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Avaliação do efeito do chumbo na qualidade espermática de humanos e de ratinhos Tânia Abrantes Silva Departamento de Zoologia e Antropologia Julho de 2007

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Page 1: Departamento de Zoologia e Antropologia Julho de 2007 · passar pela implementação de medidas e recomendações referidas ao longo do presente trabalho. Introdução 5 A ABBBSSSTTTRRRAACCCTT

Avaliação do efeito do chumbo na

qualidade espermática de humanos e de

ratinhos

Tânia Abrantes Silva

Departamento de Zoologia e Antropologia

Julho de 2007

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Avaliação do efeito do chumbo na qualidade

espermática de humanos e de ratinhos

Tese submetida à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para

a obtenção do grau de Mestre em Biologia para o Ensino

Tânia Abrantes Silva

Orientação: Profª. Doutora Maria de Lourdes Pereira (Universidade de Aveiro) e Co-orientação: Prof. Doutor Vasco Almeida (Universidade do Porto). Este trabalho foi desenvolvido no Departamento de

Biologia da Universidade de Aveiro e no Centro de Estudos de Infertilidade e Esterilidade no Porto e co-

financiado pelo Centro de Materiais Cerâmicos e Compósitos da Universidade de Aveiro (CICECO)

Departamento de Zoologia e Antropologia

Julho de 2007

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Introdução

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AAAGGGRRRAAADDDEEECCCIIIMMMEEENNNTTTOOOSSS

Agradeço à Professora Doutora Maria de Lourdes Pereira, a quem devo a

orientação deste trabalho, o constante incentivo, empenho e disponibilidade

manifestados e as numerosas sugestões que contribuíram para a sua execução e

enriquecimento.

Ao professor Doutor Vasco Almeida, agradeço o apoio, a orientação e a

disponibilidade demonstrados.

À Helena Oliveira e Rita Cerejeira o meu profundo agradecimento por todo o

apoio, acompanhamento e dedicação, que permitiram a execução deste trabalho.

Agradeço também a sua amizade e companhia que jamais irei esquecer.

O meu muito obrigado à Isabel Damião, por todos os ensinamentos e apoio

demonstrado.

Agradeço a toda a equipa do Centro Clínico de Medicina do Trabalho de

Aveiro (CCMT), em especial à Dr. Graça Gonçalves e à D. Cláudia Ferreira que

tanto me ajudaram na angariação de empresas para o estudo do efeito do chumbo

na fertilidade humana. Agradeço também à empresa que aderiu ao estudo referido.

Ao Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, ao Centro de

Estudos de Infertilidade e Esterilidade e ao Centro de Investigação em Materiais

Cerâmicos e Compósitos (CICECO) agradeço o apoio e acolhimento concedidos

que tornaram possível a realização deste trabalho.

Ao Sr. Aldiro Pereira, Sr. Armando Costa e Sr. Rui Marques agradeço a

cooperação no decorrer das experiências efectuadas.

Aos meus pais e irmã agradeço o seu voto de confiança, o estímulo e ânimo

que sempre me proporcionaram.

Ao Luís Filipe, agradeço todo o apoio e paciência com que acompanhou a

execução deste trabalho.

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Introdução

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RRREEESSSUUUMMMOOO

A saúde reprodutiva é um bem essencial à continuidade da vida. A avaliação da saúde reprodutiva masculina torna-se essencial, dado que nos dias de hoje os trabalhadores

de determinadas indústrias se encontram expostos a múltiplos agentes causadores de alterações da sua fertilidade, nomeadamente aos compostos de chumbo. Como tal, o

presente trabalho teve como objectivo avaliar o efeito do chumbo na qualidade espermática humana e de ratinhos, comprovando a necessidade da promoção da saúde reprodutiva no

local de trabalho.

Na primeira fase do trabalho efectuaram-se espermogramas de trabalhadores

expostos a ambientes plumbíferos, comparando-os com os de trabalhadores não expostos. Dos parâmetros analisados (motilidade, vitalidade, hipoosmolaridade, concentração e

morfologia espermática) apenas se verificou uma diminuição significativa ao nível da motilidade dos espermatozóides de trabalhadores expostos, nomeadamente nas categorias

de motilidade progressiva rápida e de progressiva lenta.

Foram efectuados ainda ensaios in vitro e in vivo em ratinhos para avaliação da

toxicidade do PbCl2. Nos ensaios in vitro foram testadas duas doses de chumbo: 2,4 mg/l e 488,9 mg/l. Efectuou-se a análise da motilidade, vitalidade e hipoosmolaridade dos grupos

expostos e respectivos controlo. Verificou-se uma diminuição significativa na motilidade e vitalidade dos espermatozóides expostos directamente a uma concentração de 2,4 mg/l e

488,9 mg/l de Pb2+. A percentagem de hipoosmolaridade dos espermatozóides apenas diminuiu na concentração mais elevada.

Para os ensaios in vivo, efectuou-se a injecção, por via subcutânea, a dois grupos de ratinhos (150mg PbCl2/kg de peso vivo) durante 4 e 6 dias, respectivamente, com o

sacrifício dos animais 24 horas após a última injecção. O terceiro grupo de ratinhos foi injectado subcutaneamente com a dose referida anteriormente durante 4 dias, com sacrifício

dos animais ao 35º dia após a primeira exposição. Consideraram-se ainda os respectivos grupos controlo. Após a análise de parâmetros como a motilidade, vitalidade,

hipoosmolaridade, concentração, integridade acrossómica e morfologia dos

espermatozóides, verificou-se que os dois primeiros diminuíram significativamente em todos os períodos testados comparativamente com os respectivos grupos controlo. A

hipoosmolaridade dos espermatozóides diminuiu significativamente no grupo exposto durante 6 dias e no grupo cujo sacrifício dos animais ocorreu ao 35º dia. Foi apenas neste

último grupo que se verificou uma diminuição significativa da concentração, da integridade acrossómica e alterações na morfologia dos espermatozóides.

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Introdução

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Os resultados do presente trabalho permitiram concluir que o PbCl2 provoca alterações em parâmetros essenciais à fertilidade masculina, como a motilidade, a vitalidade,

a hipoosmolaridade, a concentração, a integridade acrossómica e a morfologia dos espermatozóides. Salienta-se, ainda, o efeito directo do chumbo nos espermatozóides,

comprovado pelos ensaios in vitro.

Citando alguns dos ramos de actividade profissional com risco de exposição a

chumbo, e comprovados os efeitos deste composto ao nível reprodutivo, ressalta a necessidade da promoção da saúde reprodutiva masculina ao nível ocupacional. Esta deve

passar pela implementação de medidas e recomendações referidas ao longo do presente trabalho.

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Introdução

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AAABBBSSSTTTRRRAAACCCTTT

Reproductive health is an important issue for continuity of life. The evaluation of male

reproductive health is relevant due to a wide range of hazardous metals on the workplace, such as lead compounds, causing fertility disturbances. For this reason, the aim of the

present work was to evaluate the effects of lead on human and mouse sperm parameters,

demonstrating the relevancy of the reproductive health promotion at the occupational level.

In the first part of the present work, sperm parameters (motility, vitality, hypoosmolality, concentration and morphology) of some workers exposed to the lead

compounds were studied and compared with those unexposed. A significant decrease in spermatozoa motility of exposed workers was observed among the sperm parameters.

In vitro and in vivo studies were also conducted in mice for the evaluation of PbCl2 on sperm quality. Two doses of lead were tested for in vitro studies: 2,4 mg/l and 488,9 mg/l.

Sperm motility, vitality, and hypoosmolality analysis of the exposed groups and the respective controls were studied. A significant decrease in the motility and vitality of the

spermatozoa exposed to the lowest concentration of Pb2+ was observed. In the other group, all parameters had been significantly modified.

For the in vivo assay two groups of mice were subcutaneously injected with 150 mg PbCl2/kg/body weight during 4 and 6 days, respectively, and animals were sacrificed 24

hours after the last injection. A third group of mice was subcutaneously injected with the same dose during 4 days and sacrificed on the 35th day after the first exposure. Control

groups were also analysed. Epididymal sperm parameters were analysed (motility, vitality, hypoosmolality, concentration, acrosome integrity and morphology). The sperm motility and

vitality significantly decreased in all the periods tested, as compared with those controls. Hypoosmolality of the spermatozoa decreased significantly in the group exposed during 6

days and in the group whose animals were sacrificed after 35 days. This group revealed a

decrease in the concentration, acrosome integrity, and morphological changes of spermatozoa.

From these in vivo results it was concluded that lead chloride affected essential

sperm parameters such as the motility, vitality, hypoosmolality, concentration, acrosome integrity, and morphology of the spermatozoa. The in vitro assays have demonstrated that

lead have direct effects on spermatozoa.

Finally, this work underlines the promotion of the male reproductive health at the

occupational level as a relevant endeavour, and several recommendations are addressed.

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Introdução

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ÍÍÍNNNDDDIIICCCEEE

1. INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………

1.1. Saúde reprodutiva masculina …………………..........................................

1.2. Chumbo: propriedades e características ……………………………………

1.3. Vias de penetração no organismo ………………..…………….……….….

1.3.1. Vias respiratórias ……………………………………………….……...

1.3.2. Via cutânea ……………………………………………………….….…

1.4. Ramos de actividade sujeitos à exposição de chumbo ……………….......

1.5. Considerações gerais sobre a espermatogénese …………………………

1.6. Aspectos morfo-funcionais do epidídimo ……………………………………

1.7. Características do espermatozóide ………………………………………….

1.8. Efeito do chumbo na espermatogénese e epidídimo ………..…………….

1.9. Legislação que salvaguarde a exposição dos trabalhadores a

chumbo …………………………………………………………………………

1.10. Actuação dos Serviços de Segurança, Higiene e Saúde no

trabalho(SSHST) ………...…………………………………………………….

1.11. Objectivos do presente trabalho …..…………………………………………

2. MATERIAL E MÉTODOS ……………………………………………………….…………

2.1. Efeito do chumbo na qualidade espermática humana ……………...…….

2.1.1. Design experimental …………………………………………………..

2.1.2. População estudada …………………………………………………..

2.1.3. Avaliação da motilidade espermática ………………………………..

2.1.4. Avaliação da vitalidade espermática ………………………………...

2.1.5. Teste da hipoosmolaridade …………………………………………...

2.1.6. Determinação da concentração de espermatozóides ……………..

2.1.7. Avaliação morfológica dos espermatozóides ……………………….

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Introdução

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2.1.8. Análise de outras propriedades físicas do sémen ………………….

2.2. Efeito in vitro e in vivo do chumbo na qualidade espermática de ratinhos

2.2.1. Animais de laboratório ………………………………………………...

2.2.2. Preparação de soluções ………………………………………………

2.2.3. Design experimental …………………………………………………..

2.2.4. Colheita de órgãos e preparação das amostras ……………………

2.2.5. Avaliação da motilidade espermática ………………………………..

2.2.6. Avaliação da vitalidade espermática ………………………………...

2.2.7. Teste da hipoosmolaridade …………………………………………...

2.2.8. Determinação da concentração de espermatozóides ……………..

2.2.9. Avaliação da integridade acrossómica ………………………………

2.2.10. Avaliação morfológica dos espermatozóides ……………………...

2.3. Análise estatística ………………………………………………...…………...

3. RESULTADOS ……………………….....………………………………..……………….

3.1. Efeito do chumbo na qualidade espermática humana …………………….

3.2. Efeito in vitro do chumbo na qualidade espermática de ratinhos ………..

3.2.1. Exposição a 2,4 mg/l e 488,9 mg/l de chumbo …………………..

3.3. Efeito in vivo do chumbo na qualidade espermática de ratinhos ……...…

3.3.1. Adminis tração de 150 mg de PbCl2/kg de peso vivo durante 4 e

6 dias …………………………………………………………………...

3.3.2. Qualidade espermática de ratinhos após 35 dias da exposição a

PbCl2 (150 mg/kg de peso vivo durante 4 dias) …………………...

4. DISCUSSÃO ………………………………………………………….....…………….….

4.1. Efeito do chumbo na qualidade espermática humana …………………….

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Introdução

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4.2. Efeito do chumbo na qualidade espermática de ratinhos………………….

4.2.1. Efeito in vitro do chumbo na qualidade espermática …………….

4.2.2. Efeito in vivo do chumbo na qualidade espermática …………….

5. CONCLUSÕES ………………………………………………………………………...…

6. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE REPRODUTIVA

MASCULINA …………..…………………………………….……………….…………...

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …….…………………………………………………...

8. ANEXOS ………………………………………………………………………………….

Anexo I - Decreto Regulamentar n.º 6/2001 de 5 de Maio ……………………….

Anexo II - Decreto Lei n.º 274/89 de 21 de Agosto ………………………………

Anexo III - Decreto Lei n.º 441/91 de 14 de Novembro …………………………..

Anexo IV - Decreto Lei n.º n.º 26/94 de 1 de Fevereiro ………………………….

Anexo V - Valores de referência para parâmetros de um espermograma ……..

Anexo VI - Questionário dirigido aos trabalhadores ………………………………

Anexo VII - Protocolo de colaboração entre o IDICT, o DEB, o DES e a DGFV

Anexo VIII- Protocolo experimental: Efeito do chumbo na qualidade

espermática de ratinhos ……………….……………………………….

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Introdução

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ÍÍÍNNNDDDIIICCCEEE DDDEEE FFFIIIGGGUUURRRAAASSS

Figura 1.1 Entrada e destino de agentes tóxicos no corpo humano …......... 16

Figura 1.2 Espermatogénese ………………………………………………….... 19

Figura 1.3 Representação do epidídimo de ratinho e humano ……………... 21

Figura 1.4 Representação esquemática do processo de formação e

controlo de gâmetas masculinos desde o testículo até ao

epidídimo ……………………………………………………………..

22

Figura 1.5 Representação esquemática de espermatozóide humano e de

espermatozóide de ratinho ………………………………………….

23

Figura 2.1 Representação esquemática de alterações morfológicas em

espermatozóides humanos, quando sujeitos a condições

hipoósmoticas ……………………………………………………..…

36

Figura 2.2 Grelha central da câmara de Neubaeur ……………………….… 38

Figura 2.3 Intervalo de confiança de aproximadamente 95% para a

diferença entre duas contagens de espermatozóides ………..….

39

Figura 2.4 Várias formas de angulação flagelar …………………………….... 47

Figura 3.1 Efeito do chumbo na motilidade espermática humana ………….. 51

Figura 3.2 Efeito do chumbo na vitalidade espermática humana …………... 52

Figura 3.3 Vitalidade de espermatozóides humanos ………………………… 52

Figura 3.4 Efeito do chumbo na concentração de espermatozóides ………. 53

Figura 3.5 Efeito do chumbo na morfologia de espermatozóides ……….…. 54

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Introdução

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Figura 3.6 Formas morfológicas de espermatozóides de trabalhadores

expostos a chumbo …………………………………………….....…

54

Figura 3.7 Efeito do chumbo na motilidade espermática do Grupo I e II ….. 56

Figura 3.8 Efeito do chumbo na vitalidade espermática do Grupo I e II ....... 57

Figura 3.9 Vitalidade de espermatozóides de ratinho ……………………….. 57

Figura 3.10 Hipoosmolaridade de espermatozóides de ratinho ……………… 58

Figura 3.11 Efeito do chumbo na motilidade espermática do Grupo III e IV ... 60

Figura 3.12 Efeito do chumbo na vitalidade espermática do Grupo III e IV ... 61

Figura 3.13 Efeito do chumbo na concentração espermática do Grupo III e

IV ……………………………………………………………………….

62

Figura 3.14 Efeito do chumbo na integridade do acrossoma de

espermatozóides de ratinhos pertencentes ao Grupo III e IV …..

63

Figura 3.15 Integridade do acrossoma de espermatozóides de ratinho …….. 63

Figura 3.16 Formas morfológicas de espermatozóides presentes no fluído

epididimal de ratinhos controlo e expostos ……………………….

65

Figura 3.17 Efeito do chumbo na motilidade espermática de ratinhos

pertencentes ao grupo V …………………………………………….

66

Figura 3.18 Efeito do chumbo na vitalidade espermática de ratinhos

pertencentes ao grupo V …………………………………………….

67

Figura 3.19 Efeito do chumbo na concentração espermática do grupo V …... 68

Figura 3.20 Efeito do chumbo na integridade do acrossoma de ratinhos

pertencentes ao grupo V …………………………………………….

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ÍÍÍNNNDDDIIICCCEEE DDDEEE TTTAAABBBEEELLLAAASSS

Tabela 1.1 Efeitos do chumbo na fertilidade de ratos e ratinhos …………… 26

Tabela 1.2 Exemplos de indicadores, BEI e meios de colheita …………...… 28

Tabela 2.1 Diluição e factores de conversão para contagem de

espermatozóides com a câmara de Neubauer ………………...…

37

Tabela 3.1 Efeito do chumbo na hipoosmolaridade do Grupo I e II ………… 58

Tabela 3.2 Efeito do chumbo na hipoosmolaridade do Grupo III (4 dias de

exposição) e IV …………………………………………………...….

62

Tabela 3.3 Efeito do chumbo na morfologia dos espermatozóides de

ratinhos pertencentes ao Grupo III e IV ………………………..….

64

Tabela 3.4 Efeito do chumbo na hipoosmolaridade de espermatozóides de

ratinhos pertencentes ao grupo V ………………………………….

67

Tabela 3.5 Efeito do chumbo na morfologia dos espermatozóides de

ratinhos pertencentes ao grupo V………………………………..…

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Introdução

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111...111 ... SSSAAAÚÚÚDDDEEE RRREEEPPPRRROOODDDUUUTTTIIIVVVAAA MMMAAASSSCCCUUULLLIIINNNAAA

A saúde é um bem inquestionável, constituindo a base do desenvolvimento

pessoal, social e produtivo. Por vezes encarada numa perspectiva reducionista,

como mera ausência de doença, a Saúde, enquanto conceito, ganhou uma

dimensão mais global e holística, ao ser definida pela Organização Mundial de

Saúde (OMS), como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não

simplesmente a ausência de doença ou enfermidade (Ministério da Saúde, 1997).

Quando aplicada ao campo da saúde reprodutiva significa que se deve oferecer ao

indivíduo a possibilidade de procriar, de regular a sua própria fertilidade de forma

segura e efectiva. Significa também que deve ser assegurada a possibilidade de

desfrutar a sexualidade sem medo de contrair uma doença. Deve-se, sobretudo,

entendê-la como a saúde de todas as funções e processos que envolvem a

reprodução, tanto para os homens quanto para as mulheres, e em todas as suas

fases da vida (Arilha et al., 2001). Em conformidade com esta definição, a

assistência à saúde reprodutiva é definida como um conjunto de métodos, técnicas e

serviços que contribuem para a saúde e o bem-estar reprodutivo, prevenindo e

resolvendo os problemas a ela associados (Corrêa et al., 2003).

O estudo da saúde reprodutiva envolve temas variados, sendo um deles a

fertilidade humana. Este é um tema de grande importância, uma vez que a redução

da fertilidade tem-se revelado um problema mundial, especialmente nos países

industrializados, atingindo a infertilidade cerca de 13-18% dos casais. Crê-se que o

factor masculino esteja presente em cerca de metade dos casos, tendo sido já

comprovados através de estudos clínicos e epidemiológicos (Parada et al., 2004).

A redução da fertilidade masculina na população humana é um dado

comprovado e com tendência a aumentar devido à crescente exposição a poluentes.

São diversas as causas potenciais, assumindo particular relevância nos dias de hoje

factores relacionados com o ambiente de trabalho, dado que muitos trabalhadores

se encontram expostos a um grande número de substâncias químicas nocivas para

a sua capacidade reprodutiva. Refira-se a crescente exposição a metais pesados

como exemplos de agentes causadores de infertilidade masculina. A infertilidade é,

por isso, um problema crescente nos países industrializados, salientando-se ainda

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Introdução

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as suas implicações ao nível social. Como tal, a promoção da saúde reprodutiva

masculina é cada vez mais pertinente e necessária nos locais de trabalho.

Entenda-se por promoção da saúde o processo que permite aos indivíduos

aumentar o controlo sobre a sua própria saúde e melhorá-la (Carta de Ottawa, 1986).

É uma combinação de estratégias individuais e de comunidade, incluindo a

comunicação, a educação, a legislação, as mudanças organizacionais e o

desenvolvimento comunitário. Associada à promoção da saúde encontra-se o

conceito de literacia para a saúde, que representa as competências cognitivas e

sociais que determinam a motivação e a capacidade dos indivíduos conseguirem o

acesso, a compreensão e o uso da informação de forma a que promovam e

mantenham uma boa saúde (Nutbeam, 1998 in Carvalho, 2002).

Intervir nos locais de trabalho, visando a promoção da saúde e o aumento da

literacia de saúde reprodutiva, permite não só disponibilizar informação, mas

introduzir critérios de saúde nos sistemas de decisão, nas regras e procedimentos

organizacionais e nos padrões de comunicação, por forma a criar alternativas que

tornem mais fáceis as decisões mais saudáveis. Assim, contribuir-se-ia para uma

diminuição de casos de infertilidade e consequentemente para o melhoramento da

demografia e à posteriori da economia do país, uma vez que a infertilidade tem

também repercussões demográficas, diminuindo a taxa de fecundidade e

consequentemente o crescimento populacional.

A promoção da saúde reprodutiva masculina foi o tema alvo de uma

conferência internacional realizada em 2006, organizada pela Sociedade de

Andrologia Asiática, sendo por isso, um assunto actual, pertinente e de necessária

discussão, uma vez que o risco para a saúde reprodutiva masculina é um problema

cada vez mais grave nos países menos desenvolvidos, onde as indústrias são pouco

salubres e as medidas preventivas pouco usuais.

O presente trabalho aborda temas relacionados com os riscos profissionais na

saúde reprodutiva masculina causados pelo chumbo, nomeadamente os efeitos

deste composto na fertilidade humana e em ratinhos. A legislação existente a nível

da preservação da fertilidade masculina nos locais de trabalho, bem como

orientações que devem ser seguidas com vista a minimizar os efeitos causados por

metais pesados na fertilidade masculina, são também referidos.

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Introdução

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Promover a salubridade dos locais de trabalho e a prevenção da saúde

reprodutiva é fundamental para a diminuição e controlo da infertilidade.

111...222 ... CCCHHHUUUMMMBBBOOO::: PPPRRROOOPPPRRRIIIEEEDDDAAADDDEEESSS EEE CCCAAARRRAAACCCTTTEEERRRÍÍÍSSSTTTIIICCCAAASSS

O chumbo é um constituinte natural da crosta terrestre e um metal maleável e

dúctil, que funde aos 327ºC (Lauwerys, 1994). Apresenta uma cor azul-acinzentada,

um peso molecular 207,2 g/mol e densidade 11,34 g/cm3 aos 20ºC. Este metal

combina-se com outros elementos originando compostos ou sais de chumbo

(ATSDR, 1999), como é o caso do cloreto de chumbo (PbCl2). Devido à sua

resistência à corrosão, o chumbo é um dos metais fabricados mais estáveis (Howe,

1981 in ATSDR, 1999).

O cloreto de chumbo, composto utilizado no presente estudo, nos ensaios in

vitro e in vivo em ratinhos, apresenta cor branca, com peso molecular 278,11 g/mol e

densidade 5,85 g/cm3 aos 20ºC. É solúvel em água com solubilidade de 9,9 g/l aos

20ºC. (ATSDR, 1999)

111...333 ... VVVIIIAAASSS DDDEEE PPPEEENNNEEETTTRRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO NNNOOO OOORRRGGGAAANNNIIISSSMMMOOO

Tendo em consideração que nos locais de trabalho os indivíduos poderão estar

sujeitos a numerosos riscos, várias são as vias prováveis de entrada de um agente

tóxico no organismo. A pele e mucosas assim como a via naso-oral são as mais

susceptíveis (Figura 1.1). A maioria dos tóxicos atravessa as barreiras epiteliais por

difusão simples através das membranas celulares e alcançam os capilares

sanguíneos.

A taxa de absorção está relacionada com a concentração do composto no local

de absorção, o tempo de exposição e a sua solubilidade. Também está dependente

da área de exposição, das características do epitélio onde se processa a absorção,

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Introdução

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da riqueza da microcirculação sub-epitelial, da própria estrutura de membrana

celular e das propriedades físico-químicas do composto (Klaassen e Watkins, 1999;

Hodgson e Smart, 2001).

Figura 1.1 – Entrada e destino de agentes tóxicos no corpo humano (adaptado de Hodgson e Smart, 2001).

111...333 ...111... VVVIIIAAASSS RRREEESSSPPPIIIRRRAAATTTÓÓÓRRRIIIAAASSS

É bem conhecido que as respostas tóxicas a metais pesados, pode resultar

da sua absorção após inalação de poeiras e fumos metálicos produzidos em

diversas indústrias, por via nasal ou por via oral. Tanto a mucosa nasal como a

mucosa oral são cobertas por uma camada fluida, onde as moléculas do gás

inspiradas podem ficar retidas, não alcançando o pulmão. No caso das partículas

tóxicas serem solúveis no muco nasal ou oral podem dissolver-se e entrar

directamente no epitélio ou no sangue antes de poderem ser removidas

mecanicamente. No entanto, a maioria dos gases inalados consegue alcançar os

pulmões. Assim, a absorção de gases por via nasal tem lugar principalmente nos

pulmões, dada a sua elevada área total de superfície (50-100 m2), o seu elevado

fluxo sanguíneo (4-5 L min -1) e a sua pequena distância de difusão (Klaassen e

Watkins, 1999; Sipes et al., 1997)

AGENTES TÓXICOS

ENTRADA NO ORGANISMO HUMANO

INGESTÃO P ELE INALAÇÃO

ABSORÇÃO PARA A CORRENTE SANGUÍNEA E

DISTRIBUIÇÃO PARA TECIDOS E ÓRGÃO CORPORAIS

TOXICIDADE ARMAZENAMENTO EXCREÇÃO

METABOLISMO

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Introdução

17

O sangue transporta as moléculas do gás dissolvido para as outras partes do

organismo. Em cada tecido, estes elementos são transferidos até que se alcance um

equilíbrio numa concentração tecidual determinada pelo coeficiente de partilha

tecido/sangue (relação entre a concentração do químico no tecido e no sangue).

Após a libertação de parte do gás para os tecidos, o sangue volta aos pulmões para

captar mais gás, se este estiver presente. O processo continua até que o gás

alcance um equilíbrio entre as concentrações no sangue e nos tecidos de acordo

com o coeficiente de partilha tecido/sangue característico de cada tecido (Klaassen

e Watkins, 1999).

Os aerossóis e outras partículas de 2 a 5 µm são depositadas principalmente

ao longo da árvore traqueo-brônquica pulmonar. Tal contacto pode resultar num

dano directo para os pulmões, ou levar à absorção do composto tóxico para a

corrente sanguínea (Sipes et al., 1997).

Um aumento da concentração média semanal da empresa de 1 µg/m3 de

chumbo no ar, provoca na população exposta laboratorialmente, um aumento de 0,6

a 1 µg/dl do metal no sangue (WHO, 1977).

111...333 ...222... VVVIIIAAA CCCUUUTTTÂÂÂNNNEEEAAA

Muitos agentes tóxicos presentes nos locais de trabalho entram directamente

em contacto com a pele, se não forem tomadas medidas de protecção adequadas.

Alguns destes podem ser absorvidos pela pele e mucosas em quantidades

suficientes para produzir efeitos sistémicos (Klaassen e Watkins, 1999; Sipes et al.,

1997).

111...444 ... RRRAAAMMMOOOSSS DDDEEE AAACCCTTTIIIVVVIIIDDDAAADDDEEE SSSUUUJJJEEEIIITTTOOOSSS ÀÀÀ EEEXXXPPPOOOSSSIIIÇÇÇÃÃÃOOO DDDEEE CCCHHHUUUMMMBBBOOO

A evolução verificada em muitos ramos da actividade humana e em especial

na indústria, tem aumentado os riscos para a saúde dos trabalhadores,

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Introdução

18

nomeadamente no que respeita à toxicidade das próprias matérias-primas ou dos

produtos manufacturados a partir destas, havendo, por isso, uma maior exposição

dos trabalhadores a metais pesados e outros agentes tóxicos. Neste trabalho serão

apenas exemplificadas algumas indústrias cujos trabalhadores se encontram

expostos a compostos de chumbo.

O chumbo é o metal tóxico mais ubíquo. Os principais meios industriais de

exposição a este metal são as indústrias automóvel, de tintas, de cerâmica (aquelas

em que usam chumbo para certos tipos de cerâmicas vitrificadas), de acumuladores

eléctricos, de artigos pirotécnicos e de soldagem de objectos de chumbo (Chang,

1996; Klaassen e Watkins, 1999). Refira-se que os compostos de chumbo

constituem o topo da lista de agentes causadores de doenças profissionais de

acordo com o Decreto Regulamentar n.º 6/2001 de 5 de Maio (ANEXO I).

Tomando como exemplo a região de Aveiro, meio bastante industrializado,

muitos são os trabalhadores que se encontram expostos a este metal pesado nos

seus locais de trabalho. Citam-se as indústrias de tintas, metalúrgica, de aço

inoxidável e de automóveis.

Como tal, devem ser aperfeiçoadas as medidas de prevenção e promoção da

saúde reprodutiva nos locais de trabalho, não só nesta região como em todo o país.

111...555 ... CCCOOONNNSSSIIIDDDEEERRRAAAÇÇÇÕÕÕEEESSS GGGEEERRRAAAIIISSS SSSOOOBBBRRREEE AAA EEESSSPPPEEERRRMMMAAATTTOOOGGGÉÉÉNNNEEESSSEEE

Antes de serem abordados os efeitos dos metais pesados na fertilidade

masculina, interessa recordar sucintamente a espermatogénese (Figura 1.2 ). É o

processo pelo qual as células germinativas imaturas dão origem aos

espermatozóides. Este fenómeno ocorre no testículo, em particular, ao nível dos

tubos seminíferos e inicia-se durante a puberdade, mantendo-se por toda a vida

(Marieb, 1998). No compartimento intersticial localizam-se as células de Leydig,

produtoras de testosterona, uma das mais importantes hormonas sexuais

masculinas.

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Introdução

19

Os tubos seminíferos são constituídos por uma túnica de tecido conjuntivo,

uma lâmina basal e uma camada interna formada pelo epitélio germinativo ou

seminífero, onde se originam os espermatozóides. Este epitélio é constituído por

células somáticas, as células de Sertoli e por células da linhagem espermatogénica

ou seminal. Estas dispõem-se em quatro a oito camadas, que ocupam o espaço

entre a lâmina basal e a luz do túbulo seminífero. Dividem-se, diferenciando-se em

espermatozóides (Junqueira e Carneiro, 1999).

Figura 1.2 – Espermatogénese (adaptado de Marieb, 1998).

O processo inicia-se com a célula germinativa primitiva, a espermatogónia,

célula localizada próximo da membrana basal. As espermatogónias dividem-se por

mitoses e as células formadas a partir desse processo podem seguir duas vias:

continuam semelhantes à célula-mãe, sendo designadas por células-filhas do tipo A,

sofrem novas mitoses, e são, portanto, uma fonte de espermatogónias; ou param de

Com

parti

men

to b

asal

C

ompa

rtim

ento

adl

umia

l

Espe

rmat

ogén

ese

Esp

erm

iogé

nese

M

eios

e

Espermatócito secundário

Espermatócito primário

Espermatozóides

Inicio da meiose I

Mitose

Fim da meiose I

Meiose II

Espermatogónia

Espermátides

Espermátides “madura”

Lúmen do tubo seminífero

Célula-filha do tipo B

Célula-filha do tipo A

Célula de Sertoli

Junções oclusivas Lâmina Basal Espermatogónia

Citoplasma das células de

Sertoli

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Introdução

20

se dividir e crescem, sendo designadas de células-filhas do tipo B (Junqueira e

Carneiro, 1999; Marieb, 1998). Este último tipo de células desenvolve-se dando

origem a espermatócitos primários que entram em meiose. Estes são as maiores

células da linhagem espermatogénica e caracterizam-se pela presença de

cromossomas em diferentes fases de condensação. Desta primeira divisão da

meiose resultam células menores, os espermatócitos secundários. Da segunda

divisão meiótica dos espermatócitos resultam células haplóides designadas

espermátides (Creasy & Foster, 2002; Junqueira e Carneiro, 1999).

As espermátides caracterizam-se por apresentarem pequena dimensão,

núcleo com zonas de cromatina condensada, e por se localizarem quase no lúmen

dos túbulos seminíferos. As espermátides sofrem um processo de modificações

morfo-funcionais, designado de espermiogénese, que conduz à formação dos

espermatozóides. Compreende vários passos: formação do acrossoma a partir do

complexo de Golgi, condensação nuclear para formar a cabeça do espermatozóide;

formação do flagelo a partir de um centríolo, que constituirá a cauda do

espermatozóide; formação da peça intermédia com a organização das mitocôndrias;

e redução do excesso de citoplasma dos espermatídios (Marieb, 1998; Zhang, 1999).

As células de Sertoli contribuem para o normal funcionamento da

espermatogénese. São células alongadas que se apoiam sobre a membrana basal

do túbulo seminífero e apresentam numerosas reentrâncias citoplasmáticas, onde se

localizam as células da linhagem espermatogénica. Desempenham funções

relevantes: fornecem suporte e controlam a nutrição dos espermatozóides em

formação, através da regulação da passagem dos nutrientes trazidos pelo sangue;

fagocitam e digerem os restos de citoplasma que se desprendem das espermátides;

e segregam um fluido que permite o transporte dos espermatozóides. É ainda de

salientar que as células de Sertoli adjacentes unem-se por junções oclusivas,

delimitando um compartimento basal, onde se localizam as espermatogónias, com

acesso livre ao material proveniente do sangue. Durante a espermatogénese, a

“descendência” das espermatogónias atravessa as junções oclusivas e penetra no

outro compartimento, denominado adlumial. Neste, os estágios mais avançados da

espermatogénese estão protegidos de moléculas estranhas provenientes do sangue,

pela denominada barreira hemato-testicular, constituída por junções de oclusão

entre as células de Sertoli. As junções comunicantes também estão presentes entre

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Introdução

21

as células de Sertoli, possibilitando a transferência de iões e moléculas entre essas

células, o que provavelmente tem importância para a coordenação a

espermatogénese (Creasy & Foster, 2002; Junqueira e Carneiro, 1999).

O produto final da espermatogénese são espermatozóides imaturos. As

estruturas pós-testiculares incluem ductos, que fazem mover os espermatozóides

em maturação dos testículos para os locais onde sofrem o fenómeno de capacitação.

O tempo necessário para a ocorrência de um ciclo espermatogénico varia

entre espécies. A duração de um ciclo espermatogénico nos ratinhos é 34,6 dias,

sendo nos humanos de 64 dias (Creasy & Foster, 2002).

111...666 ... AAASSSPPPEEECCCTTTOOOSSS MMMOOORRRFFFOOO---FFFUUUNNNCCCIIIOOONNNAAAIIISSS DDDOOO EEEPPPIIIDDDÍÍÍDDDIIIMMMOOO

O epidídimo é um órgão tubular que transporta os espermatozóides do vaso

eferente para o vaso deferente. É constituído por três segmentos anatomicamente

distintos: a cabeça, o corpo e a cauda (Figura 1.3). Nos humanos a região da

cabeça não se encontra bem definida, sendo principalmente formada pelo vaso

eferente, tal como a região da cauda que não apresenta uma forma globular como

nos ratinhos (Sullivan et al., 2005).

Corpo do epidídimo Ducto

eferente

Testículo

Cauda do epidídimo

Ducto deferente

Cabeça do epidídimo

Cauda do epidídimo Testículo

Cabeça do

epidídimo

Corpo do epidídimo

Ducto eferente

A B

Figura 1.3- Representação do epidídimo humano (A) e de ratinho (B). A – adaptado de Holstein et al., 2003; B – Tayama et al., 2006.

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Introdução

22

Nos mamíferos, o epidídimo desempenha múltiplas funções como a

reabsorção dos fluidos da rede testicular, o transporte de espermatozóides, a

eliminação de gâmetas masculinos imperfeitos, a maturação dos espermatozóides e

o seu armazenamento (Sullivan et al., 2005). A composição química do fluido do

epidídimo desempenha um papel importante tanto na maturação como no

armazenamento dos espermatozóides. Numerosas substâncias químicas podem

interferir nestes processos, alterando-os, e podendo produzir efeitos adversos

(Klaassen and Watkins, 1999).

As principais modificações dos espermatozóides, que ocorrem durante a

maturação epididimal, estão relacionadas com a aquisição de movimento, a

habilidade para o reconhecimento da zona pelúcida e para a união com a membrana

plasmática do ovócito (Dacheux et al., 2003).

A fase de maturação dos espermatozóides no epidídimo resulta da sua

interacção com o fluído epididimal, principalmente com proteínas específicas

presentes no lúmen do epidídimo (Figura 1.4) (Dacheux et al., 2005).

Figura 1.4- Representação esquemática do processo de formação e controlo de gâmetas masculinos desde o testículo até ao epidídimo (Dacheux et al., 2005).

Fertilizações in vitro e inseminações artificiais demonstram um aumento do

gradiente de fertilidade para os espermatozóides localizados entre a cabeça e o

corpo do epidídimo, atingindo o máximo na cauda, onde a fertilidade é igual ou

superior à obtida para espermatozóides ejaculados (Dacheux & Paquignon, 1980).

Espermatozóide

imaturos

Espermatozóide fértil

Espermatogónia Espermatócito

Espermátide

Controlo genómico

Controlo somático

Interacções como meio envolvente

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Introdução

23

O epidídimo possui uma barreira que protege o seu lúmen de células

imunológicas presentes no sangue. Esta é constituída por junções entre células

adjacentes do ducto epididimal, possuindo, no entanto, uma robustez inferior à

barreira hemato-testicular (Creasy & Foster, 2002).

111...777 ... CCCAAARRRAAACCCTTTEEERRRÍÍÍSSSTTTIIICCCAAASSS DDDOOO EEESSSPPPEEERRRMMMAAATTTOOOZZZÓÓÓIIIDDDEEE

O espermatozóide de mamíferos é constituído por três regiões morfológicas e

funcionalmente distintas: cabeça, peça intermédia e cauda (Figura 1.5). A cabeça do

espermatozóide compreende um núcleo achatado, de cromatina condensada. A

recobrir a parte superior do núcleo encontra-se uma vesícula secretora

especializada designada de acrossoma, constituída por enzimas hidrolíticas que

permitem a penetração do espermatozóide no oócito. Quando o espermatozóide

entra em contacto com o oócito o conteúdo do acrossoma é libertado por exocitose

ocorrendo assim a reacção acrossómica (Alberts et al., 1995).

Figura 1.5- Representação esquemática de espermatozóide humano (a) e de espermatozóide de ratinho (b) .

(a)- adaptado de Alberts et al., 1995; (b) – adaptado de Cao et al., 2006.

Na peça intermédia situa-se uma hélice de mitocôndrias a envolver filamentos

contrácteis da cauda. A cauda do espermatozóide é constituída por um flagelo, onde

Acrossoma Núcleo

Mitocôndrias

Membrana plasmática

Flagelo

Cabeça

Cauda

Peça intermédia

(a) (b)

Peça intermédia

Cabeça

Cauda

Acrossoma Núcleo

Mitocôndrias

Centrossoma

(b)

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Introdução

24

na sua parte central, se encontra um axonema rodeado por nove fibras densas. As

mitocôndrias localizadas na peça intermédia fornecem a energia metabólica (ATP),

necessária ao movimento flagelar que propulsiona o espermatozóide ao longo tracto

reprodutivo feminino (Marieb et al., 1998; Alberts et al., 1995).

Os espermatozóides funcionais, isto é, capazes de fecundar o oócito,

apresentam-se vivos, móveis, com membrana plasmática funcional,

morfologicamente normais e com acrossoma íntegro (WHO 1999).

111...888 ... EEEFFFEEEIIITTTOOOSSS DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA EEESSSPPPEEERRRMMMAAATTTOOOGGGÉÉÉNNNEEESSSEEE EEE EEEPPPIIIDDDÍÍÍDDDIIIMMMOOO

Os efeitos adversos dos metais pesados sobre a fertilidade masculina podem

ocorrer nos órgãos reprodutivos e/ou no sistema endócrino. Pode incluir alterações

no comportamento sexual, na fertilidade, no resultado da gravidez da parceira ou

modificações em outras funções dependentes da integridade do sistema reprodutor

masculino (Sipes et al., 1997).

Várias têm sido as equipas de investigadores que têm estudado a influência

do chumbo no funcionamento do sistema reprodutor masculino. Apresentam-se,

como exemplo, alguns estudos pré-clínicos relacionados com os efeitos do chumbo

na espermatogénese.

Wadi e Ahmad (1999) concluíram, da sua investigação, que o acetato de

chumbo em altas dosagens reduz a percentagem de espermatozóides móveis e

aumenta a percentagem de espermatozóides anormais.

Noutros trabalhos foram descritas alterações histológicas nos tubos

seminíferos de animais tratados com chumbo (50 e 200 mg/kg) durante três meses

(Batra et al., 2001). Estas lesões incluem a desorganização e perturbação da

espermatogénese com acumulação de células imaturas no lúmen dos tubos. Ao

nível do epidídimo, houve alterações na sua histoarquitectura, incluindo danos na

membrana basal, desorganização do epitélio e presença de vacúolos nas células.

Pereira e seus colaboradores (Graça et al., 2004) observaram os efeitos do

cloreto de chumbo na histologia e ultraestutura testicular, e na densidade de

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Introdução

25

espermatozóides na cauda dos epidídimos de ratinhos sexualmente maduros.

Verificaram, então, uma diminuição significativa do peso testicular, do diâmetro dos

tubos seminíferos e da contagem de espermatozóides, três dias depois do

tratamento com cloreto de chumbo (74 mg/kg de peso corporal).

A Tabela 1.1 reúne alguns trabalhos representativos dos efeitos causados

pelo chumbo na fertilidade masculina.

Como foi já referido, muitos têm sido os estudos desenvolvidos que

comprovam as perturbações que os compostos de chumbo causam no sistema

reprodutor masculino. No entanto, existem alguns dados contraditórios. Assim,

torna-se necessário aprofundar os conhecimentos no que diz respeito à influência do

chumbo na fertilidade masculina, nomeadamente, a fim de clarificar o modo como o

chumbo actua no sistema reprodutor masculino, por via eixo hipotalamico-pituitário-

testicular ou directamente sobre os espermatozóides.

É ainda de salientar que as lesões provocadas por vários agentes no DNA de

células germinativas podem ser transmitidas à descendência (Olsen et al., 2005).

Assim, com base neste tipo de estudos, torna-se urgente actuar de forma preventiva,

a fim de evitar riscos para a saúde reprodutiva.

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Introdução

26

Tabela 1.1 – Efeitos do chumbo na fertilidade de ratos e ratinhos.

111...999 ... LLLEEEGGGIIISSSLLLAAAÇÇÇÃÃÃOOO QQQUUUEEE SSSAAALLLVVVAAAGGGUUUAAARRRDDDEEE AAA EEEXXXPPPOOOSSSIIIÇÇÇÃÃÃOOO DDDOOOSSS TTTRRRAAABBBAAALLLHHHAAADDDOOORRREEESSS

AAAOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO

Como já foi referido anteriormente a redução da fertilidade masculina tem

tendência a aumentar devido à crescente exposição a poluentes nos locais de

trabalhos, nomeadamente a chumbo. Como tal, é fulcral a existência de legislação

COMPOSTO DE

CHUMBO

MODELO

EXPERIMENTAL

EFEITOS REFERÊNCIA

Acetato de

chumbo

Acetato de

chumbo

Cloreto de

chumbo

Ratos

Ratinhos

Ratinhos

Libertação prematura de células germinativas

Perturbações no epidídimo

Interrupção da maturação das células germinativas

Alterações nas células de Sertolli

Presença de células apoptóticas no testículo

Diminuição da concentração espermática

Diminuição da motilidade

Supressão do eixo hipotalâmico-pituitário-testicular

Supressão do nível de testosterona

Redução da mobilidade dos espermatozóides

Aumento do número de espermatozóides anormais

Diminuição do peso testicular e do diâmetro dos

tubos seminíferos

Diminuição da produção de espermatozóides

Diminuição da motilidade, vitalidade e

hipoosmolaridade espermática em estudos in vitro

Diminuição da integridade acrossómica em estudos

in vivo

Batra et al. ,

2001

Gorbel et

al., 2002

Hsu et al. ,

1997

Sokol, 1990

Wadi &

Ahmad,

1999

Graça et al.,

2004

Silva et al.,

2007

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Introdução

27

que estabeleça valores limites de exposição a compostos causadores de riscos, bem

como medidas de protecção da saúde reprodutiva masculina.

O chumbo apresenta legislação própria – D.L. n.º 274/89 de 21 de Agosto

(ANEXO II) que transpõe para direito interno a Directiva do Conselho n.º 82/605/CEE

de 28 de Julho, relativa à protecção dos trabalhadores contra os riscos resultantes

da exposição ao chumbo e aos seus compostos iónicos nos locais de trabalho – que

apesar de estabelecer valores limites de concentração e biológicos (Artº 2º), não

contempla questões relacionadas com a promoção da saúde reprodutiva, como por

exemplo a necessidade de exames médicos direccionados para o diagnóstico ou

avaliação de perturbações reprodutivas, ou o dever das entidades empregadoras

informarem os trabalhadores dos potenciais riscos para a sua fertilidade.

Embora a legislação relativa a doenças profissionais – Dec. Regul. n.º 6/2001

de 5 de Maio (ANEXO I) – se refira ao metal em estudo no presente trabalho, não

faz referência a alterações da fertilidade masculina.

Refira-se, então, o facto de não se conhecer legislação nacional que

determine o procedimento dos Serviços de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho

(SSHST) para a promoção da saúde reprodutiva nos locais de trabalho.

111...111000 ... AAACCCTTTUUUAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDOOOSSS SSSEEERRRVVVIIIÇÇÇOOOSSS DDDEEE SSSEEEGGGUUURRRAAANNNÇÇÇAAA,,, HHHIIIGGGIIIEEENNNEEE EEE SSSAAAÚÚÚDDDEEE NNNOOO

TTTRRRAAABBBAAALLLHHHOOO (((SSSSSSHHHSSSTTT)))

A legislação nacional define o regime de enquadramento da Segurança e

Saúde no Trabalho, através do D.L. n.º 441/91, de 14 de Novembro (ANEXO III) que,

entre outros aspectos, estabelece os princípios do Sistema Nacional de Prevenção

de Riscos Profissionais e prevê os principais elementos do sistema de gestão de

segurança e saúde das empresas. O D.L. n.º 26/94 de 1 de Fevereiro (ANEXO IV)

prevê ainda o regime de organização e funcionamento das actividades dos SSHST.

Conforme enumerado no D.L. n.º 26/94 de 1 de Fevereiro, uma das

actividades que estes serviços devem garantir, é a identificação e avaliação dos

riscos para a segurança e saúde nos locais de trabalho e controlo periódico dos

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Introdução

28

riscos resultantes da exposição a agentes químicos, físicos e biológicos. Assim, a

prevenção de riscos profissionais relacionados com a exposição a determinados

agentes químicos, como os metais pesados, pressupõe, desde logo, uma análise

das situações de trabalho e uma adequada quantificação da exposição a

substâncias químicas, utilizando a metodologia adequada da Higiene do Trabalho

(Prista e Uva, 2002).

Um dos métodos analíticos mais utilizados em Higiene do Trabalho para

quantificar o teor de metais pesados a que os trabalhadores estão expostos é a

espectrometria de absorção atómica.

Com o resultado obtido da monitorização ambiental e com base nos Valores

Limites de Exposição (VLE), estabelecidos na legislação, caso exista, ou na norma

portuguesa NP - 1796: 2004, o técnico de SSHS deve proceder à comparação dos

valores e desenvolver e implementar medidas de prevenção e de protecção, caso o

resultado obtido seja superior ao VLE da substância química em análise.

Os indicadores biológicos de exposição (BEI- Biological Exposure Indices),

que medem a substância química ou o(s) metabolito(s) na urina, no sangue ou

noutros meios, como por exemplo o ar expirado, são concebidos como um valor-

referência que deve constituir uma orientação para a avaliação de eventuais efeitos

adversos para a saúde (Tabela 1.2) (Prista e Uva, 2002). Estes indicadores

constituem um novo meio para caracterizar a exposição a substâncias perigosas e

devem ser considerados como um indicador complementar dos valores limite de

exposição (Miguel, 1991).

Tabela 1.2- Exemplos de indicadores, BEI e meios de colheita (adaptado de Prista e Uva, 2002).

TÓXICO MEIO BIOLÓGICO BEI

Cádmio Sangue 5 µg/L

Cádmio Urina 5 µg/gr. Creatinina

Chumbo Sangue 40 µg/100ml

Crómio Urina 10 µg/gr.creatinina

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Introdução

29

A vigilância médica de trabalhadores, assegurada pelos SSHS,

particularmente por um médico do Trabalho, comporta desde logo, acções

sistemáticas e repetidas da avaliação do estado de saúde de cada indivíduo, em

função da exposição profissional a que se encontra sujeito (Prista e Uva, 2002). Os

exames médicos feitos ao nível da Medicina do Trabalho, englobam análises

bioquímicas ao sangue e à urina, entre outros.

Aos serviços de SSHST competem muitas outras actividades, promotoras da

saúde dos trabalhadores, citados no artigo 13º do D.L. n.º 26/94 de 26 de Fevereiro.

Destas salientam-se por exemplo a informação e formação sobre os riscos para a

segurança e saúde, bem como sobre as medidas de protecção e de prevenção; a

promoção e vigilância da saúde, bem como a organização e manutenção dos

registos clínicos e outros elementos informativos relativos a cada trabalhador; e a

elaboração de um programa de prevenção de riscos profissionais. No entanto, no

que se refere à actuação dos SSHST no âmbito da promoção da saúde reprodutiva,

não se conhecem acções desenvolvidas com esta finalidade.

111...111111 ... OOOBBBJJJEEECCCTTTIIIVVVOOOSSS DDDOOO PPPRRREEESSSEEENNNTTTEEE TTTRRRAAABBBAAALLLHHHOOO

O presente trabalho visou a abordagem da temática relacionada com os

riscos profissionais na saúde reprodutiva masculina causados pelo chumbo. A

legislação existente a nível da preservação da fertilidade masculina nos locais de

trabalho, bem como orientações que devem ser seguidas com vista a minimizar os

efeitos causados pelo chumbo na fertilidade masculina, foram outros dos temas

referidos.

Como objectivo principal, pretendeu-se, através de um estudo comparativo,

avaliar os parâmetros de fertilidade masculina (motilidade, vitalidade,

hipoosmolaridade, concentração e morfologia espermática) em indivíduos expostos

a compostos de chumbo. No entanto, devido à dificuldade de obtenção de amostras

de sémen provenientes de trabalhadores expostos, efectuaram-se, paralelamente,

ensaios experimentais em ratinhos, de forma a ampliar o estudo do efeito do

chumbo na qualidade espermática. As dificuldades no aprofundamento do estudo

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Introdução

30

em humanos prenderam-se com diversos aspectos tais como a inexistência de

legislação que salvaguarde a fertilidade masculina nos locais de trabalho; a ausente

intervenção de andrologistas ao nível ocupacional; a falta de informação dos

trabalhadores e responsáveis de empresas acerca dos perigos ocupacionais para a

saúde reprodutiva, entre outros.

Por último, pretendeu-se ainda comprovar a necessidade da protecção da

saúde reprodutiva masculina de indivíduos sujeitos a riscos profissionais,

recomendando-se medidas passíveis de serem aplicadas.

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222... MMMAAATTTEEERRRIIIAAALLL EEE MMMÉÉÉTTTOOODDDOOOSSS

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Material e Métodos

32

Inicialmente, o presente trabalho pretendia apenas estudar os efeitos do

chumbo na fertilidade masculina de trabalhadores expostos a este composto,

utilizando uma amostra bastante significativa. Devido à baixa aderência de

empresas ao estudo e ao reduzido número de amostras obtidas, no sentido de

complementar o estudo, testou-se também o efeito in vitro e in vivo do cloreto de

chumbo na fertilidade de ratinhos. Este trabalho encontra-se, por isso, subdividido

em três partes: efeito do chumbo na fertilidade humana e efeito in vitro e in vivo do

cloreto de chumbo em ratinhos.

222...111 ... EEEFFFEEEIIITTTOOO DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA HHHUUUMMMAAANNNAAA

222...111 ...111... DDDEEESSSIIIGGGNNN EEEXXXPPPEEERRRIIIMMMEEENNNTTTAAALLL

Com a cooperação do Centro Clínico de Medicina do Trabalho (CCMT) de

Aveiro foi solicitada a algumas empresas desta região a sua colaboração, no sentido

de permitir e incentivar os seus trabalhadores expostos a ambientes plumbíferos, a

realizarem a colheita de sémen para posterior análise. Apesar dos vários esforços

empreendidos, apenas uma empresa metalúrgica aderiu ao estudo, permitindo a

análise de sémen de seis trabalhadores da secção de oxicorte. Do grupo controlo

fizeram parte seis voluntários cujas profissões não envolvem ambientes plumbíferos,

sem anomalias aparentes do sistema reprodutor e com idades idênticas às do grupo

exposto.

A análise do sémen (espermograma) foi considerado no presente trabalho

como factor determinante no estudo da fertilidade dos dois grupos de trabalhadores.

Para o efeito utilizou-se o método de análise do sémen recomendado pela WHO

(1999) bem como os seus valores de referência (ANEXO V). Foram examinados os

seguintes parâmetros: o movimento e vitalidade dos espermatozóides,

hipoosmolaridade, outras propriedades físicas do sémen, como o tempo de

liquefacção, volume, cor, pH, odor e viscosidade, contagem e avaliação morfológica

dos espermatozóides. Estas análises foram efectuadas no Departamento de Biologia

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Material e Métodos

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da Universidade de Aveiro e no Centro de Estudos de Infertilidade e Esterilidade.

Por fim, procedeu-se à comparação estatística dos valores obtidos para os dois

grupos de trabalhadores.

222...111 ...222... PPPOOOPPPUUULLLAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEESSSTTTUUUDDDAAADDDAAA

Uma vez seleccionada a amostra de trabalhadores expostos a ambientes

plumbíferos provenientes de uma empresa metalúrgica e respectivo grupo controlo,

efectuou-se um pequeno questionário (ANEXO VI) a cada trabalhador cooperante, a

fim de serem recolhidas todas as informações necessárias para uma correcta

análise da influência do referido metal na sua fertilidade, tais como, hábitos

tabágicos, frequência de consumo de álcool, medicação e índice de massa corporal.

Os trabalhadores foram previamente informados da condição de abstinência sexual

que teriam de respeitar, tendo sido considerado como condição ideal uma

abstinência de três a cinco dias. Segundo a WHO (1999) a duração do período de

abstinência pode ser no mínimo dois dias, não devendo, no entanto, ultrapassar os

sete dias. Se a duração do período de abstinência for curta, poder-se-á verificar um

reduzido número de espermatozóides devido à falta de tempo para repor a

população de espermatozóides. Pelo contrário, se esse período for demasiado longo,

a qualidade do esperma será influenciado, devido a uma excessiva acumulação de

espermatozóides com maior tempo de vida, ou seja, com a sua motilidade diminuída

(Wallach & Zacur, 1995).

A colheita foi realizada individualmente em instalações sanitárias adequadas,

disponíveis na própria empresa, para um recipiente apropriado de plástico de 120 ml,

largo e estéril, à temperatura de aproximadamente 37ºC.

Em cada recipiente registou-se o número do trabalhador e a respectiva hora

de recolha, sendo estes transportados para o laboratório, numa caixa térmica com

acumuladores de calor previamente aquecidos numa estufa a 37ºC.

Após a chegada ao laboratório, as amostras foram colocadas numa estufa a

37ºC, procedendo-se seguidamente à análise detalhada de cada uma delas.

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Material e Métodos

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222...111 ...333... AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA MMMOOOTTTIIILLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA

O movimento dos espermatozóides foi o primeiro aspecto a ser estudado,

devido à sua versatilidade. Para avaliar a quantidade e qualidade do movimento dos

espermatozóides colocaram-se 10 µl de sémen num tubo de ensaio , ao qual se

adicionou 90 µl de soro fisiológico a 37ºC. Colocou-se numa lâmina, uma gota do

preparado e a respectiva lamela para observação ao microscópio óptico (Olympus

BX41). Calculou-se a percentagem de espermatozóides de cada categoria de

movimento, com a ajuda de um contador manual de laboratório, fazendo uma

contagem de duzentos espermatozóides. Sempre que se verificou, com a objectiva

de ampliação 10x um elevado número de espermatozóides, perturbador da sua

contagem e categorização, efectuou-se uma diluição de 1:20. Para tal, adicionou-se

190 µl de soro fisiológico a 37ºC a 10 µl de sémen.

Espermatozóides imóveis ou com baixa motilidade são, geralmente,

considerados incapazes de fecundar o ovócito (adaptado de Turner R., 2003). Como

tal, na avaliação da motilidade é necessário estimar não só o número de

espermatozóides móveis, como também a qualidade do seu movimento. A WHO

(1999) definiu quatro categorias para o movimento espermático:

Categoria a – movimento progressivo rápido ( = 25 µm/s a 37ºC,

correspondendo 25 µm ao comprimento aproximado de cinco cabeças de

espermatozóides)

Categoria b – movimento progressivo lento

Categoria c – movimento não progressivo - in situ (= 5 µm/s)

Categoria d – ausência de movimento.

Ainda de acordo com as recomendações da WHO (1999), foi efectuada uma

segunda avaliação em todas as contagens, fazendo-se a média com os valores

obtidos. Quando a diferença entre as duas observações se mostrou superior a 10%,

procedeu-se a uma terceira contagem.

Segundo a WHO (1999) verifica-se uma situação de astenozoospermia

(redução ou ausência do movimento dos espermatozóides) quando menos de 50%

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Material e Métodos

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dos espermatozóides têm movimento progressivo ou quando menos de 25% têm

movimento progressivo rápido.

222...111 ...444... AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA VVVIIITTTAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA

A anormal permeabilidade da membrana plasmática dos espermatozóides

mortos permite a entrada de Eosina Y a 0,5%, provocando uma coloração particular

nestas células, sendo este o princípio base do teste da vitalidade (adaptado de

Wallach & Zacur, 1995). Esta técnica permite diferenciar os espermatozóides vivos

imóveis dos espermatozóides mortos. Esta avaliação permite ainda verificar a

validade dos resultados da motilidade, uma vez que a percentagem de células

mortas não pode ultrapassar a percentagem de espermatozóides imóveis.

A solução de Eosina Y a 0,5% foi preparada, adicionando-se 5 g de Eosina Y

a 1 litro de solução de cloreto de sódio (0,9%). Em seguida, adicionou-se 10 µl

dessa solução a 10 µl de esperma. Homogeneizou-se e aguardaram-se dois minutos.

Posteriormente, efectuou-se um esfregaço, deixou-se secar e observou-se ao

microscópio. Contaram-se duzentos espermatozóides, com a ajuda de um contador

manual, diferenciando os corados de vermelho (sem vida) dos não corados (com

vida) (WHO, 1999).

A vitalidade é considerada normal, segundo a WHO (1999), quando a

percentagem de espermatozóides vivos for igual ou superior a 50% (ANEXO V).

222...111 ...555... TTTEEESSSTTTEEE DDDAAA HHHIIIPPPOOOOOOSSSMMMOOOLLLAAARRRIIIDDDAAADDDEEE

O teste da hipoosmolaridade é baseado na semi-permeabilidade da

membrana plasmática intacta de uma célula, que provoca o aumento de volume do

espermatozóide em condições hipoosmóticas, devido ao influxo de água (Drevius &

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Eriksson, 1966 in WHO, 1999). Este teste fornece, por isso, informação relativa à

integridade da membrana celular da cauda do espermatozóide (WHO, 1999).

A solução hipoosmótica foi preparada adicionando 0,735 g de citrato de sódio

dihidratado (Na3C6H5O7.2H2O) e 1,351 g de fructose a 100 ml de água destilada.

Esta solução foi conservada a uma temperatura de -20ºC, tendo, no entanto, que ser

aquecida a 37ºC durante cinco minutos, para poder ser utilizada no presente teste.

Adicionou-se 10µl de esperma a 90µl de solução hipoosmótica e colocou-se

na estufa a 37ºC durante trinta minutos. Nos casos em que se verificou um elevado

número de espermatozóides, tal como refe rido para outros parâmetros, efectuou-se

uma diluição de 1:20, adicionando 10µl de esperma a 190µl de solução

hipoosmótica. Nos casos de reduzido número de espermatozóides efectuou-se uma

diluição de 1:5, adicionando 10µl de esperma a 40µl de solução hipoosmótica. Após

a incubação, observou-se ao microscópio uma gota da referida solução. Com a

ajuda de um contador manual, contaram-se, em duzentos espermatozóides, os que

apresentavam a forma da cauda alterada (Figura 2.1), determinando-se assim a

percentagem de hipoosmolaridade.

Figura 2.1 – Representação esquemática de alterações morfológicas em espermatozóides humanos, quando

sujeitos a condições hipoósmoticas; (a) = sem alteração; (b-g) = vários tipos de alterações na cauda dos

espermatozóides (WHO, 1999).

Segundo a WHO (1999), o teste de hipoosmolaridade é considerado normal

se a percentagem resultante for superior a 60% (ANEXO V).

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222...111 ...666... DDDEEETTTEEERRRMMMIIINNNAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA CCCOOONNNCCCEEENNNTTTRRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMAAATTTOOOZZZÓÓÓIIIDDDEEESSS

A concentração de espermatozóides, expressa em milhões por mililitro de

ejaculado, foi determinada utilizando uma câmara de Neubauer (hemocitómetro).

Para determinar a diluição a ser utilizada na contagem de espermatozóides com a

referida câmara, foi necessária, para cada amostra, uma primeira avaliação do

número de espermatozóides existente num campo de um microscópio de contraste

de fase com ampliação de 400x. Assim, a WHO (1999) recomenda a utilização de

diversas diluições, em função do número de espermatozóides observados num

campo de ampliação de 400x, tal como referido na Tabela 2.1.

Tabela 2.1- Diluição e factores de conversão para contagem de espermatozóides com a câmara de

Neubauer (adaptado de OMS, 1999).

Espermatozóides por

Diluição

Factor de conversão

Número de quadrados contados

campo de ampliação 400x (sémen + diluente) 25 5

<15

15-40

40-200 >200

1 : 5 (1 + 4)

1 : 10 (1 + 9)

1 : 20 (1 + 19) 1 : 50 (1 + 49)

20

10

5 2

4

2

1 0.4

Após a estimativa da diluição a ser utilizada, efectuou-se para cada amostra a

diluição correspondente. Por exemplo, para uma diluição de 1:20 (a mais usual)

colocou-se num tubo de ensaio 10 µl de esperma e 190 µl de formol tamponado.

Utilizou-se como solução de diluição o formol tamponado para imobilizar os

espermatozóides, facilitando a sua contagem. A solução de formol tamponado

preparou-se adicionando 25 g de carbonito de sódio (NaHCO3) a 5 ml de formalina

3,5 %, perfazendo um volume final de 500 ml com água destilada.

Após a fixação da lamela à câmara de Neubaeur e com os anéis

birrefringentes (anéis de Newton) visíveis, colocaram-se 10µl da solução preparada

anteriormente, na margem da lamela, entre esta e a câmara. Aguardaram-se cinco

minutos para a ocorrência da sedimentação dos espermatozóides e formação de um

único plano óptico.

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Para a determinação da concentração foram considerados os

espermatozóides completos (com cabeça e cauda) e os espermatozóides anómalos

com cabeça ou cauda de menores dimensões.

Para a contagem de espermatozóides utilizaram-se apenas 5 dos quadrados

existentes na grelha central, conforme representado na Figura 2.2. No entanto, nos

casos em que se observaram menos de 10 espermatozóides em todo o quadrado

central da grelha, efectuou-se a contagem nos 25 quadrados.

Figura 2.2 – Grelha central da câmara de Neubaeur. (a ) Os 5 quadrados utilizados na contagem de

espermatozóides, marcados pelas letras de A a E. (b ) Um dos cinco quadrados que serve para a

contagem de espermatozóides. As cabeças dos espermatozóides marcadas de preto são contadas e as

cabeças marcadas a branco são ignoradas (adaptado de Makler, 2003).

Quando os espermatozóides se localizavam na linha de divisão entre dois

quadrados adjacentes apenas foram contados os situados na margem superior e

esquerda de cada quadrado, conforme o recomendado pela WHO (1999) (Figura 2.2

b). Esta Organização recomenda também a realização de duas contagens, cuja

diferença entre elas deve ter um intervalo de confiança de aproximadamente 95%.

Através da Figura 2.3, pode verificar-se se o ponto resultante do cruzamento entre o

valor da soma das duas contagens e o valor da sua diferença, se situa acima ou

abaixo da curva representada. Caso o ponto se localize acima da curva, deve

reanalisar-se a amostra, uma vez que, o intervalo de confiança entre as duas

contagens é inferior a 95%. Se o ponto se localizar abaixo da curva, significa que o

intervalo de confiança entre as duas contagens é igual ou superior a 95%, por isso,

(a) (b)

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deve ser feita a média das duas contagens, utilizando esse valor para o cálculo da

concentração.

Figura 2.3 – Intervalo de confiança de aproximadamente 95% para a diferença entre duas

contagens de espermatozóides (adaptado de WHO, 1999).

Quando a diferença entre as duas contagens é elevada significa que pode ter

ocorrido um erro na diluição, na contagem ou que os espermatozóides não se

encontravam distribuídos aleatoriamente na solução preparada.

Para determinar a concentração de espermatozóides na amostra original de

sémen em milhões/ml, dividiu-se a média das duas contagens de espermatozóides

pelo factor de conversão respectivo, indicado na Tabela 2.1.

222...111 ...777... AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO MMMOOORRRFFFOOOLLLÓÓÓGGGIIICCCAAA DDDOOOSSS EEESSSPPPEEERRRMMMAAATTTOOOZZZÓÓÓIIIDDDEEESSS

A avaliação morfológica de espermatozóides humanos pode ser efectuada

através de diferentes colorações. No presente trabalho, utilizou-se a coloração

papanicolau, também recomendada pela WHO (1999). No entanto de uma forma

mais simplificada e de acordo com o procedimento utilizado em laboratórios de

esterilidade, onde esta avaliação é efectuada correntemente. Assim, efectuou-se um

Soma das duas contagens

Dife

renç

a en

tre a

s co

ntag

ens

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esfregaço com uma alíquota de 10 µl de sémen, fixando-se, depois de seco, em

metanol. Imergiu-se o esfregaço em corante papanicolau durante 15 minutos e após

uma lavagem de 5 minutos em água corrente, colocou-se o corante de Shorr durante

3 minutos. Após uma nova lavagem em água corrente, a lâmina foi desidratada em

metanol. Após secagem, analisou-se, microscopicamente com uma ampliação de

1000x, a morfologia dos espermatozóides. Os espermatozóides foram classificados

de acordo com os critérios utilizados por Kruger et al. (1986). Assim, foram avaliados

400 espermatozóides, utilizando as seguintes categorias morfológicas: normais,

macrocéfalos, microcéfalos, acéfalos, bicéfalos, alongados, pontiagudos, sem

acrossoma, com microacrossoma, cabeça amorfa, cabeça em lise, anomalias do

colo, anomalias na peça intermédia , acaudados, bicaudados, cauda curta, cauda

enrolada, imaturos e com restos citoplasmáticos. Para cada trabalhador foi

determinada a percentagem de espermatozóides normais e a percentagem de

espermatozóides com as anomalias referidas.

222...111 ...888... AAANNNÁÁÁLLLIIISSSEEE DDDEEE OOOUUUTTTRRRAAASSS PPPRRROOOPPPRRRIIIEEEDDDAAADDDEEESSS FFFÍÍÍSSSIIICCCAAASSS DDDOOO SSSÉÉÉMMMEEENNN

LLLiiiqqquuueee fffaaacccçççãããooo

A liquefacção é produzida por enzimas proteolíticas, segregadas pela

glândula prostática, e por outras designadas por fibrinogenase e aminopeptidase

(Wallach & Zacur, 1995).

Uma amostra de sémen normal liquefaz antes de 60 minutos, à temperatura

ambiente. Os casos em que a liquefacção não ocorre durante o período de tempo

acima citado ou se observam coágulos mucosos consideram-se com liquefacção

incompleta. No entanto, algumas amostras de sémen normal podem conter grânulos

gelatinosos que não liquefazem e para os quais ainda não foi encontrado significado

fisiológico (WHO, 1999).

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Para a avaliação do parâmetro em causa, bastou observar o aspecto da

amostra de sémen após 60 minutos da sua recolha, e registou-se como liquefacção

completa ou incompleta, dependendo do observado.

VVVooollluuummmeee

O volume normal do ejaculado, de acordo com a WHO (1999), é de 2 ml ou

superior a este valor. Após a avaliação da liquefacção, determinou-se o volume,

utilizando para cada amostra uma pipeta de 10 ml, esterilizada e graduada.

CCCooorrr

A cor ou aparência de uma amostra de sémen pode ser examinada após a

sua liquefacção ou até uma hora depois da ejaculação (WHO, 1999).

Para avaliar este parâmetro, observou-se a amostra, à temperatura ambiente,

e registou-se o seu aspecto.

Uma amostra de sémen normal apresenta um aspecto homogéneo, opaco e

acinzentado. No entanto, estas características podem diferir, ocorrendo casos em

que o aspecto da amostra é pouco opaco (quando a concentração de

espermatozóides é muito baixa), a cor é vermelha-acastanhada (quando existem

glóbulos vermelhos na amostra) ou amarela (quando o tempo de abstinência é

elevado ou quando existe uma infecção) (adaptado de WHO, 1999 e Wallach &

Zacur, 1995).

pppHHH

Para uma correcta determinação do pH de uma amostra de sémen

mergulhou-se o papel indicador de pH, de escala entre 6,4 e 8,0, numa gota de

sémen, logo que foi possível. Passados 30 segundos, comparou-se a coloração da

zona impregnada com a tira de calibração e registou-se o valor de pH.

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Segundo a WHO (1999), o valor normal de pH deve ser superior a 7,2.

OOOdddooorrr

O sémen apresenta um odor intenso característico, porém em casos anormais,

pode apresentar um cheiro fétido ou pode ser desprovido de cheiro.

As amostras de sémen normal foram classificadas com cheiro sui generis .

VVViiissscccooosss iiidddaaadddeee

Para determinar a viscosidade de uma amostra de sémen é necessário que

esta se encontre liquefeita e é medida através do comprimento de uma gota de

sémen quando ejectado de uma pipeta. Assim, com uma pipeta de 5 ml e uma pro-

pipeta aspiraram-se alguns mililitros de sémen e pressionando a pro-pipeta num

único movimento ejectou-se uma gota e observou-se o seu aspecto.

Uma amostra de sémen normal é ligeiramente viscosa e caracteriza-se por

formar uma pequena e discreta gota quando ejectada da pipeta. Nos casos de

viscosidade aumentada a gota libertada forma uma linha com mais de 2 cm de

comprimento (WHO, 1999).

222...222 ... EEEFFFEEEIIITTTOOO IIINNN VVVIIITTTRRROOO EEE IIINNN VVVIIIVVVOOO DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA

DDDEEE RRRAAATTTIIINNNHHHOOOSSS

Procedeu-se ao estudo do espermograma de ratinhos submetidos à

exposição ao chumbo, assim como aos respectivos grupos controlo. Para o efeito,

foram analisados os mesmos parâmetros utilizados na análise da fertilidade humana

(motilidade, vitalidade, hipoosmolaridade, concentração, integridade acrossómica e

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Material e Métodos

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morfologia). No entanto, nestes ensaios, as amostras foram extraídas do fluido

epididimal.

222...222 ...111... AAANNNIIIMMMAAAIIISSS DDDEEE LLLAAABBBOOORRRAAATTTÓÓÓRRRIIIOOO

Na realização deste trabalho foram utilizados ratinhos ICR-CD1 do sexo

masculino, com dois meses de idade. fornecidos pelo biotério da Harlan Interfauna

Ibérica SA (Barcelona). Os animais foram mantidos no biotério do Departamento de

Biologia da Universidade de Aveiro em gaiolas plásticas com cobertura metálica, a

uma temperatura de 22 ± 2 ºC, humidade relativa entre 40 a 60% e com ciclo de

luz/escuridão de 12/12 horas. Os animais foram alimentados com ração granulada

apropriada e água ad libitum .

Foi registado o peso de cada um dos ratinhos numa balança PRECISA 220 M

e posteriormente, foram agrupados aleatoriamente em 5 grupos teste (2 grupos para

ensaios in vitro e 3 grupos para ensaios in vivo) e 5 grupos controlo, com n = 5 para

cada grupo. Antes do início de cada experiência os animais permaneceram cerca de

cinco dias nas condições acima referidas para aclimatização.

As experiências realizadas neste trabalho seguiram as directrizes

institucionais para a ética dos animais experimentais (Directiva 86/609/CEE –

24/11/86).

222...222 ...222... PPPRRREEEPPPAAARRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDEEE SSSOOOLLLUUUÇÇÇÕÕÕEEESSS

Preparou-se uma solução de cloreto de chumbo (PbCl2) (MERCK) em água

destilada, na concentração de 9,0 g/l. Utilizou-se esta concentração, ligeiramente

inferior ao limite de solubilidade do PbCl2 em água (9,9 g/l), para garantir uma total

dissolução do composto.

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Material e Métodos

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A análise dos parâmetros considerados determinantes na avaliação da

fertilidade masculina, foi efectuada nos ratinhos, partindo do líquido epididimal. Para

tal, após a extracção do epidídimo, os espermatozóides nele contidos foram

expostos num meio capacitante designado por Meio modificado de Tyrode (MT6).

Este meio foi preparado de acordo com Fraser (1984), sendo constituído por: 125

mM de NaCl (PRONALAB), 0,5 mM de MgCl2.6H2O (PANCREAC), 0,36 mM de

NaH2PO4.2H2O (RIEDEL-DE HAEN), 6,4 mM de Glucose (SIGMA), 100 unidade de

sódio penicilina/ml (SIGMA), 25 mM de NaHCO3 (MERCK), 0.001% de vermelho de

fenol (MERCK), 1 ,7 mM de CaCl2.2H2O (PANCREAC), 5 mM de HEPES (SIGMA), 4

mg/ml de BSA (SIGMA). Finalmente procedeu-se ao acerto do pH da solução para

7,2.

A influência do chumbo em contacto directo com os espermatozóides de

ratinhos (exposição in vitro) foi testada através da preparação de meios T6 com

diferentes concentrações de cloreto de chumbo. Para tal, adicionou-se ao meio T6

dois volumes diferentes da solução preparada de cloreto de chumbo com

concentração 9,0 g/l.

222...222 ...333... DDDEEESSSIIIGGGNNN EEEXXXPPPEEERRRIIIMMMEEENNNTTTAAALLL

No presente estudo foram efectuados diferentes ensaios, a fim de testar o

efeito do chumbo em determinados parâmetros relacionados com a fertilidade de

ratinhos. Testaram-se doses de chumbo in vitro e in vivo.

No estudo in vitro foram testadas duas doses de chumbo, adicionando-se ao

meio T6 a quantidade de cloreto de chumbo necessária para perfazer uma

concentração de 2,4 mg/l (Grupo I) e 488,9 mg/l (Grupo II) de Pb2+. A primeira dose

corresponde ao dobro do limite considerado aceitável para a concentração de

chumbo no sangue (plumbémia), de acordo com classificação do National Institute of

Health (Restrepo et al., 2000). A segunda dose (488,9 mg/l) corresponde a uma

concentração aproximadamente dezasseis vezes menor do que a dose injectada in

vivo. Nos respectivos grupos controlo os espermatozóides foram expostos em meio

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T6 desprovido de chumbo. Para cada grupo exposto e respectivos grupos controlo,

com n=5 para cada um deles, foram analisados os seguintes parâmetros: motilidade,

vitalidade e hipoosmolaridade. Os parâmetros concentração, integridade

acrossómica e morfologia dos espermatozóides não foram analisados por não se

verificarem alterações dos mesmos neste tipo de estudo in vitro.

No estudo in vivo foi utilizada a mesma dose de 150 mg de cloreto de

chumbo /kg de peso vivo nos diferentes ensaios, variando o tempo de exposição e o

dia do sacrifício dos ratinhos. Foi, então, estudada a influência do cloreto de chumbo

em parâmetros relacionados com a fertilidade de ratinhos injectados

subcutaneamente (150 mg de PbCl2/kg de peso vivo) durante dois períodos de

tempo diferentes, 4 (Grupo III) e 6 dias (Grupo IV), com o sacrifício dos animais 24

horas após a última injecção. No terceiro ensaio um grupo de ratinhos (Grupo V) foi

injectado subcutaneamente com a dose referida anteriormente durante um período

de 4 dias, com sacrifício no 35º dia após a primeira exposição, período necessário

para a ocorrência de um ciclo espermatogénico (Creasy & Foster, 2002). Aos

respectivos grupos controlo foram administrados subcutaneamente 0,5 ml de uma

solução de cloreto de sódio (0,9%) durante os períodos correspondentes. Dos

grupos expostos e respectivos grupos controlo foram analisados os parâmetros tais

como a motilidade, a vitalidade, a hipoosmolaridade, a concentração, a integridade

acrossómica e a morfologia dos espermatozóides.

222...222 ...444... CCCOOOLLLHHHEEEIIITTTAAA DDDEEE ÓÓÓRRRGGGÃÃÃOOOSSS EEE PPPRRREEEPPPAAARRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAASSS AAAMMMOOOSSSTTTRRRAAASSS

Os ratinhos de cada grupo foram sacrificados e após a abertura da cavidade

escrotal, removeram-se os epidídimos. Estes foram colocados numa caixa de Petri

contendo 2 ml de meio modificado de Tyrode a uma temperatura de 35ºC. A cauda

de cada epidídimo foi cortada em 2-3 peças com ajuda de uma agulha e um bisturi,

de modo a libertar os espermatozóides no meio. Para assegurar uma distribuição

uniforme dos espermatozóides, aguardaram-se 30 minutos antes do início das

contagens, mantendo o meio à temperatura de 35ºC. Após esse tempo iniciou-se a

análise dos parâmetros referidos.

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Material e Métodos

46

222...222 ...555... AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA MMMOOOTTTIIILLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA

Para avaliar o movimento dos espermatozóides colheu-se do meio T6

contendo espermatozóides uma alíquota de 10 µl e colocou-se numa lâmina com a

respectiva lamela. A percentagem de espermatozóides de cada categoria de

movimento, referidas na avaliação da motilidade espermática em humanos, foi

estimada através da observação microscópica da alíquota com uma ampliação de

400x, efectuando uma contagem de duzentos espermatozóides.

222...222 ...666... AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA VVVIIITTTAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA

A vitalidade espermática foi avaliada misturando numa lâmina uma alíquota

de 10 µl da amostra de meio T6 a uma alíquota de 1 µl de solução de Eosina Y a

0,5%. Após a mistura das alíquotas com uma micro-pipeta, sobrepôs-se uma lamela

e procedeu-se à observação microscópica com uma ampliação de 400x passados

30 segundos. Contaram-se, com a ajuda de um contador manual, duzentos

espermatozóides, diferenciando os corados de vermelho (sem vida) dos não corados

(com vida) (WHO, 1999).

222...222 ...777... TTTEEESSSTTTEEE DDDAAA HHHIIIPPPOOOOOOSSSMMMOOOLLLAAARRRIIIDDDAAADDDEEE

Adicionou-se 10 µl do meio onde se encontram distribuídos os

espermatozóides a 20 µl de solução hipoosmótica (a mesma utilizada para a

avaliação da hipoosmolaridade em humanos) e colocou-se numa estufa a 35ºC

durante trinta minutos. Após a incubação, observou-se ao microscópio uma gota da

referida solução. Com a ajuda de um contador manual, contaram-se, em duzentos

espermatozóides, os que apresentavam a forma da cauda alterada, categorizando-

se estes em ‘angulação atenuada’, ‘angulação acentuada’ e em ‘forma de gancho’

(Figura 2.4), correspondendo a soma das percentagens destas categorias à

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Material e Métodos

47

percentagem de hipoosmolaridade. A categoria ‘lisa’ corresponde à percentagem de

espermatozóides sem qualquer alteração na cauda (sem angulação flagelar), ou

seja, com cauda não funcional. Estas categorias foram baseadas na classificação

efectuada por Yeung et al. (1999).

Figura 2.4 - Várias formas de angulação flagelar: A) sem angulação, B) angulação atenuada, C) angulação

acentuada, D) forma de gancho. A barra representa 10 µm (Yeung et al., 1999).

222...222 ...888... DDDEEETTTEEERRRMMMIIINNNAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA CCCOOONNNCCCEEENNNTTTRRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMAAATTTOOOZZZÓÓÓIIIDDDEEESSS

Para determinar a concentração de espermatozóides em 1 ml de líquido

epididimal adicionou-se uma alíquota de 10 µl de meio T6 onde se encontravam

dispersos os espermatozóides do ratinho em estudo, a 10 µl de formol (imobilizador

de espermatozóides). Posteriormente, foi colocada uma gota da solução anterior

numa câmara de Neubaeur e efectuadas duas contagens nos cinco campos da

câmara, conforme representado anteriormente na Figura 2.2. Determinou-se a

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Material e Métodos

48

concentração de espermatozóides em milhões/ml (C) efectuando o seguinte cálculo

para cada amostra:

C = N/2 x D x 100 000,

onde N = média do número de espermatozóides contados nos cinco quadrados e

D = ao factor de diluição (Makler, 2003).

222...222 ...999... AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA IIINNNTTTEEEGGGRRRIIIDDDAAADDDEEE AAACCCRRROOOSSSSSSÓÓÓMMMIIICCCAAA

A avaliação da integridade do acrossoma foi efectuada de acordo com Lu e

Shur (1997). Como tal, retiraram-se 200 µl de meio espermático e fixaram-se em

200 µl de solução 5% formaldeído em PBS (137 mM de NaCl, 3 mM de KCl, 2 mM

de KH2PO4, 8 mM de Na2HPO4, com pH 7,2) durante 30 minutos a uma temperatura

de 23ºC. Após a fixação, a amostra foi centrifugada a 1000 g durante 5 minutos.

Depois de desprezado o sobrenadante, ressuspendeu-se em 500 µl de acetato de

amónia (SIGMA) e realizou-se nova centrifugação a 1000 g durante 5 minutos. O

pellet formado foi ressuspendido em 100 µl de acetato de amónia. Colocou-se 20 µl

desta suspensão numa lâmina e aguardou-se a sua secagem. Posteriormente,

procedeu-se à coloração com uma solução de 0,22% de Coomassie blue G250

(SIGMA) em 50% metanol/10% ácido acético glacial durante 2 minutos. Após

lavagem em água corrente procedeu-se à sua secagem ao ar, para posterior

montagem em EUKITT (O. KINDLER GMBH & CO). A avaliação da integridade do

acrossoma foi efectuada analisando 200 espermatozóides com uma ampliação de

400x. Os espermatozóides com acrossoma íntegro apresentavam uma intensa

coloração na região anterior da cabeça.

222...222 ...111000... AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO MMMOOORRRFFFOOOLLLÓÓÓGGGIIICCCAAA DDDOOOSSS EEESSSPPPEEERRRMMMAAATTTOOOZZZÓÓÓIIIDDDEEESSS

O procedimento adoptado para a avaliação morfológica dos espermatozóides

de ratinhos foi semelhante ao da avaliação morfológica de espermatozóide humanos.

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Material e Métodos

49

Assim, o referido esfregaço, efectuado com uma alíquota de 20 µl de meio

espermático, foi submetido à coloração papanicolau descrita anteriormente.

A morfologia dos espermatozóides foi analisada microscopicamente com uma

ampliação de 1000x. Os espermatozóides foram classificados de acordo com os

critérios utilizados por Wyrobek & Bruce (1975) e Otubanjo & Mosuro (2001). Assim,

foram avaliados 400 espermatozóides, utilizando as seguintes categorias

morfológicas: normal, anomalias na cabeça, anomalias no gancho, anomalias na

peça intermédia, anomalias na cauda e anomalias múltiplas. Para cada ratinho foi

determinada a percentagem de espermatozóides normais e a percentagem de

espermatozóides com anomalias referidas.

222...333 ... AAANNNÁÁÁLLLIIISSSEEE EEESSSTTTAAATTTÍÍÍSSSTTTIIICCCAAA

A análise estatística dos resultados foi efectuada comparando a média dos

valores obtidos para os grupos controlo com a média dos valores obtidos para os

grupos teste, utilizando o teste t.

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333... RRREEESSSUUULLLTTTAAADDDOOOSSS

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Resultados

51

333...111 ... EEEFFFEEEIIITTTOOO DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA HHHUUUMMMAAANNNAAA

Nesta primeira parte do trabalho foram estudados os efeitos do chumbo na

fertilidade de trabalhadores ocupacionalmente expostos a este composto. Para tal,

avaliaram-se alguns parâmetros de fertilidade estipulados pela WHO (1999)

referidos anteriormente.

MMMoootttiiillliiidddaaadddeee eee VVViiitttaaallliiidddaaadddeee

Após a análise de espermogramas de trabalhadores expostos a chumbo e de

trabalhadores não expostos (grupo controlo), foi possível verificar algumas

alterações ao nível da motilidade. A percentagem de espermatozóides com

progressão rápida diminuiu significativamente (P<0,01) no grupo de trabalhadores

expostos. Neste mesmo grupo verificou-se um aumento significativo (P<0,05) da

percentagem de espermatozóides com progressão lenta, comparativamente com o

grupo controlo (Figura 3.1).

0

10

20

30

40

50

60

Nula In situ Progressivalenta

Progressivarápida

Mo

tilid

ade

(%)

Controlo

Exposição a Pb

Figura 3.1- Efeito do chumbo na motilidade espermática humana. Os valores correspondem à média ± desvio

padrão com n = 6 para cada grupo. * Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,05), **

Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,01).

*

**

In situ

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Resultados

52

Relativamente à vitalidade espermática do grupo exposto, apesar de se ter

observado uma ligeira diminuição comparada com o grupo controlo, esta não foi

estatisticamente significativa (Figura 3.2). A avaliação da vitalidade foi feita de

acordo com a coloração apresentada pelos espermatozóides, conforme descrito no

capítulo anterior e ilustrado na Figura 3.3.

0102030405060708090

100

Controlo Exposição a Pb

Vit

alid

ade

(%)

Figura 3.2– Efeito do chumbo na vitalidade espermática humana. Os valores correspondem à média ±

desvio padrão com n = 6 para cada grupo.

Figura 3.3– Vitalidade de espermatozóides humanos. (a)- espermatozóide com vida; (b)- espermatozóide sem

vida. A barra corresponde a 10 µm.

a

b

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Resultados

53

HHHiiipppoooooosssmmmooo lllaaarrriiidddaaadddeee eee CCCooonnnccceeennntttrrraaaçççãããooo

A percentagem de espermatozóides com membrana celular íntegra diminuiu

ligeiramente no grupo exposto a chumbo (71,40 ± 11,79) comparativamente com o

grupo controlo (80,40 ± 5,86). No entanto, esta diferença não foi estatisticamente

significativa.

A Figura 3.4 mostra a diferença entre a concentração média de

espermatozóides de trabalhadores expostos a chumbo e a concentração média de

espermatozóides de trabalhadores não expostos. Apesar da diferença observada,

esta não é estatisticamente significativa.

0

50

100

150

200

250

300

350

Controlo Exposição a Pb

Con

cent

raçã

o (1

0 /m

l)

Figura 3.4 - Efeito do chumbo na concentração de espermatozóides. Nota: os valores correspondem à média ±

desvio padrão com n = 6 para cada grupo.

MMMooorrrfffooolllooogggiiiaaa dddooosss eeessspppeeerrrmmmaaatttooozzzóóóiiidddeeesss

Comparando a morfologia dos espermatozóides do grupo controlo com a do

grupo de trabalhadores expostos, verificou-se não haver alterações estatisticamente

significativas, que comprovem a influência do chumbo neste parâmetro (Figura 3.5).

Na Figura 3.6 podem visualizar-se imagens de anomalias morfológicas de

espermatozóides de trabalhadores expostos a chumbo, observadas com maior

frequência.

9

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Resultados

54

05

101520253035404550

Controlo Exposição a Pb

Mor

folo

gia

norm

al (

%)

Figura 3.5- Efeito do chumbo na morfologia de espermatozóides. Nota: os valores correspondem à média ±

desvio padrão com n = 6 para cada grupo.

Figura 3.6 – Morfologia de espermatozóides de trabalhadores expostos a chumbo. Morfologia normal (A),

microcéfalos (B), macrocéfalo (C ), cabeça amorfa (D ), anomalia peça intermédia (E e F), sem acrossoma (G),

cauda enrolada (H ). A barra corresponde a 10 µm .

VVVooollluuummmeee eee pppHHH

Relativamente ao volume e pH do sémen dos trabalhadores expostos a

chumbo (3,78 ± 0,66 ml e 7,67 ± 0,27 respectivamente), não foram encontradas

diferenças significativas comparando com o grupo controlo (3,87 ± 2,42 ml e 7,8 ±

0,18).

A

B C

D E

F

G H

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Resultados

55

333...222 ... EEEFFFEEEIIITTTOOO IIINNN VVVIIITTTRRROOO DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA DDDEEE

RRRAAATTTIIINNNHHHOOOSSS

A fim de observar o efeito do chumbo em contacto directo com

espermatozóides, testaram-se duas doses in vitro, adicionando cloreto de chumbo

ao meio T6, para a avaliação dos seguintes parâmetros: motilidade, vitalidade e

hipoosmolaridade.

333...222 ...111... EEEXXXPPPOOOSSSIIIÇÇÇÃÃÃOOO AAA 222,,,444 mmmggg///lll EEE 444888888,,,999 mmmggg/// lll DDDEEE CCCHHHUUUMMMBBBOOO

Após a extracção do epidídimo dos ratinhos pertencentes ao grupo I, os

espermatozóides nele contidos foram expostos ao meio T6 com concentração de 2,4

mg/l de Pb2+ durante 30 minutos. Procedeu-se de forma idêntica para o grupo II,

diferindo apenas na concentração de Pb2+, que neste caso foi de 488,9 mg/l e para

os respectivos grupos controlo .

MMMoootttiiillliiidddaaadddeee

Algumas características dos espermatozóides de ratinhos ICR (CD-1)

expostos ao meio T6 com concentração de 2,4 mg/l de chumbo (Grupo I) foram

alteradas, nomeadamente a motilidade e a vitalidade. Relativamente à concentração

de 488,9 mg/l de chumbo (Grupo II) foram observadas alterações nos mesmos

parâmetros do grupo anterior com intervalos de significância superiores, denotando-

se ainda alterações significativas na hipoosmolaridade.

No grupo exposto a 2,4 mg/l de chumbo (Grupo I) a percentagem de

espermatozóides imóveis aumentou significativamente (P<0,01) comparativamente

com o controlo , no entanto , não se verificaram alterações significativas nas

restantes categorias do movimento espermático (Figura 3.7A).

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Resultados

56

No grupo exposto a 488,9 mg/l de chumbo (Grupo II), tal como no Grupo I, a

percentagem de espermatozóides imóveis aumentou significativamente (P<0,001),

comparativamente com o controlo, apresentando um intervalo de significância

superior. Ao contrário do grupo exposto a 2,4 mg/l de chumbo, verificaram-se

alterações na percentagem de espermatozóides com motilidade progressiva rápida

que diminuiu significativamente (P<0,01). Relativamente às restantes categorias do

movimento espermático, também não se observaram alterações significativas

(Figura 3.7B).

0

10

20

30

40

50

60

70

Nula In situ Progressivalenta

Progressivarápida

Mot

ilida

de (%

)

Controlo

2,4 mg/l Pb

0

10

20

30

40

50

60

70

Nula In situ Progressivalenta

Progressivarápida

Mot

ilida

de (%

) Controlo

488,9 mg/l Pb

**

**

***

A

B

2+

2+

Figura 3.7 – Efeito do chumbo na motilidade espermática do Grupo I (A) e Grupo II (B). Os valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para cada grupo. ** Significativamente diferente do grupo

controlo (P<0,01), *** Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,001).

In situ

In situ

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Resultados

57

VVViiitttaaa llliiidddaaadddeee

A Figura 3.8 mostra as alterações registadas ao nível da vitalidade dos

espermatozóides expostos ao meio plumbífero de 2,4 mg/l (Grupo I) e de 488,9 mg/l

(Grupo II). Em ambos os casos se verificou uma diminuição significativa da

vitalidade dos grupos expostos, sendo a do grupo exposto a uma maior

concentração de chumbo mais significativa (P<0,01) do que a do grupo exposto a

uma menor concentração (P<0,05).

0

20

40

60

80

100

Controlo 2,4 mg/l Pb

Vita

lidad

e (%

)

0

20

40

60

80

100

Controlo 480,6 mg/l Pb

Vita

lidad

e (%

)

Figura 3.8– Efeito do chumbo na vitalidade espermática do Grupo I (A) e do Grupo II (B). Os valores

correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para cada grupo. * Significativamente diferente do grupo

controlo (P<0,05), ** Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,01).

A avaliação da vitalidade dos espermatozóides de ratinhos foi feita com base

na sua coloração, conforme descrito no capítulo anterior e ilustrado na Figura 3.9.

.

*

a

b

a

b

Figura 3.9– Vitalidade de espermatozóides de

ratinho. (a)- espermatozóide com vida; (b)-

espermatozóide sem vida. A barra corresponde a

10 µm .

**

A B

2+ 2+ 488,9

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Resultados

58

HHHiiipppoooooosssmmmooo lllaaarrriiidddaaadddeee

Relativamente à percentagem de espermatozóides com membrana

plasmática da cauda danificada (hipoosmolaridade lisa) verificou-se um ligeiro

aumento no grupo exposto a 2,4 mg/l chumbo, apesar da diferença verificada entre

este grupo e o grupo controlo, não ser estatisticamente significativa. No entanto,

verificou-se, uma diferença significativa (P<0,05) apenas na categoria dos

espermatozóides com angulação acentuada. Já no grupo exposto a 488,9 mg/l de

chumbo, verificou-se uma aumento significativo (P<0,05) da percentagem de

espermatozóides com membrana plasmática danificada, comparativamente com o

respectivo grupo controlo (Tabela 3.1).

Tabela 3.1 - Efeito do chumbo na hipoosmolaridade do Grupo I (2,4 mg/l de Pb2+) e II (488,9 mg/l de Pb2+).

Chumbo (mg/l)

0 2,4 0 488,9

Hipoosmolaridade (%):

Lisa 28,2 ± 3,96 33,8 ± 8,64 33 ± 8,25 46,2 ± 6,10

Angulação atenuada 17 ± 4,69 15 ± 3,39 18,2 ± 2,49 14,8 ± 8,44

Angulação acentuada 9,2 ± 2,17 5,4 ± 1,82 7,2 ± 3,56 7,2 ± 2,49

Forma de gancho 45,6 ± 6,50 45,8 ± 11,32 41,6 ± 7,06 31,8 ± 15,64

Nota: os valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para cada grupo. * Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,05).

A Figura 3.10 ilustra a forma como foi efectuada a avaliação da

hipoosmolaridade espermática, observando-se as quatro categorias estabelecidas

para este parâmetro.

Figura 3.10– Hipoosmolaridade de espermatozóides de ratinho: sem angulação (1), angulação atenuada (2),

angulação acentuada (3), forma de gancho (4). A barra corresponde a 10 µm.

*

*

1 2

3 4

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Resultados

59

333...333 ... EEEFFFEEEIIITTTOOO IIINNN VVVIIIVVVOOO DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA DDDEEE

RRRAAATTTIIINNNHHHOOOSSS

Para testar o efeito do chumbo na qualidade espermática de ratinhos

expostos a este composto foram efectuados três ensaios experimentais, injectando

doses de 150 mg de PbCl2/kg de peso vivo (p.v.) durante períodos de tempo

diferentes (4 e 6 dias com sacrifício dos animais 24 horas após a última injecção e 4

dias com o sacrifício dos animais 35 dias após a primeira exposição).

Os parâmetros motilidade, vita lidade, hipoosmolaridade, concentração,

morfologia e integridade do acrossoma foram avaliados 30 minutos após a

exposição dos espermatozóides ao meio T6.

333...333 ...111... AAADDDMMMIIINNNIIISSSRRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDEEE 111555000 mmmggg DDDEEE PPP bbbCCClll222 ///kkkggg DDDEEE PPPEEESSSOOO VVVIIIVVVOOO DDDUUURRRAAANNNTTTEEE 444 EEE 666 DDDIIIAAASSS

No Grupo III e IV foram estudados os efeitos do chumbo em alguns

parâmetros da fertilidade masculina de ratinhos injectados subcutaneamente durante

um período de 4 e 6 dias respectivamente, com uma dose de 150 mg/kg de peso

corporal. Os respectivos grupos controlo foram injectados subcutaneamente durante

um período de 4 dias com uma solução de cloreto de sódio (0,9%). O sacrifício dos

ratinhos de ambos os grupos ocorreu 24 horas após a última injecção.

MMMoootttiiillliiidddaaadddeee eee VVViiitttaaallliiidddaaadddeee

Após a avaliação da motilidade e da vitalidade dos espermatozóides de

ratinhos injectados com cloreto de chumbo (150 mg/kg de peso vivo) durante um

período de quatro (Grupo III) e seis dias (Grupo IV), verificou-se que estes

parâmetros sofreram alterações comparativamente com o grupo controlo.

Relativamente à motilidade dos espermatozóides, foram observadas algumas

alterações nos ratinhos injectados durante um período de quatro dias (Grupo III),

uma vez que a percentagem de espermatozóides imóveis aumentou

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Resultados

60

significativamente (P<0,05) comparativamente com o controlo. Nas restantes

categorias do movimento espermático não se verificaram alterações significativas

(Figura 3.11A). Já no Grupo IV (6 dias de injecção) observou-se, para além da

mesma alteração verificada no Grupo II, uma diminuição significativa (P<0,01) da

percentagem de espermatozóides com mobilidade progressiva rápida e um aumento

significativo (P<0,05) da percentagem de espermatozóide com progressão lenta

(Figura 3.11B).

0

10

20

30

40

50

60

Nula In situ Progressiva lenta Progressivarápida

Mot

ilida

de (

%)

Controlo

150 mg dePbCl /kg dep.v. - 4 dias

0

10

20

30

40

50

60

Nula In situ Progressiva lenta Progressivarápida

Mot

ilida

de (%

)

Controlo

150 mg dePbCl /kg dep.v. - 6 dias

*

*

**

Figura 3.11 - Efeito do chumbo na motilidade espermática do Grupo III (A) e Grupo IV (B) . Os valores

correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para o Grupo III e n = 4 para o Grupo IV. * Significativamente

diferente do grupo controlo (P<0,05), ** Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,01).

*

B

A

2

2

In situ

In situ

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Resultados

61

A Figura 3.12 mostra as alterações registadas ao nível da vitalidade dos

espermatozóides de ratinhos pertencentes aos grupos tratados durante um período

de 4 e 6 dias. Obteve-se uma diminuição da vitalidade espermática mais significativa

(P<0,01) para o grupo III comparativamente com o respectivo controlo, do que para

o Grupo IV (P<0,05).

0102030405060708090

100

4 6

Tempo de exposição (dias)

Vit

alid

ade

(%)

Controlo

150 mg de PbCl/kg de p.v.

Figura 3.12– Efeito do chumbo na vitalidade espermática do Grupo III (4 dias de exposição) e IV (6 dias de

exposição). Os valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para o Grupo III e n = 4 para o Grupo

IV. * Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,05), ** Significativamente diferente do grupo controlo

(P<0,01).

HHHiiipppoooooosssmmmooo lllaaarrriiidddaaadddeee eee CCCooonnnccceeennntttrrraaaçççãããooo

Relativamente à integridade da membrana celular da cauda dos

espermatozóides observou-se uma ligeira diminuição da hipoosmolaridade do grupo

exposto a chumbo durante um período de 4 dias, no entanto, a diferença verificada

entre este grupo e o grupo controlo não foi estatisticamente significativa. No grupo

exposto a chumbo durante um período de 6 dias já se observou uma diminuição

significativa da hipoosmolaridade (P<0,01), verificando-se um aumento da

percentagem de espermatozóides com membrana celular danificada, ou seja,

pertencentes à categoria ‘lisa’ (Tabela 3.2).

A Figura 3.13 mostra a diferença entre a concentração média de

espermatozóides de ratinhos expostos a chumbo e a concentração média de

espermatozóides de ratinhos não expostos. Apesar da diferença observada entre os

** *

2

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Resultados

62

grupos III (4 dias de exposição a chumbo) e IV (6 dias de exposição a chumbo) e os

respectivos grupos controlo, esta não foi estatisticamente significativa.

Nota: Os valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para o Grupo III e n = 4 para o Grupo IV. ** Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,01).

0123456789

10

4 6Tempo de exposição (dias)

Con

cent

raçã

o (x

10 )

Controlo

150 mg de PbCl/kg de p.v.

Figura 3.13– Efeito do chumbo na concentração espermática do Grupo III e IV. Os valores correspondem à

média ± desvio padrão com n = 5 para o Grupo III e n = 4 para o Grupo IV.

IIInnnttteeegggrrriiidddaaadddeee dddooo aaacccrrrooossssssooommmaaa eee MMMooorrrfffooollloooggg iiiaaa dddooosss eeessspppeeerrrmmmaaatttooozzzóóóiiidddeeesss

Não se verificou ser significativa a influência do cloreto de chumbo sobre a

integridade do acrossoma, no período de exposição de 4 dias (Grupo III). No entanto,

denotou-se uma diminuição significativa da percentagem de espermatozóides com

PbCl2 (mg/kg p.v.) - 4 dias PbCl2 (mg/kg p.v.) - 6 dias

0 150 0 150

Hipoosmolaridade (%):

Lisa 28,4 ± 6,27 34,4 ± 3,58 24,25 ± 3,59 36,25 ± 4,57

Angulação atenuada 22,2 ± 3,70 18,4 ± 9,76 28,75 ± 6,13 19,25 ± 8,85

Angulação acentuada 7,6 ± 0,55 8,2 ± 2,77 3 ± 2,58 1,75 ± 1,71

Forma de gancho 41,8 ± 6,57 39 ± 15,05 44 ± 2,94 42,75 ± 13,07

9 2

Tabela 3.2 - Efeito do chumbo na hipoosmolaridade do Grupo III (4 dias de exposição) e IV (6 dias de exposição).

**

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Resultados

63

acrossoma íntegro, no grupo IV (6 dias de exposição) relativamente aos respectivos

grupos controlo (Figura 3.14).

Na Figura 3.15 é possível diferenciar os espermatozóides com acrossoma

íntegro do espermatozóide desprovido de acrossoma. Assim é feita a avaliação

microscópica da integridade do acrossoma, utilizando a coloração já descrita no

capítulo anterior.

0

20

40

60

80

100

4 6

Tempo de exposição (dias)

Inte

gri

dad

e d

o a

cro

sso

ma

(%)

Controlo

150 mg de PbCl/kg de p.v.

Figura 3.15– Integridade do acrossoma de

espermatozóides de ratinho. (I)- espermatozóide

com acrossoma; (II)- espermatozóide sem acrossoma. A barra corresponde a 10 µm .

2

I

I

II

**

Figura 3.14– Efeito do chumbo na integridade do acrossoma de espermatozóides de ratinhos pertencentes ao

Grupo III e IV. Os valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para o Grupo III e n = 4 para o

Grupo IV. ** Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,01).

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Resultados

64

Por último, na Tabela 3.3 são apresentados os valores percentuais da

morfologia dos espermatozóides dos grupos controlo e dos grupos tratados com

cloreto de chumbo durante 4 e 6 dias. Verificou-se que as doses testadas não

afectaram significativamente a morfologia dos espermatozóides dos ratinhos

tratados, apresentando estes uma idêntica percentagem de espermatozóides

normais relativamente aos respectivos grupos controlo.

Tabela 3.3 - Efeito do chumbo na morfologia dos espermatozóides de ratinhos pertencentes ao Grupo III e IV.

Nota: Os valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para o Grupo III e n = 4 para o Grupo IV.

Na avaliação morfológica dos espermatozóides, foi possível observar várias

anomalias ao nível da cabeça, do gancho, da peça intermédia, da cauda e em dois

segmentos simultaneamente (anomalias múltiplas). Na Figura 3.16 são

apresentadas algumas anomalias encontradas em espermatozóides quer do grupo

controlo, quer do grupo tratado.

PbCl2 (mg/kg p.v.) - 4 dias PbCl2 (mg/kg p.v.) - 6 dias

0 150 0 150

Morfologia (%):

Normal 70,41 ± 5,58 71,11 ± 8,26 75,08 ± 9,87 69,96 ± 9,30 Anomalias na Cabeça 7,16 ± 4,82 3,32 ± 1,70 2,86 ± 1,35 4,14 ± 1,77

Anomalias no Gancho 0,67 ± 0,69 0,04 ± 0,00 0,10 ± 0,21 0,31 ± 0,27

Anomalias na Peça Interm édia 0,79 ± 0,46 0,37 ± 0,37 0,05 ± 0,11 0,10 ± 0,12

Anomalias na Cauda 20,11 ± 5,61 24,95 ± 6,96 21,58 ± 10,20 24,87 ± 8,39

Anomalias Múltiplas 0,85 ± 0,46 0,21 ± 0,09 0,32 ± 0,22 0,61 ± 0,83

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Resultados

65

C

K

H I

L M

J

G

C

C

D E F

A

B

Figura 3.16 – Morfologia de espermatozóides presentes no fluído epididimal de ratinhos controlo e expostos.

(A) Morfologia normal; Anomalias na cabeça: (B) amorfa, (C ) forma de banana, (F) acéfalo; Anomalias no

gancho: (D ) sem gancho, (E) gancho com ângulo errado; Anomalias na peça intermédia (G e J); Anomalias

na cauda: (H ) cauda enrolada, (K) cauda envolvendo a cabeça, (I) acaudado; Anomalias múltiplas: (L ) cauda

enrolada e cabeça amorfa, (M) cauda envolvendo a cabeça e cabeça amorfa. A barra corresponde a 10 µm .

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Resultados

66

333...333 ...222... QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA DDDEEE RRRAAATTTIIINNNHHHOOOSSS AAAPPPÓÓÓSSS 333555 DDDIIIAAASSS DDDAAA EEEXXXPPPOOOSSSIIIÇÇÇÃÃÃOOO AAA

PPP bbbCCC lll222 (((111555000 mmmggg///kkkggg DDDEEE PPPEEESSSOOO VVVIIIVVVOOO DDDUUURRRAAANNNTTTEEE 444 DDDIIIAAASSS)))

No presente grupo (Grupo V) foram estudados os efeitos do cloreto de

chumbo na fertilidade masculina de ratinhos passados 35 dias da primeira

administração do composto em causa. Este foi injectado subcutaneamente durante

um período de 4 dias, com uma dose de 150 mg/kg de peso corporal. O respectivo

grupo controlo foi injectado subcutaneamente durante um período de 4 dias com

uma solução de cloreto de sódio (0,9%), sendo o seu sacrifício de ambos os grupos

35 dias após a primeira injecção.

MMMoootttiiillliiidddaaadddeee eee VVViiitttaaallliiidddaaadddeee

Após a avaliação da motilidade e da vitalidade dos espermatozóides de

ratinhos pertencentes ao grupo V, verificou-se que estes parâmetros sofreram

alterações comparativamente com o grupo controlo. A percentagem de

espermatozóides imóveis aumentou significativamente (P<0,05) comparativamente

com o controlo, enquanto que a percentagem de espermatozóides com mobilidade

progressiva rápida diminuiu significativamente (P<0,01) aumentando

significativamente (P<0,01) a percentagem de espermatozóide com progressão lenta

(Figura 3.17).

0

10

20

30

40

50

60

Nula In situ Progressivalenta

Progressivarápida

Mot

ilida

de (

%) Controlo

150 mg de PbCl /kgde p.v - 4 diassacrifício ao 35º dia

Figura 3.17 - Efeito do chumbo na motilidade espermática de ratinhos pertencentes ao grupo V. Os

valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para cada grupo. * Significativamente diferente do

grupo controlo (P<0,05) ** Significativamente diferente do grupo controlo (P<0,01).

* **

** 2

In situ

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Resultados

67

A figura 3.18 mostra as alterações registadas ao nível da vitalidade dos

espermatozóides dos ratinhos pertencentes grupo V, sendo estas significativas

(P<0,01).

0102030405060708090

100

Controlo 150 mg/kg PbCl2 - 4 dias

Vita

lidad

e (%

)

Figura 3.18– Efeito do chumbo na vitalidade espermática de ratinhos pertencentes ao grupo V. Os

valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para cada grupo. ** Significativamente diferente do

grupo controlo (P<0,01).

HHHiiipppoooooosssmmmooo lllaaarrriiidddaaadddeee eee CCCooonnnccceeennntttrrraaaçççãããooo

A percentagem de espermatozóides com membrana celular danificada

(hipoosmolaridade lisa) aumentou significativamente (P<0,01) no grupo exposto a

chumbo, ocorrendo também uma diminuição significativa (P<0,01) na percentagem

de espermatozóides com angulação atenuada no grupo exposto ao composto de

chumbo (Tabela 3.4).

Tabela 3.4 - Efeito do chumbo na hipoosmolaridade de espermatozóides de ratinhos pertencentes ao grupo V.

Controlo

PbCl2 (150mg/kg) - 4 dias

sacrifício ao 35º dia

Hipoosmolaridade (%): Lisa 32,60 ± 3,85 40,60 ± 3,29

Angulação atenuada 32,00 ± 4,74 16,60 ± 7,30

Angulação acentuada 5,00 ± 3,32 3,40 ± 1,82

Forma de gancho 30,40 ± 7,40 39,40 ± 7,89

Nota: os valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para cada grupo. ** Significativamente

diferente do grupo controlo (P<0,01).

**

** **

2 150 mg PbCl2/Kg p.v.

4 dias - sacrifício ao 35º dia

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Resultados

68

Ao contrário do observado para os grupos de ratinhos expostos a chumbo

durante 4 e 6 dias, com sacrifício dos mesmo 24 horas após a última injecção, a

concentração média de espermatozóides do Grupo V (exposição de 4 dias com

sacrifício 35 dias após a primeira injecção) diminuiu significativamente (P<0,01)

comparado com o respectivo grupo controlo (Figura 3.19).

0

2

4

6

8

10

12

Controlo 150 mg/kg PbCl2 - 4 dias

Con

cent

raçã

o (x

10 )

Figura 3.19– Efeito do chumbo na concentração de espermatozóides de ratinhos pertencentes ao grupo V. Os

valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para cada grupo. ** Significativamente diferente do

grupo controlo (P<0,01).

IIInnnttteeegggrrriiidddaaadddeee dddooo aaacccrrrooossssssooommmaaa eee MMMooorrrfffooollloooggg iiiaaa dddooosss eeessspppeeerrrmmmaaatttooozzzóóóiiidddeeesss

Verificou-se uma diminuição significativa (P<0,05) da percentagem de

espermatozóides com acrossoma íntegro no grupo exposto ao cloreto de chumbo na

dose em causa, relativamente ao grupo controlo (Figura 3.20), contrariamente o

Grupo III e IV.

Comparando a morfologia dos espermatozóides do grupo controlo como a do

grupo tratado, verificou-se haver algumas alterações estatisticamente significativas,

que comprovam a influência do chumbo na morfologia dos espermatozóides após

decorrido um ciclo espermatogénico. Observou-se um aumento significativo (P<0,05)

das anomalias na cabeça e no gancho dos espermatozóides de ratinhos expostos a

chumbo (Tabela 3.5).

**

2 150 mg PbCl2/Kg p.v.

4 dias - sacrifício ao 35º dia

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Resultados

69

01020

30405060708090

Controlo 150 mg PbCl /kg p.v. - 4 diassacrifício ao 35º dia

Inte

grid

ade

do a

cros

som

a (%

)

Figura 3.20- Efeito do chumbo na integridade do acrossoma de ratinhos pertencentes ao grupo V. Os

valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para cada grupo. * Significativamente diferente do

grupo controlo (P<0,05).

Tabela 3.5 - Efeito do chumbo na morfologia dos espermatozóides de ratinhos pertencentes ao grupo V.

Controlo

150 mg/kg PbCl2 - 4 dias

sacrifício ao 35º dia

Morfologia:

Normal 80,23 ± 3,32 71,34 ± 8,63

Anomalias na Cabeça 2,28 ± 1,31 6,22 ± 2,59

Anomalias no Gancho 0,21 ± 0,15 1,39 ± 1,06

Anomalias na Peça Intermédia 0,13 ± 0,12 0,40 ± 0,47

Anomalias na Cauda 16,73 ± 3,80 19,23 ± 6,59

Anomalias Múltiplas 0,42 ± 0,34 1,42 ± 0,91

Nota: os valores correspondem à média ± desvio padrão com n = 5 para cada grupo. * Significativamente

diferente do grupo controlo (P<0,05).

*

* *

2

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444... DDDIIISSSCCCUUUSSSSSSÃÃÃOOO

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Discussão

71

444...111 ... EEEFFFEEEIIITTTOOO DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA HHHUUUMMMAAANNNAAA

Os compostos de chumbo têm uma ampla aplicação industrial, implicando

uma exposição ocupacional ao ião Pb2+. Já em 1977, a WHO discutiu e advertiu

para os efeitos do chumbo na saúde humana e vários têm sido os estudos

efectuados nesse campo. Ao nível da saúde reprodutiva masculina, Sallmén (2001),

baseando-se em estudos efectuados, considerou o chumbo como um tóxico

reprodutivo para níveis de plumbémia = 40 µg/dl e salientou a existência de

algumas evidências da redução da fertilidade masculina para baixos níveis de

exposição. Shiau e colaboradores (2004) verificaram também que para níveis de

plumbémia menores que 40 µg/dl, a fecundidade dos trabalhadores expostos a

chumbo diminui e aumenta o tempo necessário para uma possível gravidez. No

entanto, Bonde e seus colaboradores (2002) concluíram que para níveis de

plumbémia inferiores a 45 µg/dl não se verificam alterações nem na concentração

espermática nem na estrutura da cromatina dos espermatozóides. Existem também

estudos onde não se verificou qualquer associação entre a concentração de Pb no

fluido seminal e a concentração espermática ou o volume do ejaculado em

trabalhadores de soldagem de chumbo, com níveis de plumbémia de 22,8 µg/dl

(Alexander et al., 1996) e em trabalhadores de fábricas de baterias com níveis de

plumbémia de 53 µg/dl (Robins et al., 1997). Salienta-se, assim, o facto dos

resultados descritos na literatura sobre os efeitos do chumbo no sistema reprodutivo

masculino serem muitas vezes controversos.

No presente trabalho analisou-se a influência do chumbo em parâmetros

seminais como a motilidade, vitalidade, hipoosmolaridade, concentração e

morfologia dos espermatozóides e algumas propriedades físicas do sémen

(liquefacção, volume, cor, pH, odor e viscosidade) em trabalhadores expostos a

chumbo. De todos os parâmetros analisados apenas se observou uma alteração

significativa na percentagem de espermatozóides com motilidade progressiva rápida,

sendo menor nos trabalhadores expostos. Conclui-se assim, que os níveis de

exposição ocupacional a chumbo seriam aceitáveis, uma vez que, segundo Viskum

(1999) este tipo de exposição provoca alguns efeitos adversos na qualidade

espermática, nomeadamente na motilidade.

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Discussão

72

Apesar de no presente estudo não se verificarem alterações significativas ao

nível da vitalidade, concentração e morfologia, esta relação tem sido comprovada

por outros autores. Benoff e co-autores (2003) comprovaram, no seu estudo, a

correlação inversa entre o nível de chumbo no fluído seminal e a motilidade,

concentração e morfologia, para níveis médios de 395 µg/l de chumbo no fluído

seminal. Foram, também, confirmados os efeitos adversos do chumbo na motilidade,

concentração, morfologia e ainda na vitalidade espermática em humanos expostos

ambientalmente a chumbo, por Ochoa e colaboradores (2005). Estes autores

concluíram que o nível de chumbo nos espermatozóides está negativamente

associado com os parâmetros anteriormente referidos, para níveis médios de 0,047

ng/106 células. Outros autores (Lerda et al., 1992) reportaram um decréscimo da

concentração, motilidade e vitalidade espermática, bem como um aumento da

percentagem de espermatozóides com morfologia anormal, num grupo de 30

trabalhadores de fábricas de baterias com plumbémia média de 48,6 µg/dl

comparados com 30 trabalhadores controlo.

Apesar de no presente estudo não se ter verificado uma relação entre a

exposição ao chumbo e a integridade da membrana celular (teste da

hipoosmolaridade), Naha & Chowdhury (2006) concluíram, num estudo efectuado

com trabalhadores de fábricas de baterias e pintura, que o chumbo para além de

afectar a concentração e motilidade espermática, danifica a própria estrutura do

espermatozóide e a integridade da membrana celular para níveis de plumbémia

superiores a 48,29 ± 4,91 µg/dl. A ausência desta relação neste estudo poderá ter a

ver com os possíveis baixos níveis de exposição a chumbo dos trabalhadores

estudados.

Relativamente às propriedades físicas do sémen, apesar de também não se

terem observado alterações significativas neste estudo, Naha (2005) verificou efeitos

nefastos do metal em causa sobre o volume, viscosidade e tempo de liquefacção do

sémen, indicando uma alteração na actividade secretora da vesícula seminal e da

próstata.

O chumbo foi também considerado, por Benoff e colaboradores (2000), como

responsável pela reacção acrossómica prematura. Estes investigadores explicaram

ainda que a entrada de Pb2+ nos espermatozóides maduros se efectua através dos

canais iónicos K+, por estes serem susceptíveis ao Pb2+.

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Discussão

73

Conclui-se com este estudo, que a exposição ocupacional a chumbo acarreta

consequências negativas a nível da saúde reprodutiva masculina, nomeadamente a

nível da motilidade espermática. Impõe-se, por isso, necessária uma promoção da

saúde reprodutiva no local de trabalho, precavendo estes efeitos adversos e

impedindo um aumento da taxa de infertilidade que tem vindo a aumentar

significativamente a nível mundial.

444...222 ... EEEFFFEEEIIITTTOOO DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA DDDEEE RRRAAATTTIIINNNHHHOOOSSS

444...222 ...111... EEEFFFEEEIIITTTOOO IIINNN VVVIIITTTRRROOO DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA

No presente trabalho, efectuaram-se estudos in vitro no sentido de aprofundar

o conhecimento acerca do efeito directo do chumbo sobre os espermatozóides.

Holland e colaboradores (1980) comprovaram que a adição in vitro de iões

Pb2+ ao sémen humano pode causar redução da motilidade espermática. Também,

já foi comprovado que a fertilidade espermática de touros diminui com a adição in

vitro de acetato de chumbo (Alexaki et al.,1990). No entanto, raros são os estudos

experimentais in vitro efectuados quer em humanos quer em animais.

Nas duas doses testadas (2,4 e 488,9 mg/l) observou-se uma redução da

qualidade espermática, nomeadamente ao nível da motilidade, vitalidade e

hipoosmolaridade. As alterações registadas foram mais significativas na dose mais

elevada, demonstrando o efeito gradual do chumbo na redução da qualidade dos

espermatozóides, podendo estes tornarem-se totalmente inviáveis a altas

concentrações (2,59 g/l de PbCl2, que corresponde a aproximadamente ¼ da dose

administrada diariamente no ensaio in vivo).

Na dose mais baixa (240 µg/dl de Pb2+ sob a forma de PbCl2) verificaram-se

alterações significativas ao nível da percentagem de espermatozóides imóveis e da

vitalidade. Estas alterações não serão equivalentes às observadas em indivíduos

com nível de plumbémia de 240 µg/dl, mas sim com níveis muito inferiores, pois a

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Discussão

74

exposição in vitro a esta concentração ocorreu durante um curto período de tempo

(30 minutos) ao contrário do que sucede com uma concentração endógena

equivalente.

Relativamente à dose mais elevada (488,9 mg/l de Pb2+) obtiveram-se

diferenças altamente significativas (P<0,001) para a percentagem de

espermatozóides imóveis e também significativas para a vitalidade e

hipoosmolaridade. Com esta dose apenas se quis provar o real efeito citotóxico do

chumbo sobre os espermatozóides, dado que esta concentração é impensável no

sangue humano.

Destes ensaios salienta-se a capacidade que o chumbo apresenta para

penetrar no espermatozóide, particularmente ao nível da peça intermédia, uma vez

que a motilidade foi o parâmetro mais facilmente alterado em presença do chumbo,

tal como o observado na motilidade espermática humana. Este facto está de acordo

com dados obtidos por Piasecka (1993) que estudou também o modo como o

acetato de chumbo tem efeito nefasto sobre os espermatozóides de ratos. A

conclusão acerca da apetência do chumbo à peça intermédia tem como base o facto

das mitocôndrias responsáveis pelo fornecimento de energia para o movimento do

espermatozóide se localizarem nesse segmento, sendo a função destes organitos

inibida na presença de chumbo (ATSDR, 1999; Marchlewicz, 1993). Piasecka e co-

autores (1996) comprovaram, em ensaios crónicos, que a espiral mitocondrial dos

espermatozóides de ratos tratados com acetato de chumbo foi afectada.

O efeito citotóxico do chumbo sobre os espermatozóides foi também

comprovado por Gulvick (1989). Para além das conclusões já referidas há ainda a

salientar o efeito directo do chumbo sobre a qualidade espermática sem intervenção

do eixo hipotalamico-pituitário-testicular, contrariando, a conclusão de Sokol e

colaboradores (1994). Estes autores referem que o chumbo induz alterações na

qualidade espermática através da alteração do controlo hormonal e não por acção

directa sobre os espermatozóides.

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Discussão

75

444...222 ...222... EEEFFFEEEIIITTTOOO IIINNN VVVIIIVVVOOO DDDOOO CCCHHHUUUMMMBBBOOO NNNAAA QQQUUUAAALLLIIIDDDAAADDDEEE EEESSSPPPEEERRRMMMÁÁÁTTTIIICCCAAA

Na terceira parte da investigação e após a análise da qualidade dos

espermatozóides do epidídimo de ratinhos injectados por via subcutânea com 150

mg de PbCl2/kg de peso corporal, durante 4 e 6 dias com sacrifício dos animais 24

horas após a última administração (Grupo III e IV respectivamente), e durante 4 dias

com sacrifício após 35 dias da primeira exposição (Grupo V), foi possível verificar

algumas alterações.

A motilidade e vitalidade espermática foram alteradas em todos os grupos

expostos, o que permite concluir que os espermatozóides quando expostos ao

chumbo facilmente alteram a sua motilidade ou rapidamente sofrem um processo de

morte celular. O efeito nefasto do chumbo na motilidade espermática foi também

confirmado para administrações de 74 mg PbCl2/kg de peso vivo durante 3 dias

(Graça et al., 2004) e 0,5% de acetato de chumbo administrados oralmente durante

6 semanas (Wadi & Ahmad, 1999).

Relativamente à hipoosmolaridade e integridade do acrossoma dos

espermatozóides apenas se verificaram diminuições significativas para os períodos

de exposição de 6 dias (Grupo IV) e de 4 dias com sacrifício dos ratinhos ao 35º dia

(Grupo V). Estes resultados sugerem que a integridade da membrana plasmática e a

integridade do acrossoma dos espermatozóides são menos susceptíveis de serem

alterados do que a motilidade e vitalidade, sendo necessária uma maior quantidade

de chumbo ou um maior tempo de actuação do tóxico antes do sacrifício dos

animais, uma vez que, segundo Ochoa e colaboradores (2006) o chumbo é

absorvido pelos espermatozóides principalmente durante a sua formação nos

testículos, embora também ocorra absorção, em menor escala, durante a sua

maturação nos epidídimos.

A integridade do acrossoma é alterada quando ocorre a reacção acrossómica.

Na fecundação, o espermatozóide une-se com os receptores da superfície da zona

pelúcida do oócito e seguidamente ocorre a reacção acrossómica (Florman & Storey,

1982). No entanto, esta reacção pode ser induzida antes do encontro entre os dois

gâmetas, como se verificou no presente estudo, onde a integridade do acrossoma

diminuiu nos grupos expostos a chumbo acima citados. O aumento da frequência da

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Discussão

76

reacção acrossómica dos espermatozóides de ratinhos expostos a cloreto de

chumbo, foi também comprovada por Johansson (1989) como resultado de uma

aceleração do processo envolvido na capacitação dos espermatozóides. Este autor,

sugeriu que o chumbo pode influenciar a actividade de enzimas acrossomais

levando a uma reacção acrossómica prematura.

A morfologia dos espermatozóides não sofreu alteração significativa nos

períodos de exposição ao chumbo de 4 e 6 dias (Grupo III e IV) ao contrário do

grupo de ratinhos expostos ao chumbo durante 4 dias com sacrifício 35 dias após a

primeira exposição (Grupo V), onde se verificou um aumento da percentagem de

espermatozóides com anomalias na cabeça e no respectivo gancho. Neste último

grupo o tempo decorrido entre a primeira exposição ao chumbo e o dia do sacrifício

foi superior ao tempo necessário para um ciclo espermatogénico (superior a 34,5

dias segundo Creasy & Foster (2002)), o que permite concluir que para a alteração

da morfologia dos espermatozóides é necessária a intervenção do elemento tóxico

na espermatogénese, o que não ocorreu no Grupo III e IV cujo período de tempo

para actuação do chumbo, foi insuficiente para a ocorrência de um ciclo

espermatogénico.

A concentração de espermatozóides nos epidídimos de ratinhos expostos a

cloreto de chumbo, tal como a morfologia, apenas sofreu alterações significativas no

grupo V (exposição durante 4 dias com sacrifício após 35 dias), sendo as alterações

nos restantes grupos não significativas. A concentração é também um parâmetro

dificilmente alte rado em curtos espaços de tempo, sendo necessário um período de

tempo superior a um ciclo espermatogénico para que se verifique uma diminuição

significativa. Estes dados sugerem que o chumbo intervém no processo

espermatogénico alterando a quantidade de espermatozóides produzidos.

Wadi & Ahmad (1999) comprovaram que a concentração de espermatozóides

no epidídimo, bem como a morfologia dos mesmos sofreram alterações significativas

em ratinhos administrados oralmente com solução aquosa de 0,5% de acetato de

chumbo, durante 6 semanas, tempo superior a um ciclo espermatogénico.

Observaram, assim, uma diminuição da concentração de espermatozóides e um

aumento da percentagem de espermatozóides com morfologia anormal nos ratinhos

expostos a chumbo. Também Marchlewicz e colaboradores (1993) observaram uma

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Discussão

77

diminuição da concentração de espermatozóides nos epidídimos de ratos tratados

oralmente com acetato de chumbo (1%) durante 9 meses.

As alterações obtidas, no presente estudo, para a qualidade espermática

epididimal de ratinhos expostos a chumbo, fundamentam o estudo de Marchlewicz

(1994) relativamente ao nível de exposição ao chumbo do lúmen do ducto epididimal.

Este autor concluiu que o testículo se encontra mais protegido do chumbo e outros

tóxicos do que o epidídimo, devido à existência da barreira hemato-testicular. Esta

barreira protege o epitélio seminífero da acção tóxica de muitos compostos,

incluindo os de chumbo. Por outro lado, a barreira hemato-epididimal não

desempenha tão agilmente a mesma função, encontrando-se o lúmen do ducto

epididimal menos protegido (Creasy & Foster, 2002). Assim, o facto de se terem

obtido alterações ao nível dos espermatozóides localizados na cauda do epidídimo,

comprova a desprotecção do ducto epididimal ao chumbo, encontrando-se este

composto com fácil acesso ao órgão em causa e interferindo directamente com os

espermatozóides.

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555... CCCOOONNNCCCLLLUUUSSSÕÕÕEEESSS

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Conclusões

79

Do presente trabalho, concluiu-se, em primeiro lugar e devido à relutância na

recolha de amostras para o estudo do efeito ocupacional do chumbo na fertilidade

masculina, a urgente necessidade da criação de legislação que salvaguarde a saúde

reprodutiva dos trabalhadores expostos a chumbo e que permita o seu estudo e

vigilância, através de análises rotineiras, como o espermograma. Elaborar

procedimentos de avaliação do risco para a toxicidade reprodutiva, a fim de

estabelecer normas e regulamentar a exposição, tal como já foi feito em muitos

países (WHO, 2001) é outra perspectiva futura. Só assim será possível aprofundar,

no nosso país os conhecimentos acerca do assunto em causa.

Feita a análise dos resultados obtidos conclui-se que o chumbo é um

elemento tóxico para a saúde reprodutiva humana e de ratinhos ICR-CD1.

Verificaram-se alterações nos parâmetros essenciais à fertilidade masculina de

ratinhos expostos in vivo, como a motilidade, a vitalidade, a hipoosmolaridade, a

concentração, a integridade acrossómica e a morfologia dos espermatozóides,

diminuindo a sua percentagem nos ratinhos expostos a determinadas doses de

cloreto de chumbo. Concluiu-se ainda que parâmetros como a hipoosmolaridade, a

concentração, a integridade acrossómica e a morfologia espermática são alteráveis

apenas para quantidades mais elevadas de chumbo, sendo a motilidade e a

vitalidade espermática facilmente alteráveis.

Seguindo a recomendação da WHO (2001) para melhorar e validar métodos

in vitro a fim de avaliar mecanismos de uma possível toxicidade reprodutiva,

comprovou-se, neste estudo, através de ensaios in vitro em ratinhos, o efeito directo

do chumbo sobre os espermatozóides, sendo este composto capaz de alterar

directamente a motilidade, vitalidade e a integridade da membrana plasmática

(hipoosmolaridade) dos espermatozóides, diminuindo a sua percentagem.

Relativamente ao estudo em humanos, apenas se pôde concluir que a motilidade, tal

como nos ratinhos é um parâmetro facilmente alterável, uma vez que este foi o único

parâmetro que sofreu uma diminuição significativa nos trabalhadores expostos a

chumbo.

Deste trabalho ressalta a necessidade de um estudo mais aprofundado do

efeito do chumbo na qualidade espermática humana, conseguindo um maior número

de empresas colaboradoras, aumentando assim o número de amostras de

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Conclusões

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trabalhadores expostos ao metal em causa e de trabalhadores não expostos. Para

tal torna-se necessária uma sensibilização das autoridades competentes.

No que respeita ao real efeito do chumbo na saúde reprodutiva humana,

existem ainda muitos campos por explorar, nomeadamente o processo

desencadeado nos espermatozóides, quando em contacto com o chumbo, que leva

à sua morte. Seria também pertinente explorar o mecanismo que leva à alteração da

morfologia dos espermatozóides quando ocorre exposição in vivo a compostos de

chumbo.

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666... PPPEEERRRSSSPPPEEECCCTTTIIIVVVAAASSS FFFUUUTTTUUURRRAAASSS PPPAAARRRAAA AAA

PPPRRROOOMMMOOOÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA SSSAAAÚÚÚDDDEEE RRREEEPPPRRROOODDDUUUTTTIIIVVVAAA

MMMAAASSSCCCUUULLLIIINNNAAA

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Perspectivas futuras para promoção da saúde reprodutiva masculina

82

Os resultados do presente trabalho alertam para o facto da utilização de

determinadas substâncias químicas nos locais de trabalho, nomeadamente

compostos de chumbo, constitu írem um risco para a saúde reprodutiva masculina,

que importa prevenir e controlar. A melhoria das condições de trabalho constitui um

problema cada vez mais premente, com fortes reflexos na saúde dos trabalhadores.

A promoção da saúde reprodutiva no local de trabalho envolve a criação de

ambientes e condições de trabalho seguros e saudáveis e o incentivo à adopção de

estilos de vida favoráveis à saúde por parte dos trabalhadores. Neste sentido, torna-

se necessário repensar as práticas de segurança, higiene e saúde no trabalho, por

forma a reorientá-las numa perspectiva de saúde reprodutiva e não apenas de

prevenção da infertilidade (adaptado de Ministério da Saúde, 1997).

Promover a saúde reprodutiva, bem como a saúde em geral, é um processo

global, continuado e de conjunto, que necessita de um conjugar de esforços entre

empregadores, que devem proporcionar condições de trabalho adequadas e

promover acções de formação e de sensibilização; trabalhadores, que devem

cumprir todas as medidas indicadas e necessárias para uma adequada higiene e

saúde reprodutiva no local de trabalho; profissionais da saúde no trabalho,

nomeadamente os da Comissão de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho, que

devem monitorizar, dinamizar, consciencializar e encontrar caminhos para a

resolução de problemas relacionados com a saúde reprodutiva dos trabalhadores;

sociedades científicas, que constroem novos e mais profundos conhecimentos

científicos relacionados com as consequências adversas resultantes da exposição

dos trabalhadores a agentes de risco; educadores/professores que devem contribuir

através de palestras, acções de formação, campanhas de sensibilização, ou

utilizando metodologias participativas e de animação local, para a divulgação dos

conhecimentos científicos, e para que os indivíduos aprendam a gerir melhor a sua

saúde, optando de modo informado, consciente, responsável e autónomo;

responsáveis políticos, que definindo uma política correcta nesta matéria, dêem

simultaneamente o indispensável apoio técnico (fiscalização, licenciamento, etc.),

económico (apoio ao investimento, isenção fiscal do material de protecção) e jurídico

(apoio às Comissões de Higiene, Segurança e Saúde no trabalho e criação de nova

legislação que proteja de forma mais precisa e adequada a saúde reprodutiva dos

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Perspectivas futuras para promoção da saúde reprodutiva masculina

83

trabalhadores, particularmente no que respeita à exposição a metais pesados); e a

sociedade em geral.

No âmbito da promoção da saúde reprodutiva no local de trabalho existem

algumas estratégias de intervenção a ser consideradas. No que respeita à

monitorização ambiental, deverão ser efectuadas avaliações ambientais

regularmente ou sempre que se suspeite de um aumento da concentração de metais

pesados susceptíveis de influenciar a saúde reprodutiva. Quanto à monitorização

biológica, para além dos exames médicos rotineiros dos serviços de Medicina do

Trabalho, que por vezes não têm qualquer relação inteligível com os factores de

risco em presença, devem ser feitas avaliações funcionais dos órgãos-alvo (Uva e

Feia, 2000), ou seja, para o diagnóstico e prevenção de perturbações na fertilidade

masculina, os serviços de Medicina do Trabalho devem englobar nos exames

médicos análises ao sémen (volume, motilidade e morfologia dos espermatozóides),

avaliação hormonal, testes funcionais e biópsias testiculares em eventuais situações

clínicas.

O estímulo e o desenvolvimento de iniciativas de promoção da saúde

reprodutiva no local de trabalho deve, ainda, abranger aspectos como:

Sensibilização dos responsáveis e gestores de empresas para que

passem a encarar a promoção da saúde reprodutiva dos trabalhadores

como um investimento, com repercussões positivas na melhoria da

satisfação profissional;

Formação de técnicos dos SSHS específicos e de médicos do trabalho na

área da saúde reprodutiva; intervenção de andrologistas;

Formação de trabalhadores orientada para a mudança de conhecimentos,

atitudes e comportamentos com implicações na sua saúde;

Criação de incentivos e penalizações dos trabalhadores, como a redução

ou aumento da comparticipação dos prémios de seguro de saúde/doença,

para o acréscimo do cumprimento de determinadas medidas redutoras da

exposição a riscos reprodutivos;

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Perspectivas futuras para promoção da saúde reprodutiva masculina

84

Inclusão de conteúdos de SHST nos currículos escolares e de formação

profissional;

Toda estas estratégias e orientações referidas têm como base o aumento da

literacia de saúde. Esta pode ocorrer através de palestras, acções de formação,

acções de sensibilização, seminários, conferências, workshops, feiras da saúde,

material audiovisual, revistas e boletins, podendo, estes eventos, serem

dinamizados por professores, com base nos conhecimentos científicos actuais.

Assim, os formadores/professores terão um maior sucesso na educação e promoção

da saúde reprodutiva.

Um outro aspecto importante da formação e educação para a saúde,

relaciona-se com a já referida inclusão de conteúdos de Segurança, Higiene e

Saúde no Trabalho, nos currículos escolares e de formação profissional. Há a

salientar a existência do protocolo de colaboração entre o Instituto de

Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT), o Departamento

de Educação Básica (DEB), o Departamento do Ensino Secundário (DES) e a

Direcção-Geral de Formação Vocacional (DGFV), intitulado “Promoção da cultura de

prevenção de riscos profissionais na comunidade educativa” (ANEXO VII). Este

protocolo visa o desenvolvimento de uma “cultura de prevenção na comunidade

educativa para a segurança e saúde no trabalho”. Assim, os professores de Biologia

devem incluir nos seus programas assuntos relacionados com o tema em causa.

Refira-se, também, a oportunidade dos professores de Ciências Naturais do

9º ano de escolaridade, aquando da leccionação da temática ‘Transmissão da Vida’,

bem como os professores de Biologia do 11º ano do curso Científico-Humanístico de

Ciências e Tecnologias, aquando da leccionação da unidade 6 ‘Reprodução’,

proporem a discussão de alguns efeitos do chumbo ao nível do epidídimo,

nomeadamente o seu efeito sobre a qualidade espermática, levando os alunos a

concluir sobre as possíveis situações de exposição a esse metal nos locais de

trabalho e sobre algumas medidas para a promoção da saúde nesses locais.

Na unidade 1 ‘Reprodução e manipulação da fertilidade’, mais

especificamente na sub-unidade ‘Gametogénese e fecundação’ do 12º ano de

escolaridade, do curso Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias, os

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Perspectivas futuras para promoção da saúde reprodutiva masculina

85

professores de Biologia têm a possibilidade de aprofundar, com os alunos, um pouco

mais esta problemática, uma vez que segundo Mendes (2004), esta unidade visa

estudar a reprodução humana e compreender a lguns processos biotecnológicos que

permitem a sua manipulação, ponderando a sua importância no controlo de

natalidade das populações humanas e a resolução de problemas de infertilidade.

Assim, e a título de exemplo, propõe-se que os alunos executem, nesta unidade,

uma actividade experimental relacionada com o efeito do chumbo na qualidade

espermática, partindo de uma situação-problema relacionada com a infertilidade

masculina (ANEXO VIII). Os alunos terão assim a possibilidade de tomarem

consciência do real efeito do chumbo na saúde reprodutiva masculina, bem como a

importância da sua promoção nos locais de trabalho.

Espera-se que as medidas, orientações e recomendações enunciadas no

presente trabalho, assim como a acção conjunta de todos os intervenientes no

processo, possam contribuir para a protecção da fertilidade masculina.

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777... RRREEEFFFEEERRRÊÊÊNNNCCCIIIAAASSS BBBIIIBBBLLLIIIOOOGGGRRRÁÁÁFFFIIICCCAAASSS

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888... AAANNNEEEXXXOOOSSS

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Anexos

98

AAANNNEEEXXXOOO III

Decreto Regulamentar n.º 6/2001 de 5 de Maio, pp. 2613 – 2638

Legislação portuguesa relativa a doenças profissionais

(pequeno excerto)

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Anexos

102

AAANNNEEEXXXOOO IIIIII

Decreto Lei n.º 274/89 de 21 de Agosto, pp. 3433 – 3439

Legislação portuguesa relativa à exposição ocupacional de chumbo

(pequeno excerto)

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Anexos

105

AAANNNEEEXXXOOO IIIIIIIII

Decreto Lei n.º 441/91 de 14 de Novembro, pp. 5826 – 5833

Legislação portuguesa que define o regime de enquadramento da

Segurança e Saúde no Trabalho

(pequeno excerto)

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Anexos

108

AAANNNEEEXXXOOO IIIVVV

Decreto Lei n.º n.º 26/94 de 1 de Fevereiro, pp. 480 – 486

Legislação portuguesa que prevê o regime de organização e

funcionamento das actividades dos Serviços de Segurança, Higiene e

Saúde no Trabalho (pequeno excerto)

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Anexos

111

AAANNNEEEXXXOOO VVV

Valores de referência para parâmetros de um espermograma

(WHO, 1999)

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VALORES DE REFERÊNCIA (WHO, 1999)

PARÂMETRO VALOR NORMAL

Volume = 2 ml Cor branco grisalho

Cheiro sui generis

Viscosidade Normal

Liquefacção Completa aos 60 minutos

pH =7,2 Concentração (nº de espermatozóides/ml) = 20 x 106

Número total de espermatozóides = 40 x 106 no ejaculado

Motilidade:

Progressão rápida

Progressão rápida + Progressão lenta

= 25%

= 50%

Morfologia normal = 15%

Vitalidade = 50%

Teste de hipoosmolaridade > 60%

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Anexos

113

AAANNNEEEXXXOOO VVVIII

Questionário dirigido aos trabalhadores

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TTRRAABBAALLHHAADDOORR NNºº ____

Idade: ________ Peso: ______ kg Altura: _____ m Dias de abstinência: _____

Sector da empresa onde trabalha: ________________ Nº de horas diárias de trabalho: _____

Há quanto tempo trabalha no sector da empresa onde se encontra actualmente: __________________________________________ Fumador? Sim Não

Consome álcool? Pouco Algum Muito Problemas de fertilidade? Sim Não Não sabe

Medicação: _____________________________________________________

Doenças: ______________________________________________________

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Anexos

115

AAANNNEEEXXXOOO VVVIIIIII

Protocolo de colaboração entre o IDICT, o DEB, o DES e a DGFV,

intitulado “Promoção da cultura de prevenção de riscos profissionais na

comunidade educativa”

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PROTOCOLO COLABORAÇÃO

IDICT - Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de

Trabalho

*

DEB – Departamento de Educação Básica

*

DES – Departamento do Ensino Secundário

*

DGFV – Direcção-Geral de Formação Vocacional

PROMOÇÃO DA CULTURA DE PREVENÇÃO DE RISCOS PROFISSIONAIS

NA COMUNIDADE EDUCATIVA

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Protocolo IDICT/DEB/DES/DGFV

2

O Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho - IDICT,

representado pelo Sr. Presidente da Direcção, Dr. Veiga e Moura ,

os Departamentos de Educação Básica e do Ensino Secundário representados

pelo Sr. Director dos respectivos Departamentos, Dr. Vasco Alves, e

a Direccção-Geral de Formação Vocacional representada pela Sr.a Presidente da

Comissão Instaladora, Dr.a Marina Collot, ao considerarem que:

• a abordagem de conteúdos de SHST (Segurança, Higiene e Saúde no

Trabalho) nos currículos escolares, constitui um imperativo para a melhoria

da qualidade das condições de vida e de trabalho e deve ser prosseguida

nos vários níveis de ensino, tendo em vista a adopção de uma cultura de

prevenção como preparação para a vida activa, no quadro geral do Sistema

Educativo e da Prevenção de Riscos Profissionais (Decreto-Lei n.º 441/91,

de 14/11 - Regime Jurídico de Enquadramento da SHST);

• o Governo e os Parceiros Sociais consideram prioritário desenvolver acções

que permitam uma melhoria sustentada das condições de SHST, pelo que

acordaram entre outras medidas, a inclusão progressiva de matérias de

SHST nos currículos escolares e de formação profissional (Acordo sobre

Condições de Trabalho, Higiene e Segurança no Trabalho e combate à

Sinistralidade do Conselho Económico e Social).

Neste acordo, estabelece-se um Plano Nacional de Acção para a Prevenção

(PNAP), onde se define claramente como preocupação e objectivo que:

“A influência das condições de trabalho na vida dos trabalhadores e na

capacidade competitiva das empresas foi sempre reconhecida no

quadro das sociedades modernas.

Na actualidade, considera-se que a promoção da saúde e segurança no

trabalho deve traduzir-se numa intervenção global integrada,

envolvendo os trabalhadores, todos os sectores e todas as dimensões

da empresa (...).”

Dá-se, por outro lado, como um dos objectivos prioritários, na sua alínea K,

a definição e desenvolvimento de :

TANIA
TANIA
TANIA
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Protocolo IDICT/DEB/DES/DGFV

3

“Medidas que assegurem uma efectiva integração das matérias

relacionadas com a segurança, higiene e saúde no trabalho nos

curricula escolares, incluindo a formação de professores nestes

domínios (...)”.

Considerando também:

• que a ausência de educação e formação para a prevenção de riscos

profissionais, nomeadamente ao nível do sistema educativo, constitui em

Portugal, uma das causas para a elevada sinistralidade laboral, principalmente

no que respeita à população jovem recém-chegada ao mercado de trabalho;

• que a capacidade de enfrentar os riscos profissionais depende muito da

educação recebida em matéria de prevenção a montante do processo

produtivo;

• que os percursos de educação e formação dos ensinos básico e secundário

devem contemplar a abordagem transversal integrada da SHST, no sentido da

promoção de uma verdadeira cultura de prevenção para a segurança e saúde

no trabalho na comunidade educativa, através do desenvolvimento de

competências de natureza transversal inerentes à educação para a cidadania;

• que a reforma curricular do ensino secundário, com a entrada em vigor de

novos programas escolares, constitui uma oportunidade apropriada para a

inclusão de matérias de SHST, naquela organização curricular;

e finalmente

• que a criação de uma dinâmica contínua dando visibilidade e reconhecimento

às práticas de excelência que se desenvolvem nas escolas no âmbito da SHST

podem propiciar quer ao conhecimento das realidades existentes quer ao

incentivos de novas atitudes.

Considerando ainda que o IDICT, enquanto organismo da Administração do Trabalho

para a área da prevenção, assume ser impulsionador de uma linha de acção conjunta

com a Administração da Educação e da Saúde, visando o desenvolvimento de uma

“cultura de prevenção na comunidade educativa para a segurança e saúde no

trabalho”, e que, neste contexto, tem vindo a desenvolver em parceria com as

TANIA
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Protocolo IDICT/DEB/DES/DGFV

4

estruturas regionais dos Ministérios da Educação e da Saúde algumas iniciativas que

visam a concretização daquela finalidade, como são o trabalho de parceria

anteriormente desenvolvido entre o IDICT/DES e os desenvolvimentos alcançados

quer com os protocolos celebrados entre o IDICT, DRE e ARSC, bem como o apoio a

projectos piloto de sensibilização e formação da comunidade educativa que têm vindo

a decorrer, desde 2000, em escolas dos Ensinos Básico e Secundário através de

parcerias com as respectivas estruturas regionais dos Ministérios da Educação e da

Saúde.

Pretende-se:

Contribuir para a prossecução dos objectivos referidos naqueles instrumentos

normativos e de política social, através da inovação e do aprofundamento daquelas

experiências no âmbito de diversos projectos, segundo os seguintes eixos

estratégicos:

- identificação dos meios e estratégias que permitam integrar em todas

as formações de nível básico e secundário abordagens de Segurança,

Higiene e Saúde no Trabalho para o desenvolvimento de competências

de natureza transversal inerentes à educação para a cidadania;

- formação em SHST de professores ou formadores que leccionam nos

vários sub-sistemas dos ensinos básicos e secundário;

- construção de módulos didácticos e sugestões metodológicas de

abordagem às questões de SHST, destinados aos vários públicos-alvo

do Sistema Educativo;

- produção de instrumentos pedagógicos para apoio à formação no

mesmo âmbito.

Nesta linha e no quadro da colaboração IDICT/DEB/DES/DGFV, visando a

implementação de diversas acções segundo os eixos estratégicos acima referidos,

estas entidades comprometem-se a fornecer os meios necessários à realização de

projectos definidos em comum, entendendo-se por meios o conjunto de apoios

financeiros, técnicos e humanos.

TANIA
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Protocolo IDICT/DEB/DES/DGFV

5

No âmbito deste Protocolo será criado um grupo de trabalho IDICT/DEB/DES/DGFV

que terá por missão:

- propor um Plano Anual de Actividades, no quadro da implementação do

presente Protocolo:

! levantamento dos conteúdos de SHST leccionados nos

diferentes níveis de ensino não superior;

! definição das competências transversais em SHST, por nível

de ensino não superior;

! acções de formação de professores;

! realização de instrumentos pedagógicos, e outras acções

específicas.

- assegurar o acompanhamento das actividades previstas pelo presente

Protocolo;

- promover a criação de uma rede de troca de informação e divulgação

das actividades desenvolvidas no quadro da aplicação do presente

Protocolo, nomeadamente junto dos actores do Sistema Educativo;

- elaborar em cada ano um relatório de avaliação das actividades

realizadas de modo a introduzir alterações decorrentes da experiência;

- assegurar a prossecução dos objectivos do Comité Internacional de

Educação e Formação para a Prevenção, da Associação Internacional

Segurança Social (AISS), através da:

! promoção da Educação/Formação como elemento

estratégico da acção de prevenção;

! reflexão e partilha de experiências e investigação sobre a

pedagogia dos riscos.

Neste âmbito será designado um elemento de cada entidade subscritora

do presente protocolo que funcionará como representante do organismo

de missão educativa nos trabalhos e acções a desenvolver no âmbito

da AISS para a educação e formação da prevenção, conjuntamente

com os representantes do IDICT, nomeados para o mesmo efeito.

TANIA
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Protocolo IDICT/DEB/DES/DGFV

6

Lisboa, 17 de Março de 2004

TANIA
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Anexos

122

AAANNNEEEXXXOOO VVVIIIIIIIII

Protocolo experimental: Efeito do chumbo na qualidade espermática de

ratinhos

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ESCOLA _________________________________________

ANO LECTIVO 200_ / 200_

BIOLOGIA 12º ANO

PROTOCOLO EXPERIMENTAL

Nome _____________________________________ N.º: ___ Data: __/__/______

Corpo do epidídimo Ducto

eferente

Testículo

Cauda do epidídimo

Ducto deferente

Cabeça do epidídimo

QQUUAALL OO EEFFEEIITTOO DDOO CCHHUUMMBBOO NNAA FFEERRTTIILLIIDDAADDEE DDEE RRAATTIINNHHOOSS??

OBJECTIVO

Investigar o efeito do chumbo na motilidade e vitalidade de espermatozóides de

ratinho.

MATERIAL

Material biológico: 1 ratinho.

Soluções: Meio modificado de Tyrode (MT6); solução de cloreto de chumbo 9,0 g/l;

eosina Y 0,5%.

Outro material: 2 caixas de petri de pequeno diâmetro; placa térmica; bisturi; agulha;

micro-pipeta de 0-10 µl; lâminas; lamelas; microscópio óptico.

PROCEDIMENTO

1- Coloca as duas caixas de petri, fornecidas

pelo teu professor(a), onde se encontram

os epidídimos de ratinho, um em 2 ml de

meio T6 (caixa ‘controlo’), outro em 1,8 ml

de meio T6 com 200 µl de solução de

cloreto de chumbo (caixa ‘chumbo’), na

placa térmica regulada para os 35ºC.

2- Efectua o corte 2 representado na Figura 1,

separando a cauda dos restantes

segmentos do epidídimos (cabeça e corpo).

Figura 1

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3- Corta a cauda de cada epidídimo em 2-3 peças com ajuda de uma agulha e um

bisturi, de modo a libertar os espermatozóides no meio.

4- Aguarda 30 minutos, mantendo o meio à temperatura de 35ºC, para assegurar

uma distribuição uniforme dos espermatozóides e para que o chumbo actue

sobre espermatozóides

5- Colhe da caixa de petri ‘controlo’ uma alíquota de 10 µl, coloca-a numa lâmina

com a respectiva lamela e observa ao microscópio com ampliação 400x o

movimento dos espermatozóides.

6- Procede de forma idêntica para a amostra que contem chumbo.

7- Regista as tuas observações, comparando o movimento dos espermatozóides

que estiveram em contacto com o chumbo do movimento dos espermatozóides

controlo.

8- Mistura numa lâmina uma alíquota de 10 µl da amostra ‘controlo’ a uma alíquota

de 1 µl de solução de Eosina Y. Sobrepõe-lhe uma lamela e observa ao

microscópio com ampliação 400x.

9- Procede de forma idêntica para a amostra ‘chumbo’.

10- Observa nas duas amostras a quantidade de espermatozóides corados de

vermelho (sem vida) dos não corados (com vida).

11- Regista as tuas observações.

TTÓÓPPIICCOOSS DDEE DD IISSCCUUSSSSÃÃOO

a. Explica porque colocaste as amostras a uma temperatura de 35ºC.

b. Explica porque razão apenas utilizaste a cauda dos epidídimos.

c. Indica o que podes concluir acerca do efeito do chumbo na motilidade e

vitalidade espermática de ratinhos.

d. Refere quais as implicações que poderão ocorrer na fertilidade de indivíduos

expostos a compostos de chumbo, quer ao nível ambiental, quer ao nível dos

locais de trabalho.