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Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014 Institui a Política Nacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, e dá outras providências. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º , caput, inciso I, e no art. 17 da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, DECRETA: Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade civil. Parágrafo único. Na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas e políticas públicas e no aprimoramento da gestão pública serão considerados os objetivos e as diretrizes da PNPS. Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se: I - sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações; II - conselho de políticas públicas - instância colegiada temática permanente, instituída por ato normativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisório e na gestão de políticas públicas; III - comissão de políticas públicas - instância colegiada temática, instituída por ato normativo, criada para o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específico, com prazo de funcionamento vinculado ao cumprimento de suas finalidades; IV - conferência nacional - instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temas específicos e de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade civil, podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretrizes e ações acerca do tema tratado; V - ouvidoria pública federal - instância de controle e participação social responsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública; VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores da sociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitos sociais; VII - fórum interconselhos - mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos e comissões de políticas públicas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programas governamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade;

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Page 1: Dec 8243 (20140523)/ institui a política nacional de participação social - pnps e o sistema nacional de participação social - snps

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

Institui a Política Nacional de Participação Social -PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social -SNPS, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV eVI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, caput, inciso I, e no art. 17 da Lei nº10.683, de 28 de maio de 2003,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer earticular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. Na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas epolíticas públicas e no aprimoramento da gestão pública serão considerados os objetivos e as diretrizes daPNPS.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:

I - sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações;

II - conselho de políticas públicas - instância colegiada temática permanente, instituída por atonormativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisórioe na gestão de políticas públicas;

III - comissão de políticas públicas - instância colegiada temática, instituída por ato normativo, criadapara o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específico, com prazo defuncionamento vinculado ao cumprimento de suas finalidades;

IV - conferência nacional - instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temasespecíficos e de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade civil,podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretrizes e açõesacerca do tema tratado;

V - ouvidoria pública federal - instância de controle e participação social responsável pelo tratamentodas reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos,prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública;

VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores dasociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitossociais;

VII - fórum interconselhos - mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos ecomissões de políticas públicas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programasgovernamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade;

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VIII - audiência pública - mecanismo participativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquerinteressado, com a possibilidade de manifestação oral dos participantes, cujo objetivo é subsidiar decisõesgovernamentais;

IX - consulta pública - mecanismo participativo, a se realizar em prazo definido, de caráter consultivo,aberto a qualquer interessado, que visa a receber contribuições por escrito da sociedade civil sobredeterminado assunto, na forma definida no seu ato de convocação; e

X - ambiente virtual de participação social - mecanismo de interação social que utiliza tecnologias deinformação e de comunicação, em especial a internet, para promover o diálogo entre administração públicafederal e sociedade civil.

Parágrafo único. As definições previstas neste Decreto não implicam na desconstituição ou alteraçãode conselhos, comissões e demais instâncias de participação social já instituídos no âmbito do governofederal.

Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS:

I - reconhecimento da participação social como direito do cidadão e expressão de sua autonomia;

II - complementariedade, transversalidade e integração entre mecanismos e instâncias da democraciarepresentativa, participativa e direta;

III - solidariedade, cooperação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo,orientação sexual, religião e condição social, econômica ou de deficiência, para a construção de valores decidadania e de inclusão social;

IV - direito à informação, à transparência e ao controle social nas ações públicas, com uso delinguagem simples e objetiva, consideradas as características e o idioma da população a que se dirige;

V - valorização da educação para a cidadania ativa;

VI - autonomia, livre funcionamento e independência das organizações da sociedade civil; e

VII - ampliação dos mecanismos de controle social.

Art. 4º São objetivos da PNPS, entre outros:

I - consolidar a participação social como método de governo;

II - promover a articulação das instâncias e dos mecanismos de participação social;

III - aprimorar a relação do governo federal com a sociedade civil, respeitando a autonomia das partes;

IV - promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas e programasde governo federal;

V - desenvolver mecanismos de participação social nas etapas do ciclo de planejamento e orçamento;

VI - incentivar o uso e o desenvolvimento de metodologias que incorporem múltiplas formas deexpressão e linguagens de participação social, por meio da internet, com a adoção de tecnologias livres decomunicação e informação, especialmente, softwares e aplicações, tais como códigos fonte livres eauditáveis, ou os disponíveis no Portal do Software Público Brasileiro;

VII - desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamenteexcluídos e aos vulneráveis;

VIII - incentivar e promover ações e programas de apoio institucional, formação e qualificação emparticipação social para agentes públicos e sociedade civil; e

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IX - incentivar a participação social nos entes federados.

Art. 5º Os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadasas especificidades de cada caso, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstosneste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticaspúblicas.

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput elaborarão, anualmente, relatório de implementação daPNPS no âmbito de seus programas e políticas setoriais, observadas as orientações da Secretaria-Geral daPresidência da República.

§ 2º A Secretaria-Geral da Presidência da República elaborará e publicará anualmente relatório deavaliação da implementação da PNPS no âmbito da administração pública federal.

Art. 6º São instâncias e mecanismos de participação social, sem prejuízo da criação e doreconhecimento de outras formas de diálogo entre administração pública federal e sociedade civil:

I - conselho de políticas públicas;

II - comissão de políticas públicas;

III - conferência nacional;

IV - ouvidoria pública federal;

V - mesa de diálogo;

VI - fórum interconselhos;

VII - audiência pública;

VIII - consulta pública; e

IX - ambiente virtual de participação social.

Art. 7º O Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, coordenado pela Secretaria-Geral daPresidência da República, será integrado pelas instâncias de participação social previstas nos incisos I a IVdo art. 6º deste Decreto, sem prejuízo da integração de outras formas de diálogo entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. A Secretaria-Geral da Presidência da República publicará a relação e a respectivacomposição das instâncias integrantes do SNPS.

Art. 8º Compete à Secretaria-Geral da Presidência da República:

I - acompanhar a implementação da PNPS nos órgãos e entidades da administração pública federaldireta e indireta;

II - orientar a implementação da PNPS e do SNPS nos órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta;

III - realizar estudos técnicos e promover avaliações e sistematizações das instâncias e dosmecanismos de participação social definidos neste Decreto;

IV - realizar audiências e consultas públicas sobre aspectos relevantes para a gestão da PNPS e doSNPS; e

V - propor pactos para o fortalecimento da participação social aos demais entes da federação.

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Art. 9º Fica instituído o Comitê Governamental de Participação Social - CGPS, para assessorar aSecretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e na implementação da PNPS e nacoordenação do SNPS.

§ 1º O CGPS será coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, que dará o suportetécnico-administrativo para seu funcionamento.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreseu funcionamento.

Art.10. Ressalvado o disposto em lei, na constituição de novos conselhos de políticas públicas e nareorganização dos já constituídos devem ser observadas, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil, preferencialmente de formaparitária em relação aos representantes governamentais, quando a natureza da representação orecomendar;

II - definição, com consulta prévia à sociedade civil, de suas atribuições, competências e natureza;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros;

V - rotatividade dos representantes da sociedade civil;

VI - compromisso com o acompanhamento dos processos conferenciais relativos ao tema de suacompetência; e

VII - publicidade de seus atos.

§ 1º A participação dos membros no conselho é considerada prestação de serviço público relevante,não remunerada.

§ 2º A publicação das resoluções de caráter normativo dos conselhos de natureza deliberativavincula-se à análise de legalidade do ato pelo órgão jurídico competente, em acordo com o disposto na LeiComplementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

§ 3º A rotatividade das entidades e de seus representantes nos conselhos de políticas públicas deveser assegurada mediante a recondução limitada a lapso temporal determinado na forma dos seus regimentosinternos, sendo vedadas três reconduções consecutivas.

§ 4º A participação de dirigente ou membro de organização da sociedade civil que atue em conselhode política pública não configura impedimento à celebração de parceria com a administração pública.

§ 5º Na hipótese de parceira que envolva transferência de recursos financeiros de dotaçõesconsignadas no fundo do respectivo conselho, o conselheiro ligado à organização que pleiteia o acesso aorecurso fica impedido de votar nos itens de pauta que tenham referência com o processo de seleção,monitoramento e avaliação da parceria.

Art. 11. Nas comissões de políticas públicas devem ser observadas, no mínimo, as seguintesdiretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil;

II - definição de prazo, tema e objetivo a ser atingido;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros; e

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V - publicidade de seus atos.

Art. 12. As conferências nacionais devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seus objetivos e etapas;

II - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

III - estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais epara a escolha dos delegados da sociedade civil;

IV - integração entre etapas municipais, estaduais, regionais, distrital e nacional, quando houver;

V - disponibilização prévia dos documentos de referência e materiais a serem apreciados na etapanacional;

VI - definição dos procedimentos metodológicos e pedagógicos a serem adotados nas diferentesetapas;

VII - publicidade de seus resultados;

VIII - determinação do modelo de acompanhamento de suas resoluções; e

IX - indicação da periodicidade de sua realização, considerando o calendário de outros processosconferenciais.

Parágrafo único. As conferências nacionais serão convocadas por ato normativo específico, ouvido oCGPS sobre a pertinência de sua realização.

Art. 13. As ouvidorias devem observar as diretrizes da Ouvidoria-Geral da União daControladoria-Geral da União nos termos do art. 14, caput, inciso I, do Anexo I ao Decreto nº 8.109, de 17 desetembro de 2013.

Art. 14. As mesas de diálogo devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - participação das partes afetadas;

II - envolvimento dos representantes da sociedade civil na construção da solução do conflito;

III - prazo definido de funcionamento; e

IV - acompanhamento da implementação das soluções pactuadas e obrigações voluntariamenteassumidas pelas partes envolvidas.

Parágrafo único. As mesas de diálogo criadas para o aperfeiçoamento das condições e relações detrabalho deverão, preferencialmente, ter natureza tripartite, de maneira a envolver representantes dosempregados, dos empregadores e do governo.

Art. 15. Os fóruns interconselhos devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - definição da política ou programa a ser objeto de debate, formulação e acompanhamento;

II - definição dos conselhos e organizações da sociedade civil a serem convidados pela sua vinculaçãoao tema;

III - produção de recomendações para as políticas e programas em questão; e

IV - publicidade das conclusões.

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Art. 16. As audiências públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificado seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - livre acesso aos sujeitos afetados e interessados;

III - sistematização das contribuições recebidas;

IV - publicidade, com ampla divulgação de seus resultados, e a disponibilização do conteúdo dosdebates; e

V - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 17. As consultas públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - disponibilização prévia e em tempo hábil dos documentos que serão objeto da consulta emlinguagem simples e objetiva, e dos estudos e do material técnico utilizado como fundamento para a propostacolocada em consulta pública e a análise de impacto regulatório, quando houver;

III - utilização da internet e de tecnologias de comunicação e informação;

IV - sistematização das contribuições recebidas;

V - publicidade de seus resultados; e

VI - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 18. Na criação de ambientes virtuais de participação social devem ser observadas, no mínimo, asseguintes diretrizes:

I - promoção da participação de forma direta da sociedade civil nos debates e decisões do governo;

II - fornecimento às pessoas com deficiência de todas as informações destinadas ao público em geralem formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;

III - disponibilização de acesso aos termos de uso do ambiente no momento do cadastro;

IV - explicitação de objetivos, metodologias e produtos esperados;

V - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

VI - definição de estratégias de comunicação e mobilização, e disponibilização de subsídios para odiálogo;

VII - utilização de ambientes e ferramentas de redes sociais, quando for o caso;

VIII - priorização da exportação de dados em formatos abertos e legíveis por máquinas;

IX - sistematização e publicidade das contribuições recebidas;

X - utilização prioritária de softwares e licenças livres como estratégia de estímulo à participação naconstrução das ferramentas tecnológicas de participação social; e

XI - fomento à integração com instâncias e mecanismos presenciais, como transmissão de debates eoferta de oportunidade para participação remota.

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Art. 19. Fica instituída a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instância colegiadainterministerial responsável pela coordenação e encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelomonitoramento de suas respostas.

§ 1º As reuniões da Mesa de Monitoramento serão convocadas pela Secretaria-Geral da Presidênciada República, sendo convidados os Secretários-Executivos dos ministérios relacionados aos temas a seremdebatidos na ocasião.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreas competências específicas, o funcionamento e a criação de subgrupos da instância prevista no caput.

Art. 20. As agências reguladoras observarão, na realização de audiências e consultas públicas, odisposto neste Decreto, no que couber.

Art. 21. Compete à Casa Civil da Presidência da República decidir sobre a ampla divulgação deprojeto de ato normativo de especial significado político ou social nos termos do art. 34, caput, inciso II, doDecreto nº 4.176, de 28 de março de 2002.

Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da República.

DILMA ROUSSEFFMiriam BelchiorGilberto CarvalhoJorge Hage Sobrinho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.5.2014

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Mudança de regime por decretoopiniao.estadao.com.br /noticias/geral,mudanca-de-regime-por-decreto-imp-,1173217

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participediretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social comométodo de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses"movimentos sociais".

O grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é

dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização. Nãohá cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento de

fazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio e

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cinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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Colunista

Perigo vermelho

A turma do editorial do Estadão está em pânico. Apelou e perdeu a razão. Também, não erapara menos. O jornal que ajudou a derrubar os governos Vargas, em 1954, e João Goulart,em 1964, não dorme em serviço. Dilma que se cuide, pois estamos, de novo, em um ano dequatro.

Mais uma vez, e antes que seja tarde, o veículo que tem uma longa folha de serviçosprestados ao País está pronto para defender a democracia de seu principal algoz: o povo.

O jornal descobriu e denunciou, em um editorial ('Mudança de regime por decreto', de 29/5),que o governo da presidenta Dilma Rousseff está cometendo um crime de lesa pátria.

Os ideólogos das furiosas linhas chamam Dilma de 'companheira'. Calma, os 'companheiros'editorialistas continuam os mesmos. Apenas estão usando o pronome de tratamento deforma irônica.

Alertam para o grave risco que temos pela frente: ‘a presidente Dilma Rousseff quermodificar o sistema brasileiro de governo’ por decreto, brada o jornal que sabe defender umregime como ninguém.

Abram alas para os companheiros vetustos que falam de democracia com autoridade:

‘O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social(PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridadesjurídicas, ainda que possa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusosanseios das ruas. Na realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos domomento para impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito doque membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.’

E nós, incautos, dormindo, trabalhando e nos preparando para a Copa do Mundo de Futebol -quanta alienação! O gigante dormiu de novo. A coisa da ‘leitura desatenta’ é feita para gentecomo nós, míopes nas entrelinhas.

Por sorte, nada escapa à eterna vigilância dos companheiros que cavalgam de trombeta.

Cuidado com essa coisa de ‘sociedade civil’, pede o Estadão. Isso é um perigo.

Estejam todos atentos, pois querem destruir a democracia. Como pretendem fazê-lo?Trazendo a sociedade civil para dentro do governo.

Antonio Lassance

O Estadão contra a participação

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Os funéreos redatores jogaram a pá de cal até em liberais moderninhos como Alexis deTocqueville e John Stuart Mill, que defendiam a participação como base da boarepresentação, no século XIX.

A Constituição reescrita por um editorial

Em um de seus parágrafos mais histéricos, o editorial que baba afirma que ‘a companheiraDilma não concorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela AssembleiaConstituinte de 1988, e quer, por decreto, instituir outra fonte de poder: a 'participaçãodireta'.’

Alguém poderia enviar de presente ao Estadão, pelos Correios, um exemplar da Constituição,pois o deles deve ter sumido faz tempo.

Já se esqueceram do parágrafo único do artigo 1o de nossa Carta Magna , que diz:

‘Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos oudiretamente, nos termos desta Constituição’.

Provavelmente não chegaram sequer ao artigo 84, que dá ao Presidente da República opoder de expedir decretos sobre a organização e funcionamento da administração federal,que é exatamente o objeto do abominado ato oficial.

Não bastassem alguns ministros do Supremo, também o Estadão agora quer reescrever aConstituição, a começar por editoriais - quem sabe, um dia, via classificados.

Ficaria assim o primeiro artigo da Constituição, pelas mãos dos companheiros trombeteiros:

‘Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seusrepresentantes no Congresso, legitimamente eleitos.’

O Estadão acaba de proclamar o parlamentarismo, pois esqueceu-se até de incluir aPresidência da República como uma das instâncias de representação. Ou seja, EduardoCunha e Renan Calheiros, tudo bem; mas Dilma Rousseff, nem pensar.

Os tocadores de berrante pedem àqueles que consideram suas vaquinhas de presépio (‘Que oCongresso esteja atento’ e que venha ‘o STF, para declarar a inconstitucionalidade dodecreto’) para derrubarem a norma do Executivo.

O argumento pífio é o de que ela ‘fere o princípio básico da igualdade democrática (‘umapessoa, um voto’)’.

Hora de mandar mais um exemplar da Constituição para o Estadão. Nem o Brasil, nemqualquer país federalista do mundo segue o sistema de ‘uma pessoa, um voto’ narepresentação parlamentar.

Os caríssimos companheiros editorializantes até hoje não descobriram que nem a Câmara

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dos Deputados, nem o Senado Federal são constituídos pelo tal sistema de ‘uma pessoa, umvoto’. Erraram de país.

A única instância de representação em que essa regra é aplicada, para o azar do Estadão, éjustamente a Presidência da República.

Argumentos similares aos desse editorial já foram e continuam sendo usados contrainvenções diabólicas como, por exemplo, o orçamento participativo - coisa perigosíssima,nascida da invencionisse petista, dilmista, mensaleira e autoritária dos comissários.

O Estadão chamou para a briga. E pede ajuda a quem quer que seja para salvar nossosistema representativo.

Sim, esse mesmo sistema representativo que todos os dias os editoriais do Estadão e demuitos outros jornais ajudam a desmoralizar, a esculhambar, a retratar como um ninho debandidos, é esse sistema que eles conclamam que seja salvo. Avante, ‘companheiros’!

Dilma é acusada de ‘descaramento’ por conta do tal decreto. Aí descobrimos para que serve ocavalo do Estadão: para ajudar a escrever editoriais com coices.

Exorcistas de papel

Em momento algum o Editorialíssimo Jornal, do alto de sua cavalgadura, abandona a posturaautoritária e de tutela da opinião pública. Jamais passou, por baixo das patas de suasferraduras, a ideia de recomendar ao leitor um cuidado básico: o de ler o decreto.

O jornal, como sempre, confia no poder de seu berrante de produzir o efeito manada nos quecompram suas páginas. Espera que simplesmente ruminem sobre o decreto: ‘não li e nãogostei’.

Quem puder ler a norma verá que a mesma restringe-se a dar recomendações àadministração pública federal. Nem Estados, nem Municípios, nem o DF estão obrigados asegui-la.

A Câmara, o Senado e o STF, invocados pelos exorcistas de papel, não têm nada a ver com acoisa e podem permanecer sem sociedade civil, se assim preferirem, no intuito de agradar ojornal.

Sabem qual o grande perigo do decreto? O grande perigo é o de serem criados conselhos ecomissões de políticas públicas; conferências nacionais; ouvidorias; mesas de diálogo; fórunsinterconselhos; audiências públicas; consultas públicas; e ambientes virtuais de participaçãosocial.

Se é disso que o Estadão tem medo, é bom esconder-se debaixo da cama imediatamente,pois, com esse decreto, o bicho vai pegar.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Jornalistas acusam Dilma de implantar ditadura no país pormeio de decreto com 'barbaridades jurídicas'; leia

folhapolitica.org /2014/05/jornalistas-acusam-dilma-de-implantar.html

O editorial de hoje do jornal O Estadode S. Paulo acusou a presidenteDilma de deteriorar a democracia e"reprisar o engodo totalitário,vendendo um mundo romântico, masentregando o mais frio e cinzento dosmundos, onde uns poucos pretendem

dominar muitos" por meio de decretodatado de 23 de maio. Ademais, ocolunista Reinaldo Azevedo, de Veja eda Folha de S. Paulo, publicou críticaalinhada.Leia abaixo e manifeste sua opinião arespeito:

Editorial - O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu daAssembleia Constituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante asmanifestações de junho passado e que felizmente nem chegou a sair do casulo - e agoratenta por decreto mudar a ordem constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014,que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional deParticipação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa

soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Narealidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para imporvelhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membrosdesse partido entendem que deva ser uma democracia.A fórmula não é muito original. Odecreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participe diretamente em "todos osórgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nasagências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas

de diálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participaçãosocial como método de governo". Ora, a participação social numa democraciarepresentativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamenteeleitos. O que se vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistemarepresentativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, pordecreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".Não se trata de um atoingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova forma de fazer

democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suaspalavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere oprincípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar quealguns determinados cidadãos, aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia,sejam mais ouvidos.

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Vídeo com Dilma em paródia de propaganda do Bom Negócio viraliza na internet; assistaGoverno paga viagem para jornalistas gringos falarem bem do Brasil e o grupo é assaltado no Riode JaneiroDilma prestigia seu único aliado evangélico, Edir Macedo: participará da inauguração de temploque custará mais de R$400 milhões

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento dopoder político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto.Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o

Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".O grande desafio dademocracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é darvoz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau deconscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação quepor decreto a presidente Dilma Rousseff pretende instituir, ao criar canais específicos paraque uns sejam mais ouvidos do que outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, quetrabalha a semana inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências,

comissões, conselhos e mesas de diálogo?Ao longo do decreto fica explícito o sofismaque o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura manifestação dademocracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalização do poder, háa institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto aorigem do poder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimadospelas urnas, inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus

amigos precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seriademocrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por decreto.Querem reprisaro engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é maisum ato inconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenaso STF, para declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminarem toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

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Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe! (ReinaldoAzevedo)Atenção, leitores!Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados,

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solapados, diminuídos. A menos que você seja um membro do MTST, do MST, de umadessas siglas que optaram pela truculência como forma de expressão política.Demansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadurapetista por decreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que criauma tal “Política Nacional de Participação Social” e um certo “Sistema Nacional deParticipação Social”. O Estadão escreve nesta quinta um excelente editorial a respeito.

Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta o fundamento daigualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e cria umacategoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de“movimentos sociais”.O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar,define o que é “sociedade civil” em vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça,a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociaisinstitucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.Pronto!

Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, pornatureza, não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos osórgãos da administração pública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, comrepresentantes dessa tal sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que ogoverno de turno decidir que é… sociedade civilTodos os órgãos da gestão pública,incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos aos tais movimentossociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei a suaparticipação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem

ou percam as eleições.Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação”é, na verdade, um sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aquelesque participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que nãoparticipam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm direito departicipar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico.A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a

forma da democracia representativa: por meio de eleições livres, que escolhem oParlamento. O que Dilma está fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria derepresentação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que buscacorroer por dentro o regime democrático.O PT está tentando consolidar um comissariado àmoda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um escândalo se a Ordem dosAdvogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa excrescência. Com essedecreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O texto segue o

melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador eNicarágua. Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas,pela via aparentemente legal.Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-lapor decreto.

General pede que Dilma dê explicações sobre atentado a bomba que matou Kozel Filho em 1968Senador Mário Couto defende o impeachment da presidente Dilma; assistaPetição pedindo impeachment de Dilma ultrapassa 375 mil assinaturas

Mesmo prometendo mais dinheiro, Dilma é vaiada em três momentos na Expozebu e malconsegue falar; veja o vídeoEditorial do 'Financial Times' ridiculariza DilmaEconomista dinamarquês 'detona' Dilma e o Brasil: 'Campeão mundial em fracassos'

Lígia Ferreira

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Altamiro Borges: O Globo, que apoiou a ditadura militar,agora defende democracia sem povo

viomundo.com.br /denuncias/altamiro-borges-o-globo-que-apoiou-a-ditadura-militar-agora-defende-democracia-sem-povo.html

O Globo tem medo da democracia

Por Altamiro Borges, em seu blog

Na quinta-feira (26), a presidenta DilmaRousseff assinou decreto que tornaobrigatória a realização de consultaspúblicas para ouvir a sociedade sobretemas decisivos para os rumos do país. Amedida, que faz parte da intitulada “PolíticaNacional de Participação Social (PNPS)”, é

um passo importante para ampliar osmecanismos de democracia participativa noBrasil.

De imediato, a oposição direitista rechaçou a iniciativa. Coube, porém, ao jornal O Globo – o mesmo queapoiou o golpe militar e a sanguinária ditadura – a crítica mais raivosa à medida democratizante. Em

editorial publicado neste sábado, o diário afirma, na maior caradura, que o “decreto agride a democraciarepresentativa”.

O decreto prevê várias formas de participação política da sociedade: conselhos, conferências,audiências, ouvidorias, fóruns, mesas de diálogo, comissões especiais, ambientes virtuais e consultas

públicas.

Ele fixa que todos os “órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta” realizemconsultas visando “consolidar a participação social como método de governo” e aprimorar “a relação dogoverno com a sociedade”. Pelo decreto, caberá à Secretaria-Geral da Presidência da República

orientar a implantação da PNPS.

Ele garante que todo cidadão poderá participar desses formatos de diálogos, “além de movimentossociais, institucionalizados e não institucionalizados”.

Temendo a participação popular, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, já anunciou queirá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto.

Para o representante da direita oligárquica, o projeto do governo “é um eufemismo para o aparelhamento

ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo…É umainvasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País”.

No mesmo rumo, o deputado Ronaldo Caiado, o famoso ruralista do DEM, esbravejou que “o PT age nosentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela”.

Dos demos não se poderia esperar outra reação. Originários da Arena, o partido da ditadura, eles semprerejeitaram qualquer mecanismo de participação popular. Como expressão da velha oligarquia, queexplora trabalho escravo e contrata jagunços, o DEM nem precisa disfarçar sua postura autoritária, meiofascistóide.

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Já no caso do jornal O Globo, o editorial hidrófobo serve novamente para tirar a sua máscara. Aosatanizar o decreto número 8.243, que cria a PNPS, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir dedefensor da democracia representativa – logo ele que apoiou o golpe de 1964, a cassação de deputadose o fechamento do Congresso Nacional durante a ditadura militar.

“A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bemcomo a independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo. A desmontagem do regimerepresentativo costuma começar pela criação de mecanismos de ‘democracia direta’, para reduzir o pesodo Congresso na condução do país”, afirma no maior cinismo.

Para ele, o objetivo do decreto “é subtrair espaço do Legislativo por meio de comissões, conselhos,ouvidorias, mesas de diálogo, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas junto àadministração direta e até estatais, sempre em nome da participação social” e equivale a “um golpe deEstado na base da canetada”.

“O sentido autoritário do decreto denuncia a sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas queengendraram a ‘assembleia constituinte exclusiva’ a fim de fazer a reforma política – atalho para semudar a Constituição ao bel-prazer de minorias militantes -, surge das mesmas cabeças que tentaramcontrolar o conteúdo da produção audiovisual do país via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistasprofissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma origem dos idealizadores da ‘regulaçãoda mídia’… O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso e levado ao Supremo peloMinistério Público e/ou instituições da sociedade”, alerta o jornalão.

Só pela reação e desesperada de O Globo já dá para afirmar que o decreto que cria o PNPS representaum avanço para a democracia brasileira e merece urgente apoio das forças progressistas.

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Política Nacional de Participação Social e Ouvidoriasifb.edu.br /reitoria/reitoria/noticiasreitoria/6800-politica-nacional-de-participacao-social-e-ouvidorias

Portal do Governo Brasileiro

DetalhesPublicado em Terça, 27 Maio 2014 19:31

Celebramos no dia de hoje a edição do Decreto Nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS. Nos termos desse regulamento, construído a muitas mãos, asouvidorias públicas federais assumem, definitivamente, enorme responsabilidade na consecução doEstado Democrático de Direito: daqui em diante, somos “instância de controle e participação socialresponsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos àspolíticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramentoda gestão pública”. Assim, alcançamos um nível de institucionalidade que nos permite, de imediato, atuarde forma integrada e proativa.

Vale destacar que, em seu art. 13, o Decreto confere à Ouvidoria Geral da União da Controladoria-Geralda União o dever de editar diretrizes destinadas a harmonizar nossa atuação como instâncias integrantesdo Sistema de Participação Social (ao lado dos Conselhos, das Comissões e das ConferênciasNacionais), o que, por si só, propicia de imediato o funcionamento articulado, coordenado e sistêmico detodas as ouvidorias federais.

Contudo, se há motivos de sobra para comemorar essa conquista histórica, convém reafirmar que oprocesso de fortalecimento institucional da nossa ouvidoria passa pela ação imediata dos nossos (as)dirigentes no que diz respeito ao atendimento às demandas encaminhadas pela ouvidoria dentro dosprazos estabelecidos pelo nosso regimento interno.

Já foi encaminhada uma proposta de “Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo federal” à Casa Civil ejá conta com a aprovação da Secretaria Geral da Presidência da República. Nossa avaliação (realista) éque falta muito pouco, pois nosso longo e consistente processo de elaboração fez prevalecer apenas osmelhores argumentos: superamos nossos conflitos mais difíceis e alcançamos significativo consenso.

Agora é demonstrar nossa unidade e nosso compromisso com o processo democrático e, sobretudo, comas pessoas que precisam de nós.

Cleide Lemes da Silva CruzOUVIDORA/IFB

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Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

Institui a Política Nacional de Participação Social -PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social -SNPS, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV eVI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, caput, inciso I, e no art. 17 da Lei nº10.683, de 28 de maio de 2003,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer earticular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. Na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas epolíticas públicas e no aprimoramento da gestão pública serão considerados os objetivos e as diretrizes daPNPS.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:

I - sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações;

II - conselho de políticas públicas - instância colegiada temática permanente, instituída por atonormativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisórioe na gestão de políticas públicas;

III - comissão de políticas públicas - instância colegiada temática, instituída por ato normativo, criadapara o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específico, com prazo defuncionamento vinculado ao cumprimento de suas finalidades;

IV - conferência nacional - instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temasespecíficos e de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade civil,podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretrizes e açõesacerca do tema tratado;

V - ouvidoria pública federal - instância de controle e participação social responsável pelo tratamentodas reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos,prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública;

VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores dasociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitossociais;

VII - fórum interconselhos - mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos ecomissões de políticas públicas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programasgovernamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade;

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VIII - audiência pública - mecanismo participativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquerinteressado, com a possibilidade de manifestação oral dos participantes, cujo objetivo é subsidiar decisõesgovernamentais;

IX - consulta pública - mecanismo participativo, a se realizar em prazo definido, de caráter consultivo,aberto a qualquer interessado, que visa a receber contribuições por escrito da sociedade civil sobredeterminado assunto, na forma definida no seu ato de convocação; e

X - ambiente virtual de participação social - mecanismo de interação social que utiliza tecnologias deinformação e de comunicação, em especial a internet, para promover o diálogo entre administração públicafederal e sociedade civil.

Parágrafo único. As definições previstas neste Decreto não implicam na desconstituição ou alteraçãode conselhos, comissões e demais instâncias de participação social já instituídos no âmbito do governofederal.

Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS:

I - reconhecimento da participação social como direito do cidadão e expressão de sua autonomia;

II - complementariedade, transversalidade e integração entre mecanismos e instâncias da democraciarepresentativa, participativa e direta;

III - solidariedade, cooperação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo,orientação sexual, religião e condição social, econômica ou de deficiência, para a construção de valores decidadania e de inclusão social;

IV - direito à informação, à transparência e ao controle social nas ações públicas, com uso delinguagem simples e objetiva, consideradas as características e o idioma da população a que se dirige;

V - valorização da educação para a cidadania ativa;

VI - autonomia, livre funcionamento e independência das organizações da sociedade civil; e

VII - ampliação dos mecanismos de controle social.

Art. 4º São objetivos da PNPS, entre outros:

I - consolidar a participação social como método de governo;

II - promover a articulação das instâncias e dos mecanismos de participação social;

III - aprimorar a relação do governo federal com a sociedade civil, respeitando a autonomia das partes;

IV - promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas e programasde governo federal;

V - desenvolver mecanismos de participação social nas etapas do ciclo de planejamento e orçamento;

VI - incentivar o uso e o desenvolvimento de metodologias que incorporem múltiplas formas deexpressão e linguagens de participação social, por meio da internet, com a adoção de tecnologias livres decomunicação e informação, especialmente, softwares e aplicações, tais como códigos fonte livres eauditáveis, ou os disponíveis no Portal do Software Público Brasileiro;

VII - desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamenteexcluídos e aos vulneráveis;

VIII - incentivar e promover ações e programas de apoio institucional, formação e qualificação emparticipação social para agentes públicos e sociedade civil; e

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IX - incentivar a participação social nos entes federados.

Art. 5º Os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadasas especificidades de cada caso, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstosneste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticaspúblicas.

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput elaborarão, anualmente, relatório de implementação daPNPS no âmbito de seus programas e políticas setoriais, observadas as orientações da Secretaria-Geral daPresidência da República.

§ 2º A Secretaria-Geral da Presidência da República elaborará e publicará anualmente relatório deavaliação da implementação da PNPS no âmbito da administração pública federal.

Art. 6º São instâncias e mecanismos de participação social, sem prejuízo da criação e doreconhecimento de outras formas de diálogo entre administração pública federal e sociedade civil:

I - conselho de políticas públicas;

II - comissão de políticas públicas;

III - conferência nacional;

IV - ouvidoria pública federal;

V - mesa de diálogo;

VI - fórum interconselhos;

VII - audiência pública;

VIII - consulta pública; e

IX - ambiente virtual de participação social.

Art. 7º O Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, coordenado pela Secretaria-Geral daPresidência da República, será integrado pelas instâncias de participação social previstas nos incisos I a IVdo art. 6º deste Decreto, sem prejuízo da integração de outras formas de diálogo entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. A Secretaria-Geral da Presidência da República publicará a relação e a respectivacomposição das instâncias integrantes do SNPS.

Art. 8º Compete à Secretaria-Geral da Presidência da República:

I - acompanhar a implementação da PNPS nos órgãos e entidades da administração pública federaldireta e indireta;

II - orientar a implementação da PNPS e do SNPS nos órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta;

III - realizar estudos técnicos e promover avaliações e sistematizações das instâncias e dosmecanismos de participação social definidos neste Decreto;

IV - realizar audiências e consultas públicas sobre aspectos relevantes para a gestão da PNPS e doSNPS; e

V - propor pactos para o fortalecimento da participação social aos demais entes da federação.

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Art. 9º Fica instituído o Comitê Governamental de Participação Social - CGPS, para assessorar aSecretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e na implementação da PNPS e nacoordenação do SNPS.

§ 1º O CGPS será coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, que dará o suportetécnico-administrativo para seu funcionamento.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreseu funcionamento.

Art.10. Ressalvado o disposto em lei, na constituição de novos conselhos de políticas públicas e nareorganização dos já constituídos devem ser observadas, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil, preferencialmente de formaparitária em relação aos representantes governamentais, quando a natureza da representação orecomendar;

II - definição, com consulta prévia à sociedade civil, de suas atribuições, competências e natureza;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros;

V - rotatividade dos representantes da sociedade civil;

VI - compromisso com o acompanhamento dos processos conferenciais relativos ao tema de suacompetência; e

VII - publicidade de seus atos.

§ 1º A participação dos membros no conselho é considerada prestação de serviço público relevante,não remunerada.

§ 2º A publicação das resoluções de caráter normativo dos conselhos de natureza deliberativavincula-se à análise de legalidade do ato pelo órgão jurídico competente, em acordo com o disposto na LeiComplementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

§ 3º A rotatividade das entidades e de seus representantes nos conselhos de políticas públicas deveser assegurada mediante a recondução limitada a lapso temporal determinado na forma dos seus regimentosinternos, sendo vedadas três reconduções consecutivas.

§ 4º A participação de dirigente ou membro de organização da sociedade civil que atue em conselhode política pública não configura impedimento à celebração de parceria com a administração pública.

§ 5º Na hipótese de parceira que envolva transferência de recursos financeiros de dotaçõesconsignadas no fundo do respectivo conselho, o conselheiro ligado à organização que pleiteia o acesso aorecurso fica impedido de votar nos itens de pauta que tenham referência com o processo de seleção,monitoramento e avaliação da parceria.

Art. 11. Nas comissões de políticas públicas devem ser observadas, no mínimo, as seguintesdiretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil;

II - definição de prazo, tema e objetivo a ser atingido;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros; e

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V - publicidade de seus atos.

Art. 12. As conferências nacionais devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seus objetivos e etapas;

II - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

III - estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais epara a escolha dos delegados da sociedade civil;

IV - integração entre etapas municipais, estaduais, regionais, distrital e nacional, quando houver;

V - disponibilização prévia dos documentos de referência e materiais a serem apreciados na etapanacional;

VI - definição dos procedimentos metodológicos e pedagógicos a serem adotados nas diferentesetapas;

VII - publicidade de seus resultados;

VIII - determinação do modelo de acompanhamento de suas resoluções; e

IX - indicação da periodicidade de sua realização, considerando o calendário de outros processosconferenciais.

Parágrafo único. As conferências nacionais serão convocadas por ato normativo específico, ouvido oCGPS sobre a pertinência de sua realização.

Art. 13. As ouvidorias devem observar as diretrizes da Ouvidoria-Geral da União daControladoria-Geral da União nos termos do art. 14, caput, inciso I, do Anexo I ao Decreto nº 8.109, de 17 desetembro de 2013.

Art. 14. As mesas de diálogo devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - participação das partes afetadas;

II - envolvimento dos representantes da sociedade civil na construção da solução do conflito;

III - prazo definido de funcionamento; e

IV - acompanhamento da implementação das soluções pactuadas e obrigações voluntariamenteassumidas pelas partes envolvidas.

Parágrafo único. As mesas de diálogo criadas para o aperfeiçoamento das condições e relações detrabalho deverão, preferencialmente, ter natureza tripartite, de maneira a envolver representantes dosempregados, dos empregadores e do governo.

Art. 15. Os fóruns interconselhos devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - definição da política ou programa a ser objeto de debate, formulação e acompanhamento;

II - definição dos conselhos e organizações da sociedade civil a serem convidados pela sua vinculaçãoao tema;

III - produção de recomendações para as políticas e programas em questão; e

IV - publicidade das conclusões.

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Art. 16. As audiências públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificado seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - livre acesso aos sujeitos afetados e interessados;

III - sistematização das contribuições recebidas;

IV - publicidade, com ampla divulgação de seus resultados, e a disponibilização do conteúdo dosdebates; e

V - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 17. As consultas públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - disponibilização prévia e em tempo hábil dos documentos que serão objeto da consulta emlinguagem simples e objetiva, e dos estudos e do material técnico utilizado como fundamento para a propostacolocada em consulta pública e a análise de impacto regulatório, quando houver;

III - utilização da internet e de tecnologias de comunicação e informação;

IV - sistematização das contribuições recebidas;

V - publicidade de seus resultados; e

VI - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 18. Na criação de ambientes virtuais de participação social devem ser observadas, no mínimo, asseguintes diretrizes:

I - promoção da participação de forma direta da sociedade civil nos debates e decisões do governo;

II - fornecimento às pessoas com deficiência de todas as informações destinadas ao público em geralem formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;

III - disponibilização de acesso aos termos de uso do ambiente no momento do cadastro;

IV - explicitação de objetivos, metodologias e produtos esperados;

V - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

VI - definição de estratégias de comunicação e mobilização, e disponibilização de subsídios para odiálogo;

VII - utilização de ambientes e ferramentas de redes sociais, quando for o caso;

VIII - priorização da exportação de dados em formatos abertos e legíveis por máquinas;

IX - sistematização e publicidade das contribuições recebidas;

X - utilização prioritária de softwares e licenças livres como estratégia de estímulo à participação naconstrução das ferramentas tecnológicas de participação social; e

XI - fomento à integração com instâncias e mecanismos presenciais, como transmissão de debates eoferta de oportunidade para participação remota.

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Art. 19. Fica instituída a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instância colegiadainterministerial responsável pela coordenação e encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelomonitoramento de suas respostas.

§ 1º As reuniões da Mesa de Monitoramento serão convocadas pela Secretaria-Geral da Presidênciada República, sendo convidados os Secretários-Executivos dos ministérios relacionados aos temas a seremdebatidos na ocasião.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreas competências específicas, o funcionamento e a criação de subgrupos da instância prevista no caput.

Art. 20. As agências reguladoras observarão, na realização de audiências e consultas públicas, odisposto neste Decreto, no que couber.

Art. 21. Compete à Casa Civil da Presidência da República decidir sobre a ampla divulgação deprojeto de ato normativo de especial significado político ou social nos termos do art. 34, caput, inciso II, doDecreto nº 4.176, de 28 de março de 2002.

Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da República.

DILMA ROUSSEFFMiriam BelchiorGilberto CarvalhoJorge Hage Sobrinho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.5.2014

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Mudança de regime por decretoopiniao.estadao.com.br /noticias/geral,mudanca-de-regime-por-decreto-imp-,1173217

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participediretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social comométodo de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses"movimentos sociais".

O grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é

dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização. Nãohá cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento de

fazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio e

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cinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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Colunista

Perigo vermelho

A turma do editorial do Estadão está em pânico. Apelou e perdeu a razão. Também, não erapara menos. O jornal que ajudou a derrubar os governos Vargas, em 1954, e João Goulart,em 1964, não dorme em serviço. Dilma que se cuide, pois estamos, de novo, em um ano dequatro.

Mais uma vez, e antes que seja tarde, o veículo que tem uma longa folha de serviçosprestados ao País está pronto para defender a democracia de seu principal algoz: o povo.

O jornal descobriu e denunciou, em um editorial ('Mudança de regime por decreto', de 29/5),que o governo da presidenta Dilma Rousseff está cometendo um crime de lesa pátria.

Os ideólogos das furiosas linhas chamam Dilma de 'companheira'. Calma, os 'companheiros'editorialistas continuam os mesmos. Apenas estão usando o pronome de tratamento deforma irônica.

Alertam para o grave risco que temos pela frente: ‘a presidente Dilma Rousseff quermodificar o sistema brasileiro de governo’ por decreto, brada o jornal que sabe defender umregime como ninguém.

Abram alas para os companheiros vetustos que falam de democracia com autoridade:

‘O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social(PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridadesjurídicas, ainda que possa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusosanseios das ruas. Na realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos domomento para impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito doque membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.’

E nós, incautos, dormindo, trabalhando e nos preparando para a Copa do Mundo de Futebol -quanta alienação! O gigante dormiu de novo. A coisa da ‘leitura desatenta’ é feita para gentecomo nós, míopes nas entrelinhas.

Por sorte, nada escapa à eterna vigilância dos companheiros que cavalgam de trombeta.

Cuidado com essa coisa de ‘sociedade civil’, pede o Estadão. Isso é um perigo.

Estejam todos atentos, pois querem destruir a democracia. Como pretendem fazê-lo?Trazendo a sociedade civil para dentro do governo.

Antonio Lassance

O Estadão contra a participação

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Os funéreos redatores jogaram a pá de cal até em liberais moderninhos como Alexis deTocqueville e John Stuart Mill, que defendiam a participação como base da boarepresentação, no século XIX.

A Constituição reescrita por um editorial

Em um de seus parágrafos mais histéricos, o editorial que baba afirma que ‘a companheiraDilma não concorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela AssembleiaConstituinte de 1988, e quer, por decreto, instituir outra fonte de poder: a 'participaçãodireta'.’

Alguém poderia enviar de presente ao Estadão, pelos Correios, um exemplar da Constituição,pois o deles deve ter sumido faz tempo.

Já se esqueceram do parágrafo único do artigo 1o de nossa Carta Magna , que diz:

‘Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos oudiretamente, nos termos desta Constituição’.

Provavelmente não chegaram sequer ao artigo 84, que dá ao Presidente da República opoder de expedir decretos sobre a organização e funcionamento da administração federal,que é exatamente o objeto do abominado ato oficial.

Não bastassem alguns ministros do Supremo, também o Estadão agora quer reescrever aConstituição, a começar por editoriais - quem sabe, um dia, via classificados.

Ficaria assim o primeiro artigo da Constituição, pelas mãos dos companheiros trombeteiros:

‘Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seusrepresentantes no Congresso, legitimamente eleitos.’

O Estadão acaba de proclamar o parlamentarismo, pois esqueceu-se até de incluir aPresidência da República como uma das instâncias de representação. Ou seja, EduardoCunha e Renan Calheiros, tudo bem; mas Dilma Rousseff, nem pensar.

Os tocadores de berrante pedem àqueles que consideram suas vaquinhas de presépio (‘Que oCongresso esteja atento’ e que venha ‘o STF, para declarar a inconstitucionalidade dodecreto’) para derrubarem a norma do Executivo.

O argumento pífio é o de que ela ‘fere o princípio básico da igualdade democrática (‘umapessoa, um voto’)’.

Hora de mandar mais um exemplar da Constituição para o Estadão. Nem o Brasil, nemqualquer país federalista do mundo segue o sistema de ‘uma pessoa, um voto’ narepresentação parlamentar.

Os caríssimos companheiros editorializantes até hoje não descobriram que nem a Câmara

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dos Deputados, nem o Senado Federal são constituídos pelo tal sistema de ‘uma pessoa, umvoto’. Erraram de país.

A única instância de representação em que essa regra é aplicada, para o azar do Estadão, éjustamente a Presidência da República.

Argumentos similares aos desse editorial já foram e continuam sendo usados contrainvenções diabólicas como, por exemplo, o orçamento participativo - coisa perigosíssima,nascida da invencionisse petista, dilmista, mensaleira e autoritária dos comissários.

O Estadão chamou para a briga. E pede ajuda a quem quer que seja para salvar nossosistema representativo.

Sim, esse mesmo sistema representativo que todos os dias os editoriais do Estadão e demuitos outros jornais ajudam a desmoralizar, a esculhambar, a retratar como um ninho debandidos, é esse sistema que eles conclamam que seja salvo. Avante, ‘companheiros’!

Dilma é acusada de ‘descaramento’ por conta do tal decreto. Aí descobrimos para que serve ocavalo do Estadão: para ajudar a escrever editoriais com coices.

Exorcistas de papel

Em momento algum o Editorialíssimo Jornal, do alto de sua cavalgadura, abandona a posturaautoritária e de tutela da opinião pública. Jamais passou, por baixo das patas de suasferraduras, a ideia de recomendar ao leitor um cuidado básico: o de ler o decreto.

O jornal, como sempre, confia no poder de seu berrante de produzir o efeito manada nos quecompram suas páginas. Espera que simplesmente ruminem sobre o decreto: ‘não li e nãogostei’.

Quem puder ler a norma verá que a mesma restringe-se a dar recomendações àadministração pública federal. Nem Estados, nem Municípios, nem o DF estão obrigados asegui-la.

A Câmara, o Senado e o STF, invocados pelos exorcistas de papel, não têm nada a ver com acoisa e podem permanecer sem sociedade civil, se assim preferirem, no intuito de agradar ojornal.

Sabem qual o grande perigo do decreto? O grande perigo é o de serem criados conselhos ecomissões de políticas públicas; conferências nacionais; ouvidorias; mesas de diálogo; fórunsinterconselhos; audiências públicas; consultas públicas; e ambientes virtuais de participaçãosocial.

Se é disso que o Estadão tem medo, é bom esconder-se debaixo da cama imediatamente,pois, com esse decreto, o bicho vai pegar.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Jornalistas acusam Dilma de implantar ditadura no país pormeio de decreto com 'barbaridades jurídicas'; leia

folhapolitica.org /2014/05/jornalistas-acusam-dilma-de-implantar.html

O editorial de hoje do jornal O Estadode S. Paulo acusou a presidenteDilma de deteriorar a democracia e"reprisar o engodo totalitário,vendendo um mundo romântico, masentregando o mais frio e cinzento dosmundos, onde uns poucos pretendem

dominar muitos" por meio de decretodatado de 23 de maio. Ademais, ocolunista Reinaldo Azevedo, de Veja eda Folha de S. Paulo, publicou críticaalinhada.Leia abaixo e manifeste sua opinião arespeito:

Editorial - O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu daAssembleia Constituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante asmanifestações de junho passado e que felizmente nem chegou a sair do casulo - e agoratenta por decreto mudar a ordem constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014,que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional deParticipação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa

soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Narealidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para imporvelhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membrosdesse partido entendem que deva ser uma democracia.A fórmula não é muito original. Odecreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participe diretamente em "todos osórgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nasagências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas

de diálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participaçãosocial como método de governo". Ora, a participação social numa democraciarepresentativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamenteeleitos. O que se vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistemarepresentativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, pordecreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".Não se trata de um atoingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova forma de fazer

democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suaspalavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere oprincípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar quealguns determinados cidadãos, aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia,sejam mais ouvidos.

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Leia também:Para melhorar nas pesquisas, Dilma pede ao Facebook que retire do ar páginas 'ofensivas' à suaimagemAprovação de Dilma cai para zona de alto risco, segundo critério DatafolhaApós perder popularidade, Dilma perde também eleitores, segundo IbopeHistoriador publica texto humilhando a presidente Dilma e gera polêmica

Vídeo com Dilma em paródia de propaganda do Bom Negócio viraliza na internet; assistaGoverno paga viagem para jornalistas gringos falarem bem do Brasil e o grupo é assaltado no Riode JaneiroDilma prestigia seu único aliado evangélico, Edir Macedo: participará da inauguração de temploque custará mais de R$400 milhões

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento dopoder político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto.Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o

Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".O grande desafio dademocracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é darvoz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau deconscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação quepor decreto a presidente Dilma Rousseff pretende instituir, ao criar canais específicos paraque uns sejam mais ouvidos do que outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, quetrabalha a semana inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências,

comissões, conselhos e mesas de diálogo?Ao longo do decreto fica explícito o sofismaque o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura manifestação dademocracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalização do poder, háa institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto aorigem do poder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimadospelas urnas, inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus

amigos precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seriademocrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por decreto.Querem reprisaro engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é maisum ato inconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenaso STF, para declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminarem toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

Veja também:Ministro de Dilma intimidou diretor do SBT devido a opiniões de Sheherazade, aponta jornal'Dilma arrebentou o país, ela é uma péssima presidente', desabafa jornalistaAugusto Nunes humilha a presidente Dilma em vídeo: 'Cara de pau'; assistaSonia Abrão sobre Dilma: 'Eu não sei onde fica esse Brasil que ela diz que existe'; veja o vídeoDilma pede que o povo vá às ruas para apoiá-laCampanha de adesivos nos carros com "Fora Dillma" se espalha pelas redes sociais

Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe! (ReinaldoAzevedo)Atenção, leitores!Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados,

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solapados, diminuídos. A menos que você seja um membro do MTST, do MST, de umadessas siglas que optaram pela truculência como forma de expressão política.Demansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadurapetista por decreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que criauma tal “Política Nacional de Participação Social” e um certo “Sistema Nacional deParticipação Social”. O Estadão escreve nesta quinta um excelente editorial a respeito.

Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta o fundamento daigualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e cria umacategoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de“movimentos sociais”.O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar,define o que é “sociedade civil” em vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça,a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociaisinstitucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.Pronto!

Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, pornatureza, não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos osórgãos da administração pública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, comrepresentantes dessa tal sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que ogoverno de turno decidir que é… sociedade civilTodos os órgãos da gestão pública,incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos aos tais movimentossociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei a suaparticipação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem

ou percam as eleições.Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação”é, na verdade, um sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aquelesque participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que nãoparticipam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm direito departicipar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico.A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a

forma da democracia representativa: por meio de eleições livres, que escolhem oParlamento. O que Dilma está fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria derepresentação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que buscacorroer por dentro o regime democrático.O PT está tentando consolidar um comissariado àmoda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um escândalo se a Ordem dosAdvogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa excrescência. Com essedecreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O texto segue o

melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador eNicarágua. Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas,pela via aparentemente legal.Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-lapor decreto.

General pede que Dilma dê explicações sobre atentado a bomba que matou Kozel Filho em 1968Senador Mário Couto defende o impeachment da presidente Dilma; assistaPetição pedindo impeachment de Dilma ultrapassa 375 mil assinaturas

Mesmo prometendo mais dinheiro, Dilma é vaiada em três momentos na Expozebu e malconsegue falar; veja o vídeoEditorial do 'Financial Times' ridiculariza DilmaEconomista dinamarquês 'detona' Dilma e o Brasil: 'Campeão mundial em fracassos'

Lígia Ferreira

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Altamiro Borges: O Globo, que apoiou a ditadura militar,agora defende democracia sem povo

viomundo.com.br /denuncias/altamiro-borges-o-globo-que-apoiou-a-ditadura-militar-agora-defende-democracia-sem-povo.html

O Globo tem medo da democracia

Por Altamiro Borges, em seu blog

Na quinta-feira (26), a presidenta DilmaRousseff assinou decreto que tornaobrigatória a realização de consultaspúblicas para ouvir a sociedade sobretemas decisivos para os rumos do país. Amedida, que faz parte da intitulada “PolíticaNacional de Participação Social (PNPS)”, é

um passo importante para ampliar osmecanismos de democracia participativa noBrasil.

De imediato, a oposição direitista rechaçou a iniciativa. Coube, porém, ao jornal O Globo – o mesmo queapoiou o golpe militar e a sanguinária ditadura – a crítica mais raivosa à medida democratizante. Em

editorial publicado neste sábado, o diário afirma, na maior caradura, que o “decreto agride a democraciarepresentativa”.

O decreto prevê várias formas de participação política da sociedade: conselhos, conferências,audiências, ouvidorias, fóruns, mesas de diálogo, comissões especiais, ambientes virtuais e consultas

públicas.

Ele fixa que todos os “órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta” realizemconsultas visando “consolidar a participação social como método de governo” e aprimorar “a relação dogoverno com a sociedade”. Pelo decreto, caberá à Secretaria-Geral da Presidência da República

orientar a implantação da PNPS.

Ele garante que todo cidadão poderá participar desses formatos de diálogos, “além de movimentossociais, institucionalizados e não institucionalizados”.

Temendo a participação popular, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, já anunciou queirá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto.

Para o representante da direita oligárquica, o projeto do governo “é um eufemismo para o aparelhamento

ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo…É umainvasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País”.

No mesmo rumo, o deputado Ronaldo Caiado, o famoso ruralista do DEM, esbravejou que “o PT age nosentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela”.

Dos demos não se poderia esperar outra reação. Originários da Arena, o partido da ditadura, eles semprerejeitaram qualquer mecanismo de participação popular. Como expressão da velha oligarquia, queexplora trabalho escravo e contrata jagunços, o DEM nem precisa disfarçar sua postura autoritária, meiofascistóide.

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Já no caso do jornal O Globo, o editorial hidrófobo serve novamente para tirar a sua máscara. Aosatanizar o decreto número 8.243, que cria a PNPS, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir dedefensor da democracia representativa – logo ele que apoiou o golpe de 1964, a cassação de deputadose o fechamento do Congresso Nacional durante a ditadura militar.

“A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bemcomo a independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo. A desmontagem do regimerepresentativo costuma começar pela criação de mecanismos de ‘democracia direta’, para reduzir o pesodo Congresso na condução do país”, afirma no maior cinismo.

Para ele, o objetivo do decreto “é subtrair espaço do Legislativo por meio de comissões, conselhos,ouvidorias, mesas de diálogo, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas junto àadministração direta e até estatais, sempre em nome da participação social” e equivale a “um golpe deEstado na base da canetada”.

“O sentido autoritário do decreto denuncia a sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas queengendraram a ‘assembleia constituinte exclusiva’ a fim de fazer a reforma política – atalho para semudar a Constituição ao bel-prazer de minorias militantes -, surge das mesmas cabeças que tentaramcontrolar o conteúdo da produção audiovisual do país via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistasprofissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma origem dos idealizadores da ‘regulaçãoda mídia’… O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso e levado ao Supremo peloMinistério Público e/ou instituições da sociedade”, alerta o jornalão.

Só pela reação e desesperada de O Globo já dá para afirmar que o decreto que cria o PNPS representaum avanço para a democracia brasileira e merece urgente apoio das forças progressistas.

Leia também:

Lula à CartaCapital: Mídia foi contra o meu governo e o de Dilma

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Política Nacional de Participação Social e Ouvidoriasifb.edu.br /reitoria/reitoria/noticiasreitoria/6800-politica-nacional-de-participacao-social-e-ouvidorias

Portal do Governo Brasileiro

DetalhesPublicado em Terça, 27 Maio 2014 19:31

Celebramos no dia de hoje a edição do Decreto Nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS. Nos termos desse regulamento, construído a muitas mãos, asouvidorias públicas federais assumem, definitivamente, enorme responsabilidade na consecução doEstado Democrático de Direito: daqui em diante, somos “instância de controle e participação socialresponsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos àspolíticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramentoda gestão pública”. Assim, alcançamos um nível de institucionalidade que nos permite, de imediato, atuarde forma integrada e proativa.

Vale destacar que, em seu art. 13, o Decreto confere à Ouvidoria Geral da União da Controladoria-Geralda União o dever de editar diretrizes destinadas a harmonizar nossa atuação como instâncias integrantesdo Sistema de Participação Social (ao lado dos Conselhos, das Comissões e das ConferênciasNacionais), o que, por si só, propicia de imediato o funcionamento articulado, coordenado e sistêmico detodas as ouvidorias federais.

Contudo, se há motivos de sobra para comemorar essa conquista histórica, convém reafirmar que oprocesso de fortalecimento institucional da nossa ouvidoria passa pela ação imediata dos nossos (as)dirigentes no que diz respeito ao atendimento às demandas encaminhadas pela ouvidoria dentro dosprazos estabelecidos pelo nosso regimento interno.

Já foi encaminhada uma proposta de “Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo federal” à Casa Civil ejá conta com a aprovação da Secretaria Geral da Presidência da República. Nossa avaliação (realista) éque falta muito pouco, pois nosso longo e consistente processo de elaboração fez prevalecer apenas osmelhores argumentos: superamos nossos conflitos mais difíceis e alcançamos significativo consenso.

Agora é demonstrar nossa unidade e nosso compromisso com o processo democrático e, sobretudo, comas pessoas que precisam de nós.

Cleide Lemes da Silva CruzOUVIDORA/IFB

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Afinal, o que é esse tal Decreto 8.243?

-se de uma nova política pública, “ a Política Nacional de Participação Social ”, que possui “ oobjetivo de fortalecer... de Participação Social ”. “Mecanismos de participação social” Ok,

então: há uma política que visa a aproximar estado... justamente abrir espaço para aparticipação política de tais movimentos e “coletivos”. O “cidadão” em nada é beneficiado...

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014 Institui a Política Nacional de ParticipaçãoSocial - PNPS e o Sistema Nacional..., inciso I , e no art. 17 da Lei nº 10.683 , de 28 de maiode 2003, DECRETA: Art. 1º Fica instituída a Política Nacional... de participação social jáinstituídos no âmbito do governo federal. Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS: I...

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Dilma lança em Brasília política nacional de participação social

de lançamento da Política Nacional de Participação Social e entrega da 5ª edição doPrêmio ODM Brasil,... de queixas de vários segmentos da sociedade por maisrepresentatividade no sistema político ...

Notícia Política • Valor Online • 23/05/2014

Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014

Presidência da Republica

JusBrasil - Tópicos01 de junho de 2014

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e mais 8 tópicosPolítica Nacional de Participação Social Política

e mais 8 tópicosPolítica Nacional de Participação Social Movimentos Sociais

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Institui a Política Nacional de Participação Social - ...

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Notícia Jurídica • Estadão • 23/05/2014

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durante o lançamento da Política Nacional de Participação Social, na qual ela recebeu o5º... Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento doMilênio (ODM) e entrega da 5ª... edição do Prêmio ...

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Marco da Internet é adequado para debate, diz Dilma

do Milênio (ODM) e a Política Nacional de Participação Social. A presidente cobrou maisengajamento... aprovado pelo Congresso Nacional e já sancionado por ela. Dilma afirmouque a legislação da rede... dos que ...

Notícia Jurídica • Estadão • 23/05/2014

Governo institui Política de Participação Social

nesta segunda-feira decreto publicado no Diário Oficial que institui a Política Nacional deParticipação Social - PNPS,... à reforma política. "Não haverá reforma política se nãotiver nesse processo ...

Notícia Jurídica • Estadão • 26/05/2014

Consultas públicas sobre participação social seguem abertas até sexta-feira

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sexta-feira (6) as consultas públicas Compromisso Nacional pela Participação Social ePolítica... grupo de trabalho para construção do Sistema e da Política Nacional deParticipação Social, ...

Notícia Política • Governo do Estado da Bahia • 02/09/2013

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Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/27442980/politica-nacional-de-participacao-social

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Afinal, o que é esse tal Decreto 8.243?rafaelcosta.jusbrasil.com.br /artigos/121548022/afinal-o-que-e-esse-tal-decreto-8243

Texto do Erick Vizolli publicado no Liberzone. Vale a leitura para quem quiser entender a razão de tantosestarem tão preocupados com as implicações desse decreto para a democracia brasileira.

“Been away so long I hardly knew the place / Gee, it’s good to be back home! /Leave it tilltomorrow to unpack my case / Honey, disconnect the phone! / I’m back in the USSR!” (TheBeatles – Back in the USSR)

Introdução

O maior problema do estado é que, tal qual um paciente de hospício, ele acredita possuir superpoderes,podendo violar as regras da natureza como bem entender. Dois exemplos bem conhecidos pelos liberais:

ele considera ser capaz de ler mentes de milhares de pessoas ao mesmo tempo com uma precisãoincrível e ter uma superinteligência capaz de fazer milhões de cálculos econômicos por segundo. Umroteirista de história em quadrinhos não faria melhor.

O estado brasileiro, no entanto, não está satisfeito com seus delírios atuais, e pretende aumentar oespectro dos seus poderes sobrenaturais para dois campos que a Física considera praticamente

inalcançáveis. E parece estar conseguindo: a partir de 26/05/2014, viagem no tempo e teletransportepassaram a ser oferecidos de graça a todo e qualquer cidadão brasileiro.

Obviamente, a tecnologia está nos seus primórdios e ainda tem suas limitações, de tal modo que você,pretenso candidato a Marty McFly, pode escolher apenas um destino para suas aventuras: a Rússia de

abril de 1917. Em compensação, prepare-se: graças ao estado brasileiro, você está prestes a enfrentar aexperiência soviética em todo o seu esplendor.

A “máquina do tempo” que nos leva de volta a 1917 tem um nome no mínimo inusitado: chama-se

Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014. Aqui a denominaremos apenas de “Decreto 8.243”, ou“Decreto”.

Este artigo se destina a investigar o seu funcionamento – ou, mais especificamente, quais as

modificações que esse decreto introduz na administração pública. Também farei algumas brevesconsiderações a respeito da analogia que se pode fazer entre o modelo por ele instituído e aquele quelevou à instauração do socialismo na Rússia: trata-se, no entanto, apenas de uma introdução ao tema,que, pela importância que tem, com certeza ainda gerará discussões muito mais aprofundadas.

O Decreto 8.243/2014

Chamado por um editorial do Estadão de “um conjunto de barbaridades jurídicas” e por Reinaldo

Azevedo de “a instalação da ditadura petista por decreto”, o Decreto 8.243/2014 foi editado pelaPresidência da república em 23/05/14, tendo sido publicado no Diário Oficial no dia 26 e entrado em vigorna mesma data.

Entender qual o real significado do Decreto exige ler pacientemente todo o seu texto, tarefa relativamenteingrata. Como todo bom decreto governamental, trata-se de um emaranhado de regras cuja formulação

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chega a ser medonha de tão vaga, sendo complicado interpretá-lo sistematicamente e de uma formacoerente. Tentarei, aqui, fazê-lo da forma mais didática possível, sempre considerando que grande partedo público leitor dessa página não é especialista na área jurídica (a propósito: que sorte a de vocês.).

Iniciemos do início, pois. Como o nome diz, trata-se de um “decreto”. “Decreto”, no mundo jurídico, é o

nome que se dá a uma ordem emanada de uma autoridade – geralmente do Poder Executivo – que tempor objetivo dar detalhes a respeito do cumprimento de uma lei. Um decreto se limita a isso – detalharuma lei já existente, ou, em latinório jurídico, ser “secundum legem”. Ao elaborá-lo, a autoridade não podeir contra uma lei (“contra legem”) ou criar uma lei nova (“præter legem”). Se isso ocorrer, o PoderExecutivo estará legislando por conta própria, o que é o exato conceito de “ditadura”. Ou seja: um decretoemitido em contrariedade a uma lei já existente deve ser considerado um ato ditatorial.

É exatamente esse o caso do Decreto 8.243/2014. Logo no início, vemos que ele teria sido emitido combase no "art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, inciso I,e no art. 17 da Lei nº 10.683”. Traduzindo para o português, tratam-se de alguns artigos relacionados àorganização da administração pública, dentre os quais o mais importante é o art. 84, VI da Constituição –o qual estabelece que o Presidente pode emitir decretos sobre a “organização e funcionamento da

administração federal, quando

não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos”.

Guarde essa última frase. Como veremos adiante, o que o Decreto 8.243 faz, na prática, é integrar àAdministração Pública vários órgãos novos – às vezes implícita, às vezes explicitamente –, algo que éconstitucionalmente vedado ao Presidente da República. Portanto, logo de cara percebe-se que se tratade algo inconstitucional – o Executivo está criando órgãos públicos mesmo sendo proibido a fazer talcoisa.

Os absurdos jurídicos, contudo, não param por aí.

A “sociedade civil”

Analisemos o texto do Decreto, para entender quais exatamente as modificações que ele introduz nosistema governamental brasileiro.

Em princípio, e para quem não está acostumado com a linguagem de textos legais, a coisa toda parecede uma inocência singular. Seu art. 1º esclarece tratar-se de uma nova política pública, “a PolíticaNacional de Participação Social”, que possui “o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e asinstâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e asociedade civil”. Ou seja: tratar-se-ia apenas de uma singela tentativa de aproximar a “administraçãopública federal” – leia-se, o estado – da “sociedade civil”.

O problema começa exatamente nesse ponto, ou seja, na expressão “sociedade civil”. Quando usadoem linguagem corrente, não se trata de um termo de definição unívoca: prova disso é que sobre ele já sedebruçaram inúmeros pensadores desde o século XVIII. Tais variações não são o tema deste artigo, mas,para quem se interessar, sugiro sobre o assunto a leitura deste texto de Roberto Campos, ainda

atualíssimo.

Para o Decreto, contudo, “sociedade civil” tem um sentido bem determinado, exposto em seu art. 2º, I:dá-se esse nome aos “cidadãos, coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações”.

Muita atenção a esse ponto, que é de extrema importância. O Decreto tem um conceito preciso daquilo

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que é considerado como “sociedade civil”. Dela fazem parte não só o “cidadão” – eu e você, comopessoas físicas – mas também “coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações”. Ou seja: todos aqueles que promovemmanifestações, quebra-quebras, passeatas, protestos, e saem por aí reivindicando terra, “direitos”trabalhistas, passe livre, saúde e educação – MST, MTST, MPL, CUT, UNE, sindicatos… Pior: há umabrecha que permite a participação de movimentos “não institucionalizados” – conceito que, na prática,

pode abranger absolutamente qualquer coisa.

Em resumo: “sociedade civil”, para o Decreto, significa “movimentos sociais”. Aqueles mesmos que, comotodos sabemos, são controlados pelos partidos de esquerda – em especial, pelo próprio PT. Não seenganem: a intenção do Decreto 8.243 é justamente abrir espaço para a participação política de taismovimentos e “coletivos”. O “cidadão” em nada é beneficiado – em primeiro lugar, porque já tem e

sempre teve direito de petição aos órgãos públicos - art. 5º, XXXIV, “a” da Constituição -; em segundolugar, porque o Decreto não traz nenhuma disposição a respeito da sua “participação popular” – aliás, apalavra “cidadão” nem é citada no restante do texto, excetuando-se um princípio extremamente genéricono art. 3º.

Podemos, então, reescrever o texto do art. 1º usando a própria definição legal: o Decreto, na verdade,tem “o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e aatuação conjunta entre a administração pública federal e os movimentos sociais”.

Compreender o significado de “sociedade civil” no contexto do Decreto é essencial para se interpretar o

resto do seu texto. Basta notar que a expressão é repetida 24 (vinte e quatro!) vezes ao longo do restantedo texto, que se destina a detalhar os instrumentos a serem utilizados na tal “Política Nacional deParticipação Social”.

“Mecanismos de participação social”

Ok, então: há uma política que visa a aproximar estado e “movimentos sociais”. Mas no que exatamenteela consiste? Para responder a essa questão, comecemos pelo art. 5º, segundo o qual “os órgãos eentidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadas as especificidades de

cada caso,

considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstos neste Decreto, para aformulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticas públicas”.

Traduzindo o juridiquês: a partir de agora, todos os “os órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta” (ou seja, tudo o que se relaciona com o governo federal: gabinete daPresidência, ministérios, universidades públicas…) deverão formular seus programas em atenção ao queos tais “

mecanismos de participação social” demandarem. Na prática, o Decreto obriga órgãos da administraçãodireta e indireta a ter a participação desses “mecanismos”. Uma decisão de qualquer um deles só setorna legítima quando houver essa consulta – do contrário, será juridicamente inválida. E, como informamos parágrafos do art. 5º, essa participação deverá ser constantemente controlada, a partir de “relatórios” e“avaliações”.

Os “mecanismos de participação social” são apresentados no art. 2º e no art. 6º, que fornecem uma listacom nove exemplos: conselhos e comissões de políticas públicas, conferências nacionais, ouvidoriasfederais, mesas de diálogo, fóruns interconselhos, audiências e consultas públicas e “ambientes virtuaisde participação social” (pelo visto, nossos amigos da MAV-PT acabam de ganhar mais uma função…).

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A rigor, todas essas figuras não representam nada de novo, pois já existem no direito brasileiro. Para ficarem alguns exemplos: “audiências públicas” são realizadas a todo momento, a expressão “conferêncianacional” retorna 2.500.000 hits no Google e há vários exemplos já operantes de “conselhos de políticaspúblicas”, como informa este breve relatório da Câmara dos Deputados sobre o tema. Qual seria oproblema, então?

A questão está, novamente, nos detalhes. Grande parte do restante do Decreto – mais especificamente,os arts. 10 a 18 – destinam-se a dar diretrizes, até hoje inexistentes (ao menos de uma formasistemática), a respeito do funcionamento desses órgãos de participação. E nessas diretrizes mora ogrande problema. Uma rápida leitura dos artigos que acabei de mencionar revela que várias delas estãoimpregnadas de mecanismos que, na prática, têm o objetivo de inserir os “movimentos sociais” a que mereferi acima na máquina administrativa brasileira.

Vamos dar um exemplo, analisando o art. 10, que disciplina os “conselhos de políticas públicas”. Em seusincisos, estão presentes várias disposições que condicionam sua atividade à da “sociedade civil” –leia-se, aos “movimentos sociais”, como demonstrado acima. Por exemplo: o inciso I determina que osrepresentantes de tais conselhos devem ser “eleitos ou indicados pela sociedade civil”, o inciso II, que

suas atribuições serão definidas “com consulta prévia à sociedade civil”. E assim por diante. Essasbrechas estão espalhadas ao longo do texto do Decreto, e, na prática, permitem que “coletivos,movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”imiscuam-se na própria Administração Pública.

O art. 19, por sua vez, cria um órgão administrativo novo (lembram do que falei sobre ainconstitucionalidade, lá em cima?): “a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instânciacolegiada interministerial responsável pela coordenação e

encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelo monitoramento de suas respostas”. Ou seja:uma bancada pública feita sob medida para atender “pautas dos movimentos sociais”, feito balcão de

padaria. Para quem duvidava das reais intenções do Decreto, está aí uma prova: esse artigo sequer temo pudor de mencionar a “sociedade civil”. Aqui já é MST, MPL e similares mesmo, sem intermediários.

Enfim, para resumir tudo o que foi dito até aqui: com o Decreto 8.243/2014,

(i) os “movimentos sociais” passam a controlar determinados “mecanismos de participação social”; (ii)toda a Administração Pública passa a ser obrigada a considerar tais “mecanismos” na formulação desuas políticas. Isto é: o MST passa a dever ser ouvido na formulação de políticas agrárias; o MPL, na detransporte; aquele sindicato que tinge a cidade de vermelho de quando em quando passa a opinar sobreleis trabalhistas. “Coletivos, movimentos sociais, suas redes e suas organizações” se inserem no sistema

político, tornando-se órgãos de consulta: na prática, uma extensão do Legislativo.

“Back in the U. S. S. R.”!

Esse sistema de “poder paralelo” não é inédito na História – e entender as experiências pretéritas é umaexcelente maneira de se compreender o que significam as atuais. É isso que, como antecipei no início dotexto, nos leva de volta a 1917 e aos “sovietes” da Revolução Russa, possivelmente o exemplo maisconhecido e óbvio desse tipo de organização. Se é verdade que “aqueles que não podem lembrar opassado estão condenados a repeti-lo”, como diz o clássico aforismo de George Santayana, é essencial

voltar os olhos para o passado e entender o que de fato se passou quando um modelo de organizaçãosocial idêntico ao instituído pelo Decreto 8.243/2014 foi adotado.

Essa análise nos leva ao momento imediatamente posterior à Revolução de Fevereiro, que derrubouNicolau II. O clima de anarquia gerado após a abdicação do czar levou à formação de um Governo

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Provisório inicialmente desorganizado e pouco coeso, incapaz de governar qualquer coisa que fosse.

Paralelamente, formou-se na capital russa (Petrogrado) um conselho de trabalhadores – na verdade, umarepetição de experiências históricas anteriores similares, que na Rússia remontavam já à Revolução de1905. Tal conselho – o Soviete de Petrogrado – consistia de “deputados” escolhidos aleatoriamente nas

fábricas e quarteis. Em 15 dias de existência, o soviete conseguiu reunir mais de três mil membros, cujassessões eram realizadas de forma caótica – na realidade, as decisões eram tomadas pelo seu comitêexecutivo, conhecido como Ispolkom. Nada diferente de um MST, por exemplo.

A ampla influência que o Soviete possuía sobre os trabalhadores fez com que os representantes do

Governo Provisório se reunissem com seus representantes (1º-2 de março de 1917) em busca de apoio àformação de um novo gabinete. Isto é: o Governo Provisório foi buscar sua legitimação junto aossovietes, ciente de que, sem esse apoio, jamais conseguiria firmar qualquer autoridade que fosse juntoaos trabalhadores industriais e soldados. O resultado dessas negociações foi o surgimento de um regimede “poder dual” (dvoevlastie), que imperaria na Rússia de março/1917 até a Revolução de Outubro:nesse sistema, embora o Governo Provisório ocupasse o poder nominal, este na prática não passava deuma permissão dos sovietes, que detinham a influência majoritária sobre setores fundamentais da

população russa. A Revolução de Outubro, que consolidou o socialismo no país, foi simplesmente apassagem de “todo o poder aos sovietes!” (“vsia vlast’ sovetam!”) – um poder que, na prática, eles jádetinham.

Antes mesmo do Decreto 8.243, o modelo soviético já antecipava de forma clara o fenômeno dos

“movimentos sociais” que ocorre no Brasil atualmente. Com o Decreto, a similaridade entre os modelosapenas se intensificou.

Em primeiro lugar, e embora tais movimentos clamem ser a representação do “povo”, dos“trabalhadores”, do “proletariado” ou de qualquer outra expressão genérica, suas decisões são tomadas,na realidade, por poucos membros – exatamente como no Ispolkom soviético, a deliberação parte de um

corpo diretor organizado e a aclamação é buscada em um segundo momento, como forma delegitimação. Qualquer assembleia de movimentos de esquerda em universidades é capaz de comprovarisso.

Além disso, a institucionalização de conselhos pelo Decreto 8.243/2014 leva à ascensão política

instantânea de “revolucionários profissionais” – pessoas que dedicam suas vidas inteiras à atividadepartidária, em uma tática já antecipada por Lênin em seu panfleto “Que Fazer?”, de 1902 (capítulo 4c).Explico melhor. Vamos supor por um momento que o Decreto seja um texto bem intencionado, que defato pretenda “inserir a sociedade civil” dentro de decisões políticas (como, aliás, afirma o diretor deParticipação Social da Presidência da Repúblican este artigo d’O Globo). Ora, quem exatamente teriatempo para participar de “conselhos”, “comissões”, “conferências” e “audiências”? Obviamente, não ocidadão comum, que gasta seu dia trabalhando, levando seus filhos para a escola e saindo com os

amigos. Tempo é um fator escasso, e a maioria das pessoas simplesmente não possui horas de sobrapara participar ativamente de decisões políticas – é exatamente por isso que representantes são eleitospara essas situações. Quem são as exceções? Não é difícil saber. Basta passar em qualquer sindicato oudiretório acadêmico: ele estará cheio de “revolucionários profissionais”, cuja atividade política extraoficialacabou de ser legitimada por decreto presidencial.

A questão foi bem resumida por Reinaldo Azevedo, no texto que citei no início deste artigo. Diz oarticulista: “isso que a presidente está chamando de ‘sistema de participação’ é, na verdade, um sistemade tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que participam dos ditos movimentos sociaissão mais cidadãos do que os que não participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias debrasileiros: os que têm direito de participar da vida púbica [sic] e os que não têm. Alguém dirá: ‘Ora, basta

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integrar um movimento social’. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico”.

Exatamente por esses motivos, tal forma de organização confere a extremistas de esquerdapossibilidades de participação política muito mais amplas do que eles teriam em uma lógica democrática

“verdadeira” – na qual ela seria reduzida a praticamente zero. Basta ver que o Partido Bolchevique, queviria a ocupar o poder na Rússia em outubro de 1917, era uma força política praticamente irrelevantedentro do país: sua subida ao poder se deve, em grande parte, à influência que exercia sobre os demaispartidos socialistas (mencheviques e socialistas-revolucionários) dentro do sistema dos sovietes. Algoanálogo ocorre no Brasil atual: salvo exceções pontuais, PSOL, PSTU et caterva apresentam resultadospífios nas eleições, mas por meio da ação de “movimentos sociais” conseguem inserir as suas pautas nadiscussão política. As manifestações pelo “passe livre” – uma reivindicação extremamente minoritária,

mas que após um quebra-quebra nacional ocupou grande parte da discussão política em junho/julho de2013 – são um exemplo evidente disso.

O sistema introduzido pelo Decreto 8243/2014 apenas incentiva esse tipo de ação. O Legislativo “oficial”– aquele que contém representantes da sociedade eleitos voto a voto, representando proporcionalmente

diversos setores – perde, de uma hora para outra, grande parte de seu poder. Decisões estatais sópassam a valer quando legitimadas por órgãos paralelos, para os quais ninguém votou ou deu suapalavra de aprovação – e cujo único “mérito” é o fato de estarem alinhados com a ideologia do partidoque ocupa o Executivo.

Pior: a administração pública é engessada, estagnada. Não no sentido definido no artigo d’O Globo quelinkei acima (demora na tomada de decisões), mas em outro: os cargos decisórios desse “poderLegislativo paralelo” passam a ser ocupados sempre pelas mesmas pessoas. Suponhamos, em umesforço muito grande de imaginação, que o PT perca as eleições presidenciais de 2018 e seja substituídopor, digamos, Levy Fidelix e sua turma. Com a reforma promovida pelo Decreto 8.243/2014 e a ocupaçãode espaços de deliberação por órgãos não eletivos, seria impossível ao novo presidente implantar suaspolíticas aerotrênicas: toda decisão administrativa que ele viesse a tomar teria que, obrigatoriamente,

passar pelo crivo de conselhos, comissões e conferências que não são eleitos por ninguém, não renovamseus quadros periodicamente e não têm transparência alguma. Ou seja: ainda que o titular do governovenha a mudar, esses órgãos (e, mais importante, os indivíduos a eles relacionados) permanecem dentroda máquina administrativa ad eternum, consolidando cada vez mais seu poder.

Conclusão

O Decreto 8.243/2014 é, possivelmente, o passo mais ousado já tomado pelo PT na consecução do“socialismo democrático” – aquele sistema no qual você está autorizado a expressar a opinião que quiser,

desde que alinhada com o marxismo. Sua real intenção é criar um “lado B” do Legislativo, não sódeslegitimando as instituições já existentes como também criando um meio de “acesso facilitado” demovimentos sociais à política.

Boa parte dos leitores dessa página podem estar se perguntando: “e daí?”. Afinal, sabemos que a

democracia representativa é um sistema imperfeito: suas falhas já foram expostas por um númeroenorme de autores, de Tocqueville a Hans-Hermann Hoppe. É verdade.

No entanto, a democracia representativa ainda é “menos pior” do que a alternativa que se propõe. Umsistema onde setores opostos da sociedade se digladiam em uma arena política, embora tendanecessariamente a favorecimentos, corrupção e má aplicação de recursos, ainda possui certo “controle”

interno: leis e decisões administrativas que favoreçam demais a determinados grupos ou restrinjamdemasiadamente os direitos de outros em geral tendem a ser rechaçadas. Isso de forma alguma ocorre

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em um sistema onde decisões oficiais são tomadas e “supervisionadas” por órgãos cujo únicocompromisso é o ideológico, como o que o Decreto 8.243/2014 tenta implementar.

Esse segundo caso, na verdade, nada mais é do que uma pisada funda no acelerador na autoestradapara a servidão.

Autor: Erick Vizolli em Liberzone.

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Jurista diz que obrigar órgãos a ter estruturas para ouvirsociedade engessa governo e é um exagero

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BRASÍLIA - Num ano eleitoral, a presidente Dilma Rousseff editou decreto que obriga os órgãos dogoverno a promover consultas populares sobre grandes temas, antes de definir a política a ser adotada eanunciada pelo governo. O decreto 8243/2014 cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) ediz que o objetivo é “consolidar a participação social como método de governo”. A decisão provocoupolêmica e foi recebida com críticas por juristas e parlamentares.

Na prática, a proposta obriga órgãos da administração direta e indireta a criar estruturas a título departicipação social, como “conselho de políticas públicas” e “comissão de políticas públicas”. Até mesmoas agências reguladoras terão que cumprir as novas regras. De acordo com o texto, os órgãos serãoobrigados a considerar esses colegiados durante “a formulação, a execução, o monitoramento e aavaliação de seus programas e políticas públicas”. Na prática, ministérios e demais órgãos serãoobrigados a criar conselhos, realizar conferências ou mesmo promover mesas de diálogo. Esse tipo de

mecanismo pode engessar ainda mais o governo. Os órgãos terão que promover relatórios anuais paramostrar que estão cumprindo a determinação e prestar contas.

A decisão da presidente Dilma de tentar criar um modelo de participação social via decreto foi vista comoum exagero, passando por cima inclusive da Constituição. Para o jurista Carlos Velloso, ex-presidente do

Supremo Tribunal Federal, há risco de enfraquecimento do Poder Legislativo como fórum derepresentação da sociedade e de discussão de grandes temas, além do engessamento das decisões dogoverno. Um tema polêmico pode demorar devido à exigência de se ouvir diversos representantes dasociedade, por exemplo.

— Isso é um exagero. E utilizar decreto é exagero demais. Acredito que essa discussão só poderia serfeita por lei, ou até por meio da Constituição. A Constituição estabelece os casos em que pode haverconsulta popular. E isso acaba deixando o Legislativo no corner — disse Velloso.

O deputado Miro Teixeira (PROS-RJ) considera que a medida pode “travar a administração pública”:

— Em geral, esses conselhos populares não são populares, porque são nomeados pelos governantes.Em tempos de dificuldades, é que surgem essas ações (nos governos).

O diretor de Participação Social da Secretaria Geral da Presidência, Pedro Pontual, defende o decreto erebate críticas de que as normas possam engessar o governo ou mesmo tenham viés esquerdista. Eledisse que esse tipo de consulta já é utilizada, por meio das conferências. Ele citou as discussões doPlano Brasil Sem Miséria, alegando que elas não “atrasaram” o lançamento do programa:

— A Constituição garante o direito do cidadão de participar. O que o governo quer é que a participaçãosocial vire um método de governo. As políticas públicas que passam pelo processo social saem dogoverno com mais qualidade. Todas as políticas deverão ter alguma interlocução com a sociedade.

Questionado sobre as críticas de que o governo se baseia em práticas do governo do presidentevenezuelano Hugo Chávez, ele reagiu:

— Isso não engessa o governo e não tem nada a ver (com política chavista). É a institucionalidade dademocracia, é uma relação de soma.

Próxima Ameaças levaram Barbosa a antecipar aposentadoria

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Golpe petista: Dilma extinguiu democracia por decreto nestasemana!

blog.jornalpequeno.com.br /linhares/2014/05/30/golpe-petista-dilma-extinguiu-democracia-por-decreto-nesta-semana

Abaixo seguem trechos de um editorial de O Estadão e de um texto do jornalista Reinaldo Azevedo sobre

o que deve ser visto como o maior ataque ao regime democrático brasileiro desde o Golpe de 1964.

DILMA DECIDIU EXTINGUIR A DEMOCRACIA POR DECRETO – REINALDO AZEVEDO

Atenção, leitores!

Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados, solapados, diminuídos. A menos que vocêseja um membro do MTST, do MST, de uma dessas siglas que optaram pela truculência como forma de

expressão política.

De mansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadura petista pordecreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que cria uma tal “Política Nacionalde Participação Social” e um certo “Sistema Nacional de Participação Social”. O Estadão escreve nesta

quinta um excelente editorial a respeito. Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, queafronta o fundamento da igualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e criauma categoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de “movimentossociais”.

O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar, define o que é “sociedade civil” emvários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça, a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, oscoletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes esuas organizações”.

Pronto! Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, por natureza,não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos os órgãos da administraçãopública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, com representantes dessa tal sociedade civil —que, como já vimos, será tudo aquilo que o governo de turno decidir que é… sociedade civil

Todos os órgãos da gestão pública, incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos

aos tais movimentos sociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei asua participação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem ou percamas eleições.

Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação” é, na verdade, um sistema de tutela.

Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que participam dos ditos movimentos sociais são maiscidadãos do que os que não participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os quetêm direito de participar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partido político.

A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a forma da democraciarepresentativa: por meio de eleições livres, que escolhem o Parlamento. O que Dilma está fazendo, pordecreto, é criar uma outra categoria de representação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se deuma iniciativa que busca corroer por dentro o regime democrático.

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O PT está tentando consolidar um comissariado à moda soviética. Trata-se de um golpe institucional.Será um escândalo se a Ordem dos Advogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essaexcrescência. Com esse decreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O textosegue o melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador e Nicarágua.Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas, pela via aparentementelegal.

Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-la por decreto.

MUDANÇA DE REGIME – EDITORIAL ESTADÃO

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política – ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo – e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a “sociedade civil” participediretamente em “todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta”, etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de “consolidar a participação social comométodo de governo”. Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a “participação direta”.

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos “burocrática”. O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem – isso sim – um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática (“uma pessoa, um voto”) ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses“movimentos sociais”.

O grande desafio da democracia – e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa –

é dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização.Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os “movimentos sociais” são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direito

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significou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento defazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento – não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº , DE 2014

(Dos Srs. Mendonça Filho e Ronaldo Caiado)

Susta a aplicação do Decreto nº 8.243, de 23 demaio de 2014, que institui a Política Nacional deParticipação Social – PNPS e o Sistema Nacionalde Participação Social – SNPS, e dá outrasprovidências.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º. Nos termos do art. 49, inciso V, da Constituição Federal, fica

sustado o Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de Participação

Social – SNPS, e dá outras providências.

Art. 2º. Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua

publicação.

JUSTIFICATIVA

O Decreto presidencial nº 8.243, de 23 de maio de 2014, institui a

Política Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de

Participação Social – SNPS, e dá outras providências.

Em detida análise da matéria, percebe-se a ostensiva e flagrante

inconstitucionalidade do ato normativo que ora se pretende impugnar.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

O Decreto presidencial corrói as entranhas do regime representativo, um

dos pilares do Estado democrático de direito, adotado legitimamente na

Constituição Federal de 1988.

Vejamos.

No art. 1º, dispõe que “fica instituída a Política Nacional de Participação

Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as

instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração

pública federal e a sociedade civil”. No art. 2º, estabelece o que é sociedade

civil e no art. 3º reconhece a participação social como direito do cidadão e

expressão de sua autonomia e – pasmem – reconhece que se trata da

ampliação dos mecanismos de controle social. No art. 4º, inc. VIII, afirma ser

objetivo da Política incentivar e promover ações e programas de apoio

institucional, formação e qualificação em participação social para agentes

públicos e sociedade civil.

Nesta primeira etapa, resta patente a prevalência do direito à

participação daqueles considerados pelo Governo como sociedade civil ou

movimentos sociais, com incentivo à sua formação. O cidadão comum, não

afeto a este ativismo social, fica relegado ao segundo plano dentro da

organização política prevista no referido Decreto.

O art. 5º determina que “os órgãos e entidades da administração pública

federal direta e indireta deverão, respeitadas as especificidades de cada caso,

considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstos

neste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação

de seus programas e políticas públicas”, sendo que sua implantação será

acompanhada pela Secretaria Geral da Presidência da República.

Neste ponto, cumpre ressaltar os riscos aos quais as políticas públicas

passam a se submeter, ante a necessária oitiva das decisões tomadas no

âmbito do aberrante “sistema de participação social”, de que trata o ato

questionado.

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CÂMARA DOS DEPUTADOSEssas breves linhas retratam de maneira absolutamente clara qual a

intenção da Presidente da República: implodir o regime de democracia

representativa, na medida em que tende a transformar esta Casa em um

autêntico elefante branco, mediante a transferência do debate institucional para

segmentos eventualmente cooptados pelo próprio Governo. O ato em questão

não comporta outra leitura. Especialmente, levando-se em conta que a Carta

da República já disponibiliza os instrumentos que asseguram a participação de

qualquer cidadão brasileiro nas decisões políticas.

Na verdade, sob o manto de se aumentar a participação popular, o que o

Governo faz é restringir esta participação àquele segmento social escolhido de

acordo com a cartilha palaciana, impedindo o acesso amplo e irrestrito de todo

cidadão, garantido, entre outros dispositivos, pelo art. 14 da Carta Magna, que

reza: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal, e pelo voto

direto e secreto, com valor igual para todos e nos termos da lei, mediante: I-

plebiscito; II – referendo; III - iniciativa popular.”.

Ao dar prerrogativas aos movimentos sociais adeptos da ideologia do

grupo político no poder nos últimos doze anos e fomentar a sua ampliação; ao

submeter os órgãos da Administração Pública – incluindo as agências

reguladoras – às decisões tomadas no âmbito do Programa; e ao promover o

controle dos movimentos sociais, a Presidente da República, na verdade, está

criando seu próprio Estado, suas próprias regras, suas classes de cidadãos,

incorporando, assim, a figura de Luis XIV, quando disse: L´Etat c´est moi.

A necessidade de se combater esta insanidade consolidada no Decreto

nº 8.243, de 23 de maio de 2014, também se revela no absurdo cenário que

estamos vivendo no Brasil. Tentativas de controlar a mídia através de

mecanismos de regulação econômica e de conteúdo, o inchaço da máquina

pública (p.ex.40 ministérios!!!), aparelhamento do Estado, através da colocação

de quadros políticos em cargos técnicos chave (como se viu nos recentes

escândalos da Petrobrás), a tentativa de controle do Poder Legislativo, com a

impressionante edição de medidas provisórias e urgências constitucionais etc.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Todos estes aspectos demonstram como se faz urgente e indispensável

o combate a toda e qualquer tentativa de subversão da ordem constitucional

posta, uma vez que a sanha autoritária da Presidente da República apenas

aguarda o instante para se revelar e assumir o seu lugar.

Nesses termos, uma vez demonstrada a exorbitância do ato normativo

ora combatido, solicitamos, com base no art. 49, V, da Constituição da

República, o apoio dos nobres Pares no sentido de sustar a referida norma.

Sala das Sessões, em de de 2014.

MENDONÇA FILHO

Democratas/PE

RONALDO CAIADO

Democratas/GO

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camara.gov.br /proposicoesWeb/prop_imp;jsessionid=A095F4B38DBD1E4F974693C35A8A3DA0.proposicoesWeb2

PDC 1491/2014

Projeto de Decreto Legislativo

Situação:Aguardando Despacho do Presidente da Câmara dos Deputados

Identificação da Proposição

Autor Apresentação

Mendonça Filho - DEM/PE 30/05/2014

Ementa

Susta a aplicação do Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui aPolítica Nacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional de

Participação Social - SNPS, e dá outras providências.

Informações de Tramitação

Forma de apreciação Regime de tramitação

Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário .

Documentos Anexos e Referenciados

Avulsos Legislação Citada Mensagens, Ofícios eRequerimentos (0)

Destaques (0) Histórico de Pareceres, Substitutivos eVotos (0)

Relatório de conferência deassinaturas

Emendas (0) Recursos (0)

Histórico dedespachos (0)

Redação Final

Tramitação

Data Andamento

30/05/2014 PLENÁRIO (PLEN)

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• Apresentação do Projeto de Decreto Legislativo n. 1491/2014, peloDeputado Mendonça Filho (DEM-PE), que: "Susta a aplicação doDecreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a PolíticaNacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional deParticipação Social - SNPS, e dá outras providências".

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Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

Institui a Política Nacional de Participação Social -PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social -SNPS, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV eVI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, caput, inciso I, e no art. 17 da Lei nº10.683, de 28 de maio de 2003,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer earticular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. Na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas epolíticas públicas e no aprimoramento da gestão pública serão considerados os objetivos e as diretrizes daPNPS.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:

I - sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações;

II - conselho de políticas públicas - instância colegiada temática permanente, instituída por atonormativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisórioe na gestão de políticas públicas;

III - comissão de políticas públicas - instância colegiada temática, instituída por ato normativo, criadapara o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específico, com prazo defuncionamento vinculado ao cumprimento de suas finalidades;

IV - conferência nacional - instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temasespecíficos e de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade civil,podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretrizes e açõesacerca do tema tratado;

V - ouvidoria pública federal - instância de controle e participação social responsável pelo tratamentodas reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos,prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública;

VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores dasociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitossociais;

VII - fórum interconselhos - mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos ecomissões de políticas públicas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programasgovernamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade;

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VIII - audiência pública - mecanismo participativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquerinteressado, com a possibilidade de manifestação oral dos participantes, cujo objetivo é subsidiar decisõesgovernamentais;

IX - consulta pública - mecanismo participativo, a se realizar em prazo definido, de caráter consultivo,aberto a qualquer interessado, que visa a receber contribuições por escrito da sociedade civil sobredeterminado assunto, na forma definida no seu ato de convocação; e

X - ambiente virtual de participação social - mecanismo de interação social que utiliza tecnologias deinformação e de comunicação, em especial a internet, para promover o diálogo entre administração públicafederal e sociedade civil.

Parágrafo único. As definições previstas neste Decreto não implicam na desconstituição ou alteraçãode conselhos, comissões e demais instâncias de participação social já instituídos no âmbito do governofederal.

Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS:

I - reconhecimento da participação social como direito do cidadão e expressão de sua autonomia;

II - complementariedade, transversalidade e integração entre mecanismos e instâncias da democraciarepresentativa, participativa e direta;

III - solidariedade, cooperação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo,orientação sexual, religião e condição social, econômica ou de deficiência, para a construção de valores decidadania e de inclusão social;

IV - direito à informação, à transparência e ao controle social nas ações públicas, com uso delinguagem simples e objetiva, consideradas as características e o idioma da população a que se dirige;

V - valorização da educação para a cidadania ativa;

VI - autonomia, livre funcionamento e independência das organizações da sociedade civil; e

VII - ampliação dos mecanismos de controle social.

Art. 4º São objetivos da PNPS, entre outros:

I - consolidar a participação social como método de governo;

II - promover a articulação das instâncias e dos mecanismos de participação social;

III - aprimorar a relação do governo federal com a sociedade civil, respeitando a autonomia das partes;

IV - promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas e programasde governo federal;

V - desenvolver mecanismos de participação social nas etapas do ciclo de planejamento e orçamento;

VI - incentivar o uso e o desenvolvimento de metodologias que incorporem múltiplas formas deexpressão e linguagens de participação social, por meio da internet, com a adoção de tecnologias livres decomunicação e informação, especialmente, softwares e aplicações, tais como códigos fonte livres eauditáveis, ou os disponíveis no Portal do Software Público Brasileiro;

VII - desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamenteexcluídos e aos vulneráveis;

VIII - incentivar e promover ações e programas de apoio institucional, formação e qualificação emparticipação social para agentes públicos e sociedade civil; e

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IX - incentivar a participação social nos entes federados.

Art. 5º Os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadasas especificidades de cada caso, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstosneste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticaspúblicas.

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput elaborarão, anualmente, relatório de implementação daPNPS no âmbito de seus programas e políticas setoriais, observadas as orientações da Secretaria-Geral daPresidência da República.

§ 2º A Secretaria-Geral da Presidência da República elaborará e publicará anualmente relatório deavaliação da implementação da PNPS no âmbito da administração pública federal.

Art. 6º São instâncias e mecanismos de participação social, sem prejuízo da criação e doreconhecimento de outras formas de diálogo entre administração pública federal e sociedade civil:

I - conselho de políticas públicas;

II - comissão de políticas públicas;

III - conferência nacional;

IV - ouvidoria pública federal;

V - mesa de diálogo;

VI - fórum interconselhos;

VII - audiência pública;

VIII - consulta pública; e

IX - ambiente virtual de participação social.

Art. 7º O Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, coordenado pela Secretaria-Geral daPresidência da República, será integrado pelas instâncias de participação social previstas nos incisos I a IVdo art. 6º deste Decreto, sem prejuízo da integração de outras formas de diálogo entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. A Secretaria-Geral da Presidência da República publicará a relação e a respectivacomposição das instâncias integrantes do SNPS.

Art. 8º Compete à Secretaria-Geral da Presidência da República:

I - acompanhar a implementação da PNPS nos órgãos e entidades da administração pública federaldireta e indireta;

II - orientar a implementação da PNPS e do SNPS nos órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta;

III - realizar estudos técnicos e promover avaliações e sistematizações das instâncias e dosmecanismos de participação social definidos neste Decreto;

IV - realizar audiências e consultas públicas sobre aspectos relevantes para a gestão da PNPS e doSNPS; e

V - propor pactos para o fortalecimento da participação social aos demais entes da federação.

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Art. 9º Fica instituído o Comitê Governamental de Participação Social - CGPS, para assessorar aSecretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e na implementação da PNPS e nacoordenação do SNPS.

§ 1º O CGPS será coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, que dará o suportetécnico-administrativo para seu funcionamento.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreseu funcionamento.

Art.10. Ressalvado o disposto em lei, na constituição de novos conselhos de políticas públicas e nareorganização dos já constituídos devem ser observadas, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil, preferencialmente de formaparitária em relação aos representantes governamentais, quando a natureza da representação orecomendar;

II - definição, com consulta prévia à sociedade civil, de suas atribuições, competências e natureza;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros;

V - rotatividade dos representantes da sociedade civil;

VI - compromisso com o acompanhamento dos processos conferenciais relativos ao tema de suacompetência; e

VII - publicidade de seus atos.

§ 1º A participação dos membros no conselho é considerada prestação de serviço público relevante,não remunerada.

§ 2º A publicação das resoluções de caráter normativo dos conselhos de natureza deliberativavincula-se à análise de legalidade do ato pelo órgão jurídico competente, em acordo com o disposto na LeiComplementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

§ 3º A rotatividade das entidades e de seus representantes nos conselhos de políticas públicas deveser assegurada mediante a recondução limitada a lapso temporal determinado na forma dos seus regimentosinternos, sendo vedadas três reconduções consecutivas.

§ 4º A participação de dirigente ou membro de organização da sociedade civil que atue em conselhode política pública não configura impedimento à celebração de parceria com a administração pública.

§ 5º Na hipótese de parceira que envolva transferência de recursos financeiros de dotaçõesconsignadas no fundo do respectivo conselho, o conselheiro ligado à organização que pleiteia o acesso aorecurso fica impedido de votar nos itens de pauta que tenham referência com o processo de seleção,monitoramento e avaliação da parceria.

Art. 11. Nas comissões de políticas públicas devem ser observadas, no mínimo, as seguintesdiretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil;

II - definição de prazo, tema e objetivo a ser atingido;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros; e

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V - publicidade de seus atos.

Art. 12. As conferências nacionais devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seus objetivos e etapas;

II - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

III - estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais epara a escolha dos delegados da sociedade civil;

IV - integração entre etapas municipais, estaduais, regionais, distrital e nacional, quando houver;

V - disponibilização prévia dos documentos de referência e materiais a serem apreciados na etapanacional;

VI - definição dos procedimentos metodológicos e pedagógicos a serem adotados nas diferentesetapas;

VII - publicidade de seus resultados;

VIII - determinação do modelo de acompanhamento de suas resoluções; e

IX - indicação da periodicidade de sua realização, considerando o calendário de outros processosconferenciais.

Parágrafo único. As conferências nacionais serão convocadas por ato normativo específico, ouvido oCGPS sobre a pertinência de sua realização.

Art. 13. As ouvidorias devem observar as diretrizes da Ouvidoria-Geral da União daControladoria-Geral da União nos termos do art. 14, caput, inciso I, do Anexo I ao Decreto nº 8.109, de 17 desetembro de 2013.

Art. 14. As mesas de diálogo devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - participação das partes afetadas;

II - envolvimento dos representantes da sociedade civil na construção da solução do conflito;

III - prazo definido de funcionamento; e

IV - acompanhamento da implementação das soluções pactuadas e obrigações voluntariamenteassumidas pelas partes envolvidas.

Parágrafo único. As mesas de diálogo criadas para o aperfeiçoamento das condições e relações detrabalho deverão, preferencialmente, ter natureza tripartite, de maneira a envolver representantes dosempregados, dos empregadores e do governo.

Art. 15. Os fóruns interconselhos devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - definição da política ou programa a ser objeto de debate, formulação e acompanhamento;

II - definição dos conselhos e organizações da sociedade civil a serem convidados pela sua vinculaçãoao tema;

III - produção de recomendações para as políticas e programas em questão; e

IV - publicidade das conclusões.

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Art. 16. As audiências públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificado seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - livre acesso aos sujeitos afetados e interessados;

III - sistematização das contribuições recebidas;

IV - publicidade, com ampla divulgação de seus resultados, e a disponibilização do conteúdo dosdebates; e

V - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 17. As consultas públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - disponibilização prévia e em tempo hábil dos documentos que serão objeto da consulta emlinguagem simples e objetiva, e dos estudos e do material técnico utilizado como fundamento para a propostacolocada em consulta pública e a análise de impacto regulatório, quando houver;

III - utilização da internet e de tecnologias de comunicação e informação;

IV - sistematização das contribuições recebidas;

V - publicidade de seus resultados; e

VI - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 18. Na criação de ambientes virtuais de participação social devem ser observadas, no mínimo, asseguintes diretrizes:

I - promoção da participação de forma direta da sociedade civil nos debates e decisões do governo;

II - fornecimento às pessoas com deficiência de todas as informações destinadas ao público em geralem formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;

III - disponibilização de acesso aos termos de uso do ambiente no momento do cadastro;

IV - explicitação de objetivos, metodologias e produtos esperados;

V - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

VI - definição de estratégias de comunicação e mobilização, e disponibilização de subsídios para odiálogo;

VII - utilização de ambientes e ferramentas de redes sociais, quando for o caso;

VIII - priorização da exportação de dados em formatos abertos e legíveis por máquinas;

IX - sistematização e publicidade das contribuições recebidas;

X - utilização prioritária de softwares e licenças livres como estratégia de estímulo à participação naconstrução das ferramentas tecnológicas de participação social; e

XI - fomento à integração com instâncias e mecanismos presenciais, como transmissão de debates eoferta de oportunidade para participação remota.

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Art. 19. Fica instituída a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instância colegiadainterministerial responsável pela coordenação e encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelomonitoramento de suas respostas.

§ 1º As reuniões da Mesa de Monitoramento serão convocadas pela Secretaria-Geral da Presidênciada República, sendo convidados os Secretários-Executivos dos ministérios relacionados aos temas a seremdebatidos na ocasião.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreas competências específicas, o funcionamento e a criação de subgrupos da instância prevista no caput.

Art. 20. As agências reguladoras observarão, na realização de audiências e consultas públicas, odisposto neste Decreto, no que couber.

Art. 21. Compete à Casa Civil da Presidência da República decidir sobre a ampla divulgação deprojeto de ato normativo de especial significado político ou social nos termos do art. 34, caput, inciso II, doDecreto nº 4.176, de 28 de março de 2002.

Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da República.

DILMA ROUSSEFFMiriam BelchiorGilberto CarvalhoJorge Hage Sobrinho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.5.2014

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Mudança de regime por decretoopiniao.estadao.com.br /noticias/geral,mudanca-de-regime-por-decreto-imp-,1173217

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participediretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social comométodo de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses"movimentos sociais".

O grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é

dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização. Nãohá cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento de

fazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio e

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cinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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Colunista

Perigo vermelho

A turma do editorial do Estadão está em pânico. Apelou e perdeu a razão. Também, não erapara menos. O jornal que ajudou a derrubar os governos Vargas, em 1954, e João Goulart,em 1964, não dorme em serviço. Dilma que se cuide, pois estamos, de novo, em um ano dequatro.

Mais uma vez, e antes que seja tarde, o veículo que tem uma longa folha de serviçosprestados ao País está pronto para defender a democracia de seu principal algoz: o povo.

O jornal descobriu e denunciou, em um editorial ('Mudança de regime por decreto', de 29/5),que o governo da presidenta Dilma Rousseff está cometendo um crime de lesa pátria.

Os ideólogos das furiosas linhas chamam Dilma de 'companheira'. Calma, os 'companheiros'editorialistas continuam os mesmos. Apenas estão usando o pronome de tratamento deforma irônica.

Alertam para o grave risco que temos pela frente: ‘a presidente Dilma Rousseff quermodificar o sistema brasileiro de governo’ por decreto, brada o jornal que sabe defender umregime como ninguém.

Abram alas para os companheiros vetustos que falam de democracia com autoridade:

‘O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social(PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridadesjurídicas, ainda que possa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusosanseios das ruas. Na realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos domomento para impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito doque membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.’

E nós, incautos, dormindo, trabalhando e nos preparando para a Copa do Mundo de Futebol -quanta alienação! O gigante dormiu de novo. A coisa da ‘leitura desatenta’ é feita para gentecomo nós, míopes nas entrelinhas.

Por sorte, nada escapa à eterna vigilância dos companheiros que cavalgam de trombeta.

Cuidado com essa coisa de ‘sociedade civil’, pede o Estadão. Isso é um perigo.

Estejam todos atentos, pois querem destruir a democracia. Como pretendem fazê-lo?Trazendo a sociedade civil para dentro do governo.

Antonio Lassance

O Estadão contra a participação

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Os funéreos redatores jogaram a pá de cal até em liberais moderninhos como Alexis deTocqueville e John Stuart Mill, que defendiam a participação como base da boarepresentação, no século XIX.

A Constituição reescrita por um editorial

Em um de seus parágrafos mais histéricos, o editorial que baba afirma que ‘a companheiraDilma não concorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela AssembleiaConstituinte de 1988, e quer, por decreto, instituir outra fonte de poder: a 'participaçãodireta'.’

Alguém poderia enviar de presente ao Estadão, pelos Correios, um exemplar da Constituição,pois o deles deve ter sumido faz tempo.

Já se esqueceram do parágrafo único do artigo 1o de nossa Carta Magna , que diz:

‘Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos oudiretamente, nos termos desta Constituição’.

Provavelmente não chegaram sequer ao artigo 84, que dá ao Presidente da República opoder de expedir decretos sobre a organização e funcionamento da administração federal,que é exatamente o objeto do abominado ato oficial.

Não bastassem alguns ministros do Supremo, também o Estadão agora quer reescrever aConstituição, a começar por editoriais - quem sabe, um dia, via classificados.

Ficaria assim o primeiro artigo da Constituição, pelas mãos dos companheiros trombeteiros:

‘Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seusrepresentantes no Congresso, legitimamente eleitos.’

O Estadão acaba de proclamar o parlamentarismo, pois esqueceu-se até de incluir aPresidência da República como uma das instâncias de representação. Ou seja, EduardoCunha e Renan Calheiros, tudo bem; mas Dilma Rousseff, nem pensar.

Os tocadores de berrante pedem àqueles que consideram suas vaquinhas de presépio (‘Que oCongresso esteja atento’ e que venha ‘o STF, para declarar a inconstitucionalidade dodecreto’) para derrubarem a norma do Executivo.

O argumento pífio é o de que ela ‘fere o princípio básico da igualdade democrática (‘umapessoa, um voto’)’.

Hora de mandar mais um exemplar da Constituição para o Estadão. Nem o Brasil, nemqualquer país federalista do mundo segue o sistema de ‘uma pessoa, um voto’ narepresentação parlamentar.

Os caríssimos companheiros editorializantes até hoje não descobriram que nem a Câmara

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dos Deputados, nem o Senado Federal são constituídos pelo tal sistema de ‘uma pessoa, umvoto’. Erraram de país.

A única instância de representação em que essa regra é aplicada, para o azar do Estadão, éjustamente a Presidência da República.

Argumentos similares aos desse editorial já foram e continuam sendo usados contrainvenções diabólicas como, por exemplo, o orçamento participativo - coisa perigosíssima,nascida da invencionisse petista, dilmista, mensaleira e autoritária dos comissários.

O Estadão chamou para a briga. E pede ajuda a quem quer que seja para salvar nossosistema representativo.

Sim, esse mesmo sistema representativo que todos os dias os editoriais do Estadão e demuitos outros jornais ajudam a desmoralizar, a esculhambar, a retratar como um ninho debandidos, é esse sistema que eles conclamam que seja salvo. Avante, ‘companheiros’!

Dilma é acusada de ‘descaramento’ por conta do tal decreto. Aí descobrimos para que serve ocavalo do Estadão: para ajudar a escrever editoriais com coices.

Exorcistas de papel

Em momento algum o Editorialíssimo Jornal, do alto de sua cavalgadura, abandona a posturaautoritária e de tutela da opinião pública. Jamais passou, por baixo das patas de suasferraduras, a ideia de recomendar ao leitor um cuidado básico: o de ler o decreto.

O jornal, como sempre, confia no poder de seu berrante de produzir o efeito manada nos quecompram suas páginas. Espera que simplesmente ruminem sobre o decreto: ‘não li e nãogostei’.

Quem puder ler a norma verá que a mesma restringe-se a dar recomendações àadministração pública federal. Nem Estados, nem Municípios, nem o DF estão obrigados asegui-la.

A Câmara, o Senado e o STF, invocados pelos exorcistas de papel, não têm nada a ver com acoisa e podem permanecer sem sociedade civil, se assim preferirem, no intuito de agradar ojornal.

Sabem qual o grande perigo do decreto? O grande perigo é o de serem criados conselhos ecomissões de políticas públicas; conferências nacionais; ouvidorias; mesas de diálogo; fórunsinterconselhos; audiências públicas; consultas públicas; e ambientes virtuais de participaçãosocial.

Se é disso que o Estadão tem medo, é bom esconder-se debaixo da cama imediatamente,pois, com esse decreto, o bicho vai pegar.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Jornalistas acusam Dilma de implantar ditadura no país pormeio de decreto com 'barbaridades jurídicas'; leia

folhapolitica.org /2014/05/jornalistas-acusam-dilma-de-implantar.html

O editorial de hoje do jornal O Estadode S. Paulo acusou a presidenteDilma de deteriorar a democracia e"reprisar o engodo totalitário,vendendo um mundo romântico, masentregando o mais frio e cinzento dosmundos, onde uns poucos pretendem

dominar muitos" por meio de decretodatado de 23 de maio. Ademais, ocolunista Reinaldo Azevedo, de Veja eda Folha de S. Paulo, publicou críticaalinhada.Leia abaixo e manifeste sua opinião arespeito:

Editorial - O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu daAssembleia Constituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante asmanifestações de junho passado e que felizmente nem chegou a sair do casulo - e agoratenta por decreto mudar a ordem constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014,que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional deParticipação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa

soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Narealidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para imporvelhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membrosdesse partido entendem que deva ser uma democracia.A fórmula não é muito original. Odecreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participe diretamente em "todos osórgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nasagências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas

de diálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participaçãosocial como método de governo". Ora, a participação social numa democraciarepresentativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamenteeleitos. O que se vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistemarepresentativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, pordecreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".Não se trata de um atoingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova forma de fazer

democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suaspalavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere oprincípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar quealguns determinados cidadãos, aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia,sejam mais ouvidos.

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Leia também:Para melhorar nas pesquisas, Dilma pede ao Facebook que retire do ar páginas 'ofensivas' à suaimagemAprovação de Dilma cai para zona de alto risco, segundo critério DatafolhaApós perder popularidade, Dilma perde também eleitores, segundo IbopeHistoriador publica texto humilhando a presidente Dilma e gera polêmica

Vídeo com Dilma em paródia de propaganda do Bom Negócio viraliza na internet; assistaGoverno paga viagem para jornalistas gringos falarem bem do Brasil e o grupo é assaltado no Riode JaneiroDilma prestigia seu único aliado evangélico, Edir Macedo: participará da inauguração de temploque custará mais de R$400 milhões

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento dopoder político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto.Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o

Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".O grande desafio dademocracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é darvoz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau deconscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação quepor decreto a presidente Dilma Rousseff pretende instituir, ao criar canais específicos paraque uns sejam mais ouvidos do que outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, quetrabalha a semana inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências,

comissões, conselhos e mesas de diálogo?Ao longo do decreto fica explícito o sofismaque o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura manifestação dademocracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalização do poder, háa institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto aorigem do poder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimadospelas urnas, inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus

amigos precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seriademocrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por decreto.Querem reprisaro engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é maisum ato inconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenaso STF, para declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminarem toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

Veja também:Ministro de Dilma intimidou diretor do SBT devido a opiniões de Sheherazade, aponta jornal'Dilma arrebentou o país, ela é uma péssima presidente', desabafa jornalistaAugusto Nunes humilha a presidente Dilma em vídeo: 'Cara de pau'; assistaSonia Abrão sobre Dilma: 'Eu não sei onde fica esse Brasil que ela diz que existe'; veja o vídeoDilma pede que o povo vá às ruas para apoiá-laCampanha de adesivos nos carros com "Fora Dillma" se espalha pelas redes sociais

Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe! (ReinaldoAzevedo)Atenção, leitores!Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados,

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solapados, diminuídos. A menos que você seja um membro do MTST, do MST, de umadessas siglas que optaram pela truculência como forma de expressão política.Demansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadurapetista por decreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que criauma tal “Política Nacional de Participação Social” e um certo “Sistema Nacional deParticipação Social”. O Estadão escreve nesta quinta um excelente editorial a respeito.

Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta o fundamento daigualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e cria umacategoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de“movimentos sociais”.O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar,define o que é “sociedade civil” em vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça,a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociaisinstitucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.Pronto!

Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, pornatureza, não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos osórgãos da administração pública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, comrepresentantes dessa tal sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que ogoverno de turno decidir que é… sociedade civilTodos os órgãos da gestão pública,incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos aos tais movimentossociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei a suaparticipação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem

ou percam as eleições.Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação”é, na verdade, um sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aquelesque participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que nãoparticipam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm direito departicipar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico.A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a

forma da democracia representativa: por meio de eleições livres, que escolhem oParlamento. O que Dilma está fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria derepresentação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que buscacorroer por dentro o regime democrático.O PT está tentando consolidar um comissariado àmoda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um escândalo se a Ordem dosAdvogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa excrescência. Com essedecreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O texto segue o

melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador eNicarágua. Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas,pela via aparentemente legal.Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-lapor decreto.

General pede que Dilma dê explicações sobre atentado a bomba que matou Kozel Filho em 1968Senador Mário Couto defende o impeachment da presidente Dilma; assistaPetição pedindo impeachment de Dilma ultrapassa 375 mil assinaturas

Mesmo prometendo mais dinheiro, Dilma é vaiada em três momentos na Expozebu e malconsegue falar; veja o vídeoEditorial do 'Financial Times' ridiculariza DilmaEconomista dinamarquês 'detona' Dilma e o Brasil: 'Campeão mundial em fracassos'

Lígia Ferreira

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Altamiro Borges: O Globo, que apoiou a ditadura militar,agora defende democracia sem povo

viomundo.com.br /denuncias/altamiro-borges-o-globo-que-apoiou-a-ditadura-militar-agora-defende-democracia-sem-povo.html

O Globo tem medo da democracia

Por Altamiro Borges, em seu blog

Na quinta-feira (26), a presidenta DilmaRousseff assinou decreto que tornaobrigatória a realização de consultaspúblicas para ouvir a sociedade sobretemas decisivos para os rumos do país. Amedida, que faz parte da intitulada “PolíticaNacional de Participação Social (PNPS)”, é

um passo importante para ampliar osmecanismos de democracia participativa noBrasil.

De imediato, a oposição direitista rechaçou a iniciativa. Coube, porém, ao jornal O Globo – o mesmo queapoiou o golpe militar e a sanguinária ditadura – a crítica mais raivosa à medida democratizante. Em

editorial publicado neste sábado, o diário afirma, na maior caradura, que o “decreto agride a democraciarepresentativa”.

O decreto prevê várias formas de participação política da sociedade: conselhos, conferências,audiências, ouvidorias, fóruns, mesas de diálogo, comissões especiais, ambientes virtuais e consultas

públicas.

Ele fixa que todos os “órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta” realizemconsultas visando “consolidar a participação social como método de governo” e aprimorar “a relação dogoverno com a sociedade”. Pelo decreto, caberá à Secretaria-Geral da Presidência da República

orientar a implantação da PNPS.

Ele garante que todo cidadão poderá participar desses formatos de diálogos, “além de movimentossociais, institucionalizados e não institucionalizados”.

Temendo a participação popular, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, já anunciou queirá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto.

Para o representante da direita oligárquica, o projeto do governo “é um eufemismo para o aparelhamento

ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo…É umainvasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País”.

No mesmo rumo, o deputado Ronaldo Caiado, o famoso ruralista do DEM, esbravejou que “o PT age nosentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela”.

Dos demos não se poderia esperar outra reação. Originários da Arena, o partido da ditadura, eles semprerejeitaram qualquer mecanismo de participação popular. Como expressão da velha oligarquia, queexplora trabalho escravo e contrata jagunços, o DEM nem precisa disfarçar sua postura autoritária, meiofascistóide.

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Já no caso do jornal O Globo, o editorial hidrófobo serve novamente para tirar a sua máscara. Aosatanizar o decreto número 8.243, que cria a PNPS, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir dedefensor da democracia representativa – logo ele que apoiou o golpe de 1964, a cassação de deputadose o fechamento do Congresso Nacional durante a ditadura militar.

“A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bemcomo a independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo. A desmontagem do regimerepresentativo costuma começar pela criação de mecanismos de ‘democracia direta’, para reduzir o pesodo Congresso na condução do país”, afirma no maior cinismo.

Para ele, o objetivo do decreto “é subtrair espaço do Legislativo por meio de comissões, conselhos,ouvidorias, mesas de diálogo, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas junto àadministração direta e até estatais, sempre em nome da participação social” e equivale a “um golpe deEstado na base da canetada”.

“O sentido autoritário do decreto denuncia a sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas queengendraram a ‘assembleia constituinte exclusiva’ a fim de fazer a reforma política – atalho para semudar a Constituição ao bel-prazer de minorias militantes -, surge das mesmas cabeças que tentaramcontrolar o conteúdo da produção audiovisual do país via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistasprofissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma origem dos idealizadores da ‘regulaçãoda mídia’… O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso e levado ao Supremo peloMinistério Público e/ou instituições da sociedade”, alerta o jornalão.

Só pela reação e desesperada de O Globo já dá para afirmar que o decreto que cria o PNPS representaum avanço para a democracia brasileira e merece urgente apoio das forças progressistas.

Leia também:

Lula à CartaCapital: Mídia foi contra o meu governo e o de Dilma

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Política Nacional de Participação Social e Ouvidoriasifb.edu.br /reitoria/reitoria/noticiasreitoria/6800-politica-nacional-de-participacao-social-e-ouvidorias

Portal do Governo Brasileiro

DetalhesPublicado em Terça, 27 Maio 2014 19:31

Celebramos no dia de hoje a edição do Decreto Nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS. Nos termos desse regulamento, construído a muitas mãos, asouvidorias públicas federais assumem, definitivamente, enorme responsabilidade na consecução doEstado Democrático de Direito: daqui em diante, somos “instância de controle e participação socialresponsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos àspolíticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramentoda gestão pública”. Assim, alcançamos um nível de institucionalidade que nos permite, de imediato, atuarde forma integrada e proativa.

Vale destacar que, em seu art. 13, o Decreto confere à Ouvidoria Geral da União da Controladoria-Geralda União o dever de editar diretrizes destinadas a harmonizar nossa atuação como instâncias integrantesdo Sistema de Participação Social (ao lado dos Conselhos, das Comissões e das ConferênciasNacionais), o que, por si só, propicia de imediato o funcionamento articulado, coordenado e sistêmico detodas as ouvidorias federais.

Contudo, se há motivos de sobra para comemorar essa conquista histórica, convém reafirmar que oprocesso de fortalecimento institucional da nossa ouvidoria passa pela ação imediata dos nossos (as)dirigentes no que diz respeito ao atendimento às demandas encaminhadas pela ouvidoria dentro dosprazos estabelecidos pelo nosso regimento interno.

Já foi encaminhada uma proposta de “Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo federal” à Casa Civil ejá conta com a aprovação da Secretaria Geral da Presidência da República. Nossa avaliação (realista) éque falta muito pouco, pois nosso longo e consistente processo de elaboração fez prevalecer apenas osmelhores argumentos: superamos nossos conflitos mais difíceis e alcançamos significativo consenso.

Agora é demonstrar nossa unidade e nosso compromisso com o processo democrático e, sobretudo, comas pessoas que precisam de nós.

Cleide Lemes da Silva CruzOUVIDORA/IFB

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Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

Institui a Política Nacional de Participação Social -PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social -SNPS, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV eVI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, caput, inciso I, e no art. 17 da Lei nº10.683, de 28 de maio de 2003,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer earticular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. Na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas epolíticas públicas e no aprimoramento da gestão pública serão considerados os objetivos e as diretrizes daPNPS.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:

I - sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações;

II - conselho de políticas públicas - instância colegiada temática permanente, instituída por atonormativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisórioe na gestão de políticas públicas;

III - comissão de políticas públicas - instância colegiada temática, instituída por ato normativo, criadapara o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específico, com prazo defuncionamento vinculado ao cumprimento de suas finalidades;

IV - conferência nacional - instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temasespecíficos e de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade civil,podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretrizes e açõesacerca do tema tratado;

V - ouvidoria pública federal - instância de controle e participação social responsável pelo tratamentodas reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos,prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública;

VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores dasociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitossociais;

VII - fórum interconselhos - mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos ecomissões de políticas públicas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programasgovernamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade;

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VIII - audiência pública - mecanismo participativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquerinteressado, com a possibilidade de manifestação oral dos participantes, cujo objetivo é subsidiar decisõesgovernamentais;

IX - consulta pública - mecanismo participativo, a se realizar em prazo definido, de caráter consultivo,aberto a qualquer interessado, que visa a receber contribuições por escrito da sociedade civil sobredeterminado assunto, na forma definida no seu ato de convocação; e

X - ambiente virtual de participação social - mecanismo de interação social que utiliza tecnologias deinformação e de comunicação, em especial a internet, para promover o diálogo entre administração públicafederal e sociedade civil.

Parágrafo único. As definições previstas neste Decreto não implicam na desconstituição ou alteraçãode conselhos, comissões e demais instâncias de participação social já instituídos no âmbito do governofederal.

Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS:

I - reconhecimento da participação social como direito do cidadão e expressão de sua autonomia;

II - complementariedade, transversalidade e integração entre mecanismos e instâncias da democraciarepresentativa, participativa e direta;

III - solidariedade, cooperação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo,orientação sexual, religião e condição social, econômica ou de deficiência, para a construção de valores decidadania e de inclusão social;

IV - direito à informação, à transparência e ao controle social nas ações públicas, com uso delinguagem simples e objetiva, consideradas as características e o idioma da população a que se dirige;

V - valorização da educação para a cidadania ativa;

VI - autonomia, livre funcionamento e independência das organizações da sociedade civil; e

VII - ampliação dos mecanismos de controle social.

Art. 4º São objetivos da PNPS, entre outros:

I - consolidar a participação social como método de governo;

II - promover a articulação das instâncias e dos mecanismos de participação social;

III - aprimorar a relação do governo federal com a sociedade civil, respeitando a autonomia das partes;

IV - promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas e programasde governo federal;

V - desenvolver mecanismos de participação social nas etapas do ciclo de planejamento e orçamento;

VI - incentivar o uso e o desenvolvimento de metodologias que incorporem múltiplas formas deexpressão e linguagens de participação social, por meio da internet, com a adoção de tecnologias livres decomunicação e informação, especialmente, softwares e aplicações, tais como códigos fonte livres eauditáveis, ou os disponíveis no Portal do Software Público Brasileiro;

VII - desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamenteexcluídos e aos vulneráveis;

VIII - incentivar e promover ações e programas de apoio institucional, formação e qualificação emparticipação social para agentes públicos e sociedade civil; e

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IX - incentivar a participação social nos entes federados.

Art. 5º Os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadasas especificidades de cada caso, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstosneste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticaspúblicas.

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput elaborarão, anualmente, relatório de implementação daPNPS no âmbito de seus programas e políticas setoriais, observadas as orientações da Secretaria-Geral daPresidência da República.

§ 2º A Secretaria-Geral da Presidência da República elaborará e publicará anualmente relatório deavaliação da implementação da PNPS no âmbito da administração pública federal.

Art. 6º São instâncias e mecanismos de participação social, sem prejuízo da criação e doreconhecimento de outras formas de diálogo entre administração pública federal e sociedade civil:

I - conselho de políticas públicas;

II - comissão de políticas públicas;

III - conferência nacional;

IV - ouvidoria pública federal;

V - mesa de diálogo;

VI - fórum interconselhos;

VII - audiência pública;

VIII - consulta pública; e

IX - ambiente virtual de participação social.

Art. 7º O Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, coordenado pela Secretaria-Geral daPresidência da República, será integrado pelas instâncias de participação social previstas nos incisos I a IVdo art. 6º deste Decreto, sem prejuízo da integração de outras formas de diálogo entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. A Secretaria-Geral da Presidência da República publicará a relação e a respectivacomposição das instâncias integrantes do SNPS.

Art. 8º Compete à Secretaria-Geral da Presidência da República:

I - acompanhar a implementação da PNPS nos órgãos e entidades da administração pública federaldireta e indireta;

II - orientar a implementação da PNPS e do SNPS nos órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta;

III - realizar estudos técnicos e promover avaliações e sistematizações das instâncias e dosmecanismos de participação social definidos neste Decreto;

IV - realizar audiências e consultas públicas sobre aspectos relevantes para a gestão da PNPS e doSNPS; e

V - propor pactos para o fortalecimento da participação social aos demais entes da federação.

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Art. 9º Fica instituído o Comitê Governamental de Participação Social - CGPS, para assessorar aSecretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e na implementação da PNPS e nacoordenação do SNPS.

§ 1º O CGPS será coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, que dará o suportetécnico-administrativo para seu funcionamento.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreseu funcionamento.

Art.10. Ressalvado o disposto em lei, na constituição de novos conselhos de políticas públicas e nareorganização dos já constituídos devem ser observadas, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil, preferencialmente de formaparitária em relação aos representantes governamentais, quando a natureza da representação orecomendar;

II - definição, com consulta prévia à sociedade civil, de suas atribuições, competências e natureza;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros;

V - rotatividade dos representantes da sociedade civil;

VI - compromisso com o acompanhamento dos processos conferenciais relativos ao tema de suacompetência; e

VII - publicidade de seus atos.

§ 1º A participação dos membros no conselho é considerada prestação de serviço público relevante,não remunerada.

§ 2º A publicação das resoluções de caráter normativo dos conselhos de natureza deliberativavincula-se à análise de legalidade do ato pelo órgão jurídico competente, em acordo com o disposto na LeiComplementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

§ 3º A rotatividade das entidades e de seus representantes nos conselhos de políticas públicas deveser assegurada mediante a recondução limitada a lapso temporal determinado na forma dos seus regimentosinternos, sendo vedadas três reconduções consecutivas.

§ 4º A participação de dirigente ou membro de organização da sociedade civil que atue em conselhode política pública não configura impedimento à celebração de parceria com a administração pública.

§ 5º Na hipótese de parceira que envolva transferência de recursos financeiros de dotaçõesconsignadas no fundo do respectivo conselho, o conselheiro ligado à organização que pleiteia o acesso aorecurso fica impedido de votar nos itens de pauta que tenham referência com o processo de seleção,monitoramento e avaliação da parceria.

Art. 11. Nas comissões de políticas públicas devem ser observadas, no mínimo, as seguintesdiretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil;

II - definição de prazo, tema e objetivo a ser atingido;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros; e

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V - publicidade de seus atos.

Art. 12. As conferências nacionais devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seus objetivos e etapas;

II - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

III - estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais epara a escolha dos delegados da sociedade civil;

IV - integração entre etapas municipais, estaduais, regionais, distrital e nacional, quando houver;

V - disponibilização prévia dos documentos de referência e materiais a serem apreciados na etapanacional;

VI - definição dos procedimentos metodológicos e pedagógicos a serem adotados nas diferentesetapas;

VII - publicidade de seus resultados;

VIII - determinação do modelo de acompanhamento de suas resoluções; e

IX - indicação da periodicidade de sua realização, considerando o calendário de outros processosconferenciais.

Parágrafo único. As conferências nacionais serão convocadas por ato normativo específico, ouvido oCGPS sobre a pertinência de sua realização.

Art. 13. As ouvidorias devem observar as diretrizes da Ouvidoria-Geral da União daControladoria-Geral da União nos termos do art. 14, caput, inciso I, do Anexo I ao Decreto nº 8.109, de 17 desetembro de 2013.

Art. 14. As mesas de diálogo devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - participação das partes afetadas;

II - envolvimento dos representantes da sociedade civil na construção da solução do conflito;

III - prazo definido de funcionamento; e

IV - acompanhamento da implementação das soluções pactuadas e obrigações voluntariamenteassumidas pelas partes envolvidas.

Parágrafo único. As mesas de diálogo criadas para o aperfeiçoamento das condições e relações detrabalho deverão, preferencialmente, ter natureza tripartite, de maneira a envolver representantes dosempregados, dos empregadores e do governo.

Art. 15. Os fóruns interconselhos devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - definição da política ou programa a ser objeto de debate, formulação e acompanhamento;

II - definição dos conselhos e organizações da sociedade civil a serem convidados pela sua vinculaçãoao tema;

III - produção de recomendações para as políticas e programas em questão; e

IV - publicidade das conclusões.

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Art. 16. As audiências públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificado seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - livre acesso aos sujeitos afetados e interessados;

III - sistematização das contribuições recebidas;

IV - publicidade, com ampla divulgação de seus resultados, e a disponibilização do conteúdo dosdebates; e

V - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 17. As consultas públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - disponibilização prévia e em tempo hábil dos documentos que serão objeto da consulta emlinguagem simples e objetiva, e dos estudos e do material técnico utilizado como fundamento para a propostacolocada em consulta pública e a análise de impacto regulatório, quando houver;

III - utilização da internet e de tecnologias de comunicação e informação;

IV - sistematização das contribuições recebidas;

V - publicidade de seus resultados; e

VI - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 18. Na criação de ambientes virtuais de participação social devem ser observadas, no mínimo, asseguintes diretrizes:

I - promoção da participação de forma direta da sociedade civil nos debates e decisões do governo;

II - fornecimento às pessoas com deficiência de todas as informações destinadas ao público em geralem formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;

III - disponibilização de acesso aos termos de uso do ambiente no momento do cadastro;

IV - explicitação de objetivos, metodologias e produtos esperados;

V - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

VI - definição de estratégias de comunicação e mobilização, e disponibilização de subsídios para odiálogo;

VII - utilização de ambientes e ferramentas de redes sociais, quando for o caso;

VIII - priorização da exportação de dados em formatos abertos e legíveis por máquinas;

IX - sistematização e publicidade das contribuições recebidas;

X - utilização prioritária de softwares e licenças livres como estratégia de estímulo à participação naconstrução das ferramentas tecnológicas de participação social; e

XI - fomento à integração com instâncias e mecanismos presenciais, como transmissão de debates eoferta de oportunidade para participação remota.

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Art. 19. Fica instituída a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instância colegiadainterministerial responsável pela coordenação e encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelomonitoramento de suas respostas.

§ 1º As reuniões da Mesa de Monitoramento serão convocadas pela Secretaria-Geral da Presidênciada República, sendo convidados os Secretários-Executivos dos ministérios relacionados aos temas a seremdebatidos na ocasião.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreas competências específicas, o funcionamento e a criação de subgrupos da instância prevista no caput.

Art. 20. As agências reguladoras observarão, na realização de audiências e consultas públicas, odisposto neste Decreto, no que couber.

Art. 21. Compete à Casa Civil da Presidência da República decidir sobre a ampla divulgação deprojeto de ato normativo de especial significado político ou social nos termos do art. 34, caput, inciso II, doDecreto nº 4.176, de 28 de março de 2002.

Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da República.

DILMA ROUSSEFFMiriam BelchiorGilberto CarvalhoJorge Hage Sobrinho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.5.2014

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Mudança de regime por decretoopiniao.estadao.com.br /noticias/geral,mudanca-de-regime-por-decreto-imp-,1173217

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participediretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social comométodo de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses"movimentos sociais".

O grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é

dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização. Nãohá cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento de

fazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio e

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cinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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Colunista

Perigo vermelho

A turma do editorial do Estadão está em pânico. Apelou e perdeu a razão. Também, não erapara menos. O jornal que ajudou a derrubar os governos Vargas, em 1954, e João Goulart,em 1964, não dorme em serviço. Dilma que se cuide, pois estamos, de novo, em um ano dequatro.

Mais uma vez, e antes que seja tarde, o veículo que tem uma longa folha de serviçosprestados ao País está pronto para defender a democracia de seu principal algoz: o povo.

O jornal descobriu e denunciou, em um editorial ('Mudança de regime por decreto', de 29/5),que o governo da presidenta Dilma Rousseff está cometendo um crime de lesa pátria.

Os ideólogos das furiosas linhas chamam Dilma de 'companheira'. Calma, os 'companheiros'editorialistas continuam os mesmos. Apenas estão usando o pronome de tratamento deforma irônica.

Alertam para o grave risco que temos pela frente: ‘a presidente Dilma Rousseff quermodificar o sistema brasileiro de governo’ por decreto, brada o jornal que sabe defender umregime como ninguém.

Abram alas para os companheiros vetustos que falam de democracia com autoridade:

‘O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social(PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridadesjurídicas, ainda que possa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusosanseios das ruas. Na realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos domomento para impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito doque membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.’

E nós, incautos, dormindo, trabalhando e nos preparando para a Copa do Mundo de Futebol -quanta alienação! O gigante dormiu de novo. A coisa da ‘leitura desatenta’ é feita para gentecomo nós, míopes nas entrelinhas.

Por sorte, nada escapa à eterna vigilância dos companheiros que cavalgam de trombeta.

Cuidado com essa coisa de ‘sociedade civil’, pede o Estadão. Isso é um perigo.

Estejam todos atentos, pois querem destruir a democracia. Como pretendem fazê-lo?Trazendo a sociedade civil para dentro do governo.

Antonio Lassance

O Estadão contra a participação

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Os funéreos redatores jogaram a pá de cal até em liberais moderninhos como Alexis deTocqueville e John Stuart Mill, que defendiam a participação como base da boarepresentação, no século XIX.

A Constituição reescrita por um editorial

Em um de seus parágrafos mais histéricos, o editorial que baba afirma que ‘a companheiraDilma não concorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela AssembleiaConstituinte de 1988, e quer, por decreto, instituir outra fonte de poder: a 'participaçãodireta'.’

Alguém poderia enviar de presente ao Estadão, pelos Correios, um exemplar da Constituição,pois o deles deve ter sumido faz tempo.

Já se esqueceram do parágrafo único do artigo 1o de nossa Carta Magna , que diz:

‘Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos oudiretamente, nos termos desta Constituição’.

Provavelmente não chegaram sequer ao artigo 84, que dá ao Presidente da República opoder de expedir decretos sobre a organização e funcionamento da administração federal,que é exatamente o objeto do abominado ato oficial.

Não bastassem alguns ministros do Supremo, também o Estadão agora quer reescrever aConstituição, a começar por editoriais - quem sabe, um dia, via classificados.

Ficaria assim o primeiro artigo da Constituição, pelas mãos dos companheiros trombeteiros:

‘Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seusrepresentantes no Congresso, legitimamente eleitos.’

O Estadão acaba de proclamar o parlamentarismo, pois esqueceu-se até de incluir aPresidência da República como uma das instâncias de representação. Ou seja, EduardoCunha e Renan Calheiros, tudo bem; mas Dilma Rousseff, nem pensar.

Os tocadores de berrante pedem àqueles que consideram suas vaquinhas de presépio (‘Que oCongresso esteja atento’ e que venha ‘o STF, para declarar a inconstitucionalidade dodecreto’) para derrubarem a norma do Executivo.

O argumento pífio é o de que ela ‘fere o princípio básico da igualdade democrática (‘umapessoa, um voto’)’.

Hora de mandar mais um exemplar da Constituição para o Estadão. Nem o Brasil, nemqualquer país federalista do mundo segue o sistema de ‘uma pessoa, um voto’ narepresentação parlamentar.

Os caríssimos companheiros editorializantes até hoje não descobriram que nem a Câmara

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dos Deputados, nem o Senado Federal são constituídos pelo tal sistema de ‘uma pessoa, umvoto’. Erraram de país.

A única instância de representação em que essa regra é aplicada, para o azar do Estadão, éjustamente a Presidência da República.

Argumentos similares aos desse editorial já foram e continuam sendo usados contrainvenções diabólicas como, por exemplo, o orçamento participativo - coisa perigosíssima,nascida da invencionisse petista, dilmista, mensaleira e autoritária dos comissários.

O Estadão chamou para a briga. E pede ajuda a quem quer que seja para salvar nossosistema representativo.

Sim, esse mesmo sistema representativo que todos os dias os editoriais do Estadão e demuitos outros jornais ajudam a desmoralizar, a esculhambar, a retratar como um ninho debandidos, é esse sistema que eles conclamam que seja salvo. Avante, ‘companheiros’!

Dilma é acusada de ‘descaramento’ por conta do tal decreto. Aí descobrimos para que serve ocavalo do Estadão: para ajudar a escrever editoriais com coices.

Exorcistas de papel

Em momento algum o Editorialíssimo Jornal, do alto de sua cavalgadura, abandona a posturaautoritária e de tutela da opinião pública. Jamais passou, por baixo das patas de suasferraduras, a ideia de recomendar ao leitor um cuidado básico: o de ler o decreto.

O jornal, como sempre, confia no poder de seu berrante de produzir o efeito manada nos quecompram suas páginas. Espera que simplesmente ruminem sobre o decreto: ‘não li e nãogostei’.

Quem puder ler a norma verá que a mesma restringe-se a dar recomendações àadministração pública federal. Nem Estados, nem Municípios, nem o DF estão obrigados asegui-la.

A Câmara, o Senado e o STF, invocados pelos exorcistas de papel, não têm nada a ver com acoisa e podem permanecer sem sociedade civil, se assim preferirem, no intuito de agradar ojornal.

Sabem qual o grande perigo do decreto? O grande perigo é o de serem criados conselhos ecomissões de políticas públicas; conferências nacionais; ouvidorias; mesas de diálogo; fórunsinterconselhos; audiências públicas; consultas públicas; e ambientes virtuais de participaçãosocial.

Se é disso que o Estadão tem medo, é bom esconder-se debaixo da cama imediatamente,pois, com esse decreto, o bicho vai pegar.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Jornalistas acusam Dilma de implantar ditadura no país pormeio de decreto com 'barbaridades jurídicas'; leia

folhapolitica.org /2014/05/jornalistas-acusam-dilma-de-implantar.html

O editorial de hoje do jornal O Estadode S. Paulo acusou a presidenteDilma de deteriorar a democracia e"reprisar o engodo totalitário,vendendo um mundo romântico, masentregando o mais frio e cinzento dosmundos, onde uns poucos pretendem

dominar muitos" por meio de decretodatado de 23 de maio. Ademais, ocolunista Reinaldo Azevedo, de Veja eda Folha de S. Paulo, publicou críticaalinhada.Leia abaixo e manifeste sua opinião arespeito:

Editorial - O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu daAssembleia Constituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante asmanifestações de junho passado e que felizmente nem chegou a sair do casulo - e agoratenta por decreto mudar a ordem constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014,que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional deParticipação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa

soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Narealidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para imporvelhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membrosdesse partido entendem que deva ser uma democracia.A fórmula não é muito original. Odecreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participe diretamente em "todos osórgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nasagências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas

de diálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participaçãosocial como método de governo". Ora, a participação social numa democraciarepresentativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamenteeleitos. O que se vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistemarepresentativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, pordecreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".Não se trata de um atoingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova forma de fazer

democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suaspalavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere oprincípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar quealguns determinados cidadãos, aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia,sejam mais ouvidos.

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A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento dopoder político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto.Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o

Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".O grande desafio dademocracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é darvoz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau deconscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação quepor decreto a presidente Dilma Rousseff pretende instituir, ao criar canais específicos paraque uns sejam mais ouvidos do que outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, quetrabalha a semana inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências,

comissões, conselhos e mesas de diálogo?Ao longo do decreto fica explícito o sofismaque o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura manifestação dademocracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalização do poder, háa institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto aorigem do poder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimadospelas urnas, inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus

amigos precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seriademocrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por decreto.Querem reprisaro engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é maisum ato inconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenaso STF, para declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminarem toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

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Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe! (ReinaldoAzevedo)Atenção, leitores!Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados,

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solapados, diminuídos. A menos que você seja um membro do MTST, do MST, de umadessas siglas que optaram pela truculência como forma de expressão política.Demansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadurapetista por decreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que criauma tal “Política Nacional de Participação Social” e um certo “Sistema Nacional deParticipação Social”. O Estadão escreve nesta quinta um excelente editorial a respeito.

Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta o fundamento daigualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e cria umacategoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de“movimentos sociais”.O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar,define o que é “sociedade civil” em vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça,a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociaisinstitucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.Pronto!

Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, pornatureza, não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos osórgãos da administração pública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, comrepresentantes dessa tal sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que ogoverno de turno decidir que é… sociedade civilTodos os órgãos da gestão pública,incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos aos tais movimentossociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei a suaparticipação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem

ou percam as eleições.Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação”é, na verdade, um sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aquelesque participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que nãoparticipam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm direito departicipar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico.A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a

forma da democracia representativa: por meio de eleições livres, que escolhem oParlamento. O que Dilma está fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria derepresentação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que buscacorroer por dentro o regime democrático.O PT está tentando consolidar um comissariado àmoda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um escândalo se a Ordem dosAdvogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa excrescência. Com essedecreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O texto segue o

melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador eNicarágua. Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas,pela via aparentemente legal.Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-lapor decreto.

General pede que Dilma dê explicações sobre atentado a bomba que matou Kozel Filho em 1968Senador Mário Couto defende o impeachment da presidente Dilma; assistaPetição pedindo impeachment de Dilma ultrapassa 375 mil assinaturas

Mesmo prometendo mais dinheiro, Dilma é vaiada em três momentos na Expozebu e malconsegue falar; veja o vídeoEditorial do 'Financial Times' ridiculariza DilmaEconomista dinamarquês 'detona' Dilma e o Brasil: 'Campeão mundial em fracassos'

Lígia Ferreira

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Altamiro Borges: O Globo, que apoiou a ditadura militar,agora defende democracia sem povo

viomundo.com.br /denuncias/altamiro-borges-o-globo-que-apoiou-a-ditadura-militar-agora-defende-democracia-sem-povo.html

O Globo tem medo da democracia

Por Altamiro Borges, em seu blog

Na quinta-feira (26), a presidenta DilmaRousseff assinou decreto que tornaobrigatória a realização de consultaspúblicas para ouvir a sociedade sobretemas decisivos para os rumos do país. Amedida, que faz parte da intitulada “PolíticaNacional de Participação Social (PNPS)”, é

um passo importante para ampliar osmecanismos de democracia participativa noBrasil.

De imediato, a oposição direitista rechaçou a iniciativa. Coube, porém, ao jornal O Globo – o mesmo queapoiou o golpe militar e a sanguinária ditadura – a crítica mais raivosa à medida democratizante. Em

editorial publicado neste sábado, o diário afirma, na maior caradura, que o “decreto agride a democraciarepresentativa”.

O decreto prevê várias formas de participação política da sociedade: conselhos, conferências,audiências, ouvidorias, fóruns, mesas de diálogo, comissões especiais, ambientes virtuais e consultas

públicas.

Ele fixa que todos os “órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta” realizemconsultas visando “consolidar a participação social como método de governo” e aprimorar “a relação dogoverno com a sociedade”. Pelo decreto, caberá à Secretaria-Geral da Presidência da República

orientar a implantação da PNPS.

Ele garante que todo cidadão poderá participar desses formatos de diálogos, “além de movimentossociais, institucionalizados e não institucionalizados”.

Temendo a participação popular, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, já anunciou queirá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto.

Para o representante da direita oligárquica, o projeto do governo “é um eufemismo para o aparelhamento

ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo…É umainvasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País”.

No mesmo rumo, o deputado Ronaldo Caiado, o famoso ruralista do DEM, esbravejou que “o PT age nosentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela”.

Dos demos não se poderia esperar outra reação. Originários da Arena, o partido da ditadura, eles semprerejeitaram qualquer mecanismo de participação popular. Como expressão da velha oligarquia, queexplora trabalho escravo e contrata jagunços, o DEM nem precisa disfarçar sua postura autoritária, meiofascistóide.

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Já no caso do jornal O Globo, o editorial hidrófobo serve novamente para tirar a sua máscara. Aosatanizar o decreto número 8.243, que cria a PNPS, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir dedefensor da democracia representativa – logo ele que apoiou o golpe de 1964, a cassação de deputadose o fechamento do Congresso Nacional durante a ditadura militar.

“A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bemcomo a independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo. A desmontagem do regimerepresentativo costuma começar pela criação de mecanismos de ‘democracia direta’, para reduzir o pesodo Congresso na condução do país”, afirma no maior cinismo.

Para ele, o objetivo do decreto “é subtrair espaço do Legislativo por meio de comissões, conselhos,ouvidorias, mesas de diálogo, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas junto àadministração direta e até estatais, sempre em nome da participação social” e equivale a “um golpe deEstado na base da canetada”.

“O sentido autoritário do decreto denuncia a sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas queengendraram a ‘assembleia constituinte exclusiva’ a fim de fazer a reforma política – atalho para semudar a Constituição ao bel-prazer de minorias militantes -, surge das mesmas cabeças que tentaramcontrolar o conteúdo da produção audiovisual do país via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistasprofissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma origem dos idealizadores da ‘regulaçãoda mídia’… O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso e levado ao Supremo peloMinistério Público e/ou instituições da sociedade”, alerta o jornalão.

Só pela reação e desesperada de O Globo já dá para afirmar que o decreto que cria o PNPS representaum avanço para a democracia brasileira e merece urgente apoio das forças progressistas.

Leia também:

Lula à CartaCapital: Mídia foi contra o meu governo e o de Dilma

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Política Nacional de Participação Social e Ouvidoriasifb.edu.br /reitoria/reitoria/noticiasreitoria/6800-politica-nacional-de-participacao-social-e-ouvidorias

Portal do Governo Brasileiro

DetalhesPublicado em Terça, 27 Maio 2014 19:31

Celebramos no dia de hoje a edição do Decreto Nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS. Nos termos desse regulamento, construído a muitas mãos, asouvidorias públicas federais assumem, definitivamente, enorme responsabilidade na consecução doEstado Democrático de Direito: daqui em diante, somos “instância de controle e participação socialresponsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos àspolíticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramentoda gestão pública”. Assim, alcançamos um nível de institucionalidade que nos permite, de imediato, atuarde forma integrada e proativa.

Vale destacar que, em seu art. 13, o Decreto confere à Ouvidoria Geral da União da Controladoria-Geralda União o dever de editar diretrizes destinadas a harmonizar nossa atuação como instâncias integrantesdo Sistema de Participação Social (ao lado dos Conselhos, das Comissões e das ConferênciasNacionais), o que, por si só, propicia de imediato o funcionamento articulado, coordenado e sistêmico detodas as ouvidorias federais.

Contudo, se há motivos de sobra para comemorar essa conquista histórica, convém reafirmar que oprocesso de fortalecimento institucional da nossa ouvidoria passa pela ação imediata dos nossos (as)dirigentes no que diz respeito ao atendimento às demandas encaminhadas pela ouvidoria dentro dosprazos estabelecidos pelo nosso regimento interno.

Já foi encaminhada uma proposta de “Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo federal” à Casa Civil ejá conta com a aprovação da Secretaria Geral da Presidência da República. Nossa avaliação (realista) éque falta muito pouco, pois nosso longo e consistente processo de elaboração fez prevalecer apenas osmelhores argumentos: superamos nossos conflitos mais difíceis e alcançamos significativo consenso.

Agora é demonstrar nossa unidade e nosso compromisso com o processo democrático e, sobretudo, comas pessoas que precisam de nós.

Cleide Lemes da Silva CruzOUVIDORA/IFB

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Política Nacional de Participação SocialAdicione uma descrição a este tópico.

Afinal, o que é esse tal Decreto 8.243?

-se de uma nova política pública, “ a Política Nacional de Participação Social ”, que possui “ oobjetivo de fortalecer... de Participação Social ”. “Mecanismos de participação social” Ok,

então: há uma política que visa a aproximar estado... justamente abrir espaço para aparticipação política de tais movimentos e “coletivos”. O “cidadão” em nada é beneficiado...

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014 Institui a Política Nacional de ParticipaçãoSocial - PNPS e o Sistema Nacional..., inciso I , e no art. 17 da Lei nº 10.683 , de 28 de maiode 2003, DECRETA: Art. 1º Fica instituída a Política Nacional... de participação social jáinstituídos no âmbito do governo federal. Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS: I...

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Governo lança Política Nacional de Participação Social

da Política Nacional de Participação Social e entrega da 5ª edição do Prêmio ODMBrasil, às 10h, no Centro... Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília (DF). APolítica Nacional de Participação ...

Notícia Política • Partido dos Trabalhadores - São Paulo • 03/05/2014

Dilma lança em Brasília política nacional de participação social

de lançamento da Política Nacional de Participação Social e entrega da 5ª edição doPrêmio ODM Brasil,... de queixas de vários segmentos da sociedade por maisrepresentatividade no sistema político ...

Notícia Política • Valor Online • 23/05/2014

Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014

Presidência da Republica

JusBrasil - Tópicos01 de junho de 2014

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e mais 8 tópicosPolítica Nacional de Participação Social Política

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Institui a Política Nacional de Participação Social - ...

promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas eprogramas de governo... de participação social. Art. 7º O Sistema Nacional deParticipação Social - SNPS, ...

Dilma: Celebrar o dialogo e participação social significa celebrar a democracia

A presidenta Dilma Rousseff assinou o decreto que institui a Política Nacional deParticipação Social e entregou... não haverá reforma política se não tiver nesseprocesso participação social destacou.... ...

Notícia Política • Partido dos Trabalhadores - São Paulo • 03/05/2014

Dilma defende mais participação social em reforma

popular", afirmou, durante a cerimônia de lançamento da Política Nacional deParticipação Social. A presidente também recebeu... implementar a política nacional departicipação social, o portal ...

Notícia Jurídica • Estadão • 23/05/2014

Servidores interrompem Dilma e pedem negociação salarial

durante o lançamento da Política Nacional de Participação Social, na qual ela recebeu o5º... Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento doMilênio (ODM) e entrega da 5ª... edição do Prêmio ...

Notícia Jurídica • Estadão • 23/05/2014

CGU participa da 5ª Feira ONG Brasil

uma Roda de Conversa sobre Lei de Acesso à Informação (LAI), Ouvidorias e PolíticaNacional... de Participação Social. A atividade acontece das 17h às 19h, em estandelocalizado na zona central da Feira....A ...

Notícia Jurídica • Controladoria-Geral da União • 26/11/2013

Marco da Internet é adequado para debate, diz Dilma

do Milênio (ODM) e a Política Nacional de Participação Social. A presidente cobrou maisengajamento... aprovado pelo Congresso Nacional e já sancionado por ela. Dilma afirmouque a legislação da rede... dos que ...

Notícia Jurídica • Estadão • 23/05/2014

Governo institui Política de Participação Social

nesta segunda-feira decreto publicado no Diário Oficial que institui a Política Nacional deParticipação Social - PNPS,... à reforma política. "Não haverá reforma política se nãotiver nesse processo ...

Notícia Jurídica • Estadão • 26/05/2014

Consultas públicas sobre participação social seguem abertas até sexta-feira

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sexta-feira (6) as consultas públicas Compromisso Nacional pela Participação Social ePolítica... grupo de trabalho para construção do Sistema e da Política Nacional deParticipação Social, ...

Notícia Política • Governo do Estado da Bahia • 02/09/2013

Mais 163.073 resultados para "Política Nacional de Participação Social" na buscaJusBrasil.

Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/27442980/politica-nacional-de-participacao-social

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Afinal, o que é esse tal Decreto 8.243?rafaelcosta.jusbrasil.com.br /artigos/121548022/afinal-o-que-e-esse-tal-decreto-8243

Texto do Erick Vizolli publicado no Liberzone. Vale a leitura para quem quiser entender a razão de tantosestarem tão preocupados com as implicações desse decreto para a democracia brasileira.

“Been away so long I hardly knew the place / Gee, it’s good to be back home! /Leave it tilltomorrow to unpack my case / Honey, disconnect the phone! / I’m back in the USSR!” (TheBeatles – Back in the USSR)

Introdução

O maior problema do estado é que, tal qual um paciente de hospício, ele acredita possuir superpoderes,podendo violar as regras da natureza como bem entender. Dois exemplos bem conhecidos pelos liberais:

ele considera ser capaz de ler mentes de milhares de pessoas ao mesmo tempo com uma precisãoincrível e ter uma superinteligência capaz de fazer milhões de cálculos econômicos por segundo. Umroteirista de história em quadrinhos não faria melhor.

O estado brasileiro, no entanto, não está satisfeito com seus delírios atuais, e pretende aumentar oespectro dos seus poderes sobrenaturais para dois campos que a Física considera praticamente

inalcançáveis. E parece estar conseguindo: a partir de 26/05/2014, viagem no tempo e teletransportepassaram a ser oferecidos de graça a todo e qualquer cidadão brasileiro.

Obviamente, a tecnologia está nos seus primórdios e ainda tem suas limitações, de tal modo que você,pretenso candidato a Marty McFly, pode escolher apenas um destino para suas aventuras: a Rússia de

abril de 1917. Em compensação, prepare-se: graças ao estado brasileiro, você está prestes a enfrentar aexperiência soviética em todo o seu esplendor.

A “máquina do tempo” que nos leva de volta a 1917 tem um nome no mínimo inusitado: chama-se

Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014. Aqui a denominaremos apenas de “Decreto 8.243”, ou“Decreto”.

Este artigo se destina a investigar o seu funcionamento – ou, mais especificamente, quais as

modificações que esse decreto introduz na administração pública. Também farei algumas brevesconsiderações a respeito da analogia que se pode fazer entre o modelo por ele instituído e aquele quelevou à instauração do socialismo na Rússia: trata-se, no entanto, apenas de uma introdução ao tema,que, pela importância que tem, com certeza ainda gerará discussões muito mais aprofundadas.

O Decreto 8.243/2014

Chamado por um editorial do Estadão de “um conjunto de barbaridades jurídicas” e por Reinaldo

Azevedo de “a instalação da ditadura petista por decreto”, o Decreto 8.243/2014 foi editado pelaPresidência da república em 23/05/14, tendo sido publicado no Diário Oficial no dia 26 e entrado em vigorna mesma data.

Entender qual o real significado do Decreto exige ler pacientemente todo o seu texto, tarefa relativamenteingrata. Como todo bom decreto governamental, trata-se de um emaranhado de regras cuja formulação

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chega a ser medonha de tão vaga, sendo complicado interpretá-lo sistematicamente e de uma formacoerente. Tentarei, aqui, fazê-lo da forma mais didática possível, sempre considerando que grande partedo público leitor dessa página não é especialista na área jurídica (a propósito: que sorte a de vocês.).

Iniciemos do início, pois. Como o nome diz, trata-se de um “decreto”. “Decreto”, no mundo jurídico, é o

nome que se dá a uma ordem emanada de uma autoridade – geralmente do Poder Executivo – que tempor objetivo dar detalhes a respeito do cumprimento de uma lei. Um decreto se limita a isso – detalharuma lei já existente, ou, em latinório jurídico, ser “secundum legem”. Ao elaborá-lo, a autoridade não podeir contra uma lei (“contra legem”) ou criar uma lei nova (“præter legem”). Se isso ocorrer, o PoderExecutivo estará legislando por conta própria, o que é o exato conceito de “ditadura”. Ou seja: um decretoemitido em contrariedade a uma lei já existente deve ser considerado um ato ditatorial.

É exatamente esse o caso do Decreto 8.243/2014. Logo no início, vemos que ele teria sido emitido combase no "art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, inciso I,e no art. 17 da Lei nº 10.683”. Traduzindo para o português, tratam-se de alguns artigos relacionados àorganização da administração pública, dentre os quais o mais importante é o art. 84, VI da Constituição –o qual estabelece que o Presidente pode emitir decretos sobre a “organização e funcionamento da

administração federal, quando

não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos”.

Guarde essa última frase. Como veremos adiante, o que o Decreto 8.243 faz, na prática, é integrar àAdministração Pública vários órgãos novos – às vezes implícita, às vezes explicitamente –, algo que éconstitucionalmente vedado ao Presidente da República. Portanto, logo de cara percebe-se que se tratade algo inconstitucional – o Executivo está criando órgãos públicos mesmo sendo proibido a fazer talcoisa.

Os absurdos jurídicos, contudo, não param por aí.

A “sociedade civil”

Analisemos o texto do Decreto, para entender quais exatamente as modificações que ele introduz nosistema governamental brasileiro.

Em princípio, e para quem não está acostumado com a linguagem de textos legais, a coisa toda parecede uma inocência singular. Seu art. 1º esclarece tratar-se de uma nova política pública, “a PolíticaNacional de Participação Social”, que possui “o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e asinstâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e asociedade civil”. Ou seja: tratar-se-ia apenas de uma singela tentativa de aproximar a “administraçãopública federal” – leia-se, o estado – da “sociedade civil”.

O problema começa exatamente nesse ponto, ou seja, na expressão “sociedade civil”. Quando usadoem linguagem corrente, não se trata de um termo de definição unívoca: prova disso é que sobre ele já sedebruçaram inúmeros pensadores desde o século XVIII. Tais variações não são o tema deste artigo, mas,para quem se interessar, sugiro sobre o assunto a leitura deste texto de Roberto Campos, ainda

atualíssimo.

Para o Decreto, contudo, “sociedade civil” tem um sentido bem determinado, exposto em seu art. 2º, I:dá-se esse nome aos “cidadãos, coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações”.

Muita atenção a esse ponto, que é de extrema importância. O Decreto tem um conceito preciso daquilo

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que é considerado como “sociedade civil”. Dela fazem parte não só o “cidadão” – eu e você, comopessoas físicas – mas também “coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações”. Ou seja: todos aqueles que promovemmanifestações, quebra-quebras, passeatas, protestos, e saem por aí reivindicando terra, “direitos”trabalhistas, passe livre, saúde e educação – MST, MTST, MPL, CUT, UNE, sindicatos… Pior: há umabrecha que permite a participação de movimentos “não institucionalizados” – conceito que, na prática,

pode abranger absolutamente qualquer coisa.

Em resumo: “sociedade civil”, para o Decreto, significa “movimentos sociais”. Aqueles mesmos que, comotodos sabemos, são controlados pelos partidos de esquerda – em especial, pelo próprio PT. Não seenganem: a intenção do Decreto 8.243 é justamente abrir espaço para a participação política de taismovimentos e “coletivos”. O “cidadão” em nada é beneficiado – em primeiro lugar, porque já tem e

sempre teve direito de petição aos órgãos públicos - art. 5º, XXXIV, “a” da Constituição -; em segundolugar, porque o Decreto não traz nenhuma disposição a respeito da sua “participação popular” – aliás, apalavra “cidadão” nem é citada no restante do texto, excetuando-se um princípio extremamente genéricono art. 3º.

Podemos, então, reescrever o texto do art. 1º usando a própria definição legal: o Decreto, na verdade,tem “o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e aatuação conjunta entre a administração pública federal e os movimentos sociais”.

Compreender o significado de “sociedade civil” no contexto do Decreto é essencial para se interpretar o

resto do seu texto. Basta notar que a expressão é repetida 24 (vinte e quatro!) vezes ao longo do restantedo texto, que se destina a detalhar os instrumentos a serem utilizados na tal “Política Nacional deParticipação Social”.

“Mecanismos de participação social”

Ok, então: há uma política que visa a aproximar estado e “movimentos sociais”. Mas no que exatamenteela consiste? Para responder a essa questão, comecemos pelo art. 5º, segundo o qual “os órgãos eentidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadas as especificidades de

cada caso,

considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstos neste Decreto, para aformulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticas públicas”.

Traduzindo o juridiquês: a partir de agora, todos os “os órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta” (ou seja, tudo o que se relaciona com o governo federal: gabinete daPresidência, ministérios, universidades públicas…) deverão formular seus programas em atenção ao queos tais “

mecanismos de participação social” demandarem. Na prática, o Decreto obriga órgãos da administraçãodireta e indireta a ter a participação desses “mecanismos”. Uma decisão de qualquer um deles só setorna legítima quando houver essa consulta – do contrário, será juridicamente inválida. E, como informamos parágrafos do art. 5º, essa participação deverá ser constantemente controlada, a partir de “relatórios” e“avaliações”.

Os “mecanismos de participação social” são apresentados no art. 2º e no art. 6º, que fornecem uma listacom nove exemplos: conselhos e comissões de políticas públicas, conferências nacionais, ouvidoriasfederais, mesas de diálogo, fóruns interconselhos, audiências e consultas públicas e “ambientes virtuaisde participação social” (pelo visto, nossos amigos da MAV-PT acabam de ganhar mais uma função…).

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A rigor, todas essas figuras não representam nada de novo, pois já existem no direito brasileiro. Para ficarem alguns exemplos: “audiências públicas” são realizadas a todo momento, a expressão “conferêncianacional” retorna 2.500.000 hits no Google e há vários exemplos já operantes de “conselhos de políticaspúblicas”, como informa este breve relatório da Câmara dos Deputados sobre o tema. Qual seria oproblema, então?

A questão está, novamente, nos detalhes. Grande parte do restante do Decreto – mais especificamente,os arts. 10 a 18 – destinam-se a dar diretrizes, até hoje inexistentes (ao menos de uma formasistemática), a respeito do funcionamento desses órgãos de participação. E nessas diretrizes mora ogrande problema. Uma rápida leitura dos artigos que acabei de mencionar revela que várias delas estãoimpregnadas de mecanismos que, na prática, têm o objetivo de inserir os “movimentos sociais” a que mereferi acima na máquina administrativa brasileira.

Vamos dar um exemplo, analisando o art. 10, que disciplina os “conselhos de políticas públicas”. Em seusincisos, estão presentes várias disposições que condicionam sua atividade à da “sociedade civil” –leia-se, aos “movimentos sociais”, como demonstrado acima. Por exemplo: o inciso I determina que osrepresentantes de tais conselhos devem ser “eleitos ou indicados pela sociedade civil”, o inciso II, que

suas atribuições serão definidas “com consulta prévia à sociedade civil”. E assim por diante. Essasbrechas estão espalhadas ao longo do texto do Decreto, e, na prática, permitem que “coletivos,movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”imiscuam-se na própria Administração Pública.

O art. 19, por sua vez, cria um órgão administrativo novo (lembram do que falei sobre ainconstitucionalidade, lá em cima?): “a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instânciacolegiada interministerial responsável pela coordenação e

encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelo monitoramento de suas respostas”. Ou seja:uma bancada pública feita sob medida para atender “pautas dos movimentos sociais”, feito balcão de

padaria. Para quem duvidava das reais intenções do Decreto, está aí uma prova: esse artigo sequer temo pudor de mencionar a “sociedade civil”. Aqui já é MST, MPL e similares mesmo, sem intermediários.

Enfim, para resumir tudo o que foi dito até aqui: com o Decreto 8.243/2014,

(i) os “movimentos sociais” passam a controlar determinados “mecanismos de participação social”; (ii)toda a Administração Pública passa a ser obrigada a considerar tais “mecanismos” na formulação desuas políticas. Isto é: o MST passa a dever ser ouvido na formulação de políticas agrárias; o MPL, na detransporte; aquele sindicato que tinge a cidade de vermelho de quando em quando passa a opinar sobreleis trabalhistas. “Coletivos, movimentos sociais, suas redes e suas organizações” se inserem no sistema

político, tornando-se órgãos de consulta: na prática, uma extensão do Legislativo.

“Back in the U. S. S. R.”!

Esse sistema de “poder paralelo” não é inédito na História – e entender as experiências pretéritas é umaexcelente maneira de se compreender o que significam as atuais. É isso que, como antecipei no início dotexto, nos leva de volta a 1917 e aos “sovietes” da Revolução Russa, possivelmente o exemplo maisconhecido e óbvio desse tipo de organização. Se é verdade que “aqueles que não podem lembrar opassado estão condenados a repeti-lo”, como diz o clássico aforismo de George Santayana, é essencial

voltar os olhos para o passado e entender o que de fato se passou quando um modelo de organizaçãosocial idêntico ao instituído pelo Decreto 8.243/2014 foi adotado.

Essa análise nos leva ao momento imediatamente posterior à Revolução de Fevereiro, que derrubouNicolau II. O clima de anarquia gerado após a abdicação do czar levou à formação de um Governo

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Provisório inicialmente desorganizado e pouco coeso, incapaz de governar qualquer coisa que fosse.

Paralelamente, formou-se na capital russa (Petrogrado) um conselho de trabalhadores – na verdade, umarepetição de experiências históricas anteriores similares, que na Rússia remontavam já à Revolução de1905. Tal conselho – o Soviete de Petrogrado – consistia de “deputados” escolhidos aleatoriamente nas

fábricas e quarteis. Em 15 dias de existência, o soviete conseguiu reunir mais de três mil membros, cujassessões eram realizadas de forma caótica – na realidade, as decisões eram tomadas pelo seu comitêexecutivo, conhecido como Ispolkom. Nada diferente de um MST, por exemplo.

A ampla influência que o Soviete possuía sobre os trabalhadores fez com que os representantes do

Governo Provisório se reunissem com seus representantes (1º-2 de março de 1917) em busca de apoio àformação de um novo gabinete. Isto é: o Governo Provisório foi buscar sua legitimação junto aossovietes, ciente de que, sem esse apoio, jamais conseguiria firmar qualquer autoridade que fosse juntoaos trabalhadores industriais e soldados. O resultado dessas negociações foi o surgimento de um regimede “poder dual” (dvoevlastie), que imperaria na Rússia de março/1917 até a Revolução de Outubro:nesse sistema, embora o Governo Provisório ocupasse o poder nominal, este na prática não passava deuma permissão dos sovietes, que detinham a influência majoritária sobre setores fundamentais da

população russa. A Revolução de Outubro, que consolidou o socialismo no país, foi simplesmente apassagem de “todo o poder aos sovietes!” (“vsia vlast’ sovetam!”) – um poder que, na prática, eles jádetinham.

Antes mesmo do Decreto 8.243, o modelo soviético já antecipava de forma clara o fenômeno dos

“movimentos sociais” que ocorre no Brasil atualmente. Com o Decreto, a similaridade entre os modelosapenas se intensificou.

Em primeiro lugar, e embora tais movimentos clamem ser a representação do “povo”, dos“trabalhadores”, do “proletariado” ou de qualquer outra expressão genérica, suas decisões são tomadas,na realidade, por poucos membros – exatamente como no Ispolkom soviético, a deliberação parte de um

corpo diretor organizado e a aclamação é buscada em um segundo momento, como forma delegitimação. Qualquer assembleia de movimentos de esquerda em universidades é capaz de comprovarisso.

Além disso, a institucionalização de conselhos pelo Decreto 8.243/2014 leva à ascensão política

instantânea de “revolucionários profissionais” – pessoas que dedicam suas vidas inteiras à atividadepartidária, em uma tática já antecipada por Lênin em seu panfleto “Que Fazer?”, de 1902 (capítulo 4c).Explico melhor. Vamos supor por um momento que o Decreto seja um texto bem intencionado, que defato pretenda “inserir a sociedade civil” dentro de decisões políticas (como, aliás, afirma o diretor deParticipação Social da Presidência da Repúblican este artigo d’O Globo). Ora, quem exatamente teriatempo para participar de “conselhos”, “comissões”, “conferências” e “audiências”? Obviamente, não ocidadão comum, que gasta seu dia trabalhando, levando seus filhos para a escola e saindo com os

amigos. Tempo é um fator escasso, e a maioria das pessoas simplesmente não possui horas de sobrapara participar ativamente de decisões políticas – é exatamente por isso que representantes são eleitospara essas situações. Quem são as exceções? Não é difícil saber. Basta passar em qualquer sindicato oudiretório acadêmico: ele estará cheio de “revolucionários profissionais”, cuja atividade política extraoficialacabou de ser legitimada por decreto presidencial.

A questão foi bem resumida por Reinaldo Azevedo, no texto que citei no início deste artigo. Diz oarticulista: “isso que a presidente está chamando de ‘sistema de participação’ é, na verdade, um sistemade tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que participam dos ditos movimentos sociaissão mais cidadãos do que os que não participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias debrasileiros: os que têm direito de participar da vida púbica [sic] e os que não têm. Alguém dirá: ‘Ora, basta

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integrar um movimento social’. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico”.

Exatamente por esses motivos, tal forma de organização confere a extremistas de esquerdapossibilidades de participação política muito mais amplas do que eles teriam em uma lógica democrática

“verdadeira” – na qual ela seria reduzida a praticamente zero. Basta ver que o Partido Bolchevique, queviria a ocupar o poder na Rússia em outubro de 1917, era uma força política praticamente irrelevantedentro do país: sua subida ao poder se deve, em grande parte, à influência que exercia sobre os demaispartidos socialistas (mencheviques e socialistas-revolucionários) dentro do sistema dos sovietes. Algoanálogo ocorre no Brasil atual: salvo exceções pontuais, PSOL, PSTU et caterva apresentam resultadospífios nas eleições, mas por meio da ação de “movimentos sociais” conseguem inserir as suas pautas nadiscussão política. As manifestações pelo “passe livre” – uma reivindicação extremamente minoritária,

mas que após um quebra-quebra nacional ocupou grande parte da discussão política em junho/julho de2013 – são um exemplo evidente disso.

O sistema introduzido pelo Decreto 8243/2014 apenas incentiva esse tipo de ação. O Legislativo “oficial”– aquele que contém representantes da sociedade eleitos voto a voto, representando proporcionalmente

diversos setores – perde, de uma hora para outra, grande parte de seu poder. Decisões estatais sópassam a valer quando legitimadas por órgãos paralelos, para os quais ninguém votou ou deu suapalavra de aprovação – e cujo único “mérito” é o fato de estarem alinhados com a ideologia do partidoque ocupa o Executivo.

Pior: a administração pública é engessada, estagnada. Não no sentido definido no artigo d’O Globo quelinkei acima (demora na tomada de decisões), mas em outro: os cargos decisórios desse “poderLegislativo paralelo” passam a ser ocupados sempre pelas mesmas pessoas. Suponhamos, em umesforço muito grande de imaginação, que o PT perca as eleições presidenciais de 2018 e seja substituídopor, digamos, Levy Fidelix e sua turma. Com a reforma promovida pelo Decreto 8.243/2014 e a ocupaçãode espaços de deliberação por órgãos não eletivos, seria impossível ao novo presidente implantar suaspolíticas aerotrênicas: toda decisão administrativa que ele viesse a tomar teria que, obrigatoriamente,

passar pelo crivo de conselhos, comissões e conferências que não são eleitos por ninguém, não renovamseus quadros periodicamente e não têm transparência alguma. Ou seja: ainda que o titular do governovenha a mudar, esses órgãos (e, mais importante, os indivíduos a eles relacionados) permanecem dentroda máquina administrativa ad eternum, consolidando cada vez mais seu poder.

Conclusão

O Decreto 8.243/2014 é, possivelmente, o passo mais ousado já tomado pelo PT na consecução do“socialismo democrático” – aquele sistema no qual você está autorizado a expressar a opinião que quiser,

desde que alinhada com o marxismo. Sua real intenção é criar um “lado B” do Legislativo, não sódeslegitimando as instituições já existentes como também criando um meio de “acesso facilitado” demovimentos sociais à política.

Boa parte dos leitores dessa página podem estar se perguntando: “e daí?”. Afinal, sabemos que a

democracia representativa é um sistema imperfeito: suas falhas já foram expostas por um númeroenorme de autores, de Tocqueville a Hans-Hermann Hoppe. É verdade.

No entanto, a democracia representativa ainda é “menos pior” do que a alternativa que se propõe. Umsistema onde setores opostos da sociedade se digladiam em uma arena política, embora tendanecessariamente a favorecimentos, corrupção e má aplicação de recursos, ainda possui certo “controle”

interno: leis e decisões administrativas que favoreçam demais a determinados grupos ou restrinjamdemasiadamente os direitos de outros em geral tendem a ser rechaçadas. Isso de forma alguma ocorre

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em um sistema onde decisões oficiais são tomadas e “supervisionadas” por órgãos cujo únicocompromisso é o ideológico, como o que o Decreto 8.243/2014 tenta implementar.

Esse segundo caso, na verdade, nada mais é do que uma pisada funda no acelerador na autoestradapara a servidão.

Autor: Erick Vizolli em Liberzone.

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Jurista diz que obrigar órgãos a ter estruturas para ouvirsociedade engessa governo e é um exagero

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BRASÍLIA - Num ano eleitoral, a presidente Dilma Rousseff editou decreto que obriga os órgãos dogoverno a promover consultas populares sobre grandes temas, antes de definir a política a ser adotada eanunciada pelo governo. O decreto 8243/2014 cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) ediz que o objetivo é “consolidar a participação social como método de governo”. A decisão provocoupolêmica e foi recebida com críticas por juristas e parlamentares.

Na prática, a proposta obriga órgãos da administração direta e indireta a criar estruturas a título departicipação social, como “conselho de políticas públicas” e “comissão de políticas públicas”. Até mesmoas agências reguladoras terão que cumprir as novas regras. De acordo com o texto, os órgãos serãoobrigados a considerar esses colegiados durante “a formulação, a execução, o monitoramento e aavaliação de seus programas e políticas públicas”. Na prática, ministérios e demais órgãos serãoobrigados a criar conselhos, realizar conferências ou mesmo promover mesas de diálogo. Esse tipo de

mecanismo pode engessar ainda mais o governo. Os órgãos terão que promover relatórios anuais paramostrar que estão cumprindo a determinação e prestar contas.

A decisão da presidente Dilma de tentar criar um modelo de participação social via decreto foi vista comoum exagero, passando por cima inclusive da Constituição. Para o jurista Carlos Velloso, ex-presidente do

Supremo Tribunal Federal, há risco de enfraquecimento do Poder Legislativo como fórum derepresentação da sociedade e de discussão de grandes temas, além do engessamento das decisões dogoverno. Um tema polêmico pode demorar devido à exigência de se ouvir diversos representantes dasociedade, por exemplo.

— Isso é um exagero. E utilizar decreto é exagero demais. Acredito que essa discussão só poderia serfeita por lei, ou até por meio da Constituição. A Constituição estabelece os casos em que pode haverconsulta popular. E isso acaba deixando o Legislativo no corner — disse Velloso.

O deputado Miro Teixeira (PROS-RJ) considera que a medida pode “travar a administração pública”:

— Em geral, esses conselhos populares não são populares, porque são nomeados pelos governantes.Em tempos de dificuldades, é que surgem essas ações (nos governos).

O diretor de Participação Social da Secretaria Geral da Presidência, Pedro Pontual, defende o decreto erebate críticas de que as normas possam engessar o governo ou mesmo tenham viés esquerdista. Eledisse que esse tipo de consulta já é utilizada, por meio das conferências. Ele citou as discussões doPlano Brasil Sem Miséria, alegando que elas não “atrasaram” o lançamento do programa:

— A Constituição garante o direito do cidadão de participar. O que o governo quer é que a participaçãosocial vire um método de governo. As políticas públicas que passam pelo processo social saem dogoverno com mais qualidade. Todas as políticas deverão ter alguma interlocução com a sociedade.

Questionado sobre as críticas de que o governo se baseia em práticas do governo do presidentevenezuelano Hugo Chávez, ele reagiu:

— Isso não engessa o governo e não tem nada a ver (com política chavista). É a institucionalidade dademocracia, é uma relação de soma.

Próxima Ameaças levaram Barbosa a antecipar aposentadoria

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Anterior Parlamentares pedem possibilidade de recursos em decisões de turmas do STF

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Golpe petista: Dilma extinguiu democracia por decreto nestasemana!

blog.jornalpequeno.com.br /linhares/2014/05/30/golpe-petista-dilma-extinguiu-democracia-por-decreto-nesta-semana

Abaixo seguem trechos de um editorial de O Estadão e de um texto do jornalista Reinaldo Azevedo sobre

o que deve ser visto como o maior ataque ao regime democrático brasileiro desde o Golpe de 1964.

DILMA DECIDIU EXTINGUIR A DEMOCRACIA POR DECRETO – REINALDO AZEVEDO

Atenção, leitores!

Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados, solapados, diminuídos. A menos que vocêseja um membro do MTST, do MST, de uma dessas siglas que optaram pela truculência como forma de

expressão política.

De mansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadura petista pordecreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que cria uma tal “Política Nacionalde Participação Social” e um certo “Sistema Nacional de Participação Social”. O Estadão escreve nesta

quinta um excelente editorial a respeito. Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, queafronta o fundamento da igualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e criauma categoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de “movimentossociais”.

O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar, define o que é “sociedade civil” emvários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça, a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, oscoletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes esuas organizações”.

Pronto! Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, por natureza,não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos os órgãos da administraçãopública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, com representantes dessa tal sociedade civil —que, como já vimos, será tudo aquilo que o governo de turno decidir que é… sociedade civil

Todos os órgãos da gestão pública, incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos

aos tais movimentos sociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei asua participação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem ou percamas eleições.

Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação” é, na verdade, um sistema de tutela.

Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que participam dos ditos movimentos sociais são maiscidadãos do que os que não participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os quetêm direito de participar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partido político.

A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a forma da democraciarepresentativa: por meio de eleições livres, que escolhem o Parlamento. O que Dilma está fazendo, pordecreto, é criar uma outra categoria de representação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se deuma iniciativa que busca corroer por dentro o regime democrático.

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O PT está tentando consolidar um comissariado à moda soviética. Trata-se de um golpe institucional.Será um escândalo se a Ordem dos Advogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essaexcrescência. Com esse decreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O textosegue o melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador e Nicarágua.Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas, pela via aparentementelegal.

Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-la por decreto.

MUDANÇA DE REGIME – EDITORIAL ESTADÃO

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política – ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo – e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a “sociedade civil” participediretamente em “todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta”, etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de “consolidar a participação social comométodo de governo”. Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a “participação direta”.

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos “burocrática”. O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem – isso sim – um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática (“uma pessoa, um voto”) ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses“movimentos sociais”.

O grande desafio da democracia – e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa –

é dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização.Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os “movimentos sociais” são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direito

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significou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento defazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento – não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº , DE 2014

(Dos Srs. Mendonça Filho e Ronaldo Caiado)

Susta a aplicação do Decreto nº 8.243, de 23 demaio de 2014, que institui a Política Nacional deParticipação Social – PNPS e o Sistema Nacionalde Participação Social – SNPS, e dá outrasprovidências.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º. Nos termos do art. 49, inciso V, da Constituição Federal, fica

sustado o Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de Participação

Social – SNPS, e dá outras providências.

Art. 2º. Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua

publicação.

JUSTIFICATIVA

O Decreto presidencial nº 8.243, de 23 de maio de 2014, institui a

Política Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de

Participação Social – SNPS, e dá outras providências.

Em detida análise da matéria, percebe-se a ostensiva e flagrante

inconstitucionalidade do ato normativo que ora se pretende impugnar.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

O Decreto presidencial corrói as entranhas do regime representativo, um

dos pilares do Estado democrático de direito, adotado legitimamente na

Constituição Federal de 1988.

Vejamos.

No art. 1º, dispõe que “fica instituída a Política Nacional de Participação

Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as

instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração

pública federal e a sociedade civil”. No art. 2º, estabelece o que é sociedade

civil e no art. 3º reconhece a participação social como direito do cidadão e

expressão de sua autonomia e – pasmem – reconhece que se trata da

ampliação dos mecanismos de controle social. No art. 4º, inc. VIII, afirma ser

objetivo da Política incentivar e promover ações e programas de apoio

institucional, formação e qualificação em participação social para agentes

públicos e sociedade civil.

Nesta primeira etapa, resta patente a prevalência do direito à

participação daqueles considerados pelo Governo como sociedade civil ou

movimentos sociais, com incentivo à sua formação. O cidadão comum, não

afeto a este ativismo social, fica relegado ao segundo plano dentro da

organização política prevista no referido Decreto.

O art. 5º determina que “os órgãos e entidades da administração pública

federal direta e indireta deverão, respeitadas as especificidades de cada caso,

considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstos

neste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação

de seus programas e políticas públicas”, sendo que sua implantação será

acompanhada pela Secretaria Geral da Presidência da República.

Neste ponto, cumpre ressaltar os riscos aos quais as políticas públicas

passam a se submeter, ante a necessária oitiva das decisões tomadas no

âmbito do aberrante “sistema de participação social”, de que trata o ato

questionado.

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CÂMARA DOS DEPUTADOSEssas breves linhas retratam de maneira absolutamente clara qual a

intenção da Presidente da República: implodir o regime de democracia

representativa, na medida em que tende a transformar esta Casa em um

autêntico elefante branco, mediante a transferência do debate institucional para

segmentos eventualmente cooptados pelo próprio Governo. O ato em questão

não comporta outra leitura. Especialmente, levando-se em conta que a Carta

da República já disponibiliza os instrumentos que asseguram a participação de

qualquer cidadão brasileiro nas decisões políticas.

Na verdade, sob o manto de se aumentar a participação popular, o que o

Governo faz é restringir esta participação àquele segmento social escolhido de

acordo com a cartilha palaciana, impedindo o acesso amplo e irrestrito de todo

cidadão, garantido, entre outros dispositivos, pelo art. 14 da Carta Magna, que

reza: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal, e pelo voto

direto e secreto, com valor igual para todos e nos termos da lei, mediante: I-

plebiscito; II – referendo; III - iniciativa popular.”.

Ao dar prerrogativas aos movimentos sociais adeptos da ideologia do

grupo político no poder nos últimos doze anos e fomentar a sua ampliação; ao

submeter os órgãos da Administração Pública – incluindo as agências

reguladoras – às decisões tomadas no âmbito do Programa; e ao promover o

controle dos movimentos sociais, a Presidente da República, na verdade, está

criando seu próprio Estado, suas próprias regras, suas classes de cidadãos,

incorporando, assim, a figura de Luis XIV, quando disse: L´Etat c´est moi.

A necessidade de se combater esta insanidade consolidada no Decreto

nº 8.243, de 23 de maio de 2014, também se revela no absurdo cenário que

estamos vivendo no Brasil. Tentativas de controlar a mídia através de

mecanismos de regulação econômica e de conteúdo, o inchaço da máquina

pública (p.ex.40 ministérios!!!), aparelhamento do Estado, através da colocação

de quadros políticos em cargos técnicos chave (como se viu nos recentes

escândalos da Petrobrás), a tentativa de controle do Poder Legislativo, com a

impressionante edição de medidas provisórias e urgências constitucionais etc.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Todos estes aspectos demonstram como se faz urgente e indispensável

o combate a toda e qualquer tentativa de subversão da ordem constitucional

posta, uma vez que a sanha autoritária da Presidente da República apenas

aguarda o instante para se revelar e assumir o seu lugar.

Nesses termos, uma vez demonstrada a exorbitância do ato normativo

ora combatido, solicitamos, com base no art. 49, V, da Constituição da

República, o apoio dos nobres Pares no sentido de sustar a referida norma.

Sala das Sessões, em de de 2014.

MENDONÇA FILHO

Democratas/PE

RONALDO CAIADO

Democratas/GO

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camara.gov.br /proposicoesWeb/prop_imp;jsessionid=A095F4B38DBD1E4F974693C35A8A3DA0.proposicoesWeb2

PDC 1491/2014

Projeto de Decreto Legislativo

Situação:Aguardando Despacho do Presidente da Câmara dos Deputados

Identificação da Proposição

Autor Apresentação

Mendonça Filho - DEM/PE 30/05/2014

Ementa

Susta a aplicação do Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui aPolítica Nacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional de

Participação Social - SNPS, e dá outras providências.

Informações de Tramitação

Forma de apreciação Regime de tramitação

Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário .

Documentos Anexos e Referenciados

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Relatório de conferência deassinaturas

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Redação Final

Tramitação

Data Andamento

30/05/2014 PLENÁRIO (PLEN)

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• Apresentação do Projeto de Decreto Legislativo n. 1491/2014, peloDeputado Mendonça Filho (DEM-PE), que: "Susta a aplicação doDecreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a PolíticaNacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional deParticipação Social - SNPS, e dá outras providências".

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O que fazer diante do decreto ditatorial de Dilma?lucianoayan.com /2014/05/31/o-que-fazer-diante-do-decreto-ditatorial-de-dilma/

By lucianohenrique

Ronaldo Caiado foi incisivo na denúncia contra o

Decreto 8243/2014, de Dilma Rousseff. Veja o queele disse em seu perfil no Facebook:

É golpe do PT!!!

Vendo que vai perder no voto, o PT agoraatua para criar um sistema paralelo de

poder. Por meio de um nome “bonitinho”,Dilma e PT assinaram o Decreto8243/2014, que cria a Política e o SistemaNacionais de Participação Social.

O decreto diz criar conselhos compostos por “cidadãos, coletivos, movimentos sociaisinstitucionalizados” nos órgãos do governo. Mas só tem um detalhe: o próprio governo vaiindicar esses membros desses conselhos. E mais: É o aparelhamento ideológico por meiode movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo.

Isso é uma afronta à ordem constitucional do País. O PT esvazia o poder legislativo etransfere as decisões aos seus “companheiros”. Democracia se dá por meio dos seusrepresentantes eleitos para o Congresso. Uma pessoa, um voto. Não existe cidadão maisimportante que o outro. Agora o petista desses conselhos vai ter mais poder que umcidadão comum? Mais poder que alguém eleito democraticamente pelo povo?

PT quer criar cidadãos de 1ª classe (companheirada) e de 2ª classe (demais brasileiros).Não vamos permitir! O líder [do DEM na Câmara, deputado] Mendonça Filho [PE] e euapresentamos um Projeto de Decreto Legislativo para derrubar esse decretoantidemocrático da presidente Dilma.

Não vamos deixar esse ataque à Constituição e à democracia prosperar. Estamosavaliando acionar o STF. Dilma e o PT querem transformar o Brasil numa Venezuela, ondeChávez criou grupos de poder paralelos, que jogaram o País naquela bagunça, onde asinstituições não são respeitadas.

O PT/Dilma escancarou sua face ditatorial! Fiquem atentos! Aqui não é a Venezuela. Nãovamos admitir uma ditadura.

O blog do Felipe Moura Brasil já deu a dica, lembrando que Ronaldo fez o que Aécio deveria fazer:denunciar o oponente em sua ações mais monstruosas contra a democracia.

Conforme também lembrando pelo blog de Felipe, devemos ler o artigo de Cristiane Jungblut e MônicaGarcia para o Globo:

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BRASÍLIA E RIO – A oposição quer a suspensão do decreto da presidente Dilma Rousseffque obriga os órgãos do governo a promover consultas populares sobre grandes temas,antes de definir as políticas a serem adotadas. Ontem, o líder do DEM na Câmara,Mendonça Filho (PE), apresentou projeto prevendo a revogação do decreto que cria aPolítica Nacional de Participação Social (PNPS). Ele ameaçou colocar seu partido emobstrução e não votar medidas provisórias, na próxima semana, caso Dilma não volte

atrás, ou caso o Congresso não aprove sua proposta, que ele pretende que seja votadacom urgência.

Mendonça Filho, que discutirá a questão na reunião dos líderes partidários da próximasemana, cita a Constituição para defender a revogação do decreto e afirma que é dacompetência do Congresso “sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem

do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.

— Esse decreto da presidente Dilma é uma aberração. É uma desfaçatez o PT e apresidente Dilma chegarem ao nível de passar por cima do Legislativo, caixa de discussãoe ressonância da sociedade. Dilma quer criar um poder paralelo — criticou Mendonça

Filho.

Para ele, os integrantes das novas estruturas serão escolhidos pelo governo, o que já viciatodo o processo.

— Serão os Conselhos dos Amigos do Poder. Quer criar um poder paralelo e ainda criacidadãos de primeira e segunda classe. Para ser ouvido, o cidadão comum tem que estarassociado a uma ONG ou a um sindicato — disse ele.

Mendonça Filho acredita que vai angariar apoio:

— O presidente da Câmara, Henrique Alves, tem sido um guardião das prerrogativas doPoder Legislativo e não vai aceitar isso — disse.

PT diz que ideia é ter diálogo

O PSDB já apoia a proposta do DEM. O líder do partido tucano, deputado AntonioImbassahy (BA), já pediu à sua assessoria para analisar se o decreto não fere a

Constituição.

— Querem estabelecer uma gestão bolivariana no Brasil. Propostas como essa são ummovimento típico de quem perdeu o rumo, como este governo. O PT fez um trabalho paraenfraquecer as instituições. Eles querem controlar os movimentos, mas vêm perdendo

legitimidade — disse Imbassahy, alegando que há uma tentativa de enfraquecer oLegislativo como Casa de representação da sociedade.

O PT reagiu à iniciativa do DEM. O vice-líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE),disse que é preciso manter o decreto presidencial.

— O que a presidente Dilma quer é institucionalizar o diálogo com a sociedade, que nãopode ser feito apenas quando se vai votar um projeto de lei no Congresso. E o DEM não éafeito a esse tipo de coisa — alfinetou Guimarães.

Na prática, o decreto da presidente Dilma obriga órgãos da administração direta e indiretaa criar estruturas de participação social, como o conselho de políticas públicas; a comissãode políticas públicas; a conferência nacional; a ouvidoria pública federal e a mesa de

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diálogo, além de fórum interconselhos; audiência pública; consulta pública; e ambientevirtual de participação social. Alguns desses mecanismos já são usados pelas agênciasreguladoras. Para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), segundo informação daassessoria do órgão, o decreto não traz nenhuma novidade porque os artigos que tratamde audiência pública e consulta pública já são seguidos pela agência. A Aneel entende quequalquer mudança em função do decreto será apenas de nomenclatura. O mesmo

argumento se repete em outras agências, como a Agência Nacional de Aviação Civil(Anac), que também acredita que já cumpre boa parte das normas, e a Agência Nacionalde Transportes Terrestres (ANTT), que garante já abrir espaço para a sociedade.

Uma das críticas ao decreto é que ele pode aumentar a burocracia e levar à maior demorana tomada de decisões. Da base governista, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha

(RJ), disse ter certeza que, se o decreto causar problemas à agilidade do governo, apresidente Dilma vai rever a decisão.

— Vou analisar com cuidado, mas a presidente pode propor conselhos. Se a presidenteachar que o modelo causou lentidão, acredito que ela mesmo acabará voltando atrás —

disse Cunha.

Especialistas divergem

Entre os especialistas, há divergências. O professor de Administração Pública da UnBJosé Matias-Pereira disse que o decreto é uma “atitude arrogante e autoritária” dogoverno. Ele acredita que o PT promove um movimento de enfraquecimento dasinstituições, ao atacar o Poder Judiciário e o Ministério Público, por exemplo. E lembrouque pode haver um aparelhamento, já que o PT e outros partidos controlam as principaisestruturas sociais, como sindicatos:

— A aplicação desse decreto seria um retrocesso para a democracia brasileira. E leva auma sentença de morte ao Poder Legislativo como caixa de ressonância da sociedade.

O jurista Hélio Bicudo, ex-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos,com sede em Washington, tem opinião parecida:

—Esse decreto enfraquece a democracia. Esses conselhos populares não podem terpoder de decisão. Era necessário pensar em aumentar o poder do Executivo e tirar do

Legislativo algumas questões e atribuições, mas não entregá-las a um conselho escolhidoaleatoriamente. Esse decreto só enfraquece o Poder Legislativo e pode até engessardecisões importantes do governo e relevantes para a sociedade.

Já o professor Marco Antonio Teixeira, do Departamento de Gestão Pública (GEP) daEscola de Administração de Empresas da FGV-SP, defendeu as novas normas, alegando

que o atual sistema de representação política está em crise.

—Acredito que essas normas são complementares, e não em substituição ao Legislativo.Não vejo oposição de uma coisa à outra — disse Teixeira.

O jurista Pedro Abramovay também não se opõe ao decreto.

— Esses conselhos ajudarão o povo a exercer sua democracia. Com eles, todas as vozes

serão ouvidas. Esses mecanismos já existem e têm sido importantes para legitimar nossademocracia.

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Jurista e professor emérito da Faculdade de Direito de São Paulo, Dalmo Dallari diz queDilma teve uma boa iniciativa. — A nossa Constituição, em seu artigo 1º, fala exatamentesobre essa democracia participativa. É muito importante essa aproximação do povo com opoder: além de se manifestar e opinar, ele também poderá criticar e propor condiçõesmelhores para toda a sociedade — disse. (Colaborou Mônica Garcia)

No texto acima, vemos o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, apresentar opiniões tão

contundentes quanto às de Caiado. Enquanto isso, do lado do PSDB, só vemos apaziguamentosvergonhosas. Na verdade, do lado dos tucanos, só estamos ouvindo o barulho do grilo até o momento.

Sendo assim, como devemos proceder? A meu ver as seguintes ações são importantes, mas não asúnicas:

Explicar para as pessoas o que são os sovietes e como eles são usados de forma suja portotalitários

1.

Pressionar o PSDB a tomar uma atitude de gente grande2.

Questionar os políticos do PMDB para ver se eles estão de acordo com um decreto que vai darpoder ao PT (mas não aos aliados fisiológicos dele)

3.

Em relação a todos os itens valeria a pena tentar tornar vital o ótimo comentário do Templar Knight napágina Canal da Direita: “Oi, eu sou o PT e quero dar um golpe, sabe o que eu faço?”:

1-Fundo o Foro de São Paulo e juntamente com meus camaradas das FARC, Cuba eVenezuela tramo os passos do socialismo do século XXI.

2-Elejo um símbolo populista como Lula e chego à presidência.

3- Aperfeiçôo um programa que já existia e dou-lhe o nome de Bolsa Família, para garantirvotos vitalícios e a miséria que os sustentam.

4- Uma vez eleito afago o empresariado com o BNDES enquanto causo a ira dasinofensivas esquerdas mais radicais, mas tentando jogar pelos dois lados como manda umGoverno de Transição.

5- Aprovo o Estatuto do Desarmamento, que desarma apenas cidadãos honestos eenfraquece a população civil em geral.

6- Uso o Lula para eleger a Dilma e quando o empresariado já virou um bichinho dócil deestimação afago mais aquelas esquerdas radicais (fingindo para os investidores que eunão sou uma delas)

7- Financio suas arruaças, MST e escória gayzista, abortista, feminista e maconheiros.

8- Assim semeio a discórdia e o caos na população, fazendo-a crer que existe uma

gravíssima opressão social nunca antes vista na mesma (num coletivismo imposto poruma minoria vitimista, ressentida e sem amor-próprio, onde bandido é vítima da sociedade,todos são oprimidos e ninguém é responsável direto pelos seus atos e por suaconsciência), de modo que pareça que as minorias são maioria e o caos seja uma pseudo-justificativa para num breve futuro instaurar uma “Reforma Constituinte”.

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9- Compro e aparelho institutos de pesquisas (IPEA, IBGE etc.) para este fim – caos eagitação social -, distorcendo os resultados das pesquisas (brasileiro é “machista-patriarcal-opressor-piramidal”, claro!).

10- Ainda seguindo os preceitos do meu ídolo Antonio Gramsci, vou doutrinando alunos de

escolas de nível fundamental, médio e superior, familiarizando-os com o conceito de lutade classes e outras farsas marxistas e encorajando a militância de idiotas úteis.

11- Aparelho não só escolas, universidades (quem estuda Mises e Voegelin éridicularizado e não ganha bolsa) e institutos de pesquisa, como aparelho o STF e todo o

judiciário.

12- Continuo comprando a oposição com os mensalões da vida para me perpetuar nopoder até o fim dos tempos, quer dizer, até o Apocalipse do qual sou eu mesmo ocatalisador.

13- Crio o programa mais médicos e escolho médicos, adivinha, de Cuba, e se foremagentes cubanos infiltrados de jaleco ninguém se surpreenderá.

14- Aparelho não só escolas, universidades, institutos de pesquisa, STF e judiciário, mas amídia em geral.

15- Percebo que na verdade a população conservadora, cristã ou simplesmente honesta émuito maior que eu imaginava, de modo que tento calar vozes como a de Rachel

Sheherazade, cortando a verba do SBT.

16- Aprovo o Marco Civil como instrumento de censura mais eficiente.

17- Enfraqueço meu exército e todas as Forças Armadas, sucateando o material béliconacional (mas continuo chamando o exército quando a coisa tá feia nas ruas).

18- Apoio a ideologia de gênero – PL 8035/2010 – como se fosse uma ciência (minhaorientação sexual é fruto de coerção social, claro) e empurrando goela abaixo a ditadura

gay a revelia da maioria, minando as bases familiares tradicionais e naturais, chamandoquem não aceita calado de “homofóbico” e “fascista”.

19- Nesta minha saga contra a Família, aprovo outros absurdos como lei da Palmada –criando uma geração de mimados como na Suécia – e elimino o Dia das Mães (por

enquanto só aqui em São Paulo), em claras tentativas de enfraquecer a Família comonúcleo formador moral do ser humano, transferindo a formação do homem ao Estado(claro, o PT ensinará muito bem a não roubar, por exemplo).

20-Com o exército fraco e com população desarmada aprovo o projeto 276/02 de livre

trânsito de Forças Armadas Estrangeiras no Brasil sem autorização do Congresso.

21- Ameaço de morte todos os que discordam de mim, Romeu Tuma Jr., Joaquim Barbosaetc.

22- Falo mal do agronegócio sendo que é ele que me sustenta e que uma vez gerido peloMST, afunda, como já aconteceu, mas dou carinho a estes sem-terra que em 90% doscasos não querem é procurar emprego por lá.

23- Elimino a democracia pelo decreto 8.243, dando voz a “movimentos sociais” enquanto

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enfraqueço as verdadeiras instituições democráticas e o parlamento, composto decidadãos eleitos pelo povo.

24- Envio dinheiro e realizo obras em Cuba, Venezuela e Nicarágua, unindo o corpo daminha revolução bolivariana.

25- Finalmente fomento um plebiscito popular pela “Reforma Constituinte” sob alegação deque os parlamentares não representam a população – claro que eu, PT, represento.

26- Assim como no desarmamento, o resultado do plebiscito não conta para aimplementação do Golpe, que será exercido de qualquer jeito.

27- Assim como na Venezuela onde, elementar meu caro Watson, quem garantiu a lisura

das urnas eletrônicas era sócio da empresa que fabricava as urnas na votação que elegeuo camarada Chavez, dou um jeito de sabotar as urnas eletrônicas também.

28- Viro uma Venezuela.

29- Tudo isso, claro, enquanto ando de Rolex e BMW e sou preso em prisão domiciliar,onde posso assistir meus filmes da galera opressora imperialista de Hollywood, comendomeu Big Mac opressor enquanto completo a coleção de quadros de Stálin, Fidel e MaoTsé-Tung na parede, na ilusão de que a perfeição e felicidade plena é possível nestemundo e que mais justiça só se faz necessariamente com mais socialismo.

Claro que há um erro no item 29, pois os líderes da extrema-esquerda não “se iludem com as utopias

socialistas”. Eles as utilizam para chegar e se perpetuar no poder, aproveitando-se dos benefícios doestado inchado.

Mas a mensagem importante é polarizar de vez a discussão, explicando que a principal luta é daliberdade contra a tirania, e demonstrar o quanto o PT está comprometido com a última. Todas as

principais ações do PT tem por foco estabelecer um regime ditatorial no Brasil. E com esse regimeditatorial (amparado pelas propostas de censura à imprensa) a transformação do Brasil em uma grandeVenezuela será inevitável.

Em relação ao decreto de Dilma, cabe especificar a funcionalidade dos sovietes, que são grupos dasociedade civil, chamados de “a sociedade civil”. O decreto se baseia em implementar definitivamente os

sovietes.

Veja o que dois juristas governistas afirmaram, em fraudes claras:

Pedro Abramovay: “Esses conselhos ajudarão o povo a exercer sua democracia. Com eles, todasas vozes serão ouvidas. Esses mecanismos já existem e têm sido importantes para legitimarnossa democracia.”

Dalmo Dallari: “A nossa Constituição, em seu artigo 1º, fala exatamente sobre essa democraciaparticipativa. É muito importante essa aproximação do povo com o poder: além de se manifestar e

opinar, ele também poderá criticar e propor condições melhores para toda a sociedade”.

Como se nota, ambos deliberadamente usam o truque dos sovietes. Por isso é imperativo que cada vezmais pessoas conheçam como funciona este embuste.

Basicamente, o governo ditatorial busca alguma forma de legitimidade. Por isso, ele cria grupos indicadospor ele, chamando-os de “a sociedade”. Por exemplo, um líder do MST, um representante da comunidade

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LGBT e donos de ONG’s que já recebem o dinheiro do estado. Como todos já estão mancomunados como governo, o governo passa a dizer que “está ouvindo o povo”. Mas quem foi que disse que essaspessoas de seus “conselhos” representam o povo? O próprio governo. Este é o truque dos sovietes. Umgoverno que já usa um truque tão sujo e coloca seus intelectuais orgânicos (como Abramovay e Dallari)para propagar suas fraudes reconhece a implementação de uma ditadura.

Com esta polarização (liberdade X tirania) mais do que justificada, líderes do PSDB devem serquestionados por seu apaziguamento e os do PMDB por sua parceria. Mais do que tudo, devemos serclaros em expor que o PT investe todos seus esforços na implementação de uma ditadura.

Se não formos capazes de expor o senso de urgência de combatermos a ditadura, precisamos tambémnos prepararmos para assumir parte da responsabilidade pelo fim da democracia do Brasil, exatamentepela falta de assertividade e foco ao lutar por ela.

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Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

Institui a Política Nacional de Participação Social -PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social -SNPS, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV eVI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, caput, inciso I, e no art. 17 da Lei nº10.683, de 28 de maio de 2003,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer earticular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. Na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas epolíticas públicas e no aprimoramento da gestão pública serão considerados os objetivos e as diretrizes daPNPS.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:

I - sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações;

II - conselho de políticas públicas - instância colegiada temática permanente, instituída por atonormativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisórioe na gestão de políticas públicas;

III - comissão de políticas públicas - instância colegiada temática, instituída por ato normativo, criadapara o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específico, com prazo defuncionamento vinculado ao cumprimento de suas finalidades;

IV - conferência nacional - instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temasespecíficos e de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade civil,podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretrizes e açõesacerca do tema tratado;

V - ouvidoria pública federal - instância de controle e participação social responsável pelo tratamentodas reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos,prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública;

VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores dasociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitossociais;

VII - fórum interconselhos - mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos ecomissões de políticas públicas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programasgovernamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade;

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VIII - audiência pública - mecanismo participativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquerinteressado, com a possibilidade de manifestação oral dos participantes, cujo objetivo é subsidiar decisõesgovernamentais;

IX - consulta pública - mecanismo participativo, a se realizar em prazo definido, de caráter consultivo,aberto a qualquer interessado, que visa a receber contribuições por escrito da sociedade civil sobredeterminado assunto, na forma definida no seu ato de convocação; e

X - ambiente virtual de participação social - mecanismo de interação social que utiliza tecnologias deinformação e de comunicação, em especial a internet, para promover o diálogo entre administração públicafederal e sociedade civil.

Parágrafo único. As definições previstas neste Decreto não implicam na desconstituição ou alteraçãode conselhos, comissões e demais instâncias de participação social já instituídos no âmbito do governofederal.

Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS:

I - reconhecimento da participação social como direito do cidadão e expressão de sua autonomia;

II - complementariedade, transversalidade e integração entre mecanismos e instâncias da democraciarepresentativa, participativa e direta;

III - solidariedade, cooperação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo,orientação sexual, religião e condição social, econômica ou de deficiência, para a construção de valores decidadania e de inclusão social;

IV - direito à informação, à transparência e ao controle social nas ações públicas, com uso delinguagem simples e objetiva, consideradas as características e o idioma da população a que se dirige;

V - valorização da educação para a cidadania ativa;

VI - autonomia, livre funcionamento e independência das organizações da sociedade civil; e

VII - ampliação dos mecanismos de controle social.

Art. 4º São objetivos da PNPS, entre outros:

I - consolidar a participação social como método de governo;

II - promover a articulação das instâncias e dos mecanismos de participação social;

III - aprimorar a relação do governo federal com a sociedade civil, respeitando a autonomia das partes;

IV - promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas e programasde governo federal;

V - desenvolver mecanismos de participação social nas etapas do ciclo de planejamento e orçamento;

VI - incentivar o uso e o desenvolvimento de metodologias que incorporem múltiplas formas deexpressão e linguagens de participação social, por meio da internet, com a adoção de tecnologias livres decomunicação e informação, especialmente, softwares e aplicações, tais como códigos fonte livres eauditáveis, ou os disponíveis no Portal do Software Público Brasileiro;

VII - desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamenteexcluídos e aos vulneráveis;

VIII - incentivar e promover ações e programas de apoio institucional, formação e qualificação emparticipação social para agentes públicos e sociedade civil; e

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IX - incentivar a participação social nos entes federados.

Art. 5º Os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadasas especificidades de cada caso, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstosneste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticaspúblicas.

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput elaborarão, anualmente, relatório de implementação daPNPS no âmbito de seus programas e políticas setoriais, observadas as orientações da Secretaria-Geral daPresidência da República.

§ 2º A Secretaria-Geral da Presidência da República elaborará e publicará anualmente relatório deavaliação da implementação da PNPS no âmbito da administração pública federal.

Art. 6º São instâncias e mecanismos de participação social, sem prejuízo da criação e doreconhecimento de outras formas de diálogo entre administração pública federal e sociedade civil:

I - conselho de políticas públicas;

II - comissão de políticas públicas;

III - conferência nacional;

IV - ouvidoria pública federal;

V - mesa de diálogo;

VI - fórum interconselhos;

VII - audiência pública;

VIII - consulta pública; e

IX - ambiente virtual de participação social.

Art. 7º O Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, coordenado pela Secretaria-Geral daPresidência da República, será integrado pelas instâncias de participação social previstas nos incisos I a IVdo art. 6º deste Decreto, sem prejuízo da integração de outras formas de diálogo entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. A Secretaria-Geral da Presidência da República publicará a relação e a respectivacomposição das instâncias integrantes do SNPS.

Art. 8º Compete à Secretaria-Geral da Presidência da República:

I - acompanhar a implementação da PNPS nos órgãos e entidades da administração pública federaldireta e indireta;

II - orientar a implementação da PNPS e do SNPS nos órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta;

III - realizar estudos técnicos e promover avaliações e sistematizações das instâncias e dosmecanismos de participação social definidos neste Decreto;

IV - realizar audiências e consultas públicas sobre aspectos relevantes para a gestão da PNPS e doSNPS; e

V - propor pactos para o fortalecimento da participação social aos demais entes da federação.

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Art. 9º Fica instituído o Comitê Governamental de Participação Social - CGPS, para assessorar aSecretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e na implementação da PNPS e nacoordenação do SNPS.

§ 1º O CGPS será coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, que dará o suportetécnico-administrativo para seu funcionamento.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreseu funcionamento.

Art.10. Ressalvado o disposto em lei, na constituição de novos conselhos de políticas públicas e nareorganização dos já constituídos devem ser observadas, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil, preferencialmente de formaparitária em relação aos representantes governamentais, quando a natureza da representação orecomendar;

II - definição, com consulta prévia à sociedade civil, de suas atribuições, competências e natureza;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros;

V - rotatividade dos representantes da sociedade civil;

VI - compromisso com o acompanhamento dos processos conferenciais relativos ao tema de suacompetência; e

VII - publicidade de seus atos.

§ 1º A participação dos membros no conselho é considerada prestação de serviço público relevante,não remunerada.

§ 2º A publicação das resoluções de caráter normativo dos conselhos de natureza deliberativavincula-se à análise de legalidade do ato pelo órgão jurídico competente, em acordo com o disposto na LeiComplementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

§ 3º A rotatividade das entidades e de seus representantes nos conselhos de políticas públicas deveser assegurada mediante a recondução limitada a lapso temporal determinado na forma dos seus regimentosinternos, sendo vedadas três reconduções consecutivas.

§ 4º A participação de dirigente ou membro de organização da sociedade civil que atue em conselhode política pública não configura impedimento à celebração de parceria com a administração pública.

§ 5º Na hipótese de parceira que envolva transferência de recursos financeiros de dotaçõesconsignadas no fundo do respectivo conselho, o conselheiro ligado à organização que pleiteia o acesso aorecurso fica impedido de votar nos itens de pauta que tenham referência com o processo de seleção,monitoramento e avaliação da parceria.

Art. 11. Nas comissões de políticas públicas devem ser observadas, no mínimo, as seguintesdiretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil;

II - definição de prazo, tema e objetivo a ser atingido;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros; e

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V - publicidade de seus atos.

Art. 12. As conferências nacionais devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seus objetivos e etapas;

II - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

III - estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais epara a escolha dos delegados da sociedade civil;

IV - integração entre etapas municipais, estaduais, regionais, distrital e nacional, quando houver;

V - disponibilização prévia dos documentos de referência e materiais a serem apreciados na etapanacional;

VI - definição dos procedimentos metodológicos e pedagógicos a serem adotados nas diferentesetapas;

VII - publicidade de seus resultados;

VIII - determinação do modelo de acompanhamento de suas resoluções; e

IX - indicação da periodicidade de sua realização, considerando o calendário de outros processosconferenciais.

Parágrafo único. As conferências nacionais serão convocadas por ato normativo específico, ouvido oCGPS sobre a pertinência de sua realização.

Art. 13. As ouvidorias devem observar as diretrizes da Ouvidoria-Geral da União daControladoria-Geral da União nos termos do art. 14, caput, inciso I, do Anexo I ao Decreto nº 8.109, de 17 desetembro de 2013.

Art. 14. As mesas de diálogo devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - participação das partes afetadas;

II - envolvimento dos representantes da sociedade civil na construção da solução do conflito;

III - prazo definido de funcionamento; e

IV - acompanhamento da implementação das soluções pactuadas e obrigações voluntariamenteassumidas pelas partes envolvidas.

Parágrafo único. As mesas de diálogo criadas para o aperfeiçoamento das condições e relações detrabalho deverão, preferencialmente, ter natureza tripartite, de maneira a envolver representantes dosempregados, dos empregadores e do governo.

Art. 15. Os fóruns interconselhos devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - definição da política ou programa a ser objeto de debate, formulação e acompanhamento;

II - definição dos conselhos e organizações da sociedade civil a serem convidados pela sua vinculaçãoao tema;

III - produção de recomendações para as políticas e programas em questão; e

IV - publicidade das conclusões.

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Art. 16. As audiências públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificado seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - livre acesso aos sujeitos afetados e interessados;

III - sistematização das contribuições recebidas;

IV - publicidade, com ampla divulgação de seus resultados, e a disponibilização do conteúdo dosdebates; e

V - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 17. As consultas públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - disponibilização prévia e em tempo hábil dos documentos que serão objeto da consulta emlinguagem simples e objetiva, e dos estudos e do material técnico utilizado como fundamento para a propostacolocada em consulta pública e a análise de impacto regulatório, quando houver;

III - utilização da internet e de tecnologias de comunicação e informação;

IV - sistematização das contribuições recebidas;

V - publicidade de seus resultados; e

VI - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 18. Na criação de ambientes virtuais de participação social devem ser observadas, no mínimo, asseguintes diretrizes:

I - promoção da participação de forma direta da sociedade civil nos debates e decisões do governo;

II - fornecimento às pessoas com deficiência de todas as informações destinadas ao público em geralem formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;

III - disponibilização de acesso aos termos de uso do ambiente no momento do cadastro;

IV - explicitação de objetivos, metodologias e produtos esperados;

V - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

VI - definição de estratégias de comunicação e mobilização, e disponibilização de subsídios para odiálogo;

VII - utilização de ambientes e ferramentas de redes sociais, quando for o caso;

VIII - priorização da exportação de dados em formatos abertos e legíveis por máquinas;

IX - sistematização e publicidade das contribuições recebidas;

X - utilização prioritária de softwares e licenças livres como estratégia de estímulo à participação naconstrução das ferramentas tecnológicas de participação social; e

XI - fomento à integração com instâncias e mecanismos presenciais, como transmissão de debates eoferta de oportunidade para participação remota.

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Art. 19. Fica instituída a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instância colegiadainterministerial responsável pela coordenação e encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelomonitoramento de suas respostas.

§ 1º As reuniões da Mesa de Monitoramento serão convocadas pela Secretaria-Geral da Presidênciada República, sendo convidados os Secretários-Executivos dos ministérios relacionados aos temas a seremdebatidos na ocasião.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreas competências específicas, o funcionamento e a criação de subgrupos da instância prevista no caput.

Art. 20. As agências reguladoras observarão, na realização de audiências e consultas públicas, odisposto neste Decreto, no que couber.

Art. 21. Compete à Casa Civil da Presidência da República decidir sobre a ampla divulgação deprojeto de ato normativo de especial significado político ou social nos termos do art. 34, caput, inciso II, doDecreto nº 4.176, de 28 de março de 2002.

Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da República.

DILMA ROUSSEFFMiriam BelchiorGilberto CarvalhoJorge Hage Sobrinho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.5.2014

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Mudança de regime por decretoopiniao.estadao.com.br /noticias/geral,mudanca-de-regime-por-decreto-imp-,1173217

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participediretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social comométodo de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses"movimentos sociais".

O grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é

dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização. Nãohá cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento de

fazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio e

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cinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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Colunista

Perigo vermelho

A turma do editorial do Estadão está em pânico. Apelou e perdeu a razão. Também, não erapara menos. O jornal que ajudou a derrubar os governos Vargas, em 1954, e João Goulart,em 1964, não dorme em serviço. Dilma que se cuide, pois estamos, de novo, em um ano dequatro.

Mais uma vez, e antes que seja tarde, o veículo que tem uma longa folha de serviçosprestados ao País está pronto para defender a democracia de seu principal algoz: o povo.

O jornal descobriu e denunciou, em um editorial ('Mudança de regime por decreto', de 29/5),que o governo da presidenta Dilma Rousseff está cometendo um crime de lesa pátria.

Os ideólogos das furiosas linhas chamam Dilma de 'companheira'. Calma, os 'companheiros'editorialistas continuam os mesmos. Apenas estão usando o pronome de tratamento deforma irônica.

Alertam para o grave risco que temos pela frente: ‘a presidente Dilma Rousseff quermodificar o sistema brasileiro de governo’ por decreto, brada o jornal que sabe defender umregime como ninguém.

Abram alas para os companheiros vetustos que falam de democracia com autoridade:

‘O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social(PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridadesjurídicas, ainda que possa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusosanseios das ruas. Na realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos domomento para impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito doque membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.’

E nós, incautos, dormindo, trabalhando e nos preparando para a Copa do Mundo de Futebol -quanta alienação! O gigante dormiu de novo. A coisa da ‘leitura desatenta’ é feita para gentecomo nós, míopes nas entrelinhas.

Por sorte, nada escapa à eterna vigilância dos companheiros que cavalgam de trombeta.

Cuidado com essa coisa de ‘sociedade civil’, pede o Estadão. Isso é um perigo.

Estejam todos atentos, pois querem destruir a democracia. Como pretendem fazê-lo?Trazendo a sociedade civil para dentro do governo.

Antonio Lassance

O Estadão contra a participação

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Os funéreos redatores jogaram a pá de cal até em liberais moderninhos como Alexis deTocqueville e John Stuart Mill, que defendiam a participação como base da boarepresentação, no século XIX.

A Constituição reescrita por um editorial

Em um de seus parágrafos mais histéricos, o editorial que baba afirma que ‘a companheiraDilma não concorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela AssembleiaConstituinte de 1988, e quer, por decreto, instituir outra fonte de poder: a 'participaçãodireta'.’

Alguém poderia enviar de presente ao Estadão, pelos Correios, um exemplar da Constituição,pois o deles deve ter sumido faz tempo.

Já se esqueceram do parágrafo único do artigo 1o de nossa Carta Magna , que diz:

‘Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos oudiretamente, nos termos desta Constituição’.

Provavelmente não chegaram sequer ao artigo 84, que dá ao Presidente da República opoder de expedir decretos sobre a organização e funcionamento da administração federal,que é exatamente o objeto do abominado ato oficial.

Não bastassem alguns ministros do Supremo, também o Estadão agora quer reescrever aConstituição, a começar por editoriais - quem sabe, um dia, via classificados.

Ficaria assim o primeiro artigo da Constituição, pelas mãos dos companheiros trombeteiros:

‘Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seusrepresentantes no Congresso, legitimamente eleitos.’

O Estadão acaba de proclamar o parlamentarismo, pois esqueceu-se até de incluir aPresidência da República como uma das instâncias de representação. Ou seja, EduardoCunha e Renan Calheiros, tudo bem; mas Dilma Rousseff, nem pensar.

Os tocadores de berrante pedem àqueles que consideram suas vaquinhas de presépio (‘Que oCongresso esteja atento’ e que venha ‘o STF, para declarar a inconstitucionalidade dodecreto’) para derrubarem a norma do Executivo.

O argumento pífio é o de que ela ‘fere o princípio básico da igualdade democrática (‘umapessoa, um voto’)’.

Hora de mandar mais um exemplar da Constituição para o Estadão. Nem o Brasil, nemqualquer país federalista do mundo segue o sistema de ‘uma pessoa, um voto’ narepresentação parlamentar.

Os caríssimos companheiros editorializantes até hoje não descobriram que nem a Câmara

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dos Deputados, nem o Senado Federal são constituídos pelo tal sistema de ‘uma pessoa, umvoto’. Erraram de país.

A única instância de representação em que essa regra é aplicada, para o azar do Estadão, éjustamente a Presidência da República.

Argumentos similares aos desse editorial já foram e continuam sendo usados contrainvenções diabólicas como, por exemplo, o orçamento participativo - coisa perigosíssima,nascida da invencionisse petista, dilmista, mensaleira e autoritária dos comissários.

O Estadão chamou para a briga. E pede ajuda a quem quer que seja para salvar nossosistema representativo.

Sim, esse mesmo sistema representativo que todos os dias os editoriais do Estadão e demuitos outros jornais ajudam a desmoralizar, a esculhambar, a retratar como um ninho debandidos, é esse sistema que eles conclamam que seja salvo. Avante, ‘companheiros’!

Dilma é acusada de ‘descaramento’ por conta do tal decreto. Aí descobrimos para que serve ocavalo do Estadão: para ajudar a escrever editoriais com coices.

Exorcistas de papel

Em momento algum o Editorialíssimo Jornal, do alto de sua cavalgadura, abandona a posturaautoritária e de tutela da opinião pública. Jamais passou, por baixo das patas de suasferraduras, a ideia de recomendar ao leitor um cuidado básico: o de ler o decreto.

O jornal, como sempre, confia no poder de seu berrante de produzir o efeito manada nos quecompram suas páginas. Espera que simplesmente ruminem sobre o decreto: ‘não li e nãogostei’.

Quem puder ler a norma verá que a mesma restringe-se a dar recomendações àadministração pública federal. Nem Estados, nem Municípios, nem o DF estão obrigados asegui-la.

A Câmara, o Senado e o STF, invocados pelos exorcistas de papel, não têm nada a ver com acoisa e podem permanecer sem sociedade civil, se assim preferirem, no intuito de agradar ojornal.

Sabem qual o grande perigo do decreto? O grande perigo é o de serem criados conselhos ecomissões de políticas públicas; conferências nacionais; ouvidorias; mesas de diálogo; fórunsinterconselhos; audiências públicas; consultas públicas; e ambientes virtuais de participaçãosocial.

Se é disso que o Estadão tem medo, é bom esconder-se debaixo da cama imediatamente,pois, com esse decreto, o bicho vai pegar.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Jornalistas acusam Dilma de implantar ditadura no país pormeio de decreto com 'barbaridades jurídicas'; leia

folhapolitica.org /2014/05/jornalistas-acusam-dilma-de-implantar.html

O editorial de hoje do jornal O Estadode S. Paulo acusou a presidenteDilma de deteriorar a democracia e"reprisar o engodo totalitário,vendendo um mundo romântico, masentregando o mais frio e cinzento dosmundos, onde uns poucos pretendem

dominar muitos" por meio de decretodatado de 23 de maio. Ademais, ocolunista Reinaldo Azevedo, de Veja eda Folha de S. Paulo, publicou críticaalinhada.Leia abaixo e manifeste sua opinião arespeito:

Editorial - O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu daAssembleia Constituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante asmanifestações de junho passado e que felizmente nem chegou a sair do casulo - e agoratenta por decreto mudar a ordem constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014,que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional deParticipação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa

soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Narealidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para imporvelhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membrosdesse partido entendem que deva ser uma democracia.A fórmula não é muito original. Odecreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participe diretamente em "todos osórgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nasagências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas

de diálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participaçãosocial como método de governo". Ora, a participação social numa democraciarepresentativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamenteeleitos. O que se vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistemarepresentativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, pordecreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".Não se trata de um atoingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova forma de fazer

democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suaspalavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere oprincípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar quealguns determinados cidadãos, aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia,sejam mais ouvidos.

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Leia também:Para melhorar nas pesquisas, Dilma pede ao Facebook que retire do ar páginas 'ofensivas' à suaimagemAprovação de Dilma cai para zona de alto risco, segundo critério DatafolhaApós perder popularidade, Dilma perde também eleitores, segundo IbopeHistoriador publica texto humilhando a presidente Dilma e gera polêmica

Vídeo com Dilma em paródia de propaganda do Bom Negócio viraliza na internet; assistaGoverno paga viagem para jornalistas gringos falarem bem do Brasil e o grupo é assaltado no Riode JaneiroDilma prestigia seu único aliado evangélico, Edir Macedo: participará da inauguração de temploque custará mais de R$400 milhões

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento dopoder político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto.Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o

Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".O grande desafio dademocracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é darvoz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau deconscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação quepor decreto a presidente Dilma Rousseff pretende instituir, ao criar canais específicos paraque uns sejam mais ouvidos do que outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, quetrabalha a semana inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências,

comissões, conselhos e mesas de diálogo?Ao longo do decreto fica explícito o sofismaque o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura manifestação dademocracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalização do poder, háa institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto aorigem do poder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimadospelas urnas, inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus

amigos precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seriademocrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por decreto.Querem reprisaro engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é maisum ato inconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenaso STF, para declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminarem toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

Veja também:Ministro de Dilma intimidou diretor do SBT devido a opiniões de Sheherazade, aponta jornal'Dilma arrebentou o país, ela é uma péssima presidente', desabafa jornalistaAugusto Nunes humilha a presidente Dilma em vídeo: 'Cara de pau'; assistaSonia Abrão sobre Dilma: 'Eu não sei onde fica esse Brasil que ela diz que existe'; veja o vídeoDilma pede que o povo vá às ruas para apoiá-laCampanha de adesivos nos carros com "Fora Dillma" se espalha pelas redes sociais

Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe! (ReinaldoAzevedo)Atenção, leitores!Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados,

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solapados, diminuídos. A menos que você seja um membro do MTST, do MST, de umadessas siglas que optaram pela truculência como forma de expressão política.Demansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadurapetista por decreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que criauma tal “Política Nacional de Participação Social” e um certo “Sistema Nacional deParticipação Social”. O Estadão escreve nesta quinta um excelente editorial a respeito.

Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta o fundamento daigualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e cria umacategoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de“movimentos sociais”.O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar,define o que é “sociedade civil” em vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça,a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociaisinstitucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.Pronto!

Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, pornatureza, não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos osórgãos da administração pública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, comrepresentantes dessa tal sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que ogoverno de turno decidir que é… sociedade civilTodos os órgãos da gestão pública,incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos aos tais movimentossociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei a suaparticipação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem

ou percam as eleições.Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação”é, na verdade, um sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aquelesque participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que nãoparticipam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm direito departicipar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico.A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a

forma da democracia representativa: por meio de eleições livres, que escolhem oParlamento. O que Dilma está fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria derepresentação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que buscacorroer por dentro o regime democrático.O PT está tentando consolidar um comissariado àmoda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um escândalo se a Ordem dosAdvogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa excrescência. Com essedecreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O texto segue o

melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador eNicarágua. Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas,pela via aparentemente legal.Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-lapor decreto.

General pede que Dilma dê explicações sobre atentado a bomba que matou Kozel Filho em 1968Senador Mário Couto defende o impeachment da presidente Dilma; assistaPetição pedindo impeachment de Dilma ultrapassa 375 mil assinaturas

Mesmo prometendo mais dinheiro, Dilma é vaiada em três momentos na Expozebu e malconsegue falar; veja o vídeoEditorial do 'Financial Times' ridiculariza DilmaEconomista dinamarquês 'detona' Dilma e o Brasil: 'Campeão mundial em fracassos'

Lígia Ferreira

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Altamiro Borges: O Globo, que apoiou a ditadura militar,agora defende democracia sem povo

viomundo.com.br /denuncias/altamiro-borges-o-globo-que-apoiou-a-ditadura-militar-agora-defende-democracia-sem-povo.html

O Globo tem medo da democracia

Por Altamiro Borges, em seu blog

Na quinta-feira (26), a presidenta DilmaRousseff assinou decreto que tornaobrigatória a realização de consultaspúblicas para ouvir a sociedade sobretemas decisivos para os rumos do país. Amedida, que faz parte da intitulada “PolíticaNacional de Participação Social (PNPS)”, é

um passo importante para ampliar osmecanismos de democracia participativa noBrasil.

De imediato, a oposição direitista rechaçou a iniciativa. Coube, porém, ao jornal O Globo – o mesmo queapoiou o golpe militar e a sanguinária ditadura – a crítica mais raivosa à medida democratizante. Em

editorial publicado neste sábado, o diário afirma, na maior caradura, que o “decreto agride a democraciarepresentativa”.

O decreto prevê várias formas de participação política da sociedade: conselhos, conferências,audiências, ouvidorias, fóruns, mesas de diálogo, comissões especiais, ambientes virtuais e consultas

públicas.

Ele fixa que todos os “órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta” realizemconsultas visando “consolidar a participação social como método de governo” e aprimorar “a relação dogoverno com a sociedade”. Pelo decreto, caberá à Secretaria-Geral da Presidência da República

orientar a implantação da PNPS.

Ele garante que todo cidadão poderá participar desses formatos de diálogos, “além de movimentossociais, institucionalizados e não institucionalizados”.

Temendo a participação popular, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, já anunciou queirá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto.

Para o representante da direita oligárquica, o projeto do governo “é um eufemismo para o aparelhamento

ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo…É umainvasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País”.

No mesmo rumo, o deputado Ronaldo Caiado, o famoso ruralista do DEM, esbravejou que “o PT age nosentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela”.

Dos demos não se poderia esperar outra reação. Originários da Arena, o partido da ditadura, eles semprerejeitaram qualquer mecanismo de participação popular. Como expressão da velha oligarquia, queexplora trabalho escravo e contrata jagunços, o DEM nem precisa disfarçar sua postura autoritária, meiofascistóide.

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Já no caso do jornal O Globo, o editorial hidrófobo serve novamente para tirar a sua máscara. Aosatanizar o decreto número 8.243, que cria a PNPS, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir dedefensor da democracia representativa – logo ele que apoiou o golpe de 1964, a cassação de deputadose o fechamento do Congresso Nacional durante a ditadura militar.

“A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bemcomo a independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo. A desmontagem do regimerepresentativo costuma começar pela criação de mecanismos de ‘democracia direta’, para reduzir o pesodo Congresso na condução do país”, afirma no maior cinismo.

Para ele, o objetivo do decreto “é subtrair espaço do Legislativo por meio de comissões, conselhos,ouvidorias, mesas de diálogo, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas junto àadministração direta e até estatais, sempre em nome da participação social” e equivale a “um golpe deEstado na base da canetada”.

“O sentido autoritário do decreto denuncia a sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas queengendraram a ‘assembleia constituinte exclusiva’ a fim de fazer a reforma política – atalho para semudar a Constituição ao bel-prazer de minorias militantes -, surge das mesmas cabeças que tentaramcontrolar o conteúdo da produção audiovisual do país via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistasprofissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma origem dos idealizadores da ‘regulaçãoda mídia’… O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso e levado ao Supremo peloMinistério Público e/ou instituições da sociedade”, alerta o jornalão.

Só pela reação e desesperada de O Globo já dá para afirmar que o decreto que cria o PNPS representaum avanço para a democracia brasileira e merece urgente apoio das forças progressistas.

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Lula à CartaCapital: Mídia foi contra o meu governo e o de Dilma

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Política Nacional de Participação Social e Ouvidoriasifb.edu.br /reitoria/reitoria/noticiasreitoria/6800-politica-nacional-de-participacao-social-e-ouvidorias

Portal do Governo Brasileiro

DetalhesPublicado em Terça, 27 Maio 2014 19:31

Celebramos no dia de hoje a edição do Decreto Nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS. Nos termos desse regulamento, construído a muitas mãos, asouvidorias públicas federais assumem, definitivamente, enorme responsabilidade na consecução doEstado Democrático de Direito: daqui em diante, somos “instância de controle e participação socialresponsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos àspolíticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramentoda gestão pública”. Assim, alcançamos um nível de institucionalidade que nos permite, de imediato, atuarde forma integrada e proativa.

Vale destacar que, em seu art. 13, o Decreto confere à Ouvidoria Geral da União da Controladoria-Geralda União o dever de editar diretrizes destinadas a harmonizar nossa atuação como instâncias integrantesdo Sistema de Participação Social (ao lado dos Conselhos, das Comissões e das ConferênciasNacionais), o que, por si só, propicia de imediato o funcionamento articulado, coordenado e sistêmico detodas as ouvidorias federais.

Contudo, se há motivos de sobra para comemorar essa conquista histórica, convém reafirmar que oprocesso de fortalecimento institucional da nossa ouvidoria passa pela ação imediata dos nossos (as)dirigentes no que diz respeito ao atendimento às demandas encaminhadas pela ouvidoria dentro dosprazos estabelecidos pelo nosso regimento interno.

Já foi encaminhada uma proposta de “Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo federal” à Casa Civil ejá conta com a aprovação da Secretaria Geral da Presidência da República. Nossa avaliação (realista) éque falta muito pouco, pois nosso longo e consistente processo de elaboração fez prevalecer apenas osmelhores argumentos: superamos nossos conflitos mais difíceis e alcançamos significativo consenso.

Agora é demonstrar nossa unidade e nosso compromisso com o processo democrático e, sobretudo, comas pessoas que precisam de nós.

Cleide Lemes da Silva CruzOUVIDORA/IFB

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Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

Institui a Política Nacional de Participação Social -PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social -SNPS, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV eVI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, caput, inciso I, e no art. 17 da Lei nº10.683, de 28 de maio de 2003,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer earticular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. Na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas epolíticas públicas e no aprimoramento da gestão pública serão considerados os objetivos e as diretrizes daPNPS.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:

I - sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações;

II - conselho de políticas públicas - instância colegiada temática permanente, instituída por atonormativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisórioe na gestão de políticas públicas;

III - comissão de políticas públicas - instância colegiada temática, instituída por ato normativo, criadapara o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específico, com prazo defuncionamento vinculado ao cumprimento de suas finalidades;

IV - conferência nacional - instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temasespecíficos e de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade civil,podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretrizes e açõesacerca do tema tratado;

V - ouvidoria pública federal - instância de controle e participação social responsável pelo tratamentodas reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos,prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública;

VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores dasociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitossociais;

VII - fórum interconselhos - mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos ecomissões de políticas públicas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programasgovernamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade;

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VIII - audiência pública - mecanismo participativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquerinteressado, com a possibilidade de manifestação oral dos participantes, cujo objetivo é subsidiar decisõesgovernamentais;

IX - consulta pública - mecanismo participativo, a se realizar em prazo definido, de caráter consultivo,aberto a qualquer interessado, que visa a receber contribuições por escrito da sociedade civil sobredeterminado assunto, na forma definida no seu ato de convocação; e

X - ambiente virtual de participação social - mecanismo de interação social que utiliza tecnologias deinformação e de comunicação, em especial a internet, para promover o diálogo entre administração públicafederal e sociedade civil.

Parágrafo único. As definições previstas neste Decreto não implicam na desconstituição ou alteraçãode conselhos, comissões e demais instâncias de participação social já instituídos no âmbito do governofederal.

Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS:

I - reconhecimento da participação social como direito do cidadão e expressão de sua autonomia;

II - complementariedade, transversalidade e integração entre mecanismos e instâncias da democraciarepresentativa, participativa e direta;

III - solidariedade, cooperação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo,orientação sexual, religião e condição social, econômica ou de deficiência, para a construção de valores decidadania e de inclusão social;

IV - direito à informação, à transparência e ao controle social nas ações públicas, com uso delinguagem simples e objetiva, consideradas as características e o idioma da população a que se dirige;

V - valorização da educação para a cidadania ativa;

VI - autonomia, livre funcionamento e independência das organizações da sociedade civil; e

VII - ampliação dos mecanismos de controle social.

Art. 4º São objetivos da PNPS, entre outros:

I - consolidar a participação social como método de governo;

II - promover a articulação das instâncias e dos mecanismos de participação social;

III - aprimorar a relação do governo federal com a sociedade civil, respeitando a autonomia das partes;

IV - promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas e programasde governo federal;

V - desenvolver mecanismos de participação social nas etapas do ciclo de planejamento e orçamento;

VI - incentivar o uso e o desenvolvimento de metodologias que incorporem múltiplas formas deexpressão e linguagens de participação social, por meio da internet, com a adoção de tecnologias livres decomunicação e informação, especialmente, softwares e aplicações, tais como códigos fonte livres eauditáveis, ou os disponíveis no Portal do Software Público Brasileiro;

VII - desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamenteexcluídos e aos vulneráveis;

VIII - incentivar e promover ações e programas de apoio institucional, formação e qualificação emparticipação social para agentes públicos e sociedade civil; e

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IX - incentivar a participação social nos entes federados.

Art. 5º Os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadasas especificidades de cada caso, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstosneste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticaspúblicas.

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput elaborarão, anualmente, relatório de implementação daPNPS no âmbito de seus programas e políticas setoriais, observadas as orientações da Secretaria-Geral daPresidência da República.

§ 2º A Secretaria-Geral da Presidência da República elaborará e publicará anualmente relatório deavaliação da implementação da PNPS no âmbito da administração pública federal.

Art. 6º São instâncias e mecanismos de participação social, sem prejuízo da criação e doreconhecimento de outras formas de diálogo entre administração pública federal e sociedade civil:

I - conselho de políticas públicas;

II - comissão de políticas públicas;

III - conferência nacional;

IV - ouvidoria pública federal;

V - mesa de diálogo;

VI - fórum interconselhos;

VII - audiência pública;

VIII - consulta pública; e

IX - ambiente virtual de participação social.

Art. 7º O Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, coordenado pela Secretaria-Geral daPresidência da República, será integrado pelas instâncias de participação social previstas nos incisos I a IVdo art. 6º deste Decreto, sem prejuízo da integração de outras formas de diálogo entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. A Secretaria-Geral da Presidência da República publicará a relação e a respectivacomposição das instâncias integrantes do SNPS.

Art. 8º Compete à Secretaria-Geral da Presidência da República:

I - acompanhar a implementação da PNPS nos órgãos e entidades da administração pública federaldireta e indireta;

II - orientar a implementação da PNPS e do SNPS nos órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta;

III - realizar estudos técnicos e promover avaliações e sistematizações das instâncias e dosmecanismos de participação social definidos neste Decreto;

IV - realizar audiências e consultas públicas sobre aspectos relevantes para a gestão da PNPS e doSNPS; e

V - propor pactos para o fortalecimento da participação social aos demais entes da federação.

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Art. 9º Fica instituído o Comitê Governamental de Participação Social - CGPS, para assessorar aSecretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e na implementação da PNPS e nacoordenação do SNPS.

§ 1º O CGPS será coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, que dará o suportetécnico-administrativo para seu funcionamento.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreseu funcionamento.

Art.10. Ressalvado o disposto em lei, na constituição de novos conselhos de políticas públicas e nareorganização dos já constituídos devem ser observadas, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil, preferencialmente de formaparitária em relação aos representantes governamentais, quando a natureza da representação orecomendar;

II - definição, com consulta prévia à sociedade civil, de suas atribuições, competências e natureza;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros;

V - rotatividade dos representantes da sociedade civil;

VI - compromisso com o acompanhamento dos processos conferenciais relativos ao tema de suacompetência; e

VII - publicidade de seus atos.

§ 1º A participação dos membros no conselho é considerada prestação de serviço público relevante,não remunerada.

§ 2º A publicação das resoluções de caráter normativo dos conselhos de natureza deliberativavincula-se à análise de legalidade do ato pelo órgão jurídico competente, em acordo com o disposto na LeiComplementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

§ 3º A rotatividade das entidades e de seus representantes nos conselhos de políticas públicas deveser assegurada mediante a recondução limitada a lapso temporal determinado na forma dos seus regimentosinternos, sendo vedadas três reconduções consecutivas.

§ 4º A participação de dirigente ou membro de organização da sociedade civil que atue em conselhode política pública não configura impedimento à celebração de parceria com a administração pública.

§ 5º Na hipótese de parceira que envolva transferência de recursos financeiros de dotaçõesconsignadas no fundo do respectivo conselho, o conselheiro ligado à organização que pleiteia o acesso aorecurso fica impedido de votar nos itens de pauta que tenham referência com o processo de seleção,monitoramento e avaliação da parceria.

Art. 11. Nas comissões de políticas públicas devem ser observadas, no mínimo, as seguintesdiretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil;

II - definição de prazo, tema e objetivo a ser atingido;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros; e

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V - publicidade de seus atos.

Art. 12. As conferências nacionais devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seus objetivos e etapas;

II - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

III - estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais epara a escolha dos delegados da sociedade civil;

IV - integração entre etapas municipais, estaduais, regionais, distrital e nacional, quando houver;

V - disponibilização prévia dos documentos de referência e materiais a serem apreciados na etapanacional;

VI - definição dos procedimentos metodológicos e pedagógicos a serem adotados nas diferentesetapas;

VII - publicidade de seus resultados;

VIII - determinação do modelo de acompanhamento de suas resoluções; e

IX - indicação da periodicidade de sua realização, considerando o calendário de outros processosconferenciais.

Parágrafo único. As conferências nacionais serão convocadas por ato normativo específico, ouvido oCGPS sobre a pertinência de sua realização.

Art. 13. As ouvidorias devem observar as diretrizes da Ouvidoria-Geral da União daControladoria-Geral da União nos termos do art. 14, caput, inciso I, do Anexo I ao Decreto nº 8.109, de 17 desetembro de 2013.

Art. 14. As mesas de diálogo devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - participação das partes afetadas;

II - envolvimento dos representantes da sociedade civil na construção da solução do conflito;

III - prazo definido de funcionamento; e

IV - acompanhamento da implementação das soluções pactuadas e obrigações voluntariamenteassumidas pelas partes envolvidas.

Parágrafo único. As mesas de diálogo criadas para o aperfeiçoamento das condições e relações detrabalho deverão, preferencialmente, ter natureza tripartite, de maneira a envolver representantes dosempregados, dos empregadores e do governo.

Art. 15. Os fóruns interconselhos devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - definição da política ou programa a ser objeto de debate, formulação e acompanhamento;

II - definição dos conselhos e organizações da sociedade civil a serem convidados pela sua vinculaçãoao tema;

III - produção de recomendações para as políticas e programas em questão; e

IV - publicidade das conclusões.

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Art. 16. As audiências públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificado seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - livre acesso aos sujeitos afetados e interessados;

III - sistematização das contribuições recebidas;

IV - publicidade, com ampla divulgação de seus resultados, e a disponibilização do conteúdo dosdebates; e

V - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 17. As consultas públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - disponibilização prévia e em tempo hábil dos documentos que serão objeto da consulta emlinguagem simples e objetiva, e dos estudos e do material técnico utilizado como fundamento para a propostacolocada em consulta pública e a análise de impacto regulatório, quando houver;

III - utilização da internet e de tecnologias de comunicação e informação;

IV - sistematização das contribuições recebidas;

V - publicidade de seus resultados; e

VI - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 18. Na criação de ambientes virtuais de participação social devem ser observadas, no mínimo, asseguintes diretrizes:

I - promoção da participação de forma direta da sociedade civil nos debates e decisões do governo;

II - fornecimento às pessoas com deficiência de todas as informações destinadas ao público em geralem formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;

III - disponibilização de acesso aos termos de uso do ambiente no momento do cadastro;

IV - explicitação de objetivos, metodologias e produtos esperados;

V - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

VI - definição de estratégias de comunicação e mobilização, e disponibilização de subsídios para odiálogo;

VII - utilização de ambientes e ferramentas de redes sociais, quando for o caso;

VIII - priorização da exportação de dados em formatos abertos e legíveis por máquinas;

IX - sistematização e publicidade das contribuições recebidas;

X - utilização prioritária de softwares e licenças livres como estratégia de estímulo à participação naconstrução das ferramentas tecnológicas de participação social; e

XI - fomento à integração com instâncias e mecanismos presenciais, como transmissão de debates eoferta de oportunidade para participação remota.

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Art. 19. Fica instituída a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instância colegiadainterministerial responsável pela coordenação e encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelomonitoramento de suas respostas.

§ 1º As reuniões da Mesa de Monitoramento serão convocadas pela Secretaria-Geral da Presidênciada República, sendo convidados os Secretários-Executivos dos ministérios relacionados aos temas a seremdebatidos na ocasião.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreas competências específicas, o funcionamento e a criação de subgrupos da instância prevista no caput.

Art. 20. As agências reguladoras observarão, na realização de audiências e consultas públicas, odisposto neste Decreto, no que couber.

Art. 21. Compete à Casa Civil da Presidência da República decidir sobre a ampla divulgação deprojeto de ato normativo de especial significado político ou social nos termos do art. 34, caput, inciso II, doDecreto nº 4.176, de 28 de março de 2002.

Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da República.

DILMA ROUSSEFFMiriam BelchiorGilberto CarvalhoJorge Hage Sobrinho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.5.2014

*

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Mudança de regime por decretoopiniao.estadao.com.br /noticias/geral,mudanca-de-regime-por-decreto-imp-,1173217

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participediretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social comométodo de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses"movimentos sociais".

O grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é

dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização. Nãohá cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento de

fazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio e

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cinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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Colunista

Perigo vermelho

A turma do editorial do Estadão está em pânico. Apelou e perdeu a razão. Também, não erapara menos. O jornal que ajudou a derrubar os governos Vargas, em 1954, e João Goulart,em 1964, não dorme em serviço. Dilma que se cuide, pois estamos, de novo, em um ano dequatro.

Mais uma vez, e antes que seja tarde, o veículo que tem uma longa folha de serviçosprestados ao País está pronto para defender a democracia de seu principal algoz: o povo.

O jornal descobriu e denunciou, em um editorial ('Mudança de regime por decreto', de 29/5),que o governo da presidenta Dilma Rousseff está cometendo um crime de lesa pátria.

Os ideólogos das furiosas linhas chamam Dilma de 'companheira'. Calma, os 'companheiros'editorialistas continuam os mesmos. Apenas estão usando o pronome de tratamento deforma irônica.

Alertam para o grave risco que temos pela frente: ‘a presidente Dilma Rousseff quermodificar o sistema brasileiro de governo’ por decreto, brada o jornal que sabe defender umregime como ninguém.

Abram alas para os companheiros vetustos que falam de democracia com autoridade:

‘O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social(PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridadesjurídicas, ainda que possa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusosanseios das ruas. Na realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos domomento para impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito doque membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.’

E nós, incautos, dormindo, trabalhando e nos preparando para a Copa do Mundo de Futebol -quanta alienação! O gigante dormiu de novo. A coisa da ‘leitura desatenta’ é feita para gentecomo nós, míopes nas entrelinhas.

Por sorte, nada escapa à eterna vigilância dos companheiros que cavalgam de trombeta.

Cuidado com essa coisa de ‘sociedade civil’, pede o Estadão. Isso é um perigo.

Estejam todos atentos, pois querem destruir a democracia. Como pretendem fazê-lo?Trazendo a sociedade civil para dentro do governo.

Antonio Lassance

O Estadão contra a participação

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Os funéreos redatores jogaram a pá de cal até em liberais moderninhos como Alexis deTocqueville e John Stuart Mill, que defendiam a participação como base da boarepresentação, no século XIX.

A Constituição reescrita por um editorial

Em um de seus parágrafos mais histéricos, o editorial que baba afirma que ‘a companheiraDilma não concorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela AssembleiaConstituinte de 1988, e quer, por decreto, instituir outra fonte de poder: a 'participaçãodireta'.’

Alguém poderia enviar de presente ao Estadão, pelos Correios, um exemplar da Constituição,pois o deles deve ter sumido faz tempo.

Já se esqueceram do parágrafo único do artigo 1o de nossa Carta Magna , que diz:

‘Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos oudiretamente, nos termos desta Constituição’.

Provavelmente não chegaram sequer ao artigo 84, que dá ao Presidente da República opoder de expedir decretos sobre a organização e funcionamento da administração federal,que é exatamente o objeto do abominado ato oficial.

Não bastassem alguns ministros do Supremo, também o Estadão agora quer reescrever aConstituição, a começar por editoriais - quem sabe, um dia, via classificados.

Ficaria assim o primeiro artigo da Constituição, pelas mãos dos companheiros trombeteiros:

‘Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seusrepresentantes no Congresso, legitimamente eleitos.’

O Estadão acaba de proclamar o parlamentarismo, pois esqueceu-se até de incluir aPresidência da República como uma das instâncias de representação. Ou seja, EduardoCunha e Renan Calheiros, tudo bem; mas Dilma Rousseff, nem pensar.

Os tocadores de berrante pedem àqueles que consideram suas vaquinhas de presépio (‘Que oCongresso esteja atento’ e que venha ‘o STF, para declarar a inconstitucionalidade dodecreto’) para derrubarem a norma do Executivo.

O argumento pífio é o de que ela ‘fere o princípio básico da igualdade democrática (‘umapessoa, um voto’)’.

Hora de mandar mais um exemplar da Constituição para o Estadão. Nem o Brasil, nemqualquer país federalista do mundo segue o sistema de ‘uma pessoa, um voto’ narepresentação parlamentar.

Os caríssimos companheiros editorializantes até hoje não descobriram que nem a Câmara

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dos Deputados, nem o Senado Federal são constituídos pelo tal sistema de ‘uma pessoa, umvoto’. Erraram de país.

A única instância de representação em que essa regra é aplicada, para o azar do Estadão, éjustamente a Presidência da República.

Argumentos similares aos desse editorial já foram e continuam sendo usados contrainvenções diabólicas como, por exemplo, o orçamento participativo - coisa perigosíssima,nascida da invencionisse petista, dilmista, mensaleira e autoritária dos comissários.

O Estadão chamou para a briga. E pede ajuda a quem quer que seja para salvar nossosistema representativo.

Sim, esse mesmo sistema representativo que todos os dias os editoriais do Estadão e demuitos outros jornais ajudam a desmoralizar, a esculhambar, a retratar como um ninho debandidos, é esse sistema que eles conclamam que seja salvo. Avante, ‘companheiros’!

Dilma é acusada de ‘descaramento’ por conta do tal decreto. Aí descobrimos para que serve ocavalo do Estadão: para ajudar a escrever editoriais com coices.

Exorcistas de papel

Em momento algum o Editorialíssimo Jornal, do alto de sua cavalgadura, abandona a posturaautoritária e de tutela da opinião pública. Jamais passou, por baixo das patas de suasferraduras, a ideia de recomendar ao leitor um cuidado básico: o de ler o decreto.

O jornal, como sempre, confia no poder de seu berrante de produzir o efeito manada nos quecompram suas páginas. Espera que simplesmente ruminem sobre o decreto: ‘não li e nãogostei’.

Quem puder ler a norma verá que a mesma restringe-se a dar recomendações àadministração pública federal. Nem Estados, nem Municípios, nem o DF estão obrigados asegui-la.

A Câmara, o Senado e o STF, invocados pelos exorcistas de papel, não têm nada a ver com acoisa e podem permanecer sem sociedade civil, se assim preferirem, no intuito de agradar ojornal.

Sabem qual o grande perigo do decreto? O grande perigo é o de serem criados conselhos ecomissões de políticas públicas; conferências nacionais; ouvidorias; mesas de diálogo; fórunsinterconselhos; audiências públicas; consultas públicas; e ambientes virtuais de participaçãosocial.

Se é disso que o Estadão tem medo, é bom esconder-se debaixo da cama imediatamente,pois, com esse decreto, o bicho vai pegar.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Jornalistas acusam Dilma de implantar ditadura no país pormeio de decreto com 'barbaridades jurídicas'; leia

folhapolitica.org /2014/05/jornalistas-acusam-dilma-de-implantar.html

O editorial de hoje do jornal O Estadode S. Paulo acusou a presidenteDilma de deteriorar a democracia e"reprisar o engodo totalitário,vendendo um mundo romântico, masentregando o mais frio e cinzento dosmundos, onde uns poucos pretendem

dominar muitos" por meio de decretodatado de 23 de maio. Ademais, ocolunista Reinaldo Azevedo, de Veja eda Folha de S. Paulo, publicou críticaalinhada.Leia abaixo e manifeste sua opinião arespeito:

Editorial - O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu daAssembleia Constituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante asmanifestações de junho passado e que felizmente nem chegou a sair do casulo - e agoratenta por decreto mudar a ordem constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014,que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional deParticipação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa

soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Narealidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para imporvelhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membrosdesse partido entendem que deva ser uma democracia.A fórmula não é muito original. Odecreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participe diretamente em "todos osórgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nasagências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas

de diálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participaçãosocial como método de governo". Ora, a participação social numa democraciarepresentativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamenteeleitos. O que se vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistemarepresentativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, pordecreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".Não se trata de um atoingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova forma de fazer

democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suaspalavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere oprincípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar quealguns determinados cidadãos, aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia,sejam mais ouvidos.

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Vídeo com Dilma em paródia de propaganda do Bom Negócio viraliza na internet; assistaGoverno paga viagem para jornalistas gringos falarem bem do Brasil e o grupo é assaltado no Riode JaneiroDilma prestigia seu único aliado evangélico, Edir Macedo: participará da inauguração de temploque custará mais de R$400 milhões

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento dopoder político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto.Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o

Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".O grande desafio dademocracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é darvoz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau deconscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação quepor decreto a presidente Dilma Rousseff pretende instituir, ao criar canais específicos paraque uns sejam mais ouvidos do que outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, quetrabalha a semana inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências,

comissões, conselhos e mesas de diálogo?Ao longo do decreto fica explícito o sofismaque o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura manifestação dademocracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalização do poder, háa institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto aorigem do poder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimadospelas urnas, inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus

amigos precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seriademocrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por decreto.Querem reprisaro engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é maisum ato inconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenaso STF, para declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminarem toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

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Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe! (ReinaldoAzevedo)Atenção, leitores!Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados,

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solapados, diminuídos. A menos que você seja um membro do MTST, do MST, de umadessas siglas que optaram pela truculência como forma de expressão política.Demansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadurapetista por decreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que criauma tal “Política Nacional de Participação Social” e um certo “Sistema Nacional deParticipação Social”. O Estadão escreve nesta quinta um excelente editorial a respeito.

Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta o fundamento daigualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e cria umacategoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de“movimentos sociais”.O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar,define o que é “sociedade civil” em vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça,a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociaisinstitucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.Pronto!

Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, pornatureza, não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos osórgãos da administração pública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, comrepresentantes dessa tal sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que ogoverno de turno decidir que é… sociedade civilTodos os órgãos da gestão pública,incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos aos tais movimentossociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei a suaparticipação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem

ou percam as eleições.Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação”é, na verdade, um sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aquelesque participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que nãoparticipam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm direito departicipar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico.A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a

forma da democracia representativa: por meio de eleições livres, que escolhem oParlamento. O que Dilma está fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria derepresentação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que buscacorroer por dentro o regime democrático.O PT está tentando consolidar um comissariado àmoda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um escândalo se a Ordem dosAdvogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa excrescência. Com essedecreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O texto segue o

melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador eNicarágua. Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas,pela via aparentemente legal.Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-lapor decreto.

General pede que Dilma dê explicações sobre atentado a bomba que matou Kozel Filho em 1968Senador Mário Couto defende o impeachment da presidente Dilma; assistaPetição pedindo impeachment de Dilma ultrapassa 375 mil assinaturas

Mesmo prometendo mais dinheiro, Dilma é vaiada em três momentos na Expozebu e malconsegue falar; veja o vídeoEditorial do 'Financial Times' ridiculariza DilmaEconomista dinamarquês 'detona' Dilma e o Brasil: 'Campeão mundial em fracassos'

Lígia Ferreira

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Altamiro Borges: O Globo, que apoiou a ditadura militar,agora defende democracia sem povo

viomundo.com.br /denuncias/altamiro-borges-o-globo-que-apoiou-a-ditadura-militar-agora-defende-democracia-sem-povo.html

O Globo tem medo da democracia

Por Altamiro Borges, em seu blog

Na quinta-feira (26), a presidenta DilmaRousseff assinou decreto que tornaobrigatória a realização de consultaspúblicas para ouvir a sociedade sobretemas decisivos para os rumos do país. Amedida, que faz parte da intitulada “PolíticaNacional de Participação Social (PNPS)”, é

um passo importante para ampliar osmecanismos de democracia participativa noBrasil.

De imediato, a oposição direitista rechaçou a iniciativa. Coube, porém, ao jornal O Globo – o mesmo queapoiou o golpe militar e a sanguinária ditadura – a crítica mais raivosa à medida democratizante. Em

editorial publicado neste sábado, o diário afirma, na maior caradura, que o “decreto agride a democraciarepresentativa”.

O decreto prevê várias formas de participação política da sociedade: conselhos, conferências,audiências, ouvidorias, fóruns, mesas de diálogo, comissões especiais, ambientes virtuais e consultas

públicas.

Ele fixa que todos os “órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta” realizemconsultas visando “consolidar a participação social como método de governo” e aprimorar “a relação dogoverno com a sociedade”. Pelo decreto, caberá à Secretaria-Geral da Presidência da República

orientar a implantação da PNPS.

Ele garante que todo cidadão poderá participar desses formatos de diálogos, “além de movimentossociais, institucionalizados e não institucionalizados”.

Temendo a participação popular, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, já anunciou queirá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto.

Para o representante da direita oligárquica, o projeto do governo “é um eufemismo para o aparelhamento

ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo…É umainvasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País”.

No mesmo rumo, o deputado Ronaldo Caiado, o famoso ruralista do DEM, esbravejou que “o PT age nosentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela”.

Dos demos não se poderia esperar outra reação. Originários da Arena, o partido da ditadura, eles semprerejeitaram qualquer mecanismo de participação popular. Como expressão da velha oligarquia, queexplora trabalho escravo e contrata jagunços, o DEM nem precisa disfarçar sua postura autoritária, meiofascistóide.

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Já no caso do jornal O Globo, o editorial hidrófobo serve novamente para tirar a sua máscara. Aosatanizar o decreto número 8.243, que cria a PNPS, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir dedefensor da democracia representativa – logo ele que apoiou o golpe de 1964, a cassação de deputadose o fechamento do Congresso Nacional durante a ditadura militar.

“A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bemcomo a independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo. A desmontagem do regimerepresentativo costuma começar pela criação de mecanismos de ‘democracia direta’, para reduzir o pesodo Congresso na condução do país”, afirma no maior cinismo.

Para ele, o objetivo do decreto “é subtrair espaço do Legislativo por meio de comissões, conselhos,ouvidorias, mesas de diálogo, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas junto àadministração direta e até estatais, sempre em nome da participação social” e equivale a “um golpe deEstado na base da canetada”.

“O sentido autoritário do decreto denuncia a sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas queengendraram a ‘assembleia constituinte exclusiva’ a fim de fazer a reforma política – atalho para semudar a Constituição ao bel-prazer de minorias militantes -, surge das mesmas cabeças que tentaramcontrolar o conteúdo da produção audiovisual do país via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistasprofissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma origem dos idealizadores da ‘regulaçãoda mídia’… O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso e levado ao Supremo peloMinistério Público e/ou instituições da sociedade”, alerta o jornalão.

Só pela reação e desesperada de O Globo já dá para afirmar que o decreto que cria o PNPS representaum avanço para a democracia brasileira e merece urgente apoio das forças progressistas.

Leia também:

Lula à CartaCapital: Mídia foi contra o meu governo e o de Dilma

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Política Nacional de Participação Social e Ouvidoriasifb.edu.br /reitoria/reitoria/noticiasreitoria/6800-politica-nacional-de-participacao-social-e-ouvidorias

Portal do Governo Brasileiro

DetalhesPublicado em Terça, 27 Maio 2014 19:31

Celebramos no dia de hoje a edição do Decreto Nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS. Nos termos desse regulamento, construído a muitas mãos, asouvidorias públicas federais assumem, definitivamente, enorme responsabilidade na consecução doEstado Democrático de Direito: daqui em diante, somos “instância de controle e participação socialresponsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos àspolíticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramentoda gestão pública”. Assim, alcançamos um nível de institucionalidade que nos permite, de imediato, atuarde forma integrada e proativa.

Vale destacar que, em seu art. 13, o Decreto confere à Ouvidoria Geral da União da Controladoria-Geralda União o dever de editar diretrizes destinadas a harmonizar nossa atuação como instâncias integrantesdo Sistema de Participação Social (ao lado dos Conselhos, das Comissões e das ConferênciasNacionais), o que, por si só, propicia de imediato o funcionamento articulado, coordenado e sistêmico detodas as ouvidorias federais.

Contudo, se há motivos de sobra para comemorar essa conquista histórica, convém reafirmar que oprocesso de fortalecimento institucional da nossa ouvidoria passa pela ação imediata dos nossos (as)dirigentes no que diz respeito ao atendimento às demandas encaminhadas pela ouvidoria dentro dosprazos estabelecidos pelo nosso regimento interno.

Já foi encaminhada uma proposta de “Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo federal” à Casa Civil ejá conta com a aprovação da Secretaria Geral da Presidência da República. Nossa avaliação (realista) éque falta muito pouco, pois nosso longo e consistente processo de elaboração fez prevalecer apenas osmelhores argumentos: superamos nossos conflitos mais difíceis e alcançamos significativo consenso.

Agora é demonstrar nossa unidade e nosso compromisso com o processo democrático e, sobretudo, comas pessoas que precisam de nós.

Cleide Lemes da Silva CruzOUVIDORA/IFB

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Quentes • Últimas atualizações

Política Nacional de Participação SocialAdicione uma descrição a este tópico.

Afinal, o que é esse tal Decreto 8.243?

-se de uma nova política pública, “ a Política Nacional de Participação Social ”, que possui “ oobjetivo de fortalecer... de Participação Social ”. “Mecanismos de participação social” Ok,

então: há uma política que visa a aproximar estado... justamente abrir espaço para aparticipação política de tais movimentos e “coletivos”. O “cidadão” em nada é beneficiado...

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014 Institui a Política Nacional de ParticipaçãoSocial - PNPS e o Sistema Nacional..., inciso I , e no art. 17 da Lei nº 10.683 , de 28 de maiode 2003, DECRETA: Art. 1º Fica instituída a Política Nacional... de participação social jáinstituídos no âmbito do governo federal. Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS: I...

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Governo lança Política Nacional de Participação Social

da Política Nacional de Participação Social e entrega da 5ª edição do Prêmio ODMBrasil, às 10h, no Centro... Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília (DF). APolítica Nacional de Participação ...

Notícia Política • Partido dos Trabalhadores - São Paulo • 03/05/2014

Dilma lança em Brasília política nacional de participação social

de lançamento da Política Nacional de Participação Social e entrega da 5ª edição doPrêmio ODM Brasil,... de queixas de vários segmentos da sociedade por maisrepresentatividade no sistema político ...

Notícia Política • Valor Online • 23/05/2014

Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014

Presidência da Republica

JusBrasil - Tópicos01 de junho de 2014

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e mais 8 tópicosPolítica Nacional de Participação Social Política

e mais 8 tópicosPolítica Nacional de Participação Social Movimentos Sociais

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Institui a Política Nacional de Participação Social - ...

promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas eprogramas de governo... de participação social. Art. 7º O Sistema Nacional deParticipação Social - SNPS, ...

Dilma: Celebrar o dialogo e participação social significa celebrar a democracia

A presidenta Dilma Rousseff assinou o decreto que institui a Política Nacional deParticipação Social e entregou... não haverá reforma política se não tiver nesseprocesso participação social destacou.... ...

Notícia Política • Partido dos Trabalhadores - São Paulo • 03/05/2014

Dilma defende mais participação social em reforma

popular", afirmou, durante a cerimônia de lançamento da Política Nacional deParticipação Social. A presidente também recebeu... implementar a política nacional departicipação social, o portal ...

Notícia Jurídica • Estadão • 23/05/2014

Servidores interrompem Dilma e pedem negociação salarial

durante o lançamento da Política Nacional de Participação Social, na qual ela recebeu o5º... Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento doMilênio (ODM) e entrega da 5ª... edição do Prêmio ...

Notícia Jurídica • Estadão • 23/05/2014

CGU participa da 5ª Feira ONG Brasil

uma Roda de Conversa sobre Lei de Acesso à Informação (LAI), Ouvidorias e PolíticaNacional... de Participação Social. A atividade acontece das 17h às 19h, em estandelocalizado na zona central da Feira....A ...

Notícia Jurídica • Controladoria-Geral da União • 26/11/2013

Marco da Internet é adequado para debate, diz Dilma

do Milênio (ODM) e a Política Nacional de Participação Social. A presidente cobrou maisengajamento... aprovado pelo Congresso Nacional e já sancionado por ela. Dilma afirmouque a legislação da rede... dos que ...

Notícia Jurídica • Estadão • 23/05/2014

Governo institui Política de Participação Social

nesta segunda-feira decreto publicado no Diário Oficial que institui a Política Nacional deParticipação Social - PNPS,... à reforma política. "Não haverá reforma política se nãotiver nesse processo ...

Notícia Jurídica • Estadão • 26/05/2014

Consultas públicas sobre participação social seguem abertas até sexta-feira

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sexta-feira (6) as consultas públicas Compromisso Nacional pela Participação Social ePolítica... grupo de trabalho para construção do Sistema e da Política Nacional deParticipação Social, ...

Notícia Política • Governo do Estado da Bahia • 02/09/2013

Mais 163.073 resultados para "Política Nacional de Participação Social" na buscaJusBrasil.

Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/27442980/politica-nacional-de-participacao-social

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Afinal, o que é esse tal Decreto 8.243?rafaelcosta.jusbrasil.com.br /artigos/121548022/afinal-o-que-e-esse-tal-decreto-8243

Texto do Erick Vizolli publicado no Liberzone. Vale a leitura para quem quiser entender a razão de tantosestarem tão preocupados com as implicações desse decreto para a democracia brasileira.

“Been away so long I hardly knew the place / Gee, it’s good to be back home! /Leave it tilltomorrow to unpack my case / Honey, disconnect the phone! / I’m back in the USSR!” (TheBeatles – Back in the USSR)

Introdução

O maior problema do estado é que, tal qual um paciente de hospício, ele acredita possuir superpoderes,podendo violar as regras da natureza como bem entender. Dois exemplos bem conhecidos pelos liberais:

ele considera ser capaz de ler mentes de milhares de pessoas ao mesmo tempo com uma precisãoincrível e ter uma superinteligência capaz de fazer milhões de cálculos econômicos por segundo. Umroteirista de história em quadrinhos não faria melhor.

O estado brasileiro, no entanto, não está satisfeito com seus delírios atuais, e pretende aumentar oespectro dos seus poderes sobrenaturais para dois campos que a Física considera praticamente

inalcançáveis. E parece estar conseguindo: a partir de 26/05/2014, viagem no tempo e teletransportepassaram a ser oferecidos de graça a todo e qualquer cidadão brasileiro.

Obviamente, a tecnologia está nos seus primórdios e ainda tem suas limitações, de tal modo que você,pretenso candidato a Marty McFly, pode escolher apenas um destino para suas aventuras: a Rússia de

abril de 1917. Em compensação, prepare-se: graças ao estado brasileiro, você está prestes a enfrentar aexperiência soviética em todo o seu esplendor.

A “máquina do tempo” que nos leva de volta a 1917 tem um nome no mínimo inusitado: chama-se

Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014. Aqui a denominaremos apenas de “Decreto 8.243”, ou“Decreto”.

Este artigo se destina a investigar o seu funcionamento – ou, mais especificamente, quais as

modificações que esse decreto introduz na administração pública. Também farei algumas brevesconsiderações a respeito da analogia que se pode fazer entre o modelo por ele instituído e aquele quelevou à instauração do socialismo na Rússia: trata-se, no entanto, apenas de uma introdução ao tema,que, pela importância que tem, com certeza ainda gerará discussões muito mais aprofundadas.

O Decreto 8.243/2014

Chamado por um editorial do Estadão de “um conjunto de barbaridades jurídicas” e por Reinaldo

Azevedo de “a instalação da ditadura petista por decreto”, o Decreto 8.243/2014 foi editado pelaPresidência da república em 23/05/14, tendo sido publicado no Diário Oficial no dia 26 e entrado em vigorna mesma data.

Entender qual o real significado do Decreto exige ler pacientemente todo o seu texto, tarefa relativamenteingrata. Como todo bom decreto governamental, trata-se de um emaranhado de regras cuja formulação

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chega a ser medonha de tão vaga, sendo complicado interpretá-lo sistematicamente e de uma formacoerente. Tentarei, aqui, fazê-lo da forma mais didática possível, sempre considerando que grande partedo público leitor dessa página não é especialista na área jurídica (a propósito: que sorte a de vocês.).

Iniciemos do início, pois. Como o nome diz, trata-se de um “decreto”. “Decreto”, no mundo jurídico, é o

nome que se dá a uma ordem emanada de uma autoridade – geralmente do Poder Executivo – que tempor objetivo dar detalhes a respeito do cumprimento de uma lei. Um decreto se limita a isso – detalharuma lei já existente, ou, em latinório jurídico, ser “secundum legem”. Ao elaborá-lo, a autoridade não podeir contra uma lei (“contra legem”) ou criar uma lei nova (“præter legem”). Se isso ocorrer, o PoderExecutivo estará legislando por conta própria, o que é o exato conceito de “ditadura”. Ou seja: um decretoemitido em contrariedade a uma lei já existente deve ser considerado um ato ditatorial.

É exatamente esse o caso do Decreto 8.243/2014. Logo no início, vemos que ele teria sido emitido combase no "art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, inciso I,e no art. 17 da Lei nº 10.683”. Traduzindo para o português, tratam-se de alguns artigos relacionados àorganização da administração pública, dentre os quais o mais importante é o art. 84, VI da Constituição –o qual estabelece que o Presidente pode emitir decretos sobre a “organização e funcionamento da

administração federal, quando

não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos”.

Guarde essa última frase. Como veremos adiante, o que o Decreto 8.243 faz, na prática, é integrar àAdministração Pública vários órgãos novos – às vezes implícita, às vezes explicitamente –, algo que éconstitucionalmente vedado ao Presidente da República. Portanto, logo de cara percebe-se que se tratade algo inconstitucional – o Executivo está criando órgãos públicos mesmo sendo proibido a fazer talcoisa.

Os absurdos jurídicos, contudo, não param por aí.

A “sociedade civil”

Analisemos o texto do Decreto, para entender quais exatamente as modificações que ele introduz nosistema governamental brasileiro.

Em princípio, e para quem não está acostumado com a linguagem de textos legais, a coisa toda parecede uma inocência singular. Seu art. 1º esclarece tratar-se de uma nova política pública, “a PolíticaNacional de Participação Social”, que possui “o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e asinstâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e asociedade civil”. Ou seja: tratar-se-ia apenas de uma singela tentativa de aproximar a “administraçãopública federal” – leia-se, o estado – da “sociedade civil”.

O problema começa exatamente nesse ponto, ou seja, na expressão “sociedade civil”. Quando usadoem linguagem corrente, não se trata de um termo de definição unívoca: prova disso é que sobre ele já sedebruçaram inúmeros pensadores desde o século XVIII. Tais variações não são o tema deste artigo, mas,para quem se interessar, sugiro sobre o assunto a leitura deste texto de Roberto Campos, ainda

atualíssimo.

Para o Decreto, contudo, “sociedade civil” tem um sentido bem determinado, exposto em seu art. 2º, I:dá-se esse nome aos “cidadãos, coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações”.

Muita atenção a esse ponto, que é de extrema importância. O Decreto tem um conceito preciso daquilo

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que é considerado como “sociedade civil”. Dela fazem parte não só o “cidadão” – eu e você, comopessoas físicas – mas também “coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações”. Ou seja: todos aqueles que promovemmanifestações, quebra-quebras, passeatas, protestos, e saem por aí reivindicando terra, “direitos”trabalhistas, passe livre, saúde e educação – MST, MTST, MPL, CUT, UNE, sindicatos… Pior: há umabrecha que permite a participação de movimentos “não institucionalizados” – conceito que, na prática,

pode abranger absolutamente qualquer coisa.

Em resumo: “sociedade civil”, para o Decreto, significa “movimentos sociais”. Aqueles mesmos que, comotodos sabemos, são controlados pelos partidos de esquerda – em especial, pelo próprio PT. Não seenganem: a intenção do Decreto 8.243 é justamente abrir espaço para a participação política de taismovimentos e “coletivos”. O “cidadão” em nada é beneficiado – em primeiro lugar, porque já tem e

sempre teve direito de petição aos órgãos públicos - art. 5º, XXXIV, “a” da Constituição -; em segundolugar, porque o Decreto não traz nenhuma disposição a respeito da sua “participação popular” – aliás, apalavra “cidadão” nem é citada no restante do texto, excetuando-se um princípio extremamente genéricono art. 3º.

Podemos, então, reescrever o texto do art. 1º usando a própria definição legal: o Decreto, na verdade,tem “o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e aatuação conjunta entre a administração pública federal e os movimentos sociais”.

Compreender o significado de “sociedade civil” no contexto do Decreto é essencial para se interpretar o

resto do seu texto. Basta notar que a expressão é repetida 24 (vinte e quatro!) vezes ao longo do restantedo texto, que se destina a detalhar os instrumentos a serem utilizados na tal “Política Nacional deParticipação Social”.

“Mecanismos de participação social”

Ok, então: há uma política que visa a aproximar estado e “movimentos sociais”. Mas no que exatamenteela consiste? Para responder a essa questão, comecemos pelo art. 5º, segundo o qual “os órgãos eentidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadas as especificidades de

cada caso,

considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstos neste Decreto, para aformulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticas públicas”.

Traduzindo o juridiquês: a partir de agora, todos os “os órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta” (ou seja, tudo o que se relaciona com o governo federal: gabinete daPresidência, ministérios, universidades públicas…) deverão formular seus programas em atenção ao queos tais “

mecanismos de participação social” demandarem. Na prática, o Decreto obriga órgãos da administraçãodireta e indireta a ter a participação desses “mecanismos”. Uma decisão de qualquer um deles só setorna legítima quando houver essa consulta – do contrário, será juridicamente inválida. E, como informamos parágrafos do art. 5º, essa participação deverá ser constantemente controlada, a partir de “relatórios” e“avaliações”.

Os “mecanismos de participação social” são apresentados no art. 2º e no art. 6º, que fornecem uma listacom nove exemplos: conselhos e comissões de políticas públicas, conferências nacionais, ouvidoriasfederais, mesas de diálogo, fóruns interconselhos, audiências e consultas públicas e “ambientes virtuaisde participação social” (pelo visto, nossos amigos da MAV-PT acabam de ganhar mais uma função…).

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A rigor, todas essas figuras não representam nada de novo, pois já existem no direito brasileiro. Para ficarem alguns exemplos: “audiências públicas” são realizadas a todo momento, a expressão “conferêncianacional” retorna 2.500.000 hits no Google e há vários exemplos já operantes de “conselhos de políticaspúblicas”, como informa este breve relatório da Câmara dos Deputados sobre o tema. Qual seria oproblema, então?

A questão está, novamente, nos detalhes. Grande parte do restante do Decreto – mais especificamente,os arts. 10 a 18 – destinam-se a dar diretrizes, até hoje inexistentes (ao menos de uma formasistemática), a respeito do funcionamento desses órgãos de participação. E nessas diretrizes mora ogrande problema. Uma rápida leitura dos artigos que acabei de mencionar revela que várias delas estãoimpregnadas de mecanismos que, na prática, têm o objetivo de inserir os “movimentos sociais” a que mereferi acima na máquina administrativa brasileira.

Vamos dar um exemplo, analisando o art. 10, que disciplina os “conselhos de políticas públicas”. Em seusincisos, estão presentes várias disposições que condicionam sua atividade à da “sociedade civil” –leia-se, aos “movimentos sociais”, como demonstrado acima. Por exemplo: o inciso I determina que osrepresentantes de tais conselhos devem ser “eleitos ou indicados pela sociedade civil”, o inciso II, que

suas atribuições serão definidas “com consulta prévia à sociedade civil”. E assim por diante. Essasbrechas estão espalhadas ao longo do texto do Decreto, e, na prática, permitem que “coletivos,movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”imiscuam-se na própria Administração Pública.

O art. 19, por sua vez, cria um órgão administrativo novo (lembram do que falei sobre ainconstitucionalidade, lá em cima?): “a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instânciacolegiada interministerial responsável pela coordenação e

encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelo monitoramento de suas respostas”. Ou seja:uma bancada pública feita sob medida para atender “pautas dos movimentos sociais”, feito balcão de

padaria. Para quem duvidava das reais intenções do Decreto, está aí uma prova: esse artigo sequer temo pudor de mencionar a “sociedade civil”. Aqui já é MST, MPL e similares mesmo, sem intermediários.

Enfim, para resumir tudo o que foi dito até aqui: com o Decreto 8.243/2014,

(i) os “movimentos sociais” passam a controlar determinados “mecanismos de participação social”; (ii)toda a Administração Pública passa a ser obrigada a considerar tais “mecanismos” na formulação desuas políticas. Isto é: o MST passa a dever ser ouvido na formulação de políticas agrárias; o MPL, na detransporte; aquele sindicato que tinge a cidade de vermelho de quando em quando passa a opinar sobreleis trabalhistas. “Coletivos, movimentos sociais, suas redes e suas organizações” se inserem no sistema

político, tornando-se órgãos de consulta: na prática, uma extensão do Legislativo.

“Back in the U. S. S. R.”!

Esse sistema de “poder paralelo” não é inédito na História – e entender as experiências pretéritas é umaexcelente maneira de se compreender o que significam as atuais. É isso que, como antecipei no início dotexto, nos leva de volta a 1917 e aos “sovietes” da Revolução Russa, possivelmente o exemplo maisconhecido e óbvio desse tipo de organização. Se é verdade que “aqueles que não podem lembrar opassado estão condenados a repeti-lo”, como diz o clássico aforismo de George Santayana, é essencial

voltar os olhos para o passado e entender o que de fato se passou quando um modelo de organizaçãosocial idêntico ao instituído pelo Decreto 8.243/2014 foi adotado.

Essa análise nos leva ao momento imediatamente posterior à Revolução de Fevereiro, que derrubouNicolau II. O clima de anarquia gerado após a abdicação do czar levou à formação de um Governo

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Provisório inicialmente desorganizado e pouco coeso, incapaz de governar qualquer coisa que fosse.

Paralelamente, formou-se na capital russa (Petrogrado) um conselho de trabalhadores – na verdade, umarepetição de experiências históricas anteriores similares, que na Rússia remontavam já à Revolução de1905. Tal conselho – o Soviete de Petrogrado – consistia de “deputados” escolhidos aleatoriamente nas

fábricas e quarteis. Em 15 dias de existência, o soviete conseguiu reunir mais de três mil membros, cujassessões eram realizadas de forma caótica – na realidade, as decisões eram tomadas pelo seu comitêexecutivo, conhecido como Ispolkom. Nada diferente de um MST, por exemplo.

A ampla influência que o Soviete possuía sobre os trabalhadores fez com que os representantes do

Governo Provisório se reunissem com seus representantes (1º-2 de março de 1917) em busca de apoio àformação de um novo gabinete. Isto é: o Governo Provisório foi buscar sua legitimação junto aossovietes, ciente de que, sem esse apoio, jamais conseguiria firmar qualquer autoridade que fosse juntoaos trabalhadores industriais e soldados. O resultado dessas negociações foi o surgimento de um regimede “poder dual” (dvoevlastie), que imperaria na Rússia de março/1917 até a Revolução de Outubro:nesse sistema, embora o Governo Provisório ocupasse o poder nominal, este na prática não passava deuma permissão dos sovietes, que detinham a influência majoritária sobre setores fundamentais da

população russa. A Revolução de Outubro, que consolidou o socialismo no país, foi simplesmente apassagem de “todo o poder aos sovietes!” (“vsia vlast’ sovetam!”) – um poder que, na prática, eles jádetinham.

Antes mesmo do Decreto 8.243, o modelo soviético já antecipava de forma clara o fenômeno dos

“movimentos sociais” que ocorre no Brasil atualmente. Com o Decreto, a similaridade entre os modelosapenas se intensificou.

Em primeiro lugar, e embora tais movimentos clamem ser a representação do “povo”, dos“trabalhadores”, do “proletariado” ou de qualquer outra expressão genérica, suas decisões são tomadas,na realidade, por poucos membros – exatamente como no Ispolkom soviético, a deliberação parte de um

corpo diretor organizado e a aclamação é buscada em um segundo momento, como forma delegitimação. Qualquer assembleia de movimentos de esquerda em universidades é capaz de comprovarisso.

Além disso, a institucionalização de conselhos pelo Decreto 8.243/2014 leva à ascensão política

instantânea de “revolucionários profissionais” – pessoas que dedicam suas vidas inteiras à atividadepartidária, em uma tática já antecipada por Lênin em seu panfleto “Que Fazer?”, de 1902 (capítulo 4c).Explico melhor. Vamos supor por um momento que o Decreto seja um texto bem intencionado, que defato pretenda “inserir a sociedade civil” dentro de decisões políticas (como, aliás, afirma o diretor deParticipação Social da Presidência da Repúblican este artigo d’O Globo). Ora, quem exatamente teriatempo para participar de “conselhos”, “comissões”, “conferências” e “audiências”? Obviamente, não ocidadão comum, que gasta seu dia trabalhando, levando seus filhos para a escola e saindo com os

amigos. Tempo é um fator escasso, e a maioria das pessoas simplesmente não possui horas de sobrapara participar ativamente de decisões políticas – é exatamente por isso que representantes são eleitospara essas situações. Quem são as exceções? Não é difícil saber. Basta passar em qualquer sindicato oudiretório acadêmico: ele estará cheio de “revolucionários profissionais”, cuja atividade política extraoficialacabou de ser legitimada por decreto presidencial.

A questão foi bem resumida por Reinaldo Azevedo, no texto que citei no início deste artigo. Diz oarticulista: “isso que a presidente está chamando de ‘sistema de participação’ é, na verdade, um sistemade tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que participam dos ditos movimentos sociaissão mais cidadãos do que os que não participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias debrasileiros: os que têm direito de participar da vida púbica [sic] e os que não têm. Alguém dirá: ‘Ora, basta

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integrar um movimento social’. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico”.

Exatamente por esses motivos, tal forma de organização confere a extremistas de esquerdapossibilidades de participação política muito mais amplas do que eles teriam em uma lógica democrática

“verdadeira” – na qual ela seria reduzida a praticamente zero. Basta ver que o Partido Bolchevique, queviria a ocupar o poder na Rússia em outubro de 1917, era uma força política praticamente irrelevantedentro do país: sua subida ao poder se deve, em grande parte, à influência que exercia sobre os demaispartidos socialistas (mencheviques e socialistas-revolucionários) dentro do sistema dos sovietes. Algoanálogo ocorre no Brasil atual: salvo exceções pontuais, PSOL, PSTU et caterva apresentam resultadospífios nas eleições, mas por meio da ação de “movimentos sociais” conseguem inserir as suas pautas nadiscussão política. As manifestações pelo “passe livre” – uma reivindicação extremamente minoritária,

mas que após um quebra-quebra nacional ocupou grande parte da discussão política em junho/julho de2013 – são um exemplo evidente disso.

O sistema introduzido pelo Decreto 8243/2014 apenas incentiva esse tipo de ação. O Legislativo “oficial”– aquele que contém representantes da sociedade eleitos voto a voto, representando proporcionalmente

diversos setores – perde, de uma hora para outra, grande parte de seu poder. Decisões estatais sópassam a valer quando legitimadas por órgãos paralelos, para os quais ninguém votou ou deu suapalavra de aprovação – e cujo único “mérito” é o fato de estarem alinhados com a ideologia do partidoque ocupa o Executivo.

Pior: a administração pública é engessada, estagnada. Não no sentido definido no artigo d’O Globo quelinkei acima (demora na tomada de decisões), mas em outro: os cargos decisórios desse “poderLegislativo paralelo” passam a ser ocupados sempre pelas mesmas pessoas. Suponhamos, em umesforço muito grande de imaginação, que o PT perca as eleições presidenciais de 2018 e seja substituídopor, digamos, Levy Fidelix e sua turma. Com a reforma promovida pelo Decreto 8.243/2014 e a ocupaçãode espaços de deliberação por órgãos não eletivos, seria impossível ao novo presidente implantar suaspolíticas aerotrênicas: toda decisão administrativa que ele viesse a tomar teria que, obrigatoriamente,

passar pelo crivo de conselhos, comissões e conferências que não são eleitos por ninguém, não renovamseus quadros periodicamente e não têm transparência alguma. Ou seja: ainda que o titular do governovenha a mudar, esses órgãos (e, mais importante, os indivíduos a eles relacionados) permanecem dentroda máquina administrativa ad eternum, consolidando cada vez mais seu poder.

Conclusão

O Decreto 8.243/2014 é, possivelmente, o passo mais ousado já tomado pelo PT na consecução do“socialismo democrático” – aquele sistema no qual você está autorizado a expressar a opinião que quiser,

desde que alinhada com o marxismo. Sua real intenção é criar um “lado B” do Legislativo, não sódeslegitimando as instituições já existentes como também criando um meio de “acesso facilitado” demovimentos sociais à política.

Boa parte dos leitores dessa página podem estar se perguntando: “e daí?”. Afinal, sabemos que a

democracia representativa é um sistema imperfeito: suas falhas já foram expostas por um númeroenorme de autores, de Tocqueville a Hans-Hermann Hoppe. É verdade.

No entanto, a democracia representativa ainda é “menos pior” do que a alternativa que se propõe. Umsistema onde setores opostos da sociedade se digladiam em uma arena política, embora tendanecessariamente a favorecimentos, corrupção e má aplicação de recursos, ainda possui certo “controle”

interno: leis e decisões administrativas que favoreçam demais a determinados grupos ou restrinjamdemasiadamente os direitos de outros em geral tendem a ser rechaçadas. Isso de forma alguma ocorre

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em um sistema onde decisões oficiais são tomadas e “supervisionadas” por órgãos cujo únicocompromisso é o ideológico, como o que o Decreto 8.243/2014 tenta implementar.

Esse segundo caso, na verdade, nada mais é do que uma pisada funda no acelerador na autoestradapara a servidão.

Autor: Erick Vizolli em Liberzone.

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Jurista diz que obrigar órgãos a ter estruturas para ouvirsociedade engessa governo e é um exagero

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BRASÍLIA - Num ano eleitoral, a presidente Dilma Rousseff editou decreto que obriga os órgãos dogoverno a promover consultas populares sobre grandes temas, antes de definir a política a ser adotada eanunciada pelo governo. O decreto 8243/2014 cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) ediz que o objetivo é “consolidar a participação social como método de governo”. A decisão provocoupolêmica e foi recebida com críticas por juristas e parlamentares.

Na prática, a proposta obriga órgãos da administração direta e indireta a criar estruturas a título departicipação social, como “conselho de políticas públicas” e “comissão de políticas públicas”. Até mesmoas agências reguladoras terão que cumprir as novas regras. De acordo com o texto, os órgãos serãoobrigados a considerar esses colegiados durante “a formulação, a execução, o monitoramento e aavaliação de seus programas e políticas públicas”. Na prática, ministérios e demais órgãos serãoobrigados a criar conselhos, realizar conferências ou mesmo promover mesas de diálogo. Esse tipo de

mecanismo pode engessar ainda mais o governo. Os órgãos terão que promover relatórios anuais paramostrar que estão cumprindo a determinação e prestar contas.

A decisão da presidente Dilma de tentar criar um modelo de participação social via decreto foi vista comoum exagero, passando por cima inclusive da Constituição. Para o jurista Carlos Velloso, ex-presidente do

Supremo Tribunal Federal, há risco de enfraquecimento do Poder Legislativo como fórum derepresentação da sociedade e de discussão de grandes temas, além do engessamento das decisões dogoverno. Um tema polêmico pode demorar devido à exigência de se ouvir diversos representantes dasociedade, por exemplo.

— Isso é um exagero. E utilizar decreto é exagero demais. Acredito que essa discussão só poderia serfeita por lei, ou até por meio da Constituição. A Constituição estabelece os casos em que pode haverconsulta popular. E isso acaba deixando o Legislativo no corner — disse Velloso.

O deputado Miro Teixeira (PROS-RJ) considera que a medida pode “travar a administração pública”:

— Em geral, esses conselhos populares não são populares, porque são nomeados pelos governantes.Em tempos de dificuldades, é que surgem essas ações (nos governos).

O diretor de Participação Social da Secretaria Geral da Presidência, Pedro Pontual, defende o decreto erebate críticas de que as normas possam engessar o governo ou mesmo tenham viés esquerdista. Eledisse que esse tipo de consulta já é utilizada, por meio das conferências. Ele citou as discussões doPlano Brasil Sem Miséria, alegando que elas não “atrasaram” o lançamento do programa:

— A Constituição garante o direito do cidadão de participar. O que o governo quer é que a participaçãosocial vire um método de governo. As políticas públicas que passam pelo processo social saem dogoverno com mais qualidade. Todas as políticas deverão ter alguma interlocução com a sociedade.

Questionado sobre as críticas de que o governo se baseia em práticas do governo do presidentevenezuelano Hugo Chávez, ele reagiu:

— Isso não engessa o governo e não tem nada a ver (com política chavista). É a institucionalidade dademocracia, é uma relação de soma.

Próxima Ameaças levaram Barbosa a antecipar aposentadoria

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Golpe petista: Dilma extinguiu democracia por decreto nestasemana!

blog.jornalpequeno.com.br /linhares/2014/05/30/golpe-petista-dilma-extinguiu-democracia-por-decreto-nesta-semana

Abaixo seguem trechos de um editorial de O Estadão e de um texto do jornalista Reinaldo Azevedo sobre

o que deve ser visto como o maior ataque ao regime democrático brasileiro desde o Golpe de 1964.

DILMA DECIDIU EXTINGUIR A DEMOCRACIA POR DECRETO – REINALDO AZEVEDO

Atenção, leitores!

Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados, solapados, diminuídos. A menos que vocêseja um membro do MTST, do MST, de uma dessas siglas que optaram pela truculência como forma de

expressão política.

De mansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadura petista pordecreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que cria uma tal “Política Nacionalde Participação Social” e um certo “Sistema Nacional de Participação Social”. O Estadão escreve nesta

quinta um excelente editorial a respeito. Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, queafronta o fundamento da igualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e criauma categoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de “movimentossociais”.

O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar, define o que é “sociedade civil” emvários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça, a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, oscoletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes esuas organizações”.

Pronto! Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, por natureza,não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos os órgãos da administraçãopública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, com representantes dessa tal sociedade civil —que, como já vimos, será tudo aquilo que o governo de turno decidir que é… sociedade civil

Todos os órgãos da gestão pública, incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos

aos tais movimentos sociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei asua participação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem ou percamas eleições.

Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação” é, na verdade, um sistema de tutela.

Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que participam dos ditos movimentos sociais são maiscidadãos do que os que não participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os quetêm direito de participar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partido político.

A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a forma da democraciarepresentativa: por meio de eleições livres, que escolhem o Parlamento. O que Dilma está fazendo, pordecreto, é criar uma outra categoria de representação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se deuma iniciativa que busca corroer por dentro o regime democrático.

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O PT está tentando consolidar um comissariado à moda soviética. Trata-se de um golpe institucional.Será um escândalo se a Ordem dos Advogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essaexcrescência. Com esse decreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O textosegue o melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador e Nicarágua.Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas, pela via aparentementelegal.

Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-la por decreto.

MUDANÇA DE REGIME – EDITORIAL ESTADÃO

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política – ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo – e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a “sociedade civil” participediretamente em “todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta”, etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de “consolidar a participação social comométodo de governo”. Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a “participação direta”.

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos “burocrática”. O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem – isso sim – um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática (“uma pessoa, um voto”) ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses“movimentos sociais”.

O grande desafio da democracia – e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa –

é dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização.Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os “movimentos sociais” são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direito

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significou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento defazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento – não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº , DE 2014

(Dos Srs. Mendonça Filho e Ronaldo Caiado)

Susta a aplicação do Decreto nº 8.243, de 23 demaio de 2014, que institui a Política Nacional deParticipação Social – PNPS e o Sistema Nacionalde Participação Social – SNPS, e dá outrasprovidências.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º. Nos termos do art. 49, inciso V, da Constituição Federal, fica

sustado o Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de Participação

Social – SNPS, e dá outras providências.

Art. 2º. Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua

publicação.

JUSTIFICATIVA

O Decreto presidencial nº 8.243, de 23 de maio de 2014, institui a

Política Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de

Participação Social – SNPS, e dá outras providências.

Em detida análise da matéria, percebe-se a ostensiva e flagrante

inconstitucionalidade do ato normativo que ora se pretende impugnar.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

O Decreto presidencial corrói as entranhas do regime representativo, um

dos pilares do Estado democrático de direito, adotado legitimamente na

Constituição Federal de 1988.

Vejamos.

No art. 1º, dispõe que “fica instituída a Política Nacional de Participação

Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as

instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração

pública federal e a sociedade civil”. No art. 2º, estabelece o que é sociedade

civil e no art. 3º reconhece a participação social como direito do cidadão e

expressão de sua autonomia e – pasmem – reconhece que se trata da

ampliação dos mecanismos de controle social. No art. 4º, inc. VIII, afirma ser

objetivo da Política incentivar e promover ações e programas de apoio

institucional, formação e qualificação em participação social para agentes

públicos e sociedade civil.

Nesta primeira etapa, resta patente a prevalência do direito à

participação daqueles considerados pelo Governo como sociedade civil ou

movimentos sociais, com incentivo à sua formação. O cidadão comum, não

afeto a este ativismo social, fica relegado ao segundo plano dentro da

organização política prevista no referido Decreto.

O art. 5º determina que “os órgãos e entidades da administração pública

federal direta e indireta deverão, respeitadas as especificidades de cada caso,

considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstos

neste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação

de seus programas e políticas públicas”, sendo que sua implantação será

acompanhada pela Secretaria Geral da Presidência da República.

Neste ponto, cumpre ressaltar os riscos aos quais as políticas públicas

passam a se submeter, ante a necessária oitiva das decisões tomadas no

âmbito do aberrante “sistema de participação social”, de que trata o ato

questionado.

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CÂMARA DOS DEPUTADOSEssas breves linhas retratam de maneira absolutamente clara qual a

intenção da Presidente da República: implodir o regime de democracia

representativa, na medida em que tende a transformar esta Casa em um

autêntico elefante branco, mediante a transferência do debate institucional para

segmentos eventualmente cooptados pelo próprio Governo. O ato em questão

não comporta outra leitura. Especialmente, levando-se em conta que a Carta

da República já disponibiliza os instrumentos que asseguram a participação de

qualquer cidadão brasileiro nas decisões políticas.

Na verdade, sob o manto de se aumentar a participação popular, o que o

Governo faz é restringir esta participação àquele segmento social escolhido de

acordo com a cartilha palaciana, impedindo o acesso amplo e irrestrito de todo

cidadão, garantido, entre outros dispositivos, pelo art. 14 da Carta Magna, que

reza: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal, e pelo voto

direto e secreto, com valor igual para todos e nos termos da lei, mediante: I-

plebiscito; II – referendo; III - iniciativa popular.”.

Ao dar prerrogativas aos movimentos sociais adeptos da ideologia do

grupo político no poder nos últimos doze anos e fomentar a sua ampliação; ao

submeter os órgãos da Administração Pública – incluindo as agências

reguladoras – às decisões tomadas no âmbito do Programa; e ao promover o

controle dos movimentos sociais, a Presidente da República, na verdade, está

criando seu próprio Estado, suas próprias regras, suas classes de cidadãos,

incorporando, assim, a figura de Luis XIV, quando disse: L´Etat c´est moi.

A necessidade de se combater esta insanidade consolidada no Decreto

nº 8.243, de 23 de maio de 2014, também se revela no absurdo cenário que

estamos vivendo no Brasil. Tentativas de controlar a mídia através de

mecanismos de regulação econômica e de conteúdo, o inchaço da máquina

pública (p.ex.40 ministérios!!!), aparelhamento do Estado, através da colocação

de quadros políticos em cargos técnicos chave (como se viu nos recentes

escândalos da Petrobrás), a tentativa de controle do Poder Legislativo, com a

impressionante edição de medidas provisórias e urgências constitucionais etc.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Todos estes aspectos demonstram como se faz urgente e indispensável

o combate a toda e qualquer tentativa de subversão da ordem constitucional

posta, uma vez que a sanha autoritária da Presidente da República apenas

aguarda o instante para se revelar e assumir o seu lugar.

Nesses termos, uma vez demonstrada a exorbitância do ato normativo

ora combatido, solicitamos, com base no art. 49, V, da Constituição da

República, o apoio dos nobres Pares no sentido de sustar a referida norma.

Sala das Sessões, em de de 2014.

MENDONÇA FILHO

Democratas/PE

RONALDO CAIADO

Democratas/GO

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camara.gov.br /proposicoesWeb/prop_imp;jsessionid=A095F4B38DBD1E4F974693C35A8A3DA0.proposicoesWeb2

PDC 1491/2014

Projeto de Decreto Legislativo

Situação:Aguardando Despacho do Presidente da Câmara dos Deputados

Identificação da Proposição

Autor Apresentação

Mendonça Filho - DEM/PE 30/05/2014

Ementa

Susta a aplicação do Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui aPolítica Nacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional de

Participação Social - SNPS, e dá outras providências.

Informações de Tramitação

Forma de apreciação Regime de tramitação

Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário .

Documentos Anexos e Referenciados

Avulsos Legislação Citada Mensagens, Ofícios eRequerimentos (0)

Destaques (0) Histórico de Pareceres, Substitutivos eVotos (0)

Relatório de conferência deassinaturas

Emendas (0) Recursos (0)

Histórico dedespachos (0)

Redação Final

Tramitação

Data Andamento

30/05/2014 PLENÁRIO (PLEN)

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• Apresentação do Projeto de Decreto Legislativo n. 1491/2014, peloDeputado Mendonça Filho (DEM-PE), que: "Susta a aplicação doDecreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a PolíticaNacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional deParticipação Social - SNPS, e dá outras providências".

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Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

Institui a Política Nacional de Participação Social -PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social -SNPS, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV eVI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, caput, inciso I, e no art. 17 da Lei nº10.683, de 28 de maio de 2003,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer earticular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. Na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas epolíticas públicas e no aprimoramento da gestão pública serão considerados os objetivos e as diretrizes daPNPS.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:

I - sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações;

II - conselho de políticas públicas - instância colegiada temática permanente, instituída por atonormativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisórioe na gestão de políticas públicas;

III - comissão de políticas públicas - instância colegiada temática, instituída por ato normativo, criadapara o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específico, com prazo defuncionamento vinculado ao cumprimento de suas finalidades;

IV - conferência nacional - instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temasespecíficos e de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade civil,podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretrizes e açõesacerca do tema tratado;

V - ouvidoria pública federal - instância de controle e participação social responsável pelo tratamentodas reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos,prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública;

VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores dasociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitossociais;

VII - fórum interconselhos - mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos ecomissões de políticas públicas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programasgovernamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade;

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VIII - audiência pública - mecanismo participativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquerinteressado, com a possibilidade de manifestação oral dos participantes, cujo objetivo é subsidiar decisõesgovernamentais;

IX - consulta pública - mecanismo participativo, a se realizar em prazo definido, de caráter consultivo,aberto a qualquer interessado, que visa a receber contribuições por escrito da sociedade civil sobredeterminado assunto, na forma definida no seu ato de convocação; e

X - ambiente virtual de participação social - mecanismo de interação social que utiliza tecnologias deinformação e de comunicação, em especial a internet, para promover o diálogo entre administração públicafederal e sociedade civil.

Parágrafo único. As definições previstas neste Decreto não implicam na desconstituição ou alteraçãode conselhos, comissões e demais instâncias de participação social já instituídos no âmbito do governofederal.

Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS:

I - reconhecimento da participação social como direito do cidadão e expressão de sua autonomia;

II - complementariedade, transversalidade e integração entre mecanismos e instâncias da democraciarepresentativa, participativa e direta;

III - solidariedade, cooperação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo,orientação sexual, religião e condição social, econômica ou de deficiência, para a construção de valores decidadania e de inclusão social;

IV - direito à informação, à transparência e ao controle social nas ações públicas, com uso delinguagem simples e objetiva, consideradas as características e o idioma da população a que se dirige;

V - valorização da educação para a cidadania ativa;

VI - autonomia, livre funcionamento e independência das organizações da sociedade civil; e

VII - ampliação dos mecanismos de controle social.

Art. 4º São objetivos da PNPS, entre outros:

I - consolidar a participação social como método de governo;

II - promover a articulação das instâncias e dos mecanismos de participação social;

III - aprimorar a relação do governo federal com a sociedade civil, respeitando a autonomia das partes;

IV - promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas e programasde governo federal;

V - desenvolver mecanismos de participação social nas etapas do ciclo de planejamento e orçamento;

VI - incentivar o uso e o desenvolvimento de metodologias que incorporem múltiplas formas deexpressão e linguagens de participação social, por meio da internet, com a adoção de tecnologias livres decomunicação e informação, especialmente, softwares e aplicações, tais como códigos fonte livres eauditáveis, ou os disponíveis no Portal do Software Público Brasileiro;

VII - desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamenteexcluídos e aos vulneráveis;

VIII - incentivar e promover ações e programas de apoio institucional, formação e qualificação emparticipação social para agentes públicos e sociedade civil; e

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IX - incentivar a participação social nos entes federados.

Art. 5º Os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadasas especificidades de cada caso, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstosneste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticaspúblicas.

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput elaborarão, anualmente, relatório de implementação daPNPS no âmbito de seus programas e políticas setoriais, observadas as orientações da Secretaria-Geral daPresidência da República.

§ 2º A Secretaria-Geral da Presidência da República elaborará e publicará anualmente relatório deavaliação da implementação da PNPS no âmbito da administração pública federal.

Art. 6º São instâncias e mecanismos de participação social, sem prejuízo da criação e doreconhecimento de outras formas de diálogo entre administração pública federal e sociedade civil:

I - conselho de políticas públicas;

II - comissão de políticas públicas;

III - conferência nacional;

IV - ouvidoria pública federal;

V - mesa de diálogo;

VI - fórum interconselhos;

VII - audiência pública;

VIII - consulta pública; e

IX - ambiente virtual de participação social.

Art. 7º O Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, coordenado pela Secretaria-Geral daPresidência da República, será integrado pelas instâncias de participação social previstas nos incisos I a IVdo art. 6º deste Decreto, sem prejuízo da integração de outras formas de diálogo entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. A Secretaria-Geral da Presidência da República publicará a relação e a respectivacomposição das instâncias integrantes do SNPS.

Art. 8º Compete à Secretaria-Geral da Presidência da República:

I - acompanhar a implementação da PNPS nos órgãos e entidades da administração pública federaldireta e indireta;

II - orientar a implementação da PNPS e do SNPS nos órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta;

III - realizar estudos técnicos e promover avaliações e sistematizações das instâncias e dosmecanismos de participação social definidos neste Decreto;

IV - realizar audiências e consultas públicas sobre aspectos relevantes para a gestão da PNPS e doSNPS; e

V - propor pactos para o fortalecimento da participação social aos demais entes da federação.

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Art. 9º Fica instituído o Comitê Governamental de Participação Social - CGPS, para assessorar aSecretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e na implementação da PNPS e nacoordenação do SNPS.

§ 1º O CGPS será coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, que dará o suportetécnico-administrativo para seu funcionamento.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreseu funcionamento.

Art.10. Ressalvado o disposto em lei, na constituição de novos conselhos de políticas públicas e nareorganização dos já constituídos devem ser observadas, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil, preferencialmente de formaparitária em relação aos representantes governamentais, quando a natureza da representação orecomendar;

II - definição, com consulta prévia à sociedade civil, de suas atribuições, competências e natureza;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros;

V - rotatividade dos representantes da sociedade civil;

VI - compromisso com o acompanhamento dos processos conferenciais relativos ao tema de suacompetência; e

VII - publicidade de seus atos.

§ 1º A participação dos membros no conselho é considerada prestação de serviço público relevante,não remunerada.

§ 2º A publicação das resoluções de caráter normativo dos conselhos de natureza deliberativavincula-se à análise de legalidade do ato pelo órgão jurídico competente, em acordo com o disposto na LeiComplementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

§ 3º A rotatividade das entidades e de seus representantes nos conselhos de políticas públicas deveser assegurada mediante a recondução limitada a lapso temporal determinado na forma dos seus regimentosinternos, sendo vedadas três reconduções consecutivas.

§ 4º A participação de dirigente ou membro de organização da sociedade civil que atue em conselhode política pública não configura impedimento à celebração de parceria com a administração pública.

§ 5º Na hipótese de parceira que envolva transferência de recursos financeiros de dotaçõesconsignadas no fundo do respectivo conselho, o conselheiro ligado à organização que pleiteia o acesso aorecurso fica impedido de votar nos itens de pauta que tenham referência com o processo de seleção,monitoramento e avaliação da parceria.

Art. 11. Nas comissões de políticas públicas devem ser observadas, no mínimo, as seguintesdiretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil;

II - definição de prazo, tema e objetivo a ser atingido;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros; e

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V - publicidade de seus atos.

Art. 12. As conferências nacionais devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seus objetivos e etapas;

II - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

III - estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais epara a escolha dos delegados da sociedade civil;

IV - integração entre etapas municipais, estaduais, regionais, distrital e nacional, quando houver;

V - disponibilização prévia dos documentos de referência e materiais a serem apreciados na etapanacional;

VI - definição dos procedimentos metodológicos e pedagógicos a serem adotados nas diferentesetapas;

VII - publicidade de seus resultados;

VIII - determinação do modelo de acompanhamento de suas resoluções; e

IX - indicação da periodicidade de sua realização, considerando o calendário de outros processosconferenciais.

Parágrafo único. As conferências nacionais serão convocadas por ato normativo específico, ouvido oCGPS sobre a pertinência de sua realização.

Art. 13. As ouvidorias devem observar as diretrizes da Ouvidoria-Geral da União daControladoria-Geral da União nos termos do art. 14, caput, inciso I, do Anexo I ao Decreto nº 8.109, de 17 desetembro de 2013.

Art. 14. As mesas de diálogo devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - participação das partes afetadas;

II - envolvimento dos representantes da sociedade civil na construção da solução do conflito;

III - prazo definido de funcionamento; e

IV - acompanhamento da implementação das soluções pactuadas e obrigações voluntariamenteassumidas pelas partes envolvidas.

Parágrafo único. As mesas de diálogo criadas para o aperfeiçoamento das condições e relações detrabalho deverão, preferencialmente, ter natureza tripartite, de maneira a envolver representantes dosempregados, dos empregadores e do governo.

Art. 15. Os fóruns interconselhos devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - definição da política ou programa a ser objeto de debate, formulação e acompanhamento;

II - definição dos conselhos e organizações da sociedade civil a serem convidados pela sua vinculaçãoao tema;

III - produção de recomendações para as políticas e programas em questão; e

IV - publicidade das conclusões.

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Art. 16. As audiências públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificado seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - livre acesso aos sujeitos afetados e interessados;

III - sistematização das contribuições recebidas;

IV - publicidade, com ampla divulgação de seus resultados, e a disponibilização do conteúdo dosdebates; e

V - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 17. As consultas públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - disponibilização prévia e em tempo hábil dos documentos que serão objeto da consulta emlinguagem simples e objetiva, e dos estudos e do material técnico utilizado como fundamento para a propostacolocada em consulta pública e a análise de impacto regulatório, quando houver;

III - utilização da internet e de tecnologias de comunicação e informação;

IV - sistematização das contribuições recebidas;

V - publicidade de seus resultados; e

VI - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 18. Na criação de ambientes virtuais de participação social devem ser observadas, no mínimo, asseguintes diretrizes:

I - promoção da participação de forma direta da sociedade civil nos debates e decisões do governo;

II - fornecimento às pessoas com deficiência de todas as informações destinadas ao público em geralem formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;

III - disponibilização de acesso aos termos de uso do ambiente no momento do cadastro;

IV - explicitação de objetivos, metodologias e produtos esperados;

V - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

VI - definição de estratégias de comunicação e mobilização, e disponibilização de subsídios para odiálogo;

VII - utilização de ambientes e ferramentas de redes sociais, quando for o caso;

VIII - priorização da exportação de dados em formatos abertos e legíveis por máquinas;

IX - sistematização e publicidade das contribuições recebidas;

X - utilização prioritária de softwares e licenças livres como estratégia de estímulo à participação naconstrução das ferramentas tecnológicas de participação social; e

XI - fomento à integração com instâncias e mecanismos presenciais, como transmissão de debates eoferta de oportunidade para participação remota.

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Art. 19. Fica instituída a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instância colegiadainterministerial responsável pela coordenação e encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelomonitoramento de suas respostas.

§ 1º As reuniões da Mesa de Monitoramento serão convocadas pela Secretaria-Geral da Presidênciada República, sendo convidados os Secretários-Executivos dos ministérios relacionados aos temas a seremdebatidos na ocasião.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreas competências específicas, o funcionamento e a criação de subgrupos da instância prevista no caput.

Art. 20. As agências reguladoras observarão, na realização de audiências e consultas públicas, odisposto neste Decreto, no que couber.

Art. 21. Compete à Casa Civil da Presidência da República decidir sobre a ampla divulgação deprojeto de ato normativo de especial significado político ou social nos termos do art. 34, caput, inciso II, doDecreto nº 4.176, de 28 de março de 2002.

Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da República.

DILMA ROUSSEFFMiriam BelchiorGilberto CarvalhoJorge Hage Sobrinho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.5.2014

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Mudança de regime por decretoopiniao.estadao.com.br /noticias/geral,mudanca-de-regime-por-decreto-imp-,1173217

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participediretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social comométodo de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses"movimentos sociais".

O grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é

dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização. Nãohá cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento de

fazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio e

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cinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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Colunista

Perigo vermelho

A turma do editorial do Estadão está em pânico. Apelou e perdeu a razão. Também, não erapara menos. O jornal que ajudou a derrubar os governos Vargas, em 1954, e João Goulart,em 1964, não dorme em serviço. Dilma que se cuide, pois estamos, de novo, em um ano dequatro.

Mais uma vez, e antes que seja tarde, o veículo que tem uma longa folha de serviçosprestados ao País está pronto para defender a democracia de seu principal algoz: o povo.

O jornal descobriu e denunciou, em um editorial ('Mudança de regime por decreto', de 29/5),que o governo da presidenta Dilma Rousseff está cometendo um crime de lesa pátria.

Os ideólogos das furiosas linhas chamam Dilma de 'companheira'. Calma, os 'companheiros'editorialistas continuam os mesmos. Apenas estão usando o pronome de tratamento deforma irônica.

Alertam para o grave risco que temos pela frente: ‘a presidente Dilma Rousseff quermodificar o sistema brasileiro de governo’ por decreto, brada o jornal que sabe defender umregime como ninguém.

Abram alas para os companheiros vetustos que falam de democracia com autoridade:

‘O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social(PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridadesjurídicas, ainda que possa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusosanseios das ruas. Na realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos domomento para impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito doque membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.’

E nós, incautos, dormindo, trabalhando e nos preparando para a Copa do Mundo de Futebol -quanta alienação! O gigante dormiu de novo. A coisa da ‘leitura desatenta’ é feita para gentecomo nós, míopes nas entrelinhas.

Por sorte, nada escapa à eterna vigilância dos companheiros que cavalgam de trombeta.

Cuidado com essa coisa de ‘sociedade civil’, pede o Estadão. Isso é um perigo.

Estejam todos atentos, pois querem destruir a democracia. Como pretendem fazê-lo?Trazendo a sociedade civil para dentro do governo.

Antonio Lassance

O Estadão contra a participação

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Os funéreos redatores jogaram a pá de cal até em liberais moderninhos como Alexis deTocqueville e John Stuart Mill, que defendiam a participação como base da boarepresentação, no século XIX.

A Constituição reescrita por um editorial

Em um de seus parágrafos mais histéricos, o editorial que baba afirma que ‘a companheiraDilma não concorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela AssembleiaConstituinte de 1988, e quer, por decreto, instituir outra fonte de poder: a 'participaçãodireta'.’

Alguém poderia enviar de presente ao Estadão, pelos Correios, um exemplar da Constituição,pois o deles deve ter sumido faz tempo.

Já se esqueceram do parágrafo único do artigo 1o de nossa Carta Magna , que diz:

‘Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos oudiretamente, nos termos desta Constituição’.

Provavelmente não chegaram sequer ao artigo 84, que dá ao Presidente da República opoder de expedir decretos sobre a organização e funcionamento da administração federal,que é exatamente o objeto do abominado ato oficial.

Não bastassem alguns ministros do Supremo, também o Estadão agora quer reescrever aConstituição, a começar por editoriais - quem sabe, um dia, via classificados.

Ficaria assim o primeiro artigo da Constituição, pelas mãos dos companheiros trombeteiros:

‘Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seusrepresentantes no Congresso, legitimamente eleitos.’

O Estadão acaba de proclamar o parlamentarismo, pois esqueceu-se até de incluir aPresidência da República como uma das instâncias de representação. Ou seja, EduardoCunha e Renan Calheiros, tudo bem; mas Dilma Rousseff, nem pensar.

Os tocadores de berrante pedem àqueles que consideram suas vaquinhas de presépio (‘Que oCongresso esteja atento’ e que venha ‘o STF, para declarar a inconstitucionalidade dodecreto’) para derrubarem a norma do Executivo.

O argumento pífio é o de que ela ‘fere o princípio básico da igualdade democrática (‘umapessoa, um voto’)’.

Hora de mandar mais um exemplar da Constituição para o Estadão. Nem o Brasil, nemqualquer país federalista do mundo segue o sistema de ‘uma pessoa, um voto’ narepresentação parlamentar.

Os caríssimos companheiros editorializantes até hoje não descobriram que nem a Câmara

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dos Deputados, nem o Senado Federal são constituídos pelo tal sistema de ‘uma pessoa, umvoto’. Erraram de país.

A única instância de representação em que essa regra é aplicada, para o azar do Estadão, éjustamente a Presidência da República.

Argumentos similares aos desse editorial já foram e continuam sendo usados contrainvenções diabólicas como, por exemplo, o orçamento participativo - coisa perigosíssima,nascida da invencionisse petista, dilmista, mensaleira e autoritária dos comissários.

O Estadão chamou para a briga. E pede ajuda a quem quer que seja para salvar nossosistema representativo.

Sim, esse mesmo sistema representativo que todos os dias os editoriais do Estadão e demuitos outros jornais ajudam a desmoralizar, a esculhambar, a retratar como um ninho debandidos, é esse sistema que eles conclamam que seja salvo. Avante, ‘companheiros’!

Dilma é acusada de ‘descaramento’ por conta do tal decreto. Aí descobrimos para que serve ocavalo do Estadão: para ajudar a escrever editoriais com coices.

Exorcistas de papel

Em momento algum o Editorialíssimo Jornal, do alto de sua cavalgadura, abandona a posturaautoritária e de tutela da opinião pública. Jamais passou, por baixo das patas de suasferraduras, a ideia de recomendar ao leitor um cuidado básico: o de ler o decreto.

O jornal, como sempre, confia no poder de seu berrante de produzir o efeito manada nos quecompram suas páginas. Espera que simplesmente ruminem sobre o decreto: ‘não li e nãogostei’.

Quem puder ler a norma verá que a mesma restringe-se a dar recomendações àadministração pública federal. Nem Estados, nem Municípios, nem o DF estão obrigados asegui-la.

A Câmara, o Senado e o STF, invocados pelos exorcistas de papel, não têm nada a ver com acoisa e podem permanecer sem sociedade civil, se assim preferirem, no intuito de agradar ojornal.

Sabem qual o grande perigo do decreto? O grande perigo é o de serem criados conselhos ecomissões de políticas públicas; conferências nacionais; ouvidorias; mesas de diálogo; fórunsinterconselhos; audiências públicas; consultas públicas; e ambientes virtuais de participaçãosocial.

Se é disso que o Estadão tem medo, é bom esconder-se debaixo da cama imediatamente,pois, com esse decreto, o bicho vai pegar.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Jornalistas acusam Dilma de implantar ditadura no país pormeio de decreto com 'barbaridades jurídicas'; leia

folhapolitica.org /2014/05/jornalistas-acusam-dilma-de-implantar.html

O editorial de hoje do jornal O Estadode S. Paulo acusou a presidenteDilma de deteriorar a democracia e"reprisar o engodo totalitário,vendendo um mundo romântico, masentregando o mais frio e cinzento dosmundos, onde uns poucos pretendem

dominar muitos" por meio de decretodatado de 23 de maio. Ademais, ocolunista Reinaldo Azevedo, de Veja eda Folha de S. Paulo, publicou críticaalinhada.Leia abaixo e manifeste sua opinião arespeito:

Editorial - O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu daAssembleia Constituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante asmanifestações de junho passado e que felizmente nem chegou a sair do casulo - e agoratenta por decreto mudar a ordem constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014,que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional deParticipação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa

soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Narealidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para imporvelhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membrosdesse partido entendem que deva ser uma democracia.A fórmula não é muito original. Odecreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participe diretamente em "todos osórgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nasagências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas

de diálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participaçãosocial como método de governo". Ora, a participação social numa democraciarepresentativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamenteeleitos. O que se vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistemarepresentativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, pordecreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".Não se trata de um atoingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova forma de fazer

democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suaspalavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere oprincípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar quealguns determinados cidadãos, aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia,sejam mais ouvidos.

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A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento dopoder político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto.Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o

Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".O grande desafio dademocracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é darvoz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau deconscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação quepor decreto a presidente Dilma Rousseff pretende instituir, ao criar canais específicos paraque uns sejam mais ouvidos do que outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, quetrabalha a semana inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências,

comissões, conselhos e mesas de diálogo?Ao longo do decreto fica explícito o sofismaque o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura manifestação dademocracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalização do poder, háa institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto aorigem do poder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimadospelas urnas, inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus

amigos precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seriademocrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por decreto.Querem reprisaro engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é maisum ato inconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenaso STF, para declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminarem toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

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Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe! (ReinaldoAzevedo)Atenção, leitores!Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados,

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solapados, diminuídos. A menos que você seja um membro do MTST, do MST, de umadessas siglas que optaram pela truculência como forma de expressão política.Demansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadurapetista por decreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que criauma tal “Política Nacional de Participação Social” e um certo “Sistema Nacional deParticipação Social”. O Estadão escreve nesta quinta um excelente editorial a respeito.

Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta o fundamento daigualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e cria umacategoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de“movimentos sociais”.O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar,define o que é “sociedade civil” em vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça,a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociaisinstitucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.Pronto!

Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, pornatureza, não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos osórgãos da administração pública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, comrepresentantes dessa tal sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que ogoverno de turno decidir que é… sociedade civilTodos os órgãos da gestão pública,incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos aos tais movimentossociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei a suaparticipação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem

ou percam as eleições.Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação”é, na verdade, um sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aquelesque participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que nãoparticipam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm direito departicipar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico.A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a

forma da democracia representativa: por meio de eleições livres, que escolhem oParlamento. O que Dilma está fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria derepresentação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que buscacorroer por dentro o regime democrático.O PT está tentando consolidar um comissariado àmoda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um escândalo se a Ordem dosAdvogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa excrescência. Com essedecreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O texto segue o

melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador eNicarágua. Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas,pela via aparentemente legal.Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-lapor decreto.

General pede que Dilma dê explicações sobre atentado a bomba que matou Kozel Filho em 1968Senador Mário Couto defende o impeachment da presidente Dilma; assistaPetição pedindo impeachment de Dilma ultrapassa 375 mil assinaturas

Mesmo prometendo mais dinheiro, Dilma é vaiada em três momentos na Expozebu e malconsegue falar; veja o vídeoEditorial do 'Financial Times' ridiculariza DilmaEconomista dinamarquês 'detona' Dilma e o Brasil: 'Campeão mundial em fracassos'

Lígia Ferreira

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Altamiro Borges: O Globo, que apoiou a ditadura militar,agora defende democracia sem povo

viomundo.com.br /denuncias/altamiro-borges-o-globo-que-apoiou-a-ditadura-militar-agora-defende-democracia-sem-povo.html

O Globo tem medo da democracia

Por Altamiro Borges, em seu blog

Na quinta-feira (26), a presidenta DilmaRousseff assinou decreto que tornaobrigatória a realização de consultaspúblicas para ouvir a sociedade sobretemas decisivos para os rumos do país. Amedida, que faz parte da intitulada “PolíticaNacional de Participação Social (PNPS)”, é

um passo importante para ampliar osmecanismos de democracia participativa noBrasil.

De imediato, a oposição direitista rechaçou a iniciativa. Coube, porém, ao jornal O Globo – o mesmo queapoiou o golpe militar e a sanguinária ditadura – a crítica mais raivosa à medida democratizante. Em

editorial publicado neste sábado, o diário afirma, na maior caradura, que o “decreto agride a democraciarepresentativa”.

O decreto prevê várias formas de participação política da sociedade: conselhos, conferências,audiências, ouvidorias, fóruns, mesas de diálogo, comissões especiais, ambientes virtuais e consultas

públicas.

Ele fixa que todos os “órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta” realizemconsultas visando “consolidar a participação social como método de governo” e aprimorar “a relação dogoverno com a sociedade”. Pelo decreto, caberá à Secretaria-Geral da Presidência da República

orientar a implantação da PNPS.

Ele garante que todo cidadão poderá participar desses formatos de diálogos, “além de movimentossociais, institucionalizados e não institucionalizados”.

Temendo a participação popular, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, já anunciou queirá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto.

Para o representante da direita oligárquica, o projeto do governo “é um eufemismo para o aparelhamento

ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo…É umainvasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País”.

No mesmo rumo, o deputado Ronaldo Caiado, o famoso ruralista do DEM, esbravejou que “o PT age nosentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela”.

Dos demos não se poderia esperar outra reação. Originários da Arena, o partido da ditadura, eles semprerejeitaram qualquer mecanismo de participação popular. Como expressão da velha oligarquia, queexplora trabalho escravo e contrata jagunços, o DEM nem precisa disfarçar sua postura autoritária, meiofascistóide.

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Já no caso do jornal O Globo, o editorial hidrófobo serve novamente para tirar a sua máscara. Aosatanizar o decreto número 8.243, que cria a PNPS, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir dedefensor da democracia representativa – logo ele que apoiou o golpe de 1964, a cassação de deputadose o fechamento do Congresso Nacional durante a ditadura militar.

“A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bemcomo a independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo. A desmontagem do regimerepresentativo costuma começar pela criação de mecanismos de ‘democracia direta’, para reduzir o pesodo Congresso na condução do país”, afirma no maior cinismo.

Para ele, o objetivo do decreto “é subtrair espaço do Legislativo por meio de comissões, conselhos,ouvidorias, mesas de diálogo, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas junto àadministração direta e até estatais, sempre em nome da participação social” e equivale a “um golpe deEstado na base da canetada”.

“O sentido autoritário do decreto denuncia a sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas queengendraram a ‘assembleia constituinte exclusiva’ a fim de fazer a reforma política – atalho para semudar a Constituição ao bel-prazer de minorias militantes -, surge das mesmas cabeças que tentaramcontrolar o conteúdo da produção audiovisual do país via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistasprofissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma origem dos idealizadores da ‘regulaçãoda mídia’… O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso e levado ao Supremo peloMinistério Público e/ou instituições da sociedade”, alerta o jornalão.

Só pela reação e desesperada de O Globo já dá para afirmar que o decreto que cria o PNPS representaum avanço para a democracia brasileira e merece urgente apoio das forças progressistas.

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Lula à CartaCapital: Mídia foi contra o meu governo e o de Dilma

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Política Nacional de Participação Social e Ouvidoriasifb.edu.br /reitoria/reitoria/noticiasreitoria/6800-politica-nacional-de-participacao-social-e-ouvidorias

Portal do Governo Brasileiro

DetalhesPublicado em Terça, 27 Maio 2014 19:31

Celebramos no dia de hoje a edição do Decreto Nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS. Nos termos desse regulamento, construído a muitas mãos, asouvidorias públicas federais assumem, definitivamente, enorme responsabilidade na consecução doEstado Democrático de Direito: daqui em diante, somos “instância de controle e participação socialresponsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos àspolíticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramentoda gestão pública”. Assim, alcançamos um nível de institucionalidade que nos permite, de imediato, atuarde forma integrada e proativa.

Vale destacar que, em seu art. 13, o Decreto confere à Ouvidoria Geral da União da Controladoria-Geralda União o dever de editar diretrizes destinadas a harmonizar nossa atuação como instâncias integrantesdo Sistema de Participação Social (ao lado dos Conselhos, das Comissões e das ConferênciasNacionais), o que, por si só, propicia de imediato o funcionamento articulado, coordenado e sistêmico detodas as ouvidorias federais.

Contudo, se há motivos de sobra para comemorar essa conquista histórica, convém reafirmar que oprocesso de fortalecimento institucional da nossa ouvidoria passa pela ação imediata dos nossos (as)dirigentes no que diz respeito ao atendimento às demandas encaminhadas pela ouvidoria dentro dosprazos estabelecidos pelo nosso regimento interno.

Já foi encaminhada uma proposta de “Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo federal” à Casa Civil ejá conta com a aprovação da Secretaria Geral da Presidência da República. Nossa avaliação (realista) éque falta muito pouco, pois nosso longo e consistente processo de elaboração fez prevalecer apenas osmelhores argumentos: superamos nossos conflitos mais difíceis e alcançamos significativo consenso.

Agora é demonstrar nossa unidade e nosso compromisso com o processo democrático e, sobretudo, comas pessoas que precisam de nós.

Cleide Lemes da Silva CruzOUVIDORA/IFB

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Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

Institui a Política Nacional de Participação Social -PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social -SNPS, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV eVI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, caput, inciso I, e no art. 17 da Lei nº10.683, de 28 de maio de 2003,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer earticular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. Na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas epolíticas públicas e no aprimoramento da gestão pública serão considerados os objetivos e as diretrizes daPNPS.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:

I - sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações;

II - conselho de políticas públicas - instância colegiada temática permanente, instituída por atonormativo, de diálogo entre a sociedade civil e o governo para promover a participação no processo decisórioe na gestão de políticas públicas;

III - comissão de políticas públicas - instância colegiada temática, instituída por ato normativo, criadapara o diálogo entre a sociedade civil e o governo em torno de objetivo específico, com prazo defuncionamento vinculado ao cumprimento de suas finalidades;

IV - conferência nacional - instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temasespecíficos e de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade civil,podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para propor diretrizes e açõesacerca do tema tratado;

V - ouvidoria pública federal - instância de controle e participação social responsável pelo tratamentodas reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos às políticas e aos serviços públicos,prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramento da gestão pública;

VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores dasociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitossociais;

VII - fórum interconselhos - mecanismo para o diálogo entre representantes dos conselhos ecomissões de políticas públicas, no intuito de acompanhar as políticas públicas e os programasgovernamentais, formulando recomendações para aprimorar sua intersetorialidade e transversalidade;

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VIII - audiência pública - mecanismo participativo de caráter presencial, consultivo, aberto a qualquerinteressado, com a possibilidade de manifestação oral dos participantes, cujo objetivo é subsidiar decisõesgovernamentais;

IX - consulta pública - mecanismo participativo, a se realizar em prazo definido, de caráter consultivo,aberto a qualquer interessado, que visa a receber contribuições por escrito da sociedade civil sobredeterminado assunto, na forma definida no seu ato de convocação; e

X - ambiente virtual de participação social - mecanismo de interação social que utiliza tecnologias deinformação e de comunicação, em especial a internet, para promover o diálogo entre administração públicafederal e sociedade civil.

Parágrafo único. As definições previstas neste Decreto não implicam na desconstituição ou alteraçãode conselhos, comissões e demais instâncias de participação social já instituídos no âmbito do governofederal.

Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS:

I - reconhecimento da participação social como direito do cidadão e expressão de sua autonomia;

II - complementariedade, transversalidade e integração entre mecanismos e instâncias da democraciarepresentativa, participativa e direta;

III - solidariedade, cooperação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo,orientação sexual, religião e condição social, econômica ou de deficiência, para a construção de valores decidadania e de inclusão social;

IV - direito à informação, à transparência e ao controle social nas ações públicas, com uso delinguagem simples e objetiva, consideradas as características e o idioma da população a que se dirige;

V - valorização da educação para a cidadania ativa;

VI - autonomia, livre funcionamento e independência das organizações da sociedade civil; e

VII - ampliação dos mecanismos de controle social.

Art. 4º São objetivos da PNPS, entre outros:

I - consolidar a participação social como método de governo;

II - promover a articulação das instâncias e dos mecanismos de participação social;

III - aprimorar a relação do governo federal com a sociedade civil, respeitando a autonomia das partes;

IV - promover e consolidar a adoção de mecanismos de participação social nas políticas e programasde governo federal;

V - desenvolver mecanismos de participação social nas etapas do ciclo de planejamento e orçamento;

VI - incentivar o uso e o desenvolvimento de metodologias que incorporem múltiplas formas deexpressão e linguagens de participação social, por meio da internet, com a adoção de tecnologias livres decomunicação e informação, especialmente, softwares e aplicações, tais como códigos fonte livres eauditáveis, ou os disponíveis no Portal do Software Público Brasileiro;

VII - desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamenteexcluídos e aos vulneráveis;

VIII - incentivar e promover ações e programas de apoio institucional, formação e qualificação emparticipação social para agentes públicos e sociedade civil; e

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IX - incentivar a participação social nos entes federados.

Art. 5º Os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadasas especificidades de cada caso, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstosneste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticaspúblicas.

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput elaborarão, anualmente, relatório de implementação daPNPS no âmbito de seus programas e políticas setoriais, observadas as orientações da Secretaria-Geral daPresidência da República.

§ 2º A Secretaria-Geral da Presidência da República elaborará e publicará anualmente relatório deavaliação da implementação da PNPS no âmbito da administração pública federal.

Art. 6º São instâncias e mecanismos de participação social, sem prejuízo da criação e doreconhecimento de outras formas de diálogo entre administração pública federal e sociedade civil:

I - conselho de políticas públicas;

II - comissão de políticas públicas;

III - conferência nacional;

IV - ouvidoria pública federal;

V - mesa de diálogo;

VI - fórum interconselhos;

VII - audiência pública;

VIII - consulta pública; e

IX - ambiente virtual de participação social.

Art. 7º O Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, coordenado pela Secretaria-Geral daPresidência da República, será integrado pelas instâncias de participação social previstas nos incisos I a IVdo art. 6º deste Decreto, sem prejuízo da integração de outras formas de diálogo entre a administraçãopública federal e a sociedade civil.

Parágrafo único. A Secretaria-Geral da Presidência da República publicará a relação e a respectivacomposição das instâncias integrantes do SNPS.

Art. 8º Compete à Secretaria-Geral da Presidência da República:

I - acompanhar a implementação da PNPS nos órgãos e entidades da administração pública federaldireta e indireta;

II - orientar a implementação da PNPS e do SNPS nos órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta;

III - realizar estudos técnicos e promover avaliações e sistematizações das instâncias e dosmecanismos de participação social definidos neste Decreto;

IV - realizar audiências e consultas públicas sobre aspectos relevantes para a gestão da PNPS e doSNPS; e

V - propor pactos para o fortalecimento da participação social aos demais entes da federação.

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Art. 9º Fica instituído o Comitê Governamental de Participação Social - CGPS, para assessorar aSecretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e na implementação da PNPS e nacoordenação do SNPS.

§ 1º O CGPS será coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, que dará o suportetécnico-administrativo para seu funcionamento.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreseu funcionamento.

Art.10. Ressalvado o disposto em lei, na constituição de novos conselhos de políticas públicas e nareorganização dos já constituídos devem ser observadas, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil, preferencialmente de formaparitária em relação aos representantes governamentais, quando a natureza da representação orecomendar;

II - definição, com consulta prévia à sociedade civil, de suas atribuições, competências e natureza;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros;

V - rotatividade dos representantes da sociedade civil;

VI - compromisso com o acompanhamento dos processos conferenciais relativos ao tema de suacompetência; e

VII - publicidade de seus atos.

§ 1º A participação dos membros no conselho é considerada prestação de serviço público relevante,não remunerada.

§ 2º A publicação das resoluções de caráter normativo dos conselhos de natureza deliberativavincula-se à análise de legalidade do ato pelo órgão jurídico competente, em acordo com o disposto na LeiComplementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

§ 3º A rotatividade das entidades e de seus representantes nos conselhos de políticas públicas deveser assegurada mediante a recondução limitada a lapso temporal determinado na forma dos seus regimentosinternos, sendo vedadas três reconduções consecutivas.

§ 4º A participação de dirigente ou membro de organização da sociedade civil que atue em conselhode política pública não configura impedimento à celebração de parceria com a administração pública.

§ 5º Na hipótese de parceira que envolva transferência de recursos financeiros de dotaçõesconsignadas no fundo do respectivo conselho, o conselheiro ligado à organização que pleiteia o acesso aorecurso fica impedido de votar nos itens de pauta que tenham referência com o processo de seleção,monitoramento e avaliação da parceria.

Art. 11. Nas comissões de políticas públicas devem ser observadas, no mínimo, as seguintesdiretrizes:

I - presença de representantes eleitos ou indicados pela sociedade civil;

II - definição de prazo, tema e objetivo a ser atingido;

III - garantia da diversidade entre os representantes da sociedade civil;

IV - estabelecimento de critérios transparentes de escolha de seus membros; e

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V - publicidade de seus atos.

Art. 12. As conferências nacionais devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seus objetivos e etapas;

II - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

III - estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais epara a escolha dos delegados da sociedade civil;

IV - integração entre etapas municipais, estaduais, regionais, distrital e nacional, quando houver;

V - disponibilização prévia dos documentos de referência e materiais a serem apreciados na etapanacional;

VI - definição dos procedimentos metodológicos e pedagógicos a serem adotados nas diferentesetapas;

VII - publicidade de seus resultados;

VIII - determinação do modelo de acompanhamento de suas resoluções; e

IX - indicação da periodicidade de sua realização, considerando o calendário de outros processosconferenciais.

Parágrafo único. As conferências nacionais serão convocadas por ato normativo específico, ouvido oCGPS sobre a pertinência de sua realização.

Art. 13. As ouvidorias devem observar as diretrizes da Ouvidoria-Geral da União daControladoria-Geral da União nos termos do art. 14, caput, inciso I, do Anexo I ao Decreto nº 8.109, de 17 desetembro de 2013.

Art. 14. As mesas de diálogo devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - participação das partes afetadas;

II - envolvimento dos representantes da sociedade civil na construção da solução do conflito;

III - prazo definido de funcionamento; e

IV - acompanhamento da implementação das soluções pactuadas e obrigações voluntariamenteassumidas pelas partes envolvidas.

Parágrafo único. As mesas de diálogo criadas para o aperfeiçoamento das condições e relações detrabalho deverão, preferencialmente, ter natureza tripartite, de maneira a envolver representantes dosempregados, dos empregadores e do governo.

Art. 15. Os fóruns interconselhos devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - definição da política ou programa a ser objeto de debate, formulação e acompanhamento;

II - definição dos conselhos e organizações da sociedade civil a serem convidados pela sua vinculaçãoao tema;

III - produção de recomendações para as políticas e programas em questão; e

IV - publicidade das conclusões.

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Art. 16. As audiências públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificado seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - livre acesso aos sujeitos afetados e interessados;

III - sistematização das contribuições recebidas;

IV - publicidade, com ampla divulgação de seus resultados, e a disponibilização do conteúdo dosdebates; e

V - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 17. As consultas públicas devem observar, no mínimo, as seguintes diretrizes:

I - divulgação ampla e prévia do documento convocatório, especificando seu objeto, metodologia e omomento de realização;

II - disponibilização prévia e em tempo hábil dos documentos que serão objeto da consulta emlinguagem simples e objetiva, e dos estudos e do material técnico utilizado como fundamento para a propostacolocada em consulta pública e a análise de impacto regulatório, quando houver;

III - utilização da internet e de tecnologias de comunicação e informação;

IV - sistematização das contribuições recebidas;

V - publicidade de seus resultados; e

VI - compromisso de resposta às propostas recebidas.

Art. 18. Na criação de ambientes virtuais de participação social devem ser observadas, no mínimo, asseguintes diretrizes:

I - promoção da participação de forma direta da sociedade civil nos debates e decisões do governo;

II - fornecimento às pessoas com deficiência de todas as informações destinadas ao público em geralem formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;

III - disponibilização de acesso aos termos de uso do ambiente no momento do cadastro;

IV - explicitação de objetivos, metodologias e produtos esperados;

V - garantia da diversidade dos sujeitos participantes;

VI - definição de estratégias de comunicação e mobilização, e disponibilização de subsídios para odiálogo;

VII - utilização de ambientes e ferramentas de redes sociais, quando for o caso;

VIII - priorização da exportação de dados em formatos abertos e legíveis por máquinas;

IX - sistematização e publicidade das contribuições recebidas;

X - utilização prioritária de softwares e licenças livres como estratégia de estímulo à participação naconstrução das ferramentas tecnológicas de participação social; e

XI - fomento à integração com instâncias e mecanismos presenciais, como transmissão de debates eoferta de oportunidade para participação remota.

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Art. 19. Fica instituída a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instância colegiadainterministerial responsável pela coordenação e encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelomonitoramento de suas respostas.

§ 1º As reuniões da Mesa de Monitoramento serão convocadas pela Secretaria-Geral da Presidênciada República, sendo convidados os Secretários-Executivos dos ministérios relacionados aos temas a seremdebatidos na ocasião.

§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República disporá sobreas competências específicas, o funcionamento e a criação de subgrupos da instância prevista no caput.

Art. 20. As agências reguladoras observarão, na realização de audiências e consultas públicas, odisposto neste Decreto, no que couber.

Art. 21. Compete à Casa Civil da Presidência da República decidir sobre a ampla divulgação deprojeto de ato normativo de especial significado político ou social nos termos do art. 34, caput, inciso II, doDecreto nº 4.176, de 28 de março de 2002.

Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da República.

DILMA ROUSSEFFMiriam BelchiorGilberto CarvalhoJorge Hage Sobrinho

Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.5.2014

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Mudança de regime por decretoopiniao.estadao.com.br /noticias/geral,mudanca-de-regime-por-decreto-imp-,1173217

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participediretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social comométodo de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses"movimentos sociais".

O grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é

dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização. Nãohá cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento de

fazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio e

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cinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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Colunista

Perigo vermelho

A turma do editorial do Estadão está em pânico. Apelou e perdeu a razão. Também, não erapara menos. O jornal que ajudou a derrubar os governos Vargas, em 1954, e João Goulart,em 1964, não dorme em serviço. Dilma que se cuide, pois estamos, de novo, em um ano dequatro.

Mais uma vez, e antes que seja tarde, o veículo que tem uma longa folha de serviçosprestados ao País está pronto para defender a democracia de seu principal algoz: o povo.

O jornal descobriu e denunciou, em um editorial ('Mudança de regime por decreto', de 29/5),que o governo da presidenta Dilma Rousseff está cometendo um crime de lesa pátria.

Os ideólogos das furiosas linhas chamam Dilma de 'companheira'. Calma, os 'companheiros'editorialistas continuam os mesmos. Apenas estão usando o pronome de tratamento deforma irônica.

Alertam para o grave risco que temos pela frente: ‘a presidente Dilma Rousseff quermodificar o sistema brasileiro de governo’ por decreto, brada o jornal que sabe defender umregime como ninguém.

Abram alas para os companheiros vetustos que falam de democracia com autoridade:

‘O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social(PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridadesjurídicas, ainda que possa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusosanseios das ruas. Na realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos domomento para impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito doque membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.’

E nós, incautos, dormindo, trabalhando e nos preparando para a Copa do Mundo de Futebol -quanta alienação! O gigante dormiu de novo. A coisa da ‘leitura desatenta’ é feita para gentecomo nós, míopes nas entrelinhas.

Por sorte, nada escapa à eterna vigilância dos companheiros que cavalgam de trombeta.

Cuidado com essa coisa de ‘sociedade civil’, pede o Estadão. Isso é um perigo.

Estejam todos atentos, pois querem destruir a democracia. Como pretendem fazê-lo?Trazendo a sociedade civil para dentro do governo.

Antonio Lassance

O Estadão contra a participação

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Os funéreos redatores jogaram a pá de cal até em liberais moderninhos como Alexis deTocqueville e John Stuart Mill, que defendiam a participação como base da boarepresentação, no século XIX.

A Constituição reescrita por um editorial

Em um de seus parágrafos mais histéricos, o editorial que baba afirma que ‘a companheiraDilma não concorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela AssembleiaConstituinte de 1988, e quer, por decreto, instituir outra fonte de poder: a 'participaçãodireta'.’

Alguém poderia enviar de presente ao Estadão, pelos Correios, um exemplar da Constituição,pois o deles deve ter sumido faz tempo.

Já se esqueceram do parágrafo único do artigo 1o de nossa Carta Magna , que diz:

‘Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos oudiretamente, nos termos desta Constituição’.

Provavelmente não chegaram sequer ao artigo 84, que dá ao Presidente da República opoder de expedir decretos sobre a organização e funcionamento da administração federal,que é exatamente o objeto do abominado ato oficial.

Não bastassem alguns ministros do Supremo, também o Estadão agora quer reescrever aConstituição, a começar por editoriais - quem sabe, um dia, via classificados.

Ficaria assim o primeiro artigo da Constituição, pelas mãos dos companheiros trombeteiros:

‘Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seusrepresentantes no Congresso, legitimamente eleitos.’

O Estadão acaba de proclamar o parlamentarismo, pois esqueceu-se até de incluir aPresidência da República como uma das instâncias de representação. Ou seja, EduardoCunha e Renan Calheiros, tudo bem; mas Dilma Rousseff, nem pensar.

Os tocadores de berrante pedem àqueles que consideram suas vaquinhas de presépio (‘Que oCongresso esteja atento’ e que venha ‘o STF, para declarar a inconstitucionalidade dodecreto’) para derrubarem a norma do Executivo.

O argumento pífio é o de que ela ‘fere o princípio básico da igualdade democrática (‘umapessoa, um voto’)’.

Hora de mandar mais um exemplar da Constituição para o Estadão. Nem o Brasil, nemqualquer país federalista do mundo segue o sistema de ‘uma pessoa, um voto’ narepresentação parlamentar.

Os caríssimos companheiros editorializantes até hoje não descobriram que nem a Câmara

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dos Deputados, nem o Senado Federal são constituídos pelo tal sistema de ‘uma pessoa, umvoto’. Erraram de país.

A única instância de representação em que essa regra é aplicada, para o azar do Estadão, éjustamente a Presidência da República.

Argumentos similares aos desse editorial já foram e continuam sendo usados contrainvenções diabólicas como, por exemplo, o orçamento participativo - coisa perigosíssima,nascida da invencionisse petista, dilmista, mensaleira e autoritária dos comissários.

O Estadão chamou para a briga. E pede ajuda a quem quer que seja para salvar nossosistema representativo.

Sim, esse mesmo sistema representativo que todos os dias os editoriais do Estadão e demuitos outros jornais ajudam a desmoralizar, a esculhambar, a retratar como um ninho debandidos, é esse sistema que eles conclamam que seja salvo. Avante, ‘companheiros’!

Dilma é acusada de ‘descaramento’ por conta do tal decreto. Aí descobrimos para que serve ocavalo do Estadão: para ajudar a escrever editoriais com coices.

Exorcistas de papel

Em momento algum o Editorialíssimo Jornal, do alto de sua cavalgadura, abandona a posturaautoritária e de tutela da opinião pública. Jamais passou, por baixo das patas de suasferraduras, a ideia de recomendar ao leitor um cuidado básico: o de ler o decreto.

O jornal, como sempre, confia no poder de seu berrante de produzir o efeito manada nos quecompram suas páginas. Espera que simplesmente ruminem sobre o decreto: ‘não li e nãogostei’.

Quem puder ler a norma verá que a mesma restringe-se a dar recomendações àadministração pública federal. Nem Estados, nem Municípios, nem o DF estão obrigados asegui-la.

A Câmara, o Senado e o STF, invocados pelos exorcistas de papel, não têm nada a ver com acoisa e podem permanecer sem sociedade civil, se assim preferirem, no intuito de agradar ojornal.

Sabem qual o grande perigo do decreto? O grande perigo é o de serem criados conselhos ecomissões de políticas públicas; conferências nacionais; ouvidorias; mesas de diálogo; fórunsinterconselhos; audiências públicas; consultas públicas; e ambientes virtuais de participaçãosocial.

Se é disso que o Estadão tem medo, é bom esconder-se debaixo da cama imediatamente,pois, com esse decreto, o bicho vai pegar.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

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Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Jornalistas acusam Dilma de implantar ditadura no país pormeio de decreto com 'barbaridades jurídicas'; leia

folhapolitica.org /2014/05/jornalistas-acusam-dilma-de-implantar.html

O editorial de hoje do jornal O Estadode S. Paulo acusou a presidenteDilma de deteriorar a democracia e"reprisar o engodo totalitário,vendendo um mundo romântico, masentregando o mais frio e cinzento dosmundos, onde uns poucos pretendem

dominar muitos" por meio de decretodatado de 23 de maio. Ademais, ocolunista Reinaldo Azevedo, de Veja eda Folha de S. Paulo, publicou críticaalinhada.Leia abaixo e manifeste sua opinião arespeito:

Editorial - O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu daAssembleia Constituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante asmanifestações de junho passado e que felizmente nem chegou a sair do casulo - e agoratenta por decreto mudar a ordem constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014,que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional deParticipação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa

soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Narealidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para imporvelhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membrosdesse partido entendem que deva ser uma democracia.A fórmula não é muito original. Odecreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participe diretamente em "todos osórgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nasagências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas

de diálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participaçãosocial como método de governo". Ora, a participação social numa democraciarepresentativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamenteeleitos. O que se vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistemarepresentativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, pordecreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".Não se trata de um atoingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova forma de fazer

democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suaspalavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere oprincípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar quealguns determinados cidadãos, aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia,sejam mais ouvidos.

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Leia também:Para melhorar nas pesquisas, Dilma pede ao Facebook que retire do ar páginas 'ofensivas' à suaimagemAprovação de Dilma cai para zona de alto risco, segundo critério DatafolhaApós perder popularidade, Dilma perde também eleitores, segundo IbopeHistoriador publica texto humilhando a presidente Dilma e gera polêmica

Vídeo com Dilma em paródia de propaganda do Bom Negócio viraliza na internet; assistaGoverno paga viagem para jornalistas gringos falarem bem do Brasil e o grupo é assaltado no Riode JaneiroDilma prestigia seu único aliado evangélico, Edir Macedo: participará da inauguração de temploque custará mais de R$400 milhões

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento dopoder político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto.Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o

Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".O grande desafio dademocracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é darvoz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau deconscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação quepor decreto a presidente Dilma Rousseff pretende instituir, ao criar canais específicos paraque uns sejam mais ouvidos do que outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, quetrabalha a semana inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências,

comissões, conselhos e mesas de diálogo?Ao longo do decreto fica explícito o sofismaque o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura manifestação dademocracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalização do poder, háa institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direitosignificou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto aorigem do poder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimadospelas urnas, inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus

amigos precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seriademocrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por decreto.Querem reprisaro engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é maisum ato inconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenaso STF, para declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminarem toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

Veja também:Ministro de Dilma intimidou diretor do SBT devido a opiniões de Sheherazade, aponta jornal'Dilma arrebentou o país, ela é uma péssima presidente', desabafa jornalistaAugusto Nunes humilha a presidente Dilma em vídeo: 'Cara de pau'; assistaSonia Abrão sobre Dilma: 'Eu não sei onde fica esse Brasil que ela diz que existe'; veja o vídeoDilma pede que o povo vá às ruas para apoiá-laCampanha de adesivos nos carros com "Fora Dillma" se espalha pelas redes sociais

Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe! (ReinaldoAzevedo)Atenção, leitores!Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados,

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solapados, diminuídos. A menos que você seja um membro do MTST, do MST, de umadessas siglas que optaram pela truculência como forma de expressão política.Demansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadurapetista por decreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que criauma tal “Política Nacional de Participação Social” e um certo “Sistema Nacional deParticipação Social”. O Estadão escreve nesta quinta um excelente editorial a respeito.

Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta o fundamento daigualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e cria umacategoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de“movimentos sociais”.O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar,define o que é “sociedade civil” em vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça,a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociaisinstitucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.Pronto!

Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, pornatureza, não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos osórgãos da administração pública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, comrepresentantes dessa tal sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que ogoverno de turno decidir que é… sociedade civilTodos os órgãos da gestão pública,incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos aos tais movimentossociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei a suaparticipação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem

ou percam as eleições.Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação”é, na verdade, um sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aquelesque participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que nãoparticipam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm direito departicipar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico.A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a

forma da democracia representativa: por meio de eleições livres, que escolhem oParlamento. O que Dilma está fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria derepresentação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que buscacorroer por dentro o regime democrático.O PT está tentando consolidar um comissariado àmoda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um escândalo se a Ordem dosAdvogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa excrescência. Com essedecreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O texto segue o

melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador eNicarágua. Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas,pela via aparentemente legal.Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-lapor decreto.

General pede que Dilma dê explicações sobre atentado a bomba que matou Kozel Filho em 1968Senador Mário Couto defende o impeachment da presidente Dilma; assistaPetição pedindo impeachment de Dilma ultrapassa 375 mil assinaturas

Mesmo prometendo mais dinheiro, Dilma é vaiada em três momentos na Expozebu e malconsegue falar; veja o vídeoEditorial do 'Financial Times' ridiculariza DilmaEconomista dinamarquês 'detona' Dilma e o Brasil: 'Campeão mundial em fracassos'

Lígia Ferreira

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Altamiro Borges: O Globo, que apoiou a ditadura militar,agora defende democracia sem povo

viomundo.com.br /denuncias/altamiro-borges-o-globo-que-apoiou-a-ditadura-militar-agora-defende-democracia-sem-povo.html

O Globo tem medo da democracia

Por Altamiro Borges, em seu blog

Na quinta-feira (26), a presidenta DilmaRousseff assinou decreto que tornaobrigatória a realização de consultaspúblicas para ouvir a sociedade sobretemas decisivos para os rumos do país. Amedida, que faz parte da intitulada “PolíticaNacional de Participação Social (PNPS)”, é

um passo importante para ampliar osmecanismos de democracia participativa noBrasil.

De imediato, a oposição direitista rechaçou a iniciativa. Coube, porém, ao jornal O Globo – o mesmo queapoiou o golpe militar e a sanguinária ditadura – a crítica mais raivosa à medida democratizante. Em

editorial publicado neste sábado, o diário afirma, na maior caradura, que o “decreto agride a democraciarepresentativa”.

O decreto prevê várias formas de participação política da sociedade: conselhos, conferências,audiências, ouvidorias, fóruns, mesas de diálogo, comissões especiais, ambientes virtuais e consultas

públicas.

Ele fixa que todos os “órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta” realizemconsultas visando “consolidar a participação social como método de governo” e aprimorar “a relação dogoverno com a sociedade”. Pelo decreto, caberá à Secretaria-Geral da Presidência da República

orientar a implantação da PNPS.

Ele garante que todo cidadão poderá participar desses formatos de diálogos, “além de movimentossociais, institucionalizados e não institucionalizados”.

Temendo a participação popular, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, já anunciou queirá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto.

Para o representante da direita oligárquica, o projeto do governo “é um eufemismo para o aparelhamento

ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo…É umainvasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucional do País”.

No mesmo rumo, o deputado Ronaldo Caiado, o famoso ruralista do DEM, esbravejou que “o PT age nosentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela”.

Dos demos não se poderia esperar outra reação. Originários da Arena, o partido da ditadura, eles semprerejeitaram qualquer mecanismo de participação popular. Como expressão da velha oligarquia, queexplora trabalho escravo e contrata jagunços, o DEM nem precisa disfarçar sua postura autoritária, meiofascistóide.

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Já no caso do jornal O Globo, o editorial hidrófobo serve novamente para tirar a sua máscara. Aosatanizar o decreto número 8.243, que cria a PNPS, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir dedefensor da democracia representativa – logo ele que apoiou o golpe de 1964, a cassação de deputadose o fechamento do Congresso Nacional durante a ditadura militar.

“A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bemcomo a independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo. A desmontagem do regimerepresentativo costuma começar pela criação de mecanismos de ‘democracia direta’, para reduzir o pesodo Congresso na condução do país”, afirma no maior cinismo.

Para ele, o objetivo do decreto “é subtrair espaço do Legislativo por meio de comissões, conselhos,ouvidorias, mesas de diálogo, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas junto àadministração direta e até estatais, sempre em nome da participação social” e equivale a “um golpe deEstado na base da canetada”.

“O sentido autoritário do decreto denuncia a sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas queengendraram a ‘assembleia constituinte exclusiva’ a fim de fazer a reforma política – atalho para semudar a Constituição ao bel-prazer de minorias militantes -, surge das mesmas cabeças que tentaramcontrolar o conteúdo da produção audiovisual do país via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistasprofissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma origem dos idealizadores da ‘regulaçãoda mídia’… O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso e levado ao Supremo peloMinistério Público e/ou instituições da sociedade”, alerta o jornalão.

Só pela reação e desesperada de O Globo já dá para afirmar que o decreto que cria o PNPS representaum avanço para a democracia brasileira e merece urgente apoio das forças progressistas.

Leia também:

Lula à CartaCapital: Mídia foi contra o meu governo e o de Dilma

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DetalhesPublicado em Terça, 27 Maio 2014 19:31

Celebramos no dia de hoje a edição do Decreto Nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS. Nos termos desse regulamento, construído a muitas mãos, asouvidorias públicas federais assumem, definitivamente, enorme responsabilidade na consecução doEstado Democrático de Direito: daqui em diante, somos “instância de controle e participação socialresponsável pelo tratamento das reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e elogios relativos àspolíticas e aos serviços públicos, prestados sob qualquer forma ou regime, com vistas ao aprimoramentoda gestão pública”. Assim, alcançamos um nível de institucionalidade que nos permite, de imediato, atuarde forma integrada e proativa.

Vale destacar que, em seu art. 13, o Decreto confere à Ouvidoria Geral da União da Controladoria-Geralda União o dever de editar diretrizes destinadas a harmonizar nossa atuação como instâncias integrantesdo Sistema de Participação Social (ao lado dos Conselhos, das Comissões e das ConferênciasNacionais), o que, por si só, propicia de imediato o funcionamento articulado, coordenado e sistêmico detodas as ouvidorias federais.

Contudo, se há motivos de sobra para comemorar essa conquista histórica, convém reafirmar que oprocesso de fortalecimento institucional da nossa ouvidoria passa pela ação imediata dos nossos (as)dirigentes no que diz respeito ao atendimento às demandas encaminhadas pela ouvidoria dentro dosprazos estabelecidos pelo nosso regimento interno.

Já foi encaminhada uma proposta de “Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo federal” à Casa Civil ejá conta com a aprovação da Secretaria Geral da Presidência da República. Nossa avaliação (realista) éque falta muito pouco, pois nosso longo e consistente processo de elaboração fez prevalecer apenas osmelhores argumentos: superamos nossos conflitos mais difíceis e alcançamos significativo consenso.

Agora é demonstrar nossa unidade e nosso compromisso com o processo democrático e, sobretudo, comas pessoas que precisam de nós.

Cleide Lemes da Silva CruzOUVIDORA/IFB

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Afinal, o que é esse tal Decreto 8.243?

-se de uma nova política pública, “ a Política Nacional de Participação Social ”, que possui “ oobjetivo de fortalecer... de Participação Social ”. “Mecanismos de participação social” Ok,

então: há uma política que visa a aproximar estado... justamente abrir espaço para aparticipação política de tais movimentos e “coletivos”. O “cidadão” em nada é beneficiado...

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014 Institui a Política Nacional de ParticipaçãoSocial - PNPS e o Sistema Nacional..., inciso I , e no art. 17 da Lei nº 10.683 , de 28 de maiode 2003, DECRETA: Art. 1º Fica instituída a Política Nacional... de participação social jáinstituídos no âmbito do governo federal. Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS: I...

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Notícia Política • Valor Online • 23/05/2014

Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014

Presidência da Republica

JusBrasil - Tópicos01 de junho de 2014

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e mais 8 tópicosPolítica Nacional de Participação Social Política

e mais 8 tópicosPolítica Nacional de Participação Social Movimentos Sociais

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Consultas públicas sobre participação social seguem abertas até sexta-feira

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sexta-feira (6) as consultas públicas Compromisso Nacional pela Participação Social ePolítica... grupo de trabalho para construção do Sistema e da Política Nacional deParticipação Social, ...

Notícia Política • Governo do Estado da Bahia • 02/09/2013

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Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/27442980/politica-nacional-de-participacao-social

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Afinal, o que é esse tal Decreto 8.243?rafaelcosta.jusbrasil.com.br /artigos/121548022/afinal-o-que-e-esse-tal-decreto-8243

Texto do Erick Vizolli publicado no Liberzone. Vale a leitura para quem quiser entender a razão de tantosestarem tão preocupados com as implicações desse decreto para a democracia brasileira.

“Been away so long I hardly knew the place / Gee, it’s good to be back home! /Leave it tilltomorrow to unpack my case / Honey, disconnect the phone! / I’m back in the USSR!” (TheBeatles – Back in the USSR)

Introdução

O maior problema do estado é que, tal qual um paciente de hospício, ele acredita possuir superpoderes,podendo violar as regras da natureza como bem entender. Dois exemplos bem conhecidos pelos liberais:

ele considera ser capaz de ler mentes de milhares de pessoas ao mesmo tempo com uma precisãoincrível e ter uma superinteligência capaz de fazer milhões de cálculos econômicos por segundo. Umroteirista de história em quadrinhos não faria melhor.

O estado brasileiro, no entanto, não está satisfeito com seus delírios atuais, e pretende aumentar oespectro dos seus poderes sobrenaturais para dois campos que a Física considera praticamente

inalcançáveis. E parece estar conseguindo: a partir de 26/05/2014, viagem no tempo e teletransportepassaram a ser oferecidos de graça a todo e qualquer cidadão brasileiro.

Obviamente, a tecnologia está nos seus primórdios e ainda tem suas limitações, de tal modo que você,pretenso candidato a Marty McFly, pode escolher apenas um destino para suas aventuras: a Rússia de

abril de 1917. Em compensação, prepare-se: graças ao estado brasileiro, você está prestes a enfrentar aexperiência soviética em todo o seu esplendor.

A “máquina do tempo” que nos leva de volta a 1917 tem um nome no mínimo inusitado: chama-se

Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014. Aqui a denominaremos apenas de “Decreto 8.243”, ou“Decreto”.

Este artigo se destina a investigar o seu funcionamento – ou, mais especificamente, quais as

modificações que esse decreto introduz na administração pública. Também farei algumas brevesconsiderações a respeito da analogia que se pode fazer entre o modelo por ele instituído e aquele quelevou à instauração do socialismo na Rússia: trata-se, no entanto, apenas de uma introdução ao tema,que, pela importância que tem, com certeza ainda gerará discussões muito mais aprofundadas.

O Decreto 8.243/2014

Chamado por um editorial do Estadão de “um conjunto de barbaridades jurídicas” e por Reinaldo

Azevedo de “a instalação da ditadura petista por decreto”, o Decreto 8.243/2014 foi editado pelaPresidência da república em 23/05/14, tendo sido publicado no Diário Oficial no dia 26 e entrado em vigorna mesma data.

Entender qual o real significado do Decreto exige ler pacientemente todo o seu texto, tarefa relativamenteingrata. Como todo bom decreto governamental, trata-se de um emaranhado de regras cuja formulação

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chega a ser medonha de tão vaga, sendo complicado interpretá-lo sistematicamente e de uma formacoerente. Tentarei, aqui, fazê-lo da forma mais didática possível, sempre considerando que grande partedo público leitor dessa página não é especialista na área jurídica (a propósito: que sorte a de vocês.).

Iniciemos do início, pois. Como o nome diz, trata-se de um “decreto”. “Decreto”, no mundo jurídico, é o

nome que se dá a uma ordem emanada de uma autoridade – geralmente do Poder Executivo – que tempor objetivo dar detalhes a respeito do cumprimento de uma lei. Um decreto se limita a isso – detalharuma lei já existente, ou, em latinório jurídico, ser “secundum legem”. Ao elaborá-lo, a autoridade não podeir contra uma lei (“contra legem”) ou criar uma lei nova (“præter legem”). Se isso ocorrer, o PoderExecutivo estará legislando por conta própria, o que é o exato conceito de “ditadura”. Ou seja: um decretoemitido em contrariedade a uma lei já existente deve ser considerado um ato ditatorial.

É exatamente esse o caso do Decreto 8.243/2014. Logo no início, vemos que ele teria sido emitido combase no "art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 3º, inciso I,e no art. 17 da Lei nº 10.683”. Traduzindo para o português, tratam-se de alguns artigos relacionados àorganização da administração pública, dentre os quais o mais importante é o art. 84, VI da Constituição –o qual estabelece que o Presidente pode emitir decretos sobre a “organização e funcionamento da

administração federal, quando

não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos”.

Guarde essa última frase. Como veremos adiante, o que o Decreto 8.243 faz, na prática, é integrar àAdministração Pública vários órgãos novos – às vezes implícita, às vezes explicitamente –, algo que éconstitucionalmente vedado ao Presidente da República. Portanto, logo de cara percebe-se que se tratade algo inconstitucional – o Executivo está criando órgãos públicos mesmo sendo proibido a fazer talcoisa.

Os absurdos jurídicos, contudo, não param por aí.

A “sociedade civil”

Analisemos o texto do Decreto, para entender quais exatamente as modificações que ele introduz nosistema governamental brasileiro.

Em princípio, e para quem não está acostumado com a linguagem de textos legais, a coisa toda parecede uma inocência singular. Seu art. 1º esclarece tratar-se de uma nova política pública, “a PolíticaNacional de Participação Social”, que possui “o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e asinstâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e asociedade civil”. Ou seja: tratar-se-ia apenas de uma singela tentativa de aproximar a “administraçãopública federal” – leia-se, o estado – da “sociedade civil”.

O problema começa exatamente nesse ponto, ou seja, na expressão “sociedade civil”. Quando usadoem linguagem corrente, não se trata de um termo de definição unívoca: prova disso é que sobre ele já sedebruçaram inúmeros pensadores desde o século XVIII. Tais variações não são o tema deste artigo, mas,para quem se interessar, sugiro sobre o assunto a leitura deste texto de Roberto Campos, ainda

atualíssimo.

Para o Decreto, contudo, “sociedade civil” tem um sentido bem determinado, exposto em seu art. 2º, I:dá-se esse nome aos “cidadãos, coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações”.

Muita atenção a esse ponto, que é de extrema importância. O Decreto tem um conceito preciso daquilo

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que é considerado como “sociedade civil”. Dela fazem parte não só o “cidadão” – eu e você, comopessoas físicas – mas também “coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou nãoinstitucionalizados, suas redes e suas organizações”. Ou seja: todos aqueles que promovemmanifestações, quebra-quebras, passeatas, protestos, e saem por aí reivindicando terra, “direitos”trabalhistas, passe livre, saúde e educação – MST, MTST, MPL, CUT, UNE, sindicatos… Pior: há umabrecha que permite a participação de movimentos “não institucionalizados” – conceito que, na prática,

pode abranger absolutamente qualquer coisa.

Em resumo: “sociedade civil”, para o Decreto, significa “movimentos sociais”. Aqueles mesmos que, comotodos sabemos, são controlados pelos partidos de esquerda – em especial, pelo próprio PT. Não seenganem: a intenção do Decreto 8.243 é justamente abrir espaço para a participação política de taismovimentos e “coletivos”. O “cidadão” em nada é beneficiado – em primeiro lugar, porque já tem e

sempre teve direito de petição aos órgãos públicos - art. 5º, XXXIV, “a” da Constituição -; em segundolugar, porque o Decreto não traz nenhuma disposição a respeito da sua “participação popular” – aliás, apalavra “cidadão” nem é citada no restante do texto, excetuando-se um princípio extremamente genéricono art. 3º.

Podemos, então, reescrever o texto do art. 1º usando a própria definição legal: o Decreto, na verdade,tem “o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e aatuação conjunta entre a administração pública federal e os movimentos sociais”.

Compreender o significado de “sociedade civil” no contexto do Decreto é essencial para se interpretar o

resto do seu texto. Basta notar que a expressão é repetida 24 (vinte e quatro!) vezes ao longo do restantedo texto, que se destina a detalhar os instrumentos a serem utilizados na tal “Política Nacional deParticipação Social”.

“Mecanismos de participação social”

Ok, então: há uma política que visa a aproximar estado e “movimentos sociais”. Mas no que exatamenteela consiste? Para responder a essa questão, comecemos pelo art. 5º, segundo o qual “os órgãos eentidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadas as especificidades de

cada caso,

considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstos neste Decreto, para aformulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticas públicas”.

Traduzindo o juridiquês: a partir de agora, todos os “os órgãos e entidades da administração públicafederal direta e indireta” (ou seja, tudo o que se relaciona com o governo federal: gabinete daPresidência, ministérios, universidades públicas…) deverão formular seus programas em atenção ao queos tais “

mecanismos de participação social” demandarem. Na prática, o Decreto obriga órgãos da administraçãodireta e indireta a ter a participação desses “mecanismos”. Uma decisão de qualquer um deles só setorna legítima quando houver essa consulta – do contrário, será juridicamente inválida. E, como informamos parágrafos do art. 5º, essa participação deverá ser constantemente controlada, a partir de “relatórios” e“avaliações”.

Os “mecanismos de participação social” são apresentados no art. 2º e no art. 6º, que fornecem uma listacom nove exemplos: conselhos e comissões de políticas públicas, conferências nacionais, ouvidoriasfederais, mesas de diálogo, fóruns interconselhos, audiências e consultas públicas e “ambientes virtuaisde participação social” (pelo visto, nossos amigos da MAV-PT acabam de ganhar mais uma função…).

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A rigor, todas essas figuras não representam nada de novo, pois já existem no direito brasileiro. Para ficarem alguns exemplos: “audiências públicas” são realizadas a todo momento, a expressão “conferêncianacional” retorna 2.500.000 hits no Google e há vários exemplos já operantes de “conselhos de políticaspúblicas”, como informa este breve relatório da Câmara dos Deputados sobre o tema. Qual seria oproblema, então?

A questão está, novamente, nos detalhes. Grande parte do restante do Decreto – mais especificamente,os arts. 10 a 18 – destinam-se a dar diretrizes, até hoje inexistentes (ao menos de uma formasistemática), a respeito do funcionamento desses órgãos de participação. E nessas diretrizes mora ogrande problema. Uma rápida leitura dos artigos que acabei de mencionar revela que várias delas estãoimpregnadas de mecanismos que, na prática, têm o objetivo de inserir os “movimentos sociais” a que mereferi acima na máquina administrativa brasileira.

Vamos dar um exemplo, analisando o art. 10, que disciplina os “conselhos de políticas públicas”. Em seusincisos, estão presentes várias disposições que condicionam sua atividade à da “sociedade civil” –leia-se, aos “movimentos sociais”, como demonstrado acima. Por exemplo: o inciso I determina que osrepresentantes de tais conselhos devem ser “eleitos ou indicados pela sociedade civil”, o inciso II, que

suas atribuições serão definidas “com consulta prévia à sociedade civil”. E assim por diante. Essasbrechas estão espalhadas ao longo do texto do Decreto, e, na prática, permitem que “coletivos,movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”imiscuam-se na própria Administração Pública.

O art. 19, por sua vez, cria um órgão administrativo novo (lembram do que falei sobre ainconstitucionalidade, lá em cima?): “a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, instânciacolegiada interministerial responsável pela coordenação e

encaminhamento de pautas dos movimentos sociais e pelo monitoramento de suas respostas”. Ou seja:uma bancada pública feita sob medida para atender “pautas dos movimentos sociais”, feito balcão de

padaria. Para quem duvidava das reais intenções do Decreto, está aí uma prova: esse artigo sequer temo pudor de mencionar a “sociedade civil”. Aqui já é MST, MPL e similares mesmo, sem intermediários.

Enfim, para resumir tudo o que foi dito até aqui: com o Decreto 8.243/2014,

(i) os “movimentos sociais” passam a controlar determinados “mecanismos de participação social”; (ii)toda a Administração Pública passa a ser obrigada a considerar tais “mecanismos” na formulação desuas políticas. Isto é: o MST passa a dever ser ouvido na formulação de políticas agrárias; o MPL, na detransporte; aquele sindicato que tinge a cidade de vermelho de quando em quando passa a opinar sobreleis trabalhistas. “Coletivos, movimentos sociais, suas redes e suas organizações” se inserem no sistema

político, tornando-se órgãos de consulta: na prática, uma extensão do Legislativo.

“Back in the U. S. S. R.”!

Esse sistema de “poder paralelo” não é inédito na História – e entender as experiências pretéritas é umaexcelente maneira de se compreender o que significam as atuais. É isso que, como antecipei no início dotexto, nos leva de volta a 1917 e aos “sovietes” da Revolução Russa, possivelmente o exemplo maisconhecido e óbvio desse tipo de organização. Se é verdade que “aqueles que não podem lembrar opassado estão condenados a repeti-lo”, como diz o clássico aforismo de George Santayana, é essencial

voltar os olhos para o passado e entender o que de fato se passou quando um modelo de organizaçãosocial idêntico ao instituído pelo Decreto 8.243/2014 foi adotado.

Essa análise nos leva ao momento imediatamente posterior à Revolução de Fevereiro, que derrubouNicolau II. O clima de anarquia gerado após a abdicação do czar levou à formação de um Governo

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Provisório inicialmente desorganizado e pouco coeso, incapaz de governar qualquer coisa que fosse.

Paralelamente, formou-se na capital russa (Petrogrado) um conselho de trabalhadores – na verdade, umarepetição de experiências históricas anteriores similares, que na Rússia remontavam já à Revolução de1905. Tal conselho – o Soviete de Petrogrado – consistia de “deputados” escolhidos aleatoriamente nas

fábricas e quarteis. Em 15 dias de existência, o soviete conseguiu reunir mais de três mil membros, cujassessões eram realizadas de forma caótica – na realidade, as decisões eram tomadas pelo seu comitêexecutivo, conhecido como Ispolkom. Nada diferente de um MST, por exemplo.

A ampla influência que o Soviete possuía sobre os trabalhadores fez com que os representantes do

Governo Provisório se reunissem com seus representantes (1º-2 de março de 1917) em busca de apoio àformação de um novo gabinete. Isto é: o Governo Provisório foi buscar sua legitimação junto aossovietes, ciente de que, sem esse apoio, jamais conseguiria firmar qualquer autoridade que fosse juntoaos trabalhadores industriais e soldados. O resultado dessas negociações foi o surgimento de um regimede “poder dual” (dvoevlastie), que imperaria na Rússia de março/1917 até a Revolução de Outubro:nesse sistema, embora o Governo Provisório ocupasse o poder nominal, este na prática não passava deuma permissão dos sovietes, que detinham a influência majoritária sobre setores fundamentais da

população russa. A Revolução de Outubro, que consolidou o socialismo no país, foi simplesmente apassagem de “todo o poder aos sovietes!” (“vsia vlast’ sovetam!”) – um poder que, na prática, eles jádetinham.

Antes mesmo do Decreto 8.243, o modelo soviético já antecipava de forma clara o fenômeno dos

“movimentos sociais” que ocorre no Brasil atualmente. Com o Decreto, a similaridade entre os modelosapenas se intensificou.

Em primeiro lugar, e embora tais movimentos clamem ser a representação do “povo”, dos“trabalhadores”, do “proletariado” ou de qualquer outra expressão genérica, suas decisões são tomadas,na realidade, por poucos membros – exatamente como no Ispolkom soviético, a deliberação parte de um

corpo diretor organizado e a aclamação é buscada em um segundo momento, como forma delegitimação. Qualquer assembleia de movimentos de esquerda em universidades é capaz de comprovarisso.

Além disso, a institucionalização de conselhos pelo Decreto 8.243/2014 leva à ascensão política

instantânea de “revolucionários profissionais” – pessoas que dedicam suas vidas inteiras à atividadepartidária, em uma tática já antecipada por Lênin em seu panfleto “Que Fazer?”, de 1902 (capítulo 4c).Explico melhor. Vamos supor por um momento que o Decreto seja um texto bem intencionado, que defato pretenda “inserir a sociedade civil” dentro de decisões políticas (como, aliás, afirma o diretor deParticipação Social da Presidência da Repúblican este artigo d’O Globo). Ora, quem exatamente teriatempo para participar de “conselhos”, “comissões”, “conferências” e “audiências”? Obviamente, não ocidadão comum, que gasta seu dia trabalhando, levando seus filhos para a escola e saindo com os

amigos. Tempo é um fator escasso, e a maioria das pessoas simplesmente não possui horas de sobrapara participar ativamente de decisões políticas – é exatamente por isso que representantes são eleitospara essas situações. Quem são as exceções? Não é difícil saber. Basta passar em qualquer sindicato oudiretório acadêmico: ele estará cheio de “revolucionários profissionais”, cuja atividade política extraoficialacabou de ser legitimada por decreto presidencial.

A questão foi bem resumida por Reinaldo Azevedo, no texto que citei no início deste artigo. Diz oarticulista: “isso que a presidente está chamando de ‘sistema de participação’ é, na verdade, um sistemade tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que participam dos ditos movimentos sociaissão mais cidadãos do que os que não participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias debrasileiros: os que têm direito de participar da vida púbica [sic] e os que não têm. Alguém dirá: ‘Ora, basta

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integrar um movimento social’. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partidopolítico”.

Exatamente por esses motivos, tal forma de organização confere a extremistas de esquerdapossibilidades de participação política muito mais amplas do que eles teriam em uma lógica democrática

“verdadeira” – na qual ela seria reduzida a praticamente zero. Basta ver que o Partido Bolchevique, queviria a ocupar o poder na Rússia em outubro de 1917, era uma força política praticamente irrelevantedentro do país: sua subida ao poder se deve, em grande parte, à influência que exercia sobre os demaispartidos socialistas (mencheviques e socialistas-revolucionários) dentro do sistema dos sovietes. Algoanálogo ocorre no Brasil atual: salvo exceções pontuais, PSOL, PSTU et caterva apresentam resultadospífios nas eleições, mas por meio da ação de “movimentos sociais” conseguem inserir as suas pautas nadiscussão política. As manifestações pelo “passe livre” – uma reivindicação extremamente minoritária,

mas que após um quebra-quebra nacional ocupou grande parte da discussão política em junho/julho de2013 – são um exemplo evidente disso.

O sistema introduzido pelo Decreto 8243/2014 apenas incentiva esse tipo de ação. O Legislativo “oficial”– aquele que contém representantes da sociedade eleitos voto a voto, representando proporcionalmente

diversos setores – perde, de uma hora para outra, grande parte de seu poder. Decisões estatais sópassam a valer quando legitimadas por órgãos paralelos, para os quais ninguém votou ou deu suapalavra de aprovação – e cujo único “mérito” é o fato de estarem alinhados com a ideologia do partidoque ocupa o Executivo.

Pior: a administração pública é engessada, estagnada. Não no sentido definido no artigo d’O Globo quelinkei acima (demora na tomada de decisões), mas em outro: os cargos decisórios desse “poderLegislativo paralelo” passam a ser ocupados sempre pelas mesmas pessoas. Suponhamos, em umesforço muito grande de imaginação, que o PT perca as eleições presidenciais de 2018 e seja substituídopor, digamos, Levy Fidelix e sua turma. Com a reforma promovida pelo Decreto 8.243/2014 e a ocupaçãode espaços de deliberação por órgãos não eletivos, seria impossível ao novo presidente implantar suaspolíticas aerotrênicas: toda decisão administrativa que ele viesse a tomar teria que, obrigatoriamente,

passar pelo crivo de conselhos, comissões e conferências que não são eleitos por ninguém, não renovamseus quadros periodicamente e não têm transparência alguma. Ou seja: ainda que o titular do governovenha a mudar, esses órgãos (e, mais importante, os indivíduos a eles relacionados) permanecem dentroda máquina administrativa ad eternum, consolidando cada vez mais seu poder.

Conclusão

O Decreto 8.243/2014 é, possivelmente, o passo mais ousado já tomado pelo PT na consecução do“socialismo democrático” – aquele sistema no qual você está autorizado a expressar a opinião que quiser,

desde que alinhada com o marxismo. Sua real intenção é criar um “lado B” do Legislativo, não sódeslegitimando as instituições já existentes como também criando um meio de “acesso facilitado” demovimentos sociais à política.

Boa parte dos leitores dessa página podem estar se perguntando: “e daí?”. Afinal, sabemos que a

democracia representativa é um sistema imperfeito: suas falhas já foram expostas por um númeroenorme de autores, de Tocqueville a Hans-Hermann Hoppe. É verdade.

No entanto, a democracia representativa ainda é “menos pior” do que a alternativa que se propõe. Umsistema onde setores opostos da sociedade se digladiam em uma arena política, embora tendanecessariamente a favorecimentos, corrupção e má aplicação de recursos, ainda possui certo “controle”

interno: leis e decisões administrativas que favoreçam demais a determinados grupos ou restrinjamdemasiadamente os direitos de outros em geral tendem a ser rechaçadas. Isso de forma alguma ocorre

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em um sistema onde decisões oficiais são tomadas e “supervisionadas” por órgãos cujo únicocompromisso é o ideológico, como o que o Decreto 8.243/2014 tenta implementar.

Esse segundo caso, na verdade, nada mais é do que uma pisada funda no acelerador na autoestradapara a servidão.

Autor: Erick Vizolli em Liberzone.

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Jurista diz que obrigar órgãos a ter estruturas para ouvirsociedade engessa governo e é um exagero

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BRASÍLIA - Num ano eleitoral, a presidente Dilma Rousseff editou decreto que obriga os órgãos dogoverno a promover consultas populares sobre grandes temas, antes de definir a política a ser adotada eanunciada pelo governo. O decreto 8243/2014 cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) ediz que o objetivo é “consolidar a participação social como método de governo”. A decisão provocoupolêmica e foi recebida com críticas por juristas e parlamentares.

Na prática, a proposta obriga órgãos da administração direta e indireta a criar estruturas a título departicipação social, como “conselho de políticas públicas” e “comissão de políticas públicas”. Até mesmoas agências reguladoras terão que cumprir as novas regras. De acordo com o texto, os órgãos serãoobrigados a considerar esses colegiados durante “a formulação, a execução, o monitoramento e aavaliação de seus programas e políticas públicas”. Na prática, ministérios e demais órgãos serãoobrigados a criar conselhos, realizar conferências ou mesmo promover mesas de diálogo. Esse tipo de

mecanismo pode engessar ainda mais o governo. Os órgãos terão que promover relatórios anuais paramostrar que estão cumprindo a determinação e prestar contas.

A decisão da presidente Dilma de tentar criar um modelo de participação social via decreto foi vista comoum exagero, passando por cima inclusive da Constituição. Para o jurista Carlos Velloso, ex-presidente do

Supremo Tribunal Federal, há risco de enfraquecimento do Poder Legislativo como fórum derepresentação da sociedade e de discussão de grandes temas, além do engessamento das decisões dogoverno. Um tema polêmico pode demorar devido à exigência de se ouvir diversos representantes dasociedade, por exemplo.

— Isso é um exagero. E utilizar decreto é exagero demais. Acredito que essa discussão só poderia serfeita por lei, ou até por meio da Constituição. A Constituição estabelece os casos em que pode haverconsulta popular. E isso acaba deixando o Legislativo no corner — disse Velloso.

O deputado Miro Teixeira (PROS-RJ) considera que a medida pode “travar a administração pública”:

— Em geral, esses conselhos populares não são populares, porque são nomeados pelos governantes.Em tempos de dificuldades, é que surgem essas ações (nos governos).

O diretor de Participação Social da Secretaria Geral da Presidência, Pedro Pontual, defende o decreto erebate críticas de que as normas possam engessar o governo ou mesmo tenham viés esquerdista. Eledisse que esse tipo de consulta já é utilizada, por meio das conferências. Ele citou as discussões doPlano Brasil Sem Miséria, alegando que elas não “atrasaram” o lançamento do programa:

— A Constituição garante o direito do cidadão de participar. O que o governo quer é que a participaçãosocial vire um método de governo. As políticas públicas que passam pelo processo social saem dogoverno com mais qualidade. Todas as políticas deverão ter alguma interlocução com a sociedade.

Questionado sobre as críticas de que o governo se baseia em práticas do governo do presidentevenezuelano Hugo Chávez, ele reagiu:

— Isso não engessa o governo e não tem nada a ver (com política chavista). É a institucionalidade dademocracia, é uma relação de soma.

Próxima Ameaças levaram Barbosa a antecipar aposentadoria

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Golpe petista: Dilma extinguiu democracia por decreto nestasemana!

blog.jornalpequeno.com.br /linhares/2014/05/30/golpe-petista-dilma-extinguiu-democracia-por-decreto-nesta-semana

Abaixo seguem trechos de um editorial de O Estadão e de um texto do jornalista Reinaldo Azevedo sobre

o que deve ser visto como o maior ataque ao regime democrático brasileiro desde o Golpe de 1964.

DILMA DECIDIU EXTINGUIR A DEMOCRACIA POR DECRETO – REINALDO AZEVEDO

Atenção, leitores!

Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados, solapados, diminuídos. A menos que vocêseja um membro do MTST, do MST, de uma dessas siglas que optaram pela truculência como forma de

expressão política.

De mansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadura petista pordecreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que cria uma tal “Política Nacionalde Participação Social” e um certo “Sistema Nacional de Participação Social”. O Estadão escreve nesta

quinta um excelente editorial a respeito. Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, queafronta o fundamento da igualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e criauma categoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de “movimentossociais”.

O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar, define o que é “sociedade civil” emvários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça, a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, oscoletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes esuas organizações”.

Pronto! Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, por natureza,não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos os órgãos da administraçãopública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, com representantes dessa tal sociedade civil —que, como já vimos, será tudo aquilo que o governo de turno decidir que é… sociedade civil

Todos os órgãos da gestão pública, incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos

aos tais movimentos sociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei asua participação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem ou percamas eleições.

Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação” é, na verdade, um sistema de tutela.

Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que participam dos ditos movimentos sociais são maiscidadãos do que os que não participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os quetêm direito de participar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar ummovimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partido político.

A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a forma da democraciarepresentativa: por meio de eleições livres, que escolhem o Parlamento. O que Dilma está fazendo, pordecreto, é criar uma outra categoria de representação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se deuma iniciativa que busca corroer por dentro o regime democrático.

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O PT está tentando consolidar um comissariado à moda soviética. Trata-se de um golpe institucional.Será um escândalo se a Ordem dos Advogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essaexcrescência. Com esse decreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O textosegue o melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador e Nicarágua.Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas, pela via aparentementelegal.

Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-la por decreto.

MUDANÇA DE REGIME – EDITORIAL ESTADÃO

A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da AssembleiaConstituinte para a reforma política – ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado eque felizmente nem chegou a sair do casulo – e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O

Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e oSistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda quepossa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é omais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT,sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser umademocracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a “sociedade civil” participediretamente em “todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta”, etambém nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas dediálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de “consolidar a participação social comométodo de governo”. Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus

representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma nãoconcorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer,por decreto, instituir outra fonte de poder: a “participação direta”.

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova formade fazer democracia, mais aberta e menos “burocrática”. O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de

efeito, tem – isso sim – um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdadedemocrática (“uma pessoa, um voto”) ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que sãopoliticamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político

institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim adesigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses“movimentos sociais”.

O grande desafio da democracia – e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa –

é dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização.Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente DilmaRousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros.Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar detodas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os “movimentos sociais” são amais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalizaçãodo poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direito

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significou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem dopoder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se alógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novoarranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento defazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio ecinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um atoinconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento – não apenas o STF, para declarar ainconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que oPoder Legislativo é dispensável.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº , DE 2014

(Dos Srs. Mendonça Filho e Ronaldo Caiado)

Susta a aplicação do Decreto nº 8.243, de 23 demaio de 2014, que institui a Política Nacional deParticipação Social – PNPS e o Sistema Nacionalde Participação Social – SNPS, e dá outrasprovidências.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º. Nos termos do art. 49, inciso V, da Constituição Federal, fica

sustado o Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política

Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de Participação

Social – SNPS, e dá outras providências.

Art. 2º. Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua

publicação.

JUSTIFICATIVA

O Decreto presidencial nº 8.243, de 23 de maio de 2014, institui a

Política Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de

Participação Social – SNPS, e dá outras providências.

Em detida análise da matéria, percebe-se a ostensiva e flagrante

inconstitucionalidade do ato normativo que ora se pretende impugnar.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

O Decreto presidencial corrói as entranhas do regime representativo, um

dos pilares do Estado democrático de direito, adotado legitimamente na

Constituição Federal de 1988.

Vejamos.

No art. 1º, dispõe que “fica instituída a Política Nacional de Participação

Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as

instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração

pública federal e a sociedade civil”. No art. 2º, estabelece o que é sociedade

civil e no art. 3º reconhece a participação social como direito do cidadão e

expressão de sua autonomia e – pasmem – reconhece que se trata da

ampliação dos mecanismos de controle social. No art. 4º, inc. VIII, afirma ser

objetivo da Política incentivar e promover ações e programas de apoio

institucional, formação e qualificação em participação social para agentes

públicos e sociedade civil.

Nesta primeira etapa, resta patente a prevalência do direito à

participação daqueles considerados pelo Governo como sociedade civil ou

movimentos sociais, com incentivo à sua formação. O cidadão comum, não

afeto a este ativismo social, fica relegado ao segundo plano dentro da

organização política prevista no referido Decreto.

O art. 5º determina que “os órgãos e entidades da administração pública

federal direta e indireta deverão, respeitadas as especificidades de cada caso,

considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstos

neste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação

de seus programas e políticas públicas”, sendo que sua implantação será

acompanhada pela Secretaria Geral da Presidência da República.

Neste ponto, cumpre ressaltar os riscos aos quais as políticas públicas

passam a se submeter, ante a necessária oitiva das decisões tomadas no

âmbito do aberrante “sistema de participação social”, de que trata o ato

questionado.

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CÂMARA DOS DEPUTADOSEssas breves linhas retratam de maneira absolutamente clara qual a

intenção da Presidente da República: implodir o regime de democracia

representativa, na medida em que tende a transformar esta Casa em um

autêntico elefante branco, mediante a transferência do debate institucional para

segmentos eventualmente cooptados pelo próprio Governo. O ato em questão

não comporta outra leitura. Especialmente, levando-se em conta que a Carta

da República já disponibiliza os instrumentos que asseguram a participação de

qualquer cidadão brasileiro nas decisões políticas.

Na verdade, sob o manto de se aumentar a participação popular, o que o

Governo faz é restringir esta participação àquele segmento social escolhido de

acordo com a cartilha palaciana, impedindo o acesso amplo e irrestrito de todo

cidadão, garantido, entre outros dispositivos, pelo art. 14 da Carta Magna, que

reza: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal, e pelo voto

direto e secreto, com valor igual para todos e nos termos da lei, mediante: I-

plebiscito; II – referendo; III - iniciativa popular.”.

Ao dar prerrogativas aos movimentos sociais adeptos da ideologia do

grupo político no poder nos últimos doze anos e fomentar a sua ampliação; ao

submeter os órgãos da Administração Pública – incluindo as agências

reguladoras – às decisões tomadas no âmbito do Programa; e ao promover o

controle dos movimentos sociais, a Presidente da República, na verdade, está

criando seu próprio Estado, suas próprias regras, suas classes de cidadãos,

incorporando, assim, a figura de Luis XIV, quando disse: L´Etat c´est moi.

A necessidade de se combater esta insanidade consolidada no Decreto

nº 8.243, de 23 de maio de 2014, também se revela no absurdo cenário que

estamos vivendo no Brasil. Tentativas de controlar a mídia através de

mecanismos de regulação econômica e de conteúdo, o inchaço da máquina

pública (p.ex.40 ministérios!!!), aparelhamento do Estado, através da colocação

de quadros políticos em cargos técnicos chave (como se viu nos recentes

escândalos da Petrobrás), a tentativa de controle do Poder Legislativo, com a

impressionante edição de medidas provisórias e urgências constitucionais etc.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Todos estes aspectos demonstram como se faz urgente e indispensável

o combate a toda e qualquer tentativa de subversão da ordem constitucional

posta, uma vez que a sanha autoritária da Presidente da República apenas

aguarda o instante para se revelar e assumir o seu lugar.

Nesses termos, uma vez demonstrada a exorbitância do ato normativo

ora combatido, solicitamos, com base no art. 49, V, da Constituição da

República, o apoio dos nobres Pares no sentido de sustar a referida norma.

Sala das Sessões, em de de 2014.

MENDONÇA FILHO

Democratas/PE

RONALDO CAIADO

Democratas/GO

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camara.gov.br /proposicoesWeb/prop_imp;jsessionid=A095F4B38DBD1E4F974693C35A8A3DA0.proposicoesWeb2

PDC 1491/2014

Projeto de Decreto Legislativo

Situação:Aguardando Despacho do Presidente da Câmara dos Deputados

Identificação da Proposição

Autor Apresentação

Mendonça Filho - DEM/PE 30/05/2014

Ementa

Susta a aplicação do Decreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui aPolítica Nacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional de

Participação Social - SNPS, e dá outras providências.

Informações de Tramitação

Forma de apreciação Regime de tramitação

Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário .

Documentos Anexos e Referenciados

Avulsos Legislação Citada Mensagens, Ofícios eRequerimentos (0)

Destaques (0) Histórico de Pareceres, Substitutivos eVotos (0)

Relatório de conferência deassinaturas

Emendas (0) Recursos (0)

Histórico dedespachos (0)

Redação Final

Tramitação

Data Andamento

30/05/2014 PLENÁRIO (PLEN)

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• Apresentação do Projeto de Decreto Legislativo n. 1491/2014, peloDeputado Mendonça Filho (DEM-PE), que: "Susta a aplicação doDecreto nº 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a PolíticaNacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional deParticipação Social - SNPS, e dá outras providências".

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O que fazer diante do decreto ditatorial de Dilma?lucianoayan.com /2014/05/31/o-que-fazer-diante-do-decreto-ditatorial-de-dilma/

By lucianohenrique

Ronaldo Caiado foi incisivo na denúncia contra o

Decreto 8243/2014, de Dilma Rousseff. Veja o queele disse em seu perfil no Facebook:

É golpe do PT!!!

Vendo que vai perder no voto, o PT agoraatua para criar um sistema paralelo de

poder. Por meio de um nome “bonitinho”,Dilma e PT assinaram o Decreto8243/2014, que cria a Política e o SistemaNacionais de Participação Social.

O decreto diz criar conselhos compostos por “cidadãos, coletivos, movimentos sociaisinstitucionalizados” nos órgãos do governo. Mas só tem um detalhe: o próprio governo vaiindicar esses membros desses conselhos. E mais: É o aparelhamento ideológico por meiode movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo.

Isso é uma afronta à ordem constitucional do País. O PT esvazia o poder legislativo etransfere as decisões aos seus “companheiros”. Democracia se dá por meio dos seusrepresentantes eleitos para o Congresso. Uma pessoa, um voto. Não existe cidadão maisimportante que o outro. Agora o petista desses conselhos vai ter mais poder que umcidadão comum? Mais poder que alguém eleito democraticamente pelo povo?

PT quer criar cidadãos de 1ª classe (companheirada) e de 2ª classe (demais brasileiros).Não vamos permitir! O líder [do DEM na Câmara, deputado] Mendonça Filho [PE] e euapresentamos um Projeto de Decreto Legislativo para derrubar esse decretoantidemocrático da presidente Dilma.

Não vamos deixar esse ataque à Constituição e à democracia prosperar. Estamosavaliando acionar o STF. Dilma e o PT querem transformar o Brasil numa Venezuela, ondeChávez criou grupos de poder paralelos, que jogaram o País naquela bagunça, onde asinstituições não são respeitadas.

O PT/Dilma escancarou sua face ditatorial! Fiquem atentos! Aqui não é a Venezuela. Nãovamos admitir uma ditadura.

O blog do Felipe Moura Brasil já deu a dica, lembrando que Ronaldo fez o que Aécio deveria fazer:denunciar o oponente em sua ações mais monstruosas contra a democracia.

Conforme também lembrando pelo blog de Felipe, devemos ler o artigo de Cristiane Jungblut e MônicaGarcia para o Globo:

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BRASÍLIA E RIO – A oposição quer a suspensão do decreto da presidente Dilma Rousseffque obriga os órgãos do governo a promover consultas populares sobre grandes temas,antes de definir as políticas a serem adotadas. Ontem, o líder do DEM na Câmara,Mendonça Filho (PE), apresentou projeto prevendo a revogação do decreto que cria aPolítica Nacional de Participação Social (PNPS). Ele ameaçou colocar seu partido emobstrução e não votar medidas provisórias, na próxima semana, caso Dilma não volte

atrás, ou caso o Congresso não aprove sua proposta, que ele pretende que seja votadacom urgência.

Mendonça Filho, que discutirá a questão na reunião dos líderes partidários da próximasemana, cita a Constituição para defender a revogação do decreto e afirma que é dacompetência do Congresso “sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem

do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.

— Esse decreto da presidente Dilma é uma aberração. É uma desfaçatez o PT e apresidente Dilma chegarem ao nível de passar por cima do Legislativo, caixa de discussãoe ressonância da sociedade. Dilma quer criar um poder paralelo — criticou Mendonça

Filho.

Para ele, os integrantes das novas estruturas serão escolhidos pelo governo, o que já viciatodo o processo.

— Serão os Conselhos dos Amigos do Poder. Quer criar um poder paralelo e ainda criacidadãos de primeira e segunda classe. Para ser ouvido, o cidadão comum tem que estarassociado a uma ONG ou a um sindicato — disse ele.

Mendonça Filho acredita que vai angariar apoio:

— O presidente da Câmara, Henrique Alves, tem sido um guardião das prerrogativas doPoder Legislativo e não vai aceitar isso — disse.

PT diz que ideia é ter diálogo

O PSDB já apoia a proposta do DEM. O líder do partido tucano, deputado AntonioImbassahy (BA), já pediu à sua assessoria para analisar se o decreto não fere a

Constituição.

— Querem estabelecer uma gestão bolivariana no Brasil. Propostas como essa são ummovimento típico de quem perdeu o rumo, como este governo. O PT fez um trabalho paraenfraquecer as instituições. Eles querem controlar os movimentos, mas vêm perdendo

legitimidade — disse Imbassahy, alegando que há uma tentativa de enfraquecer oLegislativo como Casa de representação da sociedade.

O PT reagiu à iniciativa do DEM. O vice-líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE),disse que é preciso manter o decreto presidencial.

— O que a presidente Dilma quer é institucionalizar o diálogo com a sociedade, que nãopode ser feito apenas quando se vai votar um projeto de lei no Congresso. E o DEM não éafeito a esse tipo de coisa — alfinetou Guimarães.

Na prática, o decreto da presidente Dilma obriga órgãos da administração direta e indiretaa criar estruturas de participação social, como o conselho de políticas públicas; a comissãode políticas públicas; a conferência nacional; a ouvidoria pública federal e a mesa de

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diálogo, além de fórum interconselhos; audiência pública; consulta pública; e ambientevirtual de participação social. Alguns desses mecanismos já são usados pelas agênciasreguladoras. Para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), segundo informação daassessoria do órgão, o decreto não traz nenhuma novidade porque os artigos que tratamde audiência pública e consulta pública já são seguidos pela agência. A Aneel entende quequalquer mudança em função do decreto será apenas de nomenclatura. O mesmo

argumento se repete em outras agências, como a Agência Nacional de Aviação Civil(Anac), que também acredita que já cumpre boa parte das normas, e a Agência Nacionalde Transportes Terrestres (ANTT), que garante já abrir espaço para a sociedade.

Uma das críticas ao decreto é que ele pode aumentar a burocracia e levar à maior demorana tomada de decisões. Da base governista, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha

(RJ), disse ter certeza que, se o decreto causar problemas à agilidade do governo, apresidente Dilma vai rever a decisão.

— Vou analisar com cuidado, mas a presidente pode propor conselhos. Se a presidenteachar que o modelo causou lentidão, acredito que ela mesmo acabará voltando atrás —

disse Cunha.

Especialistas divergem

Entre os especialistas, há divergências. O professor de Administração Pública da UnBJosé Matias-Pereira disse que o decreto é uma “atitude arrogante e autoritária” dogoverno. Ele acredita que o PT promove um movimento de enfraquecimento dasinstituições, ao atacar o Poder Judiciário e o Ministério Público, por exemplo. E lembrouque pode haver um aparelhamento, já que o PT e outros partidos controlam as principaisestruturas sociais, como sindicatos:

— A aplicação desse decreto seria um retrocesso para a democracia brasileira. E leva auma sentença de morte ao Poder Legislativo como caixa de ressonância da sociedade.

O jurista Hélio Bicudo, ex-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos,com sede em Washington, tem opinião parecida:

—Esse decreto enfraquece a democracia. Esses conselhos populares não podem terpoder de decisão. Era necessário pensar em aumentar o poder do Executivo e tirar do

Legislativo algumas questões e atribuições, mas não entregá-las a um conselho escolhidoaleatoriamente. Esse decreto só enfraquece o Poder Legislativo e pode até engessardecisões importantes do governo e relevantes para a sociedade.

Já o professor Marco Antonio Teixeira, do Departamento de Gestão Pública (GEP) daEscola de Administração de Empresas da FGV-SP, defendeu as novas normas, alegando

que o atual sistema de representação política está em crise.

—Acredito que essas normas são complementares, e não em substituição ao Legislativo.Não vejo oposição de uma coisa à outra — disse Teixeira.

O jurista Pedro Abramovay também não se opõe ao decreto.

— Esses conselhos ajudarão o povo a exercer sua democracia. Com eles, todas as vozes

serão ouvidas. Esses mecanismos já existem e têm sido importantes para legitimar nossademocracia.

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Jurista e professor emérito da Faculdade de Direito de São Paulo, Dalmo Dallari diz queDilma teve uma boa iniciativa. — A nossa Constituição, em seu artigo 1º, fala exatamentesobre essa democracia participativa. É muito importante essa aproximação do povo com opoder: além de se manifestar e opinar, ele também poderá criticar e propor condiçõesmelhores para toda a sociedade — disse. (Colaborou Mônica Garcia)

No texto acima, vemos o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, apresentar opiniões tão

contundentes quanto às de Caiado. Enquanto isso, do lado do PSDB, só vemos apaziguamentosvergonhosas. Na verdade, do lado dos tucanos, só estamos ouvindo o barulho do grilo até o momento.

Sendo assim, como devemos proceder? A meu ver as seguintes ações são importantes, mas não asúnicas:

Explicar para as pessoas o que são os sovietes e como eles são usados de forma suja portotalitários

1.

Pressionar o PSDB a tomar uma atitude de gente grande2.

Questionar os políticos do PMDB para ver se eles estão de acordo com um decreto que vai darpoder ao PT (mas não aos aliados fisiológicos dele)

3.

Em relação a todos os itens valeria a pena tentar tornar vital o ótimo comentário do Templar Knight napágina Canal da Direita: “Oi, eu sou o PT e quero dar um golpe, sabe o que eu faço?”:

1-Fundo o Foro de São Paulo e juntamente com meus camaradas das FARC, Cuba eVenezuela tramo os passos do socialismo do século XXI.

2-Elejo um símbolo populista como Lula e chego à presidência.

3- Aperfeiçôo um programa que já existia e dou-lhe o nome de Bolsa Família, para garantirvotos vitalícios e a miséria que os sustentam.

4- Uma vez eleito afago o empresariado com o BNDES enquanto causo a ira dasinofensivas esquerdas mais radicais, mas tentando jogar pelos dois lados como manda umGoverno de Transição.

5- Aprovo o Estatuto do Desarmamento, que desarma apenas cidadãos honestos eenfraquece a população civil em geral.

6- Uso o Lula para eleger a Dilma e quando o empresariado já virou um bichinho dócil deestimação afago mais aquelas esquerdas radicais (fingindo para os investidores que eunão sou uma delas)

7- Financio suas arruaças, MST e escória gayzista, abortista, feminista e maconheiros.

8- Assim semeio a discórdia e o caos na população, fazendo-a crer que existe uma

gravíssima opressão social nunca antes vista na mesma (num coletivismo imposto poruma minoria vitimista, ressentida e sem amor-próprio, onde bandido é vítima da sociedade,todos são oprimidos e ninguém é responsável direto pelos seus atos e por suaconsciência), de modo que pareça que as minorias são maioria e o caos seja uma pseudo-justificativa para num breve futuro instaurar uma “Reforma Constituinte”.

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9- Compro e aparelho institutos de pesquisas (IPEA, IBGE etc.) para este fim – caos eagitação social -, distorcendo os resultados das pesquisas (brasileiro é “machista-patriarcal-opressor-piramidal”, claro!).

10- Ainda seguindo os preceitos do meu ídolo Antonio Gramsci, vou doutrinando alunos de

escolas de nível fundamental, médio e superior, familiarizando-os com o conceito de lutade classes e outras farsas marxistas e encorajando a militância de idiotas úteis.

11- Aparelho não só escolas, universidades (quem estuda Mises e Voegelin éridicularizado e não ganha bolsa) e institutos de pesquisa, como aparelho o STF e todo o

judiciário.

12- Continuo comprando a oposição com os mensalões da vida para me perpetuar nopoder até o fim dos tempos, quer dizer, até o Apocalipse do qual sou eu mesmo ocatalisador.

13- Crio o programa mais médicos e escolho médicos, adivinha, de Cuba, e se foremagentes cubanos infiltrados de jaleco ninguém se surpreenderá.

14- Aparelho não só escolas, universidades, institutos de pesquisa, STF e judiciário, mas amídia em geral.

15- Percebo que na verdade a população conservadora, cristã ou simplesmente honesta émuito maior que eu imaginava, de modo que tento calar vozes como a de Rachel

Sheherazade, cortando a verba do SBT.

16- Aprovo o Marco Civil como instrumento de censura mais eficiente.

17- Enfraqueço meu exército e todas as Forças Armadas, sucateando o material béliconacional (mas continuo chamando o exército quando a coisa tá feia nas ruas).

18- Apoio a ideologia de gênero – PL 8035/2010 – como se fosse uma ciência (minhaorientação sexual é fruto de coerção social, claro) e empurrando goela abaixo a ditadura

gay a revelia da maioria, minando as bases familiares tradicionais e naturais, chamandoquem não aceita calado de “homofóbico” e “fascista”.

19- Nesta minha saga contra a Família, aprovo outros absurdos como lei da Palmada –criando uma geração de mimados como na Suécia – e elimino o Dia das Mães (por

enquanto só aqui em São Paulo), em claras tentativas de enfraquecer a Família comonúcleo formador moral do ser humano, transferindo a formação do homem ao Estado(claro, o PT ensinará muito bem a não roubar, por exemplo).

20-Com o exército fraco e com população desarmada aprovo o projeto 276/02 de livre

trânsito de Forças Armadas Estrangeiras no Brasil sem autorização do Congresso.

21- Ameaço de morte todos os que discordam de mim, Romeu Tuma Jr., Joaquim Barbosaetc.

22- Falo mal do agronegócio sendo que é ele que me sustenta e que uma vez gerido peloMST, afunda, como já aconteceu, mas dou carinho a estes sem-terra que em 90% doscasos não querem é procurar emprego por lá.

23- Elimino a democracia pelo decreto 8.243, dando voz a “movimentos sociais” enquanto

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enfraqueço as verdadeiras instituições democráticas e o parlamento, composto decidadãos eleitos pelo povo.

24- Envio dinheiro e realizo obras em Cuba, Venezuela e Nicarágua, unindo o corpo daminha revolução bolivariana.

25- Finalmente fomento um plebiscito popular pela “Reforma Constituinte” sob alegação deque os parlamentares não representam a população – claro que eu, PT, represento.

26- Assim como no desarmamento, o resultado do plebiscito não conta para aimplementação do Golpe, que será exercido de qualquer jeito.

27- Assim como na Venezuela onde, elementar meu caro Watson, quem garantiu a lisura

das urnas eletrônicas era sócio da empresa que fabricava as urnas na votação que elegeuo camarada Chavez, dou um jeito de sabotar as urnas eletrônicas também.

28- Viro uma Venezuela.

29- Tudo isso, claro, enquanto ando de Rolex e BMW e sou preso em prisão domiciliar,onde posso assistir meus filmes da galera opressora imperialista de Hollywood, comendomeu Big Mac opressor enquanto completo a coleção de quadros de Stálin, Fidel e MaoTsé-Tung na parede, na ilusão de que a perfeição e felicidade plena é possível nestemundo e que mais justiça só se faz necessariamente com mais socialismo.

Claro que há um erro no item 29, pois os líderes da extrema-esquerda não “se iludem com as utopias

socialistas”. Eles as utilizam para chegar e se perpetuar no poder, aproveitando-se dos benefícios doestado inchado.

Mas a mensagem importante é polarizar de vez a discussão, explicando que a principal luta é daliberdade contra a tirania, e demonstrar o quanto o PT está comprometido com a última. Todas as

principais ações do PT tem por foco estabelecer um regime ditatorial no Brasil. E com esse regimeditatorial (amparado pelas propostas de censura à imprensa) a transformação do Brasil em uma grandeVenezuela será inevitável.

Em relação ao decreto de Dilma, cabe especificar a funcionalidade dos sovietes, que são grupos dasociedade civil, chamados de “a sociedade civil”. O decreto se baseia em implementar definitivamente os

sovietes.

Veja o que dois juristas governistas afirmaram, em fraudes claras:

Pedro Abramovay: “Esses conselhos ajudarão o povo a exercer sua democracia. Com eles, todasas vozes serão ouvidas. Esses mecanismos já existem e têm sido importantes para legitimarnossa democracia.”

Dalmo Dallari: “A nossa Constituição, em seu artigo 1º, fala exatamente sobre essa democraciaparticipativa. É muito importante essa aproximação do povo com o poder: além de se manifestar e

opinar, ele também poderá criticar e propor condições melhores para toda a sociedade”.

Como se nota, ambos deliberadamente usam o truque dos sovietes. Por isso é imperativo que cada vezmais pessoas conheçam como funciona este embuste.

Basicamente, o governo ditatorial busca alguma forma de legitimidade. Por isso, ele cria grupos indicadospor ele, chamando-os de “a sociedade”. Por exemplo, um líder do MST, um representante da comunidade

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LGBT e donos de ONG’s que já recebem o dinheiro do estado. Como todos já estão mancomunados como governo, o governo passa a dizer que “está ouvindo o povo”. Mas quem foi que disse que essaspessoas de seus “conselhos” representam o povo? O próprio governo. Este é o truque dos sovietes. Umgoverno que já usa um truque tão sujo e coloca seus intelectuais orgânicos (como Abramovay e Dallari)para propagar suas fraudes reconhece a implementação de uma ditadura.

Com esta polarização (liberdade X tirania) mais do que justificada, líderes do PSDB devem serquestionados por seu apaziguamento e os do PMDB por sua parceria. Mais do que tudo, devemos serclaros em expor que o PT investe todos seus esforços na implementação de uma ditadura.

Se não formos capazes de expor o senso de urgência de combatermos a ditadura, precisamos tambémnos prepararmos para assumir parte da responsabilidade pelo fim da democracia do Brasil, exatamentepela falta de assertividade e foco ao lutar por ela.

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Limites da Política de Participação Social

os brasileiros convivem com crueldades como o famigerado fator previdenciário, a Desvinculação de

Recursos da União (DRU) e a infame rolagem da dívida pública que consome 42% do orçamentoaprovado para 2014!

28 de maio de 2014, Bruno Lima Rocha

Chegou tarde a Política Nacional de Participação Social (PNPS), instituída em 26 de maio pela presidenteDilma Rousseff. Não me refiro ao fato da formalização de mais canais de participação surja após osprotestos de 2013, mas sim depois de uma década de desorganização das estruturas do movimentopopular do brasileiro. Eis o contraste.

O país vem aumentando os canais formais para participar das decisões de governo e, por consequência,das políticas públicas necessárias para diminuir a desigualdade. Já as formas de pressão tornam-sediluídas com a incapacidade de acumulação de forças pela base da pirâmide social.

A Constituição Federal de 1988 abriu o caminho para nosso exemplo síntese na disputa entre interesse

público e apropriação privada de recursos. O Sistema Único de Saúde seria o modelo a ser seguido emáreas afins caso as resoluções de seus conselhos fossem acompanhadas da devida dotaçãoorçamentária, sem passar este recurso por contingenciamentos. O mesmo vale para a educação, direitoao usufruto das cidades e metrópoles, resíduos sólidos, igualdade étnico-racial, gênero, criança eadolescente, meio ambiente, agricultura familiar e seguridade social.

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Nestas frentes da vida em sociedade, temos excelência em legislação e reprovamos na execução. Assim,no lugar de orçamento conforme preceito constitucional, os brasileiros convivem com crueldades como ofamigerado fator previdenciário, a Desvinculação de Recursos da União (DRU) e a infame rolagem dadívida pública que consome 42% do orçamento aprovado para 2014!

Diante desses números, qualquer política de participação de tipo colaborativo é um placebo para a fúriaacumulativa do capital financeiro e seus amigos do peito, operando por dentro do aparelho de Estado.Uma PNPS levada às últimas consequências deveria ter representantes da sociedade civil (e não dasassociações de agentes econômicos) presentes em órgãos como o Comitê de Política Monetária(Copom), cujos oito componentes decidem sobre os parâmetros de nossas vidas.

O debate complementar é o da qualidade desta representação. Se fosse boa e comprometida com osdireitos das maiorias, a representação sindical em conselhos como o do FAT e da Previdência nãoadmitiria que estas verbas fossem desviadas de sua atividade-fim.

Toda iniciativa que aproxime a vontade da maioria com a capacidade de execução é positiva para ademocracia direta. Mas, a história dos direitos prova que a pressão popular é muito mais efetiva do que aparticipação subordinada.

Artigo originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat.

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Dilma cria nove conselhos para articular ‘diálogo’28 de maio de 2014

Em estratégia para se aproximar dos movimentos sociais, que ganharam maior

visibilidade com as manifestações contra os gastos da Copa, a presidente Dilma

Rousseff editou na segunda-feira um decreto que cria nove instâncias de negociação

e comunicação com a sociedade civil.

Embora já estivesse programada pelo Planalto desde 2010, a norma teve sua redação

acelerada a partir das manifestações de junho do ano passado. O texto, que institui a

Política Nacional de Participação Social (PNPS), oficializará a relação do governo com

os “novos setores organizados” e “redes sociais”, segundo assessores do Planalto.

De acordo com o documento, a tarefa de articulação e promoção da participação

social caberá aos seguintes fóruns: 1) conselho de políticas públicas; 2) comissão de

políticas públicas; 3) conferência nacional; 4) ouvidoria pública federal; 5) mesa de

diálogo; 6) fórum interconselhos; 7) audiência pública; 8) consulta pública; e 9)

ambiente virtual de participação social.

A convocação de cada uma dessas instâncias caberá à Secretaria-Geral da

Presidência, hoje comandada pelo ministro Gilberto Carvalho, que editará portarias

com as rotinas e métodos de escolha dos integrantes e periodicidade dos encontros.

Os integrantes não serão remunerados e, de acordo com a norma, as propostas

apresentadas nas reuniões não precisam necessariamente ser levadas adiante pelo

governo.

O diretor de Participação Social da Secretaria-Geral da Presidência, Pedro Pontual,

justificou a edição do decreto. “Um dos legados importantes que o governo Dilma vai

deixar é a institucionalização dos instrumentos de participação, transformando-os em

método de governo”, afirmou Pontual, lembrando que a implantação deste processo

está prevista na Constituição de 1988, mas que, em 2003, isso foi intensificado, com

a criação dos conselhos. Segundo o diretor de Participação Social, o que o governo

quer, com este processo, é que “todos os órgãos estejam obrigados a usar a

participação social para a execução das suas políticas”.

Depois dos protestos, ainda no ano passado, Dilma fez nove reuniões com

movimentos sociais e este ano já fez outras quatro.

Na sexta-feira passada, em discurso, Dilma defendeu a necessidade da participação

da sociedade civil em todos os processos de decisão. “Eu queria dizer para vocês que

celebrar o diálogo e a participação social significa para mim celebrar a democracia e

há algumas questões que exigem a participação social para ocorrer”, disse,

referindo-se à reforma política. “Não haverá reforma política se não tiver nesse

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processo participação social. Não haverá.”

Para o cientista político da USP José Álvaro Moisés, é algo positivo o fato de a

sociedade civil poder influir nas políticas públicas, mas, no Brasil, há risco de o

governo usar as estruturas ditas de participação para cooptar entidades. “É muito

estranho que essa iniciativa ocorra no último ano de governo”, afirmou. “A impressão

que tenho é de que está situada no quadro de uma estratégia eleitoral.”

Moisés citou o exemplo das centrais sindicais, que, para ele, foram “trazidas para

dentro do Estado” na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e passaram a dar

mostras de submissão. “O governo do PT convive mal com uma sociedade civil

rigorosa e crítica. Prefiro o modelo no qual a sociedade se organiza de forma própria,

sem estar colada ao Estado”, afirmou.

Já Sérgio Praça, cientista político e professor da Universidade Federal do ABC, elogiou

a iniciativa, por consolidar práticas que já existem, como a ação de conselhos e

conferências, e até possibilitar a adoção da internet como um canal de participação.

Praça não viu no decreto uma tentativa de instituir um sistema de “democracia

direta”, que atropelaria atribuições do Legislativo. “Não é uma tentativa de governar

por referendo ou plebiscito. O decreto apenas trata da possibilidade de a sociedade

ser consultada sobre políticas públicas.”

FONTE: ESTADÃO

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A PARTICIPAÇÃO SOCIAL COMO

MÉTODO DE GOVERNO

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Secretaria-Geral da Presidência da República Participação social é método de governar

O Processo

• 2007: Debates e elaborações acerca de um Sistema Nacional de Participação Social;

• 2011 a 2013: cerca de 45 debates com organizações da sociedade e órgãos do governo federal;

• Elaboração da Minuta do Decreto da PNPS;

• Consulta Pública: 18/07 a 06/09 de 2013;

• Sistematização das contribuições recebidas;

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• A Política Nacional de Participação social um instrumento de fortalecimento das instâncias e mecanismos de diálogo e participação que contribuirá, significativamente, para o aumento e a qualificação da participação social na formulação, execução, monitoramento e avaliação de programas e políticas públicas.

• O Sistema Nacional de Participação Social se concretizará no conjunto de medidas institucionais de articulação e fortalecimento dos instrumentos e mecanismos de participação já existentes e sua interface com as novas formas e linguagens participativas.

• O Compromisso Nacional pela Participação Social é um pacto pela democracia participativa entre todos os Entes da Federação.

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O Decreto da PNPS

• Consolida o legado de participação social do Governo Dilma;

• Integra, fortalece e articula mecanismos e instâncias democráticas de diálogo e participação social e a atuação conjunta entre o governo federal e a sociedade civil;

• Conceitua as instâncias e mecanismos de participação, delimitando objeto do decreto

• Estabelece objetivos e diretrizes relativos ao conjunto de mecanismos e instâncias criados para possibilitar o diálogo sobre programas e políticas públicas;

• Institui o Sistema Nacional de Participação Social.

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Secretaria-Geral da Presidência da República Participação social é método de governar

Algumas diretrizes

• O reconhecimento da participação social como direito do cidadão e expressão de sua autonomia;

• A complementaridade, a transversalidade e a integração entre mecanismos e instâncias da democracia representativa, participativa e direta;

• O direito à informação, à transparência e ao controle social nas ações públicas;

• A valorização da educação para a cidadania ativa;

• A autonomia, o livre funcionamento e a independência das organizações da sociedade civil.

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Secretaria-Geral da Presidência da República Participação social é método de governar

Alguns objetivos • Consolidar a participação social como método de governo;

• Aprimorar a relação do governo federal com a sociedade civil, respeitando a autonomia das partes;

• Desenvolver mecanismos de participação social nas etapas do ciclo de planejamento e orçamento;

• Incentivar o uso e o desenvolvimento de metodologias que incorporem múltiplas formas de expressão e linguagens de participação social, por meio da internet;

• Desenvolver mecanismos de participação social acessíveis aos grupos sociais historicamente excluídos e aos vulneráveis;

• Incentivar e promover ações e programas de apoio institucional, formação e qualificação em participação social para agentes públicos e sociedade civil.

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A Gestão da PNPS

• Será instituído o Comitê Governamental de Participação Social – CGPS, para assessorar a Secretaria-Geral da Presidência da República no monitoramento e implementação da PNPS e na coordenação do SNPS;

• O CGPS, em sua prática de funcionamento, buscará ações e oportunidades de envolvimento da sociedade em seus trabalhos e nas agendas necessárias.

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O Sistema Nacional de Participação Social

• O SNPS promoverá, de forma não hierarquizada e flexível, a gestão intersetorial e a articulação das instâncias e mecanismos de participação social, previstas no Decreto da PNPS;

• Será coordenado pela SG/PR que publicará a relação e respectiva composição de suas instâncias, bem como orientações para uma melhor articulação entre as mesmas.

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Instrumentos e mecanismos participativos

• Conselho de políticas públicas

• Comissão de políticas públicas

• Conferência nacional

• Ouvidoria pública federal

• Mesa de diálogo

• Fórum interconselhos

• Audiência pública

• Consulta pública

• Mesa de Monitoramento das Demandas

• Ambiente virtual de participação social

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40 formas colegiadas entre conselhos e comissões nacionais

Ano Nº de Ouvidorias Públicas Federais

2013 286

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CONFERÊNCIAS NACIONAIS

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Compromisso Nacional pela Participação Social

• A consolidação de uma Política e um Sistema Nacional de Participação Social se ancora em um pacto pela participação social como método de governo e política de Estado, resultado da ação conjunta de governos e sociedade.

• Nesse sentido, e respeitando rigorosamente o Pacto Federativo, a proposta de Compromisso Nacional pela Participação Social é articular e construir sinergias do governo federal com estados e municípios, em ações que busquem dinamizar as relações entre os governos e a sociedade civil, fortalecendo a participação social nos processos de aperfeiçoamento dos serviços oferecidos pelo Estado.

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Secretaria-Geral da Presidência da República Participação social é método de governar

Diretrizes

• incorporação da participação social como método de governo, por meio do estabelecimento de governança compartilhada nas políticas e instituições públicas, baseada na transparência, prestação de contas, participação no ciclo de planejamento e orçamento público, diálogo e controle social em todas as áreas governamentais;

• afirmação da participação social como direito humano, e um dever do Estado como agente indutor deste direito;

• reconhecimento da participação social como impulsionadora da inclusão social, da promoção da solidariedade e do respeito à diversidade, da cooperação e da construção de valores de cidadania;

• valorização da participação social como meio de contribuição para a construção e legitimação das políticas públicas e sua gestão; e

• promoção e fortalecimento dos conhecimentos e práticas de participação social e de educação para cidadania ativa produzidas pela Sociedade Civil e pelo Estado.

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Participa.br

• Trata-se de uma rede de comunidades de diálogo que envolverá os gestores públicos, cidadãos, organizações, redes e movimentos da sociedade civil para a discussão de temas relevantes para as políticas públicas.

• O Participa.br irá disponibilizar um conjunto básico de tecnologias e metodologias de Participação Social via internet a serem utilizadas por diversos órgãos públicos, instituições e demais atores da participação social.

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Participa.br

TRANSMISSÕES E DEBATES EM TEMPO REAL

PRÁTICA E METODOLOGIA

INOVADORA

ORGANIZAÇÃO EM

COMUNIDADES

COMENTÁRIOS E ACESSOS

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Participa.br

ACESSO IDENTIFICADO

CANAIS DE INTERAÇÃO

INTEGRAÇÃO AO GABINETE

DIGITAL

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“... é importante lembrar que o destino de um país não se resume à ação de seu governo. Ele é o resultado do trabalho e da ação transformadora de todos os brasileiros e brasileiras. O Brasil do futuro será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ele hoje. Do tamanho da participação de todos e de cada um: dos movimentos sociais, dos que labutam no campo, dos profissionais liberais, dos trabalhadores e dos pequenos empreendedores, dos intelectuais, dos servidores públicos, dos empresários, das mulheres, dos negros, dos índios, dos jovens, de todos aqueles que lutam para superar distintas formas de discriminação.”

(Presidenta Dilma Rousseff, Discurso de Posse em 1º de janeiro de 2011)

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Participação Social X Fim da escravidão contemporânea (Exame da OAB)

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29/05/2014 - [10:12] - Opinião

VASCO VASCONCELOS

Quero louvar a feliz iniciativa da Presidenta Dilma Rousseff por ter editado o Decreto nº 8.242 de 23de maio de 2014 instituindo a Política Nacional de Participação

- PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social SNPS, e dá outras providências com o objetivo fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo entre

o Estado e a sociedade civil), oficializando assim relação do governo com os "novos setores organizados"e "redes sociais" enfim criando nove instâncias de negociação e comunicação com a sociedade civil,com a estratégia de se aproximar dos movimentos sociais

Merecem destaques o art. 2º(...)- VI - mesa de diálogo - mecanismo de debate e de negociação com aparticipação dos setores da sociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir,mediar e solucionar conflitos sociais e o art. 3º - (...) V - valorização da educação para a cidadania

ativa;

Essa inciativa veio um pouco tarde uma vez que se tivesse adotada há mais tempo, teria evitado umasérie de prejuízos, causados ao nosso ao país, por absoluta falta de diálogo com os Movimentossociais, além dos desgastes e a consequente queda da popularidade do governo.

As injustiças Sociais geram violências. A natureza agredida vinga-se nem sempre dandoflores. Há anos venho denunciado em meus artigos que é uma falha do Governo da Presidenta Dilma Rousseff, não

ouvir os Movimentos Sociais Pacíficos, que estão lutando com pertinácia e denodo pelos direitos egarantias fundamentais, insculpidos em nossa Constituição, pasme, pelo direito ao primado do trabalho,enfim pela abolição da escravidão contemporânea da OAB, o fim do caça-níqueis Exame da OAB, hajavista que a privação do emprego é um ataque frontal aos Direitos Humanos. Assistir os desassistidos eintegrar na sociedades os excluídos.

Entre os Movimentos Sociais até agora não recebidos pela Presidenta Dilma estão: a OBB – Ordemdos Bacharéis do Brasil, presidido por Willyan Johnes; União Nacional dos Bacharéis em Ação(UNBA), Presidida por Gilsa Moura; Associação Nacional dos Bacharéis (ANB), presidido por CarlosSchneider; MBBAD – Movimento Brasil de Bacharéis e Acadêmicos em Direito, presidido por JulioVelho; MNBD/OABB – Movimento Nacional dos Bacharéis em Direito da Organização dos Acadêmicos eBacharéis do Brasil, presidido por Reynaldo Arantes; OBJ – Organização Brasileira dos Juristas,presidido por André Souza; As Vítimas Da OAB, presidido por Rubens Teixeira e a União Nacional dos

Bacharéis em Ação – UNBA, presidido por Jorge Litwinczuk.

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Como é possível o Estado (MEC), outorgar o grau de bacharel, o que significa reconhecer que oadvogado está devidamente qualificado (capacitado) para o exercício da profissão, cujo títulouniversitário habilita, em seguida aparece um conselho de fiscalização da profissão, inescrupuloso,afirmar que o Bacharel, com o diploma em mãos, não está capacitado para exercer a advocacia? Quepoder é esse que afronta vergonhosamente a Constituição Federal, a Declaração Universal dos DireitosHumanos? Onde está a responsabilidade social da OAB? Que poder tem essa instituição de usurpar

o papel do Estado (MEC), triturando sonhos, diplomas gerando desempregos?

OAB vem se aproveitando da fraqueza e inoperância e (ir) responsabilidade do Ministério da Educação –MEC, enfim do Governo Brasileiro, para usurpar papel do Estado (MEC), ao impor sua terrível máquinade arrecadação o seu caça-níqueis Exame de Ordem, verdadeiro mecanismo de exclusão social. Nadacontra a fiscalização e melhoria dos cursos superiores. Vendem-se dificuldades para colher facilidades.

Assegura o art. 205 da Constituição "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, serápromovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 43. da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB - Lei 9.394/96 "a educação superior tem porfinalidade (.); inciso 2 - formar diplomados nas diferentes áreas. De acordo com o art. 48 da LDB diz queos diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacionalcomo prova da formação recebida por seu titular.

A verdade tem que ser dita. OAB, não tem interesse em melhorar o ensino jurídico. Se tivesse bastariaqualificar os professores inscritos em seus quadros. Recursos financeiros não faltam. São R$ 72,6milhões, tosquiados, sem retorno social, sem prestar contas ao TCU, extorquidos por ano, com altastaxas: enquanto taxas do ENEM são apenas R$ 35, taxas do caça-níqueis da OAB, já chegaram a R$250, fiz reduzir para R$ 200, mesmo assim é um assalto ao bolso, haja vista que as taxas médias dosconcursos de nível superior (NS), giram em torno de R$ 80, taxas do último concurso da OAB/DF,

apenas R$ 75,

Há dezoito anos OAB, vem se aproveitando da fraqueza dos nossos governantes, para impor suamáquina de arrecadação, diga-se passagem a qual só não foi banida do nosso ordenamento jurídicograças a dois ex-senadores Demóstenes Torres e Marconi Perillo, dois braços direitos da OAB, ambos

acusados com envolvimento com Carlinhos Cachoeira que rejeitaram a PEC 01/2010 e o PLS nº186/2006 as quais pretendiam abolir a escravidão contemporânea da OAB.

A Lei nº 10.861, de 2004, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, o Sinaes,não possui nenhum dispositivo permitindo a interferência das corporações no processo avaliativo, este

da competência exclusiva do MEC para as IES que integram o sistema federal de ensino. Art. 209 daConstituição, diz: compete ao poder público avaliar ensino.

Assegura o art. 5º inciso XIII, da Constituição: “É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ouprofissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. E o que diz a lei sobre

qualificações profissionais?

A resposta omitida pela mídia irresponsável, está no art. 29 § 1º do Código de Ética Disciplina da OAB(Das regras deontológicas fundamentais), que diz: “Títulos ou qualificações profissionais são os relativosà profissão de advogado, conferidos por universidades ou instituições de ensino superior, reconhecidas.

Qualidade de ensino se alcança, com a melhoria das Universidades, suas instalações, equipamentos,laboratórios, bibliotecas, valorização e capacitação dos seus professores, inscritos nos quadros da OAB,e não com exame caça-níqueis, parque das enganações, (armadilhas humanas). No X Exame o próprio

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Examinador foi reprovado. Pasme duas erratas na prova prática de direito administrativo. E ainda se negaa anular a prova. Isso é terrorismo.

OAB tem que se limitar a fiscalizar os seus inscritos e puni-los exemplarmente, fato que não estáacontecendo. Ora, se todas as faculdades de direito são devidamente autorizadas e reconhecidas pelo

Ministério da Educação, com o aval da OAB, conforme dispõe a Lei nº 8.906/94 - Estatuto da Advocacia eda OAB -, em seu art. 54, inciso XV, conferiu à Ordem dos Advogados do Brasil a competência de“colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos pedidos apresentadosaos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou credenciamento desses cursos”. Se quasetodos os professores são advogados juristas devidamente inscritos nos quadros da OAB, ela também temsua parcela de (ir) responsabilidade pela má qualidade dos cursos de direito.

O que deve ser feito é exame periódico durante o curso, efetuando as correções necessárias na gradecurricular e não esperar o aluno se formar fazendo malabarismo, pagando altas mensalidades,sacrificando sua vida e vida dos seus familiares, enfim investindo tempo e dinheiro, para depois dizeremque ele não está capacitado para exercer a advocacia.

Presidenta Dilma, Vossa Excelência que vem lutando no combate às desigualdades sociais, pelo Brasilsem miséria, já imaginou os prejuízos incomensuráveis que o Exame de Ordem, vem causando ao nossopaís, com esse contingente de milhares de bacharéis em direito (advogados), devidamente qualificadospelo Estado (MEC), desempregados, notadamente à Previdência Social, Receita Federal e ao Ministérioda Saúde que no final acaba arcando com despesas com tratamento desse terror (bullying social),que

vem gerando fome, desemprego (num país de desempregados), depressão, síndrome do pânico,doenças psicossomáticas e outras patologias? Punidos sem o devido processo legal (Due Process ofLaw) Em qualquer país civilizado somente os tribunais aplicam pena e mesmo assim após o devidoprocesso legal.

Recentemente o Presidente da maior Corte de Justiça do nosso País, (STF), o Ministro Joaquim Barbosa,

afirmou que OAB é uma entidade privada. Ora, por ser entidade privada, OAB não tem poder deregulamentar leis; não tem poder de legislar sobre condições para o exercício das profissões. O art. 84da Constituição diz: Compete privativamente ao Presidente da República (...) IV – sancionar, promulgarfazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. Art. 22 daConstituição diz: Compete privativamente a União legislar sobre ;(EC nº19/98) (..) XVI -organização dosistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões. Art. 209 da CF diz quecompete ao poder público avaliar o ensino e não OAB. Isso é papel do Estado (MEC) e não de entidade

privada.

Se para ser Ministro do STF basta o cidadão ter mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta cincoanos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101 CF)? Se para ocupar vagas nosTribunais Superiores OAB se utiliza de listas? Por quê para ser advogado o bacharel tem que passar por

essa cruel humilhação e terrorismo?

Qual o medo da Presidenta Dilma Rousseff, e do Congresso Nacional abolirem de vez a escravidãocontemporânea da OAB? A privação do emprego é um ataque frontal aos direitos humanos. ”Assistir osdesassistidos e integrar na sociedade os excluídos.” Lembro mais uma vez que os atentados contra os

Direitos Humanos terão repercussão nacional e internacional, por serem considerados “bien commun del’humanité” e crime de lesa humanidade.

Temos o dever de respeitar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um dos documentos básicosdas Nações Unidas e foi assinado em 1948. Nela estão enumerados os direitos que todos os seres

humanos possuem. Está previsto Artigo XXIII -1 – Toda pessoa tem o direito ao trabalho, à livre escolhade emprego, à justas e favoráveis condições de trabalho e à proteção contra o desemprego. Os

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documentos que o Brasil é um dos signatários, impõem a obrigação de tomar medidas para garantir oexercício do direito ao trabalho como meio de prover a própria vida e existência.

Afinal a função primordial dos Direitos Humanos é proteger os indivíduos das arbitrariedades, doautoritarismo, da prepotência e dos abusos de poder.

Estou convencido que existem alternativas inteligentes e humanitárias: tipo estágio supervisionadoe/ou residência jurídica. “A bove majore discit arare minor” (O boi mais velho ensina o mais novo aarar).

Respeitem Senhores os gritos nas ruas, dos Movimentos Sociais. È lamentável que os nossosgovernantes não aceitam conversar com movimentos sociais pacíficos. Eles estão corretíssimos, emsintonia com os ensinamentos do Santo Padre Francisco quando disse: O jovem que não protesta nãome agrada”. Sejam revolucionários contra as injustiças sociais. Os jovens não podem acostumarcom o mal. “Futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize

cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza.Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade,fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir". Afirmou também que "Todos aqueles quepossuem um papel de responsabilidade, em uma Nação, são chamados a enfrentar o futuro "comos olhos calmos de quem sabe ver a verdade", como dizia o pensador brasileiro Alceu AmorosoLima ["Nosso tempo", in: A vida sobrenatural e o mundo moderno (Rio de Janeiro 1956), 106]. Dando a entender (SMJ) que tais lições foram dirigidas aos mercenários da OAB, que só tem olhos

para os bolsos dos Bacharéis em Direito (Advogados).

Presidenta Dilma Rousseff Vossa Excelência que recentemente deu depoimento sobre as torturassofridas durante a ditadura, parece que ainda não se deu conta ou ignora as torturas e injustiças, enfim aà existência de atitudes escravagistas, que não só degradam a condição do ser humano, mas também ofazem mero objeto de lucros exorbitantes em cima milhares de bacharéis em direito, (advogados),

impedidos de trabalhar, por uma minoria corporativistas da OAB.

Onde está responsabilidade social da OAB?Ela deveria se espelhar no exemplo do CIEE.Enquanto o Centro de Integração Empresa Escola – CIEE com meio século de atividade, seorgulha dos números que coleciona, ou seja 13 milhões de jovens encaminhados para o mercado

de trabalho, dando-lhes cidadania, gerando emprego e renda, a retrógrada OAB, na contramão dahistória, comemora o inverso, com seu exame caça-níqueis, triturando sonhos e diplomas dejovens e idosos, gerando fome, desemprego depressão, síndrome do pânico, síndrome deEstocolmo e outras comorbidades diagnóstica, causando incomensuráveis prejuízos ao país comesse contingentes de milhares de bacharéis em direito (advogados), desempregados, e aindaacha que que está contribuindo para o belo quadro social.

A voz do povo é a voz de Deus. Pesquisa realizada pela Agência Senado: Fim do famigerado Exame daOAB conta com apoio de 94,32 % dos internautas. O Congresso Nacional e a Presidenta Dilma Rousseff,não podem ser subservientes aos mercenários da OAB. Têm que respeitar as vozes roucas dosMovimentos Sociais, rumo a abolir urgente a escravidão contemporânea da OAB, aprovando o PL nº2154/2011 do nobre Deputado Federal Eduardo Cunha - Líder do PMDB na Câmara dos Deputados. Os

Direitos Humanos agradecem.

Destarte Presidenta Dilma Rousseff, na qualidade de escritor e jurista, defensor dos direitoshumanos, usando do exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes á cidadania, sem a intenção de ser galardoado com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, da Secretaria

de Direitos Humanos da Presidência da República, protocolei no dia 08 de maio de 2012 (até agorasem resposta) uma Carta na Presidência da República, dirigida a Vossa Excelência, exigindo o fim da

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escravidão contemporânea da OAB, o fim do pernicioso, abusivo, restritivo, nefasto, pecaminoso,caça-níqueis e inconstitucional Exame de Ordem, mecanismo de exclusão social, uma chaga social queenvergonha o país. Repito: Aprivação do emprego é um ataque frontal aos Direitos Humanos.“Assistir os desassistidos e integrar na sociedades os excluídos”.

Vasco Vasconcelos

Escritor e Jurista

Brasília-DF

E-mail: [email protected]

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O Globo tem medo da democracia

brasil247.com /pt/247/artigos/142037/O-Globo-tem-medo-da-democracia.htm

ALTAMIRO BORGES 2 de Junho de 2014 às 08:02

Ao satanizar o decreto número 8.243, que cria a Política Nacional de Participação

Nacional, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir de defensor da democraciarepresentativa – logo ele que apoiou o golpe de 1964

Na quinta-feira (26), a presidenta Dilma Rousseff assinou decreto que torna obrigatória a realização de consultas

públicas para ouvir a sociedade sobre temas decisivos para os rumos do país. A medida, que faz parte da intitulada“Política Nacional de Participação Social (PNPS)”, é um passo importante para ampliar os mecanismos de democracia

participativa no Brasil. De imediato, a oposição direitista rechaçou a iniciativa. Coube, porém, ao jornal O Globo – omesmo que apoiou o golpe militar e a sanguinária ditadura – a crítica mais raivosa à medida democratizante. Em

editorial publicado neste sábado, o diário afirma, na maior caradura, que o “decreto agride a democraciarepresentativa”.

O decreto prevê várias formas de participação política da sociedade: conselhos, conferências, audiências, ouvidorias,

fóruns, mesas de diálogo, comissões especiais, ambientes virtuais e consultas públicas. Ele fixa que todos os “órgãose entidades da administração pública federal direta e indireta” realizem consultas visando “consolidar a participação

social como método de governo” e aprimorar “a relação do governo com a sociedade”. Pelo decreto, caberá àSecretaria-Geral da Presidência da República orientar a implantação da PNPS. Ele garante que todo cidadão poderá

participar desses formatos de diálogos, “além de movimentos sociais, institucionalizados e não institucionalizados”.

Temendo a participação popular, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho, já anunciou que irá acionar oSupremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto. Para o representante da direita oligárquica, o projeto do governo “é

um eufemismo para o aparelhamento ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados

ao governo... É uma invasão à esfera de competência do parlamento brasileiro e uma afronta à ordem constitucionaldo País”. No mesmo rumo, o deputado Ronaldo Caiado, o famoso ruralista do DEM, esbravejou que "o PT age no

sentido de criar um sistema paralelo de poder como Hugo Chávez fez na Venezuela".

Dos demos não se poderia esperar outra reação. Originários da Arena, o partido da ditadura, eles sempre rejeitaramqualquer mecanismo de participação popular. Como expressão da velha oligarquia, que explora trabalho escravo e

contrata jagunços, o DEM nem precisa disfarçar sua postura autoritária, meio fascistóide. Já no caso do jornal OGlobo, o editorial hidrófobo serve novamente para tirar a sua máscara. Ao satanizar o decreto número 8.243, que cria

a PNPS, o diário da famiglia Marinho tenta se travestir de defensor da democracia representativa – logo ele queapoiou o golpe de 1964, a cassação de deputados e o fechamento do Congresso Nacional durante a ditadura militar.

“A democracia representativa, com a escolha dos representantes da sociedade pelo voto direto, bem como a

independência entre os Poderes, é alvo prioritário do autoritarismo. A desmontagem do regime representativocostuma começar pela criação de mecanismos de ‘democracia direta’, para reduzir o peso do Congresso na condução

do país”, afirma no maior cinismo. Para ele, o objetivo do decreto “é subtrair espaço do Legislativo por meio decomissões, conselhos, ouvidorias, mesas de diálogo, conferências nacionais, várias novas instâncias a serem criadas

junto à administração direta e até estatais, sempre em nome da participação social” e equivale a “um golpe de Estado

na base da canetada”.

“O sentido autoritário do decreto denuncia a sua origem. Ele sai dos mesmos laboratórios petistas que engendraram a

‘assembleia constituinte exclusiva’ a fim de fazer a reforma política - atalho para se mudar a Constituição ao bel-prazer

de minorias militantes -, surge das mesmas cabeças que tentaram controlar o conteúdo da produção audiovisual dopaís via Ancinav, bem como patrulhar os jornalistas profissionais por meio de um conselho paraestatal. Tem a mesma

origem dos idealizadores da ‘regulação da mídia’... O assunto precisa ser discutido com urgência no Congresso elevado ao Supremo pelo Ministério Público e/ou instituições da sociedade”, alerta o jornalão.

Só pela reação desesperada de O Globo já dá para afirmar que o decreto que cria o PNPS representa um avanço

para a democracia brasileira e merece urgente apoio das forças progressistas.

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