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SIC CLÍNICA MÉDICA DERMATOLOGIA

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Autoria e colaboração

Alexandre Evaristo Zeni RodriguesGraduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Clínica Médica e em Dermatologia pela Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ). Professor assistente do Serviço de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Taubaté (UNITAU).

Atualização 2017

Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues

Apresentação

Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.

Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa.

Um excelente estudo!

Índice

Capítulo 1 - Dermatologia normal ................. 15

1. Da anatomia à fi siologia ..........................................16

2. Lesões elementares .................................................21

3. Cicatrização normal ................................................ 25

4. Queloides.....................................................................27

Resumo ............................................................................ 28

Capítulo 2 - Doenças infectocontagiosas virais .................................................................. 29

1. Introdução .................................................................. 30

2. Verrugas ..................................................................... 30

3. Herpes ..........................................................................32

4. Molusco contagioso ................................................ 38

5. Nódulo dos ordenhadores .................................... 39

6. Doenças exantemáticas .........................................40

7. Doença mão–pé–boca ............................................ 45

8. Manifestações cutâneas na dengue ...................47

9. Manifestações cutâneas na zika e na chikungunya ................................................................47

Resumo ............................................................................48

Capítulo 3 - Doenças infectocontagiosas bacterianas agudas ......................................... 49

1. Introdução .................................................................. 50

2. Impetigo e ectima .................................................... 50

3. Furúnculos, carbúnculos e abscessos................. 51

4. Erisipela ......................................................................53

5. Celulite ........................................................................ 54

6. Síndrome estafi locócica da pele escaldada ..... 56

Resumo .............................................................................57

Capítulo 4 - Doenças infectocontagiosas bacterianas crônicas ........................................59

1. Hanseníase .................................................................60

2. Sífi lis ............................................................................. 66

3. Sífi lis congênita .......................................................... 71

Resumo .............................................................................74

Capítulo 5 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses superfi ciais......................75

1. Introdução ...................................................................76

2. Dermatofi toses .........................................................76

3. Micoses por leveduras ........................................... 78

Resumo ............................................................................ 82

Capítulo 6 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses profundas ....................... 83

1. Introdução ..................................................................84

2. Esporotricose ............................................................84

3. Cromomicose ............................................................ 85

4. Paracoccidioidomicose .......................................... 86

Resumo ........................................................................... 89

Capítulo 7 - Doenças infectocontagiosas – protozoárias e parasitárias ............................91

1. Introdução .................................................................. 92

2. Leishmaniose............................................................. 92

3. Escabiose .................................................................... 95

4. Pediculose ...................................................................97

5. Miíase ........................................................................... 99

6. Tungíase ....................................................................100

Resumo ......................................................................... 102

Capítulo 8 - Doenças eczematosas .............103

1. Introdução ................................................................104

2. Eczema de contato ................................................104

3. Eczema atópico ....................................................... 108

4. Eczema seborreico ..................................................111

5. Eczema numular ...................................................... 112

6. Eczema disidrótico ................................................. 113

7. Fotoeczemas ............................................................. 115

Resumo .......................................................................... 118

Capítulo 9 - Doenças eritematodescamativas................................. 119

1. Psoríase ..................................................................... 120

2. Pitiríase rósea de Gilbert ......................................125

Questões:Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil.

Anote:O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.

QuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2015 - FMUSP-RP1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomiab) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomiac) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomiad) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - SES-RJ2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motorab) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundosc) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundosd) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFES3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:

a) verificar as pupilasb) verificar a pressão arterialc) puncionar veia calibrosad) assegurar boa via aéreae) realizar traqueostomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFG4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:a) 6b) 7c) 8d) 9

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFCG 5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:a) aplicar morfinab) promover uma boa hidrataçãoc) perguntar o nomed) lavar a facee) colocar colar cervical

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2014 - HSPE6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea

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Comentários:Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso

corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo

contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con-ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow está resumida a seguir:

Abertura ocular (O)

Espontânea 4

Ao estímulo verbal 3

Ao estímulo doloroso 2

Sem resposta 1

Melhor resposta verbal (V)

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1

Melhor resposta motora (M)

Obediência a comandos 6

Localização da dor 5

Flexão normal (retirada) 4

Flexão anormal (decor-ticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta (flacidez) 1

Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.Gabarito = C

Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.Gabarito = A

Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo ATLS®, a melhor sequência seria:A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.E: manter o paciente aquecido.Logo, a melhor alternativa é a “c”. Gabarito = C

Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.Gabarito = A

Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan-

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3. Pitiríase rubra pilar ............................................... 128

4. Parapsoríases ......................................................... 130

5. Eritrodermias ...........................................................132

6. Eritemas figurados ................................................ 134

Resumo ...........................................................................136

Capítulo 10 - Doenças inflamatórias ........... 137

1. Doenças papulopruriginosas .............................. 138

2. Doenças bolhosas .................................................. 144

3. Doenças de vasos e lesões ulceradas ...............153

Resumo ......................................................................... 168

Capítulo 11 - Reações alérgicas e farmacodermias – lato sensu .......................169

1. Introdução ................................................................ 170

2. Farmacodermias .................................................... 170

3. Eritema multiforme................................................173

4. Síndrome de Stevens-Johnson/necrólise epidérmica tóxica ...................................................175

5. Urticárias ...................................................................177Resumo .......................................................................... 180

Capítulo 12 - Medicina interna ..................... 181

1. Introdução ................................................................ 1822. Sarcoidose ................................................................ 1823. Amiloidoses ............................................................. 1844. Porfirias .................................................................... 1895. Pelagra .......................................................................1936. Colagenoses ..............................................................195Resumo .......................................................................... 210

Capítulo 13 - Tumores malignos ................... 211

1. Pré-malignos .............................................................2122. Carcinoma basocelular ......................................... 2163. Carcinoma espinocelular ......................................2194. Melanoma cutâneo ...............................................2225. Linfomas e leucemias ........................................... 227Resumo ..........................................................................231

Doenças infec-tocontagiosas fúngicas – micoses profundas

Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues

Neste capítulo, serão abordadas as infecções subagu-das e crônicas mais cobradas em questões de provas no que se refere à Dermatologia. São doenças causa-das por fungos invasivos: esporotricose, cromomicose e paracoccidioidomicose. A esporotricose é causada por fungo dimórfi co da espécie Sporothrix schenckii, com associação a ferimentos por plantas (espinhos de rosas) e contaminação por animais domésticos, sendo que a lesão inicial se dá no local da inoculação, formando-se placa eritematoverrucosa que pode evoluir para ulce-ração associada a acometimento linfático, típico dessa afecção. O diagnóstico é confi rmado pela cultura, e para o tratamento se emprega iodeto de potássio. A cromo-micose é uma infecção fúngica crônica da pele causada por agentes demáceos (fungos negros) encontrados em solos e vegetais. A transmissão se dá por inocula-ção traumática, surgindo pápula verrucosa com pontos enegrecidos, eritematosos e acastanhados, sobretudo nos membros inferiores. O exame micológico direto esclarece casos duvidosos, e para o tratamento são necessários métodos combinados, como criocirurgia com nitrogênio líquido juntamente com antifúngicos sistêmicos (o itraconazol é o de escolha), com pouca resposta, somente controle do quadro. E a paracocci-dioidomicose, ou blastomicose sul-americana, é uma infecção causada pelo fungo dimórfi co Paracoccidioi-des brasiliensis, sendo doença de zona rural, endêmica em alguns países da América do Sul e mais comum em jovens e adultos entre 20 e 40 anos, afetando sobre-tudo homens. A transmissão ocorre por via inalatória, iniciando-se um foco pulmonar, e, a partir daí, se mul-tiplica e se dissemina para os linfonodos regionais e, posteriormente, por via hematogênica, para os demais órgãos, inclusive a pele. Esse 1º contato com o fungo caracteriza a paracoccidioidomicose-infecção; ao evo-luir para a doença, há 2 possíveis quadros: Pb-micoses juvenil (aguda/subaguda) e adulta (crônica). Deve-se pensar em paracoccidioidomicose sempre que há um quadro pulmonar associado a lesões de mucosa e pele. O diagnóstico é confi rmado por exame micológico direto (estruturas ovaladas leveduriformes com brotamento simples ou múltiplo, conferindo o aspecto característico de “roda de leme”), cultura, sorologia (mais usada para acompanhamento da resposta ao tratamento) e biologia molecular (pesquisa da proteína de superfície do fungo, GP43). O tratamento deve ser mantido até a cura clínica, sorológica e radiológica, o que pode levar de meses a anos, sendo empregados sulfametoxazol-trimetoprima, itraconazol ou anfotericina B.

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1. IntroduçãoNeste capítulo, serão abordadas as infecções subagudas e crônicas causadas por fungos invasivos, que, além do acometimento cutâneo, a depender da resposta imunológica do hospedeiro, podem levar a infec-ções sistêmicas de outros órgãos.

2. EsporotricoseDoença subaguda, universal, relativamente comum, causada por fungo dimórfico da espécie Sporothrix schenckii.

A - EpidemiologiaRelativamente frequente em nosso meio, sendo universal, porém mais comum em países de clima tropical. Qualquer idade é acometida, e não há predileção por sexo. Dois pontos merecem destaque, como a asso-ciação a ferimentos por plantas (como os clássicos acidentes com espi-nhos de rosas) e a contaminação por animais domésticos, já havendo relatos de surtos no Rio de Janeiro provocados por gatos contaminados.

Figura 1 - Gato com lesões de esporotricose

B - FisiopatologiaO trauma serve como porta de entrada para a inoculação do fungo, e nesse ponto surge a 1ª lesão. A resposta imune celular Th1 é respon-sável por tentar conter a doença, o que se pode evidenciar pela po-sitividade do teste da esporotriquina. Contaminação por ingestão ou inalação é rara.

C - Quadro clínicoNo local do acidente perfurocortante surge a lesão inicial, normal-mente uma placa eritematoescamosa verrucosa ou uma úlcera. Em se-guida, surgem linfonodos regionais em cordão, caracterizando a forma mais comum da doença, a cutâneo-linfática; podem ou não fistulizar. Formas cutâneas disseminadas e/ou infecções sistêmicas são raras e normalmente vistas em imunossuprimidos. As extremidades, por esta-rem mais expostas aos traumas, são sempre mais acometidas.

Quadro clínico Lesão cutânea acom-

panhada de linfangite ascendente é a principal

característica da esporo-tricose clássica.

Se evoluírem para a cura espontânea com a ação do sistema imunoló-gico, restarão cicatrizes discrômicas como sequelas.

Figura 2 - Esporotricose: placas verrucosas eritematosas com evolução apresentan-do linfangite ascendente

Doenças infec-tocontagiosas – protozoárias e parasitárias

Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues

Este capítulo aborda a leishmaniose e as infestações parasitárias escabiose, pediculose, miíase e tungíase. A leishmaniose é causada por protozoários do gênero Leishmania que apresentam importância na Der-matologia quando desencadeiam a leishmaniose tegumentar americana, conhecida como úlcera de Bauru. É considerada uma afecção zoofílica, sendo o homem acidentalmente infectado por meio da picada de mosquitos do gênero Lutzomyia. A apresentação clínica típica é de úlcera única de bordas em moldura e fundo limpo. O diagnóstico pode ser alcançado por meio de exame histológico, esfregaço da lesão e cultura, além da reação de Montenegro. O tratamento de 1ª escolha emprega Glucantime®, antimonial pentavalente, e, na sua falha, pentamidina ou anfotericina B. A escabiose, infestação por Sarcoptes scabiei, depende de contato inter-humano para a sua transmissão. Observam-se pápulas eritematosas extremamente pruriginosas, prin-cipalmente no período noturno, encontradas nos locais caracteristicamente afetados. Em crianças, são afetados couro cabeludo, palmas, plantas e espaços interdigitais; em adultos, há predileção pelas regiões axilares, inframa-márias e genitoinguinais. O diagnóstico é clínico, sendo raro surpreender o ácaro por meio do exame de esca-rifi cação. O tratamento, que deve se estender a todos os contactantes, podendo ser feito com tópicos (per-metrina, monossulfi ram) ou ivermectina. A pediculose, por sua vez, é desencadeada por diferentes parasi-tas, a depender da região corpórea afetada. Pediculus humanus var. capitis afeta o couro cabeludo, Pediculus humanus var. corporis afeta o corpo e pode transmitir tifo e “febre das trincheiras”, e o Phthirus pubis afeta a região genital, sendo considerada doença sexualmente transmissível. O diagnóstico é clínico, sendo necessá-ria a visualização do agente. O tratamento se dá com escabicidas tópicos, como o lindano e a permetrina em loção, além de ivermectina quando da ausência de res-posta. A miíase é uma manifestação causada por larvas de dípteros (moscas domésticas), popularmente cha-madas de berne, e subdivide-se em 2 grupos principais: miíases primária (furunculoide – mosca Dermatobia hominis) e secundária (afetando tecidos desvitalizados, principalmente úlceras – Cochliomyia macellaria [mosca varejeira] e Lucilia sp). O diagnóstico é clínico, e o tra-tamento consiste na retirada das larvas. E a tungíase é causada pela pulga Tunga penetrans, cuja afecção é per-cebida por um nódulo na região plantar, podendo ser doloroso à deambulação. A contaminação se dá com o hábito de andar descalço, e o tratamento se baseia na destruição do nódulo com a morte do inseto e pode ser realizado com crioterapia, eletrocoagulação ou cureta-gem simples e cauterização química.

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sic dermatologia92

1. IntroduçãoOs protozoários são seres unicelulares com membrana nuclear organi-zada (eucariontes), com diferentes organismos incluídos nesse grupo. Pode-se citar, por exemplo, Leishmania sp.

Para facilitar a didática, englobam-se nesse subgrupo de doenças infec-tocontagiosas, também, aquelas provocadas por parasitas, que são seres mais desenvolvidos, como os ácaros, que causam escabiose e pediculose.

2. LeishmanioseUm complexo de doenças infecciosas que varia de casos restritos à pele até infecções sistêmicas graves, causadas por diferentes espécies protozoárias de Leishmania e que podem ser encontradas, mais fre-quentemente, em países subdesenvolvidos de regiões tropicais e sub-tropicais. No âmbito da Dermatologia brasileira, a única que merece foco especial é a leishmaniose tegumentar americana, pois outras for-mas são de outros países ou infecções sistêmicas. No passado, era co-nhecida como úlcera de Bauru.

A leishmaniose visceral (calazar) é comumente abordada na Infectologia.

A - EpidemiologiaTrata-se de uma doença que pode ser considerada de caráter zoofí-lico (animais domésticos e selvagens são portadores), e o homem acaba sendo infectado acidentalmente. Não há contágio inter-humano (ex-ceto por transfusão sanguínea). A infecção envolve a participação de um mosquito vetor cujo habitat natural é a floresta, por isso, com o avanço do desmatamento, houve aumento da incidência da leishma-niose tegumentar americana. Há também associação à ocupação de-sordenada nas periferias próximas a encostas e áreas de mata nativa. Pode ser encontrada em todos os estados da Federação, e as menores incidências estão nas regiões Sul e Sudeste. O período de incubação pode variar de semanas a anos (média de 2 meses).

ImportanteO principal motivo do aumento da incidên-

cia da leishmaniose foi o desmatamento

oriundo da urbanização desordenada.

Figura 1 - Ciclo da Leishmania sp.

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QUESTÕES

Cap. 1 - Dermatologia normal ......................................237

Cap. 2 - Doenças infectocontagiosas virais .............237

Cap. 3 - Doenças infectocontagiosas bacterianas agudas ................................................................. 239

Cap. 4 - Doenças infectocontagiosas bacterianas crônicas ...............................................................241

Cap. 5 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses superfi ciais ....................................... 242

Cap. 6 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses profundas..........................................244

Cap. 7 - Doenças infectocontagiosas – protozoárias e parasitárias .......................... 246

Cap. 8 - Doenças eczematosas ...................................250

Cap. 9 - Doenças eritematodescamativas .............. 252

Cap. 10 - Doenças infl amatórias................................. 252

Cap. 11 - Reações alérgicas e farmacodermias – lato sensu ........................................................... 254

Cap. 12 - Medicina interna ............................................ 256

Cap. 13 - Tumores malignos ..........................................257

Outros temas .................................................................... 262

COMENTÁRIOS

Cap. 1 - Dermatologia normal ..................................... 265

Cap. 2 - Doenças infectocontagiosas virais ............ 265

Cap. 3 - Doenças infectocontagiosas bacterianas agudas ................................................................. 266

Cap. 4 - Doenças infectocontagiosas bacterianas crônicas ..............................................................268

Cap. 5 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses superfi ciais ....................................... 269

Cap. 6 - Doenças infectocontagiosas fúngicas – micoses profundas.......................................... 270

Cap. 7 - Doenças infectocontagiosas – protozoárias e parasitárias ...........................271

Cap. 8 - Doenças eczematosas ....................................274

Cap. 9 - Doenças eritematodescamativas ...............275

Cap. 10 - Doenças infl amatórias..................................276

Cap. 11 - Reações alérgicas e farmacodermias – lato sensu ............................................................277

Cap. 12 - Medicina interna ............................................ 278

Cap. 13 - Tumores malignos .........................................280

Outros temas .................................................................... 283

Índice

Derm

atol

ogia

Que

stõe

sQuestõesDermatologia

Dermatologia normal

2016 - UFS1. Com relação aos queloides, é correto afi rmar que: a) são mais prevalentes em pacientes de pele escurab) são mais comuns nos membros inferiores do que nos

superioresc) ocorrem mais frequentemente em brancos caucasia-

nos do que em hispânicos d) podem ser evitados por técnica cirúrgica adequada

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2014 - UNIRIO2. Na descrição de um exame dermatológico, um interno relata área cutânea puntiforme, avermelhada, que não desaparece à digitopressão, e outra lesão, com 0,4cm de diâmetro, contendo líquido de aspecto límpido no seu interior. Você melhor caracterizaria essas descrições, respectivamente, como: a) petéquia e bolha b) petéquia e vesícula c) equimose e vesícula d) rash e pústula e) pápula e bolha

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2013 - AMP 3. Com relação à terminologia descritiva da morfologia de lesões cutâneas individuais, considere as alternati-vas a seguir e assinale a correta:a) erosão é a perda circunscrita da epiderme e da der-

me, podendo acometer a hipoderme e tecidos subja-centes

b) dermatite de contato se manifesta a lesão tipo bolhac) vesícula é uma lesão elevada e circunscrita, com fl ui-

do seroso claro ou hemorrágico de menos de 1cm de diâmetro

d) nódulo é a elevação fi rme, circunscrita e achatada da pele, com margens palpáveis e bem demarcadas

e) ictiose se manifesta com lesão tipo placa e urtica

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

Doenças infectocontagiosas virais

2016 - SES-PE4. Uma paciente de 65 anos, portadora de mieloma múl-tiplo, em tratamento com bortezomibe, passou a apre-sentar dor intercostal intensa, com surgimento de vesí-culas após 2 dias, que ocupavam mais de 3 dermátomos. Sobre o caso, é correto afi rmar que:a) deve receber tratamento com aciclovir oral, na dose

de 800mg, 5x/d, por 7 diasb) seu risco de neuralgia pós-herpética é baixo, e não

existe necessidade de terapia específi ca com a fi nali-dade de prevenir a ocorrência dessa complicação

c) o início precoce da terapia antiviral reduz a intensida-de e a duração da neuralgia pós-herpética

d) o uso de corticoide associado ao antiviral é essencial para a prevenção da neuralgia pós-herpética

e) não haverá necessidade de vacinação contra herpes--zóster após a resolução desse episódio, já que a in-fecção desencadeia imunidade que impede a recor-rência

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2015 - SES-GO5. O vírus do herpes-simples determina quadros clínicos variáveis, benignos ou graves. Qual é o exame laborato-rial eletivo para realizar o diagnóstico?a) histopatológicob) culturac) citológicod) sorológico

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2014 - SANTA CASA-SP6. Uma mulher de 62 anos, sem antecedentes mórbidos, procura atendimento por quadro de dor torácica sem fa-tores associados há 2 dias. No exame físico, apresenta lesões vesicobolhosas restritas a 2 dermátomos. Qual destas medicações é a mais indicada para evitar a prin-cipal complicação dessa doença? a) morfi nab) amitriptilinac) gabapentina

ComentáriosDermatologia

Dermatologia normal

Questão 1. Analisando as alternativas:a) Correta. Sabidamente há maior incidência de queloi-des em pacientes afrodescendentes. b) Incorreta. A porção superior do corpo sempre é mais afetada pelos queloides. O ombro é um dos locais mais frequentes, assim como a região esternal e o pavilhão auricular.c) Incorreta. Os brancos caucasianos formam a popula-ção com menor incidência de queloides.d) Incorreta. A técnica não infl uencia o desenvolvimento do quadro de queloides, pois depende de fatores genéti-cos e imunológicos do paciente.Gabarito = A

Questão 2. Trata-se das clássicas descrições de petéquia e vesícula. Bolha seria maior que 1cm, e equimoses não são puntiformes; rash é macula eritematosa; e pústula não tem conteúdo límpido.Gabarito = B

Questão 3. Analisando as alternativas:a) Incorreta. Erosão é uma perda superfi cial, podendo chegar, no máximo, à derme superfi cial e não à hipo-derme.b) Incorreta. Pode ter bolhas, mas não é o típico (placas, eritema e descamação, sim).c) Correta. A bolha é maior que 1cm.d) Incorreta. Se o nódulo é elevado, não pode ser acha-tado.e) Incorreta. Manifesta-se com descamação ictiosiforme (tipo escamas de peixe).Gabarito = C

Doenças infectocontagiosas virais

Questão 4. O enunciado relata um caso de herpes-zóster com neuralgia em um paciente imunossuprimido (nor-malmente ocupa um dermátomo e neste caso são 3). Analisando as alternativas:

a) Incorreta. Se fosse um caso em imunocompetente, estaria correto, mas, pelo risco em imunossuprimido, é necessário iniciar o tratamento por via endovenosa.b) Incorreta. Nos pacientes idosos o risco é maior. A te-rapia específi ca antirretroviral precoce reduz o risco de neuralgia.c) Correta. É melhor iniciar terapia antiviral nas primei-ras 24 a 48 horas do começo do quadro.d) Incorreta. O uso de corticoide associado ao antiviral ainda não é consensual, pois os estudos são confl itantes.e) Incorreta. A vacina contra o herpes-zóster é indicada após o 1º episódio para evitar recorrências (a infecção não desencadeia imunidade permanente). Neste caso é bem indicada, pois o paciente tem maior chance pelo tra-tamento com biológico.Gabarito = C

Questão 5. Analisando as alternativas:a) Incorreta. O histopatológico pode ser diagnóstico, po-rém tem maior complexidade e, portanto, pior custo–be-nefício.b) Incorreta. Na família herpes, somente o citomegalo-vírus, o vírus varicela-zóster (HSV-3) e o herpes-simples (HSV1 e 2) replicam nas culturas de células-padrão utili-zadas em laboratórios de diagnóstico. Porém, esse é um exame custoso e mais demorado.c) Correta. O teste de Tzanck é um exame citodiagnós-tico simples, feito diretamente na raspagem das lesões bolhosas. Na infecção pelo herpes-vírus e na infecção pelo vírus varicela-zóster, células epiteliais infectadas mostram mudanças em suas características, incluindo multinucleação e marginação da cromatina. A presen-ça dessas células (células de Tzanck), no exsudato das lesões, ocorre em 50% dos casos de infecção herpética.d) Incorreta. O sorológico indica apenas o estado da imunidade se amostra está isolada. A detecção de IgM pode estar presente ou não nas recorrências. Em caso de quadro clínico sugestivo, recomenda-se a colheita de 2 amostras: uma na fase aguda e outra após 15 dias, quando a elevação do título de pelo menos 2 vezes su-gere o diagnóstico, porém é mais demorado que o teste de Tzanck.Gabarito = C

Questão 6. Quadro com lesões vesicobolhosas em der-mátomos com dor associada sugere herpes-zóster. Ana-lisando as alternativas:

Derm

atol

ogia

Com

entá

rios