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Com o Teatro SESI lotado, em Porto Alegre – RS, na noite de 21 de setembro, foi realizada a cerimônia de abertura do EPI 2008, o maior encontro científico da história da epidemiologia, que contou com a participação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Em sua fala, Temporão cumprimentou os presentes e comentou o momento de dinamismo da epidemiologia brasileira, que conta com 2.215 pesquisadores ativos com doutorados em epidemiologia, conduzindo 759 linhas de pesquisa, de acordo com dados do CNPq, incluindo estudos multicêntricos: “Aproveito para fazer o lançamento público e nacional do Elsa Brasil, uma das primeiras coortes do Brasil, com o investimento de R$ 23 milhões de dois Ministérios – da Saúde e de Ciência e Tecnologia -, cuja infra-estrutura e logística vem sendo montada desde 2005 e agora teve os primeiros participantes do projeto”. Maria Inês Schmidt, presidente do VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia, deu boas-vindas ao público presente, falou sobre as atividades do congresso e ressaltou o papel da epidemiologia na melhoria da saúde das populações. O presidente da Associação Internacional de Epidemiologia - IEA, Jorn Olsen, manifestou a alegria de estar participando do encontro no Brasil, oportunidade de dividir idéias e aprender, além de planejar ações: “É bom ter escolhas para o futuro e o futuro parece promissor”. Lembrando o início das atividades em epidemiologia no Brasil, o presidente da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), José da Rocha Carvalheiro, falou sobre a importância da associação com a IEA: “Nós temos que pensar globalmente a saúde e a organização dos serviços”. Carvalheiro convidou todos os participantes para o IX Congresso Brasileiro de Saúde, Coletiva, em 2009, em Recife, que terá o tema “Compromisso da ciência, tecnologia e inovação com o direito à saúde”. “Queria render homenagem a todos os epidemiologistas da vida acadêmica e do sistema de saúde pela força e contribuição da disciplina para a saúde”, disse Paulo Buss, presidente da Fundação Oswaldo Cruz. Paulo também se lembrou de sua participação na criação da Abrasco e destacou o orgulho de estar participando do congresso como presidente da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública. “Estamos todos em festa com os brasileiros”. Com essa frase, a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde, Mirta Roses, felicitou o ministro da saúde pelos vinte anos do SUS. Mirta ressaltou a importância da epidemiologia para ajudar a definir estratégias de intervenção e reduzir as desigualdades, especialmente em saúde, respondendo a desafios do presente e do futuro: “O mais importante é a continuidade do desenvolvimento e da sustentabilidade”. Osmar Terra, Secretário Estadual de Saúde de Porto Alegre, saudou a todos os presentes em nome da governadora, Yeda Crusius, em especial o ministro da Saúde, em virtude de sua participação no processo de construção do SUS. “Com o conhecimento epidemiológico, vamos enfrentar com mais eficácia os problemas que vêm pela frente”, acresceu Osmar. DECIT BOLETIM INFORMATIVO WWW.SAUDE.GOV.BR Outubro, 2008 01 Mais de 2 mil participantes na cerimônia de abertura do EPI 2008 Edição Especial O Congresso EPI 2008 reuniu, em Porto Alegre, de 20 a 24 de setembro, epidemiologistas de diversos países. Durante o evento, foram realizados o XVIII Congresso Mundial de Epidemiologia e o VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia - A Epidemiologia na Construção da Saúde para Todos: Métodos para um Mundo em Transformação. Mesa oficial de abertura do evento na noite de 21 de setembro de 2008

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Com o Teatro SESI lotado, em Porto Alegre – RS, na noite de 21 de setembro, foi realizada a cerimônia de abertura do EPI 2008, o maior encontro científico da história da epidemiologia, que contou com a participação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Em sua fala, Temporão cumprimentou os presentes e comentou o momento de dinamismo da epidemiologia brasileira, que conta com 2.215 pesquisadores ativos com doutorados em epidemiologia, conduzindo 759 linhas de pesquisa, de acordo com dados do CNPq, incluindo estudos multicêntricos: “Aproveito para fazer o lançamento público e nacional do Elsa Brasil, uma das primeiras coortes do Brasil, com o investimento de R$ 23 milhões de dois Ministérios – da Saúde e de Ciência e Tecnologia -, cuja infra-estrutura e logística vem sendo montada desde 2005 e agora teve os primeiros participantes do projeto”.

Maria Inês Schmidt, presidente do VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia, deu boas-vindas ao público presente, falou sobre as atividades do congresso e ressaltou o papel da epidemiologia na melhoria da saúde das populações. O presidente da Associação Internacional de Epidemiologia - IEA, Jorn Olsen, manifestou a alegria de estar participando do encontro no Brasil, oportunidade de dividir idéias e aprender, além de planejar ações: “É bom ter escolhas para o futuro e o futuro parece promissor”.

Lembrando o início das atividades em epidemiologia no Brasil, o presidente da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), José da Rocha Carvalheiro, falou sobre a importância da associação com a IEA: “Nós temos que pensar globalmente a saúde e a organização dos serviços”. Carvalheiro convidou todos os

participantes para o IX Congresso Brasileiro de Saúde, Coletiva, em 2009, em Recife, que terá o tema “Compromisso da ciência, tecnologia e inovação com o direito à saúde”.

“Queria render homenagem a

todos os epidemiologistas da vida acadêmica e do sistema de saúde pela força e contribuição da disciplina para a saúde”, disse Paulo Buss, presidente da Fundação Oswaldo Cruz. Paulo também se lembrou de sua participação na criação da Abrasco e destacou o orgulho de estar participando do congresso como presidente da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública.

“Estamos todos em festa com os brasileiros”. Com essa frase, a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde, Mirta Roses, felicitou o ministro da saúde pelos vinte anos do SUS. Mirta ressaltou a importância da epidemiologia para ajudar a definir estratégias de intervenção e reduzir as desigualdades, especialmente em saúde, respondendo a desafios do presente e do futuro: “O mais importante é a continuidade do desenvolvimento e da sustentabilidade”.

Osmar Terra, Secretário Estadual de Saúde de Porto Alegre, saudou a todos os presentes em nome da governadora, Yeda Crusius, em especial o ministro da Saúde, em virtude de sua participação no processo de construção do SUS. “Com o conhecimento epidemiológico, vamos enfrentar com mais eficácia os problemas que vêm pela frente”, acresceu Osmar.

DECITBOLETIM INFORMATIVO

WWW.SAUDE.GOV.BR Outubro, 2008 Nº 01

Mais de 2 mil participantes na cerimônia de abertura do EPI 2008

Edição Especial

O Congresso EPI 2008 reuniu, em Porto Alegre, de 20 a 24 de setembro, epidemiologistas de diversos países. Durante o evento, foram realizados o XVIII Congresso Mundial de Epidemiologia e o VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia - A Epidemiologia na Construção da Saúde para Todos: Métodos para um Mundo em Transformação.

Mesa oficial de abertura do evento na noite de 21 de setembro de 2008

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DECITBOLETIM INFORMATIVO 2Edição Especial

Outubro, 2008

Desafios da saúde no Brasil: tema da palestra do ministro da SaúdeEm sua conferência, ‘A

epidemiologia na construção da saúde para todos: métodos para um mundo em transformação’, o ministro da saúde José Gomes Temporão lembrou o contexto das reformas de saúde no país. Para situar o debate no campo de produção de conhecimento na área de epidemiologia, Temporão também falou sobre os desafios do sistema de saúde brasileiro e enalteceu a importância da saúde para o desenvolvimento econômico do país.

O ministro apresentou algumas políticas do Ministério, como o programa de atenção a mães e bebês, da saúde até a primeira infância, chamado de Brasileirinhos Saudáveis, parte do Programa Mais Saúde, que conjuga ações que buscam garantir os direitos dos cidadãos e suprir lacunas do SUS.

Temporão falou sobre a Política Nacional de Humanização da atenção e gestão no Sistema Único de Saúde, o HumanizaSUS, e o Programa Primeira Infância

Melhor, o PIM, que tem como foco o estímulo ao desenvolvimento integral da criança de zero a seis anos de idade.

O ministro enalteceu a necessidade de construir uma sociedade mais democrática e tolerante e, ao final de sua conferência, citou Donald Winnicott: “Se democracia é maturidade, e maturidade é saúde, e se saúde é desejável, então vamos procurar algo que possa promovê-la, como dar sustentação aos bons lares comuns!”

ELSA: “um marco na epidemiologia brasileira”Com a presença do secretário de Ciência,

Tecnologia e Insumos Estratégicos, Reinaldo Guimarães, da diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia, Suzanne Serruya, da coordenadora geral do Programa de Pesquisas em Saúde do CNPq, Raquel Coelho, e dos pesquisadores envolvidos no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto – ELSA -, foi realizada uma cerimônia de celebração do início do ELSA e do lançamento oficial realizado pelo Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, na abertura do EPI 2008.

O secretário Reinaldo agradeceu aos presentes e cumprimentou Moisés Goldbaum, secretário anterior, pelo estímulo à realização do estudo, que pode mudar o patamar da epidemiologia brasileira no cenário internacional.

Estela Aquino, coordenadora do Centro de Investigação da Bahia, manifestou a alegria de representar o único Centro do Nordeste e mencionou o potencial de contribuição para diversidade do projeto, em decorrência da composição étnico-racial da população baiana. “Nós estamos muito felizes de compor o grupo de pesquisadores na área de epidemiologia”, afirmou a vice-coordenadora do Espírito Santo, Maria del Carmen Molina.

A coordenadora de Minas Gerais, Sandhi Barreto, lembrou as discussões iniciais (para construção do estudo), o processo subseqüente de desenvolvimento

e a importância da colaboração e do caráter interdisciplinar do ELSA: “Sem uma visão estratégica, isso não seria possível”. Dóra Chor, coordenadora do estudo no Rio de Janeiro, fez referência aos prêmios - Prêmio Destaque ESNP e Prêmio Boas Práticas de Estágio do Instituto Euvaldo Lodi - já recebidos pelo projeto: “É um projeto que já nasce premiado, mais o acerto de ser ousado, colocar o Brasil no mapa do mundo na área de doenças crônicas”. Dora também enalteceu a parceira entre os seis centros de investigação, inclusive para solucionar problemas.

A coordenadora do projeto no Rio Grande do Sul, Maria Inês Schmidt, citou que um ponto importante do ELSA é a possibilidade de desenvolver “know-how” para este tipo de estudo, aproveitando a massa crítica preparada para o projeto: “É uma alegria da epidemiologia brasileira”.

Isabela Benseñor, vice-coordenadora do Centro de Investigação de São Paulo, reproduziu a fala de Joselina Cardoso Menotti – primeira participante do projeto em São Paulo – que considera importante o conhecimento das doenças para controlá-las: “Talvez eu não colha os resultados desta pesquisa, mas meus filhos e meus netos terão informações mais detalhadas sobre essas doenças. O importante é colaborar com os pesquisadores”. Para Raquel Coelho, do CNPq, “o estudo terá uma repercussão enorme para a sociedade e para o Brasil”.

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DECITBOLETIM INFORMATIVO 3Edição Especial

Outubro, 2008

Aspectos comparativos entre os estudos “irmãos”: ELSA e SOLEm sua apresentação, Paulo

Lotufo, coordenador do ELSA em São Paulo, falou sobre as mudanças ocorridas no Brasil ao longo dos anos, relacionadas a fatores como crescimento populacional, taxa de fertilidade e doenças como obesidade e hipertensão. Paulo abordou as previsões de rápido envelhecimento da população e o aumento da incidência de doenças crônicas, que representam uma das principais causas de mortalidade, hospitalização e gastos com saúde no país. “O ELSA está exatamente avaliando fatores de risco. É a concretização de um velho e longo sonho”, acrescentou.

Isabela Benseñor, vice-coordenadora em São Paulo, apresentou o ELSA, mostrando diversos tópicos abordados no questionário respondido pelos participantes do estudo - identificação pessoal, histórico médico-familiar, fatores psicossociais etc – e os exames físicos e laboratoriais realizados no estudo – medida de peso, altura, variação da freqüência cardíaca, creatinina, sódio, potássio, colesterol total, triglicérides, entre outros.

Ao fazer comparações com o Study of Latinos (SOL), conduzido nos Estados Unidos, Isabela ressaltou algumas diferenças: o ELSA não inclui questões sobre azia, refluxo, aneurisma de aorta

e não pergunta sobre histórico de audição, respiração, saúde bucal, horas de sono ou detalhes sobre riscos ocupacionais. Também não foi incluído questionário sobre qualidade de vida ou acesso aos serviços. Para Isabela, os estudos – ELSA e SOL – são “irmãos” e devem trabalhar juntos: “Os estudos não fecham o quebra-cabeça, mas respondem algumas lacunas de informação”.

Gerardo Heiss, da University of North Carolina, explicou o projeto SOL, que tem centros de atuação em quatro áreas: Bronx, Chicago, Miami e San Diego: “Fala-se muito, mas não há provas, o estudo busca descobrir as diferenças de ascendência hispânica”. Para inclusão na pesquisa, são consideradas pessoas que se identificam nos seguintes grupos: mexicanos, porto-riquenhos, cubanos, sul-americanos e centro-americanos.

Gerardo mencionou uma das dificuldades do projeto: a baixa escolaridade e os problemas de imigração relacionados a pessoas estudadas: “Muitas pessoas aceitam participar da pesquisa e depois não aparecerem. O desafio é estabelecer uma amostra e mantê-la estável”. Ele citou parcerias com outros projetos, enaltecendo a importância de padronização de metodologias.

ELSAMarco na investigação de doenças não-transmissíveis no Brasil, o estudo envolve seis instituições de ensino superior e pesquisa das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. Ao total, 15 mil funcionários e docentes – homens e mulheres – entre 35 e 74 anos participarão da pesquisa, que tem como principal objetivo estudar doenças cardiovasculares e diabetes no Brasil.

SOL - Hispanic Community Health Study – Study of Latinos (HCHS) Realizado com pessoas que se auto-identificam hispânicas/latinas em diferentes áreas nos Estados Unidos, o estudo busca quantificar a prevalência de doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas nessa população, determinando fatores de risco, a incidência de doenças crônicas e outros possíveis fatores associados. Participarão16 mil pessoas entre 18 e 74 anos.

Apresentações (de cima para baixo):

Paulo Lotufo, coordenador do ELSA em São Paulo, Isabela Benseñor, vice-coordenadora do ELSA em São Paulo, e Gerardo Heiss, da University of North Carolina.

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DECITBOLETIM INFORMATIVO 4Edição Especial

Outubro, 2008

Coordenada por Bruce Duncan, do Comitê Diretivo do ELSA, a mesa-redonda Novos estudos de coorte para investigação de doenças crônicas em adultos apresentou diferentes iniciativas de estudo no mundo (foto).

A coordenadora do ELSA em Minas Gerais, Sandhi Barreto, comentou o impacto das doenças crônicas no Brasil - e no mundo - em termos de custos, mortalidade e morbidade e o que ainda não se sabe: a incidência das doenças crônicas, como os fatores de risco interagem para influenciar na incidência dessas doenças em adultos e como as diferenças sociais afetam o histórico de doenças e os fatores de risco.

Gerard Heiss, do Sol, apresentou o seu projeto, explicando que os “latinos” representam um dos maiores grupos minoritários dos EUA. Gerard lembrou a necessidade de protocolos e de rigor com os dados apresentados, que podem servir de base para outras pesquisas.

Richard Peto, University of Oxford – UK, apresentou os dois maiores estudos, na China e no Reino Unido, que realizam questionários, tiram medidas físicas, guardam amostras

de sangue e acompanham os pesquisados periodicamente: Kadoorie e UK Biobank. Richard explicou o funcionamento do projeto UK Biobank, dos centros de atendimento – que possuem um sistema de toque de tela para responder aos questionários –, e a realização de exames, enaltecendo a necessidade de planejamento: “A incrível atenção que demos aos detalhes é que fez esse projeto possível”.

Para mostrar a necessidade de pesquisas, Zhengming Chen, University of Oxford – UK, apresentou dados sobre as mortes prematuras que ocorrem na China. Ele explicou o funcionamento do projeto e seu sistema computadorizado - já apresentando diferentes dados dos dez locais, como hábitos alimentares, prevalência de fumo, sobrepeso e obesidade – e mostrando gráficos relacionando medidas, exames e a incidência de doenças: “Isso demonstra o rico potencial dessa ferramenta”.

Estudos de coorte têm diferentes iniciativas ao redor do mundo

UK BiobankA maior iniciativa de pesquisa médica no Reino Unido, o estudo busca incrementar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de diversas doenças, como câncer, diabetes, artrites, entre outras. Para realizar o estudo, no total, serão recrutadas 500 mil pessoas, entre 40 e 69 anos, de todo o país. O estudo piloto foi realizado entre março e junho de 2006. Mais informações: http.ukbiobank.ac.uk/about/what.php

Kadoorie BiobankTem o propósito de estudar os efeitos de estilo de vida, meio ambiente, fatores genéticos, associados ou não, na morbidade e mortalidade relacionadas a condições crônicas na população chinesa. O projeto inclui questionários, medidas físicas e a coleta de amostras de sangue de cerca de 500 mil pessoas, de 35 a 74 anos, em dez áreas da China, que serão acompanhadas por décadas.

“A incrível atenção que demos aos detalhes é que fez esse projeto possível.”Richard Peto, University of Oxford

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DECITBOLETIM INFORMATIVO 5Edição Especial

Outubro, 2008

Lançado Pesquisa Saúde: base de dados com acervo das pesquisas financiadasCom cerca de 2.400 pesquisas

cadastradas, a base de dados Pesquisa Saúde foi lançada durante o EPI 2008, no estande do Ministério da Saúde, com a presença do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Reinaldo Guimarães, e da diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia, Suzanne Serruya. Pesquisa Saúde disponibiliza informações que podem dar suporte a pesquisadores, gestores e trabalhadores da área da saúde.

O consultor técnico do Decit, Bruno Coelho, apresentou a ferramenta eletrônica, mostrando mecanismos de

busca por diferentes critérios – região, ano, edital, assunto, dentre outros. Para exemplificar, procurou pesquisas com a palavra-chave epidemiologia - tema principal do congresso - e criou gráficos e mapas indicadores com os resultados.

A base de dados representa um registro das pesquisas financiadas pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, em parceria com CNPq, Finep, UNESCO, Opas, Fundações de Amparo à Pesquisa, Secretarias Estaduais de Saúde e de Ciência e Tecnologia.

Estratégias de prevenção de obesidade infantil é tema de suplementoCom o objetivo de divulgar o conhecimento

produzido a partir dos projetos financiados no Edital sobre Alimentação e Nutrição – lançado em 2004 pelo Departamento de Ciência e Tecnologia e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -, foi produzido o suplemento Epidemiologia nutricional materno-infantil e a agenda de prioridades de pesquisa em saúde no Brasil.

O suplemento foi lançado, durante o EPI 2008, com a presença do editor associado Gilberto Kac e da diretora do Decit, Suzanne Serruya.

Em consonância com a Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde - ANPPS, o suplemento

inclui um debate sobre estratégias de prevenção de obesidade infantil, estudos de intervenção na obesidade infantil e na anemia ferropriva, novas informações relacionadas à epidemiologia nutricional, entre outros assuntos.

O volume temático é, também, uma maneira de diminuir a distância entre a produção de conhecimento científico e as reais necessidades da população, contribuindo para a formulação de

políticas de saúde, em especial a Política Nacional de Alimentação e Nutrição.

Pesquisa Saúde está entre os trabalhos finalistas do Concurso Inovação na Gestão Pública FederalA base Pesquisa Saúde está entre os 20 finalistas do Concurso Inovação na Gestão Pública

Federal, que busca estimular a disseminação de soluções inovadoras em organizações do Governo Federal.

Promovido pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), em parceria com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o prêmio conta com o apoio da Embaixada da França, da Cooperação Espanhola, da Escola Canadense do Serviço Público (CSPS) e da Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (Cida).

Confira todos os dados desta ferramenta on-line: www.saude.gov.br/pesquisasaude

Apresentação da base por Bruno Coelho durante o EPI2008

Gilberto Kac durante o lançamento

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DECITBOLETIM INFORMATIVO 6Edição Especial

Outubro, 2008

Balanço sobre a pesquisa epidemiológica no BrasilCoordenada por Moisés Goldbaum, professor

da Universidade de São Paulo, a mesa-redonda Política de fomento na produção de conhecimento epidemiológico contou com a participação de Reinaldo Guimarães, Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.

Para contextualizar o momento contemporâneo, Reinaldo realizou um breve balanço da conjuntura da pesquisa epidemiológica no Brasil e apresentou dados sobre pesquisas em epidemiologia, número de pesquisadores e publicações.

Na sua apresentação, Reinaldo utilizou o IV Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil (2005-2010), um documento orientador das atividades dos epidemiologistas brasileiros, para analisar o eixo de atuação “Pesquisa em Epidemiologia” e cada um dos problemas listados pelo plano.

Em seguida, correlacionou esses problemas com ações do governo, como a criação da Política Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde - PNCTIS e a definição da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde - ANPPS, e citou projetos como Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde (PPSUS), atividade de fomento descentralizado, que contribui para a redução das desigualdades regionais na área de ciência e tecnologia.

Outra iniciativa mencionada foi a parceria com MEC/Capes, por exemplo, para criação do Programa de Pós-Doutorado em Saúde, que disponibilizará até 30 vagas por ano durante cinco

anos para projetos de estágios pós-doutorais em saúde sobre temas prioritários para o SUS.

Reinaldo apresentou dados da base Pesquisa Saúde, para mostrar o aumento do fomento à pesquisa em saúde, e citou projetos em rede, como a Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde – Rebrats: “O Ministério da Saúde precisa de sugestões. Não há falta de dinheiro. Precisa sim de grandes projetos que possam alavancar a epidemiologia brasileira”, acrescentou.

Epidemiologia: com relação à produção científica brasileira, houve um crescimento progressivo, sendo que, a partir do período 1995-1999, o Brasil ultrapassou o crescimento mundial (Fonte: Medline/PubMed); e, no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (CNPq 2006), ao buscar a palavra epidemiologia, considerando os critérios “linhas de pesquisa”, “pesquisadores doutores” e “grupos de pesquisa”, nos anos de 2002, 2004 e 2006, houve crescimento em todos os tópicos.

Fontes de dados: Plataforma Lattes e CNPq

Reinaldo Guimarães e Moisés Goldbaum

Ano 2000

Ano 2002

Ano 2008

176 grupos de pesquisa com pelo menos uma linha de investigação em epidemiologia

363 pesquisadores com título doutoral115 bolsistas na área de saúde coletiva, 19 na categoria 1A

156 bolsistas, sendo 21 na categoria 1ADesses, 17 são epidemiologistas.

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DECITBOLETIM INFORMATIVO 7Edição Especial

Outubro, 2008

PNDS sinaliza avanços na saúde da mulher e da criança no BrasilCoordenado por Ana Beatriz

Vasconcellos, pesquisadora da PNDS, o painel Estado nutricional e segurança alimentar da população brasileira teve a participação de outros pesquisadores do projeto: Elza Berquó, Ana Maria Segall Corrêa e Carlos Monteiro (foto).

“Os resultados da PNDS fornecem subsídios para uma avaliação dos avanços ocorridos na saúde da mulher e da criança no Brasil”, explicou Elza Berquó, ao apresentar a pesquisa. Os dados também permitem comparações internacionais e podem auxiliar a formulação e readaptação de políticas e estratégicas.

Com relação à desnutrição no Brasil, Carlos Monteiro apresentou a evolução da prevalência de déficits antropométricos em crianças menores de cinco anos de 1975 a 2007 e mostrou o declínio nos indicadores de altura para idade ( de 37,1% em 1975 para 6,8% em 2007) e peso para altura ( de 6,4% em 1975 para 1,6% em 2007). “Com relação ao déficit de altura para idade por região, uma das surpresas

mais importantes foi a redução enorme do Nordeste de 22,2% para 5,9%”, acrescentou.

Segundo dados de 1996 e 2006 apresentados por Carlos, houve uma melhora do poder aquisitivo (quanto maior o poder aquisitivo, menor o risco de desnutrição) e no acesso a serviços de saúde. Observando a relação da desnutrição com a escolaridade materna, também houve melhora: “O Brasil está colhendo os frutos da universalização do ensino fundamental na década de 90. Mas é preciso continuar investindo na escolaridade materna”, afirmou Carlos.

No que diz respeito ao aleitamento materno e à alimentação infantil, a pesquisadora Ana Maria Segall afirmou que, embora tenham ocorrido avanços significativos, o Brasil ainda tem que avançar na prática da amamentação para levar a resultados mais positivos com relação à saúde da criança.

Ana também

apresentou dados da PNDS que mostram que, em 2006, o percentual de segurança alimentar no Brasil foi de 62,5, enquanto que o percentual de insegurança alimentar grave - “gente que já passou fome” - foi de 4,8: “Principalmente Norte e Nordeste acumulam uma prevalência de domicílios com insegurança alimentar muito alta”. Ana explicou que o acesso ao alimento não é uma questão isolada, está atrelado a outras condições de pobreza, como possibilidade de ter água canalizada, aglomeração familiar, entre outros aspectos. De acordo com os resultados da pesquisa, os programas sociais estão direcionados às populações mais vulneráveis. As políticas públicas de valorização do salário mínimo e de combate à insegurança alimentar e à fome tiveram impacto sobre a situação de insegurança alimentar no Brasil nos anos analisados.

Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS-2006) traça um perfil da população feminina em idade fértil e das crianças menores de cinco anos no Brasil. A pesquisa foi realizada com cerca de 15 mil mulheres, entre 15 e 49 anos, que vivem em áreas urbanas e rurais nas cinco regiões brasileiras.

Financiada pelo Ministério da Saúde, a pesquisa teve a maior parte dos dados coletados por entrevistas domiciliares e

foi coordenada pela equipe da área de População e Sociedade do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). A metodologia incluiu ainda mensurações de peso e altura; análises laboratoriais de amostras de sangue para dosagens de vitamina A e hemoglobina, e do teor de iodo disponível no sal consumido pelas famílias.

15 mil mulheres, entre 15 e 49 anos, fizeram parte da pesquisa

Informações sobre a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS-2006) no site: www.saude.gov.br/pnds2006

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DECITBOLETIM INFORMATIVO 8Edição Especial

Outubro, 2008

Saúde e Reprodução: a história da fecundidade do Brasil por geraçõesCoordenado por Suzanne Serruya, diretora do Departamento de Ciência

e Tecnologia, o painel Saúde e Reprodução (foto) teve a participação das pesquisadoras da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher – PNDS 2006 – Elza Berquó, Tânia Lago e Laura Wong.

Baseada nos dados da pesquisa, Laura Wong apresentou a história da fecundidade do Brasil por gerações: “No período 1972-1976, as mulheres decidiram que não queriam ter filhos, daí por diante a taxa de fecundidade só diminuiu”. Por 40 anos, houve um declínio continuado, até que houve uma retomada no crescimento nos últimos cinco anos. Laura comentou que a fecundidade no Brasil é essencialmente “jovem” e que, após 25 anos, normalmente as mulheres não tem mais filhos. “Os dados mais recentes já mostram que as meninas também estão adiando o primeiro filho”, acrescentou.

Elza Berquó, umas das coordenadoras da PNDS 2006, apresentou o “outro lado da moeda”: a gravidez indesejada. Na retrospectiva realizada na pesquisa, Elza apresentou dados relacionados a mulheres que “não queriam mais filhos” – filhos nascidos até cinco anos anteriores à entrevista: os dados de 2006 apresentaram queda significante em relação à pesquisa anterior, passando de 23,1%, em 1996, para 18,2%, em 2006. O grau de “indesejabilidade” aumenta com a idade e mesmo o primeiro filho às vezes não é desejado ( aproximadamente 6%). Mulheres não “unidas” (ou casadas) têm maior grau de “indesejabilidade”. Quanto menos escolaridade, maior o grau de “indesejabilidade”.

Em relação à gravidez não desejada, em curso na data da entrevista, também houve queda significante em relação à pesquisa anterior, passando de 28,2%, em 1996, para 19,0%, em 2006. Outro dado ressaltado por Elza foi o percentual de gravidezes indesejadas, em curso, nas mulheres com três ou mais filhos, que passou de 73,1% em 1996 para 58,6% em 2006. Para ela, o desafio, no futuro, é trabalhar com uma preferência prospectiva com a pergunta: “o que você pretende no futuro, ter outro filho, ou não?”.

Laura Wong também apresentou seu trabalho com Ignez Perpétuo, uma análise comparativa da desigualdade socioeconômica na utilização de métodos anticoncepcionais no Brasil. Antigamente, havia uma grande utilização da pílula e alto índice de esterilização feminina - interpretado como indicador de falta de informação e acesso a outros métodos contraceptivos -, penalizando mulheres de baixa renda e escolaridade. Comparando as pesquisas de 1996 e 2006, não houve muita variação segundo a classe social, entretanto, analisando por anos de estudo, houve significativas mudanças, sobretudo no uso de preservativo. A esterilização feminina diminuiu, os homens estão participando mais do processo de contracepção. “Lá atrás mulheres sem instrução usavam pílula sem orientação médica. Há maior diversidade, as classes mais baixas estão tendo mais acesso, há mais mulheres usando pílulas e reportando problemas, embora ainda haja coisas a resolver”.

O Informativo Decit é um boletim produzido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, do Ministério da Saúde. O boletim contacom a cooperação técnica da Organização Pan-Americana da Saúde.

MINISTRO DA SAÚDEJosé Gomes TemporãoSECRETÁRIO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INSUMOS ESTRATÉGICOSReinaldo GuimarãesDIRETORA DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIASuzanne Jacob SerruyaCOORDENADORA DE GESTÃO DO CONHECIMENTOMaria Cristina Costa de Arrochela LoboCOORDENADORA GERAL DE FOMENTO À PESQUISA EM SAÚDEMárcia Luz da MottaCOORDENADORA GERAL DE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDEFlávia Tavares Silva Elias

Expediente

EDITORA-CHEFE:Mônica Prado (RP 2977/DF)

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Daniele Souza (RP 29370/RJ)

DESIGNER / DIAGRAMAÇÃO:Emerson ëCelloRenata Guimarães

FOTOGRAFIA:Arquivo Decit

CONTATO: [email protected] 61 3315-3298 ou 3466

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Coordenação: Dora Chor e Simone SantosParticipação: Ana Diez-Roux e Marcia Guimarães

Coordenação: Suzanne SerruyaParticipação: Carlos Monteiro e Ana Aguilar

Coordenação: Itajaí AlbuquerqueParticipação: Suzanne Serruya, Mike Kelly, David Evans e Bruce Duncan