desenvolvimento de um manual intrutivo de uso … · intrutivo de uso do treinamento auditivo...
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LUCIANA DE ARAÚJO MACHADO
DESENVOLVIMENTO DE UM MANUAL
INTRUTIVO DE USO DO TREINAMENTO
AUDITIVO COMPUTADORIZADO eArena®
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Saúde da Comunicação Humana da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São
Paulo para obtenção do Titulo de Mestre em Saúde da Comunicação Humana.
SÃO PAULO 2015
LUCIANA DE ARAÚJO MACHADO
DESENVOLVIMENTO DE UM MANUAL
INTRUTIVO DE USO DO TREINAMENTO
AUDITIVO COMPUTADORIZADO eArena®
Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Titulo de Mestre em Saúde da Comunicação Humana.
Área de Concentração: Saúde da
Comunicação Humana Orientador: Profª Drª Margarita Bernal
Wieselberg
SÃO PAULO 2015
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Machado, Luciana de Araujo Desenvolvimento de um manual instrutivo de uso do treinamento auditivo computadorizado eArena®./ Luciana de Araújo Machado. São Paulo, 2015.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Saúde da Comunicação Humana.
Área de Concentração: Saúde da Comunicação Humana Orientadora: Margarita Bernal Wieselberg 1. Adulto 2. Auxiliares de audição 3. Software 4. Estimulação
acústica BC-FCMSCSP/19-15
À minha família, amigos, colegas e
pacientes que foram e sempre serão fonte
de inspiração de meus trabalhos.
“(...) trazer o (...) deficiente auditivo devolta ao mundo da
comunicação verbal, significa tirá-lo do isolamento imposto pela
deficiência, permitindo-lhe acesso à linguagem que o envolve.
Nesta perspectiva, o fonoaudiólogo deixa de ser um técnico
preocupado com as questões físicas e eletroacústicas das próteses
auditivas e passa a ser um profissional que busca meios e
estratégias que possam conservar as habilidades auditivas
necessárias à manutenção de troca de informações entre
pessoas, que se concretiza na linguagem.“
(Russo, 2012)
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo pela
oportunidade de realizar este trabalho. Ao Curso de Mestrado Profissional em Saúde da Comunicação Humana da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo também pela oportunidade de realizar este trabalho.
A profa. Dra. Margarita Bernal Wieselberg pelas inúmeras contribuições,
conselhos e auxilio na orientação e condução deste trabalho. Muito obrigada pela parceria.
A todos os professores do Curso de Mestrado Profissional em Saúde da
Comunicação Humana da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo por todo conhecimento compartilhado.
À empresa Siemens Audiologia LTDA-ME por autorizar o uso de seu
instrumento de treinamento auditivo computadorizado “eArena” para este trabalho. À empresa Akousis Aparelhos Auditivos LTDA-ME, representada pelo Sr.
Paulo Alexandre Freixo e Fga. Dra. Fabiana Biguetti Freixo, por acreditar, permitir e auxiliar na viabilização deste trabalho.
Às professoras Dra. Katia de Almeida, Dra. Cilmara Levy, Dra. Maria Cecília
Martinelli Iorio e Dra. Elisiane Miranda pelas criticas e sugestões feitas no exame de qualificação e na defesa.
Às colegas fonoaudiólogas Mirella Boaglio Horiuti, Samira C. Baus Dutra,
Franciele Carvalho, Glaucia Verena e Milena Debora Val Corsini, que gentilmente avaliaram voluntariamente o produto final deste trabalho, contribuindo significativamente para o enriquecimento do manual.
Ao Pablo Gonzalez Viqueira, meu amado marido, pela paciência, amor e
companherismo de sempre que foram fundamentais para que pudéssemos juntos os momentos de dificuldade. Também pela viabilização da digitalização do conteúdo do CD do Manual eArena.
À Minha querida mãe, Profª Drª Irene de Araújo Machado pela grande e
admirável sabedoria que me inspira todos os dias a continuar os meus estudos. Também contribuiu enormemente na correção textual do manuscrito final e na tradução do resumo para o abstract. Obrigada por existir.
Aos meus colegas profissionais e amigos pessoais que direta ou
indiretamente, acreditaram e incentivaram a realização deste trabalho.
Muito Obrigada!!!
SIGLAS
WHO – World Health Organization
ASHA – American Speech-language Hearing Association
AASI – Aparelhos de Amplificação Sonora individual
TA – Treinamento Auditivo
TAC – Treinamento Auditivo Computadorizado
SNA – Sistema Nervoso Auditivo
PA – Processamento Auditivo
SNAC – Sistema Nervoso Auditivo Central
SNAP – Sistema Nervoso Auditivo Periférico
DPA – Distúrbio do Processamento Auditivo
LACE – Listening and Auditory Communication Enhancement
TAM – Treinamento Auditivo Musical
HHIE – Hearing Handicap Inventory for the Elderly
HHIA - Hearing Handicap Inventory for Adults
AAA - American Academy of Audiology
ISA - International Society of Audiology
APHAB – Abbrevied Profile Hearing Aid Benefit
SAM - Suitable Assessment Materials
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
1.1 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................. 6
1.1.1 A perda auditiva na reabilitação audiológica do idoso ................................... 6
1.1.2 O treinamento auditivo na reabilitação audiológica do idoso ....................... 13
2. OBJETIVO ......................................................................................................... 31
3. MATERIAL E MÉTODO .................................................................................... 32
3.1 Aspectos éticos ............................................................................................ 32
3.2 Material ........................................................................................................ 32
3.3 Método ......................................................................................................... 35
3.3.1 Desenvolvimento do manual...................................................................... 35
Fase I Composição do conteúdo do manual ....................................... 35
Fase II Piloto de avaliação qualitativa do manual ............................... 39
Fase III Aprimoramento do manual ..................................................... 40
Fase IV Migração para plataforma digital de CD ................................ 40
4. APRESENTAÇÃO DO PRODUTO .................................................................... 42
4.1 Introdução .................................................................................................... 43
4.2 BLOCO I Introdutório ................................................................................... 48
4.2.1 Contextualização....................................................................................... 48
4.2.2 Fundamentação teórica ............................................................................ 53
4.2.3 Habilidades auditivas e não auditivas ....................................................... 56
4.3 BLOCO II Descritivo ..................................................................................... 61
4.3.1 Descrição geral eArena® .......................................................................... 61
4.3.2 Exercícios do programa eArena® ........................................................... 65
4.3.3 Material educativo complementar ............................................................. 75
4.4 BLOCO III Guia prático ................................................................................ 76
4.4.1 Distribuição dos exercícios ....................................................................... 76
4.4.2 Guia de acesso passo-a-passo ................................................................ 77
4.4.3 Sugestão de protocolos ............................................................................ 81
4.4.4 Referências para aprofundamento ............................................................ 86
5. COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS...................................................................... 87
5.1 O programa de TAC eArena® na prática clínica.......................................... 87
5.2 A construção do manual eArena® ................................................................ 90
5.3 Perfil do fonoaudiólogo ................................................................................ 94
5.4Dimensionando o alcance no manual eArena®............................................. 95
5.5 O futuro ........................................................................................................ 98
6. ANEXOS........................................................................................................... 100
6.1 Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa............................... 100
6.2 Carta de autorização da empresa Siemens Audiologia LTD-ME................ 101
6.3 Programa de 20 sessões: descrição dos exercícios disponíveis ............... 102
6.4 Programa de 20 sessões: descrição dos exercícios por sessão ............... 107
6.5 Versão de 8 sessões (amostra): descrição dos exercícios ........................ 109
6.6 Questionário de avaliação e adequação..................................................... 110
6.7 Resultado da avaliação do manual ............................................................ 114
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO MANUSCRITO ................................. 115
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO MANUAL .......................................... 121
9. RESUMO
10. ABSTRACT
11. APENDICES Manual eArena® em formato digital de CD
9. RESUMO
INTRODUÇÃO: Para que a reabilitação audiológica do idoso com perda auditiva
seja completa, faz-se necessária, além da adaptação de aparelhos de amplificação
sonora individual (AASI), a adoção de técnicas terapêuticas complementares sempre
que persistirem queixas ou dificuldades de comunicação. O treinamento auditivo
computadorizado (TAC) eArena® é um software de um programa com orientações
educativas e exercícios que treinam habilidades auditivas específicas, direcionado
ao paciente adulto novo usuário de AASI. Foi desenvolvido na Alemanha (2008) e
concebido originalmente para utilização direta e centrada no paciente como usuário
final. Foi traduzido em 2011 para o português,tendo sido, na ocasião, preservadas
integralmente as suas características de conteúdo, formato, linguagem, formas de
uso e de aplicação. O instrumento não possui nenhum manual instrutivo de uso.
OBJETIVO: Desenvolver um manual instrutivo de uso do programa de TAC
eArena®, direcionado aos fonoaudiólogos. MÉTODO: 1) produção do manual de
orientação no formato impresso; 2) grupo piloto formado por cinco fonoaudiólogos
que avaliaram o manual qualitativamente, por meio de questionário e entrevistas
semiestruturadas; 3) correção e enriquecimento do material impresso e; 4)
readequação de conteúdo para migração do manual gráfico para o formato digital de
CD. RESULTADOS: O manual do programa eArena®, disponível em formato digital
de CD, está formatado em três blocos: I. Introdutório, desenvolvido para a
composição deste manual; II. Descritivo, cujo teor é uma descrição organizada e
compilação reestruturada do conteúdo do programa e; III. Guia-prático, desenvolvido
e organizado para a composição deste manual. Cada um destes blocos possui
tópicos que podem ser acessados sequencialmente de forma ordenada ou livre e
aleatória. Sob cada tópico está disponibilizado um breve delineamento temático e a
possibilidade de aprofundamento teórico por meio de hiperlinks com acesso direto
via web a artigos relacionados. CONCLUSÃO: Este manual, direcionado ao
profissional fonoaudiólogo oferece, além de conteúdo educativo, informações
organizadas e detalhadas de acesso e de uso do software de TAC eArena®.
Palavras-chave: adulto, auxiliares de audição, software, estimulação acústica.
10. ABSTRACT
INTRODUCTION: In order to provide auditory rehabilitation of the elderly with hearing
loss it is necessary not only to promote the fitting of hearing aids but also to proceed
to complementary therapeutic techniques whenever complaints and communication
difficulties persist. The computer-based auditory training eArena® is a software
designed to provide auditory exercises for the purpose of training specific auditory
skills of the adult new user of hearing devices. The software was developed in
Germany (2008) and it was originally designed and focused on patients as end
users, needing no professional tutoring. It was translated to Brazilian Portuguese in
2011 and, at that time, its characteristics of content, format, language, use forms and
application were fully preserved. Any formal user guide was provided. This study
presupposes that a user guide would provide a functional support for both the
audiologists and the patient in their task of using the software during clinical
audiological rehabilitation. OBJECTIVE: To develop an instructional manual guide of
use for the computer-based auditory training program eArena®. METHOD: 1)
Composition of the printed version of the manual; 2) Establishment of a pilot group
formed by five audiologists whose task was the qualitative evaluation of the manual
through a question form and semi-structured interviews; 3) Revision and
improvement of content in printed material and; 4) Readjustment and translation for a
CD digital form. RESULTS: The organization of the eArena® manual program,
available on CD digital form, was conceived according to three tracks of contents: I.
Introduction: content was developed for the manual composition; II. Descriptive:
content focused on the restructured description and organized compilation of the
software content, and; III. Practical Guide: content developed and organized for the
composition of this manual. Each of these blocks joins topics that can be accessed
following a progressive or random order. Under each topic there is the possibility of
theoretical deepening through hyperlinks with direct access to the web-related
articles. CONCLUSION: This manual offers educational content as well as organized
and detailed information about the computerized auditory training eArena® software.
Key words: adults, hearing aids, software, acoustic stimulation.
1
1. INTRODUÇÃO
A deficiência auditiva é um dos acometimentos mais prevalentes na
população idosa no mundo (Ministério da Saúde, 2007). Ainda que sejam
grandes os avanços na área da saúde, este grupo sofre com a diminuição
gradativa da audição e o agravamento desta perda gera um impacto
emocional, social e cognitivo que impõe prejuízos na qualidade de vida desse
indivíduo (Valente, 2006).
A utilização de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI) é um
recurso que permite devolver grande parte da audibilidade perdida (Russo,
2012; Almeida, 2010). No entanto, a perda auditiva decorrente do
envelhecimento natural do sistema auditivo acomete tanto o sistema auditivo
periférico quanto central interferindo, não só na audibilidade do sinal sonoro
nas também na inteligibilidade de fala, problemas que não são plenamente
resolvidos apenas com a utilização de AASI (Sweetow, 2008; Miranda et al,
2007; Freire, 2012) . O fonoaudiólogo é o profissional responsável pela
reabilitação audiológica e deve buscar a solução terapêutica mais adequada,
eficiente, abrangente e personalizada para as dificuldades de comunicação
remanescentes a fim de reinserir o idoso no convívio social e para a melhora
de sua qualidade de vida (Valente, 2006; Sweetow, 2008; Melo, 2012; Freire,
2012; Russo, 2012; Miranda et al, 2007).
A reabilitação audiológica deve seguir diretrizes de boas práticas com
um conjunto de procedimentos que determinam cuidados e etapas básicas na
avaliação audiológica, na adaptação ao uso da amplificação, verificação das
características eletroacústicas prescritas, no aconselhamento e
2
acompanhamento do uso do AASI e, por fim, na validação de todo o processo,
que inclui o planejamento de terapia fonoaudiológica, sempre que persistirem
dificuldades de comunicação não solucionadas com a utilização exclusiva da
amplificação (Valente, 2006).
Quando se trata da população adulta, o acompanhamento, o
aconselhamento, a orientação e a terapia fonoaudiológica são procedimentos
que não recebem a devida importância e dedicação como é comumente
observado no processo terapêutico na população infantil. Médicos e
fonoaudiólogos insistem em acreditar que a adaptação de AASI de tecnologia
avançada é suficiente, por si só, para compensar o déficit auditivo e a
dificuldades de comunicação, o que não é verdade (Taylor, 2008). Ainda que
melhore a audibilidade do sinal acústico e proporcione conforto sonoro em
ambiente ruidoso, para alguns casos, não ajuda a aprimorar funções e
habilidades comunicativas deficitárias responsáveis pela discriminação de fala
em ambientes de escuta difícil (Sweetow et al, 2010; Freire, 2012; Miranda et
al, 2007; Almeida, 2012).
A deterioração de processos cognitivos, típicos no envelhecimento, tais
como da atenção e da memória, além da diminuição da audibilidade, podem
igualmente comprometer a comunicação e o bom aproveitamento da
amplificação (Medwetsky, Musiek, 2011). A somatória dessas e outras
limitações só agrava o quadro, criando uma população usuária de AASI
insatisfeita, pois as dificuldades e necessidades comunicativas persistem e,
quando não são superadas plenamente, provocam frustrações, isolamento,
desentendimentos e falsos julgamentos que agravam a qualidade de vida geral
do indivíduo, tornando o processo terapêutico falho e incompleto (Russo,2012).
3
Técnicas clínicas como o treinamento auditivo (TA), podem ser adotadas
como procedimentos ou estratégias terapêuticas complementares no processo
de reabilitação audiológica que visam melhorar as habilidades comunicativas. É
definido como um programa de exercícios que se utilizam da plasticidade
neural para estimular mudanças morfológicas e fisiológicas das redes neurais,
capazes de gerar mudança de comportamento, aprendizagem, desempenho e
automação das funções do processamento auditivo (Schochat, 2004; Sweetow,
2008). Assim como outras técnicas terapêuticas, o TA pretende auxiliar os
usuários de AASI no resgate de habilidades auditivas deficitárias, além de
aprimorar habilidades auditivas ainda preservadas, fundamentais ao sucesso
do processo comunicativo (Freire 2012; Sweetow, 2008; Miranda et al, 2008).
Com o desenvolvimento de tecnologias digitais multimídias, hoje
disponíveis no mercado, os programas de TA têm se popularizado por meio de
softwares que interagem com os usuários, tais como os jogos interativos. Sua
utilização é uma alternativa de intervenção terapêutica atrativa. Programas de
treinamento auditivo vêm se popularizando na clínica fonoaudiológica e
começam a receber maior atenção e investimentos (Taylor, 2008; Sweetow,
2010).
Em 2008, na Alemanha, foi desenvolvido o programa de treinamento
auditivo computadorizado (TAC) eArena®. Este software interativo, contendo
exercícios auditivos específicos, foi desenvolvido com o propósito de se tornar
uma alternativa terapêutica, para auxiliar pacientes alemães adultos, novos
usuários de AASI. Concebido originalmente para utilização direta e centrada no
paciente como usuário final, sua proposta de aplicação, portanto, era a de que
pudesse ser utilizado pelo paciente, de forma sistemática, em seu ambiente
4
domiciliar, sem a necessidade de acompanhamento de um clínico ou
profissional fonoaudiólogo, o que pode parecer viável, tendo em vista uma
realidade educacional, econômica e cultural própria.
Em 2011 o programa de TAC eArena®, foi traduzido para o português
brasileiro e foram, na ocasião, preservadas integralmente as suas
características de conteúdo, formato, linguagem, formas de uso e de aplicação
utilizadas na proposta original alemã. Hoje, a sua utilização tem sido realizada
de maneira empírica pelo fonoaudiólogo devido a falta de um manual de uso
direcionado para sua aplicação clínica. Em muitos serviços, o instrumento é
subutilizado por falta de informação, tornando a reabilitação audiológica do
paciente comprometida.
De forma a se adequar o direcionamento e propor um
redimensionamento de uso do presente instrumento, este projeto pretende
produzir e disponibilizar um manual de uso do programa e do seu conteúdo no
processo clínico-terapêutico do paciente adulto usuário de AASI.
Instrumentos clínico-educativos em formato de software como este
envolvem alto investimentos, alto custo e dedicação intensa de uma complexa
equipe multiprofissional de experts. Desta forma, a utilização, apropriação e
complementação de um material previamente desenvolvido e disponível, neste
caso, o software de TAC eArena®, se justificam pela escassez de materiais e
instrumentos clínico-terapêuticos dessa natureza, desenvolvidos em português
brasileiro e, em especial, com sua utilização voltada para a população adulta e
idosa.
5
Espera-se, com o desenvolvimento deste manual, possibilitar, expandir e
facilitar a utilização do programa de TAC eArena® . Tendo isto sido alcançado,
espera-se, igualmente, poder contribuir para a diversificação das técnicas
terapêuticas, para uma maior adesão de fonoaudiólogos e pacientes e, por fim,
na promoção do atendimento clínico audiológico pleno ao idoso.
6
1.1 REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo serão revistos textos da literatura especializada, os quais
se relacionam como o tema desta pesquisa. Para maior clareza de
apresentação o capítulo está dividido em duas partes:
1.1.1 A perda auditiva na reabilitação audiológica do idoso.
1.1.2 O treinamento auditivo na reabilitação audiológica do idoso.
1.1.1 A PERDA AUDITIVA NA REABILITAÇÃO AUDIOLÓGICA DO IDOSO
A reabilitação audiológica deve seguir diretrizes de boas práticas em um
conjunto de procedimentos que sugerem o cumprimento de seis etapas
básicas: 1) avaliação audiológica; 2) seleção de candidatos ao uso de AASI; 3)
adaptação ao uso dos aparelhos; 4) verificação das características
eletroacústicas prescritas; 5) aconselhamento e acompanhamento do uso do
AASI e 6) validação de todo o processo, que inclui o planejamento terapêutico
caso ainda persistam dificuldades de comunicação, apesar do uso da
amplificação (Valente, 2006).
Segundo Kiessling et al (2003)e Sweetow et al (2005), o fonoaudiólogo
deve buscar na sua avaliação audiológica os possíveis acometimentos que
comprometam a habilidade de “ouvir” (detectar de estímulos acústicos), de
“escutar” (perceber com atenção e intenção), de “compreender” (processar e
atribuir significados e sentidos à informação auditiva) e ou de “comunicar”
(produzir respostas para os estímulos recebidos já interpretados). Enfatizam
7
ser função de o fonoaudiólogo reabilitar, aprimorar e aperfeiçoar a engrenagem
de audição – comunicação que compõe o diálogo e a interação social entre
pessoas.
Uma vez diagnosticada a perda auditiva no adulto o primeiro passo é o
processo de seleção e adaptação do AASI, com o objetivo de reestabelecer a
audibilidade dos sinais acústicos, em especial dos sinais de fala perdidos ou
atenuados pela perda auditiva. Os procedimentos devem também seguir
diretrizes que contemplem todas as etapas do processo. Segundo Kochkin et al
(2010) e Abrams (2008), é de consenso entre os órgãos reguladores de boas
práticas tais como a American Academy of Audiology (AAA), International
Society of Audiology (ISA), American Speech-language Hearing Association
(ASHA) e International Society of Audiology (ISA), que o processo de
adaptação de AASI deve ser composto minimamente de:
1) Avaliação anatômica domeato acústico externo e coleta do histórico do
paciente;
2) Avaliação audiológica completa, incluindo testes eletrofisiológicos e
comportamentais;
3) Realizar testes complementares como o LDL (Loudness discomfort
levels – pesquisa do nível de desconforto) e ANL (Acceptable noise level
– nível de tolerância para ruído);
4) Seleção das características físicas e eletroacústicas dos AASIs
adequadas para o caso, incluindo controles e acessórios;
5) Adequação de expectativas e estabelecimentos de metas reais;
6) Realização dos testes de verificação de desempenho com medidas com
microfone-sonda;
8
7) Orientação do paciente quanto ao uso, cuidados e manuseio dos AASIs
bem como acompanhá-lo periodicamente para manutenções e possíveis
reavaliações.
8) Validação da adaptação dos AASIs por meio de instrumentos que
avaliam a sua efetividade depois da adaptação;
O segundo passo da reabilitação audiológica no adulto consiste na
adoção de programas de acompanhamento para manutenção do AASI e na
introdução de novos procedimentos terapêuticos. Adams (2008) já discutia em
sua publicação, que o processo de reabilitação audiológica não deve terminar
após a adaptação do AASI, pois queixas auditivas e comunicativas podem
persistir mesmo após uso efetivo de amplificação. Estas, geralmente, estão
relacionadas com dificuldades de compreensão de fala, relacionadas com
distúrbios do processamento auditivo (Sweetow, 2008).
O processamento auditivo (PA) é o mecanismo sensorioneural
responsável pelas tarefas de análise e interpretação de estímulos sonoros que
envolvem as habilidades de localização e lateralização sonora, discriminação e
resolução auditiva, mascaramento e ordenação temporal, reconhecimento de
padrões auditivos e interpretação de sinais competitivos ou degradados
(Valente, 2006). Este processamento inicia-se na cóclea e é transmitido ao
córtex auditivo, onde a informação acústica é analisada e interpretada
tornando-se consciente e compreendida, de forma rápida (menos de 250
milissegundos) e complexa (de 2 a 5 palavras por segundo) (Medwetsky et al,
2011).
9
Compondo o sistema nervoso auditivo (SNA), dois outros sistemas
cognitivos centrais trabalham em conjunto na interpretação do sinal acústico: o
sistema atencional e o de memória. O sistema atencional ajuda na seleção e
separação dos diversos estímulos detectados a fim de focar o esforço de
interpretação com o menor gasto de energia possível. Também auxilia da
sustentação do foco atencional no estímulo importante. A função de memória
participa no processamento auditivo catalogando e armazenando as
informações interpretadas de forma que possam ser acessadas e resgatadas
quando necessário, agindo como um grande banco de dados. Assim, quando o
estímulo de fala é decodificado em padrões neurais, estes são comparados
com os que estão previamente armazenados de forma a se determinar se a
informação já é conhecida ou não (Medwetsky et al, 2011; Schumm et al,
2008; Zucato et al, 2005).
Entendendo o processamento auditivo como um conjunto de redes
neurais que recebe, avalia, reintegra e significa diversos tipo de sinais
acústicos de forma paralela, serial, distribuída e concomitante, padronizou-se
didaticamente reunir todas estas funções em 2 mecanismos: “bottom-up” e
“top-down”. O mecanismo bottom-up é responsável por decodificar todo
estimulo acústico que chega ao sistema nervoso auditivo central (SNAC). É ele
quem mantém a porta de entrada de estímulos sempre em alerta. Por outro
lado, o mecanismo de top-down é responsável por assimilar e associar o sinal
codificado com as informações previamente armazenadas na memória, a fim
de estabelecer possíveis semelhantes e diferenças (Schumm et al, 2008;
Chermak et al, 1997; Pichora-Fuller, 2008).
Segundo Schochat (2004) e Medwetsky et al (2011), o sistema nervoso
em geral exige grande gasto de energia na análise e interpretação constante
10
de todos os estímulos captados pelo sistema nervoso auditivo periférico e
central. Por isso, é de grande valia a associação do estímulo acústico com
informações já conhecidas pois a significação já foi realizada. Assim, basta que
se resgate esta informação no banco de dados da memória para que se torne
consciente o significado do sinal, de forma a economizar energia na
interpretação.
Os dois mecanismos precisam funcionar em perfeita harmonia para que
o indivíduo possa, por meio do processamento auditivo central, compreender
os sinais acústicos provenientes do ambiente externo, principalmente quando
este sinal é complexo como o estímulo de fala. Qualquer déficit em um ou
ambos os mecanismos pode prejudicar a análise correta, seja por má recepção
(bottom-up) ou má interpretação (top-down) (Schochat, 2004; Chermak et
al,1997; Zucato et al, 2009).
O distúrbio do processamento auditivo (DPA) é uma alteração
encontrada em um ou mais grupos de funções exercidas pelos dois
mecanismos, seja por problemas no desenvolvimento ou maturação da função
na infância, na desordenação das funções ou na perda de função ao longo da
vida. Ele pode ou não coexistir com outros distúrbios como os de linguagem, de
aprendizado ou cognitivos. Isso torna sua definição e diagnóstico difícil e
multifatorial (Schumm et al, 2008; Chermak et al,1997).
A avaliação do DPA é realizada por meio de uma bateria de testes
especiais, cujos resultados precisam ser analisados em conjunto para que se
chegue ao correto diagnóstico. Na infância, todo o sistema nervoso está em
processo maturacional, o que torna a avaliação do PA um desafio. A análise de
resultados associados a classificações normativas quanto ao nível de resposta
esperado para a faixa etária são os caminhos para e interpretação correta de
11
resultados e para intervenções terapêuticas adequadas, tanto de estimulação
para acelerar o desenvolvimento, quanto para reparação de funções já
alteradas (Schochat, 2004; Zucato et al, 2009).
Em se tratando da população adulta e idosa, espera-se que o
desenvolvimento das funções auditivas tenha ocorrido sem intercorrências ao
longo do desenvolvimento. No entanto, é possível que após algum evento, uma
ou mais funções possam ter se alterado. Neste caso, a intervenção terapêutica
é pontual visando aspectos que estão deficitários (Pichora-Fuller, 2008). Nesta
faixa etária, além da avaliação precisa e global, o tempo de privação sensorial
que o sistema auditivo sofre é crucial para a gravidade e extensão do
comprometimento, pois, a falta de estimulação neural diminui a capacidade
cerebral de realização da função. Por meio da plasticidade neural, o idoso com
perda auditiva passa a receber menos informação auditiva (bottom-
upcomprometido), que passa a ter menos trabalho de interpretação de sinais
acústicos, diminuindo a atividade de significação e compreensão e,
consequentemente, se comunicando e interagindo menos (top-down
comprometido). Além disso, outros comprometimentos igualmente danosos
como a demência ou outras alterações cognitivas (Ex: Alzheimer), deficiência
visual e motora, interferem diretamente no processamento auditivo do idoso
(Pichora-Fuller & Levitt, 2012).
Assim, a alta prevalência de DPA em idosos provenientes da privação
auditiva torna a avaliação e intervenção imprescindível dentro da reabilitação
audiológica (Schochat, 2004; Abrams, 2008).
Segundo Kiessling et al (2003), Sweetow (2008), Ciorba et al, (2012),
Abrams (2008) e Sweetow et al (2005), idosos podem apresentar alterações
tanto no mecanismo top-down como bottom-up. Na detecção, o idoso tende a
12
apresentar capacidade rebaixada na identificação dos estímulos auditivos por
possíveis perdas auditivas periféricas comumente associadas a alterações
visuais e cognitivas (Miranda et al, 2008). Na percepção do som, idosos
tendem a ter maiores problemas em ambientes com múltiplos estímulos ou
falantes, pois exige maior esforço dos mecanismos centrais de atenção seletiva
e direcionada para que o indivíduo possa compreender o sinal importante e
descartar os que não interessam (Miranda et al, 2007; Freire, 2012). Na
compreensão, a presbiacusia provoca distorção na significação do sinal
acústico que compromete a correta análise de sinais complexos como a fala.
Como estratégia, utilizam-se da percepção de características prosódicas e
contextuais da fala e de apoio visual para auxiliar na correta interpretação
(Sweetow, 2008). Por fim, a comunicação do indivíduo idoso pode também
estar comprometida dependendo do nível de interação social a que ele está
inserido. Quanto mais numerosos e diversos são os ambientes que ele
frequenta, maior a probabilidade de sofrer restrições em participação de
atividades, interferindo diretamente na sua qualidade de vida (Abrams, 2008;
Sweetow et al, 2005) .
Nesse sentido, ainda que hoje o AASI seja considerado parte
fundamental desse processo de reabilitação audiológica do paciente com perda
auditiva, nem sempre este é capaz de solucionar a todas as necessidades e
dificuldades vivenciadas (Almeida, 2012; Kiessling et al, 2003; Sweetow, 2008).
Em casos de perda somente da audibilidade, como nas perdas auditivas
periféricas, o AASI pode atender grande parte das queixas e, geralmente, não
há necessidade de uma intervenção terapêutica complementar. No entanto, a
presbiacusia pode acometer tanto o sistema auditivo periférico quanto central,
além de funções cognitivas fundamentais para a comunicação, ou seja, há uma
13
perda de células sensoriais, de fibras nervosas e vias centrais em várias
regiões do cérebro (Abrams, 2008; McCarthy et al, 2008). Estas perdas neurais
diminuem a audibilidade e inteligibilidade de fala afetando consideravelmente a
compreensão do sinal (Miranda et al, 2008; Miranda, et al, 2007). Muitos casos,
a combinação de AASI com intervenção terapêutica complementar podem
melhorar a comunicação do indivíduo, sendo recursos eficientes para a
reabilitação audiológica do idoso a fim de reinseri-lo no convívio social. (Freire,
2009; Miranda et al, 2008; Dias et al, 2012; Miranda, et al, 2007; Sweetow et al,
2005; Sweetow, 2008; Medwetsky, Musiek, 2011).
1.1.2 O TREINAMENTO AUDITIVO NA REBILITAÇÃO AUDIOLÓGICA DO
IDOSO
O treinamento auditivo (TA) é uma das técnicas disponíveis no processo
clínico de reabilitação audiológica. É caracterizado por ser um programa de
exercícios, que se utilizam da plasticidade neural para estimular mudanças
morfológicas e fisiológicas das redes neurais, capazes de gerar mudança de
comportamento, aprendizagem, desempenho e automação das funções do PA
(Schochat, 2004; Sweetow, 2008).
No caso dos idosos usuários de AASI, estes exercícios se propõem a
estimular ou resgatar funções auditivas centrais que sofreram privação
sensorial gradativa durante o envelhecimento o sistema (Zucato et al, 2009;
Freire, 2012; Murphy et al, 2011; Dubno, 2013; Miranda et al, 2008; Chermak et
al, 1997; Hennig et al, 2012; Megale et al, 2010). Assim, o TA pode ser
utilizado como procedimento clínico complementar no processo terapêutico de
14
reabilitação auditiva visando melhorar as habilidades comunicativas, auxiliar os
usuários de AASI no aperfeiçoamento de habilidades auditivas deficitárias,
além de aprimorar habilidades ainda preservadas (Pichora-Fuller et al, 2012;
Sweetow et al, 2005; Miranda et al, 2008, Palmer et al, 2005).
As habilidades auditivas são competências do SNA, responsáveis pela
análise e interpretação do sinal acústico. São elas (Sweetow, 2005; Hennig,
2012):
Detecção: habilidade de detectar presença ou ausência de estímulo
sonoro.
Localização sonora: habilidade de identificar a direção da fonte do estímulo
sonoro.
Discriminação: habilidade de diferenciar os estímulos sonoros iguais e
diferentes.
Reconhecimento: habilidade de identificar características do estímulo
sonoro.
Figura-fundo: habilidade de destacar o estímulo sonoro que interessa
(figura) do que não interessa (fundo).
Fechamento Auditivo: habilidade de selecionar o(s) significado(s) mais
provável(s) do estímulo sonoro de maior interesse dentre várias
possibilidades.
Integração binaural: habilidade de unir as informações que chegam de
ambos os lados.
Compreensão: Atribuir significado ao estímulo sonoro.
As funções cognitivas vinculadas à comunicação organizam as
informações e armazená-las como conteúdo linguístico para que possam ser
15
acessadas quando necessário, completando as funções do processamento
auditivo. São elas (Sweetow et al 2005):
Atenção: associada à intenção de escuta dos estímulos sonoros.
Memória: armazenar e resgatar informações auditivas já processadas.
Desde o século passado, já se falavaem TA para aprimorar a
interpretação do sinal acústico. Pichora-Fuller et al (2012) fizeram um extenso
levantamento histórico da evolução dos AASI e sua correlação ao TA ao longo
dos anos. Os autores dividiram a cronologia em três eras: Pré-eletrônica,
Eletrônica e Digital.
Na primeira metade do século passado a era pré-eletrônica foi marcada
pela simplicidade dos AASI que não eram capazes de amplificar os sinais de
fala para pacientes com perdas auditivas sensorioneurais severas
descendentes, caracterizadas por uma maior preservação celular em
frequências baixas e maior extensão da lesão em frequências altas. Os
amplificadores eram processadores que amplificavam igualmente toda a faixa
de frequência, podendo ter como opcional alguns filtros que selecionavam a
forma de amplificação, mas ainda muito rudimentar. O TA aplicado nessa
época, baseava-se na substituição ou complementação do sistema auditivo
pelo sistema visual para a compreensão da fala, na medida em que, mesmo
com amplificação, a audição não era capaz de fornecer audibilidade para que
o SNA pudesse analisá-la e processá-la. Portanto, técnicas de aprimoramento
de leitura orofacial, baseadas na associação de movimentos labiais com
interpretação da fala eram as mais comuns.
Com o avanço das pesquisas, ainda segundo os mesmos autores, a
tecnologia dos AASI se aperfeiçoou na segunda metade do século XX,
16
permitindo novas possibilidades de ajustes eletroacústicos mais
personalizados, precisos e específicos, conforme a configuração audiométrica.
Assim, sinais acústicos perdidos anteriormente passaram a ser percebidos pelo
usuário de AASI e, por ter audibilidade, pode- se interpretá-los melhor. Nesta
mesma época deu-se também início ao desenvolvimento dos implantes
cocleares capazes de fornecer maior audibilidade com menos distorção para as
perdas auditivas profundas. Estes indivíduos recém-operados passaram a
receber treinamento auditivo junto à ativação dos eletrodos, trazendo uma
evolução considerável ao desempenho comunicativo pós-cirúrgico em relação
ao desempenho com AASI.
O desenvolvimento eletrônico dos AASI permitiu a incorporação de
sistemas de compressão das ondas sonoras para melhor processamento do
sinal acústico, possibilitando que grande parte (ou todo) do estímulo sonoro
pudesse estar dentro do campo dinâmico do paciente, de forma que os sinais
fracos pudessem ser audíveis, os médios pudessem ser confortáveis e os
fortes suportáveis. Em contraposição, segundo ainda análise de Pichora-Fuller
et al (2012), esta nova tecnologia trouxe novos problemas para os
audiologistas: a distorção acústica, ou seja, sinais muito comprimidos para que
pudessem ser inseridos no campo dinâmico do paciente tornavam-se
distorcidos ou ininteligíveis, o que não auxiliava no principal objetivo de
fornecer melhor compreensão de fala.
Associado a isso, a segunda metade do século passado foi
caracterizada pelo avanço considerável da medicina e de tecnologias para
auxiliar os doentes que sobreviveram à Segunda Guerra Mundial e que
necessitavam serem reinseridos na sociedade. Muitos daqueles que ficaram
17
surdos, tinham queixas importantes de compreensão de fala em ambientes
ruidosos e de desconforto a sons intensos, fruto de lesões tanto no sistema
auditivo periférico quanto central. Nesse momento, o TA passou de um
treinamento visual para um efetivo aprimoramento de habilidades auditivas,
principalmente de interpretação de fala na presença de ruído competitivo, a fim
de atender a estas novas exigências, mesmo com as evidentes limitações.
Na era atual, denominada pelos autores, de digital, o TA tem sido cada
vez mais personalizado, respeitando as demandas individuais dos pacientes,
tornando o programa de reabilitação audiológica cada vez mais flexível e em
evolução. Exercícios realizados em laboratórios ou clínicas audiológicas são
considerados eficazes para ser obter mudanças morfológicas e fisiológicas no
SNAC que melhoram o desempenho auditivo permeado pela plasticidade
neural (Schochat, 2004, Schochat, 2013, Sweetow, 2008, Chermak et al, 1997).
Um protocolo de TA hoje é composto primordialmente de um número
pré-determinado de sessões (8 a 12 em média), frequência de 2 a 3 vezes por
semana, com duração de 30 a 40 minutos. A cada sessão, exercícios auditivos
treinam diferentes habilidades que se repetem a fim de automatizar e
consolidar funções aprendidas. Uma vez consolidadas, estas funções podem
ser incorporadas no dia-a-dia do paciente. Quanto melhor for a aplicação das
estratégias aprendidas nas situações cotidianas, melhores serão os resultados
na comunicação diária e no enfrentamento de situações desafiadoras de
comunicação (Chermak et al, 1997; Zucato et al, 2009).
Para que se possam observar os resultados e benefícios do TA, assim
como de qualquer intervenção terapêutica na área da audiologia, os estudos
recomendam que haja uma avaliação clínica prévia dodeficiente auditivo tanto
18
das suas funções periféricas quanto centrais. Para isso, se faz necessária a
avaliação audiológica básica e a avaliação do processamento auditivo, a fim de
detectar funções acometidas e habilidades auditivas que precisam ser
exploradas e desenvolvidas nas sessões. Uma vez determinadas as alterações
auditivas, faz se um planejamento das técnicas terapêuticas a serem utilizadas,
promovendo-se assim, um programa de treinamento auditivo com os exercícios
a serem trabalhados (ASHA, 1997; Kiessling et al, 2003).
Miranda et al em 2007 descreveram um programa de TA formal, em que
as sessões de exercícios foram realizadas em cabina acústica e fazendo uso
de audiômetro e equipamento de CD para apresentar estímulos gravados já
validado. Participaram 13 idosos distribuídos em dois grupos: experimental
(com TA) e controle (sem TA). O protocolo adotado era composto por sete
sessões, com frequência semanal e duração de 50 minutos. O objetivo do
estudo foi o de verificar se a TA realizada em cabina acústica poderia acelerar
o processo de aclimatização desses idosos usuários de AASI com dificuldades
de compreensão de fala. Foram realizadas a audiometria e a avaliação do
processamento auditivo, bem como foi aplicado um questionário de avaliação
de benefício em três momentos diferentes: antes do TA, logo após o TA e um
mês depois de concluído o TA. Os resultados apontaram uma melhora
estatisticamente significativa do desempenho de reconhecimento de fala no
grupo experimental, o que não ocorreu no grupo controle. As autoras também
observaram a aceleração do processo de adaptação na medida em que os
usuários conseguiram observar mais rapidamente os benefícios do uso da
amplificação, o que não ocorreu com o grupo controle, que ainda apresentava
19
queixas auditivas e de insatisfação, mesmo após oito semanas de início da
estimulação auditiva.
Miranda et al (2008) utilizaram-se destes resultados para verificar a
eficácia do programa de TA em idosos usuários de AASI. As autoras atribuem
a melhora do desempenho à associação de uso diário e contínuo dos AASI que
melhoram a detecção de sinais acústicos e do TA que cria conexões neurais
novas para melhor interpretação da fala, já que agora este sinal é amplificado e
deve ser processado de forma diferente pelo SNAC. Além disso, houve uma
diminuição das dificuldades de compreensão de fala na vida cotidiana, o que
contribuiu para aumento da qualidade de vida do idoso, o que não foi
observado no grupo controle.
Megale et al (2010) também pesquisaram a efetividade do TA em cabine
acústica em 42 idosos usuários de AASI bilateral, distribuídos igualmente em
grupo controle (AASI sem TA) e experimental (AASI com TA). O estudo
procurou relacionar os resultados pré e pós TA com as respostas sobre os
benefícios obtidos. Foram três os momentos de avaliação do PA e do
benefício: pré-treino, após um mês com AASI e após dois meses de terminado
o TA. O protocolo foi composto por seis sessões de 40 minutos cada,
realizadas 1 vez por semana, por 6 semanas consecutivas. Os resultados
apontaram para a boa eficiência do TA nos moldes realizados na pesquisa
tanto para a segunda avaliação quanto para a terceira, em comparação com os
resultados apresentados pelo grupo controle.
O trabalho de Murphy et al (2011) segue formato de protocolo
semelhante, com TA realizado por 8 sessões de 40 minutos cada, aplicado em
20
um paciente pós traumatismo crânio-encefálico (TCE) com acometimento de
osso temporal apresentando perda auditiva sensorioneural bilateral. O paciente
realizou avaliação pré-treino do PA, logo após o término e um mês depois. Os
resultados demonstraram melhora de desempenho para compreensão de fala
na segunda avaliação, mas que não se manteve na terceira avaliação, o que
sugere a não consolidação das redes neurais treinadas. As autoras sugeriram
a continuidade do TA para fortificar as funções aprendidas.
A variedade de formas de avaliação pré e pós-treino, de aplicação dos
exercícios, dos instrumentos auxiliares, dos estímulos utilizados e suas várias
formas de apresentação, tornam o campo do TA tão vasto e complexo quanto a
escolha de qual técnica deve ser empregada (Megale et al, 2010).
Dubno (2013) e Olson et al (2013), resumiram as possibilidades que
devem ser determinadas pelo profissional ao planejar um programa terapêutico
de reabilitação. Segundo as sugestões da autora, o fonoaudiólogo deve:
1) Realizar avaliação pré TA para detectar alterações a serem
trabalhadas;
2) Determinar se o TA será realizado em ambiente domiciliar ou clínico;
3) Determinar se o TA realizado na clínica será em cabine acústica
(treinamento auditivo formal) ou por software (treinamento auditivo
computadorizado-TAC) e quais instrumentos estão disponíveis;
4) Determinar o tempo de treino, número de sessões e momento de
reavaliação pós TA;
5) Incluir TA com foco em decodificação e compreensão de palavras
e/ou fonemas isolados (analíticos);
21
6) Incluir TA com foco em interpretação e compreensão de textos com
associação a contextos e inclusão de estratégias compensatórias
(sintéticos);
7) Determinar o(s) tipo(s) de estímulo(s) a ser(em) utilizado(s),
conforme alterações detectadas na avaliação pré-treino;
8) Ao utilizar estímulos com múltiplos falantes, deve-se incentivar o
treino da compreensão de fala com diferentes relações sinal-ruido a
fim de simular situações de vida real;
9) Associar os treinos a exercícios que serão realizados em casa como
reforço.
O sucesso de todos os diferentes formatos de TA depende,
fundamentalmente, da dedicação do paciente. Ou seja, desde seu
deslocamento até a clínica, a motivação pessoal em repetir as tarefas
solicitadas até executá-las na rotina diária, o paciente deve se tornar
personagem ativo e agente de seu próprio desempenho, independente de sua
faixa etária. Profissionais bem qualificados acompanham a evolução e intervém
nos momentos de maior dificuldade a fim de nortear o paciente na sua
aprendizagem e auxiliá-lo na aplicação das estratégias no dia-a-dia (Zucato et
al, 2009; Schochat, 2004; Olson et al 2013).
Palmer et al (2005) em seu trabalho objetivaram identificar as evidências
cientificas sobre as possíveis melhoras de habilidades auditivas por meio do TA
individualizado em adultos. Foram encontrados seis artigos na literatura
consultada que cumpriam os critérios para que se pudessem validar os efeitos
descritos nas pesquisas (descrição de processo de randomização e da
metodologia da pesquisa, ter grupo controle e grupo experimental, número de
participantes representativo, medidas psicométricas com relação direta com
22
habilidades comunicativas, feedback dos participantes por meio de algum
questionário de auto avaliação, acompanhamento do impacto da intervenção
ao longo prazo e caracterizar-se como pesquisa duplo-cego). De acordo com
os resultados encontrados, os autores concluiram que os resultados positivos
só aconteceram quando houve dedicação e insistência na continuidade do
treino tanto por parte do profissional quanto por parte do paciente. O que se
observa na prática é que há poucos serviços desta natureza disponíveis aos
idosos e estes lhes são pouco motivadores. Esta falta de incentivo promove a
pouca adesão aos programas, o que tornam as evidências científicas pouco
claras e significantes. Os autores incentivaram um maior uso destes programas
para que se possam aumentar as evidências de seus efeitos reais.
Murphy et al (2013) também revisaram a literatura publicada em diversas
bases de dados buscando os diferentes efeitos dos TA existentes e seus
efeitos nas habilidades auditivas e lingüísticas pontuando diferentes formatos
poderiam aumentar a adesão de pacientes ao TA. As autoras classificaram os
artigos encontrados em três grandes grupos: TA formais (realizados em cabina
acústica), treinamento auditivo computadorizados (TAC) e treinamentos
auditivos musicais (em que se usa a música como estímulo). Os resultados
apontaram para evidências tímidas quanto aos reais efeitos dos três tipos de
treinamento, devido a vários fatores implicados na pesquisa científica. A
variedade nos estímulos de teste, nas formas de apresentação e formas de
avaliação pré e pós-treino impossibilitaram a comparação. Além disso, a
maioria deles não possuía comparação entre grupo controle e experimental ou
pesquisas do tipo duplo-cego, que aumentaria o grau de evidência dos
resultados. Apesar destes fatores, os autores ressaltaram que as três formas
de aplicação do TA forneceram resultados positivos quanto à melhora de
23
desempenho auditivo e linguístico. Por outro lado, reforçaram a grande
carência de pesquisas encontradas na área o que dificulta a busca por
padronização e a partir de evidências científicas comprovadas. Assim,
sugeriram como conclusão o aumento do número de pesquisas randomizadas
na área, principalmente com os diferentes formatos e com maior grau de
evidência científica.
Sweetow et al (2005) e Sweetow (2008) discutiram em seus artigos
vários aspectos relacionados aos tipos de treinamentos possíveis e seus
entraves na aplicação clínica. Segundo os autores, o TA como parte do
processo terapêutico de aquisição de linguagem e reabilitação de seus
distúrbios na infância já foi amplamente pesquisado, gerando, ao longo dos
anos, muitas evidências da eficácia da técnica em crianças com distúrbios ou
atrasos de desenvolvimento de linguagem decorrentes de distúrbios de
processamento auditivo. No entanto, em se tratando da população idosa
usuária de AASI, o acompanhamento, o aconselhamento, a orientação e o
treinamento auditivo são etapas que não recebem a devida importância como
aquela dedicada às crianças, tanto por parte dos profissionais como por parte
dos próprios pacientes, dentro da rotina clínica. Isso foi justificado, em parte,
pela restrição financeira e de tempo por parte dos pacientes, além de uma falta
de conhecimento, competência e experiência por parte dos profissionais para
se treinar habilidades comunicativas. O autor criticou também a postura de
alguns audiologistas que insistem em acreditar que a adaptação de AASI de
tecnologia avançada com algoritmos automáticos e rápidos sejam suficientes
para melhorar o desempenho auditivo, o que não é verdade. Neste mesmo
artigo, alertou também para um problema enfrentado pelos audiologistas na
aplicação do TA formal em larga escala que exige que a sua realização seja
24
em ambiente clínico com cabina acústica: sua viabilização pode ser um
empecilho para alguns pacientes, pois exigem grande disponibilidade e
dedicação.
Olson et al (2013) reforçaram que, para que se obtenham resultados
satisfatórios, a atuação do paciente deve ser rotineira e ativa. No entanto, para
os idosos esta atuação pode ser mais difícil, pois a distância e os problemas de
locomoção, tornam o deslocamento até as clínicas trabalhoso. Além desta
variável, este grupo sofre interferências de outras alterações não-auditivas
como a desatenção e memória que comprometem o treinamento. A somatória
dessas limitações só agrava o quadro degenerativo do idoso criando uma
população usuária de AASI insatisfeita, pois as necessidades comunicativas
não são atendidas plenamente, tornando o processo terapêutico falho e
incompleto (Sweetow, 2008).
Nessa perspectiva, outras estratégias têm sido utilizadas para se treinar
o SNAC nas suas habilidades auditivas que não necessitem de ambientes ou
equipamentos especiais ou de acompanhamento profissional intensivo.
Atividades como leitura de textos, de artigos ou jornais em voz alta com e sem
sons competitivos, ouvir músicas e identificar os diferentes instrumentos
musicais presentes, sintetizar reportagens/filmes para outra pessoa são
sugestões apontadas por alguns autores que podem ser acrescidas como
tarefas domiciliares têm sido cada vez mais usadas como alternativas para
adultos e idosos (Freire, 2012; Dias et al, 2012).
Com o intuito de tornar o TA um processo terapêutico mais viável e
acessível, diferentes técnicas e estratégias têm sido desenvolvidas. Programas
desenvolvidos em softwares, planejados para serem executados em ambiente
domiciliar são hoje uma possibilidade (Olson et al, 2013, Chalupper, 2008;
25
Sweetow et al, 2004). Nestes casos, o paciente recebe um programa
hipermídia (interativo) via CD, CD-rom, DVD ou pode baixá-lo de sites
especializados na internet. A proposta é a de que o usuário possa ter acesso
ao programa de TA mesmo quando dispõe de pouco tempo ou dificuldade de
locomoção para realizá-lo na clínica com acompanhamento profissional
(Henshaw et al, 2013; Freire, 2012).
Sweetow (2004) desenvolveu na Universidade da Califórnia (San
Francisco, USA) o programa de treinamento auditivo hipermídia (interativo)
Listening and Auditory Communication Enhancement (LACE™), voltado para a
população de pacientes adultos usuários de AASI, que podia ser realizado em
ambiente domiciliar. O programa, com grande variedade de exercícios auditivos
específicos foi desenvolvido em formato de CD para ser executado em
computador.
Sweetow et al (2006) fizeram um estudo preliminar, em que aplicaram o
programa LACE™ de TAC em 65 idosos usuários de AASI, durante um mês de
estimulação. Comparando os resultados das avaliações pré intervenção e após
duas , quatro e oito semanas do término do treino, os autores concluíram que o
programa de TA pode aprimorar as habilidades auditivas, melhorando seu
desempenho comunicativo em situações cotidianas.
Olson el al (2013) realizaram um estudo randomizado duplo-cego,
aplicando o programa LACE™ em 29 idosos usuários de AASI, nativos da
língua inglesa, com alto grau de letramento e com domínio de equipamentos de
DVD e controles remotos. O objetivo era o de verificar os efeitos e benefícios
do programa para usuários novos e experientes de AASI antes e depois do TA.
Os participantes do trabalho também foram solicitados a avaliar a aplicabilidade
do CD e viabilidade de execução no dia-a-dia. Os autores descreveram a
26
dificuldade de conseguir recrutar participantes que seguissem o programa até o
fim e apontaram os vários obstáculos: incompatibilidade tecnológica (25% de
participantes excluídos), dificuldade de execução por parte do participante,
desistência deles durante o programa e interferência do ruído ambiental do
domicílio. Mesmo assim, para aqueles que conseguiram executar, obtiveram
melhora de compreensão de fala, principalmente para os novos usuários que
sofreram pouca privação auditiva. Os autores ressaltaram, no entanto, que o
TA via CD para ser realizado em domicílio exige orientações detalhadas ao
participante sobre o funcionamento, como será executado e os profissionais
devem se colocar à disposição para o esclarecimento de dúvidas, na motivação
da manutenção da rotina de treinos e na incorporação da família ao programa
de reabilitação auditiva.
Taylor et al (2008) buscaram identificar qual seria o impacto econômico
do uso do programa LACE™ em usuários de AASI após o treino. Segundo os
autores, a primeira sessão era realizada na clínica após a adaptação do AASI
com o intuito de apresentar e incentivar o paciente a dar continuidade ao treino
iniciado em casa. Os resultados mostram que após a introdução do TAC na
rotina clínica, os retornos para ajustes eletroacústicos dos AASI diminuíram de
15% para 3%. Apesar de apenas 66% dos participantes terminaram o
programa, estes se tornaram mais ativos no processo de reabilitação
audiológica e parceiros no sucesso do AASI.
Chaluper (2008, material não publicado) na Alemanha, desenvolveu o
programa de TAC eArena® em um formato semelhante ao do LACE™. O
programa, desenvolvido em CD em formato de software é composto de um
protocolo com 20 sessões de exercícios auditivos específicos a serem
realizadas por 20 dias subsequentes, sendo uma sessão por dia. O autor
27
realizou um estudo aplicando o programa eArena® em 120 adultos usuários de
AASI com queixa de compreensão de fala. Os participantes foram distribuídos
em três grupos: 40 sujeitos se submeteram ao programa de TA realizado em
cabina acústica uma vez por semana durante um mês; 40 sujeitos realizaram
as 20 sessões diárias do programa em casa e os 40 restantes não sofreram
qualquer intervenção. O estudo buscou formar grupos de forma homogênea, no
qual os integrantes eram 50% usuários experientes e 50% novos usuários de
AASI. Todos os sujeitos foram avaliados com a mesma bateria de testes
(avaliação de fala no ruído e de questionário de avaliação de benefício), em
três momentos diferentes: primeiramente a avaliação foi realizada pré-treino
para se estabelecer parâmetros de comparação em cada grupo. Após quatro
semanas todos os sujeitos dos grupos experimentais já haviam terminado o
treino e todos foram reavaliados. Por fim, após três meses do término do
treinamento, repetiram a avaliação. O objetivo da pesquisa foi o de comparar
os resultados de testes de compreensão de fala no ruído e questionários de
satisfação entre os três grupos nos três momentos de avaliação. Os resultados
apontaram para melhora da percepção de desempenho auditivo em situações
comunicativas, melhora de habilidades para compreensão de fala, aumento do
benefício com AASI e da qualidade de vida para os dois grupos experimentais
em comparação com o grupo controle, sendo os usuários novos os mais
beneficiados. Além disso, o tempo dispensado pelos pacientes para execução
do programa foi considerado adequado, o que permite sugerir que o programa
possa ser uma alterativa de utilização para pacientes adultos usuários de AASI
que necessitam de intervenções terapêuticas como o TA.
No Brasil, Freire (2009) desenvolveu o programa Treinamento Auditivo
Musical (TAM). O protocolo de treinamento está composto por 7 DVD com
28
exercícios variados que estimulam as habilidades auditivas de resolução e
ordenação temporal e não auditivas de atenção seletiva, usando variados sons
musicais como estímulo e ruído competitivo. Este programa foi validado para
ser executado individualmente em ambiente domiciliar, de forma interativa e
autônoma, sem auxilio presencial do terapeuta, utilizando-se computador ou
equipamento leitor de DVD. A autora aplicou o TAM em 15 idosos usuários
regulares de AASI bilateral que apresentavam queixas persistentes de
compreensão de fala na presença de ruído mesmo após a adaptação da
amplificação. O programa TAM foi aplicado em um terço dos candidatos (grupo
experimental I - TAM) por sete sessões consecutivas, sendo uma por semana.
Um segundo grupo (grupo experimental II - EMC) foi submetido à exposição de
música clássica também por uma hora por dia, uma vez por semana, por sete
sessões. Por fim, o último grupo não sofreu intervenção alguma (grupo
controle). Todos os 15 participantes passaram por uma bateria de testes pré-
internveção e pós intervenção, composto de avaliação audiológica, testes de
localização sonora, memória para sons não verbais, pesquisa do limiar de
reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído e responderam aos
questionários HHIE (Hearing Handicap Inventory for Elderly) e APHAB
(Abbrevied Profile Hearing Aid Benefit). Os resultados revelaram para uma
melhora nas habilidades auditivas de processamento temporal e desempenho
frente a eventos acústicos diferentes e simultâneos no grupo que passou pelo
TAM.
A pesquisa de Hennig (2012) utilizou o programa TAM para verificar a
melhora de desempenho para reconhecimento de padrões temporais. Foram
avaliados 17 idosos, distribuídos em grupo controle (não treinado) e grupo
experimental (grupo treinado), que foram submetidos à avaliação pré-treino e
29
pós-treino em sete semanas. Neste período, o grupo controle fez uso dos
AASI, mas não sofreu nenhuma intervenção. Já o grupo experimental realizou
sete sessões de TA com duração de uma hora diária com frequência semanal.
Fez uso dos DVD desenvolvidos por Freire (2012) para o TAM,
especificamente aqueles que treinam as habilidades pesquisadas para
reconhecimento de padrões temporais. As autoras concluíram que o TAM
proporcionou melhora maior no reconhecimento de padrões temporais no
grupo experimental, apesar do grupo controle também ter apresentado melhora
apenas após estimulação auditiva.
Henshaw et al (2013) revisando a literatura, buscaram evidências
científicas quanto a eficácia do TAC ao examinar as reais possibilidades de
viabilização deste tipo de instrumento clínico tanto para retenção de funções
aprimoradas, quanto para nível de cumprimento do programa. Para isso, as
autoras utilizaram métodos válidos de graduação de confiabilidade e busca de
banco de dados em saúde renomados. As autoras detectaram que, apesar das
pesquisas selecionadas apresentarem resultados positivos quanto à eficácia,
houve muitas variáveis que interferiram nos resultados. Em média, o tempo de
retenção de habilidades aprimoradas encontrado na literatura foi de sete meses
pós-treino, o que sugere a necessidade de novas intervenções. Por fim, quanto
ao cumprimento do programa, os trabalhos apontam para índices altos de
desistência que, segundo as autoras, se deve primordialmente, à falta de
motivação do paciente e de incentivo do profissional que faz o
acompanhamento. No entanto, reforçam que ainda que o TAC seja um formato
acessível, de fácil administração e flexível se faz necessária uma maior
disseminação de uso e aplicação de TAC na clínica para que se possam ser
melhor avaliados os reais motivos de desistência e desmotivação. Além disso,
30
quanto mais disseminado é o protocolo, maiores as possibilidades de se
realizar estudos longitudinais, duplo-cegos, com um número significativo de
participantes para que se busque evidências científicas de benefícios.
31
2. OBJETIVO
O presente trabalho tem por objetivo principal desenvolver um manual
instrutivo de orientação, uso e aplicação do programa de treinamento auditivo
computadorizado eArena®, direcionado aos fonoaudiólogos, disponível em
formato digital de CD.
32
3. MATERIAL E MÉTODO
3.1 ASPECTOS ÉTICOS
Esta pesquisa foi desenvolvida na Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) como parte do curso de Mestrado
Profissional em Saúde da Comunicação Humana.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição,
sob o parecer no689.225 em 21/06/2014 (ANEXO 1).
A empresa responsável pelo desenvolvimento do CD de treinamento
auditivo computadorizado foi formalmente informada sobre a realização do
presente trabalho, tendo assinado um termo de ciência e consentimento para a
utilização do seu instrumento (ANEXO 2).
3.2 MATERIAL
O programa de treinamento auditivo em formato de software utilizado
neste trabalho tem o nome comercial de “eArena®”. Foi desenvolvido
originalmente por Chalupper (2008), na Alemanha, pela empresa Siemens
Audiologia e é distribuído de forma gratuita e promocional aos pacientes
adultos e idosos no ato da compra de novos AASIs. O instrumento, em formato
de CD, contém um software que disponibiliza sessões com exercícios de
treinamento auditivo gravado. O instrumento não possui nenhum manual
instrutivo de uso e vem acompanhado por um encarte informativo simples
33
dentro da sua embalagem e as instruções são pontuais, simples e objetivas,
disponibilizadas na tela, conforme a evolução do paciente ao longo das
sessões.
O programa segue os princípios dos treinamentos auditivos formais
realizados em cabina acústica, tais como um programa fechado e limitado de
exercícios auditivos específicos, aumento ou diminuição do grau de dificuldade
conforme o desempenho do paciente e reforço positivo a cada sessão
terminada.
Na proposta original, o programa recomenda que o usuário realize as
sessões de exercícios diária e consecutivamente, sendo uma sessão por dia,
de forma autônoma em ambiente domiciliar. Para a execução do programa se
faz necessário o domínio e a utilização de um equipamento com leitor de DVD
(computador, notebook ou DVD player) e duas caixas acústicas externas
independentes.
O CD disponibiliza duas opções de formato: uma versão reduzida e a
versão completa. A versão reduzida (“amostra”) é composta por oito exercícios
extraídos do programa completo de 20 sessões e tem o propósito básico de ser
utilizado como treinoou demonstração do programa (ANEXO 7.4). A versão
completa é o programa de treinamento auditivo propriamente dito que contém
20 sessões. Cada uma destas sessões possui cerca de oito exercícios
diferentes que trabalham variadas habilidades essenciais à audição e mudam
conforme o dia (ANEXO 7.3). As primeiras quatro sessões enfocam exercícios
de detecção e percepção de sons ambientais. À medida que o programa
avança são acrescidos exercícios de discriminação e compreensão de fala,
com ou sem som competitivo.
34
Nas primeiras telas, o usuário é instruído a se registrar e a fazer um
cadastro com informações básicas. Existe a possibilidade de se cadastrar
como “fonoaudiólogo” ou “não fonoaudiólogo”. Ao cadastrar-se como “não
fonoaudiólogo”, o paciente tem acesso à página inicial do programa com todas
as 20 sessões que estarão bloqueadas e serão liberadas conforme a
progressão da sua evolução. A cada sessão/dia terminado, um sinal verde
aparece na sessão completada e a próxima é liberada. Caso o cadastro seja
feito como “fonoaudiólogo”, permite-se maior flexibilidade de utilização do
programa, uma vez que todas as 20 sessões aparecem desbloqueadas.
Ao iniciar uma sessão, o paciente recebe na tela a descrição do objetivo
do exercício, um resumo do tipo de atividade que será trabalhada naquele dia e
uma breve instrução da tarefa que deverá ser executada. O paciente também é
instruído a proceder à calibração de seus equipamentos a fim de mantê-los
com o mesmo desempenho. Alguns exercícios modificam seu grau de
dificuldade modificando os estímulos ou acrescentando variáveis.
No ANEXO 6.3 estão descritos cada um dos exercícios disponíveis no
programa, com seus objetivos e instruções, conforme disponível de forma
gráfica ao paciente na tela do computador.
Ao final de cada sessão, estão disponíveis as “Dicas do dia” em que se
têm informações sobre estratégias de comunicação para a melhora da
compreensão de fala. Está disponível também a “Lição de Casa” que consiste
em alguma atividade extra de aplicação da habilidade ou técnica treinada
naquela sessão ao dia-a-dia. Esta atividade visa estender o treino para que se
aumente a repetição e estimule automação.
No programa de 20 sessões de treinamento auditivo, o usuário pode
imprimir um gráfico descrevendo as habilidades treinadas que podem servir de
35
material de discussão de progressos e aprendizados junto ao fonoaudiólogo.
Complementando o treinamento, estão disponíveis também vídeos educativos
e explicativos gerais sobre perda auditiva e aparelhos auditivos.
Em 2011 o programa eArena®, chegou ao Brasil e foi traduzido para o
português brasileiro pela fonoaudióloga Mariana Guedes (comunicação
pessoal, material não publicado), tendo sido, na ocasião, preservados
integralmente o seu formato, linguagem e formas de aplicação.
3.3 MÉTODO
3.3.1 DESENVOLVIMENTO DO MANUAL DE ORIENTAÇÃO
A produção do manual seguiu três fases de execução:
FASE I: Composição do conteúdo do manual
O conteúdo do manual está distribuído em três blocos.
No Bloco I, cujo teor foi desenvolvido integralmente para a composição
deste manual, os três primeiros capítulos introdutórios denominados
respectivamente de “Contextualização”, “Fundamentação teórica” e
“Habilidades essenciais para a audição” tem o propósito de servir como base
para uma melhor compreensão e aproveitamento dos capítulos subsequentes.
Para o desenvolvimento do capítulo “Contextualização”, foi realizada busca nos
portais oficiais do governo brasileiro e dos órgãos internacionais de referência.
36
Foram selecionados documentos oficiais sobre saúde auditiva e
envelhecimento para compor a contextualização teórica sobre o idoso com
perda auditiva no Brasil, a perda auditiva e seu impacto na qualidade de vida.
Esta busca foi idealizada para que fonoaudiólogos na área de reabilitação
audiológica possam se familiarizar com o universo e perfil do público a quem o
programa de treinamento auditivo computadorizado eArena® foi direcionado.
Estes materiais estão disponíveis para acesso livre em ícones de referência
complementar. Para o capítulo “Fundamentação teórica” foram selecionados
artigos científicos nas bases de dados em saúde, disponíveis na internet, e
publicações de profissionais referências na área. O conteúdo do material deste
capítulo buscou explorar sobre diretrizes de boas práticas em reabilitação
audiológica, habilidades auditivas e não auditivas técnicas terapêuticas em
reabilitação audiológica, treinamentos auditivos diversos e, em especial, sobre
treinamento auditivo computadorizado. Os trabalhos selecionados tanto para o
manuscrito quanto para estarem disponíveis no manual como leitura
complementar, foram selecionados com base na sua importância enquanto
pesquisa cientifica, pela sua especificidade em compilar aspectos fundamentais
dos temas, mas, para possibilitar o acesso direto por hiperlink, precisavam
também que fossem artigos disponibilizados em PDF e com acesso livre na
web. O manual inicia o primeiro delineamento dos tópicos “Habilidades
essenciais para a audição”, com o objetivo que o fonoaudiólogo possa
compreender essencialmente as definições e funções de cada uma para a
audição e comunicação. Este é o último capítulo sobre conteúdos essenciais e
encerra o primeiro bloco introdutório do manual.
O Bloco II, cujo teor é uma descrição e compilação reestruturada e
organizada do conteúdo do programa, é composto pelos capítulos “Descrição
37
geral eArena®”, “Exercícios doprograma eArena®” e “Material educativo
complementar”. No primeiro deles, “Descrição geral eArena®”, há uma
descrição geral sobre o desenvolvimento do programa, seus objetivos e como
está organizado. Em seguida são descritos em detalhes todas as
características gerais e específicas tanto do programa completo de 20 sessões
como da versão de oito exercícios (amostra). Em seguida, o capítulo
“Exercicios do programa eArena®” foca na descrição detalhada de cada um dos
26 exercícios disponíveis na versão completa, descrevendo as habilidades
específicas envolvidas, o objetivo, o(s) estímulo(s) utilizado(s), a tarefa a ser
executada pelo paciente, a(s) variável(s), o reforço positivo e eventuais
observações complementares. Muitos exercícios do programa possuem o
mesmo nome mas apresentam variações seja na forma de execução, seja no
estímulo, o que implica em uma nova explicação ao paciente. Por isso, o
manual separou-os em versões (1) e (2) (Ex.: Memória(1) e Memória(2)) para
melhor entendimento do exercício. Completando o segundo bloco descritivo, o
capítulo “Material educativo complementar” fornecem informações
complementares relevantes para o usuário de AASI, exercícios
complementares extras e vídeos explicativos sobre uso dos AASI.
Por fim, o Bloco III é organizacional e prático, cujo teor foi desenvolvido
e constituído para a composição deste manual, contempla os capítulos
"Distribuição dos exercícios”, “Guia de acesso rápido” e “Sugestões de
protocolos”em que foram exploradas as diversas possibilidades de uso e
aplicação das duas versões. O capítulo “Distribuição dos exercícios” apresenta
duas tabelas com a distribuição dos exercícios descritos anteriormente nas 20
sessões do programa completo e aqueles selecionados para compor a amostra
de oito exercícios. Com este capítulo o fonoaudiólogo pode buscar as sessões
38
que disponibilizam os exercícios de maior interesse para a organização de
programas personalizados. No capítulo “Guia de acesso passo-a-passo” há
uma descrição guiada das diferentes formas de se acessar cada versão e
exercício, tipos de cadastro possíveis e seus acessos restritos ou liberados. É
neste momento que o profissional vai montar também o seu programa
personalizado. E, finalmente, o capítulo final “Sugestões de protocolos” explora
as diferentes possibilidades de aplicação dos programas e sugere alguns
protocolos fechados para profissionais menos experientes ou que ainda não
desenvolveram os seus próprios métodos. Eles são meramente sugestivos com
o objetivo de auxiliar o fonoaudiólogo na implementação do programa. Todo
o material informativo do manual foi compilado no último capítulo do terceiro
bloco chamado de “Referências para aprofundamento” onde estão descritas as
referências para leitura complementar.
Assim, a composição do conteúdo do manual eArena® buscou
contemplar aspectos essenciais básicos introdutórios, descritivos e de guia-
prático para uso e aplicação do programa de treinamento auditivo
computadorizado eArena®.
Portanto, em um primeiro momento, o manual foi disponibilizado em
formato gráfico de “brochura”, para que pudesse ser apresentado, testado e
avaliado, juntamente com o CD do programa, por profissionais especialistas em
reabilitação audiológica para a avaliação da Fase II do estudo, descrita a
seguir.
39
FASE II: Piloto de avaliação qualitativa do manual
O manual em formato gráfico desenvolvido na FASE I, foi oferecido
juntamente com uma cópia do CD de treinamento auditivo eArena® a um grupo
de quatro fonoaudiólogos especialistas que atuam na área de reabilitação
audiológica (ANEXO 7). Estes profissionais voluntários foram instruídos a fazer
uso simulado do programa, seguindo as informações e orientações contidas no
manual gráfico disponibilizado. O grau de especialidade, tempo de atuação na
área e domínio do uso do Programa eArena® foi variado de forma que cada um
possa, de forma distinta, fornecer informações relevantes para o
enriquecimento do manual, de acordo com sua experiência.
Este grupo de pesquisa qualitativa teve por função atuar como juiz
externo, de forma avaliar o manual nos aspectos gráficos e visuais quanto à
sua clareza, linguagem e contribuição do manual como facilitador na utilização
do programa junto aos seus pacientes. O grupo também apontou a possível
existência de erros, falhas, modificações e melhorias no conteúdo de material.
Para esta etapa da pesquisa, foi aplicado um questionário (ANEXO 5),
adaptado do questionário Suitable Assessment Materials (SAM), que avalia
materiais informativos de saúde (Doak, 1996). Os fonoaudiólogos voluntários
foram solicitados a responder ao questionário na medida em que iam fazendo
uso do material de pesquisa disponibilizado.
Na sequência, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os
profissionais selecionados sobre o conteúdo técnico e teórico do manual,
buscando apresentar as possíveis melhorias que ainda deveriam ser feitas na
versão final do manual para, finalmente na Fase III, passar pela correção e
enriquecimento necessário.
40
FASE III: Aprimoramento do manual
Após a leitura do manual gráfico e utilização simulada do programa
eArena®, os profissionais do grupo piloto de juízes sugeriram modificações por
meio das respostas ao questionário e da entrevista semiestruturada. Estas
correções, informações e sugestões qualitativas pertinentes foram
incorporadas ao material gráfico final, principalmente com relação ao guia
prático, já que os profissionais puderam se utilizar das informações do manual
para utilizar-se do programa.
Com isso, o manual pode ser corrigido para que pudesse ser finalizado
em formato digital de CD na fase IV.
FASE IV: Migração para plataforma digital de CD
Após a finalização do conteúdo teórico e prático, o manual foi
reestruturado para o formato digital por meio do programa Power Point
(Windows) da Microsoft. Neste programa, foi utilizada a função hiperlink, que
possibilita o acesso livre e aleatório do conteúdo temático do manual, bem
como o trânsito livre entre os slides para seguir a sequência original gravada ou
para acessar diretamente aquele que possui a informação de interesse. Esta
função também permite o acesso livre e direto a conteúdos da internet, tais
como de artigos ou sites para leitura complementar, caso o usuário esteja
conectado à rede e esse material seja de acesso livre. Desta forma, a função
“hiperlink” possibilita a disponibilização de todo o conteúdo do manual de forma
que o fonoaudiólogo possa buscar informações de forma mais rápida e precisa.
41
Ao final do manual, está disponibilizada uma relação de referências
bibliográficas para consulta. Todos os slides também podem ser impressos
para entrega de material visual ao paciente caso o fonoaudiólogo julgue
necessário.
42
4. APRESENTAÇÃO DO PRODUTO
O resultado desta pesquisa gerou a produção de um manual instrucional
de uso do programa de treinamento auditivo computadorizado eArena®.
O manual,em formato digital de CD, produto final deste estudo,
encontra-se como suplemento anexo ao presente manuscrito.
Neste capítulo, será apresentado, de forma ordenada, o conteúdo deste
manual.
A versão final do manual está composta por 127 slides, distribuídos em
10 capítulos, agrupados em três blocos. O conteúdo dos Blocos I e III são
novos e foram desenvolvidos para a composição deste manual com o intuito de
auxiliar o fooaudiólogo na apropriação de conhecimento básico para uso do
programa e de o seu domínio sobre a ferramenta para uso clínico prático com
os pacientes. O Bloco II descreve, de forma ordenada, organizada e detalhada,
o conteúdo, as versões e exercícios contidos no CD. Seu objetivo é o de
fornecer aprofundamento no entendimento das propostas de cada exercício.
43
4.1 INTRODUÇÃO
Abaixo, observa-se a capa (figura 1) e a apresentação, de forma objetiva, do
desenvolvimento do manual (figuras 2 e 3).
Figura 2. Introdução sobre desenvolvimento do manual.
Figura 1. Capa do Manual eArena
44
Em seguida, o manual dispõe de instruções sobre seu uso geral. Há
uma descrição pontual sobre os três blocos com seus capítulos (figura 4) bem
como um guia rápido de orientação sobre o uso dos elementos do “Índices
Temático” (Figura 5), “Mapa do Manual” (Figura 6), Menu Principal (Figura 7) e
de um exemplo de slide (Figura 8).
Figura 4. Distribuição dos capítulos nos blocos
Figura 3. Objetivo do manual.
45
O conteúdo do manual foi agrupado em três grandes blocos:
Introdutório, Descritivo e Guia-prático. É possível ter acesso a eles tanto pelo
“Indice geral” (Figura 5), em que estão disponíveis apenas os links dos
capítulos, como pelo “Mapa do Manual” (Figura 6), em que há o esqueleto
completo do manual com todos os capítulos com seus respectios temas
incluidos.
No início de cada capítulo há um “Menu principal” sobre os temas a
serem abordados, cada um deles podem ser acessados através de seus títulos
que são links de acesso (figura 7). Também é possível voltar ao “Mapa do
Manual” ou ao “Índice Temático” nos links dispostos na lateral. Cada tema
possui pelo menos um slide com um breve delineamento sobre o assunto,
imagens ilustrativas e links de acesso na lateral. Nestes links é possível
acessar os slídes próximos ou anteriores bem como voltar ao índices dos
capítulos (Figura 8).
Figura 5. Índice geral.
Neste slide pode-se
ter acesso aos
capítulos separa dos
nos três blocos. Cada
capítulo é um
hiperlink em que se
tem acesso direto ao
menu principal de
cada capítulo.
46
Cada slide possui um título, um breve delineamento sobre o assunto
com uma imagem ilustrativa. Logo abaixo e na lateral, assim como o “Índice
Temático” e no “Mapa do Manual”, estão disponíveis os hiperlinks de
Figura 6. Mapa do Manual.
Neste slideestão disponíveis todos os temas distribuídosnos capítulos de
cada bloco. Os capítulos possuem hiperlinkpara direcionamento rápido ao
menu principal.
Figura 7. Menu principal “Descrição geral eArenaª”
Este é um exemplo de um dos menus principais pertencentes ao manual. Todos os hiperlinks do “Ìndice Temático” e do “Mapa do Manual” dão acesso a um menu como este, correspondente ao capítulo em questão.
47
transitação entre os slides, temas e capítulos (figura 8). Para alguns estão
disponíveis “box” com hiperlinks de artigos disponíveis para consulta na web.
Todos os artigos disponibilizados no manual possuem suas referências
completas descritas no último slide de “Referências para aprofundamento”
(figura 9). Foram seleconados artigos científicos sobre o assunto que
estivessem disponíveis na internet para consulta livre na íntegra.
Figura 9. Referências para
aprofundamento
Todos os artigos, livros e
teses citados ao longo do
manual possuem suas
referências completas nas
referências para consulta e
aprofundamento.
Figura 8. Instrução para uso do manual
Este é um slide pertencente às instruções de uso do manual. Nele são demonstrados todos os elementos pertencentes ao slide e suas funções.
48
4.2 BLOCO I – INTRODUTÓRIO
4.2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Figura 10.
Menu principal do
capítulo
“Contextualização”
53
4.2.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Figura 11. Menu principal
do capítulo
“Fundamentação teórica”,
pertencente ao BLOCO I.
Seguem, na sequência, os
slides que delineiam os
temas abordados neste
capítulo.
56
4.2.3 HABILIDADES AUDITIVAS E NÃO AUDITIVAS
Figura 12.
Menu principal do
capítulo “Habilidades
essenciais para a
audição”
61
4.3 BLOCO II– Descritivo 4.3.1 DESCRIÇÃO GERAL eArena®
Figura 13.
Menu principal do
capítulo “Descrição
geral eArena®”.
65
4.3.2 EXERCÍCIOS DO PROGRAMA eArena®”
Figura 14. Menu principal do capítulo “Exercícios do programa eArena®”.
75
4.3.3 MANUAL EDUCATIVO COMPLEMENTAR
Figura 15. Menu principal do capítulo “Manual educativo complementar”
76
4.4 BLOCO III – GUIA PRÁTICO 4.4.1 DISTRIBUIÇÃO DOS EXERCÍCIOS
Figura 15.
Menu principal do capítulo
“Distribuição dos
exercícios”.
77
4.4.2 GUIA DE ACESSO PASSO-A-PASSO
Figura 16.
Menu principal do
capítulo “Guia de acesso
passo-a-passo”
86
Estes últimos dois slides compilam todas as referências bibliográficas
citadas ao longo de todo o manual em forma de links ou hiperlink.
Todos os slides que fazem parte do Manual eArena® foram descritos
nesta apresentação. Todos eles podem ser acessados na versão digital, de
forma que é possível buscar a informação desejada rapidamente, através dos
hiperlinks.
Desta forma, o manual eArena® pretende oferecer informações
adicionais complementares que embasam o conhecimento para uso e
aplicação do programa eArena® de treinameto auditivo.
87
5. COMENTÁRIOS CONCLUSIVOS
5.1 O PROGRAMA DE TREINAMENTO AUDITIVO COMPUTADORIZADO
eArena® NA PRÁTICA CLÍNICA
O manual eArena® foi desenvolvido para servir de subsídio ao
profissional fonoaudiólogo que, inserido em programas de reabilitação
audiológica de adultos e idosos, assume o compromisso de não somente
garantir o uso do AASI, mas também a responsabilidade de proporcionar ao
paciente deficiente auditivo um programa abrangente de reabilitação
audiológica.
O TAC surgiu como terapia clinica alternativa para estimular e motivar o
paciente no treino de habilidades auditivas essenciais para a compreensão de
fala e no processo de adaptação e aclimatização do AASI.
Muito já se tem pesquisado na literatura sobre os possíveis benefícios
do TA em seus diversos formatos para auxiliar no processo de aclimatização
(Miranda et al, 2007) e no aprimoramento da compreensão de fala em adultos
e idosos usuários de AASI. Esta técnica tem se mostrado uma alternativa
viável para esta população, pensando-a como parte da reabilitação audiológica.
No entanto, a literatura aponta para a falta de adesão ao TA mesmo para as
versões computadorizadas que, em tese, foram desenvolvidas visando o
aumento desta adesão (Olson et al, 2013; Murphy et al, 2013). Alguns autores
atribuem a culpa pela descontinuidade do treino aos profissionais e, aos
pacientes, pelo desconhecimento sobre a importância do procedimento como
parte do processo terapêutico (Sweetow, 2008; Henshaw et al, 2013;;
Chalupper, 2008; Taylor et al, 2008; Palmer et al, 2005).
88
Kochkin et al (2010) em seu artigo discutiu amplamente sobre os altos
índices de insucesso nas adaptações de AASI e, por consequência, no
aumento da insatisfação dos pacientes. Eles atribuem este quadro a falhas,
predominantemente do profissional, nas diferentes fases da adaptação de
AASI, tais como:
- Falhas nos procedimentos de anamnese e de entrevista, na qual não
se coletam todos os dados relevantes para a seleção do AASI que melhor
atenda às demandas do paciente;
- Falhas nas escolhas destes AASI e no domínio das características
eletroacústicas disponíveis em cada produto;
- Falhas ao não levar em conta a destreza manual, acuidade visual e
capacidade cognitiva para manuseio do AASI selecionado;
- Falhas ao não realizar procedimentos de verificação e validação do
AASI com medidas com microfone-sonda a fim de readequar parâmetros
acústicos específicos;
- Falhas na orientação e no aconselhamento sobre os procedimentos de
uso, manutenção e cuidados em longo prazo;
- Falhas ao não acompanhar a evolução do paciente ao longo prazo
readequando ganho conforme necessário e, principalmente;
- Falhas em não reavaliar os pacientes identificando demandas
remanescentes e adotando outros tipos de intervenções terapêuticas possíveis
e disponíveis. Esta última falha é descrita também por outros autores
(Sweetow, 2008; Henshaw et al, 2013) que identificam a falta de reavaliação e
de adoção de intervenções, como um dos principais motivos de insucesso e
insatisfação com o uso de AASI.
89
Desta forma, o fonoaudiólogo que trabalha na área de reabilitação
audiológica, precisa estar preocupado não só em cumprir os procedimentos
mínimos previstos para a adaptação do AASI, mas, principalmente, ser agente
ativo do processo terapêutico de reabilitação. É o fonoaudiólogo o profissional
responsável pela orientação e busca na compreensão da resolução de queixas
e pela evolução do paciente quanto nos aspectos que ainda precisam ser
trabalhados, incentivando-o a adotar novos procedimentos (Russo, 2012;Freire,
2012; Miranda et al, 2007; Sweetow, 2008).
Pensando nesta necessária qualificação profissional, o manual de uso
do programa de treinamento auditivo eArena®, vem em convergência com esta
crescente demanda, ao proporcionar ao fonoaudiólogo conhecimento essencial
para a utilização deste instrumento nas situações clínicas e naqueles pacientes
adultos usuários de aasis que julgar adequado.
Um problema de base, identificado neste estudo, está relacionado ao
atual uso e distribuição peculiar do CD do programa. Sua proposta original é a
de oferecer ao paciente de forma gratuita, após a aquisição dos AASI, um CD
com um programa de TAC completo e variado, de forma que ele possa realizá-
lo de forma autônoma em ambiente domiciliar. O paciente é normalmente
orientado a realizar as 20 sessões por 20 dias corridos, sendo uma sessão por
dia. O CD vem acompanhado unicamente por um encarte ilustrativo sobre o
programa, com informações pontuais, disponibilizando as descrições das
tarefas a serem cumpridas no decorrer dos exercícios. O instrumento não
disponibiliza instruções formais ou um manual com orientações de uso e de
acesso para aqueles pacientes que possam ter eventuais dificuldades com a
linguagem digital. Com frequência, o paciente não executa ou dá continuidade
ao programa, por problemas que vão desde a falta de compreensão de sua
90
função, desinteresse ou impossibilidade de execução técnica. O instrumento
também não disponibiliza nenhum tipo de orientação quanto às diferentes
possibilidades de uso e aplicação, bem como sobre a sua importância como
técnica alternativa dentro do processo global de reabilitação audiológica,
tornando sua difusão limitada, seus benefícios subestimados e, literalmente,
tornam-se “engavetados”. Da forma como vem sendo utilizado, este programa
deixa escapar a possibilidade da expansão para um uso mais formal, eficiente,
direcionado e cuidadoso. Por isso, o desenvolvimento deste manual instrutivo
de utilização do instrumento se faz importante para a efetivação do uso na
prática clínica pelos profissionais.
Esta visão distorcida do TAC como uma técnica pouco efetiva deturpa a
concepção primordial de reabilitação audiológica, pois os pacientes, ao
descartarem outras possibilidades de intervenção terapêutica, tendem a
depositar toda a expectativa de sucesso da reabilitação apenas no AASI, o que
traz uma frustração geral a todos os envolvidos.
5.2 A CONSTRUÇÃO DO MANUAL eArena®
O programa de treinamento auditivo computadorizado eArena® está
disponível para utilização desde 2008 e foi traduzido para o português
brasileiro em 2011 por Guedes (material não publicado). O desenvolvimento de
um manual de uso se faz importante para que se possa Instrumentalizar o
fonoaudiólogo quanto às possibilidades de uso e execução desta ferramenta,
estimulando a sua utilização monitorada tanto em ambiente domiciliar quanto
na clínica, aumentando a adesão do paciente ao processo terapêutico e do
91
profissional à aplicação da ferramenta na rotina clínica. O uso frequente e
cuidadoso incentiva a monitoração de resultados.
Grande cuidado foi tomado na pesquisa, seleção e disponibilização do
conteúdo do manual. A versão final constitui-se por três blocos. O primeiro
bloco é introdutório e é onde se encontram informações básicas de
contextualização e fundamentação teórica que envolvem as questões auditivas
e da comunicação do idoso com deficiência auditiva. Ele forma o alicerce
conceitual na construção de conhecimento essencial para o domínio do
conteúdo do programa. Este bloco foi desenvolvido integralmente para compor
o manual, pois se acredita que o embasamento teórico de conceitos essenciais
é fundamental para a compreensão da importância do TA como intervenção
terapêutica de forma a aumentar sua utilização na prática clínica.
No segundo bloco, o manual aprofunda em detalhes cada um dos
exercícios, das sessões e versões disponíveis, abordando cada aspecto
importante de ser discutido como a descrição, função e aplicação clinica. Este
é um bloco de apresentação e descrição do programa destrinchado de forma
que o fonoaudiólogo possa conhecer o programa de forma completa e
minuciosa. No programa original eArena® as tarefas e funções estão descritas
apenas nas instruções durante a execução dos exercícios. No entanto, não há
nenhuma orientação quanto à forma de acesso às diferentes versões, o que já
pode ser um obstáculo para o paciente idoso que pretende, mesmo de forma
assistida, realizar o treinamento em domicílio de forma autônoma. Orientá-lo
previamente quanto às várias possibilidades de acesso e como executá-lo
torna este uso mais assertivo e facilitado.
92
Por isso, este bloco descritivo se fez fundamental, uma vez que o
programa não disponibiliza nenhum tipo de material informativo de descrição
sobre as versões, as sessões e os exercícios disponíveis em cada uma delas.
Além disso, cada exercício possui uma breve instrução sobre o seu objetivo e
tarefa que, por vezes, não é clara. É preciso iniciar o exercício utilizando as
primeiras repetições para que o paciente possa compreender qual a tarefa a
ser executada. Outros exercícios treinam funções manuais de mudança de
volume que não estão disponíveis em todos os modelos de aparelhos
auditivos. Outros exercícios utilizam, por exemplo, terminologias técnicas em
inglês como o “treble” se referindo a um som agudo, termo este que não é
familiar para a grande maioria dos pacientes. Isso pode confundi-los quando
não estão bem orientados.
Assim, dominar de forma abrangente e em detalhes o instrumento a ser
utilizado na intervenção terapêutica é primordial para o sucesso da reabilitação
audiológica, pois o fonoaudiólogo pode direcionar as sessões e exercícios
adequados para cada paciente. Desta forma, é possível organizar protocolos
de sessões com exercícios personalizados, o que torna o treino muito mais
atrativo, motivador e incentivador.
O terceiro e último bloco é organizacional, prático e, igualmente, novo. A
proposta deste bloco é instrumentalizar o fonoaudiólogo de todas as formas de
acesso possíveis do programa eArena®. Através do “passo-a-passo”, o
profissional pode orientar o seu paciente sobre dúvidas de acesso de forma
presencial ou remota. Levando-se em consideração que o programa eArena®
foi desenvolvido em formato de CD e que ele pode ser utilizado em diversos
equipamentos como computadores de mesa, notebooks ou até equipamentos
93
de DVD, cada um deles com uma forma própria de acesso, uso e aplicação. O
fonoaudiólogo deve estar ciente destas diferenças ao passar as orientações
iniciais de uso ao paciente quando utilizar o instrumento em domicílio sem
acompanhamento presencial diário.
Também estão disponíveis dentro deste último bloco, no último capítulo,
sugestões alternativas de protocolos fechados. A proposta do manual é
instrumentalizar o fonoaudiólogo que ainda não está familiarizado com o
instrumento de possibilidades de uso diversificado das versões de oito
exercícios e 20 sessões completa. O programa eArena® não sugere ou
disponibiliza outras possibilidades de utilização além das duas versões
originais, o que torna o seu uso limitado. Este capítulo foi desenvolvido para
que se possam aumentar as formas de aplicação nos diferentes perfis e
necessidades dos pacientes. Programas de exercícios extensos (mais de 12
sessões em média) podem ser cansativos e desmotivadores para alguns
idosos, o que implica na descontinuidade e não adesão ao programa,
permanecendo as queixas comunicativas e a insatisfação com a reabilitação
audiológica. Para outros casos, exercícios pouco desafiadores não incentivam
ou promovem o aprendizado, revelando-se igualmente, cansativo e
desmotivador. A flexibilização e otimização das múltiplas possibilidades se faz
essencial na busca de promover a continuidade e a adesão do paciente ao
programa de reabilitação audiológica completa.
Os três blocos que compõem o Manual eArena® foram desenvolvidos
para que o fonoaudiólogo possa incorporar o programa de TAC em sua rotina
clínica. Parte-se da premissa que o manual possa servir de facilitador no uso
94
do instrumento e o fonoaudiólogo possa, desta forma, atuar com eficiência
como mediador do uso do instrumento pelo paciente.
5.3 PERFIL DO FONOAUIÓLOGO
Na Fase II, a versão primária do manual em formato gráfico passou por
uma avaliação feita por fonoaudiólogos atuantes na área. Dos quatro
participantes, metade eram experientes na área (mais de 5 anos de formação e
já haviam trabalhado com TA ou com o programa eArena®) e a outra metade
eram novatos.
Esta variação de experiência foi importante para a adequação do
conteúdo e da linguagem aos diferentes perfis de profissionais existentes no
Brasil. Afinal, para que o manual pudesse contribuir para a qualificação
profissional instrumentalizando-o de conhecimento técnico específico que o
capacita para o uso do programa eArena® em sua rotina clinica, os perfis
diversificados de formação e domínio do instrumentos devem ser levados em
consideração.
Os resultados coletados apontaram aspectos positivos quanto ao
manual e sua contribuição para uso do programa eArena® na prática clínica.
Foram sugeridas algumas readequações quanto a descrição do objetivo do
manual, resumos, temas abordados, ordenação do conteúdo, estilo de escrita,
construção do texto, ilustrações, tipografia, layout e motivação de leitura. Cada
um destes aspectos foram modificados no formato gráfico final antes da
migração para o formato digital.
95
5.4 DIMENSIONANDO O ALCANCE DO MANUAL eArena®
A utilização da tecnologia em favor da expansão do conhecimento
acelera a divulgação da informação,qualifica cada vez mais profissionais,
sofistica o atendimento clínico e promove a expansão da fonoaudiologia, em
especial, no escopo deste trabalho, que é a reabilitação audiológica do idoso.
As diretrizes de boas práticas na reabilitação audiológica pressupõem a
utilização de técnicas terapêuticas sempre que persistirem dificuldades de
comunicação não solucionadas com a utilização da amplificação. O TAC é uma
alternativa moderna e versátil como técnica terapêutica (Valente, 2006).
Infelizmente, no Brasil, ainda temos poucos instrumentos
computadorizados de treinamento auditivos voltado para a população adulta e
ou idosa, se comparados com a maior variedade de programas voltados para a
população infantil. Em se tratando de populações diferentes, com demandas
distintas, fazem-se necessárias a adequação e individualização do
planejamento terapêutico para que haja engajamento, adesão, interesse e
motivação por parte do paciente (Sweetow, 2008). Assim, os poucos
programas hoje disponíveis direcionados para adultos e idosos precisam ser
utilizados e otimizados a fim de se explorar todas as suas possibilidades,
permitindo uma maior personalização e funcionalidade do processo de
reabilitação.
A disponibilização de manual de uso se faz importante não só para a
divulgação desses produtos, mas imprescindíveis na facilitação de uso e na
maximização de suas possibilidades de aplicação.
96
Os instrumentos clínicos computadorizados, tais como o treinamento
auditivo, disponíveis no Brasil estão, aos poucos, buscando desenvolver seus
manuais de uso e aplicação para que sua utilização como material clínico-
terapêutico seja expandida e facilitada. A exemplo disto, a disponibilização de
informações em ambientes digitais de rede, que se propõem a servir de fonte
de acesso fácil à informação, atualização e aprofundamento tão importantes e
ricos para o aprimoramento profissional.
Todos estes esforços convergem para um grande desejo de oferecer
atendimento fonoaudiológico cada vez mais viável e eficiente. O treinamento
auditivo computadorizado se coloca como uma possibilidade de intervenção
terapêutica, motivadora, interativa e, ao mesmo tempo, simples e prática para o
idoso, pelo fato de permitir a sua realização em ambiente domiciliar. Serviços
de home-care em várias áreas da saúde têm crescido exponencialmente
principalmente para os idosos com problemas de locomoção. Este programa de
treinamento auditivo oferece a possibilidade da intervenção terapêutica ser
realizada de forma não presencial, ainda que monitorada pelo profissional
fonoaudiólogo, proporcionando um controle clínico, aumentando a adesão do
paciente idoso e da família na reabilitação audiológica. Muitos familiares ou
cuidadores colaboram ativamente na execução dos exercícios, seja por
dificuldades do paciente na utilização de computadores, seja traduzindo a
linguagem digital ao idoso leigo em informática, ou até treinando junto as
habilidades. Este movimento pode contribuir para que a família possa
compreender na prática, não só os reais benefícios que os AASI promovem
aos seus usuários, como também reconhecer as possíveis limitações
remanescentes que terão de ser administradas na comunicação do dia-a-dia.
97
Para que usuários e familiares possam se conscientizar sobre os
benefícios e possibilidades dos programas de TAC, tal como o eArena®, os
fonoaudiólogos precisam igualmente se convencer dos seus benefícios práticos
como instrumento de uso autônomo e monitorado em ambiente domiciliar. Para
isso, este profissional deve estar familiarizado com o programa, dominando
afundo suas possibilidades e versões, possibilitando o planejamento de um
protocolo personalizado, individualizado e motivador. Da mesma maneira, se
faz imprescindível manter os procedimentos essenciais de avaliações pré e pós
intervenção, orientação e aconselhamento, manutenção e acompanhamento
durante todo o processo (Sweetow, 2008, ASHA, 1997).
O Manual eArena® pode auxiliar o fonoaudiólogo nesta tarefa de
planejamento terapêutico e de implementação do programa de TAC, não só por
proporcionar conhecimento dos conceitos básicos, abordados no bloco
introdutório mas, também, no aprofundamento descritivo das sessões, dos
diferentes exercícios contidos em cada uma, nas diferentes formas de acesso a
cada uma e até nas sugestões de protocolos fechados de intervenção. Desta
forma, o uso do programa eArena® pode ser melhor aproveitado tanto pelo
profissional quanto pelo paciente, de forma a promover a reabilitação
audiológica completa ao paciente.
Assim, o desenvolvimento deste manual se fez importante, pois contribui
para disseminar o uso do programa eArena® de forma a:
Apoderar o fonoaudiólogo sobre a importância do treino auditivo dentro
do processo de reabilitação audiológica;
Instrumentalizar o fonoaudiólogo quanto às novas possibilidades de uso
do TA durante o processo de reabilitação audiológica;
98
Difundir o uso do programa de TAC para os fonoaudiólogos,beneficiando
cada vez mais usuários de AASI;
Aumentar a adesão:
o do profissional à aplicação desta ferramenta na rotina clínica;
o do paciente ao processo terapêutico;
Desmistificar o uso do treinamento auditivo computadorizado,
disseminando sua versatilidade, funcionalidade e benefício;
Promover a reabilitação audiológica de forma eficiente, abrangente,
moderna, diversificada e personalizada.
5.4 O FUTURO
O desenvolvimento de um manual instrutivo de uso do programa de TAC
eArena® deve contemplar tanto os aspetos de fundamentação teórica, de
descrição do material, de guia de uso prático, mas também sugestões de perfis
de pacientes candidatos que podem ser beneficiados com o uso do programa.
Este ultimo aspecto não foi abordado nesta pesquisa pois esta definição requer
um estudo longitudinal comparativo entre diversos grupos de adultos e idosos
usuários de aasi, com perfis audiométricos, tipo de AASI adaptado, exigências
comunitativas e tempo de estimulação auditiva diferentes. É necessário
também se avaliar os resultados pré e pós intervenção e cruzar os dados com
os perfis coletados inicialmente, a fim de se estabelecer diretrizes de condutas
terapêuticas para cada um dos perfis. Também se faz importante a
comparação de benefícios entre a utilização do programa nos diversos
ambientes possíveis (na clínica, em domicílio) e em diversos formatos de
aplicação (de forma assistida ou autônoma).
99
Diante da complexidade de se determinar e de se restringir o público-
alvo potencial para utilização do instrumento, sugere-se para pesquisas futuras
a aplicação clínica deste instrumento em diferentes grupos com o objetivo de
se delinear o perfil de candidatos que potencialmente se beneficiariam com
este modelo de intervenção terapêutica.
Uma vez determinado o perfil ideal de pacientes a usufruir do
instrumento, poderá ser incluído ao manual a descrição de candidatos ao uso
do instrumento, levando em conta seu perfil audiométrico, tipo de AASI,
histórico de experiência prévia com estimulação auditiva, necessidades
comunicativas e forma de aplicação. Assim o manual será aprimorado ainda
mais tornando-se cada vez mais completo e agregador para a qualificação e
instrumentalização profissional.
102
NOME DO
EXERCÍCIO OBJETIVO INSTRUÇÕES
Percepção de
padrão de
duração.
- Treinar a
percepção
consciente do
som;
- Reconhecer
diferenças no
contorno
acústico.
Ao iniciar o exercício, você escutará 2 amostras
consecutivas de sons. Uma das amostras será mais
longa que a outra. Descubra qual foi o som mais
longo, ou seja, o de maior duração.
Este exercício é composto por 10 itens e o grau de
dificuldade é ajustado de acordo com o eu
rendimento durante o treino.
Percepção de
padrão de
intensidade.
- Treinar a
percepção
consciente do
som;
- Reconhecer
diferenças no
contorno
acústico.
Ao iniciar o exercício, você escutará 2 amostras
consecutivas de sons. Uma das amostras será mais
forte que a outra. Descubra qual foi o som mais
forte, ou seja ,com maior intensidade.
Este exercício é composto por 10 itens e o grau de
dificuldade é ajustado de acordo com o eu
rendimento durante o treino.
Percepção de
padrão de
qualidade.
- Treinar a
percepção
consciente do
som;
- Reconhecer
diferenças no
contorno
acústico.
Ao iniciar o exercício, você escutará 2 amostras
consecutivas de sons. Uma das amostras será mais
estridente que a outra. Descubra qual foi o som
mais estridente.
Este exercício é composto por 10 itens e o grau de
dificuldade é ajustado de acordo com o eu
rendimento durante o treino.
Percepção de
padrão de
frequência.
- Treinar a
percepção
consciente do
som;
- Reconhecer
diferenças no
contorno
acústico.
Ao iniciar o exercício, você escutará 2 amostras
consecutivas de sons. Uma das amostras será mais
aguda que a outra. Descubra qual foi o som mais
agudo, ou seja, mais fino do que o outro.
Este exercício é composto por 10 itens e o grau de
dificuldade é ajustado de acordo com o eu
rendimento durante o treino.
Localização
sonora.
- Treinar a
percepção
consciente do
som;
- Reconhecer
diferenças no
contorno
Ao iniciar o exercício, você e escutará 2 amostras
de sons.
Uma das amostras virá da sua caixa de som à
direita e a outra virá da sua caixa de som esquerda.
Preste atenção e verifique de onde vem cada uma.
Se não tiver certeza aumente o volume de seus
AASIs. Este exercício é composto por 10 itens e o
ANEXO 6.3 – Programa de 20 sessões: descrição dos exercícios disponível no programa.
103
auditivo;
- Treinar escuta
direcionada.
grau de dificuldade é ajustado de acordo com o eu
rendimento durante o treino.
Ajustando o
volume do AASI
- Conseguir uma
melhor
sensação de
volume;
- Aumentar a
confiança em
seus aparelhos
auditivos.
Quando o exercício começar, você escutará um
apito. Será solicitado que você ajuste o volume de
seus aparelhos auditivos.
Ajustando o som Conseguir uma
melhor
percepção
sonora.
Quando o exercício começar, você escutará um
apito. Será solicitado que você ajuste o controle de
timbre (treble) na tela de demonstração.
1. Suba o controle do timbre até que o som lhe
pareça desagradavelmente estridente.
2. Em seguida, abaixe o controle de timbre até
que o som fique bastante abafado.
3. Por último, ajuste o controle de timbre como
lhe parece mais agradável.
Ajustando o
controle de
tonalidade
- Conseguir uma
melhor
percepção
sonora;
- Aumentar a
confiança em
seus AASIs.
Quando o exercício começar, você escutará um
apito. Será solicitado que você ajuste o controle de
timbre (treble) dos seus aparelhos auditivos.
1. Suba o controle do timbre até que o som lhe
pareça desagradavelmente estridente.
2. Em seguida, abaixe o controle de timbre até
que o som fique bastante abafado.
3. Por último, ajuste o controle de timbre como
lhe parece mais agradável.
Ouvindo sons do
dia-a-dia
- Percepção de
consciente das
diferenças entre
ouvir com e sem
os seus AASIs;
- Praticar o
manuseio de
seus AASIs.
Você verá algumas imagens. Cada imagem
corresponde ao um som diferente. Escute todas as
amostras de sons com e sem os AASIs. Perceba
conscientemente as diferenças.
Para finalizar o exercício, clique em “finalizar”.
Reconhecendo
sons do dia-a-dia
- Voltar a
aprender a
diferenciar
corretamente
os sons do dia-
a-dia;
Habituar-se à
nova situação
Você verá algumas imagens. Cada imagem
corresponde ao um som diferente. Clique no botão
“iniciar exercício” e escute uma amostra de som.
Clique na imagem que corresponde ao som que
você ouviu.
Se a sua resposta estiver correta, outro som será
apresentado.
Se a sua resposta estiver errada, clique em
104
auditiva. “escutar novamente”. Escute com atenção e clique
em outra imagem apropriada.
O exercício termina após a seleção correta de
todas as imagens.
Atenção, prepara,
valendo!!! (1)
- Escutar e se
divertir;
- Aguçar o seu
sentido da
audição.
Você verá 12 cartas fechadas.
Clique em uma carta. Esta aparecerá e você ouvirá
a amostra de som correspondente á imagem.
Agora clique numa segunda carta. Se as cartas
forem iguais, estas ficarão abertas, caso sejam
diferentes ficarão novamente ocultas.
Encontre todos os pares.
Atenção, prepara,
valendo!!! (2)
Escutar e se
divertir;
- Aguçar o seu
sentido da
audição.
Você verá 12 cartas fechadas.
Clique em uma carta. Você ouvirá uma amostra de
som.. Agora clique numa segunda carta. Se os sons
apresentados forem iguais, as imagens das cartas
irão se revelar.
Encontre todos os pares.
Atenção: às vezes, os sons se diferenciarão apenas
pela duração, intensidade ou frequência.
Memória -Estimular a
habilidade de
concentração;
- Estimular a
memória
imediata.
Você verá 12 imagens. Clique em “iniciar” e
algumas imagens irão piscar em uma sequência
aleatória. Preste atenção na ordem da sequencia
clique nas imagens seguindo a mesma ordem
apresentada.
Este exercício é composto de 7itens e o grau de
dificuldade é ajustado automaticamente de acordo
com o eu rendimento durante o treino.
Tempo de reação - Praticar a
capacidade
geral de
concentração;
- Melhorar o
tempo de
reação.
Primeiro, observe as 12 imagens e seus respectivos
nomes.
Em seguida, você terá 30 segundos para fazer o
maior número possível de associações entre
palavras e figuras.
1. Clique em “iniciar” para ver a primeira palavra.
2. Depois, clique na imagem correspondente o
mais rápido possível.
Quantas palavras você conseguiu associar?
Numerais - Escutar ativa e
consciente;
- Melhorar o
reconhecimento
de números
com AASI.
Assim que o exercício iniciar, você escutará 12
números. Ouça cuidadosamente cada um deles e
clique no número que você escutou.
Se você acertar o número, automaticamente
escutará o próximo. Se a sua resposta estiver
errada, clique em “escutar novamente”.
Se não tiver certeza aumente o volume de seus
AASIs.
Identifique todos os números.
105
Reconhecimento
de dissílabos
Escutar ativa e
consciente;
- Melhorar o
reconhecimento
de palavras com
AASI.
Assim que o exercício iniciar, você escutará 12
palavras. Ouça cuidadosamente cada uma delas e
clique na palavra que você escutou.
Se você acertar a palavra, automaticamente
escutará a próxima. Se a sua resposta estiver
errada, clique em “escutar novamente”.
Se não tiver certeza aumente o volume de seus
AASIs.
Identifique todas as números.
Reconhecimento
de monossílabos
Escutar ativa e
consciente;
- Melhorar o
reconhecimento
de palavras com
AASI.
Assim que o exercício iniciar, você escutará 12
palavras. Ouça cuidadosamente cada uma delas e
clique na palavra que você escutou.
Se você acertar a palavra, automaticamente
escutará a próxima. Se a sua resposta estiver
errada, clique em “escutar novamente”.
Se não tiver certeza aumente o volume de seus
AASIs.
Identifique todas as números.
Múltiplos falantes - Melhorar a
atenção seletiva
e espacial.
Ao iniciar o exercício, você vai ouvir três falantes
diferentes de uma vez.
Você entendeu a frase sobre o tema “audição e
aparelhos auditivos”? Selecione a palavra-chave
que você ouviu.
Se não tiver com dúvida, aumente o volume de
seus AASIs.
Este exercício é composto de 7itens e o grau de
dificuldade é ajustado automaticamente de acordo
com o eu rendimento durante o treino.
Atenção seletiva
(1)– miscelânea
de sons
- Praticar a
atenção seletiva
a sons;
- Capacidade de
armazenamento
de memória.
Clique em “Reproduzir” Você escutará o som de
diferentes situações. Na lista identifique os sons
que você consegue associar as situações. Clique em
“checar respostas”. Os resultados corretos
aparecerão marcados na lateral. Proceda desta
maneira até completar o número de sons
solicitados.
Se não tiver com dúvida, aumente o volume de
seus AASIs.
Atenção seletiva
(2)– pássaros
- Praticar a
habilidade de
atenção seletiva
- Detecção de
som na
presença de
ruído de fundo.
Quando o exercício começar, você escutará um
ruído de chuva.
Quantas vezes você é capa de escutar o pássaro
cantar?
Se não tiver certeza aumente o volume de seus
AASIs.
Este exercício é composto de 10itens e o grau de
dificuldade é ajustado de acordo com o eu
106
rendimento durante o treino.
Detecção seletiva
se sons (3) –
telefone
- Praticar a
habilidade de
atenção seletiva
- Detecção de
som na
presença de
ruído de fundo.
Quando o exercício começar, você vai ouvir um
ruído de trânsito.
Quantas vezes você é capa de escutar o telefone
tocar?
Se não tiver certeza aumente o volume de seus
AASIs.
Este exercício é composto de 10itens e o grau de
dificuldade é ajustado de acordo com o eu
rendimento durante o treino.
Compreendendo
no avião
- Atenção ao
falante em
ambiente com
ruído de fundo;
- Ignorar as
interferências,
mantendo foco
no estímulo-
alvo.
Ao iniciar o exercício, você escutará uma sentença
pronunciada com ruído de fundo.
Primeiro, repita o que entendeu. Em seguida,
indique se você entendeu corretamente a sentença
ou não. Se ficar em dúvida, aumente o volume de
seus AASIs.
Este exercício se repete várias vezes e o grau de
dificuldade é ajustado automaticamente de acordo
com o eu rendimento durante o treino.
Compreendendo
no restaurante
- Atenção ao
falante em
ambiente com
ruído de fundo;
- Ignorar as
interferências,
mantendo foco
no estímulo-
alvo.
Ao iniciar o exercício, você escutará uma sentença
pronunciada com ruído de fundo.
Primeiro, repita o que entendeu. Em seguida,
indique se você entendeu corretamente a sentença
ou não. Se ficar em dúvida, aumente o volume de
seus AASIs.
Este exercício se repete várias vezes e o grau de
dificuldade é ajustado automaticamente de acordo
com o eu rendimento durante o treino.
Diferenças entre
palavras similares
- Diferenciar
palavras com
sons
semelhantes.
Você verá 12 palavras distribuídas em colunas. As
palavras que aparecem uma em cima da outra
apresentam sons similares.
Clique nas palavras sucessivamente e escute-as
com atenção. Clique em “finalizar” ao terminar o
exercício.
Detectando o
triângulo
- Praticar a
habilidade de
atenção seletiva
- Detecção de
som na
presença de
ruído de fundo.
Quando o exercício começar, você escutará uma
orquestra tocando.
Quantas vezes você é capaz de escutar o som do
triângulo?
Se não tiver certeza aumente o volume de seus
AASIs.
Este exercício se repete várias vezes e o grau de
dificuldade é ajustado de acordo com o eu
rendimento durante o treino.
107
SESSÃO EXERCÍCIOS
1 Ajustando o volume do AASI.
Ajustando o som.
Ajustando o controle de
tonalidade.
Ouvindo os sons do dia-a-dia.
Reconhecendo sons do dia-a-dia.
Atenção, prepara, valendo!!! (1)
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
2 Reconhecendo sons do dia-a-dia.
Percepção de diferença de
duração.
Percepção de diferença de
intensidade.
Percepção de diferença de
qualidade.
Percepção de diferença de
frequência.
Localização sonora.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
3 Percepção de diferença de
duração.
Percepção de diferença de
intensidade.
Percepção de diferença de
qualidade.
Percepção de diferença de
frequência.
Localização sonora.
Numerais.
Reconhecimento de dissílabos.
Reconhecimento de monossílabos.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
4 Reconhecimento de dissílabos.
Detecção seletiva de sons –
telefone.
Audição seletiva – miscelânea de
sons.
Memória.
Tempo de reação.
Percepção de diferença de
intensidade.
Percepção de diferença de
qualidade.
Localização sonora.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
5 Audição seletiva – miscelânea de
sons.
Compreendendo no avião.
Compreendendo no restaurante.
Múltiplos falantes.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
6 Ajustando o volume do AASI.
Ajustando o som.
Percepção de diferença de
duração.
Percepção de diferença de
frequência.
Localização sonora.
Detectando o triângulo.
Audição seletiva – miscelânea de
sons.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
7 Audição seletiva – pássaros.
Diferenças entre palavras similares.
Compreendendo no restaurante.
Compreendendo no avião.
Múltiplos falantes.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
8 Audição seletiva – miscelânea de
sons.
Percepção de diferença de duração.
Percepção de diferença de
intensidade.
Percepção de diferença de
qualidade.
Percepção de diferença de
frequência.
Memória.
Tempo de reação.
ANEXO 6.4 – Programa de 20 sessões: descrição dos exercícios por sessão
108
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
9 Compreendendo no avião.
Compreendendo no restaurante.
Múltiplos falantes.
Detectando o triângulo.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
10 Reconhecimento de dissílabos.
Reconhecimento de monossílabos.
Diferenças entre palavras similares.
Percepção de diferença de duração.
Percepção de diferença de
intensidade.
Percepção de diferença de
qualidade.
Percepção de diferença de
frequência.
Localização sonora.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
11 Ajustando o volume do AASI.
Ajustando o som.
Percepção de diferença de
intensidade.
Percepção de diferença de
qualidade.
Localização sonora.
Audição seletiva – miscelânea de
sons.
Múltiplos falantes.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
12
Reconhecimento de monossílabos.
Diferenças entre palavras similares.
Memória.
Tempo de reação.
Compreendendo no avião.
Compreendendo no restaurante.
Múltiplos falantes.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
13 Percepção de diferença de duração.
Percepção de diferença de
intensidade.
Percepção de diferença de
qualidade.
Audição seletiva – miscelânea de
sons.
Memória.
Tempo de reação.
Compreendendo no avião.
Múltiplos falantes.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
14 Reconhecimento de dissílabos.
Reconhecimento de monossílabos.
Diferenças entre palavras similares.
Compreendendo no avião.
Compreendendo no restaurante.
Múltiplos falantes.
Memória.
Tempo de reação.
Audição seletiva – miscelânea de
sons.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
15 Compreendendo no avião.
Compreendendo no restaurante.
Múltiplos falantes.
Memória.
Tempo de reação.
Reconhecendo sons do dia-a-dia.
Reconhecimento de monossílabos.
Diferenças entre palavras similares.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
16 Audição seletiva – pássaros
Percepção de diferença de duração.
Percepção de diferença de intensidade. Percepção de diferença de qualidade.
Compreendendo no avião.
Compreendendo no restaurante.
Múltiplos falantes.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
17
Ajustando o volume do AASI.
Ajustando o som.
Compreendendo no restaurante.
109
Compreendendo no avião.
Múltiplos falantes.
Audição seletiva – miscelânea de
sons.
Memória.
Tempo de reação.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
18 Reconhecimento de monossílabos.
Diferenças entre palavras similares.
Reconhecendo sons do dia-a-dia.
Memória.
Tempo de reação.
Compreendendo no restaurante.
Múltiplos falantes.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
19 Percepção de diferença de duração.
Percepção de diferença de
intensidade.
Percepção de diferença de
qualidade.
Localização sonora.
Memória.
Tempo de reação.
Compreendendo no avião.
Compreendendo no restaurante.
Múltiplos falantes.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
20 Diferenças entre palavras similares.
Memória.
Tempo de reação.
Percepção de diferença de
intensidade.
Percepção de diferença de
qualidade.
Compreendendo no avião.
Compreendendo no restaurante.
Múltiplos falantes.
Audição seletiva – miscelânea de
sons.
Atenção, prepara, valendo!!! (2)
ANEXO 6.5 – Versão de 8 sessões (amostra): descrição dos exercícios
SESSÃO EXERCÍCIOS
1 Percepção de padrão de duração.
2 Percepção de padrão de intensidade.
3 Percepção de padrão de timbre/ qualidade.
4 Percepção de padrão de frequência.
5 Localização sonora.
6 Atenção seletiva para o triângulo
7 Diferença entre palavras similares
8 Compreendendo no restaurante
110
ANEXO 6.6 - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO E ADEQUAÇÃO - Baseado no material SAM (Suitability Assessment of Materials) -
Obrigado por participar de nossa pesquisa com o manual. Sua opinião é muito importante para enriquecimento do material.
Este é questionário de avaliação de um manual de uso e aplicação do programa
de treinamento auditivo computadorizado eArena®, direcionado para fonoaudiólogos que trabalham com reabilitação audiológica. Para isso, pedimos a gentileza de que responda às perguntas abaixo:
1. Há quanto tempo o sr(a) é formado em Fonoaudiologia?
( ) – 1ano ( ) 1-5anos ( ) +5anos
2. Há quanto tempo trabalha com reabilitação audiológica?
( ) – 1ano ( ) 1-5anos ( ) +5anos
3. Já trabalhou com treinamento auditivo em adultos idosos?
( ) sim ( ) não
4. Já trabalhou com o treinamento auditivo computadorizado eArena®?
( ) sim ( ) não
Solicitamos agora a gentileza de julgar o manual em variados aspectos,
procurando classificar sua opinião para cada aspecto abordado entre MUITO BOM, ADEQUADO ou INADEQUADO. Ao final de cada aspecto é possível discorrer livremente sobre algo que não foi abordado na avaliação. Caso julgue importante por favor descreva sua opinião.
Sua participação é gratuita e voluntária e pode ser recusada sem nenhum tipo
de prejuízo a qualquer momento. Caso tenha dúvida quanto ao preenchimento do questionário poderá entrar em
contato com a pesquisadora responsável Luciana de Araújo Machado nos telefones (11) 3721-7301 e (11)99130-3234ou por email: [email protected]. _______________________________________________________________
1) CONTEÚDO
1.1 Proposta do manual
( ) MUITO BOM: A proposta do manual está explicita no título, nas ilustrações e na introdução. ( ) ADEQUADO: A proposta não é explicita, não está clara ou possui muitas propostas descritas. ( ) INADEQUADO: Nenhuma proposta está descrita nem no título, ilustrações ou introdução. OBS:___________________________________________________________________
111
1.2 Resumos
( ) MUITO BOM: O manual possui resumos que retratam as principais mensagens em diferentes palavras para melhor entendimento. ( ) ADEQUADO: O manual possui alguns resumos de alguns temas. ( ) INADEQUADO: O manual não possui resumos para melhor entendimento. OBS:___________________________________________________________________
1.3 Temas abordados
( ) MUITO BOM: Todos os temas do manual são pertinentes e imprescindíveis. ( ) ADEQUADO: Alguns temas do manual não pertinentes, outros desnecessários. ( ) INADEQUADO: A maioria (+50%) dos temas abordados são desnecessários e faltam conteúdos a serem abordados. OBS:___________________________________________________________________
1.4 Ordenação do conteúdo
( ) MUITO BOM: A ordem em que o conteúdo está organizado proporciona fácil leitura e flexibilidade. ( ) ADEQUADO: Alguns temas poderiam mudar de ordem para facilitar a compreensão. ( ) INADEQUADO: A ordem em que o conteúdo está organizado dificulta a leitura e não permite flexibilidade. OBS:___________________________________________________________________
2) EXIGÊNCIA DE LETRAMENTO SOBRE O ASSUNTO 2.1 Estilo de escrita
( ) MUITO BOM: Estilo conversacional, com texto coeso, sentenças curtas, simples e objetivas. ( ) ADEQUADO: 50% do texto é conversacional, com algumas sentenças longas e pouco objetivas. ( ) INADEQUADO: Estilo de texto não é claro e objetivo, textos complexos e frase longas e múltiplas. OBS:___________________________________________________________________
2.2 Construção do texto
( ) MUITO BOM: O manual sempre usa as primeiras frases/idéias para contextualização e as demais para introdução de informação nova, sempre da mais importante para a menos importante. ( ) ADEQUADO: Partes do manual não possuem contextualização prévia tornando a informação nova difícil de ser compreendida. ( ) INADEQUADO: O manual não fornece contextualização. OBS:___________________________________________________________________
112
2.3 Vocabulário
( ) MUITO BOM: O texto usa termos comuns e familiares da área e possui descrição com ilustrações explicativas de termos técnicos específicos. ( ) ADEQUADO: O texto possui alguns termos familiares, alguns termos técnicos não possuem descrição. ( ) INADEQUADO: O texto não possui termos familiares e os termos técnicos (caso existam) não são claros. OBS:___________________________________________________________________
2.4 Linguagem
( ) MUITO BOM: A linguagem é direcionada ao profissional fonoaudiólogo de forma clara, objetiva, coesa e interativa, de forma a contribuir com novos conhecimentos a cerca do tema. ( ) ADEQUADO: Parte da linguagem não é objetiva, clara, coesa e/ou interativa ou é inadequada ao fonoaudiólogo. ( ) INADEQUADO: A linguagem da maior parte do manual (+50%) não é objetiva, clara, coesa e/ou interativa ou é inadequada ao fonoaudiólogo. OBS:___________________________________________________________________
3) ILUSTRAÇÃO
( ) MUITO BOM: As ilustrações do manual chamam a atenção para os pontos chaves abordados no texto de forma a contribuir para o fonoaudiólogo capte a idéia sem distrações extras. ( ) ADEQUADO: As ilustrações do manual são insuficientes e/ou com distrações extras que roubam a atenção do leitor. ( ) INADEQUADO: não possui ilustrações. OBS:___________________________________________________________________
4) LAYOUT E TIPOGRAFIA 4.1 Tipografia - leia os itens a seguir.
1. Letras maiúsculas apenas em títulos e subtítulos. 2. Tamanho do corpo do texto pelo menos 12. 3. Uso de letra em negrito, em tamanho maior ou de outro tipo para destaque. 4. Não possuir textos corridos em letras maiúsculas. ( ) MUITO BOM: deve conter ao menos 3 itens anteriormente descritos estão presentes. ( ) ADEQUADO: 2 itens estão presentes. Há uma variedade de cores e tamanhos de letras em excesso.
113
( ) INADEQUADO: 1 ou nenhum dos itens estão presentes e o corpo do texto possui muitas variações de tipos de letras, tamanhos e cores que confundem e distraem o leitor. OBS:__________________________________________________________________
4.2 Layout - leia os itens a seguir:
1. Ilustrações adjacentes ao texto e estão relacionados. 2. Sequência das informações tem lógica e continuidade. 3. Encadeamento de idéias facilita a previsão do leitor sobre os assuntos seguintes. 4. Auxiliares visuais em caixas de texto são usados para destacar palavras/idéias-chave. 5. As páginas estão ordenadas. 6. Uso de cores não distrai a atenção do leitor para a mensagem principal. ( ) MUITO BOM: deve conter ao menos 5 itens anteriormente descritos estão present4rxdes. ( ) ADEQUADO: deve conter ao menos 3 itens anteriormente descritos estão presentes. ( ) INADEQUADO: 2 ou nenhum dos itens estão presentes. O manual aparenta poluído e não é atrativo para leitura. OBS:___________________________________________________________________
5) MOTIVAÇÃO PARA A LEITURA
( ) MUITO BOM: Tópicos são subdivididos e destrinchados para que tanto fonoaudiólogos experientes quanto inexperientes possam compreender e aplicar o conhecimento aprendido na prática. ( ) ADEQUADO: Alguns tópicos são subdivididos e destrinchados. ( ) INADEQUADO: O manual é pouco motivador e convidativo à leitura. OBS:___________________________________________________________________
6) ADEQUAÇÃO AO PÚBLICO ALVO (fonoaudiólogos)
( ) MUITO BOM: Conceitos centrais, temas, linguagem, formatos e layout são adequados para o público-alvo. ( ) ADEQUADO: Alguns aspectos não são adequados ao público-alvo. ( ) INADEQUADO: O manual é interessante mas não parece estar adequado ao público-alvo. OBS:___________________________________________________________________
7) O(a) sr(a), fonoaudiólogo, recomendaria este manual para seus colegas? Circule o número que representa sua nota para o manual.
1 _ 3 __ 5 ___ 7 10 NÃO SIM Definitivamente não recomendaria Recomendaria sem restrições
114
Anexo 6.7 RESULTADO DA AVALIAÇÃO DO MANUAL
TABELA 2 – Descrição das respostas por juiz:
Fgo. A Fgo. B Fgo. C Fgo. D
Proposta do manual Muito bom Adequado Muito bom Adequado
Resumos Muito bom Muito bom Muito bom Adequado
Temas abordados Muito bom Muito bom Muito bom Adequado
Ordenação do conteúdo Muito bom Muito bom Muito bom Adequado
Estilo de escrita Muito bom Muito bom Muito bom Inadequado
Construção do texto Muito bom Adequado Muito bom Adequado
Vocabulário Muito bom Muito bom Muito bom Muito bom
Linguagem Muito bom Muito bom Muito bom Muito bom
Ilustração Muito bom Adequado Muito bom Muito bom
Tipografia Muito bom Adequado Adequado Muito bom
Layout Muito bom Adequado Adequado Adequado
Motivação para leitura Muito bom Muito bom Adequado Adequado
Adequação ao público-alvo Muito bom Muito bom Muito bom Muito bom
Recomendação (nota de 1 a 10) 10 7 10 7
TABELA 1- Caracterização do perfil dos
fonoaudiólogos do grupo piloto-juizes.
Fgo A Fgo B Fgo C Fgo D
Tempo de formação -1ano -1ano +5anos +5anos
Experiência com reabilitação audiológica -1ano -1ano +5anos +5anos
Experiência com TA diversos Não Sim Não Sim
Experiência com o eArena®® Não Sim Sim Sim
115
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO MANUSCRITO
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