desafios do uso da tv na sala de...
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Secretaria de Educação a Distância – SEED – MEC Universidade Federal do Rio Grande
Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação Curso de Especialização em Mídias na Educação
DESAFIOS DO USO DA TV NA SALA DE AULA
Daiane Pereira de Souza Orientadora: Profª. Msc. Marise Xavier Gonçalves
Santa Vitória do Palmar/RS, 2009
DAIANE PEREIRA DE SOUZA
DESAFIOS DO USO DA TV NA SALA DE AULA
Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande, como requisito para a obtenção do Título de Especialista em Mídias na Educação.
Orientadora: Profª. Msc. Marise Xavier Gonçalves.
Santa Vitória do Palmar/RS, 2009.
AGRADECIMENTOS
É com grande felicidade que venho expor os meus sinceros
agradecimentos a toda equipe de profissionais do curso de mídias, que não
mediram esforços para que hoje eu pudesse estar aqui, transpondo mais um
obstáculo em minha caminhada.
Destaco entre os profissionais, o Professor Alexandre Jesus da Silva
Machado que com muita dedicação, coragem e atitude, sempre esteve apoiando
e incentivando a minha caminhada.
Agradeço também, a uma pessoa que hoje considero uma grande amiga,
que sempre esteve por perto, mesmo longe, incentivando, e chamando cada um
para a sua responsabilidade, obrigada amiga Tânia Mara Vigorito.
E com orgulho dedico este trabalho a três mestres, que foram
fundamentais em minha trajetória: Meu pai Mário Osvaldo Pereira de Souza,
mestre na arte da honestidade e responsabilidade; minha mãe Rosália Souza de
Souza, mestra na arte de incentivar e educar e a professora Marise Xavier
Gonçalves, mestre na arte de orientar.
Não tenho palavras suficientes e que realmente possam expressar meus
sentimentos, obrigada por tanta generosidade, amizade, carinho e dedicação.
Muito obrigada!
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................... 8
2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................. 13
2.1. A sala de aula e a televisão............................................................ 20
2.2. Programação .................................................................................. 21
2.2.1. Publicidade .................................................................................. 22
2.2.2. Telenovelas ................................................................................. 24
2.2.3. Programas jornalísticos ............................................................... 26
2.2.4. Programas infantis ...................................................................... 27
2.2.5. Programas educativos ................................................................ 29
3. O CAMINHO PERCORRIDO ............................................................ 31
4. ANÁLISE DOS DADOS .................................................................... 34
5. CONCLUSÃO ................................................................................... 41
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 44
APÊNDICES........................................................................................... 46
RESUMO
O trabalho que segue: “Desafios do uso da TV na sala de aula” pesquisa maneiras de utilização da televisão no espaço escolar como recurso pedagógico, que venha a favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Na cultura atual, desenvolveu-se o hábito de assistir televisão. Podemos notar que a grande maioria das residências do nosso país, sendo urbana ou interiorana, dispõe da TV, que atinge a população tanto no entretenimento quanto na informação, e sendo caracterizada por um meio de comunicação fascinante e de fácil acesso vem interferindo na forma de agir e pensar com relação ao mundo que nos cerca. Em vista disso, o presente trabalho procura demonstrar formas significativas, quanto à utilização desta tecnologia para favorecer a aprendizagem, visando promover o senso crítico e a atualização, sendo que a programação veiculada na grande maioria das emissoras aborda temas atuais, sejam os programas de caráter informativo ou de entretenimento. Com base nisso, as mídias, em especial a televisão, devem ser usadas como recurso pedagógico, contribuindo para que possam ser formados cidadãos que sejam capazes de interpretar imagens, formar conceitos e discutir soluções. Para tanto, foram aplicadas entrevistas a diretores, professores, pais de alunos e alunos. Quanto à teoria, o trabalho se fundamenta no pensamento de autores como Marcos Napolitano, Douglas Kellner, José Manoel Moram, dentre outros.
Palavras chave: TV, tecnologia, mídias, educação
RESUMEN
El trabajo que sigue: "Desafíos para el uso de la televisión en el aula" vías de investigación para uso de la televisión en la escuela como un recurso pedagógico que ayudará al proceso de enseñanza y aprendizaje. En la cultura contemporánea, ha desarrollado el hábito de ver la televisión. Tomamos nota de que la gran mayoría de los hogares en nuestro país, urbanas y provinciales, tienen la televisión, que llega a la población en tanto el entretenimiento y la información, y se caracteriza por un medio de comunicación interesante y de fácil acceso están interfiriendo en la forma de actuar y pensar acerca del mundo que nos rodea. En consecuencia, este documento pretende demostrar la forma significativa, sobre el uso de la tecnología para facilitar el aprendizaje, para promover el pensamiento crítico y de actualización, y el programa transmitido la mayoría de las emisoras cubre temas de actualidad, los programas son de un folleto informativo o de entretenimiento. Sobre esta base, los medios de comunicación, especialmente la televisión, se debe utilizar como herramienta de enseñanza, que le ayuda a ser ciudadanos formados que sean capaces de interpretar las imágenes, para formar conceptos y discutir soluciones. Con este fin, se realizaron entrevistas con directores, profesores, padres y alumnos. La teoría, el trabajo se basa en el pensamiento de autores como Mark Napolitano, Douglas Kellner, José Manuel Morán, entre otros.
Palabras clave: televisión, tecnología, medios de comunicación, la educación
1. INTRODUÇÃO
As pessoas que nasceram nas últimas décadas, período de rápidas
evoluções tecnológicas no mundo inteiro, certamente encontrarão dificuldade em
imaginar que, no início do século passado muito do que se tem hoje
simplesmente não existia ou era muito diferente de como conhecemos nos dias
atuais. Um exemplo dessa afirmação é a existência da televisão (TV), um veículo
de comunicação fantástico que, em seus primeiros anos, não ultrapassava a uma
simples caixa de papelão repleta de furos, com um farolete de bicicleta e uma
lâmpada elétrica. Assim, com esse pequeno invento doméstico, o escocês John
Baird espantou um grupo de cientistas em Londres, quando conseguiu a façanha
de projetar a imagem de um boneco. Baird, manipulando um disco giratório
instalado na pequena invenção, transmitiu a imagem de uma sala para a outra;
ficou, assim, o ano de 1926, considerado oficialmente como o ano do
descobrimento da TV.
Até hoje, porém, encontramos muitas divergências quanto a real
paternidade da TV. No mesmo período em que Baird dava continuidade as suas
experiências e indagava se a “engenhoca” que inventara poderia um dia chegar a
transmitir imagens de um país ao outro, nos Estados Unidos, outro cientista,
Charles Francis Jenkins, realizada e profetizava a mesma idéia, tendo como
aliadas as empresas de radiodifusão. Há outra figura também muito importante
nesta história - o russo naturalizado americano Vladimir Zworykin, pois foi o
inventor dos primeiros tubos usados em uma câmera de TV, pertencendo a ele a
patente da TV em cores e dos primeiros tubos de imagens, ou seja, não podemos
desconsiderar, em parte, a paternidade de Zworykin, neste maravilhoso invento
que é a TV, porém, ainda assim, a história reconhece John Baird como sendo o
pai do veículo televisivo.
A TV é um dos meios de transmissão de imagens mais eficientes
conhecidos atualmente. Uma pergunta frequente, feita no domicílio, relativa à TV
é: onde está o controle remoto? Quando as primeiras TVs foram construídas, elas
não tinham controle remoto. A “maravilha” inteira era, basicamente, formada de
um disco, uma luz e uma necessidade moderada de eletricidade. É difícil
imaginar o volume de material histórico que seja possível
reunir sobre os avanços tecnológicos acerca da TV, mas, certamente, as
melhorias continuam sendo feitas diariamente.
Na década de 1930 os televisores evoluíram muito em termos de
componentes eletrônicos. Em 1945, as imagens já tinham uma qualidade melhor
do que as de modelos anteriores, mas ainda eram transmitidas em preto e
branco. Tecnicamente, a habilidade em produzir programas em cores ocorreu no
fim da década de 1940, porém só foi por volta de 1960 que os principais canais de
TV começaram a produzir e transmitir a sua programação em cores.
Os anos 70 causaram um grande impulso na compra de televisores: as
telenovelas tornaram-se favoritas entre as donas de casa, os shows tornaram-se
mais abundantes, os jogos de futebol, os filmes, os programas de auditório, entre
outros. Os satélites influenciaram ainda mais as mudanças na TV, em meados de
1980. Hoje já contamos com a TV digital, com transmissão via satélite, que
fornece as imagens mais realísticas possível aos usuários e disponibiliza dezenas
de canais aos usuários. (dados obtidos no site www.polomercantil.com.br,
acessado em 15/11/2008).
Particularmente, no Brasil, a TV teve sua pré-estréia em 1950, quando
foram transmitidas algumas imagens que não passaram do saguão dos Diários
Associados, em São Paulo, onde se encontravam alguns aparelhos instalados
para uma platéia seleta. Em 1960, o país já contabilizava 200 mil aparelhos
receptores de TV. Enfim, desde a chegada ao Brasil, o veículo televisivo só vem
evoluindo e sofrendo modificações para melhor atender a um público consumidor
cada vez mais exigente.
Enquanto educadora em escolas municipais dos Municípios de Santa
Vitória do Palmar e Chuí, penso que, como instrumento no processo ensino-
aprendizagem, a TV poderia ter um espaço muito maior, ou seja, ser mais
explorada no ambiente escolar do que é atualmente, já que é uma das mídias
mais presentes nas instituições, tornando-se um recurso valioso para o educador,
se este fizer uso da mesma com objetivos claros e bem definidos.
A TV faz parte do cotidiano da grande maioria dos brasileiros. Noto a forma
como esta mídia é capaz de influenciar na formação dos indivíduos, analisando o
modo de agir e pensar dos alunos com os quais convivo, além da influência nas
relações familiares e sociais. Faz-se necessário que o educador atue de forma
mais atenta, agindo como um mediador, incentivando o educando a desenvolver
um pensamento crítico, proporcionando-lhe condições de fazer a relação entre a
imaginação e a realidade, com o objetivo de interpretar a linguagem televisiva,
formando conceitos e opiniões e não apenas realizando uma repetição do que vê
e ouve. Infelizmente, são inúmeros os programas de TV sem nenhum fim
educativo, que acabam por tornar nossas crianças meras receptoras de uma série
de informações que não auxiliam no processo de formação de suas
personalidades e envolve não somente crianças, que estão em processo de
formação, mas também os adolescentes, muitos deles influenciados por
marcadores estereotipados, instigados por programas televisivos.
É possível identificar programações veiculadas pela TV que possuem
algum conteúdo de qualidade e certa relevância social, porém muitas
programações acabam gerando impactos negativos, pois este meio tem o poder
de iludir com grande facilidade o telespectador comum, que acaba por associar
tudo que assiste à sua realidade, fazendo com que sejam adotados modelos
comportamentais que podem confundir as pessoas entre o que é a realidade de
suas vidas e a ilusão criada transmitida na tela.
É importante iniciar uma discussão, então, sobre qual a relação existente
entre o papel dos meios de comunicação e o do educador, no processo educativo,
devido a grande influência que a TV vem adquirindo na formação dos educandos.
Já há algum tempo venho refletindo sobre esse tema e, com o estímulo do
curso Mídias na Educação, decidi aprofundar meus conhecimentos em relação à
mídia TV e realizar uma pesquisa com alunos, pais e professores das escolas
onde trabalho para investigar o que pensam sobre este meio de comunicação em
suas vidas.
Para a realização dessa pesquisa, tive como objetivo conhecer maneiras
de utilização da programação da TV no espaço escolar visando enriquecer o processo de ensino-aprendizagem e favorecer a prática pedagógica.
Após a conclusão dessa pesquisa pretendo elaborar um material que
servirá de orientação para os educadores interessados sobre as diferentes
possibilidades de utilização dos programas televisionados em sala de aula, com
um roteiro relacionando a programação da TV com alguns conteúdos a serem
trabalhados nas séries iniciais e finais do ensino fundamental.
Nos últimos anos o mundo vem passando por grandes avanços
tecnológicos, que trazem consigo modificações tanto no cotidiano dos educandos
como no espaço escolar. Percebo que a velocidade com que as tecnologias vêm
surgindo e penetrando em todos os ambientes, seja na escola, casa, comunidade,
nem sempre é acompanhada, na mesma intensidade, pelos educadores, muitas
vezes devido a capacitação falha ou inexistente, outras por falta de interesse, o
que, na maioria das vezes, resulta na utilização de maneira incorreta ou
simplesmente pelo não uso dos recursos tecnológicos que estão ao seu alcance
e, ainda, pela dificuldade financeira na aquisição dos bens.
Nota-se, principalmente, a falta de interesse de muitos educadores frente
às novas tecnologias; é preocupante o descaso em atualizar-se por parte de
alguns profissionais, que muitas vezes preferem “fechar os olhos” para o novo,
pois o novo geralmente é mais complexo, traz obstáculos a serem superados,
exige um maior esforço e doação no que se pretende atingir, requer maior
planejamento das atividades propostas, enfim, por trás das novas tecnologias,
pode-se enumerar uma série de itens que são utilizados como barreiras para a
não atualização e o conseqüente desuso dos recursos disponíveis. Porém,
conheço vários profissionais preocupados com a melhoria da educação e que
estão sempre buscando o aperfeiçoamento, realizando cursos para oportunizarem
uma melhor qualidade de ensino aos seus educandos.
O uso da TV vem se tornando um recurso obsoleto nas instituições de
ensino e esta questão é preocupante, pois a TV é portadora de funções
importantes para o processo de aprendizagem, enquanto formadora de opiniões e
sendo um recurso de fácil acesso pelos educandos. Seguindo esta linha, é
possível concluir que se faz necessário, um olhar pedagógico, uma visão um tanto
que critica e comprometida sobre a prática interligando-a com este recurso, para
que a TV possa ter o devido uso no cotidiano do espaço escolar, tornando-se uma
aliada do educador. Saliento ser de suma importância, para a inovação na
educação, uma avaliação do trabalho cotidiano, suas características e seus
resultados, dando uma atenção maior para a relação educando/educador, sobre o
papel de cada um deles no processo ensino-aprendizagem. Acredito, também,
que promover uma educação audiovisual de qualidade, organizando as atividades
como uma adição de partes de uma matéria ou disciplina com o programa
estudado torna o educando um cidadão mais crítico e formador de opiniões.
2. REVISÃO DA LITERATURA
A TV vem, a cada dia, se tornando mais presente no cotidiano das pessoas
e, com isso, está deixando de ser apenas um veículo informativo e de
entretenimento, tornando-se, indiscutivelmente, agente de educação:
transformou-se num dos principais lugares em que os indivíduos estão inseridos,
e que exercitam a socialização, dentro do espaço familiar e, mesmo assim, muitas
instituições escolares ainda apresentam resistência, quando o assunto abordado
é a utilização da TV como recurso pedagógico. Percebo a necessidade de incluir
as mídias1 no espaço escolar devido ao importante papel que estas vêm
assumindo na sociedade, gerando modificações tanto na prática pedagógica
quanto na estrutura educacional, podendo, com essa inclusão, tornar o ensino-
aprendizagem um processo motivador e significativo, tanto para os educandos
quanto para os educadores.
O uso do veículo televisivo é importante no âmbito do espaço escolar, na
tentativa de integrar os conteúdos curriculares aos veiculados neste meio de
comunicação, considerado um dos mais eficientes no processo de educação
informal; sendo assim, não pode ser ignorado no ambiente escolar, pois este
ensina de forma prazerosa e totalmente voluntária, levando em consideração que
ninguém, seja adulto ou criança, é obrigado a observar, criticar, agir, pensar. A
escola, como um instrumento de formação de opiniões, não pode ficar omissa a
esta realidade, pois a televisão, como recurso pedagógico, é capaz de
oportunizar o conhecimento do mundo e de suas adversidade, e a escola pode
sim fazer uso deste recurso, para que através das informações veiculadas, seja
possível interpretá-las e converter as informações adquiridas em conhecimentos.
O mundo em que vivemos carrega consigo um grande desafio para a
educação: buscar formas de integrar a escola com o avanço das tecnologias
emergentes do meio que a cerca. Refletindo sobre essa questão, devemos
repensar o espaço e o tempo que dispomos para a utilização das mídias no
âmbito escolar, sempre levando em consideração o que se deseja ensinar.
1 As mídias aqui citadas se referem às diferentes tecnologias da informação e da comunicação: TV, vídeo, informática, rádio e impressos, utilizados para facilitar o processo ensino-aprendizagem. (N.A.)
Segundo Freire (1979, p. 69), “a educação é comunicação, é diálogo, na
medida em que não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos
interlocutores que buscam a significação dos significados”. Penso que, se
estamos em constante busca por significados a tudo que nos cerca, se nos
comunicamos, se trocamos as informações necessárias para a formação do
conhecimento, o veículo televisivo é um instrumento valioso quando aliado à
educação, pois há um constante encontro de diferentes realidades que,
interligadas, formam significados de grande relevância para a formação do
conhecimento. Faz-se necessário, então, buscar novas formas de utilização desta
mídia, para a possível formação de cidadãos mais críticos e formadores de
opinião, capazes de transformar suas realidades, se assim o desejarem. Nesse
contexto, no papel de mediadores do processo ensino-aprendizagem, os
professores não podem ignorar a presença da televisão na vida dos seus alunos,
a qual influencia atitudes e forma personalidades. É fundamental utilizar este
veículo no espaço escolar da melhor maneira possível.
Para Napolitano (2003) “a televisão é um fenômeno que está aí, que veio
para ficar, que é parte da sociedade contemporânea”. Sendo assim, devemos
valorizar o tão quanto significativo irá se tornar o trabalho pedagógico quando nos
utilizarmos deste recurso, que está presente na instituição familiar de todos os
educandos, de forma que este se torne um instrumento de ensino não apenas
informando ou sendo um recurso de entretenimento, mas, também, transmitindo
as informações necessárias para a construção do conhecimento, de maneira
produtiva, sendo de grande valia a colaboração do educador para que o aluno
possa ver a programação e ter a capacidade de transformá-las em conceitos
significativos para a sua vivência.
O Governo vem equipando as instituições escolares com aparelhos de TV,
já há alguns anos, com o propósito de proporcionar mais recursos aos
educadores, enriquecendo, assim, a sua prática diária. Os diretores de escola, na
sua grande maioria, também são conscientes da importância da TV e buscam
equipar suas instituições com este recurso. Portanto, é de suma importância que
o educador tenha em mente que o aparelho de televisão não deve ser utilizado
apenas como complemento para o uso do vídeo-cassete e do DVD, mas, sim, o
próprio recurso, com seus objetivos e metas, pois temos excelentes programas
televisionados que podem ser utilizados como recurso pedagógico, porém, assim
como toda mídia, alguns destes programas necessitam ser filtrados e adequados
à faixa etária que pretendemos atingir e ao conteúdo ao qual desejamos ensinar.
Freire (1996, p.139), no livro ‘Pedagogia da Autonomia’, levanta a seguinte
questão: “Como enfrentar o extraordinário poder da mídia, da linguagem da
televisão, de sua ‘sintaxe’ que reduz a um mesmo plano o passado e o presente e
sugere que o que ainda não há já está feito?”. Não podemos ser contra as
tecnologias que nos cercam e invadem com grande velocidade a sociedade, mas,
sim, aliar-nos a elas; dispomos de um excelente meio de informações disponível
para todos os educandos, os programas televisionados, cada vez mais voltados a
atrair o telespectador, buscam as mais diversas formas de prender a atenção
deste, informando sobre todo e qualquer tipo de assunto, mostrando realidades
diversas e nós, como formadores de opiniões, temos que estar abertos para o
novo e nos prepararmos para utilizá-lo da melhor forma possível, fazendo com
que esta forma seja condizente com o que queremos e esperamos do nosso
educando, realizando de maneira clara e correta o nosso trabalho. Nos dias
atuais, com os grandes avanços tecnológicos, nos como educadores
comprometidos com a formação de cidadãos conscientes e críticos, não podemos
desconhecer a televisão, mas usá-la e, sobretudo, discuti-la.
É imprescindível que haja um comprometimento e, consequentemente uma
preparação pelos profissionais para o uso da televisão, ou seja, que estes saibam
o que pode e como pode ser usado da programação veiculada. Provavelmente
esteja aí a barreira apresentada pela grande maioria dos educadores: saber de
que maneira poderiam transmitir seus conteúdos, usando a TV. A maioria dos
profissionais apresenta dificuldades em utilizar e adequar a programação
televisionada para a faixa etária que lecionam e, ainda, não tem idéia de como
relacionar os conteúdos curriculares às informações apresentadas nestes
programas. Os educadores não se omitem ao uso da TV, o que percebo é que
faltam cursos de capacitação aos profissionais e, por isso, este recurso não é
utilizado na sua potencialidade máxima.
Em sua prática pedagógica, os educadores estão cientes do valor da TV
como veículo informativo, entretanto não usam este recurso e, menos ainda,
utilizam sua programação; sabem da importância e da gama de informações
absorvidas pelos alunos diante desta mídia de forte influência, mas esbarram em
diversos medos em se utilizar deste meio.
Temos que incluir, as mídias que nos rodeiam no espaço escolar, de
maneira significativa, pois elas existem na vida dos alunos independente da
existência ou não da escola. O que é preciso, no entanto, é aproveitar o que cada
mídia oferece de melhor e de mais produtivo para a aprendizagem. FERRÉS
(1996) destaca que uma das vantagens de incluir a televisão na escola é o fato de
tornar o ensino significativo, pois os alunos assistem aos programas televisivos de
maneira voluntária e prazerosa, dedicando a maior parte do seu tempo para este
entretenimento, sendo um recurso que vem modificando hábitos a cada geração;
então, tornar este um meio presente no processo ensino-aprendizagem fará com
que a aquisição do conhecimento aconteça com maior facilidade. Outra vantagem
da inclusão do veículo televisivo é a extensão da escola para o cotidiano familiar
do educando, pois este criará o hábito de relacionar as imagens e toda
informação recebida com os temas abordados na escola, realizando análises
críticas, reflexões, discutindo com seus pares e formando opiniões.
Os educadores demonstram, claramente, a dificuldade que encontram em
fazer uso da TV, expressam também à falta de interesse em buscar formas de
integrá-la em suas práticas cotidianas; os profissionais são conhecedores da
influência que esta mídia exerce sobre os educandos e afirmam que, enquanto
realizam suas atividades diárias em sala de aula, surgem muitos comentários dos
alunos em relação a programas televisionados; os temas são discutidos no grupo,
mas não há planejamento de aulas com base nesses ou noutros programas.
Devemos oportunizar as crianças e adolescentes condições para que
possam ser telespectadores capazes de interpretar informações e relacioná-las
com o cotidiano, sendo cidadãos críticos que desenvolvem a capacidade de
formular conceitos com uma visão maior de mundo a partir do assistido, não
apenas absorvendo informações durante horas sem formar opiniões. A maioria
dos jovens são telespectadores assíduos e afirmam que assistem a programas
apenas por entretenimento, além disso, muitos acreditam que a programação
exibida não está influenciando de maneira correta a formação de crianças e
adolescentes. Podemos dizer que, atualmente, muitos jovens não mais assistem
TV apenas absorvendo passivamente a programação, pois alguns são
telespectadores conscientes e desenvolveram habilidades para avaliar e formar
opiniões diante do que é assistido.
Tendo em mente que a TV não pode ter seu uso limitado apenas como
objeto para adaptação de vídeo e DVD e que sua abordagem pedagógica pode
ser de grande relevância para a prática, faz-se necessária a inclusão desta, com
todos os seus paradigmas, como grande incentivadora da linguagem, da
produção e da criação no espaço da prática escolar. Fiske (1989) define que
“televisão é agente cultural provocador, veiculador, circulador de sentidos e
prazeres”, sendo assim todo meio de cunho cultural e que atua como provocador
do inconsciente deve fazer parte do processo de formação do conhecimento,
atuando como agente formador das relações sociais. Deve ser utilizada, portanto,
com o objetivo de educar e ser uma constante na prática pedagógica.
Dentre as habilidades que se procura desenvolver em uma criança,
relacionando as informações obtidas através da televisão, não se tem a pretensão
de formar um crítico profissional, mas um cidadão capaz de interpretar
mensagens audiovisuais, diferenciando a realidade da ficção, expressando idéias,
formando conceitos e emitindo suas próprias opiniões.
Freire (1983, p.42) declarou ser “impossível resistir à nova linguagem, a
audiovisual”. Não podemos ficar temerosos de que a linguagem audiovisual
substituirá a linguagem escrita, mas, sim, cientes de que as imagens poderão
acrescentar algo mais a escrita, favorecendo a aprendizagem, tornando-a de fácil
compreensão. A gama de oportunidades que esta união pode provocar é imensa
e favorecerá a educação na aquisição de conhecimentos por parte do nosso
educando.
As crianças vão à escola com o intuito de serem apresentadas à linguagem
escrita e compreender o vocabulário, entre outras. Entretanto, na era das mídias,
esse processo se dá de maneira rápida e incontrolável, dentro de casa, sem ser
administrado pela família e até mesmo pelas instituições de ensino, pois quando o
aluno chega à escola já traz consigo uma bagagem de informações prévias, de
onde se concluiu que a TV já assumiu um papel de suma importância na vida dos
jovens. São inúmeras as atribuições da instituição escolar e do educador com a
finalidade de formar cidadãos que se apropriem crítica e criativamente das mídias,
em especial da TV, da sua programação, da linguagem audiovisual e de toda
informação adquirida enquanto telespectador, para fazer a mediação TV-
educando.
Segundo Napolitano (2003) “a midiabilidade é um dos principais problemas
a serem pensados pela escola.” Não podemos ficar omissos aos avanços da
tecnologia, sendo necessário cuidado e atenção com a influência
comportamental, principalmente da TV, quando quisermos veicular os programas
aos conteúdos aplicados, ou seja, tornar os programas o ponto de partida do
conhecimento a ser trabalhado, pois estaremos expostos a uma grande
diversidade de informações que, muitas vezes, incorporam valores aos
telespectadores mais leigos. Estamos todos à mercê da informação que a mídia
proporciona e, devido a isto, quando se pretende trazer a programação até a sala
de aula, deve-se planejar e dispor de tempo para que os objetivos não venham a
se perder durante o trabalho.
Quando se fala em utilizar a TV como recurso pedagógico, a intenção não
é substituir a linguagem escrita pela audiovisual e, sim, tornar esta possibilidade
um auxiliar do ensino, criando oportunidades para que os educandos possam
interpretar as imagens observadas de maneira clara e objetiva. Para melhor
elucidar o que escrevo, cito palavras de Freire (1984, p.14):
Uma das coisas mais lastimáveis para um ser humano é não pertencer ao seu tempo. É se sentir um exilado no tempo. Com isso quero te dizer que sou um homem da televisão, sou um homem do rádio, também. Assisto a novelas, por exemplo, e aprendo muito criticando-as.
É necessário estimular os educandos a serem agentes ativos do meio que
os cerca, capazes de criticar e discordar daquilo que estão assistindo ou,
simplesmente, concordar e gostar (ou não) do que observam; que sejam
formadores de opinião entre seus pares, que as informações absorvidas sejam
interpretadas e, realmente, assimiladas. Muitos jovens são meros expectadores,
assistem TV por assistir, tornaram-se reféns desse aparelho; outros podem ser
considerados críticos por terem idéias próprias e conseguirem explicitar os
conceitos adquiridos com o que assistiram, enfim, são capazes de processar os
conhecimentos adquiridos através da TV. Entretanto há os que apresentam
grande dificuldade em compreender as informações que lhes são transmitidas e,
com isso, é possível perceber o quanto o espaço escolar se faz necessário para
oportunizar novos olhares para os programas televisionados.
A TV é uma mídia de grande influência na população e muitos de seus
programas não apresentam conteúdos de caráter informativo ou educativo.
Existem muitos canais de TV e cada um tem seus princípios e, acredito, isso não
seja errado; porém, a maioria desses canais pertence a TV fechada, paga,
restando à TV aberta uma programação, no mínimo, questionável. Para os
educadores que, em determinado momento, oportunizam uma reflexão sobre o
recurso, sobram conteúdos de baixo nível informativo para desenvolver um bom
trabalho, fazendo com que a aula necessite um excelente preparo a fim de ser
utilizada a programação da TV e possibilite, uma forma de conhecimento.
Antes de apresentar qualquer tema retirado da programação, é importante
que o nosso aluno conheça a história da TV, desde a sua invenção, até os dias
atuais, levando-os a perceberem o quão importante ela tornou-se ao longo dos
anos. Ainda, mostrar e discutir a programação dos diversos canais existentes,
pois há alunos que sequer sabem da existência de outras possibilidades, por
conhecerem apenas os canais da TV aberta que, na maior parte do dia, veiculam
programas de baixo nível cultural.
Napolitano (2007) salienta que, “nos usos sociais da TV, interferem fatores
importantes, (...), razão e emoção; alienação e participação; sonho e realidade;
lazer e trabalho; tédio e fascinação.” O aparelho influencia de maneira direta os
mais diversos sentimentos e estes são fundamentais na formação de qualquer
indivíduo; é um conjunto de sons, imagens, linguagens e movimentos que atraem,
prendem e influenciam as crianças e, em algumas situações, os adolescentes e
até mesmo adultos, por ser um aparelho de grande influência na socialização dos
indivíduos. Esses fatores devem ser levados em conta para a compreensão de
como as pessoas, independentemente das suas idades, reagem à programação
transmitida pela TV.
Sabendo que a televisão interfere na formação dos nossos alunos, agindo
diretamente na personalidade dos mesmos, não é aceitável que este meio de
comunicação tão eficaz seja ignorado; ele deve, ter seu uso explorado no espaço
escolar. Não afirmo que esta mídia deva ser incorporada na sua totalidade, mas
sugiro que seja articulada às atividades curriculares de maneira gradual e
crescente, favorecendo o ensino-aprendizagem e facilitando a aquisição do
conhecimento.
Desde já, destaco que se faz necessária a capacitação e o
comprometimento do profissional frente aos temas abordados para que sejam
relacionados com a competência que se quer atingir e, principalmente, a
desmistificação de que é impossível trabalhar os programas televisionados nas
atividades curriculares, pois estes oferecem um rico conteúdo que, quando bem
analisado e interpretado, pode ser um facilitador na apreensão do conhecimento.
2.1. A sala de aula e a televisão
A integração do material da TV no espaço escolar deve ser analisada do
ponto de vista pedagógico, antes de ser inserido no currículo, devido ao grau de
influência que sua programação exerce sobre os indivíduos e a variedade de
informações fornecidas por este meio. Sendo bem planejada a sua aplicação,
acredito que é possível, inclusive, trabalhar com o conteúdo televisionado de uma
maneira interdisciplinar, pois um único programa pode ser analisado sob várias
óticas, sendo aproveitado por mais de uma disciplina, ou ser trabalhado de forma
coletiva pelos docentes, dividindo, assim, o tempo para o planejamento e
acarretando maiores possibilidades de reverter em conhecimento informações
fornecidas pela programação selecionada para determinado trabalho, quando
atividades coletivas. Inclusive, a informação disponibilizada na TV pode ser
utilizada nas diversas áreas do conhecimento e o educador pode usar uma
mesma notícia para diferentes atividades, não necessitando, a cada conteúdo
trabalhado, selecionar outra informação veiculada. É importante lembrar, sempre,
da importância de um bom planejamento, tanto na escolha do programa, quanto
nas atividades a serem aplicadas aos educandos.
2.2. Programação
Uma emissora de TV que apresente uma programação de qualidade, em
sua totalidade, é rara de ser encontrada; é possível observar, principalmente nos
canais abertos, um “telelixo”2 que não favorece em nada o processo educativo.
Infelizmente, é raro encontrar bons exemplos, regras de boas maneiras ou
similares nos programas televisionados brasileiros, que em sua maioria buscam
apenas atingir o maior ibope, porém devemos ser críticos ao selecionar e
destacar as programações de qualidade, porque estas, enquanto veículos de
informação, dentro do espaço escolar, terão a função social de educar.
Dentre a programação, devemos dar preferência àquelas de caráter
educativo, artístico, cultural e informativo; sendo assim, encontrar estas
características, dentro dos canais abertos, não pagos, que atingem a massa da
população, é uma tarefa um tanto quanto complexa, porém, avaliando demorada
e criticamente a programação, é possível destacar alguns que possuem algumas
das características acima citadas e que podem, sim, fazer parte do currículo, de
forma interdisciplinar, satisfazendo diversas áreas do conhecimento.
Quando buscamos uma programação adequada à faixa etária que
pretendemos atingir, temos que levar em consideração que a TV tem a
capacidade de produzir e transmitir o mesmo sentido do real e, assim, é encarada
como um instrumento de suma importância para a formação das diferentes
realidades, propiciando um efeito de descoberta de situações distantes da rotina
dos alunos, favorecendo uma visão de mundo aguçada e satisfatória para a
formação de novos conceitos.
Se a utilização da programação não for voltada em sua totalidade para a
formação do conhecimento ou, ainda, se o educador não tiver seu olhar frente a
este, relacionando-o com o fazer pedagógico, pode ocorrer uma utilização
indevida de determinada informação veiculada que pode, ao invés de favorecer o
processo de ensino-aprendizagem, gerar um efeito contraditório, fazendo com
que os objetivos não sejam devidamente alcançados e o trabalho com esta mídia
não aconteça da forma esperada.
Durante a escolha da programação, temos que priorizar aquelas que,
realmente, possam estimular e enriquecer a formação de novos conceitos pelo
educando, buscando, assim, modificar a forma com a qual ele está acostumado a
2 Telelixo é um termo usado para fazer referência às poderosas mudanças tecnológicas que vem ocorrendo, propiciando uma obscuridade na programação da televisão. (N.A.)
assistir TV, proporcionando meios para que se torne crítico e possa assimilar e
relacionar a informação com a realidade, ou seja, com o meio que o cerca.
2.2.1. Publicidade
Um tema importante a ser abordado e que possui um rico material para ser
trabalhado, dentro do espaço escolar, é a questão dos comerciais, que buscam
atrair a atenção do telespectador, somando formas para convencê-lo de que um
determinado produto é melhor e mais vantajoso do que outro, resultando na
compra do mesmo pelo telespectador.
É possível observar, claramente, que a publicidade traz consigo uma
influência na forma de viver e pensar das pessoas, não apenas preocupando-se
no entretenimento, se tivermos uma visão analítica. Para Kellner (2001 p.324), “a
publicidade está tão preocupada em vender estilos de vida e identidade
socialmente desejáveis, associadas aos seus produtos, quanto em vender o
próprio produto.”
Apesar de a publicidade possuir o poder de influenciar os telespectadores,
não se pode considerá-la um simples meio para promover vendas ou ser
encorajadora do consumo incontrolável das pessoas. O momento publicitário da
televisão pode apresentar caráter educativo, se o analisarmos do ponto de vista
pedagógico, tanto no que diz respeito aos conteúdos veiculados, como na
interpretação reflexiva dos avanços do mundo moderno. No âmbito escolar, a
publicidade pode oportunizar uma gama de situações para as mais diversas
aplicações. Pode-se citar, por exemplo, a prevenção de doenças, os preços,
parcelamento e juros que se encontram atrelados aos produtos anunciados nas
grandes redes comerciais, o uso da linguagem, as campanhas de conscientização
relacionadas a inúmeros assuntos, enfim, tantos outros temas que podem vir a
ser utilizados quando assistimos aos mais diversos comerciais transmitidos na TV
aberta.
Ainda, para Kellner (2001, p.318), “a publicidade é um mecanismo
importante e negligenciado de socialização.” Tomando como base essa
afirmação, a publicidade perde seu caráter de má influenciadora diante dos
telespectadores consumistas e vem ocupando um importante papel na
socialização e, consequentemente, na educação; por esse motivo, não podemos
ignorar este tão rico conteúdo oferecido pelo veículo televisivo. Quando dispomos
de tempo para assistir TV, somos levados a assistir, também, as propagandas
veiculadas e, em conseqüência disso, somos atingidos por uma avalanche de
mensagens publicitárias. Necessitamos fazer uso deste conteúdo, iniciando um
processo de leitura e interpretação da publicidade. Saber interpretar esse tipo de
conteúdo não é função da escola, entretanto, educadores comprometidos com a
formação de seus educandos, podem aproveitar o espaço escolar como
mediador, formador de opiniões, onde é possível atingir a massa de jovens de
todas as idades, incorporando mais esta função.
Não podemos descartar a questão apelativa ao consumo que as
propagandas transmitem, porém, quando temos a oportunidade de analisar seu
conteúdo de uma maneira crítica e não apenas com olhar de consumidor, em sala
de aula, é possível realizar a reflexão sobre uma infinidade de assuntos,
especialmente em níveis comportamentais, pois ao exaltarem determinados
modelos de comportamento, fazendo relação com o consumo de determinado
produto, estes podem influenciar de maneira direta os telespectadores.
Tendo como foco a idéia de que as peças publicitárias, transmitidas nas
redes de TV, tem a capacidade de influenciar os telespectadores a consumir
determinado produto, podendo também agir na formação de conceitos, é
necessária a alfabetização para a leitura e interpretação destes comerciais, ou
seja, é importante que formem-se telespectadores críticos, capazes de analisar o
conteúdo, e que sejam capazes de se posicionar contra as ideologias que vem
“mascaradas” em determinadas propagandas. Sendo assim, podemos
desenvolver um trabalho motivador e prazeroso, utilizando os comerciais, pois
estes apresentam imagens e conteúdo de qualidade, podendo favorecer o
processo de ensino-aprendizagem.
2.2.2. Telenovelas
A TV, atualmente, é uma das mídias mais acessíveis e presente nos lares
brasileiros, nos quais incorporou um significado que ultrapassa a informação e o
divertimento, ou seja, vai muito além do entretenimento. A TV transmite
informações que influenciam o pensar dos telespectadores, relacionando o real
com o imaginário. As mensagens veiculadas podem atribuir significados aos fatos
do mundo, da vida cotidiana e também de realidades distantes do telespectador,
fazendo-os iludirem-se com as diferentes realidades. Seguindo esse raciocínio,
nada mais expressivo na vida do telespectador do que as novelas. Com suas
histórias maravilhosas e fantásticas, as telenovelas buscam atingir ao máximo a
realidade, reproduzindo a vida das pessoas, sempre mediando humor e drama,
retratando a vida, com suas famílias, brigas, relacionamentos, polêmicas, valores,
política, enfim, por tentarem atingir ao máximo os problemas vivenciados na vida
real, as novelas passaram a ter um espaço muito importante na vida dos
telespectadores que, por sua vez, passam a reféns das tramas, muitas vezes
dispensando compromissos sociais para assistir a mais um capítulo da telenovela.
Porém, não devemos analisar as telenovelas baseados apenas nesses
aspectos, pois no mundo da imaginação não é possível retratar com exatidão o
mundo como ele realmente é. O que vemos nas telas é minuciosamente dividido
em partes agradáveis e estas são agregadas de forma coerente e prazerosa para
quem as cria; a realidade que as novelas exploram é selecionada de forma a
atingir os temas específicos que atraem o público.
Os assuntos abordados nas telenovelas são os mais variados e tem, como
meta, atrair e comprometer o telespectador com o próximo episódio; são temas
relacionados com raça, sexo, classes sociais, entre outros, e sempre aparecem
interligados uns aos outros. Por isso, pode-se afirmar que, devido à
intencionalidade e a forma de apresentar a realidade, as telenovelas são um
recurso extraordinário e devem, obrigatoriamente, ser discutidas e analisadas em
sala de aula.
As telenovelas possuem um espaço privilegiado na vida das pessoas, com
seus enredos envolvendo intrigas, dramas e romances. Esse tipo de programação
consegue agradar a população desde a época da rádio-novela, onde os enredos
eram acompanhados através do rádio e as pessoas imaginavam o cenário onde
se desenvolvia a cena. Com a grande invenção chamada TV, essas produções
sofreram uma revolução, recebendo imagens reais, coloridas e, invariavelmente
bonitas, onde antes havia apenas o imaginado por cada um que ouvia a
dramaturgia.
Quando as telenovelas sugiram, descreviam histórias impossíveis, que, na
realidade, nunca iriam acontecer e a cena acontecia, na maioria das vezes, nos
mesmos espaços, tornando-se assim muito repetitiva e cansativa. Com os
constantes avanços, os enredos tornaram-se sofisticados e mais próximos da vida
dos telespectadores, novos costumes foram introduzidos e diferentes culturas
foram sendo conhecidas, admiradas e valorizadas pelos telespectadores, muitas
vezes em detrimento de seus próprios costumes e cultura.
Hoje em dia, as telenovelas “são produções complexas que incorporam
discursos sociais e políticos” (KELLNER, 2001 p.13). Devido a isso, a escola não
pode ficar omissa ao poder educacional que as telenovelas podem oportunizar,
dando ênfase a temas polêmicos que já vem com suas intenções pré-definidas
pelos autores. Quando uma telenovela entra no ar, o educador não deve ser um
mero telespectador e, sim, questionar os temas abordados e confrontá-los com o
que está ocorrendo na atualidade, fazendo uma análise crítica e oportunizando
aos educandos a mesma reflexão, para que os temas apresentados sejam
interpretados e discutidos com e entre os jovens e não apenas absorvidos, pois
quando não interpretados, temas polêmicos podem vir a desencadear decisões
extremas. Um exemplo disso são os relacionamentos inconseqüentes, onde o
casal se conhece, namora, raras vezes engravida e, quando isso acontece, tudo
se resolve em poucos capítulos e a novela acaba, diferentemente da vida real,
onde a adolescente via de regra passa a enfrentar inúmeros problemas para o
resto de sua vida, inclusive com o abandono da escola.
Faz-se necessário, então, na maioria das vezes, interferir e fazer uma
reflexão sobre os temas abordados nas tramas. As novelas, simplesmente,
apresentam os fatos e destacam os assuntos, cabendo ao telespectador refletir e
chegar às suas próprias conclusões. Ficando clara, então, a importante tarefa
destinada ao educador de mediar situações, sendo a ponte de ligação para que
os alunos desenvolvam o censo crítico.
2.2.3. Programas jornalísticos
A programação jornalística da televisão brasileira é prevista em lei, ou seja,
é estipulado que as emissoras devem transmitir, no mínimo, 5% de noticiosos em
sua programação diária. Os telejornais noticiam o que se passa no mundo inteiro
e colaboram para desenvolver na população uma consciência de inclusão política
e social, fazendo com que nos percebamos parte do mundo, por conhecermos as
problemáticas dele. Para Napolitano (2007) “os telejornais tem uma importância
muito grande na definição dos fatos históricos.” Por esse motivo é que as notícias
dos telejornais devem ser comentadas e discutidas em sala de aula.
O jornalista tem a função primordial de atuar como mediador entre a notícia
e o público, devido a televisão ser, para muitos telespectadores, a principal e
única fonte de informação e atualização dos acontecimentos do mundo em geral;
sendo assim, a clareza na transmissão das notícias, a veracidade dos fatos, a
busca pela formalidade e respeito ao público são fundamentais para que o
telespectador receba as informações o mais correto possível.
Nesse contexto, o professor precisa acompanhar o que é passado nos
telejornais, primeiro porque, como educador, deve acompanhar as principais
notícias pelo mundo e se manter atualizado, segundo, porque é importante
despertar, nos alunos, o interesse pelo que acontece ao seu redor, discutir os
vários pontos de vista da turma, explorar aspectos históricos e geográficos do
local onde estão ocorrendo os fatos, entre inúmeras outras possibilidades que se
abrem quando os alunos aprendem a ser atores do seu processo de
aprendizagem.
Os alunos devem ser levados a pensar, questionar e analisar os fatos
jornalísticos, tendo em vista a relevância para a sua comunidade, os impactos que
o fato vem trazendo para a sociedade e para o mundo, como um todo. Nas aulas
em que há abertura para esse tipo de discussão, afloraram as dúvidas pertinentes
ao assunto e os alunos se percebem valorizados e reconhecidos pelo professor.
2.2.4. Programas infantis
No Brasil, o comprometimento com a criação e transmissão de programas
infantis se deu juntamente com a própria televisão. Os programas que possuíam
como meta fazer com que as crianças tivessem acesso a literatura infantil e a
música de qualidade, ou seja, com caráter educativo, foram elaborados e
transmitidos durante alguns anos, mas, com os avanços tecnológicos, ao longo do
tempo, essa proposta tornou-se saturada e os programas sem atrativos visuais
para prenderem a atenção dos pequenos telespectadores, que passaram a
conhecer outras possibilidades em canais concorrentes e, a cada dia, ficavam
mais exigentes. Surgiu, então, a necessidade da criação ou compra de novos
programas, com conteúdo e visual diferenciado.
Era possível encontrar alguns programas infantis que conseguiam associar
diversão, educação e humor, com conteúdo educativo e não cansativo. Alguns
desses programas já começavam a apresentar, em suas pautas, temas
transversais que estimulavam o pensamento crítico, em algumas crianças.
A publicidade percebeu, nesse público em especial, um telespectador
consumista, se bem trabalhados os comerciais transmitidos no intervalo da
programação. Esse raciocínio fica explicito no momento em que vemos
programas infantis apresentados em vários canais e, no mercado, uma infinidade
de produtos com desenho e marca dos “heróis”. A pressão pela compra é tanta
que pais e demais familiares acabam comprando e incentivando, ainda mais, o
consumismo nas crianças. Enquanto artistas e empresas enriquecem, crianças
empobrecem intelectualmente. Kellner (2001, p.27), comenta: enquanto a cultura da mídia promove os interesses das classes que possuem e controlam os grandes conglomerados dos meios de comunicação, seus produtos também participam dos conflitos sociais entre grupos concorrentes, promovendo, às vezes, forças de resistência ao progresso.
Com esse pensamento fica visível que as crianças estão se tornando um
alvo da publicidade, que visa o lucro e não a formação de um telespectador
instruído. Brinquedos educativos, pedagógicos, vendem pouco porque quase não
aparecem na mídia e, também, porque a pressão pela venda do brinquedo
industrializado, massificado, “do momento” é muito grande.
Outro item que considero extremamente preocupante é a temática dos
desenhos animados transmitidos nas manhãs, na televisão, quer seja nos canais
abertos ou por assinatura: ou possuem heróis e vilãos que lutam o tempo todo e
estimulam a agressividade ou são sobre futilidades, que nada trazem de produtivo
para as crianças. Os chamados desenhos animados de ação são constituídos de
violentas lutas do início ao fim e se utilizam de uma linguagem ofensiva na
maioria do tempo. Acredito que um programa infantil em que somente são
apresentados xingamentos e cenas de extrema violência, não pode e nem deve
ser considerado um desenho educativo e, muito menos, que seja apropriado para
uma criança que está formando o seu caráter e, muitas vezes, passa horas na
frente da TV assistindo a programação. Essa seria uma forma de saudável de
diversão? Estes desenhos não favorecem o desenvolvimento intelectual de
nenhuma criança que o assista e, em contraponto, quando esta criança não é
orientada, pode, sim, vir a criar pensamentos distorcidos da realidade, fazendo
com que passe a apresentar atitudes extremas de violência influenciada pelos
filmes.
Em canais de TV pagos podemos encontrar uma programação infantil
realmente voltada para a educação, pois não tem compromisso com o lucro e
podem elaborar uma programação de qualidade, propiciando a abordagem de
temas atuais, com ênfase nos valores culturais e éticos; no entanto, a
programação da TV aberta é a que atinge a maior parte da população, por isso a
importância de refletir sobre os conteúdos e as idéias oferecidas nessa
programação.
Este tipo de programação deve, sim, ser levado para discussão e debate
em sala de aula, questionando sobre os valores expostos e as atitudes
apresentadas; os professores atuariam como mediadores desse debate, levando
em consideração os pontos positivos e negativos em assistir a esse tipo de
desenho, levando o aluno a refletir sobre a ideologia do desenho animado.
2.2.5. Programas educativos
Os programas educativos possuem uma grande aceitação, tanto por jovens
e crianças, quanto pelos adultos; em sua maioria, elegem esta programação
como sendo de qualidade e prazerosa de ser assistida, porém nos últimos
tempos, estes são encontrados apenas em canais pagos ou em horários um
pouco incompatíveis com as aulas ou trabalho, pois, geralmente, passam entre 5
e 7h da manhã. É possível notar, mesmo para aqueles que não são “reféns” dos
programas televisivos, que quando se fala em programação educativa as opções
se tornam escassas.
Existem diversas emissoras dedicadas a esse tipo de conteúdo, com o
comprometimento de veicular, durante toda a sua transmissão, programas que
oportunizam a educação informal, informações educativas para crianças, pais e
professores; entretanto, essas emissoras não estão disponíveis à toda população,
pois os canais educativos são privilegio de uma minoria que possui TV a cabo ou
antena parabólica.
O número de produções educativas é insignificante na TV aberta e as que
vão ao ar são poucas, concentrando-se em uma única grande emissora, a TV
Globo; infelizmente a programação educativa atinge a uma minoria dos
telespectadores, devido ao horário em que são transmitidos, tornando esses
programas de pouca audiência e sujeitos a saírem da grade de programação por
darem baixo ibope.
As produções educativas transmitidas pela TV Globo apresentam conteúdo
direcionado a quem pretende prestar exames supletivos. O horário de exibição é
ao amanhecer, semanalmente, e os conteúdos são explorados de maneira
tradicional, o que torna o programa cansativo, favorecendo o fracasso da
programação e também o insucesso nas provas de quem o assiste. Percebe-se
que os roteiristas demonstram criatividade em produções fantásticas para atrair o
telespectador, porém, quando se trata de programas educativos, o talento não é
explorado o suficiente para a elaboração de um conteúdo de qualidade e
significativo para o público.
Enquanto, semanalmente, a programação é um tanto ultrapassada, aos
finais de semana, existem mais opções de programas educativos e os temas
abordados são bastante atraentes, voltados ao ato de educar, as pautas são
significativas e os assuntos são tratados de uma forma agradável, com linguagem
informal e atrativa. Alguns programas buscam, em especial, a conscientização do
telespectador, onde são apresentados temas relacionados ao meio-ambiente, ao
resgate de valores, da cultura, além de descobertas científicas, assuntos esses
que atraem pelo caráter social e pela relevância para o debate, mas, no entanto, a
programação é transmitida em horário inadequado, ao amanhecer, não
despertando o interesse dos telespectadores e nem dos patrocinadores.
3. O CAMINHO PERCORRIDO
Para encontrar as respostas ao principal questionamento de minha
pesquisa, que é “conhecer maneiras para a utilização da TV no espaço escola,
enriquecendo o processo de ensino-aprendizagem e favorecendo a prática
pedagógica”, foi desenvolvido um árduo trabalho junto a comunidade escolar,
trabalho este que graças a colaboração do pessoal envolvido foi muito
significativo e proveitoso para fins de estudos. Tratou-se de uma pesquisa
qualitativa, onde usei entrevistas individuais com os elementos que constituem a
comunidade escolar. Ludke & André (1986, p. 34-35), dizem que:
a grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Como se realiza cada vez de maneira exclusiva, a entrevista permite correções, esclarecimentos e adaptações que a tornam sobremaneira eficaz na obtenção de informações desejadas. Uma exigência da entrevista é um respeito muito grande pelo entrevistado, que vão desde o local e horário marcados até a perfeita garantia do sigilo e anonimato em relação ao informante.
Antes de iniciar as entrevistas, encaminhei requerimento aos diretores das
instituições de ensino envolvidas (apêndice 1 e 2) solicitando autorização para a
realização da minha pesquisa. A comunidade escolar pesquisada incluiu
professores, direção, pais e alunos das escolas dos Municípios de Chuí e Santa
Vitória do Palmar, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Após o aceite da
direção, dei início às entrevistas; individualmente os professores, pais e alunos
eram convidados a participarem das entrevistas, e todos que foram solicitados
não ficaram omissos e deram seus depoimentos. Todos leram e assinaram um
termo de consentimento (apêndice 3) autorizando a sua participação na pesquisa
e autorizando o uso dos dados obtidos, onde garanto e preservo o anonimato dos
mesmos utilizando nomes fictícios.
Realizei entrevistas com questões estruturadas, específicas para cada uma
das categorias participantes (apêndices 4, 5, 6 e 7), sendo que, durante as
mesmas, era possível perceber a inquietação, em especial dos educadores, em
falar sobre o tema em questão; todos demonstravam a consciência de saberem
da importância da utilização do recurso, porém em contrapartida ficava claro a
“barreira” criada para a inserção deste na prática.
Foram pesquisadas um total de 4 (quatro) escolas, sendo duas no
município do Chuí (uma municipal e outra estadual) e duas no município de Santa
Vitória do Palmar (uma municipal e outra estadual), sendo um total de 10 alunos,
10 pais, 2 professores da rede estadual, 6 professores da rede municipal e 2
diretores, sendo que metade destes em Santa Vitória e a outra metade no
município do Chuí.
Além de fazer uso das entrevistas para trilhar o caminho até as respostas
que buscava, foram realizadas atividades práticas com os alunos, sendo estes de
3º ano, 4º ano, 4ª série e 8ª série. Dentre a programação disponível nos canais
abertos, selecionei um seriado que fosse possível utilizar com todas as séries,
para melhor ilustrar minha pesquisa; elegi o seriado Chaves para o
desenvolvimento dos trabalhos, visto que quando analisado sob o caráter
educativo, é possível extrair diversas temáticas de grande importância para a
prática educacional.
A primeira experiência foi com a 8ª série, em que a disciplina estudada é
Física e o conteúdo Sistema de Forças; nesta atividade os alunos foram levados a
assistir um episódio intitulado Barcos de Papel e a cada cena que fosse
observada a aplicação de força, os mesmos deveriam desenhar a reta
correspondente a situação observada, após esta primeira etapa já na sala de
aula, as situações foram discutidas e em cada reta desenhada foram aplicados
valores e a realização de cálculos, esta atividade foi aplicada como fixação
(apêndice 8).
Os alunos do 4º ano e 4ª série, tiveram a oportunidade de assistir ao
episódio sobre os refrescos que são vendidos nas ruas, depois de assistir foi
realizado um debate sobre os perigos de consumir alimentos que são vendidos
nas ruas, sem nenhuma higiene e as possíveis doenças que estes podem causar
(apêndice 9).
Com o 3º ano, o trabalho foi realizado em três etapas, o episódio foi sobre
a falta de água, no primeiro momento os alunos assistiram, logo após realizaram
grupos para escrever e expor para os demais os pontos negativos e positivos que
observaram em relação ao comportamento das pessoas perante a situação da
falta de água e para finalizar confeccionaram cartazes (apêndice 10).
Após a coleta significativa dos dados, que foram de grande relevância para
a pesquisa, leitura e análise dos mesmos, esses foram agrupados em grandes
temas e, em seguida, recorri à bibliografia existente para confrontar os dados
obtidos com os já existentes.
4. ANÁLISE DOS DADOS
Durante a realização das entrevistas, fui percebendo que os profissionais
da educação reconhecem como é importante o papel da televisão na rotina dos
educandos, estão conscientes de que esta mídia educa e, principalmente, que
nos dias atuais, ela vem influenciando o pensar e o viver de muitos
telespectadores, porém, mesmo cientes desses fatos, constatei que a maioria dos
profissionais, em sua prática pedagógica, permanece dando ênfase aos
fundamentos tradicionais. Percebi que, tanto os pais quanto os professores e
alunos, estão muito distantes da dinâmica necessária para satisfazer as
exigências da evolução dos meios tecnológicos na modernidade, que exige, em
especial, dos jovens, autonomia e senso crítico.
Notei que os alunos reservam grande parte do seu tempo livre dedicados a
assistir televisão e que eles dispendem muito do seu tempo em frente a um
aparelho que transmite informações, porém, apesar desse “bombardeio” de
informações, não há aquisição de conhecimentos. Pergunto-me se não deveria a
TV, com todo o seu conteúdo, ser uma aliada na transmissão de informações que
interligassem os conteúdos escolares, facilitando o processo ensino-
aprendizagem?
Após as entrevistas realizadas, confirmei que a utilização da TV na sala de
aula ainda se dá de forma restrita, pois quando me referia à TV, os alunos e,
principalmente, os educadores, continuam ligados ao uso da TV como suporte
para o vídeo e DVD. Durante a entrevista com um dos alunos, uma de suas falas
foi significativa:
A professora perguntou se a gente já “assistiu” TV na escola. Assistir a gente não assistiu, a gente viu DVD. (aluno A)
Essa resposta foi muito interessante, porque mostrou que os alunos sabem
diferenciar o que seja assistir televisão na escola ou utilizar sua programação;
porém, apesar desta consciência, os alunos não atribuem à televisão nenhum
papel educativo e acreditam que este recurso não pode, em nenhum momento,
promover uma educação de qualidade, ou seja, não conseguem ver a televisão
como um meio de comunicação educativo, julgando o seu conteúdo pouco
educativo. Acreditam que as produções, a cada dia, estão mais carregadas de
maus exemplos e que o professor, não utilizando a TV, nada faz para que esta
realidade seja mudada. Nesse contexto, afirmo que o uso de vídeo, na maioria
das vezes, não tem fins didáticos e apenas serve para “passar o tempo”. Nesse
sentido, Moran (1995, p.03) é direto em seu discurso:
O uso do vídeo não pode ser feito sem um planejamento prévio, o vídeo ‘tapa buraco’ é a desvalorização de um recurso riquíssimo e também a desvalorização do profissional, que não é capaz de aliar a tecnologia da informação à sua prática.
As entrevistas mostraram que o que pensam os professores sobre o uso
didático da TV afasta-se muito da suas atividades em sala de aula; todos dizem
saber da importância e da necessidade de fazer uso não só da televisão, mas,
também, de outras mídias na prática pedagógica, mas não o fazem. Concluí que
a maioria dos professores não utiliza os recursos das mídias por despreparo e,
principalmente, por não saber relacionar a vasta programação ao conteúdo
curricular, ou seja, às temáticas trabalhadas. Muitos ainda demonstram certo
receio, por associarem a TV apenas às novelas e filmes, dizendo:
Mas não dá para trabalhar com tudo o que passa na televisão, temos que “filtrar” a programação. (professor A)
“Filtrar” o que passa na televisão pode ser analisado levando em
consideração que o professor não assiste a programação com um olhar
pedagógico, não percebendo que tudo o que é transmitido pode ser associado
aos conteúdos curriculares. Percebo, ainda, a dificuldade que os professores
sentem para aliar os programas aos conteúdos. Quando questionados se
utilizavam a programação veiculada durante as aulas, surgiram falas como:
Não, a não ser para fazer alguma comparação com o conteúdo que estou trabalhando. (professor B) Não, só se surgirem comentários dos alunos de algo que eles assistiram. (professor A)
Quando for possível fazer uma comparação com o conteúdo que está
sendo explorado, o professor pode realizar seu planejamento utilizando o
programa ao qual o conteúdo pode ser relacionado:
Aproveitando as notícias das atualidades, porém não é possível assistir durante a aula, esses programas são trabalhados através de tarefas e trabalhos. (professor C)
Apesar da dificuldade em utilizar a programação da TV, verbalizada pelos
profissionais, percebi que o comodismo também é um dos motivos para a não
utilização do recurso. Trabalhos extraclasses não ajudam o aluno a refletir e
desenvolver o pensamento crítico sobre a programação, da forma pedagógica
proposta; as notícias devem ser trabalhadas dentro da sala de aula para o
professor agir como mediador, levando o aluno a refletir, discutir e formar opiniões
sobre o assunto:
Algumas reportagens onde os alunos tocam em temas e começam a fazer comentários do que acharam interessante ou que poderia ser diferente. (professor D)
Notei que, indiretamente, os professores não se omitem em fazer
comentários, nas suas aulas, quando surgem problemas apresentados na
televisão, porém nenhum deles se utiliza pedagogicamente do conteúdo
televisionado, oportunizando debates, discussões, permitindo situações para a
formação de conhecimento baseado nas informações adquiridas através da
programação.
Outra questão relevante surgiu quando os professores foram questionados
sobre qual a relação da sua prática pedagógica com a televisão. A totalidade dos
professores entrevistados acredita que é possível trabalhar alguns assuntos
televisionados em sala de aula. As respostas mostram que o que o professor diz
se afasta, totalmente, da sua prática em sala de aula e que, mesmo sabendo que
a televisão pode vir a ser uma aliada na transmissão de informações, nenhum
deles planeja sua prática utilizando a programação veiculada pelas emissoras, ou
seja, o discurso dos profissionais foi contraditório.
Para que esta realidade comece a ser transformada, cabe a cada educador
buscar os meios adequados para que a televisão venha a ser inserida na prática,
fazendo parte dos procedimentos metodológicos utilizados. No entanto, é preciso
trabalhar com os alunos diferentes formas de comunicação, criando
oportunidades para que estes desenvolvam a comunicação grupal e interpessoal,
para que não se limitem apenas na comunicação audiovisual e telemática3. Sobre
isso, Kellner (1995, p.105) diz que o “professor precisa trabalhar perspectivas que
apontem novas tendências e condições sociais que exigem rediscussão de
nossas velhas teorias.”
Em relação aos alunos, eles verbalizam a necessidade de modificações na
prática de ensino, ou seja, na dinâmica das atividades, mas não definem em de
que forma isso poderia ocorrer para melhorar a qualidade da aprendizagem.
Apesar de telespectadores assíduos de alguns programas, mencionando o tempo
todo situações que assistiram na televisão, não acreditam que essa mídia possa
influenciar suas vidas e, ainda, favorecer a educação; ao contrário, alguns
afirmam que a TV apenas dá maus exemplos, como observado na seguinte fala:
Pra mim a televisão só dá mau exemplo para os pequenos, porque, hoje em dia, todos os desenhos são de luta. (aluno B – 8ª série)
Os adolescentes julgam que os programas televisionados dão um péssimo
exemplo, porém, quando questionados sobre o tempo que dispõem para assistir
os programas, os relatos mostram que todos eles estão condicionados a
determinados programas e não deixam de assistir, ou seja, os alunos não estão
sendo estimulados a refletir e interpretar as mensagens televisionadas pelos
educadores, pois acabam se contradizendo: eles dizem que a TV apresenta
programas que dão maus exemplos, mas, em contrapartida, passam horas
assistindo televisão. Um exemplo de fala quando foram questionados sobre quais
horários costuma assistir televisão:
Qualquer horário é horário ou quando tem desenho. (aluno C - 8ª série)
Os alunos são telespectadores incondicionais; independentemente do
horário e da programação, eles estão, invariavelmente, em frente ao aparelho,
não importando o que está sendo transmitido: o interessante é assistir. Estão
habituados a apenas ver, sem refletir, sobre o conteúdo assistido; em algumas
3 Telemática é denominada a manipulação e a utilização da informação através do uso combinado de computador e dos meios de telecomunicação. (N.A.)
situações o visto nem é assimilado. Indagados, não são capazes de notar a
influência desses programas em sua rotina.
Os professores, em geral, conseguem distinguir as intenções ocultas nos
programas e censuram radicalmente os males causados pela TV na sociedade,
mas não são capazes que exercitar a visão pedagógica sobre os pontos positivos
que ela pode proporcionar.
Os alunos mencionam que grande parte dos professores utiliza fatos,
acontecimentos e cenas de novelas para exemplificarem seus conteúdos e
relacionam a prática pedagógica do que está sendo trabalhado com a realidade.
Nesse momento, questiono: se pode ser considerada significativa a
informação dada pela TV, a ponto de servir de fundamento para os conteúdos
lecionados e se esta mídia é mencionada durante as aulas, por que não planejar
adequadamente a utilização da TV? Segundo Napolitano (2003) “compreender
toda a dinâmica que envolve a televisão é quase uma obrigação para o educador
dos novos tempos.” Os educadores devem estar abertos a novas experiências,
para que o avanço tecnológico não os ultrapasse; devem ficar atentos às mídias
que já estão a sua disposição, no espaço escolar, e buscar meios para a
utilização destas em sua prática pedagógica, de forma que seu uso seja um
facilitador do processo educacional.
As entrevistas comprovaram que os educadores e os educandos divergem
quanto à escolha dos programas da TV. Os alunos, embora não busquem
nenhum tipo de informação específica, ao escolherem a programação, além do
entretenimento para ‘passar o tempo’, são conhecedores de toda a programação
da TV, embora não assistam a alguns; os professores, por sua vez, se tornam
seletivos em relação à programação que assistem, não se permitindo conhecer
outros programas, além dos que estão habituados a acompanhar. Essa poderia
ser uma experiência muito interessante...
Para analisar a programação do ponto de vista pedagógico, com vista a
utilizar este recurso em sala de aula, os professores devem se permitir assistir a
tudo o que é transmitido pela televisão, passando a ser conhecedores da
programação e, assim, ter subsídios para refletir pedagogicamente sobre as
produções apresentadas.
Os pais podem ser colaboradores em relação ao que os alunos assistem,
porém são totalmente alheios a este assunto, em sua maioria, e sequer tem idéia
do que seus filhos estão assistindo e no que isso pode ou não favorecer na
educação. Ao contrário, os pais acreditam e afirmam que os programas
transmitidos não auxiliam em nada na aquisição do conhecimento e que estes
dão exemplos negativos para os adolescentes.
Mencionando a questão de quais programas os entrevistados julgam como
educativos e passíveis de serem utilizados para a prática pedagógica, os
professores se mostram divididos em relação a essa questão. Apesar dos
discursos criativos, os professores não fazem uso da TV, embora concordem que
ela seja geradora de informações de grande relevância para a educação.
Entretanto, os alunos possuem outro olhar e citam vários programas que
poderiam ser utilizados na prática. Os educadores, apesar de demonstrarem um
pensamento aberto ao assunto, citam programas de cunho educativo em sua
essência e que acreditam pudessem ser utilizados em sala de aula.
Sim. Porque tem programas ótimos como Globo Repórter, Fantástico e Soletrando. (professor E)
Sim, dependendo dos conteúdos, muitos exemplos podem ser retirados do Globo Repórter, e um programa muito bom é o Soletrando. (Professor F)
Sim, é possível, tem muitas coisas, como, por exemplo, as novelas que mostram vários cenários, onde podemos ver regiões diferentes do mundo, cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e, agora, temos a Índia, onde podemos falar como as culturas dos diferentes povos. A maneira de falar em cada região do Brasil também. (Professor G)
A dinâmica da prática pedagógica precisa ser reformulada e a relação
docente e discente necessita ser repensada, para que os recursos sejam
utilizados de maneira produtiva e, realmente, favoreçam a aquisição do
conhecimento, sendo estes modernos ou não. A interação entre os alunos e o
professor é fundamental para que a reflexão possa fluir com maior facilidade, ou
seja, para que ocorra o debate entre as diferentes opiniões e este possa ser
gerador de novos temas, formando novos conceitos.
As instituições, conforme referido pela administração, estão equipadas com
aparelhos de TV; algumas escolas investem em equipamentos modernos, porém
não percebem o interesse dos profissionais em fazer uso deste recurso e
continuam limitando as funções do aparelho, utilizando-o apenas como suporte ao
DVD. Em algumas instituições é possível encontrar mais de um aparelho de TV.
Nem todas as instituições dispõem de antena parabólica, o que facilitaria a
captação de canais educativos, justificam alguns entrevistados, e esse seria um
dos motivos pelos quais referem não fazer uso da televisão.
De acordo com as entrevistas realizadas com os educadores, é possível
perceber que a maioria considera que pode haver aprendizado com a utilização
da televisão na sala de aula, não apenas para enriquecer a prática, mas também
para rever conceitos que podem ser exemplificados com clareza na programação
veiculada; porém, mesmo com a consciência de que esta mídia tem muito a
oferecer no âmbito escolar, nota-se que muitos profissionais não fazem uso da
mesma: alguns demonstram receio na utilização, devido a necessidade de um
planejamento mais detalhado e com objetivos claros; outros justificam a restrição
ao uso, devido à falta de tempo, por terem um ritmo de trabalho acelerado. Muitas
vezes o interesse por uma prática diferenciada e significativa foi evidenciado, mas
o tempo necessário para o planejamento e execução não é considerado
suficiente, mantendo-se, por isso, as aulas no estilo tradicional.
As vivências com os recursos oferecidos pela mídia são de uso público,
atingem a todos os grupos sociais, porém o domínio desses para a descoberta do
mundo e a evolução da sociedade está em constante formação e esta não é
apenas responsabilidade da família ou da escola: cada indivíduo tem seu papel a
cumprir, nesta formação de opiniões, a qual é de grande valia para a atualidade.
estão mais carregadas de maus exemplos e que o professor, não utilizando a TV,
nada faz para que esta realidade seja mudada. Nesse contexto, afirmo que o uso
de vídeo, na maioria das vezes, não tem fins didáticos e apenas serve para
“passar o tempo”. Nesse sentido, Moran (1995, p.03) é direto em seu discurso:
O uso do vídeo não pode ser feito sem um planejamento prévio, o vídeo ‘tapa buraco’ é a desvalorização de um recurso riquíssimo e também a desvalorização do profissional, que não é capaz de aliar a tecnologia da informação à sua prática.
As entrevistas mostraram que o que pensam os professores sobre o uso
didático da TV afasta-se muito da suas atividades em sala de aula; todos dizem
saber da importância e da necessidade de fazer uso não só da televisão, mas,
também, de outras mídias na prática pedagógica, mas não o fazem. Concluí que
a maioria dos professores não utiliza os recursos das mídias por despreparo e,
principalmente, por não saber relacionar a vasta programação ao conteúdo
curricular, ou seja, às temáticas trabalhadas. Muitos ainda demonstram certo
receio, por associarem a TV apenas às novelas e filmes, dizendo:
Mas não dá para trabalhar com tudo o que passa na televisão, temos que “filtrar” a programação. (professor A)
“Filtrar” o que passa na televisão pode ser analisado levando em
consideração que o professor não assiste a programação com um olhar
pedagógico, não percebendo que tudo o que é transmitido pode ser associado
aos conteúdos curriculares. Percebo, ainda, a dificuldade que os professores
sentem para aliar os programas aos conteúdos. Quando questionados se
utilizavam a programação veiculada durante as aulas, surgiram falas como:
Não, a não ser para fazer alguma comparação com o conteúdo que estou trabalhando. (professor B) Não, só se surgirem comentários dos alunos de algo que eles assistiram. (professor A)
Quando for possível fazer uma comparação com o conteúdo que está
sendo explorado, o professor pode realizar seu planejamento utilizando o
programa ao qual o conteúdo pode ser relacionado:
Aproveitando as notícias das atualidades, porém não é possível assistir durante a aula, esses programas são trabalhados através de tarefas e trabalhos. (professor C)
Apesar da dificuldade em utilizar a programação da TV, verbalizada pelos
profissionais, percebi que o comodismo também é um dos motivos para a não
utilização do recurso. Trabalhos extraclasses não ajudam o aluno a refletir e
desenvolver o pensamento crítico sobre a programação, da forma pedagógica
proposta; as notícias devem ser trabalhadas dentro da sala de aula para o
professor agir como mediador, levando o aluno a refletir, discutir e formar opiniões
sobre o assunto:
Algumas reportagens onde os alunos tocam em temas e começam a fazer comentários do que acharam interessante ou que poderia ser diferente. (professor D)
Notei que, indiretamente, os professores não se omitem em fazer
comentários, nas suas aulas, quando surgem problemas apresentados na
televisão, porém nenhum deles se utiliza pedagogicamente do conteúdo
televisionado, oportunizando debates, discussões, permitindo situações para a
formação de conhecimento baseado nas informações adquiridas através da
programação.
Outra questão relevante surgiu quando os professores foram questionados
sobre qual a relação da sua prática pedagógica com a televisão. A totalidade dos
professores entrevistados acredita que é possível trabalhar alguns assuntos
televisionados em sala de aula. As respostas mostram que o que o professor diz
se afasta, totalmente, da sua prática em sala de aula e que, mesmo sabendo que
a televisão pode vir a ser uma aliada na transmissão de informações, nenhum
deles planeja sua prática utilizando a programação veiculada pelas emissoras, ou
seja, o discurso dos profissionais foi contraditório.
Para que esta realidade comece a ser transformada, cabe a cada educador
buscar os meios adequados para que a televisão venha a ser inserida na prática,
fazendo parte dos procedimentos metodológicos utilizados. No entanto, é preciso
trabalhar com os alunos diferentes formas de comunicação, criando
oportunidades para que estes desenvolvam a comunicação grupal e interpessoal,
para que não se limitem apenas na comunicação audiovisual e telemática4. Sobre
isso, Kellner (1995, p.105) diz que o “professor precisa trabalhar perspectivas que
apontem novas tendências e condições sociais que exigem rediscussão de
nossas velhas teorias.”
Em relação aos alunos, eles verbalizam a necessidade de modificações na
prática de ensino, ou seja, na dinâmica das atividades, mas não definem em de
que forma isso poderia ocorrer para melhorar a qualidade da aprendizagem.
Apesar de telespectadores assíduos de alguns programas, mencionando o tempo
4 Telemática é denominada a manipulação e a utilização da informação através do uso combinado de computador e dos meios de telecomunicação. (N.A.)
todo situações que assistiram na televisão, não acreditam que essa mídia possa
influenciar suas vidas e, ainda, favorecer a educação; ao contrário, alguns
afirmam que a TV apenas dá maus exemplos, como observado na seguinte fala:
Pra mim a televisão só dá mau exemplo para os pequenos, porque, hoje em dia, todos os desenhos são de luta. (aluno B – 8ª série)
Os adolescentes julgam que os programas televisionados dão um péssimo
exemplo, porém, quando questionados sobre o tempo que dispõem para assistir
os programas, os relatos mostram que todos eles estão condicionados a
determinados programas e não deixam de assistir, ou seja, os alunos não estão
sendo estimulados a refletir e interpretar as mensagens televisionadas pelos
educadores, pois acabam se contradizendo: eles dizem que a TV apresenta
programas que dão maus exemplos, mas, em contrapartida, passam horas
assistindo televisão. Um exemplo de fala quando foram questionados sobre quais
horários costuma assistir televisão:
Qualquer horário é horário ou quando tem desenho. (aluno C - 8ª série)
Os alunos são telespectadores incondicionais; independentemente do
horário e da programação, eles estão, invariavelmente, em frente ao aparelho,
não importando o que está sendo transmitido: o interessante é assistir. Estão
habituados a apenas ver, sem refletir, sobre o conteúdo assistido; em algumas
situações o visto nem é assimilado. Indagados, não são capazes de notar a
influência desses programas em sua rotina.
Os professores, em geral, conseguem distinguir as intenções ocultas nos
programas e censuram radicalmente os males causados pela TV na sociedade,
mas não são capazes que exercitar a visão pedagógica sobre os pontos positivos
que ela pode proporcionar.
Os alunos mencionam que grande parte dos professores utiliza fatos,
acontecimentos e cenas de novelas para exemplificarem seus conteúdos e
relacionam a prática pedagógica do que está sendo trabalhado com a realidade.
Nesse momento, questiono: se pode ser considerada significativa a
informação dada pela TV, a ponto de servir de fundamento para os conteúdos
lecionados e se esta mídia é mencionada durante as aulas, por que não planejar
adequadamente a utilização da TV? Segundo Napolitano (2003) “compreender
toda a dinâmica que envolve a televisão é quase uma obrigação para o educador
dos novos tempos.” Os educadores devem estar abertos a novas experiências,
para que o avanço tecnológico não os ultrapasse; devem ficar atentos às mídias
que já estão a sua disposição, no espaço escolar, e buscar meios para a
utilização destas em sua prática pedagógica, de forma que seu uso seja um
facilitador do processo educacional.
As entrevistas comprovaram que os educadores e os educandos divergem
quanto à escolha dos programas da TV. Os alunos, embora não busquem
nenhum tipo de informação específica, ao escolherem a programação, além do
entretenimento para ‘passar o tempo’, são conhecedores de toda a programação
da TV, embora não assistam a alguns; os professores, por sua vez, se tornam
seletivos em relação à programação que assistem, não se permitindo conhecer
outros programas, além dos que estão habituados a acompanhar. Essa poderia
ser uma experiência muito interessante...
Para analisar a programação do ponto de vista pedagógico, com vista a
utilizar este recurso em sala de aula, os professores devem se permitir assistir a
tudo o que é transmitido pela televisão, passando a ser conhecedores da
programação e, assim, ter subsídios para refletir pedagogicamente sobre as
produções apresentadas.
Os pais podem ser colaboradores em relação ao que os alunos assistem,
porém são totalmente alheios a este assunto, em sua maioria, e sequer tem idéia
do que seus filhos estão assistindo e no que isso pode ou não favorecer na
educação. Ao contrário, os pais acreditam e afirmam que os programas
transmitidos não auxiliam em nada na aquisição do conhecimento e que estes
dão exemplos negativos para os adolescentes.
Mencionando a questão de quais programas os entrevistados julgam como
educativos e passíveis de serem utilizados para a prática pedagógica, os
professores se mostram divididos em relação a essa questão. Apesar dos
discursos criativos, os professores não fazem uso da TV, embora concordem que
ela seja geradora de informações de grande relevância para a educação.
Entretanto, os alunos possuem outro olhar e citam vários programas que
poderiam ser utilizados na prática. Os educadores, apesar de demonstrarem um
pensamento aberto ao assunto, citam programas de cunho educativo em sua
essência e que acreditam pudessem ser utilizados em sala de aula.
Sim. Porque tem programas ótimos como Globo Repórter, Fantástico e Soletrando. (professor E)
Sim, dependendo dos conteúdos, muitos exemplos podem ser retirados do Globo Repórter, e um programa muito bom é o Soletrando. (Professor F)
Sim, é possível, tem muitas coisas, como, por exemplo, as novelas que mostram vários cenários, onde podemos ver regiões diferentes do mundo, cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e, agora, temos a Índia, onde podemos falar como as culturas dos diferentes povos. A maneira de falar em cada região do Brasil também. (Professor G)
A dinâmica da prática pedagógica precisa ser reformulada e a relação
docente e discente necessita ser repensada, para que os recursos sejam
utilizados de maneira produtiva e, realmente, favoreçam a aquisição do
conhecimento, sendo estes modernos ou não. A interação entre os alunos e o
professor é fundamental para que a reflexão possa fluir com maior facilidade, ou
seja, para que ocorra o debate entre as diferentes opiniões e este possa ser
gerador de novos temas, formando novos conceitos.
As instituições, conforme referido pela administração, estão equipadas com
aparelhos de TV; algumas escolas investem em equipamentos modernos, porém
não percebem o interesse dos profissionais em fazer uso deste recurso e
continuam limitando as funções do aparelho, utilizando-o apenas como suporte ao
DVD. Em algumas instituições é possível encontrar mais de um aparelho de TV.
Nem todas as instituições dispõem de antena parabólica, o que facilitaria a
captação de canais educativos, justificam alguns entrevistados, e esse seria um
dos motivos pelos quais referem não fazer uso da televisão.
De acordo com as entrevistas realizadas com os educadores, é possível
perceber que a maioria considera que pode haver aprendizado com a utilização
da televisão na sala de aula, não apenas para enriquecer a prática, mas também
para rever conceitos que podem ser exemplificados com clareza na programação
veiculada; porém, mesmo com a consciência de que esta mídia tem muito a
oferecer no âmbito escolar, nota-se que muitos profissionais não fazem uso da
mesma: alguns demonstram receio na utilização, devido a necessidade de um
planejamento mais detalhado e com objetivos claros; outros justificam a restrição
ao uso, devido à falta de tempo, por terem um ritmo de trabalho acelerado. Muitas
vezes o interesse por uma prática diferenciada e significativa foi evidenciado, mas
o tempo necessário para o planejamento e execução não é considerado
suficiente, mantendo-se, por isso, as aulas no estilo tradicional.
As vivências com os recursos oferecidos pela mídia são de uso público,
atingem a todos os grupos sociais, porém o domínio desses para a descoberta do
mundo e a evolução da sociedade está em constante formação e esta não é
apenas responsabilidade da família ou da escola: cada indivíduo tem seu papel a
cumprir, nesta formação de opiniões, a qual é de grande valia para a atualidade.
5. CONCLUSÃO
Durante a realização desse trabalho aprendi muito sobre a TV e as
possibilidades de seu uso. Estudei bastante, revi e refiz conceitos e, a partir de
então, sugiro a criação de debates entre os profissionais nas escolas para
aprofundarmos o tema.
Durante as entrevistas realizadas, pude enumerar diversos pontos
relevantes e questões pertinentes em relação à importância da TV tanto no
âmbito educacional quanto no comunicacional5, pois acredito que, além das
instituições de ensino se aparelharem e os profissionais da área da educação
estarem conscientes de que é necessária a formação continuada para o uso das
tecnologias e sobretudo repensarem a sua prática, buscando integrar a televisão
e outras mídias em suas atividades, os roteiristas de TV também deverão buscar
alternativas para que esse meio de comunicação tão eficaz, continue sendo
veículo de entretenimento mas, além disso, que possa beneficiar de maneira
produtiva as gerações futuras.
É preciso que a escola, enquanto espaço possível de formação de opinião,
e os professores, como mediadores desse processo, estejam abertos às
mudanças necessárias, fazendo com que os meios de comunicação, em especial
a TV, sejam incorporados às práticas pedagógicas de maneira significativa.
A escola, em especial, deve assumir o compromisso de proporcionar meios
para que os profissionais possam apropriar-se dessas mídias, tendo como meta
não apenas a formação intelectual, mas agindo para a formação integral do
indivíduo, a fim de que este possa se posicionar e contribuir com o mundo do qual
faz parte.
Para a escola nunca deve ser tarde para a introdução de novas
metodologias que possam ser significativas para a educação de seus alunos;
sendo assim, sempre estará em tempo de se integrar as mídias nas instituições e,
para que esta proposta alcance o auge, nenhum profissional pode ficar omisso a
esta realidade.
5 Comunicacional refere-se a qualquer tipo de comunicação, ou seja, a relação entre pessoas que sempre instaura uma troca educativa, uma troca de valores, que favorece educativamente o receptor. (N.A.)
Quando falo em engajar a TV em nossa prática, é importante ter em mente
que necessitamos de comprometimento e estarmos em constante busca sobre
quais as melhores possibilidades de uso deste recurso tão valioso para que se
realize está integração, devido à evolução do veículo televisionado. Temos que
refletir sobre as experiências e práticas já desenvolvidas, para que seja possível
realizar um bom trabalho envolvendo a mídia e todo o seu conteúdo para uma
melhor formação do nosso educando.
Sabemos que a televisão, nos dias atuais, oferece programas destinados a
todas as faixas etárias. A programação pode ser muito importante no espaço da
sala de aula, apresentando conteúdos, ilustrando-os, esclarecendo-os ou para
discussões sobre ética e comportamento. Cabe ao professor selecionar os que se
relacionem com os objetivos e observar os que atraem o interesse dos alunos ou
despertar neles o interesse.
Para que a utilização da televisão seja significativa e possa favorecer o
processo de ensino-aprendizagem, antes de usá-la nas atividades práticas na
sala, devemos:
- gravar o programa escolhido, selecionando as cenas a serem assistidas,
relacionando-as com os objetivos propostos;
- elaborar os exercícios relacionados ao programa, de maneira clara, para um
melhor entendimento dos alunos;
- verificar os programas gravados, observando se o som está adequado e as
imagens nítidas;
- planejar a aula de forma flexível, para que, no decorrer da apresentação, sempre
que necessário, se dê uma pausa na exibição do programa para explicações ou
comentários que sejam pertinentes;
- solicitar que os alunos anotem fatos, falas e detalhes mais marcantes
observados durante a exibição;
- tornar a ver as cenas mais relevantes;
- analisar os comentários do grupo durante a exibição, para retomar as cenas em
que a turma demonstrou mais interesse.
A seguir, destacarei algumas programações apresentadas na TV, ao longo
do dia e, ao lado das mesmas, possibilidades de discussão junto aos alunos,
durante a aula:
► Publicidade: juros, descontos, vendas à vista, vendas à prazo,
conscientização ambiental, normas de trânsito, prevenção de doenças, economia,
linguagem padrão, linguagem coloquial;
► Telenovelas: conflitos pessoais, conflitos sociais, valores, comportamento,
preconceito racial, preconceito social, preconceito de gênero, política, visão
geográfica do mundo e do país, história do país e de diferentes partes do mundo,
linguagem das diferentes regiões, linguagem formal e informal, costumes,
características sociais, características culturais, corrupção, classes sociais,
problemas familiares, questões de relacionamento;
► Programas jornalísticos: temas da atualidade - economia, política, meio
ambiente, questões sociais, clima, violência urbana, hábitos de consumo;
► Programas infantis: comportamento, preconceito, discriminação, linguagem
padrão, linguagem coloquial, violência.
É viável planejar a prática pedagógica, relacionando as informações
fornecidas pela televisão com os conteúdos curriculares; para isto, basta que o
educador tenha um olhar crítico e pedagógico sobre a programação e que,
principalmente, esteja comprometido e aberto para o novo. O planejamento com
base nos programas veiculados tem que ser desenvolvido de maneira
responsável e muito bem organizado, para que todas as metas propostas sejam
alcançadas e para que os alunos possam usufruir deste recurso de maneira
proveitosa na aquisição do conhecimento.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANÇADO, Marlia Batista. Escola hoje. Brasília : MEC, 1994. (Cadernos da TV Escola).
FERRÉS, Joan. Televisão e educação. Porto Alegre : Artes Médicas, 1996. FISKE, John. Momentos de televisão: nem o texto nem a platéia. In: Seiter, E. et al. (Eds.). Remote Control: Television, Audiences, and Cultural Power. Nova York: Routledge, 1989. ______. Vídeo e educação. Porto Alegre : Artes Médicas, 1996. FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 4. ed. Tradução Rosisca Darcy de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. ______. Pedagogia do oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. ______. e GUIMARÃES, Sergio. Sobre educação: Diálogos. 3.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1984. ______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 12. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. ______. Educação e atualidade brasileira. 2. ed. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2002.
______. Educação como prática da liberdade. 27. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003. KELLNER, Douglas. A cultura da mídia- estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru, SP : EDUSC, 2001. ______. Alienígenas em sala de aula. Uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis, Ed. Vozes, 1995. LAZAR, Judith. Mídia e aprendizagem. In: Série de Estudos Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 1999. LUDKË, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo : EPU, 1986. (Temas Básicos de Educação e Ensino) MACHADO, Maria Aglaê de Medeiros. Progestão: guia do tutor. Brasília : CONSED, 2001. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Desafios culturais da comunicação à educação. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 6, n. 18, maio/set. 2000.
______. Novos regimes de visualidade e descentralizações culturais. In: Série de Estudos Educação a Distância, Ministério da Educação Secretaria da Educação a Distância, Brasília, 1998. MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 13ª ed. Campinas: Ed. Papirus, 2000. ______. O vídeo na sala de aula. In: Comunicação e Educação. São Paulo, ECA-Ed. Moderna, n. 2, jan/abr, 1995. NAPOLITANO, Marcos. Como usar a televisão na sala de aula. 2ª ed. São Paulo: Editora Contexto, 2003. TANAKA, Maristela Mitie. Produzindo audiovisual na escola. Disponível em: <www.tvebrasil.com.br> Acesso em 10 de jan. 2009. ROIG, Hebe. Uma análise comunicacional da televisão na escola. In: LITWIN, Edith (org.) Tecnologia educacional: política, histórias e propostas. Porto Alegre : Artes Médicas, 1997. SADEK, José Roberto Neffa. A TV escola do brasil In: 2 anos da TV Escola, Série de Estudos Educação a Distância, Ministério da Educação Secretaria da Educação a Distância, Brasília, 1998. LEAl, A.E. Maria SOUZA, A.M.A. Maria. Paulo Freire e a educação 40 anos depois da pedagogia do oprimido. Disponível em: <www.forummundialeducacao.org> Acesso em 06 set. 2009. LOURENÇO, Júlio César; MORI; Verônica Yurika. A importância da pedagogia progressista na educação. Disponível em <www.diaadiaeducacao.pr.gov.br> Acesso em 06 set 2009. MELLO, Élson Rezende de. Seduções da televisão sobre a escola. Disponível em: <www.elsonrezende.com.br/comunica/seduc.htm> Acesso em 05 set. 2009. MACHADO, João Luís de Almeida. Política e educação. Disponível em: <www.planetaeducacao.com.br> Acesso em 12 mai. 2009. MANDARINO, Mônica C.F. Organizando o trabalho com vídeo em sala de aula. Disponível em: < www.unirio.br> Acesso em 18 nov. 2008.
APÊNDICES
APÊNDICE 1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
Santa Vitória do Palmar, março de 2009.
Prezada Sr.ª
Sou aluna do curso de especialização à distância “Mídias na Educação”, oferecido pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e venho, através deste, solicitar autorização para desenvolver o Projeto de Pesquisa intitulado “Desafios do uso da tv na sala de aula”, nesta escola. A pesquisa será realizada com professores, pais e alunos da instituição e constará de entrevistas, nas quais pretendo levantar a opinião dos mesmos em relação ao uso da programação da TV como tema gerador dos debates em sala de aula. O período para a realização das entrevistas está previsto para ocorrer entre os meses de julho e agosto de 2009. No aguardo de seu parecer, Atenciosamente
Daiane Pereira de Souza
Ilma Srª Isabel Cristine da Silva Barbosa Diretora da E.M.E.F. General Artigas Chuí - RS
APÊNDICE 2
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
Santa Vitória do Palmar, março de 2009.
Prezada Sr.ª
Sou aluna do curso de especialização à distância “Mídias na Educação”, oferecido pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e venho, através deste, solicitar autorização para desenvolver o Projeto de Pesquisa intitulado “Desafios do uso da tv na sala de aula”, nesta escola. A pesquisa será realizada com professores, pais e alunos da instituição e constará de entrevistas, nas quais pretendo levantar a opinião dos mesmos em relação ao uso da programação da TV como tema gerador dos debates em sala de aula. O período para a realização das entrevistas está previsto para ocorrer entre os meses de julho e agosto de 2009. No aguardo de seu parecer, Atenciosamente
Daiane Pereira de Souza
Ilma Srª Dayse Mary Mende Acosta Diretora da E.M.E.F. Dr. Osmarino de Oliveira Terra Santa Vitória do Palmar - RS
APÊNDICE 3 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
Autorização
Autorizo minha participação no Projeto de Pes quisa intitulado “Desafios do uso da tv na sala de aula”, da professora Daiane Pereira de Souza, que frequenta o Curso de Especialização à Distância “Mídias na Educação”, da Universidade Federal do Rio Grande. Os dados obtidos nas entrevistas serão lidos, analisados e resultarão numa monografia, necessária para obtenção do título de Especialista. Caso seja necessário, aceito que as entrevistas sejam gravadas, para facilitar a dinâmica do trabalho.
Estou ciente de que meu nome e os dados levantados nestas consultas serão mantidos em sigilo e, no relatório, terei minha identidade preservada. Terei, ainda, liberdade de desistir a qualquer momento do processo, sem sofrer qualquer tipo de discriminação.
___________________________________
APÊNDICE 4
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS PROFESSORES
1. Você costuma utilizar a TV em suas aulas? ( ) sim ( ) não 2. Com que freqüência utiliza este recurso? 3. Em que situações a TV é utilizada? 4. Você utiliza a programação veiculada na TV durante suas aulas? Em caso positivo, de que maneira o faz? 5. Como utilizar a televisão na sala de aula de maneira produtiva? 6. É possível planejar a prática pedagógica relacionando as informações fornecidas pela televisão com os conteúdos?
APÊNDICE 5
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM A DIREÇÃO
1. A instituição dispõe de aparelho(s) de TV? 2. Desde que ano a escola foi contemplada com o(s) aparelho(s)? 3. O(s) aparelho(s) foi (foram) doado(s) pelo Governo ou adquirido(s) pela própria escola? 4. Quantos aparelhos de TV a escola possui até o momento? 5. A escola possui antena parabólica? 6. Como você resume o impacto que a TV tem, hoje, sobre os educandos desta escola?
APÊNDICE 6
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS PAIS
1. Com que freqüência você assiste televisão? 2. Você costuma assistir sozinho ou com seus filhos? 3. Quais os programas preferidos da família? 4. Seu filho costuma assistir a quais programas? 5. Existe um horário em que a família costuma se reunir para assistir televisão? 6. Qual a importância da TV, na sua opinião, para a educação?
APÊNDICE 7
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS ALUNOS
1. Você gosta de assistir televisão? ( ) sim ( ) não 2. Em quais horários que você assiste TV? ( ) manhã ( ) tarde ( ) noite 3. Quais seus programas favoritos? 4. Você já assistiu TV na escola? 5. Em quais disciplinas o professor usa a televisão? 6. Como o professor faz uso da TV (filmes, notícias, programas, outros)? 7. O que você acha mais interessante assistir na televisão? 8. Qual a importância da TV, na sua opinião, para a educação?
APÊNDICE 8
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
PRÁTICA – 8ª SÉRIE – SISTEMA DE FORÇAS
APÊNDICE 9
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
PRÁTICA - 4º ANO E 4ª SÉRIE – DOENÇAS
APÊNDICE 10
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
PRÁTICA - 3º ANO – ÁGUA