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CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL COMISSÃO ESPECIAL PL 5476/01 - TARIFAS DA TELEFONIA FIXA EVENTO: Audiência Pública N°: 1.544/05 DATA: 5/10/2005 INÍCIO: 15h34min TÉRMINO: 18h32min DURAÇÃO: 02h58min TEMPO DE GRAVAÇÃO: 02h58min PÁGINAS: 58 QUARTOS: 36 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO HÉLIO COSTA – Ministro de Estado das Comunicações. SUMÁRIO: Debate sobre tarifa dos serviços de telefonia fixa. Proposta de extinção gradativa da assinatura básica. OBSERVAÇÕES

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

COMISSÃO ESPECIAL PL 5476/01 - TARIFAS DA TELEFONIA FIXAEVENTO: Audiência Pública N°: 1.544/05 DATA: 5/10/2005INÍCIO: 15h34min TÉRMINO: 18h32min DURAÇÃO: 02h58minTEMPO DE GRAVAÇÃO: 02h58min PÁGINAS: 58 QUARTOS: 36

DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO

HÉLIO COSTA – Ministro de Estado das Comunicações.

SUMÁRIO: Debate sobre tarifa dos serviços de telefonia fixa. Proposta de extinção gradativada assinatura básica.

OBSERVAÇÕES

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial PL 5476/01 - Tarifas da Telefonia FixaNúmero: 1544/05 Data: 5/10/2005

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Declaro abertos os

trabalhos da 3ª reunião da Comissão Especial destinada a proferir parecer ao

Projeto de Lei nº 5.476, do Deputado Marcelo Teixeira, que modifica a Lei nº 9.472,

determinando que a estrutura tarifária dos serviços de telefonia fixa, prestados em

regime público, seja formada pela remuneração das ligações efetuadas.

Esta Presidência dá como lido o expediente, tendo em vista à sua distribuição

antecipada.

Sobre a bancada cópias da ata da 2ª reunião para conhecimento dos

Parlamentares.

O SR. DEPUTADO SIMÃO SESSIM - Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que

dispense a leitura da ata, tendo em vista o avulso distribuído.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Dispensada a leitura

da ata.

Em discussão a ata.

Não havendo quem queira discuti-la, em votação.

Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram.

(Pausa.)

Aprovada.

Quero dizer, inicialmente, que é uma honra muito grande para nós receber

nesta Comissão o Senador e Ministro Hélio Costa, um dos grandes expoentes não

somente da política mineira como também da política brasileira.

O Senador Hélio Costa pode ser considerado um duplo vitorioso. É aquele

cidadão que teve amplo sucesso na vida privada, tendo sido um grande líder em

todos os postos que ocupou, e também na vida pública, ocupando vários cargos na

administração, sendo hoje Senador pelo Estado de Minas Gerais, o que é uma

grande honra para todos aqueles que militam nesse Estado.

Ministro Hélio Costa, é uma grande honra tê-lo nesta Comissão. Em poucos

meses de Ministério, V.Exa. já se impôs pela sua capacidade de trabalho, pela

mobilização, pela gana que tem demonstrado de encontrar solução para o setor,

sempre procurando harmonizar posições, defender suas idéias e tranqüilizar a

sociedade, pela demonstração que deu ao cumprir os contratos.

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Quero cumprimentar V.Exa. pelo trabalho até então realizado no Ministério

das Comunicações e mostrar nossa honra de recebê-lo nesta Comissão.

Passo a palavra ao Ministro Hélio Costa.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Boa-tarde a todos. Em primeiro lugar,

quero agradecer ao ilustre Deputado e Presidente desta Comissão Mista a honra

que me dá de poder participar desta audiência pública sobre assunto que hoje é de

interesse nacional em todos os setores da sociedade.

Agradeço também ao Deputado Léo Alcântara, que faz parte desta Mesa, por

intermédio de qual, cumprimento todos os Srs. Deputados e Deputadas, todos os

presentes.

Ao mesmo tempo, ao iniciar minhas palavras, quero que V.Exas. saibam o

quanto nós, mineiros, ficamos honrados de poder emprestar ao nosso querido e

vizinho Estado do Rio de Janeiro o talento, a competência e a seriedade do

Deputado Francisco Dornelles. Nós todos, em Minas Gerais, não podendo votar no

Deputado Dornelles, porque ele sempre é candidato pelo Rio de Janeiro, Estado

onde tem sua vida pública, sua vida política, seus amigos e eleitores, ficamos

torcendo, sempre que S.Exa. se candidata, para que aqueles mineiros que vivem no

Rio de Janeiro escolham nosso companheiro Francisco Dornelles, pela admiração

que temos por S.Exa.

Essa questão, ilustre Presidente e Srs. Deputados, desde o instante em que

chegamos ao Ministério das Comunicações, tem atraído a atenção do Ministro, que

tem levado a discussão sobre o assunto a diversos foros. Temos certeza de que

esta Comissão vai encaminhar o problema da assinatura básica da forma que

imaginamos mais apropriada, por meio da discussão detalhada e séria no

Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados.

Sinto-me muito à vontade de dizer que cheguei ao Ministério e levantei essa

bandeira porque já fazia isso como Senador, na bancada do PMDB de Minas Gerais,

sempre insistindo na tese de que havia enorme disparidade na telefonia no Brasil,

notadamente no que diz respeito à questão da telefonia fixa e da assinatura básica.

Há 5 anos, havia no Brasil 40 milhões de telefones fixos e em torno de 20

milhões de telefones celulares. Hoje, há um pouco menos de telefones fixos, em

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torno de 38 milhões, e cerca de 79 milhões de telefones celulares. Isso mostra que,

na realidade, houve uma inversão de posições na telefonia.

O telefone celular pré-pago começou a substituir o telefone fixo residencial,

com o único inconveniente de que o telefone celular pré-pago não é um telefone da

família, é um telefone pessoal; é levado com seu dono, normalmente na cintura. O

telefone fixo hoje não é usado simplesmente para conversações telefônicas, receber

ou passar informações ou recados; ele é hoje um instrumento de trabalho, um ponto

de apoio para o jovem, na sua pesquisa em casa pela internet. O telefone fixo

residencial não é mais simplesmente um telefone de contato.

Ocorre que, em razão das disparidades, as pessoas passaram a ter medo de

usar o telefone residencial. E esse medo tem origem em alguns detalhes

desconhecidos da maioria da população. Depois de 31 de dezembro, por

determinação da Lei nº 9.472, teremos a conversão de pulsos para minutos. O que

se cobra hoje em pulsos, após 1º de janeiro, será cobrado em minutos no telefone

fixo. A partir de 1º de janeiro, teremos que ter a discriminação rigorosa de cada

ligação que se faça, o quanto se falou e o quanto se pagou pela ligação, que hoje

não temos. Mas sobretudo deixa de existir, o que é verdadeiro absurdo, a cobrança

por aquilo que não comprei ou não usei.

Vejam o que ocorre hoje quando se disca um número para qualquer lugar do

País. No momento em que a pessoa do outro lado levanta o telefone e atende a

chamada, começa a contagem aleatória, no intervalo de um pulso de 4 minutos.

Como a maquininha está permanentemente rodando para contar pulsos na central

telefônica — ela não pára —, quando se levanta o telefone não se sabe se a

maquininha marcava 1 segundo, 30 segundos, 1 minuto, 2 minutos ou 3 minutos e

49 segundos. Então, se por acaso eu tenho a sorte de me levantar para atender o

telefone no primeiro segundo, ganho 4 minutos. Falo por 4 minutos e pago por 4

minutos. Mas se, por azar, a rodinha estiver no último minuto e no último segundo, aí

eu falo 1 segundo e pago 4 minutos. E, automaticamente, entro no segundo pulso de

4 minutos. Se chego no finalzinho do primeiro pulso, falo 15 segundos do primeiro

pulso — “Bom-dia, meu amor, chego dentro de meia hora para almoçar” —,

entrando mais 15 segundos do próximo pulso, e vou pagar 8 minutos de ligação

telefônica.

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Isso é que leva as pessoas que ganham 1, 2, 3 salários, e que estão numa

posição economicamente inferior, a terem medo do telefone residencial. Porque

cada vez que se pega nele aumenta a conta no fim do mês de forma brutal, e talvez

nem se possa pagar.

O que propomos com essa democratização do telefone fixo é que ele possa

ser usado, que ele não seja apenas um enfeite. Hoje o telefone em casa vem sendo

chamado — comparativamente com o celular que temos, como o pré-pago — de

telefone pai-de-santo. Ele só pode receber; não pode se manifestar de nenhuma

outra maneira. Se fizer qualquer coisa com ele, você paga e paga caro.

Chegamos ao Ministério das Comunicações e pudemos verificar essas

disparidades. Fomos estudar a legislação da assinatura básica e encontramos

alguns números relevantes e importantes que devem ser apresentados de forma

muito clara, pública, em uma audiência como esta e principalmente partindo do

Ministro das Comunicações que tem a preocupação de defender sempre o interesse

público, sobretudo neste momento em que estamos a poucos meses de fazer uma

revisão dos contratos das companhias telefônicas.

O que representa a assinatura básica? Ela representa hoje cerca de 1 bilhão

600 milhões de reais por mês para as 3 principais empresas de telefonia — só a

assinatura básica: 1 bilhão 600 milhões de reais. Evidentemente que, se

computarmos todos os outros serviços prestados pelas companhias de telefone, nós

identificamos imediatamente como um negócio importante e bom, que atrai o capital

nacional e internacional.

Vejam só. No caso específico de São Paulo, só a assinatura básica rende, por

ano, para a empresa que tem o monopólio de São Paulo na telefonia fixa, 5 bilhões

de reais. Só a assinatura básica.

Entendemos perfeitamente o impacto que pode causar para as empresas de

telefonia se este Congresso quiser — e evidentemente o Parlamento tem autoridade

para isso, só ele tem condições — alterar a Lei nº 9.472, para poder fazer a abolição

pura e simplesmente da assinatura básica.

A nossa proposta tem por objetivo o fim da assinatura básica. Mas ela vai por

etapas, ela vai gradativamente. Ela causa um menor impacto econômico e social.

Até porque existe uma cláusula na Lei Geral de Telecomunicações que leva as

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empresas, se estas sentirem que o impacto foi muito forte, que causou um

desequilíbrio econômico e financeiro, a contestarem a determinação, mesmo que

seja da ANATEL, na regulamentação que irá ser feita forçosamente para a aplicação

do resultado que se tirar do Congresso Nacional.

Se amanhã o resultado dessa pesquisa econômica mostrar que houve

realmente um desequilíbrio e que as empresas tiveram um prejuízo, quem tem de

cobrir esse prejuízo é o Governo. Ele terá de arcar com a cobertura do prejuízo que

porventura venha a ocorrer.

Então, quando fizemos a proposta de ter um telefone social para reduzir a

valor da assinatura — e espero que reduza rapidamente — em pelo menos 50%,

embora ainda estejamos em negociações para que seja reduzido ainda mais esse

valor, propomos também, com essa redução, o aumento do número de pessoas

tendo telefone. E na proposta que estamos encaminhando temos, no mínimo, 3

milhões de novos aparelhos, o que não é para as empresas um problema técnico,

porque elas dizem que têm disponíveis 2 milhões de telefones para ser instalados, e

nós temos informações da própria ANATEL indicando que, na realidade, as

empresas dispõem de 11 milhões de telefones ociosos que precisam ser instalados.

Vamos imaginar que aceitemos o menor número, que as empresas tenham

condições de instalar 3 milhões de novos aparelhos. Pode haver uma migração — e

esse projeto foi estudado técnica e cuidadosamente — de cerca de 6 milhões do

plano básico normal para o plano especial, que está perfeitamente enquadrado

dentro do que determina o decreto que instituiu o chamado AICE — Atendimento

Individual ao Cliente Especial.

Esse é apenas o primeiro passo. O objetivo é acabar com a assinatura

básica. Mas vamos por etapas. Iniciaremos este ano com a proposta do Ministério

das Comunicações. Eventualmente, no dia 1º de janeiro, podem surgir modificações

dentro do que determina a própria lei, com a restruturação dos contratos. Podemos

ter uma série de novidades no setor. A nossa preocupação é levar imediatamente

para o consumidor mais uma proposta. Ela não é totalmente estranha à indústria.

Em São Paulo mesmo já existem alguns planos que favorecem as pessoas de

menor renda. Estamos apenas querendo ampliar a oferta para que ela possa chegar

a todos os que no País ganham menos de 3 salários mínimos.

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Inclusive hoje o jornal Estado de Minas, no Caderno de Economia, traz

manchete mostrando que dois terços dos brasileiros ganham menos de 900 reais.

Evidentemente, quando imaginamos cobrir com esse plano aqueles que

ganham até 3 salários mínimos, estamos falando de dois terços da população. Claro

que existem aqueles que nem querem o programa. Na verdade, este plano não

atende às pessoas de classe média alta, porque elas usam mais do que 100 minutos

por mês, usam mais o telefone do que uma pessoa de classe média.

O importante é lembrar que, neste momento, da maneira como o telefone

residencial está configurado, posso até dizer, numa pretensão de criar uma figura

para se melhor entender a gravidade da situação, que hoje o pobre paga pelo

telefone do rico. Se, ao adquirir um telefone, pago pela habilitação e depois pago 40

reais por mês e tenho pelo menos 400 minutos de pulsos na franquia, e uso os 400

minutos e mais 200, 300 minutos, a minha média de pagamento por minuto é de 16

centavos. Agora, o trabalhador que ganha no máximo 900 reais por mês, ou 2, 3

salários mínimos; que tem um telefone, que pagou pela instalação e paga mais 40

reais por mês; que não usa a franquia — e pesquisas no Ministério das

Comunicações mostram que as pessoas de baixa renda usam no máximo 50

minutos por mês —, e paga por ela, porque ela está embutida no preço da

assinatura básica, esse trabalhador tem sua média de pagamento por minuto de 56

centavos. Então, o rico, por assim dizer, paga 0,16; o pobre paga 0,56. Isso vai ao

encontro da minha tese de que hoje, da forma como está, o pobre paga pelo

telefone do rico.

Essas distorções precisam ser corrigidas.

Tive o cuidado de acompanhar, pelo menos ler, cada um dos projetos de lei

apresentados e que estão, neste momento, em discussão nesta Comissão. Cada um

tem uma valiosa e excepcional contribuição. Evidentemente, todos foram apensados

ao Projeto nº 5.476, do Deputado Marcelo Teixeira, e vão, em determinado

momento, receber desta Comissão um trabalho de redação. E um substitutivo

evidentemente deve incorporar todas as propostas apresentadas.

Tenho certeza de que o caminho encontrado na Câmara dos Deputados, ao

criar esta Comissão Mista para discutir o assunto da assinatura básica, é o que

temos indicado freqüentemente em todas as discussões que mantemos sobre o

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assunto. Necessariamente, tem de se fazer uma audiência pública, tem de se levar

isso à discussão pública, e nenhum lugar é melhor que este fórum, o Parlamento.

Evidentemente, temos aqui uma representação da mais qualificada para identificar

cada setor da sociedade, cada Estado da Federação, cada região do País.

Então, Sr. Presidente, venho aqui sobretudo para dar o meu apoio aos

trabalhos desta Comissão. Coloco o Ministério das Comunicações inteiramente à

disposição. Estamos, nos últimos 2 meses, em permanente contato com as

empresas de comunicação. Ainda ontem fizemos uma reunião com os dirigentes das

empresas de comunicação. Um grupo especial no Ministério, encabeçado pelo

Secretário de Comunicação Eletrônica, que está aqui presente, Dr. Roberto Pinto

Martins, está em permanente contato com empresários do setor de

telecomunicações, com a participação de representantes da ANATEL, com nosso

representante jurídico, Dr. Marcelo Bechara.

Naturalmente, temos que estar com todas as definições prontas para

apresentar o procedimento ao Presidente da República. Com certeza, em 40, 45

dias, estaremos com tudo pronto para ser aplicado. O trabalho que estamos fazendo

com as empresas tem demonstrado o seguinte: na primeira reunião que fizemos, há

2 meses, existia uma verdadeira parede, intransponível. Este assunto era tabu. Não

era possível obter qualquer resultado, qualquer conversa. Depois, conseguimos

amaciar um pouco os dirigentes das empresas, conversar com eles, entrar em

detalhes, em discussões, até fazer projeções de forma muito clara e objetiva.

Vimos, por exemplo, o que aconteceu esta semana. Esta é a capa da The

Economist, talvez a mais importante revista econômica do mundo, editada em

Londres. A reportagem mostra como a internet acabou com o telefone comercial, o

telefone fixo, e as companhias. É o resultado de uma verdadeira revolução que está

em andamento na Europa, nos Estados Unidos e em todo o mundo. O telefone Voz

sobre IP, diga-se de passagem, já é uma realidade no País. Hoje existem 10 milhões

de conexões na Internet, quase 3 milhões; oficialmente 2,5 milhões de ligações de

Banda Larga. É a Banda Larga que dá acesso à comunicação de Voz sobre IP, que

na realidade transforma o seu computador num telefone que fala com o todo o

mundo, pagando ligação local.

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Evidentemente já existe a modernidade do telefone sobre IP, um telefone sem

fio ligado ao computador, em que você não precisa mais ficar preso ao computador,

pode falar de um telefone sem fio de qualquer lugar de sua casa e usar a Internet.

Então, eu sempre entendi, Sr. Presidente e ilustre Deputado, que nós tínhamos que

levar as companhias telefônicas a entender esta modernidade, esta verdadeira

revolução que está ocorrendo no setor de telefonia. As empresas não podem ficar

de braços cruzados, simplesmente calcando todas as suas operações no

recebimento de 1,6 bilhões de reais por mês de assinatura básica.

Nós respeitamos as empresas, sabemos que elas são importantes no

contexto econômico do País, que geram emprego e movem a economia.

Entendemos tudo isso, mas elas também têm de ver que não adianta mais seu

faturamento ficar baseado exclusivamente na assinatura básica, que equivale a 33%

do faturamento de cada empresa de telefonia no País.

A revolução que está acontecendo com a rede mundial não se faz apenas

com o procedimento de instalar Internet de Banda Larga nas casas e

automaticamente obter acesso a telefone nacional e internacional através da rede. A

partir do ano que vem, apesar de todas as dificuldades enfrentadas no processo de

inclusão digital que estamos realizando pelo Governo do Presidente Luiz Inácio Lula

da Silva — e é preocupação do Ministério das Comunicações fazer, a partir do ano

que vem, uma verdadeira inclusão digital no País, em todas as regiões, em todos os

Estados —, cada vez que houver inclusão digital numa região, automaticamente,

com a ligação da Internet, serão viabilizados as residências, as escolas, o serviço

público, enfim, todos os setores. Com a ligação da Internet, vem a Banda Larga;

com a Banda Larga, vem o telefone via rede.

Trata-se de uma situação que precisa ser confrontada pelas empresas. As

empresas têm de ser modernizadas, têm de conviver com essa realidade, não

podem mais ficar exclusivamente sentadas em cima de um faturamento mensal, que

é fácil, simples e que vem naturalmente. É evidente que ele não é o maior

faturamento da empresa, mas dizem os dirigentes: “Se amanhã acabarmos

definitivamente com a assinatura básica, todas as empresas vão quebrar”. Eu não

acredito nisso. Elas têm de se adaptar. É por esta razão que faço minha proposta:

chegar — evidentemente, lá na frente — ao fim da assinatura básica, seguindo de

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forma gradual, passando pela primeira etapa, pela segunda etapa, pela terceira

etapa.

Essa é uma proposta que considero inteligente, viável — viável, repito —

porque todos os estudos que fizemos indicam que ela não vai necessariamente

provocar um impacto econômico-financeiro capaz de prejudicar as empresas. Vai

haver equilíbrio com a migração do telefone que sai da telefonia normal para esse

modelo ou com o aumento do número de telefones fixos nas residências. Nossa

preocupação é apresentar uma proposta que realmente seja viável

economicamente, que seja boa para atender ao usuário da telefonia fixa, a fim de

que possamos aumentar o número de telefones.

A situação atual me causa pena. Eu me sinto, na realidade, impotente quando

chego ao interior e vejo que lá a grande maioria das pessoas, que são simples, não

têm acesso a telefone. Na zona rural, então, a situação é absurda. Temos 7 milhões

de residências na zona rural; temos 1 milhão de telefones fixos na zona rural. Em

cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, que têm grandes

conglomerados, que chamamos vilas para não usar a palavra “favela”, quantas

pessoas têm celular, quantas pessoas têm telefone fixo? Na realidade, o celular

passou a substituir o telefone fixo, mas de forma que não é boa para o usuário

porque o minuto no telefone pré-pago custa 1 real e 25 centavos — 1 real e 25

centavos.

Entretanto, a situação tem jeito. Há como melhorar, há como aumentar o

número de telefones fixos. Vale a discussão. Acho que, no momento em que

começarmos a levantar essa bandeira, que não é minha — como já disse, ela existe

desde meu tempo no Congresso; aqui na Casa, são vários os Deputados que

brigam por essa posição —, por meio desta Comissão Mista, vamos encontrar uma

boa maneira de endereçar o problema para o Plenário e lá, evidentemente, tomar

uma decisão que venha ao encontro do equilíbrio que proponho: lá na frente acabar

com a assinatura básica, mas passando por um processo gradativo, que não cause

um impacto econômico-financeiro que possa prejudicar o andamento das empresas

e trazer inconvenientes para o próprio Governo. Conforme disse no início de minha

fala, se amanhã houver um grande desequilíbrio, com um grande problema

financeiro para as empresas, quem cobrirá o rombo será o Governo.

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Sr. Presidente, em princípio esta é a exposição que eu gostaria de fazer. Na

resposta às possíveis perguntas dos ilustres Deputados e Deputadas, certamente

poderei entrar em algum ponto mais específico dentro do que está sendo discutido

pela Comissão ou em qualquer aspecto que envolva a assinatura básica.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Sr. Ministro Hélio

Costa, cumprimento V.Exa. pela brilhante exposição — como, aliás, são todas as

feitas por V.Exa. —, que traz subsídios muito importantes para o debate que vamos

aqui realizar.

Tenho a honra de passar a palavra inicialmente ao ilustre Relator, Deputado

Léo Alcântara.

O SR. DEPUTADO LÉO ALCÂNTARA - Sr. Ministro Hélio Costa, em primeiro

lugar, tenho uma pergunta. Como V.Exa. vê a instituição ANATEL?

Explico. Como V.Exa. disse, em 1º de janeiro próximo, vencerão os contratos

das empresas de telefonia fixa com a ANATEL. A assinatura básica é uma cláusula

contratual desses documentos. Seria então o momento para uma primeira

negociação sobre a assinatura básica.

Se estudarmos o caso, verificaremos que a assinatura básica, de 1998 para

cá, cresceu 172%, enquanto o IGP-DI aumentou 128%. Se analisarmos a tarifa

média das telefonias, incluindo pulso e assinatura básica, perceberemos que ela

cresceu menos do que a assinatura básica. Quando a televisão ou outro meio de

comunicação divulga que o reajuste médio da tarifa foi de 7%, não significa que a

assinatura básica tenha sido reajustada em 7%. Muitas vezes ela foi reajustada em

algo por volta de 15% e ao final o reajuste médio foi diferente.

Na ANATEL está basicamente tudo que podemos mexer em relação a

assinatura básica, partindo do princípio de que a renovação contratual será em 1º de

janeiro próximo. Por isso pergunto: na posição de V.Exa., qual é o papel da

instituição ANATEL?

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Em primeiro lugar, o papel da instituição

ANATEL está rigorosamente exposto no art. 87 da Lei Geral das Telecomunicações.

A Agência tem de fazer a fiscalização e a normatização. Cabe ao Ministério —

também está na Lei Geral, no art. 84 — determinar a política pública relacionada a

telefonia.

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Evidentemente, o Ministério das Comunicações, como também o Presidente

da República e todo o Governo, tem a preocupação de não exercer ingerência na

ANATEL, que é uma Agência independente, mas também a de não permitir que a

Agência faça gestões que possam prejudicar o trabalho que deve ser — e será —

feito pelo Ministério das Comunicações.

No que diz respeito aos números apresentados pelo ilustre Relator, quero

acrescentar um dado, que talvez V.Exa. tenha, referente à correção das tarifas

telefônicas feita pelo IGP-DI. Além do IGP-DI, as empresas atualmente ainda têm o

direito de acrescentar 9% sobre um dos 5 itens principais ou 5 itens da cesta básica

da telefonia: habilitação, pulso, assinatura básica, longa distância e curta distância.

Agora imaginem: nos últimos 7 anos — em todos os anos anteriores, com

exceção deste, graças a um trabalho que vem sendo feito pelo Ministério das

Comunicações —, qual foi o item que as empresas escolheram para colocar, além

do IGP-DI, 9%? A assinatura básica. Foi rigorosamente em razão disso que se criou

essa disparidade. Ou seja, fizeram crescer a assinatura básica em 172%, enquanto

o aumento do próprio IGP-DI foi de 128%. Isso tem de ser corrigido. Quem tem de

fazer essa correção, evidentemente, é a ANATEL. É trabalho seu, é obrigação sua.

A ANATEL tem de ver essas disparidades porque tem por obrigação também

defender o consumidor. É parte das obrigações da Agência a defesa do consumidor.

Recentemente tenho visto algumas manifestações da ANATEL em defesa do

consumidor. No passado, confesso que não via. Parecia que a Agência desconhecia

o consumidor. Agora entendo que a Agência começa a assumir a sua

responsabilidade de também defender o consumidor.

Vejo que o ano que vem será extremamente interessante do ponto de vista

das comunicações no País, porque realmente é o momento em que vamos ter de

reestudar, repensar toda a questão da telefonia no Brasil.

Partindo do pressuposto de que em 1997, quando se fez a privatização das

companhias telefônicas no País, criou-se um dispositivo, com a assinatura básica,

para garantir que as empresas de telefonia não teriam prejuízo e poderiam recuperar

o capital investido, entende-se a razão pela qual a assinatura básica é de 3 reais

hoje; é porque era equivalente a 1 dólar no ano de 1997, quando foi feita a

privatização das empresas. Portanto, 2 reais e qualquer coisa. Autoriza-se que se

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faça uma correção sistemática permanente em cima da assinatura básica, para

garantir retorno rápido às empresas que investiram no setor de telecomunicações,

mas se esqueceram de que 10 anos depois todos os investimentos já estão

satisfatoriamente pagos, porque, afinal de contas, tiveram um monopólio nas suas

respectivas regiões, onde não existe qualquer possibilidade de interferência de

qualquer empresa estabelecida em lei. Ninguém pode entrar no território de uma

empresa que faz a exploração da telefonia fixa numa região.

Quando uma pequena empresa entra oferecendo telefonia fixa em casa, de

graça, sem pagar, na realidade, ela está oferecendo pelo sistema voz sobre IP.

Curiosamente as próprias empresas usam o dispositivo, usam a voz sobre IP para

fazer a interface entre Estado com Estado e região com região, reduzindo

drasticamente seus custos. Nós não sabemos disso. Os Srs. Deputados sabem, mas

o público não sabe que as próprias empresas usam o sistema voz sobre IP para

fazer sua interconexão. Nós falamos de graça, eles também.

Vou dizer algo aqui, e a imprensa, por favor, entenda. Não estou lançando

nenhuma bomba sobre o assunto, estou apenas levantando uma questão. Existem

duas posições que começo a identificar no setor de telefonia, duas tendências muito

claras. Existe uma tendência das próprias empresas de telefonia no sentido de que

devemos adiar por 1 ano os novos contratos. Curiosamente, vejo que o próprio setor

trabalhista sindical também gostaria de adiar por 1 ano os novos contratos, por

razões totalmente diferentes. Na verdade, quando as companhias telefônicas

descobrirem por que os sindicatos querem adiar por 1 ano, vão querer fazê-lo

imediatamente, e vice-versa.

O assunto merece, sim, análise muito acurada, Deputado. Os tempos são

outros. Lá atrás uma central telefônica custava 1 milhão de dólares para ser

instalada, hoje custa 50 mil dólares uma central telefônica pequena, para ser

instalada no interior. Quando começou a telefonia celular neste País, custava 200

mil dólares uma torre composta para levar a telefonia para uma cidade do interior.

Hoje, o valor é 25% disso. Os números mudaram, os tempos mudaram, os preços

mudaram. Infelizmente, os preços da telefonia fixa, os preços da nossa assinatura

básica continuam rigorosamente os mesmos.

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O SR. DEPUTADO LÉO ALCÂNTARA - Ministro, quando vamos estudar o

que é a assinatura básica, o que está incluído nela, concluímos que, na realidade,

ela nada mais é do que uma cláusula contratual das empresas de telefonia fixa com

a ANATEL. Em se acabando a assinatura básica, haveria uma quebra de contrato,

não sendo no vencimento do contrato. No vencimento do contrato, vai-se negociar.

Mas se for durante a vigência do contrato, a quebra de cláusula contratual não

estaria submetida a uma série de metas que a ANATEL impõe à telefonia fixa? As

empresas não se sentiriam no direito de não mais atingir essas metas? Como e

quais são elas? Por exemplo, hoje se alguém pede um telefone ele tem de ser

instalado em 48 horas, sem análise cadastral, sem consulta ao SPC, ao SERASA,

ou a outro instituto, para verificar se o cliente é um bom pagador. Em segundo lugar,

a quantidade de telefones que não são pagos, instalados em diversas comunidades

do interior, o que é uma das metas da ANATEL. Enfim, há uma série de outras

metas, que a ANATEL, por meio dos contratos, impõe às empresas de telefonia fixa.

Então a minha pergunta é a seguinte: as empresas não estariam também no direito

de não cumprir essas cláusulas contratuais, o que em médio ou longo prazo seria

danoso ao consumidor, principalmente àqueles do interior do País, que têm mais

dificuldades — comunidades de 200, 300, 400 habitantes, onde é essencial um

telefone público? Nós, políticos do Nordeste, recebemos diversos pedidos para

instalação desses telefones públicos para essas pequenas comunidades. É a

indagação a V.Exa.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Eu gostaria de lembrar inicialmente aos

Srs. Deputados que não há, na Lei Geral de Telecomunicações, nenhuma previsão

direta com relação à assinatura básica. Na verdade, onde é que está a palavra

“assinatura básica” nessa lei? Ela aparece, rigorosamente, quando se estabelecem

os itens da cesta básica. Fala-se aí em habilitação, pulso, longa distância, curta

distância e assinatura básica. Este é o único lugar em que se menciona essas

palavras dentro da Lei Geral de Telecomunicações.

Então, na realidade, Deputado, se fizermos um esforço jurídico, vamos

concluir que não se trata necessariamente de quebra de contrato. Acho que o

momento ideal para se discutir essa questão, até para não levantarmos uma grande

polêmica, é exatamente durante a rediscussão dos contratos, o que deve ser feito

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rigorosamente dentro da lei. Mas esses termos só são citados dentro de um dos

itens da cesta básica.

Há outra coisa que eu gostaria de deixar muito claro. É uma resposta que dou

ao ilustre Deputado Relator: infelizmente as informações apuradas pelo Ministério

das Comunicações são no sentido de que em determinados Estados do Nordeste,

menos de 23% da suposta e tão decantada universalização da telefonia foi

conseguido. Ou seja, ainda há muito o que se fazer, em termos de cumprir as

obrigações que foram assumidas pelas empresas de telefonia, quando elas

receberam um território exclusivo para operar. Cada empresa recebeu um

verdadeiro feudo. Cada empresa se estabeleceu dentro de uma área em que não há

competição. Ninguém tem o direito de ir ao seu território competir com elas.

Por que é que nós estamos vendo — o que está claro — que a telefonia

celular se expande, chegando a atender inclusive ao trabalhador de salário mínimo

com o telefone pré-pago? É porque houve competição. Na realidade, quando uma

empresa chega numa região, a outra oferece preço melhor, melhores condições.

Estabelece-se uma competição. E havendo competição, evidentemente, os preços

melhoram. Não havendo competição, isso fica a critério de quem tem o monopólio

do setor.

Por isso eu acho que é uma questão que temos de analisar de forma muito

clara quando formos discutir com as operadoras a partir do ano que vem. Os tempos

são diferentes, a situação é diferente, as próprias empresas reconhecem esta

situação.

Quando iniciamos a discussão da nossa proposta de redução da assinatura,

notamos que uma margem de discussão teria de ser começada logo, para, quando

fôssemos rediscutir os contratos em janeiro, as coisas ficassem mais fáceis.

Estamos antecipando essa discussão. Se não fizermos nada agora,

evidentemente em janeiro vamos ter de fazer por força de lei. Pode até ser

antecipada essa discussão — e até sabemos o que podemos implementar.

Queria ressaltar, dentro da pergunta anterior, que, em 2004, 66% das

pessoas acreditavam que a ANATEL “geralmente”, entre aspas, protegia os direitos

dos usuários das telecomunicações. Essa é uma informação que minha assessora

me traz aqui. Neste ano, apenas 38% das pessoas estão pensando assim. Ou seja,

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os que dizem acreditar que essa proteção raramente se efetiva, de 21% em 2004,

aumentou para 50%. Isso mostra que evidentemente tem de haver um trabalho

dentro da própria Agência. Ela tem de se conscientizar de que tem de defender mais

bravamente o direito do consumidor.

O SR. DEPUTADO LÉO ALCÂNTARA - Ministro, V.Exa. disse muito bem

que na Lei Geral de Telecomunicações apenas um dos itens fala da cesta básica e

da assinatura básica. É uma cláusula do contrato entre as empresas de telefonia fixa

e a ANATEL. Na realidade, haveria quebra de contrato que daria muitas pendengas

judiciais, que levariam anos, o que de certa forma assustaria investidores do País

quanto a descumprimento de cláusulas contratuais. V.Exa., porém, foi bastante claro

quando disse que em janeiro vai haver oportunidade de se fazer tudo isso. Aí, a

ANATEL, o Ministério das Comunicações e as empresas de telefonia fixa vão ter

certo tempo para discutir essa questão.

Volto ao ponto da assinatura básica. V.Exa. diz muito corretamente que é

porque não há concorrência. Se houvesse a concorrência, com certeza essas

empresas não reajustariam tanto a sua assinatura básica. Aí nós voltamos ao tempo

em que foram licitadas as telefonias espelho, as concessões espelho. Por que elas

não funcionaram? Porque não estava regulamentada a tarifa de interconexão e

desagregação da rede. O que isso quer dizer? Não ficou ajustado entre as empresas

espelho de elas poderiam utilizar a rede das empresas de telefonia fixa que já

existiam. Então, era praticamente inviável elas fazerem nova rede. Talvez fosse

diferente se houvesse uma legislação que permitisse a desagregação de rede, em

que essas novas empresas pagassem às empresas de telefonia fixa, que já tinham

toda a sua rede de conexão instalada, um valor para utilizar aquela rede. Esse foi

um dos motivos que fez com que as telefonias espelho não funcionassem.

Provavelmente, se elas tivessem funcionado à época, hoje não estaríamos

discutindo esse assunto, porque seria ele de concorrência normal entre empresas e

também a tarifa de interconexão. Essa é uma questão importante. Quanto ao

telefone móvel pré-pago, ele, além da comodidade de podermos levá-lo para onde

quisermos, representa para nós um objeto pessoal, como uma carteira, um par de

sapatos. Para a maioria das pessoas ele já faz parte até da convivência do dia-a-dia.

É importante que seja dito que 75% da receita dos telefones pré-pagos vêm das

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empresas de telefonia fixa de repasse de interconexão. Então, em diminuindo, em

acabando a assinatura básica, será que essas empresas ainda teriam condições de

pagar a tarifa que pagam por interconexão.? Em não tendo condição, será que o

telefone pré-pago ainda seria viável? Essa é uma indagação que faço a V.Exa.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Deputado, todas essas questões são

merecedoras de atenção e de muito estudo. Evidentemente que, cada vez que se

toca em um setor da telefonia, seja fixa ou celular, obtém-se um resultado que se

manifesta imediatamente na economia da empresa e conseqüentemente no País.

A questão da interconexão é um dos pontos mais delicados, que devemos

discutir em janeiro do ano que vem. Por quê? Nesse caso em particular, entro em

defesa das companhias fixas, porque elas recebem muito pouco daquilo que é feito

com a telefonia celular. Quer dizer, utiliza-se toda a estrutura da rede fixa, mas, na

realidade, recebem menos por uma ligação que usa toda a estrutura fixa da

telefonia. Portanto, isso precisa ser revisto.

Quanto ao pré-pago, é importante lembrar que ele cumpriu um papel

importantíssimo. Conforme eu disse, ele substituiu o telefone fixo, que deveria ser

popular, social e cobrar tarifa menor. Então, foi substituindo o telefone fixo de casa,

mas trata-se de um telefone muito caro para o trabalhador. Cada minuto do telefone

pré-pago custa 1 real e 25 centavos. Na realidade, paga-se 12 centavos por um

minuto no telefone fixo. Quer dizer, é caro demais. Tanto é assim que a média do

uso do telefone pré-pago é de 4 reais no País. Repito: a média do pré-pago é de 4

reais por telefone. Portanto, ele serve, sim, de um contato de emergência, mas não

substitui o telefone familiar, o telefone de casa.

O SR. DEPUTADO LÉO ALCÂNTARA - Temos ciência de que 90% dos

telefones pré-pagos são usados única e exclusivamente para receber. Por exemplo,

o meu motorista tem um telefone e, quando quer entrar em contato comigo, ele liga

e logo desliga, para que eu possa retornar a ligação. Essa é a realidade do telefone

pré-pago no Brasil.

Volto ao ponto a que V. Exa. se referiu: o telefone social. O telefone social

seria o chamado Acesso Individual Classe Especial — AICE?

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - O telefone classificado como AICE,

Acesso Individual Classe Especial, faz parte do decreto do Presidente da República,

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cuja implantação está prevista para janeiro do ano que vem. Certamente, ele seria

destinado às pessoas que procuram um telefone mais compatível com sua renda,

com a utilização que fazem do telefone.

Nós começamos a fazer algumas observações a respeito da proposta do

AICE. Chegamos à conclusão de que a proposta, do jeito que está prevista para ser

implementada no ano que vem, é muito amarrada, muito limitada. Ela impede de se

ligar para celular, de se fazer um interurbano. Há uma série de deficiências e

limitações.

O que fizemos então? Melhoramos a proposta do AICE. O AICE é um

telefone local. Propusemos um telefone que substitua, possivelmente, o telefone que

chamamos de pré-pago, para ser colocado em casa.

Apresentamos proposta que ainda está sendo elaborada e melhorada nos

seus mínimos detalhes. Ainda hoje realizamos reunião. Amanhã será realizada outra

com as empresas. Estamos acertando pequenos detalhes da nossa proposta, que é

muito melhor do que a do AICE. Por quê? Porque há uma habilitação que pode ser

paga em 10 vezes sem juros — na proposta do AICE não tem isso. A assinatura é

50% mais barata. Vai custar, nesses termos, 19,90.

Se conseguirmos convencer os Governadores a levarem para o CONFAZ

uma proposta de redução do ICMS, ela vai cair para 14,90. Nas discussões que

vamos realizar amanhã, quinta-feira, com as empresas, se conseguirmos melhor

resultado, poderemos abaixar um pouco mais a proposta da assinatura básica, e

talvez fique um pouco menos que 19,90.

Essa proposta vem sendo melhorada a cada dia e a cada reunião que

fazemos com as empresas com os técnicos da ANATEL. Ela apresentou uma

proposta de 100 minutos ou 60 pulsos, até pelo fato de que, a partir de 1º de janeiro,

vamos converter os sistema de pulsos para minutos. Dentro de 40 dias podemos ter

este modelo.

Bem, mas houve uma série de críticas com relação a essa proposta de 100

minutos apenas, muito embora seja superior à média do plano básico no próprio

segmento, porque apuramos em pesquisa no Ministério das Comunicações que as

pessoas normalmente não falam os minutos todos a que têm direito: quando

compram o telefone para sua residência, pagam 400 minutos e usam, em média, 50.

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Então, apresentamos a proposta atrativa do plano de 100 minutos, ou seja, o dobro

do que a pesquisa diz que as pessoas que ganham em torno de 3 salários mínimos

usam.

Mas se as pessoas chegarem à conclusão de que estão usando muito mais

do que 100 minutos? Esse não é seu plano. Tem de voltar para o básico ou procurar

um que melhor se adapte a sua necessidade do uso do telefone.

Ao mesmo tempo, estamos trabalhando com as empresas, nesses últimos

dias, para não ter a tarifa do tráfego local excedente. Nela dificilmente vamos

conseguir sucesso, vamos ter de encontrar uma fórmula de compensar o tráfego

local. Passou de 100 minutos, vai ter de pagar alguma coisa. Já chegamos a 25% do

preço do pré-pago celular. Se a pessoa tem um telefone social e passou dos 100

minutos, entrou no minuto excedente, vai pagar 25% do que paga no seu pré-pago.

Ou seja, se paga 1,25 real pelo seu minuto pré-pago celular, vai pagar em torno de

28 centavos pelo minuto excedente. Só que está dando rigorosamente 31 centavos.

Entendemos que a interconexão ficou muito alta. Estamos rediscutindo com

as empresas. Na reunião de ontem de manhã falamos, amanhã vamos continuar e

até terça-feira vamos ter uma solução para essa questão.

Em síntese, temos uma proposta que está sendo aprimorada e que pode ainda ser

melhorada na semana que vem. Em contrapartida, existem sugestões não oficiais

que já chegaram ao conhecimento do Ministério. Elas vão ser submetidas a estudos

e análises. Mas me deixam preocupados, porque se for feita alguma coisa que

possa causar impacto econômico para as empresas de tal modo a conturbar todo o

processo econômico, quem paga a conta no fim, se der alguma diferença muito

grande e brutal, é o Governo. Nossa proposta é que se faça a coisa gradativamente:

primeira, segunda, terceira, quarta etapa. A quinta pode ser a abolição da

assinatura.

Tenho a preocupação, sempre que toco nesse assunto, meu caro Deputado e

Relator Léo Alcântara, de ouvir as pessoas que discutem a matéria. Recentemente,

durante uma discussão das companhias telefônicas com a ANATEL, convidei o

Deputado Celso Russomanno, em defesa, conforme sempre fez, dos consumidores.

Naquele instante tivemos uma situação até constrangedora para o Governo, porque

no momento em que entrou, por meio de seu instituto, uma ação contra a assinatura

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básica, o Governo teve de defender a ANATEL. Mas deixei muito claro que eu ficava

do lado do consumidor. Quem tinha de ficar com a ANATEL era ela mesma, que

defendeu sua posição. Mas o Ministro ficou do lado do consumidor.

Nós estamos fazendo uma proposta que, no momento em que estiver com

todas as melhorias acertadas, em detalhes — e isso vai acontecer até a semana que

vem —, vai ser muito melhor do que a do AICE.

O SR. DEPUTADO LÉO ALCÂNTARA - Sr. Presidente, eu ainda tenho uma

pergunta para o Ministro. Aliás, tenho outras perguntas, mas vou permitir que nossos

colegas se pronunciem.

Sr. Ministro, quanto ao telefone social, qual é a forma jurídica que o Ministério

pretende usar para implantá-lo? E explico o porquê da pergunta: tenho dúvidas

quanto a se o telefone social não estaria em contradição com a Lei Geral de

Telecomunicações, que, no seu art. 106, veda expressamente a redução de tarifas

que não favoreça todos os usuários. Por que para uns e não para outros? Daí a

minha pergunta: que instrumento jurídico V.Exa. pretende usar para que o telefone

social, uma vez implantado, não seja questionado judicialmente, com base no art.

106?

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Nada melhor do que, respeitando a

Constituição, tratar os iguais igualmente e os desiguais de forma a atendê-los. É isso

que se fez até agora.

Nós estamos há pelo menos 3 dias debruçados sobre essa questão

apresentada pelo ilustre Deputado Léo Alcântara. Curiosamente, as interpretações

são divergentes. Um setor da ANATEL acha que o Deputado tem razão, que nós

não podemos fazer isso, a menos que se mude o decreto presidencial que institui o

plano especial AICE. Um outro setor, nesse caso em particular, juntamente com o

Ministério das Comunicações, entende que isso é perfeitamente possível, porque, na

realidade, nós não estamos aqui fazendo discriminação alguma do todo; estamos

apenas obedecendo ao que a própria lei permite, que é tratar os iguais como iguais

e os desiguais como desiguais. É esse o caso.

Ao mesmo tempo, quero lembrar que podemos enquadrar toda essa proposta

rigorosamente como parte do AICE. Eu cheguei a dizer à própria imprensa, no

instante em que lancei o programa pelo Ministério das Comunicações, que se

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tratava de um AICE II, até para garantir juridicamente a nossa posição. O princípio

da isonomia previsto na Lei Geral de Telecomunicações, estou sendo lembrado aqui

pela nossa assessoria jurídica, não é inflexível; além do mais, com o consenso das

empresas e sem causar desequilíbrio, é plenamente possível adotar esse

mecanismo. O que estamos querendo é não o desconforto de adotarmos algo que

amanhã possa ser juridicamente contestado, como comentou V.Exa., mas, pela

posição já firmada por determinados setores da ANATEL e pelo próprio Ministério

das Comunicações, nós entendemos que é perfeitamente possível, sim, fazer com

que esse plano que estamos apresentando esteja rigorosamente enquadrado dentro

do AICE e portanto de acordo com a lei.

O SR DEPUTADO LÉO ALCÂNTARA - Sr. Presidente, aguardarei para me

pronunciar posteriormente, para que os nossos nobres colegas também tenham a

oportunidade de falar.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Agradeço a V.Exa.,

Deputado Léo Alcântara, as questões levantadas, que propiciaram esclarecimentos

bastante positivos por parte do Ministro.

Concedo a palavra ao nosso Vice-Presidente Deputado Luiz Bittencourt.

O SR. DEPUTADO LUIZ BITTENCOURT - Sr. Presidente Deputado

Francisco Dornelles, Sr. Relator Deputado Léo Alcântara, ilustre Ministro Hélio

Costa, meus cumprimentos a todos. Sr. Ministro, para nós é uma alegria recebê-lo

aqui para tratar de um assunto tão importante, que tem mexido tanto com a

população brasileira.

Cumprimento também os membros da Comissão e as demais pessoas que se

fazem aqui presentes, especialmente o Deputado Marcelo Teixeira, autor do projeto

que extingue com a cobrança da taxa de assinatura de telefone fixo no Brasil, um

projeto ao qual estão apensados outros 10 sobre o mesmo assunto, apresentados

por Parlamentares de quase todos os partidos políticos.

É bom que se diga que não se trata de uma discussão ideológica. Essa é uma

discussão de bom senso, de realidade, de mercado, de interesse do consumidor e

principalmente, de modernização da relação entre os consumidores e as empresas

no Brasil.

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Quero, rapidamente, dizer ao Ministro da nossa satisfação de vê-lo apresentar

proposta tão simples, tão ousada e tão pertinente. Na realidade, V.Exa. pode estar

aqui reinventando a roda. No ano passado a Câmara dos Deputados recebeu 200

mil ligações de consumidores de todos os cantos deste País manifestando sua

insatisfação com a ANATEL, com o sistema de telefonia fixa no Brasil, com a

cobrança da taxa de assinatura. Este ano já recebemos 380 mil assinaturas. Vários

Parlamentares já trouxeram a esta Casa abaixo-assinados com 500, 1.000, 2.000,

20.000 assinaturas colhidas em cidades, em movimentos populares, em

associações, demonstrando indignação, insatisfação, e apontando a necessidade de

se discutir um novo modelo de relacionamento das empresas com os consumidores

brasileiros. E V.Exa. apresenta aqui uma idéia palpável, à qual eu aderi de imediato.

Tão logo V.Exa. concedeu a primeira entrevista tratando desse assunto, eu,

pegando carona, já comecei a fazer um trabalho paralelo no meu Estado, na minha

região, e tive sorte. Digo sorte até do ponto de vista estratégico, porque esta

Comissão foi instalada no dia 1º de junho, nós já estamos em 5 de outubro e não

conseguimos fazer aqui reunião alguma. Esta é a primeira que estamos fazendo, e

com a importante presença de V.Exa., trazendo aqui o que talvez seja a síntese

daquilo que teríamos debatido nesses 3 ou 4 meses para oferecer uma solução à

população brasileira, como se propõe fazer neste debate.

Temos a questão da tributação. V.Exa. deveria enfocar também, e de forma

incisiva, esse aspecto, porque se trata de uma tributação altíssima, elevadíssima. No

meu Estado cobram-se 30% de ICMS sobre as contas de telefonia fixa. Acho que o

Governo Federal, o CONFAZ e as Secretarias Estaduais de Fazenda deveriam

buscar um entendimento com o objetivo de reduzir esse tributo. É claro que os

Governadores vão apresentar uma enorme resistência; ouvi dizer que alguns deles

até já procuraram Deputados Federais para pedir que se manifestem contra o

projeto de extinção da tarifa sobre a assinatura do telefone fixo, justamente porque

os Estados vão perder receita. Portanto, buscar uma solução que possa inclusive

fortalecer o sistema é uma idéia inteligente e prática.

Temos também a questão do FUST, um instrumento de que o Governo não

está fazendo uso. Ora, nós poderíamos utilizá-lo como uma espécie de subsídio

trocado, como uma forma de incentivo à população de baixa renda. Não sei ainda

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exatamente qual seria a melhor forma de fazer isso, mas o FUST já acumula uma

vultosa soma de recursos que não estão sendo aplicados, não estão sendo

utilizados, e também poderiam ser direcionados para que tenhamos uma nova

equação no que se refere a essa tarifa.

Ouvi atentamente o Deputado Léo Alcântara. A teoria, ou a tese levantada é a

de que qualquer manifestação contra a atual situação de relação dos consumidores

com as concessionárias do serviço de telefonia comutada fixo seria uma quebra de

contrato. Na realidade, temos de entender que a Lei Geral das Telecomunicações

não trata desse assunto sob esse ângulo, até porque cria uma relação de

reciprocidade e de possibilidade de entendimentos variados.

No que se refere à isonomia, temos o caso do telefone comercial e o do

residencial; não existe, do ponto de vista técnico, diferença alguma, mas do ponto de

vista de valores existe uma diferenciação. Por que essa diferença de tarifa entre o

telefone residencial e o telefone comercial? Se eu instalar em minha casa um

telefone residencial e lá funcionar uma microempresa, um empreendimento

qualquer, com caráter comercial, como fica a situação? E isso ocorre em larga

escala no Brasil. Então, esse entendimento pode ser superado? A observação feita

por sua assessoria foi no sentido de que temos de superar esses entraves de forma

efetiva.

Além do mais, as empresas também praticaram quebra de contrato, porque

ao fecharem os postos de atendimento individual e instalarem os call centers

desrespeitaram a legislação, criando constrangimentos para os consumidores que

buscavam os postos de atendimento pessoal, e foram sistematicamente multadas

pela ANATEL, mas desconheceram o valor da multa, que é insignificante, irrisório,

em comparação com os gastos que teriam com os postos de atendimento pessoal

instalados nas cidades com mais de 50 mil habitantes. Esse aspecto é relevante e

deve ser focado.

Entendo também que houve omissão e negligência cumulativa por parte da

ANATEL, porque a universalização não aconteceu, e a disputa de mercado também

não. Não tivemos preços mais baixos; pelo contrário, houve um aumento

incompatível com o crescimento da renda da população, do trabalhador brasileiro. E

V.Exa., como bom jornalista, excelente político e grande Ministro que é, trouxe uma

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pesquisa que foi concluída ontem e publicada hoje em vários jornais do Brasil,

mostrando que a renda média do trabalhador brasileiro é da ordem de até 3 salários

mínimos. A pesquisa abrangeu inclusive um comparativo de formação profissional,

mostrando a necessidade de investirmos mais na educação para que possamos

agregar valor ao salário do trabalhador do Brasil.

A qualidade do serviço decresceu, o que é atestado pelo excesso de

reclamação nos PROCONs. O serviço de telefonia é campeão de reclamações em

todo o País. Não é só nos Estados de maior demanda; em todos os Estados da

Federação temos um número excessivo de reclamações do serviço de telefonia. E a

ANATEL foi negligente. Se aplicou multas, não as recebeu, não discutiu, não

procedeu a uma discussão mais contundente, com relação a alternativas de uso

social do telefone, e desconheceu a realidade da modernização. Temos hoje 40

milhões de telefones instalados no Brasil, mas temos uma demanda negativa de

quase 11 milhões. As empresas falam em 3 milhões, 4 milhões, mas há quem

aponte que temos 8 milhões de telefones ociosos. Enfim, é uma quantidade

significativa. Alguns falam até em 15 milhões. De qualquer forma, temos um número

extremamente elevado de telefones ociosos que, se funcionassem, permitiriam o

acesso da população a esse serviço, o atendimento das metas e uma maior receita

para as empresas de telefonia.

A questão da interconexão também é grave. Não é o foco da nossa

discussão, mas as empresas de telefonia fixa recebem apenas 17% do valor

recebido pelas empresas de telefonia celular móvel. Há um desequilíbrio muito

grande: 83% para um, 17% para outro. Esse é um aspecto que também deveria

considerado neste debate. Deveríamos tentar fortalecer a possibilidade de criação

das empresas-espelho, porque a ANATEL não tratou disso. Na realidade, ela cruzou

os braços. As empresas de telefonia fixa passaram a funcionar quase como um

monopólio privado. Se antes havia o monopólio estatal, passamos a ter o monopólio

privado. O que aconteceu nestes últimos anos foi isso. E as tarifas aumentaram

sempre no limite máximo, na rubrica de receita garantida, porque a taxa de

assinatura passou a ser receita garantida, o que provocou um grande desequilíbrio

nos contratos — e esse também é outro motivo para falarmos de quebra de contrato

com relação ao benefício do consumidor.

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Além do mais, sabemos que, ao se estabelecerem os novos contratos de

telefonia fixa no Brasil, as novas concessões, quando o Governo fez o contrato com

as empresas de telefonia, Ministro, nesse contrato constava um terceiro

interveniente, o usuário, que foi totalmente desconhecido. A nova relação jurídica

deve fortalecer a tese que V.Exa. defende aqui hoje nesta Comissão, para que

tenhamos uma alternativa de transição negociada, positiva. A tese do Deputado

Marcelo Teixeira foi acolhida por todos nós, e inclusive já foi aprovada na Comissão

de Defesa do Consumidor, quase por unanimidade, com exceção apenas de 1 voto,

por sinal de um Deputado do PT que hoje é Ministro do Planejamento, o Deputado

Paulo Bernardo. A proposta é acabar a taxa de assinatura de telefone fixo,

distribuindo os valores do serviço prestado de tal forma que a remuneração seja feita

pela efetiva prestação do serviço, estabelecendo-se uma relação moderna de

consumo, em que o consumidor só pague por aquilo que usa, como acontece no

posto de gasolina, no supermercado, na livraria, na prestação de qualquer serviço

por empresas que querem manter um relacionamento de nível elevado com os

consumidores. O serviço de telefonia produz receita, produz riqueza, é

extremamente importante para o Brasil, mas deve também haver equilíbrio. Que as

empresas tenham sua receita, mas que o consumidor também seja respeitado na

sua capacidade, pagando pelo que efetivamente utilizou.

Enfim, sugiro a V.Exa. que sejam reduzidos os valores da tributação e da

contribuição para o FUST — porque considero ainda elevado esse valor de R$

19,90. A meu ver, isso poderia ser reduzido para R$ 10,00, desde que pudéssemos

incluir neste debate outros aspectos, com a contribuição dos Governadores e dos

Prefeitos, a fim de fortalecermos o projeto de telefonia social.

Ministro, dou-lhe meus parabéns. O PMDB não esperava de V.Exa. outra

atitude a não ser essa, à frente de tão importante Pasta, em assunto tão

determinante para a população de baixa renda, já que telefone fixo é sinal de status,

é endereço, é oportunidade de trabalho, é segurança, e acima de tudo é um serviço

que deve ser prestado com equilíbrio e respeito ao consumidor brasileiro.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Com a palavra o

Ministro Hélio Costa.

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O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Sr. Presidente, antes de mais nada, saúdo

o Deputado Luiz Bittencourt, que sempre apresenta de forma brilhante seu

posicionamento sobre a assinatura básica, uma questão de interesse popular que

hoje está sendo enfrentada de maneira tão firme por esta Comissão.

A proposta do Deputado Marcelo Teixeira possui realmente um extraordinário

respaldo. Fiquei, meu caro Deputado Luiz Bittencourt, não surpreso, mas muito feliz

ao saber que até hoje V.Exas. receberam 380 mil ligações de apoio a esse projeto

que extingue a assinatura básica. Isso talvez reflita mais ou menos o que acontece

com meu e-mail, meu endereço eletrônico, e com meu telefone, na medida em que

entramos nesse assunto, ilustre Presidente, porque todos os dias recebo dezenas

de e-mails e de telefonemas de pessoas que querem tratar desse assunto,

evidentemente pedindo que se tome alguma atitude contra a assinatura básica.

O SR. DEPUTADO LUIZ BITTENCOURT - Ministro, apenas para reforçar

essa tese, informo que esse é o assunto que mais manifestações mereceu por parte

do povo brasileiro na história da Câmara Federal.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Meus parabéns ao Deputado Marcelo

Teixeira e a todos aqueles que contribuíram, com as propostas apensadas ao

projeto de S.Exa., para que possamos, sob a liderança do ilustre Deputado

Francisco Dornelles e do nosso Relator Léo Alcântara, chegar a uma posição firme

em defesa do consumidor e daqueles que não têm ainda telefone em suas

residências.

Deputado Luiz Bittencourt, respondendo especificamente a V.Exa., quero

dizer que a tributação é sem dúvida um dos pontos mais importantes a serem

tratados quando da discussão da assinatura básica. Já tive a preocupação de entrar

em contato com os Governadores de Minas Gerais e de São Paulo, e vou fazer o

mesmo com o Governador do Rio de Janeiro e de outros Estados, para que possam,

com a força que têm como Governadores, apresentar ao Conselho Nacional de

Política Fazendária — CONFAZ, composto pelos Secretários de Fazenda da União

e dos Estados, a proposta de se reduzir o ICMS sobre a assinatura básica de

telefone, pelo menos para o telefone social.

Temos 2 interessantes exemplos que podem ser seguidos. Há cerca de duas

semanas, o Governador de Minas Gerais Aécio Neves reduziu a praticamente zero a

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cobrança do ICMS para todos os produtos da cesta básica: arroz, feijão, óleo de

soja, pão. O Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, imediatamente procedeu

da mesma forma. Talvez tenham procedido assim juntos. Não posso atribuir a um ou

a outro a brilhante idéia. Aproveito, portanto, esta oportunidade para, usando a

tribuna desta importante Comissão, fazer um apelo aos 2 Governadores, no sentido

de que incluam o telefone entre os produtos que são tão essenciais a cada lar

brasileiro que merecem uma diferenciação do imposto cobrado. E quais são esses

produtos? Energia, gás, água, esgoto — todos têm diferenciação de cobrança de

imposto. Só falta o telefone, tão importante quanto qualquer desses itens citados.

Então, evidentemente, a iniciativa tinha que partir de Governadores de 2

Estados importantes e poderosos, como Minas e São Paulo. Mas podemos incluir aí

Rio de Janeiro, Paraná, Bahia e todos os demais Estados da Federação. Se o

CONFAZ recebesse uma proposta como essa dos Governadores, evidentemente

que teria de abrir mão da diferença, que é muito pequena; 32% sobre R$ 19,90 é

muito pouco. Mas para o trabalhador, para aquele que vive de salário e tem de

desembolsar essa quantia todo mês, isso faz uma enorme diferença.

Quando candidato ao Senado, fiz exatamente as mesmas propostas que hoje

vejo os Governadores Aécio Neves e Geraldo Alckmin fazerem. Muita gente ligava

para perguntar se eu estava fazendo campanha para Senador ou para Governador,

e eu respondia que era para Senador. Realmente, ficava muito complicado dizer

como iria realizar aquilo, mas o caminho seria influenciar o Governador, forçando-o a

entender a situação.

Hoje o telefone é muito importante na vida do cidadão. E essa proposta que

estamos apresentando dá a ele o direito de usar o telefone o dia inteiro, no sábado e

no domingo, pagando apenas 1 minuto. É nesses dias é que o filho desse cidadão

vai fazer a pesquisa na Internet. É nesses dias que ele pode passar a tarde inteira

na Internet, fazendo seus estudos, em vez de ficar no barzinho tomando cerveja.

Essas questões são muito importantes. Temos, sim, de trabalhar nesse sentido.

O Deputado Luiz Bittencourt também lembrou a qualidade do atendimento por

telefone. A telefonia é campeã de reclamações nos PROCONs. Não há uma cidade

neste País onde as companhias telefônicas não sejam campeãs de reclamação.

Todos os PROCONs indicam isso. E um detalhe: a Lei Geral das Telecomunicações

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estabelece especificamente, como alguém aqui citou muito bem, que as companhias

têm de manter as lojas de atendimento. Não se trata de elas decidirem. A lei

determina: elas têm de manter a loja de atendimento. Não é fazendo convênios com

o Correio e com a lotérica que se resolve o problema, porque quando se vai à loja

não se pretende apenas saber quanto foi a conta; existem outras perguntas a fazer

sobre telefonia, as quais o atendente da lotérica ou dos Correios evidentemente não

vai poder responder. Mas onde estão as lojas? Não existem!

Devemos, sim, cobrar insistentemente a aplicação dos recursos do FUST,

que hoje chegam a R$ 3,8 bilhões. Mas não podemos esquecer que no Governo

passado nada se usou do FUST. Na verdade, quando tentaram usar os recursos do

FUST durante o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, fizeram-no de

maneira tão inadequada que o Tribunal de Contas da União botou o dedo em cima e

disse: não se faz dessa forma. Daí para cá, todos os Ministros das Comunicações

que entraram, evidentemente, com o novo Governo, não tiveram condições de levar

esse assunto até o Presidente da República para dizer da importância da aplicação

desses recursos. Ao chegar ao Ministério das Comunicações, Deputado Bittencourt,

fui ao Presidente Lula e mostrei-lhe a importância de usar os recursos do FUST. O

Presidente autorizou-me a conversar com o Ministro Palocci. Fui procurá-lo e

mostrei-lhe que era absolutamente necessária a aplicação desses recursos,

inclusive porque apesar da tão decantada proposta de universalização, que está

prevista na Lei Geral e tem de ser concretizada, no Norte e no Nordeste do País a

telefonia não chega a atender 25% da população. É uma temeridade morar numa

cidade do interior. Não adianta achar que porque a sua localidade tem mais de 300

pessoas ou 60 famílias vai haver telefone em cada residência. Não há. E se o

cidadão forçar a companhia ela vai dizer apenas que se ninguém fez nada até

agora, não se colocou um cabo sequer, como ela pode fazer um investimento de R$

1 milhão para atender a 60 famílias? E ela tem razão. Mas com o FUST é possível

fazer isso. É para isso que ele foi criado.

Na realidade, quem mais se beneficia dos recursos do FUST são as

companhias telefônicas, ainda que indiretamente. Por isso peço a elas uma

concessão, quando estamos negociando, e digo-lhes que o preço da assinatura

básica tem de ser reduzido. Afinal, nós estamos defendendo a aplicação dos

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recursos do FUST. No ano que vem vamos usar os recursos desse fundo. E quando

isso acontecer, esse dinheiro vai voltar para as companhias telefônicas.

Eu acho, Deputado Luiz Bittencourt, que o Presidente e o Ministro Palocci já

tomaram a sua decisão. No ano que vem vamos usar os recursos do FUST. Na

verdade, o Ministro Palocci chegou a nos pedir que fizéssemos uma proposta para

este ano. Nós estamos trabalhando com uma proposta de R$ 30 milhões do FUST

para este ano. Eu não tenho, na verdade, que correr com essa proposta. Não quero

cometer o mesmo erro que se cometeu no passado, quando os projetos

apresentados para utilização dos recursos do FUST foram bloqueados pelo Tribunal

de Contas da União. Quando nós apresentarmos nossa proposta, ela vai estar

rigorosamente dentro da lei, certinha, sem nenhuma questão a ser levantada, sem

nenhum entrave capaz de impedir a utilização desses recursos no ano que vem. Vai

ser extremamente importante, inclusive porque é por meio dessa universalização, da

utilização desses recursos, que vamos atender à proposta do Governo do

Presidente Luiz Inácio da Silva, proposta essa que é a bandeira do Ministério das

Comunicações: a inclusão digital, fazendo com que cada lar neste País possa, sim,

ter acesso à comunicação e à Internet. Dessa forma, as pessoas poderão saber

mais depressa o que está acontecendo na sua terra, no seu país, no mundo inteiro;

usando esse extraordinário recurso de informação, que abre a cabeça das pessoas.

A exclusão social está sendo vista desta forma: existem aqueles que têm

acesso e aqueles que não têm acesso à informação. Os que têm acesso sabem

tudo, os que não têm ficam para trás. Portanto, esse é um programa que merece

todo o nosso apoio. E o crédito, evidentemente, tem que ser dedicado àquelas

pessoas que lutaram para que esse programa fosse implantado.

No ano que vem, se Deus quiser, vamos usar os recursos do FUST.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Com a palavra o

Deputado Marcelo Teixeira.

O SR. DEPUTADO MARCELO TEIXEIRA - Sr. Presidente, Deputado

Francisco Dornelles, Sr. Ministro das Comunicações Senador Hélio Costa, Sr.

Deputado Léo Alcântara, Relator desta Comissão, Sr. Deputado Luiz Bittencourt,

Relator do projeto, meus cumprimentos.

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O Ministro Hélio Costa mostra competência por onde passa, e por isso quero

parabenizá-lo, ressalvando, ao mesmo tempo, que esse projeto não é de minha

autoria somente. Como bem disse o Deputado Luiz Bittencourt, ele data de 2001.

Fui o primeiro a apresentá-lo, mas existem 10 outros no mesmo sentido, de

companheiros de diferentes partidos. E na Comissão ele foi muito discutido por

Celso Russomanno, Simão Sessim, Edinho Bez, Edinho Montemor, Romel Anizio,

Gilmar Machado, Luiz Bittencourt, enfim, por todos. A discussão foi muito acalorada,

e no final o projeto foi aprovado.

Ministro, quero apenas cumprimentá-lo e parabenizá-lo pelo desempenho à

frente do Ministério. Eu diria que estamos no caminho certo.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Para uma questão de

ordem, tem a palavra o Deputado Edinho Bez.

O SR. DEPUTADO EDINHO BEZ - Sr. Presidente, primeiro eu quero

cumprimentar a Mesa, especialmente nosso colega, o Ministro Hélio Costa, que em

tão pouco tempo já está revolucionando o Ministério das Comunicações, em termos

de competência e agilização dos procedimentos.

A questão de ordem é a seguinte: houve algum entendimento, ou será

seguido o Regimento e cada Parlamentar terá 3 minutos? Faço a pergunta porque

estive no plenário há pouco e soube que a Ordem do Dia deve ser iniciada logo.

Acabam de dizer que ela já começou.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - É verdade que já se

deu início à Ordem do Dia, mas ainda não começou nenhuma votação. Estamos

atentos, e quando iniciarem as votações nós seremos avisados.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Sr. Presidente, eu queria apenas

agradecer ao Deputado as palavras elogiosas. Para nós todos foi muito importante a

apresentação desse projeto em 2001, e, evidentemente, a participação de cada um

dos Deputados e Deputadas nesta composição que se faz para chegarmos a um

consenso sobre a assinatura básica.

E quero agradecer muitíssimo ao meu amigo Deputado Edinho Bez, por uma

razão em especial. Quando nós Deputados e Senadores assumimos a defesa de

uma causa popular como essa, que mexe com algumas estruturas poderosas do

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País, ao menos podemos usar a tribuna do plenário para nos defender e até para

contra-atacar. No Ministério, quando se assume essa mesma posição, não há como

revidar as pancadas; só se apanha. Por isso, Deputado Edinho Bez, fiquei comovido

quando V.Exa. subiu à tribuna da Câmara dos Deputados para defender a posição

do Ministro Hélio Costa. No instante em que começamos a levantar essa bandeira,

recebemos uma saraivada de balas de tudo quanto foi lado, pelas costas, de frente,

de lado, e eu estava mordendo a língua para dizer o que V.Exa. disse quando subiu

à tribuna e despachou aquela mensagem. Muito obrigado mesmo, do fundo do

coração. V.Exa., que já tinha um espaço muito especial no coração do Deputado e

depois Senador Hélio Costa, está agora de chinelas no meu coração, muito bem

posicionado. Muito obrigado, Deputado.

O SR. DEPUTADO EDINHO BEZ - Sr. Presidente, fiz conscientemente a

defesa do Ministro. Somos amigos há muitos anos. Conversamos muitas vezes

sobre esse assunto. Estou acompanhando sua gestão e acho que é obrigação

nossa tanto criticar quanto defender. Aliás, o Brasil está de parabéns, porque tem na

Pasta das Comunicações alguém que conhece a política, conhece esta Casa e

conhece a área de comunicação.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Eu queria fazer uma

proposta a V.Exas. Nós ouviríamos 3 Deputados de cada vez, se o Ministro também

estiver de acordo.

Tem a palavra o Deputado Simão Sessim. Os próximos serão os Deputados

Pedro Fernandes e Daniel Almeida.

O SR. DEPUTADO SIMÃO SESSIM - Sr. Presidente, inscrevi-me apenas

para cumprimentar, orgulhosamente, o Ministro Hélio Costa. Ainda ecoam nesta

Casa, Ministro, suas vibrantes intervenções, seus pronunciamentos não só nas salas

das Comissões como no plenário da Câmara dos Deputados. Tive o prazer de

trabalhar com V.Exa. em algumas Comissões e pude comprovar a sua competência

e inteligência, e hoje fiquei ainda mais feliz.

Faço coro com o Ministro Francisco Dornelles, Presidente desta Comissão, e

com todos os que me antecederam no elogio à sua fala, ao seu pronunciamento

inicial, que abriu o debate nesta Comissão Especial que aprecia o projeto do nobre

Deputado Marcelo Teixeira e os outros a ele apensados. Ministro, sua fala

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deixou-nos emocionados, porque V.Exa. visa diretamente às classes menos

favorecidas, tal como fazia aqui, sentado nestas cadeiras. V.Exa. não mudou o

discurso, não mudou a postura, não mudou nada.

Inscrevi-me apenas para dizer-lhe francamente que V.Exa. terá nosso apoio

no Ministério. Sua colaboração e as perguntas do nosso Relator e do Deputado Luiz

Bittencourt já foram suficientemente abrangentes. Restou-nos apenas dizer a V.Exa.

que avence mais. Alguns avanços já foram anunciados, como a mudança nos

critérios de cobrança de pulsos para minutos e a transparência na conta telefônica,

essa briga eterna dos usuários — não sabem o que pagam, por que pagam, onde

pagam. A extinção das agências, além de desempregar muitas pessoas, causou um

constrangimento enorme para pessoas que não sabem comunicar-se e têm de

telefonar ou ir à casa lotérica tratar de assuntos de telefonia. Tudo isso V.Exa.

conhece perfeitamente.

Ficamos empolgados também com o anúncio do telefone popular, já

comentado pelo nosso Relator. Espero que tenhamos condições de implantá-lo.

Fiquei realmente impressionado. V.Exa. já declarou que ainda não podemos

oferecer esse sistema para as pessoas que ganham até 3 salários mínimos, e fico

estupefato em saber que elas já somam 2/3 dos trabalhadores deste País. Essas

pessoas todas poderiam ser incluídas no sistema de telefonia se existisse o telefone

popular, com redução da assinatura básica e outras vantagens.

Vejo com alegria seu empenho perante os Governadores para que eles

avaliem melhor a cobrança do ICMS e entendam que no início podem perder, mas,

se a adesão ao sistema for grande, mais à frente vão ganhar. Foi assim em São

Paulo, quando o Governador baixou o ICMS para combustíveis. Ele acabou tendo

mais arrecadação. Tudo isso empolgou-me, Sr. Ministro.

Por fim, deixo um raciocínio de alguém que lidou com matemática, Ministro.

Imagino que o cálculo da assinatura básica seja feito com base numa planilha. Ela é

uma parcela da planilha. Eu queria mais detalhes sobre isso. Se tirarmos essa

parcela da planilha, será que não vai piorar a qualidade dos serviços, e as empresas

vão justificar-se alegando que estarão ganhando menos? Ou será que elas estão

ganhando demais e não se toma uma providência? Não estou fazendo silogismo,

mas se hoje cobram mais e existe uma planilha, ora, planilha é feita para que se

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cobre a tarifa exata. Estou pensando alto. Lembro que antes da privatização a

demanda reprimida por telefone fixo era muito grande. Às vezes levávamos meses,

anos até que conseguir um telefone, e o preço da linha era exagerado. Hoje, com a

privatização, podemos ter um telefone fixo instalado em até 48 horas. Estávamos até

imaginando que agimos certo quando privatizamos, mas estou vendo que a

demanda é que diminuiu muito. Não há mais demanda reprimida, e não havendo

demanda reprimida, instala-se um telefone em 48 horas.

Bem, estou apenas pensando alto. Precisamos achar uma forma de enfrentar

as concessionárias e dizer-lhes que esses critérios, todas essas fórmulas

matemáticas que elevam a tarifa, tudo isso não passa de um jogo matemático. E

acredito em V.Exa. e em sua assessoria. Hoje eu acredito até na ANATEL, em que

nunca acreditei. Até na ANATEL, de agora em diante, eu passo a acreditar, quando

vejo que V.Exa. domina o Ministério. Quer dizer, a ANATEL não tem hoje a liberdade

que tinha, quando às vezes o Ministro dizia uma palavra e a ANATEL outra.

Então, Ministro, não tenho quase nada a perguntar a V.Exa. Quero apenas

elogiá-lo, parabenizá-lo e pedir a V.Exa. que esclareça se estão, com a cobrança

dessa assinatura básica, cobrando a mais do que a tarifa definida, ou dando a mais

do que a tarifa definida, e se retirá-la não acarretará prejuízo da qualidade do

serviço.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Muito obrigado,

Deputado Simão Sessim.

Com a palavra o Deputado Pedro Fernandes.

O SR. DEPUTADO PEDRO FERNANDES - Sr. Presidente, Sr. Relator, Sr.

Ministro, também tenho a mesma percepção de que a ANATEL não liga para o

consumidor. Aliás, não é só a ANATEL. Acho que todas as agências se preocupam

muito mais com o equilíbrio das empresas do que com o da população. A elas não

interessa isso. Essa é a percepção popular, como também a de que Ministro não liga

para consumidor. E aqui V.Exa. mostra que é uma exceção.

Tenho um projeto nesta Casa que obriga as empresas a instalarem um

aparelho para medir os impulsos telefônicos, porque não confio em empresa

alguma. Nenhuma delas é tão séria. Se fossem sérias, não gastaríamos tanto com o

Fisco Federal, Fisco da Previdência para acompanhá-las Mas esse projeto não

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anda. Os Relatores desistem, a pressão é muito grande, o lobby é muito grande.

V.Exa. mexeu realmente num negócio pesado. Não é fácil. Acho que precisamos

cercar-nos aqui. Quero parabenizar V.Exa. por sua coragem, e dizer-lhe que desde

1999 estou nesta Casa, e V.Exa. é o primeiro Ministro que vem aqui não só para

falar, mas para ouvir, porque os outros nem ouvem. Estive com vários, do seu

partido inclusive. Não é uma questão do PMDB. Acho que é uma postura muito

própria de V.Exa., que trabalhou muito nesse ramo.

Acho um absurdo o que acontece nesse setor. E não são só as teles, não.

São os Srs. Governadores, que são os maiores sócios delas. São bilhões de dólares

por mês, algo em torno US$ 20 bilhões, e eles levam US$ 6 bilhões por ano. Tenho

certeza de que vamos contar com a colaboração do Governador do Ceará, cujo

Relator, meu amigo Léo, não vai atrás desse lobby dos Governadores, mas esse é

um negócio complicado.

O SR. DEPUTADO LÉO ALCÂNTARA - O do Ceará é um dos menores do

Brasil.

O SR. DEPUTADO PEDRO FERNANDES - Isso, perfeitamente. Então, é um

negócio muito pesado, não é? Já briguei tanto por essa questão da assinatura,

acompanhando aqui o projeto de Marcelo Teixeira, que não acredito mais que seja

possível acabar com ela. Estou esperando uma boa negociação. Acho até,

perdoe-me a Comissão, que foi Severino Cavalcanti que a criou — o que também foi

uma maneira de protelar, porque o projeto estava seguindo, tinha sido aprovado,

deveria ir para outra Comissão, mas veio para cá, e nós passamos 3 ou 4 meses, e

o projeto...

É claro que a culpa não é do nosso Presidente. A culpa é de muitos de nós,

que não estamos participando. Mas quero dizer que V.Exa. se meteu num negócio

pesado. O lobby neste País é pesado. Só ganham talvez as teles e o sistema

financeiro, porque aqui os projetos não andam. Que a população tenha certeza de

que tem pelo menos alguém aqui brigando por eles.

Eram essas as considerações que queria fazer a V.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Muito obrigado,

Deputado Pedro Fernandes.

Com a palavra o Deputado Daniel Almeida.

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O SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA - Sr. Presidente, quero saudar V.Exa.,

saudar o nobre Relator, o nosso Vice-Presidente Luiz Bittencourt, que tanto se tem

dedicado a essa questão, e também o Ministro Hélio Costa.

V.Exa. veio aqui hoje naturalmente para receber esse reconhecimento. Não

se trata de bajulação ou qualquer argumento fácil, mas V.Exa. atuou com muita

determinação, muita coragem, ao enfrentar este debate. E por isso nós todos aqui

queremos valorizar seu trabalho, reconhecendo que V.Exa. tem conduzido de forma

adequada essa discussão, pois enfrentará muitos obstáculos. Afinal de contas, está

lidando com um setor que tem a presença de fortes conglomerados que atuam no

mercado internacional.

Temos aqui, atuando nesse setor, uma empresa nacional, parece-me, na

telefonia fixa, ou, no mais, são setores que atuam no mundo inteiro, e há esta

contradição entre a preservação dos interesses econômicos, do equilíbrio

econômico e financeiro desses conglomerados. Empresas instalam-se para

obtenção de resultados, e há a contradição de atender a um serviço essencial para a

sociedade moderna, indispensável à sociedade moderna em que vivemos, num País

diverso, com tantas contradições como o nosso. Como compatibilizar isso? Este é o

grande desafio: enxergar as diversidades, atuar, ordenar, regular, dentro dessa

diversidade.

É um extraordinário desafio o que V.Exa. tem pela frente. Mas acho que nós

temos condições de vencer esse desafio, porque há um intensa mobilização. Estive,

com V.Exa., acompanhando uma comissão de Deputados da Bahia, que participam

ativamente, lá e no Brasil inteiro, como aqui foi ressaltado, e essa movimentação

tem sido feita. Parece-me que deveríamos aproveitar os 2 meses e pouco que temos

para a renovação dos contratos a fim de intensificar o processo de discussão,

promover mais debates, realizar mais audiências, afunilar as proposições.

São vários os elementos aqui levantados. Temos o problema do tributo. São 3

tributos em que nenhum Estado quer mexer: combustível, energia e

telecomunicação, fáceis de arrecadar, e significam um bolo muito poderoso nessa

arrecadação. Mas é preciso diferenciá-los, fazer um corte, levar em conta os

elementos sociais existentes nesse processo. É um desafio que tem de envolver os

Governos dos Estados. Portanto, acho que temos de aproveitar esses 2 meses.

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A ANATEL deveria ter promovido intenso debate, audiências públicas por aí.

Aliás, a Lei Geral prevê essa revisão tarifária, e a realidade mudou muito desde o

processo de criação. Mudou muito, extraordinariamente! Temos de reconhecer essa

realidade. Os contratos têm de ser renovados levando em conta as alterações nesse

processo.

Feitas essas ponderações, quero dizer que me sinto contemplado com boa

parte das intervenções e afirmações feitas pelo Ministro. Quero apenas fazer duas

indagações, a primeira delas a respeito desse telefone social. Não ficou claro para

mim se a universalização viria acompanhada da obrigação de as empresas

disponibilizarem esse serviço em todo o território nacional, já que temos uma

situação como a mostrada aqui, de regiões que não alcançaram 25% de

universalização, mesmo havendo essa obrigação formal. Sabemos das dificuldades

e dos limites que temos na implementação dessas políticas. A segunda indagação é

a respeito de um debate ainda não promovido por esta Casa, mas que poderá

acontecer nos próximos dias, com a instalação de uma Comissão Parlamentar de

Inquérito.

Quando cheguei a esta Casa, em 2003, coletei assinaturas para instalar

Comissão Parlamentar de Inquérito que investigaria, ou investigará, todos os

contratos assinados a partir de 1997 entre a ANATEL e as empresas de

telecomunicações. Essa CPI ficou na fila. Em determinados momentos discutiu-se a

conveniência de instalá-la ou não. Finalmente ela foi anunciada, há mais ou menos 1

mês, e está pronta para ser instalada; falta apenas a indicação dos membros por

parte das bancadas nesta Casa. Existem muitas propostas para o debate, se é

conveniente ou não, se perturba o ambiente ou ajuda na formatação de uma

proposição. Portanto, eu gostaria que V.Exa. manifestasse sua opinião a respeito.

Obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Quero fazer uma

proposta, principalmente aos 3 últimos Deputados que falaram: suspendamos a

reunião por 5 minutos para que V.Exas. possam ir ao plenário votar — a menos que

o Deputado Fernando de Fabinho queira formular sua questão agora. Senão, os Srs.

Deputados poderiam votar e voltar para ouvir a resposta.

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O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Sr. Presidente, sugiro que

primeiro V.Exa. verifique a agenda do Ministro.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - O Ministro concordou.

O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Sr. Presidente, V.Exa. não

vai suspender a reunião?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Não, não vou. Estou

esperando V.Exas. Podem ir e voltar. (Pausa.)

Farei uma quebra do compromisso. Concederei a palavra ao Deputado

Fernando de Fabinho, para questionar o Ministro.

O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Obrigado, Sr. Presidente.

Quero cumprimentar V.Exa. e o grande Ministro Hélio Costa, a quem parabenizo

pela condução dos trabalhos do Ministério. Reconheço o que todos estão aqui

reconhecendo: quem sabe, e quem sabe faz acontecer. V.Exa. faz acontecer no

Ministério aquilo que nós que defendemos essa bandeira buscávamos

incessantemente: diálogo, receptividade, encontro, alguém que pudesse realmente

defender o consumidor brasileiro. V.Exa., que já foi Deputado e Senador, agora à

frente do Ministério das Comunicações, conhece essa realidade, já defendeu isso

antes de chegar ao Ministério, talvez sem imaginar um dia estar à frente dessa

Pasta. Isso permitiu-lhe a facilidade e a condição de tratar esse assunto com muita

tranqüilidade.

Precisávamos exatamente do que acontece hoje. Estamos aqui tranqüilos,

sendo eu autor de um projeto apensado ao do Deputado Marcelo Teixeira, a quem

parabenizo mais uma vez, bem como ao Relator do projeto, o Deputado Luiz

Bittencourt, e ao Relator na Comissão de Economia, o Deputado Léo Alcântara.

Temos consciência de tudo por que já passamos na Comissão de Defesa do

Consumidor e agora na Comissão de Economia.

Há um ditado nesta Casa segundo o qual quando não se quer que um projeto

avance cria-se uma Comissão Especial. Mas estou sentindo que esta Comissão

Especial, principalmente pelo quilate do nosso Presidente, vai fazer acontecer, e

vamos rapidamente aprovar e ajudar V.Exa., no Ministério, a encontrar uma solução

que atenda às expectativas das empresas, bem como aos consumidores, que

confiam na nossa luta e no nosso trabalho.

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Sabemos que no passado havia uma estatal, e o Governo tinha um trabalho

social. Independentemente de implementar e fazer acontecer a telefonia no País, ele

tinha a obrigação, como trabalho de inclusão social, de levar a cada Município, a

cada distrito, a cada comunidade rural, a cada bairro de cada cidade um sistema de

comunicação, um orelhão para as pessoas se comunicarem. Privatizamos o serviço,

e temos certeza de que acertamos na privatização, mesmo diante de tudo que

acontece.

Na privatização, criou-se a figura da agência, com o objetivo de regular o

mercado, de defender o consumidor. E ela conseguiu, diante do consumidor e de

todos nós, ficar em condição de descrédito. Hoje ela não tem crédito com os

Parlamentares nem com os Ministros. E não falo simplesmente da ANATEL, mas

das agências de forma geral. Elas ficaram sem crédito perante o consumidor

brasileiro, e aquele balcão com atendimento caloroso, personalizado, para ouvir os

reclames do consumidor, aquela loja que V.Exa. aqui mencionou não existe. Houve

desemprego, porque a telefonista que atendia deixou de existir; passou a haver um

computador. O atendimento piorou muito, aumentaram as reclamações, e estamos

vivendo um pandemônio, mesmo com o crescimento e a evolução da telefonia em

nosso País.

Esse projeto é importante. V.Exa. apresenta a tarifa social. Lembro-me de que

no seu primeiro pronunciamento sua idéia era extinguir — pelo menos essa foi a

imagem, a percepção que tive naquele momento — definitivamente a assinatura

básica. Mas era preciso conversar. Conversou-se e chegou-se ao consenso de

estabelecer uma tarifa social.

Não ficou muito claro para mim — talvez eu não tenha acompanhado muito

essa questão — se a tarifa social vai existir para o trabalhador que recebe até 3

salários mínimos. Os trabalhadores que recebem hoje 3 salários mínimos ou menos

e já têm telefone teriam condição de transformar sua assinatura em social? Ou isso

seria aplicado apenas às novas instalações, a partir de agora, com as novas tarifas?

Esse seria um dos nossos questionamentos.

Isonomia quer dizer igual para todos. Que tipo de perspectiva o Ministro

apresentou às empresas para que aceitassem a telefonia celular? De que maneira

V.Exa. as convenceu, independentemente do diálogo, da maneira de conversar?

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Como elas alcançaram o que sempre defenderam: não haver prejuízo no momento

da eliminação definitiva dessa assinatura?

No telefone social, a diferença do valor do minuto excedente valerá para

sempre, ou só no primeiro momento? Parece-me que o primeiro minuto logo após os

4 minutos iniciais custará em torno de R$ 0,14. Já no telefone social temos o minuto

no valor de R$ 0,31. Só aí já ocorre um ganho substancial, que ajudará.

Existe um cronograma para a eliminação total da assinatura? Pelo que V.Exa.

disse aqui, ela será paulatinamente negociada. Essa eliminação beneficiará apenas

quem ganha até 3 salários mínimos, ou se estenderá a todos os usuários de telefone

fixo?

A questão do telefone comercial versus o residencial foi abordada aqui, e

outras situações também foram comentadas. Portanto, deixo mais uma vez os

parabéns a V.Exa. pela coragem. Temos a grande esperança, enquanto V.Exa.

estiver à frente do Ministério — e esperamos que demore muito por lá —, de que

consiga resolver definitivamente essa questão.

Parabenizo V.Exa. pela condução dos trabalhos. Confiamos plenamente em

V.Exa. para que consigamos ter menos cobranças e sofrimento dos consumidores

no Brasil.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Concedo a palavra ao

Sr. Ministro Hélio Costa.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Vamos começar pelo Deputado Fernando

de Fabinho, para dar tempo aos outros de voltarem.

Em primeiro lugar, quero agradecer ao Deputado Fernando de Fabinho as

palavras e dizer-lhe que a agência reguladora, a ANATEL, teve algumas

oportunidades no passado, quase substituindo funções do Ministério das

Comunicações, porque, conforme V.Exa. recorda, em 2002 o Ministério das

Comunicações foi praticamente desmantelado. Foram fechadas as representações

estaduais. Nós perdemos o nosso corpo técnico para a ANATEL. Muitos dos nossos

engenheiros e dos nossos técnicos foram para a agência reguladora. E até por não

existir propriamente o Ministério dentro das funções que deveriam existir, a ANATEL

em determinado momento assumiu algumas funções que conflitam com as do

Ministério, porque ela quase foi também Ministério das Comunicações.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial PL 5476/01 - Tarifas da Telefonia FixaNúmero: 1544/05 Data: 5/10/2005

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Durante nosso período como Ministro das Comunicações, temos procurado

manter um relacionamento amistoso e inteligente com a agência reguladora, mas

deixando sempre claro que nossa função de orientar a política de comunicação está

prevista no art. 45 e não vamos abrir mão dela. Cabe à ANATEL, e cada vez mais e

exclusivamente, fiscalizar e normatizar. Então, entendo perfeitamente bem as

críticas que V.Exa. faz, e espero que nesses próximos meses a ANATEL, com a

restruturação que se faz hoje dentro da agência, possa encontrar uma maneira de

melhor atender suas funções, sobretudo assumindo a posição prevista no

regulamento da própria agência, no sentido da defesa do consumidor.

Com respeito ao telefone social, minha posição continua a mesma, a de que

se possa extinguir a assinatura básica. Muito embora eu mantenha minha posição

de extinguir a assinatura básica, vamos dizer que, inteligentemente, para poder

encontrar um caminho para chegar lá, eu decidi apresentar minha proposta em

etapas. Então, esse primeiro projeto é o telefone social, que já reduz a assinatura

básica. Ele melhora aquilo que seria o AICE, na apresentação que vai ser feita no

ano que vem.

Na medida em que rediscutirmos os contratos, em janeiro já poderemos

entrar com o segundo passo referente à assinatura básica. Nós vamos falar de 20

anos de contratos; temos de prever o que vai acontecer com a assinatura básica lá

na frente.

Por esse caminho, eu quis conseguir tocar nesse assunto, quebrar o tabu. Na

realidade, quando eu cheguei ao Ministério, não conseguíamos sequer falar sobre

esse assunto. Todos que estão inteiramente envolvidos nessa questão sabem disto:

é um verdadeiro tabu. Hoje nós já podemos falar sobre o assunto, nós já discutimos

o assunto, já temos propostas em relação ao assunto. Dessa forma, acho que o

primeiro passo está dado, e, se Deus quiser, vamos dar os próximos passos com

sucesso.

Deputado, V.Exa. perguntou se pode haver migração, ou seja, se aqueles que

já têm assinatura hoje, um plano básico normal, podem migrar para o telefone social.

Podem, sim. Nós até discutimos isso. A previsão que temos é de que

aproximadamente 6,5 milhões de telefones na atual assinatura básica migrem para o

telefone social. Ao mesmo tempo, temos a pretensão de dizer que nos próximos

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial PL 5476/01 - Tarifas da Telefonia FixaNúmero: 1544/05 Data: 5/10/2005

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anos, pelo menos 3 anos, teremos mais 2,5 a 3 milhões de novos usuários, de

novos aparelhos, além da migração.

Portanto, estamos apresentando em etapas a redução da tarifa para

chegarmos até sua eliminação. Esperamos que isso não venha trazer prejuízo para

as empresas. Todos os cálculos que fizemos são rigorosamente em cima da

previsão de não levar prejuízo para as empresas e também não colocar o Governo

em risco. Havendo prejuízo para a empresa, quem tem de arcar com o prejuízo, na

verdade, é o Governo. Quem paga a conta é o Governo. Então, temos tido a

preocupação de não causar esse desequilíbrio econômico.

Na verdade, nem podemos causar desequilíbrio, porque está previsto na Lei

Geral de Telecomunicações que se houver o desequilíbrio as empresas podem

recorrer e fazer com que o Governo pague a conta. Então, nós temos que estar

preocupados com isso.

No que se refere ao minuto excedente, no telefone doméstico que hoje temos

em nossa residência pagamos R$ 0,12, e vamos pagar R$ 0,31 no telefone social.

De certo modo, nas negociações, tive que entender a posição das empresas. Se

tivermos que conviver com uma inadimplência muito grande do telefone social,

colocaremos em risco o serviço. Então, o que admitimos? Que o minuto excedente

fosse cobrado com base no telefone pré-pago. Esse R$ 0,31 significam, na

realidade, conforme eu disse aqui anteriormente, 25% do que se cobra no pré-pago

por 1 minuto. No pré-pago cobra-se por minuto R$ 1,25; nós cobraríamos em torno

de R$ 0,31 pelo minuto do telefone social. Seria como um pré-pago com 25% de

redução.

Por outro lado, estamos tentando imaginar que esse modelo apresentado

funcionaria também como o orelhão dentro de casa. Em vez de sair à rua para fazer

uma ligação, o cidadão pode usar seu telefone de casa, porque vai pagar

praticamente o mesmo que se paga num orelhão, muito embora esteja a empresa

garantida desse pagamento, porque se trata de um cartão pré-pago. Também

teremos cartões diferenciados: posso comprar para minha mulher um cartão

diferente do cartão que compro para meu filho e para minha filha. Por exemplo,

compro um cartão de R$ 10,00 para minha mulher, um de R$ 5,00 para minha filha e

um R$ 3,00 para meu filho. Isso é algo que precisamos evidentemente acertar com

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as empresas, porque elas não estão fazendo cartões abaixo de R$ 5,00, o que

causa um tremendo problema, porque existe muita gente que não pode comprar um

cartão de R$ 5,00, até porque se comprar e não usar acaba perdendo o valor do

cartão pré-pago.

O cronograma para eliminação ainda não existe. Não temos um cronograma

pré-estabelecido. Conforme eu disse, estamos na primeira etapa. Quando

chegarmos a janeiro, com a rediscussão dos contratos, poderemos entrar na

segunda e na terceira etapa. Mas queremos deixar o assunto sempre livre para

discussão. O objetivo é, sim, lá na frente, a eliminação da assinatura básica, mas

com uma proposta inteligente, conforme eu disse, que não traga desequilíbrio

econômico.

Por outro lado, é só para aqueles que ganham 3 salários? Essa é a pergunta

final de V.Exa. Imaginamos que 3 salários possam cobrir, conforme mostrei aqui

com a reportagem do Caderno Econômico do Estado de Minas, 2/3 da população

brasileira. Isso pode levar as empresas a no futuro até assumirem uma posição mais

favorável ao consumidor. Se a empresa chegar à conclusão de que já está

atendendo à grande maioria da população, pode abrir essa questão e dizer: vamos

esquecer os 3 salários e abrir isso para todo o mundo. Ela pode até acrescentar

mais pessoas, nessa proposta do telefone social.

Agradeço ao Deputado Fernando de Fabinho as palavras. Tenha certeza de

que vamos trabalhar juntos nesta Comissão Especial, cujo Presidente é o ilustre

Deputado Francisco Dornelles. Sempre estarei inteiramente à disposição.

O Deputado Daniel Almeida refere-se ao desafio que assumimos. É realmente

um desafio, Deputado, porque eu nunca imaginei que pudesse ser uma briga tão

boa. Tem que ser bom de briga, realmente. Eu imagino que V.Exas. já sentiram de

perto a situação. Trata-se de defender a grande maioria da população brasileira.

Muito embora tenhamos hoje números extremamente favoráveis no que diz respeito

aos telefones — são 80 milhões de celulares e 40 milhões de telefones residenciais

—, essa não é a melhor maneira de se utilizar o telefone, porque se paga muito caro

pelo telefone pré-pago celular e pela assinatura. Só para efeito de comparação,

ontem, durante uma audiência que tivemos com as companhias telefônicas, ouvi

várias vezes alguém dizer que a assinatura básica no Brasil ainda é muito barata.

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Imaginem V.Exas., no Brasil, a assinatura básica custa em média 40 reais, ou seja,

mais de 10% do salário mínimo, que é de 300 reais. Nos Estados Unidos, cujo

salário mínimo é o equivalente a 4 mil reais, cobra-se 12 dólares pela assinatura, ou

seja, 35 reais. Essas coisas têm de ser levadas em consideração porque

preocupamo-nos em encontrar uma forma de levar o telefone a mais pessoas.

Os contratos vão levar em conta as inovações que estão sendo propostas na

renovação, sem dúvida alguma. Teremos grandes novidades na discussão dos

contratos. Insisto com o nosso Relator: o Governo não vai quebrar contratos; vai,

sim, rediscuti-los. Evidentemente que, nessa rediscussão, temos de inserir algumas

cláusulas muito mais favoráveis ao consumidor.

A obrigatoriedade do telefone social, evidentemente, deve ser a mesma que

têm os outros telefones. Aonde empresa tem a obrigação de levar o telefone

domiciliar, terá também a obrigação de levar o telefone social. É o mesmo telefone.

Só existe uma diferenciação na tarifa exatamente para atender às pessoas mais

carentes.

Com respeito à CPI que V.Exa. propõe para discutir os contratos com as

empresas, na verdade, fico na expectativa de que ela possa iniciar as suas ações.

Eu gostaria de fazer uma sugestão a V.Exa., que apresentou a proposta. Parece

que o Brasil já está cansado de CPIs. Então, sugiro a V.Exa. que deixe passar um

pouco essa fase, para que realmente ela surta efeitos, para que realmente haja

presença garantida dos Deputados, a fim de que se possa fazer um trabalho bonito.

Esse é um assunto que merece longa discussão. V.Exa. está no caminho certo ao

fazer essa proposta. Se vamos entrar numa rediscussão dos contratos de telefonia a

partir de janeiro do ano que vem, é muito importante começar olhando para trás.

Vamos olhar os contratos que estão vencendo para não cometer os mesmos erros

nos contratos que serão firmados para frente.

Agradeço a V.Exa. as suas palavras encorajadoras.

Deputado Pedro Fernandes, inicialmente, quero lembrar a V.Exa., mais uma

vez, a questão do desmantelamento do Ministério das Comunicações no ano de

2002, pouco antes de o Governo do Presidente Lula ter início. Quando o Ministro

Miro Teixeira assumiu, recebeu um Ministério que não tinha funcionários suficientes,

não tinha técnicos, pois todos tinham sido enviados para a ANATEL; não tinha

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial PL 5476/01 - Tarifas da Telefonia FixaNúmero: 1544/05 Data: 5/10/2005

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orçamento, não tinha um departamento de comunicação, enfim, não tinha

rigorosamente uma estrutura de funcionamento. Lamentavelmente, o Ministério

perdeu forças, e a ANATEL acabou assumindo algumas posições muito estratégicas

no que diz respeito à política de comunicação no País. O Ministro Miro conseguiu

estabelecer novamente as bases de funcionamento do Ministério, e assim o foi, em

seguida, com o Ministro Eunício Oliveira. Ao chegar, encontramos uma estrutura

melhorada, mas evidentemente ainda lutamos para dar continuidade às ações dos 2

Ministros que nos antecederam. Pedimos ao Presidente, e S.Exa. já nos autorizou,

a criação de uma nova secretaria, que será a Secretaria de Inclusão Digital, pedimos

também mais recursos orçamentários, afinal de contas, o Ministério das

Comunicações é um dos poucos que contribui com quase 3 bilhões de reais ao ano

de suas outorgas, de ações via ANATEL. Trata-se de um Ministério produtivo, então,

precisa ser reestruturado. O Presidente Lula está nos ajudando a fazer isso.

Quanto ao uso do aparelho para medir o pulso em minuto, acho que a partir

do próximo ano ele será obrigatório, pela Lei Geral de Telecomunicações. Espero

que V.Exa. esteja atendido na sua pretensão, mas, evidentemente, é preciso

lembrar a posição que V.Exa. assumiu no passado, quando pediu para fazermos um

acompanhamento melhor e as empresas não abriram mão desse sigilo

extraordinário — quer dizer, cobra mas não informa o que está cobrando. V.Exa.

também foi um inovador nesse processo. Possivelmente, por ter apresentado um

projeto é que este assunto foi discutido e agora está sendo implementado. A partir

do ano que vem, vamos saber quantos minutos falamos e quanto pagamos por cada

minuto falado. Sua contribuição é muito importante.

V.Exa. se referiu à coragem de enfrentar essa situação. Confesso que, antes

de ser Deputado, eu era jornalista — aqueles que me conhecem como jornalista

sabem disso —, e passei por 3 guerras, inclusive sendo vítima de um atentado

seriíssimo que vitimou 3 colegas meus no mesmo dia; morreram 3 jornalistas

holandeses. Estou acostumado, portanto, a enfrentar boas brigas e boas guerras.

No interior de Minas Gerais, costumamos dizer que quem não tem medo de onça

não tem medo de miado de onça.

Agradeço muitíssimo ao Deputado Simão Sessim pelas suas palavras,

sempre muito carinhoso com o seu querido amigo. Tenho absoluta certeza de que a

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demanda que não existe hoje do telefone fixo, Deputado Simão Sessim, é por causa

do preço. Não há demanda porque é caro. Se baixarmos o preço da assinatura

básica, haverá demanda, não tenho a menor dúvida. Hoje, há disparidade de

informações sobre o disponível do telefone fixo. As empresas dizem que há 2.500

milhões, mas a ANATEL diz que são 11 milhões de telefones prontos para serem

instalados. Ouvi o Deputado Celso Russomanno dizer que são até 15 milhões.

Então, existe aí um extraordinário caminho a ser trilhado.

Gostaríamos de ressaltar — e insisto aqui na idéia do Deputado Luiz

Bittencourt — que as empresas não podem mais contar exclusivamente com a

receita garantida da assinatura: 1 bilhão e 600 milhões ao mês. Isso aí está ótimo?

Não está ótimo, não, é ruim para o consumidor. Precisamos encontrar outras

maneiras de fazer comunicação telefônica. Há mil coisas que podem ser feitas. Hoje,

linha de telefone está cada vez menos usada para falar. Linha de telefone está

sendo usada para tudo. Ela está deixando de ser usada para falar e sendo usada

para transmissão de dados, de imagens, Internet, para a transmissão de tudo que se

quer. O aproveitamento da linha telefônica é algo extraordinário. É preciso buscar

esses caminhos. As empresas têm de se modernizar nesse sentido. Não podem

contar somente com a receita certa, líquida, que vem todo mês.

Tenho certeza de que não vai piorar a situação para as empresas. A nossa

preocupação sempre tem sido, todas as vezes em que apresentamos uma proposta

e falamos em inovação, fazer uma pesquisa muito detalhada. Vemos também a

própria ANATEL fazendo as suas investigações de planos alternativos. Existem

propostas que me chegaram e que foram feitas com estudos criteriosos, como, por

exemplo: se se eliminar totalmente a franquia, que hoje é de 100 pulsos, em torno

de 400 minutos, eliminar-se a chamada modulação do fim de semana, ou seja,

tira-se o direito de, com um pulso, falar-se o dia inteiro. Pode a assinatura básica

custar zero reais. Sem dúvida alguma, isso pode ser feito. Mas o impacto econômico

é muito forte para a empresa. Então, temos de começar estudando essas questões

de uma forma, vamos dizer assim, mais segura, para que mais na frente não

sejamos acusado pela empresa de estar causando um desequilíbrio econômico. A

proposta que fazemos não traz desequilíbrio econômico. Ela está estudada, bem

pensada e sendo aprimorada. Nos próximos dias, chegará a condições ainda

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melhores. Será boa para o usuário do telefone e não vai causará nenhum

desequilíbrio para as empresas.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Srs. Deputados,

assumimos com a assessoria do Ministro o compromisso de liberá-lo às 17h50min.

Já são 18h, Sr. Ministro, e ainda há 3 Deputados inscritos. V.Exa. admitiria que

concedêssemos 2 minutos a cada um?

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Sem dúvida alguma.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Os 3 inscritos são os

Deputados Edinho Montemor, Julio Semeghini e Celso Russomanno. Dada a boa

vontade do Ministro, pergunto aos Srs. Deputados se estão de acordo com os 2

minutos. Assim, liberamos logo o Ministro, embora já com atraso. Só mesmo a sua

fidalguia permite-nos mais esses minutos.

O SR. DEPUTADO EDINHO MONTEMOR - Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.

Deputado Léo Alcântara, Srs. Deputado Luiz Bittencourt, respectivamente Relator e

Vice-Presidente da Comissão Especial que analisa o Projeto de Lei nº 5.476, de

2001, do Deputado Marcelo Teixeira, meus cumprimentos.

Sr. Ministro, quero associar-me ao que foi dito pelo colega Deputado Simão

Sessim. A sua capacidade técnica, o seu conhecimento acerca da área de

comunicação, aliada à sua sensibilidade política, têm garantido seu sucesso à frente

do Ministério das Comunicações. Aliás, agradeço-lhe a presteza com que nos

recebeu hoje de manhã, mais uma prova da sua sensibilidade.

Preocupa-me bastante esse desequilíbrio econômico e financeiro de que se

fala, essa diferença entre os custos, os investimentos e o retorno. No final das

contas, o lucro é que é exorbitante, ou existe efetivamente um desequilíbrio que

causa prejuízo às empresas? Ao nosso ver, o lucro passou a ser exorbitante. No

momento em que o Governo fez as concessões com certa liberalidade em relação à

assinatura básica — foi isso o que eu entendi — e as empresas puderam optar e

acrescentar àquela correção do IGPM os 9%, a que V.Exa. se referiu, as empresas

passaram a ganhar muito. Não existe, a nosso ver, grosso modo, esse desequilíbrio

econômico e financeiro. O que pode estar havendo é uma queda na lucratividade,

jamais prejuízo.

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A única pergunta que tenho a fazer é a seguinte. O projeto do Deputado

Marcelo Teixeira, com outros a ele apensados, de autoria de outros Srs. Deputados,

brilhantemente relatado pelo Deputado Luiz Bittencourt, encontra apoio e respaldo

no Ministério das Comunicações e no Governo Federal? Não será vetado?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Obrigado, Deputado

Edinho Montemor.

Concedo a palavra ao Deputado Julio Semeghini.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI - Sr. Presidente, muito obrigado.

Antes de mais nada, quero pedir desculpas a todos. Hoje estamos comemorando a

Semana da Ciência e Tecnologia, e houve várias atividades na Casa. Eu queria ter

aproveitado mais a vinda do Ministro Hélio Costa. Sei que este é um momento crítico

para as telecomunicações. Peço desculpas, mas tenho certeza de que teremos

outras oportunidades de receber S.Exa., que é um Congressista e sabe da

necessidade que temos de informações, nossa fonte de alimentação.

Serei rápido, Sr. Ministro, até porque talvez V.Exa. já tenha respondido a

essas perguntas. V.Exa. ressaltou um ponto chave para a avaliação nas nossas

discussões. O Brasil vive hoje um projeto muito mais amplo no setor de

telecomunicações. Reforço a necessidade de reavaliarmos a assinatura básica, mas

estamos na verdade revendo o papel das telecomunicações num mundo de

convergência muito mais difícil, que precisa ser rediscutido.

Todo o setor de telecomunicações está mobilizado no Brasil para apresentar, ainda

este mês, num evento em Florianópolis, as perspectivas, oportunidades e desafios

do setor.

V.Exa. disse aqui que já ouviu falar que as empresas operadoras teriam

interesse na prorrogação do prazo por 1 ano, o que é uma grande oportunidade para

o Brasil. V.Exa. conduz a TV digital, o Governo Federal está discutindo, ou não, a

Lei de Comunicação de Massa, mas, no mínimo, uma definição melhor de como

aproveitar a convergência e as oportunidades para os usuários deveria ser

considerada. É algo muito importante que deveríamos debater mais; poderíamos ter

novos prazos para começar a trabalhar aqui também.

Há outro fator que é tão importante quanto a assinatura básica, ou até mais.

V.Exa. montou uma equipe excelente, liderada e coordenada pelo Sr. Roberto Pinto

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Martins, que tem serviços prestados de longa data, em parceria muito forte com o

Congresso Nacional. Tenho certeza de que bons resultados serão alcançados. Mas

temos de saber se estamos trabalhando na renovação dos contratos; é o monopólio.

V.Exa. afirmou com clareza que sim. Na verdade, o telefone móvel compete com o

fixo. Só discordo de uma coisa: não acho que o telefone móvel substituiu o fixo; ele

atingiu camadas e lugares a que não chegávamos nem estávamos preparados. Não

fazia parte do nosso plano de universalização esse conceito nas grandes

metrópoles.

Como está a cesta básica para a definição do índice de telecomunicações?

Ela permite realmente que conheçamos profundamente os custos? Estamos

cansados de discutir nesta Casa o que é caro, o que é barato, se dá lucro, se vai

quebrar, se não vai quebrar, até porque se der prejuízo e não cumprir o contrato,

não vamos quebrar. O Presidente da República disse que não vai quebrar contrato,

nem esta Casa o fará.

Nós elaboramos a Lei Geral das Telecomunicações. Vamos ter muita

dificuldade até escolhermos o índice, diga-se passagem. Jogamos a culpa na

Agência, mas o índice foi aprovado por esta Casa, não foi pela Agência. Todas

essas coisas têm de ser revistas. Na medida em que temos o grupo de V.Exa.

trabalhando na assinatura básica, gostaria de saber se realmente teríamos 1 ano a

mais, até porque estamos atrasados. Não cumprimos uma série de pré-requisitos,

deveríamos ter informado às operadoras já no meio do ano.

Pergunto, portanto, primeiro, se V.Exa. ouviu isso, se podemos trabalhar.

Seria muito bom para o Brasil, considerando-se, principalmente, o novo modelo de

telecomunicações que está sendo discutido. Segundo, se a cesta básica que define

o índice de telecomunicações está dando certo; se vai permitir ferramentas para o

Congresso; se temos condições de ter acesso a essas informações e se está sendo

feita alguma coisa para se discutir o monopólio, usando-se até os custos para saber

como pode ser para compartilharmos redes. Isso é algo que vai nos levar a avançar

na redução do monopólio? V.Exa. poderia explicar essas coisas para definirmos

nosso processo de trabalho nesta Comissão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Para encerrar, passo

a palavra ao último debatedor, Deputado Celso Russomanno.

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O SR. DEPUTADO CELSO RUSSOMANNO - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, Sr. Relator, Deputado Léo Alcântara, Deputado Bittencourt, Sr. Ministro

— é um prazer recebê-lo na Comissão —, vou fazer uma retrospectiva a respeito da

telefonia fixa no Brasil.

Quando o telefone fixo foi criado no Brasil, as pessoas eram, como V.Exa. se

lembra bem, sócias das companhias telefônicas, adquiriam ações dessas empresas,

que tinham dividendos, lucros, o que justificava o pagamento da assinatura básica.

Tal pagamento, portanto, servia para a manutenção da rede, uma vez que aqueles

que eram detentores das linhas telefônicas eram sócios das companhias telefônicas.

Quando esse processo foi alterado e se transformou em prestação de serviço,

deixou de existir razão para se cobrar assinatura básica, que hoje não tem amparo,

como V.Exa. afirmou aqui, na Lei Geral das Telecomunicações, nem no Código

Tributário. E por quê? Porque o Congresso Nacional autorizou, por meio da Lei

Geral das Telecomunicações, a cobrança de tarifa. E quando se impõe um serviço,

ou melhor, nem é serviço, quando se impõe uma cobrança, ela deixa de ser tarifa

para virar taxa. E como taxa não poderia ser cobrada por não ter amparo legal.

Entendo que até o projeto de lei do Deputado Marcelo Teixeira, apensado a

todos os projetos, é inócuo. É inócuo discutir algo que não tem amparo na lei. Como

se proíbe uma coisa que não é permitida? Como se vai proibir a cobrança da

assinatura básica uma vez que ela não é permitida? Essa é a discussão que o

Instituto Nacional de Defesa do Consumidor travou. V.Exa. conhece de perto essa

ação, de âmbito nacional, para acabar com a assinatura básica por não ter amparo

na lei. Pode-se dizer: “Ah, mas existem contratos firmados entre o Governo brasileiro

e as teles”. Existem contratos firmados que previam, como disse o Deputado

Bittencourt, a manutenção das lojas de assistência ao consumidor, que nunca foram

mantidas, a universalização, que nunca foi feita.

E quando V.Exa. se referiu, Sr. Ministro, à universalização, atingiu um ponto

importantíssimo, que é a inclusão digital. Que inclusão digital é essa que o Governo

Lula quer fazer, se não temos acesso à Internet, a não ser por telefonia fixa? Que

inclusão é essa que se vai fazer, se as pessoas não têm condições de pagar 50

reais, acrescidos de impostos e da assinatura básica?

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O povo brasileiro deve saber que quem tiver condições de pagar a assinatura

básica estará incluído no processo digital. Caso contrário, não participará de

absolutamente nada, será excluído na escola, em todos segmentos da sociedade

porque não tem condições de pagar a assinatura básica.

A assinatura básica, quando éramos sócios das companhias telefônicas,

custava 14 reais. Sr. Ministro, veja só a que preço chegou depois da privatização!

Sobre o que estamos conversando? O Governo Lula tem um trabalho de inclusão

digital, quer fazer a inclusão digital. Um computador, um 286, um 386, um 486,

encontra-se no mercado até por 200 reais. Agora, quero saber como essa pessoa

fará para instalar esse computador na sua casa e acessar a Internet, para ter

informação do mundo, para que uma criança que venha da escola possa estudar em

casa?

V.Exa. foi muito claro e muito correto na sua afirmação. O uso da telefonia

celular é a inversão de valores. Na verdade, é uma necessidade, V.Exa. disse bem.

O cidadão tem um telefone celular pré-pago com 15 reais por 90 dias para fazer

ligações e 120 dias para receber, mas ele não usa efetivamente esse telefone para

fazer ligações, ele usa o telefone público. Não lhe foi dado o direito de ter o

endereço telefônico.

V.Exa. está no caminho certo. Quando o Instituto Nacional de Defesa do

Consumidor entrou com a ação, pensávamos justamente nas classes menos

privilegiadas, nas pessoas que não têm efetivamente condição de pagar a

assinatura básica, apesar de que grande parte das reclamação que nos têm

chegado aqui no Congresso Nacional é dos consumidores de classe média.

Com referência à perda dos investidores, o medo dos investidores, dissemos

aqui que existem 15 milhões de telefones fixos à disposição do consumidor em todo

o Brasil. O número de pedido de linhas telefônicas está estagnado há 3 anos, de

acordo com o Presidente da ANATEL. Meu Deus do céu, será que se

trabalhássemos no seu projeto, Sr. Ministro, essa migração não resolveria o

problema da perda que eventualmente eles tivessem?

Agora, não se pensa no social, pensa-se no seguinte: quando se privatizou,

demitiu-se todos funcionários, contratou-se por terceirização, todas contratações

superfaturadas — é por aí que o dinheiro escoa. Por isso não há lucro.

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Sr. Ministro, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor acompanha de

perto esses novos contratos e será o calo no pé das teles porque não vão fechar os

contratos. Vamos entrar com ação na justiça uma atrás da outra, para discutir item

por item desses contratos, que continuam abusivos pela forma como a ANATEL

quer fazer.

A ANATEL que fazer um absurdo de novo, debaixo dos olhos do Congresso

Nacional, dos olhos do Ministro, que não aceita o que está sendo feito, mas no

mesmo caminho do que foi feito anteriormente. Seremos uma pedra no seu sapato;

vamos criar todos os problemas possíveis e imagináveis, porque não podemos

permitir que façam o que pretendem. Só para V.Exa. ter uma idéia, Sr. Ministro, o

contrato relativo ao 0800 foi denunciado à Comissão de Defesa do Consumidor e

sobre ele requeri a realização de uma audiência pública. Os Ministros da Fazenda e

do Planejamento entraram em contato comigo, pedindo que a audiência pública não

fosse realizada e dizendo que o 0800 voltaria a funcionar para que a ANATEL

recebesse reclamações dos consumidores.

Representando o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, fomos à

reunião para discutir a reimplantação do 0800 e — pasme, Sr. Ministro! —, depois

de fechado o contrato, a empresa vencedora disse que só teria condições de iniciar

o serviço em 90 dias. Responderam-lhe: “Mas em 90 dias não dá. Nós estamos

sendo pressionados”. A empresa disse, então: “Se for para começar agora, o valor

do contrato é o dobro”. E eles pagaram, Sr. Ministro. Como eles conseguem

implantar o serviço agora por um preço maior, se, para iniciá-lo em 90 dias, o preço

é outro? Veja o absurdo das coisas que acontecem na ANATEL! É por isso que,

conforme V.Exa. bem disse, ela só é acreditada por 38% da população brasileira,

que desconhece o que ela tem feito: nada em favor do consumidor e tudo em favor

das operadoras.

O Instituto Nacional de Defesa do Consumidor apóia a sua iniciativa, Sr.

Ministro, embora não a considere ideal. O ideal seria cumprir a lei, porque,

tecnicamente, se a lei existe é para ser cumprida, independentemente do contrato

que foi firmado e das condições em que isso foi feito — se o contrato não está

dentro do que a lei determina, não tem validade jurídica. Mas o medo do

investimento, etc. e tal, cria esses problemas. Apesar disso, vamos continuar lutando

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para que o processo ande conforme a lei estabelece, porque ela foi elaborada e

aprovada aqui e deveria ser respeitada.

O SR. DEPUTADO JULIO SEMEGHINI - Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

Solicito a V.Exa. que deixe registrado que hoje estamos aqui para discutir

com o Ministro o papel dos órgãos de que dispomos e que deveríamos convidar o

Presidente da ANATEL para discutir conosco determinados temas e até esclarecer

uma série de mal-entendidos que o Deputado Celso Russomanno relatou a respeito

da Agência.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Já existe requerimento

nesse sentido.

Concedo a palavra ao Ministro Hélio Costa.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Em primeiro lugar, respondendo ao ilustre

Deputado Edinho Montemor, quero dizer que estamos extremamente preocupados

com o que S.Exa. identifica como lucro exorbitante. A nossa preocupação é a de que

não haja desequilíbrio e, portanto, não pode haver lucro exorbitante. Tanto é assim

que, a partir de 1º de janeiro, haverá uma modificação extremamente importante de

ser lembrada no que diz respeito ao índice de correção das tarifas telefônicas. Hoje,

a correção é feita pelo IGP-DI, mais 9% sobre um dos itens da cesta básica —

normalmente, conforme eu disse, é escolhida a assinatura básica. A partir de 1º de

janeiro, esse fator de correção cairá para 5%. Nós continuamos com o IGP-DI, mais

5%.

Além disso, hoje a ANATEL submeterá a consulta pública o Índice de

Telecomunicações, que deverá ser analisado nas próximas 2 semanas, a fim de ser

finalizado o documento que será submetido à apreciação. Tal índice, se

eventualmente passar nessas consultas públicas, substituirá o IGP-DI.

Nesse particular, temos de estar muito atentos, porque esse novo índice tem

uma cláusula muito importante, que deve ser considerada. Trata-se da cláusula de

produtividade, que pode trazer um problema na aplicação desse índice, uma vez que

ficará a critério da empresa dizer qual foi a sua produtividade. Então, como depende

dela dizer qual foi a sua produtividade, evidentemente, o índice maior que vai regular

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o preço do serviço de telefonia ficará mais uma vez condicionado a um dado que só

a empresa tem.

Abordo especificamente uma preocupação que tem sido a nossa e aproveito

para responder a uma das perguntas do Deputado Julio Semeghini. Refiro-me à

caixa-preta — como eu identifico — das movimentações financeiras das próprias

empresas. Enquanto não pudermos analisar o custo real da empresa, como vamos

calcular se ela tem ou não lucratividade suficiente para cumprir todas as imposições

que a própria lei diz que ela tem de assumir?

A sua pergunta, na realidade, é se apóio a proposta que está sendo

encaminhada à Comissão. Apóio e espero que ela seja elaborada, na sua redação

final, de tal maneira que não provoque um veto. O que quero dizer com isso? Que

nós todos, do Ministro ao Presidente da República, nos preocupamos com o

consumidor, o usuário do telefone. Evidentemente, todos queremos que, lá na

frente, a assinatura básica seja eliminada. A nossa preocupação hoje é a de que

isso seja feito de forma gradativa, em etapas, até chegarmos ao momento em que

não vamos ter que eliminar essas assinaturas. Acreditamos que tal momento

chegará porque as próprias empresas descobrirão outros produtos — que já estão

sendo utilizados em outros países — e perceberão que elas também precisam fazer

a mesma coisa. Dessa forma, a assinatura básica não será mais tão significativa na

renda das empresas — hoje ela representa cerca de 30%, 33%, razão por que

eliminá-la causaria um impacto muito grande.

Apóio, sim, e espero que ela seja uma proposta inteligente e de acordo com a

atual realidade.

O Deputado Julio Semeghini, profundo conhecedor das questões de

comunicação, relaciona aqui, de imediato, a convergência tecnológica, que já está

levando à Europa e aos Estados Unidos — e também já está trazendo para cá —

uma enorme quantidade de opções dentro do setor de telefonia, de televisão, de

rádio digital. Entre outros exemplos, posso citar a utilização de recursos de Internet

junto com a telefonia. O Deputado identifica com muita clareza a necessidade de se

fazer uma ampla discussão sobre esses novos contratos para que não cometamos

os mesmos erros praticados há 10 anos.

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Se perguntarem ao Ministro se aconselho um adiamento dessa discussão —

pode-se estabelecer um prazo para que ela ocorra — para que possamos cumprir

todo o procedimento de análise, direi que sou inteiramente a favor. Aliás, fiquei até

muito surpreso ao ver que, coincidentemente, as lideranças sindicais da área de

telefonia também gostariam desse adiamento, porque elas também querem se

enquadrar nessa modernidade que estamos vivendo, dentro da convergência

tecnológica — que é inevitável —, das novas estruturas que as companhias devem

ter, do momento econômico que estamos vivendo no País e no mundo inteiro.

Esse certamente é um assunto que precisa ser imediatamente discutido. É

claro que o monopólio existente hoje no Brasil é resultado de uma negociação. No

passado, há 10 anos, quando houve a privatização das empresas, ele parecia ser

absolutamente necessário para que as empresas se interessassem pelo setor. O

que vemos hoje, no entanto, é que não é bem assim.

Ontem, ao conversar com um dirigente de uma grande empresa, tive a

oportunidade de fazer uma comparação. A Telefonica veio para o Brasil e assumiu

São Paulo, que é do tamanho da Espanha. Então, na realidade, a empresa da

Espanha tem hoje, também, uma outra Espanha, que é só o Estado de São Paulo.

Temos de analisar, portanto, essa questão do monopólio, porque sem

competição é muito difícil obter-se um bom resultado para o consumidor. Mas, sem

dúvida nenhuma, é preciso respeitar os contratos existentes, imaginando que na

frente podemos encontrar um caminho para fazer com que as empresas-espelho

funcionem e, de acordo com o que prevê a própria lei existente, ofereçam as

condições de competitividade. Citei o caso de Brasília, típico de local onde há uma

empresa-espelho que tem resultados formidáveis na apresentação que faz para a

telefonia, em especial com relação à assinatura básica.

Quanto aos ingredientes da cesta básica de produtos de telefonia, Deputado

Julio Semeghini, eu cheguei a fazer, na época como Senador, uma proposta no

sentido de que dela fosse retirada a assinatura básica como um todo.

Conforme disse o Deputado Celso Russomanno, a assinatura básica foi

criada porque cada pessoa era um acionista da empresa telefônica. Lembro-me

muito bem disso, porque na minha cidade, Barbacena, lá no interior, a companhia

telefônica era do povo da cidade, era uma companhia municipal, e todos os

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munícipes eram acionistas. Então, evidentemente, os resultados eram divididos no

fim do ano. Na medida em que não existe mais isso, é preciso repensar-se a idéia

da necessidade da cobrança da assinatura básica.

Temos, sim, de rever os índices da cesta básica, o monopólio e o

compartilhamento das redes. Talvez a melhor forma de promovermos o equilíbrio

entre as companhias de telefonia celular e as de telefonia fixa seja essa, porque

realmente estão sendo prejudicadas. Acho que essa divisão de 17,83 é muito

prejudicial às empresas de telefonia fixa. É preciso haver um equilíbrio melhor, ser

revista essa questão.

Sempre tenho excelentes informações sobre a participação de V.Exa. no

setor e gostaria que, sempre que possível, contribuísse conosco, como volta e meia

faz o ilustre Deputado Celso Russomanno, que, por atuar na defesa dos interesses

do consumidor, é chamado a participar de algumas discussões.

Agora, tenho de responder ao Deputado Celso Russomanno.

V.Exa. citou muito bem o fato de nem a Lei Geral das Telecomunicações nem

o Código Tributário citarem a assinatura básica. Na verdade, conforme dissemos

aqui — e V.Exa., de forma muito clara, também fez a mesma afirmação —, a

assinatura básica só é citada como um dos itens da cesta básica. Ela não é citada

no texto da Lei Geral das Telecomunicações. Houve um momento em que ela foi

importante para a estrutura que se criou no passado para a venda das empresas,

mas o disparate que ocorreu de lá para cá é que tem de ser revisto. Gosto de

lembrar sempre que, no momento da privatização, a assinatura custava 1 dólar, que

hoje seria cerca de 2 reais e 30 centavos, e de repente foi sendo aumentada de

forma tão assustadora que chega hoje a 40 reais.

Deixo muito clara a minha discordância com a sua enfática declaração sobre

a inclusão que o Governo quer fazer e convido V.Exa. a ir ao Ministério das

Comunicações para que eu possa lhe mostrar o extraordinário plano em execução e

o que estamos elaborando, de forma muito eficiente, clara e objetiva, para, no ano

que vem, executar no Governo do Presidente Lula o primeiro grande esforço de

inclusão digital — e diga-se de passagem que ele já é modelo para os países em

desenvolvimento e é citado na Europa e nos Estados Unidos como um dos trabalhos

mais eficientes que se faz em termos da inclusão digital.

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Temos um programa, Deputado, que está presente em pelo menos 3 mil

Municípios brasileiros. Ele se chama GSAC, que significa Governo Eletrônico —

Serviço de Atendimento ao Cidadão, foi iniciado há 3 anos e agora passa por um

processo de reestruturação. Trata-se de uma recepção de Internet banda larga via

satélite que normalmente é colocada nos lugares onde não há sequer linha

telefônica, principalmente nas escolas dos distritos afastados. Ele chega à região de

fronteira, aos bairros isolados, às favelas das grandes capitais, porque consiste

simplesmente em colocar uma antena e descer Internet banda larga numa escola ou

de outra instituição qualquer.

Temos 3.200 desses postos. Nossa intenção era, até dezembro, termos cerca

de 4 mil postos instalados e, até o fim do Governo do Presidente Lula, 10 mil postos.

Ao chegar no Ministério, promovi uma reestruturação desse sistema, que é o

carro-chefe da inclusão digital neste momento para o Governo do Presidente Lula.

Queremos melhorar esse sistema de Internet banda larga, acoplando a ele o que se

chama imax, que é a Internet banda larga sem fio. Dessa forma, cada ponto do

GSAC, ao invés de atender apenas a uma escola, onde há 20 ou 30 computadores,

atenderá a um telecentro. Aliás, já existem mais de 5 mil telecentros em

funcionamento no País, muitos em convênios diretos com os Estados. A Bahia é um

exemplo do que se faz em termos de telecentros. Em Minas Gerais, na região do

Vale do Jequitinhonha, uma das mais pobres e carentes do País — V.Exa. não vai

acreditar —, existem cerca de 1.800 telecentros funcionando.

Nós queremos que cada ponto do GSAC seja transformado numa fonte de

transmissão sem fio para as escolas, os centros de saúde, os hospitais, as

delegacias de polícia.

Essa é a inclusão digital que nós estamos fazendo.

O SR. DEPUTADO CELSO RUSSOMANNO - Espero que ela também

chegue à casa das pessoas.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Sr. Ministro, muito

obrigado.

Antes de encerrar esta reunião, indago ainda ao ilustre Deputado Relator,

Deputado Léo Alcântara, se deseja fazer alguma observação.

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O SR. DEPUTADO LÉO ALCÂNTARA - Sr. Presidente, preciso fazer apenas

duas observações bastante rápidas — eu sei do horário do Sr. Ministro.

O Ministro Hélio Costa falou no telefone social, destinado a quem tem renda

de até 3 salários mínimos. Todos sabemos que a comprovação de renda no Brasil é

um problema seriíssimo. Que critérios será adotado para essa comprovação de

renda? A pessoa pode não ter nenhum comprovante de renda, mas trabalhar

informalmente como camelô, ter uma bodega na esquina etc. Então, qual será o

critério para a comprovação de renda?

A segunda questão que ainda levantaríamos é sobre o fato de o Ministro ter

sempre enfatizado que a assinatura irá diminuindo até desaparecer. Não seria o

caso de, como ocorre na maioria dos países do mundo, passarmos a adotar apenas

o valor fixo e não ter o valor móvel? Atualmente, só existem 2 países que não têm a

parte fixa: Botsuana e outro país subdesenvolvido da África. Estaríamos nós na

contramão ou inovando, ao promover o desaparecimento da assinatura básica?

São essas as duas questões sobre as quais eu gostaríamos que o Ministro

fizesse uma reflexão, principalmente para nós, os membros desta Comissão, em

outra oportunidade que voltarmos a escutar S.Exa.

Por fim, agradecemos a disponibilidade do Ministro de estar presente hoje

entre nós.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Na realidade, eu ainda tenho 2 pequenos

pontos a ressaltar sobre a inclusão digital. Trata-se de 2 programas que o Governo

vem desenvolvendo há cerca de 2 anos. Um deles se chama Computador para

Todos e conta com recursos do BNDES e do FAT, os quais estão sendo aplicados

para o financiamento de computadores populares que custam em torno de 750, 800

reais. Qualquer pessoa possa financiar a compra d um desses computadores em até

30 prestações.

Hoje, o computador figura em toda e qualquer pesquisa como o item mais

sonhado para se ter dentro de casa. Já foi a geladeira, já foi a televisão, mas hoje é

o computador. À medida que se cria o computador popular, consegue-se fazer com

que ele chegue à casa das pessoas.

Já há também programas para professores.

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Da mesma forma, temos outro programa que está sendo desenvolvido com o

Media Lab da Universidade MIT, em Boston, nos Estados Unidos, com o objetivo de

encontrar quem vai conseguir fabricar o computador de 100 dólares, ou seja, de 250,

300 reais, evidentemente que com um sistema operacional que possa ser adaptado

para o recebimento de Internet banda larga.

Esses são projetos que estão em andamento, que, em parte, já são sucesso e

que, certamente, dependendo dos recursos de que vamos dispor no ano que vem,

poderão ser mais bem aplicados.

Não falei ainda do que a televisão digital pode fazer em termos de integração

e de inclusão digital. Com a televisão digital e com o rádio digital, lançados na

semana passada em São Paulo — V.Exa. já tem conhecimento disso —, nós

estamos fazendo a inclusão digital ser uma realidade no País.

Agora, respondendo rapidamente ao ilustre Relator com respeito aos critérios,

existe um cadastro do Governo que envolve cerca de 13 milhões de pessoas, o

cadastro do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Esse cadastro pode ser referência. Ele não é, necessária e obrigatoriamente,

o caminho para se identificar a renda das pessoas, mas é uma referência. A melhor

referência, evidentemente, é o contracheque, porque o que se propõe é que a

pessoa mostre que está enquadrada entre as que têm renda de até 3 salários. As

maneiras de se indicar quanto uma pessoa ganha naturalmente já foram

estabelecidas. As empresas vão ter de aceitar determinada formulação de como as

pessoas vão provar que ganham menos de 3 salários mínimos, mas a primeira

indicação é o cadastro do Ministério do desenvolvimento Social.

Quanto ao telefone fixo e ao móvel, devo dizer que a pesquisa que V.Exa. me

mostra é verdadeira: são poucos os países que não cobram assinatura básica, muito

embora em alguns países, em determinadas regiões, determinadas empresas não o

façam. Aqui mesmo em Brasília há uma empresa que não cobra assinatura básica.

O SR. DEPUTADO LÉO ALCÂNTARA - Não está sujeita às metas da

ANATEL.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Não tem que cumprir as metas da

ANATEL como uma empresa que comprou outra no passado por um preço razoável,

fez um bom investimento — se fosse um mau investimento não o teria feito. O que

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se estabeleceu no passado foi o seguinte: eu lhe dou uma empresa saneada. Para

tanto, pego todas as dívidas dessa empresa, repasso para a TELEBRÁS — faço a

nossa mãe, o Governo, pagar todas as dívidas que ela tinha no passado —, dou

para você uma empresa redondinha, arrumadinha, moderninha, você me paga “x” e

eu lhe dou algumas obrigações, entre as quais está a de cumprir rigorosamente

alguns critérios que não estão sendo obedecidos.

São poucos os países em que não existe assinatura básica? Sim, são

poucos. Mas a relação que eu acabei demostrar aqui entre o custo da assinatura

básica e o salário mínimo das pessoas é a que se tem de fazer no Brasil. Se

quisermos fazer a mesma relação entre o salário mínimo e o que se cobra nos

Estados Unidos , na Inglaterra ou na França por uma assinatura básica, teremos que

cobrar por ela no Brasil 6 reais. Assim eu topo. Pode estabelecer 6 reais que não

vejo problema nenhum em haver assinatura básica.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Sr. Ministro, muito

obrigado. Foi uma grande honra receber V.Exa. para esta aula magna sobre o

assunto. Estou certo de que foi de maior importância para os membros desta

Comissão.

O SR. MINISTRO HÉLIO COSTA - Sr. Presidente, sou eu que agradeço a

V.Exa. a honra que me deu de participar desta tão produtiva reunião com respeito a

assunto tão importante para a população brasileira.

Agradeço também ao ilustre Deputado Luiz Bittencourt, Relator do PL nº

5.476, e ao Deputado Léo Alcântara, Relator da Comissão.

Obrigada a todos os Deputado que compareceram a esta reunião.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Francisco Dornelles) - Nada mais havendo a

tratar, vou encerrar a reunião.

Está encerrada a reunião.