desenvolvimento de sistema de diagnÓstico de dengue ...‡Ão... · eram classificados como...

83
ERICA MILENA DE CASTRO RIBEIRO DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE UTILIZANDO NANOPARTÍCULAS DE OURO Ouro Preto, MG Março (2015)

Upload: others

Post on 05-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

ERICA MILENA DE CASTRO RIBEIRO

DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE

UTILIZANDO NANOPARTÍCULAS DE OURO

Ouro Preto, MG

Março (2015)

Page 2: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE

UTILIZANDO NANOPARTÍCULAS DE OURO

AUTOR: Erica Milena de Castro Ribeiro

ORIENTADOR: Prof. Dr. Breno de Mello Silva

Ouro Preto, MG

Março (2015)

Dissertação submetida ao programa de Pós-

Graduação do Núcleo de Pesquisas em

Ciências Biológicas da Universidade

Federal de Ouro Preto, como parte

integrante dos requisitos para obtenção do

título de Mestre em Biotecnologia, área de

concentração: Biotecnologia aplicada a

saúde humana e animal.

Page 3: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

Ribeiro, E.M.C. Catalogação

ii

Page 4: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

Ribeiro, E.M.C. Catalogação

iii

Page 5: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

Ribeiro, E.M.C Laboratório/Auxílio

iv

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Biologia e Tecnologia de Micro-organismos –

ICEB/NUPEB/UFOP, com auxílio da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES) e Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Page 6: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

Ribeiro, E.M.C. Epígrafe

v

"Somos feitos de uma estranha mistura de ácidos nucleicos e de memórias, de sonhos e

de proteínas, de células e de palavras."

François Jacob

Page 7: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

vi

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Eva e Walter agradeço por todo esforço, carinho e dedicação de sempre.

E aos meus irmãos Thiago e Lorena pelo apoio, incentivo e torcida.

Ao Prof. Dr. Breno de Mello Silva, pela oportunidade e orientação durante o

desenvolvimento do mestrado.

À toda equipe do LBTM, em especial a Ana Claudia, Cyntia, Paola e Zé pelo

companherismo, ajuda e incentivo.

Aos laboratórios do NUPEB, pela permissão e ajuda no uso de diversos equipamentos.

À Universidade Federal de Ouro Preto por todas as oportunidades oferecidas.

Aos professores Luiz Orlando Ladeira e Cristiano Fantini Leite e aos alunos

Anderson Caires de Jesus e Alice Freitas Versiani pela parceria e conhecimento

compartilhado.

À CAPES pelo apoio financeiro.

À todos aqueles que, de alguma forma, auxiliaram para o desenvolvimento e conclusão

deste trabalho.

Page 8: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

vii

RESUMO

A Dengue é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti e é causada pelo Dengue

vírus da família Flaviviridae. É conhecida como a arbovirose mais importante da

atualidade, colocando aproximadamente metade da população mundial em áreas de

risco iminente de transmissão. A ausência de vacinas eficazes e tratamentos específicos

pra Dengue tornam necessário um diagnóstico precoce e preciso para esta doença,

possibilitando assim, a clínica adequada e oportunas intervenções para prevenir a

morbidade grave e a mortalidade. Neste contexto, novos materiais com propriedades

químicas e físicas peculiares, tais como nanopartículas de ouro (AuNPs) têm sido

utilizadas como biomarcadores. Estas nanopartículas têm propriedades físico-químicas

únicas, tal como a oscilação coletiva dos elétrons chamada de ressonância plasmônica,

que podem ser facilmente ajustadas. Assim, a detecção de biomoléculas como proteínas

e anticorpos ligados às AuNPs pode ser feita a partir do seu espectro de absorção. Dessa

forma, o objetivo deste estudo foi desenvolver e analisar a eficácia de metodologias de

funcionalização de nanopartículas com anticorpos específicos anti-DENV e anti-

flavivirus e a ligação dos mesmos aos antígenos. Para isso, imunoglobulinas foram

purificadas por coluna de afinidade e, inicialmente, as nanopartículas de ouro (AuNPs)

foram testadas para determinação da melhor concentração de uso dos reagentes:

cisteamina (0,5mM) e polietilenoimina (0,3%) e de anticorpos (0,4µg/ml) a serem

utilizados. Os resultados foram analisados através da leitura de sua ressonância de

plasmon em espectrômetro de varredura UV-Vis e um deslocamento no comprimento

de onda foi observado a cada funcionalização, se comparado com AuNPs não

funcionalizados e caracterizados anteriormente. Quando as AuNPs foram incubadas em

solução com Dengue virus foi possível observar um forte deslocamento nos primeiros

minutos de contato. Mas quando incubados com Mayaro virus (Alfavirus) o

deslocamento foi observado apenas na presença de alta concentração do vírus, que não é

encontrada em amostras naturais, demonstrando a especificidade dos anticorpos

utilizados. Assim, sugere-se que as nanopartículas de ouro podem ser utilizadas para um

diagnóstico de baixo custo de produção e ser ainda mais rápido, preciso e prático que as

técnicas já existentes.

Page 9: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

viii

Detection of Dengue from Gold Nanoparticles

Dengue is transmitted by the Aedes aegypti and it’s caused by Dengue virus of the

Flaviviridae family. It is known as the most important arboviral in present, with about

half of the population in areas of imminent risk of transmission. The absence of

effective vaccines and specific treatments to Dengue means an early and accurate

diagnosis of this disease is necessary, enabling appropriate and premature clinical

interventions to prevent serious morbidity and mortality. In this context, new materials

with unique chemical and physical properties, such as gold nanoparticles (AuNPs) have

been used as biomarkers. These nanoparticles have unique physicochemical properties,

such as collective oscillation of electrons, classified as a surface plasmon resonance

(SPR) which can be easily adjusted. Thus, the detection of biomolecules such as

proteins and antibodies bound to the AuNPs can be made from its absorption spectrum.

Therefore, the aim of this study was to develop and analyze the effectiveness of

functionalization methodologies of nanoparticles with anti-DENV and anti-flavivirus

specific antibodies and its connection to the antigens. For this, immunoglobulins were

purified by affinity column and initially the gold nanoparticles (AuNPs) were tested to

determine the best concentrations use of reagents: cysteamine (0.5mM) and

polyethyleneimine (0.3%) and antibodies (0,4μg / ml) to be used. The results were

analyzed by reading a plasmon resonance scanning UV-Vis spectrometer and a shift in

wavelength was observed in every functionalization when compared with non-

functionalized AuNPs and previously characterized. When the AuNPs were incubated

in solution containing the Dengue virus a strong shift was observed within the first

minutes of contact. However, when incubated with Mayaro virus (Alphavirus)

displacement was observed only in the presence of high concentration of virus, which is

not found in natural samples, demonstrating the specificity of the antibodies used. Thus,

it is suggested that the gold nanoparticles can be used for a diagnosis of low production

cost and be faster, more accurate and convenient than the existing techniques.

Page 10: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

ix

SUMÁRIO

Resumo .................................................................................................................................. VI

Abstract ................................................................................................................................. VII

Lista de figuras ..................................................................................................................... X

Lista de tabelas ....................................................................................................................... XI

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 2

1.1 A Dengue .......................................................................................................................... 2

1.1.1 Gênero Flavivirus ............................................................................................................. 2

1.1.2 Dengue virus ..................................................................................................................... 2

1.1.3. O vetor .............................................................................................................................. 7

1.1.4. Epidemiologia .................................................................................................................. 8

1.1.5. Manifestações clínicas .................................................................................................... 10

1.1.6. Diagnóstico da dengue .................................................................................................... 11

1.2 Nanotecnologia ............................................................................................................... 16

1.2.1 Nanopartículas de ouro ................................................................................................... 16

1.2.2 Ressonância de Plasmon de superfície localizada e outras propriedades ópticas .......... 18

1.2.3 Bioconjugação ................................................................................................................ 20

1.2.4 Toxicidade celular e Biocompatibilidade ....................................................................... 22

1.3 Biossensoramento .............................................................................................................23

1.3.1 Sensores baseados em Ressonância plasmônica de superfície (SPR) ............................ 23

2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 25

3. OBJETIVOS ................................................................................................................... 28

3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 28

3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 28

4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 30

4.1 Células ............................................................................................................................ 30

4.2 Vírus ............................................................................................................................... 30

4.3 Imunoglobulinas ............................................................................................................. 31

4.3.1 Indução da produção ....................................................................................................... 31

4.3.2 Concentração (Viva Spin®) ............................................................................................. 32

4.3.3 Purificação ...................................................................................................................... 32

4.3.4 Quantificação .................................................................................................................. 32

4.3.5 Verificação da eficiência da purificação ........................................................................ 33

Page 11: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

x

4.4 Nanopartículas de Ouro .................................................................................................. 34

4.4.1 Biofuncionalização ......................................................................................................... 34

4.4.2 Ligação com Cisteamina ................................................................................................ 35

4.4.3 Ligação com Polietilenoimina (PEI) .............................................................................. 35

4.4.4 Imunoglobulinas ............................................................................................................. 36

4.4.5 Ensaios com DENV ........................................................................................................ 36

4.4.6. Análise em UV-Vis ........................................................................................................ 37

4.4.7. Tratamento dos dados ..................................................................................................... 37

4.4.8. Leitura de Potencial Zeta ................................................................................................ 37

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 39

5.1 Purificação de anticorpos monoclonais por coluna de afinidade ................................... 39

5.2 Análise da concentração de ligante ................................................................................ 40

5.3 Definição da concentração de anticorpos ....................................................................... 42

5.4 Determinação do tempo de detecção .............................................................................. 46

5.5 Análise de sensibilidade e especificidade ..........................................................................48

6. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 54

7. PERSPECTIVAS ............................................................................................................ 56

8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 57

Page 12: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura da partícula viral de Dengue vírus..................................................................3

Figura 2. Ciclo de multiplicação de DENV.................................................................................. 5

Figura 3. Evidencia Global, risco e ônus da dengue em 2010…………………………………10

Figura 4. A estrutura da proteína E de dengue........................................................................... 14

Figura 5. Propriedades ópticas de nanobastões de ouro ajustadas por alteração na relação de

aspecto.......................................................................................................................................... 19

Figura 6. Métodos de bioconjugação de nanopartículas de ouro................................................ 21

Figura 7. Cisteamina. Fórmula química...................................................................................... 35

Figura 8. Polietilenoimina. Fórmula química..............................................................................36

Figura 9. SDS-PAGE 12% de imunoglobulinas purificadas em coluna de afinidade.............. 39

Figura 10. Espectroscopia de UV-Vis da análise de concentração de cisteamina...................... 41

Figura 11. Espectroscopia de UV-Vis da análise de concentração de polietilenoimina............. 42

Figura 12. Espectroscopia de UV-Vis da análise de concentração de anti-flavivirus na

presença de cisteamina................................................................................................................. 43

Figura 13. Espectroscopia de UV-Vis da análise de concentração de anti-flavivirus na presença

de polietilenoimina....................................................................................................................... 44

Figura 14. Potencial Zeta (mV) para as diferentes concentrações de anti-flavivirus................. 45

Figura 15. Espectroscopia de UV-Vis da análise de tempo de detecção do Dengue vírus........ 47

Figura 16. Análise da variação de deslocamento para diferentes tempos de detecção de Dengue

vírus.............................................................................................................................................. 48

Figura 17. Espectroscopia de UV-Vis da análise da sensibilidade de detecção do Dengue

vírus.............................................................................................................................................. 50

Figura 18. Espectroscopia de UV-Vis da análise da sensibilidade de detecção do Mayaro

vírus.............................................................................................................................................. 51

Page 13: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Variação de deslocamento de bandas de ressonância plasmônica para a

diferentes concentrações de anit-flavivirus. .................................................................... 45

Tabela 2. Variação de deslocamento de bandas de ressonância plasmônica para a

análise de tempo de detecção de Dengue vírus. .............................................................. 47

Tabela 3. Variação de deslocamento de bandas de ressonância plasmônica para análise

de sensibilidade de detecção de Dengue vírus. ............................................................... 50

Tabela 4. Variação de deslocamento de bandas de ressonância plasmônica para análise

de sensibilidade de detecção de Mayaro virus ................................................................ 52

Page 14: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

I. INTRODUÇÃO

Page 15: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

2

1. INTRODUÇÃO

1.1 A Dengue

.

1.1.1 Gênero Flavivirus

Inicialmente, com base em métodos tradicionais de classificação, os Flavivirus

eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por

estudos do genoma, estrutura, ciclo e replicação virais, foram identificados como

suficientemente distintos e então, reclassificados como da família Flaviviridae

(SOLOMON; MALLEWA, 2001).

Todos os membros do gênero Flavivirus compartilham sítios antigênicos comuns,

o que originalmente formaram a base para a sua classificação. Entretanto, por testes que

utilizam anticorpos monoclonais é possível distinguir vírus individuais bem como

subgrupos de vírus intimamente relacionados (KNIPE; HOWLEY, 2001).

Além disso, neste gênero inclui aproximadamente 70 vírus diferentes e grande

parte deles é transmitido para humanos por artrópodes, infectando uma variedade de

hospedeiro através da picada do mosquito ou carrapatos (COOK et al., 2012). Os vírus

podem causar uma grande variedade de doenças e, por isso, alguns são de grande

importância e muito conhecidos como, Dengue virus (DENV), encefalite japonesa

(JEV), vírus do oeste do Nilo (WNV) e febre amarela (YFV) (MACKENZIE;

GUBLER; PETERSEN, 2004).

1.1.2 Dengue virus

O DENV é uma partícula esférica de aproximadamente 50nm de diâmetro

(SMITH et al., 1970) e, assim como o vírus da Febre amarela e Oeste do Nilo, é

membro do grupo sorológico da família Flaviviridae e gênero Flavivirus. É um vírus

envelopado e que possui quatro sorotipos estreitamente relacionados e antigenicamente

distintos denominados de acordo com a ordem de descoberta DENV 1-4 (ZANOTRO et

al., 1996; PUBLIC et al., 1989) e em outubro de 2013 foi anunciado um novo sorotipo

circulante denominado então de DENV 5 (NORMILE, 2013).

Page 16: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

3

No gênero Flavivirus, os vírus possuem genoma de RNA fita-simples senso

positivo de 11 kilobases (Kb), contento um única janela aberta de leitura, que codifica

uma poliproteína que posteriormente é clivada em 3 proteínas estruturais – C

(capsídeo), prM (membrana) e E (envelope). A proteína C de DENV com

aproximadamente 11 KDa desempenha papel importante na encapsidação do genoma

viral (MA et al., 2004). A proteína prM (19 KDa) é uma glicoproteína muito importante

no processo de maturação viral. A proteína E possui tamanho aproximado a 60 KDa e é

responsável pela indução de anticorpos neutralizantes e por promover a adsorção e

entrada do vírus nas células (REY et al., 1995; MODIS et al., 2005; GROMOWSKI et

al 2008) (Figura 1).

Além disso, a poliproteína é também clivada em 7 proteínas não estruturais –

NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a, NS4b e NS5 –, as quais estão associadas,

principalmente, à replicação do vírus, à expressão das proteínas virais e a virulência dos

sorotipos (Chambers et al., 1990; PUGACHEV et al., 2003). A proteína NS1 tem

grande importância por ser altamente conservada e circular em altos níveis no sangue de

pacientes infectados durante a fase aguda da doença, o que parece contribuir com a

patofisiologia da doença (ALCON et al., 2002).

Proteína E

(dímero)

Proteína

M

Proteína C

ssRNA (+)

Figura 1. Estrutura da partícula viral de Dengue vírus. A partícula viral é composta por três proteína

estruturais: proteína de envelope (E) disposta em dímeros; a proteína associada à membrana (M) e a

proteína do nucleocapsídeo (C). O genoma de RNA fita-simples de polaridade positiva se encontra dentro

do nucleocapsídeo. Fonte: adaptado de http:// http://viralzone.expasy.org/

Page 17: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

4

A partir do momento que um vírus infecta uma célula hospedeira permissiva tem-

se o início do ciclo de multiplicação viral. Os virions penetram na célula através da

interação da proteína de envelope com receptores da superfície das células do

hospedeiro. Tal proteína é responsável tanto pela ligação ao receptor da célula

hospedeira quanto pela fusão das membranas viral – hospedeiro (HEINZ; ALLISON,

2000). A interação pode ser mediada por moléculas de heparan-sulfato, que parecem

agir como co-receptores, receptor para manose, entre outros (YAPING CHEN et. al.,

1997). Além disso, o vírus pode também ser reconhecido por receptor DC-SING

(YANG et al., 2012) ou ainda, por FcƴR, um importante receptor expresso em células

dendríticas responsáveis pela identificação de anticorpos na segunda infecção (GREEN

S., 2006).

Após ser reconhecido, o vírus é internalizado através da endocitose mediada por

clatrina (ISHAK; TOVEY; HOWARD, 1988). E, no endossoma, o pH baixo induz uma

mudança conformacional irreversivelmente mais estável na proteína E (HERNANDEZ;

HOFFMAN; WOLFSBERG, 1996), que catalisa a fusão das membranas lipídicas do

envelope viral com a membrana endossomal, liberando o genoma viral em um processo

denominado, desnudamento (BRESSANELLI et al., 2004; CLYDE; KYLE; HARRIS,

2006b). Então, o RNA viral, por ser senso positivo e semelhante a um RNA mensageiro,

é traduzido e a poliproteína processada em dez proteínas (estruturais e não-estruturais)

(REY et al., 1995).

Seguindo vias metabólicas da célula hospedeira, e com auxilio das proteínas não

estruturais, o RNA, agora senso negativo, é replicado (MACKENZIE; KHROMYKH;

WESTAWAY, 2001) e as novas moléculas são envoltas pelas proteínas estruturais.

Estas partículas imaturas possuem heterodímeros de proteína E e um precursor da

proteína M (prM) e utilizam a via secretora da célula hospedeira e migram para o

aparelho de Golgi. Nele encontram um ambiente de baixo pH, que auxilia na clivagem

mediada por uma protease celular de prM para M, culminando na maturação do vírus

(HEINZ; ALLISON, 2000; ELSHUBER et al., 2003). As partículas virais são então

liberadas por exocitose capazes de infectar novas células (Figura 2) (STIASNY;

HEINZ, 2006).

Page 18: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

5

Figura 2. Ciclo de multiplicação de DENV. A. Os vírus se ligam aos receptores na superfície da célula e

são endocitados. B. Devido ao baixo pH dentro dos endossomas, ocorre a fusão de membranas viral-

celular mediada por proteínas virais, resultando na liberação do RNA viral em um processo chamado de

desnudamento. C. O genoma viral é traduzido em uma única poliproteína que é processada por proteases

do vírus e da célula hospedeira. D. O RNA é replicado por proteínas não-estruturais do próprio vírus. E.

A montagem do vírus ocorre na membrana do Reticulo endoplasmático, no qual a proteína do capsídeo e

o RNA viral são envolvidos por glicoproteínas e pela membrana da organela para formar partículas virais

imaturas. F. Partículas virais imaturas utilizam a via secretora da célula hospedeira e sob o baixo pH do

Complexo de Golgi a proteína precursora prM é clivada em proteína M, completando a maturação do

vírus. Os vírus maduros são então liberados das células por exocitose. Os números indicados nas caixas

coloridas referem-se ao valor de pH dos respectivos compartimentos. Imagem adaptada de PERERA,

2009.

Os eventos iniciais que ocorrem logo após a inoculação do DENV na pele humana

ainda não estão completamente definidos, incluindo as respostas imunes no local de

inoculação e o impacto da cepa ou subtipo do vírus infectante, ambos os quais poderiam

Adsorção

Síntese e processamento

Fusão e

Desnudamento

Replicação do RNA

Montagem

Maturação

Liberação de

vírus

maduro.

A

B

C

D

E

F

G

Page 19: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

6

potencialmente determinar o sucesso do hospedeiro na depuração viral (ST JOHN;

ABRAHAM; GUBLER, 2013).

Já se sabe, entretanto, que células dendríticas imaturas são mais permissivas a

infecção por DENV se comparado a outros leucócitos e a infecção destas células induz a

maturação das mesmas mediada por TNF-α (“Interferon alfa”) (MAROVICH et al.,

2001). Já células dendríticas da pele humana (Células de Langerhans) foram

demonstradas como células alvo para a infecção por DENV (WU et al., 2000), que

posteriormente migram para os linfonodos para drenagem, no qual o vírus pode ser

transmitido ou transferido para outras células. Além disso, quando infectadas podem

induzir a proliferação das células T CD4+ (CHASE et al. 2011).

Além disso, células NK (“Natural Killers”), principais componentes da resposta

inata do sistema imune, parecem ser ativadas durante a fase aguda da Dengue e serem

responsáveis pela produção de citocinas. Dentre estas, podemos citar IFN-ƴ

(“Interferon gamma”), a qual tem papel importante na redução da replicação viral, uma

vez que ativa macrófagos, células dendríticas e neutrófilos, e no aumento da resposta

imune adaptativa (PETITDEMANGE et al., 2014).

Na existência de anticorpos neutralizantes adquiridos em uma infecção anterior, o

vírus tem acesso a outras células imunes (monócitos e macrófagos) e a doença pode

evoluir para suas formas mais graves (Dengue hemorrágica e síndrome do choque da

dengue) (MAROVICH et al., 2001). Isso porque anticorpos produzidos para combater

um sorotipo serão sempre protetores contra este sorotipo, entretanto, apenas serão

eficientes no combate a outros sorotipos no início da infecção (GUY; ALMOND, 2008).

Depois disso, os anticorpos subneutralizam as partículas virais, fazendo com que sejam

reconhecidos por células fagocitárias e como não estão neutralizados aumentam a

infecção. Tal fenômeno é conhecido como intensificação dependente de anticorpos (do

inglês, “antibody dependent enhancement” ADE) (CLYDE; KYLE; HARRIS, 2006a).

A maioria dos anticorpos neutralizantes contra os vírus do gênero flavivirus são

dirigidos contra a proteína E, domínios II e III, principalmente (COLOMBAGE et al.,

1998). Anticorpos IgM específicos para DENV podem aparecer com aproximadamente

3 dias e se tornam mais presentes no quinto dia após infecção (ALCON et al., 2002) e

os níveis no sangue deste anticorpo continuam a aumentar por mais alguns dias e pode

Page 20: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

7

persistir por meses (6 meses em infecção primária e 4 meses em infecção secundária)

(PRINCE; MATUD, 2011).

O IgG por sua vez, pode ser detectado após 10 dias do início da primeira infecção,

mas pode aumentar rapidamente no sangue na segunda infecção, podendo ser utilizado

no diagnóstico para diferenciar entre infecções primária e secundária quando comparado

com níveis de IgM (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009; HUNSPERGER et

al., 2009).

1.1.3. O vetor

Os mosquitos geralmente passam pela fase aquática em estágio imaturo e fase

terrestre na fase adulta, que é a fase em que ocorrem o acasalamento, alimentação de

sangue e oviposição. Para os mosquitos vetores de doenças estes eventos ocorrem

principalmente próximos ao hospedeiro (HIGA, 2011). A Dengue tem o mosquito

Aedes como vetor. Este mosquito é do gênero Stegomyia que inclui algumas espécies

como, Ae. aegypti, Ae. albopictus e Ae. polynesiensis. Entretanto, os dois primeiros são

responsáveis pela maior parte da transmissão da dengue, segundo dados

epidemiológicos (RIGAU-PÉREZ et al., 1998).

O Ae. aegypti foi pela primeira vez confirmado como vetor da Dengue em um

estudo realizado em 1916 (CLELAND et al., 1918) e sua dispersão foi desencadeada do

século XVII ao século XIX através de barcos com retenção de água contendo larvas

(HIGA, 2011). Ele é antropofílico, vive em habitats urbanos e, ao contrário dos demais

mosquitos, é um alimentador diurno e o mosquito fêmea pica várias pessoas durante

cada período de alimentação. Sua preferência por seres humanos como hospedeiros é

um fator importante para a transmissão (PONLAWAT; HARRINGTON, 2005;

SUWONKERD et al., 2006). O Ae. albopictus, por sua vez, apesar de ser um vetor

secundário da dengue foi o principal responsável por disseminar a dengue para regiões

mais frias. Isso porque, ele é tolerante a temperaturas abaixo de zero, possui capacidade

de hibernação e de se abrigar em micro-habitat (KNIPE; HOWLEY, 2001).

Por serem importantes disseminadores de doenças os mosquitos vetores são

geralmente alvo de estudos em métodos pelos quais poderiam ter reprodução impedida

ou destruída e proteção contra suas mordidas (CHRISTOPHERS, 1960). E várias

Page 21: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

8

estratégias têm sido desenvolvidas com a finalidade de combater o vetor e controlar a

Dengue. Entre elas inclui mosquitos machos geneticamente modificados com gene letal

que é passado a sua progênie (CARVALHO et al., 2014), vetores infectados com a

bactéria Wolbachia pipientis, que pode interferir na replicação do vírus e na capacidade

do vetor de transmitir a doença (MOREIRA et al., 2009), entre outras que buscam

entender como a infecção e disseminação do vírus pelo mosquito ocorrem.

Em 1976, foi demonstrado que infecção do mosquito fêmea ocorre após picada e

subsequente ingestão de sangue de uma pessoa infectada com o vírus, mas tal infecção

não causa efeito direto sobre o vetor. O vírus percorre o organismo do mosquito e ao

chegar ao intestino médio, se liga a receptores de células do epitélio, nas quais se replica

e então, é liberado para a hemocele. A partir dai o vírus é capaz de infectar outros

tecidos como, glândula salivar e trato genital. Após o intervalo de 7-10 dias pós-

infecção o mosquito se torna infectante e disseminador eficiente do DENV. No

momento da picada, o vírus é liberado na saliva do vetor causando a infecção do

hospedeiro. Além disso, o vírus presente no trato genital pode infectar os ovos,

resultando em novos mosquitos já infectantes (GUBLER; ROSEN, 1976; PUTNAM;

SCOTT, 1995; ROSEN, 1987; CARRINGTON; SIMMONS, 2014).

1.1.4. Epidemiologia

A dengue é uma infecção transmitida por mosquitos urbanos encontrados em

regiões tropicais e subtropicais ao redor do mundo, motivos pelos quais esta doença é

encontrada em tais regiões. Sua primeira epidemia foi registrada em 1885, na Austrália

(CLELAND et al., 1918) e, nos últimos anos, a transmissão tem aumentado

principalmente nas zonas urbanas, tornando-se uma das principais preocupações de

saúde pública internacional. A OMS estima que atualmente possa haver 50-100.000.000

infecções por dengue em todo o mundo a cada ano (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2014).

Para doenças transmitidas por mosquitos, uma temperatura elevada dentro de um

intervalo de sobrevivência dos vetores melhora a reprodução e alonga o período anual

de procriação dos mesmos (HAWLEY, 1988; BESERRA et al., 2009), além de que o

período de incubação do vírus pode ser reduzido (ROHANI et al., 2009). Em

Page 22: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

9

consequência disso, nos últimos 50 anos, mudanças demográficas e sociais

influenciadas pelo aquecimento global e alterações climáticas, tais como crescimento da

população mundial e urbanização desordenada, têm sido associadas a fatores

responsáveis pelo aumento da dengue como um problema mundial de saúde publica.

Além disso, urbanização não planejada associada com habitações precárias,

superlotação e danos em redes de água e esgoto contribuíram para a criação de um

ambiente propicio para o aumento da transmissão de doenças transmitidas por

mosquitos em centro urbanos de regiões tropicais (PAULA; FONSECA, 2004).

Entre os anos de 1980 e 1994 houve um aumento da incidência de Dengue nas

Américas, sendo as infecções causadas pelos sorotipos DENV1, DENV2 E DENV4 e

somente no final de 1994 houve o registro de infecção por DENV3 (GUBLER, 1998).

No Brasil, a disseminação do Aedes aegypti foi o principal fator responsável pelo

aumento de casos da doença no país. Até o ano 2000, as infecções registradas eram

causadas por DENV1 e 2, mas em dezembro deste ano e novembro de 2001 o DENV3

foi detectado (BARBOSA DA SILVA et al., 2002).

Um estudo realizado em 2010 se baseou na evidencia de risco de dengue e nas

estimativas de infecções em todo o mundo com base na população deste ano. Nele foi

previsto que as maiores zonas de risco eram nas Américas e Ásia, com 13,3 e 66,8

milhões de infecções aparentes e 40,5 e 204,4 milhões de infecções inaparente de

dengue, respectivamente. Na África, a qual apresentou 15,7 milhões de infecções

aparentes e 48,4 de infecções inaparente de dengue, a distribuição não se mostrou

uniforme, principalmente devido à falta de registros de ocorrência da doença em áreas

mais pobres. Entretanto, em comparação com o que já foi sugerido anteriormente, a

Dengue está muito mais difundida neste continente e isso pode ser explicado pela

condição precária de infraestrutura de algumas regiões e temperatura adequada para a

transmissão da doença (Figura 3) (BRADY et al., 2012; BHATT et al., 2013).

Page 23: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

10

Figura 3. Evidencia Global, risco e ônus da dengue em 2010. As áreas com uma elevada probabilidade

de ocorrência de dengue são mostradas em vermelho e áreas com baixa probabilidade em verde.

Adaptado de BHATT et al., 2013.

E ainda, nos últimos anos já se teve registros de casos com DENV-5, um novo

sorotipo de DENV, o que pode resultar em novos desafios no controle da doença. Isso

porque, apesar de até agora somente um surto em 2007 foi registrado, podem surgir

novos surtos e o sorotipo pode ocupar novas áreas e espalhar ainda mais a doença. Além

de que, o desenvolvimento de uma vacina que consiga proteger contra mais um sorotipo

de forma simultânea com os demais se tornou ainda mais complicado (MUSTAFA et

al., 2014).

1.1.5. Manifestações clínicas

A Dengue é uma doença causada por cinco sorotipos diferentes e o DENV após

ser transmitido pela picada do mosquito passa por um período de incubação de 4-7 dias

no organismo do hospedeiro. Durante este período a Dengue pode se manifestar de

forma assintomática e, mais comumente, de forma sintomática, o que depende da cepa

do vírus, idade e condição imunológica do indivíduo (SINGHI; KISSOON; BANSAL,

2007). Além disso, a proteína NS1 circula em altos níveis na circulação de pacientes

Probabilidade

de ocorrência

Page 24: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

11

durante a fase aguda da doença, o que sugere que esta proteína pode estar envolvida na

fisiopatologia da infecção do DENV (ALCON et al., 2002).

As manifestações sintomáticas incluem Dengue clássica (DC), Febre hemorrágica

da Dengue (FHD) e Síndrome do Choque da Dengue (SCD) (MC BRIDE;

BIELEFELDT-OHMANN, 2000). A Dengue clássica pode causar sintomas como febre,

calafrios, dor de cabeça, nos olhos, no corpo e nas articulações, além de náuseas,

vómitos, ou erupções cutâneas (COBRA et al., 1995). Por outro lado, a dengue

hemorrágica é caracterizada, principalmente, por febre alta e hemorragia, podendo

agravar para falência do sistema circulatório. Em alguns casos ainda mais graves, pode

ocorrer o extravasamento do plasma sanguíneo, resultando no chamado síndrome do

choque da dengue (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1997).

Dengue hemorrágica e Síndrome do choque da dengue ocorrem mais comumente

em infecção secundária por um sorotipo diferente (KALAYANAROOJ et al., 1997).

Tal fato pode ser explicado em parte pelo fenômeno conhecido como ADE, um

complexo imunopatológico desencadeado por infecção sucessiva com diferentes

sorotipos virais (HOLMES; BURCH, 2000). Entretanto, formas mais graves também

podem ocorrer em pacientes com infecção primária (THEIN et al., 1997). Além disso, a

infecção por dengue é geralmente considerada como uma doença pediátrica, mas além

de ser um problema crescente, tende a ser mais grave em adultos (TANTAWICHIEN,

2012).

Até o momento nenhuma vacina efetiva ou tratamento específico contra dengue

vírus foram desenvolvidos (JOUAN et al., 2001). A opção terapêutica mais utilizada

para minimizar os sintomas é a reposição de líquidos tanto para adultos quanto para

crianças (TANTAWICHIEN, 2012). Por isso, torna-se necessário o controle do vetor

bem como o desenvolvimento de métodos que promovam um diagnóstico precoce e

preciso da dengue (TANG; OOI, 2012).

1.1.6. Diagnóstico da dengue

O diagnóstico clínico da dengue é realizado pela análise dos sintomas comuns da

doença, como febre alta acompanhada de náusea e dores atrás dos olhos e nas

articulações. Entretanto, não são sintomas específicos da dengue, o que limita a

Page 25: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

12

detecção específica da doença (TANG; OOI, 2012). Dessa maneira para se confirmar a

infecção por DENV deve se utilizar o diagnóstico laboratorial, que deve ser sensível

independentemente do estágio da infecção. Este diagnóstico pode ser dividido em

métodos diretos e indiretos (SHU; HUANG, 2004).

Os métodos diretos são caracterizados pelo isolamento do vírus, detecção do

genoma viral e de antígenos. Eles são mais específicos com relação à detecção dos

patógenos, mas geralmente não são simples de serem realizados e necessitam de

equipamentos específicos e mão-de-obra especializada. Já os métodos indiretos se

baseiam na detecção de anticorpos específicos, os quais são de fácil detecção,

entretanto, não possuem a especificidade dos métodos diretos (PEELING et al., 2010).

O vírus é encontrado no soro ou plasma do individuo aproximadamente do

segundo ao sétimo dia pós-infecção, correspondendo ao período de febre (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 1997). Em mosquitos o vírus pode ser isolado a uma taxa

de 71,5 – 84,2% para os quatro sorotipos (JARMAN et al., 2011). Para detecção do

vírus ou RNA viral em humanos ou mosquistos, métodos como RT-PCR (LANCIOTTI

et al., 1992) e ELISA (CONTROL et al., 1991) são muito utilizados. Entretanto, são

metodologias caras, que necessitam de treinamento específico, dependem da integridade

da amostra e podem não prover diagnóstico rápido. Por isso, não são utilizados na rotina

de laboratório (VAUGHN et al., 1994; KB et al., 2011).

A resposta humoral contra o DENV consiste em anticorpos dirigidos

principalmente contra as proteínas virais prM, E e NS1. A detecção destes anticorpos,

mais especificamente IgM e IgG, é o método mais utilizado na rotina de laboratórios

para a detecção de Dengue (PAULA; FONSECA, 2004). Existem disponíveis no

mercado alguns testes para o diagnóstico de dengue, os quais utilizam principalmente o

formato de ELISA e, alguns destes kits podem detectar IgM e/ou IgG e ainda, distinguir

simultaneamente uma infecção primária de uma infecção secundária. Todavia não

podem ser detectados nos primeiros dias de infecção, tornando-os inviáveis para um

diagnóstico rápido (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009; HUNSPERGER et

al., 2009).

Embora a maioria dos testes para detectar a infecção pelo DENV atualmente

comercializados no Brasil apresente um bom desempenho, o uso de partículas virais

inativadas como antígeno pode gerar reatividade cruzada com anticorpos gerados contra

Page 26: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

13

outros Flavivirus. Na tentativa de contornar esses problemas, a utilização de anticorpos

monoclonais contra epítopos específicos do DENV tem se tornado uma alternativa

viável para a inclusão em kits diagnósticos que utilizam como antígeno partículas

nativas ou proteínas recombinantes (GROEN et al., 2000). Diversos clones produtores

de anticorpos anti-dengue já foram obtidos e caracterizados por imunização de animais

com partículas virais nativas ou proteínas recombinantes (FALCONAR; YOUNG,

1991; PUPO-ANTUNEZ et al., 2001).

Os antígenos como NS1 e proteína E podem ser detectados em diagnóstico de

dengue. Vários estudos apontam que altos níveis circulantes da proteína NS1 são

coincidentes com picos de viremia (YOUNG et al., 2000), sendo encontrada no plasma

de pacientes com primeira ou segunda infecção por dengue do primeiro ao sétimo dia

após o aparecimento dos sintomas e em níveis máximos do terceiro ao quinto dia de

infecção (LIBRATY et al., 2002).

Após sua síntese, NS1 se dimeriza e se associa às membranas celulares, tanto

intracitoplasmáticas, como na membrana externa onde ela permanece como a única

proteína viral em células infectadas. Em células de mamíferos NS1 também é secretada

para o meio extracelular como monômeros, dímeros ou como hexâmeros. Além disso,

NS1 produz uma resposta humoral muito forte e, por isso, muitos estudos têm sido

direcionados em usar a detecção desta proteína para fazer um diagnóstico precoce da

infecção pelo vírus da dengue (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

Já a proteína do Envelope (proteína E) de Flavivirus está presente na superfície do

vírus como homodímero e é uma proteína de fusão. Estas proteínas mudam de

conformação de maneira irreversível ao se fusionarem com membranas do hospedeiro e

podem ser divididas em duas classes: Classe I e Classe II (KLENK; GARTEN, 1994).

Na classe I as proteínas são ativadas por clivagem proteolítica (KLENK;

GARTEN, 1994). Enquanto na classe II as proteínas são estruturalmente conservadas e

induzidas por baixo pH (HERNANDEZ; HOFFMAN; WOLFSBERG, 1996). E é nesta

classe que se classifica a proteína E (KANAI et al., 2006), que possui cerca de 500

aminoácidos, dos quais 400 aminoácidos da porção N-terminal formam o ectodomínio

(MODIS et al., 2003). Este pode ser dividido em três domínios estruturais (Figura 4)

que possuem importantes funções na ligação a receptores, na entrada e na montagem

dos vírus (PIERSON et al., 2007; HERNANDEZ; HOFFMAN; WOLFSBERG, 1996).

Page 27: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

14

Figura 4. A estrutura da proteína E de dengue. Subunidades individuais de proteína E composta por

três domínios beta-barril denominados: I (EDI; vermelho), II (EDII; amarelo) e III (EDIII; azul), com a

proteína nativa formando uma cauda de homodímero que se encontra sobre a superfície do vírus.

Adaptado de WAHALA et al., 2012.

O domínio I pode ser responsável pelo rearranjo da conformação da proteína

necessário para que a fusão ocorra (MUKHOPADHYAY et al., 2005) e o domínio II

parece promover a fusão entre membranas virais e do hospedeiro

(MUKHOPADHYAY, et al., 2003). O domínio III, por sua vez, fica saliente a partir da

superfície facilitando a sua ligação a receptores celulares (MUKHOPADHYAY et al.,

2005). Além disso, este domínio parece apresentar epítopos predominantemente

subcomplexo e específicos, que induzem principalmente anticorpos neutralizantes

(OLIPHANT et al., 2007).

Muitos dos anticorpos grupo-específicos para dengue são dirigidos tanto contra a

proteína E quanto contra proteína prM (CHEN et al., 2007). E, várias estratégias têm

sido desenhadas para produzir anticorpos monoclonais capazes de reconhecer diferentes

sorotipos do DENV, de forma simultânea, através da detecção de antígenos contendo

regiões conservadas entre os diferentes sorotipos de DENV (CLEMENTI et al., 2012).

O fato é que a utilização de anticorpos monoclonais para confecção de kits para o

diagnóstico da dengue pode levar a um aumento da especificidade da reação,

consequentemente melhorando a qualidade de kits destinados para a detecção desta

doença.

Uma vez que não existem vacinas e/ou terapias antivirais específicas contra a

dengue, a principal forma de se reduzir a mortalidade causada pela infecção é o

Page 28: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

15

diagnóstico. E, com isso, há a necessidade de testes específicos, de baixo custo que

possam ser utilizados para investigações de gestão clínica, de vigilância e de surtos, e

ainda, que possam permitir a intervenção precoce para o tratamento de pacientes, como

a hidratação contribuindo para reduzir a gravidade da doença, e prevenir ou controlar

epidemias (PEELING et al., 2010).

Além disso, com a recente co-circulação do Chikungunya virus (CHIKV) e

DENV a dificuldade de uma detecção específica e precoce foi aumentada e se faz ainda

mais necessário um diagnóstico clínico diferenciado daqueles já existentes. Isso porque

CHIKV é um vírus que causa uma doença – Chikungunya- com sintomas semelhantes

ao da Dengue, com maior proporção de casos sintomáticos, menor tempo de incubação,

maior período de viremia e é ainda transmitida pelo mesmo mosquito vetor

(DONALISIO; FREITAS, 2015).

O progresso está sendo feito na prevenção primária, com várias vacinas

candidatas, bem como na adoção de melhorias nas medidas de controle de vetores.

Além disso, novas técnicas para a detecção precoce de doença grave, tais como o uso de

biomarcadores tem o potencial para diminuir a morbidade e mortalidade. As recentes

tecnologias desenvolvidas para a detecção rápida oferecem a promessa de diagnósticos

aprimorados para gestão de casos e detecção precoce de surtos de dengue (PEELING et

al., 2010).

Page 29: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

16

1.2 Nanotecnologia

A utilização de materiais em escala nanométrica (0,1 – 100nm) é denominada de

Nanotecnologia (NIOSI; REID, 2007). De acordo com Iniciativa Nacional de

Nanotecnologia dos EUA, nanotecnologia é definida como qualquer tecnologia

associada à criação de imagens, de medida, modelagem ou manipulação da matéria em

nanoescala (NATIONAL SCIENCE AND TECHNOLOGY COUNCIL, 2000).

A nanotecnologia tem sido amplamente utilizada na biotecnologia principalmente

devido ao fato de que as nanopartículas se assemelham em tamanho a várias

biomoléculas comuns e este tamanho é controlado com precisão durante a síntese das

mesmas. Além disso, é possível controlar a forma das partículas, como nanoesferas,

nanocristais, nanoconchas e nanobastões, e fazer modificações na camada superficial

para atingir uma melhor solubilidade aquosa bem como biocompatibilidade (WEST;

HALAS, 2000). A nanobiotecnologia poderia então, ser amplamente utilizada na

medicina, produtos farmacêuticos, diagnóstico e processos industriais e agricultura

(HULLMANN, 2007).

1.2.1 Nanopartículas de ouro

Nanopartículas de ouro (AuNPs) são as nanopartículas metálicas mais estáveis

que se tem conhecimento (DANIEL; ASTRUC, 2004) e possuem propriedades,

incluindo propriedades opticas, magnéticas, eletrônicas e estruturais, que propiciam sua

utilização em muitas aplicações biológicas. (PISSUWAN; VALENZUELA; CORTIE,

2008). A utilização destas nanopartículas poderia facilmente tornar-se a próxima

geração de ferramentas de diagnóstico, uma vez que elas mostram grande sensibilidade

e especificidade que podem substituir os métodos moleculares convencionais, tais como

PCR (LIZ-MARZÁN, 2006).

Existem vários métodos para síntese de AuNPs com estruturas diferentes e apesar

do material original ser de alto custo, é geralmente utilizado em concentrações muito

baixas e se tornam econômicos. (WILSON, 2008). As partículas com forma esférica

(nanoesferas) e em forma de bastão (nanobastões ou “nanorods”) são as mais estudadas

para aplicações biológicas. As nanoesferas foram relatadas pela primeira vez por

Page 30: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

17

Faraday em 1857 e são geralmente sintetizadas utilizando método de redução de citrato.

Neste, partículas esféricas são produzidas com diâmetros ≥10 nm e envolve a redução

aquosa de ácido cloroáurico (HAuCl4) por citrato de sódio (FARADAY, 1857; AUSTIN

et al., 2014).

Existem duas abordagens gerais para a síntese de nanobastões – mediadas por

semente e crescimento sem sementes. O primeiro relato de nanobastões sintetizados

com qualidade utilizou uma abordagem eletroquímica que foi precursora do processo

mediado por sementes, inicialmente descrito por Murphy e colaboradores. em 2001

(VIGDERMAN; KHANAL; ZUBAREV, 2012; NIKHIK R. JANA, 2001). A síntese

sem semente utiliza uma solução de crescimento com ácido clorídrico para manter o pH

ácido e NaBH4 para a formação das sementes e crescimento das partículas de ouro

(AUSTIN et al., 2014).

No método mediado por semente os nanobastões são preparados por adição de

nanoesferas (“sementes”) cobertas de citrato a uma solução de crescimento contendo

HAuCl2 em grandes quantidades, resultantes da redução de HAuCl4 por ácido ascórbico

na presença de surfactante brometo de cetiltrimetilamônio (CTAB) e íons de prata. O

CTAB é essencial para a síntese controlada em forma de bastões, uma vez que se liga

preferencialmente nas faces laterais das AuNPs (HUANG; NERETINA; EL-SAYED,

2009) e os íons de prata limitam o comprimento das nanopartículas por se ligarem na

superfície das mesmas na forma de AgBr, sendo o bromo proveniente do CTAB

(NIKHIK, 2001).

Uma vez preparadas, as nanopartículas são estáveis por longos períodos e podem

ser funcionalizadas com vários tipos de moléculas e biomoléculas e serem redissolvidas

em solventes orgânicos comuns sem sofrerem agregação irreversível (DANIEL;

ASTRUC, 2004). E depois, podem ser utilizadas em uma gama de aplicações biológicas

e biomédicas, dentre elas biosensoriamento, entrega de genes e drogas, diagnósticos e

terapia fototérmica (HUANG; NERETINA; EL-SAYED, 2009; NIIDOME et al., 2006).

Page 31: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

18

1.2.2 Ressonância de Plasmon de superfície localizada e outras propriedades

ópticas

O tipo de movimento dos elétrons de uma matéria depende do tipo e forma do

material e do espaço acessível para os elétrons (grau de confinamento) e ainda, define as

propriedades físicas e químicas da mesma. Dessa forma, por causa da restrição de

movimento dos elétrons, um mesmo material em escala nanométrica apresenta

propriedades físico-químicas distintas daqueles em escala macrométrica.

As nanopartículas de metal nobre (ouro e prata) distinguem-se de outros materiais,

pois além de suas propriedades catalíticas, possuem propriedades ópticas únicas como,

uma amplitude de onda de luz aumentada que é facilmente visualizada por detecção

óptica (HUANG; NERETINA; EL-SAYED, 2009) e bandas de extinção distintas na

região do visível, ambas devido à ressonância de plasmon de superfície (SPR) mais

intensa (SCHMID, 1992; HUANG; EL-SAYED, 2010).

A SPR se caracteriza pela oscilação coletiva dos elétrons de condução das

partículas metálicas desencadeada pela exposição à luz (JENSEN et al., 2000). Tal

oscilação provoca a separação de cargas entre os elétrons livres, restaurando as forças

de Coulomb e assim, fazendo com que os elétrons oscilem para frente e para trás sobre a

superfície das partículas e o resultado é uma oscilação dipolo (HUANG; NERETINA;

EL-SAYED, 2009).

Além disso, a oscilação induz absorção de luz e o comprimento de onda

corresponde ao máximo de absorção da ressonância de plasmon de superfície, exibindo

uma forte banda da absorção de UV-Visível que pode ser detectada por espectroscopia

(HULTEEN et al., 1999). O sinal gerado pela SPR é de até 1.000.000 de vezes mais

sensível que tecnologias de sinalização por fluorescência utilizadas atualmente (JAIN,

2005). Ainda, SPR depende do tamanho, da forma e propriedades dielétricas das

nanopartículas metálicas (JENSEN et al., 2000).

Nanopartículas em formato esférico apresentam uma banda de SPR na região do

visível muito forte, se comparado com outras formas e materiais (CREIGHTON;

EADON, 1991). Já nas partículas com formato de bastão, devido à anisotropia da

forma, a oscilação pode ocorrer em dois sentidos, dependendo da polarização da luz

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

19

incidente, eixos curtos e eixos longos. O eixo curto induz uma banda de absorção no

comprimento de onda semelhante ao das nanoesferas e é denominada como banda

transversal (HUANG; EL-SAYED, 2010).

Já a banda longitudinal é resultado da banda de absorção induzida pelo eixo longo

em um comprimento de onda mais forte e ainda, é dependente e sensível à relação de

aspecto (comprimento/largura) da partícula, ao contrário do que acontece com a banda

transversal. Com o aumento da relação de aspecto, que pode ser determinada tanto pela

modificação de tamanho da nanopartícula quanto pela ligação de moléculas em sua

superfície, a cor do ouro em solução é alterada do azul para o vermelho (Figura 5A) e o

comprimento de onda de ressonância de plasmon é deslocada (Figura 5B) (EL-

SAYED, 1999; JAIN et al., 2008; CHANG; LEE; WANG, 1997; HUANG; EL-

SAYED, 2010). Por isso, faz com que nanobastões tenham qualidade maior em

detecção que nanoesferas (JAIN et al., 2006).

Figura 5. Propriedades ópticas de nanobastões de ouro ajustadas por alteração na relação de

aspecto. Nanopartículas de ouro com relação de aspecto diferente apresentam cores diferentes (A) e

deslocamento no comprimento de onda de ressonância de plasmon (B). FONTE: HUANG; EL-SAYED,

2010.

A B

Extinção

(a.u.)

Comprimento de onde (nm)

Page 33: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

20

1.2.3 Bioconjugação

A superfície de AuNPs pode ser modificada de tal modo que o CTAB é

substituído ou coberto por moléculas compatíveis conhecidos. Com isso, a posição do

pico longitudinal pode ser deslocada para a região do infravermelho próximo, quando a

proporção de aspecto das partículas é aumentada (WILSON, 2008). E, segundo El-

Sayed e colaboradores. em 2009, a funcionalização de biomoléculas em nanobastões de

ouro pode ser realizada por quatro diferentes métodos. São eles: adsorção eletrostática,

interação direta de ligante, revestimento de superfície e o uso de um ligante

biofuncional (Figura 6) (HUANG; NERETINA; EL-SAYED, 2009).

Na adsorção eletrostática, proteínas, por exemplo, são carregadas negativamente e

colocadas em um pH abaixo de seu ponto isoelétrico, assim ocorre uma atração

eletrostática entre a superfície do ouro e a proteína e então, a consequente adsorção.

Esta é uma abordagem simples, pois não requer reação química (Figura 6A). Já na

interação direta de ligante, parte do CTAB é retirada e moléculas se ligam diretamente

ao ouro. Uma forma para que isso aconteça é adicionar um grupo tiol (-SH) em uma

extremidade destas moléculas (Lipídeos e DNA), uma vez que a ligação metal-enxofre é

muito forte (Figura 6B) (AUBIN-TAM; HAMAD-SCHIFFERLI, 2008; HUANG;

NERETINA; EL-SAYED, 2009).

Uma terceira metodologia seria funcionalizar nanobastões com moléculas

poliméricas ou não que reagem naturalmente com biomoléculas específicas por

adsorção eletrostática (Figura 6C). E por último, a utilização de uma molécula

biofuncional é realizada principalmente para moléculas, como proteínas e anticorpos,

em que não é possível acrescentar um grupo tiol para a ligação direta na nanopartícula.

Nesta abordagem há a ligação covalente da biomolécula ao ligante anteriormente ligado

à nanopartícula. Várias moléculas podem ser utilizadas como ligantes e devem ser

selecionadas de acordo com a biomolécula a ser funcionalizada, uma vez que uma

extremidade do ligante se liga a AuNPs, geralmente por um grupo tiol, e a outra à

biomolécula. Portanto, a extremidade que não interage com a nanopartícula deve ser

compatível com a porção a ser ligada da molécula biológica para que a mesma não

Page 34: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

21

perca sua atividade ou especificidade com antígenos, por exemplo (Figura 5D)

(AUBIN-TAM; HAMAD-SCHIFFERLI, 2008).

Com a ressonância de plasmon de superfície das nanopartículas é possível

monitorar a adsorção de moléculas pequenas (JUNG et al., 1998), ligação receptor-

ligante, ligação de antígenos a anticorpos, interação DNA-proteína (FREY et al., 1995)

e então, utilizar destas abordagens para o desenvolvimento de sistemas de

biosensoramento (HALL, 2001).

(A)

(B)

(C)

(D)

Figura 6. Métodos de bioconjugação de nanopartículas de ouro. (A) Adsorção eletrostática; (B)

Interação direta de ligante; (C) Revestimento de superfície e; (D) Ligante biofuncional. Adaptado de

AUBIN-TAM et. al, 2008.

Page 35: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

22

1.2.4 Toxicidade celular e Biocompatibilidade

A nanotecnologia tem sido incorporada em diversas abordagens devido suas

propriedades físicas únicas. E, por causa desta ampla utilização, há uma preocupação

iminente quanto aos danos que possam causar a saúde e os impactos ao meio ambiente

(GRANMAYEH RAD; ABBASI; AFZALI, 2011). Isto, principalmente para aquelas

exploradas em certas aplicações, como alta reatividade da superfície e a capacidade de

atravessar membranas celulares. Acredita-se que, dificilmente as nanopartículas serão

introduzidas no organismo humano em quantidade suficiente para causar efeito tóxico,

mas que alguns possam ser inalados constantemente em local de trabalho. Dessa forma,

medidas de prevenção contra exposição humana e ambiental constante devem ser

tomadas e controladas (DOWLING et al., 2004).

Entretanto, apesar das suas características únicas, a utilização dos nanobastões de

ouro no campo das ciências biológicas pode ser reduzida devido à presença do brometo

citotóxico hexadeciltrimetilamônio (CTAB), um detergente catiônico usado como

agente estabilizador durante a síntese das partículas pode ser tóxico às células humanas

quando livres (CHANG; LEE; WANG, 1997; HUANG; NERETINA; EL-SAYED,

2009). Uma alternativa para reduzir a citotoxicidade do CTAB, seria lavar as

nanopartículas de ouro em solução por centrifugação (CONNOR et al., 2005) ou, já que

a falta do CTAB pode resultar em agregação das partículas, estabilizá-los em condições

biocompatíveis funcionalizando-os com fosfatidilcolina (TAKAHASHI et al., 2006).

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

23

1.3 Biosensoramento

Técnicas de detecção foram aperfeiçoadas ao longo do tempo devido à

necessidade de um diagnostico rápido e que pudesse ser empregado na rotina de

laboratório de todo o mundo. Vários métodos de detecção por biosensoriamento já

foram desenvolvidos, dentre eles os mais utilizados e que são baseados em marcadores

são fluorescência, quimiluminescência e radioativo. Entretanto, estas metodologias

ainda possuem um alto custo e necessitam de treinamento especializado. Por isso, os

biossensores livres de marcadores deverão se tornar os mais estudados e utilizados por

serem de fácil manipulação, maior sensibilidade e estabilidade e serem passíveis de

miniaturização (SANG et al., 2015).

Um dos principais desafios enfrentados no desenvolvimento de sensores

bioanalíticos é melhorar a eficiência e sensibilidade, pelas quais biomoléculas de baixo

massa molecular são detectadas em baixas concentrações em um fluido biológico

complexo. O sinal do sensor é geralmente proporcional à cobertura da superfície, o que

tipicamente é diretamente dependente da afinidade da interação e concentração de

grandes quantidades de moléculas alvo. Quanto menor for a afinidade ou a

concentração, menor se torna a superfície de cobertura. Portanto, é fundamental que os

sensores sejam suficientemente sensíveis para detectar a baixa cobertura de

biomoléculas alvo adsorvidas (proteínas, peptídeos, DNA e RNA) dentro de um curto

prazo e pequenos volumes de amostras (ERIK REIMHULT AND FREDRIK HOOK,

2015). Uma alternativa para isso seria o desenvolvimento de sensores baseados em

propriedades físico-químicas de nanometais.

1.3.1 Sensores baseados em Ressonância plasmônica de superfície (SPR)

A ressonância de plasmon é considerada uma das ferramentas mais importantes de

biosensoriamento, uma vez que com ela é possível transformar a informação de

reconhecimento biológico em sinais de deslocamento de comprimento de onda de forma

precisa, sensível e em tempo real (JAIN, 2005; ZHAO et al., 2014). Um estudo

realizado em 2014 demonstrou que o método de biosensoriamento por SPR é melhor

que outros sensores ópticos. Isso porque nele é possível analisar a interação das

Page 37: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

24

moléculas funcionalizadas no ouro com moléculas em solução sem que seja necessário

qualquer tipo de marcação molecular além de reduzir tempo de análise e preparo das

amostras (OLARU et al., 2015).

Metais nobres possuem propriedades ópticas únicas, que podem ser detectadas por

várias tecnologias como, absorção óptica, fluorescência, dispersão Raman, força

atômica e magnética e condutividade elétrica. Uma importante propriedade única do

ouro é a forte ressonância de plasmon, com isso as nanopartículas de ouro se tornam

excelente alternativa para o biosensoriamento (JAIN, 2005; ZHAO et al., 2014;

OLARU et al., 2015).

Além disso, as nanopartículas são facilmente funcionalizadas com moléculas de

reconhecimento (como anticorpos, antígenos, oligonucleotídeos, etc.) por métodos que

levam a conjugados altamente estáveis (WILSON, 2008). Uma das várias aplicações de

biossensores é baseadas na mudança no comprimento de onda devido a mudanças nas

propriedades dielétricas das partículas (SPR) resultante da ligação de moléculas

biológicas, tais como anticorpos, à nanopartículas de ouro (NATH et. al., 2004).

Muitos biossensores baseados em SPR já foram estudados e desenvolvidos para a

detecção de várias doenças, como por exemplo, a detecção da Síndrome da mancha

branca em crustáceos utilizando DNA funcionalizado às AuNPs (SEETANG-NUN et

al., 2012) e até mesmo de detecção de DENV através da ligação de DNAzyme às

AuNPs (CARTER et al., 2013). Em 2011 um estudo desenvolveu um imunossensor

promissor capaz de detectar o antígeno carcinoembrionário que é biomarcador de câncer

(ALTINTAS et al., 2011).

Os imunossensores são baseados em anticorpos policlonais ou monoclonais, que

são geralmente utilizados em ensaios imunológicos, pois são capazes de identificar e até

quantificar proteínas específicas em soluções repletas de outras proteínas, componentes

celulares, entre outros. A partir disso, também podem ser utilizados na identificação de

doenças (MILSTEIN, 1975; CRUZ et. al., 2002) como biossensores baseados na

detecção da interação especifica de anticorpos com antígenos (HAMMOCK, 1995). E o

principal motivo de se utilizar imunorreações é pelo fato de serem altamente sensíveis e

seletivas (PRICE, 1998).

Page 38: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

II. JUSTIFICATIVA

Page 39: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

26

2. JUSTIFICATIVA

A dengue é conhecida como a arbovirose mais importante da atualidade,

colocando aproximadamente metade da população mundial em áreas de risco iminente

de transmissão. Uma vez que a transmissão dos diferentes sorotipos do DENV pode

ocasionar manifestações clínicas que variam de infecção assintomática até casos graves

e potencialmente fatais. Uma forma de evitar a morbidade e mortalidade causadas seria

o controle do vetor e diagnóstico precoce e específico, que se tornam ainda mais

necessários devido a circulação de Chikungunia vírus, o qual é transmitido pelo mesmo

mosquito vetor e causador da doença de sintomatologia semelhante a Dengue, a Febre

Chikungunia.

O diagnóstico definitivo da infecção pelo DENV depende do isolamento viral, da

detecção de antígenos virais ou RNA em soro ou tecidos, ou da detecção de anticorpos

específicos no soro dos pacientes. Destes, os métodos imunoenzimáticos frequentes na

rotina clínica para se confirmar uma infecção recente pelo DENV, principalmente em

razão de sua alta sensibilidade e rapidez. Porém, métodos sorológicos apresentam

limitações: dependem do fim do período da resposta imunológica para que o diagnóstico

seja concluído e apresentam sensibilidade diminuída em relação à possibilidade de

identificação do sorotipo infectante, já que ocorrem reações cruzadas entre os diferentes

sorotipos do DENV. Além disso, para amostras de mosquitos a detecção de DENV é

possível apenas com biologia molecular, isolamento de vírus em cultura e testes em

validação baseados em cromatografia ou ELISA lateral.

Portanto, uma tecnologia de biossensor acoplada com o uso de nanopartículas

metálicas oferece benefícios comparados aos métodos tradicionais com relação ao

tempo de análise, sensibilidade e simplicidade de manipulação. A partir disso, este

trabalho propõe desenvolver e analisar a eficácia de metodologias de funcionalização de

nanopartículas de ouro com anticorpos específicos anti-DENV e anti-flavivirus e a

ligação dos mesmos aos antígenos. Logo, poderá ser implementado um novo método de

diagnóstico de baixo custo de produção e ser ainda mais rápido, preciso e prático que as

técnicas já existentes. E ainda contribuir para estudos de vigilância da virologia em

mosquitos.

Page 40: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

III. OBJETIVOS

Page 41: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

28

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Desenvolver e avaliar a eficácia de um sistema de detecção de Dengue vírus

baseado em ressonância plasmônica utilizando nanopartículas de ouro.

3.2 Objetivos Específicos

1. Expandir e titular DENV 1 e DENV 2;

2. Purificar anticorpos monoclonais em coluna de afinidade, a partir de sobrenadante

de célula;

3. Estabelecer a melhor concentração de anticorpos monoclonais para

funcionalização de nanopartículas de ouro;

4. Analisar a capacidade de detecção de Dengue virus por nanopartículas de ouro.

Page 42: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

IV MATERIAIS E MÉTODOS

Page 43: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

30

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Células

Células de linhagem C6/36 de mosquito Aedes albopictus foram propagadas em

meio Leibovitz´s L15 (Cultilab, Campinas, SP), suplementado com 10% de soro fetal

bovino (SFB - Cultilab, Campinas, SP), 2,5 μg/mL de anfotericina B (Cultilab,

Campinas, SP) e 100U/50 µg/mL de penicilina/Streptomicina (Sigma, Campinas, SP.

Brasil) em B.O.D. à 28ºC, para as passagens do vírus.

Os Hibridomas da linhagem 3H5-1 (ATCC® HB-46

TM) e D1-4G2-4-15 (ATCC

®

HB-112TM

) foram propagadas em meio RPMI 1640 (Sigma, Campinas, SP.),

suplementado com 10% de soro fetal bovino, 0,05 mM de 2-Mercaptoetanol (GE

Healthcare Life Sciences), 100U/50 µg/mL de penicilina/estreptomicina (Sigma,

Campinas, SP. Brasil), 1mM de HEPES (Sigma, Campinas, SP.) e 2,7 g/L Bicarbonato

de sódio e mantidas em estufa a 37°C e 5% de CO2.

4.2 Vírus

4.2.1 Expansão viral

Estirpes de DENV foram propagadas, a fim de aumentar o título do vírus e o

volume da reserva de vírus. Para isso, 300 µL de suspensão de vírus foram adicionados

a 3700 µL de meio em um tubo de centrífuga (tipo Falcon®) de 12 mL estéril. O meio

da garrafa (75cm2) de cultivo de célula contendo células C6/36 foi retirado e a mesma

lavada com Tampão Fosfato (PBS) 1X (NaCl, KCl, Na2HPO4, KH2PO4) e a solução

anteriormente preparada de 4 mL contendo o vírus adicionado à garrafa. Esta foi então

incubada em estufa (B.O.D; 25ºC) por 1 hora e após, este tempo completou-se o volume

do frasco para 5 mL com meio de cultivo. A incubação em estufa foi mantida até que a

formação de sincícios, forma diferenciada das células decorrente de citopatogenicidade,

fosse observada (3-4 dias pós-infecção). O sobrenadante celular foi recolhido por

Page 44: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

31

centrifugação a 4.000 x g por 10 minutos a 4°C. Por fim, O sobrenadante foi distribuído

em alíquotas de 100 µL e armazenado a -70°C.

4.2.2 Titulação viral

Placas de 6 poços com concentração de 1x106

células LLCMK2/poço foram

incubadas em meio DMEM suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB -

Cultilab, Campinas, SP), 2,5 μg/mL de anfotericina B (Cultilab, Campinas, SP) e

100U/50 µg/mL de penicilina/Streptomicina (Sigma, Campinas, SP. Brasil) por 24

horas em estufa B.O.D 37°C e 5% de CO2. Após este tempo, o vírus a ser titulado foi

diluído em série de 10-1

, 10-2

, 10-3

, 10-4

, 10-5

, 10-6

e 10-7

. Os poços das placas foram

então lavados com PBS e 250 µl da diluição acrescentados ao poço correspondente. Ao

término de 1 hora de incubação em estufa os poços foram novamente lavados com PBS

e acrescentados de meio de cultura contendo carboxi-metil-celulose 1,5%. A placa foi

novamente incubada em estufa por 7 dias. A titulação foi revelada com formol 10% e

0,5mL de cristal violeta (diluição 1:50 - em água). Com a completa coração das placas,

o título de infectividade é expresso pelo número de Unidades Formadoras de Placas/ml.

UFP/ml = número de focos contados X recíproca de diluição

Volume inoculado (ml)

4.3 Imunoglobulinas

4.3.1 Indução da produção

Para induzir os Hibridomas a produzirem anticorpos anti-flavivirus (D1-4G2-4-

15/ATCC®

HB-112TM

) e anti- DENV2 (3H5-1/ ATCC® HB-46

TM) a cultura de células

foi mantida em garrafas de 175 cm2

com 20 mL de meio RPMI a 2% de soro fetal

bovino por 2-4 dias, até que o meio se apresentasse altamente metabolizado. Depois

Page 45: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

32

deste tempo, as células foram centrifugadas a 210 x g por 10 minutos e o sobrenadante

armazenado a -20°C.

4.3.2 Concentração (Viva Spin®)

O sobrenadante coletado a partir da cultura de Hibridomas após a indução da

produção de imunoglobulinas foram centrifugados em tubos Viva Spin®

(GE Healthcare

Life Sciences), a fim de concentrar os anticorpos produzidos e eliminar impurezas

provenientes do metabolismo celular e de meio de cultura. As amostras foram

centrifugadas a 4000 x g por 40 minutos em Viva Spin®

20 – 100000 MWCO (GE

Healthcare Life Sciences), uma vez que imunoglobulinas possuem tamanho aproximado

de 150 KDa, e depois, lavadas com PBS 1X (NaCl, KCl, Na2HPO4, KH2PO4).

4.3.3 Purificação

As imunoglobulinas foram purificadas com a utilização de Coluna HiTrap

ProteinG HP (GE Healthcare Life Sciences) de acordo com o fabricante. Foi utilizado

Tampão de ligação com Fosfato de sódio a 20 mM (pH 7,0), Tampão de Eluição com

Glicina-HCl a 100mM (pH 2,7) e Tampão de Neutralização com Tris-HCl a 1M (pH

9,0).

Após a purificação as frações coletadas se encontram com excesso de sal devido

os tampões utilizados. Desta forma, o purificado coletado foi novamente centrifugado

em tubos Viva Spin®

(GE Healthcare Life Sciences). As amostras foram centrifugadas a

4000 x g por 20 minutos em Viva Spin®

20 – 100000 MWCO (GE Healthcare Life

Sciences), uma vez que imunoglobulinas possuem tamanho aproximado de 150 KDa, e

lavadas um vez com PBS 1X (NaCl, KCl, Na2HPO4, KH2PO4). Ao final foram

ressuspendidas em PBS e mantidas a -20°C.

4.3.4 Quantificação

Agora, as amostras purificadas e livres de sal foram quantificadas por Dye

Concentrate Reagente (Bio-Rad Protein Assay). Uma curva de calibração foi construída

Page 46: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

33

empregando-se o BSA como padrão. Para isso utilizou-se a faixa de concentração de

0,05 mg/mL a 0,5 mg/mL de BSA, a 10 µL de cada concentração foi adicionado 200 µL

do reagente diluído em água (1:4), e o mesmo foi feito para as amostras a serem

quantificadas. A absorbância foi medida em espectrofotômetro UV-Vis (UV-1800,

SHIMADZU) a 595 nm e o cálculo de concentração das amostras foi feito com base na

equação da reta obtida na curva padrão realizada.

4.3.5 Verificação da eficiência da purificação

Para confirmar a integridade das imunoglobulinas após a purificação foi realizada

uma eletroforese em gel de poliacrilamida de 0,7 mm de espessura contendo dodecil

sulfato de sódio (SDS), conhecido como SDS-PAGE.

O gel é composto por duas fases: gel de empilhamento (ou de concentração) e gel

de separação. Este gel foi feito a 12% adicionando água ultra pura (2,46 mL), tampão

Tris-HCl 1,5M a um pH 8,8 (1,75 mL), Acrilamida/Bis 30% (2,33 mL), SDS 20% (8,75

µL), 70 µL de persulfato de amônio a 10% (APS – Vetec, Rio de Janeiro, RJ) e 7 µL de

TEMED (BioAgency, São Paulo, SP). Após leve agitação, a mistura foi distribuída

entre placas do kit Mini-Protean®

(Bio-Rad) até a completa polimerização. Já o gel de

empilhamento, que é necessário para o alinhamento das proteínas em um mesmo nível

no gel de eletroforese, foi feito a 5% adicionando água ultra pura (2,34 mL), tampão

Tris-HCl 0,5M a um pH 6,8 (1ml), Acrilamida/Bis 30% (1,86 mL), SDS 20% (6,4 µL),

APS 10% (40 µL) e TEMED (4 µL). Esta mistura foi então, aplicada sobre o gel de

separação. O pente para a formação das canaletas foi encaixado entre as placas e

deixou-se a temperatura ambiente até a completa polimerização, aproximadamente 30

minutos. Após este tempo, o gel foi colocado em cuba do kit Mini-Protean®

(Bio-Rad) e

submerso em tampão de corrida (0,25M Tris-HCl; 1,9M Glicina; 1% SDS).

As amostras a serem analisadas foram aquecidas a 100ºC por 10 minutos

juntamente com o tampão de amostra tampão de amostra (Tris-HCl 0,125M pH 6,8;

SDS 4%; glicerol 20%, azul de bromofenol 0,002%) e aplicadas no gel. A cuba foi

conectada a uma fonte e aplicada uma voltagem de 60V até as bandas se alinharem no

Page 47: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

34

limite entre as duas fases do gel. Em seguida foi aplicado 120V para o restante da

eletroforese.

Após a eletroforese, o gel foi transferido para um recipiente contendo solução

fixadora (40% metanol; 10% ácido acético e 50% de água ultra pura) e mantido sob

agitação por no mínimo 40 minutos. O gel foi corado com a solução de Comassie Blue

(1,2g de Comassie Blue®

, 300 mL de metanol, 60ml de ácido acético e 240ml de água

ultra pura) durante 15 minutos sob agitação. Por último, o gel foi descorado com a

solução descorante (10% metanol; 7% ácido acético; 83% de água ultra pura) por

aproximadamente 2 horas. A visualização das bandas foi realizada por comparação com

o padrão de peso molecular para proteínas (Bio-Rad).

4.4 Nanopartículas de Ouro

4.4.1 Biofuncionalização

As nanopartículas de ouro foram sintetizadas por método mediado por semente e

cedidas pelo Laboratório de Nanomateriais do Departamento de Física da Universidade

Federal de Minas Gerais em colaboração com o Prof. Dr. Luiz Orlando Ladeira.

Nesta síntese foi utilizada ácido cloroáurico (HAuCl4) 0,1mM e Cetyl

trimethylammonium bromide (CTAB) sob agitação por 1 hora em banho térmico a

40°C para a formação das primeiras partículas. Então, adiciona-se uma solução de

crescimento, contendo 0,2M de ácido cloroáurico e CTAB, e 0,2M de ácido ascórbico

até que ocorra a mudança de cor da solução de dourado para transparente. Após, uma

solução de nitrato de prata (AgNO3) em banho térmico a 30°C por até 48 horas,

controlando assim o tamanho de crescimento dos nanobastões. Por fim, os nanobastões

são purificadas, retirando o excesso de CTAB por centrifugação a 5600 g por 15

minutos, e caracterizados por microscopia.

Biomoléculas foram funcionalizadas em nanopartículas de ouro por intermédio de

reagentes ligantes como cisteamina e polietilenoimina. Isso deve ser realizado para que

o grupo tiol ou resíduo amina de uma das extremidades dos reagentes se ligue ao ouro e

o grupo amina (-NH2) da outra extremidade se ligue covalentemente ao grupo carboxila

(-COOH) da porção C-terminal do anticorpo. Para que ocorra a ligação dos radicais

Page 48: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

35

carboxilas com os aminas é necessário uma reação de amidação por diimida. Por isso, é

utilizado cloridrato de N-etil-N’-(3-dimetil-aminopropil)carbodiimida (EDAC) como

agente acoplante e N-hidroxisuccinimida (NHS) como agente estabilizante, o qual

converte os ácidos carboxílicos em ésteres ativos, que em seguida interagem com os

grupos amina dos reagentes ligantes.

4.4.2 Ligação com Cisteamina

A ligação de cisteamina (HSCH2CH2NH2) foi realizada para que fosse possível a

funcionalização dos anticorpos. Para isso, 250 µL de solução de nanopartículas foram

centrifugados a 4000g por 10 minutos, ressuspendidos em 250 µL de cisteamina (0,5

mM em água ultra pura) e incubados a temperatura ambiente por ultrasonicação por 30

minutos, para desestabilização do CTAB presente na superfície das nanopartículas.

Após, nanopartículas ligadas a cisteamina foram centrifugadas a 4000g por 10 minutos

e ressuspendidas em 250 µL contendo anticorpo previamente preparado.

Figura 7 Cisteamina. Fórmula química.

4.4.3 Ligação com Polietilenoimina (PEI)

Para que fosse possível a funcionalização dos anticorpos foi realizada a ligação de

polietilenoimina ((C2H5N)n), o qual é capaz de mediar a ligação eletrostática

nanobastão-anticorpo devido aos vários grupos amina reativos (ZAPP et al., 2014). Para

isso, 250 µL de solução de nanopartículas foram centrifugados a 4000g por 10 minutos,

ressuspendidos em 250 µL de polietilenoimin (0,3% em água ultra pura) e incubados a

temperatura ambiente por ultrasonicação por 30 minutos, para desestabilização do

CTAB presente na superfície das nanopartículas. Após, a solução foi novamente

Page 49: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

36

centrifugada a 4000g por 10 minutos e ressuspendidas em 250 µL de anticorpo

previamente preparado.

Figura 8 Polietilenoimina. Fórmula química.

4.4.4 Imunoglobulinas

Afim de testar a capacidade de detecção das nanopartículas de ouro, estas foram

incubadas com diferentes concentrações (50, 10, 2, 0,4 e 0,08 µg/mL) de anticorpos. A

solução de imunoglobulina foi previamente preparada de modo que a concentração

correspondente de anticorpo foi adicionado 30mM EDAC/HNS (0,4M:0,1M) e Tampão

fosfato (PBS1X, pH 7,4, NaCl, KCl, Na2HPO4, KH2PO4 em água ultra pura) para um

volume final de 250 µL e depois, incubada por 30 minutos a 4°C. Por fim, a reação de

nanopartículas funcionalizadas com cisteamina/polietilenoimina e anticorpos foi

realizada por uma hora a temperatura ambiente em banho ultrassônico. Ao final deste

tempo foram novamente centrifugadas a 4000 g por 10 minutos e ressuspendidos em

100µl de PBS e 100µl de solução com vírus.

4.4.5 Ensaios com DENV

Para analisar a sensibilidade de detecção uma diluição com diferentes valores de

Unidades formadoras de placas (UFP) de Dengue vírus foi realizada em PBS para um

Page 50: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

37

volume final de 100 µL e depois adicionada à concentração definida de anticorpo ligada

às nanopartículas. A reação ocorreu em temperatura ambiente por 30 minutos.

4.4.6. Análise em UV-Vis

Para a análise das reações, os espectros foram medidos em espectrômetro UV-Vis

(UV-1800, SHIMADZU), no qual é possível detectar as alterações dos elétrons de

superfície resultantes da ligação anticorpos-antígenos, por deslocamento do espectro

gerado.

4.4.7. Tratamento dos dados

Os dados resultantes da leitura em espectrômetro UV-Vis foram normalizados

utilizando PeakFit v4 e os gráficos foram gerados em GraphPad Prism.

4.4.8. Leitura de Potencial Zeta

Nanopartículas de ouro funcionalizadas com anticorpos foram também analisadas

por leitura de Potencial Zeta, com o qual é possível medir a estabilidade e a ligação de

moléculas nas partículas. Para as leituras 10 µL de amostra, ressuspendida em PBS,

foram diluídos em 1,5 mL de água ultra pura e então, aplicados em cubetas específicas.

As medidas foram feitas utilizando Zetasizer (NanoSeries – Malvern) no laboratório

multiusuários da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto.

Page 51: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

V RESULTADOS E DISCUSSÃO

Page 52: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

39

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Purificação de anticorpos monoclonais por coluna de afinidade

Após a indução de hibridomas para a produção de imunoglobulinas, o

sobrenadante coletado foi purificado em coluna de afinidade. Para verificar a pureza das

amostras, foi realizado um SDS-PAGE a 12% e aplicado aproximadamente 8µg de

proteína (FIGURA 9). As imunoglobulinas da classe IgG tem tamanho aproximado de

150 KDa, sendo duas cadeias pesadas de 50KDa e duas cadeias leves de 25KDa

(STRANFORD, 2009). Dessa maneira, as bandas destacadas (50 e 25KDa), sob

condição desnaturante, representam as duas cadeias (pesada e leve) das

imunoglobulinas purificadas. A ausência de demais bandas demonstra a eficiência da

purificação.

50 KDa

25 KDa

PMM A

50 KDa

25 KDa

B

Figura 9 SDS-PAGE 12% de imunoglobulinas purificadas em coluna de afinidade. Amostras de

sobrenadante de célula foram purificadas em coluna de afinidade. As bandas em destaque representam

as cadeias pesada (50KDa) e leve (25KDa) dos anticorpos, sob condição desnaturante. (A) Anticorpo

anti-flavivirus (AF) e (B) anti-denv2 (AD2). PMM: padrão de massa molecular.

AF PMM AD2

Page 53: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

40

5.2 Análise da concentração de ligante

As AuNPs se ligam facilmente a várias moléculas, mas no caso de proteína não

tioladas, como os anticorpos a serem utilizados, é necessário a ligação de um reagente

que atue como intermediário da ligação nanobastões-anticorpos. Para isso então,

primeiramente foi determinada a melhor concentração de ligante para ser funcionalizado

com nanobastões de ouro, incubando várias concentrações (0,01; 0,1; 0,5 e 1mM) de

cisteamina aos mesmos (Figura 10).

Já foi visto que pode ocorrer uma modificação na intensidade da extinção devido a

alteração na concentração de partículas, muitas vezes causado pelos processos de

centrifugação e lavagem da amostra. No entanto, mudança no comprimento de onda das

bandas de plasmon é determinada pela modificação nas propriedades dielétricas das

nanopartículas, ou seja, nestes casos, o deslocamento ocorre quando há a ligação

covalente do reagente à nanopartícula de ouro (YU; IRUDAYARAJ, 2007). Por isso,

podemos sugerir que os deslocamentos apresentados nos resultados representam a

ligação das moléculas às AuNPs.

É possível observar que com as concentrações de 0,01mM (Figura 10A), 0,1 mM

(Figura 10B) e 0,5mM (Figura 10C) o perfil do espectro se manteve e houve

deslocamento. Entretanto, quando as AuNPs foram incubadas com 1mM de cisteamina

parece ter ocorrido aglomeração, sugerido pela mudança do perfil do espectro se

comparado com AuNPs puras (vermelho). Uma vez que esta aglomeração pode impedir

a posterior ligação dos anticorpos, definimos que a concentração a ser utilizada seria de

0,5mM, a qual apresentou deslocamento sem perfil de aglomeração.

Page 54: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

41

A definição da concentração também foi realizada com o reagente

Polietilenoimina (PEI) (Figura 11). Pela análise dos espectros apresentados foi

verificado que três das quatro concentrações testadas apresentaram perfil de

aglomeração das nanopartículas, o que poderia prejudicar a ligação dos anticorpos e

subsequente detecção do vírus. Tais concentrações variam entre: 0,05%, 0,1% e 0,2%

(Figura 11A - C). Dessa forma, selecionamos para os posteriores procedimentos de

ligação do anticorpo a concentração de 0,3% de PEI (Figura 11D).

A B

C D

Figura 10 Espectroscopia de UV-Vis da análise de concentração de cisteamina. (A) Espectro

resultante da ligação de 0,01 mM de cisteamina às AuNPs com um deslocamento de 13 nm. (B) Ligação

de 0,1 mM com 31 nm de deslocamento. (C) Ligação de 0,5 mM com 13 nm de deslocamento. (D)

Ligação de 1 mM com 24 nm de deslocamento. Linha vermelha (AuNPs): nanopartículas puras. Linha

azul: diferentes concentrações de cisteamina ligadas às nanopartículas.

Page 55: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

42

5.3 Definição da concentração de anticorpos

Após a definição da concentração do ligante a ser utilizada foi necessário

determinar a concentração ideal de anticorpo. Para tanto, várias concentrações (50; 10;

2; 0,4 e 0,08µg/ml) de anti-flavivirus, específico para os vírus do gênero Flavivirus,

foram incubadas às AuNPs funcionalizadas com 0,5mM de cisteamina (Figura 13).

A B

C D

Figura 11 Espectroscopia de UV-Vis da análise de concentração de polietilenoimina. (A) Espectro

resultante da ligação de 0,05% de PEI às AuNPs com um deslocamento de 90 nm. (B) Ligação de 0,1%

com 90 nm de deslocamento. (C) Ligação de 0,2% com 62 nm de deslocamento. (D) Ligação de 0,3% com

32 nm de deslocamento. Linha vermelha (AuNPs): nanopartículas puras. Linha azul: diferentes

concentrações de polietilenoimina ligadas às nanopartículas

Page 56: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

43

Foi possível observar que a ligação de cisteamina às nanopartículas manteve o

deslocamento visto anteriormente (Figura 13A), mas a ligação dos anticorpos não

mostrou qualquer deslocamento em nenhuma das concentrações testadas (Figura 13B),

demonstrando que não houve ligação e então, não seria eficiente na detecção quando

incubadas com vírus. Por isso, a cisteamina não foi considerada um bom ligante para

um sistema de biossensor.

O mesmo foi feito com AuNPs funcionalizadas com 0,3% de PEI (Figura 14). E, a

partir, das figuras apresentadas (Figura 14B-F) e da Tabela 1 podemos sugerir que a

melhor concentração a ser utilizada para a ligação às AuNPs/PEI é de 0,4µg/ml. Isto

porque, apresentou o maior valor de deslocamento de bandas de ressonância em relação

ao controle (AuNPs – PEI), se comparado com as demais concentrações. Com as

maiores concentrações (10µg/ml e 50µg/ml) não obtivemos um maior deslocamento,

como era esperado, e uma explicação para tal poderia ser o fato do excesso de anticorpo

resultar no impedimento da ligação por competição.

B A

Figura 12 Espectroscopia de UV-Vis da análise de concentração de anti-flavivirus na presença de

cisteamina. (A) Espectro de AuNPs puras (vermelho) e ligação de 0,5 mM de cisteamina às AuNPs

(Azul) com um deslocamento de 37 nm. (B) Ligação de várias concentrações (50; 10; 2; 0,4 e 0,08µg/ml)

do anticorpo às AuNPs funcionalizadas com 0,5mM de cisteamina (Controle) sem nenhum

deslocamento.

Page 57: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

44

Figura 13 Espectroscopia de UV-Vis da análise de concentração de anti-flavivirus na presença de

polietilenoimina. (A) Espectro de AuNPs puras (vermelho) e ligação de 0,3% de polietilenoimina às

AuNPs (Azul) com um deslocamento de 32 nm. (B) Ligação de 0,08 µg/ml. (C) Ligação de 0,4 µg/ml.

(D) Ligação de 2 µg/ml. (E) Ligação de 10 µg/ml. (F) Ligação de 50 µg./ml Linha azul (Controle):

AuNPs funcionalizadas com 0,3% de polietilenoimina.

A B

C D

E F

Page 58: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

45

Tabela 1 Variação de deslocamento de bandas de ressonância plasmônica para a diferentes

concentrações de anit-flavivirus.

Controle/

Concentração

Comprimento

de onda

Deslocamento

(nm)

Controle 748 -

0,08 µg/ml 724 24

0,40 µg/ml 716 32

2,00 µg/ml 742 6

10,0 µg/ml 730 18

50,0 µg/ml 754 6

Além da leitura em UV-Vis as amostras de AuNPs ligadas a cisteamina ou

polietilenoimina e às várias concentrações de anticorpos foram submetidas a leitura de

Potencial Zeta (Figura 12). Este consiste em uma medida tanto da estabilidade quanto

da ligação de moléculas nas partículas, na qual, os valores mais negativos ou positivos

estão associados com a solução mais estável, uma vez que a repulsão entre as partículas

reduz a agregação das partículas (CHUMAKOVA et al., 2008).

Figura 14 Potencial Zeta (mV) para as diferentes concentrações de anti-flavivirus. (A) Ligação de

anticorpo em várias concentrações às AuNPs funcionalizadas a Cisteamina (Controle). (B) Ligação de

várias concentrações de anticorpo às AuNPs funcionalizadas a PEI (Controle). AuNP representa as

nanopartículas puras.(n= 10-14 para cada reação).

A B

Page 59: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

46

Os nanobastões de ouro são sintetizados com CTAB, uma molécula carregada

positivamente que confere estabilidade às AuNPs, mas após a ligação de outras

moléculas na superfície das nanopartículas parte deste CTAB é retirado. Quando isso

ocorre a medida do potencial zeta deve ser reduzida, uma vez que perde a estabilidade

oferecida pelo CTAB, entretanto, este valor deve ser diferente de zero. No caso de

moléculas carregadas positivamente o valor de potencial zeta continua positivo, mas se

for negativamente o valor se torna negativo (LIOPO et al., 2012).

A Figura 12A representa a medida de potencial zeta da funcionalização de

AuNPs/Cisteamina ao anticorpo, ocorreu redução dos valores indicando que houve a

ligação das nanopartículas ao anticorpo, mas o mesmo não pôde ser observado na

amostra controle (AuNP-Cisteamina). É um resultado que não corrobora aquele obtido

por espectroscopia e uma explicação para isso é que as imunoglobulinas tenham sido

adsorvidas na superfície da nanopartícula e não ligadas covalentemente. Isso porque, a

leitura de espectro de ressonância de plasmon possui maior sensibilidade que potencial

zeta. Já na Figura 12B está representada a funcionalização de anticorpo com

nanopartículas ligadas a PEI e este resultado, entretanto, corrobora com o encontrado na

leitura em UV-Vis. Os valores de potencial zeta da amostra controle e das amostras com

anticorpos foram reduzidos, mas se mantiveram positivo, sugerindo que os anticorpos se

ligam de forma estável ao PEI.

5.4 Determinação do tempo de detecção

Para estabelecer o tempo que o sistema é capaz de detectar o vírus, foi feito um

ensaio, mostrado na figura 15, em que 5000 UFP/ml foram adicionados às AuNPs-PEI.

Logo após a adição do vírus foi realizada a primeira leitura em espectrofotômetro

(Tempo 0), na qual já pôde ser observado um deslocamento de 18 nm (Tabela 2),

indicando a alta sensibilidade do biossensor proposto.

As leituras seguintes ao Tempo 0 foram feitas de dois em dois minutos até

alcançar 10 minutos, depois de cinco em cinco até os 30 minutos e de dez em dez até 60

minutos (Figura 16). O deslocamento aumentou proporcionalmente ao tempo de

incubação, como pode ser visto tanto na figura 16 quanto na tabela 2. No entanto, 30

minutos de incubação foi considerado um tempo suficientemente satisfatório, uma vez

Page 60: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

47

que apresentou apenas 8 nm de diferença no deslocamento se comparado com a leitura

de 60 minutos. Se comparado a técnicas já existente, as quais geralmente requerem um

maior tempo de detecção, o ensaio o neste trabalho mostrou-se eficiente com um

resultado em curto prazo. Portanto, no que refere ao tempo necessário para realização

do teste, este sistema apresenta bons atributos para uma detecção rápida para Dengue.

Tabela 2 Variação de deslocamento de bandas de ressonância plasmônica para a análise de tempo

de detecção de Dengue vírus.

Controle/

Tempo

Comprimento

de onda

Deslocamento

(nm)

Controle 765 -

Tempo 0 783 18

15 minutos 806 41

30 minutos 820 55

60 minutos 828 63

B A

Figura 15 Espectroscopia de UV-Vis da análise de tempo de detecção do Dengue vírus. (A) Espectro

de detecção de vírus nos diferentes tempos testados: 2 em 2 minutos até 10 minutos e de 5 em 5 minutos

até 1 hora. (B) Espectro da detecção do vírus nos quatro principais tempos (0, 15, 30 e 60 minutos). Linha

azul (Controle): AuNPs funcionalizadas com 0,3% de polietilenoimina e 0,4µg /ml de anti-flavivirus.

Tempo 0: leitura imediatamente após a adição do vírus. Para cada amostra foi adicionado 5000UFP/ml do

DENV1.

Page 61: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

48

Figura 16 Análise da variação de deslocamento para diferentes tempos de detecção de Dengue vírus.

Tempo de detecção de vírus nos diferentes tempos testados: 2 em 2 minutos até 10 minutos e de 5 em 5

minutos até 30 minutos e 10 em 10 até 1 hora. Tempo 0: leitura imediatamente após a adição do vírus.

Para cada amostra foi adicionado 5000UFP/ml do DENV1.

5.5 Análise de sensibilidade e especificidade

Um biossensor sensível tem que ser capaz de detectar pequenas quantidades de

moléculas. Por isso, foi feito um ensaio em que várias concentrações de vírus, expressas

em Unidades Formadoras de Placa (UFP), foram incubadas às AuNPs funcionalizadas a

0,3% de PEI e 0,4µg/ml de anti-flavivirus (Figura 17).

Como pode ser observado na figura 17 e tabela 3 com 50 UFP/ml (10 UFP) um

pequeno deslocamento de 4 nm ocorreu, mas se torna mais evidente com 500 UFP/ml

(100 UFP), apresentando um deslocamento de 18 nm. Mais evidente ainda com as

maiores concentrações, 5000 UFP/ml e 50000 UFP/ml, como era esperado. O

deslocamento em baixas concentrações de vírus, mesmo que pequeno, pode indicar que

o método é sensível para a detecção de DENV1.

Além deste, foi realizado um ensaio em que as AuNPs funcionalizadas com PEI e

anticorpo anti-flavivirus foram incubadas com diferentes concentrações de Mayaro

vírus (MV), um vírus do gênero Alphavirus e família Togaviridae (TESH et al., 1999).

Uma vez que o anticorpo utilizado é específico para o gênero Flavivirus a ausência de

deslocamento após a incubação com vírus de outro gênero, como MV sugere a

especificidade do biossensor. A figura 18 e a tabela 4 mostram este resultado, nas quais

Page 62: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

49

se observa que não houve detecção do MV em quatro das cinco concentrações testadas,

já que não ocorreu deslocamento em relação ao controle. Um deslocamento de 14 nm

ocorreu apenas na presença de alta concentração (500000 UFP/ml) de MV, a qual,

entretanto, não é encontrada em amostra biológica natural.

Desse modo, sugerimos que o biossensor pode ser rápido, sensível e específico

para a detecção de Flavivirus. Mas apesar de promissores, os resultados apresentados

são preliminares e o processo de funcionalização deve ser aperfeiçoado, com, por

exemplo, a utilização de outros ligantes que poderiam promover ligações ainda mais

estáveis. E ainda, serão necessários novos ensaios para validar a funcionalidade do

biossensor, utilizando amostras de sangue e de mosquitos macerados, os quais poderão

ser fatores limitantes, visto que a presença de outras proteínas inespecíficas nestas

amostras poderia dificultar a detecção eficiente do vírus.

Os resultados obtidos neste trabalho podem ainda ser utilizados como base para

outras aplicações. Ensaios de aglomeração podem ser realizados de modo que

nanobastões e principalmente nanoesferas se aglomerem na presença do antígeno,

podendo resultar no alargamento do pico de ressonância ou mesmo na mudança de cor

da solução (NIETZOLD; LISDAT, 2012). Além disso, técnicas como microfluidica

(HAN; LI; SEONG, 2013) e SERS (STUART et al., 2005) poderiam ser associadas a

ressonância de plasmon para facilitar e tornar a detecção ainda mais eficiente.

Page 63: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

50

Tabela 3 Variação de deslocamento de bandas de ressonância plasmônica para análise de

sensibilidade de detecção de Dengue vírus.

Controle/

Concentração

Comprimento

de onda

Deslocamento

(nm)

Controle 760 -

10 UFP 764 4

100 UFP 778 18

1000 UFP 815 55

10.000 UFP 810 50

A B

C D

Figura 17 Espectroscopia de UV-Vis da análise da sensibilidade de detecção do Dengue vírus..

Espectro de detecção de DENV 1 nas diferentes concentrações (A) 10 UFP (50 UFP/ml). (B) 100 UFP

(500 UFP/ml). (C) 1000 UFP (5000 UFP/ml) e (D) 10000 UFP (50000 UFP/ml). Linha azul (Controle):

AuNPs funcionalizadas com 0,3% de polietilenoimina e 0,4µg/ml de anti-flavivirus.

Page 64: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

51

Figura 18 Espectroscopia de UV-Vis da análise da sensibilidade de detecção do Mayaro vírus.

Espectro de detecção de Mayaro virus nas diferentes concentrações (A) 10 UFP (50 UFP/ml). (B) 100

UFP (500 UFP/ml). (C) 1000 UFP (5000 UFP/ml), (D) 10000 UFP (50000 UFP/ml) e (E) 100000

(500000 UFP/ml). Linha azul (Controle): AuNPs funcionalizadas com 0,3% de polietilenoimina e

0,4µg/ml de anti-flavivirus.

A

C

B

D

E

Page 65: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

52

Tabela 4

Tabela 4 Variação de deslocamento de bandas de ressonância plasmônica da análise da

sensibilidade de detecção do Mayaro vírus.

Controle/

Concentração

Comprimento

de onda

Deslocamento

(nm)

Controle 760 -

10 UFP 760 0

100 UFP 760 0

1000 UFP 760 0

10.000 UFP 760 0

100.000 UFP 774 14

Page 66: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

VI. CONCLUSÕES

Page 67: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

54

6. CONCLUSÕES

Foi possível obter e purificar as imunoglobulinas com os métodos empregados

para que pudessem ser utilizadas na funcionalização em nanopartículas de ouro. Além

disso, a ligação de polietilenoimina às AuNPs foi bem sucedida, sendo possível a

ligação das imunoglobulinas na concentração determinada.

Por fim, as nanopartículas de ouro funcionalizadas com polietilenoimina e anti-

flavivirus foram capazes de detectar partículas virais nos primeiros minutos de

incubação com DENV1 e em baixas concentrações. O mesmo não foi observado quando

as mesmas foram incubadas com MV, para o qual o anticorpo não é específico.

Portanto, a partir dos ensaios realizados e dos resultados alcançados sugerimos que o

biossensor proposto é rápido, sensível para a detecção de DENV1 e específico para a

detecção de Flavivirus.

Page 68: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

VII. PERSPECTIVAS

Page 69: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

56

7. PERSPECTIVAS

1. Funcionalizar nanopartículas de ouro com anti-DENV2 e testar a sensibilidade na

presença de diferentes concentrações de DENV2;

2. Funcionalizar nanopartículas de ouro com PEG tiolado (SH-PEG), a fim de

aumentar a estabilidade das AuNPs funcionalizadas;

3. Testar a capacidade e a especificidade de detecção de diferentes sorotipos de

DENV a partir de AuNPs funcionalizadas com imunoglobulinas específicas para cada

sorotipo;

4. Testar a sensibilidade do biossensor para detecção de DENV em macerado de

mosquitos e plasma de pacientes infectados com DENV;

5. Funcionalizar nanoesferas para testar a capacidade de agregação na presença de

DENV e viabilizar o desenvolvimento de um sistema de detecção baseado em

colorimetria.

Page 70: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

VIII. REFERÊNCIAS

Page 71: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

58

8. REFERÊNCIAS

ALCON, S.; TALARMIN, A.; DEBRUYNE, M.; et al. (2002). Enzyme-linked

immunosorbent assay specific to Dengue virus type 1 nonstructural protein NS1 reveals

circulation of the antigen in the blood during the acute phase of disease in patients

experiencing primary or secondary infections. Journal of clinical microbiology, v.40,

p.376–81.

ALTINTAS, Z.; ULUDAG, Y.; GURBUZ, Y. E TOTHILL, E. I. (2011). Surface

plasmon resonance based immunosensor for the detection of the cancer biomarker

carcinoembryonic antigen. Talanta, v. 86, p. 377–83.

AUBIN-TAM, M-E; HAMAD-SCHIFFERLI, K.(2008). Structure and function of

nanoparticle-protein conjugates. Biomedical materials (Bristol, England), v. 3,

p.034001.

AUSTIN, L. A..; MACKEY, M. A.; DREADEN, E. C..; et al. (2014). The optical,

photothermal, and facile surface chemical properties of gold and silver nanoparticles in

biodiagnostics, therapy, and drug delivery. Archives of Toxicology, v.88, p.1391–1417.

BARBOSA, J. S.; SIQUEIRA, J. B. J.; COELHO, G. E.; et al. (2002). Dengue in

Brazil: current situation and prevention and control activities. Epidemiological

bulletin, v.23, p.3–6.

BESERRA, E. B.; FERNANDES, C. R. M.; SILVA, S. A. et al. (2009). Efeitos da

temperatura no ciclo de vida, exigências térmicas e estimativas do número de gerações

anuais de Aedes aegypti (Diptera, Culicidae). Iheringia. Série Zoologia, v.99, p.142–

148.

BHATT, S.; GETHING, P. W.; BRADY, O. J.; et al. (2013). The global distribution

and burden of dengue. Nature, v.496, p.504–507.

BRADY, O. J.; GETHING, P. W.; BHATT, S.; et al. (2012). Refining the global spatial

limits of dengue virus transmission by evidence-based consensus. PloS one, v.6,

p.1760.

BRESSANELLI, S.; STIASNY, K.; ALLISON, S. L.; et al. (2004). Structure of a

flavivirus envelope glycoprotein in its low-pH-induced membrane fusion conformation.

The EMBO journal, v.23, p.728–738.

Page 72: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

59

CALISHER, C., H.; KARABATSOS, N.; DALRYMPLE, J. M.; SHOPE, R. E.; et al

(1989). Antigenic relationships between flaviviruses as determined by cross-

neutralization tests with polyclonal antisera. Journal Gen. Virology, v.70, p.37–43.

CARRINGTON, L. B..; SIMMONS, C. P. (2014). Human to mosquito transmission of

dengue viruses. Frontiers in Immunology, v.5, p.1–8.

CARTER, J. R.; BALARAMAN, V.; KUCHARKI, C. A; FRASER, T. S. E FRASER,

M. J. (2013) . A novel dengue virus detection method that couples DNAzyme and gold

nanoparticle approaches. Virology journal, v. 10, p. 201.

CARVALHO, D. O.; NIMMO, D.; NAISH, N.; et al.(2014). Mass production of

genetically modified Aedes aegypti for field releases in Brazil. Journal of visualized

experiments : JoVE, p.1–10.

CHAMBERS, T. J.; HAHN, C. S.; GALLER, R.; et al. (1990). Flavivirus genome

organization, expression, and replication. Annual Reviews Microbioloy, v.44, p.649–

688.

CHASE, A. J.; MEDINA, F. A,; MUÑOZ-JORDÁN, J. L.(2011). Impairment of CD4 +

T cell polarization by dengue virus-infected dendritic cells. Journal of Infectious

Diseases, v.203, p.1763–1774.

CHEN, Y. C.; HUANG, H. N.; LIN, C. T.; et al. (2007). Generation and

characterization of monoclonal antibodies against dengue virus type 1 for epitope

mapping and serological detection by epitope-based peptide antigens. Clinical and

Vaccine Immunology, v.14, p.404–411.

CHEN, Y.; MAGUIRE, T. HILEMAN, R. E. et al. (1997) Dengue virus infectivity

depends on envelope protein binding to raget cell heparan sulfate. Natrue Medicine,

v.3, p.866–871.

CHRISTOPHERS, S. R. (1960). Aedes aegypti - The Yellow Fever Mosquito. p. 10-

20.

CHUMAKOVA, O. V.; LIOPO, A.V.; ANDREEV, V. G..; et al. (2008). Composition

of PLGA and PEI/DNA nanoparticles improves ultrasound-mediated gene delivery in

solid tumors in vivo. Cancer Letters, v.261, p.215–225.

CLELAND, B. Y. J. B.; SYDNEY, C. H. M.; WALES, N. S.; et al. (1918). Dengue

Fever in Australia. Journal of Hyg., v.16, p.317–418.

Page 73: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

60

CLEMENTI, N.; MANCINI, N.; SOLFOROSI, .; et al. (2012). Phage display-based

strategies for cloning and optimization of monoclonal antibodies directed against human

pathogens. International Journal of Molecular Sciences, v.13, p.8273–8292.

CLYDE, K.; KYLE, J. L.; HARRIS, E. (2006). Recent advances in deciphering viral

and host determinants of dengue virus replication and pathogenesis. Journal of

virology, v.80, p.11418–31.

COBRA, C.; RIGAU-PEREZ, J. G.; KUNO, G.; et al. (1995). Symptoms of dengue

fever in relation to host immunologic response and virus serotype , Puerto Rico , 1990-

1991. American Journal of Epidemiology, v.142, p.1204–1211.

COLOMBAGE, G.; HALL, R.; PAVY, M.; et al. (1998). DNA-based and alphavirus-

vectored immunisation with prM and E proteins elicits long-lived and protective

immunity against the flavivirus, Murray Valley encephalitis virus. Virology, v.250,

p.151–63.

CONNOR, E. E.; MWAMUKA, J.; GOLE, A.; et al. (2005). Gold nanoparticles are

taken up by human cells but do not cause acute cytotoxicity. Small, v.1, p.325–327.

KUNO, G.; GÓMEZ, I.; GUBLER, D.J. (1991). An ELISA procedure for the diagnosis

of dengue infections. Journal of Virological Methods, v.33, p.101–113.

COOK, S.; MOUREAU, G.; KITCHEN, A.; et al. (2012). Molecular evolution of the

insect-specific flaviviruses. Journal of General Virology, v.93, p.223–234.

CREIGHTON, J. A.; EADON, D. G. (1991). Ultraviolet-visible absorption spectra of

the colloidal metallic elements. Journal of the Chemical Society, Faraday

Transactions, v.87, p.3881.

CRUZ, H. J.; ROSA, C. C.; OLIVA, A. G. (2002) Immunosensors for diagnostic

applications. Parasitology Research, v.88, p.4–7.

DANIEL, M.C.; ASTRUC, D. (2004).. Gold nanoparticles: assembly, supramolecular

chemistry, quantum-size-related properties, and applications toward biology, catalysis,

and nanotechnology. Chemical reviews, v.104, p.293–346.

DONALISIO, M. R.; FREITAS, A. R. R. (2015). Chikungunya no Brasil: um desafio

emergente. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 18, p. 283–285.

Page 74: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

61

DOWLING, A.; CLIFT, R.; GROBERT, N. et al.(2004). Nanoscience and

nanotechnologies : opportunities and uncertainties. London The Royal Society The

Royal Academy of Engineering Report, v.46, p.618–618.

EL-SAYED, S. L. AND MOSTAFA A.(1999). Spectral properties and relaxation

dynamics of surface plasmon electronic oscillations in gold and silver nanodots and

nanorods. J. Phys. Chem. B, v.103, p.8410–8426.

ELSHUBER, S.; ALLISON, S. L.; HEINZ, F. X..; et al. (2003). Cleavage of protein

prM is necessary for infection of BHK-21 cells by tick-borne encephalitis virus.

Journal of General Virology, v.84, p.183–191.

FALCONAR, A K; YOUNG, P R. (1991). Production of dimer-specific and dengue

virus group cross-reactive mouse monoclonal antibodies to the dengue 2 virus non-

structural glycoprotein NS1. The Journal of general virology, v.72, p.961–965.

FARADAY, M. (1857). The bakerian lecture: experimental relations of gold (and other

metals) to light. The Royal Society, v.147, p.145–181.

FREY, B. L.; JORDAN, C. E.; KOMGUTH, S.; et al. (1995). Control of the specific

adsorption of proteins onto gold surfaces with poly( l-lysine) monolayers. Anal. Chem.,

v.67, p.4452–4457.

GRANMAYEH, A. R.; ABBASI, H.; AFZALI, M. H. (2011). Gold nanoparticles:

synthesising, characterizing and reviewing novel application in recent years. Physics

Procedia, v.22, p.203–208.

GREEN, S., ROTHMAN, A. (2006). Immunopathological mechanisms in dengue and

dengue hemorrhagic fever. Curr Opin Infect Dis, v.19, p.429–436.

GROEN, J.; KORAKA, P.; VELZING, J.; et al. (2000) Evaluation of six immunoassays

for detection of dengue virus-specific immunoglobulin M and G antibodies. Clinical

and diagnostic laboratory immunology, v.7, p.867–871.

GROMOWSKI, G. D.; BARRETT, N. D.; BARRETT, A. D. T. (2008) Characterization

of dengue virus complex-specific neutralizing epitopes on envelope protein domain III

of dengue 2 virus. Journal of virology, v.82, p.8828–37.

GUBLER, D J.(1998). Dengue and dengue hemorrhagic fever. Clinical microbiology

reviews, v.11, p.480–496.

Page 75: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

62

GUBLER, D J; ROSEN, L. (1976) A simple technique for demonstrating transmission

of dengue virus by mosquitoes without the use of vertebrate hosts. The American

journal of tropical medicine and hygiene, v.25, p.146–50.

GUY, B.; ALMOND, J. W. (2008) Towards a dengue vaccine: Progress to date and

remaining challenges. Comparative Immunology, Microbiology and Infectious

Diseases, v.31, p.239–252.

HALL, D. (2001). Use of optical biosensors for the study of mechanistically concerted

surface adsorption processes. Analytical biochemistry, v.288, p.109–25.

HAMMOCK, M.P. M.; GEE, S.; BRUCE, D. (1995). Immunochemical techniques for

environmental analysis. Trends in analytical chemistry, v.14, p.341–350.

HAWLEY, W A. (1988). The biology of Aedes albopictus. Journal of the American

Mosquito Control Association. Supplement, v.1, p.1–39.

HEINZ, F. X.; ALLISON, S. L. (2000). Structures And Mechanisms In Flavivirus

Fusion. Advances Virus Research, v.55, p.231–269.

HERNANDEZ, L. D.; HOFFMAN, L. R.; WOLFSBERG, T. G.(1996). Virus- cell and

cell-cell fusion. Annu. Rev. Cell Drv. Biol., v.12, p.627–661.

HIGA, Y. (2011). Dengue vectors and their spatial distribution. Tropical medicine and

health, v.39, p.17–27.

HOLMES, E. C.; BURCH, S.S (2000). The causes and consequences of genetic

variation in dengue virus. Trends in Microbiology, v.8, p.74–77.

HUANG, X.; EL-SAYED, M. A. (2010). Gold nanoparticles: optical properties and

implementations in cancer diagnosis and photothermal therapy. Journal of Advanced

Research, v.1, p.13–28.

HUANG, X.; NERETINA, S.; EL-SAYED, M. A. (2009). Gold nanorods: from

synthesis and properties to biological and biomedical applications. Advanced

Materials, v.21, p.4880–4910.

HULLMANN, A. (2007). Measuring and assessing the development of nanotechnology.

Scientometrics, v.70, p.739–758.

Page 76: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

63

HULTEEN, J. C.; TREICHEL, D. A.; SMITH, M. T.; et al. (1999). Nanosphere

lithography: Size-tunable silver nanoparticle and surface cluster arrays. Journal of

Physical Chemistry B, v.103, p.3854–3863.

HUNSPERGER, E. A.; YOKSAN, S.; BUCHY, P.; et al. (2009).Evaluation of

commercially available anti-dengue virus immunoglobulin M tests. Emerging

infectious diseases, v.15, p.436–40.

ISHAK, R.; TOVEY, D. G.; HOWARD, C. R. (1988). Morphogenesis of yellow fever

virus 17D in infected cell cultures. The Journal of general virology, v.69, p.325–335.

JAIN, K. K.(2005). Nanotechnology in clinical laboratory diagnostics. Clinica Chimica

Acta, v.358, p.37–54.

JAIN, P. K.; HUANG, X.; EL-SAYED, I. H.; et al. (2008). Noble metals on the

nanoscale: optical and photothermal properties and some applications in imaging,

sensing, biology, and medicine. Accounts of chemical research, v.41, p.1578–86.

JAIN, P.K.; LEE, K. S; EL-SAYED, I. H.; et al. (2006). Calculated absorption and

scattering properties of gold nanoparticles of different size, shape, and composition:

Applications in biological imaging and biomedicine. Journal of Physical Chemistry

B, v.110, p.7238–7248.

JARMAN, R. G.; NISALAK, A.; ANDERSON, K. B.; et al. (2011). Factors

influencing dengue virus isolation by C6/36 cell culture and mosquito inoculation of

nested PCR-positive clinical samples. The American journal of tropical medicine

and hygiene, v.84, p.218–23.

JENSEN, T. R.; MALINSKY, M. D.; HAYNES, C. L.; et al. (2000). Nanosphere

lithography: Tunable localized surface plasmon resonance spectra of silver

nanoparticles. J. Phys. Chem. B, v.104, p.10549–10556.

JOUAN, A.; THULLIER, P.; DEMANGEL, C.; et al. (2001) Mapping of a dengue

virus neutralizing epitope critical for the infectivity of all serotypes : insight into the

neutralization mechanism. Journal of General Virology, v.397, p.1885–1892.

JUNG, L. S.; CAMPBELL, C. T.; CHINOWSKY, T. M.; et al. (1998). Quantitative

Interpretation of the Response of Surface Plasmon Resonance Sensors to Adsorbed

Films. Langmuir, v.14, p.5636–5648.

Page 77: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

64

KALAYANAROOJ, S.; VAUGHN, D.W.; NIMMANNITYA, S.; et al. (1997). Early

clinical and laboratory indicators of acute dengue illness. The Journal of Infectious

Diseases, v.176, p.313–321.

KANAI, R.; KAR, K.; ANTHONY, K.; et al. (2006). Crystal structure of west nile

virus envelope glycoprotein reveals viral surface epitopes. Journal of virology, v.80,

p.11000–8.

KB, C.; MUSTAFA., B.; AH, A. W.; et al. (2011). A comparative evaluation of dengue

diagnostic tests based on single- acute serum samples for laboratory confirmation of

acute dengue. Malaysian Journal Pathol, v.33, p.13–20.

KLENK, H.D. e GARTEN, W. (1994). Host cell proteases controlling virus

pathogenicity. Trends in Microbiology, v.2, p.39–43.

KNIPE, D. M. e HOWLEY, P. M. (2001) Fields Virology Contents. 4th

Edition.

KOHLER, G. e MILSTEIN, C. (1975). Continous cultures of fused cells secreting

antibody of predefined specificity. Nature, v.256, p.495–497.

LANCIOTTI, R. S.; CALISHER, C. H.; GUBLES, D. J.; et al. (1992). Rapid detection

and typing of dengue viruses from clinical samples by using reverse transcriptase-

polymerase chain reaction. Journal of clinical microbiology, v.30, p.545–551.

LIBRATY, D. H.; YOUNG, P. R.; PICKERING, D.; et al.(2002). High circulating

levels of the dengue virus nonstructural protein NS1 early in dengue illness correlate

with the development of dengue hemorrhagic fever. The Journal of infectious

diseases, v.186, p.1165–8.

LIOPO, A.; CONJUSTEAU, A.; TSYBOULSKI, D.; et al.(2012). Biocompatible gold

nanorod conjugates for preclinical biomedical research. Journal of Nanomedicine &

Nanotechnology, v.2, p.1–10.

LIZ-MARZÁN, L.M (2006). Tailoring surface plasmons through the morphology and

assembly of metal nanoparticles. Langmuir, v.22, p.32–41.

MA, L.; JONES, C. T.; GROESCH, T. D.; et al.(2004). Solution structure of dengue

virus capsid protein reveals another fold. Proceedings of the National Academy of

Sciences of the United States of America, v.101, p.3414–9.

MACKENZIE, J. M.; KHROMYKH, A. A.; WESTAWAY, E. G.(2001). Stable

expression of noncytopathic Kunjin replicons simulates both ultrastructural and

Page 78: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

65

biochemical characteristics observed during replication of Kunjin virus. Virology,

v.279, p.161–172.

MACKENZIE, J.S.; GUBLER, D.J.; PETERSEN, L.R. (2004). Emerging flaviviruses:

the spread and resurgence of Japanese encephalitis, West Nile and dengue viruses.

Nature medicine, v.10, p.98–109.

MAROVICH, M.; GROUARD-VOGEL, G.; LOUDER, M.; et al.(2001). Human

dendritic cells as targets of dengue virus infection. The journal of investigative

dermatology. Symposium proceedings / the Society for Investigative Dermatology,

Inc. [and] European Society for Dermatological Research, v.6, p.219–224.

MC BRIDE, W. J H; BIELEFELDT-OHMANN, H. (2000). Dengue viral infections ;

pathogenesis. Microbes and Infection, v.2, p.1041–1050.

MODIS, Y.; OGATA, S.; CLEMENTS, D.; et al. (2003) A ligand-binding pocket in the

dengue virus envelope glycoprotein. Proceedings of the National Academy of

Sciences of the United States of America, v.100, p.6986–91.

MODIS, Y.; OGATA, S.; CLEMENTS, D; et al. (2005).Variable surface epitopes in the

crystal structure of dengue virus type 3 envelope glycoprotein variable surface epitopes

in the crystal structure of dengue virus type 3 envelope glycoprotein. Journal of

virology, v.79, p.1223–1231.

MOREIRA, L.A..; ITURBE-ORMAETXE,I; JEFFERY,J.A.; et al. (2009). A wolbachia

symbiont in aedes aegypti limits infection with dengue, chikungunya, and plasmodium.

Cell, v.139, p.1268–1278.

MUKHOPADHYAY, S.; KIM, B-S.; CHIPMAN, P. R.; et al. (2003). Structure of West

Nile Virus. Science (New York, N.Y.), v.302.

MUKHOPADHYAY, S.; KUHN,R. J.; ROSSMANN, M.G. (2005). A structural

perspective of the flavivirus life cycle. Nature reviews. Microbiology, v.3, p.13–22.

MUSTAFA, M.S.; RASOTGI, V.; JAIN, S.; et al. (2014). Discovery of fifth serotype of

dengue virus (DENV-5): A new public health dilemma in dengue control. Medical

Journal Armed Forces India, v.71, p.67–70,.

NATH, N. E CHILKOTI, A. (2004). Label free colorimetric biosensing using

nanoparticles. Journal of Fluorescence, v.14, p.377–389.

Page 79: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

66

NATIONAL SCIENCE AND TECHNOLOGY COUNCIL. (2000). National

Nanotechnology Initiative: The Initiative and Its Implementation Plan.Washigton DC

NIIDOME, T.; YAMAGATA, M.; OKAMOTO, Y.; et al. (2006). PEG-modified gold

nanorods with a stealth character for in vivo applications. Journal of Controlled

Release, v.114, p.343–347.

NIKHIK, R.. JANA, L. G. E MURPHY, C. J.(2001). Seed-mediated growth approach

for shape-controlled synthesis of spheroidal and rod-like gold nanoparticles using a

surfactant template. Advanced Materials, v.13, p.1389–1393.

NIOSI, J.; REID, S. E. (2007). Biotechnology and nanotechnology: science-based

enabling technologies as windows of opportunity for LDCS? World Development,

v.35, p.426–438.

NORMILE, D. (2013). Surprising new dengue virus throws a spanner in disease control

efforts. Science, v.342, p.415.

OLARU, A.; BALA, C.; JAFFREZIC-RENAULT, N.; et al. (2015). Surface plasmon

resonance (spr) biosensors in pharmaceutical analysis. Critical Reviews in Analytical

Chemistry, n. February 2015, p. 00–00, 2015.

OLIPHANT, T.; NYBAKKEN, G. E.; AUSTIN, S. K.; et al. (2007). Induction of

epitope-specific neutralizing antibodies against West Nile virus. Journal of virology,

v.81, p.11828–11839.

OWEN, J. A.; PUNT, J. e STRANFORD, S. A.(2009). Kuby Immunology. 7th

Edition.

PAULA, S. O. e FONSECA, B. A. L. (2004). Dengue : A review of the laboratory tests

a clinician must know to achieve a correct diagnosis. The Brazilian Journal of

Infections Diseases, v.8, p.390–398.

PEELING, R. W.; ARTSOB, H; PELEGRINO, J. L.; et al.(2010). Evaluation of

diagnostic tests: dengue. Nature Reviews Microbiology, v.8, p.30–37.

PERERA, R.; KHALIQ, M. e KUHN, R.J. (2009). Closing the door on flaviviruses:

entry as a target for antiviral drug design. National Institute of Health, v.80, p.11–22.

PETITDEMANGE, C.; WAUQUIER, N.; REY, J.; et al.(2014). Control of acute

dengue virus infection by natural killer cells. Frontiers in Immunology, v.5, p.1–5.

Page 80: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

67

PIERSON, T. C.; XU, Q.; NELSON, S.; et al.(2007). The stoichiometry of antibody-

mediated neutralization and enhancement of West Nile virus infection. Cell host &

microbe, v.1, p.135–45.

PISSUWAN, D.; VALENZUELA, S. e CORTIE, M. B. (2008). Prospects for gold

nanorod particles in diagnostic and therapeutic applications. Biotechnology & genetic

engineering reviews, v.25, p.93–112.

PONLAWAT, A. e HARRINGTON, L. C. (2005). Blood feeding patterns of Aedes

aegypti and Aedes albopictus in Thailand. Journal of medical entomology, v.42,

p.844–849.

PRICE, C P. (1998). Progress in immunoassay technology. Clinical chemistry and

laboratory medicine : CCLM / FESCC, v.36, p.341–347.

PRINCE, H. E.; MATUD, J. L. (2011). Estimation of dengue virus IgM persistence

using regression analysis. Clinical and vaccine immunology : CVI, v.18, p.2183–5.

PUGACHEV, K.V.; GUIRAKHOO, F.; TRENT, D. W.; et al. (2003). Traditional and

novel approaches to flavivirus vaccines. International Journal for Parasitology, v.33,

p.567–582.

PUPO-ANTUNEZ, M.; RODRIGUEZ, R.; ALVAREZ, M.; et al. (2001). Development

of a monoclonal antibody specific to a recombinant envelope protein from dengue virus

type 4 expressed in Pichia pastoris. Hybridoma, v.20, p.35–41.

PUTNAM, J. L. e SCOTT, T. W. (1995). The Effect of Multiple host contacts on the

infectivity of dengue-2 virus-infected aedes aegypti. The Journal of Parasitology. v.

81, p. 170-174.

REIMHULT, E. e HOOK, F. (2015). Design of surface modifications for nanoscale

sensor applications. Sensors, v.15, p.1635–1675.

REY, F. A.; HEINZ, F. X.; MANDL, C; et al. (1995) The envelope glyprotein form

tick-born encephalitis virus at 2 A resolution.pdf. Nature, v.375, p.291–298.

RIGAU-PÉREZ, J. G.; CLARK, G. G.; GUBLER, D. J.; et al. (1998). Dengue and

dengue haemorrhagic fever. The Lancet, v.352, p.971–977.

ROHANI, A.; WONG, Y. C.; ZAMRE, I.; et al. (2009). The effect of extrinsic

incubation temperature on development of dengue serotype 2 and 4 viruses in Aedes

Page 81: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

68

aegypti (L.). The Southeast Asian journal of tropical medicine and public health,

v.40, p.942–950.

ROSEN, L. (1987). Sur le mécanisme de la transmission verticale du virus de la dengue

chez les moustiques. Comptes rendus de l’Académie des sciences. Série 3, Sciences

de la vie, v.304, p.347–350.

SANG, S.; WANG, Y.; FENG, Q.; et al. (2015). Progress of new label-free techniques

for biosensors: a review. Critical Reviews in Biotechnology, v.00, p.1–17.

SCHMID, G. (1992). Large clusters and colloids. Metals in the embryonic state.

Chemical Reviews, v.92, p.1709–1727.

SHU, P. e HUANG, J.(2004). Current advances in dengue diagnosis current advances in

dengue diagnosis. Clinical and vaccine immunology : CVI, v.11 p.642–650.

SINGHI, S.; KISSOON, N. e BANSAL, A. (2007) Dengue and dengue hemorrhagic

fever: management issues in an intensive care unit. Jornal de pediatria, v.83, p.22–35.

SMITH, T. J.; BRANDT, W. E.; SWANSON, J. L.; et al. (1970). Physical and

biological properties of dengue-2 virus and associated antigens. v.5, p.524–532.

SOLOMON, T. e MALLEWA, M. (2001). Dengue and other emerging flaviviruses.

Journal of Infection, v.42, p.104–115.

ST JOHN, A. L.; ABRAHAM, S. N. e GUBLER, D. J. (2013). Barriers to preclinical

investigations of anti-dengue immunity and dengue pathogenesis. Nature reviews.

Microbiology, v.11, p.420–6.

STIASNY, K. e HEINZ, F. X.(2006). Flavivirus membrane fusion. Journal of General

Virology, v.87, p.2755–2766.

STUART, D. A.; HAES, A. J.; YONZON, C. R.; HICKS, E. M. e VAN DUYNE, R. P.

(2005). Biological applications of localised surface plasmonic phenomenae. IEE

proceedings. Nanobiotechnology, v. 152, p. 13–32.

SUWONKERD, W.; MONGKALANGOON, P.; PARBARIPAI, A.; et al. (2006). The

effect of host type on movement patterns of Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) into and

out of experimental huts in Thailand. Journal of vector ecology : journal of the

Society for Vector Ecology, v.31, p.311–318.

Page 82: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

69

TAKAHASHI, H.; NIIDOME, Y.; NIIDOME, T.; et al. (2006). Modification of gold

nanorods using phosphatidylcholine to reduce cytotoxicity. Langmuir, v.22, p.2–5.

TANG, K. F. e OOI, E. E. (2012). Diagnosis of dengue: an update. Expert review of

anti-infective therapy, v.10, p.895–907.

TANTAWICHIEN, T. (2012). Dengue fever and dengue haemorrhagic fever in

adolescents and adults. Paediatrics and international child health, v.32, p.22–7.

TESH, R. B,; WATTS, D, M,; RUSSELL, K, L,; et al. (1999). Mayaro virus disease: an

emerging mosquito-borne zoonosis in tropical South America. Clinical infectious

diseases : an official publication of the Infectious Diseases Society of America, v.28,

p.67–73.

THEIN, S.; AUNG, M. M.; SHWE, T. N.; et al. (1997). Risk factors in dengue shock

syndrome. Am. J. Trop. Med. Hyg, v.56, p.566–572.

VAUGHN, D. W.; GREEN, S.; KALAYANAROOJ, S.; et al. (1994). Dengue in the

early febrile phase : viremia and antibody responses. The Journal of infectious

diseases, v.176, p.322–330.

VIGDERMAN, L.; KHANAL, B. P. e ZUBAREV, E. R. (2012). Functional gold

nanorods: synthesis, self-assembly, and sensing applications. Advanced materials

(Deerfield Beach, Fla.), v.24, p.4811–41.

WAHALA, W. M. P. B.; HUANG, C.; BUTRAPET, S.; et al. (2012). Recombinant

dengue type 2 viruses with altered e protein domain iii epitopes are efficiently

neutralized by human immune sera. Journal of Virology, v.86, p.4019–4023.

WEST, J. L. e HALAS, N. J. (2000). Applications of nanotechnology to biotechnology.

Current Opinion in Biotechnology, v.11, p.215–217.

WILSON, R. (2008). The use of gold nanoparticles in diagnostics and detection.

Chemical Society reviews, v.37, p.2028–2045.

WORLD HEALTH ORGANIZATION.(1997). Dengue haemorrhagic fever: diagnosis,

treatment, prevention and control. Geneva: WHO, 2th Edition. p.1–11.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. (2009) Dengue: guidelines for diagnosis,

treatment, prevention and control. WHO, New Edition.

Page 83: DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE DIAGNÓSTICO DE DENGUE ...‡ÃO... · eram classificados como Alphavirus na família Togaviridae. Posteriormente, por estudos do genoma, estrutura,

70

WORLD HEALTH ORGANIZATION. (2014). Dengue and severe dengue. WHO.Fact

sheet N°117.

WU, S. J.; GROUARD-VOGEL, G.; SUN, W.; et al. (2000). Human skin Langerhans

cells are targets of dengue virus infection. Nature medicine, v.6, p.816–820.

YANG, J.; ZHANG, J.; CHEN, W.; et al. (2012). Eliciting cross-neutralizing antibodies

in mice challenged with a dengue virus envelope domain III expressed in Escherichia

coli. Canadian journal of microbiology, v.58, p.369–80.

YOUNG, P. R.; HILDITCH, P. A.; BLETCHLY, C.; et al. (2000). An antigen capture

enzyme-linked immunosorbent assay reveals high levels of the dengue virus protein ns1

in the sera of infected patients an antigen capture enzyme-linked immunosorbent assay

reveals high levels of the dengue virus protein ns1 in the sera. Journal of clinical

microbiology, v.38, p.1053–1057.

YU, C. e IRUDAYARAj, J. (2007). Multiplex biosensor using gold nanorods.

Analytical chemistry, v.79, p.572–9.

YU, Y; CHANG, S; LEE, C.; et al. (1997). Gold nanorods: electrochemical synthesis

and optical properties. The Journal of Physical Chemistry B, v.101, p.6661–6664.

ZANOTRO, P. M. A.; GOULD, E. A.; GAO, G. F.; et al. (1996). Population dynamics

of flaviviruses revealed by molecular phylogenies. Proc. Nat. Acad. Sci. USA, v.93,

p.548–553.

ZAPP, E.; WESTPHAL, E.; GALLARDO, H.; et al. (2014). Liquid crystal and gold

nanoparticles applied to electrochemical immunosensor for cardiac biomarker.

Biosensors & bioelectronics, v.59, p.127–33.

ZHAO, Q.; DUAN, R.; YUAN, J.; et al. (2014) A reusable localized surface plasmon

resonance biosensor for quantitative detection of serum squamous cell carcinoma

antigen in cervical cancer patients based on silver nanoparticles array. International

journal of nanomedicine, v.9, p.1097–104.