desenho técnico capítulo 1 - aspectos gerais

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Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 1 Capítulo 1 - Aspectos Gerais do Desenho Técnico 1.1 Considerações Iniciais O desenho é por vezes menosprezado como uma área dentro da engenharia. De fato, o desenho é uma ferramenta imprescindível para o nosso dia-a-dia. Uma nova estrutura, uma nova máquina, um novo mecanismo, uma nova peça nasce da ideia de um engenheiro, em geral sob a forma de imagens no seu pensamento. Essas imagens são materializadas através de outras imagens: os desenhos. A descrição com o objetivo de interpretar e analisar, através de uma representação gráfica, é caracterizada por uma simbologia própria e, consequentemente, uma linguagem própria. Às vezes, a elaboração do desenho técnico envolve o trabalho de vários profissionais. - Criando um desenho técnico O desenho é uma forma de linguagem usada pelos artistas. Desenho técnico é usado pelos projetistas para transmitir uma idéia de produto, que deve ser feita da maneira mais clara possível. Mesmo preso por procedimentos e regras, um desenho técnico necessita que o projetista use sua criatividade para mostrar, com facilidade, todos os aspectos da sua idéia, sem deixar dúvidas. Do outro lado, uma pessoa que esteja lendo um desenho deve compreender seus símbolos básicos, que são usados para simplificar a linguagem gráfica, permitindo que haja o maior número de detalhes possível. - Comunicação Gráfica de ideias Comunicação gráfica de ideias remonta a 12000 a.C. - A comunicação usando desenhos precede a comunicação usando a escrita; - A escrita antiga faz uso de desenhos. Figura 2: Exemplos de símbolos da escrita egípcia. - Desenho Técnico e Desenho Artístico Ao longo da história, a comunicação através do desenho, foi evoluindo, dando origem a duas formas de desenho: o Desenho Artístico – que pretende comunicar idéias e sensações, estimulando a imaginação do espectador; e o Desenho Técnico – que tem por finalidade a representação dos objetos o mais próximo do possível, em formas e dimensões. É necessário conhecer bem as características de cada um e suas diferenças. O Desenho Técnico é um tipo de representação gráfica utilizada por profissionais de uma mesma área como mecânica, marcenaria ou construção civil. O desenho técnico deve primar pela exatidão, transmitindo todas as características do objeto que representa. Quando o profissional consegue ler e interpretar o desenho técnico, ele é capaz de imaginar com exatidão como será o resultado final. No Desenho Artístico os artistas transmitem suas idéias e pensamentos de maneira pessoal, não tendo compromisso em retratar fielmente a realidade, a obra reflete o gosto e a sensibilidade do artista que a criou. Observem os exemplos: Figura 1: Desenho Técnico Mecânico

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Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

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Page 1: Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 1

Capítulo 1 - Aspectos Gerais do Desenho Técnico 1.1 Considerações Iniciais

O desenho é por vezes menosprezado como uma área dentro da engenharia. De fato, o desenho é uma ferramenta imprescindível para o nosso dia-a-dia.

Uma nova estrutura, uma nova máquina, um novo mecanismo, uma nova peça nasce da ideia de um engenheiro, em geral sob a forma de imagens no seu pensamento. Essas imagens são materializadas através de outras imagens: os desenhos.

A descrição com o objetivo de interpretar e analisar, através de uma representação gráfica, é caracterizada por uma simbologia própria e, consequentemente, uma linguagem própria.

Às vezes, a elaboração do desenho técnico envolve o trabalho de vários profissionais. - Criando um desenho técnico

O desenho é uma forma de linguagem usada pelos artistas. Desenho técnico é usado pelos projetistas para

transmitir uma idéia de produto, que deve ser feita da maneira mais clara possível.

Mesmo preso por procedimentos e regras, um desenho técnico necessita que o projetista use sua criatividade

para mostrar, com facilidade, todos os aspectos da sua idéia, sem deixar dúvidas.

Do outro lado, uma pessoa que esteja lendo um desenho deve compreender seus símbolos básicos, que são

usados para simplificar a linguagem gráfica, permitindo que haja o maior número de detalhes possível.

- Comunicação Gráfica de ideias

Comunicação gráfica de ideias remonta a 12000 a.C. - A comunicação usando desenhos precede a comunicação usando a escrita; - A escrita antiga faz uso de desenhos.

Figura 2: Exemplos de símbolos da escrita egípcia.

- Desenho Técnico e Desenho Artístico

Ao longo da história, a comunicação através do desenho, foi evoluindo, dando origem a duas formas de desenho: o Desenho Artístico – que pretende comunicar idéias e sensações, estimulando a imaginação do espectador; e o Desenho Técnico – que tem por finalidade a representação dos objetos o mais próximo do possível, em formas e dimensões.

É necessário conhecer bem as características de cada um e suas diferenças. O Desenho Técnico é um tipo de representação gráfica utilizada por profissionais de uma mesma área como

mecânica, marcenaria ou construção civil. O desenho técnico deve primar pela exatidão, transmitindo todas as características do objeto que representa. Quando o profissional consegue ler e interpretar o desenho técnico, ele é capaz de imaginar com exatidão como será o resultado final.

No Desenho Artístico os artistas transmitem suas idéias e pensamentos de maneira pessoal, não tendo compromisso em retratar fielmente a realidade, a obra reflete o gosto e a sensibilidade do artista que a criou.

Observem os exemplos:

Figura 1: Desenho Técnico Mecânico

Page 2: Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 2

A B Figura 3: Em (A) desenho artístico e em (B) desenho técnico.

1.2 Modos de Representação

O desenho técnico pode assumir diversos modos de representação, mas deve manter sempre o rigor e a objetividade que o caracterizam.

Os modos mais usados em Desenho Técnico são as representações em vistas múltiplas e em perspectiva.

A B Figura 4: Exemplo de (A) vistas múltiplas e em (B) perspectiva.

-Múltiplas Vistas: É um dos tipos de representação mais usados em Engenharia e se baseia no conceito de projeção ortogonal, a

quantidade informação contida é muito grande.

Figura 5: Exemplos de aplicação de múltiplas vistas

-Perspectivas: São usadas quando se quer ter uma visão espacial, rápida, de determinado objeto.

Figura 6: Exemplos de aplicação de perspectivas

Page 3: Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 3 1.3 Tipos de Desenho Técnico

Existem vários modos de diferenciar os tipos de desenho técnico, a seguir foram listados algumas classificações: - Diferenciação quanto à Qualidade:

Figura 7:Diferenciação quanto à qualidade.

- Diferenciação quanto ao modo de organização

Figura 8: Diferenciação quanto ao modo de organização.

O desenho técnico no geral pode ser dividido em dois grandes grupos: - Desenho Projetivo:

São os desenhos resultantes de projeções do objeto em um ou mais planos de projeção e correspondem às vistas ortográficas e perspectivas.

Estão contidos nesse grupo:

Desenho Mecânico;

Desenho de Máquinas;

Desenho de Estruturas;

Desenho Arquitetônico;

Desenho Elétrico/Eletrônico;

Desenho de Tubulações. - Desenho não-projetivo

Na maioria dos casos corresponde a desenhos resultantes dos cálculos algébricos e compreendem os desenhos de gráficos, diagramas, etc.

Figura 9: Exemplos de desenhos não-projetivos

Page 4: Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 4 1.4 Importância das Normas Técnicas

Sendo o desenho a principal forma de comunicação e transmissão das idéias do arquiteto, é necessário que os outros profissionais envolvidos possam compreender perfeitamente o que está representado em seus projetos. Da mesma forma, é necessário que o arquiteto consiga ler qualquer outro projeto complementar ao arquitetônico, para possibilitar a compatibilização entre estes. Assim, é importantíssimo que todos os envolvidos “falem a mesma língua”, nesse caso, a linguagem do desenho técnico.

O sistema de padronização é o alicerce para garantir a qualidade de um projeto. Para facilitar a compreensão do projeto em nível nacional, todos os componentes que envolvem o desenho de arquitetura e engenharia são padronizados e normalizados em todo o país. Para isto existem normas específicas para cada elemento do projeto, assim como: caligrafia, formatos do papel e outros. O objetivo é conseguir melhores resultados a partir do uso de padrões que supostamente descrevem o projeto de maneira mais adequada e permitem a sua compreensão e execução por profissionais diferentes independente da presença daquele que o concebeu. Como instrumento, as normas técnicas contribuem em quatro aspectos:

• Qualidade: fixando padrões que levam em conta as necessidades e os desejos dos usuários. • Produtividade: padronizando produtos, processos e procedimentos. •Tecnologia: consolidando, difundindo e estabelecendo parâmetros consensuais entre produtores,

consumidores e especialistas, colocando os resultados à disposição da sociedade. • Marketing: regulando de forma equilibrada as relações de compra e venda. A normatização para desenhos de arquitetura tem a função de estabelecer regras e conceitos únicos de

representação gráfica, assim como uma simbologia específica e pré-determinada, possibilitando ao desenho técnico atingir o objetivo de representar o que se quer tornar real.

A representação gráfica do desenho em si corresponde a uma norma internacional (sob a supervisão da ISO – International Organization for Standardization). Porém, geralmente, cada país costuma ter suas próprias normas, adaptadas por diversos motivos.

A execução de desenhos técnicos é inteiramente normalizada pela ABNT. As normas aplicadas diretamente ao desenho técnico no Brasil:

•NBR 10067 – Princípios Gerais de Representação em Desenho Técnico •NBR 10126 – Cotagem em Desenho Técnico •NBR 8402 – Execução de Caracteres para Escrita em Desenhos Técnicos •NBR 8403 – Aplicação de Linhas em Desenho Técnico •NBR 12296 – Representação de Área de Corte.

1.5 Formatos da Folha de Desenho Os formatos de papel e sua orientação encontram-se regulamentado na norma NBR 10068:1987. As dimensões dos formatos de papel da série A, são indicados abaixo:

Designação Dimensão (mm)

A0 841 x 1189

A1 594 x 841

A2 420 x 594

A3 297 x 420

A4 210 x 297

O formato básico para desenhos técnicos é o retângulo de área igual a 1 m² e de lados medindo 841 mm x 1189 mm, que corresponde pelo A0.

Figura 10: Formato básico da folha para desenho técnico.

Page 5: Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 5 1.6 Margens da Folha

São limitadas pelo contorno externo da folha e quadro. O quadro limita o espaço para o desenho.

Figura 11: Detalhe da margem da folha

As margens devem ter as seguintes dimensões:

Formato Margem

Esquerda Direita

A0 25 10

A1 25 10

A2 25 7

A3 25 7

A4 25 7

Abaixo tem-se a representação das margens nos formatos de folha A3 e A4.

Figura 12: Dimensões da legenda nas folhas A3 e A4.

1.7 Dobramento de folhas Toda folha com formato acima do A4 possui uma forma recomendada de dobragem. Esta forma visa que o desenho seja armazenado em uma pasta, para que possa ser consultada com facilidade

sem necessidade de retirá-la da pasta, e que a legenda esteja visível com o desenho dobrado. As próximas figuras mostram o dobramento de folhas de todos os tamanhos padronizados:

Figura 13: Sequência de dobramento da folha A0.

Page 6: Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 6

Figura 14: Sequência de dobramento da folha A1

Figura 15: Sequência de dobramento da folha A2.

Figura 16: Sequência de dobramento da folha A3.

1.8 Legenda (Carimbo) A legenda é um lugar, que contém um ou mais campos, delimitada por um retângulo. Localiza-se no canto inferior direito da folha do desenho. Contém informações relativas ao desenho, como: • Identificação dos projetistas/desenhistas; • Empresa proprietária; • Nome do projeto; • Número do desenho; • Entre outras informações. A Norma internacional ISO 7200:1984 define apenas as dimensões máximas da legenda e a informação

obrigatória e facultativa que esta deve incluir.

Figura 17: Exemplo de Legenda e os formatos máximos para a legenda.

A legenda que nós iremos utilizar a partir de agora, é mostrada abaixo:

Page 7: Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 7

Figura 18: Legenda utilizada nesta disciplina.

1.9 Linhas As linhas são os principais elementos do desenho arquitetônico. Além de definirem o formato, dimensão e

posicionamento das paredes, portas, janelas, pilares, vigas, objetos e etc, determinam as dimensões e informam as características de cada elemento projetado. Sendo assim, estas deverão estar perfeitamente representadas dentro do desenho. - Caracteristicas das linhas

As linhas de um desenho normatizado devem ser regulares, legíveis (visíveis) e devem possuir contraste umas com as outras.

Linha Denominação Aplicações

Contínua larga

Contornos visíveis; Arestas visíveis.

Contínua estreita

Linha de interseção imaginária; Linhas de cotas; Linhas auxiliares; Hachuras.

Tracejada estreita

Contornos não visíveis.

Contínua a mão livre

Limites de vistas; Cortes parciais.

Traço e ponto estreita Linhas de centro e simetria.

Traço e ponto estreita, larga nas extremidades e na mudança de direção

Planos de corte.

Traço e ponto larga Indicação de linhas ou superfícies com indicação especial

Traço e dois pontos estreita Posição limite de peças; Linhas de centro de gravidade; Cantos antes de conformação.

Figura 19: Classificação dos tipos de linhas.

- Qualidade da linha A qualidade da linha refere-se:

À nitidez e à claridade;

Ao grau de negrume e à densidade;

E ao peso apropriado.

Page 8: Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 8

- Sequência de Desenho

A sequência que se deve adotar para se obter um bom resultado final: 1. Esboce levemente as principais linhas verticais e horizontais; 2. Preencha as linhas secundárias; 3. Reforce as linhas finais, tendo em mente a intensidade apropriada de cada uma delas.

Figura 20: Sequência do traçado do desenho.

1.10 Escrita Normalizada A Representação gráfica da forma de uma peça, máquina ou estrutura constitui um aspecto das informações

necessárias para a sua construção. A fim de completar a descrição, devem-se acrescentar as dimensões cotas, dados pertinentes ao material e ao

acabamento e uma legenda descritiva.

- Pautas As pautas de base de da parte superior das letras sempre devem ser traçadas levemente, com lapiseira

0,5mm.

Figura 21: Escrita Normalizada

As pautas devem ser feitas com 7 mm para as letras maiúsculas e 3 mm para as letras minúsculas. Dicas:

Traços Verticais Executados inteiramente por um movimento dos dedos.

Traços Horizontais Executados com um movimento giratório de toda a mão à

altura do pulso.

Quando os cantos não se encontram nitidamente, eles parecem arredondados.

Linhas traçadas de uma só vez, tem melhor acabamento e são sempre

preferíveis.

O transpasse excessivo nos cantos aparece como fora de proporção em relação

ao tamanho do desenho.

Os cantos são critícos. Todas as linhas devem tocar a outra extremidade, em

todos os cantos.

Pautas

Pautas

Pautas

Page 9: Desenho Técnico Capítulo 1 - Aspectos Gerais

Desenho Técnico I – Prof.: M.Sc. Juvenil Júnior 9 1.11 Escala Normalizada

Escala: Relação entre a dimensão do objeto representado no papel e a dimensão real ou física do mesmo. Escala de redução: Quando a dimensão do objeto no desenho é menor que a sua dimensão real. Escala 1:X

com X>1. Escala de ampliação: Quando a dimensão do objeto no desenho é maior que a sua dimensão real. Escala

X:1 com X>1 A escala a ser utilizada em desenho técnico depende da complexidade do objeto a ser representado e da

finalidade da representação.

Redução Natural Ampliação

1:2

1:1

2:1

1:5 5:1

1:10 10:1

Nota – As escalas desta tabela podem ser reduzidas ou ampliadas à razão de 10.

Exercício Resolvido 1. A figura mostrada abaixo está representada em escala natural, ou seja, 1:1. Faça o mesmo desenho, utilizando as escalas:

a) 2:1

b) 1:2

Repare que mesmo com o aumento ou diminuição da escala, as cotas permanecem com o mesmo valor.

Escala 1:1

As medidas do desenho original

são multiplicadas por 2.

As medidas do desenho

original são divididas por 2.