de poesia v edição – 2009 · 3 você (adail josé de almeida) o que vejo diante de meus olhos...

135
Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia V edição – 2009

Upload: doannhu

Post on 10-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

Prêmio Literário

Valdeck Almeida de Jesus

de Poesia

V edição – 2009

Page 2: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

2

PREFÁCIO

A 5.ª edição do Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus vem coroar

de êxito uma louvável iniciativa criada em 2005 por seu idealizador,

que parecia ecoar democraticamente a todos os amantes do lirismo:

“Poetas, seresteiros, trovadores, namorados, correi! É chegada a

hora de escrever e cantar!”, tal qual a música Lunik 9, de Gilberto Gil.

E os poetas começaram a chegar. A cada ano mais poetas, mais

poemas. Nesta 5.ª edição, já era uma multidão deles, de escritores,

anônimos ou não, a entornar poesia no projeto desta Antologia de

2009 (para nossa felicidade, virão outras). Isto significa que o amor à

palavra escrita está longe de morrer. A palavra que liberta, que

emociona, que exorciza, que dá forma aos mais abstratos

sentimentos e ideais não deve e não pode permanecer oculta.

Infelizmente, as páginas deste livro não seriam suficientes

para abrigar todos os poemas enviados, e, por esta razão, fez-se

necessária uma rigorosa seleção. Mas o que importa, neste projeto

que a cada ano se repete e se agiganta, é a oportunidade que ele

representa para aqueles que sonham ter seus trabalhos publicados.

Afinal, toda poesia engavetada se sufoca. Poesia é para ganhar

mundo. E é isso o que acontece a cada página virada de um livro.

O trabalho do escritor e organizador Valdeck Almeida de Jesus

merece aplausos e admiração. Com esta iniciativa, ele vem

despertando, descobrindo e promovendo grandes talentos, além de

desenvolver um belo movimento em torno da literatura. Valdeck

abriu uma porta preciosa para os artesãos e amantes da palavra,

principalmente para aqueles que não podem ainda arcar com a

onerosa publicação de suas obras. Para os participantes desta

Antologia, uma generosa oportunidade; para os leitores, uma

agradável leitura, repleta de lirismo, paixão, clamores e criatividade.

O editor.

Page 3: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

3

Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado pelos poros a luz faz revelar uma penumbra no quarto, cada pelo e curva que desgovernam olhos e coração fazendo-me perder na emoção teus cabelos quais torrentes de cascata teus tesouros escondidos em densas matas despertam-me da minha escuridão farta e levam-me para clareiras e relvas onde o sol se avista e ilumina meus pensamentos inertes nas trevas Adail José de Almeida escreve desde cedo e aprecia os sonetos, formato que marca suas poesias líricas. É funcionário público. Prefere escrever à mão, por acreditar ser este um hábito mais autêntico.

Page 4: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

4

Paredes Em meio a estes Arranha-céus de luzes ofuscantes Minha mente vagueia Por entre paredes de tijolos descobertos Que choram de miséria. Paredes vizinhas, coladas Separadas por finas vielas tortas Cheias de sonhos e fantasias. Paredes tristes, Amedrontadas com o terror Da vida que vivem sem querer. Com essa vida Que se leva nestas paredes Só mesmo mergulhando na cerveja Com uma única forma de alegria. O samba, música esta Que enche nossa alma De alegria e esperanças Fazendo-nos esquecer Dos prédios lá fora. Adalberto Caldas Marques nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro. É bacharel em Ciências Contábeis. Tem textos publicados em diversos sites literários e participação em algumas antologias. Foi selecionado para participar das 55.ª e 56.ª Antologias de Poetas Brasileiros Contemporâneos da CBJE; da Antologia Sensualidade em Prosa & Verso; e também da Antologia do Concurso Literário Valdeck Almeida de Jesus, edição 2008.

Page 5: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

5

Fotografia Luz e sombra Nas obras do tempo Outras luzes, novas matizes A vida é policrômica E se revela a partir do teu olhar É o teu foco que diferencia No desvelo de tua alma O que é céu e o que é mar Mas, se emolduramos a vida Para guardá-la na gaveta, É quando assopramos a poeira Com nosso hálito quente Em nostalgia Que a velha chama reacende E nos impulsiona para o futuro Então descobrimos Que os sonhos não realizados Ainda dormem misturados Às cores de uma fotografia. Adersen Chrestani é natural de Maximiliano de Almeida–RS. Filho de pequenos agricultores, formou-se em Direito pela UNICRUZ (Universidade de Cruz Alta) em 1994, e desde então exerce a advocacia. Tem 6 poemas de sua autoria publicados no jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul (Grupo RBS), na página Almanaque Gaúcho.

Page 6: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

6

Ébano Lá vem o rei a passear na rua Cabelos curtinhos, ondulados Traços definidos e honrosos Lábios grossos, carnudos Pele cor da noite, olhos de trovão Peitoral definido, desenhado à mão Pernas fortes, fincadas ao chão. Quem irá dizer que não és o mais belo? Quem negará que és objeto de muito anelo? Quem dirá que não és tu que eu quero? Só se for o invejoso ou o de visão turva Que não olha em volta outra postura Só vê o molde da outra cultura. Não vê que és belo, pujante Dentre todos, és elegante Atraente, eterno amante. Alessandra de Azevedo Costa é Educadora, licenciada em Português e Inglês pela UNIFACS, Cantora experimental e Poetisa. Blog: www.melflorcosta.blogspot.com

Page 7: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

7

Fome Deixe-me comer seu sorriso Passando a língua em volta dos lábios Como um touro faminto Como saboreiam o saber os sábios Deixe-me comer seus olhos E ver-me através do palato Mastigando como um famigerado As imagens que me tornam falho Tempere minha língua Com o sal de sua saliva Alterando a respiração do meu temperamento Eletricismos no vão das palavras Extraem reações da nossa lavra E dormem os anjos exaustos de excitamento. Alessandro Caldas Pina, 31 anos, é jornalista graduado pelo Centro Universitário da Bahia – FIB (Salvador-BA), músico e escritor. Como jornalista, tem atuado em diversas áreas, como assessoria de imprensa, rádio e jornalismo digital. Mantém, há cerca de três anos, o blog Vinil Digital (www.vinildigital.com), no qual escreve sobre cultura. Pelo blog já entrevistou nomes importantes, como a jornalista e doutora em Comunicação Malu Fontes.

Page 8: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

8

Sou negro Vou arrebentar as correntes do preconceito Vou andar pela cidade cantando em nagô saudando Xangô sem medo do sangue sem medo da dor Vou pedir a benção pro meu orixá Vou pro cais, pra ladeira jogar capoeira Meu mestre foi Bimba que saiu da rua e fez na Bahia sua academia No Rio de Janeiro o palco da bola surgia Pastinha jogando angola Sou negro, sou forte não sou só mais um Sou negro guerreiro sou filho de Ogum Exijo igualdade eu quero a verdade Me chamo Zumbi, o rei dos palmares Sou negro de fé de paz e AXÉ! Alexandre Tarlei é natural de São Paulo. Aos 16 anos começou a escrever. Amante da leitura, espelhava-se em alguns mestres que admirava, como Thiago de Mello, Vinícius de Moraes, Chico Buarque de Holanda, entre outros. Teve sua poesia 14 de Maio publicada no livro “RACISMO: São Paulo fala”, organizado pela Secretaria de Estado da Cultura, em novembro de 2008.

Page 9: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

9

Retrato na Parede Essa fotografia na parede é antiga, como antigas são as lembranças boas de um tempo que passou. Ela me dói, mas é uma dor amiga. Ou talvez será saudade das pessoas que o instante feliz eternizou? Essa fotografia antiga na moldura onde sobram sorrisos e abraços comemorando um dia de alegria, deixou-se desbotar pela amargura, quando não mais se ouviram os passos de quem naquela imagem ainda sorria. Deixe ficar a foto do passado no lugar onde há muitos, muitos anos, alguns de nós ainda são lembrados, pois seu lugar na parede está marcado, por tantos sonhos, ilusões e planos que também acabaram desbotados. Amaury Nicolini, carioca, 68 anos. Redator publicitário. Tem diversos títulos publicados pela Fundação Gutenberg (Senai-RJ), abrangendo poesia, prosa e temas técnicos. Participa ainda de várias antologias de poesia contemporânea.

Page 10: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

10

Pedaços do todo Em cada linha, um desafio, Em cada cena, um novo aprendizado, Em cada sorriso, um mistério... Em cada desamor, um recomeço... Em cada certeza, um descanso, Em cada beijo, a sedução... Em cada afago, o cheiro da paixão... Em cada “eu te amo” quebra-se uma ilusão, Em cada caminho, novas recompensas. Em cada novo olhar: uma esperança... Em cada chegada, uma lágrima, Em cada partida, o cheiro da alvorada, Em cada novo dia, a perpetuação dos sonhos... Em cada ventania, a permanência do que somos: Sentimento puro... Ana Catarina Lins de Albuquerque Sento-Sé Martinelli Braga é natural de Salvador-BA. Graduanda de História na Universidade Católica do Salvador. Formou-se em inglês pela ACBEU e estuda francês na Aliança Francesa. Em 2009, concluiu seu primeiro livro de poemas: “A menina de sapatos vermelhos”.

Page 11: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

11

Estações Gosto de vê-los assim Como o sol que brilha Nas manhãs de primavera Sentir o perfume que exala pelo ar Num misto de alegria e saudade Gosto de vê-los assim Bailando pelos jardins Nas tardes mornas de outono Ouvir a música suave do canto de pássaros Que ecoa pela fresta da janela Gosto de vê-los assim Sob o sol de verão Contemplando o azul do céu Deixar o calor penetrar-lhes o corpo Suado de caminhar pelas ruas Gosto de vê-los assim Nos dias frios de inverno Caminhando de mãos dadas Aquecer o coração com doces palavras Num sussurro de confidências apaixonadas Ana Maria de Souza Lopes é natural de Juiz de Fora. Nos anos 70, formou-se em Pedagogia pela Faculdade de Educação da UFJF. Lecionar em escolas públicas e o contato com crianças lhe permitiram praticar o repertório das histórias contadas pelos pais, ao redor da mesa de jantar. Após a aposentadoria, Ana decidiu escrever a história da família e iniciou uma aventura literária, dando o primeiro passo num mundo ainda desconhecido.

Page 12: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

12

Como não dizer... Que a maçã tenta, que a chama arde, que a esperança morre. Que a humanidade avança, que o tempo escorre, que o abstrato é arte. Que as dores são desilusões de amores, que a vida-ciclo faz-se em mitos. Que a água-viva vive a inundar, que o caminho longo acabará. Que chegarei a tempo, que em pensamento lembranças ficarão E um dia retornarão com o vento. Como não dizer... Se é loucura ou se é paixão. Se é desejo ou tentação. Se sinto dor ou calor. Se é de amor ou ilusão. Se você vê ou finge... escuridão! Como não dizer... Se é noite ou dia. Se há fumaça ou não há graça. Se se transita na confusão ou se não conhecerá o coração. Como não dizer... Que temos duas cores: metáfora da imaginação. Claro-escuro: efeito transição. Que caíram as folhas, não escolhas, que sobraram em vão. Que não se morra sem se achar o Elo perdido, o Paraíso a sonhar. Como não dizer? Minta! Ana Paula Assaí Camapum, ludovicense, 24 anos, é graduanda em Biologia e Turismo, além de poetisa. Desde os 15 anos já esboçava seus primeiros versos, fato a que deu continuidade, principalmente por sua paixão pela vida, pela natureza, por bichos, pelo próprio homem. Concludente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão e da Universidade Federal, respectivamente, pretende um dia escrever um livro autobiográfico, além de publicar suas grandiosas poesias, que versam sobre os mais variados temas, sobretudo, o amor.

Page 13: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

13

Farrapos Na guerra pela liberdade, lutaram conterrâneos, Irmãos em lados opostos, soldados apostos, Lanças, espadas, canhões, índios em seus redomões... Uns querendo o divórcio, a formação de um novo Estado, Outros mantendo o consórcio, com o império ao seu lado. Farrapos libertadores, Pica-paus mantenedores, E assim foi por muito tempo, o Rio Grande em seu horizonte sangrento... Muitos encararam a sorte, valentes, guerreiros, Neste jogo de vida e morte, disputado por lanceiros, Alguns se tornaram heróis e até hoje vivem na história, Vários tombaram no campo, sendo apenas esta sua glória. No final, apesar da derrota, a vitória foi Farroupilha, Pois mostrou ao governo que gaúcho é xucro, não se encilha! André Sesti Diefenbach, natural Porto Alegre-RS, graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC em 1994, exerceu a profissão de advogado até 1999, quando ingressou na carreira de Delegado de Polícia no Estado do Rio Grande do Sul. Recebeu em 2008 o troféu compositor destaque da Rádio Butuí FM, de São Borja-RS, pela música “De tudo”. Obteve o 3° lugar no Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus, ano 2008, e o 13º lugar no XXVII Concurso Internacional - Edições AG, ano 2009.

Page 14: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

14

Realidade Sonhar com a vida não basta. É preciso atentar ao minuto, Que corre e escapa, Mas deixa a marca Do tempo, Na retina, na pele, Na lida da vida Perdida, que passa. Encontro meu tempo e traço Caminho, Em teu caminho me enlaço, Que a vida não espera, Me leva De ti ou contigo. Eu faço, não sonho. Anna Luisa Traiano Mundt é médica, 46 anos, filha de Romolo Traiano, escritor e poeta Italiano. Desde a infância escreve poemas, que versam especialmente sobre a alma humana, em suas dores e alegrias. Escreveu também sobre o preconceito racial contra os negros na juventude. Participou de concurso da Prefeitura do Rio de Janeiro em 2008, sendo seus poemas selecionados para publicação. No momento, elabora um livro de poesias e um romance.

Page 15: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

15

Um exílio sem canção Minha terra tem também palmeiras bem iguais às do poeta e nas goiabeiras também canta o sabiá. Andorinhas na minha terra muitas há iguais como nunca vi. E nessas tardes de verão chilreiam como quê nos beirais, nos campanários. Saudade por não viver mais lá. Saudade com gosto e cheiro das flores de laranjeira das intermináveis manhãs azuis dos poentes furta-cores. Ai, que me lembra, e como lembra, a revoada dos pardais nos pequenos cafezais. Quisera eu voltar mas não reencontro o caminho nem o terno ninho de minha mãe, de meu pai.

Anna Maria Avelino Ayres é mineira, natural da cidade de Campanha, residindo em Poços de Caldas. Licenciada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais. Participante de dezenove antologias. Membro-correspondente da Academia Cachoeirense de Letras–ES.

Page 16: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

16

Ampla lucidez Me dizeres: Aproxima-te. Pois é novamente O tempo do retorno. Fevereiro em mim retecido, nevoento De silêncio e pedra. Luzes Vermelhas, sinfonias porque nunca se faz nem gasta Nem prevista minha palavra Pegada à tua. Diz o nome. O fim da espera. No espaço da casa Meu coração é ponte levadiça Se cobrindo de heras. Arnaldo Sobrinho é paulistano mas vive em Juiz de Fora-MG. Licenciou-se em Letras - Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira e Portuguesa pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Professor de Literaturas Brasileira e Portuguesa na rede particular de ensino, revisor, tradutor e poeta. Leciona Língua Francesa Instrumental na Universidade Federal de Juiz de Fora. Dedica-se também à pesquisa acadêmica, investigando a construção e a investigação das identidades masculina e feminina na poesia contemporânea escrita em Língua Portuguesa.

Page 17: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

17

Acredite na Salvação As pessoas têm dificuldades, todas têm o seu caminho a percorrer; e cada uma com sua história, (estória), querem as barreiras vencer. Cada um tem seus problemas, seus dilemas, mas a diferença está na força que vem de dentro, e que traz alento, para o sofrimento de quem chora por dentro. O que não podemos é ficar inertes, parados, de braços cruzados, diante de qualquer situação, pois vemos o exemplo do maior homem da humanidade: morreu de braços aberto para nossa salvação. E ele venceu a cruz com sua coragem e resignação, e hoje está sentado à direita de Deus pai, para nos mostrar que não devemos cruzar os braços, mesmo diante da pior condição, porque o sofrimento é passageiro, para quem tem Jesus no coração. Ataulfo Chrystian Martins Sodré é advogado pós-graduado em direito do Estado pela Universidade Federal da Bahia. Escreve poesia desde a adolescência, mas nunca concorreu a prêmio. Tem um artigo na revista FAEC. Escrevia para um jornal estudantil do colégio da cidade de Irecê, na pagina esportiva.

Page 18: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

18

Pequena virtuosa Contornos passo a passo se dão. Evoluindo no branco, imensidão. Saliente torna-se o plaino. Ao toque de colorida demão. Pincéis gigantes à proporção da mão. Decidir a cor certa à sua visão. Patos azuis, céus cor-de-rosa. Futuro almeja uma obra primoza. O mais íntimo da úvea. O que só o artista vê. Cada qual a olhar não crê. Ingênua visão ainda desabrochante. Brincadeira de criança livre... viajante. Aplausos serão ouvidos lá... distante. Bárbara Santos de Paula é advogada, poetisa e membro da Academia Jacarehyense de Letras, cátedra nº 06, Patronesse Professora Maria Nilce Lencioni Senne. Premiada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores na Antologia Sensualidade em Verso e Prosa de 2009.

Page 19: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

19

Escravidão contemporânea

Hoje, minha senzala é o relógio. O capitão do mato, o celular. Meu fazendeiro, o capitalismo. O tronco é o produto. O chicote eu mesmo seguro. E o quilombo Onde está? Carla Cristina Santana Pozo, 34 anos, participou de antologias nacionais e municipais. Desenvolve, em Mogi das Cruzes, vários projetos culturais, dentre eles o grupo ENTREMEIO LITERÁRIO e o Concurso de Poesia e Desenho infantil. É apaixonada pela arte em todas as suas linguagens.

Page 20: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

20

De menor Parida de um ventre negro Não nasceu! Não... Seria simples e puro demais, foi expulsa... Nasceu banhada de sangue. Gerou da dor de afetar o mundo. Deveria continuar a vida Mas continua a fome dos pais Rompeu o ventre por desejo Mas nunca foi desejado. Nasceu do aborto Não teve tempo de ser feto, Nasceu fétido Não foi recém-nascido, Bebeu leite seco Nunca foi criança, não sonhou como criança, não brincou como criança... Não chegou a ser adolescente, não teve direito de "adolescer” Não cresceu, nasceu menor que tudo... Virou “de menor” no mundo. Com pesar, pesa o sorriso de criança. Carla Francisca Cassimiro é natural de Belo Horizonte-MG e reside em Salvador desde 2008. Profissionalmente, é professora, formada em Letras; Licenciatura Plena em Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira e Portuguesa pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Também é ativista do Movimento Negro.

Page 21: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

21

Índio que vira mestiço, força Brasil! Será que o estrangeiro ainda nos crê estúpidos? O povo brasileiro quer o espelho, dá o ouro. O espelho, virou vaidade. Os navios, grandes carros. O alimento, McDonald’s. E o mestiço ainda almeja. O que nos trouxe o porco europeu, de quem inevitavelmente somos frutos, ainda faz a cabeça do pequeno índio Hoje ele quer um Porsche. Ou quem sabe uma Ferrari. E vai todo fim de semana ao seu culto cristão... Carlos Alberto Nascimento Francisco é natural de Juara-MT. Aos dezesseis anos mudou-se para cidade de Maringá-PR para fazer o terceiro ano do colegial, onde, pela primeira vez, vai morar sozinho. Já no início do terceiro ano da faculdade de Publicidade e Propaganda, no CESUMAR, abandona o curso e vai morar por onze meses em Londres. De volta ao Brasil reside em Curitiba.

Page 22: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

22

Excluídos Aqui não há mais lugar Para velhos e mendigos E favelados da periferia Aqui não há mais lugar Para as mulheres da vida Analfabetos e reprimidos Aqui não há mais lugar Para este povo assalariado Aposentado e desempregado Aqui não há mais lugar Para este paraíso sem flores E para os poetas e sonhadores Carlos Antonio Leite é natural de Recife-PE. Cursa Direito na Faculdade 2 de Julho e é amante das letras e literatura. Seu estilo poético se destaca pelo romantismo e pela crítica social. A poesia é, para ele, uma paixão e um relento.

Page 23: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

23

Psicografo

Não escrevo versos contados, Com métrica ou rima, ou razão qualquer Diria mais que nem crio, psicografo A poesia pra mim é uma força que vem externa Uma influência de varios “eus” que habitam minha existência Não escrevo como quem faz matemática, Planejando letras e palavras Escrevo pela força vital que me move Pelos amores que tenho, tive ou desejaria ter Escrevo pelos sabores e cores da vida Pelas histórias que merecem ser lidas E com o amor pela escrita que confesso ter Meus versos seguem sem rumo E com significados diversos Esses versos de outras vidas e outros sentimentos São meus e me completam de tal forma que me sinto plena.

Carol Nascimento é carioca, mineira e campista. Apaixonou-se por literatura tardiamente aos 12 anos, e começou a escrever mais ou menos nessa época. Desde então, vem sempre tentando escrever algo que surpreenda. Às vezes fala brincando que psicografa versos. Suas poesias inspiram-se na vida da própria autora, algumas vezes abertamente, outras nas entrelinhas.

Page 24: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

24

Só por Hoje Só por hoje serei feliz Sem pensar no amanhã que está por vir E no passado que já não mais voltará Minhas lágrimas hei de enxugar Só por hoje eu serei feliz Vou sorrir para as pessoas agora Para que elas sorriam de volta Só por hoje vou ficar alegre Nem que seja sozinha Pois não há no mundo melhor companhia Do que a alegria Só por hoje, só por hoje... Carolina Aparecida Vargas Hanke concluiu o ensino médio no fim de 2009 na escola pública de São Paulo. Gosta muito de escrever poesias, crônicas, que, na maioria das vezes, são cômicas e tem projeto de um livro. Gosta de pintar, de ouvir música e de desenvolver trabalhos artísticos. Já se classificou em um concurso de poesia no ano de 2009, tendo sido o poema publicado no livro Palavras do Coração.

Page 25: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

25

Pré-matura Há alguns dias botei ovo, Deslizou para o músculo Desenvolve abstruso cresce indivíduo pertinente criatura Malformada Prematura, empurra Desarrumada não vê buraco, não encaixa a fechadura Circunspecta, constipada, Entupida de amores receio que pegue o rumo do intestino pelos interiores, tilintando temores Pelas mãos, vai sair o meu menino sacode lados, superfícies fornido de palavras como destino Arrojado, barrigudo Do amor não faz petisco desopila furtivos pensamentos alguns, vagabundos Não quero o aborto Mas a quintessência O incômodo aquilino De colocar poesia no mundo. Carolina Bottura é poeta, tradutora e artista plástica. Graduou-se em Turismo pela Universidade Federal de Ouro Preto e atualmente cursa Letras na Universidade Federal de Minas Gerais. Realizou cursos de artes na França e Estados Unidos, atualmente cursa desenho na Maison Escola de Arte em Belo Horizonte. Participa usualmente de exposições, festivais, saraus, e teve poemas publicados na antologia “Universo Cotidiano” pela editora UFMG.

Page 26: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

26

Prematuro Meu olhar é um poeta de talento Quem dera eu traduzir em palavras Aquilo que ele me escreve por dentro! Mas não consigo, luto em vão Foge-me pelos dedos A sombra duma impressão Parir a palavra do sentimento Árduo trabalho É COMO Lapidar pedra com vento Então, quieta, boquiaberta Sento dentro de mim Assento-me na solidão Até o poema chegar, dizer: sim! Chega disfarçado, ô bicho danado! Escorre pelas mãos Depois, ao final Lamento ver o que dele, Sobreviveu ao papel Cassiane Schmidt é formada em Pedagogia pela Uniasselvi - Universidade para o desenvolvimento do alto vale do Itajaí. Pós-graduada em Gestão Escolar pelo ICPG – Instituto Catarinense de Pós-Graduação. Atualmente, é acadêmica do curso de Letras na Uniasselvi, acadêmica do curso de pós-graduação em Metodologia da Língua Portuguesa pela Uniasselvi e acadêmica do Curso de Pós-Graduação em Linguística pela Universidade Gama Filho.

Page 27: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

27

Separação Abriram-se as cortinas de um terreno baldio Vasto terreno de feições transfiguradas Dentro os rostos, o meu rosto não estava Pelo corpo percorreu-me um calafrio. Uma por uma, as faces desapareciam E de nada adiantaram meus apelos aflitos, Crucificaram-me da mesma forma que Cristo Minhas forças esgotavam-se e meus medos cresciam Foi quando minha lágrima caiu, por fim Que o céu descobriu-se num cinza pardacento E algo de consolador foi dito especialmente para mim Avistei alguns dos rostos de outrora se aproximando Lancei-me ao chão, num breve arrependimento E um manto divino foi aos poucos nos fechando. Cibele Garcia formou-se pela Universidade Estatal de Moscou “Lomonóssov”, na Faculdade de Letras, em 1995. Publicou a poesia “A Reta” no livro “Poesias Brasileiras” (Casa do Livro, 2001). Em 2002, a poesia “Fim de Amor” foi publicada no livro “Poesias de Primavera”, da Editora Rio-Pretense. Em 2006, teve a poesia “Forasteira” publicada na Antologia intitulada “A Ponte”, do Clube Amigos das Letras.

Page 28: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

28

Todos os risos Rio todos os risos que este dia me permite. Porque sei que nunca se repetem os dias assim. Amanhã, posso ter lágrimas no olhar, Ou medo. Posso ter solidão, Ou ressentimento. Amanhã, posso não ter nada, não ser mais nada. Rio todos os risos que este dia me concede. Porque sei que nunca partem da memória os dias assim. Amanhã, posso querer lembrar felicidade, Ou amor. Posso sentir saudade, Ou embriaguez. Por isso, rio agora todos os risos que este dia me permite. Cinthia Nunan Baptista Kriemler é carioca e vive em Brasília há 40 anos. Graduada e pós-graduada em Comunicação Social pela Universidade de Brasília-UnB. É Analista Legislativa da Câmara dos Deputados há 10 anos, e atua na Secretaria de Comunicação Social. Escreve poesias, contos e crônicas.

Page 29: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

29

Poetamante Na roça Mundo no mundo Ele roça-se nela É dele Tudo o que é dela E roça-se profundo É-lhe fiel Ele a trai Com outras algumas Fez-se nelas, faz-se delas E as há, como as há! Todas cultas e belas Pessoa na pessoa Ele tece versos Brinca com paródias Diverte-se nas prosódias E para elas todas Envia rosas rosas Canta Noel Lê Guimarães Sem dar bandeira Sem fingir dor Sua pátria é o amar Sua língua o amor Cosme Custódio da Silva é natural de Salvador, onde vive, escreve em prosa e verso e participa de concursos e antologias. Membro de várias entidades literárias, detentor de prêmios, autor de Caderno de Poesias, A Negativa do Corpo e O Bicho Homem, estes de contos. Verbete da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias-RJ, Cadastro Nacional de Cultura-RS e Dicionário de Autores Baianos.

Page 30: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

30

Lente de contato Será que você pode olhar no fundo dos meus olhos? Será que você pode acreditar na sua visão? Esquece o que o teu pai disse! Vê se muda essa situação. Sou negra. Estou aqui diante dos seus olhos Esperando você despir o seu preconceito, Pra gente encontrar um jeito de ser feliz. Ah, o meu cabelo natural, isento de culpa, Vai bem, obrigada. Que bom você ter sido espetado pela consciência. Que bom você ter sido cutucado pela consistência. Será que dá pra você tirar essa lente distorcida Que tanto atrapalha o nosso contato? Cristiane Sobral é poetisa e atriz carioca. Vive em Brasília desde 1991. Bacharel em Interpretação (UnB). Licenciada em Educação Artística (Universidade Católica de Brasília). Especialista em Docência do Ensino Superior, (Universidade Gama Filho, RJ). Assessora de Cultura da Embaixada de Angola, coordenadora e professora de Teatro da Faculdade de Artes Dulcina de Morais, e do Colégio ALUB. Tem publicações nos Cadernos Negros 23, 24, 25, 29 e 30 e na Antologia Histórica da Poesia Negra Brasileira, “o Negro em Versos”, da Editora Moderna, (2004). Nos EUA publicou o volume “Black Notebooks”. Em 2004 e 2007, atuou e dirigiu vários espetáculos em Angola.

Page 31: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

31

Entremeado Meu corpo já não reconheço. Nem a face no espelho. Nem as palavras que saem da minha boca. Nem aquelas que já não saem mais. Minhas atitudes já não são mais minhas. Como também não são meus os sonhos. E se me pergunto não ouço respostas. E se me procuro não encontro ninguém. No espelho quebrado do armário Já não sei quem eu vejo. Desejo e medo nos olhos. Na alma apenas segredos. Sem destino eu sigo sozinho. Sem saber quem eu sou. Morrendo a cada amor. E renascendo com a dor. Daniel Henrique Garcia é analista de sistemas, tem 22 anos e mora no interior de São Paulo. Como blogueiro, encontrou no mundo virtual uma maneira de misturar razão e sentimentos para mostrar que ser gay é absolutamente normal. Escreve atualmente uma coluna no webzine www.avidasecreta.com, e acredita que a informação é uma importante arma contra o preconceito.

Page 32: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

32

Essência Metafísica em planícies esverdeadas Filosofia em montanhas trajadas de rochas Crepúsculo em praias empoeiradas de inspirações ...resumem a itinerante saga do produto poético: o poeta fugaz... Danilo Carvalho é natural de Pojuca e reside em Dias d’Ávila-BA. Na infância, descobriu que possuía grande afinidade com as disciplinas exatas. Aos dezoito anos conhece o fantástico mundo da literatura, que o envolve de forma arrebatadora. Hoje, aos quase vinte anos, cursa Eletrotécnica Integrada no IFBA - Campus Camaçari, onde pretende continuar suas simplórias produções poéticas.

Page 33: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

33

Pretendemos viver Milhões de meu povo vocês mataram E, agora, terras não querem nos dar? “Saiam, seus primitivos!”, gritaram mas, agora, espaço não querem nos dar? De uma maneira exótica Nos veem muitos de vocês “Quanta bravura e heroísmo há em vocês!” É o que ouço várias vezes, até de forma erótica Estigmas de violentos outros nos dão Dizem que somos selvagens e brutos Por resistirmos à colonização Pois sociedades não-ocidentais, a vocês, são verdadeiros insultos No entanto, não deixaremos de lutar Por nossas terras que foram roubadas Muitos de vocês poderemos matar Pois não continuaremos a ser motivos de risadas Constrangidos, por sermos “índios”, não vamos ficar Assumiremos nossa identidade com muito orgulho Do caminho, tiraremos muitos pedregulhos Pois será grande, a viagem de volta ao nosso lar. David Alves Gomes escreve de vez em quando algumas poesias, crônicas e artigos. Completou o Ensino Médio e pretende cursar Letras. Participou da III Antologia, no ano de 2008, promovida por Valdeck Almeida de Jesus com a poesia “A trajetória é revolucionar”.

Page 34: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

34

Assexuado Meu coração está danificado; sou um homem pelas metades, uma mulher pelas beiradas. Hoje pra mim o sexo é apenas um bom jogo de sons e imagens. Não gosto de agressividade, tampouco minha percepção detecta sensibilidade. Às vezes penso que no meu mundo serei apenas eu e meus olhos capturando figuras para construir mais sonhos e aumentar minha coleção de imaginação. Mesmo alimentando algumas mentiras, sou a favor da verdade. Até a loucura tem limite, mas tenho dúvidas sobre minha insanidade. Por que o prazer se tornou uma mistura de amor e ódio pela matéria humana? Só consigo ser uma pessoa sem fronteiras quando me apaixono por um ser virtual... Beijo autêntico, intimidade mecânica, sorriso amarelo, sentimentos em frangalhos... Eu não fui rejeitado por causa dos meus pés feios; Houve uma ruptura de paradigmas e eu descobri que sou belo. Mas, mesmo diante de um ato falho, não quero ficar pulando de galho em galho. Aborte sua missão, eu não sou parte dos seus planos! O labirinto em mim é um lugar sem saída... Que armas você vai usar nessa batalha perdida? Não me importa sua opção, nesse jogo não existe razão. Sou alguém que está numa fase assexuada, por isso a minha expressão extenuada. Derly de Figueiredo Júnior é natural de Belo Horizonte. Veio de uma humilde e típica família brasileira. Cresceu envolvido num mundo imaginário, transformando sua triste realidade em esperança. E tal fuga o levou à paixão pela escrita e pela leitura como forma de se encontrar nas palavras alheias e criar novas maneiras de se expressar. Independente e sonhador, dedica o tempo livre à elaboração de contos, crônicas, poesias e romances, participando de vários concursos literários.

Page 35: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

35

Em busca do prazer Encontros nos proporcionam Momentos de prazer e emoção. Busca cada dia mais intensa Um bem para o nosso coração Satisfação ao viver o momento Certeza da aquisição de saberes Amantes da prática: encantamento. Dedique-se a busca, compartilhe Onde encontrar, esteja empolgado. Palavras que nos trazem o mundo Rumo a uma vida bem mais feliz A leitura traz esta possibilidade Zero para a solidão, vá fundo Em busca de boas leituras Renove o prazer, independe de idade. Dinorá Couto Cançado é professora, pedagoga, incentivadora de leituras, dinamizadora de bibliotecas. Voluntária na Biblioteca Braille de Taguatinga, autora de projetos literários, editou livros sobre o tema. Participa ativamente de congressos nacionais e internacionais. Vários reconhecimentos: Cidadã honorária de Brasília, Destaque ODM 2005, Viva Leitura 2007, Mãos da cidadania 2008, dentre outros.

Page 36: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

36

Retrato da República Entre a ALCA e a Al Qaeda, a República tropical caminha atrofiada. Boca emudecida, olhos fechados à miséria cultural, social e suas formas várias. Politicamente conveniente, alienada e conivente. Ainda somos índios deslumbrados e subornáveis. Perdura por aqui a tradição colonial. E dizem que a África é subdesenvolvida! O buraco da vergonha exala o cheiro dos dejetos da corrupção, na Praça dos Três Poderes. Lancemos sementes e esperanças! Pode acontecer de flores Desabrocharem na lama e no concreto. E chamam de imundos os operários suados, que se acotovelam nos coletivos. Homens e mulheres dão-se as mãos e posam nus, no Parque do Ibirapuera. Ao fundo, os raios luminosos do sol-nascente. Ô fotografia indecente! Dora Oliveira reside em Ipatinga-MG. Integrou a Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus - Edição 3, em 2008. É autora do romance No canto escuro do coração e tem premiações em diversos concursos literários, sendo os mais recentes: 1º lugar, no concurso de poesias Prado Veppo, Santa Maria-RS; 1º lugar, no IV concurso de contos Luís Jardim-PE e concurso de contos Horácio Pacheco, Niterói-RJ, 2008. Blog www.doraoliveira.blogspot.com

Page 37: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

37

Naufrago na urbe de repente, acordar de repente nu, só e sujo naufrago no mar de asfalto da urbe e o frio... de repente, fome a fome dor a fome agonia de repente, calor e o suor, a sede de repente, o cheiro o cheiro cachaça, mijo, bosta, lágrima, sangue e sebo, o cheiro esperma, suor, comida, peido e asfalto o cheiro real de repente, o sono, o frio, a fome e o medo e a dor e a falta e o asfalto e os sons e os outros e o odor e a mosca e o cão e a chuva e a solidão e o silêncio e a sede e o calor e o mijo e a bosta e o rato e a barata e o chão de repente, acordar. Duílio Henrique Kuster Cid é natural de Vitória-ES. Graduado em História pela Universidade Federal do Espírito Santo. É ator, poeta, professor de História na rede estadual de ensino e professor de teatro em projetos sociais.

Page 38: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

38

Igualdade Nesse nosso país de tantas adversidades Todos merecem viver com dignidade E é difícil aceitar certas coisas por falta de oportunidade Não é justo que algumas pessoas vivam à margem da sociedade Elas precisam de no mínimo respeitabilidade Independentemente de raça, religião ou idade E o importante é preservar a integridade e ter liberdade De dizer ou fazer o que quiser com muita personalidade Jamais se esquecendo das responsabilidades E nessa atual realidade, Chegamos à conclusão de que, a bem da verdade... O direito deve prevalecer para todos, por igualdade. Edelaine Rodrigues Costa é formada em Direito pela Universidade Católica de Santos e atualmente faz faculdade de Letras pela Metodista de São Paulo. Tem algumas poesias e contos publicados pela CBJE. Também participou do livro Antologia Talento Brasileiro em prosa e verso, edição 2007. Seu primeiro livro de poemas está no prelo.

Page 39: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

39

Trevas O crepúsculo da manhã não vem... Os pássaros não gorjeiam, As plantas não semeiam, A lua, brilho não tem... Densa nuvem de tristeza... Cobre tudo, O fardo, A dor horrenda... Eis uma vida inanimada... Distante do universo e do prazer, Limitada aos extremos, e nada poder, Não está Viva, não está Morta... Eduardo Soares Bottentuit é natural de Recife-PE e cresceu em diversas cidades do Brasil, como Vitória-SP, Rio de Janeiro-RJ, Belém-SP, São Paulo-SP. Formado em Engenharia Agronômica pela UFRAM, fez duas pós-graduações na cidade de São Paulo, na Universidade Mackenzie. Desde a infância e juventude escreve poesias, sempre no estilo dramático; pinta quadros abstracionistas, faz artes plásticas, gravuras. Atualmente, vive na cidade de São Paulo, e continua a se dedicar às artes.

Page 40: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

40

Para escrever... Essa imensa paixão Que me derrama nos versos Sonetos, poesias... é um rabisco apaixonado Pelo prazer de escrever De devotar-me ao papel, Silenciar-me Nas palavras; Ou me fazer ouvir nelas. De fazer dançar as letras E as rimas aflorar. Ver o lápis transformar-se na mais nobre ferramenta. Ser esboço e sentimento. E colocar-se no papel é único É um gosto doce na boca, É o perfume de mil flores, É quase celestial. É a existência do poeta. Eliana Cristina Hencklein é descalvadense, estudante do primeiro ano de psicologia na Universidade Camilo Castelo Branco. Premiada nas VI, VII e VIII edições do concurso nacional Marcas do Tempo; no I concurso municipal Marcas do Tempo – Descalvado-SP; Prêmio Rocha Moutonnée de poesias na cidade de Salto-SP; I concurso Poesia do Industriário – Sesi São Carlos; concurso literário Uma Viagem pra Pasárgada – Editora Litteris - Rio de Janeiro-RJ; Menção honrosa: I concurso de poesias de Cordeiro-RJ; Confreira da CAPPAZ – Confraria dos Artistas e Poetas pela Paz – www.cappaz.com.br

Page 41: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

41

Da realidade Chega! Não quero mais a vaporosidade do espírito, Os lençóis da aurora, O velho chinês sonhando Com a borboleta que Sonha com o velho chinês; Quero a pedra apenas Sob o sol da realidade; Quero apertar a mão do homem que cavou uma Cisterna o dia inteiro e justificou seu salário Com os metros da sede; Quero os cães, A vida pura das ruas, Os pássaros roendo o crepúsculo; Quero a verdade do poeta Que cantou os pendões da liberdade; Quero a alegria daquele Que plantou e colheu E alimentou muitos irmãos Com as espigas de sol. Elias Antunes é natural de Goiânia-GO. Trabalhou de servente de pedreiros, de contínuo de vendedor ambulante, policial civil. Bacharel em Direito, na UCG. Em 1993, ingressa, por concurso, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Foi professor de História da Filosofia, de Redação, de Direito e Legislação e de Estética e Literatura. Livros publicados: Demônios da Mente; Cinzas do Amanhã; Filodemo; Descrição de uma cidade morta (romance); Sobre o movimento das pedras; Tempo Superficial (poemas); A Longa Estrada sob o Sol; e Recordações da casa velha da ponte (novela), todos premiados.

Page 42: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

42

Poesia não se faz Poesia não se faz, Vive-se, basta Desconjunta-se, doença Morre de métrica. Frígidas bundas, Rítmicas rebolam, Sem que, no entanto, Nem contanto que Me excitam. O metro e o adverso De qualquer jeito jeitosamente rejeito. Eu linha livre aberta Escancara a porta um mundo, Sem jeito de palavras Louco. Artista não, homem Não poeta, mentira Conto história, perdido Não ajusto palavras Poesia não sei o que é. Descabida, sem nada, Nada como sofrê-la. Eliezer Soares de Souza é natural de Ibitinga-SP, a Capital do Bordado. É poeta de grande sensibilidade, mas não gosta de mostrar seus versos, pois acredita que o mercado literário brasileiro é um cartel, responsável pelo anonimato dos geniais poetas do país. Tem inúmeros poemas publicados em vários jornais e coletâneas poéticas. Seus poemas são reconhecidos por grandes e respeitadíssimos nomes da poesia brasileira. Todos os seus mais de 200 poemas permanecem inéditos à espera de edição. Autodidata, só tem o ensino fundamental como bagagem escolar.

Page 43: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

43

Poleiro pobre Parecia um palco aquele poleiro pobre. Poeira, penas, galinhas e patos; mas tudo era polido. Era um dia especial. O galo cantou pontual e a orquestra sincrônica seduziu a passarada. O sol não apareceu, o céu escureceu, mas aquela terra rubra iria comemorar. Flores ali brotaram, surgiram naquele chão. A cantoria no poleiro trouxe chuva pro sertão. Erik de Carvalho Alvarenga é natural de Varginha-MG. Advogado em Belo Horizonte, professor de artes marciais, músico nas horas vagas e poeta amador. É romântico por natureza, não por ser poeta, mas pela forma que vê a vida à sua volta.

Page 44: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

44

Agripina - Ser filho de Agripina não foi fácil, Envenenou marido, foi muito má. Comigo se fez sexo, nunca foi dócil, Mãe, desde a apojadura, pior não há. - Cometer parricídio, Nero não vi, Poupei-o de tamanha aleivosia. Fui consultar vidente, logo ouvi: Seria imperador em apostasia. - Eu jamais senti dó ou dei perdão, Contra mãe sentir ódio causa receios, Foi no ventre da besta a danação!... - Enfia tua adaga centurião, Enfia a haste toda entre meus seios, Alimentei um monstro, enfia então... Fábio Daflon é medico pediatra da Fundação Nacional de Saúde e oficial de reserva da Marinha. Autor dos livros: Título Provisório, Editora Quilombo (1981) e Vento Passado - Memórias do Recruta 271, Editora Doonley-Crochanne (2005), inspirados no movimento estudantil da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e nas memórias do cabo artilheiro Alberto Daflon sobre a Segunda Guerra Mundial. Como médico, é especializado também em Medicina Psicossomática.

Page 45: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

45

Metódicas: Do Poeta O poeta não tem sexo, nem origem nem raça. O poeta é um ser que não se discrimina. O poeta não tem cor preta ou verde a sua cor só se pinta na poesia. O poeta não é triste muito menos possui graça. O poeta é só a dor que indevidamente traz com a que lhe cabe. O poeta é tão-somente, enfim, a sua própria patetice. Fábio Henrique Ferreira de Albuquerque é natural de Recife, atualmente vive em Lisboa. Fez a sua carreira profissional fora da Literatura, no domínio das Finanças, Gestão e Contabilidade, áreas nas quais tem alcançado relativo êxito, colecionando inclusive prêmios de produção científica nacionais e internacionais. É docente universitário. Colaborador assíduo de revistas profissionais da especialidade. Desde sempre apaixonado por literatura, esta representará – caso entendam - a sua primeira incursão no mundo das letras (publicadas).

Page 46: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

46

Soneto Bissexualmente Indeciso Gostar duma mulher parece fácil; amar um homem é muito difícil; por isso envelheço, viro fóssil; por nunca entregar-me ao incrível. Por nunca fazer do amor ofício, não encontro quem seja compatível. A solidão alcança outro nível; as trevas e escuridão são vícios. Não é que não ame, só não arrisco; por tanta gente estranha ter amado, de sexos confusos, condenado. Não posso bobear, então não pisco. Sou macho quase feminilizado, sou feminino masculinizado. Fabrício Martines Alves escreveu folhetins para o jornal de Cajamar-SP; formou-se em Publicidade, nunca quis ir buscar o diploma; abandonou a faculdade de Letras no primeiro dia; trabalha como arrecadador de pedágio; escritor dos livros “O homem que queria magia” e “C.A.O.S”; participou das duas últimas antologias do Prêmio Valdeck Almeida de Jesus de Poesia.

Page 47: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

47

Mortalha Cobri os muros Da minha casa com pixe. Vi escorrer, Pelos veios dos tijolos, O negrume da solidão. Tranquei os portões. Sequei árvores, Arranquei gramas. Fiz-me estátua no chafariz Sem água. Espero o sol Derreter a pele negra Que a mim amordaça. Fátima Venutti é Paulistana de Osasco (1965) e reside em Blumenau desde dezembro de 2002. Formada em Letras, escreve desde os 11 anos e possui textos premiados em diversos concursos literários. Coautora e organizadora de antologias da Sociedade Escritores de Blumenau-SEB (presidente em 2007). Membro da Academia Catarinense de Letras e Artes (ACLASC). Publicou Último Beijo – poesias (Ed. THS Arantes, 2007), Terceiro Apito - contos e crônicas (Ed. Nova Letra, 2008), ambas as obras bilíngue (português-espanhol) e Estação Catarina: o trem passou por aqui (Ed. Nova Letra – 2008) – contos e crônicas.

Page 48: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

48

Mas… Muitos julgam que o dinheiro traz segurança e proteção Mas o dinheiro muda de mãos como o dia muda a noite. Muitos confiam na sua beleza física para conseguir tudo Mas os anos marcam implacavelmente todos os corpos. Muitos fiam-se nos amigos e familiares para tudo Mas eles apenas cuidam dos seus próprios interesses. Muitos apoiam-se no seu parceiro como amor para sempre Mas para sempre é muito tempo em qualquer momento. Muitos acreditam na fama e no sucesso como fim Mas o fim pode chegar cedo demais e tudo acabar. Muitos depositam confiança nos bens que conquistam Mas a natureza encarrega-se de destruir tudo num minuto. Muitos apoiam-se em tudo o que são e o que conseguem Mas o tempo ajuda a apagar a memória e as ideias. Poucos preocupam-se em viver o dia-a-dia como o último E é este o princípio para descobrir o maior tesouro da vida. Fernando de Sousa Pereira é natural da Vila de Ribeirão no Concelho de Vila Nova de Famalicão, em Portugal. Escritor e licenciado em Engenharia e Gestão Industrial. É autor de vários livros de romance e poesias, tendo conquistado vários prêmios literários, participado em algumas antologias e logrado menções honrosas com os seus trabalhos. Blog: www.fernandosousapereira.blogspot.com

Page 49: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

49

Apocalipse No topo do mundo, o Éden No centro do Jardim, a máquina Em volta dela, os Homens. E aqueles que fizeram a máquina Agora olham para ela. E a máquina ajuda o Homem Arando os campos, Voando para longe, Trazendo-os de volta. E a máquina é mais forte. No centro do Paraíso, um cogumelo A maior flor que o Homem já construiu. E a flor se desfaz em megatons. A máquina não morre, se acaba. O Homem morre, mas não se acaba. Floriano Lott assina uma coluna de crônicas na Revista Única, de Feira de Santana-BA.

Page 50: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

50

Infidelidade Fico na estação mesmo quando o trem parte comigo, e permaneço ainda próximo, partido, na plataforma que se perde, do que já se foi e não me leva. Vou, parto dos lugares, venho, verso, chave, espelho, e me levo sempre. Afinal, quem parte? Aquele que vai ou o que fica? Que parte vai conosco? A nova, a prova que já não seremos os mesmos? A cova de lembranças? A roupa de mudança? Por dentro, angústia, parte do extremo. Na ausência, Ela: falha, vaga, constante como a perda. No frio adeus, o equilíbrio da lágrima, que parte o rosto e nossa vida em três... Gabriel Fernando Gómez nasceu em Buenos Aires, Argentina. É proprietário do Jornal A CIDADE de Rio do Sul-SC, ganhou diversos prêmios de jornalismo. Participou do “Livro do Esquecimento”, coletânea publicada e editada pela Editora do SESC – SC. Ganhador do I Concurso Nacional de Monografias do Grande Oriente do Brasil – GOB – em Brasília-DF. Publicou o livro de contos “A culpa é do Livro”.

Page 51: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

51

Palhaçadas vazias Há um poeta dentro do palhaço Escondido atrás de seus sorrisos Sua essência frígida ocultada Por meia dúzia de momices Segue mantendo o mesmo passo Sem esquecer-se de soar seus guizos Mas no fundo o poeta aguarda Dentro da amarga crosta da superfície Há um ferido e temeroso menino Morando dentro de si mesmo Com um nariz vermelho e grandes sapatos Dentre outras quinquilharias Ele demonstra um contente desatino De quem conduz pilhérias a esmo Ocultando a si mesmo em burlescos atos Para mascarar o vazio de seus dias Gabriel Rolim de Oliveira é estudante de História, crítico de cinema amador e profundo apreciador de poesia. Poetas favoritos: Mário Quintana e Fernando Pessoa. Fluente em inglês e espanhol. Não tem obras publicadas, mas escreve desde os 12 anos e costuma organizar alguns saraus em Porto Alegre. Ignora sílabas poéticas, mas procura manter as rimas nos poemas. Gosta da sonoridade de um sistema que usa como marca registrada. Esse sistema consiste em quatro quartetos de rimas ABCD ABCD EFGH EFGH.

Page 52: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

52

Ébano Foi estranho Você olhou e sorriu Num efervescente ciclone de emoções Você olhou no meu olhar Vagou destemido em mim E entendeu... Fui algemado por sua pele negra, brilhante, escura... Condenado a sentir-te onde quer que eu esteja Misterioso fluido que o coração bombeia... Minhas pupilas percorrem seu corpo Despindo cada peça de seu vestuário Sem nenhum pudor Sem você perceber... E mesmo que tudo ocorra só no pensamento Sinto o tremular de meus músculos... O suor sedento que Talvez nunca lhe toque Nem sinta o sabor ébano de sua boca Mas a cada noite Você se aconchega em meus delírios Calados, secretos, sombrios. Geraldo José Sant´Anna é natural de Taquaritinga. Formou-se em Matemática e Pedagogia. Premiação em diversos Concursos Literários. Título de Cidadão Bebedourense. Cadeira 023, da Área de Letras, membro titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Diretor da Escola Técnica Estadual (ETEC) de Bebedouro.

Page 53: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

53

Mortalha Se achas que te agride a roupa que visto Não agrido a ti, mas a tua insegurança E a hipocrisia da sociedade sem esperança Que ainda resiste à liberdade que conquisto. Não posso interpretar o papel que me relegas A santidade aparente e a falsidade casta A casa e a cozinha, nem a maternidade basta Pois vivo para gozar o direito que me negas. Mesmo acuada num canto escuro da sala Me manterei de pé ante o pelotão Prefiro o fuzilamento à moderna escravidão Sendo a serviçal que, ao teu desejo, cala. Santa na rua e puta na cama? Não encobrirei o que esconde a tua moral Minha mortalha é um manifesto liberal Que a inveja alheia e o embrutecimento inflama! Grigório Rocha, natural de Salvador-BA, é bacharel em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia, especialista em Metodologia do Ensino Superior pela UNEB e também graduando em Ciências Sociais pela UFBA. Premiação em poesia: "Trova para o arcanjo" (SESI 2006), publicada em 2009 na Antologia Poética do Trabalhador da Indústria. Funcionário da Embasa, diretor de imprensa do Sindae-BA; diretor regional do Dieese e participante do projeto Fala Escritor. Blog: www.poesiasdoabsurdo.blogspot.com

Page 54: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

54

Velho jornal de amanhã Notícia moldada e implacável, Chega feito embrulho especial, Disfarçando aroma insuportável, Camuflando distorção da vida real Este preto e branco sempre desleal, Trata vida e morte sempre em jeito tão banal. Tiros de chumbo ganham ouro em folhas, Seus receptores sempre tristes funerais, Jamais divulgados em sequer algumas notas. Serão o passado e a lembrança em dias imortais. Aquele humilde que parte, fica abaixo dos classificados, Possuindo fortuna, na primeira página pêsames são dados. Dias passam e o negro embornal nunca muda, Traz sempre a manipulação de gente dita sã. Vidas inteiras imprimidas em máquinas sem marca Aparecem no folhear do meu velho jornal de amanhã. Herbert Sena Silva, natural de Mariana-MG. Tem se dedicado a escrever poemas e a compor algumas músicas. Após alguns anos observando concursos de poesias nacionais, inscreveu seus poemas ao XIII Concurso de Poesias da Arcádia, sendo este o primeiro a ser contemplado com a máxima premiação.

Page 55: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

55

Cansado Cansado de escrever Do amor que não me quer, Da tão linda mulher Que não consegue entender Tanta solidão. Cansado de dormir Num sonho melancólico, Sonho de compaixão Em mundos folclóricos Sem nunca sorrir. Cansado de gargalhadas Movidas a álcool e cachaça. Humberto Teixeira Leite, 22 anos é natural de Guarujá e mora em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Escreve desde os 14 anos e ainda não publicou seus trabalhos, pois espera ‘amadurecer’ melhor seus escritos. Sua maior paixão é escrever, e seu sonho é viver da literatura.

Page 56: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

56

Fragmentos de você Entre um fragmento e outro de mim está você Entre o pedaço que foi e o pedaço que ficou Como a cola que une o antes e o depois Juntando os cacos do que outrora fora nós dois Entre um fragmento e outro de mim está você Em mil fragmentos me tornei quando partiu E está difícil tornar-me uma só outra vez Busco ainda pedaços da história que se desfez Entre um fragmento e outro de mim está você E a cada passo que dou, um caco cai por aí Inda tento pegar, mas como gelo derrete E toda hora esta cena mais uma vez se repete Entre um fragmento e outro de mim está você E sei que não posso passar assim toda vida Se sua essência se entranha no meu eu O consolo é que pedaço de mim agora já é seu Entre um fragmento e outro de mim está você Cada novo encontro fragmentos vão e ficam Nunca mais serei novamente apenas eu E tudo que dei a você definitivamente se perdeu Ionita Késia Pereira é natural de Varginha-MG. Viveu em Três Corações-MG até os 10 anos, quando se mudou com a família para o Rio Grande do Sul. Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. A leitura sempre foi sua principal atividade desde tenra idade. Reside em Sapucaia do Sul, trabalha como assessora jurídica e dedica praticamente todo seu tempo livre à criação de crônicas, contos e poesias, que tenciona ver um dia publicados.

Page 57: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

57

Mundo A DRUMMOND O mundo entrou em coma, Canceroso... Leprosário fedentino, Cheira a fecaloma... Seus habitantes? Séquito de dementes, Procurando com unhas e dentes, Uma forma de transpor a muralha desse manicômio Os que gerenciam o universo? Não merecem citações em meus versos, Turba de seres maquiavélicos, Invenções patéticas e imbecis do demônio... O mundo... Eta mundo... O mundo não merece o mundo, Nada de novo, só tem calhordas no front... E agora Drummond? Isaac Soares de Souza é natural de Pompéia-SP. Autodidata, poeta reconhecido por grandes nomes da poesia brasileira e compositor, com três canções gravadas pela banda HANGAR XVIII. Publicou dois livros: Raul Seixas, o metamorfônico (1995) e Zé Ramalho: o profeta do terceiro milênio. Entre os anos de 1993 e 2005 publicou colunas dedicadas à MPB e à Literatura, nos principais jornais de São Carlos-SP. Estudou até o quarto ano primário.

Page 58: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

58

Searas O agricultor planta a semente do trigo Na terra fértil, na esperança de mais pão Assim é o poeta, quando semeia palavras, Pra colher rimas, na seara da canção... Arado em punho, sol e chuva, segue lida Dura é a vida de quem a terra sustenta E das palavras que germinaram na escrita Brotaram versos que sua alma alimenta... O pão da vida que na mesa escasseia E foi na ceia o corpo do criador É pão que hoje falta na boca de muitos Dos próprios filhos do humilde trabalhador! Semeio versos na crença de que um dia A alegria encha os nossos corações... Revigorados na certeza que amanhã O amor floresça, dando frutos de canções. Ivonir Gonçalves Leher é natural de São Gabriel-RS. Militar de carreira do Exército, poeta e compositor nativista, começou a escrever há mais de 10 anos, tendo trabalhos publicados em Antologias e músicas gravadas por artistas locais. É membro do Movimento Poetas Del Mundo e prepara para este ano o lançamento de seu primeiro livro.

Page 59: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

59

25 Poesias Há dias em que as nuvens se enlaçam numa ciranda triste, de tristes amantes. De mãos dadas, escurecem o dia escondendo a luz de um sol antes brilhante. Mas um coração que lateja Como o calor que há no centro da Terra, logo liberta raios que fogem em fuga louca que desespera... E essa tristeza assim tão fugaz que fingida se disfarça de amiga, sorri enquanto chora o amor que escurece de lampejo sua tempestiva vida. Mas se é vero que triste é o poeta conforma-se o sol, como que entorpecido com 50 anestesias pois na tristeza a arte se manifesta dando luz a 25 poesias. Izilda de Camargo nasceu na capital de São Paulo, em 1972. A melhor companhia na adolescência foram os livros. Desde então, aventura-se no mundo das letras com poesias e crônicas. Cecília Meirelles e Mário Quintana seus poetas preferidos.

Page 60: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

60

3 Doses 3 doses deste sacrifício. 3 doses deste comprimido. 3 doses desta vida vulgar. São suficientes para me matar! 3 doses deste sacrifício. 3 doses deste comprimido. 3 doses desta vida vulgar. Abençoo o inferno. Vejo medo no altar. Querendo me pegar. Querendo me estraçalhar. Dentro do meu quarto tem uma coisa muito estranha. Vejo Satanás sambar sobre a minha cama. Fico sem dormir e meus pais me crucificam. Mas eles não sabem, não sabem o que sinto. Então, para agradar, eu simplesmente me sacrifico, e tomo 3 doses deste maldito comprimido. 3 doses deste sacrifício. 3 doses deste comprimido. 3 doses desta vida vulgar. São suficientes para me acabar! Jefferson Reis de Santana é soteropolitano, formado em Administração e com tendências artísticas desde os 14 anos. Julga-se autodidata e ignorante por natureza perante a arte. Possui projetos engavetados e alguns realizados nas áreas literárias (contos, resenhas, críticas, artigos, monografias, poemas, crônicas, livros etc.), e também nas áreas de teatro e cinema (roteiros de curtas e peças), música, e artes visuais em geral.

Page 61: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

61

Vejo a Fome No fundo do prato vejo a fome Vejo a fome dos que acordam junto aos ratos Vejo a fome dos que em mesas fartas comem E até daqueles que lá de fora espiam o prato Vejo a fome dos que são malabaristas Na sinaleira em troca de um trocado E também vejo que alguns fogem da polícia Com a tua bolsa, se embrenhando entre carros Você só nota quando está sendo assaltado “Toc toc, por favor, quem bate é a fome Passa a carteira e o seu relógio importado Por obséquio, me esqueci do telefone ” Vejo a menina que encosta no seu carro E fala o preço sem nenhuma cerimônia Você é podre e por isso é que escarro Pobre menina, com fome terias vergonha? Os moralistas mandarão crucificar E os hipócritas o farão enquanto comem Abstenho-me, reservo-me a não julgar Vejo com ironia condenar sem passar fome. Jelvisson dos Santos Nascimento escreve poemas, mas nunca os publicou. Por obra do destino, deixou de criá-los, passando a se dedicar inteiramente a trabalhos sociais. Em fevereiro de 2006, sofreu um grave acidente de moto, que o deixou deficiente físico.

Page 62: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

62

Hexágono Somo, subtraio multiplico Pensamentos artefatos fragmentos E, por me calar, falo Fechando os olhos, vejo Dormindo acordo Calculo equações viajantes No hexágono do trajeto para casa Mórbida carruagem E, por andar, corro, como se viesse De algum lado Atravesso circunferências Tropeço nas massas, transito transtornado E lá vou eu outra vez Para algures, nenhures Outra vez Aqui Felizes, talvez Escravos dos nossos desejos. Joana Costa Espírito Santo é natural do Barreiro, uma pequena cidade industrial, na margem sul do rio Tejo, em Portugal. Fez teatro amador “Arte Viva” nos anos noventa, mas prefere poesia. Já trabalhou em áreas completamente diferentes, e também já conheceu o sabor do desemprego. Desde 2004, desenvolve projetos na área da cultura e, em particular, no cinema.

Page 63: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

63

Silêncio da dor Este silêncio ecoa no interior do meu ser, Confunde-se com o sangue a correr... É como o cansaço da voz É como o tempo em que estamos sós. Este silêncio que grita em mim, Que crepita e agita o mar de sentimentos, É fogo, é água, é ventania assim, Que me move e comove, Conforme os momentos... E são os momentos que me dão cor, Que me deixam o sangue a fervilhar... Ah! Sentir-me a arder por dentro Sentir o sabor de viver o amor... Aquele gostinho próprio de o viver Senti-lo em mim e em ti, Senti-lo na vida! E este silêncio que ouves, São gemidos calados da dor… Oiço-os ao longe, em vão, É de longe que vem a desilusão! Joana Oliveira Macedo é natural de Braga (Portugal). Começou a escrever desde cedo, iniciou-se com quadras populares, participou de concursos de declamação… E, aos 17 anos, dedica à poesia metade da sua vida. (“A outra metade? É amor à vida!”).

Page 64: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

64

Marcas Vou marcar Na areia Minha passagem. Vou deixar A água cobrir As minhas marcas. Vou sumir No chão de areia Feito espuma. José Carlos Vaz é poeta, pai, policial militar. Natural de Jequié-BA, conhecida como Cidade Sol, começou a rabiscar seus primeiros versos aos quinze anos. Participa de várias coletâneas de poesias da Litteris Editora e CJBE. Participou com literatura de cordel “Vida e morte de Anésia Cauaçú” da VIII Edição do Festival de Inverno da Bahia de Vitória da Conquista. É assessor de comunicação do 14° Batalhão da Policia Militar e educador do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD. Dá palestras sobre segurança, educação pela paz e resistência às drogas.

Page 65: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

65

Minha Bahia linda Como eu te conheci, mas como és linda Com tuas belas tradições a brilhar... Com tua bela alegria a vibrar Com teu calor carnavalesco quente A tua cultura é africana e muito bela E com a tua religião, candomblé Tu, Bahia minha, és alegre e bairrista Com o teu vigor de alegria As tuas gentes são belas e brilhantes Bahia bela linda e brilhante Com o teu belo Rio São Francisco, imenso Com o teu esplendor de beleza, imenso A minha alegria se encontra contigo, Bahia minha As tuas cores são belas e lindas Mas como és tão linda, Bahia minha! José Manuel Ribeiro Maçanita chegou de Portugal ao Brasil no dia 21 de outubro de 2002. No Ano de 2004, diz ter tido um encontro com Deus e pediu a Ele para ser escritor, poeta e compositor. A partir de então, começou a escrever para 350 mil garotas do Brasil, fez um programa numa rádio e gravou o CD Águia Poesia com 20 poemas.

Page 66: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

66

A lua que anda As gruas olham para o mar A lua anda na baía de Luanda O sol morre por lá Não há sol mais belo que o sol de Luanda Quem veio aqui sabe do que estou a falar Quem andou por aqui conhece mais a vida Cheia, lenta, grande, nobre, sem ar Olha, fita, vê, para na marginal avenida Não quero Cabinda, Lubango, Benguela Só quero Luanda, farta, suja e bela Não quero Saurimo, Luena, Namibe Quero a Ilha, Chicala, meu Caribe Quem viveu cá entende o que estou a dizer Quem ousou cá conhece mais a vida Cheia, lenta, grande, nobre, sem ar Olha, fita, vê, pára na marginal avenida José Otávio Monteiro Badaró Santos é natural de Salvador. Formado em jornalismo há cinco anos, vem atuando em TVs de Salvador e Luanda, em Angola. Tem experiência como repórter, editor e apresentador de telejornais. Em Angola, país em que viveu por dois anos, escreveu um documentário e alguns poemas com a temática africana. No trabalho e nos telejornais usa a alcunha de "Juca Badaró". Na conclusão do curso de jornalismo escreveu um livro-reportagem sobre os coronelismos em Ilhéus. É um apaixonado pela literatura, especialmente conto e poesia.

Page 67: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

67

Lembranças infantis Dos tempos de outrora, Lembro-me com grande saudade. Dos momentos de alegria, Em minha tenra idade. Corria pelo quintal afora, Fazendo grande arruaça. Andava de bicicleta, E de skate pela praça. Tudo era tão belo, Que vida de satisfação! A vida infantil é pura imaginação. Eu vivia assim, sonhando em meu coração. Tornava-me super-herói, salvava a quem precisava. Nas minhas brincadeiras com bonecos na calçada. Pião girava na terra até esburacar, A pipa bem colorida voava solta pelo ar. No campinho de grama escassa, que pura diversão! Jogando bola com os amigos, o gol, o gol, o gol, Que explosão e comemoração! Oh! Que saudades dos tempos infantis! Jossandro Tavares Fumian é pastor e doutor em Teologia. Apaixonado por literatura, gosta de escrever e ler. Educa seus filhos à leitura desde a pequena idade, para ter essa educação durante toda a vida. Como pastor, tem escrito artigos para alguns sites. Tem um livro escrito e outro em fase de conclusão, que não foram publicados.

Page 68: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

68

Dia da Consciência Negra Indignação Consciência tem raça tem forma, tem cor? Não! Consciência é a matiz do amor E a todos enlaça Basta de tanto horror! Paciência não tem forma Nem raça, nem cor Mas... tem limite e decoro e não se conforma Chega de tanta hipocrisia! É muita heresia dizer Que consciência tem dia Dia... é todo dia Que propicia alegria, prazer Haja paciência! Coloque a mão sobre o peito Negro, amarelo, pardo, branco, irmão! E arranque do coração Os mantos do preconceito! Aja com consciência! Jussára C. Godinho é Licenciada em Letras Português e Espanhol. Especialista em Leitura e Produção Textual. Cônsul do Movimiento Poetas del Mundo de Caxias do Sul-RS, membro efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores (AVSPE), associada à AGES (Associação Gaúcha de Escritores), membro da UBT (União Brasileira de Trovadores de Caxias do Sul-RS). Participação em mais de trinta antologias, vários prêmios e classificações em concursos literários.

Page 69: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

69

Desrebuçar Sou um ser muito falho, Até o espelho me reflete ao contrário Às vezes esqueço o quanto valho Por meus maus passos Já recebi salário... Quando levanto, caio Desconfio que perdi meu escapulário Por vezes de mim mesma saio E fico zonza até maio (é tempo usado pra ensaio). Depois de refeita, Sabendo o que sou, Me espalho...Me junto... E me distraio com outros assuntos. Karin Spekman Andrade é natural de Timóteo-MG. Aos 4 anos foi morar com a família em Ipatinga. Formou-se Técnica em Química em 1995, mas não trabalha atualmente na área. Atualmente, mora na cidade de Itaúna-MG. Escreve poesias desde os 11 anos, mas só agora resolveu expor seus poemas.

Page 70: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

70

Atual dilema shakespeariano

Ser ou não ser humano Não é esta a tão discutida questão? Será que podemos tirar do sangue O sangue derramado por ambição? Como hera, a hereditariedade Do DNA com negro humor Gera a era da individualidade Do tempo como nosso gestor E o estômago mal digere A nossa resignação Que mata o mundo e fere A folhas secas esta nação E o ser ou não ser desse ser insano Coberto de culpa clama remissão Missão cumprida inda que exangue Apenas nuance, sem nome de ação Karlla Caroline de Oliveira Souza é natural de Jataí-GO, onde ainda reside. Graduanda em Medicina Veterinária, pela Universidade Federal de Goiás, dedica parte do tempo a aprender, criar e escrever, aventurando-se no mundo literário e tendo como bagagem publicações em sites como o Recanto das Letras e Site da Magriça.

Page 71: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

71

Velejador Vivo voracíssimo Vestindo verdade Vivificando vergonha Vertendo versos Varrendo violência Vencendo vesânia Valorizando verde Vigiando veredas Vigorando velhice Visitando vales Voando... Voando... Voando... Leandro Silva da Mota é natural de Nazaré-BA. Aos 10 anos, mudou-se para São Miguel das Matas, uma pacata cidade do interior baiano, onde viveu boa parte de sua vida. Ali iniciou sua carreira de poeta, escrevendo, no ano de 1998, sua primeira obra poética intitulada "Sonho: um repouso profundo". Desde então, não parou mais de escrever.

Page 72: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

72

O amor Que sentimento complicado que nem a poderosa ciência é capaz de entender. Um sentimento que nos faz sorrir... e nos faz chorar. Nos faz esquecer e às vezes relembrar. Como é possível ver uma pessoa e sentir o coração acelerar, o corpo arrepiar e as pernas balançar? Como é possível o mesmo sentimento causar ciúmes, raiva e vontade de matar? Vá tentar decifrar o amor! Melhor não. Mas de uma coisa eu sei. Todos nós, vivos e mortos, jovens e velhos, se não sentimos, um dia haveremos de sentir. Não é como a alegria, que nos deixa um sorriso estampado no rosto. Nem como a tristeza, que nos arranca a alegria sem o mínimo esforço. Mas sim sensações diversas, que é bom nem citar, mas que, juntas por uma só força, nos faz sentir o prazer inexplicável de amar. Léo Dragone é o nome artístico de Alex Bruno Rodrigues de Jesus, soteropolitano, nascido em 5 de março de 1990, no subúrbio ferroviário de Paripe, na capital baiana. A veia artística e literária lhe acompanha desde criança, e se fortaleceu depois que Léo, como é chamado em família, aprendeu a ler e escrever, aos sete anos de idade. Desde então, devora livros e escreve poemas, contos e romances. Publicou o livro “Diário de Rafinha - as duas faces do amor” em 2008 e participou da Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus de Poesias, edição 2008. Atua em peças de teatro em Salvador e pretende alçar voos na arte e na literatura brasileiras.

Page 73: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

73

Bens Amados Quanto tempo existe mediante tantas retinas? ou mesmo aos que não contemplam? chama atenção! Bondade sempre e em todo tempo: se exala por muitos atenciosos: que bom que é bem vista ...por muitos que não desperdiçam... O que fazem tantos rogos ao longo da montanha? – em meio às grandes artes - Silêncio! – que se calem os culpados que se calem a nós ou proclamar sem melancolia na virtude - Glória! – aos bons momentos que se passam o desejo que se busca algo que se busca... na mais infinita gratidão - Glória! – aos dons que são gratuitos! Leonardo de Lima Durval nasceu em 23 de dezembro de 1908. É oriundo da Cidade de Recife-PE, onde também reside. Acadêmico do curso de Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú (UVA) e do Curso de Graduação em Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Vencedor do Primeiro Campeonato de Poesias do Site do Escritor e terceiro lugar no 9º Prêmio Literário Cidade de Canoas-RS. Publicou o romance Epístola de Um Pensador.

Page 74: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

74

Faz de conta A chuva no faz de conta que a rua amansa. Vazio no faz de conta que espaço é medo. Ontem, camada de ozônio. Hoje, buracos negros. O tempo no faz de conta que traz a conta, Impõe cobrança, Contando a história que a vida fez. Pessoas no faz de conta que a sorte chega, Que o vento é livre, que a dor melhora, Roubando índios, ferindo gays. Festa no faz de conta de olhares úmidos, Da mãe chorada por filho único, Ventre perdido nos funerais. Silêncio no faz de conta que o sol conforta. Desejo no faz de conta que a luz não fere. Mundo no faz de conta que a voz é doce, Que a lua é prata, que a força é guerra, A paz que tarda é água amarga, Que o vinho caro avinagrou. Dono do faz de conta que discrimina, Que só faz conta e nunca amou. Lílian Porto Silva é professora da FME de Niterói. Formada em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense - UFF. Pós-graduada em Análise de Sistemas e Psicopedagogia. Participante de antologias da FESP-RJ – 2008; Editora UFF – 2008; Ateneu Angrense de Letras e Associação do Banco do Brasil.

Page 75: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

75

A volta Passei tempo demais longe da órbita deste planeta. Tudo por aqui está muito diferente. Na galáxia onde estive, a dor da existência nunca saiu da moda. Não tinha personal trainer e histéricas magrelas não se chamavam anoréxicas. Silicone ninguém conhecia. Lá os peitos caíam com o tempo, mulher tinha carne vermelha e homem não usava Viagra, tinha tesão mesmo! Nunca vi tanta dignidade assim.... Atualmente meus maiores medos são a invisibilidade do vento e a água, por não ter forma própria. Já Nietzsche ter dito que Deus está morto me dá um certo alento e esperança de que a humanidade ainda tenha algum jeito. Lincoln Almeida é médico-psiquiatra e autor dos livro “Entre Borboletas e salmões” (no prelo).

Page 76: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

76

Andrógino bonito\bonita tem porte delgado às vezes pavão uma corça um cisne outra vez um corcel uma garça : elegância não falta os olhos são tristes a boca sorri e um colibri desprende-se d'alma esbelta figura presença agradável isola-se afasta-se bom cheiro bons modos donzela não é também não é macho : um pouco de cada bonito\bonita é obra-de-arte capricho de Deus em dia de graça. Líria Porto é natural de Araguari-MG e mora em Belo Horizonte. Professora, poeta, autora do livro Borboleta Desfolhada, publicado em Portugal (2009), tem poemas publicados em vários sites e blogues, entre eles: “Escritoras suicidas”, “Germina literatura”, “Cronópios”, “Balaio porreta”. Edita o blogue “Tanto mar”, participa do “Putas resolutas” e da agenda “Livro da tribo”.

Page 77: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

77

Apenas um soneto Eu pensei em demonstrar o meu amor Exprimi-lo nas estrofes de um poema Transmiti-lo com eloquência e ardor Permitir que a emoção fosse seu tema. Eu pensei em expressar meu sentimento Na cadência das sílabas em simetria Flutuar por seus sonhos e pensamentos Nas asas imaginárias da poesia. Vi, porém, que o meu amor vai muito além Dos quartetos e tercetos de um soneto Tamanha a grandiosidade que ele tem! Amor imenso como o meu não caberia Na extensão de um só texto em verso ou prosa, Pois descrevê-lo inteiro eu não conseguiria. Lourdes Neves Cúrcio é bacharel em Direito e escritora. Natural de São João Nepomuceno-MG, reside em Barra Mansa-RJ e é funcionária pública em Volta Redonda-RJ. Publicou o livro “Reflexões Poéticas”. Premiada em concursos literários de âmbito nacional e internacional, é membro efetivo da Fundação Cultural Del’Secchi e autora de poesias, crônicas e contos publicados em dezenas de antologias literárias.

Page 78: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

78

O trabalho Trabalhar é muito importante Construir um amanhã melhor O dinheiro do serviço ajuda bastante O poder está em tuas mãos, em teu suor. Com isso fortalecemos nossa autoestima Sentimos mais coragem, mais determinação Tem persistência, te anima Coloca no trabalho tua vocação. Sê seguro em tuas decisões Falar menos, ouvir mais, e trabalhar Também terás o tempo livre para as emoções E, com a alma limpa, vai para casa descansar. Lúcia Grespa Rocha se apresenta como uma simples dona-de-casa aposentada que já ganhou algumas menções honrosas e gosta muito de escrever. Fez apenas o curso primário.

Page 79: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

79

Monólogo da Despedida Terá uma noite que, ao me deitar, Tua alma comigo não mais estará A saudade transcenderá Os sonhos que por ti idealizei Chegará quando, pouco por ti sentirei. Se foi mero engano do destino Apresentar-me ao teu sentimento Só recordação, não serei em nenhum momento Terás gravado circunstâncias no pensamento Instaladas por fortes lembranças de muito tento. Mesmo não desejando, saberás dos outros Que frustrado caminho na solidão Da ausência de teu amor, teu coração Tão impregnados em minha emoção Agora, ao léu, sem significado, em vão. Haverá quando não mais teremos importância Um ao outro seremos somente consonância Não mais saberei de ti E tu não vais querer saber de mim Porque pouco importa, foi o fim. Luciano Spagnol é fisioterapeuta. Escreve o monólogo de sua alma, que passou a ser um diálogo com os leitores. Sempre gostou de poesia, mas só em 2008 criou coragem para poetar no mundo virtual, e passou a fazer parte dele. Publica seus trabalhos na internet. Membro Efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras (AVBL), Membro Efetivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores (AVSPE).

Page 80: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

80

A Imortalidade do Palhaço A alma chora No rosto que ri. A flor azul, Pintada na face, Tem pétalas de céu. Habituadas ao absurdo, As mãos, Tateiam o infinito. Nascem gargalhadas Nos olhos dos meninos. As luzes vestem o corpo: Casulo de seda e dor. Os caracóis de nylon Ocultam o homem, Que ignora A própria morte. A eternidade É o palco onde vive. Lurdes Breda frequenta o curso de Línguas e Literaturas Modernas – Variante Estudos Portugueses, da Universidade Aberta. Entre a edição e a coedição, possui editadas as obras: “O misterioso falcão de jalne”; “Asas de vento e sal”; “Zuleida, a princesa moura”; “Contos com Vinho Madeira – Cultura Madeirense na Forma Líquida”; “A Outra Face do Luar”; “Folhas ao Vento”; “Casa lembrada, Casa Perdida”. Site pessoal: www.lurdesbreda.wordpress.com

Page 81: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

81

Pedra Insondável Expoente, imponente, vertente! Ergue-te, montanha de pedra insondável, Com cristalina e sinuosa nascente Sob o sol quente e implacável. Rochedo, penedo, no tênue arvoredo. Impávida pedra dormente, Guardadora de indescritível segredo, Imóvel, bruta e atraente. Exuberante, dominante, constante. Asas à tua volta de colorido marcante Tornam a paisagem mais deslumbrante. Úmida e fria à noite, escaldante ao dia, És a última morada do que te negligencia E repousa eternamente em tua sabedoria. Luzia Lobato Duarte é natural de Belo Horizonte-MG. Formada em Jornalismo pela PUC-MG, sempre teve o sonho de escrever, mas o tempo escasso a impedia. Com a vida mais estabilizada, a autora tem se entregado ao prazer de narrar tudo aquilo que ouviu ou presenciou. E também tudo aquilo que a imaginação permite.

Page 82: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

82

Você é meu confidente Meu amigo violão Estou sentindo no peito A saudade de você, Pode crer! Apenas tem um dia Que não ouço sua voz. Minha alegria se foi E meu coração feneceu. Volte logo...! A tristeza se arranchou Em meu canto de emoção. Quero tornar a sorrir, A compor e a cantar As dores de meu pranto, Você é meu confidente. Só nós é que sabemos O que temos a expressar, Ao dedilhar suas cordas Fazendo a entonação... Mamede Gilford de Meneses é natural de Itapipoca-CE. Advogado, professor (graduado em letras), contador, psicanalista clínico, terapeuta regressista. Extensão Universitária: Reforma Agrária e Desenvolvimento, Educação e Cidadania, Direito Processual e Penal. Pós-Graduação: Teoria Psicanalítica.

Page 83: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

83

A chance surrealista Eu nunca me senti dançando Mesmo quando às 8 horas num bar nojento vermelho demais Deus visitou todas as almas em bocas abertas Esperançoso e íntimo Receando salivas Devorando meu mundo E abaixo dessa garganta: o homem e a britadeira. Essas sensações não apresentam soluções Saber curtir é um poder Envenenado, dança, envenenado, dança, envenenado, Dança Manassés Diego é escritor paraibano radicado na Bahia. Iniciou sua carreira na Espanha, com performances que mesclam poesia e experimentação. De volta ao Brasil, trabalha como escritor e ator em “Fragmentes”, peça selecionada no Festival Internacional de Teatro de Curitiba 2009. Em seguida, obteve a 17ª colocação no Concurso Nacional Poesiarte e publicação na coletânea Ecos Machadianos.

Page 84: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

84

Outono Ao contrário do caminho de Drummond, no meu não tinha pedra alguma. Mas, mesmo assim, tropecei. Ainda no chão, olhei pra trás e não vi nada. Nem malote, nem pedregulho. Nem caixote, nem embrulho. Não tinha pedra no meu caminho. No meu caminho não tinha pedra. Esquisito, pois algo me fez cair. Senti que o peito do meu pé roçou em algo momentos antes da queda... Permaneci no chão, sob olhares curiosos. Mas nem galho, nem raiz. Nem talho, nem cicatriz. Pois é, não me machuquei (acho eu). Ficou apenas a curiosidade de saber o que me derrubou, afinal não tinha pedra no meu caminho. No meu caminho não tinha pedra. Marcelo Maio Coelho escreve poemas desde a pré-adolescência. Inicialmente, seu pretexto para escrever era ter letras para sua futura banda musical. Como esta nunca existiu, as letras se transformaram em poemas e hoje Marcelo se considera um escritor diário. Além de amante da literatura, é formado em Pedagogia, trabalha numa universidade pública e se prepara para iniciar o curso de Mestrado.

Page 85: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

85

Santa Cruz Entre arranha-céus E a fome Entre aviões E a fome Registrado tenho O meu nome De onde venho Para onde vou O que eu sou Eu sou aviões Sou arranha-céus Eu sou A fome Márcia Piedade Sandy é natural de São Paulo, capital. Viveu em Minas durante 17 anos e retornou a São Paulo, onde vive com o filho de 16 anos. Formada em Letras, com especialização em Tradução e em Administração de Negócios de Cinema e TV, trabalha numa distribuidora de filmes, onde é responsável pela área de operações técnicas. Lançou o primeiro livro de poemas, HERANÇA, em 1990, pela Massao Ohno Editora. O segundo livro, HELENAS, já está em fase de editoração e deve ser lançado em breve.

Page 86: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

86

Saudade Para Júlio Meksenas (in memoriam) Saudade, vocábulo que não sai de moda. É como um estrondo na porta as explicações e uma bengala que não queremos que nos sirva. Saudade, sentimento que me assalta, aperta o peito, enxagua os olhos. É como um livro aberto, um presente que nos suprime a fala repulsiva morte, memória viva. Saudade, antítese da alegria, de corações invasora. Sufoca, com efeito, velhas feridas em chaga, Parasita-nos, insignificantes. A realidade, o mundo dos vivos bate à porta no frescor de seus dois anos. E das cólicas e dos primeiros passos, chora a saudade! Márcio Dison, 44 anos, é jornalista e professor. Natural de Porto União-SC. Foi vencedor de concursos de poesia promovidos pela Universidade Federal de Santa Catarina e obteve menção honrosa no Prêmio Franklin Cascaes de Literatura. Participou, dentre outras coletâneas, da Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus – Vol. II e III.

Page 87: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

87

O homem vazio Nossos atos são fatos Duma tragédia sem atos Que operam nas sombras Das nossas tristes trombas. Em frente, sorri-nos a luz, Atrás, conduz a escuridão Que inconsolável nos seduz Pelo meio deste turbilhão. Sobe o pano que não existe Mostrando o vazio que está, Feito de ninguém triste E de uma emoção que não há. Desce o pano e acaba a peça Do homem que não tropeça Marco P. da Silva Dias é natural de Caldas da Rainha. Estudou Direito na Universidade Autónoma Luís de Camões em 1994, acabando por se licenciar na mesma instituição em Estudos Portugueses e Ingleses no ano de 2000. Publicou o seu primeiro trabalho de poesia em junho de 2009, intitulado “Livro das Horas Vagas”. Vive em Caldas da Rainha – Portugal.

Page 88: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

88

Escolha Tirem a luz que arde em minha cara! Quero o infindo silêncio do desterro. O amor já não preenche, já não sara, O impuro coração, meu antigo erro... Que venham a loucura e o amargo pranto, Pra acabar com a dor que inda persiste. Quero respirar muito o desencanto E gritar, sem controle: Sou homem triste! Feneço no calor das ilusões, Antes os olhos sem pálpebras da morte. Vejo-me num invólucro, sob sons; São de demo, mostrando a minha sorte! Não calcule exibir-me uma saída. Está escrito, com sangue, meu sofrer. Expulsei, consciente, a suja vida, Para residir próximo a Lúcifer. Marcos Antônio Maués Vitelli é natural de Soure, Arquipélago do Marajó-PA. Formado em Letras pela UFPA, é sócio-fundador do Clube do Poeta e do Escritor Marajoara-CPOEMA e tem diversos poemas publicados em antologias pelo Brasil afora.

Page 89: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

89

Femme fatale Fêmea fatal De olho mortal Fome de viver Só te entregas ao prazer Copular nunca em vão Fogo, ódio e paixão Luz de perfeição O sexo não importa em teu colchão Homem ou mulher A ti se ajoelha Para adorar a perfeição Homem ou mulher A ti se ajoelha Para se entregar a perdição. Marcos Rybeznski de Menezes, 32 anos, é paulista e diretor de arte. Escreve poesias e contos desde os 14 anos. Foi influenciado por Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Bocage, Bukowski e Poe. Escreve nos blogs www.contosdomarcos.blogspot.com e www.ideiasetilicas.blogspot.com

Page 90: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

90

Despedida Na mão um leve aceno, Na face olhos úmidos, Na frente trajeto sereno, Na saída passos despidos. Em momentos de palavras Expõem-se a veracidade As lágrimas guardadas, Dar-se lugar à saudade. No peito a emoção vibra Lembranças vêm fortes Tecidas de amor e não de fibra Que dura gravemente até a morte. Irrevelada é a dor da despedida Que tanto fere o coração, Distancia o amor e divide a vida E simplesmente limita a emoção. Marcos Vieira é natural de Marapanim-PA. Publicou os livros “Simples começo” e “Poesias de minh’alma”, além de participar de coletâneas organizadas pela CBJE e Editora Litteris, e publicar textos na internet.

Page 91: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

91

Só nós dois... Só nós dois... eu e você... mais ninguém. A beleza entrando pelos poros da alma em formas e cores jamais entrevistas... De longe, a música, em cordas de sonho... Nossos corpos liberam emoções reprimidas de homens e mulheres de todas as eras, beijos e abraços perdidos no espaço, sonhos suspensos na bruma do tempo. Num murmúrio de água cantante, das plagas distantes no espaço e no tempo, chegam sussurros de tantos amantes, gerando arrepios no corpo e na alma. No enlevo do momento único, no breve encontro, viver a eternidade. No carinho, redimir a humanidade, dos sonhos de amor um dia desfeitos. Só nós dois... Maria A. S. Coquemala é professora de Língua e Literatura Portuguesa. Autora de poesias, crônicas e contos, premiados no Brasil e exterior. Colunista de O Guarani, jornal de Itararé-SP.

Page 92: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

92

A raça humana, eu sou! Pode me chamar como quiser Não importa o que sou E como sou! Sou apenas um ser humano À procura da paz Vivo a minha vida sem ao menos olhar para trás Tento não me lamentar e nem chorar Pelos que me humilharam Só assim serei realmente feliz Eu vivo com respeito e com dignidade Tento viver com liberdade. Por que a vida é louca E não sei até quando estarei aqui Vejo que eles estão a cada instante Tentando denegrir minha honestidade Mas eles não conhecem nossas virtudes E nem a nossa convicção de fé Isso é vida! Assim ela se faz Entre o bem e o mal, o claro e o escuro, dor e amor Porém, desistir nunca! Tentar sempre! Ter fé e acreditar! O futuro nos espera Se nunca encontrar a sua plenitude Jamais a raça humana será igual... Maria Izidia de Pinho Neta, mais conhecida como Zica Pinho, é natural de Santo Amaro-BA. Desde os 10 anos adora escrever, embora não tivesse a noção da importância da poesia. É uma pessoa determinada que se inspira no dia-a-dia.

Page 93: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

93

Buraco Perdoa-me se, há tempo, não lhe escrevo É que as palavras, ultimamente, têm sido tantas Que eu me perco em meio a elas, tão ciganas. E a tinta é pouca pra pará-las no papel. Mas a tua falta me dilacera como o cinzel E a saudade fez-se forte e fez-se ardente E a tua ausência tem se feito tão presente Que eu percebi que chega a hora de falar-te. Percebi que chega a hora de escrever-te da horda de sentimentos que me invadem. E de como eu me sinto à minha própria margem Por não saber mais conviver comigo mesma. Quero que entendas, mesmo que ainda não vejas, Que eu te amei, e eras de mim um pedaço E sem aquele beijo, aquela voz, aquele abraço, Esse buraco em mim dói, mas cicatriza. E, caso por mim, mesmo que pouco, algo sintas Espero que voltes antes que teu espaço cicatrize. E já não me importa se houve erro, engano ou deslize. Importa-me ter-te aqui e ser tua, toda tua. Maria Paula Pedroso Barbosa é natural do Rio de Janeiro-RJ. Cresceu na Ilha do Governador. Atualmente é estudante, bailarina e atriz frustrada, médica em potência e se autointitula "pseudo-escritorazinha".

Page 94: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

94

Das histórias Como Dom Quixote... perdi a razão Procuro um amor que não existe Mistura de delírio, fantasia, paixão Esperança vã, falsa, que persiste...! Como Don Juan... o prazer almejo! Amar docemente e ser amada! Mistura de carícias leves, lego Minha emoção com mãos delicadas. ...e ...encontraremos nossa história que me importa a trajetória de opinião ou maldizer perverso? Reteremos nas nossas lembranças Esta minha brisa de esperança e... como Camões... te farei versos! Marly Nascimento Brasiliense é natural do bairro da Liberdade, em São Paulo. Diplomou–se técnica em Análises Biológicas no Instituto Bioclínico. Autodidata, frequentou cursos de literatura e poesia na busca de, cada vez mais, aprimorar seus conhecimentos sobre o nosso riquíssimo idioma. Laureada em vários concursos regionais e nacionais. Possui vasta gama de Diplomas e troféus.

Page 95: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

95

Alçando voos mais altos Pelos verdes campos Do meu mundo, Quanto tempo percorri Chorando, Segurando a saudade de você Mas, somente Quando a libertei Sorrindo, Reconheci seu brilho nas Estrelas e na voz Suspensa do Silêncio meu. É preciso acreditar nas Próprias forças e capacidades, Seguindo a rota das variadas Dificuldades existenciais, Alçando voos mais altos Livres dos apegos, Para abraçar amores maiores Pela experiência do amor ao Próximo, liberta do egoísmo e Das paixões dissolventes, Para louvar a vida Em nós e nos outros. Marne de Oliveira Pimentel, 65 anos, é aposentada e tem por hábito ler muito e escrever. Tem participado de vários concursos literários. Seu estímulo é uma imensa e reconfortante paz interior.

Page 96: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

96

Minha chuva em teu corpo Ai... Se chover todo o dia sobre teu corpo lavrado cada sulco uma ria no teu colo perfumado... Ai... Se chover todo o dia e os teus olhos, quais regatos onde só orvalho havia se erguerem aos céus de gratos! Ai... se chover todo o dia e a tua alma arrefecer e a semente em agonia em teu corpo se perder... Ai... Se chover todo o dia na minha existência fria! Matilde Rosário Guerreiro Luiz obteve menção honrosa em poesia em 1980, concurso poesia livre, Lisboa. Tem um livro de contos infantis publicado. Como artista plástica, participou de diversas exposições coletivas desde 1981. Em Barcelos, dedica-se à pintura de azulejo, tendo realizado várias exposições individuais. Colaboração, a nível regional, com poesias em vários boletins semanais. Livro de poemas na gaveta, a aguardar melhores dias para publicação.

Page 97: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

97

Falsa Tudo o que consigo visualizar: Uma estrada empoeirada Onde cavalgo solitário Sobre minhas recordações, Sufocadas desde então No meu pobre coração Desiludido, Por um amor perdido Solto como folha seca Sugada pelo vento violento Da paixão gelada, Deixada, largada, esquecida! Doída ferida Dilacerando a alma, Enfraquecida! Pela alegria perdida De um fingido amor. Mauricio dos Santos é natural de Paranaguá-PR. É despachante aduaneiro, cursando o 3° ano de Letras-Português na FAFIPAR, onde ficou em 3° lugar no IV Varal de Poesias, realizado pela instituição em Maio/2009. Tem vários poemas publicados pela CBJE-RJ (Antologias 2009-2009 e Os mais belos poemas de amor 2008 e 2009), e no Jornal Folha do Litoral. É 2° vice-presidente do Centro de Letras de Paranaguá.

Page 98: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

98

Calmaria Folha ao vento, Voa, voa sem direção. Folha ao vento, por vezes, sem expressão. Folha ao vento, por detrás do véu de devaneios. Folha ao vento, Sem receios, mácula. Estrada sem direção... Meu caminho: liberdade. Sinceridade? Chega de solidão! Nathália Pacheco Figalo é advogada, cursando pós-graduação em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Participou do Concurso Poe-Santos, realizado na cidade de Santos-SP em 2002; do livro Panorâmicas Palavras em 2007, além das edições II e III da Antologia Poética organizada por Valdeck Almeida de Jesus e de menção honrosa em vários concursos de prosa e poesia.

Page 99: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

99

Esse lixo Era eu o menino deitado sujo na calçada da manhã ao lado do quartel Por isso me condoía O vazio que sentia era a fome do menino deitado junto a outros dois meninos (Os outros dois meninos também era eu) E o mal-estar que sentia era o sujo do menino E o calafrio que sentia era o frio do menino E o sufoco que sentia era o fedor do menino Que me impregnava... Eu estou fisgado e não adianta me debater O anzol sangra em minha goela Deus me domou e agora sou seu cordeiro A baioneta dos anos decepou meu braço E eu não vou mais à guerra O meu verso caduco, de verdade, Não quer mais remexer esse lixo Ney Cohen é analista tributário e escritor diletante. Cofundador da Confraria d’A Cova dos Poetas (www.covadospoetas.blogspot.com), organização literária que visa à divulgação da nova literatura produzida no Pará. Produziu pela Confraria as coletâneas A Cova dos Poetas e Romance de Poesias, em 2000 e 2001, a coletânea de contos e crônicas Vôo Noturno, em 2004 e, ainda, a coletânea de contos fantásticos No além todos não morrem, em 2007.

Page 100: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

100

Juventude Venci as barreiras do tempo e me mantive jovem Conservo a inquietação, a alegria e arroubos da juventude. Isto não me exime de possuir a ponderação dos meus bem vividos anos. Guardo a vivacidade e tento expurgar todos os meus medos! Deletei da minha memória quaisquer tipos de preconceitos. Não me deixo abater pelo desânimo, pelo contrário, esqueço as “inculcações” e me arremeto a lutar por meus objetivos. Nildes Trigueiros Rodigues é escritora e poetisa. Graduou-se em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), cursou inglês na ACBEU, criou o grupo mirim de poesia e teatro Calabar Força Total, tem poesias publicadas no livro Ecos Machadianos e escreveu vários livros para crianças. Foi uma das vencedoras do IV concurso de poesia Valdeck Almeida de Jesus.

Page 101: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

101

Vida Seca Calam-se as vozes, rompem-se as vestes. Deixam-lhe as preces como último conforto. Achas-te deitado, inchado, rígido, inerte E uma flor silvestre em traço rupestre Na lápide que tu vestes enfeita agora teu corpo. Devolves ao agreste, terra castigada do nordeste, Essa carne podre que está prestes a transformar-se em adubo. Inútil alimento para esta terra sedenta, Inútil fragmento de uma vida lazarenta, Onde as chagas purulentas são corroídas pelas Pestes desta vida, tosca vida! vida pobre... Que da ignorância se alimenta. Mas que não nega sacrifícios; Tem a esperança como abrigo; Faz da fé o seu escudo; Que aceita o castigo. Enfrenta a fome, enfrenta a seca, Enfrenta a morte, sempre acerca, Fecha agora o teu jazigo. Nilo dos Anjos Gomes, militar, estudante de Psicologia, 41 anos, escreve quando acha que tem algo a dizer - o que nem sempre é verdade. Participou do IV Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, foi selecionado e teve um poema incluído na coletânea. Publica outros escritos no site www.notivaga.com.br

Page 102: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

102

Nascido com a manhã Hospeda-te em mim suga minha seiva sente o meu gosto Se vens dar o bote e absinto eu for tira-me o estro morre comigo Se ardente tu és e afluente eu for engravidemos então de eternidade Nilton Silveira é poeta, contista e cronista, com publicações em antologias, revistas e jornais, além de poema em CD de Ruth Telles – a mais importante declamadora do Rio Grande do Sul. Possui textos que obtiveram várias classificações em concursos de literatura.

Page 103: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

103

Só o pó cansado cansaço de envesgar e envergar o espinhaço escorregar no assento, não se firmar pescoço molenga, vacilante queixo no peito, boca aberta cochilada no trem quanta mas quanta paisagem desperdiçada, meu Deus! cansado cansado desta vida que vai... que vai... que vai... e não vem seria apenas a espera do Sábado que demora a chegar como uma noiva manhosa ou um oásis em miragem (e a vida vai passando assim: passando...) Tipim está no vagão quase vazio também, só o pó... Octávio Egydio Roggiero Neto é advogado e funcionário público. O autor paulistano publicou seu primeiro livro, Primícias Poéticas, em 2009, após 13 anos de cultivo da poesia. Além de integrar diversas antologias, o poeta também publica seus escritos em jornais e na internet. Recebeu alguns prêmios, dentre os quais, o 1º e 2º lugar do V Prêmio Barueri de Literatura, respectivamente, pelos poemas Enquanto é dia e Facilite o amor.

Page 104: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

104

Crise é difícil viver se sentindo morto ou morrer sem se sentir vivo. hoje em dia a cultura é a falta-de-cultura o certo é o errado o errado é certo política é dinheiro dinheiro solução. não sei o que fazer me aparto desescolhendo o que por tanto tempo escolheram por mim, não quero mais isso ter não, não nada de ter no mundo eterno no 'reino de deus' ninguém tem nada. você julga o quanto é bom ter dinheiro e como é bom o tê-lo para comprar alguma coisa miserável mas não vê tudo que está perdendo com isso, tudo que você poderia ter (e não tem) se o mundo não tivesse preço. Pablo Luiz Alievi Mari é vencedor do III concurso Poesias no Ônibus, da cidade de Passo Fundo, homenageado com a honraria máxima da Câmara de Vereadores de Constantina, cidade onde nasceu. Lançou, em junho de 2007, o livro Vem Comigo; Depois Te Explico, coletânea de poesias do Grupo Cosmonauta de Poesias e Artes (www.cosmonautas.com.br). É publicado periodicamente em diversos jornais como o A Região, de Sarandi e O Informativo, do Vale de Lajeado. Atualmente cursa História na UNIVATES.

Page 105: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

105

Avó Foi embora para outra dimensão Tão pouco tempo para amá-la… Partiu em dor Deixando-me só… Ainda a amo Em minha memória Na minha alma… Chamando-a aqui neste aquém… Avó, preciso de Si Teu conforto de amor Em tão pouco tempo recebi Sinto-me Só… Quanta Saudade Dessa sua maternidade Amando-a eternamente… Quanta… Quanta Saudade! Patrícia Pereira é natural da cidade do Porto em Portugal. Em 2003, participou de uma coletânea da Editorial Minerva intitulada “Verbum” com o conto “Sob o olhar de Dionisos”. Em 2004 participou do livro “Mãos” com alguns poemas livres.

Page 106: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

106

Cigano Cigano, que a terra para fora entranha, Que procuras o horizonte... Que procuras no horizonte? O nomadismo que te agarra o movimento? Cigano, Que procuras no horizonte o nomadismo que te agarra o movimento... Para onde soltas os gritos que na dança sempre te abraçam? em alento... ao luar... no chão... No pó, com vento? Sempre com fé de não naufragar... Cigano com quem a terra não se entranha Que procuras na linha do depois? Cigano que na linha do agora O horizonte te consiga encontrar! Paula Cristina Fraga Alves concluiu o curso de Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Ingleses e Franceses) - Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 2003. Explicadora, desde 2005 trabalhando na empresa Payplan, tem alguns poemas publicados em jornais regionais portugueses. O poema “Lucifera” ganhou participação na IV Antologia Poética Valdeck Almeida de Jesus e seus poemas “Casmurro” e “Memórias de Machado” foram publicados na antologia Ecos Machadianos pelo 10º aniversário do movimento cultural Artpoesia.

Page 107: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

107

Nó destino As terras, os olhos, a fronte; As mãos, os ombros, o destino; Insistindo em encarar o horizonte; Rachados, queimados, distorcidos. A columbídea, a patela, a pelanca; O pelanco, a temporal, a anca; Cismado que das cinzas verde arranca; Migram, mostram-se, escondem-se. A vida, a forma, o homem; A história, a prosa, a fome; A pirraçar que a vontade dome; Extinguem, deformam, consomem. Mas a fé, a simpatia e a graça, A alegria movida a cachaça, Em beber todo o fel da taça, Insiste, cisma e pirraça. Paulo Frontin Pio dos Santos é natural de Vitória-ES. Aprendeu a ler aos 10 anos, trabalhando como ajudante em uma banca de revistas de sua cidade natal. Em 2005, graduou-se em Letras pela Universidade da Amazônia e três anos depois concluiu uma pós-graduação em Literatura pela mesma instituição. É vice-diretor eleito de uma escola de Ensino Médio em Dom Eliseu-PA, onde reside há treze anos.

Page 108: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

108

Labaredas de paixão Todos percebem que você, doutora em verso nessa delicada harmonia é também complemento vital nesse conto nessa poesia, ornamentada presença sem métrica vulgar, você, brotada no jardim de tua própria sensualidade bebe da alma divina e, faz-se assim voluptuosamente ardendo em eternas labaredas de paixão. Paulo Pereira Machado Nascimento participa pela primeira vez de um concurso literário. Seu sonho é trilhar com sucesso a longa jornada da literatura brasileira.

Page 109: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

109

Para... Abro a janela e vejo apenas nobres rosas sonhei encontrá-la no jardim, como em todos os dias, com seus véus de donzela à procura de pétalas escarlates e querubins sem asas. Nunca mais pronunciei teu nome não adianta, não atenderás. Sufoco a tristeza de parte essencial de minh’alma e, na eternidade, irei buscar por suas mãos. Mãos em mãos, unidas em pequenas gotas sem luz. Meus cabelos se movem, vento, o horror profundo que me assombra e a dor que me devora de saudades. Chamo por ti Não responderás Grito Liliana, ah Liliana! Regina Coutinho é jornalista, radialista e escritora. Menção Honrosa no Concurso Nacional Prêmio “Affonso Romano de Santana” e Concurso de Poesia ALAP. Poemas selecionados nos concursos: Nacional de Mogi das Cruzes, Fundação Cultural Cassiano Ricardo, “Ases” de Bragança Paulista, Literatos de Ubiratã e Taba Cultural Editora.

Page 110: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

110

Premonição Por que pensar no amanhã, nesse amanhã que nem sequer chega? Por que sofrer por antecedência se a vida é sempre transcendência e se, de um momento para o outro, lucidez vira demência, pecado, a maior inocência e o bom, um arquétipo do pior? Deixa passar o tempo Deixa a vida ser contumaz Não adianta o sempre Tampouco vale o jamais Querer da guerra a paz Ou do falante o silêncio Tudo é inesperado O homem por mais preparado Sempre será vitimado Pelo que nunca esperava ter. Algo sempre bem maior Do que o seu imenso sofrer Quando tudo era o nada Que se fez tudo ao nascer Regina Souza Vieira é doutora em Literatura Brasileira (PUC-RJ – 1996) e mestre em Literatura Brasileira (PUC- RJ – 1990). Publicou Sentimentogramas – poesia (1987); Boitempo: autobiografia e memória em Carlos Drummond de Andrade – ensaio (1992); Revivências – poesia (1997); Inventivas verossimilhantes – contos (2000); A prosa à luz da poesia – ensaio (2002); Bernardo, o imprevisível – romance (2005) e Reflexões em verso – poesia (2007).

Page 111: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

111

Apenas um conselho Cuide bem do seu amor Observe detalhes, acompanhe atitudes, perceba Seja mais ágil, não ignore lábio sem riso, ombro caído Olhar que se perde no infinito Não deixe que abra no coração uma ferida Interrompa de imediato ao primeiro sintoma de culpa Este vem acompanhando a dor que machuca Dificultando ainda mais a possível cura Se quiser voar, não reprima Ofereça a mão para guiar Sonhar a dois não é impossível Fortaleça laços dessa realidade Torne-os firmes, sólidos Deixe sempre espaço para escolhas Não sufoque Agarrem o sonho duplo Voem, saltem, flutuem Confie na mão que lhe é estendida Cuide bem do seu amor. Renata Rimet Ramos Silva, 39 anos, é administradora de Recursos Humanos. Eterna aprendiz, atualmente cursa Licenciatura em Letras pela Faculdade de Tecnologia e Ciências. Nascida em São Paulo, reside em Salvador desde os 14 anos. Possui participação em algumas coletâneas a partir de 2008, além de textos diversos publicado no site Recanto das Letras.

Page 112: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

112

Un Son Mon Ka Ta Toka Palmu Palmo de terra, Palmo de chão. Tamanha guerra… Gente sem pão. Atam-te os pés, Prendem-te as mãos… Sabes que és Como teus irmãos Que da chuva fazem sol, Que do barro fazem pão, No amor fazem-te irmão… Dá-lhes também tua mão. Tua mão com a minha, Minha mão com a tua… Lua sem sol, sol com lua… Corpos que se aquecem, Outros que estremecem, União das doces almas E uma mão sozinha não bate palmas… Ricardo Boléo é natural de Lisboa, Portugal. Publicou “Segredos” (poesia) em 2007, e em 2009 teve representada no Teatro da Trindade (Lisboa) sua peça “Temperantia – Estou de dieta!”. É aluno da licenciatura em “Estudos Artísticos” na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, frequenta a Universidade Federal da Bahia.

Page 113: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

113

Aquarius Ao esperar por amigas em um lugar tão pitoresco, Uma imagem me veio à mente... De repente me flagrei a observar; Junto ao ato, mil olhos a me julgar, Mil falas a bradar de um país a se aniquilar. Caras e bocas, muitos arremedos... E em meio à espera... O medo. O medo em bocas cansadas, em silhuetas apagadas, “apegadas” pela tradição... Amor ou ilusão? Senti-me uma gota no oceano da incerteza, Onde muitos procuram soluções insolúveis Para fazer a vontade falar! Desejo que haja um país livre, Não quero mais misturar futebol com fome ou dor... É apenas um passatempo... Mais tempo! Desejo um povo que sorria espontaneamente e não porque Só assim talvez possa agradar, viver e sonhar... Com velhas roupas ou belos ternos, O desejo pede para gritar, Preso num aquário como eu feito gota, Tentando fugir para o mar! Rita de Cássia Cornejo da Silva é autodidata, escreve desde os 15 anos. Publicou nos últimos anos, poesias e crônicas no jornal da cidade onde morou, Pelotas, RS. Publicou um livro de poesias “O Quinto Elemento”, pela Editora da UFPel (Universidade Federal de Pelotas-RS), em 1999. Mora em Florianópolis e está escrevendo um romance. Tem dois livros inéditos de poesia ainda não editados, a saber: “O Livro do Tempo” e “Ethos – o jogo da vida”, terminados em dezembro de 2008.

Page 114: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

114

Poema gene tudo começa num big bang (maria amou josé josé amou maria amaram-se josé e maria maria a josé josé a maria até que um dia: josé maria e noutro até maria josé) e pode acabar numa implosão. Rodney Caetano é jornalista e professor, MsC, paranaense, reside em Curitiba. Participou dos livros Antes do ponto final (3.º lugar no Concurso de Poesia Mário Quintana, de Porto Alegre), Os Poetas – Antologia de Poetas Contemporâneos do Paraná (Concurso de Poesia Helena Kolody) e 3o Concurso de Poesias Celu. Participou dos livros Rodovias: caminhos entre culturas (Eolis) e Poesia e vida: anos 70 (UFJF). Trabalho acadêmico: revista Cerrados (Unb).

Page 115: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

115

Desandando O quarto está bem arrumado; a vida é que está bagunçada. As roupas estão desamassadas; a vida é que está mastigada. Os relógios estão acertados, a vida é que está na contramão dos relógios; desregulada. Os relógios são pontuais, os vagões é que estão atrasados; porque as vidas regulam os vagões. Os vagões andam para frente, a vida é que anda para trás, desandada. Os vagões encaminham destinos; os destinos é que se perdem no caminho, sem destino. Guiados por vidas, desnorteadas. Os ponteiros e as vidas se enquadram no quadrante do retrocesso ao zero. Roger Amado Veloso, 26 anos, poeta e romancista. Nasceu em Feira de Santana/BA, onde reside. Publicou recentemente seu primeiro livro: “À vida, um brinde”.

Page 116: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

116

Saudades de um menino Fugiu o menino de casa, e foi-se embora estrada afora, levando na sacola o essencial, e no peito, as eternas saudades. Saudades dos pais; dos irmãos e dos avós; dos amigos e das cirandas; do campo e das flores; dos animais e dos brinquedos; da floresta e do rio; da casa e da serra. Lá de longe, muito longe, caem dos olhos do menino, lágrimas de tanto amor. São torrentes de saudades quando aperta o coração. Rogério Medrado é natural de Itacaré-BA, mas naturalizado em Ubaitaba-BA. Especializado em Filosofia pela FACTEPE (Faculdade Dom Valfredo Tepe) em Ilhéus-BA. Membro do Clube do Poeta Sul da Bahia em Itabuna-BA.

Page 117: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

117

À noite À noite, quando tudo para, O meu coração dispara, O meu pensamento não para. Relembrando, cada pedaço da nossa história. A saudade logo chega, O tempo passa devagar, O sono vai embora. Por causa da tua falta agora. Então por que desapareces, Fingindo que me esqueces, Sem deixar sinal algum, Se não consigo te esquecer? Então pra que me enlouqueces, Quando em meu sonho apareces Se não tem mágica, não tem prece, Que te traga para mim? Ronecson Gomes dos Santos é natural de Iguaí-BA. Cursou o primário em Poções e Iguaí, nesta última concluiu o 1º grau e o ensino médio. Em 2003, na cidade de Vitória da Conquista, ingressou no curso de Administração na Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC. É funcionário público estadual da área de segurança pública.

Page 118: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

118

Alva poesia A manhã esconde o mundo E a vida em todas as dimensões. A luz dos faróis busca ver Os caminhos do destino. A serra sumiu do horizonte. A paisagem de alvos mantos Tenta se descobrir. Véus molhados no verde Vedam ao sol o direito do brilho E passos lentos sobram no trilho A levar a alma ao cume da poesia. Aos poucos o sol amolece A dureza do nevoeiro. Mas longe, nas montanhas, Sobram versos da madrugada. O dia segue seus rumos E a vida sabe de tudo outra vez. Cada estrofe renova a esperança De novo poema acontecer amanhã. Roque Aloisio Weschenfelder, 60 anos, professor de Línguas e Literatura, premiado em meia centena de concursos e integrante de várias antologias. Publica seus textos em sites da internet. Conquistou prêmios com textos ligados à Educação, com monografias e em concursos de universidades.

Page 119: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

119

Domingo, dia do que não pode Paçoquinha, pé-de-moleque, gibi Canjica com coco e amendoim Bala, pirulito, maria-mole Se a criança quer, claro que pode Batata-frita, sanduíche Quibe, empada e bife Refrigerante, suco ou garapa Vamos liberar tudo pra molecada Sem hora para acordar A qualquer hora pode almoçar O lanchinho pode ser cachorro-quente De janta, lasanha bem quente Antes de dormir, um bom banho Escovar os dentes sem choro Que tenham bons sonhos ao dormir Pois amanhã é segunda, dia de proibir. Rosana Rezende Telles Vaz Diniz é natural de Volta Redonda-RJ. Comerciante, é casada há 19 anos e mãe de três adolescentes. Chefe escoteira e praticante de ciclismo, natação e corrida. Artesã e escritora amadora.

Page 120: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

120

Preconceito... tua cor e tua raça valorizam tua nação; teu credo e tua etnia valorizam tua geração; não é a tua cor que te molda nem a tua forma que te modela; o que faz a pessoa é sua índole ninguém é melhor que ninguém; somos todos filhos do mesmo pai o preconceito é o podre de cada um; alguns que não sabem opinar dizem que o diferente vai incomodar o que não gostam e não aceitam pode ser o melhor para o lugar só que existem pessoas de mente fechada na idade da pedra... mas por que os outros têm que nos aceitar? ninguém é melhor que ninguém somos feitos de pó e ao pó iremos retornar... Sandra Tais Amorim é bacharel em Ecologia e especialista em Educação Ambiental. Leciona Informática na educação.

Page 121: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

121

Batuque Quero tocar muitos tambores Sei que ecoam todos os ritmos E que não é fantasia É a mais pura magia No batuque das ruas Quero festejar a alegria A água banha a areia O fogo queima a paisagem O vento refresca o corpo A correnteza leva a dor No coração de meu amor Irradia uma luz prateada Beleza que ofusca os olhos Você nasceu para brilhar Vento, sopre o meu amor Traga para perto de mim Prenda nas correntes da paixão Dure por toda a eternidade O mar banha o meu amor Beleza que brilha nos meus olhos De onde vem toda essa magia? É no som do batuque Sinto você em mim... Saulo Feitoza é paraibano, natural de Campina Grande. É engenheiro mecânico, com curso de especialização em Segurança do Trabalho. Concluiu o curso de MBA em Gestão de Pessoas pela USP. É funcionário de carreira do Banco do Brasil desde o ano de 1982 e educador da Universidade Corporativa do mesmo banco desde 1999. Tem poesia publicada no IV Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus 2008. Seu primeiro trabalho literário, “Aflorar”, que se encontra em fase de edição, é uma obra elaborada em linguagem simples, porém plena de sentimentos.

Page 122: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

122

Moto - Perpétuo Não quero certezas, Eu quero a dúvida. Não quero respostas, Quero perguntas. Não quero verdades, Quero hipóteses. A inércia mata a busca. A inércia mata. Eu busco. Silvana Sampaio é professora, contadora de histórias e escritora premiada com o 1º lugar em Literatura Infantil com o livro “Aventuras de Um Vermelho Inquieto”, já em sua 2ª edição. Além de escritos acadêmicos, tem também publicado o livro “Roda-Vida”, poemas para crianças e participações com poemas e crônicas em oito Antologias. Desde 2005 ocupa a cadeira 37 da Academia Feminina Espírito Santense de Letras.

Page 123: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

123

Poeta da poesia O poeta da poesia explica O que já parecia definitivo. Ele canta e encanta com poucas rimas, Tudo é harmonia na voz, no falar e, quiçá, no olhar. Sei não estar aqui, sei não ser daqui e, no entanto, tão presente, Um rosto que brilha até o tempo do retorno, Quando tudo é renovado na fé. Porque tão marcante, pois sei intocável, distante, Só recebo lampejos de sua voz, Instantes de sua presença E só isso basta para aumentar a admiração. Só, basta, aumenta. Transforma o que já era belo em algo ainda melhor, É a poesia recontada para tocar o coração, Para ser meio de reflexão de antes e após a ação. A boa ação. Brilhar nas oportunidades, seja assim. E que os raios imaginários de luz, Permaneçam ao seu lado. Sempre. Silvana Sousa Barros é natural de Bragança-PA. Sempre gostou de ler; no entanto, só agora é que realmente dedicou-se a colocar no papel toda a sua criatividade, escrevendo sobre tudo o que lhe inspira. Tem poesia publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos Vol. 52, da Câmara Brasileira de Jovens Escritores.

Page 124: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

124

Luta vã José, por que é tão duro? Por que não morre e acende a luz? Amanhã tem festinha, vem? José, não me deixe aqui sozinho. De mãos dadas suportam-se tropeços. Não seja gauche, meu anjo. José, desista dessa luta vã e deixe a bruta flor romper o asfalto. Sílvia Nascimento é natural de São José do Rio Preto-SP. Graduada em Letras pela Universidade Estadual Paulista - Unesp, apaixonada por literatura, leitora voraz, trabalha desde 2005 como escrevente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Page 125: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

125

O nosso amor Aprecio imensamente os momentos quando juntos estamos e, ao lado do abajur sereno, sós e em longos beijos nos entregamos. Porque o nosso amor é assim, puro, belo e real portanto, sem existência de máscara que, por fim, possa nos trazer algum mal. E nele seguimos confiando que a aurora brote sempre! Rendidos aos raios coloridos desse amor, a essa paixão de sublime sabor, livres viveremos eternamente. Silvio Parise nasceu no Catete, bairro do Rio de Janeiro. Poeta, filósofo, compositor, tradutor e missionário cristão. Breve passagem no teatro e cinema. Publicou seis livros poéticos pela Litteris Editora, dois deles em coautoria com sua mãe, a escritora Mainá Medeiros. Participa de mais de 50 Antologias nacionais e internacionais, nas quais obteve alguns prêmios como o 9th Brazilian International Press Award com a coletânea “Brava Gente Brasileira em Terras Estrangeiras - Vol. II” (2006). Membro do BEA-UBENY - Brazilian Endowment for the Arts – União Brasileira de Escritores de Nova York. Aprecia a doutrina internacionalista.

Page 126: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

126

Estrela d´alma Assim, do nada, toca o telefone E quando o desligo Corro abrir a janela Vejo no céu que uma estrela se apagou Para o mundo que diferença faz Menos uma estrela a brilhar? O céu é um mundo agitado Por cometas, planetas e estrelas cadentes Mas na minha janela Não havia tantas estrelas Gostava das que conhecia Eram parte da minha vida Mesmo quando adormeciam No colo do sol durante o dia Mas agora você se foi E o céu nunca mais será o mesmo Um buraco negro ali se deitou E nenhuma estrela Tomará o seu lugar Jamais. Simone Alves Pedersen é natural de São Caetano do Sul-SP. Formou-se em Direito. Viveu muitos anos na Europa, retornando ao Brasil em 2005. Hoje reside no interior de São Paulo. Tem vários textos publicados em antologias, na forma de crônicas, contos e poesias. É colunista do jornal “Folha de Vinhedo” e em breve lançará o primeiro livro infantil “A Vila Felina”.

Page 127: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

127

Quarteto de cordas Sábado à noite saem pra jantar. Casais comuns ...convivem há algum tempo. Insatisfeitos comem compulsivos suas amarras, ao ritual dos foles. Os dois, lascivos, partem de mãos dadas. E elas, caladas... adormecem moles. Terezinha Bertazzi Costa é natural de Lorena-SP. Poeta e dramaturga, está citada no dicionário de escritoras brasileiras Nely Novaes Coelho, consta do site Allabout Arts. É membro do Clube dos Poetas de Campinas e da Academia Campineira de Letras e Artes.

Page 128: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

128

Saudade Tua beleza cegou minha sensibilidade e eu que me tornava adulto não sei mais a minha idade pensei ter amado como nunca pensei que amava uma deusa pensei que nunca te deixaria mas humanos não amam deuses ou deuses não amam mortais fiquei a esperar tua volta mas não te tenho mais. Tiago Andrade Costa Brito é natural de Caculé-BA. Estudante, formando do curso de Farmácia da Universidade Federal da Bahia. Morou em Piripá, Caculé, onde iniciou seus estudos, e Vitória da Conquista, onde concluiu o ensino médio, todas cidades no sertão da Bahia. Já trabalhou como professor, químico e epidemiologista. Reside hoje em Salvador, onde faz sua graduação.

Page 129: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

129

Somos todos iguais Dependemos de pai e mãe para sermos concebidos e nascermos e é a mesma chama da vela da vida que se apaga ao morrermos. Por isso, independente de cor, raça, sexo ou destino sexual poder econômico, grau de instrução, deficiência física ou mental somos todos iguais na carne, no sangue e no pensamento sendo indiferente a cor, a tipagem e o discernimento. Somos todos seres humanos capazes de pensar e prepotentes (infelizmente!) o suficiente para discriminar. Deveríamos saber que a pessoa não pode ser tratada como produto de mercado que, fugindo do "padrão de qualidade", se joga fora ou se deixa de lado. Não deveríamos criar (que tolice!) rótulos ou sistemas de seleção e nos utilizarmos do racismo e do preconceito para fazer segregação. Afinal (que maravilha!) não é a cor, a raça ou o sexo que determinam a capacidade e nem quaisquer deficiências que comprovam se a pessoa é eficiente de verdade. O mundo seria (ainda pode ser!) um paraíso se não massacrássemos quem nos rodeia e não usássemos racismo e preconceito ao decidirmos quem amar e quem odiar. Valdeci Ambrósio da Costa é natural de Paracatu-MG, mas criada em Ceilândia-DF. Formada em Pedagogia. Há cinco anos mora no Piauí. Gosta de escrever poesias, geralmente sobre o que lhe emociona, situações que a fazem refletir a respeito do mundo atual. Não tem poesias publicadas em livros, somente em sites literários da Internet.

Page 130: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

130

Devaneio

O poeta é um sonhador, Que em sonhos encontra felicidade, Pra além da vida e da dor Que lhe oferece a austera realidade. Toda uma vida ele gera, Tecendo malhas da imaginação, Crendo que assim se apodera Dos mistérios de seu coração. Mas os sonhos por fim desaparecem, Apressada ou lentamente fenecem, Tal qual efêmera rosa Num mar de perdidas memórias, Se não houver verso ou prosa Pra transformá-los em histórias, Que guardem nas palavras, fantasias, Transformando-as em arte, em poesias. Valéria Mares Alvares é artista plástica e professora, formada em Belas Artes pela UFMG. Participação nas coletâneas: Segredo - III Concurso Literário “Livro de Graça na Praça”, Mazza, 2009; e Festa Surpresa - Prêmio Literário Cidade de Porto Seguro, da Via Literária, 2009. E na antologia Uma Viagem pra Pasárgada, Litteris Editora, 2009. Menção Honrosa nos concursos; Helena Kolody de Poesia 2009, e Contos do Tejuco 2009.

Page 131: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

131

Sou Drumundo Trouxeste a chave? Não sou Drummond, sou Drumundo Fico drumondiando por aí, andradiando por aqui No absurdo do mundo de existir no meio do caminho No sentimento do mundo, na máquina do mundo Vivo drumondiando, ruminando o Boitempo Dos ombros que suportam o mundo Sou da ficção rebelada, sou um eu todo retorcido Sou tremor indeciso nas linhas, sou Andrade no dicionário A eternizar a vida breve em arte... O eco me repete ou me responde? Na minha coleção de cacos em outro alguém estou nascendo Ser um Gauche da vida Não é fácil nascer de novo, tudo foi previsto e proibido É tudo guerra, Terroramor amorterror amortemor Seria uma rima não seria uma solução Tão doce era viver sem alma, a alma desiste, finda-se o brinquedo Chega mais perto e contempla as palavras na goela escancarada E na consciência do limite, não distingo o vivido e o imaginário Sou um esquecimento que ainda é memória, memória de hiatos e vácuos Leituras! Leituras! Condeno esse Assis a ler a sua obra Sua dinamite era verbal, não sai para rever, sai para ver Bato palmas. Torno a bater. Pá pá pá! Valéria Victorino Valle é natural de Anápolis-GO. Graduada em Letras, pós-graduada em Literatura Brasileira e Administração Educacional. Professora do Ensino Fundamental, Médio e Superior de Língua Portuguesa. Livros publicados: “A viagem” (2005), “Diálogos” (2005), “Retrato 4 X 4: A poesia saltitante” (2009). Coletâneas: “Anápolis Centenária” (2007), “Antologia de poetas brasileiros” 54, 55 e 56, “Contos de Outono”, “Minha rua - minha gente”, “Livro de Ouro da Poesia Contemporânea”, “Livro de Ouro do Conto Brasileiro”, “Sensualidade em prosa e verso”, “Novos talentos do Conto Brasileiro” (2009).

Page 132: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

132

Cidinha Cinco da manhã, Cidinha deixa a comida pro filho no fogão, e na geladeira quase vazia, fica também o coração. Sai da favela, pega a condução Ônibus lotado, não passa a mão não! Vai pro trabalho na casa da patroa Faxina, cozinha, lava-passa e passeia com a cachorra. Todo dia é a mesma sina. E calada eu penso como pena essa menina! Mas, de noite, não sente mais cansaço, depois que o filho lhe dá um abraço. No final do mês vem a missão, de com o mínimo fazer o máximo. Vanessa Campos Ratton Ferreira é poetisa, jornalista, professora universitária, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

Page 133: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

133

Lisboa Lisboa tropical, cheia de encanto e beleza Capital de Portugal, pátria mãe Gloriosos os portugueses descobriram Uma terra tropical, próspera e bela! De lá vieram lusos e lusos Para a Bahia a construírem Salvador O pelourinho com sua arquitetura Em harmonia no centro histórico Um local à semelhança lisboeta Os lusos ficaram à vontade Com um povo alegre e contagiante Oh! Caso grande, mudanças econômicas Oh! Uns brasileiros descobriram Lisboa Oh! Vibram em lisboeta como no Pelourinho Que os deuses protejam nossos irmãos Daqui enalteço meu amor por Lisboa Varenka de Fátima Araújo nasceu na década de 50, formada em Direção Teatral pela Universidade Federal da Bahia, cursou licenciatura em Desenho na Escola de Belas Artes da UFBA. É figurinista da Escola de Teatro da UFBA. Professora de teatro na Bahia e, em 1984, no Panamá. Participou dos livros “Ecos Machadianos”, “Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus”, “Antologia Delicatta IV” e “Poeta, Mostra Tua Cara”. Colabora com a revista Artpoesia e com a minirrevista Contando e Poetizando, de Marcos Toledo.

Page 134: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

134

Falar ou Calar?

Fala, para reivindicares os teus direitos, mas não discutas, e assume os teus erros e defeitos. Fala com os animais, eles entendem, mas não te abras com as pessoas que te vendem. Fala, para transmitires os teus conhecimentos à futura geração, mas não abras a boca se só tens palavras de partir o coração. Fala o que, para ti, são grandes valores, mas tem muito cuidado com os enredadores. Fala com alguém, para pedires ajuda, mas não escolhas uma linguaruda. Fala ao verdadeiro amigo, sem medo, mas nunca reveles um seu segredo. Sonha, pensa e espera, se não podes falar, mas tira do pensamento tudo o que possa alguém tramar. Fala, se estás com paixão, caridade e energias positivas, mas cala-te e medita, se estás com ideias ofensivas. Fala, se arriscas exprimir aquele sentimento inarticulável a que chamamos amor, mas não respondas ao insultor, pois esta é a arte de ser sempre superior.

Virgínia Marília Candeias Santos Mareco, 26 anos; médica; distinções na V Edição dos Jogos Florais do Concelho de Alvito, nos VI Jogos Florais da Alma Alentejana, no XVIII Concurso Nacional de Poesia da ALAP/2007, nos 37º Jogos Florais Internacionais de Nossa Senhora do Carmo, Fuseta, no 12º Concurso Internacional de Quadras Natalícias/2007, do Sport Lisboa e Fuzeta, nos XVII Jogos Florais de Outono do Concelho de Monforte, no V Concurso Nacional de Trova da ALAP/2009, no XX Concurso de Poesia da ALAP, no Concurso de Poesia FESB/Scortecci 2007 e na antologia “Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus” 2008.

Page 135: de Poesia V edição – 2009 · 3 Você (Adail José de Almeida) o que vejo diante de meus olhos revela o desvelo desejo que inebria a alma e minha mente fantasia o que sente exalado

135

Soneto da chuva Céu negro, tétrico, sem lua. Noite sombria, embaçada, chuvosa. Vida lânguida, mórbida, escabrosa. Devido à falta da companhia tua. Olho da janela a solitária rua. Lembro de tua face lívida, formosa. Tua candidez fulgente, radiosa. Que dissipa e dispersa a treva crua. Vem! Porque desejo ter-te aqui presente. Não me importa se a lua foi embora, Pois, sei que és minha estrela cadente, Eu sei que és o raiar de nova aurora. Amemo-nos de forma bem ardente, Porque a noite é fria e a chuva cai lá fora. Wellington Lima é natural de Santa Izabel do Pará-PA. É poeta, cronista e editor do Jornal dos Seminaristas. Seu primeiro trabalho foi escrito em 2001, quando o autor tinha apenas 15 anos. Hoje o poeta conta com quatro livros de poesias e um de crônicas. Mora em São Paulo, onde está trabalhando na sua nova obra.