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1 Departamento de História A COMPANHIA DE JESUS E OS ÍNDIOS NA CAPITANIA DO RIO DE JANEIRO: SÉCULOS XVI XVII E XVIII Aluna: Aline de Souza Araújo (PIBIC) Orientadora: Eunícia Barros Barcelos Fernandes Introdução: A Companhia de Jesus e os Índios na Capitania do Rio de Janeiro: séculos XVI XVII e XVIII é um projeto de pesquisa que vem sendo realizado no Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) desde 2008. O projeto possui o objetivo de realizar pesquisas sobre as relações entre Índios e Companhia de Jesus no espaço da Capitania do Rio de Janeiro. O recorte temporal - séculos XVI XVII e XVIII se deve ao período em que a Ordem jesuítica esteve presente na América portuguesa: de 1549 a 1759. A Companhia de Jesus é uma Ordem religiosa católica fundada em 1540 por Inácio de Loiola. Logo após sua fundação, a Ordem teve uma grande expansão por diversas regiões da Europa, mas principalmente na Península Ibérica. Por conta disso, em 1548 o rei de Portugal, D. João III, convida a Ordem jesuítica para embarcar na armada de Tomé de Sousa primeiro Governador-geral - rumo à América portuguesa para catequizar os indígenas. É desta maneira que a Companhia de Jesus chega a América portuguesa no ano de 1549. Ao todo, apenas seis jesuítas vieram junto com o Governador-geral. A partir daí, os jesuítas começaram a se expandir em terras americanas pertencentes a Coroa de Portugal. A maneira pela qual esta ocupação e expansão foram se realizando se deu através do que a professora orientadora, Eunícia Fernandes, chama de instrumentos de ação da Ordem: colégios, aldeamentos e fazendas. Para o caso da América portuguesa, a construção de colégios não era uma novidade para a Ordem. Colégios já existiam em Portugal, Espanha, Roma, etc. As fazendas eram uma novidade, pois o clima e o tipo de alimento cultivado eram totalmente distintos dos da Europa e, nisso os padres tiveram que se adaptar as novas condições que apareciam. Entretanto, dos três instrumentos de ação da Ordem que aparecem na América portuguesa, o mais novo para os padres eram os aldeamentos. As Aldeias como eram chamadas pelos padres, já que o termo aldeamento foi criado no século XIX pela historiografia foram instrumentos pensados pelos padres a partir do contato entre estes religiosos e a alteridade/novidade: os indígenas. Estas Aldeias eram um espaço estrategicamente pensado para que fosse realizada a catequização. Os religiosos reuniam índios de diversas tribos num mesmo lugar e, desta maneira, catequizava, ou seja, ensinava e aplicava valores e dogmas cristãos por meio dos sacramentos, sermões, ritos católicos, controle do tempo, como por exemplo, tempo para rezar, para participar da missa, para festas, para trabalhar, para dormir, acordar, etc. De acordo com Eunícia Fernandes 1 , analisando principalmente o caso dos aldeamentos, é possível identificar o índio como sujeito. Isto porque, por meio do contato entre religiosos e indígenas nestes espaços, não só os indígenas eram transformados, mas da mesma forma, os religiosos. E, além disso, apesar de ser uma relação colonial, assimétrica, também é possível observar a voz ativa não só do colonizador os padres jesuítas -, mas também dos colonizados os indígenas. Exemplos disso são os movimentos dos aldeamentos feitos pelos indígenas e não pelos padres e, nestes casos, eram os religiosos que saiam à busca dos indígenas e não o contrário. Apesar do destaque dado aqui aos Aldeamentos, não era só neste espaço que ocorriam o contato com a alteridade. Nos colégios e fazendas os indígenas também estavam presentes. Tudo isso para dizer que, é através da pesquisa e análise destes instrumentos de ação dos inacianos colégio, aldeamentos e fazendas que é realizado o projeto. Sendo uma pesquisa coletiva, cada pesquisadora fica responsável pela pesquisa de um destes instrumentos de ação da Ordem. A partir dessa divisão, são realizados levantamentos documentais e bibliográficos, fichamentos de artigos e de obras completas, cronologias e verbetes. Além disso, fazem parte de nossas atividades individuais o desenvolvimento de resenhas e a realização de artigos. Entre as atividades coletivas 1 Eunícia Fernandes. Futuros Outros: Homens e espaços Os Aldeamentos jesuíticos e a colonização na América portuguesa. Tese (Doutorado em História), Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2001, 227 p.

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Page 1: Departamento de História A COMPANHIA DE JESUS E OS … · Aluna: Aline de Souza Araújo (PIBIC) Orientadora: Eunícia Barros Barcelos Fernandes Introdução: A Companhia de Jesus

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Departamento de História

A COMPANHIA DE JESUS E OS ÍNDIOS NA CAPITANIA DO RIO DE JANEIRO:

SÉCULOS XVI XVII E XVIII

Aluna: Aline de Souza Araújo (PIBIC)

Orientadora: Eunícia Barros Barcelos Fernandes

Introdução:

A Companhia de Jesus e os Índios na Capitania do Rio de Janeiro: séculos XVI XVII e XVIII

é um projeto de pesquisa que vem sendo realizado no Departamento de História da Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) desde 2008. O projeto possui o objetivo de

realizar pesquisas sobre as relações entre Índios e Companhia de Jesus no espaço da Capitania do Rio

de Janeiro. O recorte temporal - séculos XVI XVII e XVIII – se deve ao período em que a Ordem

jesuítica esteve presente na América portuguesa: de 1549 a 1759.

A Companhia de Jesus é uma Ordem religiosa católica fundada em 1540 por Inácio de

Loiola. Logo após sua fundação, a Ordem teve uma grande expansão por diversas regiões da Europa,

mas principalmente na Península Ibérica. Por conta disso, em 1548 o rei de Portugal, D. João III,

convida a Ordem jesuítica para embarcar na armada de Tomé de Sousa – primeiro Governador-geral -

rumo à América portuguesa para catequizar os indígenas.

É desta maneira que a Companhia de Jesus chega a América portuguesa no ano de 1549. Ao

todo, apenas seis jesuítas vieram junto com o Governador-geral. A partir daí, os jesuítas começaram a

se expandir em terras americanas pertencentes a Coroa de Portugal. A maneira pela qual esta ocupação

e expansão foram se realizando se deu através do que a professora orientadora, Eunícia Fernandes,

chama de instrumentos de ação da Ordem: colégios, aldeamentos e fazendas.

Para o caso da América portuguesa, a construção de colégios não era uma novidade para a

Ordem. Colégios já existiam em Portugal, Espanha, Roma, etc. As fazendas eram uma novidade, pois

o clima e o tipo de alimento cultivado eram totalmente distintos dos da Europa e, nisso os padres

tiveram que se adaptar as novas condições que apareciam. Entretanto, dos três instrumentos de ação

da Ordem que aparecem na América portuguesa, o mais novo para os padres eram os aldeamentos.

As Aldeias – como eram chamadas pelos padres, já que o termo aldeamento foi criado no

século XIX pela historiografia – foram instrumentos pensados pelos padres a partir do contato entre

estes religiosos e a alteridade/novidade: os indígenas. Estas Aldeias eram um espaço estrategicamente

pensado para que fosse realizada a catequização. Os religiosos reuniam índios de diversas tribos num

mesmo lugar e, desta maneira, catequizava, ou seja, ensinava e aplicava valores e dogmas cristãos por

meio dos sacramentos, sermões, ritos católicos, controle do tempo, como por exemplo, tempo para

rezar, para participar da missa, para festas, para trabalhar, para dormir, acordar, etc.

De acordo com Eunícia Fernandes1, analisando principalmente o caso dos aldeamentos, é

possível identificar o índio como sujeito. Isto porque, por meio do contato entre religiosos e indígenas

nestes espaços, não só os indígenas eram transformados, mas da mesma forma, os religiosos. E, além

disso, apesar de ser uma relação colonial, assimétrica, também é possível observar a voz ativa não só

do colonizador – os padres jesuítas -, mas também dos colonizados – os indígenas. Exemplos disso são

os movimentos dos aldeamentos feitos pelos indígenas e não pelos padres e, nestes casos, eram os

religiosos que saiam à busca dos indígenas e não o contrário. Apesar do destaque dado aqui aos

Aldeamentos, não era só neste espaço que ocorriam o contato com a alteridade. Nos colégios e

fazendas os indígenas também estavam presentes.

Tudo isso para dizer que, é através da pesquisa e análise destes instrumentos de ação dos

inacianos – colégio, aldeamentos e fazendas – que é realizado o projeto. Sendo uma pesquisa coletiva,

cada pesquisadora fica responsável pela pesquisa de um destes instrumentos de ação da Ordem. A

partir dessa divisão, são realizados levantamentos documentais e bibliográficos, fichamentos de

artigos e de obras completas, cronologias e verbetes. Além disso, fazem parte de nossas atividades

individuais o desenvolvimento de resenhas e a realização de artigos. Entre as atividades coletivas

1 Eunícia Fernandes. Futuros Outros: Homens e espaços – Os Aldeamentos jesuíticos e a colonização na

América portuguesa. Tese (Doutorado em História), Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2001,

227 p.

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destaca-se a prática de leitura e discussão de textos, dentro da qual – a partir da indicação da

professora orientadora – textos relevantes para nossa temática são lidos, fichados por todos e

discutidos em conjunto.

No segundo semestre de 2011 entrei na pesquisa como voluntária. Desde 2012 até o

momento pesquiso o Colégio do Rio de Janeiro. O presente relatório irá não só descrever minhas

atividades como bolsista PIBIC – desde janeiro de 2013 –, mas também a da ex-pesquisadora, Jessicka

Dayane. Com sua saída do projeto no final de 2012, a bolsa que lhe pertencia passou a ser minha. Por

isso, se faz necessário serem descritas as atividades que foram realizadas pela pesquisadora no período

de agosto a dezembro de 2012 e, posteriormente as minhas de janeiro à julho de 2013.

A pesquisadora, Jessicka Dayane, era responsável pela temática dos Aldeamentos na

Capitania do Rio de Janeiro e, assim como as outras componentes do grupo, realizou práticas tanto

coletivas como individuais. Entre as práticas individuais de 2012, destaco as seguintes: foi realizado

verbete sobre (1) Martim Correia de Sá; resenha da obra (2) As estratégias lúdicas nas ações

jesuíticas, nas terras brasílicas (1549 – 1597), ‘para a maior glória de Deus’; (3) Cronologia dos

Aldeamentos; (4) levantamentos documentais na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro;e foi realizada

a análise de um documento para a produção do artigo :Carta do capitao mor Martin de Sa,dirigida ao

Rei Filippe II, na qual se refere aordem que recebeu de partir para o Brasil,de fazer descer o gentio

ao littoral de CaboFrio, de fundar aldeias e defender a costadas capitanias do Rio de Janeiro, Santos

e São Paulo dos navios estrangeiros que alli tentassem aportar.

Mesmo com a saída de Jessicka Dayane do projeto, meu tema de pesquisa não foi

modificado. Atualmente continuo pesquisando o Colégio do Rio de Janeiro. Desde o início de 2013

atividades já foram realizadas: fichamento da obra (5) A educação na Companhia de Jesus: um estudo

sobre os colégios jesuíticos; (7) resenha da mesma obra; (7) produção de material didático; análise de

fonte, com produção de artigo e planejamento e produção do seminário A Companhia de Jesus e os

Índios para o segundo semestre de 2013.

Metodologia:

Por pesquisar o Colégio do Rio de Janeiro, a obra fichada e resenhada (anexos 5 e 6) foi

escolhida no intuito de ser compreendida a ação dos religiosos nos colégios. Quer dizer, o objetivo era

compreender o modo pelo qual os inacianos educavam: quais normas e regras regiam e educação

jesuítica, o que os alunos aprendiam nas aulas dos padres, etc.

Fichar a resenhar a mesma obra, A educação na Companhia de Jesus: um estudo sobre os

colégios jesuíticos amplia, a meu ver, a capacidade crítica e argumentativa, pois na resenha são

expostos pelo leitor da obra, juízos de valor.

Da mesma forma, a produção de material didático (anexo 7) vem sendo realizada desde

2012. O que foi feito este ano é a síntese de uma análise realizada de uma coleção de livro didático de

História. No meu caso, a análise foi da coleção História, de José Roberto Martins Ferreira – antigas 5ª

à 8ª série. Entre as questões propostas pela professora orientadora para a realização da análise, estão

sobre o “perfil didático” da editora, a sequência de conteúdos vistos em cada ano, as atividades

propostas pelo autor – quais habilidades um aluno seria capaz de desenvolver ao realizá-las -,

linguagem utilizada, o uso das imagens e os volumes e capítulos que apareciam referências sobre a

Igreja Católica, a cidade do Rio de Janeiro, a Companhia de Jesus e os Índios. No anexo, a síntese é

sobre as referências das temáticas próprias da pesquisa.

Neste momento, a partir da seleção de uma fonte, estou realizando um artigo. O documento

escolhido possui o seguinte título: Ao P. Simão Rodrigues, Lisboa. Pernambuco II de Agosto de 1551,

de autoria do padre Manuel da Nóbrega2. Escrevendo dois anos após a chegada da Companhia de

Jesus na América portuguesa, Nóbrega, que neste momento está na Capitania de Pernambuco,

descreve na carta os “maus costumes” dos gentios – antropofagia e o hábito de ter muitas mulheres – e

dos clérigos e cristãos que se encontram em Pernambuco. Diante disso, Manuel da Nóbrega apresenta

uma estratégia de catequização e educação pensada para os indígenas: educar e catequizar a partir de

ações que atrai os indígenas. Sendo assim, as principais reflexões do meu artigo giram em torno dos

2 A Obra se encontra na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e na obra Cartas do Brasil e mais escritos do

padre Manuel da Nóbrega, organizada pelo historiador Serafim Leite.

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seguintes questionamentos: qual o sentido da educação jesuítica aos indígenas? E quais são as

estratégias utilizadas pelos padres para realizar a catequização/educação?

Um dos resultados da pesquisa pode ser apresentado pela realização do artigo. No último,

realizado em 2012, fiz uma pesquisa sobre a escrita jesuítica no documento Historia del Collegio del

Rio de Henero. Ao analisar a fonte, o meu argumento foi o seguinte: a escrita jesuítica, neste caso,

serviria a dois objetivos: construir uma imagem da atuação da Companhia de Jesus no Rio de Janeiro

e, da mesma forma, “animar os ânimos” para a permanência da missão jesuítica. Isto porque, o hábito

de comunicação pelas cartas e a escrita de Histórias eram deveres dos padres, pois eram regras feitas

pelo Geral da Ordem. Assim, em minha concepção, um jesuíta ao ler a Historia del Collegio del Rio

de Henero levaria em frente a missão que tivesse empreendendo. Por isso, dei o seguinte título ao meu

artigo: A escrita de uma Historia e a construção de uma imagem da atuação da Companhia de Jesus

no Rio de Janeiro. Enviei este artigo para publicação no Caderno Universitário de História da UFRJ e

foi selecionado para publicação. Esse é, portanto, um dos resultados da pesquisa individual.

Atividades coletivas também foram realizadas neste primeiro semestre de 2013. A partir de

publicações em periódicos acadêmicos de História, analisamos uma resenha – Maria Regina Celestino

Tirando frutos de uma vinha estéril: acordos e adaptações do projeto missionário jesuítico no Brasil

(1580-1620),e fizemos leitura e discussão coletiva de texto – Introdução, conclusão e Apêndice da

obra Jesuítas e Selvagens, de Adone Agnolin.

Conclusão:

O projeto tem a pretensão de ser finalizado em meados de 2014. A pesquisa sobre as relações

entre Índios e Companhia de Jesus nos séculos compõem o recorte temporal da pesquisa – XVI a

XVIII – já estão em fase de finalização. Atualmente, o grupo está trabalhando na preparação do

seminário A Companhia de Jesus e os Índios, que será realizado em novembro de 2013 e na

atualização do blog de pesquisa acompanhiadejesuseosindios.wordpress.com, desenvolvido como

meio de divulgação dos resultados obtidos no projeto.

Pensando de uma maneira mais pessoal, fazer parte do projeto A Companhia de Jesus e os

Índios na Capitania do Rio de Janeiro: séculos XVI XVII e XVIII tem sido uma experiência

gratificante de aprendizado, pois a Iniciação Científica permite que o aluno entre em contato com

práticas que são próprias da futura profissão do graduando. No meu caso, pela participação no projeto,

percebo um maior desenvolvimento como historiadora – pesquisadora e professora de História. As

pesquisas realizadas em arquivo, os fichamentos, resenhas, cronologias, artigos e a produção de

materiais didáticos aumentaram minha capacidade crítica aos documentos e minha preocupação com o

ensino de História. Isto pelo fato de que, no projeto, a pesquisa documental não é descolada da

reflexão didática. Por isso, portanto, ao mesmo tempo em que são exercidas atividades de um

pesquisador, também são feitas as de um professor.

Referências bibliográficas

AGNOLIN, Adone. “Introdução, conclusão e apêndice”, In: Jesuítas e Selvagens: a negociação da fé

no encontro catequético-ritual americano-tupi (séculos XVI-XVII). São Paulo: Humanitas

Editorial, 2007.

CANTOS, Priscila Kelly. A educação na Companhia de Jesus: um estudo sobre os colégios

jesuíticos. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Maringá, 2009.

CELESTINO, Maria Regina. “Tirando frutos de uma vinha estéril: acordos e adaptações do projeto

missionário jesuítico no Brasil (1580-1620)”, In: Tempo, v.11, n. 21, 2007.

FERREIRA, José Roberto Martins. História. São Paulo: FTD, 1999.

KASSAB, Yara. As estratégias lúcidas nas ações jesuíticas, nas terras brasílicas (1549-1597),

“para a maior glória de Deus”. 241p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia,Letras e

Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

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NÓBREGA, Manuel da. “Ao P. Simão Rodrigues, Lisboa. Pernambuco II de agosto de 1551”, In:

LEITE, Serafim. Cartas do Brasil e mais escritos do Padre Manuel da Nóbrega. Coimbra:

Editora da Universidade, 1955.

SÁ, Martim Correia de. “Carta do capitao mor Martin de Sa, dirigida ao Rei Filippe II, na qual se

refere a ordem que recebeu de partir para o Brasil, de fazer descer o gentio ao littoral de Cabo

Frio, de fundar aldeias e defender a costa das capitanias do Rio de Janeiro, Santos e São Paulo

dos navios estrangeiros que alli tentassem aportar”, In: Anais da Biblioteca Nacional, vol 39,

pp. 07.

Anexos

Anexo (1) – Verbete:

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - Departamento de História

Pesquisa: A Companhia de Jesus na capitania do Rio de Janeiro. Séculos XVI, XVII e XVIII.

Orientador: Eunícia Fernandes

Pesquisadora: Jessicka D. Silva (2012.1)

MARTIM CORREIA DE SÁ ( 1575 – 1632 )

Filho de Salvador Correia de Sá, primeiro Capitão-mor do Rio de Janeiro, Martim Correia de Sá foi

também Capitão – Mor, durante dois períodos, de 1620 a 1622 e de 1623 a 1630. Desde cedo, Já havia

se destacado por serviços prestados ao governo português, por intermédio do pai, que lhe atribuíra

responsabilidades. No primeiro governo de seu pai, entre 1602 e 1608, Martim Correia de Sá ocupou-

se em melhorar e ampliar as fortificações e obras de defesa da cidade. Posteriormente, em 1617,

Martim Correia de Sá criaria, em associação com os Jesuítas, a Aldeia de São Pedro de Cabo Frio.

Teve ainda experiências na superintendência das Minas do Espírito Santo e e de Paranaguá, chegando

mesmo a visitar Potosí(Região do Alto- Peru, atual Bolívia, que se destacou durante o século XVII

pela produção mineradora maciça), da qual partiu para Portugal, levando 9 barris de prata.

Em 1617 Martim de Sá estava em Lisboa quando solicitou permissão, em nome de seu pai, para

continuar as explorações de que fora encarregado na costa do sul e na Capitania de São Vicente.

Nestamesma época, ele pede ao Rei Filipe II, de Portugal, que lhe seja dada o cargo de Capitão - Mor,

quando seu pai, idoso, viesse a falecer. Posteriormente, recebeu do próprio Filipe II a ordem de ir ao

Brasil, “fazer descer ao Cabo Frio" os índios necessários à defesa do porto, ameaçado por ingleses e

holandeses.

Enquanto detentor de terras, Martim Correia de Sá possuía ainda sesmarias no que hojeconhecemos

como a zona Oeste do Rio de Janeiro, juntamente com seu irmão, Gonçalo Correia de Sá ( a parte de

Gonçalo compreendia as terras desde a Barra da Tijuca, passando pela Freguesia, Taquara e Camorim,

até o Campinho, e a parte de Martim começava no Camorim, atravessava Vargem Pequena e Vargem

Grande, até o Recreio dos Bandeirantes). Quando morreu, em agosto de 1632, tinha extensas

sesmarias no que se conhece hoje por ilha do Governador, Barra da Tijuca e Jacarepaguá, além de

terras no atual bairro do Leme e propriedades no Catete.

Martim Correia de Sá foi sepultado na igreja dos frades do Carmo, com as honrarias características

de seu papel político – social. Já na exposição da Câmara do Rio, dirigida a Filipe II, de Portugal, em

fevereiro de 1623, nota-se a satisfação dos portugueses com o trabalho empreendido por Martim

Correia de Sá: “[...]depois que veio a esta cidade, desse reino, que vai em cinco anos tem esta costa

tão quieta elivre de inimigos que até hoje é vindo a ela nenhum...(neste trabalho) tem gastado muito

da sua fazendacom seus criados, escravos, embarcações, à sua custa em despesa mostrando o grande

zelo que tem do

serviço de v. Majestade.[...]” - Anais da Biblioteca Nacional, Vol. 39, pg. 04.

FONTES UTILIZADAS :

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Documentos :

“Carta do capitao mor Martin de Sa, dirigida ao Rei Filippe II, na qual se refere a ordem que recebeu

de partir para o Brasil, de fazer descer o gentio ao littoral de Cabo Frio, de fundar aldeias e defender a

costa das capitanias do Rio de Janeiro, Santos e São Paulo dos navios estrangeiros que alli tentassem

aportar.”

Lisboa,1617. Anais da BNRJ, volume 39, p. 02

“Carta da Câmara do Rio de Janeiro , dirigida ao Rei Filipe II, de Portugal, na qual se lhe relata os

relevantes serviços prestados pelo Capitão-Mor Martim de Sá.” Rio de Janeiro, 1623. Anais da BNRJ,

volume 39, p. 04

Sites :

http://www.marcopolo.pro.br/genealogia/paginas/CorreiaSa.pdf pg. 4

http://pt.wikipedia.org/wiki/Martim_Correia_de_S%C3%A1

Anexo (2) – resenha:

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - Departamento de História

Pesquisa: A Companhia de Jesus na capitania do Rio de Janeiro. Séculos XVI, XVII e XVIII.

Orientador: Eunícia Fernandes

Pesquisadora:Jessicka D. Silva (2012.1)

KASSAB, Yara. As estratégias lúdicas nas ações jesuíticas, nas terras brasílicas (1549 – 1597),

‘para a maior glória de Deus’. 241p. Tese (Doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia,

Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2010. Resumo disponível em :

http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=20109333002010032P9

Graduada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Yara Kassab

formou-se mestre em História da Ciência, também pela PUC de São Paulo, e doutora em História

Social pela Universidade de São Paulo, com a tese apresentada: “As Estratégias Lúdicas nas Ações

Jesuíticas, nas Terras Brasílicas (1549-1597), ‘Para a Maior Glória de Deus’”. Atualmente, Kassab é

pesquisadora em Ciência da Educação, além de ministrar aulas na graduação e na pós, estando

vinculada profissionalmente a várias instituições de ensino e pesquisa na área da educação e

pedagogia.

Sobre a estrutura textual da tese é necessário destacar que se compõe por 6 partes, contando

com Introdução, 4 capítulos e Considerações Finais. Sua dinâmica narrativa é bastante diferente da

maior parte das teses de História, tanto no que diz respeito ao vocabulário, quanto ao estilo de retórica

e apresentação dos argumentos, pois a autora, por sua graduação em pedagogia, utiliza-se de uma

linguagem mais simples, direta e bastante descritiva e explicativa, organizando os argumentos numa

escala que vai do panorama geral para as características particulares.

Com esta estrutura, a autora realiza uma reflexão acerca da metodologia de ensino utilizada

pelos padres da Companhia de Jesus em sua “missão catequética”, buscando identificar as influências

da educação Clássica Humanística, à qual os padres foram submetidos, na construção da chamada

“pedagogia inaciana”.

Sua proposta é demonstrar que o processo de catequização dos nativos americanos e sua

conversão à religião cristã católica baseou-se em estratégias de aprendizado lúdicas, com recursos

como o teatro, a música e a dança, que pudessem mesclar as diferentes culturas, a indígena e a

europeia, e garantir o sucesso na assimilação por parte dos nativos.

Para comprovar sua tese, Yara Kassab se utiliza, sobretudo, da análise da correspondência dos

padres da Companhia, em sua estadia no território ameríndio português no século XVI, entre os anos

de 1549 e 1597, além de se apropriar também dos relatos de cronistas e viajantes da época, para

reafirmar a presença de métodos de ensino lúdicos nas práticas de conversão dos gentios pelos

jesuítas.

Nos capítulos I, “O contexto da educação Humanista para uma compreensão da pedagogia

inaciana: aproximações e diálogos.”, e II, “A formação educacional dos Jesuítas numa articulação

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interativa com as idéiasHumanístas do Século XVI.”, Kassab busca na metodologia de aprendizado do

Humanismo a base sobre a qual se ergueu a dinâmica de atuação dos jesuítas, preocupando-se em

inserir a Companhia de Jesus no contexto cultural do Humanismo Europeu do século XVI, analisando

como as ideias desta corrente de intelectuais se fizeram presentes nas ações dos padres da Ordem.

Encontramos ainda o que a autora chama de ‘modelo de operação’ da “pedagogia inaciana”: as

influências da formação acadêmica de Loyola e os documentos, por ele elaborados, que mostram os

alicerces da educação jesuítica e suas influências sobre o modo de ensinar nas instituições inacianas.

Entra aqui a análise sobre os Exercícios Espirituais e as Constituições como alicerces da educação dos

padres e de seu pressuposto de “trabalhar a mente e o corpo”.

É importante destacar no segundo capítulo a análise sobre a IV parte das Constituições,

especialmente o capítulo V, no qual Ignácio coloca as características que devem ser observadas nos

padres da Companhia e do preparo que devem ter para o sucesso de sua Missão : “A formação deve

favorecer a sintonia do jesuíta com o povo ao qual é enviado, de modo que seja capaz de partilhar seus

sentimentos e tempo, verdadeiramente aberto aos sentimentos , e valores de outros povos,tradições e

culturas.” LOYOLA,Constituições

Percebe-se que a maior parte dos interlocutores da autora durante o texto, excetuando-se

Loyola e alguns outros de sua época histórica, é basicamente composta de contemporâneos de Kassab,

sobretudo religiosos e educadores. Destaca-se também uma característica que marca o lugar de fala da

autora: em 2008, segundo a própria Yara Kassab, ela foi orientada pelo padre jesuíta César Augusto

dos Santos a realizar os Exercícios Espirituais, juntamente com um grupo de religiosas, em São Paulo.

Este fato confere a Yara uma aproximação bastante pessoal com o tema de seu estudo, o que se deixa

transparecer por sua abordagem narrativa em sua tese.

No capítulo III, “Estratégias Lúdicas, presentes nas cartas jesuíticas, empregadas na América

portuguesa do Século XVI.”, está exposto o argumento central da autora, de que os padres se

utilizavam de métodos educacionais tipicamente lúdicos no processo de conversão dos nativos,

argumento corroborado, segundo ela, pela análise da correspondência dos padres, composta de 341

cartas, sendo 210 contidas na obra de Serafim Leite (“Cartas dos Primeiros Jesuítas do Brasil”), e

também correspondência dos padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, do período que vai de

1549 a 1597. Kassab faz uma estimativa, em termos quantitativos, para analisar a presença de

atividades consideradas lúdicas e ressalta que se pode notar esse caráter não apenas pelo relato pessoal

dos padres da Ordem, mas pelo relato de terceiros: cronistas, viajantes.

É importante destacar nesta parte que, apesar de sua formação em pedagogia influenciar quase

sempre sua narrativa e proposições, a autora reconhece a exigência da narrativa Histórica, e se propõe

a analisar os documentos enquanto construções de seus locutores, sem deixar de lado, entretanto, sua

questão: ela os lê à procura de evidências de atividades lúdicas utilizadas pelos jesuítas.

A autora afirma então sua tese, de que as atividades lúdicas funcionavam como meio de

diálogo com as necessidades dos gentios, e também como proposta de ação da Ordem, visando atingir

o objetivo catequizador através da aproximação com o imaginário religioso e cultural do nativo,

levando-o à associação com os valores, crenças e hábitos cristãos.

Como fontes de viajantes ela apresenta as cartas de Jean de Léry, Hans Staden, André Thevet

e Fernão Cardim. Nesses documentos, a autora destaca a alusão feita por esses viajantes das atividades

realizadas pelos jesuítas com os nativos, bem como a produção de relatos dos costumes indígenas,

tipos de ritos que realizavam, suas crenças, seu cotidiano, a estrutura social das tribos. Essas

informações eram para os padres da Ordem valiosas para a adaptação e inserção de diferentes técnicas

para a catequização.

No último capítulo, “Os autos jesuíticos na América Portuguesa: motivos e sentidos.”, a autora

realiza uma análise sobre os autos escritos por José de Anchieta e como eles foram incorporados aos

métodos de ensino dos padres. Para falar dos autos, a autora recorda brevemente Gil Vicente e a

herança da religiosidade portuguesa: os autos e manifestações teatrais no contexto das viagens

marítimas, como mecanismos para acalmar os ânimos, trazer alegria, esperança e lembrar a pátria.

Segundo Kassab, o sincretismo feito entre estes autos, peças, e diálogos e os ritos e

experiências dos nativos formou um 3º produto cultural, que marca a realidade que se formou: a

“colonialidade”, lugar de intercomunicações e trocas culturais.

Ao final de sua tese, nas Considerações Finais, a autora reforça seus pressupostos e sua teoria,

chamando atenção para a plasticidade dos papeis assumidos pelos padres, que através de seu cabedal

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intelectual, de sua sensibilidade e dos Exercícios Espirituais, conseguiam se adaptar a diversas

conjunturas culturais, e consolidar com sucesso em maior parte das vezes seu objetivo: salvar almas,

tornando-as crentes e tementes a Deus, em primeiro lugar, e, sem dúvida, também vassalas aos reis da

Cristandade.

Em relação à Bibliografia por ela utilizada, é possível reconhecer a presença de autores já

conhecidos no campo de estudos acerca da “Companhia de Jesus”, como a tese da professora Doutora

Maria Regina Celestino de Almeida, “Os índios aldeados no Rio de Janeiro colonial.”, bem como a

obra de Gilberto Freyre acerca da sociedade colonial, “Casa Grande e Senzala”, mas há, sobretudo, a

utilização de escritos de religiosos como fontes principais.

A leitura desta tese de Yara Kassab reforça alguns pressupostos vistos no artigo de Fernando

Lodoño, “Escrevendo Cartas: Jesuítas, Escrita e Missão no Século XVI”. Rev. Brasileira de História

[disponível online]. 2002, vol.22, n.43, pp. 11-32, acerca do papel importante que a análise da

correspondência interna dos jesuítas assume para os estudos sobre a época colonial. A análise da

escrita dos padres e a percepção de que suas ações eram notadamente reguladas por sua

correspondência, enquanto troca de experiências, contribui para o mapeamento do sistema de

comunicações da Ordem Inaciana e para a compreensão de como este se fazia bastante eficaz e se

configurava como um meio de unificação das ações da Companhia de Jesus pelas diferentes realidades

coloniais do globo na Época Moderna.

Anexo (3) – Cronologia dos Aldeamentos:

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - Departamento de História

Pesquisa: A Companhia de Jesus na capitania do Rio de Janeiro. Séculos XVI, XVII e XVIII.

Orientador: Eunícia Fernandes

Pesquisadora(s): Lívia Uchôa (2009.2); Jessicka D. Silva (2012.1)

Cronologia dos Aldeamentos

1568:

– Fundação do Aldeamento de São Lourenço, apos a doação das terras de Antonio de Marins,

provedor da fazenda Real, em beneficio de Martim Afonso de Souza - Arariboia.

– Presença dos padres Manuel da Nóbrega, Fernão Luiz Carrapeto e Luiz Valente.

1578:

– Petição do Padre Antonio Lousada, solicitando a concessão de 4 léguas de terras da Banda “d'Alem

do rio Macacu” para abrigar os escravos que estavam sendo descidos do sertão.

1579:

– Nova petição de terras, pelo Padre Martim da Rocha: petição de sesmaria – mais duas léguas em

quadra na Bacia do rio Macacu.

– Fundação do aldeamento de São Barnabé nestas em terras do Cabuçu.

1584:

– S. Barnabé se transfere para as Margens do rio Macacu, após doação de terras feita para os índios de

S. Lourenço, por causa da petição de Padre AntonioLousada, em 1578.

1586:

– SãoLourenço deixa de ser residência fixa dos padres. De 15 em 15 dias, padres do Colégio vão aos

domingos celebrar missa.

1605:

– Índios de S. Barnabé combatem franceses na Ilha de Marambaia.

1615:

– Índios das aldeias da região de Cabo Frio ajudam na expulsão dos ingleses da área.

1616:

– Determina-se a fundação de uma cidade e um aldeamento na região de Cabo Frio para evitar

repetição de ataques estrangeiros.

1617:

– Novembro → Fundação da cidade de Cabo Frio.

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– Dezembro → Repartição da sesmaria para fundação do aldeamento de São Pedro de Cabo Frio, em

terras da Lagoa de Araruama.

1618:

– Visita do Padre Antonio de Matos, reitor do Colégio do Rio de Janeiro ao

Aldeamento de São Pedro.

1619:

– Visita do Provincial Simão Pinheiro ao aldeamento de São Pedro de Cabo Frio, levando 500 índios.

– Primeira aproximação dos jesuítas com os índios Goitacás: Padre João Lobato e Ir. Gaspar

Fernandes partem do Colégio do Rio de Janeiro e utilizam índios dos Aldeamentos de S. Lourenço e

S. Barnabé para este contato.

1620:

– Padres trazem 200 “almas goitacás” para o Aldeamento de S. Pedro.

1627:

– Fundação do aldeamento de São Francisco Xavier.

1628:

- Primeira Expedição do padre Francisco de Morais, de S. Barnabé ao sertão,

para descer índios Carijós (guaranis). Ele desce 400 “almas”, que se situam em

Guaratiba (aldeamento de S. Francisco Xavier).

1630:

– 403 índios de aldeamentos são repartidos pela cidade para ajudarem na

construção e restauração das fortalezas de Santa Cruz e São João.

1631:

– Dois padres passam a ter residência fixa em São Francisco Xavier.

1635:

– Quarta expedição de Francisco Morais ao sertão: mais 200 índios descidos,

porém, estes não entram no Rio de Janeiro devido a influencia dos índios de São Paulo.

1640:

– Expulsão dos padres jesuítas dos Aldeamentos de São Paulo.

1646:

– O padre Simão de Vasconcellos e reitor do Colégio do Rio de Janeiro, enquanto opadre Francisco

Morais e superior do aldeamento de S. Barnabé: Troca de Correspondências> Francisco Morais e

aconselhado a permanecer em S.Barnabé para “melhorar os gentios”, gerando mudanças no local do

sitio para oadequamento dos índios. Ele se queixa em sua correspondência de “índios desordeiros”,

entre os quais: Balthazar Lobato, Pero Lobato, Crisostemo deSouza, entre outros.

– Os padres do Rio de janeiro, insatisfeitos com o comportamento dos índios,

abandonam os aldeamentos: Carta de Francisco Morais ao Geral em Lisboa, naqual diz que “a

Companhia deve largar as aldeias dos índios do Rio de Janeiro”,porque os tumultos da capitania de

São Vicente faziam os índios do Rio perderemo respeito pelos padres e agirem de maneira grosseira e

bárbara.

1647:

– Os aldeamentos de São Barnabé e São Francisco Xavier mudam de lugar, e há determinação regia

para que os padres que haviam deixado a capitania devido a conflitos com colonos, voltem para os

aldeamentos.

1648:

– Chegam ao Aldeamento de Cabo Frio os índios Gessarucus, descidos pelo PadreFrancisco Morais.

– Fundação do aldeamento de Santo Inácio.

1649:

– Os padres voltam para os aldeamentos.

– Carta de Francisco Morais ao Padre Geral Vicente Garrafa: na qual se queixa do

comportamento dos índios e sugere “deixa-los de mao”.

1657:

– Desdobramento do Aldeamento de São Pedro do Cabo Frio em Aldeamento de Cabo Frio e

aldeamento São Pedro, mas logo depois voltam a ser um só

novamente.

1659:

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– Medição da sesmaria dos índios de São Lourenço.

1689:

– São Lourenço passa a ter dois padres moradores.

1787:

- Elevação de São Barnabé a categoria de Vila, pelo Marques do Lavradio, sob o nome de “Villa Nova

de São Jose d'El Rey” (Esta categoria foi retirada em 1834, pela Assembleia da Província do Rio de

Janeiro.)

Referências bibliográficas

LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil , Tomos I, II e III.Belo Horizonte:

Editora Itatiaia, 2006.

_____________. Novas Cartas jesuíticas( de Nóbrega a Vieira). São Paulo/

Rio de Janeiro/Recife/Porto Alegre : companhia Editora Nacional, 1940.

_____________. Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, 1538 – 53. São Paulo : Comissão do IV

centenário da cidade de São Paulo, Vol I, 1954.

_____________. Cartas do brasil e mais escritos(opera omnia) do Padre Manuel da Nobrega.

Universidade de Coimbra,1954.

Anexo (4) – Levantamento documental:

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - Departamento de História

Pesquisa: A Companhia de Jesus na capitania do Rio de Janeiro. Séculos XVI, XVII e XVIII.

Orientador: Eunícia Fernandes

Atividade: Guia de Fontes sobre Aldeamentos na Biblioteca Nacional.

Pesquisadora(s): Lívia Uchôa (2009.2); Jessicka D. Silva (2012.1)

ANO DOCUMENTO ARQUIVO

1549 - 1568

- Livro de registro das cartas

dos padres jesuítas da Cia. de

Jesus sobre o Brasil.

#dificuldade de leitura:

caligrafia ruim tinta manchada

LOC: 06,3,004

(Manuscritos)

1563

- Provisão de Mem de Sá,

capitão da cidade de Salvador

e Governador Geral em todas

as capitanias, encarregando

Jácome Pinheiro, feitor da

armada que ia consigo correr a

costa e povoar o Rio de

Janeiro.

LOC: I – 19,16,001 nº 364

( Manuscritos)

1565 – 1796

- Relação das sesmarias da

Capitania do Rio de Janeiro,

extraída dos livros de

sesmarias e registros do

cartório do Tabelião Antônio

Teixeira de Carvalho.

LOC: 26,4,148

(Manuscritos)

1571

- Anotações sobre nomeação

em 1571 e sobre Jesuítas.

#letra ilegível

LOC: II-35,05,22

(Manuscritos)

Tombo das cartas das

sesmarias do Rio de Janeiro.

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1578 – 1579

#Publicado na série:

“Documentos Históricos” da

Biblioteca Nacional, Vol. CXI,

1997.

LOC: 50,05,004

( Manuscritos)

1579

- Escrituras de sesmarias do

Rio de Janeiro, sob o governo

de Salvador Corrêa de Sá.

LOC: 26,4,144

( Manuscritos)

1617

- Carta do capitão mor Martin

de Sá, dirigida ao Rei

FilippeII,na qual se refere a

ordem que recebeu de partir

para o Brasil, de fazer descer o

gentio ao littoral de Cabo Frio,

de fundar aldeias e defender a

costa das

capitanias do Rio de Janeiro,

Santos e São Paulo dos navios

estrangeiros que alli tentassem

aportar.

LOC: Anais da BNRJ,

volume 39, p. 02.

1623

- Requerimento de João

Gonçalves de Azevedo, fidalgo

da Casa Real, residente na

cidade de

São Sebastião do RJ, no qual

pede que lhe faça mercê do

posto de Alferes do Forte de

Santa Cruz.

- Carta Régia a Martim

Alfonso de Souza, em que o

Rei lhe dirige louvores pelos

seus serviços.

- LOC: Anaias da BNRJ,

vol. 29, p.04.

- LOC: Anais da BNRJ, vol.

39.

1624- 1625

- VIEIRA Antônio, pe. “Annua

da Província do brasil mandada

a cidade de Roma ao Geral da

Companhia De Jesus (…)

LOC: I12,02, 021.

(Manuscritos)

1639

- Proposta sobre o Breve do

Papa Urbano VIII, passado em

Roma aos 20/04/1639 a favor

da liberdade dos índios.

LOC: I31,25, 014.

(Manuscritos)

1640

- Escritura de transação,

amigável composição e

renunciação feita pelos padres

da Cia. De Jesus com o povo

da Capitania do RJ sobre a

liberdade dos índios.

- Relação do sucedido no Rio

de Janeiro por ocasião da

publicação dos Breves contra o

cativeiro dos índios.

- LOC: MS553 (25) D.51

(Manuscritos)

- LOC: I31,32, 3.

(Manuscritos)

- Documentos diversos sobre

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1643 - 1726

questões administrativas e

políticas de Portugal sobre a

Cia. De Jesus no Brasil, a

invasão holandesa, entre

outros.

#fora de consulta – estado

Avançado de deteriorização.

LOC: 12, 2, 001.

(Manuscritos)

1674

- Carta régia para que se faça

justiça à Companhia de Jesus.

LOC: 7, 3, 53.

(Manuscritos)

1678

- Carta Régia a Roque da

Costa Barreto pedindo

informações sobre o estado em

que se acham as missões.

LOC: 7, 3, 53.

(Manuscritos)

1694 - 1716

- Cartas e ordens régias

dirigidas ao convento do

Carmo, no Rio de Janeiro,

tratando de sua relação e

cooperação com missões

jesuíticas.

LOC: I-32,33A,029

(Manuscritos)

1697 - Copia da Carta do padre Pero

Rodrigues Provincial.

LOC: I31,28, 53

(Manuscritos)

1710

- Narração do assalto que os

franceses fizeram ao Rio de

Janeiro, governados por

Duclerc, e a vitória que

alcançou o governador da

cidade Francisco de Castro

Morais no ano de 1710.

LOC: 08,03,009 nº 001-002

(Manuscritos)

1714

- Carta régia ao governador do

Rio de Janeiro comunicando

resolução sobre o pagamento

da parte que coubera por

distribuição aos jesuítas pelo

resgate da cidade.

LOC: II-34,23,001 nº035

(Manuscritos)

1717 – 1719 - “Carta descrevendo as

calamidades e insolências

praticadas nos Brazis, a

desmoralização dos padres,

[...],o desaforo dos

bárbaros[...]”

In:

Cartas de doação, de foral,

diplomas, representações e

relações sobre algumas minas;

a conjuração

mineira;Pernambuco,Bahia,Rio

de Janeiro,[...] entre

outros.(1534 -1792)

LOC: 07,03,001

(Manuscritos) 5º Documento.

- Cartas régias e ofícios dos

secretários de Estado Tomé

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1759 – 1761

Joaquim da Costa Corte Real,

conde de Oeiras e Francisco

Xavier de Mendonça Furtado

ao conde de Bobadela tratando

do seqüestro dos bens,

reclusão, expulsão e demais

providências tocantes aos

jesuítas na capitania do Rio de

Janeiro e nas de sua jurisdição,

em consequência do atentado

de 3 set. 1758 contra D. José I.

LOC:03,04,004 nº024

( Manuscritos)

1763

- Correspondências

apresentadas na casa do

falecido governador da

Capitania do Rio de Janeiro e

Minas Conde Bobadelo, por

conta da abertura do alvará de

Sucessão.

LOC: 11,2,040

(Manuscritos)

1769

- Ordem régia para que os

ministros encarregados da

administração dos bens

confiscados aos jesuítas, nos

distritos do Rio de Janeiro,

entregassem à Junta da

Fazenda da capitania todos

autos de sequestro e papeis

relativos à matéria.

LOC: 03,04,005 nº105

Data:

1- 1759 – 60

2 - 1773 – 74

3 - 1779 – 92

4 - 1780 – 83

(respectivamente, de acordo

com a ordem da

numeração)

- Traslado de escrituras de

sesmarias, doações e autos de

posse e de terras e casas da

Capitania do Rio de Janeiro.

(6 Documentos)

LOC:

1- I – 32,07,001

2 - _______,002

3 - _______,003

4 - _______,005

5 - _______,006

( Manuscritos)

SEM DATA - Carta régia ao provincial da

Companhia de Jesus da

província do Brasil ordenando

que os religiosos residentes na

Capitania do Rio de Janeiro

tornassem à administração das

aldeias à seu cargo,

determinando a localidade que

estas passariam a ter.

LOC: I – 19,18,002 nº 085

( Manuscritos)

Sem Data

- Proposta para organização

dos índios em aldeias com

considerações a conveniência

de se adotar essa medida.

#Também Publicado em Anais

da BNRJ, volume 68.

LOC: II-33,29, 114 n°003

(Manuscritos)

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Anexo (5) – fichamento:

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) – Departamento de História

Pesquisa: A Companhia de Jesus e os Índios na Capitania do Rio de Janeiro: séculos XVI, XVII e

XVIII.

Orientadora: Eunícia Fernandes

Pesquisadora: Aline de Souza Araújo (2013.1)

CANTOS, Priscila Kelly. A educação na Companhia de Jesus: um estudo sobre os colégios

jesuíticos. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Maringá, 2009.

Localização da autora e da obra

Priscila Kelly Cantos possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá (2006) e

mestrado em Educação pela mesma universidade (2009). A obra resenhada é a dissertação de

mestrado realizada pela autora em 2009, pela Universidade Estadual de Maringá (PR).

Argumento fundamental

Oficializada em 1540 como Ordem religiosa da Igreja Católica, a Companhia de Jesus desde seu

surgimento sempre buscou dar atenção a questão educacional – como pode ser percebido através das

construções dos colégios. Primeiramente, pensados como o espaço para a formação de futuros

missionários e, posteriormente abrangendo a comunidade laica, os colégios jesuíticos foram

construídos nas diferentes Províncias de atuação da Ordem pelo mundo. Diante disso, a autora em A

educação na Companhia de Jesus: um estudo sobre os colégios jesuíticos, busca realizar um estudo

sobre o aspecto educacional da Companhia de Jesus dando ênfase aos colégios – por serem estes

espaços de aplicação da pedagogia inaciana – presentes em Portugal e no Brasil. Para realizar o

objetivo, a autora dividiu a obra em duas partes, ou seções, onde na primeira é apresentada a História

da fundação da Ordem assim como um estudo que realiza sobre as normas que regiam os inacianos

(Exercícios Espirituais, Constituições e RatioStudiorum); e, na segunda seção, a autora dá foco a

questão da educação nos colégios. Com tudo isto, a autora busca realizar um aprofundamento sobre a

consolidação da educação no Brasil do século XVI.

Resumo de conteúdo

Seção I: História e documentos da Companhia de Jesus

2. História da Companhia de Jesus

2.1. Contexto histórico da fundação da Companhia

2.2.1. Exercícios Espirituais

“Por trás da sólida ordem religiosa inaciana havia alguns documentos que a sustentavam enquanto

instituição. Estes documentos continham normas e regimentos que ampararam os ideais propostos por

Loiola e que por isso deveriam ser seguidos por aqueles que faziam parte da Companhia”. (pg. 24)

“Por esta expressão, Exercícios Espirituais, entende-se qualquer modo de examinar a consciência,

meditar, contemplar, orar vocal ou mentalmente, e outras atividades espirituais (...). Porque, assim

como passear, caminhar e correr são exercícios corporais, também se chamam exercícios espirituais os

diferentes modos de a pessoa se preparar e dispor para tirar de si todas as afeições desordenadas, e,

tendo-as afastado, procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição da sua vida para o bem da

mesma pessoa” (Exercícios Espirituais,apud A educação na Companhia de Jesus: um estudo sobre os

colégios jesuíticos, p. 24)

“(...) nos Exercícios Espirituais escritos por Loiola, considerados por ele como obra divina, encontra-

se toda a espiritualidade presente na Companhia. Neste sentido, percebe-se que os Exercícios estavam

ali presentes não para serem lidos, mas para serem utilizados e executados na prática”. (p. 25)

2.2.2. As Constituições

“Após a fundação da Companhia, Loiola redigiu em cinco capítulos o que seriam as Constituições

desta ordem, as quais se embebem dos escritos dos Exercícios Espirituais (...). Por volta de 1556 foi

aprovada pela Congregação Geral, sendo promulgada nas diversas províncias da Ordem”. (p.27)

“(...) o texto das Constituições deveria ser seguido em toda a sua amplitude e não poderia ser alterado

(...). O texto das Constituições nos deixa evidenciado três princípios básicos (...). O primeiro é que a

Companhia e os jesuítas deveriam guiar-se pelo único desejo da glória divina; o segundo determinava

que o bem deveria ser universal, pois quanto mais amplo, mais divino; e o terceiro se referia à

obediência”. (p.27)

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“(...) o texto das Constituições, além de apresentar o modelo de homem que a Companhia de Jesus

desejava (...) também compreendia um conjunto de orientações comuns a todos os seus membros

espalhados por diversas regiões do mundo”. (p. 28)

“(...) as linhas traçadas por Inácio de Loiola eram justamente um manual de como deveria ser um

verdadeiro jesuíta. Em seus escritos, diversos requisitos eram impostos para os possíveis membros que

adentrariam àquela Ordem. Os cuidados eram muitos e tinham em vista a conservação da alma e do

corpo desses homens, guiando-se sempre pela obediência”. (p. 29)

“A obediência como norma de vida de todos os jesuítas era geral e atingia praticamente todas as

esferas da vida. Ela está presente na pedagogia jesuítica, de forma vasta através do RatioStudiorum;

está presente na relação de subordinação nas casas e colégios; está presente nas visitações oficiais e

suas deliberações; está presente na determinação para a contínua correspondência interna”. (Célio

Juvenal Costa – A racionalidade jesuítica em tempos de arredondamento do mundo: o Império

Português (1540-1599), apud A educação na Companhia de Jesus: um estudo sobre os colégios

jesuíticos, p. 29)

2.2.3. RatioStudiorum

“A educação, embora não fizesse parte dos primeiros planos do fundador da Ordem religiosa, mereceu

uma atenção especial de Loiola. O RatioStudiorum, nesse sentido, foi o plano que sistematizou os

rumos que a Companhia de Jesus deu à educação”. (p. 31)

“O RatioStudiorum foi pensado por Loiola como um método que guiaria a ação jesuítica nos colégios.

(...) coube ao Padre Cláudio Acquaviva a tarefa de organizar o método pedagógico jesuítico”. (p. 32)

“O método (...) era uma reunião das diversas experiências que já vinham sendo realizadas dos

diferentes colégios que a Companhia fundara pelo mundo, sendo assim não era uma inovação no

campo educacional, mas sim a consolidação das experiências de meio século da Companhia na

administração de colégios”. (p. 33)

“O elemento mais relevante da Ratioé constituído por uma rígida norma que abrange toda a

organização da vida do colégio e dos estudos: desde as funções dirigentes do provincial e do reitor até

as disposições didáticas relativas aos professores e aos estudantes dos vários cursos de estudo e às

várias disciplinas ensinadas”. (Franco Cambi – História da Pedagogia, apud A educação na

Companhia de Jesus: um estudo sobre os colégios jesuíticos, p. 33)

“(...) pode-se considerar que o método pedagógico da Ordem inaciana tinha certa flexibilidade, pois

possibilitava adaptação conforme os diferentes lugares onde seria aplicado, embora se exigisse que se

aproximasse o mais possível da organização geral dos estudos proposta por ele (...) A própria

organização do Ratio permitiu certa maleabilidade”. (p. 34)

2.3. Companhia de Jesus em território português

2.4. A Companhia de Jesus e o Novo Mundo – colonizando e catequizando o Brasil

Seção II: A Educação na Companhia de Jesus

3. A Educação, Instituições de ensino e instrução na Societas Iesu

3.1. Educação na Companhia de Jesus: importância e características

“Diante de povos desconhecidos, de culturas e línguas diversas, os seguidores de Inácio de Loiola

viam na educação o meio de aproximar-se dos infiéis e disseminar o catolicismo pelas mais diferentes

regiões do mundo”. (p. 54)

“O primeiro objetivo da educação jesuítica era o de imbuir o homem das verdades cristãs, buscando

mantê-lo longe das injustiças, bem como das heresias e pecados existentes na sociedade. Logo, a

tentativa era que o homem formasse seu espírito com base na doutrina cristã e com a alma voltada para

o bem comum”. (p. 54)

“A educação jesuítica (...) embebeu-se das ideias e métodos da educação humanista, não somente

recorrendo aos idiomas clássicos, como cultivando o próprio espírito humanista, marcado pela

independência de pensamento, pela característica investigativa e por uma posição altamente crítica”.

(p. 55)

3.2. Os colégios da Companhia de Jesus – funcionamento e organização

“Em 1548 foi fundado na província italiana de Messina o primeiro Colégio clássico da Companhia

plenamente organizado. (...) o modus parisiensispassou a ser seguido deliberadamente pelos jesuítas”.

(p. 58)

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15

“(...) datam de 1551 os primeiros registros de um plano de estudos que seria enviado a Roma e de lá

seguiria para os demais colégios que viriam a ser fundados”. (p. 59)

“O reitor era a figura central do colégio: distribuia os ofícios, convocava e dirigia as reuniões dos

professores, presidia as grandes solenidades escolares. (...) o reitor exercia também a autoridade mais

alta e agia como um verdadeiro administrador da vida dos padres. O reitor era subordinado ao

provincial, porém nomeado pelo Geral (...) o Provincial responsabilizava-se por nomear o Prefeito de

Estudos, zelar pela formação de bons professores, promover os estudos na sua Província, exerxer alta

vigilância sobre as normas propostas pelo Ratio e propor ao Geral as modificações sugeridas pelas

circunstâncias. Logo abaixo do Reitor estava o Prefeito de Estudos, que era o braço direito do Reitor

nas orientações pedagógicas. (...) acompanhava prontamente toda a vida escolar, visitava

periodicamente as aulas, formava e aconselhava os novos professores”. (p. 63)

“No mesmo patamar dos prefeitos estavam os inspetores de ensino, os quais eram escolhidos pelo

Provincial. Em última instância encontrava-se o professor, que estava subordinado ao Reitor e ao

Prefeito de Estudos”. (p. 63/64)

“Assim, foi dentro dessa organização que se iniciaram os primeiros cursos dentro dos colégios. Na

carreira de estudos, (...) eram três os cursos: Humanidades (latim, grego, gramática), a Filosofia ou

Artes e, por último, a Teologia”. (p. 64)

“Quanto às aulas de Humanidades, essas tinham por finalidade a obtenção da eloquência”. (p. 64)

“O outro curso dentro da carreira de estudos era o de Filosofia. (...) a intenção deste curso era a

formação científica da inteligência. Nessas aulas, embasadas nos autores propostos pelo Ratio, eram

ensinadas as matérias de lógica, física e também as ciências naturais”. (p. 65)

“Mediante as metodologias pedagógicas utilizadas pelos jesuítas, podemos observar que a Companhia

imbuiu-se das estratégias e meios necessários para a formação literária e científica dos jovens alunos

que frequentavam seus colégios. A emulação – presente também no Ratio e a utilização do teatro

foram vistas como ferramentas para moldar o estudante em conformidade com a proposição inaciana”.

(p. 67)

3.3. Os colégios da Companhia no Império português

3.3.1. Os colégios na Metrópole portuguesa

“Os colégios da metrópole tinham suas particularidades e funcionavam baseados no código de ensino

contido no Ratio Studiorum. Vale lembrar que os jesuítas faziam questão de seguir os ensinamentos

contidos nesse código, porém os colégios da colônia enfrentavam uma realidade diversa daquela

vivida em Portugal”. (p. 75)

3.3.3. Os colégios na colônia

“Desde que chegaram, os jesuítas estabeleceram (...) escolas de ler e escrever. Nessas escolas recebiam

como alunos os pequenos índios e portugueses que habitavam a região. A educação era, para o jesuíta,

uma forma de alcançar a virtude. Visava uma formação que ia além da leitura e escrita, buscando

formar o caráter e a moral, educar o corpo e a mente, em uma concepção integral do indivíduo”. (p.

75)

“(...) uma característica própria dos padres inacianos na América (...) era o fato de criarem escolas

onde fossem fundados povoads (...). Neste sentido, os colégios iam se consolidando, muitas vezes,

juntamente com a cidade, ou até mesmo a precediam, como aconteceu na cidade de São Paulo, por

exemplo”. (p. 76)

“Nos colégios que os jesuítas foram fundando ensinava-se a ler, escrever, contar e cantar, no entanto o

mais importante, de fato, era educar o homem a fim de que esse estivesse ligado a Deus. (...) esse

ensino, de caráter primário, deveria ser avaliado como um prolongamento da catequese”. (p. 76)

“No Brasil, nos colégios propriamente ditos, devia haver, por direito, algumas aulas de ensino

secundário, pelo menos de Gramática ou Humanidades. Fora dos colégios existiam nas casas,

espalhadas pelas capitanias, escolas de ler, escrever e cantar”. (Serafim Leite, História da Companhia

de Jesus no Brasil, Tomo I, apud A educação na Companhia de Jesus: um estudo sobre os colégios

jesuíticos, p. 76/77)

“Os colégios fundados pelos jesuítas variavam quanto ao número e qualidade das matérias (...). Sendo

classificados (...) em cursos superiores, médios e inferiores. Os altos estudos (superiores)

contemplavam Filosofia e Teologia, já os estudos médios compreendiam gramática, humanidades e

retórica. (...) Os estudos chamados inferiores davam-se nas aulas primárias, nas chamadas escolas de

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ler e escrever, nas quais, além desses conhecimentos básicos, também se ensinavam contas e se

iniciavam as crianças na música vocal”. (p. 77)

“No Brasil fazia-se uso do estudo de casos. (...) a lição de casos sempre existiu por essa região, tendo-

se iniciado em 1565 na Bahia, regido pelo padre QuirícioCaxa. Entre esses estudos destacavam-se,

sobretudo, os pareceres sobre o casamento de índios no Brasil, o batismo dos indígenas e outros”. (p.

79)

“No que se refere à definição de colégio e casa (...). Os colégio teriam alunos de casa e de fora e

estudos secundários ou superiores, ao passo que as casas só teriam escolas elementares para os de fora,

complementando dessa forma a catequese”. (p. 83)

4. Considerações finais

“Foi por meio dos colégios que conseguimos identificar as características da pedagogia jesuítica, já

que eles eram os centros de aplicação da metodologia desenvolvida por aqueles padres. A

sistematização desses métodos, que se deu praticamente no final do século XVI, reuniu todos os

instrumentos que os jesuítas utilizavam na educação no interior desses colégios. O RatioStudiorum,

como ficou conhecido esse método pedagógico, foi publicado posteriormente à fundação do primeiro

colégio jesuítico, que foi o de Messina, o qual já tinha uma organização toda sistematizada”. (p. 86)

“(...) no interior desses colégios, (...) não havia somente uma vida voltada à educação. (...) no colégio é

que se passava a vida do jesuíta”. (p. 86)

Conceitos utilizados

Educação

Interlocutores

Célio Juvenal Costa

Francisco Assis Martins Fernandes

Francisco Rodrigues

José Maria Paiva

Serafim Leite

Fontes

As principais fontes utilizadas pela autora são as seguintes: os Exercícios Espirituais, de Inácio de

Loiola, publicados pela editora Loyola, em 1985; as Constituições da Companhia de Jesus, também

publicadas pela editora Loyola, em 2004.

Posicionamento do leitor/ Lugar da obra na pesquisa

O grupo de pesquisa possui um tema mais abrangente – A Companhia de Jesus e os Índios na

Capitania do Rio de Janeiro: séculos XVI XVII e XVIII – e, dentro deste, subdivisões, que são

chamados pela historiadora e coordenadora do grupo, Eunícia Fernandes, instrumentos de ação dos

jesuítas: fazendas, aldeamentos e colégios. Esses instrumentos de ação não são separados um do outro,

eles ao mesmo tempo se articulam e se completam de modo que não dá para estudar o colégio, por

exemplo, sem “passear” pelos aldeamentos e as fazendas. Sendo assim, a obra A educação na

Companhia de Jesus: um estudo sobre os colégio jesuíticos é, a meu ver, de grande importância na

pesquisa, pois a partir dela entende-se a questão educacional da Ordem. Este aspecto educacional

aparece em duas grandes áreas: a formação dos padres dentro dos colégios e a educação feita a índios

e colonos. Entender este aspecto é de primordial importância, pois a atenção que os jesuítas davam à

educação não era pouca. Era pela educação que acontecia o processo de evangelização. Por isso, para

serem catequizados, por exemplo, os índios deveriam aprender a ler e a escrever. A educação era desta

maneira, um instrumento para servir a Glória de Deus.

Anexo (6) – resenha:

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Departamento de História

Pesquisa: A Companhia de Jesus e os Índios na Capitania do Rio de Janeiro: séculos XVI, XVII e

XVIII

Orientadora: Eunícia Fernandes

Pesquisadora: Aline Araújo (2013.1)

Resenha

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CANTOS, Priscila Kelly. A educação na Companhia de Jesus: um estudo sobre os colégios

jesuíticos. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Maringá, 2009.

Priscila Kelly Cantos é graduada em Educação pela Universidade Estadual de Maringá. Em

2009 realizou o mestrado na área de Educação pela mesma universidade. Atualmente é professora da

rede particular de ensino e tutora a distância do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de

Maringá.

A presente obra resenhada é a dissertação de mestrado da autora. Inserida em uma linha de

pesquisa da área da Educação, a História e Historiografia da Educação, Priscila Campos pretende

realizar um estudo sobre o aspecto educacional da Companhia de Jesus. O recorte espaço-temporal em

que está inserido o estudo é Portugal e Brasil no século XVI. É dada ênfase ao espaço dos colégios

para a análise do aspecto educacional jesuítico, tendo em vista que os colégios eram os lugares de

aplicação da pedagogia inaciana. Ao longo de toda a dissertação a autora aponta para a importância da

educação jesuítica ao longo do período colonial na América portuguesa e a atual escassez de estudos

nessa área, tanto nos campos da Educação como nos da História. Por isso, segundo Cantos, a

dissertação é uma maneira de aprofundar e ampliar o estudo sobre a educação jesuítica no período

colonial.

A obra é dividida em duas partes, ou seções: Seção I: História e Documentos da Companhia de

Jesus; e Seção II: A Educação na Companhia de Jesus. Na primeira parte é apresentada a história da

fundação da Ordemassim como os documentos e normas que regiam a ação dos inacianos (Exercícios

Espirituais, Constituições e RatioStudiorum). Já na segunda parte, a autora explora a questão

educacional da Ordem: as características da educação, os colégios, etc.

Como o principal objetivo da autora é fazer um estudo acerca da questão educacional, a análise

realizada sobre os documentos onde estão as principais normas que regem os jesuítas seguem neste

mesmo sentido. Exercícios Espirituais, Constituições e RatioStudiorum são, no entendimento da

autora, fontes indispensáveis para a análise da educação na Companhia de Jesus. Por isso, boa parte da

primeira seção é uma apresentação contextualizada do surgimento destes documentos.

Os Exercícios Espirituais foram constituídos em um livreto redigido por Loiola na primeira

metade do século XVI. Segundo Cantos, é neste livreto que se encontra toda a espiritualidade inaciana.

Através destes escritos os admitidos na Ordem deveriam seguir todas as lições contidas nele. Os

exercícios de meditação, contemplação, as orações, os exames de consciência e outras atividades

deveriam ser realizadas diariamente pelos inacianos.

Além deste documento, o outro analisado foram as Constituições. Após a fundação da

Sociedade de Jesus, Loiola redigiu as Constituições. Espalhados pelos mais diferentes lugares do

mundo, os jesuítas, através das Constituições, deveriam seguir as normas da Companhia. Isso quer

dizer que, estes escritos eram um conjunto de orientações comuns a todos os membros da Ordem

espalhados pelo mundo. Além disso, eram nestes escritos que estavam contidas as normas para

admissão de novos membros e os votos que um futuro jesuíta deveria fazer.

Para a análise do terceiro documento, o RatioStudiorum, a autora atenta para a quarta parte das

Constituições jesuíticas. Segundo ela, nesta parte Loiola teria construído um sistema de educação e

ensino que, posteriormente, resultou no método pedagógico dos jesuítas utilizado nos colégios e

universidades da Ordem.

Oficializado em 1599, este método pedagógico foi organizado pelo geral Cláudio Acquaviva e

foi idealizado como um método que guiaria a ação jesuítica nos colégios. Tendo seu surgimento quase

sessenta anos após a fundação da Companhia, o RatioStudiorum é fruto das muitas experiências já

vivenciadas pelos inacianos nos colégios espalhados pelo mundo. Apesar de impor normas a ser

seguidas pelos provinciais, reitores e professores, o RatioStudiorumpossuia certa flexibilidade, ou seja,

possibilitava adaptação conforme os diferentes contextos em que fosse inserido, embora fosse exigido

que houvesse uma máxima aproximação da organização proposta por ele.

Após a apresentação destes três documentos a autora realiza uma breve contextualização da

ação dos jesuítas em Portugal e a vinda da Companhia para a América portuguesa, a autora dá início à

segunda seção do trabalho: A Educação na Companhia de Jesus. Nesta parte do trabalho a autora

explora a questão educacional através dos colégios. Descreve sua importância, seus objetivos, suas

características, a hierarquia presentes nos colégios, as disciplinas estudadas, etc.

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Segundo Priscila Cantos, o principal objetivo da educação jesuítica era o de imbuir o homem

das verdades cristãs, ou seja, o principal intuito da educação inaciana era o de gerar a aproximação do

homem com Deus. Além de gerar essa aproximação com Deus, a educação jesuítica geraria também a

melhor maneira para se viver em sociedade através de uma boa formação intelectual. Métodos como

os da emulação e o do teatro eram usados constantemente na formação dos alunos.

A Educação na Companhia de Jesus: um estudo sobre os colégios jesuíticos é uma obra

interessante no sentido de que propicia um entendimento sobre uma característica marcante da

Companhia de Jesus: a questão da educação. Ao apresentar as características da educação, a hierarquia

existente nos colégios, a maneira de ensinar, a autora permite a compreensão do funcionamento dos

colégios da Ordem, o modo como as aulas eram realizadas pelos padres jesuítas e que tipo de conteúdo

era ministrado nas salas de aula. Entretanto, ao mesmo tempo em que julgo necessário o conhecimento

destes aspectos, acredito que, se a autora estivesse explorado o tema da educação inaciana de outra

maneira seu estudo seria muito mais rico.

As três principais fontes utilizadas foram: as Constituições, os Exercícios Espirituais e o

RatioStudiorum. Em meu entendimento, a autora deveria ter se utilizado de outras fontes para o estudo

da educação nos colégios. De maneira alguma estou duvidando da importância das fontes utilizadas

por ela para este estudo, mas acredito que a pesquisa realizada com outros materiais como, por

exemplo, as cartas jesuíticas tornariam a dissertação muito mais interessante.

Diante da leitura realizada da dissertação, por vezes tive a sensação de que faltou um fio

condutor que ligue a seção I à seção II do trabalho. Reconheço que na primeira seção a autora se

utilizou bem das fontes, contextualizando-as. Entretanto, na segunda seção a impressão é que foram

esquecidas. Se o objetivo da autora era realizar um estudo sobre o aspecto educacional da Ordem

dando ênfase ao espaço dos colégios, acredito que deveria ter se utilizado como fontes principais as

cartas jesuíticas, sem descartar as fontes que foram utilizadas por ela. Em minha percepção, as cartas

permitem visualizar tudo o que a autora realizou: as características da educação, a hierarquia, o modo

de ensinar, etc., só que realizados na prática, diferentemente das Constituições, do RatioStudiorum e

Exercícios Espirituais que são documentos oficiais da Ordem contendo normas que deveriam ser

seguidas por todos os membros da Companhia. As cartas, desta maneira, permitem que se veja, na

prática da dinâmica dos colégios, a realização do que a autora utilizou como fontes principais: as

Constituições, o RatioStudiorum e os Exercícios Espirituais.

Anexo (7) – material didático:

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Departamento de História

Pesquisa: A Companhia de Jesus e os Índios na Capitania do Rio de Janeiro: séculos XVI XVII e

XVIII

Orientadora: Eunícia Fernandes

Pesquisadora: Aline Araújo (2013.1)

Análise de livro didático

Referência bibliográfica:

FERREIRA, José Roberto Martins. História. São Paulo: FTD, 1999.

A análise foi realizada nas quatro obras desta coleção, referentes às antigas (como eram denominadas

em 1999) séries: 5ª, 6ª, 7ª e 8ª. Os objetivos da análise foram os seguintes: realizar uma análise sobre a

estratégia de conteúdo utilizada pelo autor, ou seja, a sequência de conteúdos vistos em cada série;

sobre o uso das imagens na obra; sobre as atividades que foram propostas pelo autor para que fossem

dadas aos alunos e a forma como temáticas que são da pesquisa aparecem no volume: Rio de Janeiro,

Igreja Católica, Companhia de Jesus e Índios. Neste texto, apenas serão apresentadas as análises

realizadas com relação às temáticas da pesquisa.

Temáticas:

Rio de Janeiro

No volume, possui referências sobre a cidade no livro da 6ª série. Não é contada uma história da

cidade. O Rio de Janeiro aparece nos capítulos sempre inserido no contexto de alguma invasão, como

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a dos franceses, por exemplo, e ainda em outros acontecimentos como a vinda da família real para a

cidade, no século XIX.

Igreja Católica As referências sobre a Igreja Católica aparecem nos livros da 5ª e 6ª séries. O autor nos capítulos, para

falar sobre a temática, retoma a História da Igreja e apresenta as transformações ocorridas na

instituição. Por exemplo, para falar do predomínio da Igreja na Idade Média, o autor demonstra o

aparecimento do cristianismo e os ensinamentos que Cristo propôs nos Evangelhos, além da Reforma

católica ocorrida no período do surgimento do protestantismo.

Companhia de Jesus A Companhia de Jesus aparece no livro da 6ª série. A Ordem é abordada como a principal responsável

por exercer a missão pela catequização dos índios e, consequentemente pela colonização da América

portuguesa. Outras ordens religiosas não são apresentadas na obra.

Índios

Referências sobre os índios aparecem no livro da 6ª série. A temática dos índios aparece demonstrando

aspectos de suas culturas, na forma como se organizavam em sociedade, seus ritos religiosos, etc.

Além disso, os índios como figuras demonstradoras de que antes dos portugueses chegarem ao

“Brasil”, já existiam pessoas neste território e possuiam sua própria forma de organização social. Após

o encontro, entram as transformações na cultura indígena com o trabalho missionário jesuítico.