dermatocosmética aplicada à estética 2019

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GOVERNO DE GOIÁS Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação Subsecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação Superintendência de Capacitação e Formação Tecnológica Dermatocosmética aplicada à estética 2019

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Page 1: Dermatocosmética aplicada à estética 2019

GOVERNO DE GOIÁSSecretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação

Subsecretaria de Ciência, Tecnologia e InovaçãoSuperintendência de Capacitação e Formação Tecnológica

Dermatocosmética aplicada à estética2019

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Page 3: Dermatocosmética aplicada à estética 2019

Dermatocosmética aplicada à estética

ETAPA III IMAGEM PESSOAL

Junho 2019

Page 4: Dermatocosmética aplicada à estética 2019

Ficha Catalográfica

Page 5: Dermatocosmética aplicada à estética 2019

Referências para Oferta de Cursos na Modalidade a

Distância no Âmbito da Rede Itego

Governador do Estado de GoiásRonaldo Ramos Caiado

Secretário de Desenvolvimento e InovaçãoAdriano da Rocha Lima

Secretário Interino e Subsecretário de Ciência e Tecnologia e InovaçãoMárcio César Pereira

Superintendente de Capacitação e Formação TecnológicaJosé Teodoro Coelho

Gerência e Gestão da Rede de ITEGOsMychelly Ferreira Carlos Simões

Coordenadora Geral do PronatecLudmilla Alves Danas Gonçalves

Supervisão Pedagógica e EaDMaria Dorcila Alencastro Santana

Tânia Mara Lopes Ribeiro

Professor AutorFernando Honorato Nascimento

Projeto GráficoMaykell Guimarães

DesignerAndressa Cruvinel

RevisãoTécnicaRâmuza Aiêcha Cerqueira de Oliveira Lima

Revisão da Língua Portuguesa Ana Paula Ribeiro de Carvalho

Banco de Imagens http://freepik.com

Page 6: Dermatocosmética aplicada à estética 2019

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Apresentação

Empreendedorismo, inovação, iniciativa, criatividade e habilidade para trabalhar em equipe são alguns dos requisitos imprescindíveis para o

profissional que busca se sobressair no setor produtivo. Sendo assim, destaca-se o profissional que busca conhecimentos teóricos, desenvolve experiências práticas e assume comportamento ético para desempenhar bem suas funções. Neste contexto, os Cursos Técnicos oferecidos pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação (SEDI) visam a garantir o desenvolvimento dessas competências.

Com o propósito de suprir demandas do mercado de trabalho em qualificação profissional, os cursos ministrados pelos Institutos Tecnológicos do Estado de Goiás, que compõem a REDE ITEGO, abrangem os seguintes eixos tecnológicos, nas modalidades EaD e presencial: Saúde e Estética; Desenvolvimento Educacional e Social; Gestão e Negócios; Informação e Comunicação; Infraestrutura; Produção Alimentícia; Produção Artística e Cultural e Design; Produção Industrial; Recursos Naturais; Segurança; Turismo; Hospitalidade e Lazer, incluindo as ações de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica (DIT), transferência de tecnologia e promoção do empreendedorismo.

Espera-se que este material cumpra o papel para o qual foi concebido: servir como instrumento facilitador do seu processo de aprendizagem, apoiando e estimulando o raciocínio e o interesse pela aquisição de conhecimentos, ferramentas essenciais para desenvolver sua capacidade de aprender a aprender.

Bom curso a todos!Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação (SEDI).

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Conteúdo InterativoEssa apostila foi cons-truída com recursos que possibilitam a interatividade tais como hiperlinks e páginas com hipertexto.

Pré-requisitos:

Para acessar a interatividade utilize o Inter-net Explorer,

ou

salve o arquivo no computador e abra-o no Acrobat Reader.

SumárioUNIDADE IAfecções estéticas faciais e corporais tratadas em dermatocosmética 11

1.1 Termos técnicos utilizados em afecções cutâneas 121.2 Principais afecções estéticas faciais e corporais 16

1.2.1 Lesões cutâneas primárias 181.2.2 Lesões secundárias 191.2.3 Lipodistrofia ginoide (LDG) 191.2.4 Adiposidade localizada ou “gordura localizada” 191.2.5 Estrias 201.2.6 Acne 211.2.7 Melasma ou cloasma, hipercromia ou hiperpigmentação, hipocromia ou

hipopigmentação e fotossensibilidade 21

1.3 Profilaxias e tratamentos 241.3.1 Tratamentos tópicos de afecções cutâneas 241.3.2 Tratamentos para LDG 251.3.3 Tratamentos para gordura localizada 271.3.4 Tratamentos para estrias 271.3.5 Tratamentos contra a acne 281.3.6 Tratamento de melasma (cloasma) 311.3.7 Tratamentos para hipercromia (hiperpigmentação) 331.3.8 Tratamentos para hipocromia (hipopigmentação) 341.3.9 Atendimento para pacientes com pequenas queimaduras 341.3.10 Considerações sobre as cicatrizes 35

UNIDADE IIEnvelhecimento cutâneo 37

2.1 Pele masculina e pele feminina – diferenças 37 2.2 Envelhecimento cutâneo 38

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2.3 Envelhecimento intrínseco 392.4 Envelhecimento extrínseco 412.5 Classificação de fotoenvelhecimento (Glogau) 442.6 Cosmetologia básica 44

2.7.1 Produtos cosméticos 462.7.2 Termos cosméticos atualizados 47

2.7.2.1 Cosméticos multifuncionais 472.7.2.2 Cosméticos naturais, orgânicos e sustentáveis 472.7.2.3 Fitocosméticos 472.7.2.4 Cosmecêuticos 472.7.2.5 Dermocosméticos 482.7.2.6 Nanocosméticos 482.7.2.7 Fonocosméticos 482.7.2.8 Neurocosméticos 492.7.2.9 Nutricosméticos 49

UNIDADE IIIFotótipos cutâneos 52

3.1 Fotótipos (Fitzpatrick) 523.2 Classificação de Obagi 543.3 Prevenção de danos do envelhecimento pelo sol 543.4 Tratamentos contra os danos do envelhecimento causado pelo sol 543.5 Cosmetologia intermediária 55

3.5.1 Aspectos regulatórios atuais em cosmetologia no Brasil 553.5.2 Classe de formulações de dermatocosméticos 56

UNIDADE IVPigmentação imediata e tardia 58

4.1 Pigmentação imediata 604.2 Pigmentação tardia 604.3 Tópicos em cosmetologia 60

4.3.1 Penetração cutânea dos produtos e ingredientes (substâncias/princípios ativos) 604.3.2 Fatores que influenciam a permeabilidade cutânea 634.3.3 Procedimentos estéticos facilitadores de permeação 634.3.4 Cosméticos naturais ou orgânicos 644.3.5 Toxicologia dos cosméticos: reações adversas, ensaios de eficácia e segurança 65

Referências 68

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Recursos Didáticos

FIQUE ATENTO A exclamação marca

tudo aquilo a que você deve estar atento. São assuntos que causam

dúvida, por isso exigem atenção redobrada.

PESQUISE Aqui você encontrará

links e outras sugestões para que você possa conhecer mais sobre

o que está sendo estudado. Aproveite!

CONTEÚDO INTERATIVO

Este ícone indica funções interativas, como hiperlinks e páginas com

hipertexto.

DICAS Este baú é a indicação de onde

você pode encontrar informações importantes na construção e no aprofundamento do seu

conhecimento. Aproveite, destaque, memorize e utilize essas dicas para

facilitar os seus estudos e a sua vida.

VAMOS REFLETIR Este quebra-cabeças indica o

momento em que você pode e deve exercitar todo seu potencial.

Neste espaço, você encontrará reflexões e desafios que tornarão

ainda mais estimulante o seu processo de aprendizagem.

VAMOS RELEMBRAR Esta folha do bloquinho

autoadesivo marca aquilo que devemos lembrar

e faz uma recapitulação dos assuntos mais

importantes.

MÍDIAS INTEGRADAS Aqui você encontra dicas para enriquecer os seus conhecimentos na área,

por meio de vídeos, filmes, podcasts e outras

referências externas.

VOCABULÁRIOO dicionário sempre nos ajuda a

compreender melhor o significado das palavras, mas aqui resolvemos

dar uma forcinha para você e trouxemos, para dentro da apostila, as definições mais importantes na construção do seu conhecimento.

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEMEste é o momento

de praticar seus conhecimentos.

Responda as atividades e finalize

seus estudos.

SAIBA MAIS Aqui você encontrará

informações interessantes

e curiosidades. Conhecimento nunca é demais, não é mesmo?

HIPERLINKSAs palavras grifadas em amarelo levam você a referências

externas, como forma de aprofundar um

tópico.

Hiperlinks de texto

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INTRODUÇÃO

Olá, prezados(as) estudantes em imagem pessoal/estética!

Para dar continuidade ao seu aprendizado, com aplicação na prática profissional, neste livro você irá estudar os conteúdos concernentes à dermatocosmética aplicada à estética.

Se observarmos com atenção a história da humanidade, veremos como os padrões e conceitos de beleza sofreram transformações com o passar do tempo. E, apesar de diversas mudanças, pode-se afirmar que o hábito de o ser humano se preocupar com a própria imagem é muito antigo! Foi a partir dessa preocupação que chegamos ao profissional especializado em cuidar da beleza, da saúde e do bem-estar: você (SILVA; SANTOS; OLIVEIRA, 2014).

Assim, atualmente é muito comum as pessoas se preocuparem principalmente com a aparência física, com cuidados para o corpo e com a busca pela manutenção da saúde e do equilíbrio. Estes são fatores decisivos para contribuir com a melhora da autoestima e autoconfiança e influenciam a preocupação da sociedade no dia a dia em procurar cuidados estéticos e de imagem pessoal (AMARANTE, 2018).

De fato, quem escolhe a dedicação por essa profissão deve sempre buscar atualização constante em conhecimentos, a fim de compreender os anseios, as necessidades e angústias de seus pacientes/clientes (SILVA; SANTOS; OLIVEIRA, 2014).

Desejo a todos vocês muita aprendizagem, que venham muitas conquistas e que vocês as aproveitem da melhor forma possível!!!

Prof. M.Sc. Fernando Honorato Nascimento

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Afecções estéticas faciais e corporais tratadas em dermatocosmética

UNIDADE I

Estimados(as) cursistas!!

Vamos continuar e complementar os estudos com o aprendizado de dermatocosmética. Com esse aprendizado, o profissional poderá compreender as afecções cutâneas que podem acometer a pele humana.

É importante que saibamos que a pele exerce funções di-versas que se modificam filogeneticamente. Exerce funções respiratórias em determinados animais, oferece proteção fí-sica a outros (escamas, nos peixes), assim como é capaz de despertar atração sexual pelo cheiro das secreções glandulares (AZULAY, 2017).

Considerando a importância da pele em relação à homeos-tase humana, cabe destacar que as afecções da pele se cons-tituem em um problema estratégico. Neste sentido, qualquer processo lesivo merece especial atenção.

Assim, com o desenvolvimento maciço da cosmética, surgem os chamados dermocosméticos, ou seja, produtos que não se limitam a tratar a pele superficialmente, mas atingem suas ca-madas mais profundas. Isso é um avanço significativo, uma vez que a pele, maior órgão que temos no corpo, tem um grande poder de vedação e de isolamento para substâncias externas.

Esses produtos, com seus ativos poderosos, atuam como antioxidantes, tensores, renovadores celulares, antirrugas, clareadores, firmadores, tudo para manter a beleza dos tem-pos da juventude. Deste modo, com a tecnologia dermocos-mética se aprimorando a cada ano, hoje a permeação de ati-vos atinge as camadas mais profundas da pele por meio de nanopartículas, surgindo as “pílulas da beleza”, produtos que, ingeridos, agem em nosso corpo de dentro para fora.

Equipamentos com tecnologia avançada, como radiofrequ-ência e laser, são desenvolvidos para atuar nos sinas de envelhe-cimento e, de fato, o esforço para combater o envelhecimento é total (CARVALHO, 2018). E, para ganhar esta luta, as pessoas estão dispostas a grandes esforços e investimentos financeiros.

Figura 1 - Dermatocosmética facial.https://www.blogsoestado.com/pedrobrito/category/medicina-estetica/

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1.1 Termos técnicos utilizados em afecções cutâneas

A pele está sujeita a uma variedade de distúrbios e problemas, como qualquer outro órgão do corpo. Em seu trabalho como profissional de imagem pessoal/estética, você vai deparar muitas vezes com problemas de pele e de couro cabeludo. Portanto, deve estar preparado para reconhecer certas doenças de pele comuns e saber quais você pode ajudar a tratar e quais deve encaminhar para um profissional médico.

Ocasionalmente, você pode ser solicitado a aplicar ou utilizar, em um cliente, um tratamento do couro cabelu-do prescrito por um médico. Esses tratamentos devem ser aplicados de acordo com as recomendações médicas.

Um dermatologista é um médico especialista em doenças e distúrbios da pele, do cabelo e das unhas. Muitos têm formação complementar em clínica médica, pois alguns sintomas de pele podem ser reflexos de doenças internas. Os profissionais da área da imagem pessoal e estética encaminham pacientes/clientes com problemas de afecções cutâneas aos dermatologistas mais do que a qualquer outro tipo de médico.

É muito importante que um estabelecimento de cuidados de imagem pessoal/estética não atenda um cliente que esteja sofrendo de um problema de pele inflamada, infeccionada ou não, sem a notificação/orientação de um profissional médico, permitindo que o paciente/cliente receba os procedimentos e serviços.

A não realização do atendimento decorre da necessidade de se debelar a inflamação e/ou infecção de for-ma correta, efetiva, eficaz e, desta maneira, minimizar qualquer possibilidade de sequelas e agravamentos das patologias instaladas. Portanto, os profissionais da área da imagem pessoal e estética devem ser capazes de reconhecer essas condições e sugerir que sejam tomadas medidas apropriadas para evitar consequências mais sérias na saúde do paciente.

Existem diversos termos importantes relacionados aos problemas da pele, do couro cabeludo e dos cabelos, com os quais você deve estar familiarizado, e estes termos, frequentemente, indicam as diferenças na área das camadas da pele afetadas e o tamanho da lesão (HALAL, 2018).

A identificação e a classificação das lesões cutâneas de um paciente são importantes etapas para o diag-nóstico de qualquer problema de pele. Os vários termos descritivos utilizados em dermatologia podem ser “opressivos” e, algumas vezes, sujeitos à confusão, uma vez que há variações no emprego e no significado dessas palavras na literatura médica.

Contudo, alguns termos simples podem ser usados para descrever os achados cutâneos na maioria das doenças de pele, e é essencial utilizar a terminologia correta para descrever os achados, tanto para documenta-ção do caso quanto para comunicação com outros profissionais da área de saúde. O esforço em utilizar termos descritivos mais precisos estimula o profissional a examinar com mais atenção e cuidado as lesões cutâneas de um paciente/cliente. Os pontos-chave das lesões cutâneas são: (1) tipo de lesão, (2) alterações secundárias na superfície da lesão, (3) coloração da lesão, (4) formato da lesão e (5) organização e distribuição da lesão (SOU-TOR; HORDINSKY, 2015).

Vamos aprender os termos específicos empregados para descrever os achados clínicos (as lesões) nas afec-ções cutâneas:

Mácula (do latim macula, “mancha”)

Lesão plana que se manifesta como uma coloração diferente da pele circunvizinha, conforme Figura 1 (FILHO, 2018).l Mancha: uma mácula grande. Observe a Figura 2.

Figura 2 - Mácula.Fonte: ABD (2019)

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Pápula (do latim papula, “borbulha”)

Nódulo (do latim nodulus, “pequeno nó”)

Vesícula (do latim vesicula, “pequena bexiga”)

Bolha (do latim bulla, “borbulha”)

Lesão elevada com menos de 1 cm de diâmetro, conforme se pode observar na Figura 3.

A Figura 3 demonstra, como exemplo, a dermatite de contato (dermatite atópica), causada pelo níquel do botão de metal da roupa em uma criança.

Uma pápula grande.

Uma pequena elevação da pele repleta de líquido.

Uma vesícula grande, repleta de líquido.

Figura 3 - Pápula.Fonte: ABD (2019).

Figura 4 - Nódulo.Fonte: ABD (2019).

Figura 5 - Vesícula.Fonte: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/acp-medici-ne/6864/abordagem_diagnostica_as_doencas_cutaneas.htm.

Figura 6 - Bolha.Fonte: ABD (2019).

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Pústula

Escama

Liquenificação

Hiperceratose

Vesícula repleta de pus.

Epiderme esfoliada semelhante a flocos.

Pele espessada com marcas cutâneas proeminentes.

Aumento da queratina com espessamento do estrato córneo;

Os achados microscópicos (observáveis com o uso de lupa ou técnicas cito-histológicas) que podem ser comuns a diversas doenças cutâneas (HALAL, 2018):

Figura 7 - Pústula.Fonte: ABD (2019).

Figura 8 - Escama.Fonte: ABD (2019).

Figura 9 - Liquenificação.Fonte: ABD (2019).

Figura 10 - Hiperceratose conhecida como “favo de mel”.Fonte: ABD (2019).

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Paraceratose

Erosão

Ulceração

Retenção de núcleos no estrato córneo.

Perda parcial da epiderme, como se pode ver na Figura 12.

Perda da espessura completa da epiderme, como se vê na Figura 13.

São achados microscópicos oberváveis com a utilização de técnicas microscópicas cito-histológicas:

l Espongiose: edema entre as células da epiderme;l Acantólise: perda da aderência (adesão) intercelular na epiderme, como ocorre no na doença chama-

da pênfigo; l Hiperplasia papilomatosa: é alongamento da derme papilar. Ocorre uma proliferação epitelial acentu-

ada e irregular com projeções profundas no conjuntivo subjacente, que lembram epitelioma. Ex.: paracocci-dioidomicose, glossite romboide.

Figura 11 - Paraceratose.Fonte: http://anatpat.unicamp.br/lamneo2a.html.

Figura 12 - Erosão.Fonte: Wolff; Johnson; Saavedra (2019).

Figura 13 - Ulceração.Fonte: Wolff; Johnson; Saavedra (2019).

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1.2 Principais afecções estéticas faciais e corporais

Uma lesão cutânea é uma marca na pele que pode indicar um ferimento ou dano que muda a estrutura de tecidos ou órgãos. Uma lesão pode ser tão simples quanto uma sarda ou tão perigosa quanto um câncer de pele. Lesões podem indicar problemas ou doenças de pele e às vezes podem até mesmo indicar outras doenças internas.

Estar familiarizado com as principais lesões de pele (Tabela 1) irá ajudar, sobremaneira, o profissional em imagem pessoal/estética a distinguir entre condições que podem e não podem ser tratadas em um esta-belecimento de imagem pessoal/estética ou cosmética, de acordo com a legislação vigente para a atuação profissional (HALAL, 2018).

As lesões primárias apresentam manifestação natural de uma lesão cutânea que permanece inalterada por forças externas:

Bolha Espaço cheio de líquido (bolha), diâmetro maior que 1 cm.

Flictena Similar a uma vesícula, porém, com diâmetro maior que 1 cm.

Mancha Área de descoloração achatada, menor que 1 cm.

Nódulo Lesão cutânea palpável, arredondada, de diâmetro e profundidade aproximadamente iguais.

Pápula Lesão cutânea palpável, elevada, menor que 1 cm.

Placa Lesão cutânea palpável, elevada, menor que 1 cm.

Pústula Vesículas ou bolhas (espaços) cheias de pus, diâmetro menor que 0,5 cm.

Sinal Área de descoloração achatada maior que 1 cm.

Tubérculo Sólido elevado, entretanto, mais profundo do que as pápulas. Diâmetro: cerca de 0,52 cm.

Tumor Similar a um nódulo, porém, com um diâmetro maior que 2 cm.

Vesícula Espaço cheio de líquido (bolha), diâmetro menor que 1 cm.

Vergão Edema localizado na epiderme e que causa elevações irregulares (vermelhas ou pálidas).

As lesões secundárias resultam de lesões primárias subsequentemente à influência de fatores estranhos ou à passagem do tempo e incluem as seguintes lesões:

Crosta Camada formada a partir de exsudato sanguíneo, purulento ou seroso ressecado.

Erosão Perda de epiderme; resolução sem formação de cicatriz; com frequência é o remanescente de uma bolha rompida.

Escama Fragmentos delgados de estrato córneo queratinizado.

Escoriação Ruptura da pele como resultado de esfregação.

Fissura Fendas lineares ao longo da epiderme +/– derme, resultantes de pele espessa e inelástica (sem elasticidade).

Úlcera Perda da epiderme e de parte da derme; resolução com cicatriz.

Tabela 1 - Descrições físicas de lesões cutâneas primárias e secundárias.

Fonte: Elaborada pelo autor.

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Conforme a Figura 14, a pele é constitu-ída, basicamente, por três camadas inter-dependentes: a epiderme, mais externa; a derme, intermediária; e a hipoderme, que é a mais profunda (AZULAY, 2017).

A transição entre a epiderme e a derme é denominada junção dermoepidérmica ou zona da membrana basal. A pele, no ser hu-mano, corresponde a 15% de sua massa cor-poral e é um órgão que reveste e delimita o organismo, protege e proporciona sua inte-ração com o meio exterior, sua resistência e flexibilidade e determina a sua plasticidade. Essencialmente dinâmica, a pele apresen-ta alterações constantes, sendo dotada de grande capacidade renovadora e de repara-ção e, de certo grau, de impermeabilidade.

No que diz respeito ao ser humano, a pele é um órgão de grande importância, pois visa a manter um equilíbrio com o meio exterior, no sentido da manutenção vital do meio interior. Sua mais importante e vital função é a conservação da homeostasia (termorregulação, controle hemodinâmico e produção e excreção de metabólitos).

Além disso, a pele desempenha, ainda, a função sensorial, por intermédio dos elementos do sistema ner-voso situado na derme, e de defesa contra agressões físicas, químicas e biológicas, para a qual se destacam, pela sua importância, a ceratinização, o manto lipídico e o sistema imunológico. A pele e seus anexos sofrem um grande impacto como resultado da ação hormonal por possuírem receptores tanto para estrógenos quanto para andrógenos. O declínio hormonal que acompanha a idade afeta a estrutura e a função da pele e de seus fâneros (estruturas visíveis da pele: cabelos, pelos e unhas). Embora participe absolutamente de forma interativa e interdependente do organismo como um todo, diversas vezes ocorrem manifestações de alterações de órgãos internos do corpo humano.

É importante lembrar que muitas vezes as condições psíquicas do indivíduo manisfestam-se na pele, que tem, ainda, relações de ordem racial, social e sexual (AZULAY, 2017). O diagnóstico das doenças que afetam a pele depende de exame morfológico criterioso e cuidadoso das lesões cutâneas que as caracterizam e que são derivadas de processos patológicos dos vários componentes cutâneos (epiderme, derme, panículo, vasos sanguíneos e anexos), que são chamadas lesões elementares.

A lesão original é chamada lesão primária e, quando sofre alguma modificação, passa a ser denominada de secundária. Já as lesões elementares, isoladamente, nem sempre definem o diagnóstico exato, e é muito importante avaliar o arranjo (linear, anular, em faixa), além do padrão de distribuição topográfica (FESTA NETO; CUCÉ; REIS, 2015).

Nesse sentido é importante realizar a descrição das lesões primárias e lesões secundárias que podem ocorrer na pele: l Lesões cutâneas primárias: são lesões que têm uma cor diferente da cor da pele e/ou aquelas que se

elevam acima da superfície cutânea e requerem encaminhamento médico. Exemplos: flictena, tubérculo, pústula, tumor, mácula, pápula, vesícula e vergão.l Lesões cutâneas secundárias: são caracterizadas por camadas de material na superfície da pele, como

uma crosta ou casca, ou por depressões. Exemplos: cicatriz, crosta, escama, escoriação, fissura, queloide e úlceras (HALAL, 2018).

Figura 14 - Componentes da pele. P = protuberância folicular ou bulge; PF = papila .folicular.Fonte: Filho (2018).

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1.2.1 Lesões cutâneas primárias

Cisto (SIST) é uma bolsa fechada desenvolvida anormalmente que contém fluido, pus, semifluido ou matéria orgânica, acima ou abaixo da pele. Cistos são vistos com frequência em casos graves de acne e re-querem encaminhamento médico;

Flictena é uma bolha grande que contém um líquido aquoso similar a uma vesícula, porém maior, e que requer encaminhamento ao médico. Ocorre em: dermatite de contato, grandes queimaduras de segundo grau, impetigo bolhoso e pênfigo;

Mácula é qualquer mancha ou descoloração plana na pele, tal como uma sarda ou mancha vermelha, deixada depois que uma espinha foi curada. Exemplo: sardas;

Nódulo é um caroço sólido maior do que 1 cm, que pode ser facilmente sentido e requer encaminha-mento médico;

Pápula é uma pequena elevação na pele que não contém líquido, mas pode desenvolver pus. As pápulas são frequentemente observadas na acne e podem ocorrer também em verrugas e nervos elevados;

Pústula é uma pápula elevada e inflamada com um centro esbranquiçado ou amarelado que contém pus na parte de cima da lesão, conhecida como cabeça da espinha, ocorrendo em: acne, impetigo, furúnculos, carbúnculos e foliculite;

Tubérculo é um caroço sólido, anormal, arredondado acima, dentro da ou sob a pele, maior que uma pápula, e requer encaminhamento médico. Pode ocorrer em: lipoma, eritema nodoso e cisto (AZULAY, 2017);

Tumor é uma massa anormal de tamanho, forma e cor variáveis, e às vezes é associado ao câncer, mas o termo tumor pode significar qualquer tipo de massa anormal. Requer encaminhamento imediato ao médico e ocorre em: carcinoma (tal como carcinoma de mama avançado), não basocelular ou espinocelular;

Vesícula é uma pequena bolha ou bolsa que contém líquido claro, encontrada na epiderme ou logo abai-xo dela. Hera venenosa ou carvalho venenoso, por exemplo, produz vesículas. Ocorre em: herpes simples, herpes zoster e varicela e requer encaminhamento ao médico;

VOCABULÁRIO O câncer de pele, causado principalmente pela exposição exagerada ao sol,

ocorre em três formas distintas que variam em gravidade. Cada um é nomeado conforme o tipo de células que afeta. Carcinoma basocelular é o tipo mais comum

e menos grave de câncer de pele e é frequentemente caracterizado por nódulos claros ou perolados. Carcinoma espinocelular é mais grave que o carcinoma basocelular e é frequentemente caracterizado por pápulas ou nódulos escamosos.

A terceira e mais grave forma de câncer de pele é o melanoma maligno, que é frequentemente caracterizado por manchas pretas ou marrons na pele, que podem aparecer com textura irregular, pontudas ou levantadas. O melanoma maligno é o menos comum, mas também o mais perigoso tipo de câncer.

Page 19: Dermatocosmética aplicada à estética 2019

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Vergão: é uma lesão inchada que causa coceira e se manisfesta apenas por poucas horas, causada por um golpe ou arranhão, picada de inseto, urticária (alergia) ou urtiga. Entre os exemplos estão a urticária e picadas de pernilongo (AZULAY, 2017).

1.2.2 Lesões secundárias

1.2.3 Lipodistrofia ginoide (LDG)

1.2.4 Adiposidade localizada ou “gordura localizada”

Cicatriz: é uma marca ligeiramente elevada na pele, formada depois que um ferimento ou lesão foi curada.

Crosta: é a formação de células mortas sobre uma ferida ou mancha enquanto está cicatrizando; um acúmulo de sebo ou pus, às vezes misturado com material epidérmico. Um exemplo é a casca de uma ferida.

Escama: é uma placa fina, seca ou oleosa, de descamação epidérmica. Um exemplo é a caspa anormal ou excessiva.

Escoriação: é uma ferida ou abrasão na pele produzida por coceira ou arranhões. Fissura é uma racha-dura na pele que penetra na derme. Entre os exemplos estão as mãos ou os lábios rachados e/ou cortados.

Queloide: é uma cicatriz espessa resultante de crescimento excessivo de tecido fibroso.

Úlcera (do latim ulcus, “ferida”): é uma lesão aberta na pele ou membrana mucosa do corpo, acompa-nhada por perda da profundidade da pele e possível vazamento de fluidos ou pus. Requer encaminhamento ao médico (HALAL, 2018).

Podemos definir a Lipodistrofia ginoide (LDG), tam-bém conhecida como “celulite”, como um distúrbio metabólico que acomete principalmente os tecidos subcutâneos e ocorre predominante em mulheres.

Considerada um fenômeno fisiológico, a LDG tem origem multicausal, na qual coexistem diversos fato-res que acionam, perpetuam ou exacerbam a afec-ção cutânea.

Dentre os muitos fatores causais, a ação dos es-trogênios possui uma maior relevância, assim como as alterações microvasculares, modificações na composição e estrutura da derme/hipoderme, além de determinadas características hormonais (LIMA et al., 2017).

O tecido subcutâneo é um tecido de reserva energética constituído pelos adipócitos, também conheci-

Figura 15 - Parte posterior do membro inferior de paciente com lipodistrofia ginoide (depósito de gordura sob a pele).

Fonte: SBD (2019).

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1.2.5 Estrias

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a estria é uma atrofia tegumentar adquirida que surge quando as fibras elásticas e colágenas (responsáveis pela firmeza da pele) se rompem e formam “cicatrizes” (SBD, 2019).

Consideradas um distúrbio estético, as estrias se caracterizam por ocorrer um rompimento das fibras elás-ticas e colágenas na derme. Existem fortes evidências de que sua etiologia seja multifatorial, isto é, além dos fatores endócrinos e mecânicos, existe uma predisposição genética devido à expressão individual de genes responsáveis pela formação de colágeno e elastina.

As estrias são formadas através dos danos que ocorrem na derme, decorrentes de um estiramento contínuo da pele, ultrapassando os limites de sua capacidade de elasti-cidade. As fibras da derme se rom-pem, formando a lesão, que varia de coloração de acordo com seu grau de evolução.

Acredita-se que há uma combinação de fatores predisponentes que desencadeiam o aparecimento das estrias. A Literatura descreve que existem três teorias que justificam seu aparecimento, sendo: teoria mecâ-nica, endocrinológica e infecciosa (SILVA; AMORESE; SILVA, BRENE, 2018).

dos como células de gordura. O processo bioquímico de formação dessas células, chamado de adipogênese, é mais intenso nos últimos meses da fase fetal e nos primeiros anos de vida na infância (MATOS, 2015).

A adiposidade localizada é uma patologia do tecido adiposo, na qual a gordura se acumula em locais de-terminados, mais que em outros, por uma tendência genética de cada indivíduo. É o resultado do excesso da gordura na forma de triglicerídeos no interior das células, chamadas adipócitos. Esse acúmulo ocorre quando há um desequilíbrio energético no organismo, de forma que a quantidade de energia adquirida pelo organismo por meio da alimentação é maior que a quantidade de energia gasta (MATOS, 2015).

Os pacientes masculinos possuem uma maior tendência em acumular gordura em região abdominal, e este acúmulo é denominado obesidade androide. Por outro lado, as mulheres tendem a acumular gordura em regiões das pernas e do quadril, denominado de obesidade ginoide (LIMONTA et al., 2017).

É importante que saibamos que o processo bioquímico de formação dos triglicerídeos, a partir do glicerol e dos ácidos graxos presentes no sangue, é conhecido como lipogênese, enquanto lipólise é o nome dado ao processo inverso (MATOS, 2015).

Figura 16 - Amostras de dois tipos de peles acometidas por estrias.Fonte: SBD (2019).

FIQUE ATENTODentro das células chamadas de adipócitos, localiza-se grande parte das

moléculas de triglicerídeos. O excesso de triglicerídeo dentro das células de gordura e/ou o grande número dessas células pode ocasionar patologias como a gordura localizada e a hidrolipodistrofia ginoide.

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Inseridas nessas teorias, podemos elencar os seguintes fatores que contribuem para o surgimento de estrias (SILVEIRA, 2014):l Crescimento rápido l Gestação l Obesidade l Hipertrofia muscular (excesso de exercício físico) l Alterações hormonais l Hereditariedade l Vestimentas inadequadas (roupas muito apertadas que interferem na circulação sanguínea norma)

(SILVEIRA, 2014) l Tratamentos prolongados com corticoides.

1.2.6 Acne

1.2.7 Melasma ou cloasma, hipercromia ou hiperpigmentação, hipocromia ou hipopigmentação e fotossensibilidade

É uma afecção crônica da pele que atinge a unida-de pilossebácea e leva à formação de lesões polimór-ficas na região da face e no tronco. A acne possui uma etiologia multifatorial e pode ser descrita como:

– queratinização folicular aumentada por ten-dência genética;

– aumento da secreção sebácea por estímulo de hormônios andrógenos;

– alteração da flora bacteriana (Propionibacte-rium acnes);

– inflamação que envolve a ativação da imunidade inata e da imunidade adquirida (HONORATO, 2019).

De maneira suscinta e sinóptica, podem-se descrever as formas clínicas da acne e as características das lesões observadas em Honorato (2019):

– acne comedoniana sem inflamação: comedões abertos ou fechados com poucas pápulas ou pústulas. Acomete: nariz, fronte e mento;

– acne conglobata: quadro mais grave com secreção e cicatrizes pós-inflamatórias. Ocorre na face e no tronco; – acne fulminante: se torna repentinamente grave em homens jovens, apresentando poliartrite, febre,

astenia, emagrecimento e acometimento sistêmico na face e no tórax. – acne neonatal e infantil: comedões malares nessa faixa etária; – acne nódulo-cística: comedões, pápulas, pústulas, nódulos e pseudocistos, na face e no tronco;– acne papulopustulosa: de intensidade variável, na face; – acne da mulher adulta: mulheres com hiperandrogenismo ovariano ou adrenal, acne inflamatória

acompanhada de hirsutismo, alopecia e seborreia, na face mandibular e malar.

Figura 17 - Acne papulopustulosa.Fonte: AZULAY (2017). Cortesia do Dr. Kleber Ollague.

Melasma

Melasma (do grego melas, significa preto) e cloasma (do grego chloazein, significa esverdeado) são mela-

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nodermias que ocorrem na face, quase sempre em mulheres em geral com mais de 25 anos, após gravidez ou terapia hormonal, mas pode ocorrer também em mulheres jovens (RIVITTI, 2018).

É um distúrbio adquirido que se apresenta com máculas simétricas e hiperpigmentadas na face e na região superior do corpo. Além disso, afeta mais de 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos, 150 mil no Brasil, por ano, a maioria, mulheres (até 90%) em idade fértil, com tons mais escuros da pele (na maioria casos de Fitzpatrick tipos III a VI).

Dentre os fatores de risco mais importantes, estão: história familiar positiva, exposição exagerada e desprotegida à luz ultravioleta (UV) ou residência em regiões com radiação solar intensa, história de gravidez (por isso a denominação “máscara da gravidez”) e exposição a contra-ceptivos hormonais orais.

Embora uma história familiar seja menos provável em pacientes com melasma induzido por contracep-tivos orais, o efeito cumulativo de vários fatores de risco parece ser importante na patogênese da doença. Existe uma grande variação dos valores, das estimativas sobre a prevalência de ocorrência da doença, des-de 8,8% a 40%, que depende da população estudada, mas, considerando todas as estimativas, trata-se de doença comum com impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes (SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

As máculas castanhas com bordas geográficas encontradas nos pacientes com melasma são observadas com três padrões distintos:

a. Centrofacial: estende-se pela fronte (Figura 4) e desce pela linha média da face, incluindo as bochechas. b. Malar: estende-se pelas bochechas e pelo dorso do nariz. c. Mandibular: acompanha o ramo da mandíbula.

A distribuição centrofacial é a mais comum, conforme pode-se observar na Figura 4, embora seja frequente encontrar padrões mistos, e as lesões raramente se apresentam nos antebraços (SANCHEZ; PANDYA, 2015).

O exame com lâmpada de Wood acentua as lesões, sugerindo aumento do depósito de melanina na epiderme, enquanto a ausência de acentuação indica melanina, predominantemente na derme (SOUTOR; HORDINSKY, 2015).

Manchas escuras ou acastanhadas começam a aparecer na face, principalmente nas maçãs do rosto, na testa, no nariz e no lábio superior (o chamado buço). Pode ocorrer também o melasma extrafacial, com o aparecimento das manchas escuras nos braços, no pescoço e colo. As manchas têm formatos irregulares e bem definidos, sendo geralmente simétricas (iguais nos dois lados). Muitas vezes as pessoas com melasma podem agravar a condição com um tratamento ou procedimento inadequado, ocorrendo piora importante das manchas (SBD, 2019).

Figura 18 - Paciente acometido com melasma.Fonte: www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-proble-

mas/melasma/13/.

Hipercromia ou hiperpigmentação

O termo hiperpigmentação significa pigmentação mais escura que a normal, aparecendo como manchas escuras (HALAL, 2018).

Desse modo, as dermatoses que se caracterizam por lesões hiper-crômicas podem ser de natureza hereditária (congênita ou não) ou adquirida. A hipercromia pode obedecer a diferentes causas, vincula-das aos melanócitos e/ou aos queratinócitos e a diversos pigmentos: melanina, pigmentos biliares, depósitos de hemossiderina, caroteno,

Figura 19 - Hiperpigmentação.Fonte: http://aartedaestetica.blogspot.com/2016/04/hiperpigmenta-

cao-dermica-melasmas.html.

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pigmento externo (tatuagem), entre outros. O uso de medicamentos também pode causar hipercromias, assim como o tabagismo, a melanose oral.

Hipercromias caracterizadas por melanócitos na derme A melanocitose dérmica é caracterizada por melanócitos ectópicos na derme, determinando lesões de

cor azulada ou castanho-azulada em função do efeito óptico (Tyndall).As formas mais comuns incluem mancha mongólica, nevo azul, nevo de Ota, nevo de Ito, nevo de Hori e

melanocitose dérmica adquirida, porém, alguns tipos de melanocitose dérmica não se encaixam em nenhu-ma dessas categorias morfológicas (AZULAY, 2017).

Hipocromia, hipopigmentação ou acromia

Fotossensibilidade

Hipopigmentação é a ausência de pigmento, que resulta em man-chas claras ou brancas. As acromias ou hipocromias podem ser here-ditárias, congênitas ou adquiridas.

O nevo acrômico é de natureza congênita, já o albinismo e as síndromes de Chédiak-Higashi, Klein-Waardenburg e Gross-McKusi-ck-Been são exemplos de condições de transmissão genética (here-ditárias) (HALAL, 2018). Dentre as adquiridas, podem ser citados: o vitiligo, as acromias infecciosas (hanseníase, pinta, lues) e as residu-ais pós-inflamatórias (AZULAY, 2017).

O termo fotossensibilidade descreve uma resposta anormal à luz so-lar. As reações de fotossensibilidade cutânea dependem da absorção da energia de fótons por moléculas presentes na pele. A energia é dispersa sem qualquer dano ou desencadeia reações químicas que levam ao de-senvolvimento de doença clínica.

As moléculas que são absorvidas pela pele humana podem ser: (1) substâncias exógenas aplicadas topicamente ou administradas

por via sistêmica;(2) moléculas endógenas habitualmente presentes na pele ou pro-

duzidas por mecanismos metabólicos anormais, ou;(3) uma combinação de moléculas exógenas e endógenas que adquirem propriedades antigênicas e que,

portanto, desencadeiam uma reação imune induzida por fotorradiação.

Os distúrbios de fotossensibilidade só ocorrem nas regiões do corpo expostas à radiação solar. A fotos-sensibilidade aguda apresenta-se em três tipos (WOLFF; JOHNSON; SAAVEDRA, 2014):

1. Resposta do tipo queimadura solar, com alterações cutâneas que simulam queimadura solar comum, como nas reações fototóxicas a fármacos ou na fitofotodermatite (FFD).

2. Resposta eruptiva, com máculas, pápulas ou placas, como na dermatite eczematosa. Em geral, são de natureza fotoalérgica.

3. Respostas urticariformes características da urticária solar; entretanto, podem ocorrer também lesões urticariformes na porfiria eritropoiética.

Figura 20 - Paciente acometido de vitiligo nos membros superiores.

Fonte: AZULAY (2017).

Figura 21 - Paciente acometido de lentigo solar, um disturbio de fotossensibilidade.

Fonte: AZULAY (2017).

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Fotossensibilidade crônica são exposições repetidas e crônicas à luz solar que, com o passar do tempo, resultam em alterações cutâneas polimórficas, que são denominadas dermatoeliose (DE) ou fotoenvelheci-mento (WOLFF; JOHNSON; SAAVEDRA, 2014).

1.3 Profilaxias e tratamentos

1.3.1 Tratamentos tópicos de afecções cutâneas

Existem diversos pontos importantes a considerar na realização da terapêutica tópica: a absorção das medicações, suas possíveis toxicidades e, do ponto de vista prático, a quantidade de medicação que deve ser aplicada. Na absorção das medicações, vários fatores interferem: a concentração dos princípios ativos, o veículo (os veículos são substâncias que atuam por suas propriedades físicas e são empregados para a incor-poração de fármacos ativos) empregado, a hidratação da pele, a área anatômica de aplicação da medicação e as condições da “função barreira” da pele.

O veículo empregado interfere na concentração dos princípios ativos. Se o veículo for volátil, evaporará rapidamente, permitindo aumento da concentração do princípio ativo. Quanto maior a hidratação da pele, maior será a absorção dos medicamentos topicamente aplicados. A área anatômica também interfere na absorção de medicamentos tópicos.

A maior absorção ocorre na pele escrotal (pele que reveste os testículos humanos), e a menor absorção na região plantar (pele que compõe a “sola do pé” humano). A absorção nas demais regiões é a seguinte, em ordem decrescente: a região mandibular, a fronte, as axilas, o couro cabeludo, o dorso, a face ventral do antebraço, a face dorsal do antebraço, a região palmar e o tornozelo. As variações anatômicas da absorção de medicamentos nas diferentes áreas corpóreas envolvem também a espessura da camada córnea.

A idade interfere na absorção dos princípios ativos, embora não existam diferenças significativas entre adul-tos e neonatos e nos prematuros a barreira cutânea apresenta-se comprometida de modo importante, poden-do ser bastante grande a absorção de medicamentos tópicos nesse grupo especial de doentes (RIVITTI, 2018).

Os recém-nascidos têm maior risco de toxicidade por medicações tópicas comparativamente aos adultos por várias razões, como: a maior superfície corpórea em relação ao peso (quatro vezes maior) e o tempo decorrido entre a transformação do pH cutâneo de neutro, quando a barreira cutânea é menos efetiva, para ácido, transformação que ocorre após algumas semanas de vida.

No recém-nascido, em razão de os sistemas orgânicos hepático e renal ainda serem imaturos, às vezes esses sistemas não conseguem metabolizar adequadamente as medicações absorvidas na pele, que alcan-çam a circulação sanguínea sistêmica. O sistema nervoso, por ser ainda incompletamente mielinizado (ou seja, não apresentar proteção da bainha de mielina nas células nervosas), pode sofrer maior penetração de determinados fármacos, com maior ocorrência de toxicidade.

Também nos recém-natos a ligação com proteínas plasmáticas dos fármacos absorvidos pode ser menor e haver mais fármaco livre circulante no sangue, podendo determinar maior toxicidade. A ocorrência de toxicidade em recém-nascidos pode ser descrita em vários fármacos diferentes, tais como: ácido salicílico, ácido bórico, clorexidina, corticoides, epinefrina, estrogênios, fenol, hexaclorofeno, mercúrio, propilenogli-col (MIOT; MIOT, 2019).

Para a realização da terapêutica tópica, também deve-se estar atento a determinadas situações fisiológi-cas, como gravidez e lactação, pois, nessas condições dos pacientes, os fármacos podem passar ao feto e ao recém-nascido. Durante a gestação, são contraindicados o uso de: podofilina e derivados citotóxicos, como mecloretamina, carmustina e 5-fluoruracil, por ações teratogênicas; antralina, fenol e lindano, por ações neurotóxicas, e ácido salicílico, por fechamento prematuro do ducto arterioso, com consequente hiperten-

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são pulmonar.São ainda importantes as características químicas das substâncias utilizadas, inclusive dos veículos. Os

fármacos lipofílicos (cujas moléculas possuem afinidade com gorduras) têm maior penetração na pele em relação aos hidrofílicos (moléculas que possuem afinidade com a água).

Também intervêm as características de metabolização dos fármacos e existem substâncias que aumentam a penetração de fármacos na pele, tais como: propilenoglicol, dimetilsulfóxido (DMSO), azonas e ureia. Esses fármacos atuam pelo aumento da hidratação do estrato córneo e por efeitos queratolíticos (RIVITTI, 2018).

É de grande importância prática considerar as quantidades de produtos tópicos que devem ser utilizadas. As medicações tópicas devem ser aplicadas na pele em camada fina, com cerca de 0,1 mm de espessura, e saiba que não ocorre um aumento da atividade com o uso de camadas espessas dos produtos.

Atualmente, utiliza-se, por razões práticas, a chamada unidade de polpa digital adulta, que representa a quantidade de pomada fornecida por um tubo de pomada com bocal de 5 mm de diâmetro, aplicada da prega correspondente à articulação interfalangiana distal até a extremidade do dedo indicador (MIOT; MIOT, 2019).

A aplicação de fármacos na superfície cutânea, além do tratamento de dermatoses, pode objetivar pro-teção e conservação da pele normal. O tratamento tópico é ainda condicionado pelas características morfo-lógicas da dermatose, isto é, se aguda, subaguda ou crônica (RIVITTI, 2018).

Um programa de tratamento adequado deve sempre ter como primeira sessão uma esfoliação seguida de hidratação, com o objetivo de preparar a pele para o tratamento, a exemplo do que realizamos nos tra-tamentos faciais, em que iniciamos com uma limpeza de pele. Conforme já foi estudado, a esfoliação tem como objetivo remover células mortas e afinar o extrato córneo, com diminuição da resistência da pele, deixando-a mais receptiva aos cosméticos e às correntes que serão aplicados ao longo das sessões.

Sugestiona-se que, como cortesia na primeira sessão, de programa de tratamentos, o profissional em imagem pessoal e estética oferecerá uma massagem relaxante ao paciente, pois o alívio do estresse tam-bém auxilia o resultado do tratamento, uma vez que promove bem-estar e melhora a qualidade de vida do indivíduo (PEREZ; VASCONCELOS, 2014).

1.3.2 Tratamentos para LDG

Para a melhoria do aspecto de uma pele acometida por lipodistrofia ginoide (LDG), são necessárias mais algumas ações terapêuticas, além das citadas anteriormente para gordura localizada. Uma pele com LDG pode ser tratada com cosméticos que possuem princípios ativos que atuam no interstício celular, na micro-circulação, na flacidez e em uma possível inflamação (MATOS, 2015).

Ações cosmetológicas para LDG Os cosméticos para tratamento da LDG devem possuir princípios ativos capazes de minimizar as desordens

provocadas por essa patologia. Assim, considerando as diferentes consequências dessa desordem cutânea, é importante que os cosméticos ofereçam ações, como transformação do geloide formado no meio intersticial, melhora da circulação sanguínea, ativação da lipólise, inibição da lipogênese, inibição da adipogênese e ação anti-inflamatória.

Portanto, devem-se identificar as substâncias químicas (princípios ativos) presentes nas formulações dos cosméticos para LDG e verificar a sua ação na fórmula informada nos rótulos e embalagens. Em decorrência da complexidade dessa patologia, um cosmético ideal ou um tratamento completo deve conter todas as ações citadas anteriormente (conforme se pode observar na Tabela 2) (MATOS, 2015).

É importante fazer uma anamnese bem detalhada, com uma avaliação de comorbidades (ocorrência de mais de uma patologia ao mesmo tempo), estado físico e psíquico do paciente e a necessidade de encaminhamento ao médico.

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Nos procedimentos médicos, o profissional médico, se julgar necessário, solicitará exames complementares e realizará interconsultas para afastar qualquer tipo de contraindicação ao tratamento (LIMA; LIMA, 2018).

Torna-se fundamental realizar uma documentação fotográfica antes, durante e após os procedimentos de tratamento, e o grau de expectativa do paciente em relação aos resultados esperados deve ser discutido e orientado. Além disto é necessário que se informe ao paciente que há melhora do aspecto clínico de celulite, flacidez e gordura localizada, mas o “padrão-ouro” de tratamento ainda continua sendo a cirurgia plástica.

É sempre importante incentivar mudanças nos hábitos de vida com acompanhamento dietético e nutri-cional, além de atividade física regular. E é importante, também, lembrar ao paciente que, depois de obtidos os resultados, é aconselhável um tratamento de manutenção.

São necessários vários fatores para se obter sucesso no tratamento corporal. Tudo se inicia com uma avaliação corporal detalhada, além da checagem dos hábitos alimentares, das atividades físicas e da história de doença de cada pessoa. Caso a avaliação seja positiva, deve-se adequar as tecnologias existentes às ne-cessidades de cada paciente, com a elaboração de um programa de procedimentos para o tratamento, além de estabelecer sessões de manutenção.

Devem-se realizar periodicamente uma análise fotográfica e as medições corporais. Todo tratamento corporal deve ser supervisionado pelo dermatologista e acompanhado por uma equipe multiprofissional, como nutricionistas, fisioterapeutas funcionais e o profissional de imagem pessoal/estética. É preciso esti-mular os pacientes a fazerem um controle nutricional diário e atividades físicas regulares, além de seguirem o programa elaborado com assiduidade (LIMA; LIMA, 2018).

Atuantes no interstício Atuantes na microcirculação

Anti-inflamatórios Tensores

Centelha asiática Bétula Adipol ATP Flex

Ácido ascórbico Caobromine® Arnica Coheliss

Enzimas de difusão Capsicum Bioex Antilipêmico Coupe D ́eclat

Enzimas proteolíticas Castanha-da-Índia Celulinol Dermochlorella

Vegetais e algas Centella asiática Centella asiática DMAE

Tretinoína e retinol Nicotinato de Metila Castanha-da-Índia Idebenona

Silícios orgânicos e silanóis Flavonoides Nicotinato de metila Liftline

Ginkgo Biloba Silanois Raffermine

Laranja amarga Silícios orgânicos Regu-Slim®

Liporeductil Xantogosil Slimbuster L

Meliloto Tensea lift

Mirtilo Tensine

Hera Toniskin

Xantogosil

Bioex Antilipêmico

Mentol

Slimbuster H

Pilosella

Tabela 2 - Exemplos de substância químicas (princípios ativos) eficazes para o tratamento contra a LDG.

Fonte: adaptado de Matos (2015).

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1.3.3 Tratamentos para gordura localizada

1.3.4 Tratamentos para estrias

As novas técnicas e os procedimentos, que reduzem a adiposidade localizada, e que têm sido disponibilizados no mercado estético, se apresentam cada vez menos invasivos, proporcionando uma recuperação rápida, sem intervenção de medicamentos e sem pós-operatório. Entre eles, há a Terapia de Resfriamento Seletivo, conhecida popularmente como Criolipólise (LIMONTA et al., 2017).

Já sobre a utilização de cosméticos é importante saber que uma pele com gordura localizada necessita principalmente de ativos que estimulem a lipólise. Por outro lado, ações que inibam a adipogênese e a lipogênese também poderão ser úteis após realizada uma avaliação criteriosa do quadro da patologia no paciente.

Os produtos cosméticos para tratamento contra a gordura localizada são constituídos por princípios ativos capazes de agir efetivamente nos processos bioquímicos de formação das células de gordura, de formação dos triglicerídeos e da transformação dos triglicerídeos em ácido graxo e glicerol. Portanto, os ativos eficazes para o tratamento de peles com gordura localizada devem possuir ações como inibição da adipogênese, inibição da lipogênese e ativação da lipólise (MATOS, 2015).

No tratamento com a utilização de criolipólise, que é um método recente, o procedimento atua na eliminação da adiposidade localizada, por meio do processo de congelamento das células lipídicas de uma forma não invasi-va, pois não se utilizam agulhas, bisturis ou cânulas.

Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o procedimento de crioli-pólise é utilizado com uma membrana anticongelante que, aplicada de forma incorreta e com um profissional que não seja formado adequadamente, tem ocasionado consequências graves, como queimaduras.

Portanto é necessário que os profissionais em imagem pessoal/estética tenham uma formação consolidade e trabalhem com seriedade, além de os estudos científicos serem importantes para aperfeiçoar uma aplicação mais efetiva e segura da técnica de criolipólise e aprimorar os conhecimentos na área da estética e cosmética (LIMONTA et al., 2017).

O tratamento para estrias representa um desafio, e os resultados nem sempre são satisfatórios. O ideal é que seja realizado logo que elas surjam, na fase em que são recentes e rosadas (SBD, 2019). Os tratamentos conhecidos podem ser feitos de forma isolada ou em associação, sempre com acompanhamento médico e de equipe multipro-fissionais, podendo ser divididos de acordo com o tipo de estrias (MIOT; MIOT, 2019). Os tratamentos podem ser:

Figura 22 - Paciente paciente em tratamento com criolipólise na região do flancos do abdômen.

Fonte: Arquivo pessoal do professor autor (2019). Cortesia: Alcione Silva Soares.

Estrias Albas

l Tretinoína 0,5 a 1%, creme ao deitar até irritação, três a seis meses; l lactato de amônia 12%, loção, massagens nas lesões duas vezes

ao dia, durante três meses; l microdermoabrasão; l peeling corporal de tretinoína 3 a 5%, a cada duas ou três se-

manas, ou l peeling corporal de ácido glicólico 50 a 70%, a cada duas ou três

Figura 23 - Estrias albas.Fonte: http://institutofisiomar.com.br/blog/?p=2741.

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1.3.5 Tratamentos contra a acne

Formas menores (menos graves) de acne podem ser tratadas sem encaminhamento ao médico dermato-logista. Os princípios básicos do tratamento da acne envolvem:l O uso de produtos cosméticos de higiene desenvolvidos para pele oleosa. Esses produtos espumosos,

sem enxágue, removem o excesso de óleo da pele oleosa e propensa à acne. Loções adstringentes elabora-das para pele oleosa ajudam a retirar o excesso de sebo.l Esfoliantes, que são produtos sem enxágue e que ajudam a remover o acúmulo de células dos folículos,

permitindo que o oxigênio penetre e mate as bactérias. Os ingredientes cosméticos comumente utilizados são alfa-hidroxiácidos (AHA), ácido salicílico e peróxido de benzoíla. O peróxido de benzoíla pode ser espe-cialmente eficaz, uma vez que ajuda a desprender detritos celulares e também mata as bactérias da acne. l Evitar produtos cosméticos gordurosos e ter cuidados com a pele oleosa, que são importantes porque

os produtos que contêm grandes quantidades de materiais graxos e óleos podem causar o entupimento dos folículos de fora para dentro. Certifique-se de que toda maquiagem e os produtos de cuidados utilizados na pele propensa à acne sejam não comedogênicos, o que significa que o produto foi elaborado e testado para não obstruir os folículos.l Não utilizar produtos cosméticos abrasivos ou limpar demais a pele propensa à acne, pois isso pode

Estrias Rubras

l Creme de tretinoína micronizada a 1% ao deitar, até causar irritação, durante três meses;l peeling corporal de tretinoína, creme 3 a 5%, a cada duas a três

semanas; l lactato de amônia 12%, loção, massagens nas lesões duas vezes ao

dia, por três meses; l subincisão.

Como forma de profilaxia/prevenção ao aparecimento de estrias, de-ve-se evitar perda ou ganho de peso rápido, especialmente em grupos de alto risco, como nos adolescentes e nas gestantes (SBCD, 2019).

Durante a gravidez l Uso de creme hidratante com lactato de amônio 12%, óleo de amêndoas ou óleo de rosa mosqueta 5% e

alantoína 1%; fazer massagem, com aplicação duas vezes ao dia.

Durante a adolescência l Devem-se utilizar um creme hidratante com lactato de amônio 12%, óleo de amêndoas 5% ou óleo de rosa

mosqueta e alantoína 1%, com aplicação de duas vezes ao dia e após o banho (MIOT; MIOT, 2019).

Figura 24 - Estrias rubras.Fonte: https://www.saudedica.com.br/de-adeus-as-estrias-verme-

lhas-em-2-semana/.

semanas (precisa neutralizar), e/ou l aplicar o ácido tricloroacético 35% nas lesões (pacientes fotótipos I a III), e/ou l subincisão; l laser Nd-Yag/luz intensa pulsada; l microagulhamento 2 mm.

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causar inflamação e piorar a situação. l Estar atento em utilizar hidratantes para a pele oleosa após o uso de produtos cosméticos de higiene

para evitar um possível efeito rebote.Assim, os casos leves e moderados de acne são muitas vezes tratados por profissionais de imagem pes-

soal/estética que receberam formação especializada no tratamento da acne (HALAL, 2018).

Características dos dermatocosméticos para peles acneicas As ações terapêuticas necessárias para serem realizadas em peles acneicas são bastante dependentes

dos tipos de lesões acneicas presentes na pele. No entanto, as empresas não fabricam cosméticos para cada grau da acne, mas sim para peles acneicas com acne não inflamatória e para peles acneicas com acne in-flamatória (MATOS, 2015).

Como essa divisão não aparece de modo especificado na rotulagem, o consumidor deve escolher o pro-duto de acordo com os ativos e suas ações. De forma geral, os mecanismos de ação dos princípios ativos utilizados nos produtos cosméticos para peles acneicas são: controladores de oleosidade, queratolíticos, renovadores epidérmicos, antissépticos, anti-inflamatórios, cicatrizantes e calmantes.

Considerando uma pele acneica e inflamatória, todas as ações citadas são necessárias em um cosmético ideal para esse subtipo cutâneo. Já para uma pele acneica com acne não inflamatória, ações como controle de oleosidade, ação queratolítica, renovação epidérmica e ação antisséptica podem ser suficientes.

Quanto às formas de apresentação mais indicadas para as peles acneicas, podem-se considerar os géis, os séruns, as soluções hidroalcoólicas e os pós. Além dessas formas, algumas empresas fabricam emulsões óleo/água (O/A) com reduzido teor de substâncias lipídicas (MATOS, 2015).

Nos tratamentos realizados pelos dermatologistas, em parceira com o profissional de imagem pessoal/estética, contra a acne, é muito importante sempre repassar todas as informações a respeito do caso ao paciente. Deve-se considerar as causas da acne, tais como:

l Produtos tópicos comedogênicos: filtro solar, bases, óleos profissionais (lubrificação), compostos clo-rados, vaselina, lauril sulfato, lanolina, butilesterato e hidratantes.

l Medicamentos sistêmicos: corticosteroides, polivitamínicos [vitamina B12 (cianocobalamina)], hor-mônio adrenocorticotrófico, esteroides anabolizantes, testosterona, danazol, estanozolol, isoniazida (ace-tilador lento), rifampicina, quinidina, azatioprina, anticoncepcional oral, compostos iodados e com bromo, dantroleno, halotano, lítio, fenitoína, hidrato de cloral, propiltiouracila, dissulfiram e psoralênicos.

l Acne oclusiva: tropical, escoriada, elaioconiose, cosmética e cloracne. Para o tratamento contra a acne comedoniana, devem-se: l Realizar limpeza de pele (extração de comedões); l utilizar sabonetes faciais desengordurantes, duas vezes/dia; l tratar com adapaleno creme/gel ou micronizado com concentração de 0,1 a 0,3%, ao deitar, ou l tratar com tretinoína gel não iônico com concentração de 0,025 a 0,05% ao deitar, ou l tratar com isotretinoína gel não iônico com concentração de 0,05%, ao deitar; l realizar peeling de ácido retinoico gel não iônico com concentração de 1 a 5% seriado, ou l realizar peeling de ácido salicílico 30% seriado, ou l tratar com isotretinoína via oral (VO) - Somente tratamento médico (MIOT; MIOT, 2019).

No tratamento contra a acne inflamatória, devem-se: l Realizar limpeza de pele (extração de comedões);

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l utilizar sabonetes desengordurantes, duas vezes ao dia; l tratar com adapaleno 0,1% e peróxido de benzoíla 2,5% ao dormir, ou l tratar com peróxido de benzoíla 5%, ao dormir, oul tratar com clindamicina 1% e peróxido de benzoíla 5%, ao dormir, ou l tratar com tretinoína 0,05% e clindamicina 1% gel, ao dormir, ou l tratar com adapaleno 0,1% e clindamicina 1%, ao dormir, ou l tratar com ácido azelaico 15 a 20% em gel/creme ao dormir; l indicar como tratamento oral: - doxiciclina: 100 mg VO, uma a duas vezes/dia, por dois a três meses, uso regressivo, ou - azitromicina: 500 mg VO, uma vez/dia, três dias/semana, por dois meses, ou - limeciclina: 300 mg/dia VO, por dois a quatro meses. l realizar peeling de ácido salicílico 30% seriado, ou l realizar peeling de ácido salicílico 30% e ácido retinoico 1 a 5% seriado; l tratar com isotretinoína, comprimidos de 10 ou 20 mg: 0,5 a 0,8 mg/kg/dia no almoço, por 150 a 240

dias (total: 120 a 150 mg/kg).

No tratamento contra a acne nódulo-cística, devem-se: l Tratar com isotretinoína, comprimidos de 10 ou 20 mg: 0,5 a 0,8 mg/kg/dia no almoço, por 150 a 240

dias (total: 120 a 150 mg/kg); l prevenir piora ou forma fulminante em casos nodulares graves, com a utilização de: - prednisona, comprimidos de 5 ou 20 mg: 20 a 40 mg/dia VO, após o café da manhã, por 30 a 60 dias,

uso regressivo; - azitromicina: 500 mg VO, 1 vez/dia, durante cinco dias. l Iniciar com isotretinoína em doses de 0,1 a 0,5 mg/kg/dia; l realizar drenagem dos cistos com abertura e ácido tricloroacético 30 a 50%, ou l tratar com 0,1 a 0,3 mℓ de triancinolona 20 mg/mℓ e 0,3 mℓ de tetraciclina ampola diluídos em 0,4 a

0,5 mℓ de SF 0,9% (infiltração intralesional de 0,1 a 0,2 mℓ a cada três a quatro semanas), ou l realizar exérese cirúrgica e sutura dos cistos após tratamento da infecção.

Na acne hormonal (ver hirsutismo), devem-se: l Investigar o uso de medicamentos (anticoncepcional oral), histórico familiar de hirsutismo, hirsutismo

facial, pilificação torácica, obesidade, oleosidade cutânea, alopecia androgenética feminina, irregularidade menstrual, infertilidade (> 2 anos), hipertrofia clitoriana e voz grave;l realizar ultrassonografia pélvica ou transvaginal entre 10 e 14 dias após menstruação (considerar o uso

de anticoncepcional oral que mascara cistos);l realizar testes de dosagem de testosterona total, androstenediona e sulfato de desidroepiandrostero-

na; se estiverem alterados, encaminhar ao endocrinologista;l indicar o uso de anticoncepcionais com efeito antiandrogênico:- ciproterona 50 mg VO, ½ comprimido/dia ou durante os 10 primeiros dias da menstruação, ou - espironolactona 50 a 100 mg/dia VO, dose matinal; realizar monitoramento bimensal do potássio.

Em caso de síndrome dos ovários multipolicísticos, devem-se indicar redução ponderal, anticoncepcional oral e antiandrogênicos: ciproterona 50 mg VO, ½ comprimido ao dia ou durante os 10 primeiros dias da menstruação, ou espironolactona 50 a 100 mg/dia VO, dose matinal, realizar monitoramento mensal do potássio. Pode-se também: l Associar metformina 500 mg VO, duas a três vezes/dia, durante quatro a seis meses (preferir prepara-

ções de liberação lenta XR);

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l utilizar sabonetes desengordurantes, duas a três vezes/dia; l tratar com peróxido de benzoíla 4% a 5%, ao deitar;l tratar com clindamicina gel a 1%, duas vezes/dia, ou l tratar com clindamicina 1% e peróxido de benzoíla 5%, ao deitar, ou l tratar com isotretinoína 0,05% e eritromicina 2% gel, ao deitar.

No tratamento contra a acne fulminante, devem-se: l Afastar medicamentos anabolizantes e isotretinoína; l afastar tumor de suprarrenal ou hipófise; l realizar a internação hospitalar; l indicar repouso absoluto;l indicar corticoterapia: prednisona 1 mg/kg/dia, doses matinais; l tratar com isotretinoína, comprimidos de 10 ou 20 mg: 0,2 a 0,5 mg/kg/dia no almoço.

Se a acne fulminante for desencadeada pelo tratamento, o dermatologista irá diminuir a dose da isotre-tinoína para menos de 50%, até o controle clínico, ou tratar com azitromicina 500 mg VO, uma vez/dia, três dias/semana, por dois meses.

É importante também realizar seguimento da atividade pelos níveis da velocidade de hemossedimenta-ção (VHS) do sangue (MIOT; MIOT, 2019).

1.3.6 Tratamento de melasma (cloasma)

O tratamento de melasma pode ser muito difícil, particularmente em razão da frustrante rapidez com que ocorre repigmentação. O melasma epidérmico pode ser tratado topicamente de maneira semelhante ao lentigo, com filtros solares, inibidores da tirosinase, retinoides e lasers e peeling químico. O melasma dérmico é muito mais difícil de tratar, embora com o uso de lasers fracionados seja possível aumentar a eficácia dos inibidores tópicos da tirosinase. Deve-se enfatizar a necessidade de evitar qualquer estímulo à pigmentação − recomendando o uso regular de filtros solares − e exposição ao sol.

Os objetivos do tratamento contra o melasma consistem em prevenir a ocorrência de maior concentra-ção de pigmentação por meio de medidas farmacológicas e físicas para clarear a pele afetada e, assim, re-duzir os melanossomos (SOUTOR; HORDINSKY, 2015). Portanto, de forma sinóptica, pode-se afirmar que os tratamentos estéticos adequados para esta disfunção estética transitam entre o uso de cremes despigmen-tantes, peelings, alguns ácidos e lasers, tanto em ambiente de clínica em imagem pessoal/estética quanto no cuidado atendimento domiciliar.

Quanto maior o conhecimento dos profissionais em imagem pessoal/estética sobre o melasma, maior a possibilidade de escolha do tratamento mais adequado que objetive a melhoria da qualidade de vida dos pacientes acometidos por essa disfunção (MARQUES, 2018).

Na Tabela 3, podemos observar quais são os principais medicamentos utilizados, o modo de usar (posolo-gia) destes medicamentos e os possíveis efeitos que podem advir do uso inadequado destes medicamentos. É fundamental que você, profissional em imagem pessoal/estética, realize um atendimento de alto nível ao seu paciente, com a realização de uma orientação efetiva sobre o uso correto de medicamentos, mesmo que tópicos. Ressaltamos (observe com atenção a Tabela 3) que os medicamentos com determinados valores de concentração de princípios ativos (fármacos) somente devem ser prescritos por dermatologistas e adquiri-dos com receituário médico, com a orientação de farmacêuticos (SOUTER, 2015).

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Além de medidas para evitar a radiação solar, como ter adequada atenção aos horários de exposição, roupas adequadas, uso de óculos de sol e instalação de película de proteção solar (insulfilm) nos vidros dos veículos, o tratamento contra as manchas de melasma inclui:

l Filtro solar UVA/UVB, FPS ≥ 60, PPD* ≥ 30: aplicar a cada três horas nos horários de irradiação mais intensa do sol; l Tretinoína 0,05%, hidroquinona 4% e fluocinolona creme nas lesões, ao deitar, por oito a 16 semanas,

ou (MIOT, MIOT, 2019)l Tretinoína 0,05% creme: aplicar na face ao deitar;l Hidroquinona 4% creme ou gel nas lesões, duas vezes/dia;l Clobetasol 0,05% creme nas lesões, uma vez/dia, por 10 dias; aguardar 10 dias e reiniciar o uso, oul Tretinoína 0,05 a 0,1%, hidroquinona 4 a 5% e dexametasona 0,1% creme/solução alcoólica nas lesões,

duas vezes/dia, oul Ácido kójico 1% e ácido fítico 1% creme nas lesões, duas vezes ao dia;l Ácido azelaico 20% creme nas lesões, duas vezes/dia (em caso de alergia à hidroquinona);l Ácido kójico 1% e ácido fítico 1% creme nas lesões, duas vezes/dia;l Peelings seriados: -Peelings químicos; - Solução de Jessner, uma a três camadas, a cada 21 dias, ou - Tretinoína 5 a 8%, a cada 15 a 21 dias; ou - Solução de Jessner e tretinoína 5%, a cada 21 dias;

Princípios ativos Posologia (modo de usar) Efeitos adversos/observações

Hidroquinona: fórmulas com concentração 2% vendidas sem receita médica.

Duas vezes ao dia nas áreas afetadas.

Irritação da pele (particularmente quando associada à tretinoína e aos ácidos α-hidroxi) e ocronose (rara)Categoria C para uso em gestantes. Eficácia moderada.

Fórmulas com concentração 4% apenas com prescrição.Creme triplo (fluocinolona acetonida a 0,01%, hidroquinona a 4%, tretinoína a 0,05%): apenas com prescrição.

Uma vez ao dia na hora de dormir.

Irritação da pele, principalmente pela tretinoína Categoria C para uso em gestantes. É o medicamento mais eficaz.

Ácido kójico 1 a 4%:todos os produtos são vendidos sem receita.

Duas vezes ao dia nas áreas afetadas.

Irritação da pele e risco de alergia. Eficácia moderada.

Ácido azelaico 15 a 20%: apenas com prescrição.

Duas vezes ao dia nas áreas afetadas.

Irritação da pele Categoria B para uso em gestantes. Eficácia moderada.

Tabela 3 - Princípios ativos utilizados no tratamento tópico contra o melasma.

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l Ácido tranexâmico 250 mg VO, duas vezes/dia durante 60 dias; atenção ao risco de trombose, oul Vitamina C 200 mg, vitamina E 100 mg e picnogenol 25 mg, cápsulas VO, três vezes/dia: reduz o rebote

pós-peeling;l Microagulhamento 1 a 1,5 mm 3 sessões a cada 15 a 30 dias;l Laser fracionado (luz intensa pulsada – regime de muito baixa energia).

1.3.7 Tratamentos para hipercromia (hiperpigmentação)

Da mesma forma como na hipopigmentação, a hiperpigmentação também pode ocorrer quando a pele é danificada pela realização de tratamentos estéticos agressivos ou inadequados. O tratamento para a hiper-pigmentação varia de acordo com a sua provável causa.

Em geral, é necessário um creme despigmentante à base de hidroquinona a 4% que, em geral, na maioria das vezes, é associado ao uso de tretinoína. Obviamente, o uso de protetor solar é recomendado, e alguns pacientes, de maneira equivocada, supõem que o uso de um creme despigmentante seja suficiente para resolver o problema, mas não é; por isso, o profissional precisa auxiliá-los a compreender a importância da aplicação diária de protetor solar e de roupas de proteção.

Sem tais medidas, a área de pigmentação em que a hidroquinona deveria supostamente atuar fica ain-da mais vulnerável aos danos UV, fazendo com que o processo de despigmentação perca o sentido (HILL; OWENS, 2017).

DICAS*A sigla PPD apresenta um significado semelhante ao FPS, ou seja, está associada principalmente ao tempo de proteção. Quanto aos valores, indica-se que o valor do PPD deve ser no mínimo 1/3 do valor do FPS para que o protetor ofereça proteção efetiva contra as radiações UVA e UVB. Além do PPD, as empresas fabricantes dos protetores solares podem optar pelo sinal de mais (+), com a utilização de um sinal apenas (+) para indicar proteção baixa, dois (++) para indicar proteção média, três (+++) para indicar

proteção alta e quatro (++++) para indicar proteção máxima contra a radiação UVA. Podem ainda utilizar porcentagens para indicar o nível de proteção. Neste caso, o paciente/usuário pode entender melhor qual é a proteção oferecida pelo produto cosmético, ou seja, 95% de proteção UVA indica que apenas 5% da radiação UVA pode penetrar na pele.

Figura 25 - Paciente acometido com melasma, antes (esquerda) e após o tratamento adequado (direita). Fonte: https://peopledotcom.files.wordpress.com/2017/02/ginger-zee-melasma-1.jpg?w=2000&h=1125.

Page 34: Dermatocosmética aplicada à estética 2019

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Hiperpigmentação pós-inflamatória Caracteriza-se por um quadro autolimitado, com uma duração de seis a 48 meses. Trata-se de uma res-

posta da pele a inflamações ou lesões que causam aumento da produção de melanina. O tratamento para hiperpigmentação pós-inflamatória pode ser realizado com:l Afastamento da causa (tratamento da doença de base); l fotoproteção; l utilização de tretinoína 0,05%, hidroquinona 4% e fluocinolona creme com aplicação nas lesões ao

deitar, durante 20 semanas;l peelings seriados (ver peelings químicos): - solução de Jessner, uma a três camadas, a cada 21 dias, ou - tretinoína 5 a 8% a cada 15 a 21 dias, ou - solução de Jessner e tretinoína 5% a cada 21 dias (MIOT; MIOT, 2019).

1.3.8 Tratamentos para hipocromia (hipopigmentação)

1.3.9 Atendimento para pacientes com pequenas queimaduras

A hipopigmentação é uma condição que pode ocorrer em doenças, como o vitiligo, ou em lesões provo-cadas por tratamentos com laser e/ou luz que tenham sido mal-conduzidos. Na hipopigmentação, os maus-tratos danificam o melanócito, causando o seu mau funcionamento ou ausência de função, o que o impede de atuar corretamente.

Embora a hipopigmentação seja rara, pode ocorrer em todos os tipos de tratamentos de pele, incluin-do-se o peeling, tratamentos com laser ablativo ou não ablativo e tratamentos de radiofrequência (HILL; OWENS, 2017).

O tratamento do paciente queimado sempre foi um desafio para o profissional que busca melhores resulta-dos com maior velocidade de restauração tecidual, redução da dor e da infecção, além de melhor aspecto esté-tico final da ferida. É importante não menosprezar as lesões de queimaduras, mesmo que sejam leves. Deve-se proteger a ferida e evitar a infecção, com limpeza e curativo adequados.

Conforto deve ser oferecido ao queimado e, sempre que possível, aconselha-se conversar para explicar como será o curativo ( é necessário que o paciente/cliente tenha sido medicado com analgésicos, como dipirona oral, tramadol ou Nubain® SC, antes de realizar o curativo).

Terapia tópica O tratamento local tem como objetivo principal controlar o crescimento bacteriano e promover a epi-

telização das lesões de espessura parcial (1º e 2º graus). A sulfadiazina de prata tem sido utilizada como antimicrobiano tópico há mais de um século em diferentes apresentações farmacêuticas por apresentar um amplo espectro de ação sobre gram negativos, gram positivos e fungos. O creme de sulfadiazina de prata a 1% é o antimicrobiano tópico eleição, ou seja, é o princípio ativo de primeira escolha para o tratamento.

Entretanto, a necessidade de aplicações frequentes e a inativação tecidual deste agente levaram ao de-senvolvimento de curativos não aderentes impregnados em prata, com capacidade de manutenção dos níveis teciduais dos íons de prata por mais de 72 horas (BRAVO; VALE; SERRA, 2017).

Realização de curativos

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As feridas de 1º grau necessitam apenas de hidratação e analgesia obtidas com cremes hidratantes e analgésicos, como hidrogéis, hidrogéis à base de melaleuca alternifolia. O paciente é orientado a lavar dia-riamente a área queimada com sabonete neutro.

Até que a epiderme descame, a aplicação de óleo mineral duas vezes ao dia acelera o processo de desca-mação e auxilia a aliviar o prurido (coceira). Após a descamação, deve-se aplicar creme hidratante neutro e filtro solar FPS 20 a 30, até que a cor natural retorne e, desta forma, evite a hiperpigmentação.

Nas feridas de 2º grau, os curativos desempenham papel preponderante na evolução da cicatrização das lesões, e a escolha do curativo deve levar em consideração o grau de exudação e a colonização das feridas. Por outro lado, as queimaduras de 3º grau requerem tratamento especializado por cirurgião plástico, com desbridamentos e fechamento das feridas por autoenxertia cutânea ou rotação de retalhos cutâneos (BRA-VO; VALE; SERRA, 2017).

1.3.10 Considerações sobre as cicatrizes

A cicatrização de feridas é um processo complexo e que intriga a humanidade desde períodos muito re-motos. As cicatrizes, conforme já sabemos, são lesões do tecido dérmico e jamais irão desaparecer, contudo, podem se tornar muito menos perceptíveis. Ocore que o tecido da cicatriz nunca é o mesmo do tecido original, assim, não irá curar da mesma forma nem na mesma taxa que o tecido não lesionado que circunda a cicatriz.

Muito além de um processo linear desencadeado por fatores de crescimento sobre células inflamatórias, a reparação representa uma interação entre mediadores solúveis, matriz extracelular e células do parên-quima. As moléculas que compõem a matriz extracelular podem fornecer sinais para a expressão genética por meio de receptores das proteínas chamadas integrinas, e a interação das células teciduais com a matriz pode alterar tanto o fenótipo quanto as funções celulares.

O trauma tecidual é seguido por uma série de eventos que podem ser didaticamente divididos em três fases (inflamatória, formação tecidual ou fase proliferativa e remodelação da ferida). Contudo, essas fases não são mutuamente excludentes, podendo haver superposições temporais (AZULAY, 2017).

Uma proposta de tratamento de cicatrizes é com laser e luz e tem sido uma prática comum por muitos anos, mas várias advertências são mantidas quando ele é realizado. A melhoria da cicatriz dependerá da sua profundidade, da causa (cicatriz causada por um peeling versus uma cicatriz cirúrgica) e da localização.

As cicatrizes que são profundas (localizadas na derme reticular e abaixo) serão as mais difíceis de progredir e, ao iniciar-se uma terapia em uma cicatriz dessa profundidade, é necessário que o paciente seja informado das expectativas realistas sobre o potencial de melhora. Uma cicatriz cirúrgica hipertrófica será mais difícil de apresentar progresso em comparação a uma cicatriz causada por um produto químico, por exemplo.

Além disso, a localização é uma questão importante a considerar, e as cicatrizes em áreas de tecido mais fino, tais como a face, poderão ter maior facilidade de progresso do que cicatrizes do abdômen. Muitas delas devem responder aos tratamentos repetidos de laser e luz porque o eritema será reduzido, e a sua aparên-cia global será minimizada, mas, tenha cuidado para evitar danos adicionais (HILL; OWENS, 2017).

Os avanços recentes da biotecnologia, aliados a uma oferta em larga escala de uma série de produtos ditos “cicatrizantes” pela indústria, têm tornado esse tema motivo de atenção crescente por todas as classes de profissionais da saúde (AZULAY, 2017).

FIQUE ATENTOCuidado!Não trate ou remova pequenas saliências na pele que possuam pelos. A remoção de

pelo desta saliência pode irritar ou provocar uma mudança estrutural nela. Apenas um profissional médico deve removê-los.

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ATIVIDADE DE APRENDIZAGEMÉ necessário e muito importante que sejam exercitados os conhecimentos que você

adquiriu na Unidade I deste livro!!! Realize pesquisas sobre os temas que mais lhe geraram dúvidas e responda em seu

caderno. Lembre-se que escrever sobre os temas e conteúdos estudados ampliará sua capacidade de fixação dos conteúdos necessários para a formação adequada. Sob a orientação de seu professor ou professora, realize as seguintes atividades:

Temas para pesquisar, estudar e responder:1. Quais são os pontos-chave das lesões cutâneas?2. O que é Carcinoma basocelular? 3. Como se caracteriza o carcinoma basocelular?

Acesse:

E aprenda mais sobre melasma!! Em um vídeo de 2 min e 43 s, o dermatologista Helio Miot fala sobre melasma.

PESQUISE

www.youtube.com/watch?v=M6k4JaYLvhY&feature=youtu.be

VOCABULÁRIO A pele humana em números:Superfície: 1,8 m2 - Espessura: até 9 mm, peso: 9 a 10 kg, número de células110 bilhões, nº de glândulas sudoríparas 2 a 2,5 milhões (cerca de 120/cm2), nº

glândulas sebáceas 250.000 (cerca de 15/cm2), nº corpúsculos de Ruffini (receptores de calor) 10.000 a 40.000, nº bulbos terminais de Krause (receptores de frio) 100.000 a 240.000, nº corpúsculos de Vater-Paccini (receptores de pressão) 40.000 a 50.000, nº corpúsculos de Meissner (receptores de tato) 350.000, no terminações de Merkel (receptores de tato) 60.000, nº terminações nervosas livres 3 a 4 milhões.

DICASQuase todas as técnicas que você utilizar nos tratamentos das diversas disfunções estéticas corporais terão ação em todos os problemas apresentados pelo seu paciente, pois a maioria dessas técnicas irá estimular o metabolismo, a circulação sanguínea e linfática, a atividade dos fibroblastos e o aumento da produção de colágeno e elastina. Assim, na maioria das vezes, com uma mesma técnica podemos tratar várias disfunções simultaneamente.

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Envelhecimento cutâneo

UNIDADE II

Prezados cursistas, é necessário que saibamos que o envelhecimento cutâneo é um fenômeno fisioló-gico, progressivo e irreversível, caracterizado basicamente pelo declínio funcional e estrutural da pele. O processo de envelhecimento cronológico, também chamado de intrínseco, está diretamente relacionado às características genéticas, individuais, podendo ser modificado por fatores endógenos e exógenos.

Quase todos os pacientes/clientes com mais de 30 anos de idade se preocupam, sobremaneira, com o envelhecimento de sua pele (HALAL, 2018). Assim, trata-se de um processo progressivo e constante, pois ocorre em diferentes órgãos e sofre a influência de doenças sistêmicas, tais como o diabetes mellitus e de hábitos individuais, como o tabagismo (vício em fumar cigarros).

Diversos fatores podem diminuir os mecanismos de defesa naturais do organismo ou mesmo levar a mutações gênicas que modificam, de maneira definitiva, o aspecto da pele humana (LUPI; CUNHA, 2014).

A exposição à radiação ultravioleta UV é considerada hoje o principal fator externo que contribui para o envelhecimento cutâneo. A luz (UV) altera sensivelmente diversos processos biomoleculares e pigmentares na pele. No entanto, os mecanismos pelos quais essas alterações ocorrem não estão totalmente esclarecidos.

Além do envelhecimento provocado pela exposição à luz solar, chamado fotoenvelhecimento ou foto-senescência, existe ainda o envelhecimento cronológico inato que ocorre mesmo na pele protegida do sol. Atualmente, acredita-se que a sobreposição desses dois processos resulte no envelhecimento cutâneo final. Evidências atuais indicam que a radiação ultravioleta (UVA e UVB) provoca degradação do colágeno, dano direto ao DNA nuclear e mitocondrial, bem como ativação de vias metabólicas anormais que promovem um processo inflamatório crônico e cumulativo (LUPI; CUNHA, 2014).

Figura 26 - Envelhecimento cutâneo.Fonte: https://www.mundoestetica.com.br/esteticageral/envelhecimento-cutaneo/.

2.1 Pele masculina e pele feminina – diferenças

Em decorrência dos hormônios androgênicos, como a testosterona, a pele masculina e a pele feminina apresentam algumas diferenças principalmente em relação à espessura, quantidade de pelos e às glân-dulas sebáceas. A pele masculina é mais espessa que a pele feminina, principalmente porque a maioria dos homens possui 25% mais colágeno do que as mulheres. Como geralmente possuem maior número de glândulas sebáceas, são mais oleosas, sobretudo na zona T. Em média, produzem duas vezes mais excreções

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2.2 Envelhecimento cutâneo

Como todos os órgãos, a pele sofre progressiva deterioração morfológica e fisiológica com o tempo. En-tretanto, na pele essa deterioração é maior por causa do acúmulo de insultos do ambiente em consequência de agressões físicas, químicas e mecânicas.

Áreas expostas do corpo, como face, pescoço e mãos, sofrem maior influência de fatores extrínsecos, e essa exposição excessiva pode resultar em um envelhecimento prematuro da pele nessas áreas do corpo. A exposição solar à radiação ultravioleta e o tabagismo (vício em fumo) são de longe os mais importantes fatores ambientais implicados no envelhecimento.

Já a pele de áreas não expostas tem seu envelhecimento principalmente atribuído a fatores intrínsecos, como a genética e mudanças endocrinológicas, as quais serão responsáveis pelo envelhecimento não só cutâneo, mas também de todo o organismo. Para explicar o envelhecimento cutâneo, diversas teorias têm sido propostas, tais como: mutações em genes únicos, mutações em DNA mitocondrial, frequência aumen-tada de anormalidades cromossômicas, diminuição da capacidade de reparo do DNA, perda de telômeros e a teoria da senescência celular.

Nesse contexto, os hormônios possuem uma função diferenciada. As mulheres, em especial, apresentam marcantes alterações na estrutura e na função da pele no perído pós-menopausa, que são revertidas, ao menos parcialmente, pela terapia de reposição hormonal sistêmica ou por tratamento com estrógenos apli-cados topicamente (diretamente na pele) (FRADE, SIMÃO, 2014).

lipídicas que as mulheres, o que também influencia para que os homens tenham poros mais dilatados do que as mulheres.

Por apresentar maior quantidade de colágeno e oleosidade, a pele dos homens demora mais tempo a envelhecer. No entanto, como os homens produzem menor quantidade de substâncias que os protejam do envelhecimento, quando esse processo se torna mais evidente, a pele masculina apresentará rugas menos finas e mais profundas.

Além das características citadas, os homens possuem pelos em maior número e espessura que as mu-lheres, resultando em uma textura mais áspera. Como geralmente os homens removem esses pelos com lâminas, a pele tende a ficar mais sensibilizada e com tendência a inflamações, como a foliculite.

Essas diferenças fazem com que os fabricantes de produtos cosméticos desenvolvam formulações es-pecíficas para a pele masculina. Como exemplo, podemos destacar os produtos cosméticos pós-barba, que devem conter no mínimo ativos calmantes para minimizar a sensibilização provocada pelo uso da lâmina e também ativos com efeito hemostático (capazes de coagular o sangue) e cicatrizante (MATOS, 2015).

DICASNo envelhecimento cutâneo, também tem sido envolvido o papel do hormônio do crescimento (GH), pois indivíduos que apresentam deficiência de GH, tanto isoladamente quanto por fazerem parte da deficiência múltipla pituitária ou ainda na resistência ao GH e “Síndrome de Laron” (deficiência primária do IGF-I), possuem sinais de envelhecimento cutâneo precoce, além de síndrome metabólica (obesidade, hiperglicemia, aumento de colesterol sérico), redução de massa muscular, osteopenia e doenças cardiovasculares.

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Portanto, o envelhecimento é um processo dinâ-mico que envolve, com o passar do tempo, mudan-ças clínicas, fisiológicas, histológicas e psicológicas. Dois grupos de teorias tentam explicar o complexo processo do envelhecimento. O primeiro grupo in-clui as teorias que postulam um determinado pro-grama genético e cronológico (intrínseco) para a gradual mudança no fenótipo.

O segundo grupo de teoria realiza a análise da exposição repetitiva às influências danosas, as quais são a explicação para as mudanças que levam ao en-velhecimento. Deste modo, o envelhecimento pode ser dividido em intrínseco e extrínseco. O envelheci-mento extrínseco, também denominado actinosse-nescência ou dermatoeliose, relaciona-se com alterações da superfície cutânea, provocadas principalmente pelo fotoenvelhecimento, como as modificações dos contornos e elasticidade da pele, que se manifestam por sulcos, dobras e rugas, associados à flacidez.

O envelhecimento intrínseco ou cronossenescência é uma área específica no contexto dermatológico e de profissionais de saúde que objetiva a compreensão da senescência através do conhecimento dos vários fatores causais que atuarão tanto nos órgãos internos como na pele. A influência solar é algo a mais que se acrescenta às alterações próprias do envelhecimento cronológico, conforme pode-se observar na Figura 3 (ANTONIO; ANTONIO, 2014).

A pele fotoenvelhecida é um subtipo cutâneo caracterizado pelo envelhecimento precoce. Esse subtipo apresenta principalmente rugosidades, flacidez cutânea, discromias precoces, espessamento epidérmico e, em casos severos, aspecto “romboidal”, como ilustrado na Figura 27, considerando que todas essas caracte-rísticas aparecem de modo precoce (MATOS, 2015).

De forma resumida, podemos afirmar que a prevenção do envelhecimento depende de uma série de cui-dados, do tipo de alimentação, das condições de vida saudável, do controle das emoções e de alguns outros fatores que se estendem por toda a existência do indivíduo.

Esses fatores, associados ao uso de medicamentos, corretamente administrados, poderão, de um modo lento e progressivo, proporcionar melhoria na qualidade de vida e permitir que a idade biológica fique aquém da idade cronológica. A prevenção do envelhecimento é uma arte para a vida que se cultiva desde a infância até a maturidade (ANTONIO; ANTONIO, 2014).

Figura 27 - Mão de idoso com atrofia e múltiplas melanoses.Fonte: Arquivo pessoal do professor autor (2019).

2.3 Envelhecimento intrínseco

O envelhecimento intrínseco é o processo natural de envelhecimento que está relacionado com o nosso código genético (HILL; OWENS, 2017).

O envelhecimento é um processo de mudança espontânea e gradual, que resulta na maturação ao lon-go da infância, puberdade e início da idade adulta, e depois em declínio na idade intermediária e na idade tardia (HALAL, 2018).

Por outro lado, a senescência é o “processo pelo qual a divisão celular, o crescimento e a função se per-dem ao longo do tempo, levando a uma incompatibilidade com a vida” (HILL; OWENS, 2017).

A noção de envelhecimento bem-sucedido implica envelhecer sem a presença de doenças debilitantes que causem uma baixa qualidade de vida e que possam ocasionar a morte. Já sabemos que algumas pessoas envelhecem de forma diferente de outras. Alguns envelhecem rapidamente com doenças como o diabetes

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ou doença cardíaca, já outros permanecem saudáveis e mais jovens do que sua idade cronológica.A geração de pessoas chamadas de Baby Boomers ( que são pessoas que nasceram logo após o fim da Se-

gunda Guerra Mundial – observe a Figura 28) é uma geração que, em particular, tem conseguido ter uma vida mais saudável e longa.

A longevidade e a taxa de envelhecimento intrínseco têm relação não somente com o quão saudáveis nós somos, mas com nossa aparência, conforme podemos observar na Figura 28. Porém, uma vez que a genética desempenha um papel notável no processo de envelhecimento, partes dos seus efeitos individuais estão fora de nosso controle.

Quanto mais vivermos, maior a probabilidade de termos de enfrentar o nosso pai ou mãe no espelho um dia, ao obervarmos nossa própria imagem (HILL; OWENS, 2017).

Independente da nossa resistência em tentar evitá-lo, o processo de envelhecimento intrínseco ocorre ao longo do tempo. Os pacientes/clientes que apresentem problemas fa-ciais, como as linhas de expressão profundas do sorriso ou, mais tipicamente, linhas de expressão verticais acima do lábio superior, poderão relatar que sua mãe ou seu pai apresentou o mesmo fenômeno de envelhecimento.

Algumas das marcas do envelhecimento são lesões pig-mentadas, pele seca e fina. No entanto, a pele geralmente não se torna tão fina até a oitava década. Embora a maioria dos fatores causais do envelhecimento intrínseco esteja fora de nosso controle, isso não significa que devemos desistir de re-alizar procedimentos e cuidados que possam melhorar nossa qualidade de envelhecimento, conforme podemos observar o Quadro 1.

Técnicas de cuidados da pele avançadas, entre elas trata-mentos com luz e laser e regimes sofisticados de cuidados domiciliares, podem diminuir o aparecimento do inevitável (HILL; OWENS, 2017).

Figura 28 - Exemplos de pacientes (Baby Boomers) que apresentam envelhecimento.Fonte: https://www.freshlime.com/effectively-market-baby-boomers/

Quadro 1 - Principais fatores que causam o envelhecimento intrínseco.

Idade

Genética

Sol

Radicais livres

Tabagismo

Álcool e drogas

Fatores emocionais

Hormônios

Expressões

MedicamentosFonte: Elaborado pelo Autor.

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2.4 Envelhecimento extrínseco

O processo de envelhecimento extrínseco é diferente histologicamente e fisiologicamente do envelheci-mento intrínseco. Mas, como profissionais da área, costumamos não diferenciar o processo do envelheci-mento em nossos pacientes (HILL; OWENS, 2017).

A aparência do envelhecimento extrínseco, contudo, é facilmente identificada e está presente em todos os seres humanos, tendo em vista que é cumulativa e começa na infância.

A evidência é em geral mais intensa acima dos 60 anos de idade, com a observação da ocorrência de rugas, pigmentação, telangiectasias e textura áspera e as lesões consideradas como extremas, é claro, são lesões cutâneas cancerosas e pré-cancerosas. A degradação do colágeno é o resultado da exposição a peri-gos ambientais como vento, mudanças bruscas de temperatura, sol, tabagismo (vício em furmar cigarros) e poluição. Essa exposição origina radicais livres que aceleram o processo de envelhecimento e aumentam o potencial de desenvolvimento de câncer de pele.

Para o esteticista ou outro profissional da área, o envelhecimento extrínseco pode parecer o tipo de en-velhecimento do qual nós temos completo controle. Por exemplo, podemos proteger a nossa pele do enve-lhecimento extrínseco usando protetor solar ou evitando extremos de calor e frio. Simplesmente por estar em um ambiente externo, sem proteção, o envelhecimento cutâneo já é provocado. É mais fácil, porém, colocar a culpa no sol por todos os sintomas observados.

Apesar de uma grande porcentagem do envelhecimento extrínseco estar relacionada ao sol, outras agres-sões também desempenham papel nesse processo: o tabagismo, as temperaturas extremas, especialmente o frio, e viver em ambientes poluídos. Não é surpreendente que áreas do corpo bem protegidas da luz solar (pele abdominal ou do seio) apresentem menor grau de envelhecimento e atrofia do que a pele exposta.

Esse fenômeno é uma ferramenta educativa útil que pode ser utlizada ao explicar aos pacientes os efei-tos do sol e do ambiente (HILL; OWENS, 2017). Os fatores extrínsecos ambientais são, principalmente, os que contribuem para o envelhecimento ou a aparência de envelhecimento. Vários cientistas, pesuisadores e dermatologistas afirmam que esses fatores extrínsecos são responsáveis por até 85% dos processos de envelhecimento da pele (HALAL, 2018).

Entre os fatores extrínsecos, estão:

Exposição ao sol

Bronzeamento e banhos de sol em horários inadequados (entre as 10h e 16h) são inaceitáveis, prejudiciais e desnecessários, mas o sol cumulativo que tomamos em poucas doses todos os dias, sem prote-ção, é o sol que causa dano real para a maioria das pessoas.

O sol é de longe a causa número 1 da aparência de envelhecimento prematuro. O segredo para evitar esse fator proeminente de envelhe-cimento da pele é usar um protetor solar de amplo espectro todos os dias, e a maneira mais fácil de fazer isso é encontrar um hidratante de uso diário com filtro solar.

Como profissional da área da estética e beleza, você pode ajudar seus clientes a encontrar o melhor protetor solar e hidratante para seu tipo de pele para usar todos os dias (HALAL, 2018).

Figura 29 - Exposição ao sol.Fonte: http://portalfmb.org.br/2017/03/01/alimentacao-hidratacao-

-e-exposicao-ao-sol-veja-como-manter-a-saude-no-verao/.

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Danos causados pelo fumo no organismo e na pele

Uso exagerado de bebidas alcoólicas

Uso exagerado e/ou inadequado de medicamentos

O fumo produz um número enorme de radicais livres, moléculas instáveis que causam envelhecimento bioquímico. Essas moléculas, ao longo do tempo, podem ter um efeito devastador sobre o corpo, espe-cialmente rugas e flacidez da pele.

O uso excessivo de bebidas alcoólicas também tem um efeito ge-ral sobre o corpo e a pele. O uso abusivo e exagerado de álcool leva o organismo a reparar-se mal e interfere na distribuição de nutrição adequada para a pele e os tecidos do corpo.

As bebidas alcoólicas também podem desidratar a pele, pois extra-em a água essencial dos tecidos, o que faz a pele parecer pálida e seca. Tanto o fumo como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas con-tribuem para o processo de envelhecimento por conta própria, mas a combinação dos dois pode ser devastadora para os tecidos.

A dilatação e a contração constantes que ocorrem nos minúsculos vasos sanguíneos e capilares, assim como a privação constante de oxigênio e água, para os tecidos rapida-mente fazem a pele parecer sem vida e sem vigor.

É muito difícil para que a pele se ajuste e se repare, pois o dano causado por esse estilo de vida é difícil de reverter ou diminuir (SDB, 2019).

Alguns medicamentos utilizados em excesso ou em indicações er-radas têm demonstrado interferir na entrada de oxigênio no organis-mo e, assim, afetam o crescimento das células saudáveis.

Certos medicamentos podem até piorar doenças de pele graves, como a acne e alguns outros podem causar ressecamento e reações alérgicas na superfície da pele.

Figura 30 - Fumante.Fonte: https://super.abril.com.br/blog/oraculo/e-verdade-que-ficar-

-perto-de-fumante-e-pior-do-que-fumar/.

Figura 31 - Bebida alcoólica.Fonte: https://veja.abril.com.br/saude/o-consumo-diario-de-bebidas-

-alcoolicas-pode-tirar-cinco-anos-de-vida/.

Figura 32 - Medicamentos.Fonte: http://www.crfpr.org.br/noticia/visualizar/id/6017.

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Acúmulo diário de estresse

Alimentação inadequada

Exposição sem proteção à poluição

O estresse acumulado pode contribuir significativamente para o en-velhecimento. Os pesquisadores/cientistas estão descobrindo e com-preendendo melhor que o estresse causa mudanças bioquímicas que podem levar a danos nos tecidos que chamamos de envelhecimento.

Manter a mente em estado saudável, realizar exercícios, atividades físicas e técnicas de relaxamento podem reduzir os níveis de estresse, assim como os tratamentos relaxantes, procedimentos faciais, aroma-terapia e massagens (HALAL, 2018).

Má nutrição priva a pele de proteínas, gorduras, carboidratos, vi-taminas e sais minerais que são necessários para manter, proteger e reparar a pele, mantendo a aparência jovem, saudável e bonita.

Exposição à poluição produz radicais livres e interfere no consumo adequado de oxigênio. Isso afeta os pulmões e outros órgãos internos, além da pele. A melhor e mais simples defesa contra a ação de po-luentes é: seguir uma rotina de cuidados diários da pele, higienização e esfoliação suave de rotina (removem as células mortas da superfície da pele), que ajudam a remover o acúmulo de poluentes que se insta-laram na superfície da pele ao longo do dia.

A aplicação diária de hidratantes, o uso loções de proteção e até mesmo produtos cosméticos básicos garantem uma proteção para a pele contra os poluentes atmosféricos. A aparência de envelhecimento da pele pode ser melhorada de forma significativa com a realização de uma programação de procedimentos adequados de cuidados com a pele, que podem ser realizados, especialmente, na residência do paciente.

Um programa que seja projetado por um profissional em imagem pessoal/estética, para tratar o enve-lhecimento da pele com base nas necessidades do cliente, tipo de pele e gravidade, envolve um bom filtro solar hidratante, um cosmético com ação esfoliante químico com alfa ou beta hidroxiácido e produtos que utilizam ingredientes de última geração para o tratamento do envelhecimento da pele, tais como peptídeos e antioxidantes tópicos (HALAL, 2018).

O envelhecimento cutâneo é o resultado de um conjunto de perdas celulares e intercelulares na derme e na epiderme, que pode ser oriundo da ação do tempo (cronoenvelhecimento) e da ação de fatores externos,

Figura 33 - Estresse.Fonte: https://santosbancarios.com.br/artigo/10-sintomas-fisicos-

-do-estresse.

Figura 34 - Alimentação inadequada.Fonte: https://revistanews.com.br/2018/05/07/alimentacao-inade-

quada-e-responsavel-por-cerca-de-20-dos-casos-de-cancer-no-pais/.

Figura 35 - Poluição.Fonte: https://www.noticiasaominuto.com/pais/1218256/poluentes-

-agravam-risco-cardiovascular-em-doentes-hipertensos.

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principalmente o sol (fotoenvelhecimento).Esse resultado engloba principalmente flacidez, discromias, rugosidades e desidratação. Pode-se desta-

car ainda que peles cronoenvelhecidas passam a ser mais finas, enquanto peles fotoenvelhecidas tornam-se espessas em razão do excessivo acúmulo de células mortas na epiderme.

No entanto, o afinamento da derme é muito mais intenso nas peles fotoenvelhecidas, visto que a radia-ção ultravioleta provoca danos para diferentes células da pele, inclusive os fibroblastos (células localizadas na derme) (MATOS, 2015).

2.5 Classificação de fotoenvelhecimento (Glogau)

2.6 Cosmetologia básica

Classificação de fotoenvelhecimento (Glogau):l I: sem queratoses, sem rugas, sem cicatrizes, pouca ou nenhuma maquiagem habitual e menos de 35 anos.l II: possuem queratoses incipientes, uma descoloração leve e amarelada da pele, rugas dinâmicas ini-

ciais, cicatrizes leves, necessitando de pouca maquiagem e com de 35 a 50 anos.l III: queratoses actínicas, descoloração amarelada óbvia com telangiectasias, rugas de repouso, cicatri-

zes visíveis, usando maquiagem sempre, de 50 a 65 anos.l IV: queratoses actínicas patentes, carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular, rugas gravitacio-

nais, dinâmicas e de repouso, cicatrizes de acne importantes, usa maquiagem que nem sempre cobre, e com mais de 65 anos (MIOT; MIOT, 2019).

No que se refere aos pacientes que possuem peles envelhecidas, o tratamento deve ser com cosméticos que atuam principalmente na regeneração da derme e da epiderme, e que podem, ainda, promover ações que atuarão efetivamente nas discromias e na flacidez cutânea.

Estas ações oriundas de ativos específicos podem estar presentes em produtos com variados sensoriais, visto que as empresas fabricantes de produtos cosméticos disponibilizam diferentes formas de apresenta-ção que devem ser escolhidas pelo consumidor de acordo com o tipo cutâneo (MATOS, 2015).

Prezados (as) cursistas, a cosmetologia é uma área das ciências farmacêuticas que realiza estudos e desenvolve os produtos cosméticos desde a sua preparação até a venda, além de ser uma disciplina que engloba a formulação, ação, aplicação e os efeitos dos cosméticos disponíveis no mercado para os pacien-tes/consumidores.

É necessário que saibamos que a cosmetologia não possui como objetivo precípuo a cura ou o tratamen-to de alguma enfermidade ou doença. Porque os produtos cosméticos não são exatamente um medicamen-to, os dermatocosméticos são produtos que, além do apelo de tratamento de beleza, melhoram a qualidade de vida das pessoas (CARVALHO, 2017).

Os dermatocosméticos são produtos para os cuidados e tratamentos com a pele e que penetram na camada superior da pele, mas não alcançam a derme e não são absorvidos pelos capilares sanguíneos, em uma definição menos rigorosa (CARVALHO, 2017).

Os produtos que penetram na camada dérmica e são absorvidos pelo sistema capilar recebem a clas-sificação de medicamentos ou produtos farmacêuticos, que estão sujeitos às exigências de segurança da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (ANVISA, 2019).

Os produtos cosméticos não pretendem ter uma ação sistêmica, ou seja, em todo o organismo, mas a maioria tem de apresentar uma maior penetração através das camadas que formam a epiderme (CARVA-

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LHO, 2018).No sentido mais estrito, produtos cosméticos são formulados para o embelezamento da pele e não de-

vem alegar qualquer tipo de ação semelhante à de um fármaco (CARVALHO, 2017).A Anvisa define medicamento como produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado, com finali-

dade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. No Brasil, a Anvisa define produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes como preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo, nas diversas partes do corpo humano, como na pele, no sistema capilar, nas unhas, nos lábios, órgãos genitais externos, dentes e nas membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado.

Além disso, a Anvisa classifica os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes em produtos grau 1 e grau 2. Os critérios para esta classificação foram definidos em função da probabilidade de ocorrência de efeitos não desejados, devido ao uso inadequado do produto, à sua formulação, finalidade de uso, às áreas do corpo a que se destinam e aos cuidados a serem observados quando de sua utilização.

Os produtos grau 1 são de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, cuja formulação cumpre com a de-finição adotada e se caracterizam por possuir propriedades básicas ou elementares. A comprovação destas não é inicialmente necessária e não requer informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso, em razão de suas características intrínsecas.

Os produtos grau 2 também são de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, cuja formulação cumpre com a definição adotada e possui indicações específicas, com características que exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso (ANVISA, 2019).

Os produtos cosméticos não podem ter indicação ou menções terapêuticas. A velocidade do desenvol-vimento da tecnologia cosmética deve continuar no sentido de aumentar e com a obtenção de resultados cada vez mais promissores e de difícil previsão.

Nesse sentido, a nanotecnologia é um exemplo: as principais empresas de cosméticos têm realizado grandes investimentos em pesquisa nessa área, que poderá ser a próxima “grande novidade” em cosméti-cos; no entanto, seu futuro ainda é incerto.

Embora haja uma proliferação de ingredientes de “alta tecnologia” e uma expansão de novas categorias de cosméticos, tais como os cosmecêuticos, isto está sendo complementado por um aumento simultâneo na compreensão científica dos produtos de origem botânica (CARVALHO, 2017).

Com o avanço das pesquisas, podemos identificar, com maior precisão, as substâncias químicas que compõem a mistura de substâncias em uma planta. Assim, substâncias naturais ou orgânicas, com alvos mais específicos e mais sofisticados, são incorporados aos produtos cosméticos (CARVALHO, 2018).

Os carotenoides, por exemplo, são reconhecidos por sua grande quantidade de substâncias químicas diferentes, cada uma com funções específicas. Pesquisadores e cosmetólogos também enfatizam o uso de flavonoides, peptídeos, polifenois e fitoestrógenos (CARVALHO, 2017).

Atualmente também têm sido realizadas a junção e a combinação de substâncias naturais com substân-cias obtidas por síntese química. Desta maneira, cria-se um conjunto maior de combinações de substâncias para compor a formulação. O resultado é que produtos formulados com substâncias naturais ou orgânicas representam um dos segmentos que mais cresce no mercado de cosméticos (CARVALHO, 2018).

O interesse do consumidor por cosméticos naturais e/ou orgânicos tem crescido muito, porém, existe uma confusa terminologia criada pelo marketing que normalmente tem crescido na mesma proporção. Estes produtos cosméticos, por vezes, são inseridos em categorias sem definição adequada e que não são regulamentadas, nas quais uma ampla disposição de diferentes termos é utilizada para apresentar os bene-fícios do produto.

Em muitos casos, algumas afirmações que estão descritas nos rótulos e nas embalagens parecem indicar que os consumidores devem procurar apenas produtos que sejam 100% naturais, se quiserem um cosméti-

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co puro ou algo de “melhor” qualidade.Na verdade, todos os “produtos naturais” contêm determinada quantidade de substâncias químicas que

foram obtidas por síntese química (CARVALHO, 2017).Alguns produtos informam que “não contém conservantes”, com um propósito comercial de se diferen-

ciarem dos demais produtos que contêm. Isso, porém, não é possível, pois o acréscimo de conservantes em cosméticos é obrigatório por lei, por prevenção e precaução para a segurança e saúde dos consumidores.

Informar que o dermatocosmético é “sem parabeno” não significa que o produto não tem conservantes, já que a fórmula poderá conter outras substâncias que atuem como conservantes e que não apresentem o mesmo e longo histórico de segurança dos parabenos (CARVALHO, 2018).

Desde o ano 2000 têm ocorrido mudanças significativas nas formulações cosméticas. Pesquisadores das áreas dermatológica e química avançaram em seus conhecimentos de fisiologia e dos componentes quími-cos da pele e como estes interagem com produtos químicos aplicados à pele na forma de cosméticos.

O conceito de cosmecêutica, atualmente, expandiu-se e tornou-se ainda mais sofisticado e eficaz. Produ-tos à base de material botânico (vegetais) voltaram a ser valorizados e a ter credibilidade à medida que as formulações se tornam cada vez mais sofisticadas em termos de tecnologia e resultados (CARVALHO, 2018).

Os antioxidantes são enfatizados como um meio de se evitar danos à pele e prevenir o envelhecimento. A nanotecnologia chega e ocupa lugar de destaque na pesquisa e no desenvolvimento, e o seu potencial in-tegral ainda é desconhecido. Não podemos prometer que haverá solução para todos os problemas da pele e nem mesmo prometer a “juventude eterna”.

No entanto, a indústria de cosméticos apresenta avanços contínuos em desenvolvimento de produtos e tecnologias que tem seu objetivo de melhorar a aparência e a saúde da pele, ao mesmo tempo que faz do “envelhecimento lento e suave” uma realidade agradável e possível.

Os produtos cosméticos e as substâncias químicas que os compõem são extremamente valiosos para a pele, pois têm o objetivo de trazer benefícios. Por isso você estudou muito como funciona a pele, para entender e poder avaliar com propriedade as ações positivas ou os problemas potenciais dos produtos cos-méticos e seus ingredientes, bem como por que um produto pode ou não penetrar nela, e quais cuidados podem requerer certos tipos e condições de pele.

Assim, é impossível uma discussão significativa sobre ingredientes sem correlacionar o desempenho do produto com a função da pele (CARVALHO, 2017).

2.7.1 Produtos cosméticos

Existem cerca de 69 milhões de produtos químicos individuais e/ou combinados utilizados atualmente. Este é o número publicado pela Sociedade de Produtos Químicos (CAS), que atribui os números únicos do Índice de Produtos Químicos (Chemical Abstract Numbers) usados para rastrear cada substância.

Além disso, todos os dias a CAS recebe solicitações de inclusão de cerca de 15.000 novas substâncias químicas. O fato de haver tantas substâncias químicas é preocupante, mas o mais alarmante é que menos de 1% delas passou por testes de segurança (MICHALUN; DINARDO, 2016).

De acordo com um dos maiores grupos de associações comerciais do mundo, o Conselho de Produtos para Cuidados Pessoais (Personal Care Product Council) dos Estados Unidos, antes conhecido como Asso-ciação de Cosméticos, Artigos de Perfumaria e Fragrâncias (Cosmetic, Toiletries and Fragrance Association – CTFA), existem cerca de 17.500 diferentes ingredientes e misturas de ingredientes que podem ser utilizados em produtos cosméticos (MICHALUN; DINARDO, 2016).

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2.7.2 Termos cosméticos atualizados

2.7.2.1 Cosméticos multifuncionais

2.7.2.2 Cosméticos naturais, orgânicos e sustentáveis

2.7.2.3 Fitocosméticos

2.7.2.4 Cosmecêuticos

Nos últimos anos surgiram vários termos na cosmetologia, como cosméticos multifuncionais, cosméticos orgânicos, cosméticos sustentáveis, fitocosméticos, cosmecêuticos, dermocosméticos, nanocosméticos, fo-nocosméticos, neurocosméticos e nutricosméticos.

Os cosméticos multifuncionais são aqueles que oferecem mais de uma função ao mesmo tempo. Existem diversos exemplos de produtos multifuncionais: o BB Cream, o CC Cream e o DD Cream.

Para reforçar a sua compreensão, vamos citar outros exemplos: l Um sabonete que apresenta como ações principais higienização, ação antisséptica, ação anti-inflama-

tória, hidratação cutânea, efeito queratolítico e ainda renovação celular pode ser considerado um produto multifuncional em razão de suas diferentes funções principais.l Outro exemplo pode ser um produto para estrias que, ao mesmo tempo em que possui substâncias

que visam tratar a pele estriada, contém substâncias que tentam apenas mascarar a presença das estrias por meio da uniformização do tom da pele.

Enfim, independentemente do produto cosmético, caso ele ofereça mais de uma função principal ao mesmo tempo, pode ser chamado de cosmético multifuncional (MATOS, 2015).

Um grande número de pessoas acredita que cosméticos naturais, cosméticos orgânicos e cosméticos sustentáveis são apenas formas diferentes de se referir a um mesmo produto. No entanto, estão bastante equivocadas.

O cosmético natural é aquele que contém no mínimo 5% de matérias-primas orgânicas certificadas (100% natural), enquanto o cosmético orgânico é aquele que contém 95% de matérias-primas certificadas orgânicas (100%).

O restante dessas porcentagens pode ser água, outras matérias-primas permitidas para cosméticos na-turais ou matérias-primas naturais não certificadas.

Em contrapartida, o cosmético sustentável é aquele que possui embalagens biodegradáveis e/ou reci-cladas, além de conter matérias-primas que não provocam danos ao meio ambiente. Um cosmético só é considerado sustentável se for ambiental, econômico e socialmente correto e viável.

De acordo com a literatura, existem registros arqueológicos de mais de cinco mil anos que citam o uso de plantas para fins de embelezamento, no entanto, o termo fitocosmético começou a ser utilizado apenas no início do século XXI.

Esse termo indica o cosmético cuja ação é baseada na ação das plantas. Os ativos de plantas geralmente utilizados são os óleos, as manteigas e os extratos vegetais (MATOS, 2015).

Esse termo foi usado pela primeira vez por Albert Kligman (1916-2010), um dermatologista americano, para descrever um produto cosmético com funções terapêuticas na pele (CARVALHO, 2017).

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2.7.2.5 Dermocosméticos

2.7.2.6 Nanocosméticos

2.7.2.7 Fonocosméticos

O termo dermocosmético deve ser atribuído aos produtos que atuam além da epiderme. Esses produtos também possuem indicações específicas, tendo sido desenvolvidos a partir de estudos científicos e clínicos.

Outro aspecto a ser destacado quanto aos dermocosméticos é que, de modo geral, são produtos hipoa-lergênicos, e não comedogênicos (MATOS, 2015).

O prefixo nano em nanocosméticos indica que esses produtos foram desenvolvidos com substâncias que apresentam partículas com tamanho molecular reduzido. De forma mais específica, essas partículas apre-sentam-se em escala manométrica e, para que um cosmético seja considerado nanocosmético, deve conter estruturas organizadas e menores que 999 nm.

Tendo em vista a importância de que você, cursista, tenha noção da dimensão da escala nanométrica, é es-sencial saber que o nanômetro (nm) é a bilionésima parte do metro (m), como representado na relação abaixo.

1 nm = 1 X 10-9 m (relação da escala nanométrica).

A grande vantagem dos nanocosméticos é a melhor permeabilidade desses produtos em decorrência do tamanho reduzido de suas partículas. Desta forma, aumenta-se a probabilidade da eficácia de determinada substância ativa no local desejado para sua atuação (MATOS, 2015).

Os fonocosméticos são produtos cuja ação é oriunda do movimento celular provocado por ondas ul-trassônicas. Estas ondas são liberadas por princípios ativos presentes na composição química dos produtos cosméticos depois que esses são aplicados sobre a pele e estimulados.

A movimentação celular apenas é possível em virtude da existência do movimento browniano, movimen-to aleatório de partículas macroscópicas em um fluido. Este movimento aleatório é oriundo dos choques das partículas do fluido com as partículas macroscópicas.

Essa movimentação é capaz de promover a migração celular para as regiões estimuladas e resultar na melhora do aspecto da pele por meio do preenchimento cutâneo. O ativo mais comum nos fonocosméticos é o pó de opala, sendo conhecido como Opala Powder® (MATOS, 2015).

São os produtos que realizam alterações das funções da pele humana e, destarte, promovem diversos benefícios por meio de uma leve ação medicamentosa, como se fosse um fármaco, que já está comprovada por estudos científicos. É importante destacar que os cosmecêuticos não são medicamentos, pois não mo-dificam a fisiologia da pele (MATOS, 2015).

Os produtos cosmecêuticos se assemelham muito às caractéristicas e à atuação de um medicamento e podem, por isso, exigir prescrição médica. Albert Kligman, dermatologista norte-americano, foi o responsá-vel pela criação desse termo na década de 1980 (MICHALUN; DINARDO, 2016).

Ele considerou importante nomear os produtos que não agiam simplesmente na epiderme e que, além disso, possuíam substâncias bioativas capazes de alterar diversas funções da pele. Portanto, os cosmecêuti-cos possuem comprovações clínicas e indicações específicas (MATOS, 2015).

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2.7.2.8 Neurocosméticos

2.7.2.9 Nutricosméticos

Os neurocosméticos são capazes de estimular as terminações nervosas da pele e enviar ao hipotálamo sensações de bem-estar e prazer. Consequentemente, ocorre a liberação de substâncias que melhoram o as-pecto da pele e estimulam a síntese proteica. Portanto, são cosméticos que atuam no sistema nervoso central.

Os ativos presentes nesses cosméticos geralmente são fitoendorfinas ou substâncias que estimulam a liberação de endorfinas. Os ativos neurocosméticos mais utilizados são as fitoendorfinas (endorfinas extraí-das de plantas), o Endorphin® e o Neuroxyl®. No entanto, existem outros como Happybelle-PE, Enteline 2 e Calmosesine (MATOS, 2015).

São suplementos nutricionais compostos de aminoácidos, proteínas, vitaminas e/ou ativos botânicos (ex-traídos de plantas) antioxidantes. Em decorrência de sua composição, os nutricosméticos podem auxiliar a retardar o envelhecimento cutâneo, na melhora de firmeza cutânea e do aspecto irregular provocado pela celulite, na proteção solar, na prevenção de queda capilar e na saúde em geral dos cabelos e unhas.

Dessa forma, por apresentarem diversos nutrientes que trazem benefícios à pele, que são semelhantes aos que podem ser oferecidos pelos produtos cosméticos, receberam a nomenclatura de nutricosméticos. Esses benefícios (aumento da síntese de colágeno, aumento da síntese de glicosaminoglicanas, reposição de silício orgânico, clareamento da pele e fortificação de unhas e cabelos) dos nutricosméticos podem estar associados a efeitos metabólicos ou fisiológicos, pois os nutrientes atuam na manutenção do organismo. Isso fez com que a Anvisa enquadrasse os nutricosméticos na categoria de alimentos funcionais.

Portanto, apesar de ser utilizada essa nomenclatura, os nutricosméticos não são cosméticos, mas alimen-tos funcionais que se apresentam em forma farmacêutica encapsulados. Além disso, é importante ressaltar que os médicos são os profissionais responsáveis pela indicação de um nutricosmético, e o farmacêutico é responsável pela orientação do uso correto, embora esse produto possa ser adquirido geralmente sem recei-tas médicas (MATOS, 2015).

Existem três questões fundamentais que devem ser levadas em conta em relação a ingredientes e misturas cosméticas:

1. Os ingredientes podem ser multifuncionais. 2. Ingredientes combinados podem funcionar em sinergia, de modo que um potencialize o efeito do outro. 3. A ordem em que os ingredientes cosméticos são indicados no rótulo.

A maioria dos ingredientes pode ser multifuncional, por exemplo: o ácido salicílico normalmente é usado em produtos para acne que não exigem receita, mas também é considerado um conservante eficaz, uma so-lução-tampão de pH e um ingrediente antienvelhecimento, porque é um BHA e, portanto, capaz de reverter os sinais de envelhecimento prematuro.

O ácido láctico, um alfa-hidroxiácido (AHA), é um agente esfoliante, mas também pode normalizar a es-trutura epidérmica e estimular a produção de ácido hialurônico, colágeno e elastina. Ao avaliar um produto, é importante entender o que se espera de um ingrediente no produto, isto é, se age primariamente como conservante, como elemento antienvelhecimento, solvente, entre outros.

Combinar ingredientes com funções específicas também é uma dimensão dos ingredientes cosméticos. Por exemplo, o ácido salicílico pode ser um agente antiacne mais eficaz quando combinado ao ácido glicólico; produtos à base de vitamina A (Retinol) podem oferecer melhores resultados quando formulados com um AHA, como ácido glicólico ou ácido láctico (MICHALUN; DiNARDO, 2016).

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VOCABULÁRIO O câncer de pele pode ser evitado e a detecção precoce é possível se você souber

o que procurar. Esteja atento a essas informações ao atender os pacientes/clientes: l Qualquer lesão incomum na pele ou no couro cabeludo ou mudança de uma

lesão já existente ou presença de saliência cutânea. l Melanomas. Esses são encontrados às vezes no couro cabeludo e são frequentemente

detectados pela primeira vez por profissionais da área da estética e beleza!l Uma nova lesão ou descoloração na pele ou no couro cabeludo. l O cliente reclama de feridas que não cicatrizam ou sangramento inesperado da pele. l Áreas de escamação recorrente que podem ser ásperas ao toque, especialmente em áreas

expostas ao sol, tais como a face, os braços e as mãos. Se você notar qualquer uma dessas condições, recomende que seu cliente consulte um médico.

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https://cosmeticsinfo.org/product/skin-care-products-creams-lotions-powders-and-sprays

www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/envelhecimento/4/

FIQUE ATENTOAlém dos tipos cutâneos baseados na classificação, segundo o teor de óleo

produzido pelas glândulas sebáceas, existem também os chamados subtipos cutâneos. Os subtipos são definidos de acordo com características específicas que podem acompanhar os tipos cutâneos. Os principais subtipos são a pele sensível, a pele desidratada, a pele envelhecida e a pele acneica .

DICAS Mancha ou Mácula! A mancha ou mácula é uma alteração de cor da pele sem relevo ou depressão. Compreende a mancha vásculo-sanguínea, por vasodilatação ou constrição ou pelo extravasamento de hemácias, e as manchas pigmentares, pelo aumento ou pela diminuição de melanina ou por depósitos de outros pigmentos na derme. Quando o pigmento é depositado sobre a pele, constitui uma mancha artificial.

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FIQUE ATENTOO profissional em imagem pessoal e estética deve orientar o cliente quanto

aos cuidados domiciliares básicos com a pele, para a prevenção do envelhecimento natural e alterações da pele. No caso de fotoenvelhecimento (processo de envelhecimento ocasionado pela exposição solar), o profissional deve orientar quanto ao uso diário de fotoproteção, que é a melhor forma de prevenção contra o envelhecimento precoce e o surgimento de câncer de pele, e sugerir fotoprotetores adequados ao seu tipo de pele.

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Fotótipos cutâneos

UNIDADE III

O sol e a sua luz ultravioleta (UV) têm o maior impacto de todos os fatores extrínsecos sobre como a pele en-velhece. Aproximadamente 80% a 85% dos sintomas de envelhecimento da pele são causados pelos raios solares.

À medida que envelhecemos, as fibras de colágeno e elastina da pele enfraquecem naturalmente. Esse enfraquecimento acontece em uma taxa muito mais rápida quando a pele é frequentemente exposta à luz ultravioleta sem proteção adequada. Raios UVA, também conhecidos como raios de envelhecimento, são profundamente penetrantes e podem até passar por uma janela de vidro.

Esses raios degradam o colágeno e as fibras de elastina, além de causarem rugas e provocarem a flacidez dos tecidos do organismo. Os raios ultravioleta do tipo B (UVB), também conhecidos como raios que provo-cam queimaduras solares, são utilizados para o bronzeamento da pele e, na maioria dos cânceres de pele, são os raios mais curtos que penetram até a base da epiderme (HALAL, 2018).

Figura 36 - Fotótipos cutâneo.Fonte: http://versatillaser.com.br/fototipos-cutaneos-e-risco-de-cancer-quer-saber-em-qual-se-encaixa-faca-o-teste/.

3.1 Fotótipos (Fitzpatrick)

Há vários sistemas que classificam o tipo e a natureza da pele baseados em como a pessoa reage ao sol ou à luz ultravioleta. Um sistema comumente utilizado foi desenvolvido pelo Dr. Thomas Fitzpatrick, em 1975, uma escala que classifica seis diferentes tipos de pele, com a utilização de algarismos romanos de I a VI.

Conforme podemos observar, a Tabela 4 foi adaptada com uma divisão das maneiras de como a pessoa se “queima” e/ou “bronzeia” após a exposição ao sol.

A variação biológica entre as pessoas é comum, e estereótipos de como as pessoas reagem a qualquer coisa, com base na pele, nos cabelos ou na cor dos olhos, podem ser um grande erro (MICHALUN; DINARDO, 2016).

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Características

Aparência/características gerais Reação à exposição a raios UV e possíveis riscos do tratamento a laser

I Muito clara; cabelos loiros ou ruivos; olhos claros; comumente com sardas.

Sempre queima, nunca bronzeia.Alto risco de câncer de pele, danos vasculares.

II Pele clara; olhos claros; cabelo claro. Queima facilmente; bronzeia com dificuldade. Alto risco de câncer de pele, danos vasculares.

III Tipo de pele clara muito comum; clara; a cor dos olhos e do cabelo varia.

Às vezes queima, bronzeia gradualmente. Risco de hiper/hipopigmentação. Risco moderado de câncer de pele e danos vasculares.

IVPele caucasiana mediterrânea; cabelo castanho-escuro; pigmentação média a intensa.

Raramente queima, bronzeia com facilidade. Alto risco de hiper/hipopigmentação. Alto risco de cicatrizes aparentes. Risco moderado de danos vasculares.

VTipo de pele do Oriente Médio; cabelo escuro e preto; olhos castanhos; raramente sensível ao sol.

A pele escurece; pode nunca queimar. Risco de hiper/hipopigmentação. Alto risco de cicatrizes visíveis decorrentes de tratamentos e traumas. Risco moderado de danos vasculares. Menor risco de problemas de pigmentação causados pelo sol e envelhecimento actínico (pela exposição ao sol).

VI Pele negra, olhos castanhos; raramente sensível ao sol.

Bronzeia facilmente; pode nunca queimar. Risco muito alto de hiper/hipopigmentação. Risco muito alto de cicatrizes visíveis decorrentes de tratamentos e traumas. Risco moderado de danos vasculares.Menor risco de problemas de pigmentação causados pelo sol e envelhecimento actínico.

Tabela 4 - Escala de classificação modificada/adaptada de acordo com a classificação de Fitzpatrick.

Todavia, quando se pergunta como elas reagem à exposição ao sol, com a utilização das características desta escala, é possível ter uma ideia do grau de sensibilidade de uma pessoa ao sol. Podemos afirmar que aproximandamente 90% do processo de envelhecimento prematuro se deve à exposição ao sol. Portanto é essencial avaliar quanto alguém é suscetível aos efeitos causados pela exposição ao sol para prevenir e/ou tratar corretamente o envelhecimento precoce (MICHALUN; DINARDO, 2016).

Embasados nesses conheceimentos é necessário que seja realizada a caracterização da pele quanto à sua reação à exposição aos raios ultravioleta. Devemos saber que estes fotótipos não estão relacionados com raça e são proporcionais à resistência à foto-oncogênese e à maturidade dos melanossomas dentro dos queratinócitos e dos tipos de cabelos (MIOT; MIOT, 2019).

Segundo a classificação de Fitzpatrick, os fotóticos são divididos em: l I: sempre queima, nunca bronzeia: ruivo l II: geralmente queima, bronzeia pouco: loiro l III: queima pouco, bronzeia mais: castanho-claro l IV: queima raramente, bronzeia sempre: castanho-escuro l V: nunca queima, bronzeia sempre: mulato l VI: nunca queima, sempre bronzeia: negro (MIOT; MIOT, 2019).

Fonte: Adaptado de Michalun e DINardo (2016).

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3.2 Classificação de Obagi

3.4 Tratamentos contra os danos do envelhecimento causado pelo sol

3.3 Prevenção de danos do envelhecimento pelo sol

Criado pela renomada médica dermatologista Zein Obagi, a classificação de Obagi é considerada, por di-versos pesquisadores, como o mais abrangente mecanismo de classificação da pele. Essa classificação inclui cor, espessura, firmeza, fragilidade e condição da pele. Nessa classificação, a cor da pele tem uma aborda-gem diferente da usada por Fitzpatrick, sendo mais simplificada e de mais fácil identificação.

A espessura trata das diferentes espessuras da pele em todo corpo e de que forma elas afetam o trata-mento. O conceito de firmeza da pele é diferente de espessura, e essa classificação relaciona-se com a ida-de. Por outro lado, a fragilidade da pele se refere à sua capacidade de suportar lesões e, por fim, a condição da pele é importante, especialmente quando se analisa o seu bronzeamento (HILL; OWENS, 2017).

Além de medidas para evitar a radiação solar, como atenção a horários de exposição, roupas adequadas, uso de óculos de sol e instalação de película de proteção solar (insulfilm) nos vidros de carros, recomenda-se utilizar (MIOT; MIOT, 2019): l Filtro solar UVA/UVB, FPS 30: aplicar a cada duas a três horas, nos horários de sol l Tretinoína 0,05% creme: aplicar na face ao deitar, ou l Tretinoína 0,1% microesferas ou creme: aplicar na face ao deitar a cada dois dias, ou l Adapaleno 0,3% gel: aplicar na face ao deitar, ou l Tazaroteno 0,05% creme (não disponível no Brasil) na face, ao deitar, três a sete vezes por semana, ou l Isotretinoína 10 a 20 mg VO, às refeições, três vezes por semana, por três a seis meses, ou l Ácido glicólico 5 a 10% gel: aplicar na face ao deitar, ou l Adenina 0,1% e VC-PMG 3% gel ou creme: aplicar na face duas vezes ao dia, ou

Aqui estão alguns fatos para transmitir aos seus clientes para ensiná-los sobre a segurança do sol e pre-venção de danos do envelhecimento pelo sol: l A principal forma para prevenir o envelhecimento prematuro da pele é evitar a exposição deliberada e

exagerada ao sol, além da utilização, diariamente, de um protetor solar de amplo espectro que filtre os raios UVA e UVB e tenha um Fator de Proteção Solar (FPS) de, pelo menos, 15. l Evitar a exposição prolongada ao sol durante as horas de pico quando a exposição UV é maior. Isso

acontece normalmente entre 10h e 15h.l O protetor solar deve ser aplicado pelo menos 30 minutos antes da exposição ao sol para dar tempo

para a absorção. Muitas pessoas cometem o erro de aplicar protetor solar depois de estarem expostas ao calor e ao sol por 30 minutos ou mais. A pele já inflamada está mais propensa a reagir aos produtos químicos de proteção solar quando ele é aplicado após a exposição ao sol.l Aplicar protetor solar generosamente depois de nadar e após atividades físicas que resultam em trans-

piração excessiva. Se a pele for exposta a horas de sol, por exemplo, durante uma viagem de barco ou um dia na praia, o protetor solar deve ser aplicado periodicamente ao longo do dia como precaução.l Evitar expor as crianças menores de seis meses de idade ao sol.l Pessoas que possuem propensão a queimaduras frequentes devem simplesmente usar chapéus e rou-

pas protetoras efetivamente, ser participar de atividades ao ar livre, além de usar protetor solar e os ruivos e louros de olhos azuis são particularmente suscetíveis aos danos causados pelo sol (HALAL, 2018).

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l Madecassoside® creme: uma a duas vezes ao dia, ou l Vitamina C na face: duas vezes ao dia, ou l Furfuril-adenina 0,1% creme: duas vezes ao dia, ou l Kinetin L® 10% em gel-creme: duas vezes ao dia, ou l Kinetin L® 10% e Argireline® 10% gel-creme: duas vezes ao dia, ou l Composições com retinol ou retinaldeído: uma ou duas vezes ao dia (MIOT; MIOT, 2019).l Firmadores: - Dimetilaminoetanol 3 a 5%, ou - Argireline® 10%; ou - Tensine® 3%; ou - Raffermine® 3%.l Peelings químicos: - Peelings seriados de tretinoína 5 a 8%, ou - Peelings seriados de ácido glicólico 50 a 70% (precisa neutralizar), ou - Peelings seriados de ácido tricloroacético 15 a 30%.l Laser não ablativo (Nd-Yag 1064), ou l Luz pulsada seriada l Vitamina C 250 mg, vitamina E 200 mg e isoflavona 40 mg Via Oral, duas vezes ao dia l Lasers e luz intensa pulsada fracionados l Peeling de fenol, em casos exuberantes e mais graves (MIOT; MIOT, 2019).

3.5 Cosmetologia intermediária

3.5.1 Aspectos regulatórios atuais em cosmetologia no Brasil

No Brasil, o controle sobre a fabricação e importação de cosméticos está sob responsabilidade do Mi-nistério da Saúde, e este controle ocorre por atuação da Anvisa e de outros órgãos da saúde, que elaboram e publicam várias legislações para a cosmetologia, dentre as quais podemos destacar (CARVALHO, 2017):

- Portaria nº 348 de 18/08/1997 do Ministério da Saúde: institui o Manual de Boas Práticas de Fabri-cação e o Roteiro de Inspeção para as Indústrias de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes.

Resoluções de Diretoria Colegiada da Anvisa (RDC)

- Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 211/2005: define e a classifica de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.

- RDC nº 4 de 30/01/2014: dispõe sobre os requisitos técnicos para a regularização de produtos de higie-ne pessoal, cosméticos e perfumes e dá outras providências.

- RDC nº 481 de 23/09/1999: estabelece os Parâmetros de Controle Microbiológico para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes.

- RDC nº 29 de 01/06/2012: aprova o regulamento técnico sobre a Lista de Substâncias de Ação Conser-vante permitida para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.

No que se refere à segurança na produção de produtos cosméticos no Brasil, para evitar qualquer tipo de intoxicação e reações advresas, a Anvisa também confeccionou e publicou o guia de controle de qualidade de produtos cosméticos (CARVALHO, 2017).

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3.5.2 Classe de formulações de dermatocosméticos

Os dermocosméticos abrangem um extenso grupo de classes de produtos, como: ácidos graxos, águas termais, antiglicantes, antioxidantes, células-tronco, controladores de oleosidade, cosmecêuticos botânicos, queratolíticos, enzimas cosmecêuticas, fatores de crescimento, filtros solares, hidratantes, hidroxiácidos, higienizantes e normalizadores de pH, microabrasivos, miotensores e miorelaxantes, nanocosmecêuticos, peptídeos, retinoides, vitaminas e volumizadores.

A obtenção dessas formas cosméticas é oriunda da mistura de uma série de substâncias químicas utili-zadas como matérias-primas para a produção e composição de um produto cosmético. Essas substâncias chamadas de matérias-primas apresentam funções definidas na composição da formulação e influenciam não apenas a ação do cosmético, mas também o seu aspecto final.

Portanto, para se compreender as formas cosméticas presentes no mercado, é importante que o profis-sional em imagem pessoal/estética tenha noção dos componentes responsáveis por essas formas e conheça os detalhes de suas características quanto ao toque final proporcionado ao local de aplicação, assim como sua influência na permeabilidade cutânea.

Os principais componentes dos cosméticos são constituídos por diferentes matérias-primas, apresen-tando, cada uma delas, função específica na formulação. Diante dessa variedade de substâncias químicas e funções muitas vezes semelhantes, os componentes químicos utilizados em cosméticos podem ser organi-zados em grupos gerais. A organização mais específica é a que divide as matérias-primas em ativos, aditivos, produtos de correção (ou ajustamento) e veículos (ou excipientes) (MATOS, 2015).

Assim, diante da grande quantidade e diversidade de produtos dermatocosméticos, não é possível que consigamos esgotar e/ou abranger as ações específicas de cada um destes produtos neste livro. Torna-se necessário que sejam consultadas literaturas específicas para atingir esse objetivo de conhecimento para o cursista interessado no assunto.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEMEste é um momento para podermos exercitar os conhecimentos que você adquiriu

na Unidade III deste curso!!! Pesquise sobre os temas e responda em seu caderno. Lembre-se que escrever

sobre os temas estudados sempre aumenta a fixação dos conteúdos necessários para a formação adequada. Sob a orientação de seu professor ou professora, realize essas e outras atividades solicitadas:

É necessário que um laboratório de produção e manipulação de cosméticos tenha práticas de uso corretas, com o objetivo de que os produtos cosméticos possuam alta qualidade de eficiência. A Anvisa publicou o Guia de controle de qualidade de produtos cosméticos e Legislação sobre Cosméticos. Consulte em:

1. Guia para controle de qualidade de produtos cosméticos: Disponível em:

2. Legislação sobre Cosméticos: A Anvisa também publicou Legislação de cosméticos. Disponível em:

Acesso em: 11 fev. 2019.

Acesso em: 11 fev. 2019.

PESQUISE

http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/material/guia_cosmetico.pdf

http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/legis/especifica_registro.htm

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SAIBA MAIS IMPORTANTE

Uma combinação entre o ácido alfalipólico, a vitamina C éster, DMAE e o ácido glicólico é uma das fórmulas muito usadas para combater o envelhecimento

precoce. As vitaminas A e E (solúveis em gordura) protegem a estrutura de fosfolipídios da membrana celular. A vitamina C (solúvel em água) protege o interior das células e o DNA.

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Pigmentação imediata e tardia

UNIDADE IV

Prezados cursistas, a variação na cor da pele é o mais perceptível dos polimorfismos humanos. Como ma-míferos visualmente dominantes, notamos prontamente diferenças na cor de pele em si. Como primatas que utilizam exclusivamente a linguagem para criar categorias, prontamente damos nomes a essas diferenças.

Desde o início do século XVIII, a cor da pele tem sido o traço físico mais importante utilizado para definir diferentes grupos humanos, que incluiu diversas variedades, raças, subespécies e espécies.

O famigerado cientista Charles Darwin, durante a viagem do HMS Beagle (1831-1836), observou variação na cor da pele humana, mas rejeitou a noção de que diferenças físicas, como a cor da pele, constituíam a base para distinguir distintas espécies hominoideas (DARWIN, 1871).

Sua aversão à separação de seres humanos em espécies discretas também foi motivada por sua veemen-te aversão à escravidão, que em sua vida foi defendida e promovida com base na superioridade e inferiori-dade de espécies humanas supostamente distintas (ROSSETTI, 2017).

Nesse sentido, precisamos compreender o que é e como ocorre a pigmentação. A produção da substân-cia chamada melanina é um processo que ocorre normalmente em razão da atividade de células da pele, que dá origem à sua cor ou pigmentação. A melanina é produzida e armazenada em organelas citoplasmáti-cas chamadas melanossomos, que se encontram nos melanócitos na camada basal da epiderme. É liberada na pele por um processo químico que permite que os melanossomos passem para os queratinócitos, ou células cutâneas.

Ao atingir o queratinócito, o melanossomo perde sua membrana e libera a melanina, conferindo uma cor natural para a pele. A produção de melanina é uma reação bioquímica muito complexa, estimulada pela proteína tirosina, que por sua vez é ativada pela tirosinase em uma reação oxidativa em cadeia (MICHALUN; DINARDO, 2016).

Desse modo, a exposição à luz ultravioleta (UV) e o consequente aumento na velocidade no processo

Figura 37 - Variação da tonalidade da pele.Fonte: https://www.lucianapepino.com.br/blog/beleza/cor-da-pele/.

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oxidativo aumentam a produção de melanina. Esta reação também pode ser controlada por hormônios, o que explica por que o melasma surge na gravidez e pode estar associado ao uso de contraceptivos. Além disso, acredita-se que a menopausa e períodos prolongados de estresse intenso também possam causar melasma em indivíduos suscetíveis.

A hiperpigmentação é consequência da distri-buição irregular de melanina sobre a superfície da pele, seja em razão do acúmulo de pigmentos, como no caso das manchas senis ou do lentigo, seja pela produção/absorção irregular de melanina pelos me-lanócitos, como ocorre no melasma.

O índice de síntese de melanina varia de uma pessoa para outra e de uma etnia para outra, sendo maior em indivíduos de pele mais escura. A melanina age como um filtro, protegendo a pele e o corpo contra os efeitos nocivos da radiação do sol. Portanto, o bronzeado é a resposta protetora do organismo contra os danos internos da pele causados pela exposição excessiva ao sol.

Irritações da superfície da pele, causadas por substâncias irritantes ou reações alérgicas, também podem desencadear a intensificação na síntese de melanina, aumentando a quantidade de pigmentos na pele (co-nhecida como hiperpigmentação pós-inflamatória – observe a Figura 8) ou sua diminuição (hipopigmenta-ção pós-inflamatória).

Além disso, manchas escuras em pele levemente pigmentada, ou claras, em pele intensamente pig-mentada, também podem ser resultado de irritações na superfície da pele causadas por acne (MICHALUN; DINARDO, 2016).

O melhor tratamento para a pigmentação baseia-se em agentes clareadores e ingredientes que podem ajudar a regular a atividade dos melanócitos. Os agentes clareadores, botânicos ou sintéticos podem incluir todos os cítricos, idebenona, ácido kójico, tília e milefólio.

Em alguns países, a hidroquinona, um agente de clareamento muito eficaz, foi removida da categoria dos ingredientes cosméticos por ter efeitos potencialmente danosos para melanócitos. Alguns agentes cla-readores só devem ser aplicados na pele no período noturno, pois tendem a reagir com a luz solar e, assim, agravar ainda mais o problema cutâneo (AZULAY, 2017).

Outros ingredientes que podem minimizar a produção de melanina são: arbutin (derivado da hidroqui-nona e proibido em muitos países), niacinamida, gentisato de metila e antioxidantes que podem inibir as reações oxidativas necessárias para produzir pigmentos no melanócito. Entre estes ingredientes estão ide-benona, superóxido dismutase, ácido alfalipoico, chá verde e vitaminas E e C.

Além disso, ingredientes anti-inflamatórios e calmantes, por exemplo, alcaçuz ou bisabolol, são essen-ciais para reduzir o potencial de irritação da pele e podem também estimular a produção de melanina ((MI-CHALUN; DINARDO, 2016).

Ingredientes como ácido glicólico ou láctico e/ou ácido salicílico podem ajudar a eliminar os pigmentos da pele por esfoliação (AZULAY, 2017). Hiperpigmentação é um dos problemas de pele mais difíceis de tratar e, independente da causa, durante o dia é essencial utilizar sempre filtro solar de amplo espectro, com FPS e UVA elevados o tempo todo, não importando se o dia está ensolarado ou nublado, se é verão ou inverno (RIVITTI, 2018).

Deve-se evitar a exposição direta ao sol no verão, já que a luz UV aumenta o processo de oxidação res-ponsável pela pigmentação. Evidentemente deve-se evitar o bronzeamento artificial. A não utilização de protetor solar pode anular qualquer resultado do tratamento (RIVITTI, 2018).

Figura 38 - Hiperpigmentação pós-inflamatória iniciada com manchas planas de descoloração.

Fonte: SBD (2019).

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4.1 Pigmentação imediata

4.2 Pigmentação tardia

4.3 Tópicos em cosmetologia

4.3.1 Penetração cutânea dos produtos e ingredientes (substâncias/princípios ativos)

O bronzeamento pigmentar imediato ou fenômeno de Meirowsky inicia-se após alguns minutos da ex-posição solar, atingindo o máximo durante a exposição e desaparecendo gradualmente nas horas subse-quentes. Pode ser reconhecida uma discreta hiperpigmentação em até 24 horas após a exposição. É mais evidente em indivíduos morenos ou pardos. O espectro responsável é a radiação UVA e a luz visível, particu-larmente até 450 nanomêtros (nm).

A pigmentação solar imediata é devido à foto-oxidação da melanina pré-formada e à transferência de melanina dos melanócitos para os queratinócitos. Após a exposição às radiações UV, observa-se que os me-lanócitos dispõem-se agrupados em posição supranuclear na camada basal, com a finalidade de proteger o núcleo e, portanto, o DNA, das mutações induzidas pelas radiações UV (RIVITTI, 2018).

O escurecimento da pele pode ser notado a partir do terceiro dia. Decorre de um aumento da produção de melanina, encontrando-se aumento em número, tamanho e atividade dos melanócitos. Diversos estudos experimentais demonstram que a ativação do gene supressor tumoral, chamado p53 pelo dano ao DNA, estimula a produção de pró-opiomelanocortina, que gera, por fragamentação, alguns produtos. Entre estes, está o hormônio melanoestimulante alfa (α), que se liga ao receptor 1 da melanocortina e estimula a síntese de melanina que pigmenta a pele.

Portanto, a capacidade de adquirir a pigmentação é racial, genética e maior na cútis escura. O desapa-recimento da pigmentação tardia pode ocorrer em meses ou anos conforme características individuais. A ocorrência da pigmentação tardia depende principalmente do UVB, mas tem a participação do UVA e do espectro da luz visível (até 500 nm) (RIVITTI, 2018).

Profilaxia A profilaxia da pigmentação pode ser feita com modernos fotoprotetores de amplo espectro com subs-

tâncias orgânicas e inorgânicas que absorvam a luz UVA, além da UVB. A queimadura solar e a pigmentação dependem do tempo de exposição e do tipo de pele (RIVITTI, 2018).

Mesmo que a pele funcione como barreira contra o meio externo, ela é permeável, ou seja, apresenta a capacidade de deixar passar substâncias através da sua superfície, pelas vias de penetração cutânea (CRF-PR, 2019).

A penetração do produto dermatocosmético e das substâncias que o compõem, chamadas de ingredien-tes, é um assunto complicado quando se trata de cuidados com a pele, porque muitas empresas não testam se um produto penetra ou não na pele, ou até que profundidade pode penetrar. Algumas indústrias fazem testes clínicos com um produto e, com base nos resultados, determinam o grau de penetração do dermatocosmético.

Como exemplo, podemos citar: caso se faça uma biópsia da pele antes e depois do uso do produto por um período de tempo e se observe aumento na deposição de colágeno, pode-se concluir que o produto penetra até os fibroblastos na derme e estimula a produção de colágeno.

Infelizmente, os estudos de penetração na pele são muito caros, normalmente realizados por empresas

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farmacêuticas que avaliam a absorção, distribuição, o metabolismo e a excreção (ADME) de um fármaco (MI-CHALUN; DINARDO, 2016).

Para que um ativo cosmético exerça seu efeito na pele é necessário que sua molécula ultrapasse a barreira do estrato córneo e atinja seu local de ação (CRF-PR, 2018).

A permeabilidade celular seletiva é a propriedade que as células têm de deixar passar certas substâncias para o seu interior, de acordo com as naturezas fisiológicas e físico-químicas das moléculas, conforme as ne-cessidades da célula (KAMIZATO; BRITO, 2014).

Se o ativo não for capaz de permear através do estrato córneo, o produto não desempenhará sua ação efetiva. Um ponto importante é que os ativos cosméticos devem penetrar até as camadas mais profundas da pele, principalmente da epiderme, para exercer sua ação, porém, não devem ser absorvidos pelo organismo, de modo a evitar um efeito sistêmico indesejado (CRF-PR, 2018).

Independente da complexidade dos estudos de ADME, há uma série de fatores que podem promover ou inibir a penetração do ingrediente na pele, e ela age como uma peneira ou tela, permitindo que pequenas moléculas passem livremente. Mas, em geral, impede a passagem de substâncias que possuem moléculas maiores (MICHALUN; DINARDO, 2016).

De acordo com vários pesquisadores, uma substância com massa molecular inferior a 1.000g/mol pode pe-netrar na pele e, para entrar na célula, ela deve ser ainda menor, com aproximadamente 400 g/mol de massa molecular (PINTO; KANEKO; PINTO, 2015).

Substâncias abaixo de 100 g/mol podem entrar na corrente sanguínea e, para informar uma noção melhor do que é a massa molecular, e com um exemplo referencial simples, a água tem massa molecular de 18 g/mol, e o ácido hialurônico pode variar de 5.000 g/mol a 20.000 g/mol (MICHALUN; DINARDO, 2016).

A permeação através da pele intacta é muito difícil para moléculas maiores do que 200-350 g/mol, sendo que o tamanho máximo considerado é 400 g/mol. A maioria das publicações de pesquisas estima que os poros hidrofílicos têm um diâmetro médio de 0,4 nm e 36 nm. Como a maioria das moléculas de permeação passiva atravessa a pele por estes microcanais intercelulares, diferentes técnicas têm sido propostas para melhorar essa via e mudar a arquitetura molecular representada pelos corneócitos e pelas muitas camadas lipídicas intercelulares (CARVALHO, 2018).

Além da massa ou do tamanho molecular, existem muitos outros fatores que determinam e afetam a penetração dos ingredientes, dentre estes, a solubilidade em água ou óleo e a carga da molécula (isto é, a polaridade).

O fato de determinada molécula ser incorporada na fórmula de um dermatocosmético com muitos outros ingredientes só complica a questão, pois um ingrediente pode ligar-se a outros na fórmula, tornando-se maior (PINTO; KANEKO; PINTO, 2015).

É por isso que conduzir um estudo clínico e observar quais mudanças ocorrem na pele oferece uma ideia mais clara da penetração dos componentes. Não é possível simplesmente dizer que o tamanho molecular de um ingrediente dermatocosmético lhe possibilitará ou impedirá que penetre na pele (MICHALUN; DINARDO, 2016).

Atualmente, a cada dia mais fala-se em nanotecnologia quando o assunto é o tamanho e a capacidade de penetração de um ingrediente. Este é um tópico interessante no cuidado da pele e evidentemente é motivo de preocupação para os órgãos reguladores de todos os países do mundo todo.

Nanotecnologia é a ciência disrruptiva que pode obter materiais (junção de moléculas) muito pequenos, a fim de aumentar a capacidade de penetração dos dermatocosméticos. Como já mencionado, os materiais com massa molecular abaixo de 100 g/mol podem entrar na corrente sanguínea.

As nanopartículas podem ser 25% a 95% menores que isso, o que significa que não só essas partículas po-dem passar através da pele, entrar na corrente sanguínea e circular pelo corpo, mas também passar facilmente através das membranas, entrar no DNA e alterar várias funções bioquímicas que talvez não sejamos capazes de controlar.

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Ao mesmo tempo, há muitas vantagens associadas a esta tecnologia. A maioria está relacionada a tornar as coisas mais resistentes e/ou leves (HILL; OWENS, 2017). A indústria cosmética também classifica a nanotec-nologia em nanopartículas insolúveis e solúveis, nanoemulsões e sistemas de nanoliberação. Nanopartículas insolúveis de dióxido de titânio e óxido de zinco são usadas há vários anos como filtros de UV para oferecer um amplo espectro de proteção contra UVA e UVB.

Essas duas moléculas são transparentes em nanoescala e, portanto, diferentes de sua característica cor branca e, desta maneira, não deixam um filme esbranquiçado sobre a pele. Demonstrou-se que essas nano-partículas insolúveis não penetram além do estrato córneo, desde que a pele esteja íntegra.

A nanotecnologia com ingredientes orgânicos é agora utilizada na formulação de produtos antienvelhe-cimento, acreditando-se que partículas menores são mais rapidamente absorvidas na pele e poderão repa-rar danos com mais facilidade e eficiência. Em dimensões nano, porém, os compostos orgânicos apresentam maior capacidade de penetração e diferentes características de toxicidade, se comparados ao mesmo compos-to ou substância química em tamanho “normal”.

Assim, nanopartículas orgânicas que conseguem penetrar podem apresentar o risco de provocar reações secundárias, cuja natureza ainda não é conhecida. Nanoemulsões e sistemas de nanoliberação têm sido usa-dos para uma liberação eficaz e rápida penetração de princípios ativos na pele (MICHALUN; DINARDO, 2016).

Contudo, é importante controlar para onde as partículas vão, o que é possível por meio de sistemas de des-tinos controlados, e, de modo geral, sabemos que peptídeos penetram na pele de acordo com seu tamanho. Eles normalmente estão associados ao agrupamento de alguns aminoácidos (muito pequenos) e ligados à mo-lécula transportadora, como o ácido palmítico, pela estabilidade. Os peptídeos podem estimular uma célula a produzir colágeno e outras proteínas que melhoram a aparência da pele.

Ao avaliar produtos que contêm peptídeos, é importante analisar os estudos clínicos ou dados sobre o pro-duto acabado, e não somente sobre ele. Desta forma, é mais fácil determinar se os benefícios alegados estão associados ao peptídeo ou à fórmula como um todo, e é preciso saber que há outros fatores, não relacionados ao tamanho do ingrediente, que afetam a penetração do produto.

Muitos se perguntam por que usar um tônico que contém álcool ou outros solventes em um regime de cuidados com a pele ou como agente preparador da pele, especialmente porque solventes podem ressecar. A explicação é que os solventes alteram a solubilidade da pele e permitem que mais ingredientes solúveis em água (hidrofílicos e polares), como o ácido láctico, nela penetrem (PINTO; KANEKO; PINTO, 2015).

O tape stripping, a dermoabrasão e os peelings químicos funcionam porque removem parcialmente ou a maior parte da barreira do estrato córneo, permitindo que os materiais penetrem na pele com muito mais facilidade. O uso de ultrassom, correntes elétricas leves ou oclusão (cobrir a pele com papel-celofane, fita ou adesivo) aumentam a penetração do produto dermatocosmético porque alteram as propriedades de absorção da pele.

Mais recentemente, a fototerapia tem sido explorada pela capacidade de promover a penetração e os be-nefícios terapêuticos do regime de cuidados da pele e, assim como a nanotecnologia, este é um campo emer-gente que exige melhor entendimento de como controlá-lo para aproveitá-lo ao máximo.

Retomando aqui a discussão sobre o tratamento contra a acne, na Unidade 2, sabe-se atualmente que a porfirina, quando exposta à luz, diminui os sintomas da acne por matar as bactérias no folículo. Pesquisadores e cientistas descobriram o comprimento de onda específico responsável por esta reação, e, na atualidade, exis-tem diversos produtos disponíveis que permitem que os benefícios terapêuticos sejam obtidos sem exposição à luz prejudicial do sol.

Foram também identificados outros comprimentos de onda que podem estimular as células a produzir colágeno, além de outros materiais necessários para a pele saudável. Esta tecnologia ainda é incipiente, e esta área ainda exige muita pesquisa. Por isso deve-se ter cuidado ao investigar equipamentos ou tratamentos à base de luz (MICHALUN; DINARDO, 2016).

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4.3.2 Fatores que influenciam a permeabilidade cutânea

As vias transepidérmicas (transcelular e intercelular) e transanexiais (folículo piloso e glândula sebácea) são as que mais verificam a penetração de dermatocosméticos. Porém, diversos fatores modificam a perme-abilidade cutânea e interferem ou facilitam a passagem do cosmético.

Conhecer esses fatores possibilita entender os recursos e cosméticos a serem utilizados para otimizar os procedimentos estéticos. Os fatores que influenciam a capacidade de penetração dos ingredientes ativos de dermatocosméticos são divididos em três grupos: fatores biológicos, fatores fisiológicos e fatores cosmeto-lógicos. Vamos descrevê-los a seguir (KAMIZATO; BRITO, 2014).

Fatores biológicos: três condições biológicas podem interferir na permeabilidade cutânea: a espessura da epiderme, pois, quanto mais hiperqueratinizada, menor a permeabilidade; a idade, pois a diminuição do metabolismo acarreta menor hidratação e menor permeabilidade do tecido; a região anatômica, pois locais com grande quantidade de mucosa apresentam maior número de vias epidérmicas e, portanto, maior permeabilidade.

Fatores fisiológicos: quanto maior for a quantidade de fluxo sanguíneo e a hidratação do local, maior será a permeabilidade do tecido ao dermatocosmético (HILL; OWENS, 2017).

Fatores cosmetológicos: a concentração, solubilidade, o veículo e tempo de exposição são fatores que podem influenciar a penetração do ativo na pele.

A concentração e o tempo de exposição são diretamente proporcionais à permeabilidade, ou seja, quan-to maiores a concentração e o tempo de aplicação dos ativos, maior será a permeabilidade (KAMIZATO; BRITO, 2014).

As substâncias lipossolúveis têm mais afinidade com a membrana das células, possibilitando, assim, a pe-netração na pele. Veículos vetoriais, como nanosferas e lipossomas, facilitam a permeação das substâncias ativas dos dermatocosméticos (HILL; OWENS, 2017).

Na sequência, podemos estudar um resumo dos fatores que podem influenciar a capacidade de penetra-ção do ingrediente na pele (MICHALUN; DINARDO, 2016): l O tamanho do ingrediente (pesos moleculares abaixo de 1.000 facilitam a penetração); l canais de absorção (por exemplo, folículos, poros, glândulas sudoríparas e sebáceas);l solubilidade – se a substância é lipofílica ou hidrofílica (ou seja, solúvel em óleo ou solúvel em água); l polaridade – polar ou apolar (isto é, moléculas com ou sem carga); l solventes (por exemplo, etanol, acetona, dimetilsulfóxido – DMSO); l tape stripping ou dermoabrasão (isto é, remoção física da barreira do estrato córneo); l ondas de som (ou seja, ultrassom);l correntes elétricas leves (isto é, iontoforese); l oclusão (sistemas de transporte transdérmico) (MICHALUN; DINARDO, 2016).

4.3.3 Procedimentos estéticos facilitadores de permeação

Alguns procedimentos estéticos podem facilitar a permeabilidade cutânea, pois promovem modificações na estrutura da epiderme. A seguir, estão listados os principais procedimentos:l Limpeza de pele: é um procedimento que promove a remoção de microrganismos, secreções cutâneas

naturais e células mortas, tornando a epiderme mais fina e, portanto, promovendo a desobstrução dos óstios.l Hidratação: a pele hidratada mantém sua integridade por resguardar um nível ideal de água, aumentan-

do a permeabilidade dos ativos.l Alteração do pH: normalmente, a pele apresenta o pH levemente ácido. Se esse pH for alterado para

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4.3.4 Cosméticos naturais ou orgânicos

Os profissionais da área da imagem pessoal/estética e cosmética devem estudar e possuir conhecimen-tos sólidos sobre cosméticos naturais e orgânicos, pois cada vez mais aumenta o uso de produtos cosméticos naturais e orgânicos, e a população tem se preocupado com o meio ambiente (HALAL, 2018).

Em uma conceituação rigorosa, cosméticos naturais devem referir-se somente àqueles em que todos os ingredientes são naturais. Esta terminologia, no entanto, é aplicada a uma variedade de conceitos que abrange desde produtos feitos a partir de plantas de cultivo orgânico até aqueles quimicamente manufatu-rados e que contêm alguns extratos vegetais.

Por outro lado, os cosméticos orgânicos referem-se a cosméticos que incorporam, em sua composição, extratos de plantas de cultivo orgânico ou então a macerações dessas plantas. Em termos gerais, as mace-rações são mais ativas do que os extratos e podem apresentar maior tendência a causar sensibilidade ou reações alérgicas e validade mais curta.

Diferente dos produtos que aparecem em alimentos orgânicos, o termo “orgânico” em cosmética não é regulamentado e nem mesmo definido pelo governo. Os padrões têm sido criados por laboratórios ou associações de fabricantes em alguns países e não seguem nenhuma regra uniforme de um país para outro (MICHALUN; DINARDO, 2016).

Há inúmeras vantagens em se utilizar produtos cosméticos naturais e orgânicos, tanto com relação às suas propriedades intrínsecas como com a maior biocompatibilidade com a pele. Com as ações regulatórias e consumidores mais conscientes e exigentes, é maior responsabilidade das empresas cosméticas ao produ-zir os produtos cosméticos orgânicos e naturais.

Os ingredientes naturais são produtos cosméticos que contêm matérias-primas em sua formulação, pelo menos 5% de matérias-primas orgânicas certificadas. Os 95% restantes podem incluir matérias-primas natu-rais não certificadas ou substâncias permitidas para formulações naturais. Os ingredientes naturais podem ser derivados de origem vegetal, mineral, marinha e animal.

Para se obter os ingredientes vegetais, sua produção ou coleta extrativa não deve: causar degradação no am-biente; resultar no desequilíbrio dos ecossistemas e pertencer a espécies ameaçadas de extinção (HALAL, 2018).

É necessário reiterar que um ingrediente vegetal pode se torna proibido pelo solvente extrator escolhido,

levemente alcalino, aumentará a permeabilidade da pele.l Peeling (esfoliação): a principal função do pee-

ling é diminuir a queratinização presente na epider-me e remover as células mortas localizadas na super-fície da pele.

l Iontoforese: procedimento realizado com ele-troterapia que consiste na introdução de ativos por meio da corrente galvânica.

l Outros procedimentos: qualquer outro proce-dimento que permita o aumento do fluxo sanguíneo e o afinamento da superfície cutânea possibilita me-lhor permeabilidade à pele (HILL; OWENS, 2017).

Figura 39 - Realização de um procedimento em iontoforese na epiderme facial.Fonte: AZULAY (2017).

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pois solventes clorados e derivados do petróleo tornam o extrato de uso proibido em cosméticos orgânicos. Os ingredientes minerais estão autorizados em seu uso desde que intrínsecos, ou seja, inerentes com fun-ções natas e que sua extração não cause poluição e/ou degradação do meio ambiente (HALAL, 2018).

4.3.5 Toxicologia dos cosméticos: reações adversas, ensaios de eficácia e segurança

O uso diário de cosméticos por homens e mulheres, atualmente, pode chegar entre seis e 12 produtos que contêm de 85 e 168 ingredientes, respectivamente. Sabemos que os cosméticos podem ser usados diariamente por longos períodos, e, portanto, a segurança destes produtos se faz necessária mesmo para aqueles cosméticos que apresentem baixo índice de reações adversas relatadas que causem danos à saúde.

Já a exposição a essa quantidade de cosméticos pode causar reações adversas/indesejadas nos pacien-tes, que podem ser ocasionadas, especificamente, pela presença de algumas substâncias na formulação. Dentre estas, capazes de causar reações adversas/indesejadas, os conservantes, de forma geral, foram re-latados como as substâncias químicas mais sensibilizantes, causadoras de alergia e dermatite de contato, inseridas em formulações cosméticas, como o grupo químico dos parabenos (HOPPE; NOVO PAIS, 2017).

Para avaliar essas prováveis reações que podem ser manifestadas pelos produtos dermatocosméticos, a Legislação Brasileira exige a comprovação da eficácia e segurança do produto cosmético. Assim, a Anvisa passou a fortalecer a fiscalização/vigilância, processo denominado de cosmetovigilância. Consequentemen-te, se criou o Sistema de Notificação em Vigilância Sanitária (NOTIVISA) para queixas de reaçõos adversas e tóxicas (SANTOS; CRUZ, COSTA, 2018).

Os testes de toxicidade abrangem avaliações efetuadas nas formulações em desenvolvimento, as quais envolvem maior espectro de ação e de tempo (agudas, subcrônicas e crônicas); aquelas executadas para constatação da qualidade de conformidade visam ao atendimento à especificação definida para uma maté-ria-prima ou para um produto em particular (no geral, apenas agudas) (LACRIMANTE; RIBEIRO NETO, 2014).

De acordo com estudos, o valor da margem de segurança para utilização para produtos cosméticos deve ser igual ou superior a 100. Porém, a margem de segurança para cosméticos infantis obteve um valor de 42,87, o que evidencia a ausência de segurança para utilização de cosméticos em crianças quando possuam parabenos como conservantes. As crianças utilizam maiores quantidades de cosméticos em proporção à sua massa corpórea em relação a um adulto (HOPPE; NOVO PAIS, 2017).

Logo, a pele apresenta uma resposta inflamatória local que leva aos sintomas clínicos clássicos de irrita-ção da pele como o rubor, calor, dor e edema da área de tecido afetada. As substâncias corrosivas danificam de forma irreversivel a pele exposta através da necrose do tecido da área envolvente, com a possibilidade de ser regenerada apenas a partir da pele saudável que envolve o tecido necrótico.

Com relação à corrosividade, geralmente, nos produtos cosméticos, não é um fator de risco, mas pode ocorrer um erro de fabricação ou o uso inapropriado pelo consumidor e assim originar os efeitos adversos.

As principais reações adversas a ingredientes presentes nos dermatocosméticos, que estão representa-das na Tabela 5, podem ser classificadas como dermatites de contato e subdividem-se em irritação subjeti-va/pele sensível, irritação aguda e crônica, reação alérgica e reação fotoinduzida (PADRÃO, 2018).

Dermatites de contato Caracterização

Irritação subjetiva/pele sensível

Conhecida como “síndrome da intolerância a cosméticos”, depende da capacidade irritante da substância, da resistência da pele, da duração e repetição da aplicação. Causa ardor e repuxamento.

Tabela 4 - Principais reações adversas (dermatites de contato) causadas por dermatocosméticos.

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Por fim, é necessário e fundamental que o profissional em imagem pessoal e estética desenvolva habilida-des básicas para sua atividades em dermatocosmética, para a realização de uma atendimento de excelência.

Destacamos: l Efetuar a correta indicação e adequação das fórmulas cosméticas aos diferentes tipos de pele dos

pacientes em cada região do país.l Selecionar o dermatocosmético a ser utilizado pela sua composição química para cada tipo de pele, no

qual será aplicado. l Realizar os testes de sensibilidade a produtos cosméticos. l Aplicar normas e procedimentos de higiene no rosto e no corpo. l Reconhecer a forma de apresentação (creme, gel, loção, pomada) dos cosméticos.l Diferenciar os ativos cosmetológicos para cada tipo de pele, para as indicações corretas.l Identificar rótulos. l Efetuar a correta indicação e adequação das fórmulas cosméticas aos tipos de pele dos pacientes em

cada região do país (SILVA; SANTOS; OLIVEIRA, 2014).

Irritação aguda e crônica

A irritação aguda ocorre devido a uma exposição direta da substância e provoca eritema e vesiculação. A fase crônica ocorre após exposição contínua e caracteriza-se pelo enrijamento e pelas fissuras da pele. As substâncias irritantes removem os lípidos do extrato córneo e danificam os queratinócitos.

Reação alérgica

Ocorre após o contato com o agente alergênico, em indivíduos com predisposição às substâncias (hipersensibilidade), envolvendo mecanismos de resposta imunológicos (indução da produção de anticorpos), o que pode originar efeitos em áreas diferentes da aplicação do produto.

Reação fotoinduzida

Alteração bioquímica provocada pela radiação, evidenciada por uma queimadura semelhante à de uma exposição solar, através de um contato prévio com a substância causadora.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEMAprimore mais os conhecimentos que você adquiriu na Unidade IV deste curso e

aproveite agora este momento para se aprofundar!! Pesquise sobre os temas que lhe trouxeram dúvidas e responda em seu caderno.

Lembre-se que escrever sobre os temas estudados sempre aumenta a fixação dos conteúdos necessários para a formação adequada. Sob a orientação de seu professor ou sua professora, realize as atividades que lhes forem solicitadas.

Fonte: Adaptado de Padrão (2018).

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DICAS

DICAS

IMPORTANTE LEMBRAR!!Se um cliente sofrer uma reação alérgica que exija tratamento médico, o fabricante do produto deve ser informado para a correta orientação. Lembre-se: a alergia é intrínseca de cada pessoa; por isso a anamnese pelo profissional deve ser muito bem feita, a fim de evitar possíveis irritações na pele ou alergias.

Existe uma série de ações que pode auxiliar na entrada dos cosméticos na pele, como a higienização cutânea, a esfoliação, a tonificação, o uso de ativos hiperemiantes e o uso de equipamentos específicos. Além disso, o estudo da cronobiologia cutânea também pode auxiliar a entrada. Saiba mais sobre a cronologia cutânea e sua importância para o desenvolvimento de produtos cosméticos em:

VAMOS RELEMBRAR

A água é necessária ao tecido cutâneo e também à formação de todos os órgãos do corpo humano. O coração é composto por 79% de água; o cérebro, por 76%; e a pele, por 70% de água. Em diversos procedimentos estéticos, acrescenta-se água, com o objetivo de promover a hidratação. Com essa preocupação, diversas indústrias que

produzem formulações dermatocosméticas têm pesquisado ativos que possam ser introduzidos em seus produtos, como as águas termais, consideradas benéficas para o organismo, principalmente por apresentarem altas concentrações de minerais.

http://www.abc-cosmetologia.org.br/

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SOUTOR, C.; HORDINSKY, M. K. Dermatologia clínica. Tradução: Ademar Valadares Fonseca. Revisão técni-ca: Tania Ludmila de Assis. Porto Alegre: AMGH, 2015.

STEINER, D. ADDOR, F. Envelhecimento cutâneo. Rio de Janeiro: AC Farmacêutica, 2014.

WOLFF, K.; JOHNSON, R. A.; SAAVEDRA, A. P. Dermatologia de Fitzpatrick: atlas e texto. Tradução Ademar Valadares Fonseca, Patricia Lydie Voeux. Revisão técnica: Tania Ludmila de Assis. 7. ed. Dados eletrônicos. Porto Alegre: AMGH, 2014.

Page 71: Dermatocosmética aplicada à estética 2019

Inaciolândia

Gouvelândia

Quirinópolis

Vicentinópolis

AcreúnaSanto Antônioda Barra

Rio Verde

Jataí

Turvelândia

Porteirão

Maurilândia

Castelândia

Portelândia

Santa Ritado Araguaia

Serranópolis

Aporé

Itajá

Itarumã

CachoeiraAlta

Paranaiguara

Represa deSão Simão

Doverlândia

Baliza

Bom Jardimde Goiás

Aragarças

Nerópolis

Urutaí

Cristianópolis

Ipameri

Campo Alegrede Goiás

RioQuente

CaldasNovas

NovaAurora

Corumbaíba

Marzagão

Buriti Alegre

Itumbiara

Panamá

Bom Jesusde Goiás

Cachoeira Dourada

MorrinhosJoviânia

Aloândia

Pontalina

Diorama

Arenópolis

Palestinade Goiás

V ianópolis

Silvânia

Leopoldo de Bulhões

Terezópolis de Goiás

Ouro Verde de Goiás

Inhumas

Caturaí

Goianira

Brazabrantes

NovaVeneza

Bonfinópolis

Goianápolis

Caldazinha

Bela Vistade Goiás

São Miguel doPassa Quatro

Orizona

PalmeloSanta Cruzde Goiás

Pires do Rio

SenadorCanedo

Edéia

Edealina

Professor JamilCromínia

Mairipotaba

Varjão

Cezarina

Indiara

Montividiu

Paraúna

São João da Paraúna

Aurilândia

Firminópolis

Turvânia

Nazário

A velinópolis

AraçuAdelândia

Sanclerlândia

Fazenda Nova

São Miguel do Araguaia

NovoPlanalto

SantaTerezade Goiás

Montividiudo Norte

Trombas Minaçu

Campinaçu

Colinasdo Sul

Cavalcante

Alto Paraíso de Goiás

Teresinade Goiás

Divinópolisde GoiásMonte Alegre

de Goiás

CamposBelos

Nova Roma

Guaranide Goiás

Iaciara

Posse

Buritinópolis

Alvoradado Norte

Sítio D'Abadia

Damianópolis

Mambaí

Flores de Goiás

Formoso

Mutunópolis

Amaralina

Mara Rosa

Campinorte

AltoHorizonte

NovaIguaçude Goiás

Uruaçu

Pilar de Goiás

Hidrolina

Guarinos

ItapaciNovaAmérica

Morro Agudo de Goiás

NovaGlória

São Patrício

Carmo doRio Verde

Itapuranga

FainaMatrinchã

Montes Clarosde Goiás

Itapirapuã

Jussara

Santa Féde Goiás

Britânia

Guaraíta

Rialma

Santa Isabel

Rianápolis

Pirenópolis

Vila Propício

Padre Bernardo

Planaltina

Águas Lindasde Goiás

Novo Gama

Cidade Ocidental

Damolândia Abadiânia

Alexânia

Corumbáde Goiás

Cocalzinhode Goiás

JaraguáItaguaru

JesúpolisSãoFranciscode Goiás

Petrolinade Goiás

Heitoraí

Formosa

Vila Boa

Cabeceiras

Mimoso de Goiás

Água Friade Goiás

São JoãoD'Aliança

São Luiz do Norte BarroAlto

Santa Ritado NovoDestino

Crixás

Estrelado Norte

Bonópolis

Mundo Novo

Nova Crixás

Uirapuru

SantaTerezinhade Goiás

CamposVerdes

Mozarlândia

Araguapaz

Aruanã

Itauçú

Itaguari

SantaRosade Goiás

Itaberaí

Americanodo Brasil

Buritide Goiás Mossâmedes

Novo Brasil

Jaupaci

Anicuns

São Luís deMontes Belos

Córrego do Ouro

Cachoeira de Goiás

Ivolândia

Moiporá

IsraelândiaIporá

Amorinópolis

Jandaia

PalminópolisPalmeirasde Goiás

Campestre de Goiás

TrindadeSantaBárbarade Goiás

Guapó

Aragoiânia

Abadia de Goiás

ÁguaLimpa Goiandira

Cumari

Anhanguera

Ouvidor

TrêsRanchos

Davinópolis

Represa deCachoeira Dourada

Repr esa deItumbiara

Repr esa deEmbocaçãoCaçu

Aparecida do Rio Doce

Chapadãodo Céu

Perolândia

SãoDomingos

Lagoa Santa

Gameleirade Goiás

Ipiranga de Goiás

Luziânia

Regionais

Niquelândia

Ceres Goianésia

Santo Antôniodo Descoberto

Anápolis

Goiás

Porangatu

Catalão

Piracanjuba

Cristalina

Goiatuba

Santa Helenade Goiás

Caiapônia

Piranhas

Mineiros

Hidrolândia

Aparecidade Goiânia

Valparaíso de Goiás

São Simão

Rubiataba

Regional 1 - OS IbracedsRegional 2 - OS FaespeRegional 3 - OS RegerRegional 4 - OS CegeconRegional 5 - OS Centeduc

ITEGO - Instituto Tecnológico

COTECs - Colégios Tecnológicos

Uruana

Taquaralde Goiás

Campo Limpode Goiás

Goiânia

G O V E R N O D O E S TA D O

Somos todos

GOIAS

Secretaria deEstado de

Desenvolvimentoe Inovação

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