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Tião Viana: PT quer incluir no INSS 40 milhões de informais Senador anuncia que partido defende apoio do INSS a trabalhadores informais quando atingirem idade de aposentadoria. Página 7 Mozarildo cobra apuração sobre caso do avião francês Comissão de Relações Exteriores deve avaliar incidente envolvendo aeronave militar em Manaus, segundo Mozarildo Cavalcanti. Página 6 Delegado diz que US$ 124 bi saíram pelas contas CC-5 Castilho se revela indignado com o que chama de “operação abafa” para evitar investigações depoimento do delegado José Castilho Neto na CPI do Banestado durou quase 12 horas. Parte da sessão foi secreta para que os parlamentares pudessem receber informação considerada sigilosa. O Páginas 4 a 6 PROVAS Parlamentares debateram durante todo o dia com o delegado. Ele ofereceu à CPI o relatório da Operação Macuco, que apurou remessas ilegais, e afirmou que as contas CC-5 se transformaram em “lavanderia de dinheiro mundial” . Antero Paes de Barros presidiu a reunião. Órgão de divulgação do Senado Federal A n o IX – N º 1.750 – B r a s í l i a, quarta-feira, 30 de julho de 2003 Célio Azevedo Célio Azevedo José Cruz Roosevelt Pinheiro

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Page 1: Delegado diz que US$ 124 bi saíram pelas contas CC-5 · 2003. 7. 30. · Castilho Neto na CPI do Banestado durou quase 12 horas. Parte da sessão foi secreta para que os parlamentares

Tião Viana: PT quer incluir noINSS 40 milhões de informaisSenador anuncia que partido defende apoiodo INSS a trabalhadores informais quando

atingirem idade de aposentadoria.

Página 7

Mozarildo cobra apuraçãosobre caso do avião francês

Comissão de Relações Exteriores deve avaliarincidente envolvendo aeronave militar em

Manaus, segundo Mozarildo Cavalcanti.

Página 6

Delegado diz que US$ 124 bisaíram pelas contas CC-5

Castilho se revela indignadocom o que chama de “operaçãoabafa” para evitar investigações

depoimento do delegado JoséCastilho Neto na CPI do Banestadodurou quase 12 horas. Parte dasessão foi secreta para que osparlamentares pudessem receberinformação considerada sigilosa.O

Páginas 4 a 6

PROVASParlamentaresdebateram durantetodo o dia com odelegado. Eleofereceu à CPI orelatório da OperaçãoMacuco, que apurouremessas ilegais, eafirmou que ascontas CC-5 setransformaram em“lavanderia dedinheiro mundial”.Antero Paes de Barrospresidiu a reunião.

Ó r g ã o d e d i v u l g a ç ã o d o S e n a d o F e d e r a l A n o IX – N º 1.750 – B r a s í l i a, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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2 Brasília, quarta-feira, 30 de julho de 2003

www.senado.gov.brE-mail: [email protected].: 0800-612211 - Fax: (61) 311-3137

MESA DO SENADO FEDERAL

Presidente: José Sarney1º Vice-Presidente: Paulo Paim2º Vice-Presidente: Eduardo Siqueira Campos1º Secretário: Romeu Tuma2º Secretário: Alberto Silva3º Secretário: Heráclito Fortes4º Secretário: Sérgio ZambiasiSuplentes de Secretário: João Alberto Souza,Serys Slhessarenko, Geraldo Mesquita Júnior,Marcelo Crivella

Endereço: Praça dos Três Poderes, Ed. Anexo Ido Senado Federal, 20º andar - Brasília - DFCEP 70165-920

Diretor-Geral do Senado: Agaciel da Silva MaiaSecretário-Geral da Mesa: Raimundo Carreiro SilvaDiretor da Secretaria de Comunicação Social: Armando S. RollembergDiretora do Jornal do Senado: Maria da Conceição Lima Alves (61) 311-3333Editores: Djalba Lima, Edson de Almeida, Eduardo Leão, Iara Altafin, João Carlos Ferreira da Silva,José do Carmo Andrade e Sylvio Guedes.Diagramação: Iracema F. da Silva, Osmar Miranda, Sergio Luiz Gomes da Silva e Wesley BezerraRevisão: Eny Júnia Carvalho, Lindolfo do Amaral Almeida, Miquéas D. de Morais e Rita AvellinoTratamento de Imagem: Edmilson FigueiredoArte: Cirilo QuartimCirculação e Atendimento ao leitor: John Kennedy Gurgel (61) 311-3333

Agência SenadoDiretor: Antonio Caraballo (61) 311-3327Chefia de reportagem: Helena Daltro Pontual (61) 311-1151 e Valter Gonçalves Júnior (61) 311-1670Edição: Marcos Magalhães e Nélson Oliveira (61) 311-1667

O noticiário do Jornal do Senado é elaborado pela equipe de jornalistas da Subsecretaria AgênciaSenado e poderá ser reproduzido mediante citação da fonte.

Impresso pela Secretaria Especial de Editoração e Publicações

Plenário realiza sessão não deliberativa

Paim participa de solenidade e recebe comitiva gaúcha

Para ouvir o depoimento do procuradorda República Luiz Francisco de Souza –foto –, a Comissão Parlamentar de

Procurador fala hoje à CPI do BanestadoInquérito do Banestado, presididapor Antero Paes de Barros (PSDB-MT), se reúne hoje, às 10h.

A TV Senado exibe hoje, às12h30, entrevista com osenador Leomar Quintanilha(PFL-TO) – foto – sobre alimen-tos transgênicos; às 13h, PatríciaSaboya (PPS-CE) – foto– e o

TV Senado apresenta entrevista e debates

ministro Nilmário Miranda, daSecretaria Especial dos DireitosHumanos, debatem a explora-ção infantil. Às 19h, seráexibido programa sobre os 180anos do Parlamento.

A pedido dos parlamentares, o Senado realizarátrês sessões especiais. No dia 20 de agosto haveráhomenagem à Maçonaria pelo transcurso do Diado Maçom. No dia 22 de agosto, em sessão solene

Senado homenageará Maçonaria, Dinarte Mariz e Allende

As Comissões de Educação (CE) e de AssuntosSociais (CAS) se reúnem na próxima semanapara votação de projetos. Na terça-feira, a CEdeve votar o PLS nº 04/03, que prevê o ensinoda língua espanhola nos níveis médio efundamental. Na quinta-feira, a CAS analisa,entre outros projetos, o PLC nº 42/02, que tratada comercialização da soda cáustica.

Comissões votam projetosDe 18 a 22 de agosto realiza-se no Congresso aSemana de Software Livre no Legislativo, paradiscutir aplicações e usos de programasabertos de computador no Brasil. Estãoprevistas palestras, debates e mesas-redondascom especialistas nacionais e internacionais.As inscrições podem ser feitas pelo endereçohttp://www.congresso.gov.br/softwarelivre.

Semana de Software Livre

A agenda completa, incluindo o número de cada proposição, está disponívelna Internet, no endereço www.senado.gov.br/agencia/agenda/agenda.asp

Tem início às 14h30 a sessão de hoje, para comunicados da Mesa epronunciamentos de parlamentares. Paulo Paim (PT-RS) e MozarildoCavalcanti (PPS-RR) são os primeiros senadores inscritos para falar.O leitor pode acompanhar toda a sessão ao vivo por meio da TV ouda Rádio Senado.

O presidente em exercício doSenado, Paulo Paim (PT-RS),participa, no Ministério daAssistência e Promoção Social,

às 9h30, da instalação de comissãointerministerial que implementaráa Política Nacional do Idoso; às16h30, recebe o secretário de

Esporte, Turismo e Lazer do RS,Luis Augusto Lara, acompanhadode comitiva do município de Bagée de representantes da Apae.

especial, será lembrado o centenário de nascimen-to do ex-senador Dinarte Mariz. E, no dia 11 desetembro, a sessão do Senado irá homenagear oex-presidente do Chile Salvador Allende.

Suplicy lamentafalecimentode deputada

O senador Eduardo Suplicy(PT-SP) registrou em Plenáriovoto de pesar pelo falecimentoda deputada federal FranciscaTrindade (PT-PI). Sua ausênciano enterro da parlamentar, quemorreu no último domingo,aos 37 anos, vítima de aneu-risma cerebral, foi justificadapor visita feita a acampamentodo Movimento dos Trabalhado-res Rurais Sem Terra (MST) naregião do Pontal do Parana-panema, em São Paulo.

– Ao longo dos seus manda-tos (foi vereadora e deputadaestadual), Francisca foi exem-plo de luta pela cidadania, pe-los direitos dos negros e dasmulheres – afirmou.

FórumEduardo Suplicy comentou

também a abertura do FórumNacional do Trabalho, que con-tou com a presença do presi-dente Luiz Inácio Lula da Silvae do ministro do Trabalho,Jaques Wagner. Conforme assi-nalou, a iniciativa deve propi-ciar o diálogo entre patrões,empregados, governo e Con-gresso na busca pela descentra-lização das relações de trabalhoe atualização da legislação tra-balhista.

RECONHECIMENTO FranciscaTrindade foi exemplo de lutapela cidadania, destaca Suplicy

CARÊNCIA Centro-oeste mineirotem indicadores semelhantes aoNordeste, diz Hélio Costa

Costa quer maismunicípios deMG na SudeneO senador Hélio Costa

(PMDB-MG) defendeu a inclu-são de 25 municípios da regiãocentro-oeste de Minas Geraisna área de atuação da Superin-tendência do Desenvolvimen-to do Nordeste, que está sendorecriada pelo governo federal.Os municípios, salientou o se-nador, têm afinidades socio-econômicas com as regiões dosvales dos rios Jequitinhonha,Mucuri e São Mateus, já sobinfluência da Sudene.

– Constatamos nesses muni-cípios indicadores econômicossemelhantes aos encontradosno Nordeste, como altas taxasde analfabetismo, elevado cres-cimento demográfico, alto ní-vel de mortalidade infantil, bai-xa urbanização e saneamentobásico praticamente inexisten-te – disse o senador.

Hélio Costa apresentará re-querimento no Senado solici-tando informações ao ministroda Integração Nacional, CiroGomes, sobre a inclusão desses25 municípios.

EconomiaOutro aspecto importante,

destacado pelo senador, é a in-fluência que a inclusão trariapara a economia mineira – aparticipação dessas cidades noproduto interno do estado épraticamente nula. Hélio Cos-ta disse que a medida represen-tará um estímulo para o desen-volvimento das regiões, quepassariam a contar com linhasde crédito, incentivos fiscais erecursos do Fundo de Desen-volvimento do Nordeste.

A concessão de financiamen-tos para pequenos empreendi-mentos deve ser, na avaliaçãodo senador, o cerne da atuaçãoda nova Sudene.

– Ela [a Sudene] deve priori-zar os pequenos empreendi-mentos, base social e econômi-ca da democracia dos paísesmais desenvolvidos, o chama-do microcrédito – afirmou.

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3Brasília, quarta-feira, 30 de julho de 2003

CCJ examina fundo paravítimas de ação violentaProjeto estabeleceassistência financeira apessoas submetidas acrimes dolosos, comolesão corporal grave

Começa a tramitar na próxi-ma sexta-feira projeto de lei dosenador José Sarney (PMDB-AP) que institui o Fundo Naci-onal de Assistência às Vítimasde Crimes Violentos. O projeto,que regulamenta dispositivoconstitucional, receberá deci-são terminativa da Comissãode Constituição, Justiça e Cida-dania (CCJ).

De acordo com a proposta, aUnião dará assistência finan-ceira às vítimas ou herdeiros edependentes carentes quandoverificada a prática dos seguin-tes crimes dolosos: homicídio;lesão corporal de natureza gra-ve de que resulte debilidade

permanente de membro, sen-tido ou função, incapacidadepermanente para o trabalho,enfermidade incurável, perdaou inutilização de membro,sentido ou função; ação contraa liberdade sexual, cometidamediante violência ou grave

O senador Paulo Paim (PT-RS) elogiou em Plenário o lan-çamento, pelo governo federal,do Fórum Nacional do Traba-lho, realizado na manhã de on-tem no Palácio do Planalto. Ofórum, explicou Paim, terá aparticipação de trabalhadorese empresários, dos mais diver-sos setores, e objetiva atualizara legislação trabalhista. O par-lamentar, que partici-pou da cerimônia delançamento, se dissesatisfeito com os dis-cursos do presidenteda República, LuizInácio Lula da Silva, edo ministro do Traba-lho, Jaques Wagner.

– Ouvi do presiden-te e do ministro quetemos que parar dedebater a relação ca-pital-trabalho na óti-ca de que o trabalha-dor tem que perder sempre –afirmou Paim, que criticou aproposta apresentada no anopassado, pelo governo Fernan-do Henrique Cardoso, de flexi-bilização da Consolidação dasLeis do Trabalho (CLT).

Paulo Paim salientou que ofórum de discussão contarácom representantes dos Pode-res Legislativo e Judiciário.Lembrou ainda que o Congres-so Nacional dará o tom final aqualquer mudança nas leis tra-balhistas. Para ele, o governoacerta ao colocar o tema emamplo debate.

Paim elogia lançamentode fórum para o trabalho

PROTEÇÃO Sarney, autor daproposta, quer garantir obenefício a herdeiros da vítima

Paim: iniciativavisa atualizarlegislação

Deficientes físicosPaim defendeu também mai-

or inserção dos deficientes físi-cos no mercado de trabalho. Eleassegurou estar feliz com a re-cente contratação, em seu gabi-nete, de dois funcionários ce-gos, que terão equipamento es-pecial para responder às cartasenviadas por seus eleitores, e deuma servidora paraplégica.

Paim salientou que oprojeto de lei (PLS 06/2003) de sua autoriaque cria o Estatuto doPortador de Deficiên-cia, atualmente trami-tando na Comissão deAssuntos Sociais (CAS),será aperfeiçoado pelorelator, o senador Flá-vio Arns (PT-PR).

– O projeto, em suaredação final, terá rece-bido ampla contribui-ção da sociedade – dis-

se, revelando que passou a sepreocupar com a situação dosdeficientes físicos após acom-panhar o problema vivido porsua irmã, que perdeu a visão. Eleapontou ainda o alto índice deportadores de deficiência físicana população brasileira.

Em aparte, o senador RomeuTuma (PFL-SP) elogiou o pro-nunciamento de Paim e men-cionou o empenho da Gráficado Senado em disponibilizarpublicações em braile. O sena-dor Hélio Costa (PMDB-MG)também elogiou a franqueza dePaulo Paim ao tratar do tema.

O vice-presidente do Senado,Paulo Paim, recebeu ontem odiretor-regional da EmpresaBrasileira de Correios e Telégra-fos (ECT) no Distrito Federal,Alexandre Gomes Câmara,para conversar sobre a propos-ta do senador referente ao lan-çamento de carimbo e selo pos-tal em homenagem aos Lancei-ros Negros, mortos ao final daRevolução dos Farrapos.

Segundo Paulo Paim, a sagados lanceiros é “uma páginanão contada da nossa história”,que passaria a ser mais conhe-cida pela divulgação do selo. Ainiciativa, acrescentou, é tam-bém uma homenagem à comu-nidade negra.

– No acordo que pôs fim à re-volução existia o compromissode dar liberdade aos negros quehaviam combatido, mas, infe-

Selo homenageará negrosda Revolução dos Farrapos

lizmente, na mesma noite, oslanceiros, principais guerreirosda revolução, foram todos as-sassinados, porque sua liberda-de serviria de exemplo para oresto da comunidade negra dopaís se levantar exigindo a li-berdade também.

O diretor dos Correios, queestava acompanhado pelo se-nador Eurípedes Camargo (PT-DF), informou que a ComissãoFilatélica Nacional vai se reunirpara deliberar sobre o assunto,devendo ser fixada a data de 20de novembro, Dia Nacional deZumbi dos Palmares, para olançamento do selo em home-nagem aos lanceiros.

Já o carimbo, que substitui oselo nas postagens, passará aser utilizado na correspondên-cia a ser expedida pelo gabine-te de Paim.

Segundo o projeto do senadorJosé Sarney, a assistênciafinanceira consistirá nopagamento de quantia única eimpenhorável destinada aocusteio dos gastos funerários,tratamento e despesas médi-cas, alimentação ou outrasdespesas essenciais à manu-tenção da saúde e do bem-estar. Os parâmetros mínimo emáximo do valor do benefícioserão fixados pelo Executivo,levando-se em conta a gravida-de e conseqüências do crime. Aproposta prevê as hipótesesem que a União poderá exigir arestituição do benefício erelaciona as situações em queas vítimas não terão direito àassistência financeira.A proposição define dez

ameaça; homicídio ou lesãocorporal de natureza grave,provocado por projétil de armade fogo, quando ignorado o au-tor e as circunstâncias do dis-paro, ainda que inexista dolo (éo caso da bala perdida).

O Fundo Nacional de Assis-tência às Vítimas de Crimes Vi-olentos, a ser instituído no Mi-nistério da Justiça, terá comofontes de recursos as dotaçõesorçamentárias da União; as do-ações, auxílios, subvenções outransferências voluntárias deentidades públicas ou privadase de pessoas físicas; os decor-rentes de empréstimos junto àsagências ou bancos de desen-volvimento; as multas originá-rias de sentenças penais con-denatórias com trânsito em jul-gado no âmbito da Justiça Fe-deral; e as fianças quebradas ouperdidas nos termos da legis-lação processual penal, entreoutras.

Benefício deve garantir custeio dotratamento médico e alimentação

direitos das vítimas de açõescriminosas, entre os quaisreceber tratamento digno ecompatível com a sua condiçãopor parte dos órgãos e autori-dades policiais; ser informadasobre os principais atos doinquérito policial e do processojudicial referentes à apuraçãodo crime e obter cópias daspeças de seu interesse; prestardeclarações perante autorida-de policial ou judicial em diadiferente do marcado para aoitiva do suposto autor docrime; e obter rapidamente arestituição dos seus objetos epertences pessoais apreendi-dos pela autoridade policial.Também é considerado direitodas vítimas de ações crimino-sas, de acordo com o projeto, a

garantia especial de proteçãodo Estado quando, em razão desua colaboração com a investi-gação ou processo criminal,sofrer coação ou ameaça à suaintegridade física, psicológicaou patrimonial. Essas medidasde proteção serão estendidasao cônjuge ou companheiro,filhos, familiares e afins, senecessário.A proposta define a vítimacomo a pessoa que suportadireta ou indiretamente osefeitos da ação criminosaconsumada ou tentada, quevenha a sofrer danos físicos,psicológicos, morais oupatrimoniais ou outras viola-ções dos seus direitos funda-mentais, bem como os defamiliares próximos.

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4 Brasília, quarta-feira, 30 de julho de 2003

A remessa de recursos para oexterior por meio de contas CC-5 se transformou, segundo odelegado da Polícia Federal JoséCastilho Neto, em uma “lavan-deria de dinheiro mundial”. Emdepoimento que só terminou às21h30 de ontem à CPI do Banes-tado, o delegado disse que, emmenos de dez anos, a partir dadécada de 90, foram movimen-tados US$ 124 bilhões por meiodessas contas, a maior parte deforma irregular.

Por considerar que o crimefinanceiro serve como base pa-ra toda a criminalidade, Casti-lho, que investigou o caso nosEstados Unidos, saudou a cria-ção da comissão parlamentarde inquérito, que, bem condu-zida, na sua opinião, será “a CPIdas CPIs”, pois terá condiçõesde levantar provas documen-tais inclusive para as CPIs an-teriores que detectaram a lava-gem de dinheiro.

Ele ofereceu à comissão o re-

latório da Operação Macuco,que investigou o caso, entregueem 2002 à direção da PolíciaFederal. O delegado disse sus-peitar que o relatório nem se-quer foi lido, já que nele, decla-rou, estão identificados gravesproblemas e as soluções paracombatê-los.

José Castilho Neto informouque, nas duas vezes em que es-teve em Nova York para inves-tigar as contas da agência doBanestado, obteve colaboração

das autoridades locais, conse-guiu a quebra do sigilo bancá-rio e teve acesso a um banco dedados sem precedentes quemapeia a movimentação frau-dulenta de bilhões de dólares.

– Esse banco de dados é umgrande golpe no crime organi-zado no Brasil. Ele dá acesso atoda a bandalheira que sabe-mos que acontece neste país –declarou.

Para o delegado, o cruzamen-to das informações desse ban-

co de dados vai permitir que semonte uma base documentalsólida, capaz de produzir pro-vas contra criminosos, princi-palmente aqueles ligados à cor-rupção pública. Ele pediu agi-lidade nos trabalhos da comis-são de inquérito, pois os cami-nhos para as investigações es-tão abertos.

– As autoridades americanasestão à disposição, investigan-do brasileiros. Estamos perden-do tempo – alertou.

SUSPEITAS José Castilho Neto (de costas) criticou, várias vezes, o que classificou de “operação abafa”, destinada a impedir o andamento das suas investigações

Castilho reclama de “operação abafa”

CPI DO BANESTADO Policial federal que investigou remessas ilegais por meio das contas CC-5depõe durante quase doze horas e revela as ações do crime organizado

Em vários trechos de seu de-poimento, o delegado José Cas-tilho Neto se disse indignadocom o que chamou de “opera-ção abafa” para evitar a inves-tigação das contas. Castilhoressaltou que enfrentou todotipo de dificuldades na tentati-va de produzir provas contra osresponsáveis pelos desvios.

– Foi uma atitude covarde eoculta – declarou o delegado,afastado das investigaçõesduas vezes pela Polícia Federal.

O delegado criticou ainda aforma como o Ministério Públi-co e a PF conduzem as investi-gações sobre lavagem de di-nheiro. Para ele, os inquéritosse arrastam por muito temposob justificativas menores, co-mo a impossibilidade de um

Delegado: contas movimentaram US$ 124 bi

agente público receber diáriasde manutenção por mais detrês meses. Assim, Castilhoacredita que se perde o princí-pio de oportunidade para aprodução de provas; por isso,crimes financeiros cometidosentre 1996 e 1997 já prescreve-ram do ponto de vista fiscal.

– Ocorrido um crime, é pre-ciso agir rapidamente para es-tancá-lo, caso contrário as pro-vas se diluirão. O tempo correcontra as investigações – recla-mou.

Com a imposição do rodízioentre delegados e procuradoresnas investigações de Foz doIguaçu (PR), informou Castilho,foram necessários seis anospara se chegar a conclusões.

– Graças a Deus ocorreu essa

CPI. Sem isso, tenho certeza queesse trabalho não teria andado.Gastamos tempo demais nas in-vestigações. Isso é uma vergonha– lamentou, condenando tam-bém a demora do Banco Centralpara identificar irregularidadesnas contas CC-5 e oferecer umadenúncia ao MP, o que ocorreusomente em 1997.

Castilho reconheceu o papeldesempenhado pelo procura-dor da República Luiz Francis-co de Souza, pela secretária na-cional de Justiça, Cláudia Cha-gas, e pela senadora Ideli Sal-vatti (PT-SC) no apoio às inves-tigações nos Estados Unidos.Sem eles, afirmou, não teriapermanecido 74 dias nos EUAe “talvez o trabalho não tivesseprosperado tanto”.

Lembrando que aCPI do Banestadotem como objetivonão apenas apuraros beneficiários doesquema de remessailegal, mas tambémeventual cumplici-dade de agentes pú-blicos brasileiros naoperação, o senadorJefferson Péres (PDT-AM) pediu ao relatorda comissão, depu-tado José Mentor (PT-SP), quetambém investigue as suspei-tas levantadas pelo delegadoda Polícia Federal José Casti-lho Neto de que teria ocorri-do um boicote ao seu traba-lho por parte de dirigentes da

Jefferson pede que comissãoapure boicote à investigação

Polícia Federal nogoverno atual e nogoverno passado.

Respondendo aperguntas feitaspor Jefferson Pé-res, Castilho Netodetalhou situaçõesem que seu traba-lho teria sido boi-cotado. Ele tam-bém descartou apossibilidade deque a suposta má

vontade com sua atuação te-ria sido motivada por algumaquestão pessoal.

– Questões pessoais nãopodem interferir em um as-sunto tão relevante – afirmouo delegado.

Jefferson achagrave a denúnciade Castilho Neto

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5Brasília, quarta-feira, 30 de julho de 2003

CPI DO BANESTADO Relator da comissão propôs que depoimento fosse reservado para queparlamentares tivessem acesso a nomes de envolvidos nas remessas ilegais

Dúvidas sobre a legalidade ea conveniência da divulgaçãode nomes de beneficiários decontas irregulares mantidas noexterior, a partir de recursosdepositados no Brasil na moda-lidade CC-5, levaram a CPI doBanestado a solicitar que o de-legado da Polícia Federal JoséCastilho Neto os fornecesse emdepoimento reservado.

Castilho começou a deporpor volta das 10h. Após mani-festações sobre a conveniênciaou não de transformar a reu-nião em secreta, o relator, de-putado José Mentor, insistiu naimportância de a CPI ter aces-so aos nomes levantados no in-quérito conduzido por JoséCastilho Neto, para separar asremessas legais das ilegais. Trêshoras depois, foi aprovada aproposta do relator para trans-formar a reunião de aberta emsecreta.

Ainda na fase aberta, o dele-gado, que conduziu o inquéri-to sobre as remessas irregula-res para a agência do Banesta-do em Nova York, a partir demaio de 2001, começou a expli-car que o esquema de evasão a

Castilho Neto é ouvido em reunião secretapartir de contas CC-5 abertasem Foz do Iguaçu pode ser di-vidido em duas partes. Umadelas é uma “estrutura crimino-sa”, da qual participam funcio-nários públicos que “precisamser responsabilizados”.

Castilho referiu-se, para indi-car nomes, a depoimento doministro do Tribunal de Contasda União (TCU) Adylson Motta,que apontou o ex-presidentedo Banco Central GustavoFranco como o responsável pe-la autorização especial àsagências de cinco bancos emFoz do Iguaçu que criou a bre-cha para as remessas fraudu-lentas. O delegado também re-lacionou o chefe do Departa-mento de Câmbio do BC, JoséMaria Carvalho, e a ex-diretorade Fiscalização do Banco Cen-tral Tereza Grossi entre os ser-vidores que precisam ser res-ponsabilizados.

A outra parte do esquema,segundo o delegado, é consti-tuída dos usuários – “maus po-líticos, empresários desones-tos, narcotraficantes” e outrosintegrantes de redes crimino-sas. Castilho informou que vem

recebendo ameaças, mas nãomencionou de quem. Afirmouainda que a “cúpula da ban-dalheira nacional” deixou algu-ma impressão digital e o rastronos extratos de contas bancá-rias no exterior.

TucanoAo se referir às quatro contas

principais – Lespan, mantidano Citibank, Beacon Hill,Campari e De Polo – de empre-

sas que atuam em paraísos fis-cais e abrigam vários bene-ficiários brasileiros, Castilhodestacou um deles, intitulado“Tucano”. O delegado disse terduvidado da informação quelhe passaram, segundo a quala conta continha operações denomes relacionados ao partidotucano (PSDB).

– Mas a certeza da impunida-de no Brasil é tão grande que

isso é possível – afirmou. Elerelatou que a “conta Tucano”,como ficou conhecida, foi aber-ta por um doleiro de Campinas(SP), que, mostraram as inves-tigações, é amigo do dono deuma empresa de medicamen-tos genéricos. Este, por sua vez,mantinha relação estreita comum político tucano que apare-ce relacionado entre os bene-ficiários.

IMTIMIDAÇÃO Delegado Castilho Neto (D) afirmou que vem recebendo ameaças, mas não disse de quem

Remessasenvolveram

vários bancosA senadora Ideli Salvatti (PT-

SC) indagou a José CastilhoNeto o motivo de só terem sidoquebrados sigilos de contasCC-5 do Banestado, apesar deo Banco Araucária, Bemge,Banco do Brasil, Banco Rural eBanco Real também haveremremetido dinheiro.

Castilho disse que o esquemaera mais vulnerável no Banes-tado, daí as investigações teremse concentrado inicialmenteno Banestado. A intenção, sali-entou, era ampliar a investiga-ção para outros bancos.

Nomes desuspeitos devem

ser mostradosHeráclito Fortes (PFL-PI) pe-

diu ao delegado da Polícia Fe-deral que citasse os nomes dospolíticos que estariam envolvi-dos no esquema de remessa ile-gal. O senador criticou o poli-cial por levantar suspeitas semapontar quem são.

Castilho explicou que falacomo investigador quando su-gere que o rastreamento nascontas poderá detectar o en-volvimento de políticos, masque não dispõe de provas ca-bais que incriminem qualquernome. Há suspeitas, afirmou.

Suspeita deenvolvimento deservidores é grave

O senador Romeu Tuma(PFL-SP) perguntou a JoséCastilho Neto se ele tinha pro-vas de que funcionários doBanco Central haviam vendidoinformações de interesse dequem remetia dólares ao exte-rior pelas contas CC-5. "Se hou-ver essa confirmação, trata-sede algo muito grave", afirmou.

Para o delegado, as pessoasque trabalharam na investiga-ção "acreditam que o esquemasó poderia dar certo com infor-mações de dentro do BC". Masa suspeita não foi comprovada.

IDELI SALVATTI HERÁCLITO FORTES ROMEU TUMA PEDRO SIMON MAGNO MALTA

Cobrança ao PTpor maior apoioàs investigaçõesPreferindo não fazer nenhu-

ma pergunta ao delegado, o se-nador Magno Malta (PL-ES) la-mentou que o PT não esteja, aseu ver, apresentando a mesmadisposição que demonstrou emoutras CPIs, como a do Nar-cotráfico, de aprofundar as in-vestigações.

Malta disse que o policialcumpriu sua missão ao trazerà CPI os indícios levantados atéagora nas investigações, e quecabe à comissão, a partir dosdepoimentos, produzir as pro-vas necessárias.

Troca de equipeobjetiva mascarar

investigaçãoPedro Simon (PMDB-RS)

sustentou que as trocas de de-legados e promotores nas in-vestigações de remessas de dó-lares “objetivam simplesmentemascarar” o processo.

– Estamos diante de um casograve. Primeiro, ficaram nessahistória de tirar e colocar dele-gados e promotores. Depois, opróprio governo quis abafar aCPI aqui no Congresso. Agirammal a Polícia Federal, o Minis-tério da Justiça, a ProcuradoriaGeral da República, o ministroda Fazenda – afirmou.

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6 Brasília, quarta-feira, 30 de julho de 2003

CPI DO BANESTADO

A senadora Serys Slhessa-renko (PT-MT) apresentou on-tem, durante a reunião da CPIdo Banestado, requerimentosde convocação do ex-governa-dor Paulo Maluf, da ex-esposado ex-prefeito de São Paulo Cel-so Pitta, Nicéa Camargo, e deoutras pessoas que, segundo asenadora, estão sendo citadaspela imprensa como envolvi-das em possíveis ocorrênciasde evasão de divisas (ver repor-tagem abaixo).

Outro requerimento apre-sentado à CPI, de autoria dodeputado Eduardo Valverde(PT-RO), é de convite ao secre-tário da Conferência Nacionaldos Bispos do Brasil (CNBB) em

Pedida a convocação deMaluf e Nicéa Camargo

SUSPEITA Serys (C) alega que os nomes têm sido citados pela imprensa em casos de evasão de divisas

1995, dom Raimundo Damas-ceno, e seus auxiliares, para fa-lar sobre o levantamento reali-zado naquele ano pela entida-de sobre as contas de não resi-dentes no país, as chamadascontas CC-5. O documento daCNBB, segundo o deputado, foiencaminhado à Presidência daRepública e, pelas informaçõesque o parlamentar obteve daConferência, nenhuma provi-dência teria sido tomada.

O senador José Jorge (PFL-PE) disse que, antes dessas au-diências, a secretaria da CPI doBanestado deveria solicitar otrabalho em que a CNBB de-nuncia indícios de irregularida-des nessas operações. O presi-

dente da CPI, senador AnteroPaes de Barros (PSDB-MT), in-formou que os requerimentosserão apreciados em reuniãoespecífica.

Antero disse que dois consul-tores do Senado irão a São Pau-lo para buscar toda a documen-tação requerida pela CPI rela-tiva aos inquéritos policiais so-bre evasão de divisas para pa-raísos fiscais. Em outro informeaos integrantes da comissão, osenador afirmou que já come-çaram a chegar de Curitiba oslaudos periciais e outros dadosde inquéritos policiais sobre asremessas irregulares originá-rias de contas bancárias CC-5abertas em Foz do Iguaçu (PR).

A senadora Serys Slhessarenko afirmou ontem quea CPI do Banestado “vem trabalhando em silêncio,mas está indo célere e firme e, no final, vai ter muitosnomes para a Justiça” indiciar por remessa ilegal dedivisas ou desvio de dinheiro público. Serys comuni-cou ao Plenário a apresentação de quatro requeri-mentos à CPI convocando Paulo Maluf, Celso Pitta,Nicéa Camargo e Simeão Damasceno, ex-coordena-dor financeiro de uma empresa que executou obrasem São Paulo que estão sob investigação.

– Segundo a imprensa, o sr. Paulo Maluf ficou deti-do em Paris, onde foi questionado sobre um depósi-to superior a US$ 1 milhão em conta bancária na-quele país. Se ele vier ao Congresso, poderá explicara origem desse dinheiro – ressaltou a senadora.

No mesmo discurso, Serys voltou a pedir ao go-verno federal que não deixe de aplicar na recupera-ção das rodovias brasileiras dinheiro da Contribui-ção de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide).

Para Serys, comissãovai apontar culpados

O presidente da CPI do Banestado, senadorAntero Paes de Barros, informou ser intençãoda comissão ir aos Estados Unidos para se in-formar melhor sobre a remessa de dólares origi-nários do Brasil para agências em território nor-te-americano.

Antero disse ainda que a CPI entregou o últi-mo documento que viabilizará a continuidadedas investigações nos EUA. As informações in-cluem justificativas e explicações que sustentampedidos de quebra de sigilo daqueles que rece-beram dólares por meio das contas CC-5.

Na opinião do senador, o Ministério da Justiçavem ajudando e, nos últimos dias, garantiu ver-bas para que o Ministério Público monte umprograma de computador que irá cruzar dadostelefônicos e bancários.

– Sem a CPI, as investigações já teriam parado– avaliou Antero de Barros.

CPI deve fazer diligêncianos EUA, prevê Antero

O senador Romeu Tuma(PFL-SP) apresentou ontemquatro projetos de lei baseadosnas informações colhidas pelaCPI mista que investigou o rou-bo de cargas, concluída no anopassado. Um deles (PLS 153/2003) torna obrigatória a inter-venção da Polícia Federal noscrimes interestaduais e inter-nacionais, como geralmenteacontece nos furtos e roubos decargas.

Outra proposta (PLS 152/2003) autoriza o rompimentodo lacre aduaneiro durante ainspeção de cargas. O projetoestabelece que após a inspeçãoseja colocado novo lacre, masdetermina que, havendo indí-cio de crime, os bens sejamapreendidos para averiguação.

Há também o projeto (PLS151/2003) que elimina a co-brança de imposto sobre mer-cadorias furtadas ou roubadasantes da entrega ao destinatá-rio.

– Não é justo que se tribute obem roubado porque o Estadonão lhe garantiu segurança –explicou o senador.

Por último, há a proposta(PLS 154/2003) de se tipificarao menos a receptação culposa,quando praticada por comerci-antes ou indústrias. A alteraçãona lei, conforme Tuma, é neces-

Projetos de Tuma visaminibir o roubo de cargas

sária devido à forma como vêmagindo os criminosos.

– É corriqueiro o uso de em-presas regulares como fachadapara a receptação. São essas fir-mas que encomendam, arma-zenam e distribuem rapida-mente no mercado os produtosroubados ou desviados emgrande escala pelos ladrões –explicou.

Tuma enumerou as conclu-sões da CPI, que detectou in-clusive ligações entre grandestraficantes de entorpecentes evários chefes do roubo de car-gas. Ele salientou que é difícilprovar a culpa dos líderes dasorganizações criminosas.

– Só quebrando o sigilo decontas bancárias, comunica-ções e declarações ao fisco, oque uma comissão parlamen-tar pode fazer com apreciávelrapidez – sustentou.

Os projetos apresentados porTuma estão entre as conclusõesdo relatório final da CPI, queinclui a abertura de processocontra 12 empresas e o indicia-mento de 156 pessoas. Como alegislatura encerrou-se simul-taneamente com os trabalhosda comissão, não foi possívelque as sugestões de seus inte-grantes se transformassem emprojetos, por isso o senador as-sumiu a autoria das propostas.

O senador Mozarildo Caval-canti (PPS-RR) protestou on-tem contra a “fraca reação” dogoverno brasileiro frente ao in-gresso em território nacionalde um avião militar francêsque, segundo publi-cou a imprensa, veiocom militares, diplo-matas e agentes se-cretos daquele paíspara negociar a liber-tação da ex-senadorae ex-candidata à Pre-sidência da ColômbiaIngrid Betancourt. Aex-senadora, que temnacionalidades fran-cesa e colombiana,foi seqüestrada emfevereiro do ano passado pelasForças Armadas Revolucioná-rias da Colômbia (Farc). O se-nador sugeriu que o caso sejainvestigado pela Comissão deRelações Exteriores e DefesaNacional (CRE).

Mozarildo leu a nota divul-gada pelo Ministério das Rela-

Mozarildo sugere que CREapure caso do avião francês

ções Exteriores na qual o gover-no brasileiro “lamenta os acon-tecimentos que envolveram apresença de avião e cidadãosfranceses em território brasilei-ro” e também “manifesta sua

surpresa por não tersido previamenteconsultado”.

– Com todo o res-peito ao Ministériodas Relações Exteri-ores, considero que anota é muito fraca.

Mozarildo para-benizou a revistaCarta Capital, quedestacou o episódioem duas edições se-guidas, e citou repor-

tagens publicadas pelos jornaisCorreio Braziliense, Jornal doBrasil, O Estado de S. Paulo e OGlobo. Em aparte, a senadoraIris de Araújo (PMDB-GO) afir-mou que o caso, ao ser levadoà tribuna por um senador daregião, “certamente terá umeco maior”.

Mozarildoconsidera “fraca”nota do Itamaraty

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7Brasília, quarta-feira, 30 de julho de 2003

José Jorge quermanter receitadas prefeituras

PT defende Previdênciapara trabalhador informal

REPÚDIO Tião Viana informouainda que partido repeleeventual greve dos magistrados

Proposta da ExecutivaNacional do partido aogoverno estende a 40milhões de pessoasdireito a aposentadoria

O líder do PT no Senado, TiãoViana (AC), informou que aExecutiva Nacional do Partidodos Trabalhadores (PT) deci-diu, em reunião realizada on-tem, pedir ao governo um pro-jeto para que 40 milhões de tra-balhadores informais tenhamalguma forma de apoio do Ins-tituto Nacional do Seguro Soci-al (INSS) quando atingirem aidade de aposentadoria. Eledisse que essas pessoas, pornão pagarem contribuição pre-

da Previdência, deputado JoséPimentel (PT-CE), que em seuparecer limitou a 75% do salá-rio de ministro do Supremo Tri-bunal Federal os vencimentosdos desembargadores dos tri-bunais de Justiça dos estados.Esse é um dos motivos que le-varam os juízes a decidir entrarem greve no próximo dia 5.

– A Executiva Nacional do PTmanifestou apoio incondicio-nal ao governo Luiz Inácio Lulada Silva e ao relator José Pimen-tel, ao mesmo tempo em querepudia a greve anunciada pelamagistratura.

A reunião foi presidida peloex-deputado José Genoíno,presidente do partido, e contoucom a presença do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

A ameaça de corte da receitamunicipal, com a aprovação daproposta de reforma tributária,levou o senador José Jorge(PFL-PE) a conclamar, ontem,os prefeitos a unirem forçaspara evitar a falência dos mu-nicípios brasileiros.

Ele informou que a Executi-va Nacional do Partido da Fren-te Liberal decidiu se reunir comos prefeitos da legenda, no pró-ximo dia 14, no Auditório Pe-trônio Portella, do Senado, paradefinir formas de avançar naluta em favor dos municípios.Segundo José Jorge, o PFL jáofereceu emenda à proposta,estabelecendo que o total daarrecadação federal deverá serrepartido entre União, estadose municípios.

José Jorge classificou comouma grande injustiça contra asprefeituras a não-inclusão, noFundo de Participação dos Mu-nicípios (FPM), de percentualdas receitas auferidas pelaUnião com a Contribuição deIntervenção no Domínio Eco-nômico (Cide) e a ContribuiçãoProvisória sobre Movimenta-ção Financeira (CPMF). O fun-do é composto de parcelas doImposto de Renda (IR) e doImposto sobre Produtos Indus-trializados (IPI).

Em apartes, os senadores Ro-meu Tuma (PFL-SP), EdisonLobão (PFL-MA) e GaribaldiAlves (PMDB-RN) manifesta-ram apoio às preocupações dorepresentante de Pernambuco.

– Essa ansiedade dos prefei-tos é motivada pela falta de umfluxo mais correto do pacto fe-derativo e da falta de repassedas contribuições arrecadadaspela União – opinou Tuma.Lobão reclamou que “a Uniãovem escamoteando tributos”,enquanto Garibaldi disse que“é hora de propor medidas quepossibilitem aos municípiosserem parceiros da ação fede-ral e estadual”.

videnciária, em tese não terãodireito a aposentadoria.

O colegiado decidiu ainda,conforme relato de Tião Vianaao Plenário do Senado, dar to-tal apoio ao relator da reforma

Paim admite que alguns pontos dareforma ainda podem ser negociados

O vice-presidente do Senado,Paulo Paim (PT-RS), recebeu,ontem, representantes da Fe-deração dos Sindicatos Técni-co-Administrativos das Univer-sidades Brasileiras (Fasubra),que formularam críticas à re-forma da Previdência. O sena-dor admitiu no encontro queainda há três pontos a seremnegociados: tributação de ina-tivos, aumento do limite de ida-de para aposentadoria e valordas pensões.

– Entendo que, no momentoem que a proposta de reformaaqui chegar, é nossa obrigaçãoestabelecer uma mesa de nego-ciação, como foi feito na Câma-

ra pelo presidente João Paulo.Então nós vamos ouvir todas asentidades e também o governo– declarou Paulo Paim.

Os representantes da Fasubraestão preocupados com a tri-butação dos inativos, questãoque, conforme o senador, podedeslocar-se para os estados.

– Se foi uma imposição dosgovernadores, eles que a enca-minhem para a Assembléia Le-gislativa e discutam com os de-putados estaduais e com os ser-vidores se devem ser tributadosos inativos. A mesma coisa deveacontecer nos municípios – re-comendou.

Quanto à idade para aposen-

tadoria, Paim defendeu umaregra de transição. O senadordeu o exemplo de um cidadãoque precise de apenas um mêspara aposentar-se pela regraatual. Se não conseguir apo-sentar-se antes da promulga-ção da nova emenda, vai terque trabalhar mais sete anos,explicou, considerando essa si-tuação uma injustiça.

Ele disse também que é pre-ocupante a questão das pen-sões. “Pela forma como está re-digido, o pensionista poderá re-ceber de 30% a 70% dos direi-tos”, lembrou Paim, para quemdeveria ser adotada a mesmafórmula da área privada.

RESISTÊNCIA DOS SERVIDORES Paim ouve críticas de representantes da Fasubra à emenda da Previdência

MOBILIZAÇÃO José Jorge pregaunião dos prefeitos para evitarfalência dos municípios

Teotonio cobramaior redução

da taxa de jurosO senador Teotonio Vilela Fi-

lho (PSDB-AL) afirmou, em dis-curso no Plenário, que as me-didas adotadas pelo governofederal até o momento são in-suficientes para reverter o qua-dro recessivo da economia dopaís, “que necessita de iniciati-vas mais consistentes e menoslocalizadas”.

Ao comentar o artigo inti-tulado “Apenas Paliativos”, pu-blicado pela Folha de S. Paulo,ele observou que somente umaredução mais rápida dos jurosseria capaz de proporcionaruma retomada consistente docrescimento econômico.

De acordo com o artigo cita-do por Teotonio Vilela Filho, asmedidas até então anunciadasbuscam estimular apenas seto-res específicos que têm, noconjunto da economia, “fôlegomuito curto”. Entre essas medi-das, segundo a matéria, estãoo reforço da oferta de crédito amicro e pequenas empresas epessoas de baixa renda, o pro-grama Primeiro Emprego e aredução de impostos para rea-nimar as vendas das montado-ras de automóveis no mercadointerno.

Conforme a matéria, essasiniciativas foram lançadascomo uma espécie de roteiropara uma agenda de desenvol-vimento e “oferecem à opiniãopública a impressão de que ogoverno se mexe para tirar aeconomia do marasmo”, infor-mou o parlamentar.

“Mas, objetivamente, não ca-be esperar que sejam capazesde compensar o impacto re-cessivo da política macroeco-nômica em geral e, em particu-lar, da taxa de juros altíssima.Enquanto essa restrição geralao crescimento não for relaxa-da, as próximas iniciativas lo-calizadas que vêm surgindotenderão a ser esvaziadas”, dizo artigo citado pelo represen-tante alagoano.

SOLUÇÃO Teotonio Vilela dizque medida é necessária pararetomada do crescimento

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8 Brasília, quarta-feira, 30 de julho de 2003

O senador Edison Lobão(PFL-MA) informou ao Plená-rio em discurso ontem que ogoverno do Maranhão acaboude concluir um estudo técnicoque “não deixa qualquer dúvi-da sobre as vantagens do esta-do” para receber a nova refina-ria que a Petrobras pretendeconstruir no Brasil. Essa avali-ação aponta a “estratégica po-sição geográfica” e a capacida-de de atender a todos os requi-sitos de logística exigidos.

O senador Valdir Raupp(PMDB-RO) pediu ao presi-dente Lula que, “pelo amor deDeus”, libere verbas para quesejam recuperadas as rodoviasfederais em Rondônia. Ele in-formou ontem que as estradasjá estão intransitáveis e, com achegada das chuvas de verão,será praticamente impossíveltransportar safras de cereais ealimentos para as populaçõesdo estado.

– A principal rodovia federalque corta Rondônia, a BR-364,com 1.300 quilômetros no es-tado, encontra-se totalmenteesburacada e já não se podedizer que ela é uma estrada as-faltada – alertou.

Raupp disse que os cami-nhões com soja e milho produ-zidos em Mato Grosso faziamo trajeto até Porto Velho três ve-zes por semana. Agora, gastamuma semana por viagem, o queaumenta os custos dos grãosescoados por Porto Velho, àsmargens do Rio Madeira.

Valdir Raupp citou cada ro-dovia federal que passa porRondônia e em todas elas háproblemas sérios.

– Algumas delas, além dosburacos, já perderam pontes.Com o período intenso de chu-vas, será impossível passar porlá um caminhão. Não bastas-sem esses problemas, os 6 milquilômetros de rodovias esta-duais e os 30 mil municipaistambém se encontram em con-dições precárias.

O senador pediu ao governoLula que pelo menos libere osR$ 200 milhões que a Superin-tendência da Zona Franca deManaus (Suframa) pode desti-nar aos estados e municípiospara obras rodoviárias, recursoscontingenciados desde 2002.

Lobão diz que Maranhão estápronto para receber refinaria

Raupp apela aLula por verbaspara a BR-364

O estudo ressalta que “a es-trutura portuária existente, in-cluindo porto e retroporto; a

Eduardo Siqueira Campos(PSDB-TO) pediu ontem queo governo federal libere re-cursos para a conclusão daeclusa (diques que permitema descida ou subida de em-barcações em um desnível deum canal ou um rio) da Usi-na Hidrelétrica Luís EduardoMagalhães, ou Usina doLageado, no Rio Tocantins.Segundo o parlamentar, aeclusa diminuiria muito ocusto do transporte dos pro-dutos do Centro-Oeste desti-nados à exportação.

Para Eduardo, o escoamen-to da produção de soja doTocantins “é um drama, umalástima”, feito por via rodovi-ária até os portos de Santos(SP) ou Paranaguá (PR), a umcusto mínimo de US$ 30 portonelada.

– Se concluídas as obras daeclusa, teríamos 700 quilô-metros de navegação até oterminal da Ferrovia Norte-Sul, na cidade de Aguiarnó-polis (TO). Lá já está pratica-mente pronta uma platafor-ma multimodal, para cone-xão das barcaças com ferro-via, levando a produção até o

Eduardo pederecursos para

concluir eclusa

Porto de Itaqui, no Maranhão– disse o parlamentar, ressal-tando que o porto é o maispróximo da Europa e dos Es-tados Unidos.

O senador afirmou aindaque a bancada de seu estadodestinou, no Orçamento daUnião, recursos para a cons-trução da obra, consideradapor eles prioritária. Mas aler-tou que até agora, no final domês de julho, o governo fede-ral gastou apenas 2,7% dos R$9 bilhões previstos para inves-timentos. Ele informou ter en-viado ao ministro do Planeja-mento, Orçamento e Gestão,Guido Mantega, um pedidoformal solicitando liberaçãodos recursos para a obra.

Em aparte, o senador JoséJorge (PFL-PE) reconheceuque quase todas as obras fe-derais estão paralisadas, in-clusive o metrô do Recife.

Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) demonstrou ontem, emPlenário, satisfação com as de-cisões do governo federal derecriar a Superintendência doDesenvolvimento do Nordeste(Sudene), lançar o Programa deIncentivo à Produção e ao Con-sumo de Leite e reformular oprojeto de transposição daságuas do Rio SãoFrancisco.

Ao comentar oressurgimento daSudene, extintaem 2001, Garibal-di ressaltou suaexpectativa e es-perança de que oórgão possa voltara prestar bons ser-viços à região.Ponderou, entre-tanto, que não es-pera “milagres”nem que a instituição exerça omesmo papel dos anos 60, épo-ca de seu apogeu.

– Faz-se indispensável queela possa coordenar o planeja-mento de ações e examinarprojetos de desenvolvimentopara a região – disse.

Quanto ao programa de lei-te, o senador registrou a satis-fação de quem criou programasimilar quando governador doRio Grande do Norte. A distri-

Garibaldi elogia arecriação da Sudene

buição do produto beneficiava138 mil crianças e deficientesno estado e contribuiu, comoinformou, “para baixar o índi-ce de mortalidade infantil deforma significativa”.

– O estímulo ao produtor foital que, em oito anos, a produ-ção passou de 80 mil para 600mil litros por mês – afirmou,

observando que ogoverno federalpretende oferecerao menos um litrode leite por criança,gestante ou mãeque esteja ama-mentando.

Garibaldi Alvescomemorou a revi-são do projeto detransposição deáguas do São Fran-cisco, que deverácustar mais R$ 6 bi-

lhões. Com a mudança, não sóo Rio Grande do Norte, aParaíba, o Ceará e Pernambucoseriam beneficiados, mas todoo Nordeste.

Finalmente, o senador defen-deu a adoção de critérios téc-nicos para definição do estadonordestino que deverá receberuma refinaria da Petrobras,compartilhando opinião ex-pressa segunda-feira porEdison Lobão (PFL-MA).

VANTAGEM Estudo indica queretorno do investimento noMaranhão é alto, afirma Lobão

ESCOAMENTO Término daobra vai baratear exportaçãode soja, disse Eduardo

BURACOS Raupp revelou quetransporte de grãos agoraleva o triplo do tempo

EXPECTATIVA Garibaldinão espera milagres comressurgimento do órgão

Segundo senador,estudos técnicoscomprovam queestado oferece asmelhores condições

A sessão de ontem do Senado Federal foi presidida pelos senadores Eduardo Siqueira Campos e Hélio Costa

extensa malha ferroviária comacesso privilegiado a cinco es-tados; e a possibilidade de im-plantação de novo modal desuprimento são diferenciaisque só o estado do Maranhãotem a oferecer”.

RetornoEm seu discurso, Lobão des-

tacou ainda a taxa de retornode 19,24% prevista no projeto,considerada“extremamenteatrativa”. A instalação da novarefinaria no Maranhão, acres-centou, irá proporcionar gera-ção anual de riqueza para osestados do Tocantins e MatoGrosso entre R$ 50 milhões e R$70 milhões, segundo o estudo.

– É natural, senhor presiden-te, que todos os estados dispu-tem a recepção de um empre-

endimento como o de umanova refinaria de petróleo. Oque atingiria as raias da irres-ponsabilidade seria a escolhade uma localização por pres-sões políticas, ao arrepio dasconclusões técnicas – assinalouo parlamentar.

Lobão afirmou que o gover-nador José Reinaldo Tavarestem mostrado “dinamismo ecriatividade”, correspondendoà confiança da população doestado.

– Esteja certo o governadorque estaremos juntos nessaluta que pessoalmente travo hámais de sete anos, para que sereconheça, no território mara-nhense, a localização tecnica-mente mais correta para a ins-talação da refinaria – disse.

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