previdencia complementar uma visao geral

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  • 7/31/2019 Previdencia Complementar Uma Visao Geral

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    A previdncia complementar fechada: uma viso geral

    Leonardo Andr Paixo (*)

    1. Breve histria da previdncia complementar no Brasil.

    a) Primeira fase (anterior legislao especfica sobre o tema)

    A primeira entidade destinada ao oferecimento de benefcios que hoje seriam consideradostpicos da previdncia complementar foi a PREVI (CAPRE poca), criada em 1904 por um grupode empregados (52) do Banco da Repblica do Brasil sob a forma de associao cujo fim exclusivamente garantir o pagamento de uma penso mensal ao herdeiro do funcionrio que delafizer parte, na forma estabelecida pelos presentes Estatutos.

    Ainda antes da primeira lei sobre a previdncia complementar, surgiram algumas entidades,como por exemplo a Fundao Petrobrs de Seguridade Social PETROS (1970) e a FundaoCESP (1974).

    Neste primeiro momento, a previdncia complementar um fenmeno tipicamenteassociado grande empresa, e sobretudo grande empresa estatal.

    b) Segunda fase (Lei n. 6.435/77)

    A Lei n. 6.435, de 15 de julho de 1977, foi aprovada em um contexto de fomento aomercado de capitais por parte do poder pblico. Seu objetivo foi disciplinar os fundos de pensoenquanto entidades captadoras de poupana popular, estimulando seu crescimento de modo quepudessem canalizar investimentos para aplicaes em Bolsa de Valores. A norma veio no mesmoambiente da reformulao da legislao sobre sociedades annimas (Lei n. 6.404/76, quesubstituiu a Lei das S.A. de 1940).

    c) Terceira fase (modernizao da legislao).

    O movimento de modernizao da legislao que rege a previdncia complementar teve

    incio com a Emenda Constitucional n. 20, de 15.12.1998. Esta emenda deu nova redao ao art.202 da CF, que tratava de outro tema, dedicando-o inteiramente previdncia complementar.Fez-se a opo por disciplinar a previdncia complementar dentro do ttulo da Ordem Social daCF.

    A nova redao do art. 202 da CF exigiu a elaborao de duas leis complementares. Uma,prevista no caput do dispositivo constitucional, que traz normas gerais sobre a previdnciacomplementar, e que veio a ser a Lei Complementar n. 109, de 29 de maio de 2001; e outra,prevista no 4 do art. 202, contendo normas especficas para disciplinar a relao entre a

    (*) Leonardo Andr Paixo formado em Direito pela Faculdade de Direito da USP, onde atualmente doutorando em Direito do Estado. Foi professor universitrio em So Paulo e professor de ps-graduao (MBA) da

    FGV, em Braslia. membro da carreira de Especialista em Polticas Pblicas e Gesto Governamental do Ministriodo Planejamento, Oramento e Gesto. Atualmente ocupa o cargo de Secretrio de Previdncia Complementar doMinistrio da Previdncia Social.

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    Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, suas autarquias, fundaes, sociedades deeconomia mista e outras entidades pblicas e suas respectivas entidades fechadas de previdnciacomplementar, e que veio a ser a Lei Complementar n. 108, de 29 de maio de 2001.

    Completando o ciclo de aprimoramento da legislao, a Emenda Constitucional n. 40, de29.05.2003, que deu nova redao ao artigo que trata do sistema financeiro nacional (art. 192),suprimiu do dispositivo, que integra o Ttulo da Ordem Econmica da CF, a referncia a seguros,

    previdncia e capitalizao. De um ngulo constitucional, portanto, a previdncia complementar hoje tema claramente inserido no campo social.

    Entretanto, a dualidade que marca a previdncia complementar permanece, pois embora anfase constitucional esteja em sua atividade fim (pagamento de benefcios de carterprevidencirio), no deixa de ser importante a sua atividade meio (investimento dos recursosacumulados com o objetivo de multiplicar o capital destinado a suportar o pagamento dobenefcios).

    Por fim, recorde-se ainda que a Emenda Constitucional n. 41, de 19.12.2003, deu novaredao ao art. 40 da CF. Nos pargrafos 14 a 16 deste artigo est estabelecida a possibilidadede criao, por lei ordinria, de um regime de previdncia complementar para o servidor pblico.No mbito federal esta lei ainda no foi feita.

    2. Insero do regime de previdncia complementar na Constituio brasileira.

    A Constituio brasileira prev a coexistncia de trs regimes de previdncia.

    De um lado, h duas modalidades de regimes pblicos e obrigatrios: o regime geral deprevidncia social, operado pelo INSS, e destinado aos trabalhadores da iniciativa privada, aosservidores de entes federativos que no criarem regimes prprios e aos empregados pblicos, eos regimes prprios de previdncia destinados aos servidores titulares de cargo efetivo da Unio,dos Estados, do Distrito Federal e de cerca de 2.200 Municpios, includas suas autarquias e

    fundaes.De outro lado, h o regime de previdncia complementar, privado e facultativo, operado por

    entidades abertas de previdncia complementar (ou seguradoras autorizadas a operar no ramovida) e por entidades fechadas de previdncia complementar (tambm conhecidas como fundos epenso).

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    Aberta Fechada

    Baseconstitucional

    art. 201 art. 40 art. 202 art. 202

    Operado por Autarquia federal (INSS)rgos ou entidades da

    Adminisrao pblicadireta ou indireta

    Sociedades annimas(fins lucrativos)

    (*)

    Fundaes privadas /sociedades civis

    (fins no lucrativos)

    Natureza pblico pblico privada privada

    Instituio institudo por lei institudo por lei contratual contratual

    Filiao obrigatria obrigatria facultativa facultativa

    1.780.000participantes ativos

    580.000 assistidos

    4.200.000 beneficirios

    Fiscalizao MPS / SPS MPS / SPS MF / Susep MPS / SPC

    (*) - exceo: LC 109/01, art. 77, 1

    QUADRO 1 - Regimes de previdncia: principais caractersticas

    REGIMES DE PREVIDNCIA

    Previdncia Complementar

    Abrangncia

    servidores titulares decargo efetivo da Unio,

    Distrito Federal, Estados

    e Municpios que tmregime prprio (cerca de

    2200)

    cerca de 7.000.000 deplanos individuais e

    150.000 planosempresariais

    Regime Geral Regimes Prprios

    pessoas no abrangidas

    pelos regimes prprios

    3. Anlise das disposies constitucionais que regem a previdncia complementar.

    A principal disposio constitucional sobre a previdncia complementar o art. 202.

    "Art. 202. O regime de previdncia privada, de carter complementar e organizado de formaautnoma em relao ao regime geral de previdncia social, ser facultativo, baseado naconstituio de reservas que garantam o benefcio contratado, e regulado por lei complementar."(redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98).

    Caractersticas bsicas do regime de previdncia complementar:

    natureza jurdica privada, sujeitando-se ao regime jurdico de direito privado, em queprevalece a autonomia da vontade. O princpio da legalidade, aplicado ao regimeprivado, significa que tudo o que no est proibido est permitido.

    carter complementar e autnomo em relao ao regime geral: complementar, porque a inscrio de participante em plano de previdncia

    complementar no o dispensa da inscrio como segurado obrigatrio do regimeoficial de previdncia (regime geral ou, a partir da EC 41/03, regime prprio);

    autnomo porque a percepo de benefcio pago por entidade privada deprevidncia salvo quando alguma vinculao for expressamente estabelecidaem contrato no depende da concesso de benefcio pelo regime geral (LC109/01, art. 68, 2);

    autnomotambm porque em princpio no existe relao entre os valores pagospor cada um destes regimes, embora possa ser estabelecida contratualmenteuma relao;

    esta autonomia tem uma exceo, pois a concesso de benefcio de previdnciacomplementar depende de concesso de benefcio pelo regime geral ou peloregime prprio, quando se tratar de plano de benefcios da modalidade benefcio

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    definido e regido pela LC 108/01, que tiver sido institudo aps 30.05.2001 (LC108/01, art. 3, II).

    natureza contratual:

    regulamento de um plano de previdncia um contrato, que contm clusulassobre contribuies, benefcios e perodos de carncia, entre outras disposies

    a vinculao do participante ao plano de benefcios depende de sua inscrio

    voluntria (contrato celebrado com a entidade de previdncia que administra oplano)

    para que uma pessoa jurdica possa oferecer acesso a um plano de previdnciapara seus empregados, servidores, associados ou membros deve celebrarcontrato com a entidade de previdncia que o administra

    constituio de reservas, em regime de capitalizao, para pagamento dos benefcioscontratados (sobretudo o benefcio de aposentadoria):

    excepcionalmente, contudo, o regime de repartio simples pode serestabelecido em contrato geralmente para custear os benefcios acessrios,como auxlio-doena, peclio por morte, entre outros, mantida a capitalizao

    para o benefcio principal (aposentadoria); regulamentao do regime de previdncia privada reservada lei complementar.

    " 1 A lei complementar de que trata este artigo assegurar ao participante de planos debenefcios de entidades de previdncia privada o pleno acesso s informaes relativas gestode seus respectivos planos." (redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98).

    A lei complementar a que se referem o capute este pargrafo do art. 202, e que contm asregras gerais do sistema de previdncia complementar, a Lei Complementar n. 109, de 29 demaio de 2001. Esta lei abandonou a expresso previdncia privada, trazida na Constituio, em

    favor da expresso, sempre usada em seu texto, previdncia complementar. As expresses,neste contexto, devem ser consideradas sinnimas.Pelo princpio da transparncia, sendo o destinatrio final dos recursos capitalizados, o

    participante tem direito de conhecer todos os aspectos que envolvem a administrao do plano deprevidncia a que aderiu (investimentos, despesas administrativas).

    A poupana previdenciria do participante acumulada em um determinado plano debenefcios de carter previdencirio, que por sua vez administrado por uma entidade deprevidncia complementar. A entidade pode administrar um ou mais planos de benefcios, e nesteltimo caso eles tero necessariamente independncia patrimonial. Os eventos (positivos ounegativos) que afetarem um plano no podem causar impacto financeiro para os participantes deoutro plano, ainda que ambos sejam administrados pela mesma entidade de previdncia privada.A entidade de previdncia jamais pode ser considerada dona do capital acumulado no plano ou

    planos que administra.

    " 2 As contribuies do empregador, os benefcios e as condies contratuais previstasnos estatutos, regulamentos e planos de benefcios das entidades de previdncia privada nointegram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, exceo dos benefciosconcedidos, no integram a remunerao dos participantes, nos termos da lei." (redao dadapela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98).

    O regime de previdncia privada autnomo tambm em relao ao contrato de trabalho doparticipante com seu empregador. Isto significa que:

    a relao de um participante com um plano de previdncia pode comear, perdurar e seextinguir de forma autnoma em relao a seu contrato de trabalho;

    a celebrao de contrato de trabalho no implica adeso automtica do empregado aoplano de previdncia patrocinado pelo empregador

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    a relao civil-previdenciria entre participante, patrocinador e entidade de previdnciacomplementar no se confunde com a relao trabalhista entre empregado eempregador;

    as contribuies que o empregador fizer ao plano previdencirio, em favor de todos osseus empregados que forem participantes do referido plano, no sero consideradassalrio indireto;

    as reservas acumuladas em favor de um participante no so computadas comoremunerao quando da resciso do contrato de trabalho;

    somente quando o participante (ou seu dependente) passar a receber um benefcio, ouquando romper o vnculo com o plano e resgatar os valores ali acumulados, os valoresrecebidos sero considerados renda, inclusive para fins tributrios.

    " 3 vedado o aporte de recursos a entidade de previdncia privada pela Unio, Estados,Distrito Federal e Municpios, suas autarquias, fundaes, empresas pblicas, sociedades deeconomia mista e outras entidades pblicas, salvo na qualidade de patrocinador, situao na qual,em hiptese alguma, sua contribuio normal poder exceder a do segurado." (pargrafo includopela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98).

    O patrocinador a pessoa que contribui para a constituio das reservas destinadas agarantir o pagamento de benefcios a seus empregados ou servidores. A condio de patrocinadorde um plano de benefcios formalizada mediante a celebrao de um contrato com a entidadede previdncia, contrato este denominado convnio de adeso. A Administrao direta ouindireta, federal, estadual, distrital ou municipal, somente poder aportar recursos para um planode previdncia complementar se assumir a qualidade de patrocinador. Sua contribuio normalser, no mximo, igual soma das contribuies normais dos segurados (isto , os participantes eos assistidos). a chamada paridade contributiva.

    " 4 Lei complementar disciplinar a relao entre a Unio, Estados, Distrito Federal ouMunicpios, inclusive suas autarquias, fundaes, sociedades de economia mista e empresascontroladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas deprevidncia privada, e suas respectivas entidades fechadas de previdncia privada." (pargrafoincludo pela Emenda Constitucional n 20, de 15/12/98).

    A lei complementar a que se refere este pargrafo a Lei Complementar n. 108, de 29 demaio de 2001. As entidades de previdncia privada de que tratam os 3 a 6 deste artigo so,necessariamente, entidades fechadas.

    As entidades abertas de previdncia complementar so organizadas, salvo poucasexcees, sob a forma de sociedade annima (portanto com finalidade lucrativa), e so chamadasabertas porque acessveis a qualquer pessoa fsica (LC 109/01, art. 36 e art. 77, 1).

    As entidades fechadas de previdncia complementar, tambm conhecidas como fundos depenso, so organizadas sob a forma de sociedade civil ou fundao, necessariamente sem

    finalidade lucrativa, e so chamadas fechadas porque acessveis apenas a indivduosintegrantes de um grupo: empregados de uma empresa ou grupo de empresas (LC 109/01, art. 31, I); servidores pblicos (LC 109/01, art. 31, I); associados ou membros de pessoas jurdicas de carter profissional, classista ou

    setorial (LC 109/01, art. 31, II).

    " 5 A lei complementar de que trata o pargrafo anterior aplicar-se-, no que couber, sempresas privadas permissionrias ou concessionrias de prestao de servios pblicos, quandopatrocinadoras de entidades fechadas de previdncia privada." (pargrafo includo pela EmendaConstitucional n 20, de 15/12/98).

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    Se concessionrias e permissionrias so empresas privadas, portanto pessoas que nointegram a Administrao Pblica, a aplicao a elas da norma especial feita para entidades deprevidncia com patrocnio estatal hiptese excepcional.

    Portanto, aplica-se a LC 109/01 s relaes entre empresas privadas permissionrias ouconcessionrias de servios pblicos e entidade fechada de previdncia complementar,ressalvados os casos previstos na norma administrativa que dispe sobre a matria, pordelegao do art. 26 da LC n 108/01.

    " 6 A lei complementar a que se refere o 4 deste artigo estabelecer os requisitos paraa designao dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdncia privada edisciplinar a insero dos participantes nos colegiados e instncias de deciso em que seusinteresses sejam objeto de discusso e deliberao." (pargrafo includo pela EmendaConstitucional n 20, de 15/12/98).

    A entidade fechada de previdncia complementar com patrocinador integrante daAdministrao pblica tem estrutura organizacional determinada pelos artigos 8 a 23 da LC108/01. A disposio deste pargrafo a adaptao da gesto compartilhada estabelecida para aprevidncia social pelo art. 194, pargrafo nico, inciso VII da CF. Mas as entidades fechadas de

    previdncia complementar so pessoas jurdicas de direito privado, e mesmo quando h, nos seusrgos de governana, representantes indicados pelo Estado, esta presena no decorre deprerrogativa do Poder Pblico, mas do papel de patrocinador assumido pelo ente estatal.

    4. Introduo s Leis Complementares n. 108 e n. 109, ambas de 29 de maio de 2001.

    A Lei Complementar n. 109/01 a norma geral que dispe sobre o regime de previdnciacomplementar, e regulamenta o art. 202, caputda CF. dividida em oito captulos, que contmdisposies introdutrias (captulo I), regras sobre planos de benefcios (captulo II), sobre

    entidades fechadas e abertas de previdncia complementar (captulos III e IV), sobre afiscalizao destas entidades (captulo V), sobre a interveno e a liquidao extrajudicial dasentidades de previdncia complementar (captulo VI), sobre o regime disciplinar (captulo VII), eainda disposies gerais sobre o regime de previdncia complementar (captulo VIII).

    A Lei Complementar n. 108/01, por sua vez, a norma regulamentadora a que se refere o 4 do art. 202 da CF, e traz regras especiais sobre entidades fechadas de previdnciacomplementar patrocinadas pela Administrao pblica direta e indireta (LC 108/01, art. 1).Sendo norma especial, prevalece sobre a norma geral em seu mbito de validade (LC 108/01, art.2). Basicamente, a Lei Complementar n. 108/01:

    cria normas especiais sobre o custeio dos planos de benefcios com patrocnio estatal;

    estabelece de forma mais pormenorizada a composio dos rgos estatutrios dasentidades fechadas de previdncia complementar abrangidas por suas disposies; e

    estabelece regras especficas sobre sua fiscalizao.

    5. Princpios constitucionais e legais.

    De incio, cabe lembrar a distino entre regras e princpios. Os princpios distinguem-se dasregras jurdicas porque so versados em linguagem mais genrica, so mais abrangentes,direcionam o intrprete na aplicao das regras, e so relativizados por outros princpios. Esta

    ltima caracterstica significa que, ao contrrio das regras, em que o conflito se resolve peladerrogao de uma norma e aplicao integral de outra, os princpios, ainda que incompatveis,

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    precisam ser aplicados simultaneamente, de forma relativizada, ora prevalecendo um, ora o outro,de acordo com a situao concreta.

    So princpios constitucionais que regem a previdncia complementar:

    regulamentao reservada lei complementar;

    autonomia da vontade (natureza contratual);

    autonomia em relao ao regime geral de previdncia;

    autonomia em relao ao contrato de trabalho;

    transparncia para o participante;

    constituio de reservas em regime de capitalizao;

    limitao contribuio do patrocinador de plano com patrocnio estatal;

    presena dos participantes nos colegiados e instncias de deciso.

    So princpios legais que regem a previdncia complementar, entre outros: transparncia para o participante;

    independncia patrimonial entre os planos administrados por uma mesma EFPC.

    De todos os princpios, o nico que est na CF e reiterado na LC 109/01, pautando a aodo Estado, o princpio da transparncia. Como as entidades fechadas so privadas, entende-seque a transparncia deve ser total para o dono dos recursos acumulados no plano de benefcios,isto , o participante e o assistido.

    Este princpio traduzido em normas, inclusive da prpria LC 109/01, que criam obrigaes

    para a entidade fechada no sentido de assegurar a transparncia para o participante:Art. 10. Devero constar dos regulamentos dos planos de benefcios, das propostas de

    inscrio e dos certificados de participantes condies mnimas a serem fixadas pelo rgoregulador e fiscalizador.

    1 A todo pretendente ser disponibilizado, e a todo participante ser entregue, quando desua inscrio no plano de benefcios:

    I certificado onde estaro indicados os requisitos que regulam a admisso e a manutenoda qualidade de participante, bem como os requisitos de elegibilidade e forma de clculo dosbenefcios;

    II cpia do regulamento atualizado do plano de benefcios e material explicativo quedescreva, em linguagem simples e precisa, as caractersticas do plano;

    III (...)IV outros documentos que vierem a ser especificados pelo rgo regulador e fiscalizador. 2 Na divulgao dos planos de benefcios, no podero ser includas informaes

    diferentes das que figurem nos documentos referidos neste artigo.

    Art. 24. A divulgao aos participantes, inclusive aos assistidos, das informaespertinentes aos planos de benefcios dar-se- ao menos uma vez ao ano, na forma, nos prazos epelos meios estabelecidos pelo rgo regulador e fiscalizador.

    Pargrafo nico. As informaes requeridas formalmente pelo participante ou assistido, paradefesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal especfico devero seratendidas pela entidade no prazo estabelecido pelo rgo regulador e fiscalizador.

    Alm das disposies legais, o princpio da transparncia traduzido em outras normas,como os artigos 16 e 17 da Resoluo CGPC n 13, de 01.10.2004, e na Instruo SPC n 7, de10.08.2005.

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    6. O papel do Estado.

    Os estudiosos do Direito Administrativo identificam, com algumas variaes, basicamentequatro modalidades de atividade estatal:

    servio pblico;

    atividade econmica;

    poder de polcia; e

    fomento.

    No campo da previdncia complementar, a atividade do Estado concentra-se no exerccio dopoder de polcia, com alguns aspectos de fomento decorrentes do incentivo criao de planosde previdncia complementar (inclusive por meio de incentivos fiscais).

    O exerccio do poder de polcia se d sobretudo mediante a criao de normas, a

    fiscalizao e a autorizao para a prtica de determinados atos.Estas atividades, no mbito da previdncia complementar operada pelas entidades

    fechadas, esto entregues, pelo menos por enquanto, a dois rgos.

    Cabe lembrar que a LC 109/01, tratando das entidades fechadas de previdnciacomplementar, quase sempre fala de um nico rgo, que desempenharia as funes deregulao e fiscalizao, modelo que aproxima este rgo nico das chamadas agnciasreguladoras (entidades autrquicas, de natureza especial, que deliberam por meio de umadiretoria colegiada). Assim, os artigos 6, 7, 9, 10, 11, 13, 14, 18, 21, 22, 23, 24, 25, entre outros,da LC 109/01, mencionam um rgo regulador e fiscalizador. Da mesma forma o fazem osartigos 6, 7, 11, 15, 24 e 26 da LC 108/01.

    Contudo, h uma exceo na LC 108/01, art. 4, que fala de rgo fiscalizador apenas, eh tambm duas excees na LC 109/01: o art. 74 fala em ...funes do rgo regulador e dorgo fiscalizador..., e o art. 5 da mesma lei complementar menciona ambas as possibilidades(... rgo ou rgos regulador e fiscalizador...), pois como a estrutura de regulao e fiscalizao provisoriamente composta de dois rgos CGPC e SPC e a estrutura definitiva h de serdefinida por lei ordinria, o legislador complementar optou por no fechar questo quanto ao tema,embora tenha usado sobretudo a expresso rgo regulador e fiscalizador, como visto.

    Alm dos dois rgos integrantes da estrutura do Ministrio da Previdncia Social, o 1 doart. 9 da LC 109/01 estabelece que parte da funo reguladora ser exercida pelo ConselhoMonetrio Nacional, rgo colegiado integrante da estrutura do Ministrio da Fazenda.

    Art. 9, 1o A aplicao dos recursos correspondentes s reservas, s provises e aosfundos de que trata o caput ser feita conforme diretrizes estabelecidas pelo Conselho MonetrioNacional.

    No exerccio do poder de polcia e no desenvolvimento das atividades de fomento, a ao doEstado dever levar em conta os objetivos definidos na LC 109/01:

    Art. 3 A ao do Estado ser exercida com o objetivo de:I - formular a poltica de previdncia complementar;II - disciplinar, coordenar e supervisionar as atividades reguladas por esta Lei

    Complementar, compatibilizando-as com as polticas previdenciria e de desenvolvimento social eeconmico-financeiro;

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    III - determinar padres mnimos de segurana econmico-financeira e atuarial, com finsespecficos de preservar a liquidez, a solvncia e o equilbrio dos planos de benefcios,isoladamente, e de cada entidade de previdncia complementar, no conjunto de suas atividades;

    IV - assegurar aos participantes e assistidos o pleno acesso s informaes relativas gesto de seus respectivos planos de benefcios;

    V - fiscalizar as entidades de previdncia complementar, suas operaes e aplicarpenalidades; e

    VI - proteger os interesses dos participantes e assistidos dos planos de benefcios.

    7. O Conselho de Gesto da Previdncia Complementar CGPC.

    Trata-se de um rgo regulador provisrio, nos termos do art. 74 da LC 109/01, at quesobrevenha a lei ordinria de que trata o art. 5 da referida lei complementar.

    Sua composio dada pelo art. 2 do Decreto n. 4.678, de 24 de abril de 2003:

    Art. 2 O CGPC integrado:I - pelo Ministro de Estado da Previdncia Social, que o presidir;II - pelo Secretrio de Previdncia Complementar do Ministrio da Previdncia Social;III - por um representante da Secretaria de Previdncia Social do Ministrio da Previdncia

    Social;IV - por um representante do Ministrio da Fazenda;V - por um representante do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto;VI - por um representante dos patrocinadores e instituidores de entidades fechadas de

    previdncia complementar;VII - por um representante das entidades fechadas de previdncia complementar; eVIII - por um representante dos participantes e assistidos das entidades fechadas de

    previdncia complementar.

    Suas atribuies so dadas pelos Decreto n. 4.678/03. So elas:

    regulao, normatizao e coordenao das atividades das entidades fechadas deprevidncia complementar (art. 1);

    atuao como rgo de carter recursal, cabendo-lhe apreciar e julgar os recursosinterpostos contra decises da Secretaria de Previdncia Complementar (art. 4).

    8. A Secretaria de Previdncia Complementar.Trata-se de um rgo fiscalizador provisrio, nos termos do art. 74 da LC 109/01, at que

    sobrevenha a lei ordinria de que trata o art. 5 da referida lei complementar.

    Sua estrutura organizacional dada pelo Anexo I do Decreto n. 5.755, de 13 de abril de2006, que estabelece a Estrutura Regimental do Ministrio da Previdncia Social.

    A Secretaria de Previdncia Complementar dirigida por um Secretrio, e possui cincodepartamentos.

    Quanto s atribuies da SPC, em diversos dispositivos da LC 109/01 so conferidascompetncias ao rgo regulador e fiscalizador das entidades fechadas de previdncia

    complementar, lembrando que por enquanto as competncias normativas cabem ao CGPC e asexecutivas SPC. O Decreto n. 5.755/06 explicita as competncias da SPC e de seusdepartamentos.

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    Sendo o rgo fiscalizador da previdncia complementar operada pelas entidades fechadas,boa parte do trabalho da SPC est centrado na atividade de fiscalizao.

    Outras importantes atribuies dadas SPC pela lei so as de autorizar previamentedeterminados atos, que dependem da aprovao da SPC para produzir seus efeitos na plenitude.Ao contrrio da maior parte da atividade de fiscalizao, a atividade de autorizao semprerealizada pela SPC a partir de uma solicitao dos interessados, o que sempre gera nos cidados

    solicitantes a expectativa de um atendimento pronto e favorvel ao pedido formulado.Art. 33. Dependero de prvia e expressa autorizao do rgo regulador e fiscalizador:I - a constituio e o funcionamento da entidade fechada, bem como a aplicao dos

    respectivos estatutos, dos regulamentos dos planos de benefcios e suas alteraes;II - as operaes de fuso, ciso, incorporao ou qualquer outra forma de reorganizao

    societria, relativas s entidades fechadas;III - as retiradas de patrocinadores; eIV - as transferncias de patrocnio, de grupo de participantes, de planos e de reservas entre

    entidades fechadas.

    9. As entidades fechadas de previdncia complementar.

    Ao contrrio das entidades abertas, as entidades fechadas de previdncia complementarno tm natureza comercial, e a elas no se deve aplicar o Cdigo de Defesa do Consumidor (adespeito do afirmado em jurisprudncia contrria). Quanto forma jurdica, as entidades fechadasde previdncia complementar so necessariamente organizadas sob a forma de fundao(privada) ou sociedade civil, sem fins lucrativos (LC 109/01, art. 31, 1, e LC108/01, art. 9,pargrafo nico).

    Entretanto esta disposio gera dificuldades em relao ao Cdigo Civil brasileiro que entrouem vigor em 2002. De fato, segundo o Cdigo Civil, as fundaes so destinadas a determinadas

    finalidades, dentre as quais no se inclui a de operar planos de previdncia; e as sociedades civisno so mais previstas. Quanto s figuras previstas no novo Cdigo Civil (sociedade, associao),no so adequadas ao desempenho da atividade de operar planos de benefcios.

    A rigor, fundao sempre foi uma figura jurdica inadequada para as entidades fechadas deprevidncia complementar, porque a fundao um patrimnio afetado a um determinado fim,mas as entidades de previdncia complementar nascem sem qualquer patrimnio, eposteriormente acumulam capitais em planos de benefcios de que so meras administradoras,jamais se tornando, portanto, a personificao de um patrimnio afetado a um determinado fim.

    Quanto s sociedades civis, no existem mais no Cdigo Civil, e as figuras que vieram parasubstitui-las no servem para as entidades fechadas. As sociedades tm fim econmico, e asassociaes tm como rgo mximo a assemblia geral.

    A portaria SPC n. 2, de 08 de janeiro de 2004, dispensou as EFPCs ento existentes defazerem a adaptao ao novo Cdigo Civil. Quanto s entidades fechadas de previdnciacomplementar criadas a partir da promulgao do novo Cdigo Civil, tm adotado a forma defundao de direito privado.

    Quanto ao seu objeto, as entidades fechadas de previdncia complementar se destinam instituir planos de benefcios de natureza previdenciria e oper-los. Excepcionalmente podemprestar servios assistenciais sade, sendo-lhes vedado, contudo, prestar quaisquer outrosservios que no estejam no mbito de seu objeto.

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    LC 109/01:

    Art. 6 As entidades de previdncia complementar somente podero instituir e operarplanos de benefcios para os quais tenham autorizao especfica...

    Art. 32. As entidades fechadas tm como objeto a administrao e execuo de planos debenefcios de natureza previdenciria.

    Pargrafo nico. vedado s entidades fechadas a prestao de quaisquer servios queno estejam no mbito de seu objeto, observado o disposto no art. 76.

    Art. 76. As entidades fechadas que, na data da publicao desta Lei Complementar,prestarem a seus participantes e assistidos servios assistenciais sade podero continuar afaz-lo, desde que seja estabelecido um custeio especfico para os planos assistenciais e que suacontabilizao e o seu patrimnio sejam mantidos em separado em relao ao planoprevidencirio.

    1. Os programas assistenciais de natureza financeira devero ser extintos a partir da datade publicao desta Lei Complementar, permanecendo em vigncia, at o seu termo, apenas oscompromissos j firmados.

    2. Consideram-se programas assistenciais de natureza financeira, para os efeitos destaLei Complementar, aqueles em que o rendimento situa-se abaixo da taxa mnima atuarial dorespectivo plano de benefcios.

    LC 108/01:

    Art. 8 A administrao e execuo dos planos de benefcios compete s entidadesfechadas de previdncia complementar mencionadas no art. 1 desta Lei Complementar.

    Alm das restries genricas acima referidas, as entidades de previdncia complementarencontram vedao especfica para realizar operaes comerciais e financeiras com

    determinadas pessoas (LC 109/01, art. 71, observada a ressalva de seu pargrafo nico).O art. 34 da LC 109/01 traz alguns critrios para classificao das entidades fechadas de

    previdncia complementar:

    de acordo com os planos que administram: de plano comum multiplano

    de acordo com seus patrocinadores ou instituidores singulares multipatrocinadas

    10. Os patrocinadores.

    Os patrocinadores so:

    a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, inclusive suas autarquias,fundaes, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ouindiretamente pelo poder pblico (CF, art. 202, 4, e LC 108/01, art. 1);

    a empresa ou grupo de empresas (LC 109/01, art. 31, I).

    Os patrocinadores so, portanto, pessoas jurdicas de direito privado ou de direito pblicoque decidem oferecer um plano de previdncia para seus empregados ou servidores.

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    Alm das obrigaes decorrentes do contrato firmado com a entidade fechada deprevidncia complementar, o patrocinador tem diversos deveres decorrentes da legislao. Umdeles o de fiscalizar a entidade que administra o plano que ele patrocina (artigo 25 da LC108/01 e art. 41, 2 da LC 109/01). No caso do patrocinador de plano regido pela LC 108/01, oresultado da fiscalizao deve ser remetido ao rgo fiscalizador.

    Tambm cabe ao patrocinador custear o plano de benefcios, sozinho ou em concurso com

    os participantes (e eventualmente os assistidos). Quando apenas o patrocinador contribui para oplano de previdncia, ele chamado de plano no contributivo; quando h contribuies dopatrocinador e dos participantes, o plano dito contributivo.

    O patrocinador deve firmar o convnio de adeso com a entidade administradora do planode benefcios. Tanto pode faz-lo em relao a plano preexistente quanto pode firmar convnio deadeso a plano criado especialmente para ele, por sua iniciativa.

    As entidades fechadas tambm podem ser patrocinadoras de planos de benefcios paraseus empregados, e neste caso, firmaro termo de adeso em que sero estabelecidas suasobrigaes enquanto patrocinadora e enquanto administradora do plano de previdncia.

    11. Os instituidores.

    Os instituidores so as pessoas jurdicas de carter profissional, classista ou setorial (LC109/01, art. 31, II).

    A Resoluo CGPC n. 12, de 17.09.2002, no pargrafo nico do art. 2, estabelece que:

    Podero ser Instituidores:I os conselhos profissionais e entidades de classe nos quais seja necessrio o registro

    para o exerccio da profisso;II os sindicatos, as centrais sindicais e as respectivas federaes e confederaes;

    III as cooperativas que congreguem membros de categorias ou classes de profissesregulamentadas;IV as associaes profissionais, legalmente constitudas;V outras pessoas jurdicas de carter profissional, classista ou setorial, no previstas nos

    incisos anteriores, desde que autorizadas pelo rgo fiscalizador.

    As entidades fechadas constitudas por instituidores devero, cumulativamente (LC 109/01,art. 31, 2):

    Terceirizar a gesto dos recursos garantidores das reservas tcnicas e provisesmediante a contratao de instituio especializada autorizada a funcionar pelo Banco

    Central do Brasil ou outro rgo competente; Ofertar exclusivamente planos de benefcios na modalidade contribuio definida.

    O patrimnio dos planos de benefcios constitudos por instituidor dever, obrigatoriamente,estar segregado dos patrimnios do instituidor e do gestor dos recursos garantidores, que ainstituio especializada na gesto de recursos de terceiros autorizada a funcionar pelo BancoCentral do Brasil ou outro rgo competente (Resoluo CGPC n. 12, de 17.09.2002, art. 3, 2 a 4).

    Atualmente (setembro/2006) alguns instituidores de planos de previdncia j aprovados pelaSPC so:

    Unicred Central de Santa Catarina

    Associao dos Advogados de So Paulo

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    OAB (Seccionais de MG, SC, SP, PR)

    Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul

    Associao Comercial do Paran

    Fora Sindical

    Federao do Comrcio do Estado de So Paulo - Fecomrcio

    12. Os participantes e os assistidos.

    A LC 109/01, em seu art. 8 define o participante como a pessoa fsica que aderir ao planode benefcios (inciso I), e o assistido como o participante ou seu beneficirio em gozo debenefcio de prestao continuada (inciso II). Portanto, em princpio nem todo assistido foi ou participante; ele pode ter sido, de incio, mero beneficirio indicado por participante, alcanando acondio de assistido a partir de um evento previsto em regulamento (por exemplo, a morte doparticipante).

    Mas alguns dispositivos legais, como o art. 20, 3 e o art. 24 da LC 109/01, por exemplo,falam de participantes, inclusive os assistidos, colocando participante como gnero, que se divideem duas espcies: o participante propriamente dito (ativo) e o participante em gozo de benefciode prestao continuada (assistido).

    Assim, a terminologia empregada pela LC 109/01 se presta a alguma confuso. Porexemplo, o art. 24, ao tratar da divulgao aos participantes, inclusive aos assistidos, dasinformaes pertinentes aos planos de benefcios

    Para evitar a confuso no uso do termo, quando se quer designar apenas o participante queno est em gozo de benefcio de prestao continuada, muitas vezes usa-se participante ativo.

    Pblico Privado

    Participantes 618.344 1.160.879 470 1.779.693

    Assistidos 236.393 185.738 - 422.131

    Beneficirios depenso

    99.974 53.278 - 153.252

    Designados (**) 1.825.732 2.337.109 940 4.163.781

    TOTAL 2.780.443 3.737.004 1.410 6.518.857

    (*) em dezembro / 2004

    (**) Designado: pessoa indicada pelo participante ou assistido, que poder ter direito a benefcios, de acordo com as regras previstas noregulamento do plano de benefcios

    QUADRO 2 - Participantes, assistidos e designados, segundo o tipo de patrocinador ou instituidor

    POPULAO DOS PLANOS OPERADOS POR EFPCs (*)

    PatrocnioTOTALInstituidor

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    DADOS GERAIS DO SISTEMA (set-06)

    mais de 360 entidades fechadas de previdnciacomplementar

    mais de 900 planos de benefcios (multiplano) cerca de 2000 empresas patrocinadoras (multipatrocnio) R$ 329 bilhes de ativos garantidores de benefcios cerca de 1,8 milho de participantes ativos cerca de 580 mil assistidos e beneficirios cerca de 4,1 milhes de beneficirios indicados totalizando cerca de 6,5 milhes de pessoas protegidas

    13. As relaes jurdicas no mbito da previdncia complementar.

    As referncias que a CF faz, em seu art. 202, a benefcio contratado (caput), ao carterfacultativo do regime de previdncia complementar (caput) e s condies contratuais ( 2), nodeixam dvidas quanto natureza contratual das relaes constitudas no mbito da previdnciacomplementar.

    Toda contrato se d entre pessoas (fsicas ou jurdicas), que so os sujeitos ou partescontratantes. Todo contrato estabelece ainda obrigaes para pelo menos uma das partes, e este seu objeto. Os contratos tm tambm, necessariamente, uma forma jurdica, que pode ser maisou menos solene, dependendo da natureza do contrato e do grau de formalizao que a lei exige

    para seu aperfeioamento. Assim, h contratos que se aperfeioam por simples manifestaoverbal (compra e venda de coisa mvel de pequeno valor), que exigem instrumento escrito(contrato social de empresa), e aqueles que exigem escritura pblica (compra e venda de imvel).

    Neste sentido, a constituio das principais relaes jurdicas no mbito da previdnciacomplementar dependem basicamente de quatro contratos, que exigem forma escrita,consubstanciados nos seguintes instrumentos contratuais:

    o estatuto da entidade fechada de previdncia complementar;

    o regulamento do plano de benefcios;

    o convnio de adeso; e

    a inscrio do participante.

    14. O estatuto das entidades fechadas.

    O estatuto o principal instrumento contratual que disciplina a vida da entidade fechada deprevidncia complementar.

    Quanto s suas clusulas principais, a Resoluo CGPC n. 08, de 19.02.2004, prev ocontedo mnimo de um estatuto de entidade fechada de previdncia complementar:

    Art. 2o

    . O estatuto das entidades fechadas de previdncia complementar dever disporsobre:

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    I denominao, sede e foro;II objeto da entidade;III prazo de durao, que dever ser indeterminado;IV indicao das pessoas fsicas ou jurdicas que, na qualidade de participante, assistido,

    patrocinador ou instituidor, podem se vincular a plano de benefcios administrado pela entidade;V estrutura organizacional rgos e suas atribuies, composio, forma de acesso,

    durao e trmino do mandato dos seus membros. 1 O estatuto da entidade fechada de previdncia complementar dever observar a

    terminologia constante da Lei Complementar n 109, de 2001, e, no que couber, da LeiComplementar n 108, de 2001.

    2 O estatuto no dever dispor sobre matria especfica de regulamento de plano debenefcios.

    Quanto ao registro, os estatutos das entidades fechadas sero aprovados na assemblia deconstituio, aprovados tambm pela SPC e registrados no cartrio competente para o registrodas pessoas jurdicas (conforme a Lei n. 6.015/73 Lei de Registros Pblicos). Da mesma forma,as alteraes estatutrias sero aprovadas dentro da entidade fechada de previdncia

    complementar pelo seu conselho deliberativo (e, eventualmente, por outros rgos internosprevistos no estatuto) e pela SPC, e sero registrados no cartrio do registro civil competente.

    Quanto aos rgos estatutrios, os principais so o Conselho Deliberativo, o ConselhoFiscal e a Diretoria Executiva da entidade fechada de previdncia complementar. A LC 108/01determina taxativamente que estes trs so os rgos estatutrios (art. 9), enquanto que a LC109/01 (art. 35, caput) diz que estes trs rgos devem estar presentes, mas eles compem aestrutura mnima da entidade, que pode ser complementada por outros rgos previstos noestatuto.

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    Quadro 3 Comparativo entre governana das EFPCs regidas apenas pela LC 109/01 e das EFPCs regidas pelas LC 108 e109/01.

    CARACTERSTICAS PRINCIPAIS DOS RGOS ESTATUTRIOS

    Caractersticas LC 109/01 LC 108/01

    Membros estatuto (Res CGPC n 13/04) no mximo 6

    Requisitos mnimos Art. 35, 3 Art. 20, I a III

    Representao dosparticipantes / assistidos

    no mnimo 1/3 metade (*)

    Modo de escolha estatuto (Res CGPC n 13/04)

    Representantes dos patrocinadoresou instituidores: indicao.

    Representantes dos participantes:eleio direta

    Mandato estatuto (Res CGPC n 13/04) 4 anos, uma reconduo

    Competncia estatuto (Res CGPC n 13/04)

    rgo mximo da estruturaorganizacional, responsvel pela

    definio da poltica geral de

    administrao da EFPC

    ConselhoDeliberativo

    Referncia legal Art. 35 Artigos 10 a 13

    Membros estatuto (Res CGPC n 13/04) no mximo 4

    Requisitos mnimos Art. 35, 3 Art. 20, I a III

    Representao dosparticipantes / assistidos

    no mnimo 1/3 metade (**)

    Modo de escolha estatuto (Res CGPC n 13/04)

    Representantes dos patrocinadoresou instituidores: indicao.

    Representantes dos participantes:eleio direta

    Mandato estatuto (Res CGPC n 13/04) 4 anos, vedada a reconduo

    Competncia estatuto (Res CGPC n 13/04) rgo de controle interno da EFPC

    ConselhoFiscal

    Referncia legal Art. 35 Artigos 14 a 16

    Membros estatuto (Res CGPC n 13/04) no mximo 6

    Requisitos mnimos Art. 35, 3 e 4 Art. 20, I a IV

    Representao dosparticipantes / assistidos

    - -

    Modo de escolha estatuto (Res CGPC n 13/04) conforme estatuto

    Mandato estatuto (Res CGPC n 13/04) conforme estatuto

    Competncia estatuto (Res CGPC n 13/04)

    rgo responsvel pelaadministrao da EFPC, conformea poltica traada pelo Conselho

    DeliberativoDiretoriaExecutiva

    Referncia legal Art. 35 Art. 19 a 23

    Outros

    rgos

    estatutrios

    Algumas EFPCs incluem:assemblia de patrocinadores,

    comit gestor por plano debenefcios, diretor por plano de

    benefcios

    No pode

    (*) Presidente escolhido entre representantes dos patrocinadores, com voto de qualidade(**) Presidente escolhido dentre representantes dos participates e assistidos, com voto de qualidade

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    Nos termos dos 5 e 6 do art. 35 da LC 109/01, e do art. 22 da LC 108/01, a entidadefechada de previdncia complementar informar ao rgo regulador e fiscalizador (SPC) quem oresponsvel pelas aplicaes dos recursos da entidade, escolhido entre os membros dadiretoria-executiva. Os demais membros da diretoria-executiva respondero pelos danos e

    prejuzos causados entidade para os quais tenham concorrido, solidariamente com o dirigenteresponsvel pelas aplicaes dos recursos.

    No caso de diretores de entidades fechadas de previdncia complementar regidas pela LC108/01, h previso de uma quarentena aps o exerccio do cargo, conforme estabelece o art. 23da citada lei.

    15. O regulamento do plano de benefcios.

    De incio preciso ressaltar que a revogada Lei 6.435/77 dava toda nfase para a entidadefechada de previdncia complementar. As entidades operavam um nico plano de benefcios, demodo que plano e entidade praticamente se confundiam.

    Com a evoluo do sistema de previdncia complementar, ganhou relevo a figura daentidade com multiplano, isto , a entidade que administra vrios planos de benefcios, cada umdos quais tem patrocinadores e participantes que no guardam qualquer relao com ospatrocinadores e participantes dos demais planos.

    Por conta deste fenmeno, o art. 202 da CF, com a redao que lhe foi dada pela EC n.20/98, e a legislao da previdncia complementar de 2001, em diversas passagens fazemreferncia e do nfase ao plano de benefcios. No entanto, h uma certa dualidade na

    legislao, que ainda faz vrias referncias entidade.De qualquer modo, e a ttulo de exemplo, observem-se os seguintes dispositivos normativos,

    que mencionam expressamente o plano de benefcios: CF, art. 202, 1 e 2, LC 109/01, artigos12, 13, 18, 2 e 3, 20,21, 22, 23, 24, 25, 32, e ainda LC 108/01, artigos 4 e 6. Dentre estasdiversas referncias, e outras que constam das leis complementares, destacam-se, por suaimportncia, os artigos 13, 22 e 34, I, b da LC 109/01:

    Art. 13. A formalizao da condio de patrocinador ou instituidor de plano de benefcio dar-se- mediante convnio de adeso a ser celebrado entre o patrocinador ou instituidor e a entidadefechada, em relao a cada plano de benefcios por esta administrado e executado, (...).

    Art. 22. Ao final de cada exerccio, coincidente com o ano civil, as entidades fechadasdevero levantar as demonstraes contbeis e as avaliaes atuariais de cada plano debenefcios, por pessoa jurdica ou profissional legalmente habilitado, devendo os resultados serencaminhados rgo regulador e fiscalizador e divulgados aos participantes e assistidos.

    Art. 34. As entidades fechadas podem ser qualificadas da seguinte forma, alm de outrasque possam ser definidas pelo rgo regulador e fiscalizador:

    I de acordo com os planos que administram:(...)b) com multiplano, quando administram plano ou conjunto de planos de benefcios para

    diversos grupos de participantes, com independncia patrimonial;(...)

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    Dando cumprimento a estes e outros dispositivos, a Resoluo CGPC n. 14, de 01.10.2004criou o Cadastro Nacional de Planos de Benefcios das Entidades Fechadas de PrevidnciaComplementar CNPB, atribuindo a cada plano um nmero identificador. Esta resoluo, em seuart. 3, estabelece:

    Art. 3 Cada plano de benefcios possui independncia patrimonial em relao aos demaisplanos de benefcios, bem como identidade prpria quanto aos aspectos regulamentares,

    cadastrais, atuariais, contbeis e de investimentos. 1 Os recursos de um plano de benefcios no respondem por obrigaes de outro plano

    de benefcios operado pela mesma EFPC. 2 Admitir-se- solidariedade entre patrocinadores ou entre instituidores com relao aos

    respectivos planos de benefcios, desde que expressamente prevista no convnio de adeso.

    A LC 109/01, em seu art. 7, pargrafo nico, trata da classificao dos planos debenefcios em algumas modalidades, a saber:

    benefcio definido

    contribuio definida

    contribuio varivel

    outras modalidades

    Quanto s clusulas principais do regulamento, a Resoluo CGPC n. 08, de 19.02.2004,estabelece o que dever necessariamente constar de um regulamento de plano de benefcios decarter previdencirio operado por entidade fechada de previdncia complementar:

    Art. 4 O regulamento do plano de benefcios de carter previdencirio dever dispor sobre:I glossrio;II nome do plano de benefcios;III participantes e assistidos e condies de admisso e sada;

    IV benefcios e seus requisitos para elegibilidade;V base e formas de clculo, de pagamento e de atualizao dos benefcios;VI data de pagamento dos benefcios;VII institutos do benefcio proporcional diferido, da portabilidade, do resgate e do

    autopatrocnio;VIII fontes de custeio dos benefcios e das despesas administrativas;IX data certa dos repasses das contribuies e clusula penal na hiptese de atraso. 1 Os institutos referidos no inciso VII devero estar disciplinados em captulo especfico

    do regulamento, cada instituto em uma seo, e uma seo para as disposies comuns a todosos institutos.

    2 O regulamento do plano de benefciosnao dever dispor sobre matria estatutria,emprstimos e financiamentos a participantes e assistidos, planos assistenciais a sade e outras

    matrias no relacionadas a plano de benefcios. 3 O regulamento do plano de benefcios dever observar a terminologia constante da LeiComplementar n 109, de 2001, e, no que couber, da Lei Complementar n 108, de 2001.

    Art. 11. O disposto no inciso I do caput do art. 4 e no 1 do mesmo artigo destaResoluo aplica-se somente aos regulamentos de novos planos cuja aprovao tenha sidorequerida Secretaria de Previdncia Complementar na vigncia desta Resoluo.

    O glossrio contm os principais termos utilizados no corpo do regulamento. Cadaregulamento tem autonomia para estabelecer o significado de termos como participante,assistido, benefcio de aposentadoria, entre outros. Algumas associaes e organizaes

    multilaterais tm procurado contribuir para a padronizao do contedo de certos termos, por meioda elaborao de glossrios. Trata-se de um esforo que pode ser considerado mundial. H

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    glossrios elaborados, por exemplo, no Brasil, pelo Instituto Brasileiro de Aturia IBA e pelaAssociao das Entidades Fechadas de Previdncia Complementar ABRAPP, e no planointernacional, pela Organizao de Cooperao para o Desenvolvimento Econmico OCDE.

    O nome do plano busca identific-lo e individualiz-lo. Antes da criao do CadastroNacional de Planos de Benefcios CNPB, a denominao era mais importante. Hoje a refernciapara identificao do plano perante o rgo fiscalizador, como visto acima, o nmero de

    inscrio no CNPB.Quanto aos participantes e assistidos, e s condies para sua admisso e sada do plano

    de benefcios, so disposies contratuais absolutamente fundamentais. No que diz respeito admisso, viu-se acima que o plano deve ser oferecido a todos, mas so admissveiscondicionantes quando do ingresso tardio de participante, tais como, nos planos que prevejambenefcios definidos, a realizao de exames mdicos e o pagamento de jia. Em relao sada dos participantes, so hipteses normalmente previstas a morte e o cancelamento deinscrio, inclusive por inadimplemento no pagamento das contribuies. Este tema tem relaocom a portabilidade e o resgate, tratados abaixo (item 23).

    Quanto aos benefcios, h diversas modalidades:

    benefcios no programveis e continuados, como a aposentadoria por invalidez e apenso por morte de participante, a ser paga a seus dependentes;

    benefcio de pagamento nico, programvel ou no programvel, como o peclio porsobrevivncia, pagvel na data da aposentadoria por idade, peclio por tempo de servio(benefcios programveis de pagamento nico), e os peclios por invalidez ou por mortede participantes (benefcios no programveis e de pagamento nico).

    Quanto aos requisitos para elegibilidade aos benefcios, os mais comuns so tempovinculao ao plano de benefcios, tempo de vnculo empregatcio com o patrocinador, idade,concesso de benefcio pelo regime geral.

    H exigncias especficas para os planos regidos pela LC 108/01, conforme consta do art. 3

    desta norma: Carncia mnima de sessenta contribuies mensais a plano de benefcios e

    cessao do vnculo com o patrocinador, para se tornar elegvel a um benefcio deprestao que seja programada e continuada;

    Concesso de benefcio pelo regime de previdncia ao qual o participante estejafiliado por intermdio de seu patrocinador, quando se tratar de plano na modalidadebenefcio definido institudo aps 30.05.2001. Ao contrrio do que ocorre com osparticipantes de planos regidos pela LC 109/01, neste caso exige-se a concesso debenefcios pela previdncia oficial como condicionante para percepo do benefciopago pela entidade fechada de previdncia complementar.

    Em relao atualizao dos benefcios, esta pode estar vinculada a um ndice de preos(IGP, IGPM, IPCA etc.), variao do valor do patrimnio acumulado na conta individual doparticipante (plano da modalidade CD) etc.

    H disposio especfica no pargrafo nico do art. 3 da LC 108/01, aplicvel aosbenefcios de planos regidos por esta lei: Os reajustes dos benefcios em manuteno seroefetuados de acordo com critrios estabelecidos nos regulamentos dos planos de benefcios,vedado o repasse de ganhos de produtividade, abono e vantagens de qualquer natureza para taisbenefcios.

    A legislao da previdncia complementar de 2001, alm de manter os institutos jtradicionais do resgate e do autopatrocnio, tornou obrigatrio e disciplinou o instituto do benefcioproporcional diferido (que alguns regulamentos j adotavam) e criou o instituto da portabilidade.

    Benefcio proporcional diferido

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    Benefcio proporcional diferido, em razo da cessao do vnculo empregatciocom o patrocinador ou associativo com o instituidor antes da aquisio dodireito ao benefcio pleno, a ser concedido quando cumpridos os requisitos deelegibilidade.

    Portabilidade

    Portabilidade do direito acumulado pelo participante para outro plano.

    O direito acumulado corresponde s reservas constitudas peloparticipante ou reserva matemtica, o que lhe for mais favorvel.

    No ser admitida a portabilidade na inexistncia de cessao dovnculo empregatcio do participante com o patrocinador.

    A portabilidade dos recursos para entidade aberta, somente seradmitida quando a integralidade dos recursos financeiroscorrespondentes ao direito acumulado do participante for utilizadapara a contratao de renda mensal vitalcia ou por prazodeterminado, cujo prazo mnimo no poder ser inferior ao perodo

    em que a respectiva reserva foi constituda, limitado ao mnimo dequinze anos.

    A portabilidade no caracteriza resgate.

    vedado que os recursos financeiros correspondentes transitempelos participantes dos planos de benefcios, sob qualquer forma.

    Sobre a portabilidade de recursos de reservas tcnicas, fundos eprovises entre planos de benefcios de entidades de previdnciacomplementar, titulados pelo mesmo participante, no incidemtributao e contribuies de qualquer natureza.

    Resgate

    Resgate da totalidade das contribuies vertidas ao plano pelo participante,descontada as parcelas do custeio administrativo, na forma regulamentada.

    Autopatrocinio

    Faculdade de o participante manter o valor de sua contribuio e a dopatrocinador, no caso de perda parcial ou total da remunerao recebida, paraassegurar a percepo dos benefcios nos nveis correspondentes quelaremunerao ou em outros definidos em normas regulamentares. O texto sobgrifos pode ser traduzido como autopatrocnio, situao que ocorre quando oparticipante cessa o vnculo empregatcio com o patrocinador, mas no sedesliga da EFPC pagando assim, sozinho, as contribuies parte participante

    e parte patrocinador para formar a sua reserva garantidora do benefcio.Tambm utilizada a nomenclatura autofinanciado.

    Quanto s fontes de custeio dos benefcios e das despesas administrativas, observa-seque so sempre oriundas de contribuies, direta ou indiretamente (caso da rentabilidade dosrecursos j acumulados no plano de benefcios).

    De acordo com a LC 109/01, art. 19, as contribuies para o plano de benefcios, destinadas constituio de reservas tero como finalidade prover o pagamento de benefcios de carterprevidencirio. Este artigo oferece uma classificao das contribuies:

    Normais: aquelas destinadas ao custeio dos benefcios previstos no respectivoplano.

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    Extraordinrias: aquelas destinadas ao custeio de dficits, servio passado eoutras finalidades no includas na contribuio normal.

    Observe-se, porm, que a LC 108/01 contrape, s contribuies normais, aquelas quevenham a constituir aporte de recursos pelos participantes, a ttulo de contribuio facultativa,sem contrapartida do patrocinador (art. 6, 2).

    Ainda com relao s contribuies, h regras especficas para os planos regidos pela LC108/01, nos termos dos artigos 5o a 7o da citada lei complementar:

    vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, suasautarquias, fundaes, empresas pblicas, sociedades de economia mista e outrasentidades pblicas o aporte de recursos a entidades de previdncia privada decarter complementar, salvo na condio de patrocinador.

    O custeio dos planos de benefcios ser responsabilidade do patrocinador e dosparticipantes, inclusive assistidos, (art. 6, caput), no sendo admissvel o plano nocontributivo;

    vedado ao patrocinador assumir encargos adicionais para o financiamento dosplanos de benefcios, alm daqueles previstos nos respectivos planos de custeio.

    A despesa administrativa da entidade de previdncia complementar ser custeadapelo patrocinador e pelos participantes e assistidos, atendendo a limites e critriosestabelecidos pelo rgo regulador e fiscalizador.

    facultada aos patrocinadores a cesso de pessoal s entidades de previdnciacomplementar que patrocinam, desde que ressarcidos os custos correspondentes.

    Outro aspecto relevante o que diz respeito viabilidade para existncia de um plano deprevidncia. Cabe ao rgo regulador e fiscalizador estabelecer, dentre outros requisitos, onmero mnimo de participantes admitido para cada modalidade de plano de benefcio (LC109/01, art. 13, 2). Este nmero mnimo, no caso dos planos de instituidor, foi regulamentado

    pelos 2 e 3 do art. 6 da Resoluo CGPC n. 12, de 17.09.2002.Em razo das mudanas nas situaes de fato as relaes de previdncia complementar

    so de longussimo prazo, no raro durando, do ingresso do participante no plano at o bito dopensionista, mais de cinqenta anos no razovel que o regulamento de um plano deprevidncia seja imutvel. Por isto, a lei faculta a alterao dos regulamentos, que depende daprvia e expressa aprovao do rgo fiscalizador, nos termos do art. 33 da LC 109/01.

    A questo da alterao dos regulamentos traz baila dois temas de fundamentalimportncia nas relao de longo prazo que marcam a previdncia complementar. Trata-se daquesto dos direitos adquiridos e do direito acumulado. O primeiro conceito comum adiversos ramos do Direito, e inclusive tem proteo constitucional (CF, art. 5, XXXVI) e definiolegal (Lei de Introduo ao Cdigo Civil, art. 6). J o conceito de direito acumulado exclusivo da

    LC 109/01, no sendo conhecido em outras normas ou ramos do Direito.Quanto aos direitos adquiridos, h duas referncias na LC 109/01 que contemplam o

    ingresso de um direito no patrimnio do participante, no podendo mais ser afetado por alteraeslegais ou regulamentares posteriores.

    Art. 17, pargrafo nico. Ao participante que tenha cumprido os requisitos para obtrenodos benefcios previstos no plano assegurada a aplicao das disposies regulamentaresvigentes na data em que se tornou elegvel a um benefcio de aposentadoria.

    Art. 68, 1 Os benefcios sero considerados direito adquirido do participante quandoimplementadas todas as condies estabelecidas para elegibilidade consignadas no regulamentodo respectivo plano.

    O direito acumulado, por sua vez, referido (mas no conceituado) em duas outraspassagens da LC 109/01.

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    Art. 17. As alteraes processadas nos regulamentos dos planos de benefcios aplicam-se atodos os participantes das entidades fechadas, a partir de sua aprovao pelo rgo regulador efiscalizador, observado o direito acumulado de cada participante.

    Art. 15, pargrafo nico. O direito acumulado corresponde s reservas constitudas peloparticipante ou reserva matemtica, o que lhe for mais favorvel.

    Observe-se que a disposio do pargrafo nico do art. 15 est inserida em um artigo quetrata de portabilidade, razo pela qual possvel sustentar que se trata de um alcance daexpresso direito acumulado apenas para fins de portabilidade. H quem sustente, porm, queeste o alcance da expresso para todas as finalidades.

    Embora formalmente no faam parte do regulamento, h dois outros instrumentos defundamental importncia para o funcionamento do plano de benefcios: o plano de custeio e aavaliao atuarial.

    O plano de custeio disciplinado pelo art. 18 da LC 109/01, que determina que ele serelaborado com periodicidade mnima anual, e estabelecer o nvel de contribuio necessrio constituio das reservas garantidoras de benefcios, fundos, provises e cobertura das demaisdespesas, em conformidade com os critrios estabelecidos pelo rgo regulador e fiscalizador.

    Alm disso, as reservas tcnicas, provises e fundos de cada plano de benefcios e osexigveis a qualquer ttulo devero atender permanentemente cobertura integral doscompromissos assumidos pelo plano de benefcios, ressalvadas excepcionalidades definidas pelorgo regulador e fiscalizador.

    Em funo desta disposio, que exige o permanente equilbrio, coloca-se a questo dotratamento que deve ser dados ao plano de benefcios quando houver supervit ou dficit.

    De incio cabe ressaltar que planos de benefcios da modalidade contribuio definida, queno contm qualquer elemento de mutualismo, no esto sujeitos a dficit ou supervit. Todos osresultados do plano no exerccio, sejam positivos ou negativos, so apropriados pelas contasindividuais dos participantes.

    Quanto aos planos BD ou CV, aplicam-se as disposies dos artigos 20 e 21 da LC 109/01:

    Art. 20. O resultado superavitrio dos planos de benefcios das entidades fechadas, ao finaldo exerccio, satisfeitas as exigncias regulamentares relativas aos mencionados planos, serdestinado constituio de reserva de contingncia, para garantia de benefcios, at o limite devinte e cinco por cento do valor das reservas matemticas.

    1o Constituda a reserva de contingncia, com os valores excedentes ser constitudareserva especial para reviso do plano de benefcios.

    2o A no utilizao da reserva especial por trs exerccios consecutivos determinar areviso obrigatria do plano de benefcios da entidade.

    3o

    Se a reviso do plano de benefcios implicar reduo de contribuies, dever serlevada em considerao a proporo existente entre as contribuies dos patrocinadores e dosparticipantes, inclusive dos assistidos.

    Art. 21. O resultado deficitrio nos planos ou nas entidades fechadas ser equacionado porpatrocinadores, participantes e assistidos, na proporo existente entre as suas contribuies,sem prejuzo de ao regressiva contra dirigentes ou terceiros que deram causa a dano ouprejuzo entidade de previdncia complementar.

    1o O equacionamento referido no caput poder ser feito, dentre outras formas, por meio doaumento do valor das contribuies, instituio de contribuio adicional ou reduo do valor dosbenefcios a conceder, observadas as normas estabelecidas pelo rgo regulador e fiscalizador.

    2o A reduo dos valores dos benefcios no se aplica aos assistidos, sendo cabvel,

    nesse caso, a instituio de contribuio adicional para cobertura do acrscimo ocorrido em razoda reviso do plano.

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    3o Na hiptese de retorno entidade dos recursos equivalentes ao dficit previsto no caputdeste artigo, em conseqncia de apurao de responsabilidade mediante ao judicial ouadministrativa, os respectivos valores devero ser aplicados necessariamente na reduoproporcional das contribuies devidas ao plano ou em melhoria dos benefcios.

    O segundo instrumento que, embora no integrando o regulamento, fundamental para oplano de benefcios, a avaliao atuarial, cujo conceito dado pela Resoluo CGPC n 11, de21.08.2002: 9.2. Entende-se por avaliao atuarial o estudo tcnico desenvolvido por aturio, quedever ter registro junto ao Instituto Brasileiro de Aturia. Este estudo ter por base a massa departicipantes, de assistidos e de beneficirios, admitidas hipteses biomtricas, demogrficas,econmicas e financeiras, e ser realizado com o objetivo principal de dimensionar oscompromissos do plano de benefcios e estabelecer o plano de custeio de forma a manter oequilbrio e a solvncia atuarial, bem como o montante das reservas matemticas e fundosprevidenciais. A avaliao atuarial fornece os elementos para a elaborao do plano de custeio, eserve de base para o preenchimento do DRAA Demonstrativo dos Resultados da AvaliaoAtuarial, de que trata a Portaria SPC n 140, de 13.10.1995.

    16. O convnio de adeso e o termo de adeso .

    O convnio de adeso o instrumento contratual que vincula um patrocinador ou instituidora um plano de benefcios administrado por entidade fechada de previdncia complementar. Tanto possvel celebrar o convnio de adeso a um plano j existente, e que j conta com outrospatrocinadores ou instituidores, quanto possvel celebrar convnio de adeso a plano recmcriado, e que ainda no tem participantes inscritos e nem outros patrocinadores ou instituidores.

    J o termo de adeso o instrumento que disciplina as obrigaes da entidade fechada quequiser patrocinar plano de benefcios para seus prprios empregados.

    O convnio de adeso previsto no art. 13, caputda LC 109/01:

    Art. 13. A formalizao da condio de patrocinador ou instituidor de plano de benefcio dar-se- mediante convnio de adeso a ser celebrado entre o patrocinador ou instituidor e a entidadefechada, em relao a cada plano de benefcios por esta administrado e executado, medianteprvia autorizao do rgo regulador e fiscalizador, conforme regulamentao do PoderExecutivo.

    A regulamentao deste dispositivo coube ao art. 61 do Decreto n. 4.942/03. Seu caputpraticamente repete o caputdo art. 13 da LC 109/01, com aprimoramentos redacionais, e seuspargrafos acrescentam disposies regulamentadoras:

    1 O convnio de adeso o instrumento por meio do qual as partes pactuam suasobrigaes e direitos para administrao e execuo de plano de benefcios.

    2 O Conselho de Gesto da Previdncia Complementar estabelecer as clusulasmnimas do convnio de adeso.

    3 A entidade fechada de previdncia complementar, quando admitida na condio depatrocinador de plano de benefcios para seus empregados, dever submeter previamente Secretaria de Previdncia Complementar termo prprio de adeso a um dos planos queadministra, observado o estabelecido pelo Conselho de Gesto da Previdncia Complementar.

    Quanto s suas clusulas principais, a Resoluo CGPC n. 08, de 19.02.2004, prev ocontedo mnimo de um convnio de adeso:

    Art. 3 O convnio de adeso dever conter:I qualificao das partes e de seus representantes legais;

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    II indicao do plano de benefcios a que se refere a adeso;III clusulas referentes aos direitos e s obrigaes de patrocinador ou instituidor e da

    entidade fechada de previdncia complementar;IV clusula com indicao do incio de vigncia do convnio de adeso;V- clusula com indicao de que o prazo de vigncia ser por tempo indeterminado;VI condio de retirada de patrocinador ou instituidor;VII previso de solidariedade ou no, entre patrocinadores ou entre instituidores, com

    relao aos respectivos planos;VIII foro para dirimir todo e qualquer questionamento oriundo do convnio de adeso.

    No caso do patrocinador regido pela LC 108/01, sero submetidas ao rgo fiscalizador,acompanhada de prvia manifestao favorvel do rgo responsvel pela superviso, pelacoordenao e pelo controle do patrocinador:

    a proposta de instituio de plano de benefcios;

    a adeso a plano de benefcios j existente;

    a proposta de alterao no plano de benefcios que implique elevao da contribuio depatrocinadores

    No mbito da Unio, o controle das estatais cabe ao DEST Departamento de Coordenaoe Controle das Empresas Estatais, departamento integrante da Secretaria-Executiva do Ministriodo Planejamento. No mbito dos demais entes federativos (Estados, Distrito Federal eMunicpios), frequentemente o patrocinador tem autonomia para decidir estas questes. Mesmoquando no tem, nem sempre h um rgo especialmente encarregado desta atribuio, ficando atarefa, em geral, a cargo das Secretarias de Fazenda ou de Administrao.

    Um aspecto particularmente importante do convnio de adeso a previso de existncia ouinexistncia de solidariedade entre patrocinadores ou entre instituidores, com relao aosrespectivos planos de benefcios.

    A solidariedade entre patrocinadores ou entre instituidores admitida desde queexpressamente convencionada (LC 109/01, art. 13, 1). Como a solidariedade no se presume,resultando apenas da lei ou da vontade das partes (Cdigo Civil, art. 265), a ausncia de clusulatratando de solidariedade significa que as obrigaes em relao a plano de benefcios co-patrocinado ou co-institudo so no solidrias.

    Entretanto, em nome da segurana jurdica, a Resoluo CGPC n. 08/04 exigiu que osconvnios de adeso firmados a partir de sua entrada em vigor trouxessem expressamenteclusula instituindo ou afastando a solidariedade.

    Observe-se, contudo, que h casos de solidariedade decorrente da lei. So as hipteses deobrigao indivisvel (Cdigo Civil, artigos 258 e 259). Trazendo esta disposio ao universo da

    previdncia complementar, possvel admitir que, independentemente de previso contratualneste sentido, haja solidariedade entre patrocinadores em relao s obrigaes inerentes prpria entidade, e no a um ou outro plano de benefcios.

    O trmino do contrato cujo instrumento o convnio de adeso se d pela extino doplano ou pela retirada de patrocnio, aspectos que por sua importncia so tratados em itemespecfico abaixo (item 18).

    17. A inscrio do participante.

    O carter contratual da previdncia complementar, que decorre do art. 202 da CF, significano s que os patrocinadores e instituidores devem voluntariamente oferecer planos deprevidncia para seus empregados ou associados, mas tambm que o ingresso e permanncia

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    dos participantes em planos de previdncia voluntrio, como alis deixa claro o 2 do art. 16da LC 109/01.

    Trata-se, portanto, da celebrao de um contrato.

    As clusulas deste contrato esto expressas no regulamento do plano de benefcios ao qualo participante adere. Contudo, como o participante no pode livremente discutir as clusulas destecontrato com a entidade de previdncia complementar que o administra, este contrato caracterizado como um contrato de adeso.

    18. Extino de plano e retirada de patrocnio.

    O art. 25 da LC 109/01 contempla a hiptese de um plano chegar a seu final. Isto podeocorrer por diversas razes. So situaes que levam extino do plano de benefcios:

    sada do ltimo participante ou assistido do plano (pelo falecimento, por exemplo)

    liquidao extrajudicial do plano

    incorporao do plano por outro plano de benefcios

    transferncia de todos os participantes e assistidos para outro plano de benefcios

    Alm da extino do plano por uma das hipteses acima previstas, pode ocorrer tambm aretirada de patrocnio, isto , o trmino do contrato que teve incio com a celebrao do convniode adeso entre entidade fechada e patrocinador. A retirada de patrocnio regida pelaResoluo CGPC n 06, de 07.04.1988, norma esta que se encontra bastante defasada, tendo emvista que foi concebida antes de fenmenos que marcam a previdncia complementar hoje, como

    o multipatrocnio, o plano de contribuio definida e o multiplano.

    19. Seguro.

    A Resoluo CGPC n. 10, de 30.03.2004, autoriza, em determinadas condies, acontratao de seguro por entidade fechada de previdncia complementar.

    O seguro ter por objeto a cobertura de riscos atuariais decorrentes da concesso debenefcios devidos em razo de morte ou invalidez (benefcios no programados). A indenizaoser paga pela seguradora ao plano de benefcios.

    Esta contratao, em princpio, faculdade da entidade de previdncia, mas a SPC poderexigir a contratao de cobertura parcial ou total dos riscos atuariais como condio para quebenefcios no programados sejam oferecidos por plano de benefcios.

    vedada a contratao de seguro em relao a planos cujo modelagem seja de benefciodefinido.

    20. Regime disciplinar.

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    No desempenho das atividades de fiscalizao das entidades de previdnciacomplementar, os servidores do rgo regulador e fiscalizador tero livre acesso srespectivas entidades, delas podendo requisitar e apreender livros, notas tcnicas equaisquer documentos, caracterizando-se embarao fiscalizao, sujeito spenalidades previstas em lei, qualquer dificuldade oposta consecuo desse objetivo;

    A fiscalizao a cargo do Estado no exime os patrocinadores e os instituidores da

    responsabilidade pela superviso sistemtica das atividades das suas respectivasentidades fechadas;

    As pessoas fsicas ou jurdicas submetidas ao regime disciplinar da Lei Complementar109/2001 ficam obrigadas a prestar quaisquer informaes ou esclarecimentossolicitados pelo rgo regulador e fiscalizador;

    Compete privativamente ao rgo regulador e fiscalizador das entidades fechadas (SPC e CGPC) zelar pelas sociedades civis e fundaes de previdncia complementar,como definido no art. 31 da Lei Complementar 109/2001, no se aplicando a estas odisposto nos artigos 26 e 30 do Cdigo Civil Brasileiro e 1.200 a 1.204 do Cdigo deProcesso Civil e demais disposies em contrrio.

    Os administradores de entidade, os procuradores com poderes de gesto, os membrosde conselhos estatutrios, o interventor, o liquidante, os administradores dospatrocinadores ou instituidores, os aturios, os auditores independentes, os avaliadoresde gesto e outros profissionais que prestem servios tcnicos entidade, diretamenteou por intermdio de pessoa jurdica contratada respondero civilmente pelos danos ouprejuzos que causarem, por ao ou omisso, s entidades de previdnciacomplementar.

    O rgo fiscalizador competente, o Banco Central do Brasil, a Comisso de ValoresMobilirios ou a Secretaria da Receita Federal, constatando a existncia de prticasirregulares ou indcios de crimes em entidades de previdncia complementar, noticiarao Ministrio Pblico, enviando-lhe os documentos comprobatrios.

    O sigilo de operaes no poder ser invocado como bice troca de informaesentre os rgos mencionados no caput, nem ao fornecimento de informaesrequisitadas pelo Ministrio Pblico.

    A infrao de quaisquer dispositivos das Leis Complementares 108/2001 e 109/2001ou de seus regulamentos, para a qual no haja penalidade expressamente cominada,sujeita a pessoa fsica ou jurdica responsvel, conforme o caso e a gravidade dainfrao, s seguintes penalidades administrativas, observado o disposto emregulamento:

    1. Advertncia;

    2. Suspenso do exerccio de atividades em entidades deprevidncia complementar pelo prazo de at cento e oitenta dias;

    3. Inabilitao, pelo prazo de dois a dez anos, para o exerccio decargo ou funo em entidades de previdncia complementar,sociedades seguradoras, instituies financeiras e no serviopblico;

    4. Multa de dois mil reais a um milho de reais, devendo essesvalores, a partir da publicao desta Lei Complementar, serreajustados de forma a preservar, em carter permanente, seusvalores reais que ser imputada ao agente responsvel,respondendo solidariamente a entidade de previdncia

    complementar, assegurado o direito de regresso, e poder ser

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    aplicada cumulativamente com as constantes dos itens 1, 2 e 3acima.

    Das decises do rgo fiscalizador caber recurso, no prazo de quinze dias, com efeitosuspensivo, ao rgo competente.

    Na hiptese do item 4, letra h, acima, o recurso somente ser conhecido se forcomprovado pelo requerente o pagamento antecipado, em favor do rgo fiscalizador,de trinta por cento do valor da multa aplicada.

    Em caso de reincidncia, a multa ser aplicada em dobro.

    As infraes sero apuradas mediante processo administrativo, na forma doregulamento, aplicando-se, no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeirode 1999.

    O exerccio de atividade de previdncia complementar por qualquer pessoa, fsica oujurdica, sem a autorizao devida do rgo competente, inclusive a comercializaode planos de benefcios, bem como a captao ou a administrao de recursos deterceiros com o objetivo de, direta ou indiretamente, adquirir ou conceder benefcios

    previdencirios sob qualquer forma, submete o responsvel penalidade deinabilitao pelo prazo de dois a dez anos para o exerccio de cargo ou funo ementidade de previdncia complementar, sociedades seguradoras, instituiesfinanceiras e no servio pblico, alm de multa aplicvel de acordo com o disposto noinciso IV do art. 65 da Lei Complementar 109/2001, bem como noticiar ao MinistrioPblico.

    21. Regimes especiais.

    O rgo regulador e fiscalizador poder, em relao s entidades fechadas, nomearadministrador especial, a expensas da entidade, com poderes prprios de interveno e deliquidao extrajudicial, com o objetivo de sanear plano de benefcios especfico. A intervenocessar quando aprovado o plano de recuperao da entidade pelo rgo competente ou sedecretada a sua liquidao extrajudicial.

    Liquidao extrajudicial.

    A liquidao extrajudicial ser decretada quando reconhecida a inviabilidade derecuperao da entidade de previdncia complementar ou pela ausncia decondio para seu funcionamento, entendida como o no atendimento scondies mnimas estabelecidas pelo rgo regulador e fiscalizador.

    A decretao da liquidao extrajudicial produzir, de imediato, os seguintesefeitos:

    1. Suspenso das aes e execues iniciadas sobre direitos einteresses relativos ao acervo da entidade liquidanda.

    2. O vencimento antecipado das obrigaes da liquidanda.

    3. No incidncia de penalidades contratuais contra a entidade porobrigaes vencidas em decorrncia da decretao da liquidaoextrajudicial.

    4. No fluncia de juros contra a liquidanda enquanto no

    integralmente pago o passivo.

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    5. Interrupo da prescrio em relao s obrigaes da entidadeem liquidao.

    6. Suspenso de multa e juros em relao s dvidas da entidade.

    7. Inexigibilidade de penas pecunirias por infraes de naturezaadministrativa.

    8. Interrupo do pagamento liquidanda das contribuies dosparticipantes e dos patrocinadores, relativas aos planos debenefcios.

    O liquidante organizar o quadro geral de credores, realizar o ativo e liquidaro passivo.

    Os participantes, inclusive os assistidos, dos planos de benefcios ficamdispensados de se habilitarem a seus respectivos crditos, estejam estes sendorecebidos ou no.

    Os participantes, inclusive os assistidos, dos planos de benefcios teroprivilgio especial sobre os ativos garantidores das reservas tcnicas e, caso

    estes no sejam suficientes para a cobertura dos direitos respectivos, privilgiogeral sobre as demais partes no vinculadas ao ativo.

    Os participantes que j estiverem recebendo benefcios, ou que j tiveremadquirido este direito antes de decretada a liquidao extrajudicial, teropreferncia sobre os demais participantes.

    Os crditos acima referidos nos itens anteriores no tm preferncia sobre oscrditos de natureza trabalhista ou tributria.

    Sero obrigatoriamente levantados, na data da decretao da liquidaoextrajudicial de entidade de previdncia complementar, o balano geral deliquidao e as demonstraes contbeis e atuariais necessrias

    determinao do valor das reservas individuais. A liquidao extrajudicial poder, a qualquer tempo, ser levantada, desde que

    constatados fatos supervenientes que viabilizem a recuperao da entidade deprevidncia complementar.

    A liquidao extrajudicial das entidades fechadas encerrar-se- com aaprovao, pelo rgo regulador e fiscalizador, das contas finais do liquidante ecom a baixa nos devidos registros.

    Se ficar comprovada pelo liquidante a inexistncia de ativos para satisfazer apossveis crditos reclamados contra a entidade, dever tal situao sercomunicada ao juzo competente e efetivados os devidos registros, para o

    encerramento do processo de liquidao.

    As entidades fechadas no podero solicitar concordata e no esto sujeitas afalncia, mas somente a liquidao extrajudicial.

    Interveno.

    Interveno: para resguardar os direitos dos participantes e assistidos poderser decretada a interveno na entidade de previdncia complementar, desdeque se verifique, isolada ou cumulativamente:

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    1. Irregularidade ou insuficincia na constituio das reservastcnicas, provises e fundos, ou na sua cobertura por ativosgarantidores.

    2. Aplicao dos recursos das reservas tcnicas, provises efundos de forma inadequada ou em desacordo com as normasexpedidas pelos rgos competentes.

    3. Descumprimento de disposies estatutrias ou de obrigaesprevistas nos regulamentos dos planos de benefcios, convniosde adeso.

    4. Situao econmico-financeira insuficiente preservao daliquidez e solvncia de cada um dos planos de benefcios e daentidade no conjunto de suas atividades

    5. Situao atuarial desequilibrada.

    6. Outras anormalidades definidas em regulamento.

    Administrao especial.

    A nomeao de administrador especial prevista no art. 42 da LC 109/01.

    Art. 42. O rgo regulador e fiscalizador poder, em relao s entidades fechadas, nomearadministrador especial, a expensas da entidade, com poderes prprios de interveno e deliquidao extrajudicial, com o objetivo de sanear plano de benefcios especfico, caso sejaconstatada na sua administrao e execuo alguma das hipteses previstas nos artigos 44 e 48desta Lei Complementar.

    Pargrafo nico. O ato de nomeao de que trata o caputestabelecer as condies, oslimites e as atribuies do administrador especial.

    O cabimento da administrao especial se d nos mesmos casos em que cabvel ainterveno ou liquidao extrajudicial da entidade fechada. Apenas na administrao especial aincidncia da medida apenas sobre plano de benefcios especfico, no afetando a governanada entidade fechada nem os demais planos que ela opera.

    Pelo art. 12, IX do Decreto n. 5.469, de 15.06.2005, competncia do Secretrio dePrevidncia Complementar decretar a administrao especial em planos de benefcios operados

    pelas entidades fechadas de previdncia complementar, (...) nomeando o respectivo administradorespecial (...).

    O acompanhamento e orientao das aes relacionadas atuao do administradorespecial cabe ao Departamento de Fiscalizao da SPC (Decreto n. 5.469/05, art. 17, VIII).

    O objetivo da administrao especial sanear plano de benefcios, mas como oadministrador pode ser investido dos poderes de liquidao extrajudicial, no se exclui que estesaneamento, ficando caracterizada a inviabilidade da recuperao, se d por meio da liquidaoextrajudicial do plano. Mas a regra que a atuao do administrador seja no sentido de buscar orestaurao do equilbrio do plano sobre o qual incide a administrao especial.

    Quanto aos poderes do administrador especial, cabe ressaltar que, enquanto pelo caputdoartigo acima transcrito seus poderes so equiparados aos do interventor ou liquidante, pelopargrafo nico a referncia para o estabelecimento das condies, limites e atribuies doadministrador especial o ato de nomeao. Entende-se, portanto, que os poderes de interventor

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    ou liquidante so os poderes mximos do administrador especial, mas seu real alcance dependedos termos do ato de nomeao.

    Braslia, setembro de 2006.

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