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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

1

O lúdico como ferramenta metodológica para o ensino de ciências.

Ana Paula Silveira Dal Col1

Rosilda Aparecida Kovaliczn2

Resumo

Apesar do avanço da Medicina no século XXI, são inúmeras as dúvidas no cotidiano escolar em relação aos parasitos que habitam a superfície do corpo – os ectoparasitos. A abordagem deste tema em sala de aula é um desafio devido a dicotomia dos conhecimentos científicos e do senso comum. Há necessidade de disponibilização de um ambiente de discussão e orientação na escola sobre as conseqüências das ectoparasitoses humanas, bastante comuns, como a pediculose, a tungíase, a escabiose, ixodíase e miíases, cujas patologias podem levar até mesmo ao baixo rendimento escolar. Sabe-se que a ferramenta tecnológica e o lúdico são fatores que desencadeiam um encantamento nas crianças e adolescentes. Frente a isto, optou-se nesta pesquisa pelo desenvolvimento de atividades educativas de caráter lúdico num trabalho de sensibilização e prevenção contra as ectoparasitoses humanas. Desta forma espera-se a internalização de hábitos que corroborem para a melhoria da qualidade de vida da comunidade escolar, e que a ação pretendida não se constitua em atos isolados, mas sim desperte para um novo olhar no desenvolvimento da disciplina de Ciências com destaque às questões regionais de saúde pública.

Palavras – chave: Ectoparasitoses; Ludicidade; Prevenção.

1 Introdução

Muitos livros de Biologia apresentam testes e questões mais voltadas ao vestibular do que realmente estímulo ao pensamento crítico reflexivo; dão maior enfoque às parasitoses endêmicas com que o Brasil é conhecido mundialmente; a abordagem sobre as ectoparasitoses é restrita – ou inexistente; poucos incentivam a pesquisa e menos ainda os que estimulam a condução de ações preventivas contra as parasitoses junto à comunidade, investigando suas realidades locais. (KOVALICZN, 2001, p.121).

1 Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, área de Ciências, Colégio Estadual Professor João Ricardo Von Borell Du Vernay, Ponta Grossa, PR. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Educação. Professora da disciplina de Parasitologia Humana, departamento de Biologia Geral da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), PR. E-mail: [email protected]

2

As Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica – DCEs (PARANÁ,

2008) contemplam o tema parasitoses, porém, é possível constatar que os livros

didáticos adotados nas escolas públicas do município de Ponta Grossa – PR e

região trazem como foco principal as endoparasitoses – parasitos de dentro do

organismo -, e pouco abordam a respeito das ectoparasitoses – parasitos da

superfície do corpo: a pulga do bicho-de-pé Tunga penetrans (Linneu,1758),

causadora da tungíase, o piolho do couro cabeludo Pediculus capitis (Linneu,1758),

causador da pediculose, o carrapato causador da ixodíase Amblyomma cajennense

(Fabricius, 1787), o agente da escabiose ou sarna Sarcoptes scabiei (De

Geer,1778), e as miíases causadas pelo berne da larva da Dermatobia hominis,

(Linneu,1781 ), e entre outras também aquela causada por larvas de Cochliomyia

homonivorax (Coquerel,1858) parasitos ainda bastante comuns entre escolares,

uma vez que o estado do Paraná possui populações suscetíveis porque vivem da

agricultura e no meio rural, ou ainda que residem em pequenos municípios de

agricultura familiar, ou mesmo na periferia das cidades.

O objetivo deste trabalho é promover um espaço de informação, pesquisa,

orientação e discussão com práticas pedagógicas diversificadas á respeito dos

artrópodes causadores de ectoparasitoses de interesse médico sanitário. Mas, de

que forma abordar esse conteúdo para que de fato o conhecimento tenha significado

e seja incorporado no dia a dia dos alunos como forma de prevenção e melhoria da

qualidade de vida?

Frente a essa realidade e para desencadear o encantamento nas crianças e

adolescentes sobre o tema, optou-se pelo uso de uma ferramenta tecnológica

contendo ilustrações e conhecimentos sobre os ectoparasitos humanos, em uma

abordagem lúdica como recurso auxiliar no trabalho de sensibilização e prevenção a

respeito das ectoparasitoses.

2 Os ectoparasitos e sua importância na comunidade escolar

Apesar do avanço da medicina no século XXI, são inúmeras as dúvidas no

cotidiano escolar em relação aos parasitos que habitam a superfície do corpo – os

ectoparasitos. O parasitismo segundo Neves (2010, p.10) “é a associação entre

seres vivos, onde existe unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro é

3

espoliado pelo parasito, pois fornece alimento e abrigo para este.” Os ectoparasitas

são artrópodes, e entre aqueles de maior interesse médico e conhecido da

população estudantil, encontram-se as pulgas, o piolho do couro cabeludo, o

carrapato, a sarna e o berne. “O estudo desses artrópodes tem grande importância,

pois eles podem transmitir ou produzir graves doenças no homem” é o que afirma

Iglesias (1997, p. 327). Apesar disso poucos estudos são relatados nos livros

didáticos a respeito das ectoparasitoses e há pouco interesse do poder público em

sanar tais problemas junto às comunidades escolares e em geral. Portanto, os

ectoparasitos, assim como os demais endoparasitos causam doenças, as quais tem

maior prevalência em algumas circunstâncias que facilitam a sua disseminação

como nos relata Neves (2006):

O desmatamento, a expansão irresponsável da agropecuária, o desperdício de água e energia, o crescimento da população e a urbanização descontrolada são fatores da mais elevada importância que necessitam equacionamento rápido, pois interferem diretamente na qualidade de vida da população e na dispersão das doenças parasitárias. (NEVES, 2006, p.12).

Entre as ectoparasitoses comuns em escolares e de importância médica

encontra-se a pediculose do couro cabeludo, uma doença cosmopolita e bastante

comum na infância. De acordo com Barbosa; Pinto (2004):

Na França mais de 49 % de crianças estão positivas para piolho, 20% em Israel, e nos Estados Unidos da América estima-se que cerca de 6-12 milhões de pessoas se infectam por ano. Sendo a pediculose endêmica entre crianças em idade escolar, estima-se que no Brasil, 30% das crianças em fase escolar são afetadas pela pediculose. (BARBOSA; PINTO, 2004, p. 64).

Para Bergamaschi; Fiorentin (2004, p. 81) “Esta realidade é comum entre

escolares devido aos seus modos de vida e aos seus hábitos sociais, constantes

brincadeiras, superlotação nos colégios e transporte coletivo e escolar”. É importante

destacarmos que todas as pessoas estão suscetíveis a essa doença, e não somente

as crianças em fase escolar. Estes parasitos proliferam-se em áreas com grande

concentração humana, atingindo ambientes escolares, facilitando então a infestação

em crianças de forma direta, interpessoal e, pelo uso de utensílios em comum.

4

Um fator de importância ligado a pediculose é que o parasito possui

diferentes fases evolutivas e alimenta-se de sangue, e com freqüência observam-se

lesões provocadas pela coceira no couro cabeludo e conseqüentes infecções

bacterianas, micoses e em casos mais graves, miíases. (CATALA, 2004).

Doroso et al., (2004) pesquisaram 831 crianças com idade entre seis meses

e cinco anos em creches municipais de Ponta Grossa, PR e encontraram 28,04% de

positividade para pediculose. A pediculose em escolares nas séries iniciais “gera

preocupação quanta ausência da criança em sala de aula, diminuição da

aprendizagem, do rendimento escolar e da qualidade de vida, além do

constrangimento entre os infestados”. (DAUDT et al., 2004, p. 83).

Neves et al., (2010) afirma que a transmissão dos adultos e ninfas de

Pediculus capitis acontece via fômites, como, pentes, escovas, gorros, bonés,

toucas, fronhas entre outros.

Outra ectoparasitose comum é a tungíase “uma parasitose intradérmica

causada pela penetração da fêmea fecundada da pulga Tunga penetrans. Os ovos

da pulga se desenvolvem sendo posteriormente eliminados podendo causar

infestações”. (GONÇALVES et al., 2004, p. 85).

Uma pulga fêmea é capaz de ovipor em 15 dias aproximadamente 100 ovos,

microscópicos, eliminados como balas de um canhão. (NEVES et al., 2010). A

eliminação desses ovos contamina o ambiente, e dessa forma ocorrem infestações

que podem atingir toda a família, como o caso ocorrido em Ponta Grossa, onde se

constatou que a mãe e os filhos apresentavam tungíase múltipla nos pés. Na

ocasião foram observadas precárias condições de higiene, e a presença de animais

no intradomicílio. (KOVALICZN et al., 2004).

Para Amato Neto et al. (2008, p. 343):

No Brasil, em Trinidad e Tobago, nos Camarões e na Nigéria, estudos recentes documentaram prevalências entre 16% e 54%. A carga parasitária encontrada foi alta, e os indivíduos participantes apresentaram até dezenas de pulgas penetradas. (AMATO NETO et al., 2008, p. 343).

Embora a tungíase seja endêmica em comunidades brasileiras de baixo

poder aquisitivo, ela é tratada por muitos como uma doença caseira e

freqüentemente não há procura pelo serviço de saúde da região para auxiliar no

tratamento. No entanto complicações secundárias como as infecções bacterianas,

fúngicas, perda de unha, e até mesmo da extremidade de dedos e ou deformidade

5

dos espaços interdigitais agravam o estado do indivíduo parasitado. Infelizmente,

existe uma cultura de menosprezar o bicho-de-pé, no sentido de diminuir sua

importância na lista das prioridades da família de baixa renda e o atendimento nos

serviços de saúde geralmente é procurado quando o caso saiu de controle e a

providência caseira não deu resultado. Então como medidas preventivas eficientes

podemos fazer uso de aspirador de pó recolhendo adultos, ovos, larvas e pupas em

locais cimentados ou assoalhados, incinerando o “pó” recolhido repetindo-se esse

procedimento semanalmente por aproximadamente três semanas. Nas residências

onde há cães e gatos deve-se fazer o uso de coleiras antipulgas nesses animais no

seu combate e prevenção. (NEVES, 2006).

Uma parasitose também bastante comum em escolares é a escabiose,

conhecida popularmente por sarna, uma dermatose cosmopolita causada pelo ácaro

Sarcoptes scabiei, um ectoparasito microscópico que habita a superfície do corpo,

sendo que as fêmeas fecundadas depositam seus ovos entre a epiderme e a derme

ocasionando um sintoma característico, intenso prurido, principalmente à noite.

(REY, 2010).

A infestação gera efeitos secundários, conforme descrito por Medina;

Andrade; Benedetti (2002):

o prurido intenso acaba gerando escoriações na pele deixando-a susceptível a infecções por vírus e bactérias, também se caracteriza pelo seu alto grau de contagiosidade que privam temporariamente o paciente do convívio social e do comparecimento regular às suas atividades profissionais e escolares. (MEDINA; ANDRADE; BENEDETTI, 2002, p. 28).

Devido ao elevado grau de contagiosidade, principalmente em ambientes

coletivos fechados, como é o caso do espaço da sala de aula, para o controle da

escabiose faz-se necessário “o uso de medidas higiênicas individuais e coletivas,

bem como a desinfecção de roupas íntima e de cama além do tratamento com

medicação.” (REY, 2010 p.366).

Já a ixodíase é mais comum entre escolares da zona rural. É causada pela

picada do carrapato, um ectoparasito responsável por uma zoonose, e a espécie de

maior distribuição geográfica é o Amblyomma cajennense, conhecido por “carrapato

estrela” devido a uma característica na região dorsal do parasito macho. As larvas

de carrapatos são conhecidas por “micuim”, “carrapatinho” e “carrapato-pólvora”.

(REY, 2010).

6

Em regiões onde o contato de humanos com animais é mais intenso, pode

gerar o parasitismo uma vez que esses ectoparasitos

têm como fonte alimentar o sangue de seus hospedeiros, ou seja, realizam hematofagia em vários vertebrados como: aves, répteis e mamíferos, principalmente capivara, boi cavalo e cão. Esporadicamente o homem pode ser também parasitado por estes ectoparasitos devido ao contato estreito que ele possui com estes animais. (BARBOSA; PINTO, 2004, p. 48).

Quando nos referimos aos carrapatos não podemos deixar de relatar sua

importância como transmissores de doenças, além da dermatite ocasionada pela

picada do ectoparasito, a febre maculosa ocasionada pela bactéria Rickettsia

rickettsia.(REY, 2010). Entre os inúmeros sintomas podemos citar segundo Neves

(2006, p. 441):

febre moderada a alta, acompanhada de mal-estar, dor de cabeça intensa, dores musculares e prostação.Depois de três a quatro dias, aparecem as manchas (exantemas) características, nos punhos, tornozelos, palmas das mãos, plantas dos pés e outras partes do corpo. (NEVES, 2006, p. 441).

A grande resistência e adaptação dos carrapatos ao ambiente é um fator

limitante nas ações de controle desses insetos. Atualmente, usa-se aplicações

mensais de carrapaticida nos animais e também no entorno das residências. (Neves,

2006). As picadas do Amblyomma cajennense provocam ferimentos, de cura

demorada oportunizando infecções secundárias como a causadora da febre

maculosa causada pela bactéria Rickettsia rickettsi.

Outra ectoparasitose também comum na área rural é a dermatobiose,

causada pela larva da Dermatobia hominis. O “berne” como é conhecido

popularmente é um tipo de miíase, doença ocasionada por larvas de moscas. Amato

Neto et al., (2008) afirma que devemos evitar o repouso a céu aberto durante o dia

onde é comum a incidência do berne, bem como se faz necessário o uso de

repelentes em quaisquer atividades em áreas não-urbanas. Há outras miíases,

bastante graves, que afetam tanto animais vertebrados como os seres humanos,

onde feridas expostas, mau cheiro, etc. atraem as moscas fêmeas que farão a

oviposição em seu hospedeiro. Em crianças em idade escolar como afirmam

Marquez; Mattos; Nascimento (2007) miíases graves são desencadeadas naquelas

7

com maior freqüência de pediculose, pois a falta de higiene adequada aliada a falta

de educação sanitária, mais a instalação de uma pediculose, geram prurido e por

conseqüência, formação de feridas que atraem as moscas para a oviposição.

Heukelbach; Oliveira; Feldemeier (2003) relatam que doenças

ectoparasitárias como a escabiose, a pediculose, a tungíase entre outras são

hiperendêmicas em inúmeras comunidades carentes no Brasil, e não raramente

associadas à severidade considerável, também não há programas que priorizem o

controle de ectoparasitoses em nível de saúde pública no país. Como conseqüência

da alta contagiosidade, de manejo inadequado, de negligência tanto da população

como dos profissionais de saúde e da presença de reservatórios animais, o controle

efetivo das ectoparasitoses é um desafio para a saúde pública.

Nas DCEs, a disciplina de Ciências tem como objeto de estudo o

conhecimento científico com vistas a fornecer ao cidadão informações úteis e que

possam ser aplicadas ao seu cotidiano através de estratégias de ensino que

propiciem a construção e a internalização de conhecimentos significativos, e que

estes possam determinar a qualidade de vida e a ampliação de seu desenvolvimento

cognitivo. (PARANÁ, 2008).

Portanto, salientamos como necessidade premente que o conteúdo sobre

ectoparasitoses seja abordado em sala de aula para que essa informação chegue

até a comunidade, para evitar efetivamente a disseminação dessas doenças, bem

como suas complicações.

3 Metodologia

Este projeto de intervenção na escola está veiculado ao Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE) do governo do Estado do Paraná. Este

programa está dividido em três etapas, sendo que a primeira refere-se a elaboração

de um projeto de intervenção para desenvolvimento na escola, a segunda etapa está

relacionada a construção de material de apoio para uso na aplicação do projeto,

enquanto que a terceira etapa consta da redação do presente artigo.

Após a escolha do tema ectoparasitoses o projeto foi formulado e

desenvolvido junto á 25 alunos da 6ª série do Colégio Estadual João Ricardo Von

Borell Du Vernay, no município de Ponta Grossa, PR. Os alunos, 17 meninos e oito

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meninas com 11 anos de idade em média, participaram da presente investigação

após autorização prévia dos pais. Em sistema de contra turno escolar foram oito

encontros com o professor de Ciências, com duração de quatro horas cada,

totalizando trinta e duas horas de atividades. Além da disciplina de Ciências, houve

envolvimento dos professores das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática

nas atividades desenvolvidas com os alunos. Como material de apoio ao projeto

houve a elaboração de uma Unidade Didática sobre as ectoparasitoses – escabiose,

pediculose, tungíase (bicho-de-pé) e miíases (berne e varejeira) que são de grande

importância para a região e para o Estado. Nesta unidade didática há informações,

sobre a morfologia desses ectoparasitos, as doenças causadas por eles, bem como

a respeito da profilaxia e da prevenção para o controle dessas ectoparasitoses, e

sugestões de sites que abordam o tema com entrevistas e reportagens com

especialistas na área de saúde. Ainda na unidade didática, há uma proposta de

atividade lúdica abordando o tema ectoparasitoses.

A metodologia consistiu no desenvolvimento das seguintes etapas de

aplicação do projeto de intervenção pedagógica na escola:

1ª) Houve uma aula inicial onde os alunos foram convidados a responderem um

questionário sobre os ectoparasitos (APÊNDICE 1), utilizado como instrumento de

pesquisa para diagnóstico dos conhecimentos prévios sobre o tema. Este

questionário teve apenas um caráter de pesquisa não possuindo como intuito a

identificação do aluno, nele havia questões relacionadas às doenças como a

pediculose, a escabiose, a ixodíase, a tungíase e as miíases causadas por

ectoparasitos. Foram abordadas questões como a incidência dessas doenças nos

familiares, as medidas que a família adotou para tratar dessas doenças; também

questionou-se a respeito dos animais de estimação e da criação de animais como

galinhas, coelhos, cavalos entre outros no entorno das residências e por fim foram

elencados os ectoparasitos, o piolho, o carrapato, o berne, o bicho-de-pé, o ácaro

causador da escabiose para que o aluno indicasse quais considerava como

parasitas causadores de doenças. Em seguida no salão do colégio (sala de

reuniões) houve a apresentação do projeto aos alunos com a exibição de slides a

respeito dos artrópodes parasitas, nome científico e popular, e as doenças causadas

por eles. Posteriormente, e de forma direcionada, os alunos fizeram registros

escritos. Também foram discutidos alguns conceitos como parasitismo,

endoparasitismo, ectoparasitismo e hematofagia.

9

2ª) Levantamento de dados das respostas dos questionários, para identificar qual o

nível de conhecimento dos alunos em relação aos ectoparasitos e as doenças

causadas ou transmitidas por eles.

3ª) Os alunos realizaram pesquisas na internet, orientadas pela Unidade Didática

com navegação em sites para leituras sobre o tema com textos de caráter

informativo e também a exploração de imagens trazendo informações diversificadas,

veiculadas por meio de entrevistas e reportagens com especialistas na área de

saúde esclarecendo dúvidas a esse respeito. Além das sugestões de sites para

pesquisa, a referida Unidade Didática constitui-se de tópicos que abordam sobre a

morfobiologia, doenças causadas, processos transmissivos e preventivos dos cinco

artrópodes causadores de ectoparasitoses: pulga, berne, ácaro causador da

escabiose, piolho, e carrapato.

4ª) Produção de maquetes dos ectoparasitos com o uso de massa de modelar. Cada

grupo construiu dois ectoparasitos a partir de modelos sugeridos pelo professor.

5ª) Elaboração pelos alunos, das cartas que compõem o jogo “Ectotrilha dos

Parasitos” e o desenvolvimento da atividade lúdica com a aplicação do jogo.

6ª) Palestra com os profissionais da área de saúde pertencentes à Unidade de

Saúde da Família Newton Luiz de Castro, localizada próxima a escola, abordando

sobre os artrópodes causadores de ectoparasitoses e informando sobre o trabalho

de prestação de serviços que podem ser realizados quando as famílias apresentam

casos dessas doenças e buscam atendimento nas Unidades de Saúde.

7ª) Visualização dos espécimes de ectoparasitas e suas fases evolutivas através do

uso de esterioscópio (lupa) e/ ou microscópio em laboratório de Parasitologia

Humana da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

8ª) Socialização dos conhecimentos sobre ectoparasitoses pelos alunos envolvidos

no projeto, através da apresentação das produções, como: desenhos, histórias em

quadrinhos e os folders, desenvolvidos com o auxílio do professor de Língua

Portuguesa. Na disciplina de Matemática a professora criou situações-problema

envolvendo cálculos em relação à postura dos ovos, o número de pernas aplicando-

se porcentagem. Além destes, foram expostos os trabalhos confeccionados com a

montagem de réplicas dos ectoparasitos com a massa de modelar e também o jogo

educativo “Ectotrilha dos Parasitos”.

10

7ª) Aplicação de questionário para nova avaliação dos alunos sobre os conteúdos

abordados a fim de diagnosticar os conhecimentos adquiridos após a aplicação

deste projeto.

A estratégia lúdica de ensino na forma de jogo tipo trilha foi desenvolvida e

aplicada junto aos alunos promovendo o acesso a informações importantes para a

compreensão das ectoparasitoses.

Macedo, L.; Machado, N.J. (2006, p. 50) relatam que “parece indiscutível o

fascínio provocado pelos jogos, em todas as épocas, em diferentes culturas”. E

atualmente as crianças e os adolescentes são seduzidos pelo fascínio dos jogos

digitais e acabam permanecendo por longos períodos desfrutando das fantasias e

ilusões que os jogos interativos propiciam. Essa prática gera conflitos com

professores acerca do excessivo tempo destinado ao entretenimento das mídias

digitais e a escola cada vez mais perde seu espaço, pois não é atrativa e divertida

como são os jogos. Portanto, uma adequação frente a essa realidade se faz

necessária, pois como nos relatam Macedo; Petty; Passos (2005):

Hoje vemos muitos alunos desmotivados e desinteressados por aprender, mas podemos instigá-los usando jogos como desencadeadores, como despertadores de ações até mesmo não percebidas pelas crianças como possíveis de serem produzidas por si próprias. (MACEDO; PETTY; PASSOS, 2005, p.107).

Existem muitas formas para que a comunicação aconteça, seja ela pela

linguagem gestual, visual, gráfica que envolve o desenho e a escrita ou a linguagem

verbal. Ainda segundo Macedo; Petty; Passos (2005), no mundo contemporâneo

vivenciamos a comunicação como condição de sobrevivência, então, ter o domínio

das linguagens e saber diferentes formas para a troca de informações, são desafios

para a humanidade e também para a educação.

Interferências na comunicação entre professor e aluno em sala de aula

podem gerar um quadro de dificuldades na aprendizagem, que comumente é

confundido com indisciplina. Devido a heterogeneidade de sujeitos nos bancos

escolares pede que as práticas pedagógicas desenvolvidas e aplicadas no cotidiano

das salas de aula, sejam repensadas e diversificadas, pois, cada indivíduo tem sua

especificidade na forma de apreensão de conhecimentos, e para que a

11

aprendizagem se estabeleça de forma efetiva para todos os sujeitos envolvidos no

processo educativo é imprescindível que as diversas formas de linguagens sejam

exploradas.

Analisando o fato que cada ser é único e possui sua particularidade na forma

de apreensão de conteúdos; e também no fato que o mundo fora da escola cercado

pelas mídias digitais certamente é mais atraente ao aluno do que estar numa sala de

aula, a idéia da abordagem lúdica no ensino pode ser viável como uma estratégia

também atrativa despertando o gosto pelo estudo como sugerem Macedo; Petty;

Passos (2005, p.106) “Praticar jogos - e, principalmente, refletir sobre suas

implicações - pode ajudar a recuperar o “espírito do aprender” que está escondido

nos conteúdos escolares.” Então nas práticas pedagógicas aplicadas pelos

professores nas salas de aula, entendemos que a idéia de unir as atividades

educativas escolares ao lúdico pode ser uma forma divertida e atraente de aprender,

aprender brincando, visto que a atração pelo lúdico é intensa.

A utilização dos jogos segundo Kishimoto (2005, p.37): “[...]significa

transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a

construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico[...]”. A

metodologia lúdica nas atividades escolares vem a ser um recurso que o professor

pode utilizar na sua prática pedagógica com a intenção de prender a atenção do

aluno proporcionando formas diversificadas e motivadoras para que a criança

descubra que pode aprender e dar significado aos conteúdos escolares de maneira

prazerosa, exercitando a sua criatividade, seu raciocínio bem como desenvolver

aspectos ligados a socialização. Os jogos de caráter educativo tornam o aprender

mais divertido e a opção do lúdico como estratégia metodológica, são entendidas

como valiosas e eficazes no processo de aquisição e construção do conhecimento,

assim nos afirma Kishimoto (2005):

...os jogos na educação, ou seja, brinquedos e brincadeiras como formas privilegiadas de desenvolvimento e apropriação do conhecimento pela criança e, portanto, instrumentos indispensáveis da prática pedagógica e componente relevante de propostas curriculares. (KISHIMOTO, 2005, p.11)

Segundo as DCEs (PARANÁ, 2008, p. 63) “A aprendizagem significativa no

ensino de Ciências implica no entendimento de que o estudante aprende conteúdos

12

científicos escolares quando lhes atribui significados.” A possibilidade do lúdico nas

salas de aula utilizada como forma de estratégia de ensino favorece a aquisição de

conhecimentos apontando novas possibilidades na organização e na abordagem de

conteúdos presentes nas propostas curriculares, servindo como elo facilitador da

internalização de conhecimentos científicos produzidos pela ciência, podendo fazer

desta aprendizagem algo significativo para o seu cotidiano.

O jogo de tabuleiro em forma de trilha denominado “Ectotrilha dos Parasitos”

conforme Figura 1, que tem como enfoque as ectoparasitoses mais comuns que

atingem a comunidade escolar, uma vez que muitos alunos das escolas do Paraná

moram no meio rural, em regiões de agropecuária ou na periferia das cidades.

Figura 1 - Modelo do tabuleiro com o jogo da “Ectotrilha dos Parasitos” Fonte: As Autoras, 2010.

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Material (peças do jogo)

a) 1 tabuleiro com 50 cm de largura x 45cm de altura. (Fig. 1).

b) 1 dado. (Fig. 2).

Figura 2 - Modelo do dado para o jogo da “Ectotrilha dos Parasitos” Fonte: PLIESSNIG, A. F. 2009.

c) 4 peões (cones) em cores variadas. (Fig. 3).

Figura 3 - Modelo dos peões na forma de cone para o jogo da “Ectotrilha dos Parasitos” Fonte: http://1.bp.blogspot.com/_hGGq2Bji6rE/SaCaa1YjoSI/AAAAAAAACII/DgKqWUnicSk/s1600-h/cone.jpg (adaptado por DAL COL, A.P.S., 2010.)

d) 30 cartas com 5 cm de largura x 8cm de altura contendo informações variadas

em forma de questões como sugestão para as cartas do jogo “Ectotrilha dos

Parasitos” sobre ectoparasitoses comuns em escolares: pediculose, tungíase,

ixodíase, escabiose e miíases. (Fig. 4).

14

Figura 4 - Sugestão de modelo de carta para o jogo “Ectotrilha dos Parasitos”. Fonte: As Autoras

Regras do jogo

Poderão participar do jogo “Ectotrilha dos Parasitos” até quatro jogadores,

por tabuleiro. Cada jogador será representado por um peão de cor diferenciada,

sendo que a cor será escolhida aleatoriamente. Todos os jogadores posicionam

seus peões no desenho da casa que contém a palavra “início”. A partir daí,

determina-se a ordem dos jogadores por sorteio através do lançamento do dado.

Aquele que obtiver maior número no lançamento do dado iniciará o jogo. Este

procedimento repete-se para decidir quem jogará por segundo, terceiro e quarto

lugares. Se houver empate o dado deverá ser lançado novamente para decidir a

ordem dos jogadores. Determinada a ordem dos jogadores então, a partida poderá

ser iniciada.

Para que cada jogador avance nas casas da “Ectotrilha dos Parasitos” o

dado deverá ser lançado e o número sorteado determinará quantas casas o jogador

deverá avançar. Poderá acontecer que mais de um jogador permaneça na mesma

casa, mas isto não acarretará nenhuma penalidade para os jogadores. Toda vez que

o jogador cair numa das casas numeradas da trilha, deverá retirar a carta do baralho

que possui a mesma numeração. Em seguida o jogador deverá realizar a leitura em

voz alta para todos os demais jogadores a respeito das informações contidas nesta

carta. Na carta há informações sobre o tema do jogo e também informações para o

avanço ou recuo do peão do jogador nas casas da “Ectotrilha dos Parasitos”. O

primeiro jogador que percorrer a “Ectotrilha dos Parasitos” até a última casa onde

está escrito ”chegada”, ganhará o jogo.

15

4 Resultados e discussão

As pesquisas sobre os artrópodes propiciaram um ambiente de discussão e

orientação sobre as ectoparasitoses humanas no espaço escolar, com enfoque aos

aspectos ligados as causas, as condições sociais sanitárias e a profilaxia como

forma de promoção a saúde. Esta etapa, embora cansativa, despertou muito

interesse na maioria dos alunos, pois sempre estavam dispostos a pesquisar mais

sobre o tema, pois a ferramenta tecnológica lhes chamou a atenção. (Fig. 5).

Figura 5 - Pesquisa sobre carrapatos realizada pelos alunos no laboratório de informática da escola. Foto: DAL COL, A.P.S., 2010.

Após a etapa de pesquisas sobre os cinco ectoparasitos sugeridos na

Unidade Didática pela professora PDE (Ciências), os professores de Língua

Portuguesa e Matemática iniciaram o desenvolvimento de atividades com os alunos

do projeto, durante suas aulas, abordando os artrópodes estudados na fase teórica.

O trabalho realizado pelo professor de Língua Portuguesa envolveu

atividades em grupo. Entre as atividades propostas estavam à produção de folders,

histórias em quadrinhos, e produção de desenhos sobre o tema. Os grupos foram

divididos de acordo com a atividade proposta pelo professor, enquanto que os

16

alunos tiveram a oportunidade de escolher o grupo ao qual trabalhariam sendo

respeitado o seu interesse e habilidade necessários à execução daquela atividade.

Então, três grupos se formaram. O primeiro ficou responsável pela produção de

folders. Por opção do grupo foram produzidos folders somente sobre a tungíase e a

pediculose. (Fig. 6).

Figura 6 – Vista frontal dos folders sobre Pediculose e Tungíase elaborados pelos alunos. Fonte: As Autoras.

Na parte interna dos folders, os alunos indicaram o nome da doença,

sintomas, agentes causadores com os respectivos nomes científicos, abordando

também algumas características, modos de vida e hábitos do parasito e outras

doenças que a pediculose pode gerar devido à hematofagia. Houve também,

referência ao piolho do corpo e ao piolho pubiano identificando-os através dos seus

nomes científicos. Essas informações podem ser observadas no folder sobre

pediculose. (Fig. 7).

17

Figura 7 - Parte interna do folder sobre pediculose, elaborado pelos escolares. Fonte: As Autoras.

Na figura 8 vemos informações a respeito das formas de prevenção da

pediculose, e sobre o manejo do ectoparasito após a catação manual.

Figura 8 - Parte interna do folder sobre pediculose, com ênfase na prevenção. Fonte: As Autoras

O material produzido pelo segundo grupo foram histórias em quadrinhos

com os temas pediculose e tungíase. (Fig. 9).

18

Figura 9 - História em quadrinhos sobre a pediculose, elaborada pelos alunos. Fonte: As Autoras.

No terceiro grupo houve a produção de desenhos e cartazes sobre as

ectoparasitoses, alguns dos trabalhos produzidos por este grupo foram a respeito de

fômites. (Fig. 10).

Figura 10 – Cartaz elaborado pelos escolares sobre a importância dos fômites na transmissão da pediculose. Fonte: As Autoras.

19

Nas aulas da disciplina de Matemática, a professora elaborou atividades em

forma de situações-problema (APENDICE 2) sobre os ectoparasitos pesquisados no

projeto. Os cálculos envolveram a quantidade de ovos por postura, e o número de

pernas dos ectoparasitos. (Fig.11).

Figura 11 - Resolução de problemas de matemática sobre ectoparasitos. Fonte: As Autoras.

O desenvolvimento dessa atividade aliou os conhecimentos da disciplina de

Ciências, os ectoparasitos, com os cálculos envolvendo o conteúdo de porcentagem

previsto na disciplina de Matemática.

Enquanto as atividades interdisciplinares de Língua Portuguesa e

Matemática ocorriam no turno e horário normal de aulas, em contra turno iniciamos a

parte prática do projeto que teve como proposta a montagem de maquetes á

respeito da morfobiologia dos ectoparasitos a partir de modelos pré-determinados

com o uso de massa de modelar. Os alunos foram divididos em grupos e tinham

como proposta de trabalho a reprodução de um exemplar de cada artrópode e/ou

seu ciclo de vida utilizando massa de modelar. Foi uma atividade que eles gostaram

muito, apresentaram uma capacidade enorme de organização e divisão de trabalho,

bem como na sensibilidade de oferecer ajuda aos que não possuíam tanta

habilidade no manejo com massa de modelar. Algumas modelagens podem ser

vistas nas figuras 12.

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Figura 12 - Modelagem sobre tungíase e pediculose criada pelos alunos. Fonte: As Autoras.

Após a finalização das maquetes dos ectoparasitos, o caráter lúdico foi o

próximo passo, utilizado como um recurso alternativo de aprendizagem, nele há

medidas educativas e informativas a respeito da prevenção das principais

ectoparasitoses. A idéia de unir as atividades educativas escolares ao lúdico é uma

forma divertida e atraente de aprender, aprender brincando, visto que a atração pelo

lúdico em crianças e adolescentes é intensa.

Iniciamos a montagem das cartas, do dado e dos peões que fazem parte do

jogo “Ectotrilha dos Parasitos” (Fig. 13). Desde o início, os alunos ficaram tão

envolvidos e concentrados pela dinâmica do jogo, que se desligaram totalmente em

relação ao tempo e quando foram alertados sobre o horário do intervalo para recreio,

surpreendentemente os alunos descartaram a saída para o lanche, pois o

envolvimento, o divertimento, a competição e o gosto pelo lúdico foram maiores.

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Figura 13 - Atividade lúdica com a “Ectotrilha dos Parasitos”. Foto: DAL COL, A.P. S., 2010.

Na seqüência do projeto convidamos alguns dos profissionais da Unidade de

Saúde da Família Newton Luiz de Castro que estiveram presentes em nosso

colégio, e ministraram uma palestra sobre a prevenção de algumas parasitoses

humanas bem como a importância da higienização do próprio corpo e dos cuidados

com o ambiente domiciliar no combate a disseminação. (Fig. 14).

Figura 14 - Palestra com os profissionais do da Unidade de Saúde da Família Newton Luiz de Castro. Foto: DAL COL, A.P.S., 2010.

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No encontro seguinte, os alunos foram levados ao Campus de Uvaranas da

UEPG, que é uma das IES veiculadas ao PDE. No laboratório de Parasitologia

Humana os escolares tiveram a oportunidade de observar os ectoparasitos

estudados em lâminas ao microscópio, o que despertou muito interesse, além da

curiosidade a respeito de todo o laboratório. (Fig. 15).

Figura 15 - Laboratório de Parasitologia do Campus da UEPG, onde os escolares puderam visualizar ectoparasitos em lâminas de microscopia. Foto: DAL COL, A.P.S., 2010. Igualmente a exploração do mundo microscópico despertou curiosidade e

interesse, pois embora os livros didáticos tragam referências a ele, é um assunto

muito abstrato aos escolares.

Como encerramento da aplicação do projeto houve uma exposição no salão

da escola, onde os alunos tiveram um espaço para socialização do conhecimento

apreendido demonstrando e explicando o projeto para as quintas e sextas séries do

ensino fundamental. (Fig. 16).

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Figura 16 – Socialização do tema ectoparasitoses aos demais colegas da escola durante a exposição de trabalhos no salão do colégio. Foto: DAL COL, A.P.S., 2010.

Os alunos que possuíam maior facilidade para oralidade, assumiram um

grupo e apresentaram as maquetes e explicaram a respeito dos artrópodes aos

demais alunos da escola.

Desde o início, foi possível notar o empenho da maioria dos alunos, a

dedicação, o compromisso e a participação durante a execução das tarefas

propostas em cada etapa do projeto. Foi perceptível, também, como as atividades

diversificadas, mesmo de cunho educativo, se tornam atrativas, instigantes e

interessantes para o aluno, quando o professor aplica metodologias diferenciadas na

sua prática e explora ambientes que rotineiramente não são utilizados na escola. Um

fato que confirma o interesse pelo projeto foi a média de freqüência nos encontros

de aproximadamente 92% dos escolares. Outro fato interessante foi o aumento do

vínculo afetivo nas relações humanas, aluno-aluno e aluno-professor, em nenhum

dos encontros houve desentendimentos ou discussões, participaram de forma

organizada e sempre que um colega necessitava de ajuda, prontamente alguém se

disponibilizava a oferecê-la.

No questionário final os alunos apontaram quais das etapas do projeto mais

lhe agradaram e entre elas estavam as atividades práticas, como a modelagem

dos ectoparasitos, a ludicidade no jogo educativo e a visita ao Laboratório de

Parasitologia Humana da UEPG. Nas duas primeiras atividades surgiu o desafio da

competição em relação a beleza das peças produzidas, pelo fato de alguns

24

possuírem maior habilidade para a modelagem e no caso do jogo o fato de a cada

rodada surgir um novo vencedor, esta relação competitiva gerou um comportamento

diferenciado se comparada às outras atividades, porém esta relação se estabeleceu

de maneira sadia e com muito entusiasmo, ora alegrando-se quando avançavam

nas casas da trilha ora lamentando-se quando tinham que recuar. Todos os alunos

se envolveram com o jogo, atentos aos comandos do mesmo. Ao final do jogo

muitos comentavam quais atitudes tomavam diariamente para contribuir com a

prevenção das ectoparasitoses.

Na terceira atividade, na qual saímos do ambiente escolar rotineiro para a

visita ao Campus Uvaranas da UEPG, os alunos ficaram admirados e muito curiosos

em relação ao acervo didático-pedagógico do Laboratório de Parasitologia Humana,

onde puderam observar exemplares em lâmina de microscopia, e in vitro todos os

artrópodes estudados durante o desenvolvimento do projeto. Nesta ocasião os

alunos puderam comparar o tamanho real do ectoparasito observando-o em lâmina

e depois a imagem aumentada reproduzida pelo microscópio, e assim, compreender

melhor a relação de escalas utilizadas em ampliações e também sobre a

visualização de detalhes da morfobiologia desses parasitos que geram curiosidade,

como por exemplo, o dimorfismo sexual.

Os alunos se mostraram muito críticos em relação ao trabalho de todos os

professores e palestrantes, pois no questionário final os alunos sugeriram alterações

em relação ao tempo destinado a execução de certas atividades bem como na

organização das mesmas. As estratégias metodológicas exploradas foram utilizadas

no intuito de atingir o propósito de uma efetiva assimilação dos conceitos e

conteúdos trabalhados para a identificação das ectoparasitoses mais comuns entre

os escolares e na comunidade de entorno, promovendo orientações em relação aos

cuidados para prevenção.

No gráfico 1 observa-se o resultado da sondagem exploratória a respeito do

conhecimento prévio dos alunos sobre a terminologia médica das doenças

ectoparasitárias, como a escabiose, a pediculose, a ixodíase, a miíase e a tungíase.

Percebemos que a nomenclatura científica das doenças causadas por esses

ectoparasitos é de total desconhecimento para nossos escolares visto a

porcentagem obtida, já que 100% deles responderam desconhecer esses termos.

(Gráfico 1).

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Gráfico 1 - Resultado do questionário onde investigou-se o conhecimento prévio dos alunos sobre a denominação médica das ectoparasitoses. Fonte: As Autoras.

Ainda nessa sondagem prévia foi investigado o conhecimento dos alunos

sobre a denominação popular dos ectoparasitos. Percebe-se que essas

denominações do senso comum são bem mais frequentes no cotidiano do aluno do

que a terminologia médica. (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Resultado do questionário prévio onde investigou-se o conhecimento dos alunos sobre os nomes populares dos ectoparasitos. Fonte: As Autoras.

26

Comparando-se os resultados apontados no gráfico 1, que aconteceram

anteriormente a ação pedagógica, com os resultados do gráfico 3 alcançados

posteriormente a aplicação do projeto, percebe-se um expressivo crescimento

quantitativo no resultado a respeito do conhecimento apreendido sobre essas

doenças.

Gráfico 3 – Resultado da investigação do conhecimento dos alunos sobre ectoparasitoses, após o desenvolvimento das ações educativas propostas no projeto. Fonte: As Autoras.

Após o término das ações educativas os alunos foram novamente avaliados

quanto ao entendimento deles sobre os ectoparasitos como animais causadores de

doenças. (Gráfico 4):

Gráfico 4 – Resultado da investigação do conhecimento dos alunos sobre os ectoparasitos, após o desenvolvimento das ações educativas propostas no projeto. Fonte: As Autoras.

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Se analisarmos comparativamente os dados do gráfico 2 o qual apresenta o

conhecimento prévio dos escolares antes da ação educativa, com o gráfico 4,

percebe-se uma evolução significativa nos conhecimentos adquiridos, possibilitando

aos escolares a identificação de parasitos como, o piolho, o carrapato, o berne, o

bicho-de-pé, o ácaro causador da escabiose como causadores de doenças.

Considerações finais

Através dos resultados obtidos podemos avaliar como positiva as propostas

metodológicas que elencaram as ações desenvolvidas neste projeto atingindo os

objetivos inicialmente propostos, pois os resultados foram muito significativos em

relação à aquisição dos conhecimentos científicos apreendidos. As abordagens

metodológicas em relação ao tema explorado percorreram desde o enfoque teórico,

explicativo, passando pela pesquisa, pela oralidade, e em outros momentos com

atividades de caráter concreto. Isso se deu através de trabalhos manuais e também

com atividades de caráter lúdico, que garantiram ao aluno vivenciar um espaço

educativo além da sala de aula de maneira prazerosa, optando pelo melhor caminho

que desse significado a sua aprendizagem, tornando-a compatível com os

conhecimentos científicos e sua visão de mundo. O aspecto lúdico propiciou além de

momentos de alegria, questionamentos, reflexões dentro de um ambiente que

estimulou a comunicação e também a troca de experiências, dando significado a

conceitos e a valorização do conhecimento científico.

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30

APENDICES

APENDICE 1-Questionário investigativo referente ao projeto de intervenção pedagógica com o tema ectoparasitoses.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA PROF.ª ANA PAULA SILVEIRA DAL COL (PDE 2009)

Questionário Investigativo Inicial Referente ao Projeto de IntervençãoPedagógica com o tema Ectoparasitoses

1-Quais das doenças abaixo você conhece? ( ) escabiose ( )pediculose ( ) ixodíase ( ) miíase ( ) tungíase ( ) não conheço nenhuma delas 2-Você já teve alguma dessas doenças? ( ) sim ( ) não ( ) não sei Quais?______________________________ 3-Que medidas sua família tomou para tratar dessas doenças? ( ) foi até o posto de saúde para consulta médica ( ) tratou em casa mesmo ( ) não sei ( ) nunca tive essas doenças 4-Sua família tem animais de estimação? ( ) sim ( ) não ( )gatos ( ) cachorros ( )outros_____________________________________ 5-Sua família tem criação de animais em casa? ( ) sim ( ) não ( ) galinhas ( ) cavalos ( ) porcos ( ) outros_________________________ 6-Alguns desses animais tem acesso ao interior da residência? ( ) sim ( ) não ( ) não sei 7-Além de você, outras pessoas da sua família já apresentaram algumas dessas doenças? ( ) sim ( ) não ( ) não sei 8-Quais desses animais você classificaria como parasitas causadores de doenças? ( ) piolho ( ) carrapato ( ) berne ( )bicho-de-pé ( ) sarcoptes ( ) nenhum deles causam doenças

APENDICE 2 – Modelos de problemas matemáticos sobre ectoparasitos.

1- O piolho ectoparasita causador da pediculose produz cem ovos em um mês. Após três semanas

de contaminação, quantos ovos terão produzido?

2-O tempo que uma lêndea leva para chegar ao estágio de ninfa é de sete dias. Nessas condições,

uma pessoa infectada com cinqüenta lêndeas, após um período de dez dias, terá quantas ninfas?

3-A ninfa do carrapato possui seis patas, enquanto um carrapato adulto possui oito patas. Ao todo,

quantas patas terão vinte e quatro ninfas após chegarem à fase adulta?

4-Uma pulga produz cem ovos em quinze dias. Quantos ovos produzirão três pulgas em trinta dias?