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DEMOCRATIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS: UM DESAFIO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO Luciano dos Santos Pereira (UERJ) Resumo: Disponibilizar informações acerca da diversidade biológica é um desafio global, inclusive a implementação do Protocolo de Nagoya, acordo multilateral composto por objetivos relacionados ao reconhecimento da informação e conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade. A gestão de informação ambiental no Brasil é um problema devido ao número significativo de repositórios institucionais, aos diferentes formatos, formas, sistemas e uso diferenciado da informação pelos organismos de gestão ambiental. O objetivo deste artigo é caracterizar a influência do processo de implementação da LAI – lei de acesso informação como Política Pública ampliar e proporcionar o aprimoramento da atual política de informação ambiental. O artigo consiste um levantamento teórico e jurídico-institucional acerca da questão da gestão e democratização da informação ambiental pelo Estado brasileiro.Como resultados, nota-se forte influencia de fatores políticos que impedem o pleno processo de implementação da atual política de gestão e democratização informação na política pública atual. Palavras-chaves: Democratização de Informação, Informação Ambiental, Dados Abertos ISSN 1984-9354

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DEMOCRATIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS: UM DESAFIO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO

Luciano dos Santos Pereira

(UERJ)

Resumo: Disponibilizar informações acerca da diversidade biológica é um desafio global, inclusive a implementação do Protocolo de Nagoya, acordo multilateral composto por objetivos relacionados ao reconhecimento da informação e conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade. A gestão de informação ambiental no Brasil é um problema devido ao número significativo de repositórios institucionais, aos diferentes formatos, formas, sistemas e uso diferenciado da informação pelos organismos de gestão ambiental. O objetivo deste artigo é caracterizar a influência do processo de implementação da LAI – lei de acesso informação como Política Pública ampliar e proporcionar o aprimoramento da atual política de informação ambiental. O artigo consiste um levantamento teórico e jurídico-institucional acerca da questão da gestão e democratização da informação ambiental pelo Estado brasileiro.Como resultados, nota-se forte influencia de fatores políticos que impedem o pleno processo de implementação da atual política de gestão e democratização informação na política pública atual.

Palavras-chaves: Democratização de Informação, Informação Ambiental, Dados Abertos

ISSN 1984-9354

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X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014

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Introdução 

O objetivo deste artigo é caracterizar a influência do processo de implementação da LAI –

lei de acesso informação como Política Pública ampliar e proporcionar o aprimoramento da atual

política de informação ambiental. A gestão de informação ambiental no Brasil é um problema

devido ao número significativo de repositórios institucionais, aos diferentes formatos, formas,

sistemas e uso diferenciado da informação pelos organismos de gestão ambiental. A organização

desta vasta massa informacional e conhecimento produzido é parte de um conjunto de políticas

que a vinte e dois anos perquirem o aprimoramento e melhoria da gestão pública do meio

ambiente. 

De forma ampla aprimorar o acesso à informação ambiental/governamental é uma tarefa

que pretende ampliar a transparência e melhorar o controle social sobre a gestão governamental.

No momento, a implementação de duas políticas públicas (governo aberto e lei de acesso a

informação) tornam-se fundamentais para ampliar a eficiência da gestão e participação da

sociedade sobre a administração do meio ambiente.  

A política de Governo Eletrônico (plataforma e-gov) tem por objetivo disponibilizar

desenvolvimento de programas tendo como princípio a utilização das tecnologias de informação e

comunicação (TICs) para democratizar o acesso à informação, ampliar discussões e dinamizar a

prestação de serviços públicos com foco na eficiência e efetividade das funções governamentais.

A política de Governo Eletrônico considera um conjunto de diretrizes que pretende ampliar a

relação entre o governo e cidadão, proporcionar a melhoria da gestão interna e investir na

integração entre governo, fornecedores e parceiros. 

De forma ampla, a política de Governo Eletrônico brasileiro pretende transformar as

relações entre governo, cidadãos, empresas e proporcionar melhor integração entre os próprios

organismos governamentais, aprimorar a qualidade dos serviços prestados, promover a interação

com empresas e indústrias e fortalecer a participação social por meio do acesso a informação e

administração eficiente. 

Corroborando para melhoria da gestão governamental, A Lei de acesso a Informação –

LAI pretende aprimorar o acesso do cidadão à informação governamental. A informação sob a

guarda do Estado é sempre pública, devendo o acesso a ela ser restringido apenas em casos

específicos. Isto significa que a informação produzida, guardada, organizada e gerenciada pelo

Estado em nome da sociedade é um bem público (CGU, 2014).

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Aproximar a população a dados governamentais sobre o meio ambiente é um dos

fundamentos para a consolidação da democracia do meio ambiente, fortalecendo a capacidade dos

indivíduos de participar de modo efetivo da tomada de decisões.

Neste sentido, institucionalizar mecanismos capazes de garantir o acesso ao direito de

acesso a informações governamentais é uma política capaz de garantir a redução das assimetrias

informacionais existentes e instrumentalizar a constituição de um direito humano capaz de

qualificar os atores sociais e ampliar o debate político sobre o meio ambiente. 

O problema da informação ambiental

O Brasil possui a quinta maior área territorial contínua do planeta, país mais rico do mundo

em biodiversidade, detentor de 13% do total global e de 33% das florestas tropicais, até o final do

século XX, nunca instituiu um controle capaz de qualificar o acesso às riquezas biológicas e

culturais. A falta de aparelhamento do estado dirimiu a capacidade de apropriação deste imenso

patrimônio, que se deu de forma descontrolada, na falta de compromissos internacionais e

medidas de controle e fiscalização por parte do poder público (MACHADO, 2012).

Na década de 70, por meio de fontes variadas de informações, ecologistas e movimentos

ambientalistas notam a diminuição do número de espécies, em uma relação causal com a expansão

dos grandes centros, aumento demográfico, destruição de ambientes ricos em biodiversidade. Em

meados da década de 1980, a biodiversidade passa a ser assunto relevante nas relações

internacionais, suscitando o controle das ações antrópicas degradadoras do meio ambiente, bem

como concorrer sobre o aumento do interesse de grandes corporações por recursos pelo

patrimônio genético (MACHADO, 2012).

Na sociedade econômica atual, interligada pelas redes de computadores, o problema

ambiental transnacional/transfronteiriço necessita de ações conjuntas, demandando a cooperação

internacional, capitalizando ações dos movimentos ambientalistas e organismos internacionais

para efetiva institucionalização. Igualmente é importante notar que a no caso brasileiro, acredita-se

que a biodiversidade apresenta amplo potencial para o desenvolvimento de e, é de suma

importância, na medida em que o país é o primeiro em megadiversidade em escala mundial, além

de dispor da maior faixa contínua de florestas tropicais (Albagli, ).

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O esgotamento da diversidade de organismos vivos a nível global, expõe a risco a vida no

planeta, expõe um número significativo de espécies a condição de ameaçadas, na área florestal e

marinha. Segundo dados da OCDE (2013) a biodiversidade deverá diminuir em mais 10% no

mundo em 2050. Estas perdas são estimadas, por mudanças nas estratégias de desenvolvimento

econômico dos estados, incentivos a cultivos de pastagem, aumento da área agrícola, utilização de

alimentação e culturas de bioenergia, a invasão de habitats, poluição, mudanças climáticas,

atividades antropogênicas.

A Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), realizada em 1992 no Rio de Janeiro

(Rio 92), instrumento internacional para a proteção da biodiversidade mundial estabeleceu marcos

políticos e legais com objetivos de mitigar a perda circunstancial da biodiversidade a níveis

globais e pretende alcançar três objetivos gerais: 1) a conservação da biodiversidade, 2) a

utilização de forma sustentável de seus componentes e 3) a repartição justa e equitativa dos seus

benefícios.

Sobre as melhores estratégias para a mitigar os efeitos antropogênicos na biodiversidade, o

intercâmbio de informações é reconhecido como mecanismo fundamental para a “conservação e

à utilização sustentável da diversidade biológica, considerando as necessidades especiais dos

países em desenvolvimento” (art. 17 da CDB). A Agenda 21, destaca a relevância da informação

sobre a biodiversidade para a constituição de uma sociedade direcionada ao desenvolvimento

sustentável ao enfatizar que “cada pessoa é usuário e provedor de informação, considerada em

sentido amplo, o que inclui dados, informações e experiências e conhecimentos adequadamente

apresentados”.

No seu cap. 40, a Agenda 21 destaca as estratégias: de coleta, avaliação e a acessibilidade

da informação como ferramentas de fortalecimento da capacidade local, nacional e internacional

para a tomada de decisões. Diante do eminente problema da perda da biodiversidade, que expõe

ao risco a vida humana. Disponibilizar informações acerca da diversidade biológica, torna-se um

desafio global. Desafio que inclusive afeta a implementação de agendas internacionais para a

sustentabilidade como o protocolo de Nagoya (acordo multilateral composto por objetivos

relacionados ao reconhecimento da informação e do conhecimento tradicional associados à

biodiversidade).

Apesar de esforços terem sido empreendidos para a gestão da biodiversidade em diferentes

países, contando com formas de gestão diferenciadas; o Mecanismo Global de Informação em

Biodiversidade (GBIF) maior iniciativa multilateral direcionada a disponibilizar dados sobre

biodiversidade na internet em acesso livre, alerta que “os dados ao redor de todo o mundo,

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[apresentam] características muito distintas entre eles” e que o único ponto em comum, é que

nunca são captados com a intenção de serem compartilhados e “ por isso, são capturados com

diferentes formatos e técnicas” (King, 2011).

Democratizar o conhecimento e informações sobre a biodiversidade e torná-las de acesso

livre, tem por finalidade qualificar o jogo democrático, ampliar e dar musculatura a discussão

sobre o uso dos recursos da natureza de forma ampla, incluindo atores sociais a margem da

questão. Proporcionar o acesso a informações sobre a diversidade biológica na sociedade, catalisa,

amplifica a capacidade de tomada de decisão dos gestores públicos acerca dos problemas que

ocorrem no âmbito do estado brasileiro.

A falta de instrumentalização dos organismos de controle e a baixa qualificação dos

quadros executivos, cedem espaço a interesses políticos do capital superando interesses da

coletividade e dos axiomas voltadas a uma sociedade sustentável. Assim, a disponibilização de

informações de acesso livre, configura-se em última instância, como elemento de justiça

ambiental, de modo a consistir no fio condutor capaz de dar publicidade, divulgar e estabelecer a

possibilidade de avaliação critica sobre os problemas ambientais.

No entanto, instrumentalizar formas de democratizar a informação e o conhecimento

contido nos organismos à população, consiste em ampliar a rede cooperação interna, demanda o

reconhecimento de sua natureza complexa, multidisciplinar e multifacetada, bem como da

superação da lacuna política-institucional-legal presente no estado brasileiro. Sendo tema objeto

de políticas públicas federais, com previsão constitucional, a delimitação do arcabouço legislativo

reitera o papel central da questão do acesso à informação ambiental. Entendida aqui, como

elemento de fortalecimento da democracia, da participação social, controle social e da publicidade

sobre os recursos do meio ambiente.

Fortalecer as redes de cooperação; dar-lhe instrumentalização por meio de recursos

técnicos e jurídicos por meio do estado, é um das tarefas para efetiva democratização de

informações. Fazer como que as redes potencializem seu espectro, bem como ampliar suas ações,

depende do combustível suficiente, ou seja, molduras institucionais capazes de organizar e

sistematizar as informações e conhecimentos científicos livre sobre o meio ambiente.

O agrupamento em uma base de dados única representa um desafio à capacidade de

articulação do estado para atender as agendas institucionais, compreender a importância da

instrumentalização dos organismos de gestão ambiental, apropriar-se do conhecimento produzido

atualmente sobre o meio ambiente e especialmente sobre a biodiversidade.

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A informação ambiental

Para Mueller (1992) a produção de informações ambientais pretende “fornecer subsídios

para a abordagem apropriada dos impactos de fenômenos naturais e das atividades humanas sobre

o meio ambiente e sobre a qualidade de vida, provendo análises relevantes ao planejamento e à

formulação de políticas sociais, econômicas e ambientais integradas”.

A informação ambiental é um dos tipos da informação científica e tecnológica das quais as

politicas públicas nacionais atuam. Ela é a resposta da preocupação dos estados nacionais com os

impactos da produção e do consumo sobre o ambiente, resultado de um processo histórico “de

tomada de consciência acerca dos danos provocados pela ação humana no meio físico e social”.

Formas cada vez mais degradantes do homem lidar com a natureza e os efeitos negativos

promovidos pelo homem nos ecossistemas, determinaram um conjunto de ações com objetivo de

mitigar os efeitos do crescimento econômico. A preocupação com o desenvolvimento de sistemas

de informações ambientais datam das décadas de 70 e 80, tendo relevante impacto o trabalho

realizado pela Comissão de Estatística da ONU em 1972, posteriormente assumido pelo Escritório

de Estatística das Nações Unidas (EENU) que tinha por finalidade determinar caráter econômico a

questão, quantificar custos e os impactos das atividades produtivas sobre a biodiversidade. No

entanto, construção de um sistema de informações ambientais esbarrava na falta de moldura

conceitual para os processos de inserção, controle e disseminação dos dados, bem como de uma

definição clara a quem deveria destinar o conjunto de dados (MUELLER, 1992, p. 14-16).

Em meados da década de 1980, a biodiversidade passa a ser assunto relevante nas relações

internacionais, suscitando o controle das ações antrópicas degradadoras do meio ambiente, bem

como a ser alvo das estratégias das corporações que pretendiam utilizar dos recursos do

patrimônio genético como insumos para o desenvolvimento de produtos. A necessidade de

constituir um regime internacional capaz de garantir a perenidade da biodiversidade, bem como a

estabelecer um regime jurídico internacional sobre o tema torna-se uma agenda emergente.

A Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) resultante da Conferência das Nações

Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro (Rio

92), constitui-se como instrumento internacional para a gestão da biodiversidade mundial. Do

ponto de vista jurídico e técnico, a CDB confere importantes marcos no intuito de alcançar seus

três objetivos gerais: a conservação da biodiversidade, a utilização de forma sustentável de seus

componentes e a repartição justa e equitativa dos seus benefícios.

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Cabe destacar, que nos artigos da CDB a soberania dos estados sobre os recursos

biológicos e genéticos de seus territórios, bem como a importância do conhecimento tradicional

associados à biodiversidade como vitais a proteção da biodiversidade. Ao tratar sobre o

conhecimento de forma ampla, no art. 17 da CDB o intercâmbio de informações é reconhecido

como um dos mecanismos para a “conservação e à utilização sustentável da diversidade biológica,

levando em conta as necessidades especiais dos países em desenvolvimento” (CDB, 2013).

Igualmente, a Agenda 21 destaca a relevância da informação para o desenvolvimento

sustentável, e enfatiza que “cada pessoa é usuário e provedor de informação, considerada em

sentido amplo, o que inclui dados, informações e experiências e conhecimentos adequadamente

apresentados”. Em seu capítulo 40, destaca, de forma geral, a coleta e avaliação de dados e a

acessibilidade da informação como ferramentas do processo de fortalecimento da capacidade

local, nacional e internacional para a tomada de decisões. Contudo, alerta para a dificuldade

generalizada, especialmente nos países em desenvolvimento, para sua implantação.

A formação da agenda infotransnacional institucional, fomenta o aumento do arcabouço

jurídico internacional. A Convenção de Aarhus (Convenção sobre Acesso à Informação,

Participação Pública em Processos Decisórios e Acesso à Justiça em Temas Ambientais), adotada

em 25 de junho de 1998 pela 4ª Conferência Interministerial da Comissão Econômica da ONU

para a Europa é considerada o modelo global para legitimar a participação da sociedade civil em

situações que envolvam o meio ambiente (apesar de entrar em vigor apenas nos países que fazem

parte da Comunidade Europeia), define a informação ambiental como :

[...] qualquer informação apresentada sob a forma escrita, visual, oral, eletrônica, ou outra,

sobre o estado dos elementos ambientais, locais de interesse paisagístico e natural, diversidade

biológica, fatores relacionados à energia, medidas administrativas, acordos, política, legislação,

planos e programas ambientais, análises econômicas que afetem a tomada de decisões de caráter

ambiental, o estado da saúde e condições humanas e outras condições ambientais físicas que

possam ser afetadas por atividades ou medidas de interesse ambiental.

A capacidade de gerenciamento de informação é considerada de vital importância para a

soberania sobre o patrimônio genético. A CDB considerando o desnivelamento entre a tecnologia

entre os países, criou o Mecanismo de Facilitação (Clearing-House Mechanism) instrumento de

cooperação técnica entre os países signatários que busca assegurar que todos os governos tenham

acesso às informações e tecnologias necessárias para o trabalho com a biodiversidade. Sua

finalidade é ampliar o acesso a tecnologia aos países signatários, aumentar a conscientização

pública sobre os programas e temas da CDB e possibilitar um sistema de colaboração entre os

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países por meio de projetos de educação e treinamento, cooperação em pesquisa, oportunidades de

financiamento, acesso, transferência de tecnologia e repatriação de informação pela internet

(MMA, 2013).

Na mesma linha, o GBIF (Global Biodiversity Information Free) resultante do Fórum de

Megaciência da OCDE é um esforço transnacional para integrar recursos de informática a questão

da biodiversidade, esforço de caráter transintitucional onde membros são: países, economias,

organizações intergovernamentais ou internacionais, ou organizações representativas, designadas

para atuar de forma efetiva na democratização e acesso livre a informações e conhecimentos sobre

a biodiversidade pela internet (OECD MEGASCIENCE FORUM, 1999). Entendido como um

direito humano e voltada a melhoria da qualidade de vida o acesso a informação pretende

amplificar a capacidade de tomada de decisão dos atores sociais sobre o meio ambiente e mantê-lo

equilibrado e voltada a sua perenidade para as gerações futuras. Entendido como um direito

humano o acesso a informação ambiental em caráter amplificado pretende estabelecer valores

direcionados a sua sociedade sustentável.

O direito a informação ambiental

Para Machado (2006), desde inicio do século XX a comunicação publica tomou suas

funções no estado moderno, onde comunicação publica e a informação institucional se

diferenciam. O estado de informação democrática de direito não existe somente quando o estado

deve prover informações, mas também quando os atores sociais participam do processo

democrático como responsáveis pela sua história. No estado de informação democrática de

direito, todos têm a possibilidade de acessar a informação existente, ou recebê-la, de acordo com o

interesse publico ou geral. No entanto, o acesso a informação não é um absoluto, está

condicionado as regras legais e dispositivos jurídicos existentes e interpretação do judiciário

quando necessário (p.50) .

A Liberdade de informação é um direito humano que fortalece a democracia, constrói um

cenário equilibrado para tomada de decisões, fortalece o desenvolvimento social e a manutenção

de um meio ambiente equilibrado.

O direito a informação é um bem social, considerado na Declaração Universal dos Direitos

Humanos de 1948 onde "toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e de expressão, que inclui

a liberdade de ter opiniões sem interferência e de procurar, receber e transmitir informações e

ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras". O Pacto Internacional sobre os

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Direitos Civis e Políticos 1966, corrobora com a questão, e a expande, dando conotação de suporte

e registro ao direito universal a informação, considerando que "toda pessoa tem direito à liberdade

de expressão, o direito incluirá a liberdade de procurar, receber e transmitir informações e ideias

de todos os tipos, independentemente de fronteiras, seja oralmente, por escrito ou impresso, em

forma de arte, ou através de qualquer outro meio de sua escolha (UNESCO, 2009).

O Estado brasileiro, por meio da CF/88, assegura o exercício dos direitos sociais e

individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça

como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na

harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, No seu Art. 5º Todos são

iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade, nos termos seguintes, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos

públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão

prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja

imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

A CF/88, considera a divulgação de informações como elemento fundamental a

democracia brasileira, principio aos direitos do indivíduo, sendo de responsabilidade do estado

implementar sua forma efetiva. De forma geral, cabe ao estado o dever de aplicar politicas

públicas para a efetiva divulgação da informação enquanto capaz de qualificar a consciência dos

cidadãos, aprimorando o processo de tomada de decisões e fortalecendo a participação popular.

Tratando de informações públicas, politicas públicas especificas devem estabelecidas para

a garantia e o suporte de informações em organizações publicas. Museus, bibliotecas, arquivos,

serviços de radiodifusão, televisão, imprensa, devem contar com mecanismos efetivos de

preservação da informação e expandi-la (MACHADO, 2006, p.50). A informação livre e publica,

é um dos pilares da democracia, um elemento primordial a qualificação dos atores sociais para a

participação no cenário politico, bem como elemento fundamental para a tomada de decisões no

ambiente democrático pelos organismos de gestão do estado.

Políticas Públicas de Democratização de Informações e Governo Aberto

O interesse sobre a democratização e acesso a informações, torna relevante n a atual

dinâmica global. Aumentar os mecanismos de controle, fomentar a transparência publica, reduzir

a corrupção, aumentar a participação efetiva da população nas decisões do governo sobre o estado,

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bem como ampliar o controle social são temas importantes na atual conjuntura da administração

publica.

A participação brasileira na Parceria para Governo Aberto (OGP), pretende o

fortalecimento da transparência dos atos governamentais, com a prevenção e o combate à

corrupção e com os ideais democráticos de participação dos atores sociais nos processos

decisórios. Ampliar o acesso a informações aos atores da sociedade é um imperativo para o

fortalecimento da democracia participativa e, fundamental a preservação do debate no estado de

direito.

Para implementar o governo aberto, encontra-se a constituição de uma base de dados de

acesso livre (dadosabertos.gov.br) pela internet. O uso de novas tecnologias de informação e

comunicação (internet, telefonia, gps, satélites) deve ser explorado, capaz de amplificar e dar

musculatura a participação social no estado democrático. Outrossim, utilizar ferramentas

tecnológicas para aumentar a eficiência e eficácia na administração publica é missão da politica

pública de governo aberto.

Para implementação da politica pública de e-gov foi criado o Comitê Interministerial para

Governo Aberto (CIGA) para realizar implementar a agenda de governo aberto com base no

conjunto de requisitos e obrigações da OGP. Sendo item do seu plano de ação a aprovação da Lei

de acesso informação nos moldes da agenda foi um dos passos importantes a plena efetivação do

acesso a informação.

Cabe salientar, que desde 2000, o governo brasileiro tem adotado medidas legais e

institucionais de promoção da transparência, alinhadas com as melhores práticas e padrões

internacionais como: i) Convenção Interamericana contra Corrupção (OEA); ii) Convenção contra

a Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais da

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); e iii) Convenção das

Nações Unidas contra a Corrupção (ONU). Além disso, participa de outros importantes fóruns

sobre o tema como a Partnering against Corruption Initiative (PACI) e o Global Agenda Council

on Anti-Corruption do Fórum Econômico Mundial; a International Association of Anti-

Corruption Authorities (IAACA); e o Grupo de Trabalho contra Corrupção do G-20 (CGU, 2013).

A efetiva implementação da LAI – Lei de acesso à informação 12.527, é o instrumento

jurídico capaz de garantir a efetiva implementação do direito constitucional de acesso a

informações, e de forma ampla a informação ambiental sobre diversidade biológica que dentro de

uma leitura sistêmica está prevista na Constituição Federal (CF/88) que estabelece o direito a

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informação (art. 5º, XIV, XXXIII) e impõe ao Poder Público a preservação da diversidade e da

integridade do patrimônio genético nacional (art. 225, § 1o, II).

Porém, a aplicação depende de um conjunto de medidas que buscam fortalecer os

mecanismos de transmissão de informações de forma livre em modelo de democracia participativa

e de governo aberto sobre os valores da publicidade dos dados, transparência, validade e acesso.

O Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União,

Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no

inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição

Federal. Este mensagem versa a aplicação da LAI em todos os organismos públicos da federação.

A aplicação a Lei de acesso a Informação em todos os organismos públicos, inclusive aos

vinculados ao Plano Nacional de Meio ambiente observam o art. 3 I- da publicidade como

preceito geral e o sigilo como exceção; II - divulgação de informações de interesse público,

independentemente de solicitações; III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela

tecnologia da informação; IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na

administração pública e V - desenvolvimento do controle social da administração pública.

Portanto, tornar os dados abertos é uma das tarefas que caminham de forma concomitante com

LAI.

Dados Abertos

Para a Open Knowledge Foundation, dados abertos são considerados aqueles que qualquer

pessoa pode usar de forma livre, sem impeditivos jurídicos, reutilizá-los e redistribuí-los, estando

sujeito, no máximo, a exigência de creditar a sua autoria e compartilhá-los por meio de software

de licença aberta.

O estabelecimento da politica de dados aberto é parte da implementação da politica pública

de acesso livre à informações no governo aberto. A Controladoria Geral da União (CGU), é o

responsável pela implementação da política de acesso a informação na esfera federal. No site da

CGU, são descritos um conjunto de regras dentre elas as três leis fundamentais para os dados

abertos, bem como os seus princípios.

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a) Os dados abertos

também são pautados pelas três

leis e oito princípios. Se o dado

não pode ser encontrado e

indexado na Web, ele não

existe;

b) Se não estiver aberto

e disponível em formato

compreensível por máquina, ele

não pode ser reaproveitado; e

c) Se algum dispositivo

legal não permitir sua

replicação, ele não é útil.

1) Completos. Todos os dados públicos são disponibilizados. Dados são informações eletronicamente

gravadas, incluindo, mas não se limitando a, documentos, bancos de dados, transcrições e gravações

audiovisuais. Dados públicos são dados que não estão sujeitos a limitações válidas de privacidade, segurança

ou controle de acesso, reguladas por estatutos.

2) Primários. Os dados são publicados na forma coletada na fonte, com a mais fina granularidade

possível, e não de forma agregada ou transformada.

3) Atuais. Os dados são disponibilizados o quão rapidamente seja necessário para preservar o seu

valor.

4) Acessíveis. Os dados são disponibilizados para o público mais amplo possível e para os propósitos

mais variados possíveis.

5) Processáveis por máquina. Os dados são razoavelmente estruturados para possibilitar o seu

processamento automatizado.

6) Acesso não discriminatório. Os dados estão disponíveis a todos, sem que seja necessária

identificação ou registro.

7) Formatos não proprietários. Os dados estão disponíveis em um formato sobre o qual nenhum ente

tenha controle exclusivo.

8) Livres de licenças. Os dados não estão sujeitos a regulações de direitos autorais, marcas, patentes

ou segredo industrial. Restrições razoáveis de privacidade, segurança e controle de acesso podem ser

permitidas na forma regulada por estatutos.

Desde 2009, o governo brasileiro vem realizando ações para o desenvolvimento de uma

política de disseminação de dados e informações governamentais para livre uso da sociedade que

possibilite a participação da sociedade no desenvolvimento de um estado mais eficiente, com oferta

de melhores serviços, e fazendo amplo uso de tecnologias.

Os Dados Abertos, consistem na publicação e disseminação de dados e informações

públicas na internet, seguindo critérios que possibilitem sua reutilização e o desenvolvimento de

aplicativos por toda a sociedade de modo ampliar o conjunto de informações a sociedade. Esse

ação pretende possibilitar o acesso a um conjunto satisfatório de informações capazes de ampliar a

discussão sobre temas importantes em um sistema interligado em que a gestão é participativa.

O modelo de dados abertos depende da implementação de um conjunto de procedimentos

para manutenção do catálogo atualizado, possuir responsável qualificado em cada órgão para

garantir o controle de acesso, integridade, e a autenticidade dos dados disponíveis neste repositório.

Conforme dispõe a Lei 12.527 / 2011, em seu Art. 8º, §1º, no mínimo, precisam ser

publicadas as seguintes informações que são comuns a todos os órgãos e entidades:

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dados referentes a registros das competências e estrutura organizacional, endereços, telefones e horários de funcionamento;

registro de quaisquer repasses, transferências de recursos financeiros e despesas; informações sobre licitações, inclusive editais

publicados e contratos firmados; e

dados sobre acompanhamento de programas, ações, projetos e obras.

Condições gerais:

1. Os dados devem estar em seu formato mais bruto possível, ou seja, antes de qualquer cruzamento ou agregação. Mesmo que o

órgão ou entidade ache importante e já tenha publicado alguma visão de agregação desses dados, existe grande valor no dado

desagregado. Dessa forma o órgão ou entidade pode publicar esses dados nas duas formas.

2. Os dados devem estar em formato aberto, não proprietário, estável e de amplo uso.

3. Não deve existir nenhum instrumento jurídico que impeça sua reutilização e redistribuição por qualquer parte da sociedade.

4. Para os dados que são estruturados ou estão em planilhas na sua fonte, deve-se preservar ao máximo a estrutura original. Por

exemplo, não deve-se publicar planilhas em arquivo PDF, neste caso utilize CSV ou ODS.

5. É recomendável a disponibilização dos dados em diversos formatos.

6. Cada conjunto de dados deve possuir um identificador único e persistente, seguindo uma padronização de URL. Esse requisito é

imprescindível para que esse conjunto de dados seja referenciável e eventualmente consumido automaticamente por um aplicativo.

7. É recomendável a utilização de considerações semânticas na definição URLs, de forma que seja possível deduzir o conteúdo de um

conjunto de dados apenas lendo seu identificador.

8. É extremamente desaconselhável a utilização de mecanismos antirrobôs, como captchas, para acesso aos conjuntos de dados.

9. Considerando que é desejável facilitar a indexação dos dados por motores de busca, sendo esta uma importante forma do cidadão

encontrar os dados que procura, é recomendável que os nomes dos arquivos sigam as boas práticas de formação de um Mais

especificamente, o título deve ser convertido para slug da seguinte maneira:

1. substituem-se todos os caracteres acentuados pelos seus correspondentes não acentuados;

2. transformam-se todos os caracteres maiúsculos em minúsculos;

3. substituem-se cada sequência de um ou mais espaços por um único hífen (“-”). Usa-se hífen em lugar de sublinhados

(“_”), pois estes fazem com que os mecanismos de busca tratem o texto como um só termo.

4. Cada conjunto de dados deve ter informações sobre seus dados e metadados. Deve ser possível recuperar o significado

dos dados.

5. Para conjunto de dados muito grandes, recomenda-se a divisão em conjuntos menores, permitindo uma fácil

manipulação. Recomenda-se fazer a divisão pela dimensão temporal (ano ou mês), pela dimensão geográfica (estado ou

município), ou por outra dimensão.

6. É desejável que o repositório dos dados possibilite a composição de filtros dentro da URL, seguindo algum padrão de

API, permitindo que o usuário restrinja o volume dos dados para aqueles que ele deseja.

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Criar um catálogo de dados é um serviço para que o usuário tenha acesso aos dados

publicados pelo órgão ou entidade. O catálogo tem o objetivo de simplificar a busca, facilitar o

acesso, por meio da organização dos meta-dados e demais conjuntos de dados do repositório. O

catalogo é o conjunto dos resultados corretos de input e output no sistema; é um produto inicial e

final da politica de dados abertos.

As diretrizes de dados abertos são aplicáveis a informação ambiental considerando que o

acesso e publicidade da informação ambiental. No entanto, promover organicidade das diretrizes de

dados abertos relacioná-las com as características diferenciadas dos sistemas de gestão informações

ambientais é um desafio a ser suplantado.

Integrar as diferentes bases de informações em um único repositório, compartilhá-lo e

administrá-lo demanda um esforço hercúleo. Desenvolver sistemas capazes de realizar esse tipo de

tarefa é um desafio do governo brasileiro. Qualificar os dados, implementar a comutação pelos

órgãos públicos, dos detentores de coleções biológicas, identificar clientes e produtores é parte

desta agenda. Ao pensar de forma integrada no sistema de gestão ambiental é importante considerar

a implementação da metodologia para efetiva divulgação, ou seja é importante criar o sistema não

excludente.

Politicas de Gestão da Informação da Biodiversidade Deafios a serem

suplantados

A Clearing-House Mechanism (CHM) estabelecida pelo artigo 18.3 busca agir de forma

significativa sobre a transmissão de conhecimentos científicos de biodiversidade entre os países

membros, contribuindo para o alcance das metas do Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-

2020 (PROBIO, 2000).

O artigo 18.3 da CDB, sobre a implementação de redes de parceira de comutação de

conhecimentos. De forma ampla, entende que viabilizar serviços de informação eficazes tendem

a aumentar a cooperação científica e técnica promovendo uma rede científica entre os membros

(PROBIO, 2000), missão articulada em torno de três objetivos principais do Clearing-House

Mechanism (CHM):

Fornecer serviços globais de informação eficazes para facilitar a implementação do

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Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020;

Prestar serviços de informação eficazes para facilitar a implementação das

estratégias nacionais de biodiversidade e planos de ação;

Expandir significativamente a rede de serviços e mecanismo de intermediação de

informações entre os seus membros (CDB, 2013)

No Brasil, as inciativas para a organização e sistematização da informação sobre a

biodiversidade são um desafio que à 16 anos é enfrentado por instituições nacionais (mesmo que

sem sucesso). O Projeto BINbr (1994), seguimento do projeto BIN21 (Biodiversity Information

Network - Agenda 21) foi uma iniciativa esquecida. Sob os moldes do Clearing-House Mechanism

da Convenção da Diversidade Biológica - CDB – que visava cumprir o Artigo 17 da Convenção

da Diversidade Biológica sobre Intercâmbio de Informações (PROBIO, 2000).

Orientado pela agenda 21 e sob os requisitos do Cap. 40 tinha como objetivo formalizar ações

como: a) identificar usuários de informação, b) determinar as responsabilidades do poder público,

da iniciativa privada, manter o controle sobre a biodiversidade, c) estabelecer sistemas de

informação capazes de apoiar a tomada de decisões, d) fortalecer a participação pública, garantir

a soberania e e) democratizar o conhecimento sobre o meio ambiente (AGENDA 21, 2000;

p.366).

O objetivo das politicas públicas de gestão da informação ambiental é de fomentar e

ampliar o conhecimento da biodiversidade brasileira, melhorar a capacidade preditiva de respostas

a mudanças globais, particularmente às mudanças de uso e cobertura da terra e mudanças

climáticas; associando as pesquisas à formação de recursos humanos, educação ambiental e

divulgação do conhecimento científico em ação conjunta dos Ministérios MCT, CNPq, MMA,

MEC, CAPES e FNDCT de forma transversal.

Dentre as politicas públicas de destaque sobre a questão encontram-se:

O SINIMA (Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente; instrumento

previsto no inciso VII do artigo 9º da Lei nº 6.938/81 que considera a Política de

Informação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) é pretende a integração e

compartilhamento de informações entre os diversos sistemas existentes;

SISBIOTA (Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade) edital lançado em

2010 - MCT/CNPq/MMA/MEC/CAPES/FNDCT - Ação Transversal/FAPs Nº

47/2010, que aprovou propostas de pesquisa nos sete biomas brasileiros (Amazônia,

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Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Pampa e Zona Costeiro-Marinha);

SIBBr, Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira – Programa do

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em cooperação com o

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que pretende

estabelecer sistemas informatizados para gerenciamento e uso de informações

ancorado a política ambiental brasileira e aos enquadramentos legais, incluindo

a Política Nacional do Meio Ambiente, o NBSAP’s (National Biodiversity

Strategies and Action Plans), o Plano Estratégico do MCT, entre outros

instrumentos.

A atuação das políticas públicas sobre a organização do conhecimento da biodiversidade,

evita a sobreposição de ações, bem como das autoridades e responsabilidades. A tabela abaixo,

descreve os limites de atuação de cada grupo envolvido e o lócus de cada política. Destacou-se, o

objetivo de cada uma, bem como, foram identificados os limite de atuação, cada eixo temático;

além disso, foi ressaltada a abordagem e os produtos de cada uma. Por fim, identificou-se a

legislação e/ou dispositivo legal que ancora e legitima as ações sobre o tema.

Tabela 1 – Políticas Públicas de Informação Ambiental

PP Objetivos Eixo Temático Produtos Legislação/

Programa

Sisbiota 1)Fomentar e ampliar o

conhecimento da biodiversidade

brasileira,

2) melhorar a capacidade preditiva

de respostas a mudanças globais (

mudanças de uso e cobertura da

terra e mudanças climáticas);

3) formação de recursos humanos,

educação ambiental e divulgação

do conhecimento científico.

a) Ampliação do

conhecimento da

biodiversidade;

b) Padrões e processos

relacionados à

biodiversidade;

c) Monitoramento da

biodiversidade;

d) Desenvolvimento de

bioprodutos.

1)Sínteses e Lacunas do

Conhecimento da Biodiversidade

Brasileira

2)Pesquisa em redes temáticas para

ampliação do conhecimento sobre a

biota, o papel funcional, uso e

conservação da biodiversidade

brasileira;

3)Pesquisa em redes temáticas para o

entendimento e previsão de respostas

da biodiversidade brasileira às

mudanças climáticas e aos usos da

terra

a)Edital

CT/CNPq/MMA/

MEC/CAPES/FND

CT - Ação

Transversal/FAPs

Nº 47/2010

b) Comitês Gestor

e Científico pela

Portaria CNPq

236/2010

Sinima 1) Gestão da informação no

âmbito do Sistema Nacional do

Meio Ambiente (Sisnama),

2) Promover a gestão de

informações conforme a lógica da

gestão ambiental compartilhada

a) desenvolvimento de

ferramentas de acesso à

informação;

b) Integração de bancos

de dados e sistemas de

informação interligando

1) produzir mapas interativos com

informações de diferentes temáticas e

sistemas de informação.

2) Criar indicadores relacionados com

as atribuições do MMA,

3) Fortalecer o processo de produção,

a) Lei n. 6.938/81,

b) Portaria nº 160

de 19 de maio de

2009.

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entre as três esferas de governo ferramentas de

geoprocessamento, as

diretrizes estabelecidas

pelo Governo

Eletrônico (E-gov),

c) Sistematizar a análise

de estatísticas.

sistematização e análise de estatísticas

e indicadores ambientais;

4) recomendar e definir a

sistematização de um conjunto básico

de indicadores e estabelecer uma

agenda com instituições que

produzem informação ambiental;

5) propiciar avaliações integradas

sobre o meio ambiente e a sociedade.

SIB-Br Gerenciamento e uso de

informações para ampliar a

capacidade brasileira em

conservar e utilizar a

biodiversidade

a) Consolidar

infraestrutura,

instrumentos,

ferramentas e

tecnologias

b) ampliar a base de

conhecimento da

biodiversidade nacional

c) gestão da

informação.

1) qualificar, reunir e disponibilizar

online e gratuitamente a informação

de biodiversidade contida em

coleções de recursos biológicos do

país,

2) Fornecer sistema de gestão e

aquisição de dados

2) Desenvolver aplicativos e oferecer

serviços que atendam as exigências da

sociedade e permitam aos tomadores

de decisão estabelecer políticas que

integrem os objetivos de conservação

e uso sustentável da biodiversidade

MCT/CNPq/MMA

/MEC/CAPES/FN

DCT - Ação

Transversal/FAPs

Nº 47/2010

Fonte: Elaboração nossa

Tendo por finalidade a gestão da informação sobre biodiversidade o programa SiBBr

lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em 17 de abril de 2012 o

Projeto do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), é uma iniciativa que

tem por finalidade promover o acesso ao conhecimento sobre a biodiversidade existente no Brasil

que é considerado país megadiverso.

A iniciativa pretende garantir o uso de dados sobre a biodiversidade e os ecossistemas

brasileiros para elaboração e implementação de políticas ambientais, integrando a informação sobre

o tema na tomada de decisão e nos processos de desenvolvimento de políticas públicas.

Com orçamento de US$ 28 milhões (US$ 20 milhões do MCTI e US$ 8 milhões do Fundo

Global para o Meio Ambiente- GEF). Pretende consolidar um conjunto de componentes

tecnológicos que sejam capazes de qualificar, organizar, aprimorar e disponibilizar dados abertos

sobre as coleções biológicas do país.

A implementação da base de dados, está gerando conflitos entre membros da comunidade

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científica. Na Carta do Rio de Janeiro, documento assinado pelas lideranças do Museu de Zoologia,

Museu Nacional, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Museu Paraense Emílio Goeldi e Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (instituições que, juntas, guardam mais de 80% dos acervos de

fauna e flora do País, com 22 milhões de exemplares de plantas e animais preservados em suas

coleções científicas) gestores das cinco maiores instituições de zoologia e botânica do país

solicitam o amplo debate sobre a proposição da política pública em questão.

Dentre as solicitações consta a solicitação de maior participação dos órgão no processo de

formulação de políticas nacionais sobre preservação e gerenciamento de coleções biológicas. O

documento consistiu-se como resposta a solicitação dos ministérios de ciência e tecnologia sobre o

envio de informações acerca das coleções biológicas contidas em seus sistemas.

A perda de coleções biológicas por falta de estrutura física adequada, é um dos problemas

apresentados. As condições precárias de preservação de muitas das coleções de biodiversidade do

país, onde nenhuma considera ter um sistema adequado de prevenção e combate a incêndios (um

risco enorme, considerando que as coleções são preservadas em álcool).

A ampliação na participação de forma efetiva por meio de voto por cada membro

representante de cada uma das instituições signatárias na Câmara Técnica Permanente de Coleções

da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), incumbida de elaborar um plano nacional

sobre coleções biológicas é um dos pontos centrais da Carta do Rio.

O domínio público e institucional dos dados, apesar de não estar explicitamente descrito na

carta, salienta a transposição da responsabilidade pela gestão do banco de dados do SiBBr ao

Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria), que possui vasta experiência da

organização e sistematização de dados taxonômicos sobre a biodiversidade brasileira, produzindo

uma serie de plataformas digitais para projetos do setor público, mas que possui uma relação

volátil com as instituições de pesquisa.

Para os pesquisadores o Cria não compartilha seus programas com as instituições e tende a

se “apoderar” dos dados das instituições, aparecendo em eventos internacionais como representante

do Brasil para informações sobre biodiversidade. “O governo quer contratar o Cria para fazer o

sistema; nós somos contra”. O domínio da tecnologia (do SiBBr) tem de ser público; não podemos

contratar uma organização social para fazer uma coisa dessas.

Em resposta. o Cria, salienta a resistência de algumas instituições em disponibilizar seus

dados de forma aberta na internet, “que é o que o Cria faz”. O governo em resposta aos gestores das

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instituições salienta que é Projeto SiBBr está vinculado ao Departamento de Políticas e Programas

Temáticos do MCTI. O Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), será o

responsável pela elaboração e implementação da base de dados, o Cria seria mais um dos parceiros.

O mecanismo de gestão do SiBBr ainda será definido por meio de discussões coordenadas pelas

instâncias superiores do MCTI e levará em consideração o resultado de uma análise dos aspectos

jurídicos e dos modelos de gestão existentes em iniciativas similares de outros países”.

Até o momento, segundo informações do LNCC, cerca de 110 instituições já enviaram

dados para a composição do SiBBr, totalizando 22 milhões de registros aproximadamente o mesmo

número mantido pelos cinco museus que assinam a Carta do Rio. A expectativa, se todas as

instituições do País aderirem ao sistema, é que esse número chegue a 60 milhões. De forma geral, o

governo considera positiva a receptividade a implementação do programa.

CONSIDERAÇÕES

A tratar da proposição de uma política direcionada a gestão de informações ambientais,

deve-se compreender que a superação política/institucional/legal, demanda complexidade

multidisciplinar/transdisciplinar. Enquanto tema, objeto de políticas públicas cabe salientar que o

direito constitucional a informação é da natureza da sociedade brasileira, e de responsabilidade do

Estado assegurar o cumprimento da Constituição Federal de 1988 em seu art. 5º1.

A politica de sistematização de informações sobre a Biodiversidade Brasileira é um esforço

considerado exemplar, mas depende de um conjunto de adaptações pertinentes a infraestrutura e

expansão do aparato legal, bem como do aparato técnico. É necessário identificar o conjunto de

dados (artigos, relatórios, filmes, mapas, áudio, cartazes, livros, páginas eletrônicas, e-mail, atas e

etc) que devem ser descritos/registrados/catalogados, tipologia do suporte, mídia e quais são as

condições para ser armazenado/ processado e disseminado isso depende do aumento da

participação efetiva dos gestores de coleções de dados sobre biodiversidade no sistema.

A elaboração dos novos bancos de dados não substitui os bancos de dados existentes em

universidades, empresas e centros de pesquisa, mas pretende integrar as informações disponíveis,

possibilitando que as organizações de quaisquer tipos e diferentes interesses possam alimentar e

absorver informações (SIB-BR, 2013). A crítica recai sobre como os dados são catalogados e

1 A informação ambiental sobre diversidade biológica é, dentro de uma leitura sistêmica, prevista na Constituição Federal (CF/88) que estabelece o direito a informação (art. 5º, XIV, XXXIII) e impõe ao Poder Público a preservação da diversidade e da integridade do patrimônio genético nacional (art. 225, § 1o, II). E, para tanto, entre outros instrumentos jurídicos disponíveis, obriga a instituição, em todo país, de espaços territoriais especialmente protegidos (art. 225, § 1o, III). 

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organizados. Igualmente, tratando-se de matéria de interesse de megacorporações, como garantir a

segurança e transparência na transição de informações ambientais de alto valor agregado entre as

organizações e organismos internacionais.

No âmbito do catálogo e transferência de informações, adotar os critérios de dados abertos,

pode reduzir os conflitos entre os dados existentes; o que ocasionalmente ocorre quando as

informações são similares, coletadas e organizadas em sistemas diferenciados. Utilizar a

metodologia de dados abertos, pode mitigar o problema do trânsito de informações por meio de

parametrização e sistematização informações ambientais.

Bancos de dados não são finalistas, ou simples “organização do conhecimento”, mas

devem refletir a utilidade pública da informação como ápice no regime democrático do estado de

direito como garantido da CF/88, pela Lei de acesso a informação que de forma ampla inseja

investimentos na organização e sistematização das informação como ação anterior a publicidade,

ou seja, é necessário organizar as políticas internas de gestão do conhecimento dentro das unidades

de produção de informação do MMA.

O fato de incluir dados em uma plataforma única, não caracteriza a intrínseca

disponibilidade aos agentes interessados; é necessário fortalecer laços de cooperação entre usuários

e administradores do sistema, mapear, comutar, fortalecer a gestão participativa sobre a coisa

pública, amplamente criticada pelos gestores. Uma base de dados especializada, versa sobre um

domínio específico de conhecimento (linguagem técnica), que necessita ser refinado, traduzido

(linguagem natural), para fortalecer o debate e a superação dos discursos hegemônicos nos

conflitos (Governo, Estado, Corporações, Populações ameaçadas e Sociedade Civil).

REFERENCIAS

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