2Cr3+ + 7 H2O 1,330

O3 + H2O + 2e- O2 + 2HO- 1,240

ClO2(g) + e- ClO2- 1,150

Br2(l) + 2e- 2Br- 1,070

ClO2(aq) + e- ClO2- 0,950

ClO + H2O + 2e- Cl- + 2OH- 0,900

H2O2 + 2H+ + 2e- 2H2O 0,870

ClO2- + 2H2O + 4e- Cl- + 4OH- 0,780

Fe3+ + e- Fe2+ 0,771

Cr3+ + 3e- Cr(s) 0,744

Cu+ + e- Cu(s) 0,521

Fe2+ + 2e- Fe(s) 0,440

Cr3+ + e- Cr2+ 0,408

Cu2+ + 2e- Cu(s) 0,337

Sn4+ + 2e- Sn2+ 0,154

Cu2+ + e- Cu+ 0,153

FONTE: Adaptado de SKOOG et al., 2002.

Page 31: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

13

Decorrente da alta reatividade do radical HO•, o qual apresenta uma

constante de velocidade na ordem de 106 a 109 L mol-1 s-1 (DOMÈNECH et al.,

2001) várias e diferentes reações químicas envolvendo cisão homolítica ou

heterolítica podem ocorrer.

Desta forma, podem ocorrer os seguintes tipos de reações químicas:

abstração de hidrogênio, adição eletrofílica em substratos orgânicos contendo

insaturações e ou anéis aromáticos, transferência de elétrons e reações

radicalares, conforme mencionadas a seguir (NOGUEIRA et al., 2007):

Abstração de hidrogênio

O radical HO• gerado possui a capacidade de causar a oxidação de

compostos orgânicos, através da abstração de átomos de hidrogênio, formando

radicais orgânicos no meio reacional.

RH + HO• → R• + H2O (1)

Consequentemente, ocorre adição de oxigênio molecular gerando radical

peróxido.

R• + O2 → RO2• (2)

Essas espécies de radicais intermediários formados dão início a reações

térmicas em cadeia ocasionando à degradação até carbono na forma

inorgânica, no caso CO2, água e sais inorgânicos. Esse tipo de reação

geralmente ocorre com substratos do tipo hidrocarbonetos alifáticos.

Adição eletrofílica

Adição eletrofílica de radical HO• a compostos orgânicos que possuem

ligações do tipo pi (π) resulta na formação de radicais orgânicos, onde o elétron

desemparelhado se encontra em algum dos carbonos. Esse tipo de reação

geralmente ocorre com hidrocarbonetos insaturados ou aromáticos. A rápida

descloração de clorofenóis também é interpretada pela adição eletrofílica

gerando íons cloreto.

Transferência eletrônica

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

14

Reações com transferência de elétrons ocorrem quando a adição eletrofílica

e abstração de hidrogênio não são favorecidas, como por exemplo, na

presença de hidrocarbonetos clorados.

RX + HO• → RX•+ + OH- (3)

Reações radicalares

As reações radicalares são indesejáveis do ponto de vista oxidativo dos

compostos orgânicos, pois consomem radicais HO•, prejudicando a eficiência

do processo de degradação.

2 HO• → H2O2 K4 = 5,3 x 109 M-1 s-1 (4)

HO• + H2O2 → HO2• + H2O K5 = 2,7 x 107 M-1 s-1 (5)

Entretanto, a predominância de uma ou outra reação dependerá de

inúmeros fatores, dentre eles a presença e concentração do substrato

orgânico.

Os AOPs são fundamentados em processos físico-químicos, os quais são

capazes de produzir mudanças na estrutura química dos contaminantes

orgânicos. Os conceitos acerca dos AOPs são definidos como sendo sistemas

em que se ocorre a geração do radcal HO• em quantidade suficiente para

ocasionar mudanças no tratamento de purificação da água (GLAZE et al.,

1987; DOMÉNECH et al., 2001). Os AOPs incluem uma série de tecnologias

eficientes para tratamento de água, tais como radiação UV, ozônio (O3),

peróxido de hidrogênio (H2O2) e oxigênio (O2), entre outros. Alguns dos AOPs

mais típicos são os processos Fenton, ozonização, fotocatálise heterogênea,

oxidação por via úmida, oxidação eletroquímica ou até mesmo a combinação

de alguns deles, como por exemplo, os processos Foto-Fenton e Elétron

Fenton (RIBEIRO et al., 2015).

Neste sentido, o radical HO• pode ser gerado através de técnicas não foto

química e foto química, incluindo a irradiação solar (luz solar), e até mesmo por

outras formas de energia como, por exemplo, ultrassom e feixe de elétrons

(BOKARE e CHOI, 2014; RIBEIRO et al., 2015). Uma grande quantidade dos

sistemas oxidativos usa oxidantes fortes como H2O2 e O3 na presença de

Page 33: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

15

metais de transição ou foto catalisadores para auxiliar na geração de radical

•OH (ANTONOPOULOU et al., 2014; BOKARE e CHOI, 2014; BAGHERI e

MOSESENI, 2015; BEHIN et al., 2015; GONG et al., 2015; MONTEAGUDO et

al., 2015; MUNOZ et al., 2015; OSEGUE et al., 2015; VELEGRAKI et al., 2015;

XIN et al., 2015; UMAR et al., 2016). O Esquema 1 lista algumas das

combinações de tecnologias mais usadas dentre os AOPs classificando-os em

homogêneos e heterogêneos, fotoquímicos e não fotoquímicos.

Esquema 1 – Sistemas típicos de processos oxidativos avançados

3.1.1 Sistema Fe0/H2O2/UV

O sistema Fe0/H2O2/UV trata de uma das diversas modificações propostas

ao do sistema Fe2+/H2O2 (Processo Fenton). Atualmente, inúmeras

modificações e combinações de diferentes tecnologias têm sido propostas no

intuito de tornar os processos oxidativos baseados na reação clássica de

Fenton mais atrativos economicamente, simples e efetivos. Tais modificações

podem ser apreciadas em diversos estudos, como por exemplo, no emprego de

lã de aço como fonte de ferro na degradação oxidativa do herbicida diurom

(CABRERA et al., 2010), uso de peças de moinho como fonte de ferro para

degradação de efluente de moinho de óleo de oliva através do processo

Fe0/H2O2 (KALLEL et al., 2009), reciclagem de resíduo de limalha de ferro

através de seu uso como fonte de ferro para degradação de uma mistura muti-

resíduo composta por seis agrotóxicos pelo processo Fe0/H2O2 (GUIMARÃES

Page 34: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

16

et al., 2014), emprego de areia de fundição como fonte de ferro para

degradação oxidativa do herbicida isoproturom (KAUR et al., 2015).

No ano de 1894, Fenton já havia estudado e observado a oxidação

catalítica do ácido tartárico na presença de sais ferrosos e peróxido de

hidrogênio. Quarenta anos depois da primeira observação da reação de

Fenton, foi proposto por Harber no ano de 1934, que o radical HO• seria a

espécie oxidante neste sistema, sendo assim capaz de oxidar inúmeros

compostos orgânicos em uma reação espontânea. Portanto, a reação de

Fenton é aquela cuja geração de radical hidroxila ocorre pela decomposição de

peróxido de hidrogênio (H2O2) catalisada pelo íon ferroso (Fe2+) em meio ácido,

a qual pode ser descrita pela equação 6 (WALLING, 1975):

Fe2+ + H2O2 → Fe3+ + •OH + OH- (6)

No entanto, para que a reação de degradação seja eficiente, uma

quantidade estequiométrica de íon ferroso (Fe2+), bem como de peróxido de

hidrogênio (H2O2), são necessárias. Isso geralmente acarreta em um problema,

pois inevitavelmente certas quantidades de sais férricos necessitam ser

dispostos, logo após o tratamento. No entanto, quando se usa ferro zero no

lugar de sais ferrosos podem ocorrer as seguintes reações:

Fe0 + 2H+ → Fe2+ + H2 (7)

Fe0 + O2 + 2H+ → Fe2+ + H2O2 (8)

Fe0 + H2O2 Fe2+ + •OH (9)

2 Fe3+ + Fe0 → 3Fe2+ (10)

Portanto, ao se utilizar ferro zero como fonte de ferro para a reação de

Fenton, sob condições ácidas e ausência de oxigênio, a superfície metálica do

ferro sofre corrosão produzindo íons ferrosos e gás hidrogênio, conforme é

descrito na equação 7 (NAMKUNG et al., 2008). Os íons ferrosos gerados na

equação 7, em presença de H2O2 reagem rapidamente através da reação

clássica de Fenton (equação 6) produzindo radical HO• e íons Fe3+ (NAMKUNG

et al., 2008). Por outro lado, o ferro zero também pode conduzir a oxidação de

compostos orgânicos na presença de oxigênio. Neste caso, o oxigênio

dissolvido é o principal aceptor de elétrons, levando a rápida oxidação do ferro

Page 35: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

17

zero, conforme é descrito na equação 8. Simultaneamente, pode ocorrer a

decomposição do peróxido de hidrogênio, a partir da oxidação do ferro zero,

produzindo radical HO• (equação 9), além disso, os íons Fe2+ gerados podem

decompor cataliticamente o peróxido de hidrogênio através da reação clássica

de Fenton (equação 6) (SCHERER et al., 2001; GOODDY et al., 2002;

SATAPANAJARU et al., 2003).

Uma das vantagens da reação de Fenton empregando ferro zero surge

mediante a reciclagem dos íons Fe3+ (equação 10). Os íons férricos podem ser

reduzidos pela superfície metálica do ferro zero gerando íons ferrosos.

Consequentemente, há formação de uma pequena quantidade de sais férricos

(NAMKUNG et al., 2008).

Nesse sentido, a combinação da radiação eletromagnética ultra-violeta (UV)

ao processo Fe0/H2O2 pode tornar o processo ainda mais relevante no que diz

respeito a sua aplicabilidade para degradação de compostos orgânicos.

A radiação ultravioleta, nesse caso, UV-C (200 – 280 nm) pode ser usada

na destruição de compostos orgânicos, porem quando sozinha, apresenta

maior sucesso na inativação de microorganismos e algas (BLESA, 2001). Por

outro lado, o uso da radiação UV combinado a uma série de oxidantes tais

como, H2O2, O3, reagente de Fenton e até mesmo na presença de

semicondutores como o TiO2, por exemplo, apresenta uma série de vantagens

como o aumento da eficiência dos processos fotoquímicos e fotocatalíticos

(BLESA, 2001, SON et al., 2009).

A adição da radiação UV ao processo Fe0/H2O2 induz o processo a uma

série de vias reacionais de produção de espécies de ferro (SON et al., 2009;

GRČIĆ et al., 2012; FARD et al., 2013).

Fe0 → Fe2+ + 2e- (11)

Fe0 + hv → Fe2+ + 2e- (<400 nm) (12)

Fe0 → Fe2+ + 2e- (13)

Fe0 + O2 + H2O → 2Fe2+ + 4OH- (14)

H2O2, H+

O2

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

18

Fe0 + O2 + 4H+ → 2Fe2+ + 2H2O (15)

Fe0 + O2 + 2H+ → Fe2+ + H2O2 (16)

A irradiação aplicada causa a clivagem dos complexos de ferro formados

durante o processo oxidativo, sendo formadas espécies iônicas de Fe2+ e

proporções adicionais de radical •OH, equações (17) – (18) (GRČIĆ et al.,

2012; RIBEIRO et al., 2015).

Fe(OH)2+ + hv → Fe2+ + •OH (17)

Fe3+ + H2O + hv → Fe2+ + H+ + •OH (18)

Desta forma, estes fatores contribuem para o aumento da eficiência de

degradação dos contaminantes orgânicos pelo processo Fe0/H2O2/UV quando

comparado ao processo Fe0/H2O2, pois são formadas espécies adicionais de

Fe2+ e radicais •OH.

Embora os AOPs fundamentados na Fenton-Química sejam extremamente

difundidos no meio acadêmico, existem poucos trabalhos que relatam de forma

detalhada a aplicabilidade do processo Fe0/H2O2/UV. Mediante revisão feita

nas plataformas de pesquisa: Science Direct, Scopus e Google acadêmico,

utilizando as seguintes palavras chaves: zero-valent iron and UV e

Fe0/H2O2/UV, tornou-se evidente a necessidade de uma maior avaliação da

potencialidade do processo Fe0/H2O2/UV.

Atualmente, nessas bases de dados, são relatadas a degradação de

corantes (DENG et al., 2000; DEVI et al., 2009; DEVI et al., 2011; GRČIĆ et al.,

2012), 1,4-dioxano (SON et al., 2009), agrotóxicos fosforados (DOONG e

CHANG, 1998) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (FARD et al., 2013).

3.2 Seleção dos compostos de interesse a serem degradados

3.2.1 Agrotóxicos

No Brasil, de acordo com o Decreto nº. 4.074, de 4 de janeiro de 2002, que

regulamenta a Lei nº. 7802/1989, os agrotóxicos são produtos e agentes de

processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de

produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas

Page 37: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

19

pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros

ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade

seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação

danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias de

produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e

inibidores de crescimento (BRASIL, 2002).

O Brasil destaca-se como um dos maiores consumidores de agrotóxicos do

mundo, correspondendo a 16% do mercado mundial. Estima-se que, no ano de

2009, foram vendidas mais de 780 mil toneladas de agrotóxicos no Brasil

(ANVISA, 2010). No entanto, o seu uso indiscriminado pode apresentar riscos

ao meio ambiente e também à saúde, pois esses produtos podem ser

introduzidos na cadeia alimentar através de alimentos contaminados, bem

como através do consumo de águas contaminadas, afetando a saúde humana.

Inevitavelmente, a produção agrícola sempre estará associada ao uso de

agrotóxicos, principalmente em escala comercial. Visando assim diminuir

perdas na colheita, as quais geralmente são geradas por pragas, tais como,

insetos, carrapatos, aracnídeos, roedores, fungos, bactérias, ervas daninhas ou

qualquer outra forma de vida animal ou vegetal danosa à saúde e ao bem-estar

do homem, à lavoura, à pecuária e seus produtos e a outras matérias-primas

alimentares (COUTINHO et al., 2005; SILVA et al., 2004).

Os agrotóxicos são classificados de acordo com seu grau de toxicidade,

além disso, os agrotóxicos também podem ser classificados quanto à estrutura

química (SILVA et al., 2004). As classes toxicológicas dos agrotóxicos são:

classe I – extremamente tóxico;

classe II – altamente tóxico;

classe III – mediamente tóxico;

classe IV – pouco ou muito pouco tóxico.

A presença de grupos químicos diferentes torna os agrotóxicos produtos

extremamente diferentes quanto ao modo de ação, metabolização e

eliminação, além de que alguns produtos tendem a ser mais impactantes ao

Page 38: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

20

meio ambiente, bem como aos organismos e seres humanos. De acordo com

os grupos químicos presentes, os agrotóxicos, podem ser classificados da

seguinte maneira: organoclorados, organofosforados, carbamatos, piretróides,

organonitrogenados, triazinas, benziamidazóis, entre outros.

Entretanto, a classificação mais utilizada é quanto ao seu emprego, sendo,

portanto classificados como: herbicidas, inseticidas, fungicidas, acaricidas,

moluscicidas, raticidas, nematicidas entre outros (SILVA et al., 2004).

De certo modo, a atividade agrícola sempre esteve e estará associada ao

consumo de agrotóxicos, tendo por finalidade aumentar a produção dos

cultivos agrícolas. A aplicação e utilização de agrotóxicos tem sido uma pratica

rotineira na atividade agrícola nas últimas décadas. Os principais insumos

usados comercialmente são compostos orgânicos sintéticos que possuem alta

atividade biológica, entre estes, destacam-se os herbicidas, fungicidas e

inseticidas, os quais de maneira generalizada são tóxicos, podendo ser

causadores de mutações e até mesmo carcinogênicos (CABRERA et al.,

2008).

O aumento no consumo, bem como na produção desses compostos

orgânicos nos últimos anos tem originado uma crescente preocupação quanto

ao efeito que os agrotóxicos podem causar ao meio ambiente, bem como aos

seres vivos. Devido a suas características físicas e químicas, os agrotóxicos

caracterizam-se como contaminantes persistentes no meio ambiente, resistindo

à degradação biológica, química e fotoquímica (RODRÍGUEZ et al., 2001).

Os agrotóxicos são desenvolvidos para afetar determinadas reações

bioquímicas de plantas, microrganismos, insetos e animais, os quais se

desejam controlar ou eliminar. Entretanto, determinados processos bioquímicos

são comuns a diversas espécies incluindo o homem, portanto, os agrotóxicos

não são seletivos, pois além de agir sobre determinado organismo, o qual se

pretende controlar, eles também podem afetar o homem (OLLER et al., 2010).

Através da dissipação dos agrotóxicos para o meio ambiente, contaminando

os mananciais aquáticos, bem como solo, sedimento e ar, pode ocorrer

biomagnificação ao longo da cadeia trófica, chegando até a espécie humana,

Page 39: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

21

através de alimentos como leite, peixes, crustáceos, vegetais entre outros

(DUFFUS, 2009; CASARETT e DOULL’S, 2008). Desta forma, os agrotóxicos

podem interagir no organismo de diversas formas, e isso irá depender de suas

propriedades físico-químicas. Sendo assim esses contaminantes podem ser

metabolizados pelo organismo humano e, posteriormente, serem eliminados ou

acumulados em determinados órgãos, ou ainda podem se acumular no

organismo sob a forma que foram ingeridos. Os agrotóxicos tendem a

acumular-se mais frequentemente nos tecidos lipídicos, fígado, rins, cérebro e

coração (DUFFUS, 2009; CASARETT e DOULL’S, 2008).

Inúmeros estudos realizados atualmente têm apontado à contaminação dos

recursos hídricos por alguma dessas substâncias na região Sul do Estado do

Rio Grande do Sul. CALDAS e colaboradores relataram a detecção em

concentrações de ng L-1 de cinco agrotóxicos (atrazina, carbofurano,

clomazona, epoxiconazol e tebuconazol) em água superficial e potável (2013),

além disso, também foram detectados os agrotóxicos carbofurano, clomazona

e tebuconazol em água subterrânea, todos em nível de concentração de μg L-1

(CALDAS et al., 2010). DEMOLINER e colaboradores (2010) apontaram a

detecção dos seguintes agrotóxicos: irgarol, diurom, imazetapir, imazapic,

fipronil, clomazona, tebuconazol, atrazina e simazina em níveis de μg L-1 em

águas superficial e potável.

Esses fatos justificam e fundamentam a escolha dos agrotóxicos a serem

estudados. Dentre os agrotóxicos detectados nestes estudos, optou-se por

avaliar a degradação dos compostos tebuconazol e epoxiconazol. Convêm

mencionar que, além destes compostos, também foram selecionados os

agrotóxicos bentazona e piraclostrobina, uma vez que ambos, já foram

estudados em trabalho prévio. Tal estudo revelou a completa degradação do

agrotóxico piraclostrobina e parcial degradação do agrotóxico bentazona

(GUIMARÃES, 2012; GUIMARÃES et al., 2014; GUIMARÃES et al., 2016).

Esses resultados ressaltam a escolha de ambos os compostos para um estudo

aprofundado do processo Fe0/H2O2/UV, pois um dos agrotóxicos apresenta

uma baixa estabilidade, enquanto outro demonstra uma estabilidade

significativa à degradação.

Page 40: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

22

A Figura 1 ilustra as estruturas químicas de cada um dos agrotóxicos

selecionados para o estudo, enquanto a Tabela 2 demonstra algumas das

propriedades físico-químicas mais importantes dos agrotóxicos selecionados.

As características dos agrotóxicos foram obtidas no The e-Pesticide Manual

(TOMLIN, 2003) e no Estudo de Estimativa de Risco de Contaminação das

Águas por Pesticidas na Região Sul do Estado do Rio Grande do Sul

(CABRERA et al., 2008).

F

O

Cl

CH2

N

NN

N

SO2N

H

CH3

CH3O

Cl

OH

N

NN

Cl N

N O

NCO2CH3CH3O

Figura 1 – esturtura química dos agrotóxicos selecionados.

Epoxiconazol

Bentazona Piraclostrobina

Tebuconazol

Page 41: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

23

Tabela 2: Propriedades físico-químicas dos agrotóxicos selecionados para o estudo

Onde: M = massa molar; Koc = coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo; Kow = coeficiente partição octanol-água; PV =

pressão de vapor; pKa= produto da constante ácida; KH = constante de Henry; t 1/2 solo = tempo de meia vida no solo; t 1/2 água =

tempo de meia vida na água; d = dias;

Fonte: Adaptado de TOMLIN, 2003; CABRERA et al., 2008.

Compostos

M

(g mol -1)

Solubilidade

em H2O (mg L-1)

Koc

(cm3 g-1)

log Kow

PV (mPa)

(20 ºC)

pKa

KH

(Pa m3 mol-1)

t 1/2

H2O (d)

Bentazona 240,3 570,0 (20 ºC) 34 0,77 0,2 3,2 - 3,3 7,4.10-5 -

Epoxiconazol 329,76 7,05 - - 0,02 - - -

Tebuconazol 307,8 36,0 (pH 5-9) - 3,7 2.10-3 - 1,0.10-5 7-28 (pH 4-9)

Piraclostrobina 387,8 1,9 (20 °C) - 3,99 2.6.10-5 - 5.3.10

-6 30 (pH 5-7)

Page 42: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

24

3.2.2 Contaminantes emergentes

Dentre os contaminantes emergentes destacam-se os produtos

farmacêuticos e de higiene pessoal. Portanto, verifica-se que este grupo de

compostos é constituído essencialmente por substâncias químicas as quais

são utilizadas diariamente, sendo que a sua ampla maioria, ainda não possui

estudos ecotoxicológicos que permitam prever os seus efeitos sobre a

qualidade de vida humana e animal (PETROVIC et al., 2004).

São contaminantes não regulamentados, que podem tornar candidatos para

futuras regulamentações, dependendo dos resultados obtidos através de

estudos de toxicidade sobre o meio ambiente, bem como, quanto aos efeitos

adversos causados aos seres humanos e animais (GAFFNEY et al., 2014).

Tendo em vista que a toxicidade dos contaminantes emergentes não é bem

conhecida, somada a sua elevada utilização, pode-se prever que a presença

dessas substancias no meio ambiente pode representar um sério risco não só

para os humanos, mas também para o ecossistema de uma forma geral.

A contaminação por esses compostos, bem como sua presença nos

compartimentos ambientais pode ser evidenciada atualmente. CALDAS e

colaboradores (2013) relataram a detecção em concentrações de ng L-1 de dois

produtos de higiene pessoal (metil-parabeno e propil-parabeno) e dois

fármacos (mebendazol e nimesulida) em água superficial e potável.

A presença dos resíduos desses compostos no meio ambiente pode

apresentar efeitos adversos em organismos aquáticos e terrestres. Esses

efeitos podem ocorrer em qualquer nível da hierarquia biológica, ou seja,

célula, órgão, organismo, população e ecossistema, além disso, o efeito

adverso pode ser observado em concentrações na ordem de ng L-1, para certos

tipos de compostos orgânicos (BILA e DEZOTTI, 2007; GAFFNEY et al., 2014).

Diante deste cenário, os compostos metil-parabeno, propil-parabeno e

nimesulida foram selecionados para o estudo de degradação pelo processo

Fe0/H2O2/UV. As estruturas químicas, bem como algumas das propriedades

físico-químicas dos contaminantes emergentes selecionados para o estudo

podem ser apreciadas na Figura 2.

Page 43: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

25

O

N+

O-O

NH

S

OO

HO

O

O

HO

O

O

Figura 2 – estrutura química dos contaminantes emregentes selecionados.

3.2.3 Resíduo de fase móvel de HPLC

Nos dias atuais, o controle da poluição têm sido um dos maiores desafios

ambientais para o homem. De certa forma toda a atividade humana contribui

para a deterioração dos recursos naturais, bem como também do ambiente

natural. Nesse sentido, o reconhecimento de que toda e qualquer atividade

humana conduz a contaminação e poluição ambiental já é por si só um avanço

para que se busquem alternativas em relação à remediação do ambiente

natural (GERBASE et al., 2006).

Durante as três últimas décadas cresceu a nível global a conscientização

por parte das indústrias químicas, das instituições acadêmicas e dos órgãos

governamentais a respeito da necessidade de adoção de um tratamento efetivo

Nimesulida

Solubilidade em H2O: 26,9 mg L-1

pKa: 6,5

Pressão de vapor: 7,14 x 10-9 mmHg

Peso molecular: 308,31 g mol-1

Metilparabeno

Solubilidade em H2O: pouco solúvel

Peso molecular: 152,15 g mol-1

Propilparabeno

Solubilidade em H2O: pouco solúvel

Peso molecular: 180,2 g mol-1

Page 44: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

26

ou de uma adequada disposição final de qualquer tipo de resíduo (AMARAL et

al., 2001).

Nesse contexto, as universidades, como instituições responsáveis pela

formação de seus discentes e, consequentemente, pelo seu comportamento

como cidadãos, devem também estar conscientes e preocupadas com esta

problemática. As atividades de laboratório realizadas sejam elas aulas

experimentais ou atividades de pesquisa, sempre irão conduzir a geração de

resíduos, os quais podem oferecer riscos ao meio ambiente e ao homem

(AMARAL et al., 2001).

Os institutos e departamentos de Química das Universidades, além de

todas as unidades que utilizam produtos químicos em suas atividades

rotineiras, têm sido confrontados, ao longo de muitos anos, com o problema

relacionado ao tratamento e à disposição final dos resíduos gerados em

laboratórios de ensino e pesquisa. Esses resíduos diferenciam-se daqueles

gerados em unidades industriais por apresentarem baixo volume, mas grande

diversidade de composições, o que dificulta a tarefa de estabelecer um

tratamento químico e/ou uma disposição final padrão para todos. De maneira

geral, esse problema atinge graves proporções e tem sido relegado a um plano

secundário. Na maioria dos casos os resíduos são estocados de forma

inadequada e ficam aguardando um destino final, isso quando são estocados.

Infelizmente, até o final da década de 90 havia a cultura de descartá-los na pia

do laboratório, já que a maioria das instituições públicas brasileiras de ensino e

pesquisa não possuíam uma política institucional clara que permitisse um

tratamento global do problema (GERBASE et al., 2005).

A partir da década de 70 observou-se um avanço considerável da

cromatografia líquida moderna, a qual até então era subdesenvolvida.

Atualmente essa técnica cromatográfica é uma das mais empregadas para

determinação e detecção de contaminantes orgânicos presentes nas mais

diversas matrizes. Ocorre que a utilização de tal técnica de análise propicia a

geração de uma elevada quantidade de resíduos de fase móvel. Geralmente

esses resíduos são compostos por solventes orgânicos, tais como metanol e

Page 45: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

27

acetonitrila em meio aquoso, obviamente quando é empregada a cromatografia

de fase reversa.

Dentro de uma breve estimativa, o Laboratório de Análises de Compostos

Orgânicos e Metais, o LACOM, laboratório onde foi realizado este trabalho gera

anualmente aproximadamente 300 L de resíduos de fase móvel de

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, (do inglês High Performance Liquid

Chromatography HPLC), o qual é composto por metanol, acetonitrila,

modificadores químicos e traços de contaminantes orgânicos em meio aquoso.

A acetonitrila, também chamada de cianeto de metila, é um composto

orgânico translúcido, inflamável, com temperatura de fusão e ebulição de -45°C

e 81,6°C, respectivamente. A acetonitrila apresenta um perfil tóxico por

diversas vias de absorção e é um agente teratogênico. Efeitos sistêmicos em

humanos, os quais são causados pela ingestão incluem: náusea ou vômito e

acidose metabólica, além de convulsões (LEWIS, 1976). Os vapores de

acetonitrila são absorvidos pelo trato respiratório sendo geralmente

metabolizados no fígado. O metabolismo resulta na formação de cianeto e

tiocianato, com a possível formação de ácido fórmico e formaldeído

(GREENBERG, 1999).

O metanol, também chamado de álcool metílico, é um composto orgânico

translúcido, inflamável, o qual apresenta temperatura de fusão e ebulição de -

97,6°C e 64,7°C, respectivamente. O metanol é um composto orgânico

extremamente tóxico aos seres humanos e primatas. Quando ingerido pode

provocar cegueira e até mesmo a morte, devido à acidose metabólica. O

metanol é geralmente metabolizado no fígado, o metabolismo resulta na

formação de formaldeído e ácido fórmico (TEPHLY, 1991).

Esses fatores ilustram a necessidade da utilização de uma tecnologia

alternativa para destruição desses compostos orgânicos, pois as tecnologias

clássicas tendem a falhar na eliminação desses compostos. Além disso, é

preciso frisar que a Universidade Federal do Rio Grande não conta ainda com

sistema próprio de tratamento de seus resíduos, ou seja, a instituição faz o

armazenamento dos seus resíduos para posterior tratamento por uma empresa

terceirizada.

Page 46: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

28

CAPÍTULO 4 MATERIAIS E MÉTODOS

__________________________________________________________

Page 47: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

29

4. MATERIAIS E MÉTODOS

O desenvolvimento experimental consistiu na elaboração e confecção de

um reator fotoquímico para ser empregado no desenvolvimento e otimização

de um processo oxidativo inovador empregando ferro zero e radiação UV-C em

meio aquoso (Fe0/UV) para geração de radical hidroxila (HO•) (Figura 3)

visando à degradação dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina. Além disso,

pelo presente estudo foi possível avaliar a aplicabilidade do reator e do

processo desenvolvido e otimizado na degradação de uma miscelânea de

compostos orgânicos (nimesulida, tebuconazol, epoxiconazol, metilparabeno e

propilparabeno) e de resíduos de fase móvel de HPLC. O Esquema 2

(fluxograma) ilustra de forma simplificada os passos realizados em cada etapa

do presente trabalho.

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Compostos

Orgânicos e Metais (LACOM), na Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Page 48: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

30

Esquema 2 - fluxograma de detalhamento da sequencia de trabalho

Page 49: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

31

4.1 Instrumentação

Balança Analítica de precisão modelo FA 2104N, Bioprecisa (São

Paulo, SP, Brasil);

Bomba à vácuo Tecnal TE-058 (Piracicaba, SP, Brasil);

Centrífuga Centribio 80-2B (Curitiba, PR, Brasil);

Micropipetadores automáticos com capacidade variável, Digipet (100 –

1000 µL) (Labmate, Polônia);

pHmetro Hanna – eletrodo de vidro combinado (São Paulo, SP, Brasil);

Turbidimetro Hach 2100 P, Hach Company (Bedford, MA, USA);

Sistema de Purificação de água Milli-Q Direct-Q UV3® Millipore

(Bedford, MA, USA);

Ultrasom Quimis modelo Q335D (Diadema, SP, Brasil);

Cromatógrafo a Líquido Alliance Separations modelo 2695 Waters

(Milford, MA, USA) equipado com amostrador automático, bomba

quaternária, sistema de desgaseificação, Detector MS, Micromass®

Quatro Micro™ API Waters com fonte API, utilizando o modo de

ionização por Electrospray, Sistema de aquisição de dados através do

software Masslynx 4.0 Waters e coluna analítica XTerra® MS C18 3,5

µm 144 Å (50 × 3 mm d.i.), Waters (Milford, MA, USA);

Cromatógrafo a Líquido Metrohm modelo IC compacto Pro 881

(Herisau, Suíça) equipado com amostrador automático, bomba

quaternária, sistema de desgaseificação, forno de coluna, sistema de

supressão química, Detector de condutividade digital, iDetector,

Sistema de aquisição de dados através do software MagIC NetTM,

coluna analítica para cátions Metrosep C 4 (150,0 x 4,0 mm d.i.)

(Herisau, Suíça) e coluna analítica para ânions Metrosep A Supp 5

(150,0 x 4,0 mm d.i.) (Herisau, Suíça);

Page 50: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

32

Analisador de carbono orgânico total (TOC) modelo TOC-V CPH

Shimadzu ( Japan);

Espectrofotômetro de feixe duplo com caminho óptico de 1 cm UV-VIS

modelo UV 2550 Shimadzu (Japan), Sistema de aquisição de dados

através do software UV-Probe;

Espectrômetro de massa com plasma indutivamente acoplado

PerkinElmer Sciex modelo Elan DRC II (Thornhill, Canadá) equipado

com nebulizador concêntrico (Meinhard Associates, Golden, USA),

câmara de nebulização ciclônica, Glass Expansion, Inc. (West

Melbourne, Australia);

Espectrômetro de absorção atômica com atomização por chama,

Analytik Jena AG (Alemanha) equipado com lâmpada de cátodo oco

para ferro;

Vórtex modelo Certomat® MV-B. Braun. (Bioteck Internacional,

Alemmar - Comercial e Industrial S.A.);

Chapa de aquecimento com agitação magnética;

Lâmpadas germicida HSN L 18 W 2G11 PURITEC HSN (OSRAM

GmbH);

Agitador mecânico eletrônico mini modelo Q235, Quimis (São Paulo,

SP, Brasil).

4.2 Reagentes, solventes e materiais

Ácido Clorídrico p.a. Tedia (NJ, USA)

Ácido fosfórico p.a. Merck (RJ, Brasil);

Ácido fórmico p.a. Merck (RJ, Brasil);

Ácido sulfúrico p.a. Merck (RJ, Brasil);

Água destilada;

Page 51: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

33

Água Ultrapura purificada em sistema Direct-Q UV3® Millipore

(resistividade de 18,2 MΩ cm);

Bentazone solução comercial “BASAGRAN” 600 g L-1 (Basf,

Limburgerhof, Alamanha);

Epoxiconazol solução comercial “OPERA” 50 g L-1 (Basf,

Limburgerhof, Alamanha);

Piraclostrobina solução comercial “OPERA” 133 g L-1 (Basf,

Limburgerhof, Alamanha);

Tebuconazol solução comercial “TEBUCO” 200 g L-1 (Nortox,

Apucarana, Brasil);

Bicarbonato de sódio p.a. e carbonato de sódio p.a. (Merck, RJ,

Brasil);

Extran® neutro (Merck, RJ, Brasil);

Filtro PTFE 0,45 µm, Millipore, Millex®;

Gás argônio analítico 5,0 usado como gás de colisão no sistema

LC-ESI-MS/MS (White Martins, Brasil);

Hidróxido de sódio p.a. (Vetec, SP, Brasil);

Membrana filtrante de acetato de celulose 0,45 µm de diâmetro de

poro e 47 mm de diâmetro (Sartorius Biolab Products, Ghottingen, Alemanha);

Membrana filtrante de nylon 0,45 µm de diâmetro de poro e 47

mm de diâmetro (Millipore, SP, Brasil);

Metanol, acetona e acetonitrila, grau HPLC (J.T Baker,

Mallinckrodt, NJ, USA);

Padrões analíticos: bentazona 99,6%, piraclostrobina 99,5%,

epoxiconazol 99,5%, tebuconazol 99,6%, nimesulida 99,6%, propilparabeno

99,6% e metilparabeno 99,5% (Sigma Aldrich, SP, Brasil);

Page 52: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

34

Padrões analíticos: cloreto 1000 ppm, fluoreto 1000 ppm, fosfato

1000 ppm, nitrato 1000 ppm e sulfato 1000 ppm (Merck, RJ, Brasil);

Peróxido de hidrogênio 29% (v/v) (Synth, Brasil);

4.3 Preparo das soluções analíticas (solução padrão)

As soluções analíticas estoque, contendo 1000 mg L-1 de cada composto

orgânico (bentazona, piraclostrobina, tebuconazol, epoxiconazol, nimesulida,

propilparabeno e metilparabeno), foram preparadas em metanol grau HPLC

partindo da dissolução do padrão sólido, armazenado em frasco âmbar e

estocado a -18 ºC. A partir das soluções estoques de 1000 mg L-1 foram

preparadas soluções estoque de concentrações de 100 mg L-1, em metanol, de

cada princípio ativo. Foram preparadas também duas soluções trabalho de 10

mg L-1, uma da mistura de dois agrotóxicos (bentazona e piraclostrobina) e

outra da mistura de cinco compostos orgânicos (miscelânea). Estas soluções

foram utilizadas para preparar as diluições as quais foram usadas para a

otimização da separação cromatográfica e para a obtenção da curva analítica.

A solução padrão de trabalho foi preparada mensalmente, e as diluições

utilizadas foram preparadas diariamente.

Soluções analíticas estoque, contendo 10 mg L-1 dos respectivos íons

(cloreto, fluoreto, fosfato, nitrato e sulfato) separadamente foram preparadas

em água ultra-pura partindo da diluição do padrão liquido, armazenado em tubo

PTFE tipo falcon e estocado em temperatura ambiente. A partir das soluções

estoques de 10 mg L-1 foram preparadas soluções estoque de concentrações

de 5 e 2 mg L-1, em água ultra-pura, de cada íon. Foi preparada também uma

solução trabalho de 10 mg L-1, da mistura dos íons. Esta solução foi utilizada

para preparar as diluições as quais foram usadas para a otimização da

separação cromatográfica e para a obtenção da curva analítica. A solução

padrão de trabalho foi preparada mensalmente, e as diluições utilizadas foram

preparadas diariamente.

Page 53: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

35

4.4 Preparo das soluções estoque dos agrotóxicos comerciais para

degradação

As soluções comerciais estoques, contendo 1000 mg L-1 de cada agrotóxico

(bentazona, piraclostrobina, epoxiconazol e tebuconazol) foram preparadas em

água ultra-pura partindo da diluição do produto comercial líquido, armazenado

em frasco âmbar e estocado a 4 °C. Estas soluções foram utilizadas para

preparar os resíduos sintéticos, a partir de sua diluição, os quais foram

utilizados nos experimentos de degradação. Todas as soluções dos sistemas

modelos para degradação foram preparadas diariamente.

4.5 Preparo das soluções estoque de metilparabeno, propilparabeno e

nimesulida para degradação

As soluções estoques, contendo 1000 mg L-1 de cada composto

(metilparabeno, propilparabeno e nimesulida) foram preparadas em água ultra-

pura partindo da dissolução do produto ou fármaco de uso magistral em pó,

armazenado em frasco âmbar e estocado a 4°C. Estas soluções foram

utilizadas para preparar os resíduos sintéticos, a partir de sua diluição, os quais

foram utilizados nos experimentos de degradação. Todas as soluções dos

sistemas modelos para degradação foram preparadas diariamente.

4.6 Análise Estatística

Todas as análises estatísticas foram realizadas empregando o software

STATISTICA 7 (StatSoft, Inc. 2004).

Page 54: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

36

Figura 3 – Esquema do reator desenvolvido e do processo Fe0/H2O/UV otimizado para a degradação dos agrotóxicos bentazona e

piraclostrobina e posteriormente aplicado para degradação da miscelânea de compostos orgânicos e resíduos de fase móvel.

Page 55: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

37

4.7 Determinação de Ferro total dissolvido

A determinação de ferro total dissolvido foi realizada empregando um

espectrofotômetro UV-VIS (modelo UV 2550, Shimadzu, Japan) conectado ao

software UV-Probe para aquisição de dados, de acordo com a normalização

NBR 13934, emitida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O principio da determinação baseia-se na reação da orto-fenantrolina com

Fe2+ formando íons complexos de cor alaranjada em valores de pH inferiores a

5, sendo Fe3+ da amostra reduzido pela adição de ácido ascórbico.

4.7.1 Preparo da solução estoque

Uma solução estoque de concentração de 100 mg L-1 de ferro foi preparada

a partir da dissolução de 0,7022g de Fe(NH4)2(SO4)2 . 6 H2O em 50,0 mL de

água ultra pura e 20,0 mL de ácido sulfúrico concentrado. Logo após, foi

adicionado permanganato de potássio 0,1 mol L-1 até a persistência da cor

rosa, e diluída em balão volumétrico de 1000 mL com água ultra pura. Como o

permanganato de potássio é um poderoso oxidante, suas soluções são de

grande valor para as determinações espectrofotométricas de ferro. Em

soluções ácidas, a redução pode ser representada pela seguinte equação

(SKOOG et al., 2002):

MnO4- + 8H+ + 5e- Mn2+ + 4H2O (19)

O meio ácido deve ser formado com ácido sulfúrico, pois não reage com

permanganato de potássio em solução diluída.

4.7.2 Preparo da solução trabalho

A solução trabalho foi preparada diariamente a partir da diluição de 50,0 mL

da solução estoque em balão volumétrico de 500 mL com água ultra pura. O

preparo da curva padrão (0,1 a 1,0 mg L-1) foi realizado mediante a diluição da

solução trabalho de concentração de 10 mg L-1.

4.7.3 Preparo da amostra para determinação do ferro total dissolvido

Em 50,0 mL de amostra foram adicionados 2,0 mL de HCl 1 mol L-1, 2,0 mL

de acetato de sódio. Logo após a amostra foi agitada em Vortex durante 1 min

Page 56: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

38

e, em seguida, foi adicionado 1,0 mL de ácido ascórbico 1% (p/v). Novamente,

a amostra foi agita durante 1 min em Vortex e mantida em repouso por 5 min.

Após, foram adicionados 2,0 mL de solução de orto-fenantrolina 1 mol L-1.

Esperou-se 30 min para iniciar a leitura da amostra em comprimento de onda

de 510 nm.

4.8 Determinação de Carbono Orgânico Total (COT)

A determinação de Carbono Orgânico Total (COT) foi realizada

empregando um equipamento Shimadzu TOC-V equipado com amostrador

automático ASI-5000 como na forma de non-purgeable organic carbon (NPOC).

Essa determinação é fundamentada na oxidação por combustão catalítica a

dióxido de carbono com Pt utilizado como catalisador. A detecção foi feita por

espectroscopia no Infravermelho não dispersivo (NDIR, do inglês non-

Dispersive Infrared). A fim de evitar possíveis interferências na determinação

de carbono orgânico total, as amostras foram acidificadas com HCl e purgadas,

evitando, assim, a interferência de carbono inorgânico e carbono orgânico

volátil. Os resultados foram expressos em mg L-1 de C (CABRERA et al., 2010,

GUIMARÃES, 2014).

4.9 Condições do sistema cromatográfico LC-ESI-MS/MS para

determinação dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina

A cromatografia liquida acoplada à espectrometria de massas tandem (LC-

ESI-MS/MS, do inglês liquid chromatography coupled to electrospray ionization

tandem mass spectrometry) foi empregada para confirmar a degradação dos

agrotóxicos, bem como para elucidar os prováveis produtos de degradação dos

agrotóxicos bentazona e piraclostrobina.

As condições cromatográficas empregadas para o sistema LC-ESI-MS/MS

foram utilizadas de acordo com método descrito na literatura (DEMOLINER et

al., 2010).

4.9.1 Separação Cromatográfica

As análises foram realizadas em um Cromatógrafo a Líquido Alliance

Separations modelo 2695 Waters (Milford, MA, USA). A fase móvel foi

Page 57: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

39

composta por água ultra pura acidificada com 0,01 % de ácido fórmico,

acetonitrila + 0,01 % de ácido fórmico e metanol grau HPLC na seguinte

proporção: 46:24:30 (v,v,v), respectivamente, com modo de eluição isocrático e

vazão 0,5 mL min-1 resultando no tempo total de análise de 10 min. A

temperatura da coluna utilizada foi de 20 °C, e o volume de injeção de 20 µL.

4.9.2 Detecção por espectrometria de massas

Foi utilizado um Detector MS, Micromass® Quatro Micro™ API (triplo

quadrupolo) Waters com fonte API, utilizando o modo de ionização por

Electrospray (ESI) (Milford, MA, USA). Foi utilizado nitrogênio como gás de

nebulização e dessolvatação, o qual foi gerado a partir do ar pressurizado em

um gerador de nitrogênio NG-7 (Aquilo, Etten-Leur, NL). A vazão do gás

nebulizador foi 50 L h-1 e a vazão do gás de dessolvatação foi 350 L h-1.

Para a detecção pelo modo MS-MS, foi empregado argônio como gás de

colisão (White Martins, Rio Grande do Sul, Brasil), com a pressão de 3,5 mbar

na cela de colisão. As condições ótimas para a voltagem do capilar, voltagem,

temperatura, temperatura de dessolvatação e variação da m/z foram

respectivamente: 4kV, 100 °C, 350 °C, 600 V e 50-500 m/z.

A Tabela 3 mostra detalhadamente as condições empregadas para a

detecção dos agrotóxicos por LC-ESI-MS/MS.

Tabela 3: Condições empregadas para a detecção dos agrotóxicos por LC-

ESI-MS/MS

Composto m/z Fragmento

(m/z) MRM

Voltagem

cone (V)

Energia do

cone (eV)

Bentazona

239 132 ESI- 35 25

239 197 ESI- 35 20

Piraclostrobina

388 163 ESI+ 20 19

388 194 ESI+ 20 19

Page 58: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

40

4.9.3 Elucidação dos prováveis produtos de degradação

Para realizar a elucidação dos produtos de degradação dos agrotóxicos

bentazona e piraclostrobina por LC-MS/MS, foi primeiramente feita a infusão

(injeção direta dos padrões no espectrômetro de massas, sem passar pela

separação cromatográfica) dos padrões analíticos e das soluções comerciais

dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina.

Após obter os espectros de massas correspondentes aos padrões analíticos

e as soluções comerciais, realizou-se a infusão das amostras de bentazona e

piraclostrobina após degradação pelo processo Fe0/H2O/UV. Nesta etapa, foi

realizada a degradação dos agrotóxicos separademante. Foram coletadas

alíquotas de amostras de 0 - 160 min em intervalos de 20 min.

Desta forma, através da comparação entre os espectros de massas dos

padrões analíticos, das soluções comerciais e dos agrotóxicos após

degradação obtiveram-se os principais produtos de degradação formados.

4.10 Condições do sistema cromatográfico LC-ESI-MS/MS para

determinação dos compostos pertencentes à miscelânea

As condições cromatográficas empregadas para o sistema LC-ESI-MS/MS

foram utilizadas de acordo com método descrito na literatura (CALDAS et al.,

2013).

4.10.1 Separação Cromatográfica

As análises foram realizadas em um Cromatógrafo a Líquido Alliance

Separations modelo 2695 Waters (Milford, MA, USA), com coluna analítica

Kinetex C18 2,6 µm (50 × 3 mm d.i.) (Phenomenex, CA, USA). A fase móvel foi

composta por água ultra-pura acidificada com 0,01 % de ácido acético e

metanol grau HPLC no modo de eluição isocrático. A composição foi de 20 %

de metanol e 80 % de água ultra-pura acidificada, com vazão de 0,5 mL min-1

resultando no tempo total de análise de 20 min. A temperatura da coluna

utilizada foi de 20 °C, e o volume de injeção de 20 µL.

Page 59: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

41

4.10.2 Detecção pelo espectrômetro de massas tandem

Foi utilizado um Detector MS, Micromass® Quatro Micro™ API (triplo

quadrupolo) Waters com fonte API, utilizando o modo de ionização por

Electrospray (ESI) (Milford, MA, USA). Foi utilizado nitrogênio como gás de

nebulização e dessolvatação, o qual foi gerado a partir do ar pressurizado em

um gerador de nitrogênio NG-7 (Aquilo, Etten-Leur, NL). A vazão do gás

nebulizador foi 50 L h-1 e a vazão do gás de dessolvatação foi 350 L h-1.

Para a detecção pelo modo MS-MS, foi empregado argônio como gás de

colisão (White Martins, Rio Grande do Sul, Brasil), com a pressão de 3,5 mbar

na cela de colisão. As condições ótimas para a voltagem do capilar, voltagem,

temperatura, temperatura de dessolvatação e variação da m/z foram

respectivamente: 4,5 kV, 100 °C, 450 °C, 650 V e 50-500 m/z.

A tabela 4 mostra detalhadamente as condições empregadas para a

detecção dos compostos por LC-ESI-MS/MS.

Tabela 4: Condições empregadas para a detecção dos compostos por LC-ESI-

MS/MS

Composto m/z Fragmento

(m/z) MRM

Voltagem cone (V)

Energia do cone

(eV)

tr (min)

Epoxiconazol 330 123 ESI+ 30 27

16,1 330 121 ESI+ 30 27

Metilparabeno 151 135,9 ESI+ 35 15

8,0 151 91,6 ESI+ 35 20

Nimesulida 307 229 ESI- 33 20

13,3 307 198 ESI- 30 25

Propilparabeno 179,1 137,1 ESI- 30 15

12,7 179,1 91,8 ESI- 30 20

Tebuconazol 308 70 ESI+ 40 20

16.9 308 125 ESI+ 28 22

Page 60: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

42

4.11 Condições do sistema cromatográfico para de determinação de íons

com detector por condutividade

A cromatografia de íons acoplada ao detector de condutividade foi

empregada para monitorar a formação de íons, os quais são decorrentes da

mineralização dos compostos orgânicos pelo processo Fe0/H2O/UV. A

mineralização de substratos orgânicos leva à formação de substâncias inócuas,

tais como dióxido de carbono, água e íons inorgânicos, os quais são oriundos

de heteroátomos. Sendo assim, foram monitorados os seguintes íons: fluoreto,

cloreto, nitrato e sulfato.

Para a determinação dos íons foi utilizado um Cromatógrafo a Líquido

Metrhom modelo IC compacto Pro 881 (Herisau, Suíça) equipado com

amostrador automático, bomba quaternária, sistema de desgaseificação, forno

de coluna, sistema de supressão química, Detector de condutividade digital,

iDetector e Sistema de aquisição de dados através do software MagIC NetTM. O

método empregado para a determinação de ânions foi o método adotado e

estabelecido pela Metrhom.

4.11.1 Método empregado para a determinação de ânions

A separação aniônica foi realizada utilizando uma coluna analítica para

ânions Metrosep A Supp 5 (150,0 x 4,0 mm d.i.) (Herisau, Suíça). A fase móvel

foi composta por 3,2 mmol L-1 Na2CO3 e 1,0 mmol L-1 NaHCO3, no modo de

eluição isocrático com vazão 0,7 mL min-1 e condutividade de 0,9 µS cm-1.

Durante a análise de ânions foi utilizado o sistema de supressão química

com 100 mmol L-1 de H2SO4 e água ultra pura (solução regeneradora), visando

reduzir a condutividade do eluente através da troca catiônica, conforme ilustra

a equação 20:

+ H+

Na+ + HCO3- H2CO3 (20)

- Na

+

4.11.2 Preparo da fase móvel empregada para a determinação de ânions

O eluente foi preparado dissolvendo-se 339 mg de Na2CO3 e 84 mg de

NaHCO3 em 1 L de água ultra pura.

Page 61: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

43

4.11.3 Preparo da solução de regeneração do supressor

A solução de regeneração do supressor foi preparada diluindo-se 5,5 mL de

H2SO4 98% (m/v) em 1 L de água ultra pura.

4.12 Curva Analítica

As curvas analíticas para os compostos bentazona, piraclostrobina,

epoxiconazol, tebuconazol, metilparabeno, propilparabeno e nimesulida foram

construídas com um total de sete níveis de concentração, 0,001; 0,005; 0,01;

0,05; 0,1; 0,5 a 1,0 mg L-1 para o LC-ESI-MS/MS (Apêndice 2). Já para a

determinação iônica por IC, as curvas analíticas foram construídas com um

total de sete níveis de concentração, 0,01; 0,05; 0,1; 0,5; 1,0; 1,5 a 2,0 mg L-1

(Apêndice 3). Cada solução foi injetada três vezes nos dois equipamentos, e o

gráfico da área do pico versus a concentração foi obtido com auxilio do

software Excel.

A curva analítica para determinação espectrofotométrica de ferro foi

construída com um total de seis níveis de concentração, 0,1; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8;

a 1,0 mg L-1. Cada solução foi submetida a três medições no equipamento, e o

gráfico da absorbância versus a concentração foi obtido com auxilio do

software Excel.

4.13 Amostragem

4.13.1 Ferro total dissolvido

Para determinação de ferro total dissolvido foram coletadas alíquotas

iniciais (branco), antes do tratamento, bem como após a execução do

experimento. As amostras foram filtradas usando um filtro de PTFE 0,45 µm,

Millipore, Millex®. Após foram submetidas ao procedimento descrito no item

4.7. Todas as amostras foram analisadas logo após serem coletadas.

4.13.2 Carbono orgânico total

Para caracterização das amostras em termos de carbono orgânico total e

determinação da eficiência de mineralização do processo Fe0/H2O/UV sob

condições diversas, foram coletadas alíquotas iniciais, antes do tratamento,

Page 62: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

44

bem como durante e após a execução dos experimentos. Todas as amostras

foram filtradas usando um filtro de PTFE 0,45 µm, Millipore, Millex®.

As amostras foram tratadas com uma solução inibidora para cessar a

reação de oxidação, impedindo que a reação continuasse após a retirada das

alíquotas, pois os radicais •OH, resíduos de H2O2 e íons Fe2+ quando presentes

no meio podem prosseguir com a reação de oxidação de compostos orgânicos

mesmo na ausência de luz.

A solução inibidora consiste em uma solução contendo hidróxido de sódio

(NaOH), iodeto de potássio (KI) e sulfito de sódio (Na2SO3), na concentração

de 0,1 mol L-1 de cada. O NaOH neutraliza os íons H+, elevando o pH do meio,

favorecendo a precipitação de sais de ferro, os quais são eliminados da

solução. O KI e Na2SO3 promovem a decomposição dos resíduos de peróxido

de hidrogênio e radicais hidroxila levando à formação de água (LEI et al.,

1998).

A solução inibidora foi adicionada às amostras na proporção 5:1 v/v

(amostra/solução). Após, serem tratadas com a solução inibidora as amostras

foram armazenadas em frascos âmbar e congeladas a -18 °C. Todas as

amostras foram analisadas no dia em que foi realizada a amostragem.

4.13.3 LC-ESI-MS/MS

Para avaliação da eficiência de degradação dos compostos orgânicos pelo

processo Fe0/H2O/UV empregando a LC-ESI-MS/MS, foram coletadas

alíquotas iniciais, antes do tratamento, bem como durante e após a execução

dos experimentos. Todas as amostras foram filtradas usando um filtro de PTFE

0,45 µm, Millipore, Millex®. Após, adicionou-se metanol grau HPLC na

proporção 10:1 v/v (amostra/metanol) e foram armazenadas em frascos âmbar

e congeladas a -18 °C. Todas as amostras foram analisadas no dia em que foi

realizada a amostragem.

4.13.4 Determinação de íons por cromatografia iônica

Para avaliação da eficiência de mineralização dos compostos orgânicos

pelo processo Fe0/H2O/UV empregando a cromatografia iônica, foram

Page 63: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

45

coletadas alíquotas iniciais, antes do tratamento, e após a execução dos

experimentos de degradação. Todas as amostras foram filtradas usando um

filtro de PTFE 0,45 µm, Millipore, Millex®. Após, foram armazenadas em vials

plásticos e mantidas a – 18 °C. Todas as amostras foram analisadas no dia em

que foi realizada a amostragem.

4.14 Teste de Fuga com minhocas (Ensaio de toxicidade)

Para avaliação da qualidade do solo através do teste de fuga foi utilizada a

minhoca californiana Eisenia andrei. As matrizes são produzidas no Biotério de

Invertebrados Terrestres do Instituto de Ciências Biológicas da FURG. Os

organismos utilizados nos ensaios foram mantidos em condições controladas

de temperatura 25 ºC +/- 1 ºC, fotoperíodo claro/escuro de 12h e alimentados à

base de erva mate e borra de café. Os ensaios foram conduzidos em Solo

Artificial Tropical (SAT), contendo 70% de areia fina, 20% de caulim e 10% de

pó da fibra de coco (ABNT, 2014).

O ensaio de fuga foi baseado na metodologia da ABNT (2011) adicionando

ao solo um volume de efluente ou água destilada (controle) equivalente a 50%

da capacidade máxima de retenção de água do solo. Dez animais foram

colocados no centro de um recipiente plástico retangular contendo duas

câmaras: uma com solo-teste (250 g) e outra com solo controle (250 g). Os

animais foram mantidos por 48 horas e após este período foi colocada uma

divisória entre as câmaras para contabilizar o número de animais em cada uma

delas. Os ensaios foram realizados com cinco réplicas por tratamento e os

animais não foram alimentados durante o experimento.

Os resultados do teste de fuga foram analisados por duas diferentes

formas: percentual limítrofe inferior ou igual a 20%, onde a funcionalidade do

habitat do solo é considerada limitante se um percentual ≤ 20% dos

organismos for encontrado no solo teste (impacto comportamental) (Loureiro et

al., 2009) e através do teste exato de Fisher que avalia estatisticamente o

efeito de fuga das minhocas de um solo, considerando um p<0,05.

Page 64: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

46

4.15 Ensaio de Toxicidade com microalgas

Os testes de toxicidade empregando a microalga Desmodesmus communis

foram realizados de acordo com métodos descritos na literatura (da LUZ 2014;

OECD 2002).

4.15.1 Cultivo de microalgas

Para o presente estudo foram utilizadas cepas da divisão Chlorophyta,

pertencentes à Classe Chlorophyceae e Ordem Chlorococcales:

Desmodesmus communis. As cepas foram obtidas a partir de amostras

planctônicas coletadas em lagoas e lagos subtropicais localizadas entre Rio

Grande e Santa Vitória do Palmar, na região do extremo sul do Brasil. As cepas

foram isoladas de pequenas lagoas presentes no Campus Carreiros da

Universidade Federal do Rio Grande – FURG. As mesmas são mantidas na

Coleção de Culturas de Microalgas Continentais do Instituto de Ciências

Biológicas (CCMD-FURG) em uma sala de incubação com irradiância

controlada (da LUZ 2014).

4.15.2 Desenho experimental

As microalgas provenientes do cultivo, em fase exponencial, foram expostas

às amostras antes e após tratamento do sistema modelo bentazona e

piraclostrobina, miscelânea de compostos orgânicos, bem como dos resíduos

de HPLC; com o intuito de verificar a toxicidade dos mesmos seguindo o guia

OECD 201 (2002). As microalgas foram expostas às amostras por 96 h nas

mesmas condições abióticas de cultivo e após esse tempo de exposição,

verificou-se a densidade das mesmas. A densidade indica a taxa de

crescimento da cultura no meio de cultivo. Para averiguar a densidade foram

realizados testes empregando as seguintes concentrações das amostras:

controle (0% de amostra), 20, 40, 60, 80 e 100%, esses valores indicam a

concentração da amostra no meio de cultivo das microalgas. Todos os testes

foram realizados em triplicatas.

Page 65: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

47

4.15.3 Análise de densidade

A densidade celular foi determinada através de contagens ao

microscópio (CX41F Olympus, Tokyo, Japan), utilizando-se para isto uma

Câmara de Neubauer. As amostras foram previamente fixadas em lugol

acético e os valores foram expressos em % de crescimento (da LUZ 2014).

Page 66: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

48

CAPÍTULO 5 REATOR FOTOQUÍMICO

___________________________________________________________

Page 67: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

49

5.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

5.1.1 Confecção e desenvolvimento do reator fotoquímico para o

processo Fe0/H2O2/UV

O reator fotoquímico desenvolvido para o processo Fe0/H2O2/UV foi

confeccionado com base em um reator batelada ideal. O reator fotoquímico

consiste de um tanque cilíndrico, um agitador mecânico, quatro lâmpadas UV-

C, dois suportes para limalha de ferro e uma unidade de resfriamento (Figura

4).

O tanque consiste de uma unidade cilíndrica de aço inox com 20 cm de

diâmetro e 25 cm de altura com a capacidade de volume máximo de 3,2 L. Um

agitador mecânico eletrônico mini modelo Q235 (Quimis, Brasil) foi empregado

para realizar a homogeneização no interior do tanque cilíndrico. Quatro

lâmpadas UV-C do tipo germicida HSN L 18 W 2G11 PURITEC HSN (OSRAM

GmbH) foram usadas como fonte de radiação eletromagnética UV, as

lâmpadas foram envelopadas por tubos de quartzo e inseridas no interior do

tanque cilíndrico. As lâmpadas UV-C do tipo germicida HSN L 18 W 2G11

PURITEC HSN emitem radiação eletromagnética ultravioleta no comprimento

de onda de 254 nm, possuem baixo teor de mercúrio e não são geradoras de

ozônio. Dois suportes magnéticos para limalha de ferro foram inseridos no

interior do tanque cilíndrico.

Para evitar o aquecimento no interior do reator fotoquímico foi desenvolvida

em laboratório uma unidade de resfriamento. A unidade de resfriamento

consiste de um banho termostático e um trocador de calor (Figura 4).

Page 68: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

50

Figura 4 – materiais empregados na confecção e desenvolvimento do reator fotoquímico

Page 69: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

51

5.1.1.1 Actinometria (método de avaliação da intensidade UV)

Uma substância química actinométrica ou dosímetro é um sistema químico

(líquido, gás ou sólido) que sofre reação química induzida pela luz a um

determinado comprimento de onda (λ) para o qual o rendimento quântico, Φ

(λ), é precisamente conhecido. Dados cinéticos obtidos, como a velocidade de

reação, permitem o cálculo do fluxo de fótons absorvidos (KUHN et al., 2004).

Desta forma, neste método de determinação do fluxo de fótons gerados

pela fonte UV são empregados substâncias actinométricas. Portanto, neste

trabalho, foi empregada a metodologia desenvolvida por Hatchard e Parker, a

qual utiliza o tris (oxalato) ferrato (III) de potássio tri-hidratado (K3[Fe(C2O4)]

3.H2O), frequentemente chamado de ferrioxalato de potássio (HATCHARD e

PARKER, 1956).

Quando exposto a radiação eletromagnética UV o ferrioxalato de potássio é

reduzido, apresentando um determinado rendimento quântico, o qual depende

do comprimento de onda aplicado. Sendo assim, tendo em vista, que as

lâmpadas utilizadas na confecção do reator fotoquímico emitem radiação

eletromagnética UV no comprimento de onde de 254 nm, usou-se o rendimento

quântico de 1,25 mols de Fe2+.

5.1.1.2 Síntese do K3[Fe(C2O4)] 3.H2O

O ferrioxalato de potássio foi preparado através da mistura de 20 mL de

oxalato de potássio 1,5 mol L-1 com 8 mL de cloreto férrico 1,5 mol L-1, na

proporção de 1:3, sob vigorosa agitação e aquecimento (60°C). O precipitado

formado foi separado por filtração. Em seguida, o ferrioxalato de potássio

formado foi recristalizado, três vezes, pela dissolução, em água ultra-pura

aquecida, seguido de resfriamento. Posteriormente o sólido foi filtrado e seco

ao ar. Todas as etapas foram realizadas na ausência de luz, em uma sala

escura. A síntese desse complexo apresenta um rendimento de

aproximadamente 65% (HATCHARD e PARKER, 1956).

Page 70: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

52

5.1.1.3 Determinação da concentração de Fe2+ gerado no procedimento

A cinética desta metodologia de actinometria foi acompanhada

determinando-se a concentração de Fe2+ formado ao longo do tempo de

exposição à radiação eletromagnética UV. A concentração molar de Fe2+ foto-

gerado foi determinada empregando a metodologia descrita no item 5.7

(determinação de ferro total dissolvido).

5.1.1.4 Procedimento recomendado para o uso do K3[Fe(C2O4)] 3.H2O como

actinômetro

Primeiramente, foi preparada uma solução 0,006 mol L-1 de ferrioxalato de

potássio, a partir da dissolução de 2,947 g de K3[Fe(C2O4)] 3.H2O em 800 mL

de água ultra-pura e 100 mL de ácido sulfúrico 1 mol L-1, a solução foi aferida a

1 L em balão volumétrico. Como o reator fotoquímico possui um volume

máximo de irradiação de 2 L, foram preparados 2 L de solução 0,006 mol L-1 de

K3[Fe(C2O4)] 3.H2O.

A solução 0,006 M de K3[Fe(C2O4)] 3.H2O foi submetida a irradiação por um

período total de 900 s, ou seja, 15 min. A determinação da concentração molar

de íon ferroso da solução de K3[Fe(C2O4)] 3.H2O foi realizada antes e após ser

submetida a irradiação.

A intensidade de fótons gerados foi calculada em unidades de fótons s-1 (If)

e W cm-2 (Iw), conforme as equações 21 e 22.

(21)

(22)

Sendo:

C = concentração de íon ferroso foto-gerado (mol L-1);

V = volume da solução de K3[Fe(C2O4)] 3.H2O (L);

NA = constante de Avogrado (6,022.1023 moléculas mol-1);

t.

N V. . C I

2Fe

A

f

t. S . λ .

N . fd . c .h V. . C Iw

2Fe

A

Page 71: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

53

ΦFe2+ = rendimento quântico (mol L-1);

λ = comprimento de onda (m);

t = tempo (s);

fd = fator de diluição;

h = constante de Planck (6,625.10-34 J s-1);

c = velocidade da luz (2,99.108 m s-1);

S = área do reator (cm2).

5.1.2 Avaliação da composição da limalha de ferro

Para determinar a composição da limalha de ferro por Espectrometria de

Absorção Atômica com atomização por chama (FAAS, do inglês Flame Atomic

Absorption Spectrometry) e Espectrometria de Massas com Plasma

Indutivamente Acoplado (ICP-MS, do inglês Inductively Coupled Plasma Mass

Spectrometer) aproximadamente 1,0 g de limalha de ferro foi digerida em 5,0

mL de HCl e homogeneizada durante 5,0 min em vortex. Logo após, foi

mantida sob aquecimento em banho maria (140 °C) durante 2 h.

5.1.2.1 Determinação de Ferro por Espectrometria de Absorção Atômica

com Chama

A quantidade de ferro presente na limalha de ferro foi determinada

empregando um espectrômetro de absorção atômica por chama (FAAS)

(Analytik Jena AG, Germany), equipado com deutério para correção de

background e uma lâmpada de cátodo oco própria para ferro, operando em 8

mA, em comprimento de onda de 248,3 nm. A chama utilizada foi composta por

ar/acetileno em monocromador com fenda de 10 cm. Os resultados de ferro

foram expressos em % de ferro zero.

5.1.2.2 Análises por Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente

Acoplado

A análise de Cr, Cu, Ni, Pb, Sn, e Sr foi realizada empregando um

espectrômetro de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS)

Page 72: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

54

PerkinElmer Sciex modelo Elan DRC II (Thornhill, Canadá) equipado com

nebulizador concêntrico e câmara de nebulização ciclônica. A determinação foi

feita usando plasma com 1300 W e vazão do gás nebulizador de 1,10 L min-1.

Foram determinados os seguintes íons: 52Cr, 63Cu, 60Ni, 208Pb, 120Sn e 88Sr.

5.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2.1 Confecção e desenvolvimento do Reator fotoquímico

O reator fotoquímico desenvolvido e confeccionado com base em um reator

batelada ideal mostrou-se adequado, viável e eficiente para os objetivos

propostos no trabalho. Além disso, convém ressaltar que mediante os

resultados apresentados, torna-se possível dimensiona-lo a uma escala piloto.

5.2.1.1 Determinação da área do reator fotoquímico

A determinação da área do reator fotoquímico revelou que o reator

apresenta uma área de 832 cm2.

5.2.1.2 Actinometria (método de avaliação da intensidade UV)

A intensidade de radiação ultravioleta está diretamente relacionada com a

quantidade de energia recebida por uma unidade de área. A determinação da

intensidade de radiação ultravioleta só é possível por meio de radiômetros ou

através do emprego de substâncias actinométricas. A precisão da

determinação feita por intermédio de radiômetros está associada à

sensibilidade do equipamento empregado, aos comprimentos de onda de

interesse e ao número de determinações realizadas em diferentes pontos do

reator (DANIEL e CAMPOS, 1993; DANIEL et al., 2000). O campo de

intensidade no interior do reator pode ser bastante variável, o que dificulta a

determinação da intensidade média relativa ao volume de líquido no reator

(AGUIAR et al., 2002). Sendo assim, o uso do K3[Fe(C2O4)] 3.H2O como

actinômetro surge como uma excelente alternativa, pois sofre reação

fotoquímica em comprimento de onda especifico.

Page 73: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

55

A cinética desta metodologia foi acompanhada determinando-se a

concentração de Fe2+ formado ao longo do tempo de exposição à radiação

eletromagnética UV. A curva analítica empregada para determinação de Fe2+

gerado na reação fotoquímica do K3[Fe(C2O4)] 3.H2O pode ser visualizada na

Figura 5.

Figura 5 – curva analítica para determinação de ferro total dissolvido

Após o período de 15 min de exposição à radiação eletromagnética UV o

K3[Fe(C2O4)] 3.H2O converteu-se a 4,6x10-4 mol L-1 de Fe2+. Isso significa que o

reator fotoquímico desenvolvido apresenta intensidade fotônica de 4,93x1017

fótons s-1, além disso, a intensidade também foi calculada em termos de

W/cm2, revelando uma intensidade de 4,62x10-4 W/cm2. FARD e colaboradores

(2013) descreveram a degradação de HPAs ao utilizarem um reator

fotoquímico com intensidade fotônica de 2,91x10-2 W cm-2. SON e

colaboradores relataram a remoção de 1,4-dioxano empregando um reator

fotoquímico cuja intensidade é de 4,2x10-3 W cm-2 já HIRAYAMA e

colaboradores realizaram a completa degradação de dibromofenóis usando um

reator fotoquímico de intensidade de 4,18x10-2 W cm-2 (SON et al., 2009; FARD

et al., 2013; HIRAYAMA et al., 2014). O reator fotoquímico desenvolvido neste

trabalho apresentou uma intensidade de fótons menor quando comparado a

outros trabalhos, de certa forma, isso pode ser explicado pelo fato de que os

demais trabalhos utilizam reatores de menor volume e área de irradiação e

lâmpadas UV de maior potência. Portanto, pode-se vislumbrar que o reator

y = 0,1855x + 0,0413 R² = 0,9988

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

0,2

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Ab

s.

Concentração (mg L-1)

Page 74: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

56

fotoquímico desenvolvido é capaz de realizar a remoção de contaminantes

orgânicos.

Sendo assim, o reator fotoquímico desenvolvido foi empregado no

desenvolvimento e otimização de um processo oxidativo usando ferro zero,

radiação UV-C e peróxido de hidrogênio em meio aquoso visando à

degradação de um resíduo sintético composto pelos agrotóxicos bentazona e

piraclostrobina.

5.3 Avaliação da composição da Limalha de Ferro

A limalha de ferro empregada como fonte de ferro no presente estudo

apresenta um tamanho de partícula segundo o diâmetro de Sauter de 0,27 mm,

esse resultado é interessante do ponto de vista oxidativo, pois a forma em pó

da limalha de ferro favorece a corrosão da superfície metálica da limalha de

ferro, favorecendo a geração de elétrons no meio reacional (KALLEL et al.,

2009).

Os resultados da avaliação da composição da limalha de ferro por ICP-MS

e FAAS revelaram a presença de 98,43 ± 7,40% de ferro zero, enquanto Cr,

Cu, Ni, Pb, Sn, e Sr foram detectados nas respectivas concentrações: 0,45 ±

0,02 mg g-1; 0,57 ± 0,05 mg g-1; 0,16 ± 0,01 mg g-1; 0,344 ± 0,015 mg g-1;

0,0265 ± 0,0003 mg g-1; e 0,0155 ± 0,0015 mg g-1.

Sabe-se que a reação de Fenton ocorre mediante a decomposição do

peróxido de hidrogênio catalisada pelo íon ferroso, formando radical hidroxila.

Além do íon ferroso, vários outros íons de metais de transição, tais como Cu2+,

Zn2+, Sn2+, Mn2+ e Co2+ podem ser utilizados para oxidação de compostos

orgânicos na presença de peróxido de hidrogênio, caracterizando assim um

processo oxidativo conhecido como Fenton-like (TONY et al., 2008). Bokare e

Choi relataram que além destes íons metálicos, outros metais de transição

como Al, Ru, Cr, e Ce podem decompor cataliticamente o peróxido de

hidrogênio em um processo Fenton-like livre de ferro (BOKARE e CHOI, 2014).

No entanto, alguns estudos demonstram que os processos de degradação de

compostos orgânicos empregando ferro são mais eficientes, quando

comparados a processos que utilizam outros metais de transição (TONY et al.,

Page 75: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

57

2008; PAVANELLI et al., 2010). Esse fenômeno pode estar associado ao fato

de que o ferro possui maior potencial padrão de oxidação, frente a outros

metais de transição (SKOOG et al., 2002).

Cabe mencionar que durante os experimentos de degradação a maior

massa de limalha de ferro utilizada foi de 2 g. Desta forma, os resultados da

avaliação da composição da limalha de ferro por ICP-MS e FAAS também

revelam, que caso toda a massa de limalha de ferro seja digerida os metais Ni,

Pb, Cu, Cr e Sn estarão dentro dos padrões de lançamento de efluentes

conforme dispõe a Resolução n° 430 de 2011 do CONAMA.

Page 76: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

58

CAPÍTULO 6 OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO Fe0/H2O2/UV

______________________________________________________________

Page 77: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

59

6.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA OTIMIZAÇÃO

DO PROCESSO Fe0/H2O2/UV PARA DEGRADAÇÃO DO

SISTEMA MODELO FORMADO PELOS AGROTÓXICOS

BENTAZONA E PIRACLOSTROBINA

O desenvolvimento experimental consistiu na avaliação da potencialidade

do processo ferro zero e peróxido de hidrogênio assistido por radiação

eletromagnética UV (Fe0/H2O2/UV) para degradação de agrotóxicos em meio

aquoso, com determinação analítica por LC-ESI-MS/MS, seguido de sua

otimização. Também foram realizadas as análises de carbono orgânico total

(COT) e cromatografia iônica para averiguar a possível mineralização dos

agrotóxicos, bem como, a determinação de ferro total dissolvido gerado durante

a degradação dos compostos orgânicos. Além disso, foi avaliado o perfil

cinético de mineralização dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina.

6.1.1 Avaliação da potencialidade do processo (Fe0/H2O2/UV)

Embora os Processos Oxidativos Avançados fundamentados na Fenton-

Química sejam extremamente difundidos no meio acadêmico, existem poucos

trabalhos que relatam de forma detalhada a aplicabilidade do processo

Fe0/H2O2/UV. Mediante revisão feita nas plataformas de pesquisa: Science

Direct, Scopus e Google acadêmico, utilizando as seguintes palavras chaves:

zero-valent iron and UV e Fe0/H2O2/UV, tornou-se evidente a necessidade de

uma maior avaliação da potencialidade do processo Fe0/H2O2/UV.

Atualmente, nessas bases de dados, são relatadas a degradação de

corantes (DENG et al., 2000; DEVI et al., 2009; DEVI et al., 2011; GRČIĆ et al.,

2012), 1,4-dioxano (SON et al., 2009), agrotóxicos fosforados (DOONG e

CHANG, 1998) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (FARD et al., 2013).

Tendo em vista que o processo (Fe0/H2O2/UV) é um Processo Oxidativo

Avançado ainda pouco estudado, foram realizados dois experimentos de

caráter preliminar para avaliar e comparar a eficiência de degradação dos

agrotóxicos sob condições diversas.

Page 78: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

60

Foi realizado um estudo comparativo entre o processo Fe0/H2O2/UV e

Fe0/H2O2.

6.1.1.2 Estudo comparativo entre o processo Fe0/H2O2/UV e Fe0/H2O2

Para realizar a comparação entre os processos Fe0/H2O2/UV e Fe0/H2O2 e

avaliar sua eficiência sobre a degradação dos agrotóxicos foram realizados dois

experimentos, um na ausência da radiação UV, processo Fe0/H2O2 e outro com

o acoplamento da radiação UV, processo Fe0/H2O2/UV. As condições

empregadas nos testes de degradação foram adaptadas a partir de um estudo

descrito anteriormente na literatura por GUIMARÃES et al., 2014. Portanto,

foram empregadas as seguintes condições: 5 mmol L-1 de H2O2, pH 2,0 e 2,0 g

de limalha de ferro (GUIMARÃES et al., 2014). Ambos os experimentos foram

realizados num tempo total de 60 min, agitação de 200 rpm e temperatura

ambiente (25 °C).

6.1.1.3 Otimização do processo desenvolvido para a degradação dos

agrotóxicos bentazona e piraclostrobina

A LC-ESI-MS/MS e COT foram empregados durante a etapa de otimização

do processo como técnicas para detecção dos agrotóxicos selecionados para o

estudo.

Durante a etapa de otimização do processo foram avaliados os seguintes

fatores: concentração de peróxido de hidrogênio, massa de limalha de ferro,

pH, tempo de reação e radiação UV. A otimização foi realizada através do

emprego de planejamentos experimentais sequenciais. Primeiramente foi

realizado um planejamento experimental fatorial fracionado 25-2 e após

executou-se um planejamento fatorial completo 22. Todos os experimentos

foram realizados sob temperatura ambiente (25 °C) e agitação de 200 rpm.

6.1.1.3.1 Planejamento Experimental Fatorial Fracionado 25-2

O planejamento experimental fatorial fracionado 25-2 é um planejamento de

resolução mínima, ou seja, resolução três. Portanto, não pode ser utilizado

para otimização do processo Fe0/H2O2/UV. Consiste de uma triagem de dados,

Page 79: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

61

a qual permite avaliar as variáveis significativas e não significativas do

processo Fe0/H2O2/UV (BRUNS et al., 2010; SAKKAS et al., 2010).

O processo Fe0/H2O2/UV apresenta muitas variáveis, neste caso, foram

estudas cinco variáveis, caso fosse realizada uma investigação inicial

empregando um planejamento fatorial completo 25, seriam realizados 32

experimentos mais as replicas dos pontos centrais. A triagem por outro lado,

permite a separação dos fatores realmente significativos, que merecem um

estudo mais aprofundado (BRUNS et al., 2010).

Para isso foi realizado um Planejamento Fatorial Fracionado 25-2,

totalizando 14 experimentos (8 experimentos referentes as relações dos fatores

e 6 experimentos referentes aos pontos centrais), onde foram variados a

massa de limalha de ferro, pH, tempo de reação, concentração de peróxido de

hidrogênio e radiação UV. Sendo assim, avaliaram-se os mais importantes

efeitos e interações usando o software STATISTICA 7 (StatSoft, Inc. 2004).

STATISTICA (data analysis software system), version 7.0.

6.1.1.3.2 Avaliação do efeito da radiação UV frente ao processo

Fe0/H2O2/UV

Para avaliar o efeito da radiação UV sobre a degradação dos agrotóxicos

foram realizados dois experimentos, um somente com radiação UV e outro com

o acoplamento da radiação UV, processo Fe0/H2O2/UV. As condições

empregadas nos testes de degradação foram adaptadas a partir de um estudo

descrito anteriormente na literatura por GUIMARÃES et al., 2014. Portanto,

foram empregadas as seguintes condições: 5 mmol L-1 de H2O2, pH 2,0 e 2,0 g

de limalha de ferro (GUIMARÃES et al., 2014). Ambos os experimentos foram

realizados num tempo total de 60 min, agitação de 200 rpm e temperatura

ambiente (25 °C).

6.1.1.3.3 Avaliação da adsorção dos agrotóxicos na limalha de ferro

Foram testados dois materiais suportes diferentes para limalha de ferro. A

escolha do suporte ideal para limalha de ferro ocorreu mediante a realização de

dois experimentos, os quais foram empregados para avaliar a adsorção dos

agrotóxicos em tais materiais. Os materiais testados foram: cola PVA e imã.

Page 80: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

62

Primeiramente, foi preparada uma solução de resíduo sintético de

concentração de 10 mg L-1 dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina. Dois

litros do resíduo sintético foram adicionados no tanque do reator fotoquímico

juntamente com as hastes de PVC pulverizadas com cola PVA, o mesmo

procedimento foi feito, porém com imã imobilizado nas hastes de PVC. Ambos

os experimentos forma realizados em temperatura ambiente (25°C) com

agitação de 200 rpm durante o período de 60 min.

Foram retiradas alíquotas do resíduo sintético antes e após o período de 60

min de agitação, ao final de cada experimento as hastes de PVC pulverizadas

com cola PVA e imã imobilizado foram lavadas com 10 mL de metanol grau

HPLC, porções de metanol após a lavagem foram analisadas por LC-ESI-

MS/MS.

6.1.1.3.4 Planejamento Experimental Fatorial Completo 22

Após avaliação e triagem das variáveis mais significativas pelo

Planejamento Fatorial Fracionado 25-2, foi realizado um Planejamento

Experimental Fatorial Completo 22.

O Planejamento Experimental Fatorial Completo 22 é um planejamento de

máxima resolução, resolução cinco, consiste da combinação de todos os níveis

dos fatores, o que permitiu a otimização do processo Fe0/H2O2/UV, através da

geração da Superfície de Resposta (BRUNS et al., 2010).

Desta forma, foi realizado um Planejamento Experimental Fatorial Completo

22, totalizando 10 experimentos onde foram variados o tempo de reação e a

concentração de peróxido de hidrogênio, enquanto os demais fatores foram

fixados de acordo com os resultados apresentados durante a triagem pelo

Planejamento Experimental Fatorial Fracionado 25-2. Desta maneira, avaliaram-

se os mais importantes efeitos e interações, bem como a verificação e

validação do modelo que melhor se ajusta aos resultados obtidos pelos

experimentos. Para a validação do modelo foi realizada análise de variância

(ANOVA) usando o software STATISTICA 7 (StatSoft, Inc. 2004). STATISTICA

(data analysis software system), version 7.0. O modelo escolhido envolveu

todas as interações, linear e quadrática usando modo MS erro puro.

Page 81: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

63

6.1.1.4 Degradação dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina sob

condições ótimas

Após otimização do processo Fe0/H2O2/UV foi realizada a degradação dos

agrotóxicos bentazona e piraclostrobina em triplicata, empregando as

condições ótimas, as quais foram obtidas através da aplicação do

planejamento experimental fatorial completo.

Foram estimadas as taxas de degradação e mineralização dos agrotóxicos

bentazona e piraclostrobina, empregando a LC-ESI-MS/MS, COT e

cromatografia iônica como técnicas de análise. Além disso, também foi

avaliado o perfil cinético de mineralização dos agrotóxicos. Concomitante a

isso, foi realizada a elucidação dos prováveis produtos de degradação de

ambos agrotóxicos através da utilização da LC-ESI-MS/MS. Por fim, foi

realizada a determinação das espécies de ferro geradas no meio reacional.

6.1.2 Avaliação do perfil cinético

A avaliação do perfil cinético de mineralização do resíduo sintético dos

agrotóxicos bentazona e piraclostrobina foi realizada com base nos modelos de

primeira ordem (Equação 23) de pseudo-primeira ordem (Equação 24) e

pseudo-segunda ordem (Equação 25).

(23)

(24)

(25)

Sendo:

m t = mineralização (%) no instante “t”;

m1 = mineralização (%) obtida através dos modelos de primeira ordem e

pseudo-primeira ordem;

m2 = mineralização (%) obtida através do modelo de pseudo-segunda

ordem;

k = constante cinética;

k) (t mm 1t

) (t/m )m (1/k

t m

22t 2

2

t))exp(-k(1mm 11t

Page 82: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

64

t = tempo (min).

6.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A solução do sistema modelo usado durante os experimentos de

degradação foi preparada em laboratório através da adição de 10 mg L-1 de

cada agrotóxico (bentazona e piraclostrobina) Figura 6 em 1 L de água

destilada. Os agrotóxicos selecionados pertencem a classes e grupos químicos

diferentes.

Em trabalho prévio foi avaliada a eficiência de degradação de ambos os

agrotóxicos frente aos processos Fe0/H2O2, onde foi empregada uma

concentração de 5 mmol L-1 de H2O2 e 2 g de Fe0 e TiO2/UV, tal estudo revelou

a completa degradação do agrotóxico piraclostrobina (100% de degradação em

ambos processos) e parcial degradação do agrotóxico bentazona (63,5% de

degradação pelo processo Fe0/H2O2 e 71% de degradação pelo processo

TiO2/UV) (GUIMARÃES, 2012; GUIMARÃES et al., 2014; GUIMARÃES et al.,

2016). Esses resultados ressaltam a escolha de ambos os compostos para um

estudo aprofundado do processo Fe0/H2O2/UV, pois um dos agrotóxicos

apresenta uma baixa estabilidade frente a dois processos oxidativos avançados

distintos, enquanto outro demonstra uma estabilidade significativa.

Figura 6 – Estrutura química dos agrotóxicos selecionados

Page 83: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

65

6.2.1 Estudo comparativo entre o processo Fe0/H2O2/UV e Fe0/H2O2

A Figura 7 mostra que houve um aumento significativo na taxa de

degradação dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina quando a radiação UV

foi acoplada ao processo Fe0/H2O2. Obtiveram-se aumento de 59% (Fe0/H2O2)

para 99,5% (Fe0/H2O2/UV) e 62% (Fe0/H2O2) para 100% (Fe0/H2O2/UV)

respectivamente.

Figura 7 – Estudo comparativo entre o processo Fe0/H2O2/UV e Fe0/H2O2, a)

eficiência de degradação bentazona e b) eficiência de degradação

piraclostrobina (condições experimentais: 5 mmol L-1 de H2O2, pH 2,0, 2,0 g de

limalha de ferro, temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de reação

de 60 min). Barras indicando RSD%.

A radiação ultravioleta, nesse caso, UV-C (200 – 280 nm) pode ser usada

na destruição de compostos orgânicos, porém quando sozinha, apresenta

maior sucesso na inativação de microorganismos e algas (BLESA, 2001). Por

outro lado, o uso da radiação UV combinado a uma série de oxidantes tais

como, H2O2, O3, TiO2, reagente de Fenton entre outros, apresenta uma série

de vantagens como o aumento da eficiência dos processos fotoquímicos e

fotocatalíticos (BLESA, 2001, SON et al., 2009).

A adição da radiação UV ao processo Fe0/H2O2 induz o processo a uma

série de vias reacionais de produção de espécies de ferro (SON et al., 2009;

GRČIĆ et al., 2012; FARD et al., 2013).

Fe0 → Fe2+ + 2e- (11)

0

20

40

60

80

100

120

Bentazona

%D

egr

adaç

ão

0

20

40

60

80

100

120

Piraclostrobina

% D

egr

adaç

ão

H2O2, H+

Fe0/H2O2/UV

Fe0/H2O2 Fe

0/H2O2

Fe0/H2O2/UV

a) b)

Page 84: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

66

Fe0 + hv → Fe2+ + 2e- (<400 nm) (12)

Fe0 → Fe2+ + 2e- (13)

Fe0 + O2 + H2O → 2Fe2+ + 4OH- (14)

Fe0 + O2 + 4H+ → 2Fe2+ + 2H2O (15)

Fe0 + O2 + 2H+ → Fe2+ + H2O2 (16)

A irradiação aplicada causa a clivagem dos complexos de ferro formados

durante o processo oxidativo, sendo formadas espécies iônicas de Fe2+ e

proporções adicionais de radical hidroxila (HO.), equações (17) – (18) (GRČIĆ

et al., 2012; RIBEIRO et al., 2015).

Fe(OH)2+ + hv → Fe2+ + HO• (17)

Fe3+ + H2O + hv → Fe2+ + H+ + HO• (18)

Desta forma, estes fatores contribuem para o aumento da eficiência de

degradação dos agrotóxicos pelo processo Fe0/H2O2/UV quando comparado ao

processo Fe0/H2O2, pois são formadas espécies adicionais de Fe2+ e radicais

HO•.

6.2.2 Otimização do processo desenvolvido para a degradação dos

agrotóxicos bentazona e piraclostrobina

O Planejamento Fatorial Fracionado 25-2, composto por oito experimentos

com seis réplicas no ponto central (Tabela 6), totalizando quatorze

experimentos, foi empregado para avaliar os efeitos e as interações mais

importantes para a degradação dos agrotóxicos pelo processo Fe0/H2O2/UV. A

Tabela 6 também mostra as taxas de degradação obtidas para cada agrotóxico

em cada experimento.

A Tabela 5 apresenta os níveis e os seus respectivos valores reais

utilizados no planejamento experimental 25-2 empregado para triagem dos

dados significativos.

O2

Page 85: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

67

Tabela 5: Valores utilizados no Planejamento Fatorial Fracionado 25-2

Variáveis Níveis

-1,0 0 1,0

Massa de Limalha de Ferro

(LF) 1 g 2 g 3 g

pH 2 3 4 Tempo de

Reação (TR) 60 min 90 min 120 min

[H2O2] 5 mmol L-1 10 mmol L-1 15 mmol L-1 UV Sem radiação UV - Com radiação UV

Tabela 6: Matriz do Planejamento Fatorial Fracionado 25-2

Ensaios LF pH TR [H2O2] UV (%) Degradação

Bentazona Piraclostrobina

1 -1,0 -1,0 -1,0 1,0 1,0 95,18 58,53 2 1,0 -1,0 -1,0 -1,0 -1,0 70,93 65,58 3 -1,0 1,0 -1,0 -1,0 1,0 98,76 99,80 4 1,0 1,0 -1,0 1,0 -1,0 47,98 38,98 5 -1,0 -1,0 1,0 1,0 -1,0 59,83 65,22 6 1,0 -1,0 1,0 -1,0 1,0 99,98 99,96 7 -1,0 1,0 1,0 -1,0 -1,0 54,31 50,44 8 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 99,98 99,96 9 0 0 0 0 1,0 99,99 99,99

10 0 0 0 0 1,0 99,99 99,98 11 0 0 0 0 1,0 100,00 99,98 12 0 0 0 0 -1,0 57,83 56,33 13 0 0 0 0 -1,0 54,37 59,76 14 0 0 0 0 -1,0 62,70 62,70

As respostas dos respectivos experimentos foram analisadas no modo MS

residual e erro puro com 90% de significância e alpha igual 0,1 (p-valor = 0,1).

O efeito das variáveis pode ser visto na Figura 8, sob a forma de diagrama de

Pareto.

Page 86: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

68

Figura 8 – Diagrama de Pareto, efeitos significativos observados para os

agrotóxicos bentazona (a) e piraclostrobina (b). Linha vertical no diagrama

define o nível de 90% de confiança.

Os dados apresentados no diagrama de Pareto referente ao agrotóxico

bentazona demonstram que a eficiência de degradação independe das

variáveis massa de limalha de ferro e tempo de reação, ou seja, essas

variáveis não são significativas. Desta forma, para qualquer valor que seja

utilizado para as variáveis massa de limalha de ferro e tempo de reação são

observados elevados valores de degradação. Além disso, como pode ser

observado na Figura 8, que as variáveis pH e [H2O2] apresentaram efeito

significativo negativo enquanto a variável UV apresentou efeito significativo

positivo.

A variação do pH do menor nível (pH 2) para o maior nível (pH 4) acarretou

em uma diminuição de 2,97% na eficiência de degradação do agrotóxico

bentazona. Esse fenômeno possivelmente está associado ao fato de que o

agrotóxico bentazona é um composto ácido pKa igual a 3,3. De alguma

maneira, em valores mais elevados de pH a hidrólise do bentazona pode estar

tornando o composto mais estável ao ataque pelo radical HO•. A primeira etapa

de oxidação do bentazona ocorre mediante a formação de espécies mono-

hidroxiladas. A hidroxilação geralmente ocorre em um dos carbonos do anel

aromático (NILLES E ZABIK, 1975; HEREDIA et al., 1996; PESCHKA, et al.,

2007; DAVEZZA et al., 2012), pois este é o centro de maior densidade

UV UV

pH

pH

LF LF

[H2O2]

TR

[H2O2]

TR

a) b)

Page 87: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

69

eletrônica, desta forma acredita-se que a hidrólise do bentazona contribua para

estabilizar este centro de elevada densidade eletrônica.

A Figura 8 (Diagrama de Pareto piraclostrobina) mostra que a eficiência de

degradação do agrotóxico piraclostrobina independe da variável pH, ou seja,

para qualquer valor de pH adotado elevados valores de degradação são

obtidos para o agrotóxico piraclostrobina. Por outro lado, as variáveis tempo de

reação e massa de limalha e ferro apresentaram efeito significativo positivo

enquanto que a variável [H2O2] apresentou efeito significativo negativo.

A variação do tempo de reação e da massa de limalha de ferro do menor

nível (60 min e 1g) para o maior nível (120 min e 3g) acarretou em um aumento

de 8,27% e 4,78% na eficiência de degradação do agrotóxico piraclostrobina,

respectivamente. Esses resultados obtidos surpreendem, pois o agrotóxico

piraclostrobina pertence a uma nova geração de pesticidas. Trata-se de um

ingrediente ativo novo, de baixa persistência, o qual em trabalhos anteriores

demonstrou ser facilmente degradado em baixos tempos de reação

(GUIMARÃES, 2010; ALLUÉ et al., 2012; GUIMARÃES et al., 2014;

GUIMARÃES et al., 2016). Esses resultados demonstram a necessidade de um

estudo mais detalhado acerca dessas variáveis.

6.2.2.1 Considerações acerca da variável [H2O2]

O Diagrama de Pareto demonstra que a variável [H2O2] apresentou efeito

significativo negativo para degradação de ambos os agrotóxicos. A variação da

[H2O2] do menor nível (5 mmol L-1) para o maior nível (15 mmol L-1) conduziu a

uma diminuição de 2,97% e 8,33% na eficiência de degradação dos

agrotóxicos bentazona e piraclostrobina, respectivamente. Esse fenômeno está

associado ao sequestro de radical HO•, o qual ocorre quando há um excesso

de peróxido de hidrogênio no meio reacional (WALLING, 1975; TANG E

TASSOS, 1997; GULKAYA et al., 2006). Sendo assim, quando um excesso

desse reagente é empregado, pode ocorrer uma drástica redução na

concentração de radicais HO•, pois o peróxido de hidrogênio em excesso reage

com HO•, formando o radical peridroxila (HO2•), o qual é um radical menos

reativo do que o radical HO• (WALLING, 1975).

Page 88: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

70

H2O2 + HO• → HO2•+ H2O (26)

6.2.2.2 Considerações acerca das variáveis tempo de reação e massa de

limalha de ferro

O excesso de Fe0 pode inibir a eficiência de degradação de compostos

orgânicos pelo processo devido à formação de complexos férricos, como por

exemplo, Fe(III)-hidroperóxido, conforme descrito na equação 27 (WALLING,

1975; KALLEL et al., 2009; GUIMARÃES et al., 2014).

Fe3+ + H2O2 FeOOH2+ + H+ (27)

Porém, os dados obtidos através da análise dos efeitos pelo planejamento

fatorial fracionado revelam que o aumento da massa de limalha de ferro

contribui para o aumento da eficiência de degradação do agrotóxico

piraclostrobina. De certa forma, isso pode ser ocasionado pela adsorção do

agrotóxico à limalha de ferro e não essencialmente à degradação do agrotóxico

piraclostrobina pelo processo oxidativo.

Sendo assim, foi realizado um experimento para averiguar a ocorrência da

adsorção dos agrotóxicos pela limalha de ferro.

6.2.2.3 Avaliação da adsorção dos agrotóxicos na limalha de ferro

A Figura 9 mostra que ambos os agrotóxicos bentazona e piraclostrobina

tendem a serem adsorvidos pelo material cola PVA, no entanto, esse fenômeno

é mais pronunciado para o agrotóxico piraclostrobina. Ao utilizar-se a cola PVA

como suporte para limalha de ferro verificou-se que 15% de piraclostrobina

foram adsorvidos pelo material, em outras palavras, a concentração inicial de

10 mg L-1 foi reduzida para 8,5 mg L-1. O mesmo não foi observado quando se

utilizou imã como suporte para limalha de ferro.

Os resultados obtidos através do experimento de avaliação da adsorção

explicam por que o agrotóxico piraclostrobina apresenta maior eficiência de

degradação quando são empregados maiores quantidades de limalha de ferro.

Concomitante a isso, o aumento do tempo de reação também está atrelado à

adsorção, pois mediante a adsorção surge um equilíbrio de adsorção e de certa

Page 89: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

71

forma esse equilíbrio altera o tempo de reação necessário para se realizar a

real degradação do agrotóxico piraclostrobina.

Neste sentido, nos experimentos futuros se optou por utilizar imã para

imobilizar a limalha de ferro ao invés da cola PVA.

Figura 9 – Avaliação da adsorção dos agrotóxicos na limalha de ferro

(condições experimentais: sem UV, H2O2 e acidificar, tempo de 60 min,

temperatura de 25 °C e agitação de 200 rpm).

6.2.2.4 Considerações acerca da variável UV

O fato de a variável UV apresentar efeito significativo positivo para ambos

os agrotóxicos bentazona e piraclostrobina não é surpreendente. Conforme

descrito anteriormente, equações 11-18 verifica-se a contribuição da radiação

UV na geração de espécies químicas contribuintes para degradação de

compostos orgânicos, quando combinada com Fe0 e H2O2.

A Figura 8 mostra que a variação da radiação UV do menor nível (sem

radiação UV) para o maior nível (com radiação UV) eleva a eficiência de

degradação em 25,82% e 30,76% de ambos os agrotóxicos, bentazona e

piraclostrobina respectivamente.

Com intuito de avaliar o efeito que a radiação UV apresenta mediante a

degradação dos compostos bentazona piraclostrobina foi realizado um

experimento para averiguar a fotólise de ambos os compostos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

10 11

0 60

Co

nce

ntr

ação

(m

g L-1

)

Tempo (min)

Bentazona

Piraclostrobina

Bentazona ads.

Piraclostrobina ads.

Page 90: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

72

6.2.3 Avaliação do efeito da radiação UV frente ao processo

Fe0/H2O2/UV

Através da Figura 10 é possível verificar que somente a radiação UV não é

capaz de realizar a adequada e completa degradação dos agrotóxicos

bentazona e piraclostrobina. Quando empregada sozinha, a radiação UV

conduziu a 28% e 42% de degradação dos agrotóxicos bentazona e

piraclostrobina, respectivamente. Quando combinada ao processo Fe0/H2O2/UV

os valores de degradação chegaram a 99% para o agrotóxico bentazona e

100% para o agrotóxico piraclostrobina.

Figura 10 – Avaliação do efeito da radiação UV frente ao processo

Fe0/H2O2/UV, a) eficiência de degradação bentazona e b) eficiência de

degradação piraclostrobina (condições experimentais: 5 mmol L-1 de H2O2, pH

2,0, 2,0 g de limalha de ferro, temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e

tempo de reação de 60 min). Barras indicando RSD%.

6.2.4 Planejamento Experimental Fatorial Completo 22

Após avaliação e triagem das variáveis mais significativas pelo

Planejamento Fatorial Fracionado 25-2, foi realizado um Planejamento

Experimental Fatorial Completo 22.

Desta forma, foi realizado um Planejamento Experimental Fatorial Completo

22 (Tabela 8), composto por oito experimentos mais duas replicas dos pontos

centrais, totalizando 10 experimentos onde foram variados o tempo de reação e

a concentração de peróxido de hidrogênio, enquanto os demais fatores foram

0

20

40

60

80

100

120

Bentazona

% D

egr

adaç

ão

0

20

40

60

80

100

120

Piraclostrobina

% D

egr

adaç

ão

a) b) Fe

0/H2O2/UV Fe

0/H2O2/UV

UV

UV

Page 91: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

73

fixados de acordo com os resultados apresentados durante a triagem pelo

Planejamento Experimental Fatorial Fracionado 25-2.

A Tabela 8 mostra as taxas de degradação para cada agrotóxico em cada

experimento, bem como, a taxa de mineralização dos agrotóxicos, determinada

pela análise de COT. A Tabela 7 apresenta os níveis e os seus respectivos

valores reais utilizados no Planejamento Experimental Fatorial Completo 22

empregado na otimização do processo Fe0/H2O2/UV.

Tabela 7: Valores utilizados no Planejamento Experimental Fatorial Completo

22

Variáveis Níveis

-1,41 -1,0 0 1,0 1,41

Tempo de

Reação (TR) 30 min 60 min 90 min 120 min 150 min

[H2O2] 0 mmol L-1 2,5 mmol L-1 5 mmol L-1 7,5 mmol L-1 10 mmol L-1

Variáveis Fixadas

LF 2 g

pH 2

UV Com radiação UV

Tabela 8: Matriz do Planejamento Experimental Fatorial Completo 22

Ensaios TR [H2O2] (%) Degradação (%)

Mineralização Bentazona Piraclostrobina

1 -1,0 -1,0 99,97 100 2,0

2 -1,0 1,0 99,89 99,83 90,0

3 1,0 -1,0 100 100 63,5

4 1,0 1,0 99,99 99,96 96,4

5 -1,41 0,0 99,99 99,81 60,5

6 1,41 0,0 99,36 99,45 95,3

7 0,0 -1,41 95,78 99,86 41,2

8 0,0 1,41 99,94 99,67 72,5

9 0,0 0,0 99,98 99,55 68,2

10 0,0 0,0 99,96 99,55 70,3

Page 92: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

74

As respostas dos respectivos experimentos foram analisadas no modo MS

residual com 95% de significância e alpha igual 0,05 (p-valor = 0,05). O efeito

das variáveis pode ser visto na Figura 11, sob a forma de diagrama de Pareto.

Figura 11 – Diagrama de Pareto, efeitos observados para os agrotóxicos

bentazona (a), piraclostrobina (b) mineralização (c). Linha vertical no diagrama

define o nível de 95% de confiança.

Observando os diagramas de Pareto (Figura 11), verifica-se que as

variáveis tempo de reação (TR) e concentração de peróxido de hidrogênio

([H2O2]) não apresentaram efeito significativo para as respostas (%)

degradação de bentazona e piraclostrobina. Isso indica que altos valores de

degradação de ambos os agrotóxicos foram observados em todos os

experimentos.

Como pode ser observado na Figura 11, as variáveis testadas (TR e [H2O2])

apresentaram influencia sobre a resposta (%) de mineralização. Neste sentido,

c)

b) a)

[H2O2] (L)

[H2O2] (Q)

TR (L)

TR (Q)

1 L x 2 L

[H2O2] (Q)

TR (Q)

1L x 2L

[H2O2] (L)

TR (L)

[H2O2] (L)

[H2O2] (Q)

TR (Q)

TR (L)

1L x 2L

Page 93: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

75

a variável independente de maior efeito foi a [H2O2], seguido pelo TR, além

disso, a interação entre essas duas variáveis também mostrou algum efeito

significativo sobre a mineralização dos agrotóxicos. As variáveis [H2O2] e TR

apresentaram efeito significativo positivo, enquanto a interação entre essas

duas variáveis apresentou um efeito significativo negativo. Isso denota que, ao

se passar de um experimento de menores valores de [H2O2] e TR, para um

experimento que utiliza maiores valores de [H2O2] e TR há um aumento de

38,80 % e 27,49 % na taxa de mineralização, respectivamente. No entanto, a

interação entre essas duas variáveis demonstra que quando são empregados

os maiores níveis de [H2O2] e TR ocorre uma diminuição de 18,34 % na taxa de

mineralização.

A análise dos coeficientes de regressão revelou que o R2 para o modelo (%)

de mineralização foi de 0,88. O que demonstra o ajuste do modelo estudado.

Sendo assim, a equação de regressão para o modelo pode ser sugerida,

conforme descrito a seguir:

Mineralização (%) = 65,99 + 14,63 TR + 20,63 [H2O2] – 13,77 TR x [H2O2]

6.2.4.1 Validação do modelo sugerido

A Tabela 9 mostra os valores dos termos da ANOVA para as resposta (%)

de mineralização.

Tabela 9: ANOVA dos principais efeitos do modelo para taxa de mineralização

(SS: soma quadrática; df: graus de liberdade; MS: média quadrática; F: teste de

Fisher).

Fator SS Df MS F

TR 1714,780 1 1714,780

9,11

[H2O2] 3409,930 1 3409,930

TR x [H2O2] 761,928 1 761,928

Erro 1290,939 6 215,156

Total 7177,577 9 -

A partir dos valores observados da ANOVA para o modelo sugerido é

possível investigar o valor de F para o modelo. O calculo do teste F sugere o

Page 94: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

76

valor de 9,11 para o modelo, enquanto o valor para o teste F tabelado é 3,86.

Isso evidencia que o modelo gerado se ajusta para otimização do sistema, pois

os valore do teste de F calculado pelos dados gerados pela ANOVA é maior

que o valor do teste de F tabelado.

Desta forma, pode-se avaliar a predição do modelo. A Tabela 10 mostra os

valores da (%) de mineralização observados através da realização dos

experimentos e os valores preditivos gerados pelo modelo.

Tabela 10: Comparação entre os valores observados e os valores preditivos

Ensaio TR [H2O2] Valor real Valor predito Erro

1 -1,0 -1,0 2,0 16,9 7,57

2 -1,0 1,0 90,0 85,8 0,05

3 1,0 -1,0 63,5 73,8 0,16

4 1,0 1,0 96,4 87,4 0,09

5 -1,41 0,0 60,5 45,3 0,25

6 1,41 0,0 95,3 86,7 0,09

7 0,0 -1,41 41,2 36,8 0,10

8 0,0 1,41 72,5 95,2 0,30

9 0,0 0,0 68,2 66,0 0,03

10 0,0 0,0 70,3 66,0 0,06

Com exceção do experimento 1, pode-se se dizer que os valores

apresentados evidenciam que o modelo é preditivo, sendo adequado para

gerar a superfície de resposta. Desta forma, por meio da análise da superfície

de resposta, torna-se possível avaliar a interação entre as variáveis estudadas

(TR e [H2O2]).

A Figura 12 mostra a interação entre TR e [H2O2] para a resposta (%) de

mineralização. Como pode ser observado, os melhores valores de

mineralização podem ser alcançados utilizando duas combinações diferentes:

10,00 mmol L-1 de H2O2 e 30 min de tempo de reação ou 0,00 mmol L-1 de

H2O2 e 150 min de tempo de reação.

Page 95: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

77

Figura 12 – Superfície de resposta (interações entre as variáveis

significativas).

Optou-se por não utilizar peróxido de hidrogênio, pois os resultados

apresentados pela superfície de resposta indicam a possibilidade de realizar a

mineralização dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina sem adição desse

reagente.

Isso se torna possível, pois a radiação UV quando combinada ao Fe0 em

meio aquoso induz o processo a uma série de vias reacionais de produção de

espécies de oxidantes “in situ”, conforme descrito nas equações (12) – (16)

(SON et al., 2009; GRČIĆ et al., 2012; FARD et al., 2013). Além disso, a

irradiação aplicada causa a clivagem dos complexos de ferro formados durante

o processo oxidativo, sendo formadas espécies iônicas de Fe2+ e proporções

adicionais de radical hidroxila (HO.), equações (17) – (18) (GRČIĆ et al., 2012;

RIBEIRO et al., 2015).

Fe0 + hv → Fe2+ + 2e- (<400 nm) (12)

Fe0 → Fe2+ + 2e- (13) O2

Page 96: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

78

Fe0 + O2 + H2O → 2Fe2+ + 4OH- (14)

Fe0 + O2 + 4H+ → 2Fe2+ + 2H2O (15)

Fe0 + O2 + 2H+ → Fe2+ + H2O2 (16)

Fe(OH)2+ + hv → Fe2+ + HO. (17)

Fe3+ + H2O + hv → Fe2+ + H+ + HO. (18)

Desta forma, optou-se por otimizar o processo utilizando as seguintes

condições: 2 g de limalha de ferro, pH 2,0, com radiação UV-C e sem adição de

peróxido de hidrogênio com um tempo de reação de 150 min.

6.2.5 Eficiência de degradação e mineralização dos agrotóxicos

bentazona e piraclostrobina empregando as condições escolhidas

Quando as condições ótimas foram empregadas, altos valores de

degradação dos agrotóxicos e mineralização foram observados. A Figura 13

mostra os valores de degradação de cada agrotóxico, bem como, os valores de

mineralização desde o inicio do processo até o tempo de reação final de 150

min. Ambos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina foram completamente

degradados em um tempo de reação de 40 min, o que denota a elevada

potencialidade do processo desenvolvido. Além disso, nessas mesmas

condições, o processo apresentou 95% de mineralização, ou seja, o carbono

orgânico total foi reduzido de 20 mg L-1 de C para 1 mg L-1 de C (Figura 14).

Page 97: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

79

Figura 13 – Avaliação da degradação e mineralização dos agrotóxicos pelo

processo Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de

ferro, temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de reação de 150

min).

Figura 14 – Concentração de carbono orgânico total durante a realização do

processo Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de

ferro, temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de reação de 150

min).

A análise de carbono orgânico total revelou a alta eficiência do processo

desenvolvido e otimizado para mineralização dos agrotóxicos em estudo. A

resolução do CONAMA n° 430 de 2011, a qual dispõe quanto às condições e

0

20

40

60

80

100

120

0 50 100 150

(%)

Tempo (min)

Piraclostrobina

Bentazona

Mineralização

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

CO

T (m

g L-1

de

C)

Tempo (min)

INICIAL

HOMOGÊNEA

20

40

60

80

100

120

140

Page 98: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

80

padrões de lançamento de efluentes e completa e altera a resolução n° 357 de

2005, não estipulam um limite máximo para COT, no entanto ela faz menção

quanto ao limite máximo de DBO5, o qual é de 120 mg L-1 para efluentes

tratados que tenham obtido 60% de remoção da demanda de carbono

orgânico. Sendo assim, pode-se dizer que os valores de COT obtidos por esse

sistema enquadram-se no perfil estabelecido pela legislação Brasileira

(CONAMA, 2005; CONAMA, 2011).

6.2.5.1 Acompanhamento da formação de íons empregando IC com

detecção por condutividade

Com intuito de avaliar a mineralização dos agrotóxicos betazona e

piraclostrobina, também foi realizada a análise de íons empregando

cromatografia iônica.

Na Figura 15, é possível visualizar que a mineralização dos agrotóxicos

bentazona e piraclostrobina leva a formação de espécies iônicas inorgânicas.

Estes íons formados durante o processo oxidativo são oriundos da estrutura

molecular dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina. Os dados apresentados

na Figura 15 corroboram com os resultados obtidos através da analise de

carbono orgânico total. Desta forma são gerados os seguintes íons ao final do

processo oxidativo: cloreto, nitrato e sulfato, obtendo-se as seguintes

concentrações: 6,07 mg L-1, 4,96 mg L-1 e 16,56 mg L-1, respectivamente.

Convém salientar, que a legislação brasileira, através da resolução n° 357 do

CONAMA de 2005, bem como da resolução n° 430 de 2011, não dispõe de

limites para as espécies iônicas cloreto, nitrato e sulfato para descarte de

efluentes aquosos. Sendo assim, fica evidente que os valores apresentados

para os íons detectados estão de acordo com o limite estabelecido pela

legislação brasileira que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento

de efluentes aquosos (CONAMA, 2005; COANAMA, 2011). Cabe salientar, que

os resultados apresentados na Figura 15 foram obtidos quando se utilizou uma

solução trabalho com concentração de 10 mg L-1 de cada agrotóxico comercial.

Page 99: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

81

Figura 15 – Avaliação da mineralização durante a realização do processo

Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro,

temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de reação de 150 min).

6.2.5.2 Cinética de mineralização dos agrotóxicos bentazona e

piraclostrobina

Para analisar o efeito do tempo de reação na cinética de mineralização,

foram plotados os dados de mineralização em função do tempo. A Figura 16

mostra a mineralização dos agrotóxicos em função de diferentes intervalos de

tempo.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Cloreto Nitrato Sulfato

Co

nce

ntr

ação

(m

g L-1

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150

Min

era

lizaç

ão (

%)

Tempo (min)

Page 100: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

82

Figura 16 – Comportamento cinético para mineralização dos agrotóxicos,

(condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro, temperatura de 25

°C , agitação de 200 rpm e radiação UV).

Pode-se verificar que a mineralização é favorecida pelo aumento do tempo

de reação. Observa-se que ao final de 150 min de tempo de reação obteve-se

uma mineralização de 95%.

Os dados experimentais da Figura 16 foram ajustados aos modelos de

primeira ordem, pseudo-primeira ordem e pseudo-segunda ordem, e os

resultados demonstraram que o modelo de pseudo-segunda ordem foi o mais

adequado para representar os dados experimentais cinéticos (R2>0,99,

EMR<3,34 e K2 = 0,000720 min-1). A Figura 17 ilustra o ajuste do modelo de

pseudo-segunda ordem para a mineralização em função do tempo de reação.

0 20 40 60 80 100 120 140 160

t (min)

0

20

40

60

80

100

120

(%)

Min

era

lização

Figura 17 – Ajuste do modelo de pseudo segunda ordem (valores preditos x

valores reais). Condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro,

temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de reação de 150 min.

6.5.5.3 Elucidação dos prováveis produtos de degradação para os

agrotóxicos bentazona e piraclostrobina

A Figura 18 mostra os prováveis produtos de degradação formados a partir

da degradação do agrotóxico piraclostrobina. Mediante as análises realizadas

Page 101: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

83

por LC-MS/MS determinaram-se a presença de cinco produtos de degradação.

Como pode ser visto os produtos intermediários oriundos da degradação da

piraclostrobina são formados a partir de um único caminho de reação. Os

radicais HO• possuem a tendência de realizar o ataque em átomos com

elevada carga de densidade negativa. Os átomos de carbono do anel clorofenil

apresentam elevada densidade negativa (ALLUÉ et al., 2012). Sendo assim,

primeiramente a piraclostrobina foi atacada pelo radical HO• no anel clorofenil,

levando a formação de uma espécie monohidroxilada, produto de degradação

de razão massa carga de 404 m/z. Após a hidroxilação do anel clorofenil ocorre

à cisão do anel clorofenil seguido pela cisão da ligação do pirazol (ligação N ―

C), conduzindo a formação do composto 278 m/z. O intermediário de 278 m/z

sofre ataque do radical HO• no anel aromático ou no pirazol, levando a

formação dos compostos de razão massa carga igual a 294 m/z.

Consequentemente o hidroxifenil formado sofre cisão, rompendo a ligação

entre N e C, simultaneamente ocorre à perda do grupo N-metoxi, propiciando a

formação do produto de degradação final de 75 m/z.

A Figura 19 ilustra os possíveis produtos de degradação gerados mediante

a degradação do agrotóxico bentazona. Através das análises realizadas por

LC-MS/MS detectaram-se a presença três produtos de degradação para o

agrotóxico bentazona.

A Figura 19 sugere que os produtos intermediários podem ser formados por

duas rotas de reação diferentes. Uma das rotas de reação sugere que o

bentazona sofre ataque do radical HO• em um dos carbonos do anel aromático,

levando a geração de uma espécie mono-hidroxilada cuja razão massa carga é

256 m/z. Conforme mencionado anteriormente, o radical HO• prefere realizar o

ataque em átomos que apresentem alta densidade eletrônica, como no caso

dos átomos de carbono do anel aromático. Este mesmo produto intermediário

foi identificado em outros trabalhos de degradação do agrotóxico bentazona

(NILLES e ZABIK, 1975; HEREDIA et al., 1996; PESCHKA et al., 2007;

DAVEZZA et al., 2012). Após a hidroxilação, o produto intermediário 256 m/z

sofre cisão no anel aromático, concomitante à abertura do heterociclo e perda

dos grupos SO2 e iso-propil, conduzindo a formação do produto final de 59 m/z.

A segunda rota de reação proposta sugere que o agrotóxico bentazona sofre a

Page 102: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

84

perda do grupo SO2, levando a formação do produto 178 m/z. PESCHKA e

colaboradores demonstraram que o agrotóxico bentazona também sofre ataque

do radical HO. no grupo SO2, ocasionando a abertura do heterociclo levando a

formação de dois isômeros cuja a razão massa carga é 257 m/z (PESCHKA et

al., 2007). De certa forma, esse fato explica como ocorre a perda do grupo SO2

pelo bentazona, embora, estes intermediários não tenham sido identificados

neste trabalho. Após a perda do grupo SO2 o produto de degradação formado

(178 m/z) provavelmente sofre cisão no anel aromático concomitante a perda

do grupo iso-propil devido a cisão da ligação entre N e C, conduzindo a

formação do produto de degradação final de 59 m/z.

Page 103: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

85

Cl N

O

N

O

O

O

388 m/z

Cl N

O

N

O

O

O

404 m/z

HO.

H N

O

N

O

O

O

278 m/z

H N

O

N

O

O

O

294 m/z

H N

O

N

O

O

O

294 m/z

HO.HO.

HO

OH

HO

O NH2

O

75 m/z

Figura 18 – Produtos de degradação sugeridos para o agrotóxico

piraclostrobina.

Page 104: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

86

N

SO2

N

O

H

240 m/z

N

SO2

N

O

H

256 m/z

HO NH2

HN

O178 m/z

59 m/z

NH2

O

Figura 19 – Produtos de degradação sugeridos para o agrotóxico bentazona.

Page 105: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

87

6.2.6 Determinação de ferro total dissolvido remanescente ao processo

oxidativo

A análise de ferro total dissolvido utilizando a determinação por

espectrofotometria revelou uma concentração média de 2,72 mg L-1 de Fe2+. A

curva analítica empregada para determinação de Fe2+ remanescente ao final

do processo Fe0/UV desenvolvido pode ser visualizada na Figura 20.

Figura 20 – Curva analítica empregada para determinação de ferro total

dissolvido

O valor estabelecido pela legislação brasileira através da resolução n° 357

do CONAMA de 2005 para descarte de efluentes aquosos é de 15 mg L-1 de

ferro dissolvido, ou seja, de Fe2+. Sendo assim, fica evidente que esse valor

médio de 2,72 mg L-1 de Fe2+ está de acordo com o limite estabelecido pela

legislação brasileira (CONAMA, 2005).

6.2.7 Testes de toxicidade

Os testes de fuga empregando minhocas revelaram que não ocorreu fuga

dos animais no solo onde foi adicionada a amostra referente ao sistema

modelo bentazona e piraclostrobina inicial (antes do tratamento), apresentando

p = 0,005 (p critico) o qual demonstra que não há perda de funcionalidade. Por

outro lado, a amostra final (após o tratamento), revelou a fuga de um animal

com p < 0,0001 o que demonstra a perda de funcionalidade. Essa diferença

y = 0,1856x + 0,0413 R² = 0,999

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

0,2

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Ab

s.

Concentração (mg L-1)

Page 106: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

88

comportamental da amostra após o tratamento pode ser explicada pelo fato de

que ao final do tratamento o pH do meio é 2, meio extremamente ácido.

Portanto, a acidez do meio pode ser responsável por esses resultados, uma

vez que, os dados obtidos através das análises químicas, os quais são

apresentados neste trabalho, demonstram que o processo realiza a destruição

dos compostos orgânicos.

A Figura 21 apresenta os dados de crescimento das microalgas D.

communis com base na densidade das mesmas em suas respectivas culturas.

Foi possível observar que as microalgas mostraram menor crescimento para o

meio de cultivo bruto (amostra inicial, sem tratamento) quando comparadas às

microalgas presentes no meio de cultivo tratado (amostra final, após

tratamento). Isso denota a eficiência do processo desenvolvido, uma vez que a

toxicidade do efluente após o final do tratamento é menor. No entanto, verifica-

se que para ambos os cultivos conforme se aumenta a concentração do

efluente ocorre uma diminuição no crescimento das microalgas.

Figura 21 – Crescimento celular de D. communis frente exposição à efluente

bruto e tratado. Dados expressos em média ± erro padrão.

0

20

40

60

80

100

120

0 20 40 60 80 100

Cre

scim

en

to d

as a

lgas (

%)

Concentração Efluente (%)

Bruto

Tratado

Page 107: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

89

CAPÍTULO 7 APLICABILIDADE DO PROCESSO:

DEGRADAÇÃO DO SISTEMA MODELO

MISCELÂNEA DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

__________________________________________________________

Page 108: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

90

Foi realizada a degradação de uma miscelânea de compostos orgânicos,

afim de avaliar a capacidade do processo desenvolvido e otimizado em

degradar outros tipos de resíduos aquosos.

A degradação foi realizada empregando as condições otimizadas para a

degradação dos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina. Os testes foram

realizados em triplicata.

7.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA DEGRADAÇÃO

DA MISCELÂNEA DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

O desenvolvimento experimental consistiu na avaliação da potencialidade

do processo desenvolvido e previamente otimizado para realizar a degradação

da miscelânea de compostos orgânicos (nimesulida, tebuconazol,

epoxiconazol, metilparabeno e propilparabeno) em meio aquoso, com

determinação analítica por LC-ESI-MS/MS. Também foram realizadas as

análises de COT e cromatografia iônica para averiguar a possível

mineralização dos compostos. Além disso, foi avaliado o perfil cinético de

mineralização destes compostos.

7.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.2.1 Degradação do sistema modelo composto pela miscelânea de

compostos orgânicos

Com intuito de avaliar a capacidade do processo desenvolvido e otimizado

em degradar outros tipos de resíduos aquosos, foi realizado o estudo da

degradação de uma miscelânea de compostos orgânicos (nimesulida,

tebuconazol, epoxiconazol, metilparabeno e propilparabeno). Nas condições

otimizadas para Bentazona e Piraclostrobina.

A solução do sistema modelo usado durante os experimentos de

degradação foi preparada em laboratório através da adição de 10 mg L-1 de

cada composto orgânico Figura 22 em 1 L de água destilada. Os compostos

selecionados pertencem a classes e grupos químicos diferentes.

Page 109: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

91

F

O

Cl

CH2

N

NNO

N+

O-O

NH

S

OO

HO

O

O

HO

O

O

Cl

OH

N

N

N

Figura 22 – Estrutura química dos compostos orgânicos selecionados

Quando as melhores condições foram aplicadas para a degradação do

resíduo sintético formado pela miscelânea de compostos orgânicos, elevados

valores de degradação foram observados. Isso demonstra que o processo

desenvolvido é capaz de induzir a degradação de uma grande variedade de

compostos orgânicos. A Figura 23 ilustra os valores de degradação alcançados

para cada composto em função do tempo de reação. Verifica-se que, após 20

min de reação, o processo Fe0/H2O/UV conduziu a valores de degradação

entre 11 e 91%. Pode ser evidenciado também, que os valores de degradação

aumentam gradativamente com o tempo de reação. Como por exemplo, após

40 min de reação, os valores de degradação situam-se entre 39 e 98%. Por

Epoxiconazol Nimesulida

Tebuconazol

Propilparabeno Metilparabeno

Page 110: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

92

fim, ao final do período de 150 min de reação observa-se que os valores de

degradação situam-se entre 80 e 100%.

Figura 23 – Eficiência de degradação da miscelânea de compostos orgânicos

pelo processo Fe0/H2O/UV (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha

de ferro, temperatura de 25 °C e agitação de 200 rpm).

Além disso, também, foi realizada a análise de carbono orgânico total,

visando avaliar a mineralização em diferentes tempos de reação. A Figura 24

mostra que o processo desenvolvido conduz a uma excelente taxa de

mineralização, chegando a 98% após 150 min de reação. A Figura 25

demonstra que o valor de carbono orgânico total foi reduzido de 1920 mg L-1 de

C para 40 mg L-1 de C. A resolução do CONAMA n° 430 de 2011, a qual dispõe

quanto às condições e padrões de lançamento de efluentes e completa e altera

a resolução n° 357 de 2005, não estipulam um limite máximo para COT. No

entanto, ela faz menção quanto aos limites máximos de DBO5, o qual é de 120

mg L-1 para efluentes tratados que tenham obtido 60% de remoção da

demanda de carbono orgânico. Sendo assim, pode-se dizer que os valores de

COT obtidos por esse sistema enquadram-se no perfil estabelecido pela

legislação brasileira (CONAMA, 2005; CONAMA, 2011).

0

20

40

60

80

100

120

20 40 60 80 100 120 140 150

De

grad

ação

(%

)

Tempo (min)

Metilparabeno Nimesulida Propilparabeno Epoxiconazol Tebuconazol

Page 111: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

93

Figura 24 – Eficiência de mineralização da miscelânea de compostos

orgânicos pelo processo Fe0/H2O/UV (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g

de limalha de ferro, temperatura de 25 °C e agitação de 200 rpm).

Figura 25 – Concentração de carbono orgânico total obtido mediante

degradação da miscelânea de compostos orgânicos pelo processo Fe0/H2O/UV

(condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro, temperatura de 25

°C e agitação de 200 rpm).

7.2.1.1 Acompanhamento da formação de íons empregando cromatografia

iônica com detecção por condutividade

A determinação, bem como o acompanhamento dos íons formados durante

o processo oxidativo foi empregada de forma a confirmar a mineralização dos

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

100 110

0 20 40 60 80 100 120 140 150

(%)

Min

era

lizaç

ão

Tempo (min)

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

1000,0

1200,0

1400,0

1600,0

1800,0

2000,0

Tempo (min)

CO

T m

g L-1

de

C

INICIAL

20

40

60

80

100

120

140

150

Page 112: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

94

compostos orgânicos presentes no sistema modelo, o qual contem nimesulida,

tebuconazol, epoxiconazol, metilparabeno e propilparabeno. A determinação foi

realizada usando a cromatografia iônica.

Pela Figura 26, é possível visualizar que a mineralização dos compostos

orgânicos conduz a formação de espécies iônicas inorgânicas. Estes íons

formados durante o processo oxidativo são oriundos da estrutura molecular dos

compostos orgânicos. Os dados apresentados na Figura 26 comprovam os

resultados obtidos através da analise de carbono orgânico total. Sendo assim,

evidencia-se que são gerados os seguintes íons ao final do processo: cloreto,

fluoreto, nitrato e sulfato, obtendo-se as seguintes concentrações: 4,09 mg L-1,

6,48 mg L-1, 4,94 mg L-1 e 16,48 mg L-1, respectivamente. Convém salientar,

que a legislação brasileira, através da resolução n° 357 do CONAMA de 2005,

bem como da resolução n° 430 de 2011, não dispõe de limites para as

espécies iônicas cloreto, fluoreto, nitrato e sulfato para descarte de efluentes

aquosos. Sendo assim, fica evidente que os valores apresentados para os íons

detectados estão de acordo com o limite estabelecido pela legislação brasileira

que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes aquosos

(CONAMA, 2005; COANAMA, 2011). Cabe mencionar, que os resultados

apresentados na Figura 26 foram obtidos quando se utilizou uma solução

trabalho contendo 10 mg L-1 de cada composto orgânico, a qual foi preparada a

partir de produtos comerciais.

Page 113: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

95

Figura 26 – Avaliação da mineralização durante a realização do processo

Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro,

temperatura de 25 °C, agitação de 200 rpm e tempo de reação de 150 min).

Os testes de fuga empregando minhocas revelaram que não ocorreu fuga

dos animais no solo onde foi adicionada a amostra referente ao sistema

modelo miscelânea de compostos orgânicos inicial (antes do tratamento),

apresentando p < 0,0001 (p critico) o qual demonstra perda de funcionalidade.

Por outro lado, a amostra final (após o tratamento), revelou a fuga de um

animal com p = 0,003, ou seja, não há perda de funcionalidade.

A Figura 27 apresenta os dados de crescimento das microalgas D.

communis com base na densidade das mesmas em suas respectivas culturas.

Foi possível observar que as microalgas mostraram menor crescimento para o

meio de cultivo bruto (amostra inicial, sem tratamento) quando comparadas às

microalgas presentes no meio de cultivo tratado (amostra final, após

tratamento). Isso denota a eficiência do processo desenvolvido, uma vez que a

toxicidade do efluente após o final do tratamento é menor.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Fluoreto Cloreto Nitrato Sulfato

Co

nce

ntr

ação

(m

g L-1

)

Page 114: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

96

Figura 27 – Crescimento celular de D. communis frente exposição à efluente

bruto e tratado. Dados expressos em média ± erro padrão.

0

20

40

60

80

100

120

140

0 20 40 60 80 100

Cre

scim

en

to d

as a

lgas (

%)

Concentração Efluente (%)

Bruto

Tratado

Page 115: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

97

CAPÍTULO 8 APLICABILIDADE DO PROCESSO:

DEGRADAÇÃO DOS RESÍDUOS DE FASE MÓVEL

_______________________________________________________________

Page 116: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

98

8.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA DEGRADAÇÃO

DOS RESÍDUOS DE FASE MÓVEL

Ainda com intuito de avaliar a capacidade do processo desenvolvido e

otimizado em degradar outros tipos de resíduos aquosos, foi realizado o estudo

da degradação de resíduos de fase móvel de HPLC.

Cabe resaltar que os resíduos de fase móvel de HPLC utilizados nesta

avaliação foram gerados durante as analises cromatográficas realizadas no

desenvolvimento deste trabalho. Sendo assim, através de tal avaliação será

possível obter um indicativo sobre sustentabilidade deste estudo.

Os resíduos de fase móvel de HPLC usados durante os experimentos de

degradação são compostos por metanol, acetonitrila, modificadores químicos e

traços de compostos orgânicos.

8.1.1 Oxidação do resíduo de fase móvel de HPLC

O desenvolvimento experimental consistiu na avaliação da potencialidade

do processo desenvolvido e previamente otimizado para realizar a oxidação e

mineralização do resíduo de fase móvel de HPLC em meio aquoso, com

determinação de COT.

8.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

8.2.1 Oxidação do resíduo de fase móvel de HPLC

O desenvolvimento experimental consistiu na avaliação da potencialidade

do processo desenvolvido e previamente otimizado para realizar a oxidação e

mineralização do resíduo de fase móvel de HPLC em meio aquoso, com

determinação de COT.

O resíduo de fase móvel usando durante os experimentos de degradação

foi obtido no Laboratório de Análises de Compostos Orgânicos e Metais

(LACOM) da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Trata-se de um

resíduo oriundo das análises cromatográficas realizadas através da técnica de

cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas sequencial (LC-

Page 117: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

99

MS/MS) e cromatografia líquida acoplada ao detector de arranjo de diodos (LC-

DAD). Esse resíduo de fase móvel é composto essencialmente por solventes

orgânicos como, por exemplo, metanol e acetonitrila, além de alguns

modificadores químicos como ácido fórmico e ácido acético, além de alguns

compostos orgânicos em concentrações traço, em meio aquoso.

A Figura 28 mostra os valores de carbono orgânico total obtidos mediante a

oxidação do resíduo de fase móvel pelo processo desenvolvido e otimizado em

função do tempo de reação. Os resultados demonstram que após o período de

150 min obteve-se uma redução de 5150 mg L-1 de C para 2632 mg L-1 de C,

conduzindo à uma mineralização de 48,93% da matéria orgânica presente no

resíduo de fase móvel. Verifica-se também, que o aumento do tempo de reação

foi insignificante, pois após o período de 150 min os valores de carbono

orgânico total e mineralização permaneceram constantes. O que denota a

necessidade do incremento de outro precursor para geração de radical

hidroxila no meio reacional, como, por exemplo, a adição de H2O2 ao processo.

Isso se faz necessário, pois o metanol sofre oxidação via mecanismo radicalar,

o qual do ponto de vista dos processos oxidativos avançados é inviável, pois

consome radical hidroxila prejudicando a eficiência do processo (NOGUEIRA et

al., 2007), fato esse que torna o metanol um agente sequestrador de radical

hidroxila. Sendo por essa característica, extremamente utilizado em diversos

trabalhos para cessar a reação de oxidação induzida por radical hidroxila

(GUIMARÃES et al., 2016; MOREIRA et al., 2015; GUIMARÃES et al., 2014;

LIU et al., 2013; ZOSCHKE et al., 2012).

Page 118: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

100

Figura 28 – Avaliação da concentração de carbono orgânico total obtido pela

oxidação do resíduo de fase móvel durante a realização do processo

Fe0/H2O/UV, (condições experimentais: pH 2,0, 2,0 g de limalha de ferro,

temperatura de 25 °C e agitação de 200 rpm).

Além da avaliação de carbono orgânico total, também foi realizada a

determinação dos produtos finais, neste caso, os íons amônio, nitrito e nitrato,

os quais podem ser originados mediante oxidação do solvente acetonitrila.

Destes, somente o ânion nitrato foi detectado por cromatografia iônica, ao final

do período de 150 min de reação verificou-se a presença de 5,1 ± 0,05 mg L-1

de nitrato.

As análises toxicológicas, através dos testes de fuga empregando minhocas

revelaram que ocorreu fuga de um dos animais no solo onde foi adicionada a

amostra referente ao resíduo de HPLC inicial (antes do tratamento). Além

disso, 49 animais morreram, apresentando perda de funcionalidade. Por outro

lado, a amostra final (após o tratamento), revelou a fuga de um animal e morte

de três animais com p < 0,0001, demonstrando perda de funcionalidade.

A Figura 29 apresenta os dados de crescimento das microalgas D.

communis com base na densidade das mesmas em suas respectivas culturas.

Foi possível observar que as microalgas mostraram menor crescimento para o

meio de cultivo bruto (amostra inicial, sem tratamento) quando comparadas às

microalgas presentes no meio de cultivo tratado (amostra final, após

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

0 50 100 150 200 250 300

TOC

(m

g L-1

de

C)

Tempo de reação (min)

Page 119: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

101

tratamento). Embora ambas as amostras apresentem eleva toxicidade verifica-

se que o processo desenvolvido diminui a toxicidade do efluente após o final do

tratamento.

Figura 29 – Crescimento celular de D. communis frente exposição à efluente

bruto e tratado. Dados expressos em média ± erro padrão.

Os dados obtidos para degradação do resíduo de fase móvel enfatiza a

necessidade do aprimoramento do processo para eliminação dos compostos

presentes no mesmo. No entanto, os resultados obtidos neste estudo

demonstram que o processo desenvolvido além de eficiente para degradação

de variadas espécies de compostos orgânicos é sustentável, pois neste

trabalho foi possível de realizar o tratamento dos resíduos gerados durante o

desenvolvimento experimental.

0

20

40

60

80

100

120

140

0 20 40 60 80 100

Cre

scim

en

to d

as a

lgas (

%)

Concentração Efluente (%)

Bruto

Tratado

Page 120: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

102

CAPÍTULO 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

_____________________________________________________________

Page 121: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

103

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Tabela 11 mostra a comparação entre os valores observados para os

diferentes resíduos após tratamento pelo processo Fe0/UV. Mediante tais

valores, é possível visualizar que o processo desenvolvido e otimizado para

degradação do resíduo sintético composto pelos agrotóxicos bentazona e

piraclostrobina é capaz de realizar a degradação de diferentes substratos

orgânicos, quando empregadas às mesmas condições reacionais. O processo

desenvolvido foi capaz de degradar completamente os compostos bentazona e

piraclostrobina, ambos pertencentes ao resíduo sintético, a maioria dos

compostos presentes na miscelânea foram degradados completamente, com

exceção dos compostos nimesulida e tebuconazol, estes apresentaram os

seguintes valores de degradação: 93% e 80% respectivamente. No que diz

respeito à mineralização, alcançou-se os seguintes valores: 95% para o

resíduo sintético e 98% para miscelânea. Além disso, o processo foi capaz de

realizar a mineralização de 48,93% da matéria orgânica presente no resíduo de

fase móvel. Esses fatos evidenciam e comprovam a robustez do processo

desenvolvido, bem como sua elevada eficiência na oxidação de moléculas

orgânicas distintas.

Tabela 11: Comparação entre os valores observados para os diferentes

resíduos após tratamento pelo processo Fe0/UV

Compostos

Orgânicos

Degradação

(%)

COT

(mg L-1)

Mineralização

(%)

Determinação

Iônica (mg L-1)

*Bentazona 100,00

1,0 95,00

6,07 Cl-

4,96 NO3-

16,56 SO42- *Piraclostrobina 100,00

**Epoxiconazol 100,00

40,00 98,00

6,48 F-

4,09 Cl-

4,94 NO3-

16,48 SO42-

**Nimesulida 93,00

**Metilparabeno 100,00

**Propilparabeno 100,00

**Tebuconazol 80,00

***Fase Móvel - 2.632 48,93 5,1 NO3-

*Sistema modelo; **Miscelânea de compostos orgânicos; ***Resíduo de HPLC

Page 122: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

104

Cabe salientar, que o presente processo desenvolvido apresenta uma

grande vantagem frente a inúmeros processos oxidativos descritos na

literatura, pois neste trabalho realizou-se a degradação de diferentes substratos

orgânicos sem fazer o uso de peróxido de hidrogênio. Poucos trabalhos

descrevem a degradação de compostos orgânicos através de um processo

baseado na reação de Fenton sem a utilização de peróxido de hidrogênio como

precursor para geração de radical hidroxila.

DENG e colaboradores observaram a descoloração de uma solução aquosa

de corantes empregando o processo Fe0/UV em um tempo total de 200 min de

reação (DENG et al., 2000). SON e colaboradores realizaram a degradação de

1,4-dioxano empregando o processo Fe0/UV em um tempo total de 240 min de

reação (SON et al., 2009). Já Grčić e seus colaboradores descreveram a

degradação de corantes pelo processo Fe0/UV em um tempo total de

aproximadamente 70 min (GRČIĆ et al., 2012).

O presente processo desenvolvido mostra-se surpreendente, quando

comparado a processos similares descritos na literatura. De fato isso ocorre,

pois o presente trabalho descreve a degradação de diversos compostos

orgânicos, como agrotóxicos, conservantes e fármacos, compostos de

diferentes classes químicas e, portanto de características e propriedades

químicas diferentes, em um tempo de reação menor do que a maioria dos

trabalhos disponíveis. Além disso, cabe ressaltar, a inovadora aplicabilidade do

presente processo, uma vez que foi capaz de se realizar a degradação de um

resíduo de extrema complexidade, como é o caso do resíduo de fase móvel de

HPLC.

Page 123: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

105

CAPÍTULO 10 CONCLUSÕES

__________________________________________________

Page 124: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

106

10.1 CONCLUSÕES

Diante da hipótese lançada e dos objetivos propostos neste trabalho,

envolvendo o desenvolvimento de um processo oxidativo que propicie a

degradação de diferentes substratos orgânicos em meio aquoso empregando

ferro zero e radiação eletromagnética ultravioleta, conclui-se:

O reator fotoquímico confeccionado e desenvolvido para ser

aplicado ao processo Fe0/H2O2/UV mostrou-se adequado ao propósito.

A determinação da área de irradiação do reator fotoquímico revelou que

o reator apresenta uma área de irradiação de 832 cm2. Além disso, o

reator fotoquímico desenvolvido apresentou intensidade fotônica de

4,93x1017 fótons s-1 ou 4,62x10-4 W/cm2.

A avaliação da composição da limalha de ferro por ICP-MS e

FAAS revelou que o material é composto majoritariamente por ferro,

98,43% ± 7,40% de ferro zero, além disso, a limalha de ferro apresenta

um tamanho de partícula de 0,27 mm, o que indica sua potencialidade

para ser aplicada em um processo oxidativo avançado.

O processo desenvolvido e otimizado para degradação do resíduo

sintético composto pelos agrotóxicos bentazona e piraclostrobina é

capaz de realizar a degradação de diferentes compostos orgânicos sob

as mesmas condições, confirmando assim a hipótese lançada.

O processo desenvolvido para a degradação dos agrotóxicos

bentazona e piraclostrobina mostrou ser eficiente. O planejamento

experimental aplicado à otimização do processo mostrou-se ser

adequado e preditivo. Através dos dados obtidos pelo modelo estatístico

obtiveram-se as seguintes condições ótimas para degradação dos

agrotóxicos bentazona e piraclostrobina: 2 g de limalha de ferro, pH 2,0,

com radiação UV-C e sem adição de peróxido de hidrogênio com um

tempo de reação de 150 min. Nessas condições, obteve-se a completa

degradação de ambos agrotóxicos. Além disso, alcançou-se a

mineralização de 95% da matéria orgânica presente no resíduo sintético.

O carbono orgânico total foi reduzido de 20,0 mg L-1 de C para 1,0 mg L-

Page 125: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

107

1 de C. A mineralização foi confirmada pela determinação de íons por

cromatografia iônica, a qual revelou a presença de cloreto, nitrato e

sulfato, obtendo-se as seguintes concentrações: 6,07 mg L-1, 4,96 mg L-1

e 16,56 mg L-1, respectivamente. Neste sentido, a análise cinética

demonstrou que o modelo de pseudo-segunda ordem foi o mais

adequado para representar os dados experimentais cinéticos (R2>0,99,

EMR<3,34 e K2 = 0,000720 min-1). A avaliação dos prováveis produtos

de degradação empregando a LC-MS/MS mostrou que são formados

cinco produtos de degradação intermediários (404 m/z, 294 m/z, 278 m/z

e 75 m/z) para o agrotóxico piraclostrobina através de um único caminho

de reação, no entanto a degradação do agrotóxico bentazona sugere a

formação de três produtos intermediários (256 m/z, 178 m/z e 59 m/z)

através de dois caminhos de reação distintos. Cabe mencionar que ao

final do à análise de ferro total dissolvido utilizando a determinação por

espectrofotometria revelou uma concentração média de 2,72 mg L-1 de

Fe2+.

A aplicação das condições ótimas para degradação da

miscelânea de compostos orgânicos (nimesulida, tebuconazol,

epoxiconazol, metilparabeno e propilparabeno) mostrou que o processo

desenvolvido é eficiente e robusto, pois é capaz de degradar compostos

orgânicos diferentes com elevadas taxas de degradação. A maioria dos

compostos presentes na miscelânea foram degradados completamente,

com exceção dos compostos nimesulida e tebuconazol, estes

apresentaram os seguintes valores de degradação: 93% e 80%

respectivamente. Ainda sob essas mesmas condições foi observada a

mineralização de 98% do carbono orgânico total, ou seja, o carbono

orgânico total foi reduzido de 1920 mg L-1 de C para 40 mg L-1 de C.

Sendo assim, a mineralização pode ser confirmada pela determinação

de íons por cromatografia iônica, a qual revelou a presença de cloreto,

fluoreto, nitrato e sulfato, obtendo-se as seguintes concentrações: 4,09

mg L-1, 6,48 mg L-1, 4,94 mg L-1 e 16,48 mg L-1, respectivamente.

A aplicação das condições ótimas para degradação do resíduo de

fase móvel comprovou a eficácia do processo desenvolvido, embora

Page 126: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

108

tenha sido observada a mineralização de apenas 48,93%. O carbono

orgânico total foi reduzido de 5150 mg L-1 de C para 2632 mg L-1 de C,

formando ao final do processo 5,1 mg L-1 de nitrato.

Frente aos resultados obtidos conclui-se que o processo desenvolvido é

eficiente para a degradação dos compostos orgânicos selecionados neste

estudo. Os resultados apresentados evidenciam que o processo desenvolvido

é capaz de propiciar a degradação de uma grande variedade de compostos

orgânicos.

Page 127: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

109

10.2 REFERÊNCIAS

AGUIAR, A. M. S.; NETO, M. L. F.; BRITO, L. L. A.; REIS, A. A.; MACHADO, P.

M. R.; SOARES, A. L. S.; VIEIRA, M. B. C. M.; LIBÂNIO, M. Avaliação do

emprego da radiação ultravioleta na desinfecção de águas com turbidez e cor

moderadas. Engenharia Sanitária e Ambiental, 2002, 2, 37-47.

ALLUÉ, L. L.; SORIA; M. T. M.; ASENIO, J. S.; SALVADOR, A.; FERRONATO,

C.; CHOVELON, J. C. Degradation intermediates and reaction pathway of

pyraclostrobin with TiO2 photocatalysis. Applied Catalysis B: Environmental,

2012, 115, 285-293.

ANTONOPOULOU, M.; EVGENIDOU, E.; KONNSTANTINOU, I. A review on

advanced oxidation processes for the removal of taste and odor compounds

from aqueous media. Water Research, 2014, 53, 215-234.

ARRUDA, T. L.; JARDIM, W. F. Treatment of groundwater contaminated with

chlorinated compounds using elemental iron and Fenton’s reagent.

Química Nova, 2007, 30, 1628-1632.

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Ecotoxicologia terrestre -

Toxicidade aguda - Método de ensaio com minhocas (Lumbricidae) NBR

15537:2014, disponível em http://www.abntcatalago.com.br, acessado em 09

de janeiro de 2017.

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 13934 – Water – Iron

Determination Phenantroline Colorimetric Method, disponível em

http://www.abntcatalago.com.br, acessado em 29 de outubro de 2011.

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Qualidade do Solo —

Ensaio de fuga para avaliar a qualidade de solos e efeitos de substâncias

químicas no comportamento Parte 1: Ensaio com minhocas (Eisenia fetida e

Eisenia andrei) NBR ISO 17512-1:2011, disponível em

http://www.abntcatalago.com.br, acessado em 09 de janeiro de 2017.

Page 128: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

110

BAGHERI, M.; MOSEHNI, M. Impact of hydrodynamics on pollutant

degradation and energy efficiency of VUV/UV and H2O2/UV oxidation

processes. Journal of Environmental Management, 2015, 164 114-120.

BARBOSA, E. Q.; GALHARDI, J. A.; BONOTTO, D. M. The use of radon (Rn-

222) and volatile organic compounds in monitoring soil gas to localize NAPL

contamination at a gas station in Rio Claro, São Paulo State, Brazil. Radiation

Measurements, 66, 2014, 1-4.

BATOEVA, A. A.; SIZYKH, M. R. Oxidation of Azo Dyes in Aqueous Solutions

by Combined Methods. Russian Journal of Applied Chemistry, 2012, 85,

76−80.

BEHIN, J.; FARHADIAN, N.; AHMADI, M.; PARVIZI, M. Ozone assisted

electrocoagulation in a rectangular internal-loop airlift reactor: Application to

decolorization of acid dye. Journal of Water Process Engineering, 8, 2015,

171-178.

BILA, D. M.; DEZOTTI, M. Desreguladores endócrinos no meio ambiente:

efeitos e consequências. Química Nova, 2007, 30, 651–666.

BLESA, M. A. Eliminación de Contaminantes por Fotocatálises

Heterogénea. Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para El

Desarrollo – CYTED – Buenos Aires, Argentina, 2001, 15 p.

BOKARE, A. D.; CHOI, W. Review of iron-free Fenton-like systems for

activating H2O2 in advanced oxidation processes. Hazardous Materials, 2014,

275, 121-135.

BRASIL Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002, que regulamenta a Lei nº

7802/1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a

embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, controle, a inspeção

e a fiscalização de agrotóxicos, e dá outras providências. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 08 jan 2002. Disponível em:

www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/2002/D4074.htm. Acessado em 14 de

agosto de 2008.

Page 129: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

111

BRUNS, R. E.; SCARMINIO, I. S.; NETO, B. B. Como fazer experimentos,

pesquisa desenvolvimento na ciência e na indústria. Bookman®, p. 101-120,

2010.

CABRERA, L. C.; CALDAS, S. S.; RODRIGUES, S.; BIANCHINI, A.; DUARTE,

F. A.; PRIMEL, E. G. Degradation of herbicide Diuron in water employing the

Fe0/H2O2 system. Journal Brazilian of Chemistry Society, 2010, 21, 2347-

2352.

CABRERA, L.; COSTA, F. P.; PRIMEL, E. G. Estimativa de risco de

contaminação das águas por pesticidas na região Sul do estado do Rio Grande

do Sul. Química Nova, 2008, 31, 1982-1986.

CALDAS, S. S.; DEMOLINER, A.; COSTA, F. P.; D’OCA, M. G. M.; PRIMEL, E.

G. Pesticide residue determination in groundwater using SPE and HPLC-DAD

and LC-MS/MS. Journal Brazilian of Chemistry Society, 2010, 21, 642-650.

CALDAS, S. S.; MARIAN, C. B.; GUILHERME, J. R.; SILVEIRA, M. A. K.;

ESCARRONE, A. L. V.; PRIMEL, E. G. Determination of pharmaceuticals,

personal care and pesticides in surface and treated waters: method

development and survey. Environmental Science Pollution Research, 2013,

20, 5855-5863.

CASARETT, and DOULL’S, Toxicology the basic scinence of poisons. The

McGraw-Hill , 7th, p. 791-806, 2008.

CAVALCANTE, R. P.; DANTAS, R. F.; WENDER, H.; BAYARRI, B.;

GONZÁLEZ, O.; GIMÉNEZ, J.; ESPLUGAS, S.; Jr. A. M. Photocatalytic

treatment of metoprolol with B-doped TiO2: Effect of water matrix, toxicological

evaluation and identification of intermediates. Applied Catalysis B:

Environmental, 2015, 176, 173–182.

CHOI, J.; LEE, H.; CHOI, Y.; KIM, S.; LEE, S.; LEE, S.; CHOI, W.; LEE, J.

Heterogeneous photocatalytic treatment of pharmaceutical micropollutants:

Effects of wastewater effluent matrix and catalyst modifications. Applied

Catalysis B: Environmental, 2014, 147, 8-16.

Page 130: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

112

Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (SABESP). NTS 004 –

Norma Técnica Demanda Química de Oxigênio (DQO), disponível em

http://www2.sabesp.com.br/normas/nts/nts004.pdf, acessado em 26 de

fevereiro de 2013.

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução no 357, de 17

março de 2005. Classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para

o seu enquadramento bem como estabelece condições e padrões de

lançamento de efluentes. Diário Oficial da União, 18 março 2005. Ministro do

meio ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente, Brasil, disponível em:

http://,line//www.mma.gov.br/port/conama/rs/res05/res35705.pdf

COUTINHO, C. F. B.; TANIMOTO, S. T.; GALLI, A.; GARBELLINI, G. S.;

TAKAYAMA, M.; AMARAL, R. B.; MAZO, L. H.; AVACA, L. A.; MACHADO, S.

A. S. Pesticidas: Mecanismos de degradação e toxidez. Pesticidas: Revista de

eco toxicologia e meio ambiente, 2005, 15, 65-72.

DALTON, R.; PICK, F. R.; BOUTIN, C.; SALEEM, A. Atrazine contamination at

the watershed scale and environmental factors affecting sampling rates of the

polar organic chemical integrative sampler (POCIS). Environmental Pollution,

189, 2014, 134-142.

DANIEL, L. A.; BRANDÃO, C. C. S.; GUIMARÃES, J. R. Métodos alternativos

para desinfecção de águas de abastecimento. Engenharia Sanitária e

Ambiental, 2000, 5, 1-139.

DANIEL, L. A.; CAMPOS, J. R. Radiação ultravioleta é alternativa viável para

desinfecção de efluentes de sistemas aeróbio e anaeróbio no Brasil. Revista

Bio, 1993, 5, 77-84.

DAVEZZA, M.; FABBRI, D.; PRAMAURO, E.; PREVOT, A. B. Photocatalytic

degradation of bentazone in soil washing wastes containing

alkylpolyoxyethylene surfactants. Chemosphere, 2012, 86, 335-340.

DEMOLINER, A.; CALDAS, S. S.; COSTA, F. P.; GONÇALVES, F. F.;

CLEMENTIN, R. M.; MILANI, M. R.; PRIMEL, E. G. Development and validation

Page 131: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

113

of a method using SPE and LC-ESI-MS/MS for the determination of multiple

classes of pesticides and metabolites in water samples. Journal Brazilian of

Chemistry Society, 2010, 1-10.

DEMOLINER, A.; CALDAS, S. S.; COSTA, F. P.; GONÇALVES, F. F.;

CLEMENTIN, R. M.; MILANI, M. R.; PRIMEL, E. G. Development and validation

of a method using SPE and LC-ESI-MS/MS for the determination of multiple

classes of pesticides and metabolites in water samples. Journal Brazilian of

Chemistry Society, 2010, 1-10.

DENG, N.; LUO, F.; WU, F.; XIAU, M.; WU, X. Discolaration of aqueous

reactive dye solutions in the UV/Fe0 system. Water Research, 2000, 34, 2408-

2411.

DEVI, L. G.; KUMAR, S. G.; REDDY, K. M.; MUNIKRISHNAPPA, C. Photo

degradation of Methyl Orange an azo dye by Advanced Fenton Process using

zero valent metallic iron: Influence of various reaction parameters and its

degradation mechanism. Journal of Hazardous Materials, 2009, 164, 459-

467.

DEVI, L. G.; RAJU, K. S. A.; KUMAR, S. G.; RAJASHEKHAR, K. E. Photo-

degradation of di azo dye Bismarck Brown by advanced photo-Fenton process:

Influence of inorganic anions and evaluation of recycling efficiency of iron

power. Journal of Taiwan Institute of Chemical Engineers, 2011, 42, 341-

349.

DOONG, R. e CHANG, W. H. Photoassisted iron compound catalytic

degradation of organophosphorous pesticides with hydrogen peroxide.

Chemosphere, 1998, 37, 2563-2572.

DUFFUS, J. H. Concepts in Toxicology. RSC Publishing, p. 162-164, 2009.

FARD, M. A.; TORABIAN, A.; BIDHENDI, G. R. N.; AMINZADEH, B. Fenton

and Photo-Fenton Oxidation of Petroleum Aromatic Hydrocarbons Using

Nanoscale Zero-Valent Iron. Journal of Environmental Engineering, 2013,

139, 966-974.

Page 132: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

114

GERBASE, A. E.; COELHO, F. S.; MACHADO, P. F. L.; FERREIRA, V. F.

Gerenciamentos de resíduos químicos em instituições de ensino e pesquisa.

Química Nova, 28, 2005, 1.

GERBASE, A. E.; GREGÓRIO, J. R.; CALVETE, T. Gerenciamento dos

resíduos da disciplina química inorgânica ii do curso de química da

universidade federal do rio grande do sul. Química Nova, 29, 2006, 397-403.

GONG, P.; YUAN, H.; ZHAI, P.; XUE, Y.; LI, H.; DONG, W.; MAILHOT, G.;

Investigation on the degradation of benzophenone-3 by UV/H2O2 in aqueous

solution. Chemical Engineering Journal, 277, 2015, 97–103.

GRČIĆ, I.; PAPIĆ, S.; ŽIŽEK, K.; KOPRIVANAC, N. Zero-valent iron (ZVI)

Fenton oxidation dye wastewater under UV-C and solar irradiation. Chemical

Engineering Journal, 2012, 195, 77-90.

GREENBERG, M. Toxicological Review of Acetonitrile, U.S. Environmental

Protection Agency, 1999.

GUIMARÃES, B. de S.; BERNARDES, A. A..; SALCEDO, G. M.; CALDAS, S.

S.; JORGE, M. B.; BIANCHINI, A.; WOLKE, S. I.; PRIMEL, E. G. Photocatalytic

degradation for treating multipesticide residues using [Ru(bipy)3]Cl-doped

TiO2/SiO2 based on surface response methodology. Journal Brazilian of

Chemistry Society, 2016, 00, 1-8.

GUIMARÃES, B. de S.; KLEEMAN, N.; CALDAS, S. S.; COSTA, F. P.;

SILVEIRA, M. A. K.; DUARTE, F. A.; PRIMEL, E. G. Environmentally friendly

system for the degradation of multipesticide residues in aqueous media by the

Fenton’s reaction. Environmental Science Pollution Research, 2014, 21,

584-592.

GUIMARÃES, B. S. Desenvolvimento de processos oxidativos avançados

para degradação de agrotóxicos em meio aquoso. 2012. 95 p. Dissertação

(Mestrado em Química) – FURG, Rio Grande, RS.

GULKAYA I.; SURUCU, G. A.; DILEK, F. B. Importance H2O2/Fe2+ ratio in

Fenton’s treatment of a carpet dyeing wastewater. Journal Hazardous

Materials, 2006, 136, 763-769.

Page 133: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

115

HATCHARD, C. G.; PARKER, C. A. A new sensitive chemical actinometer II.

Potassium ferrioxalate as a standard chemical actinometer. Proceedings of

the Royal Society A, 1956, 235, 518-536.

HEREDIA, J. B.; BENITEZ, F. J.; GONZALEZ, T.; ACERO, J. L.; RODRIGUEZ,

B. Journal Chemical Technology Biotechnology, 1966, 66, 206-212.

HERMOSILLA, D.; CORTIJO, M.; HUANG, C. P. The role of iron on the

degradation and mineralization of organic compounds using conventional

Fenton and photo-Fenton processes. Chemical Engineering Journal, 2009,

155, 637-646.

HIRAYAMA, K. K.; TODA, N.; TAUCHI, A.; FUJIOKA, A.; AKITSU, T.;

KANEKO, H.; HIRAYAMA, K. Degradation of dibromophenols by UV radiation.

Journal of Environmental Sciences, 2014, 26, 1284-1288.

JARDIM, W. F. Processos Oxidativos Avançados Conceitos Teóricos.

Caderno temático v 3 - UNICAMP, 2005, p. 05-60.

JEWANI, H. K.; GUJBA, H.; BROWN, N. W.; ROBERTS, E. P. L; AZAPAGIC,

A. Removal of organic compounds from water: life cycle environmental impacts

and economic costs of the Arvia process compared to granulated activated

carbon. Journal of Cleaner Production, 2015, 89, 203-213.

KALLEL, M.; BELAID, C.; MECHICHI, T.; KSIBI, M.; ELLEUCH B. Removal of

organic load and phenolic compounds from olive mill wastewater by Fenton

oxidation with zero-valent iron. Chemical Engineering Journal, 2009, 150,

391–395.

KALLEL, M.; BELAID, C.; MECHICHI, T.; KSIBI, M.; ELLEUCH B. Removal of

organic load and phenolic compounds from olive mill wastewater by Fenton

oxidation with zero-valent iron. Chemical Engineering Journal, 2009, 150,

391–395.

KAUR, M.; VERMA, A.; RAJPUT, H. Potential use of Foundry Sand as

Heterogeneous Catalyst in Solar Photo-Fenton Degradation of Herbicide

Isoproturon. International Journal Environental Research, 2015, 9, 85-92.

Page 134: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

116

KHETAN, S. K.; COLLINS, T. J. Human pharmaceuticals in the aquatic

environment: a challenge to Green Chemistry. Chemical Reviews, 2006, 107,

2319-1364.

KUHN, H. J.; BRASLAVSKY, S. E.; SCHMIDT, R. Chemical actinometry

(IUPAC Technical Report). Pure and Applied Chemistry, 2004, 76, 2105-

2146.

LEI, L.; HU, X.; YUE, P. L.; BOSSMANN, S. H.; GÖB, S.; BRAUN, A. M.

Oxidative degradation of polyvinyl alcohol by the photo chemically enhanced

Fenton reaction. Journal Photochemical Photobiology, 1998, 116, 159-166.

LEWIS, R. J. SAX’S Dangerous Properties of Industrial Materials. Van

Nostrand Reinhold, US, 6º ed. 1996.

LIU, X.; FAN, J. H.; HAO, Y.; MA, L. M. The degradation of EDTA by the

bimetallic Fe-Cu/O2 system. Chemical Engineering Journal, 2013, 250, 354–

365.

LOUREIRO, S.; AMORIM, M. J. B.; CAMPOS, B.; RODRIGUES, S. M. G.;

SOARES, A. M. V. M. Assessing joint toxicity of chemicals in Enchytraeus

albidus (Enchytraeidae) and Porcellionides pruinosus (isopoda) using

avoidance behavior as an endpoint. Environmental Pollution, 2009, 157, 625-

636.

MARTÍN, B. M. M.; LÓPEZ, J. L. C.; OLLER, I.; MALATO, S.; SÁNCHES-

PÉREZ, J. A. A comparative study of different tests for biodegrability

enhancement determination during AOP treatment of recalcitrant toxic aqueous

solutions. Ecotoxicology and Environmental Safety, 2010, 73, 1189-1195.

MELO, S. A. S.; TROVÓ, A. G.; BAUTITZ, I. R.; NOGUEIRA, R. F. P.

Degradation of residual pharmaceuticals by advanced oxidation process.

Química Nova, 2009, 32, 188-197.

Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente

MONTEAGUDO, J. M.; DURÁN, A.; GONZÁLEZ, R.; EXPÓSITO, A. J., In situ

chemical oxidation of carbamazepine solutions using persulfate simultaneously

Page 135: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

117

activated by heat energy, UV light, Fe2+ ions, and H2O2. Applied Catalysis B:

Environmental, 2015, 176, 120-129.

MOREIRA, F. C.; BOAVENTURA, R. A. R.; BRILLAS, E.; VILAR, V. J. P.

Degradation of trimethoprim antibiotic by UVA photoelectro-Fenton process

mediated by Fe(III)-carboxylate complexes. Applied Catalysis B:

Environmental, 2015, 162, 34-44.

NAMKUNG, K. C.; BURGESS, A. E.; BREMMER, D. H.; STAINES, H.

Advanced Fenton processing of aqueous phenol solutions: a continuous system

study including sonication effects. Ultrasonics Sonochemistry, 2008, 15, 171-

176.

NILLES, G. P. e ZABIK, M. J. Photochemistry bioactive compounds. Multiphase

photodegradation and mass spectral analysis of basagran. Journal of

Agricultural Food Chemistry, 1975, 23, 410-415.

NOGUEIRA, R. F. P.; TROVÓ, A. G.; SILVA, M. R. A; VILLA, R. D.; OLIVEIRA,

M. C. Fundaments and environmental applications of Fenton and Photo-Fenton

process. Química Nova, 2007, 30, 400-408.

OLLER I.; MALATO S.; SÁNCHES-PÉREZ J. A. Combination of Advanced

Oxidation Processes and biological treatments for wastewater decontamination

– A Review. Science of the Total Environment, 2010, 26.

OSEGHE, O. O.; MADDILA, S., NDUNGU, P. G.; JONNALAGADDA, S. B.

Effect of surfactant concentration on active species generation and

photocatalytic properties of TiO2. Applied Catalysis B: Environmental, 2015,

176, 288–297.

OTURAN, M. A.; OTURAN, N.; EDELAHI, M. C.; PODVORICA, F. I.; EL

KACEMI, K. Oxidative degradation of herbicide Diuron in aqueous medium by

Fenton’s reaction based advanced oxidation processes. Chemical

Engineering Journal, 2011, 171, 127-135.

PAVANELLI, S.; BISPO, G. L.; NASCENTES, C. C.; AUGUSTI, R. Degradation

of food dyes by zero-valent metals exposed to ultrasonic irradiation in water

Page 136: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

118

medium: optimization and electrospray ionization mass spectrometry

monitoring. Journal Brazilian of Chemistry Society, 2010, 01, 01-09.

PEREIRA, W. S.; FREIRE, R. S. Ferro zero: uma nova abordagem para o

tratamento de águas contaminadas com compostos orgânicos poluentes.

Química Nova, 28, 2005, 130-136.

PESCHKA, M.; PETROVIC, M.; KNEPPER, T. P.; BARCELÓ, D. Determination

of two phototransformation products of bentazone using quadrupole time-of-

flight mass spectrometric. 2007, 388, 1227-1234.

RIBEIRO, A. R.; NUNES, O. C.; PEREIRA, M. F. R.; SILVA, A. M. T. An

overview on the advanced oxidation processes applied for the treatment of

water pollutants defined in the recently launched Directive 2013/39EU.

Environment International, 2015, 75, 33-51.

RIBEIRO, M. L.; LOURENCEETTI, C., PEREIRA, S. Y.; MARCHI, M. R. R.

Contaminação de águas subterrâneas por pesticidas: avaliação preliminar.

Química Nova, 30, 2007, 688-694.

RODRÍGUEZ, S. M.; GÁLVEZ, J. B.; GASCA, C. A. E; BANDALA, E. R.

Degradación de Plaguicidas. Programa Iberoamericano de Ciencia y

Tecnologia para El Desarrolo – CYTED – Buenos Aires, Argentina, 2001, 269

p.

SAKKAS, V. A.; ISLAM, M. A.; STALIKAS, C.; ALBANIS, T. A. Photocatalytic

degradation using design experiments: A review and example of the Congo red

degradation. Journal of Hazardous Materials, 2010, 175, 33-44.

SCARTAZZINI, L. S.; SOUZA, F. B. Abordagem do ensino de geometria com

aplicação das técnicas de pesagem e planimetria para obter áreas de figuras

planas irregulares. Revista de Ciências Naturais e Exatas, Acta Scientiae,

2007, 9, 17-27.

SILVA, C. M. M. S.; FAY, E. F. Agrotóxicos e Ambiente. Embrapa

Informações Tecnológicas - Brasília, 2004, 400 p.

Page 137: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

119

SKOOG, D. A.; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A. Princípios de Análise

Instrumental. 5ª. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. 773 p.

SON, H. S.; IM, J. K.; ZOH, K. D. A Fenton-like degradation mechanism for 1,4-

dioxane using zero-valent iron (Fe0) an UV light. Water Research, 2009, 43,

1457-1463.

STACKELBERG, P. E.; GIBS, J.; FURLONG, E. T.; MEYER, M. T.; ZAUGG, S.

D.; LIPPINCOTT, R. L. Efficiency of conventional drinking-water-treatment

process in removal of pharmaceuticals and other compounds organic. Science

of Total Environment, 2007, 377, 255-272.

TANG, W. Z. e TASOS, S. Oxidation kinetics and mechanism of

trihalomethanes by Fenton’s reagent. Water Research, 1997, 31, 1117–1125.

UMAR, M.; RODDICK, F.; FAN, L., Impact of coagulation as a pre-treatment for

UVC/H2O2-biological activated carbon treatment of a municipal wastewater

reverse osmosis concentrate. Water Research, 88, 2016, 12-19.

VELEGRAKI, T.; HAPESHI, E.; FATTA-KASSINOS, D.; POULIOS, I. Solar-

induced heterogeneous photocatalytic degradation of methyl-paraben. Applied

Catalysis B: Environmental, 2015, 178, 2-11.

WALLING, C. Fenton’s reagent revisited. Accounts of Chemical Research 8,

1975, 125-131.

XIN, X.; XU, T.; YIN, J.; WANG, L.; WANG, C. Management on the location and

concentration of Ti3+ in anatase TiO2 for defects-induced visible-light

photocatalysis. Applied Catalysis B: Environmental, 2015, 176, 354–362.

ZOSCHKE, K.; DIETRICH, N.; BÖRNICK, H.; WORCH, E. UV-based advanced

oxidation processes for the treatment of odor compounds: Efficiency and by-

product formation. Water Research, 46, 2012, 5365-5373.

Page 138: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

120

Apêndice – 1

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Dimensionar o reator fotoquímico para escala piloto.

Realizar a determinação de ácidos carboxílicos possivelmente formados

ao final do processo de degradação dos compostos orgânicos

empregando Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de

Massas, afim de obter dados que possam auxiliar na avaliação da

toxicidade final do efluente após tratamento.

Realizar a automação de alguns parâmetros do reator fotoquímico, como

por exemplo, controle de temperatura do banho termostático, controle de

vazão da bomba que faz recalque da água do banho termostático,

controle de pH entre outros.

Aprimorar as condições reacionais para degradação do resíduo de fase

móvel e aplicar a degradação em escala piloto.

Empregar o processo desenvolvido neste trabalho para realizar a

degradação de alguns resíduos dos laboratórios de aula da Escola de

Química e Alimentos.

PRODUÇÃO CIENTÍFICA REFERENTE AO TRABALHO

ARTIGOS PUBLICADOS

GUIMARÃES, B. de S.; BERNARDES, A. A..; SALCEDO, G. M.; CALDAS, S.

S.; JORGE, M. B.; BIANCHINI, A.; WOLKE, S. I.; PRIMEL, E. G. Photocatalytic

degradation for treating multipesticide residues using [Ru(bipy)3]Cl-doped

TiO2/SiO2 based on surface response methodology. Journal Brazilian of

Chemistry Society, 2016.

GUIMARÃES, B. de S.; KLEEMAN, N.; CALDAS, S. S.; COSTA, F. P.;

SILVEIRA, M. A. K.; DUARTE, F. A.; PRIMEL, E. G. Environmentally friendly

Page 139: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

121

system for the degradation of multipesticide residues in aqueous media by the

Fenton’s reaction. Environmental Science Pollution Research, 2014, 21,

584-592.

PATENTES REGISTRADAS

GUIMARÃES, B. S., PRIMEL, E.G., MORELO, A., D'OCA, M. G. M.

PROCESSO PARA DEPURAÇÃO DE RESÍDUOS CONTAMINADOS POR

COMPOSTOS ORGÂNICOS EMPREGANDO REAÇÃO DE FENTON COM

ADIÇÃO “ON POT” DE REAGENTES E GERAÇÃO “IN LINE” DE ÍON

FERROSO, 2013. Categoria: Produto e Processo. Instituição onde foi

depositada: INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial. País: Brasil.

Natureza: Patente de Modelo de Utilidade. Número do registro:

BR10201300987. Data de depósito: 26/04/2013. Data de concessão:

16/09/2014. Depositante/Titular: Bruno de Souza Guimarães, Ednei Gilberto

Primel, Alessandro Morelo, Marcelo Gonçalves Montes D'Oca.

Depositante/Titular: Universidade Federal do Rio Grande.

TRABALHOS EM ANAIS DE CONGRESSOS

GUIMARÃES, B. S., VILLANOVA, D. B., PAULISTA, M. E. G., PRIMEL, E. G.

Desenvolvimento de um sistema oxidativo empregando Fe0/H2O2/UV para

degradação de resíduos de agrotóxicos, 2014.

GUIMARÃES, B. S., MARQUETTOTI, G. S., PRIMEL, E. G. Degradation of

fluoxetine and haloperidol in aqueous media unsing heterogeneous

photocatalytic, 2013.

GUIMARÃES, B. S., MARQUETTOTI, G. S., PRIMEL, E. G. Photocatalytic

degradation for the treatment of multipesticide residues employing ruthenium

doped titanium dioxide ad silica with the aid of surface response, 2013.

Page 140: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

122

Apêndice – 2

y = 3E+07x + 204393 R² = 0,9992

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

Áre

a

Concentração mg L-1

Bentazona

y = 9E+07x - 127800 R² = 0,9999

0

10.000.000

20.000.000

30.000.000

40.000.000

50.000.000

60.000.000

70.000.000

80.000.000

90.000.000

100.000.000

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

Áre

a

Concentração mg L-1

Piraclostrobina

Page 141: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

123

y = 0,2243x - 0,0735 R² = 0,9995

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 2 4 6 8 10 12

Áre

a (μ

S/cm

) x

min

Concentração (mg L-1)

Cloreto

y = 1,5919x + 0,1987 R² = 0,9972

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 1 2 3 4 5 6

Áre

a (μ

S/cm

) x

min

Concentração (mg L-1)

Fluoreto

Apêndice - 3

Page 142: DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO … · 2018-07-24 · 2 DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO OXIDATIVO EMPREGANDO Fe0 RADIAÇÃO UV-C PARA DEGRADAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

124

y = 0,6071x - 0,1475 R² = 0,9995

0

1

2

3

4

5

6

7

0 2 4 6 8 10 12

Áre

a (μ

S/cm

) x

min

Concentração (mg L-1)

Nitrato

y = 0,1885x - 0,154 R² = 0,9967

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

0 2 4 6 8 10 12

Áre

a (μ

S/cm

) x

min

Concentração (mg L-1)

Sulfato