apostila de zoologia geral

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ZOOLOGIA GERAL Zoologia Geral- IB151 Página 1 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL ÁREA DE ZOOLOGIA ZOOLOGIA GERAL APOSTILA DE INVERTEBRADOS Lenir Lemos Furtado Aguiar 2013

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ZOOLOGIA GERAL

Zoologia Geral- IB151 Página 1

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

ÁREA DE ZOOLOGIA

ZOOLOGIA GERAL APOSTILA DE INVERTEBRADOS

Lenir Lemos Furtado Aguiar 2013

ZOOLOGIA GERAL

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INTRODUÇÃO Os seres vivos podem ser classificados em cinco reinos: Monera, Protista, Fungi, Metazoa ou Animália e Plantae. Julga-se que os animais originaram-se dos protozoários, estudados no Reino Protista.

Reino Protista: reúne organismos unicelulares, eucariontes, como as algas e protozoários.

Os Protozoários são organismos unicelulares, uma única célula individual realiza todas as funções vitais como nutrição, respiração, reprodução, excreção e locomoção, embora de modo muito mais simples que nos organismos multicelulares. Do ponto de vista de sua complexidade funcional e fisiológica, os protozoários são mais parecidos com animais do que com células isoladas, daí terem sido inicialmente considerados animais unicelulares. Eles apresentam grande diversidade, e a maioria dos seus representantes são vida livre, mas muitas espécies são parasitas do homem e de outros animais. Exemplo de Protozoários Parasitas do homem: Entamoeba histolytica – causa a amebíase Trimanosoma cruzi – Mal de Chagas Plasmodium vivax- Malaria

Reino Animal ou Metazoa

Apesar das semelhanças encontradas em todos os animais, encontramos um tipo de animal - as esponjas, que pertencem ao Filo Porífera - que, por não apresentarem cavidade digestiva nem verdadeiros tecidos, fazem hoje parte de um sub-reino, o denominado Parazoa, diferente daquele no qual estão inseridos os outros animais, que é o Eumetazoa (animais com tecidos). Assim, para podermos subdividir os animais em vários conjuntos foram adaptados critérios de classificação, que dizem respeito à simetria corporal, ao tipo de alimentação, à complexidade do tubo digestivo, ao número de tecidos embrionários, a metamerização (ou segmentação), e à existência ou não de celoma, bem como o tipo de celoma. Todos, entretanto, apresentam um desenvolvimento embrionário com fases iniciais comuns, com formação de uma mórula, uma blástula e uma gástrula. Para muitos autores a existência de gástrula é o principal critério para considerar um ser vivo um animal Os animais são eucariontes, pluricelulares e heterotróficos. Diferentemente das plantas, grande parte destes organismos tem capacidade de locomoção, permitindo de forma eficiente sua distribuição nos mais diversos ambientes. Muitos representantes possuem simetria bilateral, tal como seres humanos, peixes e planárias; permitindo um melhor equilíbrio corporal. Outros possuem simetria radial, presente de forma predominante em animais aquáticos que vivem fixos ao substrato; permitindo o contato com o ambiente nas mais variadas direções, e conseqüentemente a captura de alimentos de uma forma mais eficaz.

Subreino Parazoa Animais que não possuem cavidade digestiva nem tecidos verdadeiros O Filo Porífera (poríferos) é constituído pelas esponjas, animais sésseis (fixos) que vivem em ambiente marinho e de água doce. Quanto à forma, as esponjas podem ser tubulares, ramificadas globulares, em forma de copa etc.. Quanto à cor, em geral são cinzentas ou pardas. Encontram-se, contudo, esponjas vermelhas, amarelas, violetas, negras e azuis. Vivem reunidas em colônias que pode variar em tamanho de 1 milímetro a 2 metros. O corpo das esponjas é recoberto por poros, daí o nome de Porífera (poros = poro, phorus = portador de) ao filo. As esponjas têm no ápice do corpo uma abertura denominada ósculo e internamente uma cavidade chamada átrio. Os poríferos são animais filtradores: a água e os alimentos entram pelos poros, circulam pelo átrio, e pelo ósculo são eliminados juntamente com água os restos não-aproveitáveis.

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Subreino Eumetazoa Animais que possuem tecidos verdadeiros. O segundo critério, utilizado para subdividir os eumetazoários, é a simetria que corresponde à possibilidade de dividi-los, imaginariamente, em partes uma a imagem da outra. Os animais mais primitivos possuem simetria radial, pois podemos dividi-los, por vários planos, sempre em metades uma a imagem da outra como resultado de sua forma que lembra um cilindro. Eumetazoários com simetria radial a vida inteira descreve os animais do filo Cnidária, como a Hydra, os corais e a água-viva.

Simetria Bilateral Eumetazoário com simetria bilateral, ao menos numa fase da vida, inclui todos os demais animais. A maioria somente pode ter o seu corpo dividido por um plano em “dois lados”, um a imagem do outro. Para subdividir os animais de simetria bilateral, todos triploblásticos, utilizamos o tipo de cavidade embrionária.

Os acelomados não apresentam nenhuma cavidade entre o ectoderma, mesoderme e endoderme.

Os pseudocelomados possuem uma cavidade embrionária entre a mesoderme e a endoderme

Os celomados possuem uma cavidade embrionária completamente revestida por mesoderme e é fácil lembrá-los pela frase “ama e cor”, anelídeos, moluscos, artrópodos, equinodermas e cordados.

SIMETRIA BILATERAL - ACELOMADOS

Filo Platyhelminthes

Os platelmintos (do grego platy, ‘chato’, e helmintes, ‘verme’) compreendem uma série de organismos inferiores considerados vermes, com a particularidade de terem o corpo achatado dorso-ventralmente. Assim são as planárias, as tênias ou solitárias e o esquistossomo (somente a fêmea deste último constitui exceção, já que é cilíndrica). Outros organismos considerados vermes, mas sem essa particularidade, são enquadrados em filos diversos deste.

Características Gerais;

Triblásticos ou triploblásticos (formam três folhetos embrionários: ectoderma, mesoderma e endoderma)

Acelomados, pois seu mesoderma não se organiza em duas camadas capazes de se separar. Dessa maneira, não surge o celoma ou cavidade geral do corpo, espaço que, na maioria dos animais, separa as vísceras da parede corporal. Esses vermes têm, portanto, o corpo "maciço”. O espaço entre a parede do corpo e os órgãos é preenchido por um parênquima de origem mesodérmica.

Simetria bilateral, isto é, um plano que passe pelo meio do seu corpo (longitudinalmente) divide-o em duas metades simétricas, sendo cada uma delas a imagem especular da outra. Nestes, a "parte da frente" acumula os órgãos sensoriais e passa a proceder como a região do corpo que vai à frente e "investiga" o ambiente, procurando alimentos ou percebendo de perigos. Na maioria das vezes, evidencia-se como cabeça. Ali também se alojam os centros nervosos do animal.

Sistema nervos possui células nervosas conglomeradas, formando gânglios. Esses gânglios se alojam na parte anterior do corpo e se fundem, formando um rudimento de cérebro, a que chamamos gânglios cerebróides. Todos os platelmintos têm um par de gânglios cerebróides dos quais partem filetes nervosos laterais que percorrem todo o corpo, emitindo ramificações.

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Isso permite uma melhor coordenação do sistema muscular, muito bem desenvolvido, o que disciplina os movimentos do animal e lhe dá mais orientação.

Não apresentam sistema circulatório

Sistema excretor é constituído de um grande número de pequenas unidades interligadas chamadas células-flama. Cada célula-flama é realmente uma célula na qual há uma depressão, existe um tufo de flagelos (ou cílios, como mencionam muitos autores) cujos movimentos lembram o bruxulear da chama de uma vela (daí o nome célula-flama). Essas células recolhem o excesso de água e os produtos finais do metabolismo das células vizinhas e, com o fluxo líquido provocado pelos movimentos dos tufos flagelares, os descarregam num sistema de canais que ligam tais unidades excretoras. Por esse sistema de canais, a água e os catabólitos são lançados ao exterior, vertendo por numerosos poros na superfície do corpo do animal.

Respiração, por difusão (os de vida livre, como a planária) ou, então, fazem a respiração anaeróbica (os endoparasitos, como as tênias ou solitárias).

Reprodução, a maioria é hermafrodita, podendo ou não fazer a autofecundação. As planárias são hermafroditas (monóicas), mas só se reproduzem por fecundação cruzada. As tênias são hermafroditas autofecundantes. Os esquistossomos são dióicos, isto é, têm sexos distintos (do grego di, ‘dois’, e oikos, ‘casa’).

O Filo Platelminto encontra-se dividido em três classes: Turbellaria, Trematoda e Cestoda.

Classe Turbellaria

A classe dos turbelários corresponde ao modelo mais típico do filo. São todos platelmintos de vida livre e têm como representante a conhecida planária (Dugesia tigrina), habitante da água doce. Esses vermes têm epiderme ciliada com células glandulares secretoras de muco na face ventral do corpo. Assim, o animal desliza sobre o "tapete" viscoso que segrega, utilizando para isso a corrente de água que o seu epitélio ciliado produz. Na porção anterior do corpo (esboço de cabeça), ela possui um par de ocelos ou manchas ocelares, como se fossem dois pequenos olhos (aparentemente vesgos), que não permitem realmente "ver" as coisas, mas tão somente perceber a luz. Uma peculiaridade da planária: a sua boca situa-se na região mediana da face ventral. Através dela, a faringe pode sofrer uma eversão, projetando-se para fora como uma tromba ou proboscídea a fim de sugar as partes moles dos alimentos. Não há estômago e o intestino apresenta três ramos — um que se dirige para frente e dois que se dirigem para trás. Essa trifurcação é amplamente ramificada, permitindo que os produtos da absorção digestiva alcancem com facilidade (por difusão) todas as células do corpo. O tubo digestivo não possui ânus e, por isso, os detritos não aproveitados são regurgitados pela boca.

Apesar de hermafroditas (animais monóicos), as planárias realizam a fecundação cruzada, trocando espermatozóides. Cada um injeta seus espermatozóides na outra, numa vesícula receptora de esperma. Mas as planárias também têm alta capacidade de regeneração, o que lhes permite a reprodução assexuada, por fragmentação espontânea do corpo. Aí, cada fragmento regenera o que falta e se constitui em novo animal.

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Classe Trematoda

Os trematódeos, bem como os cestodas, são platelmintos que perderam alguns caracteres comuns ao filo, sofrendo profundas transformações, com a atrofia ou regressão de certos órgãos e desenvolvimento de outros, com a finalidade de melhor se adaptarem aos hábitos parasitários. Por isso que os platelmintos de vida livre, aquáticos, como os turbelários, constituem o modelo ou padrão do filo Platyhelminthes.

Os trematódeos (do grego trematos, ‘dotado de buracos’) são vermes parasitas de vertebrados e do próprio homem. Possuem ventosas (que lembram buracos, daí o nome da classe) com as quais se fixam a certas estruturas do hospedeiro, podendo ou não alimentar-se por elas.

Os exemplos mais expressivos da classe são a Eurytrema pancreaticum, parasita dos dutos pancreáticos de bovinos, ovinos, etc., e o Schistosoma mansoni, parasita das veias do intestino humano. Ambos, por seu aspecto, lembram uma folha de árvore, mas o esquistossomo, bem menor (10 a 15 mm), particulariza-se pelo fato de possuir uma depressão longitudinal no meio do corpo — o canal ginecóforo (do grego gynaikos, ‘mulher’, e phorus, ‘portador’) — onde, durante o ato sexual, se aloja a fêmea, que é cilíndrica.

Eles possuem duas ventosas, uma anterior, com função de boca, e outra ventral, destinada à fixação nos hospedeiros.

Daremos aqui a maior atenção ao esquistossomo, por ser um parasita da espécie humana e causador de uma das mais graves endemias brasileira — a esquistossomose.

O Schistosoma mansoni, apesar de sua localização no interior das veias do intestino, reproduz-se eliminando ovos que fistulam para dentro do tubo digestivo, sendo eliminados com as fezes. Em locais de poucos recursos higiênicos e sanitários, as fezes contaminadas por esses ovos são levadas até rios e ribeirões. Na água, os ovos se rompem e liberam o miracidio, embrião ciliado microscópico, que nada à procura de um hospedeiro intermediário — o caramujo Biomphalaria glabrata.

Encontrado-o, o miracidio penetra na cavidade paleal do molusco, origina larvas que passam pelas fases de esporocistos e cercarias. Os esporocistos produzem gametas que se desenvolvem partenogeneticamente, resultando na formação das cercarias. Um miracidio apenas pode originar milhares de cercarias.

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Com a morte do caramujo (hospedeiro intermediário) as cercarias que possuem cauda bifurcada, passam à água e nadam ativamente. Se tocarem a pele de uma pessoa, atravessam-na e atingem os vasos sangüíneos, pelos quais se deslocam arrastados pela circulação, até as veias do plexo mesentérios, no intestino, onde se desenvolvem, dando vermes adultos.

Muitos esquistossomos migram para o fígado, provocando um processo de irritação crônico que leva à cirrose hepática. Os vermes causam obstrução à circulação sangüínea no intestino, o que determina ruptura de vasos, com hemorragias e passagem de plasma para a cavidade abdominal, levando à barriga-d’água (ascite).

O combate à esquistossomose se baseia no extermínio dos moluscos e na orientação às pessoas para não terem contato a água em locais suspeitos e contaminados. Ë necessária à orientação das populações para não defecarem no campo ou sobre rios. O tratamento da doença exige assistência médica e hospitalar.

Classe Cestoda

Os cestóides (do rego kestos, ‘fita’ e eidos, ‘semelhante’) são vermes platelmintos de corpo alongado em forma de fita. Podem medir de alguns milímetros a muitos metros de comprimento. Ex: Taenia saginata e Taenia solium

As tênias são popularmente conhecidas de solitárias porque habitualmente se mostram isoladas, uma apenas em cada indivíduo. Mas isso não exclui a possibilidade de se encontrarem duas tênias num só hospedeiro. Todas as tênias são parasitas digenético, isto é, evoluem em dois hospedeiros — um intermediário, no qual se desenvolvem até a fase de larva, e um definitivo, no qual terminam a evolução, chegando à fase adulta.

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A Taenia saginata tem como hospedeiro intermediário o boi e a Taenia solium o porco. Elas têm notável preferência por esses hospedeiros intermediários específicos, não admitindo "trocas". Mas ambas concluem a sua evolução no mesmo hospedeiro definitivo — o homem. A larva dessas tênias tem aspecto de uma pipoquinha branca que se aloja na musculatura estriada (carne) daqueles animais.

Essa larva recebe o nome de cisticerco. Pode manter-se viva por muitos anos no músculo hospedeiro intermediário, mas nunca evoluirá para verme adulto se não passar para o hospedeiro definitivo.

Em circunstâncias especiais, o homem pode ingerir ovos de tênia (T.solium). Aí, ele corre o risco de fazer o papel do hospedeiro intermediário. Se tal acontecer, ele poderá abrigar o cisticerco, revelando a cisticercose (que pode ocorrer no cérebro, globo ocular, pulmão ou no fígado).

O corpo de uma tênia é dividido em três partes: cabeça ou escólex, colo ou região proglotogênica (geradora de proglotes) e tronco ou estróbilo. Sua cabeça possui, além de quatro ventosas (nenhuma funciona como boca), uma coroa de ganchos quitinosos — o rostro ou rostelum (presente em algumas espécies), que ajuda a fixação do parasita ao intestino da pessoa

As tênias não possuem qualquer estrutura de sistema digestivo.

A partir do colo, são formados os anéis ou proglotes, que podem atingir grande número ao longo do corpo de uma solitária. O tronco ou estróbilo apresenta anéis imaturos, anéis maduros e anéis grávidos (os terminais, com predomínio do diâmetro longitudinal, portando de 30 mil a 50 mil ovos embrionados cada um).

O ovo possui um embrião dotado de seis ganchos e, por isso, chamado embrião hexacanto ou oncosfera. Esse embrião fica envolto por uma massa de substância nutritiva de reserva. Quando ingerido pelo animal hospedeiro intermediário, o ovo liberta o embrião, que passa à circulação sangüínea e vai encistar-se na musculatura, mantendo-se na fase de larva ou cisticerco. A ingestão dessa carne mal cozida permite que a larva se libere e se desenvolva no intestino humano, originando a tênia adulta.

A formação de proglotes é contínua pela região do colo. Assim, a expulsão incompleta de uma tênia, sem a cabeça e colo, será seguida a total regeneração do parasita.

A profilaxia (prevenção) da teníase consiste em principalmente e em evitar-se a ingestão de carne mal cozida. Há, contudo, tratamento específico para esse tipo de verminose.

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Filo Nematoda

Os nematódeos ou nematódea (Nemathelminthes) (também chamados de vermes cilíndricos) são considerados o grupo de metazoários mais abundante na biosfera, com estimativa de constituírem até 80% de todos os metazoários com mais de 20.000 espécies já descritas, de um número estimado em mais de 1 milhão de espécies atuais, que incluem muitas formas parasitas de plantas e animais. Apenas os Arthropoda apresentam maior diversidade. O nome vem da palavra grega nema, que significa fio.

Os nematódeos conquistaram com sucesso os habitats marinho, de água doce e terrestre. Embora a maioria seja de vida livre, há muitos representantes parasitas de praticamente todos os tipos de plantas e animais. Seu tamanho é muito variável, indo de aproximadamente 1 mm até cerca de oito metros de comprimento

Características Gerais

São animais triblásticos, pseudocelomados (cavidade do corpo é delimitada pelos tecidos da mesoderme e tecidos da endoderme) e possuem simetria bilateral. O corpo desses vermes é coberto por uma cutícula protetora muito resistente, produzida pela epiderme, composta principalmente de colágeno. Essa cutícula protege contra as enzimas produzidas pelo sistema digestório do organismo hospedeiro. A epiderme é composta por uma camada de células simples.

Musculatura A musculatura dos nematódeos é composta por uma única camada de células que se distribui longitudinalmente pelo corpo. Essa musculatura lisa é responsável pelos movimentos desses animais. Provocam flexões dorsoventrais. A movimentação também vai depender da elasticidade da cutícula e do esqueleto hidrostático, líquido presente no pseudoceloma.

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Respiração Os nematódeos não possuem sistema respiratório, e a respiração é cutânea ou tegumentar, feita através de difusão. Digestão Os nematódeos são os primeiros animais a apresentarem sistema digestório completo, ou seja, possuem boca e ânus. A boca possui lábios ao redor. Esses lábios possuem papilas sensoriais, dentes ou placas cortantes seguidas de uma faringe musculosa que efetua sucção do alimento, bombeando para o intestino. Os parasitas alimentam-se de produtos pré-digeridos pelo hospedeiro, mas há também espécies fitófagas e carnívoras. Circulação Não possuem sistema circulatório. A circulação de gases, nutrientes e substâncias tóxicas é feita pelo pseudoceloma. Excreção Possuem uma célula especializada, com um formato que lembra a letra H. Possuem dois canais longitudinais, que percorrem a lateral do corpo do verme, unidas por um canal transversal, que emite um ducto que eliminam excretas pelo poro excretor. A principal excreta desses animais é a amônia. Sistema Nervoso Possuem dois cordões nervosos que percorrem o corpo do animal, ventral ou longitudinalmente. Da faringe partem os cordões nervosos. O cordão nervoso dorsal é responsável pela função motora, enquanto a ventral é sensorial e motora, sendo considerada a mais importante.

Reprodução São animais dióicos, em sua grande maioria. Apresentam dimorfismo sexual (ou seja, a fêmea é diferente do macho). Normalmente os machos são menores e sua porção posterior é afilada e curva, para facilitar a cópula e o desenvolvimento é indireto.

Principais espécies parasitas do homem:

Ascaris lumbricoides – Ascaridíase

É um nematódeo, considerado o mais "cosmopolita" dos parasitos humanos. É a décima sétima causa mundial de morte. O macho adulto pode atingir entre quinze a vinte e cinco centímetros, e a fêmea de vinte a quarenta centímetros. Uma vez fecundadas, as fêmeas produzem ovos que são liberados com as fezes para o ambiente.

No ambiente, ocorre à maturação das larvas no interior do ovo. O desenvolvimento da larva completa-se em até três semanas, quando o ovo passa a ser infectante para o homem. Segue-se, então, a ingestão dos ovos pelo hospedeiro. No interior do intestino, as larvas rompem os ovos e penetram na mucosa, seguindo dois caminhos: circulação sanguínea ou migração visceral, ambos até os pulmões. Nos pulmões provocam lesões que podem causar manifestações respiratórias, além de febre; dos pulmões, as larvas desenvolvidas migram até a faringe para a deglutição. No trato gastrointestinal, localizam-se principalmente no jejuno, onde há acasalamento de adultos e ovipostura . O período pré-patente é de cinco a sete semanas.Nos pulmões, ocorre bronquite e pneumonia. Hábitos de higiene e preparação adequada de alimentos (limpeza, fervura, cozimento) são medidas de prevenção.

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Ancylostoma duodenale e Necator americanus. - Amarelão

São dois vermes muitos parecidos (cerca de 1,5 cm). Os ancilóstomos possuem uma espécie de boca com dentes que servem para "morder" a mucosa intestinal, fazendo-a sangrar. Esses parasitas alimentam-se de sangue. O necátor não possui dentes, mas lâminas cortantes na boca, que são usadas com a mesma finalidade. Isso provoca uma constante perda sangüínea no doente, que vai ficando anêmico e enfraquecido. É isso que justifica o nome popular de "amarelão" ou "opilação" que é dado à ancilostomose e à necatorose. Os ovos desses vermes são eliminados nas fezes e contaminam o solo, onde liberam larvas. Essas larvas têm a capacidade de penetrar pela pele das pessoas que andam descalças, sendo essa a principal via de propagação da doença. O uso de calçados constitui-se no melhor meio de profilaxia da ancilostomose.

Ancylostoma caninum. É um parasita muito comum de cães. Todavia, sua larva pode penetrar na pele humana, onde cava túneis e provoca sensações de ardência e coceira extremamente incômodas. O contágio ocorre freqüentemente na areia das praias, onde os cães portadores da verminose defecam, ali deixando os ovos embrionados do parasita. A larva desse verme é conhecida como larva mígrans o bicho geográfico.

Enterobius (Oxyurus) vermicularis - É um dos vermes de maior disseminação entre crianças, embora também ocorra em adultos. Pequenino e numerosíssimo, o oxiúro prolifera nas porções baixas do intestino grosso, de onde migra para o reto, nas imediações do ânus, principalmente à noite. A intensa movimentação dos vermes ocasiona uma irritante coceira no ânus, que identifica logo a oxiuríase.

Wuchereria bancrofti - Elefantíase

É um nematódeo parasita heteróxeno ou digenético, com dois hospedeiros, causador da filariose linfática ou bancroftose. O parasito adulto tem de dois a seis centímetros, enquanto as microfilárias possuem de 0,2 a 0,3 mm. A fêmea do mosquito do gênero Culex ingere a forma microfilária durante a picada na pessoa infectada. As microfilárias, na cavidade geral do mosquito (sofrem mudas até larvas infectantes), dirigem-se para a probóscide, rasgando-a e penetrando a pele do hospedeiro por alguma abrasão. Atingem a circulação e dirigem-se para os vasos linfáticos começando a liberação de microfilárias, se houver acasalamento. Se não, a forma adulta provoca obstrução linfática. O período pré-patente é de um ano. Pode haver inflamação (linfangites e adenites), derramamento de linfa e hipersensibilidade. Há febre ao entardecer, com pico no início da madrugada. Edema (inchaço) de membros, com ou sem espessamento pronunciado da pele. A elefantíase consiste na obstrução linfática pela presença dos vermes adultos (irreversível) após 10-15 anos de infecção. Medidas de prevenção contra as picadas do mosquito (mosquiteiros, inseticidas, higiene) e tratamento dos doentes são importantes no controle do aparecimento da doença.

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Nematóides Fitófagos

Causam danos às plantas? Causam perdas econômicas?

Sim. Há vários gêneros incluindo um total de algumas dezenas de espécies consideradas parasitos importantes de plantas cultivadas em todo o mundo. Além dessas, muitas outras espécies são capazes de parasitar plantas, mas sem causar danos relevantes e/ou perdas significativas. Os grupos mais importantes (como os gêneros Meloidogyne, Heterodera, Globoderas e outros) congregam espécies portadoras de um estilete bucal característico, que possibilita a injeção de substâncias tóxicas no interior de células vegetais e a posterior ingestão de meio líquido nutritivo produzido por elas; parasitam principalmente os órgãos subterrâneos, em especial as raízes, nas quais podem incitar o aparecimento de más formações, a exemplo de engrossamentos típicos como as galhas (induzidas mais comumente por fêmeas de Meloidogyne) ou áreas de tecido desorganizado, já morto, de tonalidade pardo-escura ou negra evidenciando necrose extensiva; também pode ocorrer necrose em tubérculos ou túberas e em fruto hipógeo, como no caso do amendoim.

FILO MOLLUSCA

O filo Mollusca (do latim mollis = mole) constitui um dos grupos mais abundantes dentre os invertebrados, sendo superados apenas pelos artrópodes. Foram descritas mais de 50.000 espécies vivas. Além disso, conhece-se cerca de 35.000 espécies fósseis, sendo as conchas minerais dos animais um rico registro fóssil que data do período Cambriano. Incluem-se nesse filo formas tais como mariscos, ostras, lulas, caramujos, polvos etc.

O grupo é considerado muito bem sucedido evolutivamente, apresentando uma grande diversidade de formas que habitam os mais variados ambientes (mar, água doce e terra). Portanto, à primeira vista, torna-se difícil uma homogeneidade morfológica entre seus representantes. Contudo, o filo, de maneira geral, apresenta animais com corpo mole não segmentado e muitas vezes protegido por uma concha calcária. Muitas espécies de moluscos são utilizadas na alimentação humana, como as ostras, mariscos, mexilhões, lulas e polvos.

As características básicas dos representantes do filo podem ser resumidas:

animais de corpo mole, não segmentado.

simetria bilateral

triblásticos,

celomados

trato digestivo completo

sistema circulatório aberto ou lacunar (gastropodos e bivalves) e fechado em cefalopodos.

presença de sistema respiratório, excretor e nervoso.

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Os moluscos de maneira geral apresentam o corpo constituído das seguintes partes:

Cabeça, região onde se localizam a boca e os órgãos sensoriais (olhos e tentáculos), em algumas formas, como polvo, esta região é bem desenvolvida e em outros, como os mexilhões, é muito reduzida;

Pé ventral, órgão musculoso relacionado com a locomoção (que pode ser por deslizamento, escavação e natação); Massa visceral dorsal, área onde encontram-se os órgãos de digestão, excreção e reprodução.

Recobrindo a massa visceral existe o manto (dobra carnosa da epiderme) que geralmente é responsável pela formação da concha. Entre o corpo e o manto há um espaço denominado cavidade do manto ou cavidade palial. Nesse espaço, situam-se as brânquias. Na cavidade abrem-se ainda os sistemas digestivo, excretor e reprodutor.

O manto, além de recobrir a massa visceral, secreta a concha, constituída de carbonato de cálcio (CaCO3) e uma substância orgânica (conchiolina). Existem cromatóforos responsáveis pela mudança de cor do corpo.

Na maioria dos moluscos vivos, não só a cavidade do manto, mas também o restante das partes corporais expostas (incluindo o pé) são revestidos por cílios e contém células glandulares mucosas. As glândulas mucosas são especialmente evidentes no pé, onde lubrificam o substrato facilitando, assim, a locomoção

Sustentação e locomoção

O esqueleto é representado pela concha externa com uma só peça (univalve) ou com duas peças articuladas (bivalve). As lulas apresentam um vestígio de concha, em forma de pena, no interior do corpo, enquanto outros moluscos, como as lesmas e os polvos, não apresentam esqueleto. A locomoção geralmente é feita lentamente através do pé musculoso que pode ser modificado para rastejar, cavar ou nadar. O polvo e a lula, além de rastejarem, utilizando-se dos braços com ventosas, podem se locomover rapidamente emitindo jatos d’água pelo sifão de propulsão.

Sistema Digestivo: Presente, completo (com boca e ânus).Tubo digestivo com regiões diferenciadas e glândulas digestivas associadas.

Na boca dos moluscos, com exceção dos bivalves, existe uma estrutura denominada Rádula, formada por vários dentes quitinosos que com movimentos de vaivém, raspam o substrato e contribuem para a ingestão de alimento.

Faringe- glândulas salivares

Esôfago

Papo

Estomago- glândula digestiva hepatopancreas

Intestino

Anus

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Circulação

A cavidade celômica circunda o coração e parte do intestino. O coração dorsal é envolto pelo pericárdio e apresenta 2 ou 3 câmaras (1 par de aurículas e 1 ventrículo). Nos cefalópodes existem ainda os corações branquiais. Estes são vasos dilatados que bombeiam o sangue para as brânquias e daí ao coração, que o distribui já oxigenado para os tecidos.

No sangue da maioria dos moluscos existe como pigmento respiratório a hemocianina. A circulação em geral é aberta, sendo exceção os cefalópodes, nos quais o sangue encontra-se completamente encerrado em vasos revestidos por um endotélio.

Respiração

A respiração pode ocorrer através das brânquias, pelos “pulmões” ou ainda pela epiderme. As brânquias podem se apresentar em forma de lâminas (mexilhão e ostras) ou de pena, recebendo o nome de ctenídeos (nos cefalópodes). Nas formas terrestres (caracóis e lesmas) a cavidade do manto é intensamente vascularizada e funciona como um pulmão. Portanto, a respiração nos moluscos pode ser branquial ou pulmonar.

Excreção

A excreção se dá por um ou dois pares de nefrídios que também são chamados de “rins”. Ocorre uma drenagem das excreções nitrogenadas do fluido celômico para a cavidade do manto, estando, portanto uma extremidade do nefrídio conectada ao celoma e outra abrindo-se na cavidade do manto.

Sistema Nervoso: Presente. Composto por gânglios nervosos interligados e por nervos que atingem todo o corpo.

Sistema sensorial: Presente. Composto por diversos tipos de receptores e órgãos sensoriais. Há receptores de luz (ocelos e olhos), receptores táteis e quimiorreceptores, além de órgãos de equilíbrio (estatocistos). Os Cefalópodos têm olhos altamente desenvolvidos, que formam imagens.

Reprodução A maioria dos moluscos apresenta sexos separados e alguns são hermafroditas. Nas formas terrestres, e em alguns cefalópodes, a fecundação é interna e o desenvolvimento é direto. Nos demais, a fecundação é externa e o desenvolvimento é indireto através da larva ciliada de vida livre denominada véliger (nos animais marinhos) ou de larvas conhecidas por gloquídeos, que se fixam e se desenvolvem nas brânquias de certos peixes.

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CLASSES DO FILO

O Filo Molusca esta dividido em 7 Classes:

Classe Monoplacophora, Classe Amphineura (Polyplacophora), Classe Scaphopoda, Classe Pelecypoda (Bivalvia), Classe Gastropoda e Classe Cephalopoda, mas trataremos aqui somente das 3 principais.

Classe Gastropoda

A classe Gastropoda é a maior classe de moluscos, sendo representada pelos caracóis, caramujos e lesmas. Compreende formas marinhas, de água doce e terrestres.

A cabeça é bem desenvolvida, com dois pares de tentáculos sensoriais, um deles provido de olhos nas extremidades. O pé é grande, musculoso e serve para locomoção, enquanto que a massa visceral fica encerrada dentro da concha. Nas formas terrestres, junto à abertura da concha há um orifício que comunica o meio externo com a cavidade do manto denominado poro respiratório ou pneumostoma. Nestas espécies, o manto é muito vascularizado e funciona como um verdadeiro “pulmão”. Podemos observar ainda o ânus e o poro excretor.

A concha, quando presente (as lesmas não a possuem), é tipicamente uma espiral cônica compostas de voltas tubulares que contém a massa visceral do animal. As voltas se dão em torno de um eixo central denominado columela. A última volta termina numa abertura, da qual projetam-se a cabeça e o pé do animal vivo.

Classe Bivalvia (ou Pelecypoda) A classe Bivalvia é representada, na sua maioria, por moluscos filtradores, tais como: ostras, mexilhões, mariscos, etc. Habitam o ambiente aquático, tanto na água doce quanto na salgada. O corpo desses animais é lateralmente comprimido, possuindo uma concha com duas valvas recobrindo-o. O pé, localizado na região antero - ventral, como o restante do corpo, também é lateralmente comprimido, sendo esta a origem do nome pelecypoda, que significa “pé em forma de machado” (do grego pele, machado e podos, pé). A cabeça é muito reduzida e a cavidade do manto é mais espaçosa dentre as demais classes de moluscos. As duas valvas são unidas por dois grandes músculos dorsais, chamados adutores, que são responsáveis pela abertura e fechamento da concha. As brânquias localizam-se na cavidade palial, ocorrendo um par de cada lado e são recobertas exteriormente pelo manto. Nesta classe, as brânquias são usualmente muito grandes e laminares, tendo, na maioria das formas, assumido a função de coletar partículas alimentares, além da função respiratória (trocas gasosas). Na região posterior, o manto origina dois canais para a entrada e saída de água, chamados, respectivamente, de sifão inalante e exalante. A corrente de água é criada por batimentos ciliares que ocorrem na cavidade do manto. Nas brânquias existe um muco que aglutina as partículas alimentares existentes na água. Estas partículas são então conduzidas através dos cílios das brânquias até a boca do animal.

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Analisando estruturalmente a concha dos bivalves a partir da superfície externa para a interna, encontramos 3 camadas distintas, a saber: 1-perióstraco: reveste externamente a concha, é formado por materiais orgânicos; responsável pelo brilho e colorido exterior. 2-camada prismática: localiza-se numa posição intermediária e constitui-se de prismas calcários (CaCO3); 3-camada nacarada: é a camada mais interna constituída por lamelas de calcário superpostas alternadamente com camadas de conchiolina . Costuma mostrar-se brilhante. Quando apresenta reflexos coloridos é chamada de madrepérola. Em algumas espécies de ostras pode ocorrer a formação de pérolas. Quando algum corpo estranho, areia ou parasita se introduz entre o manto e a concha, inicia-se uma reação de defesa, que consiste em secretar camadas concêntricas de nácar em torno com corpo estranho. Portanto, a forma da pérola depende do corpo estranho e pode-se provocar artificialmente este processo (cultivo de pérolas).

Classe Cephalopoda

Os cefalópodes formam um grupo muito especializado dentro dos moluscos. A classe é representada pelos polvos, lulas, argonautas, náutilos, etc., todos marinhos. A maioria apresenta adaptações para um modo de vida mais ativo, são predadores e nadam com relativa rapidez.

A concha é muito reduzida ou ausente, nas lulas e sépias ela é interna e transparente, denominada “pena”. Contudo, nos náutilos é externa, espiralada e dividida em câmaras por septos. A primeira câmara contém o animal e as outras apresentam um gás cuja quantidade regula a flutuabilidade e, consequentemente, a profundidade do animal.

A locomoção rápida neste grupo é feita por jato-propulsão, isto é, o animal expele a água presente na cavidade do manto por contrações musculares através de um sifão exalante, que junto com os tentáculos representam uma modificação do pé, impulsionando o corpo do animal.

Nos cefalópodes existem ainda outras especializações relacionadas com um modo de vida ativo, tais como a capacidade de camuflagem graças à presença de cromatóforos (células com pigmentos) na pele cuja concentração ou expansão origina uma mudança rápida da cor; presença de uma glândula de tinta escura que, quando esguichada na água, dificulta a visão dos predadores que estão perseguindo o animal.

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Os polvos não têm concha. O pé forma tentáculos fortes e musculosos com ventosas adesivas usadas na locomoção e na captura de presas.

FILO ANNELIDA O Filo Annelida (latim: annellus, um diminutivo de annulus, um anel) compreende os vermes segmentados e inclui as conhecidas minhocas e sanguessugas, além de um grande número de espécies marinhas e de água doce. Quanto ao tamanho, existem formas de 1 mm a 2 m de comprimento. Uma característica distinguível do filo é a segmentação (metamerismo), que é a divisão do corpo em partes ou segmentos (metâmeros), que se arranjam numa série linear ao longo do eixo antero-posterior. A segmentação encontrada nesse filo é externa e interna. Ao longo da seqüência de metâmeros, há órgãos que se repetem como nefrídios e gânglios nervosos. A divisão do corpo é dada por septos transversais que separam o celoma em cavidades, normalmente correspondentes aos segmentos externos. Na maioria dos segmentos, externamente, há cerdas quitinosas filiformes .O corpo é revestido por uma cutícula fina e úmida que recobre uma epiderme contendo células glandulares e sensoriais. Junto à parede do corpo, internamente, existe um sistema muscular constituído por músculos circulares e longitudinais que possibilita ampla movimentação. O fluido celômico funciona como um esqueleto hidráulico contra o qual os músculos agem para alterar a forma do corpo. A contração dos músculos longitudinais faz com que o fluido celômico exerça uma força direcionada lateralmente e o corpo se amplie. A contração dos músculos circulares faz com que o fluido celômico exerça uma força no sentido ântero-posterior, alongando o corpo. As cerdas laterais quitinosas, pareadas em cada segmento, aumentam a tração com o substrato.

Anatomia e Fisiologia Geral

Os aspectos fisiológicos dos anelídeos possuem variações dentro de suas classes, refletindo os diferentes modos de vida, habitat, tipo de alimentação, etc. Aqui serão tratados aspectos referentes apenas Subclasse Oligochaeta (minhoca).

Aparelho digestivo: O tubo digestivo é completo com regiões bem diferenciadas: boca, faringe muscular, esôfago, papo, moela, intestino.

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Respiração: As trocas gasosas se dão entre a epiderme e o meio. As glândulas mantêm a epiderme úmida, facilitando a difusão do oxigênio. Este passa à corrente sangüínea e é distribuído para todas as células do corpo. Geralmente há a presença de hemoglobina no sangue que combina-se com o O2, transportando-o pelo corpo da minhoca.

Circulação: O sistema circulatório é fechado e consiste de dois grande vasos longitudinais, um ventral e outro dorsal. Esses vasos comunicam-se através de vasos laterais que circundam o tubo digestivo. Na região anterior os vasos laterais têm a capacidade de contração e bombeiam o sangue, sendo chamados, portanto, de “corações laterais” (estes têm número variável).

Sistema Nervoso é do tipo ganglionar. Na região anterior do animal há dois gânglios cerebrais (um supra-esofágico e um grande gânglio sub-esofágico), ligados por um anel nervoso ao redor da faringe. Do gânglio sub-esofágico sai um cordão nervoso ventral que apresenta um par de gânglios nervosos por metâmeros.

Classificação

O Filo Annelida apresenta 3 grandes grupos: Oligochaeta (gr. Oligo = poucos + chaíte = cerda), Polychaeta (gr. Polys = muito + chaíte = cerdas) e Hirudinea (Hirudo = sanguessuga) ou Achaeta (sem cerdas) .

Classe Oligochaeta

Os oligoquetos são anelídeos terrestres e de água doce, existentes também no mar. Ocorre um pequeno número de cerdas ao longo do corpo, derivando daí o nome da classe.

A minhoca é o oligoqueto mais conhecido. No Brasil encontramos a “minhoca louca” (Pheretyna hawayana) que apresenta movimentos de contrações rápidas quando incomodada, por isso recebeu este nome na linguagem popular. A respiração é cutânea, pois existe uma cutícula sempre úmida, secretada pela epiderme, que facilita as trocas gasosas, feitas por difusão.

Não existe uma cabeça distinta e a boca encontra-se no primeiro segmento. Este é recoberto por um lobo carnoso, o prostômio; o ânus situa-se no último segmento.

Há aproximadamente 150 segmentos (número muito variável dentro da classe). Em espécies maduras encontramos o clitelo, uma dilatação glandular que recobre parcial ou totalmente alguns segmentos formando uma espécie de faixa ao redor do corpo. Essa estrutura secreta material para a formação dos casulos e também uma secreção viscosa, que ajuda na fixação do casal durante a cópula. A posição do clitelo é variável, mas geralmente localiza-se na metade anterior do verme e tem apenas alguns segmentos.

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A maioria das espécies de oligoquetos alimenta-se de matéria orgânicas morta, especialmente vegetais. As minhocas nutrem-se de matéria em decomposição, na superfície, e podem arrastar folhas para dentro da galeria.

O trato digestivo é reto e relativamente simples. A boca, situada abaixo do prostômio, abre-se no interior de uma pequena cavidade bucal, que por sua vez se abre em uma faringe espaçosa. A parede dorsal da câmara faringeana é muscular e glandular. Nas minhocas, a faringe age como uma bomba de sucção, além de produzir uma secreção salivar contendo muco e enzimas. A faringe abre-se num esôfago tubular estreito, que pode formar uma moela (utilizada na moagem do alimento) ou um papo (para armazenamento).

Uma característica importante do intestino dos oligoquetas é a presença de glândulas calcíferas em determinadas partes do esôfago. Essas glândulas secretam carbonato de cálcio no interior do esôfago, na forma de calcita. Os cristais liberados são transportados ao longo do intestino, mas não são reabsorvidos, sugerindo que essa seja uma forma alternativa de eliminar CO2, proveniente da respiração em solos com elevados níveis desse composto. Nesses, a difusão seria impedida por um gradiente de concentração desfavorável. Ainda, sugere-se que as glândulas funcionem para a eliminação do excesso de cálcio coletado no alimento.

O intestino forma o restante do trato digestivo e estende-se como um tubo reto através de todo o corpo, menos seu quarto anterior. A metade anterior do intestino é seu principal local de secreção e digestão, e a metade posterior é primariamente absortiva. As minhocas secretam além das enzimas digestivas comuns, quitinases e celulases. A área superficial do intestino encontra-se aumentada em muitas minhocas por meio de uma crista ou dobra, chamada tiflossole.

Os oligoquetas movem-se por meio de contrações peristálticas, como descrito para os anelídeos escavadores. A contração muscular circular e o conseqüente alongamento dos segmentos são mais importantes no rastejamento e sempre geram um pulso de pressão e fluido celômico. A contração muscular longitudinal é mais importante na escavação, na dilatação do buraco ou na ancoragem dos segmentos contra a parede do buraco. As cerdas estendem-se durante a contração muscular longitudinal e retraem-se durante a contração circular.

Reprodução

As minhocas são hermafroditas com fecundação cruzada, externa e desenvolvimento direto.

Na cópula, dois animais sexualmente maduros unem suas superfícies ventrais, com suas extremidades anteriores opostas . Ocorre troca de espermatozóides. Cada um dos indivíduos elimina seus espermatozóides nos receptáculos seminais do outro, onde ficam armazenados. Após a cópula, os animais separam-se e formam, ao redor do clitelo, um casulo gelatinoso onde os óvulos são colocados.

O casulo contendo os óvulos desloca-se para a região anterior do animal e passa pelos poros dos receptáculos seminais. Nesse momento os espermatozóides aí armazenados são liberados e fecundam os óvulos no interior do casulo. Esse continua deslizando, sai do corpo do animal e, depois de certo tempo, os ovos originam minhocas jovens

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Importância para o homem

A maior importância dos anelídeos está relacionada com a agricultura, onde as minhocas desempenham um papel relevante na preparação de solos, deixando-os férteis para o plantio. Elas alteram profundamente as condições físicas do terreno onde vivem, pois cavam galerias aumentando a aeração, drenagem e retenção de água, além de homogeneizarem o solo. Os restos digestivos das minhocas contêm substâncias que são necessárias ao crescimento dos vegetais. Por esses motivos, alguns países com solo pouco apropriado ao cultivo chegam a importar minhocas de outros países

Classe Hirudinea (ou Achaeta) (cerca de 500 espécies)

Os hirudíneos são anelídeos aquáticos (água doce ou marinhos), raramente terrestres e são considerados os mais especializados dentro do filo. Não possuem cerdas e a maioria é ectoparasita, alimentando-se de sangue e fluidos de diversos animais. A espécie mais conhecida é a sanguessuga Hirudo medicinalis. As sanguessugas são principalmente noturnas, mas podem ser atraídas por alimento durante o dia. Locomovem-se por movimentos sinuosos do corpo (como uma lagarta mede-palmos) e usam as ventosas para fixação. Alguns também locomovem-se por natação. O corpo das sanguessugas é achatado dorsoventralmente e freqüentemente afilado na parte anterior. Há duas ventosas em suas extremidades. Uma menor e anterior que circunda a boca e uma maior e posterior em forma de disco na posição ventral. A maioria das espécies é hermafrodita com fecundação cruzada, o desenvolvimento direto . A respiração, a exemplo dos oligoquetos, é cutânea. As formas sugadoras de sangue de mamíferos como o gênero Hirudo, apresentam especializações para tal tipo de alimentação. A boca, localizada na extremidade anterior (na ventosa), possui 3 mandíbulas com dentes quitinosos para perfuração da pele. Imediatamente atrás dos dentes há uma faringe muscular sugadora que é seguida por um esôfago curto. Nessa região abrem-se glândulas salivares que secretam uma substância anticoagulante chamada hirudina. O resto do aparelho digestivo se constitui de um palpo com 11 pares de cecos laterais (divertículos). Estes armazenam o sangue que será digerido em um estômago pequeno e globoso. O terço posterior do canal alimentar é formado por um intestino simples ou com cecos laterais que se estende a um reto curto. Este se esvazia ao exterior através de um ânus dorsal, localizado na frente da ventosa posterior. Os hirudíneos podem sugar uma enorme quantidade de sangue. Algumas espécies são capazes de ingerir 10 vezes o seu próprio peso. A digestão ocorre muito lentamente fazendo com que estes animais tolerem grandes períodos de jejum. Há estudos comprovados que sanguessugas medicinais permaneçam sem se alimentar por até 1 ano e meio. Um fato curioso é que, desde tempos remotos, Hirudo medicinalis tem sido usada para sangrias.

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Classe Polychaeta A classe Polychaeta (cerca de 8000 espécies) é representada por animais marinhos. Estes diferem dos oligoquetos em muitos aspectos. Os poliquetos apresentam em cada segmento do corpo um par de apêndices laterais carnosos, semelhantes a nadadeiras, chamados parapódios, com muitas cerdas implantadas. Esses apêndices laterais servem para locomoção e também, em algumas espécies, para trocas gasosas. Na região anterior existe uma cabeça bem desenvolvida com um prostômio que contêm olhos, antenas e um par de palpos. A boca situa-se no lado ventral, entre o prostômio e a região pós-oral, chamada peristômio, que é o primeiro segmento verdadeiro. A região não segmentada terminal (o pigídeo) traz o ânus. Porém poucos poliquetas exibem essa estrutura típica. Os diferentes estilos de vida dos vermes dessa classe levaram a graus variáveis de modificação no plano básico. Esses anelídeos podem ser errantes (movimentos livres) ou sedentários (tubícolas). Os errantes são vermes nadadores, carnívoros caçadores e, portanto, apresentam adaptações para este modo de vida. Os parapódios são bem desenvolvidos, ocorrem apêndices sensoriais. A cabeça é comumente provida de palpos ou outras estruturas para auxiliar a alimentação. A respiração encontrada na classe é geralmente branquial. Os sexos são geralmente separados e o desenvolvimento é indireto com uma larva trocófora. Existe também a reprodução assexuada em algumas espécies (brotamento ou regeneração). Os poliquetas têm um alto poder de regeneração. Os tentáculos, palpos e até as cabeças arrancadas por predadores são logo repostos.

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Filo Arthropoda Subfilo Trilobitomorpha (fósseis) = os trilobitas

Subfilo Chelicerata = os quelicerados

Subfilo Crustácea = os crustáceos

Subfilo Unirramia = os miriápodes e os insetos

O Filo Arthropoda (gr. arthros = articulado + poda = pé) contém a maioria dos animais conhecidos (mais de 3 em cada 4 espécies

animais), mais de 1 milhão de espécies, muitas das quais extremamente abundantes em número de indivíduos. Podem ser encontrados artrópodes acima dos 6000 m de altitude, bem como a mais de 9500 m de profundidade. Existem espécies adaptadas á vida no ar, na terra, no solo e em água doce e salgada. Outras espécies são parasitas de plantas e ecto ou endoparasitas de animais. Algumas espécies são gregárias e desenvolveram complexos sistemas sociais, com divisão de tarefas entre as diversas castas.

O corpo do artrópode típico é segmentado externamente – metamerização - em diversos graus e as extremidades pares são articuladas, especializadas em forma e função para o desempenho de tarefas específicas. Em algumas espécies, durante o desenvolvimento embrionário ocorre a fusão de alguns segmentos, tagma, podendo ocorrer à

perda de apêndices em alguns deles. Por esta razão, o corpo do artrópode típico pode ser dividido em dois tagmas (cefalotórax e abdômen) ou três tagmas (cabeça, tórax e abdômen). Todas as superfícies externas do corpo são revestidas por um exoesqueleto orgânico contendo quitina, segregado pela epiderme. Este revestimento é composto por camadas sucessivas de quitina (glicídio), proteínas e ceras (praticamente impermeáveis) e lipídios, podendo ser ainda mais endurecido por impregnação de cálcio, como nos crustáceos. O exoesqueleto apresenta "pêlos" sensoriais exteriormente e dobras e pregas internas, que servem de apoio aos músculos. O exoesqueleto é uma peça fundamental para o sucesso dos artrópodes, pois fornece suporte ao corpo, fornece apoio aos músculos que movem os apêndices, protege contra predadores e, devido a ser impermeável, impede a dessecação, fundamental em meio terrestre.

Aracnídeos

cefalotórax

abdome

Divisão do corpo Divisão do corpoInsetos

cabeça

tórax

abdome

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No entanto, o exoesqueleto acarreta igualmente dificuldades, pois é rígido e pouco expansível, limitando os movimentos, o crescimento e as trocas com o exterior. Por este

motivo, o animal realiza mudas periódicas ou ecdises. A muda é controlada por hormônios, como a ecdisona, secretada por glândulas especiais, e que circulam

pela corrente sangüínea, atuando diretamente sobre as células epidérmicas. Há inclusive hormônios encarregados de regular a produção de ecdisona Aracnídeos e crustáceos realizam várias mudas ao longo da sua vida, enquanto insetos deixam de realizar mudas após atingirem a maturidade sexual. O exoesqueleto velho é “solto” por enzimas especializadas e um novo é formado por baixo dele, embora permanecendo mole. Quando o novo está formado, o exoesqueleto velho fende-se em locais predeterminados e o animal emerge. Enchendo o corpo de ar ou água para o expandir ao máximo, o animal espera que o novo exoesqueleto endureça, período em que está muito vulnerável. As mudas provocam, portanto, um crescimento descontínuo. Em espécies marinhas o exoesqueleto é reforçado por carbonato de cálcio e nas espécies terrestres é coberto por uma fina camada de cera, que impede a perda excessiva de água.

Internamente, apresentam uma cavidade geral (hemocele) cheia de líquido (hemolinfa), e os órgãos respiratórios, circulatórios, nervosos, digestivos, excretor e reprodutor. O celoma dos artrópodos sofreu uma drástica redução e somente encontra-se representado pela cavidade das gônadas, e em determinados artrópodos pela cavidade dos órgãos excretores.

O sistema nervoso e órgãos dos sentidos (olhos compostos, por exemplo) são proporcionalmente grandes e bem desenvolvidos, permitindo respostas rápidas a estímulos. Por este motivo, a cefalização é nítida.

O sistema circulatório é composto por um vaso dorsal simples, com zonas contrácteis que funcionam como um coração tubular, donde o sangue passa para uma aorta dorsal anterior. Após este vaso o sangue espalha-se por lagunas. A circulação é aberta ou lacunar. O sangue dos artrópodos possui diferentes tipos celulares, e em algumas espécies, o pigmento respiratório é a hemocianina (azul) ou hemoglobina (vermelha).

O sistema respiratório pode apresentar diversos tipos de estruturas, dependendo do meio em que o animal vive. Espécies aquáticas possuem brânquias, enquanto outras respiram pela superfície do corpo. Os artrópodes terrestres possuem estruturas internas especializadas, designadas traquéias. Estas são sistemas de canais ramificados, por onde circula ar, comunicando com o exterior por orifícios na superfície do tegumento – espiráculos. Estas aberturas podem, geralmente, ser reguladas.

Circulação Aberta ou lacunar

Corações

hemocianina nos crustáceos

incolor nos insetos

hemoglobina nos demais

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O sistema digestivo é completo, com compartimentos especializados.

O sistema excretor é igualmente especializado, principalmente nos animais terrestres, onde é formado por tubos de Malpighi. Este

sistema é composto por uma rede de túbulos mergulhados na cavidade celômica e em contacto com o sangue, donde removem

as excreções. Estes tubos comunicam com o intestino, onde lançam esses produtos, que são eliminados com as fezes.

O celoma é reduzido e ocupado principalmente pelos órgãos reprodutores e excretores. Este fato parece relacionado com o abandono da locomoção que usa a pressão hidrostática.

A reprodução pode ser sexuada ou assexuada. Os artrópodes apresentam sexos separados, com fecundação interna nas formas terrestres e interna ou externa nas aquáticas. Os ovos são ricos em vitelo e o desenvolvimento é quase sempre indireto, passando os animais por metamorfoses. Subfilo Chelicerata - Classe Aracnida. Esta classe é a de maior sucesso do grupo dos artrópodes quelicerados, seus membros mais conhecidos são as aranhas e os

escorpiões. Pensa-se que deverão ter sido os primeiros do filo a colonizar o meio terrestre, pelo que as suas características mais

distintivas estão relacionadas com a adaptação ao meio seco. Nos aracnídeos o corpo divide-se em cefalotórax (que resulta da fusão da cabeça e do tórax) e abdômen. Estas duas partes do corpo do animal estão freqüentemente unidas por um pedúnculo estreito. Não apresentam antenas. Apenas o cefalotórax apresenta apêndices

Quelíceras – correspondem aos apêndices do primeiro segmento e são estruturas em forma de gancho ou unhas, servem para capturar a presa e podem apresentar glândulas de veneno associadas.

Pedipalpos - correspondem ao segundo segmento e são apêndices manipuladores, tanto podendo ser semelhantes a apêndices locomotores como apresentar garras (escorpiões, por exemplo);

4 pares de patas - na grande maioria das espécies são apêndices locomotores, mas o primeiro par pode ser longo e com uma função sensorial.

O abdômen pode ser dividido curto e largo ou apresentar uma extensão semelhante a uma cauda. A grande maioria é predadora e captura as presas com a ajuda das quelíceras e/ou dos pedipalpos e injetando veneno. O veneno, além de paralisar a presa, inicia a sua digestão, transformando a presa numa pasta ou líquido. Os aracnídeos não apresentam mandíbulas, pelo que apenas podem ingerir pequenos pedaços ou alimentos líquidos.

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Os escorpiões digerem parcialmente pequenos pedaços do corpo da presa numa câmara anterior à boca. Nestes animais a cauda apresenta um aguilhão associado a uma glândula de veneno, utilizada para paralisar a presa que depois é morta com os grandes pedipalpos. Este veneno da cauda do escorpião tem como principal função à defesa, não a caça.

A excreção é realizada por tubos de Malpighi ou por glândulas coxais. O sistema nervoso é centralizado, apresentando um grande cérebro dorsal, o que permite entender os padrões comportamentais complexos, nomeadamente a construção de ninhos e teias, corte e cuidado com a prole. Muitos aracnídeos são noturnos, mas a maioria é diurna e tem visão e tato muito apurados. É freqüente apresentarem quatro pares de olhos compostos (aranhas).

A respiração é realizada por “pulmões” em forma de folha – filotraqueias -, que não são mais que invaginações pregueadas da parede ventral do abdômen, formando uma série de lamelas. O ar entra por uma abertura ventral no abdômen e circula entre as lamelas vascularizadas, onde se realizam as trocas gasosas. Outras espécies respiram através das tradicionais traquéias, como os insetos. As aranhas possuem no abdômen, ventralmente, glândulas sericígenas que segregam uma proteína elástica e extremamente resistente que endurece ao passar por expansões móveis do tegumento designadas fiandeiras. Os filamentos protéicos são enrolados como uma corda pelas fiandeiras, formando fios pegajosos com que tecem as teias. Os fios são depois esticados ou enrolados com as patas, dependendo do uso que irão ter. Os filamentos de teia são cerca de 5 vezes mais fortes que aço do mesmo diâmetro e podem ser esticados até 4 vezes o seu comprimento inicial, sem partirem. Estudos

revelaram que quanto mais fortemente à aranha puxar o fio, enquanto este se forma

mais forte este será depois de endurecido. A reprodução é sexuada, podendo ocorrer dimorfismo sexual. Os machos transferem o esperma para o interior do corpo da fêmea num espermatóforo, usando para isso

os pedipalpos, quelíceras ou mesmo apêndices locomotores. A fecundação é, portanto, interna e os ovos são freqüentemente mantidos no interior do corpo da fêmea ou cobertos com invólucros protetores. Em muitas espécies de escorpião os ovos eclodem logo que são expulsos. As mães escorpião transportam a sua prole sobre o dorso para as protegerem. Os estádios larvares ocorrem no interior do ovo. Muitas espécies apresentam cuidados com a prole.

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Subfilo Unirramia – Classe Miriapoda Subclasse Chilopoda Os quilópodes (gr. khilioi = mil + podos = pé), como as centopéias, têm corpo delgado, com numerosos segmentos e achatado dorso-ventralmente. O corpo está dividido em duas regiões, cabeça e tronco segmentado. A cabeça apresenta um par de olhos simples e vários pares de apêndices:

um par de longas antenas; um par de mandíbulas; dois pares de maxilas.

Dependendo da espécie, o tronco pode ser composto por 15 a 177 segmentos, o primeiro dos quais contém um par de garras venenosas – maxilípedes - e os restantes um par de patas locomotoras curtas. O número de pares de patas varia, mas é sempre um número impar, por qualquer motivo ainda não esclarecido. O veneno paralisa as presas, que são depois mastigadas e devoradas, com a ajuda das mandíbulas. O sistema digestivo apresenta dois longos tubos de Malpighi associados, para a excreção. O coração estende-se ao longo de todo o corpo dorsalmente, com ostíolos e artérias laterais em cada segmento. A reprodução é sexuada com os sexos separados, existindo

freqüentemente cuidados parentais prolongados. A fecundação é interna, com o macho a transferir espermatóforos para o corpo

da fêmea de uma forma muito semelhante à dos aracnídeos. Noutros casos, o espermatóforo é apenas abandonado pelo macho, de forma ser encontrado pela fêmea, que o recolhe. Dos ovos emergem pequenas centopéias ou escolopendras, geralmente com cerca de 7 pares de patas, que irão aumentar em cada muda do exoesqueleto. Subclasse Diplopoda Os diplópodes (gr. diploos = duplo + podos = pé) vivem em lugares úmidos e evitam a luz. Deslocam-se lentamente, examinando o caminho com as antenas. São geralmente herbívoros ou decompositores, usando as suas mandíbulas com "dentes" para triturar matéria orgânica em decomposição, plantas e algas e mesmo terra. Estes animais apresentam corpo cilíndrico com muitos segmentos, geralmente fundidos dois a dois. Este fato levou a que durante muitos anos fossem incluídos numa mesma classe Miriapoda com os quilópodes. O exoesqueleto apresenta alguns depósitos de sais de cálcio, mas não é totalmente impermeável o que restringe a sua vida a habitat úmidos. Muitos são brilhantemente coloridos. A cabeça apresenta dois grupos de olhos simples e diversos apêndices: um par de antenas curtas;

maxilípede

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um par de mandíbulas;

Gnatoquilário – estrutura em forma de placa que deve resultar da fusão das maxilas.

O tórax é curto, com apenas 4 segmentos simples, cada um dos quais com um par de patas locomotoras, exceto o primeiro.

O longo abdômen apresenta de 9 a 100 segmentos duplos, cada um contendo dois pares de espiráculos, de gânglios nervosos, bem como dois pares de patas locomotoras. Apesar de algumas espécies chegarem a apresentar 750 patas deslocam-se lentamente. As patas deslocam-se caracteristicamente numa série de ondas, para trás e para frente. Assim, quando perturbados enrolam o longo corpo numa espiral protetora, com a cabeça no centro ou produzem substâncias tóxicas - glândulas de mau cheiro - que usam para repelir predadores. A reprodução é sexuada e os sexos são separados. O macho apresenta apêndices especializados na fecundação interna – gonopódos. A fêmea coloca os ovos num "ninho" no solo e as crias passam por 7 estágios larvais diferentes até atingirem a fase adulta. Classe Insecta. Os insetos perfazem mais de 1 milhão espécies (fato que justifica uma ciência para os estudar – entomologia), sendo os mais abundantes, mais bem sucedidos e mais diversamente distribuídos dos animais terrestres. No entanto, estima-se que possam existir entre 5 e 10 milhões. São igualmente os mais importantes invertebrados que podem viver em locais secos e os únicos capazes de voar. A capacidade de voar permite-lhes escapar aos inimigos, capturar presas e encontrarem parceiros. As principais características dos insetos incluem cabeça, tórax e abdômen distintos, todos com função determinada. A cabeça suporta o aparelho bucal, cuja forma e composição pode ser muito variada, e a maioria dos órgãos sensoriais (olhos e antenas). Apresenta, assim, os seguintes apêndices:

um par de antenas; armadura bucal - formada por peças especializadas em mastigar, sugar ou lamber e que inclui:

um par de mandíbulas; um par de maxilas; lábio - corresponde às segundas maxilas fundidas

Únicos invertebrados que conseguem voar. Asas são expansões da superfícies do corpo (epiderme e cutícula) controladas por músculos de vôo localizadas dentro

do tórax.

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O tórax, importante para a locomoção, tem 3 segmentos, cada um com um par de apêndices locomotores e geralmente 2 pares de asas (ou apenas um par ou nenhum), que não são mais que expansões dorsais do revestimento do corpo. O abdômen com 11 segmentos no máximo e apresenta os sistemas vegetativos (digestão e excreção, por exemplo) e reprodutores. Não contém apêndices embora as partes terminais estejam modificadas como genitália externa. Sistema digestivo completo com boca com glândulas salivares, intestino dividido em anterior, médio e posterior. O sistema circulatório é aberto e apresenta um coração delicado dorsal ligado a uma aorta anterior, não apresentando veias ou capilares. A respiração é feita através de traquéias muito ramificadas, com espiráculos pares em cada segmento do tórax e abdômen, que transportam oxigênio diretamente aos tecidos. A excreção é geralmente feita por numerosos tubos de Malpighi, embora algumas espécies apenas apresentem um par, fixos na extremidade anterior do intestino posterior. O sistema nervoso é desenvolvido e está associado a órgãos dos sentidos variados: ocelos - olhos simples; olhos compostos - formados por centenas de pequenas unidades designadas omatídeas, todas ligadas por nervos ao cérebro;

quimiorreceptores - localizados nas antenas;

Receptores do gosto - localizados perto da boca; Pêlos tácteis variados - distribuídos por toda a superfície do corpo e apêndices. Algumas espécies são capazes de captar e produzir sons. Muitos insetos sobrevivem a temperaturas baixas entrando em estado de dormência. No entanto, algumas das formas maiores realizam migrações de longas distâncias (mais de 4000 Km, como no caso das borboletas monarca, que voam desde o Canadá até ao México para passar o Inverno). A reprodução pode ser assexuada por partenogênese (em algumas espécies) ou sexuada, com sexos separados e fecundação interna.

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Subfilo Crustácea Os crustáceos (l. crusta = revestimento + aceo = semelhante) são na sua grande maioria marinhos, onde são fundamentais nas cadeias alimentares (milhões de pequenos crustáceos formam o krill, fonte de alimento para muitos outros animais), embora existam algumas espécies terrestres, como o bicho-de-conta. A maioria dos zoólogos considera as diferenças entre os crustáceos e os restantes artrópodes suficientes para que lhes seja atribuída uma origem filogenética diferente. As principais características desta classe estão relacionadas com o seu meio, visto que são os artrópodes que dominam o meio aquático. O exoesqueleto está geralmente impregnado de sais de cálcio, conferindo-lhe grande dureza, especialmente nas espécies de maiores dimensões. O corpo está geralmente dividido em cefalotórax (freqüentemente coberto por uma carapaça) e abdômen (na extremidade do qual existe um telson) embora em algumas espécies possam existir três partes. O cefalotórax ou a cabeça e o tórax estão protegidos por uma carapaça quitinosa, cuja parte anterior se pode prolongar, formando um rostro. O abdômen nos caranguejos é curto, achatado e dobra-se sob a carapaça. Os apêndices dos crustáceos são bi-ramosos e estão adaptados a muitas funções, nomeadamente locomoção, tacto, respiração e incubação dos ovos. Os apêndices da cabeça (que é composta por 5 segmentos fundidos) são:

dois pares de antenas - os crustáceos são os únicos artrópodes com este número de antenas, onde se localizam os órgãos do tato e do gosto;

um par de mandíbulas - colocadas lateralmente e usadas para cortar e triturar alimento; dois pares de maxilas.

Em seguida, na parte que corresponde ao tórax, surgem, nas formas mais comuns, 5 pares de apêndices locomotores - pereópodes -, em que o primeiro par pode estar modificado e ter forma de pinça, passando a designar-se quelípedes.

Os apêndices do abdômen são muitas vezes reduzidos ou modificados para a natação - pleópodes - ou outras funções.

O sistema nervoso é centralizado como o dos aracnídeos, mas ao contrário destes, os crustáceos apresentam olhos pedunculados bem desenvolvidos e compostos provavelmente com visão a cores, bem como um grande número de outros órgãos sensitivos (tacto e quimioreceptores localizados nas antenas, por exemplo).

Nos crustáceos pequenos a respiração pode ser feita em zonas de cutícula fina, mas nos maiores existem brânquias, localizadas

de cada lado do cefalotórax ou nos apêndices. A excreção pode ser igualmente feita pela superfície do corpo ou através de glândulas verdes ou antenais, assim designadas pela sua localização na base das antenas, onde filtram o sangue. Estes órgãos regulam igualmente a quantidade de sal no sangue. Não existem tubos de Malpighi. A reprodução é sexuada, com sexos separados e desenvolvimento indireto com metamorfoses.

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A fecundação é geralmente interna e a fêmea pode transportar os ovos em câmaras especiais ou nas patas, durante o seu desenvolvimento.

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