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Aos meus irmãos de Buriti Alegre. Ao longo de toda minha vida pessoal, profissional e política, em todos os seus momentos, nunca escondi o imenso orgulho que sinto da terra onde nasci. Para mim, antes de tudo o mais, Buriti Alegre é um compromisso de vida. Vejo aos meus conterrâneos, sem nenhuma exceção, como amigos e companheiros na luta incessante pela emancipação social e econômica de nossa terra. Buriti Alegre tem progredido de forma notável nos últimos anos. Sob a administração do prefeito João Alfredo e de sua competente equipe de governo, experimentamos a melhoria de vida de nossa população e um visível desenvolvimento em todas as áreas. E muito, ainda, há por ser feito em benefício de nosso Município e de toda a sua população. Aquí estão reunidos alguns dos artigos que, desde 2009, publico em meu site (www.delubio.com.br) e republico em jornais, revistas e blogs de todo o Brasil.

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1Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

Compromisso com

Buriti Alegre

Delúbio Soares

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2 Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

Aos meus irmãos de Buriti Alegre

Ao longo de toda minha vida pessoal, profissional e política, em todos os seus momen-tos, nunca escondi o imenso orgulho que sinto da terra onde nasci.

Para mim, antes de tudo o mais, Buriti Alegre é um compromisso de vida. Vejo aos meus conterrâneos, sem nenhuma exceção, como amigos e companheiros na

luta incessante pela emancipação social e econômica de nossa terra.

Buriti Alegre tem progredido de forma notável nos últimos anos. Sob a administração do prefeito João Alfredo e de sua competente equipe de governo, experimentamos a melhoria de vida de nossa população e um visível desenvolvimento em todas as áreas. E muito, ainda, há por ser feito em benefício de nosso Município e

de toda a sua população.

Aquí estão reunidos alguns dos artigos que, desde 2009, publico em meu site (www.delubio.com.br) e republico em jornais, revistas e blogs de todo o Brasil.

Escrevo e analiso a economia, a política, o país e o mundo, mas jamais me esqueci de Buriti Alegre, seu povo, sua vida, sua bela história.

É com prazer e orgulho, renovando a sempre presen-te alegria das minhas raízes, da minha Buriti Alegre e

dos seus filhos, que passo às mãos de meus conterrâneos uma pequena mostra do

quanto amo nossa cidade.

Abraço fraterno do,

Delúbio Soares

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3Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

Índice

Buriti Alegre ..............................................................4

Buriti Alegre, um Grande Governo Petista ...............6

“Seo” Catonho ..........................................................8

Mãe, essa mulher ....................................................10

Nas terras do meu Buriti .........................................12

2010, o grande ano da mulher brasileira ................14

Goiás, compromisso de vida ...................................16

Eu vi o Brasil de amanhã .........................................18

Buriti inaugura Creche-Escola ..................................22

Buriti ........................................................................23

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4 Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

Buriti Alegre

Já rodei o mundo, visitei os cinco continentes, percorri dezenas de países, admirei povos e civi-lizações, estudei suas culturas e hábitos, deslum-brei-me com as belezas e surpreendi-me com as particularidades dos quatro cantos do planeta, mas o que trago no peito, o que me estimula e conforta, o que me orgulha e gratifica, é a terra onde nasci e o seu povo. Infeliz do homem sem raízes. Infeliz daquele que renega suas origens. Quem não ama seu berço, não quer bem a nada. E eu amo Buriti Alegre.

Acompanho o dia-a-dia de minha terra com o mesmo interesse com que contemplo a evolução dos assuntos mais importantes de nosso tempo. Cada notícia que me chega de um avanço social, de uma realização econômica, de uma nova turma de estudantes que se formam, de profissionais li-berais que se estabelecem, de empresas que che-gam para somar esforços, gerar empregos e pro-duzir em Buriti Alegre, tem para mim o impacto de uma alta na Bolsa de Nova York, da descoberta de uma nova jazida pela Petrobrás, de uma vitória de nossa seleção na decisão de uma Copa do Mundo. Meu amor por minha terra não conhece limites. É que Buriti e seu povo jamais colocaram qualquer limite em seu carinho e integral solidariedade para comigo em todos os momentos de minha vida.

Nós já fomos uma cidade acanhada, perdida numa região belíssima e esquecida. Geramos governa-dores, deputados, grandes empresários, artistas, intelectuais, gente trabalhadora e da melhor qual-idade. Mas não saíamos de uma posição injusta de cidade pouco reconhecida, economia estagnada, com potencialidades mal exploradas e população mal assistida pelos poderes públicos.

Recordo-me dos anos 60, quando já havíamos dado um governador a Goiás e, no entanto, ape-nas dois dos professores que lecionavam em Buriti dispunham de curso superior. Mas nem isso im-pedia que nós, meninos pobres, tivesses mestres

devotados e que se desdobravam para suprir as carências com enorme sentido de missão e com-petência profissional.

Tínhamos um dos maiores rebanhos bovinos do Estado de Goiás, quiçá do Brasil. Sua agricultura sempre pródiga, alicerçada numa terra fértil e abençoada. Mas isso fazia muito pouca diferença na distribuição de renda na sociedade local ou na arrecadação do Município, pequeníssima e inca-paz de fazer frente às necessidades de uma po-pulação crescente e suas demandas nas áreas de educação, saúde, saneamento básico.

Buriti Alegre era um retrato diminuto e veraz do Brasil: uma terra riquíssima e um povo carente. Possibilidades infindas, mas tentativas tímidas de exploração do potencial existente. No micro-cosmo, o reflexo de uma realidade injusta e recor-rente.

Começamos a mudar a história de minha amada terra quando perdemos o medo. A eleição do pre-feito João Alfredo – homem austero, trabalhador incansável e administrador visionário – uniu sua experiência de bem sucedido empresário rural à de companheiro petista, comprometido com as necessidades da população e com a boa gover-nança. Buriti Alegre disparou! A arrecadação, em apenas seis anos, deixou o acanhado patamar de R$ 4 milhões praticamente quadruplicando em 2010, favorecendo uma gama de obras públicas, onde saúde e educação foram priorizadas.

Não há criança em idade escolar que não tenha vaga disponível na rede pública local. Além disso, mais de 200 estudantes universitários residentes em Buriti Alegre, todos os dias, num programa exi-toso e necessário, são transportados em ônibus para Municípios onde se localizam as faculdades cursadas, num esforço merecido pelos que apos-tam no estudo e vêem nele a chance não só da construção de uma carreira profissional, mas da

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5Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

participação cidadã na vida de seu país.

Ao latifúndio improdutivo se con-trapôs a chegada da indústria, com a instalação de frigorífico de grande porte e um abatedouro de aves dos mais modernos do país, com o im-pressionante número de quase 200 mil aves processadas diariamente. Essas indústrias, instaladas durante o governo Lula, realizaram investimen-tos altíssimos em tecnologia, insta-lações industriais e formação de pes-soal, seguindo padrões internacionais de qualidade. Outro frigorífico chegará em breve, gerando mais empregos, riquezas, impostos e divisas. O reba-nho bovino passa das 105 mil reses e se notabiliza pela altíssima qualidade. A agricultura de Buriti Alegre vive um ci-clo virtuoso, com a produção de milho, soja, arroz, tomate e sendo um pólo produtor bananeiro. Vai longe o tempo em que não podíamos vivenciar o pro-gresso e planejar o desenvolvimento sustentável da riquíssima região onde nascemos, vivemos e produzimos. Esse tem sido o jeito petista de governar do prefeito João Alfredo, meu dileto com-panheiro, e sua operosa equipe.

Ainda agora, com base nas políticas de-senvolvimentistas implementadas no governo do Estadista Luiz Inácio Lula da Silva e renovadas na administração da presidenta Dilma Rousseff, a montadora automobilística Suzuki, uma das maiores do mundo, anunciou a instalação de uma linha de montagem na vizinha cidade de Itumbiara, governada por um dos prefei-tos mais dinâmicos de Goiás, o meu amigo José Gomes. O reflexo da chegada da mon-

tadora japonesa ao sul goiano será imediato na economia de todo o Estado, especialmente das cidades daquela região, que passarão a participar de uma nova etapa do processo de desenvolvimento econômico e industrial, ainda desconhecido na área. Não nos falta excelente mão-de-obra, invejáveis recursos naturais, posição geográfica estratégica e a irrefreável vocação dos goianos para o de-safio, o empreendedorismo e o êxito.

O Brasil vive um momento invulgar. Segundo a com-petente Fundação Getulio Vargas, a taxa de desigual-dade no Brasil atingiu a sua mínima histórica desde se começou a pesquisá-la em nosso país. O estudo divul-gado pelo seu Centro de Políticas Sociais (CPS/FGV) revelou que em oito anos – de dezembro de 2002 a dezembro de 2010 - o país conseguiu reduzir a pobreza em 50,64%. Ou seja: o governo Lula levou mais de 30 milhões de brasileiros para a classe média, tirando-os da pobreza, dotando-lhes de melhores condições de vida e os incluindo no mercado consumidor. Isso se chama, simplesmente, inclusão social. “Em 8 anos, no governo Lula, foi feito o que era previsto para 25 anos, de acordo com a Meta do Milênio da Organização das Nações Unidas, que era reduzir a pobreza em 50% de 1990 até 2015”, ressaltou o economista Marcelo Neri, da FGV.

Buriti Alegre é um retrato fiel do Brasil de hoje. Evoluiu, cresceu, quer mais e está fazendo sua par-te na incessante tarefa do desenvolvimento nacio-nal. Ainda falta muito a se fazer e as carências são grandes. Mas já se respira o ar do desenvolvimento e seu povo se orgulha de mostrar o quanto con-seguiu construir em tão pouco tempo.

Há mais de 30 anos saí de Buriti Alegre. Nunca, ja-mais, em tempo algum, Buriti Alegre saiu de mim, do meu coração, do meu sentimento, da minha alegria de viver, da minha ternura pela terra aben-çoada e por seu povo.

Artigo publicado em 05/05/2011

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Buriti Alegre, um Grande Governo Petista

Há uma pequena grande cidade no interior de Goiás, gover-nada faz oito anos pelo PT e partidos aliados, onde um pre-feito austero e trabalhador transformou o “não” em símbolo de um tempo de progresso e desenvolvimento. Em Buriti Alegre, onde tive a graça divina de nascer, João Alfredo de Mello Neto, de tradicional família, petista de coração, homem de índole generosa, mas avarento com os recursos públicos, extraiu o melhor de cada centavo e realiza uma administração exemplar sem dizer “sim” aos gastos desnecessários.

João Alfredo, administrador público duro e exemplar, para-digma do estilo petista de governar em Goiás (ao lado de outros dois grandes prefeitos, Paulo Garcia, de Goiânia, e Antônio Gomide, de Anápolis), é o detentor de alguns feitos que o tornaram credor da admiração e do respeito até de seus adversários políticos.

Buriti Alegre teve o impressionante crescimento de 20% ao ano em seu ICMS, apresentando uma economia efervescen-te e que avança de forma impressionante tanto na agricul-tura quanto no comércio e na indústria.

Ao assumir a prefeitura, o governo petista de João Alfredo deparou-se com uma escassez imensa de recursos e uma ar-recadação pífia de apenas R$ 4,5 milhões. Hoje a arrecada-ção chega aos R$ 18 milhões, com uma dívida absoluta-mente zerada, total capacidade de investimento e contas em dia, sem cobradores na porta e com crédito na praça!

A educação em Buriti Alegre acumula indicadores de fazer inveja a qualquer outra cidade, pequena, média ou grande de qualquer região do país. Do orçamento municipal, im-pressionantes 44% são gastos com educação! Em oito anos, os alunos da rede pública passaram de 40 para mais de 800 e chegarão a mais de 1000 em 2012. A razão? É que o ensino público em Buriti Alegre é considerado bem melhor que o particular e, por isso, houve uma migração para a rede públi-

ca de ensino a cada ano. Além de não mais existirem estu-dantes que deixem a cidade para cursarem escolas primárias e secundárias em outros centros urbanos, demonstrando a satisfação da sociedade com o nível do ensino público que o governo petista conseguiu oferecer ao aplicar, com sabida austeridade, cada centavo dos recursos municipais.

No biliardário Estado de São Paulo, governado faz duas décadas pelo PSDB, a carência assalta as escolas da rede pública, mas em Buriti Alegre, lá no interior de Goiás, o pre-feito petista João Alfredo informatizou TODAS as escolas da zona rural do Município. Há distritos distantes dezenas de quilômetros da sede, mas seus professores e alunos estão navegando em modernos laptops (que levam para casa de-pois das aulas!), ampliando horizontes de conhecimento e preparando-se para o mundo globalizado e competitivo.

Todos os dias, mal o sol nasceu, uma frota de mais de vinte peruas e vans, novas e confortáveis, transportam os alunos da zona rural para as escolas onde estão matriculados. E, também, junto deles, vão seus professores. Nem o sol, nem a chuva, nem a lama, nem a poeira, são mais obstáculos para que o Poder Público cumpra sua missão de levar a educação aos filhos do povo e de dar aos seus mestres as condições necessárias para ensinar-lhes. E os mais de 250 estudantes que já freqüentam as universidades, dispõem de vários ôni-bus, diariamente e sem qualquer ônus, que os levam para as cidades-pólo da região, centros urbanos maiores, onde se localizam os cursos superiores. O governo do PT quer que os filhos do povo sejam Doutores, sim, senhor!

As creches cresceram 33% e as crianças atendidas por elas em mais de 300%. A merenda escolar, definida por nutri-cionistas, já foi considerada uma das mais bem balanceadas e ricas do Brasil e é motivo de orgulho para a administração petista do notório “pão-duro” João Alfredo, que, todavia, abriu os cofres e o coração para os brasileiros de amanhã.

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Em dois mandatos de um prefeito do PT, Buriti Alegre, Mu-nicípio de terras férteis e povo sabidamente trabalhador e de viés empreendedor, experimentou uma incrível revolução econômica e social. Em parceria com a Fundação Banco do Brasil foi construído um imenso Centro Digital, levando a tecnologia mais avançado de forma gratuita e direta ao nos-so povo. Creches e escolas foram construídas com recursos próprios, imensa qualidade estrutural e notória preocupa-ção com a exação no trato dos dinheiros públicos. Um novo ginásio de esportes, moderno e dotado de infra-estrutura invejável, e um posto de saúde que atende sobejamente a demanda existente, são algumas das muitas realizações à serem elencadas. Ainda na área da saúde pública, além de campanhas bem-sucedidas de esclarecimento, vale recordar que, desde 2005, Buriti Alegre ostenta o expressivo índice ZERO de casos de dengue.

A administração progressista e visionária de João Alfredo sacudiu as tradicionais estruturas de Buriti e contou com a adesão de todas as camadas de sua população, irradiou-se pelo sul e sudoeste de Goiás e atraiu investidores de todo o país e do exterior.

A agroindústria mirou Buriti Alegre como uma de suas novas fronteiras no Brasil do século 21! E lá se foi a Sadia, hoje Brasil Foods, com um de seus maiores abatedouros de aves, com uma produção diária que coloca sua gigantesca planta industrial, uma das mais modernas e arrojadas do conti-

nente, levando tecnologia de ponta no setor e se benefician-do das reconhecidas competência e seriedade do agricultor de Buriti Alegre e de toda aquela região próspera e futurosa. Assim como a grande multinacional brasileira de alimentos, outras já se fixaram ou estão chegando, estimuladas pelos frutos da bem-sucedida equação terra boa/clima adequado/povo trabalhador.

Buriti Alegre exportava mão-de-obra nas safras. Hoje, o homem está trabalhando sua terra e precisa de mais gente para ajudá-lo a plantar e a colher. Não sabemos o que é de-semprego, miséria, crise. Sabemos o que são as dificuldades do dia-a-dia. Mas o povo de Buriti Alegre conhece os cami-nhos do trabalho e da luta. Sabe, desde sempre, a enfren-tar os problemas inerentes ao ofício de forjar o progresso através de seu próprio trabalho. E que povo trabalhador so-mos nós!

Quem ainda não sabe, pois que agora fique sabendo: há na região de Buriti Alegre, no rico sul-sudoeste goiano um surto de progresso e de riqueza fruto da conjugação de fa-tores que foram, nos últimos oito anos, solidificados pela presença de um homem público sério, capaz e dedicado à frente dos destinos daquela cidade-pólo. Orgulho-me da parcela de responsabilidade como eleitor e como petista, de ter participado da vitória e da autêntica revolução que tem sido o excelente governo do petista João Alfredo, na minha querida Buriti Alegre.

Artigo publicado em 16/12/2011

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8 Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

“Seo” Catonho“Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.Minha mãe ficava sentada cosendo.Meu irmão pequeno dormiaEu sozinho, menino entre mangueiraslia história de Robinson Crusoé,comprida história que não acaba mais. (…)

Lá longe meu pai campeava nomato sem fim da fazenda.E eu não sabia que minha históriaera mais bonita que a de Robinson Crusoé”(“Infância”, Carlos Drummond de Andrade)

Lá longe, no clarão da memória onde se en-contram abrigados os exemplos que frutificam e cons-troem, lá onde o tempo e os sofrimentos não chegam simplesmente por não existirem, lá no fundo da alma, onde nem o branco que avança cobrindo boa parte dos cabelos consegue espantar o menino que todos nós guardamos quase que secretamente, é lá que mora o meu pai. Não seria o assunto para um artigo corriqueiro, no encontro semanal com os leitores do Diário da Manhã. E tenho a pretensão de não ser nem piegas e nem meloso, apenas verdadeiro. É que em poucos dias iremos comemorar exatamente o “Dia dos Pais”, tão comercial, tão explorado, tão sem emoção, dizem que instituído pelas artes, manhas e espertezas de um francês fabricante de gravatas. Quando olho para trás, no recôndito da infância pobre, mas feliz, humilde, mas abençoada, nas terras distantes de Buriti Alegre, começo a compreender mais e mais a importância de meu velho e querido pai, o “seo” Catonho. Que figura! Que exemplo! É possível, é mais que prová-vel, que nem ele já tenha se dado conta de sua trajetória bonita de vida. Nem tem a vaidade ou a preten-são de fazê-lo. Jamais lerá esse artigo, analfabeto que é, de pai, mãe e par-teira. E aí começa o impressionante,

o extraordinário, o bendito e generoso exemplo de vida de quem, às vésperas de seus 80 anos, consegue ser um homem sábio sem nem saber ler; um homem visionário, sem jamais ter desenhado uma letra se-quer do alfabeto. É o mistério de uma vida simples, de uma existência discreta. Renunciou à pretensão de ser muito mais, de ter mais do que pode, para ser feliz e realizado.Meu pai é um dos 17 rebentos de dona Joana Rocha. Além dele, vivos estão poucos: Iracema, Ivoni, Silvia, Célia, Elma, João Santos, Maria Divina (mãe de 13 fi-lhos) e Wolney. Joana morreu aos 69 anos, numa exis-tência em nada diferente da de milhões de mulheres mães de família que devotaram suas existências a criar seus filhos, na pobreza e na virtude. A infância, a adolescência, a idade madura, a velhice e – espero que demore séculos a chegar – o fim de meu pai será fazendo o que gosta, o que sabe, o que lhe mantém vivo, o que lhe proporcionou constitu-ir família e criar todos os filhos, formando-os no meio da natureza, soltos nas terras do interior, montando cavalo, empunhando a enxada, trabalhando de sol a sol, de segunda a domingo, todos os dias do ano, sem blasfemar contra a dureza da vida ou as vicissitudes do destino. Desconfio, cá com meus botões, que ele é, no fundo, um homem extremamente feliz.

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Catonho calçou sapato pela primeira vez em sua vida aos 21 anos de idade. Era uma botina e a oca-sião exigia tal feito: 13 dias antes havia conhecido Jami-ra e se casaram. Amor à primeira vista, casório imedia-to. Ainda hoje estão juntos, 58 anos depois daquele dia festivo, confirmando o acerto do que fizeram apesar da rapidez incomum. Os desígnios de Deus e os caprichos do destino fogem à compreensão da raça humana… Nascido em Itumbiara, órfão ainda menino, foi caseiro em várias fazendas na região de Buriti Alegre. Comprava e vendia bezerros, porcos, cavalos… (co-nhecido no interior como catira) com rara aplicação e faro, assim complementando sua pequena renda. Não conheci até hoje, em lugar nenhum desse País, alguém que conhecesse melhor esse ofício do que o meu pai. Avaliava de olho a qualidade dos animais e sabia como, onde e a melhor maneira de comercializar os novilhos. Trabalhava – como ainda hoje trabalha – de sol a sol, incansável e com incrível disposição para o cultivo.Peão de fazenda, tempos depois já era retireiro, cuidan-do do pequeno pedaço de terra, do “retiro”. Depois de mais alguns anos, meeiro: roça pequena e parceria nos

resultados. Em 1967, já tem 22 alqueires de terra. Os filhos pequenos o ajudam na lavoura e, ao mesmo tempo, frequentam a escola. Todos nós, os quatro pequenos filhos do casal Jamira e Catonho, já havíamos adentrado o universo das letras, ainda hoje desconhecido para ambos. Mas, ainda assim, eles foram, são e continua-

rão a ser mais sábios que os filhos que fizeram estudar e que formaram. Hoje, quatro décadas depois, meu pai tem 50 alqueires, umas poucas vacas – que ele faz questão de todos os dias ordenhar e minha mãe de fazer o queijo – outros tantos cavalos, bezer-ros e garrotes, uma paz de espírito inabalável e um exemplo de vida a ser seguido. Cresce meio alqueire a cada ano, e a cada dia cresce mais como ser humano. Jamais o flagrei num mo-mento de descanso, nunca em uma demonstra-

ção de preguiça. Tenho claras nas retinas as imagens imorredouras da infância: montando cavalo, tangendo

o gado, cuidando das galinhas, ordenhando as vacas pouco antes que o primeiro galo cantasse. Uma das características mais marcantes do meu pai é a positividade. Homem de decisões firmes, não titubeia em suas ações, ou, como diz num ditado da época, “não rodeia toco”. A situação da vida não era fácil, mas nunca o vi desfalecer diante das dificuldades. Pelo contrário, sempre arregaçou as mangas e foi à luta em busca de uma vida melhor para os filhos. Na década de 70 era assim: os filhos trabalhavam com os pais e ajudavam no sustento da casa. Acordávamos cedo para trabalhar, íamos à escola e, quando voltávamos, o traba-lho estava novamente à espera. Era a cultura do interior naquela época, que ainda carrego guardada no peito, na memória, na alma. Tenho claro para mim que tive a sorte de nascer filho de um desses grandes homens a quem a história não marcará. Mas são, justamente eles, os que fazem a história. São esses Catonhos os que movem a engrena-gem da vida, que constituem famílias, que passam por dificuldades e não esmorecem em nome do ideal de educar seus filhos. São esses Catonhos os agentes das transformações sociais, plantando, colhendo, tirando da terra o próprio sustento e contribuindo para a gran-deza do País. Esteio de nossa família, econômico nas pa-lavras e generoso nos exemplos, é o conselheiro, é o amigo, é o velho guerreiro que nos orgulha e nos es-timula. Alguém há de ler esse artigo para esse velho firme, de olhar penetrante, de mãos calosas, de silên-cios eloquentes, que detesta sair de seu Buriti, que despreza qualquer manifestação de arrogância ou de riqueza, que conhece a terra, o sol, a chuva, os pás-saros, os mistérios da natureza e o verdadeiro senti-do da vida. Alguém há de lhe fazer saber que, na sua figura fabulosa, o filho que o adora homenageia todos os pais, todos os que fizeram por onde ser queridos e respeitados. Dizer que amo o “seo” Catonho – acreditem – é ainda pouco, muito pouco.

Artigo publicado em 06/08/2009

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Mãe, essa mulher

“A Mãe é a mais bela obra de Deus”Almeida Garret

Existe uma única entidade perfeita por sobre a face da terra. Ela é inatacável, absoluta, irreparável e à prova de todas as provações.

Ela dispensa tratados internacionais e maiores ex-plicações. Suas razões ultrapassam o previsível, o justificável, o usual. Em verdade, ela se impõe pela força intrínseca do amor e da fé que remove as montanhas e enfrenta o mundo.

Não há força que supere a sua força. Não existe medo que a intimide, nem percalço algum que a desanime.

No gênero humano a perfeição se materializou na figura da mãe. Seu ventre abriga por parcos meses o homem de amanhã, mas suas mãos conduzem vida afora aquele que jamais deixará de ser crian-ça frente aos olhos de seu coração.

Retorno num lapso de tempo, no mais profundo da memória ainda vida, e me reencontro no chão de Buriti Alegre, com o cheiro da terra, com o ba-

rulho do vento balançando as árvores, meu pai tangendo o gado, as longas caminhadas pés des-calços rumo à escola na cidadezinha distante. Tan-tas boas lembranças de uma infância pobre, mas feliz. Mas nenhuma delas superando o olhar sig-nificativo, perspicaz e doce de minha mãe. A mes-ma mirada firme, resoluta, suave e solidária, que em mais de meio século acompanha minha vida, dá alento, é refúgio e dá paz.

Minha mãe sempre soube a hora certa de deixar que cada um de seus filhos seguisse seu caminho pela vida. Mulher de pouquíssimas letras, Dona Jamira é mais sábia que os quatro filhos que for-mou. Chego a pensar que os canudos que recebe-mos nas universidades são pouco ou nada se com-parados à sabedoria daquela suave senhorinha do interior goiano… Tendo mal saído das terras ama-das de Buriti Alegre, é cidadã do mundo, versada em vida e doutora nos mistérios da existência hu-mana.

A figura da mãe é o espelho de nossas almas. E essas mulheres que batalham e formam famílias, que geram filhos e os educam, que trabalham e lu-tam, que constroem caminhos e enfrentam a du-

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reza dos desafios da vida, são exemplos a serem exaltados, homenageados e seguidos.

Aproveitemos o comercialíssimo Dia das Mães no que ele tem de bom: a lembrança da instituição perfeita, da entidade do bem, da mais sublime das criaturas.E vale destacar que o Brasil de hoje trata muito melhor a mulher, dá à cidadã o tratamento res-peitoso que lhe é devido, resgata as potenciali-dades de nossa imensa força de trabalho feminina e as igualdades de oportunidade no mercado de trabalho. A mulher deixou a posição subalterna que a sociedade atrasada e reacionária insistia em destinar-lhe e ela, com a coragem que lhe reco-nhecemos, jamais aceitou. As mulheres brasilei-ras continuam criando seus filhos, mas também comandam grandes empresas. Não perderam a doçura, mas assumem responsabilidades e sa-bem tomar decisões. Estão entre as mais belas do mundo, mas são guerreiras destemidas quando chamadas à luta.

Milhões de mulheres compõe a força produtiva da economia nacional, mostrando ao mundo sua ca-pacidade e a diferença que fazem na construção de um país que tem colecionado indicadores sociais e econômicos que apontam sua rápida caminhada rumo ao primeiro mundo. No governo Lula a situa-ção da mulher na sociedade brasileira apresentou avanços impressionantes, com maior participação política, social e econômica, inclusive com a ocu-pação de postos de relevância na administração pública, mostrando o estágio avançado a que está se chegando o protagonismo da cidadania femi-nina na gestão dos destinos de nosso país.

Mas, por outro lado, persistem graves problemas a serem superados na sociedade brasileira em relação à mulher. E, por incrível que pareça, ape-sar de todos os avanços que já presenciamos, a discriminação ainda existe e pode ser notada, e ela é fruto da desinformação tanto quanto do preconceito. E se a política de cotas raciais foi um sucesso garantindo aos nossos irmãos afro-des-cendentes e indígenas o acesso às universidades públicas, proponho que se estabeleça a discussão de cotas mínimas para a participação da cidadania

feminina em várias modalidades, como, por exem-plo, o serviço público. As mulheres têm mostrado seu valor e conquistado seus espaços na socie-dade brasileira por méritos próprios, mas nem por isso devemos deixar de reconhecer a existência lamentável de forte resquício de machismo e ten-tar eliminá-lo criando mecanismos que ampliem os horizontes de tais conquistas.

Falar do valor de nossas mulheres é prestar ho-menagem sincera às mães. Eles embalam nossos sonhos, curam nossas feridas, olham por nós e se doam por completo, desdobrando fibra por fibra, com a doçura e a fortaleza que só elas têm. Faz poucos meses os brasileiros se comoveram com história tipicamente brasileira, quando a figura suave e forte de Dona Lindú, mãe-coragem, emer-giu das telas dos cinemas com a força de sua sofri-da e belíssima história, criando sozinha os filhos, dando-lhes amor e os encaminhando na vida. Um deles, Luiz Inácio, engraxate, vendedor de laran-jas, torneiro-mecânico, líder sindical e presidente do Brasil acaba de ser apontado como um dos principais e mais influentes líderes do mundo pela revista Time.

Homenageio as Mães em seu dia nas figuras das mulheres pobres e desconhecidas que vi no nor-deste de antes do governo Lula, percorrendo dezenas de quilômetros para buscar água e ali-mento para os filhos seus. Homenageio as Mães relembrando as mulheres sofridas da Plaza de Mayo, em Buenos Aires, que numa marcha mar-cada pelo silêncio, as lágrimas e a coragem, não permitiram que a poeira do tempo cobrisse a memória dos filhos que a ditadura lhes arrancou. São hoje as Mães da sólida democracia argentina. Homenageio as Mães voltando meio século, no mais profundo e belo da memória que jamais se apagará, para recordar o brilho dos olhos e o sor-riso imorredouro de Dona Jamira, cuja presença discreta e forte é uma benção de Deus em minha vida.

Artigo publicado em 06/05/2010

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12 Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

Nas terras do meu Buriti

Foram tantos os amigos, vindos de vários Es-tados, de mais de setenta Municípios goianos, lideranças, parlamentares ou simples militantes de mais de uma dezena de partidos, professores, sindicalistas, que corro o risco de cometer alguma omissão citando nomes, além de não haver espa-ço para todos eles. Inevitável, porém, falar de al-guns. Mas ainda estou impactado com a demons-tração espontânea de amizade e de carinho que esses meus companheiros me proporcionaram no último sábado, dia 17, um dia depois de completar os meus cinqüenta e quatro anos de vida. Foi lá no meu amado Buriti Alegre, terra natal e minha permanente referência de carinho e ternura, que minha família, tendo à frente meus pais, Jamira e Catonho, recebeu amigos que foram chegando já no dia anterior, trazendo imensa alegria e satis-fação para quem, como eu, preza extraordinaria-mente os laços de companheirismo, de fidelidade e de lealdade. Contou-me um amigo de muitos anos, empresário do setor agropecuário, que es-tava em Frankfurt, na Alemanha, voou até São Paulo, mudou de avião quase que na mesma hora, desceu em Goiânia e pegou um táxi direto para Buriti Alegre! O taxista perguntou de cara: “Vai lá prá casa do Delúbio? Então é prá já!”. Ainda cu-rioso com a reação do taxista do aeroporto Santa Genoveva, ouviu de mim a revelação da boa ami-zade que mantenho com a classe dos taxistas, especialmente através de meu amigo Wilson An-gelo Ferreira, o presidente da Coopertag. Outro, um jornalista de Brasília, com mulher e filhos, explicou-me como chegou até a Fazenda Barreiri-nho: “Liguei o GPS e vim sem problemas!” Meu amigo Vanderlan Oliveira, excepcional prefeito de Senador Canedo e um dos mais competentes empresários de Goiás, homem objetivo e que não

perde tempo, chegou a seu modo: a bordo de um de seus aviões. Exemplo de político e de em-presário, nem o poder e nem a fortuna tiraram sua simplicidade e seu calor humano.

Wellington de Camar-go, amigo querido, companheiro petista, firme e forte ao lado de sua esposa, comoveu-me com seu esforço e sua demonstração de carinho, deslocando-se até Bu-riti Alegre, dirigindo seu carro, desafiando (e ven-cendo!) sua dificuldade de locomoção. Impres-sionante o carinho que as pessoas têm por ele e a admiração que seu talento de bom compositor desperta. Foi das presenças que mais me sensibi-lizaram, ainda mais pela amizade que tenho com seus pais e irmãos, gente boa e simples do inte-rior goiano que não mudou seu jeito de ser nem depois da fama e do sucesso. Outros dois amigos de longa data, de partidos distintos, mas caros ao sentimento: Fábio Torkaski (PC do B) e Euler Ivo (PDT), dois grandes idealistas a quem quero muito bem.

Ao chegar de São Paulo, na quinta-feira, com Monica, minha mulher, com minha sogra e cunha-dos, não pude avaliar o tamanho da surpresa que meus pais e meus irmãos estavam preparando. “Um amigo mandou um boi”, foram logo avisando. Trocando em miúdos: vai ser um bom churrasco. Meus irmãos se encarregaram de chamar os ami-gos e cuidaram dos detalhes. E depois foi surpresa depois de surpresa: apareceu um palanque, outro amigo trouxe uma aparelhagem de som, músicos da região se apresentaram em minha homena-gem, companheiros que não via desde há muito

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tempo, adversários políticos que são amigos pes-soais, amigos que nunca se envolveram na ativi-dade política, conterrâneos de Buriti Alegre, das cidades da região, de Goiânia, de muitos Estados. Sucederam-se os oradores, foram vários os dis-cursos, todos relembrando nossas lutas desde os tempos do Sintego e da organização da categoria dos professores goianos; da fundação da CUT e do renascimento do sindicalismo em Goiás; de três décadas atrás, quando nasceu o PT e começamos a sonhar o sonho de um país mais justo e mais hu-mano, mais desenvolvido e mais democrático, e, enfim, conseguimos em 2002, com a eleição do notável presidente que é Luiz Inácio Lula da Silva, transformar o sonho em realidade.

Os deputados estaduais Magal (PP, líder do go-verno na Assembleia Legislativa de Goiás), Alvaro Guimarães (PR), Luis Cesar Bueno (PT) e Misael Oliveira (PR), estavam lá, juntos, mostrando que o Brasil e que Goiás estão acima das divergências partidárias e que podemos pensar grande em benefício de nosso povo sem abrir mão de nossas ideologias e da fidelidade aos partidos, mas colo-cando o bem comum acima deles.

O secretário Marcus Vinicius Felipe, da Comuni-cação, representando o governador Alcides Ro-drigues, ambos meus amigos, de forma generosa recordou meus esforços por Goiás e meu apoio aos pleitos do Estado independente de qualquer questão política. O mesmo disse o jovem prefei-to de Inhumas e líder da Associação Goiana dos Municípios, Abelardo Vaz, ao afirmar que jamais “neguei fogo” quando os interesses dos goianos estão em jogo. E isso – digo sem imodéstia – foi sempre prática política minha em defesa dos in-

teresses do Goiás. Os prefeitos João Alfredo (PT/Buriti Alegre), Jerominho (Nova Aurora), Marcelo Coelho (Goiatuba), o vice-prefeito Paulo Garcia (Goiânia), meu companheiro petista, o vice-prefei-to Chico Bala, de Itumbiara, o vice-prefeito Tião-zinho (Buriti Alegre), os presidentes da câmaras municipais de Goiatuba, Fernando Vasconcellos, e de Buriti Alegre, o Ronaldinho, entre tantos ou-tros, estavam lá reafirmando nossos compromis-sos de luta, de fé e de esperança no grande futuro que espera nosso Goiás e o Brasil, a grande potên-cia do século XXI.

Mensagens foram muitas: os ministros Geddel Vieira Lima, Tarso Genro, Miguel Jorge, Juca Fer-reira, Sérgio Rezende e Paulo Bernardo. Telegra-mas, cartões e e-mails estou respondendo um a um, já que são tantos e o tempo tem sido pouco. Em todas as mensagens, a reafirmação da ami-zade e a manifestação do carinho. Sou-lhes muito grato. O Diário da Manhã, em matéria impecável do talentoso jornalista Welliton Carlos, que tan-to pode ser encontrada no site www.dm.com.br quanto no www.delubio.com.br.

Cinqüenta e quatro anos de vida, o branco já co-brindo os cabelos e a alma a cada dia mais jovem, mais animada, mais disposta. Não há sacrifício, não há dor, não há percalço, que supere a alegria de viver pelos ideais que animam minha vida de goiano apaixonado por sua terra e de brasileiro que tem uma fé inquebrantável em seu país. Vou viver o quanto nosso Pai lá de cima quiser. Mas se ele me permitir comemorar muitas e muitas vezes a ventura de ter nascido filho de Jamira e Catonho, filho de Buriti Alegre, de Goiás e do Brasil, como bom cristão agradeço muito. Viver é lutar!

Artigo publicado em 22/10/2009

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2010, O GRANDE ANO DA MULHER BRASILEIRA

Poderia relembrar nomes e fatos relativos a grandes vultos femininos que permeiam a história do Brasil e do mundo em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Poderia cobri-las de elogios. Mas sei do fundo da alma e com a experiência de mais de meio século de vida, de que esse ser forte, determinado e invencível, o que menos espera da vida é elogios.

As mulheres, meus amigos, é que movimentam a máquina do mundo e giram a roda da vida. A cora-gem delas é absolutamente superior a dos homens. Qualquer mulher, por mais miúda, desprotegida, pobre, analfabeta, seja numa aldeia africana ou na periferia de uma metrópole, na defesa de um filho ou de sua família, de uma causa ou de um ideal, se tornará maior que um tanque de guerra. Existe, porém, fundamental diferença: pode-se derro-tar um tanque, jamais uma mulher.

Nos anos em que milito na vida sindical e política, aprendi uma dura realidade que poderia ter ferido os meus brios de macho, mas acabou por me ensinar muito: onde um homem faz bem, uma mulher faz me-lhor. Quando um homem pode não dar con-ta, uma mulher enfrenta. Quantas e quan-tas vezes como dirigente da CUT deleguei missões a companheiras nos rincões mais distantes deste país e testemunhei a força, a alegria, o entusiasmo e a competência com que cumpriram seus papéis e trabalharam tão bem quanto qualquer companheiro homem o faria!

Na fundação do PT, idem. Sem tirar nem por. As mulheres tiveram um papel excepcional. Algum companheiro poderá dizer de forma muito bem-intencionada, mas não conseguin-do esconder o machismo, que “elas estiveram firmes na retaguarda”. Não foi bem assim. Aliás, não foi assim de jeito nenhum: as mulheres esti-veram sempre à frente da maioria dos homens; tão firmes quanto o mais bravo dos machões;

enfrentaram as adversidades com tanta coragem quantos os homens e são peças fundamentais em trinta anos de vida do maior partido de esquerda de toda história da América Latina.

É rara a semana que não viajo pelo interior de Goiás sendo paraninfo ou patrono de formandos em nos-sas faculdades. Desfruto algo muito maior que a honra da homenagem que me prestam e o carinho com que sou recebido em Itumbiara, em Caldas

Novas, em Goiatuba, em Goiânia ou em outras tantas cidades. Naquele clima de empolgação, de alegria, com jovens in-teligentes deixando os bancos univer-

sitários para traçarem seus caminhos pela vida, os pais cheios de orgulho,

os irmãos vibrando, os amigos fa-zendo barulho, eu, lá no alto da mesa que preside os trabalhos, me fixo nos olhos das mães. Não há vaidade, nem triunfalismo. Há o amor no seu estado mais elevado: a ternura. Naqueles olhares serenos e profundos posso sentir a força absoluta e invencível da mulher, o sentido de missão que emprestam às suas vidas.

O fato de vivermos numa socie-dade machista – hoje menos que

ontem, mas ainda muito precon-ceituosa em relação ao papel da mulher, não impediu que muitas delas adentrassem nossa história de forma definitiva. Cada um de nós tem um exemplo feminino altamente construtivo, uma mu-lher que nos marcou para além da própria família e que não é a primeira namorada. Há mulheres extraordinárias que não vem

na vida a passeio, vem com

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missão. São fachos de luz a clarear as trevas e apon-tar caminhos. Ai de nós sem elas!

Jamira, apesar do pouco estudo que tem é sábia na vida e foi sempre uma mulher extremamente avan-çada. Na roça de uma cidade do interior, longe das letras e íntima da sabedoria, fez os quatro filhos es-tudarem. Formou um a um. Despachou os quatro de casa, cada um a seu tempo. A dor da partida era problema seu, íntimo, solitário, maternal. O fu-turo era mais importante! A mulher que enxergou longe, que desejou educar seus rebentos, vê-los ter as oportunidades que lhe foram negadas, se impôs forte e re-soluta, nunca perdendo nem a espontanei-dade nem o carinho. Nunca a vi reclamar, maldizer, blasfemar, apequenar-se, fazer dramas. Em momen-tos difíceis de minha vida não vislumbrei nos olhos ternos de minha mãe senão têmpera e suavidade. Que mulher forte, meu Deus!

Em Buriti Alegre, minha cidade Natal, fui aluno da professora Eleide, mulher inquieta, competente, boa mestra, nos instigava à leitura, falava de um mundo maravilhoso que existia para muito além daquela ci-dadezinha querida. Levou Cora Coralina, já famosa em todo Brasil, para declamar seus poemas a uma platéia de meninos boquiabertos frente à figura ca-rismática da genial poetisa. Não bastasse o feito, dezenas de vezes sacava de sua pasta, com o cerimo-nial miraculoso de um mágico, as cartas recebidas de um amigo mineiro que vivia no Rio de Janeiro e com quem se correspondia freqüentemente. Nunca se viram, mas eram íntimos e ele recomendava as leituras que Eleide nos ministrava. Eu, menino de pés descalços no chão rude e fértil do sul goiano, lia o que Carlos Drummond de Andrade sugeria aquela mulher audaciosa e excepcional.

Gercina, moça bonita e de família tradicional lá de Rio Verde, no rico sudoeste goiano, foi educada num colégio de freiras francesas no interior paulista e casou-se com o jovem médico Pedro Ludovico, a quem o destino reservaria um lugar extraordinário na vida de Goiás. Certo dia um batalhão com trinta soldados comandados por um tenente alcoolizado chega à porta de sua casa. A missão era prender seu marido, que dias depois, nas voltas que o mundo dá, seria nomeado interventor do Estado. Munido de um estilinque, aos oito anos de idade, o menino Mauro presenciou o primeiro dos dois episódios que lhe marcariam para sempre. “Tenente, aqui em

casa vocês só entram passando por cima do meu cadáver”. Gercina sozinha era muito mais forte que todo o batalhão. Desmoralizados, bateram em retira-da. Décadas depois, o governador Mauro Borges, já cassado pela ditadura militar, está sitiado no Palácio das Esmeraldas, ameaçado de bombardeio por jatos que o sobrevoam em espetaculares rasantes. O Brasil acompanha cada minuto do que se passa no coração de Goiânia. A mesma Gercina comunica ao filho que está indo para o Palácio. “Para que mamãe?”, se es-panta o menino do estilingue no pior dos seus dias, e a suave Gercina, mostra que as mulheres não vergam nem com o peso dos anos: “Ora, Mauro! Para morrer com você, meu filho.”

Escolhi três mulheres da minha terra – a lavradora sem letras mas de imensa sabedoria, a professora audaciosa e visionária e a aristocrata corajosa que foi nossa grande primeira-dama – três vidas absoluta-mente distintas, três universos generosos, três cidadãs invulgares. Na figura dessas goianas homenageio a mulher brasileira justamente no ano em que outra mulher, a mineira Dilma, que reúne a sabedoria de Jamira, a competência de Eleide e a coragem de Ger-cina, tem a oportunidade de disputar, com grandes chances de vitória, a presidência da República.

Até o início dos anos 60, nos Estados Unidos, os negros não podiam entrar na maioria dos restau-rantes e eram obrigados a ceder seus assentos nos ônibus coletivos aos brancos em alguns Estados do sul. Hoje, um deles entrou para a história sendo o primeiro presidente negro da mais poderosa Na-ção democrática do mundo e está trabalhando no salão oval, ocupando a mesma cadeira de Lincoln, Roosevelt e Kennedy. No Brasil, de tantas desigual-dades sociais e preconceitos, um operário sem curso superior chegou à presidência da República e está fazendo o maior governo da história desde JK e Getúlio. Recuperou a economia, a credibilidade, a autoestima, a dignidade do Brasil e dos brasileiros. A aprovação popular ao seu governo é a maior já al-cançada em todos os tempos. Seu prestígio no Brasil e no exterior é impressionante. Os indicadores so-ciais e econômicos de sua gestão são invejáveis. Em 2010, as mulheres brasileiras, como o negro da Casa Branca e o operário do ABC, terão sua chance de fazer história. E tenham certeza de que farão muito bem feito, como só as mulheres sabem fazer.

Artigo publicado em 08/03/2010

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Goiás, compromisso de vidaAo contrário da Itabira do Mestre Drummond, Goiás não é um retrato na parede doendo em minha alma. Minha terra é um compromisso de vida e de luta, de amor e de alegria, de trabalho e de estudo.

Não creio no homem sem raízes, sem acentuado afeto à sua terra natal, sem admiração pelos va-lores de sua gente, sem paixão pelas riquezas de seu torrão.

Nunca tive o menor temor de ser tido por caipira ou matuto por ter adoração pela culinária goiana. Não há comida no mundo que me faça feliz como o arroz fumegante exalando o odor abençoado do pequi. Faço uma viagem transcendental, pro-funda, sensitiva, personalíssima, que cura feridas e dissipa qualquer mágoa (que, aliás, não consigo sentir, graças a Deus), e volto ao fogão-a-lenha de Dona Jamira, seus temperos, minha infância hu-milde mas muito feliz em Buriti Alegre, ao lado dos irmãos, debaixo do olhar severo e da alma bon-dosa do “seo” Catonho.

Minha infância foi feliz. E acho que aí está a chave de ser um homem que não conseguiu deixar-se quebrar pela dor ou pelo sofrimento. A força que me sustenta vem das entranhas da minha terra natal, amada e sempre presente.

A vida em Buriti Alegre era singela. Acordava cedo para ir à escola e de tarde trabalhava na lavoura. Despertador é uma chateação para quem sabia da hora certa pelo galo que cantava, infalível e afi-nado, lá no fundo de nosso sítio. Tanto eu quanto Carlão, o mais velho dos quatro irmãos, trabalhá-vamos duro para ajudar no sustento da casa. À época, era comum que os filhos começassem cedo na responsabilidade de ajudar no trabalho diário da família. Também foi assim com os caçulas, Delma e Carlos Soares.

De Buriti Alegre para a cidade grande foi um passo! Goiânia, que era há exatos 38 a nos menos da metade do que é hoje, me parecia uma metró-pole! Encantado e pasmo. Logo, no saudoso Colé-gio Lyceu de Goiânia, fui estudar e me iniciei na política estudantil. Estava no sangue, queria par-ticipar, debater, lutar. Numa transformação brus-ca, troquei a enxada pelos livros. E devo confessar que sinto o mesmo respeito e o mesmo carinho tanto por um quanto por outro desses instrumen-tos sagrados de vida e de trabalho.

Naquele período, dividia o quarto com amigos no Bairro Popular, Setor Universitário, Vila Nova e ti-rava o meu sustento dando aulas de reforço em Matemática. Além do colchão, os únicos móveis eram dois caixotes de frutas, que fazíamos como guarda-roupa e estante de livros. Tão logo conclui os estudos secundários, passei no vestibular para o curso de Matemática na Universidade Católica de Goiás (UCG), e a minha rotina se dividia entre os estudos e as aulas particulares. Foi quando fui convidado para ser professor substituto no s colé-gios Ateneu Dom Bosco, Bandeirante e, mais tar-de, ingressei como professor efetivo no Dom Abel e no Lyceu de Goiânia. O “vírus” estava inoculado: ler, estudar, debater, ensinar. Quando me chamam de “professor”, ainda hoje, sinto um misto de or-gulho e de emoção.

Não demorou muito para que ingressasse na luta pela anistia e pelo movimento sindical. Em plena ditadura militar, o verdadeiro sindicalismo e os movimentos estudantis eram proibidos. Na Paraí-ba, onde fui fazer especialização, conheci várias pessoas ligadas ao movimento sindical. Voltando a Goiânia fundei, juntamente com os companheiros Osmar Magalhães, Niso Prego, professor Getúlio, dentre outros, o antigo Centro dos Professores de Goiás (CPG), que deu origem ao que hoje é Sindi-cato dos Professores em Educação do Estado de Goiás.

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O CPG realizou a primeira greve de professores do Estado, à época do governo de Ary Valadão. O movimento cresceu e Goiânia foi sede do Con-gresso Nacional dos Professores (Congresso Pau-lo Freire). A luta sindical se mostrava cada vez mais forte e atuante no País. Foi nessa época que começou a surgir no Brasil a necessidade de um partido que realmente tivesse compromisso com a classe trabalhadora, e no dia 10 de fevereiro de 1980, em São Paulo, assinei a ata de fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT.

Logo depois fundamos a Central Única dos Tra-balhadores (CUT) em Goiás, da qual fui o primeiro presidente. Mais tarde, tive também a honra de presidir o Fundo de Amparo ao Trabalhador. Em todas as posições que ocupei nada me gratificou mais do que ter sido tão-somente um militante para a construção de uma sociedade sem explo-rados e exploradores. Afinal, são cerca de quatro décadas de luta e mudanças estruturais que a so-ciedade brasileira precisa e exige.

O homem é o que ele traz da infância e da famí-lia. Nosso caráter, os valores mais caros e verda-deiros, as antip atias, os afetos, as manias, tudo. Eu trago tudo isso, e trago mais ainda: Goiás. Sou 100% goiano por onde quer que vá. Tenho sempre um referencial goiano, um valor de minha terra, um ponto cardeal do Goiás para fazer as compa-rações e saber se isso ou aquilo é bom ou ruim. Qualquer poeta eu comparo com Cora Coralina. É difícil a velha e doce matriarca de nossas letras ser superada… Escritor para mim tem que ser tão bom quanto Bernardo Élis, nosso imortal da Academia Brasileira de Letras.

Em viagem pela China, não faz muitos anos, ví o gigante continental sendo despertado pela econo-mia pujante e a conquista dos mercados interna-cionais, mas com organismos oficiais fortes, com a absoluta defesa das riquezas e potencialidades

da grande Nação milenar. Lembrei-me de Mauro Borges, despertando o Goiás arcaico, oligárquico, antigão, criando a Metago, a Caixego, fazendo o Estado sertanejo e acanhado inserir-se no século XX com quase meio-século de atras o. E fazia sen-tido minha comparação.

Imerso em múltiplas leituras vou me surpreenden-do com bons autores, cronistas com belos estilos e textos irrepreensíveis. Lá vem Goiás: “é tão bom quanto o Batista Custódio?” – pergunto de cara. É difícil, mas já encontrei alguns do calibre do velho bruxo da pena mais talentosa de nossa terra.

Agora Batista Custódio e seus companheiros que fazem o Diário da Manhã me oferecem a possibi-lidade de, como cidadão e como professor, como goiano e como homem público, encontrar-me se-manalmente com seus leitores. A melhor força de agradecer essa oportunidade ímpar e honrosa é ir logo avisando que farei desse espaço uma opor-tunidade de discussão de nossa terra, nosso País, nossas dificuldades e esperanças, sem medo, sem ódio, com equilíbrio e absoluto sentido democráti-co e pluralista.

Contam que a Nasa tentou preparar um astronau-ta de fé islâmica para ir ao espaço em uma de suas exped ições científicas. Era dos mais qualificados, mas tinha um problema aparentemente insolúvel, além de absolutamente inusitado: como saber, solto no espaço sideral, qual a direção de Meca na hora sagrada de suas orações? Como ajoelhar-se humildemente em tal hora em plena gravidade zero? Batista não me convida para ir ao espaço, mas como o cosmonauta que não abandonou suas origens nem renegou sua fé sequer lá em cima, bilhões de quilometros de nosso pequeno e dis-tante planeta Terra, devo confessar que por onde ande e vá, em qualquer situação, Goiás é minha referência principal, é minha identidade mais mar-cante, é meu afeto mais íntimo e intocável.

Artigo publicado em 02/07/2009

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No interior de Goiás, diante de meus olhos e com grande emoção, assisti o encontro de quarenta e quatro crianças com o futuro. Faz poucos dias, foi em Buriti Alegre, onde estudantes da rede munici-pal de ensino, do ensino fundamental, receberam computadores novos (Netbook) para serem uti-lizados em seus estudos.

Na Escola Municipal Juvercina Teixeira de Men-donça, colégio agrícola situado na zona rural de minha amada terra natal, vi os filhos de pais hu-mildes, crianças pobres, mas cheias de alegria e de inquietações, sedentas de saber e com toda vida pela frente, receberem máquinas de última gera-ção não como quem recebe um brinquedo ou um presente. Existia nas faces de cada um deles, nas expressões admiradas dos pais e no orgulho dos professores, a certeza de que nada será como an-tes. Que estranho e poderoso simbolismo aquele, o do futuro representado na imagem impressio-nante do pai lavrador de mãos calosas ao lado do filho que segurava com naturalidade o seu com-putador! Do cabo da enxada que sulcou a terra e alimentou a família ao teclado que vai abrir mais horizontes e alargará os caminhos do futuro para uma geração que não será intimidada pela pobre-

za nem renegada por um país que está assumindo seus filhos com responsabilidade e justiça social. Melhor imagem do Brasil de hoje, impossível. Aquele momento mágico, que jamais sairá da memória, do coração e das retinas dos que ti-veram a sorte de presenciá-lo se deveu a um homem austero, trabalhador e visionário. O pre-feito João Alfredo (PT), meu companheiro de tan-tas lutas e amigo fiel, com recursos da própria prefeitura de Buriti Alegre tem investido na edu-cação como poucos administradores públicos o fizeram em todo o Brasil em qualquer tempo. Não

EU VI O BRASIL DE AMANHÃ

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economizou recursos e nem criatividade. O gover-no petista de minha terra construiu várias novas unidades educacionais com dezenas de salas de aulas, melhorou substancialmente a situação do magistério local, a qualidade do material didático e da merenda escolar, além do transporte dos es-tudantes na zona rural de Buriti Alegre. Estamos fazendo a lição de casa na Educação. Agora, com recursos próprios, o computador é levado aos dis-tritos mais distantes de um Município que tem crescido de forma impressionante em todos os setores.

Desde o início do governo do presidente Lula exis-te um programa de imenso alcance social e edu-cativo, o UCA (“Um Computador por Aluno”). Ele

adquire uma importância imensa a cada dia, pois é a ponte mais segura e viável na ligação entre nossos jovens e o amanhã. O lápis e a borracha foram substituídos pelas teclas, e a tela dos com-putadores faz com grande vantagem o papel antes destinado tanto ao quadro negro quanto aos livros dispostos cuidadosamente nas estantes de nossas bibliotecas públicas Brasil afora. Nessas máquinas fabulosas e a cada dia mais sofisticadas e, para-doxalmente, mais simples e baratas, está o uni-verso do conhecimento a disposição dos que que-rem explorá-lo, dominá-lo, utilizá-lo. E o Estado brasileiro tem a obrigação de prover seu sistema público de ensino com o que de mais moderno e eficiente existir na tecnologia da informação, do-tando tanto os professores quanto os estudantes

das condições para con-tar com tão indispensável auxílio.

Se já alimentamos as legiões de irmãos que estavam aterrados pela miséria e submetidos pela fome, ao retirarmos de condições desuma-nas mais de 40 milhões de brasileiros, incluindo-os na nova e poderosa classe média que está gi-rando a economia nacio-nal e fortalecendo ainda mais nosso país, agora podemos e devemos in-vestir em mais um pro-

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grama de altíssimo alcance: o UCA.

Mesmo que os computadores de Buriti Alegre, por iniciativa de um prefeito trabalhador e com-petente, não façam parte de tal projeto, eles es-tão dentro do espírito que norteou o Ministério da Educação no governo Lula e, agora, no governo Dilma, a priorizar a informatização das escolas públicas em todo o nosso imenso território na-cional, com banda larga de altíssima velocidade e computadores de última geração. Cuidemos dos problemas do presente, mas lancemos as semen-tes de um futuro extraordinário que está reserva-do ao nosso país.

Gostaria de repartir com todos a essência daquele momento, o sentimento que tomou-me por com-pleto, a emoção que certamente dispensa pala-vras. Fiz uma viagem à infância, retornei aos anos já distantes em que, de pés descalços no solo ge-neroso e fértil do meu Goiás, com meus irmãos

andando léguas a pé até a escolinha distante da roça, carregando cadernos e livros reaproveitados, lápis apontados com esmero na ponta da gilete, a borracha pequena de tanto uso, a única régua…

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Depois a universidade, o magistério, a militância sindical, a fundação do PT, as lutas, minha vida política, tudo. E olhei aquelas crianças que seguravam seus computadores. Estavam felizes, mas não estavam deslumbradas. In-crivelmente, pareciam saber que não era um presente, mas o reconheci-mento de um direito de cada uma de-las. E num momento impressionante, num átimo de segundo, pude ter a certeza absoluta de que recebiam não como o fariam com um velocípede, uma bicicleta ou o pedido atendido por Papai Noel.

Nossos olhares se cruzavam e pude testemunhar, apesar de minha emoção, que aqueles pequenos e determinados filhos do povo, aquele gente miúda e extraordinária do Brasil profundo, segurava seus computadores com as duas mãos, com ar sereno e compenetrado, como quem segura o futuro melhor que os espera logo ali. Confesso, seguro e feliz, que todo e qualquer sofrimento é menor, infinitamente menor, que a suprema alegria de ter participado daquele momento. Eu vi o Brasil de amanhã.

Artigo publicado em 19/08/2011

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Buriti Alegre inaugura Creche-Escola

O Município goiano de Buriti Alegre inaugura no dia de hoje, domingo, 29 de agosto, moderna e ampla Creche-Escola, que faz parte do Projeto Na-cional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Pró-Infância), e está incluída no Plano Nacional de Educação do MEC, em parceria com a Prefeitura de Municipal.

A Creche-Escola atenderá 224 alunos da Educação Infantil, de zero a seis anos de idade, com toda uma estrutura física e pedagógica das mais mo-dernas e com todas as condições técnicas e opera-cionais de suprir com sucesso a demanda.

O Prefeito João Alfredo de Mello Neto (PT) e a Se-cretária Municipal de Educação Cristiane Aparecida Ferreira, entusiasmados com a obra, acreditam que ela é um marco na educação em Buriti Alegre, tanto pela alta qualidade de suas instalações físicas quanto pela rapidez de sua construção, além dos custos compatíveis com a política de austeridade implantada na administração petista do Município.

A secretaria Cristiane ressalta ainda “a importân-cia da inserção das 224 crianças no contexto sócio-educacional de Buriti Alegre, de Goiás e do Brasil, que utilização a nova Creche-Escola, enquanto

suas mães poderão trabalhar e exercer normal-mente suas atividades profissionais sabendo que seus filhos estarão recebendo educação da me-lhor qualidade, com material didático de primeiro mundo, excelente alimentação, cuidados médicos e muito carinho”.

O prefeito João Alfredo (PT) salienta a importância do funcionamento de mais esse estabelecimento de ensino em Buriti Alegre, situada na Rua dos Girassóis, no Setor Aeroporto: “a meta de nosso governo é cuidar de nossas crianças, de nosso fu-turo, dando à educação um tratamento excepcio-nal e prioritário, não medindo esforços no atendi-mento das necessidades de nossos estudantes e de nossos professores”.

Delúbio Soares, filho de Buriti Alegre, entusiasta da obra e companheiro do prefeito João Alfre-do, seu amigo de longa data, estará presente à inauguração da Creche-Escola, que, segundo ele, “demonstra a preocupação do governo do Esta-dista Lula com nossas crianças e sua educação”.

Artigo publicado em 29/08/2010

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Buriti, uma palmeira

O termo buriti é a designação comum das plantas dos gêne-ros Mauritia, Mauritiella, Trithrinax e Astrocaryum, da famí-lia das arecáceas (antigas palmáceas). Mais especificamente, o termo costuma se referir à Mauritia flexuosa, uma pal-meira muito alta, nativa de Trinidad e Tobago e das Regiões Central e Norte da América do Sul, especialmente de Ven-ezuela e Brasil. Neste país, predomina nos estados do Pará, Maranhão, Roraima e Rondônia, mas também encontra-se nos estados do Piauí, Ceará, Bahia, Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso, Acre, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal. É também conhecida como coqueiro-buriti, buritizeiro, miriti, muriti, muritim, muruti, palmeira-dos-bre-jos, carandá-guaçu e carandaí-guaçu.

ETIMOLOGIA

“Buriti”, “miriti”, “muriti”, “muritim” e “muruti” provêm do tupi mburi’ti. “Carandá” provém do tupi karã’dá.

UTILIZAÇÃO

Seu fruto, além de rico em vitamina A, B e C, ainda fornece cálcio, ferro e proteínas. Consumido tradicionalmente ao natural, o fruto do buriti também pode ser transformado

em doces, sucos, picolé, licor, vinho, sobremesas de paladar peculiar e ração de animais.

Fornece palmito saboroso, fécula, seiva e madeira.

O óleo extraído da fruta é rico em caroteno e tem valor me-dicinal para os povos tradicionais do Cerrado que o utilizam como vermífugo, cicatrizante e energético natural. Também é utilizado para amaciar e envernizar couro, dar* cor, aroma e qualidade a diversos produtos de beleza, como cremes, xampus, filtro solar e sabonetes.

As folhas jovens produzem uma fibra muito fina, a “seda” do buriti, usada pelos artesãos na fabricação de peças de capim-dourado. Sua fibra é transformada no artesanato em bolsas, tapetes, toalhas de mesa, brinquedos, bijuterias, redes, cobertura de teto,cordas e etc. O talo das folhas se presta ainda à fabricação de móveis, que se destacam pela leveza e durabilidade.

O buriti é de grande importância na manutenção de olhos d’água naturais, chegando até a conservar locais alagadiços, de água pura e permanente.

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24 Delúbio Soares - Compromisso com Buriti Alegre

“Já rodei o mundo, visitei os cinco continentes, percorri dezenas de países, admirei povos e civi-lizações, estudei suas culturas e hábitos, deslum-brei-me com as belezas e surpreendi-me com as particularidades dos quatro cantos do planeta, mas o que trago no peito, o que me estimula e conforta, o que me orgulha e gratifica, é a terra onde nasci e o seu povo. Infeliz do homem sem raízes. Infeliz daquele que renega suas origens. Quem não ama seu berço, não quer bem a nada. E eu amo Buriti Alegre.”

Delúbio Soares

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petistas de Delúbio SoaresTiragem: 3.000 exemplares