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DECISÃO MULTICRITÉRIO NUMA CADEIA DE SUPRIMENTOS COM BASE NO MODELO ADITIVO COM VETO Allef da Silva Lopes (UFPE ) [email protected] Rachel Perez Palha (UFPE ) [email protected] Adiel Teixeira de Almeida (UFPE ) [email protected] Os problemas da cadeia de suprimentos são avaliados crescentemente através de modelos multicritério, devido à necessidade de avaliar as alternativas através de múltiplos objetivos. Em alguns problemas, todos os critérios podem ser tratados como ganhadores de pedido, levando o decisor a escolha de um método aditivo, mas em outras situações é necessária a inclusão de critérios qualificadores, sendo necessária a inclusão de um veto para correta verificação da estrutura de preferências do decisor. Neste artigo é apresentada uma aplicação do modelo Aditivo com Veto (Veto-Additive Model) para a ordenação de buffets para fornecimento de alimentação para um evento. O Veto foi incluso, uma vez que o conjunto de critérios incluiu fatores qualificadores e ganhadores de pedidos. A solução foi submetida a uma análise de sensibilidade para avaliar sua robustez. Palavras-chave: modelo aditivo com veto, veto, cadeia de suprimentos, decisão multicritério, veto-additive model XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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  • DECISÃO MULTICRITÉRIO NUMA

    CADEIA DE SUPRIMENTOS COM BASE

    NO MODELO ADITIVO COM VETO

    Allef da Silva Lopes (UFPE )

    [email protected]

    Rachel Perez Palha (UFPE )

    [email protected]

    Adiel Teixeira de Almeida (UFPE )

    [email protected]

    Os problemas da cadeia de suprimentos são avaliados crescentemente

    através de modelos multicritério, devido à necessidade de avaliar as

    alternativas através de múltiplos objetivos. Em alguns problemas,

    todos os critérios podem ser tratados como ganhadores de pedido,

    levando o decisor a escolha de um método aditivo, mas em outras

    situações é necessária a inclusão de critérios qualificadores, sendo

    necessária a inclusão de um veto para correta verificação da estrutura

    de preferências do decisor. Neste artigo é apresentada uma aplicação

    do modelo Aditivo com Veto (Veto-Additive Model) para a ordenação

    de buffets para fornecimento de alimentação para um evento. O Veto

    foi incluso, uma vez que o conjunto de critérios incluiu fatores

    qualificadores e ganhadores de pedidos. A solução foi submetida a

    uma análise de sensibilidade para avaliar sua robustez.

    Palavras-chave: modelo aditivo com veto, veto, cadeia de suprimentos,

    decisão multicritério, veto-additive model

    XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

    João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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    João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .

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    1. Introdução

    A escolha de fornecedores é um problema tratado em diversos tipos de negócio, sendo

    estudado sob diferentes perspectivas. Normalmente, este problema inclui diferentes nuances

    em sua análise, de modo que se pode encontrar na literatura vários trabalhos que tratam este

    problema como um problema multicritério. Os modelos de otimização multicritério são

    ferramentas de auxílio ao decisor, com vistas a fornecer apoio para o processo decisório e

    auxilia-lo a conhecer suas preferências relacionadas ao problema tratado.

    O problema de seleção de fornecedores foi tratado na literatura de diversas formas. Chen, Lin

    e Huang (2006) propuseram um modelo utilizando o TOPSIS (Technique for Order

    Performance by Similarity to Ideal Solution) para calcular simultaneamente o Nadir e o ponto

    ideal utilizando números fuzzy a fim de incorporar vagueza ao modelo. Kannan, Jabour e

    Jabour (2014) utilizaram o fuzzy TOPSIS para seleção de fornecedores ecológicos para uma

    companhia de equipamentos eletrônicos brasileira. Wang e Chin (2008) propuseram um

    modelo combinando programação por metas (goal programming) com números fuzzy.

    Gonçalo e Alencar (2014) propuseram classificar as alternativas antes do processo de seleção

    através da aplicação do PROMSORT e de Almeida (2007) propôs integrar a avaliação dos

    critérios utilizando a Teoria da Utilidade Multiatributo, MAUT, (KEENEY; RAIFFA, 1976)

    com o método ELECTRE (Elimination et Choix Traduisant la Réalité) para evitar a rigidez

    dos axiomas do primeiro método. Santos, Lugo e de Almeida (2015) aplicaram o método

    aditivo para compra de uma tecnologia.

    A seleção de fornecedores de alimentação pode também ser vista como um problema

    multicritério, uma vez que o decisor ao escolher um fornecedor ou buffet para um

    determinado evento precisa avaliar diversos aspectos da prestação de serviço antes de chegar

    a uma decisão. Alguns dos aspectos a serem considerados possuem caráter subjetivo e a

    estrutura de preferências do decisor deve estar refletida no processo. Este artigo trata do

    processo de seleção de um buffet para um evento, onde o decisor precisa recorrer a uma

    ferramenta multicritério para auxiliá-lo com uma recomendação que consiste na ordem das

    alternativas disponíveis. Alguns critérios são considerados qualificadores, de modo que o

    decisor precisa fazer uso de um método que inclua limiares de veto em sua avaliação. Assim,

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    foi escolhido o modelo aditivo com veto para a problemática de ordenação (DE ALMEIDA,

    2013a) para suporte ao decisor.

    O artigo está dividido em cinco seções, onde a primeira faz uma breve introdução do tema de

    seleção de fornecedores, a segunda apresenta o contexto do problema, a terceira apresenta o

    modelo aditivo com veto para a problemática de ordenação, a quarta apresenta os resultados e

    discussão e a quinta e última apresenta as conclusões desta aplicação.

    2. Descrição do Problema

    Os problemas de decisão multicritério são caracterizados por situações em que o decisor se

    depara com múltiplas alternativas para escolha, onde estas não podem ser avaliadas segundo

    uma métrica única, sendo necessário que sua análise ocorra através de múltiplos objetivos. A

    fim de incluir a avaliação destas alternativas segundo estes objetivos são feitas avaliações

    utilizando-se atributos ou critérios, os quais consideram a estrutura de preferências do decisor

    para gerar uma recomendação. O problema tratado neste artigo trata do processo de seleção de

    uma empresa para fornecimento de alimentação para festas, onde as alternativas são Buffets

    de festas.

    Neste problema, assim como em outros problemas multicritério, existe um conjunto de

    alternativas a serem analisadas definidas segundo o mercado local, as quais precisam ser

    avaliadas segundo os objetivos do decisor. A fim de realizar uma análise detalhada, de modo a

    verificar seus objetivos, sendo encontrado que o mesmo busca oferecer uma alimentação de

    boa qualidade com rapidez e busca satisfazer os clientes utilizando altos padrões de

    integridade e ética com o menor preço possível. A partir destes objetivos podem ser

    escolhidos os critérios que melhor se adequam a avaliação do conjunto de alternativas, os

    quais foram apresentados na Tabela 1. Os critérios de velocidade de atendimento,

    disponibilidade de serviço, variedade e preço puderam ser avaliados através de atributos

    naturais ou atributos proxy, não sendo necessária a utilização de uma escala construída para

    sua avaliação. Os critérios qualidade e confiabilidade, devido à sua subjetividade, foram

    avaliados segundo atributos construídos, onde os níveis de avaliação foram os apresentados

    através da Tabela 2.

    Tabela 1 – Descrição dos Critérios

    Critérios Descrição Escala Direção de

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    Preferência

    Velocidade de

    atendimento

    Com o objetivo de medir a velocidade de

    atendimento dos consumidores, foi utilizado

    este critério proxy para medir o tempo de

    entrega de novos pratos para serem servidos.

    Minutos Minimização

    Disponibilidade

    de Serviço

    Quantidade de funcionários disponíveis para

    servir os convidados. Unidades Maximização

    Variedade Variedade de refeições disponíveis. Unidades Maximização

    Qualidade

    Qualidade percebida pelos usuários do

    sistema, nos quesitos de saúde, aparência e

    sabor das refeições servidas.

    Qualitativo Maximização

    Preço Custo dispendido pelo decisor por

    convidado no evento. R$/pessoa Minimização

    Confiabilidade Capacidade de fornecer as refeições no

    tempo e condições acordadas com o decisor. Qualitativo Maximização

    Fonte: Este estudo (2016)

    Tabela 2 – Descrição dos Níveis dos Critérios Qualitativos

    Critérios Escala qualitativa

    Qualidade

    1-Consumidores não confiam na higiene da empresa, a aparência e sabor

    desagradáveis. Geralmente evitado pelos consumidores.

    2- Consumidores reconhecem que há higiene no manuseio dos alimentos,

    apresentação e sabor intermediários.

    3- Consumidores reconhecem que há higiene no manuseio dos alimentos,

    apresentação excelente e sabor intermediário.

    4-Consumidores reconhecem que há higiene no manuseio dos alimentos,

    apresentação intermediária e sabor excelente.

    5-Consumidores buscam esta opção, confiam na higiene com que são tratados os

    alimentos, o sabor e a apresentação dos mesmos são agradáveis.

    Confiabilidade

    1- Histórico de falhas no plano de aquisição do serviço, imprevistos e problemas.

    2- Histórico de falhas no plano de aquisição do serviço, com problemas e

    imprevistos solucionados pela Contratante.

    3- Histórico desconhecido quanto à imprevistos e falhas.

    4- Histórico com algumas falhas na prestação do serviço, solucionadas pela

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    Contratada.

    5- Histórico sem falha de qualquer natureza.

    Fonte: Este estudo (2016)

    Roy (1996) descreve quatro tipos de problemática existentes na literatura de MCDA: (1)

    ordenação, onde se buscam ordenar as alternativas; (2) escolha, quando se busca escolher uma

    alternativa do conjunto de alternativas disponíveis; (3) classificação, trata-se de classificar as

    alternativas em subconjuntos baseados em características nominais ou ordinais; e (4)

    descrição, onde se busca descrever as alternativas disponíveis. Os problemas de seleção

    tendem a ser tratados como problemas de escolha ou ordenação. Quando se busca apenas uma

    alternativa, não sendo necessário saber qual a sua distância em termos de preferência da

    segunda alternativa ou quando não for necessário recorrer a outras alternativas, então se

    utiliza um método voltado para a problemática de escolha. Entretanto, o problema em questão

    trata da escolha de uma empresa para fornecimento de alimentação em um evento, sendo

    importante verificar a ordem de preferência do decisor em relação a todo o conjunto de

    alternativas e permitindo que o decisor busque outra alternativa caso a primeira torne-se

    indisponível no momento da contratação. Desta forma, a escolha do método a ser implantado

    recai sobre um método voltado para a problemática de ordenação.

    Os métodos de critério único de síntese geralmente são capazes de fornecer uma ordem

    completa ou uma pre-ordem completa, devido ao uso de valores globais para avaliação das

    alternativas. Esses métodos são classificados como métodos compensatórios, onde um baixo

    desempenho em um critério pode ser compensado por um alto desempenho em outro critério.

    Este comportamento é compatível com os critérios descritos por Slack, Chambers e Johnston

    (2009) como fatores ganhadores de pedidos, onde o aumento da característica levará ao

    aumento da participação do produto dentro do mercado. Adicionalmente, ao descrever os

    fatores competitivos de um produto, os autores falam também de outro tipo de fator: o

    qualificador. Essa característica significa que abaixo de determinado nível de performance

    nestes critérios, a alternativa deixa de ser interessante para o decisor. Dentre os critérios

    utilizados neste problema, existem alguns critérios que são qualificadores, tais como

    qualidade e velocidade de atendimento. Com o intuito de incluir esta nuance na avaliação do

    problema apresentado, o mesmo será tratado utilizando-se o modelo aditivo-veto para a

    problemática de ordenação proposto por de Almeida (2013a), o qual será apresentado na

    seção 3 deste artigo.

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    3. Modelo Aditivo com Veto

    Em diversas situações, seja no ambiente empresarial ou em decisões pessoais, surgem

    problemas de decisão que não podem ser avaliados seguindo uma métrica única, como a

    monetária, sendo necessária a inclusão de outras características para auxiliar o decisor no

    processo de avaliação. Estes problemas são conhecidos como problemas multicritério e são

    frequentemente modelados através de métodos multicritério de apoio à decisão (MCDA/M).

    Há diversos métodos direcionados para tratamento de problemas multicritério, sendo

    apresentadas na literatura segundo diversas classificações (DE ALMEIDA, 2013b; DE

    ALMEIDA at al., 2015). Uma das classificações mais comuns é a apresentada por Roy

    (1996):

    1. Métodos de critério único de síntese: agregam os critérios em um único critério de

    síntese, como o valor da alternativa ou sua utilidade;

    2. Métodos de sobreclassificação: se baseiam na relação de preferência de

    sobreclassificação; e

    3. Métodos interativos: não se baseiam em uma regra explícita, mas em julgamentos que

    são realizados pelo decisor ao longo do processo de elicitação, os quais são utilizados

    para gerar a estrutura de preferência do decisor.

    Os métodos de critério único de síntese podem ainda ser classificados como métodos

    compensatórios, uma vez que sua avaliação é feita baseada em um valor gerado pela

    agregação de seus critérios e se assemelha a uma média ponderada. A fim de viabilizar a

    agregação, é atribuído a cada critério uma constante de escala, que funciona como uma taxa

    de substituição entre os critérios. Nesta categoria, os métodos mais conhecidos são a teoria da

    utilidade multiatributo e o modelo aditivo, sendo o segundo o mais utilizado (DE ALMEIDA,

    2013b; DE ALMEIDA at al., 2015). Na literatura são encontradas diversas propostas para

    elicitação das constantes de escala utilizadas no modelo aditivo, tais como o Tradeoff

    (KEENEY; RAIFFA, 1976), SMARTS/SMARTER (EDWARDS; BARRON, 1994), AHP

    (SAATY, 1980), método FITradeoff , com elicitação flexível (DE ALMEIDA at al., 2016) e

    o modelo Aditivo com Veto (DE ALMEIDA, 2013a), recentemente aplicado para priorização

    de alocação de reguladores de voltagem em um sistema de distribuição de energia elétrica

    (DE LIMA et al., 2016). Estes métodos diferem na forma de elicitar as constantes de escala e

    no esforço cognitivo realizado pelo decisor, sendo o tradeoff (KEENEY; RAIFFA, 1976)

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    considerado o mais robusto devido à sua estrutura axiomática. É devido à propriedade do

    tradeoff encontrada no modelo adito que estes métodos são classificados como

    compensatórios, pois uma baixa performance em um critério pode ser compensada por uma

    alta performance em outro critério. Entretanto, nem sempre é possível realizar esta

    compensação integralmente e ainda assim refletir a estrutura de preferências do decisor.

    Durante o processo de compensação alguns critérios podem apresentar performances aquém

    do aceitável (DE ALMEIDA, 2013a; DE LIMA et al., 2016) na avaliação intracritério sendo

    necessário incorporar o conceito de veto ao problema. Existem dois conceitos de veto

    frequentemente encontrados na literatura, um relacionado à escolha social (MOULIN, 1981) e

    outro relacionado à recusa em aceitar uma dada relação entre duas alternativas (ROY, 1996).

    O segundo conceito de veto é comum em métodos de sobreclassificação, mas foi incorporado

    à alguns métodos aditivos. O TOPSIS é um método aditivo que calcula a distância de uma

    alternativa ao Nadir e PIS, de forma que o veto assume uma condição de ponto de referência

    nesta abordagem (HWANG; YOON, 1981). No modelo aditivo-veto, apresentado por de

    Almeida (2013a), o veto assume uma característica de não permitir que performances abaixo

    do aceitável em um critério sejam compensadas pela performance de outro critério, seguindo

    o conceito apresentado por Roy (1996).

    A definição da condição de veto tem o intuito de retratar a preferência do decisor em rejeitar

    uma alternativa quando sua performance é inaceitável em algum critério. Está condição é

    introduzida no modelo aditivo através da função veto apresentada na Equação 1. O nível de

    veto é o limite aceitável para cada critério e seu cálculo permite alguma vagueza por parte do

    decisor, a qual é representada através de dois limiares. O limiar superior (upper threshold –

    ui) é o valor mínimo aceitável para o critério i e o limiar inferior (lower threshold – li) é o

    valor a partir do qual a alternativa aj torna-se inaceitável. Pode-se perceber que entre os

    limiares superior e inferior o critério é contabilizado proporcionalmente à sua performance

    dentro da margem estabelecida pelo decisor (DE ALMEIDA, 2013; DE LIMA et al., 2016).

    ijii

    iji

    iji

    ii

    iji

    ji

    uavl

    uav

    lav

    if

    if

    if

    lu

    lav

    az

    )(

    )(

    )(

    )(

    ,1

    ,0

    )( (1)

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    Onde: zi(aj) é a função veto na alternativa aj;

    vi(aj) é a função valor para o critério i;

    ui é o limiar superior de veto para o critério i;

    li é o limiar inferior de veto para o critério i;

    A função veto pode ser aplicada de diferentes formas sob a função de agregação aditiva a

    depender da problemática a ser analisada, de Almeida (2013a) apresentou uma solução para a

    problemática de escolha e outra para a problemática de ordenação. No caso da ordenação, a

    função veto não se enquadra em uma rejeição da alternativa em si, mas em rejeitar sua

    posição na ordenação original. A fim de inserir a componente de veto na avaliação das

    alternativas, é calculada uma função veto ponderada, a qual é apresentada na Equação 2 (DE

    ALMEIDA, 2013; DE LIMA et al., 2016).

    n

    i

    jiijj avkarav1

    )()()('

    (2) Onde: v’(aj) é o valor da alternativa aj após penalização;

    r(aj) é o índice de veto ponderado da alternativa aj, onde

    n

    i

    jij arar1

    )()(

    ;

    ri(aj) é a função veto ponderada para a alternativa aj, onde ijiji kazar )()( ;

    ki é a constante de escala do critério i.

    Através da Equação 2, pode-se perceber que o veto é definido individualmente para cada

    critério e cada alternativa poderá ter sua posição vetada ou não. Quando o decisor escolher

    não incorporar o limiar de veto em um determinado critério, ele poderá simplesmente escolher

    os limiares superiores e inferiores como sendo os menores valores da escala, assim a função

    será desabilitada. O decisor pode ainda escolher apenas um limiar, quando não houver

    qualquer tipo de vagueza em suas preferências. É importante apenas que fique claro para o

    decisor que se trata de um limiar, de modo que este valor não poderá ser amplo, deve ser

    limítrofe. Na seção 4 é apresentada a aplicação do modelo aditivo com veto para a

    problemática de ordenação apresentada na seção 2.

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    4. Aplicação numérica

    O problema de ordenação dos buffets para eventos incluiu a análise de 10 alternativas, as

    quais foram identificadas como A01 até A10. Os valores de desempenho das alternativas em

    cada um dos critérios podem ser visualizados na Matriz de Consequências apresentada na

    Tabela 3. Apenas os critérios velocidade de atendimento, variedade do serviço e qualidade

    foram analisados com veto. O decisor escolheu aplicar limiar de veto para estes critérios por

    considerar que existem níveis mínimos de satisfação associados aos mesmos, tratando-os

    como fatores qualificadores. A partir desta avaliação, as alternativas que não obtiveram um

    valor superior ao limiar requerido pelo decisor foram penalizadas, sendo vetadas de suas

    posições originais e direcionadas a uma posição inferior na ordenação das alternativas. A

    Tabela 4 apresenta os limiares de veto dos critérios mencionados.

    Tabela 3 – Matriz de Consequências

    Alternativas/

    Critérios

    Velocidade de

    atendimento Variedade

    Disponibilidade

    de Serviço Preço Qualidade Confiabilidade

    A01 1 17 20 48,03 4 2

    A02 2 11 20 40,83 5 2

    A03 4 10 35 49,49 4 5

    A04 3 19 24 42,73 2 2

    A05 3 17 42 49,88 5 4

    A06 4 19 28 40,92 3 3

    A07 1 16 41 40,53 4 1

    A08 2 9 50 32,71 3 3

    A09 3 18 22 37,11 1 5

    A10 5 18 16 30,52 2 4

    Fonte: Este estudo (2016)

    Tabela 4 – Limiares de Veto

    Critérios Limiar de Veto

    Variedade 12

    Disponibilidade de Serviço 20

    Qualidade 2

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    Fonte: Este estudo (2016)

    O problema foi analisando utilizando um software via web que realiza todas as operações,

    desde a normalização até a aplicação do veto, finalizando com uma análise de sensibilidade

    nos dados. Os dados de entrada são fornecidos através de uma planilha em Excel e as

    informações do problema são apresentadas na tela inicial, conforme pode ser visualizado na

    Figura 1. Nesta planilha devem ser informados todos os dados quanto aos critérios e

    avaliações das alternativas, inclusive a direção de preferência em cada um dos critérios e

    quais deverão ser sujeitos a veto, posteriormente estas informações podem ser visualizadas na

    tela inicial do problema. Após verificação dos dados, o decisor poderá definir o limiar de veto

    em cada um dos critérios, como apresentado na Figura 2. O decisor poderá fornecer um limiar

    único, quando estiver seguro quanto ao valor do limiar de veto ou dois limiares, quando

    preferir apresentar uma faixa de valores. O decisor pode ainda escolher o comportamento da

    função valor marginal, que pode ser linear, exponencial, formato S (S-shape) ou logarítmica,

    assim como no software apresentado por Santos, Lugo e de Almeida (2015).

    Figura 1 – Tela Inicial

    Fonte: Este estudo (2016)

    Figura 2 – Input dos limiares de veto

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    Fonte: Este estudo (2016)

    Após definições referentes à função valor marginal, o decisor é submetido ao procedimento

    de tradeoff (Keeney e Raiffa, 1976). Este processo está dividido em três passos no software.

    O primeiro passo trata da ordenação dos critérios apresentada na Figura 3. No segundo passo

    é possível explorar o espaço de consequências, gerando algumas relações entre os critérios,

    este processo é apresentado na Figura 4. O terceiro passo, apresentado na Figura 5, trata de

    verificar as relações binárias entre os critérios para viabilizar o cálculo das constantes de

    escala.

    Figura 3 – Ordenação dos critérios

    Fonte: Este estudo (2016)

    Figura 4 – Espaço de Consequências

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    Fonte: Este estudo (2016)

    Figura 5 – Constantes de Escala

    Fonte: Este estudo (2016)

    Uma vez que as constantes de escala foram calculadas, os valores das alternativas são

    encontrados aplicando as equações (1) e (2), onde as alternativas são penalizadas conforme os

    limiares definidos e apresentados na Tabela 4. Os valores das alternativas com e sem a

    consideração do veto estão apresentas na Tabela 4. O veto não gerou nenhuma alteração nas

    alternativas posicionadas em primeiro e segundo lugar, entretanto, a alternativa que se

    posicionaria em terceiro lugar antes do veto foi direcionada à 5ª posição após penalização.

    Outras quatro alternativas foram vetadas de suas posições originais: A02, A10, A03 e A09.

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    Tabela 4 – Valores das alternativas com e sem veto

    Alternativas/

    Critérios Valor com veto Valor sem veto

    A05 0,6802886 0,6802886

    A07 0,6464107 0,64641075

    A06 0,539595 0,53959502

    A01 0,4840017 0,48400172

    A08 0,4819913 0,59829377

    A04 0,4314243 0,43142434

    A02 0,3830637 0,47549535

    A10 0,3673747 0,47230126

    A03 0,3553435 0,44108634

    A09 0,3347037 0,44860272

    Fonte: Este estudo (2016)

    Também foi incorporado ao software uma análise de sensibilidade, a fim de permitir

    verificações quanto a possíveis modificações na solução do problema em caso de vagueza nas

    informações de entrada. Como neste caso existia algum grau de incerteza nos dados

    apresentados na matriz de consequência, especialmente quanto aos critérios com avaliação

    subjetiva, foi realizada uma análise de sensibilidade nestes valores. Nesta análise foi

    considerada uma distribuição uniforme, onde foram analisados 100.000 casos e uma variação

    de 20% em cada um dos critérios. O resultado desta análise foi que a alternativa A05 se

    manteve em primeiro lugar em 57% dos casos e a alternativa A07 foi primeiro lugar em 37%

    dos casos.

    Os resultados apresentados foram utilizados como uma recomendação para o decisor, que

    poderia em algum momento precisar contratar o segundo lugar, caso a primeira alternativa

    apresentasse algum problema no futuro. Desta análise o decisor pode concluir que a

    alternativa posicionada em 2º lugar poderia ser uma boa escolha, uma vez que ela deixa de se

    posicionar como 2º lugar apenas para se posicionar em 1º. As duas primeiras alternativas

    encontram-se nos 2 primeiros lugares em 94% dos casos, consistindo em um resultado

    confiável e permitindo ao decisor fazer sua escolha de forma confortável. Nenhuma das duas

    alternativas apresentou desempenho inferior aos limiares de veto, mas outras alternativas

  • XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

    João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .

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    apresentaram e é possível verificar a penalização que as mesmas sofrem quando seu

    aproveitamento é inferior ao desejável.

    5. Conclusão

    O problema trata de uma aplicação do modelo aditivo com veto para a problemática de

    ordenação na escolha de um buffet para fornecimento de alimentação em um evento. O

    modelo foi aplicado através do uso de sistema de apoio à decisão com base web. A partir da

    análise pode-se perceber a importância do ponto de vista prático de permitir que o decisor

    defina limiares de veto ao aplicar o modelo aditivo, pois os critérios podem não se tratar de

    fatores ganhadores de pedido, mas fatores qualitativos, que precisam e devem ser

    considerados no processo analítico, mas cujo desempenho não deve ser contabilizado quando

    o desempenho da alternativa se encontra em uma posição indesejável para o decisor.

    O modelo aditivo com veto se encontra em fase de estudos, tendo sido apresentado por de

    Almeida (2013a) para as problemáticas de ordenação e escolha e aplicado por de Lima at al.

    (2016). Visualiza-se que podem ser realizados estudos experimentais dos métodos,

    verificando o nível de satisfação dos decisores ao aplicar um método que os permita

    incorporar plenamente a estrutura de preferências dos decisores. A problemática de

    classificação também ainda não foi explorada no âmbito deste método, ficando seu

    desenvolvimento para trabalhos futuros.

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