dcv0213 - história do direito - maria cristina - taís kawauchi t186-24 (2014)

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OBS: dominação macedônia! período em que houve maior unidade entre as polis.• Dificuldade de obter fontes para reconstrução do direito aplicado na Grécia.- A maior parte das fontes não era jurídica: eram fontes literárias, filosóficas, peças

teatrais, discursos dos oradores, etc.• Referência: Atenas (cidade-estado que possui maior número de informações.OBS: fontes filosóficas! retratam um sistema ideal (não podem ser consideradascomo o que acontecia na realidade).OBS 2: fragmentos das orações! importantes para a reconstrução das situaçõescotidianas, uma vez que os oradores usavam seus discursos para convencer apopulação de algo.• Acredita-se que os gregos davam importância às leis, já que a civilização era

complexa a ponto de exigir uma organização da sociedade.• Os gregos não eram juristas, mas eram considerados grandes legisladores:

- havia muitas leis importantes no campo do comércio, em razão das necessidadespráticas.- não havia preocupação em se fazer um estudo aprofundado na norma (os

argumentos se limitavam à lógica).- a preocupação se voltava somente ao caso prático , isto é, a melhor maneira de

aplicar a norma àquele caso em especial.• Os gregos foram os primeiros no mundo antigo a desvincular a lei da religião.• Os assuntos que eram tratados nos seio familiar passaram a ser abrangidos no

âmbitos da sociedade (era interesse da cidade-estado).• Eles se preocupavam com a natureza das leis.• Os romanos, por outro lado, se preocuparam em estudar a norma e seusprincípios isoladamente.• Drácon:- legislação severa (pena de morte).- alterou as leis, no sentido de que as leis privadas foram aprovadas na esfera

pública.• Sólon, Péricles:- democracia.- ser livre = participar da vida da cidade-estado como cidadão e não ser escravo.

27.02.2014Continuação

• Atenas: divisão de função e participação popular na política.• Somente os cidadãos (parcela muito restrita da sociedade) participavam

ativamente através da democracia direta.• Órgãos que tinham funções equivalentes ao Executivo, Legislativo e Judiciário:- Executivo:

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* participavam do Conselho (Boulé) 500 cidadãos (50 de cada tribo escolhidospor sorteio).

* o mandato era anual.* os membros tinham que jurar lealdade às leis da cidade.* funções: elaborar os decretos que seriam votados pelo Legislativo, cuidar dasquestões financeiras, diplomáticas, militares, religiosas, etc.

- Legislativo:* assembleia popular:Eclésia.* os membros tinham que ter mais de 18 anos e ter pleno gozo de seus direitos

políticos.* a escolha dos magistrados da Boulé era realizada na assembleia.* reuniões aconteciam de três a quatro vezes por mês.* questões que envolviam:

! política externa: alianças , tratados, declarações de guerra.! política interna: armazenamento de cereais, alimentos.! aplicação de penas: confisco de bens, ostracismo (perda de direitos

políticos), atmia (perda dos direitos civis: crime de roubo, corrupção, etc.).- Judiciário:

* Areópago :! primeira Corte de Justiça.! papel de conselho político.! teve suas funções esvaziadas a partir do século V, mas continua com o

papel de conselho de justiça (julgava casos de crime de homicídio).* Tribunal dos Heliastas :

! júri popular.! toma o lugar do Areópago .! escolha de 500 membros para cada sessão.! cuidava de questões civis e penais.! não cabiam recursos das suas decisões.! representava a maioria popular.

* magistraturas especiais (esforço para alcançar um ideal de justiça):! Eisagogueis: causas comerciais (para garantir a celeridade).! Demarca : verificavam se as decisões judiciais foram cumpridas.! Polemarca : questões em que uma das partes fosse estrangeira (similar

ao pretor pelegrino em Roma).! Tesmotetas : pediam a revisão das leis e presidiam pleitos de ordem

pública.

06.03.2014Fontes de produção do Direito em Roma

• Período Arcaico (Monarquia):

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- fonte preponderante: costumes.- não há uma separação clara entre direito e religião.- processo aplicado: processo das ações da lei (ter direito = ter uma ação para

tutelar um direito/uma faculdade).• Período Clássico (República e Principado):- aumento das atribuições do Senado.- fontes:

* edito dos pretores.* leis (elaboração da Lei das XII Tábuas).* costumes (perdem a posição de fonte primária).

- separação em definitivo entre direito e religião: as leis se tornaram deconhecimento público, não só dos sacerdotes).

- Lei Aebutia: introduz o processo formulário em Roma (marca a passagem doPeríodo Arcaico para o Período Clássico! criação dos magistrados).

* permite que o pretor alcance um âmbito maior no direito (modificação ealterações no direito primitivo).* se estende pelo Principado.

• Período Pós-Clássico (Dominato):- período de decadência (do império e do direito).- reinado de Justiniano: grande compilação do Direito Romano.- "orientalização" do direito! Direito Bizantino.- processo extraordinário: totalmente público (os anteriores não eram totalmente

públicos, uma parte era pública e outra era privada).

11.03.2014Fontes de produção e de cognição do DireitoRomano

• Ter um direito significava ter uma ação correspondente que assegurasse o

exercício desse direito.• Divisão que leva em conta a história externa.• Período Arcaico (Monarquia/Realeza):- principal fonte: costumes.- leis régias: emanadas da figura do rei.

* eram voltadas aos rituais religiosos (não são consideradas fontes por algunsautores).

* não eram a fonte preponderante na produção do direito, mas algunsromanistas as consideram como fontes (estão presentes em algumas passagens doDigesto).

• República:- costumes: papel secundário.

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- leis: passam a ser preponderantes.* surge a Lei das XII Tábuas (conquista da plebe).* separação entre religião e direito.* o direito passa a ser de conhecimento público: passa a ser estudado por

leigos (antes, somente os sacerdotes tinham acesso às leis).* Lex Canuleia: permitiu o casamento entre patrícios e plebeus.* Lex Poetelia Papiria : aboliu a disposição corporal do devedor, passando este a

responder com o seu patrimônio.* Lex Hortensia : tornou os plebiscitos de aplicação geral.

- plebiscitos:* conquistas de direitos pelos plebeus.* consulta popular no Concílio da Plebe.* antes os plebiscitos eram válidos somente para a plebe até o estabelecimento

da Lex Hortensia .- edito dos pretores:

* espécie de plano de governo dos magistrados maiores com o poder doimperium , descrevendo as ações que o pretor concederia durante seu mandato.

Processo Civil Romano • Processo de ações da lei.• Processo formulário.

• Processo extraordinário.• Ordo iudiciorum privatorum (ordem dos juízos privados):- 1ª fase:in iure .

* perante o magistrado judiciário (pretor).* parte pública .

- 2ª fase:apud iudicem .* iudex = árbitro particular escolhido pelas partes.

! sua função terminava ao proferir sua sentença no caso concretoanalisado.

! similar à arbitragem de hoje em dia.! às vezes, a sentença não era fundamentada.! às vezes, o iudex não se convencia dos direitos e não proferia

sentenças, fazendo com que o processo voltasse à 1ª fase.* parte privada .* torna-se bifásico com o surgimento da figura do pretor, que tinha o poder de

declarar o direito.* a 2ª fase consistia na fase do julgamento do direito através da figura doiudex

(análise do mérito).* o pretor, através do poder deimperium , promulgava a ação de execução para

impor a decisão doiudex (isso permitia que o réu se defendesse novamente).• Processo das ações da lei:- mais antigo (Período Arcaico).

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pertencem ao sistema doordo iudiciorum privatorum (ordem dos juízos privados);processos parcialmente público.

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- processo extremamente formal e ritualista.- seus procedimentos se assemelham aos de um ritual religioso (prolação de

palavras solenes): um mínimo detalhe não observado poderia impedir que a açãofosse concedida.

- ações que se concediam somente de acordo com a lei: verificação da pretensãodo autor (se estava ou não amparado na lei das XII Tábuas).- o pretor se limitava a analisar se o pedido do autor era amparado por alguma lei

(se existia alguma ação).• Processo formulário:- sua origem tem várias teorias.- veio para atender as novas necessidades da civilização romana (comércio,

expansão, etc.).- não se baseia em tipos de ações, mas emmodelos (esquemas abstratos):formula . - a 1ª fase passa a ser escrita por causa dos modelos.

- os modelos eram encontrados nas publicações dos editos dos pretores (eram adivulgação dos seus planos de governo).- os modelos, aplicados na prática, tornavam-se concretos conforme os casos

(contempla em concreto o processo por meio de uma ação).- em alguns casos, o pretor confirmava oius civile, em outros, ele o corrigia ou

completava.- a situação das partes tinha que estar contida nos editos.- na 1ª parte dos editos, havia situações para as quais outros pretores haviam

concedido ações.- na 2ª parte dos editos, havia situações novas trazida pelo pretor (edito perpétuo:

durava um ano = mandato), sendo que algumas situações não contempladasantes podiam ser adicionadas (editorepentinum ).- o pretor começa a formar um corpo de regras (ius honorarium = direito

pretoriano), fazendo modificações noius civile de forma indireta (por meio deações e do processo).

- todas as modificações são justificadas pela busca de um ideal de justiça(inspirado por Aristóteles).

13.03.2014Continuação

• Processo extraordinário:- se desenvolve durante o Principado, ao lado do formulário.- se assemelha ao processo moderno.- justificativa do nome: processo fora da ordem dos juízos privados (fora dos

processos ordinários, da ordem comum processual)

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- desenvolveu-se perante a figura do príncipe, em situações excepcionais (ocorriatanto em 1º quanto em 2º grau de recurso).

- o imperador julgava ou revia a decisão proferida no processo formulário.- o procedimento se dava de forma direta (somente uma fase).

- o imperador contava com auxiliares do direito (corpo de juristas) para darpareceres e proferir decisões: não se pautava nos editos dos pretores.- torna-se o processo oficial no Dominato.- surge a figura do juiz (funcionário representante do Estado romano para a análise

dos casos).- torna-se um processo totalmente público.- formação de uma organização judiciária em Roma (juízes, oficiais, magistrados,

tribunais).- as decisões passam a ser fundamentadas (por causa da interposição de recursos).- appelattio : recurso interposto (súplica ao imperador para reexaminar a decisão/

sentença proferida).Continuação das fontes de produção do Direito Romano (ver dia 11.03.2014) - edito dos pretores:

* edictum perpetuum : enumeração das ações que o pretor iria concederdurante seu mandato de 1 ano.

* edictum translatitium : transferência das ações anteriores.* edictum repentinum : adição/correção/modificação de ações consideradas

incompletas (foi proibido em 67 a.C., pois trazia instabilidade jurídica = mudançade orientação do pretor).

• Principado (império):- os editos dos pretores permanecem como grande fonte.- leis.- costumes.- Sálvio Juliano: compilação de todos os editos dos pretores por ordem do

imperador Adriano (Edictum Perpetuum ! os novos editos dos pretorescontinuavam a ser publicados, mas tinham que incorporar as regras da obra decompilação).

20.03.2014Continuação

- senatus-consultus :* deliberações do Senado (tinham força de lei).* vieram em substituição aos comícios que ocorriam na República através da

participação do povo.* o imperador ainda não tem espaço para legislar diretamente: ele apresentavapropostas para o Senado e este aprovava (ou não).

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- constituições imperiais:* ainda não é legislação direta do imperador.* manifestações em diversos campos pelo imperador (tinham força vinculante).* espécies:

! edicta : plano de governo (continham normas/instruções gerais)! o quetinha de jurídico tornava-se vinculante.! decreta : decisões tomadas pelo imperador nos processos.! rescripta : pareceres dados pelo imperador (consultas jurídicas ao

imperador).! mandata : instruções/orientações aos funcionários.

- jurisprudência romana:* estudo/ciência do direito (consulta).* a atividade de alguns juristas era dar pareceres, os quais tinham força

vinculante (com a autoridade do príncipe).* os pareceres eram escritos em um envelope lacrado e eram dados em juízo.* se os pareceres fossem contraditórios, oiudex escolhia qualquer uma das

decisões proferidas pelos juristas.* pareceres =responsa prudentium (tinham força de lei).* atividades:

! agere = orientações de como as partes deviam se portar.! cavere = informações a respeito dos instrumentos jurídicos (exemplo:

testamento).! respondere = parecer.

• Dominato:- período de absolutismo total.- apenasuma fonte viva (= em produção): constituições imperiais (leges).- o imperador passa a legislar diretamente (poderes absolutos inclusive o campo

legislativo).- costumes: fontes complementares (como no caso de lacunas).- as fontes anteriores continuavam a ser aplicadas (mas não produziam mais o

direito), exceto se expressamente revogadas pela constituição imperial ouquando fossem contrárias a uma constituição imperial (esta prevalecia).

- jurisprudência (iura = doutrina): jurisprudência clássica dos juristas dos períodosanteriores.

* adquiriu bastante destaque nesta fase do império.* os juristas não tinham espírito criador, voltavam-se àscompilações .* constituição imperial que regula a doutrina = Lei das Citações (regulamentava

a citação em juízo, a fim de eliminar os abusos cometidos pelos juristas).* juristas: Papiniano, Ulpiano, Paulo, Modestino e Gaio.

25.03.2014Direito, jurisprudência e justiça nopensamento clássico

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• Vocábulos usados hoje em dia podem ter sentido diferente do da sua origem.• Jurisprudência:- hoje: decisões reiteradas nos tribunais (no mesmo sentido) = formação de uma

interpretação de uma determinada norma na mesma direção (posicionamentodos tribunais).- para os romanos: estudo do direito romano pelos juristas (ciência do direito).

• Juristas:- hoje: indivíduo que possui grande conhecimento do direito, grande operador/

estudioso do direito.- para os romanos: particular que se dedicava ao estudo do direito (sentido mais

amplo).• Direito:- hoje: a origem vem do termoius directum , sendo que passou-se a utilizar

somentedirectum (no sentido de "linha reta", pois alcança-se a justiça através dalinha reta representada na balança).- para os romanos: derivava da justiça (iustitia), do justo (iusto).

• Jurisprudência (análise aprofundada):- conhecimento do direito, ciência.- atividade dos particulares voltada ao estudo da norma.- atividade criadora dos juristas através da interpretação.- conhecimento de todas as coisas divinas e humanas, justas e injustas (do que é

conforme ou não ao direito).- o conhecimento do jurista se dava a partir da interpretação do direito prático ou

especulativo.* prática (ars):

! ciência do "saber fazer" (por meio dos pareceres).! não é simplesmente teórico, especulativo.! é uma arte com base nas situações concretas.! ius est ars boni et aequi (Celso): o direito é a arte do bom e do justo

equitativo.* especulativo (speculum ):

! procura refletir aquilo que está na sua frente, sem ter conhecimentoprático.

! conhecimento de conceitos, mas meramente teóricos.• Direito (análise aprofundada):- direito objetivo: acepção primeira, sentido genuíno, original.

* direito que trazia a ideia de atribuição, que evoca o objeto.* é o que é objeto do direito: a justiça .* para os romanos, é a própria justiça.* "dar a cada um o que lhe é devido": alcançar a justiça (ideia de atribuição).* suum cuique tribuere: dar/atribuir a cada um o que é seu (definição de

justiça).* a justiça não dependia da lei, mas do direito (do suum).* a atribuição era alcançada por meio dos costumes, das leis, das convenções

(acordo entre as partes), do direito natural, etc.

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* distinção entre direito objetivo e direito positivo (leis): diferente do que sedefine por direito objetivo hoje (= norma).

* o direito positivo busca a regulamentação/ordenação das condutas humanas enão traz a ideia de atribuição.- direito subjetivo: significava dispor de uma ação que correspondesse a um direito(mas também tinha sentido de faculdade).

* o direito da propriedade tinha sentido se houvesse uma ação que tutelasseesse direito (actio in rem ).

* as ações tinham muita importância, pois a principal fonte do direito era oseditos, que criavam o direito através de ações criadas pelos pretores.

* justiça comutativa: era a aritmética (exemplo: comércio).* justiça distributiva: era proporcional, de acordo com o mérito (exemplo: tratar

doentes diferenciadamente).* a justiça para os romanos era a noção proporcional (distributiva), pois visava

o suum de cada um.* embora conhecessem a ideia de faculdade, não conseguiam ter a abstração

de desvincular as faculdades do direito de ação.* por meio das ações, os romanos diferenciavam o direito real (actio in rem ) do

direito pessoal (actio in personam ).* principal fonte do direito: ações do processo formulário (se assemelha ao

Common Law : uma ação do caso concreto que se mostrou profícua na práticapassava a ter aplicação geral por meio dos editos dos pretores).

27.03.2014Fontes de cognição do direito (documentos)

• Obra de Justiniano.• Divisão: compilações pré-justinianeias, compilações justinianeias e compilações

pós-justinianeias.• Outra divisão: compilações particulares (didáticas) e compilações oficiais (feitas

por iniciativa do imperador).• Terceira divisão: compilação deiura e compilações deleges.- compilação deiura: jurisprudência clássica romana (iura = obra doutrinária).- compilação deleges: constituições imperiais.• Compilações pré-justinianeias:- compilações particulares:

* duas compilações deleges (fragmentos de constituições imperiais):! Código Gregoriano: não se sabe a quem atribuir sua autoria e nem

onde foi elaborada.! Código Hermogeniano: complemento ao Código Gregoriano (artigos

que sucedem os artigos do Gregoriano) e sua autoria também é desconhecida.

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- compilações deiura e de leges:* livro sírio-romano: obra didática destinada à magistratura e ao ensino do

direito.* fragmentos do Vaticano: contêm doutrina e constituições imperiais.

- compilações oficiais:* de leges: Código Teodosiano.! equivale à obra de Justiniano (que foi feita e aplicada na parte

ocidental).! elaborada e aplicada na parte oriental do império romano.! até o século XII (universidades nascentes), essa obra serviu de base.! feita por ordem do imperador Teodósio II no Oriente e expandida para

o Ocidente.! primeira codificação oficial feita no império romano.! possui documentos desde o império de Constantino.

• Compilações justinianeias:- alguns romanistas acreditam que a justificativa para essa obra é que ele queriadeixar seu nome na história.

- outros acreditam que a obra foi escrita para consolidar as normas romanasoficialmente (uma vez que outros povos já as tinham oficializado).

- a maioria acredita que Justiniano queria organizar as fontes, regulamentar,romanizar o lado oriental do império romano.

- elaboração de uma compilação de todas as constituições imperiais (1ª obra) =Novo Código.

* passou a ser denominada de Código Antigo, pois foi substituída poratualizações.

* continha todas as constituições imperiais vigentes.* entrou em vigor em 529 d.C.* direito vivo = a ser aplicado.

- quinquaginta decisiones (2ª obra) = 50 constituições.* intuito de preparar o caminho para a composição da doutrina, pois havia

muitas opiniões divergentes/conflitantes e contradições.* interpolações: adaptações feitas no direito romano clássico para eliminar

contradições e tornar possível a aplicação no caso concreto.* não fazem parte doCorpus Iuris Civilis.* preparação do Digesto.

OBS: Digesto = "colocar em ordem" (possui 50 obras e faz parte doCospus IurisCivilis).- Institutas de Justiniano e Digesto (3ª obra).- Novo Código (4ª obra): substitui o Antigo Código (atualizações das obras).- Novelas: últimas constituições promulgadas por Justiniano.

* foram elaboradas após a morte de Justiniano.* sentido de "novo".

- obras que incorporam oCorpus Iuris Civilis (somente no Oriente, só aparece noOcidente a partir do século XII com as universidades) após a consolidação detodas elas (não durante a sua elaboração):

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* Digesto: compilações deiura.* Institutas de Justiniano.* Código Novo.* Novelas.

03.04.2014Direito Germânico

• Ocidente (a parte oriental do império romano permanece).

•Alta Idade Média (século V a século XI).

• Reinos bárbaros de origem germânica.• Império romano já enfraquecido (facilitou a invasão dos bárbaros).• Antes de se fixarem no império romano, os bárbaros eram nômades, se

organizavam em tribos e seu direito era basicamente costumeiro (se organizavamem assembleias para decidir uma questão).

• Aplicação do princípio da personalidade (ou pessoalidade):- cada indivíduo teria aplicado nas suas relações o direito da sociedade a que

pertencesse.- somente no campo privado para resolver conflitos entre indivíduos de grupos

sociais distintos (aplicava-se o direito da sociedade do réu).- no âmbito público, todos estavam sob comando e sujeição do mesmo monarca.- regra geral: aplicava-se a regra proveniente direito da sociedade à qual pertencia.- esse princípio surgiu para amenizar o choque entre as sociedades depois das

invasões.• iniciativas dos monarcas para compilar as leis do direito romano (compilações

que receberam o nome deLex Romana Barbarorum ):- tinham como fontes legítimas as fontes romanas do direito (Código Teodosiano,

Gregoriano e Hermogeniano).- compilações das constituições oficiais romanas.

- como consequência, o direito romano se manteve, preservando a cultura.- serviu de estímulo para a compilação do direito costumeiro dos própriosbárbaros.

* para isso, contaram com o apoio da Igreja.* cerimônia de sagração: forma de os monarcas conseguirem ter o seu poder

reconhecido pela Igreja.* compilações deleges barbarorum :

! Lei Sálica (dos francos).! Código de Eurico (lei bárbara dos visigodos).! tratavam mais de direito penal e processo.!

praticamente todas as penas era pecuniárias (influência romana).! os delitos refletiam toda a violência da época e a sociedade rural.

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10.04.2014Continuação

• Compilações feitas pelos visigodos:- importantes para a preservação do Direito Romano no Ocidente.- foram os que tiveram mais proximidade/convivência com os romanos.- reino visigótico:

* formou-se na Gália.

* foram expulsos da Gália pelos romanos.* tinham direito costumeiro, mas que, por influência romana, compilaram.* são compilações que têm como fonte, em parte, o Direito Romano (leges

barbarorum ).- 1ª compilação: Código de Eurico.

* ano de 476 d.C.: queda de Roma.* direito costumeiro (leges barbarorum ).* influência: leges barbarorum + Direito Romano.

- uso do princípio da pessoalidade na aplicação do direito.- Lex Romana Visigotorum = Breviário de Alarico.

* base em fontes romanas (Códigos Teodosiano, Gregoriano, Hermogeniano eiura).* 1ª compilação visigótica do Direito Romano.* objetivo: aplicação aos romanos que viviam no reino visigótico.* aplicação do princípio da pessoalidade.* os visigodos não era católicos, eram arianos (conversão crescente ao

catolicismo, resultando na aplicação do Direito Romano para os visigodosconvertidos).

* 589 d.C.: o reino todo se converte ao catolicismo.! modificação no tocante ao princípio da pessoalidade (busca por uma

unidade não só religiosa, mas também jurídica.! resulta na elaboração de uma nova compilação que vigoraria para

todos .- Código Visigótico:

* uma das fontes: Breviário de Alarico (foi aproveitado).* Código de Eurico: fonte daleges barbarorum .* Cânones dos Concílios da Igreja: fonte proveniente das reuniões da Igreja

(cânones = regras).* continha Direito Romano, Germânico e Canônico.* revogou todas as demais: aplicação a todos do reino (princípio da

territorialidade).* "Livro dos Juízos".

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* importante por ter longa aplicação no Ocidente, contribuindo para apreservação do Direito Romano.

• Século VIII: invasão árabe.- os árabes permitiam que os povos dominados utilizassem seu próprio direito

(mediante altas taxas de impostos e somente no âmbito privado).- permanece até o Código de Justiniano.• Apogeu do feudalismo: Direito Romano entra em declínio.- direito costumeiro.- aplicado nos feudos (cada um tinha um direito diferente).- fragmentação do direito.- desaparece no Oriente.• Século XI: Baixa Idade Média (Pré-Renascimento).- pessoas povoam as cidades.- o Direito Romano reaparece aos poucos.- foco no Direito Justinianeu.

22.04.2014Direito Canônico

• Origens (Roma):

- perseguição aos cristãos.- epístolas de São Paulo:* litígios entre cristãos não poderiam ser julgados por não-cristãos.* os cristãos deviam resolver seus litígios entre si.* não deviam se submeter ao tribunal romano.* entendida pelo império como uma afronta/ameaça à autoridade.* criação de uma jurisdição paralela: Tribunal do Bispo.* "arbitragem": feita/mediada por um orientador espiritual (bispo).

! normas de conduta moral cristã eram aplicadas.! acirram ainda mais a perseguição aos cristãos.

* as decisões mais relevantes geravam princípios e regras (canon ) de conduta,que gerariam novas decisões.* torna-se uma instituição oficial no império.

• Aceitação do cristianismo:- aos poucos o panorama de perseguição muda.- Constantino! tolerância.

* Edito de Milão: permissão de cultos cristãos.* Tribunal do Bispo: torna-se uma instituição oficial reconhecida pelo império

romano.! a jurisdição eclesiástica não se limitava apenas à matéria espiritual, mas

também a questões civis.! princípios e moral cristãos.

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! processos podiam ser transferidos para o Tribunal do Bispo (uma parteera suficiente).

! restrição (Imperador Honório): limitação do poder (as duas partesdeviam concordar).

! decisão do Tribunal do Bispo era irrecorrível.- instalação do Bispado de Roma:* renda reservada à Igreja.

- Constantino é batizado cristão no leito de morte.- Teodosio I:

* o cristianismo se torna a religião oficial do império: a Igreja começa a seorganizar nos moldes do império romano.

* depois da queda de Roma, a Igreja leva a organização romana para a IdadeMédia.

* troca de favores entre Igreja e reinos bárbaros (conversão dos povos aocristianismo em troca de organização e reconhecimento da autoridade).• Idade Média:

- legado da organização romana.- aos poucos, a Igreja começa a se desestruturar com a troca de favores e o

surgimento do feudalismo.- instituição regional na Alta Idade Média e sofre interferência dos reis bárbaros.- os concílios tornam-se regionais.- Alta Idade Média: regressão ao paganismo.• Apogeu da Igreja: Baixa Idade Média (séculos XI a XV).- reorganização e reestruturação.

* serve de exemplo para a organização dos Estados Modernos.* Reforma do Papa Gregório VII:

! revolucionária.objetivo: reorganizar a Igreja (centralizar o poder).! evitar a saída dos bens da Igreja.! não permitir a interferência do poder temporal do monarca no poder

espiritual.! organização do direito da Igreja (separação entre direito e

sacramentos): estudo científico do direito.! instituição do celibato: preservação dos bens da Igreja.! universalidade da Igreja: perda do caráter regional (fragmentação).! reforço do poder político do Papa (a nomeação dos bispos seria feita

pelo próprio Papa, sem a interferência do monarca).OBS: Sacro Império Romano-Germânico! o Papa tinha que reconhecer aautoridade do imperador em troca.- Guerra das Investiduras:

* a nomeação dos bispos seria feita somente pelo Papa, sem a interferência doimperador.

* mas o Papa continuava a intervir na nomeação do imperador.* disputa de poder entre o Papa e o imperador.

- Concordata de Worms:

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* o imperador não poderia interferir na nomeação dos bispos, mas poderiaparticipar da cerimônia.

* deu fim à Guerra das Investiduras.- Compilações foram incentivadas para dar força ao direito canônico: início dos

estudos do direito da Igreja, separado dos sacramentes (nas universidades).* objetivo: dar maior autoridade ao direito da Igreja.* procura retomar a organização de influência romana para a Igreja.* caráter inovador.

- Corpus Iuris Canonici e desenvolvimento da Canonística (estudo do direito daIgreja).

* compilação das fontes do direito da Igreja.• Fontes de produção do direito da Igreja:- fontes do direito divino:

* imutáveis.* norteiam o direito da Igreja.* Sagrada Escritura: Antigo e Novo Testamento.* Tradição: ensinamentos orais que eram transmitidos.

- fontes de direito humano:* influenciadas pelas fontes de direito divino.* ritmo maior a partir do século IX.* servem para regrar a comunidade cristã.* Decretos: decisões tomadas nos concílios.* Decretais: respostas dadas pelos Papas.* Constituições Pontificiais: complemento aos decretos e promulgadas pelo

Papa.* Encíclicas ou Bulas Papais: tinham o objetivo de dar conselhos aos bispos decomo conduzir determinadas questões (mais usadas a partir da Idade Moderna,quando a Igreja se limita a questões meramente espirituais).

* costumes: para ser aceito pela Igreja, deveria ter mais de 30 anos.* Direito Romano: utilizado desde que os seus princípios não incorressem em

pecado.• Fontes de cognição do direito da Igreja:- coletâneas:

* Decreto de Graciano (1140):! obra privada feita por um monge.! compilou todo o direito antigo da Igreja.! tornou-se obra oficial da Igreja.! reuniu não só textos antigos, procurando eliminar as contradições.! deu início à canonística (obra base para o estudo científico do direito

da Igreja, separada da teologia).* Decretais de Gregório IX (1230):

! inicitaiva do Papa: obra oficial.! os textos de Graciano são utilizados.! inclui o Direito Novo.! referência para as ordenações portuguesas.

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* Livro Sexto (1298):! Bonifácio VII.! complemento às Decretais de Gregório IX.

* Aclementinas (1317).! inclui as Decretais de Clemente V.! João XXII.

* Extravagantes.

29.04.2014Renascimento do Direito Romano

• Baixa Idade Média: resgate do Direito Romano (entrada do Direito Justitianeu -Corpus Iuris Civilis -, que estava restrito ao Oriente).

- panorama de mudanças:* surgimento dos burgos.* contato entre o Oriente e o Ocidente (Cruzadas).* renascimento científico (retomada dos valores clássicos).* concentração urbana e aumento do fluxo comercial geram novas

demandas jurídicas.• Necessidades práticas do direito:

- fontes:* usos e costumes.* Direito Canônico (como Direito Erudito = escrito).

- desenvolvimento do comércio.- utilização do Direito Romano para resolver novas questões e demandas

gera uma necessidade de se estudar o direito.• Universidades nascentes na Europa:

- centro de estudo de disciplinas maiores: Direito, Teologia e Medicina.- formação técnica, profissional (aplicação da teoria na prática).- estudo do Direito Romano:

* básico, feito especialmente pelos clérigos.* ensino voltado à formação dos membros da Igreja.* dividia-se em:

! artes mecânicas = profissionalizantes.! artes liberais = humanísticas.

˜ Trivium: retórica, dialética e gramática.˜ Quadrivium : geometria , aritmética, astronomia e música.

* a partir do séc. XI, mais pessoas passaram a estudar essas artes, assimcomo as disciplinas maiores (com base notrivium e no quadrivium ).

* estudo em larga escala.

*a Igreja Católica também incentivou o estudo do Direito Romano.

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* os monarcas também tinham interesse nesse direito, pois era um direitode um império.

* não havia um local específico para as aulas nas universidades medievais(geralmente, os locais eram próximos às igrejas).

* os docentes podiam ensinar em qualquer lugar.* as primeiras universidades surgiram espontaneamente (com centros deestudos e corporações de ofício).

* Bologna: 1ª universidade (resultado de formação espontânea: ponto dereferência dos estudos jurídicos).

OBS: depois precisavam de autorização da Igreja e dos monarcas.• Universidade de Bologna:

- 1º mestre (monge): Irnério! início do estudo do Direito Romano (com baseno Digesto).- método da glosa:

* anotações feitas nos textos.* adaptações do Direito Romano às necessidades da época.* compreensão dos textos romanos e exegese.* tornou os textos romanos acessíveis.

- discípulo de Irnério: Acúrsio.* compilou as glosas: Magna Glosa (Glosa Ordinária).* conciliação dos textos (procurou eliminar contradições), não só a mera

reunião deles.* esse trabalho pôs fim ao método científico do Direito Romano: passou-

se a estudar o Direito Romano com base nas glosas.- novo método: comentadores/bartolista.* utilização do método dialético do estudo do direito.

* origem na França: fundado por Cino de Pistoia* séc. XV: mestre Bártolo impulsionou esse método.* não partia do Digesto, mas do trabalho desenvolvido pelos glosadores

(Magna Glosa).* questões controvertidas (quaestio disputata ): através do método dialético

tentavam chegar a uma solução (trabalho de interpretação).* além do Direito Romano, tinham base no Direito Canônico! Direito

Comum).* Direito Comum: adotado de forma supletiva (na lacuna dos direitos

locais).* opinião apoiada na autoridade individual (contribuíram para a formação

do Direito Comum): Irnério, Acúrsio, Bártolo, Azo, Cino de Pistois, etc.* opinião apoiada na autoridade coletiva (communis opinio ):

entendimento da maioria.* vigora até o séc. XVIII, quando começam as codificações e os direitos

nacionais.

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08.05.2014

Continuação

• Séc. XV: nova maneira de estudar o Direito Romano- método dos comentadores.- São Tomás de Aquino.- origem na França, mas ganhou força na Itália.- método difundido por Bártolo.- uso da dialética para o estudo do Direito Romano: análise síntese de textos

do Direito Romano, do Direito Canônico e do direito local.- desvincularam-se do Direito Romano.

- possibilitaram a prática desse novo direito.- tornaram o Direito Romano acessível aos juristas medievais.- fonte principal: Magna Glosa.- recebeu o nome de Direito Comum: síntese das três fontes.- com o passar do tempo, o Direito Comum passou a representar a opinião da

maioria (representado pelacomunes opinio ).- direito desenvolvido dentro das Universidades: caráter científico e com o

objetivo de preencher as lacunas que surgiram a partir da Baixa Idade Média.- direito supletivo: visava à complementação das situações não abarcadas

anteriormente.- esse direito representava aratio .- trazia uma característica de unidade em contraposição aos direito locais que

predominavam nas regiões e ao direito da Igreja, que tinha caráter de imposição.- longo período de aplicação desse Direito Comum.- começa a perder força com a Escola de Direito Natural (a partir do séc. XVII).

• Escola Culta (séc. XVII):- vertente do humanismo que se volta ao estudo do Direito Romano com o

intuito de resgatar o Direito Romano Clássico.- não se limitava a estudar o Corpus Iuris Civilis, mas abrangia o código

Teodosiano.- abrangia o aspecto histórico do Direito Romano- França: rejeitava o Direito Romano.

* visava ao estudo histórico do Direito Romano, sem utilizá-lo na prática.*mos gallicos .

- teceu críticas à obra de Justiniano e ao método italiano (mos italicus ) de seestudar o Direito Romano (que visava à aplicação prática).

- graves falhas na maneira italiana:* glosadores: interpretações equivocadas, pois eles estavam fora do

contexto histórico das fontes romanas* linguagem: latim vulgar (a Escola Culta utilizava o latim clássico, pois

prezava pelo resgate do Direito Romano clássico).

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* comentadores: conclusões forçadas para que se conseguisse resolveruma determinada questão (principalmente quando surgiram questões de âmbitocoletivo).

- as críticas abalaram um pouco o prestígio dos estudos italianos, mas nãoconseguiu suplantá-los (pois o Direito Comum era indispensável).- o Direito Comum decai com o Jusnaturalismo:

* frutos: quando o Direito Comum deixou de ser aplicado na prática, oDireito Romano passa a ser estudado nos moldes da Escola Culta.

- contribui para a formação de grandes doutrinações da França do DireitoRomano.

- Muitos dos códigos modernos utilizaram os estudos realizados pela EscolaCulta.

13.05.2014

Jusnaturalismo e codificações modernas

• O Direito Comum deixa de ser (aos poucos) aplicado nas Europa e dá lugar àscodificações.

• Cenário: Europa fragmentada, com diversos direitos (locais, supletivo, Canônico,etc.).• Idade Moderna (séc XV - tomada de Constantinopla): o direito desenvolvido nas

universidades medievais perdura na Idade Moderna (nada se modifica).• Novas situações justificavam as regras que as regulavam e que não podiam ser

reguladas pelo direito feudal.• Surgem novas questões que não podem nem mesmo ser reguladas pelo Direito

Comum, devido a novos acontecimentos que aparecem a partir do séc XV:- Renascimento.- grandes navegações.

- Reforma Protestante.- formação dos Estados Modernos (colapso do sistema feudal e absolutismocrescente dos monarcas).

- desenvolvimento maior do comércio (mercadorias do Oriente).- fortalecimento político das burguesias.- colonização (mercantilismo).- racionalismo.- humanismo (séc. XVI).- iIuminismo.- liberalismo.

- questão indígena.

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- mudança de pensamento por causa do Humanismo: da visão teocêntrica para oantropocentrismo (hipertrofia da razão).

- mudanças no campo político e jurídico.• Acontecimentos que justificam a procura de novas regras, com muita influência

da economia na produção do direito (busca de um direito novo):- regulamentação das relações entre os Estados.- absolutismo crescente dos monarcas, que tinham, pretensamente, um poder

divino (concedido pela Igreja).- guerra justa.- questões indígenas.- perda, em parte, do poder da Igreja com a Reforma Protestante.• Direito Natural (Jusnaturalismo):- impulsionou o movimento codificador.- surge com o aparecimento das novas questões (busca de elementos para resolvê-

las).- fonte das soluções para os novos problemas.- sempre existiu (Idade Antiga [aplicação geral do direito romano, aquele que se

encontrava na natureza das coisas e que deveria ser considerado na elaboraçãodo direito posto], Média [vinculado à esfera divina, concedido por deus] eModerna [direito racional, migra da esfera divina para a laica]), mas com pontosde vista diferentes.

- busca do direito natural cristão para a formação do direito natural e resolução dequestões do coletivo (da relação do indivíduo com o Estado)! teólogosresolviam essas novas questões (Francisco de Vitória).

- com as ideias humanistas, o direito natural foi, aos poucos, deslocado porfilósofos humanistas para a esfera laica (Hugo Grotius = pai da filosofia do direitonatural racional).

- direito natural: regras inerentes à natureza do homem com base na sua razão.- homemin abstrato : regras imutáveis e universais (gerais, igual para todos).- Hobbes, Locke, Pufendorf, Descartes, Rousseau, Voltaire e Montesquieu.- impulso na formação dos Estados Modernos.- apoio de uma corrente político-filosófica (origem francesa, mas se difunde por

toda a Europa): Iluminismo.• Iluminismo:- pretensão: trazer as luzes da razão e tirar a Europa da Idade das Trevas (divisão

das classes sociais em estamento, direito fragmentado, desigualdades, privilégiosna aplicação da lei, etc.).

- no campo do direito: busca a elaboração de novas regras, acolhendo as ideiasjusnaturalistas.

- o direito posto devia ser sistematizado (organização sistemática, lógica eracional: influência de Descartes) e pertencente a um único corpo (ideia deunidade, não haveria mais o recurso de busca de soluções em outras fontes).

- o juiz deveria ser aboca da lei .- surgem os códigos (acessibilidade para todos).- supremacia da lei.- elaboração de um direito novo sistematizado, de forma clara, lógica e única.

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- sistematização do direito: coerência, coesão, racionalidade.- se afasta da casuística, da linguagem narrativa.• Princípios da representatividade, da completude dos códigos.- os primeiros códigos foram incentivados pelos monarcas.

- a ideia de unidade do direito também serve para a unidade territorial.- Código Alemão: base romanista forte.* um dos últimos países a ter um código pela relutância/resistência de se

elaborar um.• Códigos:- iniciativa dos monarcas.- incentivo à unificação dos territórios.- Bavária:

* 1751: Código Criminal (não é um código moderno, porque não se filia àsbases humanitárias e ainda adota a punição dos crimes com tortura, prevê oscrimes imaginários [bruxaria], etc).* 1756: Código Civil (fonte complementar que visava à eliminação do DireitoComum e que eliminava controvérsias de forma sistemática).- Prússia:

* ALR: código simples, popular, único e geral (não só direito privado) combases humanistas).

* o projeto foi tornado acessível à opinião pública (convite à discussão sob aforma de concurso).

* 19.000 artigos.* linguagem clara e objetiva.* ideia do justo absoluto.* em caso de dúvidas, deveriam ser levadas à comissão legislativa.* conteúdo humanista: liberdade contratual, casamento laico, divórcio, etc.

(princípios liberais).* tem grande impacto até que é superado pelo Código da Áustria e,

posteriormente, pelo Código Francês.

27.05.2014Common Law

• Formação histórica doCommon Law :- forma-se exclusivamente na Inglaterra (somente após a colonização ele seexpande pelo globo).- a Common Law ou o Common Law ? A expressão mais adequada éoCommon Law , pois é um sistema jurídico.- período anglo-saxônico:* Inglaterra: dominada pelos romanos.

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* após a queda de Roma, há invasões germânicas na Inglaterra.* aplicação do princípio da pessoalidade, da territorialidade.* compilações dos costumes germânicos e pouca influência doDireito Romano (deixa de ser aplicado na Inglaterra aos poucos).

- período de formação do sistema:* aumento da conquista normanda (Guilherme, o Conquistador).* concessão de pequenas porções de terras a nobres (fracionamentodo poder), porém, o poder do rei se mantém forte (e é esse poderque forma o sistema jurídico).* essa forma de instalar o feudalismo na Inglaterra perpetuou.* problemas dos conquistadores: idiomas e costumes diversificados.* continuidade do direito local (costumeiro germânico), aplicado nasCortes.* jurisdições senhoriais de um novo tipo:Courts Baron (aplicação dodireito local).*o monarca também possuía atribuições jurisdicionais: o rei aceitavaresolver litígios excepcionais e questões de maior importância (CúriaRegis -> alta justiça) -> finanças reais, posse e propriedadeimobiliária).* institucionalização de Tribunais Reais em Westminster (a partir doséc. XIII: oficialização da justiça real (continuava sendo umajurisdição de exceção).* constituição de três tribunais de exceção a partir daCúria Regis:

~ Tribunal de apelação: questões de finanças reais.~ Tribunal de pleitos comuns: questões de posse epropriedade imobiliária.~ Tribunal do bando do rei: tribunal ambulatorial (seguia orei onde ele estivesse) que cuidava de grandes causas ecriminais que envolvessem a paz no reino.

* esse tribunais começaram, aos poucos, a aumentar as suascompetências (exemplo: tributos).

~ maior procura desses tribunais por terem uma "justiçasuperior" e melhor estrutura.~ os depoimentos eram perante a Igreja e não utilizavamprovas irracionais, somente testemunhais.~ funcionamento:

# pagamento de uma taxa judiciária.# concessão de uma ordem judicial (writ ): a questãoera levada ao chanceler ou o pedido/queixa eraencaminhado a juízes que iriam analisar o pedido.# hipóteses de concessão dowrit :

> brevia de curso:quando já havia sidoconcedido o writ em algum caso igual(concedido automaticamente).

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> in consimili casu: extensão de uma ordempara um caso semelhante.> action on the case: caso novo, paraabranger uma nova questão.

* desenvolvimento do processo: essa ordem fazia com que o réufosse convocado e atendesse ao pedido do autor (se ele nãocumprisse, descumpriria uma ordem real).* embrião de recursos: o réu poderia comparecer e explicar oporquê de não cumprir owrit .* o mais importante era o processo e não encontrar uma soluçãojusta (o processo era mais importante que o direito material).* os juristas ingleses não se preocupavam com o estudo do DireitoRomano.* fontes: costumes do reino e legislação.* limitação aos Tribunais Reais (Carta Magna), que veioconcomitantemente com as limitações do poder absoluto: elesdeviam deixar de concederwrits nas novas questões (actions on thecase ).* preocupação dos Tribunais Reais era mais com a forma do quecom o conteúdo, o que levou a um engessamento doCommon Law (excesso de formalismo).

- período de rivalidade com aEquity:* essa jurisdição de desenvolve a partir do séc. XV* surge com a figura do monarca.* o rei começa a colher recursos das insatisfações que os tribunaiscausavam com as. suas decisões (os súditos começaram a ficarincomodados).* surge a apelação: dirigia-se um recurso a um grande chanceler daCoroa, que era um eclesiástico, que o encaminhava ao rei, quejulgava com o auxílio do chanceler e de seus servidores.* a revisão das decisões dos tribunais foi buscada no DireitoRomano e no Direito Canônico (através dos processos e suaestrutura).* a demanda era tão grande que o chanceler passou a tomardecisões sozinho, criando o Tribunal da Chancelaria, que fez dochanceler um jurista profissional, com bases no ideal de equidadefundado pelo Direito Romano e Canônico.* os tribunais doCommon Law se uniram ao Parlamento pedindoque interviesse nós poderes do rei para limitá-los (restou acordoestabelecendo que o Tribunal da Chancelaria não poderia maisjulgar questões dos Tribunais Reais e que o rei não interferisse noTribunal da Chancelaria).

- período moderno:* a partir do séc. XIX.

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* reestruturação do sistema inglês através da legislação: menosformalismo, maior atenção às regras do direito material e ideaisdemocráticos, de segurança jurídica.* adaptação do sistema a novas questões liberais.* codificação não acolhida na Inglaterra.* reestruturação do processo: retirada dos entraves, do formalismoexcessivo e dando mais atenção ao direito material (flexibilizaçãodo processo).* supressão formal que existia da distinção dos tribunais doCommon Law e dos da Chancelaria (os tribunais podiam aplicar aelaboração de uma obra clarificadora (livros de repertório)eliminação de controvérsias e adaptações.* obrigatoriedade de observação dos precedentes em casos iguais:instituição dos precedentes vinculantes (stare decisis = como está,fica) -> influência do positivismo por uma maior segurança jurídica.* precedentes são a principal fonte -> raciocínio lógico indutivo(parte-se do concreto para o geral).