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DEFINIÇÃO DO PONTO DE ÓTIMO NO
TORNEAMENTO DO AÇO ABNT H13
ENDURECIDO A 54 HRC UTILIZANDO
UMA FERRAMENTA CC 6050 WIPER
PAULO HENRIQUE DA SILVA CAMPOS (UNIFEI)
Joao Roberto Ferreira (UNIFEI)
Camila Rocha Galhardo (UNIFEI)
O aumento da competitividade que a indústria encontra exige que sua
produção atenda com qualidade, flexibilidade e velocidade a demanda
do cliente . Neste cenário, as empresas que possuem processos de
retífica estão aderindo ao processo de torneamento em detrimento dos
processos de retífica para usinagem de aço endurecido. Com esta
tendência é extremamente importante saber definir a melhor
ferramenta e os parâmetros mais adequados de operação para obter
produtos com características dentro das especificações rigorosos de
rugosidade e atender em curto espaço de tempo a demanda do cliente a
um baixo custo, garantindo desta forma a competitividade da empresa.
Assim, este trabalho estudará o comportamento dos principais
envolvidos no torneamento: avanço, velocidade de corte e
profundidade de corte; e definirá o ponto de ótimo destes parâmetros
de usinagem do aço ABNT H13 endurecido a 54 HRC através de um
estudo estatístico, pelo método Desirability, utilizando uma ferramenta
CC 6050 WIPER, que esta cada vez mais presente na indústria visto
sua capacidade de operar com um avanço maior que a ferramenta
convencional sem prejudicar a rugosidade resultante do processo de
torneamento. Além disso é feita a otimização dos parâmetros através
do método Desirability obtendo-se o seguinte ponto de ótimo: 171,1791
m/min, 0,22 mm/rev e 0,3683 mm para velocidade de corte, avanço e
profundidade respectivamente.
Palavras-chave: Desirability;DOE, Torneamento duro; Qualidade,
Método Estatístico.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção” Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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1. Introdução
O torneamento duro é um processo realizado em aços endurecidos com dureza acima de 45
HRC. Os produtos resultantes desta operação são utilizados em diferentes campos da
manufatura como o automotivo, hidráulico, projetos de moldes e ferramentas
(SAMARDŽIOVÁ; NESLUŠAN, 2013).
O torneamento duro é aplicado em processos de fabricação a partir de 1980. Desde então
existe uma tendência a substituir o processo de retífica pelo torneamento duro com uso de
ferramentas com geometria bem definida (SAMARDŽIOVÁ; NESLUŠAN, 2013). O estudo
de alguns trabalhos revela a possibilidade de obtenção de peças com qualidade semelhante às
obtidas na retificação fina, utilizando-se para isto, tornos de alta precisão, parâmetros
otimizados de corte e geometrias especiais de ferramentas (CESCON, 2006).
A substituição do processo de retificação pelo torneamento duro, traz inúmeras vantagens,
dentre as quais a possibilidade de trabalhar sem fluido de corte, a eliminação de etapas no
processo de fabricação, maior produtividade, baixo consumo de energia por volume de
material usinado, máquinas-ferramenta de menor custo e também a possibilidade da
realização de várias operações numa mesma fixação, o que garante as características
geométricas da peça e reduz o tempo de usinagem (MATSUMOTO, 1998).
Juntamente com o avanço das pesquisas estão atreladas as inovações em termos de insertos,
onde cada vez mais se encontram ferramentas de corte aperfeiçoadas para melhorar o
desempenho no processo de usinagem (IZQUIERDO, 2013). De acordo com o catálogo da
Sandvik Ferramentas (2012), as pastilhas Wiper são capazes de tornear com altas faixas de
avanço, sem perder a capacidade de gerar bom acabamento superficial, o que segundo
Corteline (2004) permite uma redução de aproximadamente 30% nos tempos de corte.
Segundo Pavia (2006) a análise estatística é importante, porque uma pequena diferença entre
as especificações técnicas de um produto ou nos níveis de ajustagem dos fatores de controle
de um processo de fabricação pode significar o ganho ou perda nos fatores: tempo de
produção, desgaste de ferramentas de usinagem e qualidade do produto; o que,
consequentemente, converte-se em grandes ganhos ou perdas econômicas para a empresa.
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As consequências da má seleção dos parâmetros também é exposta no estudo feito por
Thomas (1982) no qual afirma que parâmetros escolhidos erroneamete geram falhas como
desgaste prematuro ou quebra de ferramenta, além de perdas econômicas com tempos
ociosos, peças não-conformes ou redução na qualidade da rugosidade superficial.
Myers e Montgomery (2002) alegam que a complexidade que envolve a grande maioria dos
processos e produtos exige que a avaliação de sua qualidade não recaia sobre apenas uma
característica funcional. Desta forma é primordial, em um processo que envolve mais de um
fator na geração da característica desejada, que é o caso do torneamento duro, a utilização de
um planejamento experimental como o projeto de experimentos (DOE), que segundo Neto
Bruns e Scarminio (2007) proporcionam aos pesquisadores a obtenção de um número máximo
de informações do sistema em estudo a partir de um número mínimo de experimentos. No
entanto, a definição do ponto de ótimo de um processo varia conforme o inserto escolhido,
assim parte fundamental na otimização é garantir o uso do inserto mais adequado para a
operação em questão, portanto o objetivo deste trabalho é evidenciar os principais trade-offs
entre a ferramenta Wiper e Standard e mostrar como a ferramenta Wiper tornou o
torneamento duro competitivo com outros processos de usinagem através do aumento da
produtividade sem interferir negativamente na rugosidade do produto acabado.
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Torneamento de aço endurecido
A usinagem pode ser entendida como uma operação mecânica pela qual se da forma a
matéria-prima. As propriedades de usinagem de um material são dadas pela vida da
ferramenta, o acabamento superficial da peça, os esforços de corte, a temperatura de corte, a
produtividade e as características do cavaco. (DINIZ,E.A; MARCONDES,F.C;
COPPENI,N.L, 2000).
O torneamento é a operação da qual um sólido indefinido é feito girar ao redor do eixo
da máquina operatriz que executa o trabalho de usinagem, ao mesmo tempo que uma
ferramenta de corte lhe retira material perifericamente, de modo a transforma-lo numa peça
bem definida, tanto em relação a forma como as dimensões. (CHIAVERINI).
A usinagem de aços endurecidos até poucos anos atrás era em quase sua totalidade
dominada pelo processo de retificação, principalmente pela deficiência das máquinas
operatrizes (pouca rigidez e flexibilidade) e pela falta de ferramentas de corte com
propriedades avançadas como alta dureza a quente, resistência ao desgaste e a altas
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temperaturas, tenacidade e estabilidade química. Com o desenvolvimento de novos materiais
de ferramentas de corte como o PCBN e cerâmica, mais o avanço na manufatura de máquinas
operatrizes mais rígidas, computadorizadas e com tolerância extremamente precisa, a
operação de torneamento de aços endurecidos vem se tornando cada vez mais comum e
tomando mercado do processo de retificação, pois os benefícios se comparado com o processo
de retificação são imensos e altamente vantajosos. (KÖNIG, 1984; BRANDT, 1986;
BARTSCH, 1988; GRUSS, 1988; SORRELL, 1986).
O torneamento em detrimento da retífica oferece as seguintes vantagens: Produz cavaco em
um ambiente limpo, maior produtividde, possibilidade de realizer múltiplas operações em
apenas um ciclo, baixo custo de ferramental, redução da dependência do operador, usinagem
de superficies complexas e possibilidade da isenção de fluído de corte. CAMPOS (2015)
Para o torneamento de aços endurecidos, os materiais para ferramentas devem cumprir alguns
requisitos, que segundo König et al (1984), são: elevada dureza à temperatura ambiente e à
quente, elevada resistência à ruptura transversa, elevada tenacidade à fratura; elevada
resistência à compressão, elevada resistência ao choque térmico; elevada resistência às
reações químicas.
2.2 Otimização
Encontrar uma condição ótima para operação de um processo que o viabilize ou produza
resultados com consideráveis melhorias, é o objetivo fundamental da metodologia de
superfície de resposta. E, para alcançar tais resultados, diversos algoritmos de modelagem são
utilizados para estabelecer funções de transferência entre os dados e as variáveis de controle
experimentais, viabilizando a determinação do ponto de ótimo. (CAMPOS, 2015).
Em grande parte dos produtos e processos, a qualidade não pode ser avaliada por apenas uma
característica funcional do produto (Myers e Montgomery, 1995) e a análise individual de um
experimento com múltiplas respostas podem conduzir a análise univariada a conclusões sem
sentido (Khuri e Cornell, 1996).
Neste estudo, será abordado o método Desirability, que, segundo Van Gyseghem et al.
(2004), é um método multicritério capaz de avaliar um conjunto de resposta simultaneamente,
e que permite a determinação do conjunto de condições mais desejável para as propriedades
estudadas.
2.3 Método Desirability
Neste método, utiliza-se o método de superfície de resposta para estabelecer um
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relacionamento entre as respostas e as variáveis independentes. Em seguida, usando a
formulação de Harrington (unilateral ou bilateral) transforma-se as respostas do conjunto
original de forma que di (função Desirability individual) pertença ao intervalo 0 ≤ di ≤1,
sendo que o coeficiente di aumenta quando a i-ésima resposta se aproxima dos limites
impostos. Estas respostas transformadas então são combinadas através de uma media
geométrica e então é encontrado o índice global D, como é descrito na Equação 5.
D"="(d"(Y"). d"(Y")...d"(Y"))k
(05)
O valor de D avalia de maneira geral os níveis do conjunto combinado das respostas e será
maximizado quando todas as respostas se aproximarem o máximo possível de suas
especificações. Assim, quanto mais próximo de 1 etiver D, mais próximo as respostas estão
dos seus respectivos limites de especificação. (Osborne et al., 1997; Rossi, 2001). Portanto, o
ponto de ótimo do sistema é o ponto de ótimo alcançado pela maximização da media
geométrica (D) que é calculada a partir das funções desaribility individuais. Sabendo o tipo de
otimização desejada de cada fator (maximização, normalização e minimização), os limites
(valores desejados) e as importâncias (pesos) de cada resposta, é possível definir a função
Desirability e definer o ponto de ótimo. A relação de importância entre o alvo e os limites no
Desirability e os diferentes tipos de otimização se encontram respectivamente no quadro 1 e 2
a seguir:
Quadro 1. Relações de importância entre o Alvo e os Limites no Desirability.
Fonte: Paiva (2006)
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Quadro 2. Objetivos de otimização no Método de Derringer
Fonte: Paiva (2006)
3. Metodologia e aplicação
No presente trabalho será utilizado o experimento feito na tese de doutorado do Prof. Dr.
Paulo Campos no qual ferramentas com diferentes geometrias e coberturas foram empregadas
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no torneamento do aço endurecido ABNT H13 submetido a três parâmetros de usinagem
arranjados em dois níveis (2k = 23 = 8), seis pontos axiais (2k = 6) e cinco pontos centrais (cp
= 5), o que resultou em 19 experimentos.
Tabela 1. Níveis de trabalho dos parâmetros estudados
Variáveis de Controle Símbolo Níveis de trabalho
-1.682 -1 0 1 1.682
Velocidade de Corte (m/min) Vc 57.39 100.00 162.50 225.00 267.61
Avanço de Corte (mm/rev) f 0.06 0.10 0.16 0.23 0.27
Profundidade de usinagem (mm) ap 0.09 0.15 0.24 0.33 0.39
Com base nesta série de experimentos, foi escolhido uma ferramenta específica (CC 6050
Wiper) e as respostas mais relevantes para o estudo: vida da ferramenta, força de corte,
temperatura, rugosidade e tempo total de ciclo. A ferramenta PCBN foi escolhida pois,
segundo Gonzaga e Abrão (2005), desde que se tornou viável comercialmente em 1970,
proporcionou, principalmente a indústria automotiva, uma redução de custo de fabricação de
peças em 40% e aumentou a produção em 30% na usinagem de materiais endurecidos
caracterizados pela produtividade baixa e desgaste intensivo das ferramentas de corte. A
geometria CC 6050 foi escolhida pois foi utilizada em um artigo similar realizado por
Varaprasad e Srinivasa (2016) no qual é estudado o comportamento dos mesmo parâmetros
avaliados neste trabalho no torneamento duro do aço AISI D3 (62 HRC) através do estudo da
superfície de resposta gerado por um projeto de experimentos. Este trabalho teve como
resultado que o parâmetro que mais influencia a rugosidade é o avanço (Pvalue = 0) enquanto
os outros dois parâmetros não são significativos.
Neste trabalho será realizada a comparação de influência dos parâmetros que não otimiza os
resultados, desta forma os resultados deste presente trabalho serão comparados com os pontos
de ótimo encontrados por Campos (2015) através da otimização multivariada do Erro
Quadrado Médio Multivariado, que foram: Vc = 88m/min, f = 0,20mm/rev, ap = 0,33mm.
Tabela 2. Arranjo do Projeto Experimental Estudado
Experimento T (min) Tt (min) Ra (μm) Fr (N) Tpº (ºC)
1.00 62.00 2.32 0.13 340.22 502.82
2.00 33.00 1.41 0.11 236.49 653.54
3.00 52.00 1.47 0.41 432.59 473.86
4.00 30.50 1.03 0.72 240.32 633.72
5.00 63.00 2.39 0.34 451.47 475.23
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6.00 30.00 1.45 0.09 244.18 569.33
7.00 52.00 1.53 0.08 459.39 539.50
8.00 28.50 1.02 0.42 246.31 609.30
9.00 59.00 2.52 0.22 485.87 429.43
10.00 24.50 1.07 0.29 224.48 528.32
11.00 39.00 2.46 0.13 319.28 498.24
12.00 40.25 1.10 0.49 358.85 540.93
13.00 51.00 1.31 0.22 330.98 558.77
14.00 47.50 1.37 0.12 359.24 565.83
15.00 43.50 1.37 0.47 336.52 497.34
16.00 43.00 1.37 0.49 335.28 485.32
17.00 44.50 1.37 0.49 334.92 495.73
18.00 44.00 1.37 0.48 337.83 497.44
19.00 45.00 1.37 0.47 334.78 506.15
A partir destes resultados será feita uma análise da interação dos fatores velocidade de corte e
avanço para uma dada profundidade de corte e será proposto um ponto de ótimo para esta
operação, no entanto com uma novo método estatístico, o método Desirability.
4. Aplicação
Através do Software Minitab foi analisado o P-value dos fatores para cada resposta
encontrada de modo a definir os fatores lineares e interações relevantes para definir o par de
fatores que seria variado no estudo de superfície de cada resposta e o fator que seria fixado
(menor relevância), como é representado na Tabela 7, onde os valores em negrito representam
P-value maior que 5%.
Quadro 3. Determinação dos fatores relevantes para cada resposta
4.1 Temperatura de corte
A velocidade de corte é o único fator com influência na temperatura de corte. Assim foi
estudada sua interação com o avanço para uma profundidade de corte fixa de 0,15mm.
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Figura 1. Gráfico de superfície temperatura
Temos então que a temperatura de corte aumenta com a velocidade de corte e não sofre
influência do avanço.
4.2 Vida útil
A velocidade de corte é o único fator com influência na vida útil da ferramenta. Assim foi
estudada sua interação com o avanço para uma profundidade de corte fixa de 0,15mm.
Figura 2. Gráfico de superfície de vida útil
Temos que a vida útil da ferramenta é inversamento proporcional a velocidade de corte e não
sofre influência de outros fatores.
4.3 Rugosidade (Ra)
No caso da rugosidade observa-se que o único fator linear relevante é o avanço e que a
interação entre avanço e profundidade é relevante, assim, será estudado esta interação para
uma velocidade de corte fixa de 200m/min.
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Figure 3. Gráfico de superfície de rugosidade (Ra)
Observa-se que os melhores valores de rugosidade são encontrados com baixas profundidades
e avanço pequeno, porém é possível acalçar valores bons de rugosidade com profundidades
maiores caso seja mantido um avanço baixo.
4.4 Força de Corte
A velocidade de corte é o único fator com influência na força de corte. Assim foi estudada sua
interação com o avanço para uma profundidade de corte fixa de 0,15mm.
Figura 4. Gráfico de superfície de Força de Corte
Observa-se que a força de corte é maior para baixas velocidades de corte e sofre certa
influência do avanço, aumentando seu valor com o aumento deste fator em casos de baixa
velocidade de corte.
4.5 Tempo Total
Avanço e velocidade de corte são fatores significativos no estudo do tempo total, assim será
estudada a interação deste par para um valor fixo de profundidade de corte de 0,15mm.
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Figura 5. Gráfico de superfície de tempo total
Observa-se que a maior produtividade é encontrada com valores altos de velocidade de corte e
grande avaços; configuração que é possível graças a tecnologia Wiper.
5. Otimização
A análise do comportamento dos principais parâmetros proporciona um visão branda de como
as respostas do processo podem variar a medida que altera-se cada parâmetro, no entando não
é possível inferir quais exatos valores que proporcinarão a condição de ótimo do processo.
Visando identificar a esta condição foi realizado a otimização pelo método Desirability
visando a redução de custo, o aumento da vida útil e da produtividade com um alvo de
rugosidade de 0,15µm. Os parâmetros encontrados que atendem estas condições assim como
as respostas que são esperadas após a implementação destes no processo se encontram na
Figura 6:
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Figura 6. Desirability CC6050 Wiper
Os parâmetros desejados (velocidade de corte, avanço e profundidade de corte) para as
respostas otimizadas são, respectivamente, 171,18 m/min, 0,22mm/rev e 0,37 mm. Com estes
parâmetros as respostas encontradas para produtividade, rugosidade, custo e vida útil são,
respectivamente, 14,48cm3/min, 0,15µm, U$ 1,49, 41,50 min.
6. Conclusão
O presente trabalho contextualiza uma das principais ferramentas estatísticas atuais que é o
projeto de experimentos em um processo cada vez mais dominante na indústria global
decorrente da evolução das técnicas de usinagem. Através do estudo da superfície de resposta
apresentada foi definido a influência dos principais fatores na geração das principais
características do torneamento duro, além da relação que possuem com outros fatores
considerados relevantes na definição do experimento.
Os resultados colhidos desta interpretação gráfica e estatística suportam resultados obtidos em
experimentos similares, como o de Varaprasad e Srinivasa (2016), que indicam que o avanço
é o fator que mais influencia na rugosidade do produto acabado, além disso, agrega
informações complementares realizando a mesma avaliação para produtividade, vida útil e
custo. Além disso é proposta uma nova abordagem, pelo método Desirability, em relação a
otimização feita no experimento de Campos (2015). Os resultados colhidos foram
semelhantes, exceto pela velocidade de corte que se mostrou 86 m/min maior na otimização
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feita pelo Desirability, o que se deu pelo fato do pesquisador em questão ter considerado
outros resultados na otimização, como temperatura e força de corte, que induziram a uma
mudança na velocidade de corte do ponto ótimo. Após o estudo das principais interações dos
parâmentros e como estes influenciam nas características do produto acabado, o método
Desirability se mostrou eficaz para a definição do ponto de ótimo do processo. Por outro lado
o método apresenta algumas limitações pois não é capaz de limitar os valores dos parâmetros
a valores positivos, desta forma foi necessário estabelecer um rugosidade como Target, o que
não influencia negativamente no resultado já que a rugosidade ótima é o principal resultado
buscado. Este trabalho também contribui na tomada de decisão na seleção de ferramentas de
corte, revelando os principais fatos a serem considerados na escolha do inserto, além da
definição da zona de rugosidade que a pastilha Standard é mais adequada do que a pastilha
Wiper.
A metodologia utilizada possui abrangência e pode ser utilizada para futuros estudos de
métodos de fabricação que utilizam outros tipos de ferramenta e corpos de prova ou que
buscam otimizar outras respostas inerentes ao processo de torneamento.
7. Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio da FAPEMIG, CAPES e CNPq para a realização deste
trabalho.
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