desempenho, durabilidade e vida Útil das edificaÇÕes

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DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES: ABORDAGEM GERAL Edna Possan 1 , Carlos Alberto Demoliner 2 1 Doutora em Engenharia Civil. Universidade Federal da Integração Latino Americana. [email protected]. 2 Engenheiro Civil. Construtora Engenho Brasil. [email protected]. Resumo: O desenvolvimento de novas tecnologias, processos construtivos e materiais de construção associado às exigências competitivas do setor tem fomentado a construção de edificações cada vez mais esbeltas e econômicas. No entanto, com o progresso industrial e o crescimento das cidades, e consequentemente com o aumento da poluição urbana, as edificações passaram a ficar expostas a ambientes extremamente desfavoráveis. Com isso, com o passar do tempo muitas construções começaram a apresentar níveis de degradação superior aos desejados, apresentando problemas relacionados à qualidade e a durabilidade, caracterizados pelo envelhecimento precoce devido, sobretudo, ao aparecimento de manifestações patológicas. Esses problemas afetam a estética, a segurança, a utilização e a durabilidade das construções. Tais fatos têm chamado à atenção da comunidade da construção brasileira para a necessidade do projeto para a durabilidade, do maior controle do projeto e execução de novas edificações e, sobretudo, da necessidade do constante monitoramento e/ou manutenção das construções existentes. Neste sentido, a recém- publicada norma de desempenho (NBR 15575: 2013), tem o intuito de melhorar a qualidade das construções habitacionais. Para isso, leva em conta a durabilidade e a vida útil das estruturas e suas partes, sugerindo a modelagem matemática como ferramenta para as estimativas de vida útil e análise de desempenho. Esse trabalho apresenta uma breve discussão sobre a temática do desempenho, da durabilidade e da vida útil das construções com o objetivo de instigar o engenheiro a produzir edificações de qualidade. Palavras chave: desempenho, NBR 15575, vida útil, durabilidade, qualidade da construção. Abstract: The development of new technologies, construction processes and building materials associated to competitive demands of the industry has fostered the construction of buildings increasingly slender and economic. However, with industrial progress and the growth of cities, and consequently with the increase of urban pollution, buildings began to be exposed to extremely unfavorable environments. Thus, over time many buildings began to show degradation levels higher than desired, presenting problems related to quality and durability, characterized by premature aging, mainly due to the appearance of pathological manifestations. These problems affect the aesthetics, safety, use and durability of buildings. These facts have called the attention of Brazilian constructors to carry out the project for durability, better control of the design and execution of new buildings and, above all, the need for constant monitoring and/or maintenance of existing buildings. In this sense, the recently published performance standard (NBR 15575: 2013), aims to improve the quality of new housing. For this, takes into account the durability and useful life of structures and parts, suggesting the mathematical modeling as a tool for estimating the lifetime and performance

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Page 1: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES: ABORDAGEM GERAL

Edna Possan1, Carlos Alberto Demoliner2

1 Doutora em Engenharia Civil. Universidade Federal da Integração Latino Americana. [email protected].

2 Engenheiro Civil. Construtora Engenho Brasil. [email protected].

Resumo:

O desenvolvimento de novas tecnologias, processos construtivos e materiais de construção associado às exigências competitivas do setor tem fomentado a construção de edificações cada vez mais esbeltas e econômicas. No entanto, com o progresso industrial e o crescimento das cidades, e consequentemente com o aumento da poluição urbana, as edificações passaram a ficar expostas a ambientes extremamente desfavoráveis. Com isso, com o passar do tempo muitas construções começaram a apresentar níveis de degradação superior aos desejados, apresentando problemas relacionados à qualidade e a durabilidade, caracterizados pelo envelhecimento precoce devido, sobretudo, ao aparecimento de manifestações patológicas. Esses problemas afetam a estética, a segurança, a utilização e a durabilidade das construções. Tais fatos têm chamado à atenção da comunidade da construção brasileira para a necessidade do projeto para a durabilidade, do maior controle do projeto e execução de novas edificações e, sobretudo, da necessidade do constante monitoramento e/ou manutenção das construções existentes. Neste sentido, a recém-publicada norma de desempenho (NBR 15575: 2013), tem o intuito de melhorar a qualidade das construções habitacionais. Para isso, leva em conta a durabilidade e a vida útil das estruturas e suas partes, sugerindo a modelagem matemática como ferramenta para as estimativas de vida útil e análise de desempenho. Esse trabalho apresenta uma breve discussão sobre a temática do desempenho, da durabilidade e da vida útil das construções com o objetivo de instigar o engenheiro a produzir edificações de qualidade.

Palavras chave: desempenho, NBR 15575, vida útil, durabilidade, qualidade da construção.

Abstract:

The development of new technologies, construction processes and building materials associated to competitive demands of the industry has fostered the construction of buildings increasingly slender and economic. However, with industrial progress and the growth of cities, and consequently with the increase of urban pollution, buildings began to be exposed to extremely unfavorable environments. Thus, over time many buildings began to show degradation levels higher than desired, presenting problems related to quality and durability, characterized by premature aging, mainly due to the appearance of pathological manifestations. These problems affect the aesthetics, safety, use and durability of buildings. These facts have called the attention of Brazilian constructors to carry out the project for durability, better control of the design and execution of new buildings and, above all, the need for constant monitoring and/or maintenance of existing buildings. In this sense, the recently published performance standard (NBR 15575: 2013), aims to improve the quality of new housing. For this, takes into account the durability and useful life of structures and parts, suggesting the mathematical modeling as a tool for estimating the lifetime and performance

Page 2: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

analysis. This paper presents a brief discussion on the subject of performance, durability and service life of buildings in order to instigate the engineer to produce buildings of quality.

Keywords: performance, NBR 15575, useful life, durability, quality of construction.

Page 3: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

1. INTRODUÇÃO

A degradação prematura das edificações ou suas partes, e a consequente redução de

desempenho, é um problema frequente em todo o mundo. Esta deterioração ocorre devido,

sobretudo, ao envelhecimento precoce das mesmas, o qual geralmente é desencadeado

pela baixa qualidade dos materiais de construção empregados, por problemas de projeto e

execução e falta de manutenção.

Essa degradação antecipada das edificações tem influência direta dos custos de

manutenção e reparo das mesmas. No que se refere a sistemas estruturais em concreto

armado e protendido, destaca-se que as atividades relacionadas à manutenção, reparo e

restauração das estruturas e suas partes correspondem a 35% do total do volume de trabalho

do setor da construção civil, e esse número vem aumentando nos últimos anos (GARCIA-

ALONSO et. al., 2007). Mehta e Monteiro (2008) citam que em países industrialmente

desenvolvidos estima-se que 40% do total de recursos da indústria de construção são

destinados a intervenções de estruturas já existentes e menos de 60% em novas instalações.

Segundo os autores o crescimento dos custos envolvendo a reposição de estruturas e a

crescente ênfase no custo do ciclo de vida, mais do que no custo inicial, está forçando os

engenheiros a darem mais atenção às questões de durabilidade. Dados coletados pela

NACE International (2002) mostram que nos Estados Unidos o custo anual relacionado ao

processo corrosivo de infraestruturas civis (pontes, aeroportos, portos, entre outros) é estimado

em US$ 22,6 bilhões. Em estudo realizado no Brasil, Meira e Padaratz (2002) observaram que

os investimentos em intervenções de manutenção, em uma estrutura com alto grau de

deterioração, podem chegar a aproximadamente 40% dos custos de execução do componente

degradado.

Mas, como projetar edificações duráveis, com no mínimo 50 anos de vida útil? Se o

que se vê atualmente nos noticiários é um grande número de desabamentos e colapso de

estruturas ou de suas partes1,2,3,4, onde se verifica que a vida útil das construções está

atingindo valores muito menores do que os previstos em normas (que para a maioria das

estruturas é de 50 anos).

Sinistros ocorridos no Brasil, como o desabamento dos edifícios Palace II5 e Areia

Branca6 e o acidente no estádio de futebol Fonte Nova7, assim como os citados nas notas

1 Desabamento de edifico em reforma, ocorrido em 27 de agosto de 2013, em São Mateus,São Paulo,

SP. Dez mortos e 26 feridos. 2 Desabamento de laje, ocorrido em 11 de fevereiro de 2013, em São João da Barra, RJ. Dez feridos

e duas vítimas fatais. 3 Desabamento de marquise, ocorrido em 14 de fevereiro de 2013, em Belo Horizonte, MG. Uma

vítima fatal. 4 Desabamento de três edifícios, ocorrido em 25 de janeiro de 2012, centro do Rio de Janeiro. Cinco

pessoas morreram. 5 Desabamento, ocorrido em 21 de fevereiro de 1998 no Rio de Janeiro, RJ, vitimando oito pessoas.

Page 4: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

de 1 a 4, causaram prejuízos econômicos, sociais e perdas humanas irreparáveis. Essas

ocorrências têm chamado à atenção da comunidade da construção brasileira para a

necessidade do projeto para a durabilidade, do maior controle do projeto e execução de

novas edificações e, sobretudo, da necessidade do constante monitoramento e/ou

manutenção das obras já existentes. Fatores como programação de manutenção, estimativa

de custos ao longo da vida útil e necessidade de se construir edificações mais duráveis

(com maior vida útil) devem ter maior importância nos projetos e gerenciamento de

empreendimentos, considerando também o custo do ciclo de vida (CCV). Em suma, é

necessário melhorar a qualidade das edificações produzidas.

Neste sentido, na última década a comunidade da Engenharia Nacional tem

promovido alguns debates técnicos como “Lições de Areia Branca: acidentes,

responsabilidades e segurança das obras8”, promovido pelo IBRACON (Instituto Brasileiro

do Concreto), ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e

IBAPE/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo). Em

março de 2007, a ABMS (Associação Brasileira de Mecânica de Solos), o IBRACON e a

ABECE deram início a outro debate, intitulado “O Momento Atual da Engenharia Brasileira9”.

Esse debate culminou na realização de vários eventos sucessivos (nas cidades de: Rio de

Janeiro, RJ; Porto Alegre, RS; Recife, PE e Brasília, DF), visando à discussão e reflexão do

momento histórico da Engenharia Civil brasileira.

Na esfera Internacional, organizações como o ACI (American Concrete Institute), a

fib (Fédération Internationale Du Béton), a RILEM (Reunion Internationale de Laboratoires

D’essais et Materiaux), a ISO (International Standards Organization), entre outras, há anos

têm trabalhado para melhorias deste setor, inserindo novos conceitos na Indústria da

Construção em prol da durabilidade e aumento da vida útil das construções. Vários

documentos publicados por estas instituições têm introduzido, ao longo dos anos, soluções

relevantes tanto do ponto de vista de durabilidade quanto do ponto de vista econômico. Um

destaque especial é conferido ao fib 53 (2010) “Design of durable concrete structures” o qual

tem o intuito de identificar modelos consensuais relacionados à durabilidade e preparar uma

estrutura física voltada à normalização do projeto baseada na aproximação de desempenho.

No Brasil, a Norma de Desempenho (NR 15575), lançada em 2013, constitui-se no

principal documento normativo voltado ao desempenho de edificações habitacionais.

Objetiva estabelecer uma sistemática de avaliação de tecnologias e sistemas construtivos

6 Desabamento, ocorrido em 14 de outubro de 2004, Recife, PE, vitimando quatro pessoas.

7 Ruptura parcial do anel superior da arquibancada, ocorrida em 25 de novembro de 2007, Estádio

Fonte Nova, Salvador, BA, vitimando sete pessoas. 8 Este debate culminou na elaboração de manifesto público cuja segurança das obras civis no Brasil é

abordada e está disponível em http://www.ibracon.org.br/Metro/Manifestopublico.pdf. 9 Informações sobre os temas discutidos e o andamento dos debates estão disponíveis no endereço

eletrônico: http://www.ibracon.org.br/metro_linha4_new.asp.

Page 5: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

habitacionais, com base em requisitos e critérios de desempenho expressos em normas

técnicas brasileiras vigentes.

A Norma Brasileira de Desempenho teve sua primeira tentativa de lançamento em 12

de maio de 2008, com entrada em vigor prevista para 12 de maio de 2010. No entanto, a

norma não entrou em vigor e passou por uma reformulação/adequação sendo novamente

publicada em de março de 2013, com entrada em vigor a partir de 19 de julho de 2013.

2. O CONCRETO COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO

Tendo em vista que o concreto é o material de construção mais consumido no mundo,

sendo predominante mos sistemas estruturais da maioria das construções brasileiras, cabe

neste texto fazer referência a esse material de construção.

Destaca-se que no início do desenvolvimento e difusão do concreto armado, as

estruturas eram projetadas utilizando bom senso e experiência profissional, onde a principal

característica controlada era a resistência à compressão (R), que durante muito tempo foi

tida como fonte única e segura das especificações de projeto (POSSAN, 2010).

Com o passar dos anos, ocorreram grandes mudanças nos materiais de construção,

ambiente de exposição e procedimentos de cálculos. Verificou-se que o concreto armado

apresentava limitações e que somente o parâmetro resistência (R) era insuficiente para atender

às exigências de projeto. Então se enfatizou a durabilidade (D) destas estruturas e dos seus

materiais constituintes, aliando posteriormente este conceito ao desempenho (DES) das

mesmas, ou seja, ao comportamento em uso. Contudo, ainda faltava inserir nos projetos a

variável “tempo”, surgindo então os estudos de vida útil (VU). Atualmente, fatores como

competitividade, custos e preservação do meio ambiente estão novamente impondo mudanças

na maneira de se conceber estruturas, exigindo que estas sejam projetadas de forma holística,

pensando no seu ciclo de vida (CV) e nos custos associados (CCV - Custo do Ciclo de Vida). A

partir do CCV vários estudos podem ser conduzidos, com destaque às estimativas de custos de

manutenção ao longo da vida útil, estudos de impacto ambiental, entre outros, auxiliando na

seleção da melhor alternativa de projeto para novas estruturas ou de manutenção, reparo,

reabilitação ou destinação final para estruturas existentes. Com isso o projeto para a

sustentabilidade (SUS) torna-se possível (POSSAN, 2010). A Figura 1 apresenta o resumo

desta evolução conceitual do projeto das estruturas de concreto.

Page 6: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

SUS CCV VU DES D R

Resistência (R)

Durabilidade (D)

Desempenho (DES)

Vida Útil (VU)

Custo do Ciclo de Vida (CCV)

Sustentabilidade (SUS)

Figura 1: evolução conceitual do projeto das estruturas de concreto (POSSAN, 2010).

No que se refere à sustentabilidade, o fib 53 (2010) apresenta o modelo conceitual

mostrado na Figura 2, o qual combina sistematicamente os conceitos de qualidade

(durabilidade), funcionalidade e Custo do Ciclo de Vida e impacto ambiental. O projeto de

uma estrutura deve buscar o equilíbrio entre esses três fatores, atingindo o nível de

excelência (nível de realização 3).

Custo do ciclo de vida& impacto ambiental

FuncionalidadeQualidade(durabildiade)

2

1

1

2

3

1

2

Nível de realização

1 – Fundamental.

2 – Adicional.

3 – Excelência.

Figura 2: combinação sistemática dos componentes para a sustentabilidade da construção (fib 53, 2010).

Para alcançar esse equilíbrio é fundamental projetar estruturas com elevada vida útil, pois

quanto maior ela for menos recursos são necessários para a construção de novas

estruturas. Essa mesma premissa é válida para as edificações.

3. DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES

Desempenho pode ser definido como o comportamento em uso. No caso de uma edificação

pode ser entendido como as condições mínimas de habitabilidade (como conforto térmico e

Page 7: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

acústico, higiene, segurança, entre outras) necessárias para que um ou mais indivíduos

possam utilizar a edificação durante um período de tempo.

O desempenho pode variar de um indivíduo para o outro, pois depende das

exigências do usuário (na concepção) ou dos cuidados no uso (manutenção). Também

depende das condições de exposição do ambiente em que a edificação será construída,

como temperatura, umidade, insolação, ações externas resultantes da ocupação etc.

Mas como estabelecer o desempenho de uma edificação? Segundo a NBR 15575-1

(2013) internacionalmente é comum estabelecer o desempenho por meio da definição de

requisitos (qualitativos), critérios (quantitativos ou premissas) e métodos de avaliação, os

quais sempre permitem a mensuração clara do seu cumprimento.

O estabelecimento do desempenho de uma edificação se dá por meio de critérios de

desempenho que segundo a NBR 15575-1 (2013) são especificações quantitativas dos

requisitos de desempenho (qualitativos), expressos em termos de quantidades mensuráveis,

a fim de que possam ser objetivamente determinados. Esta prevê para edifícios

habitacionais 12 critérios de desempenho (ver tabela 1) baseados na norma ISO 6241

(1984) e adaptados para a realidade brasileira.

Itens ISO 6241 (1984) NBR 15575-1 (2013)

1 Estabilidade estrutural e resistência a cargas estáticas, dinâmicas e cíclicas

Desempenho estrutural

2 Resistência ao fogo Segurança contra incêndio

3 Resistência à utilização Segurança no uso e na operação

4 Estanqueidade Estanqueidade

5 Conforto higrotérmico Desempenho térmico

6 Conforto acústico Desempenho acústico

7 Conforto visual Desempenho lumínico

8 Durabilidade Durabilidade e manutenabilidade

9 Higiene Saúde, higiene e qualidade do ar

10 Conforto tátil Funcionalidade e acessibilidade

11 Conforto antropométrico Conforto tátil e antropodinâmico

12 Qualidade do ar Adequação ambiental

13 Custos

Tabela 1. Critérios de desempenho

Segundo a Norma, para que uma edificação tenha um desempenho adequado deve-

se buscar junto ao usuário a captação dos requisitos de desempenho. Com base nestes

requisitos qualitativos (segurança, resistência, conforto, boa estética, etc.) devem-se

estabelecer os critérios de desempenho (estabilidade estrutural, resistência ao fogo,

conforto térmico e acústico, durabilidade, etc) por meio de resoluções normativas

prescritivas vigentes.

Page 8: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

Destaca-se que as Normas prescritivas estabelecem requisitos com base no uso

consagrado de produtos ou procedimentos, buscando o atendimento às exigências dos

usuários de forma indireta. Já as Normas de desempenho traduzem as exigências dos

usuários em requisitos (qualitativos) e critérios (quantitativos), e são consideradas como

complementares as Normas prescritivas, sem substituí-las. A utilização simultânea de

normas prescritivas e de desempenho visa atender às exigências do usuário com soluções

tecnicamente adequadas (NBR 15575-1, 2013).

Para a avaliação/comprovação de desempenho a norma sugere a realização de

testes (métodos de avaliação) em laboratórios especializados sugerindo também a

modelagem matemática como ferramenta para as estimativas de vida útil e análise de

desempenho.

A Câmara Brasileira da Indústria da construção (CBIC) lançou um guia orientativo

para atendimento à norma de Desempenho, o qual está disponível para download10. O guia

CBIC (2013) contém um resumo de várias partes da norma além de uma relação de

Universidades, Institutos e empresas de serviços tecnológicos e laboratórios de ensaios com

capacitação técnica e operacional para realizar as análises previstas no referido conjunto

normativo, o qual deve ser usado complementar a Norma.

É importante lembrar que a norma de desempenho (NBR 15575, 2013) não se aplica

a obras em andamento ou a edificações concluídas até a data da sua entrada em vigor (19

de julho de 2013). Também não se aplica a obras de reformas nem de “retrofit” nem

edificações provisórias. O objetivo principal da norma é imprimir melhoria da qualidade das

construções habitacionais produzidas no Brasil, atuando de forma complementar com o

conjunto de normas preceptivas da ABNT vigentes e já difundidas na comunidade da

construção.

4. DURABILIDADE

De acordo com a ISO 13823 (2008), durabilidade é a capacidade de uma estrutura ou de

seus componentes de satisfazer, com dada manutenção planejada, os requisitos de

desempenho11 do projeto, por um período específico de tempo sob influência das ações

ambientais, ou como resultado do processo de envelhecimento natural.

10

http://www.cbic.org.br/sala-de-imprensa/apresentacoes-estudos/norma-de-desempenho-3. 11

Requisitos de desempenho são condições que expressam qualitativamente os atributos que a edificação e suas partes devem possuir, a fim de que possam satisfazer às exigências do usuário (NBR 15575-1:2013).

Page 9: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

O conceito de durabilidade associa-se diretamente à vida útil. Refere-se às

características dos materiais e/ou componentes, às condições de exposição e às condições

de utilização impostas durante a vida útil da edificação. Destaca-se que a durabilidade não é

uma propriedade intrínseca dos materiais, mas sim uma função relacionada com o

desempenho dos mesmos sob determinadas condições ambientais. O envelhecimento

destes resulta das alterações das propriedades mecânicas, físicas e químicas, tanto na

superfície como no seu interior, em grande parte devida à agressividade do meio ambiente.

Para Mehta e Monteiro (2008) “uma vida útil longa é considerada sinônimo de durabilidade”.

A durabilidade é essencialmente uma visão retrospectiva do desempenho de uma

estrutura. A expectativa de que uma estrutura pode ser durável ou não só pode ser avaliada

por meio da utilização de modelos que representem os processos de deterioração a que

está suscetível, de forma que, para garantias do projeto, requer-se a utilização de

metodologias de previsão de vida útil (fib 53, 2010).

5. VIDA ÚTIL (VU)

De maneira geral, vida útil consiste em mensurar a expectativa de duração de uma estrutura

ou suas partes, dentro de limites de projeto admissíveis, durante seu ciclo de vida12, sendo

definida pela ISO 13823 (2008) “como o período efetivo de tempo durante o qual uma

estrutura ou qualquer de seus componentes satisfazem os requisitos de desempenho do

projeto, sem ações imprevistas de manutenção ou reparo”. De forma mais simples a NBR

15575 (2013) define vida útil como “uma medida temporal da durabilidade de um edifício ou

de suas partes”.

Enfim, a vida útil é o período de tempo compreendido entre o início de operação e

uso de uma edificação até o momento em que o seu desempenho deixa de atender às

exigências do usuário, sendo diretamente influenciada pelas atividades de manutenção e

reparo e pelo ambiente de exposição.

Na figura 3 pode-se verificar a influência das ações de manutenção em uma

edificação, as quais são necessárias para garantir ou prolongar a vida útil de projeto (VUP).

A Norma de desempenho chama atenção para o fato de que “é necessário salientar a

importância da realização integral das ações de manutenção pelo usuário”, destacando que

se este não realizar a manutenção indicada corre-se o risco de a VUP não ser atingida.

12

Corresponde a todos os estágios da vida do produto, no caso o produto é a edificação. Pode abranger desde a concepção passando pela construção, operação, manutenção e reparo até a demolição e destinação dos resíduos.

Page 10: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

Nív

eld

ed

esem

pen

ho

[Ba

i xo

•A

lto

]

Nível mínimo de

desempenho

Vida útil SEM manutenção Tempo

Tinicial T1

Vida útil COM manutenção

T2

Ações de manutenção

Incremento de desempenho

Figura 3: desempenho com e sem manutenção

Com isso, destaca-se a importância do manual do usuário no qual devem estar

descritas as atividades e a frequência das ações de manutenção necessárias para a

garantia da VUP da edificação, similar ao já difundido na indústria automobilística, onde ao

se comprar um veículo o proprietário recebe um manual que indica o tempo ou a

quilometragem necessária para cada ação de manutenção. Caso o usuário descumpra

esses limites ele perde a garantia do produto, pois a indústria automobilística entende que

sem as manutenções indicadas não é possível garantir a “vida útil” do automóvel.

Normalmente, a Vida útil é expressa em anos, sendo estabelecida pela maioria das

Normas e Códigos do concreto (ver Tabela 2) uma vida útil de projeto (VUP) mínima de 50

anos para a maioria das estruturas e 100 anos para estruturas civis, como obras de

infraestrutura, pontes, viadutos, barragens entre outras.

Tipo de estrutura

Vida útil de projeto (VUP) mínima

BS 7543

(1992)

ISO 2394 (1998)

Fib 34 (2006) e EN 206-1

(2007)

NBR 15575 (2013)*

Fib 53 (2010)

Temporárias 10 anos

1 a 5 anos

10 anos - -

Partes estruturais substituíveis (Ex.: apoios)

10 anos

25 anos 10 a 25 anos 23 a 20

anos

25 a 30

anos

Page 11: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

Estruturas para agricultura e semelhantes

- - 15 a 30 anos - -

Estruturas offshore - - - -

≥ 35 anos

Edifícios industriais e reformas

30 anos

- - - -

Edifícios e outras estruturas comuns

- ≥ 50 anos ≥ 50 anos 50 anos ≥ 50 anos

Edifícios novos e reformas de edifícios públicos

60 anos

- - - -

Edifícios monumentais, pontes e outras estruturas de engenharia civil

120 anos

100 anos

100 anos - ≥ 100 anos

Edifícios monumentais - - - -

≥ 200 anos

Tabela 2: vida útil de projeto (VUP) mínima para várias normas

A recém-lançada Norma de Desempenho brasileira (NBR 15575:2013) indica a VUP

em três níveis: um Mínimo (M); um Intermediário (I); e, um superior (S), sendo o primeiro

obrigatório (Ver representação esquemática na figura 4). Na tabela 3 apresentam-se os

valores de vida útil de projeto (VUP), em anos, especificada pela norma brasileira de

desempenho para cada sistema da edificação para os níveis mínimo (M) e superior (S).

Nível original de desempenho

Nível Superior (S)

Nív

eld

ed

ese

mp

enh

o

est

rutu

ral

[Ba

i xo

•A

lto

]

Nível mínimo de

desempenho

Nível Intermediário (I)

Nível mínimo (M)

Vida útil real

Tempo

Figura 4: nível de desempenho x níveis de vida útil

Sistema VUP (em anos)

Mínima (M) Superior (S)

Estrutura ≥ 50** ≥ 75

Pisos Internos ≥ 13 ≥ 20

Nív

el d

e d

esem

pen

ho

Page 12: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

Vedação vertical externa ≥ 40 ≥ 60

Vedação vertical interna ≥ 20 ≥ 30

Cobertura ≥ 20 ≥ 30

Hidrossanitário ≥ 20 ≥ 30

Tabela 3 – vida útil de projeto (VUP) (em anos) especificada na NBR 15575:2013*

* Considerando periodicidade e processos de manutenção segundo a ABNT NBR 5674 e especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção (Manual do usuário) entregue

ao usuário elaborado em atendimento à norma ABNT NBR 14037.

** Segundo a NBR 8681-2004.

Nota-se que os diferentes tipos de estruturas (tabela 2) ou de sistemas estruturais

(tabela 3) têm vida útil distinta – em geral, as partes substituíveis de uma estrutura, como

apoios, possuem vida útil inferior à estrutura – o que deve ser considerado no projeto e nas

ações de manutenção e reparo da estrutura e, consequentemente, na estimativa de vida útil,

que deve ser conduzida considerando a estrutura e suas partes separadamente, pois os

materiais degradam-se a diferentes taxas.

Neste sentido, a abordagem de desempenho visa à especificação para a

durabilidade (qualidade), ou seja, o profissional e o construtor em conjunto com o

proprietário devem ainda na fase de projeto considerar a vida útil mínima dos elementos ou

sistemas que compõe uma edificação, garantindo que desempenhem suas funções durante

a vida útil mínima especificada.

A vida útil real ou efetiva de uma estrutura pode não ser necessariamente igual à

vida útil de projeto (VUP) originalmente especificada, face às incertezas inerentes ao

processo de degradação da estrutura (como ação dos mecanismos de degradação, cargas,

etc.). Para se ter certeza de alcançar a VUP é necessário considerar uma margem de tempo

ou um nível de desempenho adequado, considerando, para isso, não apenas aspectos do

ponto de vista de engenharia, mas também do ponto de vista econômico e não técnico.

A NBR 15575 (2013) destaca que para se atingir a VUP mínima é necessário atender,

simultaneamente, os cinco aspectos abaixo descritos:

a) emprego de componentes e materiais de qualidade compatível com a VUP;

b) execução com técnicas e métodos que possibilitem a obtenção da VUP;

c) cumprimento em sua totalidade dos programas de manutenção corretiva e

preventiva;

d) atendimento aos cuidados preestabelecidos para se fazer um uso correto do edifício;

e) utilização do edifício em concordância ao que foi previsto em projeto.

Page 13: DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

Segundo a norma, dentre os aspectos supraditos, os itens “a” e “b” são essenciais para

que o edifício construído tenha potencial de atender integralmente a VUP, sendo que a

implementação destes depende do projetista, incorporador e construtor. Já os itens “c”, “d” e

“e” são essenciais para que se atinja efetivamente a VUP e dependem dos usuários. No

entanto, para que esses itens possam ser cumpridos, é fundamental que estejam

informados no manual de uso, operação e manutenção do edifício, a ser entregue pelo

empreendedor aos usuários.

Na tabela 4 apresenta-se um quadro resumo das incumbências ou responsabilidades de

cada interveniente (responsável) da edificação, mostrando que para se alcançar o

desempenho requerido é necessário que todos os envolvidos na cadeia da construção civil,

do fornecedor de materiais aos usuários da edificação, desenvolvam corretamente seu

papel.

Intervenientes Incumbências (responsabilidades)

Fornecedor de insumo, material, componente e/ou sistemas

˗ Caracterizar o desempenho de acordo com a NBR 15575 (2013) e fornecer produtos que atendam pelo menos a VUP mínima obrigatória.

˗ Informar em documentação técnica específica as recomendações para manutenção corretiva e preventiva necessárias para que a VUP seja atingida.

Projetistas

˗ Estabelecer a Vida útil de projeto de cada sistema da NBR 15575 (2013).

˗ Especificar materiais, produtos e processos que atendem o desempenho mínimo estabelecido na NBR 15575 (2013), com base em normas prescritivas vigentes e com base no desempenho declarado pelo fabricante dos produtos a serem empregados no projeto.

Construtor e incorporador

˗ é da incumbência do incorporador, de seus prepostos e/ou dos projetistas envolvidos, dentro de suas respectivas competências, e não da empresa construtora, a identificação dos riscos previsíveis na época do projeto, devendo o incorporador, neste caso, providenciar os estudos técnicos requeridos e alimentar os diferentes projetistas com as informações necessárias.

˗ elaborar o manual de operação uso e manutenção, ou documento similar, atendendo à NBR 14037 (2011) e NBR 5674 (2012), o qual deve ser entregue ao proprietário da edificação ou unidade habitacional.

Usuário ˗ Realizar as ações de manutenção de acordo com o estabelecido

na NBR 5674 (2012) e o manual de uso, operação e manutenção e recomendações técnicas das inspeções prediais.

Tabela 4 – intervenientes e incumbências descritas na NBR 15575:2013 (item 5)

Com a vigência da norma de desempenho (NBR 15575, 2013), os

proprietários/usuários de imóveis terão uma ferramenta legal para exigir, dos construtores,

que os sistemas que compõem os edifícios, desde instalações hidrossanitárias e pisos a

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estruturas, fachadas e coberturas, atendam obrigatoriamente a requisitos mínimos de

desempenho ao longo de uma determinada vida útil (ver tabela 3).

Todavia, o próprio texto da norma de desempenho enfatiza a dificuldade de se

projetar para a vida útil, dada a complexidade dos vários processos de degradação que

afetam, em conjunto ou isoladamente, as edificações. Ainda a norma destaca que para se

atingir a VUP é necessário que o proprietário realize a manutenção prevista no manual de

manutenção, uso e operação da edificação.

Do ponto de vista técnico, é fundamental que a vida útil (VU) seja considerada no

nível do projeto, uma vez que 50% do desempenho dos edifícios dependem do projeto

(BORGES, 2009). Mas como inserir as questões de vida útil na fase de projeto da

edificação? Pois, apesar da vida útil quando definida no nível do projeto tender a diminuir o

custo global, o construtor, para reduzir o custo inicial, tende a construir pelo menor custo de

construção, optando por alternativas que não favorecem a durabilidade e consequentemente

a vida útil da edificação.

Uma alternativa importante para considerar a vida útil no projeto é a análise do Custo

do Ciclo de Vida (CCV) da edificação, onde os fatores intervenientes no projeto, execução e

manutenção são considerados ao longo do tempo incluindo os custos associados,

auxiliando na identificação de alternativas de projeto que possam conduzir a menores custos

de operação, manutenção, reparo e reabilitação, durante a vida útil da construção. Com isso

tem-se uma curva de desempenho e uma de custos ao longo do tempo, conforme

apresentado na figura 5.

Essa análise pode ser usada para justificar altos investimentos iniciais de um projeto,

em razão dos benefícios econômicos advindos ao longo do tempo. Suas vantagens são

mais bem percebidas quando se podem comparar diferentes alternativas de projeto, sendo

que os maiores benefícios desta análise, são alcançados em projetos de novas edificações.

Todavia, não há impedimentos para seu emprego em edificações já existentes.

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CCV

Baixo

Custos

1

Confiabilidade Alto

Alt

o

Custo de

aquisiçãoCusto de

manutenção e reparo

Desempenho

Figura 5: relação entre custos de aquisição e custos de manutenção e reparo sobre o ponto do custo do ciclo de vida (CCV)

Ressalta-se que a análise do CCV exige visão sistêmica e multidisciplinar, pois além do

conhecimento em engenharia são necessários conhecimentos básicos em ciência dos

materiais, processos estocásticos e engenharia econômica.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto, a execução, a seleção dos materiais, a caracterização do ambiente de

exposição e as estratégias de manutenção e reparo são de suma importância para a

garantia de durabilidade (qualidade) de uma estrutura ou componente, e

consequentemente, sua vida útil. Qualquer negligência em relação a estes aspectos

torna o desempenho das mesmas insatisfatório quanto à durabilidade, afetando

diretamente a vida útil requerida.

A vida útil de uma estrutura pode ser limitada por aspectos técnicos, funcionais ou

econômicos. Os aspectos técnicos são todos aqueles não relacionados com o uso

da estrutura (requisitos para a integridade estrutural da edificação, capacidade

resistente dos componentes e materiais). Os funcionais referem-se à capacidade de

uma estrutura cumprir com o conjunto principal de funções para a qual foi projetada

(resistir às ações que é solicitada). Já os econômicos são relativos aos custos de

manutenção necessários para que a estrutura siga em uso.

Apesar da avaliação do desempenho econômico ser uma demanda crescente e

necessária, o critério de custo não foi incorporado à normativa de desempenho

brasileira. Em contrapartida, o critério de adequação ambiental foi contemplado,

englobando o projeto e implantação de empreendimentos, a seleção e consumo de

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materiais, o consumo de água e deposição de esgotos no uso e ocupação da

habitação e o consumo de energia no uso e ocupação da habitação.

É necessário que os engenheiros saibam conduzir a análise de custo beneficio

(análise do Custo do Ciclo de Vida) a fim de apresentar ao cliente/proprietário

alternativas de projeto, levando em conta o conjunto de fatores que afetam o custo e

a qualidade da edificação a fim de se obter a curva e desempenho e de custos ao

longo da vida útil da edificação.

A qualidade das obras do país precisa com urgência ser melhorada. Inúmeras obras

recém-construídas tem apresentado degradação acentuada, as quais podem não

atingir a VUP, sobretudo sem intervenções de manutenção. Também os proprietários

precisam “entender” a importância e a necessidade das ações de manutenção para a

garantia da vida útil, ou seja, é necessário “criar a cultura da manutenção” das

edificações.

É necessário mudar paradigmas tanto dos construtores quanto dos proprietários a

fim de deixar de se construir pelo menor custo inicial em prol do melhor custo

benefício.

A abordagem de desempenho dada pela “Norma de desempenho” precisa ser

implementada nos novos projetos de engenharia a fim de melhorar a qualidade das

obras do país.

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REFERÊNCIAS

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