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REVISTA DE - .PREVIDENCIA SOCIMJ® Diretor Responsável ARMANDO CASIMIRO COSTA FILHO Secretário de Redação (1986 a lO01) HENRIQUE MARINHO DE AZEVEDO Conselho Editorial CELSO BARROSO LEITE, Presidente W AGNER BALERA WLADIMIR NOVAES FILHO WLADIMIR NOVAES MARTINEZ SÃO PAULO ANO XXXII· Nº 327 FEVEREIRO, 2008· ISSN 0101-823X SUMÁRIO REDAÇÃO - Privatização da Previdência 107 DOUTRINA - O ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL ALÉM DO REGIME GERAL E DOS REGIMES PRÓ- PRIOS DE PREVIDÊNCIA: BENEFíCIOS ESPECIAIS OU BENEFíCIOS DE LEGISLA- çÃO ESPECIAL - Roberto Luis Luchi Demo 109 - SAT, FAP E NTEP: BALANÇO DO PRIMEIRO ANO OU SAT, FAP E NTEP: DECIFRA-ME OU DEVORA-TE! - Airton Kwitko 132 - FUNDOS DE PENSÃO - AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE PELO PASSIVO TRA- BALHISTA DA PATROCINADORA - Guilherme Nitz Cappi 139 -APOSENTADORIA ESPECIAL E O DIREITO ADQUIRIDO AO DIRBEN-8030, ATUAL- MENTE SUBSTITUíDO PELO PPP - PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO (ANTIGO SB-40) - Leonardo Bianchini Morais 146 JURISPRUDÊNCIA TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO - BRASíLlA - DF - Exceção de pré-executividade. Crédito previdenciário. Fatos geradores 149 - Restabelecimento de pensão por morte. Súmula n. 170 do TRF. Termo inicial. Verba honorária.. 152 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO - SÃO PAULO - SP - Provas do trabalho rural............................................................................................................ 155 - Período de carência da aposentadoria por idade 159 - Requisitos da pensão por morte. Qualidade de segurado do de cujus 163 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO - PORTO ALEGRE' - RS - Aposentadoria por tempo de contribuição. Revisão. Averbação do tempo de serviço 166 - Aposentadoria por idade. Tempo de serviço urbano. Concessão administrativa de outro benefício 170

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REVISTADE -.PREVIDENCIA

SOCIMJ®Diretor Responsável

ARMANDO CASIMIRO COSTA FILHO

Secretário de Redação (1986 a lO01)

HENRIQUE MARINHO DE AZEVEDO

Conselho Editorial

CELSO BARROSO LEITE, PresidenteWAGNER BALERA

WLADIMIR NOVAES FILHOWLADIMIR NOVAES MARTINEZ

SÃO PAULO • ANO XXXII· Nº 327 • FEVEREIRO, 2008· ISSN 0101-823X

SUMÁRIO

REDAÇÃO

- Privatização da Previdência 107

DOUTRINA

- O ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL ALÉM DO REGIME GERAL E DOS REGIMES PRÓ-

PRIOS DE PREVIDÊNCIA: BENEFíCIOS ESPECIAIS OU BENEFíCIOS DE LEGISLA-çÃO ESPECIAL - Roberto Luis Luchi Demo 109

- SAT, FAP E NTEP: BALANÇO DO PRIMEIRO ANO OU SAT, FAP E NTEP: DECIFRA-MEOU DEVORA-TE! - Airton Kwitko 132

- FUNDOS DE PENSÃO - AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE PELO PASSIVO TRA-BALHISTA DA PATROCINADORA - Guilherme Nitz Cappi 139

-APOSENTADORIA ESPECIAL E O DIREITO ADQUIRIDO AO DIRBEN-8030, ATUAL-MENTE SUBSTITUíDO PELO PPP - PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO(ANTIGO SB-40) - Leonardo Bianchini Morais 146

JURISPRUDÊNCIA

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO - BRASíLlA - DF

- Exceção de pré-executividade. Crédito previdenciário. Fatos geradores 149

- Restabelecimento de pensão por morte. Súmula n. 170 do TRF. Termo inicial. Verba honorária.. 152

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO - SÃO PAULO - SP

- Provas do trabalho rural............................................................................................................ 155

- Período de carência da aposentadoria por idade 159

- Requisitos da pensão por morte. Qualidade de segurado do de cujus 163

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO - PORTO ALEGRE' - RS

- Aposentadoria por tempo de contribuição. Revisão. Averbação do tempo de serviço 166

- Aposentadoria por idade. Tempo de serviço urbano. Concessão administrativa de outrobenefício 170

DOUTRINA

APOSENTADORIA ESPECIAL E O DIREITO ADQUIRIDOAO DIRBEN-8030, ATUALMENTE SUBSTITUíDO PELO

PPP - PERFil PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO(ANTIGO SB-40)

1. Introdução

A aposentadoria especial é um benefício con-cedido ao segurado que tenha trabalhado emcondições prejudiciais à saúde ou à integridadefísica. Para ter direito à aposentadoria especial,o trabalhador deverá comprovar, além do tempode trabalho, efetiva exposição aos agentes físi-cos, biológicos ou associação de agentes preju-diciais pelo período exigido para a concessão dobenefício (15, 20 ou 25 anos).

A comprovação será feita em formulário doPerfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), pre-enchido pela empresa com base em Laudo Téc-nico de Condições Ambientais de Trabalho(LTCA), expedido por médico do trabalho ou en-genheiro de segurança do trabalho.

Esta comprovação já foi feita por diversosformulários distintos, que foram o 8B-40, DISE8BE-5235, OSS-8030 e o DIRBEN-8030. Agoratodos foram substituídos pelo PPP (Perfil Profis-siográfico Previdenciário), o qual traz diversasinformações do segurado e da empresa. A idéiaé que em futuro próximo a empresa tenha de ela-borar o PPP para todos os seus trabalhadores,funcionando o mesmo como um histórico laboralcompleto, permitindo ao INSS mapear as condi-ções de trabalho dos segurados em geral.

Para ter direito ao benefício, o trabalhadorinscrito a partir de 25 de julho de 1991 deverá

*LEONARDO BIANCHINI MORAIS.Advogado. Pós-graduado em Direito Público.Sócio-fundador do escritório Biancbini &Morais Advogados Associados.

Leonardo 8ianchini Morais (*)

comprovar no mínimo 180 contribuições mensais.Os inscritos até essa data devem seguir a tabelaprogressiva. A perda da qualidade de seguradonão será considerada para concessão de apo-sentadoria especial, segundo a Lei n. 10.666/03.

2. Direito adquirido

No entanto, insta salientar que a caracteriza-ção e a comprovação do tempo de atividade sobcondições especiais obedecerá ao disposto nalegislação em vigor na época da prestação doserviço.

É de se destacar inicialmente que a versãooriginal do art. 57, da Lei n. 8.213/91 previa quea aposentadoria especial seria devida ao segu-rado que cumprisse a carência, conforme a ati-'vidade profissional, independentemente da ex-posição a agentes nocivos à saúde.

Assim, a aposentadoria especial, em sua for-ma genesis, abarcava determinadas categoriasprofissionais, expostas ou não aos agentesagressores da saúde.

Nessa esteira, os engenheiros químicos,metalúrgicos, de minas, de construção, civis eeletricistas, dentre outras categorias profissio-nais se beneficiavam da vantagem suo ocuJispelo simples exercício da atividade pertinente àcategoria profissional dos aludidos segurados,a aposentadoria especial, bem como a contagemde tempo de serviço em condições especiais,devidamente convertida para a aposentadoria portempo de serviço.

RPS - Ano XXXII- N2327 - Fevereiro 2008

Isto porque a legislação não criou óbice paraque o profissional que exerceu, ou exerce, ati-vidades típicas e próprias das categorias supra-citadas, dentre outras, ainda que sem exposiçãoa agente agressivo (eletricidade, ruído etc.), usu-frua do período de trabalho como especial.

Acontece que, a partir de 29.4.95, a lei n.9.032, revogou o Anexo 11do Decreto n. 83.080179 e exigiu, dessa data em diante, para fins deenquadramento das atividades acima descritas,dentre outras, a efetiva exposição a agentesagressivos durante a jornada de trabalho, comose verifica na nova redação dada ao §32, do art. 57,da lei n. 8.213/91, in verbis:

"Art.57.

(...)

§ 3Q A concessão da aposentadoria especialdependerá de comprovação pelo regulamentoperante o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, do tempo de trabalho permanente, nãoocasional, nem intermitente, em condições es-peciais que prejudiquem a saúde ou integridadefísica durante o período mínimo fixado". (Reda-ção dada pela Lei n. 9.032, de 28.4.95)

Ocorre que, apesar de cristalina a aquisiçãode direitos dos segurados que se encaixam nopresente enredo, algumas empresas se furtam emfornecer o formulário DIRBEN-8030 (antigo SB-40)por entenderem que as tarefas executadas pelointeressado não se coadunam com ascondiçõesespeciais de que trata a nova legislação.

Sucede que a legislação regente permite quehaja a contagem de tempo em condições espe-ciais das categorias citadas, ressalvando os di-reitos de quem reuniu os requisitos necessáriosantes da vigência da Lei n. 9.032/95 (24.4.95),na forma.da Súmula n. 359, do STF, mas condi-ciona que a empresa empregadora informe, nocitado formulário DIRBEN-8030, as condições dotrabalho desempenhado pelo interessado.

Nesse sentido, também, têm sido as mani-festações do Superior Tribunal de Justiça, con-forme pode se observar no seguinte julgamento,in verbis:

"O tempo de serviço é regido pela norma vi-gente ao tempo da sua prestação, conseqüen-cializando-se que, em respeito ao direito adqui-rido, prestado o serviço em conaições adversás,por força das quais atribua a lei vigente forma decontagem diversa da comum e mais vantajosa,esta é que há de disciplinar a contagem desse

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tempo de serviço. Considerando-se a legislaçãovigente à época em que o serviço foi prestado,não se pode exigir a comprovação à exposição aagente insalubre de forma permanente, não oca-sional nem intermitente, uma vez que tal exigên-cia somente foi introduzida pela Lei n. 9.032/95."(BEsp n. 658.016, Rei. Min. Hamílton Carvalhi-do, 6' Turma, por unanimidade, DJ de 21.11.05)

No mesmo sentido já se manifestou o Supe-riorTribunal Federal, nos seguintes termos:

"Comprovado o exercício de atividade consi-derada insalubre, perigosa ou penosa, pela le-gislação à época aplicável, o trabalhador possuio direito à contagem especial deste tempo deserviço. Seguindo essa orientação, a Turma ne-gou provimento a recurso extraordinário interpostopelo INSS, em que se alegava ofensa ao art. 5º,XXXVI, da CF/88, ao argumento de inexistênciade direito adquirido à conversão do tempo deserviço especial para comum, em face do exer-cício de atividade insalubre elencada nos Decretosns. 53.831/64 e 83.080/79. Entendeu-se que otempo de serviço deveria ser contado de acordocom o sn.sr. §3º, da Lei n. 8.213/91, vigente àépoca da prestação dos serviços, e não pela Lein. 9.032/95 que, alterando o citado parágrafo,exigiu, expressamente, a comprovação de efeti-va exposição aos agentes nocivos através delaudo técnico. Precedentes citados: RE n.367.314/SC (DJU de 14.5.04) e RE n. 353.222/SC (DJU de 19.9.03)." (RE n. 392.559/RS, Rei.Min. Gilmer Mendes, julgado em 7.2.06). Esteentendimento é da maior importância para finsde conversão de tempo de trabalho.

A legislação previdenciária está sempre emconstante evolução, mas isso não significa queseja para beneficiar os seus segurados. Porexemplo, se na década de 60 do século passadonão se exigia que fosse apresentado laudo paraconsideração da atividade como insalubre, nãopode a autarquia, hoje, impedir a consideraçãodo tempo trabalhado naquela época como espe-cial por falta de laudo. Isso poderia conduzir àpitoresca situação de que o perito atestasse umasituação ocorrida trinta ou quarenta anos antes,mesmo após profunda alteração fática nas con-dições ambientais da prestação de serviço.

Para fins de qualificação, ou não, de uma ati-vidade como especial, vale frisar, deve ser con-siderada a lei vigente na data em que o segura-do executou os serviços profissionais, por umarazão bastante simples: as condições nas quaisuma determinada atividade é exercida hoje não

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são as mesmas de 15 ou 20 anos atrás (avançostecnológicos, condições de segurança e salubrida-de etc.), razão pela qual o presente feito deveser analisado com base na legislação vigente nasdatas em que o autor exerceu as funções.

3_Conclusão

Data venia, fica irremediavelmente caracteri-zado que a redação do § 32, da Lei n. 8.213/91,não vedava a conversão do tempo de serviçocomum em especial pelo fato do segurado nãoestar exposto a agentes nocivos à saúde, bas-

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tando apenas desempenhar as suas funçõesdentro das categorias profissionais contempla-das pelos Decretos ns. 83.080/79 e 53.831/64.

A alteração dessa condição se consumoupela nova redação do citado § 3°, do art. 57, em28.4.95 (Lei n. 9.032/95).

Conclui-se, portanto, que todos os seguradosdo INSS que adquiriram o direito de usufruíremo estatuído pela redação inicial do art. 57, da Lein. 8.213/91 possuem a faculdade de requererema conversão do tempo de trabalho em condiçõesespeciais em tempo comum.