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DEBUTANTES DUBITANTESGUIA PRTICO E EMERGENCIAL PARA OS QUE ESTO S VOLTAS COM PROJETOS DE PESQUISAS CIENTFICAS

PROF. LUIS ANTONIO BITTAR VENTURI DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA - USP

So Paulo novembro de 2008 NDICE 1

Pgina APRESENTAO................................................................................................................ .............3 DA CAPA................................................................................................................................. .......4 CONTRACAPA.................................................................................................................... ............4 EPGRAFE (T-la ou no a ter? Eis a questo)...............................................................................5 AGRADECIMENTOS........................................................................................................... ...........6 NDICE SUMRIO?............................................................................................................6 APRESENTAO INTRODUO?.......................................................................................7 INTRODUO.................................................................................................................... .....8 OBJETIVO.......................................................................................................................... ....8 JUSTIFICATIVAS................................................................................................................. ....11 LOCALIZAO, CONTEXTUALIZAO.......................................................12 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS.....................................................................................13 Principais problemas.................................................................................................13 Forme argumento..............................................................................................18 PROCEDIMENTOS CONCLUSES TCNICO-OPERACIONAIS OU E INSTRUMENTOS DE APOIO...............................23 CONSIDERAES FINAIS?..........................................................................24 2 um CARACTERIZAO, OU OU

CONSIDERAES FINAIS.......................................................................................................24 BIBLIOGRAFIA (referncias, apoio ou reviso?).....................................................................25 ANEXOS............................................................................................................................ ....26

APRESENTAO Este material foi elaborado para suprir uma demanda evidente dos alunos que esto s voltas com projetos de pesquisa ou com elas prprias. Ele tem um carter informal, que rene sugestes de como proceder o projeto e a pesquisa, de forma resumida e prtica. H diversos bons livros que ensinam a elaborar projetos, textos cientficos e pesquisas. Mas quando se sugere a um aluno (que j est enrolado) que leia mais um livro... no raro a resposta : ...professor, no tem um esquema a? Assim, achei til esboar um material que seria algo entre o ideal (um livro, com todas as referncias e rigores) e o real (o no-livro), tentando criar um atalho propriamente dito, para que, pelo menos, o aluno desesperado no desista e os orientandos sumidos voltem a dar as caras. bom lembrar que no Departamento de Geografia da USP formamos um exrcito de estagirios profissionais, isto , alunos que no se formam porque no conseguem terminar o TGI. O material tem um apelo ao humor, por vezes meio sarcstico; esta opo se justifica por uma opo de estratgia didtica e, em parte, pela minha forma de ver as coisas. s vezes uma frase, mesmo que doa, fica na memria. Qualquer semelhana de nomes e fatos ter sido mera coincidncia, embora eu tenha me inspirado, muitas vezes, em fatos verdicos do cotidiano acadmico. 3

Este material no foi revisado; como estamos s portas das frias e como alguns alunos e orientando esto rondando a minha porta, resolvi divulgar esse material assim mesmo, arcando com as conseqncias da informalidade e do carter de dicas e sugestes de consulta rpida (alguns colegas professores vo me criticar por isso...). Foi escrito a toque de caixa para que os alunos possam aproveit-lo no perodo de frias (mesmo que seja para sentar em cima na areia da praia). Se o resultado for satisfatrio, ento ele dever ser complementado e reescrito de modo que possa a se tornar uma publicao com todos os rigores necessrios. Em relao ao ttulo, ressalto que o termo dubitante no existe na lngua portuguesa. O correto seria dubitativo, mas, neste caso, no rimaria com debutante. No levem o ttulo a mal; considerem-no apenas como um trocadilho de bom tom. Ainda bem que todos ns temos dvidas, pois elas nos fazem ir para frente, sustentar-nos em direo ao exterior (ex-sistir) e so elas que nos diferenciam de outros seres vivos. Peo aos alunos que, se quiserem esclarecimentos acerca de quaisquer ponto tratados, verso. escrevam para meu e-mail ([email protected]). Agradeo desde j por sugestes de alteraes ou incluso de pontos, o que contribuir para uma segunda

DA CAPA A capa facilita a identificao do trabalho. Que documento aquele sobre a mesa? Um relatrio de campo? Um artigo cientfico? Um projeto de pesquisa? Uma lista de almoxarifado? A que instituio pertence? Quem o autor e/ou orientador? De quando ? novo? Pois bem, todas estas questes podem ser respondidas na capa e, eventualmente, numa folha de rosto. Portanto, nunca entregue um documento em cuja primeira pgina l-se: Introduo. Oras! Introduo de qu, onde, quando, como...? Consulte os manuais (chamados erroneamente de metodologia de pesquisa) conter: Nome da Instituio e departamento1

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, pois trazem diversos

exemplos de capas, folhas de rosto e outras formalidades. No mnimo, uma capa deve

SEVERINO, Metodologia da Pesquisa Cientfica; RAMPAZZO, Lino; ABNT etc. Obs: a biblioteca fornece orientaes para essas formalidades acadmicas.

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O nome do autor/candidato O que : Projeto de Pesquisa: Ttulo Orientador Local e data (ms/ano) CONTRACAPA s vezes pode ser interessante fazer uma contracapa (folha de rosto), sobretudo se o projeto estiver adensado ou se j se tratar de uma pesquisa acabada. Relatrios de qualificao, TGIs, Mestrados e Doutorados j terminados trazem folha de rosto, a qual repete as informaes da capa e traz um pequeno texto explicando melhor do que se trata, por ex.: dissertao apresentada para obteno de ttulo de mestre... ou Trabalho de Graduao Individual apresentado para a obteno de ttulo de Gegrafo e dar um fim nesta vida de estagirio. EPGRAFE (T-la ou no a ter? Eis a questo) A epgrafe, se for includa, deve ser pertinente ao tema do trabalho e o autor deve ser citado, por exemplo: num trabalho de climatologia pode-se usar: Quem est na chuva para se queimar Vicente Mateus Agora um exemplo srio: Ex: em um trabalho de hidrografia, O rio s chega ao oceano pois contorna os obstculos Mao Ts-Tung Veja como interessante, pois a epgrafe faz referncia ao tema e, ao mesmo tempo, a voc que conseguiu vencer os obstculos e chegou a um oceano de dv... quer dizer, certezas. Brincadeiras parte, o fato que j se viu muitos candidatos serem criticados logo na epgrafe. Logo ali que ele nunca imaginou ser criticado e achou que podia escrever qualquer coisa que ficaria bonito (e aumentaria uma pgina do trabalho). J vi de tudo e raras so as epgrafes realmente boas. Dica: as agendas da FFLCH (que os professores e funcionrios recebem todo ano) trazem uma frase para cada dia, sempre de autores consagrados. Ali voc poder encontrar frases interessantes de autores importantes. Fica terminantemente proibido (para os meus orientandos): Aquela carta que um ndio norte-americano enviou para o presidente Hay que endurecer,pero sin perder la ternura (Che Guevara) 5

Cano do Milton Nascimento ou da Mercedes Sosa Trechos do Hino Nacional AGRADECIMENTOS Se for uma pesquisa, tudo bem; se for um projeto... vai agradecer o qu? Cuidado com excessos do tipo: Agradeo tambm a meu pai e minha me que me fizeram nascer para esta produtiva existncia... a Deus que me enviou luz e inspirao, ao meu namorado que to compreensivamente aturou-me nos momentos mais difceis e entendeu quando eu no podia sair nos fins de semana... ao meu cachorro que estava sempre ao meu lado, ao p do computador... ao Agenor, tcnico da XP-JET que me socorreu cada vez que meu computador dava pau... a todos os meus amigos da graduao: Carminha, Zlo, Paty, Rafa (o de Itapevi), Sandrinha, Pedro, Soss (oi Soss, achou que eu ia te esquecer, heim amiga?), o Mateus, o Lucas (o rasta), ... e a segue uma lista de uns 53 nomes. Enfim, aqui bem fcil de cair na pieguice. Neste ponto eu sou frio e criticado por alguns colegas. Convenhamos. Quem fez o trabalho foi voc, sob orientao de um professor. As pessoas podem at ter te ajudado, eventualmente, mas a maioria delas apenas lhe aturou e deu graas Deus que voc acabou, pois no agentavam mais ouvir voc falar do mesmo assunto. Importante: de bom tom agradecer seu orientador e a agncia que financiou a pesquisa (se for o caso). NDICE OU SUMRIO? Passou de 4 pginas, o projeto j comea a pedir um ndice. Bem, se tiver menos no um projeto, mas um pr-projeto. Neste aspecto tambm tome cuidado. Comece a paginar apenas na introduo ou na apresentao. J vi casos de se indicar o ndice... no prprio ndice (ndice.....pg. tal!). Isto me deu um n na cabea o qual foi desatado quando me lembrei do mito de Oroboro (a histria da cobra que come seu prprio rabo). A diferena entre ndice e sumrio apenas a seguinte: o ndice indica e localiza as partes do trabalho. O sumrio deveria sumariar, resumir os contedos aps sua indicao. Mas na prtica isso no ocorre nunca, por isso, se voc for apenas indicar as partes, chame isso de ndice ( mais honesto). Caso haja figuras, mapas, tabelas (mais do que quatro, por a), j se pode fazer uma lista de figuras, englobando mapa, foto etc. (Parece-me que s tabelas e quadros no entram, pois contm informaes relevantes sistematizadas). 6

Se usar muitas siglas no projeto/pesquisa, cabe tambm uma lista de siglas e abreviaturas (em ordem alfabtica): BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento...) Cetesb (Companhia....) Emplasa ....... PQP......... SNUC............ Observe que quando d para pronunciar a sigla como uma palavra, apenas a primeira letra vem em maiscula. Feito isso, no texto, repita o significado da sigla apenas na primeira vez que ela aparece e no mais. Observe tambm que no se usa pontos entre as letras. APRESENTAO ou INTRODUO? So contedos diferentes, mas podem ser apresentados num mesmo texto ou separadamente. O importante que se saiba o que escrever em cada um deles: O texto da apresentao mais livre e cabe at aspectos subjetivos (uma vez que a pesquisa propriamente dita ainda no comeou). Aqui voc pode falar do assunto tratado em termos gerais, por exemplo: se sua pesquisa tem como objeto resduos slidos, voc pode comear falando da cultura de consumo, do aumento gradativo da produo de lixo, do problema que isso representa no mundo atual (doenas, desperdcios de materiais, energia, trabalho) etc. Ou seja, trate do assunto de forma ampla; apresente o assunto ao leitor. Se voc for estudar recursos hdricos, pode comear falando (escrevendo) sobre a distribuio e acesso desigual da gua no mundo; as perspectivas de escassez etc. Se sua pesquisa trata de urbanizao, pode, na apresentao, falar do rpido processo de urbanizao do mundo nas ltimas dcadas; da conseqncia das concentraes populacionais etc. INTRODUO Um erro muito comum intitular qualquer texto de introduo apenas porque est no incio. Porm, a introduo tem um contedo preciso, que deve introduzir o leitor ao projeto/pesquisa. O texto, ento, no to livre como na apresentao, pois deve fazer referncia aos captulos vindouros e seus contedos. Isto significa que a introduo, embora seja colocada no incio, deve ser a ltima coisa a se escrever, pois s l no fim conheceremos com exatido a estrutura do trabalho. 7

Conhecendo-se os contedos de uma apresentao e de uma introduo, voc pode optar por incluir os dois contedos em um s texto, o qual voc poder chamar de apresentao (ou introduo), com o contedo da introduo por ltimo. Tambm possvel explicitar o objetivo no final desse texto nico, por exemplo: Dentro deste contexto, o objetivo desta pesquisa ... Caso seu objetivo constitua-se de uma problemtica mais complexa, que envolva hipteses (caso obrigatrio para tese de doutorado) aconselhvel abrir um texto s para esta explicitao. OBJETIVO O objetivo o primeiro dos dois pilares da pesquisa; indica o que voc vai fazer. O outro pilar, veremos adiante, o mtodo (como vai fazer). Seu projeto ou pesquisa pode ter algum defeito em qualquer parte, exceto em um desses dois pilares. O objetivo deve ser clarssimo. Uma pesquisa deve ter um objetivo central (questo motriz) e, eventualmente, objetivos especficos que convirjam a ele. Ter objetivos gerais s possvel se voc fizer parte de uma equipe ou grupo de pesquisa. E ateno para no confundir objetivos especficos com procedimentos. muito comum vermos, como objetivos especficos, mapear a rea em escala 1:50.000, fazer um levantamento sobre... Em ambos os casos, trata-se de procedimentos (como fazer, por meio de que tcnicas) e no de objetivos (o que fazer). Na dvida, no ponha nada. Um objetivo no claro sinnimo de no-objetivo. Se um parecerista ou candidato a futuro orientador ler seu objetivo e no entender bem, na primeira leitura, o que voc pretende fazer, voc corre srio risco de no ser aceito ou no ter o financiamento aprovado. Isto se explica porque o objetivo d o tom de toda a pesquisa e, se ele estiver obscuro... toda ela estar. O objetivo no deve precisar ser explicado; ele deve ser apenas explicitado 2. Imagine-se numa entrevista com um eventual orientador que lhe pergunta: Qual o objetivo de sua pesquisa? Ao que voc responde: Sabe, quando eu era pequeno, eu costumava nadar num riozinho... acho que foi a que eu comecei a me2

H quem oriente de forma diferente e voc apenas dever decidir a que forma se adapta melhor, lembrando que estou escrevendo sugestes. Uma das diferenas a que me refiro colocar o mtodo primeiro, considerando-o como uma escolha, coerente com sua postura diante da realidade. O problema que voc s vai poder estudar aquilo que aquele mtodo permite, lembrando que no existe uma teoria nem um mtodo geogrfico que d conta de tudo, mas cada um resolve melhor um grupo de questes. Respeito essa posio, mas considero que escolher o mtodo a priori como escolher o caminho sem antes saber onde se quer chegar; escolher a roupa sem saber a que festa vai; botar a carroa na frente dos bois. O posicionamento crtico diante da realidade advm, antes de tudo, de uma postura do pesquisador e no do tema que ele estuda ou do mtodo que adota.

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interessar por hidrografia. J estava certo disso e j tinha at esboado uma idia de pesquisa quando fiz a disciplina, mas a, quando eu voltei no natal para visitar minha famlia, vi aquele riozinho canalizado e poludo... foi um choque! A comecei a me interessar por legislao ambiental... E antes de as frias terminarem, eu dava pra juntar tudo... Nessas alturas, seu ex-futuro orientador deve estar pensando, enquanto voc ainda fala: (Bem, quando esse cara terminar eu vou abastecer o carro, padaria e...). Entendeu? Voc no pode querer salvar a ptria, por exemplo: O objetivo desta pesquisa explicar o processo de urbanizao de So Paulo sob os aspectos social, cultural, econmico, ambiental, psicolgico, antropolgico e teolgico, tudo dentro de uma abordagem holstica... Admita que voc um mortal e que a cincia parcial e limitada (explica partes da realidade e ainda uma de cada vez); aceite que quem se ocupa da totalidade, do homem, do mundo, do ser supremo, entre outros temas totalizantes, a Filosofia e a Teologia. Portanto, se quiser salvar messianicamente o mundo, voc vai ter que mudar de curso. Por outro lado, no muito interessante ter excesso de humildade, por exemplo: Neste trabalho, apesar de todas as dificuldades que se impem pesquisa e de nossas limitaes (concordo!), vamos tentar buscar uma evidncia que possa, eventualmente, levar a uma possvel explicao, quem sabe... ( d!). Ainda resta uma escolha: se no se deve ser muito humilde, nem muito prepotente, quem sabe possvel se sobressair pela originalidade! Que tal estudar a interpretao fractal dos movimentos migratrios? Eu diria: Aprenda a fazer arroz com feijo primeiro, que o que lhe sustenta, para ento comear a dar saltos e sobrevos (ser que sou muito podador? Vou fazer uma autocrtica sobre isso). O problema em, j no incio, querer ser muito original est em: 1) Voc no vai encontrar bibliografia e outras pesquisas para se apoiar; 2) No vai encontrar um orientador que se atreva a orientar um tema desses; 3) Vai ser difcil justificar a escolha do tema (social e cientificamente); 4) Voc vai se dar mal. Um outro alerta em relao ao objetivo advm de uma empolgao faixaetariana hormonal que transforma seu objetivo em uma questo centrifugante: comea focalizando um aspecto, que deriva em outro, que desemboca em outro, que desgua em outro (como uma rede hidrogrfica)... at que voc cai em um oceano de fatos e... bia. Onde mesmo que eu estava? Para aonde mesmo que eu estava indo? 9 passar na fiz um cursinho distncia sobre fractais e achei que tinha tudo a ver. Ento eu queria ver se

O objetivo deve ser vivel e acessvel. Um dia desses um aluno props uma pesquisa sobre uma comunidade indgena no Amazonas... ao que eu perguntei. Voc poder fazer campo? E ele respondeu, talvez sim, estou fazendo uns contatos que acho que pode dar certo; o cunhado da minha prima trabalha na FAB.... A eu complemento: Se no der, voc se contentar em fazer um trabalho de gabinete e jogar fora toda a fora que o campo tem na pesquisa em geografia? (Silncio...). Outros aspectos acerca do objetivo de pesquisa: ele uma criao sua, que surge de acordo com seus interesses e vontades. Portanto, a definio do objetivo um ato subjetivo! Voc deve gostar dele, se possvel, ser apaixonado por ele. Esteja diante de (ob, do latim) um impulso (jacto), seno a coisa no funciona. No se deixe levar por modismos: a onda agora estudar mudanas climticas na perspectiva dos cticos, ou ento globalizao na leitura dos economistas indianos. Mas voc gosta desses assuntos?. Mais um alerta: no basta ter um tema que voc goste: preciso problematiz-lo. Esta a diferena entre um objeto (tema) de pesquisa e um objetivo de pesquisa. Este ltimo aquele primeiro, mas problematizado. Se voc apaixonouse por mangue, pergunte-se: o que eu quero saber sobre mangue? Se voc tem absoluta convico de que quer estudar os sem-teto urbanos, pergunte-se: o que eu quero saber sobre este segmento social? Se voc adora lixo (tem gosto pra tudo), quer dizer, resduos slidos, pergunte-se: o que eu quero saber sobre esse tema/objeto? Isto o levar a problematizar o tema (objeto), criando um objetivo (o objetivo desta pesquisa explicar porque os sem-tetos urbanos tendem a se concentrar nas reas centrais; esta pesquisa tem como objetivo avaliar a viabilidade da criao de uma unidade de conservao na rea de mangue tal; esta pesquisa tem como finalidade averiguar as causas dos impactos ambientais no aterro sanitrio X, e assim por diante). A criao de um objetivo de pesquisa muitas vezes espontnea, mais ou menos como um insight (no existem listas de objetivos a serem consultadas, como um catlogo). Ela advm, normalmente, de uma quebra de expectativas diante da realidade. O rio deveria estar limpo e no est: por que? A comunidade quilombola deveria preservar suas tradies e no preserva: por que? Aquela unidade de conservao deveria estar sendo conservada e no est: reverte: por que? Aquela lei deveria funcionar e no por que? Aquele por que? empreendimento deveria se reverter em benefcio para a comunidade e no se funciona: Imediatamente aps criar uma questo como essa (motriz), voc j vai comear a supor respostas. So as hipteses: a base (hipo) daquela tese (questo motriz). No conheo outro jeito de fazer pesquisa. 10

A dvida cientfica tem essa estrutura: um no-saber (questo a ser pesquisada) acompanhado de um saber de fundo ou um saber paralelo (que chamamos de hipteses). A dvida infantil enfoca apenas o no saber (Por que isso? Por que aquilo? Sem se importar com a resposta). A dvida dos cticos3

tinha a

finalidade de questionar o saber, o que tampouco no nos serve, pois se questionamos a possibilidade do conhecimento, melhor liberarmos a vaga da universidade para outro. Eu poderia falar mais sobre os objetivos, mas recomendo que leiam o artigo Oh, dvida cruel! Um ensaio acerca da problematizao da pesquisa informaes complementares.4

, para

JUSTIFICATIVAS Se um objetivo no precisa ser explicado (apenas explicitado) ele deve, no entanto, ser justificado. A justificativa do tema (problematizado ou no), e no sua. Aqui, voc no deve escrever sobre as razes que o levaram a estudar o assunto escolhido (isto pode ser feito na apresentao, que tem um texto mais flexvel), mas ir justificar a escolha do tema de duas formas: 1- A importncia social do tema (isto fcil). O gegrafo capaz de atribuir importncia social a qualquer tema. 2- A importncia do tema no contexto da cincia geogrfica (isto exige mais reflexo). O tema enquadra-se em qual eixo da Geografia? (Teoria e Mtodo, Geografia Humana, Geografia Fsica, Geografia Regional, Cartografia, Didtica,...); est na interface entre um ou mais eixos? A pesquisa vai aproveitar os conhecimentos tcnicos adquiridos nas disciplinas X e Y com base nas orientaes tericas W e Z? A pesquisa abriga-se nos grandes temas da Geografia atual (meio ambiente, globalizao...)? A pesquisa tenta resgatar uma abordagem da geografia tradicional regional? Enquadra-se na perspectiva da Geografia Crtica? Da Geografia Sistmica? Enfim, este aspecto da justificativa exige reflexo, mas muito importante pois obrigar voc a se situar no contexto da Geografia e ter mais conscincia do que est fazendo., Ateno a alguns erros comuns! No use como justificativa: - O fato de no ter muitos trabalhos sobre o tema... (pode ser que no tenha porque no importante nem interessante);3

Ceticismo, sc. II e IV do perodo helenstico. In: VENTURI, L.A.B. Ensaios Geogrficos. So Paulo: Humanitas, 2008.

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- Por que voc considera o tema muito importante; importantssimo. Lembre-se que nenhum fato tem importncia cientfica a priori, ou seja: cientificamente, nada importante por si mesmo (ainda que voc bata o p). LOCALIZAO, CARACTERIZAO, CONTEXTUALIZAO A localizao, caracterizao ou contextualizao refere-se rea de estudo, problemtica (que no necessariamente refere-se a uma rea, ainda que isto seja conveniente, pois a Geografia a cincia do territrio). Observe que entre os termos localizao caracterizao contextualizao h um crescente de complexidade. Se voc apenas localizar a rea (com mapa, acesso, rea total etc), chame isto de localizao, atentando para que tudo (ou quase) o que voc mencionar no texto, aparea no mapa, para fortalecer a relao entre texto e ilustrao. A caracterizao e a contextualizao, no caso, de uma rea, seguem normalmente um esquema da escola regional: - Aspectos fsico-territoriais (e a voc apresenta o recorte espacial) - Breve histrico (quando voc apresenta um recorte temporal) Com isso, voc cria um pano de fundo sobre o qual sua problemtica de pesquisa far mais sentido. No se cai de pra-quedas em uma problemtica. H que se abord-la, ou seja, chegar pelas bordas, contextualizando-a no espao e no tempo. Ateno ao recorte espacial e temporal. Se a questo motriz for um fato localizado, um aterro sanitrio, por exemplo, no h a necessidade de se caracterizar o Brasil. Se o fato recente, no inicie o histrico com a chagada de Cabral. Seja criterioso nos recortes, inclusive em relao a que contexto ser valorizado. Se a questo envolver polticas pblicas, o recorte do territrio administrativo (Estado ou Municpio) pode ser interessante j que tais polticas tm um alcance territorial definido principalmente pelos limites administrativos. Se a questo for ambiental com enfoque na dinmica da natureza, adotar o contexto do domnio morfoclimtico pode ser conveniente. Ateno tambm s escalas dos recortes. Um dia desses um aluno que estudava um processo de voorocamento localizou a rea como um ponto no mapa do Brasil... Acho que j deu para compreender esta questo. As contextualizaes usam de uma linguagem que, embora descritiva, criteriosa segundo os objetivos do trabalho; as informaes so organizadas e relacionam-se entre si, ou seja, no so estanques, como um quebra-cabea desmontado. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS 12

Apenas relembro que passaremos a tratar do segundo pilar da pesquisa, ou seja, como vai fazer aquilo que props nos objetivos. Vou tentar, ousadamente, reunir alguns dos principais pontos que trabalho na disciplina de Teoria e Mtodo II. Principais problemas Entre os principais problemas apresentados nesta parte do projeto/pesquisa esto: Em primeirssimo lugar: 1) Elencam-se procedimentos tcnicos e etapas da pesquisa e intitula-se esse contedo de metodologia. Veja o exemplo: - Leitura da Bibliografia acerca do Tema - Elaborao de base cartogrfica da rea - Trabalho de campo (entrevistas e questionrios) - Sistematizao dos dados obtidos em campo - Redao Final Se voc for escrever algo parecido com isso, no chame de mtodo, mas de Procedimentos tcnico-operacionais, ou etapas do trabalho, ou procedimentos prticos. No TGI, h mais tolerncia em se explicitar apenas os procedimentos prticos. Vamos refletir sobre esses pontos: Leitura da Bibliografia: Ler foi mtodo na Idade Mdia. Na Escolstica5, o Mtodo a Lectio consistia na leitura comentada de textos, em outras palavras, uma anlise direta dos textos pelo magister. As leituras dividiam-se em lectio divina (a Bblia) e lectio profana (gramtica, retrica e dialtica). Hoje, para um estudante universitrio, ler uma obrigao constante, portanto, no faz sentido elencar nos procedimentos metodolgicos que voc vai ler sobre o assunto que quer pesquisar. Haveria outra opo? Elaborao de base cartogrfica um procedimento tcnico. Lembramos que o mtodo organiza o raciocnio e a tcnica as informaes. Ento, ao elaborar base cartogrfica voc est sistematizando informaes. Trabalho de campo mtodo para a Antropologia, em que o cientista submerge na comunidade que estuda. Para alguns gegrafos (Yves Lacoste, e quem sou eu para contest-lo?) trabalho de campo mtodo. Para outros gegrafos (Venturi), na medida em que se buscam informaes da realidade no campo, trata-se de um procedimento tcnico. Uma tcnica ampla que pode abrigar tcnicas mais especficas (entrevistas, registro fotogrfico, medies). O que voc far com essas5

Sculos V a XV d.C., com auge nos sculos XII e XIII, com Toms de Aquino.

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informaes, de que maneira as usar na construo de um argumento... a comeamos a falar de mtodo. Sistematizao dos dados. Isto tambm se refere a um procedimento tcnico operacional. Se voc tabular os questionrios ou colocar os dados em um grfico, est organizando as informaes, portanto, ainda est no nvel da tcnica. Em alguns casos aparece anlise dos dados. Isto sim mtodo, pois exige raciocnio, interpretao, formao de argumento. A anlise permite que voc conclua algo. Aguardem um pouco mais. Redao Final. Oras... isto no uma opo de procedimento. Experimente fazer uma pesquisa sem a redao final. Dizer isto s vlido no cronograma. 2) Compilao de Conceitos: Um outro problema que aparece com muita freqncia e em todos os nveis (de TGI a Doutorado), consiste em substituir o mtodo por uma interminvel coleo de conceitos (como se mtodo e teoria fossem a mesma coisa). Assim, o candidato (num mtodo compilatrio) comea a elencar: paisagem segundo fulano, paisagem segundo Bertrano, paisagem segundo cicrano; e continua: espao segundo fulano, beltrano, cicrano. E no satisfeito, continua: Geossistema segundo Monteiro, Territrio segundo Milton Santos, Regio segundo Lencione, Lugar segundo Carlos, Domnios segundo Aziz... Mas no final, no vai usar quase nada disso. Haver termos que no se lero mais a partir da. Eu perguntaria: o que essas definies esto fazendo a se no sero usadas? No tem sentido explicar o que no vai usar. E como resultado tem-se: de um lado, uma compilao conceitual e, de outro, uma pesquisa emprica, normalmente bem feita, com bom apoio tcnico etc. Se partssemos o trabalho em dois nenhuma das partes perderia o significado que traz em si mesma. Em suma, h, neste caso, um problema de desarticulao entre teoria e realidade. E isto pode ser resolvido pelo MTODO, que nos ajuda a formar argumentos. Paremos ento de falar de problemas e vamos ao que interessa. Eu poderia dizer a vocs: vo fazer o curso de Teoria e Mtodo II, de Iniciao Pesquisa II, mas vou tentar reunir alguns aspectos importantes, de forma emergencial. O ideal fazer esses cursos e ler a bibliografia, pois no um tema simples. Nos Procedimentos Metodolgicos, voc deve esclarecer como o raciocnio est sendo organizado (do grego, meta = reflexo e hods=raciocnio). 1 opo: A anlise o procedimento metodolgico mais universal. Consiste em: 14

1- Definir um todo analtico (seu objeto de estudo, de anlise) 2- Fragment-lo em partes, aspectos (que sero as variveis analticas) 3- Recomp-lo, agora com conscincia das partes e como elas se relacionam (sntese) A limitao do raciocnio humano para apreender a totalidade faz com que estejamos sempre fragmentando a realidade, escolhendo aspectos dela (variveis) para tentar entender algo sobre ela (ver trecho de Milton Santos na p.22). Este um procedimento quase inato do ser humano. Quando a criana fragmenta o brinquedo de Natal que voc acabou de dar a ela, ela o faz por curiosidade de saber como aquilo. Assim, se voc escolheu como objeto de anlise a gesto de recursos hdricos na regio metropolitana de SP, voc cumpriu a primeira parte do procedimento analtico, definindo seu universo analtico. Ao responder o que ser analisado, voc comea a cumprir o segundo passo da anlise. Como podemos dizer 50 milhes de coisas sobre esse tema, voc ter de escolher alguns aspectos (variveis) para entender como funciona a gesto da gua em SP. Essas variveis podem ser, por exemplo: eficincia (se atende a todos, se h desperdcio); impactos; participao popular, enfim, as variveis sero escolhidas de acordo com os objetivos de sua pesquisa. Cada varivel ser um captulo da sua pesquisa. Ao dissertar sobre cada varivel, voc vai sempre tentar relacion-las (h impacto porque no eficiente; eficiente porque tem participao popular e, portanto, no tem impactos...), chegando a alguma concluso (3 passo, sntese). Como para a geografia os objetos de anlise podem ser de diversas naturezas (e pe diversas a...) , as variveis (que podem tambm ser chamadas de parmetros ou critrios de anlise) tambm o so: se Milton Santos prope, para o estudo do espao (objeto de anlise) as variveis estrutura, processo, funo e forma, Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro prope, para o estudo da paisagem (objeto de anlise) as variveis fsicas, biolgicas e antrpicas. Se voc estiver estudando violncia no campo (objeto de anlise) poder optar pelas variveis concentrao fundiria, impunidade etc. Se seu objeto de anlise for a degradao da bacia hidrogrfica do rio X, suas variveis podero referir-se a uso e ocupao, eroso, poluio por agrotxico, ineficincia da legislao, ou seja, voc vai tentar explicar a degradao a partir dessas variveis relacionadas entre si. H alguns tipos de anlise: descritiva, evolutiva, comparativa, dinmica, que podem se articular e se complementar. H tambm a anlise dialtica e a anlise 15

sistmica, cujo vnculo a uma teoria especfica

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indica como as variveis sero

relacionadas, por exemplo: numa anlise sistmica, as variveis tero entre si uma relao de equilbrio/desequilbrio, fluxos, entradas e sadas; numa anlise dialtica as variveis sero relacionadas com base em possveis contradies e interdependncia entre elas. (Este o primeiro esboo de articulao entre teoria e mtodo.). H tambm um tipo de anlise que se constitui, a meu ver, na principal estratgia metodolgica do Gegrafo: a anlise integrada. O gegrafo, ao estudar tudo o que existe entre o cu e o inferno, adquire ao longo de sua formao uma enorme e eficiente habilidade para integrar fatos e aspectos. E o melhor: aspectos fsicos e sociais ao mesmo tempo. Veja como seria uma anlise do potencial hidreltrico de uma rea por um Engenheiro: O potencial energtico do fluxo caudal X, o custo da construo da barragem Y, o tempo de construo Z; a infraestrutura para a distribuio regional deve ficar pronta junto com a barragem e o capital investido deve ser recuperado em X meses de operao, servindo a 20 cidades e cerca de 40 mil residncias. Agora veja como um gegrafo faria esta anlise: H potencial hidreltrico na medida em que se trata de um rio de planalto; este potencial poderia gerar energia para as comunidades mais distantes, porm, as comunidades mais prximas devero ser deslocadas, o que acarretar um impacto cultural j que se trata de comunidades tradicionais; justamente por se tratar de um relevo dissecado que se tem, ainda, importantes remanescentes de mata nativa, a qual ser submersa, acarretando um irreversvel impacto na biodiversidade. O financiamento da obra advm do BNDS e, como se sabe, esta instituio tem sofrido enorme presso do lobby de grandes proprietrios no congresso, razo pela qual se acredita que a energia ir beneficiar apenas as grandes fazendas. A barragem pode comprometer a rizicultura e a pesca a jusante, j que diminuir o volume de gua que irriga as vrzeas e o de sedimentos que alimenta os peixes. De qualquer modo, se a empresa se comprometer contratualmente a provocar vazes peridicas e distribuir a energia para as regies mais pobres, a construo dessa hidreltrica poderia ser um fator de desenvolvimento social e econmico, etc etc etc. D para perceber a diferena de uma anlise integrada? Independentemente de que teoria ou qual escola ela se vincular, ela sempre funcionar bem para o Gegrafo. A anlise pode ainda ser interrogativa ou no, por exemplo: voc pode ter como objeto de pesquisa fazer uma anlise comparativa da qualidade de vida de Cubato e guas de So Pedro. Neste caso, voc no est perguntando por que numa cidade o6

No caso do exemplo de Milton Santos, Teoria do Espao Geogrfico; no caso do exemplo de C.A.F.Monteiro, Teoria da Paisagem.

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IDH maior do que noutra, mas apenas vai fazer uma anlise comparativa segundo determinados parmetros (variveis), como rea verde por habitante, acesso informao etc e tirar alguma concluso. Caso sua anlise seja interrogativa, ou seja, caso seu objetivo seja interrogativo, as variveis analticas tero o carter de hipteses. Passemos ento para uma segunda opo. 2 opo: Abordagem hipottico-dedutiva7

Como o prprio nome diz, voc trabalhar com hipteses (respostas provisrias para uma questo motriz). Isto s possvel se seu objetivo for interrogativo ou demonstrativo. No caso da anlise comparativa entre guas de So Pedro e Cubato, voc poder, erroneamente dizer: parte-se da hiptese de que Cubato tem melhor qualidade de vida. Erroneamente porque voc apresentou uma premissa e no uma hiptese. Se voc no perguntou nada como vai oferecer resposta? Neste caso, para se trabalhar com hiptese voc dever transformar seu objetivo em interrogativo ou demonstrativo: Interrogativo: o objetivo desta pesquisa explicar porque Cubato apresenta maior IDH que guas de So Pedro. Neste caso, voc pode formular: Hiptese 1: (vai ser difcil provar isso), Hiptese 2: porque tem mais mata atlntica, Hiptese 3: porque est entre dois centros culturais (SP e Santos); Hiptese 4: Porque eu moro l e tenho certeza que ... Note que aqui, as variveis da anlise comparativa (mata atlntica, centros culturais), tomaram o tom de respostas em relao questo motriz (ainda que provisrias, pois necessitam da pesquisa para se corroborarem). Percebem como possvel combinar as coisas? Demonstrativo: O objetivo desta pesquisa demonstrar que Cubato apresenta nveis de qualidade de vida superiores aos de guas de So Pedro. Est se partindo da hiptese que o fato de guas de So Pedro ser uma cidade de segunda residncia, a alta qualidade de vida normalmente atribuda a essa cidade seria artificial, pois no corresponde ao cotidiano vivido por grande parte da populao. Como segunda hiptese, est se considerando que a estrutura econmica e cultural da cidade de Cubato... etc. Concluso parcial: a forma como voc enunciar seu objetivo vai dar indicaes de qual o melhor procedimento metodolgico a seguir.

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Estou expondo alguns

hods de forma muito breve, mas que podem ser combinados e articulados

entre si.

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Forme um argumento Assim voc poder articular teoria e fatos e, se tudo correr bem, promover uma explicao cientfica. Relembrando, um argumento possui a seguinte estrutura: Premissas + concluso, sendo que as premissas podem ser compostas de sentenas gerais extradas de teorias e de sentenas particulares que se referem aos fatos que voc est estudando. Sentenas gerais (extrados da teoria, como conceitos e leis) PREMISSAS ARGUMENTO = Sentenas particulares (da pesquisa emprica)

CONCLUSO

Claro que um argumento no tem esse perfil esquemtico, o qual s serve para identificarmos a estrutura dele. O argumento deve ser construdo no texto (e projetado/concebido pelo mtodo). O argumento mtodo (organizao do raciocnio) e a teoria est contida nele, na formao do argumento. (Este o segundo esboo de articulao teoria e mtodo). Primeiro exemplo de formao de argumento a partir da articulao (metodolgica) entre teoria e fatos, para se alcanar uma explicao cientfica (ou algo que se aproxime de uma compreenso): Sendo o objetivo de uma dada pesquisa explicar a ocorrncia de enchentes em determinados pontos da cidade de SP, o argumento poderia ser composto de: SENTENAS GERAIS SG 1: Lei restrita, extrada de uma teoria urbana: Na valorizao do espao urbano (que privilegia a circulao), as reas de fundo de vale tendem a ser usadas como corredores virios, na medida em que se constituem de terrenos mais aplanados e com menos obstculos naturais. SG 2 - (idem): Por estas facilidades, h uma tendncia de uso e ocupao comercial dessas reas (estabelecimentos comerciais, estacionamentos, etc, por exigirem reas mais amplas) 18

SG3 Extrada de uma teoria geomorfolgica: Fundos de vale enchem periodicamente devido dinmica fluvial. mesmo tempo em que diminui a infiltrao; SG4 Extrada de uma teoria climatolgica: O regime pluviomtrico do clima tropical implica em grande concentrao de precipitao nos meses do vero. SENTENAS PARTICULARES (obtidas pela pesquisa emprica) SP1 As Marginais Pinheiros, Tiet e as avenidas do Estado e guas Espraiadas situam-se em fundos de vales; SP2 Essas avenidas so de uso comercial, portanto, mais impermeabilizadas; SP3- So Paulo est sob clima tropical. A

impermeabilizao das margens aumenta a carga de gua nos canais fluviais, ao

CONCLUSO: Portanto, h uma tendncia de ocorrncia de enchentes nas referidas avenidas nos meses de dezembro a fevereiro, fenmeno que pode ser explicado por SG1, 2, 3 e 4 e SP1, 2 e 3. Mais uma vez, claro que o argumento apresentado em texto e no em esquema. Para amarrar as coisas, observe o seguinte: As sentenas particulares (fundo de vale, uso do solo e clima tropical) so as variveis da sua anlise. Como elas podem estar atendendo a um objetivo interrogativo (o porqu das enchentes), elas tambm podem se caracterizar como hipteses. (Est sendo considerado que os aspectos geomorfolgicos e climticos, associados ao uso do solo, poderiam constituir as causas explicativas das enchentes...). Veja que as hipteses sempre tm um potencial explicativo; no so meras constataes. Os elementos esto dados. Combine-os, pois so compatveis. 19

Observe tambm que a pesquisa cientfica articulou teoria e fato e o que se falou de teoria (conceitos e leis) fazem sentido, pois de fato, ajudam a explicar algo. Se voc usar s sentenas gerais, estar fazendo uma pesquisa terica, discutindo conceitos e leis. No h a explicao da realidade (nosso objeto de estudo mais geral); se voc usar s sentenas particulares, empricas, estar fazendo um relatrio, um documentrio jornalstico. No h pesquisa cientfica sem teoria e mtodo. (Este o terceiro esboo de articulao entre teoria e mtodo). Observe tambm que, como boa pesquisa cientfica geogrfica, foram associados aspectos naturais e sociais (tanto nas sentenas gerais quanto nas particulares) para se compreender como o espao est sendo produzido. Tudo bem que este exemplo meio bvio, mas o importante entender a estrutura do argumento e a relao entre teoria e mtodo. Argumentar explicar (ou se aproximar disso); explicar apresentar argumento. E se o argumento for cientfico, no poder abrir mo de teoria e mtodo. Mais algumas informaes metodolgicas breves: Se voc trabalhar com amostragens (pois sabe que no pode apreender o universo analtico), certamente estar fazendo uso de raciocnio indutivo (mtodo), no qual, a partir de constataes particulares, suas certezas, voc, por induo, conclui algo mais geral. Este mtodo, normalmente, apoiado por tcnicas como aplicao de questionrio, medies, coletas de amostragens. Veja um exemplo de concluso: 70% da populao acha isso... mas voc no pesquisou 70% da populao, mas 70% da sua amostragem, a qual, por ter boa representao qualitativa e quantitativa do todo analtico, permitiu que voc, por induo, generalizasse seus resultados. Voc perdeu a certeza que tinha no particular, mas conseguiu prever algo. Se voc tentar explicar algo particular a partir de um enunciado nmico (lei), seu raciocnio ser essencialmente dedutivo. Por exemplo: ao estudar a teoria bioresistsica, voc encontrou um enunciado que diz que cada vez que a vegetao for alterada o ambiente entra em desequilbrio (exemplo simplezinho...). Ora, aqui, no particular, na minha rea de estudo, a vegetao foi alterada. Ento (concluso), posso afirmar que este ambiente est em desequilbrio, apoiado na teoria, explicado por ela (mtodo dedutivo). O tempo todo estamos raciocinando de diversas formas de forma combinada: deduzindo, generalizando, comparando... Num trabalho cientfico temos que explicar isso. No captulo Procedimentos Metodolgicos voc deve explicar como sua anlise est sendo concebida; redefina seu objeto analtico; exponha as variveis ou hipteses, esboce um argumento articulando enunciados tericos com fatos, explicite se faz uso da deduo/induo. Isto pode ocupar uma 20

pgina (no projeto) e at trs ou quatro na pesquisa. Claro que voc pode escrever mais, contanto que no encha de definies e citaes desconexas. Se voc achou tudo isso muito complicado voc pode optar por um objetivo monogrfico, sem especificaes e no interrogativo, por exemplo: O objetivo desta pesquisa estudar o Parque da Luz. Neste caso voc tem um objetivo vago, por mais que o Parque da Luz seja facilmente delimitvel... H 60 milhes de aspectos possveis a serem relevados e se voc no fizer opes, far uma pesquisa panormica como sugere Umberto Eco. Neste caso, o mtodo monogrfico que consiste em dissertar sobre aquele tema sob todos os aspectos possveis. Coloque isso numa ordem (o Parque era assim, foi ficando assado e, depois da construo do metro, ficou assim). Pronto: pode entregar seu relat... digo, pesquisa. Para no ficar muito caracterizado como um documentrio jornalstico, voc pode apelar para uma medida emergencial que no resolve, mas melhora: releia seu projeto identificando quais termos deveriam ser definidos (aqueles que no so de compreenso do pblico geral). Defina-os e rena essas definies em um captulo que voc pode chamar de Embasamento Conceitual, sem o compromisso de vincullos a teorias. Por outro lado, se voc achou o tema Teoria e Mtodo complexo, mas gostou e vai querer encarar, pois se convenceu de que voc pode fortalecer a cientificidade do seu trabalho, justificar sua estada aqui na academia, dar uma resposta altura em respeito a seus professores e a todo o investimento social de que tem usufrudo... ( mudei de assunto), ento voc est no caminho de construir um captulo no apenas de procedimentos, mas uma verdadeira FUNDAMENTAO TERICOMETODOLGICA. Mas no caia no equvoco de achar que erudito sinnimo de complicado. Busque respeito pela clareza de seus argumentos, no pela complicao deles. Uma fundamentao terico-metodolgica revela com clareza a alma da pesquisa ( e os dados empricos revelam o corpo dela.) Para degustao, seguem dois exemplos de teoria e mtodo em alguns de nossos mestres: Exemplo de Teoria e Mtodo em CARLOS AUGUSTO DE FIGUEIREDO MONTEIRO Paisagem , uma entidade espacial delimitada segundo um nvel de resoluo do gegrafo (pesquisador) a partir dos objetivos centrais da anlise, de qualquer modo, sempre resultante da integrao dinmica, portanto instvel, dos elementos de suporte e cobertura (fsicos, biolgicos e antrpicos) expressa em partes delimitveis infinitamente mas individualizadas atravs das relaes entre elas que organizam um 21

todo complexo (Sistema), verdadeiro conjunto solidrio e nico, em perptua evoluo. Objeto de estudo: Paisagem Geogrfica Teoria: Teoria da Paisagem (perspectiva sistmica) Mtodo: Anlise Integrada ou sistmica Categorias analticas: elementos fsicos, biolgicos e antrpicos. Exemplo de Teoria e Mtodo em MILTON SANTOS: Se no estudo da realidade espacial a abstrao um procedimento necessrio e legtimo, a prpria fragilidade do intelecto humano impossibilita o estudo da totalidade enquanto totalidade (...) antes de tudo precisamos encontrar as categorias analticas que representam o verdadeiro movimento da totalidade (...) Esta categorias so: estrutura, processo, funo e forma. Objeto de estudo: Espao Geogrfico Teoria: Teoria do Espao Geogrfico Mtodo: Analtico (no caso deste enunciado) PROCEDIMENTOS TCNICO-OPERACIONAIS E INSTRUMENTOS DE APOIO Pensou? Concebeu? Planejou? Ento mos obra. O ser humano assim mesmo: primeiro pensa, depois faz. Por isso eu no gosto daqueles modelos que nos pedem em congressos (Materiais e Mtodos... como se escolhssemos primeiro os materiais para depois decidirmos o que fazer com eles). No pense que esta parte menos importante. Em algumas instncias ela importantssima (agncias financiadoras, por exemplo), pois a viabilidade e a exeqibilidade do projeto sero expostas. Quais sero os passos da pesquisa e em que ordem? Que tcnicas, eventualmente, apoiaro esses passos? Que instrumentos iro operacionalizar essas tcnicas, em cada passo? Quanto tempo necessrio para cada passo e para a pesquisa inteira? Haver custos? (Isto importante no caso de se submeter o projeto a uma agncia de fomento). Responda essas questes que voc ter elaborado esta parte to necessria do projeto; o corpo do projeto (a alma a teoria e mtodo) no qual voc deve organizar seus procedimentos. Vale a pena gastar tempo aqui, pois quanto melhor e mais bem 22

detalhada for esta parte, mais confortvel e seguro voc se sentir. A pesquisa prazerosa quando se sabe onde est, aonde se quer chegar e o que precisa para isso. Mas pode se tornar um pesadelo se voc estiver perdido no espao. No h coisa pior do que acordar disposto a trabalhar na sua pesquisa e no saber o que fazer, por onde comear... a voc acaba compilando bibliografia ou pintando mapinhas para no dar aquela sensao de perda de tempo. Voltando ao captulo dos procedimentos prticos, ele pode ter a seguinte estrutura: Etapa a ser cumprida tcnicas utilizadas instrumentos e fontes de apoio. Por exemplo: A primeira etapa a ser cumprida ser a elaborao de uma base cartogrfica (Etapa) com uso de SIG (Tcnica), especificamente os softwares X e Y (Instrumentos). Em seguida, se proceder ao trabalho de campo (Etapa) quando sero aplicados os questionrios (Tcnica: aplicao de questionrio ou entrevista) segundo os formulrios de questes em anexo (Instrumentos). Posteriormente, ser feita a anlise dos documentos tcnicos, como Plano Diretor, Lei Orgnica do Municpio e EIA/RIMA. Obs: questionrios e entrevistas so usados como coringas: sempre se diz que se vai aplicar questionrios, mas quase nunca se diz por que, nem se mostra o formulrio de questes. A explicitao de uma etapa e de uma tcnica no pode estar ali, solta. CONCLUSES OU CONSIDERAES FINAIS? Pode at ter as duas coisas (Concluses e Consideraes Finais), mas ateno! Trata-se de contedos diferentes. Vejamos: Cientificamente, concluso produto de pesquisa; decorrncia de um argumento, de uma explicao cientfica. Portanto, no se inventa concluso; ela deve uma decorrncia natural: se se chegou a uma compreenso satisfatria ou no; se se comprovou ou demonstrou-se algo ou no (e isso possvel para alguns temas); se faltaram elementos para um entendimento mais satisfatrio acerca da questo motriz (objetivo)... , se no se comprovou nada (o que cientificamente tem o mesmo valor, basta que seu argumento e procedimento sejam coerentes); se, com o argumento posto, chegou-se apenas a uma compreenso parcial, que necessitaria de mais elementos... por a. Ateno! Se voc concluir algo sem ter apresentado premissas para tal, algum ir perguntar: De onde tirou isso? No constava em seus argumentos. Por exemplo: um candidato empolgou-se nas concluses e incluiu a ineficincia da lei como causa 23

da degradao de uma determinada rea (entre outras coisas). Podia at ser, mas o problema que ele no tinha mencionado isso antes; no era uma varivel da anlise, nem uma hiptese. Apareceu como um coelho da cartola... tchan!! E achou que a banca ia engolir isso... Portanto, mais uma vez, no se criam concluses! Se voc elaborou um argumento explicativo, ela ser decorrncia dele. muito importante ter certa humildade no sentido de reconhecer os limites da sua anlise e, sobretudo, apontar para novas pesquisas; passar a bola, vislumbrar novos caminhos. Lembre-se que a cincia parcial (cuida de partes da realidade), assim como suas concluses. Ns, meros mortais, sempre produzimos resultados limitados e reconhecer isso sinal de maturidade. Mas espere a: no escreva concluses em um projeto! Isto um erro comum e crasso. Da mesma forma que no se chama de introduo qualquer contedo que esteja no incio, no se pode chamar de concluso qualquer coisa s porque est no fim. Se for um projeto de pesquisa, voc s tem uma opo: escrever Consideraes Finais. Mas se, mesmo assim, voc quiser escrever concluses, chegue mais perto que eu vou lhe dizer uma coisa em off... (o que voc vai concluir se ainda no pesquisou?) CONSIDERAES FINAIS So de contedo essencialmente reflexivo acerca de seu projeto ou de sua pesquisa. Reconhece limites, aponta expectativas, flexibiliza, faz crtica, auto-crtica etc. um momento seu, portanto, o texto tem que ser autntico, sem citaes de autores, dados novos... terminantemente proibido (tanto em concluses como em consideraes finais): 1- Resumir o que voc fez. Isso aborrece o leitor, mesmo porque voc j fez algo parecido na introduo, lembra? O professor colega do Departamento fez uma interessante analogia em relao a isso. Ele disse que Concluses que voltam e repetem resumidamente o contedo parece uma passagem bblica: quando os judeus atravessaram o mar Vermelho e, j do outro lado, alguns queriam voltar, pois achavam que estavam melhor no Egito... BIBLIOGRAFIA (referncias, apoio ou reviso?) Eis uma parte do projeto ou da pesquisa que tambm sempre apresenta problemas. Primeiramente, vamos estabelecer o seguinte: se voc decidir chamar esta parte de Referncias Bibliogrficas, pois soa mais requintado, saiba que voc se compromete a que todos os ttulos listados estejam referenciados no texto em algum momento (por isso so referncias). Se voc no quiser se complicar, chame 24

simplesmente de Bibliografia. Ainda assim, cada ttulo que aparecer no texto deve constar na Bibliografia. Voc ainda pode dividir a Bibliografia em: Bibliografia Especfica (que traz ttulos especficos sobre o assunto tratado) E Bibliografia Terico-metodolgica (ttulos referentes teoria, conceitos, mtodo) Observe as diferenas entre PROJETO e PESQUISA pronta. No projeto de pesquisa, a bibliografia no to importante, claro, como numa pesquisa acabada. possvel, num projeto, fazer o que se chama de Apoio Bibliogrfico, em que voc ir listar uns 5 ou 6 ttulos, comentando cada um; mostrando por que se apoiou neles. Um bom Apoio Bibliogrfico pode dispensar uma lista de bibliografia no final, no caso de um projeto. Ao longo da pesquisa, mais ttulos sero incorporados e comentados. O que comeou com apoio bibliogrfico se transformar em Reviso Bibliogrfica. Esta ltima no ter a estrutura de ttulo + comentrio, mas ser discutida em um texto contnuo. s vezes chamada de estado da Arte, mas... a meu ver, cincia cincia, arte arte. A primeira admirada pela coerncia lgica do raciocnio; a segunda, muitas vezes surpreende pela quebra das estruturas lgicas. Entre os problemas mais comuns em Bibliografia, pode-se listar: - Listas muito extensas. Se voc acha que mostrar uma lista enorme pode indicar erudio, isto pode ter um efeito contrrio. Podem olhar com desconfiana (claro que ele no leu tudo isso...). Pode tambm indicar falta de critrio para escolher bibliografia. - Bibliografias coringas: normalmente livros organizados, sem indicar o captulo que usou, por exemplo: Geografia do Brasil, de Ross, ou Praticando Geografia, de Venturi, ou Geografias de So Paulo, de Carlos. Enfim, voc menciona, pois sempre vai ter alguma coisa que tem a ver com seu trabalho, mas no diz o que . Ainda em relao s bibliografias coringas, h mais exemplos: s mencione o Libault (Os quatro nveis da Pesquisa...) o Bertrand (Paisagem e Geografia Fsica Global...), o Aziz (Um conceito a servio das pesquisas do quaternrio...), o Tricart, se voc de fato vai us-los! - Dicionrios etc. Entre este etc, j vi at Bblia Sagrada... quando a candidata a doutorado foi questionada, ela disse que a religio e Deus a ajudou a fazer a pesquisa. Oras, que infmia com o livro Sagrado! Se fosse eu da banca (estava apenas assistindo) eu perguntaria por que ela no usou o Alcoro, que uma verso mais atual dentro da linha de pensamento abrmica. Se o candidato cristo ou muulmano, qual a diferena? Ser que o cristo se sentiria mais culpado se o 25

resultado no tiver sido muito bom e confessaria seus erros? Ou perdoaria aqueles que no lhe ajudaram? Se voc acha que pode incluir coisas to subjetivas na bibliografia, voc pode acrescentar a cartilha Caminho Suave, com a qual voc aprendeu a ler. Este um problema em relao aos dicionrios tambm. Supe-se, esperado que voc conhea a lngua portuguesa suficientemente para escrever uma pesquisa e que no precisa demonstrar isso. Dicionrio vlido apenas se voc fizer, durante a pesquisa, alguma reflexo sobre o significado de um termo, sua etimologia etc. ANEXOS Os anexos permitem-nos apresentar documentos complementares, mapas, tabelas etc, que detalham informaes dadas no texto, mas que se fossem colocadas l seria inadequado, pois truncariam a leitura e encheriam lingia. nosso trabalho mais grosso. Portanto, os anexos no podem ser apenas uma coleo de coisas disparatadas que podem deixar Eles tm que ter um significado e uma forma de conseguir isso fazer referncia a eles em algum momento do texto. Essa referncia vai justific-lo. Se voc pensar em anexar uma lei ou regulamento que tem 20 pginas, pense em escolher as partes mais pertinentes ao seu trabalho. Se achar necessrio mostrar um mapa que, no original, tem 2 x 2m, reduza-o. Seja criterioso nos anexos. Nos relatrios de trabalhos de campo, s vezes aparecem nos anexos, rtulos de cerveja, o guardanapo que pessoal do grupo escreveu no ltimo dia, folhagens, ticket de entrada no parque... s vezes, ao folhear os anexos, temo pelo que posso encontrar, ainda que possa ser divertido. CONSIDERAES FINAIS (DESTE DOCUMENTO) J que sabemos que o contedo das consideraes finais essencialmente reflexivo, deixo essa reflexo a cargo de vocs. Apenas reafirmo que todo o contedo aqui exposto de minha responsabilidade; so sugestes que, eventualmente, podero divergir em algum aspecto daquilo que seus orientadores sugerem, ou que a ABNT recomenda. Embora a ABNT deva ser respeitada, pois normatiza a comunicao do trabalho cientfico, ela pode ser questionada em alguns aspectos, por exemplo, quanto incluso de mapas na lista de figuras (eu no deveria ter dito isto, pois tinha recomendado no incluir dados novos nas consideraes finais). Assim, caber a cada um discernir, discutir e decidir o que achar melhor. Bom proveito.

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